não índios. Anteriormente, o artesanato Pataxó era rico em penas de aves típicas
da região e que revelavam aspectos da sua cultura mítica. As penas usadas hoje
são de aves comuns, tingidas com cores fortes, que estão longe de retratar a
verdadeira cultura Pataxó. Eles optaram ainda pela produção de pentes e outros
apetrechos em madeira, que têm boa aceitação comercial.
Os índios Fulniô, no Estado de Pernambuco, também enfrentam situação
semelhante. Exímios na arte do trançado, os Fulniô encontram muita dificuldade em
obter matéria-prima para a produção de cestos, tapetes e outras peças. Assim, os
Fulniô também fazem trabalho em madeira (gamelas, pentes, entre outros objetos)
com objetivo puramente comercial. A pressão dos civilizados, entretanto, não
alterou o comportamento religioso nem influiu na organização social do grupo. Os
Fulniô têm a preocupação de preservar a própria língua, realizar seus rituais e
ensinar aos mais jovens as tradições do grupo.
Os Guarani-Kaiowá, naturais do Mato Grosso do Sul, são outro exemplo de povo
extremamente afetado pelo contato com a sociedade nacional. A cada ano é mais
elevado o número de suicídios nesse grupo. Nos últimos anos, a Funai tem
investido muito para recuperar os territórios tradicionalmente ocupados pelos
Guarani-Kaiowá e dominados irregularmente por produtores de soja e
agropecuaristas, a fim de garantir a sobrevivência física e cultural deste grupo que,
no passado, se espalhava da região Centro-Oeste até o Sul do País.
A perda gradual do espaço geográfico da aldeia (tekoha) comprometeu a
organização social dos Guarani-Kaiowá, fortemente ligada aos seus conceitos
míticos. O espaço da aldeia tem uma relação com o sagrado e a sua perda implica
em falta de referencial para as demais atividades do grupo. Não só a perda do
Tekoha alterou os aspectos culturais desses índios. O processo de anulação dos
valores culturais dos Guarani-Kaiowá se deveu, em grande parte, à presença de
várias seitas protestantes, que penetram no grupo com o objetivo de dar-lhes
assistência. Esta influência das missões religiosas, impondo conceitos estranhos a
eles, como o do pecado, gerou conflitos.
Sem o referencial místico, intrínsico à terra que deveriam ocupar, e contaminados
por outros entendimentos de religiosidade, muitos índios viram e ainda vêem no
suicídio uma alternativa para acabar com o próprio conflito interno. Quando não
tomam esta atitude extrema, entregam-se ao consumo de bebidas alcóolicas, que,
igualmente, leva a sua degradação. Alguns, entretanto, buscam a alternativa de se
empregarem nas fazendas instaladas em suas terras tradicionais. Esta decisão, por
si só, já representa um total distanciamento do padrão cultural de um Guarani-
Kaiowá. Os índios são sub-empregados. Entretanto, é a forma que vários Guarani-
Kaiowá encontram para, pelo menos, se manterem vivos na esperança de poderem,
um dia, retomar o tekoha.
As populações indígenas do Sul do País, como os Guarani, Kaingang e Xokleng
não têm uma produção relevante de cultura material, que se manifeste através de