Discussão
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químicos, os acidentes envolvendo os membros superiores são mais comuns de
acontecerem
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Os acidentes de trabalho podem interferir ainda no absenteísmo dos trabalhadores de
enfermagem, levando a redução do quadro de pessoal e com isso aumentando a sobrecarga de
trabalho para aqueles que em razão desta redução tenham que dar continuidade na assistência.
Os índices de absenteísmo da enfermagem vêm aumentando nos últimos anos. Entre
as principais causas de afastamento, destacam-se os decorrentes de doenças laborais, os
acidentes de trabalho e os motivos pessoais. Assim, é necessária uma revisão sistemática do
processo de trabalho de enfermagem, em razão da predisposição desse pessoal a doenças
decorrentes do trabalho. Ou, em outras palavras, falta uma política de gestão de pessoas
voltada para a proteção do trabalhador
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Se considerarmos este contexto, pode-se observar que o tempo de exposição aos
fatores determinantes de acidentes de trabalho na jornada de seis horas diárias tende a ser
menor, além de que, jornadas mais curtas contribuem para que o trabalhador possa, após o
trabalho, recuperar sua condição física e emocional, considerando que ela respeita as
condições orgânicas e fisiológicas do individuo, proporcionando condição de recuperação do
desgaste provocado pela intensa atividade estressante do dia-dia da enfermagem.
Longas jornadas, ao contrário, impulsionam o trabalhador para o desgaste e o
cansaço, reduzindo assim a sua capacidade de elaborar defesas e criar mecanismos de
proteção contra os riscos existentes e inerentes a sua atividade. A concentração e o estado de
alerta estão prejudicados após um longo período de trabalho, o que expõe os profissionais a
riscos de acidentes, podendo levar a afastamentos do trabalho, com consequente redução do
efetivo de pessoas para dar assistência aos usuários.
Considerando que a maioria das instituições de saúde, públicas ou privadas,
trabalham com um quadro de enfermagem já bastante limitado, os acidentes de trabalho, com
os consequentes afastamentos, implicam na qualidade do cuidado e nos custos institucionais.
Em relação à jornada de trabalho, existem estudos que mostram que, em países onde
a jornada de trabalho é superior a oito horas diárias, o índice de morte súbita, parada cardíaca
e acidentes vasculares cerebrais dos trabalhadores é maior que em países onde as jornadas de
trabalho respeitam as condições físicas do individuo, ou seja, não ultrapassam oito horas
diárias. No Japão, a jornada de trabalho oficial é de oito horas diárias. Porém, com as horas
extraordinárias, estas muitas vezes ultrapassam doze horas. Em razão disso, o Ministério do
Trabalho daquele país já criou uma regulamentação para a indenização de familiares de
trabalhadores que foram a óbito em função do “KAROSHI”, que significa morte por excesso