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A BICO DE PENNA
templo buddhista ; passou sob a terra, nas margens
do Ganges, com uma plantação de aveia a brotar
sobre o túmulo em que o. encerraram, vinte e tantos
dias, sem soffrer, sem sentir, dormindo
tranquillamente «no seio da morte ».
Numa povoação thíbetana, que era um immenso
oasis de palmeiras, esteve mi, com uma leve tanga
em torno dos rins, as mãos rijamente ligadas por
uma corda de fibra de coqueiro, a cabeça curvada
sobre um cepo, sob o gladio reluzente e curvo de um
fanatico.
Livrou-o da morte um prodigio do qual ficou
referencia memorável numa lage, em caracteres
eternos, gravados fundamente, a ferro. Na occasião
em que o carrasco, agarrando, a mãos ambas, o
alfange largo, derreava o corpo para vibrar o golpe,
uma cegonha, passando no ar, deixou cahir do bico
uma flor sobre a cabeça da victima.
O carrasco ficou como de pedra, a olhar ; a
multidão tremeu e, repentinamente, com uma
algazarra que chegou ás montanhas, onde os
penitentes queimavam lenhas aromaticas, entre
cedros frondosos, as mulheres, numa furia,
descabelladas, aos ululos, arremetteram, derrubaram
o carrasco, romperam, a dentes, as cordas rijas e,
carregando Steelman, mi e pallido, entraram com
elle no povoado, acclamando-o, e com a noticia do
caso, appare-ceram adoradores, houve idéa de erigir-
se um templo ao homem da tez rosada, moveram-se,
dos mais fundos desertos, peregrinos com presentes
e Steelman ficou como um deus, adorado,
principalmente pelas mulheres, que lhe pediam fios
de cabellos e da barba loura, razão pela qual esse
homem admi-