Download PDF
ads:
“Análise de redes internas de cooperação internacional na FIOCRUZ
como ferramenta de gestão do conhecimento: a cooperação da
FIOCRUZ com a França e com a África (PALOP)”
por
Norma Cristina Cardoso Brandão
Dissertação apresentada com vistas à obtenção do título de Mestre
Modalidade Profissional em Saúde Pública.
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Celia Maria de Almeida
Rio de Janeiro, fevereiro de 2010.
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
Esta dissertação, intitulada
“Análise de redes internas de cooperação internacional na FIOCRUZ
como ferramenta de gestão do conhecimento: a cooperação da
FIOCRUZ com a França e com a África (PALOP)”
apresentada por
Norma Cristina Cardoso Brandão
foi avaliada pela Banca Examinadora composta pelos seguintes membros:
Prof. Dr. Eduardo Vieira Martins
Prof. Dr. José Manuel Santos de Varge Maldonado
Prof.ª Dr.ª Celia Maria de Almeida –
Orientadora
Dissertação defendida e aprovada em 03 de fevereiro de 2010.
ads:
A U T O R I Z A Ç Ã O
Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a
reprodução total ou parcial desta dissertação, por processos
fotocopiadores.
Rio de Janeiro, 03 de fevereiro de 2010.
________________________________
Norma Cristina Cardoso Brandão
CG/Fa
Serviço de Gestão Acadêmica - Rua Leopoldo Bulhões, 1.480, Térreo – Manguinhos-RJ – 21041-210
Tel.: (0-XX-21) 2598-2969 ou 08000-230085
E-mail: [email protected] Homepage:
http://www.ensp.fiocruz.br
Catalogação na fonte
Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica
Biblioteca de Saúde Pública
B817 Brandão, Norma Cristina Cardoso
Análise de redes internas de cooperação internacional na Fiocruz
como ferramenta de gestão do conhecimento: a cooperação da Fiocruz
com a França e com a África (PALOP). / Norma Cristina Cardoso
Brandão. Rio de Janeiro: s.n., 2009.
xiii, 185 f., il., tab., graf.
Orientador: Almeida, Célia
Dissertação (Mestrado) – Escola Nacional de Saúde Pública Sergio
Arouca, Rio de Janeiro, 2009
1. Cooperação Internacional. 2. Academias e Institutos. 3. França.
4. África. 5.
Gestão do Conhecimento para a Pesquisa em Saúde.
6. Redes Sociais. I. Título.
CDD - 22.ed. – 327.17
Às minhas filhas, cada qual em seu tempo, pelo
carinho e especialmente pela paciência para com
minhas inúmeras ausências e crises. Vocês
representam a motivação que me move a fazer
qualquer esforço, sempre.
À minha mãe e à minha irmã, que me dão coragem
e apoio para seguir adiante.
Ao meu querido pai, que ficaria orgulhoso.
iv
À Célia Almeida,
orientadora e organizadora
dos meus pensamentos desconexos.
Muitas vezes dura e outras tantas generosa,
como um Grande Mestre sempre o é.
Obrigada por compartilhar este caminho.
E, até que nos encontremos de novo,
Que Deus lhe guarde na palma de Suas
mãos
v
Agradecimentos
Sou uma pessoa de muita sorte porque tenho sempre a meu lado, em momentos
difíceis, alegres ou de grande esforço, pessoas que acreditam em minha capacidade de
fazer, de realizar. São para essas pessoas que meus pensamentos estão agora
direcionados. Não somente para aquelas que acompanharam de perto a trajetória deste
trabalho, mas para todas as que colaboraram para que eu pudesse chegar a este
momento, que me ajudaram a ser uma pessoa melhor e me permitiram a com elas
aprender. Nem todas estão aqui representadas, o que não significa que sejam menos
importantes ou que não tenham sido lembradas.
Agradeço a Deus, que me deu saúde e alegria para superar as adversidades; por
ser ‘mãe’ e fonte de inspiração para enfrentar qualquer desafio.
Aos meus pais, que sonharam um futuro melhor para mim.
À minha irmã, que sempre me inspirou e é referência de excelência.
Ao Jouval, que com carinho e amizade sempre me deu bons conselhos com uma
generosidade que nenhuma palavra consegue dimensionar.
Ao Daniel, que, mesmo sem tocar no assunto, segurou muitas barras sozinho.
Ao Milton, que com um jeito diferente procurou me apoiar sempre que precisei.
À Eliana Claudia, inspiração essencial em um momento difícil deste processo.
Ao José Roberto, com quem aprendo diariamente.
A todos os colegas que perceberam minhas dificuldades e mantiveram a crença
de que eu as poderia superar.
À Mônica, pelo carinho, disponibilidade e apoio. Estou certa de que posso contar
com uma verdadeira amiga.
Àqueles colegas de turma que se uniram para me estimular a não desistir da
caminhada, como por vezes pensei em fazer.
À Coordenação, que procurou me ajudar quando nem eu mesma sabia o tamanho
da ajuda que precisava.
À Banca pela generosidade em compartilhar seu conhecimento.
vi
RESUMO
A Fiocruz tornou-se ao longo da sua história importante ponto focal nas políticas de
saúde do governo brasileiro tanto nacional como internacionalmente. Este crescimento
levou a Fiocruz a enfrentar desafios na gestão dos processos de cooperação
internacional, principalmente aqueles relacionados a fragmentação da informação sobre
estas atividades. Escolhemos dois programas historicamente importantes para a Fiocruz,
a cooperação Fiocruz - França e a Fiocruz - África (PALOP), e buscamos identificar e
analisar as redes de cooperação intra-institucional existentes na Fiocruz no âmbito
destas cooperações, com base nos processos de afastamento do país, no período de
2005 a 2008 como ferramenta de gestão do conhecimento. Utilizamos a metodologia
para analise de redes sociais, que permitiu identificar não somente as redes existentes,
sua estrutura e seus fluxos de informação, mas também os atores centrais e aqueles que
necessitam de maior integração no contexto da cooperação internacional desenvolvida
pela Fiocruz no objeto deste estudo. O mapeamento, a identificação e a analise das redes
internas encontradas, com base nesses processos administrativos possibilitou evidenciar
que a analise das redes de cooperação se constitui numa forma de gestão do
conhecimento, tanto técnico quanto cientifico, e uma ferramenta importante para a
gestão da cooperação internacional da Fiocruz. Entretanto, os limites apontados neste
trabalho orientam para a necessidade de uma revisão no sistema de registro de
informações, melhorando a interface tanto com o usuário quanto com o gestor,
facilitando a captura de dados mais relevantes que possibilitem, inclusive, a migração
ou integração com outras bases de dados específicos para a análise de redes,
constituindo a criação de contextos favoráveis para que o conhecimento possa ser
explicitado, formalizado e passível de ser incorporado ao ambiente organizacional; e, do
outro lado, do oferecimento de incentivo à construção de redes formais e informais e
de comunidades de prática para a valorização do aprendizado contínuo dentro da
organização no contexto da cooperação internacional.
Palavras Chaves: Cooperação Internacional. Academias e Institutos. França. África.
Gestão do Conhecimento para a Pesquisa em Saúde. Redes Sociais.
vii
ABSTRACT
Fiocruz became along his history an important focal point in the Brazilian government
health policies both national and internationally. This growth carried Fiocruz to face
challenges in the processes administration of international cooperation, mostly those
related on information fragmentation about these activities. We choose in this work two
historically important programs for Fiocruz, the cooperation Fiocruz- France and
Fiocruz-Africa (Palops), and we seek to identify and to analyze the cooperation chains
intra-institutional existing in Fiocruz in the scope these cooperations, with base in the
country dismissal processes, in the period from 2005 to 2008 as knowledge
administration tool. We use the methodology to analyze of social networks that allowed
identifying not only the existing networks, its structure and its information flows, but
also the central actors and the ones that need larger integration in the context of the
international cooperation developed by Fiocruz in the object of this study. The plotting,
the identification and analyze her of the found internal networks, with base in these
administrative processes enabled evidence that it analyzes her of the cooperation chains
constitutes in a knowledge administration form, so much technician as scientific, and an
important tool for the administration of the international cooperation of Fiocruz.
However, the pointed limits in this work guide at the need to a revision in the
information record system, improving the interface so much with the user as with the
manager, facilitating the data capture more important than enable, besides, the migration
or integration with other specific databases for the networks analysis, constituting the
creation of favorable contexts so that the knowledge can be demonstrated , formalized
and possible to of being incorporated to the organizational environment; And, from
other side, of the offering of incentive to the construction of formal and informal
networks and of practice communities for the increased value of the continuous learning
inside the organization in the context of the international cooperation.
Keywords: International Cooperation. Academies and Institutes. France. Africa
Knowledge Management for Health Research. Social Networks.
viii
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................14
2. OBJETIVOS DO TRABALHO................................................................................17
2.1.1. Objetivo geral .........................................................................................17
2.1.2. Objetivo específico .................................................................................17
3. JUSTIFICATIVA: A FIOCRUZ E A COOPERAÇÃO INTERNACIONAL EM
SAÚDE......................................................................................................................17
4. REFERENCIAL TEÓRICO......................................................................................26
4.1. Gestão Do Conhecimento ..................................................................................26
4.1.1. O ambiente científico: e a produção do conhecimento............................29
4.1.2. Informação e conhecimento ................................................................31
4.1.3. Geração e compartilhamento do conhecimento ....................................32
5. INOVAÇÃO E REDES ............................................................................................37
5.1. A lógica das redes ..............................................................................................39
5.2. As Redes Sociais como instrumento estratégico.para a cooperação .................41
5.2.1. A análise de redes sociais: elementos básicos.........................................44
6. METODOLOGIA......................................................................................................46
6.1. A captação e organização dos dados..................................................................49
7. RESULTADOS.........................................................................................................54
7.1. A cooperação da Fiocruz com a França ...........................................................54
7.2. A cooperação da Fiocruz com a África/PALOP................................................62
8. DISCUSSÃO.............................................................................................................69
8.1. As redes internas de cooperação Fiocruz-França...............................................70
8.2. As redes internas de cooperação Fiocruz-África (PALOP)...............................74
9. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES.................................................................75
10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................79
11. ANEXOS...................................................................................................................84
ix
Lista de Figuras
Figura 1 – Espiral do Conhecimento ............................................................................35
Figura 2 – Espiral da Criação do Conhecimento Organizacional ..................................37
Figura 3 Rede interna de Cooperação Fiocruz-França (2005-2008, out/nov. 2009)
atores que solicitaram afastamento e têm publicação conjunta...................................... 57
Figura 4 Atores com maior número de co-publicações na rede interna de Cooperação
Fiocruz-França (2005-2008, out/nov. 2009) ................................................................58
Figura 5 Rede interna de Cooperação Fiocruz-Àfrica (PALOP) (2005-2008,
out/nov.2009): atores que solicitaram afastamento e têm publicação conjunta .............66
x
Lista de Quadros
Quadro 1 – Dados, Informação e Conhecimento ......................................................... 31
Quadro 2 – Características dos Modos 1 e 2 da Produção do Conhecimento ............ 33
xi
Lista de Tabelas
Tabela 1 – Registro das atividades da Assessoria Internacional (ACI)/Fiocruz,(2005-
2008)................................................................................................................................22
Tabela 2 – Motivos de Solicitação do Afastamento do País para a França,(2005-
2008)................................................................................................................................55
Tabela 3 – Solicitações de Afastamento do País para a França por Unidades da Fiocruz
(2005-2008).....................................................................................................................56
Tabela 4 – Resultados de centralidade de cada ator na r
ede interna de Cooperação
Fiocruz-França (2005-2008, out/nov. 2009)........................................................
............60
Tabela 5 – Grau de intermediação dos atores na rede interna de Cooperação Fiocruz-
França (2005-2008, out/nov. 2009) ................................................................................61
Tabela 6 –Grau de proximidade dos atores na rede interna de Cooperação Fiocruz-
França (2005-2008, out/nov. 2009).....................................................
............................62
Tabela 7 – Motivos de Solicitação do Afastamento do País para a África (Palop) 2005-
2008.................................................................................................................................64
Tabela 8 – Solicitações de Afastamento do País para a África(PALOP) com o motivo
associado a cooperação técnico-cientifica distribuido por Unidades da Fiocruz; 2005-
2008.................................................................................................................................65
Tabela 9 – Solicitações de Afastamento do País para a África (PALOP) por Unidades da
Fiocruz ; 2005-2008.........................................................................................................66
Tabela 10 – Resultados de centralidade de cada ator na r
ede interna de Cooperação
Fiocruz-Àfrica (PALOP) (2005-2008, out/nov.2009).....................................................67
Tabela 11 – Grau de intermediação dos atores na rede interna de Cooperação Fiocruz-
Àfrica (PALOP) (2005-2008, out/nov. 2009).................................................................68
Tabela 12 – Grau de proximidade dos atores na rede interna de Cooperação Fiocruz-
Àfrica (PALOP) (2005-2008, out/nov. 2009).................................................................69
xii
Lista de Anexos
Anexo I- Matriz de Relacionamento por meio das Solicitações de Afastamento do País
da Cooperação Fiocruz-França (2005-2008)...................................................................84
Anexo II – Matriz da Distância Geodésica da Rede Interna de Cooperação Fiocruz-
França (2005-2008).........................................................................................................85
Anexo III- Health Cooperation Projects with Africa/PALOP conducted by Fiocruz,
2009……………………………………………………………………………………………….86
Anexo IV -
Matriz de Relacionamento por meio das Solicitações de Afastamento do
País Fiocruz-África (Palop) (2005-2008)........................................................................87
Anexo V - Matriz da Distância Geodésica da Rede Interna de Cooperação Fiocruz-
África (PALOP) (2005-2008)..........................................................................................88
Anexo VI- Rede de Co-autoria associada a Cooperação Fiocruz-França (2005-2008)..89
Anexo VII- Rede de Co-autoria associada a Cooperação Fiocruz-A (2005-2008).........90
Anexo VIII- Fluxograma dos Procedimentos Administrativos para o Afastamento do
País...................................................................................................................................91
xiii
1. INTRODUÇÃO
Durante as últimas décadas, grandes mudanças econômicas mundiais, avanços
tecnológicos e científicos levaram as organizações a esforços de reestruturação com o
objetivo de buscar vantagens comparativas tanto nacional como internacionalmente.
Nesse processo, informação e conhecimento assumiram papel estratégico, alavancando
novas possibilidades em relação às mudanças provocadas pela globalização e pelas
novas tecnologias de comunicação, conformando um novo paradigma econômico e
social
1
.
Neste cenário, a velocidade das comunicações é fundamental para a obtenção de
uma organização flexível e adequada às mudanças, em que o diferencial está na
capacidade institucional de identificar os fluxos de conhecimento que permeiam os
processos e a própria organização.
A percepção da importância do conhecimento nas atividades que uma
organização deve realizar faz parte do pensamento administrativo atual. Lastres e
Ferraz
1
ressaltam que a capacidade de gerar e absorver inovações é vista como um
elemento-chave da competitividade dinâmica e sustentável e que incrementar o processo
de inovação requer o acesso aos conhecimentos e a capacidade de apreendê-los,
acumulá-los e usá-los. Destacam ainda que o caráter complexo e dinâmico dos novos
conhecimentos requer ênfase especial no aprendizado permanente e interativo, de forma
que indivíduos, empresas e demais instituições tornem-se aptos a enfrentar novos
desafios e a capacitem-se para uma inserção mais positiva no presente cenário.
Davenport e Prusak
2
acrescentam que a única vantagem sustentável de uma
empresa é o que ela coletivamente sabe, a eficiência com que ela usa o que sabe e a
prontidão com que ela adquire e usa novos conhecimentos. Para esses autores, a Gestão
do Conhecimento pode ser vista como um conjunto de processos de criação, uso e
disseminação de conhecimentos na organização. Em outras palavras, refere-se a um
conjunto de procedimentos e atividades (de gestão) relacionadas especificamente a um
tipo de recurso (o conhecimento). Para eles, o conhecimento é um recurso que gera
competitividade para a empresa, se gerenciado de forma estruturada e consciente.
Johnson
3
refere que a maioria das organizações vem enfrentando dificuldades no
desenvolvimento de projetos de gestão do conhecimento e cita razões específicas para
isso, tais como:
(a) dificuldades em identificar o que está gerando um desempenho excepcional e
como essas forças iriam interagir em outro departamento ou unidade;
14
(b) falta de reconhecimento dos membros da unidade de alto desempenho como
confiáveis por outros membros da organização;
(c) falta de confiança na eficácia da transferência do conhecimento em uma nova
situação;
(d) inadequada percepção do valor do novo conhecimento e ainda a falta de
habilidades e experiências necessárias para a incorporação do conhecimento
transferido;
(e) falta de capacidade de retenção, isto é, as pessoas não utilizam o conhecimento
transferido a ponto de incorporá-lo no cotidiano do seu trabalho;
(f) inexistência de sistemas e estruturas de capacitação das pessoas para o
reconhecimento das oportunidades para alavancar o conhecimento existente;
(g) falta de histórico positivo de comunicação e colaboração entre diferentes
unidades de uma mesma organização.
Davenport, Parise e Cross
4
ressaltam que o conhecimento captado e armazenado
não significa que será encontrado por outros funcionários e que será interpretado da
maneira correta. Isto decorre do fato de que, em geral, o conhecimento é repassado,
individualmente, de forma fragmentada, independentemente da rede de relacionamento
que dá suporte à realização do trabalho e à geração do conhecimento. Sendo assim, para
que o conhecimento seja apropriado e utilizado pela organização é necessário não
apenas o seu registro, mas também a promoção da sua utilização de maneira estratégica.
No centro dessa questão é que atua a gestão do conhecimento.
A constatação da existência de dificuldades na gestão do conhecimento deve
servir de base ao processo de planejamento na implementação de ações que propiciem a
correção das deficiências percebidas, visando à busca de efetividade nos processos de
transferência e reutilização do conhecimento, com ações gerenciais que oportunizem a
transferência de conhecimento e dêem utilidade em novas aplicações.
Por sua vez, Terra
5
afirma que as empresas mais avançadas são aquelas que
estão derrubando as paredes funcionais e criando uma teia impecável entre os atores da
organização, permitindo que as decisões, assim como a criação, captação e
disseminação do conhecimento, estejam ocorrendo em todos os níveis da organização.
Mais ainda quando se pensa que para a inovação é fundamental a formulação de
estratégias para capturar e disseminar o conhecimento a médio e longo prazo.
15
A gestão estratégica em organizações modernas prima por identificar as suas
necessidades e confrontá-las com as capacidades e conhecimentos existentes. De acordo
com Lastres e Ferraz
1
, os formatos organizacionais que estimulam os processos de
aprendizagem coletiva, cooperação e dinâmica inovadora assumem importância ainda
mais fundamental para o enfrentamento de novos desafios colocados pela difusão da era
do conhecimento.
Sendo assim, outra característica marcante dessa mudança e a constituição de
redes, que pode ser considerada a mais importante inovação organizacional associada à
difusão do novo paradigma técnico-econômico das tecnologias da informação
6
(p. 76).
Dessa forma, a competitividade das organizações passa a estar associada à abrangência
e à intensidade das redes em que estão inseridas.
Na complexidade desse contexto, Tomaél
7
destaca que as redes de cooperação
são estruturas dinâmicas, caracterizadas pela intencionalidade dos relacionamentos, dos
objetivos comuns explícitos e compartilhados. O conceito de redes é carregado pela
concepção de cooperação, sendo as redes responsáveis pela articulação entre diversos
atores que interagem entre si e fortalecem todo o conjunto, permitindo ampliar-se em
novas unidades ou permanecer em equilíbrio sustentável. Segundo esse autor:
Consideram-se assim as redes de conhecimento como redes sociais, visto serem
tecidas por interações decorrentes da cooperação e trabalhos em parcerias, que
resultam em benefícios cujos reflexos podem beneficiar uma organização ou uma
comunidade, que possivelmente esteja inserida em uma estrutura maior. Isto
significa que uma rede cria, naturalmente, as condições necessárias para se
projetar em territórios cada vez maiores. Participar de uma rede social é estar
inserido em uma estrutura social, e sempre haverá novas possibilidades e novas
fronteiras a ultrapassar e novas oportunidades a buscar.
8
(p.21)
Entendemos que a capacidade inovadora de uma organização depende de seu
aprendizado – propiciado pela difusão do conhecimento –, sendo este o único recurso
significativo. Entretanto, muito da ineficiência do compartilhamento do conhecimento,
na maior parte das organizações, deve-se a informações limitadas sobre onde procurar
os conhecimentos já existentes. Em muitos casos a própria organização nem tem idéia
dos conhecimentos que ‘possui’.
A premissa de que partimos é que a gestão do conhecimento é uma vantagem
comparativa importante na atuação internacional de instituições públicas com as
características e complexidade da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), do Ministério da
Saúde.
Em um mundo cada dia mais competitivo, a capacidade de uma organização
para mobilizar os recursos de conhecimento e desenvolver as habilidades para sua
16
apropriação se constitui um relevante diferencial competitivo. Supostamente, as
informações estão disponíveis para todas as organizações, mas a vantagem favorece
aquelas que têm agilidade na sua transformação em conhecimentos úteis, agregando
valor aos produtos e serviços.
2. OBJETIVOS
2.1. Objetivo geral
Identificar e analisar as possíveis redes de cooperação internacional existentes na
Fiocruz no âmbito da cooperação Fiocruz-França e Fiocruz-África, tendo por base as
solicitações de afastamento do país relativas ao período de 2005 a 2008 como
ferramenta de gestão do conhecimento.
2.2. Objetivos específicos
Identificar, com base nos processos de afastamento do país, as redes de articulação
intra-institucional correlacionadas à cooperação internacional Fiocruz-França e
Fiocruz-África/PALOP.
Avaliar a constituição dessas redes intra-institucional de cooperação internacional e os
seus padrões de conexão.
Analisar o funcionamento dessas redes intra-institucional de cooperação internacional
na Fiocruz.
3. JUSTIFICATIVA: A FIOCRUZ E A COOPERAÇÃO INTERNACIONAL EM
SAÚDE
Nos últimos anos a cooperação internacional ampliou-se consideravelmente no
mundo, convertendo-se em um pilar central das políticas exteriores dos diferentes
países. Com isso, deixou de ser somente um meio pelo qual se possa conceder e receber
ajuda externa, passando a significar um instrumento político para enfrentar a
competição entre Estados nacionais em um mundo globalizado.
9
Nesse novo cenário mundial, observam-se os avanços nas comunicações como
geradores de um sem número de possibilidades de interação entre as pessoas. No âmbito
17
da cooperação, essas mudanças revolucionárias propiciam um grande número de
vantagens, entre as quais o estabelecimento de redes de informação e conhecimento.
Estas, por sua vez, permitem acelerar o processo de comunicação entre países,
organismos internacionais e instituições em geral, ampliando não somente os temas,
mas também as perspectivas acerca de ofertas e demandas de cooperação. Além disso,
possibilitam o contato entre um universo de especialistas em diversas partes do planeta,
bem como o conhecimento das potencialidades e limitações que as fontes cooperantes
possuem, de forma a fundamentar as negociações bilaterais para o estabelecimento de
programas de cooperação internacional.
9
Como nos informa Almeida et al
10
(p.100), a história da cooperação
internacional para o desenvolvimento, bilateral e multilateral, remonta aos anos da
pós-segunda grande guerra e remete a complexos processos de negociação, permeados
por considerações estratégicas, econômicas e políticas, nacional e internacionalmente.
Condicionalidades e prioridades sempre integraram esses processos
a
.
Num movimento que leva algumas décadas, várias iniciativas pavimentaram o
caminho para uma maior aproximação entre os países do Sul do mundo, dando
passagem ao surgimento da chamada cooperação Sul-Sul, ou cooperação técnica entre
os países em desenvolvimento, nos anos de 1970. O principio fundamental de
orientação dessa forma de cooperação é a “horizontalidade”, como alternativa à forma
tradicional de cooperação “vertical”, desenvolvida pelos doadores e cooperantes
tradicionais, os países do Norte do mundo. Embora nos anos de 1980, as forças
conservadoras dominantes tenham dificultado a dinâmica de desenvolvimento da
cooperação Sul-Sul, ela é retomada nos anos 90, na esteira das discussões e
preocupações com as enormes dificuldades mundiais, sobretudo no campo do
desenvolvimento (econômico e social), e ganha impulso fundamental no início do novo
seculo
10 11
. A idéia e o conceito de “desenvolvimento de capacidades” (capacity
building approach), que integra essa retomada, trouxeram novos desafios para a
cooperação internacional.
10 9
No que toca à cooperação internacional em saúde
10
, sua origem é mais precoce e
está relacionada aos avanços na produção de conhecimentos sobre as doenças
transmissíveis e na tecnologia de transportes
b
1213
. Entretanto, a partir dos anos de 1950
a cooperação internacional em saúde também segue a dinâmica mais ampla da
cooperação para o desenvolvimento, com especificidades nos anos 80, vinculadas às
a
Tradução livre.
b
Fidler, 2001 e 2004, apud Almeida et al
10
.
18
agendas de reforma neoliberal dos sistemas de saúde, e sob nova perspectiva nos anos
90. Na esteira da retomada da questão social, a partir dos meados dos 90, tem novo
impulso nos anos 2000 em diante, quando várias iniciativas internacionais sinalizam
uma nova atitude global para enfrentar a calamitosa situação da saúde no mundo.
10
(p.
101).
c
A conjuntura política e econômica dos anos 90, nos planos internacional e
nacional, representou também um importante ponto de inflexão para a política externa
brasileira e sua cooperação sul-sul. Desde então, o Brasil tenta consolidar a sua
reinserção no sistema internacional, buscando aproveitar tanto a geopolítica global
pós-guerra Fria, quanto o processo político e econômico nacional (estabilidade
democrática e econômica, participação da sociedade civil e políticas sociais mais
inclusivas)
10
(p. 100)
d
. A política externa brasileira, sobretudo a partir de 2003, no
primeiro governo Lula, tem priorizado fortalecer a presença do país no cenário
internacional, como um ator importante para a oferta de oportunidades de
desenvolvimento, diferenciando-se fundamentalmente dos governos anteriores
14
, e, em
âmbito mundial, tem priorizado seus parceiros em desenvolvimento, isto é, a
cooperação Sul-Sul (com a América Latina e com a África, principalmente com os
países de língua portuguesa
15
).
Segundo a Agência Brasileira de Cooperação (ABC) do Ministério das Relações
Exteriores (MRE), uma ação de Cooperação Técnica Internacional (CTI)
pode ser
definida como uma intervenção temporária destinada a promover mudanças qualitativas
ou estruturais para o fortalecimento das instituições envolvidas em suas atividades e
projetos, dentre elas a capacitação dos recursos humanos. A materialização dessas
mudanças se dá por meio do desenvolvimento de capacidades técnicas de instituições ou
de indivíduos. Essa capacitação, por sua vez, poderá estar direcionada à apropriação de
conhecimentos por segmentos da sociedade e ao aperfeiçoamento da ação finalística de
instituições públicas e privadas, bem como a intervenções de desenvolvimento em áreas
geográficas predeterminadas. Por meio da CTI, os cooperantes têm acesso a tecnologias,
experiências, conhecimentos e capacitações disponíveis no exterior, os quais,
conjugados com as capacidades técnicas locais, contribuirão para o desenvolvimento do
país.
16
c
Referimos-nos aqui aos eventos citados por Almeida et al
10
: as Metas do Milênio (2000), o
aparecimento das Iniciativas Globais em Saúde (desde os anos 2000), a Comissão de Macroeconomia e
Saúde (2001), a Comissão dos Determinantes Sociais da Saúde (2005-2008) e a Comemoração dos 30
anos de Alma Ata (marco da atenção primária em saúde) (2008), além da Declaração de Oslo (2007).
d
Vigevani & Cepaluni, 2007, apud Almeida et al
10
.
19
Esse tipo de cooperação, pautada pela preocupação de sustentabilidade e de
‘parceria para o desenvolvimento’, requer atenção na definição de parceiros
internacionais prioritários para o alcance dos objetivos e manutenção dos compromissos
e resultados alcançados.
Teoricamente a visão contemporânea da cooperação internacional envereda pelo
caminho da transversalidade de temas, atores e experiências, sejam estes nacionais ou
internacionais, que atuam de forma articulada em direção a objetivos comuns
previamente determinados.
11
Estudos sobre o assunto apontam para a existência de pré-requisitos para que
parcerias internacionais sejam bem-sucedidas. Os principais são: a escolha dos
parceiros, a definição conjunta do tema da pesquisa ou do projeto [de
cooperação]; a divisão de trabalho; os objetivos a serem alcançados; as condições
materiais e intangíveis de cada membro. Isto define o grau e a natureza do
trabalho conjunto, que pode ser, desde uma assistência técnica a uma genuína
cooperação, passando pela colaboração.
11
(p.15-16)
Historicamente, a Fiocruz consolidou-se como uma referência nacional e
internacional em ciência, tecnologia e saúde
12
. Sua história, tradição e objeto são
voltados para a saúde e seus determinantes biológicos e sociais, a produção de
conhecimentos técnico-científicos e de insumos necessários para atender às
necessidades de saúde da população brasileira.
A Assessoria de Cooperação Internacional da Fiocruz (ACI), uma unidade de
assistência direta à presidência, foi criada em 1984, pela Portaria n.º 05/84-PR. Neste
primeiro momento, a ACI tratava apenas dos registros dos convênios internacionais da
Fiocruz, das autorizações de afastamento do país por parte dos servidores e do
recebimento de visitantes na instituição.
No Relatório Final do I Congresso Interno, instância máxima institucional de
caráter deliberativo
e
, realizado em 1988, previa-se uma mudança na área de cooperação
internacional da Fiocruz, atribuindo-lhe uma atuação mais proativa na captação de
recursos financeiros para além da sua atuação cartorial.
Pereira
17
assinala que no II Congresso Interno da Fiocruz, realizado em 1994, as
discussões apontaram para a importância da participação mais ativa da instituição nas
e
O Congresso Interno insere-se no modelo de Gestão da Fiocruz e constitui-se com base na premissa
central da importância dos mecanismos participativos na elaboração do planejamento estratégico
institucional e na implementação de políticas e programas institucionais. Foi criado em meados da
década de 1980, na gestão de Sergio Arouca (1985-1988), e foi incorporado ao Estatuto da Fiocruz,
também formulado nessa mesma gestão (mas aprovado somente em 2002), como órgão máximo de
representação institucional com competência para deliberar, no âmbito da Fiocruz, sobre assuntos
estratégicos referentes a seu projeto institucional, incluindo as alterações no seu Regimento Interno e no
seu próprio Estatuto. Segundo os Estatutos da Fiocruz, o Congresso Interno deve acontecer a cada quatro
anos, sendo convocado no primeiro ano de mandato de cada novo presidente da Fiocruz.
20
ações compartilhadas com outros países e instituições, nos sentidos Norte-Sul e Sul-Sul.
No mesmo ano, o Conselho Deliberativo da Fiocruz
f
aprovou o fortalecimento da ACI
como Coordenação de Cooperação Internacional, com o objetivo de coordenar a
cooperação internacional da Fiocruz em relação à: demanda, oferta e captação de
recursos; formulação, administração, monitoramento e avaliação de acordos, protocolos
e projetos; transferência de recursos e conhecimentos; e à organização da participação
institucional em fóruns e seminários internacionais.
Objetivos tão ambiciosos – ainda que imprescindíveis à gestão da cooperação
internacional da Fiocruz – trouxeram desafios enormes para a ACI.
Para tentar reduzir a fragmentação da informação das atividades de cooperação
internacional e proporcionar maior
articulação entre unidades técnico-científicas e
administrativas da instituição, foi criada em 2003, no 4.º Congresso Interno da Fiocruz,
a Câmara Técnica de Cooperação Internacional
g
, regulamentada pela Portaria n.º
055/2003 PR, cujo objetivo é subsidiar a política de cooperação internacional do órgão,
estender a cada unidade técnico-científica o apoio às ações de intercâmbio internacional,
em toda a sua amplitude, e assegurar a representação das mesmas nas atividades
correlatas em nível central. Foi pensado que cada membro da Câmara Técnica de
Cooperação Internacional se constituiria no braço executivo da ACI em sua Unidade de
origem, envolvendo a todos no processo de coordenação da cooperação internacional da
instituição.
Vinte e cinco anos após a criação da ACI, em 2009, instituiu-se o CRIS – Centro
de Relações Internacionais em Saúde (Portaria n.º
22/2009-PR), órgão de assistência
direta à Presidência da Fiocruz que visa a i
ncorporar, ampliar e aperfeiçoar as funções
até então exercidas pela Assessoria de Cooperação Internacional (ACI). Seu escopo de
atuação inclui componentes de relações internacionais e de diplomacia da saúde
18
e
pretende apoiar as instâncias de cooperação internacional das Unidades da Fiocruz, em
contínua ampliação e consolidação do intercâmbio e da atuação internacional da
instituição
h
.
f
O Conselho Deliberativo da Fiocruz (CD) também se insere no modelo de gestão da instituição e
também foi criado em meados dos anos 80. É formado pelos diretores das Unidades Técnico-Científicas e
das Unidades Técnicas de apoio à Fiocruz, além de ter um representante dos trabalhadores da instituição.
Sua função é detalhar e operacionalizar as macropolíticas definidas no Congresso Interno, discutindo e
aprovando os programas e os respectivos orçamentos anuais e plurianuais.
g
As Câmaras Técnicas são órgãos institucionais que funcionam como instrumento de articulação, com
o papel de integração institucional e de assessoramento. Sua função principal é propor arranjos
programáticos e procedimentos técnicos e gerenciais ao CD/Fiocruz, para a implementação dos
programas finalísticos da instituição.
h
Como nos informa Buss et al
18
, “a diplomacia aqui referida extrapola sua conceituação tradicional
de negociação entre nações conduzidas exclusivamente por autoridades governamentais e tende a
21
O Plano Quadrienal da Fiocruz para o período 2005-2008
19
destacou o
crescimento e a relevância da cooperação internacional na instituição e apontou a
necessidade de melhor conhecimento da amplitude das ações, já desenvolvidas ou em
andamento, e seus impactos na produção científica e tecnológica do órgão.
Apesar desse percurso histórico, muitos objetivos da anterior ACI e do atual
CRIS são ainda uma aspiração. O processo de articulação e integração das atividades
internacionais da Fiocruz é dificultado por algumas questões problemáticas, que devem
ser enfrentadas, tais como: a fragmentação da informação sobre cooperação
internacional e a necessidade de revisão dos mecanismos administrativos existentes.
Dentre eles, podemos mencionar o processo de afastamento do país por seus
funcionários, com a finalidade de substanciar informações importantes para uma análise
do impacto da cooperação internacional da Fiocruz, inclusive com a identificação de
novas oportunidades e desdobramentos resultantes de compromissos assumidos
institucionalmente.
Mesmo com essas dificuldades de reunir informações e avaliar o impacto da
cooperação internacional da Fiocruz, observou-se, no período de 2005 a 2008, um
aumento significativo do conjunto das atividades desenvolvidas pela ACI/CRIS (Tabela
1).
Tabela 1
Registro das atividades da Assessoria Internacional (ACI)/Fiocruz,(2005-2008)
Atividades/Total por Ano 2005 2006 2007 2008 Total
Convênios Vigentes
34 46 58 71 71*
Missões Recebidas
55 42 48 59 204
Afastamentos
324 478 586 703 2091
* Os dados dos convênios não são cumulativos, representam os registros vigentes em cada
ano. Os demais representam os totais acumulados no período.
Fonte: Elaboração própria. Dados da ACI/Fiocruz, 2008
aproximar-se da abordagem da governança, na qual a sociedade adota ações e meios para promover o
alcance coletivo de soluções na busca de objetivos comuns”.
22
Destacamos o aumento, nesse período, dos processos administrativos de
autorização de afastamento do país
i
, que constitui uma das atividades pelas quais o
CRIS é responsável. Tais processos tiveram o número de solicitações aumentado
significativamente, dobrando o volume de pedidos ao longo de quatro anos. Nesse
processo são mencionados os motivos da solicitação de afastamento, as fontes de
financiamento, bem como os resultados obtidos, as redes de relacionamento
estabelecidas durante a permanência no exterior e os compromissos assumidos em nome
da instituição. Tais informações são inseridas obrigatoriamente nos relatórios de
viagem, etapa final de todo o processo. Entretanto, até a presente data, esses processos
são tratados apenas como uma atividade cartorial, de obrigatoriedade legal, não sendo a
informação contida em seus documentos regularmente analisada e considerada para
ações prospectivas ou de avaliação de impacto da cooperação internacional, nem
tampouco como ferramenta de gestão do conhecimento.
Consideramos que os processos de afastamento do país constituem um
instrumento administrativo importante e podem ser uma poderosa fonte de informação
para a gestão do conhecimento na Fiocruz, no âmbito da cooperação internacional, e
para o fortalecimento das suas relações internacionais na área de saúde – competência
essencial do CRIS/Fiocruz.
O mapeamento, identificação e a análise de algumas possíveis redes sociais
resultantes da cooperação internacional na Fiocruz, obtidas com base nas solicitações de
afastamento do país, vão de encontro aos objetivos institucionais do CRIS. Pode
permitir identificar os indivíduos e grupos que interatuam em determinadas áreas, a
intensidade da sua relação de cooperação, bem como reconhecer aqueles grupos ou
atividades que precisam de maior integração.
Nos últimos anos, a cooperação internacional da Fiocruz cresceu de forma
importante, como parte da priorização das áreas sociais, entre elas a saúde, na política
externa brasileira. Nessa perspectiva, a Fiocruz é considerada a instituição-chave
(“ponto focal”) para a cooperação internacional em saúde do governo brasileiro.
10 18
i
O afastamento do país está regulamentado pela Portaria n.º 2.131, de 30 de agosto de 2007, do
Ministério da Saúde, que dispõe sobre autorização de afastamento do País somente de servidores e
consultores no âmbito do Ministério da Saúde e órgãos vinculados; pelos Decretos
n.º 5.992, de 19 de
dezembro de 2006, que dispõe sobre a concessão de diárias no âmbito da administração federal direta,
autárquica e fundacional, e dá outras providencias; pelo Decreto
n.º 3.643, de 26 de outubro de 2000, e da
Medida Provisória
n.º 441/2008, que dispõe, entre outros, do Plano de Carreiras e Cargos da Fiocruz; e
finalmente, pelo Decreto
n.º 5.707/2006, que institui a Política e as Diretrizes para o desenvolvimento de
pessoal da administração pública federal direta, autárquica e fundacional, e regulamenta dispositivo da
Lei
n.º 8.112, de 11 de dezembro de 1990.
23
Embora, historicamente, a Fiocruz sempre tenha desenvolvido projetos de
cooperação internacional, essa mudança tem exigido um esforço institucional
importante, que requer mudanças na coordenação e gestão dos projetos e programas de
cooperação internacional. Vale dizer, na gestão do conhecimento produzido, adquirido e
difundido nesses processos de trabalho.
Sendo assim, pelo menos dois âmbitos de cooperação merecem atenção: o da
pesquisa propriamente dita e o da cooperação técnica para o desenvolvimento, que
envolve diferentes dimensões (capacitação/formação de recursos humanos e
fortalecimento institucional, entre outros), implementada segundo o conceito de
“cooperação estruturante em saúde”
j
, desenvolvido na Fiocruz.
10
Neste trabalho, escolhemos para análise dois grandes programas de cooperação
da Fiocruz: com a França e com a África, especificamente com os PALOPPaíses
Africanos de Língua Oficial Portuguesa.
A cooperação com a França remete às origens da Fiocruz e tem sido objeto de
coordenação da ACI/CRIS nos últimos anos.
A tradição de cooperação entre a Fiocruz e os institutos de pesquisa franceses é
muito antiga e também muito positiva. A Fiocruz tem convênios de cooperação com os
principais institutos de pesquisa franceses Institut National de la Santé et de
Recherche Médicale (Inserm), Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS),
Institut de Recherche pour Développement (IRD) e Institut Pasteur e cerca de 30
projetos colaborativos já foram financiados. A parceria Fiocruz/IRD tem se baseado
quase exclusivamente em projetos apoiados no âmbito do Programa de Cooperação
entre a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e o
Comitê Francês de Avaliação da Cooperação Universitária com o Brasil –(COFECUB)
(Programa Capes-Cofecub), que seleciona projetos conjuntos de pesquisa em todas as
áreas do conhecimento, com vistas ao intercâmbio científico entre Instituições de
Ensino Superior (IES) do Brasil e da França e à formação de recursos humanos de alto
nível nos dois países.
Já a cooperação com a África insere-se, atualmente, nas prioridades da política
externa brasileira, no âmbito da cooperação Sul-Sul, e do Ministério da Saúde (PAC da
Saúde), e, inclusive, a Fiocruz está instalando um Escritório Regional de Representação
j
Segundo Almeida ET al
10
(p.102): “The conception of “structural cooperation in health” rests
fundamentally on the approach of “capacity-building for development”. This new paradigm innovates in
two respects in comparison with previous ones, by integrating human resource development with
organisational and institutional development. It also tries to break with the traditional model of passive,
unidirectional transfer of knowledge and technology, proposing rather to exploit each country’s existing
endogenous capacities and resources
.
24
em Maputo, Moçambique. Entretanto, historicamente, a Fiocruz desenvolve projetos de
cooperação com a África, primeiramente com os PALOP, desde 1990, e, mais
recentemente, com a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP). A partir de
2007, essa cooperação se intensificou, sendo que a Fiocruz desempenha papel
fundamental, como assessora da CPLP, na estruturação da cooperação entre os países
integrantes da Comunidade, juntamente com o Instituto de Higiene e Medicina Tropical,
da Universidade Nova Lisboa.
10 20
Com esse objetivo foram elaborados, com importante colaboração da Fiocruz, os
Planos Estratégicos de Cooperação Internacional (PECS) dos países da CPLP,
aprovados pelo Conselho de Ministros de Saúde da CPLP em 15 de maio de 2009. Os
PECS têm como principal objetivo apoiar o fortalecimento dos sistemas de saúde dos
países da Comunidade, a partir da criação ou modernização de suas “instituições
estruturantes”.
10 20
A proposta deste estudo é identificar as possíveis redes de cooperação da
Fiocruz nesses dois âmbitos – Fiocruz/França e Fiocruz/África (especificamente com os
PALOP).
A hipótese deste trabalho é que a identificação dessas redes, como uma forma de
gestão do conhecimento (técnico e científico), possibilitaria uma melhor coordenação da
cooperação internacional na Fiocruz.
Justifica-se, assim, a relevância deste estudo, tanto em termos técnicos como na
sua aplicação prática, uma vez que pode servir para a orientação de novas estratégias no
campo da gestão do conhecimento para a cooperação internacional na Fiocruz, assim
como para o desenvolvimento dos seus recursos humanos.
A dissertação contem seis partes. Na primeira são definidos os objetivos gerais e
específicos. Na segunda, o Referencial Teórico discorre sobre os conceitos, abordagens
e modelos teóricos que utilizamos. Na terceira, a Metodologia, informa o caminho que
percorremos, a nossa opção de métodos e técnicas, os procedimentos de captura de
informação e os instrumentos que utilizamos no tratamento dos dados. Os Resultados,
na quarta parte, descrevem o que conseguimos organizar e a Discussão, na quinta,
analisa os nossos achados. Nas Considerações Finais e Recomendações são
apresentadas as conclusões do estudo e as sugestões referentes ao registro das
informações e sua análise para a “gestão do conhecimento”, o acompanhamento e
avaliação da cooperação internacional na Fiocruz.
25
4. REFERENCIAL TEÓRICO
O referencial teórico do qual partimos trabalha fundamentalmente com os
conceitos de gestão do conhecimento, redes e inovação. Utilizamos ainda alguns
modelos teóricos sobre a criação do conhecimento organizacional, incluindo as
abordagens sobre a produção e ambiente do conhecimento científico e sobre as redes
sociais, considerando-as como instrumento estratégico para a gestão do conhecimento.
4.1. Gestão do Conhecimento
O conceito de gestão do conhecimento tem por hipótese que todo o
conhecimento existente em uma determinada empresa ou instituição, na mente das
pessoas, nas rotinas dos processos e nos departamentos, pertence também à organização.
Em contrapartida, todos os colaboradores que participam efetivamente desse sistema
podem usufruir d o conhecimento presente na organização.
21
O uso do conhecimento disponível em uma organização como um instrumento
de trabalho requer o estabelecimento de condições e de processos que permitam o fluxo
de conhecimento entre pessoas. Qualquer iniciativa orientada à implementação da
gestão do conhecimento necessita de estrutura e cultura institucional capazes de refletir
a descoberta de lições aprendidas sob a forma de um fluxo de retroalimentação. É deste
fluxo interativo que se alimenta o aprendizado capaz de gerar conhecimento inovador.
O passo mais complexo consiste em promover a disseminação e a incorporação desse
conhecimento, promovendo um ambiente para sua criação e utilização.
22
Conhecimento é uma mistura fluida de experiência condensada, valores,
informação conceitual e insight experimentado, a qual proporciona uma infra-
estrutura para avaliação e incorporação de novas experiências e informações. Ele
tem origem e é aplicado na mente dos conhecedores. Nas organizações, ele
costuma estar embutido não só em documentos ou repositórios, mas também em
rotinas, processos, práticas e normas organizacionais.
23
(p. 6)
Assim, de forma mais ampla, a gestão do conhecimento refere-se ao
planejamento e controle de ações (políticas, mecanismos, ferramentas, estratégias) que
regem o fluxo do conhecimento, tanto em sua vertente explícita quanto em sua vertente
tácita. Neste caso, engloba as práticas e metodologias de gestão da informação, quando
relacionadas aos processos de captura, armazenamento e recuperação do conhecimento
tácito. Para isso, torna-se fundamental a criação de condições viabilizadoras para que o
conhecimento possa ser convertido em benefícios aplicáveis à consecução dos objetivos
de determinada organização.
24
26
De acordo com o Manual de Oslo,
25
vários fatores humanos e culturais são
identificados como cruciais para que o processo de inovação ocorra eficazmente dentro
das organizações. Tais fatores influenciam diretamente no aprendizado organizacional e
referem-se à facilidade de comunicação interna, às interações informais, à cooperação e
aos canais de transmissão de informações e habilidades entre as organizações e dentro
de cada uma, individualmente. Portanto, a capacidade inovadora de uma organização
depende de seu aprendizado, isto é, da difusão do conhecimento a uma larga gama de
indivíduos dentro da organização.
Para Davenport e Prusak,
2
organizações saudáveis geram e usam o
conhecimento. À medida que interagem com seus ambientes, elas absorvem
informações, transformam-nas em conhecimento e agem com base em uma combinação
desse conhecimento com suas experiências, valores e regras internas.
Para esses autores, o papel das organizações é proporcionar às pessoas contextos
favoráveis ao processo de criação de conhecimento no ambiente intra-organizacional. O
objetivo é fazer da gestão do conhecimento uma ferramenta de rápida resposta às
demandas do mercado ou de desenvolvimento de novos produtos.
Peter Drucker
26
afirma que na nova economia o conhecimento é o único recurso
significativo e não apenas mais um recurso tradicional de produção. Assim, a
capacidade de transferir conhecimento representa uma fonte distinta de vantagem
comparativa para as organizações.
Para Davenport e Prusak
2
a gestão do conhecimento pode e deve coexistir bem
com as estratégias de negócios e com os processos organizacionais em geral. A gestão
do conhecimento baseia-se em melhorar os recursos existentes da organização de forma
orientada para a produção e utilização do conhecimento, entendendo que o
conhecimento é transferido nas organizações, quer gerenciemos ou não esse processo.
Segundo os autores, as transferências cotidianas do conhecimento fazem parte da vida
organizacional, todavia encontram-se localizadas e fragmentadas
2
(p. 108). Embora a
transferência espontânea e não estruturada do conhecimento seja vital para o sucesso de
uma empresa, o termo gestão do conhecimento implica a transferência formalizada,
sendo um dos elementos essenciais o desenvolvimento de estratégias específicas para
incentivar essas trocas espontâneas.
Segundo Azevedo
27
,
A busca por uma cultura positiva voltada para o compartilhamento do
conhecimento depende do envolvimento dos líderes; da construção de redes de
relacionamentos formais e informais (networks); do ganho da confiança mútua; do
oferecimento de incentivos para aqueles que compartilham e da valorização do
aprendizado contínuo dentro da organização. Investindo nestes pontos, as
27
organizações públicas estarão criando um sólido alicerce para um efetivo
gerenciamento do seu mais valioso ativo corporativo.
27
(p. 3)
Para este autor, os benefícios para a área pública, da ação de estratégias de
gestão do conhecimento, seriam bastante significativos quando se considera que as
organizações públicas têm o conhecimento como principal input e produto. Entretanto,
o tamanho e a complexidade da organização do setor público dificultam a
implementação da gestão do conhecimento, essencialmente nas questões relacionadas à
estrutura organizacional e à cultura institucional.
27
Além disso, Wiig
28
refere que para aumentar, de maneira competente, a
efetividade da ação pública no tratamento de temas relevantes para a sociedade, com o
mínimo de recursos e o máximo de agilidade, as organizações públicas devem gerir o
conhecimento para (p. 2):
Tratar de maneira adequada e com rapidez os desafios inesperados;
Apoiar cidadãos, organizações não-governamentais e outros atores sociais
para atuar como parceiros do Estado na elaboração e na implementação de
políticas públicas;
Promover a inserção social, a redução das desigualdades sociais e um nível
aceitável de qualidade de vida para a população, por meio de construção,
manutenção e ampliação do capital social e do capital intelectual das
organizações;
Apoiar a sociedade para que seus cidadãos se tornem “trabalhadores
competentes do conhecimento” e o desenvolvimento das organizações
para que estas se tornem competitivas em todas as áreas do conhecimento.
Apesar deste gigantesco desafio, Batista
29
informa que alguns órgãos
governamentais estão apostando em estratégias para melhor aproveitar seu capital
humano. Segundo este autor,
Gestão do Conhecimento é mais que a agregação de projetos, metodologias e
ferramentas: significa compromisso com a transparência; foco nos processos em
vez da hierarquia; uso e reuso eficaz de informações, conhecimentos, boas
práticas de gestão e expertises; visão integradora; uso eficaz de novas Tecnologias
de Informação e Comunicação; e, principalmente, foco nas necessidades dos
cidadãos
.
29
(p. 84).
28
4.1.1. O ambiente científico e a produção do conhecimento
As últimas gerações presenciaram o aparecimento de um campo especial de
investigação: a sociologia de conhecimento. Para Merton
30
, numa obra de 1942,
considerada uma referência clássica na reflexão sobre a produção científica, a ciência é
concebida como uma instituição social, com foco na questão das normas e valores como
elementos centrais que orientam o comportamento dos cientistas, independente do tipo
específico de conhecimento.
Segundo Kropf & Lima
31
, a reflexão de Merton permitiu identificar um “ethos
científico” orientador das práticas do cientista, que enfocaria o institucional e não o
pessoal, isto é, privilegiaria as relações interativas entre os cientistas sob o abrigo do
“guarda-chuva” institucional. Merton mostraria que as diferentes posições ocupadas na
estrutura social da ciência predispõem e motivam os cientistas a fazerem diversas
adaptações possíveis entre os objetivos institucionais e os meios para realizá-los. Nas
palavras das próprias autoras,
...o ethos da ciência apresenta-se como um padrão típico de controle institucional
que, impondo constrangimentos à atividade dos cientistas, não deve ser
compreendido como algo que corresponde perfeitamente ao seu comportamento
efetivo. Longe de pretender um esquematismo mecânico e idealizador da prática
desses cientistas, a análise de Merton recai sobre as negociações e mediações
relativas aos aspectos contingentes do processo real pelo qual se empreende a
atividade científica
31
(p.5).
Para Merton, a maneira pela qual as instituições canalizam as várias motivações
dos cientistas é o ponto central. Elas não se ocupam com o ‘conteúdo’ da ciência, mas
com as condições sociais que modelam uma organização de ciência. Nesse contexto
estão as formas de competitividade e os meios de divulgação do conhecimento. Centra-
se especialmente no sistema de normas institucionais que orientam o comportamento
dos cientistas. Um ponto crucial para o autor é o conceito de comunidade científica, que
não se define pela concentração geográfica de grupos locais de pesquisa reunidos em
torno de alguma especialidade ou tema de pesquisa, mas sim pelas forças sociais e
intelectuais que os integram, o que gera os mecanismos de validação social do trabalho
científico.
30
No capítulo 13, “The Normative Structure of Science”
30
, escrito originalmente
em 1942, Merton descreve um conjunto de normas éticas institucionalizadas em que o
cientista se confrontaria no processo de construção e ampliação do conhecimento
científico: universalismo, comunismo, desinteresse e ceticismo organizado.
Universalismo – caracteriza que nas contribuições científicas a aceitação ou a
29
rejeição de enunciados científicos não deve depender das circunstâncias
pessoais ou sociais do cientista, isto é, de critérios como raça, religião ou
gênero. O cientista deve-se pautar em evidências seguras e orientadas pela
objetividade.
Comunismo – os avanços científicos são produtos de colaboração social e não
devem ficar limitados à comunidade científica, devendo ser amplamente
divulgados.
Desinteresse – a atividade do cientista, o progresso do conhecimento científico
não deve visar ao interesse próprio.
Ceticismo organizado – o cientista deve suspender temporariamente suas
opiniões e juízos de valores e estimular a prática da crítica sistemática pelo
julgamento dos pares.
De acordo com Merton, as noções de “networks” e os ‘colégios invisíveis’
k
,
embora consideradas relevantes para a difusão de idéias em ciência, não exprimem a
organização corporativa dos cientistas. Para Moraes
32
, neste caminho agrega-se um
novo elemento de análise, difundido por Latour – o conceito de ator-rede – que
apresentaremos mais adiante. Nele estão incluídos outros componentes de ‘igual’
importância, como o ambiente físico e os equipamentos, por exemplo, associados às
redes de poder intra e interinstitucionais estabelecidas pelos pesquisadores.
A contribuição de Merton é resumida por Zarur (apud Leite
33
) da seguinte
forma:
A identificação da comunidade científica como objeto central de análise.
A identificação de que o reconhecimento pelos pares, e o conseqüente
prestígio dos pesquisadores, são mais importantes do que a respectiva
recompensa financeira.
A demonstração de que o avanço do conhecimento ocorre pela identificação
de novos problemas e a comunicação entre os cientistas representa um
elemento fundamental, no qual o veículo de excelência são as publicações
científicas.
A utilização do número de trabalhos publicados como indicador importante,
tanto politicamente quanto para ações de planejamento, bem como para o
mérito científico.
k
São referidos como grupos não formais de cientistas que trabalham sobre um mesmo problema ou área
de pesquisa e que se comunicam sobre o andamento de suas pesquisas.
30
Essas normas e preceitos éticos regulam, até hoje, a produção cientifica,
compõem o imaginário dos pesquisadores e modelam sua consciência e atitude
institucional.
4.1.2. Informação e conhecimento
Nos novos modelos de gestão reforça-se a importância estratégica da informação
e do conhecimento, privilegiando esses elementos na tomada de decisões, na
incorporação de mudanças e na adaptação das organizações à nova realidade.
Na sociedade do conhecimento são muito comuns os termos ‘dados’,
‘informação’ e ‘conhecimento’ serem usados como sinônimos, acarretando confusões
no seu gerenciamento.
Segundo Furnaleto
34
, Davenport & Prusak definem que dados, informações e
conhecimento formam um conjunto inter-relacionado que guarda diferenças no valor e
na sua utilidade. Dados descrevem apenas o que já aconteceu, são caracteres básicos e
não fornecem indicação de como devem ser utilizados. Já as informações representam
um conjunto de mensagens contextualizadas, com um sentido explícito e que causa
impacto no julgamento ou comportamento dos destinatários. A construção do
conhecimento se efetiva, por sua vez, pela análise e comparação com outras
informações conhecidas, representando a internalização de informações transformadas
em novas habilidades, novas capacidades e experiências individuais. Essa diferenciação
feita originalmente por Davenport e Prusak está sintetizada no Quadro 1, a seguir.
Quadro 1
Dados, Informação e Conhecimento
DADO INFORMAÇÃO CONHECIMENTO
Simples observação Dados dotados de relevância e
propósito
Informação percebida com valor
Registro acerca de um
determinado evento
Conjunto de dados com
significado para o sistema
Informação que, devidamente tratada,
muda o comportamento do sistema
Evento fora do contexto e
sem significado
Carece de valor de
interpretação
Possui contexto, significado, alem da
reflexão, interpretação e síntese
O dado é inerte A informação é dinâmica e
exige mediação humana
Está vinculada à ação humana
Facilmente estruturado e
transferível
É mais fácil de transferir que o
conhecimento
Freqüentemente tácito e de difícil
estruturação e transferência.
Não existe correlação
entre os fatos e suas
implicações
Criam padrões e ativam
significados na mente das
pessoas
É à base das ações inteligentes e está
ancorado na crença de seus detentores
Fonte: Adaptação própria, a partir de Davenport e Prusak
2
(pp. 2-7).
31
Para Nonaka e Takeuchi
35
, a informação é um meio ou material necessário para
extrair e construir o conhecimento, constituindo-se um fluxo de mensagens. Assim, o
conhecimento é criado por esse fluxo de informações, porém ancorado nas crenças e
compromissos de seu detentor, e está diretamente relacionado à ação humana: é sempre
conhecimento com algum fim.
E de acordo com Davenport e Prusak
2
, o conhecimento pode ser visto como uma
...mistura fluida de experiência condensada, valores, informação contextual e
insight experimentado, a qual proporciona uma estrutura para a avaliação e
incorporação de novas experiências e informações. Ele tem origem e é aplicado na
mente dos conhecedores.
2
(p.6).
Probst, Raub e Romhardt
23
relatam que os administradores freqüentemente
suspeitam que o conhecimento que desejam exista em algum lugar. O que lhes falta é
uma maneira de acessar o ambiente de conhecimento e de identificar tipos específicos
de conhecimentos tanto interna como externamente. Para promover um ciclo de
aprendizagem organizacional é necessário entender como os fluxos de informações são
gerados na empresa, de forma a promover a criação e utilização do conhecimento.
4.1.3. Geração e compartilhamento do conhecimento
Para Gibbons
36
, o processo de geração do conhecimento pode ser realizado com
base em duas abordagens: o modelo linear, ou Modo 1, e o modelo não linear, ou Modo
2.
O modelo linear, ou Modo 1, caracteriza-se por ser dependente de recursos
públicos, disciplinar, ter pouca capacidade de cooperação entre os atores, além do que
as pesquisas são definidas pelos próprios pesquisadores.
Esse modelo tem sido substituído por uma nova forma, denominada de modelo
não linear, ou Modo 2. Nele, a geração do conhecimento é criada de maneira
transdisciplinar, com base em relações econômicas e sociais mais amplas entre os atores
e em um contexto de aplicação do conhecimento, originado a partir de ambiente
heterogêneo e de diversidade organizacional, onde os grupos de pesquisa constituídos
estabelecem redes que são dissolvidas partindo-se da consecução dos objetivos que
levaram à sua criação.
O processo de construção do conhecimento utilizando o Modo 2 tende a tornar-
se mais dinâmico e regenerativo. Por se tratar de um modelo orientado para o
32
atendimento à política de distribuição social do conhecimento, pode tornar-se mais
responsável socialmente.
As características de cada um dos modos encontram-se resumidas no Quadro 2.
Quadro 2
Características dos Modos 1 e 2 da Produção do Conhecimento
MODO 1 MODO 2
Lócus de produção do
conhecimento
Instituições com paredes,
principalmente universidades e
instituições de pesquisa
Redes de colaboração entre
instituições de diversas naturezas;
envolvem diferentes agentes
Agenda de
Investigação
Agendas definidas por pesquisadores
em função do desenvolvimento de
suas disciplinas, orientados em razão
dos interesses das comunidades
acadêmicas e científicas
Agendas definidas em contextos de
aplicação. Levam em consideração
interesses diversos dos segmentos da
sociedade
Tipos de Pesquisa
Básica (conhecer para entender)
versus Aplicada (conhecer para
utilizar)
Solução de problemas
Enfoque
Disciplinar, uma vez que os
problemas de interesse de uma
determinada área do conhecimento
são estudados a partir de sua
perspectiva
Transdiciplinar; os problemas
configurados no contexto de
aplicação geralmente se sobrepõem
aos objetos e métodos de uma única
disciplina
Relação entre
produtores e usuários
do conhecimento
Transferência unidirecional a
posteriori de conhecimentos e
tecnologias
Intercâmbio permanente de
conhecimentos e tecnologias
Critérios de avaliação
Mérito científico, hierárquico e
estável: estruturas sociais rígidas e
consensos estáveis em torno de
critérios de validade e legitimidade
Mérito científico e relevância social,
hierárquica e transitória: critérios de
avaliação do conhecimento
envolvendo novos agentes
Meios de disseminação
de resultados
Veículos de comunicação científica. A
comunicação é restrita à comunidade
científica
Múltiplos meios. Divulgação
cientifica para a sociedade
Financiamento
Recursos públicos Diversas fontes públicas e privadas
Gestão da atividade
cientifica
Planejamento centralizado
Criação de espaços de interação
Fonte: Retirado de Leite, F.C.L.
33
(p. 44)
Probst, Raub e Romhardt
23
relatam que criar novas habilidades, novos produtos,
idéias criativas e processos mais eficientes caracterizam o desenvolvimento do
conhecimento. Neste elemento construtivo, esses autores
propõem que a organização
examine as maneiras gerais de lidar com novas idéias e de utilizar a criatividade de seus
colaboradores.
O compartilhamento e a distribuição do conhecimento requerem
primordialmente o estabelecimento de um clima de confiança, para que possam ser
disseminadas as emoções e as idéias inovadoras e criativas. Esse elemento construtivo
33
acontece na transição do conhecimento do indivíduo para o grupo ou para a
organização.
Existem muitos obstáculos que impedem a aplicação produtiva do
conhecimento. Depois de criado, o conhecimento deve ser justificado tanto qualitativa
quanto quantitativamente, de modo que seja percebido como importante para a
organização.
A retenção do conhecimento é o elemento que possibilita a construção de uma
memória organizacional, formada por informações, documentos e experiências. De
acordo com Probst, Raub e Romhardt,
os processos para selecionar, armazenar e atualizar regularmente um
conhecimento de potencial valor futuro devem, portanto, ser estruturados
cuidadosamente. [...] A retenção do conhecimento depende do uso eficiente de uma
grande variedade de meios de armazenagem da organização
23
(p.35)
Para que o conhecimento possa ser gerenciado adequadamente, Probst, Raub e
Romhardt
23
propõem o estabelecimento de metas de conhecimento, que podem ser
normativas, estratégicas e operacionais. As metas normativas relacionam-se à criação de
uma cultura organizacional que se renova e se recria por meio da mudança, facilitando o
desenvolvimento e o compartilhamento das habilidades e das aptidões dos indivíduos.
As metas estratégicas relacionam-se à definição do conhecimento essencial da
organização; as habilidades requeridas e as metas operacionais relacionam-se à
implementação da gestão do conhecimento.
Os elementos construtivos do conhecimento não são estanques; ao contrário,
estão sempre em constante inter-relação, devendo a organização possibilitar a
construção de um contexto adequado que facilite os processos de interação.
Na literatura sobre gestão do conhecimento encontra-se forte influência da teoria
da criação do conhecimento organizacional de Nonaka e Takeuchi.
35
Mesmo
considerando o contexto cultural específico do desenvolvimento de sua teoria – as
organizações empresariais japonesas – seu modelo constitui-se numa importante
contribuição para os fundamentos da gestão do conhecimento
37
.
Sumariamente, a construção teórica de Nonaka e Takeuchi
35
é apresentada sob
duas dimensões: ontológica e epistemológica.
A dimensão ontológica considera o conhecimento organizacional, em oposição à
criação do conhecimento individual, e está relacionada aos níveis das entidades
criadoras do conhecimento: individual, grupal, organizacional e interorganizacional.
34
Parte da premissa de que o conhecimento é criado tão-somente por indivíduos,
isto é, uma organização não pode criar conhecimento por si mesma. Esse é um processo
que amplia organizacionalmente o conhecimento criado individualmente.
A dimensão epistemológica distingue-se por duas formas de conhecimento: o
conhecimento tácito e o explícito. O conhecimento explícito é formal e sistemático,
pode ser expresso em palavras, números e facilmente comunicado e compartilhado. O
conhecimento tácito é difícil de ser percebido e de se exprimir. O conhecimento tácito é
altamente pessoal e difícil de formalizar, o que dificulta a sua transmissão e
compartilhamento com os outros
35
(p.07).
Esta sistematização orienta o que os autores chamam de espiral do conhecimento
(Figura 1), que surge quando a interação entre conhecimento tácito e conhecimento
explícito eleva-se dinamicamente de um nível ontológico inferior até níveis mais altos
35
(p. 62).
A concepção dos autores inclui que há uma dinâmica contínua de interação entre
o conhecimento tácito e explícito, o que torna possível a criação de um novo
conhecimento organizacional.
Figura 1
Espiral do Conhecimento
Fonte: Retirado de Nonaka e Takeuchi, 1995
35
(p. 80).
Essa interação é moldada por meio dos quatro modos de conversão do
conhecimento, os quais ocorrem partindo-se da interação do conhecimento tácito e
explícito, construindo um novo conhecimento.
Socialização: de conhecimento tácito em conhecimento tácito.
Externalização: de conhecimento tácito em conhecimento explícito.
35
Combinação: de conhecimento explícito em conhecimento explícito.
Internalização: de conhecimento explícito em conhecimento tácito.
O processo de criação do conhecimento organizacional é fruto de uma interação
dinâmica e contínua entre os conhecimentos tácitos e explícitos e é moldada pelas
mudanças entre os modos de conversão.
A socialização é um processo de compartilhamento de experiências e, a partir
daí, da criação do conhecimento tácito, como modelos mentais e habilidades técnicas
compartilhadas. A aquisição do conhecimento se dá por meio da observação, imitação e
prática.
A externalização é um processo de articulação do conhecimento tácito em
conceitos explícitos, em geral expresso na forma de metáforas, analogias, conceitos,
hipóteses ou modelos.
A combinação é um processo de sistematização de conceitos em um sistema de
conhecimento; isto é, da conversão do conhecimento explícito em conhecimento
explícito, os indivíduos trocam e combinam conhecimentos por intermédio de meios
como documentos, reuniões, conversas ao telefone ou redes de comunicação
computadorizadas.
A internalização é o processo de incorporação do conhecimento explícito no
conhecimento tácito e está intimamente relacionada ao ‘aprender fazendo’.
Em síntese, a aquisição de conhecimentos não é uma mera transferência de uma
pessoa para outra, mas uma construção individual baseada em informações, motivações
e atitudes.
35
Um aspecto de grande importância, relacionado à criação de conhecimento, é o
ambiente no qual são inseridos os chamados trabalhadores do conhecimento
38
. Este
ambiente de compartilhamento, que estimula a troca de experiências e conhecimentos, é
um espaço onde emergem inter-relações físicas, mentais, virtuais e onde se cria o
conhecimento dentro da organização, considerando-se os fatores tangíveis e intangíveis.
Estas inter-relações emergem como produto do compartilhamento de experiências entre
os “trabalhadores do conhecimento”, por meio da espiral do conhecimento e da
conversão de conhecimento tácito em explícito. É nessa interação social entre o tácito e
o explícito que o conhecimento é criado e expandido.
35
Esse processo atinge escalas
cada vez maiores à medida que aumentam os níveis ontológicos. Ele se dá na forma de
uma espiral, partindo do nível individual e atingindo camadas superiores até cruzar os
limites da organização.
36
Para Nonaka e Takeuchi
35
, a espiral do conhecimento (Figura 2) pressupõe
condições organizacionais para a sua promoção que proporcionem facilidades para as
atividades em grupo e que permitam a criação e o acúmulo de conhecimento em nível
individual.
Figura 2
Espiral da Criação do Conhecimento Organizacional
Fonte: Retirado de Nonaka e Takeuchi
35
(p. 82).
Ainda de acordo com Nonaka e Tackuchi, a criação do conhecimento alimenta a
inovação, e o processo pelo qual o conhecimento é criado dentro da organização é a
pedra fundamental das atividades inovadoras. Esse processo dinâmico se dá pela
interação das duas espirais do conhecimento ao longo do tempo.
5. INOVAÇÃO E REDES
A teoria do desenvolvimento econômico de Schumpeter
39
relaciona o processo
de desenvolvimento, a inovação e a empresa como principais agentes para a busca de
vantagens competitivas e transformação da estrutura econômica. O mercado é um
espaço dinâmico, em constante desequilíbrio e em ciclos de criação e destruição,
ressaltados pela difusão de inovações. Para este autor, a inovação ocorre quando entra
37
como um bem ou processo na sociedade. Neste contexto, ressalta-se o papel central do
Estado como favorecedor dos agentes de inovação e atenuante dos efeitos destrutivos.
A perspectiva Schumpeteriana faz uma crítica ao modelo convencional
neoclássico, de forças reguladoras do mercado, e destaca a importância da estratégia
empresarial, que passa a ter uma visão de longo prazo, com vistas à obtenção de
vantagens competitivas a partir da inovação, independentemente da eficiência de curto
prazo. A inovação torna-se, assim, a principal fonte da competição capitalista.
Conforme Dosi
40
, a definição de inovação que vem sendo mais comumente
utilizada a caracteriza como busca, descoberta, experimentação, desenvolvimento,
imitação e adoção de novos produtos, processos e novas técnicas organizacionais.
Entretanto, um paradigma tecnológico pode ser definido como um padrão de solução de
problemas técnico-econômicos, focalizados em trajetórias tecnológicas específicas e
cumulativas do conhecimento científico e de experiências anteriores (conhecimento
tácito) e pode envolver também a solução de um problema de natureza teórica. Do
ponto de vista econômico, este autor, aponta que a inovação em si, ou seja, a primeira
aplicação comercial de uma invenção, pode não representar impactos significativos;
somente sua difusão ampla tem impacto macroeconômico.
Os elementos tácitos e específicos presentes em toda nova tecnologia não podem
ser difundidos, embora os processos de aprendizado de uma organização possam ser
imitados. Neste sentido é importante destacar que as atividades inovativas apresentam
características cumulativas, locais e específicas e que a cooperação é uma importante
forma de apreensão desse conhecimento.
É de suma importância considerar que uma organização não inova sozinha, pois
as fontes de informação, conhecimento e inovação podem se localizar tanto dentro
como fora dela. O processo de inovação é, portanto, interativo, realizado com a
contribuição de variados agentes econômicos e sociais que possuem diferentes tipos de
informações e conhecimentos.
Na opinião de Druker
26
, a capacidade de uma organização em inovar está
relacionada à incorporação do conhecimento em seus processos e produtos e às
vantagens advindas do controle desse conhecimento. Desse modo, conhecimento é a
chave para a inovação, seja ele tecnológico ou não.
Um modelo de gestão orientado para a inovação em uma organização
profissional pública voltada para o alto desempenho, como é o caso da Fiocruz, precisa
garantir alguns mecanismos de coordenação. Segundo Alves, Bomtempo e Coutinho
41
,
a sustentação da capacidade inovadora das empresas depende da existência de
38
mecanismos e procedimentos que assegurem a sustentação das competências de
inovação em uma perspectiva de criação de novos conhecimentos.
Uma característica marcante do modo de criação do conhecimento, dentro do
novo paradigma econômico, das tecnologias da informação, da sociedade da informação
e do conhecimento é que cada vez mais o processo de inovação acontece por meio do
networking e não por intermédio de estruturas hierárquicas e de mercados. Os conceitos
de rede (network) encontrados em diversos autores apontam para uma estrutura comum:
um conjunto de pessoas que compartilham idéias e interesses para a solução de
problemas e a satisfação de necessidades.
Existem várias definições e configurações de redes e todas elas são úteis para se
trabalhar a gestão do conhecimento. Para este estudo consideramos três definições
apresentadas por Egger et al
42
: as redes formais, as redes de conhecimento e as redes
sociais.
As redes formais são definidas por grupos correlacionados de várias instituições
ou organizações independentes, estabelecidas de acordo com um propósito ou
necessidade específica. Os participantes da rede seguem um fluxo preestabelecido de
atividades, regras e objetivos. As redes formais podem produzir comunidades de prática
sobre um tema ou assunto específico.
42
As redes de conhecimento são formadas por grupos de pessoas que
compartilham um interesse comum e uma área específica do conhecimento ou de
competência. Esse agrupamento é voluntário para compartilhar e desenvolver seus
conhecimentos e para apoiar uns aos outros na solução de problemas comuns.
42
As redes sociais são mapas de relacionamentos pessoais e, de forma geral, não
têm um propósito deliberadamente definido. Elas crescem organicamente e
normalmente não são planejadas ou administradas de forma ativa. Exercem um
importante papel no cotidiano das pessoas, no sentido da produção de informações e do
fornecimento de acesso e recursos a outras pessoas.
42
Entretanto, a metodologia de analise de redes sociais pode ser aplicada no estudo
de redes em geral, sejam elas redes de pessoas e organizações, documentos ou redes
eletrônicas.
43
5.1. A lógica das redes
Para Latour apud Ferreira
44
, uma rede é formada por fluxos e conexões, sempre
de múltiplas saídas. Na concepção da autora, fortemente influenciada pela noção de
39
rizoma
l
, encontramos a “teoria do ator-rede”.
32
Nesta teoria, da rede fazem parte todos
os atores: não só os humanos, mas também os não-humanos já que não existe uma
hierarquização entre os entes que são produzidos e se produzem a cada momento. As
conexões entre os atores são os interesses que convergem em algum ponto da rede,
produzindo um único elemento. Nessa perspectiva não existe um lugar privilegiado,
uma vez que as entradas são múltiplas, assim como também as conexões que as
compõem. Essa configuração dinâmica é a-centrada, isto é, sem forma predefinida; suas
configurações alteram-se a partir dos movimentos, dos fluxos, conexões e alianças entre
os diversos atores.
Deleuze e Guatarri, em Mil Platôs
45
, apresentam a noção de rizoma na
perspectiva de uma dinâmica ontológica. Para eles, o rizoma expressa a multiplicidade e
não pode ter uma estrutura definida, pois se constitui de novas formas a todo instante. A
produção de um rizoma segue seis princípios definidos pelos autores.
O primeiro princípio é o da Conexão: define que num rizoma não existe nenhum
esquema de oposição ou binaridade que não possa ser conectado, isto é, qualquer ponto
do rizoma pode estar conectado a outro. As entradas de um rizoma são múltiplas,
fazendo com que ele seja a-centrado e tome qualquer direção e forma; isto é, não existe
uma forma prévia, nem determinismos, as conexões são feitas por contato.
O segundo princípio é o da Heterogeneidade: um rizoma vai além das conexões,
isto é, a sua estruturação é atravessada por cadeias diversas (dimensões política,
biológica, cultural etc.). Neste sentido, não existe a idéia de superioridade e todas as
conexões podem coexistir no mesmo plano.
O terceiro princípio é o da Multiplicidade, ou seja é a inexistência da unidade.
Não se fala nem de sujeito e nem de objeto, mas de uma dinâmica relacional, na qual o
objetivo da análise são as linhas, as conexões. Num rizoma não existem linhas ou
posições, mas tramas que crescem à medida que as conexões evoluem. O conhecimento
não corresponde ao ser, mas a uma multiplicidade de ações. O rizoma está sempre em
expansão e movimento.
O quarto princípio é a Ruptura a-significante: o conhecimento não é propriedade
específica de alguém ou de uma entidade específica, e não há uma hierarquização do
saber segundo fundamentos únicos; portanto, quando existe uma identificação de
valores e propósitos que vão além da territorialidade e de determinadas forças, eles
l
Rizoma é um conceito desenvolvido por Deleuze & Guattari, que pode representar a rede e suas
interfaces. A imagem do rizoma, semelhante à de uma rede neural, pode reproduzir a estrutura móvel e
fluida da rede (Deleuze, G.& Guattari, F. Apud Ferreira
44
).
40
permitem que o rizoma e se reconstrua em novas linhas, mesmo quando rompido. Há
sempre linhas de fuga que apontam para novas direções.
O quinto princípio é o da Cartografia: refere-se ao mapa do rizoma. É um
método para acompanhar os movimentos e retrações. A análise do rizoma considera a
intensidade dos fluxos e não sua direção.
No sexto princípio, o da Delcaconomia, deve-se ter o cuidado de não tomar a
representação gráfica do rizoma como absoluta. É necessário relativizar, entendendo
que o mapa está em constante mudança, sempre se reconfigurando e fazendo surgir
novos territórios.
Em síntese, a imagem do Rizoma de Deleuze e Guatarri
45
, conflui para a
reflexão de que a organização do conhecimento apresenta múltiplas dimensões e
direcionamentos. Um rizoma é um mapa e não uma representação resultante de modelos
estruturais que podem ser reproduzidos infinitamente. O conceito de rizoma, no caso do
estudo das redes de cooperação, significa que as redes se configuram por tramas ou
tecidos conceituais construídos no cerne da própria atividade de cooperação, que
influenciam e são influenciados pelo ambiente colaborativo
Ao considerar o conceito de rizoma para a análise de redes, entende-se que não
existem privilégios nas entradas e saídas, já que todos os dispositivos são válidos e
influem na composição dos territórios. Além disso, o mapa é apenas uma referência
instantânea, um retrato, um registro cuja utilidade é a avaliação dos movimentos de
expansão e de contenção.
5.2. As redes sociais como instrumento estratégico para a cooperação
Uma rede social pode ser representada por indivíduos ou organizações e suas
relações. Na “nova sociedade informacional”, as práticas e relações sociais passam a se
construir e a serem construídas, formando redes sociais e informacionais em todos os
ambientes. As sociedades, conforme aponta Castells
46
, estão conectadas numa rede
complexa, que reforça a ordem ou a desordem da vida social e demonstra os contrastes
que esses vínculos impõem sobre as ações dos indivíduos e organizações. Neste sentido,
a análise das redes sociais possibilita identificar as múltiplas conexões existentes e,
sendo assim, configurar os caminhos específicos que facilitam a comunicação e a
integração dentro da rede.
As redes são também espaços valorizados e privilegiados para o
compartilhamento da informação e para a construção do conhecimento, além de ser
41
fonte de poder e mecanismo para seu exercício. Os autores em geral concordam que o
poder é uma propriedade fundamental das estruturas sociais, mas existe muito menos
consenso em relação sobre o que é o poder, como descrevê-lo e analisá-lo, e a reflexão
e análise de redes contribuiu com importantes insights sobre a questão do poder
social.
47
As redes de conhecimento são redes informais e auto-organizadas em torno de
pessoas com interesses comuns que se comunicam para compartilhar o conhecimento e
resolver problemas em conjunto. Com o tempo, essas redes podem se tornar
formalizadas. É um fenômeno dinâmico e rico no qual o conhecimento é compartilhado,
desenvolvido e expandido.
48
Sua formação ocorre por meios e formas as mais variadas, desde uma conversa
informal – em reuniões, congressos, listas de discussões – até em situações formalmente
criadas com a finalidade de alcançar resultados específicos, como no caso da
cooperação internacional.
A organização dos indivíduos em redes é, há tempos, comum na comunicação
científica. As redes de conhecimento têm potencial para dar suporte às organizações
intensivas em conhecimento, melhoram sua eficiência e impulsionam a inovação.
7
As redes sociais, nas quais as redes de conhecimento se incluem, têm sido
assunto teórico nas ciências sociais há pelo menos cinqüenta anos,
49
seja pelo interesse
no estudo dos padrões de interação humana, onde a categoria do poder é fundamental,
seja porque a estrutura das redes tem implicações importantes para a expansão da
informação e do conhecimento, onde, de novo, o poder é fundamental.
Hanneman
47
enfatiza que o enfoque de análise de redes sociais evidencia que o
poder é inerentemente relacional, o que significa que um individuo não tem poder em
abstrato, mas sim porque pode exercer esse poder para dominar outros e se colocar em
evidência. O poder pode ser exercido por barganha ou troca. Sendo assim, é
consequência do padrão de relações que se estabelece numa estrutura social e, portanto,
pode variar de uma estrutura a outra. Além disso, o poder tem propriedades tanto
sistêmicas (macro) quanto relacionais (micro), que embora interligadas, são diferentes, e
podem não ser distribuídas equanimente numa mesma estrutura.
Nas redes sociais o poder pode ser visto tanto como uma propriedade micro
(descreve relações entre atores), quanto macro (descreve relações de toda a organização
e dela com outras organizações) e na análise de redes essas duas propriedades estão
firmemente conectadas. Os analistas frequentemente consideram a forma como o ator
está posicionado numa rede, pois a vantagem estrutural pode ser traduzida em poder.
42
Por outro lado, esse lugar lhe oferece tanto constrangimentos quanto oportunidades:
posições estruturais mais favoráveis evidenciam mais oportunidades que
constrangimentos e, portanto, mais poder. Embora não seja fácil identificar e medir
essas variáveis, o enfoque de análise de redes produziu várias abordagens que são uma
importante contribuição na reflexão sobre o poder vinculado à posição do ator em
determinada estrutura de relações sociais.
47
(p.144.)
Uma rede social é caracterizada pela intencionalidade dos relacionamentos, dos
objetivos comuns explícitos e compartilhados. Cada ator tem sua função e elas
funcionam como espaços de compartilhamento de informação e de conhecimento. Nas
estruturas de redes, a informação transmitida de forma horizontal e interativa é
fundamental para a inovação e a competitividade. Ela depende da capacidade das redes
de integração dos diferentes tipos de informação, bem como da coordenação entre os
seus elos.
8
A identificação das posições dos atores na rede permite gerenciar suas ações
dentro e fora da organização. Hanneman
47
acrescenta, porém, que a lógica da vantagem
estrutural dos atores que integram uma rede é subjacente à distribuição do poder nessa
rede e, sendo assim, define, em consequência, a sua maior efetividade em termos de
resultados concretos.
Uma organização precisa criar mecanismos para identificar a carência de
conhecimento e, vislumbrando tais necessidades, aproveitar o capital social existente
para definir quais as melhores formas de obtenção do conhecimento relevante para a
organização.
Monclar, Oliveira e Souza
49, 50
observam que há um fortalecimento do método
de análise de redes sociais nos estudos sobre colaboração científica. Destacam que uma
boa colaboração gera, conseqüentemente, uma rede social bem conectada e distribuída.
A Gestão do Conhecimento não é um privilégio aplicado apenas a empresas.
Dentro da comunidade científica foi percebida a necessidade de gerenciar e
armazenar a troca de conhecimento realizada entre pesquisadores. Essa troca
pode ser tanto sob a forma documental (i.e. relatórios técnicos, artigos, revistas e
livros) como sob a forma interativa, através de aulas, seminários, experimentos e
pesquisas de campo. Com base neste intercâmbio é que novos conhecimentos são
gerados e agregados à instituição de pesquisa.
50
(p. 44).
É difícil definir um conceito de colaboração em pesquisa, pois existe pouco
consenso sobre onde as conexões informais entre pesquisadores iniciam um processo de
colaboração. Katz
51
observa que a colaboração é freqüentemente definida no contexto
da pesquisa e envolve diversos elementos, desde a documentação política até as
operações do dia-a-dia, sendo comumente confundida com parcerias, com alianças.
Tudo pode ser colaboração, apesar de que a finalidade da configuração dos resultados
43
dessa colaboração deva ser considerada de forma mais estruturada para que se possa
identificar melhor a cooperação científica.
Stroele, Silva, Oliveira, Souza e Zimbrao
52
acreditam que as redes sociais
científicas são aquelas em que dois cientistas são considerados conectados se tiverem
co-escrito um paper, uma publicação. Entretanto, além dessa forma, existem outras para
se identificar esses relacionamentos, como por exemplo, a participação em projetos, em
bancas examinadoras, prêmios, patentes etc.
A análise de redes sociais visa identificar lacunas no fluxo de conhecimento e
identificar oportunidades e desafios. Possibilita mapear a interação de
conhecimento de uma pessoa ou grupo na estrutura de uma organização, onde os
contatos não são aleatórios. Além disso, a análise de redes sociais serve também
para identificar pontos fortes e fracos dentro e entre organizações e instituições de
pesquisa, empresas e países, a fim de orientar o desenvolvimento científico e
políticas de financiamento.
52
(p.2).
A análise das redes sociais (ARS) contribui para a compreensão da estrutura
institucional e, sobretudo, para a estrutura informacional, visto que permite a
identificação de fluxos de conhecimento e compartilhamento da informação. As
unidades de análise nesses estudos não são os atributos individuais (sexo, idade, gênero
etc.), mas o conjunto de relações que os indivíduos estabelecem por meio de suas
interações uns com os outros. O estudo dessas relações se ocupa de uma série de
elementos (pessoas, grupos, organizações, países e também acontecimentos) e centra-se
na análise dos padrões, e não nos atributos desses elementos. Essas unidades têm por
objetivo demonstrar o sistema de poder (forças informacionais) que organiza a estrutura
das relações. Uma rede é mais do que a soma de relações e seu estudo procura entender
até que ponto a dinâmica do conhecimento e da informação interfere no processo.
Um dos benefícios da técnica de ARS é apoiar a identificação de especialistas,
indivíduos catalisadores de informação, além de possibilitar a avaliação do desempenho
de grupos que deveriam trabalhar de forma integrada.
Nessa perspectiva, a ARS pode ser utilizada também para avaliar a cooperação
internacional não especificamente científica, como é o caso dos vários projetos de
cooperação técnica para o desenvolvimento da Fiocruz com os PALOP.
5.2.1. A análise de redes sociais: elementos básicos
A análise de redes sociais (ARS) tem sido empregada nas organizações com a
finalidade de garantir a efetividade de equipes de trabalho.
44
Uma rede é composta de três elementos básicos: nós ou atores, vínculos ou
relações e fluxos.
Nós ou atores: são pessoas ou grupo de pessoas que se agrupam com um
objetivo comum. A soma de todos os nós indica o tamanho da rede.
Vínculos: são os laços existentes entre dois ou mais nós. Estas relações são
representadas por linhas.
Fluxos: indicam a direção do vínculo e são representados por uma seta
mostrando o sentido. Os fluxos podem ser unidirecionais ou bidirecionais.
Quando não há interação, isto é, quando um ator não estabelece qualquer tipo de
fluxo, o nó está ‘solto’ dentro da rede.
As redes sociais podem variar o seu alcance, o seu tamanho e a heterogeneidade.
Quanto maior a rede social, mais heterogêneas são as características sociais dos
membros da rede e mais complexa é a sua estrutura.
Marteleto e Silva
53
enfatizam que desde o início do século XX as relações
sociais compõem um tecido que condiciona a ação dos indivíduos nele inseridos.
A metáfora do tecido ou rede, inicialmente utilizada na sociologia e depois na
psicologia e antropologia, para associar o comportamento individual à estrutura à
qual ele pertence, transforma-se em uma metodologia denominada sociometria,
cujo instrumento de análise apresenta-se na forma de um sociograma, isto é,
diagramas de redes que permitem a visualização da estrutura que está sendo
estudada.
53
(p.42)
Cross, Parker e Borgatti
54
encontram na ARS um instrumento que permite
melhorar a colaboração, a criação e o compartilhamento do conhecimento num
ambiente organizacional.
Marteleto e Silva
53
discutem que o estudo das redes evidencia a realidade social
e as ações dos indivíduos em tal espaço. As relações com outras esferas, além do espaço
comunitário, são influenciadas pela existência das redes sociais que operam como
mediadoras entre a sociedade, o Estado e entre outras instituições representativas.
Tomaél
7
destaca que a base da análise entre micro e macroestruturas é construída
mediante padrões de relacionamentos, e que as relações sociais nas redes devem ser
empregadas na identificação de diferentes elementos. As diferentes formas como os
indivíduos estão conectados podem ser de extrema utilidade para o entendimento do seu
comportamento e do padrão de relacionamento dominante na rede. Para a autora, o
mapeamento das redes revela as relações formadas e os objetivos das interações,
identificando posições e papéis desempenhados pelos atores nas redes. É o que
Hanneman analisa como a distribuição de poder inerente à estrutura em rede.
45
Para os gestores, segundo Cross, Borgatti e Parker
55
a atenção deve ser dirigida
para os pontos da rede que estão fragmentados para que se consiga, estrategicamente,
reestruturar ou criar ligações importantes, permitindo que a rede seja um ponto de
sustentação para os projetos e processos que movem a organização. É neste ambiente
submerso às estruturas hierárquicas que encontramos um dos principais ativos
organizacionais – o conhecimento.
6. METODOLOGIA
Para o estudo das redes de cooperação existentes na Fiocruz, no âmbito da
cooperação Fiocruz-França e Fiocruz África (PALOP), empregamos algumas
dimensões da chamada “metodologia de Análise de Redes Sociais (ARS)”
55
, que
permite conhecer as interações entre qualquer grupo de indivíduos, possibilita estudar
os relacionamentos mantidos entre os atores-objeto da análise e ordenar as interações
entre eles, de modo a representá-las num gráfico que simboliza a rede.
O mapeamento das redes sociais possibilita acompanhar o cotidiano dos
relacionamentos estabelecido entre os atores da rede, verificar quantas vezes se
relacionam e por quanto tempo. Uma análise adequada pode observar quais atores
concentram esses relacionamentos, além de verificar também a sua importância na rede
para a disseminação do conhecimento.
47
A representação gráfica de tais interações constitui importante ferramenta e
facilita a visualização, com sua forma ilustrativa e agradável.
56
Entretanto, essa
representação nem sempre é suficiente para estabelecer análises em profundidade no
que diz respeito às relações constituídas dentro do gráfico.
Segundo Cross et al
56
, a ARS permite representar a descrição de uma rede de
forma concisa e sistemática, integrar a abordagem qualitativa e quantitativa e utilizar
medidas de análise eficazes. A abordagem qualitativa possibilita a análise das inter-
relações dos atores, sendo possível também descrever a qualidade das relações sociais
que os conectam e sua representação formal; e a quantitativa avalia os padrões de
relacionamento, medidos na configuração da rede encontrada.
Para a análise das redes sociais são utilizados alguns indicadores e medidas que
enfocam a noção de poder vinculada à posição do ator na estrutura de relações sociais
em rede
45
, que podem ser calculados de forma individual ou para toda a rede
m
. São eles:
m
Os indicadores utilizados nesta pesquisa refletem as definições e análises elaboradas por Hanneman
47
,
principalmente nos capítulos 7 Basic properties of network and actors e 10 Centrality and power, e
46
Densidade da rede: mostra a sua conectividade. Mede a quantidade de conexões
de uma rede – quanto maior o número de conexões entre os atores, mais densa é
a rede. Segundo Monclar
50
esta medida é expressa pela proporção do número de
linhas conectadas em relação ao número total de possíveis conexões
n
. A
densidade de uma rede social é um índice que mede o potencial de relação entre
as partes da rede, assim como a quantidade e o tipo de informação que pode ser
trocada entre seus componentes. Uma rede densa expressa uma comunicação
direta considerável entre todos os seus membros e, portanto, uma colaboração
forte.
Distância geodésica: refere-se ao número de conexões entre um ator e outro, da
forma mais rápida e “curta”. É definida como a menor distância de comunicação
entre dois atores de uma rede social, uma vez que o diâmetro total da rede é a
maior distância geodésica entre quaisquer pares de atores que compõem essa
rede. É um indicador que avalia o caminho das comunicações dentro da rede, a
conexão “ótima” ou mais “eficiente” entre dois atores, assim como a intensidade
da comunicação entre eles. Aqueles atores que estão mais próximos entre si
exercem maior poder na rede do que aqueles que estão mais distantes.
Indiretamente, mede também o compartilhamento do conhecimento entre os
atores: uma distância pequena indica a concentração da informação em um ou
poucos atores; e uma distância mais longa indica mais conexões.
Centralidade: a centralidade consiste na avaliação da conexão entre os atores,
segundo a sua posição estrutural na rede e a intensidade dessas conexões. É uma
condição especial na qual um ator exerce um papel ou posição-chave na rede. A
idéia de centralidade apresenta-se quando um ator se comunica diretamente com
muitos outros atores ou recebe muitas comunicações de vários outros atores; ou
ainda, quando muitos atores o utilizam como intermediário em suas
comunicações. O cálculo desse indicador pode ser feito de várias maneiras.
Utilizamos nessa pesquisa as medidas de centralidade desenvolvidas por
Freemann (apud Hanneman
47
), que é um dos atores do UCINET, baseadas no
grau de centralidade de um ator e na sua posição geral em relação à rede como
um todo.
trabalham com as principais dimensões definidas pelo autor. Alguns outros autores, como Monclar
50
,
Tomaél
7
, por ex., incluem outros indicadores, que não foram incluidos neste trabalho.
n
A fórmula da densidade, apresentada por Monclar
50
, é [L / n(n-1)] / 2, onde L é o número total de linhas
presentes e n é o numero total de nós encontrados no gráfico.
47
Os atores que são mais centrais na estrutura da rede, isto é, com maior grau de
conexões, tendem a ter posições estruturais mais favoráveis e, portanto, mais
poder. A identificação dos atores que estão no centro ou na periferia da rede leva
em conta também o padrão de relacionamento da rede como um todo. Para
Hanneman
47
é importante distinguir entre a centralidade baseada nas
comunicações que chegam a um determinado ator (in-degree) daquelas que
partem dele (out-degree). Se um ator recebe muitas comunicações (high in-
degree ou alto “grau de entrada”), é considerado proeminente ou com alto
prestígio dentro da rede; por outro lado, atores que enviam comunicações para
vários outros (high out-degree oualto grau de saída
o
) são chamados
influentes, pois são capazes de comunicar com vários outros e podem ter suas
opiniões consideradas. Para que seja possível comparar redes de diferentes
tamanhos e densidades, é útil “padronizar” as medidas de in e out-degree, que
são expressas como porcentagens do número de atores na rede, menos 1.
O indicador de centralidade tem ainda duas outras dimensões interconectadas: o
grau de proximidade (closeness), que enfatiza a distância de um ator em relação
aos outros na rede, focando na distância entre cada ator e os demais, chamada
farness. Essa medida também é considerada segundo o que “recebe” e o que
“envia” (in-farness e out-farness; in-closeness e out-closeness)
p
; e o grau de
intermediação (betweeness), que é o grau de controle da comunicação entre os
atores dentro da rede exercido por um ator, isto é, sua capacidade de quebrar,
intermediar, prevenir ou isolar as conexões entre os nós. A lógica subjacente a
estas dimensões é a da vantagem comparativa da posição estrutural, que enfatiza
a proximidade e a interação dos atores como fontes de poder.
Os papéis que os atores representam na rede, ou suas posições estruturais, são
consideradas variáveis importantes para a ARS, pois traduzem a distribuição e o
exercício do poder dentro da rede
47
, que é um recurso estratégico fundamental para a
organização
55
.
Nesta pesquisa, ressaltamos o papel de atores‘pontes’, isto é, o papel que
determinado ator desempenha na rede, levando em consideração o seu grau de
centralidade e a distância que manter dos demais nós integrantes da rede. Essa posição
privilegiada pode promover a ligação entre grupos distintos auxiliando a conexão
o
Tradução livre.
p
Essa distância pode ser medida de várias maneiras, mas em geral se considera a distância geodésica
como parâmetro e a farness é a soma das menores distâncias entre cada ator e os demais
45
(Cap 7.p.13)
48
entre divisões, níveis hierárquicos e localizações estruturais ou ser utilizada em
benefício próprio.
6.1 A captação e organização dos dados
Em geral, em trabalhos de análise de redes sociais os dados são coletados por
questionários, entrevistas, observações e monitoramento por computador, tudo isso
relacionado à freqüência com que as pessoas se comunicam umas com as outras. Neste
estudo, a captação dos dados foi feita a partir de diferentes procedimentos.
A primeira etapa para a análise das possíveis redes de cooperação da Fiocruz
nesses dois âmbitos – Fiocruz/França e Fiocruz/África (PALOP) foi à identificação
dos pesquisadores ou técnicos (atores) envolvidos nos projetos de cooperação
internacional, a partir dos processos de solicitação de afastamento do país.
Todos os processos administrativos de afastamento do país de servidores da
Fiocruz, para atividades de trabalho no exterior, são inscritos no Sistema de
Afastamento do País da instituição, um sistema eletrônico, desenvolvido pela
Presidência em 2003, que começou a funcionar a partir de 2004 e que registra quase
todas as etapas requeridas para a solicitação da autorização de viagem
q
. Esse sistema se
constitui num banco de dados
r
e, para este estudo, consideraremos o período de 2005 a
2008.
Inicialmente, foi realizado um levantamento em todos os processos de
afastamento do país no período 2005-2008, com o propósito de destacar aqueles cujos
motivos, mencionados pelos requerentes, eram referidos a atividades de cooperação
internacional, uma vez que nem todas as solicitações de afastamento estão vinculadas a
essas atividades. A seguir, foram identificados os principais atores envolvidos, na
Fiocruz, em cada uma dessas atividades de cooperação.
Para a seleção das informações relevantes nesse sistema foram utilizados os
critérios de busca por país e ano, uma vez que o sistema não foi construído com
objetivos analíticos, mas apenas para registrar a informação, facilitar e padronizar o
preenchimento dos formulários. Sendo assim, não possui critérios de busca bem
definidos.
q
O relatório de viagem, embora de entrega obrigatória, não é inserido no sistema.
r
O sistema está disponível em http://www.castelo.fiocruz.br/Pres2006/aci/index.htm e apresenta duas
interfaces: uma do usuário (servidor), para o cadastramento da solicitação de afastamento do país; e outra
do administrador, de acesso restrito ao usuário final e disponível apenas para os colaboradores do CRIS
envolvidos no controle das atividades de afastamento do país.
49
Foi necessário então definir uma padronização dos motivos de solicitação do
afastamento. Tal padronização já consta na base de dados do sistema, mas ainda não
está sendo utilizada, pois será disponibilizada somente a partir de 2010. Sendo assim,
como o processo de busca é semântico, por meio de palavras-chaves, foi elaborada uma
taxonomia
s
, que serviu de referência para agrupar os motivos de afastamento e para
identificar aqueles relativos a atividades de cooperação, objeto de análise deste trabalho.
Essa classificação é a seguinte:
Reunião Técnica – Quando o servidor viaja para participar de reunião
organizada por organismos internacionais (OMS/Opas e outros) ou a convite de
outros órgãos governamentais, com ônus ou sem ônus para o governo brasileiro,
de acordo com a legislação vigente.
Evento Científico – Quando o servidor viaja a convite ou para participar de
evento científico, seja na qualidade de conferencista, palestrante ou participante,
sendo este último apenas na modalidade de “ônus limitado”, isto é, apenas com
manutenção de salário, de acordo com a legislação vigente.
Formação – Quando o servidor se afasta do exercício de suas atividades, com
remuneração, para participar, como aluno, de cursos no exterior, de
Especialização, Mestrado, Doutorado e Pós-Doutorado.
Missão de Prospecção ou Missão Técnica – Quando o servidor se afasta para
realização de reunião no exterior com a finalidade de prospecção de novas
oportunidades de cooperação ou como assessoria técnico-administrativa, de
acordo com os interesses da Fiocruz.
Assessoria/Consultoria/Treinamento Ofertado – Quando o servidor se afasta
para a realização de atividades específicas de assessoria, consultoria ou
treinamento no exterior, atividades caracterizadas como de colaboração ofertada
e não prevista em projetos ou suportada por convênios de cooperação
internacional.
Cooperação Técnico-Científica (Atividade de Projeto) – Quando o servidor se
afasta para a realização de atividades de projeto de cooperação internacional,
suportados ou não por convênios de cooperação internacional.
Observa-se, entretanto, que qualquer uma dessas atividades classificadas podem
ser atividades de cooperação, dificultando a identificação de qual delas estão de fato
vinculadas aos projetos de cooperação e quais são os atores relevantes. Por outro lado,
s
Essa taxonomia foi elaborada pela própria autora, como parte de seu trabalho de gestora desse banco de
dados, no CRIS/Fiocruz, e aprovada pela direção do setor.
50
essa é a classificação existente na instituição, além de que os formulários tampouco
explicitam se a atividade está vinculada a um projeto de cooperação. A seleção foi feita,
então, com base nos motivos explicitados pelos solicitantes do afastamento, que foram
adaptados à classificação.
Além disso, os processos de afastamento do país só são obrigatórios para os
funcionários públicos, isto é, o pessoal contratado após concurso e que pertence ao
quadro de servidores, sendo que os funcionários terceirizados não são obrigados a essa
solicitação. Se considerarmos que algumas Unidades da Fiocruz têm considerável
número de pessoal terceirizado (como por ex, Farmanguinhos e Biomanguinhos), caso
esses profissionais participem de projetos de cooperação internacional, esse dado se
perde.
Dentre as ferramentas disponíveis para a analise de redes sociais pretendíamos
utilizar, inicialmente, o “Sistema de Gestão do Conhecimento CientíficoCGC”, uma
ferramenta desenvolvida na Coordenação dos Programas de Pós-Graduação de
EngenhariaCOPPE, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), por
pesquisadores do Laboratório de Banco de Dados da Coppe/Sistemas.
49,50,52
Essa
ferramenta foi desenvolvida com o propósito especifico de aplicar a gestão do
conhecimento no cenário cientifico; visa auxiliar as principais atividades do meio
acadêmico e promover mecanismos de aquisição, captura, disseminação, identificação e
visualização do conhecimento encontrado numa instituição de ensino e pesquisa,
características estas que se aplicam à Fiocruz.
O sistema é constituído por módulos integrados, construídos para identificar e
mensurar as competências dos pesquisadores de uma instituição, no contexto cientifico,
e por mecanismos que facilitam a troca de conhecimento entre os pesquisadores, tais
como fóruns e gerenciadores de reuniões eletrônicas. Pode ser utilizado como uma
ferramenta de auxílio na busca de pesquisadores e suas respectivas relações, além de
permitir a identificação de especialistas, facilitando a indicação de profissionais para
participar em determinados projetos e a identificação das áreas mais fortes e mais fracas
de um departamento, por ex., possibilitando também o desenvolvimento de recursos
humanos.
O sistema CGC (UFRJ) permite uma utilização mais abrangente que a aplicação
que se faria neste estudo, a qual utilizaria apenas o modulo para identificação e
51
mapeamento de redes. Utiliza a Plataforma Lattes
t
e os currículos são importados para a
sua base de dados, que minera as informações segundo critérios pré-definidos, tais
como, co-autoria, co-orientação, orientação, participação em projetos de pesquisa,
participação em bancas de avaliação, produção técnica, entre outros. O sistema utiliza
esses dados para identificar as interações existentes e desenhar um sociograma, que
seria, neste trabalho, a representação gráfica das redes de cooperação identificadas nos
casos da cooperação Fiocruz-França e Fiocruz-África.
49,50
Para efeitos deste trabalho, seriam definidos critérios adicionais, tais como
participação em missões de reconhecimento e negociação de demandas de cooperação
internacional, participação em reuniões técnicas relacionadas à cooperação
internacional, participação em missões de implantação de projetos de cooperação
internacional. Por outro lado, como alguns dos profissionais envolvidos em atividades
de cooperação internacional não tem seus currículos vitae na Plataforma Lattes do
CNPq, e para superar essa limitação, seriam utilizados outros recursos.
Entretanto, no momento de iniciar a organização e análise dos dados, fomos
informadas que o sistema está em processo de remodelagem, o que impediu sua
utilização neste estudo. Tivemos, então, que buscar caminhos alternativos.
Assim, numa segundo etapa, buscou-se informações que possibilitassem
identificar os pares colaborativos, por meio de fontes de acesso público relativas às
publicações dos referidos atores. Utilizamos a base
Gopubmed
57
, um serviço de busca
gratuito para uso não-comercial, disponível na web
u
. O sistema consulta o banco de
dados PubMed-Medline, mantido pela Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados
Unidos, e permite visualizar os resultados de acordo com critérios semanticamente
organizados em quatro categorias: Quê, Quem, Onde e Quando. Entretanto, o sistema
apresenta algumas dificuldades: não é fácil pesquisar todas as publicações a partir de
um único autor, nem visualizar tudo o que seu colaborador tenha publicado. O sistema
apresenta as redes primárias e, na busca por autores, fica difícil a identificação
individual.
Outra fonte pesquisada foi a base Biomedexperts, um serviço criado por uma
empresa alemã, chamada Celloxis, baseado em plataforma de rede social e disponível
gratuitamente para consulta na web
v
. Esse sistema também utiliza a fonte de dados do
PubMed-Medline e funciona como uma “comunidade” que conecta pesquisadores da
t
A Plataforma Lattes é a base de dados do Conselho Nacional de PesquisaCNPq, formada por todos
os Currículos Vitae dos pesquisadores inscritos no CNPq. Está disponível no endereço
http://lattes.cnpq.br e é de acesso público.
u
http://www.gopudemed.com
v
http://www.biomedexperts.com
52
área biomédica, fazendo uso da análise da rede de co-autores de artigos científicos.
Exibe ainda, para cada autor, a lista de todas as suas publicações, seus colaboradores,
áreas temáticas em que trabalham e os locais onde eles têm trabalhado. Esta base
garante uma maior gama de colaborações e compartilhamento de informação, desde que
se encaixem nos critérios acima.
O banco de dados PubMed-Medline abrange as áreas de ciências biológicas,
medicina, enfermagem, odontologia, medicina veterinária e saúde publica e contém
citações e resumos de periódicos de mais de 300 revistas científicas, além de livros e
jornais on-line, com um volume total de 16 milhões de registros, segundo informa o
próprio banco.
w
Em relação à Plataforma Lattes, do CNPq, realizamos apenas consultas
exploratórias para reconfirmar o registro dos currículos dos atores e das publicações
conjuntas entre os atores.
Por fim, na terceira etapa, foi construída a matriz idêntica ou quadrada
x
com
todos os solicitantes de afastamento do país, selecionados na primeira etapa, no período
de 2005 a 2008: uma para a França e outra para a África (PALOP). Essas matrizes
contem todos os servidores que pediram afastamento do país por motivo de cooperação
técnico-científica e que possuíam publicações conjuntas disponíveis nos sites de busca
acima mencionados. Foram desprezados todos os demais atores, tanto os internos, da
própria Fiocruz, quanto o de instituições externas.
Na construção dessas matrizes utilizamos o recurso de verificar, para a França,
na base Biomedexperts, com quem cada ator manteve relacionamento de cooperação no
período de estudo. Já para a África, foi necessário consultar tanto o Biomedexperts
quanto o Gopubmed, assim como a Plataforma Lattes, pois, como o critério desses
sistemas é a publicação conjunta, para muitos dos atores envolvidos na cooperação
técnico- científica com a África esse critério se mostrou inadequado, seja porque alguns
não possuem publicações (nem isoladas, nem conjuntas), seja porque outros não têm
seus currículos registrados na Plataforma Lattes.
Para a análise dos dados e o desenho das redes, na impossibilidade de usar o
CGC (UFRJ), como mencionado, optamos, então, pelo uso do Ucinet 6.0
58
for
Windows, juntamente com o NetDraw 2.10
59
, que vem integrado ao pacote Ucinet e foi
desenvolvido nos Laboratórios Analytic Technologies
y
, por pesquisadores vinculados à
w
O acesso gratuito a base Pubmed – Medline está disponível em http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/
x
Uma matriz idêntica ou quadrada é aquela que contém o mesmo número de linhas e colunas.
y
O sistema está disponível para fins não comerciais em Analytic Technologies,
<
http://www.analytictech.com>
53
Universidade da Califórnia. Esses programas permitem, com base na elaboração de uma
matriz para análise estrutural das redes informais, a identificação e análise de redes,
além do desenho dos relacionamentos internos à rede (tamanho, papéis e
posicionamento de cada membro dentro da rede). O programa analisa quantitativamente
a configuração da rede e suas relações e é disponibilizado gratuitamente para fins
acadêmicos. Portanto, na plataforma do software Ucinet a representação das interações
se inicia com a construção da matriz quadrada.
Foram analisadas apenas as redes internas de cooperação entre os atores
identificados como participantes de projetos de cooperação internacional. A rede de
cooperação extramuros, nacional ou internacional, não foi estudada neste trabalho.
Embora tenha sido possível, com os recursos técnicos disponíveis, uma
determinada organização dos dados, os limites analíticos foram muito maiores que os
esperados com a utilização do CGC (UFRJ).
Não realizamos entrevistas para reconfirmar as informações por falta de tempo,
pois a disponibilidade dos atores envolvidos é bastante restrita.
7. RESULTADOS
No período 2005-2008, 2.106 pedidos estão registradas no sistema de
solicitação de afastamento do país da Fiocruz. Foram analisados todos os registros de
solicitação de afastamentos do país para a França e para a África/PALOP, solicitados
nesse período, correlacionados ou não com os convênios de cooperação internacional
firmados entre a Fiocruz e instituições francesas e africanas, correspondendo a um total
de 363 processos: 188 (9%) no caso da França e 175 (8,4%) no caso da África/PALOP.
7.1 A cooperação da Fiocruz com a França
A cooperação bilateral entre o Brasil e a França tem amparo no Acordo de
Cooperação Técnica e Científica de 16 de janeiro de 1967 e no Acordo Quadro de
Cooperação de 28 de maio de 1996
z
, que se referem, entre outras áreas de atuação, à
implementação de projetos relativos à Saúde e às relações entre o Meio Ambiente e a
Saúde. Em relação à Fiocruz, as relações bilaterais com as instituições francesas são
z
Os acordos estão disponíveis no sitio do Ministério das Relações Exteriores
<
http://www2.mre.gov.br/dai/bifrance.htm >
54
muito antigas e buscam suas origens no inicio do século XX com o intercâmbio
estabelecido pelo próprio Oswaldo Cruz, com o Instituto Pasteur.
A Fiocruz mantém convênios de cooperação com os principais institutos de
pesquisa franceses: INSERM, IRD, CNRS e Instituto Pasteur.
O objetivo do programa com o Inserm, firmado em 1991, foi o de intensificar a
cooperação científica entre os dois países na área de ciências biomédicas, com o
intercâmbio de pesquisadores, a organização de oficinas e seminários sobre temas de
interesse e a troca de informações. Neste escopo mais de 50 projetos foram financiados
pelas duas instituições (Fiocruz e Inserm), a partir de editais conjuntos. As solicitações
de projetos bilaterais são apresentadas simultaneamente por equipes obrigatoriamente
representadas por pesquisadores das duas instituições. Em outubro de 2004, o convênio
com o Instituto Pasteur foi renovado, fixando valores anuais destinados especificamente
para o fomento da cooperação interinstitucional e, mais recentemente, em 2009, teve
seu campo de atuação novamente ampliado, incluindo neste novo documento, nas
possibilidades de cooperação conjunta, tanto bilateral quanto trilateral, os demais
institutos da Rede Pasteur
aa
. Já o IRD, mantém convenio com a Fiocruz desde 2003 e é
uma instituição pública ligada a dois ministérios franceses: o da Pesquisa e o da
Cooperação. A sua vocação é desenvolver a pesquisa junto a países do hemisfério sul
sobre questões ligadas ao desenvolvimento. Em 2006, foi assinado o convênio de
cooperação com o CNRS, que prevê, além da implementação de atividades de pesquisa
e de publicações conjuntas, o intercâmbio de pesquisadores e a formação de
Laboratórios Internacionais Associados.
Todo o incremento das atividades de cooperação e das relações internacionais
com a França são refletidos no número crescente de pedidos de afastamento, passando
de 37 em 2005 para 57 em 2008, um aumento de cerca de 21%, sendo que em 2005,
2006 e 2008 o número maior é de participação em eventos científicos e, a partir de
2006, aumenta os afastamentos para atividades de cooperação técnico-científica, que
diminuem um pouco em 2008 (Tabela 2).
Vale lembrar que 2005 foi o ano do “Brasil na França” e esse fato criou
oportunidades de profícuas interações, resultando na abertura de novos editais para
projetos de pesquisa conjuntos (Fiocruz-França). Daí o aumento dos pedidos de
afastamento registrado desde então.
aa
A Fiocruz integra também a Rede Pasteur como status de instituição correspondente e a Rede Amsud
Pasteur, como parceiro privilegiado no Brasil e America Latina.
55
Tabela 2
Motivos de Solicitação do Afastamento do País para a França,(2005-2008)
Motivos de Solicitação para Afastamento do País (França) 2005 2006 2007 2008
Total
Reunião Técnica (Organismos Internacionais/ABC/OMS/OPAS) 2 2 3 6
13
Evento Cientifico: Conferência/Simpósio/Congresso/Fórum/Workshop 20 11 8 23
62
Formação: (Intercâmbio/Estágio/Mestrado/Doutorado/Pós-Doutorado) 3 4 4 4
15
Missão de Prospecção/ Missão Técnica 4 7 6 6
23
Assessoria/Consultoria/Treinamento Ofertado - - - -
-
Atividade Docente (Especialização, Mestrado, Doutorado) - - - -
-
Cooperação Técnico-Cientifica (Atividade de Projeto) 8 21 28 18
75
Total
37 45 49 57
188
Fonte: Elaboração própria a partir do Sistema de Afastamento do País (CRIS-Fiocruz).
Embora a Fiocruz, ao ampliar suas oportunidades de cooperação com a França,
previsse contemplar todas as suas unidades técnicas, em relação às solicitações de
afastamento requeridas percebemos uma concentração na unidade que historicamente
possui mais tempo de relacionamento com a França (Tabela 3): o Instituto Oswaldo
Cruz (IOC). Na área de investigação e na prestação de serviços de referência, esta
unidade atua na pesquisa biomédica, no diagnóstico de doenças infecciosas e genéticas
e no controle de vetores, e possui 71 laboratórios de pesquisa voltados para o
desenvolvimento tecnológico e a inovação.
Tabela 3
Solicitações de Afastamento do País para a França por Unidades da Fiocruz
(2005-2008)
Anos
Unidades da Fiocruz
2005 2006 2007 2008
Total
Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (BIO) - 3 - 4 7
Centro de Criação de Animais de Laboratório (CECAL) - 1 - - 1
Casa de Oswaldo Cruz (COC) 7 - 2 3 12
Centro de Pesquisa Ageu Magalhães (CPqAM) - 1 - 1 2
Centro de Pesquisa Gonçalo Muniz (CPqGM) - 2 1 3 6
Centro de Pesquisa René-Rachou (CPqRR) 1 3 1 2 7
Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP) 3 - 3 1 7
Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (ESPJV) - - 3 - 3
Instituto de Tecnologia em Fármacos (FAR) 1 2 4 4 11
Instituto de Comunicação e Informação Científica e
Tecnológica em Saúde (ICICT)
- - 1 2 3
Instituto Fernandes Figueira (IFF) 4 2 1 1 8
Instituto Nacional de Controle e Qualidade em Saúde
(INCQS)
- 2 1 1 4
Instituto Oswaldo Cruz (IOC) 17 24 26 22 89
Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas (IPEC) 1 - 1 6 8
Presidência (PRES) 4 6 3 7 20
Total
38 46 47 57 188
Fonte: Elaboração própria a partir do Sistema de Afastamento do País, CRIS/Fiocruz.
56
Nas solicitações cadastradas no sistema de afastamento do país, com o motivo
cooperação internacional com a França, identificamos 35 (trinta e cinco) atores que
requereram seu afastamento para desenvolver atividades no exterior relacionadas com
essa finalidade especifica.
Para a identificação das redes de cooperação intra-institucionais existentes na
Fiocruz associadas às solicitações de afastamento do país com essa finalidade,
elaboramos uma matriz quadrada com os 35 atores selecionados e verificamos, na base
Biomedexperts, com quem cada ator manteve relacionamento de co-produção científica
no período de estudo (2005-2008) (Anexo I).
A partir dessa matriz verificamos no Ucinet 6.0/NetDraw a rede oriunda desses
relacionamentos (Figura 3): os nós da rede (ou atores), os seus vínculos e os fluxos. É
importante ressaltar que a análise da rede de cooperação Fiocruz-França, baseada na
metodologia de ARS, refere-se ao período em que os dados foram coletados (2005-
2008) e ao momento da consulta da base Biomedexperts (outubro/novembro 2009).
Figura 3
Rede interna de Cooperação Fiocruz-França (2005-2008, out/nov. 2009):
atores que solicitaram afastamento e têm publicação conjunta.
Fonte: Elaboração própria a partir do Sistema de Afastamento do País/Fiocruz (2005-2008) e
Biomedexpert (out/nov. 2009). Ucinet 6.0
57
O diagrama da Figura 3 mostra a estrutura da rede de colaboração interna
formada pelos solicitantes de afastamento do país para a cooperação com a França. Não
fizemos diferença nesta análise dos níveis hierárquicos institucionais ocupados pelos
atores da rede, embora esse procedimento pudesse identificar a relação cargo/ator, que
seria útil, por ex., para a gestão de competências no desenvolvimento de recursos
humanos.
Para a gestão do conhecimento é importante analisar quais atores são contatos
relevantes, valorizados pelos seus pares, verificando qual tem o maior número de
conexões. Reiteramos que para a ARS utilizamos os dados de co-publicações,
disponíveis no Biomedexperts, e verificamos quais atores possuem um número maior de
co-publicações
Figura 4
Atores com maior número de co-publicações na rede interna de Cooperação
Fiocruz-França (2005-2008, out/nov. 2009)
Fonte: Elaboração própria a partir do.Sistema de Afastamento do País/Fiocruz (2005-2008) e
Biomedexpert (out/nov. 2009). Ucinet 6.0
Todos os atores destacados na rede (envoltos com círculo) são os que possuem
maior número de “conexões” (co-autorias), totalizando 7 atores, dos 35 selecionados, e
pertencem à mesma Unidade da Fiocruz, o IOC.
58
Em relação à densidade da rede há um total de 35 nós e 21 relações, das 1.190
possíveis. O resultado é uma densidade quase nula, de 1,76%: muitos atores estão
“desconectados” (não tem trabalhos publicados em co-autoria), o que explica a baixa
densidade.
No que toca à distância geodésica, percebe-se que não há uma rede plenamente
conectada, já que vários atores estão isolados. A distância geodésica da rede de
cooperação Fiocruz-França encontrada vai de 1 a 4 graus (Anexo II). Isto é, muitos
atores não estão em conexão com ninguém, ao passo que alguns poucos estão acessíveis
por até 4 caminhos.
No que concerne à centralidade, é baixa em toda a rede interna de cooperação
Fiocruz-França é baixa (Tabela 4): o “grau de saída” (outdegree) é igual a 4,918% e
grau de entrada“ (Indegree) a 4,826%. Isso ocorre devido ao grande número de atores
isolados. Assim, encontramos um ator central, com aproximadamente 5,2% de “graus
de entrada” e 5,3% de “graus de saída”; e um segundo ator que tem cerca de 4,0% de
graus de entrada” e de “saída”. Todos os demais atores estão bem abaixo dessas
porcentagens.
É preciso reiterar, entretanto, que devido à base de dados utilizada,
Biomedexperts, e a variável com a qual ela trabalha (co-autoria em artigos), os graus de
entrada e saída são muito próximos, o que fragiliza bastante a capacidade analítica e
explicativa do indicador construído com esses dados, principalmente no que toca à
proeminência, prestígio ou influência dos atores na rede.
59
Tabela 4
Resultados de centralidade de cada ator na rede interna de Cooperação Fiocruz-
França (2005-2008, out/nov. 2009)
Atores
Grau de
Saída
Grau de
Entrada
Grau de Saída
(“padronizado”)
%
Grau de
Entrada
(“padronizado”)
%
WS 59,000 58,000 5.258 5.169
DMS 42,000 42,000 3.743 3.743
DAM 16,000 16,000 1.426 1.426
SAG 12,000 11,000 1.070 0.980
JLV 11,000 11,000 0.980 0.980
SDS 10,000 10,000 0.891 0.891
MNC 6,000 2,000 0.535 0.178
NMA 5,000 5,000 0.446 0.446
CP 4,000 3,000 0.357 0.267
PAP 4,000 4,000 0.357 0.357
NBA 4,000 1,000 0.357 0.089
JLB 3,000 3,000 0.267 0.267
MBP 3,000 3,000 0.267 0.267
MRS 3,000 3,000 0.267 0.267
JPG 2,000 2,000 0.178 0.178
TCA 2,000 9,000 0.178 0.802
MVN 1,000 4,000 0.089 0.357
CMC 1,000 4,000 0.089 0.000
SCG 1,000 1,000 0.089 0.089
CBW 0,000 0,000 0,000 0,000
CTR 0,000 0,000 0,000 0,000
MIC 0,000 0,000 0,000 0,000
GCO 0,000 0,000 0,000 0,000
LLL 0,000 1,000 0,000 0.089
MHN 0,000 0,000 0,000 0,000
EVT 0,000 0,000 0,000 0,000
MCP 0,000 0,000 0,000 0,000
SMF 0,000 0,000 0,000 0,000
SVM 0,000 0,000 0,000 0,000
JM 0,000 0,000 0,000 0,000
ERC 0,000 0,000 0,000 0,000
DG 0,000 0,000 0,000 0,000
EUC 0,000 0,000 0,000 0,000
WBG 0,000 0,000 0,000 0,000
CAM 0,000 0,000 0,000 0,000
Fonte: Elaboração própria a partir do Sistema de Afastamento do País/Fiocruz (2005-2008)
e Biomedexpert (out/nov. 2009). Ucinet 6.0
Encontramos também uma grande variação no grau de intermediação
(betweeness) dos atores (Tabela 5). O mesmo ator central detém a maior intermediação
(36,000), seguido do mesmo segundo ator, com 30,667; apenas 8 atores possuem algum
grau de intermediação, bem abaixo desse valor; e todos os demais atores da rede
60
apresentaram graus de intermediação igual a zero, o que evidencia sua atuação
marginal e acentua o papel daqueles que possuem algum grau de intermediação. Isto
significa que esses dois atores podem ser considerados “pontes” dentro da rede.
Tabela 5
Grau de intermediação dos atores na rede interna de Cooperação Fiocruz-França
(2005-2008, out/nov. 2009)
Atores Intermediação
Intermediação
“padronizada”
WS 36,000 3,209
JLV 30,667 2,733
CP 17,000 1,515
TCA 16,333 1,456
SAG 9,0000 0,802
MBP 7,333 0,654
MNC 7,333 0,654
DMS 7,333 0,654
Fonte: Elaboração própria a partir do Sistema de Afastamento do País/Fiocruz
(2005-2008) e Biomedexpert (out/nov. 2009). Ucinet 6.0
Complementando a análise da centralidade, avaliamos também o grau de
proximidade (closeness) (Tabela 6). Os 2 atores mais centrais, em relação à
proximidade, são diferentes dos atores centrais anteriores, que vem logo a seguir, e
mantém relações diretas com um número expressivo de nós dentro da rede, o que
significa que, em ações de gestão do conhecimento, a participação desses 4 atores é
fundamental, em função da sua capacidade de conexão.
61
Tabela 6
Grau de proximidade dos atores na rede interna de Cooperação Fiocruz-França
(2005-2008, out/nov. 2009)
Medidas de Proximidade
Atores inFarness outFarness inCloseness outCloseness
TCA
855,000
902,000 3.977 3.769
JLV 858,000 890,000 3.963 3.820
WS 858,000 887,000 3,963 3.833
DMS 860,000 890,000 3.953 3.820
MNC 861,000 896,000 3.949 3.795
MBP 861,000 896,000 3.949 3.795
SDS 865,000 893,000 3.931 3.820
CP 865,000 890,000 3.931 3.820
DAM 865,000 890,000 3.931 3.820
SCG 874,000 898,000 3.890 3.786
LLL 1057,000 1190,000 3.217 2.857
SAG 1088,000 1054,000 3.124 3.226
PAP 1090,000 1057,000 3.119 3.217
NMA 1090,000 1057,000 3.119 3.217
JPG 1090,000 1057,000 3.119 3.217
MVN 1156,000 1156,000 2.941 2.941
MRS 1156,000 1156,000 2.941 2.941
JLB 1156,000 1156,000 2.941 2.941
NBA 1156,000 1156,000 2.941 2.857
CBW 1190,000 1190,000 2.857 2.857
CTR 1190,000 1190,000 2.857 2.857
MIC 1190,000 1190,000 2.857 2.857
GCO 1190,000 1190,000 2.857 2.857
CMC 1190,000 1190,000 2.857 2.857
MHN 1190,000 1190,000 2.857 2.857
EVT 1190,000 1190,000 2.857 2.857
MCP 1190,000 1190,000 2.857 2.857
SMF 1190,000 1190,000 2.857 2.857
SVM 1190,000 1190,000 2.857 2.857
JM 1190,000 1190,000 2.857 2.857
ERC 1190,000 1190,000 2.857 2.857
DG 1190,000 1190,000 2.857 2.857
UEC 1190,000 1190,000 2.857 2.857
WBG 1190,000 1190,000 2.857 2.857
CAM 1190,000 1190,000 2.857 2.857
Fonte: Elaboração própria a partir do .Sistema de Afastamento do País/Fiocruz (2005-
2008) e Biomedexpert (out/nov. 2009). Ucinet 6.0
7.2. A cooperação da Fiocruz com a África/PALOP
A atuação internacional da Fiocruz na África atualmente é bastante intensa e se
acentuou nos últimos anos de forma a atender as diretrizes do governo brasileiro no
âmbito da cooperação Sul-Sul. Neste contexto, a Fiocruz é o principal executor da
62
63
política de cooperação internacional em saúde com a África e um marco importante
neste período, é a consolidação do papel estratégico da Fiocruz na região, materializada
na inauguração do Escritório Regional de Representação da Fiocruz na África (Fiocruz
África), com sede em Maputo, Moçambique, em outubro de 2008.
Além deste fato histórico significativo, as ações de cooperação internacional
com a África, especialmente com os PALOP, incluem diversos tipos de projetos de
cooperação prioritários, todos afinados com o conceito de “cooperação estruturante em
saúde”
10
e com os Planos Estratégicos de Cooperação em SaúdePECS
18
incluindo
cursos de pós-graduação (em Moçambique e Angola) e diferentes tipos de formação de
profissionais em saúde (Cabo Verde), capacitações em serviços (em Moçambique,
Guiné Bissau e Cabo Verde); criação e fortalecimento de Escolas Nacionais de Saúde
Pública (Angola), Institutos Nacionais de Saúde (Moçambique, Guiné Bissau) e Escolas
Politécnicas de Saúde (Moçambique, Cabo Verde); e a implantação de uma fábrica de
medicamentos antiretrovirais e outros (em Maputo, Moçambique)
10
(Anexo III).
Todo este esforço se reflete no volume de solicitações de afastamento do país
para a região, com o objetivo de cooperação (Tabelas 7 e 8). No período de 2005 a
2008, foram registrados no Sistema de Solicitação de Afastamento do País da Fiocruz,
175 pedidos de afastamento para a África (PALOP), dos quais 37 foram referidos ao
motivo “cooperação” com os PALOP feitos por 26 diferentes atores, distribuídos pelas
unidades da Fiocruz (Tabela 8). A Escola Nacional de Saúde Pública “Sergio Arouca”
(ENSP) e a Escola Politécnica da Saúde “Joaquim Venâncio” (ESPJV) concentraram
55% do total (respectivamente 33% e 22%), seguidas dos Institutos Fernandes Figueira
(IFF), com 16%, e Instituto Oswaldo Cruz (IOC), com 13%.Os motivos dos
deslocamentos estão detalhados na Tabela 7.
Chama a atenção que Farmanguinhos não aparece nessa tabela, apesar de ser a
Unidade da Fiocruz que coordena um dos principais projetos de cooperação com a
África – a instalação da fábrica de antiretrovirais e outros medicamentos. Se
construirmos uma tabela com todos os motivos alegados para a solicitação dos
afastamentos, e não apenas aqueles definidos na classificação, veremos que muda a
distribuição de pedidos (Tabela 9)
O número de missões técnicas representa 30% do total de afastamentos
solicitados e incluem as missões relativas à implantação do Escritório Fiocruz África e
da Fabrica de Medicamentos, em Moçambique, seguidas das atividades docentes
principalmente em Moçambique e Angola (25% do total de solicitações) e das
cooperações técnico-científicas (20%). Dois países concentram a maioria dos
64
Tabela 7
Motivos de Solicitação do Afastamento do País para a África (PALOP), 2005-2008
Anos (2005 a 2008)
Angola Cabo Verde Guiné-Bissau Moçambique
S.Tomé e Príncipe
Motivos de Solicitação para Afastamento do País (PALOP)
05 06 07 08
Total
05 06 07 08
Total
05 06 07 08
Total
05 06 07 08
Total
05 06 07 08
Total
Total
Geral
Reunião Técnica (Organismos Internacionais/ABC/OMS/OPAS)
- 2 - -
2
- - 1 3
4
- 1 - -
1
1 3 1
-
5
- - - -
0 12
Evento Científico: Conferência/Simpósio/Congresso/Fórum/Workshop
3 1 3 -
7
- - - 2
2
- - - -
0
- - - 4
4
- - - -
0 13
Formação: (Intercâmbio/Estagio/Mestrado/Doutorado/Pós-Doutorado)
- - - -
0
- - - -
0
- - - -
0
- - - -
0
- - - -
0 0
Missão de Prospecção/ Missão Técnica
5 2 5 1
8
- - 3 8
11
- 1 1
2
2 4 7 18
31
- - - 1
1 53
Assessoria/Consultoria/Treinamento ofertado
- - 1 -
1
- - - -
0
- - - -
0
2
- 1 6
9
- - - -
0 10
Atividade Docente (Especialização, Mestrado, Doutorado)
- - 18 7
25
- - - -
0
- - - -
0
2
- 1 17
20
- - - -
0 45
Cooperação Técnico - Cientifica (Atividade de Projeto)
1 9 14 -
24
- - - -
0
- - - 3
3
- - 1 9
10
- - - -
0 37
Total
9 14 41 8
72
0 0 4 13
17
0 2 0 4
6
7 7 11 54
79
0 0 0 1
1 175
Fonte: Elaboração própria a partir do Sistema de Afastamento do País (CRIS-Fiocruz)
deslocamentos – Moçambique e Angola (79 e 72, respectivamente) – seguido de Cabo
Verde (17) e Guiné Bissau (6).
Aparece aqui, portanto, uma deficiência importante do banco de dados,
mencionada anteriormente na metodologia, relacionada à classificação adotada.
Tabela 8
Solicitações de Afastamento do País para a África (PALOP) com o motivo
associado à cooperação técnico-cientifica distribuído por Unidades da Fiocruz;
2005-2008
Unidade/Ano 2005 2006 2007 2008 Total
Centro de Pesquisa Ageu Magalhães (CPqAM) - - 1 - 1
Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP) 1 3 7 1 12
Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (ESPJV) - 4 4 - 8
Instituto Fernandes Figueira (IFF) - - - 6 6
Instituto Oswaldo Cruz (IOC) - - 3 2 5
Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas (IPEC) - - - 2 2
Presidência (PRES) - 2 - 1 3
Total
1 9 15 12 37
Fonte: Elaboração própria a partir do Sistema de Afastamento do País (CRIS-Fiocruz)
Tabela 9
Solicitações de Afastamento do País para a África (PALOP) por Unidades da
Fiocruz ; 2005-2008
Unidade/Ano
2005 2006 2007 2008
Total
Centro de Pesquisa Ageu Magalhães (CPqAM) - - 2 - 2
Diretoria de Administração (DIRAD) - - - 2 2
Diretoria de Planejamento (DIPLAN) - 2 1 7 10
Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP) 11 6 26 20 63
Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (ESPJV) - 4 7 6 17
Instituto de Comunicação e Informação Científica e
Tecnológica em Saúde (ICICT)
1 2 3 1
7
Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas (IPEC) 1 1 - 2 4
Instituto de Tecnologia em Fármacos (FAR) - - - 7 7
Instituto Fernandes Figueira (IFF) - - 1 13 14
Instituto Oswaldo Cruz (IOC) 2 - 8 18 28
Presidência (PRES) 1 8 8 4 21
Total
16 23 56 80 175
Fonte: Elaboração própria a partir do Sistema de Afastamento do País (CRIS-Fiocruz)
Para a construção de uma matriz quadrada na plataforma do software Ucinet
6.0/NetDraw, nos valemos do mesmo procedimento utilizado para o estudo da
cooperação Fiocruz-França usamos as informações do sistema de solicitações de
afastamento do país e o recurso de consultar as bases Biomedexperts e Gopubmed, além
65
de consultar também a Plataforma Lattes, com a intenção de identificar possíveis
relacionamentos entre os atores, no período de objeto da pesquisa. Nessas três bases de
dados o critério também foi o mesmo co-publicações (Anexo IV). Construímos,
assim, a rede oriunda desse relacionamento, que apresenta os atores e suas ligações na
rede (Figura 5).
É importante destacar que a identificação da rede de cooperação Fiocruz-África
(PALOP), fundamentada na metodologia de análise de redes sociais, refere-se ao
momento em que os dados para ‘mapear’ a rede foram coletados (outubro/novembro
2009.
Figura 5
Rede interna de Cooperação Fiocruz-Àfrica (PALOP) (2005-2008, out/nov. 2009):
atores que solicitaram afastamento e têm publicação conjunta
Fonte: Elaboração própria a partir do Sistema de Afastamento do País/Fiocruz (2005-2008) e
Biomedexpert (out/nov. 2009). Ucinet 6.0
Neste diagrama, em que é apresentada a estrutura social da rede formada pelos
solicitantes de afastamento do país para a África/PALOP, também não fizemos
nenhuma distinção dos níveis hierárquicos ocupados pelos diferentes participantes, uma
vez que nesta análise entendemos que o fluxo da rede independe da hierarquização do
ator.
Iniciamos a análise da rede de cooperação encontrada pela identificação da sua
densidade. O resultado encontrado confirma o que visualmente é expresso na figura:
uma rede com densidade quase nula, 1,69%, representando uma interação de 10 nós ou
66
atores e 9 relações, dentre as 650 possíveis. A maioria dos atores está “desconectada”, o
que acentua a baixa densidade da rede.
Ao analisarmos o segundo indicador, a distância geodésica, verificamos que
muitos atores não estão em conexão com ninguém e, dentre os que mantêm alguma
relação, esta distância é de apenas um grau (Anexo V), demonstrando uma conexão
muito fraca da rede.
No cálculo da centralidade na rede, os resultados evidenciam que apenas 2
atores têm alguns vínculos, com maior percentual tanto de entrada (8 e 4%,
respectivamente), quanto de saída (12 e 8%, respectivamente) (Tabela 10).
Tabela 10
Resultados de centralidade de cada ator na rede interna de Cooperação Fiocruz-
Àfrica (PALOP) (2005-2008, out/nov. 2009)
Atores
Grau de
Saída
Grau de
Entrada
Grau de Saída
(“padronizado”)
%
Grau de
Entrada
(“padronizado”)
%
MCL
3 2 12 8
PMB
2 1 8 4
SAG
1 1 4 4
AIC
1 0 4 0
MFN
1 0 4 0
LLL
1 1 4 4
WS
1 2 4 8
SAB
1 1 4 4
ALP
0 0 0 0
JMA
0 2 0 8
JCF
0 0 0 0
SDG
0 0 0 0
JIM
0 0 0 0
MBS
0 0 0 0
MCB
0 0 0 0
MSO
0 0 0 0
CAM
0 0 0 0
NTB
0 0 0 0
EMO
0 0 0 0
FPB
0 0 0 0
JRM
0 0 0 0
TCA
0 1 0 4
VGV
0 0 0 0
VGS
0 0 0 0
MFS
0 0 0 0
Fonte: Elaboração própria a partir do Sistema de Afastamento do País/Fiocruz (2005-
2008) e Biomedexpert (out/nov. 2009). Ucinet 6.0
67
Em relação à intermediação (betweeness) apenas 3 atores apresentam algum
grau de interação e são, portanto, considerados importantes como mediadores das
informações que fluem na rede; e todos os demais atores da rede apresentaram graus de
intermediação igual a zero. O índice de intermediação na rede é muito baixo (1,11%), o
que se justifica pelo grande número de atores sem conexão e a pequena rede de
colaboração encontrada (Tabela 11).
Tabela 11
Grau de intermediação dos atores na rede interna de Cooperação Fiocruz-Àfrica
(PALOP) (2005-2008, out/nov. 2009)
Atores Intermediação
Intermediação
(“padronizada”)
%
MCL 7.000 1.167
PMB 5.000 0.833
WS 4.000 0.667
ALP 0.000 0.000
CAM 0.000 0.000
DSG 0.000 0.000
AIC 0.000 0.000
FPB 0.000 0.000
JRM 0.000 0.000
JMA 0.000 0.000
JCF 0.000 0.000
LLL 0.000 0.000
JIM 0.000 0.000
MBS 0.000 0.000
MCB 0.000 0.000
APA 0.000 0.000
MSO 0.000 0.000
MFN 0.000 0.000
NTB 0.000 0.000
EMO 0.000 0.000
SAG 0.000 0.000
SAB 0.000 0.000
TCA 0.000 0.000
VGV 0.000 0.000
VGS 0.000 0.000
MFS 0.000 0.000
Fonte: Elaboração própria a partir do .Sistema de Afastamento do País/Fiocruz
(2005-2008) e Biomedexper (out/Nov 2009). Ucinet 6.0
Já no que concerne ao grau de proximidade (closeness), embora com resultados
muito pequenos, 3 atores apresentam algum grau de proximidade, mas não têm nada a
ver com os atores centrais anteriores (Tabela 12).
68
Tabela 12
Grau de proximidade dos atores na rede interna de Cooperação Fiocruz-Àfrica
(PALOP) (2005-2008, out/nov. 2009)
Medidas de Proximidade
Atores inFarness
outFarness
inCloseness outCloseness
JMA
529,000
650,000 4.726 3.846
TCA 531,000 650,000 4.708 3.846
WS 552,000 625,000 4.529 4.000
MCL 576,000 551,000 4.340 4.537
SAB 578,000 554,000 4.325 4.537
SAG 625,000 625,000 4.000 4.000
PMB 625,000 528,000 4.000 4.735
LLL 625,000 625,000 4.000 4.000
ALP 650,000 650,000 3.846 3.846
AIC 650,000 508,000 3.846 4.921
CAM 6540,000 650,000 3.846 3.846
DSG 6540,000 650,000 3.846 3.846
JIM 6540,000 650,000 3.846 3.846
MBS 6540,000 650,000 3.846 3.846
MCB 6540,000 650,000 3.846 3.846
APA 6540,000 650,000 3.846 3.846
JCF 6540,000 650,000 3.846 3.846
MFN 650,000 625,000 3.846 4.000
NTB 650,000 650,000 3.846 3.846
EMO 650,000 650,000 3.846 3.846
FPB 650,000 650,000 3.846 3.846
JRM 650,000 650,000 3.846 3.846
MSO 650,000 650,000 3.846 3.846
VGV 650,000 650,000 3.846 3.846
GVS 650,000 650,000 3.846 3.846
MFS 650,000 650,000 3.846 3.846
Fonte: Elaboração própria a partir do.Sistema de Afastamento do País/Fiocruz (2005-
2008) e Biomedexpert (out/nov. 2009). Ucinet 6.0
8. DISCUSSÃO
A análise de redes internas colaborativas na Fiocruz, vinculadas aos projetos de
cooperação internacional Brasil-França e Brasil-África (PALOP), objeto deste estudo,
não é fácil, seja porque as bases de dados existentes na instituição são insuficientes ou
pouco adequadas, seja porque o instrumental utilizado para a organização e tratamento
dos dados não consegue captar as várias dimensões dos processos de colaboração.
Vários autores reiteram que os indicadores mais utilizados para avaliar a
cooperação científica são a quantificação da produção, sobretudo em co-autorias.
Entretanto, tais indicadores nem sempre são capazes de identificar o impacto das
69
cooperações, especialmente em relação ao seu conteúdo e fecundidade no processo de
desenvolvimento, seja de países ou instituições.
Na experiência da cooperação institucional, alguns grupos formados há mais
tempo tendem a acumular a experiência na dimensão tácita do conhecimento, como
explicita Nonaka e Takeuchi
35
, o que pode facilitar a integração nas redes de cooperação
e também permitir melhor interpretação dos dados e informações, possibilitando ainda
uso eficaz do conhecimento disponível, bem como sua geração. Isto reforça o fato de
que a experiência acumulada de grupos de pesquisa não aparece totalmente nos textos e
trabalhos publicados, o que orienta a necessidade do desenvolvimento de ferramentas de
“inteligência competitiva” para uma distribuição mais eficaz dentro das organizações e
das próprias redes de cooperação.
Por outro lado, a contribuição de Latour, com o conceito de rizoma (de Deleuze
& Guatari), é fundamental para relativizar a observação efetuada, pois o processo de
colaboração (estabelecimento de redes) é dinâmico e flexível e que pode expandir-se
para qualquer direção. Entretanto, também vale considerar que a identificação dos
atores pregnantes na rede encontrada pode servir de elemento construtivo para o
fortalecimento das relações e a formação de comunidades de práticas nas cooperações,
permitindo que o conhecimento adquirido da experiência internacional possa ser
disseminado na Fiocruz e, consequentemente, apropriado pela instituição para melhor
conduzir e gestão das políticas institucionais de cooperação internacional.
A análise dos dados em cada tipo de cooperação – Fiocruz-França e Fiocruz-
África/PALOP diferem de forma importante. Em ambas existem limites, impostos
pelas fontes de dados e pelas técnicas de análise empregadas, mas as dificuldades
encontradas na análise das redes internas de cooperação Fiocruz-África são muito
maiores.
8.1 As redes internas de cooperação Fiocruz-França
De acordo com Merton
30
, o número de co-publicações é um indicador
importante para identificar atores-chaves numa rede de conhecimento (os “colégios
invisíveis”). E o acesso gratuito às duas bases escolhidas permite visualizar não somente
com quem cada ator coopera em suas publicações, como também toda a rede de
cooperação (co-publicação) do referido ator.
No caso das redes de cooperação Fiocruz-França, embora o critério de co-autoria
em artigos publicados seja limitante, uma vez que tanto o Biomedexpert quanto o
70
Gopubmed trabalham com a literatura indexada e disponível online, não computando
relatórios, documentos e publicações que podem ser considerados como “literatura gris
e que não estejam online, nem as publicações nacionais não indexadas, o fato dessa
cooperação estar centrada em pesquisa, na sua maioria biomédica, minimiza essa
dificuldade. Mesmo assim, existem vários outros limites, dos quais destacamos alguns
mais importantes.
Os limites temporais são um dos problemas dessa análise, já que os dados
refletem o momento da consulta (out/nov 2009) e mostram o retrato desse momento,
podendo não representar fielmente a realidade das redes internas de cooperação, mesmo
em relação à publicação conjunta. Se considerarmos o tempo necessário para que uma
publicação se efetive e que, além disso, algumas cooperações podem não resultar,
imediatamente, em publicações, ficam muito evidentes os limites desses resultados.
E, como já referido, a principal variável utilizada – co-autoria em publicações –,
de forma isolada, é talvez a dificuldade maior.
É difícil, segundo Katz
51
, definir um conceito de colaboração em pesquisa
porque não existe muito consenso sobre como, quando e onde as conexões informais
entre os atores (pesquisadores) se iniciam. Merton
30
e Latour (apud Moraes)
32
destacam,
por sua vez, que o comportamento dos cientistas segue uma lógica própria e que as
relações no campo da ciência, os chamados “colégios invisíveis”, não são facilmente
perceptíveis e reforçam a centralidade de atores específicos nas redes de conhecimento,
considerando o seu posicionamento e a vantagem estrutural comparativa que aderem
dessa posição.
Identificamos, nas redes internas de cooperação Fiocruz-França, que os atores
mais próximos entre si são aqueles que estão inseridos na mesma unidade técnica
(IOC), embora a Fiocruz tenha por objetivo ampliar e promover a participação de mais
Unidades nesta cooperação. Esse resultado indica uma concentração da informação e da
participação na rede numa única Unidade, além de que, de acordo com Hanneman
47
os
atores mais próximos entre si podem exercer maior poder na rede do que aqueles que
estão mais distantes. Moraes
32
refere ao conceito de “ator-rede”, construído por Latour,
que no caso da rede interna encontrada, pode estar associado à especialidade do ator e à
estrutura na qual ele está inserido – seu laboratório, unidade, departamento. Este
indicador permite ainda inferir a importância de estimular o fluxo de comunicação
interno em toda a rede, além de identificar os atores pregnantes para a disseminação das
informações. Se não, vejamos.
71
O grande número de atores “desconectados” na rede interna Fiocruz-França
(baixa densidade), isto é, sem publicações conjuntas, e a existência de alguns atores
acessíveis por poucos “caminhos” (curta distância geodésica), isto é, os poucos que
colaboram o fazem por até 4 “caminhos”, denunciam uma articulação e um fluxo de
compartilhamento de informações na rede bastante baixo. Esses resultados indicam uma
rede fragmentada, mas, pelos limites apontados, não significam, taxativamente, que não
exista alguma forma de colaboração interna entre esses atores nos projetos de
cooperação com a França. E o fato de que os graus de entrada e saída de comunicação
na rede sejam muito próximos fragiliza bastante a capacidade analítica e explicativa do
indicador construído com esses dados, principalmente no que toca à identificação, com
segurança, da proeminência, prestígio ou influência dos atores centrais na rede.
Para os autores, uma rede científica “densa” indica a execução de programas
fortes de colaboração entre os atores e também, possivelmente, a ocorrência de
interdisciplinaridade na consolidação da cooperação. E uma rede de densidade baixa,
como a que encontramos neste estudo, indica, provavelmente, uma grande fragilidade
na conexão interna entre os atores que, teoricamente, participam dos projetos de
cooperação; e que os esforços institucionais ainda são centrados em poucos elementos.
Nonaka & Takeuchi
35
, Davenport, Prussak
2
e outros autores apontam a
importância da dimensão ontológica e epistemológica na gestão do conhecimento.
Possibilitar espaços institucionais para o compartilhamento do conhecimento é
fundamental para promover a inovação e o desenvolvimento do capital intelectual das
organizações. Assim, a identificação dos atores-chaves, ou centrais, está relacionada
com a capacidade de incentivar e impulsionar o compartilhamento da informação. Os
atores mais centrais recebem uma diversidade de informações que aumenta a sua
expertise informacional e provoca a transformação do conhecimento que possuem.
Por outro lado, como nos ensina Hanneman
47
, a posição estrutural dos atores na
rede e a sua capacidade de comunicação são fontes de poder, ou seja, evidenciam o
poder que os atores exercem dentro da rede e, em conseqüência, no programa de
cooperação ou mesmo na instituição.
Sendo assim, a identificação de dois atores centrais na rede de cooperação
interna Fioruz-França, ou seja, que “recebem” e “enviam” mais comunicações, com
maior grau de intermediação, pode sugerir que esses atores concentram e controlam a
maior parte das atividades de cooperação, ou que lideram e bloqueiam a comunicação
na rede, ou ainda, que são os únicos cujos projetos que, de fato, caminharam de forma
72
mais satisfatória, resultando num “produto” – co-publicação. Entretanto, de novo, pelas
limitações apontadas, essas são apenas suposições.
A identificação desses dois atores centrais permite que eles sejam considerados
os “atores-ponte” dentro da rede, porque poderiam promover a conexão entre grupos
distintos e vir a auxiliar a conexão também entre divisões, níveis hierárquicos e
unidades ou instituições. Aparentemente, o poder de intermediação e o controle desses
atores sobre o fluxo de informações na rede é significativo e sugere ser possível
incentivar ações especificas, seja para estimular a sua retenção, ou induzir uma maior
disseminação do conhecimento dentro da rede, possibilitando maior compartilhamento
de poder.
Chama a atenção, porém, que no que se refere ao grau de proximidade, que
demonstra a distância entre cada ator e os demais, o ator com maior grau não é nenhum
dos dois mencionados acima, que vêm logo a seguir, mas sim um terceiro ator, que não
figura como proeminente nos indicadores anteriores. Isso sugere que a identificação
desse ator, e seu lugar na instituição, devem ser melhor estudados, pois sua posição
estrutural na instituição deve ser de destaque, seja pelo cargo institucional, sejam pelo
acesso aos demais atores.
Por fim, quando comparamos os resultados das conexões obtidas neste estudo
com aqueles obtidos com o uso apenas do Biomedexperts ou o Gopubmed, para cada um
dos atores selecionados pelo sistema de afastamento (Anexo VI), notamos um número
muito maior de “conexões” entre os atores da Fiocruz, embora essas “conexões” não
apareçam nas redes internas levantadas na cooperação Brasil-França. Algumas
explicações são possíveis para este achado: esses atores que “não aparecem” não
participam, efetivamente, de projetos de cooperação com a França, mas cooperam
internamente em outros projetos; o indicador de co-publicação utilizado não consegue
fazer uma distinção para avaliar uma cooperação técnico-científica específica; ou a
seleção de atores, efetuada a partir do Sistema de Solicitação de Afastamento do País,
não contemplou todos aqueles efetivamente envolvidos em projetos de cooperação com
a França, seja por falhas no preenchimento dos formulários, seja por deficiências do
próprio formulário e do sistema de registro.
Em síntese, os resultados encontrados nos proporcionam alguns insights
interessantes, mas evidenciam também que seria preciso aprofundar a análise utilizando
outras técnicas de coleta de dados qualitativos, por exemplo, com a realização de
entrevistas, para serem triangulados com os dados quantitativos e permitir a obtenção de
um resultado mais conclusivo.
73
8.2 As redes internas de cooperação Fiocruz-África
Os limites encontrados na busca de informações sobre possíveis relacionamentos
entre os participantes das ações de cooperação com a África (PALOP), com o critério de
co-publicação, são muito grandes e estão relacionados com a própria característica da
cooperação com os países africanos. Diferente da cooperação com a França, a
cooperação com a África não resulta, necessariamente, em publicação de artigos em co-
autoria, sendo que alguns atores não possuem currículo registrado na Plataforma Lattes,
do CNPq, nem publicações que possibilitem utilizar o critério de co-autoria, já
reconhecido como válido pela literatura que analisa redes de cooperação científica
internacional.
Por outro lado, a própria seleção dos atores envolvidos nessas cooperações ficou
prejudicada, pela classificação adotada no Sistema de Solicitação de Afastamentos do
país, reiterando que as informações contidas no Sistema de Solicitação de Afastamentos
do País não são suficientes para realizar uma análise mais detalhada desse tipo de
cooperação. Seria necessária a inclusão de outros dados nos formulários de solicitação
de afastamento que permitissem a melhor identificação desses atores, assim como o
acompanhamento e análise do desenvolvimento das redes formadas no processo de
cooperação.
Sendo assim, a análise dos dados apresentados evidencia uma grande
inconsistência nos resultados, confirmando o que identificamos anteriormente: a coleta
desses dados, orientada pelas co-publicações, não é adequada para avaliar as redes
internas na cooperação Fiocruz-África/PALOP. Dessa forma, os indicadores analisados
perdem capacidade explicativa.
Apesar dessas limitações, pelo menos no que concerne ao aumento dos
deslocamentos para a região, a partir de 2007, é evidente o esforço institucional para
atender as demandas em saúde dos PALOP, feitas ao Brasil, sobretudo à Fiocruz. Essas
demandas estão afinadas com as diretrizes políticas dos Ministérios das Relações
Exteriores e da Saúde, que tem os PALOP como prioridade para projetos de
cooperação. Por outro lado, mesmo com as inconsistências mencionadas, a percepção de
que a rede interna de colaboração é muito frágil, com pouca conexão entre atores e
muito baixa troca de informação entre eles pode, de fato, ser um retrato da realidade
institucional, que merece ser mais bem estudada.
Esses resultados são confirmados pela análise elaborada exclusivamente no
Gopubmed, com o critério das co-autorias, pois embora demonstre a existência de mais
74
redes com a participação dos atores, com algumas conexões, essas não estão,
necessariamente, vinculadas aos projetos de cooperação Fiocruz África/PALOP (Anexo
VII).
9. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
A formação de redes de cooperação na área de ciência e tecnologia e inovação
(C&T&I) tem sido objeto de atenção em vários países e tem integrado as políticas
públicas dessa área. Población et al
60
referem que a 3ª Conferência Nacional de Ciência,
Tecnologia e Inovação
bb
, realizada no Brasil em 2005, já destacava que as políticas de
cooperação em C&T&I, além de contemplar os interesses científicos que dão substância
à cooperação, deveriam, simultaneamente, ser pensadas estrategicamente como forma
de aprofundar a inserção e a projeção internacional do país.
É consenso na literatura que o estabelecimento de redes amplia o prestígio e o
exercício de influência de um determinado grupo de cooperação em relação a outros
grupos correlatos. Entretanto, em projetos de gestão do conhecimento, este valor deve
ser incentivado na direção do compartilhamento, como destacam Tomaél
8
, Monclair,
Oliveira, Souza
49
e outros. A utilização da analise de redes sociais aplicadas ao
ambiente cientifico, como no caso da Fiocruz, possibilita a identificação de lacunas no
fluxo de conhecimento e evidencia tanto desafios quanto oportunidades. Davenport,
Prusak
2
e Azevedo
27
destacam o papel do ambiente e da cultura organizacional voltada
para o compartilhamento do conhecimento, o que para eles depende, de um lado, da
criação de contextos favoráveis para que o conhecimento possa ser explicitado,
formalizado e passível de ser incorporado ao ambiente organizacional; e, do outro lado,
do oferecimento de incentivo à construção de redes formais e informais e de
comunidades de prática para a valorização do aprendizado contínuo dentro da
organização.
A estrutura das redes deve ser coerente para desempenhar a função para a qual
ela é construída, pois tanto a estrutura como a função de uma rede social lhe confere
uma dinâmica e um funcionamento próprios.
No âmbito da cooperação internacional da rede interna Fiocruz-França já há
algum tempo existe um esforço institucional para a criação de redes de colaboração
bb
A Conferência Nacional, de C&T& foi realizada nos dias 16, 17 e 18 de novembro de 2005, em
Brasília. O documento final da conferência foi divulgado oficialmente em 2006 e está disponível para
consulta no site
http://www.cgee.org.br/arquivos/3cncti.pdf .(Acesso em 12/12/2009).
75
internas e externas, a partir do suporte ao desenvolvimento de projetos de cooperação
por meio dos convênios de cooperação firmados entre a Fiocruz e as instituições
francesas. No caso das redes internas de cooperação Fiocruz-África, são muito mais
recentes e, embora também exista um grande esforço institucional, este tem sido de
outra ordem e carece de maior coordenação e articulação internas. Pode-se dizer que
essas redes se encontram ainda em estágio “embrionário”.
A análise efetuada neste trabalho evidenciou vários problemas no registro de
dados que poderiam se constituir em importante instrumento de gestão e coordenação.
Observamos que o Sistema de Solicitação de Afastamento do País se constitui
num instrumento administrativo importante e contém informações significativas para
projetos de gestão do conhecimento que podem ser utilizadas para uma melhor
coordenação e acompanhamento das atividades de cooperação internacional na Fiocruz.
O mapeamento, a identificação e a analise das redes encontradas, com base nesses
processos administrativos, pelo menos na rede interna de colaboração Fiocruz-França,
permitiu confirmar a hipótese deste trabalho a analise das redes de cooperação se
constitui numa forma de gestão do conhecimento, tanto técnico quanto cientifico, e uma
ferramenta importante para a gestão da cooperação internacional da Fiocruz.
Entretanto, os limites apontados neste trabalho orientam para a necessidade de
uma revisão no sistema, melhorando a interface tanto com o usuário quanto com o
gestor, facilitando a captura de dados mais relevantes que possibilitem, inclusive, a
migração ou integração com outras bases de dados e outros softwares específicos para a
análise de redes. Isso permitiria identificar não somente as redes existentes, sua
estrutura e seus fluxos de informação, mas também os especialistas, atores centrais e
aqueles que necessitam de maior integração no contexto da cooperação internacional
desenvolvida pela Fiocruz com determinado país ou região. Uma ação relevante no
sentido de melhorar o registro dos dados, reduzir a fragmentação da informação e
proporcionar mecanismos mais eficazes de coordenação e acompanhamento seria,
portanto, o aprimoramento do Sistema de Solicitação de Afastamentos do País.
Entendemos este trabalho como exploratório e, como tal, deve ser visto como
ponto de partida para reformulações institucionais e análises adicionais. É, assim,
apenas indicativo de uma série de investigações e proposições de mudanças que deverão
ser feitas no sentido de orientar a Fiocruz para o desenvolvimento e implantação de
estratégias de gestão do conhecimento na área de cooperação internacional.
76
A formação de uma rede de conhecimento pode ser ou não planejada e
intencional, mas, para que novas idéias surjam da interação e possibilitem a aquisição
do conhecimento, é fundamental desenvolver ações que a mobilizem e a sustentem.
A definição e aplicação de um novo processo de gestão dos afastamentos do país
constitui-se uma inovação importante para a instituição, que pode incorporar e
incrementar mudanças nos fluxos de informações internas e externas.
No fluxo do processo de solicitação de afastamento do país (Anexo VIII)
identificamos pelo menos duas falhas que, se devidamente sanadas, permitirão melhor
qualidade dos dados e maior integração das informações no sistema eletrônico,
aumentando a capacidade de análise e acompanhamento das redes de cooperação:
1) O formulário de solicitação de afastamento deve ser reformulado de forma a
possibilitar a entrada de dados mais claros e confiáveis sobre os deslocamentos
dos servidores. Para isso, a taxonomia definida deve ser revista e o projeto de
cooperação, objeto do deslocamento, deve ser mencionado explicitamente;
2) Os relatórios de viagem devem ter sua padronização revista e, obrigatoriamente,
serem inseridos no banco de dados do Sistema de Solicitação de Afastamento do
País, de preferência com elaboração online, o que possibilitará a inserção de um
“novo modo de produção de conhecimento”, por meio do aprendizado e da
identificação de novas oportunidades de cooperação, além de permitir uma
maior transparência sobre as atividades realizadas com financiamento público.
A inclusão da elaboração de relatórios on-line permitirá maior agilidade na sua
elaboração pelos pesquisadores e diferentes atores, devido à possibilidade da
importação de dados já informados em outros momentos. Além disso, possibilitará
também criar uma memória vinculada às solicitações e um registro mais efetivo para o
mapeamento do impacto da cooperação internacional associada aos afastamentos do
país. A transparência das informações também será um ganho importante, já que
mediante senhas específicas de autorização os dirigentes poderão realizar consultas e
recomendações.
A identificação mais clara dos atores centrais, das diferentes expertises, assim
como das atividades realizadas e dos resultados de cada afastamento, possibilitará maior
clareza sobre o andamento das cooperações, como também poderá gerar informações
que, se devidamente utilizadas, poderão se transformar em conhecimento estratégico
importantes para a organização, reduzindo os riscos do conhecimento permanecer
limitado às redes diretas de relacionamento, como as observadas nesta pesquisa.
77
Há ainda muito que caminhar, seja no estudo sobre as redes sociais de
cooperação técnico-cientifica e de conhecimentos, seja na consolidação das capacidades
institucionais internas, tanto no campo científico como no administrativo, para captar a
essencialidade do ‘modo de fazer’, tão importante e tão difícil de ser aprendido pelas
organizações.
Nesse sentido, este trabalho se configura como uma primeira tentativa de iniciar
esse processo no Centro de Relações Internacionais em Saúde da Fiocruz.
78
10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1
Lastres H M M, Ferraz J C. Economia da informação, do conhecimento e do
aprendizado. In Lastres, H.M.M, Albagli, S. (org), Informação e Globalização na Era
do Conhecimento, Rio de Janeiro: Campus, 1999. p.27-57.
2
Davenport T, Prusak L. Conhecimento Empresarial: como as organizações gerenciam
o seu capital intelectual. Rio de Janeiro: Campus, 1998.
3
Johnson L. Como disseminar as melhores práticas. HSM. 2004 (44). p.15.
4
Davenport T, Parise S, Cross R. Perder pessoas, sem perder conhecimento in HSM
.2007(60):144-152.
5
Terra J. Gestão do Conhecimento: O grande desafio empresarial. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2005.
6
Lastres, Helena M. M. (1999) Informação e conhecimento na nova ordem mundial.
Ciência da Informação, 28(1): 72-78.
7
Tomaél M. I. Redes de Conhecimento. DGZ. Revista. de Ciência da Informação 2008
abr;9(2.) [Acesso em 13/07/2009] Disponível em <http://dgz.org.br/abr08/Art_04.htm>.
8
Tomaél, M I. Redes de conhecimento: o compartilhamento da informação e do
conhecimento em consórcio de exportação do setor moveleiro [Tese de Doutorado]
UFMG, 2005. Disponível em <http://dspace.lcc.ufmg.br/dspace/bitstream/1843/EARM-
6ZFQFX/1/doutorado+-+Maria+In%C3%AAs+Toma%C3%A9l.pdf> (Acesso em
20/10/2009).
9
Amador E. A. El nuevo rostro de la cooperación técnica entre los países en desarrollo
(CTPD) y las nuevas tendencias internacionales. Ciencias Sociales. 2001(94):169-188.
10
Almeida, C.M., Pires de Campos, R., Buss, P., Ferreira, J.R., Fonseca, L.E. Brazil’s
conception of South-South “structural cooperation in health”. Global Forum Update on
Research for Health Innovating for the health of all. 2009. (6): 100.-107.
11
Silva D. Cooperação internacional em ciência e tecnologia: oportunidades e riscos.
RBPI. 2007(50):5-28.
12
Cueto M. Salud, Cultura y Sociedad en America Latina: nuevas perspectivas
históricas. Lima: IEP/OPS, 1999, p.179-201.
13
Lima N. “O Brasil e a Organização Pan-Americana da Saúde: uma história de três
dimensões”, In: Finkelman J (Org). Caminhos da Saúde Pública no Brasil. Rio de
Janeiro: Editora Fiocruz/OPAS, 2002, p.23-116.
14
Vigevani T, Cepaluni G. A Política Externa de Lula da Silva: A Estratégia da
Autonomia pela Diversificação. Revista Contexto Internacional 2007(.29): 273-335.
15
Rizzi K R. A Política Externa Brasileira para os Países Africanos de Língua
Portuguesa(1996/2006), [Acesso em 17/09/2009].Disponível em:
<http://www.aladaab.com.br/anais/PDFS/96.pdf>,
79
16
Brasil. Ministério das Relações Exteriores. Agência Brasileira de Cooperação.
Diretrizes para o desenvolvimento da cooperação técnica Internacional multilateral e
bilateral. Brasília, 2004: 2ª ed.
17
Pereira E. A construção de um sistema de informação para a cooperação internacional
- ocaso Fiocruz/Inserm. Rio de Janeiro. Dissertação[Mestrado em Saúde Pública]-
ENSP/FIOCRUZ 2005.
18
Buss, PM. Ferreira, JR, Alcazar, S, Fonseca, LF, Jouval, HE. Governança em Saúde
Global. Diplomacia em Saúde, 2008 (mimeo).
19
FIOCRUZ. Plano Quadrienal da Fiocruz 2005-2008. Rio de Janeiro: FIOCRUZ;
2005.
20
Buss, P.. Ferreira, JR Brazilian Global Commitment to Global Health, 2009 (mimeo).
21
HSM, Gestão do Conhecimento na Prática, Revista HSM Management, N. 42,
janeiro-fevereiro, 2004.
22
Vilela Junior, D, Mendes C. Papel do Escritório de Gerenciamento de Projetos na
Disseminação do Conhecimento Organizacional [XXIV ENEGEP; 2004.nov 3-5;
Florianópolis, Brasil]. [Acesso em 13/7/2009].Disponível em
<http://www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP2004_Enegep0504_0529.pdf>
23
Probst G, Raub S, Romhardt K. Gestão do Conhecimento – Os elementos
construtivos do sucesso. Porto Alegre: Bookman, 2002.
24
Leite, F C L e Costa, S M S Gestão do conhecimento científico: proposta de um
modelo conceitual com base em processos de comunicação científica. Ci. Inf. [online].
2007, (36) v.1, p. 92-107
25
Ministério de Ciência e Tecnologia. Manual de Oslo: Proposta de Diretrizes para
Coleta e Interpretação de Dados sobre Inovação Tecnológica. Brasília, DF:
OCDE.2005. [Acesso em 07/07/2009]. Disponível em
<http://www.mct.gov.br/upd_blob/0026/26032.pdf>.
26
Drucker P. Sociedade pós-capitalista. São Paulo: Pioneira, 1993.
27
Azevedo, L C. Gestão do Conhecimento em Organizações Publicas. Rio Estudos. 67:
ago 2002. Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro.[acesso em 05/11/2009] disponível em
http://www7.rio.rj.gov.br/cgm/comunicacao/textos/conhecimento/ver/?2002/01
28
Wiig, Karl M. “Application of Knowledge Management in Public Administration.”
Proceedings of the International Symposium Building Policy Coherence. Taipei,
Taiwan: City of Taipei, 2000 [acesso em 07/11/2009] disponível em
http://www.krii.com/downloads/km_in_public_admin_rev.pdf
29
Batista, F. F. et al. Gestão do conhecimento na administração pública. Brasília: Ipea,
jun. 2005 (Texto para Discussão, n. 1.095). [acesso em 05/11/2009] disponível em
http://www.ipea.gov.br/pub/td/2005/td_1095.pdf
80
30
Merton, R. The Sociology of Science – Theoretical and Empirical Investigations. The
University of Chicago Press, Chicago. 1973. (cap.1 e 13)
31
Kropf, S., Lima, N.. Os valores e a prática institucional da ciência: as concepções de
Robert Merton e Thomas Kuhn. Hist. cienc. saude-Manguinhos [online]. 1999, vol.5,
n.3, pp. 565-581. [acesso em 02/11/2009] Disponível em
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-59701999000100002&script=sci_arttext
32
Moraes, M A ciência como rede de atores: ressonâncias filosóficas. Hist. cienc.
saude-Manguinhos [online]. 2004, vol.11, n.2, pp. 321-333
33
Leite, FCL. Gestão do conhecimento cientifico no contexto acadêmico: proposta de
um modelo conceitual. Brasilia, 2006. Dissertação. Mestrado em Ciencia da
Informação. UNB.
34
Furlanetto A. Fatores estratégicos para implantação da gestão do conhecimento. Porto
Alegre. Dissertação[ Mestrado em Administração e Negócios]- PUCRS; 2007
35
Nonaka I; Takeuchi H. Criação de conhecimento na empresa: Como as empresas
Japonesas geram a dinâmica da inovação, 14
o
ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 1995.
36
Gibbons M. . The New Production of Knowledge: Dynamic of Science and Research
in Comtemporary Societies.. Londres: Sage Publication, 2004 p.1-45; 137-154.
37
Campos R.P. The Potential of Group Learning for Technical Cooperation: Evidences
from Jica and Cida Public Health Projects in Brazil. Japão. Tese. [Doutorado em
Cooperação Internacional para o Desenvolvimento]- Universidade de Nagóia; 2002.
38
Nonaka, I.; Konno, N. The Concept of Ba: Building a Foundation for Knowledge
Creation. California Management Review, v.40, n.3. p. 40-54, 1998.
39
Schumpeter J. Capitalismo, Socialismo e Democracia. Rio de Janeiro: Zahar; 1985.
cap.7
40
Dosi G.. Technological paradigms and technological trajectories: A suggested
interpretation of the determinants and directions of technical change. Research Policy,
1982; 11(3);147-162.
41
Alves F.C, Bomtempo J.V,. Coutinho P.L.A. Competência para inovar na Indústria
Petroquímica Brasileira. R BI 2005 jul; 4(2):301-327
42
Egger, U.K. Glueck, M. Buchholz, G, Rana, G. Arhidani, S. Work the Net. Um Guia
de Gerenciamento para Redes Formais. Rio de Janeiro: GTZ, 2007. [acesso em
20/01/2009]
Disponível em <http://www2.gtz.de/dokumente/bib/gtz2008-0318pt-guia-
redes-formais.pdf>
43
Matheus, R.;Silva.A.Analise de redes sociais como método para a ciência a
informação. DataGramaZero - Revista de Ciência da Informação - v.7 n.2 abr/06 ,
[acesso em 17/12/2009].disponível em
http://www.datagramazero.org.br/abr06/Art_03.htm.
81
44
Ferreira, F T . Rizoma: um método para as redes?. Liinc em Revista, v. 4, p. 28-40,
2008 [acessado em 25 de outubro de 2009] disponível em
http://revista.ibict.br/liinc/index.php/liinc/article/view/251/142
45
Deleuze, G.; Guattari, F. (2004a). Introdução: Rizoma. In: Deleuze, G.; Guattari, F.
Mil Platôs: Capitalismo e Esquizofrenia. São Paulo: Editora 34, 2004, v. 1, pp. 11-37.
46
Castells M. A sociedade em rede. 2
o
ed. São Paulo: Paz e Terra, 1999.
47
Hanneman R., Mar R. Introduction to social network methods. Riverside, CA:
University of California, Riverside. 2005. [Acesso em 26/09/2009] Disponível em
<http://faculty.ucr.edu/~hanneman/>.
48
Skyrme D. Tecendo redes de conhecimento. Revista Inteligência Empresarial. 2003
abr (15).
49
Monclar R S, Oliveira J, Souza J M. Analysis and Balancing of Social Network to
Improve the Knowledge Flow on Multidisciplinary Teams. In: Proceedings of 13th
International Conference on Computer Supported Cooperative Work in Design
(CSCWD 2009), 2009, Santiago.
50
Monclar R. Análise e Balanceamento de Redes Sociais no Contexto Científico. Rio
de Janeiro.Dissertação [Mestrado em Programa de Engenharia de Sistemas e
Computação] - COPPE/UFRJ, 2008.
51
Katz J S, Smith D. Collaborative Approaches to Research. Final report for the
HEFCE Fundamental Review of Research Policy and Funding, April 2000.
Leeds/Brighton: HEPU/SPRU [Acesso em 18 Novembro de 2008] Disponível em: <
http://www.hefce.ac.uk/research/review/consult/collc.doc >.
52
Stroele V, Silva R, Oliveira J, Souza J M, Zimbrao G. Mining and Analyzing
Organizational Social Networks for Collaborative Design. In: 13th International
Conference on Computer Supported Cooperative Work in Design (CSCWD 2009),
2009, Santiago.
53
Marteleto, R M; Silva, A B O. Redes e capital social: o enfoque da informação para o
desenvolvimento local. Ciência da Informação, Brasília, v.33, n.3, p.41-49, set./dez.
2004, disponível em www.scielo.br/pdf/ci/v33n3/a06v33n3.pdf acesso em 29/11/2009.
54
Cross, R.L., Parker, A. and Borgatti, S.P. 2000. A birds-eye view: Using social
network analysis to improve knowledge creation and sharing. Knowledge Directions.
2(1): 48-61. Disponível em http://www.steveborgatti.com/publications.htm acesso em
29/11/2009.
55
Cross R, Borgatti S P, Parker A. Beyond answers: dimensions of the advice network.
Social Networks, 2001;.23(3):.215-235.
56
Cross R, Borgatti S, Parker A. Making invisible work visible: Using social network
analysis to support human networks. California Management Review, 2002; 44(2):25-
46.
82
57
Andreas Doms and Michael Schroeder, "GoPubMed: Exploring PubMed with the
GeneOntology ", Nucleic Acid Research, 33 (Web Server Issue):W783--W786, 2005
58
Borgatti, S.P., Everett, M.G. and Freeman, L.C. 2002. UCINET 6 for Windows:
Software for Social Network Analysis. Harvard: Analytic Technologies. [Acesso
27/08/2009]
59
Borgatti, S. P. NetDraw: graph visualization software. Harvard: Analytic
Technologies, 2002. O sistema está disponível para fins não comerciais em Analytic
Technologies, http://www.analytictech.com (Acesso 27/08/2009) e acompanha o pacote
UCINET 6.0.
60
POBLACIÓN, Dinah Aguiar; MUGNAINI, Rogério; RAMOS. Lúcia Maria S.V.
Costa. Redes sociais e colaborativas em informação científica. São Paulo : Angellara
Ed. , 2009.Cap 6, p.205-237
83
Anexo I-
Matriz de Relacionamento por meio das Solicitações de Afastamento do País da Cooperação Fiocruz-França (2005-2008)
CAM CBW CP CMC CTR DAM DG DMS EVT ERC GCO J LB JM JPG J LV LLL MRS MVN MCP MNC MHN MIC MBP NMA NBA PAP SAG SMF SVM SDS SCG TCA UEC WBG WS
CAM 000000000000000000000000000000000 00
CBW 000000000000000000000000000000000 00
CP 000000000000000000000000000000110 02
CMC 000000000000000000000000000000010 00
CTR 000000000000000000000000000000000 00
DAM 000000040000000000000000000001000 011
DG 000000000000000000000000000000000 00
DMS 000004000000004000000000000001000 033
EVT 000000000000000000000000000000000 00
ERC 000000000000000000000000000000000 00
GCO 000000000000000000000000000000000 00
JLB 000000000000000030000000000000000 00
JM 000000000000000000000000000000000 00
JPG 000000000000000000000000002000000 00
JLV 000000040000000000010020000000000 04
LLL 000000000000000000000000000000000 00
MRS 000000000003000000000000000000000 00
MVN 000000000000000000000000100000000 00
MCP 000000000000000000000000000000000 00
MNC 000000000000001000000000000000050 00
MHN 000000000000000000000000000000000 00
MIC 000000000000000000000000000000000 00
MBP 000000000000002000000000000000010 00
NMA 000000000000000000000000005000000 00
NBA 000000000000000004000000000000000 00
PAP 000000000000000000000000004000000 00
SAG 000000000000020100000005040000000 00
SMF 000000000000000000000000000000000 00
SVM 000000000000000000000000000000000 00
SDS 000001010000000000000000000000000 08
SCG 001000000000000000000000000000000 00
TCA 000000000000000000010010000000000 00
UEC 000000000000000000000000000000000 00
WBG 000000000000000000000000000000000 00
WS 00200110330000004000000000000008010 00
Fonte:Elaboraçãoprópria.SistemadeAfastamentodoPaís/Fiocruz(20052008)eBiomedexpert(out/nov.2009).Ucinet6.0
- 83 -
Anexo II-
Matriz da Distância Geodésica da Rede Interna de Cooperação Fiocruz-França
(2005-2008)
# OF GEODESIC PATHS BETWEEN PAIRS OF POINTS
1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 3 3 3 3 3 3
1 2 3 4 5 6 7 8 9 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 0 1 2 3 4 5
C C C C C D D D E E G J J J J L M M M M M M M N N P S S S S S T U W W
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
CAM 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
CBW 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
CP 0 0 1 0 0 1 0 1 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1 0 0 1 0 0 0 0 0 0 1 1 1 0 0 1
CMC 0 0 2 1 0 4 0 2 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 1 0 0 1 0 0 0 0 0 0 4 2 1 0 0 2
CTR 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
DAM 0 0 1 0 0 1 0 1 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 3 0 0 3 0 0 0 0 0 0 1 1 1 0 0 1
DG 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
DMS 0 0 1 0 0 1 0 1 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1 0 0 1 0 0 0 0 0 0 1 1 1 0 0 1
EVT 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
ERC 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
GCO 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
JLB 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
JM 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
JPG 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0
JLV 0 0 1 0 0 2 0 1 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1 0 0 1 0 0 0 0 0 0 2 1 3 0 0 1
LLL 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
MRS 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
MVN 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
MCP 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
MNC 0 0 1 0 0 2 0 1 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1 0 0 2 0 0 0 0 0 0 2 1 1 0 0 1
MHN 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
MIC 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
MBP 0 0 1 0 0 2 0 1 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 2 0 0 1 0 0 0 0 0 0 2 1 1 0 0 1
NMA 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0
NBA 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
PAP 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0
SAG 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0
SMF 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0
SVM 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0
SDS 0 0 1 0 0 1 0 1 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 3 0 0 3 0 0 0 0 0 0 1 1 1 0 0 1
SCG 0 0 1 0 0 1 0 1 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1 0 0 1 0 0 0 0 0 0 1 1 1 0 0 1
TCA 0 0 2 0 0 4 0 2 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 1 0 0 1 0 0 0 0 0 0 4 2 1 0 0 2
UEC 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0
WBG 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0
WS 0 0 1 0 0 1 0 1 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 2 0 0 2 0 0 0 0 0 0 1 1 1 0 0 1
Output matrix of geodesic counts saved as dataset GeodesicsCount
----------------------------------------
Running time: 00:00:03
Output generated: 30 nov 09 19:28:39
Copyright (c) 2002-9 Analytic Technologies
Fonte:Elaboraçãoprópria.SistemadeAfastamentodoPaís/Fiocruz(20052008)eBiomedexpert
(out/nov.2009).Ucinet6.0
- 84 -
Anexo III - Health Cooperation Projects with Africa/PALOP conducted by Fiocruz, 2009
COOPERATION PROJECTS
COUNTRIES ONGOING UNDER NEGOTIATION AT THE EXPLORATORY
STAGE
Mozambique(*)
(CPLP)
1) Establishment of the public pharmaceutical company in
Mozambique, to product anti-retroviral and other drugs.
2) Strengthening the National Institute of Health.
3) Masters programme in Health Sciences.
4) Setting up the Polytechnic School of Health.
5) Technical capacity-building in equipment maintenance.
5) Setting up the National Institute for Women and Children.
6) Service capacity-building in maternal and child health.
7) Elaboration and Implementation of the Strategic Health
Cooperation Plan (PECS).
1) Support for restructuring the FARMAC enterprise and
introducing the “Popular Pharmacy” programme.
2) Support for distance learning.
3) Capacity-building in programme and service monitoring
and evaluation (part of the Brazil/USA/Mozambique
Trilateral Agreement on AIDS).
4) Capacity-building in logistics (part of the
Brazil/USA/Mozambique Trilateral Agreement on AIDS).
Angola(*)
(CPLP)
1) Masters programme in Public Health.
2) Elaboration and Implementation of the Strategic Health
Cooperation Plan (PECS).
1) Support for setting up the National School of Public
Health.
Cape Verde(*)
(CPLP)
1) Setting up the Technical School of Health.
2) Supporting to strengthen the recent created University to form
health professionals.
3) Elaboration and Implementation of the Strategic Health
Cooperation Plan (PECS).
1) Support for setting up the National Institute of Health.
2) Doctoral programme in Public Health.
Guinea Bissau(*)
(CPLP)
1) Setting up the Technical School of Health.
2) Elaboration and Implementation of the Strategic Health
Cooperation Plan (PECS).
1) Support for setting up the National Institute of Health.
2) Support for strengthening the health system.
East Timor
(CPLP)
1) Elaboration and Implementation of the Strategic Health
Cooperation Plan (PECS).
1) Support for restructuring and
strengthening the health system
São Tomé and
Príncipe(*)(CPLP)
1) Elaboration and Implementation of the Strategic Health
Cooperation Plan (PECS).
1) Advising and technical support
for health system development
(services, organizations and
health programs)
Fonte: Retirado de Almeida et al
X
, Chart 1, p.103
- 85 -
JIM
A
LP
A
P AIC CA DSG EM FPB JRM JM
A
JCF LLL MF MB MC M C MSO MFN NTB PMB SAG SAB TC
A
V
GV
V
GS WS
JIM
00000000000000000000000000
ALP
00000000000000000000000000
APA
00000000000000000000000000
AIC
00000000000000000001000000
CAM
00000000000000000000000000
DSG
00000000000000000000000000
EMO
00000000000000000000000000
FPB
00000000000000000000000000
JRM
00000000000000000000000000
JM
A
00000000000000000000000000
JCF
00000000000000000000000000
LLL
00000000000000000000100000
MFS
00000000000000000000000000
MBS
00000000000000000000000000
MCB
00000000000000000000000000
MCL
00000000010000000000010001
MSO
00000000000000000000000000
MFN
00000000010000000000000000
NTB
00000000000000000000000000
PMB
00000000000000010000000001
SAG
00000000000100000000000000
SAB
00000000000000010000000000
TCA
00000000000000000000000000
V
GV
00000000000000000000000000
V
GS
00000000000000000000000000
WS
00000000000000000000001000
Matriz de Relacionamento por meio das Solicitações de Afastamento do País Fiocruz-África (Palop) (2005-2008)
Fonte:Elaboraçãoprópria.SistemadeAfastamentodoPaís/Fiocruz(20052008)eBiomedexpert(out/nov.2009).Ucinet6.0
Anexo IV-
- 86 -
Anexo V-
Matriz da Distância Geodésica da Rede Interna de Cooperação Fiocruz-Àfrica (PALOP)
(2005-2008, out/nov. 2009)
Fonte: Elaboração própria.Sistema de Afastamento do País/Fiocruz (2005-2008) e Biomedexpert
(out/nov. 2009). Ucinet 6.0
- 87 -
Anexo VI
Rede de Co-autoria associadas a Cooperação Fiocruz-França (2005-2008)
Fonte: <http://www.gopubmed.com>, acesso em 02/12/2009
- 88 -
Anexo VII
Redes de Co-autoria Associadas à Cooperação Fiocruz-África( PALOP)
(2005-2008)
2005 2006
2007 2008
Fonte: <http://www.gopubmed.com>, acesso em 02/12/2009
- 89 -
Anexo VIII
Fluxograma dos Procedimentos Administrativos para o Afastamento do País
Fonte: Elaboração própria. Dados da ACI/Fiocruz, 2006.
- 90 -
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo