A RELAÇÃO INTERPESSOAL (3)
“O meu interesse de fazer o doutorado, também, foi
a (...) ter falado tão bem, e falar que eu já tinha a tese... E
eu conhecer a minha orientadora que eu ia ficar nos
próximos anos. Sabendo que ela é super light¸ super
tranqüila, que não ia ficar em cima de mim... (...) Quando o
seu chefe não ajuda, e só fica em cima de você, as coisas
não... Não sei, eu, pelo menos, não gostaria muito de
trabalhar nesse tipo de lugar, num lugar como esse. Eu
acho que a orientadora, ela te ajuda muito nessa parte
inicial de você pensar, ver o que você pode fazer, e ela vai
te guiar nisso. Mas, no meu caso, especificamente, a
orientadora foi uma das coisas decisivas para eu decidir
fazer o meu doutorado. Tipo, se não fosse a (...), eu não sei
se eu faria. Talvez se fosse com outro orientador (...) eu
não fizesse, entendeu?”
O PROGRAMA (1)
“(Entrei no Programa MD-PhD) pelo tempo.
Basicamente porque encurtava o tempo. E, óbvio, o grande
atrativo não era só esse, também. O grande atrativo é que,
um ano antes de se formar, você começava a ganhar uma
bolsa de doutorado. Então, esse aí é um atrativo bastante
importante. Eu precisava do dinheiro, então, „começa agora
o doutorado e ganha a bolsa‟. Já que estava fazendo
pesquisa, eu gostava de fazer pesquisa, eu queria fazer
pós-graduação de qualquer maneira. Então, tinha o atrativo
de encurtar o tempo, e o atrativo de ganhar a bolsa mais
cedo (...).”
A CARREIRA CIENTÍFICA (1)
“Eu estudei para ser médico, e vou ser medico, é o
que eu gosto. Eu gosto das pessoas, eu gosto do prazer
que dá de você tratar, e ver a pessoa melhorando. Então,
eu estou decidido: eu volto para clínica. E, lógico que,
agora, com uma visão totalmente diferente do que a que eu
tinha antigamente. Eu volto para clínica, mas eu volto para
clínica já pensando em fazer alguma pesquisa em coisas
que não tenham (pesquisa). (...) Eu já fico pensando num
pós-doc. Mas, agora, já na minha área.”
A FALTA DE TEMPO (5)
“A falta de ter uma certa comunicação, entendimento, entre o
que é feito pelo curso da graduação e a parte daqui que é feita na
pesquisa... Não há muita concessão de que “não, ele pode ser
liberado essa semana para ficar examinando paciente. Nós vamos
liberar tais horários de ambulatório, ou de enfermaria, para fazer as
atividades de laboratório”. Não existia, pelo menos, na minha
época, esse tipo de conversa. Então, você tinha, realmente, que ser
2 para dar conta do que tinha lá e do que tinha aqui. E como a,
obviamente, a graduação era prioridade... Pela própria concepção:
eu tinha que concluir a minha graduação, eu tinha que dedicar meu
tempo, principalmente, a graduação. E aí ficava difícil, cumprir
muitas coisas aqui no laboratório. (...) Eu não sei o que mudou de
lá até hoje, mas a idéia, quando eu entrei, era que os alunos do
internato fossem dispensados, em alguns períodos, para trabalhar
no programa, para trabalhar na tese. Não sei se isso entrou em
prática. (...) Eu acho que mudando, é um negócio que ajuda mais
ainda. Se o programa conseguir fazer isso, é uma coisa que ajuda
mais ainda.”
A FALTA DE RECURSOS (3)
“No Brasil, a gente tem muita pouca verba, eu acho que isso
é uma das maiores dificuldades da gente conseguir as coisas.”
O PAPEL DO ORIENTADOR (1)
“Outra coisa: talvez a falta de amparo de uma pessoa mais
experiente. (...) Quando eu falo do bom orientador: eu acho que
também destaquei várias vezes, aí, que eu considero o professor
(...) uma pessoa brilhante, uma pessoa com uma capacidade muito
grande, mas que, infelizmente, não tem o tempo que eu gostaria
que tivesse, ao meu lado, para discutir, abordar, crescer no
conhecimento mais próximo da bancada. É o cara que abre os seus
olhos pras coisas que estão acontecendo, passa a experiência
dele, e facilita muitas coisas.”
A RELAÇÃO INTERPESSOAL (1)
“E a parte pessoal, que eu acho que... Como eu te falei: a
gente tem alunos de iniciação, a gente tem os professores, a gente
tem outros pós-graduando que, bem ou mal, interagem com você.
Não tem como você fazer uma pesquisa sozinho, ninguém trabalha
sozinho. Você tá sempre trocando idéias. Então, se você trabalha
com uma pessoa que tá sempre achando que tudo vai dar errado, e
fica te jogando para baixo, ou marca contigo uma coisa e não faz,
não é responsável, não tá no ritmo que você tá, isso acaba te
atrapalhado, e, às vezes, até te desanimando. Então, eu acho que,
além do lado material, tem o lado humano que também conta
muito, o ambiente do laboratório que você tá trabalhando.”
A CONCORRÊNCIA (1)
“Eu perguntei, antes de entrar no programa, o que meus
professores, lá do HU, achavam. E a maioria foi contra, disse que
eu tinha que fazer residência. Completamente o contrário, eu recebi
aqui. E, na verdade, eu não me arrependo. Eu descobri que, as
pessoas de lá, muitos poucos médicos têm doutorado, têm
mestrado. Às vezes, o cara fez sua residência, sua especialização,
ele é um excelente médico, trabalha num excelente serviço, mas
não tem a formação de mestrado e doutorado. Então ele não tem
interesse que ninguém faça.”