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Dissertação apresentada à Coordenação do
Curso de Mestrado em Língua Portuguesa
do Instituto de Letras da Universidade do
Estado do Rio de Janeiro, como requisito
para a obtenção do grau de Mestre em
Letras, na subárea de Língua Portuguesa.
orientador
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A Deus, que criou todas as possibilidades.
Aos meus pais, Roberto e Vera, à minha irmã, Roberta, ao meu avô, Moysés (in
memoriam) e a todos que formam(ram) elos na minha vida, dedicando-me toda
sua paciência, solidariedade e compreeno.
Ao companheiro de caminhada Alexander Gomes de Freitas
com quem divido
tempo, carinho, amor e até obstáculos –
pelo estímulo, compreensão, cooperação,
parceria e assessoria de informática pronta e constante.
À am
iga Patrícia Fagundes Lima, por sua postura de empolgação contagiante,
pela troca de sugestões e pelo mútuo apoio, neste período de muitas dúvidas.
Às amigas Gisele Cohen, Talita Oliveira, Aline Dib e Kátia Rebello, por todo
apoio e auxílio.
À dirão e aos meus amigos do CEFET meu atual espaço de trabalho
e às
minhas ex-
Instituto de Educação Carlos Pasquale
escola estadual à qual dediquei todo
meu carinho, ateão e força de trabalho durante oito anos de minha vida.
Aos amigos da Pós-graduão em Foto-vincia dos CEFET/ RJ e BA
por
toda a compreensão que tiveram neste período tão conturbado de minha vida.
Aos amigos do curso de italiano, por todo o incentivo e boa vontade.
A todo o corpo docente do Programa de Pós-Graduão Lato-
Sensu em Letras
Especialização em ngua Portuguesa
da UERJ, em especial à Profª Mestra
Luíza O. Berthier, pelo franco incentivo ao meu percurso acamico.
Aos docentes com quem tive o privilégio de est
ar ao longo do curso de
Mestrado em Letras, Prof. Dr. And Crim Valente, Profª. Drª. Darcilia Marindir
P. Simões, Prof. Dr. Helênio Fonseca de Oliveira, Prof. Dr. José Carlos de
Azeredo, Profª. Drª. Maria Teresa Pereira Gonçalves e Profª. Drª. Maria Teres
a
Tedesco Vilardo Abreu, pela coerência e pelo ineditismo de suas abordagens.
Aos professores Claudio Cezar Henriques, Maria Aparecida Lino Pauliukonis,
José Carlos Azeredo e Rosane Monnerat, pela pacncia e pela compreensão.
Ao meu orientador, Prof. Dr.
Henio Fonseca de Oliveira, pelo zeloso e
paciente acompanhamento.
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Nosso propósito nesta dissertação consiste na descrição da regência
verbal em redações de vestibular em comparação com o que estabelece a
gramática escolar, tendo em vista a proposta para o ensino da gramática
contida no Programa Nacional do Livro para o Ensino Médio (PNLEM), que
enfatiza o uso efetivo da língua.
Cabe esclarecer que o Ministério da Educação (MEC) passou a
distribuir, em 1985, livros didáticos aos alunos matriculados no ensino
fundamental da rede pública. Porém, inicialmente, visto que os livros eram
escolhidos pelo professor, sem passar por análise prévia do MEC, havia uma
grande incidência de livros menos qualificados, evidenciando o pouco
comprometimento de muitos professores e escolas com a qualidade do
material didático oferecido ao aluno, ou a falta de preparo para fazer uma
seleção consciente.
Em 1995, visando a melhorar a qualidade do ensino das escolas
públicas brasileiras, o MEC passou a submeter o livro didático a uma análise
feita por especialistas nas diversas áreas do conhecimento concernentes ao
ensino fundamental. Criou-se, assim, o Programa Nacional do Livro Didático
(PNLD) e, segundo o próprio MEC, a avaliação das obras didáticas pelo PNLD
teve reflexos importantes na escola e no mercado editorial; logo, este programa
expandiu-se e deu origem ao Programa Nacional do Livro para o Ensino Médio
(PNLEM), que está sendo implantado gradativamente em nosso país.
No início de 2005, o Ministério da Educação, por intermédio da
Secretaria de Educação Básica (SEB), em parceria com o Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação (FNDE) distribuiu livros didáticos de Língua
Portuguesa e de Matemática aos alunos matriculados na série do ensino
médio da rede pública das regiões Norte e Nordeste. E, desde 2006, passou a
fornecê-los aos alunos da rede pública estadual do Rio de Janeiro. Contudo,
pesquisadores comprometidos com o ensino sempre questionaram a utilização
10
do livro didático, suscitando uma série de debates e polêmicas em relação à
qualidade da obra didática.
A discussão acerca do papel do livro didático na escola vem de longa
data. A preocupação com as implicações pedagógicas envolvidas na seleção
deste material, bem como com os critérios de avaliação para o
desenvolvimento de um trabalho de qualidade em sala de aula, tem sido uma
constante na vida dos professores não da rede pública, mas também da
rede privada de ensino.
Devido aos fatores anteriormente mencionados, o MEC desenvolveu um
catálogo com uma ntese avaliativa das obras aprovadas tanto pelo PNLD
quanto pelo PNLEM. No intuito de contribuir para a reflexão, no Catálogo do
PNLEM /2006, a equipe responsável pela avaliação dos livros menciona que:
Na base de qualquer proposta didático-pedagógica, está um
conjunto de escolhas teóricas e metodológicas, conjunto esse
responsável tanto pela coerência interna da obra, quanto pela sua
posição relativa no confronto com outras propostas ou outras
possibilidades. Nesse sentido, algumas exigências se impõem no
livro didático:
• que explicite suas escolhas teórico-metodológicas;
que articule, quando for o caso, as diferentes opções a que
recorra, evidenciando a compatibilidade entre elas;
• que apresente coerência entre as opções declaradas e a
proposta efetivamente formulada;
que as opções efetuadas contribuam, no seu conjunto, para a
consecução dos objetivos, quer da educação em geral, quer da
disciplina e do nível de ensino em questão;
que a proposta pedagógica propicie tanto a construção de
conhecimentos relevantes, quanto o desenvolvimento de diferentes
capacidades cognitivas, como compreensão e memorização,
análise e síntese, observação, generalização e formulação de
hipóteses, previsão e planejamento, entre outras. (p.11)
A proposta para o ensino da gramática contida no Programa Nacional do
Livro para o Ensino Médio (PNLEM) especialmente no que tange à regência
verbal – é objeto de nosso interesse, pois é diretamente relacionada ao ensino.
Em nosso curso de mestrado, optamos pela linha de pesquisa definida
pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) como Ensino da Língua
Portuguesa: história, políticas, sentido social, metodologias e pesquisa, cuja
abordagem é direcionada aos “principais problemas referentes ao ensino da
língua portuguesa, tendo em vista sua complexidade e dimensão: aspectos
11
gramaticais e lingüísticos, perspectivas estilísticas e semióticas, bem como as
questões de leitura, livro didático e produção de textos.”
Em nosso âmbito de atuação, docência de Língua Portuguesa no Ensino
Médio, muito temos elevada preocupação com a busca de possíveis
soluções para as falhas redacionais de nossos alunos, contudo, ressaltamos
que concebemos o ensino da língua materna vinculado ao uso desta língua, e
não como uma série de informações estanques sobre ela.
Defendendo o ensino de gramática em uma perspectiva que se
harmonize com a evolução do ensino da língua, MATTOS e SILVA, 2004, p.
84-85, afirma ser necessário o desenvolvimento de uma “consciência
gramatical” no processo escolar, visto que tal consciência é útil à prática da
língua em todos os níveis do seu uso.
Reconhecemos que não há como deslindar, por completo, erros de
diferentes naturezas. Nesse sentido, limitamo-nos a analisar as formas
errôneas de regência verbal freqüentes na produção textual. Pretendíamos
eliminar a variedade indesejável para a pesquisa a que nos propomos, portanto
fizemos a opção por um corpus comprometido com o registro formal. A fim de
evitar uma conotação preconceituosa, cabe esclarecer que o termo “variante
indesejável” faz referência àquela que não é aceitável em textos formais, tais
como os de nosso corpus.
Nosso corpus bruto de análise se compõe de 300 redações da prova de
ingresso na UERJ do ano de 2003 (gentilmente cedidas pela Comissão de
Vestibular). A prova de redação consistia em dissertar sobre o seguinte tema:
“Os defeitos podem ser muito sérios, os erros, muito graves, as crises, muito
profundas e o que parece imaginação, às vezes, se revela apenas mentira.”
As redações foram escolhidas aleatoriamente, mas devemos lembrar que a
prova de redação é parte integrante da segunda fase do vestibular, ou seja,
houve uma pré-seleção da própria universidade.
Uma vez que o texto argumentativo exigido de um candidato ao vestibular
deve ser redigido na língua padrão, entendida, como diz OLIVEIRA, 2004a, p.
81, como “variedade formal culta do idioma”, espera-se que esse texto, no que
12
se refere à regência, se enquadre de modo geral nas exigências da gramática
normativa, “abstração feita de alguns casos de defasagem entre o padrão
lingüístico real e o escolar.” Cf. OLIVEIRA, in HENRIQUES e SIMÕES (orgs.)
2004 b, p. 191.
Constataram-se no corpus analisado, desvios de regência verbal
decorrentes: (a) do desconhecimento da preposição exigida pelo verbo; (b) do
emprego, em situações formais, da sintaxe típica do registro informal brasileiro;
(c) do emprego do objeto direto no lugar do complemento relativo; (d) do
emprego de objeto direto preposicionado com verbos que não o admitem em
contextos específicos; (e) da omissão do objeto direto no registro formal; (f) da
omissão da preposição antes do pronome relativo; (g) da incapacidade para
empregar os pronomes oblíquos o e lhe; (h) da omissão do pronome oblíquo
em verbos pronominais. Visando ao aprimoramento do desempenho redacional
dos concluintes do curso médio, o trabalho propõe ainda atividades didáticas
sempre sensíveis aos aspectos discursivos – destinadas à aquisição pelo aluno
das habilidades cuja falta se constatou com a pesquisa.
Considerando a dinamicidade e a diversidade da língua, detivemo-nos
no exame da abordagem de regência verbal pelos livros didáticos do PNLEM,
bem como de suas possíveis contribuições aos nossos alunos nos variados
usos cotidianos da língua.
Paralelamente à comparação entre o emprego da regência verbal em
redações de vestibular e o que estabelece a gramática escolar, impõe-se
analisar minuciosamente a descrição da língua no nível microestrutural nos LD
do PNLEM, quanto ao tema aqui tratado.
Em virtude dessa necessidade, intentou-se fazer uma observação da
postura dos autores desses LD com relação à preocupação em priorizar verbos
que julgamos mais relevantes, ou sejam, aqueles cuja incidência de erros foi
maior no corpus analisado por esta pesquisa.
Tendo em mira a adequação da regência verbal ao gênero do texto,
verificamos também se tais LD abordam a variação lingüística e,
conseqüentemente, que variedades da língua
são apropriadas a cada gênero.
13
A dissertação se encerra com um anexo referente às redações
analisadas.
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O conceito de valência do francês Lucien Tesnière não é indispensável
para a análise do corpus, mas é muito útil. Em nossa abordagem teórica,
optamos por incluí-lo na análise do corpus e na tabela em que ela se reflete.
Segundo TESNIÈRE, 1994. p. 411-420, “valência é o número máximo de
[argumentos ou] ‘actantes’” que um verbo pode ter. Faz-se necessário
esclarecer que os “argumentos” não dizem respeito apenas aos complementos
verbais, mas também ao sujeito. Desse modo, um verbo pode ser: avalente,
monovalente, bivalente ou trivalente.
Com vistas a abordar os conceitos de uma maneira mais operacional,
adotaremos as seguintes abreviaturas:
Valência dos verbos no contexto em que aparecem nos exemplos
= valência zero
V1 = valência 1;
V2 = valência 2;
V3 = valência 3.
Número de argumentos dos verbos
A = Ø argumento zero, isto é, ausência de argumento;
A1 = argumento 1;
A2 = argumento 2;
A3 = argumento 3.
A título de ilustração do que caracteriza cada verbo, fornecemos
exemplos em português, seguidos das abreviaturas propostas acima:
verbos avalentes são os que têm valência zero e que a gramática
tradicional classifica como “impessoais”. Embora existam em português
(choveu) e em espanhol (ha llovido), não existem em francês (il a pleuvé).
15
Cf, TESNIÈRE, 1994, p.413. É claro que o sujeito il é semanticamente
vazio, porém não pode ser omitido. A conclusão é que na descrição do
português o termo avalente é operacional. Conseqüentemente, no
português, o termo impessoal é apropriadamente usado ex.: Choveu
muito em janeiro.
= Choveu
A = Ø
verbos monovalentes segundo esse mesmo autor, p. 415, são os
que a gramática tradicional denomina “intransitivos” ex.: Alfredo
viajou.
V1= viajou
A1= Alfredo
verbos bivalentes que, conforme o autor, p. 418, “são conhecidos
na gramática tradicional com o nome de verbos transitivos” ex.:
Bernardo comprou uma casa.
V2 = comprou
A2 = Bernardo e uma casa
verbos trivalentes – que, parafraseando o que é dito ainda na p. 418,
também são considerados pela gramática tradicional como verbos
transitivos, porém esta os subdivide em diretos e indireto. – ex.1: O aluno
enviou uma carta ao diretor. ex.2: Finalmente
1
, ele nos entregou o
pedido.
ex.1: V3 = enviou
A3 = O aluno, uma carta e ao diretor
1
AZEREDO, 2004, p. 172, revela que: “O enunciado lingüístico é, porém, lugar de outros
constituintes que se anexam à oração, ao predicado e aos argumentos sem que pertençam à
valência de verbos, adjetivos ou substantivos. São eles os adjuntos, termos sintaticamente
periféricos, o que o quer dizer que sejam supérfluos ou irrelevantes para a atividade
discursiva.” É o caso do termo “finalmente”, que utilizamos no ex.: 2 dos verbos trivalentes.
16
ex.2: V3 = entregou
A3 = ele, nos e o pedido
A fim de fundamentar mais amplamente os conceitos de valência de um
verbo
2
e de argumentos, recorremos a AZEREDO, 2004, p. 172, que os
define, respectivamente, como o “conjunto das posições estruturais que
irradiam desse verbo” e “constituintes que preenchem as posições estruturais”
já citadas. Esse mesmo autor conceitua o sujeito como “o argumento que
mantém com o verbo uma relação de concordância” e acrescenta que os
demais argumentos são “seus complementos”.
Com base no que diz sobre valência e argumentos, AZEREDO, 2004,
p. 175, especifica os seguintes tipos de predicado:
predicado verbal que, segundo o autor, ocorre “quando a seleção
do sujeito é controlada por um predicador verbal verbo transitivo, como
perguntar, ou intransitivo, como chover “ ;
predicado nominal “Se, entretanto, a seleção do sujeito mesmo
quando o sujeito é zero – é controlada por um predicador não-verbal,” de
acordo com o autor, “o predicado classifica-se como predicado
nominal”.
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Com o fito de pormenorizar a metodologia desta pesquisa, consideramos
que a elucidação de certos conceitos seria útil.
2
AZEREDO, 2004, p. 172, menciona que: “Alguns adjetivos e substantivos também podem se
caracterizados como portadores de valência. ” Aqui, como nosso objeto de estudo é a regência
verbal, não entraremos em detalhes referentes a esses outros portadores de valência.
17
Conceituamos inicialmente nosso objeto de estudo: a regência. Na
seqüência, acentuamos particularidades da nomenclatura com a qual
operamos aqui.
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O Dicionário prático de regência verbal, Luft indica que o termo regência
é “derivado de reger”, significando, portanto, ‘governo, comando, direção’ ”. O
autor comenta que a gramática emprega o termo “em sentido amplo e restrito.”,
esclarecendo que: – Cf. LUFT, 2003, p. 5.
a) “em sentido amplo, regência representa a subordinação em geral”;
b) “em sentido restrito, e mais habitual, regência é a subordinação
especial de complementos às palavras que os prevêem na sua significação
[seria mais exato dizer na sua representação morfossintática]”.
Em síntese, conceitua regência como “a necessidade ou
desnecessidade de complementação implicada pela significação [sic] de nomes
(substantivos, adjetivos, advérbios) e verbos.” e enfatiza que “esse necessitar
ou prescindir, o verbo, de elementos nominais para completar uma estrutura
significativa é o que se chama ‘regência verbal’ ”.
Como toda língua viva, o português apresenta uma série de variedades
e, incontestavelmente, o que se usa nos registros mais informais nem sempre é
legitimado pela língua padrão. Não é que a inadequação da regência ao gênero
textual comprometa a compreensão da mensagem, mas o fato é que empregar
“Assisti o filme.” numa situação comunicativa que exija “Assisti ao filme.” é
inadequado, comprometendo a qualidade textual.
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A classificação dos verbos quanto aos respectivos complementos
aditada neste trabalho é a de LIMA, 2006, p. 340, a saber:
verbos intransitivos, “que, encerrando em si a noção predicativa,
dispensam quaisquer complementos.”
verbos transitivos diretos, “que exigem a presença de um objeto
direto.”
verbos transitivos indiretos, “que pedem a presença de um objeto
indireto (...).”
verbos transitivos relativos, “que apresentam um complemento
preposicional, chamado relativo.
verbos transitivos circunstanciais, “que requerem um
complemento, preposicional ou não, chamado circunstancial.”
verbos bitransitivos, “que têm concomitantemente um objeto direto
e um indireto, ou um objeto direto e um complemento relativo.”
verbos transobjetivos, que são, segundo LIMA, 2006. p. 342,
aqueles cuja “compreensão do fato verbal vai além do objeto direto.”,
portanto necessitam de um complemento anexo predicativo.
Quanto aos complementos verbais, o presente trabalho opera com a
seguinte nomenclatura:
objeto direto, que é, de acordo com LIMA, 2006. p. 243, “o
complemento que, na voz ativa, representa o paciente da ação verbal”
– ex.: Não mais será preciso castigar os homens (Redação 235).
objeto direto preposicionado, que, como nos revela esse mesmo
autor, “é o objeto direto precedido de preposição; todavia há casos em
19
que ela figura com caráter facultativo, e outros, até, em que a sua
presença se faz a rigor.” Para citar respectivamente um exemplo em
que sua presença seja obrigatória e outro em que seja facultativa,
recorremos a LIMA, 2006, p. 244-245 ex.1- com as formas tônicas
dos pronomes pessoais: Júlio César conquistou/ O mundo com
fortaleza;/ Vós a mim com gentileza.” (Camões) e ex.2- com pronomes
referentes a pessoas (ninguém, alguém, todos, outro etc.): Diz Cristo
universalmente, sem excluir a ninguém, que ninguém pode servir a
dous Senhores... (Vieira) HENRIQUES, 2005, p. 47-48, faz uma
análise meticulosa, da qual falaremos mais adiante, dos vários casos
em que ocorre o OD preposicionado.
objeto indireto, que “representa o ser animado [sic] a que se
destina a ação, ou estado que o processo verbal expressa” , segundo
esse mesmo autor p. 248, – ex.: “A imaginação humana nos possibilita
uma reflexão;” (Redação 58)
Convém não esquecer, no entanto, que o termo “animado” é bastante
questionável, visto que objeto indireto inanimado pelo menos nos casos de
metonímia. Por exemplo: a) “O coordenador submeteu à deliberação dos
presentes os assuntos constantes no edital.”; b) “Não devo nada à farmácia.
Cabe dizer que o objeto indireto apresenta as seguintes características
morfossintáticas e semânticas: a) é introduzido pelas preposições a e para; b) é
comutável pelo pronome pessoal lhe, que se flexiona em número (lhes),
quando o signo léxico ao qual se refere ou substitui está no plural, mas não
apresenta flexão de gênero cf. BECHARA, 2005, p. 421; c) nas línguas em
que há flexão de caso, corresponde ao dativo latino (lhe em português é
derivado do dativo latino Illi”); d) corresponde ao que na nomenclatura dos
papéis temáticos da lingüística gerativa se denomina alvo, isto é, o argumento
a cujo referente se destina o processo verbal, o que não significa que a
recíproca seja verdadeira e que outros termos da oração não possam exercer o
papel de alvo (ex.: “A fotógrafa recebeu a carta.”).
20
complemento relativo, que é introduzido por uma preposição
exigida pela regência do verbo visar a algo, casar(-se) com alguém,
precisar de algo ou alguém, crer em algo ou alguém etc.– ex.: “Uma
criança assiste a um desenho animado na televisão;” (Redação 262)
LIMA, 2006. p. 251, propõe o uso do termo complemento relativo, mas
define-o de outro modo. Segundo o autor, seria “o complemento que, ligado ao
verbo por uma preposição determinada (a, com, de, em, etc.), integra, com o
valor de objeto direto, a predicação de um verbo de significação relativa”. As
expressões “com o valor de objeto direto” e “de significação relativasão um
tanto questionáveis. No mínimo precisariam ser definidas com precisão.
complemento circunstancial, que, ainda segundo LIMA, 2006. p.
252, é “um complemento de natureza adverbial tão indispensável à
construção do verbo quanto, em outros casos, os demais
complementos verbais” ex.: A Daniela mora em Nova Iguaçu. Uma
característica da função de complemento circunstancial é poder ser
exercida por um advérbio. Ex.: A Daniela mora .” Trata-se, no
entanto, de um advérbio (ou sintagma preposicional equivalente)
exigido pela regência do verbo, ou seja, de um termo integrante, ao
contrário do adjunto adverbial, que é termo acessório.
complemento anexo predicativo, que, conforme LIMA, p. 341,
“pode referir-se ao sujeito ou ao objeto.” Além de ser uma
peculiaridade dos “predicados mistos ou verbo-nominais”, ou seja,
“constituídos por um verbo e por um nome” – ex.: “Só se tornará
realidade quando colocarmos nossas idéias em prática,...”
(complemento anexo predicativo do sujeito) (Redação 282);
Sérgio Cabral foi eleito governador.(complemento anexo predicativo
do objeto direto)
É válido dizer que Rocha Lima pertenceu à comissão que criou a NGB,
mas discorda de alguns aspectos dela, por isso não a segue piamente.
21
Lembramos ainda que no Art. 1º da Portaria Ministerial nº 36/59, o MEC
apenas recomenda a adoção da NGB no ensino programático da Língua
Portuguesa e nas atividades que visem à verificação do aprendizado, nos
estabelecimentos de ensino. Devido a esse fato e a também preferirmos a
terminologia do autor, preferimos adotar sua classificação de verbos e
complementos.
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Para a análise do corpus, consultamos os dicionários de regência de
Pedro A. Pinto, Antenor Nascentes, Francisco Fernandes e Celso Pedro Luft
cf. PINTO, 1952, NASCENTES, 1967, FERNANDES, 2003 e LUFT, 2003
3
porém operaremos na seção “Primeira tabela de análise do corpus apenas
com Luft e Fernandes.
Ainda assim, é preciso fazer algumas considerações importantes, tendo
em vista que os dicionários de regência com que operaremos optam por uma
nomenclatura de classificação dos verbos diferente, em alguns aspectos, da
que decidimos adotar.
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FERNANDES, 2003, p. 25-27, opera com a nomenclatura que segue:
verbo intransitivo;
verbo relativo;
verbo birrelativo;
verbo transitivo;
verbo transitivo-relativo;
3
Com relação aos dicionários de regência consultados, apenas o de PINTO teve edição única.
O de NASCENTES teve sua primeira edição em 1940, o de FERNANDES em 1947 e o de
LUFT em 1983.
22
verbo predicativo;
verbo transitivo-predicativo;
verbo pronominal.
Apesar de FERNANDES, 2003, p. 26, fazer alusão aos verbos
birrelativos, não operaremos com esse conceito, visto não terem sido
constatados em nosso corpus erros no emprego da regência dos verbos que o
autor classifica como tais.
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LUFT, 2003, p. 18-19, opera com a nomenclatura, bem como com as
abreviaturas a seguir:
Int = verbo intransitivo;
T = verbo transitivo;
TD = verbo transitivo direto;
TDI = verbo transitivo direto e indireto;
TDIp = verbo transitivo direto e indireto pronominal;
TDp = verbo transitivo direto pronominal;
TDpI = verbo transitivo direto pronominal e indireto;
TI = verbo transitivo indireto;
TIp = verbo transitivo indireto pronominal;
Trans.-pred. = verbo transitivo-predicativo.
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Não custa lembrar que este trabalho toma por base a nomenclatura
adotada por Rocha Lima. Visando a uma abordagem uniforme e prática, a
partir de agora, operaremos com as seguintes abreviaturas em nossa análise:
VERBOS
VI = verbos intransitivos
VTD = verbos transitivos diretos
VTI = verbos transitivos indiretos
VTR = verbos transitivos relativos
VTC = verbos transitivos circunstanciais
VB = verbos bitransitivos
VTobj = verbos transobjetivos
ARGUMENTOS, COMPLEMENTOS E TRANSPOSITORES
S = sujeito
OD = objeto direto
OD Prep. = objeto direto preposicionado
OI = objeto indireto
CR = complemento relativo
CC = complemento circunstancial
CAP = complemento anexo predicativo
SPrep. = sintagma preposicional
Nom. = nominalizadores (ou conjunções integrantes) QUE e SE
Prep. = preposição
P = pronome
PR = pronome relativo
24
OUTROS ELEMENTOS
Ø = zero
VAL = valência – Cf. Tabela 1
Apesar LIMA, 2006, p. 340 não mencionar os verbos pronominais, na p.
343, o autor comenta que verbos que podem unir-se a um pronome átono,
sem que haja alteração de sentido. Entre outros exemplo, temos em nosso
corpus: “... utilizamos a ética para agirmos, ...” (Redação 11) "...utilizamo-
nos da ética para agirmos,..." (idem)
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A língua apresenta três categorias de variedades: as diatópicas, que
equivalem às diferenças lingüísticas no espaço geográfico (falares locais,
regionais e intercontinentais); as diastráticas, que consistem nas diferenças
entre as camadas socioculturais (língua padrão, registro culto, registro
coloquial etc.) e as diafásicas, que se referem às modalidades expressivas
(língua falada, língua escrita, língua literária, linguagens especiais, linguagens
dos homens, linguagens das mulheres etc.). Cf. CUNHA e CINTRA, 2001, p.
3.
OLIVEIRA, 2004a, p. 83, também afirma que “a língua varia, (...) no
tempo, no espaço geográfico, no espaço social e de uma situação
comunicativa para outra”. Considera, portanto, que há “...várias ‘línguas
portuguesas’, cada uma das quais é uma variedade do português." e que
“...não é tão simples, como possa parecer, à primeira vista, a tarefa de isolar e
descrever tais variedades, pois não fronteiras gidas entre elas. Haverá
sempre um componente de arbitrariedade em qualquer divisão que se faça,
25
entretanto a descrição lingüística não pode prescindir de tais divisões.”
No caso específico de nossa pesquisa, detivemo-nos no que OLIVEIRA,
2004a, p. 83 define como “variações de uso (ultraformal, formal, semiformal
e informal) ou ainda entre as dicotomias formal versus informal e escrito
versus falado.”
Tendo em vista os diversos gêneros textuais existentes, OLIVEIRA,
2004a, p. 85, enfatiza que “O que é ‘virtude’ num gênero, ou seja, o que é
adequado ao contrato de comunicação desse gênero, pode ser ‘defeito’ em
outro, ou seja, pode ser inadequado segundo o contrato deste outro.” e que “A
língua culta informal, portanto, não é padrão. A variedade padrão da língua
‘lidera’ um conjunto de códigos que se influenciam mutuamente(...) OLIVEIRA,
2004a, p. 84”. Para o conceito de contrato de comunicação, ver
CHARAUDEAU e MAINGUENEAU, 2002, p.138-141 e OLIVEIRA, 2003b, p.
23-55.
Ainda segundo OLIVEIRA, 2004a, p. 84, alíngua padrão, que na
sociolingüística anglófona se denomina standard language, é a variedade
culta formal do idioma.”
O autor frisa que: “Há quem tome o termo norma culta indevidamente,
como sinônimo de língua padrão. Ocorre que a língua culta, isto é, a das
pessoas com nível elevado de instrução, pode ser formal ou informal. A língua
padrão é a culta, sim, mas limitada à sua vertente formal.(...).” Cf. OLIVEIRA,
2004a, p. 84.
Em outro trabalho, o autor chama a atenção para o fato de que:
A gramática normativa funciona até certo ponto como padrão
lingüístico ideal termo que em sociolingüística se refere à maneira
como os falantes gostariam de falar (ou de escrever) em
circunstâncias formais, em oposição ao padrão lingüístico real,
que é a forma como eles realmente falam e escrevem nessas
circunstâncias. Cf. OLIVEIRA, in HENRIQUES (org.), 2003a p.
385.
Dessa forma, parafraseando o autor, podemos dizer que certas
construções dadas como incorretas são freqüentes no uso escrito formal
culto brasileiro, não sofrendo sequer qualquer forma de correção social
26
“sendo, quando muito, rejeitadas por algumas pessoas mais intransigentes em
matéria de linguagem, geralmente professores, revisores, e outros profissionais
muito preocupados com questões dessa natureza” cf. OLIVEIRA, 2004a, p.
86. (o termo correção social se refere a “uma atividade extremamente
assistemática e ‘casuísta’ de correção da linguagem, paralela à correção
escolar e independente dela, a qual afeta, na maioria das vezes, itens lexicais
isolados”) – cf. OLIVEIRA, in HENRIQUES (org.), 2003a p. 354.
A despeito de todas as considerações feitas anteriormente, cabe
ressaltar que, como diz OLIVEIRA, 2004a, p. 86, a “a quase totalidade das
formas recomendadas pela gramática normativa existe no uso formal culto,
mesmo que em situação minoritária às vezes, competindo ou não com outras
tidas como errôneas pela tradição escolar.”
Com vistas ao aprofundamento do conceito de língua padrão,
recorremos novamente a OLIVEIRA, 2004a, p. 86. Segundo o autor:
Essa variedade da língua caracteriza-se:
1. pelo comprometimento com a norma gramatical (apesar de
alguns pontos de atrito do tipo que acabamos de descrever);
2. por sua natureza formal;
3. por ser mais usada na escrita (embora o possa ser também na
fala);
4. por seu caráter supra-regional;
5. por sua relação inseparável com o conceito de nação;
6. pelo prestígio de que goza;
7. por seu relativo acronismo.
Em nossa pesquisa, para fins de praticidade, faz-se necessário
comentar apenas algumas das características anteriormente mencionadas.
Destacamos, então, as de número 3, 4 e 6.
3. Por ser mais usada na escrita (embora o possa ser também na
fala) De acordo com OLIVEIRA, 2004a, p. 83, “...tende a existir certa
correlação entre escrita e formalidade, por um lado, e entre informalidade e
fala, por outro.” Segundo OLIVEIRA, 1999, p. 65:
(...) o binômio decisivo para a obediência à norma
gramatical é o referente ao grau de formalidade da comunicação e
não à natureza oral ou escrita desta. Não se conclua daí,
entretanto, que não haja correlação entre modalidade escrita e
27
formalidade, por um lado, e entre informalidade e fala, por outro. De
fato, a comunicação escrita tende a ser mais formal do que a
falada.
Como nosso corpus é constituído por redações de vestibular, a
obrigatoriedade do uso da língua padrão. É bom deixar claro que não
desprestigiamos as outras variedades da língua, porém julgamos que o gênero
textual, o contexto em que ocorre a emissão do texto, os interlocutores
envolvidos na comunicação etc. determinam a variedade da língua a ser usada.
4. Por seu caráter supra-regional – Essa característica da língua,
conforme OLIVEIRA, 2004a, p. 86, explica o fato de “indivíduos de diferentes
regiões do Brasil usarem a mesma variedade do português na comunicação
formal escrita, embora empreguem dialetos geográficos diferentes [no sentido
de diferentes variedades] na comunicação informal do dia-a-dia.”
Para demonstrar a necessidade de uma variedade supra-regional da
língua, podemos citar algumas situações, tais como um jornal ou qualquer
outro programa de TV que seja exibido nacionalmente, uma publicação (LD,
Constituição Federal, edital de concurso etc.) que se destine a ser lida por
pessoas de diversas partes do país e, no caso específico de nossa pesquisa,
um aluno que tenha estudado em um determinado estado brasileiro, mas que
quer ou tem de prestar vestibular em outro estado. Enfim, a utilidade da língua
padrão é quase auto-evidente.
6. Pelo prestígio de que goza Segundo OLIVEIRA, 2004a, p. 87, o
prestígio é um “atributo essencial da língua padrão, graças ao qual ela é
tradicionalmente dada como ‘correta’ e os registros informais, como ‘incorretos’,
‘viciosos’ e até, de certo modo, como ‘inexistentes’.
É bom ressaltar que “uma forma, prestigiosa ou não, existe na língua
quando, em determinadas situações comunicativas a comunidade que fala ou
escreve essa língua a emprega.’ – Cf. OLIVEIRA, 2004a, p. 88.
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Tendo em vista a diversidade lingüística evidente em nossa sociedade, a
escola dos dias de hoje aparenta estar sem norte em relação à postura que
deve adotar no ensino da língua portuguesa, o que nos leva a reiterar a
inevitabilidade de buscar, no ensino da língua, uma abordagem gramatical nos
LD que esteja em sintonia com os usos sociais da fala e da escrita.
A dinamicidade é inerente tanto à sociedade quanto ao idioma, portanto
a língua que falamos cotidianamente difere de sua variedade padrão. O
universo dos falantes do português do Brasil é bastante heterogêneo, visto que
se constitui de indivíduos que pertencem a classes sociais e níveis
socioculturais diferenciados.
Levados por preocupações ideológicas, alguns interessados no estudo
do idioma vêem o conhecimento e o uso da língua padrão como um
instrumento de opressão usado pelas elites. No entanto, sabemos que, por
razões de política cultural, devemos, ainda, ler e escrever utilizando-nos da
variedade formal culta da língua.
Em relação ao ensino da língua, NEVES, 1990, p. 41-43, privilegia
alguns aspectos que também julgamos relevantes, tais como: “reflexão e
operação sobre a linguagem”, atividades em que o procedimento de “partir do
texto” não represente “extrair deste frases ou palavras e, sobre elas, exercitar a
metalinguagem, fazendo, especialmente, rotulação de entidades” e “a
compartimentação dos fatos da língua”.
NEVES, 1990, p. 40, revela que, com base em questionários e
entrevistas, pôde “depreender dois principais conceitos que os professores de
e graus têm de gramática: 1.Gramática como um conjunto de regras de
bom uso (= gramática normativa). 2. Gramática como a descrição das
entidades da língua e suas funções ( = gramática descritiva).”
É necessário destacar que a fala e a escrita convivem em nossa
sociedade, sendo esta
o instrumento do registro das idéias sociais e aquela, a
29
modalidade mais utilizada nas situações informais e cotidianas. Desse modo, o
domínio de ambas as modalidades com suas características específicas é
importante para o desempenho de nossos papéis sociais. Convém lembrar,
porém, que no ensino da língua materna a ênfase cai, e é bom mesmo que
caia, na modalidade escrita e no registro formal, uma vez que, ao ingressar na
escola, a criança já domina a variedade informal oral de sua língua.
Tomando por base as falhas redacionais constatadas no corpus
analisado nesta pesquisa, percebemos que a adequação da linguagem aos
gêneros textuais deve ser prioritariamente proposta pelos LD do PNLEM.
Obviamente, não descartamos o fato de que essa adequação depende também
de um intenso trabalho do professor.
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Para OLIVEIRA, 1999, p. 81, a imperfeição do normativismo tradicional
consiste no fato de considerar errôneo o registro informal e,
conseqüentemente, “impor formas lingüísticas típicas do (...) formal, em
detrimento de suas equivalentes informais”. Não temendo usar o termo erro”,
o autor esclarece, p. 71, que o verdadeiro erro de linguagem é aquele “que
compromete a eficiência da comunicação.” Seu conceito de erro, portanto,
diferencia bastante daquele postulado pela tradição gramatical escolar.
Primando por um ensino destinado à aquisição pelo aluno de habilidades
cuja falta o professor constata em atividades desenvolvidas no cotidiano
escolar OLIVEIRA, 1999, p. 80-81, sugere que haja a correção dos erros de
linguagem, como podemos observar a seguir:
Seria nula a utilidade do aspecto normativo do ensino da
língua, num sentido amplo, se não existisse erro de linguagem,
mas, (...), o erro existe, logo o que se deve combater não é
necessariamente a faceta normativa do ensino, e sim o
normativismo tradicional, fundado num conceito equivocado de
30
correção lingüística. Na verdade, devemos corrigir de maneira
absoluta os erros absolutos e de forma relativa os relativos,
tratando aqueles como erros propriamente ditos e estes, como
casos de inadequação.
Com vistas a evitar uma possível estigmatização do termo erro”, o autor
demonstra um notável desvelo quanto à redefinição do conceito de erro de
linguagem. Visando a isso, propõe a seguinte tipologia dos erros de
comunicação:
erro de linguagem em termos relativos
(ou erro relativo)
que,
conforme OLIVEIRA, 1999, p. 71, “consistiria no emprego do registro
informal em situações formais ou vice-versa.”
erro de linguagem em termos absolutos (ou erro absoluto)
que
consiste no emprego de “formas incorretas em si mesmas”
independentemente do gênero textual ou da situação comunicativa em
que ocorram”.
O autor propõe ainda subtipos, a saber:
I) erro relativo decorrente do “rebaixamento” inadequado do registro
(RR) que consiste no emprego do registro informal em situações
formais;
II) erro relativo decorrente da “elevação” inadequada do registro (RE)
caracterizado pelo emprego do registro formal em situações informais;
III) erro absoluto ortográfico (AO) “A infração às regras de ortografia”–
segundo o autor – ”é sempre um erro, qualquer que seja o gênero textual
em que ocorra.”
IV) Erro absoluto não ortográfico (AN) – que, em geral, ocorre:
(...) quando um usuário de uma língua, que não domina sua
variedade formal, emprega, na tentativa de exprimir-se nessa
variedade, formas lingüísticas que o são formais nem informais,
mas tentativas malsucedidas de usar o registro formal, (...).
Cf. OLIVEIRA, 1999, p. 72.
31
Essa tipologia dos erros de comunicação abrange não só o nível da frase
(nível frástico), mas também o do texto (textual), por conseguinte professores
comprometidos com uma abordagem centrada no texto e no conceito de
gêneros textuais podem encontrar nela subsídios para um saudável combate às
falhas redacionais de seus alunos.
A identificação do tipo de erro e de sua causa facilita o trabalho do
professor. Como a classificação das incorreções encontradas nas redações de
nosso corpus e comentados no capítulo 5.1. está baseada na tipologia de
Oliveira, esperamos contribuir para o ensino do português como língua materna,
especificamente no que se refere à regência verbal a serviço da redação.
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A perspectiva teórico-metodológica utilizada para o ensino de gramática
nos LD em questão é algo que nos interessa sobremaneira. Priorizamos o
enfoque dos diferentes níveis de uso da língua – relatados no capítulo 2.4. – na
abordagem do tema que delimitamos para este estudo. Cabe, então, enfatizar
que a menção às formas de realização da língua portuguesa, do nível informal
ao ultraformal é essencial, pois a língua se constitui de muitas variedades.
NASCENTES, 1967, p. 16, já depunha contra o rigor em relação à
linguagem. É o que podemos notar nas palavras seguintes referentes à
regência:
Cada época tem sua regência, de acordo com o sentimento do
povo, o qual varia, conforme as condições novas da vida. Não
podemos seguir hoje exatamente a mesma regência que seguiam
os clássicos; em muitos casos teremos mudado. Por este motivo
falharam completamente todos aqueles que, sem senso lingüístico,
estudaram o problema somente à luz dos hábitos clássicos de
regência.
32
Como vimos, há quarenta anos, o rigor supracitado era condenado.
Esperamos que, nos dias de hoje, os LD aprovados pelo PNLEM optem por
uma abordagem gramatical que contribua, de alguma forma, para que a
linguagem oral e escrita de nossos alunos seja adequada à época atual,
respeitado o gênero de cada texto.
AZEREDO também traça alguns comentários sobre o tema, que nos
revelam um pouco de sua concepção de ensino da língua. Leiamos a seguir:
A linguagem existe para a expressão do pensamento e não
para aprisioná-lo em fôrmas. Mas sem as convenções e os modelos
que socializam e estabilizam os meios de expressão, a
comunicação seria impraticável. É para isso que existem os
gêneros textuais, e o conhecimento efetivo de uma língua
compreende sobretudo a habilidade no manejo deles. O domínio
dos recursos de encadeamento das informações e idéias no interior
do texto, a escolha do vocabulário adequado, o domínio dos
mecanismos gramaticais da língua como flexões verbais e
nominais a combinações sintáticas diversas – e o emprego dos
sinais de pontuação pertinentes constituem habilidades que se
adquirem através dos textos encarados como gêneros integrados
em diferentes práticas sociais. – Cf. AZEREDO, in PAULIUKONIS e
GAVAZZI (orgs.) 2005, p. 41,
Inferimos, portanto, que o referido autor não enxerga o ensino da sintaxe
como um fim em si mesmo, mas como algo a serviço da língua em
funcionamento, tal como gostaríamos de encontrar nos LD do PNLEM.
No intuito de enfatizar o que esboçamos sobre as incorreções no uso
da língua, recorremos ao que diz PAULIUKONIS, 2005, p. 104:
A idéia de interação social pressupõe sempre uma norma
comum a quem fala ou escreve e a quem ouve ou lê, portanto
ninguém pode negar a importância da exigência de um padrão
lingüístico ou de um paradigma, em todo ato interativo de
linguagem. O que tem variado, no entanto, ao longo da História, é a
noção de como pode e deve variar esse paradigma. Cf.
PAULIKONIS, in PAULIUKONIS e GAVAZZI (orgs.) 2005, p. 104.
A priori, observamos que o “Manual do Professor” de cada LD do
PNLEM revela preocupação com o fenômeno da variação lingüística e com um
ensino gramatical voltado para o uso. Quase todos esses manuais alegam que
33
sua perspectiva teórico-metodológica concebe a gramática “como uma
disciplina viva, em revisão e elaboração constantes”
4
.
Da teoria à prática, nem sempre a realidade é a mesma. Alguns LD
permanecem fiéis ao que se propõem e outros (que não são poucos, como
tivemos a oportunidade de constatar por meio de uma análise detalhada)
enveredam pelos caminhos da gramática tradicional.
Sintetizamos em um quadro sinóptico a postura dos LD do PNLEM no
que diz respeito à variação lingüística.
4
Conforme as competências e habilidades previstas nos PCNs e propostas no “Manual do
professor” do LD de TAKAZAKI, 2004, p. 12.
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ABAURRE, Maria Luiza M. et alii.
Português: língua, literatura, produção de
textos. São Paulo: Moderna, 2004.
Apresenta um bom capítulo sobre
variação lingüística, porém, ao teorizar
sobre regência verbal, quase não revela
opções além das da língua padrão. nos
exercícios acolhe bem a variação lingüística.
FARACO, Carlos Alberto. Português:
língua e cultura. Curitiba: Base, 2003.
Apresenta um bom capítulo sobre
variação lingüística. Ao teorizar sobre
regência verbal, revela que opções além
das da língua padrão. Contempla a variação
lingüística nos exercícios.
INFANTE, Ulisses. Textos: leituras e
escritas. São Paulo: Scipione, 2004.
Apresenta um capítulo sobre variação
lingüística, porém, ao teorizar sobre
regência verbal, faz uma breve alusão às
formas que não o típicas da língua
padrão. nos exercícios acolhe bem a
variação lingüística.
MAGALHÃES, Thereza A. C. e CEREJA,
William R. Português: linguagens. São
Paulo: Atual, 2004.
Não apresenta capítulo sobre variação
lingüística e, ao teorizar sobre regência
verbal, faz breve alusão às variedades da
língua. Também nos exercícios não
demonstra preconceito lingüístico.
MURRIE, Zuleika de F. et alii. Língua
portuguesa: projeto escola e cidadania
para todos. São Paulo: Editora do Brasil,
2004.
Apresenta um capítulo sobre variação
lingüística e, ao teorizar sobre regência
verbal, revela que opções além das da
língua padrão. Já nos exercícios não
espaço algum à variação.
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PATROCÍNIO, Mauro Ferreira do. et alii.
Novas palavras: português. São Paulo:
FTD, 2003.
Apresenta um bom capítulo sobre
variação lingüística e revela que opções
além das da língua padrão, ao teorizar
sobre regência verbal. Quanto aos
exercícios, o devido espaço para a
variação lingüística.
SARMENTO, Leila L. e TUFANO, Douglas.
Língua, literatura, gramática, produção de
textos. São Paulo: Moderna, 2004.
Apresenta um bom capítulo sobre
variação lingüística, porém, ao teorizar
sobre regência verbal e ao propor exercícios
sobre o tema, não revela que há opções
além das da língua padrão.
TAKAZAKI, Heloísa H. Língua portuguesa.
São Paulo: IBEP, 2004.
Ao longo do livro acolhe plenamente a
variação lingüística. Teoriza pouquíssimo
sobre regência verbal e não revela que
opções além das da língua padrão. o
apresenta exercícios específicos sobre
regência.
TERRA, Ernani e NICOLA, José de.
Português: de olho no mundo do
trabalho.São Paulo: Scipione, 2004.
Apresenta um capítulo sobre variação
lingüística e, ao teorizar sobre regência
verbal, revela que opções além das da
língua padrão. Nos exercícios acolhe bem a
variação lingüística.
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A tabela 1 tem o propósito de resumir a análise do corpus. A síntese
contempla o emprego errôneo da regência verbal extraído das redações de
nosso corpus a regência de cada verbo segundo a gramática normativa, a
valência destes verbos e a solução proposta para as falhas redacionais dos
vestibulandos.
A análise mais detalhada é apresentada no subcapítulo 4.1.
36
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Tabela 1
ANÁLISE DO USO DA REGÊNCIA VERBAL EM REDAÇÕES DE CANDIDATOS AO VESTIBULAR DA UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
CORPUS DEFINITIVO = 20 REDAÇÕES
Nº. VERBO REGÊNCIA EMPREGADA REGÊNCIA SEGUNDO A GN
VAL. SOLUÇÃO PROPOSTA
1 ACHAR
“... como na adolescência que
achamos os piores em tudo
,..."
(R 265)
ACHAR-SE + Pred.
(Fernandes: 45) e (Luft: 30)
3
“... como na adolescência em que nos achamos os piores em
tudo,..." (R 265)
2 ASSISTIR
"Uma criança assiste um
desenho animado na
televisão,..." (R 262)
ASSISTIR = assistir a algo.
(Fernandes: 103) e (Luft: 79)
2
"Uma criança assiste a um desenho animado na televisão,..."
(R 262)
3a CHEGAR
"... para se chegar a verdade, a
realidade, o acerto."
(R 86)
CHEGAR
= chegar a algo ou a
algum lugar. (Fernandes: 143)
e (Luft: 116)
2
“... para se chegar à verdade, à realidade, ao acerto."
(R 86)
3b CHEGAR
“... se chega num estágio
superior de entendimento."
(R 92)
CHEGAR
= chegar a algo ou a
algum lugar. (Fernandes: 143)
e (Luft: 116)
2
“... se chega a um estágio superior de entendimento."
(R 92)
4 COMETER
“Os defeitos podem ser tidos
como exemplo para que outros
não cometam,...” (R 15).
COMETER = cometê-lo.
(Fernandes: 153) e (Luft: 127)
2
“Os defeitos podem ser tidos como exemplo para que outros não
os cometam,...” (R 15).
5 DAR
Um dos principais defeitos do
ser humano é não assumir que
os possui, não damos conta de
como os defeitos são prejudi-
ciais..." (R 61)
Trata-se da expressão
idiomática DAR-SE CONTA
DE ALGO = (Fernandes: Ø )
(Luft: Ø)
3
“Um dos principais defeitos do ser humano é não assumir que os
possui, não nos damos conta de como os defeitos são
prejudiciais..." (R 61)
6 DEIXAR
“...por que não se pode deixar
com que essas partes negativas
do viver...” (R 261)
DEIXAR = deixá-lo; deixar
(fazer algo); deixar (que algo
aconteça). (Fernandes: 185) e
(Luft: 168)
2
“...por que não se pode deixar que essas partes negativas do
viver...” (R 261)
37
ANÁLISE DO USO DA REGÊNCIA VERBAL EM REDAÇÕES DE CANDIDATOS AO VESTIBULAR DA UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Tabela 1
Nº. VERBO REGÊNCIA EMPREGADA REGÊNCIA SEGUNDO A GN
VAL. SOLUÇÃO PROPOSTA
7 EMPENHAR
“A resposta para todas estas
perguntas é não, pois quando
nos empenhamos a algo bus-
camos a perfeição (embora qua-
se nunca a encontremos),..."
(R 159)
EMPENHAR = empenhá-lo
(em ou para) algo. (Fernandes:
262) e (Luft: 232)
3
“A resposta para todas estas perguntas é não, pois quando nos
empenhamos em / para algo buscamos a perfeição (embora
quase nunca a encontremos) ,..." (R 159)
8 ESQUECER
“E aí os pais não esquecem de
examinar...”
(R 27)
Esquecendo-nos que esses
erros,..." (R 235)
ESQUECER = esquecê-lo;
esquecer que... e esquecer-se
de... (Fernandes: 321) e
(Luft:277)
VTD: 2 e
VTR + P.: 3
VAL. 3: “E aí os pais não se esquecem de examinar..."
(R 27)
VAL. 2:Esquecendo que esses erros,..."
(R235)
VAL. 3: Esquecendo-nos de que esses erros,..." (idem)
9 FORÇAR
“... forçando a muitos reverem
conceitos..." (R 271)
FORÇAR = forçá-lo a + (fazer)
algo. (Fernandes: 353) e (Luft:
306)
3
“... forçando muitos a rever conceitos ..." (R 271)
10 IMPOSSIBILITAR
“... mas lhe impossibilita de
evitar a crise que o próprio erro
causa." (R 153)
IMPOSSIBILITAR=
impossibilitar alguém
(impossibilitá-lo) de fazer algo,
ou impossibilitar algo
(impossibilitá-lo) a alguém;
impossibilitar-lhe algo.
(Fernandes: 378) e (Luft: 327)
3
1- “... mas impossibilita-o de evitar a crise que o próprio erro
causa." (R 153)
2- “... mas impossibilita-lhe evitar a crise que o próprio erro
causa." (idem)
11 LEMBRAR
“Mas devemos lembrar de que
sem imaginação,...” (R 20)
LEMBRAR = lembrá-
lo;
lembrar que; lembrar-
se (de)
que... (Fernandes: 403
) e
(Luft: 351)
VTD: 2 e
VTR + P.: 3
VAL. 2: “Mas devemos lembrar que sem imaginação,...”
(R 20)
VAL. 3: “Mas devemos lembrar-nos de que sem imaginação,..."
(idem)
12 LEVAR
“... com a imaginação muito
fértil leva-se acreditar em coisas
sérias,...” (R 158)
LEVAR = levá-lo a...
(Fernandes: 404) e (Luft: 353)
3
“... com a imaginação muito fértil é levado a acreditar em coisas
sérias,..." (R 158)
13 LIDAR
Devemos lidar com respeito e
atenção todas as pessoas que
conhecemos,...”
(R 36)
LIDAR = lidar com, em...
(Fernandes: 406) e (Luft: 354)
2
Devemos lidar com respeito e atenção com todas as pessoas
que conhecemos,...” (R 36)
38
ANÁLISE DO USO DA REGÊNCIA VERBAL EM REDAÇÕES DE CANDIDATOS AO VESTIBULAR DA UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Tabela 1
Nº. VERBO REGÊNCIA EMPREGADA REGÊNCIA SEGUNDO A GN
VAL. SOLUÇÃO PROPOSTA
14a POSSIBILITAR
“A imaginação humana nos
possibilita a uma reflexão;...” (R
58)
POSSIBILITAR = possibilitar (-
lhe) algo. (Fernandes: 469) e
possibilitar algo (possibilitá-lo)
(a...); possibilitar(-lhe) algo.
(Luft: 409)
3
“A imaginação humana nos possibilita uma reflexão;...” (R 58)
14b POSSIBILITAR
“... que possibilita com que se
pense que os defeitos são facil-
mente solucionáveis,..."
(R 261)
POSSIBILITAR = possibilitá-lo;
possibilitar algo. (Fernandes:
469) e (LUFT: 409)
2
“...que possibilita que se pense que os defeitos são facilmente
solucionáveis, ...” (R 261)
15 PREPARAR
“... se estivesse preparado a
lidar com certos níveis de cri-
se,..." (R 211)
PREPARAR = prepará-lo
(para...) (Fernandes: 474) e
(Luft: 415))
2
“...se estivesse preparado para lidar com certos níveis de crise,...”
(R 211)
16 REDIMIR
“Se você der asas à imagina-
ção você pode criar mentiras
fantásticas, consertar defeitos,
redimir dos erros e...” (R30)
REDIMIR = redimi-lo (de...)
(Fernandes: 502) e (Luft: 440)
3
“ Se você der asas à imaginação, pode criar mentiras fantásticas,
consertar defeitos, redimir alguém dos erros e...”
(R 30)
“...redimir os erros de alguém e...” (idem)
17 REFERIR
“... estamos nos referindo de
um assunto
muito polêmico."
(R 64)
REFERIR = referir-se a...
(Fernandes: 504) e (Luft:
441)
3
“...estamos nos referindo a um assunto muito polêmico." (R 64)
18 REPETIR
“... proporcionam um crescimen-
to tanto interior quanto exterior
para não se repetir aos erros .
"
(R 250)
REPETIR = repetir-se...
(Fernandes: 516) e (Luft: 451)
2
“... proporcionam um crescimento tanto interior quanto exterior
para não se repetirem os erros. (R 250)
19 TORNAR
tornará realidade
quando
colocarmos as nossa idéias em
prática,..." (R 282)
TORNAR-SE + Pred. =
(Fernandes: 573) e (Luft: 508)
3
“Só se tornará realidade quando colocarmos as nossa idéias em
prática,...” (R 282)
20 UTILIZAR
“... utilizamos da ética para
agirmos,...” (R 11)
UTILIZAR = utilizá-lo; utilizar-
se de... (Fernandes: 589) e
(Luft: 523))
VTD: 2 e
VTR + P.: 3
VAL. 2: “...utilizamos a ética para agirmos,...” (R 11)
VAL. 3: “...utilizamo-nos da ética para agirmos,...” (idem)
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As incorreções, quanto à regência verbal, constatadas em nosso corpus
decorrem de dificuldades motivadas por causas variadas. Frisamos que nosso
foco principal são os verbos sintetizados na tabela 1, porém também faremos
comentários sobre
outros verbos que não constam nessa tabela.
Justificaremos mais adiante o porquê da exclusão de certas formas errôneas.
Partamos então para uma análise mais detalhada:
(a) Desconhecimento da preposição exigida pelo verbo
Ao iniciarmos nossa pesquisa, partimos da hipótese de que o
desconhecimento da preposição que serve de complemento a cada verbo
fosse a falha mais freqüente no que se refere à regência verbal. No entanto,
esse não é o erro mais comum. Verifiquemos os exemplos:
chegar a = "... para se chegar a verdade, a realidade, o acerto."
(R 86)
No sentido usado de alcançar ou de atingir, chegar é um verbo transitivo-
relativo e bivalente. Seu argumento 1 é o sujeito (que está indeterminado) e
seu argumento 2 tem de ser o sintagma preposicional a, que não foi
empregado em momento algum. Se houvesse apenas sintagmas nominais no
gênero feminino complementando o verbo, poderíamos hesitar se o que levou
o candidato ao erro foi não saber empregar o acento grave ou se foi de fato um
problema relacionado à regência. Como a preposição não foi usada nem antes
de “o acerto” gênero masculino, logo não ocorre a junção de a preposição
com a artigo, mas sim de a preposição com o artigo – deduzimos que o
problema é ignorar mesmo que o verbo deveria ser acompanhado do sintagma
preposicional a. Trata-se de um erro absoluto ortográfico.
empenhar = “... pois quando nos empenhamos a algo buscamos
a perfeição....” (R 159)
40
Esse é um verbo trivalente. O argumento 1 está implícito (nós), o
argumento 2 é o pronome átono nos e o argumento 3 deveria ser a preposição
em. Nesse caso, observamos um erro absoluto não ortográfico.
preparar = “...se estivesse preparado a lidar com certos níveis
de crise,...” (R 211)
Não estamos entrando no mérito da questão de o particípio preparado
poder variar em gênero e mero, passando a ser uma forma nominal.
Digamos que a origem verbal desse adjetivo é que exigiria a preposição para e
rejeitaria a preposição a. Isso pode ser verificado na construção, “preparar
(alguém ou algo) para (algo ou para fazer algo)”.
referir = “...estamos nos referindo de um assunto muito
polêmico.” (R 64)
No sentido usado no texto, é um verbo transitivo-relativo e trivalente. Seu
argumento 1 está implícito (nós) e seu argumento 2 tem de ser o sintagma
preposicional a. A falha redacional foi o emprego da preposição de. Trata-se de
um erro não muito comum, mas considerado relativo por rebaixamento de
registro – inadequado ao registro formal apenas.
(b) Emprego, em situações formais, da sintaxe típica do registro
informal brasileiro (erro relativo de rebaixamento de registro)
Emprego do objeto direto no lugar do complemento relativo
assistir = “Uma criança assiste um desenho animado na
televisão,...” (R 262)
Na acepção de presenciar (acompanhar visualmente), assistir deve ser
acompanhado de sintagma preposicional a.
chegar b = “...se chega num estágio superior de entendimento.”
(R 92)
41
O verbo deveria ser seguido do sintagma preposicional a, não do SPrep.
em. Verificamos mais um erro relativo de rebaixamento, ou seja, aquele cuja
inadequação é restrita à variedade formal apenas.
levar = “...leva-se acreditar em coisas sérias,...” (R 158)
Levar é um verbo causativo e seus argumentos necessários deveriam ser
um objeto direto e um complemento relativo no infinitivo. Em outro contexto, o
vestibulando poderia ter adotado a estrutura: levar + OD + CR (introduzido por
infinitivo). Contudo, no contexto da redação, a voz passiva é a melhor opção,
portanto sugerimos: “...é levado a acreditar em coisas sérias,...”.
Houve ainda dois outros problemas que não atribuímos a dificuldades
com a regência:
1. O pronome se não deveria fazer parte da oração, pois não tem valor
semântico. Vemos que é o resultado de um cruzamento sintático entre o índice
de indeterminação do sujeito e o pronome que integra um verbo pronominal.
2. A construção leva-se acreditar decorre de uma metanálise,
“fenômeno que consiste em decompor mentalmente um vocábulo ou uma
locução de maneira diversa do que determina a sua origem”. Cf. CAMARA
JR. 1966, p. 166. A aglutinação do a preposição com o a inicial o verbo
acreditar pode ter sido a causa efetiva do erro.
lidar = Devemos lidar com respeito e atenção todas as
pessoas que conhecemos,...” (R36)
Uma vez que lidar é um verbo bivalente e que o sintagma preposicional
com exigido pelo verbo foi omitido, sua valência ficou incompleta. O argumento
1 está implícito (nós) e argumento 2 não existe de fato. Convém ressaltar que,
neste caso específico, consiste em um erro absoluto não ortográfico.
Omissão do objeto direto no registro formal
cometer = “Os defeitos podem ser erros tidos como exemplo para
que outros não cometam,...” (R 15)
42
Cometer é verbo transitivo direto e bivalente. O sujeito, que funcionou
como argumento 1, é dispensável – mesmo na variedade padrão da língua
o objeto direto, que seria seu argumento 2, é indispensável (ou pelo menos
deve estar implícito no contexto).
redimir = “...consertar defeitos, redimir dos erros e...” (R 30)
Redimir é verbo bitransitivo, trivalente e admite as seguintes estruturas:
redimir alguém de algoou redimir algo de alguém ex.1: “O chefe redimiu
o funcionário do erro.” ou “O chefe redimiu-o do erro.” e ex.2: “O chefe
redimiu o erro do funcionário.” Ou “O chefe redimiu-lhe o erro.” ;
Em vista de os dois verbos terem características em comum e se
classificarem como verbos transitivos, faremos um comentário pertinente a
ambos. A omissão do objeto direto ocorre freqüentemente no uso coloquial da
língua, porém, quando a valência do verbo exige esse argumento, a língua
padrão não permite sua omissão.
Às vezes, mesmo sendo omitido, o objeto direto está implícito no
contexto em que se apresenta o sintagma o que o ocorreu com esses
verbos. Novamente houve o rebaixamento de registro.
Omissão do pronome oblíquo em verbos pronominais
achar = “...como na adolescência que achamos os piores em
tudo,...” (R 265)
Na acepção usada, achar é verbo transobjetivo. E os piores em tudo é o
complemento anexo predicativo desse objeto que foi omitido.
dar-se conta de = “...não damos conta de como os defeitos são
prejudiciais...” (R 61)
No sentido de perceber, o aceitável na língua padrão seria “...não nos
damos conta de como os defeitos são prejudiciais...”.
Três esclarecimentos são necessários:
43
1. Os dicionários de regência consultados o fazem alusão a “dar-se
conta de”, talvez seja justamente por se tratar de uma expressão idiomática.
2. O dicionário Houaiss da língua portuguesa considera aceitável a forma
dar conta de com a mesma acepção de dar-se conta de, porém fornece um
exemplo que é de uma obra de ficção e a língua padrão não é obrigatória na
linguagem literária.
3. Na acepção de perceber “dar conta de” evidencia um erro em termos
absolutos.
esquecer = “E os pais não esquecem de examinar...” (R 27) e
Esquecendo-nos que esses erros,...” (R 235)
Quando pronominal, esquecer vem acompanhado de sintagma
preposicional de. Do mesmo modo, quando não pronominal, esquecer rejeita
sintagma preposicional. Portanto, o correto seria: “E os pais não se
esquecem de examinar...” (R 27); Esquecendo-nos de que esses erros,...”
(R 235) ou Esquecendo que esses erros,...” (idem)
lembrar = “Mas devemos lembrar de que sem imaginação,...” (R
20)
Com o verbo lembrar ocorre o mesmo que dissemos sobre o verbo
esquecer. Seria adequado: “Mas devemos lembrar-nos de que sem
imaginação,...” (R 20) ou “Mas devemos lembrar que sem imaginação,...”
(idem)
tornar = “Só tornará realidade quando colocarmos as nossas
idéias em prática, ...” (R 282)
Na acepção usada, tornar é verbo transobjetivo. O pronome reflexivo que
foi omitido seria complemento anexo predicativo do sujeito que se encontra
subentendido no contexto da redação.
utilizar = “...utilizamos da ética para reagirmos,...” (R 11)
Como podemos verificar, o pronome foi omitido mais uma vez. A única
diferença é que a Prep. da, resultante da contração de de +a era a responsável
por introduzir o SPrep. Caso o verbo estivesse seguido de um objeto direto, o
44
pronome seria dispensável. Por esta ser uma exigência da língua padrão, trata-
se de um erro de rebaixamento de registro.
Emprego de objeto direto preposicionado com verbos que não o
admitem
Grande parte dos verbos que foram incluídos neste item são transitivos
diretos. Portanto, nossa explicação é extensiva a essa maioria.
Não custa lembrar que o objeto direto preposicionado é um recurso
usado em situações específicas. Com base em HENRIQUES, relatamos alguns
casos em que seu uso é permitido, ou mesmo obrigatório, a saber:
obrigatório antes de pronome oblíquo tônico: “Nas horas de
dificuldade, só consultavam a mim.”
obrigatório diante do pronome interrogativo quem: “Estamos
hospedando a quem agora?”
obrigatório por “necessidade de clareza”, quando o sujeito que se
encontra na ordem inversa pode ser confundido com o objeto direto: “Ao
Guarani venceu recentemente Ponte Preta.”
obrigatório “por tradição da ngua”: “Enalteço a Deus por
gratidão.”
facultativo “por estilo” precedendo pronome indefinido: “Essas
medidas beneficiarão a todos.”
facultativo “por posição”, ou seja, houve antecipação, mas o
sujeito continua antes do verbo: “Ao povo ninguém engana pouco...”
Cf. HENRIQUES, 2005, p. 47-48.
Nossa intuição, com base na diacronia da língua, é que se torna
aceitável o objeto direto preposicionado complementando verbos que
exprimem sentimento ex.1: João estima (a) seus vizinhos. ex.2: Aquela
45
garota teme (a) seus pais. Contudo, esse tipo de objeto direto preposicionado
está em desuso na sincronia da língua.
Houve alguns casos em nosso corpus, porém não foram incluídos na
tabela, pois julgamos precipitação caracterizá-los como erros – a saber:
afetar = “...que afetam ao próprio indivíduo...” (R 149) e “...sem
afetar a nada e[sic] nem a ninguém.” (R 154)
atingir = “...quando atingem a um semelhante seu.” (R131)
castigar = “...não mais será preciso castigar aos homens.” (R
235)
os próximos verbos estão entre os de nossa tabela, pois não admitem
objeto direto preposicionado nos contexto em que ocorrem.
forçar = “...forçando a muitos reverem conceitos...” (R 271)
Verbos causativos são complementados por um objeto direto e por um
complemento relativo no infinitivo. A estrutura aceitável na língua padrão seria:
forçar + OD + CR (introduzido por infinitivo): “...forçando muitos a rever
conceitos...”
possibilitar a = “A imaginação humana nos possibilita a uma
reflexão,...” (R 58)
Neste caso específico, vale ressaltar que possibilitar é verbo bitransitivo;
por isso o pode ser complementado por objeto indireto + OD Prep. Por ser
um verbo trivalente admite: argumento 1= sujeito, argumento 2= objeto direto e
argumento 3= objeto indireto, mas não a ocorrência mútua de OD Prep. + OI.
repetir = “...para não se repetir aos erros.” (R. 250)
Além de ter usado um OD Prep. inadequado, o candidato optou pela voz
passiva sintética e falhou na concordância. O correto seria: “...para não se
repetirem os erros.”
46
Ocorreu também OD Prep. devido a cruzamentos sintáticos, como em:
deixar = “...porque não se pode deixar com que essas partes
negativas do viver façam com que se viva uma mentira para sobreviver..”
(R 261)
A construção VTD + OD introduzido por Nom. QUE seria a adequada,
contudo não se pode afirmar que a incorreção provenha especificamente do
desconhecimento dessa construção. Nossa hipótese é que o candidato tenha
feito esse cruzamento sintático por analogia com fazer com que e, em
conseqüência disso, tenha criado o “deixar com que” talvez motivado pela
hipercorreção – embora saibamos que fazer com que é menos formal que fazer
que.
possibilitar b = “... que possibilita com que se pense que os
defeitos são facilmente solucionáveis,..." (R 261)
O mesmo ocorreu com possibilitar que também resulta do cruzamento
sintático decorrente da analogia com a estrutura de outro verbo.
Ambos os verbos são bivalentes, por isso podem ser complementados
por dois argumentos: um sujeito, que não é obrigatório, e um objeto direto, que
é essencial no registro formal.
Incapacidade para empregar os pronomes oblíquos o e lhe
Novamente estamos diante de uma situação em que a falha do
vestibulando pode não ser uma dificuldade em regência verbal. Convém
esclarecer que uma outra construção possível com ambos os verbos, sem
que haja alteração de significado, portanto optamos por incluí-los em nossa
“Primeira tabela de análise do corpus”:
impossibilitar = “...mas lhe impossibilita de evitar a crise que o
próprio erro causa.”
Caso o usemos com objeto indireto, como fez o candidato, a
necessidade de um outro complemento, porém sem Prep.. No exemplo de
47
nosso corpus, a estrutura deveria ser: impossibilitar + OI + OD. Outra opção
seria: impossibilitar OD + OI.
(c) Omissão da preposição antes do pronome relativo
Convém fazer aqui uma ressalva: os verbos deste item não foram
mencionados em nossa tabela de análise. Procedemos dessa forma por termos
consciência de que o problema principal daqueles que os usaram
erroneamente não é relativo à regência verbal. Em razão da grande incidência
da omissão de preposição antes de pronome, abrimos uma exceção e, com
isso, resolvemos enfatizar essa incorreção que torna a regência do verbo
inaceitável. Observemos que primeiro citamos as formas inadequadas e, em
seguida, a solução que propusemos para cada caso.
dar = "...como a água que ele não dava o devido valor,..." (R 193)
"...como a água a que ele não dava o devido valor, ..."
expor = "Em meio a tantos erros e crises que estamos expostos
diariamente,..." (R 218)
"Em meio a tantos erros e crises a que estamos expostos
diariamente,..."
falar = "...chamamos um técnico e ele diz que o problema está em
uma peça que nunca ouvimos falar." (R 182)
"...chamamos um técnico e ele diz que o problema está em
uma peça de que (da qual) nunca ouvimos falar."
passar = “As crises que os indivíduos passam...” (R 14)
“As crises pelas quais (por que) os indivíduos
passam...”
48
Casos de exclusão de todos os itens
Além dos casos comentados houve outras formas errôneas que não
mencionamos em nossa tabela. o elas causadas por alguns fatores
específicos, tais como:
a impropriedade lexical:
implicar = “Porém, esses fatos são contraditórios quando vemos
acontecimentos que implicam com o bem-estar da sociedade
mundial,...” (Redação 89)
Em razão de implicar ser, na acepção usada no exemplo anterior, um
verbo transitivo direto, não poderia haver um SPrep. o complementando.
Implicar com significa atormentar alguém, ter implicância etc. Implicar em,
segundo LUFT, 200, p. 326, tem o sentido de “dar a entender; fazer supor;
pressupor.” ou “trazer conseqüência; acarretar; originar; importar.”, contudo o
dicionarista frisa que essa construção com a Prep. em ainda é uma inovação,
ou seja, não é considerada aceitável pela gramática normativa.
Nossa sugestão seria: “...quando vemos acontecimentos que ameaçam
o bem-estar da sociedade mundial,...”
surgir = “Pois é com o erro de um defeito que pode surgir em um
acerto, transformando-o em uma futura qualidade.” (Redação 169)
No sentido que se pretendeu usá-lo, surgir é um verbo intransitivo, assim
sendo, não pode vir seguido de SPrep.. Na verdade, um acerto tem a função
de sujeito de surgir. É necessário, portanto, substituí-lo por um verbo
transobjetivo tal como transformar-se em.
Erros de grafia (erro em termos absolutos – ortográfico) :
chegar = “Isso seria chegar a perfeição,... ” (Redação 75)
dar = “... dando lugar a decepção e a sensação de fracasso.”
(idem)
49
levar = “... muitas vezes essas falhas nos levam a ruína,...”
(Redação 41)
visar = “... visando a descoberta de soluções para as falhas
apresentadas.” (Redação 102)
Em todos os casos acima exemplificados, não como precisar se a
causa do erro é não saber que os verbos chegar (transitivo relativo); dar
(bitransitivo); levar (bitransitivo) e visar (transitivo relativo) são regidos pela
Prep. a. As formas errôneas podem resultar da incapacidade de perceber que
há a fusão de a preposição com a artigo, o que deve ser indicado com o acento
grave.
As formas aceitáveis quanto à língua padrão seriam:
“Isso seria chegar à perfeição,... ” (Redação 75)
“... dando lugar à decepção e à sensação de fracasso.” (idem)
“... muitas vezes essas falhas nos levam à ruína,...” (Redação 41)
“... visando à descoberta de soluções para as falhas apresentadas.”
(Redação 102)
Cruzamento sintático
acrescentar = “...que não acrescentam em nada à vida do
homem.”
Houve o cruzamento sintático de nada (objeto direto) com em nada
(complemento circunstancial) O recomendável seria acrescentar algo a
alguém ou a alguma coisa.
colocar = “...Os defeitos de carros são outros que não devem
ocorrer, por colocar de outras pessoas em risco.” (Redação 272)
Dever-se-ia escrever “... por colocar a vida de outras pessoas em risco.”,
ou seja, VB + OD + OI. Não como precisar que a forma errônea tenha sido
50
um erro no processo pode ter sido apenas no resultado o que nos levou a
não incluir esses verbos em nossa “Primeira tabela de análise do corpus”.
51
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5
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2
2
E
E
3
3
Por motivos de praticidade, a partir da próxima página, passaremos a nos
referir aos livros didáticos utilizando números (e.g. LD1, LD2 etc.), conforme
fizemos na lista que segue. Foi adotada ordem alfabética.
L
L
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:
:
LD1 = ABAURRE, Maria Luiza M. et alii. Português: língua, literatura, produção
de textos. São Paulo: Moderna, 2004.
LD2 = FARACO, Carlos Alberto. Português: língua e cultura. Curitiba: Base,
2003.
LD3 = INFANTE, Ulisses. Textos: leituras e escritas. São Paulo: Scipione,
2004.
LD4 = MAGALHÃES, Thereza A. C. e CEREJA, William R. Português:
linguagens. São Paulo: Atual, 2004.
LD5 = MURRIE, Zuleika de F. et alii. Língua portuguesa: projeto escola e
cidadania para todos. São Paulo: Editora do Brasil, 2004.
LD6 = PATROCÍNIO, Mauro Ferreira do. et alii. Novas palavras: português. São
Paulo: FTD, 2003.
LD7 = SARMENTO, Leila L. e TUFANO, Douglas. Língua, literatura, gramática,
produção de textos. São Paulo: Moderna, 2004.
LD8 = TAKAZAKI, Heloísa H. Língua portuguesa. São Paulo: IBEP, 2004.
LD9 = TERRA, Ernani e NICOLA, José de. Português: de olho no mundo do
trabalho. São Paulo: Scipione, 2004.
Obs. 1: A tabela 2 trata de verbos extraídos das redações analisadas, alguns
dos quais estão contidos nos capítulos de regência verbal dos LD do PNLEM e
de outros.
52
Obs. 2: Na tabela 3, temos verbos que constam nesses LD, mas com cuja
regência os vestibulandos não revelam dificuldade no corpus analisado.
Obs. 3: O sinal + nas linhas de cada coluna significa a existência do verbo no
corpus ou no LD; conseqüentemente, o sinal indica a ausência.
53
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Tabela 2
VERBOS NO CORPUS LD1 LD2 LD3 LD4 LD5 LD6 LD7 LD8 LD9
1 ACHAR
ACHAR + P(ø) + CAP
(R 265)
2 ASSISTIR
ASSISTIR + CR(ø)
(R 262)
+ + + + + + + +
3a CHEGAR
CHEGAR + CR(ø)
(R 86)
+ + + +
3b CHEGAR
CHEGAR + SPrep. com
Prep. EM (R 92)
+ + + +
4 COMETER
COMETER + OD(ø)
(R 86)
5 DAR
Expressão idiomática:
Dar-se conta de algo
DAR P(ø) + conta
(substantivo) + Oração
Completiva Nominal
(R 61)
6 DEIXAR
DEIXAR + Prep. + OD
introduzido por Nom.
QUE (R 261)
7 EMPENHAR
EMPENHAR + SPrep.
com Prep. A (R 159)
54
Tabela 2
VERBOS NO CORPUS LD1 LD2 LD3 LD4 LD5 LD6 LD7 LD8 LD9
8 ESQUECER
ESQUECER + P(ø) +
CR (R 27)
ESQUECER + P +
CR(ø) (R 235)
+ + + + + +
9 FORÇAR
FORÇAR + OD Prep.+
CR( introduzido por
Infinitivo) (R 271)
10 IMPOSSIBILITAR
IMPOSSIBILITAR + OI +
OD Prep. (introduzido
por Infinitivo) (R 153)
11 LEMBRAR
LEMBRAR + P(ø) + CR
introduzido por Nom.
QUE (R 20)
+ + + + +
12 LEVAR
LEVAR + CR(ø) (R 158)
13 LIDAR
LIDAR + CR(ø) (R 36)
14a POSSIBILITAR
POSSIBILITAR + OI +
OD Prep. (R 58)
14b POSSIBILITAR
POSSIBILITAR + Prep.
+ OD introduzido por
Nom. QUE (R 261)
15 PREPARAR
PREPARAR S Prep. a
(R 211)
55
Tabela 2
VERBOS NO CORPUS LD1 LD2 LD3 LD4 LD5 LD6 LD7 LD8 LD9
16 REDIMIR
REDIMIR + OD(ø) + CR
(R 30)
17 REFERIR
REFERIR + P + SPrep.
de (R 64)
+
18 REPETIR
REPETIR + OD Prep.
(R 250)
19 TORNAR
TORNAR + P(ø) + CAP
(R 282)
20 UTILIZAR
UTILIZAR + P(ø) + CR
(R 11)
56
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Tabela 3
VERBOS NO CORPUS LD1 LD2 LD3 LD4 LD5 LD6 LD7 LD8 LD9
1 ABANDONAR
+
2 ABDICAR
+
3 ABRAÇAR
+
4 ACOMPANHAR
+
5 ACREDITAR
+
6 ACUSAR
+
7 ADMIRAR
+
8 ADORAR
+
57
Tabela 3
VERBOS NO CORPUS LD1 LD2 LD3 LD4 LD5 LD6 LD7 LD8 LD9
9 AGRADAR
+ +
10 AGRADECER
+
11 AJUDAR
+
12 ALEGRAR
+
13 ALMEJAR
+
14 ALUDIR
+
15 AMEAÇAR
+
16 AMOLAR
+
17 ANSIAR
+
18 ANTECEDER
+
58
Tabela 3
VERBOS NO CORPUS LD1 LD2 LD3 LD4 LD5 LD6 LD7 LD8 LD9
19 ANTIPATIZAR
+ + +
20 ASPIRAR
+ + + + + + + +
21 ATENDER
+
22 ATENTAR
+
23 AUXILIAR
+
24 AVISAR
+
25 CARECER
+
26
CASTIGAR
+
27 CHAMAR
+ + + +
28 COGITAR
+
59
Tabela 3
VERBOS NO CORPUS LD1 LD2 LD3 LD4 LD5 LD6 LD7 LD8 LD9
29 COMPRAR
+
30 CONCORDAR
+ + +
31 CONDENAR
+
32 CONHECER
+
33 CONSENTIR
+
34 CONSERVAR
+
35 CONSISTIR
+
36 CONVIDAR
+ +
37 CUSTAR
+ + +
38 DEFENDER
+
60
Tabela 3
VERBOS NO CORPUS LD1 LD2 LD3 LD4 LD5 LD6 LD7 LD8 LD9
39 DEPARAR
+
40 DESABAR
+
41 DESCONFIAR
+
42 DESDENHAR
+
43 DESOBEDECER
+ + + + + +
44 DISCUTIR
+
45 DISPOR
+
46 DUVIDAR
+ +
47 ELEGER
+
48 ENSINAR
+
61
Tabela 3
VERBOS NO CORPUS LD1 LD2 LD3 LD4 LD5 LD6 LD7 LD8 LD9
49 ENTREGAR
+ +
50 ESTIMAR
+
51 FALAR
+
52 GOSTAR
+ +
53 GOZAR
+
54 HUMILHAR
+
55 IMPLICAR
+ + + + + +
56 INCORRER
+
57 INFORMAR
+ + + +
58 INSISTIR
+
62
Tabela 3
VERBOS NO CORPUS LD1 LD2 LD3 LD4 LD5 LD6 LD7 LD8 LD9
59 IR
+ + + +
60 MORAR
+ +
61 NAMORAR
+ + +
62 NECESSITAR
+ +
63 OBEDECER
+ + + + + + + + +
64 OBSTAR
+
65 OUVIR
+
66 PAGAR
+ + + + +
67 PENSAR
+
68 PERDOAR
+ + + + +
63
Tabela 3
VERBOS NO CORPUS LD1 LD2 LD3 LD4 LD5 LD6 LD7 LD8 LD9
69 PRECEDER
+
70 PRECISAR
+ + +
71 PREFERIR
+ + + + + + +
72 PREJUDICAR
+
73 PRESIDIR
+
74 PREVENIR
+
75 PREZAR
+
76 PROCEDER
+ +
77 PROTEGER
+
78 QUERER
+ + +
64
Tabela 3
VERBOS NO CORPUS LD1 LD2 LD3 LD4 LD5 LD6 LD7 LD8 LD9
79 RENUNCIAR
+
80 REPARAR
+
81 RESIDIR
+ +
82 RESPEITAR
+
83 RESPONDER
+ + +
84 SATISFAZER
+
85 SER
+ +
86 SIMPATIZAR
+ + + + +
87 SOCORRER
+
88 SUPORTAR
+
65
Tabela 3
VERBOS NO CORPUS LD1 LD2 LD3 LD4 LD5 LD6 LD7 LD8 LD9
89 VER
+
90 VERSAR
+
91 VISITAR
+
92 VISAR
+ + + + + + + +
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achar, cometer, dar, deixar, empenhar, forçar, impossibilitar, levar,
lidar, possibilitar, preparar, redimir, repetir , tornar e utilizar.
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:
assistir, chegar, esquecer, lembrar e referir.
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:
:
abandonar, abdicar, abraçar, acompanhar, acreditar, acusar,
admirar, adorar, agradar, agradecer, ajudar, alegrar, almejar,
aludir, ameaçar, amolar, ansiar, anteceder, antipatizar, aspirar,
atender, atentar, auxiliar, avisar, carecer, castigar, chamar, cogitar,
comprar, concordar, condenar, conhecer, consentir, conservar,
consistir, convidar, custar, defender, deparar, desabar, desconfiar,
desdenhar, desobedecer, discutir, dispor, duvidar, eleger, ensinar,
entregar, estimar, falar, gostar, gozar, humilhar, implicar, incorrer,
informar, insistir, ir, morar, namorar, necessitar, obedecer, obstar,
ouvir, pagar, pensar, perdoar, preceder, precisar, preferir,
prejudicar, presidir, prevenir, prezar, proceder, proteger, querer,
67
renunciar, reparar, residir, respeitar, responder, satisfazer, ser,
simpatizar, socorrer, suportar, ver, versar, visitar e visar.
De fato, uma considerável discrepância entre os verbos que constam
em nosso corpus e os que integram as listas de verbos e regências nos LD do
PNLEM. Especificamente quanto ao tema abordado por nossa pesquisa, fica
clara a necessidade de reavaliação do que priorizar no ensino de língua
materna.
Nas listas de alguns livros, figuram certos verbos que estão praticamente
em desuso aem situações comunicativas mais formais. É o caso de assistir
no sentido de morar, bem como dos verbos obstar, versar etc.
No quadro sinóptico do subcapítulo 3.2., é evidenciada a
despreocupação de alguns LD quanto ao ensino de gramática postulado pelos
Parâmetros Curriculares Nacionais para o ensino médio (PCN+). De acordo
com esses parâmetros, a gramática deve ser vista como “um conjunto de
regras que sustentam o sistema de qualquer língua.” Fornecemos alguns
exemplos do que se deve levar em conta no trabalho com a língua:
Na fala ou na escrita, é fundamental considerar a situação
de produção dos discursos que, afinal, o possibilitados
pelo conhecimento gramatical (morfológico, sintático,
semântico) de cada pessoa.
Compreender que o aceitável na linguagem coloquial pode
ser considerado [inadequado] na linguagem padrão (...).
Abordar os diversos graus de formalidade das situações de
interação.
Compreender as especificidades das modalidades oral e
escrita da língua. – Cf. PCN+, 2003, p. 60.
A proposta dos parâmetros considera pelo menos três visões para o
conjunto de regras que a gramática abrange: “aquelas que são seguidas;
aquelas que podem ser seguidas; [e] aquelas que devem ser seguidas.” Ainda
critica a perspectiva de ensino adotada pela escola brasileira no ensino da
língua materna nos últimos anos. Os PCN+ julgam que passou a haver uma
postura não voltada para a preocupação em articular as prescrições típicas da
abordagem gramatical com as práticas de leitura e produção textual e lembram
68
que o ato de produzir textos “mobiliza uma série de recursos profundamente
relacionados à competência gramatical.” – Cf. PCN+, 2003, p.81.
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Inicialmente, enfatizamos que nossa avaliação prioriza o tratamento
dado pelo LD à regência, bem como os exercícios de análise lingüística
relativos ao tema.
Mesmo que não estejam totalmente adequados à concepção de
gramática que defendemos neste trabalho, alguns LD estão à procura de um
caminho, portanto não reduzem a língua a um monumento lingüístico
cristalizado, compreendendo-a como um fim em si mesma e considerando o
aluno um mero reprodutor de regras gramaticais. Contrapondo-se a essa
postura, concebem o educando e qualquer outro falante da língua como seres
providos de linguagem, que desenvolvem relações socioverbais.
Por um lado LD cujas propostas teórico-metodológicas têm como fio
condutor da construção dos conhecimentos lingüísticos a compreensão do
fenômeno da linguagem. Nestes, o trabalho é orientado por uma série de
atividades que acolhem a variação lingüística e levam em consideração a
variedade de gêneros textuais e discursivos.
Por outro lado, há LD que não levam em conta as variedades da língua e
sequer mencionam suas possibilidades de uso nos registros mais informais
só operam com a língua padrão.
A seguir apresentamos uma análise pormenorizada de cada um dos LD
do PNLEM:
LD1 = ABAURRE, Maria Luiza M. et alii. Português: língua, literatura,
produção de textos. São Paulo: Moderna, 2004
69
Síntese da proposta no “Manual do Professor”: Os autores propõem
que a gramática “seja ensinada de tal forma que os alunos possam perceber
que a linguagem é parte integrante de suas vidas, dentro e sobretudo fora da
escola; que ela é instrumento indispensável, tanto para a aquisição de
conhecimentos em quaisquer áreas do saber, como para a participação dos
indivíduos nos mais diversos contextos sociais de interlocução. E os estudos
gramaticais devem ser vistos, nesse contexto, como instrumento que facilita a
obtenção de um conhecimento sobre a linguagem e seus usos em situações
reais, e não como objetivo final das aulas, que não se deverão transformar, em
hipótese alguma, na apresentação interminável e maçante de definições,
termos ‘estranhos’ e listas a serem memorizadas.” Cf. ABAURRE, 2004, p. 5 do
“Manual do Professor”.
Em nossa análise, constatamos que o LD não parte do texto para falar
sobre regência verbal e a conceitua com base na gramática normativa. Recorre
apenas à sistematização gramatical e fornece longa lista de verbos e nomes e
as respectivas regências.
Na explicação teórica, o paralelo o uso da língua padrão e o do registro
informal em situações comunicacionais cotidianas é brevíssimo.
Os exercícios são bons: alguns partem de situações reais de uso da
língua, outros são de vestibular.
LD2 = FARACO, Carlos Alberto. Português: língua e cultura. Curitiba:
Base, 2003.
Síntese da proposta no “Manual do Professor”: O autor faz algumas
considerações sobre a realidade estrutural da língua e declara que centrar o
ensino do português no estudo gramatical – pura e simplesmente – é um
equívoco, contudo não acredita que os conteúdos gramaticais devam
desaparecer de todo da programação escolar. Além disso, acredita que a
escola ainda o encontrou um caminho pedagógico alternativo para lidar com
a questão gramatical “um caminho que não ponha a gramática como centro
do ensino, mas que não deixe de oferecer aos/às estudantes a oportunidade de
70
refletir sobre a organização estrutural da linguagem verbal.” Cf. FARACO,
2003, p. 12 do “Manual do Professor”.
Parte do texto para refletir sobre a concepção de gramática atual, não
para conduzir à criação de um conceito específico.
Seu conceito de regência é avesso ao viés estritamente normativo. Suas
definições são sucintas e expostas em uma linguagem simples e clara mas
sem que haja simplismo. Fornece breve lista de verbos e as respectivas
regências. Sendo coerente com a proposta que expõe no “Manual do
Professor”, sugere ao aluno o dicionário de Luft para consultas necessárias.
Traça um paralelo entre o uso da língua padrão e o do registro informal,
respeitando inteiramente este último.
Os exercícios de regência são poucos, mas sempre levam em
consideração a correlação entre a língua padrão e a linguagem informal.
Contudo, sentimos falta de um estímulo que conduza o educando a imaginar
situações reais de uso da língua.
Enfatizamos alguns pontos que julgamos relevantes:
Na seção em que resume o objetivo do primeiro capítulo sobre sintaxe
(p.28) conceitua verbo como “elemento nuclear que contém em si a
possibilidade de uma sentença, pelo fato de ele conter o gérmen semântico de
toda uma cena” e, em seguida, esclarece que não há nada de novo na sua
maneira de trabalhar, a não ser, “talvez, o modo de apresentar velhos
conteúdos”. Com uma linguagem bem-humorada, ainda caracteriza os verbos
(p. 286) como as palavras sintaticamente mais poderosas da língua”, pois
“são eles que constituem o núcleo estruturador das sentenças”.
Também deixa claro que, “como falantes da ngua, não perdemos o
sono por causa da regência verbal ou nominal dominar a linguagem
cotidiana, desde os primeiros anos de vida, é também dominar a regência de
suas palavras: ela sai ‘automaticamente’”. (p. 352)
Sendo coerente com a sua proposta, especifica três momentos em que
precisamos nos preocupar com a regência (p. 353): “1. quando temos de usar
71
uma palavra menos freqüente e não temos certeza de sua regência. A
solução, neste caso, é consultar o dicionário; 2. quando um conflito entre
a regência que praticamos na fala informal e aquela prescrita para a
língua padrão [e estamos diante de uma situação em que o uso da última é
necessário] e 3. quando construímos sentenças complexas com pronome
relativo. Neste caso, há, hoje, uma forte tendência, na língua falada (mesmo
em situações formais) a se apagar a preposição exigida pelo verbo.”
LD3 = INFANTE, Ulisses. Textos: leituras e escritas. São Paulo:
Scipione, 2004.
Síntese da proposta no “Manual do Professor”: “Foi nossa intenção,
ao elaborar este livro, propor um intenso trabalho com a linguagem, conferindo
ao texto um papel central e desenvolvendo, a partir da análise de situações de
uso efetivo, reflexões que capacitem o aluno a desenvolver ainda mais sua
própria atividade de produtor de textos, ao mesmo tempo, suas investigações
de ordem cientifica sobre a linguagem. Em outras palavras: propomos
atividades que objetivam desenvolver a competência para o uso da língua na
‘representação e comunicação’, ‘na investigação e compreensão’ e na
contextualização sociocultural’, de acordo com o que se recomenda nos PCN
EM [ensino médio] (que se torna a recomendar nos PCN +).” Cf. INFANTE,
2004, p. 3 do “Manual do Professor”.
Parte do texto, mas este parece ser um mero pretexto para a abordagem
da gramática. No entanto, seu conceito de regência é um pouco distante do da
gramática normativa.
Fornece uma lista demasiadamente grande de verbos e nomes e as
respectivas regências, traçando um brevíssimo paralelo entre o uso
recomendado pela língua padrão e o uso na linguagem informal.
Os exercícios são essencialmente de substituição de palavras por outras
para que seja feita a adequação em relação à regência. Apenas o último deles
vincula o conhecimento lingüístico ao texto.
72
LD4 = MAGALHÃES, Thereza A. C. e CEREJA, William R. Português:
linguagens. São Paulo: Atual, 2004.
Síntese da proposta no “Manual do Professor”: Os autores dizem
que: “Os conteúdos consagrados pela gramática descritiva, tais como
morfologia e análise sintática, são incluídos, mas tratados de modo diferente.
Em vez do estudo de frases descontextualizadas, busca-se o texto e o
discurso; em vez do mero reconhecimento e classificação de determinadas
categorias gramaticais, dá-se ênfase ao emprego desses recursos lingüísticos
e aos sentidos produzidos a partir do seu uso."
Ainda acrescentam que o trabalho com a gramática em seu livro
“privilegia os conteúdos essenciais para a leitura e a produção de textos.
Conceitos novos e indispensáveis são introduzidos, tais como variedades
lingüísticas, discurso, intencionalidade discursiva e polifonia discursiva, entre
outros. Procura-se tratar esses conteúdos com uma abordagem teórica nova,
apoiada na semântica, na lingüística textual e na análise do discurso.” Cf.
MAGALHÃES e CEREJA, 2004, p. 3 do “Manual do Professor”.
Em nossa análise, observamos que A seção Construindo o conceito
propõe atividades práticas com o intuito de levar o aluno à inferência do
conceito gramatical, por meio do trabalho com o texto. Em seguida, a seção
Conceituando, que objetiva complementar as deduções feitas pelo aluno na
seção anterior.
Contudo, fica claro que a seção Construindo o conceito se distancia
parcialmente de suas intenções declaradas. Embora o nome seja bem
sugestivo, ela não se caracteriza por conduzir o aluno a uma real reflexão, mas
a dirigir mais didática e metodicamente a exposição da matéria.
Quanto ao conceito de regência, a referência teórica ora é a gramática
tradicional, ora a lingüística do texto e do discurso.
Fornece razoável lista de verbos e nomes e as respectivas regências e
sugere que o aluno consulte um dicionário caso seja necessário.
73
Não traça um o paralelo entre o uso recomendado pela língua padrão e
o uso na linguagem informal, mas sugere ao professor que o faça.
Os exercícios são razoáveis: a maior parte deles se limita à substituição
de palavras por outras para que se use a regência adequada.
LD5 = MURRIE, Zuleika de F. et alii. Língua portuguesa: projeto escola e
cidadania para todos. São Paulo: Editora do Brasil, 2004.
Síntese da proposta no “Manual do professor”: “A proposta está
centrada no desenvolvimento lingüístico do aluno, nos usos da linguagem
verbal e no ato comunicativo. Esses pressupostos impõem ao ensino o respeito
pela diversidade e a busca por conhecimentos que possam gerar, pelo estudo
do texto, novas formas comunicativas, adequadas às necessidades do ato
interlocutivo.
A língua é um referencial do pensamento e da ação e bem sabemos que
as diferenças sociais perpassam o seu domínio e uso. Dominá-la significa
conhecê-la como instrumento de posse de um poder simbólico com o qual
podemos argumentar, confrontar opiniões, expressar o pensamento, dentro das
expectativas de diferentes usos sociais.
Como a língua faz parte do conhecimento do aluno, o seu estudo
requer a revisão do legado recebido, como ponto de partida para a
compreensão do seu significado social e cultural. Ao mesmo tempo que o
compreende, o aluno deve aprender as possibilidades dos múltiplos usos
sociais da língua, em diversas condições, como protagonista de sua própria
‘voz’.
A crítica aos manuais existentes é justa quando acusa uma postura de
tratar o estudante como um depósito de informações, um sujeito passivo, que
deve memorizar conhecimentos discutíveis, sem a possibilidade de entendê-los
em uma perspectiva pessoal e contextualizada.” Cf. MURRIE et alii., 2004, p.
16 do “Manual do Professor”.
74
Ao analisar o LD, percebemos que este parte da reflexão sobre a
concepção de gramática atual.
Conceito de regência avesso ao viés estritamente normativo e em
linguagem simples. Suas definições são sucintas, mas não são simplistas.
Não fornece propriamente uma lista de verbos e as respectivas
regências. Na verdade, ao definir regência exemplos com os verbos que
julga mais dificultosos e sugere o dicionário de Luft para consultas
indispensáveis.
Traça um paralelo entre o uso recomendado pela língua padrão e o uso
na linguagem informal, respeitando inteiramente esta última.
Apesar de os autores terem optado por um caderno de atividades
separado do livro em si; os exercícios o pouquíssimos e não levam em
consideração a correlação entre língua padrão e a linguagem informal.
Sentimos falta novamente de um estímulo que conduza o educando a imaginar
situações reais de uso da língua.
LD6 = PATROCÍNIO, Mauro Ferreira do. et alii. Novas palavras:
português. São Paulo: FTD, 2003.
Síntese da proposta no “Manual do professor”: Os autores afirmam
ser necessária a articulação de gramática, leitura e escrita, “de modo que o
estudante não só tenha oportunidade de refletir a respeito da língua e de
analisar sua estrutura e funcionamento, mas também possa aperfeiçoar sua
capacidade de leitura e de escrita funcionais.” Cf. PATROCÍNIO et alii, 2003,
p. 62 do “Manual do Professor”.
Dentre os objetivos propostos por (p. 62-63), destacamos os seguintes:
Conscientizar o estudante da importância de desenvolver uma certa competência de
análise gramatical, não como um fim em si, mas como uma ‘linguagem especial’ útil para
a reflexão a respeito da norma culta e para o emprego eficiente dela.
Possibilitar que o aluno amplie gradativamente seu domínio de uso da norma culta,
variedade indispensável para sua participação na vida social letrada.
75
Contribuir para que o aluno desenvolva uma visão não preconceituosa em relação às
variedades lingüísticas divergentes do padrão culto.
Tornar o aluno apto a analisar o papel dos diferentes recursos (morfológicos, sintáticos e
semânticos) na constituição formal e significativa dos enunciados lingüísticos.
Desenvolver a habilidade de leitura funcional do aluno, buscando torná-lo mais capaz de
associar o conteúdo lingüístico de um texto com o conhecimento de mundo (informações
pragmáticas), de modo a interpretar’ eficientemente textos de caráter prático
(informativos, publicitários, instrucionais etc.) que circulam no meio social.
Nossa análise constatou que o LD não parte do texto e recorre apenas à
sistematização gramatical. Contudo, o conceito de regência não é totalmente
vinculado à gramática normativa.
Fornece breve lista de verbos e as respectivas regências. Embora não
seja o assunto específico de nossa pesquisa, vale fazer menção a um fato
curioso: a preposição exigida por certos substantivos, adjetivos e advérbios não
é sequer mencionada.
Traça um paralelo entre o uso recomendado pela língua padrão e o uso
na linguagem informal, respeitando bastante a última.
Alguns exercícios atêm-se apenas ao nível da frase e outros levam à
reflexão sobre a língua, como por exemplo, alguns de vestibular.
LD7 = SARMENTO, Leila L. e TUFANO, Douglas. ngua, literatura,
gramática, produção de textos. São Paulo: Moderna, 2004.
Síntese da proposta no “Manual do professor”: “Nesta parte, são
apresentadas as principais regras gramaticais estabelecidas pela norma culta.
Textos das mais variadas origens, charges [sic], quadrinhos e cartazes de rua
foram empregados para explicitar algumas regras e facilitar a compreensão dos
conceitos abordados.
O trabalho com as variantes lingüísticas e os diferentes níveis de
formalidade, porém, não foi esquecido. Concentramos na parte de produção de
76
texto as explicações e os exercícios voltados ao emprego contextualizado da
língua. A apresentação de diferentes portadores de textos na parte de
gramática, porém, contribui para que haja espaço para esse trabalho em
diversos momentos.” Cf. SARMENTO e TUFANO, 2004, p. 3 do “Manual do
Professor”.
Aparentemente, parte do texto para refletir sobre o funcionamento da
linguagem, porém apresenta a nomenclatura gramatical como se ela
constituísse um fim em si mesma. Na seqüência, apresenta a seção
Conceituando, destinada a definir brevemente regência e a fornecer uma
sucinta lista de verbos e nomes e as respectivas regências.
Apesar de as definições não terem a amplitude necessária, não são
excessivamente superficiais, porém seria recomendável um aprofundamento.
Além disso, o LD não compara o uso recomendado pela língua padrão com o
uso na linguagem informal. Os exercícios são calcados apenas na substituição
de palavras por outras para que seja feita a adequação em relação à regência.
LD8 = TAKAZAKI, Heloísa H. Língua portuguesa. São Paulo: IBEP,
2004.
Síntese da proposta no “Manual do professor”: “Na concepção de
gramática adotada por este material didático não cabe nenhuma espécie de
exercício de memorização de regras ou nomenclaturas”. – Cf. TAKAZAKI,
2004, p. 16 do “Manual do Professor”.
O que é mostrado como algo positivo na própria síntese analítica do
Catálogo do PNLEM, 2004, p.17:
(...) este livro se destina a um professor disposto a rever
práticas tradicionais e a construir, na interação com o aluno,
reflexões sobre o fenômeno da linguagem em toda sua riqueza e
complexidade.
Particularmente, observamos que regras e nomenclaturas não são
praticamente mencionadas. Apenas no final do livro p. 334-356 um
brevíssimo apêndice gramatical constituído de quadros sinópticos que se
77
destinam à consulta por parte dos alunos para as práticas de leitura e produção
de textos propostas pela autora.
As estruturas da língua são diluídas ao longo do trabalho com a
linguagem (leitura, interpretação e produção de textos), conseqüentemente,
são abordadas de forma dispersa.
A seção Tópicos Gramaticais, no final do livro, é destinada à
sistematização da gramática. Na referida seção há uma definição bem breve de
todos os termos da oração em apenas uma página. O livro o trata
minuciosamente de conceitos gramaticais.
Não exercícios específicos de regência ou de qualquer outro tópico
gramatical e, embora as intenções reveladas no “Manual do Professor”
justifiquem tal atitude, observamos que a autora acaba superestimando a
capacidade de o aluno consultar o apêndice para sanar suas dúvidas
gramaticais.
Um ponto positivo é que as atividades didático-pedagógicas tomam a
leitura e a interpretação de textos dos mais variados gêneros como pontos de
partida.
LD9 = TERRA, Ernani e NICOLA, José de. Português: de olho no mundo
do trabalho.São Paulo: Scipione, 2004.
Síntese da proposta no “Manual do professor”: Para os autores, o
papel da escola no ensino da gramática consiste em “aprimorar a capacidade
de articulação do pensamento do aluno, discutir e evidenciar as relações
gramaticais, oferecendo novas possibilidades de expressão. Não basta, para
isso, apresentar conceitos prontos e uma série de exercícios de fixação, pois o
trabalho tornar-se-á enfadonho e a atividade, desinteressante, matando em
princípio a tarefa a que se propõe.
Dois caminhos, pelo menos, apresentam-se diante dessa perspectiva:
não ensinar gramática, enfatizando exclusivamente a leitura e a produção; ou
ensinar gramática de um modo reflexivo, expondo o aluno a variados tipos de
78
textos (aos quais, aliás, ele está exposto cotidianamente) e levando-o a refletir
sobre fatos da língua. Acreditamos que o segundo caminho é o indicado,
notadamente agora, quando Língua Portuguesa, no Ensino dio, compõe a
área de Linguagens, códigos e suas tecnologias.
(...) Assim, entendemos que o ensino de gramática não pode ser
abandonado e, mais, que deve ser visto como um suporte da comunicação
escrita. Sugerimos que o (a) professor(a) enfatize aspectos gramaticais
fundamentais para a produção de texto acentuação gráfica, concordância,
regência, coordenação e subordinação, elementos coesivos , mostrando
como podem ser importantes para a eficácia da comunicação. O tratamento
dado ao estudo gramatical, portanto, deve ser essencialmente funcional.”
Síntese da proposta no manual do professor: “Na concepção de gramática
adotada por este material didático não cabe nenhuma espécie de exercício de
memorização de regras ou nomenclaturas”. – Cf. TERRA e NICOLA, 2004, p. 6
do “Manual do Professor”.
Parte do texto, conduzindo o aluno a criar a sua própria definição de
regência verbal (e nominal), entretanto o conceito de regência é voltado para o
da gramática normativa.
A lista de verbos e as respectivas regências é razoável e o paralelo entre
a língua padrão e o uso na linguagem informal é contemplado pelos autores.
uma boa dosagem de exercícios: alguns mais tradicionais e outros
que levam à reflexão sobre a língua. Contudo, não há exercícios que partam do
texto, todos recorrem apenas à sistematização gramatical.
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Um dos pontos fundamentais na análise lingüística é trabalhar com
características estruturais dos diversos tipos de texto. É desejável que se
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abordem aspectos gramaticais que possam conduzir o aluno ao domínio da
modalidade escrita da língua.
Devemos tentar criar situações em que o aluno possa operar e refletir
sobre a própria linguagem. Conseqüentemente, poderemos levá-lo a notar as
semelhanças e as diferenças de formas e de usos do idioma, bem como a
formular hipóteses sobre as condições contextuais e estruturais em que se
desenvolvem esses usos.
Reafirmamos que não como dar um tratamento ao ensino gramatical
desarticulado do uso efetivo da língua. Contudo, desconsiderar a relevância do
ensino da variedade formal culta é um erro grave, pois a escola é o espaço
apropriado ao desenvolvimento da competência discursiva do aluno, entendida
como a capacidade de lidar com textos orais e escritos variados e também
como a adequação do registro lingüístico a cada situação comunicativa.
Visando a isso, passamos a propor algumas atividades para a aquisição
de automatismos verbo-motores com base em nossa experiência pedagógica.
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Com esse tipo de atividade, visamos a facilitar a aquisição das
estruturas morfossintáticas próprias da língua padrão. Levando em
consideração que o aluno deve dominar os diferentes registros da língua,
observamos que, por meio do CD, o aluno poderá internalizar novos hábitos,
aperfeiçoando sua competência lingüística.
Nosso propósito é fornecer um novo tipo de estímulo: o auditivo. Podem-
se assim enfatizar: a) as regências típicas do registro formal; b) o pronome
80
relativo precedido de preposição e c) o emprego dos pronomes lhe e o (e
variantes).
Script do CD:
a) as regências típicas do registro formal
Repita as frases:
Eles não chegaram ao parque.
Lembrei-me de seu pai.
Redimiu-os das falhas cometidas.
Repita as frases, substituindo seus verbos pelos que forem indicados:
Eu vi o espetáculo. (assistir)
Utilizamos a paciência e a vontade.(utilizar + pronome)
Esquecemos o problema. (esquecer + pronome)
b) o pronome relativo precedido de preposição
Repita as frases:
Esta é a cidade em que nasci.
Aquele foi o livro de que precisei.
Na outra sala é que estão as pessoas sobre as quais falei.
Vanessa mora na casa da qual Mauro gostou.
Felipe é o rapaz a quem ela se referiu.
Não foram esses os problemas de saúde pelos quais aqueles
alunos passaram?
81
c) o emprego dos pronomes lhe e o (e variantes)
Repita as frases:
O menino pediu-lhe desculpas.
Eu o vi no cinema.
Carlos convidou-os para o passeio.
Foi ele que lhe propôs o acordo.
Isso lhe possibilita uma grande lição.
Já não o encontra há muito tempo.
Isso é apenas uma pequena amostra do que pode ser gravado no CD ou
na fita. Não custa lembrar que o pronome relativo precedido de preposição não
é praticamente empregado nos registros mais coloquiais, por isso a audição do
CD ou da fita permitirá a criação de uma intuição artificial. Habilidades que não
fazem parte da gramática internalizada do aluno poderão ser desenvolvidas.
Não é que não possamos descrever essas estruturas e propor exercícios
convencionais sobre elas. Contudo, para o uso de preposição antes de
pronome relativo, o que propomos deve ser feito previamente. E, ainda que
seja depois de explicações e de exercícios de outro tipo que não deixam de
ter sua validade a atividade também é bastante aconselhável para conduzir o
educando a empregar as regências típicas do registro formal e a usar
adequadamente os pronomes lhe e o (e variantes).
Para o melhor aproveitamento do trabalho, sugerimos agrupar os verbos
na ordem abaixo:
Verbos que apresentam mais de uma regência:
Esquecer/ lembrar
a) Quando não forem pronominais: são usados sem preposição.
Ex.: Esqueci o nome dela.
b) Quando pronominais: são regidos pela preposição de.
Ex.: Lembrei-me do
nome de todos.
82
Verbos em que há conflito entre o registro formal e o
informal
Assistir
a) no sentido de ver, presenciar: exige a preposição a.
Ex.: Não assistimos ao show.
Chegar/ ir devem ser introduzidos pela preposição a e não
pela preposição em.
Ex.: Vou ao dentista./ Cheguei a Belo Horizonte.
Namorar – não se usa com preposição.
Ex.: Joana namora Antônio.
Obedecer/desobedecer – exigem a preposição a.
Ex.: As crianças obedecem aos pais./ O aluno desobedeceu ao
professor.
Simpatizar/ antipatizar – exigem a preposição com.
Ex.: Simpatizo com Lúcio./ Antipatizo com meu professor de
História.” – Cf. http://www.portugues.com.br/sintaxe/regeverba.asp
Podem ser feitos, por exemplo, exercícios com o pronome relativo
precedido de preposição:
Repita as frases, completando as lacunas com um pronome
relativo precedido de preposição, de acordo com a regência do
verbo indicado.
a) A peça teatral ___________________________________ vimos
foi um fracasso de público.
b) A peça teatral ___________________________________
assistimos foi um fracasso de blico. Cf. PATROCÍNIO et alii,
2004, p. 503.
Não excluímos também a possibilidade de listas de exercícios
destinados ao emprego dos pronomes lhe e o (e variantes), cujos exemplos
são de um LD que não está entre os recomendados pelo PNLEM:
1- Em cada item você encontrará uma frase típica da linguagem
coloquial de várias regiões do Brasil. Adapte cada uma dessas
frases à regência verbal da língua culta.
a) Fique tranqüila, querida: eu lhe amo muito.
b) Desde que lhe vi, minha vida não é mais a mesma.
c) Ela já parou de lhe amolar?
d) Faço questão de lhe abraçar.
2- Faça a substituição dos termos destacados nas frases seguintes
pelos pronomes oblíquos átonos apropriados.
a) Não desejo incomodar aqueles rapazes.
83
b) É preciso ajudar as crianças de rua.
c) Você não deve prejudicar os alunos.
d) Ele gostaria de namorar Sílvia.
e) Prezo muito aquele escritor.
f) A comissão não respondeu aos inscritos no concurso. Cf.
CIPRO NETO e INFANTE, 1999, p. 516.
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Convém atentar para o fato de que esse tipo de atividade deve ser feita
esporadicamente, pois tem como objetivo revelar nosso respeito ao registro
informal o que pode ser feito em pouco tempo. Ressaltamos novamente que
o papel do ensino do português na escola é propiciar ao aluno um maior
contato com a variedade lingüística padrão, cujas estruturas é que representam
a verdadeira aquisição de habilidades. Cabe uma ressalva, o que sugerimos
não é a tradução para o formal, mas sim uma sensibilização com vistas a não
desprestigiar o informal.
Essa atividade pode ser feita de diversas formas. Por exemplo, podemos
propor a leitura de textos menos comprometidos com o registro padrão do
idioma, os alunos podem fazer a comparação com a regência da língua padrão
e elaborar o trabalho por meio de texto manuscrito, de cartazes, de
apresentação de slides em power point etc.
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Essa atividade busca habituar o aluno a tomar a iniciativa, ou seja, a
consultar dicionários especificamente os de regência para solucionar
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exercícios propostos pelo professor. Os exercícios devem tomar por base
gêneros textuais diversificados para que seja feita a devida adequação.
Os textos devem ser bem variados: e-mails, cartas, artigos de jornais e
revistas, propagandas, textos literários etc.
Quando comparamos, por exemplo, um e-mail com uma carta do século
passado, percebemos que o nível de formalidade é bastante diferente, portanto
haverá também a variação do registro lingüístico.
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Infelizmente, teoria e prática divergem nos LD sugeridos para o ensino
médio pelo PNLEM. Detivemo-nos na análise cuidadosa destes e alguns fatos
nos chamaram especialmente a atenção.
Em busca da modernização e do aperfeiçoamento de seus LD, muitos
autores, na preocupação de não reproduzirem as definições tradicionais,
acabam conceituando regência de maneira muito simplista. Também há
aqueles que se dizem atentos às tendências lingüísticas atuais, porém repetem
moldes demasiadamente tradicionais, ainda que façam pequenas inovações
baseadas nas teorias de ensino contemporâneas. Essas novidades, mescladas
ao tradicionalismo, confundem ainda mais o aluno no que se refere à reflexão
sobre a língua e suas situações de uso.
Com relação à abordagem de regência verbal, podemos dizer que ainda
há mais ranços que progressões. Há obras que se encontram na contramão da
concepção atual do ensino de gramática, orientando o aluno para um
conhecimento apenas conceitual e para a metalinguagem propriamente dita,
desconsiderando a importância da aquisição de habilidades voltadas para a
redação e a leitura.
Mesmo que tenha havido um avanço em termos de qualidade,
observamos que a incidência de boas intenções é maior do que a de grandes
modificações. Até nos LD mais condizentes com a proposta teórico-
metodológica explicitada, “ranços” nos exercícios, que passam
despercebidos.
No intuito de uma compreensão adequada dos fenômenos lingüísticos
no que tange à regência verbal, os livros deveriam trabalhar com as
competências léxico-gramatical e pragmático-textual. Uma melhor delimitação
do espaço da norma gramatical no ensino do português, bem como o
esclarecimento da necessidade do uso da variedade formal culta da língua em
determinados momentos para que nos adeqüemos à situação comunicativa,
86
também seriam bem-vindos. Isto poderia ser alcançado com a proposição de
estratégias que viabilizassem o ensino-aprendizagem de atividades discursivas
apropriadas às situações comunicativas e com a reflexão a respeito do
conceito de erro de linguagem, excluindo deste o preconceito lingüístico.
Entre características que lhes dão um caráter obsoleto e outras que
revelam seu avanço, concluímos que quase todos os livros do PNLEM
demonstram preocupação com a variação lingüística, todavia, a maior parte
deles continua voltada para o conhecimento de conceitos gramaticais, fazendo
do ensino da língua uma metalinguagem pura e simples. Por outro lado, alguns
livros adotam uma nova concepção de ensino, mas não evoluíram muito no
que se refere aos exercícios. Continuam propondo apenas que orações e
períodos sejam reescritos com as adequações necessárias à mudança de
registro (passagem da variedade informal ou coloquial para a formal culta), sem
estímulo algum para a realização da atividade. Poderia haver simulação de
situações de uso do idioma, como estratégia motivadora.
Obviamente, os verbos que se revelam como dificultosos em nosso
corpus, mas não constam nos capítulos dos livros didáticos do PNLEM e vice-
versa refletem a realidade do vestibular da UERJ, contudo, seja como for,
espelham carências reais. Seria desejável que se fizessem mais pesquisas
como a nossa, as quais se completariam. Ainda assim, enfatizamos que a
nossa já é um indicativo – mesmo que parcial – do que priorizar.
Em conseqüência das razões que explicitamos até aqui, nossa
expectativa é a de que possamos contribuir para que os alunos do ensino
médio, futuros vestibulandos, aprimorem seu desempenho redacional.
Esperamos também que os professores não levem em consideração uma
variedade única da língua, visto que esta é um código que deve atender ao
contrato de comunicação de cada gênero textual especificamente.
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MARQUEZINI, Viviane Santana (2007). Regência verbal: reflexões sobre teoria
e prática. Rio de Janeiro: UERJ. Edição Acadêmica. Dissertação de
Mestrado em Letras (subárea: língua portuguesa) orientada pelo Prof. Dr.
Helênio Fonseca de Oliveira.
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Com base em levantamento feito em redações de
vestibular da UERJ de 2003, este trabalho analisa
como o concluinte do ensino médio tem empregado a
regência verbal, bem como verifica que contribuições
a concepção de gramática adotada pelos livros
didáticos do Programa Nacional do Livro para o
Ensino Médio (PNLEM) tem oferecido aos alunos para
sanar este tipo de problema. Tendo em vista que é
praxe no vestibular exigir-se do candidato o emprego
da variedade formal da língua, os desvios dessa
variedade observados no corpus são decorrentes: (a)
do desconhecimento da preposição exigida pelo
verbo; (b) do emprego, em situações formais, da
sintaxe típica do registro informal brasileiro; (c) do
emprego de objeto direto no lugar do complemento
relativo; (d) do emprego de objeto direto
preposicionado com verbos que não o admitem em
contextos específicos; (e) da omissão do objeto direto
no registro formal; (f) da omissão da preposição antes
de pronome relativo; (g) da incapacidade para
empregar os pronomes o e lhe; (h) da omissão do
pronome oblíquo em verbos pronominais. Visando ao
aprimoramento do desempenho redacional dos
concluintes do curso médio, o trabalho propõe ainda
atividades didáticas sempre sensíveis aos aspectos
discursivos destinadas à aquisição pelo aluno das
habilidades cuja falta se constatou com a pesquisa.
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MARQUEZINI, Viviane Santana (2007). Regência verbal: reflexões sobre teoria
e prática. Rio de Janeiro: UERJ. Edição Acadêmica. Dissertação de
Mestrado em Letras (subárea: língua portuguesa) orientada pelo Prof. Dr.
Helênio Fonseca de Oliveira.
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Based on a careful examination of
compositions written by SAT candidates to Rio de
Janeiro State University (UERJ) in 2003, this work
analyses how the Brazilian high school student has
been using the complement required by the verb
structure which is called in Portuguese verbal
regency. Moreover, it verifies which contributions the
conception of grammar adopted by the didactic
books of the Programa Nacional do Livro para o
Ensino Médio (PNLEM) has offered to the students
to solve this kind of problem. Due to the compulsory
use of the formal variety of the language in a
university admission exam, it is necessary to
reiterate the importance of its domain, without,
however, minimizing the other varieties. In the
corpus analysed, syntactic constructions considered
inadequate in the standard language resulted: (a)
from the unfamiliarity with the verb’s appropriate
preposition; (b) from the use of the typical syntax of
Brazilian informal register, in formal situations; (c)
from the use of direct object instead of the relative
complement; (d) from the use of prepositional direct
object referring to verbs that do not accept it in
specific contexts, (e) from the omission of the direct
object in the formal register; (f) from the omission of
the preposition before relative pronoun; (g) from the
inability to use the pronouns o and lhe; (h) from the
omission of the oblique pronoun related to
pronominal verbs. Focusing on the improvement of
the student’s composition performance, this study
also suggests didactic activities always aware of
the discursive aspects destined to the acquisition
of the skills whose lack is evidenced by the
research.
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Foram excluídos dos presentes anexos os textos de candidatos ao vestibular da
UERJ (2003) em que não havia falhas redacionais relevantes para os aspectos
trabalhados em nossa pesquisa.
Fazem parte dos anexos as redações usadas para exemplificar algumas formas
errôneas que comprometiam a adequação quanto à regência verbal, mas que não eram
atribuídas exclusivamente ao desconhecimento dos argumentos exigidos pela regência
do verbo. É válido frisar que tais incorreções não foram incluídas nas tabelas de análise
do corpus e que citamos apenas alguns exemplos para revelar que critérios utilizamos na
seleção dos verbos que deveriam constar nessas tabelas.
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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
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