Download PDF
ads:
Estudo do Acoplamento Spin-
´
Orbita de
Multipart
´
ıculas Confinadas em Pontos
Qu
ˆ
anticos Semicondutores
BRUNO BARBOSA RODRIGUES
UBERL
ˆ
ANDIA
25 DE FEVEREIRO DE 2009
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERL
ˆ
ANDIA
Programa de P
´
os - Graduac¸
˜
ao - INFIS
Bruno Barbosa Rodrigues
Estudo do Acoplamento Spin-
´
Orbita de Multipart
´
ıculas Confinadas em
Pontos Qu
ˆ
anticos Semicondutores
UBERL
ˆ
ANDIA
25 DE FEVEREIRO DE 2009
ads:
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERL
ˆ
ANDIA
Programa de P
´
os - Graduac¸
˜
ao - INFIS
Bruno Barbosa Rodrigues
Estudo do Acoplamento Spin-
´
Orbita de Multipart
´
ıculas Confinadas em
Pontos Qu
ˆ
anticos Semicondutores
Dissertac¸
˜
ao apresentada ao Programa de
P
´
os-graduac¸
˜
ao em F
´
ısica da Universidade
Federal de Uberl
ˆ
andia, como requisito par-
cial para obtenc¸
˜
ao do t
´
ıtulo de mestre em F
´
ısica.
´
Area de Concentrac¸
˜
ao: F
´
ısica da Mat
´
eria
Condensada
Orientador:
Prof. Dr. Qu Fanyao
UBERL
ˆ
ANDIA
25 DE FEVEREIRO DE 2009
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
R696e Rodrigues, Bruno Barbosa, 1983-
Estudo do acoplamento spin-órbita de multipartículas confinadas em
pontos quânticos semicondutores / Bruno Barbosa Rodrigues. - 2009.
113 f. : il.
Orientador: Qu Fanyao.
Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Uberlândia, Progra-
ma de Pós-Graduação em Física.
Inclui bibliografia.
1. 1. Física - Teses. 2. Pontos quânticos - Teses. I. Fanyao, Qu. II. Uni-
versidade Federal de Uberlândia. Programa de Pós-Graduação em Física.
III.tulo.
CDU: 53
Elaborado pelo Sistema de Bibliotecas da UFU / Setor de Catalogação e Classificação
”O temor do Senhor
´
e o princ
´
ıpio do
saber, mas os loucos desprezam a
sabedoria e o ensino.
Salom
˜
ao
Agradecimentos
Muitos foram os que contribu
´
ıram para a realizac¸
˜
ao deste projeto. Destaco no entanto
alguns, n
˜
ao necessariamente os mais importante, mas os que foram essenciais, em momentos
precisos, para a consolidac¸
˜
ao desta conquista.
Primeiramente e sobretudo agradec¸o a Deus pela oportunidade e capacidade de aprender,
dando-me forc¸as e coragem para enfrentar os desafios e buscar a realizac¸
˜
ao de meus sonhos,
nunca deixando que eu me abatesse pelas quedas e tristezas, me conservando na humildade.
Ao professor Qu Fanyao , pela orientac¸
˜
ao e incentivo, pelos ensinamentos, amizade e prin-
cipalmente pela confianc¸a depositada em mim.
`
A minha m
˜
ae, que com a sua experi
ˆ
encia e dedicac¸
˜
ao pessoal, me ajudou a enxergar a
soluc¸
˜
ao para muitos problemas enfrentados, al
´
em de compreender os v
´
arios momentos em que
n
˜
ao pude estar presente.
`
A equipe do Grupo NanoScience da UFU, em especial ao aluno de doutorado e amigo
Damaso por estar sempre disposto a ajudar e discutir novas id
´
eias e projetos.
`
A Giselle, aluna
de mestrado, e aos alunos de IC Ren
´
e, Let
´
ıcia e Maryzaura.
Aos amigos de mestrado pelo essencial apoio em momentos dif
´
ıceis, pelas madrugadas e
finais de semana que passamos estudando, e tamb
´
em pelos momentos de descontrac¸
˜
ao, espe-
cialmente, Igor, Roberto, Wagner, Hanna, Charley, Ginetom e Fl
´
avio Augusto.
`
A L
´
ucia, secret
´
aria da P
´
os-Graduac¸
˜
ao do Instituito de F
´
ısica, bem como todos os outros
funcion
´
arios do Instituto, que desempenham muito bem seu trabalho,
`
as vezes indo al
´
em das
pr
´
oprias responsabilidades para nos ajudar.
Aos meus colegas de trabalho da CEMIG, que entenderam e me apoiaram nos v
´
arios mo-
mentos em que cheguei cansado para trabalhar ap
´
os algumas noites estudando e pesquisando,
especialmente ao Tiago Leonel,
´
Alvaro, Eurico e Amarildo.
Aos colegas da Universiteit van Amsterdam e do NUPRO pelo apoio tecnol
´
ogico que via-
bilizou a defesa desta dissertac¸
˜
ao via videoconfer
ˆ
encia, especialmente c¸ Profa. Elenna, e ao
Engenheiro Edmundo. Aos meus amigos de Lyon Diego, Rodrigo, Tiago, Aion, Dorian, Ja-
kub, Tomas, Jianbo, Mickael, Ibrahim e Franck, pelos momentos de descontrac¸
˜
ao que sempre
revigoravam as minhas energias para continuar trabalhando.
`
As Ag
ˆ
encias de Formento Fapemig e CNPq, pelo apoio financeiro.
Finalmente,
`
a todos aqueles que colaboraram direta ou indiretamente na realizac¸
˜
ao deste
projeto.
Meus sinceros agradecimentos.
Resumo
O acoplamento Spin-
´
Orbita (SO)
´
e um efeito que relaciona os orbitais espaciais com o grau
de liberdade de spin das part
´
ıculas. Como resultado, a din
ˆ
amica de spin
´
e afetada, fazendo
com que operac¸
˜
oes bin
´
arias de qubits (an
´
alogo qu
ˆ
antico do bit, unidade basica de informac¸
˜
ao
em linguagem computacional) tornem-se mais complexas. Al
´
em disso, o acoplamento Spin-
´
Orbita produz decoer
ˆ
encia do spin e relaxac¸
˜
ao devido
`
a emiss
˜
ao de f
ˆ
onons limitando o tempo
de operac¸
˜
ao de um qubit. Por isso,
´
e de primordial import
ˆ
ancia determinar os par
ˆ
ametros que
determinam a interac¸
˜
ao Spin-
´
Orbita, de modo que seja poss
´
ıvel controlar e manipular o spin
das part
´
ıculas.
Para dois el
´
etrons confinados em um QD, observamos a transic¸
˜
ao entre estados de spin
polarizado triplete e n
˜
ao-polarizado singlete. A interac¸
˜
ao Spin-
´
Orbita gera um anticruzamento
entre os estados de spin singlete e os estados de spin polarizado triplete, enquanto que o estado
triplete n
˜
ao polarizado preserva o cruzamento.
Observamos tamb
´
em que a interac¸
˜
ao Spin-
´
Orbita
´
e fortemente dependente tanto do n
´
umero
de part
´
culas confinadas quanto da sua carga (positiva ou negativa). Como exemplo, verificamos
que esta interac¸
˜
ao
´
e muito mais forte (da ordem de meV) para dois el
´
etrons do que para um
´
exciton (ordem de dezenas de µeV), esta
´
ultima obtendo somente correc¸
˜
oes de segunda ordem
na sua energia. Al
´
em disso, a quantidade de el
´
etrons em cada orbital do QD (camada aberta ou
fechada) pode alterar drasticamente a interac¸
˜
ao Spin-
´
Orbita. Desta maneira, este efeito pode
ser controlado eletricamente. Analisamos tamb
´
em a estrutura hiperfina de
´
excitons claros e
escuros.
Palavras-Chave: Pontos Qu
ˆ
anticos, Acoplamento Spin-
´
Orbita, Multiel
´
etrons,
´
Excitons,
´
Excitons Carregados.
Abstract
Spin-orbit (SO) coupling provides a way for orbital degrees of freedom to influence spin
states. As a result the spin dynamics is affected, thus making spin qubit (quantum version of
bit, basic unit of information in the computational language) operations more complex. Fur-
thermore, spin-orbit coupling leads to spin decoherence and relaxation due to phonons, thus
limiting the operation time. Therefore, it is highly desirable to determine the parameters which
govern the Spin-Orbit interaction so that one can control and manipulate the spin of particles.
For the two electrons case, we observed the transition between spin polarized triplet and
spin non-polarized singlet states. The spin-orbit interaction leads to an anticrossing between
singlet and spin polarized triplet states, while the spin non-polarized triplet state remains unaf-
fected.
We also found that the Spin-Orbit interaction to be strongly dependent upon both the num-
ber of particles and their charge (positive or negative). For instance, the Spin-Orbit effect is
much stronger for two electrons than for one exciton, which only induces the second order cor-
rection in the energy of the exciton. Furthermore, the filling of electronic shells of QD (closed
and open shell configurations) can dramatically change the Spin-Orbit interaction leading to a
competition with electron-electron interaction. Hence the Spin-Orbit interaction can be control-
led electrically. We also analyzed the hyperfine interaction between bright and dark excitons.
Keywords: Quantum Dots, Spin-Orbit Coupling, Multielectrons, Excitons, Charged Exci-
tons.
Lista de Figuras
1.1 (a) Diagrama esquem
´
atico de uma heteroestrutura de semicondutores [13]. O
potencial negativo aplicado pelo eletrodo lateral pressiona o QD no sentido
de reduzir o di
ˆ
ametro de confinamento (linhas tracejadas). (b) Diagrama de
energia correspondente. (c) Microscopia Eletronica de Varredura em QDs
com v
´
arias formas e altura m
´
edia de 0.5µm. . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 3
1.2 Desenho Esquem
´
atico do SFET proposto por Datta e Das [16]. . . . . . . . . p. 4
2.1 Desenho esquem
´
atico de um QD automontado (do ingl
ˆ
es SAD - Self-
Assembled Dot) [10] de In
x
Ga
1x
As/GaAs em formato de lente. No canto
superior esquerdo o gr
´
afico do potencial de confinamento lateral. . . . . . . . p. 9
2.2 Func¸
˜
oes de onda para o oscilador harm
ˆ
onico unidimensional (a) e densidade
de probabilidade das respectivas func¸
˜
oes de onda (b). . . . . . . . . . . . . . p. 12
2.3 Espectro de energia de uma part
´
ıcula confinada em um potencial parab
´
olico
bidimensional versus o campo magn
´
etico. Os vinte primeiros estados de
energia s
˜
ao mostrados que, para B = 0, apresentam degeneresc
ˆ
encia for-
mando os orbitais.
¯
hω
0
=6meV e g = 4.4. . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 14
2.4 Vis
˜
ao tridimensional do potencial de confinamento n
˜
ao-parab
´
olico com de-
talhe para as superf
´
ıcies equipotenciais na parte inferior do gr
´
afico. A parte
parab
´
olica
´
e caracterizada por ω
0
= 1meV e os par
ˆ
ametros que definem a
parte n
˜
ao-parab
´
olica s
˜
ao γ = 1 e D = 10a
0
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 15
2.5 Esquema qualitativo da estrutura de bandas com a mistura entre HH e LH e o
gap gerado pela interac¸
˜
ao SO em um semicondutor Bulk do tipo Zinc Blende. p. 16
3.1 Ciclo de autoconsist
ˆ
encia para c
´
alculos usando M
´
etodo de Hartree-Fock de
camada aberta. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 23
3.2 Estados de spin para o
´
exciton, considerando transic¸
˜
oes de spin com taxas W
e
e W
h
para el
´
etrons e buracos, respectivamente. . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 25
5.1 Espectro de energia de um el
´
etron sujeito a um potencial de confinamento
ω
0
=2meV e sem interac¸
˜
ao SO (α = β = 0). No canto superior esquerdo a
ampliac¸
˜
ao do gr
´
afico demonstrando o cruzamento dos n
´
ıveis de energia em
B =0,4T. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 37
5.2 Efeito da interac¸
˜
ao SO sobre a evoluc¸
˜
ao dos n
´
ıveis de energia para um
el
´
etron sujeito a um potencial de confinamento ω
0
=2meV (α =6meV
˚
A e
β =10meV
˚
A). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 38
5.3 Quebra da degeneresc
ˆ
encia e deslocamento dos n
´
ıveis de energia do primeiro
( esquerda), segundo ( centro) e terceiro ( direita) estados para B =0T com a
inserc¸
˜
ao da interac¸
˜
ao SO, e os par
ˆ
ametros de confinamento s
˜
ao os mesmos da
Figura 5.1 e as constantes de acoplamento SO s
˜
ao α =6meV
˚
A e β =10meV
˚
A. p. 39
5.4 Espectro de energia de dois el
´
etrons sujeitos a um potencial de confinamento
ω
0
=5meV e sem interac¸
˜
ao SO (α = β = 0). No canto superior direito a
ampliac¸
˜
ao do gr
´
afico demonstrando a degeneresc
ˆ
encia dos n
´
ıveis de energia
para B =0T. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 42
5.5 Relac¸
˜
ao entre a diferenc¸a de energia dos orbitais 1 e 2 e o potencial de confi-
namento ω
0
para 2 el
´
etrons em um QD sem campo magn
´
etico e sem interac¸
˜
ao
SO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 43
5.6 Espectro de energia para 2 el
´
etrons em um QD com ω
0
=5meV e com
interac¸
˜
ao SO (α =6meV
˚
A e β =10meV
˚
A) em func¸
˜
ao do campo magn
´
etico.
No canto superior direito a ampliac¸
˜
ao do gr
´
afico enfatizando a quebra de
degeneresc
ˆ
encia para B =0T. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 44
5.7 Espectro de energia para dois el
´
etrons em um QD com ω
0
=5meV em func¸
˜
ao
do campo magn
´
etico para β =10meV
˚
A e diversos valores para a constante
de acoplamento SO α. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 45
5.8 Energias de excitac¸
˜
ao para 2 el
´
etrons nas configurac¸
˜
oes singlete-triplete. Os
par
ˆ
ametros utilizados foram ω
0
=5meV, α =6meV
˚
A e β =10meV
˚
A. . . . . p. 46
5.9 Evoluc¸
˜
ao dos n
´
ıveis de energia para δ
1
=0 (a) e δ
2
=0 (b). . . . . . . . . . . p. 47
5.10 Estrutura fina do
´
exciton (termos de troca e correlac¸
˜
ao e Zeeman) com m
e
=
0.067,m
h
= 0.25, g
e
= 0.44, g
h
= 25, δ
0
= 0.2meV, δ
2
= 0.05meV e ω
0
=
1meV. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 48
5.11 Evoluc¸
˜
ao da energia do estado fundamental do
´
exciton com m
e
= 0.067,m
h
=
0.25, g
e
= 0.44, g
h
= 25, ω
0
= 1meV, δ
0
= 0.2meV e δ
2
= 0.05meV . . . . p. 48
Lista de Tabelas
3.1 Autoestados do
´
exciton na presenc¸a de campo magn
´
etico. . . . . . . . . . . . p. 29
Sum
´
ario
1 Introduc¸
˜
ao p. 1
1.1 Pontos Qu
ˆ
anticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 1
1.2 Vis
˜
ao geral da pesquisa atual em Spin-
´
Orbita . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 3
1.3 Unidades At
ˆ
omicas Efetivas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 4
2 Estrutura Eletr
ˆ
onica de uma Part
´
ıcula em um QD p. 6
2.1 Segunda Quantizac¸
˜
ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 6
2.1.1 Notac¸
˜
ao e Definic¸
˜
oes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 6
2.1.2 Operadores de Spin . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 7
2.2 Confinamento lateral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 8
2.3 N
´
ıveis de Landau . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 12
2.4 Confinamento N
˜
ao-Parab
´
olico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 14
2.5 Buracos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 15
3 Interac¸
˜
ao de Multipart
´
ıculas p. 17
3.1 Determinante de Slater . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 18
3.2 M
´
etodo de HF Irrestrito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 19
3.2.1 Algoritmo de Soluc¸
˜
ao das Equac¸
˜
oes de HF . . . . . . . . . . . . . . p. 22
3.2.2 M
´
etodo de Configurac¸
˜
ao de Interac¸
˜
ao . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 23
3.3
´
Exciton . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 24
3.3.1 Aus
ˆ
encia de campo magn
´
etico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 25
3.3.2 Presenc¸a de campo magn
´
etico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 28
4 Interac¸
˜
ao Spin-
´
Orbita p. 30
4.1 Origem F
´
ısica da Interac¸
˜
ao SO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 30
4.2 Assimetria na estrutura cristalina: Interac¸
˜
ao BIA . . . . . . . . . . . . . . . p. 31
4.3 Assimetria espacial: Interac¸
˜
ao SIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 33
4.4 An
´
alise dos acoplamentos SO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 33
4.5 Efeito Spin-Orbita de
´
excitons . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 34
5 Resultados p. 35
5.1 Interac¸
˜
ao SO de um El
´
etron . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 36
5.2 Interac¸
˜
ao SO de 2 El
´
etrons . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 39
5.3 Interac¸
˜
ao Spin-
´
Orbita de
´
Excitons . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 46
6 Conclus
˜
oes e Trabalhos Futuros p. 50
6.1 Conclus
˜
oes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 50
6.2 Trabalhos Futuros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 50
Refer
ˆ
encias Bibliogr
´
aficas p. 52
1
1 Introduc¸
˜
ao
Este trabalho tem como objetivo estudar os efeitos da interac¸
˜
ao Spin-
´
Orbita (SO) em
part
´
ıculas confinadas em um ponto qu
ˆ
antico (utilizaremos a abreviac¸
˜
ao QD, que vem da ex-
press
˜
ao em ingl
ˆ
es Quantum Dot) lateral de GaAs/AlGaAs atrav
´
es do modelo de um potencial
harm
ˆ
onico proposto por Fock [1] e Darwin [2]. Este potencial, com soluc¸
˜
ao anal
´
ıtica para o es-
pectro de energia, permite o tratamento de el
´
etrons e buracos sem interac¸
˜
ao de subbanda, sendo
que a interac¸
˜
ao de multipart
´
ıculas e
´
excitons carregados ser
´
a tratada com o aux
´
ılio do M
´
etodo
de Hartree-Fock de camada aberta [1, 3, 4, 5].
Neste cap
´
ıtulo ser
˜
ao abordadas as principais caracter
´
ısticas dos QDs bem como uma vis
˜
ao
geral da pesquisa atual sobre SO em QDs semicondutores. O sistema de unidades at
ˆ
omicas
efetivas, utilizado para c
´
alculos em sistemas nanoestruturados,
´
e descrito no final deste cap
´
ıtulo.
1.1 Pontos Qu
ˆ
anticos
Os QDs [6, 7, 8] podem ser definidos como estruturas no estado s
´
olido capazes de confi-
nar el
´
etrons e buracos em todas as dimens
˜
oes espaciais e s
˜
ao classificados como sistemas me-
sosc
´
opicos, pois suas dimens
˜
oes s
˜
ao compar
´
aveis com os comprimentos caracter
´
ısticos do ma-
terial de que eles s
˜
ao fabricados, que s
˜
ao maiores que as dimens
˜
oes at
ˆ
omicas mas pequenos
o suficiente para que seja necess
´
ario o tratamento qu
ˆ
antico destas estruturas. S
˜
ao frequen-
temente modelados como caixas tridimensionais onde as paredes atuam como potenciais de
confinamento, geralmente produzidos eletrostaticamente por eletrodos ou criados por um for-
mato apropriado de crescimento do material, como a Epitaxia de Feixe Molecular [9] ou o
Crescimento Auto Organizado [10]. As dimens
˜
oes t
´
ıpicas dos QDs s
˜
ao da ordem de 1 a 100nm,
que resultam em diferentes n
´
ıveis de quantizac¸
˜
ao dos portadores de cargas armadilhados: o
gap de energia entre n
´
ıveis
´
e tipicamente da ordem de microeletronvolts (µeV) at
´
e dezenas de
milieletronvolts (meV).
Neste sentido, os QDs s
˜
ao comparados a
´
atomos naturais, onde os el
´
etrons s
˜
ao confinados
pelo potencial atrativo do n
´
ucleo, e seus n
´
ıveis de energia s
˜
ao bem definidos. Esta analogia
2
´
e muito
´
util, e os QDs s
˜
ao geralmente chamados de
´
atomos artificiais”. Existem, no entanto,
diferenc¸as entre
´
atomos naturais e artificiais. Primeiramente, QDs podem confinar tanto el
´
etrons
como buracos, enquanto
´
atomos naturais podem confinar apenas el
´
etrons, devido ao seu poten-
cial positivo do n
´
ucleo que
´
e atrativo apenas para portadores de carga negativa. Em segundo
lugar, o confinamento lateral em QDs
´
e geralmente bem comportado e pode ser controlado, en-
quanto que o potencial de Coulomb possui uma singularidade no n
´
ucleo e
´
e fixado pelo n
´
umero
de pr
´
otons do
´
atomo. Finalmente, QDs possuem uma separac¸
˜
ao entre n
´
ıveis (da ordem de de-
zenas de meV) menor do que a separac¸
˜
ao m
´
edia entre n
´
ıveis em
´
atomos naturais (da ordem de
eV).
Os QDs laterais [11] que ser
˜
ao abordados neste trabalho s
˜
ao criados por um g
´
as de el
´
etrons
bidimensional (Two-Dimensional Electron Gas - 2DEG), formado na interface de 2 semicon-
dutores dos tipos III-IV (neste caso a inteface ser
´
a de GaAs/AlGaAs) com um confinamento
lateral adicional produzido por eletrodos. Este confinamento lateral ir
´
a influenciar diretamente
a distribuic¸
˜
ao dos n
´
ıveis de energia, com contribuic¸
˜
oes tanto para os termos de energia cin
´
etica
como de interac¸
˜
ao Coulombiana entre as part
´
ıculas confinadas. Na Figura 1.1 temos o dia-
grama esquem
´
atico de uma heteroestrutura de semicondutores. O QD est
´
a localizado entre as
duas barreiras de AlGaAs onde, neste caso, el
´
etrons podem ser tunelados dos estados ocupados
no sorvedouro atrav
´
es do QD para estados desocupados na fonte. O potencial entre a fonte e o
sorvedouro V
sd
(do ingl
ˆ
es source-drain), determina a diferenc¸a na Energia de Fermi entre os
dois eletrodos.
Esta dissertac¸
˜
ao
´
e organizada como se segue. No Cap. 1 faremos uma breve introduc¸
˜
ao
sobre a pesquisa em Spin-
´
Orbita e introduziremos o sistema de Unidades At
ˆ
omicas Efetivas. O
Cap. 2
´
e dedicado a uma descric¸
˜
ao do problema de uma part
´
ıcula confinada em um QD lateral e
`
a introduc¸
˜
ao da notac¸
˜
ao da Segunda Quantizac¸
˜
ao. No Cap. 3 estendemos a an
´
alise para o caso
de Multipart
´
ıculas, com a introduc¸
˜
ao do M
´
etodo de Hartree-Fock e uma descric¸
˜
ao do estado
de
´
exciton. O Cap. 4 aborda a Interac¸
˜
ao de Spin-
´
Orbita, tema central deste trabalho, com uma
descric¸
˜
ao sucinta sobre sua origem e seus efeitos sobre QDs laterais. No Cap. 5 encontramos
os resultados deste trabalho e as conclu
˜
oes e trabalhos futuros s
˜
ao enumerados no Cap. 6.
3
Figura 1.1: (a) Diagrama esquem
´
atico de uma heteroestrutura de semicondutores [13]. O po-
tencial negativo aplicado pelo eletrodo lateral pressiona o QD no sentido de reduzir o di
ˆ
ametro
de confinamento (linhas tracejadas). (b) Diagrama de energia correspondente. (c) Microscopia
Eletronica de Varredura em QDs com v
´
arias formas e altura m
´
edia de 0.5µm.
1.2 Vis
˜
ao geral da pesquisa atual em Spin-
´
Orbita
Recentemente, o interesse em QDs semicondutores tem crescido bastante. A spintr
ˆ
onica
[12] e a computac¸
˜
ao qu
ˆ
antica [14, 15] s
˜
ao as aplicac¸
˜
oes mais not
´
aveis e promissoras destes dis-
positivos pois, nesta escala de tamanho,
´
e poss
´
ıvel manipular cada part
´
ıcula (e seu spin) indivi-
dualmente obtendo dispositivos que poder
˜
ao revolucionar a microeletr
ˆ
onica como
´
e conhecida
atualmente [16, 17].
A correta interpretac¸
˜
ao dos fen
ˆ
omenos que envolvem os muitos corpos em sistemas me-
sosc
´
opicos tem sido um desafio para f
´
ısicos te
´
oricos e experimentais no mundo todo atualmente.
Entender as regras que definem o movimento dessas part
´
ıculas significa poder desenvolver dis-
positivos confi
´
aveis que s
˜
ao at
´
e cem vezes menores que os atuais dispositivos eletr
ˆ
onicos, o que
representa um aumento consider
´
avel na capacidade de armazenamento de dados e na velocidade
de processamento dos mesmos.
Muitos dispositivos em spintr
ˆ
onica, idealizados pela possibilidade de inserir e manipular
portadores de carga dentro de QDs, s
˜
ao baseados no acoplamento SO, como
´
e o caso dos tran-
4
sistores de efeito de campo de spin (Spin Field Effect Transistor - SFET) [18]. Na Fig. 1.2
temos o desenho esquem
´
atico do SFET proposto por Datta e Das [16], onde a fonte e o detector
de spin s
˜
ao metais ferromgn
´
eticos ou semicondutores, com momentos magn
´
eticos paralelos.
Os el
´
etrons com vetor de onda k e spins polarizados s
˜
ao injetados e movem-se balisticamente
por um canal formado por um g
´
as de el
´
etrons bidimensional colocado em um plano normal a n,
onde os spins sofrem rotac¸
˜
oes devido ao acoplamento SO, sendo selecionados no outro eletrodo
de acordo com a orientac¸
˜
ao final dos seus spins. A intensidade do efeito SO pode ser controlada
atrav
´
es de um potencial vari
´
avel aplicado no topo do canal.
Figura 1.2: Desenho Esquem
´
atico do SFET proposto por Datta e Das [16].
Entretanto, a interac¸
˜
ao SO ainda
´
e um tema novo dentro do contexto da spintr
ˆ
onica, pois
apesar de ter sido predita teoricamente na d
´
ecada de 1950, foi observada experimentalmente
em poc¸os qu
ˆ
anticos semicondutores do tipo III-IV somente em 1992 [19]. Desde ent
˜
ao, di-
versos trabalhos est
˜
ao sendo desenvolvidos por v
´
arios grupos de pesquisa em todo o mundo
com resultados interessantes, como a descoberta de efeitos SO em geometrias sim
´
etrias, devido
a acoplamento intersubbanda entre estados confinados [20] e tamb
´
em a observac¸
˜
ao de Efeito
Hall Qu
ˆ
antico Fracional (Fractional Quantum Hall Effect - FQHE) [21].
1.3 Unidades At
ˆ
omicas Efetivas
Esta sec¸
˜
ao
´
e dedicada
`
a definic¸
˜
ao do Sistema de Unidades que foi utilizado em todos os
c
´
alculos num
´
ericos que deram origem aos resultados listados no Cap
´
ıtulo 5. As unidades
at
ˆ
omicas efetivas simplificam bastante as equac¸
˜
oes e tamb
´
em os c
´
alculos computacionais, na
medida em que evitam que os programas de computador trabalhem na ordem de grandeza dos
valores qu
ˆ
anticos usuais (
¯
h = 1,05 ×10
34
Js, por exemplo). No entanto, haveria uma perda
5
de generalidade muito grande caso as equac¸
˜
oes fossem escritas diretamente neste Sistema, pois
todas as informac¸
˜
oes relativas ao car
´
ater qu
ˆ
antico do sistema est
˜
ao inseridas na constante de
Planck. Al
´
em disso, par
ˆ
ametros como a carga e a massa do el
´
etron desaparecem das equac¸
˜
oes,
tornando-as n
˜
ao-familiar para quem n
˜
ao est
´
a acostumado com esta notac¸
˜
ao. Desta forma, ser
´
a
padronizado que as equac¸
˜
oes ser
˜
ao escritas no Sistema Internacional de Unidades e todos os
c
´
alculos ser
˜
ao realizandos no Sistema de Unidades At
ˆ
omicas Efetivas (Effective Atomic Units -
EAU).
Em Unidades At
ˆ
omicas Efetivas, a carga do el
´
etron (e), a massa efetiva do el
´
etron (m
e
) e a
constante reduzida de Planck (
¯
h)possuem o mesmo valor:
e = m
e
=
¯
h = 1. (1.1)
Como para o GaAs m
e
= 0,067m
0
, m
0
=
1
0,067
ser
´
a o par
ˆ
ametro utilizado para o c
´
alculo da
massa dos buracos pesado e leve (HH - heavy-hole e LH - light-hole), respectivamente dentro
da aproximac¸
˜
ao da massa efetiva.
O Raio de Bohr possui a seguinte relac¸
˜
ao:
a
0
=
¯
h
2
ε
m
e
2
(1.2)
e a energia efetiva Rydberg,
Ry =
e
4
m
2
¯
h
2
ε
2
(1.3)
assumem os valores a
0
=97,9
˚
A e 2Ry =5,93meV para os valores de massa efetiva e ε do GaAs.
Apesar de tanto Ry quanto meV serem bastante difundidas como unidades de energia para
sistemas at
ˆ
omicos, o resultado final da energia ser
´
a apresentado em meV.
6
2 Estrutura Eletr
ˆ
onica de uma Part
´
ıcula
em um QD
2.1 Segunda Quantizac¸
˜
ao
O objetivo deste trabalho
´
e a investigac¸
˜
ao de fen
ˆ
omenos que envolvem muitas particulas in-
teragentes. Uma descric¸
˜
ao completa deste problema requer a soluc¸
˜
ao da Equac¸
˜
ao de Scr
¨
odinger
para muitas part
´
ıculas, o que
´
e impratic
´
avel analiticamente. Faz-se ent
˜
ao necess
´
ario a utilizac¸
˜
ao
de t
´
ecnicas aproximadas (como o M
´
etodo de Hartree-Fock ou a Teoria do Funcional da Densi-
dade) e trabalhar com uma representac¸
˜
ao mais conveniente das func¸
˜
oes de onda. Desta maneira,
a Segunda Quantizac¸
˜
ao simplifica bastante a discuss
˜
ao do problema de muitas part
´
ıculas, com as
seguintes vantagens: seus operadores j
´
a incorporam a estat
´
ıstica de Fermi (como este trabalho
trata apenas de f
´
ermions, a discuss
˜
ao ser
´
a restrita a part
´
ıculas que obedecem
`
a estat
´
ıstica de
Fermi) e oferece uma simplicidade na montagem das matrizes que permite a clara visualizac¸
˜
ao
de termos nulos diminuindo o esforc¸o computacional. Para a notac¸
˜
ao, a Segunda Quantizac¸
˜
ao
diminui o n
´
umero de
´
ındices nas vari
´
aves das func¸
˜
oes de onda para multipart
´
ıculas e, final-
mente, facilita a express
˜
ao da func¸
˜
ao de densidade que carrega toda a informac¸
˜
ao f
´
ısica do
estado fundamental das part
´
ıculas. Por estes motivos, ser
˜
ao desenvolvidas nesta sec¸
˜
ao as prin-
cipais propriedades da Segunda Quantizac¸
˜
ao, al
´
em de algumas aplicac¸
˜
oes b
´
asicas para melhor
entendimento.
2.1.1 Notac¸
˜
ao e Definic¸
˜
oes
Na Notac¸
˜
ao de Dirac [22], a Equac¸
˜
ao de Schr
¨
odinger independente do tempo
´
e escrita
como:
H
|
ϕ
i
= ε
i
|
ϕ
i
(2.1)
onde
|
ϕ
i
representa a func¸
˜
ao de onda normalizada no estado i e ε
i
o autovalor do Hamiltoniano
H. Todo operador em Mec
ˆ
anica Qu
ˆ
antica deve obedecer
`
as regras de comutac¸
˜
ao e, em geral, se
X e Y s
˜
ao operadores, XY = Y X. Entretanto (para uma discuss
˜
ao mais detalhada deste assunto,
7
recomendamos a Refer
ˆ
encia [23]):
X (Y Z) = (XY ) Z = XY Z (2.2)
(XY)
= Y
X
(2.3)
Sendo assim, foram definidos dois operadores da Segunda Quantizac¸
˜
ao, o de criac¸
˜
ao a
e
o de aniquilac¸
˜
ao a, juntamente com o estado de v
´
acuo
|
0
que significa a aus
ˆ
encia de part
´
ıculas
no sistema. Fisicamente, o operador a
i
cria uma part
´
ıcula no estado i enquanto o operador a
i
destr
´
oi uma part
´
ıcula. O operador n
´
umero a
i
a
i
fornece a quantidade de part
´
ıculas no estado i.
Desta maneira, para preservar a simetria da func¸
˜
ao de onda, estes operadores devem obedecer
`
as seguintes regras:
a,a
= 1 (2.4)
a
a = N (2.5)
[N,a] = a (2.6)
N,a
= a
(2.7)
a
a
a = a
a
a 1
(2.8)
a
a
a
= a
a
a 1
(2.9)
A aplicac¸
˜
ao destas propriedades no estado
|
n
resulta em:
a
|
0
= 0 (2.10)
|
n
=
a
n
n!
|
0
(2.11)
a
|
n
=
n + 1
|
n + 1
(2.12)
a
|
n
=
n
|
n 1
(2.13)
a
a
|
n
= n
|
n
(2.14)
m
|
a
|
n
=
n + 1δ
m.n+1
,
m
|
a
|
n
=
nδ
m.n1
(2.15)
2.1.2 Operadores de Spin
A interac¸
˜
ao de SO
´
e, como o pr
´
oprio nome j
´
a diz, um efeito relacionado ao spin e
`
a
´
orbita da
part
´
ıcula. Desta maneira, ser
˜
ao exploradas as facilidades da Segunda Quantizac¸
˜
ao no tratamento
da vari
´
avel de spin da func¸
˜
ao de onda. Para o caso de sistemas de spin
1
2
, as func¸
˜
oes de onda
8
|
para o spin up e
|
para o spin down e o operador σ
z
s
˜
ao expressados respectivamente em
notac¸
˜
ao matricial por (
¯
h = 1 por simplicidade):
|
.
=
1
0
,
|
.
=
0
1
(2.16)
σ
z
.
=
1
2
1 0
0 1
(2.17)
´
E f
´
acil verificar que σ
z
|
=
1
2
|
e σ
z
|
=
1
2
|
. Os operadores de spin flip σ
±
=
(σ
x
±iσ
y
) alteram o estado de spin da seguinte maneira:
σ
+
|
= 0, σ
+
|
=
|
(2.18)
σ
|
=
|
, σ
|
= 0 (2.19)
As demais propriedades dos operadores de Segunda Quantizac¸
˜
ao bem como sua formulac¸
˜
ao
para multipart
´
ıculas ser
˜
ao tratadas ao longo do texto.
2.2 Confinamento lateral
Existem v
´
arios m
´
etodos de se produzir QDs, mas o mais utilizado consiste em confinar as
part
´
ıculas em uma direc¸
˜
ao (que chamaremos de z ) (Figura 2.1) atrav
´
es de um Poc¸o Qu
ˆ
antico de
espessura muito fina e depois aplicar um confinamento lateral V (x,y) restringindo o movimento
nas 3 direc¸
˜
oes. Nete caso, os QDs possuir
˜
ao o formato de uma lente, com as dimens
˜
oes trans-
versais bem maiores do que a sua espessura. Desta maneira o movimento das part
´
ıculas pode
ser considerado bidimensional e estas estruturas s
˜
ao comumente chamadas de Pontos Qu
ˆ
anticos
Laterais. Dependendo do m
´
etodo utilizado para a criac¸
˜
ao do QD, o potencial de confinamento
pode ser aproximado por um modelo, que pode ser Gaussiano,
V (x, y) = V
0
exp
ω
0
(x
2
+ y
2
)
2
, (2.20)
onde ω
0
´
e a frequ
ˆ
encia caracter
´
ıstica do potencial de confinamento, ou parab
´
olico
V (x, y) = k
x
2
+ y
2
. (2.21)
9
Figura 2.1: Desenho esquem
´
atico de um QD automontado (do ingl
ˆ
es SAD - Self-Assembled
Dot) [10] de In
x
Ga
1x
As/GaAs em formato de lente. No canto superior esquerdo o gr
´
afico do
potencial de confinamento lateral.
Neste trabalho ser
´
a utilizado o potencial parab
´
olico, que fornece uma boa aproximac¸
˜
ao para
1 QD. No tratamento de QDs acoplados, utiliza-se o potencial Gaussiano [24], com gaussianas
deslocadas de acordo com as posic¸
˜
oes relativas entre os centros dos pontos qu
ˆ
anticos. Ser
´
a
considerado tamb
´
em um campo magn
´
etico B=[0,0,B] perpendicular ao plano no qual o poten-
cial
´
e definido (plano xy por convenc¸
˜
ao). Neste caso o Hamiltoniano de uma part
´
ıcula
´
e dado
por:
H
1P
=
1
2m
p
e
c
A
2
+
1
2
m
ω
2
0
r
2
+ gµ
B
Bσ (2.22)
onde m
e e s
˜
ao a massa efetiva e a carga do el
´
etron, respectivamente e c
´
e a velocidade da luz.
O
´
ultimo termo do hamiltoniano
´
e o termo de Zeeman, com g sendo o fator de Land
´
e ou fator
giromagn
´
etico, µ
B
=
e
¯
h
2m
o magneton de Bohr, e σ = ±
1
2
a componente z do spin do el
´
etron.
Como o termo de Zeeman depende somente da parte de spin da func¸
˜
ao de onda, o mesmo ser
´
a
omitido nos c
´
alculos que se seguem, retornando com o mesmo no in
´
ıcio da pr
´
oxima sec¸
˜
ao.
Este problema foi resolvido analiticamente por Fock [1] e Darwin [2] de maneira indepen-
dente e
´
e por essa raz
˜
ao que o espectro de energia de uma part
´
ıcula
´
e conhecido como Espectro
10
de Fock-Darwin. Estes autores resolveram este problema no espac¸o real. Seguiremos aqui um
caminho diferente [25], utilizando a
´
agebra dos operadores criac¸
˜
ao e aniquilac¸
˜
ao [23]. Desen-
volvendo o produto not
´
avel
p +
e
c
A
2
e considerando que o campo B = [0, 0, B]
´
e gerado pelo
potencial vetor A =
1
2
B[y,x,0] (lembrando que p e A s
˜
ao operadores):
p +
e
c
A
2
= p
2
+
eB
2c
(p
x
y + p
y
x) +
eB
2c
(yp
x
+ xp
y
) +
e
2
B
2
4c
2
x
2
+ y
2
As regras de comutac¸
˜
ao entre os operadores posic¸
˜
ao e momento [x
i
, p
j
] = i
¯
hδ
i j
, implicam
em xp
y
= p
y
x e yp
x
= p
x
y, definindo as frequ
ˆ
encias c
´
ıclotron e h
´
ıbrida abaixo
ω
c
=
eB
m
c
(2.23)
ω
2
h
= ω
2
0
+
1
4
ω
2
c
(2.24)
e a componente z do operador momento angular
l
z
= xp
y
yp
x
(2.25)
o Hamiltoniano pode ser escrito da seguinte forma:
H =
1
2m
p
2
+
1
2
m
ω
2
h
r
2
+
1
2
ω
c
l
z
. (2.26)
Agora introduzindo as vari
´
aveis complexas:
z = x iy, z
= x + iy;
z
=
x
+ i y,
z
=
x
i ;
e escrevendo a posic¸
˜
ao e o momento em termos dessas vari
´
aveis:
x =
1
2
(z + z
), y =
1
2i
(z z
);
x
=
1
2
z
+
z
,
y
=
1
2i
z
z
.
Ap
´
os manipular estas relac¸
˜
oes e utilizar p = i
¯
h a Eq. 2.26 pode ser representada em vari
´
aveis
complexas da seguinte maneira:
H =
¯
h
2
2m
z
z
+
1
2
m
ω
2
h
(zz
)
1
4
¯
hω
c
z
z
z
z
. (2.27)
O pr
´
oximo passo
´
e definir uma unidade de comprimento para o potencial efetivo l
e f
=
¯
h
m
ω
h
. Esta grandeza indica o grau de confinamento das part
´
ıculas dentro do ponto qu
ˆ
antico,
11
ou seja, quanto menor esta grandeza com relac¸
˜
ao ao raio de Bohr efetivo do material, maior o
confinamento. Na aus
ˆ
encia de potencial de confinamento, o comprimento magn
´
etico
´
e definido
como l
B
=
¯
h
2m
ω
c
. As novas vari
´
aveis adimensionais z
()
novo
= z
()
antigo
/l
e f
e
()
z(novo)
= l
e f
()
z(antigo)
ser
˜
ao utilizadas no Hamiltoniano lembrando que, caso a part
´
ıcula possua uma massa e diferente
(como no caso dos buracos), l
e f
e ω
c
dever
˜
ao ser modificados pois ambos dependem de m
:
H =
¯
hω
h
1
4
zz
z
z
1
4
¯
hω
c
z
z
z
z
(2.28)
A partir deste ponto as potencialidades do formalismo da Segunda Quantizac¸
˜
ao ser
˜
ao ex-
ploradas com a introduc¸
˜
ao dos operadores criac¸
˜
ao e aniquilac¸
˜
ao, cujas propriedades j
´
a foram
examinadas na Sec¸
˜
ao anterior:
a =
1
2
z
2
+
2
z
; a
=
1
2
z
2
2
z
b =
1
2
z
2
+
2
z
; b
=
1
2
z
2
2
z
(2.29)
Explicitando as coordenadas em func¸
˜
ao dos operadores escada e substituindo no Hamilto-
niano (de maneira an
´
aloga ao procedimento que chegou na Eq. 2.27), e definindo as frequ
ˆ
encias
caracter
´
ısticas de dois osciladores independentes ω
±
= ω
h
±
1
2
ω
c
, obtemos:
H =
¯
hω
+
a
a +
1
2
+
¯
hω
b
b +
1
2
(2.30)
Em analogia com o Oscilador Harm
ˆ
onico [26], os autoestados deste Hamiltoniano (tamb
´
em
chamados de estados Fock-Darwin) podem ser escritos como:
|
nm
=
1
n!m!
a
n
b
m
|
00
, (2.31)
sendo n,m os n
´
umeros qu
ˆ
anticos (n,m=0,1,2,...) do Oscilador Harm
ˆ
onico e
|
00
o estado de
v
´
acuo.
12
Figura 2.2: Func¸
˜
oes de onda para o oscilador harm
ˆ
onico unidimensional (a) e densidade de
probabilidade das respectivas func¸
˜
oes de onda (b).
De acordo com a sec¸
˜
ao anterior, o Hamiltoniano 2.30 atuando no autoestado 2.31 fornece a
energia deste estado, que
´
e dada por:
ε (m,n) =
¯
hω
+
n +
1
2
+
¯
hω
m +
1
2
. (2.32)
Na aus
ˆ
encia de potencial de confinamento n
˜
ao-parab
´
olico e interac¸
˜
ao SO, o sistema apre-
senta simetria circular e o operador momento angular projetado ao longo do eixo de simetria
(Eq. 2.25)
´
e conservado. Na base apresentada acima, a matriz de l
z
´
e diagonal e seus elementos
s
˜
ao dados por [27]:
nm
|
l
z
|
nm
= (m n) δ
m,m
δ
n,n
. (2.33)
2.3 N
´
ıveis de Landau
O termo de Zeeman, omitido na sec¸
˜
ao anterior por conveni
ˆ
encia, pode agora ser inclu
´
ıdo.
Este termo revela um outro grau de liberdade da part
´
ıcula, o spin, que n
˜
ao pode ser obser-
vado nas coordenadas espaciais. Por isso os autoestados devem ser descritos por tr
ˆ
es n
´
umeros
qu
ˆ
anticos:
|
nmσ
, sendo σ = ±
1
2
o n
´
umero qu
ˆ
antico que descreve a componente z do spin.
Com a inclus
˜
ao deste termo, as autofunc¸
˜
oes e autoenergias passam a ser:
|
nmσ
=
1
n!m!
a
n
b
m
|
00χ
σ
(2.34)
ε (n,m, σ ) =
¯
hω
+
n +
1
2
+
¯
hω
m +
1
2
+ gµ
B
Bσ. (2.35)
13
Na aus
ˆ
encia de campo magn
´
etico ω
+
= ω
= ω
0
, fazendo com que os n
´
ıveis de energia
apresentem degeneresc
ˆ
encia (ou seja, a energia ser
´
a a mesma para valores iguais de N = n+m).
Estes n
´
ıveis ser
˜
ao chamados de orbitais, onde o primeiro ser
´
a denominado s com n = m = 0 e
diferentes valores de σ. O segundo orbital, denominado p, possui 2 estados (n,m) = (0,1) e
(n,m) = (1,0), cada um deles duplamente degenerado com relac¸
˜
ao ao spin. O terceiro orbi-
tal p possui 3 estados (n,m) = (2,0), (1,1) e (0,2) e a cada novo orbital a degeneresc
ˆ
endia
´
e acrescida de 2 (por causa do spin) mas a separac¸
˜
ao entre eles continua sendo
¯
hω
0
. Com
o aumento do campo magn
´
etico, ω
+
aumenta e ω
diminui. O termo de Zeeman exerce uma
func¸
˜
ao importante, causando a separac¸
˜
ao de n
´
ıveis com orientac¸
˜
oes de spin distintas. Desta ma-
neira, todas as degeneresc
ˆ
encias s
˜
ao removidas. Observa-se que para certos valores de campo
magn
´
etico, ocorre o cruzamento (do ingl
ˆ
es crossing) de n
´
ıveis pertencentes a orbitais distintos.
Este fen
ˆ
omeno sofrer
´
a fortes alterac¸
˜
oes com a introduc¸
˜
ao do acoplamento de SO.
Para um campo magn
´
etico forte (ω
c
ω
0
) h
´
a a formac¸
˜
ao dos N
´
ıveis de Landau, onde os
estados s
˜
ao separados pela energia c
´
ıclotron
¯
hω
c
¯
hω
+
. Na Figura 2.3 observa-se a evoluc¸
˜
ao
dos n
´
ıveis de energia ε (n,m,σ) em func¸
˜
ao do campo magn
´
etico. Neste c
´
alculo foi considerado
¯
hω
0
= 6meV e o fator de Land
´
e g = 4.4, valores caracter
´
ısticos para QDs verticais de GaAs e
o fator g foi multiplicado por 10 para que a abertura dos n
´
ıveis pelo efeito Zeeman possa ficar
mais vis
´
ıvel.
Existe uma outra forma de se expressar os n
´
ıveis de energia de Fock-Darwin, utilizando os
n
´
umeros qu
ˆ
anticos principal e azimutal, que s
˜
ao definidos por N = m + n e R = m n respecti-
vamente, onde:
ε (N,R, σ ) =
¯
hω
h
(N + 1)
1
2
¯
hω
c
R + gµ
B
Bσ. (2.36)
Esta mudanc¸a
´
e pr
´
atica para valores pequenos de campo magn
´
etico, onde o espectro de
energia consiste de N = (0,1,2,...) orbitais separados por
¯
hω
h
, com seus n
´
ıveis numerados de
acordo com o n
´
umero qu
ˆ
antico de momento angular L = n m para el
´
etrons (para buracos,
L = m n) e separados por
¯
hω
c
.
14
0 2 4 6 8
0
6
1 2
1 8
2 4
3 0
3 6
4 2
4 8
5 4
6 0
3º NL
2º NL
ؗ
+
E n e r g i a ( m e V )
Campo Magnético (T)
ؗ
-
E
z
1º Nível de Landau
Figura 2.3: Espectro de energia de uma part
´
ıcula confinada em um potencial parab
´
olico bidi-
mensional versus o campo magn
´
etico. Os vinte primeiros estados de energia s
˜
ao mostrados que,
para B = 0, apresentam degeneresc
ˆ
encia formando os orbitais.
¯
hω
0
=6meV e g = 4.4.
2.4 Confinamento N
˜
ao-Parab
´
olico
Confinamentos parab
´
olicos perfeitos s
˜
ao artif
´
ıcios matem
´
aticos para que uma soluc¸
˜
ao
anal
´
ıtica seja encontrada. No caso de QDs, a parte n
˜
ao-parab
´
olica do confinamento exerce
uma func¸
˜
ao importante nos n
´
ıveis de energia do Espectro Fock-Darwin. Para inserir uma
contribuic¸
˜
ao qu
´
artica, um fio semicircular de “di
ˆ
ametro” D
´
e idealizado interceptando o QD
de maneira que os seus centros coincidam. Desta maneira, um potencial n
˜
ao-parab
´
olico H
W
pode ser inserido:
H
W
=
γ
2
m
ω
2
0
x
y
2
2D
2
(2.37)
onde ω
0
´
e a frequ
ˆ
encia do potencial de confinamento, γ
´
e um par
ˆ
ametro que controla a inten-
sidade da parte n
˜
ao-parab
´
olica e D
´
e o di
ˆ
ametro do fio, um par
ˆ
ametro que controla a forma da
parte n
˜
ao parab
´
olica do potencial de confinamento.
15
Figura 2.4: Vis
˜
ao tridimensional do potencial de confinamento n
˜
ao-parab
´
olico com detalhe para
as superf
´
ıcies equipotenciais na parte inferior do gr
´
afico. A parte parab
´
olica
´
e caracterizada por
ω
0
= 1meV e os par
ˆ
ametros que definem a parte n
˜
ao-parab
´
olica s
˜
ao γ = 1 e D = 10a
0
.
2.5 Buracos
Al
´
em dos el
´
etrons presentes na banda de conduc¸
˜
ao, os buracos na banda de val
ˆ
encia s
˜
ao o
segundo tipo de portadores que podem ser confinados em um ponto qu
ˆ
antico. Como o ponto
qu
ˆ
antico
´
e um objeto cujas dimens
˜
oes s
˜
ao compar
´
aveis com as constantes de rede caracter
´
ısticas
dos semicondutores [28], um modelo de bandas n
˜
ao
´
e o m
´
etodo mais interessante para descre-
ver suas propriedades eletr
ˆ
onicas. Neste caso,
´
e mais apropriado descrever o QD como uma
perturbac¸
˜
ao do campo peri
´
odico do cristal, e encontrar a estrutura eletr
ˆ
onica do buraco (el
´
etron)
pela Aproximac¸
˜
ao da Massa Efetiva (Effective-Mass Approximation - EMA) [29, 30]. A apli-
cabilidade da EMA est
´
a condicionada a uma pequena variac¸
˜
ao do potencial perturbativo em
dist
ˆ
ancias interat
ˆ
omicas.
O problema de aprisionamento de el
´
etrons e buracos
´
e complexo. Obviamente que o po-
tencial el
´
etrico que confina el
´
etrons ir
´
a repelir buracos, o que obriga os f
´
ısicos experimentais
a criarem outros mecanismos que possam aprisionar os 2 tipos de part
´
ıculas simultaneamente,
16
como a interdifus
˜
ao [31]. O el
´
etron e o buraco podem no entanto, coexistir devido
`
a atrac¸
˜
ao cou-
lombiana entre as part
´
ıculas. Este par neutro
´
e chamado de
´
exciton e ser
´
a tratado com detalhes
no Cap
´
ıtulo 3.
Ao contr
´
ario do que acontece com el
´
etrons na banda de conduc¸
˜
ao, uma descric¸
˜
ao completa
dos buracos na banda de val
ˆ
encia requer a inclus
˜
ao de duas subbandas, cujos ramos s
˜
ao chama-
dos de buraco pesado (heavy-hole - HH, com spin= ±
3
2
) e buraco leve ( light-hole - LH, com
spin= ±
1
2
). Como os orbitais at
ˆ
omicos da banda de val
ˆ
encia s
˜
ao do tipo p, sua massa efetiva
n
˜
ao
´
e isotr
´
opica (como ocorre com el
´
etrons), com m
definindo a din
ˆ
amica ao longo do plano
xy e m
no eixo de simetria z. Entretanto, m
poder
´
a ser desprezada para o caso dos QDs
tratados aqui, inclusive os acoplamentos entre HH e LH, devido ao forte confinamento el
´
etrico
e magn
´
etico, al
´
em do pequeno gap de energia do QD [32]. Al
´
em do mais, a interac¸
˜
ao de SO
faz com que a abertura das subbandas seja maior que o espac¸amento entre os n
´
ıveis dentro de
cada subbanda [33], como pode ser observado na Figura 2.5 que representa a estrutura fina de
um semicondutor Bulk composto por
´
atomos dos grupos III e IV com uma estrutura cristalina
tipo Zinc Blende.
Figura 2.5: Esquema qualitativo da estrutura de bandas com a mistura entre HH e LH e o gap
gerado pela interac¸
˜
ao SO em um semicondutor Bulk do tipo Zinc Blende.
17
3 Interac¸
˜
ao de Multipart
´
ıculas
A completa descric¸
˜
ao de QDs como
´
atomos artificiais requer um tratamento do problema
de muitas part
´
ıculas interagentes, assim como em um
´
atomo. Este problema requer a soluc¸
˜
ao da
Equac¸
˜
ao de Schr
¨
odinger para multipart
´
ıculas, considerando todas as interac¸
˜
oes como potencial
de Coulomb entre pares de el
´
etrons, el
´
etrons e buracos e entre buracos. Analiticamente isto
´
e
imposs
´
ıvel. Desta maneira,
´
e necess
´
ario encontrar uma soluc¸
˜
ao aproximada para o problema.
A interac¸
˜
ao de muitas part
´
ıculas confinadas em QDs foi estudada por Quang [34], onde s
˜
ao
analisadas as transic¸
˜
oes interbanda para el
´
etrons e buracos em presenc¸a de campo magn
´
etico,
e Hawrylak [35] que investigou os fatores que controlam as propriedas
´
opticas de QDs . No
entanto, nenhum destes trabalhos considera os efeitos de SO. Trabalhos recentes como o de
Golovach [36], que apresenta resultados interessantes para a relac¸
˜
ao entre a carga de um QD e
seus acoplamentos de spin, e Shahbazyan [37] que descreve a mistura entre
´
excitons claros e
escuros via acoplamento SO s
˜
ao o ponto de partida para o desenvolvimento deste trabalho. Estes
exemplos ilustram como a interac¸
˜
ao SO de multipart
´
ıculas est
´
a em pleno desenvolvimento,
apresentando-se como uma
´
area promissora de pesquisas dentro da spintr
ˆ
onica.
Neste cap
´
ıtulo, discutiremos com mais detalhe os M
´
etodos de Hartree-Fock (HF), e
Configurac¸
˜
ao de Interac¸
˜
ao (CI) ou Diagonalizac¸
˜
ao Exata, utilizados para o tratamento de mul-
tipart
´
ıculas. No entanto, outros m
´
etodos como a Teoria do Funcional da Densidade (em ingl
ˆ
es
Density Functional Theory - DFT) [38, 39], Spin Density Functional Theory - SDFT [40] e
Car-Parrinello Molecular Dynamics - CPMD [41] tamb
´
em s
˜
ao bastante utilizados para o tra-
tamento de multipart
´
ıculas. Mas para este caso n
˜
ao
´
e necess
´
ario disp
ˆ
or de m
´
etodos t
˜
ao elabo-
rados pois o c
´
alculo ser
´
a restrito a no m
´
aximo dois portadores de carga, sistema que adquire
boa converg
ˆ
encia apenas com a utilizac¸
˜
ao da teoria de HF de camada aberta. Ser
˜
ao abordados
tamb
´
em os conceitos importantes para a elaborac¸
˜
ao destes m
´
etodos como a antissimetria da
func¸
˜
ao de onda eletr
ˆ
onica e o Determinante de Slater. No final do cap
´
ıtulo, ser
´
a apresentado
um algoritmo para a resoluc¸
˜
ao do c
´
alculo autoconsistente baseado no m
´
etodo de HF de camada
aberta.
18
3.1 Determinante de Slater
Quando houver refer
ˆ
encia a coordenadas de part
´
ıculas, estar
´
a adotado que trata-se da
composic¸
˜
ao de coordenadas espaciais e de spin. Caso seja necess
´
ario fazer refer
ˆ
encia, a co-
ordenada espec
´
ıfica ser
´
a mencionada. Sendo assim,
|
ϕ (x)
representa a func¸
˜
ao de onda de
coordenadas espaciais e de spin (chamda de orbital de spin), (x = (x,y,z,σ)),
|
ϕ (r)
a func¸
˜
ao
de onda somente de coordenadas espaciais (r =(x, y,z)) e
|
ou
|
a func¸
˜
ao de onda para
a coordenada de spin. A func¸
˜
ao de onda de N part
´
ıculas
´
e definida como
|
ϕ (x
1
,x
2
,...,x
N
)
.
Part
´
ıculas fermi
ˆ
onicas devem possuir autofunc¸
˜
oes antissim
´
etricas, ou seja, que mudam de sinal
com a troca de coordenadas de duas part
´
ıculas. Esta antissimetria
´
e a forma matem
´
atica do
Princ
´
ıpio de exclus
˜
ao de Pauli: duas part
´
ıculas n
˜
ao podem possuir as mesmas coordenadas,
ou seja, dois f
´
ermions n
˜
ao podem ocupar o mesmo orbital de spin.
Nesta notac¸
˜
ao, o Princ
´
ıpio de Exclus
˜
ao de Pauli, que
´
e independente da Mec
ˆ
anica Qu
ˆ
antica,
pode ser representado pela igualdade, trocando x
i
por x
j
:
ϕ
x
1
,x
2
,...x
i
,...,x
j
,...,x
N

=
ϕ
x
1
,x
2
,...x
j
,...,x
i
,...,x
N

. (3.1)
Na aproximac¸
˜
ao de part
´
ıculas n
˜
ao-interagentes, ou sujeitas a um campo m
´
edio, a func¸
˜
ao
de onda de N-part
´
ıculas
|
ϕ (x
1
,x
2
,...,x
N
)
pode ser descrita como um produto de N-func¸
˜
oes de
onda de uma part
´
ıcula
|
ϕ
i
(x
i
)
no orbital de spin i e coordenada x
i
:
|
ϕ (x
1
,x
2
,...,x
N
)
=
|
ϕ
1
(x
1
)
|
ϕ
2
(x
2
)
...
|
ϕ
N
(x
N
)
(3.2)
que
´
e chamada de produto de Hartree [3]. Os produtos de Hartree n
˜
ao satisfazem o princ
´
ıpio
de antissimetria e portanto representam um sistema completamente n
˜
ao correlacionado de N-
el
´
etrons por exemplo, e por isso insatisfat
´
orio para o modelo adotado, pois as correlac¸
˜
oes s
˜
ao
parte importante deste trabalho.
Uma maneira de de antissimetrizar o produto de Hartree foi proposta por Slater [42] que,
considerando a indistinguibilidade das part
´
ıculas, escreveu a func¸
˜
ao de onda de N-part
´
ıculas
como uma combinac¸
˜
ao linear dos produtos de Hartree atrav
´
es de um determinante, conhecido
por determinante de Slater, que
´
e consistente com o formalismo da Segunda Quantizac¸
˜
ao e
´
e
definido como se segue:
|
ϕ (x
1
,x
2
,...,x
N
)
=
1
N!
|
ϕ
1
(x
1
)
 |
ϕ
2
(x
1
)
...
|
ϕ
N
(x
1
)
|
ϕ
1
(x
2
)
 |
ϕ
2
(x
2
)
...
|
ϕ
N
(x
2
)
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
|
ϕ
1
(x
N
)
|
ϕ
2
(x
N
)
...
|
ϕ
N
(x
N
)
. (3.3)
19
As linhas no determinantes s
˜
ao organizadas por el
´
etrons: primeira linha x
1
, segunda linha
x
2
, etc., e as colunas s
˜
ao organizadas por spin-orbitais: primeira coluna ϕ
1
, segunda coluna ϕ
2
,
etc. Trocar as coordenadas de 2 el
´
etrons corresponde a trocar duas linhas do determinante de
Slater, o que muda o sinal do determinante. Se dois el
´
etrons ocupam o mesmo orbital de spin,
duas colunas do determinante ser
˜
ao iguais, fazendo com que o determinante se anule.
´
E conve-
niente introduzir uma notac¸
˜
ao compacta
|
ϕ (x
1
,x
2
,...,x
N
)
=
|
ϕ
1
(x
1
),ϕ
2
(x
2
),··· , ϕ
N
(x
N
)
onde a constante de normalizac¸
˜
ao est
´
a impl
´
ıcita e somente os termos da diagonal principal
s
˜
ao mostrados.
3.2 M
´
etodo de HF Irrestrito
O M
´
etodo de HF
´
e uma aproximac¸
˜
ao cujo objetivo principal
´
e transformar um problema
complicado de interac¸
˜
ao entre muitas part
´
ıculas em um problema menos complicado de uma
part
´
ıcula onde a interac¸
˜
aos de Coulomb
´
e tratada como um campo m
´
edio. Este campo m
´
edio de
HF ou, de maneira equivalente, o campo “sentido” pelo i
´
esimo el
´
etron, depende dos orbitais
de spin dos outros el
´
etrons, ou seja, o operador depende de suas autofunc¸
˜
oes. Desta maneira, as
equac¸
˜
oes n
˜
ao s
˜
ao lineares e devem ser resolvidas iterativamente pelo m
´
etodo autoconsistente.
Abordaremos diretamente o caso irrestrito, ou de camada aberta, onde os el
´
etrons podem
estar desemparelhados. Em problemas de camada aberta, existem duas aproximac¸
˜
oes: i) a ca-
mada aberta restrita, onde todos os el
´
etrons, exceto aqueles que explicitamente ocupam camada
aberta, ocupam orbitais de camada fechada; ii) uma formulac¸
˜
ao mais geral e simples de se
trabalhar,
´
e a camada aberta irrestrita, onde todos os el
´
etrons ocupam orbitais de camada aberta.
O interesse aqui
´
e encontrar um conjunto de spin orbitais que melhor se aproxime do estado
fundamental do sistema de N-part
´
ıculas a ser estudado. O Hamiltoniano do sistema de N-
el
´
etrons
´
e dado por:
H =
N
i=1
H
i
1P
+
N
i< j
e
2
εr
i j
(3.4)
onde H
i
1P
´
e o Hamiltoniano de uma part
´
ıcula, onde est
˜
ao impl
´
ıcitos os termos de energia cin
´
etica
e o potencial de confinamento e o segundo termo representa a interac¸
˜
ao Coulombiana entre os
el
´
etrons. Dada uma func¸
˜
ao de onda normamizada
|
ϕ
que satisfac¸a as condic¸
˜
oes de contorno
apropriadas (geralmente
´
e requerido que a func¸
˜
ao de onda se anule no infinito), ent
˜
ao o valor
esperado
´
e o limite m
´
ınimo para a Energia. Partindo do pressuposto de que a Energia
´
e um
funcional do orbital de spin, o seu valor esperado
´
e dado por:
E [
ϕ] =
ϕ
|
H
|
ϕ
. (3.5)
20
Assumindo que E [
ϕ]
´
e um funcional de
ϕ, pois o seu valor depende da forma desta func¸
˜
ao,
que por sua vez depende de outras vari
´
aveis independentes. Variando
ϕ por um valor arbitr
´
ario
e pequeno, implica uma variac¸
˜
ao em E, tal que se:
ϕ
ϕ + δ
ϕ (3.6)
faz com que a Energia sofra uma alterac¸
˜
ao da seguinte maneira:
E [
ϕ + δ
ϕ] =
ϕ + δ
ϕ
|
H
|
ϕ + δ
ϕ
= E [
ϕ] +
{
δ
ϕ
|
H
|
ϕ
+
ϕ
|
H
|
δ
ϕ
}
+ ···
= E [
ϕ] + δE + ··· (3.7)
onde δ E
´
e uma variac¸
˜
ao em E. O Princ
´
ıpio Variacional para o estado fundamental afirma que
a Energia deste estado definido por uma func¸
˜
ao de onda aproximada
´
e sempre mais alta. Desta
maneira, a Energia
´
e uma medida da qualidade da func¸
˜
ao de onda obtida: quanto menor a
Energia, melhor
´
e a func¸
˜
ao de onda. Obter um valor de
ϕ para o qual E [
ϕ] seja um m
´
ınimo
´
e a
base do M
´
etodo Variacional. Considerando esta func¸
˜
ao de onda como uma combinac¸
˜
ao linear,
|
ϕ
= c
i
|
ψ
i
(3.8)
e impondo a condic¸
˜
ao de que esta func¸
˜
ao continue normalizada, isto
´
e:
i, j
c
i
c
j
ψ
i
||ψ
j
1 = 0. (3.9)
obtemos o resultado que se segue com a introduc¸
˜
ao do M
´
etodo dos multiplicadores de Lagrange,
para que o v
´
ınculo da normalizac¸
˜
ao possa ser levado em considerac¸
˜
ao de modo que o novo
Funcional deva ser minimizado com relac¸
˜
ao aos coeficientes c
i
.
i
δ c
i
i, j
H
i j
c
j
ES
i j
c
j
= 0 (3.10)
onde H
i j
=
ψ
i
|H|ψ
j
. A expans
˜
ao linear de
ψ
j
continua sendo normalizada, por
´
em n
˜
ao
´
e
necessariamente ortogonal, de modo que
ψ
i
||ψ
j
= S
i j
representa o overlap entre as func¸
˜
oes
de base. Com a introduc¸
˜
ao do vetor coluna c que cont
´
em os elementos c
i
, este conjunto de
equac¸
˜
oes pode ser escrito em uma notac¸
˜
ao matricial como se segue:
Hc = ESc (3.11)
onde este
´
e um problema de autovalores para a matriz H. Aplicando este formalismo para o
21
Hamiltoniano de N-el
´
etrons (Equac¸
˜
ao 3.4) com spin up e down:
F
C
= Sε
C
(3.12)
F
C
= Sε
C
(3.13)
Estas s
˜
ao as chamadas Equac¸
˜
oes de Pople-Nesbet [43]. As matrizes ε
e ε
s
˜
ao matrizes
diagonais das energias dos orbitais. As matrizes quadradas C
e C
t
ˆ
em em suas colunas os co-
eficientes das expans
˜
oes dos spin orbitais ϕ
e ϕ
. Estas equac¸
˜
oes s
˜
ao resolvidas iterativamente
e simultaneamente, uma vez que elas est
˜
ao unidas pelos operadores Fock:
F
1P
= H
1P
+
N
i
J
i
K
i
+
N
i
J
i
(3.14)
F
1P
= H
1P
+
N
i
J
i
K
i
+
N
i
J
i
(3.15)
onde J
i
representa a interac¸
˜
ao de Coulomb e K
i
a interac¸
˜
ao de troca e correlac¸
˜
ao ou exchange.
O somat
´
orio em i
´
e feito at
´
e N
e N
, que representam o n
´
umero de orbitais de spin ocupa-
dos por el
´
etrons de spin up e down respectivamente. A introduc¸
˜
ao de orbitais de spin n
˜
ao-
ocupados representa uma evoluc¸
˜
ao que agrega tanto um aumento na precis
˜
ao do resultado
como a incorporac¸
˜
ao de um modelo mais fisicamente correto, que
´
e chamado de M
´
etodo de
Configurac¸
˜
ao de Interac¸
˜
ao, e ser
´
a descrito sucintamente no final desta Sec¸
˜
ao. Para maior cla-
reza, vamos explicitar os dois termos definidos anteriormente em integrais para que suas ca-
racter
´
ısticas e diferenc¸as possam ser enfatizadas. O termo de interac¸
˜
ao de Coulomb
´
e cl
´
assico
e representa a atrac¸
˜
ao (repuls
˜
ao) que a part
´
ıcula i na posic¸
˜
ao 2 exerce sobre a part
´
ıcula j na
posic¸
˜
ao 1 caso elas tenham sinais opostos (mesmo sinal):
J
i
(1)ϕ
j
(1) =
dr
2
ψ
∗↑
i
(2)
1
r
12
ψ
i
(2)
ψ
j
(1) (3.16)
e
´
e independente do spin da part
´
ıcula, ou seja, qualquer que seja a orientac¸
˜
ao relativa do spin das
part
´
ıculas i e j, este termo permanece n
˜
ao-nulo. Para a interac¸
˜
ao de correlac¸
˜
ao, entretanto, n
˜
ao
existe uma an
´
alise cl
´
assica. Esta interac¸
˜
ao est
´
a diretamente ligada ao Princ
´
ıpio de Exclus
˜
ao de
Pauli, j
´
a que a sua forma, dada pela Equac¸
˜
ao abaixo, possui diferentes resultados dependendo
da orientac¸
˜
ao relativa entre o spin das part
´
ıculas i e j nas posic¸
˜
oes 1 e 2.
K
i
(1)ϕ
j
(1) =
dr
2
ψ
∗↑
i
(2)
1
r
12
ψ
j
(2)
ψ
i
(1) (3.17)
Em outras palavras, part
´
ıculas com o mesmo spin t
ˆ
em o seu movimento correlacionado, im-
pedindo que elas ocupem o mesmo orbital. Este termo de correlac¸
˜
ao e troca tamb
´
em elimina
22
o problema de auto-interac¸
˜
ao, ou dupla contagem, no qual a interac¸
˜
ao Coulombiana de uma
part
´
ıcula consigo mesma
´
e anulada pelo respectivo termo de correlac¸
˜
ao e troca.
Uma interpretac¸
˜
ao mais profunda para o aparecimento destas integrais de correlac¸
˜
ao e troca
pode ser obtida considerando o caso de duas part
´
ıculas do ponto de vista energ
´
etico. Para
um sistema de dois el
´
etrons com spins paralelos, a probabilidade de que ambos estejam no
mesmo ponto no espac¸o
´
e zero, enquanto que em um sistema contendo dois el
´
etrons com spins
antiparalelos, esta probabilidade
´
e n
˜
ao-nula. Desta maneira,
´
e razo
´
avel esperar que a Energia da
configurac¸
˜
ao com spins paralelos seja menor do que a outra, com spins antiparalelos, quando
a repuls
˜
ao Coulombiana
´
e considerada. Este resultado pode ser verificado diretamente, uma
vez que o termo K
i
faz com que a Energia assuma um valor menor para sistemas com spins
paralelos, atestando que o aparecimento das integrais de correlac¸
˜
ao e troca na Energia
´
e uma
comprovac¸
˜
ao de que, mesmo dentro da aproximac¸
˜
ao de um
´
unico determinante de Slater para
a func¸
˜
ao de onda, o movimento de el
´
etrons com spin paralelo
´
e correlacionado.
3.2.1 Algoritmo de Soluc¸
˜
ao das Equac¸
˜
oes de HF
O procedimento para resolver as equac¸
˜
oes de HF
´
e o m
´
etodo b
´
asico de soluc¸
˜
ao iterativa para
qualquer problema autoconsistente. Um valor inicial
´
e dado para os coeficientes da expans
˜
ao
da func¸
˜
ao de onda em orbitais de spin. Com esse valor, j
´
a
´
e poss
´
ıvel montar uma forma inicial
de F
e F
. Assim que a primeira iterac¸
˜
ao acontece, os coeficientes obtidos como resultado
do c
´
alculo ir
˜
ao formar novos orbitais de spin e novos valores para os operadores F
e F
. Por
causa da depend
ˆ
encia entre as duas Equac¸
˜
oes 3.12 e 3.13, n
˜
ao
´
e poss
´
ıvel obter uma soluc¸
˜
ao
autoconsistente independente para cada uma. Elas devem ser resolvidas simultaneamente. Ao
final de cada iterac¸
˜
ao, a energia da iterac¸
˜
ao anterior
´
e subtra
´
ıda do novo valor e comparada
com um fator de toler
ˆ
ancia δ que pode ser ajustado de acordo com a precis
˜
ao desejada. Desta
maneira o c
´
alculo
´
e executado at
´
e que a converg
ˆ
encia seja atingida.
Com os coeficientes finais dos orbitais de spin
´
e poss
´
ıvel saber qual o estado fundamental
do conjunto de part
´
ıculas considerando os efeitos de interac¸
˜
ao de Coulomb e interac¸
˜
ao de troca
e correlac¸
˜
ao. Na Figura 3.1 temos um fluxograma do procedimento utilizado no M
´
etodo de
C
´
alculo autoconsistente.
23
H
1P
, C
↓↑
F
↓↑
1P
(inicial)
oo
Resolve det
F
↓↑
Sε
↓↑
Calcula C
↓↑(i+1)
OO
C
↓↑(i+1)
C
↓↑(i)
δ
N ˜ao
//
Sim
Calcula os novos F
↓↑
1P
Observ
´
aveis do sistema
Figura 3.1: Ciclo de autoconsist
ˆ
encia para c
´
alculos usando M
´
etodo de Hartree-Fock de camada
aberta.
3.2.2 M
´
etodo de Configurac¸
˜
ao de Interac¸
˜
ao
A aproximac¸
˜
ao de HF, apesar de muito bem-sucedida, apresenta suas limitac¸
˜
oes. Como
exemplo, HF prediz resultados qualitativamente incorretos para potenciais de ionizac¸
˜
ao e n
˜
ao
´
e
capaz de descrever com precis
˜
ao os processos de dissociac¸
˜
ao de mol
´
eculas. Para isso, vamos
descrever o M
´
etodo de Configurac¸
˜
ao de Interac¸
˜
ao (CI) que, apesar de conceitualmente simples,
pode se tornar bastante complexo computacionalmente. A id
´
eia b
´
asica
´
e diagonalizar o Ha-
miltoniano de N-el
´
etrons em uma base de combinac¸
˜
oes de determinantes de Slater. Em outras
palavras, a func¸
˜
ao de onda exata
´
e representada como uma combinac¸
˜
ao linear das func¸
˜
oes de
onda de N-el
´
etrons. Em um limite onde esta base de fuc¸
˜
oes de onda
´
e completa, o que inclui
n
˜
ao somente o estado fundamental mas tamb
´
em os estados excitados, n
´
os obtemos a energia
exata do sistema [44]. Na pr
´
atica, entretanto, s
´
o
´
e poss
´
ıvel trabalhar com um n
´
umero finito de
func¸
˜
oes de onda, mas que j
´
a proporciona uma evoluc¸
˜
ao com relac¸
˜
ao ao M
´
etodo de HF. Como
o objetivo
´
e minimizar a Energia, o M
´
etodo de CI faz isso mais efetivamente gerando um valor
E
0
menor do que o valor E
HF
obtido pelo M
´
etodo de HF. A diferenc¸a entre estes dois valores
E
corr
= E
0
E
HF
(3.18)
24
´
e chamada de Energia de Correlac¸
˜
ao e representa uma correc¸
˜
ao n
˜
ao relativ
´
ıstica para a Energia
de HF quando permitimos que os el
´
etros se repilam mutuamente em todas as suas configurac¸
˜
oes
poss
´
ıveis.
Como uma primeira aproximac¸
˜
ao para a func¸
˜
ao de onda dos orbitais de spin, consideramos
|
ψ
0
que
´
e a soluc¸
˜
ao do c
´
alculo autoconsistente para N
+N
el
´
etrons e expandimos esta func¸
˜
ao
em determinates que ir
˜
ao diferir de
|
ψ
0
da seguinte maneira:
|
Ψ
0
= c
0
|
ψ
0
+
c
r
a
|
ψ
r
a
+
c
rs
ab
|
ψ
rs
ab
+ ... (3.19)
onde
c
r
a
|
ψ
r
a
´
e o primeiro estado excitado onde uma part
´
ıcula no estado a(ocupado)
´
e pro-
vida para o primeiro estado vazio r,
c
rs
ab
ψ
rs
ab
representa um estado onde duas part
´
ıculas nos
estados a e b s
˜
ao promovidas para os estados excitados r e s respectivamente e assim, por suces-
sivas expans
˜
oes em estados excitados, podemos construir um determinante de Slater da func¸
˜
ao
de onda expandida
|
Ψ
0
para multipart
´
ıculas.
3.3
´
Exciton
´
Exciton
´
e, por definic¸
˜
ao, um estado ligado de um el
´
etron e um buraco, tamb
´
em chamado
de par el
´
etron-buraco. Em QDs semicondutores, esta configurac¸
˜
ao
´
e observada com um el
´
etron
na banda de conduc¸
˜
ao e um buraco na banda de val
ˆ
encia. Este tipo de excitac¸
˜
ao interbanda
tem atra
´
ıdo muita atenc¸
˜
ao ultimamente, pois acredita-se ser ela a respons
´
avel por novos efeitos,
como o desvio para o vermelho nas transic¸
˜
oes interbanda de el
´
etrons em
´
excitons carregados
negativamente [45]. Teoria da Perturbac¸
˜
ao foi utilizada no trabalho de Warburton [46] para
analisar as diferenc¸as entre interac¸
˜
oes el
´
etron-el
´
etron e el
´
etron-buraco. Apesar de ser simples e
produzir bons resultados para confinamento forte, esta aproximac¸
˜
ao n
˜
ao leva em considerac¸
˜
ao
a mistura de estados de 1 el
´
etron devido
`
a interac¸
˜
ao de Coulomb e, portanto, omite qualquer
estrutura fina. Esta estrutura fina
´
e dif
´
ıcil de ser observada em experimentos devido
`
a n
˜
ao-
homogeneidade das amstras de QDs, mas pode tornar-se muito importante em experimentos de
absorc¸
˜
ao de um QD isolado. Al
´
em disso, esta teoria n
˜
ao se aplica ao regime de confinamento
fraco, onde a interac¸
˜
ao de Coulomb
´
e compar
´
avel com a separac¸
˜
ao dos n
´
ıveis de energia de um
el
´
etron no QD.
V
´
arios trabalhos anteriores consideraram o caso de
´
excitons em QDs [47, 48, 49]. Ener-
gias de ligac¸
˜
ao de
´
excitons carregados foram calculadas por Lelong e Bastard [50] para QDs
c
ˆ
onicos e hemisf
´
ericos utilizando m
´
etodos variacionais. O
´
exciton ser
´
a estudado neste trabalho
utilizando-se o m
´
etodo de Hartree-Fock irrestrito descrito na Sec¸
˜
ao anterior.
25
O estado fundamental do
´
exciton em QD laterais
´
e quatro vezes degenerado e seus estados
s
˜
ao associados
`
a banda de val
ˆ
encia do buraco pesado, separando-se em dois brac¸os principais:
|
±1
claro (opticamente ativo) e
|
±2
escuro (opticamente inativo) pela interac¸
˜
ao de troca e
correlac¸
˜
ao de curto alcance, onde ±1 e ±2 representam o spin total dos portadores em um
´
exciton. Quando um el
´
etron ou buraco altera o seu estado de spin, ocorrem transic¸
˜
oes entre os
estados claros e escuros. Uma alterac¸
˜
ao sequencial do estado de spin de um el
´
etron e um buraco
resulta em uma transic¸
˜
ao entre os estados claros
|
±1
, conforme Figura 3.2.
Figura 3.2: Estados de spin para o
´
exciton, considerando transic¸
˜
oes de spin com taxas W
e
e W
h
para el
´
etrons e buracos, respectivamente.
Foi estudado o
´
exciton neutro confinado em um QD lateral. Considerando seus estados
escuro (|M|= 2) e claro (|M|= 1), tentamos observar acoplamento SO entre estes estados, onde
o momento total
´
e conservado mas os estados com momento angular M = S
e,z
+ J
e,z
diferentes
s
˜
ao misturados. Para estudar o
´
exciton confinado em um QD, o Hamiltoniano foi dividido em
5 partes:
H = H
0
+ H
pot
+ H
tc
+ H
z
+ H
SO
(3.20)
onde H
0
representa os termos de energia cin
´
etica do el
´
etron e do buraco, H
pot
representa o
potencial coulombiano entre o el
´
etron e o buraco, que possui o mesmo m
´
odulo da interac¸
˜
ao e
e, H
tc
representa a interac¸
˜
ao de exchange ou troca e correlac¸
˜
ao (adotaremos o termo interac¸
˜
ao
de troca e correlac¸
˜
ao) entre os spins do el
´
etron e do buraco, H
z
´
e a interac¸
˜
ao de Zeeman e H
SO
´
e
a interac¸
˜
ao SO para o
´
exciton. Deste ponto em diante, ser
˜
ao abordados dois regimes diferentes:
na aus
ˆ
encia e presenc¸a de campo magn
´
etico. Verifica-se que o termo de troca e correlac¸
˜
ao sofre
significativas mudanc¸as para o
´
exciton com relac¸
˜
ao ao caso el
´
etron-el
´
etron.
3.3.1 Aus
ˆ
encia de campo magn
´
etico
Como os termos de energia cin
´
etica e potencial ja foram desenvolvidos e calculados previa-
mente, n
˜
ao ser
˜
ao repetidos aqui. A estrutura fina do
´
exciton na aus
ˆ
encia de campo magn
´
etico
´
e
26
governada pela interac¸
˜
ao de correlac¸
˜
ao e troca, que acopla o spin do el
´
etron e do buraco. Para
o c
´
alculo desta interac¸
˜
ao, divide-se o problema em duas partes: interac¸
˜
ao de curto alcance e
de longo alcance. Para a interac¸
˜
ao de curto alcance, foi utilizado o m
´
etodo desenvolvido por
Kesteren et al [77] para poc¸os qu
ˆ
anticos sim
´
etricos. Como os QDs tratados aqui s
˜
ao do tipo
lente, a mesma an
´
alise pode ser aplicada. Contudo, a an
´
alise foi restrigida ao caso de QDs com
simetria de rotac¸
˜
ao no plano xy. A forma geral da interac¸
˜
ao de troca e correlac¸
˜
ao para o
´
exciton
formado por um buraco com spin J
h
e um el
´
etron com spin S
e
´
e dada por:
H
tc
=
i=x,y,z
a
i
J
h,i
S
e,i
+ b
i
J
3
h,i
S
e,i
. (3.21)
A direc¸
˜
ao z foi escolhida como a direc¸
˜
ao de crescimento do QD. A separac¸
˜
ao entre buraco
leve e buraco pesado
´
e grande comparada com o efeito da estrutura fina, de modo que somente
´
e considerada a interac¸
˜
ao entre el
´
etron e buraco pesado. As bases utilizadas s
˜
ao as seguintes
para el
´
etrons e buracos, respectivamente,
J
h
,J
h,z
=
3
2
,±
3
2
(3.22)
|
S
e
,S
e,z
=
1
2
,±
1
2
. (3.23)
Com esses estados, quatro
´
excitons s
˜
ao formados, que s
˜
ao degenerados quando a compo-
nente de spin no Hamiltoniano
´
e desconsiderada. Estes estados s
˜
ao caracterizados pelas suas
projec¸
˜
oes do momento angular M = S
e,z
+ J
h,z
. Os estados utilizados e os operadores de spin
s
˜
ao descritos abaixo e tamb
´
em suas propriedades importantes, que ser
˜
ao utilizadas para calcular
a matriz do H
tc
:
|
+1
=
|
|
(3.24)
|
1
=
|
|
(3.25)
|
+2
=
|
|
(3.26)
|
2
=
|
|
(3.27)
S
e,x
|
=
1
2
|
, S
e,x
|
=
1
2
|
(3.28)
27
S
e,y
|
=
i
2
|
, S
e,y
|
=
i
2
|
(3.29)
S
e,z
|
=
1
2
|
, S
e,z
|
=
1
2
|
(3.30)
J
h,x
|
=
3
2
|
, J
h,x
|
=
3
2
|
(3.31)
J
h,y
|
=
3i
2
|
, J
h,y
|
=
3i
2
|
(3.32)
J
h,z
|
=
3
2
|
, J
h,z
|
=
3
2
|
(3.33)
J
3
h,x
|
=
9
4
J
h,x
|
=
27
8
|
, J
3
h,x
|
=
9
4
J
h,x
|
=
27
8
|
(3.34)
J
3
h,y
|
=
9
4
J
h,y
|
=
27i
8
|
, J
3
h,y
|
=
9
4
J
h,y
|
=
27i
8
|
(3.35)
J
3
h,z
|
=
9
4
J
h,z
|
=
27
8
|
, J
3
h,z
|
=
9
4
J
h,z
|
=
27
8
|
(3.36)
Estas definic¸
˜
oes n
˜
ao s
˜
ao triviais e foram desenvolvidas utilizando-se as regras matriciais
para os operadores de spin. A aproximac¸
˜
ao de n
˜
ao-acoplamento entre buraco leve e pesado
significa a omiss
˜
ao das componentes x e y lineares em J
h
. Desta maneira, a matrix de troca e
correlac¸
˜
ao tem a forma:
H
tc
=
1
2
δ
0
δ
1
0 0
δ
1
δ
0
0 0
0 0 δ
0
δ
2
0 0 δ
2
δ
0
(3.37)
onde as seguintes abreviac¸
˜
oes foram utilizadas: δ
0
=
3
4
a
z
+
27
16
b
z
, δ
1
=
3
8
(b
x
b
y
) e δ
2
=
3
8
(b
x
+ b
y
). Esta matriz possui algumas propriedades interessantes: primeiramente, pelo fato de
ser uma matriz tipo bloco diagonal, verifica-se que n
˜
ao existe acoplamento entre estados claro e
escuro devido ao Hamiltoniano de troca e correlac¸
˜
ao. Tamb
´
em, devido aos termos fora da dia-
gonal, verifica-se que existe hibridizac¸
˜
ao dentro dos estados claro e escuro. A hibridizac¸
˜
ao do
28
estado claro, no entanto, n
˜
ao ser
´
a considerada aqui, uma vez que o ponto qu
ˆ
antico
´
e sim
´
etrico
e b
x
= b
y
, o que resulta em δ
1
= 0.
Do resultado acima, observa-se que os estados com |M| = 1 s
˜
ao autoestados do Hamilto-
niano de troca e correlac¸
˜
ao e que ser
´
a necess
´
ario utilizar uma combinac¸
˜
ao linear dos estados
com |M| = 2. A princ
´
ıpio, define-se:
|
A
=
|
1
(3.38)
|
B
=
|
+1
(3.39)
|
C
=
1
2
(
|
+2
+
|
2
) (3.40)
|
D
=
1
2
(
|
+2
|
2
). (3.41)
O principal efeito da interac¸
˜
ao de troca e correlac¸
˜
ao de curto alcance
´
e separar os estados
do
´
exciton em um par de claros e escuros. J
´
a a parte de longo alcance exerce duas func¸
˜
oes:
contribui para a abertura dos n
´
ıveis em claro e escuro e, adicionalmente, causa quebra de dege-
nersc
ˆ
encia para os estados claros, mas somente em estruturas com quebra de simetria. Portanto,
ser
´
a desconsiderada a interac¸
˜
ao de longo alcance para o caso do QD sim
´
etrico, sendo que esta
interac¸
˜
ao tamb
´
em n
˜
ao influencia os estados do
´
exciton claro.
3.3.2 Presenc¸a de campo magn
´
etico
Com a inserc¸
˜
ao de campo magn
´
etico, ser
´
a analisado o quarto termo do Hamiltoniano
(Equac¸
˜
ao 3.20), chamado de interac¸
˜
ao de Zeeman. A forma geral desta interac¸
˜
ao para um
campo magn
´
etico B = (B
x
,B
y
,B
z
) de modulo e orientac¸
˜
ao arbitrarios
´
e:
H
z
(B) = µ
B
i=x,y,z
g
e,i
S
e,i
2κ
i
J
h,i
2q
i
J
3
h,i
B
i
, (3.42)
onde µ
B
´
e o magneton de Bohr, q
i
e κ
i
s
˜
ao os par
ˆ
ametros da banda de val
ˆ
encia no Hamiltoniano
de Luttinger-Kohn (κ
i
q
i
) [78].
Neste trabalho, ser
´
a aplicado o campo magn
´
etico somente na direc¸
˜
ao de crescimento do
QD (direc¸
˜
ao z), e considerando a relac¸
˜
ao J
3
h,z
=
9
4
J
h,z
derivada anteriormente, obtem-se:
H
z
(B
z
) = µ
B
g
e,z
S
e,z
g
h,z
3
J
h,z
B
z
(3.43)
29
onde g
h,z
= 6κ
z
+
27
2
a
z
´
e o fator g do buraco na direc¸
˜
ao z
1
. Desta maneira, a matriz que descreve
a interac¸
˜
ao Zeeman
´
e dada por:
H
z
(B
z
) =
µ
B
B
z
2
g
e,z
+ g
h,z
0 0 0
0
g
e,z
+ g
h,z
0 0
0 0
g
e,z
g
h,z
0
0 0 0
g
e,z
g
h,z
(3.44)
Para facilitar a notac¸
˜
ao, define-se abaixo func¸
˜
oes que dependem do campo magn
´
etico B
z
,
sendo que esta depend
ˆ
encia dar
´
a origem
`
a depend
ˆ
encia n
˜
ao-linear na abertura Zeeman para
o estado escuro. Esta depend
ˆ
encia
´
e gerada pela hibridizac¸
˜
ao deste estado, verificada pela
interac¸
˜
ao de troca e correlac¸
˜
ao do spin do
´
exciton.
β
1
= µ
B
g
e,z
+ g
h,z
B
z
, β
2
= µ
B
g
e,z
g
h,z
B
z
(3.45)
N
±
=
1 +
β
2
δ
2
±
1 +
β
2
2
δ
2
2
2
1
2
(3.46)
Desta maneira, os autovalores ir
˜
ao depender de β
1
, β
2
. N
±
representa a constante de
normalizac¸
˜
ao da func¸
˜
ao de onda:
Autovalor Autovetor
1
2
(δ
0
+ β
1
)
|
A
=
|
1
1
2
(δ
0
β
1
)
|
B
=
|
+1
1
2
δ
0
+
1
2
δ
2
2
β
2
2
|
C
= N
+
|
+2
+
β
2
δ
2
+
1 +
β
2
2
δ
2
2
|
2
1
2
δ
0
1
2
δ
2
2
β
2
2
|
D
= N
|
+2
+
β
2
δ
2
1 +
β
2
2
δ
2
2
|
2
Tabela 3.1: Autoestados do
´
exciton na presenc¸a de campo magn
´
etico.
1
Para nanoestrutras semicondutoras, particularmente poc¸os qu
ˆ
anticos, depend
ˆ
encias n
˜
ao-lineares do efeito Zee-
man com o campo magn
´
etico foram observadas, ou seja, o fator g n
˜
ao pode ser tratado como constante. A origem
f
´
ısica deste comportamento
´
e a forte alterac¸
˜
ao da mistura de bandas pelo campo magn
´
etico que determina, desta
maneira, a intensidade do fator g. Em geral, o fator g dos el
´
etrons e buracos
´
e definido como uma extrapolac¸
˜
ao
linear da quebra de degeneresc
ˆ
encia dos n
´
ıveis de spin para campo magn
´
etico zero. Para QDs automontados com
alta simetria, entretanto, os trabalhos existentes na literartura atualmente tratam a depend
ˆ
encia do efeito Zeeman
em B como linear para o
´
exciton [79, 80]. Assim, utilizaremos g
e,z
e g
h,z
como constantes por toda a faixa de
aplicac¸
˜
ao do campo magn
´
etico B.
30
4 Interac¸
˜
ao Spin-
´
Orbita
Os efeitos de acoplamento SO s
˜
ao de grande import
ˆ
ancia para a din
ˆ
amica dos spin das
part
´
ıculas confinadas em QDs semicondutores [51]. O tempo de decoer
ˆ
encia T
2
´
e limitado por
dois tipos de processos: (i) processos de troca de spin (spin-flip) e (ii) processos de defasamento.
O tempo de relaxac¸
˜
ao T
1
´
e determinado somente por processos de spin-flip e
´
e tipicamente
muito longo em QDs semicondutores (entre 100µs e 1s) [52]. A interac¸
˜
ao SO
´
e respons
´
avel
pela relaxac¸
˜
ao do spin (1/T
1
), limitando o tempo de coer
ˆ
encia para T
2
2T
1
.
Na Sec¸
˜
ao 1 ser
´
a abordada a origem dos efeitos de SO e quais os crit
´
erios para a sua
observac¸
˜
ao. Os c
´
alculos que originaram as express
˜
oes do Hamiltoniano n
˜
ao ser
˜
ao detalha-
dos, pois exigem conhecimento da Mec
ˆ
anica Qu
ˆ
antica Relativ
´
ıstica (para maiores detalhes, ver
Sakurai [53]), o que est
´
a fora do escopo deste trabalho.
Nas Sec¸
˜
oes 2 e 3 ser
˜
ao explorados com detalhes o mecanismo que governa das Interac¸
˜
oes
de Dresselhaus e Rashba, suas causas e efeitos. Tamb
´
em foi considerado o c
´
alculo das respec-
tivas constantes e m
´
etodos experimentais para sua determinac¸
˜
ao. No final deste cap
´
ıtulo ser
´
a
abordado o problema da interac¸
˜
ao SO sobre multipart
´
ıculas.
4.1 Origem F
´
ısica da Interac¸
˜
ao SO
O efeito Spin-
´
Orbita (SO) tem sua origem f
´
ısica na interac¸
˜
ao do spin de uma part
´
ıcula com o
seu orbital. Como exemplo de interac¸
˜
ao SO, tem-se a separac¸
˜
ao dos n
´
ıveis de energia at
ˆ
omicos
devido
`
a interac¸
˜
ao eletromagn
´
etica entre o spin do el
´
etron e o campo el
´
etrico gerado pelo n
´
ucleo
do
´
atomo ao redor do qual o el
´
etron se movimenta. Partindo da parte n
˜
ao-relativ
´
ıstica do Ha-
miltoniano de Dirac
1
, o termo de SO emerge naturalmente e possui a seguinte forma:
H
SO
=
1
2m
2
c
2
1
r
dV
dr
L ·S =
¯
h
4m
2
c
2
σ ·(p ×V ), (4.1)
1
A Equac¸
˜
ao de Dirac [53]
´
e uma equac¸
˜
ao de onda que descreve part
´
ıculas de spin 1/2 em um formalismo
consistente com os princ
´
ıpios da Mec
ˆ
anica Qu
ˆ
antica e da Relatividade Restrita.
31
onde σ = (σ
x
,σ
y
,σ
z
)
´
e o vetor das matrizes de Pauli, p
´
e o operador momento e V
´
e o potencial
de Coulomb que, para o caso at
ˆ
omico
´
e gerado pelos pr
´
otons do n
´
ucleo.
Em Estado S
´
olido, a an
´
alise da Equac¸
˜
ao de Schr
¨
odinger para el
´
etrons em um potencial
peri
´
odico requer um esforc¸o consider
´
avel. Em geral, c
´
alculos de estruturas de bandas para
el
´
etrons s
˜
ao baseados no m
´
etodo k ·p e na aproximac¸
˜
ao da func¸
˜
ao envelope. Para estruturas
com simetria de invers
˜
ao no espac¸o e no tempo (ε
+
(k) = ε
±
(k)), os estados de spin s
˜
ao de-
generados na aus
ˆ
encia de campo magn
´
etico (degeneresc
ˆ
encia de Kramer). Entretanto, quando
o potencial sob o qual os portadores de carga se movimentam possui assimetria de invers
˜
ao, a
degeneresc
ˆ
encia do spin
´
e removida mesmo para B =0.
Em semicondutores quase bidimensionais e heteroestruturas, a quebra da degeneresc
ˆ
encia
do spin pode ser conseq
¨
u
ˆ
encia da assimetria de invers
˜
ao BULK (BIA - Bulk Inversion Asim-
metry), e da assimetria de invers
˜
ao de estrutura (SIA - Structure Inversion Asimmetry) causada
pelo potencial de confinamento. Ambos os casos ser
˜
ao explorados detalhadamente nas sec¸
˜
oes
subseq
¨
uentes.
4.2 Assimetria na estrutura cristalina: Interac¸
˜
ao BIA
Na d
´
ecada de 1950, G. Dresselhaus foi o primeiro a enfatizar que a interac¸
˜
ao spin-
´
orbita
trazia importantes mudanc¸as nos n
´
ıveis de energia de el
´
etrons no bulk de alguns semicondu-
tores bin
´
arios. Neste trabalho [54], ele discutiu os efeitos que esta interac¸
˜
ao ocasionava ex-
clusivamente em materiais com simetria zincblende. Ao contr
´
ario de materiais que cristalizam
na mesma c
´
elula unit
´
aria do Diamante, como acontece com Sil
´
ıcio e o Germ
ˆ
anio, materiais
bin
´
arios com estrutura zincblende n
˜
ao possuem um centro de invers
˜
ao espacial, uma vez que
podemos visualizar esta rede como sendo uma rede c
´
ubica de faces centradas simples de
´
atomos
de um semicondutor tipo III entrelac¸ada com uma rede similar composta por
´
atomos do tipo V,
por exemplo. A perda de invers
˜
ao espacial leva a uma quebra da degeneresc
ˆ
encia do spin de
el
´
etrons e de buracos nesses materiais. Semelhante
`
a interac¸
˜
ao Zeeman, esta interac¸
˜
ao SO pro-
duz uma abertura nos n
´
ıveis de spin (spin-splitting) que gera a quebra de degeneresc
ˆ
encia nos
n
´
ıveis de energia desses portadores, mesmo na aus
ˆ
encia de campo magn
´
etico externo. Diante
da relev
ˆ
ancia desse trabalho essa interac¸
˜
ao recebeu o nome de interac¸
˜
ao Dresselhaus ou sim-
plesmente interac¸
˜
ao BIA, derivada da express
˜
ao Bulk Inversion Asymmetry.
Esta interac¸
˜
ao, c
´
ubica nas componentes do momento linear para o semicondutor BULK,
´
e
descrita pelo Hamiltoniano que acopla o spin da part
´
ıcula com as componentes do momento
32
linear. Para el
´
etrons na banda de conduc¸
˜
ao, esse Hamiltoniano pode ser decomposto na forma,
H
D
SO
= H
D
L
+ H
D
Q
+ H
D
C
, (4.2)
onde o primeiro termo
´
e linerar nas componentes (p
x
, p
y
), o segundo
´
e quadr
´
atico e o ter-
ceiro c
´
ubico. Para QDs laterais com simetria axial, ser
´
a utilizado, por simplicidade, somente a
contribuic¸
˜
ao linear [57, 58, 59] definida como se segue:
H
D
L
=
β
l
e f
(σ
+
p
+
+ σ
p
) (4.3)
onde l
e f
=
¯
h/m
ω
h
representa o comprimento efetivo ou raio de Fock-Darwin e ω
2
h
= ω
2
0
+
1
4
ω
2
c
a freq
¨
u
ˆ
encia h
´
ıbrida definidos previamente no Cap
´
ıtulo 2.
O acoplamento entre momento linear e spin fica evidente pelos operadores momento p
±
=
p
x
±ip
y
e spin σ
±
= σ
x
±iσ
y
cujas propriedades s
˜
ao dadas pelas Eqs. 2.18 e 2.19. Por sua
vez, o par
ˆ
ametro de acoplamento BIA, β , mede individualmente a intensidade da contribuic¸
˜
ao
Dresselhaus no espectro eletr
ˆ
onico de cada QD. Neste trabalho, os termos quadr
´
aticos e c
´
ubicos
ser
˜
ao desconsiderados pois eles acoplam apenas estados com m = ±2 e m = ±3, o que torna
os efeitos produzidos por estes termos muito pequenos quando comparados com o termo linear
que acopla estados com m = ±1. Desta maneira, H
D
SO
= H
D
L
para os objetivos deste trabalho.
No caso de QDs laterais, o par
ˆ
ametro de acoplamento SO de Dresselhaus
´
e dado por [55]:
β = γ
SO
¯
h
2m
E
G
a
2
0
d
2
Ry (4.4)
onde E
G
´
e o gap de energia do semicondutor, γ
SO
´
e a constante de acoplamento SO, a
0
´
e o raio
de Bohr efetivo e Ry
´
e a energia efetiva de Rydeberg, respectivamente. No Cap
´
ıtulo Resultados
todas as constantes relativas ao Sistema de Unidades At
ˆ
omicas Efetivas ser
˜
ao explicitadas. O
par
ˆ
ametro d
´
e inversamente proporcional
`
a m
´
edia da componente z da func¸
˜
ao de onda d
2
=
ϕ
z
f
2
2
z
ϕ
z
f
, onde ϕ
f
(z)
´
e a func¸
˜
ao de onda do estado fundamental de um poc¸o qu
ˆ
antico
vertical.
O termo de Dresselhaus
´
e fortemente dependente da geometria de crescimento (orientac¸
˜
ao
da heterointerface com relac¸
˜
ao aos eixos de simetria do cristal). Os valores do par
ˆ
ametro de
Dresselhaus dependem do material que forma a interface e, para estruturas de GaAs/AlGaAs
s
˜
ao da ordem de 1 50meV
˚
A [56, 59, 60].
33
4.3 Assimetria espacial: Interac¸
˜
ao SIA
Al
´
em da interac¸
˜
ao SO induzida pela assimetria estrutural inerente em alguns semicondu-
tores, existe um outro tipo de interac¸
˜
ao produzida por assimetria espacial, induzida por um
campo el
´
etrico uniforme. Esta interac¸
˜
ao tamb
´
em provoca alterac¸
˜
oes no comportamento do
spin das part
´
ıculas em QDs, por conseq
¨
u
ˆ
encia dessa assimetria de invers
˜
ao estrutural, ou sim-
plesmente SIA, derivado de Structure Inversion Asymmetry. Este fen
ˆ
omeno, primeiramente
explorado por Rashba [61] na d
´
ecada de 1970, tem a forma geral:
H
R
SO
=
iα
l
e f
(σ
+
p
σ
p
+
) (4.5)
onde α
´
e o par
ˆ
ametro de acoplamento SIA. Em geral, essa interac¸
˜
ao ocorre em heteroestruturas
com alguma assimetria espacial, inclusive em poc¸os quadrados de natureza assim
´
etrica ou sob
a ac¸
˜
ao de um campo el
´
etrico. Geralmente, α
´
e admitido como proporcional
`
a m
´
edia do campo
el
´
etrico que cruza a interface,
E
=
1
e
z
(E
c
+V )
. Semelhante ao termo de Dresselhaus, o
par
ˆ
ametro de Rashba pode ter uma grande faixa de valores, dependendo da forma do potencial
de confinamento do poc¸o ao longo da direc¸
˜
ao z e tamb
´
em da densidade do g
´
as de el
´
etrons
bidimensional.
4.4 An
´
alise dos acoplamentos SO
Para analisar os acoplamentos SO entre os orbiais de spin,
´
e mais f
´
acil escrever os Hamilto-
nianos de Rashba e Dresselhaus no formalismo da Segunda Quantizac¸ao, onde as propriedadas
de ortogonalidade das func¸
˜
oes de onda ser
˜
ao utilizadas.Observando que p
±
em func¸
˜
ao dos ope-
radores criac¸
˜
ao e aniquilac¸
˜
ao tem a forma:
p
+
= i

a
b
+ θ
h
a
+ b

(4.6)
p
= i

a b
+ θ
h
a + b

(4.7)
onde θ
h
=
ω
c
2ω
h
[55], o Hamiltoniano tem a forma:
H
D
SO
= σ
+
λ
D
+
a
+ λ
D
b
+ σ
λ
D
+
a λ
D
b
(4.8)
H
R
SO
= σ
+
λ
R
+
a λ
R
b
+ σ
λ
R
+
a
λ
R
b
(4.9)
onde foram definidos os par
ˆ
ametros:
λ
D
±
= iβ
1 ±θ
h
l
e f
(4.10)
34
λ
R
±
= α
1 ±θ
h
l
e f
(4.11)
.
Aplicando estes Hamiltonianos nas func¸
˜
oes de onda dos dois Osciladores Harm
ˆ
onicos (Eq
2.34), observa-se que o termo de Dresselhaus (Eq. 4.8) acopla o estado
|
n,m,σ
com os estados
|
n,m 1,σ ±1
e
|
n ±1,m,σ ±1
, enquanto que o termo de Rashba (Eq. 4.9) acopla o estado
|
n,m,σ
com os estados
|
n ±1,m,σ ±1
e
|
n,m 1,σ ±1
. Dependendo da magnitude relativa
entre os coeficientes α e β, o efeito geral da interac¸
˜
ao SO no espectro
´
e separar e elevar os n
´
ıveis
de energia causando anticruzamento de acordo com as regras de selec¸
˜
ao do acoplamento SO.
4.5 Efeito Spin-Orbita de
´
excitons
A interac¸
˜
ao SO de
´
excitons ser
´
a descrita pelos Hamiltonianos abaixo:
H
e
SO
= β
e
σ
e
+
p
e
+
+ σ
e
p
e
(4.12)
H
hh
SO
= iβ
hh
σ
h
+
p
h
σ
h
p
h
+
(4.13)
onde a Eq. 4.12
´
e o termo de SO para o el
´
etron na banda de conduc¸
˜
ao e possui a mesma
forma da Eq. 4.3 para o termo de Dresselhaus. J
´
a para o caso do buraco, a Eq. 4.13 possui
uma forma parecida com a Eq. 4.5 para o termo de Rashba do el
´
etron, no entanto ela foi
derivada utilizando-se uma metodologia diferente, haja visto que el
´
etron e buraco encontram-se
em regi
˜
oes diferentes (Γ
6
na banda de conduc¸
˜
ao e Γ
8
na banda de val
ˆ
encia respectivamente).
Esta equac¸
˜
ao foi obtida considerando-se apenas a interac¸
˜
ao linear entre buraco pesado na banda
de val
ˆ
encia.
35
5 Resultados
Neste cap
´
ıtulo ser
˜
ao apresentados os principais resultados obtidos para os c
´
alculos de efei-
tos causados pelo potencial de confinamento n
˜
ao-parab
´
olico para 1 el
´
etron e do acoplamento
SO em QDs laterais de GaAs/AlGaAs. Os resultados est
˜
ao divididos em sec¸oes, descritas su-
cintamente nos par
´
agrafos abaixo.
Na Sec¸
˜
ao 1, o Hamiltoniano de 1 el
´
etron
´
e analisado, incluindo-se o efeito da n
˜
ao paraboli-
cidade do potencial de confinamento e as interac¸
˜
oes de SO de Rashba e Dresselhaus. As regras
de selec¸
˜
ao para obtenc¸
˜
ao de acoplamento entre n
´
ıveis de energia s
˜
ao definidas, bem como o
valor cr
´
ıtico do campo magn
´
etico para o qual ocorre o ponto de cruzamento entre os estados s
e p.
Na Sec¸
˜
ao 2, mais um el
´
etron
´
e inserido e a evoluc¸
˜
ao dos estados singlete e triplete
´
e ana-
lisada. Neste caso existem estados que apresentam anti-cruzamento e outros em que o cru-
zamento
´
e preservado, revelando o car
´
ater seletivo da interac¸
˜
ao SO com relac¸
˜
ao ao spin. Os
efeitos n
˜
ao-parab
´
olicos do potencial de confinamento n
˜
ao s
˜
ao tratados neste caso e nos demais
para que seja evidenciado a real contribuic¸
˜
ao do acoplamento SO na evoluc¸
˜
ao dos n
´
ıveis de
energia.
Na Sec¸
˜
ao 3, o problema da interac¸
˜
ao SO do buraco
´
e tratado dentro da aproximac¸
˜
ao da
massa efetiva e tamb
´
em desconsiderando a interac¸
˜
ao entre subbandas de HH e LH. Somente a
interac¸
˜
ao do HH
´
e analisada, como foi justificado no Cap
´
ıtulo 2, Sec¸
˜
ao Buracos [33].
A Sec¸
˜
ao 4
´
e dedicada ao estudo da interac¸
˜
ao SO em
´
excitons, um par el
´
etron-buraco gerado
por excitac¸
˜
ao
´
optica. Pesquisas recentes [37] com
´
excitons demonstraram que o acoplamento
SO pode causar uma mistura entre
´
excitons claros ou opticamente ativos (bright excitons) e
´
excitons escuros (dark excitons) que n
˜
ao s
˜
ao opticamente ativos. Estes resultados s
˜
ao de grande
interesse pois podem ser confirmados por experimentos de absorc¸
˜
ao de
´
excitons [62, 63].
36
5.1 Interac¸
˜
ao SO de um El
´
etron
A matriz do Hamiltoniano de um el
´
etron em Segunda Quantizac¸
˜
ao:
H
1e
=
i,σ
ε
iσ
c
iσ
c
iσ
+ γ
i, j,σ
h
W
i j
c
iσ
c
jσ
+ α
i, j,σ ,σ
h
R
i jσσ
c
iσ
c
jσ
+ β
i, j,σ ,σ
h
D
i jσσ
c
iσ
c
jσ
+
1
2
gµ
B
B
i,σ
σc
iσ
c
iσ
(5.1)
onde i, j s
˜
ao
´
ındices compostos que significam o conjunto de n
´
umeros qu
ˆ
anticos n,m. O ope-
rador criac¸
˜
ao (aniquilac¸
˜
ao) c
iσ
(c
iσ
) c
nmσ
(c
nmσ
) cria (aniquila) um el
´
etron em um estado
|
nmσ
com uma energia ε
iσ
. O segundo termo da equac¸
˜
ao acima
´
e a vers
˜
ao na Segunda
Quantizac¸
˜
ao da Eq. 2.37, com h
W
i jσσ
=
iσ|H
W
|jσ
nmσ|H
W
|n
m
σ
. Analogamente, o
terceiro e quarto termo s
˜
ao as vers
˜
oes em Segunda Quantizac¸
˜
ao dos Hamiltonianos de interac¸
˜
ao
SO Eq. 4.3 e Eq. 4.5, h
(D,R)
i jσσ
=
iσ|H
(D,R)
|jσ
nmσ|H
(D,R)
|n
m
σ
, e o
´
ultimo termo
´
e
a interac¸
˜
ao Zeeman.
Os termos de energia cin
´
etica, potencial de confinamento parab
´
olico e interac¸
˜
ao de Zee-
man possuem soluc¸
˜
ao anal
´
ıtica dada pelo espectro Fock-Darwin. O potencial de confina-
mento n
˜
ao-parab
´
olico, juntamente com os termos de Rashba e Dresselhaus foram resolvidos
por diagonalizac¸
˜
ao num
´
erica do Hamiltoniano aplicado numa base truncada de doze estados de
uma part
´
ıcula. Juntando as 2 soluc¸
˜
oes, ser
˜
ao apresentados os resultados desta sec¸
˜
ao.
Inicialmente, a base utilizada para o problema de 1 el
´
etron confinado em um QD de
GaAs/AlGaAs:
|
1
=
|
00
|
7
=
|
00
|
2
=
|
01
|
8
=
|
01
|
3
=
|
10
|
9
=
|
10
|
4
=
|
02
|
10
=
|
02
|
5
=
|
11
|
11
=
|
11
|
6
=
|
20
|
12
=
|
20
Nesta base, o espectro Fock-Darwin
´
e dado pela Figura 5.1 onde observa-se a evoluc¸
˜
ao dos
n
´
ıves de energia em func¸
˜
ao do campo magn
´
etico. O el
´
etron ficou confinado sob um potencial
ω
0
=2meV e observa-se que o efeito Zeeman (g = 0,44)
´
e relevante para este caso. No canto
superior esquerdo est
´
a detalhado o cruzamento entre os n
´
ıveis dos orbitais
|
10
e
|
11
.
37
Figura 5.1: Espectro de energia de um el
´
etron sujeito a um potencial de confinamento
ω
0
=2meV e sem interac¸
˜
ao SO (α = β = 0). No canto superior esquerdo a ampliac¸
˜
ao do
gr
´
afico demonstrando o cruzamento dos n
´
ıveis de energia em B =0,4T.
A Figura 5.2 representa o espectro para 1 el
´
etron confinado (ω
0
=2meV) em 1 QD de
GaAs/AlGaAs com as contribuic¸
˜
oes Rashba (α =6meV
˚
A) e Dresselhaus (β =10meV
˚
A). A
intensidade das constantes de acoplamento foi definida baseando-se em valores m
´
edios encon-
trados [65] para estruturas de GaAs/AlGaAs. Observa-se um anticruzamento entre os estados
s e p em B =0,4T causado pela ac¸
˜
ao combinada das interac¸
˜
oes Rashba e Dresselhaus. Mais
precisamente, a interac¸
˜
ao de Dresselhaus
´
e respons
´
avel pela hibridizac¸
˜
ao dos estados
|
10
e
|
11
enquanto o termo de Dresselhaus promove o acoplamento entre os estados
|
10
e
|
11
.
38
Figura 5.2: Efeito da interac¸
˜
ao SO sobre a evoluc¸
˜
ao dos n
´
ıveis de energia para um el
´
etron
sujeito a um potencial de confinamento ω
0
=2meV (α =6meV
˚
A e β =10meV
˚
A).
A Figura 5.3 confirma a degeneresc
ˆ
encia dos orbitais s, p e d na aus
ˆ
encia de campo
magn
´
etico e sem acoplamento SO e a sua quebra com a introduc¸
˜
ao dos termos de SO. Tamb
´
em
observa-se um deslocamento dos valores de energia da ordem de alguns µeV para valores me-
nores nos estados s e p e um aumento no valor da energia para o estado d. Estes resultados
confirmam a suposic¸
˜
ao inicial de que a interac¸
˜
ao SO
´
e independente da aplicac¸
˜
ao de um campo
magn
´
etico externo, sendo este campo mag
´
etico gerado pelo movimento relativo do el
´
etron com
relac¸
˜
ao ao gradiente de potencial el
´
etrico aplicado na direc¸
˜
ao transversal ao plano do QD e
`
a
aus
ˆ
encia de simetria de invers
˜
ao da estrutura zincblende do semicondutor.
39
Figura 5.3: Quebra da degeneresc
ˆ
encia e deslocamento dos n
´
ıveis de energia do primeiro ( es-
querda), segundo ( centro) e terceiro ( direita) estados para B =0T com a inserc¸
˜
ao da interac¸
˜
ao
SO, e os par
ˆ
ametros de confinamento s
˜
ao os mesmos da Figura 5.1 e as constantes de acopla-
mento SO s
˜
ao α =6meV
˚
A e β =10meV
˚
A.
5.2 Interac¸
˜
ao SO de 2 El
´
etrons
O Hamiltoniano do sistema interagente composto por dois el
´
etrons no formalimo da Se-
gunda Quantizac¸
˜
ao:
H
2P
=
i=1,2
H
(i)
1P
+ α
c
i, j,k,l
σ,σ
V
kl
i j
c
iσ
c
jσ
c
kσ
c
lσ
(5.2)
onde o primeiro termo
´
e o somat
´
orio dos Hamiltonianos para 1 el
´
etron e o
´
ultimo termo
´
e a
interac¸
˜
ao de Coulomb, cujos elementos de matriz da interac¸
˜
ao de dois corpos s
˜
ao dados por
V
kl
i j
=
i; j
|
e
2
εr
12
|
k; l
. Esta matriz pode ser explicitada de outra forma utilizando-se a expans
˜
ao
40
de Fourier de
1
r
e depois aplicando a
´
agebra dos operadores escada (Equac¸
˜
ao 2.29) [66]:
V
kl
i j
n
2L
,m
2L
;n
1L
,m
1L
|
V
(1,2)
C
|
n
1R
,m
1R
;n
2R
,m
2R
=
E
0
2π
δ
R
L
,R
R
(1)
n
2L
+m
2L
+n
2R
+m
2R
n
1L
!m
1L
!n
2L
!m
2L
!n
1R
!m
1R
!n
2R
!m
2R
!
×
min(n
1L
,n
1R
)
k
1
=0
k
1
!
n
1L
k
1
n
1R
k
1
×
min(m
1L
,m
1R
)
k
2
=0
k
2
!
m
1L
k
2
m
1R
k
2
×
min(n
2L
,n
2R
)
k
3
=0
k
3
!
n
2L
k
3
n
2R
k
3
×
min(m
2L
,m
2R
)
k
4
=0
k
4
!
m
2L
k
4
m
2R
k
4
×
1
2
k
1
+k
2
+k
3
+k
4
×Γ
k
1
+ k
2
+ k
3
+ k
4
+
1
2
. (5.3)
A func¸
˜
ao δ de Kronecker confirma a conservac¸
˜
ao do momento angular com R
L
=
(m
1L
n
1L
) + (m
2L
n
2L
) e R
R
= (m
1R
n
1R
) + (m
2R
n
2R
). O par
ˆ
ametro α
c
´
e introduzido
como uma constante heur
´
ıstica para levar em considerac¸
˜
ao a blindagem do potencial de Cou-
lomb pelos eletrodos met
´
alicos ao redor do QD.
Para o caso de 2 el
´
etrons confinados em 1 QD, foi utilizado uma base truncada de estados
s e p, que j
´
a
´
e suficiente para se observar os efeitos de SO. Os 7 estados de menor energia,
enumerados de maneira em que o Hamiltoniano possa ser dividido em 2 subespac¸os de Hilbert
(o primeiro com 5 estados e o segundo com 2 estados) foram definidos considerando-se as
poss
´
ıves combinac¸
˜
oes que resultem em uma func¸
˜
ao de onda antissim
´
etrica:
|
1
=
|
ϕ
S
|
S = 0,S
z
= 0
, (5.4)
|
2
=
|
ϕ
A1
|
S = 1,S
z
= 1
, (5.5)
|
3
=
|
ϕ
A1
|
S = 1,S
z
= +1
, (5.6)
|
4
=
|
ϕ
A2
|
S = 1,S
z
= 1
, (5.7)
|
5
=
|
ϕ
A2
|
S = 1,S
z
= +1
, (5.8)
|
6
=
|
ϕ
A1
|
S = 1,S
z
= 0
, (5.9)
41
|
7
=
|
ϕ
A2
|
S = 1,S
z
= 0
. (5.10)
A parte espacial das func¸
˜
oes de onda sim
´
etrica e antissim
´
etricas,
|
ϕ
S
=
|
0,0
1
|
0,0
2
|
ϕ
A1
=
1
2
[
|
0,0
1
|
1,0
2
|
1,0
1
|
0,0
2
] (5.11)
|
ϕ
A2
=
1
2
[
|
0,0
1
|
0,1
2
|
0,1
1
|
0,0
2
]
e a parte de spin, conhecida como estado singlete e tripletes,
|
S = 0,S
z
= 0
=
|
↑↓
|
↓↑
2
(5.12)
|
S = 1,S
z
= 1
=
|
↓↓
(5.13)
|
S = 1,S
z
= 0
=
|
↑↓
+
|
↓↑
2
(5.14)
|
S = 1,S
z
= +1
=
|
↑↑
(5.15)
Considerando o Hamiltoniano da Eq. 5.2, a Energia Cin
´
etica e potencial de confinamento
ser
˜
ao calculados pelo espectro Fock-Darwin de cada um dos el
´
etrons. O potencial de Coulomb
ir
´
a gerar os termos de interac¸
˜
ao direta e de troca e correlac¸
˜
ao e, em unidades de V
0
=
π
2
l
e f
ter
˜
ao os seguintes valores [55]: para os dois el
´
etrons no orbital s haver
´
a somente a contribuic¸
˜
ao
direta V
ss
D
=
0,0
|
2
0,0
|
1
V
|
0,0
1
|
0,0
2
= 1; para a interac¸
˜
ao entre 1 el
´
etron no orbital s e
o outro no orbital p poder
´
a haver, dependendo das orientac¸
˜
oes dos spins, contribuic¸
˜
oes direta
V
sp
D
=
0,1
|
2
0,0
|
1
V
|
0,0
1
|
0,1
2
=
1,0
|
2
0,0
|
1
V
|
0,0
1
|
1,0
2
= 0,75 e de troca e correlac¸
˜
ao
V
sp
tc
=
0,1
|
2
0,0
|
1
V
|
0,1
1
|
0,0
2
=
1,0
|
2
0,0
|
1
V
|
1,0
1
|
0,0
2
= 0,25; para os dois el
´
etrons
no orbital p tamb
´
em haver
´
a contribuic¸
˜
oes direta V
pp
D
=
1,0
|
2
1,0
|
1
V
|
1,0
1
|
1,0
2
= 0,6875 e,
dependendo da orientac¸
˜
ao dos spins, de troca e correlac¸
˜
ao V
pp
tc
=
1,0
|
2
0,1
|
1
V
|
1,0
1
|
0,1
2
=
0,1875.
Para 2 el
´
etrons sem SO e na base descrita acima, o espectro de energia evoluir
´
a com o
campo magn
´
etico como mostrado a Figura 5.4. Observa-se claramente o cruzamento (crossing)
dos n
´
ıveis de energia, principalmente do estado
|
1
que permanece como o de menor energia
de B = 0T at
´
e B = 0,55T , valor para o qual o estado
|
5
passa a ser o fundamental. Para
B = 0T observa-se tamb
´
em a degeneresc
ˆ
encia dos orbitais, que ser
´
a quebrada com a introduc¸
˜
ao
da interac¸
˜
ao de SO.
42
0 , 0 0 , 2 0 , 4 0 , 6 0 , 8
1 2 , 5
1 3 , 0
1 3 , 5
1 4 , 0
0 , 0 0 0 , 0 1 0 , 0 2 0 , 0 3 0 , 0 4 0 , 0 5
1 3 , 2 5
1 3 , 3 0
1 3 , 3 5
1 3 , 4 0
1 3 , 4 5
1 3 , 5 0
|T
-
>
|T
0
>
|T
+
>
E n e r g i a ( m e V )
Campo Magnético (T)
|S>
Ponto Quântico com 2 elétrons sem SO
Figura 5.4: Espectro de energia de dois el
´
etrons sujeitos a um potencial de confinamento
ω
0
=5meV e sem interac¸
˜
ao SO (α = β = 0). No canto superior direito a ampliac¸
˜
ao do gr
´
afico
demonstrando a degeneresc
ˆ
encia dos n
´
ıveis de energia para B =0T.
´
E not
´
avel a contribuic¸
˜
ao dos termos da interac¸
˜
ao de Coulomb (direta e de troca e correlac¸
˜
ao)
na disposic¸
˜
ao dos n
´
ıveis de energia para multipart
´
ıculas. Considerando B =0T, a diferenc¸a de
energia entre o segundo estado (quatro vezes degenerado) e primeiro
´
e E
2
E
1
= ω
0
V
0
2
,
sendo V
0
=
πω
0
2
. Desta maneira, observa-se claramente como o aumento no potencial de
confinamento modifica a ordenac¸
˜
ao crescente dos n
´
ıveis de energia. Na Figura 5.5, verifica-se
que h
´
a um valor m
´
ınimo de ω
0
, abaixo do qual o estado
|
1
n
˜
ao
´
e o fundamental.
43
0 , 0 0 , 5 1 , 0 1 , 5 2 , 0 2 , 5 3 , 0
- 0 , 1 2
- 0 , 1 0
- 0 , 0 8
- 0 , 0 6
- 0 , 0 4
- 0 , 0 2
0 , 0 0
0 , 0 2
0 , 0 4
0 , 0 6
0 , 0 8
E ( m e V )
ω
0
(meV)
E
2
-E
1
ω
0
=2,32871 meV
Influência do Potencial de Confinamento
B=0T
Figura 5.5: Relac¸
˜
ao entre a diferenc¸a de energia dos orbitais 1 e 2 e o potencial de confinamento
ω
0
para 2 el
´
etrons em um QD sem campo magn
´
etico e sem interac¸
˜
ao SO.
O Hamiltoniano de SO para dois el
´
etrons, que est
´
a inserido no somat
´
orio de Hamiltonianos
de 1 part
´
ıcula da Eq. 5.2 tem a seguinte forma expl
´
ıcita:
H
SO
=
1
l
e f
i=1,2

β p
(i)
+
iα p
(i)
σ
(i)
+
+
β p
(i)
+ iα p
(i)
+
σ
(i)
, (5.16)
que, aplicado na base descrita pelas Eqs. 5.4 a 5.10, ir
´
a produzir os acoplamentos entre os
estados singlete e triplete de acordo com o que ser
´
a apresentado nos gr
´
aficos abaixo.
Na Figura 5.6
´
e mostrado o espectro para 2 el
´
etrons confinados (ω
0
=5meV) em 1 QD
de GaAs/AlGaAs com as contribuic¸
˜
oes Rashba (α =6meV
˚
A) e Dresselhaus (β =10meV
˚
A).
Pode-se notar que os termos de SO induzem anticruzamento de alguns n
´
ıveis de energia. No
entando, nem todos os pontos de cruzamento s
˜
ao acoplados pela contribuic¸
˜
ao do Hamiltoniano
de SO. Verifica-se que as regras de selec¸
˜
ao para 2 el
´
etrons s
˜
ao diretamente relacionadas com as
transic¸
˜
oes triplete-singlete. O estado singlete sofre acoplamento SO com os estados
|
T
±
mas
n
˜
ao com o estado
|
T
0
, como pode ser verificado pelo cruzamento destes dois n
´
ıveis.
Como era de se esperar [36], a degeneresc
ˆ
encia dos orbitais foi quebrada para B =0T, como
44
pode ser verificado pelo detalhe no canto superior direito da Figura 5.6. No entanto, apenas um
n
´
ıvel de energia foi deslocado, o que vem demonstrar mais uma vez o car
´
ater bastante seletivo
da interac¸
˜
ao SO para 2 el
´
etrons. Contudo, como a base utilizada foi truncada no primeiro n
´
ıvel
de energia acima deste mostrado,
´
e poss
´
ıvel que outros estados tamb
´
em sofram quebra de de-
generesc
ˆ
encia. Para confirmar esta afirmac¸
˜
ao, o m
´
etodo dever
´
a ser expandido para pelo menos
mais 2 n
´
ıveis de energia. Para 2 el
´
etrons, a inserc¸
˜
ao de mais n
´
ıveis de energia deve ser feita
com uma an
´
alise pr
´
evia da distribuic¸
˜
ao dos estados, pois v
´
arias combinac¸
˜
oes s
˜
ao permitidas
e, para que o resultado seja confi
´
avel, todas as configurac¸
˜
oes de mais baixa energia devem ser
consideradas, al
´
em da correta ordenac¸
˜
ao dos estados. A reordenac¸
˜
ao dos estados evidencia a
quantidade de subespac¸os de Hilbert presentes na configurac¸
˜
ao adotada.
0 , 0 0 , 2 0 , 4 0 , 6 0 , 8
1 2 , 5
1 3 , 0
1 3 , 5
1 4 , 0
0 , 0 0 0 , 0 1 0 , 0 2 0 , 0 3 0 , 0 4 0 , 0 5
1 3 , 2 5
1 3 , 3 0
1 3 , 3 5
1 3 , 4 0
1 3 , 4 5
|T
-
>
|T
0
>
|T
+
>
|S>
|T
-
>
|T
0
>
|T
+
>
E n e r g i a ( m e V )
Campo Magnético (T)
|S>
Ponto Quântico com 2 elétrons e SO
Figura 5.6: Espectro de energia para 2 el
´
etrons em um QD com ω
0
=5meV e com interac¸
˜
ao
SO (α =6meV
˚
A e β =10meV
˚
A) em func¸
˜
ao do campo magn
´
etico. No canto superior direito a
ampliac¸
˜
ao do gr
´
afico enfatizando a quebra de degeneresc
ˆ
encia para B =0T.
No gr
´
afico abaixo, verifica-se como a variac¸
˜
ao do par
ˆ
ametro α pode alterar a abertura dos
n
´
ıveis de energia e separar mais ainda os estados singlete e triplete. Este par
ˆ
ametro pode ser
alterado facilmente atrav
´
es do campo el
´
etrico aplicado em relac¸
˜
ao ao eixo z, promovendo um
gradiente de potencial nesta direc¸
˜
ao. Verificamos tamb
´
em uma grande diminuic¸
˜
ao na energia
45
para campo zero do orbital s em func¸
˜
ao do par
ˆ
ametro α e conseq
¨
uente aumento na separac¸
˜
ao
entre o estado fundamental e o primeiro estado excitado, que n
˜
ao foi percebida antes com a
escolha de α =6meV. Desta maneira, as transic¸
˜
oes singlete-triplete podem ser controladas,
dando maior confiabilidade a este dispositivo como um poss
´
ıvel candidato a qubit.
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0
12,4
12,6
12,8
13,0
13,2
13,4
13,6
13,8
14,0
Figura 5.7: Espectro de energia para dois el
´
etrons em um QD com ω
0
=5meV em func¸
˜
ao do
campo magn
´
etico para β =10meV
˚
A e diversos valores para a constante de acoplamento SO α.
A Figura 5.8 apresenta a energia de excitac¸
˜
ao para os 3 primeiros estados acima do fun-
damental, considerando-se o acoplamento SO. Fica evidenciado que o estado triplete
|
T
0
n
˜
ao
sofre acoplamento e, desta maneira, n
˜
ao passa pelo ponto de transic¸
˜
ao singlete-triplete como
acontece com os estados
|
T
±
. Nesta an
´
alise simplificada, o estado de spin polarizado
|
T
aco-
pla com o estado
|
S
0
devido
`
a contribuic¸
˜
ao Rashba do Hamiltoniano de SO, enquanto o estado
de spin polarizado
|
T
+
acopla com
|
S
0
devido
`
a contribuic¸
˜
ao Dresselhaus do Hamiltoniano de
SO.
46
0 , 0 0 , 2 0 , 4 0 , 6 0 , 8
0 , 0
0 , 1
0 , 2
0 , 3
0 , 4
0 , 5
0 , 6
0 , 7
0 , 8
0 , 9
1 , 0
|T
+
>
|T
-
>
E ( m e V )
Campo Magnético (T)
E
21
E
31
E
41
Energia de Excitação na presença de SO
|T
0
>
Figura 5.8: Energias de excitac¸
˜
ao para 2 el
´
etrons nas configurac¸
˜
oes singlete-triplete. Os
par
ˆ
ametros utilizados foram ω
0
=5meV, α =6meV
˚
A e β =10meV
˚
A.
5.3 Interac¸
˜
ao Spin-
´
Orbita de
´
Excitons
Antes de comec¸armos a calcular os efeitos de SO sobre o
´
exciton, ser
´
a necess
´
ario fazer um
tratamento detalhado da sua estrutura fina, que ser
´
a respons
´
avel pelo desdobramento dos n
´
ıveis
de energia degenerados em dois brac¸os principais, claro e escuro. Depois desta investigac¸
˜
ao,
poderemos saber como os n
´
ıveis de energia evoluem com a aplicac¸
˜
ao do campo magn
´
etico e
como o efeito SO pode alterar esta evoluc¸
˜
ao.
A estrutura fina resume-se aos termos de troca e correlac¸
˜
ao e Zeeman do Hamiltoniano.
Verifica-se qual a real contribuic¸
˜
ao dos termos δ
0
e δ
2
, dentro da faixa de valores experimentais
encontrados para o GaAs [69].
Em primeiro lugar, ser
˜
ao analisadas separadamente as contribuic¸
˜
oes de cada termo.
Verifica-se pela Figura 5.3 a que o termo δ
2
promove uma abertura no n
´
ıvel de energia e
conseq
¨
uente quebra da degeneresc
ˆ
encia na aus
ˆ
encia de campo magn
´
etico para o estado escuro.
Ele tamb
´
em
´
e o respons
´
avel pelo car
´
ater n
˜
ao-linear do termo de Zeeman no Hamiltoniano,
47
como podemos verificar na evoluc¸
˜
ao dos estados
|
C
e
|
D
. Pela Figura 5.3 b, observa-se que
o termo δ
0
provoca um desolcamento nos n
´
ıveis de energia dos estados claros com relac¸
˜
ao aos
estados escuros. Por comparac¸
˜
ao com o efeito gerado por δ
2
, verifica-se que ambos os estados
s
˜
ao afetados por um valor n
˜
ao nulo de δ
0
. Isto j
´
a era esperado, conforme podemos verificar pela
disposic¸
˜
ao dos temos na matriz de troca e correlac¸
˜
ao da Eq. 3.37.
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4
-0,2
-0,1
0,0
0,1
0,2
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4
-0,3
-0,2
-0,1
0,0
0,1
Figura 5.9: Evoluc¸
˜
ao dos n
´
ıveis de energia para δ
1
=0 (a) e δ
2
=0 (b).
Na Figura 5.10, verifica-se que o termo de troca e correlac¸
˜
ao promove uma quebra da
degeneresc
ˆ
encia dos estados na aus
ˆ
encia de campo magn
´
etico, que esta associada
`
as variaveis
δ
0
e δ
2
. Por sua vez, a interac¸ao de Zeeman, que atua de forma n
˜
ao-linear no estado escuro,
promove o cruzamento dos n
´
ıveis para um valor de campo n
˜
ao-nulo. Desta maneira, poderemos
analisar a interac¸
˜
ao SO considerando os efeitos da estrutura fina.
48
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2
-0,30
-0,25
-0,20
-0,15
-0,10
-0,05
0,00
0,05
0,10
0,15
Figura 5.10: Estrutura fina do
´
exciton (termos de troca e correlac¸
˜
ao e Zeeman) com m
e
=
0.067,m
h
= 0.25, g
e
= 0.44, g
h
= 25, δ
0
= 0.2meV, δ
2
= 0.05meV e ω
0
= 1meV.
Na Figura 5.11, observa-se a contribuic¸
˜
ao da estrutura fina para evoluc¸
˜
ao dos n
´
ıveis de
energia com todos os termos do Hamiltoniano (Equac¸
˜
ao 3.20), sem a qual os quatro n
´
ıveis
seriam degenerados. Verifica-se que o resultado
´
e bastante significativo e estes efeitos n
˜
ao
podem ser desconsiderados.
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
Figura 5.11: Evoluc¸
˜
ao da energia do estado fundamental do
´
exciton com m
e
= 0.067,m
h
= 0.25,
g
e
= 0.44, g
h
= 25, ω
0
= 1meV, δ
0
= 0.2meV e δ
2
= 0.05meV
49
Observa-se que existe um cruzamento entre estados claro e escuro para um valor de campo
magn
´
etico aproximado de B =1,15T. Entretanto, n
˜
ao observa-se alterac¸
˜
ao ou mistura dos es-
tados pela aplicac¸
˜
ao dos termos de SO para o
´
exciton. Verifica-se que, pelas func¸
˜
oes de base
utilizadas, n
˜
ao existe mistura entre estados claro e escuro gerada pelo efeito SO. Entretanto,
como o caso analisado possui alta simetria tanto do ponto de vista do QD quanto da aplicac¸
˜
ao
do campo magn
´
etico, acredita-se que a situac¸
˜
ao poder
´
a n
˜
ao mais ser a mesma para outras geo-
metrias. Existem, ent
˜
ao, tr
ˆ
es possibilidades para a obtenc¸
˜
ao de mistura entre estados claro e
escuro pelo efeito SO:
i) - Utilizac¸
˜
ao de QDs n
˜
ao-sim
´
etricos, onde pode-se ter a mistura tamb
´
em entre os
´
excitons
claros.
ii) - Utilizac¸
˜
ao de um campo magn
´
etico fora do eixo de simetria do QD, com componentes
ao longo dos eixos x e y e
iii) - C
´
alculo dos acoplamentos entre n
´
ıveis excitados para o
´
exciton. Esta possibilidade iria
aumentar bastante a complexidade do sistema em quest
˜
ao, uma vez que existem restric¸
˜
oes para
os valores de momento angular total do
´
exciton que devem ser obedecidas.
50
6 Conclus
˜
oes e Trabalhos Futuros
6.1 Conclus
˜
oes
Utilizando a t
´
ecnica de diagonalizac¸
˜
ao num
´
erica do Hamiltoniano de 1 part
´
ıcula, sujeita a
um campo magn
´
etico na direc¸
˜
ao z e um confinamento do tipo parab
´
olico, observou-se os efeitos
da interac¸
˜
ao Spin-
´
Orbita para 1 el
´
etron e verificou-se o anticruzamento de estados dentro das
regras de selec¸
˜
ao para o acoplamento Spin-
´
Orbita, bem como a quebra da degeneresc
ˆ
encia dos
n
´
ıveis de energia na aus
ˆ
encia de campo magn
´
etico.
Os efeitos de Spin-
´
Orbita para dois el
´
etrons mostraram a transic¸
˜
ao do estado fundamental
de singlete para o spin polarizado triplete com o aparecimento de um minigap de energia no
ponto de anticruzamento entre estes estados. Contudo, o estado triplete n
˜
ao-polarizado n
˜
ao
apresentou acoplamento Spin-
´
Orbita com o estado singlete, n
˜
ao sendo poss
´
ıvel desta maneira
evitar o cruzamento destes n
´
ıveis.
As energias de excitac¸
˜
ao dos estados triplete
|
T
+
e
|
T
apresentaram comportamento
previsto pelo modelo adotado, ou seja, foram perturbadas pelo acoplamento Spin-
´
Orbita.
Os estados claro e escuro do
´
exciton n
˜
ao foram afetados pela aplicac¸
˜
ao do acoplamento
SO, abrindo caminho para modelos mais elaborados na tentativa de explicar as transic¸
˜
oes entre
estados claro e escuro.
6.2 Trabalhos Futuros
Seguindo a mesma linha de c
´
alculo, pretende-se calcular as taxas de relaxac¸
˜
ao de
´
excitons
via f
ˆ
onons ac
´
usticos. A implementac¸
˜
ao deste c
´
alculo n
˜
ao ir
´
a acrescentar grande esforc¸o compu-
tacional aos c
´
alculos j
´
a realizados, contudo, ser
´
a de grande import
ˆ
ancia para a completa an
´
alise
do acoplamento Spin-
´
Orbita para construc¸
˜
ao de um qubit baseado em
´
excitons.
Outro tema que pode ser trabalhado, dentro da mesma
´
otica de efeitos de decoer
ˆ
encia em
estados de spin,
´
e a interac¸
˜
ao Spin Nuclear [70]. Estudos demonstraram que a polarizac¸
˜
ao
51
do spin do n
´
ucleo pode aumentar a energia de transic¸
˜
ao
´
optica de
´
excitons carregados. Como
resultado, as regras de selec¸
˜
ao para estados em um QD podem ser controladas pelo ordenamento
ferromagn
´
etico dos spin nucleares.
Dando segmento ao estudo, mas j
´
a com uma implementac¸
˜
ao tanto matem
´
atica quanto com-
putacional diferente, pretende-se expandir o problema para o caso de multibandas, com o aux
´
ılio
do M
´
etodo k p de multibandas. Assim, as interac¸
˜
oes entre LH e HH poder
˜
ao ser consideradas
e o estudo poder
´
a ser expandido para QDs de gap elevado.
52
Refer
ˆ
encias Bibliogr
´
aficas
[1] FOCK, V. Bemerkung zur Quantelung des harmonischen Oszillators im Magnetfeld. Z.
Phys., v. 47, p. 446, Jan. 1928.
[2] DARWIN, C. G. The Diamagnetism of the free electron. Proc. Cambridge Phil. Soc., v.
27, p. 86, Jan. 1931.
[3] HARTREE, D. R. The Wave Mechanics of an Atom with a Non-Coulomb Central Field.
Part I. Theory and Methods. Proc. Camb. Phil. Soc., v. 24, p. 89, Oct. 1928.
[4] HARTREE, D. R. The Wave Mechanics of an Atom with a Non-Coulomb Central Field.
Part II. Some Results and Discussion . Proc. Camb. Phil. Soc., v. 24, p. 111, Oct. 1928.
[5] HARTREE, D. R. The Wave Mechanics of an Atom with a Non-Coulomb Central Field.
Part III. Term Values and Intensities in Series in Optical Spectra. Proc. Camb. Phil. Soc.,
v. 24, p. 426, Oct. 1928.
[6] CIBERT, J. et al. Optically detected carrier confinement to one and zero dimension in
GaAs quantum well wires and boxes. Appl. Phys. Lett., v. 49, p. 1275, Nov. 1986.
[7] REED, M. A. et al. Spatial quantization in GaAsAlGaAs multiple quantum dots. J. Vac.
Sci. Technol. B, v. 4, p. 358, Jan. 1986.
[8] TEMKIM, H. et al. Low-temperature photoluminescence from InGaAs/InP quantum
wires and boxes. Appl. Phys. Lett., v. 50, p. 413, Feb. 1987.
[9] GOLDSTEIN, L. et al. Growth by molecular beam epitaxy and characterization of
InAs/GaAs strained-layer superlattices. Appl. Phys. Lett., v. 47, p. 1099, Nov. 1985.
[10] PETROFF, P. M.; DENBAARS, S. P. MBE and MOCVD growth and properties of self-
assembling quantum dot arrays in III-V semiconductor structures. Superlatt. Micros-
truct., v. 15, p. 15, Jan. 1994.
[11] JOHNSON, A. T. et al. Zero-dimensional states and single electron charging in quantum
dots. Phys. Rev. Lett., v. 69, p. 1592, Sept. 1992.
[12] ZUT
´
IC, I.; FABIAN, J.; DAS SARMA, S. Spintronics: Fundamentals and applications.
Rev. Mod. Phys., v. 76, p. 323, Apr. 2004.
[13] KOUWENHOVEN, L. P.; AUGUSTING, D. G.; TARUCHA, S. Few-Electron quantum
dots. Rep. Prog. Phys., v. 64, p. 701, Apr. 2001.
[14] LOSS, D.; DIVINCENZO, D. P. Quantum computation with quantum dots. Phys. Rev. A,
v. 57, p. 120, Jan. 1998.
53
[15] CERLETTI, V. et al. Recipes for spin-based quantum computing. Nanotechnology, v. 16,
p. R27, Feb. 2005.
[16] DATTA, S.; DAS, B. Electronic analog of the electrooptic modulator. Appl. Phys. Lett.,
v. 56, p. 665, Feb. 1990.
[17] WANG, D. et al. Prototype spin-dependent tunneling isolators integrated with integrated
circuit electronics. J. Appl. Phys., v. 91, p. 8405, May 2002.
[18] ALVES, F. M. et al. Inversion asymmetry spin splitting in self-assembled quantum rings.
Phys. Rev. B, v. 77, p. 035434, Jan. 2008.
[19] JUSSERAND, B. et al. Zero-magnetic-field spin splitting in the GaAs conduction band
from Raman scattering on modulation-doped quantum wells. Phys. Rev. Lett., v 69, p.
848, Aug. 1992.
[20] BERNARDES, E. et al. Spin-Orbit Interaction in Symmetric Wells with Two Subbands.
Phys. Rev. Lett., v. 99, p. 076603, Aug. 2007.
[21] CHESI, S.; LOSS, D. Quantum Hall ferromagnetic states and spin-orbit interactions in the
fractional regime. Phys. Rev. Lett., v. 101, p. 146803, Oct. 2008.
[22] DIRAC, P. A. M. The Quantum Theory of Emission and Absorption of Radiation. Proc.
Roy. Soc. (London), v. 114A, p. 243, Mar. 1927.
[23] SAKURAI, J. J. Modern Quantum Mechanics. New Yourk: Addison-Wesley, 1994.
[24] ABOLFATH, R. M.; HAWRYLAK, P. Quantum Hall Ferrimagnetism in Lateral Quantum
Dot Molecules. Phys. Rev. Lett., v. 97, p. 186802, Nov. 2006.
[25] JACAK, L.; HAWRYLAK, P.; W
´
OJS, A. Quantum Dots. Berlin Heidelberg: Springer-
Verlag, 1998.
[26] COHEN-TANNOUDJI, C.; DIU, B.; LALOE, B. Quantum Mechanics. New York: Wi-
ley, 1977.
[27] BAYER, M. et al. Coupling and Entangling of Quantum States in Quantum Dot Molecules.
Science, v. 291, p. 451, Jan. 2001.
[28] FRANK W. WISE, W. F. Lead Salt Quantum Dots: the Limit of Strong Quantum Confi-
nement. Acc. Chem. Res., v. 33, p. 773, Mar. 2000.
[29] BROIDO, D. A.; SHAM, L. J. Effective masses of holes at GaAs AlGaAs heterojunc-
tions. Phys. Rev. B, v. 31, p. 888, Jan. 1985.
[30] KOHN, W. Effective Mass Theory in Solids from a Many-Particle Standpoint. Phys. Rev.,
v. 105(5), p. 509, Jan. 1957.
[31] BRUNNER, K. et al. Photoluminescence from a single GaAs/AlGaAs quantum dot. Phys.
Rev. Lett., v. 69, p. 3216, Nov. 1992.
[32] WINKLER, R. Spin-Orbit Coupling Effects in Two-Dimensional Electron and Hole
Systems. Berlin: Springer Press, (2003).
54
[33] L
¨
U, C.; CHENG, J. L.; WU, M. W. Hole spin relaxation in semiconductor quantum dots.
Phys. Rev. B, v. 71, p. 075308, Feb. 2005.
[34] QUANG, N. H.; OHNUAMA, S. H.; NATORI, A. Charged Magnetoexcitons in parabolic
quantum dots. Phys. Rev. B, v. 62, p. 12955, Dec. 2000.
[35] HAWRYLAK, P. Excitonic artificial atoms: Engineering optical properties of quantum
dots. Phys. Rev. B, v. 60, p.5597, Aug. 1999-II.
[36] GOLOVACH, V. N.; KHAETSKII, A.; LOSS, D. Spin relaxation at the singlet-triplet
crossing in a quantum dot. Phys. Rev. B, v. 77, p. 045328, Jan. 2008.
[37] OLEG, O.; QUINTON, L. W.; SHAHBAZYAN, T. V. Two-dimensional magnetoexcitons
in the presence of spin-orbit coupling. Phys. Rev. B, v. 77, p. 125338, Mar. 2008.
[38] HOHENBERG, P.; KOHN, W. Inhomogeneous Electron Gas. Phys. Rev., v. 136, p. B864,
June 1964.
[39] KOHN, W.; SHAM, L. J. Self-Consistent Equations Including Exchange and Correlation
Effects. Phys. Rev., v. 140, p. A1133, June 1965.
[40] GUNNARSSON, O.; LUNDQVIST, B. I. Exchange and correlation in atoms, molecules,
and solids by the spin-density-functional formalism. Phys. Rev. B, v. 13, p. 4274, Nov.
1975.
[41] CAR, R.; PARRINELLO, M. Unified Approach for Molecular Dynamics and Density-
Functional Theory. Phys. Rev. Lett., v. 55, p. 2471, Aug. 1985.
[42] SLATER, J. C. The Theory of Complex Spectra. Phys. Rev., v. 34, p. 1293, Nov. 1929.
[43] POPLE, J. A.; NESBET, R. K. Self-Consistent Orbitals for Radicals. Journal of Chem.
Phys., v. 22, p. 571, Mar. 1954.
[44] PALDUS, J. Group theoretical approach to the configuration interaction and perturbation
theory calculations for atomic and molecular systems. J. Chem. Phys., v. 61, p. 5321,
Dec. 1974.
[45] WARBURTON, R. J. et al. Charged Excitons in Self-Assembled Semiconductor Quantum
Dots. Phys. Rev. Lett., v. 79, p. 5282, Dec. 1997.
[46] WARBURTON, R. J. et al. Coulomb interactions in small charge-tunable quantum dots:
A simple model. Phys. Rev. B, v. 58, p. 16221, Dec. 1998.
[47] WOJS, A.; HAWRYLAK, P. Negatively charged magnetoexcitons in quantum dots. Phys.
Rev. B, v. 51, p. 10880, Apr. 1995.
[48] FANG, X.W.; YU, C. C. Negatively charged exciton X
in GaAs quantum dots. Solid
State Commun., v. 107, p. 439, Dec. 1998.
[49] BARENCO, A.; DUPERTUIS, M.A. Quantum many-body states of excitons in a small
quantum dot. Phys. Rev. B, v. 52, p. 2766, July 1995.
[50] LELONG, Ph.; BASTARD, G. Binding energies of excitons and charged excitons in
GaAs/Ga(In)As quantum dots. Solid State Commun., v. 98, p. 819, Feb. 1996.
55
[51] KOUWENHOVEN, L. P.; AUSTING, D. G.; TARUCHA, S. Few-electron quantum dots.
Rep. Prog. Phys., v. 64, p. 701, Apr. 2001.
[52] ELZERMAN, J. M. et al. Single-shot read-out of an individual electron spin in a quantum
dot. Nature (London), v. 430, p. 431, July 2004.
[53] SAKURAI, J. J. Advanced Quantum Mechanics. New York: Addison-Wesley, 1967.
[54] DRESSELAUS, G. Spin-Orbit Coupling Effects in Zinc Blende Structures. Phys. Rev, v.
100, p. 580, Oct. 1955.
[55] FLORESCU, M.; HAWRYLAK, P. Spin relaxation in lateral quantum dots: Effects of
spin-orbit interaction. Phys. Rev. B, v. 73, p. 045304, Jan. 2006.
[56] VAGNER, I. D. et al. Is the Magnetic Field Necessary for the Aharonov-Bohm Effect in
Mesoscopics? Phys. Rev. Lett., v. 80, p. 2417, Mar. 1998.
[57] DE ANDRADA E SILVA, E. A.; LA ROCCA, G. C.; BASSANI, F. Spin-orbit splitting
of electronic states in semiconductor asymmetric quantum wells. Phys. Rev. B, v. 55, p.
16293, June 1997-II.
[58] DE ANDRADA E SILVA, E. A.; LA ROCCA, G. C.; BASSANI, F. Spin-split subbands
and magneto-oscillations in III-V asymmetric heterostructures. Phys. Rev. B, v. 50, p.
8523, Sept. 1994-II.
[59] DE SOUZA, R.; DAS SARMA, S. Gate control of spin dynamics in III-V semiconductor
quantum dots. Phys. Rev. B, v. 68, p. 155330, Oct. 2003.
[60] LOMMER, G.; MALCHER, F.;R
¨
OSSLER, U. Spin splitting in semiconductor hetero-
structures for B0. Phys. Rev. Lett., v. 60, p. 728, Feb. 1988.
[61] BYCHKOV, Y. A.; RASHBA, E. I. Oscillatory effects and the magnetic susceptibility of
carriers in inversion layers. J. Phys. C: Solid State Phys., v. 17, p. 6039, Nov. 1984.
[62] DAI, N. et al. Temperature dependence of exciton linewidths in InSb quantum wells. Phys.
Rev. B, v. 63, p. 115321, Mar. 2001.
[63] KHODAPARAST, G. A. et al. Spectroscopy of Rashba spin splitting in InSb quantum
wells. Phys. Rev. B, v. 70, p. 155322, Oct. 2004.
[64] CLIMENTE, J. I. et al. Effect of electron-electron interaction on the phonon-mediated
spin relaxation in quantum dots. Phys. Rev. B, v. 76, p. 085305, Aug. 2007.
[65] KNAP, W. et al. Weak antilocalization and spin precession in quantum wells. Phys. Rev.
B, v. 53, p. 3912, Mar. 1996.
[66] HAWRYLAK, P. Single-electron capacitance spectroscopy of few-electron artificial atoms
in a magnetic field: Theory and experiment. Phys. Rev. Lett., v. 71, p. 3347, Nov. 1993.
[67] BULAEV, D. V.; LOSS, D. Spin Relaxation and Decoherence of Holes in Quantum Dots.
Phys. Rev. Lett., v. 95, p. 076805, Aug. 2005.
[68] LUTTINGER, J. M. Quantum Theory of Cyclotron Resonance in Semiconductors: Gene-
ral Theory. Phys. Rev., v. 102, p. 1030, May 1956.
56
[69] BAYER, M. et al. Fine structure of neutral and charged excitons in self-assembled
In(Ga)As/(Al)GaAs quantum dots. Phys. Rev. B, v. 65, p. 195315, May 2002.
[70] KORENEV, V. L. Nuclear Spin Nanomagnet in an Optically Excited Quantum Dot. Phys.
Rev. Lett., v. 99, p. 256405, Dec. 2007.
[71] FANYAO, Q.; HAWRYLAK, P. Magnetic Exchange Interactions in Quantum Dots
Containing Electrons and Magnetic Ions. Phys. Rev. Lett., v. 95, p. 217206, Nov. 2005.
[72] SZABO, A.; OSTLUND, N. S. Modern Quantum Chemistry: Introduction to Advan-
ced Electronic Structure Theory. New York: Dover Publicatons, 1996.
[73] DATTA, S. Electronic Transport in Mesoscopic Systems. Cambridge: Cambridge Uni-
versity Press, 1995.
[74] DATTA, S. Quantum Transport: Atom to Transistor. Cambridge: Cambridge Univer-
sity Press, 2005.
[75] RICKAYZEN, G. Green’s Functions and Condensed Matter. London:Academic Press,
1980.
[76] AUERBACH, A. Interacting Electrons and Quantum Magnetism. New Yourk:
Springer-Verlag, 1994.
[77] VAN KESTEREN, H. W.; COSMAN, E. C.; VAN DER POEL, W. A. J. A. Fine structure
of excitons in type-II GaAs/AlAs quantum wells. Phys. Rev. B, v. 41, p. 5283, Mar. 1990.
[78] LUTTINGER, J. M.; KOHN, W. Motion of Electrons and Holes in Perturbed Periodic
Fields. Phys. Rev., v. 97, p. 869, Feb. 1955.
[79] WIMBAUER, Th. et al. Zeeman splitting of the excitonic recombination in
In
x
Ga
1x
As/GaAs single quantum wells. Phys. Rev. B, v. 50, p. 8889, Sept. 1994-II.
[80] RINALDI, R. et al. Zeeman Effect in Parabolic Quantum Dots. Phys. Rev. Lett., v. 77, p.
342, July 1996.
[81] SHUM, K. et al. Observation of the 1P excitonic states in Cd(S, Se)glass quantum dots.
Phys. Rev. Lett., v. 68, p. 3904, June 1992.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo