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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE BIBLIOTECONOMIA E COMUNICAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO E INFORMAÇÃO
Raquel da Silva Castedo
Revistas científicas on-line de Comunicação no Brasil:
a produção editorial sob o impacto da tecnologia digital
VOLUME I
Porto Alegre
2009
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE BIBLIOTECONOMIA E COMUNICAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO E INFORMAÇÃO
Raquel da Silva Castedo
Revistas científicas on-line de Comunicação no Brasil:
a produção editorial sob o impacto da tecnologia digital
VOLUME I
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação
em Comunicação e Informação da Universidade Federal
do Rio Grande do Sul, como requisito parcial para a
obtenção do Grau de Mestre em Comunicação e
Informação.
Orientação:
Prof
a
. Dr
a
. Ana Cláudia Gruszynski.
Porto Alegre
2009
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CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO
BIBLIOTECA DA FACULDADE DE BIBLIOTECONOMIA E COMUNICAÇÃO DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
C346r Castedo, Raquel da Silva
Revistas científicas on-line de comunicação no Brasil: a produção editorial sob o
impacto da tecnologia digital. / Raquel da Silva Castedo ; orientadora Ana Cláudia
Gruszynski. 2009.
f. : il.
Dissertação (mestrado). Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação. Programa de Pós-Graduação em
Comunicação e Informação. Porto Alegre, RS, 2009.
1. Periódico científico online. 2. Design gráfico. 3. Editoração eletrônica.
4. Comunicação. I. Gruszynski, Ana Cláudia. II. Título.
CDU: 050(043)
Raquel da Silva Castedo
Revistas científicas on-line de Comunicação no Brasil:
a produção editorial sob o impacto da tecnologia digital.
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação
em Comunicação e Informação da Universidade Federal
do Rio Grande do Sul, como requisito parcial para a obtenção
do Grau de Mestre em Comunicação e Informação.
Banca Examinadora:
_____________________________________________
Orientadora: Profª Drª Ana Cláudia Gruszynski
Programa des-Graduação em Comunicação e Informação
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
_____________________________________________
Profª Drª Ana Maria Dalla Zen
Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
_____________________________________________
Profª Drª Cassilda Golin Costa (Cida Golin)
Programa des-Graduação em Comunicação e Informação
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
_____________________________________________
Prof. Ph.D. Flávio Vinicius Cauduro
Programa des-Graduação em Comunicação Social
Pontifícia Universidade Calica do Rio Grande do Sul
Porto Alegre, ___ de _________ de 200 .
AGRADECIMENTOS
À minha querida orientadora, Profª DAna Cláudia Gruszynski, pelos vários anos de
ensinamentos e amizade.
À minha família, em especial aos meus pais, Nestor e Ilda, e ao meu irmão, Otavio,
pelo apoio em todos os momentos importantes de minha vida.
Ao Gustavo, pelo companheirismo e compreensão sempre.
À Carolina Pogliessi, pelas sugestões e colaborações a esta pesquisa.
Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Informação da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul PPGCOM/UFRGS com os quais tive o
prazer de aprender durante as disciplinas ao longo do mestrado.
Aos membros da banca de qualificação deste trabalho, Profª Drª Cassilda Golin Costa
(Cida Golin) e Prof. Ph.D. Flávio Vinicius Cauduro, por suas valiosas contribuições.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior Capes –, pela
bolsa de mestrado no último ano de realização da dissertação, tornando-a possível.
A ordem é ao mesmo tempo aquilo que se oferece
nas coisas como sua lei interior, a rede secreta
segundo a qual elas se olham de algum modo umas
às outras e aquilo que só existe através do crivo de
um olhar, de uma atenção, de uma linguagem; e é
somente nas casas brancas desse quadriculado que
ela se manifesta em profundidade como já presente,
esperando em silêncio o momento de ser enunciada.
Michel Foucault (1999, p. XVI)
CASTEDO, Raquel da Silva. Revistas científicas on-line de Comunicação no Brasil: a
produção editorial sob o impacto da tecnologia digital. Porto Alegre, 2009. Dissertação
(Mestrado em Comunicação e Informação) – Faculdade de Biblioteconomia e
Comunicação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
RESUMO
A pesquisa tem como objeto as revistas científicas brasileiras on-line da área de
Comunicação que apresentaram classificação Qualis A Nacional em 2008, textos disponíveis
completos on-line e edição mais recente publicada neste mesmo ano. Tal recorte
compreende o que a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
Capes avalia como os melhores periódicos nesse âmbito: Comunicação, Mídia e Consumo; E-
Compós; Eptic On Line, Galáxia; Intercom Revista Brasileira de Ciências da Comunicação; Intexto;
Revista FAMECOS; Revista Fronteiras; e Studium. O objetivo principal do trabalho foi a
identificação de tendências na produção editorial de revistas científicas brasileiras on-line da
área de Comunicação, considerando especialmente o design dessas publicações. Como
objetivos específicos, buscou-se compreender e discutir o papel dos periódicos no âmbito
da comunicação formal da ciência, a partir dos valores e modelos científicos; identificar
características próprias do processo de produção editorial de revistas científicas e como
estas se relacionam com o design desses periódicos on-line; e analisar o design de revistas
científicas brasileiras disponíveis on-line da área da Comunicação. A metodologia
empregada partiu da pesquisa bibliográfica que estabeleceu os fundamentos teóricos sobre
ciência e o campo da Comunicação, particularmente acerca das revistas científicas, da
produção editorial e do design. A análise das publicações delineou-se em duas etapas
estruturadas a partir da elaboração de instrumento de análise criado com base no roteiro de
edição de revistas científicas on-line proposto por Gruszynski, Golin e Castedo (2008). A
primeira etapa teve em vista o fluxo de produção das revistas, do planejamento à circulação,
que se reflete no produto final disponível aos leitores. Am de dados quantitativos, foram
trazidos exemplos específicos que se destacaram por apresentar peculiaridades dos títulos. Já
na segunda etapa, focou-se na identificação de tendências de uso de imagens como recurso
para construção de conhecimento nessas publicações. Constatou-se que, apesar de algumas
mudanças indicarem a influência da tecnologia informática na produção das revistas que
compõem o corpus desta pesquisa, sobretudo na etapa de circulação dos títulos, tais
alterações não aparecem em todas as etapas das práticas editoriais. A escrita e a edição dos
conteúdos mantêm-se fortemente anconradas nas bases da cultura impressa, refletindo
fortemente valores e hábitos da comunidade científica.
Palavras-chave:
Ciência. Comunicação. Revistas científicas on-line. Produção editorial. Design.
ABSTRACT
The research has as object the online Brazilian scientific journals on Communication
that have presented the qualification Qualis A Nacional in 2008, that have full texts available
online and the most recent edition in the same year. Such delimitation encompasses the
ones that Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior Capes evaluates as the
best journals in this field: Comunicação, Mídia e Consumo; E-Compós; Eptic On Line, Galáxia;
Intercom – Revista Brasileira de Ciências da Comunicação; Intexto; Revista FAMECOS; Revista
Fronteiras; and Studium. The main objective of this work was the identification of tendencies
in the editorial production of Brazilian online scientific journals in the area of
Communication, considering especially the publications design. As specific objectives, we
sought to understand and discuss the role of periodicals in the scope of formal science
communication, taking as reference the scientific values and models; to identify the typical
traits of scientific journals editorial production and how they relate to the design of these
online periodicals; and to analyze the design of Brazilian scientific journals on
Communication that are available online. The methodology used started with a
bibliographic research that has established the theoretical fundaments about science and the
field of Communication, particularly on scientific journals, editorial production and design.
These publications analysis was organized in two stages. Both were structured with the
elaboration of an analysis instrument created from the basis guideline for online scientific
journals edition proposed by Gruszynski, Golin e Castedo (2008). The first stage focused
the publications edition flow, from planning to circulation, which reflects in the final
product available to readers. Besides qualitative data, specific examples that presented
particularities in the periodicals were brought up. In the second stage, the focus was the
identification of tendencies of using images as resource to knowledge construction in the
publications. It was detected that although some changes indicate de influence of
information technology in the production of the journals that compose the corpus of this
research, mainly in the stage of circulation, such changes do not appear in all editorial
practice stages. Writing and editing contents are still strongly based upon printed culture,
heavily reflecting scientific community values and habits.
Keywords:
Science. Communication. Online scientific journals. Editorial production. Design.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1– Cinco níveis propostos por Jesse James Garrett (2002)............................................58
Figura 2 – O que deve ser pensado em cada um dos lados para cada nível.............................59
Figura 3 – Possíveis arquiteturas da informação para sites (tipos de estrutura).......................62
Figura 4 – Homepage do site da revista Comunicação, Mídia e Consumo no REVCOM. Utiliza
o SEER......................................................................................................................................77
Figura 5 – Homepage do site da revista Comunicação, Mídia e Consumo no
UNIVERCIENCIA.ORG. Utiliza o SEER.........................................................................77
Figura 6 – Homepage do site próprio da revista Comunicação,dia e Consumo. Utiliza o SEER.78
Figura 7 – Homepage do site da revista Comunicação, Mídia e Consumo. Vinculado ao site
institucional da ESPM. ............................................................................................................78
Figura 8 – Homepage do site próprio da revista E-Compós. Utiliza o SEER. ..........................79
Figura 9 – Homepage do site próprio da revista Eptic On Line..................................................80
Figura 10 – Homepage do site da revista Galáxia no UNIVERCIENCIA.ORG. Utiliza o
SEER. ........................................................................................................................................81
Figura 11 – Homepage do site da revista Galáxia no portal de revistas da PUCSP. Utiliza o
SEER. ........................................................................................................................................81
Figura 12 – Homepage do site próprio da revista Galáxia. Utiliza o SEER.............................82
Figura 13 – Homepage do site da revista Intercom no REVCOM. Utiliza o SEER. ................82
Figura 14 – Homepage do site próprio da revista Intexto............................................................83
Figura 15 – Homepage do site da Revista FAMECOS no REVCOM. Utiliza o SEER. ........84
Figura 16 – Homepage do site da Revista FAMECOS no UNIVERCIENCIA.ORG. Utiliza
o SEER......................................................................................................................................85
Figura 17 – Homepage do site da Revista FAMECOS no portal de revistas da PUCRS.
Utiliza o SEER. ........................................................................................................................86
Figura 18 – Homepage do site próprio da Revista FAMECOS..................................................87
Figura 19 – Homepage do site da Revista Fronteiras no REVCOM. Utiliza o SEER...............88
Figura 20 – Homepage do site da Revista Fronteiras no UNIVERCIENCIA.ORG. Utiliza o
SEER. ........................................................................................................................................88
Figura 21 – Homepage do site da Revista Fronteiras. Vinculado ao site institucional da
Unisinos. Utiliza o SEER para as sões Instruções a autores e Submissão............................89
Figura 22 – Homepage do site próprio da revista Studium..........................................................89
Figura 23 – Exemplo de reagrupamento do elemento “Periodicidade” que aparecia nas três
etapas do roteiro de edição de periódicos de Gruszynski, Golin e Castedo (2008)........97
Figura 24 – Dados de contato encontrados nas revistas...........................................................102
Figura 25 – Nominatas de membros encontradas nas revistas................................................103
Figura 26 – Menção sobre recebimento de artigos em fluxo contínuo na Eptic On Line. ....104
Figura 27 – Revistas E-Compós e Studium apresentavam normas de submissão para envio de
imagens em movimento e áudio. .........................................................................................104
Figura 28 – Exemplos de dados encontrados sobre estatísticas de acesso às revistas E-
Compós, Intercom e Studium. .....................................................................................................105
Figura 29 – Título e subtítulo somente nos portais REVCOM, UNIVERCIENCIA.ORG.
No portal da PUCRS e no site oficial, apenas o título......................................................108
Figura 30 – Comunicação, Mídia e Consumo nos portais REVCOM e UNIVERCENCIA.ORG.
Identificador ISBN, ao invés de ISSN. ...............................................................................108
Figura 31 – Links para os outros sites das publicações com mais de um endereço..............111
Figura 32 – Edições com expediente específico para o número mais recente......................112
Figura 33 – Eptic On Line e Studium com expediente específico para o número mais antigo.
..................................................................................................................................................113
Figura 34 – Datas de recebimento e aceite nos artigos dos fascículos mais recentes. ..........114
Figura 35 – Paginação sequencial no último texto dos fascículos mais recentes...................114
Figure 36 – Datas de recebimento e aceite nos artigos do fascículo mais antigo de Galáxia.
..................................................................................................................................................115
Figura 37 – Paginação sequencial no último texto dos fascículos mais antigos.....................116
Figura 38 – Estilos gráficos para menus/barras de navegação nas edições mais recentes...118
Figura 39 – Estilos gráficos para texto nas edições mais recentes...........................................119
Figura 40 – Estilos gráficos para links nas edições mais recentes. ..........................................120
Figura 41 – Ferramentas de Leitura da revista E-Compós volume 11, número 01 (2008)..........121
Figura 42 – Ferramentas de Leitura da revista Intercom volume 31, número 02 (2008). ............121
Figura 43 – Estilos gráficos para menus/barras de navegação nas edições mais antigas.....123
Figura 44 – Estilos gráficos para texto nas edições mais antigas.............................................124
Figura 45 – Estilos gráficos para links nas edições mais antigas..............................................125
Figura 46 – Ferramentas de Leitura da revista E-Compós volume 01 (2004)...............................126
Figura 47 – Ferramentas de Leitura da revista Intercom volume 29, número 02 (2006). ............126
Figura 48 – Trecho de artigo sobre reportagem telejornalística...............................................130
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Sites encontrados das revistas....................................................................................76
Quadro 2 – Sites e fascículos para análise comparativa que compõem o corpus de pesquisa.
....................................................................................................................................................91
Quadro 3 – Espaço de tempo entre as edições analisadas..........................................................92
Quadro 4 – Elementos que devem constar no site......................................................................98
Quadro 5 – Elementos que devem constar no fascículo. ...........................................................99
Quadro 6 – Elementos que devem constar no artigo. ................................................................99
Quadro 7 – Arquitetura da informação e design da interface dos sites..................................100
Quadro 8 Elementos encontrados nas revistas.......................................................................106
Quadro 9 Elementos encontrados no fascículo mais recente...............................................112
Quadro 10 – Elementos encontrados no fascículo mais antigo. .............................................113
Quadro 11 – Elementos encontrados nos artigos dos fascículos mais recentes....................115
Quadro 12 – Elementos encontrados nos artigos dos fascículos mais antigos. ....................116
Quadro 13– Arquitetura da informação e interface nos fascículos mais recentes.................122
Quadro 14 – Arquitetura da informação e interface nos fascículos mais antigos. ...............127
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Número de imagens utilizadas nas edões das revistas.........................................128
SUMÁRIO
VOLUME I
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................15
2 CIÊNCIA E COMUNICAÇÃO................................................................................22
2.1 O PERIÓDICO NA COMUNICAÇÃO DA CIÊNCIA...............................................26
2.1.1 Definição .......................................................................................................26
2.1.2 Tipologia .......................................................................................................27
2.1.3 Funções.........................................................................................................28
2.1.4 Origens..........................................................................................................29
2.2 LEITORES E LEITURAS DE PERIÓDICOS ELETRÔNICOS ..............................33
3 PRODUÇÃO EDITORIAL E REVISTAS CIENTÍFICAS ....................................37
3.1 AS FORMAS DA ESCRITA E SEUS SUPORTES........................................................38
3.2 A IMAGEM NA CIÊNCIA................................................................................................40
3.3 CULTURA VISUAL.............................................................................................................44
3.4 CIBERESPAÇO E HIPERMÍDIA....................................................................................45
3.5 NOVAS PERSPECTIVAS PARA O MERCADO EDITORIAL................................47
3.6 NOVAS PERSPECTIVAS PARA AS REVISTAS CIENTÍFICAS.............................49
3.7 O DESIGN NA CONFIGURAÇÃO DA COMUNICAÇÃO.....................................55
3.7.1 Design de sites na web: projetando a experiência do usuário.....................56
4 OBJETO E MÉTODO .............................................................................................67
4.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO OBJETO ........................................................................67
4.2 DEFINIÇÃO DO CORPUS...............................................................................................74
4.3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS...................................................................92
5 AS REVISTAS ......................................................................................................... 101
5.1 ELEMENTOS PRESENTES NOS SITES....................................................................101
5.1.1 Revistas com mais de um site.....................................................................107
5.2 ELEMENTOS PRESENTES NOS FASCÍCULOS.....................................................111
5.3 ELEMENTOS PRESENTES NOS ARTIGOS............................................................113
5.4 ARQUITETURA DA INFORMAÇÃO E INTERFACE DOS SITES....................117
5.5 USO DE IMAGENS..........................................................................................................127
5.6 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS................................................................................131
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................138
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 142
VOLUME II
ANEXOS....................................................................................................................149
1 INTRODUÇÃO
A comunicação científica mostra-se determinante tanto para a disseminação dos
trabalhos de pesquisadores em busca de interlocutores específicos quanto para o
estabelecimento de prioridade e autoria das descobertas. A ciência e a comunicação de seus
resultados andam juntas.
O campo científico, lugar no qual ocorrem as lutas pelo monopólio da competência
científica, para Pierre Bourdieu (1983), é um espaço em que todas as práticas estão focadas
na aquisição de autoridade e poder. Nesse campo, o que é percebido como importante e
interessante é o que tem chances de ser reconhecido pelos outros pesquisadores.
As práticas estabelecidas no jogo concorrencial estão voltadas à construção daquilo
que é visto a partir do próprio campo como relevante, logo, com maiores chances de
reconhecimento. Nesse cenário descrito por Bourdieu (1983), a publicação dos resultados
de pesquisa em periódicos de peso coloca-se como uma das formas fundamentais de luta
por autoridade científica (reputação e prestígio) entre um público seleto de leitores
concorrentes. Desse modo, a qualificação das revistas científicas, preocupação constante de
suas equipes editoriais, ganha a atenção dos pesquisadores/autores, que, tendo acesso a
esses títulos, procuram colaborar com as edições de maior qualidade e visibilidade. A busca
permanente pela criação de critérios de qualidade para periódicos, difundida no Brasil a
partir da década de 1960, aparece ao mesmo tempo como conseqüência e constante
incentivo aos pesquisadores pela divulgação de seus artigos nos mais respeitados veículos.
16
As duas primeiras revistas científicas das quais se tem notícia surgiram no ano de
1665. Segundo Bernard Houghton (1975), o Journal des Sçavans é em geral citado como o
primeiro periódico, possivelmente comparado às revistas de divulgação da atualidade
1
. A
primeira revista científica propriamente dita, a Philosophical Transactions, foi publicada na
Inglaterra apenas poucos meses após a criação da revista de divulgação francesa, dados que
indicam, para Meadows (1999), a necessidade de comunicação da época, do modo mais
eficiente possível, e a existência de uma clientela que crescia rapidamente interessada em
novas descobertas.
Apesar de a introdução da revista científica impressa ser um passo lógico para o
período, isso suscitava implicações notáveis para a ciência, uma vez que significava a
formalização do processo de comunicação científica. No século XVII, os canais existentes
para esse tipo de comunicação – em especial a comunicação oral, a correspondência
pessoal e os livros foram todos, em certa medida, modificados ou até mesmo
substituídos gradativamente com o surgimento desse novo canal formal constituído pelos
periódicos.
Quase três séculos depois da criação da primeira revista científica impressa, ocorrida
em 1665 (HOUGHTON, 1975), surge, em 1978, a primeira revista científica eletrônica,
financiada pela National Science Foundation e desenvolvida no New Jersey Institute of Technology,
nos Estados Unidos da América (TARGINO, 1999). Desde então, mudanças, adaptações e
avanços permeiam o desenvolvimento de revistas científicas eletrônicas
2
. Em meio a estas
transformações, o artigo continua sendo um elemento chave no sistema de comunicação
científica e a publicação periódica é um resultado esperado para divulgação de resultados
de pesquisa (CRAWFORD, 1996).
3
A primeira vantagem vista pelos editores científicos de publicações disponibilizadas
na Internet, apresentadas ainda com layout nos moldes das revistas impressas, foi a
alteração na distribuição e visibilidade das edições. é possível, entretanto, pensar em um
outro nível de transformação da comunicação científica que se percebe na etapa de
produção dessas publicações. E, nesse caso, não se trata apenas do uso da tecnologia digital
1
As diferentes tipologias de periódicos existentes serão tratadas no capítulo “Ciência e comunicação”.
2
Neste trabalho, serão apresentadas características de revistas científicas eletrônicas disponíveis on-line,
independentemente de manterem também edições impressas, ou de já terem nascido em meio digital.
3
Exceto quando indicado, todas as traduções constantes neste trabalho são da autora.
17
a fim de otimizar o processo de edição, com o uso de softwares de editoração, troca de
informações via e-mail ou disponibilização de forma eletrônica do conteúdo criado para ser
impresso entre tantos outros facilitadores –, mas sim da utilização dessa tecnologia na
criação de novos modelos de comunicação das informações científicas.
A preocupação dos envolvidos na produção editorial de revistas científicas em criar
material especialmente para a disponibilização on-line passa por questionar o que pode ser
desenvolvido no novo suporte. Para isso, a discussão sobre o que a publicação de
periódicos acarreta à comunicação da ciência, a partir do surgimento da tecnologia
informática, precisa ser constante, especialmente com a criação da web. Por diversas vezes
na história das publicações, mudanças no suporte utilizado alteraram significativamente seu
alcance, aumentando, desse modo, o número de leitores das edições. Tais variações nem
sempre significaram, em um primeiro momento, mudanças na maneira de pensar, produzir,
projetar, a apresentação dos conteúdos. Tais transformações aconteceram aos poucos
(SANTAELLA, 2004). Nesse percurso, a leitura, que para Santaella (2004) não se restringe
à decifração de letras mas incorpora as relações entre palavra e imagem, desenho e
tamanho de tipos, gráficos, texto, diagramação –, é resultado de hábitos que mudam em
função de evoluções técnicas, formais e culturais. Tais transformações alteram o modo de
pensar a ciência e seus resultados de pesquisa. No contexto de proliferação de revistas
científicas on-line, não é possível ver o texto linear como a única maneira de comunicar a
ciência.
Os espaços para palavra e imagem na construção do conhecimento, desde o
princípio da comunicação escrita, mantêm-se em contínuos deslocamentos. Na
Antigüidade Clássica, a imagem já tinha relevância para os estudos científicos, sugere
Dagognet (1973). Para Arlindo Machado, a disputa milenar entre textos e imagens, em que
o primeiro se sobrepõe em importância em relação ao segundo, baseia-se em falsas
dicotomias, uma vez que a imagem está na origem de toda escritura. É difícil, até mesmo
inútil, deste modo, diminuir ou ignorar a importância das imagens no processo de
construção de conhecimento.
Palavra e imagem têm papéis próprios e importantes. Articuladas, produzem um
outro sentido que não pode ser apreendido separadamente: palavra, só imagem. A
relação entre ambas define o trabalho de design, atividade que está profundamente ligada à
18
conformação do conhecimento na comunicação científica. Alterações também no campo
do design, nas últimas décadas, com o desenvolvimento da tecnologia digital, influenciaram
diretamente a produção de periódicos científicos no novo meio.
Em função dos diferentes interesses e formas de comunicação de resultados
científicos, tendo em vista sua área de origem, o trabalho de produção editorial e design de
publicações para este fim requer o conhecimento acurado de tais especificidades. Os
editores científicos que em sua grande maioria são pesquisadores especialistas em suas
áreas de conhecimento de origem, mas ainda pouco iniciados no trabalho de edição de
publicações científicas levam tempo para dominarem os saberes da rotinas de produção.
Por outro lado, não é indicado que os editores científicos se matenham à frente de uma
determinada revista por muito tempo, pois haveria riscos de acomodação (TARGINO e
GARCIA, 2008). O que acaba ocorrendo é que, quando um editor científico está
familiarizado ao processo de edição, surge a necessidade de buscar outro pesquisador para
a função. Assim, adaptações de qualquer ordem nessas práticas são mais lentas do que em
outras áreas da produção editorial.
O trabalho de edição e publicação de periódicos científicos impressos mantém-se
como referencial para a orientação das práticas editoriais destinadas à publicação na
Internet, até mesmo para aqueles editores que concluíram a passagem da publicação
impressa para a on-line. Avaliando a primeira fase da utilização da tecnologia informática
na produção de revistas científicas on-line, viu-se a proliferação das publicações disponíveis
em PDF
4
, na maioria das vezes, uma mera transposição do impresso para a tela. Nessa
fase, ao publicar um título em meio eletrônico e disponibilizá-lo na web, os editores
científicos procuravam maior rapidez na busca de informação, facilidade de acesso e
agilidade na divulgação dos resultados das pesquisas, chance igualitária de acesso aos
cientistas mais dispersos geograficamente, entre outros benefícios. Um exemplo das
vantagens iniciais da circulação eletrônica dos artigos é o de que esta aumenta em cerca de
336% as citações on-line em relação à mesma fonte impressa (LAWRENCE, 2007).
4
Portable Document FormatPDF –, é um tipo de arquivo gerado a partir de documentos editáveis. Pode ser aberto em
diferentes máquinas, preservando sua diagramação, fonte, tamanho, etc. É bastante utilizado para disponibilização de
conteúdo científico em meio eletrônico, apesar de sua formatação, normalmente, manter a estrutura de documentos
impressos.
19
Nesse sentido, o surgimento dos sistemas de indexação e dos índices de citação
colaborou para o aumento da visibilidade dos títulos. Segundo Ferreira (2007), o
crescimento do número de revistas, a explosão bibliográfica e o desenvolvimento de novas
tecnologias para gerenciamento e organização de conteúdos resultam na necessidade de
novas formas de acesso e disseminação da informação, levando ao surgimento de dois
tipos distintos de serviços: os index e/ou abstracts (sistemas de indexação ou resumo) e os
citation index (índice de citações). Esses novos serviços agregam maior acesso e visibilidade à
produção da ciência internacionalmente, passando a orientar e fornecer os parâmetros e os
indicadores de qualidade aceitos pela comunidade científica (FERREIRA, 2007).
Entretanto, apesar dos inúmeros ganhos proporcionados pela utilização da
tecnologia informática, surgiram inicialmente poucas propostas que levavam em conta o
processo de produção e assimilação dos conteúdos na Internet. Passamos agora para um
outro momento dessa utilização, no qual se busca gerar novos usos do suporte digital e das
publicações em rede. As interfaces criadas em função do texto impresso compostas por
página de título, cabeçalhos, numeração regular, sumários, notas, referências cruzadas
base conceitual dos arquivos em PDF disponíveis na rede, são retomadas pelo hipertexto,
que as transforma, chegando-se a soluções mais adequadas ao modo de assimilação da
informação no novo suporte.
Em âmbito internacional, ações como a criação da biblioteca SciELO Scientific
Electronic Library Online –, que congrega revistas científicas brasileiras e estrangeiras
selecionadas a partir de critérios internacionais de qualidade, bem como o desenvolvimento
de ferramentas para otimização do processo de editoração dos periódicos, como o OJS
Open Journal Systems –, são exemplos de usos do meio digital de modo a aproveitar algo que
o meio impresso não podia oferecer. A integração de uma quantidade enorme de conteúdo
em um banco de dados que pode ser acessado de qualquer lugar por um computador on-
line, no primeiro caso, e a construção e gestão de uma publicação periódica eletrônica com
o uso de um software, no segundo. Destaca-se ainda a instituição publicadora da área
biomédica Biomed Central
5
na adoção de novos recursos possibilitados pelo meio digital às
revistas científicas, os quais serão apresentados ao longo deste trabalho. No caso das
revistas científicas brasileiras da Comunicação, ao momento, nenhum título encontra-se
5
Disponível em: <http://www.biomedcentral.com>.
20
disponível na biblioteca SciELO. no que se refere à utilização do OJS, -se a
proliferação de revistas aderindo ao sistema, porém deixando ainda de utilizar as
ferramentas que proporcionam a criação de conteúdo hipertextual disponíveis nele.
A partir desse contexto, como a produção editorial de revistas científicas na área de
Comunicação reflete mudanças relacionadas à tecnologia digital no âmbito do
desenvolvimento e circulação dessas publicações? Como essas práticas editoriais
representam valores do campo científico, conformando o conhecimento?
Essas questões conduzem o presente trabalho, que tem como objetivo geral
identificar tendências na produção editorial de revistas científicas brasileiras on-line da área
de Comunicação, tendo em vista especialmente o design dessas publicações. Busca, como
objetivos específicos: (1) compreender e discutir o papel dos periódicos no âmbito da
comunicação formal da ciência, a partir dos valores e modelos científicos; (2) identificar
características próprias do processo de produção editorial de revistas científicas e como
estas se relacionam com o design desses periódicos on-line; e (3) analisar o design de
revistas científicas brasileiras disponíveis on-line da área da Comunicação.
A principal contribuição da pesquisa é o olhar sobre o processo de produção de
revistas científicas on-line, sob a perspectiva da Comunicação. Como grande parte dos
estudos sobre o tema está concentrada na área de Ciências da Informação, conforme será
discutivo ao longo do trabalho, percebe-se como algo desafiador abordar o tema sob esse
ponto de vista, com o foco não apenas no produto acabado, mas nas peculiaridades do
processo de edição.
Alguns estudos referenciados nesta dissertação colocam o campo da Comunicação
como uma área em consolidação. Por isso, discutir tais periódicos, enquanto resultado de
um processo de produção editorial com características específicas, revela-se uma prática
importante para a qualificação dessas publicações e para o fortalecimento desta área.
Para atingir os objetivos propostos, o trabalho estrutura-se em quatro capítulos. O
capítulo Ciência e comunicação aborda as questões do campo científico, as disputas de poder e
os valores compartilhados na ciência. A comunicação científica por periódicos,
especialmente por revistas, aparece como um dos principais meios para conferir
visibilidade aos pesquisadores com a publicação de seus trabalhos, sendo uma das maneiras
21
exemplares de acumulação de capital científico. Nesse capítulo, são apresentadas as
origens, tipologias e funções desses periódicos na comunicação da ciência.
O capítulo Produção editorial e revistas científicas inicia com um resgate das origens das
práticas editoriais e do papel do editor e sua relação com a conformação do produto
editorial acabado. Em seguida, abordam-se as formas da escrita e seus suportes, bem como
o papel da imagem na ciência. A leitura das imagens como parte inseparável da vida
cotidiana advém com o resgate dos estudos da cultura visual. Pesquisas sobre ciberespaço e
hipermídia são apresentadas também nesse capítulo, assim como as novas perspectivas
para o mercado editorial e para as revistas científicas no meio digital. A importância da
articulação entre palavra e imagem e do design na configuração da comunicação impressa e
digital é discutida, estabelecendo-se os parâmetros utilizados nas análises do corpus de
pesquisa.
O capítulo Objeto e método contextualiza o objeto estudado, trazendo pesquisas
realizadas sobre temáticas afins. Nesse tópico, é feita a definição do corpus e a
apresentação dos procedimentos metodológicos. O capítulo As revistas aborda os dados
levantados, indicando os elementos presentes nos sites, nos fascículos e nos artigos das
revistas, bem como a arquitetura da informação e a interface dos sites. Ainda nesse
capítulo, é realizado o trabalho de comparação entre diferentes sites de uma mesma revista
e os dados sobre o uso de imagens nas publicações são expostos. Ao final, os resultados
encontrados são discutidos. O capítulo As revistas é seguido das considerações finais,
referências utilizadas e os anexos do trabalho.
2 CIÊNCIA E COMUNICAÇÃO
Pierre Bourdieu (1983) apresenta o campo científico como o lugar onde ocorrem as
lutas pelo monopólio da competência científica, compreendida como a capacidade de falar
e agir de maneira autorizada e com autoridade. Assim, todas as práticas nesse campo estão
voltadas à aquisição de autoridade científica, e o que é percebido como importante e
interessante é o que tem chances de ser reconhecido pelos outros pesquisadores. Nesse
contexto, é possível afirmar que o principal meio para um pesquisador atingir tal
reconhecimento é a publicação de suas descobertas em revistas científicas.
Para Bourdieu, a luta pela autoridade científica, espécie de capital social, deve o
essencial de suas características ao fato de que os produtores tendem a só ter como clientes
seus próprios concorrentes. E os concorrentes não podem contentar-se em se distinguir de
seus predecessores reconhecidos. Eles são forçados a integrar suas aquisições na
construção distinta e particular que os supera. Deste modo, a autoridade científica seria
uma espécie particular de capital que pode ser acumulado, transmitido e, em certas
condições, reconvertido em outros tipos de capital.
As transformações da estrutura do campo científico, para o autor, seriam produto
de estratégias de conservação ou de subversão desses atores, tendo seu princípio de
orientação e eficácia nas propriedades da posição que estes ocupam na estrutura do campo.
Bourdieu diz ainda que a propensão a investir em uma ou outra carreira científica depende
sempre da posão que esta ocupa na estrutura do sistema de carreiras possíveis.
23
O campo científico seria, assim, o lugar de luta entre agentes desigualmente dotados
de capital específico e, logo, “desigualmente capazes de se apropriarem do produto do
trabalho científico que o conjunto dos concorrentes produz pela colaboração objetiva ao
colocarem em ação o conjunto dos meios de produção científica disponíveis”
(BOURDIEU, 1983, p.136). Nesse campo, como em todos os outros, haveria dominantes,
que ocupam as posições mais altas na estrutura de distribuição de capital científico, e os
dominados ou pretendentes –, que possuem um capital científico que varia conforme a
importância dos recursos acumulados. Na luta que os opõe, os dominantes e os
pretendentes lançam mão de táticas antagônicas em sua lógica e seu princípio.
Os dominantes usufruiriam as estratégias de conservação, a fim de garantir a
perpetuação da ordem estabelecida com a qual compactuam. os pretendentes poderiam
orientar-se para as colocações seguras das estratégias de sucessão, próprias para lhes
assegurar, ao término de uma carreira previsível, os lucros prometidos aos que realizam o
“ideal oficial da excelência científica” em troca de inovações dentro dos limites permitidos.
Ou então os novatos poderiam voltar-se às estratégias de subversão, investimentos,
segundo o autor, infinitamente mais custosos e arriscados que podem assegurar os
lucros prometidos aos detentores do monopólio da legitimidade científica em troca de uma
redefinição completa dos princípios de legitimação da dominação. Desse segundo caminho
aos novatos descrito por Bourdieu, poderia surgir uma revolução contra a ciência
instituída, que não interessaria aos mais desprovidos, mas sim aos que são, entre os
pretendentes, os mais ricos cientificamente.
Segundo o autor, as revoluções científicas de fato estariam condicionadas, assim,
não a pequenas e contínuas rupturas provocadas por pretendentes que seguem estratégias
de sucessão, mas ao fortalecimento de alguns dos novatos que seguem ticas de
subversão. Tais revoluções estariam estreitamente ligadas à comunicação dos resultados de
pesquisa desses atores, uma vez que a visibilidade alcançada pelos pesquisadores a partir da
publicação de seus trabalhos é considerada uma das maneiras exemplares de acumulação de
capital científico.
Outro autor que trabalha com conceitos importantes para o entendimento de como
funciona o campo científico é Thomas Kuhn (2003). A partir da conceituação de
paradigmas como matriz disciplinar, o autor apresenta seus principais componentes: (1)
24
generalizações simbólicas – expressões empregadas sem discussão pelos membros do
grupo que servem como pontos de apoio para a aplicação de determinadas técnicas –, (2)
os modelos – compromissos coletivos com certas crenças que fornecem ao grupo as
analogias ou metáforas preferidas –, (3) os exemplares soluções concretas de problemas
que os estudantes encontram desde o início de sua educação científica –, e (4) os valores
mais amplamente partilhados por diferentes comunidades dos que os demais componentes
da matriz disciplinar, podendo, em um grau maior que os outros elementos, ser
compartilhados por homens que divergem quanto a sua aplicação. Este último
componente de uma matriz disciplinar, os valores da comunidade científica, mostra-se
especialmente importante para o entendimento de por que determinadas práticas de
comunicação formal entre pesquisadores se estendem por longos períodos até que novas
práticas emerjam.
Sendo um modelo científico, ao longo de sua existência, um paradigma pode
enfrentar a ocorrência de descobertas que não encontrarão espaço entre os princípios
científicos existentes, afirma Pedro Luiz Côrtes (2006). Tais descobertas e irregularidades
iriam se acumulando levando a comunidade científica a uma crise, em que algumas leis e
conhecimentos vigentes seriam questionadas e até mesmo abandonadas. Nas Ciências
Sociais Aplicadas, em especial, área de estudos maior na qual a Comunicação está inserida,
o próprio objeto é dinâmico e mutável, afirma Maria Immacolata Vassalo de Lopes, pois
“os problemas estudados são fenômenos históricos, instituições, relações de poder, classes
sociais, manifestações culturais etc. E o que muda não é somente o dado ou o objeto, mas
as próprias ‘verdades’ e ‘comprovações’ produzidas por essas ciências” (LOPES, 1999,
p.31). E para as ciências imaturas”, como é o caso da Comunicação (LOPES, 1999), seu
estabelecimento e fortalecimento como campo importante de pesquisa passa pela
qualificação de sua comunicação científica.
Relacionando o desenvolvimento da comunicação científica ao do conhecimento,
Côrtes (2006) cita o trabalho de Thomas Kuhn ao situar o papel de livros e artigos
científicos na evolução de um paradigma. Enquanto livros seriam mais utilizados pelos
cientistas para a construção de campos de estudo, bem como para apresentação e
justificativa dos princípios originais de suas pesquisas, os artigos científicos teriam o papel
de discutir aspectos mais específicos e a resolução de problemas relacionados ao paradigma
25
em questão. O periódico científico mantém-se como o principal meio de publicação desse
tipo de artigo, sendo um espaço de discussão entre pesquisadores com grande
aprofundamento em áreas de estudo específicas. Por essa razão, diferentemente de outros
gêneros editoriais, guarda um processo rígido de avaliação do que deve ou não ser
publicado. Desde a escolha minuciosa dos conselhos editoriais constituídos de
especialistas reconhecidos que o os responsáveis científicos pelas publicações a
credibilidade dos periódicos coma a ser construída.
Dentre as características particulares desse tipo de publicação estão: a avaliação
prévia pelos editores dos originais submetidos às revistas, o uso dos membros do conselho
editorial científico e/ou de consultores ad hoc para avaliar os originais, o anonimato do
avaliador, entre outras (STUMPF, 2005). É importante ressaltar que, se por um lado a
ênfase no processo de avaliação de originais diferencia o periódico científico de qualquer
outro tipo de periódico, por outro torna o tempo de edição das publicações extremamente
lento (BIOJONE, 2003).
Assim, percebe-se que “a validade de um novo conhecimento científico está
atrelada à sua submissão à comunidade científica, cujos participantes (pares) julgam as
contribuições apresentadas, criando uma condição consensual que atesta a sua
confiabilidade” (ADAMI e MARCHIORI, 2005, p.73). Em um campo no qual leitores são
também autores no processo de comunicação, a credibilidade conquistada por esses
periódicos influencia a escolha de que revista ler, citar, e passa a ser fator determinante na
definição de critérios de seleção de um título para envio de trabalhos com intuito de
publicação.
Deste modo, com base nos autores citados, percebe-se que a luta por acumulação
de capital científico está profundamente ligada à publicação de resultados de pesquisa.
Publicar em revistas científicas significaria, dessa forma, ser produtivo academicamente.
Além disso, os valores compartilhados pelos pesquisadores dominantes regem a definição
do que é válido ou não cientificamente também no que tange à produção editorial. A
comunicação da ciência por meio de periódicos científicos reflete tais valores, uma vez que
passa pelo crivo desses agentes altamente especializados em suas áreas de conhecimento.
26
2.1 O PERIÓDICO NA COMUNICAÇÃO DA CIÊNCIA
2.1.1 Definição
As várias denominações existentes para periódicos científicos dificultam uma
definição precisa para esse termo. Segundo Stumpf (1998a), termos como “revistas
científicas”, “publicações periódicas”, “publicações seriadas”, entre outros, são
freqüentemente utilizados como sinônimos. A fim de esclarecer as diferenças e
semelhanças entre os usos dessas palavras, partiu-se em busca das conceituações
estabelecidas tanto por entidades de normalização quanto por autores nacionais e
internacionais.
A rede International Standard Serial Number ISSN –, tendo como centro nacional no
Brasil o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia IBICT –, considera
as publicações seriadas ou serials como a categoria maior, tomando por base o conceito
extraído da ISO 3297. A Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT estabeleceu
norma baseada na ISO 3297 de 1998, que define esse tipo de edição como: “Publicação,
em qualquer suporte, editada em partes sucessivas, com conteúdo corrente, designação
numérica e/ou cronológica e destinada a ser continuada indefinidamente." (ABNT NBR
10525, 2005, p.1). Essa definição abrangeria tanto publicações impressas quanto
eletrônicas.
Machlup et al. (1978) também afirmam que as publicações seriadas deveriam ser
consideradas como a categoria maior, tendo sido definidas por eles como: “...um termo
abrangente para publicações editadas em partes sucessivas, apresentando indicação
numérica ou cronológica e com a intenção de continuar indefinidamente” (MACHLUP et
al., 1978, apud STUMPF, 1998a, p.1). Essa categoria incluiria periódicos, jornais, anuários,
anais de sociedades científicas, entre outros. Desta forma, os periódicos constituiriam um
tipo de publicação seriada, tendo a periodicidade como principal característica.
Denise H. Farias de Souza reúne de maneira mais ampla as conceituações
apresentadas:
Periódicos são publicações editadas em fascículos, com encadeamento numérico
e cronológico, aparecendo a intervalos regulares ou irregulares, por um tempo
indeterminado, trazendo a colaboração de rios autores, sob a direção de uma
27
ou mais pessoas mas geralmente de uma entidade responsável, tratando de
assuntos diversos, porém dentro dos limites de um esquema mais ou menos
definido. (SOUZA, 1992, p.19)
Levando em consideração as características encontradas em cada uma das
definições citadas, assume-se no presente trabalho a definição sugerida por Souza.
2.1.2 Tipologia
Em relação à tipologia, segundo Souza (1992), publicações periódicas compreendem
periódicos em geral: revistas, jornais, boletins informativos científicos ou de divulgação,
atas, anuários, etc. Quanto à periodicidade, podem ser: diários, semanais, mensais,
bimensais, etc. No que diz respeito ao conteúdo dessas publicações, encontramos
propostas em Lambert (1985), Souza (1992) e Stumpf (1998a). Estas não se excluem,
podendo ser consideradas complementares.
Lambert divide os periódicos científicos em duas categorias: publicações primárias e
publicações secundárias, enquanto Souza utiliza uma classificação semelhante que une a
essas duas categorias uma terceira: a das publicações terciárias. As revistas científicas
primárias ou primary journals, para Lambert (1985), são o primeiro veículo para a publicação
de uma pesquisa em ciência ou tecnologia, tendo, assim, como característica principal
apresentar conteúdo inédito. A segunda categoria apresentada por Lambert é a das revistas
científicas secundárias ou secundary journals, que têm como atividades principais divulgar,
comentar e interpretar as pesquisas que foram publicadas nas revistas científicas primárias.
Seguindo a mesma linha, Souza caracteriza os três tipos de periódicos, incluindo uma
categoria a mais que, de certa forma, une a primeira e a segunda: (a) publicações primárias
seriam aquelas que publicam artigos ou matérias originais; (b) publicações secundárias
publicam resumos ou sinopses de matérias originais; e (c) publicações terciárias publicam
revisões, sintetizando os conhecimentos sobre uma determinada matéria, a partir dos
diversos elementos originais ou não. Ainda segundo Souza (1992), os periódicos poderiam
enquadrar-se apenas em uma das categorias, se tomarmos como exemplo uma publicação
composta somente por artigos inéditos, ou poderiam pertencer a duas ou às três categorias,
28
se tivermos como exemplo uma revista que publica artigos originais, comenta e resume
livros e inclui ainda uma síntese dos conhecimentos sobre uma determinada matéria.
Stumpf (1998a), apresenta uma divisão diferente para as publicações periódicas,
proposta por um grupo de pesquisadores do IBICT. Para eles, existiriam outras três
categorias possíveis para os periódicos em geral: (a) científicos, aqueles que dedicam mais
de 50% de seu conteúdo a artigos assinados resultantes de atividades de pesquisa
identificados através de descrições internas denominadas “Método”, “Metodologia”,
“Resultados”, “Conclusões”, entre outros; (b) técnicos, aqueles que dedicam mais de 50%
de seu conteúdo a artigos assinados, emitindo opiniões, pontos de vista, etc. de
especialistas sobre determinado assunto, ou seja, artigos assinados mas não resultantes de
atividades de pesquisa; e (c) de divulgação, aqueles que dedicam mais de 50% de seu
conteúdo a notícias curtas, informes, entre outros, ou seja, matéria não assinada. Uma vez
que as revistas brasileiras apresentam artigos resultantes de pesquisa básica e aplicada ou de
desenvolvimento tecnológico, bem como análise e debate de questões políticas e éticas,
Stumpf (1994) considera mais apropriado, no Brasil, dividir os periódicos nas categorias
técnico- científicos e de divulgação.
Deste modo, a partir das classificações aceitas pelas fontes citadas, a divisão dos
periódicos pode ser feita em (a) categorias referentes à originalidade do conteúdo
publicado nos periódicos e em (b) categorias referentes à procedência do conteúdo estar
ou não relacionada à atividade de pesquisa.
2.1.3 Funções
As revistas científicas
6
são veículos importantes para os serviços de referência, pois,
através delas, são divulgados os resultados das pesquisas mais atuais sobre um determinado
assunto. A partir da leitura de Stumpf (1998a), que toma como referência King et al.
(1981), Campello e Campos (1993), Lambert (1985) e Schwartzman (1984), definem-se três
principais funções dos periódicos científicos: (a) são o arquivo da ciência, porque registram
6
Para Stumpf (1998b), o uso dos termos “periódicos científicos” ou “revistas científicas” é diferenciado pelo tipo de
profissionais que os utilizam. Os bibliotecários prefeririam “periódicos científicos”, utilizando a expressão como
termo técnico. Já os pesquisadores, cientistas, professores e estudantes preferem a denominação “revistas científicas”.
29
as descobertas científicas de maneira permanente. Por essa razão, a periodicidade regular
das revistas é de grande importância, uma vez que mantém a memória da ciência em
constante reabastecimento; (b) são o principal veículo de comunicação do saber, pois é
através dos periódicos científicos que os resultados da ciência se tornam públicos; e (c) são
o meio para conferir prestígio e reconhecimento aos pesquisadores, que os textos são
lidos e avaliados por colegas da comunidade científica antes de serem publicados.
Deve-se dar atenção especial a essa última função relacionada, chamada por
Subramanyan (1981) de função social, porque as revistas, sendo instituições sociais que
reúnem pessoas, conferem prestígio e reconhecimento a quem as produz e utiliza. Além
disso, é com a publicação de suas pesquisas que os autores podem provar a paternidade de
uma nova idéia ou resultado.
2.1.4 Origens
Historicamente, as duas primeiras revistas científicas surgiram no ano de 1665.
Segundo Bernard Houghton (1975), O Journal des Sçavans é geralmente citado como o
primeiro periódico, comparado às revistas de divulgação da atualidade. Foi fundado por
Denis de Sallo, um conselheiro da corte do parlamento francês. De Sallo teria mantido dois
homens transcrevendo as passagens mais significativas que encontrava em suas leituras. Os
resumos e anotações feitas por escritores da corte francesa eram incorporados ao Journal des
Sçavans, cujo primeiro volume foi publicado em cinco de janeiro de 1665. Este volume
consistia em vinte páginas, incluindo dez artigos, algumas cartas e anotações.
Incluía também decisões legais e teológicas em suas seções, bem como apresentava
um necrológico de cientistas famosos. A proposta do periódico era:
[...] catalogar e dar informações úteis sobre livros publicados na Europa e
resumir seus trabalhos, fazer conhecidas experiências em física, química e
anatomia que possam servir para explicar fenômenos naturais, descrever
máquinas ou invenções, úteis ou curiosas, registrar dados metereológicos, citar
as principais decisões civis e das cortes religiosas e críticas de universidades,
transmitir aos leitores todos os eventos em curso dignos da curiosidade dos
homens. (HOUGHTON, 1975, p. 13)
30
A popularidade da revista atraiu a atenção do governo, e o periódico ficou por um
curto espaço de tempo sob repressão por publicar material considerado ofensivo pela
coroa. O privilégio dado por ela que permitia a sua publicação foi revogado por um certo
período no primeiro ano da revista (MEADOWS, 1999). O periódico, entretanto, obteve a
licença novamente no ano seguinte com variações de periodicidade até 1816, quando a
grafia do nome foi atualizada para Journal des Savants, passando a ser um periódico de
natureza literária.
A primeira revista científica propriamente dita foi publicada na Inglaterra apenas
poucos meses após a criação da revista de divulgação francesa. Um dado interessante
resgatado por Meadows (1999) é o fato de, apenas seis dias após a primeira publicação do
Journal des Sçavans, a onze de janeiro de 1665, a Royal Society de Londres ter tido contato
com o conteúdo da revista francesa em uma de suas reuniões, o que dá uma boa indicação
da velocidade de comunicação entre centros importantes naquela época.
Aparentemente, isso consolidou a idéia do conselho da Royal Society acerca da
publicação de uma revista científica porque, em março de 1665, ele determinava:
[...] que as Philosophical Transactions sejam impressas na primeira segunda-feira de
cada mês, caso haja matéria suficiente para isso, e que o texto seja aprovado
pelo Conselho, sendo antes revisto por alguns de seus membros. (KATZEN,
1980, apud MEADOWS, 1999, p.6)
As referências sobre a data precisa da primeira publicação da revista Philosophical
Transactions são divergentes. Segundo as pesquisas de Stumpf (1998a), seria seis de março
de 1665. Entretanto, segundo Houghton, a data seria seis de maio de 1665. Apesar dessas
divergências, se adotarmos qualquer uma das referências, podemos perceber o curtíssimo
espaço de tempo entre a criação dos dois periódicos, o que revela uma necessidade muito
próxima percebida pelos cientistas dos dois centros envolvidos.
Meadows (1999) aponta várias razões para o surgimento dos periódicos científicos
na segunda metade do século XVII. Algumas mais específicas, como a expectativa de seus
editores de que teriam lucro com as revistas, algumas gerais, como a crença de que, para
31
fazer novos descobrimentos, era preciso que houvesse um debate coletivo. Entretanto, o
motivo principal, segundo o autor, encontra-se na necessidade de comunicação, do modo
mais eficiente possível, com uma clientela que crescia rapidamente interessada em novas
realizações.
no século XX, a partir da década de 1970, os avanços da tecnologia informática
permitiram melhorar a qualidade e aumentar a rapidez na edição de revistas. Entre as
tentativas de informatizar todo o processo editorial estão os projetos de Centros de
Processamento Editorial EPC –, desenvolvidos nos EUA, e Birmingham and Loughborough
Eletronic Network Development BLEND –, na Inglaterra (STUMPF, 1996). Os EPC
iniciaram nos anos 1970 sob a coordenação da National Science Foundation como uma
iniciativa cooperativa entre publicadores, tendo como finalidade proporcionar suporte
automatizado para todas as etapas que compreendem a produção de revistas e baratear
custos. O projeto BLEND foi desenvolvido na década de 1980 pelas universidades dessas
duas cidades, na tentativa de progredir um pouco mais na produção de revistas. Além de
automatizar todas as fases do processo, o projeto financiado pela British Library se
constituiu em uma alternativa de substituição total da publicação impressa pelo
armazenamento e acesso eletrônico dos artigos. Porém, a dificuldade de compatibilização
de hardwares e softwares, os altos custos envolvidos e a falta de adesão dos leitores fez com
que o projeto recuasse na época.
As dificuldades que acompanharam o início dos periódicos eletrônicos, aos poucos,
foram diminuindo com os avanços tecnológicos e a aceitação das revistas pelos usuários.
Muitos recursos foram adotados na compatibilização de equipamentos e programas a fim
de facilitar o uso das publicações, o que permitiu que novos periódicos fossem criados,
com acesso facilitado e utilizando recursos gráficos mais sofisticados (CRESPO e
CAREGNATO, 2004).
Em função das mudanças aceleradas que vêm sofrendo as revistas científicas na
última década (CRESPO e CAREGNATO, 2004), diversos estudos têm sendo feitos sobre
este tipo de publicação. Gruszynski e Golin (2007) levantam alguns desses picos que
vêm sendo estudados ao descrever o processo de edição e publicação on-line que abrange:
32
[...] aspectos particulares vinculados ao suporte como a disponibilidade de
acesso, resgate das informações, critérios de interatividade e navegabilidade.
Estes, contudo, devem seguir parâmetros balizados pela tradição do impresso:
apresentar política editorial, possuir conselho editorial, uma rigorosa revisão de
qualidade (peer review), dedicar-se a uma área específica, manter edões regulares,
ter ISSN, apresentar instruções aos autores, não ter caráter departamental, para
citar alguns. (GRUSZYNSKI e GOLIN, 2007, p.02)
Dedicado ao estudo dos periódicos científicos eletrônicos, Lancaster (1995) trata
do desenvolvimento gradual desse tipo de publicação, tendo descrito quatro etapas de sua
evolução. Ainda no início da década de 1960, a primeira etapa do uso de computadores no
processo de produção de periódicos científicos gerava publicações impressas
convencionais, possibilitando impressões por demanda e customizadas a partir das
necessidades de cada leitor. Em seguida, passa a ser feita a distribuição do texto em
formato eletrônico, no qual a versão eletrônica é exatamente igual à versão em papel. A
terceira fase consistiu na distribuição de periódicos apenas em formato eletrônico, em que
a publicação passa a ser um pouco mais do que um texto impresso apresentado
eletronicamente. Nessa etapa, são utilizadas ferramentas de busca e manipulação de
dados, além de alerta aos leitores de que foram publicados textos com temas de seu
interesse, a partir do cadastro de seus perfis. O quarto momento descrito compreende a
geração de um tipo de publicação completamente nova, que explore as reais
potencialidades do meio eletrônico, como por exemplo, hipertexto, áudio, vídeo.
O autor argumenta que, apesar desses quatro passos poderem ser considerados
lógicos no processo de evolução desse tipo de publicação, é difícil descrever em que fase se
encontra a maioria das revistas, uma vez que todas as etapas coexistem atualmente. Por
outro lado, o último estágio descrito por Lancaster (1995) ainda não estaria completamente
atingido, que são pouquíssimos os autores preocupados em produzir material concebido
especificamente para publicação on-line.
Para que a produção de contdos pensados especialmente para a Internet exista,
um ponto importante levantado por Simone Weitzel (2006) deve ser levado em conta: o
reconhecimento social de atividades científicas em meio digital no âmbito institucional, seja
das agências de fomento, da instituição de origem, ou dos pares. A validação do novo meio
de publicação significa considerá-lo um modo importante de comunicação de resultados
33
em avaliações institucionais e profissionais. Assim, a definição de características formais
específicas para o conhecimento científico na web seria potencializada, bem como a
formação de leitores com novos hábitos de leitura de revistas científicas.
2.2 LEITORES E LEITURAS DE PERIÓDICOS ELETRÔNICOS
Diversos autores se dedicaram ao estudo das práticas de escrita e leitura. Ana
Cláudia Gruszynski, no livro A imagem da palavra, aborda a escrita e a leitura como
atividades inconstantes, “constituídas por um conjunto de práticas e de condições que têm
caráter histórico” (GRUSZYNSKI, 2007b, p. 120). A autora retoma o trabalho de David
Olson (1997), para quem a variedade de tais práticas está relacionada aos espaços do
individual e do social. Também recupera as considerações de Roger Chartier (1996) sobre
o tema, que afirma que o ato de ler resulta de tensões estabelecidas entre dois conjuntos de
fatores: (1) os relacionados aos leitores e às comunidades de leitura nas quais estão
inseridos, e (2) os relacionados aos textos e a sua materialidade.
Os vários modos através dos quais os grupos sociais organizam sua relação com
o escrito, seus pressupostos e disposições, o conjunto de competências, de usos,
de códigos, de interesses estão inscritos na ordem das comunidades de
interpretação, que é onde se tem a identidade de um grupo de leitores. É no
intercâmbio com os textos e sua materialidade, nas possibilidades de leitura
decorrentes de aspectos de ordem técnica e material que as várias comunidades
de leitores se articulam. (GRUSZYNSKI, 2007b, p.121)
A autora chama atenção para o fato das orientações seguidas pelas pesquisas na área
de leitura terem mudado na contemporaneidade: da identificação, organização e
memorização das formas do escrito – com foco no ato de ler como domínio de um código
–, passam a abordar a leitura como uma atividade do sujeito. Jean-Pierre Gaté (2001)
define a leitura como comunicação, sendo um ato de linguagem por excelência. Além
disso, percebe a leitura enquanto construção de sentido, existindo diferentes tipos de
leitura, adaptados a diferentes tipos de textos. Para ele, leitura seria projeto, exigindo a
formação de uma competência funcional diversificada para cada situação. Gruszynski
(2007b), a partir de Gaté (2001), apresenta projetos de leituras de dois tipos: para si que
envolveria o lúdico, o prazeiroso, a relação pessoal entre texto e leitor –, e exterior a si
34
orientado para um fim mais distanciado do leitor, como o objetivo de adquirir um dado
conhecimento ou executar uma tarefa específica. Apesar de distintos, ambos projetos
poderiam se cruzar, uma vez que uma leitura funcional pode propiciar prazer e preencher
necessidades íntimas.
Éveline Charmeux (1994) também trabalha com conceito semelhante para projetos
de leitura. Para ela, existiriam projetos voltados para o exterior em função de situações
funcionais com vistas ao aprendizado e instrução, ocorre normalmente com textos não-
ficcionais e não-literários –, ou de estudo leitura que leva à construção de conhecimento.
a leitura como projeto pessoal apareceria em situações de leitura farniente voltada à
distração –, de leitura nostálgica – ligada ao devaneio, a partir da evocação de lembranças
ou de leitura prazeirosa que compreenderia toda a espécie de graus de leitura, situação
almejada em todas as circunstâncias. Percebe-se, assim, que o papel do sujeito passa a se
destacar para os autores citados, ao considerarem a existência de objetivos de leitura e sua
possibilidade de realização dentro de diferentes situações, uma vez que a conduta de leitura
e a construção de sentido não é feita sempre da mesma forma (GRUSZYNSKI, 2007b).
Como leitor principal de revistas científicas, encontra-se o pesquisador, que é
também autor desse tipo de conteúdo. Nesse caso, tendo em vista os conceitos de Gaté
(2001) e Charmeux (1994), identifica-se um projeto de leitura exterior a si, funcional para
estudo, orientado à aquisição de informações com o propósito de construção de
conhecimento.
Carol Tenopir e Donald King (2001), com base em levantamentos realizados
essencialmente nos Estados Unidos durantes as décadas de 1970, 1980 e 1990, chegaram
ao estabelecimento de alguns padrões de uso de periódicos eletrônicos por docentes em
universidades. Eles sustentam que os cientistas lêem em média de 18 a 26 periódicos por
ano, mas tendem a ler extensivamente apenas uma parcela destes, sendo normal lerem
muito poucos artigos de cada publicação. Desde o princípio do período pesquisado,
estudos mostram com regularidade que os artigos de periódicos são considerados pelos
cientistas como o recurso informacional mais importante e que são amplamente lidos. Nos
estudos mais antigos, o formato mais utilizado era o impresso, porém, os periódicos
disponíveis digitalmente ganharam espaço de forma rápida nos últimos anos da década de
1990. Os autores afirmam ainda que, na época analisada, o uso de periódicos eletrônicos
35
variava conforme a área do conhecimento, mas, em média, aproximadamente 50 a 99%
dos membros docentes das universidades pesquisadas usavam esse tipo de publicação em
algum momento de suas investigações. Uma porcentagem muito menor afirmava preferir a
leitura de um título eletrônico em relação ao seu correspondente impresso.
Meadows (1999) cita o trabalho de Dillon (1994), ao afirmar que, para os cientistas,
o requisito mais importante a este tipo de documento eletrônico é a facilidade na produção
de cópias impressas de qualidade. Isso refletiria o fato de que muitos leitores acham mais
difícil lidar com o texto eletrônico do que com o texto impresso em papel
7
. O autor
defende ainda que algumas facilidades do meio impresso como a consulta de
informações folheando páginas impressas comparada à navegação hipertextual do texto
eletrônico, ou a questão da portabilidade e a anotação do conteúdo ser muito mais fáceis
no meio impresso levariam a crer que a leitura de textos em tela ainda seja, em geral, um
processo menos satisfatório do que a leitura de textos em papel. Apesar de passados quase
dez anos desde que tais afirmações foram feitas por Meadows, as práticas de leitura de
revistas científicas ainda permanecem ancoradas nessas bases.
Outro fato importante apontado por Meadows (1999) é o de que esses leitores não
estariam alheios ao potencial da hipermídia no que diz respeito à criação de novos projetos
gráficos para o texto eletrônico em relação ao meio impresso, entretanto a maioria espera
que as publicações digitais, pelo menos inicialmente, se assemelhem a seus equivalentes em
papel. Questões de natureza ergonômica continuam sendo ainda hoje o principal limitador
para a leitura em tela, mais do que na página impressa. Apesar dessas considerações,
Meadows ressalta que se existir motivação suficiente, “como, por exemplo, o rápido acesso
a uma grande variedade de informações, os leitores aceitarão as limitações” (MEADOWS,
1999, p.158).
Os leitores de revistas científicas em geral têm hoje a possibilidade de ler um artigo
tanto em papel quanto na tela do computador. O que eles decidem fazer está sujeito a suas
7
Jakob Nielsen (2000), pesquisador especialista em usabilidade, defende que a web não é boa para documentos muito
longos que precisam apresentar um argumento em constante progressão. Essa seria a principal razão pela qual Nielsen
prefere escrever um livro sobre seus estudos a publicar seus textos na web. Para o autor, três condições teriam de
ocorrer para que ele desistisse de escrever livros: as telas dos computadores teriam de melhorar a ponto da leitura em
tela ser tão rápida e agradável quanto a leitura em papel atualmente, segundo ele, a leitura em tela, é 25% mais lenta
do que a em impressos –, as interfaces com o usuário para navegar na web teriam de melhorar a ponto de ser tão fácil
visitar um site quanto folhear as páginas de um livro e os leitores e escritores teriam de ajustar-se a espaços de
informação não-lineares.
36
preferências pessoais que passam pela facilidade/dificuldade de acesso –, a seus projetos
de leitura, bem como às características do grupo de pares do qual fazem parte. Fica claro
que, atualmente, as formas de apresentação, impressa ou eletrônica, acabam
complementando uma à outra. Muitos leitores realizam pesquisas on-line em busca de
novos textos, mas preferem consultar, em uma leitura mais atenta, o material em papel
que pode ser tanto o fascículo impresso e montado industrialmente quanto uma versão de
impressora doméstica. Desse modo, a transição do impresso ao eletrônico, para Meadows
(2001), não reflete a total eliminação do uso do primeiro em relação ao segundo.
Nesse âmbito, a leitura de periódicos orienta a busca por acumulação de capital
científico, que, neles, encontram-se refletidas as estratégias de conservação dos cientistas
dominantes, sendo possível inferir quem são os pesquisadores de maior prestígio e
reconhecimento de cada campo. Percebe-se que os valores compartilhados pelas diferentes
áreas do conhecimento influenciam o uso dessas revistas, e é possível o estabelecimento de
parâmetros comuns à comunidade científica como um todo, uma vez que tais publicações
são vistas, de modo geral, como o arquivo da ciência e o principal meio de comunicação do
saber para as mais diversas disciplinas.
Embora esses periódicos mantenham suas principais funções no âmbito da
comunicação formal da ciência, o desenvolvimento gradual das revistas científicas, desde as
publicações em papel até as edições atuais em meio digital, reflete o processo de mudanças
nas práticas de leitores, autores e editores. Os leitores de periódicos on-line passam a ter à
sua disposição ferramentas de busca e manipulação de dados impensáveis no século XVII.
Contudo, os parâmetros consagrados por seus correspondentes impressos continuam
pautando as novas publicações digitais. Os principais mecanismos de validação do
conhecimento para fins de publicação permanecem ancorados na avaliação pelos pares. A
escrita e edão de conteúdos criados especialmente para a web parece ser o principal
desafio. Nesse sentido, o reconhecimento social das atividades científicas no novo meio
serve de incentivo para a definição de características formais particulares na produção
editorial de revistas científicas on-line.
3 PRODUÇÃO EDITORIAL E REVISTAS CIENTÍFICAS
A tecnologia digital e a comunicação pela web m alterando práticas que
orientaram a produção editorial ao longo dos últimos séculos. Do planejamento de seus
processos à circulação de produtos cada vez mais diversificados e dirigidos, são muitos os
desafios impostos aos profissionais envolvidos nessa atividade. As práticas editoriais
estabelecidas não apenas refletem um conjunto de técnicas e estratégias voltadas à
produção de livros e periódicos, mas também conformam artefatos que armazenam e
fazem circular o conhecimento humano, articulando em seu entorno fatores econômicos,
sociais, simbólicos, estreitamente relacionados a dinâmicas de poder e de disputas
(GRUSZYNSKI, GOLIN e CASTEDO, 2008).
Bragança (2005), em notas para uma constituição da história do editor, trata do
trabalho pioneiro dos impressores-editores e dos livreiros-editores, discutindo sobre seu
papel emergente no século XV. A consolidação do ofício envolveu questões de custo,
organização institucional, estabelecimento e gerenciamento de direitos sobre o que era
publicado, seleção de textos, censura, modos de circulação e aprimoramento tecnológico,
que configuraram o perfil do editor-empresário no século XIX. Ao longo da primeira
metade do século XX, o desenvolvimento da cultura impressa ocorre “sob a hegemonia do
editor-empresário e das instituições escolares e nacionais” (BRAGANÇA, 2005, p. 232),
característica que entra em crise no período seguinte a partir do surgimento e
fortalecimento dos meios audiovisuais. Novas estratégias editoriais buscaram assegurar a
sustentação das empresas dedicadas à edição. A partir de 1935, por exemplo, a ampliação
38
do repertório de edições de bolso resultou na formação de grandes editoras dedicadas ao
pocket book de alta qualidade editorial.
O surgimento dos meios digitais e da Internet repercutiu fortemente em um campo
regido pela tradição, exigindo a reavaliação de critérios e parâmetros que sempre
orientaram sua práticas. A atividade editorial – ao lidar com a escrita em diferentes
suportes tem como elemento fundamental a materialidade dos artefatos por ela gerados,
que se constituem como parte inseparável das representações, revelando a importância da
edição e da impressão na constituição da cultura gráfica (GRUSZYNSKI, GOLIN e
CASTEDO, 2008). Os elementos que compõem a interface desses produtos são resultado
de um processo histórico. Percebe-se, assim, que o design da publicação, como forma
material dada ao periódico, torna visível o conjunto de decisões tomadas por seus editores
desde o início da produção editorial, no qual formas que hoje nos parecem naturais
baseiam-se na apropriação de técnicas datadas e transitórias.
3.1 AS FORMAS DA ESCRITA E SEUS SUPORTES
A escrita é estudada por Roger Chartier (2007) pela ótica da chamada “sociologia
dos textos”, uma disciplina que visa compreender como as sociedades humanas
construíram e transmitem as significações das diferentes linguagens que designam os seres
e as coisas” (Chartier, 2007, p. 10). Para o autor, é fundamental aproximar a compreensão e
o comentário das obras literárias da análise das condições técnicas ou sociais de sua
publicação, circulação e apropriação, buscando eliminar a oposição entre a pureza ideal do
conceito e sua inevitável corrupção pela matéria. Essa abordagem, segundo Chartier, segue
a noção de cultura gráfica proposta por Armando Petrucci (1986, apud CHARTIER,
2007):
Atribuindo a cada sociedade o conjunto dos objetos escritos e das práticas que
os produzem ou empregam, essa categoria convida a compreender as diferenças
existentes entre as diversas formas de escrita, contemporâneas umas das outras,
e a inventariar a pluralidade de usos dos quais se encontra investida.
(CHARTIER, 2007, p.10)
39
Seus estudos buscam entender como algumas produções estão amparadas na cultura
gráfica de seu tempo, ou em alguns de seus elementos “para fazer da escrita a matéria da
própria escrita” (CHARTIER, 2007, p.11). Chartier afirma que a produção, não apenas de
livros (objeto no qual o autor foca suas pesquisas), mas dos próprios textos, é um processo
que implica, além do gesto da escrita, diversos momentos, técnicas e intervenções
8
, como
as dos copistas, dos livreiros editores, dos mestres impressores, dos compositores, dos
revisores, e atualmente a dos designers do impresso e do digital, entre outros. Para ele, o
procedimento de publicação, seja lá qual for sua modalidade, é sempre um processo
coletivo, que requer numerosos atores. Deste modo, o autor sustenta que é impossível
avaliar qualquer obra independentemente da materialidade de seu suporte (CHARTIER,
2007). Assim, os textos não atingem seus leitores ou ouvintes senão graças aos objetos e às
práticas que os apresentam à leitura ou à audição.
Nesse sentido, Pierre Lévy (1993) defende que as maneiras de pensar e de
comunicar dos seres humanos são sempre condicionadas por processos materiais. E ainda,
“se algumas formas de ver e agir parecem ser compartilhadas por grandes populações
durante muito tempo, isto se deve à estabilidade de instituições, de dispositivos de
comunicação, de formas de fazer [...], de técnicas em geral [...]” (LÉVY, 1993, p.16). Assim,
cada vez que uma nova tecnologia se estabelece, apreenderíamos o conhecimento por ela
configurado por simulação, com os critérios e os reflexos mentais ligados às tecnologias
intelectuais que a precederam.
vy (1993) define como tecnologias da inteligência, ou tecnologias intelectuais, três
técnicas de comunicação da humanidade: a oral, a escrita e a informática. A sucessão dessas
três formas fundamentais de gestão social do conhecimento não se daria por simples
substituição, mas por complexificação e deslocamentos de centros de equilíbrio. A forma
estaria profundamente ligada ao contdo no processo de comunicação, e suas alterações
estariam vinculadas também às mutações do saber.
Na história do livro, por exemplo, -se que a impressão em papel por meio de
tipos móveis trouxe, além da possibilidade de reprodução das publicações em larga escala,
uma maneira específica de ler o texto. Segundo Roger Chartier (1999, p.71), “a obra não é
8
George Landow (1997) aponta que pela primeira vez emculos somos capazes de ver o livro como algo não-
natural, e não como algo intrínsico aos seres humanos. Podemos perceber, assim, o livro como uma tecnologia.
40
jamais a mesma quando inscrita em formas distintas, ela carrega, a cada vez, um outro
significado”. Sempre que a criação de um novo suporte, cria-se também um novo
hábito de leitura, inédito.
Entretanto, esse novo hábito de leitura, bem como todas as mudanças sócio-
culturais envolvidas nesse processo, surge lentamente (LANDOW, 1997). Ezio Manzini
(1993) sustenta que, na vertente técnica, tais inovações chegariam ao sistema de objetos em
duas fases distintas. Na primeira, o novo abriria passagem por caminhos secundários,
modificando o pouco quanto possível as estruturas produtivas e os padrões
organizacionais existentes. Seria nessa fase que, “se empregam os novos materiais como
imitações, ou seja, como meros substitutos de materiais anteriormente utilizados”
(MANZINI, 1993, p.53). na segunda fase, de modo contrário, todo sistema é redefinido
em função do grau de inovação possibilitado pela nova tecnologia.
Essa mudança no processo de produção editorial de periódicos no campo científico
parece caminhar mais lentamente do que em outras esferas. O uso da tecnologia na difusão
de formas diferentes de conhecimento, aproveitando as possibilidades de criação
hipertextual e hipermidiática da web, ainda é bastante deficiente. Especialmente a imagem,
utilizada há milhares de anos na ciência, se mantém ainda como mero adereço descartável
na maior parte dos textos encontrados em revistas cienficas on-line. Rever a importância
da imagem na comunicação em diversas épocas parece importante para compreender seu
papel na contemporaneidade.
3.2 A IMAGEM NA CIÊNCIA
Os lugares e os papéis da palavra e da imagem na construção do conhecimento,
desde o princípio da comunicação escrita, mantêm-se em contínuos deslocamentos. Apesar
disso, a noção de que diagramas, fotos, desenhos, tabelas e ilustrações devem ser evitados
em livros “sérios” porque poderiam fazer parecer que a palavra escrita é limitada na
representação do mundo ainda é muito forte na produção de conhecimento de cunho
científico. Para Flávio Cauduro (1998a), os logocentristas
9
, ao conceberem a fala como a
9
O logocentrismo, segundo o autor, seria o “privilegiamento da linguagem interna (mentalmente falada) sobre sua
representação externa (manifesta por uma escrita gráfica)” (CAUDURO, 1998a, p.90).
41
forma de expressão mais perto da consciência, defendem um entendimento equivocado de
que a escrita alfabética linear, simbólica (de formas gráficas aparentemente não-
motivadas), sem ilustrações, sem diagramas, e com um mínimo de variantes tipográficas – é
a forma mais pura de representação.
Arlindo Machado (2001) afirma que a disputa milenar entre textos e imagens, em
que o primeiro se sobrepõe em importância em relação ao segundo, se baseia em falsas
dicotomias. O autor defende que a escrita não poderia se opor às imagens, visto que
nasceu dentro das próprias artes visuais, como um desenvolvimento intelectual da
iconografia. Esse argumento baseia-se nas idéias de Vilém Flusser (2007):
Se alguém examinar certas plaquetas mesopotâmicas, poderá ver que o propósito
original da escrita era facilitar o deciframento das imagens. Aquelas plaquetas
contém imagens impressas com selo cilíndricos e símbolos cuneiformes nelas
riscadas com um buril. Os símbolos cuneiformes formam linhas que dão
obviamente significado à imagem que acompanham. Eles “explicam”,
“recontame “contamsobre aquilo, e assim o fazem desenrolando a superfície
da imagem em linhas, desembaraçando o tecido da imagem nos fios de um texto,
tornando “explícito” o que estava implícito na imagem. (FLUSSER, 2007, p.140)
O deciframento das imagens permitiu desfiá-las em linhas seqüenciais – processo de
linearização da escrita enquanto que o desmembramento de suas partes compreendeu
cada elemento da imagem pictograma como um conceito. Desse modo, “a primeira
forma de escrita que se conhece é iconográfica, e deriva diretamente de uma técnica de
recorte de imagens” (MACHADO, 2001, p.22). Para Arlindo Machado (2001), se a
imagem está na origem de toda escritura – e, nesse sentido, a escrita verbal é somente uma
forma altamente especializada de iconografia é verdade que a imagem nunca deixou de
ser uma certa modalidade de escritura, ou seja, um discurso construído a partir de um
processo de codificação de conceitos plásticos ou gráficos. É difícil, até mesmo inútil,
assim, diminuir ou ignorar a importância das imagens no processo de construção de
conhecimento.
Estudos como o de Joan Costa (1998) apresentam a diferença entre ver e visualizar
imagens. Para o autor, enquanto o ato de ver está ligado ao mundo visível, que é composto
da realidade diretamente percebida, a ação de visualizar faz “visíveis e compreensíveis ao
42
ser humano aspectos e fenômenos da realidade que não são acessíveis ao olho(COSTA,
1998, p.14). Visualizar não seria, dessa forma, um resultado implícito do ato de ver, mas
sim um trabalho que consiste em transformar dados abstratos e fenômenos complexos da
realidade em mensagens visíveis.
Nesse sentido, Edward Tufte propõe que criar imagens visuais para informação
ou “visualizá-las” é trabalhar na intersecção da imagem, palavra, número, arte (TUFTE,
1998). Para o autor, é na fusão e relação entre verbal e não-verbal, entre discursos lineares
e não-lineares, pensamentos estruturais e não-estruturais, que se estabelece o tipo de
conhecimento construído por seus projetos/designs, sejam eles diagramas, quadros, mapas,
guias, tabelas, gráficos. Sua preocupação em trabalhar nesses encontros e cruzamentos
revela ainda um cuidado em não deixar que a autoridade das palavras domine a visão, para
que não se passe a ver apenas por essa lente, ao invés de se ver com os próprios olhos.
Apesar de textos recentes, como os de Edward Tufte e Joan Costa, terem reforçado
o papel da construção de conhecimento não-linear nas ciências, o estudo da importância
das imagens nesse contexto não é recente:
Embora o uso de imagens na investigação científica se refira à Antigüidade
clássica, [...] Dagognet prefere concentrar sua abordagem da iconografia
científica na Idade Moderna, a partir do século XV, com ênfase no período de
expansão da ciências experimentais, a partir de meados do século XVIII.
Segundo Dagognet, as ciências da natureza logo cedo se deram conta das
limitações da linguagem dita “natural” para descrever relações exatas e
complexas. De um lado, buscaram superar as imprecisões e os excessos retóricos
do discurso verbal por meio do desenvolvimento de estruturas alternativas,
como as proposições lógicas, as equações matemáticas e as rmulas químicas.
(MACHADO, 2001, p.24)
A principal questão levantada por Dagognet (apud MACHADO, 2001) é a
identificação das imagens visuais para informação, tais quais as descritas por Tufte (1998),
como um instrumento heurístico singular: “não um embelezamento, uma simplificação ou
ainda um recurso pedagógico de difusão facilitada, mas uma verdadeira reescritura, capaz,
ela própria, de transformar o universo e reinventá-lo” (DAGOGNET apud MACHADO,
2001, p. 25).
43
Nesse caminho, Martine Joly (1996) afirma que as imagens e seu potencial se
desenvolvem em todos os campos científicos, utilizadas geralmente como visualizações de
fenômenos. O que as distinguiria fundamentalmente umas das outras é que “ora são
imagens ‘verdadeiras’ ou ‘reais’ isto é, permitem uma observação mais ou menos direta e
mais ou menos sofisticada da realidade –, ora são simulações numéricas” (JOLY, 1996,
p.23). Entretanto, a interpretação de imagens reais atualmente, na maioria das vezes, tem
exigido o apoio de processamentos numéricos para controlar a observação ou completá-la,
isolando informações importantes, complementa a autora. Isso ocorre, pois a imagem
verdadeira muitas vezes é tão rica que não se sabe lê-la com correção à primeira vista,
porque se lê primeiro o que já se conhece.
Sobre a habilidade de entender e de usar imagens, Ann Marie Seward Barry (1997)
retoma o conceito de Visual Literacy, proposto por Braden e Hortin (1982), que inclui a
habilidade de pensar, aprender e se expressar por meio de imagens. Em uma tentativa de
atualização, Barry propõe o conceito de Visual Intelligence, que pode ser compreendido
como uma qualidade da mente desenvolvida ao estágio de atenção perceptiva crítica em
comunicação visual. Esse conceito implica o apenas a habilidade de usar o raciocínio
visual para ler e para comunicar, mas também “uma integração das habilidades de
raciocínio verbal e visual, desde o entendimento de como os elementos que compõem
significados em imagens podem ser manipulados para distorcer a realidade, até a utilização
do visual no pensamento abstrato” (BARRY, 1997, p.6). Para a autora (1997), tão
onipresente é o impacto das imagens visuais no cotidiano e tão preocupantes são as
conseqüências de acreditar no que se vê, que apenas Visual Literacy não é suficiente.
Percebendo-se o importante papel das imagens na construção do conhecimento
científico na visão de Machado (2001), Tufte (1998), Costa (1998), Joly (1996), e tendo em
vista esse contexto descrito por Barry (1997), em que a leitura das imagens parece exceder
a comunicação científica e virar parte da vida cotidiana, parece importante resgatar os
estudos sobre cultura visual.
44
3.3 CULTURA VISUAL
Margaret Dikovitskaya em seu livro Visual Culture: The Study of the Visual after de
Cultural Turn (2006), apresenta a cultura visual, ou os estudos visuais, como um novo
campo de estudo da construção cultural visual nas artes, mídia e no dia-a-dia. O trabalho
de Dikovitskaya é especialmente importante para a Comunicação, que discute temas
freqüentemente pesquisados nessa área do conhecimento.
Um campo de estudos interdisciplinar, segundo a autora, os estudos visuais
surgiram no final de 1980, depois que as disciplinas de história da arte, antropologia,
estudos de filmes, lingüística e literatura comparada foram ao encontro da teoria pós-
estruturalista e dos estudos culturais. O conceito inclusivo de cultura como “toda forma de
vida”, proposto por Raymond Williams (1992), tornou-se o objeto de questionamento dos
estudos culturais, em que englobou a “alta” arte e literatura sem colo-las em um patamar
privilegiado.
Como resultado da mudança do conceito de cultura, seu status foi revisto nas
humanidades: a cultura passou a ser vista como a causa ao invés de um mero reflexo ou
resposta de processos sociais, políticos e econômicos. A importância do conceito de
contexto cultural nas humanidades acrescentou maior valor aos estudos visuais. Segundo
Dikovistkaya, a percepção passou a ser entendida como um produto da experiência e as
representações passaram a ser estudadas como um entre outros sistemas de significação
que perfazem a cultura.
Nicholas Mirzoeff (1999) afirma que, assim como o século XIX foi classicamente
representado no jornal e no romance, a cultura fragmentada chamada de s-modernidade
poderia ser mais bem pensada visualmente. Isso permite a discussão proposta pelo autor
ao definir o pós-moderno pela cultura visual. Ele considera que é a própria crise visual da
cultura que gerou a pós-modernidade e define esta época como o contexto que resulta da
crise causada pelo modernismo e a cultura moderna em seu confronto com a falência de
suas próprias estratégias de visualização. A cultura visual se define, então, como o contexto
da cultura contemporânea recente.
W.J.T. Mitchell desenvolve no início de 1990 a base para o primeiro curso
acadêmico em cultura visual nos Estados Unidos EUA. O plano de aula para o curso da
45
Universidade de Chicago foi publicado no Art Bulletin (MITCHELL, 1995). Nos primeiros
trabalhos, o autor discute a diferença entre imagens e palavras, ao questionar também os
sistemas de poder e cânones de valor que subscrevem as possíveis respostas para estas
questões. Mitchell (1987) propõe que uma imagem não é apenas um tipo particular de
signo mas uma matriz conceitual imagem como tal. Ele trata a textualidade como um
contraponto ao imaginário, um outro significante ou modo rival de representação. De
acordo com Mitchell, a diferença entre palavra e imagem pode ser comparada à relação
entre duas línguas que têm interagido por um longo tempo: um diálogo permanente entre
representações pictórica e verbal. Para o autor, os estudos visuais são um fenômeno de
dentro para fora em sua relação com a história da arte, porque estão abrindo o campo
maior das imagens vernaculares, mídia e práticas visuais do dia-a-dia, nos quais a tradição
da arte visual está situada, levantando a questão das diferenças entre alta e baixa cultura,
arte visual versus cultura visual.
Essas abordagens da imagem parecem estar em desacordo com o que se hoje na
comunicação científica por periódicos. Especialmente num mundo em que a tecnologia
digital facilita a disseminação dessas imagens, e no qual a leitura imagética é parte
indiscutível do cotidiano, parece improdutivo pensar que a base da comunicação da ciência
ainda se mantenha num tipo de texto linear onde as imagens têm reduzido, ou nenhum,
espaço. Na evolução gradual dos periódicos científicos eletrônicos, a quarta fase descrita
por Lancaster (1995), em que ocorreria a criação de uma espécie de publicação
completamente nova que explorasse a utilização de hipertexto e hipermídia, áudio, vídeo
reforça esse movimento. Trabalhar articulando palavra e imagem em periódicos no meio
digital parece importante para o entendimento de como aproveitar melhor cada tipo de
representação.
3.4 CIBERESPAÇO E HIPERMÍDIA
Para Lúcia Santaellla (2004), o ciberespaço constitui-se em um novo ambiente de
comunicação e a hipermídia configura-se como a nova linguagem própria desse ambiente.
Apesar das divergências entre estudiosos do tema, a autora aponta que há consenso no
conceito de ciberespaço em alguns pontos, ao defender que:
46
[...] no sentido mais amplo, ele se refere a um sistema de comunicão eletrônica
global que reúne os humanos e os computadores em uma relação simbiótica que
cresce exponencialmente graças à comunicação interativa. Trata-se, portanto, de
um espaço informacional, no qual os dados são configurados de tal modo que o
usuário pode acessar, movimentar e trocar informação com um incontável
número de outros usuários. (SANTAELLA, 2004, p.45)
A linguagem hipermídia, por sua vez, é caracterizada pela hibridização de
linguagens, processos sígnicos, códigos e mídias, pela mistura de sentidos que é capaz de
produzir na mesma medida em que o receptor interage com ela de maneira mútua ou
reativa
10
(PRIMO, 2000), cooperando em sua realização. Santaella (2004) descreve esse
receptor como o leitor imersivo
11
, que navega por dados informacionais híbridos próprios
da hipermídia, como sons, imagens, textos. George Landow (1997) define essa combinação
de dados textos compostos em blocos de palavras, ou imagens, unidos eletronicamente
por diversos caminhos, cadeias ou trilhas sem fim perpetuamente inacabados,
indistintamente como hipermídia ou hipertexto, uma vez que denotam um meio
informacional que une informação verbal e não-verbal. O termo hipertexto, utilizado pela
primeira vez por Theodor Nelson na década de 1960, refere-se a um modelo de texto
eletrônico, uma nova tecnologia de informação e um modo de publicação.
Além de potencializar a combinação de todas essas linguagens, a digitalização
permite a organização reticular dos fluxos informacionais em arquiteturas hipertextuais, de
estrutura não-seqüencial, multidimensional, que suporte às infinitas opções de um leitor
imersivo. O hipertexto informático é uma matriz de textos potenciais, que hierarquiza e
seleciona áreas do sentido, conecta o texto a outros documentos (LÉVY, 1996). Quebra a
linearidade, própria da linguagem verbal impressa, em unidades ou módulos de
informação.
10
Alex Primo (2000) propõe o estudo da interatividade em ambientes informáticos sob a perspectiva da interação
mútua e reativa. Para o autor, há diferenças entre o que é “interativo” e o que é “reativo”. Uma interação reativa não
seria interativa, uma vez que se caracteriza por uma forte roteirização e programação fechada, demasiado determinista.
Já a interação mútua deve abarcar a possibilidade de resposta autônoma criativa e não prevista da audiência.
11
Santaella (2004) descreve a existência de três tipos de leitores com modelos cognitivos diferentes. O primeiro seria o
leitor contemplativo, meditativo da era do livro impresso e da imagem expositiva, fixa. O segundo seria o leitor do
mundo em movimento, dinâmico, um leitor que nasceu com a Revolução Industrial, com a explosão do jornal, com o
universo reprodutivo da fotografia e do cinema. O terceiro leitor, citado acima, seria o leitor imersivo, que conecta-se
entre nós e nexos, num roteiro multilinear, multisseqüencial e labiríntico, potencializado pela hipermídia.
47
Nós e nexos associativos são os tijolos sicos de sua construção. Os nós são as
unidades básicas de informação em um hipertexto. Nós de informação, também
chamados de molduras, consistem em geral daquilo que cabe em uma tela. Cada
vez menos os hiperdocumentos estão constituídos apenas de texto verbal, mas
estão integrados em tecnologias que são capazes de produzir e disponibilizar
som, fala, ruídos, gráficos, desenhos, fotos, vídeos, etc. Essas informações
multimídia também constituem os nós. [...] Um pode ser um capítulo, uma
seção, uma tabela, uma nota de rodapé, uma coreografia imagética, um vídeo,
ou qualquer outra subestrutura do documento. É muito justamente a
combinação de hipertexto com multimídias, multilinguagens, chamando-se de
hipermídia. (SANTAELLA, 2004, p.49)
Esses s precisam de um outro elemento básico da construção hipermidiática: as
conexões. São as conexões que permitem o leitor desse sistema navegar pelos documentos.
Em função das incontáveis conexões possíveis, percebe-se que a hipermídia não é feita
para ser lida do começo ao fim, mas sim por meio de buscas, descobertas e escolhas.
Porém, a grande flexibilidade desse percurso de leitura pode desorientar esse receptor, se
ele não for capaz de formar “um mapa cognitivo, mapeamento mental do desenho
estrutural de um documento” (SANTAELLA, 2004, p.50). Para isso, o leitor necessita
identificar pistas que sejam capazes de orientá-lo nessa navegação.
Porém, essa dificuldade de orientação do leitor em meio a uma enorme quantidade
de informações disponíveis já precisava ser pensada pelos escritores, editores, designers, do
mundo em papel. A web ajudou a potencializar movimentos já existentes na cultura
impressa, como a preocupação em produzir, organizar e publicar conteúdos para rápido
consumo e descarte. Alguns projetos criados para a web – fora e dentro da área científica –
chamam atenção por proporcionarem novas perspectivas para necessidades criadas nesse
espaço em que impresso e eletrônico influenciam um ao outro, sem parar.
3.5 NOVAS PERSPECTIVAS PARA O MERCADO EDITORIAL
O autor José Afonso Furtado (2006), pesquisador das transformações nos modos
de preservar, distribuir, acessar conhecimentos, percebe o desenvolvimento da Internet
como propulsor do aparecimento de novas formas de escrita, de edição, de distribuão e
de leitura. Atribui a ela também a multiplicação de documentos digitais, de editores
eletrônicos, de livrarias virtuais, de obras de referência e de bases de dados textuais on-line,
48
de obras hipertextuais e de dispositivos de leitura de livros eletrônicos. Porém, segundo
Furtado, esse processo, se entendido de maneira ampla, não é recente. os primeiros
esforços de informatização e gestão de bases de dados de endereços por parte dos clubes
de livros, por exemplo, ou a produção de obras com a utilização de técnicas informáticas
associadas ao Desktop Publishing refletiam a progressiva digitalização da cultura do impresso.
Estamos num campo de turbulência, em que a gerão de publicações que
explorem as capacidades específicas do universo digital, o crescimento
exponencial da web e a vulgarização do trabalho em rede e em ambientes
hipertextuais questionam algumas noções atribuíveis aos textos da cultura do
impresso, como a sua fixidez, linearidade, seqüencialidade, autoridade ou
finitude, provocando tranformações nas clássicas definições de autor, leitor e
suas relações mútuas, bem como dando lugar a novas formas de ler e de
escrever. (FURTADO, 2006, p.30)
Alguns exemplos existentes podem ilustrar essas novas perspectivas para o mercado
editorial, dentro da gica apresentada por Furtado para o novo meio. Um deles é o site
ZeroHora.com
12
do Grupo RBS. Criado para disponibilização on-line de sua edição
impressa do jornal diário Zero Hora, o site publica também conteúdos criados
especialmente para meios eletrônicos, como áudio e vídeo. Do conteúdo informativo
disponível no site, chama a atenção a seção Plantão, sobre assuntos variados, com
atualização minuto a minuto. Um tipo de cobertura jornalística impensável para a edição
impressa do jornal.
Outro exemplo é o da editora brasileira Mojo Books
13
que trabalha apenas com
títulos digitais. Partindo da proposta “Se música fosse literatura, que história contaria?”, a
Mojo publica ficções que façam referência a algum disco da preferência do autor. Os Mojo
Books, diferentemente da distribuição tradicional de livros impressos, são disponibilizados
gratuitamente pelo site em PDF, podendo ser feito download do arquivo mediante cadastro
do leitor. A questão do direito autoral também se difere da cultura do impresso. Os e-books
são de direitos proprietários, ou seja, o direito autoral permanece sendo sempre de
propriedade do autor. A editora tem direito de uso do texto, reservando os direitos autorais
do autor, por 10 anos. Os textos são submetidos on-line para apreciação dos editores. O
site possui anunciantes.
12
Disponível em: <http://www.zerohora.com>.
13
Disponível em: <http://www.mojobooks.com.br>.
49
No mercado editorial internacional, a Amazon
14
, loja virtual que surgiu inicialmente
como livraria on-line, vende hoje em dia de computadores a sopa em pó. Porém, é a seção
de livros do site que mais interessa aqui. Nela, encontram-se para venda mais de 24
milhões de títulos, que podem ser adquiridos on-line e entregues em todos os continentes.
Com a busca dos títulos de interesse no banco de dados da Amazon, além da possibilidade
de compra pelo site, o leitor encontra diversas informações sobre obras de interesse
utilizando as ferramentas contextuais. Partindo de links do tipo “confira também”, os
usuários do site podem assistir a vídeos com entrevistas de seus autores favoritos, por
exemplo. Estruturas relacionais que colhem informações dos usuários e organizam a
informação conseguida indicam ao leitor o que outros clientes que compraram o livro
consultado adquiriram além dele, fazendo sugestões de pesquisa. Outro serviço, ou
produto, oferecido pela Amazon que altera os modos de distribuição, e especialmente os de
leitura, é o Amazon Kindle, um dispositivo portátil de leitura eletrônica. No site, o Kindle é
vendido como um dispositivo com tela que se parece com papel, simples de usar e com
conexão sem fio que permite a compra direta da loja Kindle de livros que são entregues no
Kindle em um minuto. mais de 200 mil obras para o dispositivo à venda, e é possível ler
o primeiro capítulo de vários deles antes de pagar pelo livro completo. Os principais
jornais norte-americanos, bem como franceses, alemães e irlandeses, podem ser recebidos
por conexão sem fio em todo os EUA. E o dispositivo ainda pode armazenar mais de 200
títulos. Esses são apenas alguns exemplos de como o mercado editorial como um todo
vem se alterando. No cenário de revistas científicas, não é diferente.
3.6 NOVAS PERSPECTIVAS PARA AS REVISTAS CIENTÍFICAS
Além de acompanharem a evolução tecnológica e o desenvolvimento do sistema de
hipertextos na web, oferecendo alternativas a impasses como o aumento do espaço sico
das bibliotecas, as revistas eletrônicas têm a capacidade de subverter em parte mecanismos
restritivos da indústria editorial científica (GRUSZYNSKI e CASTEDO, 2008). Para
Briquet de Lemos (2005), o excessivo custo das assinaturas de periódicos renomados e as
fusões entre selos editoriais são estratégias cruzadas de um mercado altamente lucrativo.
Trata-se, nesse caso, da assimilação privada, por editores comerciais, de um conhecimento
14
Disponível em: <http://www.amazon.com>.
50
produzido, principalmente, com recursos da esfera pública. Meadows (2001), por outro
lado, com otimismo a mutação do próprio conceito de publicação no ambiente
eletrônico, acreditando no aumento do poder do autor, na redução do controle do editor,
enfim, em um processo de publicação menos unificado.
A transição entre os suportes impresso e eletrônico, uma passagem que aponta para
a hegemonia do eletrônico a curto prazo, não foge totalmente dos modelos tradicionais
ainda vigentes no financiamento das revistas científicas. Segundo Briquet de Lemos (2005),
ao oferecer assinaturas de periódicos eletrônicos, as editoras aplicam preços flutuantes
baseados em pacotes com número e composição variável de títulos disponíveis ao cliente.
Significa o aluguel temporário de um serviço e a impossibilidade de conservar uma colão;
a interrupção da assinatura implica na perda total do acesso ou do acesso parcial conforme
pagamento proporcional ao tempo de uso (GRUSZYNSKI e CASTEDO, 2008).
Além das estratégias institucionais de universidades e órgãos de pesquisa para
formar consórcios e disponibilizar aos interessados as revistas eletrônicas de acesso
restrito, iniciativas de amplitude internacional buscam romper as barreiras econômicas do
sistema editorial ao apoiar a livre disseminação dos resultados de pesquisas científicas
financiadas com recursos públicos. São os periódicos de acesso livre, os repositórios,
arquivos abertos e agregadores de uso gratuito. Em relatório apresentado pelo Parlamento
inglês entre 2003 e 2004, são defendidos modelos e mecanismos de acesso público aos
textos, garantindo sua agilidade, seu rigoroso padrão de qualidade e preservação para
gerações futuras (BRIQUET DE LEMOS, 2005).
Simone Weitzel (2006) dialoga com os autores citados acima, ao levantar questões
que vêm direcionando esse mercado. Segundo ela, na era digital, são os próprios cientistas
que controlam os meios de produção, disseminação e uso da literatura científica, e a
própria comunidade está buscando legitimar essas novas formas de comunicação para
integrar a estrutura do conhecimento científico. Nesse contexto, a autora aponta duas
iniciativas de destaque: a Iniciativa dos Arquivos Abertos Open Archives Initiative (OAI) – e
o Movimento de Acesso Livre. São ações diferentes que buscam o acesso livre e gratuito,
em oposição ao modelo de acesso mediante assinatura, inseridos no que foi denominado
de Modelo OA de comunicação científica, ou seja, um modelo baseado no Open Access.
51
Nos modelos de negócios adotados por editoras privadas e universitárias, algumas
alternativas ao pagamento de assinaturas para acesso ao conteúdo de suas revistas
científicas on-line surgiram. Entre elas, Weitzel (2006) aponta a modalidade em que, uma
vez que tem seu artigo aceito, o autor paga para publicá-lo no periódico. Outra opção é a
parceria com as agências de fomento, que patrocinavam os periódicos impressos, com a
disponibilização de recursos para edição e produção das publicações.
Novas propostas de comunicação científica surgem nesse contexto. Os autores
Arellano, Ferreira e Caregnato (2005) levantam algumas denominações para diferentes
formas de publicações eletrônicas identificadas por Kling, Spector e McKim (2002) que:
[...] constatam a existência de cinco diferentes modelos de publicação científica
na Internet, incluindo: (1) repositórios de eletronic prints (e-prints) por área do
conhecimento; (2) serviços que oferecem acesso on-line a toda a literatura
revisada por pares; (3) revistas revisadas por pares em formato puramente
eletrônico; (4) revistas híbridas, publicadas em papel e em meio eletrônico; (5)
divulgação em sites pessoais dos próprios artigos (ARELLANO, FERREIRA e
CAREGNATO, 2005, p.199).
Em âmbito internacional, algumas ações pretendem dar conta da preservação e
disponibilização das publicações on-line, como a criação da biblioteca SciELO Scientific
Electronic Library Online. Outras iniciativas buscam profissionalizar o processo de edição de
periódicos científicos em geral, tornando-o mais ágil, automatizado e transparente, como o
Open Journal Systems OJS. O OJS é um sistema de gerenciamento e publicação de
periódicos, desenvolvido pelo Public Knowledge Project da Universidade de British
Columbia/Canadá e está inserido na esfera das iniciativas de acesso livre. Foi traduzido,
customizado e disponibilizado aos editores científicos brasileiros pelo Instituto Brasileiro
de Informação em Ciência e Tecnologia – IBICT –, passando a se chamar, no país, Sistema
Eletrônico de Editoração de Revistas SEER. O sistema permite gerenciar e publicar
periódicos científicos na Internet, sendo operado pelo próprio editor que administra o
processo de publicação de sua revista, devendo ser instalado em um servidor para web.
Busca reduzir o tempo e a energia devotados às tarefas administrativas e de secretariado
associadas à produção de uma revista, enquanto melhora a preservação dos registros e a
52
eficiência dos processos editoriais. Procura também, segundo manual publicado on-line
15
,
aperfeiçoar a qualidade da publicação científica e acadêmica através de várias inovações,
que vão desde a transparência das políticas ao aprimoramento da indexação da revista.
Apesar de terem objetivos diferentes, a biblioteca SciELO e o SEER/OJS são
exemplos de usos do meio digital de modo a se aproveitar algo que o meio impresso não
podia oferecer: a integração de uma quantidade enorme de conteúdo em um banco de
dados que pode ser acessado de qualquer lugar por um computador on-line, no primeiro
caso, e a construção e gestão de uma publicação periódica eletrônica com o uso de um
software, no segundo.
Além dos projetos citados, destaca-se a instituição publicadora Biomed Central
16
na
adoção de novos recursos possibilitados pelo meio digital às revistas científicas. Este site
permite que os leitores, ou seja, todas as pessoas externas ao processo de avaliação por
pares dos artigos publicados, tenham acesso não apenas aos artigos completos editados,
mas também ao primeiro original submetido, às avaliações dos pareceristas, à segunda
versão enviada com correções do autor (bem como ao comentário feito pelo autor em
relação aos pareceres), e às novas correções sugeridas pelos avaliadores e versões do artigo
subseqüentes enviadas pelo autor. A prática de publicar também o processo de avaliação
dos artigos leva a comunicação científica a um outro estágio. Desse modo, como
apresentado pela BioMed Central, os interessados nesse tipo de informação têm a
possibilidade de acompanhar as discussões sobre os assuntos em questão, bem como
entender o contexto da avaliação, sabendo quem são os pareceristas e podendo inferir
sobre seus critérios de revisão. Essa prática modifica o processo de produção do
conhecimento, uma vez que altera a etapa de avaliação de periódicos científicos. Assim,
reconfigura-se também a relação entre autores na situação de pesquisadores que
submetem artigos e de pareceristas que têm seus pareceres publicados e leitores, que o
acesso aberto ao procedimento de avaliação os aproxima de uma forma nunca vista no
processo de edição de revistas impressas.
O método já utilizado por diversas áreas do conhecimento de recebimento de
contribuições em fluxo contínuo, é outro exemplo de prática potencializada pela web. A
15
Disponível em: <http://www.ibict.br/anexos_secoes/OJSinanHour2.1.1.pt_br.vrs1.0.pdf>. Acesso em: 28 maio
2008.
16
Disponível em: <http://biomedcentral.com>.
53
Internet também proporciona a opção de publicação on the fly, com a disponibilização dos
textos assim que são liberados pelo peer review, o que poderia suplantar a lenta circulação, a
eventual falta de pontualidade e os limites típicos da ciência organizada em fascículos de
papel (GRUSZYNSKI, GOLIN e CASTEDO, 2008).
Mais um caso de alteração nas práticas de autores, editores e leitores, das edições em
papel para as eletrônicas, é o uso de links nos artigos dos periódicos. O SEER/OJS
apresenta algumas novidades no processo de edição de revistas científicas, dentre elas,
destacam-se as denominadas Ferramentas de Leitura, que buscam auxiliar os leitores na
contextualização de itens relacionados aos artigos através de links para uma diversidade de
fontes e recursos disponíveis na Internet. Uma vez habilitadas, ficam à disposição em um
menu ao lado dos artigos publicados.
Outras questões contempladas no SEER/OJS, que utiliza o protocolo de acesso
livre OAI-PMH Open Archives Initiative Protocol for Metadata Havesting –, estão ligadas à
possibilidade de transferência dos dados para diferentes sistemas, assegurando a
interoperalidade. Entre os princípios do Open Access, que devem ser considerados pelos
editores, pode-se destacar: sistema de armazenamento dos periódicos a longo prazo, auto-
publicação, política de gestão com normas de preservação de objetos digitais, acesso livre –
também para coleta e replicação de metadados
17
, uso de padrões e protocolos que visam a
troca de informações entre bibliotecas eletrônicas, e o uso de softwares de fonte aberta – open
source(GRUSZYNSKI, 2007).
Apesar do objetivo principal deste trabalho não estar ligado à descrição e estudo de
caso específico do SEER/OJS, não como deixar de trazê-lo para discussão, na medida
em que foi utilizado na implementação da Coleção Eletrônica de Revistas em Ciências da
Comunicação REVCOM –, dentro da iniciativa da Rede de Informação em
Comunicação dos Países de Língua Portuguesa mantido pela Sociedade Brasileira de
Estudos Interdisciplinares da Comunicação PORTCOM/INTERCOM. O REVCOM
tinha como objetivo geral, segundo texto publicado no próprio site
18
, contribuir para o
desenvolvimento da pesquisa em Ciências da Comunicação por meio do aperfeiçoamento e
da ampliação dos recursos de disseminação, publicação e avaliação dos seus resultados,
17
Metadados são dados que descrevem uma informação, um item. Autor, título, data de publicação, são exemplos de
metadados para artigos e revistas científicas.
18
Disponível em: <http://revcom2.portcom.intercom.org.br/index.php/index/about>.
54
fazendo uso intensivo da publicação eletrônica. E como objetivos específicos: (1) aumentar
a visibilidade, o volume de acesso e a credibilidade nacional e internacional da publicação
científica em Ciências da Comunicação dos países de língua portuguesa; (2) colaborar para
o aumento do impacto da produção científica da área, atuando diretamente no processo de
comunicação científica. Trata-se de um portal de revistas eletrônicas implementado e
gerenciado pela PORTCOM/INTERCOM em parceria com editores científicos que visa a
integração de coleções locais, regionais, nacionais ou internacionais de periódicos
científicos em Ciências da Comunicação.
Mais uma iniciativa importante, ligada historicamente ao projeto REVCOM, é a criação
do Portal de Revistas de Acesso Aberto em Ciências da Comunicação
UNIVERCIENCIA.ORG. Concebido pela equipe do Centro de Estudos em Design de
Sistemas Virtuais Centrado no Usuário da Escola de Comunicões e Artes da Universidade
de o Paulo CEDUS/ECA/USP –, em parceria com a equipe da
PORTCOM/INTERCOM e da biblioteca da ECA/USP, o portal UNIVERCIENCIA.ORG
tem como foco principal contribuir para o desenvolvimento da pesquisa em Ciências da
Comunicão, promovendo o acesso aberto e irrestrito ao conhecimento gerado na área.
Segundo texto publicado no site, aão tem como objetivos:
[...] aumentar a visibilidade, a acessibilidade e a credibilidade nacional e
internacional da publicação científica em Ciências da Comunicação produzida
pelos parceiros institucionais; colaborar para o aumento do impacto da produção
científica da área, atuando diretamente no processo de comunicação científica,
organizando e integrando coleções locais, regionais, nacionais ou internacionais de
periódicos científicos em Ciências da Comunicação. (UNIVERCIENCIA.ORG
19
,
2008)
O projeto tem como proposta a construção de uma biblioteca digital unificada em
Ciências da Comunicação que possibilite o acesso contextualizado por meio de interface
única de busca ao conteúdo da área produzido nas revistas, teses e dissertações brasileiras a
partir de setembro de 2008. O Portal segue as políticas internacionais e nacionais de acesso
aberto, tendo como objetivo integrar-se a diversos mecanismos de indexação, coleta e
registro de produção científica.
19
Disponível em: <http://www.revistas.univerciencia.org/index.php/index/about>. Acesso em: 02 dez. 2008.
55
A utilização de um sistema eletrônico de editoração, ou edição, de revistas por parte
dos portais REVCOM e UNIVERCIENCIA.ORG reflete, mais do que a busca por
automatização de um processo, a tentativa de padronização de seu fluxo. Uma vez que o
SEER possui um passo-a-passo editorial básico que deve ser seguido pelos editores
submissão, avaliação, edição e publicação
20
a opção por seu uso torna o caminho a ser
seguido a cada edição mais claro. Porém, se de um lado o processo profissionaliza-se, de
outro o risco de uma padronização da conformação gráfica das publicações, que o
sistema apresenta uma opção restrita de customizações no que diz respeito ao design
visual/gráfico das revistas.
Todas essas novas perspectivas do mercado editorial, especialmente no que diz
respeito à edição de periódicos científicos, interferem no design dessas publicações no
novo meio. Palavra e imagem passam a compartilhar um espaço que permite publicar
conhecimentos também em áudio e vídeo. O design de revistas científicas se reconfigura
também na formação de um novo campo. Entender o design, em especial o design para
web, faz-se importante para avançar no projeto de periódicos on-line.
3.7 O DESIGN NA CONFIGURAÇÃO DA COMUNICAÇÃO
A coordenação de palavra e imagem, dentre uma extensa lista de fatores humanos e
técnicos, comunicando pela tradão do invisível em visível é a prática que caracteriza o
processo de design, propõe Jorge Frascara (2006). Ellen Lupton (1996) define design
gráfico como a atividade que forja relações entre imagens e textos, cortando e colando,
aumentando e reduzindo, comparando e isolando elementos. Para Cauduro (1998b), é “um
processo de busca de soluções para problemas de comunicação, que procura inventar
assim como re-articular signos visuais” (CAUDURO, 1998b, p.63). Em um sentido mais
abrangente, com relação à natureza do design, Rafael Cardoso propõe que a maioria das
definições indicadas pelos pesquisadores da área concorda que ele opera atribuindo forma
material a conceitos intelectuais (CARDOSO, 2004).
20
Uma vez instalado em um servidor web, todo o processo de edição de uma revista pode ser feito on-line pelo
sistema, inclusive sua publicação, criando um site do periódico.
56
No início da cada de 1990, segundo Steven Heller e Daniel Drennan (1997),
durante o estágio primitivo da mídia com base na tela, os designers gráficos entraram em
uma área de turbulência, em que sua profissão não estava mais preocupada apenas com
palavras e imagens estáticas, mas também englobava som e imagens em movimento. O
designer digital passou a examinar o ponto onde meio impresso e digital se encontram, e,
mais importante, devia direcionar a transição da mídia fundamentada no papel para a
fundamentada na tela (HELLER e DRENNAN, 1997). A mídia interativa introduziu uma
nova linguagem visual, que não está mais restrita às definições tradicionais de palavra e
imagem, forma e lugar (HELFAND, 1996). Para Heller e Drennan (1997), designers
gráficos deveriam desenvolver novos paradigmas que o especialmente relevantes para
trabalhar no meio digital. Para os autores, o desafio para o campo está em como adaptar os
dogmas da tipografia e da composição aos novos formatos e novos modos de ler e ver.
Não há, portanto, comunicação da ciência que dependa de palavras e imagens para
acontecer que prescinda de design, porque a conformação material é condição essencial
para sua existência. As alterações no campo do design que ocorreram com a criação da
tecnologia digital influenciam diretamente a produção de periódicos científicos no novo
meio. Por esses motivos, o design ou projeto de sites para web, conformador do
conhecimento científico on-line, precisa ser pensado cuidadosamente.
3.7.1 Design de sites na web: projetando a experiência do usuário
Jesse James Garrett (2002) propõe que o desenvolvimento do processo de design de
sites
21
está centrado em garantir que nenhum aspecto da experiência do usuário
22
nesse
espaço aconteça sem que os designers que o projetaram estejam conscientes disso. Isso
significa ter em conta todas as possibilidades de cada ação que o usuário possa fazer e
entender suas expectativas a cada passo no caminho desse processo. Esse trabalho parece
21
Na perspectiva do usuário, um site – ou website – é constituído por páginas, arquivos diversos e hiperligações,
podendo estas ser internas (no site) e externas (para outros sites). A página inicial de um site, chamada também de
homepage ou home, contém, geralmente, informações e links pertinentes que permitem ao leitor acessar outras
informações do site (CARVALHO, SIMÕES e SILVA, 2005).
22
Segundo Javier Royo (2008), a experiência do usuário é o conjunto de sensações, valores e conclusões que o usuário
obtém a partir da utilização de um equipamento. Tais valoreso seriam produto apenas de uma experiência
funcional, mas também de uma experiência estética.
57
imenso, e algumas vezes efetivamente é. Mas, desmembrando as tarefas de construção da
experiência do usuário em seus componentes elementares, torna-se possível ver o projeto
como um todo (GARRETT, 2002). Para isso, o autor descreve os cinco níveis – ou planos
que formam as camadas dessa experiência, de modo que se possa entender como as
decisões dos projetos de sites para a web são tomadas. Citados inicialmente do plano mais
concreto ao mais abstrato, são os níveis: de superfície, de esqueleto (skeleton plane), de
estrutura, de escopo e de estratégia.
Na superfície, se vê uma rie de ginas da web compostas de imagens e texto.
Certas imagens são clicáveis, executando algum tipo de função no site, por exemplo, entrar
em alguma área específica. Outras são apenas ilustrações, como uma fotografia ou o
próprio logotipo do site. Abaixo dessa superfície está o esqueleto do site: o
posicionamento dos botões, abas, fotos e blocos de texto. O esqueleto é projetado com o
objetivo de otimizar o arranjo desses elementos para alcançar a máxima eficiência para
que seja mais fácil para o usuário fixar o logotipo do site, por exemplo, ou encontrar o
ícone para voltar a acessar aquela área específica. O esqueleto é a expressão concreta da
estrutura mais abstrata do site. Deve definir a disposição dos elementos da interface das
páginas do site, enquanto a estrutura define como os usuários vão de uma página à outra.
Em um site que vende livros, por exemplo, o esqueleto determina o arranjo dos itens
navegáveis permitindo que os usuários percorram categorias de livros. Neste caso, a
estrutura estabelece onde essas categorias de fato estão.
A estrutura constitui, então, o modo como as diversas características formais e
funcionais do site se encaixam. Tais características compôem o escopo do site, uma vez
que são definidas a partir dos objetivos pensados para o ele. O escopo é essencialmente
estabelecido pela estratégia delimitada para o projeto, apontando especificações das
funções necessárias e de que tipo de conteúdo será disponibilizado. Essa estratégia
incorpora não apenas o que as pessoas que solicitaram a criação do site desejam conseguir
através dele, mas também o que os usuários buscam conseguir nele. Esses cinco veis
estratégia, escopo, estrutura, esqueleto e superfície –, construídos da base ao topo (figura
1), provêem um quadro conceitual para o estudo dos problemas da ordem da experiência
do usuário, bem como as ferramentas para resol-los.
58
Figura 1– Cinco níveis propostos por Jesse James Garrett (2002).
Para Garret (2002), é evidente que existem mais do que apenas cinco elementos da
experiência do usuário, e como qualquer campo especializado, essa é uma área que
desenvolveu um vocabulário próprio. A fim de esclarecer dúvidas acerca da terminologia
utilizada, definindo que atividades estariam ligadas a cada nível, ele apresenta a dualidade
básica da web: web como interface de software (as software interface) e web como sistema de
hipertexto (as hypertext system)
23
. Para isso, o autor propõe dividir ao meio os cinco níveis
descritos anteriormente e descreve o que deve ser pensado em cada um dos lados, em cada
nível (figura 2).
23
Tradução de Livia Labate. Disponível em: <http://www.jjg.net>. Acesso em: 10 out. 2008.
59
Figura 2 – O que deve ser pensado em cada um dos lados para cada nível.
No lado reservado para a web como interface de software, os designers estão
preocupados principalmente com as tarefas os passos envolvidos no processo e como as
pessoas pensam a fim de completá-los. Nesse lado, o site é planejado como uma
ferramenta, ou conjunto de ferramentas, que o usuário utiliza para executar uma ou mais
tarefas. no lado que pensa a web como sistema de hipertexto, a preocupação principal é
a informação que informações o site oferece e o que isso significa para os usuários. Criar
conteúdo hipertextual significa produzir um espaço de informação pelo qual os usuários
possam se mover. Uma vez descrita a dualidade da web e como ela se relaciona com os
cinco níveis propostos, o autor propõe o mapeamento em seu modelo do confuso arranjo
de termos relacionados à experiência do usuário. Em cada nível, tornam-se claras as
60
preocupações e objetivos de cada etapa nesse tipo de projeto, vistos, nesse momento, da
base, mais abstrata, ao topo, mais concreto.
Os mesmos interesses no nível de estratégia servem aos espaços da interface de
software e ao sistema de hipertexto. As necessidades do usuário o as metas para o site que
atendem àqueles que o utilizarão. São as respostas à pergunta “o que os usuários procuram
no site?”. Os estudos sobre usabilidade são bastante importantes nesse nível. A usabilidade
é geralmente considerada como aquilo que garante que um produto seja fácil de usar do
ponto de vista do usuário. O atributo principal de um design responsável, para Javier Royo
(2008), é que os aparelhos sejam usáveis’, sendo sempre o usuário o centro das
preocupações do designer. Assim, a usabilidade ou capacidade e facilidade de uso de um
aparelho, de uma instalação, de um formulário ou de um site é uma característica implícita
do campo do design. Segundo Jennifer Preece, Yvonne Rogers e Helen Sharp (2005), as
metas de usabilidade podem ser divididas em: eficácia – diz respeito a quanto um sistema é
bom em fazer o que se espera dele –; eficiência ligada ao nível de produtividade no uso
do produto –; segurança implica em proteger o usuário de condições perigosas,
prevenindo-o de cometer erros graves –; utilidade – define se o sistema fornece um
conjunto apropriado de funções que permita aos usuários realizar suas tarefas do modo
que desejam –; capacidade de aprendizagem refere-se a quão cil é aprender a usar o
sistema –; e capacidade de memorização indica o nível de dificuldade em lembrar como
utilizar um sistema. Equilibrando-se junto a essas necessidades estão os objetivos do site,
que podem ser puramente comerciais, para a venda de algum produto ou serviço, por
exemplo. Provêm da pergunta “o que os financiadores/organizadores do site pretendem
com ele?”.
Com um senso claro do que os financiadores/organizadores do site querem e o que
seus usuários precisam, é possível definir como atingir todos o objetivos estratégicos.
Estratégia se transforma em escopo quando se traduz as necessidades do usuário e os
objetivos do site em requisitos específicos para quais conteúdos e funcionalidades o site
oferecerá aos usuários. No nível de escopo, do lado da interface de software, a estratégia é
traduzida em escopo a partir da criação das especificações funcionais: uma descrição
detalhada das características do produto, do que o sistema deverá ser capaz de fazer. No
lado do sistema de hipertexto, esse plano toma a forma das exigências de contdo:
61
definição dos vários elementos do conteúdo que serão disponibilizados, como imagens,
animações, vídeos, áudios, gráficos tridimensionais (NIELSEN, 2000).
O escopo gera a estrutura no lado do software através do design de interação, no qual
é definido como o sistema se comporta em resposta ao usuário. É o momento de definir o
modelo conceitual do site a ser projetado, que pode estar focado no contdo como lugar
a ser visitado ou objeto a ser adquirido (GARRETT, 2002). O conceito de design de
interação está centrado no “design de produtos interativos que forneçam suporte às
atividades cotidianas das pessoas, seja no lar ou no trabalho” (PREECE, ROGERS e
SHARP, 2005). Preece, Rogers e Sharp (2005) entendem o design de interação como
fundamental para todas as disciplinas, campos e abordagens que se preocupam em
pesquisar e projetar sistemas baseados em computador para pessoas. Já na parte do sistema
de hipertexto, a estrutura é a arquitetura da informação, que define o arranjo dos elementos
de conteúdo no espaço informacional, estabelecendo as conexões entre as unidades básicas
desse tipo de estrutura: os nós. Tais estruturas podem ser hierárquicas em árvore ,
matriciais (matrix structures) permitindo que o usuário se mova de um a outro em duas
ou mais dimensões –, orgânicas/aleatórias sem qualquer padrão de organização –, ou
seqüenciais/lineares (figura 3) (GARRETT, 2002; ROYO, 2008). Royo (2008) identifica
ainda outros dois tipo de estruturas não especificadas por Garrett (2002): as estruturas
relacionais – que colhem informações dos usuários e organizam a informação conseguida –
e as estruturas contributivas encontradas em sites que permitem que os usuários
participem com mensagens e discussões, que vão aumentando o sistema de ligações.
62
Figura 3 – Possíveis arquiteturas da informação para sites (tipos de estrutura).
O nível de esqueleto se divide em três componentes. Nos dois lados é necessário
pensar no design da informação, atividade que define como apresentar a informação de
modo que as pessoas a compreendam mais facilmente. Estabelecer se a melhor maneira
para tornar dados visíveis – “visualizá-los” (TUFTE, 1998) – é apresentá-los em um
gráfico em fatias ou em barras faz parte desse trabalho. Para projetos de interface de
63
software, o esqueleto também inclui o design da interface. Nesse nível, são estabelecidas as
convenções e metáforas
24
que orientarão o usuário na navegação. A metáfora do carrinho
de compras em sites de vendas, por exemplo, é algo recorrente. A partir dessas definições,
selecionam-se e distribuem-se os elementos da interface adequadamente, em função da
tarefa que o usuário terá de realizar, arranjando-os na página de modo que sejam
prontamente compreendidos e facilmente utilizados. A linguagem HTML
25
, por exemplo,
utilizada inicialmente para simples informação hipertextual, oferece um grande número
de elementos padrão de interface, como checkboxes, radio buttons, text fields, dropdown lists, list
boxes, action buttons.
a interface para um espaço informacional é seu design da navegação: o arranjo
dos elementos na tela que permite que os usuários se movam pela arquitetura da
informação, indicando a eles onde se encontram no site e onde podem ir (GARRETT,
2002)
26
. Para Nielsen (2000), a navegação é pensada para ajudar os usuários a responder a
três perguntas fundamentais: “onde estou?” – estabelecendo relação da localização do
usuário com a web como um todo e da localização do usuário com a estrutura do site ;
“onde estive?” ajudando-o a apreender a estrutura do site e evitando que gastem tempo
em páginas visitadas –; e “aonde posso ir?” – indicando os possíveis caminhos a seguir a
partir de sua localização atual. A maioria dos sites utilizam ltiplos sistemas de
navegação. Nessa etapa, definem-se os links de navegação estrutural, que tornam aparente
a estrutura do espaço de informação, permitindo aos usuários ir a outras partes do espaço
(NIELSEN, 2000). Esses links refletem o sistema de navegação global do site (GARRETT,
2002). Outros sistemas de navegação existentes, definidos a partir da arquitetura da
informação, são: local para acesso ao que está próximo da localização do usuário ;
suplementar com atalhos a conteúdos relacionados, é composta por links associativos ;
contextual leva a referências adicionais, com links do tipo “consulte também” –; cortesia
24
Desde o início da criação da interface gráfica do usuário (GUI em inglês: Graphical User Interface), a metáfora mais
utilizada para definir o espaço criado pelas novas tecnologias é muito parecida com a da página escrita. Para Royo
(2008), isto se deve à relação da Internet com os meios tradicionais de comunicação e transmissão da informação,
como o livro ou o jornal.
25
Termo na língua inglesa, HyperText Markup Language, que significa Linguagem de Marcação de Hipertexto.
26
Sobre esse tema, é importante citar ainda o trabalho de Gui Bonsiepe (1999), que apresenta o projeto de interface
para programas de computação como formador de um novo campo do design, uma área híbrida, onde os limites entre
design gráfico e de produto se diluem. Interfaces mediam a interação entre pessoas e máquinas. Para Bonsiepe, é por
meio delas que os usuários têm acesso aos sistemas computacionais. Segundo o autor, a relação entre o usuário e o
computador não é somente uma relação de comunicação, para troca de informações, mas sim um espaço de ação, uma
vez que estes objetos metafóricos mais do que representar uma realidade, constituem uma realidade.
64
acesso a itens que os usuários não utilizam normalmente, mas que são úteis, como
dados para contato –; e remota a partir do mapa do site, ou índices (GARRETT, 2002;
NIELSEN, 2000). Nesse nível, é importante pensar também nas questões referentes à
acessibilidade para usuários com deficiências.
Na superfície, tanto no projeto da interface de software quanto do sistema de
hipertexto, a preocupação é a mesma: o design visual. Nesse nível, conteúdo,
funcionalidades e estética estão juntos para atingir a finalização de um projeto que cumpra
as metas dos outros quatro níveis. Se, ao pensar no design da informação do site
determina-se como devem ser agrupados e arranjados os elementos de informação da
página, ao definir o design visual, determina-se como esse arranjo deve ser apresentado
visualmente. Pesquisas sobre o caminho do olhar (eyetracking) de usuários ao navegarem em
sites são bastante úteis nessa etapa, ajudando a definir melhor a localização de cada
elemento gráfico. Garrett (2002) define que a primeira ferramenta utilizada para captar a
atenção dos usuários é o contraste, uma vez que os ajuda a entender as relações entre os
elementos de navegação da página, fazendo com que as peças que mais necessitam ser
vistas em um site saltem visualmente em relação às demais. Por outro lado, manter uma
uniformidade no design visual das páginas também é importante, a fim de garantir que o
usuário não se confunda. Trabalhar com grid
27
, elemento bastante importante no design de
impressos, garante a uniformidade do design de sites a partir da criação de uma página
mestra, utilizada como base para criar variações de layout. Outra preocupação importante
nesse nível para criação de um site é manter sua consistência interna e externa. Para manter
sua consistência interna, todos os objetos projetados para o site por exemplo, ícones
usados em botões devem formar um sistema que opere como um todo coeso, mesmo
que todos eles sejam criados isoladamente, por diferentes profissionais. Problemas de
consistência externa ocorrem quando o site não reflete o mesmo estilo gráfico utilizado em
outros produtos da mesma organização. Manter uma identidade visual nos diversos meios
em que tal organização se apresenta reforça uma imagem positiva, deixando claro ao seu
público quais são seus valores e idéias (ROYO, 2008).
27
Herança do projeto de impressos o grid, ou diagrama, serve de guia, onde são definidos o número de colunas por
página, o espaço entre as colunas e as margens da página. É a partir dela que o designer organiza um conteúdo
específico em relação ao espaço que irá ocupar na página. Para Timothy Samara (2007), o grid “converte os elementos
sob seu controle num campo neutro de regularidade que facilita acessá-los – o observador sabe onde localizar a
informação procurada porque os pontos onde se cruzam as divisões horizontais e verticais funcionam como
sinalizadores daquela informação. O sistema ajuda o observador a entender seu uso” (SAMARA, 2007, p. 9).
65
A criação de estilos gráficos para as informações textuais, a partir da combinação de
tipografia e cor, é um recurso importante na consolidação da consistência interna de um
site, além de fortalecer a identidade da marca que se quer valorizar na web. Ellen Lupton
(2006) sustenta que, especialmente em projetos digitais onde textos longos são partidos em
partes que podem ser alcançadas por mecanismos de busca ou links hipertextuais, os
designers abrem caminhos para dentro e para fora do fluxo de palavras, oferecendo atalhos
e rotas alternativas através da massa de informação. Desde um simples recuo a um link
destacado, a tipografia auxilia os leitores a navegarem pelo conteúdo. A autora atribui uma
função bastante refinada ao uso de estilos gráficos com base na tipografia. Segundo
Lupton, o papel principal do design com tipos é ajudar os leitores a não precisar ler, uma
vez que, quando bem empregado, permite ao usuário procurar um dado específico ou
processar rapidamente um volume de conteúdo, sem que para isso seja necessário ler
palavra por palavra.
Para Garret (2002), poucos sites caem exclusivamente em um lado ou outro desse
modelo. Dentro de cada nível, os elementos devem funcionar juntos para cumprir suas
metas. Por exemplo, design da informação, design da navegação e design da interface
definem conjuntamente o esqueleto do site. Os efeitos das decisões feitas em relação a um
elemento nos demais é difícil de mensurar. Todos os elementos que compõem um mesmo
plano possuem uma mesma função nesse exemplo, definir o esqueleto do site ainda
que realizem essa função de diferentes maneiras. O autor faz uma ressalva ao mencionar
que essa divisão do projeto de um site em níveis e caixas cuidadosamente arranjadas é um
modo conveniente de pensar os problemas acerca da experiência do usuário. Na realidade,
entretanto, as linhas que separam essas áreas não são tão bem delimitadas assim.
Freqüentemente, pode ser difícil identificar se um determinado problema seria melhor
resolvido a partir do olhar específico para um elemento ou outro.
O design de websites, enquanto projeto de espaços on-line, constitui-se a partir
desses cinco níveis, desde o estratégico, mais abstrato, até o superficial, mais concreto. A
construção de um site, e o resultado mais visível do projeto concentrado em seu design
visual, estão, assim, profundamente ligados ao entendimento das necessidades do projeto.
No caso do design de publicações científicas on-line, que constituem sites na web, a análise
dos elementos que formam as revistas definidos pelas etapas de planejamento, fluxo
66
editorial e circulação (GRUSZYNSKI, GOLIN e CASTEDO, 2008) –, articulam-se
diretamente em sua conformação final.
As novas perspectivas do mercado editorial apresentadas, especialmente no que diz
respeito à edição de periódicos científicos, interferem no modo de pensar o design dessas
publicações no novo meio. Palavra, imagem, áudio, vídeo, passam a compor a hipermídia
que repercute nas revistas científicas em meio digital, exigindo o domínio das várias
funções, conteúdos e modos de uso desses produtos on-line. Nesse contexto, o modelo de
Garrett (2002) para o projeto de sites na web revela a complexidade dessa atividade, que
torna “visualizáveis” conceitos abstratos. No plano superficial, o design visual desses
produtos surge como o resultado de um conjunto de requisitos de qualidade que
conformam as revistas científicas on-line.
4 OBJETO E MÉTODO
A partir do referencial bibliográfico que estabeleceu as bases teóricas sobre ciência e
o campo da Comunicação, particularmente acerca das revistas científicas, da produção
editorial e do design, demarcou-se o objeto de pesquisa. Com o objetivo de identificar
tendências na produção editorial de revistas científicas brasileiras on-line da área de
Comunicação, especialmente o design dessas publicações, serão descritos, a seguir, os
elementos que norteiam a seleção do corpus e as categorias estabelecidas para análise.
4.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO OBJETO
As pesquisas sobre revistas científicas brasileiras vêm crescendo de modo acelerado
nos últimos anos, principalmente aquelas que se preocupam em abordar temas ligados à
avaliação da qualidade dos títulos. Suzana Mueller (1999) apresentou a preocupação com a
qualidade dos periódicos do país no texto O círculo vicioso que prende os periódicos nacionais. A
partir do estudo das citações feitas aos periódicos brasileiros, a autora aborda os problemas
enfrentados por essas publicações como reflexos da falta de estabilidade política e
financeira do Brasil. Percebe que muitas edições eram publicadas de forma semi-amadora e
tinham um esquema de distribuição deficiente. Freqüentemente apresentavam
irregularidades na periodicidade e extinguiam-se com facilidade. Além disso, com base
nesse estudo, Mueller inferiu que as publicações brasileiras eram, em geral, pouco lidas e
pouco citadas.
68
Outra abordagem encontrada com freqüência trata do aumento acelerado do
número de títulos de revistas, no último século, em todas as áreas do conhecimento. Rosaly
Favero Krzyzanowski e Maria Cecília Gonzaga Ferreira (1998) afirmam que esse quadro
vem trazendo preocupação para os profissionais que se interessam pela qualidade da
informação científica. Segundo as autoras, críticas vêm sendo feitas, em nível mundial, em
relação à publicação de revistas “[...] sem critérios de qualidade e para as quais vêm se
perdendo esforços, material publicado, recursos financeiros e até prestígio de organizações
científicas ou instituições” (KRZYZANOWSKI; FERREIRA, 1998, p.165). Entre algumas
dessas críticas, as autoras apontam no texto Avaliação de periódicos científicos e técnicos brasileiros
cinco fatores que afetam a qualidade das revistas científicas brasileiras: (1) falta de
regularidade na publicação e distribuição dos periódicos; (2) problemas com a avaliação de
conteúdo, falta de corpo editorial; (3) falta de normalização dos artigos científicos e dos
periódicos como um todo; (4) pouca penetração da língua portuguesa no exterior; e (5)
baixo índice de novidade e ineditismo que envolvem os artigos científicos publicados.
No panorama brasileiro, a falta de recursos financeiros para a publicação de
periódicos científicos leva os editores de revistas à busca de verbas de apoio junto às
agências financiadoras do país. Esse tipo de ajuda, segundo Krzyzanowski e Ferreira
(1998), é praticamente impossível para todas as publicações que existem na atualidade.
Dentro desse quadro, as agências vêm investindo em programas de apoio com políticas
que pretendem contribuir para que as revistas de boa qualidade perdurem, já que, por meio
dessas revistas, as pesquisas financiadas pelas próprias agências são divulgadas. A fim de
colaborar na qualificação das edições, além de favorecer a definição dos títulos que devem
ter prioridade no recebimento de recursos, alguns roteiros de avaliação de periódicos
impressos e eletrônicos passaram a ser propostos na última década, como os de
Krzyzanowski e Ferreira (1998)
28
, Sarmento e Souza, Foresti e Vidotti (2004)
29
, Trzesniak
(2006)
30
, Oliveira (2005)
31
, Mendonça, Fachin e Varvakis (2006)
32
e Gruszynski, Golin e
Castedo (2008)
33
.
28
Anexo 1.
29
Anexo 2.
30
Anexo 3.
31
Anexo 4.
32
Anexo 5.
33
Anexo 6.
69
Contudo, apesar do aprimoramento da avaliação da qualidade do conteúdo das
revistas científicas ter crescido de maneira mais acelerada apenas nos últimos anos, como
foi mencionado, essa não é uma preocupação recente.
A partir da década de 60, instituições internacionais como a United Nations
Educational, Scientific and Cultural Organization Organização das Nações Unidas
para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), regionais como o Centro Latino-
Americano e do Caribe de Informação e Ciências da Saúde (BIREME) e
nacionais como o Instituto Brasileiro de Informão em Ciência e Tecnologia
(IBICT), a Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), o
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a
Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), e mais recentemente a Fundão
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de vel Superior (Capes), entre
outras, passaram a desenvolver programas de avaliação de revistas com
diferentes abordagens e metodologias. (STUMPF, 2003, p. 27)
as pesquisas quantitativas vêm sendo muito utilizadas tanto em nível nacional
quanto internacional. A avaliação de mérito pelos pares ainda é o princípio que direciona
essa metodologia, a partir de parâmetros pré-determinados pelos responsáveis das
avaliações. Outras características das metodologias existentes dizem respeito ao uso de
categorias que avaliam o conteúdo dos periódicos mérito –, também chamado aspectos
intrínsecos ou intelectuais, e a forma desempenho –, também conhecida como aspectos
extrínsecos ou materiais. Apesar de razoavelmente definidas, essas categorias de avaliação
nem sempre dão conta do fato de as qualidades internas de uma publicação muitas vezes se
misturarem às suas qualidades externas. Assim, a literatura internacional tem dado maior
atenção ao estudo do processo de avaliação dos originais pelos pares, por acreditar que é
dessa maneira que o padrão de qualidade das revistas científicas é assegurado (STUMPF,
2003).
No que se refere às revistas científicas da área da Comunicação, destaca-se a
publicação, a partir de 1998, do Catálogo de revistas acadêmicas em Comunicação, editado na
época por Ida Stumpf, Christa Berger e Sérgio Capparelli. O catálogo apresenta o
mapeamento feito das revistas de cunho científico publicadas pela área de Comunicação no
Brasil. Com atualizações periódicas mantidas pelo Núcleo de Pesquisa em Informação,
Tecnologias e Práticas Sociais
34
da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
INFOTEC/UFRGS –, coordenado por Ida Stumpf, inicialmente a publicação era impressa
34
O site do INFOTEC/UFRGS está disponível em: <http://www.ufrgs.br/infotec>. Acesso em: 10 ago. 2008.
70
e eletrônica, mas, a partir de 2004, passou a ser encontrada apenas on-line. No primeiro
catálogo, constavam 26 títulos que representavam a produção periódica da área naquele
momento. Em 2008, o número de títulos presentes no catálogo chegava a 60.
Em 2002, Sueli Ferreira apresentou, no texto Portal em Ciências da Comunicação: impacto
na pesquisa e na pós-graduação, o projeto conceitual do Portal de Ciências da Comunicação,
implementado pela Rede de Informação em Ciências da Comunicação dos Países de
Língua Portuguesa – PORTCOM –, e mantido pela Sociedade Brasileira de Estudos
Interdisciplinares da Comunicação INTERCOM. Desenvolvido com base em parcerias
com profissionais de informação atuantes em comunicação, pesquisadores e
coordenadores de núcleos de pesquisa da própria INTERCOM e a comunidade em geral,
o portal teve como proposta inicial desenvolver metodologias de trabalho para alimentação
descentralizada de dados bibliográficos e de texto completo em Comunicação. Utilizando
padrões e normas nacionais e internacionais de controle, indexação e gerenciamento
automático da informação, visava oferecer à comunidade profissional dos países
envolvidos servos com alto valor agregado, quer sejam de recuperação da informação,
criação de comunidades virtuais na área e troca constante entre pares. Para tanto, era
composto de: (a) biblioteca digital que permitia acesso à base bibliográfica e de textos
completos da produção científica e acadêmica, ao diretório Quem é Quem na área e aos guias
on-line dos principais serviços e produtos na área, (b) Arena Científica (implementado com
base no protocolo Open Archives), que consistia em um espaço desenvolvido com o
propósito de incentivar a comunicação entre os pares por meio da publicação, depósito,
recuperação e comentário de trabalhos diretamente pelos próprios autores, e ainda (c)
informes diversos sobre matérias, destaques, eventos e manchetes de acontecimentos
importantes em comunicação. O artigo apresenta também uma reflexão sobre possíveis
impactos deste Portal no ensino e na pesquisa em Ciências da Comunicação.
O texto Comunicação científica e o protocolo OAI: uma proposta na área de Ciências da
Comunicação, de Sueli Mara Ferreira, Fernando Modesto e Simone da Rocha Weitzel (2003),
foi apresentado no XIII Encontro de Informação em Ciências da Comunicação, evento
componente do XXVI Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação
ENDOCOM/INTERCOM. O artigo buscou analisar um novo formato de publicação
eletrônica para a época mais especificamente o repositório digital Open Archives ,
71
partindo de uma reflexão sobre o sistema tradicional de comunicação científica, de modo a
definir um projeto de planejamento e implementação de um repositório temático na área
de Ciências da Comunicação. Em síntese, as autoras descrevem o caminho percorrido pela
equipe da PORTCOM, durante a fase inicial de concepção do projeto Arena Científica junto
aos pesquisadores dos núcleos de pesquisa da INTERCOM. Nesse artigo, apresenta-se
resumidamente conceitos e definições que norteiam a estrutura dos arquivos abertos.
Em 2003, o trabalho Avaliação do portal PORTCOM pelo PPGCOM/UFRGS foi
apresentado no XIII ENDOCOM/INTERCOM, por Ida Stumpf, Cynthia Harumy
Watanabe Corrêa e Rosa Maria Apel Mesquita. Tendo como objetivo avaliar o uso do
portal PORTCOM, com base em critérios que abrangem conteúdo e apresentação gráfica,
constitui-se num estudo exploratório, com abordagem qualitativa, que envolveu a
elaboração de formulário com os critérios mais relevantes e compatíveis para a avaliação.
Além dos autores, um grupo focal de alunos do Programa de Pós-Graduação em
Comunicação e Informação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
PPGCOM/UFRGS analisou o portal. Descreveram-se os problemas encontrados que
não pretendiam invalidar sua contribuição para o desenvolvimento e a consolidação da
pesquisa científica em Comunicação. Também apresentaram-se sugestões, como a
ampliação das parcerias para possibilitar a alimentação descentralizada e a recuperação mais
completa da produção da comunidade científica da área.
Na pesquisa Avaliação das revistas de Comunicação pela comunidade acadêmica da área,
desenvolvida por Ida Stumpf e divulgada também em 2003, a partir da produção do
catálogo descrito anteriormente, buscou-se avaliar 26 revistas da área de Comunicação
através da opinião de docentes/pesquisadores dos doze Programas de Pós-Graduação. O
estudo foi caracterizado como exploratório, com abordagem quantitativa, utilizando como
instrumento de coleta de dados um formulário próprio no qual os sujeitos opinaram sobre
os indicadores: avaliação geral da revista, sua contribuição para a área, prestígio junto à
comunidade acadêmica, qualidade do contdo dos artigos, rigor na avaliação dos originais,
regularidade da publicação, apresentação gráfica e distribuição. Para análise, foram
consideradas as revistas conhecidas por, pelo menos, 50% dos respondentes. Segundo
Stumpf (2003), os resultados apontam as oito revistas mais conceituadas na área.
72
O artigo Periódicos científicos eletrônicos: identificação de características e estudo de três casos na
área de Comunicação, de Isabel Merlo Crespo e Sônia Elisa Caregnato (2004), surge a partir da
iniciativa PORTCOM/INTERCOM e dialoga com a pesquisa proposta no presente
trabalho. As autoras buscaram identificar periódicos nacionais da área de Comunicação que
estivessem listados no PORTCOM/INTERCOM. O estudo partiu do desenvolvimento e
histórico dos periódicos científicos e procurou, através de uma revisão da literatura e
análise de periódicos científicos eletrônicos, nacionais e estrangeiros, a identificação de
algumas características peculiares dos mesmos em meio eletrônico. A partir dessas
características, foram analisadas três revistas da área de Comunicação: Ciberlegenda, Intexto, e
PCLA - Revista Científica Digital. A conclusão do trabalho demonstra que as revistas
analisadas adotam parcialmente os aspectos possibilitados pelo meio eletrônico.
Um enfoque um pouco diferente para o estudo desses periódicos é visto no
trabalho de Richard Romancini (2004). O texto Periódicos brasileiros em Comunicação: histórico e
análise preliminar foi apresentado pelo autor no Núcleo de Produção Editorial do IV
Encontro dos Núcleos de Pesquisa da INTERCOM. O artigo apresenta um histórico dos
periódicos brasileiros dedicados a temas de Comunicação, numa perspectiva voltada ao
estudo da constituição do campo científico da área. São discutidas formas de utilização dos
periódicos no estudo social da ciência, antes da análise do corpus elaborado. Segundo o
autor, o estudo dos periódicos permite notar certos padrões na estruturação das
publicações, conforme diferentes períodos. Inicialmente, um periódico típico é resultado
da ação de professores de Comunicação agrupados em graduações e centros de pesquisa,
passando, anos mais tarde, a ser um periódico ligado a Programa de Pós-Graduação em
Comunicação. O periodismo on-line da área é descrito e são discutidas ainda questões
como a avaliação e visibilidade dos trabalhos, abordando o sistema Qualis, da Capes, e o
projeto SciELO, da Fapesp/Bireme. Essas questões são retomadas e aprofundadas na tese
de doutorado do autor, O campo científico da Comunicação no Brasil: institucionalização e capital
científico, defendida em 2006 (ROMANCINI, 2006).
Trabalho produzido também por pesquisadores da área de Comunicação, a pesquisa
Os elementos comunicacionais dos periódicos científicos e a relação com os suportes impresso e on-line
35
coordenada por Ana Cláudia Gruszynski é um estudo-piloto. Desenvolvida pelo
35
Participei da pesquisa citada como colaboradora.
73
Laboratório Eletrônico de Arte e Design da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação
da Universidade Federal do Rio Grande do Sul LEAD/FABICO/UFRGS –, a pesquisa
considerou o recorte das revistas de três áreas desta Universidade Ciências Humanas;
Ciências Sociais Aplicadas; Lingüística, Letras e Artes. Seu principal objetivo foi avaliar
todos os periódicos nos suportes impresso e on-line, verificando os elementos editoriais e
gráficos dessas publicações. Textos escritos e publicados a partir deste estudo resgatam
temas como busca, acesso e visibilidade da informação científica, identificação, descrição e
intercâmbio de recursos eletrônicos, arquivos abertos e acesso livre às publicações
periódicas (GRUSZYNSKI e GOLIN, 2007). Entre os resultados da pesquisa estão dois
roteiros para orientação das comissões editoriais na edição, consolidação e qualificação de
periódicos científicos impressos e eletrônicos. Esses roteiros enfatizam três etapas
fundamentais da produção dessas publicações o planejamento editorial, o fluxo editorial
e a circulação (GRUSZYNSKI, GOLIN e CASTEDO, 2008).
Em Fator de impacto da produção científica da área de Ciências da Comunicação: um longo
caminho a ser percorrido, de Sueli Mara Soares Pinto Ferreira (2007), a autora propõe que
conhecer os fluxos da comunicação científica, desvendar os mecanismos existentes para a
qualificação da ciência e implementar mecanismos e ferramentas para a obtenção de
indicadores e parâmetros que possibilitem o mapeamento por áreas específicas do
conhecimento tem sido o foco das comunidades científicas muito tempo. Nesse
contexto, surgem discussões sobre o processo da comunicação científica –; especialmente
na atualidade, com os movimentos dos arquivos abertos e do acesso livre – sobre a
validação dos critérios de qualidade para as rias áreas do conhecimento; sobre os fatores
de impacto desenvolvidos pelo Institute for Scientific Information ISI ; sobre outras
possibilidades tecnológicas trazidas pela rede mundial; sobre novas possibilidades de gestão
de contdo e indexação de periódicos, teses, trabalhos de eventos, dentre outras. Com o
foco na área das Ciências da Comunicação brasileira, Ferreira (2007), a partir da análise dos
sistemas e serviços de indexação e citação disponíveis internacional e nacionalmente,
aponta e responde a várias indagações que se tornam relevantes, de modo a evidenciar o
estágio em que se encontra o campo no Brasil em termos de construção de critérios
próprios.
74
A leitura e verificação das metodologias de pesquisa adotadas pelos diferentes
autores citados permitiu traçar um panorama dos estudos sobre revistas científicas
brasileiras, em particular da Comunicação. A partir disso, foi possível definir o corpus a ser
pesquisado e os procedimentos metodológicos descritos a seguir.
4.2 DEFINIÇÃO DO CORPUS
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Capes
divulga anualmente a classificação feita pelo sistema Qualis
36
, com as revistas científicas do
país divididas por áreas do conhecimento, em que uma nota ligada à avaliação da qualidade
do título é atribuída a cada uma delas. O sistema Qualis é o resultado do processo de
classificação dos veículos utilizados pelos programas de pós-graduação para a divulgação
da produção intelectual de seus docentes e alunos. Segundo informações encontradas no
site da Capes, a classificação é feita ou coordenada pelo representante de cada área e passa
por processo anual de atualização. As publicações citadas pelos programas são enquadradas
em categorias indicativas da qualidade A, B ou C e do âmbito de circulação dos títulos
local, nacional ou internacional. As combinações dessas categorias compõem nove
alternativas indicativas da importância do veículo utilizado, e, por consequência, do próprio
trabalho divulgado. A definição do corpus da pesquisa levou em consideração a lista
publicada no site
37
do sistema Qualis em julho de 2008, porém, como a classificação é feita
por áreas do conhecimento abrangentes – Comunicação está em Ciências Sociais Aplicadas
–, foi necessário cruzar os dados levantados no site Qualis/Capes com o Catálogo de revistas
acadêmicas em Comunicação
38
, edição 2008, para que se soubesse quais revistas abordavam
temáticas da Comunicação.
A fim de que a análise permeasse o que esse sistema de avaliação percebe como o
melhor em revistas científicas da área, optou-se pela análise das revistas editadas no Brasil
da área de Comunicação, Qualis A Nacional, com textos disponíveis completos on-line e
com edição mais recente publicada no ano de 2008. Chegou-se, então, aos títulos:
Comunicação, Mídia e Consumo; E-Compós; Eptic On Line, Galáxia; Intercom Revista Brasileira de
36
Disponível em: <http://qualis.capes.gov.br>. Acesso em: 15 mar. 2008.
37
Disponível em: < http://qualis.capes.gov.br/webqualis>. Acesso em 15 jul. 2008.
38
Disponível em: <http://www6.ufrgs.br/infotec/inicial.htm>. Acesso em 20 dez. 2008.
75
Ciências da Comunicação; Intexto; Revista FAMECOS; Revista Fronteiras; e Studium. Destas,
apesar de terem uma boa avaliação no Qualis/Capes, as revistas Comunicação, Mídia e
Consumo, Fronteiras e Studium não estão disponíveis no Portal de Periódicos da Capes
39
.
Dentre todas as edições que compõem as coleções desses periódicos, definiu-se que seriam
analisados o número mais recente até o momento do início deste mapeamento
40
de
cada título disponível on-line, bem como o primeiro número publicado na web. Para as
revistas que se originaram de versões impressas a primeira edição on-line analisada como
a mais antiga – optou-se pela primeira sob identificador ISSN eletrônico. Esse identificador
também é conhecido como E-ISSN, ou ainda ISSN on-line. Os dados sobre ISSN das
revistas foram disponibilizados pelo IBICT, em resposta à solicitação feita por e-mail no
dia nove de janeiro de 2009 (anexo 7). Por este critério, duas revistas ficaram apenas com a
análise da edição mais recente. É o caso dos títulos Comunicação, Mídia e Consumo que
obteve o E-ISSN apenas na edição atual (quadro 2) e a Revista Fronteiras que, até o
momento, não possui E-ISSN.
A variedade de sites dos títulos, identificada pelo cruzamento das informações
encontradas no buscador Google e no site do INFOTEC, apresentou-se como uma
peculiaridade dessas publicações. Como algumas revistas estão disponíveis em mais de um
endereço eletrônico, foi preciso mapear o modo como as edições se apresentavam em cada
um desses locais. A partir de um levantamento inicial, constatou-se que boa parte das
revistas encontra-se disponível no REVCOM e no UNIVERCIENCIA.ORG utilizando a
interface do SEER, apesar de manter também sites com endereços próprios onde nem
sempre estão disponíveis os textos completos. Um dado importante é que, dos sites
encontrados, os endereços eletrônicos das revistas E-Compós, Intexto e Studium eram curtos
e fáceis de memorizar. As demais URLs eram longas e difíceis de lembrar. Os sites
encontrados de cada título seguem em quadro a seguir (quadro 1):
39
Disponível em: <http://www.periodicos.capes.gov.br>. Acesso em 20 dez. 2008.
40
Ocorrido entre os dias 1 e 5 de janeiro de 2009.
76
Quadro 1 – Sites encontrados das revistas.
A revista Comunicação, Mídia e Consumo, do Programa de Mestrado em Comunicação
e Práticas de Consumo da Escola Superior de Propaganda e Marketing ESPM de São
Paulo, surgiu em 2004 com edição impressa. As homepages (figuras 4 a 7) dos quatro sites
(anexos 8 a 11) encontrados para a publicação seguem abaixo:
77
Figura 4 – Homepage do site da revista Comunicação, Mídia e Consumo no REVCOM.
Utiliza o SEER.
Figura 5 – Homepage do site da revista Comunicação, Mídia e Consumo no
UNIVERCIENCIA.ORG. Utiliza o SEER.
78
Figura 6 – Homepage do site próprio da revista Comunicação, dia e Consumo. Utiliza o SEER.
Figura 7 – Homepage do site da revista Comunicação, Mídia e Consumo. Vinculado ao site
institucional da ESPM.
79
O periódico E-Compós, da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação
em Comunicação Compós –, surgiu também em 2004, porém em formato eletrônico.
A homepage (figura 8) do site (anexo 12) encontrado para a publicação está a seguir:
Figura 8 – Homepage do site próprio da revista E-Compós. Utiliza o SEER.
A revista Eptic On Line é produzida pelo Observatório de Economia e Comunicação
da Universidade Federal de Sergipe, vinculado à rede de Economia Política das
Tecnologias da Informação e da Comunicação. É publicada desde 1999, sempre
eletronicamente. A homepage (figura 9) do site (anexo 13) encontrado para a publicação
segue abaixo:
80
Figura 9 – Homepage do site próprio da revista Eptic On Line.
A revista Galáxia, do Programa de Estudos Pós-Graduados em Comunicação e
Semiótica da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo PUCSP –, nasceu impressa
em 2001. Foram encontrados três sites da revista em janeiro de 2009, um no portal
UNIVERCIENCIA.ORG, um no portal de revistas PUCSP e um site próprio, oficial,
junto da página do Programa. Uma curiosidade do processo de busca pelos sites dessa
revista é que, em setembro de 2008, em um levantamento preliminar, foi identificada a
presença da revista no portal REVCOM. Porém, nessa pesquisa mais recente, as páginas
81
não foram encontradas. A homepage (figuras 10 a 12) dos sites (anexos 14 a 16)
encontrados em 2009 para a publicação estão a seguir:
Figura 10 – Homepage do site da revista Galáxia no UNIVERCIENCIA.ORG.
Utiliza o SEER.
Figura 11 – Homepage do site da revista Galáxia no portal de revistas da PUCSP.
Utiliza o SEER.
82
Figura 12 – Homepage do site próprio da revista Galáxia. Utiliza o SEER.
O periódico Intercom - Revista Brasileira de Ciências da Comunicação, da Sociedade
Brasileira dos Estudos Interdisciplinares da Comunicação, surgiu impresso em 1978. A
homepage (figura 13) do site (anexo 17) encontrado para a publicação segue abaixo:
Figura 13 – Homepage do site da revista Intercom no REVCOM. Utiliza o SEER.
83
A publicação Intexto é produzida pelo Programa de Pós-Graduação em
Comunicação e Informação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS. É
publicada desde 1997, sempre eletronicamente. A homepage (figura 14) do site (anexo 18)
encontrado para a publicação está a seguir:
Figura 14 – Homepage do site próprio da revista Intexto.
A Revista FAMECOS, do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul PUCRS –, surgiu em 1993 com
edição impressa. As homepages (figuras 15 a 18) dos quatro sites (anexos 19 a 22)
encontrados para a publicação seguem abaixo:
84
Figura 15 – Homepage do site da Revista FAMECOS no REVCOM. Utiliza o SEER.
85
Figura 16 – Homepage do site da Revista FAMECOS no UNIVERCIENCIA.ORG.
Utiliza o SEER.
86
Figura 17 – Homepage do site da Revista FAMECOS no portal de revistas da PUCRS.
Utiliza o SEER.
87
Figura 18 – Homepage do site próprio da Revista FAMECOS.
A Revista Fronteiras, uma publicação da Universidade do Vale do Rio dos Sinos
Unisinos vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação, surgiu
em 1999 com edição impressa. As homepages (figuras 19 a 21) dos três sites (anexos 23 a
25) encontrados para a publicação estão a seguir:
88
Figura 19 – Homepage do site da Revista Fronteiras no REVCOM. Utiliza o SEER.
Figura 20 – Homepage do site da Revista Fronteiras no UNIVERCIENCIA.ORG.
Utiliza o SEER.
89
Figura 21 – Homepage do site da Revista Fronteiras. Vinculado ao site institucional da
Unisinos. Utiliza o SEER para as seções Instruções a autores e Submissão.
O periódico Studium, do Laboratório de Media e Tecnologias de Comunicação/
Departamento de Multimeios da Universidade Estadual de Campinas Unicamp –, surgiu
em 2000, em formato eletrônico. A homepage (figura 22) do site (anexo 26) encontrado
para a publicação segue abaixo:
Figura 22 – Homepage do site próprio da revista Studium.
90
A existência de mais de um site para algumas revistas foi um problema identificado
logo no início da pesquisa. Em geral, os perdicos mantêm sua coleção atualizada em
apenas um endereço. Percebe-se que o interesse em aumentar sua circulação está gerando
coleções de referência no caso das revistas com enderos nos portais. Além disso, há a
preocupação em criar cópias de segurança, que também pode ser uma razão para alguns
periódicos manterem mais de um endereço. O sistema LOCKSS Lots of Copies Keep Stuff
Safe –, com base na Stanford University Libraries, é uma iniciativa internacional que tem como
objetivo prover bibliotecas com ferramentas de preservação digital, dando suporte para
que, de modo fácil e barato, preservem suas próprias cópias de conteúdo eletrônico
autorizado.
Apesar da preocupação em garantir a preservação digital das revistas e aumentar
seus acessos por meio de participação de coleções em portais ser legítima, manter alguns
endereços desatualizados, com informações incompletas dos periódicos, pode conduzir a
uma comunicação ineficaz em função da incompatibilidade entre o que é disponibilizado
nos diferentes endereços. Os leitores que chegarem às URLs defasadas dificilmente
saberão que aquele não é o único site da revista, ou que não é o mais atualizado, uma vez
que, como veremos mais adiante, são poucos os títulos com mais de um endero que
possuem links de um site a outro.
A partir da verificação dos sites disponíveis para as nove revistas do corpus,
constatou-se que alguns estavam desatualizados, ou seja, nem todos apresentavam a mesma
edição como a mais recente. Assim, para compor a análise, dos 19 sites encontrados para
os nove títulos, foi identificado um site de cada revista, no qual estivesse disponibilizada a
edição mais recente. No caso do título Comunicação, Mídia e Consumo, utilizou-se o endereço
informado como oficial no texto de apresentação do site institucional da ESPM. Para as
revistas Galáxia, FAMECOS e Fronteiras, optou-se pelo site indicado como oficial por link
no menu do portal UNIVERCIENCIA.ORG. Para a análise comparativa entre a edição
antiga e a atual das publicações, mantiveram-se os sites com os endereços apresentados no
quadro abaixo (quadro 2):
91
Quadro 2 – Sites e fascículos para análise comparativa que compõem o corpus de pesquisa.
A análise de dois números de cada título permitiu perceber a mudança das
publicações ao longo do tempo. As edições mais recentes refletem o estágio atual desses
periódicos, e as mais antigas mostram como as revistas se apresentavam em suas primeiras
edições on-line. Dentre as edições analisadas, as diferenças de tempo entre os números
mais antigos e mais recentes das revistas variaram de título para título. Segue abaixo quadro
comparativo que relaciona os periódicos, os números analisados e o espaço de tempo entre
as edições (quadro 3):
92
Quadro 3 – Espaço de tempo entre as edições analisadas.
Na fase de testes dos quadros utilizados para coleta de dados apresentados a seguir,
foram identificadas diferenças entre os sites das revistas com mais de um endereço. Apesar
da análise estar concentrada em um dos sites para as revistas com vários endereços, serão
descritas suas principais diferenças em seção à parte.
4.3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A análise das publicações delineou-se em duas etapas. A primeira teve em vista o
fluxo de produção das revistas, do planejamento à circulação, que se reflete no produto
final disponível aos leitores. Além de dados quantitativos, foram trazidos exemplos
específicos que se destacaram por apresentar peculiaridades dos títulos. na segunda,
focou-se na identificação de tendências de uso de imagens como recurso para construção
de conhecimento nessas publicações.
93
A elaboração do instrumento de análise teve como base o roteiro de edição de
revistas científicas on-line proposto por Gruszynski, Golin e Castedo (2008), considerado
o mais completo para a realização dos objetivos deste trabalho por englobar elementos
abordados nos diversos roteiros voltados para avaliação de periódicos apresentados
(anexos 1 a 5) e incorporar outros próprios da comunicação. Esta proposta organiza-se
segundo as práticas editoriais, diferindo das outras por indicar passo a passo o processo de
edição de periódicos dividido em três fases: planejamento que abrange gestão editorial,
infra-estrutura, serviços técnicos especializados e política editorial –; fluxo editorial –
formada por edição de texto e edição de layout –; e circulação composta pelos itens
regularidade, distribuição e difusão (anexo 6). A partir do roteiro, buscou-se identificar
quais elementos e informações poderiam ser avaliados a partir dos dados disponíveis nas
revistas. A seguir, será feita a descrição de cada uma das etapas propostas pelas autoras
para edição de revistas científicas on-line.
O planejamento editorial de uma revista científica on-line inicia pela organização da
gestão editorial do título, da infra-estrutura básica para sua implementação e manutenção,
dos serviços técnicos necessários, da política editorial a ser adotada e dos critérios de
edição a serem utilizados. A gestão editorial do periódico contempla o estabelecimento de
um corpo editorial: a definição da comissão executiva e do editor responsável – que
gerenciarão as etapas de produção da publicação –, e também do conselho editorial
constituído de especialistas reconhecidos que são os responsáveis científicos pela
publicação. A definição de avaliadores ad hoc para o periódico também está dentro dessa
fase.
A preocupação com a infra-estrutura do processo de edição se reflete na previsão
do espaço físico a ser utilizado, dos equipamentos e recursos tecnológicos prioritários
computadores de mesa, impressoras, scanners, softwares de edição de texto e de layout,
navegador para web, instalação de rede informática, contratação de servidor seguro para
arquivamento e publicação de arquivos. Os recursos financeiros em geral são definidos a
partir da possibilidade de fechar parcerias, verbas de fomento ou patrocínio para a
realização do projeto.
A definição da política editorial passa pela escolha do título e subtítulo do
periódico, a área de conhecimento abrangida e o projeto editorial da publicação no qual
94
estão descritos a sua missão, periodicidade, avaliação por pares, critérios de arbitragem,
exigência de originalidade dos artigos, seções, idiomas, perfil de autores e leitores,
requisitos normativos e dados sobre a circulação da publicação.
Os critérios de edição incluem as diretrizes para os autores – orientações que
garantem transparência ao processo de edição, explicando o modo de submissão dos
artigos e a normalização utilizada pelo periódico. Em geral, utilizam-se alguns exemplos de
aplicação, formato e tamanho para textos e ilustrações. Incluem também a explicitação dos
direitos autorais e solicitação de documento de aprovação por comissão ética de pesquisa
quando for o caso. Cada edição segue, normalmente, um número mínimo de textos por
volume e uma estratégia de organização/edição dos conteúdos – ordem alfabética, temática
ou por data de aceite –, além de um cronograma/prazos para cada etapa do processo
editorial, o que garante pontualidade.
Tais características do processo de edição de periódicos on-line descritas até aqui,
ainda na etapa de planejamento, definem o perfil da publicação, estabelecendo os primeiros
parâmetros que guiarão a fase seguinte de design da revista.
O fluxo editorial é composto das etapas de edição de texto e edição de layout. A
edição de texto de cada número tem início com a avaliação pelos pares dos originais
submetidos. Uma vez aceito um artigo para publicação, iniciam-se a revisão ortográfica e
gramatical, bem como a normalização técnica das informações que devem constar em cada
texto. As informações do fascículo são revisadas e normalizadas quando estiver decidido
quantos e quais artigos entrarão naquele número.
A etapa de edição de layout de uma publicação on-line começa na definição da
arquitetura da informação e interface do site com a proposta de consistência entre as
páginas, tipos de recursos utilizados pelos artigos, formato dos fascículos e textos (PDF,
HTML), sistemas de busca, ferramentas contextuais (mecanismos de recuperação
contextualizada do conteúdo) e acessibilidade. Com a arquitetura da informação e interface
do site criadas, e a edição de texto concluída, é o momento da diagramação dos
fascículos/artigos distribuição e arranjo dos textos e ilustrações nas páginas, a partir das
especificações do projeto. A revisão das provas ocorre após a conclusão da diagramação.
95
A circulação, estratégica para a consolidação de um periódico, é decisiva na
definição de sua regularidade, distribuição e difusão. Para que se mantenha constante e
atinja o público-alvo, é prevista uma periodicidade possível de ser mantida ao longo do
tempo, garantindo continuidade à coleção. As informações sobre suas possíveis formas de
aquisição assinatura, permuta, distribuição gratuita, compra avulsa –, bem como se está
disponível em outro formato impresso, por exemplo mantêm o leitor ciente de como
pode acessar o periódico mais facilmente.
Em relação à distribuição, ou formas de acesso, da publicação on-line, a
preocupação com o acesso livre, não necessariamente sem custo uma vez que os valores
de produção da publicação podem ser repassados para os autores, por exemplo , significa
prever a disponibilização aberta na Internet do periódico, de modo que qualquer pessoa
possa lê-lo, baixá-lo, copiá-lo, distribuí-lo. Nessa estapa, define-se também se o conteúdo
estará aberto por site próprio e não por um sistema integrado; se o envio das edições será
feito por mala direta ou por solicitação de assinatura para acesso aos artigos.
Planejar a difusão de uma publicação passa por assegurar sua presença em bases de
dados que podem ser de textos completos, referenciais e de citações (mantendo critérios
seletivos reconhecidos pela área, ou de abrangência restrita). O fator de impacto dos
periódicos é obtido dividindo-se o número total de citações dos artigos, acumulados nos
últimos dois anos, pelo total acumulado de artigos publicados pela revista no referido
período. Ele ajuda a ponderar a importância relativa do periódico, especialmente quando
comparado com outros na mesma área. Para as áreas do conhecimento em que esse
indicador possui maior relevância nos sistemas de avaliação de produção acadêmica, torna-
se essencial estabelecer estratégias para elevar esse índice.
Cabe destacar que a visibilidade dos periódicos depende da possibilidade de serem
acessados em bases de dados e índices. Questões tecnológicas são determinantes na
localização das informações, geralmente realizadas através de mecanismos de busca e
indexação. O uso de metadados nos documentos dados que descrevem informações
sobre cada recurso digital facilita esse processo. Eles têm a função de facilitar a
recuperação de informações eletrônicas, fornecendo meios de identificação e organização e
tornando possível a associação de fontes diferenciadas e heterogêneas. No âmbito da
edição de periódicos eletrônicos, portanto, o termo visibilidade não se restringe apenas a
96
características relacionadas à clareza do layout de um documento. Além do design para
web, a acessibilidade, indicada na revista por selos como os das organizações Acessibilidade
Brasil
41
e/ou Web Accessibility Initiative
42
WAI –, e o desenvolvimento de recursos
otimizados para serviços de pesquisa compõem um conjunto de fatores que fazem parte
do planejamento editorial de uma revista científica on-line.
Tendo como foco a análise do produto editorial pronto, sem considerar as possíveis
dificuldades enfrentadas por cada equipe editorial, optou-se por não utilizar entrevistas
como instrumento para levantamento dos dados. Por isso, alguns itens do roteiro de
Gruszynski, Golin e Castedo (2008) foram excluídos dos quadros finais utilizados para
coleta, uma vez que seria impossível obter esses dados apenas com o que estava publicado
nos sites. Os itens excluídos por este motivo foram: Infra-estrutura Equipamentos e recursos
tecnológicos, Serviços técnicos especializados Recursos financeiros para contratação, Critérios de edição
Cronograma/prazos por etapa, Edição de layout Revisão de provas e Edição de layout
Disponibilização on-line/publicação. Os itens Documento de aprovação por comissão ética em pesquisa e
Fator de impacto também foram retirados do quadro de coleta de dados por serem elementos
incomuns em revistas da Comunicação.
Os quadros utilizados como instrumento para coleta de dados das revistas no site,
no fascículo e no artigo, além da arquitetura da informação e interface do site –, foram
elaborados através do reagrupamento dos elementos que aparecem repetidos no roteiro de
Gruszynski, Golin e Castedo (2008) (figura 23). Os reagrupamentos resultaram nos
quadros a seguir (quadros 4, 5, 6 e 7):
41
Para receber o selo da Acessibilidade Brasil, os sites precisam passar por um teste realizado pelo programa Da Silva
(Disponível em: <http://www.dasilva.org.br>), um avaliador de acessibilidade em língua portuguesa. O programa
permite verificar se as páginas de um site para web são acessíveis para portadores de deficiência.
42
Criado pelo World Wide Web Consortium, informa a partir de critérios internacionais o que deve ser feito para garantir
acesso a usuários com deficiências (Disponível em <http://www.w3.org/WAI>).
97
Figura 23 – Exemplo de reagrupamento do elemento “Periodicidade” que aparecia nas três
etapas do roteiro de edição de periódicos de Gruszynski, Golin e Castedo (2008).
98
Quadro 4 – Elementos que devem constar no site.
99
Quadro 5 – Elementos que devem constar no fascículo.
Quadro 6 – Elementos que devem constar no artigo.
100
Quadro 7 – Arquitetura da informação e design da interface dos sites.
Para análise das publicações, foi montada uma versão do quadro 3 e duas versões
dos quadros 5, 6 e 7 uma com as edições mais recentes e outra com as edições mais
antigas.
Na segunda fase da análise dos títulos, espaço destinado para a identificação do
volume de imagens utilizadas nas publicações como recurso além do texto linear, foi feito
levantamento do número de imagens em relação ao número de textos publicados pelas
revistas nas edições atuais e nas mais antigas. Esses dados serão apresentados e discutidos
em quadros comparativos mais adiante.
Os sites das publicações que compõem o corpus foram visitados para pré-testes por
diversas vezes desde o início deste trabalho. Entretanto, a coleta final de informações com
base nos quadros apresentados ocorreu entre os dias 1
o
e 5 de janeiro de 2009, utilizando o
navegador Mozilla Firefox, versão 2008. Em função das atualizações nos produtos editoriais
on-line serem freqüentes, o período de poucos dias para o levantamento dos dados foi
importante para evitar o risco de troca de informações antes do final da coleta.
5 AS REVISTAS
A fim de estabelecer um panorama do design de revistas científicas brasileiras
disponíveis on-line da área da Comunicação, foram analisados os elementos presentes nos
sites das publicações, bem como aqueles presentes nos fascículos e artigos das edições que
compõem o corpus. Além disso, verificou-se a arquitetura da informação e interface dos
sites, o que levou à análise do uso de imagens nesses periódicos.
5.1 ELEMENTOS PRESENTES NOS SITES
Em relação à presença de dados de identificação dos periódicos, a análise dos
sites indicou que todos apresentam título da publicação, mas apenas quatro dos nove
(44,4%) apresentam subtítulo. A existência de ISSN foi identificada também em todas as
edições analisadas.
Dados para contato foram encontrados em todas as revistas, sendo que cinco delas
(55,6%) apresentavam endereço físico e eletrônico, enquanto as outras quatro (44,4%)
tinham apenas e-mail disponível na revista Studium, os nomes no expediente eram links
para e-mails (figura 24). Cinco das nove revistas tinham como contato eletrônico principal
o e-mail pessoal de seus editores, enquanto quatro apresentavam contatos gerais, com o
nome da publicação ou da universidade de procedência. Sobre a instituição responsável,
foram encontrados dados em todos os sites. O nome das universidades de origem estava
escrito por extenso em oito revistas. Na Studium, havia o logotipo da Unicamp apenas na
102
capa. Em relação às fontes de apoio/patrocínio, havia informações em somente duas
revistas (22,2%).
Figura 24 – Dados de contato encontrados nas revistas.
No que diz respeito aos dados sobre gestão e política editorial, especificamente
sobre a nominata de membros, constatou-se a presença de comissão executiva e editor
responsável em oito títulos (88,9%), de conselho editorial com membros de instituições
nacionais em todos os nove sites, de conselho editorial internacional em oito deles (88,9%)
e informação sobre avaliadores ad hoc em apenas dois (22,2%) uma com nominata no
expediente da edição e outra no expediente geral. Foram encontradas diferentes
nomenclaturas para a definição de funções nas equipes editoriais (figura 25).
103
Figura 25 – Nominatas de membros encontradas nas revistas.
A área do conhecimento abrangida pela publicação estava descrita em oito revistas
(88,9%) e a sua missão em sete delas (77,8%). Informações sobre o processo de avaliação
por pares e os critérios de arbitragem foram encontradas em todos os títulos. Indicações
sobre originalidade dos artigos recebidos pelas revistas para publicação, as seções para as
quais aceitam textos e os idiomas nos quais publicam constavam em sete sites (77,8%). O
104
perfil de autores e leitores estava presente em cinco títulos (55,6%), e os requisitos
normativos para preparação dos textos foram encontrados em oito deles (88,9%).
Ainda em relação aos dados sobre gestão e política editorial, nas diretrizes para
autores, o modo de submissão dos textos estava descrito em todos os sites. A prática de
recebimento de contribuições em fluxo contínuo, com recebimento de textos a qualquer
momento, foi citada apenas na Eptic On Line (figura 26). A normalização utilizada foi
encontrada em oito revistas (88,9%), sendo que cinco destas ainda apresentavam exemplos
de aplicação. Todos os sites continham informações sobre formato e tamanho para envio
de documentos eletrônicos, com destaque para as edições recentes de E-Compós e Studium
que disponibilizam inclusive diretrizes para o envio de arquivos de áudio e deo (figura
27), além de textos e imagens fixas. Entretanto, nenhum título apresentava os metadados
que os autores deveriam ter em mãos no momento da submissão. Três revistas (33,3%)
tinham alguma orientação em relação a direitos autorais. Dados sobre o número mínimo
de textos por edição estabelecido pela comissão editorial constavam em apenas um título
(11,1%). Em nenhuma revista a organização dos conteúdos estava por ordem alfabética
de autoria ou título de artigo –, nem por data de aceite dos textos. Em todas as
publicações, o critério de organização dos conteúdos era temática.
Figura 26 – Menção sobre recebimento de artigos em fluxo contínuo na Eptic On Line.
Figura 27 – Revistas E-Compós e Studium apresentavam normas de submissão para envio de
imagens em movimento e áudio.
105
Tendo em vista os dados de circulação dos periódicos, informações sobre
regularidade foram encontradas referentes à sua periodicidade em oito sites (88,9%), e
sobre a sua continuidade claramente por escrito, ou com a disponibilização de toda a
coleção existente em sete (77,8%). Em relação à distribuição das revistas, três (33,3%)
informavam ser de acesso livre (protocolo OAI-PHM) e seis (66,7%) estavam abertas por
site próprio. A forma de difusão das publicações pela presença das revistas em bases de
dados constava em cinco títulos (55,6%). As estatísticas de acesso ao site constavam em
apenas três revistas (33,3%) (figura 28). Os dados coletados apresentados
comparativamente seguem no quadro abaixo (quadro 8):
Figura 28 – Exemplos de dados encontrados sobre estatísticas de acesso às revistas
E-Compós, Intercom e Studium.
106
Quadro 8 Elementos encontrados nas revistas.
107
5.1.1 Revistas com mais de um site
Conforme comentado anteriormente, ainda na fase de testes da metodologia
utilizada, percebeu-se que os títulos que tinham mais de um site não apresentavam um
mesmo padrão nas informações disponíveis. São os casos das revistas Comunicação, Mídia e
Consumo (figuras 4 a 7), Galáxia (figuras 10 a 12), FAMECOS (figuras 15 a 18) e Fronteiras
(figuras 19 a 21). Essas ocorrências serão descritas a seguir, dando-se ênfase aos
elementos que devem constar nos sites que apareciam de modo desigual nos diferentes
endereços. Podem ser diferenças no conteúdo das informações, ou por simplesmente um
dado constar em um local e não constar em outro.
Com relação à presença de dados de identificação dos periódicos, identificou-se
divergência nas informações em todas revistas com mais de um site. A revista FAMECOS,
por exemplo, apresentava somente título no portal de revistas da PUCRS e no site próprio,
enquanto título e subtítulo foram encontrados nas coleções REVCOM e
UNIVERCIENCIA.ORG (figura 29). Em Galáxia, com exceção da homepage do site, o
topo das páginas na coleção UNIVERCIENCIA.ORG não apresentava o título da revista,
mas apenas “Revista do Programa de Estudos Pós-Graduados em Comunicação e
Semiótica da PUC-SP”. O ISSN da revista Comunicação, Mídia e Consumo aparece
corretamente apenas no site próprio que utiliza o SEER. Nos sites das coleções REVCOM
e UNIVERCIENCIA.ORG, ao invés do ISSN da publicação, estão disponíveis
equivocadamente dois ISBN
43
International Standard Book Number . Um impresso e outro
eletrônico (figura 30). Dados para contato divergiram nos sites da revista FAMECOS e
Fronteiras. Dos quatro sites da FAMECOS, um, o do portal da PUCRS, não apresentava
nenhuma informação de contato. Nos sites da Fronteiras, haviam e-mails diferentes
divulgados no REVCOM e UNIVERCIENCIA.ORG. Em cada endereço, aparecia um e-
mail próprio da revista na seção Contato e outro da Unisinos na seção destinada à
submissão.
43
Sistema internacional padronizado que identifica livros numericamente por país, editora e título.
108
Figura 29 – Título e subtítulo somente nos portais REVCOM, UNIVERCIENCIA.ORG.
No portal da PUCRS e no site oficial, apenas o título.
Figura 30Comunicação, Mídia e Consumo nos portais REVCOM e
UNIVERCENCIA.ORG. Identificador ISBN, ao invés de ISSN.
Sobre a instituição responsável, foram encontradas diferenças nos sites das
revistas Galáxia e FAMECOS. No site próprio da Galáxia e no UNIVERCIENCIA.ORG,
o nome do programa de s-graduação responsável pela revista aparecia na homepage
(figuras 10 e 12). no site da PUCSP, aparecia apenas na seção Contato. Na FAMECOS, a
informação sobre o programa de pós-graduação responsável não aparecia em nenhum
local no endereço do portal de revistas PUCRS.
No que diz respeito aos dados sobre gestão e política editorial, a Comunicação,
Mídia e Consumo não apresentava nominata de membros da comissão editorial em três dos
quatro sites. O único site que trazia algum dado desse tipo era o que estava hospedado no
109
site institucional da ESPM, onde aparecia o nome dos “Coordenadores editoriais” da
publicação. A nominata de membros do conselho editorial constava, conforme
apresentado, em todos os sites identificados como oficiais para as publicações com mais de
um endereço. Porém, todas as publicações omitiam essa informação em algum outro site.
Não existiam dados sobre os membros do conselho editorial nos seguintes endereços: no
site vinculado à ESPM da Comunicação, Mídia e Consumo; no espaço no
UNIVERCIENCIA.ORG da Galáxia; no REVCOM, UNIVERCIENCIA.ORG e portal
de revistas PUCRS da FAMECOS; e no REVCOM e UNIVERCIENCIA.ORG da
Fronteiras.
A área do conhecimento abrangida pelas publicações constava nos sites oficiais das
revistas com mais de um endero, entretanto, essa informação faltava na revista Galáxia
presente no portal PUCSP e FAMECOS no REVCOM, UNIVERCIENCIA.ORG e
portal PUCRS. O processo de avaliação por pares e os critérios de arbitragem foram
encontrados em todos sites dos títulos, com exceção dos sites da Comunicação, Mídia e
Consumo vinculado à ESPM e da FAMECOS no portal PUCRS. Indicações sobre
originalidade dos artigos recebidos pelas revistas para publicação divergiam nos sites de
três das quatro revistas com mais de um site, deixando de constar no endero da
Comunicação, Mídia e Consumo vinculado à ESPM, da Galáxia no portal PUCSP e da
FAMECOS no REVCOM e UNIVERCIENCIA.ORG. Os dados sobre as sões para as
quais essas revistas aceitam textos constavam em alguns sites de uma mesma revista e
deixavam de constar em outros. Os endereços em que esse dado faltava são: o da
Comunicação, Mídia e Consumo, ligado ao site institucional da ESPM, e o oficial da Fronteiras.
Os dados sobre idiomas tinham diferenças em sua apresentação nas seguintes revistas com
vários sites: em Galáxia não constava no site PUCSP, constando nos demais –, e na
FAMECOS aparecia no site oficial, não aparecendo nos demais. Perfil de autores e
leitores não constava em: um dos quatro sites da Comunicação, Mídia e Consumo vinculado
ao da ESPM –, dois dos três sites da Galáxia UNIVERCIENCIA.ORG e PUCSP e
em três dos quatro sites da FAMECOS – REVCOM, UNIVERCIENCIA.ORG e PUCRS.
Requisitos normativos para envio de contribuições estavam presentes em todos os sites da
Comunicação, Mídia e Consumo com exceção do site na ESPM –, deixando de constar em
um dos três sites da Galáxia – portal PUCSP – e em um dos quatro da FAMECOS – portal
PUCRS.
110
Ainda em relação aos dados sobre gestão e política editorial, nas diretrizes para
autores, os dados sobre o modo de submissão dos textos bem como formato e tamanho
para envio de documentos eletrônicos constava em alguns sites e não em outros. Não
houve padrão entre os sites das revistas Comunicação, Mídia e Consumo – para a qual faltavam
essas informações no site ligado à ESPM –, Galáxia não constando no portal PUCSP – e
FAMECOS não constando no portal PUCRS. Informações sobre direitos autorais não
constavam em um dos quatro sites da Comunicação, Mídia e Consumo naquele vinculado ao
site institucional da ESPM – e da FAMECOS – no portal PUCRS.
Tendo em vista os dados de circulação dos periódicos, informações sobre
regularidade foram encontradas diferentes em duas das quatro revistas com mais de um
site. A periodicidade das revistas FAMECOS e Fronteiras constava apenas nos sites oficiais
das publicações. Os dados sobre continuidade das revistas claramente por escrito, ou
com a disponibilização de toda a coleção existente mudavam nos sites da FAMECOS,
constando apenas no portal PUCRS e no site oficial. Os dados sobre forma de difusão das
publicações pela presença em bases de dados diferiam nos sites da FAMECOS, constando
no site oficial e deixando de constar nos demais. Das revistas com mais de um endereço,
nem todas tinham links para seus outros sites. O site vinculado ao site institucional da
ESPM da Comunicação, Mídia e Consumo tinha link para o site próprio na seção apresentação
da revista; no portal UNIVERCIENCIA.ORG, os títulos Galáxia, FAMECOS e Fronteiras
tinham links para seus sites próprios no menu principal de cada publicação; e a FAMECOS
ainda apresenta link de seu site próprio para o portal REVCOM em seu texto de
apresentação, porém o link não funciona (figura 31). Quanto às estatísticas de acesso, tais
informações constavam nos sites da FAMECOS e da Fronteiras no REVCOM, porém, não
constavam nos demais.
111
Figura 31 – Links para os outros sites das publicações com mais de um endereço.
Pode-se constatar que todas as revistas com mais de um site apresentaram diferença
no conteúdo apresentado em seus diversos endereços. Os títulos Comunicação, Mídia e
Consumo e FAMECOS foram, de modo geral, os que apresentaram maior número de
elementos diferentes de um endereço a outro. Apesar disso, foram os sites nos portais
PUCSP, da Galáxia, e PUCRS, da FAMECOS, que estavam mais incompletos em relação
ao site oficial das revistas.
5.2 ELEMENTOS PRESENTES NOS FASCÍCULOS
Voltando aos sites oficiais das revistas analisadas, nas edições mais recentes foi
encontrado sumário do fascículo em todos os títulos. Havia expediente específico para a
edição com dados de identificação do periódico bem como sobre gestão e política editorial
em cinco títulos (55,6%) (figura 32). informações sobre os responsáveis pela revisão de
texto e edição de layout apareceram em quatro das cinco revistas que tinham expediente
para edição atual. É importante ressaltar a importância da publicação do expediente de
cada edição, uma vez que este documento funciona como uma memória da publicação,
112
registrando as equipes editoriais de cada período. As informações coletadas constam no
quadro abaixo (quadro 9):
Figura 32 – Edições com expediente específico para o número mais recente.
Quadro 9 Elementos encontrados no fascículo mais recente.
Também na edição mais antiga de todas as revistas analisadas, foi encontrado
sumário do fascículo. Porém, havia expediente específico para a edição com dados de
identificação do periódico em apenas duas edições (28,6%) das sete analisadas nove
edições do corpus, menos os fascículos das revistas Comunicação, Mídia e Consumo e
Fronteiras. As edições eram das revistas Eptic On Line e Studium (figura 33). Dados sobre
gestão e política editorial foram encontrados em apenas uma das edições que apresentavam
113
expediente. Informações sobre o responsável pela edição de layout foram encontradas na
outra revista com expediente da edição. Não foram identificados dados sobre circulação e
revisão de texto nos títulos que apresentaram expediente. As informações coletadas estão
no quadro a seguir (quadro 10):
Figura 33Eptic On Line e Studium com expediente específico para o número mais antigo.
Quadro 10 Elementos encontrados no fascículo mais antigo.
5.3 ELEMENTOS PRESENTES NOS ARTIGOS
Nos fascículos mais recentes analisados, em todas as revistas, foram encontrados
dados sobre autoria dos textos e filiação/currículo do autor. Em sete edições (77,8%),
havia informações de contato dos autores nos artigos. Título, resumo e referências estavam
presentes nos textos em todos os números. Descritores, ou palavras-chave, existiam em
oito revistas (88,9%). As datas de recebimento e aceite do texto foram divulgadas em
apenas três títulos (33,3%) (figura 34).
114
Figura 34 Datas de recebimento e aceite nos artigos dos fascículos mais recentes.
Em relação aos dados de identificação do artigo, foi encontrada legenda
bibliográfica em seis revistas (66,7%). A paginação sequencial foi feita em relação ao
fascículo em quatro publicações (44,4%) e ao artigo em duas (22,2%) (figura 35).
Figura 35 Paginação sequencial no último texto dos fascículos mais recentes.
Em nenhum título foi encontrada informação sobre a data de publicação, ou
eventual atualização, do artigo, nem Digital Object Identifier DOI
44
. Os dados descritos
seguem apresentados no quadro abaixo (quadro 11):
44
Sistema para identificação permanente de objetos digitais na web, objetivando o intercâmbio de informações,
comércio eletrônico e proteção intelectual na web. Marca registrada DOI Foundation.
115
Quadro 11 Elementos encontrados nos artigos dos fascículos mais recentes.
Nos artigos das edições mais antigas analisadas, o nome dos autores estava presente
em todas as sete revistas indicando a autoria dos artigos. Sobre filiação/currículo do autor,
havia informações em quatro títulos (57,1%). Dados de contato estavam presentes em
apenas dois tulos (28,6%). tulo e referências para os artigos foram encontrados nos
textos de todas as edições. Resumo e descritores estavam presentes em apenas três revistas
(42,9%). Apenas na revista Galáxia, haviam datas de recebimento e aceite do texto (figura
36).
Figure 36 Datas de recebimento e aceite nos artigos do fascículo mais antigo de Galáxia.
116
Nos dados de identificação do artigo, legenda bibliográfica foi informada em
quatro títulos (57,1%). Destes, três (42,9%) apresentaram paginação seqüencial no
fascículo e um (14,3%) no artigo (figura 37).
Figura 37 Paginação sequencial no último texto dos fascículos mais antigos.
Nas edições mais antigas, não eram divulgadas datas de publicação e eventual
atualização do arquivo, nem DOI. Os dados descritos seguem apresentados no quadro
abaixo (quadro 12):
Quadro 12 Elementos encontrados nos artigos dos fascículos mais antigos.
117
5.4 ARQUITETURA DA INFORMAÇÃO E INTERFACE DOS SITES
Em relação à consistência entre as páginas dos sites consistência interna –, nas
edições mais recentes, foi seguido padrão para estilos gráficos de menus/barras de
navegação em sete revistas (77,8%) (figura 38) as revistas Fronteiras e Studium tinham
menus principais diferentes dependendo da seção. Estilos de texto (figura 39) foram
adotados em cinco títulos (55,6%) e de links (figura 40) em seis (66,7%). Para o uso de
cores e imagens foi seguido estilo gráfico em oito revistas (88,9%). Os tipos de recursos
utilizados pelos artigos foram textos lineares em todas as revistas e imagem fixa em oito
(88,9%). Não foram encontradas imagens em movimento, áudio ou outros tipos de
recursos nas edições mais recentes analisadas.
118
Figura 38 Estilos gráficos para menus/barras de navegação nas edições mais recentes.
119
Figura 39 Estilos gráficos para texto nas edições mais recentes.
120
Figura 40 Estilos gráficos para links nas edições mais recentes.
Sobre o formato dos fascículos e artigos, os textos foram publicados somente em
HTML em dois títulos (22,2%), em HTML e em PDF editorial em HTML e demais
textos em PDF – em um (11,1%) e somente em PDF em seis (66,7%). Sistema de busca
foi encontrado em seis revistas (66,7%). Ferramentas contextuais que proporcionam
uma navegação contextual, levando a referências adicionais, com links do tipo “consulte
também” foram encontradas em duas publicações (22,2%). Nesses dois casos, foi
habilitado o menu Ferramentas de Leitura customizável pelos editores no SEER/OJS (figuras
41 e 42). Nenhum site apresentou selo que indicasse acessibilidade para portadores de
necessidades especiais. Os dados apresentados aparecem no quadro a seguir (quadro 13).
121
Figura 41Ferramentas de Leitura da revista E-Compós volume 11, número 01 (2008).
Figura 42Ferramentas de Leitura da revista Intercom volume 31, número 02 (2008).
122
Quadro 13 – Arquitetura da informação e interface nos fascículos mais recentes.
Nas edições mais antigas, a consistência entre as ginas das publicações foi
garantida pelo uso de estilos de menus/barras de navegação (figura 43) e estilos de cores e
imagens em seis dos sete títulos analisados (85,7%). Estilos de texto (figura 44) e estilos de
links (figura 45) foram padronizados em cinco sites (71,4%). O texto linear foi utilizado
como tipo de recurso em todas as revistas e a imagem fixa em seis delas (85,7%). Foi
encontrada uma revista que utilizou animações imagens em movimento. A revista
Studium foi a única publicação analisada a utilizar esse tipo de recurso. Logo em seu
primeiro número, encontram-se dois casos do uso de animações a partir de fotografias em
dois dos textos publicados.
123
Figura 43 Estilos gráficos para menus/barras de navegação nas edições mais antigas.
124
Figura 44 Estilos gráficos para texto nas edições mais antigas.
125
Figura 45 Estilos gráficos para links nas edições mais antigas.
O formato dos fascículos e artigos em HTML foi encontrado para três títulos
(42,9%). Destes, dois tinham textos apenas nesse formato e um apresentava editorial em
HTML e os demais textos em PDF. Os outros quatro títulos disponibilizavam somente
textos em PDF. Sistema de busca foi encontrado em quatro revistas (57,1%) e
ferramentas contextuais nos mesmos dois títulos das edições mais recentes (28,6%)
(figuras 46 e 47). Também nessas edições mais antigas, nenhum site apresentou selo que
indicasse acessibilidade para portadores de necessidades especiais. As informações
descritas acima encontram-se dispostas no quadro a seguir (quadro 14).
126
Figura 46Ferramentas de Leitura da revista E-Compós volume 01 (2004).
Figura 47Ferramentas de Leitura da revista Intercom volume 29, número 02 (2006).
127
Quadro 14 Arquitetura da informação e interface nos fascículos mais antigos.
5.5 USO DE IMAGENS
Tendo em vista a baixa incidência do uso de outros recursos, como imagem em
movimento utilizada em apenas uma das 16 edições analisadas e áudio nenhuma
ocorrência na construção do material disponível nos fascículos das revistas estudadas,
concentrou-se na análise da utilização de imagens fixas. A quantificação pode ser vista na
tabela abaixo (tabela 1), onde se encontram dados sobre o número de imagens fixas em
relação ao número de textos – entre editoriais, artigos, resenhas, relatos de pesquisa,
memórias, entrevistas – de cada edição.
128
Tabela 1 – Número de imagens utilizadas nas edões das revistas.
A maior concentração de imagens por texto, como pode ser visto na tabela acima,
está nas revista Studium, edição mais recente, de número 27. O total de 147 imagens fixas
distribuídas nos oito textos do fascículo fica muito acima das demais publicações. O fato
da publicação apresentar textos com pesquisas sobre fotografia explica de certa forma essa
proporção de 18,4 imagens para cada artigo publicado nesse número. Percebe-se ainda que
esse foi o periódico que apresentou maior crecimento na proporção entre o número de
textos publicados e imagens utilizadas comparando a edição de número zero e a edição
atual.
Por outro lado, outros títulos como Intexto e Revista Fronteiras tiveram, entre as
edições analisadas, números em que não foi utilizada uma imagem sequer. Na edição de
número um da Intexto, inclusive um artigo que aborda o tema “Cinema de Propaganda
Totalitária” em que nenhuma imagem de algum filme exemplar aparece para compor a fala
129
da autora. Também na Revista Fronteiras chamam a atenção casos de artigos que abordam
temas relacionados a Cinema em que nenhuma imagem é utilizada.
Outro caso interessante é o da descrição feita pela autora do texto sobre reportagem
telejornalística, publicado na revista Galáxia, edição atual, volume oito número 15. Neste
artigo, pelo que se pode supor, seriam utilizadas 21 imagens fixas em preto e branco
extraídas de um programa telejornalístico, seguidas de descrições com as falas dos
jornalistas e demais pessoas que aparecem nas cenas em questão. Destas, 20 imagens tem
numeração e legenda, porém, para o leitor do periódico on-line, aparecem apenas
quadrados brancos (figura 48).
130
Figura 48 – Trecho de artigo sobre reportagem telejornalística.
131
5.6 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
O primeiro contato com um site na web normalmente se por sua homepage.
Para isso, o leitor, utilizando um browser
45
, pode chegar até por meio de algum link que,
quando clicado, abre o endereço da publicação. Ou então, pode digitar a URL do site na
barra de endereços do programa. Nesse segundo caso, os usuários dos sites oficiais das
revistas Comunicação, Mídia e Consumo, Eptic On Line, Galáxia, Intercom, FAMECOS e
Fronteiras teriam dificuldade em memorizar e digitar todo o endereço das revistas, que as
URLs utilizadas são excessivamente compridas (quadro 2). Uma solução para esse
problema poderia ser a criação de domínios mais curtos de onde os sites pudessem ser
redirecionados para os endereços atuais. Isso facilitaria o acesso direto aos sites das revistas
pelos leitores, sem que tivessem de passar por buscadores como Google, ou pelos sites das
instituições responsáveis pelos periódicos. Chegando à homepage dos sites oficiais
analisados, em algumas delas, especialmente as dos sites da FAMECOS (figuras 15 a 18), as
páginas muito extensas geravam longas rolagens. Para o leitor que está interessado em um
primeiro contato com a revista, ou procura rapidamente uma informação específica, esse
tipo de recurso dificulta a leitura e orientação na tela do computador.
A partir do estudo das revistas on-line analisadas, pode-se relacionar alguns
resultados encontrados aos estudos de Garrett (2002). Do nível mais concreto – superficial,
onde surge o design visual do site –, ao mais abstrato – estratégico, em que as necessidades
do usuário e os objetivos do site são levantados –, é possível fazer inferências e
constatações com o material coletado no corpus da pesquisa.
No plano superficial, a consistência interna dos sites consistência entre as páginas
não apresentou mudança entre as edições atuais e as mais antigas da revistas. A falta de
padronização gráfica de menus/barras de navegação, textos e links apareceu em quatro dos
nove títulos do corpus. Quase a metade das revistas. Grid e paletas de cores fixas foram
utilizadas para criar consistência entre as páginas em todos os títulos, porém, os estilos
tipográficos utilizados variavam
46
. Um problema grave para qualquer site, uma vez que sua
identidade visual e, especialmente, a orientação do leitor ficam prejudicadas.
45
Exemplos desse tipo de software: Internet Explorer, Mozilla Firefox, Safari, Google Chrome.
46
Bastante utilizada para criar consistência entre páginas na web, Cascading Style Sheets – CSS – é uma linguagem para
estilos que define o layout de documentos HTML, estabelecendo padrões para fontes, cores, margens, linhas, alturas,
larguras, imagens de fundo, etc. Esses estilos marcam ordens de preferência de utilização de fontes a partir do que o
132
No nível do esqueleto dos sites, todas as revistas apresentaram navegação global,
local e cortesia. Os títulos E-Compós e Intercom apresentaram também navegação contextual,
a partir das Ferramentas de Leitura. Havia navegação remota, com mapas dos sites, nos
endereços oficiais das revistas que utilizavam interface do SEER: Comunicação, Mídia e
Consumo, E-Compós e Intercom. Navegação suplementar, com links associativos criando
artigos com conteúdo hipertextual foi encontrada em todas as edições, uma vez que
atualmente o software de leitura Adobe Acrobat Reader identifica e ativa endereços da web
mesmo que não haja nenhuma marcação que os diferencie na diagramação. Porém, apenas
na edição mais recente da revista Studium e na mais antiga da Intexto havia diferenciação
visual proposital para links nos artigos.
Uma constatação interessante é que, na edição mais antiga da revista Intexto, no
único texto que apresentava esse tipo de navegação, foram encontrados alguns links que
remetiam a endereços que estavam fora do ar. As estruturas encontradas nos sites foram
dos tipos hierárquicas nos sites próprios e matriciais nos sites que utilizavam o
SEER.
Os níveis de escopo e de estratégia são mais difíceis de identificar, pois estão
presentes de forma mais abstrata nos sites analisados. Pode-se inferir que algumas das
especificações funcionais foram a disponibilização de mecanismo de busca para os leitores
e das anteriormente citadas ferramentas contextuais. Seis das nove revistas apresentavam
sistema para busca, o que indica uma tendência à valorização desse tipo de recurso. Em
relação aos requisitos de conteúdo que podem ter sido estabelecidos no plano de escopo, é
provável que todas as revistas tivessem prevista a publicação de imagens, além do texto
linear. Com exceção da revista Fronteiras, que, no único número analisado, não apresentou
nenhuma imagem, os demais títulos utilizavam esse recurso em pelo menos um dos
números analisados. o uso de imagens em movimento encontradas apenas na edição
mais antiga de Studium e áudio está expressamente previsto nas diretrizes aos autores
somente nas revistas E-Compós e Studium. Isso reflete falta de incentivo dos demais títulos à
utilização desses tipos de recursos por seus colaboradores. Na ponta menos concreta, o
plano estratégico pode ser percebido em parte com as informações sobre a revista
usuário tem disponível na sua máquina. O que pode ocorrer, nesse caso, é a mudança do visual do site em função das
diferentes fontes disponíveis em cada computador que ele é acessado.
133
constantes nos sites. São parte do planejamento editorial da publicação e serão discutidas a
seguir, com base nos dados levantados e já apresentados no quadro 8.
Os elementos que compõem um produto editorial o diferenciam de outros
produtos existentes. No caso das revistas científicas, a presença de determinadas
informações nas publicações as classificam ou não como produtos de qualidade e de
reconhecimento. Além disso, é a partir desse conjunto de elementos característicos de um
periódico que essas revistas ganham forma. Dentre as informações levantadas em relação
aos elementos presentes em seus sites, algumas chamam atenção à discussão.
Em todos os sites constavam o título e o ISSN do periódico. Porém, um ponto
importante a ressaltar é que a revista Fronteiras divulga em seu site o ISSN da edição
impressa. Apesar de disponibilizar o conteúdo completo atualizado da revista on-line, o
periódico ainda não assumiu um registro espefico para web. Isso revela uma posição
editorial, intencional ou não. Os editores do título não vêem a publicação do conteúdo on-
line como um novo produto.
Os contatos eletrônicos divulgados nos sites são outro ponto interessante dentre os
elementos que devem constar nos sites das revistas. Dos nove títulos, cinco deles, mais da
metade, traziam e-mails pessoais dos editores das revistas. Outros dois tinham e-mails
gerais das comissões editoriais, um de programa de pós-graduação e outro de universidade
(figura 24). As comissões editoriais tendem a mudar após poucos anos de trabalho em uma
revista, conforme discutido anteriormente neste trabalho. Os e-mails enviados com
conteúdo que diz respeito às publicações são parte da história, dos registros de cada título.
Manter endereços pessoais como contato, nesse caso, não parece ser o modo mais
indicado de preservar tais correspondências. Essa prática reflete muitas vezes o trabalho
quase solitário de muitos editores que, por isso, acaba confundido com a história da
própria revista para a qual se dedica. Em um mercado editorial como este, em que a
atividade dos editores não é remunerada e as publicações contam com poucas fontes de
apoio e patrocínio, a acumulação de capital científico é a principal forma de compensação.
A utilização de contatos pessoais, em que a identidade do editor fica aparente, reflete
também a busca por reconhecimento nesse campo.
134
Os dados sobre gestão e política editorial apresentaram-se incompletos em todas as
publicações. A falta das informações sobre os membros da comissão executiva e/ou editor
responsável no site oficial da Comunicação, Mídia e Consumo destaca-se como um dos
problemas mais graves. Os nomes do editores aparecem apenas na página vinculada ao site
institucional da ESPM. Este fato exemplifica um caso extremo da falta de padronização
das informações nas revistas que possuem mais de um site. O leitor precisa percorrer
vários endereços se quiser obter dados completos sobre um única publicação.
A falta, em alguns títulos, de outros dados fundamentais (quadro 8), como
avaliadores ad hoc por edição, área do conhecimento abrangida pela revista, missão,
originalidade dos artigos publicados, seções para as quais são recebidos contdos, idiomas
em que publica, perfil de autores e leitores, requisitos normativos, metadados necessários
para submissão de contribuições bem como o regime de direitos autorais utilizado,
compromete a transparência necessária ao processo de edição dessas publicações.
As informações acerca da circulação dos títulos estava ainda mais incompleta.
Nenhum elemento esteve presente em todas as revistas. Com os dados que foram
encontrados, verifica-se que a maioria dessas revistas on-line (66,7%) são de acesso aberto
gratuito distribuídas por site próprio. As demais (33,3%) são de acesso livre, também
gratuito, porém adotam protocolo OAI-PHM. Percebe-se, com isso, que a possibilidade de
transferência dos dados para diferentes sistemas, assegurando a interoperalidade garantida
pelo protocolo, ainda não é prioritária para a maioria dos títulos, estando disponível apenas
naqueles que utilizam o SEER.
A informação de presença das revistas em bases de dados, com cadastro feito
diretamente por sua comissão editorial ou em conjunto pelo portal do qual faz parte,
constava em cinco títulos (55,6%). uma tendência, portanto, à valorização dessa
informação pela maior parte das comissões editoriais. Entretanto, um percentual
expressivo mantém-se fora – ou não percebe a necessidade de informar que faz parte – das
bases de dados que facilitariam a localização e acesso às publicações. Infomações sobre
estatísticas de acesso ainda são pouco descritas, estando presentes em apenas 33,3% dos
títulos.
135
Comparando as informações presentes nos fascículos das edições mais antigas em
relação às atuais, percebeu-se um crescimento na quantidade de informações disponíveis
sobre a edição. Porém, a falta ainda nas edições atuais das informações do expediente com
o registro das equipes que trabalharam em cada número surge como um dos principais
problemas, uma vez que a memória dos títulos fica comprometida.
Nos artigos, identificou-se aumento do número de elementos em seis dos sete
títulos que tiveram edições antigas e recentes analisadas. As principais informações
incluídas foram: filiação/currículo dos autores, contato dos autores, resumo dos textos,
descritores/palavras-chave dos textos, data de recebimento e aceite dos textos e legenda
bibliográfica. Destes, descritores/palavras-chave foi o ítem incluído em mais revistas. Três
das sete revistas que tiveram números recentes e antigos analisados informavam estes
dados no passado e outras três passaram a informá-los na edição atual. Pode-se inferir que
o uso da tecnologia informática teve influência nessas mudanças, que, para a localização
dos artigos, em meio à imensa quantidade de informação na rede, a inclusão de descritores
é fundamental.
Apesar de algumas mudanças indicarem a influência da tecnologia informática na
produção das revistas que compõem o corpus desta pesquisa, tais alterações não aparecem
em todas as práticas. No que diz respeito às contribuições dos autores, os dados coletados
refletem um baixo uso das construções hipertextuais nessas publicações on-line. O texto
linear é o recurso predominante, indicando ainda pouca aceitação/motivação para a
produção de conteúdo diferenciado para a web. Nem mesmo as imagens fixas são
amplamente utilizadas.
A leitura imagética como parte do cotidiano atual e a facilidade de disponibilização
de imagens na web não parece afetar a construção e validação dos conhecimentos
contruídos para o novo meio. A cultura do papel, em que cada pedaço da folha branca é
precioso e na qual, em geral, a impressão a cores ficava fora do orçamento desse tipo de
publicação, ainda exerce enorme força na produção editorial das revistas. A imagem
aparece aqui como recurso menor em relação ao texto linear, mesmo quando é o objeto de
pesquisa principal do trabalho publicado.
136
O caso exemplar encontrado na revista Galáxia (figura 48) apresenta duas situações
importantes. A primeira diz respeito à preocupação da equipe editorial com a qualidade dos
arquivos gerados para publicação on-line da revista. Por algum descuido no processo de
produção editorial do número, o leitor fica privado do acesso às imagens previstas pelo
autor para a comunicação. O segundo ponto importante a ser pensado é a utilização de
imagens fixas em preto e branco, seguida de descrição em texto linear, de um programa de
tevê utilizado como objeto de estudo. É muito provável que a autora do texto tenha
analisado simultaneamente áudio e vídeo do programa em cores, tendo em mãos uma
gravação com as imagens em movimento. Com a possibilidade de disponibilização de
arquivos em diversos formatos na web atualmente, deixar de publicar os conteúdos
analisados na íntegra não parece fazer sentido.
De maneira geral, com exceção da revista Studium, que apresentou um número
expressivo de imagens fotográficas, percebeu-se, nas edições analisadas, o predomínio do
texto linear na comunicação da ciência. As imagens, quando aparecem, estão subjugadas a
longos trechos de escrita alfabética. Considerando o fato de que algumas publicações nem
mesmo divulgam normas de submissão para envio de imagens, identifica-se negligência por
parte das equipes editoriais em relação a importância da imagem na comunicação da
ciência. Esse posicionamento de alguns títulos influencia autores a não valorizar esse tipo
de construção de conhecimento, colaborando no ciclo logocentrista que forma
pesquisadores acostumados a ver no texto linear a forma legítima de comunicação do saber
científico.
Verificou-se também que a leitura funcional desses periódicos interfere em sua
conformação. De todos os títulos analisados, apenas a revista Studium utilizava design
específico para cada edição, o que revela a preocupação contínua em manter a revista
atraente visualmente. Porém, para o tipo de leitor de revistas científicas, percebe-se que a
aparência gráfica não é o que mais interessa.
A utilização do SEER por mais da metade dos títulos analisados reflete essa
característica funcional de leitura, com o objetivo de adquirir conhecimento. O uso do
SEER acaba por padronizar o design das revistas em muitos aspectos, porém, prioriza a
leitura orientada e facilita a possibilidade de transferência dos dados das publicações para
diferentes sistemas, assegurando a interoperalidade, que segue os princípios do acesso
137
aberto. Além disso, como foi comentado, o sistema promove o armazenamento dos
periódicos a longo prazo, a auto-publicação, a preservação de objetos digitais, o acesso
livre também para coleta e replicação de metadados, uso de padrões e protocolos que
visam a troca de informações entre bibliotecas eletrônicas, e o uso de softwares de fonte
aberta. Enfim, permite às revistas on-line aproveitarem uma série de avanços
proporcionados pela tecnologia digital, sem que cada equipe editorial precise desenvolver
seu próprio sistema eletrônico.
As revistas científicas on-line mantêm como principais funções: ser o arquivo da
ciência e por essa razão ter periodicidade regular, fazendo com que essa memória esteja em
constante reabastecimento; ser o principal veículo de comunicação do saber; e ser o meio
para conferir prestígio e reconhecimento aos pesquisadores. Por essas razões, tais
periódicos têm especial importância na cadeia de difusão e construção do conhecimento
científico de cada campo.
Nos resultados encontrados, a partir da análise de revistas científicas da área da
Comunicação, vê-se refletido um panorama do que é encontrado nos periódicos científicos
on-line considerados os de maior qualidade atualmente no Brasil. Nesse recorte, foram
encontrados diversos pontos que devem ser repensados e melhorados. Os valores dessa
área do conhecimento, no que diz respeito à publicação de seus resultados de pesquisa em
periódicos on-line, continuam fortemente ancorados na cultura impressa. Com vistas à
qualificação da comunicação formal do campo, no caminho à sua maturidade científica, tais
parâmetros devem ser continuamente revistos.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Partindo do referencial teórico proposto e da análise do corpus definido para esta
pesquisa, foi possível identificar algumas tendências na produção editorial de revistas
científicas on-line de Comunicação no Brasil.
Conforme apresentado, as revistas científicas on-line mantêm como principais
funções ser: o arquivo da ciência, o principal veículo de comunicação do saber e o meio
para conferir prestígio e reconhecimento aos pesquisadores. O campo científico, lugar no
qual ocorrem as lutas pelo monopólio da competência científica, como foi discutido, é o
espaço em que as práticas estão focadas na aquisição de autoridade e poder. Nesse campo,
o que é percebido como importante e interessante é o que tem chances de ser reconhecido
pelos outros pesquisadores. Nesse âmbito, tais periódicos guardam especial importância na
cadeia de difusão e construção do conhecimento científico de cada campo, constituindo-se
em espaço de discussão entre agentes altamente especializados em suas áreas do
conhecimento.
A leitura das revistas científicas é orientada à aquisição de conhecimento e implica
em questões associadas à constituição de autoridade científica. Leitores são também
autores desses periódicos, para quem o conteúdo/mérito das publicações está em um
plano mais importante do que sua forma/desempenho
47
. O modelo científico de revista
deixa transparecer os valores desse campo por meio de sua forma gráfica. Com um
processo rígido de avaliação do que deve ou não ser publicado, tais periódicos possuem
47
O modelo de avaliação de periódicos adotado pela Capes como referência para o sistema Qualis separa as categorias
que avaliam o conteúdo dos periódicos – mérito –, também chamado aspectos intrínsecos ou intelectuais, das que
avaliam sua forma – desempenho –, também conhecida como aspectos extrínsecos ou materiais, conforme visto no
capítulo Objeto e método.
139
um tempo de edição lento se comparado ao de outros produtos editoriais. Porém, as
tecnologias digitais vêm alterando o andamento desse processo, especialmente pela
possibilidade da editoração eletrônica e maior disponibilização dos conteúdos em rede.
Nesse contexto, a Internet proporcionou novas formas de escrita, de edição, de
distribuição e de leitura. Os sites ZeroHora.com, Mojo Books e Amazon são exemplos de novas
perspectivas para o mercado editorial, com atualizações de conteúdos minuto a minuto,
edições de baixo custo, vendas on-line de livros em papel e para serem lidos em
dispositivos digitais. No mercado editorial de periódicos científicos on-line, passam a ser
defendidos modelos e mecanismos de acesso público aos textos a fim de garantir sua
agilidade, seu rigoroso padrão de qualidade e preservação para gerações futuras, em
oposição à venda dos conteúdos por assinatura, prática característica da distribuão de
seus similares impressos. O uso de sistemas como o SEER – inserido no âmbito da
iniciativa do acesso livre por grande parte das revistas de Comunicação analisadas neste
trabalho revela a valorização dessa tecnologia pelo campo científico. Esse tipo de sistema
reduz o tempo devotado às tarefas administrativas e de secretariado das equipes editoriais,
enquanto melhora a preservação dos registros e a eficiência dos processos editorais.
Apesar das mudanças citadas, a conformação do conhecimento científico em meio
digital ainda está profundamente atrelada aos parâmetros da cultura impressa. Na maior
parte das revistas estudadas, a tecnologia digital interferiu no processo de circulação dos
títulos, aumentando sua visibilidade. Porém, as etapas de planejamento e fluxo editorial
pouco mudaram. Na fase de edição dos periódicos, a imagem, por exemplo, ainda é
percebida no âmbito pesquisado como um embelezamento desnecessário.
A leitura imagética como parte do cotidiano atual e a facilidade de disponibilização
de imagens na web não parecem afetar a construção e a validação dos conhecimentos
construídos para o novo meio. O uso de imagens fixas, imagens em movimento e áudio
nas publicações analisadas mostrou-se muito baixo, mesmo quando eram parte do objeto
de pesquisa estudado, indicando a prevalência do texto linear como principal recurso para
comunicação de resultados.
Em março de 2009, após esta pesquisa ter sido concluída, a Capes anunciou
alterações no modo de classificação de periódicos científicos impressos e eletrônicos, que
passaram a ser enquadrados nos estratos A1 o mais elevado –, A2, B1, B2, B3, B4, B5 e
C com peso zero. Também nesse período, foi divulgada a nova posão dos periódicos
140
sob o recente padrão de análise. As revistas que compõem o corpus da pesquisa, todas
classificadas como A Nacional pela avaliação Qualis disponível no site da Capes em março
de 2008, passaram a estar distribuídas nos seguintes estratos: B2 Comunicação, Mídia e
Consumo, E-Compós, Galáxia; Intercom Revista Brasileira de Ciências da Comunicação e Revista
FAMECOS –, B3 – Intexto e Revista Fronteiras –, B4 – Eptic On Line e B5 – Studium. Nota-
se que o periódico Studium, título com maior número de imagens por texto publicado, caiu
para uma colocação muito inferior em relação aos demais veículos aqui analisados. Apesar
do novo enquadramento não constituir parte efetiva da pesquisa, pode-se inferir, a partir
das tendências encontradas na análise realizada, justificativas para o fato das revistas
ficarem posicionadas em B2 como estrato mais elevado.
Identificou-se que o planejamento e o fluxo editorial das revistas apresentam
problemas evidentes por não estarem sendo observadas condições formais mínimas, como
disponibilização de nominata de membros das comissões editoriais nos sites das revistas e
de requisitos normativos para preparação dos originais. Além disso, a falta de informações
sobre a inclusão de alguns títulos em bases de dados e sobre estatísticas de acesso aos sites,
bem como a dispersão dos dados sobre as revistas nos periódicos com mais de um site
afetam diretamente a qualidade desses veículos.
Como discutido, o design de uma publicação torna visível o conjunto de decisões
tomadas por seus editores desde o início da produção editorial. A publicação de artigos em
PDF, formato de arquivo mais utilizado pelas revistas analisadas, reflete a
complementaridade das leituras em meio impresso e eletrônico. Os arquivos em PDF
facilitam a criação de cópias impressas. A prática de pesquisa on-line por artigos de
interesse para posterior impressão e leitura mais atenta em papel, adotada por leitores de
revistas científicas, parece ser a principal razão pela escolha desse formato, preferência
identificada por Meadows (2001) ainda no início da década de 2000. A interface desses
artigos digitais acaba sendo muito semelhante a dos seus correspondentes impressos, o que
leva a crer que o processo de escrita e leitura on-line apresenta poucas novidades. Essa
opção pela leitura da cópia impressa das revistas a partir de material disponível on-line
pode ser o principal motivo para a falta de conteúdos hipertextuais nessas publicações.
A análise do design desses periódicos on-line revelou que ainda pouco cuidado
no projeto da experiência dos usuários em todos os níveis dos sites: desde o plano
estratégico até o superficial. Essa situação está profundamente ligada à falta de elementos
141
importantes que devem constar nos sites. Tais informações, comentadas na discussão dos
resultados, são indispensáveis, pois revelam as etapas de planejamento, fluxo editorial e
circulação de cada título analisado, garantindo a transparência do processo de edição desses
periódicos.
A comunicação científica por periódicos, determinante para a formação e
qualificação das áreas de conhecimento, precisa ser constantemente estudada. As revistas
científicas de uma determinada área do conhecimento, como produtos de práticas e
condições de caráter histórico, refletem o estágio de consolidação desse campo. Na área de
pesquisas em Comunicação, a opção pelo estudo das revistas que a Capes considera como
as melhores nesse campo reflete a decisão de não colocar em xeque o mérito dessas
publicações. A validade de um novo conhecimento científico, conforme discutido, es
atrelada à sua submissão à comunidade científica, cujos pares julgam as contribuições
apresentadas, criando uma condição de consenso que atesta a sua credibilidade. Partindo
da idéia de que esses são os veículos que os avaliadores da Capes (pares) assumem ser os
melhores no Brasil, o presente estudo focou-se nas características formais dos periódicos.
Contudo, o é possível separar por completo o conteúdo desses produtos
editoriais de sua forma gráfica, que não comunicação da ciência que dependa de
palavras e imagens para acontecer que prescinda de design. A conformação material é
condição essencial para sua existência. Constatou-se que esforços vêm sendo feitos no
sentido de qualificar as publicações, em especial no que diz respeito ao aumento da
visibilidade dos títulos. Tais mudanças interferem na conformação das revistas e,
conseqüentemente, modificam em algum grau seu conteúdo. Conforme discutido, há
aspectos ainda a repensar e sistematizar, o que pode levar essas publicações a modificações
mais intensas do modelo atual, a fim de colocá-las em outro patamar e promover o
amadurecimento da Comunicação enquanto ciência.
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P.; TARGINO, M. G. (Org.). Preparação de revistas científicas: teoria e prática. São
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Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação da UFRGS, Porto Alegre, v. 11, n. 2, p.219-
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE BIBLIOTECONOMIA E COMUNICAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO E INFORMAÇÃO
Raquel da Silva Castedo
Revistas científicas on-line de Comunicação no Brasil:
a produção editorial sob o impacto da tecnologia digital
VOLUME II
Porto Alegre
2009
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE BIBLIOTECONOMIA E COMUNICAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO E INFORMAÇÃO
Raquel da Silva Castedo
Revistas científicas on-line de Comunicação no Brasil:
a produção editorial sob o impacto da tecnologia digital
VOLUME II
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação
em Comunicação e Informação da Universidade Federal
do Rio Grande do Sul, como requisito parcial para a
obtenção do Grau de Mestre em Comunicação e
Informação.
Orientação:
Prof
a
. Dr
a
. Ana Cláudia Gruszynski.
Porto Alegre
2009
13
SUMÁRIO
VOLUME I
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................15
2 CIÊNCIA E COMUNICAÇÃO................................................................................22
2.1 O PERIÓDICO NA COMUNICAÇÃO DA CIÊNCIA...............................................26
2.1.1 Definição .......................................................................................................26
2.1.2 Tipologia .......................................................................................................27
2.1.3 Funções.........................................................................................................28
2.1.4 Origens..........................................................................................................29
2.2 LEITORES E LEITURAS DE PERIÓDICOS ELETRÔNICOS ..............................33
3 PRODUÇÃO EDITORIAL E REVISTAS CIENTÍFICAS ....................................37
3.1 AS FORMAS DA ESCRITA E SEUS SUPORTES........................................................38
3.2 A IMAGEM NA CIÊNCIA................................................................................................40
3.3 CULTURA VISUAL.............................................................................................................44
3.4 CIBERESPAÇO E HIPERMÍDIA....................................................................................45
3.5 NOVAS PERSPECTIVAS PARA O MERCADO EDITORIAL................................47
3.6 NOVAS PERSPECTIVAS PARA AS REVISTAS CIENTÍFICAS.............................49
3.7 O DESIGN NA CONFIGURAÇÃO DA COMUNICAÇÃO.....................................55
3.7.1 Design de sites na web: projetando a experiência do usuário.....................56
4 OBJETO E MÉTODO .............................................................................................67
4.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO OBJETO ........................................................................67
14
4.2 DEFINIÇÃO DO CORPUS...............................................................................................74
4.3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS...................................................................92
5 AS REVISTAS ......................................................................................................... 101
5.1 ELEMENTOS PRESENTES NOS SITES....................................................................101
5.1.1 Revistas com mais de um site.....................................................................107
5.2 ELEMENTOS PRESENTES NOS FASCÍCULOS.....................................................111
5.3 ELEMENTOS PRESENTES NOS ARTIGOS............................................................113
5.4 ARQUITETURA DA INFORMAÇÃO E INTERFACE DOS SITES....................117
5.5 USO DE IMAGENS..........................................................................................................127
5.6 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS................................................................................131
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................138
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 142
VOLUME II
ANEXOS....................................................................................................................149
149
ANEXOS
ANEXO 1 Modelos e roteiros de avaliação de periódicos científicos e técnicos brasileiros.
KRZYZANOWSKI, R. F.; FERREIRA, M. C. G. Avaliação de Periódicos Científicos e
Técnicos Brasileiros. Ciência da Informação, Brasília, DF, v.27, n.2, p.165-175,
maio/ago. 1998.
150
151
152
153
154
155
159
ANEXO 3 – As dimensões da qualidade num instrumento de avaliação de periódicos
científicos da área de educação.
TRZESNIAK, Piotr. A avaliação de revistas eletrônicas para órgãos de fomento:
respondendo ao desafio. In: CONFERÊNCIA IBEROAMERICANA DE
PUBLICAÇÕES ELETRÔNICAS NO CONTEXTO DA COMUNICAÇÃO
CIENTÍFICA, 1., 2006, Brasília. Anais... Brasília: Universidade de Brasília, 2006.
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160
161
162
163
164
ANEXO 4 – Produção científica nacional na área de geociências:
análise de critérios de editoração, difusão e indexação em bases de dados.
OLIVEIRA, Érica. Produção científica nacional na área de geociências: análise de critérios
de editoração, difusão e indexação em bases de dados. Ciência da Informação, Brasília,
v.34, n.2, p.34-42, maio/ago. 2005.
165
166
167
168
169
170
171
ANEXO 5 – Padronização de periódicos científicos on-line:
estudo aplicado na área de Biblioteconomia e Ciência da Informação.
MENDONÇA, T. C.; FACHIN, Gleisy Regina Bories; VARVAKIS, G., Padronização de
periódicos científicos on-line: estudo aplicado na área de Biblioteconomia e Ciência da
Informação. Informação & Sociedade. Estudos, v. 16, p. 1-27, 2006
172
173
174
175
176
177
178
ANEXO 6 – Roteiro de edição de revistas científicas on-line.
GRUSZYNSKI, A. C.; GOLIN, C.; CASTEDO, R. Produção editorial e comunicação
científica: uma proposta para edição de revistas científicas. E-Compós, Brasília, v.11, n.2,
2008. Disponível em: <http://www.e-compos.org.br>. Acesso em: 5 fev. 2009.
179
ANEXO 7 – E-mail enviado ao IBICT e resposta recebida sobre E-ISSN das revistas.
180
ANEXO 8 – Páginas principais do site da revista Comunicação, Mídia e Consumo no
REVCOM.
181
182
183
184
185
186
ANEXO 9 – Páginas principais do site da revista
Comunicação, Mídia e Consumo no UNIVERCIENCIA.ORG.
187
188
189
190
191
192
ANEXO 10 – Páginas principais do site próprio da revista Comunicação, Mídia e Consumo.
193
194
195
196
197
198
ANEXO 11 – Páginas principais do site da revista Comunicação, Mídia e Consumo.
Vinculado ao site institucional da ESPM.
199
200
ANEXO 12 – Páginas principais do site próprio da revista E-Compós.
201
202
203
204
205
206
ANEXO 13 – Páginas principais do site próprio da revista Eptic On Line.
207
208
209
ANEXO 14 – Páginas principais do site da revista Galáxia no UNIVERCIENCIA.ORG.
210
211
212
213
214
215
ANEXO 15 – Páginas principais do site da revista Galáxia no portal de revistas da PUCSP.
216
217
218
219
220
221
ANEXO 16 – Páginas principais do site próprio da revista Galáxia.
222
223
224
225
ANEXO 17 – Páginas principais do site da revista Intercom no REVCOM.
226
227
228
229
230
231
ANEXO 18 – Páginas principais do site próprio da revista Intexto.
232
233
234
ANEXO 19 – Páginas principais do site da Revista FAMECOS no REVCOM.
235
236
237
238
239
240
ANEXO 20 – Páginas principais do site da Revista FAMECOS no
UNIVERCIENCIA.ORG.
241
242
243
244
245
246
ANEXO 21 Páginas principais do site da Revista FAMECOS no portal de revistas da
PUCRS.
247
248
249
250
251
ANEXO 22 – Páginas principais do site próprio da Revista FAMECOS.
252
253
254
255
256
257
ANEXO 23 – Páginas principais do site da Revista Fronteiras no REVCOM.
258
259
260
261
262
263
ANEXO 24 – Páginas principais do site da Revista Fronteiras no UNIVERCIENCIA.ORG.
264
265
266
267
268
269
ANEXO 25 – Páginas principais do site da Revista Fronteiras.
Vinculado ao site institucional da Unisinos.
270
271
272
273
274
275
ANEXO 26 – Páginas principais do site próprio da revista Studium.
276
277
278
279
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