112
i. “Babalorixá tem que ficar... esquecer todas as suas vaidades... e, num jogo, quando ele for
jogar, ele tem que perguntar e vê se aquela pessoa tem o Odu, né? Se tá no destino dela que
ela vai receber aquele cargo, porque o cargo não é uma coisa imposta. É uma conquista
espiritual.
j. “Uma coisa muito impressionante, que eu sempre questiono, é que... todo ser humano de
todas as religiões, eles procuram espiritualidade para ter materialidade. Eu acho
impressionante! Isso eu não consigo entender, até hoje, sendo um mesmo... um sacerdote
de Orixá. Mas a gente... é patético. Então, se existe isso, então, existe troca. Então qualquer
religião que venha pregar que não existe a troca, eu lhe dou isso pra tu me dar aquilo, ela
está sendo mentirosa. Todas elas, se não for pregado isso, mas dentro do íntimo tem isso.
Eu te sirvo para receber isso, eu te dou para ganhar isso. Isso é bem claro! Bem claro! Se
não há uma forma materializada de oferenda, mas é uma forma... eu sou seu servo, eu lhe
sirvo, então eu quero receber. Isso é bem claro! Não adianta mascarar, maquiar, que isso é
bem claro. Então, geralmente, as pessoas que vêm aqui, elas vem a procura de uma
espiritualidade pra ter materialidade. Isso em tudo! É bem claro!”.
k. “Os filhos da casa contribuem.... Os clientes contribuem... Candomblé é feito de doações.
E, que tem casas que exigem mais e outras menos. Eu não exijo nada. Eu faço... eu deixo
aberto. Acho que cada pessoa sabe que, quando vai ter festa, que o Orixá gosta, que o
Orixá precisa, que o Orixá necessita... Então, eu não determino, eu deixo em aberto,
porque acho que... uma maneira melhor dos filhos-de-santo interagirem, compartilharem.
Tem uns que não interagem de forma nenhuma. Já outros ajudam, outros não podem ajudar
financeiramente, mas ajudam trabalhando, e tudo.... Tem uns que só vêm pra festa. Esses
não ajudam em nada... Acredito que não têm o Candomblé como uma religião, têm como
uma diversão. Porque a gente também tem que saber administrar essas pessoas, porque,
isso não seria um motivo pra botar ele pra fora, né? Mas, infelizmente, elas nunca vão se
enquadrar como sendo da religião. Elas são meras pessoas que vão e, que frequenta só por
moda ou ...”
l. “o terreiro como lhe falei, ele é mantido com doações. Então, na medida que vai chegando
as pessoas, aquilo ali vai realizando os rituais também. Na medida que tem mais pessoas,
os rituais vão ficando maiores”.
m. “Tem pessoas que vão ser adaptadas e outras não conseguem cumprir ordens ou obedecer
ordens... Mas a hierarquia seria isso. Tanto para a parte religiosa, como a parte mesmo de
manter o Candomblé... É porque muita gente quer cargo, muita gente quer fazer parte da
hierarquia, porque é um destaque, é uma coisa de destaque dentro do Candomblé, mas que
não tem nenhum conhecimento para exercer tal cargo. Nem nunca vai ter. Então, isso é
uma coisa que acontece naturalmente, a escolha do cargo, não pode escolher uma pessoa
porque ela é pobre ou porque ela é rica, ou porque ela tem dinheiro ou porque não tem”.
n. “Infelizmente é muito comum, digo, infelizmente. Já existiu pessoas aqui, iniciadas na
minha casa, que queria dar determinadas oferendas, que o Orixá não estava pedindo. Seria
por uma vaidade, e não se dá aquilo que o Orixá não quer. Não se pode forçar ninguém a
receber um presente. Você não pode forçar ninguém a comer alguma coisa, então, isso não
é bom. Aquilo.... você pode até receber por educação, aquilo espontâneo, aquilo livre.
Então isso tem que ser cortado. Agora, abre aspas, tem muitos Babalorixás que, devido a
questão financeira e toda a obrigação que tem dinheiro ou algo assim, eles corrompem e
deixa os filhos dar determinadas oferendas que o santo não está pedindo, só pra ter, entrar