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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA
Tese de
Doutorado
Províncias Diamantíferas de Minas Gerais:
uma proposta para a caracterização de populações
de diamantes típicas como subsídio à Certificação
Kimberley
AUTORA: LEILA BENITEZ
ORIENTAÇÃO: PROF. DR. MARIO LUIZ DE SÁ CARNEIRO CHAVES
BELO HORIZONTE
Nº 17
17/12/2009
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LEILA BENITEZ
Províncias Diamantíferas de Minas Gerais: uma proposta
para a caracterização de populações de diamantes típicas
como subsídio à Certificação Kimberley
Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em
Geologia do Instituto de Geociências da Universidade
Federal de Minas Gerais, como requisito parcial à
obtenção do título de doutor em Geologia.
Área de concentração: Geologia Econômica e Aplicada.
Orientador: Prof. Dr. Mario Luiz de Sá Carneiro Chaves
BELO HORIZONTE
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS DA UFMG
2009
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B467p
2009
Benitez, Leila.
Províncias diamantíferas de Minas Gerais [manuscrito] : uma
proposta para a caracterização de populações de diamantes típicas
como subsídio à Certificação Kimberley / Leila Benitez. – 2009.
xxiii, 223 f. : il., fots. (color.), mapas (color.), tabs. (color.).
Tese (doutorado) – Universidade Federal de Minas Gerais,
Instituto de Geociências, 2009.
Área de concentração: Geologia Econômica e Aplicada.
Orientador: Mario Luiz de Sá Carneiro Chaves.
Bibliografia: f. 211 – 223.
Inclui anexos.
1. Geologia econômica – Teses. 2. Diamante – Minas Gerais –
Teses. I. Chaves, Mario Luiz de Sá Carneiro. II. Universidade Federal
de Minas Gerais, Instituto de Geociências. III. Título.
CDU: 553.81(815.1)
i
AGRADECIMENTOS
Ao Colegiado de Pós-Graduação em Geologia da Universidade Federal de Minas Gerais
pela oportunidade da realização deste trabalho.
À CAPES, pela concessão de bolsa de auxílio a pesquisa.
Ao Prof. Dr. Mario Luiz de Sá Carneiro Chaves pela orientação, e ao apoio prestado nas
diversas etapas.
À SAMSUL Mineração e seus diretores Stephen Fabian e Érico Ribeiro, pela permissão de
visita e estudos realizados no kimberlito Canastra-1 (Província Diamantífera Serra da
Canastra) bem como no kimberlito Régis (Província Diamantífera Alto Paranaíba), e
posteriormente, ao diretor Homero Braz Silva por permitir a continuidade dessas
pesquisas.
Ao amigo Luigi Giglio, o “Gino”, proprietário da DTM – Diamantes do Triângulo Mineiro
(“in memorian”) por todo o apoio prestado na realização desse trabalho e pelo acesso aos
seus lotes de diamantes.
Aos Srs. Francisco e Fernando Ribeiro, proprietários da GAR Mineração que atua em São
Gonçalo do Abaeté, pelo acesso a lotes de diamantes da área, e ao acompanhamento na
visita à mina.
Ao Toninho e seu pai Sr. Anísio, garimpeiros de Coromandel, pela confiança ao permitir a
visita aos seus serviços de garimpo em balsas, bem como ao acesso a seus lotes de
diamantes.
Ao Sr. Zé Boneco, de Vargem Bonita, pela gentileza em disponibilizar seus lotes de
diamantes da Serra da Canastra para estudos.
Ao Nenzão, por todas as dicas que auxiliaram as etapas de campo em Coromandel.
À minha família, em especial aos meus pais Roberto e Irene, minha irmã Lirian, por todo o
apoio e incentivo.
Ao amigo Sergio Melo, que esteve sempre ao meu lado durante os anos dedicados à
pesquisa, pela paciência e dedicação no auxílio da elaboração de mapas e figuras.
Aos colegas de pesquisa, e companheiros de campo, Kerley Wanderson Andrade e Felipe
Campolina, e a Coralie Dias pelo auxílio prestado em etapas de gabinete.
ii
À Mariana Soares, pela assistência prestada no tratamento estatístico de dados, e toda a
dedicação sempre prestada.
Aos amigos sempre presentes, Marcus Manuel Fernandes, Valter Salino Vieira, Margarida
Cássia Campos, Javier Eduardo Becerra, pelo constante estímulo nas mais diversas horas.
Ao amigo, geólogo Harrison Cookenboo, especialista em kimberlitos e diamantes, pelo
incentivo na realização deste trabalho e pela revisão do abstract.
Aos funcionários do Centro de Geologia Eschwege (IGC/UFMG), em Diamantina, pelo
apoio dado às etapas de campo na região da Província Serra do Espinhaço.
Aos colegas, professores e funcionários do CPMTC/IGC-UFMG, pela agradável
convivência durante toda a fase de desenvolvimento do trabalho.
iii
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS i
SUMÁRIO iii
LISTA DE FIGURAS vi
LISTA DE TABELAS xii
LISTA DE FOTOGRAFIAS xv
LISTA DE SIGLAS xviii
RESUMO xx
ABSTRACT xxii
1 - INTRODUÇÃO 01
1.1 - OBJETIVO 02
1.2 - JUSTIFICATIVAS 02
1.3 - MATERIAIS E MÉTODOS 03
1.3.1 - Levantamento Bibliográfico 04
1.3.2 - Trabalhos de Campo 04
1.3.3 - Cartografia 05
1.3.4 - Sistemática de Estudo do Diamante 05
1.3.5 - Análises Estatísticas de Dados 06
1.3.5.1 -
Análise de Correspondência
07
1.3.5.2 -
Formulação Matemática
08
1.3.5.3 -
Exemplo de Aplicação
09
1.3.5.4 -
Estatística Descritiva
12
1.3.5.5 -
Associação entre Variáveis
12
2 - HISTÓRICO DA ECONOMIA MINERAL DE DIAMANTES NO BRASIL 13
2.1 -
A LIVRE EXTRAÇÃO E A EXTRAÇÃO MEDIANTE
CONTRATOS
13
2.2 - A REAL EXTRAÇÃO 16
2.3 -
NOVAS LEIS DO IMPÉRIO PARA REGULAMENTAÇÃO DAS
EXPLORAÇÕES DIAMANTÍFERAS
17
2.4 - A CONSTITUIÇÃO DE 1891 19
2.5 - O REGIME INSTAURADO PELA REVOLUÇÃO DE 1930 20
2.6 - O CÓDIGO DE MINERAÇÃO DE 1967 21
2.7 - A CONSTITUIÇÃO DE 1988 23
3 - CERTIFICAÇÃO KIMBERLEY 24
3 1 - BREVE PREÂMBULO HISTÓRICO 24
iv
3.2 -
CERTIFICADO DO PROCESSO DE KIMBERLEY:
IMPLEMENTAÇÃO E OBJETIVOS
25
3.3 - O PROCESSO DE KIMBERLEY NO BRASIL 27
3.4 - ÍNDICES DA PARTICIPAÇÃO MUNDIAL NO SPCK 29
3.5 -
INTITUCIONALIZAÇÃO DO SISTEMA DE CERTIFICAÇÃO DO
PROCESSO DE KIMBERLEY NO BRASIL
36
4 - GEOLOGIA E MINERALOGIA DO DIAMANTE 39
4.1 - DEPÓSITOS DIAMANTÍFEROS PRI MÁRIOS 39
4.2 - DEPÓSITOS DIAMANTÍFEROS SECUNDÁRIOS 41
4.3 - ASPECTOS GERAIS SOBRE A MINERALOGIA DO DIAMANTE 42
5 - PROVÍNCIAS DIAMANTÍFERAS DE MINAS GERAIS 50
5.1 - PROVÍNCIA SERRA DO ESPINHAÇO 52
5.1.1 - Distritos de Diamantina e Jequitaí 52
5.1.1.1 -
Contexto Geológico
54
5.1.1.2 -
Depósitos Diamantíferos
62
5.1.1.3 -
Aspectos Econômicos do Distrito Diamantífero
de Diamantina
66
5.1.1.4 -
Aspectos Econômicos do Distrito Diamantífero
de Jequitaí
70
5.1.2 - Distritos de Grão Mogol e Itacambira 71
5.1.2.1 -
Contexto Geológico
71
5.1.2.2 -
Depósitos Diamantíferos
76
5.1.2.3 -
Aspectos Econômicos
78
5.2 - PROVÍNCIA NOROESTE SÃO FRANCISCO 79
5.2.1 -
Contexto Geológico
79
5.2.2 -
Depósitos Diamantíferos
85
5.2.3 -
Aspectos Econômicos
86
5.3 - PROVÍNCIA ALTO PARANAÍBA 88
5.3.1-
Contexto Geológico
91
5.3.2 -
Depósitos Diamantíferos
96
5.3.3 -
Aspectos Econômicos
106
5.4 - PROVÍNCIA SERRA DA CANASTRA 108
5.4.1 - Distrito do Alto São Francisco 108
5.4.1.1 -
Contexto Geológico
109
5.4.1.2 -
Depósitos Diamantíferos
111
5.4.1.3 -
Aspectos Econômicos
118
v
5.4.2 - Distrito do Médio Rio Grande 119
5.4.2.1 -
Contexto Geológico
120
5.4.2.2 -
Depósitos Diamantíferos
122
5.4.2.3 -
Aspectos Econômicos
123
6 - TIPOLOGIA DAS POPULAÇÕES DE DIAMANTES 124
6.1 - METODOLOGIAS DE CLASSIFICAÇÃO 124
6.2 - ANÁLISE DE DADOS 128
6.2.1 - Cruzamento de Variáveis 129
6.2.2 - Análise Descritiva 150
6.2.3 - Análise de Correspondência 161
6.2.3.1 -
Variável Peso
162
6.2.3.2 -
Variável Cor
164
6.2.3.3 -
Variável Forma
166
6.2.3.4 -
Variável Pureza
167
6.2.3.5 -
Variável Dissolução
169
6.2.3.6 -
Variável Clivagem Superimposta (Quebras)
171
6.2.3.7 -
Variável Capas
173
6.2.3.8 -
Variável Qualificação Comercial
174
6.3 -
COMPARAÇÃO ENTRE UMA ÁREA SELECIONADA NA
PROVÍNCIA COM A REGIÃO COMO UM TODO
176
6.3.1 - Variável Peso 177
6.3.2 - Variável Cor 179
6.3.3 - Variável Forma 181
6.3.4 - Variável Pureza 183
6.3.5 - Variável Dissolução 184
6.3.6 - Variável Clivagem Superimposta (Quebras) 186
6.3.7 - Variável Capas 187
6.3.8 - Variável Qualificação Comercial 189
7 - DISCUSSÕES 191
7.1 -
CONSIDERAÇÕES SOBRE CARACTERÍSTICAS
MINERALÓGICAS E ORIGEM DOS DIAMANTES
202
8 - CONCLUSÕES 208
9 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 211
vi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Mapa de localização das províncias diamantíferas de Minas Gerais:
1) Serra do Espinhaço, 2) Noroeste São Francisco, 3) Alto
Paranaíba e 4) Serra da Canastra.
04
Figura 2 - Ficha utilizada para classificação das características mineralógicas
dos diamantes em campo.
06
Figura 3 - Gráfico de análise de correspondência, resultante dos dados
fornecidos, a partir dos exemplos aplicados conforme Tabelas 1, 2 e
3.
12
Figura 4 - O pipeline abrangendo pesquisa-desenvolvimento-comercialização
dos diamantes, proposto pela megaempresa sul-africana De Beers.
24
Figura 5 - Percentuais de CPKs emitidos pelo Brasil por países, entre os anos
de 2006 a 2009.
35
Figura 6 -
Exportações e importações de diamantes em quilates realizadas pelo
Brasil, desde a adesão ao SCPK, entre os anos de 2003 a 2008.
36
Figura 7 -
Esquema idealizado da morfologia de um pipe kimberlítico,
incluindo as três zonas ou fácies características e os níveis atuais de
erosão a que estão submetidos alguns dos mais conhecidos
kimberlitos sul-africanos.
41
Figura 8 - Mapa geológico do Estado de Minas Gerais, simplicado,
abrangendo as províncias diamantíferas.
51
Figura 9 - Mapa geológico abrangendo a área do Distrito Diamantífero de
Diamantina.
55
Figura 10 - Mapa geológico da região de Jequitaí.
56
Figura 11 - Mapa geológico e principais depósitos diamantíferos no Distrito
Diamantífero de Grão Mogol.
72
Figura 12 - Mapa geológico abrangendo a Província Diamantífera Noroeste São
Francisco.
82
Figura 13 - Diversos estágios dos serviços da GAR Mineração: Cascalho sendo
retirado e transportado para o jigue (A); lavagem e seleção do
material (B e C); parte inferior do jigue (D); peneiramento manual
da fração fina do material e apuração (E e F).
87
Figura 14 - Mapa geológico da região da Província Diamantífera Alto
Paranaíba.
92
vii
Figura 15 - Mapa geológico da região da Província Diamantífera Serra da
Canastra.
110
Figura 16 -
Modelo esquemático da intrusão Canastra-1 em metassedimentos do
Grupo Canastra e a possível relação entre os blows NW e SE, bem
como o prolongamento em direção a níveis crustais superiores
proposto para o blow SE.
114
Figura 17 - Gráfico referente a relação peso x forma, na Província Alto
Paranaíba.
130
Figura 18 - Gráfico referente a relação peso x forma, na Província Noroeste São
Francisco.
131
Figura 19 - Gráfico referente a relação peso x forma, na Província Serra da
Canastra.
131
Figura 20 - Gráfico referente a relação peso x forma, na Província Serra do
Espinhaço – Distrito de Diamantina – Campos de Datas/Extração.
132
Figura 21 - Gráfico referente a relação peso x forma, na Província Serra do
Espinhaço – Distrito de Grão Mogol.
132
Figura 22 - Gráfico referente a relação peso x forma, na Província Serra do
Espinhaço – Distrito de Jequitaí.
133
Figura 23 - Gráfico referente a relação peso x forma, na Província Serra do
Espinhaço – Distrito de Diamantina – Rio Jequitinhonha.
133
Figura 24 - Gráfico referente a relação cor x pureza, na Província Alto
Paranaíba.
134
Figura 25 - Gráfico referente a relação cor x pureza, na Província Noroeste São
Francisco.
134
Figura 26 - Gráfico referente a relação cor x pureza, na Província Serra da
Canastra.
135
Figura 27 - Gráfico referente a relação cor x pureza, na Província Serra do
Espinhaço – Distrito de Diamantina – Campos de Datas/Extração.
135
Figura 28 - Gráfico referente a relação cor x pureza, na Província Serra do
Espinhaço – Distrito de Grão Mogol.
136
Figura 29 - Gráfico referente a relação cor x pureza, na Província Serra do
Espinhaço – Distrito de Jequitaí.
136
Figura 30 - Gráfico referente a relação cor x pureza, na Província Serra do
Espinhaço – Distrito de Diamantina – Rio Jequitinhonha.
137
viii
Figura 31 –
Gráfico referente a relação peso x capa, na Província Alto
Paranaíba.
137
Figura 32 - Gráfico referente a relação peso x capa, na Província Noroeste São
Francisco.
138
Figura 33 - Gráfico referente a relação peso x capa, na Província Serra da
Canastra.
138
Figura 34 –
Gráfico referente a relação peso x capa, na Província Serra do
Espinhaço – Distrito de Diamantina – Campos de Datas/Extração.
138
Figura 35 - Gráfico referente a relação peso x capa, na Província Serra do
Espinhaço – Distrito de Grão Mogol.
139
Figura 36 - Gráfico referente a relação peso x capa, na Província Serra do
Espinhaço – Distrito de Jequitaí.
139
Figura 37 - Gráfico referente a relação peso x capa, na Província Serra do
Espinhaço – Distrito de Diamantina – Rio Jequitinhonha.
140
Figura 38 - Gráfico referente a relação dissolução x quebras na clivagem, na
Província Alto Paranaíba.
140
Figura 39 - Gráfico referente a relação dissolução x quebras na clivagem, na
Província Noroeste São Francisco.
141
Figura 40 - Gráfico referente a relação dissolução x quebras na clivagem, na
Província Serra da Canastra.
141
Figura 41 - Gráfico referente a relação dissolução x quebras na clivagem, na
Província Serra do Espinhaço – Distrito de Diamantina – Campos
de Datas/Extração.
142
Figura 42 - Gráfico referente a relação dissolução x quebras na clivagem, na
Província Serra do Espinhaço – Distrito de Grão Mogol.
142
Figura 43 - Gráfico referente a relação dissolução x quebras na clivagem, na
Província do Espinhaço – Distrito de Jequitaí.
143
Figura 44 - Gráfico referente a relação dissolução x quebras na clivagem, na
Província Serra do Espinhaço – Distrito de Diamantina – Rio
Jequitinhonha.
143
Figura 45 - Gráfico referente a relação qualificação comercial x peso, na
Província Alto Paranaíba.
144
Figura 46 - Gráfico referente a relação qualificação comercial x peso, na
Província do Noroeste São Francisco.
144
ix
Figura 47 - Gráfico referente a relação qualificação comercial x peso, na
Província Serra da Canastra.
145
Figura 48 - Gráfico referente a relação qualificação comercial x peso, na
Província Serra do Espinhaço – Distrito de Diamantina – Campos
de Datas/Extração.
145
Figura 49 - Gráfico referente a relação qualificação comercial x peso, na
Província Serra do Espinhaço – Distrito de Grão Mogol.
146
Figura 50 - Gráfico referente a relação qualificação comercial x peso, na
Província Serra do Espinhaço – Distrito de Jequitaí.
146
Figura 51 - Gráfico referente a relação dissolução x clivagem, na Província
Serra do Espinhaço – Distrito de Diamantina – Rio Jequitinhonha.
147
Figura 52 - Gráfico referente a relação qualificação comercial x forma, na
Província Alto Paranaíba.
147
Figura 53 - Gráfico referente a relação qualificação comercial x forma, na
Província Noroeste São Francisco.
148
Figura 54 - Gráfico referente a relação qualificação comercial x forma, na
Província Serra da Canastra.
148
Figura 55 - Gráfico referente a relação qualificação comercial x forma, na
Província Serra do Espinhaço – Distrito de Diamantina – Campos
de Datas/Extração.
149
Figura 56 - Gráfico referente a relação qualificação comercial x forma, na
Província Serra do Espinhaço – Distrito de Grão Mogol.
149
Figura 57 - Gráfico referente a relação qualificação comercial x forma, na
Província Serra do Espinhaço – Distrito de Jequitaí.
150
Figura 58 - Gráfico referente a relação qualificação comercial x forma, na
Província Serra do Espinhaço – Distrito de Diamantina – Rio
Jequitinhonha.
150
Figura 59 - Gráfico denotando o percentual de diamantes estudados, por região
de Minas Gerais.
151
Figura 60 - Distribuição dos diamantes, de acordo com o peso e região de
produção.
152
Figura 61 - Distribuição percentual dos diamantes, de acordo com a cor, para
cada região de produção.
154
Figura 62 - Distribuição dos diamantes, de acordo com a forma e região de
x
produção.
155
Figura 63 - Distribuição dos diamantes, de acordo com a pureza e região de
produção.
156
Figura 64 - Distribuição percentual dos diamantes, de acordo com a dissolução,
para cada região de produção.
157
Figura 65 - Distribuição percentual dos diamantes, de acordo com a clivagem
superimposta (quebras), para cada região de produção.
159
Figura 66 - Distribuição percentual dos diamantes, de acordo com as capas, para
cada região de produção.
160
Figura 67 - Distribuição percentual dos diamantes, de acordo com a
qualificação comercial, para cada região de produção.
161
Figura 68 - Associação entre região de produção e peso dos diamantes.
164
Figura 69 - Associação entre região de produção e cor dos diamantes.
165
Figura 70 - Associação entre região de produção e forma dos diamantes.
167
Figura 71- Associação entre região de produção e pureza dos diamantes.
169
Figura 72 - Associação entre região de produção e dissolução dos diamantes.
171
Figura 73 - Associação entre região de produção e clivagem superimposta nos
diamantes.
172
Figura 74 - Associação entre região de produção e capas dos diamantes.
174
Figura 75- Associação entre região de produção e qualificação comercial dos
diamantes.
176
Figura 76 - Associação entre região de produção e peso dos diamantes.
179
Figura 77 - Associação entre região de produção e cor dos diamantes.
181
Figura 78 - Associação entre região de produção e forma dos diamantes.
182
Figura 79 - Associação entre região de produção e pureza dos diamantes.
184
Figura 80 - Associação entre região de produção e dissolução dos diamantes.
185
Figura 81 - Associação entre região de produção e clivagem dos diamantes.
187
Figura 82 -
Associação entre região de produção e capas dos diamantes. 188
Figura 83 - Associação entre região de produção e qualificação comercial dos
xi
diamantes.
190
Figura 84 - Esquema para evolução geológica dos diamantes na Serra do
Espinhaço desde sua possível fonte, no manto terrestre e intrusão
dos pipes no Cráton São Francisco (A). A partir da intrusão dos
pipes, os diamantes foram seguidamente mobilizados para os
sedimentos proterozóicos do Espinhaço (B), e destes para
sedimentos mesozóicos (C), lateritas terciárias (D), fanglomerados
plio-pleistocênicos (E), colúvios sub-recentes (F) e aluviões
recentes (G).
204
Figura 85 - Modelo de evolução, o qual poderia ser aplicado aos rios Indaiá,
Borrachudo e Abaeté, entre outros (Província Noroeste São
Francisco). As fontes alimentadoras (no caso de origem primária e
secundária) distribuem os diamantes, os quais vão formando novos
depósitos secundários, até alcançarem o leito atual dos rios.
206
Figura 86 - Modelo de sedimentação das unidades cretácicas no noroeste do
Estado de São Paulo a partir da região da Serra da Canastra.
207
xii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Exemplo simulado de aplicação considerando-se “forma dos
diamantes” e “região de produção”.
10
Tabela 2 - Coordenadas principais das linhas, conforme exemplo de aplicação.
10
Tabela 3 - Coordenadas principais das colunas, conforme exemplo de
aplicação.
11
Tabela 4 - Maiores produtores mundiais de diamantes brutos – SCPK 2007,
incluindo o Brasil.
29
Tabela 5 - Maiores produtores mundiais de diamantes brutos – SCPK 2008,
incluindo o Brasil.
30
Tabela 6 - Maiores produtores mundiais de diamantes brutos e por valorização
– SCPK 2007.
30
Tabela 7 - Maiores produtores mundiais de diamantes brutos e por valorização
– SCPK 2008.
30
Tabela 8 - Maiores exportadores mundiais de diamantes brutos e/ou lapidados
– SCPK 2007.
31
Tabela 9 - Maiores exportadores mundiais de diamantes brutos e/ou lapidados
– SCPK 2008.
31
Tabela 10 - Valor médio dos diamantes brutos e/ou lapidados exportados de
maior preço – SCPK 2007.
32
Tabela 11 - Valor médio dos diamantes brutos e/ou lapidados exportados de
maior preço – SCPK 2008.
32
Tabela 12 - Exportações brasileiras de diamantes em 2008.
34
Tabela 13 - Importações brasileiras de diamantes em 2008.
34
Tabela 14 - Províncias diamantíferas, seus respectivos distritos e campos, e
número de diamantes estudados.
129
Tabela 15 - Legenda dos parâmetros analisadas no cruzamento de variáveis.
130
Tabela 16 - Distribuição dos diamantes, de acordo com o peso e região de
produção.
152
Tabela 17 - Distribuição dos diamantes, de acordo com a cor e região de
produção.
153
xiii
Tabela 18 - Distribuição dos diamantes, de acordo com a forma e região de
produção.
154
Tabela 19 - Distribuição dos diamantes, de acordo com a pureza e região de
produção.
155
Tabela 20 - Distribuição dos diamantes, de acordo com a dissolução e região de
produção.
157
Tabela 21 - Distribuição dos diamantes, de acordo com a clivagem
superimposta e região de produção.
158
Tabela 22 - Distribuição dos diamantes, de acordo com as capas e região de
produção.
159
Tabela 23 - Distribuição dos diamantes, de acordo com a qualificação e região
de produção.
160
Tabela 24 - Resultados do teste Qui-Quadrado para variáveis sob estudo.
162
Tabela 25 - Coordenadas principais das linhas (variável peso).
163
Tabela 26 - Coordenadas principais das colunas (variável peso).
163
Tabela 27 - Coordenadas principais das linhas (variável cor).
165
Tabela 28 - Coordenadas principais das colunas (variável cor).
165
Tabela 29 - Coordenadas principais das linhas (variável forma).
166
Tabela 30 - Coordenadas principais das colunas (variável forma).
166
Tabela 31 - Coordenadas principais das linhas (variável pureza).
168
Tabela 32 - Coordenadas principais das colunas (variável pureza).
168
Tabela 33 - Coordenadas principais das linhas (variável dissolução).
170
Tabela 34 - Coordenadas principais das colunas (variável dissolução).
170
Tabela 35 - Coordenadas principais das linhas (variável clivagem
superimposta).
172
Tabela 36 - Coordenadas principais das colunas (variável clivagem
superimposta).
172
Tabela 37 - Coordenadas principais das linhas (variável capas).
173
Tabela 38 - Coordenadas principais das colunas (variável capas).
173
xiv
Tabela 39 - Coordenadas principais das linhas (variável qualificação comercial).
175
Tabela 40 - Coordenadas principais das colunas (variável qualificação
comercial).
175
Tabela 41 - Resultados do teste Qui-Quadrado para variáveis sob estudo
177
Tabela 42 - Coordenadas principais das linhas (variável peso).
178
Tabela 43 - Coordenadas principais das colunas (variável peso).
178
Tabela 44 - Coordenadas principais das linhas (variável cor).
180
Tabela 45 - Coordenadas principais das colunas (variável cor).
180
Tabela 46 - Coordenadas principais das linhas (variável forma).
181
Tabela 47 - Coordenadas principais das colunas (variável forma).
182
Tabela 48 - Coordenadas principais das linhas (variável pureza).
183
Tabela 49 - Coordenadas principais das colunas (variável pureza).
183
Tabela 50 - Coordenadas principais das linhas (variável dissolução).
184
Tabela 51 - Coordenadas principais das colunas (variável dissolução).
185
Tabela 52 - Coordenadas principais das linhas (clivagem superimposta).
186
Tabela 53 - Coordenadas principais das colunas (clivagem superimposta).
186
Tabela 54 - Coordenadas principais das linhas (variável capas).
187
Tabela 55 - Coordenadas principais das colunas (variável capas).
188
Tabela 56 - Coordenadas principais das linhas (qualificação comercial).
189
Tabela 57 - Coordenadas principais das colunas (qualificação comercial).
189
Tabela 58 - Síntese das características mais importantes das populações de
diamantes das províncias estudadas, enfatizando os aspectos
“relevantes” e “contrários”.
191
xv
LISTA DE FOTOGRAFIAS
Foto 1 - Afloramento do Conglomerado Sopa, na região de Guinda.
63
Foto 2 - Detalhe de um afloramento do Conglomerado Abaeté, na Serra da
Água Fria.
64
Foto 3 - Afloramento de depósito coluvionar diamantífero, na região de
Guinda.
65
Foto 4 - Afloramento do Conglomerado Grão Mogol, às margens do rio
Itacambiruçu.
77
Foto 5 - Rio Abaeté, na região de São Gonçalo do Abaeté, área onde
encontra-se em atividade as instalações da GAR Mineração.
88
Foto 6 - Afloramento do Kimberlito Régis, onde nota-se o solo com
coloração esverdeada devido ao avançado estágio de alteração.
97
Foto 7 - Garimpo manual no rio Santo Inácio, imediações de Coromandel.
100
Foto 8 - Garimpeiro lavando o cascalho dentro de uma “lavadeira”.
101
Foto 9 - Virada de peneira para apuração.
101
Foto 10 - Caminhão depositando cascalho em um jigue (Rio Santo Inácio).
103
Foto 11 - Balsa de garimpo no rio Dourados.
103
Foto 12 - Jigue em funcionamento na parte interna da balsa de garimpo.
104
Foto 13 - Vista da área do empreendimento da Mina Canastra-1.
112
Foto 14 - Vista do blow NW do kimberlito Canastra-1, ressaltando seu
aspecto circular, dado pela quebra na vegetação.
113
Foto 15 - Resquícios expostos de afloramento do kimberlito Canastra-1, na
área de amostragem da SAMSUL Mineração.
115
Foto 16 - Superfície aflorante do limite entre o yellowground e o blueground,
que agora constitui o topo da intrusão, com os sedimentos
coluvionares que antes recobriam o corpo aflorando à meia-encosta.
116
Foto 17 - Detalhe da presença de granadas de diferentes colorações no
afloramento do kimberlito Canastra-1.
116
Foto 18 - Cachoeira Casca d´Anta, no rio São Francisco, com
aproximadamente 200 m de queda, onde diamantes eram
garimpados acima e a jusante da mesma, até a implantação do
xvi
Parque Nacional da Serra da Canastra, em 1972.
117
Foto 19 - Diamantes do Distrito de Diamantina, denotando formas
rombododecaedro e octaedro (peso em torno de 2 ct).
192
Foto 20 - Diamantes do Distrito de Jequitaí. A maior pedra à esquerda pesa
2,65 ct.
194
Foto 21 - Detalhe de um cristal do Distrito de Jequitaí, com peso de
aproximadamente 4 ct.
194
Foto 22 - Pequeno lote de diamantes do Distrito de Grão Mogol.
194
Foto 23 - Lote de diamantes do Distrito de Diamantina, ressaltando a nítida
presença de capas e pontos verdes (peso em torno de 1 ct).
194
Foto 24 - Diamantes da região de Coromandel com alta quilatagem e
presença de dissolução marcante. As cores que predominam são
incolor e incolor-amarelado e ocorrem fancies (amarelo canário e
rosa light). O octaedro no canto inferior direito pesou 4,7 ct.
195
Foto 25 - Diamante rosa light pesando 5,92 ct, recuperado do rio Santo
Antonio do Bonito, em Coromandel.
195
Foto 26 - Diamante rosa intenso pesando 0,48 ct, recuperado do rio
Douradinho, em Coromandel.
195
Foto 27 - Lote de diamantes da Província da Serra da Canastra. Cristais
pequenos, quase sempre incolores, com forma octaédrica e pouca
dissolução.
196
Foto 28 - Lote de diamantes da região de Coromandel. Nota-se intensa
dissolução, formas irregulares, incolores e alguns com inclusões
grandes (o cristal maior pesa 13,2 ct).
197
Foto 29 - Lote de diamantes da Província Noroeste São Francisco,
ressaltando sua heterogeneidade. Nota-se cristais com dissolução,
formas rombododecaédricas, octaédricas, irregulares e lascas; de
incolores a amareladas e marrons, sendo uma rosa light; algumas
com capa verde e as de maior quilatagem clivadas.
198
Foto 30 - Diamantes da Província Noroeste São Francisco, com lascas e
quebras perceptíveis, os dois centrais com frosting e o da esquerda
com cor fancy rosa. Este último diamante pesou 1,8 ct.
199
Foto 31 - Microdiamantes do rio Douradinho. Nota-se alguns cristais com
capa verde mas com características típicas da região, alguns de cor
fancy (amarelo canário); e com formas de rombododecaedro,
octaedro e irregular; muito dissolvidos e lascas.
200
xvii
Foto 32 - Agregados cristalinos borts escuros, encontrados com relativa
freqüência no rio Abaeté (maior com 33,12 ct e o menor com 1,72
ct).
201
Foto 33 - Diamantes de qualificação industrial da Província Serra da
Canastra. O cristal mais superior pesou 2,6 ct.
202
LISTA DE SIGLAS
AC
Análise de Correspondência
BRGM
Bureau de Recherches Geologiques et Mineries (Paris, FR)
CNCD
Cadastro Nacional do Comércio de Diamantes Brutos
CODEMIG
Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais
COMIG
Companhia Mineradora de Minas Gerais
COOPERGAC
Cooperativa dos Garimpeiros de Coromandel
CPK
Certificado do Processo de Kimberley
CSMAT
Controlled source audio frequency magneto-telurics
Ct
Quilate (=0,2 g)
DNPM
Departamento Nacional de Produção Mineral
FBPK
Fórum Brasileiro do Processo de Kimberley
GPR
Ground penetrating radar
GW
Global Witness
IPT
Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo
KPCS
Kimberley Process Certification Scheme
MIDIC
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
MPLA
Movimento Popular de Libertação de Angola
ONU
Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas
PAC
Partnership Africa Canada
PK
Processo de Kimberley
PROSPEC
PROSPEC S/A Prospecções e Aerolevantamentos
RTC
Relatório de Transações sobre a Produção e Comercialização de
Diamantes Brutos
SECEX
Secretaria da Receita Federal e de Comércio Exterior
SH Sistemas Harmonizados de Codificação e Designação de Mercadorias
SOPEMI
Pesquisa e Exploração de Minérios S/A
SPCK
Sistema de Certificação do Processo de Kimberley
UNITA
União para Independência Total de Angola
USGS
United States Geological Survey
xx
RESUMO
A partir do pressuposto de que lotes de diamantes provenientes de diferentes
regiões possuem “assinaturas” mineralógicas típicas, propõe-se uma metodologia que venha a
contribuir no sentido de se reconhecer feições específicas em lotes diamantíferos diversos do
Estado de Minas Gerais. Esse Estado foi responsável pela posição do Brasil como principal
produtor mundial de diamantes durante 1714 e 1870. Atualmente, embora a produção do país
não seja representativa em termos mundiais, tal região ainda constitui uma das principais
produtoras do país.
Deste modo, efetuou-se o estudo sistemático de lotes de diamantes de Minas
Gerais, procedentes de áreas distintas nas quatro províncias diamantíferas reconhecidas, aqui
definidas: (1) Serra do Espinhaço, (2) Noroeste São Francisco, (3) Alto Paranaíba e (4) Serra
da Canastra. Na coleta de dados, o método adotado foi o footprinting, o qual consistiu em
análise das macro-características de diamantes, e tratamento estatístico desses dados,
objetivando que à partir das diferenças entre os lotes de áreas específicas, possa-se apontar a
região de procedência, utilizando-se apenas da análise das características ópticas (e rápidas)
dos cristais.
O reconhecimento da procedência dos lotes de diamantes a partir das principais
feições de suas populações vem de encontro às exigências do Departamento Nacional de
Produção Mineral (DNPM), a partir da adesão do Brasil ao Sistema de Certificação do
Processo de Kimberley (SCPK). O SCPK, estabelecido em 2002 por iniciativa dos países
produtores de diamantes da África Meridional, pretende elaborar um sistema geral de
certificação para o comércio internacional de diamantes em bruto. A proposta inicial
apresentava como objetivos: (a) deter o comércio de diamantes em bruto utilizados por
movimentos rebeldes para financiar conflitos armados; (b) proteger a indústria de diamantes;
(c) controlar o comércio de diamantes. No Brasil, o SCPK foi adotado de acordo com a
Medida Provisória nº 125 de 2003, visando principalmente que o país continuasse
participando do mercado externo.
A Província Serra do Espinhaço foi individualizada em campos e distritos
diamantíferos, devido à sua maior dimensão. De modo geral os resultados mostraram que as
áreas amostradas apresentam lotes de diamantes com características similares. Predominam os
cristais rombododecaédricos, de cor incolor-amarelado, com baixo grau de dissolução, de boa
qualidade e baixa quilatagem. Essas características pressupõem uma fonte alimentadora distal
para os diamantes da região. A Província Alto Paranaíba apresenta uma população
xxi
característica de rombododecaedros, de cor incolor a amarelado, ocorrência de cores fancies,
com marcante presença de quebras, inclusões, forte grau de dissolução e alta quilatagem.
Essas feições priorizam uma fonte alimentadora proximal, considerando-se ainda a existência
de inúmeros corpos kimberlíticos na região. A Província Noroeste São Francisco apresenta
aspectos semelhantes à do Alto Paranaíba, entretanto ocorrem algumas diferenças, como a
relativa frequência de cristais com formas e tamanhos diversos e a presença de capas verdes.
A heterogeneidade dessa população pode estar relacionada à atuação de mais de uma fonte
alimentadora, de origens distal e proximal. A Província Serra da Canastra mostra uma
população substancialmente diferente das demais. Ocorrem cristais octaedros, incolores,
bastante puros, de ótima qualidade comercial, porém de baixa quilatagem; entretanto é
considerável também o percentual de tipos de qualidade inferior. Essas características
provavelmente estão relacionadas com a presença de kimberlitos mineralizados na região.
Os resultados das análises estatísticas sobre a tipologia das populações das quatro
províncias diamantíferas mineiras, comparados entre si, levam à constatação de que existem
diferenças bastante nítidas entre os lotes de cada uma destas. Conclui-se que o método é
eficaz, obtendo-se uma caracterização para as populações de cada província estudada. Desta
forma, constitui um importante indicador no sentido de auxiliar na identificação da
procedência dos lotes.
Palavras Chave: diamante, províncias diamantíferas, Minas Gerais, Certificação Kimberley.
xxii
ABSTRACT
Following the presupposition that parcels of diamonds from different regions
possess distinct mineralogical "signatures", a methodology is proposed herein to recognize
specific features of diamond parcels from Minas Gerais State. This state was responsible for
Brazil's position as leading world producer of diamonds during the period 1714 to 1870.
Although currently Brazil's production is not significant in global terms, Minas Gerais
remains one of the major diamond producers in the country.
To develop the methodology referred to above, a systematic survey of parcels of
diamonds was performed for four different diamond provinces in Minas Gerais defined here
as: (1) Serra do Espinhaço; (2) Northeast São Francisco; (3) Alto Paranaíba; and (4) Serra da
Canastra. The method used in collecting the data was footprinting, which consists of analysis
of macro-characteristics of the diamonds, and subsequent statistical processing of data. The
objective was that the differences between parcels would point to their specific region of
origin, by using only rapid analysis of optical characteristics of the diamonds.
The recognition of the origin of diamond parcels using the main features of their
population meets the requirements of the Departamento Nacional de Produção Mineral
(DNPM), so that Brazil can adhere to the Kimberley Process Certification Scheme (KPCS).
The KPCS was established in 2002 by initiative of the diamond producing countries of
Southern Africa, intending to develop a general system of certification for international trade
in rough diamonds. The original proposal had the following objectives: (a) stop the trade in
rough diamonds used by rebel movements to finance armed conflicts; (b) protect the diamond
industry; and (c) control the diamond trade. In Brazil, the KPCS was adopted in 2003, mainly
to allow the country to continue participating in the world diamond market.
The Serra do Espinhaço Province was divided into diamantiferous fields and
districts, due to its large size. Overall the results show that the sampled areas produce parcels
of diamonds with similar characteristics. Rhombododecahedral crystals predominate. They
are typically colorless to yellow, with a low degree of resorbtion, of excellent quality and low
carat weight. These features require a distal source for the diamonds in the Serra do
Espinhaço Province. The Alto Paranaíba Province is charactericterized by a population of
rhombododecahedral crystal shapes that are colorless to yellow, including fancy colors,
typically with a significant occurrence of breaks, inclusions, highly resorbed forms and high
carat weight. These features favor a proximal source. Such a proximal source is consistent
with the occurrence of numerous kimberlitic bodies in the region. The Northeast São
xxiii
Francisco Province diamonds have similar aspects to those from the Alto Paranaíba.
However, there are some differences such as the relative frequency of crystals with different
shapes and sizes and the presence of green coats. The heterogeneity of this population may be
related to the existence of multiple distal and proximal sources. The Serra da Canastra
Province has a population substantially different from the other regions. Octahedral crystals
occur that are colorless, very pure, and of excellent quality, although typically of low carat
weight. However, the population also includes a considerable percentage of diamonds of
inferior quality. These features are probably related to the presence of mineralized kimberlite
in the region.
Comparison of the results of the statistical analysis on the populations of the four
diamond provinces leads to the realization that enough differences exist between the parcels
to recognize each region. It leads also to the conclusion that the method utilized is effective,
resulting in a characterization for the population of each province studied. Thus, footprinting
of macro-characteristics of diamonds is an important method to help identify the origin of the
parcels.
Key words: diamond, diamondiferous provinces, Minas Gerais, Kimberley Certificate.
1
1 - INTRODUÇÃO
O diamante sempre foi visto como objeto de fascínio, riqueza e poder ao longo da
história da civilização humana. O Brasil ocupa a segunda colocação como país que mais
tempo foi seu principal produtor mundial, ficando atrás apenas da Índia. No longo período
entre 1714 e 1870 o país alimentou cofres e realezas européias com diamantes minerados pelo
regime de escravidão, entretanto muito pouco se usufruiu desse benefício e, mesmo em
termos históricos, prevalecem na atualidade somente os temas folclóricos regionais, em geral
mineiros e baianos.
O Estado de Minas Gerais foi o grande responsável pela posição do Brasil como
principal produtor mundial de diamantes durante aquele um século e meio, embora sua
produção tenha se tornado pouco significante em termos mundiais. Nos últimos 30 anos, no
entanto, investimentos exploratórios consideráveis vêm sendo aplicados na detecção de novos
jazimentos, principalmente primários. As pesquisas realizadas sobre os diamantes na região
são numerosas e remontam ao século XIX, embora não exista consenso sobre a origem e o
real potencial geológico dos depósitos diamantíferos desse Estado.
De acordo com um levantamento preliminar realizado pela Companhia
Mineradora de Minas Gerais (COMIG), em 1988, um total de 239 ocorrências de diamantes
foram localizadas em todo o Estado. A partir desta pesquisa, foram individualizadas várias
regiões centralizadoras da produção (e comércio) de diamantes no Estado, as quais foram
reconhecidas em termos metalogenéticos como “províncias diamantíferas”, de grande
importância para o fomento de futuras pesquisas técnicas e/ou científicas.
Ainda que os pesquisadores tenham opiniões divergentes quanto a origem e
potencial geológico para o diamante, tais depósitos estão relacionados a rochas-fontes
primárias, a rochas sedimentares conglomeráticas com idades entre o Proterozóico e o
Cretáceo, e a sedimentos cenozóicos. Entretanto, com base em análises de lotes de diamantes
já realizadas, sabe-se que as pedras exibem características individualizadas conforme a região
onde encontram-se seus depósitos. Assim, ao se procurar conhecer as características dos lotes
produzidos em determinadas regiões, prevalece a possibilidade de se identificar a procedência
desses diamantes.
Tal fato adquire relevância ao se considerar que na última década, ganhou força a
nível internacional manifestação destinada a reconhecer a origem dos diamantes no comércio
varejista, com o objetivo de que se evitasse a compra de pedras produzidas de países africanos
2
em estado de guerra civil. Essa campanha levou à implementação do “Certificado do Processo
de Kimberley”, emitido por países produtores de diamantes incluindo-se o Brasil. Entretanto,
junto com a aceitação geral de tal certificado, diversos estudos têm procurado definir
parâmetros de conferência de que os mesmos seriam eficazes. No decorrer desses
acontecimentos, várias das certificações brasileiras foram colocadas em dúvida, com a
possibilidade de inclusão de diamantes provenientes de outros países nos lotes já certificados,
admitindo assim, em princípio, a inclusão de pedras de áreas não legalizadas, bem como de
países beligerantes.
Os estudos realizados sobre lotes de diamantes das principais áreas produtoras de
Minas Gerais têm mostrado ser possível identificar-se a procedência de lotes de diferentes
áreas, através da definição de parâmetros básicos que, integrados e tratados estatisticamente,
poderiam fornecer uma “assinatura” mineralógica típica para cada uma delas. Considerando-
se ainda que no Brasil, a emissão do “Certificado Kimberley” é atrelada à indicação do
número do processo minerário (junto ao Departamento Nacional de Produção Mineral –
DNPM) do local de produção, constitui a linha-mestra desse trabalho uma proposta que possa
levar a uma metodologia, capaz de auxiliar de maneira prática, o reconhecimento da
localidade de origem de diferentes lotes de diamantes.
1.1 - OBJETIVO
O principal objetivo deste trabalho vem a ser o estudo sistemático de lotes de
diamantes, os quais ocorrem em áreas distintas das quatro províncias diamantíferas
reconhecidas em Minas Gerais, aqui melhor definidas. A partir do pressuposto de que lotes de
pedras provenientes de diferentes regiões devem possuir “assinaturas” mineralógicas típicas,
com os resultados obtidos pretende-se propor uma metodologia que venha a contribuir no
sentido de se reconhecer feições específicas em lotes diamantíferos diversos, podendo assim
auxiliar na identificação da procedência dos mesmos.
1.2 - JUSTIFICATIVAS
O reconhecimento da procedência dos lotes de diamantes a partir das principais
características de suas populações vem de encontro às exigências do Departamento Nacional
de Produção Mineral (DNPM), a partir da adesão do Brasil ao Sistema de Certificação do
Processo de Kimberley (SCPK). Conforme Resolução 56/263 de 13 de março de 2002, a
3
Assembléia Geral das Nações Unidas comunicou a criação do sistema de certificação
objetivando sistematizá-la para o comércio de diamantes em bruto. Esta resolução visou
principalmente impedir o financiamento de conflitos existentes na África por esse tipo de
comércio. No Brasil, o SCPK foi instituído por meio da Lei nº 10.743, de 9 de outubro de
2003, sendo o DNPM e a Secretaria da Receita Federal e de Comércio Exterior (Secex) do
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), em conjunto, os
responsáveis por tal implantação.
De tal modo, justifica-se esta pesquisa por fornecer subsídios que possam
contribuir para identificação da procedência dos lotes de diamantes oriundos de Minas Gerais,
no sentido de coibir a ação de que outros lotes, com possibilidade de serem originários de
áreas de conflito, venham a ser delegados erroneamente como de uma determinada região do
Estado. A possível ocorrência de tal prática vem sendo denunciada pela imprensa e ONGs,
dificultando todo processo de emissão da certificação Kimberley pelos citados órgãos, e
reduzindo as exportações de diamantes brutos produzidos no país. A pesquisa ainda pode
contribuir para o entendimento de uma possível origem dos diamantes em determinados
locais, inclusive considerando-se o fato da possibilidade de existência ou não de alguma
relação dos mesmos com a configuração geológica das províncias.
1.3 - MATERIAIS E MÉTODOS
Os estudos desenvolvidos no âmbito do trabalho incluíram inicialmente um
levantamento bibliográfico acerca do assunto abordado, bem como das regiões abrangidas
nesse contexto. Outros procedimentos preliminares envolveram trabalhos de campo, visando
o reconhecimento geral e análises preliminares de lotes de diamantes nas respectivas
províncias.
O exame de lotes de diamantes nessas diversas províncias foi efetuado em campo,
considerando-se as principais características mineralógicas dos mesmos. De acordo com o
objetivo do trabalho, a intenção foi a de que as pedras pudessem ser reconhecidas apenas
pelas suas diferenças peculiares, observadas in situ, sem a necessidade de utilização de
técnicas e análises laboratoriais de maior complexidade.
A partir desses estudos foi gerado um banco de dados, para posteriores análises e
comparações dos mesmos. Os resultados obtidos foram por fim apresentados de forma
integrada, utilizando-se métodos geoestatísticos adequados aos parâmetros estudados.
4
1.3.1 - Levantamento Bibliográfico
O levantamento bibliográfico e posterior compilação sobre dados acerca da
geologia e estudos anteriores realizados sobre os depósitos diamantíferos de Minas Gerais,
incluiu ainda os principais temas de interesse para o trabalho, como estudos efetuados sobre
populações de diamantes de outras localidades do Brasil e do mundo. Esse levantamento
permaneceu em constante atualização durante o decorrer da pesquisa.
1.3.2 - Trabalhos de Campo
Os trabalhos geológicos de campo incluíram visitas a diversos pontos das quatro
províncias diamantíferas de Minas Gerais, aqui propostas: Serra do Espinhaço, Alto
Paranaíba, Noroeste São Francisco e Serra da Canastra (Figura 1).
R
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o
D
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c
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-52 -52
-50 -50
-48 -48
-46 -46
-44 -44
-42 -42
-40 -40
-39 -39
-23 -23
-21 -21
-19 -19
-17 -17
-15 -15
-14 -14
PROVÍNCIAS DIAMANTÍFERAS NO ESTADO DE MINAS GERAIS
LEGENDA
Drenagens
Drenagens Grandes e Represas
Cidades
Distrito Diamantífero
Província Diamantífera
1 A - Diamantina
1 B - Jequitaí
1 C - Itacambira
1 D - Grão Mogol
1 - Serra do Espinhaço
2 - Noroeste São Francisco
3 - Alto Paranaíba
4 - Serra da Canastra
PROVÍNCIA
DISTRITO
1 B
1 C
1 A
3
2
1
4
1 D
BELO HORIZONTE
Coromandel
São Gonçalo do Abaeté
Jequitaí
Diamantina
Grão Mogol
Claraval
São Roque de Minas
km0 100 200 300 400
escala
Figura 1: Mapa de localização das províncias diamantíferas de Minas Gerais: 1) Serra do
Espinhaço, 2) Noroeste São Francisco, 3) Alto Paranaíba e 4) Serra da Canastra.
5
Essas etapas de campo objetivaram principalmente contatos com empresas
mineradoras, comerciantes locais de pedras e garimpos para que se possa ter acesso a lotes de
diamantes e assim realizar os exames in situ e as descrições detalhadas dessas populações.
1.3.3 - Cartografia
São apresentados mapas geológicos das províncias diamantíferas tendo por base
os mais recentes estudos regionais. Ainda que não seja objetivo realizar mapeamentos
geológicos sistemáticos nas áreas abrangidas para a elaboração desses mapas, foram também
realizadas checagens de campo tendo em vista integrar-se as informações geológicas e
litoestratigráficas respectivas.
Em acréscimo, foi gerado um banco de dados com informações georreferenciadas
dos recursos diamantíferos de Minas Gerais, permitindo a elaboração de mapas temáticos das
diversas variáveis relacionadas. Para tanto, utilizou-se o software ESRI-ARCGIS (versão 3.3).
Tais informações foram recuperadas de acordo com pesquisas bibliográficas detalhadas, além
das informações adquiridas em campo.
1.3.4 - Sistemática de Estudo do Diamante
As populações de diamantes de determinadas áreas possuem uma série de
aspectos físicos particulares que, analisadas em conjunto, podem favorecer o conhecimento de
sua área-fonte. Entre as principais propriedades que contribuem para a caracterização do
diamante de certo depósito, destacam-se: granulometria; hábito cristalino; figuras de
superfície; cor e inclusões minerais.
Para identificar os principais aspectos do diamante de qualquer localidade, seja
um depósito primário, seja um depósito secundário, necessita-se estabelecer critérios
qualitativos que possam ser reproduzidos em outras áreas diamantíferas, conforme constam na
Figura 1. De tal modo, visando o conhecimento das características mineralógicas, os lotes de
diamantes das várias áreas estudadas foram examinados cristal por cristal, com lupa de bolso
triplet de 10 aumentos.
6
Número: Província: Distrito:
A - CARACTERÍSTICAS DE 1ª ORDEM (PRIMÁRIAS)
A1 - Forma
A2 – Peso (em quilates)
A3 - Cor
A4 - Pureza
A5 - Dissolução
Octa-rombod. Cubo-hexatetraedro Geminado Irregular Agregado
0,01–0,25 0,26–0,60 0,61–1,20 1,21–2,00 >2,01
Incolor Incolor-amarelado Amarelado Fancy Cor “industrial”
Pur-1 Pur-2 Pur-3 Pur-4 Pur-5
Imperceptível Médio/visível Dissolvido Corrosão Frosting
B - CARACTERÍSTICAS DE 2ª ORDEM (SECUNDÁRIAS)
B6 – Clivagem superimposta
(lascas)
B7 - Marcas de Impacto
B8 - Capas
B9 Qualific. Comercial
Intacto Levemente quebrado Com quebra perceptível Lasca
Sem marcas Poucas e/ou rasas Médias Muitas e/ou profundas
Sem capas Pontos verdes Manchas verdes Amarelas/marrons
Gema 1 Gema 2 Chip Indústria
Figura 2: Ficha utilizada para classificação das características mineralógicas dos diamantes
em campo (modificada a partir de Chaves 1997, Chaves & Svisero 2000, Chaves &
Benitez 2006, Benitez 2004).
No contexto dessa tese, os diamantes foram inicialmente classificados conforme
os critérios estabelecidos em uma ficha (Figura 2), especificamente elaborada como uma
evolução de outras anteriores, considerando-se conceitos de duas ordens: “primárias”, ou seja
herdados de sua fonte magmática primária e, “secundárias”, adquiridas pelo cristal depois que
se soltaram de tal fonte. Esses parâmetros encontram-se detalhados no capítulo 4, a partir da
página 43.
1.3.5 - Análises Estatísticas de Dados
Os dados obtidos em campo foram tratados com métodos estatísticos considerados
mais adequados, de forma qualitativa e quantitativa aos parâmetros estudados nos lotes
examinados. Desse modo pretendeu-se obter resultados que pudessem refletir da forma mais
realista possível e com resultados passíveis de reprodução das características das populações
existentes em cada uma das quatro províncias diamantíferas do Estado de Minas Gerais.
Em Estatística existem várias técnicas para análise de dados, que variam de acordo
com a natureza das variáveis utilizadas, e também com o objetivo final do trabalho realizado.
7
As variáveis aleatórias são divididas basicamente em dois tipos: quantitativas e qualitativas.
Variáveis quantitativas são aquelas que representam um valor numérico, tais como ‘peso’,
‘altura’, ‘tempo’ e índices econômicos, dentre outros. Já as variáveis qualitativas representam
valores não numéricos, tais como ‘cor’ ou ‘forma’ de um objeto, ‘preferência por uma marca’
etc.
A Estatística Multivariada é um ramo da Estatística que consiste em um conjunto
de técnicas utilizadas em situações nas quais diversas variáveis são medidas simultaneamente
para cada elemento amostral (indivíduo sob estudo). Em geral, as variáveis são
correlacionadas entre si, e quanto maior o número de variáveis, mais complexa torna-se a
análise por métodos de estatística univariada. Por este motivo, a estatística multivariada é tão
importante para uma boa análise dos dados.
De uma forma geral, os métodos de estatística multivariada são utilizados com o
propósito de simplificar ou facilitar a interpretação do fenômeno que está sendo estudado
através da construção de novas variáveis que sintetizem a informação contida nos dados
originais.
Alguns métodos utilizados para analisar variáveis quantitativas são: análise de
componentes principais, análise fatorial e análise de cluster. Já para as variáveis qualitativas,
são utilizados análise de correspondência, teste Qui-Quadrado para testar associação de
variáveis e, entre outros.
1.3.5.1 - Análise de Correspondência
Neste trabalho será utilizada a análise de correspondência para o tratamento dos
dados. A análise de correspondência (AC) é uma técnica de análise de dados adequada para
analisar tabelas com duas ou mais variáveis cruzadas levando em conta algumas medidas de
correspondência entre linhas e colunas.
De acordo com Mingoti (2005), os primeiros artigos que introduzem noções de
análise de correspondência foram escritos em 1933. Vários trabalhos foram publicados nos
anos posteriores, mas uma melhor formalização da metodologia foi proposta por Benzécri
(1960) para estudar tabelas de contingência em linguística. A partir de 1975 a técnica foi
difundida, sendo utilizada em diversas áreas do conhecimento, com publicações em diversos
idiomas.
8
Mais do que simplesmente mostrar se existe associação entre duas (ou mais)
variáveis, a AC explica como essas variáveis estão relacionadas através de suas respectivas
categorias.
A AC possui diversos aspectos que a distingue de outras técnicas de análise de
dados. Sua natureza multivariada permite revelar relações que não seriam detectadas em
comparações dos pares de variáveis. Além disso, este tipo de análise é altamente flexível
quanto a pressuposições sobre os dados: o único requisito é o de uma matriz retangular com
entradas não negativas. A AC é mais efetiva se a matriz de dados é bastante grande, de modo
que a inspeção visual ou análise estatística simples não consegue revelar sua estrutura.
1.3.5.2 - Formulação Matemática
A forma mais simples de AC é sua aplicação a uma tabela de contingência de
dupla entrada, que é denominada análise de correspondência simples. Além desse tipo de
análise, existe também a análise de correspondência múltipla, que não é utilizada neste
trabalho. De um modo geral, uma tabela de contingência i x
j é do tipo.
Y
1 2 . . . J Total
1
n
11
N
12
. . .
n
1j
n
1+
2
n
21
N
22
. . .
n
2j
n
2+
X . . . . . . . .
. . . . . . . .
. . . . . . . .
I
n
i1
n
i2
. . .
n
ij
n
p+
Total
n
+1
N
+2
. . .
n
+j
N
sendo que:
X é uma variável qualitativa com I categorias
Y é uma variável qualitativa com J categorias
n
ij
é a frequência observada pela intersecção da i-ésima categoria da variável X com a j-ésima
categoria da variável Y
n
i+
é a frequência total observada na i-ésima categoria de X
n
+j
é a frequência total observada na j-ésima categoria de Y
n é o total geral de frequências observadas.
9
O objetivo é estudar a associação entre as variáveis X e Y. De posse dos dados
amostrais dispostos em uma tabela de contingência, observe as definições apresentadas a
seguir:
1) Matriz de correspondências: é a matriz P, de dimensão i x j constituída das
proporções
.
2) Matriz de perfil das linhas: é a matriz diagonal, denotada por D
r
, cujos
elementos diagonais são iguais a
. Os demais elementos são iguais
a zero.
3) Matriz de perfil das colunas: é a matriz diagonal, denotada por D
c
, cujos
elementos diagonais são iguais a
. Os demais elementos são iguais
a zero.
Considera-se então a matriz
. O número de coordenadas principais que
será utilizado é calculado através do posto desta matriz, da seguinte forma:
O posto de uma matriz é o número de linhas (ou colunas)
lineamente independentes. As duas primeiras coordenadas principais das linhas e das colunas
são as mais representativas em termos da associação total que existe entre as variáveis X e Y.
Entretanto, em alguns casos, pode-se usar mais de duas coordenadas principais para analisar
os resultados obtidos.
Os conceitos apresentados podem ser mais facilmente assimilados através de um
exemplo simples, que será apresentado adiante.
1.3.5.3 - Exemplo de Aplicação
Conforme a Tabela 1 (exemplo adaptado e modificado de Mingoti (2005), na qual
se tem n=257 diamantes classificados de acordo com as variáveis: forma (X), medida em 3
categorias; e região de produção (Y), medida em 4 categorias. De acordo com a notação
apresentada, n
11
= 15 é o número de diamantes com forma geminada extraídos da Região A;
n
1+
= 135 é o número de diamantes com forma geminada e n
+1
= 48 é o número de diamantes
extraídos dessa região.
10
Tabela 1: Exemplo simulado de aplicação considerando-se “forma dos diamantes” e “região
de produção”.
Região
Forma
A B C D
Total
Geminado 15 27 50 43 135
Irregular 25 37 12 8 82
Agregado 8 13 9 10 40
Total
48 77 71 61 257
Aplicando a técnica de análise de correspondência, já mencionada anteriormente,
temos os seguintes resultados:
Matriz de correspondência:
Matriz de perfil das linhas:
Matriz de perfil das colunas:
O número de coordenadas principais possível de ser obtido é igual a k = min (3-1, 4-1)
= 2. Nas tabelas a seguir são mostrados os resultados obtidos para cada coordenada principal
das linhas e das colunas.
Tabela 2: Coordenadas principais das linhas, conforme exemplo de aplicação.
Coordenadas principais
Perfil das linhas 1 2
Geminado -0,351 0,014
Agregado 0,543 0,021
Irregular 0,013 -0,089
11
Tabela 3: Coordenadas principais das colunas, conforme exemplo de aplicação.
Coordenadas principais
Perfil das colunas 1 2
A 0,463 0,006
B 0,375 -0,007
C -0,366 0,051
D -0,412 -0,055
O software estatístico usado para realizar as análises fornece a informação de que os
autovalores são respectivamente iguais a: 0,1596 e 0,0015. Desse modo, a inércia total é dada
por: 0,1596 + 0,0015 = 0,1611. Em termos de contribuição, a primeira coordenada principal
representa
= 99,99% da inércia total e a segunda representa apenas
= 0,91%.
O valor da estatística qui-quadrado para os dados da Tabela 1 é igual a: (tamanho da
amostra)x(inércia total) = (257)x(0,1611) = 41,40. Esse valor qui-quadrado é o mesmo que
seria obtido caso fosse realizado um teste para verificar a existência de associação entre a
forma do diamante e região de produção. Ainda utilizando o software estatístico, é possível
dizer que a 5% de significância, existe associação entre forma do diamante e região de
produção (P-valor associado ao teste < 0,05).
Analisando-se a Figura 2, é possível concluir que a linha 2 (ou seja, diamante com
forma agregada) está mais associada às colunas 1 e 2 (regiões de produção A e B,
respectivamente). A linha 1 (diamante com forma geminada) está mais associada às colunas 3
e 4 (regiões de produção C e D, respectivamente); e a linha 3 (diamante com forma irregular)
não está associada a nenhuma das categorias de forma do diamante, conforme observa-se na
Figura 3.
12
Figura 3: Gráfico de análise de correspondência, resultante dos dados fornecidos, a partir dos
exemplos aplicados conforme tabelas 1, 2 e 3. (Adaptado de Mingoti 2005).
Além da análise de correspondência, para uma melhor compreensão, os dados
foram tratados também com métodos estatísticos mais simples:
1.3.5.4 - Estatística Descritiva
Utilizou-se de estatística descritiva, através do método de distribuição e frequência
das características intrínsecas aos diamantes, as quais constam na Figura 2.
1.3.5.5 - Associação entre Variáveis
A associação do comportamento de uma variável em relação à outra, corresponde
a um método auxiliar de grande valia em estudos estatísticos. Dados referentes a duas
variáveis podem ser dispostos em planos cartesianos com a freqüência de ocorrência dos pares
de valores. Estes diagramas permitem a identificação de tendências e padrões estabelecidos
pela associação entre as variáveis (Magalhães & Lima 2002).
13
2 - HISTÓRICO DA ECONOMIA MINERAL DE DIAMANTES NO
BRASIL
A questão da descoberta de diamantes no Brasil é ainda alvo de muitas
controvérsias, com a certeza apenas que ela foi dada em decorrência da lavra de aluviões
explorados para ouro. De acordo com Souza (1942), bem como Zemella (1990) e Souza
(1999), embora não se saiba exatamente quem foi o descobridor, atribui-se a Bernardo da
Fonseca Lobo em fins de 1723, em suas lavras do córrego Morrinhos, ao norte de Diamantina.
Esse direito de descobridor foi inclusive conferido a Fonseca Lobo, por alvará do governo
português de 12 de abril de 1734.
Na época, governava a província de Minas Gerais Dom Lourenço de Almeida,
que não comunicou de imediato a Lisboa sobre os achados. Como diamantes começaram a
chegar a Lisboa em 1728, mas somente em 2 de dezembro de 1729 o governador exarou o
primeiro ato administrativo, ao baixar uma portaria declarando nulas as áreas concedidas de
exploração de ouro em terrenos diamantinos (Souza 1942). Entretanto, outros autores
acreditam que tal descoberta tenha se dado muito antes, em 1714, no rio Pinheiro, também na
região de Diamantina (eg. Vianna 1957, Santos 1978).
2.1 - A LIVRE EXTRAÇÃO E A EXTRAÇÃO MEDIANTE CONTRATOS
Após o recebimento da carta régia de 8 de fevereiro de 1730, as autoridades
reuniram-se em Vila Rica (capital da província), quando resolveu-se que as áreas
diamantíferas seriam concedidas mediante pagamento de 5$000 (réis) por escravo utilizado
nos serviços, e o ouvidor do Serro seria encarregado de demarcar as “datas” e sua
fiscalização. A multa por escravo a mais seria de 20$000. Tais condições foram consideradas
brandas; a produção de diamantes cresceu muito e os preços caíram. Enquanto a coroa
buscava uma outra solução, o aumento da produção continuou, junto com o contrabando e
mesmo falsificações dos bilhetes de capitação.
André de Mello e Costa, sucessor de Dom Lourenço, aumentou o valor da
capitação até 40$000. No entanto, as constantes intervenções da política do reino como
tentativas de controlar a oferta e de sustentar os preços foram frustradas. A produção e o
contrabando continuaram aumentando. O valor dos diamantes baixou de 8$000 para 2$000 o
14
ct e, em 1733 não haviam compradores para o produto por qualquer preço em Lisboa (Souza
1942, Paula 2000).
Na época, quatro propostas para solucionar os problemas foram colocadas em
estudo:
1) A compra de todos os diamantes do Brasil pelo erário régio, ou por uma
companhia fundada para tal finalidade, cujo privilégio seria mantido, punindo-se os
transgressores com penas severas.
2) A formação de uma companhia de mineiros que pagaria à coroa os
quintos, ou outra compensação adequada. Para evitar que esta empresa extraísse todas
as pedras das lavras durante o tempo de concessão, e que impedisse de renová-la a
outros, seria imposto um limite máximo no número escravos com que se pudesse
trabalhar.
3) A formação de uma companhia de concessão temporária ou mesmo
perpétua, que tivesse o monopólio da venda das pedras, formada com capitais e com
entradas representadas pelos próprios diamantes, adquiriria todos os que estivessem no
mercado, pelo preço corrente ou caso os donos não anuíssem em vendê-los, se
incumbira de negociá-los por conta dos possuidores mediante 8% de comissão e
ficaria com eles pelo preço corrente, se depois de 3 anos ainda não os tivesse vendido.
Desta forma, o mercado seria obrigado a ter como regulador único a empresa a se
formar (esta exigia capitais elevados, que o plano teve que ser abandonado).
4) A cessação dos trabalhos nas minas, permitindo-se a livre circulação no
Brasil dos diamantes já extraídos; mas, com obrigatoriedade de sua venda, por preço
razoável, desde que fossem remetidos para Portugal a uma companhia formada por
meio de entradas de dinheiro ou representadas pelo valor das próprias gemas,
facilitando a incorporação da empresa. A coroa receberia um décimo dos lucros para
compensar os prejuízos dos créditos durante a suspensão dos serviços e poderia
adquirir as partes dos sócios que quizessem vender, ou comprar-lhes as pedras, o que
poderia também ser efetuado com dinheiro proveniente daqueles que se tornassem
acionistas mediante entradas efetuadas em moeda. Os diamantes apreendidos em
contrabando seriam confiscados e devidamente reunidos em lotes por tamanho e
qualidade, subiriam de valor, visando lucros a todos os interessados (coisas que,
segundo se pensava, os contrabandistas nunca poderiam obter).
Após analisadas, segundo Souza (1942), concluiu-se que as três primeiras
propostas seriam inviáveis pelos elevados capitais que exigiriam e a última, dos judeus
15
ingleses, seriam inconvenientes aos interesses portugueses. Sugeriu-se então, que os terrenos
diamantinos ficassem reservados à coroa e fossem lavrados metodicamente e vagarosamente,
a fim de se permitir o escoamento dos estoques e de se promover a valorização do produto.
Tal sugestão foi consubstanciada na carta régia de 30 de outubro de 1733. Logo foi proibida a
extração dos diamantes, e demarcada uma área, suscetível de aumentos futuros, onde somente
iria ser feita exploração e reservadas para a coroa as pedras de peso superior a 20 ct. Com
essas medidas diminuiu muito a exploração lícita e também o garimpo furtivo, pela ação
violenta do regimento de dragões. Assim valorizou-se novamente o diamante.
Em 1738, a coroa portuguesa determinou que fossem retomados os trabalhos de
extração. Foram reunidos no Serro os antigos mineiros dispersos pela capitania, onde foram
apresentadas as condições: capitação de 230$000, fixação de um número limitado de escravos
e exploração interpolada de trechos ricos e trechos pobres dos depósitos, revogação da
exigência de pertencerem à coroa as pedras superiores a 20 ct. Condições, estas, consideradas
muito onerosas e não aceita pelos mineiros.
De acordo com Vianna (1957) no regime dos contratos, cujas pessoas
arrematavam as áreas para exploração e poderiam levar, no máximo, 600 escravos como
empregados. Os contratos eram renovados, bem como critérios para exploração na zona dos
diamantes. Segundo Souza (1942) o primeiro contrato foi celebrado com João Fernandes de
Oliveira, indivíduo arruinado, indicado devido a retração dos antigos mineiros. Este vigorou
de 1º de janeiro de 1740 a 31 de dezembro de 1744, com os mesmos arrematantes de 1744 a
1747, sendo neste, incluída a cláusula pela qual os contratantes receberiam um adiantamento
anual de 150.000 cruzados, feito pela Casa dos Contos.
Os contratos, no entanto, não foram cumpridos rigorosamente, pois o número de
escravos utilizados era sempre maior do que o permitido, devido à interpretação de que o
número 600 se referia apenas a escravos empregados em mineração e não aos destinados aos
trabalhos auxiliares. Também não foi cumprida a obrigação de exploração interpolando
trechos ricos e pobres. Assim o terceiro contrato foi dado a Felisberto Caldeira Brant, sob as
condições dos anteriores, sendo, entretanto, a capitação de 220$000. Sua forma de administrar
causou-lhe prejuízos e acabou preso. As letras que sacara contra os caixas da extração em
Lisboa foram protestadas e causaria tão sérias consequências, que o Marques de Pombal
mandou pagá-las pela fazenda real e tomou diversas providências que resultaram numa
intervenção direta do governo português no mercado de diamantes.
Em 1753 foi assinado em Lisboa um contrato com a firma inglesa Bristows
Warde & Cia, para a venda de uma quantidade fixa de diamantes, com preços fixos, por um
16
determinado período. Posteriormente foram assinados contratos com outras empresas. Esses
compradores eram quase sempre manobrados pelos judeus de Londres ou Amsterdam. O
regime de contratos para a extração de diamantes no Brasil continuou até 31 de dezembro de
1771, quando foi declarado extinto o sexto e último contrato, que vigorava desde 1 de abril de
1762.
2. 2 - A REAL EXTRAÇÃO
A Real Extração, fundada em 1772 conforme decreto de 12 de julho de 1771, foi o
terceiro sistema a ser implantado e define-se como a extração por conta da fazenda real,
regulamentada pelo Regimento Diamantino, orientada pelo célebre “livro da capa verde”. O
nome deste livro justifica-se, segundo Furtado (2008), no fato de que o único exemplar
enviado ao Arraial do Tejuco era encadernado em marroquim verde e ficava exposto na
entrada do prédio da intendência.
Ainda sobre o “livro da capa verde”, Prado Júnior (1986) assinala que, esse era a
apuração de uma tirania máxima e de terror sobre os mineradores de diamantes durante meio
século. Esse regimento só era aplicado em Minas Gerais, especificamente no Distrito ou
Demarcação de Diamantina, porque apenas nessa área foi autorizada a exploração legal das
jazidas diamantíferas. Em outros lugares, a extração era severamente proibida, medida
adotada para reduzir a produção e manter os preços.
De acordo com relatos de Souza (1942), bem como Prado Júnior (1986), no novo
regime instituído, o intendente das minas era senhor absoluto no Tijuco. A violência, o
arbítrio, o julgamento sem forma de processo eram permitidos pelo regimento. E tais eram
seus dispositivos que quanto mais exato fosse o intendente no cumprimento da lei, tanto mais
execrada ficava sendo sua administração. Os poderes do intendente iam desde o confisco de
todos os bens até decretação de pena de morte civil, que significava para o indivíduo a perda
de todos os direitos, como se não existisse, diferente da morte natural.
O regime da Real Extração durou até 1832. Antes, a lei de 13 de maio de 1803,
havia abolido a Real Extração. Mas essa lei não foi aplicada e foi suspensa pelo alvará de 1º
de setembro de 1808. O primeiro ato do governo português ditou a convicção de que não valia
mais a pena o erário real custear a extração de diamantes, bastando reservar-se à coroa o
monopólio do comércio. O segundo, por ter a coroa chegado à conclusão oposta em face de
um relatório da Junta do Tijuco.
17
Em 27 de julho de 1821, o Príncipe Regente declarou não ser mais aplicável o
artigo 7º de Regimento, que permitia os despejos dos habitantes da demarcação, causando o
desprestígio dos intendentes. A extração foi decaindo, com a pobreza das lavras e a escassez
nos adiantamentos enviados pelo Tesouro, cuja importância anual foi reduzida, em 1824 a
60:000$000, tendo sido, inicialmente, de 200:000$000 e passado, em 1725, a 120:000$000.
O contrabando ocorria em grande escala, apesar das medidas tomadas e o
intendente deixava de ser senhor absoluto do Tijuco. A obtenção de concessões de lavra foi se
tornando mais fácil e trabalhava-se por toda parte, exceto em poucos pontos reservados à
Extração, que operava muito pouco com seus parcos recursos. Segundo Souza (1942),
somente com o decreto de 25 de outubro de 1832 extinguiu-se a Real Extração, porém não foi
executado devido a muitos protestos, visto que fazia caducar sumariamente concessões em
vigor e estabelecia uma taxa de 4$500 por cada data, importância considerada muito onerosa.
Em 1841 a Extração tinha apenas 11 homens trabalhando na lavagem de cascalhos na
localidade de Curralinho (atual Extração), ainda reservado à exploração do governo. A região
foi então invadida por inúmeros mineiros que tomaram conta desta definitivamente,
dispersando os últimos remanescentes da empresa real.
2.3 - NOVAS LEIS DO IMPÉRIO PARA REGULAMENTAÇÃO DAS
EXPLORAÇÕES DIAMANTÍFERAS
Em 24 de setembro de 1845, novo decreto foi baixado regulando a exploração de
diamantes, regulamentado em 17 de agosto de 1846. No entanto, nova lei de 6 de setembro de
1852, regulada pelo decreto de 18 de dezembro do mesmo ano, corrigiu os defeitos apontados
na anterior e foi posta em execução a partir de 1853. De acordo com Souza (1942) podem ser
citados:
- A garantia às ocupações sem atenção à legitimidade de suas origens, concedendo
ao mineiro a faculdade de arrendar o terreno que estivesse efetivamente ocupando, pelo preço
de 1 real por braça quadrada, sem dependência de hasta pública. Para a prova da efetiva
ocupação seria suficiente a existência de qualquer estabelecimento, bem feitoria ou casa de
vivenda pertencente à pessoa que pretendesse o arrendamento, ou o fato de estar continuando
os serviços abertos anteriormente.
- Aos concessionários em primeiro lugar, e em segundo aos proprietários do solo
foi dada a preferência para, pela mesma forma, arrendarem o terreno de sua concessão ou
propriedade, nunca, porém ficando o simples ocupante, embora sem título, privado de
18
arrendar um lote até seis mil braços quadrados que compreendesse o lugar em que estivesse
assentado o serviço.
- Aos terrenos já explorados, mas não efetivamente ocupados, se determinou que
fossem arrendados em hasta pública; e o preço mínimo de cada braça quadrada, que pela lei
de 1854 era de trezentos réis, reduzido a cinco réis pela lei de 26 de outubro de 1848, ainda
foi reduzido a um real.
Foi corrigido o defeito da lei, que estabelecia o prazo de quatro a dez anos para o
contrato do arrendamento, facultando-se ao arrendatário o direito de continuá-lo por qualquer
tempo enquanto lhe conviesse; não podendo, porém lote algum conter mais de cem mil braços
quadrados e ninguém obter mais de dois lotes. Com a lei de 25 de setembro de 1867 revogou-
se a proibição aos estrangeiros de minerarem, o que fez a exploração de diamantes no Brasil
desenvolver-se bastante até a descoberta dos diamantes da África do Sul.
A última lei do Império que tratou dos diamantes foi a de 23 de agosto de 1873,
sobre a qual se baseou o regulamento dos terrenos diamantinos aprovado por decreto de 23 de
junho de 1875. Por este último código de disposições regeram-se todos os negócios da
administração daqueles terrenos, até a Proclamação da República, e pouco se afastaram do seu
conteúdo as modificações posteriores a essa data.
O regulamento começa com a afirmação: “Os terrenos diamantinos” de que trata o
art.3.º pertencem ao domínio do Estado. Entre outros atributos:
- Reorganiza o pessoal, que constituiria daí por diante uma administração geral em
cada província onde houvesse diamantes, subordinadas todas ao ministério da fazenda.
- Estabelece que a exploração desses terrenos só poderá ser feita por arrendamento
ou com licença para faiscar, para os serviços menos importantes. O proprietário ou ocupante
dos terrenos tem preferência para o arrendamento direto pelo preço mínimo de tabela e até o
limite máximo da área concessível, com a garantia de dois fiadores idôneos ou pela caução
das apólices gerais no valor do preço a pagar durante um ano.
- Os terrenos não arrendados por essa forma são licitados em hasta pública, e para
esta são instituídas novas regras. Para as sociedades ou companhias mineradoras alargam-se
prazos e áreas de concessão.
- O processo de divisão dos terrenos diamantinos em lotes e da avaliação de suas
áreas ocupa outro capítulo do regulamento constitui um conjunto de normas relativas à
duração, transferência e tempo de pagamento dos arrendamentos. Multas, recursos e
disposições gerais são objetos de outras partes deste código.
19
2.4 - A CONSTITUIÇÃO DE 1891
A constituição de 1891 modificou o regime mineiro no Brasil, conferindo aos
Estados a competência para legislar sobre as minas em seus respectivos territórios.
A primeira lei para regular a exploração de jazidas minerais em Minas Gerais foi a
lei nº 285, de 18 de setembro de 1899. No que se refere aos diamantes, foi estabelecido:
“Continuam em vigor as disposições sobre o arrendamento dos terrenos
diamantinos, com as alterações seguintes: ficam extintos os arrendamentos de terrenos do
domínio particular findo o respectivo prazo, se o governo não puder rescindi-los antes, sem
ônus para o Estado; fica pertencendo ao proprietário a renda proveniente do arrendamento;
continuam em vigor os arrendamentos já realizados em terrenos do domínio do Estado, que
poderá renová-los, se achar conveniente; fica elevado a quatro o número de lotes de que trata
o art. 37 do regulamento de 1875; as companhias ou sociedades, além do terreno que podem
arrendar, podem adquirir outros lotes por cessão ou sub-arrendamento de terceiros; à hasta
pública precederão editais chamando quem se julgar no direito à propriedade do solo a
apresentar sua reclamação no prazo de cinco dias depois de concluída a praça, com recurso
voluntário para o Governo; feito o arrendamento de acordo com a regra precedente, só o
Poder Judiciário tem competência para conhecer das questões que se suscitem sobre domínio
do solo (art. 22)”.
Em 15 de setembro de 1902, foi expedida a lei nº 344, onde ressaltam-se as regras
referente aos terrenos diamantinos, com as modificações desta e da lei nº 285 (art. 6):
- Os terrenos diamantinos serão administrados por uma repartição imediatamente
subordinado à diretoria da Agricultura, Viação e Indústria, composta de um delegado
(engenheiro) e um secretário desenhista, repartição que terá por sede Diamantina (art. 7).
- Nos outros municípios, o coletor das rendas estaduais será agente do delegado da
Diretoria (art. 8).
- Nos rios objeto de privilégio, nos termos da Lei nº 344, não serão concedidos
novos lotes, esta regra não compreende os rios que não forem caudais, nem os córregos que
banharem terras do domínio do Estado (art. 9).
- Os pedidos de arrendamento de lotes por sociedade ou companhia serão
dirigidos ao delegado da Diretoria, diretamente ou por seus agentes; o delegado fará ou
mandará proceder à medição por conta dos pretendentes e expedirá o edital de praça para ser
publicado no jornal oficial e enviará ao diretor; a medição só se fará depois de depositada a
20
quantia, em que ela importar... Se seis meses após a praça não for exibida a medição, o
pretendente incorrerá na multa de 100$000 e será julgada sem efeito a arrematação (art. 10).
- Os pequenos lotes continuarão a ser arrematados de acordo com o decreto de
1875 (art. 11).
- As transferências dos lotes por sociedade ou companhia serão feitas por
despacho do delegado, sujeito à aprovação do governo, que mandará retirar a medição, se
julgar conveniente, correndo as despesas por parte dos concessionários ou cessionários (art.
12).
- O imposto a pagar pelos arrendamentos é de 1$0 por km
2
e de 5$0 pelos
pequenos lotes (art. 13).
- O prazo para pagamento do imposto é de noventa dias, contados a partir de 1º de
janeiro de cada ano (art. 14).
2.5 – O REGIME INSTAURADO PELA REVOLUÇÃO DE 1930
Com o novo regime, o governo Provisório baixou primeiro um decreto proibindo
a alienação de jazidas minerais sem autorização do governo e depois, o decreto nº 24193 de 3
de maio de 1934 e em seguida o Código das Minas, decreto nº 24642, de 10 de julho de 1934.
A Constituição de 1934 estabeleceu o regime de “separação” que prevaleceu até
os dias de hoje (Souza 2005). Dessa forma, adotado o princípio da separação, se o solo
pertence ao particular, o recurso mineral, ao contrário, pertence à União. O antigo sistema de
Acessão (a jazida era concebida como parte integrante do solo e sua exploração só poderia ser
feita pelo proprietário superficiário) foi substituído pelo sistema de Concessão.
O decreto nº 24193 regulou a garimpagem e a faiscação em todo o território
nacional. Foi criada nas coletorias federais, a matrícula gratuita, mas obrigatória,
intransferível e exclusivamente válida para a zona a que fosse expedida. Tais atividades foram
declaradas livres nos rios públicos e terras devolutas e, em terras particulares, sujeitas a
licença dos proprietários. O ouro aluvionar e as pedras preciosas só poderiam ser adquiridos
por compradores autorizados por decreto do Governo Federal, obtido mediante prova de
idoneidade e caução depositada no Tesouro nacional, sendo a autorização dada para zonas
determinadas. Poderiam também comprar ouro e pedras preciosas, as cooperativas de
garimpeiros, que, entretanto, nunca se estabeleceram.
O decreto regulou também as relações comerciais entre compradores e
vendedores, instituindo livros e certificados para esse fim e penalidades para os infratores.
21
Declarou isentas de impostos federais as operações de compra e venda dessas mercadorias. A
exportação de pedras preciosas só poderia ser feita por exportadores autorizados e mediante
certificado de avaliação, que era feito por um serviço criado na Casa da Moeda.
Em 4 de julho de 1938, o decreto lei nº 466, que dispõe sobre a garimpagem e o
comércio e pedras preciosas, estendeu seu contexto aos carbonados e pedras semi-preciosas.
Entretanto, não trouxe grandes inovações ao regulamento, já referido do decreto nº 24.193 e
manteve sua atribuição rigidamente fiscal. Contudo, o decreto-lei 466 melhorou a situação a
respeito da compra e exportação de pedras preciosas só poderem ser realizadas por pessoas
físicas ou jurídicas autorizadas. Tal condição era muito criticada por criar monopólio para a
exportação da mercadoria, restringindo-se a uns poucos estrangeiros.
Os dispositivos que tratam deste assunto são:
Art. 8 - Podem comprar pedras preciosas em bruto:
a) as cooperativas de garimpeiros, quando autorizadas especialmente por
decreto do Presidente da República;
b) as pessoas físicas ou jurídicas, de reconhecida idoneidade moral, com
documentos julgados aptos pelo Ministério da Fazenda e desde que tenham depositado no
tesouro nacional ou nas delegacias fiscais, para garantia da fiel execução das obrigações do
ofício, a caução de cinco contos de réis (5:000$0).
c) independentemente de decreto de autorização, os lapidadores,
fabricantes de jóias e obras de ourives.
Art. 12 – É vedado ao garimpeiro comprar pedras preciosas, sob pena de confisco
da mercadoria comprada.
Art. 13 – As pedras preciosas garimpadas só poderão ser vendidas pelos
garimpeiros a compradores autorizados, a lapidários, a fabricantes e comerciantes de jóias e
obras de ourives, mediante inscrição na Fiscalização Bancária do Banco do Brasil.
§ único – O documento necessário à inscrição referida neste artigo é o registro de
que trata o art. 21.
2.6 - O CÓDIGO DE MINERAÇÃO DE 1967
O modelo emancipado de aproveitamento mineral contido na Carta de 1937 e
ratificado no Código de Minas de 1940 foi praticamente extinto na Assembléia Constituinte
de 1946. Essa Constituição autorizava a internacionalização das jazidas brasileiras e mantinha
o direito de preferência mediante a qual a exploração mineral por não-proprietários só poderia
22
vir a ser efetivada após o superficiário haver desistido de exercer tal faculdade legal. Uma vez
exercitado tal direito, o aproveitamento de uma jazida poderia vir a ser retardada por no
mínimo quatro anos, desde quando, a autorização de pesquisa durava dois anos e a sua
renovação igual período. De acordo com o Código de Mineração, “entende-se por pesquisa
mineral a execução dos trabalhos necessários à definição da jazida, sua avaliação e
determinação do seu aproveitamento econômico (Brasil 1967).
O art. 2º do Código de Mineração – Decreto-Lei 227 de 28 de fevereiro de 1967,
separa o regime de Autorização de Pesquisa do regime de Concessão de Lavra. Entretanto,
embora submisso a regras próprias, este último sucede o primeiro, como sua consequência,
compondo ambos um único procedimento, reconhecido na legislação minerária. O mesmo
direito de prioridade que garantir a outorga do título de autorização de pesquisa garantirá, à
sequência, a outorga da concessão de lavra.
Segundo Juhász & Brandão (1982), na Constituição Federal de 1967, a principal
mudança em relação à mineração, foi a substituição do direito de preferência do proprietário
do solo pelo direito de participação deste nos resultados da lavra.
Com essas modificações, a disputa pela posse das jazidas, que anteriormente se
dava entre o minerador e o proprietário do solo, uma vez extinto o direito de preferência,
promove-se uma disputa entre os interessados visando o exercício do direito de prioridade. O
Direito de Prioridade é a precedência na protocolização do requerimento de autorização de
pesquisa no DNPM. Preliminarmente, a prioridade só poderá ser conferida a quem esteja em
condições de exercê-la. Entre outras obrigatoriedades o titular da autorização deverá
apresentar o relatório dos trabalhos realizados, seja qual for o resultado da pesquisa. A
pesquisa deverá ser concluída no prazo de vigência da autorização. O Relatório apresentado,
passa por análises dos técnicos da Divisão de Fomento da Produção Mineral que darão um
parecer. Após publicado no Diário Oficial da União, a aprovação do Relatório de pesquisa, o
titular terá um ano para requerer a concessão de lavra.
O exercício das atividades de garimpeiro, passa a depender de permissão do
Governo Federal. Esta é concedida através da Matrícula do garimpeiro fornecida pelas
Coletorias Federais dos municípios onde forem realizados os trabalhos. Tais atividades em
terras particulares exigem o prévio consentimento dos proprietários, sendo que a contribuição
a ser paga pelo garimpeiro não poderá exceder o dízimo do Imposto Único sobre Minerais.
Em 1976, a Lei nº 6.403, proíbe terminantemente a realização de trabalhos de
garimpagem, cata e faiscação em áreas de Autorização de Pesquisa ou de Concessão de
Lavra. Foi instituída a “Área de Livre Garimpagem”, nas quais o aproveitamento mineral faz-
23
se exclusivamente por trabalhos de garimpagem. Esse novo mecanismo para o
aproveitamento de riquezas minerais no Brasil é subordinado aos interesses do setor mineral e
o DNPM e Ministério e Minas e Energia, através de Portaria, passou a instituir áreas para a
livre ação dos garimpeiros.
2.7 – A CONSTITUIÇÃO DE 1988
Na Constituição Federal de 1988 (Brasil 1988), foram instituídos outros
fundamentos que regem a pesquisa de lavra e minerais no Brasil. Entre estes, destacam-se:
- Competência da União em estabelecer as áreas e as condições para exercício da
atividade de garimpagem, em forma associativa;
- Competência exclusiva do Congresso Nacional de autorizar, em terras indígenas,
a pesquisa e lavra de riquezas minerais;
- O Estado fornecerá a organização da atividade garimpeira em cooperativas,
levando em conta a proteção do meio ambiente e a promoção econômico-social dos
mineradores;
- As cooperativas de garimpeiros terão prioridade na autorização ou concessão
para pesquisa e lavra dos recursos e jazidas de minerais garimpáveis, nas áreas onde estejam
atuando, e naquelas fixas pela União, na forma da lei;
- A pesquisa e a lavra de recursos minerais somente poderão ser efetuados
mediante autorização ou concessão da União, no interesse nacional, por brasileiros ou
empresa constituída sob as leis brasileiras e que tenha sua sede e administração no país, na
forma da lei, que estabelecerá as condições específicas quando essas atividades se
desenvolverem em faixa de fronteira ou terras indígenas;
- Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio
ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente,
na forma da lei;
- A pesquisa e a lavra das riquezas minerais em terras indígenas só podem ser
efetivadas com autorização do Congresso Nacional, ouvidas as comunidades afetadas,
ficando-lhes assegurada participação nos resultados da lavra, na forma da lei;
- Não se aplica às terras indígenas o favorecimento à organização da atividade
garimpeira em cooperativas, e elas não terão prioridade na autorização ou concessão para
pesquisa e lavra dos recursos e jazidas minerais.
24
3 - CERTIFICAÇÃO KIMBERLEY
3 1 - BREVE PREÂMBULO HISTÓRICO
Desde as descobertas ocorridas no sul da África a partir do final da década de
1860, as quais desbancaram o Brasil do seu longo período de domínio da produção mundial
de diamantes, o eixo envolvendo pesquisa-desenvolvimento-lavra-comércio desse bem
mineral passou de modo definitivo às mãos do monopólio da megaempresa sul-africana De
Beers (detalhes adicionais sobre a evolução de tal empresa em Chaves & Chambel 2003). De
fato, essa empresa soube controlar com eficiência inquestionável toda a cadeia produtiva,
desenvolvendo uma metodologia de ação que se tornou clássica e imbatível em termos
industriais (visualizado no pipeline da empresa – Figura 4). Tal modelo funcionou com
perfeição até a década de 1980, quando novos fatores surgiram progressivamente,
prejudicando a hegemonia da De Beers, e mudaram parcialmente o cenário da cadeia
fornecedora do diamante no planeta. Os principais desses fatores foram:
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Mineração
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desenvolvimento
Prospecção
Figura 4: O pipeline abrangendo pesquisa-desenvolvimento-comercialização dos diamantes,
proposto pela megaempresa sul-africana De Beers. Modificado de Chaves & Chambel (2003).
(1) Descoberta do megadepósito diamantífero de Argyle (Austrália). Essa jazida,
encontrada ao final de 1979 em remota região do noroeste da Austrália, possui um lamproíto
intrusivo no cinturão móvel Halls Creek, um Próton, que circunda a margem leste do Cráton
25
Kimbeley. A mesma região já havia sido antes pesquisada pela De Beers, sendo porém
descartada uma vez que no modelo exploratório da empresa, apenas kimberlitos seriam
capazes de gerar mineralizações economicamente viáveis e, além disso, somente quando
situados em áreas cratônicas (nunca em faixas móveis). O desenvolvimento da mina logo
transformou a Austrália no maior produtor mundial, e no pico da produção em 1994, com 40
milhões de quilates, representou cerca de 40% da produção de diamantes à época;
(2) Guerra de Angola. A partir de 1980, na época produzindo ao ano cerca de 5
milhões de quilates, o país obteve total desvinculação de Portugal. Até então, a empresa
estatal portuguesa ENDIAMA comercializava com a De Beers tal produção. Com a
independência e rápida adesão do novo governo estabelecido (Movimento Popular de
Libertação de Angola – MPLA) ao regime comunista de Moscou, um grupo contrário
radicado no interior (União para Independência Total de Angola – UNITA), viu no domínio
bélico da principal região diamantífera angolana, a Lunda, um modo de auto-financiar seus
propósitos. A produção, ainda que diminuída (para cerca de 1-2 milhões de quilates anuais)
devido aos métodos mais arcaicos de extração, começou a ser vendida a preços mais baixos
nos mercados negros consumidores;
(3) Colapso do regime comunista da União Soviética. Esse país desde a década de
1960 tornou-se um grande produtor de diamantes, a partir de kimberlitos descobertos na
região sub-ártica da Yakutia, Sibéria. Por volta de 1990, com uma produção de cerca de 17
milhões de quilates, era a 4ª maior do mundo. Até a queda total do regime em 1991, o
governo soviético possuía acordo firmado com a De Beers, vendendo a essa empresa toda a
produção de diamantes gemológicos, porém retendo a produção de diamantes industriais para
consumo interno. Nesse processo, uma enorme parcela da produção (gemológica) foi desviada
para as mãos da burocracia governamental. Com o fim do regime, esses diamantes foram
parar maciçamente nos mesmos mercados não convencionais.
3.2 - CERTIFICADO DO PROCESSO DE KIMBERLEY: IMPLEMENTAÇÃO E
OBJETIVOS
Inicialmente, o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU)
impôs sanções proibindo importações de diamantes em bruto provenientes de Angola e outros
países africanos, objetivando impedir as fontes de financiamento de movimentos rebeldes.
Entretanto, apesar das tentativas para coibir tal prática, os diamantes de guerra continuaram a
encontrar mercado e acabavam por se inserir no comércio legalizado. A necessidade de
26
ampliação do nível de controle entre diversos países com intenção de reduzir o papel
desempenhado por tais diamantes na perpetuação dos conflitos fez com que vários países
produtores, importadores, indústria e sociedade civil se reunissem para tomarem providências
mais eficazes.
Assim, o Processo de Kimberley - PK foi estabelecido em 2002 por iniciativa dos
países produtores de diamantes da África Meridional, a fim de elaborar um sistema geral de
certificação para o comércio internacional de diamantes em bruto. A proposta inicial
apresentava como objetivos: (a) deter o comércio de diamantes em bruto utilizados por
movimentos rebeldes para financiar conflitos armados que visam colocar em risco a paz e a
segurança internacionais; (b) proteger a indústria de diamantes, da qual depende o
desenvolvimento econômico e social de certos países (e.g. Botswana) e; (c) controlar o
comércio de diamantes através da criação e implementação de um esquema de certificação a
nível mundial, baseado principalmente em normas internas dos países produtores sobre
padrões mínimos de convenções internacionais.
Essa proposta avançou com rapidez, e o Sistema de Certificação do Processo de
Kimberley - SCPK foi aprovado em reunião ministerial realizada em Interlaken, na Suíça, a 5
de novembro de 2002. Na sua resolução 56/263 de 13 de março de 2002, a Assembléia Geral
da ONU comunicou a criação de tal certificação. A aplicação simultânea do sistema iniciou-se
em 1º de janeiro de 2003, e o governo da República Sul-Africana concordou em presidir o PK
durante seu primeiro ano. Logo, a indústria de diamantes anunciou a aplicação de um auto-
controle de regulamentação voluntária, com o qual seriam oferecidas garantias respaldadas
por auditorias independentes (e.g. ONGS como PAC e GW).
Deste modo, reconheceu-se que se tornaria mais fácil o rastreio das transações de
diamantes em bruto por parte das autoridades competentes, bem como a aplicação eficaz do
SCPK. Além disso, a participação no PK foi encorajada e facilitada. Desde sua
implementação vários países e organizações de integração econômica regional participam do
PK, a exemplo de Angola, Botswana, Brasil, Canadá, China, Comunidade Européia, Costa do
Marfim, Estados Unidos da América, Rússia, Filipinas, Ghana, Guiné, Índia, Israel, Japão,
Lesotho, Namíbia, Noruega, República Centro-Africana, Coréia do Sul, Congo, Laos,
Tanzânia, Serra Leoa, África do Sul, Suíça, Swazilândia, Ucrânia, etc. Outros países logo
demonstraram suas intenções de participar em futuro próximo.
O PK visa assim ser um mecanismo internacional permanente, tendo como
objetivo detectar e prevenir o comércio de diamantes em zonas de conflito. Para a real
efetivação de tal processo, entende-se que a ONU adote medidas para apoiar a aplicação do
27
sistema como instrumento que contribuirá para garantir a eficácia das resoluções pertinentes
do Conselho de Segurança, no que se refere a impor embargos ao comércio de diamantes
provenientes de zonas de conflitos e assim promover a paz e a segurança internacionais. Esse
apoio ao citado sistema de certificação também contribuiria no sentido de promover o
comércio legítimo de diamantes, o qual possui importante função no desenvolvimento
econômico mundial.
3.3 - O PROCESSO DE KIMBERLEY NO BRASIL
No Brasil, o SCPK foi adotado de acordo com a Medida Provisória nº 125, de
2003, a qual foi referendada pelo Congresso Nacional pela Lei n°10.743 de 09/10/2003: “Art.
1° - Fica instituído no Brasil, nos termos das exigências estabelecidas no Processo de
Kimberley, o Sistema de Certificação do Processo de Kimberley, mecanismo internacional de
certificação de origem de diamantes brutos destinados à exportação e à importação, na forma
do disposto nesta Lei”. Interessante destacar o 2° parágrafo deste artigo: “Na exportação, o
Processo de Kimberley visa impedir a remessa de diamantes brutos extraídos de áreas de
conflito ou de qualquer área não legalizada perante o DNPM” (Brasil 2003).
Ainda de acordo com a citada lei, o SCPK tem por objetivos (Art. 4°): I –
assegurar o acesso da produção brasileira de diamantes brutos ao mercado internacional; II –
impedir a entrada, no território nacional, de diamantes brutos originários de países não-
participantes do PK, bem como daqueles originários dos países participantes, mas que estejam
desacompanhados de documentação compatível com aquele sistema; e III – impedir a saída
do território nacional de diamantes brutos desacompanhados do Certificado do Processo de
Kimberley- CPK.
São exigências que as exportações de diamantes brutos produzidos somente sejam
realizadas se acompanhadas do certificado, emitido pelo Departamento Nacional de Produção
Mineral (DNPM), neste caso, a entidade anuente no Brasil. Também as importações devem
ser acompanhadas do certificado, emitido pelas autoridades competentes do país de origem. O
Ministério da Fazenda, por intermédio da Secretaria da Receita Federal ficou responsável pelo
exame e manuseio dos lotes de diamantes submetidos a despacho aduaneiro, com vistas a
verificar sua conformidade com o conteúdo do certificado que os acompanha, expedindo, na
hipótese prevista no Art. 6, o correspondente certificado (§2... “o Ministério da Fazenda por
intermédio da Secretaria da Receita Federal, emitirá o CPK em substituição ao certificado
original, transcrevendo os mesmos dados do certificado substituído”).
28
Conforme o Art. 12 da mesma lei, o DNPM, a Secretaria da Receita Federal e a
Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior, em conjunto, serão responsáveis pela implantação e funcionamento do SCPK,
devendo desenvolver e implementar sistema de monitoramento e controle estatístico do
comércio e produção de diamantes no País, em consonância com o que for definido
internacionalmente no âmbito do PK.
Deste modo, na configuração do certificado a nível nacional, o DNPM, sobre uma
óptica aparentemente simplificadora, atrelou todo procedimento diretamente à área de direito
minerário, ou seja, à lavra/mina onde o diamante é produzido. Logo, o concessionário de
pesquisa ou lavra, requere ao DNPM o certificado das pedras supostamente produzidas em
seu território. Na mesma visão, problemas futuros seriam “remetidos de volta” a essa área,
onde poderiam atuar a fiscalização nacional ou mesmo internacional. Tal rigor, nem sequer
exigido pelo PK, infelizmente trouxe junto diversas seqüelas associadas, entre as quais se
destacam:
(1) Amplia-se a possibilidade de fraudes quanto aos reais sítios de produção
declarados, face o tamanho do território geográfico possuidor de diamantes no país, de
fiscalização quase impossível em sua totalidade;
(2) Impossibilita, na prática, a inserção no mercado legal das pedras produzidas
nos pequenos e inumeráveis garimpos brasileiros, os quais possuem não só irrefutável
importância em termos sociais, como também é responsável pela maior parte da própria
produção no País;
(3) Restringe também a transação de diamantes brasileiros “antigos”, em posse da
nossa população depois desses cerca de 300 anos ininterruptos de lavras sobre inúmeras áreas
produtoras garimpeiras.
Esses fatos, reunidos, colocam certamente a maior parte da produção nacional na
ilegalidade, dando margem a megaoperações dos órgãos judiciais competentes, visando a
repressão dos supostos fraudadores do esquema legal proposto no SCPK brasileiro.
Com o intuito de direcionar melhor as normas estabelecidas no sistema adotado
surgiu em 2005, o Fórum Brasileiro de Processo de Kimberley (FBPK), do qual são membros
representantes do Estado, da Polícia Federal, da Receita Federal, de empresas mineradoras, de
cooperativas de garimpeiros, entre outros. Os grupos de trabalho do FBPK empenham-se na
elaboração de estatutos, normalização de regras e procedimentos.
29
3.4 - ÍNDICES DA PARTICIPAÇÃO MUNDIAL NO SCPK
Valores oficiais sobre exportações e importações mundiais de diamantes
referentes aos países participantes do SCPK em 2007 são apresentados nas tabelas a seguir.
Nota-se que o Brasil ocupa uma posição muito inferior em comparação aos países que estão
no topo em termos de produção, exportação e em qualidade de pedras. As tabelas de 4 a 11,
apresentam os resultados obtidos nos anos de 2007 e 2008. As tabelas 4 e 5 mostram os países
maiores produtores de diamantes brutos e as tabelas 6 e 7 especificam o ranking de produção,
em volume por quilates e em valores (US$). As tabelas 8 e 9 mostram os países que ocupam
as 13 melhores posições como exportadores de diamantes brutos (e/ou lapidados) e nas
Tabelas 10 e 11 pode-se observar o valor médio dos diamantes brutos e/ou lapidados
exportados mais caros, e a procedência destes. Nota-se que de 2007 para 2008 esse quadro de
posições continua praticamente estável, embora na maioria dos casos haja uma pequena queda
nos valores.
Tabela 4: Maiores produtores mundiais de diamantes brutos – SCPK 2007, incluindo o
Brasil. Fonte: Annual Global Summary 2007.
PAÍS
VOLUME (ct)
VALOR (US$ 1.00)
US$/ct
1 – Rússia 38.291.200 2.625.100.500 14.58
2 – Botswana 33.638.000 2.960.144.000 88.00
3 – Rep. do Congo 28.452.496 364.783.294 12.82
4 – Austrália 18.538.645 364.629.604 19.67
5 – Canadá 17.007.850 1.657.014.734 97.43
6 – Rep. Sul-Africana 15.210.833 1.417.331.400 93.18
7 – Angola 9.701.709 1.271.955.353 131.11
8 – Namíbia 2.266.100 715.434.111 315.71
(17 – Brasil) 256.964 25.807.516 100.43
30
Tabela 5: Maiores produtores mundiais de diamantes brutos – SCPK 2008, incluindo o
Brasil. Fonte: Annual Global Summary 2008.
PAÍS
VOLUME (ct)
VALOR (US$ 1.00)
US$/ct
1 – Rússia 36.925.150 2.508.957.130 67.95
2 - Rep. Do Congo 33.401.927 431.833.163 12.93
3 – Botswana 32.276.000 3.273.001 101.41
4 – Austrália 14.932.137 326.394.284 21,86
5 – Canadá 14.802.699 2.254.710.603 152,32
6 – Rep. Sul-Africana 12.901.019 1.236.240.109 95.82
7 – Angola 8.906.974 1.209.789.970 135.83
8 – Guiné 3.098.490 53.698.455 17.33
(18 – Brasil) 80.226 6.221.579 77.55
Tabela 6: Maiores produtores mundiais de diamantes brutos e por valorização – SCPK 2007.
Fonte: Annual Global Summary 2007.
VOLUME (ct)
VALOR (US$ 1.00)
1 – Federação Russa 1 – Botsuana
2 – Botsuana 2 – Federação Russa
3 – República Democrática do Congo 3 – Canadá
4 – Austrália 4 – África do Sul
5 – Canadá 5 – Angola
6 – África do Sul 6 – Namíbia
7 – Angola 7 – República Democrática do Congo
8 – Namíbia 8 – Austrália
Tabela 7: Maiores produtores mundiais de diamantes brutos e por valorização – SCPK 2008.
Fonte: Annual Global Summary 2008.
VOLUME (ct)
VALOR (US$ 1.00)
1 – Federação Russa 1 – Botsuana
2 – República Democrática do Congo 2 – Federação Russa
3 – Botswana 3 – Canadá
4 – Austrália 4 – África do Sul
5 – Canadá 5 – Angola
6 – África do Sul 6 – Namíbia
7 – Angola 7 – República Democrática do Congo
8 – Guiné 8 – Austrália
31
Tabela 8: Maiores exportadores mundiais de diamantes brutos e/ou lapidados – SCPK 2007.
Fonte: Annual Global Summary 2007.
PAÍS
VOLUME (ct) VALOR (US$ 1.00) US$/ct
1 – Com. Européia 184.435.163 5.362.553.355 83,30
2 – Emirados Árabes 40.200.303 2.825.253.936 70,28
3 – Botsuana 34.962.966 3.170.056.591 90,67
4 – Índia 30.555.341 601.053.028 19,67
5 – Rússia 28.874.736 222.499.883 70,04
6 – Rep. do Congo 28.331.376 609.833.233 21,53
7 – Israel 23.580.429 435.209.707 175,37
8 – Austrália 19.862.138 463.998.613 23,36
9 – Canadá 17.444.703 93.808.096 97,10
10 – China 15.886.844 896.979.020 56,46
11 – África do Sul 13.889.688 1.867.334.581 134,44
12 - Suíça 9.918.263 1.623.687.356 163,71
13 – Angola 8.520.486 129.774.807 132,60
(27 – Brasil) 168.071 18.017.143 30.52
Tabela 9: Maiores exportadores mundiais de diamantes brutos e/ou lapidados – SCPK 2008.
Fonte: Annual Global Summary 2008.
PAÍS
VOLUME (ct) VALOR (US$ 1.00) US$/ct
1 – Com. Européia 152.133.429 14.704.833.773 96,66
2 – Índia 37.596.697 829.588.202 22,07
3 – Emirados Árabes 35.578.996 3.085.225.776 86,71
4 – Botswana 26.950.309 2.966.144.893 110,06
5 – Rússia 24.472.417 1.607.134.138 65,67
6 – China 23.146.488 1.821.156.879 78,68
7 – Rep. do Congo 21.284.136 551.879.602 25,93
8 – Israel 17.927.981 4.197.589.593 234,14
9 – Canadá 16.471.801 2.416.652.304 146,71
10 – Austrália 15.444.180 371.571.598 24,06
11 – África do Sul 10.023.302 1.416.402.994 141,31
12 – Suíça 8.006.659 1.662.502.815 207,64
13 – Angola 7.389.133 995.408.419 134,71
(28 – Brasil) 106.835,29 9.362.524.66 87,64
32
Tabela 10: Valor médio dos diamantes brutos e/ou lapidados exportados de maior preço –
SCPK 2007. Fonte: Annual Global Summary:2007.
PAÍS VALOR US$/ct
1 – Lesoto 729,42
2 – Namíbia 330,05
3 – Singapura 302,15
4 – Indonésia 263,38
5 – Japão 246,80
6 – Noruega 237,84
7 – Serra Leoa 234,53
8 – Ilhas Maurícius 227,40
9 – Armênia 208,76
10 – Sri Lanka 188,77
(21 – Brasil) 107,20
Tabela 11: Valor médio dos diamantes brutos e/ou lapidados exportados de maior preço –
SCPK 2008. Fonte: Annual Global Summary:2008.
PAÍS VALOR US$/ct
1 – Lesoto 999,47
2 – Turquia 741,13
3 – Nova Zelândia 569,34
4 – Sri Lanka 445,95
5 – Namíbia 400,09
6 – Serra Leoa 266,05
7 – Indonésia 258,77
8 – Japão 247,35
9 – Ilhas Maurício 258,21
10 – Israel 234,14
(21 – Brasil) 87,64
As tabelas 12 e 13 apresentam os resultados brasileiros alcançados até o mês de
julho de 2008, onde consta uma coluna, com os respectivos Sistemas Harmonizados de
Codificação e Designação de Mercadorias – SH. Os códigos harmônicos adotados pelo SCPK
são:
33
7102.10 – Este código compreende os lotes de diamantes ou os diamantes
unitários que não tenham sido submetidos ao exame por peritos em diamantes, segundo
critérios técnicos. Incluem-se igualmente aqui os lotes de diamantes em bruto que tenham
sido simplesmente clivados e embalados em função de suas dimensões, que não tenham sido
submetidos a outros exames por peritos.
7102.21 – São aqueles que em função de suas características (cor, pureza ou
qualidade, transparência, etc.) destinam-se a usos industriais precisos e específicos
(ferramentas para acabamento, fieiras de estiragem ou bigornas de diamantes, brocas de
perfurações, etc.), mas que também podem ser utilizados em joalharia ou ourivesaria.
7102.31 – São diamantes no estado natural, selecionados em lotes, bem como os
diamantes polidos, nos quais várias faces ou facetas planas foram polidas e que não
necessitam de um trabalho posterior antes de serem utilizados em joalharia ou ourivesaria.
Devem ser submetidos ao exame por peritos em diamantes.
Na Tabela 12 apresenta-se as exportações brasileiras, indicando os países de
destino, peso por quilates e valores em US$. A Tabela 13 mostra dados das exportações
brasileiras, a origem, peso por quilate e valores em US$.
Maiores detalhes sobre a produção, importação e exportação, bem como valores
em quilates, referente aos países participantes do SCPK em 2007 e 2008, podem ser
encontrados no Annual Global Summary:2007 Production, Imports, Export and KPC Counts
e Annual Global Summary:2008 Production, Imports, Export and KPC Counts (Anexo 1).
34
Tabela 12: Exportações brasileiras de diamantes em 2008. Fonte: MME.
Exportado para Data Peso (ct)
Valor
(US$)
Código HS
Israel 1Q 2008 910 345 051 7102.10
Com. Européia 1Q 2008 1 381 143 000 7102.10
Com. Européia 1Q 2008 5 748 92 002 7102.10
Com. Européia 1Q 2008 9 251 206 346 7102.10
Com. Européia 1Q 2008 332 63 152 7102.10
Com. Européia 1Q 2008 9 560 87 761 7102.10
Com. Européia 1Q 2008 6 559 60 212 7102.10
Com. Européia 1Q 2008 4 816 703 897 7102.10
EUA 1Q 2008 2 305 50 000 7102.10
EUA 1Q 2008 697 74 000 7102.10
Com. Européia 1Q 2008 6 271 1 108 801 7102.10
Emirados Árabes 1Q 2008 300 100 000 7102.10
Israel 1Q 2008 1 401 552 071 7102.10
Emirados Árabes 1Q 2008 1 183 25 546 7102.10
Com. Européia 2Q 2008 2 992 110 218 7102.10
Com. Européia 2Q 2008 6 675 116 000 7102.10
Com. Européia 2Q 2008 4 729 808 698 7102.10
EUA 2Q 2008 124 205 000 7102.10
Israel 2Q 2008 1 317 494 836 7102.10
Com. Européia 2Q 2008 5 068 182 491 7102.10
Australia 2Q 2008 24 5 000 7102.10
Israel 2Q 2008 1 116 738 080 7102.10
Com. Européia 2Q 2008 3 464 349 000 7102.10
Tabela 13: Importações brasileiras de diamantes em 2008.
Fonte: MME.
Importado de Data Peso (ct) Valor (US$) Código HS
EUA 1Q 2008 315 3 400 7102.21
EUA 1Q 2008 1 102 25 557 7102.21
EUA 1Q 2008 1 290 25 917 7102.21
EUA 2Q 2008 880 25 723 7102.21
EUA 2Q 2008 180 2 530 7102.21
EUA 2Q 2008 1 177 33 226 7102.21
Com. Européia 2Q 2008 111 88 624 7102.31
Com. Européia 2Q 2008 142 70 780 7102.31
Com. Européia 2Q 2008 1 1 7102.31
35
A Figura 5 mostra o percentual de CPKs emitidos pelo Brasil por países entre os
anos de 2006 a 2009. Observa-se que a maioria dos certificados emitidos foram para a
Béligica, mais de 40%, logo em seguida destaca-se Israel, para onde foram destinados mais de
20% dos CPKs brasileiros.
CPKs Emitidos por países (2006-2009)
42
14,3
21,4
10,7
5,4
1,8
0,9 0,9 0,9
1,8
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
B
élgi
c
a
USA
Isra
e
l
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fric
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Su
L
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Suíça
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s
trá
lia
Chin
a
porcentagem
Figura 5: Percentuais de CPKs emitidos pelo Brasil por países, entre os anos de 2006 a 2009.
Adaptado de Nahass et al. (2009).
Conforme observado nas tabelas anteriormente apresentadas, a produção brasileira
de diamantes brutos não vem a ser significativa. Ressalta-se que menos significativas ainda,
são as importações brasileiras de diamantes. A Figura 6 mostra os valores das exportações e
importações de diamantes em ct realizadas pelo Brasil nos anos de 2003 (quando o Brasil
aderiu ao SCPK) a 2008. Nota-se que os maiores volumes nas exportações ocorrem entre os
anos de 2003 a 2005 e a partir daí diminuem. No ano de 2006, houve uma queda brusca,
provavelmente relacionada com as fraudes descobertas na emissão de CPKs pelo Brasil, o que
fez com que o país ficasse temporariamente afastado do SPCK, impedindo suas exportações.
No ano de 2007, os problemas começam a ser contornados e os valores nos
volumes de exportações começam a reagir. Entretanto, em 2008, houve novamente queda
nesses volumes, o que estaria relacionado principalmente à crise que provocou forte impacto
em todo o setor mineral brasileiro. Segundo Nahass et al. (2009) a crise mundial ocasionou
uma queda substancial, em torno de 60%, nos preços dos diamantes brutos, o que tornou
difícil garantir os preços desejados pelos garimpeiros, mineradores e pelos compradores.
36
244.925
28.127
243.298
10.222
280.519
16.296
90.017
12.255
167.848
6.607
113.098
40.268
0
50.000
100.000
150.000
200.000
250.000
300.000
2003 2004 2005 2006 2007 2008
EXPORTAÇÃO - IMPORTAÇÃO 2003 - 2008 (ct)
EXPORTAÇÃO
IMPORTÃO
quilates
ano
Figura 6: Exportações e importações de diamantes em quilates realizadas pelo Brasil, desde a
adesão ao SCPK, entre os anos de 2003 a 2008. Adaptado de Nahass et al. (2009).
3.5 – INSTITUCIONALIZAÇÃO DO SISTEMA DE CERTIFICAÇÃO DO
PROCESSO DE KIMBERLEY NO BRASIL
Ressalta-se que a partir do modelo original, no qual foi embasada a implantação
do CPK no Brasil, muitas alterações vem sendo discutidas para uma melhor adequação deste à
realidade do país, bem como para assegurar o controle de seu funcionamento por parte dos
órgãos anuentes e evitar fraudes. Entretanto, segundo Porto Filho (2007), o Brasil ao integrar
a lista dos países participantes desse procedimento, adotou medidas inadequadas ao comércio
diamantífero no país, ao transpor as normas da legislação canadense sem atentar para as
especificidades de nossa produção. Afirma ainda que a diferença entre a mineração
canadense, onde a produção é concentrada em lavras de kimberlitos, demandando
investimentos de alta escala viáveis somente às grandes empresas, e a brasileira, onde o
diamante ocorre principalmente em depósitos aluvionares, é uma identificável
impossibilidade de adequação legislativa. Assim, Porto Filho (2007) ressalta que o SCPK é
uma medida positiva e necessária, mas que poderia ser adequada ao contexto brasileiro.
37
A discussão sobre o SCPK tomou força e repercussão a partir do momento em que
foi constatada uma falsificação no certificado de número 64 por produtores e exportadores de
diamantes em maio de 2005, em Belo Horizonte (MG). A fraude foi descoberta pela ONG
Parceria África Canadá-PAC. Além dessa, o comércio ilegal ou o contrabando de diamantes
da Reserva Roosevelt controlada pelos índios da tribo Cintas-Largas, também chamou a
atenção.
Porto Filho (2007) comenta que, se anteriormente uma das áreas mais controladas
e geradora de suspeitas e práticas ilícitas no mercado de diamantes e, também financiadora de
conflitos, era a África Ocidental, outras áreas passaram a ser foco da atenção internacional,
dentre elas o Brasil. Durante as investigações da denúncia da citada ONG, as exportações
brasileiras de diamantes foram suspensas. Após a suspensão da emissão de certificados
decorrentes das ações da Operação Carbono pela Policia Federal, o DNPM publicou a portaria
nº 295 de 1º de setembro de 2006, que engessou mais o procedimento administrativo para
emissão do certificado, vinculando-o a uma vistoria a cada seis meses, o pré-lacre e o pré-
requerimento eletrônico.
Ainda, em decorrência desses fatos, a Portaria Nº 192, de 25 de maio de 2007
(Brasil 2007), resolve conforme o Art. 1º instituir o Cadastro Nacional do Comércio de
Diamantes Brutos (CNCD), o Relatório de Transações sobre a Produção e Comercialização de
Diamantes Brutos (RTC) e regula a emissão do CPK para exportação e anuência para
importação de diamantes brutos, no âmbito do DNPM. Deste modo, de acordo com a Art. 6º
todo produtor ou comerciante de diamantes brutos no território nacional deverá
obrigatoriamente inscrever-se no CNCD. No preenchimento deste formulário, deverá ser
informado em campo próprio, as vendas efetuadas pelo requerente a partir de 1º de outubro de
2005 no mercado interno. Conforme o Art. 10 o RTC fica instituído como instrumento de
monitoramento da produção e comercialização de diamantes, sendo a apresentação da
declaração ao DNPM obrigatória para todo produtor ou comerciante de diamantes brutos no
território nacional.
Contudo, Porto Filho (2007), critica tais procedimentos, alegando que o sistema
induz ao erro. Mesmo aquele irregular poderá cadastrar-se perante o CNCD e um produtor
que extraia diamante de maneira ilícita poderá lançá-lo no RTC. Assim, quando é
concretizada uma transação e o vendedor o declara perante o RTC, há o aceite do sistema,
levando o comprador de boa fé ao erro, concluindo que aquele irregular está finalmente em
dia com o CNCD, já que o RTC não acusa seu impedimento.
38
Alterações recentes também envolveram a atividade garimpeira. A Lei nº 11.685,
de 02 de junho de 2008, institui o Estatuto do Garimpeiro destinado a disciplinar os direitos e
deveres assegurados aos garimpeiros (Brasil 2008).
No Art. 3º consta que o exercício da atividade de garimpagem só poderá ocorrer
após a outorga do competente título minerário expedido nos termos do decreto Lei nº 227 de
28 de fevereiro de 1967 e da Lei nº 7.805 de 18 de junho de 1989, sendo o referido título
indispensável para a lavra e a primeira comercialização dos minerais garimpáveis extraídos.
Quanto às modalidades de trabalho são permitidas: autônomo; regime de economia familiar;
individual com formação de relação de emprego; mediante contrato de parceira, por
instrumento particular registrado em cartório e em cooperativa ou outra forma de
associativismo.
No Art. 9º fica assegurado ao garimpeiro o direito de comercialização da sua
produção diretamente com o consumidor final, desde que se comprove a titularidade da área
de origem do minério extraído. Entre os deveres, consta no Art.12, recuperar as áreas
degradadas nas atividades mineradoras.
A partir da instituição deste estatuto, passa-se a permitir ao garimpeiro o direito de
requerer a CPK e comercializar seus diamantes de forma legalizada. Entretanto, Porto Filho
(2007) alerta para as condições econômicas/culturais em que se encontra um trabalhador
garimpeiro braçal, que não o credencia a esperar muito tempo pelos trâmites legais. Deve-se
considerar ainda a falta de conhecimentos técnicos e econômicos que satisfaçam os
pressupostos critérios exigidos pelo DNPM para a emissão do título minerário.
39
4 – GEOLOGIA E MINERALOGIA DO DIAMANTE
4.1 - DEPÓSITOS DIAMANTÍFEROS PRIMÁRIOS
Os principais depósitos primários de diamantes conhecidos têm natureza
kimberlítica ou lamproítica. Ambos os tipos de rocha são raros e correspondem a erupções de
material originado no manto terrestre. Kimberlitos e lamproítos seriam formados pela
cristalização de magmas híbridos (ou secundários), em parte diferenciados a partir de magmas
primários, peridotítico ou eclogítico (e.g. Mitchel 1986, Mitchel & Bergman 1991).
Os kimberlitos são rochas híbridas ricas em voláteis, os megacristais “primários”
reagem com a matriz de relativa baixa temperatura e, durante e após a intrusão, com água
subterrânea e contribuições variáveis de material das rochas encaixantes, podem apresentar
variadas composições modais. Kirkley et al. (1991) definiram kimberlito como rochas
híbridas, ultrabásicas, potássicas (0,6-2% K
2
O) e ricas em voláteis (CO
2
e H
2
O), compostas
por fragmentos de eclogitos e/ou peridotitos, em uma matriz formada essencialmente de
olivina (predominante), flogopita, calcita, serpentina, diopsídio, granada, ilmenita e enstatita.
Os kimberlitos aparecem normalmente na forma de chaminés intrusivas na crosta (os pipes), e
podem apresentar variáveis xenólitos, de acordo com as rochas por onde passou a intrusão.
No final da década de 1970, na Austrália, quando foram encontrados pela primeira
vez diamantes associados a um lamproíto, tal rocha foi inicialmente definida como um
“kimberlito ultrapotássico”. A dificuldade em estabelecer sua identidade era muito grande. Os
lamproítos são rochas ígneas ultrapotássicas, ricas em magnésio e, logo, em minerais
magnesianos. Os elementos-traço significativos incluem zircônio, nióbio, estrôncio, bário e
rubídio (Mitchel & Bergman 1991).
Considera-se o lamproíto um tipo específico de rocha, que integra um “clã” de
rochas de composição química semelhante e, da mesma forma que os kimberlitos, são rochas
híbridas que têm como produtos de cristalização primária principalmente olivinas, que
ocorrem tanto na matriz como em fenocristais (Mitchel & Bergman 1991). Em termos
químicos, constituem rochas ultrapotássicas (6-8% K
2
O) ricas em magnésio, porém, ao
contrário dos kimberlitos, são pobres (<1%) em CO
2
, ainda que enriquecidas em flúor. Em
função de seus conteúdos mineralógicos predominantes, os lamproítos têm sido designados
como olivina lamproítos e leucita lamproítos. Além dos minerais predominantes também em
40
kimberlitos, os lamproítos em geral se caracterizam por uma assembléia mineralógica
caracterísitica, formada por sanidina, leucita, priderita e wadeíta.
As teorias recentes de formação dos depósitos primários afirmam que os
diamantes se formaram entre 150 e 200 km, em temperaturas na faixa dos 1.100-1.500ºC, no
manto superior, em períodos iniciados desde 3.300 Ma. Tal formação deu-se em zonas mais
frias (e sólidas) do manto, do que nas quentes e fluídas. Permanecendo aquelas rochas frias e
essencialmente inalteradas por longos períodos de tempo, poderiam ter sido penetradas por
magmas de origem profunda que transportariam os diamantes como “xenocristais” (no
interior dos xenólitos – a maioria dos quais dissolvidos no processo de erupção) até a
superfície terrestre (Mitchel 1986).
O mecanismo de transporte dos diamantes até a superfície terrestre é a erupção
dos kimberlitos ou lamproítos. Esses dois tipos de rocha trouxeram xenólitos e xenocristais de
onde passaram, incluindo os diamantes, para a superfície. Entretanto, nem todos os
kimberlitos e lamproítos contêm diamantes, por não terem alcançado zonas férteis no manto
(os diamantes estão geneticamente associados a peridotitos e eclogitos). O peridotito é a rocha
mais abundante do manto. Tal denominação deriva de “peridoto”, uma variedade verde da
olivina. Em função de suas constituições químicas, duas variedades dessa rocha destacam-se
como fontes genéticas do diamante: o lherzolito e o harzbugito.
O eclogito é um tipo bastante invulgar de rocha, constituído predominantemente
por granada e clinopiroxênio (onfacita), e mais rico em SiO
2
, Al
2
O
3
e CaO do que os
peridotitos. Eclogitos são indicadores de ambientes de alta pressão e alta temperatura,
consistentes com aqueles em que o diamante se forma. Tais rochas ocorrem em regiões
metamórficas crustais profundas, abaixo dos continentes, formando-se através da
transformação (metamórfica) no estado sólido de rochas previamente existentes,
provavelmente, basaltos. Possivelmente, os eclogitos do tipo mantélico formam-se segundo o
mesmo mecanismo, através da subducção das rochas crustais.
Os kimberlitos ocorrem com a forma semelhante a uma cenoura. A zona da
cratera ocupa 300 m do topo de um kimberlito que, no seu estágio de formação, é um vulcão.
As chaminés lamproíticas têm uma morfologia semelhante, embora sua parte superior seja
mais larga que a dos kimberlitos, podendo ser comparadas a uma taça de champanhe (Figura
7). As outras zonas do kimberlito incluem o diatrema, abaixo da cratera, e ainda a zona de
raiz, mais profunda onde as rochas se comportam como diques estreitos (Mitchel 1986).
41
Figura 7: Esquema idealizado da morfologia de um pipe kimberlítico, incluindo as três zonas
ou fácies características e os níveis atuais de erosão a que estão submetidos alguns dos mais
conhecidos kimberlitos sul-africanos (extraída de Chaves & Chambel 2003).
As chaminés kimberlíticas e lamproíticas possuem natureza piroclástica; o
material expelido é constituído por fragmentos sólidos de rocha. Algumas estimativas
apontam para velocidades de ascenção do material das chaminés kimberlíticas da ordem de
10-30 km/h. Á medida que o kimberlito se aproxima da superfície, a velocidade aumenta para
várias centenas de quilômetros por hora. Se a intrusão dos kimberlitos fosse lenta, o diamante
se transformaria em grafita (ou CO
2
), que é a forma de carbono mais estável sob condições
crustais.
4. 2 - DEPÓSITOS DIAMANTÍFEROS SECUNDÁRIOS
Kimberlitos ou lamproítos, as únicas fontes diamantíferas primárias
economicamente importantes conhecidas, possuem composições mineralógicas pouco
estáveis sob condições superficiais. Assim, ocorre alteração intempérica da maioria dos seus
minerais, que são transportados pela água nos sistemas de drenagem. O diamante é um
mineral de alta estabilidade e resistência aos processos químicos e físicos atuantes, e portanto
pode ser transportado sobre longas distâncias desde sua rocha matriz, até que processos de
sedimentação permitam novamente retê-los em armadilhas apropriadas (Chaves & Chambel
2003).
42
Os fenômenos geológicos que condicionam a colocação do diamante na crosta
podem influenciar também as características específicas dos vários depósitos secundários.
Apesar de tais fenômenos serem relativamente simples, não significa que diamantes
encontrados em determinado depósito secundário tenham apenas uma única fonte primária.
Logo, os próprios depósitos secundários podem ser remobilizados e, assim, originarem novos
depósitos secundários (Sutherland 1982).
A tendência ao agrupamento de diversas chaminés kimberlitícas ou lamproíticas,
propicia com que uma bacia hidrográfica qualquer possa interceptar várias estruturas
mineralizadas. A formação dos depósitos detríticos está relacionada aos fenômenos de
concentração mecânica natural dos resíduos provenientes dessas fontes. As chaminés,
quando atingidas pelos processos de intemperismo químico, liberam os minerais resistentes,
que ao serem transportados pelos cursos d’água são classificados naturalmente com base nas
diferenças de densidade, dureza e granulometria original dos grãos. No transporte, impactos
físicos determinam que os minerais de clivagem perfeita ou de tenacidade mais baixa tendam
a se pulverizar em partículas muito finas.
De tal modo, somente os minerais mais tenazes estarão aptos ao maior transporte,
deposição e concentração em áreas favoráveis. Os cascalhos diamantíferos no Brasil são
compostos, normalmente, por grãos de quartzo, e em menores quantidades, por óxidos de
ferro, cianita, rutilo, fosfatos, estaurolita, rutilo, piropo, crisoberilo, zircão e diopsídio,
embora não necessariamente tais minerais apresentem relações genéticas diretas com o
diamante (Barbosa 1991).
4.3 - ASPECTOS GERAIS SOBRE A MINERALOGIA DO DIAMANTE
Os primeiros estudos específicos sobre a mineralogia do diamante, realizados no
século XIX e inícios do século XX, visavam principalmente caracterizar os aspectos
cristalográficos de indivíduos isolados. A partir da década de 1930, métodos investigatórios
com aparelhagens mais sofisticadas, como a espectroscopia de raios infravermelhos e a
microscopia eletrônica de varredura permitiram a obtenção de aspectos químicos do diamante,
bem como de aspectos morfológicos das estruturas de dissolução presentes em determinadas
faces do mineral. Na década de 1980, a microssonda eletrônica veio permitir análises
químicas de precisão, além de datações nas inclusões presentes no diamante, o que também
constituiu um modo de se conhecer aspectos quanto ao quimismo do manto superior. Além
disso, os estudos estatísticos de Harris et al. (1975, 1979) envolvendo populações de
43
diamantes kimberlíticos e aluvionares da região sul-africana, vieram reforçar a idéia de que os
mesmos poderiam constituir base para a análise e identificação da origem de populações de
diamantes.
No Brasil, o exame de populações de diamantes em diversas localidades tais como
Alto Rio Araguaia (MT/GO), Mina de Romaria (W-MG), Rio Tibagi (PR), etc., foi também
tentada com sucesso. Chaves (1997), realizou estudo sistemático das características
mineralógicas do diamante em quatro áreas distintas no contexto da Serra do Espinhaço em
Minas Gerais (Datas, Rio Jequitinhonha, Grão Mogol e Jequitaí), estudo que serviu de base
para uma proposta genética na qual os diamantes presentes nos conglomerados da Formação
Sopa-Brumadinho teriam uma origem distante, no Cráton do São Francisco (a oeste de tal
serra, corroborando a hipótese de Pflug 1965). Essa afirmação veio a reforçar a idéia de que
esses conglomerados constituiriam a “fonte única” dos diamantes que alimentaram os
depósitos sedimentares mais recentes.
Desta maneira, pode-se conceber que o estudo da mineralogia do diamante é
importante também no sentido de se entender os processos que envolveram seu transporte, e
assim o distanciamento relativo das fontes primárias originais. De outra forma, o valor
comercial de um diamante na forma bruta é consequência das diversas características
mineralógicas por ele apresentado. Logo, aspectos básicos como peso, forma, cor, inclusões e
possíveis capas, devem ser associados para a definição de seu valor, pois essas feições irão
influenciar diretamente o quanto de tal pedra será aproveitado depois dos processos de corte e
lapidação. Estudos sobre as características dos diamantes são importantes também no sentido
de se entender processos que envolveram seu transporte antes de terem sido depositados, bem
como a proximidade com sua fonte original primária.
Na Figura 2, é mostrado um esquema classificatório geral para os diamantes
brutos, conforme adaptações nas propostas de Chaves (1997), Chaves & Svisero (2000),
Benitez (2004) e Chaves & Benitez (2006), o qual foi utilizado neste estudo de diamantes
envolvendo as províncias diamantíferas mineiras.
No que se refere aos critérios de ordem primária dos diamantes, destacam-se: a
forma, o peso, a cor, a pureza e o estágio de dissolução. Tais critérios são explicitados a
seguir.
A 1 - Forma do diamante:
O diamante monocristalino se cristaliza no sistema cúbico, na classe holoédrica ou
hexaoctaédrica, cujo grau de simetria é m3m. As formas simples encontradas na classe são:
44
hexaoctaedro (hkl), trioctaedro (hhl), icositetraedro (hll), octaedro (111), tetrahexaedro ou
cubo piramidado (hk0), rombododecaedro (110) e hexaedro ou cubo (100). Em termos gerais
a maioria dos cristais é octaédrico ou dodecaédrico, algumas vezes cubos e raramente podem
ter formas tetraédricas. Formas exóticas são originárias de processos complexos de dissolução
e/ou geminação que agem sobre os diamantes durante a sua cristalização no manto, conforme
sugerem Svisero & Haralyi (1985).
Hábitos cristalinos como rombododecaedro, não representam formas primárias de
crescimento, sendo produzidos por processos naturais de dissolução a partir de outras formas.
O octaedro vem a ser a principal forma de crescimento do diamante e a partir da dissolução
desta forma podem resultar diversas outras cujas principais características são os graus
variáveis de curvatura das faces e das arestas (Moore & Lang 1974). Existe uma progressão
contínua do octaedro de faces planas e arestas retilíneas até o rombododecaedro de faces
abauladas e arestas curvas. Assim, o rombododecaedro é em geral a forma mais abundante
presente nos diamantes naturais justamente pelo fato desta ser remanescente das faces de
dissolução que modificaram as formas octaédricas primárias.
São comuns cristais de faces encurvadas, denominadas por Orlov (1973) de
dodecaedróides, octaedróides e cubóides, conforme a semelhança com o hábito original. As
geminações mais comuns são observadas principalmente segundo o plano (111), estes são
tabulares e exibem contorno triangular, originando diamantes conhecidos no Brasil como
“chapéu-de-frade”. Geminados de Mohs são mais raros, tratando-se de cristais com vértices
salientes e faces reentrantes, que resultam de crescimentos complexos, talvez produto da
interpenetração de quatro octaedros distintos.
Muitos diamantes não apresentam hábito definido; são cristais achatados ou
irregularmente desenvolvidos. Nesses casos, as faces planas são pouco proeminentes e, por
vezes, os planos são tão recurvados, o que torna impossível notar as arestas formadas por
estes. De acordo com Svisero (1971), as formas irregulares ocorrem em consequência de
desproporções ocorridas durante o desenvolvimento do cristal (diferentes velocidades de
crescimento segundo seus três eixos), bem como pela dissolução posterior mais acentuada em
determinados setores do cristal.
Os diamantes dos tipos agregados cristalinos podem ser encontrados com dois e
até dezenas de indivíduos. Os tipos policristalinos podem ser classificados em três variedades,
designadas de bort, ballas e carbonado. Os borts são agregados cristalinos complexos, que
possuem aspecto irregular, de cor cinza-escura ou preta, onde os cristalitos não podem ser
individualizáveis. Os ballas podem ser definidos como agregados policristalinos de
45
desenvolvimento orientado globular, com os cristalitos em direções (110) radiais que resultam
em uma forma esférica. Os carbonados são agregados pretos e porosos, de aspecto irregular,
apresentando cristalitos muito reduzidos, da ordem de 0,001 mm.
A 2 - Distribuição de Peso e Granulometria:
Para determinação da distribuição de peso e granulometria do diamante nas
diversas áreas pesquisadas, considerou-se não só os lotes estudados em detalhe, como também
outros lotes observados, só para este fim, de posse com comerciantes de diamantes das
localidades envolvidas. As pedras devem ser pesadas em balanças gemológicas portáteis, com
peso em quilates e divisão por pontos (1 ct = 100 pontos = 0,2 g). Em algumas circunstâncias,
pode-se ainda fazer estimativas de peso, que agilizam as descrições de lotes com muitos
indivíduos, e que tornaria inviável a pesagem das pedras uma a uma. As classes adotadas são:
de 0,01 a 0,25 ct; de 0,26 a 0,60 ct; de 0,61 a 1,20 ct; de 1,21 a 2,00 ct e maiores do que 2,01
ct. Estas foram propostas como consequência dos exames preliminares, visando tanto atender
regiões onde as médias de peso são muito baixas (como na Serra do Espinhaço) como onde as
médias são muito altas (como no Alto Paranaíba).
A 3 - Cor:
A cor do mineral resulta de uma série de condicionantes físicas e químicas que
dependem da absorção seletiva da luz por ele transmitida ou refletida. No diamante, esta
característica é ainda mais evidente: o mineral é incolor em seu estado ideal, porém, além das
várias tonalidades de amarelado (extremamente comuns), são reportadas espécies de todas as
colorações, tais como: branco-leitoso, amarelo-canário, laranja, rosa, violeta, verde, azul,
marrom e preto. As sutilezas de tons provenientes dos diamantes incolores é um aspecto
fundamental para sua comercialização.
Os diamantes coloridos (fancy diamonds), como rosa, vermelho, azul ou verde,
são raríssimos e podem alcançar preços até centenas de vezes superiores em relação aos
cristais puros e incolores dentro de uma mesma faixa de peso. As chamadas cores industriais
são aquelas cuja tendência não favorecem o brilho das pedras quando lapidadas, e possuem
pouco valor no mercado, em geral aquelas de tonalidades mais escuras. Atualmente ocorre
todo um marketing como tentativa de se incluir entre as cores gemológicas, pedras de
coloração amarelo-champagne e marrom-conhaque; tal fato se deve à grande ocorrência de
diamantes com tais características na mina de Argyle, na Austrália.
Para a classificação de cor dos diamantes, na Figura 1, foram utilizados os
parâmetros: incolor, incolor-amarelado, amarelado, fancy e cor industrial.
46
A 4 - Grau de Pureza:
As inclusões minerais presentes nos diamantes é um dos principais meios para o
conhecimento da própria gênese deste, e permite ainda uma pressuposição das fases minerais
sob as condições termodinâmicas presentes no manto superior do planeta. Em termos práticos,
a identificação das inclusões possibilita também a separação de diamantes naturais de
diamantes sintéticos, além de outros materiais utilizados como imitação desta gema, como a
zircônia cúbica.
Em termos de grau de pureza, de modo a simplificar tal classificação, são
representados na ficha (Figura 2).
Pureza 1- cristal totalmente livre de inclusões, ou com inclusão muito pequena,
difícil de se observar com a lupa de 10 aumentos.
Pureza 2 - pedra com inclusões pequenas, mas que possam ser encontradas com a
lupa.
Pureza 3 - possui inclusões e/ou jaças evidentes com a lupa, porém difíceis de
serem vistas a olho nu, e são conhecidas também como Piqué I. Diamantes com inclusões
grandes e/ou frequentes, facilmente visíveis a olho nu, sendo chamadas de Piqué II.
Pureza 4 – inclusões grandes e/ou frequentes, muito fáceis de serem vistas a olho
nu, e que reduzem o brilho da pedra. São denominadas de Piqué III.
Pureza 5 – cristais de qualidade não gemológica (tipo industriais). Nessa categoria
se enquadram cubos, borts, ballas e cristais com muitos defeitos, tais como inclusões grandes,
jaças, etc.
A 5 - Estágio de Dissolução:
Segundo Patel & Agarwal (1965), a velocidade de dissolução na superfície do
diamante não é homogênea, ocorrendo seletivamente na seguinte ordem dos planos
cristalográficos: (110)>(100)>(111), o que significa uma diferença relativa na velocidade de
dissolução entre esses planos que facilita a corrosão segundo (110), correspondente às faces
do rombododecaedro. Esse fato explica porque os cristais, inicialmente octaédricos, tornam-se
progressivamente trioctaédricos, hexaoctaédricos e por fim rombododecaédricos.
Embora esse parâmetro exija um estudo detalhado mais complexo, para uma
rápida descrição de campo, a ficha utilizada propõe cinco estágios:
Imperceptível – quando as faces do cristal apresentam-se perfeitas, sem indício
algum de dissolução.
47
Médio/visível – após uma observação bastante detalhada com a lupa, percebe-se
um pequeno grau de dissolução, às vezes, em apenas uma das faces.
Dissolvido – pode-se observar indícios de dissolução no cristal a olho nu.
Corrosão – esse estágio de dissolução é tão elevado, que provoca pequenos
orifícios na superfície do cristal.
Frosting – termo que designa uma superfície fosca que oculta o brilho dos
diamantes. Tal superfície é atribuída ao ataque químico de voláteis durante a ascenção de
kimberlitos ou lamproítos (McCallum et al. 1991, Meyer et al. 1997). Segundo McCallum et
al. (1991) o frosting pode ser classificado segundo intensidades estruturais: grossa, média,
fina e muito fina, relacionando-a como feição magmática tardia nos diamantes. Robinson et
al. (1989), considera o frosting grosso como formado a temperaturas maiores do que 950º C
(condições não oxidantes), enquanto o frosting fino se formaria em temperaturas
intermediárias entre os processos de corrosão de alta e baixa temperatura.
Os critérios estabelecidos, segundo características de ordem secundária
encontradas nos diamantes, são: clivagem superimposta, marcas de impacto, capas e
qualificação comercial.
B 1 – Clivagem superimposta:
Um cristal pode ser encontrado inteiro ou fragmentado, de acordo com os planos
de clivagem do diamante. A fragmentação é causada pelo transporte da pedra, seja no meio
magmático original ou no meio aluvionar após a erosão das rochas matrizes, independente do
hábito do cristal. O aspecto “clivagem superimposta” é importante no sentido de contribuir
com interpretações genéticas do lote estudado, após estatisticamente definidas as proporções.
Considera-se que a ocorrência abundante de cristais inteiros em uma região pode significar
uma origem distante para o mineral, uma vez que rochas-fonte primárias (kimberlitos e
lamproítos) apresentam alto percentual de pedras clivadas.
Na ficha (Figura 1) são estabelecidos quatro categorias para este item:
Intactos – quando o cristal não exibe nenhum vestígio de quebra.
Levemente quebrados – quando observado na lupa, pode-se identificar algum
fraturamento.
Quebras perceptíveis – pode-se facilmente observar quebras na clivagem, mesmo
a olho-nú.
Lascas – correspondem a pedaços originados da quebra de um cristal.
48
B 2 - Marcas de Impacto:
As marcas de impacto consistem em figuras com formas aproximadas de meia-
lua, que podem por vezes ser observadas nas superfícies (110) do diamante. Essas figuras são
designadas no meio comercial como “unhadas”, e teriam sido ocasionadas nos diamantes
durante o transporte no meio fluvial (Censier & Tourenq 1995). Essas marcas podem aparecer
no cristal como formas rasas e pouco perceptíveis até muito profundas.
Embora inicialmente houvesse a intenção da análise desse parâmetro nos
diamantes, no decorrer do trabalho verificou-se inviável, devido ao grande número de
indivíduos estudados em determinadas ocasiões e a pouca disponibilidade de tempo. Embora
importante, resolveu-se depois desconsiderá-lo, por não ter sido abrangido com detalhes para
a totalidade dos cristais analisados.
B 3 - Capas:
Diamantes com uma leve coloração esverdeada são relativamente comuns.
Segundo Orlov (1973) e Vance et al. (1973), tal aspecto é ocasionado pela existência de um
capeamento verde (green coat), que pode se manifestar de três maneiras: a) capas verdes
opacas, grossas e de variada espessura (geralmente em cristais cúbicos que apresentam
zonamento); b) capas verdes densas, translúcidas, com cerca de 20 µm de espessura; c) pontos
ou manchas verdes transparentes, geralmente isoladas, também com espessuras em torno de
20 µm.
A capa verde consiste em uma película ínfima que pouco prejudica o valor
comercial das pedras, pois desaparece rapidamente durante o polimento no processo de
lapidação. O mesmo ocorre quando o diamante possui uma capa de coloração marrom ou
amarela, mais raras do que as capas verdes. Vários autores atribuem que a capa verde se deve
à irradiação natural dos cristais por partículas-α, emitidas por minerais ou soluções ricas em
tório e/ ou urânio (Vance et al. 1973, Harris et al. 1975). Entretanto, Orlov (1973), atribui a
coloração verde pela presença de certos elementos cromóforos na parte mais externa dos
cristais.
B 4 - Qualificação Comercial:
Desde os tempos da Índia até fins do século retrasado, o interesse pelo diamante
era puramente como material gemológico. Somente a partir do século XX, quando o diamante
passou a ter também ampla utilização industrial, o meio comercial desenvolveu uma
terminologia e classificação próprias para qualificar o diamante, muitas vezes conflitantes
com as descrições acadêmicas (Chaves & Chambel 2003).
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A qualificação comercial abrange uma associação de diversos aspectos
apresentados pelo diamante. Considerando-se que neste trabalho são avaliadas pedras brutas,
entre outras características relevantes podem-se considerar, os principais aspectos primários
constantes na ficha da Figura 2. São necessários conhecimentos profundos para antever
possíveis problemas que depois possam comprometer um melhor aproveitamento das pedras.
Suas principais varáveis são:
Gema 1 – inclui preferencialmente cristais bem formados, tamanho adequado para
lapidação, coloração “límpida” (incolor ou levemente/amarelado), e graus de pureza 1 a 2.
Gema 2 – inclui cristais que embora não possuam as características “nobres”
adotadas para “gema 1”, possam ainda ser lapidados e utilizados como gemas.
Chip – são diamantes desproporcionados ou mesmo em lascas, que podem ser de
dimensões variadas, dependendo disso podem ter algumas partes ainda utilizáveis
gemologicamente.
Indústria – inclui pedras muito pequenas (<0,05 ct), além de cubos, alguns
geminados, variedades policristalinas e cristais de cores atualmente inaceitáveis no mercado
(cinza, marrom ou preta, etc.) que contenham muitas inclusões.
Embora não seja uma das características analisadas neste estudo, no sentido de
facilitar (e agilizar) as análises em campo, vale ressaltar que em geral, diamantes podem
também ser caracterizados por sua fluorescência, isto é, sob a incidência de raios utravioleta
em ondas longas, emitindo colorações variadas como azul, verde, amarelo e rosa. Mais
raramente, apresentam fosforescência, característica que permite com que permaneçam
luminescendo mesmo após a fonte ter cessado. Quando excitados com ondas curtas de fonte
ultravioleta, apenas cristais com fluorescência forte sob ondas longas vão apresentar
fluorescências média ou fraca (Chaves & Chambel 2003). A luminescência pode ser
considerada um fator negativo em termos comerciais, por se julgar que as pedras “amarelam”
após lapidadas, embora em termos científicos tal hipótese não tenha ainda sido comprovada.
Estudos mais consistentes sobre a fluorescência de diamantes foram realizados por Moses et
al. (1997).
50
5 - PROVÍNCIAS DIAMANTÍFERAS DE MINAS GERAIS
O conceito de província mineral, em termos da moderna metalogenia, envolve
uma extensa região, em geral da ordem de dezenas de milhares de quilômetros quadrados,
onde um determinado bem mineral pode ser encontrado, tendo em vista que seus depósitos
possuam afinidades temporais e de ambiência tectônica (Kun 1963, Petrascheck 1965). No
caso do diamante, uma outra característica é fundamental para a constituição geográfica de
uma província: a que relaciona os aspectos mineralógicos, ou a “assinatura mineralógica”
(conforme Chaves & Benitez 2006), das populações de diamantes encontradas em tal
contexto. Uma província mineral comporta ainda subdivisões em partes menores, constituindo
os distritos minerais, com extensões da ordem de milhares de quilômetros quadrados, e os
campos minerais, com extensões da ordem de centenas de quilômetros quadrados.
No Estado de Minas Gerais foram reconhecidas quatro províncias
diamantíferas, a saber: (1) Serra do Espinhaço, (2) Noroeste São Francisco, (3) Alto Paranaíba
e (4) Serra da Canastra (Figura 8). Essas províncias podem ainda ser subdivididas em distritos
diamantíferos, bem como, no caso específico da Província da Serra do Espinhaço – Distrito de
Diamantina, em diversos campos diamantíferos. Tais subdivisões resultam do conhecimento
geológico acumulado sobre uma determinada região, devendo ser ressaltado que esse
conhecimento ainda é deficiente para as outras três províncias.
51
Figura 8: Mapa geológico do Estado de Minas Gerais, simplificado, abrangendo as províncias diamantíferas.
Modificado de Penha et al. (2000).
52
5.1 - PROVÍNCIA SERRA DO ESPINHAÇO
A descoberta de diamantes no Brasil ocorreu na Serra do Espinhaço, durante a
primeira década do século XVIII nas proximidades da atual cidade de Diamantina (MG), no
início como um subproduto da mineração aluvionar de ouro e, posteriormente, em larga escala
abrangendo a maioria dos sistemas de drenagem nos contextos do espigão serrano e suas
bordas. Com o desenvolvimento das atividades de lavra, outros tipos de depósitos foram
progressivamente achados. Relatos históricos descrevem desde os primórdios da mineração
diamantífera, que depósitos superficiais recobrindo as porções altas fora das drenagens, como
colúvios, elúvios e coberturas lateríticas também continham diamantes, ainda que pouco
atraentes por seus teores baixos e irregulares, além da carência de água sobre tais locais.
Esta região brasileira tem se destacado como uma das principais produtoras de
diamantes do país, o que estimulou a realização de centenas de trabalhos científicos,
principalmente voltados para a problemática da rocha fonte primária desses diamantes, ainda
desconhecida. A Província Diamantífera da Serra do Espinhaço abrange quatro distritos de
tamanhos e importâncias bastante distintas: Diamantina, Jequitaí, Itacambira e Grão Mogol
(Figura 8).
5.1.1 - Distritos de Diamantina e Jequitaí
Os distritos diamantíferos de Diamantina e Jequitaí estão geograficamente
inseridos no contexto da Serra do Espinhaço Meridional. De acordo com Santos (1978), os
primeiros achados de diamantes no Brasil, deram-se no rio Pinheiro, imediações do Arraial do
Tejuco (atual Diamantina), em 1714. Deste modo, o Brasil foi a primeira nação ocidental a
produzir diamantes, a partir de depósitos aluvionares, mantendo tal hegemonia por cerca de
160 anos até a descoberta dos ricos campos diamantíferos da África do Sul. Na região de
Diamantina, a “rocha-fonte” do diamante é um conglomerado pré-cambriano, designado de
Conglomerado Sopa por Moraes & Guimarães (1930). Essa rocha atualmente integra a
Formação Sopa-Brumadinho, do Supergrupo Espinhaço (Pflug 1968), aflorando em diversas
áreas características na região serrana. O designado Distrito Diamantífero de Diamantina
(Chaves 1997) integra quatro campos diamantíferos: Sopa-Guinda, São João da Chapada,
Extração e Datas, onde a mineralização diamantífera está fortemente atrelada à presença dos
conglomerados do tipo-Sopa além de depósitos situados em suas proximidades.
53
A área de Sopa-Guinda situa-se 10 km a oeste de Diamantina, com lavras de
pequeno porte, onde destacam-se as de Caldeirões, Brumadinho e Lavrinha. Nas
proximidades do vilarejo de Sopa, Moraes & Guimarães (1930) fizeram as primeiras
descrições detalhadas e designaram os conglomerados diamantíferos pré-cambrianos como
“Formação Sopa”. Em São João da Chapada foram descobertos os primeiros depósitos em
conglomerados da região de Diamantina, tal fato ocorreu por volta de 1850, na lavra do Barro,
a oeste do vilarejo do mesmo nome (Burton 1869). O depósito diamantífero é um
conglomerado brechóide muito decomposto, pertencente à Formação Sopa-Brumadinho. Esta
área diamantífera se estende do vilarejo de São João da Chapada até a Mina do Campo
Sampaio, localizada a cerca de 20 km ao noroeste do Campo de Sopa-Guinda. Abrange o
divisor de águas das drenagens que fluem para oeste – bacia do São Francisco (rio Pardo
Grande) ou para leste – bacia do Jequitinhonha (rios Pinheiro e Caeté-Mirim).
O Campo de Extração situa-se a 15 km a leste de Diamantina e possui os maiores
volumes do conglomerado Sopa, com os mais altos teores, e destaca-se por ter produzido as
maiores pedras de todo o distrito. Em 1954, no ribeirão do Inferno, foi encontrado um
diamante com 64,4 ct, considerado o maior da região (Chaves & Chambel 2003). Segundo
Haralyi & Svisero (1986), pedras com peso superior a 15 ct não são incomuns nesta área. No
campo de Datas, ao sul de Diamantina, destacam-se, dentre outras, as lavras de Lajes, Vintém,
Surrão (ou dos Ingleses) e Datas de Cima. Segundo Chaves & Chambel (2003), cerca de 200
garimpeiros atuam nesta área, diretamente sobre o Conglomerado Sopa. O ribeirão de Datas,
que corta a área de norte a sul, pode ser considerado um dos mais ricos de todo o distrito. A
principal faixa de ocorrência do Conglomerado Sopa no local, situa-se a leste da cidade de
Datas onde estão as lavras supra citadas.
A região de Jequitaí, que integra o Distrito Diamantífero de Jequitaí, está
localizada a noroeste da Serra do Cabral, no centro-norte de Minas Gerais. O embasamento da
área, sobre a qual repousam sedimentos fanerozóicos de várias idades, é constituído por
metassedimentos dos supergrupos Espinhaço e São Francisco. A primeira fase de distribuição
dos diamantes deu-se a partir dos metaconglomerados da Formação Sopa-Brumadinho, que
não aflora na região, mas contribuíram para a composição dos depósitos fluviais do Cretáceo
Inferior (Formação Areado) (Chaves & Bottino 2000). A porção basal conglomerática da
Formação Areado e sua cobertura laterítica foram os grandes distribuidores dos diamantes
para os depósitos mais novos, pós-cretácicos.
A partir do Terciário Superior, atividades neotectônicas determinaram a
construção de um meio-gráben estruturado NW-SE, e seu desenvolvimento em pelo menos
54
dois estágios permitiu a formação de depósitos fanglomeráticos, plio-pleistocênicos e dos
terraços deixados pelo rio Jequitaí, os quais constituem os principais alvos da garimpagem
local (Penha et al. 2000). No Pleistoceno Superior, processou-se uma nova fase de
lateritização, estendendo-se até o Holoceno, quando o preenchimento do gráben se completou
com a sedimentação de uma cobertura detrítica transportada, juntamente com os sedimentos
aluvionares da atual calha do rio Jequitaí (Chaves & Bottino 2000).
5.1.1.1 - Contexto Geológico
A Serra do Espinhaço, na região de Diamantina apresenta rochas pertencentes a
três grandes unidades litoestratigráficas pré-cambrianas: o Complexo Basal (Arqueano), o
Supergrupo Rio Paraúna (Arqueano Superior) e o Supergrupo Espinhaço, o qual sustenta a
maior parte do espigão serrano, depositado no Paleo-Mesoproterozóico. Todo o pacote é
penetrado por rochas intrusivas metabásicas, com idades preferenciais entre 1,1-0,9 Ga
(Machado et al. 1989). Os principais depósitos diamantíferos pré-cambrianos, na região, são
aqueles constituídos pelos conglomerados que se intercalam na Formação Sopa-Brumadinho
(Supergrupo Espinhaço). Ocorrem na região rochas pertencentes às unidades basais do
Supergrupo Espinhaço: formações Bandeirinha, São João da Chapada, Sopa-Brumadinho e
Galho do Miguel (Figura 9). A Formação Sopa-Brumadinho é ainda dividida em três
conjuntos distintos, já caracterizados em Schöll & Fogaça (1979) e Dossin et al. (1985), e
posteriormente formalizados: membros Datas, Caldeirões e Campo Sampaio (Almeida-Abreu
1995). A ocorrência generalizada de diques e sills de rochas metabásicas é uma característica
desta porção da Serra do Espinhaço, na maior parte mostrando-se intemperizados e formando
em sua superfície espessos solos vermelhos argilosos.
A região de Jequitaí está inserida no domínio interno do Cráton do São Francisco
(Figura 10), o qual, na definição original de Almeida (1977) constitui uma área plataformal
cujo embasamento se consolidou em tempos pré-brasilianos, servindo assim de antepaís para
os dobramentos ocorridos no Brasiliano. Alkmim et al. (1993) aperfeiçoaram esse conceito,
considerando então o cráton “entendido como uma feição do Proterozóico Superior, ou seja,
moldada pelo Evento Brasiliano, embora tenha se consolidado como segmento da litosfera
continental no Arqueano”.
55
Figura 9: Mapa geológico abrangendo a área do Distrito Diamantífero de Diamantina.
Modificado de Chaves (1997).
56
Figura 10: Mapa geológico da região de Jequitaí. Fonte: Chaves & Benitez (2007a).
57
Supergrupo Espinhaço
As sequências predominantemente quartzíticas que suportam o relevo da Serra do
Espinhaço nos estados de Minas Gerais e Bahia foram designadas como Supergrupo
Espinhaço por Bruni et al. (1974). No Espinhaço Meridional, a introdução do termo veio a
substituir a designação “Série Minas”, estendida à região por Pflug (1965). A espessura total
do Supergrupo Espinhaço varia entre 2.500-3.000 m (Marshak & Alkmim 1989, Dossin et al.
1990, Uhlein, 1991) e a seqüência está metamorfizada no fácies xisto verde baixo. Rochas
metamagmáticas situadas na base do pacote foram datadas por Machado et al. (1989) e
Dussin (1994) no intervalo de 1,70-1,71 Ga.
Pflug (1968) subdividiu a sequência metassedimentar que aflora no paralelo de
Diamantina em oito formações: São João da Chapada, Sopa-Brumadinho, Galho do Miguel,
Santa Rita, Córrego dos Borges, Córrego da Bandeira, Córrego Pereira e Rio Pardo Grande,
da base para o topo. Posteriormente, Dossin et al. (1984, 1990) reuniram as três formações
inferiores no “Grupo Diamantina”, assim como as cinco formações superiores no “Grupo
Conselheiro Mata”. Almeida-Abreu (1993) sugere a substituição do termo “Grupo
Diamantina” por “Grupo Guinda”, com intuito de evitar possíveis equívocos em relação ao
Grupo Chapada Diamantina, que aflora no Espinhaço Baiano. No entanto tal proposta não
teve ampla aceitação, e a designação de Grupo Diamantina é aqui mantida.
Na região de Jequitaí, o Supergrupo Espinhaço aparece em dois domínios
geográficos distintos, porém em situações estruturais análogas, compondo os núcleos das
estruturas anticlinais da Serra do Cabral e da Serra da Água Fria. Na Serra do Cabral são
encontradas as formações Galho do Miguel, Santa Rita e Córrego dos Borges, enquanto na
Serra da Água Fria ocorre somente a última formação.
A sedimentação do Grupo Diamantina teria ocorrido principalmente em ambientes
continentais de vários tipos, como fluviais, desérticos, lacustres e de leques aluviais (Chaves
1987, Garcia & Uhlein 1987, Martins Neto 1989, 1993, Almeida-Abreu 1993, Silva 1995).
No Conglomerado Sopa, ocorrem abundantes clastos de conglomerado, o que indica que a
unidade inferior já estava diagenizada quando seu topo foi retrabalhado. A espessura total do
Grupo Diamantina varia entre 800 e 1.000 m, mascarada por sucessões de dobras e
falhamentos de vários tipos (Chaves 1997). Neste grupo se reconhecem as formações
Bandeirinha, São João da Chapada, Sopa-Brumadinho e Galho do Miguel. Antes considerada
a parte superior do Supergrupo Rio Paraúna, a Formação Bandeirinha foi integrada à base do
Supergrupo Espinhaço por Almeida-Abreu (1993).
58
A Formação Bandeirinha aflora em porção restrita ao sul do vilarejo de Guinda,
onde é caracterizada por quartzitos róseos a avermelhados, de grão fino e apresentando
generalizadamente estratos cruzados de médio porte e alto ângulo. A Formação São João da
Chapada, definida por Pflug (1965) na região homônima, recobre em discordância angular e
erosiva esses estratos, caracterizando-se principalmente pela presença de quartzitos finos e
médios que afloram nas partes centrais da área atingindo 100 m de espessura. Intercalam-se
na sequência níveis decimétricos de filitos cinza-esverdeados, que se tornam mais frequentes
em direção ao topo, associadamente a uma diminuição no tamanho do grão dos quartzitos.
A Formação Sopa-Brumadinho, com cerca de 140 m de espessura, é constituída
por uma grande variedade de tipos litológicos. Na base, predominam descontinuamente
sericita filitos, grafitosos, os quais são recobertos erosivamente por quartzitos médios a
grossos, localmente ferruginosos, com intercalações do Conglomerado Sopa típico, sempre
diamantífero (Chaves 1997). Localmente tal conglomerado ocorre em discordância erosiva
sobre quartzitos da mesma sequência sendo uma característica desta área a presença de
intraclastos de conglomerado. No topo da sequência ocorrem metassiltitos e quartzitos finos,
além de metabrechas com matriz pelítica branca; tais rochas também possuem diamantes, mas
acredita-se que os teores sejam muito baixos para compensarem sua lavra.
A Formação Galho do Miguel ocorre em contato erosivo com os litotipos pelíticos
ou com as metabrechas da Formação Sopa-Brumadinho. Apresenta em geral quartzitos finos e
muito bem selecionados, localmente micáceos, com estratificações cruzadas. As
estratificações cruzadas na maioria das vezes apresentam grande porte, em geral com alguns
metros de largura, e alto ângulo entre o acamadamento normal e o set cruzado. Um ambiente
de sedimentação eólico tem sido atribuído para essas rochas (Garcia & Uhlein 1987, Martins-
Neto 1993). A formação recobre várias das unidades anteriormente descritas e indica uma
discordância erosiva que é observada regionalmente, podendo atingir mais de 200 m de
espessura (Garcia & Uhlein 1987).
O Grupo Conselheiro Mata, reúne as cinco formações superiores do Supergrupo
Espinhaço e está representado exclusivamente na borda ocidental da Serra do Espinhaço. As
litologias presentes nesta sequência evidenciam alternâncias cíclicas de sedimentos arenosos
finos com siltitos e argilitos, que sugerem megaciclos transgressivos e regressivos em
ambiente marinho raso a plataformal (Marshak & Alkmin 1989, Dossin et al. 1990). A
espessura total do Grupo Conselheiro Mata oscila em torno de 900 m (Uhlein 1991), e inclui
as formações Santa Rita, Córrego dos Borges, Córrego Bandeira, Córrego Pereira e Rio Pardo
59
Grande. Essa unidade tem importância menor com respeito a geologia do diamante na região,
tanto em Diamantina como na Serra do Cabral.
Rochas de natureza básica, incipientemente metamorfizadas, cortam de modo
exclusivo as litologias pertencentes ao Supergrupo Espinhaço nas serras do Espinhaço e do
Cabral, aparentemente como diques e possíveis sills. Apresentam coloração verde-escura,
aspecto maciço e textura fanerítica média, equigranular. Análises petrográficas revelam a
presença de anfibólio e plagioclásio (predominantes), tendo como acessórios epídoto,
carbonato e minerais opacos (Chaves & Benitez 2007a). Na Serra do Espinhaço, tais rochas
foram datadas – método U/Pb em baddeleyita e zircão – em cerca de 900 Ma por Machado et
al. (1989).
Supergrupo São Francisco
Sob a designação de Supergrupo São Francisco são agrupadas todas as sequências
deposicionais do Proterozóico Superior da região (Pflug & Renger 1973). No centro-norte de
Minas Gerais estas sequências são representadas pelos grupos Macaúbas e Bambuí. O Grupo
Macaúbas (Moraes & Guimarães 1930) aflora a leste da Serra do Espinhaço a partir da
localidade de Mendanha. A oeste da mesma, ele ocorre em uma faixa delgada e descontínua.
As principais litologias desta sequência são metassedimentos de origem glacial (tilitos),
quartzitos e metapelitos. A espessura do Grupo Macaúbas varia de quase 50 m, nas
exposições da borda oeste do Espinhaço, até mais de 500 m a leste da serra (Karfunkel &
Karfunkel 1976a,b, Walde 1978).
As rochas metassedimentares de natureza pelito-carbonáticas que afloram no vale
do Rio São Francisco foram descritas em várias localidades por Derby (1879, 1882). Rimann
(1917), designou como “Série Bambuí” rochas análogas da borda sul do cráton, expressão que
tornou-se consagrada pelo uso na literatura geológica brasileira. O Grupo Bambuí representa
uma extensa cobertura cratônica limitada a leste pela Serra do Espinhaço e a oeste pela faixa
de dobramentos Brasília, com espessura total entre 800 e 900 m (Uhlein 1991). Este
supergrupo é integrado pelos grupos Macaúbas (basal) e Bambuí (superior), ainda
subdivididos em formações.
Na zona cratônica, a Formação Jequitaí é considerada como um equivalente do
Grupo Macaúbas (Uhlein 1991). Derby (1879) primeiramente reconheceu os conglomerados
da região de Jequitaí, para os quais Branner (1919) sugeriu uma origem glacial. Moraes
(1929), correlacionou o conglomerado de Jequitaí com os metassedimentos que ocorrem na
60
bacia do Rio Jequitinhonha, denominando-o de “Série Lavras”, já definida por Derby (1906)
na Chapada Diamantina baiana. Moraes & Guimarães (1930) e Moraes (1932) dividiram a
Série Lavras nas formações Sopa e Macaúbas. A unidade Macaúbas, posteriormente, foi
separada desse conjunto e elevada ao status de grupo, comportando várias subdivisões (e.g.
Hettich 1977). Entretanto, os primeiros a utilizarem a designação Formação Jequitaí para as
mesmas rochas foram Oliveira & Leonardos (1943), em alusão ao seu locus tipicus de
reconhecimento. A Formação Jequitaí aflora nas partes externas a oeste e a leste da Serra do
Espinhaço, e nas margens das serra do Cabral e da Água Fria.
A principal litologia da Formação Jequitaí é um metadiamictito que, quando se
encontra em estado não intemperizado, tem aspecto denso e duro, de coloração cinza azulada.
A matriz da rocha é arenosa fina, localmente síltica, onde se distribuem de modo caótico
clastos de diversas origens, tais como quartzito, quartzo, filito, granito, gnaisse, além de
rochas carbonáticas e vulcânicas básicas. O tamanho médio desses clastos varia em geral por
volta de 10 cm, entretanto são comuns blocos com 60 cm diâmetro e, localmente, podem
aparecer matacões de até 1 m; todos os graus de arredondamento são verificados em tais
clastos.
Através de datações geocronológicas U-Pb (SHRIMP) em zircões detríticos,
primeiramente definiram o limite superior da sequência em 950 Ma (Pedrosa-Soares et al.
2000). Entretanto, idades ainda mais jovens têm sido atribuídas à Formação Jequitaí, no
intervalo entre 700-800 Ma (Santos et al. 2000; Babinski & Kaufman 2003), o que deixa
transparecer que estudos adicionais ainda são necessários. Quanto ao ambiente de
sedimentação desta formação, também existem fortes controvérsias a respeito. As pesquisas
de Isotta et al. (1969), Walde et al. (1978) e Karfunkel & Hoppe (1988), entre outros,
formularam um modelo onde a oeste ocorreriam fácies glácio-continentais (região de
Jequitaí), que passariam de modo gradual em direção leste para fácies transicionais e glácio-
marinhas, segundo uma hipótese de glaciação continental. As marcas de arraste de geleiras na
sequência inferior (Supergrupo Espinhaço), o aspecto comum maciço das rochas e a aparente
inexistência de estruturas sedimentares primárias, além da presença de possíveis eskers e
varvitos, serviram como base para a adoção de tal modelo, e assim tais rochas foram
consideradas como verdadeiros tilitos para tais autores.
Outros estudos têm caracterizado a presença de estruturas primárias relacionadas a
fácies de sistemas fluviais entrelaçados pró-glaciais (outwash plains), o que, juntamente com
observações adicionais, levaram à reinterpretação das geleiras como do tipo de altitude
(Martins-Neto et al. 1999). De outro modo, estudos ainda mais recentes (e.g. Cukrov 1999,
61
Uhlein et al. 1999, Cukrov et al. 2005), argumentam quanto a uma origem dos sedimentos
glaciais em ambiente marinho raso. Esses autores se embasam na raridade de clastos com
granulometria maior que seixo na base da sequência e na quase ausência de outras litofácies
que poderiam representar depósitos de lavagem (outwash) ou de eskers. Tais autores também
observaram a homogeneidade dos metadiamictitos aflorantes em relação a sua grande
espessura, levando então a uma nova interpretação sobre a formação de tais rochas,
relacionando-as ao recuo de geleiras em associação a uma transgressão marinha. Entretanto o
assunto é ainda bastante controverso.
O Grupo Bambuí aflora extensamente a oeste da Serra do Espinhaço, e na região
diamantífera de Jequitaí, nas porções externas dos núcleos anticlinais das serras do Cabral e
da Água Fria-Porteiras (Chaves & Benitez 2007a). Branco & Costa (1961), primeiramente
definiram para este grupo três formações (Sete Lagoas, Rio Paraopeba e Três Marias), sendo
que Dardenne (1978) “dividiu” a formação do meio nas formações Serra de Santa Helena,
Lagoa do Jacaré e Serra da Saudade. A sequência pelito-carbonática Bambuí possui espessura
total superior a 1.000 m, sendo depositada no final do Neoproterozóico em ambiente de mar
raso do tipo epicontinental, em contexto geotectônico de uma bacia de antepaís (Chang et al.
1998, Thomaz Filho et al. 1998). A idade de sedimentação do grupo está compreendida no
intervalo aproximado entre 640 Ma (Formação Sete Lagoas) e 580 Ma (Formação Três
Marias), com base em idades radiométricas Rb/Sr e K/Ar (Thomaz Filho et al. 1998) e, sendo
assim, pode ser assumida uma idade por volta de 600 Ma para a formação.
Remanescentes de rochas cretácicas ocorrem pontualmente, cobrindo em
discordância angular e erosiva as seqüências pré-cambrianas. Freyberg (1932) foi o primeiro a
estudar sistematicamente esse conjunto de sedimentos, então incluídos na “Série Gondwana”.
Esse autor formalizou também a designação “Arenito Areado”, que foi elevado à categoria de
formação por Barbosa (1965), que dividiu ainda a unidade em três membros: Abaeté, Quiricó
e Três Barras (da base para o topo). Ladeira & Brito (1968) consideraram esses três membros
como formações e a terminologia Areado foi elevada ao status de grupo. Na região, ocorrem
depósitos rudíticos da Formação Abaeté, com cerca de 40 m de espessura (Costa et al. 1997).
São principalmente conglomerados, constituídos por clastos decimétricos de quartzito e
quartzo, quase sem matriz, unidos por cimento silicoso com porções ferruginosas. Os clastos
variam de sub-arredondados a sub-angulosos e, entre estes últimos, alguns se assemelham a
ventifactos. A idade da Formação Abaeté é cretácica inferior, e atribui-se um ambiente de
sedimentação considerado como fluvial com fortes influências desérticas (Ladeira & Brito
1968, Karfunkel & Chaves 1995).
62
5.1.1.2 - Depósitos Diamantíferos
Até o presente momento, não são comprovadas rochas fontes primárias de
diamantes ao longo da Serra do Espinhaço. Tais fontes estariam distantes, e assim somente as
rochas conglomeráticas da porção basal do Supergrupo Espinhaço seriam portadoras de
diamantes (Pflug 1965, Chaves 1997, Chaves et al. 2001). Entretanto, alguns autores
advogam que as ditas fontes seriam intrusivas na bacia de sedimentação do Espinhaço,
inclusive, com a presença de possíveis pipes na região compreendida entre Sopa e Guinda (eg.
Almeida-Abreu 1995, Almeida-Abreu & Renger 2001).
O fato é que, vários tipos de conglomerados depositados durante o
Mesoproterozóico, na porção basal do Espinhaço (Grupo Diamantina), são portadores do
mineral. Esses depósitos estão posicionados ao longo da serra sobre uma extensão linear de
aproximadamente 1.000 km, desde o Quadrilátero Ferrífero até o extremo norte da Chapada
Diamantina baiana. Segundo Chaves (1997) em uma região tão extensa com sedimentos
gerados de forma semelhante, implica necessariamente na existência de uma notável
província portadora das rochas matrizes originais, seja distante ou próxima.
Conglomerado Sopa
Diversas hipóteses procuram explicar as condições de formação do Conglomerado
Sopa (Foto 1). A maioria dos autores julga que sua deposição ocorreu em ambiente
continental (Garcia & Uhlein 1987), principalmente em leques aluviais e canais fluviais, em
borda serrana. As características geológicas da rocha, bem como os teores médios em
diamante variam de um campo diamantífero para outro em função da parte hoje aflorante
(após dobramentos e fases de erosão) dos corpos conglomeráticos em relação à sua área fonte.
Considerando assim uma sedimentação ocorrida em leques aluviais; em Datas, a porção
mediana e, em Sopa-Guinda, apenas a parte mais distal (Chaves 1997).
63
Foto 1: Afloramento do Conglomerado Sopa, na região de Guinda. Autor: M.L.S.C.Chaves.
Conglomerado Abaeté
O Conglomerado Abaeté (Foto 2) recobre as porções sul e oeste da Serra da Água
Fria, ao sul de Jequitaí com espessuras variáveis entre 1,5 a 35m, e constitui-se por
conglomerados clasto-sustentados com raras e delgadas intercalações areníticas. Tais
conglomerados resultam da tectônica vertical que provocou o modelamento da Serra do
Espinhaço a partir do Jurássico, sendo depositados em canais fluviais derivados da serra, ou
ainda em leques aluviais associados, os quais indicam atividade tectônica. Apesar do grande
volume, acredita-se que os teores de diamantes sejam muito baixos para compensar uma lavra
racional (Chaves & Bottino 2000).
64
Foto 2: Detalhe de um afloramento do Conglomerado Abaeté, na Serra da Água Fria. Autor:
J. Karfunkel.
Depósitos Lateríticos
Depósitos detrito-lateríticos, conhecidos como “cangas”, foram estudados por
Chaves et al. (2003) e Chaves & Benitez (2004). Estes ocorrem ao longo da Serra do
Espinhaço e aparecem em níveis definidos pela altitude, sinalizando que sua formação está
associada a processos geomórficos cíclicos de aplainamento do relevo. No Planalto de
Diamantina, nos arredores da cidade homônima, as cangas adquirem importância por
possuírem diamantes, quando se desenvolvem sobre os conglomerados diamantíferos da
Formação Sopa-Brumadinho (Supergrupo Espinhaço). Tal situação é verificada em especial
nas proximidades da cidade de Datas, onde tanto a própria canga quanto o solo derivado
(designado de “paçoca” pelos garimpeiros) tem sido intermitentemente lavrados desde os
primórdios da mineração local em meados do século XVIII.
65
Depósitos Coluvionares
Nos altiplanos serranos dos arredores de Diamantina são comuns os taludes de
declive suave, os glacis ou rampas de colúvio, recobertos por sedimentos mineralizados em
diamantes, conhecidos popularmente como “gorgulhos” (Foto 3). Depósitos desse tipo
ocorrem largamente distribuídos nos quatro principais campos diamantíferos da região: São
João da Chapada, Guinda, Extração e Datas (Karfunkel et al. 1998, Benitez & Chaves 2003).
Tais depósitos, em termos morfológicos, representam níveis de notável extensão, porém com
reduzidas espessuras e onde os teores mineráveis de diamante atingem médias muito baixas,
mas ainda assim possuem grande relevância na economia local. Ressalta-se ainda o fato de
que os depósitos em aluviões, no passado bastante explorados, constituem atualmente fontes
exauridas, e posteriormente a estes, alvo de garimpagem, os conglomerados da Formação
Sopa-Brumadinho são mais difíceis de serem trabalhados, do que os sedimentos
inconsolidados dos citados depósitos (Benitez 2004). Datações por termoluminescência,
atribuem a esses depósitos na Serra do Espinhaço, idade em torno de 30.000 anos (Benitez
2004, Benitez et al. 2005).
Foto 3: Afloramento de depósito coluvionar diamantífero, na região de Guinda.
66
Terraços Aluvionares
Terraços aluvionares ocorrem ao longo dos rios Jequitinhonha e Jequitaí. Os
aluviões que ocorrem na bacia do Alto e Médio Jequitinhonha produzem a maior parte dos
diamantes de Minas Gerais, principalmente da região e Diamantina. Na parte alta do rio os
vales são apertados e ocorrem canyons controlados pela estrutura da Serra do Espinhaço, onde
estão as rochas diamantíferas; a partir de Mendanha os vales são mais abertos, e aparecem
seus terraços antigos e extensas planícies aluvionares (Chaves & Uhlein 1991). Entre as
confluências do rio Pinheiro, a montante do ribeirão Tabatinga, cerca de 100 km abaixo,
alternam-se aluviões com 150-300 m e flats com até 1.500 m de largura. Como o topo do
cascalho quase sempre está a alguns metros abaixo do nível médio do rio, utilizavam-se
dragas de alcatruzes, cujos volumes mensais de tratamento alcançavam 200.000 m
3
de
cascalho e alcance de quase 20 m abaixo do nível d´água (Chaves & Uhlein 1991). Essa
atividade era então realizada por duas mineradoras: as companhias Tejucana e Rio Novo,
atualmente desativadas.
Em Jequitaí, trata-se de um nível de terraço antigo, remanescente do rio
homônimo. Posiciona-se a cerca de 4 a 5 m acima do nível atual do rio e constitui-se de
blocos e matacões bem arredondados de quartzito, com pouca matriz (arenosa), com até 4 m
de espessura. Localmente, observa-se nesse depósito rudáceo fluvial um nível de porte
métrico de areias que pertencem à planície aluvionar. Dentro da cidade de Jequitaí ainda são
garimpados restos desse conjunto formado por cascalhos do terraço aluvionar com os
fanglomerados tardios associados (Chaves & Benitez 2007a).
5.1.1.3 - Aspectos Econômicos do Distrito Diamantífero de Diamantina
Muitas vezes verificam-se diferenças relativamente altas entre dados de uma
mesma lavra de conglomerado, pois eles se baseiam em amostragens pequenas de pontos
distintos do depósito. Por essa razão Chaves (1997), interpreta o cálculo da média entre os
“teores médios”. Na área de Sopa-Guinda, as cubagens expeditas efetuadas em vários corpos
conglomeráticos, denotam a existência de volumes originais bastante reduzidos, sem que
fossem descontadas as seções já lavradas por garimpeiros: Lavrinha: 152.100 m
3
;
Brumadinho: 108.000 m
3
; Damásio: 71.500 m
3
e Diamante Vermelho: 24.200 m
3
. Segundo
Chaves (1997), nessas lavras o teor diamantífero médio é o mais baixo verificado no Distrito
de Diamantina, variando de 0,03 ct/m
3
nas lavras Caldeirões e Brumadinho, até próximo de
67
0,01 ct/m
3
na Lavrinha. A maioria dos diamantes são menores do que 0,5 ct (95%), apesar de
esporadicamente aparecerem cristais de peso superior a 10 ct. Em 1972, foi encontrado um
diamante com 27,3 ct (o maior já noticiado neste campo), em um pequeno garimpo ao norte
de Sopa, e a maior pedra produzida na lavra mecanizada de Caldeirões (19,5 ct), foi extraída
em 1988.
De acordo com Chaves (1997), no Campo de Datas, os volumes de rocha
conglomerática são relativamente superiores: na Lavra Vintém, 360.000 m
3
e na Lavra dos
Ingleses, 130.000 m
3
. Os teores também são maiores; um trecho na Lavra Datas de Cima,
onde mostrou 0,09 ct/m
3
em cerca de 100 m
3
tratados. Dados semelhantes são fornecidos por
Oliveira Filho (1990).
A área de Extração, entretanto, apresenta os mais significativos parâmetros
econômicos verificado em todo o distrito. As três principais lavras: Boa Vista, Serrinha e
Cavalo Morto, possuem dados de pesquisa mineral. Na Lavra Boa Vista, em 2.500.000 m
3
de
conglomerado tem-se um teor médio de 0,067 ct/m
3
(Haralyi & Svisero 1986), ou de 0,074
(Harguer 1921), e média de peso dos diamantes de 0,26 ct obtido de um lote de 6.163
diamantes (Bousquet 1935). Na Lavra Serrinha, em 1.500.000 m
3
de rocha obteve-se um teor
de 0,025 ct/m
3
(McCarthy 1943). Na Lavra Cavalo Morto, de 300.000 m
3
obteve-se 0,052
ct/m
3
(Gonçalves, 1981). Os diferentes dados, obtidos de quatro locais distintos, permitiram
Chaves (1997), considerar um teor médio de 0,55 ct/m
3
para os conglomerados deste campo.
Ressalta-se ainda que os maiores diamantes encontrados no Distrito de Diamantina foram
produzidos nesta área.
No Campo de São da Chapada estão localizados os primeiros depósitos
secundários mineralizados descobertos na região de Diamantina (1850/51), que constituem as
lavras do Duro e do Barro, atualmente interligadas, situadas logo a oeste do vilarejo de São
João da Chapada. Essas lavras foram intermitentemente garimpadas até 1980, mas desde
então as atividades foram paralisadas. A cerca de 5 km a oeste destas, estão as lavras Água
Fria, Pagão e Campo Sampaio. Na Lavra do Campo Sampaio, originalmente ocorriam cerca
de 525.000 m
3
de conglomerados e brechas diamantíferas, dos quais cerca de 2/3 já foram
explorados (Chaves 1997). Os teores são os mais altos verificados no Distrito de Diamantina,
e varia entre 0,20-0,25 ct/m
3
, mas localmente chega a 0,70 ct/m
3
. Chaves (1997) salienta
ainda que em um lote com 756 diamantes extraídos do local o tamanho médio era de 0,65 ct e
apenas 1% de “fazenda fina”, ou seja, cristais de peso inferior a 0,10 ct. O maior diamante
encontrado nesta lavra durante as últimas décadas, pesou 19 ct.
68
Os depósitos coluvionares, ou “gorgulhos” segundo Chaves (1997) e Benitez
(2004) constituem importantes alvos de mineração nos altos serranos. Embora a qualidade
gemológica dos diamantes seja praticamente igual à qualidade dos diamantes dos
conglomerados próximos, aparentemente os teores são bastante inferiores do que nesses
últimos. Chaves (1997) acompanhou uma pesquisa exploratória em Guinda que indicou um
teor médio de 0,025 ct/m
3
nos conglomerados, e assim, tendo em vista um fator de diminuição
em torno de três vezes, conforme observado no acompanhamento de catas garimpeiras locais,
espera-se um teor médio por volta de 0,01 ct/m
3
, ou ainda menor nos depósitos superficiais.
Da mesma forma, Chaves (1997) com base no acompanhamento da lavagem de vários
caminhões desse material em Guinda, argumenta que esse teor poderia ser ainda menor, não
fosse o encontro periódico de diamantes com maior peso, na faixa de 1-5 ct, o que aliás
constitui o principal fator atrativo para a garimpagem do depósito pelos moradores locais.
Com o objetivo de dimensionar o potencial econômico geral apresentado pelos
depósitos coluvionares, através dos dados disponíveis na literatura, juntamente com os obtidos
durante os trabalhos de mapeamento de detalhe e o exame dos lotes de diamantes de
garimpeiros e comerciantes locais, Benitez (2004) selecionou uma área pouco garimpada
onde se realizou um estudo expedito de pesquisa mineral. A área total dessas seções revelou,
em quase 100 m
2
, um volume de material diamantífero de cerca de 1.270 m
3
, o qual, com o
teor proposto, indica uma reserva de 12,67 ct de diamantes. Considerando-se uma área de
exposição quase contínua do material idêntico com cerca de 20 km
2
(200 vezes maior do que
a área pesquisada) deve-se considerar, somente nos arredores de Guinda, algo em torno de
680 ct de diamantes no depósito. Ao preço médio de US$ 60,00/ct, admitido pelos
comerciantes que operam na área, teria-se um valor de cerca de US$ 40.000,00. Como este
valor mínimo não considera as pedras de maior quilatagem, as quais podem alcançar valores
expressivamente maiores, destaca-se a importância econômica de depósito tendo em vista
uma exploração mais racional.
Garimpeiros que se dedicam à mineração de diamantes nos lateritos de Datas
atribuem que os teores são maiores do que na “massa” conglomerática inferior, estimando em
0,05 ct/m
3
, embora a extração do mineral seja prejudicada pelo posicionamento exclusivo das
cangas, em locais altos e com pouco suprimento de água. Ainda assim, tais depósitos
adquirem importância econômica, uma vez que grandes reservas ainda permanecem intocadas
nos arredores da cidade de Datas (Chaves et al. 2003).
Os depósitos aluvionares recentes (e sub-recentes) da região do Alto
Jequitinhonha, localizados a montante do vilarejo de Mendanha, bem como todos os depósitos
69
menores que drenam a porção serrana do Espinhaço, há quase 300 anos a única forma de
mineração e garimpagem, limita o conhecimento seguro em relação a dados de produção e/ou
teores. Chaves (1997) fornece informações detalhadas sobre a garimpagem semi-mecanizada
em afluentes do Alto Jequitinhonha. No primeiro garimpo, situado no Córrego da Prata, 5 km
a leste de Diamantina, foram extraídos cerca de 9.200 m
3
de cascalho diamantífero e
recuperados 141 ct de diamantes, o que indica um teor de 0,014 ct/m
3
. A espessura média do
cascalho neste local foi de 0,50 cm e o capeamento estéril possuía uma espessura da mesma
ordem. Na segunda área, situada na Fazenda Palmital, um trecho do ribeirão do Inferno
encaixado em quartzito (a cerca de 2 km ao sul de Extração), foi garimpado em vários pontos
e, dos 170 m
3
de cascalho lavrados, foram recuperados 78 ct de diamantes, o que confere ao
depósito um teor de 0,46 ct/m
3
. A espessura do cascalho era de 0,30 m com um capeamento
arenoso em geral da ordem de 0,20 m.
Os dados de Chaves (1997) revelam a forte variação de teores de um local para
outro e segundo informações de garimpeiros, tais teores nas porções mais altas e encaixadas
dos rios Jequitinhonha e de seus afluentes principais, como os rios Caeté-Mirim, Pinheiro e
Ribeirão do Inferno, variam entre 0,01 e 1,0 ct. Entretanto, os cascalhos são pouco espessos e
muitas vezes localizados em armadilhas naturais, o que em geral limita a economicidade dos
depósitos. Na região do Médio Jequitinhonha, o inverso tende a ocorrer. Os aluviões são
largos e comportam um grande volume de cascalho, mas com teores em geral muito mais
baixos. Tal situação favorece a lavra por grandes dragas de alcatruzes, como as que lá
atuavam, pertencentes às companhias mineradoras Rio Novo e Tejucana. A jusante do
vilarejo de Mendanha, os depósitos presentes na área onde atuava a Mineração Rio Novo
apresentaram um teor médio de 0,036 ct/m
3
, porém ao se considerar o capeamento estéril, o
teor cai para 0,012 ct/m
3
(Fleisher 1991). Na área onde atuava a Mineração Tejucana, situada
a jusante do mesmo rio, os teores são progressivamente inferiores, e diminuem desde 0,10
ct/m
3
a montante até 0,004 ct/m
3
(considerando o capeamento estéril), a cerca de 60 km rio
abaixo.
O comportamento espacial do horizonte mineralizado de um trecho selecionado
do rio Jequitinhonha reflete com clareza a relação daquele nível com a cobertura arenosa
estéril, assim como a maior espessura das margens de ambos nas margens internas às curvas
do rio. Porém, como o bedrock é irregular, esses dados podem variar consideravelmente ao
longo da drenagem. Nos trechos que foram alvo de atividade mineradora, a largura dos flats
variavam entre 150-200 m (área da Mineração Rio Novo), até quase 2 km a dezenas de
quilômetros rio abaixo (área da Mineração Tejucana) (Chaves 1997). Entretanto, o reduzido
70
teor em diamantes é compensado pelo grande volume de material lavrável, que segundo
Dupont (1991) alcançava próximo de 400.000.000 m
3
.
Chaves (1997) ressalta que os dados de teores são gerais e podem ocorrer
variações expressivas no Rio Jequitinhonha principalmente devido ao encontro de afluentes
que também são diamantíferos.Tal situação se dá a partir de Terra Branca e Caçaratiba, onde
os teores naturais deveriam ser ínfimos, porém, isso não ocorre devido Jequitinhonha receber
vários afluentes que trazem diamantes, desde o Espinhaço Central. Essa realimentação dos
aluviões vai permitir novamente o aumento dos teores, talvez para os mesmos patamares dos
que ocorrem nas proximidades de Mendanha.
5.1.1.4 – Aspectos Econômicos do Distrito Diamantífero de Jequitaí
Os depósitos diamantíferos que ocorrem nos arredores de Jequitaí são conhecidos
desde meados do século passado. Derby (1878) os descreve, bem como ao “arraial de
Jequitaí”, o qual se formou nas proximidades dos primeiros depósitos descobertos. Vale
destacar que a existência de depósitos diamantíferos foi responsável pelo surgimento das
cidades de Jequitaí e Francisco Dumont, bem como pela manutenção nesses locais de uma
representativa parcela da população ativa (Chaves & Benitez 2007a). Chaves (1997), segundo
informações obtidas junto a comerciantes locais sobre a produção regional, destaca que no
mês de julho de 1993, a região produziu cerca de 300-400 ct de diamantes. Tal produção
porém teria declinado progressivamente e, em outubro de 1995, novas informações indicaram
200-250 ct/mês, com cerca de 600 garimpeiros em atividade.
Segundo Chaves (1997) e Chaves & Benitez (2007a), o diamante da região de
Jequitaí é considerado de ótima qualidade gemológica, o que foi confirmado no presente
estudo (Capítulo 6). De modo geral tal característica dos diamantes da região, possibilita com
que tais pedras atinjam altos preços no mercado, da ordem de US$ 400/ct, provavelmente um
dos maiores valores entre os depósitos de Minas Gerais. Esses dados fazem com que a
garimpagem do diamante ainda exerça enorme atração entre a população economicamente
carente de Jequitaí. Contudo, vale ressaltar que na atualidade, grande parte das atividades
garimpeiras está paralisada, por motivos que abrangem desde questões de ordem ambiental
bem como a legislação atual em vigor.
71
5.1.2 - Distritos de Grão Mogol e Itacambira
A região de Grão Mogol está inserida no contexto da Serra do Espinhaço em seu
domínio geográfico conhecido como “Espinhaço Central”, situado no norte do Estado de
Minas Gerais. Na primeira metade do século XIX, o interesse científico por essa região
iniciou-se com a descoberta, pela primeira vez em todo mundo, de diamantes “dentro” de uma
rocha (Chaves et al., 2006); todos os depósitos até então conhecidos eram aluvionares. Tal
achado chamou a atenção de diversos pesquisadores (vide Moraes, 1934), destacando-se o
engenheiro de minas austríaco Virgil von Helmreichen, cuja principal obra é um dos
documentos mais importantes sobre os diamantes do Brasil, e onde este autor já expunha
claramente o relacionamento entre o diamante e os “itacolomitos de aspecto conglomerático”
presentes na região (Helmreichen, 1846).
Ainda no mesmo século, devem ser realçados os trabalhos de Derby (1879, 1882),
que reconheceu as rochas conglomeráticas (diamantíferas) de Grão Mogol como depósitos
secundários, relacionando-os com os conglomerados de Diamantina e Lençóis na Chapada
Diamantina, de possível idade siluriana. De maneira análoga, Gorceix (1881) determinou a
proveniência dos diamantes aluvionares de Minas Gerais a partir das rochas regionais, citando
como principal prova os “depósitos paleozóicos situados próximos a vila de Grão Mogol”.
Pesquisas efetuadas na década de 1930 mostraram com detalhes a ocorrência dos
conglomerados da “Formação Sopa” na região, considerados como pré-cambrianos. Moraes
& Guimarães (1930), Moraes (1934), Moraes et al. (1937), entre outros, mostraram com
detalhes a ocorrência dos conglomerados da “Formação Sopa” na região, considerados como
pré-cambrianos. Em uma ilustração de Moraes (1934), ficou bem caracterizada a separação da
série quartzítica na região, então designada de “Itacolomi” (atualmente Supergrupo
Espinhaço), em duas sequências distintas: uma basal, com grandes estratificações cruzadas e,
outra, superior, apenas com quartzitos de estratificações plano-paralelas, contendo a unidade
conglomerática “Sopa”.
5.1.2.1 - Contexto Geológico
Chaves et al. (1997, 1999) reconheceram na região de Grão Mogol, três conjuntos
litoestratigráficos maiores, pré-cambrianos, designados de Complexo Basal, Supergrupo
Espinhaço e Grupo Macaúbas. O Supergrupo Espinhaço foi ainda dividido nas formações
Resplandecente e Grão Mogol. Coberturas lateríticas provavelmente desenvolvidas no
72
Terciário, além de (restritos) depósitos de sedimentos holocênicos, complementam o quadro
geológico da região do Espinhaço Central (Figura 11).
Figura 11: Mapa geológico e principais depósitos diamantíferos no Distrito Diamantífero de
Grão Mogol. Fonte: Chaves (1997) e Chaves et al. (1999).
73
Complexo Basal
Aflora a oeste de Grão Mogol, abrangendo a borda da estrutura conhecida como
Anticlinório de Itacambira. Contitui-se de rochas profundamente intemperizadas,
predominando biotita gnaisses e migmatitos, estes últimos mostrando estruturas estromatítica
e schlieren, ambas por vezes muito dobradas. A foliação gnáissica mostra em geral valores
entre N10°E-N30°E; 30°-40°SE (Chaves, 1997). Localmente, podem ainda ocorrer anfibolitos
e rochas graníticas de granulação grossa, ambos bastante alterados. Nas proximidades do
contato com as rochas quartzíticas do Supergrupo Espinhaço, nota-se por vezes uma zona
estreita (0-100m de largura), constituída por xistos feldspáticos de provável derivação
milonítica, indicando deslocamento tectônico para oeste. Rochas semelhantes a estas foram
inicialmente atribuídas por Karfunkel & Karfunkel (1976a) à base do Supergrupo Espinhaço,
então designadas de Formação Itacambiruçu nas imediações de Itacambira, porém Uhlein
(1991) propôs sua origem a partir de zonas de cisalhamento embutidas no Complexo Basal.
As poucas datações existentes para o Complexo Basal na região do Espinhaço Central,
indicam para o mesmo uma idade arqueana (Siga Jr 1980).
Supergrupo Espinhaço
No âmbito da porção meridional da Serra do Espinhaço (região de Diamantina), a
estratigrafia do Supergrupo Espinhaço está bem definida, tendo sido alvo de numerosas
pesquisas. Considerando a região de Itacambira-Grão Mogol (Espinhaço Central), esta
encontra-se isolada de sua porção meridional por uma faixa de quase 50 km onde só afloram
rochas do Grupo Macaúbas, sobrejacentes. Helmreichen (1846)
e Derby (1879), já haviam
observado que o conjunto quartzítico nesta área assemelhava-se mais ao da Chapada
Diamantina (Bahia), do que propriamente ao aflorante na região de Diamantina. Tal diferença
foi também salientada por Karfunkel & Karfunkel (1976a), ao reconhecer uma coluna
estratigráfica de caráter local, devendo “sua validade ser comprovada através de posteriores
trabalhos detalhados e de âmbito regional”, representada pelas formações Itacambiruçu,
Resplandecente, Água Preta e Matão, da base para o topo. Tais autores não concordam com a
proposta do Projeto Espinhaço (Oliveira et al. 1996) de inserir os quartzitos que afloram
reliquiarmente a leste da região serrana como uma “unidade superior do Supergrupo
Espinhaço. Esses quartzitos, conforme corroborado por inúmeros estudos anteriores (e.g.
Karfunkel & Karfunkel 1976b, 1977, Chaves 1995, 1997, Chaves et al. 1997, 1999, Uhlein
74
1991), pertecencem à porção basal do Grupo Macaúbas. Porém, a existência de uma
discordância erosiva pronunciada no meio desta sequência, permite a separação em duas
unidades distintas, aqui designadas Formação Resplandecente e Formação Grão Mogol.
A partir da região de Diamantina, em direção a norte, ocorrem sucessivas
alternâncias das formações Sopa Brumadinho e Galho do Miguel. Na zona de fechamento
norte da estrutura braquianticlinória do Espinhaço Meridional, afloram apenas quartzitos da
Formação Galho do Miguel, em decorrência do caimento do eixo dessa estrutura para norte e
pela cobertura neoproterozóica do Grupo Macaúbas. Na área ao extremo sul do Espinhaço
Central, na estrutura braquianticlinória de Itacambira, ocorre uma sequência com
características idênticas à Formação Galho do Miguel, apresentando os caimentos das dobras
maiores para sul. Desta maneira, por seus posicionamentos, espessuras, e características
litológicas e faciológicas, a Formação Resplandecente não foi correlacionada com a Formação
São João da Chapada aflorante no Espinhaço Meridional, e sim comparável com a Formação
Galho do Miguel (Chaves et al. 1997, 1999).
Na região de Grão Mogol, a Formação Resplandecente é composta por uma
sucessão monótona de quartzitos finos, puros, que se caracterizam pela presença generalizada
de estratificações cruzadas de grande porte e alto ângulo. As características litológicas, assim
como a associação de fácies presentes nesta unidade, permitem relacioná-la a um ambiente
eólico (Chaves 1997). A espessura total da Formação Resplandecente, na região de Grão
Mogol, varia entre 250 e 300m.
Os conglomerados diamantíferos que ocorrem em ampla região do Espinhaço
Central foram inicialmente considerados como pertencendo à “Formação Sopa”, situada em
discordância sobre o conjunto quartzítico da serra, então designado de “Série Itacolomi”
(Moraes & Guimarães 1930). Moraes (1934) apresenta uma figura de detalhe em Grão Mogol
onde é nítida a discordância “angular” entre as duas unidades. Estes autores provavelmente
observaram o contato da Formação Resplandecente, com suas estratificações cruzadas de alto
ângulo, sob os conglomerados basais da Formação Grão Mogol. Posteriormente,
levantamentos detalhados mostraram que esta discordância erosiva ocorre de maneira
regional, sendo observada em pelo menos 50 km de extensão, ao longo de todo o perfil
longitudinal entre Cristália (ao sul) e Grão Mogol.
A seção-tipo da Formação Grão Mogol foi obtida através de vários perfis de
detalhe integrados, que foram levantados desde o sul da cidade, ao longo dos vales do Rio
Itacambiruçu e de seu tributário Córrego da Morte, até cerca de 2 km ao norte da mesma, na
região constituída por inselbergs quartzíticos denominada localmente de “Serra do Barão”
75
(Chaves et al. 1997, 1999). A unidade pode ser dividida em dois conjuntos litológicos
distintos, os quais foram designados informalmente de membros inferior e superior. O
membro basal da Formação Grão Mogol ocorre sempre em nítida discordância erosiva sobre
os quartzitos da Formação Resplandecente. Este é composto por ortoconglomerados, na maior
parte monomíticos, que se notabilizam pela presença de diamantes. Os corpos são
lenticulares, conforme as excelentes exposições encontradas na localidade designada de
“Pedra Rica” (Chaves 1997). Em geral, os clastos predominantes de quartzito não ultrapassam
20 cm de diâmetro, e estes muitas vezes eso interpenetrados metamorficamente com a
matriz quartzítica que também é fina. Onde o pacote apresenta-se mais espesso, ocorre uma
estratificação interna nos conglomerados, não observada na região de Diamantina, definindo
níveis com 1-2 m de espessura. São marcantes as diferenças entre os conglomerados “Sopa” e
“Grão Mogol”. Apesar de ambos serem sustentados pelo grão, os conglomerados que ocorrem
na faixa Itacambira-Grão Mogol apresentam um largo predomínio de clastos de quartzito fino
que provavelmente pertencem à Formação Resplandecente, sendo raríssimos os seixos de
quartzo (extra-bacinais).
O membro superior desta formação ocorre em contato concordante sobre os
conglomerados, onde estes ocorrem, compondo uma sequência de quartzitos finos a médios,
micáceos, que localmente podem conter lentes delgadas de quartzitos conglomeráticos,
microconglomerados e conglomerados sustentados pela matriz (Chaves et al. 1999). A
presença conspícua de mica (sericita) nos quartzitos lhes confere um aspecto lamelar, com
níveis centimétricos a decimétricos dados pela estratificação plano-paralela, que se realça pela
erosão diferencial. A espessura do membro quartzítico possui no máximo 80m. As principais
estruturas sedimentares são estratificações cruzadas de pequeno porte e de baixo ângulo,
muitas vezes acanaladas, além de marcas de ondas com cristas sinuosas. Estas fácies, junto
com as abundantes lentes microconglomeráticas e conglomeráticas presentes na sequência,
indicam que tais rochas tenham sido depositadas em ambiente fluvial braided. A Formação
Grão Mogol posiciona-se, portanto, sobre o conjunto “Galho do Miguel-Resplandecente”, e
assim, é colocada estratigraficamente acima dos conglomerados diamantíferos que afloram na
região de Diamantina (Chaves et al. 1999).
Grupo Macaúbas
Dois principais conjuntos litológicos caracterizam o Grupo Macaúbas, a leste de
Grão Mogol. Na base afloram quartzitos sericíticos, com elevado grau de imaturidade, que os
76
diferencia de imediato dos quartzitos do Supergrupo Espinhaço (Formação Resplandecente),
que ocorrem em sua base. Quartzo xistos finos, localmente conglomeráticos, aparecem por
vezes intercalados. Este conjunto pode ser associado com a Formação Califorme, descrita em
áreas mais ao sul por Karfunkel & Karfunkel (1976b). O contato com o Supergrupo
Espinhaço é tectônico. Sobrepostos estratigraficamente, mais a leste, ocorrem metadiamictitos
mais ou menos xistosos e crenulados, com clastos estirados de quartzo, quartzito, quartzito
ferruginoso, filito, rocha granitóide e rocha carbonática. O tamanho destes não ultrapassa 25
cm de comprimento. Intercalam-se aos metadiamictitos várias camadas centimétricas,
lenticulares, de quartzitos finos e impuros. Esta seqüência foi considerada de origem glacial
por Moraes & Guimarães (1930) e estudos detalhados posteriores têm confirmado esta
hipótese (Karfunkel & Karfunkel 1976b, Karfunkel & Hoppe 1988).
As rochas do Grupo Macaúbas encontram-se fortemente deformadas, exibindo
dobras fechadas até isoclinais ou mesmo recumbentes, com eixos em torno de N10°-20°E e
caimentos do plano axial para leste, com ângulos normalmente entre 15°-30°. Foram
originadas por esforços no sentido E-W, típicos em toda a borda oriental da Serra do
Espinhaço, onde se relacionam a falhas de deslocamento de baixo ângulo, responsáveis pela
superposição do Grupo Macaúbas sobre o Supergrupo Espinhaço. As dobras são truncadas
pelo ciclo de pediplanação responsável pela formação das chapadas no Terciário. A
deformação presente não permite uma consideração segura sobre a espessura do Grupo
Macaúbas na região; possivelmente esta deve oscilar em torno de 500 m (Chaves et al. 1999).
5.1.2.2 - Depósitos Diamantíferos
Existem depósitos diamantíferos de três principais tipos na região de Grão Mogol:
(1) nos conglomerados basais da Formação Grão Mogol, Supergrupo Espinhaço, (2) em
elúvios e colúvios estreitamente relacionados com os conglomerados e, (3) em aluviões
recentes e sub-recentes (terraços). Nestes últimos dois séculos de lavra os mais importantes
serviços têm ocorrido nos tipos (2) e (3) (Chaves 1997).
Conglomerado Grão Mogol
De acordo com Chaves (1997), os conglomerados diamantíferos de Grão Mogol
(Foto 4), em poucos locais chegou a ser de fato lavrado, o que ocorreu principalmente no
século XIX. Na atualidade, a maioria dos garimpeiros duvidam mesmo que tal rocha possa
77
conter diamantes. O desmonte do conglomerado na “Pedra Rica”, a nordeste da cidade,
porém, foi descrito com detalhes por Helmreichen (1846), sendo ainda possível observar as
marcas de broca dos antigos serviços. Segundo Chaves (1997) nas lavras do Batatal e do
Deodato, também houve exploração do conglomerado e ainda no presente ocorre a lavra dos
sedimentos eluviais. Em 1995, uma parte do corpo conglomerático alterado que ocorre no
“Beco da Quitanda”, área central da cidade, foi “lavrado” tendo como objetivo principal a
desocupação do local para construção de uma moradia. A cata então aberta, media cerca de
5,0 x 4,0 x 0,5 m. Dela foram extraídos 24 diamantes pequenos totalizando 1,9 ct, mostrando
assim um teor de 0,19 ct/m
3
, o qual porém deve ser visto com reservas devido ao baixo
volume (10m
3
)
e caráter localizado do material lavrado (Chaves 1997).
Foto 4: Afloramento do Conglomerado Grão Mogol, exibindo grandes clastos de quartzito, às
margens do rio Itacambiruçu.
Depósitos Elúvio-Coluvionares
Importantes depósitos diamantíferos eluvio-coluvionares ocorrem na área do
Córrego dos Bois, a nordeste da cidade. Helmreichen (1846) descreveu um diamante com
30,5 ct oriundo deste local, provavelmente o maior encontrado na região. Chaves (1997)
78
acompanhou a apuração do cascalho diamantífero na cabeceira deste córrego, um garimpo
coluvionar em atividade (Lavra do Ném). Uma cata medindo 18 m
3
produziu 7 diamantes
pesando 1,03 ct no total, o que demonstra um teor local de 0,05 ct/m
3
. Outro depósito do
mesmo tipo, situado na periferia sul da cidade, no local conhecido como “Casas Populares”
ou garimpo do Pastinho é descrito por Chaves (1997). Na época (1995), cerca de 50
garimpeiros ali trabalhavam, constituindo então a maior aglomeração deles na região de Grão
Mogol. Uma cata medindo 120m
3
produziu 5,86 ct de diamantes (total de 10 pedras), o que
revela um teor aproximado de 0,05 ct/m
3
, idêntico portanto ao verificado na área do Córrego
dos Bois (Chaves 1997).
Depósitos Aluvionares
Segundo Chaves et al. (1999) na região serrana de Grão Mogol, os córregos são
normalmente pequenos e encaixados, permitindo apenas um aluvionamento restrito em que a
maior parte dos trechos encascalhados já foram lavrados. É o caso do Ribeirão do Inferno, que
corta a cidade, e de outros que também nascem na área serrana, como os córregos da Morte,
Pastinho, Bonita, Escurinha e Escurona. Ao norte de Grão Mogol, o Ribeirão Taquaral ainda
possui cascalhos aluvionares virgens. Em todos estes não se conhecem dados a respeito de
produção e/ou teores. No Rio Itacambiruçu, o principal da região e afluente de primeira
ordem do Rio Jequitinhonha, os depósitos aluvionares são mais amplos (chegando a alcançar
50m de largura) e mostrando uma espessura média de 0,5 m. Eles são lavrados desde o século
XVIII, conforme o registro histórico de Andrada e Silva (1792), estando em grande parte
exauridos. Chaves (1997) relata que no início da década de 80 tentou-se uma grande “virada”
do rio, isto é, seu desvio por um canal artificial rompido em meio aos quartzitos, mas os
resultados foram insatisfatórios. Lavra com draga, bomba de sucção e escafandrista tem
ocorrido intermitentemente, com bons resultados apenas em áreas restritas onde ainda se
encontram cascalhos virgens (Chaves 1997).
5.1.2.3 - Aspectos Econômicos
Registros históricos sobre a produção de diamantes na região de Grão Mogol são
escassos. Helmreichen (1846)
mencionou uma produção em torno de 20.000 ct/ano em 1841,
o que representava na época cerca de 20% da produção de Minas Gerais, então a maior do
Brasil. Em 1887, conforme Gorceix (1902), foram extraídos 2.685 ct, o que deveria constituir
79
pelo menos 10% da produção do Estado. Segundo os dados apresentados por Freyberg (1934),
esses valores representavam algo em torno de 6% (1841) e 5% (1887) da produção nacional,
indicando assim a importância relativa dos depósitos de Grão Mogol durante o século XIX.
Chaves et al. (1993)
e Karfunkel et al. (1994)
consideraram em 1992 uma produção anual de
5.000 ct para a região, com cerca de 1.500 garimpeiros em atividade. A produção porém vem
declinando continuamente e, no biênio 1992-1993, Karfunkel et al. (1994) estimaram um
valor de 1.500 ct/ano (±120 ct/mês), produzidos por quase 200 garimpeiros. Este declínio
pode ser em parte explicado pela paralização parcial das dragas que operavam no Rio
Itacambiruçu, e ainda por uma posterior queda nos preços do mineral e trabalhos alternativos.
Toda a produção é comercializada na própria cidade ou, como é o caso das pedras maiores e
de boa qualidade, em Montes Claros e Diamantina. Segundo informações locais, os dois
maiores diamantes encontrados nos últimos 30 anos pesaram respectivamente 5,1 ct e 4,5 ct,
ambos extraídos (1993/1996) no garimpo do Pastinho (Chaves 1997).
5.2 - PROVÍNCIA NOROESTE SÃO FRANCISCO
A procura do diamante na bacia do rio São Francisco teve início em meados do
século XVIII. De acordo com Sapucaia Jr (1986), os rios Abaeté, Indaiá, Santo Antônio e o
córrego das Almas foram objeto e atividades garimpeiras de importância no passado, com
exploração mais avançada a partir de 1800. Na região foram também assinaladas ocorrências
de diamantes nas bacias da Prata e do Sono.
Na Província Diamantífera Noroeste São Francisco, as ocorrências de diamante
estão ligadas aos depósitos aluvionares dos rios que cortam rochas cretáceas, onde não se sabe
ao certo se kimberlitos ou os níveis conglomeráticos diamantíferos ali existentes são as fontes
alimentadoras, tendo sido encontradas, até o ano de 1943, pedras com até 354 ct (Achão
1985). O fato é que nesses rios, ocorrem minerais indicadores do diamante, como o piropo, a
ilmenita magnesiana e a perowskita (Francisco Ribeiro, GAR Mineração, inf. verbal, 2008).
5.2.1 - Contexto Geológico
A região da Província Diamantífera Noroeste São Francisco abrange
representantes do grupo Bambuí, reportados ao Proterozóico Superior e componentes de uma
unidade geotectônica denominada “Bacia Epicontinental Marinha” (Dardenne 1981).
Sedimentos continentais atribuídos ao Cretáceo Superior, que constituem as formações Mata
80
da Corda e Areado, incluem-se na unidade Bacia do Tipo Sinéclise (Ladeira et al. 1971).
Como tipos tectônicos não especificados (Cobertura Superimposta Final) foram englobados
os sedimentos detríticos, laterizados ou não, assinalados como pertencentes ao Terciário-
Quaternário; sedimentos elúvio-colúvio-aluvionares do Pleistoceno; e sedimentos aluvionares
recentes (Holoceno) (Figura 12).
Grupo Canastra
O Grupo Canastra (Mesoproterozóico) aflora somente em pequena parte da região,
a sudoeste. Consiste principalmente em quarztitos finos a médios, altamente recristalizados,
com intercalações delgadas de filitos e formações ferríferas bandadas (Tuller & Silva 2003).
Grupo Bambuí
Os sedimentos do Grupo Bambuí depositaram-se sobre uma plataforma
epicontinental estável, para uma bacia caracterizada por gradiente muito fraco de seu fundo e
por águas rasas, permitindo assim explicar a consequência das litofácies sobre enormes
distâncias e suas variações muito rápidas em função de modificações menores da
paleogeografia (Dardenne 1981). Os diversos ambientes reconhecidos no Grupo Bambuí se
manifestam por uma série de fácies características: (a) marinho sub-litorâneo, abaixo do nível
da influência das ondas e correntes de maré, águas rasas, profundidade moderada, marinho
sub-litorâneo, submetido à influência das ondas e correntes de maré, exposição temporária ao
ar livre, frequente na zona de balanço do mar; (b) marinho litorâneo a supralitorâneo,
alternante; e (c) fluvial continental (Dardenne 1981).
Segundo Marini et al. (1984), a análise da sequência sedimentar permite a
identificação de três designados megaciclos regressivos sucedendo e um episódio glacial. Da
base para o topo, distribuem-se na seguinte ordem: glaciação em escala continental;
megaciclo I, argilo-carbonato; megaciclo II, argilo-carbonatado; e megaciclo III, argilo-
arenoso. Os megaciclos I, II e III iniciam-se com uma rápida transgressão de amplitude
regional, a partir da qual se desenvolvem fácies marinhas sub-litorâneas, passando
progressivamente para fácies marinhas litorâneas e supralitorâneas, atingindo localmente, no
caso da Formação Três Marias, fácies continentais (Marini et al. 1984).
A bacia Bambuí na região se desenvolveu sobre uma crosta continental estável. É
dividida em compartimentos alongados segundo uma direção norte-sul por antigas falhas do
81
embasamento, cujo jogo durante a deposição dos sedimentos provocou a subsidência mais ou
menos rápida dos diversos compartimentos uns em relação aos outros. A sua forma original
seria mais ou menos concordante com os limites atuais de afloramento. Os limites da bacia e a
posição dos altos fundos são nitidamente indicados pela distribuição das fácies dolomíticas.
As variações de espessura observadas de oeste para leste indicam uma transgressão no mesmo
sentido com a diminuição concomitante dos aportes detríticos, orientados preferencialmente
de SW para NE, e adelgaçamento dos intervalos pelíticos em direção ao rio São Francisco.
Em direção ao topo do Grupo Bambuí, ocorre uma fácies de transição síltico-
arenosa, de natureza arcoseana, que passa gradualmente lateral e vertical para uma sequência
psamo-pelítica denominada Formação Três Marias. Esta sequência caracteriza-se por
estruturas primárias mais evidentes, do tipo estratificação plano-paralela e cruzada de
corrente, tipo acanalada, e tabular, marcas de ondas e de carga e gretas de ressecamento.
Estruturas como marcas de ondas e estratificação plano-paralela contribuem para a
demarcação do ambiente marinho raso a continental, revelando, desse modo, condições
regressivas.
Grupo Santa Fé
O soerguimento do Alto Paranaíba consiste em um alto do embasamento que
expõe as rochas proterozóicas, sendo facilmente identificado pelos grandes lineamentos que
atravessam o continente desde a plataforma oceânica (Megalineamento 125AZ). A flexura
gerada pela subsidência termal propiciou a deposição das unidades componentes da bacia
sanfranciscana. O Grupo Santa Fé (Permo-Carbonífero, constitui a porção basal da bacia
restringindo-se às suas paleodepressões, definidopor uma sucessão de sedimentos
glaciogênicos, com diamictitos associados a sequências glácio-lacustres a flúvio-glaciais
formadas de folhelhos, arenitos, conglomerados, ritmitos e grauvacas (Sgarbi et al. 2001).
82
Figura 12: Mapa geológico abrangendo a Província Diamantífera Noroeste São Francisco.
Modificado de Campos Neto et al. (2003).
Grupo Areado
Nos domínios da Folha João Pinheiro (1:250.000) a bacia do tipo sinéclise teve
início com a deposição do Grupo Areado, no Cretáceo Inferior (Aptiano-Albiano) (Braun,
1970), e término com o Grupo Mata da Corda, no Cretáceo Superior. O Grupo Areado foi
dividido em três membros ou fácies por Barbosa (1965), de acordo com as características de
seus depósitos: Abaeté (conglomerático), Quiricó (argiloso) e Três Barras (arenoso). Repousa
sobre a superfície de pediplanação Pós-Gondwana (King, 1956) do Cretáceo Inferior, depois
elevados a categoria de formações (Sgarbi 2000).
83
A Formação Abaeté, sua unidade conglomerática e arenosa basal possui uma
distribuição relativamente contínua sobre um pedimento antigo da superfície pós-gondwana.
Ocorrem vários níveis de ruditos intercalados com arenitos e argilitos. A presença de seixos
(ventifatos ou dreikanters) no conglomerado Abaeté é indicativa de um domínio climático
árido a semi-árido também na área fonte, posteriormente arrasada pelo cilco denudacional
Sul-Americano; a sedimentação sub-aquática, fluvial, da fácies Abaeté engloba tais materiais,
mas representa, outrossim, uma mudança climática para condições mais úmidas. Ao invés de
ser considerado essencialmente um preenchimento de paleocanais, é possível que as zonas
mais elevadas correspondam a um fanglomerado (Heineck 1983).
Na Formação Quiricó, as litologias características desta unidade são folhelhos
argilosos e arenosos, por vezes betuminosos, argilitos, siltitos e arenitos argilosos a
quartzosos, que assumem proporções preponderantes nas zonas marginais da bacia. O registro
estratigráfico inclui ainda margas e calcários finos, que no ambiente lacustrino em que se
depositou a fácies Quiricó representam uma sedimentação carbonática relacionada a águas
tropicais de fundos salinos. Em função da ritmicidade imposta aos sedimentos da bacia, além
de intercalações arenosas maiores, é possível deduzir grandes e rápidas oscilações na energia
do ambiente, com influências até mesmo sazonais nas condições de circulação. No sentido do
topo ocorre uma transição para a Formação Três Barras, tão mais complexa quanto mais
areno-argilosa esta se apresentar, uma vez que podem ocorrer dezenas de alternâncias entre
arenitos e lutitos (Heineck 1983).
A Formação Três Barras é formada predominantemente de arenitos. Segundo
Grossi Sad et al. (1971) sua característica mais marcante é a estratificação em bancos e a
freqüência de estratificações cruzadas internas a eles. Sua maior espessura foi registrada no
ribeirão Três Barras, onde atinge 140 m. As estratificações cruzadas referidas revelam-se em
amplos foresets com ângulos superiores a 30°. É comum o tratamento dos foresets por
camadas horizontais ou topsets. À medida em que se processou a colmatagem da depressão
lacustrina, a mesma foi se tornando palco de eventos regressivos e transgressivos cada vez
mais frequentes, culminado com a instalação definitiva de uma ambiente fluvial e uma
consequente dessalinização dos sistemas. Tais condições prevalecem a partir das cotas 850-
875 m nas porções central e norte da bacia, com a exposição de arenitos feldspáticos médios a
grossos, homogêneos, muitas vezes referidos (Heineck 1983) como “arenito superior”.
No contato com os tufos da Formação Mata da Corda (940 m de altitude), os
arenitos feldspáticos encontram-se silicificados e com deformações penecontemporâneas.
Conforme Heineck (1983) ocorrem delgadas intercalações de arenitos nos tufitos, podendo ser
84
inferida uma idade cretácea superior (Coniaciano-Santoniano) para o término da
sedimentação Três Marias e, consequentemente, para a Formação Areado.
Grupo Mata da Corda
Este grupo engloba três unidades faciológicas distintas: formações Patos (ausente
na área), Capacete e Urucuia. Ele recobre o Grupo Areado sem que os separe discordância
reconhecível.
Na Formação Capacete, à medida que se afasta das áreas vulcânicas, a
contribuição piroclástica diminui sensivelmente, cedendo lugar a arenitos e conglomerados
cineríticos. Sua cor característica é verde, incluindo outras tonalidades que correspondem a
cores secundárias. São características as estratificações cruzadas, indicando ambiência sub-
aquática. Níveis de conglomerados são comuns. Inclui quartzo, feldspasto e material
piroclástico. A cor verde é derivada da alteração do material vulcânico em nontronita (Grossi
Sad et al. 1971). A Formação Urucuia representa uma sedimentação mais distal, não inclui
material cinerítico. Braun (1970) definiu seus limites pela presença de magnetita, cujo
percentual diminui em quantidade granulométrica do sul para o norte.
A idade do Grupo Mata da Corda vincula-se a um ciclo magmático maior, que
inclui basaltos, carbonatitos e tufos. As datações empreendidas por Hasui & Cordani (1968),
estabelecem idades em torno de 80 Ma para o vulcanismo tufáceo, o que assegura idade
cretácea superior (Cenomaniano-Turoniano) para a formação.
Sedimentos Cenozóicos
Esses depósitos de materiais detrítico-lateríticos, são representados por uma
seqüência de três unidades, que receberam a denominação de “Cobertura Superimposta Final”
(Grossi Sad et al. 1971). A sequência inicial, de origem continental e idade terciária-
quaternária, reúne areias, cascalhos e material síltico-argiloso, inconsistentes ou parcialmente
laterizados. A sequência acima é essencialmente continental, de idade quaternária
(Pleistoceno) e constituída de areias, lateritas e mesmo produtos de eluviação profunda. Estas
unidades são representativas de coberturas remanescentes do ciclo de aplainamento Velhas,
identificando as cotas entre 750 e 650 m.
A sequência inicial, de origem fluvial e idade quaternária (Holoceno) ocorre de
maneira bastante reduzida, todavia apresentando maior concentração na sua porção noroeste.
85
Essa unidade é constituída por detritos aluviais inconsolidados (cascalhos, areias, siltes e
argilas); mantêm-se temporariamente inundados e parcialmente estabilizados. Incluem-se na
mesma os depósitos de várzea, terraços aluviais ligeiramente mais elevados, porém
alcançáveis pelas eventuais cheias, aluviões abandonadas por recentes mudanças de cursos
dos rios intermitentes, depósitos palustres e lacustres.
5.2.2 - Depósitos Diamantíferos
A bacia do rio do Sono, afluente do rio Paracatu, ainda é considerada uma das
principais áreas diamantíferas do noroeste de Minas Gerais, havendo notícias de antigas e
atuais atividades garimpeiras em alguns de seus trechos. Essa tradição se explica pelo fato de
que o rio do Sono bem como alguns de seus tributários (rios Santo Antônio e das Almas)
drenam regiões dos municípios de São Gonçalo do Abaeté e João Pinheiro, onde, do Cretáceo
ao Terciário fizeram-se presentes eventos vulcânicos, possivelmente com corpos kimberlíticos
associados, e um prolongado ciclo de sedimentação representado pelos grupos Areado
(detritos fluviais e lacustrinos) e Mata da Corda (material piroclástico). Salienta-se que os
aluviões quaternários são particularmente expressivos ao longo do baixo curso do rio do
Sono, no sentido da localidade do Paredão de Minas, trecho este onde as planícies de
inundação são marcadas pela presença de meandros abandonados e larguras, às vezes,
superiores a 700 m (Vieira & Heineck 1983).
O rio Abaeté é famoso por sua produção diamantífera, onde ocorrem
consideráveis quantidades de gemas coloridas, a maioria com formas arredondadas e
dissolvidas (Cookenboo 2005).
Como até o momento não foram reconhecidas pipes kimberlíticos intrusivos na
Formação Três Marias (Grupo Bambuí), unidade estratigráfica mais antiga aflorante na bacia
do rio do Sono, é possível que uma apreciável parcela dos diamantes ali ocorrentes seja
proveniente das coberturas cretáceas situadas nos atuais altos topográficos das cabeceiras de
drenagem como o córrego das Almas. Já foram identificados vários afloramentos de
conglomerados correlacionáveis à Formação Abaeté do Grupo Areado (Cretáceo Inferior). As
ocorrências desses conglomerados são freqüentes na região compreendida entre o córrego das
Almas e o ribeirão das Gaitas, mas o caráter diamantífero desses ruditos não foi comprovado
até o momento (Vieira & Heineck 1983).
Ainda segundo Vieira & Heineck (1983), outra possível matriz secundária dos
diamantes reside na fácies basal, psefítica, do Grupo Mata da Corda (Cretáceo Superior), que
86
ocorre, por exemplo, ao longo do chapadão dos Gerais, onde se encontra bastante lateritizada,
sendo constituída por um conglomerado de tendência oligomítica.
5.2.3 - Aspectos Econômicos
As áreas que se apresentam com relativa potencialidade para a concentração de
diamante limitam as aluviões recentes ou antigas ao longo dos rios da Prata, do Sono, das
Almas e Santo Antônio, nos quais são citadas atividades de garimpo. As que abrangem os
sedimentos aluviais dos rios do Sono, Santo Antônio e das Almas, apresentam-se como as
zonas mais favoráveis e de maior potencialidade para concentração de diamantes tendo em
vista alguns garimpos e indícios aí existentes. Reporta-se que o rio do Sono vem sendo
garimpado para diamante no trecho compreendido entre a confluência com o rio Santo
Antônio e sua desembocadura no rio Paracatu. Os rios Santo Antônio e das Almas foram
objeto de atividades garimpeiras importantes no passado, com explorações mais avançadas a
partir de 1800 (Vieira & Heineck 1983).
Atualmente apenas uma mineradora encontra-se em atividade de lavra de
diamante no rio Abaeté (Figura 13 e Foto 5). Segundo informações verbais de Francisco
Ribeiro, proprietário da GAR Mineração que atua na região de São Gonçalo do Abaeté, são
recuperados cerca de 35m
3
de cascalho por dia, totalizando em uma semana com cinco dias de
atividade 175m
3
de material lavado.
A produção analisada de 30/08 à 04/09/2009 mostrou um lote com 30 pedras,
totalizando cerca de 30ct. Essa produção em peso é variável, nem tanto pelo número de pedras
recuperadas, mas pelo tamanho dos cristais que por vezes, são maiores.
87
A B
C D
F
E
Figura 13: Diversos estágios dos serviços executados pela GAR Mineração. Cascalho sendo
retirado e transportado para o jigue (A); lavagem e seleção do material (B e C); parte inferior
do jigue (D); peneiramento manual da fração fina do material e apuração (E e F).
88
Foto 5: Rio Abaeté, na região de São Gonçalo do Abaeté, área onde encontra-se em atividade
as instalações da GAR Mineração.
5.3 - PROVÍNCIA ALTO PARANAÍBA
A Província Diamantífera do Alto Paranaíba é centralizada pela região de
Coromandel como a principal produtora de diamantes e pólo de comercialização da gema.
Outras áreas menores situam-se nos arredores de Romaria e Estrela do Sul. Tal região, a oeste
de Minas Gerais, se destaca como a segunda maior produtora de diamantes no âmbito
estadual, sendo ainda mundialmente famosa pelas descobertas periódicas de diamantes
“gigantes”, ou seja, aqueles de pesos superiores a 100 ct (Chaves et al. 2005).
O município foi criado com a Lei n° 2930 de 6 de outubro de 1882. Uma lei
estadual de 1891 confirma a criação do distrito-sede do município. Em 7 de setembro de 1923
a lei n° 843 deu-lhe o nome e a configuração atual. Seu surgimento e crescimento tiveram
como ponto de referência, para viajantes e imigrantes portugueses, a perspectiva de
prosperidade e riqueza do lugar, com essa atividade. A região de Coromandel é reconhecida
por sua riqueza em ocorrência de diamantes, que remonta há 250 anos e até hoje é objeto de
ampla atividade de busca para cerca de 3000 garimpeiros e algumas empresas de mineração
(Fundação João Pinheiro 2002).
89
Destaca-se que Coromandel apresenta rica rede hidrográfica, com os leitos dos rios
Paranaíba e Dourados e seus afluentes. Desde Ituiutaba até Patos de Minas, o alto Paranaíba e
seus afluentes das margens esquerda e direita são garimpados à procura de diamantes. Essa
vasta área diamantífera forneceu, por mais de dois séculos, a maior quantidade dos grandes
diamantes do Brasil, particularmente na área dos atuais municípios de Estrela do Sul, Abadia
dos Dourados e Coromandel.
Em Coromandel predominam os garimpos sobre as empresas legalizadas, que
funcionam seja de maneira artesanal, com pá e picareta, seja de maneira mecânica, com jigues
e bicas canadenses. No período mais recente, entretanto, ficaram mais evidentes as
conseqüências da atividade na região, principalmente devido à intensificação da extração
mecânica do cascalho diamantífero, e seu processamento através de jigues. Com a
multiplicação desses equipamentos aumentaram consequentemente os achados, despertou o
interesse de empresas do setor que atuam no exterior (Fundação João Pinheiro 2002).
Os primeiros trabalhos que envolvem a região do Alto Paranaíba são devidos a
geocientistas em busca de maiores informações sobre as ocorrências de diamantes, aí
descobertas por garimpeiros em fuga da região de Diamantina, severamente controlada pelo
governo colonial no século XVIII. Dentre outros, devem ser citados os estudos históricos de
Saint-Hilaire (1833) e Damour (1855). Ressalta-se ainda que sempre houve uma acentuada
dissociação entre os estudos envolvendo as sequências xistosas pré-cambrianas,
predominantes na região, e estudos sobre as sequências de idade cretácica, incluindo aí as
possíveis rochas magmáticas fontes do diamante.
Em meados da década de 1960, a extinta empresa PROSPEC foi contratada pelo
DNPM para realizar o levantamento geológico básico e inventário dos recursos minerais da
região, através do “Projeto Chaminés” (resultados finais em Barbosa et al. 1970), fornecendo
os ainda hoje mais valiosos dados integrados sobre a geologia de todo Triângulo Mineiro. Em
1967, o geólogo francês M. Bardet, do BRGM, visitou várias áreas diamantíferas do Brasil.
Impressionado com a potencialidade do Alto Paranaíba, enviou equipe de pesquisa que, logo
em 1969, descobriu o primeiro kimberlito na região, o Vargem-1, no município de
Coromandel. Esta descoberta, porém, além de outras, foram mantidas em segredo e somente
muitos anos mais tarde a comunidade científica pôde realizar as primeiras observações sobre
esse e outros corpos (Svisero et al. 1977, 1979, 1984, 1986).
No domínio da Província Diamantífera do Alto Paranaíba (Hasui & Penalva
1970), foram reconhecidos dois distritos com características peculiares: o de Romaria-Estrela
do Sul, a oeste do Soerguimento do Alto Paranaíba, e o de Coromandel, a nordeste daquela
90
estrutura. O Distrito Diamantífero de Coromandel, o principal da província, tem produzido os
maiores diamantes da Província do Alto Paranaíba bem como do Brasil. Cerca de 90% das
pedras com peso superior a 50 ct foram aí descobertas, o que ressalta o vasto potencial da
região.
Esse distrito envolve extensa área a nordeste do “Soerguimento do Alto
Paranaíba”, dominando a região conhecida como “Planalto da Mata da Corda”. Ocorrem ali
dezenas de corpos reconhecidamente kimberlíticos, excelentes exposições da sequência
conglomerática do Cretáceo e, as mais volumosas e ricas aluviões diamantíferas do Alto
Paranaíba, ao longo do rio Santo Inácio. Segundo Lapin et al. (2005), a “Província Ígnea do
Alto Paranaíba”, é uma das poucas regiões do globo terrestre onde ocorrem na mesma área
kimberlitos e complexos carbonatíticos, bem como rochas ultrapotássicas–kamafugíticas,
constituindo diatremas, stocks, plugs, diques e derrames de tufo-lavas, semelhantemente ao
que ocorre em alguns países do leste da África.
A possibilidade de ocorrência na região da associação diamantes/kimberlitos
férteis, tem sido constantemente considerada (Barbosa et al. 1970, Hasui & Penalva 1970,
Svisero et al. 1979, 1984, Almeida et al. 1980, Barbosa 1991, Chaves 1991, Svisero & Basei
2005, entre outros). Kaminsky et al. (2001) realizaram estudos das populações de diamantes
da região e afirmam que algumas pedras não apresentam spots ou evidências de
retrabalhamento mecânico, o que pode indicar origem em uma fonte primária local.
Svisero & Basei (2005) apresentam dados que também sugerem uma origem
proximal para os diamantes, ao datarem macrocristais de zircão provenientes de intrusões de
natureza kimberlítica, bem como de conglomerados da Formação Capacete das imediações de
Coromandel. As idades obtidas pelo método U/Pb situam-se no intervalo 80-90 Ma, e são
concordantes entre si sugerindo uma origem comum para os cristais de zircão dessas duas
fontes. Esses autores alegam ainda que o zircão está associado a uma assembléia de minerais
típicos de xenólitos mantélicos, com granada piropo, ilmenita magnesiana, diopsídio e
espinélio, e alguns desses minerais (granada e ilmenita) ocorrem também nos conglomerados.
Assim, tais autores sugerem que as intrusões kimberlíticas locais representam a fonte dos
minerais indicadores presentes nos conglomerados, bem como do diamante lavrado na região.
Por outro lado, Tompkins & Gonzaga (1989), Gonzaga et al. (1994), Campos &
Gonzaga (2000) e Gonzaga (2005) defendem uma origem alóctone para o diamante da região
de Coromandel e áreas adjacentes. Segundo tais autores, a origem deste diamante estaria
relacionada a fontes primárias antigas situadas no Cráton do São Francisco, de onde o
diamante teria sido transportado por geleiras no Proterozóico Superior (Glaciação Jequitaí) e
91
no Permo-Carbonífero (grupos Santa Fé e Aquidauana) até os sítios atuais. Entretanto, até
então, os referidos autores não apresentaram argumentos definitivos que comprovassem tal
hipótese.
5.3.1 - Contexto Geológico
São identificadas na área da Província diamantífera do Alto Paranaíba, as
seguintes unidades lito-estratigráficas (da base para o topo): Grupo Araxá, Grupo Ibiá, Grupo
Canastra e Grupo Bambuí (de idades pré-cambrianas), e Grupo Mata da Corda (Formação
Capacete) do Cretáceo Superior (Figura 14). As unidades pré-cambrianas ocorrem orientadas
em faixas de direção aproximada NW-SE, enquanto a sequência cretácica aparece em
plateaus, cobrindo discordantemente as unidades mais antigas.
Grupo Araxá
O Grupo Araxá, indiviso, aflora no extremo sudoeste da área, abrangendo o
vilarejo de Douradinho com bons afloramentos no córrego de mesmo nome.
A principal litologia do Grupo Araxá é um quartzo-clorita-muscovita xisto, às
vezes, granatífero, de granulação grosseira e de cor variada, desde acinzentada (em
afloramentos sãos) até amarelada ou esverdeada, quando a rocha está meteorizada (Barbosa et
al. 1970). Localmente, ocorre intercalado aos xistos um quartzito, micácio, recristalizado e
com bandas ferruginosas. É comum, em ambas as litologias, a presença de veios de quartzo
em duas gerações distintas. A mais antiga, revela veios concordantes com a foliação principal,
milonítica, de direção NW e mergulhos variáveis para SW. A geração mais nova apresenta
veios mais potentes (até alguns metros de espessura), francamente discordantes da foliação
principal.
No extremo oeste da área, o Grupo Araxá apresenta intercalações de rochas
filoníticas, extremamente semelhantes com as que ocorrem no Grupo Ibiá. O contato desta
unidade com tal formação, a leste é de natureza tectônica, através de falhamento de empurrão.
Como nem a base, nem o topo estão presentes torna-se impossível estimar a espessura do
Grupo Araxá, na região de Coromandel, embora Barbosa et al. (1970) tenham sugerido
valores da ordem de 1.400 m. A grande espessura do Grupo Araxá, com a predominância de
sedimentos originalmente finos, sugere para a unidade um paleoambiente de sedimentação
marinho, de águas plataformais a profundas.
92
ESTRELA
DO SUL
MONTE
CARMELO
PATROCÍNIO
ABADIA DOS
DOURADOS
COROMANDEL
R
I
O
P
A
R
A
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ROMARIA
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Í
B
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47ºW
S
O
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G
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M
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D
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A
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T
O
P
A
R
A
N
A
Í
B
A
47º30’W
18ºS
18º30’
S
0 5 10 15 20 km
FORMAÇÃO MATA DA CORDA
BACIA DO PARANÁ
GRUPO BAMB
GRUPOS CANASTRA E IBIÁ
GRUPO ARAXÁ
EMBASAMENTO CRISTALINO
Contato geológico
Falha de empurrão
Lineamento estrutural
Drenagens
Estradas
LEGENDA
Figura 14: Mapa geológico da região da Província Diamantífera Alto Paranaíba. Modificado
de Barbosa et al. (1970).
93
Grupo Ibiá
O Grupo Ibiá (Barbosa et al. 1970), é normalmente considerada como mais nova
que o Grupo Canastra. Na região de Coromandel, entretanto, a situação tectônica peculiar
desta unidade, “embutida” entre os grupos Araxá e Canastra, não permite qualquer definição
quanto ao seu posicionamento estratigráfico. Além disto, a presença de “lascas” de material
idêntico ao do Grupo Ibiá, dentro do Grupo Araxá, permite uma associação das duas
unidades, pelo menos localmente. Esta unidade aflora na área como uma faixa de direção
aproximadamente NW-SE, interceptada a oeste de Coromandel pela Formação Capacete. As
rochas presentes incluem filitos amarelo-esverdeados, micro-dobrados, localmente com níveis
ferruginosos, e clorita-muscovita xistos esverdeados com “núcleos” de carbonato envolvidos
pela xistosidade (Barbosa et al. 1970).
É conflitante a situação do ambiente de sedimentação do Grupo Ibiá. Barbosa et
al. (1970) admitem que são sedimentos marinhos, enquanto Dardenne et al. (1978),
correlacionam a unidade ao horizonte glacial “Jequitaí-Macaúbas”, presente na borda
ocidental do Cráton São Francisco. De outra forma, Ferrari (1981) associa a Formação Ibiá a
metavulcanitos de composição andesítica. Na região de Coromandel em si em direção a sul,
não ocorrem os meta-paraconglomerados de matriz carbonática, de origem glacial atribuída
por Dardenne et al. (1978), limitando assim este tipo de ambiente.
Grupo Canastra
Esta sequência metapsamítica, está representada aproximadamente nas regiões
central e oeste da área. Na parte sul da região mapeada, o Grupo Canastra apresenta um trend
NW-SE que, porém, na porção norte da mesma, inflete-se para N-S (Barbosa et al. 1970).
Existem duas sub-unidades, mapeáveis na escala utilizada, no âmbito do Grupo Canastra. A
primeira, constituída por filitos cinza-esverdeados, predomina na área de estudo, e outra,
composta de quartzitos finos, ocorre intercalada à outra, em sua porção basal.
Os filitos, de coloração cinza ou levemente esverdeada, apresentam intercalações
de meta-ritmito com níveis de granulometria silte (esverdeados) e níveis argilosos
(esbranquiçados). Este bandeamento composicional revela que o acamamento é paralelo à
foliação principal, orientada entre N10W-N20E, com mergulhos fortes para NW ou SW. Os
filitos apresentam ainda clivagem ardosiana e de fratura, tornando-se mais “xistosos” e
crenulados nas partes mais próximas do contato, tectônico, com o Grupo Bambuí.
94
Localmente, ocorrem intercalações centimétricas de quartzito micácio e/ou ferruginoso.
Dobras em chevron estão presentes na sub-unidade, mostrando vergência para NE (nos níveis
metapelíticos). Nos níveis quartzíticos, as dobras são mais suaves e abertas, com eixo N-S e
caimento suave para sul.
Na estrada em direção ao rio Santo Inácio, próximo à ponte com o córrego Buriti,
ocorrem blocos de metaconglomerado polimítico, com seixos milimétricos à centimétricos de
quartzo e quartzito (Barbosa et al. 1970). Estruturas primárias marcantes em quartzitos, como
marcas onduladas e estratos cruzados, não foram observadas, indicando que a deformação foi
intensa. Por este motivo, torna-se impossível estimar a espessura da sequência, certamente
superior a 1.000 m. O ambiente de sedimentação mais provável para o Grupo Canastra é o
marinho raso, a nível regional, mas a sub-unidade metapelítica presente na área indica que
devem existir porções mais profundas da bacia (Barbosa et al. 1970).
Grupo Bambuí
O Grupo Bambuí aflora em extensa área dominando toda parte central e leste da
região de Coromandel. Litologicamente constitui-se de calcários dolomíticos de coloração
acinzentada, localmente ricos em estruturas estromatolíticas. Estas mostram feições
arredondadas (em planta) de aproximadamente 3 cm de diâmetro. São poucos os afloramentos
do Grupo Bambuí na região, sendo a maioria destes observados em lavras de calcário aí
existentes. Nos cortes das lavras, são encontrados níveis de metassiltito, com até 5 m de
espessura, intercalados aos calcários. Afloramentos esparsos, bastante alterados, de
metassiltitos, ocorrem em toda área de distribuição da sequência. Desta forma, acredita-se que
os calcários constituem grandes lentes no interior do pacote metapelítico. A sedimentação do
Grupo Bambuí ocorreu em mares fechados não muito profundos (mares epicontinentais),
conforme corroborado pelas litologias e estruturas presentes na área (Dardenne 1978).
Grupo Mata da Corda
Este grupo, representado por sua Formação Capacete (Rimann 1917), aflora na
parte mais alta da chapada que domina a sede do município de Coromandel, e em pequenas
“manchas” a sudeste da exposição principal, na chamada “serra” das Mesas. Recobre em
discordância angular e erosiva a Formação Ibiá e o Grupo Canastra. Na porção basal da
unidade, ocorre um conglomerado polimítico de até 1 m de espessura. A matriz é argilosa, de
95
coloração esverdeada, com clastos arredondados de quartzo, quartzito, xisto e filito. Estudo de
minerais pesados de material recolhido da matriz, indicou a presença de magnetita (50%),
perovskita (25%), magnetita martitizada (20%) e ilmenita (5%), denotando a proveniência a
partir de produtos de vulcanismo alcalino e ultrabásico.
Estratigraficamente acima dos conglomerados, aparecem arenitos esverdeados,
com estratos de espessura entre 20 e 30 cm em média, e granulometria média. Intercalam-se a
estes, argilitos vermelhos e esbranquiçados, de espessura decimétrica. A espessura total da
unidade pode ser estimada, na área de estudo, em aproximadamente 40 m (espessura mínima,
já que o topo está erodido), conforme definido no morro situado logo a sudeste da cidade de
Coromandel. A sedimentação desses depósitos deve ter ocorrido em pequenos leques aluviais
torrenciais, conforme as feições erosivas observadas entre os conglomerados e nos filitos do
Grupo Canastra subjacentes. Tais depósitos são típicos de clima semi-árido e provavelmente
são contemporâneos do magmatismo alcalino-ultrabásico-kimberlítico. O conglomerado basal
da unidade provavelmente é diamantífero (Barbosa et al. 1970).
A sequência como um todo, está coberta por um estreito, mas resistente nível de
laterita ferruginosa e/ou solo aluvionar argiloso avermelhado (Terciário?), que sustenta os
topos das superfícies mais altas e são recortados, nos bordos, pela erosão.
Sedimentos Recentes
Os depósitos aluvionares, de idade quaternária, ocorrem na região de Coromandel
principalmente ao longo do curso do rio Santo Inácio. Revestem-se de importância
econômica, pois são sempre diamantíferos e ainda pouco explorados. Constituem-se de areia e
pouca argila, com um cascalho basal formado principalmente por seixos de quartzo, quartzito
e sílex. Os minerais “acompanhantes” do diamante no rio Santo Inácio, conforme observado
no Garimpo da Charneca, são ilmenita (80%), opacos diversos (10%), magnetita (5%) e o
restante contendo zircão (às vezes, mais que 2%), turmalina, estaurolita, cianita, monazita e
piropo, indicando origem mista de rochas xistosas e de possíveis pipes ultrabásicos. Grandes
diamantes já foram aí encontrados, com 400, 228, 141, 105 e 92 ct. A espessura do cascalho
varia entre 0,2 e 2,0 m, onde o capeamento arenoso pode alcançar até 8 m (Barbosa et al.
1970). Na área da Fazenda Vargem, Svisero et al. (1986) mencionam uma espessura de 3 m
para esses depósitos.
96
5.3.2 - Depósitos Diamantíferos
Os depósitos portadores de diamantes na região da Província do Alto Paranaíba
correspondem a rochas kimberlíticas, conglomerados cretácicos e sedimentos colúvio-
aluvionares recentes.
Kimberlitos
A ocorrência de kimberlitos é bastante disseminada por toda a região da Província
do Alto Paranaíba. Diversos desses corpos já foram alvo de pesquisas por empresas
mineradoras, que ainda hoje são proprietárias dos direitos minerários de muitos destes, cujos
resultados entretanto não são divulgados. Entre esses corpos, destaca-se o Kimberlito Régis
(Foto 6), localizado na Fazenda Abel Régis, município de Carmo do Paranaíba. Seus direitos
minerários pertencem à companhia canadense Brazilian Diamonds - SAMSUL Mineração, e
informações obtidas in locu ressaltam a presença de diamantes em seus depósitos superficiais.
De acordo com Cookenboo et al. (2006), o Kimberlito Régis é um corpo complexo de
cratera multifase de porte muito grande (>120 ha em superfície). O kimberlito foi descoberto
em meados dos anos 1970, intrudindo filitos e metassiltitos do Grupo Bambuí, do
Neoproterozóico. Embora os diamantes tenham sido alegadamente minerados em uma
pequena porção do corpo por garimpeiros, uma amostragem de 1.200 m
, a maior parte na
porção exposta em uma das margens do corpo não resultou em diamantes.
3
Considerado um dos maiores kimberlitos de todo país, em área superficial,
ressalta-se que tal dimensão é incomum para kimberlitos, assemelhando-se bem mais à de
intrusões de natureza lamproítica. O kimberlito foi objeto de pesquisa pela SAMSUL
Mineração e os resultados preliminares mostraram que é um corpo fértil. Informações
adicionais são mantidas em sigilo, portanto não é possível concluir se o mesmo é
economicamente viável à exploração. Entretanto, na atualidade as pesquisas exploratórias
encontram-se paralisadas.
Ainda segundo Cookenboo et al. (2006), uma reavaliação do kimberlito foi retomada
devido à química favorável dos minerais indicadores, considerada comparável ao do
kimberlito diamantífero Canastra-1 e de outros corpos diamantíferos da Faixa de
Dobramentos Brasília. Esta fase de reavaliação integrou-se de mapeamento detalhado da
superfície, análises de minerais indicadores, perfurações a trado e geofísica. Um corpo central
97
em forma de pipe, previamente não testado e com indicadores de química mineral favorável,
foi interpretado a partir desses dados integrados.
Foto 6: Afloramento do Kimberlito Régis, onde nota-se o solo com coloração esverdeada
devido ao avançado estágio de alteração. Autor: P.R. Secco.
A geofísica aplicada à intrusão incluiu 19,0 km de linha de superfície magnética, 4,0
km de linha de CSMAT (controlled source audio frequency magneto-tellurics) e 0,5 km de
linha de GPR (ground penetrating radar). Os dados da modelagem tridimensional do terreno
sugerem uma fonte principal de susceptibilidade magnética na parte central do corpo. O
corpo, interpretado magneticamente tem a forma de pipe com seu topo a 140 m e a base a 800
m, mergulhando abruptamente para nordeste. Os dados de CSAMT revelam uma
condutividade coincidente do corpo que se estende, pelo menos, por várias centenas de metros
de profundidade. As linhas de GPR apontam para uma cratera central sobrejacente ao centro
magnético e condutivo do corpo (Cookenboo et al. 2006).
Conforme tais autores, mapeamento geológico e química de minerais indicadores
recuperados a partir de amostras de afloramento e de 37 furos de trado, foram utilizados para
definir a assinatura geoquímica das diferentes fácies da intrusão. A partir desse trabalho de
superfície, foram identificadas diferentes unidades intrusivas, compreendendo kimberlitos de
fácies cratera (kimberlito piroclástico vulcanoclástico e kimberlito vulcanoclástico
ressedimentado) com intercalações de tufos e brechas vulcânicas.
98
Em termos mineralógicos, os dados apontaram para, pelo menos, duas amostragens
distintas de manto no complexo. Granadas piropo de alto interesse químico, Cr-diopsídio e
cromita sugerem amostragem no campo de estabilidade do diamante, ao longo de uma
geoterma regional favorável a kimberlitos diamantíferos. Cr-diopsídios analisados parecem
incluir uma população de alta temperatura, apoiando a idéia de que o magma que formou o
“complexo” Régis evoluiu para composições menos prospectivas ao longo do tempo durante
o seu emplacement. Os Cr-piropos mostram uma tendência principal a lherzolito, estendendo-
se a elevadas concentrações de Cr. Há um pequeno número de granadas G10 moderadamente
ricas em Cr e ligeiramente sub-cálcicas, semelhante ao que ocorre no kimberlito Canastra-1.
Além disso, ressaltou-se uma população interessante de granadas eclogíticas também
indicando composições no campo do diamante (Cookenboo et al. 2006).
Conglomerados Cretácicos
Os conglomerados “tufáceos” que afloram na região são atribuídos à fácies
Capacete, uma unidade da Formação Mata da Corda, que aflora quase continuamente em
direção norte, compondo os largos chapadões da “Serra Geral de Goiás”, até o sul dos estados
do Maranhão e Piauí (onde os conglomerados são também, localmente, diamantíferos). Na
Mina de Água Suja (Romaria), do outro lado do Arco da Canastra, conglomerados
semelhantes são lavrados desde o século passado.
Segundo Barcelos (1989) os conglomerados são de idade cretácica superior, mais
precisamente reportados ao Campaniano, entre 83 e 65 Ma. Os kimberlitos têm provável
idade em torno de 80 Ma correspondente às grandes intrusões ultrabásicas e alcalinas, como
Araxá, Tapira e Catalão. Evidencia-se então a associação entre magmatitos e conglomerados,
principalmente ao se considerar as condições tectônicas que, com o soerguimento da área
fonte, permitiu a deposição de leques aluviais e outros depósitos típicos de clima semi-árido.
No Distrito de Coromandel, conglomerados afloram nas cabeceiras dos rios
Douradinho, Santo Inácio, Santo Antônio do Bonito e Santo Antônio das Minas Vermelhas,
todos diamantíferos e fontes de grandes pedras. Podem alcançar até 10 m de espessura (a
nordeste do povoado de Pântano, ao norte da área em foco), mas normalmente esses corpos
não ultrapassam 2 m. Dentre os minerais pesados presentes na matriz, citam-se perovskita,
magnetita, ilmenita e piropo (predominantes e indicando origem magmática), além de cianita,
estaurolita, rutilo, zircão, almandina e turmalina, comuns nas sequências xistosas regionais.
99
O conglomerado Capacete provavelmente provocou o espalhamento dos produtos
do magmatismo alcalino-ultrabásico-kimberlítico por extensa região. A extensão de
afloramentos desta rocha, de Coromandel para norte, é da ordem de 200 km. Existem áreas
onde o capeamento reduzido permitiria uma recuperação em lavra mecanizada. Na área, a
escassez de água nos chapadões, poderia ser resolvida com a canalização a partir do rio Santo
Inácio, em regos acompanhando as curvas de nível. Ressalta-se que nem todos os
conglomerados devem ser diamantíferos ou possuir teores semelhantes, pois estes devem
variar em função de suas respectivas áreas fontes.
Aluviões e Terraços Aluvionares
O diamante, classicamente extraído de depósitos aluvionares no Distrito de
Coromandel, é o mineral que mais forte influência social tem exercido na região. A sua
extensa distribuição, os métodos relativamente fáceis de lavra, aliados à possibilidade de um
rápido enriquecimento, mantém sempre uma considerável parcela da população ocupada,
direta ou indiretamente, nos serviços de garimpagem. Segundo Barbosa et al. (1970) tais
serviços são feitos preferencialmente nas épocas secas (maio-setembro), devido à
precariedade dos serviços executados. Os principais métodos de lavra empregado na região,
são: (1) desvio do rio, ou “viradas” - executados apenas nas épocas de seca, geralmente nas
curvas do rio, abrindo-se um canal no lado côncavo e construindo-se barragens rústicas de
pau, terra e sacos de areia, de modo a permitir a remoção de cascalho do leito; (2) catas - para
os garimpos manuais fora do leito do rio, nos barrancos e terraços (conhecidos como
grupiaras ou monchões), consistindo em escavações irregulares de alguns metros, até se
atingir o cascalho.
De acordo com a Fundação João Pinheiro (2002), na atualidade ocorrem na região
três categorias distintas de garimpo: garimpo manual, trabalhos com jigue e balsa de garimpo.
Considera-se o garimpeiro manual aquele que tem por profissão a extração de
diamantes e exerce essa extração de forma manual, sem o auxílio direto de maquinários,
através de instrumentos manuais (Foto 7). Parte dos garimpeiros manuais contrata serviços de
trator ou retroescavadeira para alcançar as catas, quando estas se encontram em profundidade
maior em relação ao solo. A partir dessa etapa, o restante do serviço é feito manualmente. Em
complementação aos garimpeiros manuais estão os faiscadores. Estes, distinguem-se dos
garimpeiros por não exercer a atividade de forma profissional, e sim de maneira eventual,
complementar e temporária, apenas em certas épocas do ano.
100
Foto 7: Garimpo manual no rio Santo Inácio, nas imediações de Coromandel.
Para a extração do cascalho, os garimpeiros utilizam ferramentas rudimentares e
conhecidas: pá, picareta, enxada, enxadão e carrinho de mão. Para lavar o cascalho, utilizam
lavadeiras, espécies de tanques fechados, com dimensões de 1m de largura, 1,50m de
comprimento e 0,60m de profundidade, e peneira. A estimativa de produtividade calcada em
capacidade média individual de lavar até 12 carrinhos/dia, que corresponde a,
aproximadamente, 1m
3
de cascalho.
Primeiramente a vegetação e o solo são removidos e estocados por perto. A
camada de cascalho diamantífero é retirada e estocada, para ser posteriormente transportada
até a lavadeira. Nesta, encontra-se o cascalho não-lavado, reservado nas proximidades do
tanque, e as pilhas de cascalho lavado lançadas por perto, muitas vezes dentro do próprio
buraco aberto, resultante da extração. O garimpeiro lava o cascalho na peneira dentro da
lavadeira, onde fica o rejeito de lama (Foto 8). Esse é lançado de volta às catas junto com o
cascalho, a cada vez que a lavadeira é esvaziada e limpa, evitando sua chegada aos cursos
hídricos. O momento final do processo é a virada da peneira e da apuração (Foto 9).
101
Foto 8: Garimpeiro lavando o cascalho dentro de uma “lavadeira”.
Foto 9: Virada de peneira para apuração.
102
O jigue é um equipamento mecânico de médio ou grande porte, que precisa ser
adequadamente instalado para funcionar segundo seu objetivo: lavagem de cascalho a baixo
custo (Foto 10). O dimensionamento de sua produção é função dos equipamentos que
extrairão e transportarão o material a ser lavado e, posteriormente, irão levá-lo de volta até
local de deposição final. O transporte do equipamento é oneroso, e sua instalação requer base
sólida para assentamento e energia elétrica para acionar o abastecimento de água e as
pulsações. Demanda equipamentos de lavra movidos a óleo diesel e um motor possante para
movimentar a peneira.
O trabalho inicial de remover cascalho é realizado por pá mecânica, que extrai e
carrega o material para transporte. Para que seja econômica, ela precisará de equipamentos:
vários caminhões, para acompanhar sua produção, transportando cascalho entre a mina e o
jigue; peneira vibratória com capacidade de peneiramento 400m
3
, que corresponde a um
equipamento com peso de 800 a 1.000kg – evidenciando um equipamento de grande porte,
que consome entre 20 e 25CV, para lavar 240m
3
de cascalho/dia, considerando os descartes;
para acompanhar a produtividade da peneira, oito jigues convencionais, com 1m
2
de boca, que
pode lavar até 30m
3
/dia.
Nota-se que a economicidade de um trabalho como esse impõe intervenção sobre
grandes áreas e disponibilidade do conjunto de equipamentos ou sua partilha. A média de
lavagem dos jigues em Coromandel é de 30m
3
/dia de cascalho, inferior à capacidade
operacional da pá carregadeira, por exemplo. Observa-se, no entanto, que mesmo com a
produção inferior à capacidade do equipamento, os depósitos de estéril desenvolvidos nas
proximidades dos rios, sem técnica de deposição controlada, ameaçam sua segurança no
período chuvoso, visto não apresentarem condição de estabilidade nem drenagem pluvial. As
bacias de contenção de lama são construídas sem projeto, fato irregular, frente ao seu porte.
Cada garimpeiro lava, em média, por dia, 12 carrinhos-de-mão de cascalho. Os equipamentos
pesados podem lavar 17 caminhões/dia de cascalho, intervindo sobre grandes áreas.
Na extração de diamantes no leito do rio através de balsas (Foto 11), o cascalho é
removido do rio, por sucção, com o uso de uma válvula e de um mangote operado por um
mergulhador escafandrista, que remove as pedras maiores que a boca da válvula com as mãos
e conduz o mangote pela área que deseja explorar. O motor e a bica canadense são instalados
no interior das balsas (Foto 12), assim como a cozinha e os dormitórios. Um homem munido
de escafandro mergulha com a mangueira d’água e faz o desmonte hidráulico, succionando o
cascalho, que é enviado para o jigue (Foto 12). Outro homem opera o jigue, na balsa, e atende
demandas do mergulhador a partir de um conjunto de sinais, utilizando a mangueira. A
103
capacidade média de lavagem de cascalho é de 30m
3
/dia. A calha canadense deixa dúvidas
quanto a capacidade de retenção, especialmente de pedras maiores, que não são retidas.
Foto 10: Caminhão depositando cascalho em um jigue (rio Santo Inácio).
Foto 11: Balsa de garimpo no rio Dourados.
104
Depois do rio Bagagem (este no Distrito de Romaria-Estrela do Sul), o rio Santo
Inácio é o mais trabalhado na Província do Alto Paranaíba, porém seus depósitos são mais
volumosos e provavelmente mais ricos. Este rio nasce na Chapada dos Araújos, localizada a
sudeste do município. É formado a partir de dois cursos principais, tributários da margem
direita, os córregos Manuel e Taboão, e o córrego da Lobeira pela margem esquerda. O Santo
Inácio formou uma área de quase 25.000 km
2
de aluviões, a maioria na sua porção inferior,
quando ocorre sobre metassiltitos e calcários no Grupo Bambuí.
Foto 12: Jigue em funcionamento na parte interna da balsa de garimpo.
No seu médio curso recebe contribuição importante do córrego Buritis, de onde é
captada a água de abastecimento público da cidade, e o córrego Coromandel que drena o
centro urbano. No baixo curso recebe ainda a contribuição dos córregos da Fábrica, do
Barbeiro e do Riacho, desaguando diretamente no rio Paranaíba. O acesso ao alto curso do rio
Santo Inácio dá-se a partir da estrada que liga Coromandel a Patrocínio, tomando-se a
esquerda na altura do km-30 dessa rodovia. Aí existem alguns garimpos importantes no
105
contexto local, alguns manuais e outros servos mecânicos. Jigues e garimpos manuais
convivem lado a lado, destacando-se no alto curso serviços com jigues, que executam
trabalhos de grande porte, com remoção de cascalho com equipamentos pesados, transporte
até o jigue e apuração (Fundação João Pinheiro 2002).
Os garimpos da Fazenda Vargem e, principalmente, o da “Charneca” quando em
atividade, produzem regularmente uma boa quantidade de pedras, mas os teores são mal
conhecidos (em média, devem estar abaixo de 0,1 ct/m
3
). Grandes diamantes já foram
descobertos no rio Santo Inácio.
O rio Douradinho nasce na porção sul do município de Coromandel e corre sobre
micaxistos (Grupo Araxá), a sudoeste da área, formou aluviões de pequeno porte, estreitos e
descontínuos. Este rio é tradicional na exploração de diamantes, guardando muitos garimpos
ao longo do seu curso. Especialmente em seu médio e baixo curso, concentram-se os maiores
garimpos da bacia, como os de Dr. Petrônio, Chagas, Douradinho, Vicente Borges, Zé
Marianinho, Zé Caetano e Varjão. Nas proximidades da vila de Douradinho, já foi encontrada
uma pedra com 407,6 ct (“Presidente Dutra”). Os acompanhantes do diamante neste rio, são:
perovskita, piropo, zircão, ilmenita, “favas” fosfatadas e titanadas, safira, rutilo, estaurolita,
magnetita e cianita (Barbosa et al. 1970), sendo que ilmenita (magnesiana) e piropo podem ter
relação com chaminés kimberlíticas.
Outro importante rio diamantífero do Distrito de Coromandel é o Santo Antônio
do Bonito de onde saíram os maiores diamantes brasileiros, dentre eles o “Presidente Vargas”,
na época o quarto maior do mundo (Reis 1959). Este rio tem suas cabeceiras localizadas na
Chapada dos Araújos, situada a leste do município. Suas principais drenagens formadoras
correspondem aos ribeirões Santo Antônio das Minas Vermelhas, Santo Antônio e Lajes.
Existem muitos garimpos e minas na bacia, famosa pela ocorrência de grandes diamantes,
sendo o Getúlio Vargas, o maior de todos, com 712ct. Os garimpos nessa bacia desenvolvem
intervenções sobre grandes áreas, de cascalho profundo, observam-se tanto garimpos manuais
como jigues.
O local denominado Santo Antônio das Minas Vermelhas caracteriza-se por um
garimpo manual e uma grande intervenção de extração e lavagem de cascalho por jigue. A
atividade é realizada com máquinas e equipamentos pesados, por 3 pessoas. O jigue tem
capacidade para lavar 65 m
3
/dia de cascalho, o que impõe 13 viagens/dia de caminhão de 5 m
3
(Fundação João Pinheiro 2002).
A bacia do rio Preto se localiza a oeste do território municipal, drenando
diretamente no rio Dourado. O rio Dourado nasce em Patrocínio, a sul do município de
106
Coromandel, correndo no sentido sul/oeste/norte. Nessa bacia, existem garimpos manuais e
jigues. O garimpo do Açafrão, artesanal, situa-se em ambas as margens do rio Preto e
trabalhos com jigue vêm se implantando na bacia. Merecem destaque o tamanho das áreas de
intervenção – grandes áreas, a lavagem de grandes volumes de cascalho. O rio da Forca drena
diretamente para o rio Dourados, na porção oeste do município, onde são encontrados
pequenos garimpos manuais e transitórios, assim como garimpos maiores e serviços
implementados utilizando jigues.
O rio Paranaíba, que recebe as águas de todos os rios anteriormente descritos é
também diamantífero, mas muito pouco trabalhado devido ao maior volume de suas águas. Os
principais garimpos, Gamela e Figueira, estão a jusante das barras dos rios Santo Inácio e
Santo Antônio das Minas Vermelhas, respectivamente. O córrego do Bonito, que corre a
nordeste da área e não corta a sequência cretácica, segundo os garimpeiros não é
diamantífero.
5.3.3 - Aspectos Econômicos
Dezenas de corpos kimberlíticos foram pesquisados e considerados estéreis, ou
com resultados não divulgados até então. Os conglomerados do Cretáceo Superior (Grupo
Mata da Corda), são compostos por clastos metassedimentares e material piroclástico com
abundantes fases minerais, incluindo os diamantes. O principal local onde tais sedimentos
foram lavrados é a Mina de Romaria, atualmente abandonada, próxima ao município de
Romaria, com teores médios de 0,30 ct/m
3
. Na região de Coromandel, a maioria dos garimpos
desenvolve-se nas planícies aluvionares dos rios e córregos, atuais ou em antigos leitos. Os
conglomerados correlatos são lavrados em diversos locais, mas devido aos baixos teores e
falta de água (estão localizados em porções de planaltos elevadas) são decrescentes os
serviços.
O município de Coromandel é drenado pelos rios Douradinho, Santo Inácio, Santo
Antônio do Bonito, Preto, da Estiva, da Forca e Verde. Os primeiro, o quarto e o sexto são
afluentes do rio Dourados, os demais, do rio Paranaíba, do qual o rio Dourados também é
contribuinte. Com abundância de leitos de rios, ribeirões e córregos, o garimpo de diamantes
é atividade de destaque, que emprega uma boa parcela da população estimada em torno de
3.000 garimpeiros atuando no mercado de trabalho informal. Segundo informações da
Prefeitura: “Não existe como realizar um levantamento de dados de produção desta atividade
em razão de sua informalidade e da evasão de divisas. A venda de diamantes é realizada sem
107
controle. O reflexo dessa produção se vê, em alguns casos, na aquisição de bens imóveis e na
construção civil. As pedras normalmente são vendidas para compradores de outras localidades
e até do exterior. Muitas vezes, intermediários ficam com boa parte do lucro”.
Depósitos aluviais recentes são restritos a drenagens de maior porte, como as dos
rios Paranaíba, Bagagem, Santo Inácio, Santo Antônio e Douradinho, todos extensivamente
lavrados desde o início do século retrasado. Os depósitos fanglomeráticos atualmente lavrados
localizados em entorno de vales e de grandes drenagens, são compostos por detritos
angulosos, cascalhos de granulação grossa com matriz argilosa, onde os grandes cristais de
diamantes são relatados. Estimativas oficiosas indicam que a região já foi responsável por
uma produção de 5.000 ct de diamantes por ano, no Distrito de Coromandel,
aproximadamente igual a produção do Distrito de Romaria-Estrela do Sul. Atualmente toda a
produção é proveniente de garimpos ou de pequenas lavras em depósitos coluvionares e
aluvionares recentes, quase sempre clandestinos.
Segundo dados da Fundação João Pinheiro (2002), de um total de 218
entrevistados sobre o achado de pedras na região de Coromandel, 35,3% (77 garimpeiros) não
forneceram a informação; 14,6% (32 garimpeiros) não acharam nenhuma pedra; e 52,3% (114
garimpeiros) acharam pedras e informaram os seus achados. Foi informado um total de 315
pedras, de tamanhos variados. A bacia hidrográfica mais produtiva foi a do rio Douradinho. A
maior relação de pedras/garimpeiro-informante foi na bacia do rio Paranaíba, onde 16
informantes acharam 75 pedras, numa relação de 4,68 pedras/garimpeiro-informante. A
relação geral da pesquisa é de 2,76 pedras/garimpeiro-informante.
Observa-se que, conforme as informações colhidas, na região de Coromandel o
garimpo é uma atividade contínua, que se estende por todo o ano. O período aparentemente
mais produtivo foi o inverno – junho, julho e agosto. Porém, muitas descobertas foram
descritas sem especificar a época em que ocorreram. De toda forma, foram informados, na
maioria dos casos, os tamanhos das pedras achadas. Ocorreram grandes diamantes no Santo
Inácio na primavera (100 ct), no Douradinho no outono (42 ct) e no Paranaíba, em período
não definido (80 ct). Observa-se que é constante o achado de pedras, mesmo que de tamanhos
pequenos – “xibiu”, no jargão do garimpo – durante o ano todo. Perguntou-se então ao
garimpeiro se ele já “bamburrou”. Esse termo corresponde ao achado de uma pedra de grande
valor e, dos 218 entrevistados, 13 (6%) já teriam “bamburrado”. Como se estes tivessem
ganhado a loteria. Novamente as bacias do Paranaíba e Santo Inácio foram as mais
produtivas, acompanhadas da bacia do Santo Antônio (Fundação João Pinheiro 2002).
Em janeiro de 2002 a organização da Cooperativa dos Garimpeiros de Coromandel
108
(COOPERGAC) foi reativada. Essa cooperativa já havia sido ativada há alguns anos e não
logrou êxitos, tendo gerado desconfianças em torno da utilização de recursos arrecadados.
Essa cooperativa se tornou, em dezembro de 2008, a primeira cooperativa do setor legalizada
do Estado. A regularização junto ao Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM),
vinculado ao Ministério das Minas e Energia, e a CODEMIG, fez com que a cooperativa se
tornasse apta a exportar diamantes. Após a emissão do CPK, a primeira exportação, no valor
de US$ 350 mil, foi realizada no fim de 2008, para a Bélgica, país que mais importa
diamantes brasileiros. Até então acreditava-se que uma cooperativa de garimpeiros jamais
seria capaz de tal façanha, contudo, atualmente existem boas expectativas em torno do
assunto.
5.4 – PROVÍNCIA SERRA DA CANASTRA
A Província da Serra da Canastra envolve principalmente a região da serra
homônima, localizada no sul-sudoeste de Minas Gerais, sustentada por metassedimentos
mesoproterozóicos(?) do Grupo Canastra (Figura 15). Essa região foi palco, no Cretáceo
Inferior, de importante evento magmático básico-ultrabásico, ao qual se associam numerosas
intrusões kimberlíticas. Tal província reúne dois distritos diamantíferos, ora designados de
Alto São Francisco e Médio Rio Grande. Essa terminologia vem substituir à proposta por
Penha et al. (2000), quando foram reconhecidas duas províncias distintas, “Serra da Canastra”
e “Franca”, por se considerá-las de dimensões muito reduzidas e extremamente próximas,
além de estarem situadas sobre um contexto geológico-geotectônico semelhante, não
justificando assim suas existências com significado metalogenético. A Província Serra da
Canastra se ressalta ainda no contexto geoeconômico do diamante no Brasil, por abranger a
primeira reserva legal protocolada em uma rocha-fonte primária, no kimberlito Canastra-1
(município de São Roque de Minas), bem como um outro corpo próximo, o kimberlito
Canastra-8 (município de Delfinópolis), com grande potencial de aproveitamento econômico
imediato.
5.4.1 - Distrito do Alto São Francisco
O distrito diamantífero do Alto São Francisco equivale, quase sem restrições, à
“Região Diamantífera Serra da Canastra” conforme a designação de Penha et al. (2000), que
reconheceram a mesma com um significado geográfico-geológico de uma província
109
metalogenética. Além disso, a designação “Alto São Francisco” foi alcunhada, embora
somente com conotação geográfica, por Barbosa et al. (1970), o primeiro trabalho a envolver
com maior detalhe toda a região. Nesse distrito, são reconhecidas diversas áreas diamantíferas
onde a produção foi sempre baseada em depósitos aluvionares, destacando-se as de Vargem
Bonita e do rio Samburá, na própria bacia do São Francisco, bem como três outras, no rio
Santo Antônio, bacia do rio Grande (Delfinópolis), e no alto rio Quebra-Anzol e seu afluente
rio Misericórdia (Ibiá), pertencentes à bacia do bacia do rio Paranaíba.
O rio São Francisco nasce em cotas próximas a 1.350 m de altitude, na Serra da
Canastra, vindo a constituir uma extensa bacia hidrográfica (640.000 km
2
) que abrange
grande parte do Estado de Minas Gerais. No local denominado Casca d’Anta, a cerca de 20
km de sua nascente, uma cachoeira com 200 m de altura marca o maior desnível do rio, que a
partir de tal ponto desenvolve o seu médio curso. A ocorrência de diamantes nessa região foi
assinalada em 1920, pelo garimpeiro baiano José Zeferino Ferreira (Barbosa 1991). Somente
a partir de 1936, porém, deu-se início a garimpagem no local, onde nos anos subsequentes
chegaram a trabalhar cerca de 5.000 garimpeiros, o que propiciou o surgimento da povoação
de Vargem Bonita, alçada à categoria de município em 1953.
5.4.1.1 - Contexto Geológico
A região do Alto São Francisco situa-se na porção terminal sul da Faixa de
Dobramentos Brasília, que circunda a oeste e sudoeste o Cráton do São Francisco, nas
proximidades à junção com a Faixa de Dobramentos Alto Rio Grande, circundante ao cráton a
sul e sudeste. Nessa região, configura-se um complexo arranjo estrutural, de modo que o
comportamento estratigráfico entre as diversas unidades geológicas ainda não se encontra
bem estabelecido. Relacionam-se as seguir essas unidades (Figura 15), com base no mapa
geológico de Minas Gerais (Heineck et al. 2003).
A Serra da Canastra é formada predominantemente pelos metassedimentos do
Grupo Canastra (Figura 15). Lamego (1935) fez o primeiro esboço dessa unidade, ao
identificar os quartzitos estruturados em amplas anticlinais sobre “schistos phylladeanos”,
então relacionados à Série Minas. Barbosa (1955) denominou a sequência de Formação
Canastra, posteriormente elevando-a às categorias de série e grupo (Barbosa, 1967; Barbosa et
al. 1970). Os quartzitos são predominantes, de coloração branca e granulação fina, com
intercalações métricas locais de filitos sericíticos. A presença conspícua de mica (sericita)
confere aos quartzitos um aspecto geral placóide, realçado pela erosão diferencial. Os xistos
110
são variados em termos composicionais, incluindo sericita-quartzoxistos, quartzoxistos,
grafitaxistos e, localmente, cloritaxistos. Heineck et al. (2003) consideram tais rochas como
de idade mesoproterozóica, embora datações absolutas ainda sejam necessárias.
Ibiá
Araxá
Franca
Passos
ssia
Vargem
Bonita
São Roque
de Minas
Delfinópolis
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Complexo Alcalino
PRÉ-CAMBRIANO
Grupo Bambuí
Grupo Araxá
Grupo Canastra
Grupo Pium-
Drenagem
Cidade
Lineamento Estrutural
(1a. Magnitude)
Ocorrência Aluvionar
DIAMANTES
10 20 km
Capetinga
Ibiraci
Patrocínio
Paulista
Claraval
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MESOZÓICO (Jurássico/Cretáceo)
Gr. Bauru / Mata da Corda
Formação Serra Geral/
Formação Boucatu
C-1: Kimberlito Canastra-1
C-8: Kimberlito Canastra-8
Ocorrência Primária
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Grupo Ibiá
Falha de empurrão
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Complexo Campos Gerais
Figura 15: Mapa geológico da região da Província Diamantífera da Serra da Canastra.
Modificado de Heineck et al. (2003).
Grupo Araxá
O Grupo Araxá, definido por Barbosa et al. (1970), representa uma pílha
vulcanossedimentar metamorfisada desde a fácies xisto-verde à fácies anfibolito. Na região
em questão ocorrem xistos granatíferos, muscovita quartzitos, anfibolitos e biotita-gnaisses
finos (Chaves et al. 2008a). Rochas deste tipo ocorrem a sul da Serra da Canastra e
encontram-se deformadas pela tectônica transcorrente do Sistema Campo do Meio que limita
as faixas Brasília e Alto Rio Grande.
111
Grupo Canastra
Esse grupo constitui-se basicamente de quartzitos predominantes, com filitos e
xistos associados (Chaves et al. 2008a). Predominam os filitos prateados puramente
sericíticos, porém são comuns filitos carbonosos. Esse grupo representa uma mega-sequência
regressiva, que tem a sua base marcada por turbiditos areno-argilosos. Sob esses turbiditos
depositaram-se areias sob a ação das ondas de tempestades (estratificações cruzadas do tipo
hummocky). O ciclo regressivo finaliza-se com depósitos de planície de maré, evidenciados
por estratificações cruzadas e laminações tipo flaser. A Serra da Canastra (NW-SE) é
sustentada por espessos pacotes de sericita-quartzito, atingindo altitudes de até 1.300 m.
Grupo Bambuí
O Grupo Bambuí ocorre a nordeste e leste da Serra da Canastra e constitui-se por
argilitos, siltitos, calcários e conglomerados. Os conglomerados matriz-suportados
(diamictitos) são interpretados como possíveis sedimentos glácio-terrestres (Barbosa et al.
1970). Estes ocorrem em testemunhos localizados ladeados e superpostos por sedimentos
pelito-carbonáticos da porção inferior do Grupo Bambuí.
Grupo Bauru
O Grupo Bauru, do Cretáceo Superior e em parte correlacionado ao Grupo Mata
da Corda (Etchebehere et al. 1991), constitui-se por arenitos e conglomerado basal. Sua
ocorrência é restrita na região, limitando-se a pequenos remanescentes nos extensos platôs da
porção noroeste da Serra da Canastra.
5.4.1.2 - Depósitos Diamantíferos
Kimberlitos
Intrusões kimberlíticas ocorrem alojadas tectonicamente nas rochas dos Grupos
Canastra e Bambuí, provavelmente associadas ao conjunto de falhas de extensão regional de
direção NW-SE. Estes corpos intrusivos variam de poucas dezenas a mais de 400 m. de
diâmetro, podendo ser alongados como diques e, em geral, ovalados a quase circulares
(Chaves et al. 2008b).
112
Macroscopicamente apresentam textura porfirítica, com fenocristais arredondados
de olivina bastante serpentinizada, granada piropo, cromo diopsídio, ilmenita magnesiana,
magnetita, cromo espinélio e flogopita. A matriz constitui-se principalmente por serpentina e
outros minerais não identificados por seu alto grau de intemperismo. A rocha comumente
apresenta um aspecto argiloso e uma coloração esverdeada com pigmentações de cores
variadas.
A constatação de reservas de diamantes economicamente mineráveis no
kimberlito Canastra-1 (Foto 13), representa um novo marco histórico na geologia do país
(Chaves et al. 2008b). Tal fato invalida hipóteses de que os kimberlitos da porção sudoeste de
Minas Gerais seriam praticamente estéreis (e.g. Tompkins & Gonzaga 1989), ou de que a
totalidade desses poderia estar erodida até níveis críticos, onde a porção mineralizada dos
corpos teria sido distribuída para depósitos aluvionares, antigos ou recentes (e.g. Chaves,
1991). Chaves et al. (2008a), reporta que o mesmo fato abre novas perspectivas à prospecção
de outros corpos na região, bem como pesquisas adicionais em corpos já conhecidos.
Foto 13: Vista da área do empreendimento da Mina Canastra-1 (SAMSUL Mineração).
Segundo Chaves et al. (2008a, b), o kimberlito Canastra-1 intrude rochas do
Grupo Canastra segundo o trend regional de fraturamento (N60º W), compreendendo dois
113
blows separados um do outro por cerca de 40m. O blow NW (Foto14), com teores
desprezíveis de diamantes, possui uma forma semicircular com área aproximada de 8.000 m
2
,
sendo homogêneo e constituído de uma brecha kimberlítica macrocrística. O outro blow (SE),
diamantífero, é alongado segundo E-W, e tem dimensões um pouco maiores (10.000 m
2
); nele
ocorre uma mistura de diversas fácies, destacando-se: a) uma brecha kimberlítica
macrocrística de contato, de coloração avermelhada com macrocristais de ilmenita
predominantes; b) uma brecha kimberlítica macrocrística de coloração verde-escura, com
macrocristais de olivina e c) um outro tipo de kimberlito macrocrístico, porém com
macrocristais (ilmenita e olivina) de menor tamanho. A NW, as fácies presentes parecem
indicar características abissais à rocha (zona de raiz), enquanto, na SE, ocorre uma mistura de
fácies abissais com fácies de zona de diatrema (menos profundas) (Chaves et al. 2008b).
Foto 14: Vista do blow NW do kimberlito Canastra-1, ressaltando seu aspecto circular, dado
pela quebra na vegetação. Autor: A.C.Girodo.
A curta distância entre os blows faz pressupor que ambos se juntem em
profundidade, constituindo, apófises de um mesmo corpo. A presença de fácies tão distintas e
a forma incomum do pipe permitem conjecturar que o blow NW seja um braço abortado da
114
intrusão que, no seu conduto principal (o blow SE), teria atingido porções superiores da crosta
(conforme modelo esquemático Figura 16).
NW SE
blow
NW
blow
SE
Córrego
Cachoeira
Figura 16: Modelo esquemático da intrusão Canastra-1 em metassedimentos do Grupo
Canastra e a possível relação entre os blows NW e SE, bem como o prolongamento em
direção a níveis crustais superiores proposto para o blow SE. Fonte: Chaves et al. (2008b).
Na cava principal aberta neste último para detalhamento de reservas e teores,
observam-se depósitos superficiais sobre praticamente todo o corpo, excluindo, um pequeno
afloramento na margem direita do córrego Cachoeira (Foto 15). Tal cobertura varia entre 2-4
m de espessura, formada principalmente por seixos, blocos e matacões angulosos de
quartzitos Canastra, deslocados das partes serranas. Logo abaixo a zona intemperizada da
intrusão, com 16-18 m de espessura, constitui um típico yellowground à semelhança da
maioria das intrusões kimberlíticas africanas (Foto 16).
Observa-se a olho nu a ocorrência de granadas com três colorações: laranja,
vermelha e violeta (Foto 17). Análises obtidas das três citadas variedades demonstram que
inexistem diferenças significativas entre piropos vermelhos e alaranjados. Os conteúdos mais
altos em ferro os aproximam da molécula almandina na série isomórfica, enquanto os teores
de cromo são muito baixos. De outro modo, em geral os piropos de cor violeta são típicos Cr-
piropos e os valores superiores em MgO e inferiores em FeO indicam a maior concentração
da molécula piropo na série citada.
Segundo Chaves & Benitez (2007b) os dados disponíveis indicam que as granadas
analisadas situam-se nos campos G-1 (vermelhas e alaranjadas) e G-9 (violetas). Entretanto,
nenhuma delas situa-se no campo das G-10, com alto teor de Cr
2
O
3
e baixo CaO, as quais são
115
estreitamente ligadas a kimberlitos férteis, confome Dawson & Stephens (1975). Análises
fornecidas por Chaves et al. (2008a) baseadas em amostragem abrangendo um número maior
de indivíduos, caracterizaram uma população de Cr-piropos dominada por um trend
fortemente lherzolítico, e novamente não revelou nenhum piropo no campo G-10. Ressalta-se,
portanto, que tais granadas devem ser muito raras no kimberlito Canastra-1. Cookenboo
(2005) apresenta um gráfico onde aparece apenas uma reduzida parcela de piropos G-10 neste
corpo, mas deve-se considerar que tal estudo baseou-se no banco de dados da De Beers, e
provavelmente relacionou análises de alguns milhares de indivíduos.
Foto 15: Resquícios expostos de afloramento do kimberlito Canastra-1, na área de
amostragem da SAMSUL Mineração. Autor: A.C.Girodo.
A ilmenita pode ser considerada como uma ilmenita magnesiana e, embora o
mineral seja relativamente depletado em MgO (média de 10%) em relação a kimberlitos sul-
africanos, onde pode alcançar valores próximos de 20%, ele se assemelha aos minerais de
outras localidades de Minas Gerais. Entretanto os dados de Cr
2
O
3
estão bem próximos dos
kimberlitos africanos, onde tais valores em geral também não alcançam 1% (Chaves et al.
2008b).
O diopsídio, de cor verde-oliva típica tem como principal característica química a
depleção em cromo. Baixos valores em Cr
2
O
3
são também encontrados em diopsídios
116
inclusos em diamantes brasileiros, bem como em diversos outros kimberlitos mundiais
(Mitchel 1986).
Foto 16: Superfície aflorante do limite entre o yellowground e o blueground, que agora
constitui o topo da intrusão, com os sedimentos coluvionares que antes recobriam o corpo
aflorando à meia-encosta.
Foto 17: Detalhe da presença de granadas de diferentes colorações no afloramento do
kimberlito Canastra-1. Autor: A.C.Girodo.
117
Depósitos Aluvionares
Depósitos aluvionares com diamantes ocorrem na região do Alto Rio São
Francisco em uma extensão de pelo menos 60 km. Embora em menor escala, garimpou-se
também diamantes acima da Casca d’Anta (Foto 18), o que foi depois impossibilitado com a
implantação do Parque Nacional da Serra da Canastra em 1972. Historicamente, porém, foi a
jusante da cachoeira onde ocorreram serviços regulares, nas vizinhanças de São José do
Barreiro. No entanto, a partir de inícios do século atual, inclusive os serviços de garimpagem
ou de pequenas mineradoras localizadas fora da área do parque têm sido restringidos pelos
órgãos ambientais.
Foto 18: Cachoeira da Casca d´Anta, no rio São Francisco, com aproximadamente 200 m de
queda, onde diamantes eram garimpados acima e a jusante da mesma, até a implantação do
Parque Nacional da Serra da Canastra, em 1972.
118
As principais atividades mineradoras desenvolveram-se em terraços aluvionares
altos, conhecidos na área como “monchões”. Segundo Nishimura et al. (1984) existem pelo
menos três níveis distintos de terraços e praticamente todos eles têm fornecido diamantes. Os
terraços se situam entre 5 e 30 m acima do nível do Rio São Francisco, tornando-se
gradativamente menos elevados conforme aproximam-se da Casca d´Anta. O trabalho nesses
terraços consiste na retirada de pelo menos 5 m de solo estéril, e sob este, ocorre o cascalho
diamantífero com espessuras variáveis da ordem de 1,5-3,0 m. O cascalho compreende
seixos, blocos e matacões, notadamente de quartzitos milonitizados e quartzo xistos do Grupo
Canastra, originados da serra homônima, e em menor parte de quartzo de veio. Os principais
minerais acompanhantes do diamante são: turmalina, cianita, hematita, limonita, rutilo,
almandina e quartzo jaspe (Barbosa et al. 1970). Segundo informações locais, o cascalho do
leito atual do rio não forneceria diamantes.
5.4.1.3 - Aspectos Econômicos
Após o boom da descoberta dos diamantes, a partir de 1937, quando chegaram a
trabalhar cerca de 5.000 na área do Alto São Francisco, a queda constante nos preços desse
bem mineral fez com que até inícios da década de 1950, apenas uns poucos garimpeiros
resistissem na área. A produção anual, no final da década de 1960, girava em torno de 800 ct,
quando ali trabalhavam cerca de 200 garimpeiros (Barbosa et al. 1970). No início da década
de 1980 haviam na região aproximadamente 100 garimpeiros, com uma produção anual da
ordem de 400-500 ct (Barbosa 1991). Em 1999, diversos garimpos com maquinários pesados
ainda empregavam cerca de 100 pessoas, e uma produção da ordem de 1.000 ct/ano foi
estimada. Entretanto, em 2005 a mineração irregular foi praticamente paralisada pelos órgãos
ambientais.
A SAMSUL Mineração, vem realizando pesquisas e produzindo um conjunto de
dados a partir de um modelo geoquímico e geológico desenvolvido. Tal modelo levou à
aquisição do kimberlito Canastra-1, o qual estaria propício à exploração imediata. Os minerais
indicadores foram granadas cromo-piropo e cromitas, os quais apontaram ainda pelo menos
mais cinco fontes diamantíferas kimberlíticas como prioridades alvo na região (Cookenboo
2005).
Assim, o mercado trabalha com a expectativa de entrada em atividade das minas
sobre os kimberlitos Canastra-1 (São Roque de Minas) e Canastra-8 (Delfinópolis) pela
SAMSUL Mineração, detentora de seus direitos minerários, para que a produção deste distrito
119
volte a representar significância econômica (Benitez & Chaves 2007). A avaliação das
reservas totais em diamante do kimberlito Canastra-1 apoiou-se em dados dos trabalhos de
pesquisa, principalmente de sondagem rotativa diamantada e amostragem de grande volume,
onde pedras de até 20 ct foram recuperadas (SAMSUL 2007). Na pesquisa detalhada de um
depósito desse tipo, como a distribuição dos diamantes é aleatória, a confiabilidade dos
resultados será em função do volume de rocha amostrada.
Na planta experimental instalada para processar grande volume do corpo
mineralizado, implementada pela SAMSUL, cerca de 15.000 m
3
de rocha foram tratados para
a obtenção da parte principal das reservas em diamantes, que totalizaram entre as cotas 960-
820 m, quase 2.300.000 t de rocha a um teor médio de 16 ct/100 t, estimando-se em 260.000
ct contidos (SAMSUL 2007).
Barbosa et al. (1970) citam que o maior diamante da região foi encontrado a 3 km
abaixo da cachoeira da Casca d’Anta, pesando 110 ct. A cerca de 12 km rio abaixo foi achado
outro, com 76 ct. Existem também referências a uma pedra com 40 ct e, nos arredores de
Vargem Bonita, apareceu uma pedra com 23 ct. Os diamantes desses garimpos são 20% de
primeira, quase sempre octaedros e de excelente qualidade; 20% de segunda e 60% de fundo.
Segundo Barbosa et al. (1970), apoiado em estimativas feitas nos garimpos de Vargem
Bonita, os teores são baixos e indicam entre 0,04 e 0,10 ct/m
3
de cascalho. Os diamantes,
porém, são considerados pelo citado autor, em geral de ótima qualidade com predomínio de
cristais octaédricos.
Chaves et al. (2008b) ressaltam que um dos fatores fundamentais na avaliação
econômica de um depósito diamantífero é a quantificação do seu valor médio (dado em
US$/ct). Neste, aspecto, o diamante da Província da Serra da Canastra (mais particularmente
do Distrito do Alto São Francisco) é considerado um dos mais valorizados do Brasil, e atinge
cifras da ordem de US$180-200/ct. A qualificação comercial aproximada varia em torno de
60% de cristais gemológicos e chips, com 40% de industriais (Benitez & Chaves 2007). São
típicas as pedras de forma octaédrica, de elevados graus de pureza e cores altamente
gemológicas (D até I), conhecidas no mercado como diamantes “tipo-Canastra”.
5.4.2 - Distrito do Médio Rio Grande
O Distrito do Médio Rio Grande compreende uma área limítrofe aos estados de
Minas Gerais e São Paulo, onde o principal pólo de produção e comércio situa-se nos
arredores da cidade paulista de Franca. Nessa região, diamantes são extraídos de depósitos
120
aluvionares quaternários e de cascalheiras cenozóicas desde 1835. Tal Distrito situa-se na
zona limite das faixas de dobramentos proterozóicas Brasília e Alto-Rio Grande na
extremidade sul-sudoeste do Cráton do São Francisco. Embora este seja um dos pólos
produtores mais antigos do Brasil, poucas referências são feitas ao mesmo na literatura.
Aquelas que se relacionam às características, proveniência e produção do diamante são
escassas, precárias e procedem em geral, de relatos verbais.
5.4.2.1 - Contexto Geológico
A região onde se verificam atividades garimpeiras na região de Franca é
abrangida por unidades fanerozóicas da Bacia do Paraná e, em menor extensão, por rochas do
embasamento pré-cambriano. Sobre essas rochas colocam-se depósitos sedimentares
inconsolidados eluviais, coluviais e aluviais, sendo estes últimos os mais importantes em
termos diamantíferos. O embasamento pré-cambriano inclui quartzitos e xistos, fortemente
cisalhados atribuídos ao Grupo Canastra por Barbosa et al. (1970).
Grupo Araxá-Canastra
O Grupo Araxá-Canastra (indiviso na região), constitui um pacote
metassedimentar com vulcânicas ou intrusivas associadas, assentado com superfícies de
cavalgamento sobre rochas do embasamento (Zanardo 1992). Essas unidades
metassedimentares são consideradas (grau metamórfico incipiente até xisto-verde) formadas
pela deformação progressiva no Proterozóico Superior, com término de sua evolução no fim
do Brasiliano.
Segundo Perdoncini (2003) na região de Franca, o Grupo Araxá-Canastra é
formado por quartzitos brancos, cinza-claros e amarelos e quartzitos micáceos intercalados
por muscovita xistos, marrom, por vezes arroxeada. A alternância de níveis ora mais
quartzosos, ora mais muscovítico/sericíticos, caracteriza o bandamento da rocha de direção
NW mergulhando para SW, o qual se desenvolveu sub-paralelamente à foliação, marcada pela
orientação das micas. Nas porções micáceas a foliação mostra-se intensamente crenulada,
enquanto nas quartzosas desenvolveram-se dobramentos recumbentes, cujo plano axial é sub-
paralelo ao acamamento, ilustrando o regime deformacional compressivo dúctil-rúptil.
121
O contato do Grupo Araxá-Canastra é discordante com as formações Botucatu e
Aquidauana no leste da área, e abrupto com o sill de diabásio na foz do rio Canoas no norte da
mesma (Perdoncini 2003).
Rochas sedimentares e vulcânicas da Bacia do Paraná
As unidades pertencentes à Bacia do Paraná incluem arenitos, diamictitos e
lamitos de ambiente flúvio-glacial da Formação Aquidauana (Permiano), arenitos lamíticos
fluviais da Formação Pirambóia (Triássico), arenitos eólicos da Formação Botucatu
(Triássico), basaltos da Formação Serra Geral (Jurássico-Cretáceo), diques e sills mesozóicos
de diabásio, além de arenitos lamíticos, arenitos conglomeráticos fluviais do Grupo Bauru
(Cretáceo-Eocenozóico?). É importante salientar que a sedimentação pós-basáltica se
processou em decorrência da atuação do Soerguimento do Alto Paranaíba (Hasui et al. 1975),
num sistema de rios anastomosados fluindo no rumo sudoeste, dando origem a leques aluviais
convalescentes, com raros depósitos interleques ou em partes individuais distais do sistema.
Durante estes eventos teria vigido clima árido ou semi-árido, atestado através da presença de
argilas esmectíticas e calcedônia length-slow. De acordo com IPT (1990), o Grupo Bauru se
apresenta na área como a mais provável fonte imediata de diamantes para os depósitos
aluvionares e de terraço atualmente garimpados, não descartando, porém, outras procedências
ou, mesmo, fontes múltiplas.
O Soerguimento do Alto Paranaíba apresenta diversas manifestações ígneas sob a
forma de chaminés, tais como Araxá, Salitre e Tapira (70-100 Ma, K/Ar), diatremas
kimberlíticos senonianos, derrames e tufos da Formação Patos (idade mínima de 70 Ma) e
lavas ugandíticas na região de Sacramento (MG) com idades mínimas de 44 Ma em datações
K/Ar (Hasui 1967, Hasui & Cordani 1968, Almeida 1986). Em termos geomorfológicos, a
área da província é composta por dois níveis planálticos, bastante erodidos, a saber: o Planalto
de Franca (cotas entre 800-1000 m), que deve corresponder à Superfície Japi de Almeida
(1964), e o nível colinoso que margeia o rio Grande (cotas de 650-750 m), correlato à
Superfície Neogênica (Martonne 1940). Separando ambos os níveis planálticos, destacam-se
escarpas residuais de peões e mesetas (Perdoncini 2003).
122
5.4.2.2 - Depósitos Diamantíferos
As nascentes dos rios diamantíferos Canoas e São Tomé situadas nas
proximidades de depósitos conglomeráticos do Grupo Bauru, no topo da Serra de Franca, é
um fato bastante sugestivo para indicar uma possível contribuição dessas rochas para os
depósitos diamantíferos atuais. Capeando regionalmente e indistintamente rochas intrusivas e
sedimentares do Grupo Bauru, ocorrem vários níveis de cascalheiras, os quais poderiam não
só liberar diamantes para a drenagem atual como para leitos abandonados, terraços, etc.
Segundo Leite et al. (1984), essas rochas contém um séquito mineralógico pesado similar
àqueles ocorrentes nos concentrados de pesados obtidos nos garimpos da área.
Nos garimpos da região de Franca, um primeiro aspecto destacado por
Etchebehere et al. (1991) é seu caráter rudimentar, seja na prospecção, avaliação ou lavra dos
depósitos. A prospecção de novos depósitos é feita de modo empírico, quase sempre ao lado
de cavas antigas ou em trechos de aluviões anteriormente explotados. Em diversos pontos tais
autores verificam mais de uma fase de garimpagem, pois, ao lado de cavas entulhadas e pilhas
de cascalho já coberto por vegetação, ocorrem cavas mais recentes.
Segundo Etchebehere et al. (1991) os principais trechos garimpados são, o rio das
Canoas próximo a Claraval, e os rios Sapucaizinho e Santa Bárbara, estes ao longo de seus
cursos em toda a área. Em menor número, ocorrem marcas de grimpagem no reverso do
Planalto de Franca, inclusive dentro do sítio urbano da cidade homônima. Os garimpos de
maior porte estão situados nas várzeas, valendo destacar dois aspectos no que se refere à
intensidade de explotação, a saber (Etchebehere et al. 1991): (1) as amplas várzeas do rio
Santa Bárbara mostram numerosas lagoas de contornos angulosos, provavelmente derivadas
de antigos garimpos; (2) as planícies aluvionares do rio das Canoas, a jusante de Claraval
(MG), mostram-se, por sua vez, pouco trabalhadas, predominando catas em terraços; e (3) o
rio Sapucaizinho apresenta pequenos bolsões que vem sendo intensamente garimpados.
No que se refere aos terraços, Etchebehere et al. (1991) constatam um predomínio
de cavas nos depósitos mais próximos das drenagens, balizados, tanto na região de Patrocínio
Paulista quanto na de Claraval, pela cota aproximada de 710 m. Acima dessa cota, mais
distantes dos cursos d´água, há menos garimpos. Em geral, os garimpos se limitam aos leitos
dos rios, às várzeas (“grupiaras”) e aos baixos terraços (“manchões” ou “monchões”), sendo
raras as explotações em outros depósitos. As rupturas de declividade que caracterizam os
terraços, chamadas “lombas”, constituem um dos critérios utilizados no balizamento de cavas
exploratórias. Nesta etapa, os garimpeiros utilizam uma base pontiaguda de aço, com 1,5 ou 2
123
m e comprimento, para “sondar” o terreno e verificar a possível presença de cascalho. Com
este tipo de sondagem, pode-se discernir o topo dos conglomerados sob níveis aluvionares ou
coluvionares e eventuais níveis de crostas lateríticas através do som da percussão.
Nos garimpos de leitos de cursos d´água, procede-se, às vezes, à construção de
canais de desvio (“virada”), conforme Etchebehere et al. (1991) observa nos rios
Sapucaizinho e Santa Bárbara. Quando a vazão se torna menor, nas estiagens, podem ser
construídas ensecadeiras (“recuados”). Na prospecção levam-se em conta os minerais-
satélites, “formas”, que acompanham o diamante por similaridade densimétrica ou de
resistência ao desgaste. Outro indício considerado relevante é a presença de blocos de
matacões (“emburrados”), que indicariam cascalho com maior probabilidade de ser
diamantífero. Cascalhos pouco espessos e sem “emburrados” são chamados de “pururuca”.
5.4.2.3 – Aspectos Econômicos
A produção anual estimada de diamantes da região em território paulista é da
ordem de 1.000 ct. A se considerar a produção garimpeira do lado mineiro, este número pode
ascender a 3.000 ct/ano, valor que, se considerado médio para toda a produção histórica da
área, permite admitir um montante extraído superior a 400.000 ct (Etchebehere et al. 1991).
124
6 - TIPOLOGIA DAS POPULAÇÕES DE DIAMANTES
Os aspectos morfológicos e cristalográficos do diamante têm chamado a atenção
dos pesquisadores desde longa data, muito antes do desenvolvimento das técnicas analíticas
de investigação química e física com equipamentos mais sofisticados. De tal maneira,
Eschwege (1833) descreveu as principais características quanto às formas dos diamantes
então lavrados na região de Diamantina, o mesmo fazendo Williams (1932) em relação aos
diamantes sul-africanos, e Fersman & Goldschmidt (1911) com diamantes brasileiros,
africanos e russos. Na atualidade, ferramentas ultra-sofisticadas têm contribuído para tal
investigação, a grande maioria delas na tentativa de se encontrar parâmetros de caracterização
de populações de diamantes de diferentes localidades.
6. 1 - METODOLOGIAS DE CLASSIFICAÇÃO
Estudos sistemáticos sobre hábitos, bem como outras propriedades físicas do
diamante vem sendo realizados desde longa data por diversos pesquisadores. Harris et al.
(1975, 1979) desenvolveram uma metodologia simplificada baseada na morfologia cristalina,
visando caracterizar os diamantes produzidos em diversas minas sul-africanas, incluindo as
formas simples, combinadas, geminadas e agregadas. Na classificação estatística de grandes
populações de cristais, essa sistematização mostrou-se muito prática.
De tal maneira, Harris et al. (1975) examinaram lotes constituídos por 24.400,
29.900 e 10.000 diamantes, provenientes dos kimberlitos Premier, Finsch e Koffyfontein,
respectivamente. Tais autores não consideraram a distribuição granulométrica, mas sim, um
número fixo de 100 cristais para cada intervalo granulométrico. Examinaram também outros
aspectos do diamante, como a forma e a cor dos cristais, considerados particulares e
diagnósticos de cada um dos depósitos estudados. Foram analisados ainda diamantes dos
pipes Kimberley e Ebenhaezer, dos diques Zwartruggens, e do kimberlito Letseng-laterae,
este último no Lesotho (Harris et al. 1979).
McCallum et al. (1979), com base em metodologia similar à de Harris (1975,
1979), analisaram 78 diamantes recuperados de kimberlitos da Província Colorado-Wyoming
(USA). Esses diamantes foram descritos em termos de tamanho, peso, morfologia, cor,
fluorescência e inclusões. Embora a amostra populacional de diamantes avaliados fosse
considerada insuficiente pelos próprios autores para um tratamento estatístico confiável,
algumas tendências semi-quantitativas a partir de estudo destas pedras, foram determinadas
125
como de alguma importância. Tais tendências, conjugadas com a abundância relativa de
formas transicionais indicaram que a maioria, se não de todos os diamantes da província,
aparentavam originalmente terem se formado como octaedros e foram posteriormente
alterados para formas dodecaédricas.
Posteriormente, McCallum et al. (1991) avaliaram as propriedades físicas
representativas dos diamantes daquela província. Cerca de 4.100 amostras foram descritas,
significando cerca de 4 % do total de diamantes recuperados por volume de testes no distrito.
Foram estabelecidas freqüências de formas primárias do cristal, forma do cristal, estado do
cristal, cores, inclusões minerais, deformação, dissolução, e características de marcas. Estas
propriedades estão relacionadas a um quadro genético seqüencial primário da fase de
evolução a partir de um ambiente para um pós-ambiente (ambos manto e crustal) que são
responsáveis pela deformação plástica, dissolução e corrosão, quebra do cristal, e finalmente
uma fase tardia de corrosão.
Comparações entre os dados de características de diamantes de kimberlitos de
vários locais revelam diferenças significativas que sugerem até mesmo que populações de
diamantes de sistemas kimberlíticos espacialmente associados possam ter apresentando
histórias evolutivas significantemente distintas. A maioria dos diamantes são cristalizados
como octaedros, mas a grande parte passou, por dissolução, a formas de transição ou
tetrahexaedroidais.
Chaves (1997) utilizou métodos baseados em estudos prévios efetuados em outras
localidades do Brasil e do exterior (eg. Leite 1969, Harris et al. 1975, 1979, Svisero &
Haralyi 1985, Chieregati 1989), visando caracterizar a geologia e a mineralogia dos diamantes
da Serra do Espinhaço em Minas Gerais. Tais estudos abrangeram a classificação em campo
das principais características físicas dos diamantes, através de fichas elaboradas para tal
finalidade. Chaves (1997) realizou ainda estudos por métodos ópticos de espécimes
selecionados, visando a determinação de estruturas de superfície dos diamantes e de inclusões
minerais e analisou o comportamento de certas propriedades químicas do diamante, tais como
luminescência, espectrografia de raios infravermelhos e elementos químicos anômalos
determinados por irradiação com nêutrons.
Chaves & Svisero (2000) elaboraram uma nova proposta para classificação
mineralógica de diamantes com base nos critérios utilizados por Chaves (1997). A descrição
em campo de populações de diamantes brutos, considerando-se peso, morfologia, hábito,
figuras de dissolução, cor, luminescência, capas e inclusões, objetivou um tratamento
estatístico com a finalidade de criar fatores auxiliares em interpretações genéticas que
diferenciem lotes de diferentes regiões.
126
A metodologia desenvolvida e utilizada por Harris et al. (1975, 1979) serviu de
base para elaboração de diversos outros métodos aplicáveis ao estudo de populações de
diamantes, por diversos autores, bem como no presente trabalho. Contudo Harris et al. (1975)
concluíram que os parâmetros utilizados não foram eficazes para atingir o objetivo proposto,
de individualizar as diferentes populações nas diversas localidades africanas; entretanto, os
mesmos consideram que foram importantes para uma investigação sobre a história do
ambiente inicial e subseqüente desses diamantes.
Embora tais métodos não tenham se mostrado tão eficazes na África, parâmetros
similares de análises, quando adotados para o estudo de populações de diamantes no Brasil
têm alcançado resultados bastante satisfatórios. Podem ser citados trabalhos realizados sobre
lotes de diamantes do estado de Minas Gerais por Chaves (1997), Benitez (2004) e Chaves et
al. (2005), entre outros.
Os estudos realizados por Kaminsky et al. (2001) abrangeram 1.055 diamantes, a
maioria da região do rio Abaeté, e chegaram a interessantes conclusões. Os parâmetros
estudados foram: morfologia do diamante, propriedades ópticas e mecânicas, luminescência
ultravioleta, espectrometria infravermelha, isótopos de carbono e inclusões minerais. A
população avaliada mostrou o predomínio de rombododecaedros arredondados, uma
proporção relativamente elevada de cristais com pigmentação marrom, e também de cristais
com marcas intensas de erosão mecânica. As inclusões minerais contidas são quase em sua
totalidade ultramáficas (olivina, enstatita, piropo, Cr-espinélio e sulfetos). O predomínio de
minerais de associação ultramáfica entre as inclusões nos diamantes daquela região indica que
o magma kimberlítico originou-se em condições de aproximadamente 150-200 km de
profundidade. Segundo Kaminski et al. (2001) as características similares de todos os
diamantes do sistema do rio da Prata podem indicar uma procedência comum ou fontes
distintas, mas relativamente próximas umas das outras.
Araújo (2002) realizou análises sobre 234 diamantes da Província de Juína (MT),
nos quais foram investigados a morfologia externa (em microscópio óptico e eletrônico de
varredura), feições de catodoluminescência, absorção de infravermelho, além de conteúdos
em N e C. Tal província é reconhecida na literatura pela ocorrência de diamantes gerados na
zona de transição e no manto inferior. Os métodos empregados por Araújo (2002) abrangeram
técnicas especificamente laboratoriais, as quais provavelmente atenderiam aos objetivos do
estudo proposto no contexto de aprofundar conhecimentos nos diamantes desta província.
Filemon (2005) ao considerar a importância na determinação da procedência dos
diamantes, desenvolveu pesquisa visando caracterizar lotes representativos de diamantes
também na província kimberlítica de Juína (MT), e nos distritos de Cacoal (RO), Espigão
127
d´Oeste (RO) e Diamantina (MG). As técnicas utilizadas foram fluorescência, espectroscopia
infravermelha, fotoluminescência, ressonância paramagnética eletrônica e espectroscopia
Raman, além de estudos da morfologia, texturas de superfícies, granulometria, feições
internas e comportamento de impurezas (nitrogênio e hidrogênio) visando obter informações
sobre a evolução do crescimento cristalino. Outro objetivo de Filemon (2005), seria o de
avaliar o uso destas ferramentas na determinação da procedência dos cristais, como mais uma
contribuição à emissão do Certificado Kimberley. Neste contexto, considera-se que as
técnicas laboratoriais são procedimentos que exigem local e equipamentos adequados,
profissionais capacitados, e além disso, despendem de um certo tempo. Esses fatores,
certamente, não favorecem a agilidade necessária para obtenção de dados com tal finalidade.
Os estudos realizados por Martins (2006) abrangeram 496 diamantes da bacia do
rio Macaúbas (Serra do Espinhaço). Foram analisados parâmetros, tais como peso, presença
de capas e inclusões, morfologia externa, dissolução e figuras de superfície. Entretanto alguns
termos utilizados por Martins (2006) sugerem uma interpretação errônea daquela que seria a
real intenção do autor. Entre estes, podem ser citados: “qualidade gemológica”; tal
classificação pode levar ao entendimento de que todas as pedras estudadas seriam gemas, o
que conforme verificado, não é o caso. Outro item que pode causar equívocos é o da
“aparência”, que insinua algo relacionado à beleza ou não da pedra, e não reflete a idéia de
“brilhante” ou “fosco” para o qual é utilizado. É comum entre certos autores o uso do termo
“estado do cristal” para determinar se a pedra está intacta ou quebrada (eg. McCallum et al.
1979). Entretanto, Martins (2006) se refere a tal característica como “estado cristalino”,
expressão que comumente designa o estado da matéria (sólida, líquida ou gasosa). No entanto
é mais um estudo que contribui para o reconhecimento de feições características dos
diamantes brasileiros, e estas descrições aliadas às de outros autores podem auxiliar na
obtenção de um melhor detalhamento das populações diamantíferas regionais.
No presente trabalho, procurou-se analisar parâmetros distintos de cada pedra,
para que possam ser avaliados no próprio campo, sem utilização de métodos laboratoriais. O
método proposto está atrelado ao objetivo da pesquisa, que implica em obter a assinatura
mineralógica da população de cada uma das quatro províncias diamantíferas de Minas Gerais,
aqui propostas, no sentido de auxiliar a se reconhecer a procedência desses lotes, vindo de
encontro às exigências para a emissão do Certificado Kimberley.
Essa discussão foi também abordada na IV Reunião do Fórum Brasileiro do
Processo de Kimberley (08 de agosto de 2008), em Belo Horizonte, referente a aplicação do
método footprinting no âmbito do SCPK. Tal método consiste em análise da distribuição da
frequência do tamanho dos cristais de diamantes e suas características de qualidade, visando à
128
identificação da sua origem. O método está sendo testado em conjunto com o United States
Geological Survey – USGS, em Gana e em Togo. Esse procedimento vem sendo considerado
o mais adequado, utilizando-se apenas da análise das características ópticas dos cristais,
contrapondo o método denominado fingerprinting que valoriza as análises dos diamantes por
meio de suas características físicas e químicas visando à identificação de sua origem.
6.2 - ANÁLISE DE DADOS
Observa-se no mapa de depósitos diamantíferos (Anexo 2), que diversas lavras ou
ocorrências estão dispersas pela extensão das quatro províncias mineiras, tanto em meio
aluvial, quanto em rochas conglomeráticas, e ainda algumas destas em kimberlitos, não
lavrados até o momento.
Conforme pode-se notar na Tabela 14 devido à maior extensão da Província
Diamantífera Serra do Espinhaço, são apresentados individualizadamente, os dados referentes
aos distritos de Jequitaí, Grão Mogol e Diamantina, onde serão especificados ainda os campos
de Datas/Extração e do Rio Jequitinhonha. Tal distinção também tem como finalidade, a
comparação entre as populações das mesmas.
No contexto das províncias diamantíferas, os lotes de diamantes foram estudados
a partir de algumas localidades e/ou fornecedores principais (cujos nomes serão mantidos em
sigilo a pedido dos próprios). Na Província Serra do Espinhaço – Distrito de Diamantina,
estudou-se dois grandes lotes do médio curso do rio Jequitinhonha, na área do Projeto
Domingas da Mineração Rio Novo. Em Datas e Extração, os lotes analisados são provenientes
de pequenos garimpos aluvionares e coluvionares situados nos arredores daquelas próprias
localidades, e que são adquiridos por pequenos comerciantes locais. A mesma situação pode
ser aplicada aos distritos de Grão Mogol e Jequitaí. Na Província Noroeste São Francisco,
estudou-se um grande lote do médio curso do Rio Abaeté, da área da GAR Mineração em São
Gonçalo do Abaeté. Na Província Alto Paranaíba, a maior parte da produção à época dos
estudos era proveniente de garimpos semi-mecanizados e/ou balsas, dos sistemas aluvionares
dos rios Douradinho, Dourados, Preto e Santo Inácio. Na Província Serra da Canastra, a
totalidade da produção tem procedência no alto curso do Rio São Francisco e seus terraços,
comercializada na cidade de Vargem Bonita.
129
Tabela 14: Províncias diamantíferas, seus respectivos distritos e campos, e número de
diamantes estudados.
PROVÍNCIA
DIAMANTÍFERA
DISTRITO
ÁREA
DIAMANTES
ESTUDADOS
%
Alto Paranaíba
Coromandel 446 20,95
Serra da Canastra
Alto São
Francisco
367 17,24
Noroeste São
Francisco
145 6,81
Jequitaí 111 5,21
Grão Mogol 246 11,55
Campo
Datas/Extração
238
11,18
Serra do Espinhaço
Diamantina
Rio
Jequitinhonha
576
27,05
Total 2.129 100,00
Os dados obtidos sobre as características dos diamantes, são apresentados para
cada província estudada, primeiramente de modo onde é realizado o cruzamento de duas
variáveis representadas em gráficos de bolhas (Figuras 17 a 58). Tais variáveis foram
selecionadas segundo um estudo preliminar, que indicou que tais parâmetros poderiam melhor
representar o comportamento estatístico apresentado pelos dados das diferentes regiões
estudadas, considerando-se ainda o relacionamento genético preferencial entre elas. Na
sequência é apresentada uma estatística descritiva com gráficos de distribuição e frequência.
A terceira etapa abrange um estudo estatístico pelo método de análise de correspondência, o
qual é aplicado a variáveis qualitativas, como neste caso.
6.2.1 – Cruzamento de Variáveis
O cruzamento de duas variáveis permite reconhecer se ocorre alguma relação
entre dois parâmetros além da probabilidade de que os mesmos ocorram associados. Tal
comportamento é analisado em todas as regiões estudadas (Tabela 14). Ressalta-se que os
resultados são apresentados na forma de gráficos e tabelas onde as variáveis estão
representadas por números, conforme podem ser identificados na Tabela 15.
130
Tabela 15: Legenda dos parâmetros analisados no cruzamento de variáveis.
1 2 3 4 5 6
Forma
octaedro rombododecaedro cubo geminado irregular agregado
Peso
(quilates)
0,01-0,25 0,26-0,60 0,61-1,20 1,21-2,00 >2,01
Cor
incolor
incolor-amarelado
amarelado fancy cor
“industrial”
Pureza
1 2 3 4 5
Dissolução
imperceptível médio/visível dissolvido corrosão frosting
Quebras
intactos levemente
quebrados
quebras
perceptíveis
lascas
Capas
sem capas pontos verdes
manchas verdes
amarela/marrom
Qualificação
Comercial
gema 1 gema 2 chip indústria
Peso/Forma
Na Província Alto Paranaíba verificou-se que são múltiplas as frequências
conforme pesos e formas (Figura 17). O gráfico denota que existe uma maior probabilidade
nas formas octaedro, rombododecaedro e irregular (1, 2 e 5) em diferentes pesos, na maioria
das vezes superior a 5%. As probabilidades de ocorrências verificadas mais comuns se dão na
forma octaedro (2) com peso 0,01-0,25 ct (1) (13,23%), forma rombododecaedro (2) com
peso entre 0,26-0,60 ct (2) (10,76%) e forma irregular (5) com peso 0,01-0,25 ct (1) (9,87%).
Probabilidades
Peso/Forma 1 2 3 4 5 6
1 7,85 13,23 0,22 2,47 9,87 0,67
2 4,26 10,76 0,22 1,35 6,50 0,90
3 2,02 8,52 0,00 0,67 4,93 0,45
4 1,35 6,28 0,00 1,35 2,24 0,22
5 2,02 3,36 0,00 1,12 6,50 0,00
ProvínciaAltoParanaíba‐Coromandel
0
1
2
3
4
5
6
7
0123456
Peso
Forma
Figura 17: Gráfico referente a relação peso x forma, na Província Alto Paranaíba.
A Figura 18 mostra que na Província Noroeste São Francisco, assim como na
Província Alto Paranaíba, podem-se obter diversas frequências de probabilidade entre peso e
forma. Nota-se que as maiores combinações ocorrem com mais frequência em três categorias
distintas: forma rombododecaedro (2) com peso entre 0,61-1,20 ct (3) 17,24% e peso entre
131
0,26-0,60 ct (2) 16,55%, e forma irregular e peso > 2,01 ct (5) 12,41%, destacando-se ainda o
peso 2 com forma irregular (5) totalizando quase 9%.
Probabilidades
Peso/Forma 1 2 3 4 5 6
1 4,83 4,14 0,00 1,38 4,14 0,00
2 4,14 16,55 0,00 0,00 8,97 0,00
3 4,14 17,24 0,00 0,69 4,14 0,00
4 2,07 3,45 0,00 0,00 6,21 0,69
5 1,38 2,76 0,00 0,00 12,41 0,69
0
1
2
3
4
5
6
7
0123456
Forma
Peso
ProvínciaNWoFracisco‐ RioAbaeté
Figura 18: Gráfico referente a relação peso x forma, na Província Noroeste São Francisco.
De acordo com a Figura 19, na Província Serra da Canastra observa-se que a
maior ocorrência de diamantes se dá com pesos menores (classe 1) nas formas octaedro (1)
25,6% e irregular (5) 25,96% , enquanto que a terceira maior frequência ocorre também na
forma octaedro (1), todavia com peso maior (classe 2) com 10,66%.
Probabilidades
Peso/Forma 1 2 3 4 5 6
1 25,68 0,55 0,00 1,37 25,96 1,64
2 10,66 1,91 0,00 0,82 5,46 0,82
3 4,37 3,83 0,00 0,27 3,01 0,82
4 2,46 1,09 0,00 0,27 0,00 0,00
5 5,19 1,37 0,00 0,27 2,19 0,00
ProvínciaSerradaCanastra‐AltoSãoFrancisco
0
1
2
3
4
5
6
7
0123456
Peso
Forma
Figura 19: Gráfico referente a relação peso x forma, na Província Serra da Canastra.
O gráfico (Figura 20) representando a relação entre peso e forma para a Província
Serra do Espinhaço – Datas/Extração mostra a probabilidade maior de ocorrência de pesos
menores, especialmente entre 0,01-0,25 ct (1), na forma rombododecaedro (2) (33,19%),
forma irregular (5) (19,4%) e na forma ocatedro (1) (14,22%). Também entende-se como
representativa a possibilidade de ocorrência de peso entre 0,26-0,60 ct (2) com forma
rombododecaedro (2), com 14,22%.
132
Probabilidades
Peso/Forma 1 2 3 4 5 6
1 14,22 33,19 0,00 4,31 19,40 0,00
2 3,45 14,22 0,00 0,43 0,43 0,43
3 1,29 7,33 0,00 0,00 0,00 0,00
4 0,00 1,29 0,00 0,00 0,00 0,00
5 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
0
1
2
3
4
5
6
7
0123456
Forma
Peso
ProvínciaSerradoEspinhaço‐ Datas/Extração
Figura 20: Gráfico referente a relação peso x forma, na Província Serra do Espinhaço –
Distrito de Diamantina – campos de Datas/Extração.
Para a Província Serra do Espinhaço – Grão Mogol (Figura 21), a probabilidade
de ocorrência entre peso e forma se dá com peso entre 0,01-0,25 ct (1), nas formas
rombododecaedro (2) (28,34%), ocatedro (1) (23,08%) e irregular (5), com 14,57 %. Merece
ainda atenção, a probabilidade de ocorrência de diamantes com peso entre 0,26-0,60 ct (2) nas
formas rombododecaedro (1) e ocatedro (2) com probabilidade de pouco mais de 7 %.
Probabilidades
Peso/Forma 1 2 3 4 5 6
1 23,08 28,34 0,00 6,07 14,57 1,62
2 7,29 7,69 0,00 1,21 2,02 2,02
3 2,02 1,62 0,00 0,00 0,40 0,40
4 0,00 0,40 0,40 0,00 0,00 0,00
5 0,40 0,40 0,00 0,00 0,00 0,00
ProvínciaSerradoEspinhaço‐GrãoMogol
0
1
2
3
4
5
6
7
012345
Peso
Form a
6
Figura 21: Gráfico referente a relação peso x forma, na Província Serra do Espinhaço –
Distrito de Grão Mogol.
Na Província Serra do Espinhaço – Jequitaí (Figura 22) as probabilidades de
ocorrência de peso e forma se dão especialmente com peso 1 e forma 2, com probabilidade de
32,4 %, seguidos também de peso entre 0,01-0,25 ct (1), mas forma octaedro (1) com 21, 6%.
Já para peso 0,26-0,60 ct (2) com forma rombododecaedro (2) a probabilidade é de 12,6%,
enquanto outras ocorrências chegam ao máximo de 6,3% com peso 2 e forma 1.
133
Probabilidades
Peso/Forma 1 2 3 4 5 6
1
21,62 32,43
0,00 2,70 5,41 0,90
2 6,31 12,61 0,00 0,90 1,80 0,00
3 2,70 3,60 0,00 0,00 0,00 0,90
4 2,70 2,70 0,00 0,00 0,00 0,00
5 0,90 1,80 0,00 0,00 0,00 0,00
ProvínciaSerradoEspinhaço‐Jequit
0
1
2
3
4
5
6
7
012345
Peso
Form a
6
Figura 22: Gráfico referente a relação peso x forma, na Província Serra do Espinhaço –
Distrito de Jequitaí.
Na Província Serra do Espinhaço – Rio Jequitinhonha (Figura 23), as
probabilidades maiores são de ocorrência na forma rombododecaedro (2), nos pesos entre
0,61-1,20 ct (3) (20,97%), 0,26-0,60 ct (2) (15,08%) e 0,01-0,25 ct (1) com 13,86%. Outras
possibilidades de ocorrência existem, mas sempre inferiores a 10 %, especialmente nas
formas octaedro (1), geminado (4) e irregular (5), e pesos até a classe três.
Probabilidades
Peso/Forma 1 2 3 4 5 6
1 2,95 13,86 0,17 3,99 3,47 0,35
2 5,03 15,08 0,00 3,81 5,55 0,17
3 7,80 20,97 0,00 2,08 4,33 0,17
4 1,39 4,33 0,00 0,52 0,87 0,17
5 0,35 2,60 0,00 0,00 0,00 0,00
ProvínciaSerradoEspinhaço‐RioJequitinho nha
0
1
2
3
4
5
6
7
0123456
Peso
Form a
Figura 23: Gráfico referente a relação peso x forma, na Província Serra do Espinhaço –
Distrito de Diamantina – Rio Jequitinhonha.
Cor/Pureza
A relação entre pureza e cor para a Província Alto Paranaíba, de acordo com a
Figura 24 denota que a probabilidade de maior ocorrência seja de cristais incolores (1) com
pureza 1, com 22,87%, seguidos de incolores (1) e pureza 2 (13,9%) e incolor-amarelados (2)
na pureza 2 (11,43%). Outras probabilidades também ocorrem, mas com percentuais
inferiores a 5 %.
134
Probabilidades
Cor/Pureza 1 2 3 4 5
1 22,87 13,90 6,50 1,57 0,22
2 13,00 11,43 3,36 3,14 0,67
3 3,36 4,26 2,69 1,79 0,90
4 3,81 3,81 0,00 0,00 0,00
5 0,45 0,22 0,45 0,00 1,35
ProvínciaAltoParanaíba‐Coromandel
0
1
2
3
4
5
6
7
0123456
Cor
Pureza
Figura 24: Gráfico referente a relação cor x pureza, na Província Alto Paranaíba.
A Figura 25 destaca a relação cor x pureza para a Província Noroeste São
Francisco, onde as maiores probabilidades ocorrem para cristais incolor-amarelados com
pureza 2 (22,76%); seguidos por cristais incolores com pureza 1 (20,69%) e com pureza 2
(15,17%). Ressalta-se ainda cristais amarelados com pureza 2. Outras combinações
apresentam percentuais irrelevantes, inferiores a 3%.
Probabilidades
Cor/Pureza 1 2 3 4 5
1 20,69 15,17 2,07 0,00 0,00
2 13,10 22,76 2,76 0,69 0,00
3 2,76 10,34 2,76 0,00 0,00
4 1,38 1,38 0,00 0,00 0,00
5 1,38 0,00 0,00 0,00 2,76
0
1
2
3
4
5
6
0123456
Pureza
Cor
ProvínciaNWSãoFracisco‐ RioAbaeté
Figura 25: Gráfico referente a relação cor x pureza, na Província Noroeste São Francisco.
Na Província Serra da Canastra, as maiores probabilidades de ocorrência se dão
em cristais incolores (1), com pureza 2 (24,32%) e pureza 1 (18,85%). Também podem
aparecer diamantes com pureza 3 incolor-amarelados (2) (15,56%) e amarelados (10,66%)
(Figura 26).
135
Probabilidades
Cor/Pureza 1 2 3 4 5
1
18,85 24,32 10,66 1,91 0,00
2
5,19 8,47 15,57 2,73 0,27
3
0,82 1,37 1,37 3,55 0,00
4
0,27 0,00 0,00 0,00 0,00
5
0,00 0,55 0,55 0,55 3,01
ProvínciaSerradaCanastra‐AltoSãoFrancisco
0
1
2
3
4
5
6
7
012345
Cor
Pureza
6
Figura 26: Gráfico referente a relação cor x pureza, na Província Serra da Canastra.
No Distrito de Diamantina – Campo de Datas/Extração (Figura 27), é bastante
notória a probabilidade de ocorrência de diamantes incolor-amarelados (2) com pureza 1,
representando 30,63%. Ainda na cor 2, mas pureza 4, a probabilidade é de 15,32%, enquanto
que a chance de ocorrência de cristais incolores (1) e pureza 3 é de 15,32%. Nas outras
composições de cores e formas, as probabilidades mostraram-se pequenas, não alcançando
10%.
Probabilidades
Cor/Pureza 1 2 3 4 5
1
3,60 2,70 0,45 0,90 0,45
2
30,63 8,56 5,86 15,77 0,00
3
15,32 6,31 0,00 8,11 0,00
4
0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
5
0,45 0,45 0,45 0,00 0,00
0
1
2
3
4
5
6
012345
Pureza
Cor
ProvínciaSerradoEspinh aço‐ Datas/Extração
6
Figura 27: Gráfico referente a relação cor x pureza, na Província Serra do Espinhaço –
Distrito de Diamantina – Campos de Datas/Extração.
Os dados da Província Serra do Espinhaço – Grão Mogol (Figura 28) indicam que
a ocorrência mais comum é de diamantes com pureza 1, e cor amarelada (3) (23,89%) e
incolor-amarelada (2) (17,41%) e na pureza 3 com cor incolor-amarelada (10,93). Existem
ainda outras possibilidades menores, que não alcançam 7%.
136
Probabilidades
Cor/Pureza 1 2 3 4 5
1
6,88 1,62 0,81 0,40 0,40
2
17,41 6,48 10,93 4,05 0,00
3
23,89 6,48 7,29 6,48 1,21
4
0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
5
1,62 0,00 0,00 1,21 2,83
ProvínciaSerradoEspinhaço‐GrãoMogol
0
1
2
3
4
5
6
7
0123456
Cor
Pureza
Figura 28: Gráfico referente a relação cor x pureza, na Província Serra do Espinhaço –
Distrito de Grão Mogol.
Conforme a Figura 29 na Província Serra do Espinhaço – Jequitaí ocorre um
expressivo domínio de diamantes na pureza 1, nas cores incolor-amarelado (2) (36,94%) e
incolor (1) (25,23%). Na pureza 2 e com cor incolor-amarelada (2) aparece 9,01 % de
probabilidade de ocorrência, enquanto que outras combinações são baixas, inferiores a 6%.
Probabilidades
Cor/Pureza 1 2 3 4 5
1
25,23 4,50 0,90 0,00 0,00
2
36,94 9,01 5,41 0,90 0,00
3
3,60 5,41 2,70 1,80 0,00
4
0,90 0,00 0,00 0,00 0,00
5
0,00 0,00 0,00 0,90 1,80
ProvínciaSerradoEspinhaço‐Jequit
0
1
2
3
4
5
6
7
012345
Cor
Pureza
6
Figura 29: Gráfico referente a relação cor x pureza, na Província Serra do Espinhaço –
Distrito de Jequitaí.
Na relação de cor e pureza, na Província Serra do Espinhaço – Rio Jequitinhonha,
foi onde se observou o maior domínio de uma combinação. O gráfico (Figura 30) mostra a
probabilidade de 57,19% para cor incolor-amarelado (2) e pureza 1. Já outras combinações
alcançam no máximo 9,36%, como para a pureza 1 e cristais incolores.
137
Probabilidades
Cor/Pureza 1 2 3 4
1 9,36 0,35 0,52 0,00
2 57,19 6,59 6,41 4,33
3 8,67 1,04 1,91 1,56
4 0,17 0,00 0,00 0,00
5 1,39 0,17 0,00 0,35
ProvínciaSerradoEspinhaç o‐RioJequitinhonha
0
1
2
3
4
5
6
7
0123456
Cor
Pureza
Figura 30: Gráfico referente a relação cor x pureza, na Província Serra do Espinhaço –
Distrito de Diamantina – Rio Jequitinhonha.
Peso/Capa
Conforme pode-se notar na Figura 31, o predomínio de cristais sem capas (1)
chega a mais de 96% na Província Alto Paranaíba. A probabilidade de ocorrência de capas
(pontos e manchas verdes) mostra um percentual irrelevante e se dá para pesos de baixa
quilatagem na categoria entre 0,01-0,25 ct (1).
Probabilidades
Peso/Capa 1 2 3 4
1 30,04 0,67 2,69 0,00
2 25,56 0,00 0,00 0,00
3 16,82 0,00 0,00 0,00
4 10,99 0,00 0,00 0,00
5 13,23 0,00 0,00 0,00
ProvínciaAltoParanaíba‐Coromandel
0
1
2
3
4
5
6
7
0123456
Peso
Capa
Figura 31: Gráfico referente a relação peso x capa, na Província Alto Paranaíba.
De acordo com a Figura 32, a ocorrência de capas na Província Noroeste São
Francisco mostra percentuais muito baixos. Aparecem pontos verdes (2) nas categorias de
peso entre 0,01-0,25 (1) e 0,26-0,60 ct (2), respectivamente com 0,69% de probabilidade.
Coincidentemente, manchas verdes aparecem nas categorias de peso 2 e 3 (0,61-1,20 ct),
também ambas com 0,69%.
138
Probabilidades
Peso/Capa 1 2 3 4
1 13,10 0,69 0,00 0,00
2 28,28 0,69 0,69 0,00
3 25,52 0,00 0,69 0,00
4 12,41 0,00 0,00 0,00
5 17,93 0,00 0,00 0,00
0
1
2
3
4
0123456
Capa
Peso
ProvínciaNWSãoFrancisco‐ RioAbaeté
Figura 32: Gráfico referente a relação peso x capa, na Província Noroeste São Francisco.
Pode-se notar na Figura 33 que, assim como na Província Alto Paranaíba, na
Província Serra da Canastra são praticamente inexistentes os diamantes com capas.
Probabilidades
Peso/Capa 1 2 3 4
1 55,19 0,00 0,00 0,00
2 19,67 0,00 0,00 0,00
3 12,30 0,00 0,00 0,00
4 3,55 0,27 0,00 0,00
5 9,02 0,00 0,00 0,00
ProvínciaSerradaCanastra‐AltoSãoFrancisco
0
1
2
3
4
5
6
7
0123456
Peso
Capa
Figura 33: Gráfico referente a relação peso x capa, na Província Serra da Canastra.
Na Província Serra do Espinhaço – campos de Datas/Extração a probabilidade de
ocorrência de diamantes sem capas e com peso entre 0,01-0,25 ct (1) é de 47,84%, seguidos
de pontos verdes (2) e peso 1 (17,24%) e sem capas com peso entre 0,26-0,60 (2) (9,91%).
Outras possibilidades ocorrem dispersamente até valores de 6,47% (Figura 34).
Probabilidades
Peso/Capa 1 2 3 4
1 47,84 17,24 6,47 0,00
2 9,91 6,47 1,29 0,86
3 3,88 3,45 1,29 0,00
4 0,43 0,86 0,00 0,00
5 0,00 0,00 0,00 0,00
0
1
2
3
4
5
012345
Capa
Peso
ProvínciaSerradoEsp inhaço‐ Datas/Extração
Figura 34: Gráfico referente a relação peso x capa, na Província Serra do Espinhaço –
Distrito de Diamantina – Campos de Datas/Extração.
139
Para a Província Serra do Espinhaço – Distrito de Grão Mogol (Figura 35)
registra-se a probabilidade de 54,66 % de ocorrências de diamantes sem capas e com peso
entre 0,01-0,25 ct (1). Cristais com pontos verdes (2) e peso 1, mostram 12,96% de chance de
ocorrência, enquanto que sem capa e com peso entre 0,26-0,60 (2), 12,55%. Outras variações
ocorrem, mas não ultrapassam 7,3 %.
Probabilidades
Peso/Capa 1 2 3 4
1
54,66 12,96 7,29 0,40
2
12,55 3,24 3,24 0,00
3
2,02 0,40 2,02 0,00
4
0,40 0,00 0,00 0,00
5
0,40 0,40 0,00 0,00
ProvínciaSerradoEspinhaço‐GrãoMogol
7
6
5
4
Capa
3
2
1
0
3
45 6
012
Peso
Figura 35: Gráfico referente a relação peso x capa, na Província Serra do Espinhaço –
Distrito de Grão Mogol.
A Figura 36 destaca que a probabilidade de ocorrência de diamantes sem capas e
peso entre 0,01-0,25 ct (1) no Distrito de Jequitaí é de 36,94%, mais que o dobro da segunda
combinação, que é de peso entre 0,26-0,60 (2) e sem capas, com 18,02 %. Manchas verdes (2)
e peso entre 0,26-0,60 (2), mostram 11,71%, assim como peso 1 e capas amarelas/marrons
(4). As demais combinações são escassas e não alcançam valores de maiores que 3,6%.
Probabilidades
Peso/Capa 1 2 3 4
1
36,94 11,71 1,80 11,71
2
18,02 0,90 0,90 2,70
3
3,60 0,00 1,80 1,80
4
3,60 0,90 0,90 0,00
5
2,70 0,00 0,00 0,00
ProvínciaSerradoEspinhaço‐Jequitaí
0
1
2
3
4
5
6
7
012345
Peso
Capa
6
Figura 36: Gráfico referente a relação peso x capa, na Província Serrado Espinhaço – Distrito
de Jequitaí.
Na Figura 37 os dados mostram que para Província Serra do Espinhaço, Distrito
de Diamantina – Rio Jequitinhonha as maiores probabilidades se dão para os diamantes sem
capas (1), com peso entre 0,61-1,20 ct (3) (21,66%), entre 0,26-0,60 ct (2) (19,41%) e entre
140
0,01-0,25 ct (1) (16,46%). Além desses, existem probabilidades diversas como denota o
gráfico, mas que não alcançam mais do que 7,45%.
Probabilidades
Peso/Capa 1 2 3 4
1 16,46 5,37 3,47 0,00
2 19,41 3,99 5,72 0,00
3 21,66 6,41 7,45 0,17
4 4,33 1,91 0,69 0,00
5 2,43 0,00 0,52 0,00
ProvínciaSerradoEspinhaço‐RioJequitinhonha
0
1
2
3
4
5
6
7
012345
Peso
Capa
6
Figura 37: Gráfico referente a relação peso x capa, na Província Serra do Espinhaço –
Distrito de Diamantina – Rio Jequitinhonha.
Dissolução/Quebras
A probabilidade de ocorrência de dissolução com quebras na clivagem mostra que
na Província Alto Paranaíba, 28,48 % dos cristais, ocorrem dissolvidos (3) e intactos (1).
Também intactos, mas com dissolução médio/visível (2) tem a probabilidade 25,11% de
ocorrência. A terceira maior probabilidade é de 11,66% para cristais dissolvidos (3) com
quebras perceptíveis (3), enquanto outras probabilidades não alcançam 6% (Figura 38).
Probabilidades
Dissolução/Quebras 1 2 3 4
1 1,12 0,00 0,00 0,45
2 25,11 1,79 3,14 2,24
3 28,48 5,83 11,66 2,69
4 4,93 3,81 3,36 1,57
5 2,47 0,22 1,12 0,00
ProvínciaAltoParanba‐Coromandel
0
1
2
3
4
5
012345
Dissolução
Quebras
6
Figura 38: Gráfico referente a relação dissolução x quebras na clivagem, na Província Alto
Paranaíba.
A Figura 39 mostra que na Província Noroeste São Francisco predomina com
quase 40%, a probabilidade de ocorrência de cristais intactos (1) com dissolução no grau
médio visível (2). Outras combinações ocorrem, entre estas, cristais dissolvidos (3) e intactos
141
(1) com 11,%; intactos e sem dissolução (1) (9,66%). Outras combinações menos expressivas
ocorrem, entretanto não atingem 8% de probabilidade.
Probabilidades
Dissolução/Quebras 1 2 3 4
1 9,66 0,00 1,38 6,90
2 39,31 7,59 4,83 0,69
3 11,03 6,90 4,83 0,69
4 2,07 0,69 0,00 0,00
5 2, 6 7 0,00 0,69 0,00
0
1
2
3
4
5
0123456
Quebr as
Dissolução
ProvínciaNWSãoFrancisco‐ RioAbaeté
Figura 39: Gráfico referente a relação dissolução x quebras na clivagem, na Província
Noroeste São Francisco.
Para a Província Serra da Canastra, a maior probabilidade de ocorrência se dá com
diamantes intactos e com dissolução médio/visível (2), correspondendo a 39,07%. Seguido
desses, 22,13% têm possibilidade de ocorrerem sem dissolução, mas com quebras
perceptíveis (3), e 19,13% têm a probabilidade para ocorrerem sem quebras e sem dissolução
(Figura 40).
Probabilidades
Dissolução/Quebras 1 2 3 4
1 19,13 0,00 0,00 0,00
2 39,07 6,28 0,55 0,00
3 22,13 7,65 1,37 0,27
4 1,64 0,55 0,27 0,27
5 0,55 0,00 0,27 0,00
ProvínciaSerradaCanastra‐AltoSãoFrancisco
0
1
2
3
4
5
0123456
Dissolução
Quebras
Figura 40: Gráfico referente a relação dissolução x quebras na clivagem, na Província Serra
da Canastra.
Conforme nota-se na Figura 41 nos campos de Datas/Extração, aparecem duas
maiores possibilidades de ocorrência de diamantes na combinação dissolução x quebras: a
primeira, com 46,55%, para diamantes intactos e com dissolução médio/visível (2); e a
segunda com 36,21% para também diamantes intactos, mas dissolvidos (3).
142
Probabilidades
Dissolução/ Quebras 1 2 3 4
1 8,62 0,00 0,00 0,00
2 46,55 0,86 1,29 0,00
3 36,21 1,72 0,00 3,88
4 0,86 0,00 0,00 0,00
5 0,00 0,00 0,00 0,00
0
1
2
3
4
5
0123456
Quebras
Dissoluçã o
ProvínciaSerradoEspinhaço‐ Datas/Extrão
Figura 41: Gráfico referente a relação dissolução x quebras na clivagem, na Província Serra
do Espinhaço – Distrito de Diamantina – Campos de Datas/Extração.
A Figura 42 mostra que a probabilidade de ocorrência de diamantes intactos é
maior do que 85% em Grão Mogol. Destes, destacam-se cerca de 55% com grau de
dissolução médio visível (2), 20% sem dissolução, e 10% dissolvidos.
Probabilidades
Dissolução/ Quebras 1 2 3 4
1 20,65 0,40 0,40 0,40
2 55,06 3,64 4,86 0,81
3 10,12 0,81 2,02 0,40
4 0,00 0,00 0,40 0,00
5 0,00 0,00 0,00 0,00
ProvínciaSerradoEspinhaço‐GrãoMogo l
0
1
2
3
4
5
6
0123456
Dissolução
Quebras
Figura 42: Gráfico referente a relação dissolução x quebras na clivagem, na Província Serra
do Espinhaço – Distrito de Grão Mogol.
Os resultados apresentados na Figura 43, mostram bastante similaridade com os
mesmos para Grão Mogol. A probabilidade de ocorrência de diamantes intactos aparece com
92% para a Província Serra do Espinhaço – Distrito de Jequitaí, sendo que 45,95% mostram-
se levemente quebrados (2) e 41,44% são intactos, enquanto que 5,41% mostram quebras
perceptíveis (3).
143
Probabilidades
Dissolução/ Quebras 1 2 3 4
1 41,44 0,00 1,80 0,00
2 45,95 0,90 3,60 0,00
3 5,41 0,00 0,90 0,00
4 0,00 0,00 0,00 0,00
5 0,00 0,00 0,00 0,00
ProvínciaSerradoEspin haço ‐Jequit
0
1
2
3
4
5
0123456
Dissolução
Quebras
Figura 43: Gráfico referente a relação dissolução x quebras na clivagem, na Província do
Espinhaço – Distrito de Jequitaí.
Os diamantes da Província Serra do Espinhaço – Rio Jequitinhonha apresentam
70,71% de probabilidade de aparecerem intactos e com dissolução médio/visível (2).
Seguidos dessa classe, ocorrem os cristais sem dissolução (1) e intactos (1) (10,71%), e os
cristais sem dissolução (1) e quebras perceptíveis (3) (6,76%), enquanto que outras
possibilidades ocorrem em classes que não alcançam 5% (Figura 44).
Probabilidades
Dissolução/ Quebras 1 2 3 4
1 10,23 0,00 0,35 0,00
2 70,71 2,25 4,33 0,17
3 6,76 0,17 1,04 0,00
4 0,17 0,00 0,00 0,00
5 3,47 0,00 0,35 0,00
ProvínciaSerradoEspinhaço‐RioJequitinhonha
0
1
2
3
4
5
0123456
Dissolução
Quebras
Figura 44: Gráfico referente a relação dissolução x quebras na clivagem, na Província Serra
do Espinhaço – Distrito de Diamantina – Rio Jequitinhonha.
Qualificação/Peso
Na Província Alto Paranaíba, observa-se que, quando o objeto é a probabilidade
de ocorrência de diamantes em relação a qualificação comercial e peso, ocorrem inúmeras
possibilidades. A classe predominante é a qualificação gema 1 (1) e peso entre 0,61-1,20 ct
(3), com 16,59%. Esse percentual é seguido pela ocorrência de qualificação industrial (4) e
pesos de baixa quilatagem 0,01-0,25 ct (1) (12,11%); qualificação gema 2 (2) e peso entre
0,26-0,60 ct (2) (8,97%); qualificação chip (3) e peso entre 0,61-1,20 ct (3) (7,85%) e
144
qualificação gema 2 e peso 3 (6,73%), além de outras classes que têm probabilidades de 1,12
a 5,61% conforme indicado na Figura 45.
Probabilidades
Qualificação/Peso 1 2 3 4 5
1 1,12 2,47 2,24 1,12 2,69
2 4,26 8,97 6,73 4,71 5,61
3 16,59 7,85 5,61 4,26 4,26
4 12, 1 1 5,83 2,02 0,90 0,67
ProvínciaAltoParanba‐Coromandel
0
1
2
3
4
5
6
012345
Qualificação
Peso
Figura 45: Gráfico referente a relação qualificação comercial x peso, na Província Alto
Paranaíba.
A Figura 46 mostra que são múltiplas as associações entre qualificação comercial
e peso para a Província Noroeste São Francisco, situação que mostra similaridade à mesma
para o Alto Paranaíba. Nota-se que os maiores percentuais de probabilidade aparecem para a
qualificação gema 2 e peso entre 0,61-1,20 ct (3) (14,48%); e chip (3) com peso entre 0,26-
0,60 ct (2) 13,10. Destacam-se ainda cristais gema 2 com peso > 2 ct (5) (9,66%); peso 2 e
gema 2 (8,28%); peso 1 e chip (3) (6,90%). Diversas outras combinações são passíveis de
ocorrer, entretanto com percentuais abaixo de 6%.
Probabilidades
Qualificação/Peso 1 2 3 4 5
1 1,38 4,14 5,52 4,83 0,69
2 4,14 8,28 14,48 3,45 9,66
3 6,90 13,10 5,52 2,76 5,52
4 1,38 4,14 0,69 1,38 2,07
0
1
2
3
4
5
6
012345
Peso
Qualificação
ProvínciaNWSãoFrancisco‐ RioAbaeté
Figura 46: Gráfico referente a relação qualificação comercial x peso, na Província do
Noroeste São Francisco.
Assim como registrado na Província Alto Paranaíba, o que se nota na Província da
Serra da Canastra (Figura 47) também são múltiplas probabilidades. Há, contudo, um
predomínio em classes de peso entre 0,01-0,25 ct (1), sendo peso 1 e qualificação chip (3) a
maior probabilidade, com 19,13%, seguidos de peso 1 e qualificação industrial (4) (14,75%),
peso 1 e qualificação gema 1 (10,93%) e peso 1 e qualificação gema 2 (10,38%). Além
145
desses, destaca-se a classe peso entre 0,26-0,60 (2) e qualificação gema 1 com 8,2%. Outras
combinações podem ser possíveis, mas, no entanto não alcançam 5%.
Probabilidades
Qualificação/Peso 1 2 3 4 5
1 10,93 8,20 4,10 2,73 3,83
2 10,38 3,28 3,28 0,82 3,55
3 19,13 3,55 1,91 0,27 1,64
4 14,75 4 64 , 3,01 0,00 0,00
ProvínciaSerradaCanastra‐AltoSãoFrancisco
0
1
2
3
4
5
6
7
012345
Qualifica çãoComercial
Peso
6
Figura 47: Gráfico referente a relação qualificação comercial x peso, na Província Serra da
Canastra.
Na Província Serra do Espinhaço – campos de Datas/Extração observa-se que a
probabilidade maior de ocorrência de diamantes conforme qualificação comercial e peso se
dão na qualificação industrial (4) e peso entre 0,01-0,25 ct (1) com 43,1%. Também com peso
1 e qualificações chip (3) e gema 2 ocorrem as outras classes mais freqüentes, com 13,36 e
10,76 % respectivamente (Figura 48).
Probabilidades
Qualificação/Peso 1 2 3 4 5
1 3,88 1,29 1,72 0,00 0,00
2 10,78 9,91 5,60 1,29 0,00
3 13,36 5,60 1,29 0,00 0,00
4 43 10 , 2,16 0,00 0,00 0,00
0
1
2
3
4
5
6
012345
Peso
Qualificação
ProvínciaSerradoEspinhaço‐ Datas/Extração
Figura 48: Gráfico referente a relação qualificação comercial x peso, na Província Serra do
Espinhaço – Distrito de Diamantina – Campos de Datas/Extração.
Para a Província Serra do Espinhaço – Distrito de Grão Mogol, as probabilidades
maiores de ocorrência se dão em diamantes de peso entre 0,01-0,25 ct (1), mas com
qualificações gema 2 (34,01%), indústria (4) (25,51%) e chip (3) (14,57%). Ainda merecem
destaques a qualificação gema 2 e peso entre 0,26-0,60 ct (2) (8,91%) e qualificação indústria
(4) e peso 2, com 5,26% (Figura 49).
146
Probabilidades
Qualificação/Peso 1 2 3 4
1
0,81 2,02 0,00 0,00
2
34,01 8,91 2,83 0,40
3
14,57 5,26 1,21 0,00
4
25,51 3,24 0,40 0,00
5
0,00 0,00 0,00 0,00
ProvínciaSerradoEspinhaço‐GrãoMogo l
0
1
2
3
4
5
0123456
Qualificação
Peso
Figura 49: Gráfico referente a relação qualificação comercial x peso, na
Província Serra do Espinhaço – Distrito de Grão Mogol.
Na Província Serra do Espinhaço – Distrito de Jequitaí, 40,54% é a probabilidade
de ocorrer diamantes com peso entre 0,01-0,25 ct (1) e qualificação gema 2. Outras
combinações entre peso e qualificação podem ocorrer em menores proporções, como peso
entre 0,26-0,60 ct (2) e qualificação gema 2, com 12,61% e peso 1 e qualificação gema 1, com
8,11% (Figura 50).
Probabilidades
Qualificação/Peso 1 2 3 4 5
1 8,11 4,50 0,90 2,70 0,90
2 40,54 12,61 5,41 1,80 0,90
3 7,21 4,50 0,00 0,90 0,90
4 7,21 0 0 ,0 0,90 0,00 0,00
ProvínciaSerradoEspinhaço‐Jequitaí
0
1
2
3
4
5
6
7
0123456
Qualifica ção
Peso
Figura 50: Gráfico referente a relação qualificação comercial x peso, na Província Serra do
Espinhaço – Distrito de Jequitaí.
Na Província Serra do Espinhaço – Rio Jequitinhonha (Figura 51), as
probabilidades de ocorrência se dão especialmente na qualificação gema 2, com peso entre
0,61-1,20 ct (3) (21,66%), peso entre 0,26-0,60 ct (2) (14,04%) e peso entre 0,01-0,25 ct (1)
(11,09%). Também existe a probabilidade de ocorrência em muitas outras classes, mas com
valores menores, sempre abaixo de 8%.
147
Probabilidades
Qualificação/Peso 1 2 3 4 5
1 0,69 1,56 5,55 1,04 1,21
2 11,09 14,04 21,66 4,51 1,21
3 6,76 10,40 7,11 1,39 0,35
4 6,76 3,12 1,39 0,00 0,17
ProvínciaSerradoEspinhaço‐RioJequitinhonha
0
1
2
3
4
5
6
01234
Qualificação
Peso
5
Figura 51: Gráfico referente a relação qualificação comercial x peso, na Província Serra do
Espinhaço – Distrito de Diamantina – Rio Jequitinhonha.
Qualificação/Forma
No que se refere a qualificação e forma, na Província Alto Paranaíba também
pode-se observar que são as múltiplas possibilidades de ocorrência (Figura 52), há um singelo
destaque para as classes de forma rombododecaedro (2) e qualificação gema 2 (17,49%),
forma irregular (5) e qualificação chip (3) (16,14%) e qualificação chip (3) e forma
rombododecaedro (2) (13,68%). Além disso, probabilidades de ocorrência com outras
combinações ocorrem, mas não alcançam 10%.
Probabilidades
Qualificação/Forma 1 2 3 4 5 6
1 3,14 5,83 0,00 0,00 1,35 0,00
2 6,50 17,49 0,00 0,00 4,04 0,00
3 6,50 13,68 0,22 3,36 16,14 0,90
4 2,24 3 1 ,8 0,45 4,26 8,52 1,57
ProvínciaAltoParanaíba‐Coromandel
0
1
2
3
4
5
6
7
0123456
Qualifica ção
Forma
Figura 52: Gráfico referente a relação qualificação comercial x forma, na Província Alto
Paranaíba.
A Figura 53 mostra que também as probabilidades de associação entre
qualificação comercial e forma são diversas. Os maiores percentuais aparecem para gema 2
com forma rombododecaedro (22%); chip (3) com forma irregular (5) (18,6%); chip com
forma rombododecaedro (11,72%); gema 2 com forma irregular (9,66%). Outras combinações
apresentam percentuais inferiores a 8%.
148
Probabilidades
Qualificação/Forma 1 2 3 4 5 6
1 6,21 7,59 0,00 0,00 2,07 0,00
2 7,59 22,07 0,00 0,00 9,66 0,00
3 3,45 11,72 0,00 1,38 18,62 0,00
4 0,00 3 5 ,4 0,00 0,69 4,14 1,38
0
1
2
3
4
5
6
7
00,511,522,533,544,55
Forma
Qualificação
ProvínciaNWoFrancisco‐ Rio Abaeté
Figura 53: Gráfico referente a relação qualificação comercial x forma, na Província Noroeste
São Francisco.
Para a Província Serra da Canastra, em relação a qualificação e forma dos
diamantes (Figura 54), a maior probabilidade de ocorrência são para diamantes de forma
octaedro (1) e qualificação gema 1, com 25,41%. Seguidos dessa classe, aparecem os
diamantes com forma irregular (5) e qualificações chip (3) e indústria (4) com 14,21 % de
probabilidade para cada. Além desses, para os diamantes com forma octaedro (1) e
qualificação gema 2 e chip (3) existe a probabilidade de 9,84%.
Probabilidades
Qualificação/Forma 1 2 3 4 5 6
1 25,41 3,01 0,00 0,00 1,37 0,00
2 9,84 4,92 0,00 0,00 6,83 0,00
3 9,84 0,55 0,00 1,37 14,21 0,00
4 3,28 0 7 ,2 0,00 1,64 14,21 3,28
ProvínciaSerradaCanastra‐AltoSãoFrancisco
0
1
2
3
4
5
6
7
01234567
QualificaçãoComercial
Forma
Figura 54: Gráfico referente a relação qualificação comercial x forma, na Província Serra da
Canastra.
Na Província Espinhaço – Datas/Extração, no que se refere a probabilidade de
ocorrência de diamantes conforme qualificação comercial e forma (Figura 55), observa-se
múltiplas possibilidades de ocorrência. A maior probabilidade se dá para qualificação gema 2
e forma rombododecaedro (2), com 21,12%, seguidos também por forma rombododecaedro
(2) e qualificação indústria (4) (16,38%), qualificação 4 e forma irregular (5) (15,52%) e
qualificação chip (3) e forma 2, com 14,22%. Já outras combinações não excedem 8,6%.
149
Probabilidades
Qualificação/Forma 1 2 3 4 5 6
1 1,29 4,31 0,00 0,00 1,29 0,00
2 6,03 21,12 0,00 0,00 0,43 0,00
3 3,02 14,22 0,00 0,43 2,59 0,00
4 8,62 16,38 0,00 4,31 15,52 0,43
0
1
2
3
4
5
6
7
012345
Forma
Qualificação
ProvínciaSerradoEspinhaço‐ Datas/Extração
Figura 55: Gráfico referente a relação qualificação comercial x forma, na Província Serra do
Espinhaço – Distrito de Diamantina – campos de Datas/Extração.
O que se pode caracterizar na Província Serra do Espinhaço – Grão Mogol são
probabilidades de ocorrências com destaque em duas classes, a de qualificação gema 2 e
forma rombododecaedro (2), com 24,29% e qualificação gema 2 e forma octaedro (1), com
18,62%. Além disso, várias outras probabilidades com valores de até 8,5% ocorrem, como
denota a Figura 56.
Probabilidades
Qualificação/Forma 1 2 3 4 5 6
1 2,83 1,21 0,00 0,00 0,00 0,00
2 18,62 24,29 0,00 0,00 2,83 0,00
3 6,88 4,05 0,40 3,24 6,48 1,21
4 3,64 8,50 1,21 4,05 7,69 2,83
ProvínciaSerradoEspinhaço‐GrãoMogol
0
1
2
3
4
5
6
7
0123456
Qualificação
Forma
Figura 56: Gráfico referente a relação qualificação comercial x forma, na Província Serra do
Espinhaço – Distrito de Grão Mogol.
Conforme a Figura 57, na relação entre qualificação comercial x forma, no
Distrito de Jequitaí verifica-se uma situação similar à de Grão Mogol. As maiores
probabilidades ocorrem para diamantes de qualificação gema 2 e forma rombododecaedro (2),
com 35,14% e qualificação gema 1 e forma octaedro (1) com 21,62%. Outras classes mostram
probabilidades menores, que não excedem a 9,9%.
150
Probabilidades
Qualificação/Forma 1 2 3 4 5 6
1
9,91 6,31 0,00 0,00 0,00 0,00
2
21,62 35,14 0,00 0,00 3,60 0,90
3
2,70 6,31 0,00 1,80 3,60 0,00
4
0,00 5 41 , 0,00 1,80 0,00 0,90
ProvínciaSerradoEspinhaço‐Jequitaí
0
1
2
3
4
5
6
7
012345
Qualificação
Forma
6
Figura 57: Gráfico referente a relação qualificação comercial x forma, na Província Serra do
Espinhaço – Distrito de Jequitaí.
A Figura 58 denota que a Província Serra do Espinhaço – Rio Jequitinhonha
também refletiu o que se observou nos campos de Grão Mogol e e Jequitaí. As maiores
probabilidades de ocorrência de diamantes, aparecem com qualificação gema 2 e forma
rombododecaedro (2), com 37,95% e qualificação gema 2 e forma octaedro (1), com 12,13 %.
Todavia, também são representativos diamantes com qualificação chip (3) e forma irregular
(5), com 10,92% e qualificação gema 1 e forma octaedro (2), com 8,84%.
Probabilidades
Qualificação/Forma 1 2 3 4 5 6
1 1,56 8,84 0,00 0,00 0,00 0,00
2 12,13 37,95 0,00 0,35 1,91 0,00
3 3,81 7,45 0,00 3,29 10,92 0,17
4 0,17 2,25 0,35 6,59 1,73 0,52
ProvínciaSerradoEspinhaço‐RioJequitinhonha
0
1
2
3
4
5
6
7
012345
Qualificação
Forma
6
Figura 58: Gráfico referente a relação qualificação comercial x forma, na Província Serra do
Espinhaço – Distrito de Diamantina – Rio Jequitinhonha.
6.2.2 – Análise Descritiva
A análise descritiva é apresentada na forma de tabelas e gráficos, seguidos de uma
breve descrição dos resultados obtidos.
De acordo com a Tabela 14, que ressalta o percentual e a quantidade de indivíduos
estudados em cada província diamantífera, bem como os respectivos distritos e campos, nota-
se que a maior parte dos diamantes analisados foram da região do Rio Jequitinhonha (27,05%)
151
e o do Distrito de Jequitaí é a área que apresenta a menor quantidade de diamantes na
amostra estudada (5,21%). A Figura 59 permite uma melhor visualização da distribuição de
diamantes de acordo com sua região de produção.
Região
%
S
e
r
r
a
d
a
C
a
n
a
s
t
r
a
R
i
o
J
e
q
u
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t
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n
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a
N
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S
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c
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s
c
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G
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M
o
g
o
l
D
a
t
a
s
/
E
x
t
r
a
ç
ã
o
A
l
t
o
P
a
r
a
n
a
í
b
a
30
25
20
15
10
5
0
Distribuição dos diamantes, por Região
Figura 59: Gráfico denotando o percentual de diamantes estudados, por região de Minas
Gerais.
Os parâmetros estudados em lotes de diamantes, segundo características de ordem
primária ( peso, forma, cor, pureza e dissolução) e de ordem secundária (quebras, capas e
qualificação comercial), são apresentados, em análise descritiva, a seguir.
Conforme observa-se na Tabela 16, em geral, do total de diamantes amostrados,
aqueles com baixo peso (entre 0,01 e 0,25) são mais frequentes (39,5%), enquanto os
diamantes com peso entre 1,21 e 2,00 são menos frequentes (6,2%) na amostra. A Figura 60
permite concluir que as regiões do Distrito de Grão Mogol e de Datas/Extração são as que
possuem maior quantidade de diamantes com baixo peso, enquanto que os diamantes de
maior peso estão concentrados nas regiões do Distrito de Coromandel (Alto Paranaíba) e da
Província Noroeste São Francisco.
152
Tabela 16: Distribuição dos diamantes, de acordo com o peso e região de produção.
Peso (%)
Região
0,01 - 0,25 0,26 - 0,60 0,61 - 1,20
1,21 -
2,00
> 2,01
Total
Província Serra do Espinhaço
Distrito Diamantina
Datas/Extração
168
(7,9) 44 (2,0) 22 (1,0) 4 (0,2) 0
238
(11,1)
Rio Jequitinhonha
145
(6,8) 168 (7,9) 206 (9,7) 40 (1,9) 17 (0,8)
576
(27,1)
Distrito Grão Mogol
184
(8,6) 48 (2,3) 11 (0,5) 1 (0,04) 2 (0,1)
246
(11,5)
Distrito Jequitaí
70
(3,3) 24 (1,1) 8 (0,4) 6 (0,3) 3 (0,14)
111
(5,2)
Província Alto Paranaíba
Distrito Coromandel
51
(2,4) 112 (5,3)
74 (3,5)
49 (2,3) 160 (7,5)
446
(20,9)
Província Noroeste São
Francisco
20
(0,9) 43 (2,0) 38 (1,8) 18 (0,8) 26 (1,2)
145
(6,8)
Província Serra da Canastra
Distrito Alto São Francisco 202 (9,5) 73 (3,4) 45 (2,1) 14 (0,7) 33 (1,5)
367
(17,2)
Total 840 (39,5) 512 (24,1) 404 (18,9) 132 (6,2)
241
(11,3)
2.129
(100,0)
Figura 60: Distribuição percentual dos diamantes, de acordo com o peso, para cada região de
produção.
De acordo com a Tabela 17 nota-se que a cor mais frequente na amostra é a
incolor-amarelado (48,3 %) e a menos frequente é a fancy (1,9 %). A Figura 61 mostra que
as regiões do Rio Jequitinhonha e de Datas/Extração possuem maior quantidade de diamantes
incolor amarelado, e as regiões do Distrito de Coromandel (Alto Paranaíba) e Província Serra
153
da Canastra são as que possuem os maiores percentuais de diamantes incolor. A região do
Distrito de Grão Mogol possui maior quantidade de diamantes de cor amarelada. As cores
fancies estão associadas às províncias Alto Paranaíba e Noroeste São Francisco.
Analisando a Tabela 18 nota-se que a forma mais frequente na amostra é o
rombododecaedro (40,7%) e a menos frequente é o diamante tipo agregado (2,04%). Uma
análise da Figura 62 permite afirmar que a região da Província Serra da Canastra apresenta
menor porcentagem de diamantes com forma de rombododecaedro e maior porcentagem de
diamantes com forma de octaedro. As regiões de Datas/Extração, Rio Jequitinhonha e Distrito
Jequitaí são as que apresentam maior quantidade de diamantes com forma rombododecaedro.
Os diamantes agregados são praticamente inexistentes nas regiões de Datas/Extração e Rio
Jequitinhonha.
Tabela 17: Distribuição dos diamantes, de acordo com a cor e região de produção.
Cor (%)
Região
Amarelado
Cor
industrial
Fancy Incolor
Incolor -
amarelado
Total
Província Serra do
Espinhaço
Distrito Diamantina
Datas/Extração 77 (3,6) 3 (0,15) 0 23 (1,1) 135 (6,3)
238 (11,1)
Rio Jequitinhonha 75 (3,5) 11 (0,5) 1 (0,04) 58 (2,7) 431 (20,2)
576 (27,1)
Distrito Grão Mogol 111 (5,2) 13 (0,6) 0 27 (1,7) 95 (4,5)
246 (11,5)
Distrito Jequitaí 14 (0,6) 3 (0,15) 1 (0,04) 35 (1,6) 58 (2,7)
111 (5,2)
Província Alto
Paranaíba
Distrito Coromandel 58 (2,7) 11 (0,5) 34 (1,6) 204 (9,6) 139 (6,5)
446 (20,9)
Província Noroeste São
Francisco
22 (1,0) 6 (0,3) 5 (0,2) 55 (2,6) 57 (2,7)
145 (6,8)
Província Serra da
Canastra
Distrito Alto São
Francisco
27 (1,3) 17 (0,8) 1 (0,04) 208 (9,8) 114 (5,3)
367 (17,2)
Total 384 (18,0) 64 (3,0) 42 (1,9) 610(28,6) 1029 (48,3) 2.129 (100)
154
Figura 61: Distribuição percentual dos diamantes, de acordo com a cor, para cada região de
produção.
Tabela 18: Distribuição dos diamantes, de acordo com a forma e região de produção.
Forma (%)
Região
Agregado Geminado
Irregular
Octaedro
Rombodo-
decaedro
Total
Província Serra do Espinhaço
Distrito Diamantina
Datas/Extração 1 (0,04) 11 (0,5) 46 (2,1) 47 (2,2) 133 (6,2)
238 (11,2)
Rio Jequitinhonha 4 (0,2) 58 (2,7) 81 (3,8) 137 (6,4)
296
(13,9)
576 (27,1)
Distrito Grão Mogol 10 (0,5) 18 (0,8) 42 (1,9) 78 (3,6) 98 (4,6)
246 (11,5)
Distrito Jequitaí 2 (0,1) 4 (0,2) 8 (0,4) 38 (1,8) 59 (2,7)
111 (5,2)
Província Alto Paranaíba
Distrito Coromandel 11 (0,5) 34 (1,6)
135
(6,3)
81 (3,8) 185 (8,7)
446 (20,9)
Província Noroeste São
Francisco
2 (0,1) 3 (0,15) 51 (2,4) 25 (1,2) 64 (3,0)
145 (6,8)
Província Serra da Canastra
Distrito Alto São Francisco 12 (0,6) 11 (0,5)
134
(6,3)
178 (8,4) 32 (1,5)
367 (17,2)
Total 42 (2,04) 139 (6,5)
497
(23,3)
584
(27,4)
867
(40,7)
2.129
(100,0)
155
Figura 62: Distribuição percentual dos diamantes, de acordo com a forma, para cada região
de produção.
A partir da análise da Tabela 19, observa-se que os diamantes de maior pureza
predominam (51,5% de diamantes com pureza 1). Analisando a Figura 63, nota-se que as
regiões do Rio Jequitinhonha e Distrito de Jequitaí apresentam maior porcentagem de
diamantes mais puros (pureza 1). Em seguida, aparece a região da Província Noroeste São
Francisco, com maior porcentagem de diamantes de pureza 2. Os diamantes mais impuros
estão mais concentrados nos distritos de Coromandel (Alto Paranaíba) e de Grão Mogol.
Tabela 19: Distribuição dos diamantes, de acordo com a pureza e região de produção.
Pureza
Região
1 2 3 4 5
Total
Província Serra do Espinhaço
Distrito Diamantina
Datas/Extração 113 (5,3) 43 (2,0) 26 (1,2) 55 (2,6) 1 (0,04)
238 (11,2)
Rio Jequitinhonha 442 (20,7) 47 (2,2) 51 (2,4) 36 (1,7) 0
576 (27,1)
Distrito Grão Mogol 123 (5,7) 37 (1,8) 46 (2,1) 30 (1,4) 10 (0,5)
246 (11,5)
Distrito Jequitaí 74 (3,5) 21 (1,0) 10 (0,5) 4 (0,2) 2 (0,1)
111 (5,2)
Província Alto Paranaíba
Distrito Coromandel 194 (9,1) 151 (7,1) 58 (2,7) 29 (1,4) 14 (0,7)
446 (20,9)
Província Noroeste São
Francisco
57 (2,7) 72 (3,4) 11 (0,5) 1 (0,04) 4 (0,2)
145 (6,8)
Província Serra da Canastra
Distrito Alto São Francisco 93 (4,4) 127 (5,9) 103 (4,9) 32 (1,5) 12 (0,6)
367 (17,2)
Total 1.096 (51,5
)
498 (23,4
)
305 (14,3
)
187 (8,8
)
43 (2,0) 2.129 (100,0
)
156
Figura 63: Distribuição percentual dos diamantes, de acordo com a pureza, para cada região
de produção.
A Tabela 20 destaca que a maioria dos indivíduos amostrados estão enquadrados
na categoria de dissolução médio/visível (mais de 50% da amostra) e dissolvido (mais de
25%).
A análise da Figura 64 permite concluir que a região do Distrito de Coromandel
(Alto Paranaíba) é a que apresenta maior porcentagem de diamantes corroídos e também de
diamantes dissolvidos. Pode-se considerar ainda que a região do Rio Jequitinhonha e Distrito
de Grão Mogol apresentam maior porcentagem de diamantes com dissolução médio/visível. A
quantidade de diamantes com dissolução tipo frosting é praticamente insignificante nas
regiões de Datas/Extração, Distrito de Grão Mogol e Distrito de Jequitaí (pertencentes à
Província Serra do Espinhaço).
157
Tabela 20: Distribuição dos diamantes, de acordo com a dissolução e região de produção.
Dissolução
Região
Corrosão Dissolvido Frosting Imperceptível
Médio /
Visível
Total
Província Serra do
Espinhaço
Distrito Diamantina
Datas/Extração
2 (0,1) 99 (4,6) 0 20 (1,0) 117 (5,5)
238
(11,1)
Rio Jequitinhonha
1 (0,04) 45 (2,1) 22(1,0) 62 (2,9)
446
(20,9)
576
(27,1)
Distrito Grão Mogol
1 (0,04) 33 (1,5) 0 54 (2,5) 158 (7,4)
246 (11,5)
Distrito Jequitaí
0 7 (0,3) 0 48 (2,3) 56 (2,6)
111 (5,2)
Província Alto Paranaíba
Distrito Coromandel
63 (2,9) 217 (10,2) 15 (0,7) 7 (0,3) 144 (6,7)
446 (20,9)
Província Noroeste São
Francisco
4 (0,2) 34 (1,6) 5 (0,2) 26 (1,2) 76 (3,6)
145 (6,8)
Província Serra da
Canastra
Distrito Alto São Francisco
8 (0,4) 115 (5,4) 5 (0,2) 70 (3,3) 169 (7,9)
367 (17,2)
Total
79 (3,7) 550 (25,8) 47 (2,2) 287 (13,5)
1166
(54,7)
2.129
(100,0)
Figura 64: Distribuição percentual dos diamantes, de acordo com a dissolução, para cada
região de produção.
158
A Tabela 21 denota que mais de 80% da amostra se enquadra na categoria de
diamantes intactos.
A Figura 65, em concordância com a Tabela 21, mostra que em todas as regiões
predominam diamantes intactos. A região do Distrito Coromandel (Alto Paranaíba) é a que
apresenta maior porcentagem de diamantes lascas. Observa-se também que as regiões do
Distrito Coromandel, Província Noroeste São Francisco e Província Serra da Canastra são as
que apresentam maiores porcentagens de diamantes com quebras perceptíveis.
De acordo com a Tabela 22 verifica-se que quase 80% da amostra não apresenta
capa. A Figura 66 mostra que diamantes com capas predominam nas regiões da Província
Serra do Espinhaço. A região do Rio Jequitinhonha é a que apresenta maior quantidade de
diamantes com manchas verdes, e na região do Distrito de Jequitaí ocorre o predomínio de
diamantes com manchas amarelas/marrons. Os campos de Datas/Extração apresentam maior
quantidade de diamantes com pontos verdes.
Tabela 21: Distribuição dos diamantes, de acordo com a clivagem superimposta e região de
produção.
Clivagem Superimposta
Região
Intactos
Levemente
quebrados
Quebras
perceptíveis
Lascas
Total
Província Serra do Espinhaço
Distrito Diamantina
Datas/Extração 220 (10,3) 9 (0,4) 6 (0,3) 3 (0,15)
238 (11,1)
Rio Jequitinhonha 526 (24,7) 1 (0,04) 13 (0,6) 36 (1,7)
576 (27,1)
Distrito Grão Mogol 211 (9,9) 4 (0,2) 12 (0,5) 19 (0,9)
246 (11,5)
Distrito Jequitaí 103 (4,8) 0 1 (0,04) 7 (0,3)
111 (5,2)
Província Alto Paranaíba
Distrito Coromandel 277 (13,0) 31 (1,5) 52 (2,4) 86 (4,0)
446 (20,9)
Província Noroeste São
Francisco
94 (4,4) 12 (0,5) 22 (1,0) 17 (0,8)
145 (6,8)
Província Serra da Canastra
Distrito Alto São Francisco 303 (14,2) 2 (0,1) 53 (2,5) 9 (0,4)
367 (17,2)
Total
1.734
(81,4)
59 (2,7) 159 (7,5)
177
(8,3)
2.129
(100,0)
159
Figura 65: Distribuição percentual dos diamantes, de acordo com a clivagem superimposta
(quebras), para cada região de produção.
Tabela 22: Distribuição dos diamantes, de acordo com as capas e região de produção.
Capas
Região
Sem capas
Pontos
verdes
Manchas
verdes
Amarelas/
marrons
Total
Província Serra do Espinhaço
Distrito Diamantina
Datas/Extração 146 (6,8) 65 (3,0) 25 (1,2) 2 (0,1)
238 (11,1)
Rio Jequitinhonha 370 (17,4) 102 (4,8) 103 (4,8) 1 (0,04)
576 (27,1)
Distrito Grão Mogol 173 (8,1) 42 (1,9) 30 (1,4) 1 (0,04)
246 (11,5)
Distrito Jequitaí 73 (3,4) 16 (0,8) 4 (0,2) 18 (0,8)
111 (5,2)
Província Alto Paranaíba
Distrito Coromandel 431 (20,2) 3 (0,15) 12 (0,6) 0
446 (20,9)
Província Noroeste São
Francisco
141 (6,6) 2 (0,1) 2 (0,1) 0
145 (6,8)
Província Serra da Canastra
Distrito Alto São Francisco 367 (17,2) 0 0 0
367 (17,2)
Total 1.701 (79,9) 230 (10,8) 176 (8,3) 22 (1,0) 2.129 (100,0)
160
Figura 66: Distribuição percentual dos diamantes, de acordo com as capas, para cada região
de produção.
A Tabela 23 mostra que no total da amostra, ocorre uma distribuição generalizada
entre as quatro categorias de qualificação comercial, sendo que a maior porcentagem aparece
para a gema 2, e a menor, para a gema 1.
Tabela 23: Distribuição dos diamantes, de acordo com a qualificação e região de produção.
Qualificação Comercial
Região
Chip Gema 1 Gema 2 Indústria
Total
Província Serra do Espinhaço
Distrito Diamantina
Datas/Extração 55 (2,6) 11 (0,5) 64 (3,0) 108 (5,1)
238 (11,1)
Rio Jequitinhonha 149 (7,0) 59 (2,7) 303 (14,2) 65 (3,0)
576 (27,1)
Distrito Grão Mogol 52 (2,4) 10 (0,5) 113 (5,3) 71 (3,3)
246 (11,5)
Distrito Jequitaí 16 (0,8) 18 (0,9) 68 (3,2) 9 (0,4)
111 (5,2)
Província Alto Paranaíba
Distrito Coromandel 179 (8,4) 43 (2,0) 128 (6,0) 96 (4,5)
446 (20,9)
Província Noroeste São
Francisco
51 (2,4) 24 (1,1) 56 (2,6) 14 (0,7)
145 (6,8)
Província Serra da Canastra
Distrito Alto São Francisco 98 (4,6) 108 (5,1) 79 (3,7) 82 (3,8)
367 (17,2)
Total 600 (28,2)
273
(12,8)
811 (38,1) 445 (20,9)
2.129
(100,0)
161
Conforme a Figura 67 nota-se que a região de Datas/Extração apresenta maior
porcentagem de diamantes de qualidade industrial. A Província Serra da Canastra apresenta
maior porcentagem de diamantes do tipo gema 1, e o Distrito de Jequitaí e a região do Rio
Jequitinhonha apresentam as maiores porcentagens de diamantes do tipo gema 2. A região do
Distrito de Coromandel (Alto Paranaíba) é a que apresenta maior porcentagem de diamantes
do tipo chip.
Figura 67: Distribuição percentual dos diamantes, de acordo com a qualificação comercial,
para cada região de produção.
6.2.3 - Análise de Correspondência
De acordo com a metodologia apresentada anteriormente, os dados obtidos
referente aos diamantes das províncias diamantíferas de Minas Gerais serão analisados
utilizando a técnica designada Análise de Correspondência Simples. Por uma questão de
praticidade, a abordagem matemática não será apresentada neste trabalho. Todas as
conclusões serão provenientes a partir de um teste estatístico Qui-Quadrado para testar
associação entre variáveis e da análise gráfica dos resultados.
Inicialmente, foi realizado um teste Qui-Quadrado com o objetivo de verificar se
existe associação entre a variável sob estudo e as regiões de procedência dos diamantes. Foi
162
utilizado o software Minitab, versão 14 demo, para realizar toda a parte de análise estatística
dos dados. A seguir, serão apresentados os respectivos valores p para cada variável testada.
Tabela 24: Resultados do teste Qui-Quadrado para variáveis sob estudo.
Variável Qui-Quadrado P-Valor*
Peso 871,83 0
Cor 703,85 0
Forma 344,90 0
Pureza 467,74 0
Dissolução 674,04 0
Clivagem 290,61 0
Capas 652,96 0
Qualificação
Comercial
371,94 0
*P-valor não significativo, muito próximo de zero.
Conforme explicitado na metodologia, o teste Qui-Quadrado possibilita testar se
existe ou não associação entre variáveis de interesse. Os valores apresentados na Tabela 24
foram obtidos diretamente dos resultados apresentados no Minitab. É possível observar que,
para qualquer variável, o valor da estatística de teste (coluna Qui-Quadrado, na Tabela 24) é
grande, o que resulta em um pequeno p-valor associado. Desta forma, pode-se concluir que
existem evidências para rejeitar a hipótese nula (hipótese de não associação). Sendo assim, é
possível dizer que existe associação entre a região de procedência dos diamantes e qualquer
variável sob estudo (peso, cor, forma, pureza, dissolução, clivagem, capas e qualificação
comercial).
Partindo da informação de que existe associação entre a região de extração e as
variáveis estudadas, o objetivo é verificar como se dá essa associação. Para isso foi realizada a
análise de correspondência, cujos resultados são apresentados a seguir. É importante salientar,
novamente, que apenas a parte gráfica será apresentada neste trabalho. Todas as formulações
e resultados matemáticos foram omitidos, pois não fazem parte do objetivo principal, que é
realizar uma análise gráfica e obter conclusões a partir de uma abordagem visual.
6.2.3.1 - Variável Peso
Analisando a Tabela 25 é possível concluir que a segunda componente está mais
relacionada com a região do Rio Jequitinhonha (correlação = 0,636); e a primeira componente
está mais relacionada com as demais regiões. Já uma análise da Tabela 26 permite considerar
163
que a primeira componente está mais relacionada a pesos muito baixos (0,01 – 0,25 ct) e
pesos maiores (acima de 1,21 ct). A segunda componente está mais relacionada aos diamantes
com pesos intermediários.
Tabela 25: Coordenadas principais das linhas (variável peso).
Componente 1 Componente 2
Região
Coeficiente Correlação Coeficiente Correlação
Província Serra do Espinhaço
Distrito Diamantina
Datas/Extração -0,663 0,969 0,116 0,030
Rio Jequitinhonha 0,110 0,044 -0,512 0,636
Distrito Grão Mogol -0,736 0,910 0,229 0,088
Distrito Jequitaí -0,493 0,861 0,147 0,076
Província Alto Paranaíba
Distrito Coromandel 0,804 0,837 0,355 0,163
Província Noroeste São
Francisco
0,523 0,884 -0,142 0,065
Província Serra da Canastra
Distrito Alto são Francisco -0,284 0,761 0,155 0,228
Tabela 26: Coordenadas principais das colunas (variável peso).
Componente 1 Componente 2
Peso
Coeficiente Correlação Coeficiente Correlação
0,01 - 0,25 -0,595 0,934 0,159 0,066
0,26 - 0,60 0,125 0,472 -0,127 0,487
0,61 - 1,20 0,285 0,224 -0,529 0,770
1,21 - 2,00 0,598 0,930 -0,043 0,005
> 2,01 1,006 0,720 0,626 0,279
Analisando a Figura 68 percebe-se que as regiões de Grão Mogol, Jequitaí e
Datas/Extração mostram uma associação forte com a categoria 0,01 – 0,25 ct. Isso indica que
os diamantes das regiões mencionadas possuem uma característica geral de pesos baixos. De
modo diferente, a região do Distrito de Coromandel apresenta uma associação com a
categoria > 2,01 ct. Este é um indicativo de que os diamantes procedentes de Coromandel são
os que apresentam maior quilatagem. Notadamente, também a Província Noroeste São
Francisco está mais associada a diamantes de quilatagem alta (categoria 1,21 a 2,00 ct) e a
região do Rio Jequitinhonha está mais associada a diamantes com peso entre 0,61 e 1,20 ct.
164
componente
componente
1,00,50,0-0,5
1,0
0,5
0,0
-0,5
Mais de 2,01
1,21 a 2,00
0,61 a 1,20
0,26 a 0,60
0,01 a 0,25
Serra da Canastra
Rio Jequitinhonha
Noroeste S Francisco
Jequitaí
Grão Mogol
Datas/Extração
Coromandel
Região x Peso
Figura 68: Associação entre região de produção e peso dos diamantes.
6.2.3.2 - Variável Cor
Analisando a Tabela 27 é possível concluir que a primeira componente está mais
relacionada com as regiões de Datas/Extração, Rio Jequitinhonha, Província Noroeste São
Francisco, Distrito Coromandel e Província Serra da Canastra. A segunda componente está
mais relacionada com os distrito de Jequitaí e de Grão Mogol. A análise da Tabela 28 permite
observar que a primeira componente está mais relacionada com as categorias incolor e
incolor-amarelado; e a segunda componente está mais relacionada com as categorias
amarelado e cor industrial.
A Figura 69 mostra que as regiões de Jequitaí e Rio Jequitinhonha estão mais
associadas aos diamantes da categoria incolor amarelado. Já a região de Grão Mogol
apresenta forte associação com os diamantes amarelados. O Distrito de Coromandel e a
Província Serra da Canastra denotam associação com diamantes incolores.
165
Tabela 27: Coordenadas principais das linhas (variável cor).
Componente 1 Componente 2
Região
Coeficiente Correlação Coeficiente Correlação
Província Serra do Espinhaço
Distrito Diamantina
Datas/Extração
0,492 0,855 0,175 0,109
Rio Jequitinhonha
0,435 0,630 -0,332 0,367
Distrito Grão Mogol
0,450 0,347 0,610 0,637
Distrito Jequitaí
-0,038 0,051 -0,146 0,734
Província Alto Paranaíba
Distrito Coromandel
-0,512 0,771 0,074 0,016
Província Noroeste São
Francisco
-0,249 0,931 0,037 0,020
Província Serra da Canastra
Distrito Alto São Francisco -0,527 0,774 -0,061 0,009
Tabela 28: Coordenadas principais das colunas (variável cor).
Componente 1 Componente 2
Cor
Coeficiente Correlação Coeficiente Correlação
Amarelado 0,389 0,343 0,538 0,656
Cor industrial -0,163 0,127 0,242 0,282
Fancy -0,961 0,393 0,182 0,014
Incolor -0,667 0,980 0,003 0,000
Incolor amarelado 0,300 0,636 -0,226 0,360
componente
componente
0,500,250,00-0,25-0,50-0,75-1,00
0,50
0,25
0,00
-0,25
-0,50
-0,75
-1,00
Incolor_amarelado
Incolor
Fancy
Cor industrial
Amarelado
Serra da Canastra
Rio Jequitinhonha
Noroeste S Francisco
Jequitaí
Grão Mogol
Datas/Extração
Coromandel
Região x Cor
Figura 69: Associação entre região de produção e cor dos diamantes.
166
6.2.3.3 – Variável Forma
A análise da Tabela 29 leva a concluir que a primeira componente está mais
relacionada com as regiões de Datas/Extração, Rio Jequitinhonha e a Província Serra da
Canastra. A segunda componente está mais relacionada com Distrito de Coromandel e
Província Noroeste São Francisco. Já a análise da Tabela 30 mostra que a primeira
componente está mais relacionada com a categoria rombododecaedro e a segunda componente
está mais relacionada com a categoria irregular.
Na análise da Figura 70 percebe-se que a região do Rio Jequitinhonha apresenta
forte associação com a categoria de forma geminado. A região de Datas/Extração mostra-se
mais associada a diamantes com forma rombododecaedro e a Província Serra da Canastra
apresenta associação com as categorias octaedro, agregado e irregular. Uma observação deve
ser feita com relação à associação da forma agregado e a região da Serra da Canastra. No total
da amostra coletada, o número de diamantes agregados é pequeno, entretanto a maior
concentração está na Província Serra da Canastra.
Tabela 29: Coordenadas principais das linhas (variável forma).
Componente 1 Componente 2
Região
Coeficiente Correlação Coeficiente Correlação
Província Serra do Espinhaço
Distrito Diamantina
Datas/Extração
0,280 0,764 -0,055 0,029
Rio Jequitinhonha
0,280 0,808 0,106 0,116
Distrito Grão Mogol
-0,014 0,004 0,159 0,541
Distrito Jequitaí
0,198 0,218 0,313 0,544
Província Alto Paranaíba
Distrito Coromandel
0,035 0,022 -0,216 0,851
Província Noroeste São
Francisco
-0,002 0,000 -0,334 0,841
Província Serra da Canastra
Distrito Alto São Francisco -0,714 0,989 0,063 0,008
Tabela 30: Coordenadas principais das colunas (variável forma).
Componente 1 Componente 2
Forma
Coeficiente Correlação Coeficiente Correlação
Agregado -0,448 0,494 0,041 0,004
Geminado 0,274 0,397 0,084 0,037
Irregular -0,316 0,587 -0,264 0,411
Octaedro -0,327 0,693 0,215 0,299
Rombododecaedro 0,379 0,986 -0,009 0,001
167
componente
componente
0,500,250,00-0,25-0,50-0,75
0,50
0,25
0,00
-0,25
-0,50
-0,75
Rombo
Octa
Irregular
Geminado
Agregado
Serra da Canastra
Rio Jequitinhonha
Noroeste S Francisco
Jequitaí
Grão Mogol
Datas/Extração
Coromandel
Região x Forma
Figura 70: Associação entre região de produção e forma dos diamantes.
6.2.3.4 – Variável Pureza
Analisando a Tabela 31 é possível concluir que a primeira componente está mais
relacionada com as regiões do Rio Jequitinhonha e Província Serra da Canastra. A segunda
componente está mais relacionada com os campos de Datas/Extração e o Distrito de Grão
Mogol. Já a análise da Tabela 32 denota que a primeira componente está mais relacionada
com diamantes de maior pureza (categorias 1 a 3) e os diamantes de menor pureza (categoria
5), e a segunda componente está mais relacionada com diamantes de pureza intermediária
(categoria 4).
168
Tabela 31: Coordenadas principais das linhas (variável pureza).
Componente 1 Componente 2
Região
Coeficiente Correlação Coeficiente Correlação
Província Serra do Espinhaço
Distrito Diamantina
Datas/Extração
-0,102 0,039 -0,416 0,641
Rio Jequitinhonha
-0,511 0,958 0,078 0,022
Distrito Grão Mogol
-0,019 0,004 -0,210 0,521
Distrito Jequitaí
-0,245 0,576 0,205 0,402
Província Alto Paranaíba
Distrito Coromandel
0,218 0,659 0,135 0,255
Província Noroeste São
Francisco
0,414 0,398 0,463 0,495
Província Serra da Canastra
Distrito Alto São Francisco 0,527 0,854 -0,121 0,045
Tabela 32: Coordenadas principais das colunas (variável pureza).
Componente 1 Componente 2
Pureza
Coeficiente Correlação Coeficiente Correlação
1 -0,344 0,952 0,076 0,046
2 0,504 0,833 0,187 0,115
3 0,340 0,483 -0,207 0,179
4 -0,028 0,002 -0,604 0,852
5 0,612 0,602 -0,003 0,000
Analisando a Figura 71 percebe-se que as regiões do Rio Jequitinhonha e Distrito
de Jequitaí estão mais associados à pureza 1, com grande número de diamantes classificados
nessa categoria. Entretanto, esperava-se que a Província Serra da Canastra também estivesse
associada à diamantes mais puros (purezas 1 e 2). Tal fato, pode ser entendido, analisando-se
a tabela de frequência para os dados, onde percebe-se que a Serra da Canastra é a 2ª região
com maior número de diamantes com Pureza 5. Por isso a Figura 71 mostra a Província Serra
da Canastra fortemente associada a diamantes de pureza 5.
169
componente
componente
0,750,500,250,00-0,25-0,50
0,75
0,50
0,25
0,00
-0,25
-0,50
Pureza 5
Pureza 4
Pureza 3
Pureza 2
Pureza 1
Serra da Canastra
Rio Jequitinhonha
Noroeste S Francisco
Jequitaí
Grão Mogol
Datas/Extração
Coromandel
Região x Pureza
Figura 71: Associação entre região de produção e pureza dos diamantes.
6.2.3.5 – Variável Dissolução
Ao analisar a Tabela 33 conclui-se que a primeira componente está mais
relacionada com os distritos de Grão Mogol e Coromandel. A segunda componente está mais
relacionada com a Província Serra da Canastra. A Tabela 34 mostra que a primeira
componente está mais relacionada com os diamantes corroídos, dissolvidos ou com
dissolução no nível médio/visível. A segunda componente está mais relacionada com a
categoria frosting.
170
Tabela 33: Coordenadas principais das linhas (variável dissolução).
Componente 1 Componente 2
Região
Coeficiente Correlação Coeficiente Correlação
Província Serra do Espinhaço
Distrito Diamantina
Datas/Extração
0,196 0,232 0,070 0,029
Rio Jequitinhonha
-0,414 0,634 -0,313 0,363
Distrito Grão Mogol
-0,399 0,858 0,116 0,072
Distrito Jequitaí
-0,639 0,472 0,621 0,445
Província Alto Paranaíba
Distrito Coromandel
0,825 0,974 -0,061 0,005
Província Noroeste São
Francisco
-0,086 0,270 0,072 0,192
Província Serra da Canastra
Distrito Alto São Francisco 0,014 0,003 0,226 0,870
Tabela 34: Coordenadas principais das colunas (variável dissolução).
Componente 1 Componente 2
Dissolução
Coeficiente Correlação Coeficiente Correlação
Corrosão 1,345 0,845 -0,095 0,004
Dissolvido 0,608 0,913 0,121 0,036
Frosting 0,129 0,031 -0,554 0,582
Imperceptível -0,501 0,476 0,509 0,491
Médio/Visível -0,259 0,736 -0,153 0,257
Analisando a Figura 72 percebe-se que a região de Jequitaí apresenta maior
associação com os diamantes de grau de dissolução imperceptível. A região do Distrito
Coromandel mostra associação com os diamantes da categoria dissolvido. A Província Serra
da Canastra não apresenta relação clara com nenhuma das categorias de dissolução, pois
associa-se tanto a diamantes com pouca ou nenhuma dissolução (médio/visível e
imperceptível) quanto com diamantes dissolvidos.
171
componente
componente
1,51,00,50,0-0,5
1,5
1,0
0,5
0,0
-0,5
dio/Visível
Imperceptível
Frosting
Dissolvido
Corrosão
Serra da Canastra
Rio Jequitinhonha
Noroeste S Francisco
Jequitaí
Grão Mogol
Datas/Extração
Coromandel
Região x Dissolão
Figura 72: Associação entre região de produção e dissolução dos diamantes.
6.2.3.6 – Variável Clivagem Superimposta (Quebras)
A análise da Tabela 35 permite concluir que a Província Serra da Canastra mostra
maior associação com a segunda componente. As demais regiões aparecem relacionadas com
a primeira componente. Em análise da Tabela 36 nota-se que a primeira componente está mais
relacionada com diamantes intactos, com lascas ou com quebras perceptíveis. A categoria de
diamantes levemente quebrados apresenta associação similar tanto com a primeira quanto
com a segunda componente.
A Figura 73 denota que a região do Distrito Coromandel apresenta maior
associação com lascas ou cristais com quebras perceptíveis. Os distritos de Grão Mogol e
Jequitaí, o Rio Jequitinhonha e os campos de Datas/Extração (pertencentes à Província Serra
do Espinhaço) apresentam maior associação com diamantes intactos.
172
Tabela 35: Coordenadas principais das linhas (variável clivagem superimposta).
Componente 1 Componente 2
Região
Coeficiente Correlação Coeficiente Correlação
Província Serra do Espinhaço
Distrito Diamantina
Datas/Extração
-0,248 0,553 0,036 0,012
Rio Jequitinhonha
-0,253 0,826 0,106 0,144
Distrito Grão Mogol
-0,110 0,731 0,061 0,229
Distrito Jequitaí
-0,286 0,773 0,148 0,205
Província Alto Paranaíba
Distrito Coromandel
0,516 0,962 0,097 0,034
Província Noroeste São
Francisco
0,443 0,829 -0,137 0,079
Província Serra da Canastra
Distrito Alto São Francisco
-0,084 0,057 -0,339 0,921
Tabela 36: Coordenadas principais das colunas (variável clivagem superimposta).
Componente 1 Componente 2
Clivagem Superimposta
(quebras)
Coeficiente Correlação Coeficiente Correlação
Intactos -0,148 0,993 0,011 0,005
Lascas 0,976 0,806 0,138 0,016
Levemente quebrados 0,511 0,499 -0,508 0,493
Quebras perceptíveis 0,664 0,784 0,307 0,168
componente
componente
1,000,750,500,250,00-0,25-0,50
1,00
0,75
0,50
0,25
0,00
-0,25
-0,50
Quebras perceptíveis
Levemente quebrados
Lascas
Inteiro
Serra da Canastra
Rio Jequitinhonha
Noroeste S Francisco
Jequitaí
Grão Mogol
Datas/Extração
Coromandel
Região x Clivagem superimposta
Figura 73: Associação entre região de produção e clivagem superimposta nos diamantes.
173
6.2.3.7 – Variável Capas
A Tabela 37 denota que a primeira componente está mais relacionada com as
regiões de Datas/Extração, Distrito de Coromandel, Província Noroeste São Francisco e
Província Serra da Canastra, enquanto a segunda componente mostrou-se mais relacionada
com a região do Distrito de Jequitaí. A Tabela 38 mostra que a primeira componente está mais
associada aos diamantes com manchas verdes, pontos verdes ou sem capas. Já os diamantes
com capas amarelas/marrons estão mais relacionados à segunda componente.
Tabela 37: Coordenadas principais das linhas (variável capas).
Componente 1 Componente 2
Região
Coeficiente Correlação Coeficiente Correlação
Província Serra do Espinhaço
Distrito Diamantina
Datas/Extração
-0,474 0,745 0,109 0,039
Rio Jequitinhonha
-0,368 0,706 0,209 0,228
Distrito Grão Mogol
-0,240 0,774 0,129 0,224
Distrito Jequitaí
-0,454 0,090 -1,444 0,909
Província Alto Paranaíba
Distrito Coromandel
0,422 0,997 -0,005 0,000
Província Noroeste São
Francisco
0,433 0,996 -0,016 0,001
Província Serra da Canastra
Distrito Alto São Francisco 0,500 0,990 -0,036 0,005
Tabela 38: Coordenadas principais das colunas (variável capas).
Componente 1 Componente 2
Capas
Coeficiente Correlação Coeficiente Correlação
Amarelas/Marrons -1,066 0,095 -3,283 0,903
Manchas verdes -0,723 0,716 0,359 0,177
Pontos verdes -0,875 0,929 0,132 0,021
Sem capas 0,207 0,996 -0,013 0,004
A Figura 74 destaca que o Distrito de Jequitaí é a região que apresenta a maior
associação a diamantes com capas amarelas/marrons (praticamente só ocorrem ali). As
Províncias Serra da Canastra e Noroeste São Francisco são as que aparecem mais associadas a
diamantes sem presença de capas. Já as regiões do Rio Jequitinhonha, Coromandel, Distrito
de Grão Mogol e dos campos de Datas/Extração apresentam associação a diamantes com
manchas ou pontos verdes.
174
1ª componente
componente
10-1-2-3
1
0
-1
-2
-3
Sem capas
Pontos verdes
Manchas verdes
Amarelas/Marrons
Serra da Canastra
Rio Jequitinhonha
Noroeste S Francisco
Jequitaí
Grão Mogol
Datas/Extração
Coromandel
Região x Capas
Figura 74: Associação entre região de produção e capas dos diamantes.
6.2.3.8 – Variável Qualificação Comercial
A análise da Tabela 39 permite concluir que a primeira componente está mais
relacionada com as regiões do Distrito de Jequitaí e Rio Jequitinhonha, enquanto a segunda
componente mostrou-se mais relacionada com a região do Distrito de Grão Mogol e Província
Serra da Canastra. A Tabela 40 mostra que a primeira componente está mais associada aos
diamantes com qualificação comercial do tipo gema 2 e indústria e a segunda componente
está mais associada aos diamantes do tipo gema 1.
A Figura 75 mostra que a região de Datas/Extração apresenta maior associação
com diamantes de qualificação industrial. A Província Serra Canastra apresentou-se mais
associada a cristais do tipo gema 1. Diamantes gema 2 mostraram-se mais associados às
regiões do Rio Jequitinhonha e do Distrito de Jequitaí. Embora fosse esperado que o Distrito
de Coromandel aparecesse mais associado a diamantes de qualificação gema 2, o gráfico
(Figura 67) mostra um comportamento diferente. Tal fato pode ser entendido ao observar na
Tabela 23, onde na amostra coletada, ocorre um maior número de diamantes do tipo chip (179
do tipo chip e 128 do tipo gema 2). Essa diferença é pequena, se observado o tamanho da
amostra (179-128 = 51 = 2,3%). Com relação aos diamantes do tipo gema 2, observa-se
175
grande número na região do Rio Jequitinhonha e também na região do Distrito de
Coromandel. Como a amostra coletada foi maior no Rio Jequitinhonha, pode ter ocorrido
certa tendência a que essa região aparecesse mais associada ao tipo gema 2.
Tabela 39: Coordenadas principais das linhas (variável qualificação comercial).
Componente 1 Componente 2
Região
Coeficiente Correlação Coeficiente Correlação
Província Serra do Espinhaço
Distrito Diamantina
Datas/Extração
0,476 0,598 0,372 0,366
Rio Jequitinhonha
-0,323 0,977 0,050 0,023
Distrito Grão Mogol
0,007 0,000 0,339 0,892
Distrito Jequitaí
-0,475 0,764 -0,052 0,009
Província Alto Paranaíba
Distrito Coromandel
0,128 0,198 0,007 0,001
Província Noroeste São
Francisco
-0,160 0,286 -0,204 0,467
Província Serra da Canastra
Distrito Alto São Francisco 0,245 0,208 -0,459 0,730
Tabela 40: Coordenadas principais das colunas (variável qualificação comercial).
Componente 1 Componente 2
Qualificação comercial
Coeficiente Correlação Coeficiente Correlação
Chip 0,056 0,046 -0,062 0,057
Gema 1 0,075 0,013 -0,624 0,924
Gema 2 -0,313 0,826 0,127 0,135
Indústria 0,448 0,747 0,236 0,207
176
componente
componente
0,500,250,00-0,25-0,50-0,75
0,50
0,25
0,00
-0,25
-0,50
-0,75
Indústria
Gema 2
Gema 1
Chip
Serra da Canastra
Rio Jequitinhonha
Noroeste S Francisco
Jequitaí
Grão Mogol
Datas/Extração
Coromandel
Região x Qualificação comercial
Figura 75: Associação entre região de produção e qualificação comercial dos diamantes.
6.3 – COMPARAÇÃO ENTRE UMA ÁREA SELECIONADA NA PROVÍNCIA COM
A REGIÃO COMO UM TODO
A comparação entre regiões foi realizada com a finalidade de testar se os
resultados obtidos pelos métodos estatísticos aplicados foram eficazes no sentido de se
reconhecer a procedência de lotes de diamantes, segundo suas macro características. Para
tanto, foram selecionadas regiões específicas de duas províncias distintas, Serra do Espinhaço
e Alto Paranaíba. Desse modo, a intenção é verificar se os resultados mostrarão semelhanças
entre a área escolhida e as províncias e/ou distritos a que pertencem.
Na Província Serra do Espinhaço, foi selecionada uma certa região do rio
Jequitinhonha, denominada Caçaratiba, e a comparação do banco de dados de diamantes
dessa área é realizada com os dados anteriormente analisados do Distrito de Diamantina: o
Rio Jequitinhonha e os campos de Datas/Extração. Ressalta-se ainda que pelo fato da
proximidade da região de Caçaratiba com Grão Mogol, os dados deste distrito também foram
inclusos no teste. Na Província Alto Paranaíba, essa comparação ocorre cruzando-se o banco
177
de dados de diamantes recuperados especificamente do rio Douradinho, com os mesmos
resultados anteriormente analisados da referida província.
Novamente a metodologia utilizada será a análise de correspondência e os
resultados são mostrados a seguir. Inicialmente, foi realizado o teste Qui-Quadrado, com o
intuito de verificar se existe associação entre a variável sob estudo e as regiões de procedência
dos diamantes. Tais resultados podem ser visualizados na Tabela 41.
Tabela 41: Resultados do teste Qui-Quadrado para variáveis sob estudo.
Variável Qui-Quadrado P-Valor*
Peso 908,96 0
Cor 610,43 0
Forma 103,48 0
Pureza 284,45 0
Dissolução 721,32 0
Clivagem 248,14 0
Capas 281,92 0
Qualificação
comercial
197,03 0
*P-valor não significativo, muito próximo de zero.
De acordo com a Tabela 41 pode-se dizer que existe associação entre a região de
coleta dos dados e qualquer uma das variáveis sob estudo (peso, cor, forma, pureza,
dissolução, clivagem, capas e qualificação comercial). Partindo-se da informação de que
existe associação entre a região de procedência e as variáveis analisadas, o objetivo é verificar
como se dá essa associação.
6.3.1 - Variável Peso
A Tabela 42 mostra que a primeira componente está mais relacionada com as
regiões de Caçaratiba, Datas/Extração, Distrito de Grão Mogol e a Província Alto Paranaíba; a
segunda componente está associada à região do Rio Jequitinhonha. A Tabela 43 denota que a
primeira componente está mais relacionada a pesos muito baixos (0,01 – 0,25 ct) bem como
pesos elevados (acima de 1,21 ct). A segunda componente está mais relacionada aos
diamantes com pesos intermediários.
178
Tabela 42: Coordenadas principais das linhas (variável peso).
Componente 1 Componente 2
Região
Coeficiente Correlação Coeficiente Correlação
Província Serra do Espinhaço
Distrito Diamantina
Caçaratiba -0,897 0,881 0,321 0,118
Datas/Extração -0,678 0,960 0,136 0,038
Rio Jequitinhonha 0,100 0,040 -0,491 0,952
Distrito Grão Mogol -0,751 0,901 0,247 0,097
Província Alto Paranaíba
Distrito Coromandel 0,809 0,881 0,381 0,181
Rio Douradinho 0,239 0,388 -0,125 0,107
Tabela 43: Coordenadas principais das colunas (variável peso).
Componente 1 Componente 2
Peso
Coeficiente Correlação Coeficiente Correlação
0,01 - 0,25 -0,637 0,930 0,182 0,068
0,26 - 0,60 0,151 0,355 -0,147 0,339
0,61 - 1,20 0,298 0,216 -0,556 0,753
1,21 - 2,00 0,667 0,985 -0,052 0,006
Mais de 2,01 1,125 0,717 0,704 0,281
Analisando a Figura 76 percebe-se que as regiões de Caçaratiba, Grão Mogol e
Jequitaí apresentam forte associação com diamantes de baixo peso (0,01 – 0,25). Já o Distrito
de Coromandel apresenta uma associação com a categoria > 2,01. Este é um indicativo de que
os diamantes de Coromandel são os que apresentam maior peso. Pode-se dizer também que a
região do Rio Douradinho está associada às categorias de diamantes com peso intermediário
(0,26 – 0,60 e 1,21 – 2,00). Para o Rio Jequitinhonha ocorre a associação com diamantes de
peso entre 0,61 e 1,20 ct. De certa forma, é possível concluir que a região de Caçaratiba
possui diamantes com peso similar aos diamantes das regiões de Grão Mogol e
Datas/Extração. A mesma conclusão não pode ser obtida com relação às regiões do rio
Douradinho e Distrito de Coromandel. Entretanto, essas duas regiões mostram muitas
semelhanças, quando outras variáveis (e não o peso) são analisadas.
179
componente
componente
1,00,50,0-0,5-1,0
1,0
0,5
0,0
-0,5
-1,0
Mais de 2,01
1,21 a 2,00
0,61 a 1,20
0,26 a 0,60
0,01 a 0,25
Rio Jequitinhonha
Rio Douradinho
Grão Mogol
Datas/Extração
Coromandel
Caçaratiba
Região x Peso
Figura 76: Associação entre região de produção e peso dos diamantes.
6.3.2 - Variável Cor
Analisando a Tabela 44 é possível concluir que a segunda componente está mais
relacionada com a região do Rio Jequitinhonha; e as demais regiões mostraram-se mais
associadas com a primeira componente. A segunda componente está mais relacionada com os
distritos de Jequitaí e de Grão Mogol. Em análise da Tabela 45 observa-se que a primeira
componente está mais relacionada com as categorias fancy, incolor e incolor amarelado; e a
segunda componente está mais relacionada com as categorias amarelado e cor industrial.
180
Tabela 44: Coordenadas principais das linhas (variável cor).
Componente 1 Componente 2
Região
Coeficiente Correlação Coeficiente Correlação
Província Serra do Espinhaço
Distrito Diamantina
Caçaratiba -0,687 0,697 -0,002 0,000
Datas/Extração 0,408 0,786 -0,176 0,146
Rio Jequitinhonha 0,430 0,663 -0,305 0,335
Distrito Grão Mogol 0,330 0,227 0,605 0,764
Província Alto Paranaíba
Distrito Coromandel -0,581 0,950 -0,043 0,005
Rio Douradinho -0,456 0,983 0,027 0,003
Tabela 45: Coordenadas principais das colunas (variável cor).
Componente 1 Componente 2
Cor
Coeficiente Correlação Coeficiente Correlação
Amarelado 0,237 0,166 0,531 0,832
Cor industrial 0,064 0,015 0,374 0,505
Fancy -1,101 0,661 -0,116 0,007
Incolor -0,728 0,977 -0,032 0,002
Incolor amarelado 0,334 0,706 -0,216 0,294
A Figura 77 mostra que o Rio Jequitinhonha está mais associado a diamantes
incolor-amarelados. O Distrito de Grão Mogol e os campos de Datas/Extração mostraram-se
mais associadas aos diamantes ‘amarelados’ e de ‘cor industrial’. As regiões de Caçaratiba,
Rio Douradinho e Distrito de Coromandel mostraram maior associação com diamantes
incolor e fancy.
181
componente
componente
0,500,250,00-0,25-0,50-0,75-1,00-1,25
0,50
0,25
0,00
-0,25
-0,50
-0,75
-1,00
-1,25
Incolor_amarelado
Incolor
Fancy
Cor industrial
Amarelado
Rio Jequitinhonha
Rio Douradinho
Grão Mogol
Datas/Extração
Coromandel
Caçaratiba
Região x Cor
Figura 77: Associação entre região de produção e cor dos diamantes.
6.3.3 - Variável Forma
Analisando a Tabela 46 é possível concluir que a primeira componente está mais
relacionada com as regiões de Caçaratiba, Rio Jequitinhonha, Distrito de Coromandel e Rio
Douradinho. A segunda componente está mais relacionada com os campos de Datas/Extração
e Distrito de Grão Mogol. Em análise da Tabela 47 nota-se que a primeira componente está
mais relacionada com a categoria irregular e a segunda componente está mais relacionada
com a categoria agregado.
Tabela 46: Coordenadas principais das linhas (variável forma).
Componente 1 Componente 2
Região
Coeficiente Correlação Coeficiente Correlação
Província Serra do Espinhaço
Distrito Diamantina
Caçaratiba 0,239 0,815 0,007 0,001
Datas/Extração 0,049 0,055 -0,146 0,488
Rio Jequitinhonha 0,166 0,813 -0,051 0,076
Distrito Grão Mogol 0,058 0,035 0,303 0,957
Província Alto Paranaíba
Distrito Coromandel -0,260 0,994 0,018 0,004
Rio Douradinho -0,211 0,711 -0,112 0,202
182
Tabela 47: Coordenadas principais das colunas (variável forma).
Componente 1 Componente 2
Forma
Coeficiente Correlação Coeficiente Correlação
Agregado -0,383 0,213 0,717 0,746
Geminado 0,033 0,021 -0,018 0,002
Irregular -0,339 0,990 -0,023 0,006
Octa 0,162 0,494 0,159 0,330
Rombo 0,076 0,410 -0,087 0,203
Ao observar a Figura 78 percebe-se que a região do Distrito de Coromandel
apresenta maior associação com a categoria irregular. Os diamantes de forma geminado e
rombododecaedro mostram-se mais associados às regiões de Caçaratiba, Rio Jequitinhonha e
Datas/Extração. A forma octaedro aparece mais associada ao Distrito de Grão Mogol. Torna-
se importante salientar que a forma dos diamantes, nas regiões do Rio Douradinho e do
Distrito de Coromandel (pertencentes a Província Alto Paranaíba) apresentaram-se associadas
a diferentes categorias. Nesse caso, tal fato ocorre com poucas variáveis (a forma é uma
destas). Para as demais variáveis, as referidas áreas sempre estão associadas a uma mesma
categoria, sendo um forte indicativo de semelhança entre esses diamantes.
componente
componente
0,750,500,250,00-0,25-0,50
0,75
0,50
0,25
0,00
-0,25
-0,50
Rombo
Octa
Irregular
Geminado
Agregado
Rio Jequitinhonha
Rio Douradinho
Grão Mogol
Datas/Extração
Coromandel
Caçaratiba
Região x Forma
Figura 78: Associação entre região de produção e forma dos diamantes.
183
6.3.4 - Variável Pureza
A Tabela 48 possibilita concluir que a primeira componente está mais relacionada
com as regiões do Rio Jequitinhonha, Distrito de Coromandel e Rio Douradinho. A segunda
componente está mais relacionada com os campos de Datas/Extração. Já a análise da Tabela
49 mostra que a primeira componente está mais relacionada com diamantes de maior pureza
(1 a 3) bem como de menor pureza (5), enquanto a segunda componente está mais relacionada
com diamantes de pureza intermediária (4).
Tabela 48: Coordenadas principais das linhas (variável pureza).
Componente 1 Componente 2
Região
Coeficiente Correlação Coeficiente Correlação
Província Serra do Espinhaço
Distrito Diamantina
Caçaratiba -0,320 0,455 0,287 0,366
Datas/Extração -0,001 0,000 -0,442 0,864
Rio Jequitinhonha 0,416 0,933 0,111 0,066
Distrito Grão Mogol -0,060 0,031 -0,177 0,273
Província Alto Paranaíba
Distrito Coromandel -0,354 0,893 0,112 0,090
Rio Douradinho -0,150 0,949 -0,012 0,066
Tabela 49: Coordenadas principais das colunas (variável pureza).
Componente 1 Componente 2
Pureza
Coeficiente Correlação Coeficiente Correlação
1 0,242 0,915 0,073 0,083
2 -0,506 0,897 0,128 0,058
3 -0,164 0,404 -0,056 0,048
4 -0,012 0,000 -0,617 0,972
5 -0,675 0,406 -0,142 0,018
Na Figura 79 percebe-se que o Rio Jequitinhonha está mais associado à pureza 1.
Os diamantes de pureza 2 mostraram maior associação com as regiões do Distrito de
Coromandel e Caçaratiba. Os diamantes com pureza 3 apresentaram maior associação com as
regiões do Rio Douradinho e de Grão Mogol. Os campos de Datas/Extração apresentam-se
mais associados à pureza 4.
184
componente
componente
0,500,250,00-0,25-0,50-0,75
0,50
0,25
0,00
-0,25
-0,50
-0,75
Pureza 5
Pureza 4
Pureza 3
Pureza 2
Pureza 1
Rio Jequitinhonha
Rio Douradinho
Grão Mogol
Datas/Extração
Coromandel
Caçaratiba
Região x Pureza
Figura 79: Associação entre região de produção e pureza dos diamantes.
6.3.5 - Variável Dissolução
A Tabela 50 denota que a primeira componente está mais relacionada com as
regiões de Grão Mogol, Rio Jequitinhonha, Rio Douradinho e do Distrito de Coromandel. A
segunda componente está mais relacionada com região de Caçaratiba. A Tabela 51 mostra que
a primeira componente está mais relacionada com os diamantes corroídos, dissolvidos ou com
dissolução do tipo médio/visível. A segunda componente está mais relacionada com a
categoria frosting.
Tabela 50: Coordenadas principais das linhas (variável dissolução).
Componente 1 Componente 2
Região
Coeficiente Correlação Coeficiente Correlação
Província Serra do Espinhaço
Distrito Diamantina
Caçaratiba -0,548 0,402 0,652 0,570
Datas/Extração 0,128 0,113 -0,024 0,004
Rio Jequitinhonha -0,499 0,809 -0,230 0,171
Distrito Grão Mogol -0,496 0,833 0,202 0,139
Província Alto Paranaíba
Distrito Coromandel 0,667 0,985 -0,015 0,001
Rio Douradinho 0,890 0,973 0,065 0,005
185
Tabela 51: Coordenadas principais das colunas (variável dissolução).
Componente 1 Componente 2
Dissolução
Coeficiente Correlação Coeficiente Correlação
Corrosão 1,054 0,807 0,252 0,046
Dissolvido 0,714 0,959 0,017 0,001
Frosting 0,270 0,132 -0,442 0,354
Imperceptível -0,658 0,562 0,579 0,436
Médio/Visível -0,362 0,885 -0,130 0,113
Na Figura 80 percebe-se que as regiões da Província Alto Paranaíba (Rio
Douradinho e Distrito de Coromandel) apresentam maior associação com diamantes
dissolvidos. A região do Rio Jequitinhonha apresenta-se mais associada aos diamantes com
dissolução no nível médio/visível e a região de Caçaratiba mostrou associação a diamantes
com dissolução imperceptível.
componente
componente
1,00,50,0-0,5
1,0
0,5
0,0
-0,5
dio/Visível
Imperceptível
Frosting
Dissolvido
Corrosão
Rio Jequitinhonha
Rio Douradinho
Grão Mogol
Datas/Extração
Coromandel
Caçaratiba
Região x Dissolão
Figura 80: Associação entre região de produção e dissolução dos diamantes.
186
6.3.6 - Variável Clivagem Superimposta (Quebras)
A Tabela 52 leva a concluir que a primeira componente mostrou-se associada com
todas as regiões analisadas. O mesmo ocorre com as coordenadas principais das colunas: é
possível observar uma associação da primeira componente com todas as categorias da
variável clivagem superimposta (Tabela 53).
Tabela 52: Coordenadas principais das linhas (clivagem superimposta).
Componente 1 Componente 2
Região
Coeficiente Correlação Coeficiente Correlação
Província Serra do Espinhaço
Distrito Diamantina
Caçaratiba 0,213 0,767 -0,117 0,233
Datas/Extração 0,278 0,648 0,203 0,347
Rio Jequitinhonha 0,294 0,979 -0,043 0,021
Distrito Grão Mogol 0,148 0,944 -0,017 0,012
Província Alto Paranaíba
Distrito Coromandel -0,443 0,972 -0,074 0,027
Rio Douradinho -0,595 0,925 0,167 0,073
Tabela 53: Coordenadas principais das colunas (clivagem superimposta).
Componente 1 Componente 2
Clivagem superimposta
Coeficiente Correlação Coeficiente Correlação
Intacto 0,174 0,997 0,0009 0,003
Lascas -0,953 0,857 0,386 0,141
Levemente quebrados -0,758 0,990 0,041 0,003
Quebras perceptíveis -0,576 0,856 -0,235 0,142
Na Figura 81 percebe-se que todas as regiões da Província Serra do Espinhaço
(Datas/Extração, Caçaratiba, Grão Mogol e Rio Jequitinhonha) mostram forte associação com
a categoria de diamantes intactos. Os diamantes levemente quebrados estão mais associados à
região do rio Douradinho e aqueles com quebras perceptíveis mostraram maior associação
com o Distrito de Coromandel.
187
componente
componente
0,500,250,00-0,25-0,50-0,75-1,00
0,50
0,25
0,00
-0,25
-0,50
-0,75
-1,00
Quebras perceptíveis
Levemente quebrados
Lascas
Inteiro
Rio Jequitinhonha
Rio Douradinho
Grão Mogol
Datas/Extração
Coromandel
Caçaratiba
Região x Clivagem
Figura 81: Associação entre região de produção e clivagem dos diamantes.
6.3.7 - Variável Capas
A Tabela 54 permite concluir que a primeira componente está mais relacionada
com as regiões de Datas/Extração, Rio Jequitinhonha, Distrito de Coromandel e Rio
Douradinho, enquanto a segunda componente mostrou-se mais relacionada com a região de
Caçaratiba. A Tabela 55 mostra a primeira componente associada preferencialmente aos
diamantes com manchas verdes, pontos verdes ou sem capas. Já os diamantes com capas
amarelas/marrons estão mais relacionados à segunda componente.
Tabela 54: Coordenadas principais das linhas (variável capas).
Componente 1 Componente 2
Região
Coeficiente Correlação Coeficiente Correlação
Província Serra do Espinhaço
Distrito Diamantina
Caçaratiba -0,248 0,403 -0,301 0,593
Datas/Extração -0,370 0,632 0,282 0,368
Rio Jequitinhonha -0,270 0,914 -0,082 0,084
Distrito Grão Mogol -0,148 0,905 0,047 0,090
Província Alto Paranaíba
Distrito Coromandel 0,485 1,000 -0,003 0,000
Rio Douradinho 0,559 0,992 0,050 0,008
188
Tabela 55: Coordenadas principais das colunas (variável capas).
Componente 1 Componente 2
Capas
Coeficiente Correlação Coeficiente Correlação
Amarelas/Marrons -0,784 0,396 0,944 0,575
Manchas verdes -0,583 0,769 -0,319 0,231
Pontos verdes -0,716 0,912 0,223 0,088
Sem capas 0,207 0,999 0,007 0,001
A Figura 82 destaca que as regiões da Província Alto Paranaíba (Rio Douradinho
e Distrito de Coromandel) mostraram associação com diamantes sem capas. Já as regiões da
Província Serra do Espinhaço (Caçaratiba, Datas/Extração, Grão Mogol e Rio Jequitinhonha)
mostraram maior associação a diamantes com capas, manchas e pontos verdes.
componente
componente
1,00,50,0-0,5-1,0
1,0
0,5
0,0
-0,5
-1,0
Sem capas
Pontos verdes
Manchas verdes
Amarelas/Marrons
Rio Jequitinhonha
Rio DouradinhoGrão Mogol
Datas/Extração
Coromandel
Caçaratiba
Região x Capas
Figura 82: Associação entre região de produção e capas dos diamantes.
189
6.3.8 – Variável Qualificação Comercial
A Tabela 56 leva a concluir que a primeira componente está mais relacionada com
as regiões de Caçaratiba, Datas/Extração e Rio Jequitinhonha, enquanto a segunda
componente mostrou-se mais relacionada com as regiões dos distrito de Grão Mogol e de
Coromandel. A Tabela 57 mostra que a primeira componente está mais associada aos
diamantes com qualificação comercial do tipo gema 1 e indústria e a segunda componente
está mais associada aos diamantes do tipo chip.
Tabela 56: Coordenadas principais das linhas (qualificação comercial).
Componente 1 Componente 2
Região
Coeficiente Correlação Coeficiente Correlação
Província Serra do Espinhaço
Distrito Diamantina
Caçaratiba 0,275 0,717 0,150 0,214
Datas/Extração 0,503 0,980 0,049 0,009
Rio Jequitinhonha -0,328 0,939 0,083 0,060
Distrito Grão Mogol 0,099 0,169 0,214 0,784
Província Alto Paranaíba
Distrito Coromandel 0,006 0,000 -0,299 0,994
Rio Douradinho 0,039 0,197 0,012 0,018
Tabela 57: Coordenadas principais das colunas (qualificação comercial).
Componente 1 Componente 2
Qualificação comercial
Coeficiente Correlação Coeficiente Correlação
Chip -0,037 0,021 -0,247 0,958
Gema 1 -0,287 0,610 -0,182 0,246
Gema 2 -0,197 0,567 0,172 0,432
Indústria 0,467 0,982 0,062 0,017
Observando a Figura 83 percebe-se que o Distrito de Coromandel apresenta maior
associação a diamantes com qualificação comercial chip. A região de Datas/Extração
apresenta maior associação a categoria indústria e a região do Rio Jequitinhonha está mais
associada à gema 2.
190
componente
componente
0,50,40,30,20,10,0-0,1-0,2-0,3-0,4
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0,0
-0,1
-0,2
-0,3
-0,4
Indústria
Gema 2
Gema 1
Chip
Rio Jequitinhonha
Rio Douradinho
Grão Mogol
Datas/Extração
Coromandel
Caçaratiba
Região x Qualificação comercial
Figura 83: Associação entre região de produção e qualificação comercial dos diamantes.
191
7 - DISCUSSÕES
Os resultados estatísticos obtidos sobre as características das populações das
quatro províncias diamantíferas mineiras, comparados entre si, levam à constatação de que
existem diferenças bastante nítidas entre os lotes de cada uma destas. De modo geral, os
resultados corroboram descrições fornecidas em diversos estudos anteriores realizados em
algumas destas regiões por outros autores.
Na Tabela 58, apresenta-se um resumo das principais características das
populações das províncias diamantíferas, bem como os aspectos contrários, ou seja, aqueles
que não devem ser considerados ou raramente podem ser verificados em indivíduos
procedentes das referidas regiões.
Tabela 58: Síntese das características mais importantes das populações de diamantes das
províncias estudadas, enfatizando os aspectos “relevantes” e “contrários”.
PROVÍNCIA
DIAMANTÍFERA
DISTRITOS/
CAMPOS
ASPECTOS
RELEVANTES
ASPECTOS
CONTRÁRIOS
Alto Paranaíba
Coromandel alta quilatagem
cores fancies
alta dissolução
quebras
capas
Serra da Canastra
Alto São Francisco baixa quilatagem
cristais incolores
forma octaedro
agregados cristalinos
cores fancies
quebras
capas
Noroeste São
Francisco
média/alta quilatagem
cores fancies
cristais irregulares
quebras
Jequitaí baixa quilatagem
f. rombododecaedro
cristais intactos
capas amarelas
cores fancies
quebras
corrosão
Grão Mogol baixa quilatagem
f. rombododecaedro
agregados cristalinos
cristais intactos
capas verdes
cores fancies
quebras
corrosão
Diamantina
Datas/Extração baixa quilatagem
f. rombododecaedro
cristais intactos
capas verdes
cores fancies
agregados
quebras
corrosão
Serra do Espinhaço
Rio Jequitinhonha média quilatagem
f. rombododecaedro
cristais intactos
capas verdes
cores fancies
agregados cristalinos
quebras
corrosão
192
De acordo com a estatística descritiva, bem como na análise de correspondência,
nota-se que para o fator peso os resultados foram similares. Este fator mostra-se bastante
equiparado entre os distritos diamantíferos da Província Serra do Espinhaço (Jequitaí e Grão
Mogol), bem como no campo de Datas/Extração, em todos predominando pedras entre 0,01 a
1,2 ct. Além disso, verifica-se a quase ausência de cristais maiores, superiores a 2 ct.
Contudo, o Rio Jequitinhonha mostra uma tendência para cristais maiores do que nas demais
áreas do Espinhaço.
No cruzamento de varáveis entre peso e forma, os campos de Datas/Extração e os
distritos de Grão Mogol e de Jequitaí apresentam probabilidade maior à ocorrência de pesos
menores, com forma rombododecaedro, irregular e ocatedro (Foto 19). No Rio Jequitinhonha,
as maiores probabilidades tendem à forma rombododecaedro, nas diversas categorias de peso.
Para todas as regiões da Serra do Espinhaço, o cruzamento entre variáveis peso e capa mostra
que predominam diamantes sem capas principalmente na classe de peso de menor quilatagem.
Foto 19: Diamantes do Distrito de Diamantina, denotando formas rombododecaedro e
octaedro (peso em torno de 2 ct). Autor: M.L.S.Chaves.
Em ambos os métodos estatísticos aplicados, a região do Alto Paranaíba mostra
uma tendência populacional de ocorrência de cristais maiores, fato já observado em outros
estudos do gênero (Chaves & Chambel 2003, Liccardo & Svisero 2005). Praticamente todos
os grandes diamantes brasileiros são provenientes dessa região (Barbosa et al. 1970, Barbosa
193
1991), destacando-se o Presidente Vargas com 726,7 ct, recuperado no rio Santo Antônio do
Bonito (Reis 1959). O cruzamento entre variáveis peso e forma dos diamantes do Alto
Paranaíba, denota probabilidade para formas octaedros, rombododecaedros e irregulares
distribuídos em diferentes pesos. No que refere-se ao cruzamento de pesos e capas, o
percentual é irrelevante e somente aparece para cristais com pesos de muito baixa
quilatagem.
Na Província Noroeste São Francisco, assim como no Alto Paranaíba também
predominam os cristais de maior quilatagem. Podem-se ainda obter diversas frequências de
probabilidade entre peso e forma. As capas aparecem em percentuais muito baixos e nas
categorias de peso menores.
Na Província Serra da Canastra, embora prevaleçam pedras com faixa de peso
menores, diferentemente do Espinhaço aparece um valor considerável de cristais maiores do
que 2 ct. Na relação entre peso e forma, predominam pesos de menor quilatagem nas formas
octaedro e irregular. Capas não são observadas nos diamantes desta província.
Embora a tendência geral de cor das pedras da Província Serra do Espinhaço seja
o incolor-amarelado, ocorre uma exceção ao Distrito de Grão Mogol, onde esse percentual se
mescla também com o amarelado (Fotos 20 a 23). No cruzamento de varáveis entre cor e
pureza, nos campos de Datas/Extração, Distrito de Jequitaí e Rio Jequitinhonha é bastante
notória a probabilidade de ocorrência de diamantes incolor-amarelados com pureza 1. Em
Grão Mogol predomina a cor amarelada, também com pureza 1.
Na Província Alto Paranaíba, bem como na do Noroeste São Francisco ocorre
uma oscilação entre as cores incolor e incolor-amarelado (Foto 24). O percentual de fancy
mostra-se significativo, sendo que estes aparecem somente em tais províncias, e prevalecem
as cores amarelo e rosa (Fotos 25 e 26). No que se refere às variáveis entre cor e pureza, para
ambas as províncias a probabilidade de maior ocorrência é para cristais incolores com pureza
1, embora na região do Noroeste São Francisco também haja predomínio cristais incolor-
amarelados com pureza 2.
Na Província Serra da Canastra predominam cristais incolores (Foto 27) e as
maiores probabilidades de ocorrência se dão em cristais incolores, com pureza 2.
A forma de ocorrência mais comum verificada na Província do Espinhaço é o
rombododecaedro, destacando-se também a forma octaedro. Tal afirmação corrobora os
estudos de Chaves (1997) e Chaves & Chambel (2003). Ressalta-se que na análise de
correspondência, o Rio Jequitinhonha mostrou grande afinidade com formas geminadas. Esse
fato se dá devido ao maior número de cristais nessa categoria, registrado no total da amostra
194
coletada. O cruzamento de varáveis entre forma e qualificação comercial para os distritos de
Grão Mogol, Jequitaí e para o Rio Jequitinhonha mostram-se semelhantes; as maiores
probabilidades de ocorrência de diamantes aparecem com qualificação gema 2 com forma
rombododecaedro. O campo de Datas/Extração não define tendências específicas, e mostram
múltiplas possibilidades.
Foto 20: Diamantes do Distrito de Jequitaí. A
maior pedra, à esquerda pesa 2,65 ct.
Foto 21: Detalhe de um cristal do Distrito de
Jequitaí, com peso de aproximadamente 4 ct.
Foto 22: Pequeno lote de diamantes do
Distrito de Grão Mogol.
Foto 23: Lote de diamantes do Distrito de
Diamantina, ressaltando a nítida presença de
capas e pontos verdes (peso em torno de 1 ct).
Autor: A. Banko.
195
Foto 24: Diamantes da região de Coromandel com alta quilatagem e presença de dissolução
marcante. As cores que predominam são incolor e incolor-amarelado e ocorrem fancies
(amarelo-canário e rosa-light). O octaedro no canto inferior direito pesou 4,7 ct.
Foto 25: Diamante rosa-light pesando 5,92
ct, recuperado do rio Santo Antônio do
Bonito, em Coromandel. Autor: H.O.
Cookenboo.
Foto 26: Diamante rosa intenso pesando 0,48
ct, recuperado do rio Douradinho, em
Coromandel.
196
Foto 27: Lote de diamantes da Província da Serra da Canastra. Cristais pequenos, quase
sempre incolores, com forma octaédrica e pouca dissolução.
Na Província do Alto Paranaíba e Noroeste São Francisco, predominam cristais
rombododecaedros e irregulares. Kaminsky et al. (2001) também concluíram em seus estudos
que a forma predominante para essas regiões é o rombododecaedro. O cruzamento de
variáveis entre forma e qualificação comercial mostra possibilidades diversas para ambas as
províncias.
Na Serra da Canastra predominam os octaedros, fato que está em concordância
com as descrições de Cookenboo (2005) que destaca a forte ocorrência de cristais octaédricos
e pouco dissolvidos nesta região. No cruzamento das variáveis entre forma e qualificação
comercial, a maior probabilidade de ocorrência são para diamantes de forma octaedro com
qualificação gema 1.
De modo geral, os diamantes da Província Serra do Espinhaço classificam-se nos
graus de pureza entre 1 e 2, sendo relevante ainda a pureza 4. O Alto Paranaíba, mostra
tendência às purezas 1 e 2 e Noroeste São Francisco às purezas 1, 2 e 3, enquanto a Serra da
Canastra possui percentuais mais elevados nos graus de pureza 2 e 3. Na análise de
correspondência, tal província está mais associada à pureza 5 (conforme anteriormente
197
explicitado), e isso ocorre devido ao maior número de diamantes nessa categoria no total da
amostra.
Os diamantes da Serra do Espinhaço geralmente apresentam algum grau de
dissolução, e em sua maioria estão classificados no médio/visível, por vezes com alguma
corrosão e/ou frosting. O Distrito de Jequitaí se destaca por apresentar um elevado percentual
no nível de dissolução imperceptível. Para todas as áreas de tal província, o cruzamento de
variáveis entre dissolução e clivagem superimposta (quebras), destaca a maior probabilidade
para cristais intactos e com dissolução médio/visível.
A população de diamantes da Província Alto Paranaíba mostra elevados
percentuais de cristais com dissolução e também com corrosão (Foto 28), enquanto que o
cruzamento de varáveis entre dissolução e clivagem superimposta destaca cristais dissolvidos
e intactos, bem como intactos, mas com dissolução médio/visível.
Foto 28: Lote de diamantes da região de Coromandel. Nota-se intensa dissolução, formas
irregulares, incolores e alguns com inclusões grandes (o cristal maior pesa 13,2 ct).
Na Província Noroeste São Francisco, a maioria dos cristais aparece na categoria
de dissolução médio/visível, mas é considerável ainda os graus imperceptível e dissolvido.
Predomina a probabilidade de ocorrência de cristais intactos com dissolução no grau médio
visível (Foto 29).
198
Foto 29: Lote de diamantes da Província Noroeste São Francisco, ressaltando sua
heterogeneidade. Nota-se cristais com dissolução, formas rombododecaédricas, octaédricas,
irregulares e lascas; de incolores a amareladas e marrons, sendo uma rosa-light; algumas com
capa verde e as de maior quilatagem clivadas.
A Serra da Canastra está associada a cristais em sua maioria no nível de
dissolução médio/visível, seguido de dissolvidos e imperceptível. A maior probabilidade de
ocorrência é para diamantes sem clivagem e com dissolução médio/visível.
Em termos de clivagem, o maior percentual de cristais quebrados foi observado
nas províncias Alto Paranaíba e Noroeste São Francisco (Foto 30), onde ocorrem muitas
lascas, cristais com quebras perceptíveis e levemente quebrados, respectivamente. Na Serra da
Canastra destacam-se cristais com quebras perceptíveis.
Na Província Serra do Espinhaço essa tendência é insignificante. Ocorre uma
maior proporção de pedras clivadas no Distrito de Grão Mogol, em relação aos distritos de
Diamantina e de Jequitaí. Estes dados são também corroboram os estudos de Chaves &
Chambel (2003).
199
Foto 30: Diamantes da Província Noroeste São Francisco, com lascas e quebras perceptíveis,
os dois centrais com frosting e o da esquerda com cor fancy rosa. Este último diamante pesou
1,8 ct.
A presença de capas verdes é muito característica nas pedras da Serra do
Espinhaço. De modo geral, foi verificado que cerca de 30% do total de cristais analisados
possuem capas verdes, com exceção na região de Jequitaí que divide esse mesmo percentual
entre as capas verdes e amarelas/marrons, comuns apenas nesse distrito e ausentes nas outras
áreas do Espinhaço.
Nas províncias do Alto Paranaíba e Noroeste São Francisco, aparece uma discreta
ocorrência de capas verdes. Ressalta-se que no Alto Paranaíba as capas foram observadas
apenas em microdiamantes recuperados da bacia do rio Douradinho (Foto 31). Estudo
realizado em microdiamantes dessa área, por Chaves et al. (2005), mostrou que cerca de
3,22% indivíduos analisados apresentavam capas verdes. Neste aspecto, Chaves & Chambel
(2003), argumentam que as capas são raríssimas nos macrodiamantes de Coromandel
(<0,6%), e salientam ainda que quando presentes, o aspecto geral destas mostra-se com
aspecto desgastado ou muito tênue.
200
Foto 31: Microdiamantes do rio Douradinho (Província Alto Paranaíba). Nota-se alguns
cristais com capa verde mas com características típicas da região, alguns de cor fancy
(amarelo-canário); e com formas de rombododecaedro, octaedro e irregular; muito dissolvidos
e lascas. Autor: S.Melo.
Considerando-se os parâmetros mineralógicos analisados, as populações de
diamantes da Província Espinhaço foram classificadas como gemas 1 e 2, sendo baixo o
percentual considerado industrial, com exceção à Grão Mogol e os campos de Datas/Extração,
que revelam um valor mais elevado de pedras industriais do que nas demais áreas da
província.
A região do Alto Paranaíba mostra uma certa tendência entre gemas 2, chips e
indústria. Para esta região, Chaves & Chambel (2003) também destacam a presença bastante
frequente de cristais de qualidade industrial, o que coincide com os resultados aqui obtidos.
A Província Noroeste São Francisco mostra um maior percentual de gemas 2,
chips e gema 1. A ocorrência de pedras de qualidade industrial é menor do que no Alto
Paranaíba, mas ainda assim, considerável. Ressalta-se que com relativa frequência são
encontrados no rio Abaeté diamantes considerados “carbonados”. Entretanto, um exame a
olho nu de algumas dessas pedras, levam a concluir que não se tratam de autênticos
carbonados, apresentando maior semelhança com framesitas (uma variedade preta do bort,
201
com menor densidade) (Foto 32). Contudo, estudos mais aprofundados são necessários para
que se possa confirmar tal afirmação.
Foto 32: Agregados cristalinos borts escuros, encontrados com relativa frequência no rio
Abaeté (maior com 33,12 ct e o menor com 1,72 ct).
Os diamantes da Província Serra da Canastra são classificados em sua maioria
como gemas 1 e 2. Cristais com qualificação industrial também são relevantes (Foto 33). Vale
ressaltar que os resultados apresentados, abrangeram apenas cristais do Distrito Alto São
Francisco. Embora estudos específicos sobre os diamantes deste distrito ainda sejam escassos,
tais resultados vêm ao encontro de relatos de mineradores que atuaram na área.
202
Foto 33: Diamantes de qualificação industrial da Província Serra da Canastra. O cristal mais
superior pesou 2,6 ct.
7.1 - CONSIDERAÇÕES SOBRE CARACTERÍSTICAS MINERALÓGICAS E A
ORIGEM DOS DIAMANTES
As características mineralógicas das populações podem ser um importante
indicador no que se refere à origem da fonte do diamante. Sutherland (1982) demonstra a
sistemática variação no tamanho e na classificação dos diamantes a partir de suas fontes
primárias, como resultado do transporte fluvial ou marinho. Tal autor constatou que em
diversos depósitos de Serra Leoa e do centro da África (Zaire e Angola), diamantes originados
de áreas fontes restritas foram disseminados por milhares de quilômetros quadrados, o que
resultou em uma sistemática redução na média do tamanho dos cristais com o aumento da
distância transportada. Essa redução no tamanho, porém, foi acompanhada pela melhoria
gemológica dos diamantes, uma vez que os tipos de qualidade inferior (como geminados ou
borts) são pulverizados no trajeto. Assim, o valor absoluto de lotes de diamantes provenientes
de depósitos secundários representa um estado de equilíbrio entre o transporte (diminuição no
tamanho e no peso) e a qualificação gemológica (aumento da qualidade). Ressalta-se ainda
203
que kimberlitos em geral possuem um alto percentual de pedras clivadas, podendo atingir até
cerca de 70% do volume total, como na África do Sul (Williams 1932), o que constitui mais
uma evidência a favor do decréscimo de cristais deste tipo com o transporte. Os hábitos
cristalinos simples do diamante predominantes em kimberlitos e lamproítos são o octaedro e o
rombododecaedro (Harris et al. 1975, 1979, Hall & Smith 1984). O transporte, entretanto,
indica preferenciar a forma rombododecaédrica, conforme observado nos depósitos da
Namíbia, que contém uma elevada proporção deste hábito (Sutherland 1982). Tal fato pode
ser explicado pelo número superior de faces e pelo arredondamento destas causado pela
dissolução, resultando em um coeficiente hidrodinâmico maior do que os apresentados pelos
cristais com faces planas.
Quanto o aspecto morfológico, as feições mostradas pela população da Província
Serra do Espinhaço, com o predomínio de cristais de menor tamanho, as superfícies
geralmente intactas, e as formas comumente rombododecaédricas, levam a evidenciar que
esses diamantes podem ter sido transportados por longa distância antes de serem depositados
nos conglomerados do Supergrupo Espinhaço, estando portanto distante de sua fonte primária.
Estudos realizados por Chaves (1997), em diamantes da referida província, apresentaram
resultados similares aos obtidos no presente trabalho. Tal autor constatou uma significante
ocorrência de cristais de baixa quilatagem, o predomínio do hábito rombododecaédrico, a
reduzida proporção de cristais com defeitos ou grandes inclusões, raríssimos agregados
cristalinos, proporção de fragmentos de clivagem muito inferior à de cristais inteiros e a
considerável população de diamantes de qualificação gemológica. Chaves (1997) também
considera tais características, como um forte argumento a favor de uma origem distante para o
diamante da região. A Figura 84 mostra um modelo de evolução para os diamantes da Serra
do Espinhaço, proposto por Chaves & Chambel (2003).
Particularmente, com relação ao Distrito de Grão Mogol, assim como também
verificado neste trabalho, ocorre uma porcentagem menor de “gemas”. Chaves (1997), ainda
considera uma participação maior (embora rara) de borts e cubos, praticamente inexistentes
nos outros distritos do Espinhaço. Segundo tal autor, a presença dessas formas pode ser um
indicativo de uma origem “algo” mais próxima para tais diamantes embora suas
características gerais associem-se a um mesmo tipo de fonte que as das outras áreas da Serra
do Espinhaço.
204
Figura 84: Esquema para evolução geológica dos diamantes na Serra do Espinhaço desde sua
possível fonte, no manto terrestre, e intrusão de pipes no Cráton São Francisco (A). A partir
da intrusão dos pipes, os diamantes foram seguidamente mobilizados para os sedimentos
proterozóicos do Espinhaço (B), e destes para sedimentos mesozóicos (C), lateritas terciárias
(D), fanglomerados plio-pleistocênicos (E), colúvios sub-recentes (F) e aluviões recentes (G).
Extraído de Chaves & Chambel (2003).
Na Província Alto Paranaíba, onde ocorre maior frequência de pedras de grande
porte, bem como diamantes considerados “gigantes” (isto é, aqueles com mais de 100 ct),
embora também predominem formas rombododecaédricas, estas frequentemente mostram-se
clivadas e/ou muito dissolvidas. Pode-se considerar que a alta quilatagem, as superfícies
clivadas e a constante presença de lascas, sejam fatores que dificultam o transporte dessas
pedras, que acabam assim por permanecerem próximas de sua fonte originária. Desse modo,
não ocorre a seleção pelo transporte, o que explica a grande quantidade de pedras com
qualidade comercialmente inferior.
205
Um outro fator a ser considerado é a ocorrência de muitos corpos kimberlíticos e
lamproíticos já descritos na região, alguns mineralizados, embora, até então, considerados
anti-econômicos. Esses fatores representam fortes indícios de que as fontes primárias desses
diamantes são proximais. Tal hipótese é também apoiada por diversos autores, podendo-se
citar: Barbosa (1991), Chaves (1991), Kaminski et al. (2001), Svisero & Basei (2005) e
Liccardo & Svisero (2005). Quanto ao encontro periódico de diamantes gigantes, Liccardo &
Svisero (2005) ressaltam que como o diamante possui clivagem perfeita e baixa tenacidade,
parece pouco provável que os megacristais pudessem permanecer intactos a um transporte
prolongado antes de alcançar os sítios atuais. Os estudos efetuados por Kaminsky et al. (2001)
mostraram o predomínio de cristais rombododecaédricos arredondados com proporção
relativamente elevada de pigmentação marrom, e também com superfícies clivadas. A
presença e distribuição dos principais tipos morfológicos, entre os demais parâmetros
avaliados, também levaram esses autores a sugerirem que os diamantes da região de
Coromandel são derivados de uma fonte primária comum.
A Província Noroeste São Francisco mostra uma população bastante heterogênea,
onde em vários aspectos se assemelha muito à do Alto Paranaíba. Ocorrem diamantes de
ótima qualidade, diamantes “gigantes” e também as cores fancies são frequentemente
observadas. Aparecem tanto cristais intactos como lascas; e embora restrita, há presença de
capas. Considerando a ocorrência de kimberlitos na região, e as características dessa
população, pode-se pressupor que nessa província, ocorre mais de uma fonte alimentadora,
que poderiam ser de ambas origens, primárias e secundárias mais antigas.
A Figura 85 mostra o esquema de um possível modelo de evolução, o qual
poderia ser aplicado à região da Província Noroeste São Francisco.
A Província Serra da Canastra, Distrito Alto São Francisco, revelou uma
população muito característica de cristais incolores, formas octaédricas e com pouca
dissolução, características que tendem a não priorizarem o transporte das mesmas. Entretanto,
predomimam cristais de baixa quilatagem. Embora esses diamantes sejam considerados de
excelente qualidade gemológica, devido à cor e forma, é também considerável a proporção de
pedras industriais. A ocorrência de kimberlitos na região, alguns, comprovadamente
diamantíferos e potencialmente econômicos (Chaves et al. 2008a, b), permite assinalar que a
fonte primária desses diamantes tenha uma origem proximal.
206
Figura 85: Modelo de evolução, o qual poderia ser aplicado aos rios Indaiá, Borrachudo e
Abaeté, entre outros (Província Noroeste São Francisco). As fontes alimentadoras (no caso de
origem primária e secundária) distribuem os diamantes, os quais vão formando novos
depósitos secundários, até alcançarem o leito atual dos rios.
1) depósitos em conglomerados antigos dobrados, cujas fontes encontram-se erodidas; 2)
depósito primário; 3) depósitos em conglomerados não dobrados, expostos nos altos dos
planaltos, sob atividade erosiva; 4) depósitos coluvionares, situados próximos da rocha fonte,
que pode ser tanto de origem primária quanto secundária; 5) depósitos em terraços, que
ocorrem em posições topográficas superiores à do nível do rio atual; 6) depósitos de planícies
aluvionares dos rios; 7) depósitos dos leitos dos rios, formado pelos cascalhos na parte interna
dos rios atuais.
Embora este estudo não tenha abrangido o Distrito Médio Rio Grande, descrições
efetuadas por Gonçalves & Algarte (1988), bem como Etchebehere et al. (1991), caracterizam
os diamantes como pequenos (0,10 a 0,30 ct), incolores e eventualmente amarelo-claro,
amarelo-esverdeado ou champanhe, com predomínio de formas tetrahexaédricas e
dodecaédricas sobre cubos, octaedros, geminados e lascas, contendo, por vezes, inclusões.
Perdoncini (2003), descreve um lote de 27 exemplares recuperado de um afluente do rio
Sapucaizinho, onde cita aspectos similares, tais como cristais incolores e amarelo-claros,
monocristalinos a policristalinos, formas geminadas, fragmentos e marcas de percussão. A
maioria constituída por tetrahexaedros achatados, com menos de 0,30 ct.
De tal modo, as discussões apresentadas evidenciam a ocorrência de diferenças
significativas entre as populações dos dois distritos diamantíferos pertencentes à Província
Serra da Canastra.
Partindo-se dos indícios anteriormente citados, para o Distrito Médio Rio Grande
ressalta-se ainda que Arid & Barcha (1974) consideram as fontes diamantíferas secundárias a
partir das formações cretácicas Bauru (SP) e Uberaba (MG), defendendo uma correlação entre
as mesmas. Já Svisero et al. (1983) sugerem a existência de kimberlitos na região de Franca.
Para Leite et al. (1984), ainda que admitindo os conglomerados Bauru como diamantíferos,
207
relacionou sua fonte primária a um evento anterior aos diamictitos da Formação Aquidauana
ou ainda mais antigos (pré-cambrianos), e relacionou os diamantes aos metassedimentos do
Grupo Araxá.
Perdoncini (2003) sugere que a procedência dos diamantes da região de Franca
(Distrito Médio Rio Grande) esteja relacionada a partir de diferentes origens. As fontes
secundárias do mineral foram relacionadas ao Grupo Bauru e à Formação Franca
(Pleistoceno) e a principal área de suprimento estaria na faixa da Serra da Canastra. Chaves et
al. (2008a) corroboram com tal argumentação. Ressalta-se ainda que esse modelo está de
acordo com os principais estudos de proveniência dos sedimentos do Grupo Bauru a partir da
região mencionada (Figura 86) e, mesmo aceitando a possibilidade de fontes distintas dos
sedimentos Bauru/Franca, a existência de pelo menos uma população originada da região da
Canastra coaduna com a inserção do Distrito do Médio Rio Grande na Província Diamantífera
Serra da Canastra.
Figura 86: Modelo de sedimentação das unidades cretácicas no noroeste do Estado de São
Paulo a partir da região da Serra da Canastra. Fonte: Fernandes & Coimbra (1992).
208
8 – CONCLUSÕES
O estudo abrangeu lotes de diamantes das quatro províncias diamantíferas
mineiras, cuja coleta de dados foi realizada utilizando-se o método de footprinting. Os
resultados obtidos, após o tratamento estatístico destes dados, permitem afirmar que é
possível diferenciar-se lotes de diamantes com diferentes procedências, por meios ópticos,
excluindo-se assim a necessidade de análises laboratoriais físicas e químicas, de maior
complexidade e custos. Neste sentido, no que se refere à emissão do CPK, considera-se que
análises complexas são inviáveis no processo de identificação da procedência de lotes de
diamantes. Procedimentos que envolvam métodos laboratoriais requererem recursos e
técnicas de elevados custos financeiros; se realizados para um lote comercial destinado à
exportação, deve-se ressaltar ainda o tempo destinado a tais análises. Deve ser enfatizado que,
quando um certificado é requerido para a exportação, há necessidade de que o processo para
sua emissão seja o mais ágil possível, visando atender ao solicitante sem causar prejuízos
tendo em vista possíveis variações de preços.
Com o tratamento estatístico dos dados coletados sobre os diamantes, permite-se
que algumas considerações finais sejam assumidas. As populações de diamantes de cada uma
das províncias analisadas, possuem suas “assinaturas mineralógicas” específicas, que podem
ser assim sumariadas:
Na Província Serra do Espinhaço, tal população constitui-se de cristais de menor
quilatagem, de cor incolor-amarelada. O hábito cristalino predominante é o
rombododecaédrico, onde os cristais com defeitos ou grandes inclusões são de proporção
muito pequena, os agregados cristalinos são raríssimos e predominam os cristais intactos.
Essa população é constituída, em sua grande maioria, por diamantes de qualificação
gemológica. Essas características mineralógicas, aliadas aos aspectos geológicos envolvidos,
vem de encontro a hipóteses consideradas em outros estudos, que evidenciam uma provável
fonte originária distante para os diamantes da região.
Por sua vez, na Província Alto Paranaíba (Distrito de Coromandel), ocorre o
predomínio de cristais incolores a incolor-amarelados, com ocorrência de algumas cores
fancies. O peso médio envolve maior quilatagem, o hábito cristalino mais comum é o
rombododecaedro, porém ocorrem percentuais consideráveis de pedras irregulares, que
apresentam dissolução, corrosão e quebras. É considerável uma elevada proporção de pedras
comercialmente classificadas como chips e industriais. Essa população mostra-se muito
209
característica à de diamantes que passaram por um transporte curto, antes de terem sido
depositados nos atuais sítios, indicando a possibilidade de existência de kimberlitos ou
lamproítos férteis nas proximidades. Assim, considerando-se que ocorrem diversas intrusões
desses corpos na região, é bastante admissível que esses cristais possam ter sua origem em
fontes proximais. Tal hipótese é corroborada por estudos de vários outros autores.
A Província Noroeste São Francisco (Rio Abaeté), é caracterizada por uma
população de diamantes que em vários aspectos se assemelha à da Província Alto Paranaíba.
Entretanto, ela é muito mais heterogênea, abrangendo cristais de formas e tamanhos mais
diversificados, além da presença de capas. De tal maneira, é provável que nesta província os
diamantes sejam provenientes de mais de uma fonte alimentadora em termos de idades, uma
primária e outra secundária mais antiga.
Na Província Serra da Canastra (Distrito do Alto São Francisco), ocorre o
predomínio de cristais de baixa quilatagem, porém são em geral octaedros e incolores, o que
os classifica como gemológicos e de alto valor comercial, apesar da existência de elevada
proporção de pedras consideradas chips e industriais. Embora ocorra uma diferença nítida
entre os diamantes entre os lotes das regiões do Alto Paranaíba e da Serra da Canastra, as
características mineralógicas destes também evidenciam uma fonte proximal.
Deve-se considerar ainda, a grande quantidade de corpos kimberlíticos aflorantes
nesta última região, alguns comprovados economicamente como passíveis de explotação
(caso do Canastra-1). Contudo, a respeito conclui-se que há necessidade de estudos mais
aprofundados por notar-se que esses diamantes foram até então pouco abordados em
pesquisas acadêmicas. Sabe-se que vários corpos kimberlíticos foram pesquisados por
companhias multinacionais, como a SOPEMI (De Beers), visando suas potencialidades
econômicas para fins de exploração mineral. Entretanto pouco se conhece a respeito dos
resultados, uma vez que são mantidos sob forte sigilo.
Além disso, deve-se ressaltar que:
- Os resultados obtidos sobre as características das populações de diamantes de
Minas Gerais são passíveis de comparação com outros obtidos em estudos anteriores,
realizados por diversos autores, utilizando métodos de análise distintos. A partir da integração
desses resultados, também vem sendo possível chegar a um consenso a respeito das fontes
originárias dos diamantes.
210
- De acordo com os resultados, pode-se concluir que o método de análise de
correspondência foi eficaz no tratamento estatístico dos dados. Algumas das associações
encontradas não foram as esperadas, o que reafirma a suposição de que a amostragem foi
coletada de maneira aleatória dentro de cada região. Entretanto, tal aleatoriedade é muito
importante, pois garante que a amostra seja representativa de toda a população. Para uma boa
representatividade é essencial para que as análises produzam resultados concretos, uma vez
que, caso a amostra fosse viciada, as conclusões a partir desta não seriam confiáveis e não
poderiam ter embasamento estatístico.
- Os testes de comparação entre regiões de uma mesma província, mostrou
forte semelhança entre as populações do Rio Douradinho com o Distrito de Coromandel
(Província Alto Paranaíba), principalmente quando são analisadas as variáveis cor, dissolução
e capas. As regiões da Província Serra do Espinhaço (Caçaratiba, Datas/Extração, Grão
Mogol e Rio Jequitinhonha) mostraram grande similaridade quando as variáveis analisadas
foram clivagem superimposta e capas. De maneira geral, todas as regiões da Província Serra
do Espinhaço apresentaram alguma semelhança entre suas populações, exceto pelo Rio
Jequitinhonha (que parece apresentar uma diferença maior das demais regiões, dentro da
mesma província). Tal fato pode ser entendido por uma distribuição seletiva, ao longo da
extensão da drenagem. Nota-se que diamantes recuperados do próprio rio, especificamente
nos arredores de Caçaratiba, a qual está muito próxima do Distrito de Grão Mogol, em vários
aspectos apresenta similaridade mais forte com a população deste distrito do que com o
Distrito de Diamantina, onde ocorrem as cabeceiras do rio.
- O método proposto demonstrou apresentar eficiência em seu objetivo principal, o
qual visou indicar que é possível obter-se uma “assinatura mineralógica” de populações de
diamantes, e a partir dessa premissa, seja possível indicar sua procedência, uma exigência
necessária para a emissão da Certificação de Kimberley. Métodos com tal finalidade vem
sendo requisitados pela comissão do Fórum Brasileiro do Processo de Kimberley, como uma
exigência de se conhecer os produtos para fins de comparação e melhor adequação aos seus
propósitos.
211
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ANEXOS
V
olume, cts
V
alue, US$ US$ / cts
V
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V
alue, US$ US$ / cts
V
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V
alue, US$ US$ / cts Import Export
Angola 9,701,708.71 $1,271,955,353.15 $131.11 8,520,485.75 $1,129,774,806.55 $132.60 174
Armenia 255,005.14 $92,284,080.70 $361.89 17,258.17 $3,602,730.47 $208.76 249 31
Australia 18,538,645.31 $364,629,604.10 $19.67 443,606.37 $11,796,179.34 $26.59 19,862,137.62 $463,998,613.41 $23.36 118 174
Bangladesh 2,097.84 $237,532.09 $113.23 4
Belarus 88,100.51 $25,535,390.88 $289.84 2,861.25 $26,993.57 $9.43 35 3
Botswana 33,638,000.00 $2,960,144,000.00 $88.00 222,860.50 $119,446,442.21 $535.97 34,962,965.98 $3,170,056,591.20 $90.67 225 67
Brazil 256,964.00 $25,807,516.00 $100.43 6,606.65 $201,628.45 $30.52 168,070.79 $18,017,143.17 $107.20 10 54
Canada 17,007,850.00 $1,657,014,734.47 $97.43 1,034,728.60 $128,007,497.57 $123.71 17,444,702.83 $1,693,808,096.90 $97.10 320 298
Central African Republic 467,710.53 $59,857,870.53 $127.98 417,710.53 $59,857,870.53 $143.30 107
China, People's Republic of 61,373.33 $1,110,000.00 $18.09 26,625,366.82 $2,230,128,415.04 $83.76 15,886,844.33 $896,979,020.82 $56.46 3,389 1,764
Congo, Democratic Republic of 28,452,496.25 $364,783,294.22 $12.82 28,331,376.35 $609,833,223.00 $21.53 1,360
Croatia 527.56 $15,717.33 $29.79 3
European Community 186,660,168.95 $14,426,509,817.74 $77.29 184,435,162.57 $15,362,553,354.67 $83.30 10,140 33,246
Ghana 894,783.20 $23,202,421.73 $25.93 865,612.78 $27,863,557.48 $32.19 134
Guinea 1,018,722.90 $46,101,145.27 $45.25 108,761.62 $2,316,683.39 $21.30 1,009,732.96 $50,197,581.82 $49.71 8 154
Guyana 289,108.00 $34,399,461.00 $118.98 290,409.25 $35,967,068.92 $123.85 72
India 173,769,293.61 $9,664,344,752.49 $55.62 30,555,340.94 $601,053,027.52 $19.67 22,975 2,207
Indonesia 17,812.15 $4,691,284.50 $263.38 17,812.15 $4,691,284.50 $263.38 5
Israel 23,901,390.12 $5,858,193,455.77 $245.10 23,580,428.67 $4,135,209,707.34 $175.37 10,917 6,717
Japan 363,699.49 $42,969,903.45 $118.15 136,032.32 $33,572,647.85 $246.80 524 313
Korea, Republic of 144,179.51 $4,251,877.84 $29.49 14,529.55 $1,683,772.93 $115.89 210 45
Laos 120,561.51 $13,945,277.56 $115.67 7,998.50 $577,879.79 $72.25 57 30
Lebanon 1,708,022.58 $45,820,070.84 $26.83 1,429,411.94 $45,463,266.77 $31.81 55 34
Lesotho 454,014.21 $328,146,968.64 $722.77 224,936.88 $164,073,484.32 $729.42 22
Liberia 21,699.74 $2,657,541.58 $122.47 21,699.74 $2,657,541.58 $122.47 16
Malaysia 0.55 $402.00 $730.91 1
Mauritius 70,953.50 $30,339,839.82 $427.60 4,490.29 $1,021,078.37 $227.40 129 44
Namibia 2,266,099.53 $715,434,111.10 $315.71 148,028.51 $108,178,510.88 $730.80 2,266,463.84 $748,052,673.92 $330.05 94 60
New Zealand 60.49 $665.96 $11.01 1
Norway 1.85 $440.00 $237.84 2
Russian Federation 38,291,200.00 $2,625,100,500.00 $68.56 202,018.11 $20,229,218.37 $100.14 28,874,732.81 $2,022,499,682.82 $70.04 38 1,695
Sierra Leone 603,623.04 $141,565,685.21 $234.53 41.51 $30,045.00 $723.80 603,623.04 $141,565,685.21 $234.53 1 374
Singapore 997.68 $645,276.40 $646.78 990.85 $299,381.36 $302.15 8 5
South Africa 15,210,833.33 $1,417,331,400.12 $93.18 1,239,334.28 $2,113,894,527.23 $1,705.67 13,889,687.89 $1,867,334,580.89 $134.44 440 1,392
Sri Lanka 857,647.51 $283,719,821.45 $330.81 439,423.93 $82,950,829.93 $188.77 359 346
Switzerland 9,939,842.17 $1,393,586,527.00 $140.20 9,918,263.11 $1,623,687,356.00 $163.71 756 712
Tanzania 279,332.57 $28,315,098.53 $101.37 2,541.80 $487,356.85 $191.74 275,681.04 $28,496,515.65 $103.37 30 107
Thailand 2,558,477.36 $547,761,588.98 $214.10 1,560,511.40 $260,134,670.36 $166.70 1,440 831
Togo 17,362.03 $1,709,643.50 $98.47 13,091.71 $1,242,952.50 $94.94 4
Turkey 2,168.99 $63,648.13 $29.34 3
Ukraine 123,924.35 $25,836,479.29 $208.49 12,165.27 $781,183.60 $64.21 156 22
United Arab Emirates 42,633,760.33 $1,954,028,726.44 $45.83 40,200,303.32 $2,825,253,935.80 $70.28 1,754 2,548
United States of America 5,305,987.80 $899,494,032.92 $169.52 3,901,904.03 $568,954,560.19 $145.81 1,764 1,930
Venezuela 14,502.84 $1,192,284.96 $82.21
Vietnam 142,375.39 $25,732,145.61 $180.73 755,109.07 $141,497.18 $0.19 84 21
Zimbabwe 695,015.99 $31,400,903.61 $45.18 286.51 $13,248.15 $46.24 489,170.76 $23,377,870.35 $47.79 2 17
Chinese Taipei* 58,429.38 $2,233,951.20 $38.23 9,304.94 $433,978.16 $46.64 119 26
Totals 168,198,857.66 $12,106,550,822.22 $71.98 478,741,853.59 $40,072,280,734.37 $83.70 471,418,441.01 $38,707,748,137.40 $82.11 56,418 57,163
* - The Rough Diamond trading entity of Chinese Taipei has also met minimum requirements of the KPCS
7/24/2008
KPC Counts
Summary Report
Annual Global Summary: 2007 Production, Imports, Exports and KPC Counts
Source: Kimberley Process Certification Scheme
Country Name
Production Import Export
ANEXO 1-A
Annual Global Summary: 2008 Production, Imports, Exports and KPC Counts
Summary Report
Country Name
Production Import Export KPC Counts
V
olume, cts
V
alue, US$ US$ / cts
V
olume, cts
V
alue, US$ US$ / cts
V
olume, cts
V
alue, US$ US$ / cts Import Export
Angola 8,906,974.26 $1,209,789,970.30 $135.83 7,389,133.63 $995,408,419.35 134.7124669 185
Armenia 157,927.02 $61,098,887.80 $386.88 33,646.53 $6,242,311.54 185.5261609 174 33
Australia 14,932,137.41 $326,394,284.80 $21.86 101,384.36 $10,743,047.41 $105.96 15,444,180.05 $371,571,598.43 $24.06 114 144
Bangladesh 2,868.78 $570,232.19 $198.77 5
Belarus 0.00 $0.00 98,154.86 $34,273,265.07 $349.18 22,941.20 $4,530,845.10 $197.50 38 10
Botswana 32,276,000.00 $3,273,001,000.00 $101.41 388,210.14 $310,506,912.18 $799.84 26,950,309.90 $2,966,144,893.00 $110.06 271 175
Brazil 80,226.00 $6,221,579.00 $77.55 38,267.38 $573,046.41 $14.97 106,835.29 $9,362,524.66 $87.64 20 40
Canada 14,802,699.00 $2,254,710,603.69 $152.32 2,075,382.07 $263,207,044.01 $126.82 16,471,801.17 $2,416,652,304.99 $146.71 319 288
Central African Republic 377,209.12 $47,752,281.70 $126.59 377,210.12 $47,749,282.87 $126.59 93
China, People's Republic of 69,480.29 $1,370,000.00 $19.72 26,658,724.61 $2,331,180,223.94 $87.45 23,146,488.38 $1,821,156,879.42 $78.68 3,271 1,993
Congo, Democratic Republic of 33,401,927.71 $431,833,163.02 $12.93 21,284,136.73 $551,879,602.00 $25.93 1,104
Congo, Republic of 110,000.00 $5,250,000.00 $47.73 36,737.71 $1,019,705.00 $27.76 1
Croatia 0.00 $0.00 465.93 $15,774.14 $33.86 2
European Community 147,751,092.85 $14,507,530,886.09 $98.19 152,133,429.07 $14,704,833,773.29 $96.66
9,136 26,532
Ghana 643,289.21 $18,460,766.40 $28.70 629,043.12 $19,959,304.95 $31.73 120
Guinea 3,098,490.09 $53,698,455.99 $17.33 2,558.66 $174,132.85 $68.06 3,097,360.91 $66,705,270.41 $21.54 1 190
Guyana 193,027.00 $31,190,623.44 $161.59 193,026.80 $31,190,622.93 $161.59 61
India 0.00 $0.00 147,786,212.43 $9,591,555,855.97 $64.90 37,596,697.62 $829,588,202.61 $22.07 19,335 2,442
Indonesia 30,529.11 $7,899,875.78 $258.77 30,529.11 $7,899,875.78 $258.77 5
Israel 20,725,641.02 $5,357,613,277.09 $258.50 17,927,981.30 $4,197,589,593.39 $234.14 7,967 5,550
Japan 0.00 $0.00 361,767.72 $42,604,276.48 $117.77 131,759.87 $32,591,108.04 $247.35 574 294
Korea, Republic of 0.00 $0.00 215,905.53 $11,907,262.66 $55.15 22,490.96 $1,585,912.69 $70.51 193 45
Laos 121,525.74 $17,599,244.98 $144.82 20,708.24 $2,063,643.41 $99.65 67 39
Lebanon 0.00 $0.00 2,384,019.25 $46,882,110.81 $19.67 2,456,651.55 $48,475,333.94 $19.73 55 45
Lesotho 253,053.98 $222,680,825.09 $879.97 250,656.07 $250,522,308.33 $999.47 28
Liberia 47,006.50 $9,891,785.34 $210.43 46,888.03 $9,871,033.75 $210.52 53
Mauritius 53,445.86 $28,349,408.29 $530.43 2,424.35 $626,003.15 $258.21 114 50
Mexico 0.00 $0.00 0
Namibia 2,435,195.45 $918,033,930.96 $376.99 163,473.58
$167,242,714.06 $1,023.06 1,911,190.48 $764,655,701.30 $400.09 81 94
New Zealand 0.00 $0.00 991.39 $81,940.44 $82.65 88.01 $50,107.75 $569.34 3 1
Norway 0.02 $100.00 $5,000.00
Russian Federation 36,925,150.00 $2,508,957,130.00 $67.95 254,485.67 $60,862,529.14 $239.16 24,472,417.32 $1,607,134,138.60 $65.67 50 1,204
Sierra Leone 371,260.95 $98,772,170.78 $266.05 1,413.82 $1,782,954.00 $1,261.09 371,260.95 $98,772,170.78 $266.05 4 366
Singapore 0.00 $0.00 53,122.42 $894,955.90 $16.85 53,028.25 $908,572.25 $17.13 6 4
South Africa 12,901,019.00 $1,236,240,109.00 $95.82 588,320.51 $509,889,527.17 $866.69 10,023,302.47 $1,416,402,994.14 $141.31 275 1,173
Sri Lanka 777,182.58 $302,227,896.40 $388.88 503,338.20 $224,462,247.71 $445.95 396 398
Switzerland 8,433,932.48 $1,560,438,270.00 $185.02 8,006,659.96 $1,662,502,815.00 $207.64 672 648
Tanzania 237,675.72 $24,083,955.49 $101.33 990.28 $160,052.75 $161.62 220,661.99 $22,301,215.25 $101.07 2 114
Thailand 2,219,628.24 $512,220,430.91 $230.77 1,492,327.42 $264,346,769.00 $177.14 1,156 868
Togo 8,787.14 $927,756.85 $105.58 8,787.14 $927,756.85 $105.58 2
Turkey 38,787.01 $277,182.64 $7.15 71.85 $53,250.00 $741.13 13 1
Ukraine 64,388.00 $15,766,271.00 $244.86 1,260.00 $68,243.00 $54.16 86 12
United Arab Emirates 38,776,237.21 $2,155,662,557.83 $55.59 35,578,996.63 $3,085,225,776.67 $86.71 1,633 2,666
United States of America 4,742,887.52 $742,857,766.78 $156.63 3,493,154.57 $451,313,790.84 $129.20 1,550 1,714
Venezuela 9,380.94 $1,293,115.67 $137.84
Vietnam 0.00 $0.00 149,949.48 $26,387,959.92 $175.98 3,961.56 $166,017.13 $41.91 60 21
Zimbabwe 797,198.10 $43,825,425.05 $54.97 2,428.04 $535,472.63 $220.54 327,833.60 $26,693,385.58 $81.42 5 11
Chinese Taipei 44,548.95 $2,105,022.23 $47.25 8,938.78 $567,330.92 $63.47 96 25
Totals 162,907,716.98 $12,732,278,808.35 $78.16 405,236,321.41 $38,675,778,492.17 $95.44 412,280,346.88 $39,021,772,635.80 $94.65 47,744 48,842
* - The Rough Diamond trading entity of Chinese Taipei has also met minimum requirements of the KPCS
Source: Kimberley Process Certification Scheme 7/30/2009
ANEXO 1-B
ANEXO 2
Livros Grátis
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Milhares de Livros para Download:
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