O professor precisa estar atento ao fato de que, para uns, o
livro faz parte da vida e, para outros, é um ilustre desconhecido. É
preciso, então, abri-lo, em todos os sentidos da palavra. Capa, con-
tracapa, folha de rosto, texto, ilustração. Descobrir onde está o
título, o nome do autor, do ilustrador, levantar as hipóteses sobre
a história, discutir, comparar, concluir o que para nós é tão lógico.
As respostas dadas sempre serão diferentes nas classes de alfa-
betização, de 1- a 4
a
séries, dependendo do acesso que tiveram a
esses materiais. Faz parte de nossa prática leitora ler a "orelha"
do livro, ler sobre o autor, o ilustrador. Por que agir diferente
em sala? Afinal, estamos trabalhando, como escreve Tolchinsky
(1995), "não com atividades preparatórias para a leitura e a escri-
ta, nem atividades de pré-leitura ou pré-escrita, mas atividades de
escrita e de desenvolvimento da linguagem escrita".
É preciso entrar no clima de encantamento, porque o próxi-
mo passo será a classe, num processo democrático, escolher uma
única história para ser reescrita por todos em seus livros e para ser
contada para os menores, de outras turmas. Eles serão os conta-
dores de histórias, o que revestirá o ato de um real significado.
É interessante notar como alguns se lançam rapidamente,
mesmo que ainda não tenham memorizado a história, o que vai
contagiando e facilitando a memorização pelos colegas - uns
facilitando a aprendizagem de outros, numa perfeita interação.
Devemos conversar bastante sobre as histórias, dando tempo
para cada um reelaborar suas questões psicológicas. Analisamos as
diferentes formas que os autores usam para dar início a elas, que
final têm, qual a trama, que "provas" o herói precisava vencer...
Aos poucos, passa-se a compreender essa estrutura narrativa.
Ler, ouvir e contar. Reescrever fica mais fácil quando se sabe
o texto de cor, o que vai também facilitar a elaboração de cons-
truções sintáticas mais complexas, o uso de um vocabulário rico
e o detalhamento de ações na criação de qualquer outra história.
É preciso criar o hábito do rascunho: nenhum texto sai pron-
to, há que se burilar, ler, reler, acrescentar, tirar, corrigir, ações pra-
ticadas por escritores. Nesses momentos, os intercâmbios sociais,