A mastite é considerada a doença de maior impacto econômico em
rebanhos leiteiros no mundo inteiro, causando sérios prejuízos econômicos tanto ao
produtor de leite quanto à indústria de laticínios, pois suas perdas são duas vezes
maiores do que as perdas relacionadas a problemas reprodutivos (LARANJA, 1994;
PHILPOT & NICHERSON, 2002). No Brasil, não existem estimativas precisas sobre
os prejuízos econômicos causados pela mastite. No entanto, a prevalência da
mastite clínica, aparentemente, é bastante variável no Brasil, dependendo de fatores
como a região, o sistema de produção e o manejo adotado para o controle da
mastite em cada propriedade. No estado do Paraná, estimativas de prevalência de
mastite clínica em vacas primíparas estariam entre 10,2% (LAFFRANCHI et al.,
2001) e 20,5% (PARGO et al., 1998). Na região de Pirassununga-SP, a freqüência
de mastite clínica foi estimada em 7,5%, em um levantamento com duração de dois
meses (BUENO et al., 2002). Na região de Pelotas-RS, a freqüência de mastite,
durante um ano, foi estimada em 57,0% (GONZALEZ et al., 2004).
A ocorrência de mastite pode ser relacionada com vários parâmetros da
eficiência reprodutiva. Vacas que apresentaram mastite subclínica, na lactação
anterior, possuem menor chance de concepção no primeiro serviço, em comparação
com vacas não acometidas pela enfermidade (COELHO et al., 2004). Estas vacas,
se acometidas no inicio da lactação, também poderão ter o intervalo parto-primeiro
serviço prolongado. As perdas reprodutivas relacionadas à mastite subclínica podem
ser atribuídas ao fato de que, nestes casos, dificilmente é realizado tratamento,
sendo tratados somente os animais acometidos por mastite clínica (HUSZENICZA et
al., 2005). Outras condições como atraso na ocorrência da primeira ovulação, menor
freqüência de expressão de estro, encurtamento da fase luteal ou prolongamento da
fase folicular do ciclo estral também podem ser atribuídas à ocorrência de mastite
por bactérias Gram-negativas (KLAASA et al, 2004; HUSZENICZA et al., 2005).
Huszenicza et al. (2004) cita que uma infecção experimental de patógenos Gram-
negativos e administração intramamária de endotoxinas, podem induzir intensa
liberação de citocinas e prostaglandina de ação luteolítica (Prostaglandina F2α). As
endotoxinas ainda possuem ação sobre a secreção de hormônios gonadotróficos e
diretamente sobre o folículo dominante, diminuindo o pico pré-ovulatório do
hormônio luteinizante e causando degeneração de folículos dominantes.
Ainda que a associação entre a ocorrência de mastite e o desempenho
reprodutivo não esteja totalmente elucidada, é conhecido o efeito desta condição
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