Geralmente as PME’s preocupam-se com as certificações por produtos proporcionadas
pelas indústrias de software para que possam alavancar as atividades de prestação de
serviços em software. Nem sempre possuem padrões internos de qualidade e , quando os
têm, nem sempre demonstram muita preocupação com as certificações internacionais de
processos internos como a ISO, por exemplo. Há uma preocupação por certificações
internacionais do setor como a CMMI
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, quando a empresa inicia processos de
internacionalização, devido à exigência do mercado.
Segundo o entrevistado da Entidade 2, o Brasil possui processos e modelos de
padrão de qualidade próprios que não seguem, necessariamente, os padrões
internacionais. Aos olhos do mercado, a não adoção de processos de qualidade
internacional desqualifica as pequenas e médias empresas brasileiras para a exportação.
De acordo com o entrevistado, a importância da adoção dos padrões de qualidade
internacional é essencial devido ao grau de maturidade e à evolução de cada empresa,
demonstrando, assim, sua gestão profissionalizada.
A política nacional de criar um “selo” para as empresas do setor poderá auxiliar na
profissionalização da gestão. Porém, ao iniciar um processo de internacionalização, a
empresa necessariamente precisa obter as certificações internacionais para atender aos
requisitos do mercado.
[...] o que está acontecendo agora é que na medida em que as empresas
brasileiras estão indo colocar a ‘cara’ para exportar e ouvindo de seus potenciais
compradores de software: “qual é o CMMI que você está certificado?” E os
empresários tentam explicar que tem uma coisa local (certificação) e a conversa
não evolui, as empresas voltam e perguntam para nós: “Como a gente faz pra fazer
um projeto para passar do MPS - nível ‘X’ para o CMMI nível ‘Y’?”. Aí as empresas
pagam duas vezes, ou seja, pagam mais uma vez e meia e ainda têm o esforço
que vão ter que fazer para essa migração. Aí são iguais (as certificações)? Mas se
fossem iguais você receberia dois certificados, o que não acontece. Tem que
passar por uma outra avaliação, outro método diferente, requisitos diferentes... Tu
tens que ter uma base de projetos para analisar dentro da outra avaliação e isso
não é um coisa de dias. Leva de três a seis meses para fazer essa migração se
você estiver com todas os requisitos, tiver bonitinho na moldura e isso custa
dinheiro. Então, a equivalência na prática ela é uma falácia, mas ela é colocada
amplamente. E esse movimento que
a gente vê de empresas tentando pular do nível F ou G no MPS
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para o nível dois
do CMMI é uma [silêncio]. Só nós temos hoje três clientes nessa situação,
empresas que estão pulando de um lado para o outro, no MPS para o CMMI
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A CMMI - Capability Maturity Model Integration - procura estabelecer um modelo único para o
processo de melhoria corporativo, integrando diferentes modelos e disciplinas para o setor de
software e serviços. Fonte: SEI, 2009.
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O MPS.BR ou Melhoria de Processos do Software Brasileiro é um movimento para a melhoria e
um modelo de qualidade de processo voltada para a realidade do mercado de pequenas e médias
empresas de desenvolvimento de software no Brasil. Fonte: SOFTEX, 2007.