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O Movimento das Cidades Jardins foi a mãe do movimento das Novas
Cidades. Neles o conceito de “estrutura social balanceada”, e do lazer
necessário, alcançou seu anticlímax máximo.
Nos lugares mais progressistas, a tradição das Cidades Jardins deu lugar
ao Movimento da Arquitetura Racionalista dos anos 30.
A grande diretriz social deste movimento foi a da limpeza de ruas sujas,
a provisão de sol, luz, ar, e espaço verde nas cidades superpopulosas.
Este conteúdo social esteve perfeitamente compatível com a forma da
arquitetura funcionalista, a arquitetura do período acadêmico, que
seguiu o grande período do cubismo, Dada, e Stijl, do espírito nouveau.
Este era o período da cozinha mínima e das quatro funções, o conceito
da arquitetura mecânica.
O descontentamento que nós sentimos hoje é devido à incapacidade de
qualquer um destes movimentos em prover um ambiente que configure
a idéia de ordem, como vista pela nossa geração. As configurações das
construções históricas não aconteceram por casualidade ou Arte,
alcançaram se desenho por uma organização significativa, e as formas
têm validez permanente, uma vida secreta que sobrevive à utilidade
direta delas. Cada um de nós reconhece a Rua, o Lugar, a Praça, o
Bulevar principal, o Kraal, ou o Bidonville, como invenções urbanas,
extensões da casa e componentes da cidade que satisfez as necessidades
e aspirações de gerações passadas, em outros lugares. Por que é que nós
não podemos achar para cada lugar, a forma para nossa geração? Nós
somos os membros de uma sociedade não-demonstrativa. Nós já não
nos agrupamos ao redor do poço, não nos encontramos na feira, não
dançamos na praça, não buscamos leite na fazenda, não visitamos para
saber notícias, e não viajamos para nos informar. Em nossas casas
chegam luz, calor, água, entretenimento, informação, comida, etc. Nós
já não somos obrigados por nossas necessidades físicas a participar dos
velhos padrões de associação. Seguramente nós devemos ficar furiosos
por continuar criando formas desenvolvidas em culturas anteriores com
seus padrões únicos de associação e até mesmo esperar que eles sejam
adequadas?
Na Inglaterra o problema é habitação urbana.
Deve-se achar uma configuração em que seja possível colocar uma casa
junto com outras de tipo semelhante, formando elementos maiores e
abrangentes que possam ser colocados juntos as outras construções já
existentes nos vilarejos ou pequenas cidades de tal modo que o novo
revitalize as estruturas tradicionalmente existentes e não as destrua. A
relação entre o campo e a cidade, o banco e a casa, a escola e o bar é
traduzida pela configuração que eles tomam. Configuração é uma força
ativa, ela cria a comunidade, é a vida em si, de forma manifesta.
Hoje nós temos uma sociedade alfabetizada. Não temos mais
camponeses. O homem profissional já não pode esconder a
incompetência dele atrás da cortina de ignorância. Nós estamos
envolvidos com habitações coletivas, não como reformadores mas
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