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por proprietários de terras, advogados, banqueiros e comerciantes
e no final do século XIX
podia ser dividida entre tradicionalistas e liberais. Juntamente com a aristocracia rural,
apegada aos valores de ordem e autoridade da tradição católica e escravocrata (em iniciada
decadência), a classe média urbana se desenvolvia completamente interessada pelas idéias
modernizantes, propagadas, em grande parte, pelo discurso protestante, portador dos ideais
liberais e progressistas norte-americanos, que tanto atraíam a classe emergente.
No que diz respeito à educação, Juiz de Fora era mencionada como a cidade da
instrução por excelência, comportando aqui, inclusive, vários estabelecimentos de ensino. Sua
diversificação no âmbito da cultura era notória. Os juizforanos dispunham de uma imprensa
muito ativa
, além de teatros, casas noturnas e cinemas.
Por transmitir uma imagem liberal e progressiva, onde se constituía uma sociedade
aberta e receptiva ao debate de novas idéias, Juiz de Fora atraía variados interesses,
aparentando ser uma cidade acolhedora e sem preconceitos. Possuía uma sociedade urbana
constantemente preocupada em manter e produzir eventos culturais tão interessantes e
atraentes quanto os que ocorriam na cidade do Rio de Janeiro.
Localizada em um ponto geográfico e economicamente estratégico, servindo de
entreposto comercial entre o interior de Minas Gerais e o Rio de Janeiro, a cidade de Juiz de
Fora absorvia, dessa maneira, tanto a cultura quanto o dinheiro de ambos os pólos. Além
disso, a cidade recebeu, já no ano de 1850, um número significativo de imigrantes
, o que
acabou por contribuir, de forma considerável, para sua diversificação cultural. A mentalidade
européia trazida pelos imigrantes foi, aos poucos, se introduzindo na sociedade local e,
OLIVEIRA, Simone G. de. O Espiritismo em Juiz de Fora: do surgimento à consolidação de uma “religião”.
In: TAVARES, Fátima R. Gomes; CAMURÇA, Marcelo Ayres (Org). Minas das devoções: diversidade
religiosa em Juiz de Fora. Juiz de Fora: UFJF/PPCIR, 2003, p. 137.
OLIVEIRA, Simone G. de. A “fé raciocinada” na “Atenas de Minas”: Gênese e consolidação do
Espiritismo em Juiz de Fora e algumas repercussões para contemporaneidade. Dissertação (Mestrado em
Ciência da Religião) – Universidade Federal de Juiz de Fora. Juiz de Fora, 2001, p. 28.
Desde 1870 havia publicação regular de alguns jornais. Nesse ano tivemos o primeiro deles de nome “O
Imparcial”. O mais importante da época, “O Pharol”, foi publicado entre 1872 e 1939. Este vivenciou
momentos históricos e sempre contribuiu para a formação da opinião pública, retratando a atividade cultural da
cidade. Tamanho era o dinamismo da imprensa de Juiz de Fora, que, somente no século XIX, contou com 55
jornais (OLIVEIRA, Mônica Ribeiro de, Juiz de Fora vivendo a história. Juiz de Fora: Núcleo de História
Regional da UFJF/ Editora da UFJF, 1994, p. 27).
OLIVEIRA, Simone G. de. O Espiritismo em Juiz de Fora: do surgimento à consolidação de uma “religião”.
In: TAVARES, Fátima R. Gomes; CAMURÇA, Marcelo Ayres (Org). Minas das devoções: diversidade
religiosa em Juiz de Fora. Juiz de Fora: UFJF/PPCIR, 2003, p. 137.
OLIVEIRA, Simone G. de. O Espiritismo em Juiz de Fora: do surgimento à consolidação de uma “religião”.
In: TAVARES, Fátima R. Gomes; CAMURÇA, Marcelo Ayres (Org). Minas das devoções: diversidade
religiosa em Juiz de Fora. Juiz de Fora: UFJF/PPCIR, 2003, p. 137.
Sobretudo alemães e italianos. OLIVEIRA, Simone G. de. O Espiritismo em Juiz de Fora: do surgimento à
consolidação de uma “religião”. In: TAVARES, Fátima R. Gomes; CAMURÇA, Marcelo Ayres (Org). Minas
das devoções: diversidade religiosa em Juiz de Fora. Juiz de Fora: UFJF/PPCIR, 2003, p. 138.