ano 3, nº 5, 1Ed. 2008 – 1/58
na detecta, reconhece a terceira cultura e a
nomeia: mass culture. Cultura de massa,
i.é., produzida segundo as normas massi-
vas da fabricação industrial (MORIN,
1962 apud REIS, 2003, p. 58).
Podemos dizer, em síntese e de grosso modo,
que a cultura de massa floresceu em razão pri-
meiro do processo de acumulação capitalista; em
segundo por haver uma potencialidade tecnoló-
gica da indústria e, especificamente, da comuni-
cação; e, por último, pelo acesso das classes po-
pulares ao consumo.
Não devemos, no entanto, confundir esta fa-
cilitação de acesso às produções culturais com a
democratização da cultura. Democracia cultural,
segundo Chauí (2002, p. 429-431), significaria
direito de acesso e de fruição das obras culturais,
direito à informação, à produção e à formação
cultural. A indústria cultural produz o caminho
inverso à medida que massifica e banaliza a ex-
pressão intelectual e artística. Pois, para “vender”
os produtos culturais, a indústria cultural opera
pela sedução do consumidor, isto é, há um nive-
lamento da produção cultural com vistas ao mer-
cado. Há, desse modo, a criação de um produto
“médio”, voltado ao gosto público “médio” do
senso comum.
Em vez de difundir e despertar interesse pela
cultura, a indústria cultural vulgariza as artes e os
conhecimentos. Ou seja, a cultura não se demo-
cratizou, apenas se massificou para o consumo rá-
pido no mercado em que a moda e os meios de
comunicação de massa criam, destroem e recriam
os padrões culturais (CHAUÍ, 2002, p. 429-431).
Podemos ainda salientar que as idéias de bele-
za, de aceitação social, de sucesso sexual, a fama,
o status representado pela posse de determinado
produto; em suma: os valores os quais a indús-
tria cultural propaga e integra na sociedade são
os mecanismos, de estruturas institucional e men-
tal, necessários para que esse sistema social e de
produção perdure, pois enfatizam o consumo,
do qual a sociedade de massas depende econô-
mica e psicologicamente (LIMA, 1982, p. 243).
4. Mundo Atual: comunicação
global e em massa
Para passarmos efetivamente do século passa-
do ao que chamamos de Mundo Atual – estipu-
lado aqui como o último quartel do século XX e
inicio do XXI -, falta o período histórico conhe-
cido como Guerra Fria, o qual é o representante,
em nosso olhar retrospectivo, pela transição da
sociedade pós Segunda Guerra para a dos dias
correntes.
Ao fim da Segunda Guerra Mundial, as eco-
nomias dos países europeus estavam em ruínas.
Nesse cenário despontam duas superpotências: os
Estados Unidos (EUA) e a União das Repúblicas
Socialistas Soviéticas (URSS). As duas superpo-
tências travaram uma disputa pela hegemonia no
mundo, a qual tradicionalmente recebe o nome
Guerra Fria. Este conflito, entretanto, não se rea-
liza no plano de guerra ou do combate militar di-
reto, mas no plano da competição ou da chamada
corrida aeroespacial, bélica e/ou nuclear.
No decorrer do conflito, as grandes empresas
estadunidenses adaptaram as novas tecnologias aos
seus interesses, pois requeriam, da mesma forma
que o Pentágono no âmbito bélico, de estratégi-
as semelhantes em seus negócios civis, visto que
elas internacionalizavam seus negócios e interes-
ses. A Guerra Fria termina, emblematicamente,
com queda do Muro de Berlin em 1989 e, ofici-
almente, com a derrocada da URSS em 1991.
Porém, a indústria capitalista já havia aprendido
que, independentemente da Guerra, a tecnolo-
gia era sua aliada e que desta dependia a sua so-
brevivência.
A Guerra Fria fez com que a tecnologia avan-
çasse de forma exponencial e fez, também, com
que os meios de comunicação se tornassem glo-
bais. Esses efeitos transformaram o mundo e as
relações humanas.
Pode parecer uma estranha ironia, com
seu império hoje destroçado, mas os so-
viéticos ao lançarem o Sputnik, não só
iniciaram a corrida espacial. Mais impor-
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Artigo