PEREIRA, U. S. B. (2009) Relações de suporte e bem-estar no trabalho em pessoas com
deficiência. Dissertação de Mestrado, Universidade Metodista de São Paulo, UMESP, São
Bernardo do Campo – SP
RESUMO
Desde tempos remotos é notória a busca da humanidade para entender e conquistar a
felicidade, qualidade de vida, bem-estar e saúde na sua plenitude bio-psico-social. Assim, o
objetivo geral deste estudo foi analisar as relações entre percepções de suporte (social, social
no trabalho e organizacional) e bem-estar no trabalho (satisfação no trabalho, envolvimento
com o trabalho e comprometimento organizacional afetivo) em trabalhadores com deficiência,
pois são poucas as pesquisas sobre pessoas com deficiência (PCD). O propósito em abordar o
trabalho é por ser um importante elemento de integração social e por constituir um símbolo de
reconhecimento social, valorizando a capacidade de estreitar contatos e de estabelecer
relações sociais. Deste estudo, participaram 44 trabalhadores com algum tipo de deficiência
que atuam em cargos operacionais, técnicos e administrativos. Todos foram escolhidos por
conveniência, sendo 24 (54,5%) do sexo masculino e 20 (45,5%) do sexo feminino, com
idade entre 18 e 65 anos. Foi possível classificar as deficiências dos participantes em quatro
categorias: deficiência nos membros superiores: 9 (20,5%) trabalhadores; deficiência nos
membros inferiores: 11 (25%) trabalhadores; deficiência auditiva: 21 (47,7%) trabalhadores;
deficiência visual: 3 (6,8%) trabalhadores. Para a coleta de dados foi utilizado questionário de
auto-preenchimento, composto de seis escalas que avaliam satisfação no trabalho,
envolvimento com o trabalho e comprometimento organizacional, além de suporte social,
suportes social no trabalho e organizacional. Foram realizadas análises estatísticas descritivas,
testadas diferenças entre médias, bem como calculados coeficientes de correlação entre
variáveis. Os resultados apontam que em termos de satisfação no trabalho, não revelam
discrepâncias entre estudos realizados com trabalhadores sem deficiências (considerados
“normais”). Também foi possível observar que as PCD declaram ter orgulho da empresa em
que trabalham, além de estarem contentes, entusiasmadas, interessadas e animadas com a
organização empregadora. O estudo revelou que as PCD obtêm de sua rede social, ajuda
emocional que lhes proporciona sentimento de apoio frente às dificuldades ou carências
afetivas, pois provavelmente entendam que podem contar com essa rede para comemorar
realizações e sucessos, da mesma forma que receber carinho e consolo quando se frustram ou
passam por algum momento triste. É possível afirmar que as PCD percebem que essa mesma
rede seria capaz de lhes prover algum apoio prático, como receber informações acerca de sua
saúde, talvez reabilitação, também informações para atualização profissional ou até
acompanhamento do seu desenvolvimento, inclusive busca de novas oportunidades e desafios
para crescimento pessoal e profissional. Os resultados desta pesquisa indicam que as PCD
tendem a manter uma forte convicção de que a empresa em que trabalham preocupa-se com
seu bem-estar e está disposta a oferecer ajuda diante uma necessidade. Demais resultados
sinalizam que as PCD tendem a aumentar o seu vínculo com o trabalho vivenciando mais
satisfação na medida em que também aumentam os suportes ofertados pela organização, pela
rede social no contexto do trabalho e fora dele. A análise de todo o conteúdo confeccionado é
a grande contribuição deste estudo, por ser considerado pioneiro nesta discussão, mas futuros
estudos podem vir a confirmar tais resultados e corroborar com mais informações.
Palavras-chave: saúde positiva; percepções de suporte, bem-estar no trabalho, pessoas com
deficiência.