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Para Ivone Gebara:
O que dizer exatamente do termo GÊNERO? Seria apenas a afirmação do
masculino e do feminino na humanidade? Como esclarecer esta palavra de
origem inglesa (gender) que, para ser, compreendida, exige uma
explicação. [...]. As análises do GÊNERO aparecem no feminismo dos anos
1980, como meio de avaliar a diferença entre os sexos e denunciar o uso de
certos poderes a partir da afirmação da diferença. O GÊNERO é
considerado um importante instrumento para mostrar a inadequação das
diferentes teorias explicativas da desigualdade entre homens e mulheres.
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As diferenças de gêneros existentes, tendo como pano de fundo as
produções culturais, norteiam a relação do masculino e do feminino. Em outras
palavras, as diferenças são produzidas pela família, igreja, escola e sociedade em
geral, principalmente pela sociedade patriarcal. Logo, a soberania masculina é
perpetuada pela sociedade institucionalizada.
É necessário romper com este paradigma, buscando propostas alterativas
de relacionamentos sociais. Configura-se, nesta perspectiva, um novo quadro social
em que a mulher, quebrando barreiras, atinge um nível qualitativo de produção
intelectual, econômica, religiosa, política, cultural e, consequentemente, social.
Para ir além da dicotomia de gênero, deve-se buscar de fato a proposta
alterativa de convivência social. Nesta proposta, o entendimento é centrado nas
mudanças de mentalidades, ou seja, relações que têm como alicerce um novo ethos
mundial.
Nesta dialética de poder entre masculino e feminino, nota-se uma atitude
firme no tocante à interpretação do texto bíblico, como afirma Stanton:
“Chegou a hora para nós mulheres de ler e interpretar a Bíblia por nós
mesmas”, havia afirmado Mrs. Cutler, em 1854, à Convenção americana
pelos direitos das mulheres em Philadelphia. Ainda, em torno de Virginia
Broughton, foram se formando grupos de mulheres chamados Bible Bands,
aos quais a leitura das Escrituras, freqüentemente ainda ingênua, forneciam
os instrumentos para uma crítica às Igrejas e as motivações em vista de um
envolvimento social mais consciente.
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15
IVONE, Gebara. Rompendo o silêncio: uma fenomenologia feminista do mal. Petrópolis: Vozes,
2000. p. 104
16
STANTON apud VALERIO, Adriana. A teologia, o feminino. Estudos Feministas, Florianópolis, v.
13, n. 2, p. 367-376, mai./ago. 2005. p. 369.