ONUSIDA
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Agora, a clínica The Ark é uma unidade de cuidados de saúde primários re-
gistada. A pastora Shirley tem 6 pessoas, formadas por ela própria, que a ajudam
a dirigir a clínica e o hospício. “Os meus 6 principais membros vão de sala em sala
em turnos durante o dia e a noite. Em cada sala tenho um monitor, que vive com
os pacientes e está lá para ajudar onde é preciso. O pessoal verifica todas as
manhãs se toda a gente tomou banho, vestiu-se e está limpo. E se alguém tem
um acidente ou uma cama precisa de ser mudada em qualquer momento, o
monitor aparece e chama o membro do pessoal em serviço”.
Para além de cuidados básicos de saúde e de enfermagem, o pessoal da clíni-
ca é formado em aconselhamento de pessoas com HIV e SIDA. Muitos doentes
foram rejeitados pelas suas famílias, de modo que a reconciliação é um dos prin-
cipais objectivos do aconselhamento. “Quando alguém atinge o ponto de mor-
rer, dá-lhes uma grande paz interior se se tiver reconciliado com a família”, co-
menta a pastora Shirley. “Nós temos várias pessoas que são “doentes externos”
– apenas vêm uma ou duas vezes por semana para receber medicamentos e ali-
mentação suplementar. Mas eles voltaram para as suas famílias quando pensa-
vam que nunca o fariam. Quando as famílias compreendem o problema, o facto
de que não vão contrair SIDA por cuidar dos doentes, então querem ter o doen-
te em casa. E como resultado foram preparados para serem formados. O que
normalmente acontece é que o paciente selecciona um membro da família que
aparece, faz duas ou três semanas de formação e depois mandamo-lo para casa
com o doente”.
Reconhecendo que muitos dos membros do seu pessoal lutam arduamente
com os seus problemas pessoais, a pastora Shirley despende muito tempo com
eles falando de stress e de como superá-lo. “Descobri que quanto mais envolver
as pessoas na tomada de decisões isso é relevante para elas, mais elas sentem
que têm controle sobre o que estão a fazer e sobre as suas vidas”, diz ela. “Se
aparece um problema numa sala de doentes – e nós temos tido alguns doentes
muito, muito difíceis – eu chamo os monitores e o pessoal para essa sala em
particular e digo: “Certo, quais são os problemas? Vamos pensar. Escrevam tudo
o que puderem pensar para resolver estes problemas, e veremos se é praticável.
E se for, ponham-no em prática”. Descobri isso porque eles sentem que têm con-
trole da situação, o nível de stress baixa”.
Além de envolver toda a gente interessada nas decisões acerca de como as
unidades de SIDA são dirigidas, a pastora Shirley começa frequentemente o dia
com uma curta sessão de formação sobre controle de stress. “Nós lidamos com
raiva, lidamos com vergonha, lidamos com culpa. E nós lidamos com ‘estar cansa-
do de tentar estar à altura’”, diz ela. “Isto é um curso que organizei para as
pessoas que estão constantemente a sentir que têm que atingir o nível de qual-
quer outra pessoa porque não se sentem muito boas. Lidamos com todo esse
tipo de coisas em conjunto”.