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CLÁUDIA MARIA GASPARDO
Alívio de dor em neonatos pré-termo: avaliação da
eficácia do uso continuado de sacarose
Ribeirão Preto
2010
Tese apresentada à Faculdade de Medicina de
Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo para
obtenção do título de Doutor em Ciências Médicas.
Área de Concentração: Saúde Mental
Orientadora: Profª. Drª. Maria Beatriz Martins Linhares
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Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por
qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e
pesquisa, desde que citada a fonte.
Biblioteca Central do Campus Administrativo de Ribeirão Preto
Universidade de São Paulo
Gaspardo, Cláudia Maria
Alívio de dor em neonatos pré-termo: avaliação da eficácia do uso
continuado de sacarose. Ribeirão Preto, 2010.
248 p. : il. ; 30cm
Tese de Doutorado, apresentada à Faculdade de Medicina de Ribeirão
Preto/USP. Área de concentração: Saúde Mental.
Orientadora: Linhares, Maria Beatriz Martins
1. Nascimento prematuro. 2. Dor. 3. Sacarose.
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Nome: GASPARDO, Cláudia Maria
Título: Alívio de dor em neonatos pré-termo: avaliação da eficácia do uso continuado
de sacarose.
Aprovado em: _____ / _____ / _____
Banca Examinadora
Prof. Dr. ________________________________Instituição:_________________________
Julgamento:_____________________________Assinatura: ________________________
Prof. Dr. ________________________________Instituição:_________________________
Julgamento:_____________________________Assinatura: ________________________
Prof. Dr. ________________________________Instituição:_________________________
Julgamento:_____________________________Assinatura: ________________________
Prof. Dr. ________________________________Instituição:_________________________
Julgamento:_____________________________Assinatura: ________________________
Prof. Dr. ________________________________Instituição:_________________________
Julgamento:_____________________________Assinatura: ________________________
Tese apresentada à Faculdade de Medicina de
Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo
para obtenção do título de Doutor em Ciências
Médicas.
Queridos pais, Cláudio e Célia,
obrigada por colocarem minha educação como prioridade em suas vidas,
por guiarem meus passos no caminho da verdade e da fé,
por todos os esforços para que eu pudesse realizar os meus sonhos,
por sempre estarem ao meu lado, me amando e respeitando.
Querida irmã Juliana, meu maior presente,
obrigada por dividir comigo os bons momentos, e nunca permitir que eu me sentisse só nos
momentos difíceis,
por sua alegria, amizade e confiança.
A vocês, família amada, dedico este trabalho.
Agradeço de maneira especial à minha orientadora,
Profª. Drª. Maria Beatriz Martins Linhares
Por ser fundamental na construção da minha formação acadêmica e profissional.
Obrigada por acreditar em mim e me ajudar no desenvolvimento de minhas potencialidades,
por sua postura ética, amizade e respeito,
por tudo o que me ensinou e por tudo o que ainda me ensinará.
Agradecimentos
A Deus, agradeço eternamente por me conceder uma existência abençoada, com
saúde, família, amigos e oportunidades de estudo e trabalho.
Ao Departamento de Neurociências e Ciências do Comportamento e ao
Departamento de Puericultura e Pediatria da FMRP/USP, obrigada pelo apoio na
realização deste trabalho.
Ao Prof. Dr. Francisco Eulógio Martinez, obrigada pela atenção, dedicação,
disponibilidade e respeito por este trabalho, desde o seu início.
Ao Prof. Dr. Salim Moysés Jorge e à Profª. Drª. Gimol Benzaquen Perosa, obrigada
pela valiosa contribuição prestada por ocasião da defesa da Dissertação de
Mestrado, muito importante para a continuidade do trabalho de Doutorado.
Ao Geraldo Cássio dos Reis, estaticista do Departamento de Neurociências e
Ciências do Comportamento da FMRP/USP, obrigada pela contribuição nas análises
estatísticas.
À Secretaria de Pós-graduação e à Secretaria de Pós-graduação em Saúde Mental
da FMRP/USP, agradeço pela atenção e disponibilidade com que atenderam a todas
as minhas solicitações.
À Pró-Reitoria de Pós-graduação da USP, agradeço a oportunidade de realizar o
Programa de Aperfeiçoamento de Ensino PAE, experiência que considero muito
importante para a minha formação acadêmica.
À Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Assistência - FAEPA do
HCFMRP/USP, agradeço pelo auxílio financeiro concedido para a coleta de dados e
divulgação dos resultados deste estudo.
Às mães, obrigada pela confiança com que permitiram que seus filhos participassem
deste trabalho.
Aos bebês prematuros, obrigada por me ensinarem a cada dia como superar as
adversidades com resignação, coragem e vontade de viver.
Às equipes médica e de enfermagem da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal
UTIN do HCFMRP/USP, obrigada pela imensa colaboração prestada durante a
realização da coleta de dados deste estudo.
À Drª. Walusa, obrigada pela parceria no trabalho prestado às famílias e aos bebês
internados na UTIN e por todo o empenho voltado para a implantação do uso da
sacarose como procedimento de rotina na UTIN do HCFMRP/USP.
Ao Prof. Dr. Arthur Lopes Gonçalves, à Profª. Drª. Maria Lucia Silveira Ferlin e às
equipes dos Ambulatórios ANE2 e ANEP do HCFMRP/USP, obrigada pela troca de
experiência tão importante para o meu aprendizado no trabalho com as crianças
nascidas prematuras.
À Renata e Fabíola, obrigada pelo companheirismo nos momentos dedicados à
Psicologia Pediátrica e especialmente pela amizade sincera de todas as horas.
À Bia, Juliana, Vivian, Thaís, Catia, Rodrigo, Márcia e Larissa, obrigada pela
competência, disponibilidade e valiosa contribuição em muitas etapas deste
trabalho.
À Valéria, Paula, Lu Leonetti, Lu Cosentino, Margareth, Cibelle, Stella, Fernanda e
Rafaela, obrigada pela convivência e apoio ao longo da pós-graduação.
Às aprimorandas Paula e Liliana, e ex-aprimorandas Marcela, Daniele, Tenille, Lara,
Letícia e Ana Cláudia, do Curso de Aprimoramento em Psicologia do
Desenvolvimento na Área da Saúde do HCFMRP/USP, agradeço pela troca de
experiências que faz do nosso convívio uma oportunidade de aprendizado
constante.
À Ana Emília, obrigada por me inserir de maneira tão cuidadosa no mundo
psicológico do bebê prematuro e de suas mães.
À Flávia, abrigada pela amizade tão presente, mesmo distante, e por ser para mim
um exemplo a ser seguido.
À Karina e Larissa, minhas irmãs” de Ribeirão Preto, obrigada pela convivência,
amizade e companheirismo ao longo dos anos que moramos juntas.
A todos que, de alguma maneira me ajudaram para que eu chegasse até aqui, meu
sincero agradecimento.
Declaração Universal dos Direitos do Bebê Prematuro
Artigo I - Todos os prematuros nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e
consciência. Possuem vida anterior ao nascimento.
Artigo II - Todo prematuro tem o direito de ser reconhecido como pessoa perante a lei.
Artigo III - Nenhum prematuro será arbitrariamente exilado de seu contexto familiar de modo brusco ou por tempo
prolongado. A preservação deste vínculo, ainda quando silenciosa e discreta, é parte fundamental de sua vida.
Artigo IV - Todo prematuro tem o direito de ser cuidado por uma equipe multidisciplinar capacitada a
compreendê-lo, interagir com ele e a tomar decisões harmônicas em seu beneficio e em prol de seu
desenvolvimento.
Artigo V - Todo prematuro tem direito à liberdade de opinião e expressão, portanto deverá ter seus sinais de
aproximação e afastamento identificados, compreendidos, valorizados e respeitados pela equipe que o cuida.
Artigo VI - Nenhum prematuro será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou
degradante. Sua dor deverá ser sempre considerada, prevenida e tratada através dos processos disponibilizados
pela ciência atual.
Artigo VII - Todo prematuro tem direito ao repouso, devendo por isso ter respeitados seus períodos de sono
superficial e profundo que doravante serão tomados como essenciais para seu desenvolvimento.
Artigo VIII - Todo prematuro tem o direito inalienável ao silêncio que o permita sentir-se o mais próximo possível
do ambiente sonoro intra-uterino.
Artigo IX - Nenhum prematuro deverá, sob qualquer justificativa, ser submetido a procedimento estressante
aplicado de forma displicente e injustificada pela equipe de saúde.
Artigo X - Todo prematuro tem direito a perceber a alternância entre a claridade e a penumbra, que passarão a
representar para ele a noite e o dia.
Artigo XI - Todo prematuro tem o direito, uma vez atingidas as condições básicas de equilíbrio e vitalidade, ao
amor, ao calor e leite maternos que lhe são oferecidos por meio do método canguru.
Artigo XII - Todo prematuro tem o direito de ser alimentado com o leite de sua própria mãe ou, na falta deste,
com o de outra mulher tão logo suas condições clinicas assim o permitirem. Deverá ter sua sucção corretamente
trabalhada desde o inicio da vida e caberá à equipe de saúde garantir-lhe esse direito.
Dr. Luis Alberto Mussa Tavares
Pediatra
RESUMO
GASPARDO, C. M. Alívio de dor em neonatos pré-termo: avaliação da eficácia do
uso continuado de sacarose. 2010. 248 f. Tese (Doutorado) - Faculdade de Medicina
de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2010.
A trajetória de desenvolvimento do neonato pré-termo se inicia no contexto da
Unidade de Terapia Intensiva Neonatal, permeado pela presença contínua de
diversos estímulos dolorosos. As experiências iniciais e repetidas de dor podem ter
efeito em longo prazo para os neonatos vulneráveis. A Academia Americana de
Pediatria e a Sociedade Pediátrica Canadense recomendam o uso da solução de
sacarose como intervenção não-farmacológica para alívio de dor em neonatos,
entretanto, a eficácia e segurança do uso continuado da sacarose necessitam de
investigação. O presente estudo randomizado controlado duplo-cego teve por
objetivos avaliar a eficácia da administração via oral da solução de sacarose a 25%,
em esquema de doses repetidas no alívio da dor em neonatos pré-termo e avaliar os
possíveis efeitos colaterais advindos do uso continuado da sacarose para os
neonatos. Trinta e três neonatos pré-termo com muito baixo peso ao nascer foram
distribuídos em dois grupos: Grupo Sacarose (n = 17) e Grupo Água (n = 16). Os
neonatos foram avaliados durante quatro dias consecutivos, durante procedimento
de punção para coleta de sangue. Cada avaliação foi dividida em cinco fases: Linha
de Base, Preparação para Punção (antissepsia), Punção, Recuperação com
Manuseio (curativo) e Recuperação sem Manuseio. O indicador de dor foi avaliado
pela atividade facial, mensurada pelo
Neonatal Facial Coding System
(NFCS). O
nível de ativação dos neonatos foi mensurado pelo estado de vigília e sono e pela
frequência cardíaca. Na primeira avaliação, os neonatos de ambos os grupos não
receberam nenhuma substância antes do procedimento doloroso. Nos três dias
seguintes, o Grupo Sacarose recebeu 0,5ml/kg de sacarose oral e o Grupo Água
recebeu água estéril, dois minutos antes de cada procedimento doloroso. Foram
obtidos dados de evolução clínica dos neonatos nos prontuários médicos. Os
resultados encontrados revelaram que no primeiro dia de avaliação os neonatos de
ambos os grupos anteciparam a reação ao estímulo doloroso de punção,
apresentando elevação significativa do escore do NFCS, do estado de vigília e sono
e da frequência cardíaca, na antissepsia, sendo que durante a recuperação a
frequência cardíaca continuou elevada em comparação à fase de Linha de Base. A
partir do segundo dia de avaliação, o Grupo Sacarose apresentou menores escores
do NFCS e do estado de vigília e sono, durante o procedimento, em comparação ao
Grupo Água. O indicador fisiológico de frequência cardíaca não apresentou
diferença significativa entre os grupos, entretanto, a sacarose reduziu o tempo
necessário para o neonato se recuperar e atingir a estabilidade fisiológica após
passar pelo procedimento doloroso de punção. Não houve diferença significativa na
evolução clinica dos neonatos de ambos os grupos, o que demonstra que a
sacarose não causou efeitos colaterais em curto prazo aos neonatos. Conclui-se que
a dose de 0,5ml/kg de solução de sacarose a 25% administrada em esquema de
doses repetidas foi eficaz para o alívio da dor em neonatos pré-termo e não trouxe
efeitos colaterais imediatos para o estado de saúde dos neonatos.
Palavras-chave: Nascimento prematuro. Dor. Sacarose.
ABSTRACT
Gaspardo, C. M. Pain relief in preterm neonates: assessment of the efficacy of
sucrose used in continued form. 2010. 248 f. Thesis (Doctoral Degree) - Faculty of
Medicine of Ribeirão Preto, University of São Paulo, Ribeirão Preto, 2010.
The development pathway of the preterm neonate begins in the context of the
Neonatal Intensive Care Unit, permeated by the presence of several painful
stimuli. Initial and repetitive pain may have long-term effect for vulnerable newborns.
The American Academy of Pediatrics and Canadian Pediatric Society recommends
the use of sucrose solution as non-pharmacological intervention for pain relief in
neonates, however, the efficacy and safety of continued use of sucrose needs
investigation. The present randomized controlled double-blind study aimed to assess
the efficacy of oral administration of sucrose solution to 25% in repeated doses to
relief pain in preterm neonates and to assess the possible side effects arising from
the continued use of sucrose to newborns. Thirty-three preterm neonates with very
low birth weight were divided into two groups: Sucrose Group (n = 17) and Water
Group (n = 16). The newborns were assessed during four consecutive days during
puncture procedure for blood collection. Each assessment was divided into five
phases: Baseline, Antisepsis, Puncture, Dressing, and Recovery. The indicator of
pain was assessed by facial activity, measured by the Neonatal Facial Coding
System (NFCS).
The level of activation of the neonates was measured by the sleep-
wake states and heart rate. In the first assessment, the newborns of both groups did
not receive any substance before the painful procedure. During the next three days,
Sucrose Group received 0.5ml/kg of oral sucrose and Water Group received sterile
water two minutes before each painful procedure. Clinical outcomes data of
newborns were obtained in the medical records. The results showed that on the first
day of assessment newborns of both groups have anticipated the reactivity to painful
stimuli, with significant increase of NFCS score, sleep-wake states and heart rate as
early as antisepsis, and during recovery heart rate remained increased in comparison
to the Baseline phase. From the second day of assessment, the Sucrose Group had
lower NFCS scores and sleep-wake states during the procedure, compared to the
Water Group.
The physiological indicator of heart rate showed no significant
difference between groups, however, sucrose has reduced the time required for the
infant to recover and achieve physiological stability after passing through the painful
procedure of puncture. There was no significant difference in clinical outcome of
newborn in both groups, demonstrating that sucrose did not cause short term side
effects in neonates. The finding was that the dose of 0.5 ml/kg of sucrose solution to
25% administered in repeated doses was effective for pain relief in preterm and did
not caused short term side effects to the health of newborns.
Keywords: Premature birth. Pain. Sucrose.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Percurso de composição da amostra.....................................................
82
Figura 2 - Indicador biocomportamental de atividade facial (escore NFCS), no
Grupo Sacarose (GS) e Grupo Água (GA) entre as fases Linha de
Base (LB), Preparação para Punção (PP), Punção (P), Recuperação
com Manuseio (RCM) e Recuperação sem Manuseio (RSM), em
cada dia de avaliação ............................................................................
124
Figura 3 - Indicador biocomportamental de estado de vigília e sono, no Grupo
Sacarose (GS) e Grupo Água (GA) entre as fases Linha de Base
(LB), Preparação para Punção (PP), Punção (P), Recuperação com
Manuseio (RCM) e Recuperação sem Manuseio (RSM), em cada dia
de avaliação...........................................................................................
127
Figura 4 - Indicador fisiológico de frequência cardíaca média, no Grupo
Sacarose (GS) e Grupo Água (GA) entre as fases Linha de Base
(LB), Preparação para Punção (PP), Punção (P), Recuperação com
Manuseio (RCM) e Recuperação sem Manuseio (RSM), em cada dia
de avaliação...........................................................................................
131
Figura 5 - Porcentagem de neonatos (%) com escore do NFCS igual ou acima
de três pontos no Grupo Sacarose (GS) e Grupo Água (GA) nas
fases de Linha de Base (LB), Preparação para Punção (PP), Punção
(P), Recuperação com Manuseio (RCM) e Recuperação sem
Manuseio (RSM), nos quatro dias de avaliação.....................................
135
Figura 6 - Porcentagem de neonatos com alto nível de ativação no Grupo
Sacarose (GS) e Grupo Água (GA) nas fases de Linha de Base (LB),
Preparação para Punção (PP), Punção (P), Recuperação com
Manuseio (RCM) e Recuperação sem Manuseio (RSM), durante os
quatro dias de avaliação ........................................................................
139
Figura 7 - Porcentagem de neonatos com estado biocomportamental de choro
no Grupo Sacarose (GS) e Grupo Água (GA) nas fases de Linha de
Base (LB), Preparação para Punção (PP), Punção (P), Recuperação
com Manuseio (RCM) e Recuperação sem Manuseio (RSM), nos
quatro dias de avaliação ........................................................................
142
Figura 8 - Porcentagem de neonatos com média da frequência cardíaca igual
ou acima de 160 batimentos por minuto no Grupo Sacarose (GS) e
Grupo Água (GA) nas fases de Linha de Base (LB), Preparação para
Punção (PP), Punção (P), Recuperação com Manuseio (RCM) e
Recuperação sem Manuseio (RSM), nos quatro dias de avaliação.......
145
Figura 9 - Indicador fisiológico de frequência cardíaca (FC), no Grupo
Sacarose, entre a fase Linha de Base e minuto a minuto da fase de
Recuperação (Recuperação com Manuseio e Recuperação sem
Manuseio) ..............................................................................................
148
Figura 10 - Indicador fisiológico de frequência cardíaca (FC), no Grupo Água,
entre a fase Linha de Base e minuto a minuto da fase de
Recuperação (Recuperação com Manuseio e Recuperação sem
Manuseio) ..............................................................................................
148
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Características da amostra e da evolução clínica dos neonatos do
Grupo Sacarose (GS) e do Grupo Água (GA) ....................................
106
Tabela 2 - Características da história de exposição a procedimentos
dolorosos dos neonatos anterior às avaliações, no Grupo
Sacarose (GS) e no Grupo Água (GA) ...............................................
108
Tabela 3 - Características do procedimento de punção do Grupo Sacarose
(GS) e Grupo Água (GA) nos quatro dias de avaliação......................
110
Tabela 4 - Indicadores biocomportamentais de atividade facial (escore do
NFCS), estado de vigília e sono e frequência cardíaca média, do
Grupo Sacarose e Grupo Água, na fase de Linha de Base, nos
quatro dias de avaliação.....................................................................
113
Tabela 5 - Indicadores biocomportamentais de atividade facial (escore do
NFCS), estado de vigília e sono e frequência cardíaca média, do
Grupo Sacarose e Grupo Água, na fase de Preparação para
Punção, nos quatro dias de avaliação................................................
115
Tabela 6 - Indicadores biocomportamentais de atividade facial (escore do
NFCS), estado de vigília e sono e frequência cardíaca média, do
Grupo Sacarose e Grupo Água, na fase de Punção, nos quatro
dias de avaliação................................................................................
117
Tabela 7 - Indicadores biocomportamentais de atividade facial (escore do
NFCS), estado de vigília e sono e frequência cardíaca média, do
Grupo Sacarose e Grupo Água, na fase de Recuperação com
Manuseio, nos quatro dias de avaliação ............................................
119
Tabela 8 - Indicadores biocomportamentais de atividade facial (escore do
NFCS), estado de vigília e sono e frequência cardíaca média, do
Grupo Sacarose e Grupo Água, na fase de Recuperação sem
Manuseio, nos quatro dias de avaliação ............................................
121
Tabela 9 - Características de evolução clínica dos neonatos do Grupo
Sacarose (GS) e do Grupo Água (GA), avaliadas desde o
nascimento até as últimas 24 horas anteriores à primeira avaliação .
151
Tabela 10 - Características de evolução clínica dos neonatos do Grupo
Sacarose (GS) e do Grupo Água (GA), avaliadas nas últimas 24
horas anteriores a cada dia de avaliação ...........................................
153
Tabela 11 - Características de evolução clínica e de padrão de alimentação
dos neonatos do Grupo Sacarose (GS) e do Grupo Água (GA),
avaliadas durante o período de hospitalização ..................................
155
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AIG Adequado para a idade gestacional
CRIB
Clinical Risk Index for Babies
FMRP/USP Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da
Universidade de São Paulo
GA Grupo Água
GIG Grande para a idade gestacional
GN Grupo Não Participante
GP Grupo Participante
GS Grupo Sacarose
HCFMRP/USP
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina
de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo
LB Linha de Base
NFCS
Neonatal Facial Coding System
NIDCAP
Neonatal Individualized Developmental Care and
Assessment Program
OMS Organização Mundial de Saúde
P Punção
PIG Pequeno para a idade gestacional
PP Preparação para Punção
RCM Recuperação com Manuseio
RSM Recuperação sem Manuseio
SNAP
Score for Neonatal Acute Physiology
SPSS
Statistical Package for Social Science
SUS Sistema Único de Saúde
TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
USP Universidade de São Paulo
UTIN Unidade de Terapia Intensiva Neonatal
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................
1.1. O nascimento pré-termo como fator de risco ao desenvolvimento........................
1.2. A Unidade de Terapia Intensiva Neonatal e as experiências de estresse e dor
na trajetória inicial de desenvolvimento do neonato pré-termo.....................................
1.3. Avaliação de dor em neonatos: instrumentos e medidas ......................................
1.4. Intervenção não-farmacológica para alívio da dor em neonatos ...........................
1.5. O uso da sacarose no alívio da dor em neonatos..................................................
22
23
37
54
58
61
2. OBJETIVOS ........................................................................................................... 78
3. MÉTODO................................................................................................................
3.1. Delineamento do estudo........................................................................................
3.2. Participantes..........................................................................................................
3.3. Local e contexto do estudo....................................................................................
3.4. Aspectos éticos......................................................................................................
3.5. Instrumentos e Medidas ........................................................................................
3.5.1. Atividade Facial ..................................................................................................
3.5.2. Estado de Vigília e Sono ....................................................................................
3.5.3. Frequência Cardíaca ..........................................................................................
3.5.4. Prontuários do paciente......................................................................................
3.6. Equipamentos........................................................................................................
3.7. Procedimento.........................................................................................................
3.7.1. Estudo piloto.......................................................................................................
3.7.2. Coleta de dados..................................................................................................
3.7.2.1. Esquema de coleta de dados ..........................................................................
3.7.2.2. Procedimento de coleta de dados ...................................................................
3.7.2.3. Coleta de dados do prontuário médico ............................................................
3.7.3. Preparação e Análise dos dados ........................................................................
3.7.3.1. Preparação dos dados.....................................................................................
3.7.3.2. Análise dos dados ...........................................................................................
3.7.3.3. Tratamento estatístico dos dados....................................................................
80
81
81
84
85
86
86
88
89
89
90
90
90
91
91
93
97
99
99
101
102
4. RESULTADOS .......................................................................................................
4.1. Caracterização da amostra....................................................................................
103
105
4.2. História de experiências dolorosas dos recém-nascidos do Grupo Sacarose e
Grupo Água ..................................................................................................................
4.3. Reatividade biocomportamental dos recém-nascidos à dor ..................................
4.3.1. Comparação entre os dias de avaliação, considerando-se cada fase e cada
grupo ............................................................................................................................
4.3.1.1. Linha de Base..................................................................................................
4.3.1.2. Preparação para Punção.................................................................................
4.3.1.3. Punção ............................................................................................................
4.3.1.4. Recuperação com Manuseio ...........................................................................
4.3.1.5. Recuperação sem Manuseio ...........................................................................
4.3.2. Comparação entre as fases do procedimento de coleta de sangue de cada
dia de avaliação............................................................................................................
4.3.2.1. Atividade Facial ...............................................................................................
4.3.2.2. Estado de Vigília e Sono .................................................................................
4.3.2.3. Frequência Cardíaca Média.............................................................................
4.3.3. Comparação entre os grupos Sacarose e Água, nos quatro dias de avaliação .
4.3.3.1. Atividade Facial ...............................................................................................
4.3.3.2. Estado de Vigília e Sono .................................................................................
4.3.3.3. Frequência Cardíaca Média.............................................................................
4.3.4. Indicador fisiológico de frequência cardíaca avaliado na fase de recuperação
do primeiro dia de intervenção Grupo Sacarose / Grupo Água ....................................
4.4. Evolução clínica dos neonatos durante a hospitalização e possíveis efeitos
colaterais advindos do uso da solução de sacarose.....................................................
107
111
111
112
114
116
118
120
122
123
126
130
134
134
138
144
146
150
5. DISCUSSÃO .......................................................................................................... 157
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................
6.1. Considerações metodológicas...............................................................................
6.2. Desdobramentos para a prática.............................................................................
6.3. Desdobramentos para a pesquisa – questões futuras...........................................
180
181
186
188
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................ 189
APÊNDICES............................................................................................................... 219
ANEXOS .................................................................................................................... 235
PRÓLOGO
A presente Tese de Doutorado está inserida na linha de pesquisa
denominada “Sobrevivência, desenvolvimento e qualidade de vida de crianças
nascidas pré-termo”, a qual tem por objetivo integrar o conhecimento psicológico ao
conhecimento médico acerca de questões sobre os efeitos do fator de risco biológico
da prematuridade no desenvolvimento da criança. Esta linha de pesquisa teve início
em 1996, sob a coordenação da Profª. Drª. Maria Beatriz Martins Linhares e do Prof.
Dr. Francisco Eulógio Martinez, docentes da Faculdade de Medicina de Ribeirão
Preto da Universidade de São Paulo.
A inserção da temática “Dor em recém-nascido pré-termo em Unidade de
Terapia Intensiva Neonatal e desenvolvimento” nesta linha de pesquisa ocorreu em
2002, com o Pós-Doutorado realizado pela Profª. Drª. Maria Beatriz Martins
Linhares, junto ao grupo de pesquisa da Profª. Drª. Ruth Grunau, na
University of
British Columbia
e no
British Columbia Children’s Hospital
, em Vancouver, Canadá.
O presente estudo também se vincula à linha de pesquisa “Dor,
desenvolvimento e saúde mental da criança”, que integra a produção de
conhecimento científico do Laboratório de Pesquisa em Prevenção de Problemas de
Desenvolvimento e Comportamento da Criança, coordenado pela Profª. Drª. Maria
Beatriz Martins Linhares, e apoiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq).
Desde o ano de 2003, até o presente momento, participo deste grupo de
pesquisa. Inicialmente, realizei o treinamento em avaliação de dor em neonatos pré-
termo internados em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), focalizando a
coleta e análise de dados relacionados às respostas biocomportamentais de
reatividade e recuperação à dor e ao estresse no período neonatal. De 2004 a 2006
realizei Mestrado em Ciências Médicas, na Área de Saúde Mental, como bolsista da
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).
No ano de 2006, iniciei o estudo de Doutorado, o qual procurou investigar a
eficácia e segurança do uso continuado da solução de sacarose como uma
intervenção não-farmacológica para o alívio da dor em recém-nascidos pré-termo
internados em UTIN. A partir deste ano também passei a atuar como psicóloga junto
à equipe multidisciplinar da UTIN do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina
de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (HCFMRP/USP).
A Tese de Doutorado ora apresentada é uma continuidade do estudo de
Mestrado intitulado “Dor em neonatos pré-termo em Unidade de Terapia Intensiva
Neonatal: avaliação e intervenção com sacarose” (GASPARDO, 2006).
Assim, pretende-se com o presente estudo avançar no conhecimento sobre o
uso de intervenções não-farmacológicas para o alívio da dor neonatal, contribuindo
para a redução dos riscos ao desenvolvimento adaptativo futuro das crianças
nascidas prematuras egressas da UTIN.
1. INTRODUÇÃO
23
A introdução do presente estudo está organizada em cinco tópicos. O primeiro
tópico aborda o nascimento pré-termo como fator de risco ao desenvolvimento. O
segundo tópico apresenta características da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal
(UTIN) como primeiro microcontexto do desenvolvimento do recém-nascido
prematuro, assim como as experiências de estresse e dor. O terceiro tópico focaliza
os instrumentos e medidas na avaliação de dor em recém-nascidos. O quarto tópico
aborda as intervenções não-farmacológicas para o alívio da dor em recém-nascidos.
Por fim, o quinto tópico trata do uso da substância sacarose no alívio da dor aguda-
procedural em recém-nascidos.
1.1. O nascimento pré-termo como fator de risco ao desenvolvimento
No nascimento de uma criança, a idade gestacional de 40 semanas e o peso
ao nascer acima de 2.500 gramas constitui-se em variáveis biológicas importantes,
relacionadas ao desenvolvimento sadio da criança, devido ao papel relevante que
desempenham na maturidade de vários sistemas do organismo. Possíveis desvios
em qualquer um desses parâmetros para fora da faixa de normalidade são
considerados fatores de alto risco para complicações neonatais, além de
consequentemente expor a criança a uma cadeia de eventos adversos ao seu
crescimento físico e desenvolvimento pleno (AYLWARD, 2005; LINHARES et al.,
2004; MINDE, 2000).
24
A Organização Mundial de Saúde (OMS) classifica o recém-nascido, a partir
da idade gestacional, em:
recém-nascido pré-termo
, quando o nascimento ocorre
com menos de 37 semanas de gestação,
recém-nascido a termo
, quando o
nascimento ocorre entre 37 e 42 semanas de gestação, e
recém-nascido pós-termo
,
quando o nascimento ocorre com mais de 42 semanas de gestação. Em relação ao
peso de nascimento, o recém-nascido pode ser classificado em
recém-nascido baixo
peso
, quando nasce com peso inferior a 2.500 gramas,
recém-nascido muito baixo
peso
, quando nasce com peso igual ou inferior a 1.500 gramas, e
recém-nascido
extremo baixo peso
, quando nasce com peso igual ou inferior a 1.000 gramas (LIMA
et al., 2006).
Um dos fatores principais de avaliação da dimensão do risco neonatal refere-
se à relação entre a idade gestacional e o peso de nascimento, que classifica o
recém-nascido em
pequeno para a idade gestacional
(PIG),
adequado para a idade
gestacional
(AIG) e
grande para a idade gestacional
(GIG). O PIG, que corresponde
aos neonatos com peso de nascimento abaixo do percentil 10 para a idade
gestacional, representa um indicador clínico importante de morbidade neonatal, além
de ser um fator de risco para mortalidade e atrasos no desenvolvimento (GOULART,
2004a).
Entretanto, Goulart (2004a) salienta que a idade gestacional e o peso ao
nascimento não são parâmetros suficientes para a correta avaliação do risco de
mortalidade e morbidade neonatal. Atualmente, os escores de risco neonatal
estabelecidos para avaliar as condições fisiológicas do recém-nascido, o tipo e a
25
intensidade terapêutica utilizada na conduta médica adotada nas primeiras horas
após o nascimento são o
Clinical Risk Index for Babies
(CRIB) (INTERNATIONAL
NEONATAL NETWORK, 1993), posteriormente revisado (CRIB II) (PARRY;
TUCKER; TARNOW-MORDI, 2003) e o
Score for Neonatal Acute Physiology
(SNAP)
(RICHARDSON et al., 1993), também posteriormente revisado (SNAP-II)
(RICHARDSON et al., 2001). O CRIB é aplicável a crianças com peso ao nascer
inferior a 1.500 gramas ou idade gestacional menor que 31 semanas e consiste na
avaliação de seis itens fisiológicos, a saber: peso ao nascimento, idade gestacional,
presença de anomalias congênitas, fração inspirada de oxigênio máxima e mínima e
o pior déficit de base nas primeiras 12 horas após o nascimento. Um escore alto no
CRIB, acima de quatro pontos, correlaciona-se com altas taxas de mortalidade e
morbidade infantil (BRITO et al., 2003). O SNAP é aplicável a crianças com qualquer
peso de nascimento e utiliza 34 medidas de sinais vitais e exames laboratoriais, que
recebem pontuação de zero a cinco para a pior medida nas primeiras 24 horas após
a admissão no hospital.
Além disso, um importante método de avaliação sistemática do recém-
nascido realizado frequentemente logo após o parto é o Índice de Apgar (APGAR,
1953), que avalia as condições fisiológicas e a capacidade de resposta do neonato.
O teste é usualmente realizado no 1º, e 10º minutos de vida do recém-nascido e
avalia os seguintes sinais: frequência cardíaca, esforço respiratório, tônus muscular,
irritabilidade reflexa e coloração da pele. Para cada um dos cinco itens avaliados é
atribuída uma pontuação que varia de zero a dois pontos, sendo que um escore total
26
acima de oito pontos é considerado como ausência de risco neonatal, de quatro a
sete pontos considera-se risco, sendo necessário a intervenção de cuidados
especiais ao neonato, e para escores de zero a três pontos a indicação de
procedimento de ressuscitação imediato (PINHEIRO, 2009).
De acordo com Aylward (2002), uma adequada avaliação do risco neonatal
para problemas no desenvolvimento futuro dos recém-nascidos deve considerar as
características relacionadas ao nascimento (idade gestacional, peso de nascimento,
índice de Apgar e índice de risco neonatal), os tipos de intervenções médicas
necessárias durante a internação (procedimentos invasivos e dolorosos, intubação e
aspiração endotraqueal, ventilação mecânica, cirurgias) e as sequelas no momento
da alta hospitalar (necessidade de oxigênio e reinternações hospitalares, presença
de déficit neurosensorial, broncodisplasia pulmonar, retinopatia da prematuridade).
O recém-nascido pré-termo representa a principal população atendida nas
unidades de terapia intensiva neonatais. Quanto à etiologia do nascimento
prematuro, Almeida (2003) classifica as principais causas como sendo obstétricas,
como por exemplo, mães primigestas, mães jovens ou idosas, pequeno intervalo
entre os partos, abortamento tardio prévio, história anterior de prematuridade,
gravidez múltipla, parto cesáreo; causas ginecológicas, como a malformação uterina;
e causas extratocoginecológicas, tais como desnutrição, falta de assistência pré-
natal, alcoolismo, tabagismo, uso de drogas, estresse, infecção vaginal, diabetes e
hipertensão.
27
Os avanços significativos na área da Neonatologia, em relação aos cuidados
médico-hospitalares a recém-nascidos pré-termo com muito baixo peso ao
nascimento, permitiram o aumento substancial da sobrevivência desta população em
risco para problemas de saúde e desenvolvimento (GRUNAU; HOLSTI; PETERS,
2006; LORENZ, 2000). Em países desenvolvidos, a sobrevida de prematuros
extremos aumentou significativamente a partir do final da década de 1980, devido à
disponibilidade de surfactante exógeno e ao aumento da administração antenatal de
corticosteróides. A estatística de sobrevida de prematuros extremos nascidos nos
Estados Unidos e no Canadá na década de 1990 mostram que a sobrevida de
recém-nascidos com idade gestacional entre 23 e 24 semanas variou de 5 a 68%,
com 25 semanas de 60 a 79%, com 26 semanas de 75 a 87%, com 27 semanas de
71 a 88% e com 28 semanas, de 87 a 91% (GOULART, 2004b).
No Brasil, os dados mais recentes do Sistema Único de Saúde (SUS)
mostram que, em 2008, para um total de 2.917.432 nascidos vivos, 195.468 (6,7%)
bebês nasceram com menos de 37 semanas de gestação. Especificamente na
Região Sudeste, de um total de 1.127.424 nascidos vivos, 89.066 (7,9%) bebês
nasceram pré-termo. No Estado de São Paulo, de um total de 601.376 nascidos
vivos, 49.312 (8,2%) bebês nasceram pré-termo. No município de Ribeirão Preto,
este índice sobe para 9,4%, sendo que de um total de 7.668 nascimentos, 720 foram
de neonatos pré-termo (BRASIL, 2009).
A Academia Americana de Pediatria define quatro categorias de variáveis
biológicas e ambientais como fatores de risco na infância, a saber: o nascimento de
28
um bebê prematuro, o nascimento de um bebê que necessite de suporte
tecnológico; o nascimento de um bebê com problemas irreversíveis ou expectativa
de morte, e um bebê que nasce em condições familiares adversas (AYLWARD,
2002). O recém-nascido prematuro e com baixo peso enquadra-se, no mínimo, em
três dessas quatro categorias, o que os colocam em condição de múltiplo risco, uma
vez que estão expostos involuntariamente a condições biológicas, psicológicas e
sociais adversas que os tornam vulneráveis e em desvantagem para o
desenvolvimento (LINHARES, 2009; RESEGUE; PUCCINI; SILVA, 2008). A
prematuridade constitui-se em um fator de alto risco para problemas de saúde e
desenvolvimento em crianças, especialmente as provenientes de famílias com risco
psicossocial e baixo nível socioeconômico, situações estas que limitam o potencial
das crianças para o pleno desenvolvimento (NURU-JETER et al., 2010; PRIOR et
al., 2008).
De acordo com a abordagem teórico-conceitual da Psicopatologia do
Desenvolvimento (LUTHAR; SAWYER; BROWN, 2006; MASTEN; GERWITZ, 2006;
RUTTER; SROUFE, 2000; SAMEROFF, 2000), os fatores de risco consistem em
influências estressoras e adversas ao desenvolvimento do organismo, podendo ser
de natureza biológica, psicológica ou social, e identificados tanto no indivíduo como
no ambiente, ou ainda resultantes da combinação entre ambos (MASTEN;
GERWITZ, 2006).
Os efeitos negativos dos fatores de risco podem ser identificados em diversos
indicadores de desenvolvimento, bem como nos processos psicológicos de
29
autorregulação emocional e cognitiva do indivíduo (SAMEROFF, 2010). Além disso,
quando se tem o risco identificado no indivíduo, constitui-se uma condição de
vulnerabilidade deste para o enfrentamento das tarefas evolutivas que estarão
presentes na sua trajetória de desenvolvimento (HALPERN; FIGUEIRAS, 2004;
LINHARES, 2009; RUTTER, 2006; SAMEROFF; ROSENBLUM, 2006).
Muitos estudos que avaliam a trajetória de desenvolvimento de crianças
nascidas pré-termo indicam que, quando comparadas às crianças nascidas a termo,
aquelas são mais propensas a apresentar atraso neurocomportamental (BARBOSA;
FORMIGA; LINHARES, 2007; BRUGGINK et al., 2008; HALPERN et al., 2000, 2002;
MARTINS; LINHARES; MARTINEZ, 2005; TAYLOR et al., 2006), problemas
cognitivos (ANDERSON et al., 2004; do ESPÍRITO SANTO; PORTUGUEZ, NUNES;
2009; HACK et al., 2005; JOHNSON, 2007; LINHARES et al., 2005; LUU et al.,
2009; NEUBAUER; VOSS; KATTNER, 2008; RUGOLO, 2005; WOLKE et al., 2008),
dificuldade de linguagem (LUU et al., 2009; WOLKE et al., 2008), problemas de
aprendizagem (CARVALHO; LINHARES; MARTINEZ, 2001; MARLOW et al., 2005;
SALT; REDSHAW, 2006; SPITTLE et al., 2009; WOLKE et al., 2008), dificuldades
comportamentais (BORDIN; LINHARES; JORGE, 2001; do ESPÍRITO SANTO;
PORTUGUEZ; NUNES, 2009; HACK et al., 2009; JOHNSON, 2007; SAMARA;
MARLOW; WOLKE, 2008) e problemas emocionais (WHITFIELD; GRUNAU, 2000).
A partir de uma revisão sistemática da literatura, de estudos publicados de
2000 a 2007, sobre o desenvolvimento de crianças nascidas prematuras, Zomignani,
Zambelli e Antonio (2009) identificaram que, em comparação à população nascida a
30
termo, os recém-nascidos prematuros apresentaram alterações anatômicas
cerebrais que estão diretamente relacionadas a prejuízos cognitivos. Além disso,
crianças nascidas prematuras, avaliadas na infância e adolescência, demonstraram
dificuldades de memorização, de planejamento, déficit motor e de atenção.
No estudo de Gray, Indurkhya e McCormick (2004), verificou-se uma
prevalência de aproximadamente 20% de problemas de comportamento em crianças
nascidas pré-termo com muito baixo peso nas idades de três, cinco e oito anos,
sendo esta prevalência o dobro da população geral. Além disso, os autores
encontraram que o nascimento abaixo de 1.000 gramas aumentou o risco para
prejuízos neurodesenvolvimentais da criança na idade escolar.
Em um estudo longitudinal, Hack et al. (2005) examinaram as condições
neurosensoriais, de desenvolvimento e de saúde de crianças aos oito anos de idade
que nasceram prematuras com extremo baixo peso e as compararam com crianças
nascidas a termo. As crianças nascidas prematuras apresentaram significativamente
maior necessidade de cuidados especiais à saúde, devido a diagnósticos de
paralisia cerebral, asma e baixa visão, além de maior limitação nas habilidades
motoras e acadêmicas em comparação às crianças nascidas a termo.
Com o objetivo de verificar o crescimento, desenvolvimento motor e cognitivo
e desempenho escolar em crianças nascidas pré-termo, aos sete anos de idade,
Cooke e Foulder-Hughes (2003) avaliaram crianças que nasceram com 32 semanas
de idade gestacional e as compararam com crianças nascidas a termo. Os
resultados indicaram que as crianças nascidas prematuras apresentavam tanto
31
menos peso e baixa estatura quanto pior desempenho na avaliação cognitiva, ao
serem comparadas às crianças nascidas a termo.
Pode-se observar, portanto, que muitos estudos avaliam indicadores de
desenvolvimento em crianças nascidas pré-termo. Atualmente, os estudos buscam
avaliar, além desses indicadores, os processos psicológicos no desenvolvimento de
crianças nascidas prematuras. Dentre os processos psicológicos de
desenvolvimento nos quais as crianças nascidas pré-termo encontram-se mais
vulneráveis, são destacados como principais a autorregulação fisiológica, emocional
e comportamental (CLARK et al., 2008; FELDMAN, 2009; KLEIN et al., 2009), a
atenção (LUU et al., 2009; VAN DE WEIJER-BERGSMA; WIJNROKS; JONGMANS,
2008) e a função executiva (BAYLESS; STEVENSON, 2007; SUN; MOHAY;
O’CALLAGHAN, 2008; TAYLOR et al., 2006).
Nos estudos sobre autorregulação, realiza-se a avaliação do temperamento,
que pode ser entendido, a partir de uma abordagem psicobiológica, como diferenças
individuais estáveis que aparecem a partir do nascimento, com forte base genética e
neurobiológica, influenciadas ao longo do tempo tanto pela maturação fisiológica
como pela experiência (ROTHBART; BATES, 2006). O temperamento destaca-se
entre as variáveis da pessoa que exercem influência relevante no desenvolvimento e
se relacionam a desfechos adaptativos ou desadaptativos (CALKINS, 2009).
O estudo prospectivo-longitudinal de Klein (2009) acompanhou 38 neonatos
pré-termo, desde o nascimento até a fase pré-escolar, a fim de avaliar o
temperamento das crianças por meio de entrevistas com as mães com a aplicação
32
dos questionários
Early Childhood Behavior Questionnaire
e
Children’s Behavior
Questionnaire
, e o comportamento das crianças por meio de entrevistas com as
mães com a aplicação do questionário
Child Behavior Checklist 1 ½ - 5
. Os
resultados mostraram que o menor peso ao nascimento foi preditor de
características de temperamento com maior dimensão do afeto negativo e de
problemas de comportamento, do tipo atenção, reação emocional e sono, nas
crianças nascidas pré-termo em fase pré-escolar. Além disso, as crianças nascidas
pré-termo apresentaram temperamento com mais sensibilidade perceptual, prazer
com estímulos de alta intensidade e ativação motora, menos aconchego ao cuidador
e mais problemas de atenção quando comparadas a crianças nascidas a termo.
Neste estudo, o fator prematuridade mostrou influência tanto no comportamento
quanto nos processos de regulação das crianças, avaliados por meio do
temperamento.
Por outro lado, na interação entre o organismo e o ambiente, atuam recursos
do próprio indivíduo, bem como mecanismos protetores advindos dos contextos de
desenvolvimento que podem neutralizar os efeitos dos riscos e adversidades ao
desenvolvimento adaptativo do indivíduo (LUTHAR; SAWYER; BROWN, 2006;
MASTEN; GERWITZ, 2006; RUTTER; SROUFE, 2000; SAMEROFF, 2010). A
compreensão do desenvolvimento de uma criança nascida com o risco estabelecido,
como o da prematuridade, requer a adoção da perspectiva desenvolvimental, que
permite identificar e analisar o interjogo entre fatores de risco e mecanismos de
proteção presentes nos diferentes contextos de desenvolvimento. Desse modo, os
33
fatores facilitadores do desenvolvimento precisam ser ativados e os complicadores
neutralizados, tanto no indivíduo quanto no seu contexto ambiental de
desenvolvimento (LINHARES et al., 2004).
Dessa forma, apesar de crianças nascidas prematuras terem maior
probabilidade para apresentar problemas de desenvolvimento, a presença de fatores
protetores, identificados na criança, no meio ambiente, ou na interação entre eles,
pode modificar os efeitos adversos da prematuridade, desencadeando um desfecho
desenvolvimental positivo (GUTMAN; SAMEROFF; COLE, 2003; LUTHAR;
SAWYER; BROWN, 2006).
Para a melhor compreensão dos processos envolvidos na relação entre
fatores de risco e mecanismos de proteção na trajetória de desenvolvimento, têm-se
destacados os processos de regulação, os quais amadurecem ao longo do
desenvolvimento, especialmente nos primeiros seis anos de idade (FELDMAN,
2009; SAMEROFF, 2009).
O amadurecimento dos processos de autorregulação, segundo Olson et al.
(2009), desenvolve-se da seguinte maneira: a) do nascimento aos três meses de
idade, o controle toma a forma de modulação dos estados de alerta fisiológicos,
como reatividade emocional aos estímulos sensoriais, incluindo duração e
intensidade do choro, tempo para se recuperar, capacidade para se acalmar e
resposta do hormônio cortisol frente a estímulos estressores; b) entre os três e 12
meses de idade, os bebês apresentam um aumento na capacidade de ajustar suas
respostas afetivas, de atenção e de comportamento motor voluntário de forma
34
dirigida ao alcance de objetivos; c) nos três primeiros anos de vida, as crianças
tornam-se conscientes das demandas sociais e são capazes de ajustar seus
comportamentos de acordo com estas demandas, devido ao amadurecimento rápido
de suas habilidades cognitivas e motoras; d) nos anos pré-escolares, a criança
torna-se cada vez mais capaz de automonitorar o seu comportamento em resposta a
diferentes demandas situacionais.
Sendo assim, considerando que o desenvolvimento das capacidades de
autorregulação faz parte de um processo maturacional normativo, é esperado que
fatores que afetam de maneira positiva ou negativa o desenvolvimento da criança,
como o nascimento prematuro, sejam capazes de influenciar os processos
maturacionais relacionado à autorregulação (KEENAN et al., 2009, KLEIN;
GASPARDO; LINHARES, no prelo; KLEIN; LINHARES, 2007, 2010; SAMEROFF,
2010).
As trajetórias resultantes em desenvolvimento adaptativo, na presença de
fatores de risco, envolvem o processo de resiliência, que consiste em um processo
dinâmico por meio do qual as adaptações positivas podem ser alcançadas em
contextos de adversidade (LUTHAR; SAWYER; BROWN, 2006; MASTEN;
OBRADOVI´C, 2006; YUNES; ZYMANSKI, 2001). O conceito de resiliência refere-se
à combinação entre experiências adversas e desenvolvimento psicológico posterior
positivo, inferido a partir do interjogo entre os fatores de risco e os mecanismos de
proteção (RUTTER, 2006). A resiliência ocorre quando se tem a exposição do
indivíduo a uma ameaça significativa ou a uma adversidade grave, e a concretização
35
de uma adaptação efetiva, apesar do dano em potencial que ameaça o
desenvolvimento deste indivíduo.
Dessa forma, além da adequada avaliação dos aspectos relacionados ao
desenvolvimento das crianças nascidas pré-termo, também é de grande importância
a avaliação de condições do contexto ambiental que podem influenciar positiva, ou
negativamente, a trajetória de desenvolvimento dessas crianças (LINHARES et al.,
2006; LINHARES, 2009). Por exemplo, em um conjunto de estudos sobre o
desenvolvimento de bebês nascidos pré-termo, integrantes de programas de
seguimento longitudinal do desenvolvimento no primeiro ano de idade corrigida para
a prematuridade, revelou que estes, em sua maioria, apresentavam indicadores de
desenvolvimento mental, motor e comportamental dentro da faixa da normalidade
(NOBRE et al., 2009; FRAGA et al., 2008a, 2008b; LINHARES et al., 2003; VOLPI et
al., 2010).
Nobre et al. (2009) avaliaram indicadores de desenvolvimento de 30 crianças
nascidas pré-termo, inseridas em um programa de seguimento longitudinal do
desenvolvimento psicológico de prematuros, por meio da aplicação do Teste de
Triagem do Desenvolvimento Infantil Denver II, e encontraram que apenas 20% das
crianças na faixa de cinco a sete meses e 27% das crianças na faixa de 10 a 14
meses de idade corrigida para a prematuridade apresentaram risco para problemas
de desenvolvimento. Entretanto, as crianças nascidas com menor peso e idade
gestacional, que permanecem mais tempo hospitalizadas e com situações familiares
adversas apresentaram mais problemas de desenvolvimento.
36
Em um recente estudo, Volpi et al. (2010) tiveram por objetivo determinar as
idades cronológica e corrigida para a prematuridade de aquisição das habilidades
motoras até a marcha independente, em bebês nascidos prematuros com muito
baixo peso, em um ambulatório de seguimento de bebês de alto risco. Os resultados
revelaram que os bebês prematuros controlaram a cabeça no segundo mês,
sentaram sem apoio aos sete meses e andaram com 12 meses de idade corrigida
para a prematuridade, correspondendo, respectivamente, ao 4°, 9° e 15° meses de
idade cronológica. Além disso, bebês que nasceram pequenos para a idade
gestacional adquiriram suas habilidades mais tardiamente, porém dentro do limite de
idade esperado.
Portanto, de acordo com a abordagem da Psicopatologia do
Desenvolvimento, considera-se importante compreender as desordens de adaptação
do indivíduo, focalizando os intercâmbios probabilísticos entre dinâmicas individuais
e dinâmicas dos contextos que compreendem o comportamento humano, sem
estabelecer predições deterministas, isomórficas e relações de causa e efeito
(ACHENBACH, 1992; RUTTER, 2006; SAMEROFF, 2009). Frente à adversidade do
nascimento prematuro, que torna o neonato vulnerável, deve-se levar em conta a
análise dos fatores de risco e mecanismos protetivos que auxiliem o enfrentamento
das adversidades, possibilitando a sua regulação fisiológica, emocional e
comportamental. O recém-nascido prematuro tem características
neurodesenvolvimentais semelhantes às do feto, porém diferentemente deste, que
37
se encontra protegido pelo útero materno, deve enfrentar no início da vida o
ambiente de múltiplos estímulos da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal.
1.2. A Unidade de Terapia Intensiva Neonatal e as experiências de estresse e dor na
trajetória inicial de desenvolvimento do neonato pré-termo
A trajetória de desenvolvimento do recém-nascido pré-termo fora da vida
uterina inicia-se no microcontexto hospitalar de uma Unidade de Terapia Intensiva
Neonatal (UTIN), devido à sua necessidade de receber cuidados intensivos de alta
complexidade durante as primeiras semanas ou meses de vida, visto que suas
funções fisiológicas ainda não estão amadurecidas suficientemente para sobreviver
no ambiente externo (GLASS, 1999).
O neonato pré-termo de muito baixo peso necessita das condições especiais
da UTIN para sobreviver, fazendo com que esta seja o seu primeiro contexto de
desenvolvimento. De forma paradoxal, ao mesmo tempo em que a UTIN constitui-se
em um ambiente de cuidado e proteção ao recém-nascido, também se apresenta
como um fator de risco ao desenvolvimento devido aos múltiplos estímulos que
provocam dor, estresse e desconforto aos neonatos hospitalizados (ANAND et al.,
2006; ANAND; WHIT HALL, 2007; GRUNAU, 2002; GRUNAU; HOLSTI; PETERS,
2006; GRUNAU; TU, 2007; LINHARES et al., 2006). A assistência médica a
neonatos pré-termo, especialmente os de peso muito baixo, envolve intervenções
invasivas e dolorosas repetidas, as quais ocorrem em um contexto de estresse
38
crônico e podem causar dano no desenvolvimento do sistema nervoso do recém-
nascido (ANAND et al., 2006; COUPERUS; NELSON, 2006; GOFFAUX, et al., 2008;
SIMONS; TIBBOEL, 2006; VAN DE VELDE et al., 2006).
Durante esta permanência na UTIN, o neonato pré-termo que se apresenta
imaturo, desorganizado e desintegrado em várias funções e sistemas do seu
organismo relevantes para o seu desenvolvimento, fica exposto a uma gama de
estímulos externos adversos, totalmente diferentes dos experimentados intra-útero,
tais como ruído, luminosidade, manipulação e dor, além da separação materna que
o priva do contato físico prazeroso pele a pele e da alimentação natural por meio da
amamentação (GOULART, 2004b).
Esta estimulação inicial, necessária para investigação diagnóstica ou
tratamento, porém aversiva, torna-se preocupante uma vez que neonatos
prematuros com menos de 32 semanas de idade gestacional passam na UTIN a
maior parte do tempo que corresponderia ao terceiro trimestre de gestação, período
sensível em que ocorre um acelerado desenvolvimento cerebral e diferenciação
neuronal (COUPERUS; NELSON, 2006; GRUNAU, 2000; LINHARES et al., 2004;
STEVENS; ANAND; McGRATH, 2007).
Com o objetivo de quantificar eventos estressores comumente encontrados
em UTIN, Newnham, Inder e Milgrom (2009) entrevistaram médicos e enfermeiros
de unidades de terapia intensiva neonatais, e identificaram a existência de pelo
menos 44 eventos agudos estressores e 24 eventos crônicos estressores realizados
em recém-nascidos prematuros hospitalizados em UTIN. Dentre os eventos
39
estressores agudos foram destacados lancetagem de calcâneo, acesso venoso
periférico e central, acesso arterial periférico, inserção de dreno, punção lombar,
punção para coleta de sangue, aspiração, alimentação, exame ocular, cirurgia,
radiografia e remoção do neonato da incubadora. Dentre os eventos estressores
crônicos foram citados necessidade de ventilação assistida e ocorrência de infecção.
No contexto da UTIN, a experiência de dor é considerada uma das principais
condições de estresse para os recém-nascidos prematuros fisiologicamente imaturos
(GRUNAU, HOLSTI, PETERS, 2006; LINHARES, 2009). Estudos recentes têm
mostrado que mesmo fetos por volta de 18 a 20 semanas de idade gestacional
apresentam reações fisiológicas e comportamentais à dor e ao estresse (ANAND;
WHIT HALL, 2007; VAN DE VELDE et al., 2006).
Pesquisas realizadas a partir da década de 1990 evidenciaram que recém-
nascidos possuem um sistema nervoso central mais maduro do que concebido
anteriormente (STEVENS; GIBBINS; FRANCK, 2000). Uma das medidas de se
comprovar a maturação funcional cerebral, ainda no período fetal, envolve a análise
de períodos bem definidos dos estados de vigília e sono, que regulam o
funcionamento cortical desde a 28ª semana de idade pós-concepcional (FELDMAN,
2009; GLASS, 1999).
Na UTIN, a estimulação frequente e em nível excessivo interfere na
autorregulação dos padrões de vigília e sono do recém-nascido. Neonatos pré-termo
nascidos com menos de 33 semanas de idade gestacional apresentam
40
predominância de sono ativo nas primeiras semanas de idade pós-natal (GLASS,
1999).
Os recém-nascidos, incluindo os nascidos pré-termo, exibem respostas
bioquímicas, fisiológicas e comportamentais em reação a procedimentos invasivos e
dolorosos (ANAND; WHIT HALL, 2007; GRUNAU et al., 2005; LUCAS-THOMPSON
et al., 2008). O substrato anatômico que liga receptores sensitivos dos tecidos ao
córtex sensitivo e transmite o impulso nociceptivo surge na vida fetal precoce e
durante os primeiros meses de vida pós-natal. A densidade das fibras nociceptivas
cutâneas na fase final do período fetal e no neonato é igual ou excede à do adulto, e
a dimensão do campo receptivo é semelhante à do adulto (OKADA; TEIXEIRA,
2003).
Embora as vias transmissoras do estímulo doloroso não estejam ainda
mielinizadas no feto durante o segundo e terceiro trimestre de gestação, sendo
completamente mielinizadas entre a 30ª e 37ª semanas de idade gestacional, as
fibras nervosas são capazes de conduzir os estímulos dolorosos. A mielinização
incompleta ao nascimento não implica em ausência de função, mas em velocidade
de condução lenta no trajeto do sistema nervoso central. Sabe-se, no entanto, que
no recém-nascido o impulso nervoso percorre uma trajetória de curta distância, o
que acaba compensando essa lentidão da transmissão do estímulo (STEVENS;
GIBBINS; FRANCK, 2000; SLATER; FITZGERALD; MEEK, 2007).
Os recém-nascidos possuem capacidade neurológica para perceber a dor,
mesmo os recém-nascidos prematuros (BARTOCCI et al., 2006). O sistema
41
neurobiológico necessário à nocicepção apresenta-se formado entre a 24ª a 28ª
semanas de gestação e as estruturas periféricas e centrais estão presentes e
funcionais precocemente na gestação, entre o primeiro e segundo trimestre
(GRUNAU, 2002). A partir da 24ª semana de idade gestacional são identificados
neurônios e vias nervosas suficientes para processar a sensação dolorosa no tronco
encefálico. Além disso, neurotransmissores relacionados à nocicepção também
estão presentes entre a e 14ª semana de idade gestacional no feto humano, o
que significa capacidade de transmissão de estímulos nociceptivos no cérebro do
recém-nascido (GLOVER; FISK, 1999; OKADA, TEIXEIRA, 2003).
Muitos dos componentes neuroanatômicos, fisiológicos e neuroquímicos
necessários para o processamento da dor desenvolvem-se durante a gestação, mas
não estão totalmente organizados ao nascimento (ANAND et al., 2006; FRANK;
MIAKOWSKI, 1997). Os sistemas inibitórios, por exemplo, tornam-se funcionais
apenas após as primeiras semanas de vida pós-natal, talvez devido aos baixos
níveis de neurotransmissores, ou à baixa atividade dos receptores, o que torna
possível haver maior sensibilidade fetal aos estímulos externos dolorosos do que em
lactentes. A transmissão do impulso doloroso nos neonatos ocorre inicialmente ao
longo das fibras C não mielinizadas em relação às fibras mielinizadas A-delta. Existe
menos precisão na transmissão do sinal de dor na medula espinal e faltam os
neurotransmissores descendentes. Dessa forma, os recém-nascidos podem
perceber a dor mais intensamente do que crianças ou adultos, porque os
mecanismos de controle inibitórios são imaturos, limitando sua sensibilidade para
42
modular a experiência dolorosa (OKADA, TEIXEIRA, 2003; SLATER; FITZGERALD;
MEEK, 2007; VAN DE VELDE et al., 2006).
Os neonatos apresentam a capacidade de responder à estimulação dolorosa,
entretanto, esta resposta aparece de uma maneira exagerada e inespecífica, quando
comparada à do adulto (FITZGERALD, 1995). A imaturidade do sistema nervoso
central do neonato pré-termo resulta, portanto, em dificuldades de enfrentamento da
dor e do estresse experimentados na UTIN (ALS et al., 2004).
Muitas vezes, a dor encontra-se inerente aos procedimentos de
tratamento intensivo a que os recém-nascidos pré-termo são submetidos enquanto
internados na UTIN. Segundo Anand et al. (2006), estudos mostram que neonatos
que necessitam de cuidado intensivo podem receber de cinco a 15 procedimentos
invasivos e dolorosos ao dia, do tipo punção, introdução de cânula venosa ou
arterial, intubação e sucção.
No estudo de Barker e Rutter (1995) foram observados cerca de 3.000
procedimentos invasivos, realizados em 54 bebês durante o período de internação
na UTIN, sendo que 74% desses bebês tinham menos de 31 semanas de idade pós-
concepcional. Porter, Wolf e Miller (1998) encontraram que 144 recém-nascidos
passaram por mais de 7.000 procedimentos dolorosos desde a admissão até a alta
da UTIN, sendo que a maioria destes procedimentos (87%) era de punção para
coleta de sangue. Neonatos com menos de 32 semanas de idade gestacional
podem receber, como parte necessária ao seu tratamento médico para assegurar
sua sobrevivência, aproximadamente seis procedimentos dolorosos por dia nas
43
primeiras semanas de internação na UTIN, podendo chegar a 18 procedimentos
dolorosos por dia (GASPARDO; CHIMELLO et al., 2008).
A avaliação de dor em recém-nascidos deve incluir parâmetros fisiológicos,
bioquímicos e comportamentais. As respostas fisiológicas do recém-nascido pré-
termo ao estímulo doloroso agudo são mensuradas por alterações nos sinais vitais
tais como frequência cardíaca, frequência respiratória, pressão arterial e saturação
de oxigênio (FRANCK; MIAKOWSKI, 1997; BALDA; GUINSBURG, 2004). As
respostas bioquímicas relacionam-se ao aumento no nível de cortisol, do hormônio
do crescimento e do hormônio antidiurético, além de diminuição da secreção de
insulina. As respostas comportamentais aos estímulos dolorosos agudos, por sua
vez, são mensuradas pelo movimento motor amplo, reflexo de flexão, estados de
vigília e sono, choro e mímica facial (MATHEW; MATHEW, 2003).
Estudos recentes têm demonstrado que os neonatos pré-termo possuem as
conexões neuronais necessárias para apresentar ativação cortical durante
procedimento doloroso de coleta de sangue (BARTOCCI et al., 2006; SLATER et al.,
2006). Após um procedimento de lancetagem de calcâneo, neonatos a partir de 25
semanas de idade pós-concepcional exibiram aumento na concentração de
hemoglobina em ambos os hemisférios do córtex somatosensorial, acompanhado de
aumento na frequência cardíaca e na atividade facial e diminuição na saturação de
oxigênio (BARTOCCI et al., 2006; SLATER et al., 2008).
Além disso, a estimulação tátil não dolorosa para a antissepsia também
produziu aumento na concentração de hemoglobina em ambos os hemisférios
44
cerebrais, sem produzir mudanças na frequência cardíaca e na saturação de
oxigênio (SLATER et al., 2008). A magnitude das respostas dos neonatos aumentou
de acordo com a idade gestacional e foi modulada pelo estado comportamental de
vigília e sono, ou seja, os neonatos que estavam acordados no momento do
procedimento doloroso apresentaram maior resposta de ativação cortical do que
neonatos que estavam dormindo. Foi identificado também um decréscimo de
latência dos picos de resposta de dor com o aumento da idade gestacional, que foi
atribuído à mielinização imatura das trajetórias sensoriais, ao funcionamento imaturo
das sinapses e ao pequeno diâmetro dos axônios em neonatos mais imaturos.
Apesar da maior latência, as respostas corticais dos neonatos com menor idade
gestacional estavam bem definidas (SLATER et al., 2006). As respostas
hemodinâmicas no córtex somatosensorial eliciadas por estímulos dolorosos indicam
que as respostas à nocicepção alcançam centros cerebrais superiores e não são
simplesmente limitadas a respostas reflexas no nível da medula espinhal. (SLATER;
FITZGERALD; MEEK, 2007).
Para a melhor compreensão da reatividade à dor dos recém-nascidos pré-
termo, estudos buscaram avaliar os efeitos de variáveis do organismo, tais como
sexo, idade gestacional e índice de gravidade clínica, e de variáveis do contexto
ambiental, como as experiências iniciais de dor e estresse ocorridas na UTIN, nas
respostas de dor desses neonatos (BALDA; GUINSBURG, 2004; BARTOCCI et al.,
2006; EVANS et al., 2005; GIBBINS; STEVENS; BEYENE et al., 2008; GIBBINS;
STEVENS; McGRATH et al., 2008; GUINSBURG et al., 2000; GRUNAU et al., 2005,
45
2007; HOLSTI et al., 2004, 2005, 2006; STEVENS; FRANCK et al., 2007;
STEVENS; McGRATH et al., 2007; VALERI, 2007; WILLIAMS et al., 2009).
No estudo de Bartocci et al. (2006), recém-nascidos pré-termo meninos
apresentaram maior reatividade à dor do que meninas durante procedimento de
punção venosa. Porém, outros estudos não encontraram diferença entre os sexos
na reatividade à dor de recém-nascidos pré-termo (GIBBINS; STEVENS; BEYENE et
al., 2008; GRUNAU et al., 2007; HOLSTI et al., 2004, 2006).
Em relação à idade gestacional, Gibbins, Stevens, McGrath et al. (2008)
avaliaram reatividade à dor em uma amostra de 161 neonatos, estratificada em
quatro grupos, a saber: de 23 a 27 semanas, de 28 a 31 semanas, 32 a 35
semanas, e de 36 a 38 semanas de idade gestacional. Os recém-nascidos dos dois
grupos de menor idade gestacional mostraram menor escore de atividade facial e
nível de saturação de oxigênio, e maior frequência cardíaca em relação aos recém-
nascidos dos demais grupos durante procedimento de punção capilar para coleta de
sangue.
O estudo de Grunau et al. (2005) analisou a relação entre exposição à dor e
reatividade e encontrou que, em neonatos de idade gestacional menor do que 28
semanas, maior exposição à dor foi relacionada significativamente à menor resposta
de cortisol plasmático ao estresse e à menor reatividade facial na 32ª semana de
idade pós-concepcional corrigida para a prematuridade. No grupo de idade
gestacional maior do que 28 semanas, maior gravidade clínica foi associada
significativamente à menor frequência cardíaca. No grupo de menor idade
46
gestacional, após o controle da gravidade clinica e da exposição à morfina, maior
exposição à dor neonatal predisse menor resposta ao cortisol. Além disso, após o
controle da gravidade clínica, maior número de procedimentos dolorosos após o
nascimento predisse menor atividade facial em resposta à dor.
Com o objetivo de verificar as respostas comportamentais e fisiológicas de
dor em neonatos pré-termo com muito baixo peso internados em UTIN, em grupos
diferenciados tanto quanto ao sexo, como quanto à idade gestacional, Valeri (2007)
avaliou as respostas de atividade facial, estado de vigília e sono e frequência
cardíaca de 55 neonatos, antes, durante e após uma situação de coleta de sangue.
Os resultados deste estudo mostraram que os meninos tenderam a chorar mais do
que as meninas no período de recuperação, após o procedimento doloroso. Além
disso, observou-se que os neonatos que nasceram com idade gestacional entre 32 a
35 semanas tenderam a apresentar maior reação de dor durante a recuperação do
procedimento doloroso em relação aos neonatos que nasceram com idade
gestacional abaixo de 32 semanas.
As experiências iniciais e repetidas de dor podem ter efeitos em médio e
longo prazo para os recém-nascidos vulneráveis (ANAND, 2000; GRUNAU, 2000;
GOFFAUX et al., 2008; SIMONS; TIBBOEL, 2006; VAN DE VELDE et al., 2006;
WALKER et al. 2009), tais como diminuição do limiar de dor (GIBBINS; STEVENS;
ASZTALOS, 2003; GRUNAU, 2002; HERMANN et al., 2006) e hiperalgesia,
caracterizada pelo aumento da dor proveniente do local de uma lesão (ANAND,
1998; GRUNAU, 2002; TADDIO et al., 2009). Procedimentos repetidos, como por
47
exemplo, lancetagem do calcâneo, diminuem o limiar do reflexo flexor nos neonatos
e geram hiperalgesia secundária, caracterizada por dor proveniente dos tecidos
circunvizinhos não danificados, desencadeando respostas comportamentais mais
intensas, como retirada rápida do membro e movimentos difusos e globais. A
hiperalgesia e a alodínia, caracterizada por dor proveniente de estímulos não
dolorosos no local ou ao redor de uma lesão (GOUBET; CLIFTON; SHAH, 2001;
REYNOLDS; FITZGERALD, 1995), podem ser claramente demonstrados em
neonatos pré-termo extremos após uma lesão tecidual (OKADA, TEIXEIRA, 2003).
O nível de estresse foi avaliado por Grunau, Weinberg e Whitfield (2004),
por meio do indicador de cortisol salivar em bebês com oito meses de idade
corrigida para a prematuridade em uma fase de linha de base e após a introdução
de um novo brinquedo. Nos bebês que nasceram pré-termo, com idade gestacional
extremamente baixa, o nível de cortisol foi significativamente mais alto, antes e após
a introdução do brinquedo, em relação aos bebês que nasceram com idade
gestacional maior e a termo. Esse comportamento hiper-reativo foi associado ao alto
número de procedimentos dolorosos a que foram submetidos os bebês nascidos
prematuramente, mesmo tendo passado oito meses após o nascimento.
O estudo de Klein et al. (2009), acompanhou longitudinalmente 26 neonatos
pré-termo com muito baixo peso, do nascimento à fase pré-escolar, e verificou que a
maior reatividade à dor e estresse no período neonatal foi preditora de dimensões do
temperamento com mais afeto negativo e impulsividade e menos sociabilidade na
fase dos três primeiros anos de idade, demonstrando que a reatividade
48
biocomportamental à dor avaliada nos neonatos pré-termo consiste em um precursor
de processos de autorregulação desenvolvimentais expressos no temperamento, o
qual por sua vez foi preditor de problemas de atenção na fase pré-escolar.
Na fase escolar, tanto crianças nascidas pré-termo quanto crianças nascidas
a termo que foram internadas em UTIN no período neonatal apresentaram respostas
alteradas à estimulação térmica dolorosa. Independentemente de terem nascido a
termo ou pré-termo, as crianças que haviam sido internadas em UTIN apresentaram
maior sensibilização perceptual, o que indica sensibilização do sistema nervoso
central de longa duração e mudanças neuroplásticas induzidas das trajetórias de dor
(HERMANN et al., 2006).
Sendo assim, experiências dolorosas ocorridas nos períodos iniciais de vida
podem comprometer o comportamento futuro do ser humano (ANAND, 1998;
GOUFFAX et al., 2008; GRUNAU, 2002; GRUNAU; HOLSTI; PETERS, 2006;
HERMANN et al., 2006; KLEIN et al., 2009).
Considerando, portanto, que os procedimentos dolorosos são frequentes no
tratamento intensivo dos neonatos pré-termo, avaliar adequadamente a reação à dor
e intervir para minimizá-la são tarefas relevantes e necessárias na implementação
de estratégias promotoras do desenvolvimento do recém-nascido na UTIN (ANAND
et al., 2006; GARDNER; LUBCHENCO, 1998).
Na UTIN, os comportamentos de reação à dor muitas vezes são interpretados
pela equipe de saúde como agitação ou irritabilidade, os quais são tratados com
sedação do recém-nascido. Porém, este procedimento mostra-se ineficiente para a
49
redução da percepção da dor (BROOME; TANZILLO, 1990). Segundo estes autores,
a dor é tipicamente categorizada por um repentino início, uma etiologia
demonstrável, tal como procedimento nocivo ou lesivo do tecido decorrente de um
trauma, enfermidade ou tratamento e com uma evolução limitada e previsível. Por
outro lado, a agitação é uma responsividade anormal ao estímulo e é usualmente
manifestada por extrema impaciência e tensão. Irritabilidade e agitação podem
resultar de uma experiência crônica de dor não tratada em recém-nascido pré-termo,
no entanto, a irritabilidade está diretamente associada ao estímulo doloroso. Apesar
de muitas vezes os recém-nascidos pré-termo não exibirem as respostas
comportamentais de dor, não significa que eles não sintam dor.
Algumas razões para a negligência no manejo para o alívio da dor e estresse
em bebês hospitalizados são descritas por Mathew e Mathew (2003), destacando-
se: falta de conhecimento das intervenções de alívio de dor e métodos de analgesia,
falta de conhecimento da equipe de saúde sobre a capacidade do bebê de perceber
a dor e de conhecimento das situações clínicas nas quais a dor é percebida, a
inabilidade dos bebês em expressar a dor, a atenção médica focada para o
tratamento das condições clínicas, a interpretação da expressão de dor do bebê
como agitação, a vontade dos cuidadores em realizar os procedimentos rapidamente
sem analgesia, a relutância no uso de analgésicos devido aos efeitos adversos e o
medo da indução da dependência por opióides.
Chermont et al. (2003) realizaram um estudo para avaliar o conhecimento dos
pediatras que atuam em unidades de terapia intensiva relativo à avaliação e o
50
tratamento da dor do recém-nascido e verificaram que apesar de 100% dos
pediatras acreditarem que os recém-nascidos sentiam dor, apenas um terço deles
declarou conhecer alguma escala para avaliação da dor. Além disso, menos de 10%
dos pediatras referiram usar analgesia para procedimentos de dor tipo punção
venosa ou capilar, 30 a 40% para procedimentos de dor do tipo drenagem de tórax,
punção lombar ou dissecação venosa e menos da metade aplicava medidas para
alívio da dor no pós-operatório.
Esses resultados são corroborados pelo estudo de Prestes et al. (2005), no
qual foram analisadas quatro unidades de terapia intensiva neonatais em Hospitais
Universitários quanto a características destas unidades e de seus pacientes,
procedimentos potencialmente dolorosos realizados e emprego de analgésicos. Foi
verificado que apenas 25% dos 1.025 pacientes avaliados receberam alguma dose
de analgésico por via sistêmica, sendo que, em vários eventos dolorosos, como por
exemplo, punções arteriais, venosas, capilares e lombares, nenhuma medicação
específica para dor foi administrada.
Em um estudo realizado por Elias et al. (2008), identificou-se discordância
significativa na avaliação realizada pelos pais, enfermeiros e pediatras acerca da
intensidade da dor sentida por pacientes pré-verbais, o que dificulta a tomada de
decisão sobre os tratamentos farmacológicos a serem prescritos para os mesmos.
Os indicadores de dor e estresse são frequentes na UTIN, expondo o neonato
pré-termo a condições adversas que precisam ser devidamente discriminadas para o
manejo adequado. Durante a realização de procedimentos, os neonatos pré-termo
51
sofrem diversas manipulações que podem ter efeitos negativos para sua
estabilidade fisiológica e comportamental. No estudo de Holsti et al (2005), foi
avaliada a interferência de um procedimento doloroso, realizado anteriormente aos
cuidados de rotina da UTIN (troca de fraldas, mensuração da temperatura e
higienização), nas respostas fisiológicas e comportamentais de neonatos pré-termo.
Os resultados revelaram que, além da dor induzir um aumento da reatividade
comportamental e fisiológica em neonatos pré-termo durante a estimulação tátil, os
cuidados de rotina quando realizados de maneira agrupada podem se tornar
particularmente estressores para neonatos com idade gestacional abaixo de 30
semanas.
Considerando o contexto inicial de desenvolvimento do neonato pré-termo, o
ambiente da UTIN apresenta-se sobrecarregado de estímulos estressores, além do
manuseio frequente do neonato para a realização de procedimentos dolorosos ou
não, os quais dificultam a permanência do recém-nascido no estado de sono
profundo, estado comportamental ideal para seu melhor desenvolvimento (AHN,
2006; CAMERON; RAINGANGAR; KHOORI, 2007; HOLSTI et al., 2006; MÖRELIUS
et al., 2006; NEWNHAM; INDER; MILGROM, 2009). Além disso, os procedimentos
dolorosos sobrepõem ao manuseio a sensação de dor, que de acordo com Grunau
(2002), é um dos fatores mais prejudiciais do ambiente extra-uterino e pode alterar o
desenvolvimento cerebral em muitos aspectos.
No estudo de Gaspardo, Chimello et al. (2008), no qual 43 neonatos pré-
termo foram avaliados durante procedimento invasivo e doloroso de punção arterial
52
para coleta de sangue, observou-se que os neonatos anteciparam a reação ao
estímulo doloroso de punção, apresentando elevação significativa dos indicadores
de atividade facial, estado de vigília e sono e frequência cardíaca durante o
momento preparatório de antissepsia para a punção.
Recém-nascidos pré-termo, entre a 30ª e 35ª semanas de idade s-
concepcional, demonstraram ser capazes de aprender a associar estímulos e
antecipar eventos dolorosos da rotina da UTIN (CHIMELLO et al., 2009; GOUBET;
CLIFTON; SHAH, 2001). Em um estudo experimental (PORTER; WOLF; MILLER,
1998), investigou-se o efeito do manuseio nas respostas de dor aguda em recém-
nascidos pré-termo e a termo saudáveis. Quarenta e oito recém-nascidos com
aproximadamente quatro dias de idade pós-natal foram randomicamente designados
a um grupo que recebeu procedimentos de manuseio antes de uma punção capilar
ou a um grupo que passou pela punção capilar sem antes receber os procedimentos
de manuseio, referente à manipulação e imobilização semelhantes ao manuseio
realizado antes de uma punção lombar. Os resultados mostraram que durante o
procedimento de punção capilar, o grupo de bebês que recebeu o manuseio antes
do procedimento de punção apresentou maior frequência cardíaca, estado
comportamental mais ativado, e maior atividade facial em comparação ao grupo que
não foi manuseado.
Considerando a relevância do toque e manuseio nos recém-nascidos pré-
termo, estudos têm analisado os vários tipos de toque e seus efeitos na
desestabilização ou na regulação dos neonatos. O tipo de toque ao neonato deve
53
ser adequado ao seu estado de saúde. Em recém-nascidos instáveis
fisiologicamente, o toque de afago (alisamento repetitivo em uma única direção),
pode provocar desaturação de oxigênio e estresse comportamental. O toque de
contensão, por sua vez, caracterizado pela sobreposição das mãos no corpo do
neonato tem um efeito positivo na melhora do estresse sofrido pelo neonato
internado na UTIN (CAMERON; RAINGANGAR; KHOORI, 2007). As respostas dos
neonatos ao manuseio variam de acordo com muitos fatores, tais como maturidade
do bebê e história de exposição a procedimentos dolorosos, que devem ser levados
em consideração no cuidado do recém-nascido de alto risco (PETERS, 1999).
Com o objetivo de proteger o desenvolvimento dos recém-nascidos pré-termo
no contexto hospitalar, Als (2004) desenvolveu, na década de 1980, uma
modalidade de intervenção denominada
Neonatal Individualized Developmental
Care and Assessment Program
(NIDCAP). O NIDCAP visa modificar positivamente o
ambiente das unidades de terapia intensiva neonatais e envolve, entre outras
intervenções, evitar ou neutralizar estímulos adversos (luminosidade, barulho,
manuseio frequente e procedimentos dolorosos repetidos), promover a maturação e
organização comportamental do bebê facilitando os estados de vigília e sono,
conservar a energia do bebê, ensinar os pais a interpretar o comportamento do bebê
e dar respostas contingentes aos comportamentos do mesmo (ALS, 2009;
McANULTY et al., 2010).
Um recente estudo de revisão bibliográfica (GASPARDO; MARTINEZ;
LINHARES, 2010) realizado com o objetivo de analisar criticamente a literatura
54
sobre ensaios clínicos randomizados e controlados, publicados no período de 2002
a 2009, sobre a eficácia de intervenções em Cuidado ao Desenvolvimento em
recém-nascidos pré-termo em UTIN, encontrou que tais intervenções promoveram
melhora em curto prazo nos resultados fisiológicos, comportamentais, neurológicos
e clínicos dos recém-nascidos. Os resultados dos estudos mostraram diminuição nos
dias de alimentação parenteral e de internação, maior ganho de peso, menos casos
de enterocolite necrosante e episódios de apnéia, menor reatividade à dor, maior
regulação dos sistemas autonômico, motor e de autorregulação. Além disso,
intervenções em Cuidado ao Desenvolvimento podem levar ao melhor
desenvolvimento neurocomportamental, neurofisiológico e neuroestrutural dos
recém-nascidos, como demonstrado no estudo de Als et al. (2004).
1.3. Avaliação de dor em neonatos: instrumentos e medidas
A necessidade de avaliação precisa das reações de dor em recém-nascidos
levou a um avanço considerável nos estudos visando estabelecer indicadores de dor
neonatal, validação de instrumentos para a avaliação da dor, e mensuração de
respostas de dor em neonatos pré-termo e a termo (CRAIG et al., 1993; DUHN;
MEDVES, 2004).
Segundo Stevens, Johnston e Gibbins (2000), os principais objetivos da
avaliação de dor em neonatos são descrever o fenômeno da dor e os fatores que o
influenciam, diagnosticar a necessidade de intervenção, avaliar a eficácia de
55
intervenções e examinar o impacto das mesmas. Para a realização destes objetivos,
diversos instrumentos para a avaliação de dor em neonatos foram desenvolvidos.
Entretanto, a qualidade destas medidas varia consideravelmente e reflete a
dificuldade da avaliação da dor em recém-nascidos.
As mudanças na atividade facial, associada aos estados de vigília e sono e
índices fisiológicos de frequência cardíaca e saturação de oxigênio têm sido
medidas utilizadas como indicadores de dor em recém-nascidos com idade
gestacional acima de 28 semanas (MORISON et al., 2001). Devido à complexidade
da avaliação de dor em neonatos, recomenda-se que, para esta população, a
avaliação seja multidimensional, utilizando-se medidas fisiológicas e
biocomportamentais, envolvendo, portanto, diferentes parâmetros unidimensionais
(CRAIG et al., 1993; DUHN; MEDVES, 2004).
As medidas unidimensionais são entendidas como um indicador único, por
exemplo, frequência cardíaca, um tipo de indicador, como por exemplo, atividade
facial, ou uma dimensão única de dor, por exemplo, indicadores comportamentais.
Uma medida multidimensional pode ser realizada pelo emprego de várias medidas
unidimensionais, ou pela utilização de instrumentos que avaliam diferentes
parâmetros em um único escore final (STEVENS; JOHNSTON; GIBBINS, 2000).
Evidências neurológicas e comportamentais demonstram a capacidade de
interpretação de dor pelos neonatos pré-termo, entretanto a avaliação de dor nesta
população vulnerável e de alto risco torna-se difícil, pois a imaturidade do sistema
56
nervoso central limita a maioria dos neonatos a expressar respostas de dor claras e
mensuráveis (GIBBINS; STEVENS; ASZTALOS, 2003).
O modelo de avaliação no neonato é determinado por modificações de
órgãos, sistemas e comportamentos ocorridos após um estímulo doloroso agudo.
Assim, a avaliação da dor aguda do neonato baseia-se em alterações das medidas
fisiológicas e biocomportamentais, observadas antes, durante e após a introdução
de um estímulo potencialmente doloroso (BALDA; GUINSBURG, 2004).
De acordo com Stevens, Ridell et al. (2007), as escalas validadas para a
avaliação de dor aguda-procedural em recém-nascidos baseiam-se em parâmetros
biocomportamentais, como por exemplo,
Neonatal Facial Coding System
(GRUNAU;
CRAIG, 1987),
Behavioral Pain Scale
(POKELA, 1994) e
Douleur Aigue du
Nouveau-né
(CARBAJAL et al., 2005), ou na combinação de parâmetros
comportamentais e fisiológicos, tais como
Neonatal Infant Pain Scale
(LAWRENCE
et al., 1993),
Premature Infant Pain Profile
(STEVENS et al., 1996) e
Scale for Use in
Newborns
(BLAUER; GERSTMANN, 1998).
A escala
Neonatal Facial Coding System
(NFCS) tem sido amplamente
utilizada na avaliação de dor em neonatos, tanto a termo quanto pré-termo, medindo
indicadores de mudança comportamental, por meio da expressão facial (GRUNAU;
CRAIG, 1987; GRUNAU et al., 1998; GRUNAU; FITZGERALD, ELLWOOD, 2001). A
expressão facial do neonato em reação à estimulação dolorosa foi o parâmetro de
reatividade que apresentou maior correlação com as respostas hemodinâmicas
corticais à dor, de modo que maior atividade facial foi associada à maior nível de
57
hemoglobina no córtex somatosensorial (SLATER et al., 2008). Esta escala
apresenta boas qualidades psicométricas de validade aparente, convergente, de
conteúdo, constructo e discriminativa, além de fidedignidade entre observadores e
intraobservadores e aplicabilidade clínica (STEVENS; RIDELL et al., 2007). A escala
NFCS pode ser utilizada para análise do comportamento dos neonatos de reação à
dor aguda registrado em vídeo-gravação como propõe Grunau e Craig (1987) ou a
partir do registro direto à beira do leito realizado por um observador, segundo
adaptação de Guinsburg et al. (2000).
No Brasil, estudos sobre avaliação de dor em neonatos tiveram como
objetivos validar instrumentos de avaliação (GUINSBURG et al., 2003;
GUINSBURG et al., 1997; PEREIRA et al., 1999), avaliar a reatividade de
neonatos durante procedimento doloroso (CHIMELLO et al., 2009; GASPARDO;
CHIMELLO et al., 2008; KLEIN, 2009), verificar características neonatais e do
procedimento doloroso que poderiam interferir na resposta à dor dos neonatos
(DELEVATI; BERGAMASCO, 1999; GUINSBURG, 2000; VALERI, 2007) e
analisar o uso de intervenção farmacológica (GUINSBURG, 1993) e não-
farmacológica (CASTRAL et al., 2008; CHERMONT et al., 2009; GASPARDO,
2006; LEITE et al., 2009; VIVANCOS, 2008) para o alívio da dor em recém-
nascidos.
58
1.4. Intervenção não-farmacológica para alívio da dor em neonatos
A dor não tratada, até mesmo em fase inicial do desenvolvimento, tal como no
período neonatal, pode desencadear reorganização estrutural e funcional
permanente das vias nervosas nociceptivas, que, por sua vez, afetam futuras
experiências de dor do indivíduo (BARBOSA; GUINSBURG, 2003; GOFFAUX et al.,
2008; VAN DE VELDE et al., 2006; WALKER et al. 2009).
Segundo Guinsburg e Balda (2003) não indicações absolutas para o
emprego de analgésicos em recém-nascidos, sendo que a decisão a respeito de
aliviar a dor do neonato deve ser individualizada, porém não esquecida. Para as
autoras, é importante considerar a ocorrência de dor e a necessidade de tratamento
em recém-nascidos com enterocolite necrosante, tocotraumatismos, fraturas ou
lacerações; em realização de procedimentos dolorosos como drenagem torácica,
intubação traqueal eletiva, inserção de cateteres, punção liquórica, múltiplas
punções arteriais, venosas e/ou capilares; em realização de procedimentos
cirúrgicos de qualquer porte; em recém-nascidos intubados e em ventilação assistida
e em neonatos gravemente enfermos que necessitem de vários procedimentos
dolorosos.
Estudos demonstram que dores crônicas ou pós-cirúrgicas devem ser
tratadas com agentes farmacológicos, como por exemplo, morfina e fentanil,
enquanto que as dores agudas ou estresse podem ser manejados com medidas
não-farmacológicas de alívio e conforto (ANAND; WHIT HALL, 2007; STEVENS;
59
GIBBINS; FRANCK, 2000). Procedimentos de manejo da dor aumentam a
homeostase e estabilidade dos recém-nascidos pré-termo e são essenciais para o
cuidado e suporte aos neonatos imaturos, a fim de enfrentarem o estresse da UTIN
(CORFF; SEIDMAN; VENKATAMARAM, 1995).
Segundo Olkkola e Hamunen (2000), a idade influencia na farmacocinética
dos analgésicos. Para esses autores, a eliminação dessas drogas acontece de
maneira mais lenta nos neonatos quando comparados com crianças e adultos.
Doenças e cirurgias também afetam a distribuição e eliminação de analgésicos. Por
estas razões, os recém-nascidos podem se tornar mais susceptíveis aos efeitos
adversos dos agentes analgésicos, sendo necessária adequada dosagem e
observação para o uso seguro de analgésicos nesta população.
Diversos estudiosos dedicaram-se a verificar o efeito das intervenções não-
farmacológicas no enfrentamento dos neonatos pré-termo ou a termo frente a
procedimentos invasivos e dolorosos, tais como posicionamento (Grunau et al.,
2004) sucção não-nutritiva (CORBO et al., 2000; STEVENS; YAMADA; OHLSSON,
2001), amamentação (LEITE et al., 2009), contato pele a pele (CASTRAL et al.,
2008; CHERMONT et al; 2009; CONG et al., 2009; FREIRE; GARCIA; LAMY, 2008;
VIVANCOS, 2008), leite humano (CARBAJAL et al., 2003; ÖRS et al., 1999) e
soluções adocicadas, dentre elas glicose (CHERMONT et al., 2009; GUALA et al.,
2001; GRADIN; SCHOLLIN, 2005), frutose (AKÇAM, 2004) e solução de sacarose
(ACHARYA et al., 2004; GASPARDO, 2006; GIBBINS et al., 2002; GIBBINS;
STEVENS, 2003; OGAWA et al., 2005; STEVENS et al., 1999; STEVENS et al.,
60
2005). As intervenções não-farmacológicas, comportamentais e ambientais, podem
ser usadas isoladamente ou de maneira combinada com as intervenções
farmacológicas (FRANCK; LAWHON, 1998).
Com o objetivo de avaliar a efetividade do contato pele a pele na diminuição
das respostas comportamentais e fisiológicas de dor em neonatos pré-termo durante
procedimento de coleta de sangue para triagem neonatal, Castral et al. (2008)
verificaram que neonatos com seis semanas ou mais de idade pós-natal, que
permaneceram no colo materno durante o procedimento, apresentaram
significativamente menos atividade facial, choro e ativação comportamental em
comparação aos neonatos que permaneceram nos berços ou incubadoras durante a
realização do procedimento doloroso.
As substâncias adocicadas são amplamente estudadas como intervenções
não-farmacológicas para o manejo da dor aguda-procedural em neonatos pré-termo
(ACHARYA et al., 2004; AXELIN et al., 2009; BAUER et al., 2004; BOYLE et al.,
2006; CARBAJAL et al., 2002; FREIRE; GARCIA; LAMY, 2008; GAL et al., 2005;
GASPARDO, 2006; GIBBINS et al., 2002; GIBBINS; STEVENS, 2003;
McCULLOUGH et al., 2007; OKAN et al., 2007; STEVENS et al., 1999, 2005).
Atualmente, a solução de sacarose é a intervenção recomendada como rotina para
alívio da dor aguda em neonatos durante procedimentos invasivos e dolorosos em
UTIN (AMERICAN ACADEMY OF PEDIATRICS et al., 2000, 2006; BENIS, 2002;
HARRISON, 2008; GIBBINS; STEVENS; ASZTALOS, 2003; LAGO et al., 2009;
LEFRAK et al., 2006; THOMPSON, 2005; TSAO et al., 2008).
61
1.5. O uso da sacarose no alívio da dor em neonatos
A sacarose é um dissacarídeo de gosto adocicado, formado por uma
molécula de glicose e uma de frutose, produzida pela planta ao realizar o processo
de fotossíntese (OKAN et al., 2007).
Os mecanismos de ação de analgesia pelas substâncias adocicadas referem-
se à oralidade, relacionado a um efeito imediato, no qual a resposta calmante parece
ser produzida pelo gosto e pela liberação de endorfinas endógenas, secundária à
excitação dos receptores gustativos das papilas linguais pelo gosto doce
(JOHNSTON et al., 1999).
De acordo com Ramenghi, Evans e Levene (1999), o efeito analgésico das
substâncias adocicadas está relacionado com a percepção gustativa produzida
pelas mesmas, e não com o efeito da ingestão ou absorção das substâncias. Neste
estudo, neonatos pré-termo que receberam 2ml de solução de sacarose a 25% via
oral, choraram significativamente menos e apresentaram menor escore no NFCS em
relação aos neonatos que receberam água estéril antes de procedimento de punção
para coleta de sangue. Entretanto, quando as substâncias foram administradas via
sonda orogástrica, não houve diferença estatisticamente significativa entre os
grupos.
Alguns autores encontraram menor eficácia da solução de sacarose,
administrada via oral, na redução da resposta à dor em neonatos a termo durante
procedimento de punção para coleta de sangue, em comparação a outras
62
intervenções não-farmacológicas (CARBAJAL et al., 1999; GUALA et al., 2001;
GREENBERG, 2002). Carbajal et al. (1999) encontrou que a sucção não-nutritiva foi
mais eficaz do que 2ml de solução de sacarose a 30% na redução do escore do
Douler Aiguë du Nouveau-né
, instrumento que avalia parâmetros comportamentais
de dor. Guala et al. (2001) encontraram maior eficácia na administração de 2ml de
glicose a 33% em relação à sacarose na mesma quantidade e concentração, em um
estudo no qual foi avaliado o indicador fisiológico de frequência cardíaca. Por sua
vez, Greenberg (2002) demonstrou em seus resultados maior eficácia da sucção
não-nutritiva acompanhada de açúcar granulado em comparação à administração de
2ml de solução de sacarose a 12% na redução do choro dos neonatos.
Por outro lado, diversos estudos encontraram resultados relacionados à
eficácia do uso da sacarose no alívio da dor aguda-procedural em recém-nascidos,
tanto a termo quanto pré-termo, internados em UTIN (BILGEN et al., 2001;
GASPARDO, 2006; ISIK et al., 2000; McCULLOUGH et al., 2008; OKAN et al.,
2007).
O estudo de Gaspardo (2006) avaliou a solução de sacarose no alívio da dor
em neonatos internados em UTIN. Trinta e três neonatos pré-termo nascidos com
muito baixo peso foram distribuídos randomicamente em um grupo experimental e
um grupo controle. Em uma primeira avaliação, os neonatos de ambos os grupos
não receberam nenhuma intervenção antes do procedimento doloroso de punção
para coleta de sangue, a fim de se observar o padrão individual dos mesmos quanto
às reações comportamentais e fisiológicas ao procedimento. Posteriormente, no
63
segundo dia de avaliação, o grupo experimental recebeu 0,5ml/kg de sacarose a
25%, via oral, e o grupo controle recebeu água estéril, dois minutos antes do
procedimento doloroso. Os resultados deste estudo revelaram que os neonatos que
receberam a solução de sacarose apresentaram diminuição da reatividade
biocomportamental de vigília e sono e menores escores de atividade facial, avaliada
pelo NFCS, em comparação aos neonatos que receberam água estéril, antes,
durante e após o procedimento de punção. Entretanto, o indicador fisiológico de
frequência cardíaca não apresentou diferença significativa entre os grupos.
Com a finalidade de determinar a eficácia da solução de sacarose
administrada via oral na redução da resposta à dor em neonatos pré-termo durante
inserção de sonda orogástrica para alimentação, McCullough et al. (2008) avaliaram
20 neonatos, que receberam de maneira randomizada, 0,5ml/kg de solução de
sacarose a 24% ou água estéril, administrada dois minutos antes do procedimento.
Os resultados deste estudo revelaram que, quando receberam a sacarose, os
neonatos apresentaram diminuição significativa da atividade facial, avaliada pelo
NFCS, e da frequência cardíaca em comparação a quando receberam água estéril
antes do procedimento.
Em continuidade ao estudo sobre o uso da solução de sacarose, outros
estudos compararam o uso da substância a outras intervenções o-farmacológicas
para o alívio de dor em neonatos, ou avaliaram a eficácia da sacarose administrada
em conjunto a outras intervenções (BILGEN et al., 2001; GIBBINS et al., 2002;
64
GORMALLY et al., 2001; ISIK et al., 2000). Os principais resultados destes estudos
encontram-se a seguir.
Sacarose e leite humano
Alguns autores compararam a administração da sacarose com leite humano
(BILGEN et al., 2001; STORM; FREMMING, 2002). A eficácia da sacarose e da
amamentação na redução da dor em neonatos a termo em situação de punção
capilar foi investigada por Bilgen et al. (2001). Os resultados revelaram uma
significativa diminuição no tempo de choro nos neonatos que receberam 2ml de
solução de sacarose a 25%, via oral, dois minutos antes do procedimento doloroso,
em comparação aos grupos de neonatos que receberam amamentação ou água
estéril. O grupo que recebeu a sacarose também apresentou diminuição significativa
no tempo de recuperação em comparação aos grupos que receberam leite humano,
via seringa, ou água estéril, e diminuição significativa no escore do
Infant Body
Coding System
em comparação aos grupos que receberam leite humano via
seringa, amamentação ou água estéril. Este estudo também avaliou possíveis
efeitos colaterais causados pela administração da solução de sacarose, por meio da
avaliação do desenvolvimento de enterocolite necrosante, não encontrando este tipo
de intercorrência nos neonatos.
O efeito da sacarose na resposta de dor em neonatos pré-termo durante
punção capilar, e a comparação do efeito desta substância administrada
conjuntamente com o leite humano, assim como a solução de sacarose em duas
65
doses e concentrações diferentes foram avaliados no estudo de Storm e Fremming
(2002). Os resultados indicaram que a duração do choro foi reduzida nos grupos de
neonatos que receberam 1ml de solução de sacarose a 25% via oral e leite humano
via sonda orogástrica, em comparação aos grupos que receberam 2ml de solução
de sacarose a 15% e grupo controle; portanto, houve menor eficácia da
concentração de 15% em relação à de 25%. Deve-se destacar, no entanto que, nos
neonatos que receberam leite humano, via sonda orogástrica, seguido de 1ml de
sacarose a 25% via oral, a duração do choro foi menor e o estado de vigília e sono
menos ativados, quando comparados com os demais grupos estudados.
Sacarose e sucção não-nutritiva
Estudos compararam a eficácia da solução de sacarose com a intervenção
não-farmacológica de sucção não-nutritiva (ELSERAFY et al., 2009; GIBBINS;
STEVENS, 2003; GIBBINS et al., 2002). Dois estudos utilizaram a mesma amostra,
composta por neonatos pré-termo e a termo, para avaliar a eficácia de 0,5ml de
solução de sacarose a 24%, administrada via oral, em comparação com a sucção
não-nutritiva para alívio da dor em procedimento de punção capilar (GIBBINS et al.,
2002), assim como para verificar a influência da idade gestacional na eficácia de tais
intervenções (GIBBINS; STEVENS, 2003). No estudo de Gibbins et al. (2002) foi
encontrada diminuição significativa do escore do
Premature Infant Pain Profile
após
o procedimento doloroso nos grupos de neonatos que receberam a solução de
sacarose seguida de sucção não-nutritiva dois minutos antes do procedimento de
66
punção, em comparação aos grupos de neonatos que receberam apenas solução de
sacarose ou água estéril seguida de sucção não-nutritiva.
Posteriormente, Gibbins e Stevens (2003) encontraram que a solução de
sacarose seguida de sucção não-nutritiva foi a intervenção mais eficaz na redução
do escore do
Premature Infant Pain Profile
aplicado na fase de punção, dentre três
grupos de neonatos de idade gestacionais diferentes (27 a 31 semanas, 32 a 35
semanas e 36 a 42 semanas), em relação à sacarose utilizada isoladamente ou
água estéril seguida de sucção não-nutritiva. Além disso, os resultados revelaram
que em neonatos mais maduros, as respostas fisiológicas e comportamentais ao
estímulo doloroso possuíam maior magnitude, e em neonatos menos maduros a
administração da sacarose causou um número maior de efeitos colaterais (tosse e
vômito). Estas intercorrências não apresentaram significância clínica ou estatística,
sustentando a segurança, avaliada em curto prazo, do uso da sacarose.
O objetivo do estudo de Elserafy et al. (2009) foi avaliar o efeito analgésico da
sacarose administrada via oral e da sucção não-nutritiva em recém-nascidos pré-
termo e analisar se existe efeito sinérgico entre essas duas intervenções. Para tanto,
36 neonatos foram distribuídos randomicamente em seis grupos, de acordo com a
intervenção recebida dois minutos antes do procedimento de punção para coleta de
sangue: 0,5ml de água estéril com sucção não-nutritiva, 0,5ml de água estéril sem
sucção não-nutritiva, 0,5 ml de sacarose a 24% com sucção não-nutritiva, 0,5ml de
sacarose a 24% sem sucção não-nutritiva, apenas sucção não-nutritiva e nenhuma
intervenção. Os resultados demonstraram que no grupo que recebeu a solução de
67
sacarose a 24% combinada com a sucção não-nutritiva o escore do
Premature
Infant Pain Profile
no momento da punção foi significativamente mais baixo em
relação ao escore dos demais grupos, sugerindo a ocorrência do efeito sinérgico na
combinação das intervenções de sacarose e sucção não-nutritiva no alivio da dor em
neonatos.
Sacarose, glicose e colostro
A administração da solução de sacarose também foi comparada a outras
substâncias não-farmacológicas, tais como colostro (BLASS; MILLER, 2001) e
glicose (AKMAN et al., 2002; ISIK et al., 2000; OKAN et al., 2007), as quais
poderiam ou não estar associadas à sucção não-nutritiva. O colostro, administrado
via seringa ou chupeta não reduziu a duração de choro e expressão facial, avaliada
pelo NFCS, dos neonatos a termo em relação ao grupo que recebeu água estéril no
momento da punção capilar. Porém, colostro administrado com chupeta preveniu o
aumento da frequência cardíaca no momento do estímulo doloroso. Em contraste,
2ml de sacarose a 12% administrada via seringa ou chupeta reduziu duração do
choro, diminuiu a atividade facial e atenuou o aumento da frequência cardíaca no
momento da punção, em relação ao colostro e água estéril (BLASS; MILLER, 2001).
O estudo de Akman et al. (2002) mostrou que os neonatos a termo que
receberam 2ml de solução de sacarose a 12,5%, via oral, seguida de sucção não-
nutritiva choraram menos e apresentaram menor escore de atividade facial no NFCS
68
durante procedimento de punção capilar em comparação aos neonatos que
receberam sacarose, glicose, glicose seguida de sucção não-nutritiva e água estéril.
De acordo com Isik et al. (2000), os neonatos a termo que receberam 2ml de
solução de sacarose a 30% via oral apresentaram diminuição significativa na
duração do choro durante o procedimento doloroso de punção para coleta de
sangue em comparação com os grupos que receberam glicose a 10% e 30% e
grupo controle. Para o indicador de frequência cardíaca, apesar de não haver
diferença significativa entre os grupos, a mudança na fase de punção em relação à
linha de base foi menor no grupo que recebeu solução de sacarose.
Com o objetivo de avaliar a eficácia de duas soluções adocicadas no alívio da
dor em recém-nascidos pré-termo, Okan et al. (2007) avaliaram 31 recém-nascidos
em procedimento de punção para coleta de sangue, sendo que dois minutos antes
do procedimento, os neonatos receberam via oral, de acordo com uma ordem
randômica, 2ml de solução de sacarose a 20%, 2ml de solução de glicose a 20%, ou
2ml de água estéril. De acordo com os resultados obtidos, houve uma significativa
redução do choro e da atividade facial avaliada pelo NFCS durante o procedimento
doloroso tanto no grupo que recebeu a sacarose como no grupo que recebeu a
glicose, em comparação ao grupo controle.
Sacarose e colo
Gormally et al. (2001) avaliaram o uso da solução de sacarose administrada
via oral combinada com o posicionamento de neonatos a termo no colo de um adulto
69
no momento do procedimento doloroso de punção capilar e identificaram redução do
choro durante o procedimento nos grupos de neonatos que receberam 2,5ml de
sacarose a 24% associada ao colo e sacarose sozinha em comparação aos grupos
que receberam água estéril associada ao colo e água estéril sozinha. Em relação à
frequência cardíaca, houve redução apenas no grupo de neonatos que recebeu
sacarose e colo.
Sacarose e creme anestésico
Dois estudos avaliaram a eficácia da solução de sacarose quando
administrada em conjunto com uma intervenção farmacológica do tipo anestésico
tópico local (ABAD et al., 2001; GAL et al., 2005). O primeiro estudo, realizado por
Abad et al. (2001) identificou significativa redução da frequência cardíaca e duração
do choro nos grupos de neonatos a termo que receberam, dois minutos antes do
procedimento de punção venosa, 2ml de sacarose a 24% via oral sozinha ou
combinada com 1g de creme anestésico EMLA (mistura eutética de prilocaína e
lidocaína) de uso tópico, após o procedimento doloroso, em comparação com o
grupo que recebeu água estéril. Além disso, o creme EMLA aplicado sozinho foi
menos eficaz do que a solução de sacarose administrada sozinha ou de forma
combinada com creme EMLA. Os resultados revelaram que o creme anestésico
EMLA de uso tópico não aumentou o efeito analgésico produzido pela solução de
sacarose.
70
O segundo estudo teve por objetivo examinar se o uso via oral da solução de
sacarose a 24% em conjunto com o anestésico local durante exame de retinopatia
da prematuridade melhora o controle da dor neste exame. Para tanto, 23 neonatos
pré-termo foram randomicamente designados para dois grupos, os quais receberam
anestésico local em conjunto com 2ml de solução de sacarose a 24% ou de água
estéril antes do exame de retinopatia da prematuridade. O resultado revelou escore
do
Premature Infant Pain Profile
significativamente menor no grupo de neonatos que
recebeu o anestésico local em conjunto com a solução de sacarose (GAL et al.,
2005).
Em síntese, de acordo com os achados dos estudos envolvendo a análise da
eficácia da solução de sacarose para o alívio da dor em neonatos, pode-se concluir
que 2ml de sacarose a uma concentração de 25% apresenta eficácia no alívio da
dor aguda em procedimentos de rotina da UTIN, tais como punção para coleta de
sangue, inserção de sonda orogástrica, injeção e exame de retinopatia da
prematuridade, em neonatos a termo e pré-termo. um consenso entre os autores
de que a sacarose seja administrada via oral, dois minutos antes do procedimento
doloroso, na parte anterior da língua dos neonatos.
Outras intervenções não-farmacológicas, dentre elas leite humano, sucção
não-nutritiva, colo e creme anestésico, apresentam efeito sinérgico ao efeito
analgésico da solução de sacarose quando administradas de maneira combinada.
71
Em relação aos indicadores de resposta à dor, os comportamentais,
principalmente atividade facial e choro, demonstraram maior sensibilidade para a
solução de sacarose durante os procedimentos dolorosos.
Não foram encontrados efeitos colaterais em curto prazo, do tipo tosse,
vômito, distensão abdominal e enterocolite necrosante, relacionados ao uso da
solução de sacarose.
Com base nessas evidências científicas, a Academia Americana de Pediatria
e a Sociedade Pediátrica Canadense (AMERICAN ACADEMY OF PEDIATRICS et
al., 2000, 2006) recomendam o uso da solução de sacarose como rotina para alívio
da dor em UTIN durante os procedimentos invasivos e dolorosos. Entretanto, pouco
ainda se sabe sobre o efeito do uso da sacarose administrada em uso continuado,
ou seja, se o efeito de minimizar as reações à dor é mantido ou não ao longo do
tempo, bem como sobre a possibilidade de efeitos colaterais (LEEF, 2006).
O uso da sacarose em esquema de doses repetidas
Uma revisão bibliográfica da literatura, exclusivamente de artigos empíricos,
publicados entre 1993 e 2004, que foi realizada por Gaspardo, Linhares e Martinez
(2005), identificou na época apenas três estudos de um mesmo grupo de
pesquisadores sobre o uso da solução de sacarose em esquema de doses repetidas
(BOYER et al., 2004; JOHNSTON et al., 1999, 2002). Esses estudos foram
realizados com neonatos pré-termo em comparação com um grupo controle de água
estéril.
72
No estudo de Johnston et al. (1999), as doses repetidas foram administradas
via oral três vezes dentro de um mesmo procedimento doloroso de punção capilar,
dois minutos antes do procedimento, no momento exato do procedimento e dois
minutos após o procedimento doloroso. Os neonatos foram randomicamente
distribuídos em três grupos, os quais receberam solução de sacarose na primeira
dose e água estéril nas outras duas doses, solução de sacarose nas três doses, ou
água estéril nas três doses. Os resultados revelaram que os grupos de neonatos que
receberam 0,05ml de solução de sacarose a 24%, tanto em dose única quanto em
doses repetidas, apresentaram menores escores no
Premature Infant Pain Profile
em relação ao grupo que recebeu apenas água estéril. Este estudo ainda revelou
que, nos últimos 30 segundos de avaliação da resposta ao procedimento doloroso,
na fase de recuperação, os neonatos que receberam a solução de sacarose em
esquema de doses repetidas continuaram a apresentar escores menores no
Premature Infant Pain Profile
em comparação ao grupo que recebeu apenas uma
dose única.
Posteriormente, no estudo de Johnston et al. (2002), os neonatos foram
designados randomicamente para o grupo de intervenção, que recebeu a solução de
sacarose via oral, e grupo controle, que recebeu água estéril, antes de cada
procedimento doloroso durante um período de sete dias. Os procedimentos
dolorosos incluíram punção para coleta de sangue, inserção de cateter de acesso
central, inserção de sonda orogástrica, aspiração de vias aéreas e remoção de
esparadrapos ou eletrodos. Os resultados revelaram que 0,1ml de solução de
73
sacarose a 24%, administrada em esquema de doses repetidas, apresentou eficácia
na redução do escore do NFCS durante os procedimentos dolorosos e invasivos de
punção capilar, punção venosa e aspiração. Além disso, neste estudo foram
examinados os possíveis efeitos colaterais no desenvolvimento
neurocomportamental advindos com o uso da sacarose. Os autores encontraram
que, embora não tenha sido encontrado nenhum tipo de efeito colateral, alto número
de doses (10 doses) (JOHNSTON et al., 2007) foi preditor de baixo escore de
desenvolvimento neurocomportamental para as áreas de desenvolvimento motor e
vigor, alerta e orientação em bebês com idade pós-concepcional de 36 semanas, e
para as áreas de desenvolvimento motor e vigor em bebês com idade pós-
concepcional de 40 semanas, segundo o instrumento
Neurobehavioral Assessment
of the Preterm Infant
, além de alto escore no
Neurobiological Risk Score
em
neonatos com duas semanas de idade pós-natal.
O estudo de Boyer et al. (2004), por sua vez, teve por objetivo avaliar a
eficácia da solução de sacarose na estabilidade fisiológica dos recém-nascidos.
Para tanto, os autores utilizaram-se da amostra e procedimento apresentados no
estudo de Johnston et al. (2002). Os resultados mostraram uma correlação negativa
significativa entre o desvio padrão da frequência cardíaca e mero de doses de
sacarose administradas, apenas nos neonatos que receberam grande quantidade de
doses de solução de sacarose (nove doses ou mais em 24 horas). Portanto, quanto
mais alta a quantidade de doses da solução de sacarose, mais baixo o desvio
74
padrão da frequência cardíaca, sugerindo diminuição da variabilidade deste
indicador fisiológico.
Outros autores também tiveram por objetivo a avaliação do uso da sacarose
em doses repetidas, para o alívio da dor em neonatos pré-termo, porém
administrada conjuntamente a outras intervenções (MITCHELL et al., 2004;
STEVENS et al., 2005).
O estudo de Mitchell et al. (2004) avaliou a eficácia da sacarose administrada
via oral em doses repetidas em 30 neonatos no alívio da dor aguda em exame de
retinopatia da prematuridade, que foram randomicamente designados para dois
grupos de intervenção. O primeiro grupo recebeu administração de anestesia local,
sucção não-nutritiva e três doses de 0,1ml sacarose a 24% em intervalos de dois
minutos durante a realização do exame. O segundo grupo, por sua vez, recebeu
administração de anestesia local, sucção não-nutritiva e três doses de água estéril.
Os resultados revelaram que o escore do
Premature Infant Pain Profile
foi
significativamente menor durante a realização do exame no grupo que recebeu as
intervenções de anestesia local e sucção não-nutritiva acompanhadas da solução de
sacarose, em comparação ao grupo que recebeu as intervenções em conjunto com
a água estéril.
No estudo de Stevens et al. (2005) foi verificada menor reatividade à dor,
avaliada pelo
Premature Infant Pain Profile
, nos neonatos que receberam 0,1ml de
sacarose a 24% via oral seguida de sucção não-nutritiva, antes dos procedimentos
dolorosos de punção para coleta de sangue, punção lombar, inserção de cateter e
75
remoção de esparadrapo, durante 28 dias consecutivos, em comparação aos
neonatos que receberam água estéril seguida de sucção não-nutritiva. Os neonatos
também foram avaliados, no 28º dia de vida, quanto ao desenvolvimento
neurocomportamental, a partir do instrumento
Neurobiological Risk Score
. Os
resultados revelaram desenvolvimento neurocomportamental adequado para a idade
nos neonatos de ambos os grupos.
Faz-se importante observar que os estudos sobre a administração da solução
de sacarose em esquema de doses repetidas, para o alívio da dor aguda em
neonatos pré-termo, foram realizados com diferentes tipos de delineamentos e
metodologias de estudo. No estudo de Johnston et al. (1999) a solução de sacarose
em doses repetidas foi administrada durante um único procedimento doloroso, assim
como no estudo de Mitchell et al. (2004), visto que no segundo estudo a sacarose foi
administrada em conjunto com outras intervenções. Nos estudos de Johnston et al.
(2002) e Boyer et al. (2004), por sua vez, a solução de sacarose foi administrada em
todos os procedimentos sofridos pelos neonatos durante um período de sete dias
consecutivos. Da mesma forma, Stevens et al. (2005) avaliaram o uso da sacarose
administrada em doses repetidas durante 28 dias consecutivos de internação dos
neonatos, porém em uso conjunto com a sucção não-nutritiva. Além disso, não
houve um consenso no que diz respeito sobre o volume da dose a ser administrada,
assim como não se avaliou possíveis efeitos colaterais advindos do uso continuado
da solução de sacarose na evolução clínica dos neonatos hospitalizados submetidos
à intervenção.
76
A solução de sacarose tem sido recomendada como uma modalidade de
manejo não-farmacológico de alívio da dor aguda a ser usado no protocolo de rotina
na UTIN, porém os estudos sobre o uso da substância em doses repetidas ainda
não são conclusivos, com base na literatura. Se o efeito positivo de alívio se mantém
com a continuidade do uso da sacarose e qual o efeito na saúde e no
desenvolvimento do recém-nascido são questões relevantes a serem investigadas.
Até o momento, são poucos os estudos brasileiros conhecidos que tiveram
como objetivo avaliar a eficácia de uma intervenção não-farmacológica para o alívio
de dor em neonatos (CASTRAL et al., 2008; CHERMONT et al., 2009; FREIRE;
GARCIA; LAMY, 2008; GASPARDO, 2006; LEITE et al., 2009; VIVANCOS, 2008).
Quando se considera o uso da solução de sacarose, apenas o estudo de Gaspardo
(2006) investigou este tipo de intervenção não-farmacológica, administrada em dose
única, em contexto de UTIN.
O presente estudo é uma continuidade desta investigação e está direcionado
para atender a duas questões principais. Primeira, avaliar a eficácia do uso
continuado da solução de sacarose no alívio da dor em neonatos pré-termo durante
procedimento de coleta de sangue em UTIN. Segunda, avaliar as características de
evolução clínica e de padrões de alimentação dos neonatos pré-termo relacionadas
a possíveis efeitos colaterais advindos do uso continuado da solução de sacarose
em procedimentos dolorosos.
O estudo possui duas hipóteses relacionadas às questões apresentadas. A
primeira hipótese é a de que solução de sacarose administrada em esquema de
77
doses repetidas e usada consecutivamente ao longo de três dias é mais eficaz para
o alívio da dor aguda-procedural em neonatos pré-termo em comparação ao uso de
água estéril (placebo controle). A segunda hipótese é a de que a administração
continuada da solução de sacarose durante procedimentos dolorosos de rotina da
UTIN não causa efeitos colaterais para a condição clínica e para o padrão de
alimentação dos neonatos submetidos a este tipo de intervenção.
2. OBJETIVOS
79
O presente estudo teve por objetivos:
a) Avaliar a eficácia da administração via oral da solução de sacarose a 25%,
em esquema de doses repetidas em dias consecutivos no alívio da dor em recém-
nascidos pré-termo;
b) Avaliar os possíveis efeitos colaterais, na evolução clínica e no padrão de
alimentação de recém-nascidos pré-termo, advindos do uso continuado da solução
de sacarose para alívio de dor.
3. MÉTODO
81
3.1. Delineamento do estudo
O presente estudo trata-se de um ensaio clínico randomizado controlado
duplo cego, com comparações entre grupos e intragrupo.
3.2. Participantes
Participaram deste estudo 33 neonatos pré-termo com muito baixo peso ao
nascimento, internados na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) do
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade
de São Paulo (HCFMRP/USP).
Os seguintes critérios de inclusão definiram os participantes elegíveis para o
estudo: neonatos pré-termo (< 37 semanas de idade gestacional), com muito baixo
peso ao nascimento (< 1.500 gramas), com idade pós-natal de no máximo 14 dias,
nascidos no HCFMRP/USP e internados na UTIN do referido hospital. Além disso,
os neonatos deveriam ter prescrição de coleta de sangue diariamente durante o
período de quatro dias consecutivos.
Os critérios de exclusão foram os seguintes: malformação congênita,
hemorragia peri-intraventricular graus III ou IV, hipoglicemia ou hiperglicemia, uso de
medicação do tipo opióide e/ou sedativa e uso de cateter umbilical arterial.
A Figura 1 apresenta a descrição da trajetória de arregimentação dos
participantes e composição da amostra.
82
Figura 1 – Percurso de composição da amostra.
Observa-se na Figura 1, que, dos 180 recém-nascidos no período da coleta
de dados, nove foram a óbito e 49 foram excluídos de acordo com os seguintes
Amostra inicial (n = 180)
Randomiza
ç
ão
(
n = 33
)
Amostra elegível
1ª Avaliação (n = 44)
Sem continuidade por alta da UTIN (n = 11)
Grupo Água (GA)
ª
=
Mães não localizadas para assinar o TCLE (n = 49)
Alta da UTIN (n = 10)
Sem prescrição de coleta de sangue (n = 10)
Recusa de
p
artici
p
a
ç
ão no estudo
(
n = 9
)
Óbitos (n = 9)
Critérios de exclusão (n = 49)
3ª Avaliação (n = 17)
4ª Avalia
ç
ão
(
n = 15
)
Medicação sedativa (n = 2)
3ª Avaliação (n = 16)
4ª Avalia
ç
ão
(
n = 16
)
Grupo Sacarose (GS)
2ª Avalia
ão
n = 17
83
critérios: 25 neonatos faziam uso de cateter umbilical arterial nas duas primeiras
semanas de vida, 20 neonatos faziam uso de medicação do tipo opióide e/ou
sedativa, um neonato apresentou hemorragia peri-intraventricular grau III, um
neonato apresentou hiperglicemia, um neonato apresentou hipoglicemia e um
neonato apresentou malformação congênita (hidroanencefalia). Além disso, 49 mães
não foram encontradas para a assinatura do Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE), 10 recém-nascidos foram encaminhados ao berçário de médio
risco antes do período previsto para a coleta de dados, 10 recém-nascidos não
necessitavam de coleta de sangue nos dias previstos para a avaliação e nove mães
não concordaram com a participação na pesquisa.
A amostra elegível foi composta, portanto, por 44 neonatos, dos quais 11
recém-nascidos receberam alta da UTIN e foram encaminhados ao berçário de
médio risco durante o período de coleta de dados. Portanto, houve uma perda
amostral de 25%. A amostra final foi então composta por 33 recém-nascidos e, a
partir de uma distribuição randômica, 17 recém-nascidos foram designados para o
grupo experimental (Grupo Sacarose GS) e 16 recém-nascidos designados para o
grupo controle (Grupo Água GA). A distribuição dos participantes nos grupos se
deu de forma cega em relação ao tipo de substância.
O grupo de neonatos pré-termo que não participou do estudo (Grupo Não
Participante GN) foi semelhante ao grupo de neonatos pré-termo estudado (Grupo
Participante GP) em termos de mediana ou porcentagem das seguintes variáveis:
sexo (GN: 52% meninas; GP: 51% meninas; p = 0,57), idade gestacional (GN: 30
84
semanas [23 36 semanas]; GP: 30 semanas [25 33 semanas]; p = 0,40) e peso
ao nascimento (GN: 1.075 gramas [500 1.495 gramas]; GP: 1.135 gramas [640
1.430 gramas]; p = 0,89).
3.3. Local e contexto do estudo
A pesquisa foi realizada na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) do
HCFMRP/USP, vinculada ao Setor de Neonatologia do Departamento de
Puericultura e Pediatria da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da
Universidade de São Paulo (FMRP/USP).
O HCFMRP/USP é um hospital geral público, autárquico, ligado à
Universidade de São Paulo (USP) para fins de ensino, pesquisa e assistência e
vinculado administrativamente à Secretaria do Estado de São Paulo por meio do
Decreto 26.920 de 18/03/1987. Tem características de hospital regional e está
integrado ao Sistema Único de Saúde (SUS), em nível terciário, atendendo a
pacientes do município, de várias cidades da região, bem como de outros estados
do país. É constituído por duas unidades prediais, sendo uma localizada no Campus
da USP de Ribeirão Preto (12 andares) e outra no centro da cidade de Ribeirão
Preto (seis andares). O HCFMRP/USP destina-se ao atendimento de pacientes com
alta complexidade.
A Neonatologia do HCFMRP/USP dispõe na Unidade Campus, atualmente,
65 leitos neonatais, sendo 20 leitos na UTIN (7° andar), 27 leitos na Unidade de
85
Cuidado Intermediário Neonatal ( andar) e 18 leitos no alojamento conjunto (8°
andar).
O atendimento a neonatos pré-termo com muito baixo peso ao nascimento no
HCFMRP/USP conta com equipe multidisciplinar composta por médicos,
enfermeiros, psicólogo, fisioterapeuta, assistente social, fonoaudiólogo e
nutricionista, que atendem aos bebês desde a UTIN até o
follow-up
no Ambulatório
dos Prematuros, após a alta hospitalar.
3.4. Aspectos éticos
O projeto de pesquisa do presente estudo foi aprovado pelo Comide Ética
em Pesquisa do HCFMRP/USP (ANEXO A), e autorizado pelo Chefe do Serviço de
Neonatologia deste hospital (ANEXO B). Antes da realização da coleta de dados, o
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE A) foi firmado com as
mães dos neonatos. Neste momento as mães foram orientadas quanto ao objetivo
do estudo e procedimento de coleta de dados, e também foram transmitidas às
mesmas recomendações sobre a importância do uso da sacarose ser realizada
estritamente no período da coleta de dados e em doses pequenas. Estas
recomendações tiveram por objetivo evitar que as mães generalizassem e
passassem a administrar “água com açúcar” em casa, após a alta do bebê, para
situações em que julgasse sobre a ocorrência de dor no mesmo.
86
3.5. Instrumentos e Medidas
3.5.1. Atividade Facial
O indicador comportamental de atividade facial foi utilizado como medida de
reatividade à dor aguda, tendo como instrumento de avaliação a escala
Neonatal
Facial Coding System
(NFCS) (GRUNAU; CRAIG, 1987). As normas de aplicação do
NFCS estão descritas em um manual de treinamento produzido por Grunau,
Fitzgerald e Ellwood (2001) e traduzido com autorização da autora para a língua
portuguesa (Brasil) por Linhares e Chimello (2002).
Estudos sobre as qualidades psicométricas do NFCS demonstraram que o
instrumento possui fidedignidade quando aplicado à beira do leito (GRUNAU et al.,
1998; GUINSBURG et al., 2000), assim como quando aplicado por meio de
observação de vídeo-gravação (GRUNAU, CRAIG, 1987), fidedignidade entre
observadores e intraobservadores, validade aparente, validade de conteúdo,
validade de constructo, validade convergente e validade discriminativa. Também
apresenta validade tanto para neonatos a termo quanto para neonatos pré-termo
(STEVENS; RIDELL et al., 2007).
As ações faciais que são codificadas pelo instrumento encontram-se a seguir:
protuberância de sobrancelha (arqueamento, enrugamento e/ou formação de sulcos
verticais acima e entre as sobrancelhas); olhos apertados (aperto da fenda
palpebral); sulco nasolabial aprofundado (levantamento e aprofundamento
ascendente do sulco nasolabial, como uma linha ou uma ruga, que começa
87
adjacente às asas da narina e corre para baixo e exteriormente para além dos
cantos dos lábios); lábios entreabertos (boca aberta mais do que os lábios relaxados
e distanciados); boca esticada no sentido vertical (tensão no canto dos lábios
juntamente com uma tração descendente pronunciada dos maxilares); boca esticada
no sentido horizontal (estiramento horizontal dos cantos da boca algumas vezes
acompanhado por uma tensão do lábio superior); língua tensa (língua saliente, em
concha com a beirada bruscamente tensionada); tremor no queixo (alta frequência
de movimentos para cima e para baixo do maxilar inferior) (GRUNAU; FITZGERALD;
ELLWOOD, 2001).
No presente estudo, utilizou-se as ações faciais de protuberância de
sobrancelha, olhos apertados, sulco nasolabial aprofundado, lábios entreabertos,
boca esticada no sentido vertical ou horizontal e língua tensa, como proposto por
Peters et al. (2003). As ações faciais foram codificadas como um ou zero (presença /
ausência) a cada 10 intervalos de dois segundos, totalizando 20 segundos de
observação. Para o cálculo do escore total, somaram-se as ocorrências das ações
faciais durante o tempo total de cada intervalo, podendo, este, variar de zero a 70
pontos.
A sensibilidade e especificidade do escore do NFCS foram analisadas a partir
de uma curva ROC que determinou os valores da nota de corte para a avaliação da
dor na amostra do presente estudo. As fases de Linha de Base (não dor) e Punção
(dor) foram usadas nesta análise. Um escore no NFCS de três pontos foi identificado
como o melhor valor da nota de corte (Área ROC = 0,85; Sensibilidade = 0,76;
88
Especificidade = 0,88; IC 95% = 0,75 – 0,95; p = 0,0001) (GASPARDO, 2006;
GASPARDO; CHIMELLO et al., 2008; GUINSBURG, 1999).
3.5.2. Estado de Vigília e Sono
O indicador de estado de vigília e sono consiste em uma medida de alerta dos
recém-nascidos que complementou a medida de dor obtida pelo NFCS.
De acordo com o estudo de Nijhuis e Van de Pas (1992), os estados de vigília
e sono foram codificados utilizando-se o seguinte sistema de classificação: sono
profundo (olhos fechados, respiração profunda e regular, sem movimentos); sono
ativo (olhos fechados apresentando movimentos rotativos lentos e pequenas
contrações, respiração irregular rápida e curta, movimentos grosseiros); sonolência
(estado de transição entre vigília e sono em que os olhos abrem e fecham de forma
intermitente, movimentos suaves, respiração regular); alerta quieto (olhos abertos,
corpo e face relativamente inativos, sem movimentos grosseiros, os estímulos
visuais e auditivos evocam respostas); alerta ativo (neonato acordado, olhos
abertos, movimentos grosseiros contínuos); choro (fase expiratória definida, seguida
por uma breve inspiração, um período de descanso e, de novo, uma fase expiratória,
com ou sem padrão melódico).
Os estados de vigília e sono foram mensurados em uma escala ordinal de
estágio crescente de ativação biocomportamental, sendo considerados os seguintes
valores para os diferentes estados: sono profundo = 1; sono ativo = 2; sonolência =
3; sono quieto = 4; sono ativo = 5; choro = 6.
89
Faz-se importante esclarecer que, no presente estudo, o choro nos neonatos
intubados foi analisado sem padrão melódico devido a estes não emitirem som
durante o choro, conforme realizado por Chang, Anderson e Lin (2002). Além disso,
além de ser analisado dentro da escala ordinal de estado de vigília e sono, o choro
também foi tratado separadamente, como um indicador específico de dor.
3.5.3. Frequência Cardíaca
O indicador fisiológico de frequência cardíaca foi utilizado no presente estudo
como uma medida complementar de dor.
A frequência cardíaca normalmente varia em torno de 110 a 160 batimentos
por minuto nos recém-nascidos, podendo variar significativamente durante os
estados comportamentais de sono profundo ou alerta ativo. A taquicardia, com um
ritmo mais acelerado do que 160 batimentos por minuto, pode ser um indício de
irritabilidade do sistema nervoso central (FLETCHER, 1999).
3.5.4. Prontuários do paciente
Foi realizada uma análise documental autorizada dos prontuários médico e de
enfermagem, junto ao HCFMRP/USP, para a obtenção de características de
nascimento e de evolução clínica dos recém-nascidos hospitalizados.
90
3.6. Equipamentos
Foi utilizada uma câmera SONY Digital Handycan Modelo DCR TRV
340, um tripé para posicionamento da câmera e fitas Sony 8mm para a realização
das filmagens durante a observação sistemática, e um televisor PANASONIC 20
polegadas para a análise dos vídeos para a codificação da atividade facial dos
recém-nascidos. Para o registro da frequência cardíaca, foram utilizados monitores
Philips V240T, disponíveis na UTIN do HCFMRP/USP, para a monitorização de
rotina dos neonatos.
3.7. Procedimento
3.7.1. Estudo piloto
Para o teste e aperfeiçoamento do procedimento de coleta e análise de dados
do presente estudo, no mês anterior ao início da coleta de dados foi realizado um
estudo piloto, no qual foram coletados e analisados dados de nove recém-nascidos,
que não foram incluídos na amostra final do estudo. Neste momento houve a
familiarização da pesquisadora com o local do estudo, equipe da UTIN, técnica de
punção para coleta de sangue, identificação dos dados do neonato nos prontuários
médico e de enfermagem, além do aprimoramento dos protocolos de registro a
serem utilizados na coleta de dados. Também nesta fase foram treinadas as tarefas
a serem desenvolvidas pela pesquisadora e pelas auxiliares de pesquisa.
91
Nesta fase, a pesquisadora foi treinada pela pesquisadora orientadora do
presente estudo para a realização da coleta de dados, organização, análise e
interpretação dos dados coletados. Posteriormente, durante a realização do estudo,
a pesquisadora realizou, com o apoio da pesquisadora orientadora e de um docente
médico neonatologista do Departamento de Puericultura e Pediatria da FMRP/USP,
o treinamento de cinco auxiliares de pesquisa (alunas de mestrado e iniciação
científica) que colaboraram com tarefas específicas de coleta e análise de dados do
estudo.
3.7.2. Coleta de dados
3.7.2.1. Esquema de coleta de dados
Os recém-nascidos foram alocados randomicamente ao grupo experimental
(Grupo Sacarose - GS), recebendo solução de sacarose, ou ao grupo controle
(Grupo Água - GA), recebendo água estéril. A randomização da amostra obedeceu a
uma tabela de números aleatórios produzida por um programa de computador feito
especificamente para o estudo. Por se tratar de um estudo duplo cego, as ampolas
com as soluções eram idênticas e identificadas como solução A (sacarose) e
solução B (água estéril) e os códigos foram entregues pelo laboratório de
manipulação dentro de um envelope lacrado (ANEXO C). As ampolas contendo 2ml
de solução de sacarose a 25% ou 2ml de água estéril foram fabricadas pelo
Laboratório Injectcenter – Manipulação de Injetáveis, da cidade de Ribeirão Preto.
92
O esquema da coleta de dados foi realizado em quatro dias consecutivos,
utilizando-se um sistema de observação sistemática e estruturada dos recém-
nascidos no momento da punção para coleta de sangue para a realização de
exames de rotina da UTIN. A coleta de sangue era prescrita de acordo com a
demanda dos exames clínicos.
O primeiro dia de avaliação teve por objetivo observar o padrão individual dos
recém-nascidos quanto à reatividade e recuperação biocomportamental à dor e ao
estresse frente ao procedimento doloroso de punção. Neste dia, não houve
nenhuma intervenção para alívio de dor.
Ao final da observação sistemática realizada no primeiro dia de coleta de
dados, a pesquisadora explicava ao médico responsável pelo atendimento ao
recém-nascido sobre os objetivos do estudo. Era solicitado a este que, a partir do dia
seguinte, e por um período consecutivo de três dias, fosse prescrita no prontuário do
paciente a administração da solução A ou B antes dos procedimentos dolorosos e
invasivos especificados em um aviso colocado na incubadora, a saber: punção para
coleta de sangue para exames, punção para inserção de cateter de acesso central,
inserção de sonda orogástrica, aspiração de vias aéreas e remoção de
esparadrapos ou eletrodos (APÊNDICE B). Esses procedimentos foram
selecionados de acordo com o estudo de Johnston et al. (2002). A quantidade de
solução de sacarose a 25% administrada era calculada pelo peso do neonato no dia
da administração da substância, correspondendo ao volume de 0,5ml/kg.
93
Durante toda a fase de coleta de dados foi mantido um caderno (Diário de
Campo), com o registro de todos os eventos ocorridos neste período.
3.7.2.2. Procedimento de coleta de dados
Para proceder à coleta de dados, inicialmente a pesquisadora realizava uma
pesquisa entre os leitos da UTIN a fim de identificar recém-nascidos elegíveis para a
pesquisa. Após a consulta ao prontuário médico e de enfermagem dos neonatos e
da inclusão dos mesmos nos critérios estabelecidos, as mães eram localizadas em
seus leitos e informadas sobre o objetivo geral do estudo e sobre o procedimento de
coleta de dados.
Após a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido pela mãe
do recém-nascido, colocava-se um aviso na incubadora com as datas que seriam
realizadas as observações, no momento da coleta de sangue realizada no período
da manhã para exames de rotina (APÊNDICE C).
No dia previsto para a primeira avaliação, a pesquisadora e a auxiliar de
pesquisa chegavam à UTIN por volta das 07h00min e verificavam se o neonato tinha
prescrição médica para coleta de sangue naquele dia. Em caso positivo, também
eram verificados os prontuários do paciente, a fim de identificar o estado de saúde
deste e a presença de intercorrências que pudessem cancelar a observação.
Em um segundo momento, a pesquisadora anotava nos protocolos a serem
usados neste dia, o código do participante, o número do vídeo e da avaliação, a data
da observação e o nome dos observadores.
94
Posteriormente, a pesquisadora montava o tripé com a filmadora ao lado da
incubadora do neonato para o registro da atividade facial, e filmava uma folha de
papel (APÊNDICE D), no qual continha códigos para posterior identificação do
participante, do sexo do neonato e do grupo a qual este pertencia, do número da
avaliação e da fase observada.
Caso o recém-nascido não tivesse a monitorização da frequência cardíaca,
solicitava-se a uma auxiliar de enfermagem que colocasse os eletrodos no mesmo e
ligasse o monitor cardíaco. Se o neonato estivesse recebendo fototerapia, também
era solicitado que a auxiliar desligasse a luz e retirasse o protetor ocular da face do
neonato, os quais eram recolocados imediatamente após o término da coleta de
dados.
O procedimento de avaliação incluiu cinco fases de observação. Inicialmente,
na fase de
Linha de Base (LB)
, a face do neonato era filmada durante um período de
10 minutos, sem que houvesse nenhum manuseio do recém-nascido. Definiu-se no
projeto de pesquisa que este intervalo deveria ser reduzido caso houvesse
necessidade de manuseio do neonato devido a alguma intercorrência do tipo apneia,
bradicardia, e queda na saturação de oxigênio.
Terminada a fase LB, a enfermeira iniciava o procedimento de rotina de coleta
de sangue do recém-nascido. Então, após o posicionamento da enfermeira e da
auxiliar de enfermagem ao lado da incubadora, o tripé com a filmadora era
reposicionado para que a filmadora capturasse apenas a face do recém-nascido,
impedindo assim que a fase de observação fosse identificada no momento da
95
análise da vídeo-gravação. Assim que a enfermeira começava a manusear o
neonato, iniciava-se o registro da fase de
Preparação para Punção (PP)
. Esta fase
compreendia todo o procedimento de preparação do neonato para a realização da
punção para a coleta de sangue, como a localização da veia ou artéria a ser
puncionada e a realização da antissepsia com a passagem de algodão embebido
em álcool no local a ser realizado a punção.
No momento em que a enfermeira inseria a agulha no recém-nascido para a
realização da punção, dava-se início à fase de
Punção (P)
, sendo que se a
enfermeira não conseguisse realizar a coleta de sangue na primeira tentativa de
punção, considerava-se o início da fase P nesta primeira tentativa e o término ao
final da punção realizada com sucesso, ao retirar a agulha.
Quando a enfermeira terminava o procedimento de punção com a retirada da
agulha dava-se início à filmagem da fase de
Recuperação com Manuseio (RCM)
.
Esta fase também tinha duração variável e englobava todo o processo de realização
do curativo, posicionamento do neonato e fechamento da incubadora pela
enfermeira, deixando o recém-nascido em repouso.
Finalmente, quando o recém-nascido encontrava-se novamente dentro da
incubadora, sem ser manuseado, era registrada a fase de
Recuperação sem
Manuseio (RSM)
. Esta fase teve sua duração controlada pela duração da fase RCM,
sendo que na somatória dessas duas fases o tempo de recuperação total registrado
foi de 10 minutos.
96
A cada fase de observação, além da filmagem da face do recém-nascido,
realizava-se o registro das variáveis biocomportamentais de estado de vigília e sono
(APÊNDICE E) e frequência cardíaca (APÊNDICE F). Anotava-se, em protocolos
específicos o tempo de início e fim da filmagem das cinco fases, de acordo com o
tempo de filmagem que era mostrado na filmadora. Para os registros, a
pesquisadora ficava responsável pelo protocolo dos estados comportamentais de
vigília e sono apresentados pelo neonato em intervalos de dois minutos subdivididos
em intervalos de 30 segundos; ao mesmo tempo, a auxiliar de pesquisa,
responsável pelo registro da frequência cardíaca, anotava em protocolo específico a
frequência cardíaca que aparecia no monitor cardíaco em intervalos de um minuto
durante todo o período de duração das fases. A auxiliar de pesquisa também ficava
responsável por avisar a pesquisadora da mudança de intervalo de 30 em 30
segundos para que esta mudasse o intervalo de registro do estado comportamental
de vigília e sono.
Todos os protocolos utilizados durante os quatro dias de coleta de dados
foram colocados dentro de um envelope no qual continha uma capa com alguns
dados para identificação do participante, a saber: sexo, idade gestacional, peso ao
nascimento, idade pós-natal, adequação do peso para idade gestacional (pequeno
para a idade gestacional [PIG] / adequado para a idade gestacional [AIG]), índice de
Apgar no 5º minuto (APÊNDICE G).
Após o primeiro dia de avaliação, nos três dias posteriores e consecutivos de
observação sistemática, realizava-se todo o procedimento descrito, acrescentando
97
que dois minutos antes da fase P, a enfermeira administrava a solução prescrita ao
neonato.
3.7.2.3. Coleta de dados do prontuário médico
Além da coleta de dados por meio de observação sistemática dos recém-
nascidos, procedeu-se à análise documental dos prontuários médico e de
enfermagem, a fim de se obter informações sobre características de nascimento e
de evolução clínica do neonato.
O escore de risco neonatal foi mensurado a partir do
Clinical Risk Index for
Babies
(CRIB) (INTERNATIONAL NEONATAL NETWORK, 1993), instrumento
aplicável a crianças com peso ao nascer inferior a 1.500 gramas ou idade
gestacional menor que 31 semanas, que avalia seis itens fisiológicos, a saber: peso
ao nascimento, idade gestacional, presença de anomalias congênitas, fração
inspirada de oxigênio máxima e mínima e o pior déficit de base nas primeiras 12
horas após o nascimento (APÊNDICE H). Um escore no CRIB acima de quatro
pontos correlaciona-se com altas taxas de mortalidade e morbidade infantil (BRITO
et al., 2003).
Em uma primeira fase, foram obtidas, por meio da análise dos prontuários
médicos, as características de evolução clínica dos neonatos durante os dias de
avaliação, e em especial a quantidade de evacuações, quantidade de vômitos,
presença de resíduo na sonda orogástrica, presença de distensão abdominal e
presença de hiperglicemia ou hipoglicemia. Foi calculada a quantidade de exposição
98
a estímulos dolorosos sofridos pelos neonatos por meio da soma do número de
procedimentos invasivos e dolorosos a que os neonatos foram submetidos desde o
nascimento até a primeira avaliação e os procedimentos sofridos pelos neonatos nas
últimas 24 horas anteriores à realização de cada avaliação. Os procedimentos
invasivos e dolorosos incluídos na coleta de dados dos prontuários foram:
lancetagem de calcâneo, acesso venoso central, acesso venoso puncionado para
nutrição parenteral e medicações, punção para coleta de sangue para exames,
punção para inserção de cateter de acesso central, inserção de sonda orogástrica,
intubação orotraqueal, inserção de dreno de tórax e aspiração de vias aéreas
(APÊNDICE I).
Em uma segunda fase, realizou-se a análise documental dos prontuários
médicos, para a obtenção de informações acerca da evolução clínica dos bebês até
a alta hospitalar, sendo elas: peso do neonato na 38ª semana de idade pós-
concepcional, tempo para atingir o peso de 1.800 gramas, peso na alta hospitalar,
tempo de internação na UTIN e tempo de internação hospitalar, presença de
displasia broncopulmonar, retinopatia da prematuridade, hemorragia peri-
intraventricular, enterocolite necrosante, septicemia, cardiopatia e pneumotórax. Em
relação ao padrão de alimentação dos bebês, calculou-se o tempo do uso de sonda
para alimentação durante o tempo total de internação hospitalar (APÊNDICE J).
A consulta aos prontuários foi realizada por duas auxiliares de pesquisa, a fim
de assegurar que a pesquisadora autora fosse “cega” em relação às informações
específicas sobre as condições de nascimento e saúde do recém-nascido. As
99
auxiliares de pesquisa eram alunas de iniciação científica do curso de Medicina, e
foram treinadas por um docente médico neonatologista do Departamento de
Puericultura e Pediatria da FMRP/USP.
3.7.3. Preparação e Análise dos dados
3.7.3.1. Preparação dos dados
A análise da atividade facial dos recém-nascidos registrada nas vídeo-
gravações foi realizada por três auxiliares de pesquisa treinadas para a utilização da
escala NFCS e “cegas” em relação às características do neonato e da coleta de
dados sobre os indicadores biocomportamentais de estado de vigília e sono e
frequência cardíaca.
Inicialmente, a pesquisadora treinada preparava os protocolos de análise da
atividade facial (APÊNDICE K), segundo o procedimento descrito por Grunau,
Fitzgerald e Ellwood (2001), com o código do participante, o dia da realização da
filmagem e o número do vídeo, dados estes que também estavam contidos na capa
da fita 8mm. Neste protocolo também era registrado pela pesquisadora o tempo de
início e término de cada intervalo que deveria ser analisado, referentes aos primeiros
20 segundos de cada fase de observação, ou se a fase tivesse menos de 20
segundos, o tempo total que correspondia à mesma.
Estes protocolos continham dados de diversos participantes e fases de
observação, e eram entregues de maneira desordenada para uma segunda
100
pesquisadora treinada, com a finalidade de que esta não conseguisse identificar pela
sequência temporal a fase do procedimento (LB, PP, P, RCM e RSM) e o
participante que estavam sendo analisados.
No momento da análise das vídeo-gravações, a segunda pesquisadora
identificava as fitas que deveriam ser analisadas e assistia a cada vídeo-gravação
na função “câmera lenta” para facilitar a identificação das atividades faciais contidas
no NFCS. Após a análise da atividade facial realizada pela auxiliar de pesquisa, a
pesquisadora identificava o participante e as fases de observação correspondentes
a cada protocolo, com base nos códigos de identificação.
De um total de 645 vídeo-gravações analisadas, em 16 fases de PP e em 16
fases de RCM no grupo GS e em 12 fases de PP e em 10 fases de RCM no grupo
GA, durante os quatro dias de observação, as fases apresentaram duração inferior a
20 segundos (10 intervalos), não sendo possível a realização da análise da atividade
facial por todo este período. Por se tratar de dados coletados de grande importância
para a análise dos dados, optou-se para a padronização dos resultados, por meio da
estimativa do escore da atividade facial que seria atingido no tempo total de 10
intervalos de 2 segundos, de acordo com a pontuação atingida no intervalo
analisado:
Escore da atividade facial = escore obtido no período analisado X 10
número de intervalos analisados
101
Em relação ao estado de vigília e sono, calculou-se o estado que mais incidiu
em cada intervalo de dois minutos, bem como aquele que apresentou maior
incidência durante o tempo total de cada fase avaliada nos quatro dias de
observação.
Para o indicador de frequência cardíaca, calculou-se a frequência cardíaca
média, mínima e máxima de cada fase de avaliação nos quatro dias de observação.
3.7.3.2. Análise dos dados
O índice de fidedignidade da avaliação por meio do NFCS foi realizado a
partir da dupla codificação das filmagens de cinco participantes (15% da amostra
total) escolhidos aleatoriamente por avaliadores independentes. Para o cálculo do
índice de fidedignidade entre observadores/codificadores foi aplicada a fórmula
conservadora do NFCS para vídeo-gravação da atividade facial proposta por
Grunau, Fitzgerald e Ellwood (2001) que se encontra a seguir:
N° de expressões (codificadas como 1) no qual codificadores 1 e 2 concordaram X 2
N° total de expressões (codificado como 1) pelos 2 codificadores
O índice de fidedignidade entre dois observadores/codificadores treinados e
experientes no uso do NFCS foi de 93%. Também foi realizada a análise do índice
de fidedignidade entre dois observadores independentes e treinados para a variável
de estado de vigília e sono em três participantes (10% da amostra total), obtendo-se
uma porcentagem de acordo entre observadores de 86%.
102
3.7.3.3. Tratamento estatístico dos dados
Primeiramente, foi elaborado um banco de dados no
Statistical Package for
Social Science
- SPSS (versão oficial 17.0). Em seguida, os dados foram inseridos
nesse banco de dados para serem submetidos ao tratamento de estatística
descritiva e inferencial.
A normalidade das variáveis foi testada por meio do Teste de Shapiro-Wilk. A
partir da constatação de que as variáveis não possuíam distribuição normal, optou-
se pela estatística não-paramétrica para as comparações entre grupos e intragrupo.
Para a análise de comparação entre grupos (Grupo Sacarose X Grupo Água),
as variáveis de caracterização da amostra e de evolução clínica, bem como as
variáveis referentes à reatividade biocomportamental dos recém-nascidos à dor
foram analisadas pelo Teste não-paramétrico de Mann-Whitney para amostras
independentes para as variáveis contínuas (escore), e pelo Teste de Qui-quadrado
para as variáveis categóricas (nota de corte).
Para a análise de comparação intragrupo, as variáveis referentes à reatividade
biocomportamental dos recém-nascidos à dor foram analisadas por meio de estatística
não-paramétrica com Teste de Friedman e Teste de Wilcoxon, comparando-se,
respectivamente, as fases e os dias de avaliação. A análise intragrupo comparou a
mesma fase entre os quatro dias de avaliação (1ª avaliação X 2ª avaliação X 3ª
avaliação X avaliação), as diferentes fases em cada uma das avaliações (LB X PP X
P X RCM X RSM), além da comparação da variável frequência cardíaca entre diversos
momentos de uma mesma fase (minuto a minuto).
O nível de significância adotado no presente estudo foi de 5% (p
0,05).
4. RESULTADOS
104
Os resultados do presente estudo serão apresentados em quatro seções. Na
primeira seção serão mostrados os dados relativos à caracterização da amostra,
incluindo as variáveis neonatais e de evolução clínica dos neonatos do Grupo
Sacarose e do Grupo Água.
Na segunda seção será apresentada a história de exposição a procedimentos
dolorosos dos recém-nascidos de ambos os grupos, bem como os as principais
características do procedimento de punção para coleta de sangue, avaliadas tanto
no Grupo Sacarose como no Grupo Água.
Na terceira seção serão mostrados os dados referentes à reatividade
biocomportamental à dor dos recém-nascidos do Grupo Sacarose e Grupo Água,
nos quatro dias de avaliação, durante o procedimento de coleta de sangue. Para
tanto, serão apresentados os resultados relativos a: a) comparação de cada fase do
procedimento entre os dias de avaliação, considerando-se cada grupo
separadamente; b) comparação entre as fases do procedimento de cada dia de
avaliação, também considerando cada grupo separadamente; c) comparação entre o
Grupo Sacarose e Grupo Água, respectivamente, nos quatro dias de avaliação,
quanto à reatividade biocomportamental à dor dos neonatos; d) comparação do
indicador de frequência cardíaca, minuto a minuto da fase de recuperação, avaliado
no primeiro dia de intervenção com sacarose, considerando-se cada grupo
separadamente.
105
Por fim, na quarta seção será apresentada a evolução clínica dos neonatos
de ambos os grupos durante todo o tempo de hospitalização com a finalidade da
avaliação dos possíveis efeitos colaterais advindos do uso da solução de sacarose.
4.1. Caracterização da amostra
A Tabela 1 apresenta as características da amostra e evolução clínica dos
neonatos do Grupo Sacarose e do Grupo Água.
106
Tabela 1 Características da amostra e da evolução clínica dos neonatos do Grupo
Sacarose (GS) e do Grupo Água (GA).
Características da amostra e evolução clínica
GS
(n = 17)
GA
(n = 16)
Valor de p
Comparação
entre grupos
Sexo
Masculino – f (%)
Feminino – f (%)
6 (35)
11 (65)
10 (62)
6 (38)
0,12
Idade pós-natal (dias)
Med
(min – max)
2
(1 – 7)
3
(1 – 12)
0,36
Idade gestacional (semanas)
Med
(min – max)
30
(25 – 33)
31
(27 – 33)
0,20
Peso ao nascimento (gramas)
Med
(min – max)
995
(640 – 1.430)
1.177
(685 – 1.360)
0,40
Adequação para a idade gestacional
PIG – f (%)
AIG – f (%)
8 (47)
9 (53)
11 (69)
5 (31)
0,20
Apgar no 5° minuto (escore)
Med
(min – max)
8
(5 – 10)
9
(6 – 10)
0,95
Índice de risco clínico neonatal
(escore no CRIB)
Med
(min – max)
4
(0 – 11)
1
(0 – 13)
0,20
Neonatos em ventilação assistida – f (%)
17 (100)
16 (100)
Neonatos intubados – f (%)
2 (11)
3 (18)
0,57
Med = Mediana; min = valor mínimo; max = valor máximo; f = frequência; % = porcentagem.
Na Tabela 1 verifica-se que não foram encontradas diferenças significativas
entre os grupos GS e GA quanto às características neonatais e de evolução clínica.
De forma similar, em ambos os grupos, os neonatos estavam entre as
primeiras duas semanas de vida, e eram compostos por neonatos com idade
gestacional em torno de 30 semanas e peso ao nascimento de 1.000 gramas.
107
Em relação às características de evolução clínica, nota–se que o Apgar do
minuto foi sugestivo de bom prognóstico, em ambos os grupos, os quais
apresentaram índice moderado de risco clínico neonatal. Além disso, é possível
observar que 100% dos neonatos estavam fazendo uso de algum tipo de ventilação
assistida, sendo que, destes, 11% dos neonatos do grupo GS e 18% dos neonatos
do grupo GA estavam intubados.
4.2. História de experiências dolorosas dos recém-nascidos do Grupo Sacarose e
Grupo Água
A Tabela 2 apresenta as características da história de exposição a
procedimentos dolorosos dos neonatos anterior à primeira avaliação, no Grupo
Sacarose e no Grupo Água, relativa à incidência de procedimentos invasivos
sofridos desde o nascimento em relação à idade pós-natal e incidência de
procedimentos invasivos sofridos nas últimas 24 horas anteriores a cada dia de
avaliação. Os procedimentos dolorosos avaliados foram: lancetagem de calcâneo,
acesso venoso central, acesso venoso puncionado para nutrição parenteral e
medicações, punção para coleta de sangue para exames, punção para inserção de
cateter de acesso central, inserção de sonda orogástrica, intubação orotraqueal,
inserção de dreno de tórax e aspiração de vias aéreas.
108
Tabela 2 Características da história de exposição a procedimentos dolorosos dos
neonatos anterior às avaliações, no Grupo Sacarose (GS) e no Grupo Água (GA).
Características da história de exposição a
procedimentos dolorosos
GS
(n = 17)
GA
(n = 16)
Valor de p
Comparação
entre grupos
Ocorrência de procedimentos dolorosos desde o
nascimento / idade pós-natal
Med
(min – max)
7
(3 - 9)
5
(1 - 18)
0,65
Ocorrência de procedimentos dolorosos nas últimas
24 horas anteriores à Avaliação 1
Med
(min – max)
6
(2 – 11)
2
(2 – 16)
0,90
Ocorrência de procedimentos dolorosos nas últimas
24 horas anteriores à Avaliação 2
Med
(min – max)
6
(2 – 11)
6
(2 – 14)
0,84
Ocorrência de procedimentos dolorosos nas últimas
24 horas anteriores à Avaliação 3
Med
(min – max)
5
(2 – 14)
6
(1 – 10)
0,90
Ocorrência de procedimentos dolorosos nas últimas
24 horas anteriores à Avaliação 4
Med
(min – max)
4
(1 – 10)
5
(1 – 13)
0,20
Med = Mediana; min = valor mínimo; max = valor máximo.
De acordo com os dados apresentados na Tabela 2, ambos os grupos foram
comparáveis em relação às características da história anterior de experiências
dolorosas, pois não houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos.
Os neonatos do grupo GS sofreram em torno de sete procedimentos
invasivos por dia desde o nascimento até a primeira avaliação, enquanto que os
neonatos do grupo GA sofreram em torno de cinco procedimentos invasivos.
Em relação às ultimas 24 horas anteriores a cada avaliação realizada, os
recém-nascidos do grupo GS receberam de quatro a seis procedimentos dolorosos,
109
enquanto que os recém-nascidos do grupo GA receberam de dois a cinco
procedimentos dolorosos.
A Tabela 3 apresenta os dados referentes à análise comparativa, entre o
Grupo Sacarose e Grupo Água, e entre os quatro dias de avaliação, das principais
variáveis do procedimento de punção, tais como número de tentativas de punção,
duração da fase de punção e tipo de punção realizada.
110
Tabela 3 - Características do procedimento de punção do Grupo Sacarose (GS) e Grupo Água (GA) nos quatro dias de avaliação.
Avaliação 1
(sem intervenção)
Avaliação 2
(sob intervenção)
Avaliação 3
(sob intervenção)
Avaliação 4
(sob intervenção)
Valor de p
Características
da Punção
GS
(n = 17)
GA
(n = 16)
GS
(n = 17)
GA
(n = 16)
GS
(n = 17)
GA
(n = 16)
GS
(n = 15)
GA
(n = 16)
Comparação
entre grupos
Comparação
intragrupo
Tentativas de
punção
Med
(min – max)
2
(1 – 5)
1
(1 – 3)
1
(1 – 5)
1
(1 – 6)
1
(1 – 4)
1
(1 – 5)
1
(1 – 4)
1
(1 – 4)
Av.1 = 0,12
Av.2 = 0,65
Av.3 = 0,68
Av.4 = 0,83
GS = 0,38
GA = 0,70
Duração da fase
punção
(segundos)
Med
(min – max)
270
(30 – 770)
77
(39 – 456)
160
(35 – 1235)
174
(43 – 1010)
133
(50 – 1295)
133
(50 – 1295)
123
(35 – 557)
162
(39 – 660)
Av.1 = 0,06
Av.2 = 0,51
Av.3 = 0,53
Av.4 = 0,86
GS = 0,93
GA = 0,07
Tipo de punção
Arterial – f (%)
Venosa – f (%)
Capilar – f (%)
13 (76)
2 (12)
2 (12)
13 (84)
1 (5)
2 (11)
15 (88)
1 (6)
1 (6)
9 (55)
5 (34)
2 (11)
13 (76)
1 (6)
3 (18)
10 (63)
4 (26)
2 (11)
10 (67)
2 (14)
3 (19)
9 (55)
3 (19)
4 (26)
Av.1 = 0,85
Av.2 = 0,10
Av.3 = 0,30
Av.4 = 0,83
GS = 0,54
GA = 0,19
Med = Mediana; min = valor mínimo; max = valor máximo; f = frequência; % = porcentagem.
111
Segundo os dados apresentados na Tabela 3, em ambos os grupos o número
de tentativas de punção realizada pela enfermeira no momento da coleta de sangue
ficou por volta de uma tentativa nos quatro dias de avaliação, sendo que o tipo de
punção predominante foi a punção arterial. A duração do procedimento de punção
também se manteve semelhante em ambos os grupos, durante os quatro dias de
avaliação.
Os grupos GS e GA foram comparáveis, na medida em que não houve
diferença estatisticamente significativa entre os grupos, quanto ao número de
tentativas de punção, duração da punção e tipo de punção realizada.
A comparação intragrupo das quatro avaliações também não revelou
diferenças estatisticamente significativas em ambos os grupos, quanto ao número de
tentativas de punção, duração da fase de punção e tipo de punção.
4.3. Reatividade biocomportamental dos recém-nascidos à dor
4.3.1. Comparação entre os dias de avaliação, considerando-se cada fase e cada
grupo
Com a finalidade de comparar cada fase do procedimento de coleta de
sangue nos quatro dias de avaliação, realizou-se a comparação intragrupo dos
indicadores biocomportamentais de atividade facial, a partir do escore do NFCS,
estado de vigília e sono e frequência cardíaca média, separadamente, no Grupo
Sacarose e no Grupo Água.
112
Faz-se importante ressaltar que no último dia de avaliação foram coletados os
dados de apenas 15 neonatos do Grupo Sacarose, visto que no dia da observação
dois neonatos estavam sob uso de medicações sedativas. Além disso, durante a
análise das vídeo-gravações para a pontuação do NFCS, foram perdidos dados de
três fases de Preparação para Punção no Grupo Sacarose e duas fases no Grupo
Água, pois os neonatos apresentavam-se com o rosto encoberto.
4.3.1.1. Linha de Base
Os dados referentes à comparação dos indicadores biocomportamentais de
atividade facial, estado de vigília e sono e frequência cardíaca média, na fase de
Linha de Base (LB), nos quatro dias de avaliação, para o Grupo Sacarose e Grupo
Água encontram-se na Tabela 4.
113
Tabela 4 Indicadores biocomportamentais de atividade facial (escore do NFCS), estado de vigília e sono e frequência cardíaca
média, do Grupo Sacarose e Grupo Água, na fase de Linha de Base, nos quatro dias de avaliação.
Indicadores
Biocomportamentais /
Avaliações
Avaliação 1
(sem intervenção)
Avaliação 2
(sob intervenção)
Avaliação 3
(sob intervenção)
Avaliação 4
(sob intervenção)
Valor de p
Comparação intragrupo
Grupo Sacarose
Atividade Facial (escore NFCS)
Med (min – max)
0 (0 – 6)
0 (0 – 33)
0 (0 – 50)
0 (0 – 10)
0,18
Estado de Vigília e Sono
(1)
Med (min – max)
2 (1 - 4)
2 (1 - 6)
2 (1 - 6)
2 (1 – 5)
0,60
Frequência Cardíaca Média
Med (min – max)
140 (129 - 174)
147 (130 - 169)
146 (124 - 172)
151(124 - 189)
0,35
Grupo Água
Atividade Facial (escore NFCS)
Med (min – max)
0 (0 – 40)
0
0 (0 – 50)
0 (0 – 9)
0,30
Estado de Vigília e Sono
(1)
Med (min – max)
2 (1 - 3)
2 (1 - 5)
2 (1- 5)
2 (1 – 5)
0,95
Frequência Cardíaca Média
Med (min – max)
145 (128 - 167)
149 (100 - 174)
154 (130 - 180)
155 (137 - 170)
0,15
Med = Mediana; min = valor mínimo; max = valor máximo.
(1)
1 = Sono Profundo; 2 = Sono Ativo; 3 = Sonolência; 4 = Alerta Quieto; 5 = Alerta Ativo; 6 = Choro.
114
De acordo com os dados apresentados na Tabela 4, verifica-se que na fase
LB não houve diferença significativa entre os quatro dias de avaliação nas três
variáveis analisadas em ambos os grupos. Este dado demonstra que, em todos os
dias de avaliação, os neonatos do grupo GS e GA estavam praticamente sem
apresentar atividade facial, em estado de sono ativo e frequência cardíaca média
indicativa de baixa reatividade fisiológica antes de todos os procedimentos de
punção para coleta de sangue avaliados.
4.3.1.2. Preparação para Punção
Realizou-se a comparação intragrupo dos indicadores biocomportamentais de
atividade facial, estado de vigília e sono e frequência cardíaca média, para o Grupo
Sacarose e Grupo Água, na fase de Preparação para Punção (PP), nos quatro dias
de avaliação. Os dados encontram-se na Tabela 5.
115
Tabela 5 Indicadores biocomportamentais de atividade facial (escore do NFCS), estado de vigília e sono e frequência cardíaca
média, do Grupo Sacarose e Grupo Água, na fase de Preparação para Punção, nos quatro dias de avaliação.
Indicadores
Biocomportamentais /
Avaliações
Avaliação 1
(sem intervenção)
Avaliação 2
(sob intervenção)
Avaliação 3
(sob intervenção)
Avaliação 4
(sob intervenção)
Valor de p
Comparação intragrupo
Direção da
diferença
Grupo Sacarose
Atividade Facial (escore NFCS)
Med (min – max)
6 (0 – 50)
0 (0 – 28)
0
0 (0 – 50)
0,0001
0,02
0,005
0,03
Av.1>Av.2
Av.1>Av.3
Av.1>Av.4
Estado de Vigília e Sono
(1)
Med (min – max)
2 (2 – 6)
2
2 (1 - 4)
2 (1 – 6)
0,10
Frequência Cardíaca Média
Med (min – max)
152 (135 - 167)
156 (142 - 179)
153 (107 - 180)
167 (136 - 189)
0,02
0,02
0,02
Av.1<Av.2
Av.1<Av.4
Grupo Água
Atividade Facial (escore NFCS)
Med (min – max)
6 (0 – 50)
0 (0 – 44)
0 (0 – 50)
0 (0 – 35)
0,33
Estado de Vigília e Sono
(1)
Med (min – max)
5 (2 - 6)
2 (1 - 6)
2 (2 - 6)
2 (2 – 6)
0,24
Frequência Cardíaca Média
Med (min – max)
151 (111 - 182)
155 (132 - 166)
159(104 - 188)
164 (142 - 171)
0,20
Med = Mediana; min = valor mínimo; max = valor máximo.
(1)
1 = Sono Profundo; 2 = Sono Ativo; 3 = Sonolência; 4 = Alerta Quieto; 5 = Alerta Ativo; 6 = Choro.
116
Os dados apresentados na Tabela 5 revelam que, na fase PP, momento em
que se realiza a antissepsia que antecede o procedimento de punção, os neonatos
do Grupo GS apresentaram uma diminuição significativa da atividade facial entre o
primeiro dia de avaliação (sem intervenção) e os três dias consecutivos, nos quais
foi administrada a solução de sacarose dois minutos antes do procedimento. Por
outro lado, os neonatos apresentaram frequência cardíaca média significativamente
mais baixa no primeiro dia de avaliação, em comparação ao segundo e quarto dias.
Em relação ao estado de vigília e sono, os neonatos estiveram basicamente em
sono ativo, antes do procedimento doloroso, em todos os dias de avaliação.
Os neonatos que receberam água estéril antes do procedimento doloroso no
segundo, terceiro e quarto dias de avaliação, apresentaram um padrão de atividade
biocomportamental semelhante antes do procedimento doloroso, nos diferentes dias
de avaliação.
4.3.1.3. Punção
Foi realizada a comparação intragrupo dos indicadores biocomportamentais
atividade facial, estado de vigília e sono e frequência cardíaca média, para o Grupo
Sacarose e Grupo Água, na fase de Punção (P), nos quatro dias de avaliação. Os
dados encontram-se na Tabela 6.
117
Tabela 6 Indicadores biocomportamentais de atividade facial (escore do NFCS), estado de vigília e sono e frequência cardíaca
média, do Grupo Sacarose e Grupo Água, na fase de Punção, nos quatro dias de avaliação.
Indicadores
Biocomportamentais /
Avaliações
Avaliação 1
(sem intervenção)
Avaliação 2
(sob intervenção)
Avaliação 3
(sob intervenção)
Avaliação 4
(sob intervenção)
Valor de p
Comparação intragrupo
Direção da
diferença
Grupo Sacarose
Atividade Facial (escore NFCS)
Med (min – max)
45 (0 – 50)
0 (0 – 35)
0 (0 – 36)
0 (0 – 50)
0,001
0,002
0,003
0,01
Av.1>Av.2
Av.1>Av.3
Av.1>Av.4
Estado de Vigília e Sono
(1)
Med (min – max)
6 (2 – 6)
2 (2 - 6)
2 (2 - 6)
2 (1 – 6)
0,0001
0,002
0,002
0,005
Av.1>Av.2
Av.1>Av.3
Av.1>Av.4
Frequência Cardíaca Média
Med (min – max)
164 (138 - 186)
161(145 - 183)
162 (107 - 179)
171(131 - 200)
0,33
Grupo Água
Atividade Facial (escore NFCS)
Med (min – max)
33 (0 – 50)
15 (0 – 50)
1 (0 – 50)
15 (0 – 50)
0,90
Estado de Vigília e Sono
(1)
Med (min – max)
6 (2 - 6)
6 (2 - 6)
2 (2 - 6)
5 (2 – 6)
0,20
Frequência Cardíaca Média
Med (min – max)
157 (130 - 186)
162 (134 - 188)
166 (136 - 196)
169 (146 – 179)
0,37
Med = Mediana; min = valor mínimo; max = valor máximo.
(1)
1 = Sono Profundo; 2 = Sono Ativo; 3 = Sonolência; 4 = Alerta Quieto; 5 = Alerta Ativo; 6 = Choro.
118
A partir dos dados apresentados na Tabela 6 pode-se afirmar que os
neonatos dos grupos GS e GA apresentaram padrões de reatividade
comportamental diferentes na fase P, na qual é realizado o procedimento doloroso
de punção para coleta de sangue, quando comparado o primeiro dia de avaliação
(sem intervenção), com os demais dias em que a sacarose ou a água estéril foram
administradas. No grupo GS os neonatos foram significativamente menos reativos
do ponto de vista comportamental, apresentando-se em estado de sono ativo e com
baixa atividade facial nas punções dos dias em que a sacarose foi administrada, em
comparação a primeira punção avaliada. Esta alteração não ocorreu nos neonatos
do grupo GA, que permaneceram com um padrão de ativação comportamental
semelhante em todas as punções avaliadas. Para o indicador fisiológico de
frequência cardíaca média não houve diferença significativa entre os dias de
avaliação na fase P, em ambos os grupos.
4.3.1.4. Recuperação com Manuseio
Realizou-se a comparação intragrupo dos indicadores biocomportamentais de
atividade facial, estado de vigília e sono e frequência cardíaca média, para o Grupo
Sacarose e Grupo Água, na fase de Recuperação com Manuseio (RCM), nos quatro
dias de avaliação. Os dados encontram-se na Tabela 7.
119
Tabela 7 - Indicadores biocomportamentais de atividade facial (escore do NFCS), estado de vigília e sono e frequência cardíaca
média, do Grupo Sacarose e Grupo Água, na fase de Recuperação com Manuseio, nos quatro dias de avaliação.
Indicadores
Biocomportamentais /
Avaliações
Avaliação 1
(sem intervenção)
Avaliação 2
(sob intervenção)
Avaliação 3
(sob intervenção)
Avaliação 4
(sob intervenção)
Valor de p
Comparação intragrupo
Direção da
diferença
Grupo Sacarose
Atividade Facial (escore NFCS)
Med (min – max)
30 (0 – 51)
0 (0 – 30)
0
0 (0 – 30)
0,002
0,009
0,005
0,01
Av.1>Av.2
Av.1>Av.3
Av.1>Av.4
Estado de Vigília e Sono
(1)
Med (min – max)
6 (2 – 6)
2 (2 - 6)
2 (2 - 4)
2 (2 – 6)
0,007
0,04
0,005
0,01
Av.1>Av.2
Av.1>Av.3
Av.1>Av.4
Frequência Cardíaca Média
Med (min – max)
168 (139 - 199)
164 (146 - 190)
165 (142 - 174)
160 (125 - 197)
0,26
Grupo Água
Atividade Facial (escore NFCS)
Med (min – max)
15 (0 – 50)
1 (0 – 50)
0 (0 – 50)
21 (0 – 50)
0,46
Estado de Vigília e Sono
(1)
Med (min – max)
3 (2 - 6)
3 (2 - 6)
4 (2 - 6)
3 (2 – 6)
0,92
Frequência Cardíaca Média
Med (min – max)
162 (138 - 189)
165 (132 - 199)
164 (138 - 205)
166 (148 – 197)
0,16
Med = Mediana; min = valor mínimo; max = valor máximo.
(1)
1 = Sono Profundo; 2 = Sono Ativo; 3 = Sonolência; 4 = Alerta Quieto; 5 = Alerta Ativo; 6 = Choro.
120
Assim como verificado na fase P, os dados apresentados na Tabela 7
demonstram que, na fase RCM, em que se realiza o curativo após a punção para
coleta de sangue, os neonatos do grupo GS foram significativamente menos
reativos, tanto na atividade facial como no estado de vigília e sono, nos dias em que
a sacarose foi administrada em comparação ao primeiro dia de avaliação. Esta
alteração não ocorreu nos neonatos do grupo GA, que apresentaram o mesmo
padrão de reatividade comportamental durante a realização do curativo, em todos os
dias de avaliação. O indicador fisiológico de frequência cardíaca média não mostrou
diferença significativa entre os dias de avaliação, em ambos os grupos.
4.3.1.5. Recuperação sem Manuseio
Realizou-se a comparação intragrupo dos indicadores biocomportamentais de
atividade facial, estado de vigília e sono e frequência cardíaca média, para o Grupo
Sacarose e Grupo Água, na fase de Recuperação sem Manuseio (RSM), nos quatro
dias de avaliação. Os dados encontram-se na Tabela 8.
121
Tabela 8 Indicadores biocomportamentais de atividade facial (escore do NFCS), estado de vigília e sono e frequência cardíaca
média, do Grupo Sacarose e Grupo Água, na fase de Recuperação sem Manuseio, nos quatro dias de avaliação.
Indicadores
Biocomportamentais /
Avaliações
Avaliação 1
(sem intervenção)
Avaliação 2
(sob intervenção)
Avaliação 3
(sob intervenção)
Avaliação 4
(sob intervenção)
Valor de p
Comparação intragrupo
Direção da
diferença
Grupo Sacarose
Atividade Facial (escore NFCS)
Med (min – max)
0 (0 – 50)
0 (0 – 50)
0 (0 – 10)
0 (0 – 50)
0,04
0,03
0,04
Av.1>Av.3
Av.2>Av.3
Estado de Vigília e Sono
(1)
Med (min – max)
2 (2 – 6)
2 (1 - 6)
2 (1 - 4)
2 (1 – 6)
0,22
Frequência Cardíaca Média
Med (min – max)
147 (130 - 168)
148 (130 - 182)
149 (132 - 169)
154 (126 - 185)
0,34
Grupo Água
Atividade Facial (escore NFCS)
Med (min – max)
0 (0 – 50)
0 (0 – 50)
0 (0 – 50)
0 (0 – 50)
0,63
Estado de Vigília e Sono
(1)
Med (min – max)
3 (2 – 6)
2 (1 - 5)
2 (2 - 6)
2 (1 – 6)
0,03
0,01
Av.1>Av.2
Frequência Cardíaca Média
Med (min – max)
152 (131 - 171)
156 (130 - 181)
158 (134 - 197)
157 (138 - 202)
0,09
Med = Mediana; min = valor mínimo; max = valor máximo.
(1)
1 = Sono Profundo; 2 = Sono Ativo; 3 = Sonolência; 4 = Alerta Quieto; 5 = Alerta Ativo; 6 = Choro.
122
A análise dos dados apresentados na Tabela 8 mostra que os neonatos do
grupo GS, quando em repouso, após o término de todo o procedimento doloroso
(fase RSM) tiveram uma diminuição significativa da atividade facial apenas no
terceiro dia de avaliação, em comparação aos demais dias. Em relação às variáveis
estado de vigília e sono e frequência cardíaca média, os neonatos comportaram-se
de maneira semelhante nos quatro dias de avaliação, independente da
administração da solução de sacarose antes do procedimento doloroso.
No grupo de neonatos que recebeu água estéril no segundo, terceiro e quarto
dias de avaliação, houve diferença significativa entre o primeiro e segundo dias de
observação apenas no estado de vigília e sono, sendo que no primeiro dia os
neonatos se apresentaram em estado comportamental de sonolência, e no segundo
dia em sono ativo, enquanto permaneciam em repouso após a realização do
procedimento doloroso. Nas demais variáveis avaliadas, atividade facial e frequência
cardíaca média, os neonatos não apresentaram alterações na reatividade durante os
quatro dias de avaliação.
4.3.2. Comparação entre as fases do procedimento de coleta de sangue de cada dia
de avaliação
Com a finalidade de comparar as diferentes fases do procedimento de coleta
de sangue dentro dos quatro dias de avaliação, realizou-se a comparação intragrupo
dos indicadores biocomportamentais de atividade facial, a partir do escore do NFCS,
123
estado de vigília e sono e frequência cardíaca média, separadamente, no Grupo
Sacarose e no Grupo Água.
4.3.2.1. Atividade Facial
Realizou-se a comparação intragrupo do indicador biocomportamental de
atividade facial, a partir do escore do NFCS, em termos de mediana, para o Grupo
Sacarose e Grupo Água, entre as fases Linha de Base, Preparação para Punção,
Punção, Recuperação com Manuseio e Recuperação sem Manuseio, em cada dia
de avaliação. Os dados encontram-se na Figura 2.
124
Figura 2 - Indicador biocomportamental de atividade facial (escore NFCS), no Grupo Sacarose (GS) e Grupo Água (GA) entre as
fases Linha de Base (LB), Preparação para Punção (PP), Punção (P), Recuperação com Manuseio (RCM) e Recuperação sem
Manuseio (RSM), em cada dia de avaliação.
AVALIÃO 1
(sem interveão)
0
10
20
30
40
50
LB PP P RCM RSM
Fases de Avaliação
Atividade Facial
Escore NFCS
GS
GA
AVALIAÇÃO 2
(sob intervenção)
0
10
20
30
40
50
LB PP P RCM RSM
Fases de Avaliação
Atividade Facia
l
Escore NFCS
GS
GA
AVALIAÇÃO 3
(sob intervenção)
0
10
20
30
40
50
LB PP P RCM RSM
Fases de Avaliação
Atividade Facial
Escore NFCS
GS
GA
AVALIAÇÃO 4
(sob intervenção)
0
10
20
30
40
50
LB PP P RCM RSM
Fases de Avalião
Atividade Facial
Escore NFCS
GS
GA
125
Os dados apresentados na Figura 2 revelam que no primeiro dia de
observação (Avaliação 1), sem administração da solução de sacarose, os neonatos
do grupo GS apresentaram o indicador de dor atividade facial, avaliado pelo escore
do NFCS, significativamente diferente entre as fases avaliadas
(p = 0,002)
. O escore
na fase LB foi significativamente menor em relação às fases PP
(p = 0,007)
, P
(p =
0,002)
, RCM
(p = 0,003)
e RSM
(p = 0,04)
. No grupo GA, os escores do NFCS
apresentaram as mesmas características dos escores encontrados no grupo GS.
Também neste grupo o escore da atividade facial foi significativamente diferente
entre as fases avaliadas
(p = 0,001)
. O escore na fase LB foi significativamente
menor em relação às fases PP
(p = 0,05)
, P
(p = 0,002)
, e RCM
(p = 0,01)
, na fase
PP significativamente menor do que na fase P
(p = 0,004)
e na fase P
significativamente maior do que na fase RSM
(p = 0,02)
.
Na Avaliação 2, em que foi administrada a solução de sacarose, não houve
diferença significativa entre as fases avaliadas no grupo GS, visto que os neonatos
apresentaram uma mediana zero do escore do NFCS
(p = 0,30)
. No grupo GA, o
padrão de diferença entre as fases no escore do NFCS se manteve
(p = 0,004)
. O
escore na fase LB foi significativamente menor em relação às fases PP
(p = 0,04)
, P
(p = 0,007)
e RCM
(p = 0,01)
, na fase PP significativamente menor do que na fase P
(p = 0,05)
e na fase P significativamente maior do que na fase RSM
(p = 0,05)
.
No terceiro dia de observação (Avaliação 3), apesar de as medianas
continuarem sendo zero na pontuação do NFCS para o grupo GS, houve diferença
estatisticamente significativa entre as fases
(p = 0,001)
. O escore da fase LB foi
126
significativamente menor em relação às fases PP
(p = 0,04)
, RCM
(p = 0,04)
e RSM
(p
= 0,04)
, na fase PP significativamente menor em relação à fase P
(p = 0,02)
e na fase P
significativamente maior em relação às fases RCM
(p = 0,02)
e RSM
(p = 0,02)
. Esta
diferença está relacionada à amplitude do escore do NFCS apresentar-se mais elevada
nas fases de LB e P em relação aos escores das demais fases. No grupo GA não
houve diferença estatisticamente significativa entre as fases
(p = 0,20)
.
No último dia de observação (Avaliação 4), não houve diferença significativa
entre as fases no grupo GS
(p = 0,70)
, o qual apresentou a mediana do escore do
NFCS de todas as fases igual à zero. Para o grupo GA, houve novamente diferença
significativa entre as fases
(p = 0,004)
. O escore da fase LB foi significativamente menor
em relação às fases P
(p = 0,01)
e RCM
(p = 0,007)
, na fase PP significativamente
menor em relação à fase P
(p = 0,01)
, na fase P significativamente menor em relação à
fase RCM
(p = 0,03)
e maior em relação à fase RSM
(p = 0,03)
e na fase RCM
significativamente maior em relação à fase RSM
(p = 0,05)
.
4.3.2.2. Estado de Vigília e Sono
Realizou-se a comparação intragrupo do indicador biocomportamental estado
de vigília e sono, em termos de mediana, para o Grupo Sacarose e Grupo Água,
entre as fases Linha de Base, Preparação para Punção, Punção, Recuperação com
Manuseio e Recuperação sem Manuseio, em cada dia de avaliação. Os dados
encontram-se na Figura 3.
127
Figura 3 - Indicador biocomportamental de estado de vigília e sono, no Grupo Sacarose (GS) e Grupo Água (GA) entre as fases
Linha de Base (LB), Preparação para Punção (PP), Punção (P), Recuperação com Manuseio (RCM) e Recuperação sem
Manuseio (RSM), em cada dia de avaliação.
(1 = Sono Profundo; 2 = Sono Ativo; 3 = Sonolência; 4 = Alerta Quieto; 5 = Alerta Ativo; 6 = Choro)
AVALIAÇÃO 1
(sem intervenção)
1
2
3
4
5
6
LB PP P RCM RSM
Fases de Avaliação
Escore do estado de vigília
e sono
GS
GA
AVALIAÇÃO 2
(sob intervenção)
1
2
3
4
5
6
LB PP P RCM RSM
Fases de Avaliação
Escore do estado de vigília
e sono
GS
GA
AVALIAÇÃO 3
(sob intervenção)
1
2
3
4
5
6
LB PP P RCM RSM
Fases de Avaliação
Escore do estado de vigília e
sono
GS
GA
AVALIAÇÃO 4
(sob intervenção)
1
2
3
4
5
6
LB PP P RCM RSM
Fases de Avaliação
Escore do estado de vigília
e sono
GS
GA
128
De acordo com os dados apresentados na Figura 3 é possível observar que
no primeiro dia de avaliação, sem administração da solução de sacarose, os
neonatos do grupo GS apresentaram estados de vigília e sono significativamente
diferentes entre as fases avaliadas
(p = 0,0001)
. Na fase LB, os neonatos
apresentaram significativamente menor ativação biocomportamental em relação às
fases PP
(p = 0,01)
, P
(p = 0,0001)
e RCM
(p = 0,003)
. Na fase P os neonatos
mostraram-se significativamente mais ativado do que na fase PP
(p = 0,007)
e na
fase RSM
(p = 0,01)
. Na fase RCM observou-se maior ativação biocomportamental
nestes neonatos em relação à fase RSM
(p = 0,004)
.
No grupo GA, a mediana do escore do estado de vigília e sono apresentou-se
de maneira semelhante ao encontrado no grupo GS, pois houve diferença
significativa entre as fases avaliadas
(p = 0,002)
. O escore na fase LB foi
significativamente relativo à menor ativação biocomportamental em relação às fases
PP
(p = 0,003)
, P
(p = 0,002)
, RCM
(p = 0,005)
e RSM
(p = 0,01)
, e na fase P
significativamente mais ativado em relação à fase RSM
(p = 0,02)
.
Nos três dias que se sucederam ao primeiro dia de avaliação, o houve
diferença significativa entre as fases avaliadas no grupo que recebeu a solução de
sacarose, visto que os neonatos apresentaram mediana do escore do estado de
vigília e sono igual a 2, correspondente ao estado de sono ativo
(p = 0,40, p = 0,20,
p = 0,40, respectivamente)
.
No grupo de neonatos que recebeu água estéril (GA), o padrão de diferença
entre as fases no escore do estado de vigília e sono se manteve nos três dias
129
consecutivos
(p = 0,0001, p = 0,02, p = 0,0001, respectivamente)
. No segundo dia
de avaliação, o escore na fase LB foi significativamente relativo à menor ativação
biocomportamental em relação às fases PP
(p = 0,05)
, P
(p = 0,002)
e RCM
(p =
0,01)
. Na fase PP os neonatos apresentaram-se significativamente menos ativado
em relação à fase P
(p = 0,02)
e mais ativado do que na fase RSM
(p = 0,01)
. Na
fase P houve maior ativação significativa em relação às fases RCM
(p = 0,04)
e RSM
(p = 0,002)
e na fase RCM em relação à fase RSM
(p = 0,007)
. No terceiro dia de
avaliação novamente o escore na fase LB foi significativamente relativo à menor
ativação biocomportamental em relação às fases PP
(p = 0,04)
, P
(p = 0,03)
, e RCM
(p = 0,04)
. Da mesma maneira, na fase RCM houve maior ativação
biocomportamental significativa quando comparada à fase RSM
(p = 0,05)
. No
quarto dia de avaliação, os neonatos continuaram a apresentar-se significativamente
menos ativados na fase LB em relação às fases PP
(p = 0,02)
, P
(p = 0,002)
e RCM
(p = 0,03)
. Na fase P os neonatos apresentaram-se significativamente mais ativados
em relação às fases PP
(p = 0,02)
e RSM
(p = 0,002)
, e na fase RCM em relação à
fase RSM
(p = 0,02)
.
Os neonatos do grupo GA apresentaram um padrão com diferença
estatisticamente significativa entre os estados de vigília e sono apresentados nas
fases avaliadas, durante os quatro dias de observação. Basicamente, estes
neonatos demonstraram um padrão de reatividade biocomportamental maior nas
fases de P e RCM, e de menor reatividade na fase LB, em relação às demais fases,
nos quatro dias de observação.
130
4.3.2.3. Frequência Cardíaca Média
Por fim, realizou-se a comparação intragrupo do indicador fisiológico de
frequência cardíaca média, para o Grupo Sacarose e Grupo Água, em termos de
mediana, entre as fases Linha de Base, Preparação para Punção, Punção,
Recuperação com Manuseio e Recuperação sem Manuseio, em cada dia de
avaliação. Os dados encontram-se na Figura 4.
131
Figura 4 - Indicador fisiológico de frequência cardíaca média, no Grupo Sacarose (GS) e Grupo Água (GA) entre as fases Linha de
Base (LB), Preparação para Punção (PP), Punção (P), Recuperação com Manuseio (RCM) e Recuperação sem Manuseio (RSM),
em cada dia de avaliação.
AVALIAÇÃO 1
(sem intervenção)
140
150
160
170
LB PP P RCM RSM
Fases de Avaliação
Frequência Cardíaca
GS
GA
AVALIAÇÃO 2
(sob intervenção)
140
150
160
170
LB PP P RCM RSM
Fases de Avaliação
Frequência Cardíaca
GS
GA
AVALIAÇÃO 3
(sob intervenção)
140
150
160
170
LB PP P RCM RSM
Fases de Avaliação
Frequência Cardíaca
GS
GA
AVALIAÇÃO 4
(sob intervenção)
140
150
160
170
LB PP P RCM RSM
Fases de Avaliação
Frequência Cardíaca
GS
GA
132
A partir dos dados apresentados na Figura 4 observa-se que nos quatro dias
de avaliação, independente da administração da solução de sacarose ou água
estéril, os neonatos dos grupos GS e GA apresentaram um padrão semelhante de
alteração da frequência cardíaca média. Houve diferença estatisticamente
significativa entre as fases nos quatro dias de avaliação
(GS: p = 0,0001; GA: p =
0,0001, p = 0,0001, p = 0,001, p = 0,0001, respectivamente)
.
No grupo GS foram encontrados os resultados a seguir. Na primeira
avaliação, os neonatos na fase LB apresentaram frequência cardíaca média
significativamente menor do que nas fases PP
(p = 0,05)
, P
(p = 0,002)
, e RCM
(p =
0,001)
; na fase PP menor do que nas fases P
(p = 0,001)
e RCM
(p = 0,002)
; na fase
P significativamente maior do que na fase RSM
(p = 0,004)
e na fase RCM
significativamente maior do que na fase RSM
(p = 0,0001)
.
Na segunda avaliação, os neonatos apresentaram na fase LB frequência
cardíaca média significativamente menor do que nas fases PP
(p = 0,006)
, P
(p =
0,001)
, RCM
(p = 0,001)
e RSM
(p = 0,04)
; na fase PP significativamente menor do
que na fase P
(p = 0,007)
; na fase P significativamente maior do que na fase RSM
(p
= 0,006)
e na fase RCM significativamente maior do que na fase RSM
(p = 0,002)
.
Na terceira avaliação, os neonatos apresentaram na fase LB frequência
cardíaca média significativamente menor do que nas fases PP
(p = 0,04)
, P
(p =
0,02)
e RCM
(p = 0,008)
; na fase PP significativamente menor do que nas fases P
(p
= 0,006)
e RCM
(p = 0,03)
e maior do que na fase RSM
(p = 0,02)
e na fase RSM
significativamente menor do que nas fases P
(p = 0,005)
e RCM
(p = 0,002)
.
133
Na quarta avaliação, por sua vez, os neonatos apresentaram frequência
cardíaca média significativamente menor na fase LB em relação às fases PP
(p =
0,001)
, P
(p = 0,003)
e RCM
(p = 0,006)
e na fase RSM significativamente menor do
que nas fases PP
(p = 0,001)
, P
(p = 0,001)
e RCM
(p = 0,003)
.
No grupo GA observou-se os resultados a seguir. Na primeira avaliação, os
neonatos na fase LB apresentaram frequência cardíaca média significativamente
menor do que nas fases P
(p = 0,002)
, RCM
(p = 0,001)
e RSM
(p = 0,02)
; na fase
PP menor do que nas fases P
(p = 0,001)
e RCM
(p = 0,008)
; na fase P
significativamente maior do que na fase RSM
(p = 0,02)
e na fase RCM
significativamente maior do que na fase RSM
(p = 0,006)
.
Na segunda avaliação, os neonatos apresentaram na fase LB frequência
cardíaca média significativamente menor do que nas fases P
(p = 0,002)
e RCM (
p =
0,006)
; na fase PP significativamente menor do que nas fases P
(p = 0,001)
e RCM
(p = 0,01)
; na fase P significativamente maior do que na fase RSM
(p = 0,02)
e na
fase RCM significativamente maior do que na fase RSM
(p = 0,02)
.
Na terceira avaliação, a frequência cardíaca média apresentada pelos
neonatos na fase LB foi significativamente menor do que nas fases P
(p = 0,04)
e
RCM
(p = 0,004)
e na RCM significativamente maior do que na fase RSM
(p =
0,001)
.
Finalmente, no quarto dia de avaliação, os neonatos apresentaram frequência
cardíaca média na LB significativamente menor do que nas fases PP
(p = 0,02)
, P
(p
= 0,0001)
e RCM
(p = 0,001)
; na fase PP significativamente menor do que na fase P
134
(p = 0,003)
e maior do que na fase RCM
(p = 0,01)
; na fase RSM significativamente
menor do que na fase P
(p = 0,01)
e RSM
(p = 0,003)
.
Portanto, os neonatos de ambos os grupos demonstraram um padrão de
frequência cardíaca média mais elevada nas fases de P e RCM, e de menor
ativação na fase LB, em relação às demais fases, nos quatro dias de avaliação, com
ou sem intervenção de sacarose.
4.3.3. Comparação entre os grupos Sacarose e Água, nos quatro dias de avaliação
Realizou-se a comparação dos indicadores biocomportamentais de atividade
facial (escore NFCS), estado de vigília e sono e frequência cardíaca média, entre o
Grupo Sacarose e Grupo Água, em cada fase do procedimento de coleta de sangue,
nos quatro dias de avaliação. Para tanto, foram estabelecidas as notas de corte de
cada uma dessas variáveis indicativas de reatividade à dor relacionada ao
procedimento.
4.3.3.1. Atividade Facial
A Figura 5 apresenta a porcentagem de ocorrência do escore do NFCS igual
ou acima de três pontos, indicativo de dor, no Grupo Sacarose e Grupo Água nas
fases de Linha de Base, Preparação para Punção, Punção, Recuperação com
Manuseio e Recuperação sem Manuseio, nos quatro dias de avaliação.
135
Figura 5 Porcentagem de neonatos (%) com escore do NFCS igual ou acima de três pontos no Grupo Sacarose (GS) e Grupo
Água (GA) nas fases de Linha de Base (LB), Preparação para Punção (PP), Punção (P), Recuperação com Manuseio (RCM) e
Recuperação sem Manuseio (RSM), nos quatro dias de avaliação (
*
p < 0,05).
AVALIAÇÃO 1
(sem intervenção)
17
59
77
65
35
12
56
81
62
37
0
50
100
LB PP P RCM RSM
Fases de Avaliação
% Neonatos
GS
GA
AVALIAÇÃO 2
(sob intervenção)
1
17
23
29
17
0
25
56
44
25
0
50
100
LB PP P RCM RSM
Fases de Avaliação
% Neonatos
GS
GA
*
AVALIAÇÃO 3
(sob intervenção)
29
0
35
0
1
12
31
44
37
19
0
50
100
LB PP P RCM RSM
Fases de Avaliação
% Neonatos
GS
GA
*
AVALIAÇÃO 4
(sob intervenção)
66
25
26
13
12
25
50
56
31
0
50
100
LB PP P RCM RSM
Fases de Avaliação
% Neonatos
GS
GA
136
Constata-se pela análise dos dados apresentados na Figura 5 que, no
primeiro dia de avaliação, os grupos GS e GA não apresentaram diferença
estatisticamente significativa quanto à porcentagem de neonatos que recebeu
escore do NFCS 3, sendo que a maior porcentagem ocorreu nas fases P e RCM,
em relação às demais fases, em ambos os grupos. Isso revela que os grupos eram
comparáveis inicialmente com relação a esta variável.
No segundo dia de avaliação, no entanto, primeiro dia de intervenção, os
grupos apresentaram diferença significativa na fase P (GS = 23%, GA = 56%;
p =
0,05
), o que demonstra que o grupo que recebeu a intervenção de solução de
sacarose dois minutos antes da realização do procedimento doloroso de punção
apresentou uma porcentagem significativamente menor de neonatos que pontuou
escore do NFCS 3 em comparação ao grupo que recebeu água estéril. Nas outras
fases de avaliação, os grupos não apresentaram diferença estatisticamente
significativa.
No terceiro dia de avaliação, novamente os grupos apresentaram diferença
significativa em relação à porcentagem de neonatos que pontuou escore do NFCS
3, agora na fase PP (GS = 0, GA = 31%;
p = 0,02
). Para as demais fases, os grupos
foram estatisticamente semelhantes. Na fase RCM verifica-se, entretanto, uma
tendência à diferença significativa entre os grupos
(p = 0,09)
, sendo que no grupo
GS a porcentagem de neonatos que pontuou escore do NFCS 3 foi menor em
relação ao grupo GA.
137
No quarto dia de avaliação, os grupos GS e GA não apresentaram diferença
estatisticamente significativa quanto à porcentagem de neonatos que recebeu
escore do NFCS 3 em nenhuma das fases avaliadas. Entretanto, percebe-se uma
maior porcentagem de neonatos no grupo GA com escore do NFCS 3 nas fases P
e RCM, com tendência à significância
(p = 0,08; p = 0,09, respectivamente)
.
Devido ao fato de cinco participantes do total da amostra (15%) estar
intubados no momento da coleta de dados, sendo dois neonatos (11%) do Grupo
Sacarose e três neonatos (18%) do Grupo Água, optou-se também pela realização
de uma segunda forma de análise do escore do NFCS, utilizando apenas as ações
faciais superiores, a saber: protusão da sobrancelha, olhos apertados e sulco
nasolabial aprofundado, visto que o tubo endotraqueal poderia interferir na
expressão e identificação das expressões faciais referentes a lábios abertos, boca
esticada e língua tensa.
A análise da atividade facial apenas da face superior dos neonatos dos
grupos GS e GA revelou o mesmo padrão de atividade encontrada na análise
completa da atividade facial, que incluía as sete expressões faciais. Isto revela que o
fato dos neonatos estarem intubados não interferiu no resultado do escore total do
NFCS, sendo possível a utilização das expressões da face inferior na análise das
vídeo-gravações nesta amostra.
138
4.3.3.2. Estado de Vigília e Sono
Com a finalidade de verificar o nível de ativação dos neonatos, foram
analisados os participantes que apresentaram o conjunto de estados de alerta
quieto, alerta ativo e choro. Foi calculada a porcentagem de neonatos que
apresentaram um destes três estados nas diferentes fases avaliadas, durante os
quatro dias de avaliação.
A Figura 6 apresenta a porcentagem de neonatos com estados de vigília e
sono relativos com alto nível de ativação no Grupo Sacarose e Grupo Água nas
fases de Linha de Base, Preparação para Punção, Punção, Recuperação com
Manuseio e Recuperação sem Manuseio, nos quatro dias de avaliação.
139
Figura 6 Porcentagem de neonatos com alto nível de ativação no Grupo Sacarose (GS) e Grupo Água (GA) nas fases de Linha
de Base (LB), Preparação para Punção (PP), Punção (P), Recuperação com Manuseio (RCM) e Recuperação sem Manuseio
(RSM), durante os quatro dias de avaliação (
*
p < 0,05).
AVALIAÇÃO 1
(sem interveão)
1
41
82
65
17
0
62
69
50
31
0
50
100
LB PP P RCM RSM
Fases de Avalião
% Neonatos
GS
GA
AVALIAÇÃO 2
(sob intervenção)
23
29
35
29
23
6
37
69
6
50
0
50
100
LB PP P RCM RSM
Fases de Avaliação
% Neonatos
GS
GA
*
AVALIAÇÃO 3
(sob intervenção)
23 23
29 29
1
12
37 37 37
19
0
50
100
LB PP P RCM RSM
Fases de Avaliação
% Neonatos
GS
GA
AVALIAÇÃO 4
(sob intervenção)
25
26 26
33
66
44
69
50
25
0
50
100
LB PP P RCM RSM
Fases de Avaliação
% Neonatos
GS
GA
*
140
A Figura 6 mostra que os grupos GS e GA não apresentaram diferença
estatisticamente significativa quanto ao nível de ativação biocomportamental de
estado de vigília e sono no primeiro dia de avaliação, sendo que a porcentagem
maior ocorreu nas fases P e RCM em relação às demais fases em ambos os grupos.
Este dado revela que os grupos eram comparáveis inicialmente com relação a esta
variável.
No segundo dia de avaliação (primeiro dia de intervenção), os grupos
apresentaram diferença significativa na fase P (GS = 35%, GA = 69%;
p = 0,05
),
demonstrando que no momento do procedimento doloroso, o grupo que recebeu a
intervenção de solução de sacarose apresentou uma porcentagem
significativamente menor de neonatos em estado de alerta em comparação ao grupo
que recebeu água estéril. Nas demais fases de avaliação, os grupos não
apresentaram diferença estatisticamente significativa.
No terceiro dia de avaliação, os grupos GS e GA não apresentaram diferença
estatisticamente significativa quanto à porcentagem de neonatos que apresentaram
estados de alerta em nenhuma das fases avaliadas.
No quarto dia de avaliação, os grupos voltaram a apresentar diferença
significativa em relação à porcentagem de neonatos que estavam em estados
ativados novamente na fase P (GS = 26%, GA = 69%;
p = 0,02
); isto revela uma
porcentagem significativamente menor de neonatos em estado de ativação
biocomportamental no grupo GS em comparação ao grupo GA. Nas demais fases,
os grupos foram estatisticamente semelhantes.
141
A análise de ativação biocomportamental do estado de vigília e sono também
foi analisada a partir da porcentagem de neonatos que apresentou estado de choro
nas cinco fases dos quatros dias de avaliação, em ambos os grupos.
A Figura 7 apresenta a porcentagem de neonatos em estado de choro no
Grupo Sacarose e Grupo Água nas fases de Linha de Base, Preparação para
Punção, Punção, Recuperação com Manuseio e Recuperação sem Manuseio, nos
quatro dias de avaliação.
142
Figura 7 Porcentagem de neonatos com estado biocomportamental de choro no Grupo Sacarose (GS) e Grupo Água (GA) nas
fases de Linha de Base (LB), Preparação para Punção (PP), Punção (P), Recuperação com Manuseio (RCM) e Recuperação sem
Manuseio (RSM), nos quatro dias de avaliação (
*
p < 0,05).
AVALIAÇÃO 1
(sem intervenção)
0
35
82
53
9
0
50
56
43
19
0
50
100
LB PP P RCM RSM
Fases de Avalião
% Neonatos
GS
GA
AVALIAÇÃO 2
(sob intervenção)
9
0
11
17
9
0
25
56
25
0
0
50
100
LB PP P RCM RSM
Fases de Avaliação
% Neonatos
GS
GA
*
*
AVALIAÇÃO 3
(sob interveão)
17
0
11
000
19
31
25
6
0
50
100
LB PP P RCM RSM
Fases de Avaliação
% Neonatos
GS
GA
*
AVALIAÇÃO 4
(sob intervenção)
0
9
11 11
9
6
19
50
31
6
0
50
100
LB PP P RCM RSM
Fases de Avaliação
% Neonatos
GS
GA
*
143
Os dados apresentados na Figura 7 revelam que em relação à porcentagem
de neonatos que chorou nos grupos GS e GA, não houve diferença estatisticamente
significativa no primeiro dia de avaliação, sendo que a porcentagem maior ocorreu
na fase P em ambos os grupos, em relação às demais fases. Isso revela que os
grupos eram comparáveis inicialmente com relação a esta variável.
No segundo dia de avaliação, no entanto, os grupos apresentaram diferença
significativa nas fases PP e P (GS = 0, GA = 25%;
p = 0,04
; GS = 11%, GA = 56%;
p
= 0,009
, respectivamente), o que demonstra que durante toda a realização do
procedimento doloroso, o grupo que recebeu água estéril apresentou uma
porcentagem significativa maior de neonatos que choraram em comparação ao
grupo que recebeu sacarose. Para as demais fases de avaliação, não houve
diferença estatisticamente significativa entre os grupos.
No terceiro dia de avaliação, os grupos GS e GA apresentaram diferença
estatisticamente significativa quanto à porcentagem de neonatos que choraram no
momento imediato ao término do procedimento de punção, na fase RCM (GS = 0,
GA = 25%;
p = 0,04
), sendo que novamente no grupo que recebeu água estéril a
porcentagem de neonatos que choraram foi significativamente maior em
comparação ao grupo que recebeu sacarose. Em relação às outras fases de
avaliação, os grupos não apresentaram diferença estatisticamente significativa.
No quarto dia de avaliação, os grupos voltaram a apresentar diferença
significativa em relação à porcentagem de neonatos que choraram na fase P (GS =
11%, GA = 50%;
p = 0,03
); isto revela uma porcentagem significativamente maior de
144
neonatos em estado de choro no grupo GA em comparação ao grupo GS. Para as
demais fases, os grupos foram estatisticamente semelhantes.
4.3.3.3. Frequência Cardíaca Média
Considerando que a frequência cardíaca igual ou acima de 160 batimentos
por minuto é caracterizada como taquicardia em neonatos pré-termo, e pode refletir
em irritabilidade do sistema nervoso central, calculou-se a porcentagem de neonatos
que apresentou média da frequência cardíaca de 160 batimentos por minuto ou mais
nas diferentes fases avaliadas, durante os quatro dias de coleta de dados.
A Figura 8 apresenta a porcentagem de neonatos com média da frequência
cardíaca de 160 batimentos por minuto ou mais no Grupo Sacarose e Grupo Água
nas fases de Linha de Base, Preparação para Punção, Punção, Recuperação com
Manuseio e Recuperação sem Manuseio, nos quatro dias de avaliação.
145
Figura 8 Porcentagem de neonatos com média da frequência cardíaca igual ou acima de 160 batimentos por minuto no Grupo
Sacarose (GS) e Grupo Água (GA) nas fases de Linha de Base (LB), Preparação para Punção (PP), Punção (P), Recuperação
com Manuseio (RCM) e Recuperação sem Manuseio (RSM), nos quatro dias de avaliação.
AVALIAÇÃO 1
(sem intervenção)
12
23
60 60
35
6
25
50
56
19
0
50
100
LB PP P RCM RSM
Fases de Avaliação
% Neonatos
GS
GA
AVALIÃO 2
(sob intervenção)
12
41
65
53
29
19
37
81
75
37
0
50
100
LB PP P RCM RSM
Fases de Avaliação
% Neonatos
GS
GA
AVALIÃO 3
(sob interveão)
23
41
53 53
23
31
50
56
81
50
0
50
100
LB PP P RCM RSM
Fases de Avaliação
% Neonatos
GS
GA
AVALIÃO 4
(sob intervenção)
26
74
66
60
40
31
62
81
87
44
0
50
100
LB PP P RCM RSM
Fases de Avaliação
% Neonatos
GS
GA
146
Pode-se observar na Figura 8 que os grupos GS e GA não apresentaram
diferença estatisticamente significativa em nenhum dos quatro dias de avaliação no
que se refere à porcentagem de neonatos, considerando a média da frequência
cardíaca igual ou maior a 160 batimentos por minuto.
É possível verificar que em todos os dias de avaliação, independente da
administração da solução de sacarose ou água estéril antes do procedimento
doloroso, a porcentagem de neonatos apresentando média da frequência cardíaca
igual ou superior a 160 batimentos por minuto foi semelhante nos dois grupos, com
baixa porcentagem na fase LB, elevando na fase PP, apresentando as porcentagens
mais altas nas fases P e RCM, voltando a diminuir na fase RSM.
4.3.4. Indicador fisiológico de frequência cardíaca avaliado na fase de recuperação
do primeiro dia de intervenção Grupo Sacarose / Grupo Água
Com a finalidade de analisar especificamente os padrões de recuperação dos
neonatos após o procedimento de punção para coleta de sangue, realizou-se a
comparação intragrupo, em ambos os grupos, entre a mediana do indicador
frequência cardíaca média na fase de Linha de Base e a mediana da frequência
cardíaca mensurada minuto a minuto, durante todo o período de Recuperação
(fases de Recuperação com Manuseio e Recuperação sem Manuseio), no segundo
dia de avaliação, no qual foi realizada a primeira intervenção com a solução de
sacarose.
147
Os dados relacionados à comparação intragrupo do indicador fisiológico de
frequência cardíaca, para o Grupo Sacarose, entre a fase de Linha de Base e os 10
minutos de recuperação encontram-se na Figura 9 e os mesmos dados referentes
ao Grupo Água encontram-se na Figura 10.
148
130
140
150
160
170
10º
Recuperação (minutos)
Frequência Cardíaca
Recuperação - Mediana FC min/min
Linha de Base - Mediana FC média
*
*
*
*
*
*
Figura 9 Indicador fisiológico de frequência cardíaca (FC), no Grupo Sacarose,
entre a fase Linha de Base e minuto a minuto da fase de Recuperação
(Recuperação com Manuseio e Recuperação sem Manuseio).
*
p < 0,05
130
140
150
160
170
10º
Recuperação (minutos)
Frequência Cardíaca
Recuperação - Mediana FC min/min
Linha de Base - Mediana FC média
*
*
Figura 10 - Indicador fisiológico de frequência cardíaca (FC), no Grupo Água, entre a
fase Linha de Base e minuto a minuto da fase de Recuperação (Recuperação com
Manuseio e Recuperação sem Manuseio).
*
p < 0,05
149
Verifica-se, a partir dos dados mostrados na Figura 9, que, no primeiro minuto
da recuperação do procedimento doloroso, os recém-nascidos do grupo GS
apresentavam frequência cardíaca de 160 batimentos por minuto, sendo este um
valor sugestivo de taquicardia. A partir do segundo minuto, no entanto, inicia-se um
declínio gradual da frequência cardíaca até o término do período total de
recuperação. No 10º minuto, a frequência cardíaca foi de 151 batimentos por minuto,
havendo, portanto, uma redução de nove batimentos por minuto considerando-se
desde o início até o final do período de recuperação.
Além disso, é possível observar que houve uma diferença significativa das
frequências cardíacas dos neonatos desde o primeiro ao sexto minuto da
recuperação, as quais estavam elevadas em relação à frequência cardíaca média da
fase de LB
(p = 0,003, p = 0,008, p = 0,02, p = 0,01, p = 0,02, p = 0,004,
respectivamente)
. A ausência de diferença estatisticamente significativa a partir do
sétimo minuto aponta que, a partir deste momento, os recém-nascidos passaram a
apresentar a frequência cardíaca da recuperação semelhante à apresentada
anteriormente na fase LB.
Os dados apresentados na Figura 10 indicam que, no início da recuperação
do procedimento doloroso, os recém-nascidos do grupo GA estavam com frequência
cardíaca de 166 batimentos por minuto, sendo este também um valor sugestivo de
taquicardia. Como verificado no grupo GS, a partir do segundo minuto, inicia-se, nos
neonatos do grupo GA, um declínio gradual da frequência cardíaca até o término do
período total de recuperação. No 10º minuto, a frequência cardíaca foi de 148
150
batimentos por minuto, havendo, portanto, uma redução de 18 batimentos por
minuto considerando-se desde o início até o final do período de recuperação.
Em segundo lugar, observa-se que houve, no grupo GA, uma diferença
significativa das frequências cardíacas dos neonatos no primeiro e segundo minutos
da recuperação, as quais estavam elevadas em relação à frequência cardíaca média
da fase de LB
(p = 0,002, p = 0,01, respectivamente)
. A partir do terceiro minuto do
período de recuperação, a frequência cardíaca dos recém-nascidos passou a ser
semelhante à apresentada pelos mesmos na fase LB.
A partir da consideração de que os recém-nascidos fisiologicamente
recuperados apresentam frequência cardíaca abaixo de 160 batimentos por minuto,
é possível observar que os neonatos de ambos os grupos se recuperaram, do ponto
de vista fisiológico, do procedimento de punção. Porém, o Grupo Sacarose iniciou a
fase de recuperação com frequência cardíaca mais baixa do que o Grupo Água.
Além disso, o Grupo Sacarose atingiu uma frequência cardíaca abaixo do indicado
para taquicardia no terceiro minuto da recuperação, enquanto que o Grupo Água
chegou a este padrão no quinto minuto da recuperação.
4.4. Evolução clínica dos neonatos durante a hospitalização e possíveis efeitos
colaterais advindos do uso da solução de sacarose
Com a finalidade de avaliar a ocorrência de possíveis efeitos colaterais
advindos do uso da solução de sacarose em esquema de doses repetidas, realizou-
151
se a comparação entre o Grupo Sacarose e Grupo Água das características de
evolução clínica dos neonatos relativa à incidência de resíduos na sonda
orogástrica, vômito e presença de distensão abdominal.
Inicialmente, com a finalidade de se estabelecer uma linha de base anterior
ao uso da sacarose, verificou-se a ocorrência dessas variáveis, em ambos os
grupos, desde o nascimento até a primeira avaliação. Os dados estão apresentados
na Tabela 9.
Tabela 9 Características de evolução clínica dos neonatos do Grupo Sacarose
(GS) e do Grupo Água (GA), avaliadas desde o nascimento até as últimas 24 horas
anteriores à primeira avaliação.
Características de evolução clínica
GS
(n = 17)
GA
(n = 16)
Valor de p
Comparação
entre grupos
Ocorrência de resíduo na sonda orogástrica
Med
(min – max)
1
(0 – 12)
2
(0 – 19)
0,15
Ocorrência de vômito
Med
(min – max)
0
(0 – 2)
0
(0 – 5)
0,72
Presença de distensão abdominal f (%)
1 (6)
4 (25)
0,15
Med = mediana; min = valor mínimo; max = valor máximo; f = frequência; % = porcentagem.
De acordo com os dados apresentados na Tabela 9, os grupos foram
comparáveis em relação às características de evolução clínica avaliadas desde o
nascimento até as últimas 24 horas anteriores à primeira avaliação, pois não houve
diferença estatisticamente significativa entre os grupos.
152
Em ambos os grupos, houve baixa incidência de resíduos na sonda
orogástrica, assim como ocorrência de vômitos. Além disso, a maioria dos neonatos
não apresentou distensão abdominal desde o nascimento até o primeiro dia de
avaliação.
Também foram analisados os dados referentes à evolução clínica dos recém-
nascidos do Grupo Sacarose e Grupo Água nas últimas 24 horas anteriores a cada
um dos quatro dias de avaliação. Os dados encontram-se na Tabela 10.
153
Tabela 10 - Características de evolução clínica dos neonatos do Grupo Sacarose (GS) e do Grupo Água (GA), avaliadas nas
últimas 24 horas anteriores a cada dia de avaliação.
Avaliação 1
(sem intervenção)
Avaliação 2
(sob intervenção)
Avaliação 3
(sob intervenção)
Avaliação 4
(sob intervenção)
Características de evolução clínica
GS
(n = 17)
GA
(n = 16)
GS
(n = 17)
GA
(n = 16)
GS
(n = 17)
GA
(n = 16)
GS
(n = 15)
GA
(n = 16)
Valor de p
Comparação
entre grupos
Ocorrência de resíduo na sonda orogástrica
Med
(min – max)
1
(0 – 4)
2
(0 – 7)
2
(0 – 4)
0
(0 – 3)
1
(0 – 5)
0
(0 – 5)
0
(0 – 4)
0
(0 – 3)
Av.1 = 0,34
Av.2 = 0,15
Av.3 = 0,32
Av.4 = 0,83
Ocorrência de vômitos
Med
(min – max)
0
(0 – 1)
0
(0 – 3)
0
(0 – 1)
0
0
(0 – 1)
0
(0 – 1)
0
0
(0 – 1)
Av.1 = 0,98
Av.2 = 0,79
Av.3 = 0,98
Av.4 = 1,00
Presença de distensão abdominal f (%)
2 (12)
3 (19)
0
3 (19)
2 (12)
2 (13)
0
2 (13)
Av.1 = 0,57
Av.2 = 0,06
Av.3 = 0,94
Av.4 = 0,15
Med = Mediana; min = valor mínimo; max = valor máximo; f = frequência; % = porcentagem.
154
Verifica-se na Tabela 10 que não houve diferença estatisticamente
significativa entre os grupos GS e GA, nas quatro avaliações, no que se refere às
características de evolução clínica de incidência de resíduos na sonda orogástrica,
incidência de vômitos e presença de distensão abdominal.
Além da análise das características de evolução clínicas dos recém-nascidos
descritas anteriormente, foi realizada também uma comparação entre os neonatos
do Grupo Sacarose e Grupo Água em relação a um segundo conjunto de variáveis,
referentes à evolução clínica e ao padrão de alimentação dos neonatos, durante
todo o período de hospitalização. Faz-se importante esclarecer que se constatou o
óbito pós-alta de dois neonatos do grupo GA, devido a complicações referentes à
patologia de displasia broncopulmonar. Os dados encontram-se na Tabela 11.
155
Tabela 11 Características de evolução clínica e de padrão de alimentação dos
neonatos do Grupo Sacarose (GS) e do Grupo Água (GA), avaliadas durante o
período de hospitalização.
Características de evolução clínica
GS
(n = 17)
GA
(n = 16)
Valor de p
Comparação
entre grupos
Tempo para atingir o peso de 1.800 gramas (dias)
Med
(min – max)
48
(26 – 80)
46
(29 – 58)
0,40
Peso na 38ª semana de idade pós-concepcional
(gramas)
Med
(min – max)
1.902
(1.340 – 2.645)
1.860
(1.680 – 2.385)
0,80
Peso na alta hospitalar (gramas)
Med
(min – max)
1.950
(1.680 – 2.385)
2.155
(1.810 – 6.285)
0,04
Tempo de internação na UTIN (dias)
Med
(min – max)
20
(5 – 62)
19
(7 – 61)
0,90
Tempo de internação hospitalar total (dias)
Med
(min - max)
56
(29 – 85)
59
(38 – 185)
0,50
Displasia Broncopulmonar f (%)
10 (59)
7 (44)
0,40
Retinopatia da prematuridade f (%)
4 (23)
4 (25)
0,80
Hemorragia peri-intraventricular
Grau I f (%)
Grau II f (%)
1 (6)
1 (6)
1 (6)
1 (6)
0,90
0,90
Enterocolite necrosante f (%)
1 (6)
1 (6)
0,90
Septicemia f (%)
4 (23)
5 (31)
0,40
Cardiopatia f (%)
3 (17)
2 (12)
0,70
Pneumotórax f (%)
0 (0)
1 (6)
0,30
Dias com uso de sonda orogástrica /
dias de internação hospitalar
Med
(min – max)
0,03
(0 – 0,15)
0,005
(0 – 0,43)
0,30
Med = Mediana; min = valor mínimo; max = valor máximo; f = frequência; % = porcentagem.
156
Pode-se observar, pela análise dos dados mostrados na Tabela 11, que os
neonatos de ambos os grupos demoraram por volta de seis semanas pós-natal para
atingir o peso de 1.800 gramas, e na 38ª semana de idade pós-concepcional
apresentavam peso em torno de 1.900 gramas.
Houve uma diferença estatisticamente significativa entre os grupos em
relação ao peso na alta hospitalar, sendo que neste momento os bebês do grupo GA
estavam pesando mais do que os bebês do grupo GS. Entretanto, visto que um
participante do grupo GA permaneceu 185 dias hospitalizado, 100 dias a mais do
que o participante que ficou mais tempo hospitalizado no grupo GS, contatou-se que
seu peso na alta também foi expressivamente elevado em relação aos demais
participantes da amostra (6.285 gramas). Dessa maneira, realizou-se a comparação
entre os grupos do indicador peso na alta hospitalar excluindo-se este participante,
não sendo constatada diferença significativa entre os grupos.
Em relação ao tempo de internação hospitalar, em ambos os grupos, os
bebês permaneceram em média três semanas na UTIN e nove semanas no hospital,
entre internação na UTIN e no berçário de médio risco.
Quanto às patologias observadas em ambos os grupos, houve uma baixa
frequência em relação a todas as patologias avaliadas (displasia broncopulmonar,
retinopatia da prematuridade, hemorragia peri-intraventricular, enterocolite
necrosante, septicemia, cardiopatia e pneumotórax).
Para o indicador de alimentação utilizado no estudo, referente à necessidade
dos neonatos em utilizar a sonda orogástrica para alimentação durante o tempo total
de hospitalização, também foi possível identificar que não houve diferença
significativa entre os grupos.
5. DISCUSSÃO
158
O presente estudo teve por objetivo responder a duas questões principais, a
saber: a) o uso de 0,5ml/kg de solução de sacarose a 25%, administrada via oral em
esquema de doses repetidas e dias consecutivos, é eficaz para o alívio da dor em
recém-nascidos pré-termo com muito baixo peso ao nascer internados em UTIN? b)
a administração continuada da solução de sacarose durante procedimentos
dolorosos de rotina da UTIN causa efeitos colaterais?
Em resposta à primeira questão, os resultados referentes a partir do segundo
dia de avaliação sugerem que os neonatos que receberam 0,5ml/kg de solução de
sacarose a 25%, via oral, em esquema de doses repetidas em dias consecutivos,
dois minutos antes do procedimento doloroso de punção para coleta de sangue,
apresentaram, durante o procedimento, indicadores biocomportamentais de
atividade facial e estado de vigília e sono em menores escores em relação aos
escores apresentados pelos mesmos neonatos no primeiro dia de avaliação, sem
administração de sacarose. Entretanto, em relação ao indicador fisiológico de
frequência cardíaca média, não houve alteração do padrão de resposta apresentado
pelos neonatos no primeiro dia de avaliação em comparação aos demais dias, visto
que a frequência cardíaca continuou elevada, mesmo com a administração da
solução de sacarose.
Em contraste aos neonatos que receberam a solução de sacarose, os
neonatos que receberam água estéril antes do procedimento doloroso de punção
para coleta de sangue apresentaram um padrão de elevação das respostas
159
biocomportamentais e fisiológica durante o procedimento, nos quatro dias de
avaliação.
Os neonatos do grupo experimental (Grupo Sacarose) apresentaram mediana
do escore do NFCS indicativa de ausência de dor não no momento da punção
para coleta de sangue, mas também nos momentos em que houve o manuseio da
enfermeira para a antissepsia, anterior à punção, e para o curativo, posterior à
mesma, diferente das medianas indicativas de dor apresentadas nestas fases no
primeiro dia de avaliação, sem intervenção.
Este resultado é similar ao encontrado por Johnston et al. (2002), em um
estudo no qual houve a administração de 0,1ml de solução de sacarose a 24% em
esquema de doses repetidas. Nos neonatos pré-termo que receberam a substância,
o escore do NFCS foi reduzido durante os procedimentos dolorosos de punção
capilar, punção venosa e aspiração, em relação aos neonatos que receberam água
estéril. Stevens et al. (2005) também verificaram menor reatividade à dor, avaliada
pelo PIPP, nos neonatos pré-termo que receberam 0,1ml de sacarose a 24%
seguida de sucção não-nutritiva, antes de procedimentos dolorosos, durante 28 dias
consecutivos, em comparação aos neonatos que receberam os cuidados de rotina
da UTIN, porém, neste caso, a intervenção de sacarose não foi exclusiva.
Corroborando esses achados, a porcentagem de neonatos que apresentou
escore do NFCS igual ou acima de três pontos, indicativo de dor, foi menor no Grupo
Sacarose, em comparação ao Grupo Água, em todos os procedimentos avaliados de
160
punção para coleta de sangue, os quais compreendem desde o processo de
antissepsia até a finalização do curativo.
Portanto, pode-se afirmar que, nos neonatos que receberam a solução de
sacarose a 25%, em esquema de doses repetidas, dois minutos antes dos
procedimentos invasivos e dolorosos realizados durante três dias consecutivos, o
escore da atividade facial, mensurado a partir da escala NFCS, foi menor do que nos
neonatos que receberam água estéril, quando avaliados imediatamente antes,
durante e após a realização do procedimento doloroso de punção para coleta de
sangue.
Estes resultados sugerem que a solução de sacarose atuou na diminuição da
atividade facial dos neonatos não apenas no momento do procedimento doloroso,
mas durante a preparação para a realização do mesmo, assim como durante o
processo de recuperação do neonato, mesmo com o manuseio da enfermeira para a
realização do curativo e posicionamento do recém-nascido na incubadora, durante
os três dias em que foi realizada a intervenção.
Em relação ao indicador biocomportamental de estado de vigília e sono, os
neonatos avaliados no presente estudo exibiram o estado comportamental de sono
ativo, indicativo de baixa ativação comportamental, em todos os momentos das
avaliações em que houve a administração da solução de sacarose antes do
procedimento doloroso de punção. No grupo controle (Grupo Água), porém, os
neonatos reagiram, no momento do procedimento doloroso, com maior ativação
biocomportamental.
161
No primeiro dia de avaliação, no qual a avaliação dos neonatos de ambos os
grupos foi realizada sem nenhuma intervenção prévia à realização do procedimento
doloroso, os neonatos apresentaram ativação biocomportamental semelhante entre
os grupos nas diversas fases de avaliação. A partir do segundo dia de avaliação,
início da administração da solução de sacarose e água estéril nota-se que durante
todo o tempo em que foi realizado o procedimento doloroso, os neonatos do Grupo
Sacarose permaneceram em sono ativo, estado biocomportamental menos reativo
do que o sono ativo e o choro, apresentados pelos neonatos do Grupo Água.
No momento imediatamente posterior à realização do procedimento doloroso,
durante a recuperação do neonato, ainda com o manuseio da enfermeira, o Grupo
Sacarose mostrou-se menos reativo em relação ao Grupo Água, nos três dias
consecutivos de administração das intervenções.
Os resultados encontrados no presente estudo, em relação ao indicador de
estado de vigília e sono, sugerem que os neonatos que receberam a solução de
sacarose apresentaram estados biocomportamentais significativamente menos
ativados, durante e após a realização do procedimento doloroso, em comparação
aos neonatos que receberam água estéril.
Ainda em relação aos resultados obtidos a partir da avaliação do estado de
vigília e sono, a porcentagem de neonatos do Grupo Sacarose que apresentou
estados biocomportamentais relativos a alto nível de ativação (alerta quieto, alerta
ativo e choro) foi menor no momento da punção, durante os quatro dias
consecutivos de avaliação, em comparação à porcentagem de neonatos do Grupo
162
Água. Além disso, durante os três dias em que houve a administração da solução de
sacarose para estes neonatos, a porcentagem de participantes que apresentou
estados biocomportamentais relativos a alto nível de ativação continuou sendo
menor em comparação ao grupo de neonatos que recebeu água estéril, no momento
de antissepsia e durante a recuperação do neonato ainda com o manuseio da
enfermeira para a realização do curativo.
Sendo assim, sugere-se que a solução de sacarose permitiu uma diminuição
da ativação dos neonatos no momento do procedimento doloroso. Além disso, agiu
também no fenômeno de antecipação da reação à dor frente ao manuseio para a
preparação do mesmo e na organização comportamental dos neonatos no momento
da recuperação, ainda com o manuseio da enfermeira para a realização do curativo.
Portanto, é possível afirmar que, nos neonatos que receberam a solução de
sacarose antes dos procedimentos invasivos e dolorosos realizados durante três
dias consecutivos, a ativação biocomportamental foi menor do que nos neonatos
que receberam água estéril, quando avaliados imediatamente antes, durante e após
a realização do procedimento doloroso de punção para coleta de sangue.
Este resultado torna-se relevante, visto que em estudos anteriores que
avaliaram a eficácia da solução de sacarose para o alívio de dor em neonatos pré-
termo, a avaliação do estado de vigília e sono foi realizada apenas no momento
anterior à realização do procedimento doloroso, a fim de identificar se havia
semelhança entre os recém-nascidos em relação a esta variável (ACHARYA et al.,
2004; JOHNSTON et al., 1997; McCULLOUGH et al., 2007; OKAN et al., 2007;
163
RAMENGHI et al., 1996). Em outros estudos, a avaliação do estado de vigília e sono
foi realizada como parte do instrumento multidimensional
Premature Infant Pain
Profile
, o qual inclui também outros indicadores comportamentais e fisiológicos
(BOYLE et al., 2006; GAL et al., 2005; GIBBINS et al., 2002; GIBBINS; STEVENS,
2003; JOHNSTON et al., 1999; MITCHELL et al., 2004; STEVENS et al., 1999;
STEVENS et al., 2005). A análise do escore único de dor nestes estudos não
permitiu a análise do indicador de estado de vigília e sono isoladamente.
Os dados referentes à porcentagem de neonatos em estado
biocomportamental de choro, nos grupos GS e GA, nas diversas fases dos quatro
dias de avaliação reforçam os achados da eficácia da sacarose. No primeiro dia de
avaliação, o qual foi realizado com a finalidade de avaliação do padrão individual do
neonato quanto às reações biocomportamentais e fisiológica ao procedimento
doloroso, a porcentagem de neonatos que chorou em ambos os grupos foi
semelhante nas cinco fases avaliadas.
Entretanto, a partir do segundo dia de avaliação, com o início da intervenção
da solução de sacarose e água estéril, a porcentagem de neonatos que chorou no
Grupo Sacarose passou a ser menor em comparação à porcentagem de neonatos
que chorou no Grupo Água.
Este dado confirma resultados apresentados em estudos anteriores no que
diz respeito à diminuição do tempo de choro durante a realização do procedimento
de punção em neonatos pré-termo que receberam solução de sacarose, em
comparação a neonatos que receberam água estéril (ACHARYA et al., 2004;
164
McCULLOUGH et al., 2007; RAMENGHI; EVANS; LEVENE, 1999) ou outras
intervenções não-farmacológicas, tais como anestésico local (ABAD et al., 1996),
glicose (RAMENGHI et al., 1996) e leite humano (STORM; FREMMING, 2002).
O choro, segundo Ludinton-Hoe, Cong e Hashemi (2002), apresenta
conseqüências imediatas e de longo prazo, levando a: aumento na frequência
cardíaca e pressão sanguínea, redução do nível de oxigenação, elevação da
pressão sanguínea cerebral, aumento do nível de cortisol salivar, dispêndio de
reservas de energia e oxigênio, prejuízo cerebral, disfunção cardíaca, entre outros.
Considerando que neonatos pré-termo com muito baixo peso estão sob
intervenção de ventilação assistida, o dispêndio desnecessário de energia é
prejudicial para o ganho de peso e desenvolvimento. Portanto, torna-se
imprescindível a adoção de medidas de prevenção e alívio de choro sempre que o
recém-nascido for manuseado para a realização de procedimentos na UTIN.
Em relação ao indicador fisiológico de frequência cardíaca, os resultados
encontrados no presente estudo não seguiram a mesma direção dos indicadores
biocomportamentais de atividade facial e estado de vigília e sono. A frequência
cardíaca média dos neonatos de ambos os grupos mostrou-se bastante semelhante
no primeiro dia de avaliação, no qual não houve intervenção, em todas as fases
avaliadas. Este padrão permaneceu nos três dias em que foi administrada a solução
de sacarose e água estéril antes da realização do procedimento doloroso.
Em ambos os grupos, os neonatos apresentaram frequência cardíaca média
mais elevada nas fases de Preparação para Punção, Punção e Recuperação com
165
Manuseio, em comparação às fases nas quais não houve manipulação dos mesmos
pela enfermeira, ou seja, Linha de Base e Recuperação sem Manuseio.
Em continuidade à análise do indicador fisiológico de frequência cardíaca, a
porcentagem de neonatos que apresentou frequência cardíaca média igual ou acima
de 160 batimentos por minuto, característico de taquicardia para esta população, foi
comparada entre os grupos, nas diversas fases avaliadas, durante os quatro dias
consecutivos de avaliação. Da mesma maneira, os resultados revelaram não haver
diferença entre os grupos em nenhum momento da avaliação, sendo que a maioria
dos recém-nascidos de ambos os grupos apresentaram frequência cardíaca média
característica de taquicardia nas fases de Punção e Recuperação com Manuseio em
todos os dias de avaliação.
Este dado é similar ao encontrado por Ramenghi et al. (1996), em um estudo
em que os autores mensuraram, entre outros indicadores, a frequência cardíaca de
neonatos pré-termo em procedimento de punção capilar, com a finalidade de avaliar
o efeito de 1ml de solução de sacarose a 25%. Os autores encontraram que,
independente dos neonatos terem recebido solução de sacarose ou água estéril, a
frequência cardíaca foi a mesma tanto durante a intervenção quanto durante a
recuperação. Johnston et al. (1997) também não encontraram diferença estatística
na frequência cardíaca de neonatos pré-termo que receberam 0,05ml de solução de
sacarose a 24%, neonatos que foram balançados a partir de um colchão de ar ligado
a um respirador, posicionado em cima do colchão de algodão do berço aquecido,
166
neonatos que receberam as duas intervenções não-farmacológicas em conjunto, ou
neonatos que receberam água estéril antes do procedimento de punção capilar.
Alguns estudos realizados com neonatos pré-termo demonstram que outros
indicadores fisiológicos, como a saturação de oxigênio, parecem não sofrer o efeito
da solução de sacarose na diminuição de seus níveis frente a estímulos invasivos e
dolorosos (ACHARYA et al., 2004).
Tais resultados reforçam a explicação formulada por Gaspardo, Linhares e
Martinez (2005), de que os indicadores comportamentais se mostram mais sensíveis
à interferência da solução de sacarose em comparação aos indicadores fisiológicos.
Com o objetivo de avaliar a eficácia da solução de sacarose administrada em
esquema de doses repetidas na estabilidade fisiológica de neonatos pré-termo,
Boyer et al. (2004) encontraram uma correlação negativa significativa entre o desvio
padrão da frequência cardíaca dos recém-nascidos e número de doses de sacarose
administradas, apenas nos recém-nascidos que receberam grande quantidade de
doses de solução de sacarose (nove doses ou mais dentro de 24 horas). Portanto,
quanto mais alta a quantidade de doses da solução de sacarose, mais baixo o
desvio padrão da frequência cardíaca, sugestivo de diminuição da variabilidade.
Cabe ressaltar que, no presente estudo, as doses de solução de sacarose
não excederam a 1ml, pois o cálculo da dose realizado foi de 0,5ml/kg, o que leva a
supor que a frequência cardíaca dos neonatos que receberam a sacarose pode não
ter sido significativamente reduzida em relação aos neonatos que receberam água
estéril devido à dose administrada não ser alta. Porém, a administração de uma
167
dose maior de solução de sacarose, em esquema de doses repetidas, para
neonatos pré-termo que sofreram em média seis procedimentos dolorosos ao dia,
poderia comprometer o uso da substância com segurança à saúde dos recém-
nascidos, de acordo com Johnston et al. (2002).
Além disso, a frequência cardíaca não é uma medida específica de dor,
diferentemente do indicador comportamental de atividade facial, e pode sofrer
alterações de uma série de outros estímulos que não o estímulo doloroso, os quais
podem interferir na análise deste indicador. O aumento da frequência cardíaca no
neonato que passa por um procedimento doloroso pode refletir, além de uma
resposta à dor aguda, resposta ao estresse e desconforto a que são submetidos os
recém-nascidos durante a realização do procedimento.
A elevação da frequência cardíaca como uma resposta ao estresse
relacionado aos eventos estressores repetitivos sofridos pelos neonatos na UTIN
pode ser identificada a partir de resultados encontrados no presente estudo. No
Grupo Sacarose, a frequência cardíaca média dos neonatos se apresentou menos
elevada no primeiro dia de avaliação em relação aos demais, durante a antissepsia.
No Grupo Água, por sua vez, com o passar dos dias, houve uma aumento gradual
do indicador de frequência cardíaca média, em todas as fases avaliadas.
Talvez estes resultados reflitam uma maneira de reação dos neonatos a um
evento estressor repetitivo, visto que a punção para coleta de sangue é um dos
procedimentos mais freqüentes da UTIN. Esta resposta de elevação gradual da
frequência cardíaca ao longo dos dias de avaliação pode estar relacionada a uma
168
resposta condicionada às experiências de dor anteriores (GOUBET; CLIFTON;
SHAH, 2001).
O fato do indicador fisiológico de frequência cardíaca média o ter sido
amenizado pelo uso da sacarose, na amostra estudada, tanto durante o
procedimento doloroso como durante a recuperação pós-procedimento, levantou a
questão sobre o tempo necessário para a recuperação destes neonatos para atingir
a estabilidade fisiológica após a punção para coleta de sangue. A dúvida referiu-se
se a sacarose não produziu o efeito de regular a ativação fisiológica, ou se o tempo
de 10 minutos após a punção teria sido suficiente para os recém-nascidos se
recuperarem fisiologicamente do procedimento doloroso. Para sanar tal dúvida,
analisou-se o tempo de recuperação total de 10 minutos, minuto a minuto, e
encontrou-se que todos os neonatos conseguiram recuperar o estado fisiológico, de
forma a ter atingido um padrão da frequência cardíaca semelhante ao da fase de
Linha de Base, independente da administração de solução de sacarose ou de água
estéril antes do procedimento doloroso.
Mais especificamente, pode-se observar que os neonatos do Grupo Água
atingiram a recuperação fisiológica, após o procedimento doloroso, mais
rapidamente em Grupo Sacarose, mesmo tendo iniciado esta fase com uma
frequência cardíaca mais elevada. Porém, se considerarmos como fisiologicamente
recuperados os recém-nascidos que apresentam frequência cardíaca abaixo de 160
batimentos por minuto, temos que o Grupo Água chegou a este padrão no minuto
da recuperação, enquanto que o Grupo Sacarose atingiu uma frequência cardíaca
169
abaixo do indicado para taquicardia no minuto da recuperação. Portanto, é
possível afirmar que a sacarose agiu no sentido de reduzir o tempo necessário para
o recém-nascido se recuperar e atingir a estabilidade fisiológica após passar pelo
procedimento doloroso de punção.
A elevação da frequência cardíaca traduz-se em ativação do neonato, o que
pode levar a um dispêndio de energia, causando instabilidade na evolução clínica
em neonatos vulneráveis. Portanto, como sugerido por Als et al. (2004), torna-se
imprescindível o uso de medidas de conforto, como por exemplo, a solução de
sacarose, com a finalidade de atenuar indicadores biocomportamentais e fisiológicos
de dor, estresse e desconforto apresentados pelos neonatos internados em UTIN.
Outras intervenções não-farmacológicas, tais como leite humano via sonda
nasogástrica, sucção não-nutritiva e colo, apresentam efeito sinérgico ao efeito
analgésico da solução de sacarose, quando administrados de maneira combinada
(BLASS; WATT, 1999; GIBBINS et al., 2002; OVERGAARD; KNUDSEN, 1999;
STEVENS et al., 1999; STEVENS et al., 2005; STORM; FREMMING, 2002).
Cabe ressaltar que, no Grupo Água, parece ter havido uma tendência à
diminuição dos escores dos indicadores biocomportamentais, comparando-se os
indicadores apresentados pelos neonatos no primeiro dia de intervenção, no qual
não houve administração da solução de sacarose ou água estéril com os demais
dias, no qual as substâncias foram administradas. Tal fato pode sugerir a explicação
de que, ao receberem a água estéril, os neonatos foram estimulados à sucção, e
esta pode ter atuado como uma variável de amenização da dor e estresse sofridos
170
pelos recém-nascidos durante o processo de realização do procedimento de punção,
como descrito por Corbo et al. (2000). Porém, o grupo que recebeu a solução de
sacarose, no presente estudo, apresentou resultados mais efetivos do que o grupo
que recebeu água estéril.
A segunda questão a qual o presente estudo buscou responder refere-se aos
possíveis efeitos colaterais advindos da administração da solução de sacarose em
esquema de doses repetidas nos recém-nascidos pré-termo. Para tanto, inicialmente
foram avaliadas características de evolução clínica dos mesmos, tais como
incidência de resíduo na sonda orogástrica e de vômitos, e presença de distensão
abdominal, durante os quatro dias de avaliação. A análise de comparação entre os
grupos revelou que tais variáveis não foram influenciadas pela administração da
solução, o que sugere que a sacarose não causou efeitos colaterais em curto prazo
aos neonatos.
Estudos que avaliaram a segurança do uso da sacarose em dose única para
a saúde dos recém-nascidos, imediatamente após o uso da substância, obtiveram
resultados semelhantes no que diz respeito à ausência de vômito (GIBBINS;
STEVENS, 2003; GIBBINS et al., 2002).
Considerando a possibilidade de efeitos colaterais surgirem não
imediatamente após a administração da solução de sacarose, mas sim durante todo
período de internação dos neonatos, visto que a sacarose foi administrada em
esquema de doses repetidas, outras variáveis relacionadas à evolução clínica e ao
padrão de alimentação dos recém-nascidos foram analisadas e comparadas entre
171
os grupos. Tais análises revelaram que a utilização da solução de sacarose em
esquema de doses repetidas não interferiu no ganho de peso e no tempo de
internação dos neonatos, bem como no desenvolvimento de patologias, tais como
displasia broncopulmonar, retinopatia da prematuridade, hemorragia peri-
intraventricular, enterocolite necrosante, septicemia, cardiopatia, e pneumotórax.
Além disso, também foi verificado que o uso da substância não interferiu no padrão
de alimentação dos bebês, avaliado pela permanência do uso da sonda orogástrica
durante o período de internação.
Faz-se importante considerar que apenas em relação ao peso na alta
hospitalar os grupos diferiram, sendo que a mediana do Grupo Água foi maior do
que a mediana do Grupo Sacarose. Este dado está relacionado ao fato de que um
neonato do Grupo Água permaneceu internado por um longo período de seis meses,
o que acarretou que seu peso no momento da alta fosse maior em relação aos
demais participantes desta amostra. Ao se realizar a mesma análise excluindo-se
este participante, os grupos passaram a ser comparáveis também para esta variável.
Em síntese, as hipóteses formuladas pelo presente estudo puderam ser
confirmadas na medida em que a solução de sacarose administrada em esquema de
doses repetidas e usada consecutivamente, ao longo de três dias, foi eficaz no alívio
da dor dos recém-nascidos pré-termo, sem trazer prejuízos a curto prazo para a
saúde dos recém-nascidos submetidos à intervenção. Portanto, a sacarose mostrou
eficácia sem efeitos colaterais imediatos.
172
Apesar de os achados assegurarem o uso da sacarose no alívio da dor, frente
às condições clínicas imediatas dos neonatos, em curto prazo, a avaliação da
eficácia da administração da substância em doses repetidas deve aprofundar a
compreensão dos possíveis efeitos colaterais do ponto de vista do desenvolvimento
da criança, a médio e longo prazo.
Johnston et al. (2002) avaliaram neonatos pré-termo que receberam solução
de sacarose ou água estéril, antes de cada procedimento invasivo, durante um
período de sete dias. Em relação aos possíveis efeitos colaterais da sacarose, os
autores encontraram que um alto número de doses de sacarose, equivalente a 10
doses (JOHNSTON et al., 2007), foi preditor de baixo escore de desenvolvimento
neurocomportamental para as áreas de desenvolvimento motor e vigor, alerta e
orientação em bebês com idade pós-concepcional de 36 semanas, e para as áreas
de desenvolvimento motor e vigor em bebês com idade pós-concepcional de 40
semanas, segundo o instrumento
Neurobehavioral Assessment of the Preterm
Infant
. Entretanto, é preciso considerar que os neonatos que receberam mais doses
de sacarose podem ser aqueles mais graves, e que, portanto, necessitaram passar
por mais procedimentos dolorosos e invasivos. Sendo assim, o resultado negativo
na avaliação neurocomportamental pode estar relacionado ao quadro de saúde do
bebê, e não necessariamente à quantidade de sacarose ingerida.
Por outro lado, Stevens et al. (2005) não encontraram diferença no escore do
Neurobiological Risk Score
entre os neonatos pré-termo aos 28 dias de vida que
receberam o cuidado padrão da UTIN, 0,1ml de sacarose oral seguida de sucção
173
não-nutritiva ou água estéril seguida de sucção não-nutritiva antes de todos os
procedimentos dolorosos sofridos pelos neonatos durante o tempo de internação na
UTIN.
Em 2008, os principais achados do presente estudo foram publicados por
Gaspardo, Miyase et al. (2008). Posteriormente, outros estudos foram publicados,
assegurando a eficácia do uso continuado da sacarose em neonatos hospitalizados
(CIGNACCO et al., 2009; HARRISON et al., 2009; TADDIO et al., 2008; TADDIO et
al., 2009).
A eficácia da solução de sacarose administrada via oral e em esquema de
doses repetidas, na redução da dor aguda em recém-nascidos pré-termo, nas
primeiras duas semanas de vida submetidos a procedimentos de punção capilar
para coleta de sangue, foi investigada por Cignacco et al. (2009). Os resultados
revelaram uma estabilidade na produção de cortisol salivar, nos neonatos que
receberam a sacarose, mensurada antes e após a realização dos procedimentos
dolorosos.
O efeito da sacarose administrada via oral e em esquema de doses repetidas,
na resposta de dor aguda de recém-nascidos hospitalizados por um período de 28
dias e submetidos a procedimentos de punção para coleta de sangue foi avaliado no
estudo de Harrison et al. (2009). Os resultados não indicaram mudanças
significativas na atividade facial e duração do choro, antes e após os procedimentos
dolorosos, nos neonatos que receberam a solução de sacarose antes dos
procedimentos dolorosos.
174
Uma importante questão avaliada nos estudos de Taddio et al. (2008) e
Taddio et al. (2009) refere-se à segurança do uso da solução de sacarose em doses
repetidas em recém-nascidos a termo de mães diabéticas. Os três estudos utilizaram
a mesma amostra para avaliar a eficácia de 2ml de solução de sacarose a 24%,
administrada via oral, em comparação com água estéril, para o alívio da dor dos
recém-nascidos em procedimentos dolorosos de punção e injeção realizados
durante os dois primeiros dias de vida. No estudo de Taddio et al. (2008) foi
encontrada diminuição significativa do escore do
Premature Infant Pain Profile
após
os procedimentos dolorosos de punção nos grupos de neonatos de mães diabéticas
e não-diabéticas que receberam a solução de sacarose em comparação aos
neonatos que receberam água estéril. Não foi encontrada diferença significativa no
nível de glicemia entre os recém-nascidos de mães diabéticas que receberam
sacarose ou água estéril.
O objetivo do estudo de Taddio et al. (2009), por sua vez, foi determinar o
efeito da exposição a procedimentos dolorosos e o efeito analgésico da sacarose no
desenvolvimento da hiperalgesia nos recém-nascidos de mães diabéticas e não-
diabéticas. Os resultados demonstraram que todos os recém-nascidos que
receberam cinco procedimentos dolorosos ou mais durante dois dias de internação
apresentaram maior duração de choro e escores mais elevados no
Premature Infant
Pain Profile
, em comparação aos recém-nascidos que receberam até quatro
procedimentos dolorosos no mesmo período. A solução de sacarose agiu na
redução das respostas de dor dos recém-nascidos de mães diabéticas e não-
175
diabéticas que receberam a substância antes dos procedimentos dolorosos, em
comparação aos recém-nascidos que receberam água estéril. Entretanto, a
diferença nas respostas de dor entre os grupos, quando divididos pelo número de
procedimentos dolorosos recebidos, continuou a existir, demonstrando que a
solução de sacarose não preveniu a hiperalgesia. Neste aspecto, deve-se ressaltar
que esta é uma importante consequência negativa dos procedimentos dolorosos
repetidos em fase inicial do desenvolvimento. Portanto, não basta utilizar a solução
de sacarose; deve-se, paralelamente ao uso da substância para o alívio da dor,
racionalizar a realização de múltiplos procedimentos dolorosos.
Portanto, os achados do presente estudo a respeito da eficácia e segurança
do uso da sacarose em esquema de doses repetidas devem ser contextualizados a
partir da abordagem do
Cuidado desenvolvimental individualizado e centrado na
família de bebês pré-termo de muito baixo peso em UTIN
, sistematizada por Als
(1982, 2004, 2009). De acordo com os princípios do Cuidado Desenvolvimental,
deve-se promover a regulação biocomportamental e o desenvolvimento dos
neonatos hospitalizados a partir de intervenções realizadas no ambiente da UTIN,
tais como: redução do barulho, luz e movimentação de pessoas, além do
oferecimento de intervenções não-farmacológicas aos neonatos, como a solução de
sacarose, a sucção não-nutritiva e o contato pele a pele com a mãe (GASPARDO;
MARTINEZ; LINHARES, 2010). A utilização de intervenções de alívio de dor é
fundamental, assim como a regularização e racionalização do toque e manuseio no
recém-nascido vulnerável internado em UTIN.
176
Dessa maneira, apenas a informação encontrada no primeiro dia de
avaliação, sobre a desestabilização do neonato com o manuseio para a antissepsia,
é suficiente para se propor estratégias de cuidado ao desenvolvimento,
racionalizando os manuseios desnecessários ao neonato durante procedimentos na
UTIN, aliviando e promovendo intervenções de conforto nas fases contíguas ao
procedimento doloroso. A desestabilização implica em consumo de energia
desnecessário em um organismo vulnerável como o do recém-nascido pré-termo
(LINHARES, 2009).
A exposição aos estímulos provenientes do ambiente extra-uterino
desencadeia nos recém-nascidos respostas relacionadas à autorregulação
fisiológica, que consiste em processos e funcionamentos do sistema nervoso
parassimpático. Esses, por sua vez, exercem um importante papel na etiologia dos
comportamentos regulatórios iniciais que sustentam os vínculos sociais, como o
estado de vigília e sono, a atividade motora e a emoção (FELDMAN, 2009). A
compreensão das reações do recém-nascido e sua capacidade de interagir e
autorregular o seu comportamento permitem a identificação de alterações no seu
desenvolvimento inicial que podem estar relacionadas à exposição à dor e ao
estresse (WARNOCK, 2003).
De acordo com Linhares et al. (2006), a trajetória de desenvolvimento do
neonato pré-termo, os quais necessitam de internação em UTIN, se inicia em um
microcontexto permeado pela presença contínua de diversos estímulos
estressantes, tais como procedimentos médicos frequentes, manuseios invasivos e
177
dolorosos, excesso de estimulação luminosa e sonora. Dessa forma, além do fator
de risco biológico da prematuridade, tais experiências podem caracterizar-se como
um risco ambiental adicional no curso do desenvolvimento do recém-nascido
vulnerável, ocasionando efeitos negativos a curto e longo prazo, como o
comprometimento dos processos de autorregulação (ANAND, 2000; 2006;
GRUNAU, 2000; 2002; GOFFAUX et al., 2008; SAMEROFF, 2010; SIMONS;
TIBBOEL, 2006; VAN DE VELDE et al, 2006).
De forma relevante, a
Teoria do Caos e sua influência no desenvolvimento
foi
apresentada recentemente por Evans e Wachs (2010), ampliando a compreensão
do desenvolvimento de indivíduos em condições altamente estressoras. Segundo os
autores, contextos caóticos são caracterizados por ambientes sicos e humanos de
grande instabilidade diária, sem regularidade temporal e estrutural, predominando no
microssistema a variabilidade de cuidadores, alta densidade de pessoas, barulho,
alta complexidade visual e a excessiva estimulação, que podem afetar diretamente
os processos de desenvolvimento regulatórios do indivíduo.
Para Sameroff (2010), o caos interfere no fluxo de informações necessárias a
autorregulação e corregulação do indivíduo, o que demonstra uma relação estreita
para a compreensão do desenvolvimento do bebê pré-termo que experimenta uma
grande imaturidade biológica, vulnerabilidade que ameaça a sua sobrevivência e
adaptação, assim como a exposição ao ambiente altamente estressor durante a
internação hospitalar na UTIN.
178
Portanto, recém-nascidos pré-termo sentem dor e são capazes de expressar
reações de dor a nível fisiológico e comportamental. Tais reações podem ser
avaliadas e devem ser aliviadas visando a proteção ao recém-nascido, não das
adversidades da hospitalização, mas também do seu desenvolvimento futuro.
Sendo assim, faz-se importante o uso de medidas de conforto para o manejo
da dor e estresse durante procedimentos invasivos e dolorosos, pelos profissionais
da UTIN, com a finalidade de facilitar a organização e autorregulação dos neonatos
pré-termo, a fim de promover o seu desenvolvimento (GASPARDO; MARTINEZ;
LINHARES, 2010, KLEIN; GASPARDO; LINHARES, no prelo). Como os recém-
nascidos internados na UTIN estão privados do contato pele a pele, do colo materno
e da amamentação devido à instabilidade clínica, o uso de intervenções não-
farmacológicas com a finalidade de promover a regulação fisiológica e
comportamental destes recém-nascidos tornam-se imprescindíveis.
As capacidades autorregulatórias da criança são fortemente influenciadas
pela experiência de regulação oferecida pelos cuidadores. No início do
desenvolvimento, a regulação humana se move de processos primários para
processos psicológicos e sociais, sendo que o que começa como um processo de
regulação da temperatura, fome e alerta logo se torna a regulação da atenção, do
comportamento e das interações sociais (FELDMAN, 2009; SAMEROFF, 2009).
Dessa forma, a assistência ao recém-nascido prematuro deve transcender as
questões relacionadas à sobrevivência para fornecer respostas adequadas de
suporte ao seu desenvolvimento e qualidade de vida. Visto que as crianças nascidas
179
prematuramente podem experimentar desvantagens para o seu desenvolvimento
futuro, com alto custo tanto para o próprio indivíduo, como para as áreas da
Educação e Saúde, torna-se imprescindível a implantação de intervenções
preventivas em fases iniciais do desenvolvimento (JOBE, 2001; PETROU; SACH;
DAVIDSON, 2001).
Partindo-se deste pressuposto, a intervenção preventiva para problemas de
desenvolvimento em neonatos pré-termo vulneráveis deve ser considerada desde a
admissão dos mesmos na UTIN. Os profissionais da equipe de saúde no contexto
da UTIN assumem o papel de correguladores ou cuidadores primários do neonato,
podendo modular suas respostas no nível comportamental, emocional,
neuroendócrino e parassimpático, por meio de estratégias de alívio da dor e do
estresse.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
181
6.1. Considerações metodológicas
Estudos realizados com neonatos pré-termo, para a avaliação da eficácia da
solução de sacarose frente a outras intervenções não-farmacológicas, realizaram a
análise intragrupo geralmente entre as fases de linha de base, punção e
recuperação para a verificação de diferenças do mesmo indicador de resposta à dor
entre as diferentes fases de avaliação (ABAD et al., 1996; BUCHER et al., 1995;
ELSERAFY et al., 2009; JOHNSTON et al., 1999; OKAN et al., 2007; RAMENGHI;
EVANS; LEVENE, 1999; RAMENGHI et al., 1996; STEVENS et al., 1999; STORM;
FREMMING, 2002). Neste sentido, o que o presente estudo traz de novo na
metodologia em relação aos demais é a subdivisão das fases de Linha de Base,
Preparação para Punção, Punção, Recuperação com Manuseio, e Recuperação
sem Manuseio.
Este esquema de divisão de fases permitiu a identificação das alterações
biocomportamentais e fisiológica do neonato, bem como da eficácia da solução de
sacarose, em relação aos indicadores biocomportamentais analisados, não no
momento do procedimento doloroso, mas também nos momentos em que houve o
manuseio da enfermeira para a realização da antissepsia, e após a realização do
mesmo, enquanto esta realizava o curativo.
Os indicadores de resposta à dor apresentados pelos neonatos revelaram que
os neonatos já responderam com elevação destes indicadores ao manuseio da
enfermeira para a preparação para a punção, como uma resposta de antecipação ao
182
evento doloroso. Nas fases de recuperação, os neonatos apresentaram maior
ativação biocomportamental e fisiológica no momento em que ainda estavam sendo
manuseados pela enfermeira, em relação ao momento de recuperação no qual
estavam em repouso na incubadora.
Além disso, esta divisão de fases também permitiu verificar que a solução de
sacarose continuou a reduzir os indicadores biocomportamentais de dor avaliados
durante a recuperação do neonato, mesmo quando ainda manuseado pela
enfermeira para a realização do procedimento doloroso e posicionamento na
incubadora. Até onde se sabe, em nenhum dos estudos encontrados na literatura
sobre a eficácia do uso da sacarose na redução de respostas de dor em neonatos
houve a análise da fase de recuperação subdividida em recuperação com e sem
manuseio.
Pode-se destacar como uma vantagem metodológica a análise
multidimensional de dor no neonato pré-termo de muito baixo peso ao nascer, a
partir de medidas unidimensionais, o que permitiu a análise dos indicadores
biocomportamentais e fisiológico separadamente. Dessa forma foi possível perceber
a eficácia da sacarose frente aos indicadores de estado de vigília e sono e atividade
facial, este específico de dor.
A maneira como a solução de sacarose foi administrada no presente estudo,
em esquema de doses repetidas, durante três dias consecutivos, para todos os
procedimentos invasivos e dolorosos que causam dor aguda aos neonatos, é
inovadora quando comparada aos demais estudos nos quais a intervenção de
183
sacarose também foi administrada em esquema de doses repetidas (BOYER et al.,
2004; JOHNSTON et al., 1999, 2002; MITCHELL et al., 2004; STEVENS et al.,
2005)
Nos estudos de Johnston et al. (1999) e Mitchell et al. (2004), a solução de
sacarose em doses repetidas foi administrada durante um único procedimento
doloroso. Nos estudos de Johnston et al. (2002) e Boyer et al. (2004), por sua vez, a
solução de sacarose foi administrada em todos os procedimentos sofridos pelos
neonatos durante um período de sete dias consecutivos, entretanto não houve nos
estudos um primeiro dia relativo à linha de base dos neonatos para posterior
comparação, sem a administração da intervenção. Da mesma forma, Stevens et al.
(2005) avaliaram o uso da sacarose administrada em doses repetidas durante 28
dias consecutivos de internação dos neonatos, porém em uso conjunto com outra
intervenção não-farmacológica de sucção não-nutritiva.
O presente estudo demonstrou, a partir da metodologia utilizada, que o uso
da sacarose em doses repetidas manteve o seu efeito de alívio de dor sem efeitos
clínicos colaterais, preservando, portanto, o princípio de maior benefício e menor
custo. O teste de uma dose menor do que a documentada na literatura pode ser
considerado como uma grande contribuição para estudos com neonatos pré-termo.
Estudos anteriores usaram 2ml de solução de sacarose a 25% em esquema de dose
única (GASPARDO; LINHARES; MARTINEZ, 2005), enquanto nesse estudo foi
usado 0,5ml/kg de sacarose a 25%, ajustada ao peso do neonato. Esse ajuste foi
importante na medida em que 2ml de sacarose em esquema de administração de
184
doses repetidas seria excessivo, considerando que os neonatos sofreram em média
seis procedimentos dolorosos por dia.
Outro aspecto que pode ser considerado como um avanço no presente
estudo refere-se à realização da curva ROC para o estabelecimento do ponto de
maior sensibilidade e especificidade da nota de corte da atividade facial indicativa de
dor em neonatos pré-termo. O estudo anterior de Grunau et al. (1998) mostrou que o
escore de três pontos era indicativo de dor na escala NFCS, adaptado para dor
aguda-procedural, na forma validada para aplicação à beira do leito. Nesta forma, a
medida variava de zero a oito pontos, baseada na presença ou ausência das
reações faciais previstas no NFCS. Dessa forma, o estudo trouxe uma contribuição
metodológica, pois a curva ROC indicou que o escore de três pontos também foi
encontrado para o NFCS aplicado na forma original, validada para aplicação com
vídeo-gravação da face do neonato, permitindo a análise posterior por examinador
“cego” em relação à situação da coleta de dados. O escore de três pontos no NFCS
demonstrou ter sensibilidade e especificidade para indicação de nota de corte entre
presença e ausência de dor.
Por fim, o estudo também identificou que o tempo de 10 minutos de
recuperação foi suficiente para os recém-nascidos se recuperarem fisiologicamente
do procedimento doloroso de punção.
Em síntese, o presente estudo avançou em relação aos estudos anteriores
considerando diversos aspectos, a saber: a análise multidimensional de dor em
neonatos a partir de indicadores unidimensionais; a análise da eficácia da solução
185
de sacarose em esquema de doses repetidas em diferentes procedimentos
dolorosos realizados em dias consecutivos; a análise de possíveis efeitos colaterais
em curto prazo, imediatos ao uso da intervenção e durante todo o período de
hospitalização dos neonatos; a determinação de dose de 0,5ml/kg para uso em
esquema repetido com recém-nascidos pré-termo; a identificação de nota de corte
sensível e específica para avaliar a dor em neonatos pré-termo com o uso do NFCS;
a definição de tempo para recuperação do indicador fisiológico de frequência
cardíaca para atingir o padrão basal anterior ao procedimento doloroso; e a definição
de fases do procedimento de avaliação de dor em diferentes tipos de punção.
Deve-se levar em consideração, como um limite do estudo, o fato de não ser
possível o controle da realização das punções por uma única enfermeira, o que
gerou uma falta de uniformidade e homogeneidade do procedimento doloroso,
variável controlada em outros estudos (JOHNSTON et al., 1997; RAMENGHI et al.,
1996). Entretanto, as punções foram realizadas por enfermeiras experientes e
treinadas.
Como um segundo limite do estudo deve-se considerar o reduzido tamanho
da amostra obtida, decorrente do rigor dos critérios de exclusão, os quais tiveram
por objetivo evitar que variáveis de evolução clínica do neonato pudessem interferir
nos indicadores de dor apresentados. Porém, a amostra de conveniência do estudo
pode ser considerada representativa da população de neonatos com menor índice
de risco clínico, sendo estes os que realmente se beneficiam com o uso da solução
de sacarose na UTIN. Os neonatos com maior comprometimento clínico necessitam
186
de medidas farmacológicas para o controle da dor, visto que são expostos a uma
variedade de procedimentos que causam dores mais intensas em comparação a
procedimentos que causam dores mais leves ou apenas desconforto.
6.2. Desdobramentos para a prática
Os resultados do presente estudo trouxeram contribuições para a prática
clínica na medida em que foram revertidos diretamente para a melhoria de práticas
em prol da qualidade de vida de recém-nascidos prematuros vulneráveis.
Após publicação parcial dos resultados desse estudo, no artigo de Gaspardo,
Miyase et al. (2008) (ANEXO D), os coordenadores e a equipe multidisciplinar da
UTIN do HCFMRP/USP reestruturaram o protocolo mínimo de intervenção
farmacológica e não-farmacológica dessa unidade, adotando o uso da solução de
sacarose como uma intervenção não-farmacológica de rotina para o alívio da dor
aguda nos neonatos pré-termo internados submetidos a procedimentos invasivos e
dolorosos.
Estudos publicados posteriormente à implantação da solução de sacarose
neste serviço reforçam, a partir dos resultados favoráveis encontrados, a eficácia e
segurança do uso da intervenção não-farmacológica de sacarose em recém-
nascidos hospitalizados em UTIN, por longos períodos de internação (CIGNACCO et
al., 2009; HARRISON et al., 2009; TADDIO et al., 2008; TADDIO et al., 2009).
187
O impacto das reações de dor exibidas pelos neonatos participantes deste
estudo, as quais foram avaliadas inclusive em procedimentos não dolorosos que
envolviam apenas o manuseio destes pela equipe de enfermagem, levou também à
implantação de outras intervenções relacionadas ao Cuidado Desenvolvimental na
UTIN do HCFMRP/USP. Realizou-se um treinamento dos profissionais da equipe
multidisciplinar fixa da unidade, que incluiu desde a sensibilização dos profissionais
para a abordagem desse assunto, até a ação de tomada de decisões para
mudanças efetivas tanto na prática como no ambiente da UTIN.
Sendo assim, um conjunto de medidas foi adotado em parceria com a equipe
de profissionais de saúde da UTIN, a saber: redução de estímulos luminosos e
sonoros; redução e agrupamentos de procedimentos dolorosos ou que causam
desconforto e manuseios; estimulação e favorecimento de visitas das mães aos
recém-nascidos; estimulação ao aleitamento materno; favorecimento, sempre que
indicado, do contato pele a pele entre mãe e recém-nascido.
Além disso, os coordenadores e a equipe multidisciplinar da UTIN do
HCFMRP/USP desenvolveram um manual denominado
Manejo comportamental e
ambiental na UTIN do HCFMRP-USP
(GASPARDO et al., 2009 não publicado) com
o objetivo de orientar profissionais de outras equipes do referido hospital que atuam
na UTIN sobre a importância de terem uma conduta voltada a minimizar os efeitos
negativos dos estímulos estressantes e dolorosos no estado clínico e
desenvolvimento dos recém-nascidos hospitalizados.
188
6.3. Desdobramentos para a pesquisa – questões futuras
O presente estudo contribuiu para a elucidação de aspectos importantes
relacionados à avaliação da dor em recém-nascidos pré-termo e ao manejo da dor
neonatal pelo uso da intervenção não-farmacológica de solução de sacarose
administrada em doses repetidas. No entanto, algumas questões ainda necessitam
ser exploradas em estudos futuros, como por exemplo:
1) Recém-nascidos pré-termo apresentam diferenciação de reatividade e
regulação biocomportamental à dor e ao estresse de acordo com características
individuais, tais idade gestacional, peso ao nascimento e risco clínico neonatal?
2) A história de exposição a procedimentos dolorosos na fase inicial de
desenvolvimento de crianças nascidas prematuras têm influência a médio e longo
prazo nos aspectos de saúde e desenvolvimento dessas crianças?
3) A administração de 0,5ml/kg de solução de sacarose em esquema de
doses repetidas é eficaz para o alívio de dor em recém-nascidos a termo ou em
bebês que permanecem internados por longos períodos na UTIN?
4) O uso da solução de sacarose em esquema de doses repetidas causa
algum efeito colateral a médio e longo prazo na sensibilização à dor das crianças
submetidas à intervenção na fase inicial do desenvolvimento, ou em aspectos da
saúde e desenvolvimento dessas crianças?
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APÊNDICES
220
APÊNDICE A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
TÍTULO DO PROJETO
Intervenção não-farmacológica no alívio da dor em recém-nascidos pré-termo: avaliação do
efeito de solução de sacarose em doses repetidas.
OBJETIVOS E JUSTIFICATIVA
O objetivo deste estudo é verificar o efeito da solução de sacarose (uma espécie de água com
açúcar) administrada em doses repetidas no alívio da dor em recém-nascidos pré-termo, em
situação de procedimento doloroso de coleta de sangue em Unidade de Terapia Intensiva
Neonatal (UTIN). O estudo prevê a comparação do recém-nascido com ele mesmo em
diferentes momentos durante o período de internação na UTIN, e a comparação entre dois
grupos. Um grupo irá receber a sacarose e o outro grupo receberá somente água. Este estudo
justifica-se pela necessidade de se avaliar se o procedimento de tomar a sacarose em doses
repetidas de fato tem o efeito de aliviar a dor que os recém-nascidos podem sentir durante a
coleta de sangue na UTIN.
PROCEDIMENTOS
Serão avaliados 50 recém-nascidos pré-termo com menos de 1.500 gramas internados na
UTIN do HCFMRP-USP. Destes, 25 serão participantes do grupo de intervenção com
sacarose (GS) e 25 participantes do grupo controle sem sacarose (GA). Os participantes serão
caracterizados quanto ao sexo, idade gestacional, peso ao nascimento, adequação do peso para
a idade gestacional, avaliação do índice de gravidade do estado de saúde do recém-nascido,
tempo de internação na UTIN e medicações recebidas. Esses dados serão importantes para
analisar os dados encontrados. A coleta de dados será realizada no momento em que os
recém-nascidos serão submetidos ao procedimento de coleta de sangue para exames de rotina
na UTIN, através de punção. Os recém-nascidos serão filmados para auxiliar as expressões do
rosto e um observador anotará se ele está dormindo ou acordado e os sinais de batimento
cardíaco registrado em aparelho da UTIN. Serão estabelecidas cinco fases em cada
observação da coleta de sangue, com duração total estimada de trinta minutos: 10 minutos
antes da punção, 10 minutos durante e 10 minutos após o procedimento de coleta de sangue.
Os 25 recém-nascidos do grupo de intervenção (GS) serão submetidos à intervenção não-
farmacológica de alívio da dor durante a coleta de sangue para exames de rotina na UTIN.
Será administrada pela boca uma solução de sacarose, dois minutos antes da punção. O grupo
controle (GA), formado por 25 recém-nascidos realizará os procedimentos rotineiros de coleta
de sangue, sem receber a solução de sacarose, recebendo apenas água. Os recém-nascidos
serão sorteados para fazer parte de um ou de outro grupo. Os recém-nascidos deverão ser
avaliados em quatro dias consecutivos, de preferência após a internação na UTIN.
DESCONFORTOS E RISCOS ESPERADOS
Não haverá desconforto ou risco para os recém-nascidos na aplicação da intervenção, uma vez
que esta consiste na administração de uma solução de sacarose, a qual já foi demonstrada não
ter efeito negativo para o estado de saúde do recém-nascido.
221
BENEFÍCIOS
Os benefícios para os recém-nascidos e suas famílias serão decorrentes do nosso maior
conhecimento sobre intervenção para o alívio da dor em procedimentos invasivos e dolorosos
a que são submetidos freqüentemente os recém-nascidos pré-termo internados em UTIN.
Caso seja provado o efeito positivo em doses repetidas, poderá ser adotado como rotina para
todos os recém-nascidos que passam na UTIN do HCFMRP-USP e em outras semelhantes a
esta.
GARANTIA DE ACESSO
Em qualquer etapa do estudo, o responsável legal pelo paciente terá acesso aos profissionais
responsáveis pela pesquisa, para esclarecimento de eventuais dúvidas. Os pesquisadores
principais responsáveis pelo projeto são a Psicóloga Professora Dra. Maria Beatriz Martins
Linhares, do Departamento de Neurologia, Psiquiatria e Psicologia Médica, que pode ser
encontrada na Rua Tenente Catão Roxo, 2650, telefone 36024610 e o Pediatra Neonatologista
Professor Dr. Francisco Eulógio Martinez, do Departamento Puericultura e Pediatria do
HCFMRP-USP, que pode ser encontrado no HC-Campus 7
°
andar, telefone 36022576 /
36022486 / 36022479. Se houver alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa,
entre em contato com o Comitê de Ética do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina
de Ribeirão Preto – USP.
LIBERDADE DE RETIRAR O CONSENTIMENTO
É garantida a liberdade da retirada de consentimento a qualquer momento, deixando de
participar do estudo, sem prejuízo direto à continuidade de seu tratamento no hospital.
DIREITO DE CONFIDENCIALIDADE
As informações obtidas serão analisadas em conjunto com a de outros pacientes, não sendo
divulgada a identificação de nenhum paciente, salvo os pesquisadores responsáveis
envolvidos no projeto e seus colaboradores de pesquisa.
COMPROMISSO DE ATUALIZAR A INFORMAÇÃO
O representante legal do paciente tem o direito de ser mantido atualizado sobre os resultados
parciais da pesquisa.
DESPESAS E COMPENSAÇÕES
Não há despesas pessoais para os participantes, em qualquer fase do estudo. Também não há
compensação financeira relacionada à sua participação. Se existir qualquer despesa adicional,
ela será absorvida pelo orçamento da pesquisa.
DANOS PESSOAIS
Em caso de dano pessoal, diretamente causado pelos procedimentos ou tratamentos propostos
neste estudo (nexo causal comprovado), o participante tem direito a tratamento médico na
instituição HCFMRP-USP.
COMPROMISSO DO PESQUISADOR
O pesquisador se compromete a utilizar os dados e o material coletado apenas para esta
pesquisa e divulgações acadêmicas científicas relacionadas.
222
Acredito ter sido suficientemente informado a respeito das informações que li ou que foram
lidas para mim, descrevendo o estudo “Intervenção não-farmacológica no alívio da dor em
recém-nascidos pré-termo: avaliação do efeito de solução de sacarose em doses repetidas”.
Ficaram claros, para mim os propósitos do estudo, os procedimentos a serem realizados, seus
desconfortos e riscos, as garantias de confidencialidade e de esclarecimentos permanentes.
Ficou claro também que minha participação é isenta de despesas e que tenho garantia de
acesso a tratamento hospitalar se necessário.
Concordo, voluntariamente, em participar deste estudo, estando ciente que poderei retirar meu
consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem penalidades, prejuízo ou
perda de qualquer benefício que possa ter adquirido, ou no atendimento neste serviço.
____________________________________ _____________
Assinatura do representante legal do paciente Data
Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e Esclarecido
desse representante legal, para participação nesse estudo.
____________________________________ _____________
Assinatura do pesquisador do estudo Data
TERMO DE CONSENTIMENTO
Eu, __________________________________________, responsável pelo menor
_________________________________________, declaro ter lido a carta de informação a
respeito do projeto “Intervenção não-farmacológica no alívio da dor em recém-nascidos pré-
termo: avaliação do efeito de solução de sacarose em doses repetidas”. Estou esclarecido (a) a
respeito do estudo proposto, sem dúvidas, e autorizo a realização do procedimento conforme
descrito. Fui informado (a) que posso negar-me a participar do estudo ou dele retirar-me
quando julgar conveniente, sem que haja prejuízo no atendimento neste serviço.
Ribeirão Preto, _____ de _____________ de 20____.
_________________________________________
Parentesco com o paciente ___________________
223
APÊNDICE B – Aviso incubadora para administração de intervenção
PROJETO ALÍVIO DE DOR
Linhares e Martinez, 2003
ATENÇÃO
FAVOR ADMINISTRAR TODOS OS DIAS
SOLUÇÃO X DOSE= _______
NO PERÍODO DE _____ A _____
VIA ORAL NA PARTE ANTERIOR DA LÍNGUA
2 MINUTOS ANTES DE:
1- Punção venosa
2- Punção arterial
3– Punção capilar
4- Injeção
5- Introdução de cânula intravenosa
6- Introdução de cânula endotraqueal
7– Introdução da sonda orogástrica
8– Aspiração do tubo endotraqueal
9- Remoção de esparadrapo ou de eletrodo
224
APÊNDICE C – Aviso incubadora para filmagem
PROJETO ALÍVIO DE DOR (Linhares e Martinez 2003)
FAVOR REALIZAR A COLETA DE SANGUE PRESCRITA PARA O
PERÍODO DA MANHÃ NA PRESENÇA DA DRA. BEATRIZ
LINHARES PARA OBSERVAÇÃO E FILMAGEM DO NEONATO
FAVOR DEIXAR O NEONATO NO MONITOR CARDÍACO
OBRIGADO, DR. FRANCISCO MARTINEZ
DATAS:
_____ 1º DIA
_____ 2º DIA
_____ 3º DIA
_____ 4º DIA
225
APÊNDICE D – Dados da filmagem
DA
T
A__________________
_
VT_______________
_
CÓDIGO_________________________________
226
APÊNDICE E – Protocolo de coleta de dados estado de vigília e sono
Código__________________ Data da Avaliação_________________
Avaliador___________________________________________________
Avaliação no.________________ VT__________________
Fase – LINHA DE BASE ____________ - ____________
Início Término
1-2
min
3-4
min
5-6
min
7-8
min
9-10
min
Resultado
Final
ESTADO VS
Incidência
da fase
predom.
Sono Profundo SP
Sono Ativo SA
Sonolento S
Alerta Quieto AQ
Alerta Ativo AA
Choro C
Incidência predominante no
intervalo de tempo
SP
SA
S
AQ
AA
C
POSIÇÃO NA
INCUBADORA
Prono
Supino
Lado
NÍVEL DE VESTIMENTA SIM NÃO
Sem Roupa
Fralda
Com Roupa
Coberto
Enrolado no Cueiro
227
Código__________________ Data da Avaliação_________________
Avaliador___________________________________________________
Avaliação no.________________ VT__________________
Fase – PUNÇÃO ____________ - ____________
Início Término
1-2
min
3-4
min
5-6
min
7-8
min
9-10
min
11-12
min
13-14
min
15-16
min
Resultado
Final
ESTADO VS
Incidência
da fase
predom.
Sono Profundo SP
Sono Ativo SA
Sonolento S
Alerta Quieto AQ
Alerta Ativo AA
Choro C
Incidência predom.
no intervalo
SP
SA
S
AQ
AA
C
Incidência predom. nos
momentos
Momento Preparatório * Inserção da agulha Momento Punção Venosa **
POSIÇÃO NA
INCUBADORA
Prono
Supino
Lado
Tentativas _______________ Tipo da Punção ______________
Peso do dia: _______________ Dose: _____________________
* Momento início até inserção da agulha
** Momento desde inserção até remoção da agulha
228
Código__________________ Data da Avaliação_________________
Avaliador___________________________________________________
Avaliação no.________________ VT__________________
Fase – RECUPERAÇÃO ____________ - ____________
Início Término
1-2
min
3-4
min
5-6
min
7-8
min
9-10
min
Resultado
Final
ESTADO VS
Incidência
predom. da
fase
Sono Profundo SP
Sono Ativo SA
Sonolento S
Alerta Quieto AQ
Alerta Ativo AA
Choro C
Incidência predominante no
intervalo
SP
SA
S
AQ
AA
C
Incidência predom. nos
momentos
Momento com manuseio Momento sem manuseio
POSIÇÃO NA
ENCUBADORA
Prono
Supino
Lado
229
APÊNDICE F – Protocolo de coleta de dados frequência cardíaca
Código_______________ Data da Avaliação_________________
Avaliador______________________________________________
Avaliação no.__________ VT____________________________
FREQÜÊNCIA CARDÍACA
TEMPO
INÍCIO/FIM
FASE DA
AVALIAÇÃO
1-2
min
3-4
min
5-6
min
7-8
min
9-10
min
Média da
Fase
Média do
Momento
Linha de Base
min/max
Punção
min/max
Preparação
Punção
Inserção
agulha
Recuperação
min/max
Momento
com
manuseio
Momento
sem
manuseio
Tempo início da inserção da agulha:
Tempo da remoção da agulha:
Tempo início do momento da recuperação sem manuseio:
230
APÊNDICE G – Ficha de identificação do participante
Código ___________________________ Data da Avaliação _____/____/_____
Avaliador ____________________________
Dados de Identificação
Nome do neonato
________________________________________________
Nome da mãe
________________________________________________
RG- HC
Data de nascimento / / Sexo FEM MASC
Data de internação / /
Idade pós-gestacional _______
IG 1º_____ 2º _____ 3 º_____ 4º_____ 5º _______
ANOTAR -Método de identificação da IG:
1º US/ 2 º Ballard (48h) / 3º Dubowitz/ 4º Capurro (16 h) /
5º DUM
Peso de nascimento__________
Apgar 5º min____________
PIG AIG
CRIB = ____________
Data Avaliação Horas de Vida
1
a
. Avaliação
2
a
. Avaliação
3
a
. Avaliação
4
a
. Avaliação
Condições do Neonato: Intubado sim não
Com Fita Adesiva sim não
Outros _______________________________________
Condições da Observação
________________________________________________________________________
231
APÊNDICE H – Índice de Risco Clínico Neonatal (CRIB)
Código do Participante: ________________________
Data da coleta de informação do prontuário:__________________
CLINICAL RISK INDEX FOR BABIES - CRIB
(Primeiras 12 horas)
DADOS DO
BEBÊ
PONTOS
PESO DE NASCIMENTO
> 1350g 0
851-1350g
701-850g
< 700g
1
4
7
IDADE GESTACIONAL
> 24 SEMANAS 0
24 SEMANAS
1
MALFORMAÇÃO
NENHUMA MALFORMAÇÃO 0
MALFORMAÇÃO LEVE 1
MALFORMAÇÃO GRAVE 3
ACIDOSE SANGUÍNEA (BE)
> - 7,0 0
-7,0 a – 9,9 1
- 10,0 a – 14,9 2
- 15,0
3
OXIGENAÇÃO MÍNIMA (FiO2 min)
0,40
0
0,41 a 0,60 2
0,61 a 0,90 3
0,91 a 1,00 4
OXIGENAÇÃO MÁXIMA (FiO2 max)
< 0,40 0
0,41 a 0,80 1
0,81 a 0,90 3
0,91 a 1,00 5
ESCORE TOTAL
232
APÊNDICE I – Protocolo de coleta de dados evolução clínica 1
Código__________________ Data da Avaliação_________________
Avaliador___________________________________________________
DADOS PRONTUÁRIO MÉDICO/ENFERMAGEM
1ª AVAL.
2ª AVAL.
3ª AVAL.
4ª AVAL.
Nº de procedimentos invasivos e dolorosos do nascimento até a
primeira avaliação
Nº de procedimentos invasivos e dolorosos nas últimas 24hs
Ventilação Mecânica (dias)
Consistência das fezes nas últimas 24hs
Nº de evacuações nas últimas 24hs
Alimentação mista/enteral
E Enteral (LNO/leite cru)
P Parenteral (NPT)
Nº dias na parenteral
Tempo de Intubação (nºdias)
Medicações nas últimas 24hs
(NOME E VIA)
O Oral
E Endovenosa
I Intramuscular
EN Enteral
233
APÊNDICE J – Protocolo de coleta de dados evolução clínica 2
Data de nascimento: Registro HC:
Registro Projeto Dor:
VARIÁVEIS UNIDADE DE
MEDIDA
REGISTRO
FASE NEONATAL ATÉ A ALTA HOSPITALAR
Idade gestacional Dias
Peso ao nascimento Gramas
Adequação IG/Peso PIG/AIG
Peso- 38º. sem de idade pós-
concepcional
Gramas
Peso na alta hospitalar Gramas
Data da alta hospitalar Data
Tempo de internação-UTIN Dias
Tempo de internação total Dias
Tempo para atingir
peso=1800g
Dias
CRIB Escore
Apgar 5º. min Escore
Alimentação:
Início da enteral Data
Início e término da parenteral Datas
Data saída da sonda Data
Início amamentação Data
Tempo de Ventilação:
Dias
Tempo de Intubação Dias
Problemas:
Broncodisplasia Data
Retinopatia Sim/Não
Hemorragia intracraniana Sim/Não/grau
Enterocolite necrosante Sim/Não
Sepse clínica Sim/Não
Cardiopatia Sim/Não/tipo
Pneumotorax Sim/Não
Tratamentos/procedimentos
Cirurgia Data/ tipo
234
APÊNDICE K – Protocolo de análise NFCS
AVALIADOR: _________________ CÓDIGO: ____________________________
DATA: _______________ DATA da COLETA: ___________________
VIDEO FASE
ESCORE
TOTAL
Intervalo Tempo Inicio Tempo Final # Sobr. Prot. Olhos Naso Lábios Boca V Boca H Língua T. Escore # Contexto OBS
1
1
1
2
2
2
3
3
3
4
4
4
5
5
5
6
6
6
7
7
7
8
8
8
9
9
9
10
10
10
LEGENDA DO CONTEXTO:
0 = Nada na boca; 1 = Chupeta; 2 = Tubo; 3 = Sonda; 4 = Mão/Dedo do RN na boca; 5 = CPAP; 6 = Capela; 7 = Bigodinho; PJ = Dado Prejudicado
ANEXOS
236
ANEXO A – Aprovação do Comitê de Ética
237
ANEXO B – Autorização do Chefe do Serviço de Neonatologia
238
ANEXO C – Laudo de identificação das substâncias
239
ANEXO D – Artigo publicado
240
241
242
243
244
245
246
247
248
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