32
Jacobinas, noventa e do Tucano cinqüenta... Os currais por parte da Bahia
estão postos na borda do rio São Francisco, na do rio das Velhas, na do rio
das Rãs, na do rio Verde, na do Parnamirim, na do rio Jacuípe, na do rio
Ipojuca, na do rio Inhambupe, na do rio Real, na do rio Vaza Barris, na do
rio Sergipe e de outros rios, em que os quais, por informação de vários que
correram o este sertão, estão atualmente mais de quinhentos currais.
40
Na condução das boiadas para os mercados consumidores do litoral, não se
tratava apenas de estabelecer pessoas, mas, de formar uma estrutura logística.
Desta forma, possibilitava o transporte e descanso do gado, e a reposição de
mantimentos aos boiadeiros para o final da viagem. O estabelecimento de núcleos
povoadores, que não estivessem muito distantes uns dos outros, facilitava o
transporte e possibilitava os descansos, necessários para a recomposição do peso e
saúde dos animais exaustos por longas jornadas.
Vilhena citado por Marcos Sampaio Brandão, assim descreve o trajeto das
boiadas do sertão ao litoral:
Dos diferentes sertões, donde saem os bois, que se consomem nesta cidade,
e que nenhum fica em distância menor que 70, ou 80 léguas muitos na de
100 e 150 léguas, não poucos a 200, e mais léguas [...] vêm estes por toda a
mencionada distância agitados por vaqueiros, montados em cavalos, e
armados com ferrões de uma polegada de comprido, com que os atravessam
até as entranhas; comendo por toda a viagem, o que é fácil supor, até que
finalmente chegam à Feira [de Santana] distante doze léguas da cidade, e ali
são recolhidos em currais [...] destes são conduzidos para a cidade [de
Salvador], sem comerem mais, que o que, andando, podem apanhar com a
língua, por uma só, e única estrada, freqüentada de boiadas inumeráveis,
desde o princípio da cidade, fundada há 250 anos.
41
Dentre as muitas rotas de comércio de bois, uma delas era importante para
os comerciantes de gado da Chapada Norte, por ser um terreno menos acidentado e
o caminho mais curto. As boiadas rumavam ao Recôncavo saindo do norte da
Chapada Diamantina, seguindo o vale do rio Jacuípe. O caminho iniciava em Morro
do Chapéu, muito próximo à Fazenda Gurgalha, passando por Monte Alegre (hoje
Mairí), Baixa Grande, Camisão (Ipirá), Feira de Santana, finalmente chegando logo
40
ANTONIL, apud, ABREU, op. cit. p. 60.
41
BRANDAO, Marcos Sampaio. O sistema de produção na Bahia sertaneja do século XIX: uma economia
de relações não capitalistas. Campo – território:Revista de geografia agrária, v.2, n.4, p 62-81, ago. 2007.
Disponível em http://www.campoterritorio.ig.ufu.br/viewissue.php?id=4#Artigos. Acessado em: 10/07/2008.