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em um jogo de poder ao longo do tempo.
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Assim, analisar a força do componente destas
ações, através de medidas efetivas de controle sobre o saneamento no espaço das cidades
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,
torna-se uma tarefa que nos propomos realizar, através do desenvolvimento do presente
capítulo.
Portanto, neste capítulo partiremos para uma longa jornada antes de chegarmos à
temática especifica circundante a história da cidade de Porto Alegre. Iniciamos nosso estudo
tratando daquilo que chamamos de “origens” do pensamento sanitário na história, que ao
nosso entender se remete à antiguidade.
2.1 A SAÚDE DO CORPO E DA ALMA: DA ANTIGUIDADE AO MEDIEVO
No que diz respeito às origens do pensamento sanitário sobre a limpeza e a higiene ao
longo da história, trabalhamos centrados basicamente em uma obra, cuja importância
mostrou-se fundamental para os estudos da história da Saúde Pública no mundo ocidental.
Esta obra de autoria do historiador norte-americano George Rosen (1910-1977), denominada
pelo autor de “Uma História da Saúde Publica”
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, pode ser considerada uma obra inovadora,
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Como a noção de tempo ou tempos é tão discutida quanto a noção de história, pois tal conceito abrange as
mais diferentes áreas do conhecimento, que não se confinam somente as Ciências Humanas, preferimos adotar a
idéia de tempo no sentido de acreditarmos haver movimento, mesmo que tais movimentos sejam encarados
como exclusivamente fruto de eventos e acontecimentos diários, e não pela ação do próprio tempo, uma vez que
tais unidades se constituem e se imbricam, não há como assim estabelecer, até o momento, se um estaria em
movimento e o outro em contínuo repouso. Mesmo assim, para tal discussão, torna-se fundamental a leitura de
BERGSON, Henri. Matéria e Memória. Ensaio sobre a relação do corpo com o espírito. São Paulo: Martins
Fontes, 1990. ELIAS, Norbert. Sobre o tempo. México: D. F. Fondo de Cultura Económica, 1997.
BACHELARD, Gaston. A intuição do instante. Campinas: Verus Editora, 2007. GAUER, Ruth M. Chittó.
Tempo/História. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1998. PRIGOGINE, Ilya. O nascimento do tempo. Lisboa:
Edições 70, 1999. VIRILIO, Paul. A Inércia Polar. Lisboa: Dom Quixote, 1993. Ver também: BRAUDEL.
Fernand. História e Ciências Sociais. Lisboa: Presença, 1990. KOSELLECK, Reinhart. Futuro Pasado. Para
uma semántica de los tiempos históricos. Barcelona: Paidos, 1993.
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Sobre a questão do espaço nas cidades, tomamos de empréstimo a concepção de Braudel: “Grande ou
pequena, a cidade é bem mais do que a soma de suas casas, de seus monumentos e de suas ruas, bem mais
também do que um centro econômico, comercial ou industrial. Projeção espacial das relações sociais, ela é, ao
mesmo tempo, atravessada e estruturada pelo feixe de linhas limítrofes que separam o profano do sagrado, o
trabalho do lazer, o público do privado, os homens das mulheres, a família de tudo o que lhe é estranho. E
oferece um admirável quadro de leitura.” BRAUDEL, Fernand. O espaço e a história no Mediterrâneo. São
Paulo: Martins Fontes, 1988. p.132. Este é o conceito de espaço que trabalhamos ao longo desta dissertação,
levando em conta que o espaço diante as expansões do domínio histórico podem ser também, segundo Barros,
“um „espaço imaginário‟ (o espaço da imaginação, da iconografia, da literatura), e adivinha-se que em um
momento que não deve estar muito distante os historiadores estarão também estudando o „espaço virtual‟,
produzido através da comunicação virtual ou da tecnologia artificial.” BARROS, José D‟ Assunção. História,
Espaço e Tempo: interações necessárias. Varia História, Belo Horizonte, vol.22, n.36, Jul-Dez 2006. p.462.
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ROSEN, George. Uma História da Saúde Pública. São Paulo: HUCITEC / Editora da Universidade Estadual
Paulista; Rio de Janeiro: Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, 1994.