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RESUMO
SOARES, M.S.T. (2010). Descrição de Estratégias Educacionais entre Estudantes de
Fisioterapia e Deficientes Físicos Favorecedores de Adesão.Dissertação para obtenção
do grau de Mestre do Programa de Educação Especial da Universidade Federal de São
Carlos. São Carlos. (99 paginas).
As deficiências físicas causam impacto na vida do indivíduo, afetando-o em
diferentes aspectos. Deficientes físicos sob tratamento de reabilitação trazem uma
história ampla de extinção de repertório anteriormente reforçado, somada a experiências
de condições aversivas restritivas, sendo a própria prática de intervenção uma exposição
a atividades repetitivas, desafiadoras e novas que podem, inclusive, produzir dor. Dessa
forma, é fundamental que profissionais responsáveis por essa intervenção sejam capazes
de modelar e manter novos comportamentos que levem a promoção de bem estar e um
melhor aproveitamento das potencialidades dos indivíduos, e assim garantir uma melhor
adesão do paciente ao tratamento. Assim, faz-se necessário investigar o uso de
estratégias educativas de profissionais em formação e os possíveis indicadores de
adesão ao tratamento oferecido por estes. O presente trabalho teve dois objetivos. O
primeiro foi identificar o uso de estratégias educacionais por parte dos estudantes de
fisioterapia; o segundo foi identificar situações em que o uso destas estratégias estaria
relacionado à adesão ou não ao tratamento fisioterapêutico. Participaram do estudo três
díades estudante de fisioterapia/paciente, compostas por três estagiários de graduação
em fisioterapia e dois adultos com deficiência física. O estudo foi realizado junto à
unidade de atendimento em saúde pública, ligada a uma instituição pública de ensino do
interior do estado de São Paulo. Sessões de intervenção do fisioterapeuta foram
registradas na íntegra por um equipamento de câmera instalado na sala de atendimento.
A interação entre a díade estudante-paciente foi analisada observando-se ocorrências de
comportamentos verbais e não verbais emitidos pelos estudantes e pelos pacientes. O
registro das ocorrências foi realizado em intervalos de 10 segundos de observação e 10
segundos de registro. Os comportamentos analisados foram organizados em dois
conjuntos amplos de categorias: (1) Estratégias Educativas na Intervenção e (2)
Estratégias Facilitadoras de Adesão. Os resultados referentes às Estratégias Educativas
mostraram que 87% da ocorrência da mesma referiu-se a instruções, verbais ou por
demonstração, das atividades físicas propostas. O uso de estratégias educativas para
promover mudança, estabelecendo comportamentos funcionais por modelagem ou
informações gerais sobre saúde ocorreram com freqüência baixa. As categorias
referentes à adesão parecem indicar que o fisioterapeuta em formação emite
comportamentos favoráveis à adesão (98%) mais voltados para um esforço do para a
manutenção da relação socialmente reforçadora com o paciente. A discussão mostra que
embora os estudantes de fisioterapia demonstrem o domínio de estratégias que
fortalecem a relação terapêutica, é preciso enfatizar a necessidade de se fortalecer a
formação do profissional de fisioterapia em princípios de aprendizagem e no
estabelecimento de estratégias educativas no exercício de seu trabalho junto ao
deficiente físico, de forma a garantir a modelagem e manutenção de comportamentos
compatíveis a novas condições de aprendizagem.
PALAVRAS-CHAVE: reabilitação, educação em saúde, interações educativas, adesão
ao tratamento, estudantes de fisioterapia, deficiência física.