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A filosofia de normalização e integração foi rapidamente difundida nos Estados
Unidos, Canadá e diversos países europeus, se fortalecendo, no final dos anos
de 1960 e início dos anos de 1970, junto com os movimentos de direitos civis,
quando diversas minorias e grupos marginalizados começaram a lutar para
conquistar seu espaço na sociedade. (GLAT, 2004, p. 12).
Desse modo, os surdos, como minoria, deveriam ser oralizados para integrar-se em
uma sociedade predominantemente ouvinte. Esse movimento produziu pontos positivos para o
surdo. Vasconcelos (1978, p. 23) comenta que o CENESP, na área da surdez “procurou dados,
por meio de estudos e pesquisas, orientando sua estratégia de ação para a identificação,
diagnóstico, tipos de atendimento, currículos, equipamentos e aperfeiçoamento de pessoal
técnico especializado”.
Assim, essa professora, “verificando que grande número de crianças, na faixa etária
de 0 a 3 anos, aguardavam matrícula no INES, em abril de 1975, foi planejado e organizado um
Serviço de Orientação aos pais dessas crianças” (CEIV 1982, p. 44). Porém, era necessário que
esse atendimento fosse direcionado para as próprias crianças surdas e, assim, montou-se um
atendimento às crianças surdas, dessa faixa etária. Como naquela época o objetivo do CENESP
era a Formação de Recursos Humanos e o Atendimento ao Pré-Escolar, em julho do mesmo ano,
foi iniciado no INES um curso de Estimulação Precoce, em nível de extensão universitária, em
convênio com a PUC do Rio de Janeiro. O objetivo do curso era o preparo de pessoal, com vistas
à montagem de serviços, tanto na rede oficial como na particular. Em fins de agosto de 1975, foi
inaugurado o Setor de Estimulação Precoce no INES (idem).
Na opinião de Rocha (2008, p. 111), Vasconcelos foi a pioneira na estimulação
precoce de bebês surdos. Como grande pesquisadora, com diversos cursos no Brasil e no
exterior, em 1979 falou sobre a nova corrente filosófica chamada de Comunicação Total e que
associava oralismo e gestualismo ganhando adeptos no mundo inteiro (idem). De acordo com o
depoimento de Lacerda (CEIV, 1982, p. 8) Vasconcelos, em um congresso em Buenos Aires, em
1966, concluiu que “o problema (da educação de surdos), merece, portanto, uma análise muito
sincera dos educadores, partidários e entusiastas, como nós, do método oral, mas que
reconhecem a sua inadaptação a determinados casos”. Essa sua proposição se relacionava com a
questão que envolve, principalmente, o surdo profundo e severo, diante da língua oral, já que por
estar privado dos estímulos sonoros e, consequentemente, da voz humana, o ensino através desse
estímulo se tornava artificial, enfadonho e, na maioria das vezes, com pouco sucesso para a vida
prática desse surdo (idem).
Vasconcelos (1978, p. 25) também se referia aos trabalhos do Dr. Guy Perdoncini,
dizendo que era uma metodologia multissensorial e que muitas escolas utilizavam esse método