136
e questões dos habitantes das UCs, apresentados, negociados e ou construídos durante a última
gestão do IEF. Em balanço final sobre as realizações da DCN em sua gestão, Alba Simon
apresenta os seguintes pontos:
Para cumprir os objetivos de conservação inerentes às diferentes categorias de
UCs administradas pelo IEF e o consequente agravamento dos conflitos
socioambientais das UCs, sobretudo nos Parques Estaduais, foi necessário
reaproximar o IEF da sociedade civil através de um intenso trabalho com os
diferentes grupos sociais das regiões onde estas se inserem. Desse modo,
trabalhamos com o envolvimento direto desses atores no planejamento estratégico
participativo, criando um programa de reestruturação e consolidação dos conselhos
das UCs, aproximando o setor acadêmico da administração - numa tentativa de
colocar o conhecimento científico a favor da gestão pública -, e, sobretudo,
investindo na mudança de mentalidade e postura dos técnicos, funcionários e
gestores das UCs frente aos "problemas" que passaram a ser lidos como conflitos.
A supervalorização do fiscal com maior número de autos de infração (fiscal
herói) foi paulatinamente substituída por uma valorização do fiscal orientador,
uma postura construída através do diálogo permanente entre as equipes de
fiscalização, diretoria, técnicos e chefes das UCs.
Todo esse investimento já rendeu resultados surpreendentes; em apenas
dois anos (2007 e 2008) o número de pesquisas nas UCs quase que triplicou,
passando de 48 (cadastradas de 2004 a 2006) para 103 (2007 e 2008), incluindo
pesquisas na área biológica, econômica e social.
Ampliou-se a representatividade nos conselhos, envolvendo diversas
representações historicamente excluídas, como pescadores,
agricultores, populações tradicionais, grupos religiosos, empresários etc. Foram
reestruturados onze conselhos de forma transparente e participativa, envolvendo
mais de 400 entidades da sociedade civil e de órgãos governamentais atuantes no
Estado do Rio de Janeiro, resultando em uma maior integração social (mais de
200 novas entidades da sociedade civil participando dos conselhos) e diminuição
da pressão (desmatamentos e queimadas) nas áreas das UCs, internamente,
investiu-se na otimização da tramitação dos processos administrativos no âmbito
da DCN, com reflexo em todo o IEF, e o desenvolvimento de um software,
denominado SISDCN, com o objetivo de informatizar a tramitação dos
processos.
Diversas iniciativas tiveram apoio da DCN para diminuir a pressão sobre
as UCs, como o pacto pela erradicação do fogo na APA Macaé de Cima (em 30
anos foi o menor índice de queimadas na região); o apoio ao projeto de
fitoterápicos da Mata Atlântica, com os agricultores do Parque Estadual da Pedra
Branca (históricos plantadores de banana); o processo de recategorização da área
ocupada pela comunidade do Aventureiro na Rebio da Praia do Sul; a criação de
um roteiro metodológico para uniformização dos planos de manejo, a criação de
uma equipe destinada à análise e complementação dos planos de manejo -
conferindo maior agilidade na finalização destes -; as parcerias com AMPLA,
UFF, UFRJ, FIOCRUZ, escolas privadas como o Colégio Paulo Freire, ONGs,