Ladeira RT. Hiperglicemia no infarto agudo do miocárdio: correlações
fisiopatológicas [tese]. São Paulo: Faculdade de Medicina, Universidade de
São Paulo; 2008. 81p.
Introdução- A hiperglicemia (HG), durante o infarto agudo do miocárdio
(IAM), está associada com aumento de mortalidade hospitalar em pacientes
diabéticos e não diabéticos. Entretanto, não é conhecido o mecanismo
responsável por esta associação. Assim estudou-se, simultaneamente, a
correlação entre a glicemia e marcadores bioquímicos relacionados ao
sistema neuro-humoral de estresse, metabolismo glicídico e lipídico, sistema
de coagulação e inflamatório. Métodos- 80 pacientes foram incluídos
consecutiva e prospectivamente. Foram realizadas duas coletas de sangue,
a primeira com 24h a 48h do início dos sintomas do IAM (fase aguda) e a
segunda após 3 meses do IAM (fase crônica), sempre com 12h de jejum.
Foram analisados os seguintes parâmetros: glicose, cortisol, noradrenalina,
hemoglobina glicada (HbA1c), insulina, LDL minimamente modificada
eletronegativa, ácidos graxos livres (AGL), adiponectina, factor VII da
coagulação, fibrinogênio, inibidor do ativação do plasminogênio tipo 1,
proteína C reativa ultra-sensível (PCRus), colesterol total (c) e frações e
triglicérides. Nas correlações univariadas entre glicemia e as variáveis
contínuas empregou-se o teste de correlação de Pearson. As análises
multivariadas foram feitas através de regressão logística (variáveis
qualitativas) e modelo linear generalizado (quando as variáveis
independentes incluídas foram quantitativas e nominais). Resultados- Na
fase aguda, a glicemia correlacionou-se significativamente com HbA1c
(r=0,75, p<0,001), insulina (r=0,25, p<0,001), AGL (r=0,3, p=0,01),
adiponectina (r=-0,22, p=0,05), LDL-c (r=-0,25, p=0,03), VLDL-c (r=0,24,
p=0,03) e triglicérides (r=0,27, p=0,01). No modelo multivariado, as variáveis
correlacionadas de forma independente com a glicemia, na fase aguda,
foram: HbA1c (p<0,001), insulina (p<0,001), e AGL (p=0,013). Para analisar
uma variável de confusão, a história de diabetes mellitus (DM), incluiu-se
esta variável num modelo, juntamente com as variáveis acima e todas
mostraram associação significativas com glicose: HbA1c (p<0,001), insulina
(p=0,001), AGL (p=0,013) e história de DM (p=0,027). Na fase crônica,
glicose correlacionou-se com: cortisol (r=0,31, p=0,01), noradrenalina
(r=0,54, p<0,001), HbA1c (r=0,78, p<0,001) e PCRus (r=0,46, p<0,001). Na
análise multivariada, somente HbA1c (p<0,001) e noradrenalina (p<0,001)
mantiveram correlação independente. Conclusão- A HbA1c foi a única
variável que correlacionou-se de forma significativa e independente com a
glicemia, tanto na fase aguda, quanto na crônica, mostrando que a
hiperglicemia, durante o IAM, pode representar uma alteração crônica, sub-
diagnosticada, do metabolismo glicídico.
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Descritores: infarto do miocárdio, hiperglicemia/fisiopatologia, hemoglobina A
glicosilada.