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PROURB/FAU/UFRJ
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM URBANISMO DA FACULDADE DE
ARQUITETURA E URBANISMO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
IDENTIFICAÇÃO E PERTENCIMENTO ESPACIAIS:
A RELAÇÃO ENTRE OS MORADORES E O ESPAÇO DA MORADIA
NA CIDADE CONTEMPORÂNEA
Fabiana Guimarães Resende Gobbo
Prof
a.
Dra. Lilian Fessler Vaz - Orientadora
Rio de Janeiro, RJ - Brasil
Setembro de 2007
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ii
IDENTIFICAÇÃO E PERTENCIMENTO ESPACIAIS:
A RELAÇÃO ENTRE OS MORADORES E O ESPAÇO DA MORADIA
NA CIDADE CONTEMPORÂNEA
Fabiana Guimarães Resende Gobbo
TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO PROURB/FAU/UFRJ – PROGRAMA DE
PÓS-GRADUAÇÃO EM URBANISMO DA FACULDADE DE ARQUITETURA E
URBANISMO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS
REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE DOUTOR EM
URBANISMO.
Aprovada por:
________________________________________
Prof
a.
Dra. Lilian Fessler Vaz - Orientadora
________________________________________
Prof
a.
Dra. Ana Clara Torres Ribeiro
________________________________________
Prof
a.
Dra. Ângela Maria Gabriela Rossi
________________________________________
Prof
a.
Dra. Luciana Andrade
________________________________________
Prof
a.
Dra. Sônia Le Cocq
Rio de Janeiro, RJ - Brasil
Setembro de 2007
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iii
G574
Gobbo, Fabiana Guimarães Resende,
Identificação e pertencimento espaciais: a relação entre
os moradores e o espaço da moradia na cidade
contemporânea/ Fabiana Guimarães Resende Gobbo – Rio
de Janeiro: UFRJ/FAU, 2007.
xix, 284f. : il., 30 cm.
Orientadora: Lilian Fessler Vaz.
Tese (Doutorado) – UFRJ/PROURB/Programa de Pós-
Graduação em Urbanismo, 2007.
Referências bibliográficas: p. 207-218.
1. Espaços urbanos. 2. Habitação multifamiliar. 3.
Identidade espacial. I. Vaz, Lilian Fessler. II. Universidade
Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo, Programa de Pós-Graduação em Urbanismo.
III. Título.
CDD 711.4
iv
DEDICATÓRIA
Ao meu Amor Biano,
Pelo amor, carinho, dedicação e incentivo
em todos os momentos.
Aos meus pais,
Evandro e Maria Helena, pelos valores
que me foram concedidos.
Aos meus irmãos
Carolina e Guilherme, pelo
grande carinho.
v
“A coragem, não é a ausência do medo,
é a capacidade de enfrentá-lo, de dominá-lo, de superá-lo ...
A coragem não é um saber, mas uma decisão e um ato.
Trata-se sempre de perseverar... um começo sempre recomeçado,
apesar do cansaço, apesar do medo, e por isso sempre necessário e
sempre difícil...
Querer ser corajoso na semana que vem ou daqui a dez anos não é
coragem. Trata-se apenas de projetos de querer, de decisões
sonhadas, de virtudes imaginárias.”
(...)
“A humildade não é a depreciação de si, ou é uma depreciação sem
falsa apreciação.
Não é ignorância do que somos, mas, ao contrário, o conhecimento,
ou reconhecimento, de tudo o que não somos.
É seu limite, pois se refere a um nada. Mas é nisso, também, que ela
é humana:
A humildade é virtude lúcida, sempre insatisfeita consigo mesma,
mas o que seria ainda mais se não o fosse.
É a virtude do homem que sabe não ser Deus.”
(Pequeno Tratado das Grandes Virtudes, André Comte-Sponville)
vi
AGRADECIMENTOS
À existência, para podermos cumprir com as nossas obrigações e trilharmos o nosso
caminho com coragem, integridade, alegria e esperança.
Em especial à Professora e Orientadora no doutorado, Lílian Fessler Vaz, pela
compreensão, sabedoria e apoio. Pelos constantes incentivos durante a longa jornada do
doutorado e a possibilidade de cursar o estágio sanduíche em Paris. Pelas preciosas trocas
e discussões, cujas contribuições ajudaram a enriquecer o trabalho com suas experiências.
À Professora Ângela Maria Gabriella Rossi pela satisfação do convívio, como orientadora no
mestrado; pela grandiosa e nobre ajuda em momentos difíceis e grande estímulo para
ingressar no doutorado do PROURB, além do carinho e simplicidade que sempre
demonstrou e que a fazem um ser humano brilhante.
À Professora Ana Clara Torres Ribeiro pela sua inteligência, sabedoria, dedicação e
excelente contribuição no exame de qualificação e que ajudaram a alcançar os objetivos
deste trabalho.
À Professora Sônia Le Cocque por suas contribuições no exame de qualificação que
ajudaram na conclusão desta tese e por ter continuado conosco, aceitando o convite de
participar da banca.
À Professora Luciana Andrade pela convivência e por ter aceitado o convite de participar da
banca.
Às Professoras e Coordenadoras do PROURB, Denise Pinheiro Machado e Lúcia Maria Sá
pela ajuda, aprendizagem e constante incentivo.
Em especial à Dona Maria Sampaio, pelo carinho, acolhimento e amizade durante a estadia
em Paris e principalmente pela dedicação e estímulo nos momentos difíceis.
Ao Professor Henry-Pierre Jeudy, pelas orientações na Universidade de Paris I Sorbonne /
LAIOS – Paris, França.
vii
À Professora Paola Berenstein Jacques, pelo enorme apoio no doutorado sanduíche e aos
estudos sobre o espaço urbano, bem como suas contribuições que colaboraram para que
este trabalho fosse realizado.
À Professora Alessia De Biase, pelo apoio e amizade em Paris e contribuições pertinentes à
tese.
À Professora Maité Clavel, pelo apoio e contribuições em Paris.
À Professora Rosangela pela participação em minha banca de qualificação.
Em especial à minha família que sempre me ensinou a trilhar um caminho de dever e
responsabilidade com os familiares, os amigos e a sociedade.
Ao meu colega de doutorado e professor Marco Romanelli, pela amizade, carinho e
discussões que proporcionaram trocas intelectuais e ensinamentos em contribuição ao
trabalho.
Ao meu colega de doutorado e professor Mauro Campello, pela amizade, carinho,
discussões e trocas de sabedorias.
Ao meu colega de doutorado e professor Homero Jorge, pela amizade e trocas de
sabedorias.
Ao Professor Rogério Haesbaert por confiar e incentivar o tema da tese, acreditando na
possibilidade deste estudo no espaço urbano e as contribuições que colaboraram para que
este trabalho fosse à frente e se realizasse.
Ao Professor Mathis Stock por incentivar o tema de tese e suas contribuições que
colaboraram para este trabalho.
Às minhas especiais amigas Érika e Luli, pela enorme amizade, trocas e incentivos.
Às minhas queridas amigas, Lívia, Morgana, Liana, Silvia, Lucielba e Juliana, pela amizade
e trocas de sabedoria durante os anos de vivência na cidade do Rio de Janeiro.
viii
À Graziela e Adriana Caula, pela amizade e convivência em Paris e atualmente.
À Mayara, pela enorme ajuda nas entrevistas para a tese.
À Alcir Alves, pela excelente ajuda nas correções do texto.
À Corbiniano Silva e Victor César, pelo auxílio e apoio incondicional na elaboração dos
mapas e correções do texto.
À Ednaldo dos Santos, pela amizade, conselhos e informações sempre disponíveis.
Ao CNPQ que, pela bolsa de doutorado no Brasil, possibilitou a concretização e finalização
do Doutorado em Urbanismo no PROURB/FAU/UFRJ.
A CAPES, que através da concessão de bolsa, possibilitou a realização do Estágio de
Doutorado Sanduíche em Paris – França.
Aos colegas do doutorado do PROURB/FAU/UFRJ.
Ao corpo docente do PROURB/FAU/UFRJ, especialmente pelos professores que tive a
honra de assistir suas aulas.
Ao corpo de funcionários do PROURB/FAU/UFRJ, especialmente D. Francisca e Keila, pela
convivência e auxílio.
A todos que contribuíram direta ou indiretamente para a realização deste trabalho.
ix
Resumo da Tese apresentada ao PROURB/ FAU/ UFRJ como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do grau de Doutor em Urbanismo.
IDENTIFICAÇÃO E PERTENCIMENTO ESPACIAIS:
A RELAÇÃO ENTRE OS MORADORES E O ESPAÇO DA MORADIA
NA CIDADE CONTEMPORÂNEA.
Fabiana Guimarães Resende Gobbo.
Orientadora: Prof
a.
Dra. Lílian Fessler Vaz
A análise do espaço urbano possui diversas interpretações, entre as quais
consideram que este não é composto somente por elementos de natureza física, mas reúne
também características imateriais e simbólicas à sua organização. Neste sentido, novos
elementos têm sido considerados na busca de compreensão da sociedade urbana
contemporânea, sendo analisados a partir de vivências formadas no espaço e que
despertam valores associados à moradia e ao conjunto de elementos situados à sua volta.
Assim, o estudo de novas dimensões que incorporam elementos subjetivos e
imateriais no sentido de complementar as esferas dos estudos urbanos e que priorizam o
espaço, sobretudo o espaço da moradia, se tornam de extrema relevância. Neste contexto,
sob o ponto de vista da análise morador e moradia, incluindo a totalidade do espaço que os
influencia, como os aspectos das paisagens das fachadas, dos lugares das ruas e dos
territórios dos bairros, são avaliados considerando os valores e sentimentos de
pertencimento e identificação nas relações identitárias de moradia e na construção dos seus
espaços de morar.
Os resultados alcançados foram obtidos a partir do estudo teórico e empírico, os
quais permitiram analisar com profundidade a questão da moradia e suas influências no
contexto das subjetividades, como os sentimentos de identificação e pertencimento,
evidenciando e comprovando as indagações e questões. Tais dados compõem um conjunto
de informações que poderá auxiliar no desdobramento de estudos acerca do tema e na
análise da dinâmica espacial urbana e suas relações morador e moradia.
x
Résume de thèse présentée au PROURB/FAU/UFRJ comme part des réquisits nécessaires
pour l´obtention du degré de docteur en urbanisme.
L´IDENTIFICATION ET L´APPARTENIR SPATIALES :
LE RAPPORT ENTRE LES RESIDENTS ET LEUR RESIDENCES
DANS LA VILLE CONTEMPORAINE
Fabiana Guimarães Resende Gobbo.
Orientactrice: Lilian Fessler Vaz DSc.
L´analyse de l´espace urbain possède plusieurs interprétations, parmi lesquelles il y a
celles qui considèrent que l´espace urbain n´est pas seulement composé par des attributs
physiques, mais aussi par des caractéristiques immatérielles et symboliques concernant son
organisation. Dans ce contexte, des nouveaux éléments ont été considérés pour comprendre
la société urbaine contemporaine. Ces éléments ont été analysés à partir des expériences
formées dans l´espace urbain et que suscitent des valeurs concernant l´habitation et touts
les éléments à elle concernés.
Ainsi, l´étude des nouvelles dimensions qui incorporent des éléments subjectifs et
immatériels dans le but de complémenter les domaines des études urbains et que favorisent
l´espace, surtout l´espace de l´habitation, devient très importante. Dans ce contexte, du point
de vue de l´analyse entre le résident et son habitation, y compris la totalité de l´espace qui
les influence, tels que le paysage urbain, les rues et les arrondissements, les études
urbaines sont évaluées dans le cadre des valeurs et des sentiments d´appartenir et
d´identification dans le rapport entre les résidents et leurs habitations et dans la construction
de leur espace de demeure.
Les résultats de ce travail ont été obtenus à partir des études théoriques et
empiriques qui ont permit d´analyser en profondeur la question de l´habitation et son
influence dans le contexte des subjectivités, comme les sentiments d´identification et
d´appartenir, et que légitiment et prouvent les interrogations et questions proposées. Telles
données représentent un groupe d´information que pourra aider le développement des
études sur le sujet de ce travail et dans l´analyse de la dynamique spatiale urbaine et le
rapport entre les résidents et leurs habitations
xi
Abstracty of thesis presented to PROURB/FAU/ UFRJ as part of the pre-requisites
necessary to obtain the degree of urban
SPACE IDENTIFICATION AND SPACE BELONGING:
THE RELATIONSHIP BETWEEN PEOPLE AND THEIR HOMES IN
THE MODERN CITY.
Fabiana Guimarães Resende Gobbo
Lilian Fessler Vaz DSc.
The analysis of the urban space has several interpretations. Some of them consider
that the urban space is not only composed of its physical attributes, but that it also
encompasses subjective and symbolic characteristics. Within this context, new elements
have been considered to understand modern urban society. These elements have been
analyzed taking into account the experiences created in the urban space that bring about the
values associated with the dwelling and all the elements related to it.
Thus, the study of new approaches that incorporate subjective elements to
complement the field of urban studies and that favor space, particularly the dwelling space,
becomes very relevant. Within this context, taking into account the analysis between people
and their dwellings, and including all the space that influences them, such as the urban
landscape, the streets, and the neighborhoods, the urban studies are evaluated taking into
account values and feelings of belonging and of identification in the relationship between
people and their dwellings and in the construction of their living space.
The results of this work were obtained from theoretical and empirical studies that
allowed a deep analysis of the dwelling issue and its influence in the context of the
subjectivities, including the feelings of identification and belonging, evidencing and proving
the proposed questions. These data represent a collection of information that may help in the
development of the studies related to the subject of this work and in the analysis of the urban
space dynamics and in the relationship between people and their homes.
xii
SUMÁRIO Página
DEDICATORIA
AGRADECIMENTOS
RESUMO
LISTA DE TABELAS
LISTA DE FIGURAS
INTRODUÇÃO
01
CAPÍTULO 1 – CAMINHOS PERCORRIDOS
06
1.1. OS CAMINHOS 07
1.2. TEMA E OBJETIVOS 11
1.3. O OBJETO 12
1.4. A RELEVÂNCIA 13
1.5. INDAGAÇÕES E SUPOSIÇÕES 15
1.6. PERCURSOS 17
CAPITULO 2 - A CIDADE CONTEMPORÂNEA: ALGUMAS DEFINIÇÕES
19
2.1. A CIDADE CONTEMPORÂNEA 20
2.1.1. O espaço no período atual 21
2.1.1.1. O espaço urbano 21
2.1.1.2. Alguns autores e suas definições 22
2.1.1.3. A moradia: algumas percepções 24
2.1.2. Categorias Urbanísticas: a rua, o bairro e a fachada das tipologias de habitação
multifamiliar
27
2.1.2.1. A rua 27
2.1.2.2. O bairro 28
2.1.2.3. As fachadas das tipologias de habitação multifamiliar 29
2.2. CONCEITOS SOBRE O ESPAÇO 30
2.2.1. O Conceito de Lugar 31
2.2.1.1. Evolução do conceito 31
2.2.1.2. Alguns autores e suas definições 33
2.2.1.3. O lugar e sua relação com a rua 37
2.2.3. O conceito de Paisagem 38
2.2.3.1. Evolução do conceito 38
2.2.3.2. Alguns autores e suas definições 40
2.2.3.3. A paisagem nas tipologias de habitação multifamiliar 45
2.2.4. O conceito Território 46
2.2.4.1. A evolução do conceito 47
2.2.4.2. Alguns autores e suas definições 48
2.2.4.3. O território dentro do bairro 51
CAPITULO 3
– OS DEBATES SOBRE IDENTIDADE E OS SENTIMENTOS DE IDENTIFICAÇÃO
PERTENCIMENTO NA CIDADE CONTEMPORÂNEA
53
3.1 OS DEBATES SOBRE IDENTIDADES NA CIDADE CONTEMPORÂNEA 54
xiii
3.1.1. A cidade no período atual 55
3.1.1.1. Algumas denominações 55
3.1.1.2. O período atual 56
3.1.2. Debates sobre identidades e as contra-argumentações 58
3.1.2.1. Existe uma crise das identidades? 58
3.1.2.2. As contra-argumentações: as identidades múltiplas 60
3.1.2.3. Identificação e Pertencimento 62
3.2. O CONCEITO DE IDENTIDADE 66
3.2.1. Algumas definições 66
3.2.2. Evolução dos estudos sobre identidade 68
3.2.3 Relações identitárias e seus elementos 69
3.2.3.1. Os elementos essenciais 69
3.2.3.2. Elementos básicos e específicos 71
3.2.3.3. Alguns tipos de relações identitárias e identidades 72
3.3. RELAÇÕES IDENTITÁRIAS ESPACIAIS 74
3.3.1. Identidades espaciais 75
3.3.1.1. Identidade de um espaço 75
3.3.1.2. Identidade de um morador com um lugar ou espaço 77
3.3.2. Os elementos da relação identitária espacial 78
3.3.2.1. O Morador (‘sujeito’) como elemento básico de uma relação identitária espacial 79
3.3.2.2. As escalas do espaço como elemento específico (‘objeto’) na relação identitária espacial 80
3.4. RELAÇÃO IDENTITÁRIA DE MORADIA 82
3.4.1. Os elementos da relação identitária de moradia 82
3.4.1.1. Os elementos essenciais e básicos da relação identitária de moradia 82
3.4.1.2. As tipologias de habitação multifamiliar como elemento especifico da relação
identitária espacial de moradia
83
3.4.1.3. As escalas das relações identitárias que envolvem o morar nas diferentes
tipologias de habitação multifamiliar, na cidade do Rio de Janeiro
83
3.4.2. Identidade de Moradia 84
3.4.2.1. Um exemplo: o caso da Aldeia da Luz 84
3.4.2.2. Um exemplo das diferentes relações identitárias no espaço da moradia 85
CAPITULO 4 – A CIDADE DO RIO DE JANEIRO: O TEMPO, O ESPAÇO E OS ESTUDOS DE CASO
87
4.1. RIO DE JANEIRO NO TEMPO E NO ESPAÇO 88
4.1.1. O recorte temporal 88
4.1.2. A evolução do espaço e das tipologias de habitação multifamiliar 89
4.2. O EMPÍRICO, AS ÁREAS E AS TIPOLOGIAS DE HABITAÇÃO MULTIFAMILIAR 96
4.2.1. O estudo empírico: a cidade do Rio de Janeiro 96
4.2.2. As áreas determinantes para os Estudos de Caso 87
4.2.2.1. Localização e características dos estudos empíricos 98
4.2.2.2. Tipos de habitação multifamiliar determinantes para os estudos de caso 99
4.2.2.2.A. Edifícios Altos e Colados 99
4.2.2.2.B. Edifícios Baixos 99
4.2.2.2.C. Edifícios Altos em condomínios fechados 99
4.2.2.2.D. Vilas 99
4.3. OS ESTUDOS DE CASO 100
xiv
4.3.1. Estudo de Caso 1 - Copacabana e Bairro Peixoto 101
4.3.1.A. Copacabana: Tipologia de Edifícios Altos e Colados 103
3.3.1.B. Bairro Peixoto: Tipologia de Edifícios Baixos 105
4.3.2. Estudo de Caso 2 - Tijuca 107
4.3.2.C. Tijuca: Tipologia Edifícios Altos e Colados 109
4.3.2.D. Tijuca: Tipologia de Vilas 111
4.3.3. Estudo de Caso 3 - Barra da Tijuca 113
4.3.3.E. Barra da Tijuca: Tipologia Edifícios Baixos 115
4.3.3.F. Barra da Tijuca: Tipologia Edifícios altos em Condomínios 117
CAPITULO 5 – OS PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS
119
5.1. O MÉTODO DA PESQUISA 120
5.1.1. A PESQUISA 120
5.1.1.1. A coleta dos dados e as escalas do espaço urbano 121
5.1.1.2. Elaboração das perguntas 122
5.1.1.3. A localização geográfica das entrevistas 122
5.1.1.4. Caracterização das Entrevistas por Tipologias e por Bairros 122
5.2. PARÂMETROS E MÉTODO DE ANÁLISE DAS ENTREVISTAS 123
5.2.1. OS PARÄMETROS 123
5.2.1.1. 1° Parâmetro: nas diferentes escalas do espaço urbano 123
5.2.1.1.A. Nas 3 escalas - paisagem, rua e bairro 124
5.4.1.1.B. Nas duas escalas - rua e bairro 124
5.4.1.1.C. Na escala da paisagem 124
5.2.1.2. 2° Parâmetro: Paisagens das diferentes tipologias 124
5.2.1.2.A. Copacabana: Tipologia de Edifícios Altos e Colados 124
5.2.1.2.B. Bairro Peixoto: Tipologia de Edifícios Baixos 124
5.2.1.2.C. Tijuca: Tipologia Edifícios Altos e Colados 124
5.2.1.2.D. Tijuca: Tipologia de Vilas 124
5.2.1.2.E. Barra da Tijuca: Tipologia Edifícios Baixos 124
5.2.1.2.F. Barra da Tijuca: Tipologia Edifícios altos em Condomínios 124
5.2.1.3. 3° Parâmetro: urbanístico 125
5.2.1.3.1. 3° Parâmetro: urbanístico - aspectos subjetivos e imateriais 125
5.2.1.4.A Conforto e Equilíbrio: 125
5.2.1.4.B. Estético: 125
5.2.1.4.C.Familiaridade: 125
5.2.1.4.D. Sentimentos : 125
5.2.1.3.2. 3° Parâmetro: urbanístico - aspectos materiais e funcionais 125
5.2.1.3. A. Transporte: 125
5.2.1.3. B. Estética: 125
5.2.1.3. C. Serviços: 125
5.2.1.3. D. Ordem: 125
5.2.1.4. 4° Parâmetro: Global e Local 126
5.2.1.4.A. Aspecto de vinculo ao global 126
5.1.2.4. B. Aspecto de vinculo ao Local 126
5.2.2. A amostragem e entrevistas 127
5.2.2.1. A amostragem 127
5.2.2.2 O modelo das entrevistas 128
xv
5.2.3. As respostas 129
5.2.3.1. O n° de Entrevistas e respostas 129
5.2.3.2 As respostas Validas 129
5.2.3.3. Um exemplo de entrevista 130
5.2.3. As respostas selecionadas para as analises 132
5.2.3.1. Zona Sul: Copacabana e Bairro Peixoto – Tipologias: Altos Edifícios Colados e
Edifícios baixos
132
5.2.3.2. Zona Norte: Tijuca - Tipologias: Edifícios Baixos e Vilas 138
5.2.3.3. Zona Oeste: Barra da Tijuca – Tipologias: Altos Edifícios em Condomínios
e Edifícios baixos
144
CAPÍTULO 6 – AS ANÁLISES ENTRE MORADOR E MORADIA
152
6.1.ANÁLISE DO 1° PARÂMETRO: NAS ESCALAS DO ESPAÇO URBANO 154
6.1.1. Copacabana e Bairro Peixoto 155
6.1.1.1. Copacabana e Bairro Peixoto – análise do 1
o
parâmetro nas escalas da paisagem, da rua e
do bairro
156
6.1.1.2. Copacabana e Bairro Peixoto – análise do 1
o
parâmetro: escalas da rua e do bairro 159
6.1.1.3. Copacabana e Bairro Peixoto – análise do 1
o
parâmetro: escala da paisagem 160
6.1.1.4. Copacabana e Bairro Peixoto – Síntese das análises nas escalas do espaço urbano
6.1.2. Tijuca 160
6.1.2.1. Tijuca: Análise do 1
o
parâmetro – nas escalas da paisagem, da rua e do bairro 160
6.1.2.2. Tijuca: Análise do 1
o
parâmetro – nas escalas da rua e do bairro 163
6.1.2.3. Tijuca: Análise do 1
o
parâmetro – na escala da paisagem 164
6.1.2.4. Tijuca: Síntese das análises nas escalas do espaço urbano 165
6.1.3. Barra da Tijuca 165
6.1.3.1. Barra da Tijuca – Análise do 1
o
parâmetro: escalas da paisagem, rua e bairro 166
6.1.3.2. Barra da Tijuca – Análise do 1
o
parâmetro: escalas da rua e bairro 170
6.1.3.3. Barra da Tijuca – Análise do 1
o
parâmetro: escalas da paisagem 170
6.1.3.4. Barra da Tijuca - Síntese das análises nas escalas do espaço urbano 171
6.2. ANÁLISE DO 2° PARÂMETRO: NAS DIFERENTES PAISAGENS DE TIPOLOGIAS 171
6.2.1. Copacabana e Bairro Peixoto – síntese das análises por tipologias 171
6.2.3. Tijuca – síntese das análises por tipologias 172
6.2.4. Barra da tijuca – síntese das análises por tipologias 173
6.3. ANÁLISE DO 3
O
PARÂMETRO 174
6.3.1. Análise do 3
o
parâmetro: aspectos subjetivos ou imateriais 174
6.3.1.1. Copacabana e Bairro Peixoto – Análise do 3
o
parâmetro: aspectos subjetivos 175
6.3.1.2. Tijuca – Análise do 3
o
parâmetro: aspectos subjetivos 176
6.3.1.3. Barra da Tijuca – Análise do 3
o
parâmetro: aspectos subjetivos 176
6.3.1.4 Síntese das análises do 3
o
parâmetro: subjetivos 177
6.3.2. Análise do 3
o
parâmetro: aspectos subjetivos ou imateriais Físicos ou funcionais 177
6.3.2.1. Copacabana e Bairro Peixoto – Análise do 3° parâmetro: aspectos materiais ou funcionais 178
6.3.2.2. Tijuca – Análise do 3
o
parâmetro: aspectos materiais ou funcionais 179
6.3.2.3. Barra da Tijuca – Análise do 3
o
parâmetro: aspectos materiais ou funcionais 180
6.3.2.4. Síntese das análises do 3
o
parâmetro – aspectos materiais ou funcionais 180
6.4. ANÁLISE DO 4° PARÄMETRO - GLOBAL E DO LOCAL 181
6.4.1. Análise global 181
6.4.2. Análise de vinculo ao local 181
xvi
CAPÍTULO 7 – RESULTADOS, DISCUSSÕES E CONCLUSÕES 182
7.1. RESULTADOS 182
7.1.1. RESULTADOS DO 1
o
PARÂMETRO NAS ESCALAS DO ESPAÇO 183
7.1.2. Resultados do 2
o
parâmetro nas diferentes paisagens de tipologias 185
7.1.2.1. Copacabana e Bairro Peixoto: Percentual por Tipologias 186
7.1.2.2. Tijuca: Percentual por Tipologias 186
7.1.2.3. Barra da Tijuca: Percentual por Tipologias 187
7.1.3. Resultados do 2
o
parâmetro urbanístico 187
7.1.3.1. Resultados do 3°Parâmetro Urbanístico - Aspectos Imateriais ou Subjetivos 187
7.1.3.2. Resultados do 3°Parâmetro Urbanístico - Aspectos Materiais ou Funcionais 189
7.1.4. Resultados do 4° parâmetro urbanístico: nos aspectos de vínculo ao global x local 190
7.1.4.1. Análise do Global 190
7.1.4.2. Análise do Local 190
7.2. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS COM O EMBASAMENTO TEÓRICO 191
7.2.1. Discussão dos resultados do 1
o
parâmetro com a primeira indagação 191
7.2.2. Discussão dos resultados do 2
o
parâmetro com a segunda indagação 192
7.2.3. Discussão dos resultados do 3
o
parâmetro com a terceira indagação 193
7.2.4. Discussão dos resultados do 4
o
parâmetro com 4° indagação – vínculos ao global x local 196
7.3. CONSIDERAÇÕES DA PESQUISA 198
7.4. A CONTRIBUIÇÃO DO TRABALHO 201
7.5. DESDOBRAMENTOS FUTUROS 204
BIBLIOGRAFIA
206
ANEXOS – ENTREVISTAS NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO
219
ANEXO 1 – ENTREVISTAS EM COPACABANA E BAIRRO PEIXOTO
220
ANEXO 2 – ENTREVISTAS NA TIJUCA
239
ANEXO 3 – ENTREVISTAS NA BARRA DA TIJUCA
261
xvii
LISTA DE FIGURAS
Figuras Página
1. Esquema demonstrando como ocorre o processo de relações identitárias.
70
2. Esquema demonstrando como ocorre o processo de formação de identidades.
72
3. A Cidade do Rio de Janeiro no início do século XIX.
89
4. A cidade do Rio de Janeiro no período atual.
89
5. A Praia de Copacabana em 1900
90
6. Copacabana na década de 30, a “Babilônia dos arranha–céus”.
91
7. Copacabana na década de 30.
91
8. Foto de Jornal na década de 40.
92
9. Edifício Quintanilha e Araguaia nos anos 30.
92
10. Edifício Quintanilha e Araguaia nos anos 30.
92
11. Copacabana na Década de 50.
93
12. Copacabana década de 60.
94
13. Vista dos Condomínios da Barra da Tijuca
95
14. Foto da Rua Barata Ribeiro. Fonte: Anônima
96
15. Mapa do enquadramento geográfico de abrangência da tese.
97
16. Mapa de localização das áreas selecionadas para os Estudos de Caso.
98
17. Zona Sul: Copacabana e Bairro Peixoto.
98
18. Zona Oeste. Barra da Tijuca
98
19. Zona Norte: Tijuca.
98
20. Mapa de localização das áreas para os estudos de caso em Copacabana.
101
21. Vista geral de Copacabana
102
22. Aspecto dos edifícios de Copacabana.
102
23. Mapa de localização da área de estudo em Copacabana.
103
24. Foto dos Edifícios Altos e Colados em Copacabana.
104
25. Foto dos Edifícios Altos e Colados em Copacabana.
104
26. Fotografia dos Edifícios Altos e Colados em Copacabana.
104
27. Mapa de localização da região do Bairro Peixoto, em Copacabana.
105
28. Aspectos do Bairro Peixoto.
105
29. Área de lazer no Bairro Peixoto.
106
30. Aspecto de Edifícios no Bairro Peixoto.
106
31. Aspecto de Edifícios no Bairro Peixoto.
106
32. Mapa de localização das áreas selecionadas para os estudos de caso na Tijuca.
107
33. Aspectos do bairro da Tijuca
107
34. Aspectos do bairro da Tijuca.
107
35. Mapa de localização da área de estudo na Tijuca.
109
36. Mapa da área de abrangência dos estudos de caso na Tijuca.
109
xviii
Figuras Página
37. Fotografia da região de edifícios baixos na Tijuca.
110
38. Aspectos do Bairro Tijuca, na área de tipologia de edifícios baixos.
110
39. Aspectos do Bairro Tijuca, na área de tipologia de edifícios baixos.
110
40. Aspectos dos edifícios baixos na Tijuca.
110
41. Aspectos dos edifícios baixos na Tijuca.
110
42. Mapa de localização da área de estudo na Tijuca.
111
43. Mapa da área de abrangência dos estudos de caso na Tijuca
111
44. Vista das áreas de vilas localizadas na Tijuca.
112
45. Visão geral das vilas estudadas na Tijuca.
112
46. Mapa de localização das áreas para os estudos de caso na Barra da Tijuca.
113
47. Visão panorâmica da Barra da Tijuca.
114
48. Mapa de localização das áreas de estudo na Barra da Tijuca.
115
49. Vista geral do Jardim Oceânico.
116
50. Aspectos do bairro Jardim Oceânico
116
51. Aspectos do bairro Jardim Oceânico
116
52. Tipologia de edifícios baixos no Jardim Oceânico, Barra da Tijuca.
116
53. Mapa de localização dos estudos de caso na Barra da Tijuca.
117
54. Mapa de localização dos estudos de caso na Barra da Tijuca.
117
55. Visão geral do condomínio Novo Leblon
118
56. Aspecto do Novo Leblon.
118
57. Vista geral do condomínio Alfabarra
118
58. Aspectos do condomínio Alfabarra.
118
59. Imagens do condomínio Mandala.
118
60. Imagens do condomínio Mandala.
118
61. Mapa de localização das áreas selecionadas para os Estudos de Caso.
122
62. Imagem da área de estudo em Copacabana.
155
63. Vista panorâmica de Copacabana.
155
64. Edifícios Altos em Copacabana.
155
65. Edifícios baixos no Bairro Peixoto
155
66. Mapa de localização da área de estudo na Tijuca.
160
67. Fotografias das áreas de edifícios baixos na Tijuca.
160
68. Fotografias das áreas de edifícios baixos na Tijuca.
160
69. Mapa de localização das áreas de estudo na Barra da Tijuca.
165
70. Fotografias das áreas de estudo na Barra da Tijuca.
166
71. Fotografias das áreas de estudo na Barra da Tijuca.
166
xix
LISTA DE TABELAS
Tabelas Página
1. Dados das zonas e bairros selecionados para o estudo empírico
1
.
100
2. Amostragem das respostas adquiridas a partir da coleta de dados.
127
3. Amostragem das respostas adquiridas a partir da coleta de dados.
129
4. Amostragem das respostas adquiridas a partir da coleta dos dados
153
5. Síntese das análises do 1
o
parâmetro para o bairro da Tijuca.
165
6. Análise do 1
o
parâmetro para o bairro da Barra da Tijuca.
171
7. Síntese das análises dos dados para os bairros de Copacabana e Peixoto.
172
8. Síntese das análises dos dados para os bairros de Copacabana e Peixoto.
173
9. Análise por tipologia para o bairro da Barra da Tijuca.
174
10. Análise dos aspectos subjetivos, bairro de Copacabana.
175
11. Análise dos aspectos subjetivos, bairro da Tijuca.
176
12. Análise dos aspectos subjetivos, bairro Barra da Tijuca.
176
13. Análise dos aspectos materiais e urbanísticos, bairro de Copacabana.
178
14. Análise dos aspectos materiais e urbanísticos, bairro da Tijuca.
179
15. Análise dos aspectos materiais e urbanísticos, Barra da Tijuca.
180
16. Percentual dos totais para o 1
o
parâmetro nas escalas do espaço.
183
17. Percentual dos totais para o 2
o
parâmetro por tipologias, em Copacabana.
186
18. Percentual dos totais para o 2
o
parâmetro por tipologias, na Tijuca.
186
19. Percentual dos totais para o 2
o
parâmetro por tipologias, na Barra da Tijuca.
187
1
Dados coletados a partir do site: http//:portalgeo.rio.rj.gov.br, em (29/08/2007).
1
__________________________________________________________________________
INTRODUÇÃO
__________________________________________________________________________
2
INTRODUÇÃO
As cidades, historicamente formadas a partir de processos e acontecimentos que
abrangem naturezas diversas, constituem uma construção em grande escala no espaço,
percebida somente no decorrer de longos períodos de tempo. Formada por diversos
elementos móveis – as pessoas e suas atividades, bem como suas partes físicas
estacionárias, ela não constitui apenas um objeto percebido, mas também vivido, uma vez
que os seus espaços podem significar para as pessoas, em termos de prazer cotidiano, um
refúgio permanente para suas vidas ou uma extensão do significado e da riqueza do mundo.
Neste espaço da cidade, com suas diferentes realidades, condições e práticas, além
de outros elementos, é onde se situa a moradia.
A moradia, lócus que possibilita aos seus habitantes a condição de se constituírem
enquanto seres humanos, integra o local de convivência onde estão depositados os anseios
e objetivos que abrange os interesses pessoais e coletivos das pessoas. Neste sentido,
Bachelar (1998) considera que todo o espaço realmente habitado traz uma essência da
noção de casa, pois ela é o nosso canto no mundo. Na vida do homem, a moradia afasta
contingências, multiplica seus conselhos de continuidade. Sem ela o homem seria um ser
disperso. Ela o mantém através das tempestades do céu e da vida.
O espaço que constitui a moradia é aquele que está à sua volta, o qual é composto
por elementos de natureza física, mas que também incorpora elementos de outras
naturezas, especialmente subjetivas que, para muitos, é considerado como novo.
Ao longo da história, muitos tem sido os fatores responsáveis pela introdução de
novos elementos que têm se tornado partes inerentes da cidade. Em essência, elas são
historicamente formadas pela sobreposição de várias camadas diferentes, representativas
de diversas épocas.
Novos conceitos e novas teorias tentam com sucesso, já há algum tempo, atribuir
características sociais e culturais à organização do espaço urbano, rejeitando as teses que
tratam o espaço apenas como uma entidade física. Há, porém, novos elementos que devem
ser considerados na busca da compreensão da sociedade urbana contemporânea, que
dizem respeito às vivências formadas no ambiente urbano e que despertam valores
associados à moradia e ao conjunto de elementos situados à sua volta.
Por outro lado, embora a transformação do espaço tenha sido parte inerente da
história urbana. Agora, entretanto, transformação parece não ser o único fator relevante já
que existe a possibilidade para um outro espaço que não está limitado apenas às
dimensões físicas e materiais.
3
Importante ressaltar que estas novas características não vêm substituir os elementos
tradicionais do espaço, mas adicionar novas dimensões de interações que incorporam
fatores e elementos subjetivos imateriais, no sentido de complementar as esferas de
relações sociais, culturais, políticas, econômicas e territoriais na sociedade contemporânea.
Assim, a moradia se insere neste contexto, sob o ponto de vista da análise de suas
relações no espaço urbano, com um enfoque que abrange a totalidade do espaço que a
influencia, considerando os valores e sentimentos que este conjunto de elementos
associados representa, o que contribui para a formação de relações identitárias entre
morador e moradia.
Neste trabalho será tratada a questão sobre a identificação e pertencimento
espaciais, e especificamente a relação entre os moradores e o espaço da moradia nas
cidades contemporâneas no período atual. Este tipo de abordagem vem a algum tempo
sendo investigada para fins de análises espaciais no âmbito do assunto e tem sido
largamente estudada por inúmeras ciências, o que dá uma interdisplinaridade ao tema.
Nesta perspectiva, a pesquisa tem como finalidade o estudo da identificação e
pertencimento construídos nas relações identitárias dos moradores com o espaço urbano,
através da identificação com as paisagens dos edifícios de apartamentos, incluindo, também
os aspectos do pertencimento com o local da rua e com o território do bairro.
O desenvolvimento da tese foi feito a partir de estudos desenvolvidos pela autora em
sua dissertação de mestrado, cujo enfoque se preocupava com o interior da moradia. Tais
abordagens, no entanto, apontaram importantes indicadores para se estudar com maior
profundidade o problema, onde estudos característicos despertaram um grande interesse
pelas questões subjetivas e imateriais na relação dos moradores com o espaço de moradia,
questionando-se os elementos dentro do espaço urbano e como eles interferem nos
sentimentos de pertencimento e identificação no contexto da moradia. Percebeu-se, assim,
a necessidade de relacionar os moradores às fachadas, à rua e ao bairro, onde estão
localizadas as tipologias de habitação multifamiliar compostas pelos edifícios de
apartamentos.
O trabalho encontra-se dividido em 7 partes:
O capítulo I expõe uma contextualização do tema e os caminhos percorridos,
apontando o tema, seus objetivos, o objeto da pesquisa, a relevância, as indagações e
suposições e seus percursos, a fim de dar ao leitor um panorama acerca do assunto,
facilitando o seu entendimento. Este capítulo foi elaborado com a intenção de esclarecer
pontos importantes a respeito das cidades, principalmente por três motivos básicos: por ser
uma tese interdisciplinar, muitos elementos do urbanismo e do espaço poderiam não ser
compreendidos; do mesmo modo, o conteúdo de outras disciplinas, fundamental para a
pesquisa, a fim de esclarecer de que maneira cada conceito ou tema poderia ser abordado
4
numa tese de urbanismo; e principalmente, por acreditarmos que os temas
interdisciplinares, mesmo sendo independentes, podem ser trabalhados em conjunto, com
um cuidado especial.
Os capítulos II e III compõem a fundamentação teórica que deu suporte ao
desenvolvimento dos estudos sobre o tema, embasando os estudos de caso e a
comprovação das hipóteses propostas. No caso destes capítulos, eles estão apresentados
de forma a configurar como dois temas totalmente distintos estão interligados, na vida real e
nas cidades contemporâneas, em que cada um deles representa elementos diversos, não
tendo pesos e valores diferentes, simplesmente todos constituem um complexo sistema que
envolve o homem, a moradia e a cidade contemporânea.
Assim, no capítulo II aborda-se a cidade contemporânea enfocando as categorias
existentes dentro do urbanismo, entre elas a rua, o bairro e a fachada da habitação
multifamiliar no espaço urbano, exibindo por outro lado, conceitos que trabalham o espaço
de diferentes maneiras. São apresentados alguns pontos importantes a respeito das
cidades, focalizando dois aspectos principais: a cidade contemporânea e os conceitos que
envolvem o espaço. Abrange ainda um estudo das cidades contemporâneas no período
atual, integrando o significado da coexistência de pessoas, objetos, territórios, instituições e
fluxos de épocas distintas que conformam as cidades atualmente, associadas aos aspectos
físicos e subjetivos, verificando a existência de sentimentos, pertencimentos e identificações
que são desenvolvidos entre morador e moradia.
O capítulo III apresenta um breve estudo dos conceitos utilizados - lugar, território, e
paisagem – a fim de compreendê-los, mas, fundamentalmente para aplicá-los em conjunto
com as categorias do espaço estudadas - a rua e o lugar; o bairro e o território; e a tipologia
de habitação, com sua fachada. De tal modo, aborda as questões principais do tema da
tese, configurando-se como uma base teórica bastante importante para o seu
desenvolvimento.
Um estudo empírico é mostrado no capítulo IV, apresentando o método de
levantamento dos dados e de análise para os estudos de caso, necessários para a
construção das questões levantadas. Ressaltamos ainda que o objeto empírico foi a cidade
do Rio de Janeiro, com o objeto de estudo baseado em quatro tipologias multifamiliares: as
vilas, os edifícios baixos, os edifícios altos e colados e os edifícios em condomínios
fechados; e situados em áreas regionais distintas: Zona Sul (Copacabana e Bairro Peixoto),
Zona Norte (Tijuca) e Zona Oeste (Barra da Tijuca). Seu conteúdo inclui ainda um breve
histórico da cidade do Rio de Janeiro e a caracterização das áreas de estudo.
Os capítulos V e VI apresentam o método de coleta de dados e o método de análise
das entrevistas. Para o método de coleta dos dados, foram feitas entrevistas que
procuraram observar o fenômeno e a relação entre os moradores e as moradias. Optou-se
5
por se trabalhar com um tipo de entrevista por pautas, apresentando certa estruturação e
guiadas por quatro itens básicos: a moradia, o prédio, a rua e o bairro, com 26 perguntas
que se alternavam em sua forma, dependendo de cada caso, mas não em seu conteúdo.
Assim, considerou-se uma amostragem de vinte entrevistas para cada bairro, sendo
utilizadas apenas dezesseis, em função de sua melhor qualidade, subdivididas em oito para
cada tipologia.
O capítulo VII apresenta as conclusões e considerações finais.
6
CAPÍTULO 1
__________________________________________________________________________
CAMINHOS PERCORRIDOS
__________________________________________________________________________
7
__________________________________________________________________________
CAPÍTULO 1 – CAMINHOS PERCORRIDOS
Neste capítulo será apresentado o histórico pelo qual se desenvolveu a tese, desde
os seus primeiros passos, abrangendo os caminhos percorridos até chegarmos aos
principais questionamentos que nortearam a produção e estruturação da pesquisa.
1.1. OS CAMINHOS
A moradia. Este é um termo muito utilizado pelos arquitetos e urbanistas, juntamente
com estudiosos que trabalham direta ou indiretamente o tema, tendo-se como meta a
melhoria das condições de vida das sociedades. Entretanto, o grande valor e sua variedade
de significados não são considerados no contexto e profundidade dos estudos que
investigam o assunto.
Nas cidades brasileiras ou em qualquer país do mundo, a moradia é fundamental
para as condições de vida dos seus indivíduos. Um de seus objetivos é proteger, dar abrigo,
estabelecer um espaço para a convivência familiar, e talvez a mais importante de todas as
suas funções é criar um ambiente de paz, harmonia, segurança e de acalento que auxiliem
o desenvolvimento das pessoas enquanto seres humanos. A presença e o carinho dos pais
e o significado da família também integram esse contexto, em que a educação, a moral e os
valores ajudam a propiciar que crianças e jovens adquiram bom caráter.
Através da preocupação com a moradia, esta pesquisa foi iniciada no mestrado em
arquitetura, em 1999. O interesse naquela época era trabalhar com a parte interior da
habitação e, assim, a dissertação intitulada ‘Tipologia Arquitetônica do Edifício de
Apartamentos na Cidade do Rio de Janeiro no Período atual (1990-2001), foi produzida. No
trabalho finalizado em 2001, verificou-se a questão da compactação dos cômodos e a
redução das unidades habitacionais em edifícios de apartamentos ao longo da sua história,
bem como os fatores atuantes que agem como definidores dos espaços internos nestas
tipologias: os agentes sociais, o Estado e a Legislação.
A partir desta época, tais abordagens foram apontando importantes indicadores para
se estudar com maior profundidade o problema, despertando uma série de questionamentos
que proporcionaram o início de uma longa jornada. Neste sentido, estudos característicos
despertaram um grande interesse pelas questões simbólicas e imateriais na relação dos
moradores com o espaço de moradia, que na atual fase, começava a questionar elementos
dentro do espaço urbano e como eles interferiam nos sentimentos de pertencimento e
8
identificação no contexto da moradia. Entendeu-se, então, a necessidade de relacionar os
moradores aos espaços das fachadas, da rua e do bairro, onde estão localizadas as
tipologias de habitação multifamiliar compostas pelo edifício de apartamentos.
Motivados por tal abordagem, em 2003 foi elaborado o artigo, ‘Imaginário e
Identidade Vertical: O edifício de Apartamentos como afirmação de auto-estima espacial’.
Neste trabalho, começou-se a discutir se haveria uma relação direta de identificação entre
os moradores e as paisagens verticais formadas pelo edifício de apartamentos no Rio de
Janeiro. Foi um trabalho no qual os estudos das questões sobre o imaginário e a identidade
incentivaram a elaboração de um anteprojeto de tese de doutorado.
Com o anteprojeto apresentado ao PROURB, sob o título ‘Imaginário e a Identidade
Vertical’, iniciavam-se os questionamentos sobre a existência, na cidade do Rio de Janeiro,
de uma identidade e um imaginário criado pelos moradores em relação à paisagem do
edifício de apartamentos. Em um processo de tentar compreender os elementos que
interferem na relação morador e moradia, iniciou-se com doutorado o desafio de constituir
uma tese sobre estudos de identidade e relações identitárias.
Inicialmente a questão da identidade do edifício de apartamentos chamou atenção,
considerando que, em muitas cidades, constituem uma tipologia padrão de moradia. Com o
desenvolvimento dos estudos, percebeu-se que o interesse e curiosidade eram como se
dava o processo de formação das identidades entre os moradores e suas moradias. A partir
disso, várias buscas foram traçadas a fim de tentar entender e identificar os elementos
envolvidos nesta relação morador e moradia. Assim, aprofundou-se a busca para conhecer
como se constrói a identidade do ser humano e os vários tipos de identidades existentes,
entre as quais se destacam as de natureza ética, cultural, nacional, global, territorial e local.
Posteriormente, identificou-se que, à identidade territorial, trabalhada principalmente
pelos geógrafos, é dada uma importância muito grande aos conceitos de espaço e território
– físicos e simbólicos - que contribuem para formar identidades territoriais. Contudo, a
questão do espaço dentro das cidades que poderia constituir identidades espaciais é por
eles denominada territorial. De tal modo, começou-se a pensar em que medida o espaço
urbano pode ser trabalhado em conjunto com as identidades espaciais que neles se formam
e como podem ser considerados como subespaços ou divisões do espaço urbano,
representando as partes internas dentro das cidades e formando subidentidades espaciais.
Foi neste momento que a profissão de arquiteta e urbanista da autora revelou que
esta lacuna – a identidade espacial - poderia ser superada por estudos sobre processos
identitários dentro dos diversos tipos de espaço urbano: espaço de parques, espaço de
praças, espaço comercial, espaço do bairro, espaço da rua e, por fim - o espaço da moradia.
9
Um importante ponto a ser pesquisado era que a questão da moradia não poderia
ser estudada apenas a partir de uma construção, como uma casa ou um edifício. Percebeu-
se que as escalas do bairro e da rua envolviam o espaço da moradia, tornando-o como um
todo para o morador quando se constitui num ambiente agradável e acalentador,
evidenciando que estes elementos fazem parte da moradia.
Outra questão que intrigava era a de entender como os moradores podem se
relacionar com estes espaços e como podem ser construídas relações identitárias com eles.
Conseqüentemente, entendeu-se que na relação do morador com a paisagem, a rua e o
bairro, faltavam ainda a participação de um elemento muito importante: a questão da
identificação e do pertencimento, que serviriam de referência para os questionamentos das
escalas do espaço e dos conceitos estudados.
Para isso, era preciso avaliar que a paisagem, a rua e o bairro poderiam ter
significados diferentes. Para a rua, o estudo do conceito de lugar, de Heidegger (1996) e
Norberg-Shuz (1981), contribuiria definitivamente para entendermos a importância que era
dada aos sentimentos destes lugares, percebendo que eram espaços vividos e habitados.
Para o estudo do bairro, composto por tantos tipos de utilização, a análise empírica
auxiliou a compreensão de que o conceito de território poderia definir a determinação do tipo
de uso e a apropriação dele pelos seus usuários e moradores. Um artigo de Haesbaert
(2001) foi um re-despertar para a investigação do tema. Neste sentido, o conceito de
território, especificamente de territorialização e de multiterritorialização, ajudou a entender
que as pessoas possuíam vínculos com a rua e, sobretudo com o bairro.
A fachada, outro elemento que abrange a moradia, foi mais um ponto a ser
considerado, pois se perguntava como elas poderiam consolidar-se em paisagem e serem
percebidas pelos moradores. A esse respeito Meining, com as diversas classificações de
paisagem – dentre elas a de lugar, estética e ideologia - poderia justificar, respectivamente,
o sentimento àquela paisagem de moradia, o sentimento de vivência daquela moradia, e
como as ideologias de uma época transportada para as fachadas poderiam influenciar os
seus moradores.
Os estudos revelaram, a partir das considerações dos diversos autores estudados,
uma série de abordagens sobre identidades, conceitos de espaço específicos e as
diferentes escalas do espaço urbano. Faltava, ainda, interligá-los com os sentimentos de
identificação e pertencimento para avaliar como se formam as relações identitárias no
espaço urbano, sobretudo a formação das identidades espaciais nas cidades
contemporâneas.
Após a qualificação, entretanto, alguns pontos importantes foram colocados. Ao
invés de embasar-se primeiramente nos conceitos de identidade, colocando-os como
10
conceitos principais, e os sentimentos de identificação e pertencimentos como secundários,
outra diretriz foi estabelecida, na qual se definiu que estes últimos seriam os conceitos
fundamentais a serem indagados na relação morador e moradia. Deste modo, o conceito de
identidade foi mantido como embasamento teórico secundário, sob a justificativa que este
conceito é fundamental para as questões de identificação e pertencimento espaciais, para,
assim, questionar-se uma possível identidade de moradia, objetivo de nosso trabalho.
Iniciou-se, desta maneira a pesquisa empírica, sabendo que haveriam dificuldades
para conciliar diversos conceitos da teoria com os dados dos trabalhos de campo. No
entanto, sabia-se que estas dificuldades poderiam ser superadas e resolvidas através dos
dados obtidos a partir das entrevistas, interligando-as de maneira adequada com a teoria
escolhida para o estudo.
Com a coleta de dados no campo foi possível comprovar as escalas do espaço
urbano: o lugar da rua, o território do bairro e as paisagens das diferentes tipologias. Sob
esta última, foi possível também investigar a relação morador e moradia em relação às
diferentes tipologias que estudamos: os edifícios altos e colados, edifícios baixos, vilas e
edifícios altos em condomínios fechados; o que contribuiu para o entendimento dos
processos de relações identitárias a partir delas. Além disso, verificou-se que aspectos
urbanísticos presentes na cidade – imateriais ou subjetivos e materiais ou funcionais – de
alguma maneira interferem ou atuam como definidores dos sentimentos que envolvem o
morar, como os de identificação e pertencimento. E, não menos importante, a relação da
identidade local com a identidade global ajudou-nos a entender mais ainda as relações
identitárias.
Sob o título Identificação e Pertencimentos Espaciais: A Relação entre Morador e o
Espaço de Moradia na Cidade Contemporânea, a pesquisa apresentou, apesar da
complexidade do tema, as questões discutidas e as diversas contribuições durante o
caminho rumo à tese.
Durante toda a trajetória, com um aprofundamento teórico exaustivo que pudesse
relacionar o tema ao objeto de estudo, a análise dos dados coletados permitiram comprovar
que tais questões eram pertinentes, e que elas se revelavam nos espaços definidos para o
estudo. De tal modo, os resultados apresentados mostraram que as questões e as
indagações se comprovaram, algumas em sua totalidade, outras parcialmente.
Por fim, considerou-se que muitos dos questionamentos e inquietações que
incorporam o tema comprovam que esta pesquisa não se esgota aqui e, por isso, não se
encontra acabada, uma vez que, por ser tão abrangente e complexo, este tema possui uma
interdisciplinaridade que ultrapassa as fronteiras do urbanismo. Nesta perspectiva,
11
esperamos que este trabalho seja um começo para novos desafios e aprofundamentos que
caminhem nessa direção.
1.2. TEMA E OBJETIVOS
Identificação e pertencimento são termos poucos utilizados por algumas ciências e
aqui serão abordados sob um enfoque urbanístico, a fim de auxiliar na compreensão dos
processos de relações identitárias construídas no espaço urbano como as identidades
locais, territoriais e espaciais, integrando-os a outras disciplinas que buscam interpretar o
processo de formação das identidades étnicas, sociais, nacionais, culturais e globais.
Desta forma, o tema específico para a pesquisa são o estudo e a interpretação das
relações identitárias, especialmente no espaço urbano, elemento básico para a formação
das identidades territoriais e espaciais. Para ajudar a entendê-lo, o conceito de identidade
do morador com o espaço caracteriza-se como fundamental para interpretarmos as relações
identitárias e perceber os processos de identificação e pertencimento espaciais que ocorrem
no contexto do espaço da moradia.
Assim o objetivo geral é entender a relação do morador com a moradia no espaço da
cidade do Rio de Janeiro, a partir das áreas de interesse estabelecidas para, em seguida,
formular outros objetivos. De tal modo, será avaliado, por exemplo, como se desenvolve o
processo de relação identitária estabelecida entre os moradores, compreendendo quatro
tipologias de habitação multifamiliar estudadas. Dentro do objetivo geral teremos quatro
objetivos secundários, como veremos a seguir.
O primeiro objetivo pretende verificar-se como é a relação morador e moradia nas
escalas dos espaços urbanos, especificamente – a paisagem das fachadas, o lugar da rua e
o território do bairro onde está localizado todo o seu conjunto – e se tais relações são
formadas conjuntamente ou separadamente. Este objetivo será analisado com estudos
teóricos sobre os sentimentos de identificação e pertencimento, em conjunto com a teoria
das identidades local, territorial e espacial, e ainda em conjunto com a pesquisa empírica
aplicada a partir dos estudos de caso. Esta interligação revelará e indicará algo que aponta
na direção nas relações identitárias, bem como outras indagações aqui suscitadas.
No segundo objetivo avaliar-se-á como é a relação dos moradores com as diferentes
tipologias utilizadas para a nossa tese. Primeiramente, essas tipologias são os edifícios altos
– com mais de oito pavimentos e muitas vezes lado a lado, ou colados uns aos outros –
muito observados em Copacabana e em várias partes da Tijuca. Em segundo; as tipologias
de edifícios baixos - de até quatro pavimentos – presentes no bairro Peixoto, no interior de
12
Copacabana, em alguns lugares da Tijuca e do Jardim Oceânico, na Barra da Tijuca. Em
terceiro, os edifícios - verticais, altos e soltos – presentes em condomínios fechados da
Barra da Tijuca, especialmente, em os condomínios Alfa Barra, Mandala e Novo Leblon. E
finalmente em quarto, as vilas – casas de um ou dois pavimentos e enfileiradas – no bairro
da Tijuca.
O terceiro objetivo tentará avaliar como se dá a formação dos sentimentos de
pertencimento dos moradores em relação aos aspectos urbanísticos - os elementos
imateriais ou subjetivos presentes nestes locais, bem como os elementos materiais ou
físicos ou funcionais.
Por último, o quarto objetivo é o estudo de como é a influência das identidades
globais em relação às identidades locais e como elas podem ou não influenciar nas relações
identitárias entre morador e moradia e nos processos de identificação e pertencimento
espaciais.
1.3. O OBJETO
Os espaços das cidades contemporâneas foram designados como proposta para o
ensaio empírico deste trabalho. Neste contexto, por suas características históricas e
representativas, uma vez que foi nela que se desenvolveram os primeiros edifícios de
apartamentos no Brasil, a cidade do Rio de Janeiro foi escolhida para se fazer tal
investigação, optando-se pelo enfoque empírico, subdividido em estudos de casos.
Ou seja, não será trabalhada esta cidade em sua totalidade e para tanto, elegemos o
espaço da moradia, mais precisamente as quatro tipologias de habitação multifamiliar,
conforme já exposto.
O objeto científico da tese será os elementos constituídos na relação identitária entre
os moradores e as diferentes paisagens de tipologias nas áreas escolhidas. Estes
elementos possibilitarão o entendimento da questão da identificação e pertencimento
espaciais que o estudo propõe. Isto considerado, pretende-se avaliar como se forma a
relação entre os moradores e os espaços de moradia sobre três aspectos principais:
primeiramente a identificação com as diferentes paisagens das tipologias de habitação
multifamiliar; em segundo o pertencimento ao lugar da rua na qual se situa tal paisagem; e,
finalmente, como se dá o pertencimento ao território dentro do bairro utilizado pelos
moradores onde estas paisagens estão inseridas.
Estudar a relação identitária de moradia sob três escalas no espaço urbano e em
quatro tipologias diferentes baseia-se no argumento de que as identidades urbanas podem
13
ser múltiplas, isto é, ocorrem simultaneamente ou até mesmo separadamente. Neste
sentido, o estudo poderá identificar se existem apenas identificações e pertencimentos às
paisagens (das fachadas das tipologias), ou identificações e pertencimentos às ruas, ou
ainda identificações e pertencimentos aos bairros.
1.4. A RELEVÂNCIA
Atualmente, existem diversas discussões acerca dos efeitos da globalização na
constituição das sociedades, o que fundamentalmente produziu interferências significativas
no ser humano e no seu modo de ser e estar. Nesta perspectiva, este trabalho tem como
preocupação básica avaliar as conseqüências deste fator e de qual forma eles interferem
nos espaços das cidades, sobretudo no espaço da moradia e sua relação com os
moradores.
Este interesse deve ser fundamental para que as sociedades estabeleçam-se de
maneira eqüitativa dentro dos vários tipos de espaço existentes. A responsabilidade do
urbanismo deve ser, além de fazer desenhar e projetar a cidade, tratá-la como um tipo de
morada para o homem, como um espaço vivido, levando em consideração o seu principal
usuário: seus habitantes.
Dos temas relacionados às causas da globalização, como se verá ao longo do
trabalho - especificamente nos capítulos 2 e 3 - um deles é o efeito que suas conseqüências
ocasionaram no processo de formação das identidades, sejam elas étnicas, culturais,
nacional, local, global e territorial. Neste contexto, a preocupação da pesquisa é identificar
como alguns autores analisam tais processos, cujas considerações afirmam que esses
efeitos podem estar causando uma possível crise das identidades, sobretudo a territorial,
que estaria afetando os espaços.
Os efeitos de um processo globalizador que inclui a rede de fluxos, a velocidade de
comunicações, a desterritorialização, a formação de espaços virtuais, dentre outros
elementos, trazem até hoje diversos questionamentos quanto às suas conseqüências na
relação dos moradores com os seus espaços nas cidades. Tais questões consideram que
esses fatores interferem não apenas nas realidades materiais e físicas das cidades, mas
também em suas partes: bairros, ruas, praças, edifícios e calçadas.
Por outro lado, essa intervenção atinge conjuntamente fatores de ordem imaterial,
subjetivas e simbólicas, influenciando no processo referente à utilização e produção destes
espaços pelo homem. Sobre essa questão, diversos autores, entre eles Stuart Hall e Paul
Claval, argumentam que o que está acontecendo no espaço e, especificamente no espaço
14
urbano, é a ocorrência de tensões entre as conseqüências da globalização e elementos
contrários a ela, como a territorialização e a fixação aos lugares. Este conflito estaria
influenciando no surgimento de aspectos peculiares do cotidiano e de singularidades dos
lugares vividos e percebidos pelos indivíduos.
Neste sentido, os espaços encontram-se sendo comprimidos pelo tempo, devido à
velocidade das informações, à multiplicação dos deslocamentos, à rapidez das
comunicações e rede virtual, aumentando o número das relações identitárias, especialmente
na identificação e pertencimentos a vários elementos ao mesmo tempo. Como afirmam Hall
(2001) e Haesbaert (2005), as relações identitárias estariam se tornando múltiplas, pois os
indivíduos estão incorporando ao mesmo tempo diversos tipos de identidades que
abrangem escalas diversificadas - global, local, social, cultural e nacional - e assim por
diante até as identidades formadas no espaço. No entanto, estes mesmos autores
asseguram que apesar das várias identidades criadas sempre existirá o vínculo ao local.
É nesse contexto que se insere esta pesquisa: avaliar como - apesar de todas as
conseqüências da globalização e das multi ou pluri identidades existentes - podemos
estabelecer vínculos ao local e criar identidades locais, territoriais e espaciais formadas
dentro do espaço urbano. A questão entre morador e sua relação com o espaço da moradia
é o ponto central de nosso trabalho. Neste sentido, avaliar como os moradores se identifica
ou pertencem aos espaços de suas moradias, estabelecendo possíveis relações identitárias,
é a nossa questão principal.
Para averiguação de tal questão é fundamental uma pesquisa que investigue as
relações entre os residentes e suas moradias, incluindo além da parte interna das
habitações – que não será analisada nesta pesquisa, os elementos que compõem a
fachada, o local da rua onde o morador entra e sai e o território mais abrangente do bairro,
onde se desenvolvem atividades de lazer, comércio, entre outros, a fim de potencializarmos
as análises acerca do assunto.
Ainda nessa linha, considerando que o espaço da moradia constitui o lócus que
possibilita aos seus habitantes a condição de se estabelecerem enquanto seres humanos, a
importância de um estudo sobre a relação identitária entre moradores e moradia é relevante,
pois poderá revelar a existência de sentimentos, dentre eles os de pertencimento e
identificação. Esta questão, que interliga o homem e sua morada, incluindo o local de
convivência onde estão depositados os anseios e objetivos que abrangem os interesses
pessoais e coletivos das pessoas, constitui-se como uma das justificativas desta pesquisa.
Esta abordagem possui sua pertinência, uma vez que nas grandes ou pequenas
cidades, percebe-se que existe uma relação bastante forte entre os habitantes e suas
habitações, a qual possibilita o surgimento de um anseio de identificação e de pertencimento
15
que podem ser construídos em diversas escalas e se referir tanto a pequenos locais, quanto
a questões sob influências globais.
Por outro lado, busca-se verificar se o sentimento em relação a um lugar específico
faz surgir uma identificação e pertencimento local; se o sentimento a partir da visualização
das fachadas faz nascer uma identificação da paisagem; e, também, se em uma
comunidade que desenvolve relações de afetividade com um dado território, isso poderá ser
traduzido em identificação e pertencimento territoriais ou espaciais. Deste modo, questiona-
se como poderemos verificar as várias relações identitárias e neste sentido, a identidade
local, territorial e espacial.
Atualmente, diversos estudos têm considerado a questão do pertencimento e da
identificação e constitui o objeto de várias disciplinas que os relaciona aos múltiplos tipos de
identidades existentes: local, territorial, social, nacional, global e cultural.
Sobre essa questão, o modo de vida atual desenvolve certas relações com seus
espaços e merecem ser avaliadas, sobretudo no contexto que abrange o pertencimento e a
identificação com os espaços utilizados, especialmente os de moradias. Esta abordagem
deve ainda ser analisada imbricando-se com os aspectos da tipologia de habitação, a rua e
o território do bairro. Portanto, um argumento que ajuda a entender as indagações a esse
respeito é aplicado por considerar que a condição de morar na sua totalidade apresenta um
sentido profundo, fazendo com que as pessoas adquiram maior ou menor identificação ou
pertencimento aos seus espaços característicos de utilização e convivência.
A identificação e pertencimento espaciais de moradia, portanto, devem se configurar
como objeto de estudo que analisa as relações identitárias espaciais de moradia, no sentido
de permitir um maior entendimento do espaço urbano e das sociedades. Nesta perspectiva,
esta tese poderá contribuir nos estudos teóricos sobre o tema, principalmente por abarcar
um vasto campo que abrange as ciências humanas e sociais, onde se destaca o urbanismo,
e colaborar para o aprofundamento de estudos sobre estes conceitos específicos, a partir de
investigações que ao longo do trabalho procurou consolidá-los, através da análise empírica
e teórica.
1.5. INDAGAÇÕES E SUPOSIÇÕES
Ao passo que se restringiu o objeto científico, foram elaboradas algumas
observações que ajudaram nas indagações. Assim, este trabalho limitou-se a falar de
indagações e questionamentos, não sendo possível criar hipóteses sobre os sentimentos de
identificação e pertencimentos porque, pelo fato de ser um tema inédito, não é possível a
criação de hipóteses sobre fatos desconhecidos.
16
Deste modo, foi elaborada uma tese baseada nas descobertas de fatos sobre
relações identitárias surgidas na relação morador e moradia, dentro do espaço urbano da
cidade do Rio de Janeiro.
Com base num questionamento mais geral optou-se por indagar algumas questões,
apresentadas a seguir: Como a identificação e o pertencimento podem ser formados nos
espaços das cidades contemporâneas? Como os moradores podem se identificar e
pertencer aos espaços urbanos? Quais fatores imateriais ou simbólicos podem criar
identificação e pertencimento?
Em função do tema morador e moradia, integrados ao estudo do lugar da rua, o
território do bairro e a paisagem das fachadas das tipologias, bem como os tipos de
identidades supostas - local, territorial e espacial, outras perguntas merecem ser indagadas:
Os moradores se identificam e pertencem apenas à fachada de sua moradia? Ou ao pedaço
da rua onde circula diariamente? Ou aos locais dentro de seu bairro? Estas relações
acontecem simultaneamente ou individualmente? Elas podem criar relações identitárias dos
moradores somente com a paisagem da fachada de seu edifício, ou somente com o lugar da
rua, ou com o território dentro de seu bairro?
Com relação à descoberta de como é criado ou surgido os sentimentos de
pertencimento ou identificação, indagamos: Quais os elementos subjetivos ou imateriais
presentes no vínculo entre morador e moradia poderiam ajudar na construção de relações
identitárias: Afetividade? Afinidade? Ligação? Enraizamento? Memória? Apropriação? E
quais elementos físicos e materiais presentes no vínculo entre morador e moradia poderiam
ajudar na construção das relações identitárias? O sítio? A situação? A proximidade do
trabalho? A proximidade dos parentes?
Conforme anteriormente esclarecido, não poderíamos criar hipóteses sobre os
sentimentos de identificação e pertencimentos porque este tema ainda não foi pesquisado,
e, portanto, não é possível criar hipóteses sobre fatos desconhecidos. Assim, usaremos ao
invés de hipóteses, suposições, a fim de que sejam observadas com os vários
questionamentos levantados. Desta maneira, após as respostas ao grupo de questões
colocadas, poderemos ter uma confirmação ou não destas suposições, compreendidas
respectivamente, em três aspectos.
A primeira suposição sugere que a relação identitária é construída pelos moradores
em relação à moradia, não somente pela questão da paisagem, da rua ou do bairro.
Acreditamos que esta identificação e pertencimentos sejam constituídos simultaneamente,
ou seja, formam multi-identidades em três escalas do espaço urbano, relacionando-se à
paisagem de habitações multifamiliares – a fachada; ao lugar da rua e dos edifícios onde
estão localizados; e o território formado pelo bairro em que se situa.
17
A segunda suposição é de que a existência de identificações vínculos com as
identidades do lugar da rua, do territorial do bairro, bem como, das paisagens das diferentes
tipologias criadas pelos moradores, não são afetadas pelas identidades globais, afirmando-
se que elas convivem conjuntamente, e que realmente a desterritorialização das identidades
locais não interferem nas relações identitárias locais, criando assim, identidades espaciais
de moradia.
A terceira suposição é de que a existência de uma relação entre os moradores com
as suas moradias ajuda a estabelecer fortes vínculos urbanísticos, onde os indivíduos criam
uma relação identitária com esses ambientes, devido aos sentimentos adquiridos através
dos fatores subjetivos ou imateriais - os anos de residência, as lembranças e afetividades
não só com as fachadas, mas com o ambiente da rua, a tranqüilidade do bairro, entre
diversos outros aspectos dessa natureza - e materiais e funcionais, caracterizados pelo
comércio local, áreas de lazer, acesso a vias e meios de transportes, como o metrô, dentre
outras condicionantes.
A quarta suposição se baseia nos recentes acontecimentos assinalados pelos efeitos
da globalização, principalmente com a intensificação e velocidade das informações, pelas
quais alguns autores dizem estar criando uma desterritorialização e uma crise de
identidades. Apesar dessas influências, com a formação de identidades globais
permanecem os vínculos às singularidades da rua, da entrada do edifício, das lembranças
ali vividas e do aspecto de sua moradia; ou seja, os vínculos ao lugar vivido significam que
as identidades tanto locais quanto de moradia, assinaladas pelos laços de pertencimento e
identificação, superariam uma possível crise de identidades e o desenraizamento ao espaço
de morar.
1.6. PERCURSOS
Devido à complexidade do espaço urbano, em conjunto com aspectos relacionados
ao seu desenvolvimento, ao adensamento populacional, à verticalização das cidades, além
de vários outros fatores, esta tese, por meio de um estudo interdisciplinar, tenta buscar o
entendimento sobre a relação morador-moradia, relacionando-os aos estudos do urbanismo.
Desse modo, atuando no campo das ciências humanas e sociais, o trabalho
contemplou além do estudo de vários conceitos, um estudo empírico aplicado em campo,
unindo teoria e prática. Assim sendo, o desenvolvimento da pesquisa abrangeu campos
distintos, relacionando aspectos materiais e físicos, imateriais ou simbólicos, que são os
elementos que integram a relação identitária no espaço da moradia.
18
A tese, portanto, tem o objetivo de ser um misto entre a Pesquisa Pura e Aplicada,
como será visto no capítulo 5, tendo-se o interesse na aplicação dos estudos, pois a
abordagem do assunto reflete a importância de um aprofundamento empírico. Além disso,
foram adotados os tipos de Pesquisas Exploratória e Descritiva, a fim de assimilar as
relações identitárias espaciais.
A análise hipotética dedutiva que, no entanto, ao invés de formular hipóteses,
estabeleceu indagações, para depois testá-las no desenvolvimento dos estudos empíricos e
estudos de caso propostos, apontando as análises interpretativas e conclusões.
19
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CAPÍTULO 2 – A CIDADE CONTEMPORÂNEA EM
ALGUMAS DEFINIÇÕES
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20
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CAPÍTULO 2 – A CIDADE CONTEMPORÂNEA EM ALGUMAS DEFINIÇÕES
Neste capítulo, a fim de se trabalhar a cidade contemporânea, sobretudo o espaço
da moradia, e para esclarecer os objetivos e problemas colocados, que é a identificação e
pertencimento espaciais, abordaremos primeiramente os tipos de espaço que abrangem a
cidade contemporânea. Isto se torna necessário, pois atualmente há uma relação de
estudos sobre as cidades, variando conforme as disciplinas, as teorias e os próprios
autores, especialmente quando se fala de espaço urbano.
Será demonstrada, inicialmente, uma breve exposição de alguns dos componentes
que envolvem o urbano, como o espaço da cidade contemporânea e o espaço da moradia,
incluindo as contribuições dos autores que debatem sobre o tema.
Posteriormente, algumas categorias urbanísticas, representadas pela moradia, a rua
e o bairro, serão elucidadas com o intuito de ressaltar as principais características e os
elementos que influenciam diretamente na cidade e na vida de seus usuários, sobretudo no
que se refere ao tema central desta pesquisa: o pertencimento e as identificações nas
relações identitárias, nas diferentes tipologias de habitação multifamiliar na cidade do Rio de
Janeiro.
2.1. A CIDADE CONTEMPORÂNEA
As cidades são, em essência, historicamente formadas pela sobreposição de várias
camadas diferentes, representativas de diversas épocas. Significa, portanto, o resultado de
uma coexistência de pessoas, objetos, territórios, instituições e fluxos provenientes de
diferentes épocas da história urbana.
As cidades contemporâneas, por sua vez, estão sendo cada vez mais formadas por
uma superposição de funções que incluem rede de serviços, velocidade das mudanças na
sociedade, além das transformações tecnológicas e suas implicações no seu conjunto.
Estudos relacionados a estes problemas são de enorme relevância porque abrangem não
apenas configurações reais, como construções, edifícios e ruas, mas também
representações simbólicas, representadas pelas aspirações, desejos e toda a cultura dos
habitantes.
Os diagnósticos e pesquisas relacionados ao tema das cidades devem ser
compatíveis com a realidade de cada localidade e trabalhados de acordo com seus
aspectos físicos e materiais, essencialmente nas subjetividades e imaterialidades dos
21
espaços que as constituem. Neste sentido, Guatarri (1992) analisa que muitas vezes há
uma falta de consideração dos aspectos humanos nos pensamentos das cidades, uma vez
que para ele, tais aspectos são produtores de subjetividade individual e coletiva. Ainda
segundo o autor, a posição do urbanismo é apaixonante, mas devem ser levadas em conta
as suas responsabilidades estéticas, éticas e políticas.
Neste contexto, ao Urbanista cabe não somente a tarefa de projetar casas e fazer
planos urbanos, mas também um trabalho mais amplo, que é o de integrar o homem ao
espaço em que ele vive. Os estudos que analisam a relação homem x cidade não são
aplicados por apenas uma ciência, tornando-se necessária uma integração interdisciplinar a
fim de compreender as materialidades e imaterialidades da realidade da cidade no espaço
urbano, principalmente no período atual.
2.1.1.
O ESPAÇO NO PERÍODO ATUAL
Um estudo sobre o espaço das cidades, devido à sua grande complexidade, exige
que pesquisadores e estudiosos sobre o tema façam uma investigação mais aprofundada de
suas partes, assumindo a necessidade de interação dos aspectos físicos e subjetivos, a fim
de que tal dualidade seja trabalhada, integrando a materialidade do espaço sem deixar de
considerar as subjetividades e os aspectos simbólicos que cada habitante desenvolve com o
seu lugar de moradia.
Nesta perspectiva, os itens a seguir pretendem qualificar alguns elementos que
discutem o espaço urbano, considerando seus principais autores e denominações.
2.1.1.1. O Espaço Urbano
Os conceitos de Espaço, Cidade e Urbano aparecem sob diferentes idéias e
entendimentos na perspectiva de geógrafos, sociólogos, antropólogos e urbanistas. Isto
reflete, de um lado, a necessidade de se aprofundar as pesquisas científicas acerca das
concepções intraurbanas em seus diversos níveis, no sentido de conciliar as diferentes
disciplinas, além dos valores objetivos e subjetivos que estas apresentam. Sob outro
aspecto, entretanto, estes diagnósticos, análises e estudos devem contribuir para atingir
definições mais precisas e operacionalizáveis na urbanística, auxiliando o desenvolvimento
das cidades.
A noção de espaço já atravessou as fronteiras do território físico ao considerá-lo
como um produto social. Esta noção agora incorpora que o espaço urbano, ao se constituir,
é gerado pelos processos históricos, culturais e pela interferência da sociedade. Desta
22
maneira, as pesquisas e análises urbanas exigem que o investigador assuma como
inevitável a necessidade de decompor as partes da cidade, sem, entretanto, excluir a
sociedade do espaço, partindo-se do pressuposto que o homem compõe sua parte
integrante.
Grande parte desses conceitos sugere a superação da visão que trata o espaço
como uma simples porção física da vida urbana, propondo que este seja visto em toda a sua
totalidade como um imbricado e heterogêneo ambiente de interações econômicas, políticas,
sociais, informacionais, imaginárias e culturais. Segunda esta visão, o espaço se auto-
organiza, reconstituindo-se conforme certos arranjos e redes de interações físicas e sociais.
Apesar de possuir diferentes escalas, outras porções de menor grandeza, como casas,
edificações, ruas e bairros são também encontrados. Ou seja, os estudos que analisam este
conjunto de escalas ou porções do espaço são interpretados de maneiras distintas pelos
diversos autores e disciplinas, conforme veremos a seguir.
2.1.1.2. Alguns Autores e Suas Definições
O espaço urbano, devido à sua multidisplinariedade, é abordado distintamente pelas
disciplinas e autores que o investigam. Consideraremos, a seguir, algumas contribuições
importantes que auxiliam o entendimento do tema.
Um dos mais significantes avanços recentes das noções de espaço talvez seja a
inclusão de aspectos sociais/culturais na construção e organização dos lugares. Segundo
essas noções, o espaço não pode ser analisado ou compreendido como uma simples
entidade física, separado do tempo histórico e, conseqüentemente, separado de aspectos
sociais de comunidades locais e da sociedade como um todo. O meio urbano atual deve
funcionar como um espaço simbiótico, em que elementos de outros períodos da história
urbana convivem e interagem com novos elementos, em um processo de atualização do
próprio espaço.
Giddens (1991) avalia que no período atual o espaço é bem diferente daquele de
outras épocas e, por isso, está se tornando mais fluido, com a presença de mais elementos
e símbolos. De acordo com a sua análise, devido ao advento da modernidade o espaço se
tornou “fantasmagórico”, isto é, existem espaços simbólicos, havendo a possibilidade da
existência de espaços virtuais. Ele considera que “nas sociedades pré-modernas, o espaço
e o lugar coincidem amplamente, na medida em que as dimensões espaciais da vida social
são, para a maioria da população, e para quase todos os efeitos, dominadas pela ‘presença’
– por uma atividade localizada. O advento da modernidade (tardia) arranca crescentemente
o espaço do tempo, fomentando relações entre outros ‘ausentes’, localmente distantes de
23
qualquer situação dada ou interação, a partir de que o lugar se torna mais ‘fantasmagórico”.
(1991: 27).
Essas considerações significam que o tempo e o espaço, de tão fragmentados,
fazem com que o sentido do lugar se torne mais subjetivo e simbólico do que propriamente
com características materiais, resultando, assim, em espaços vividos de forma virtual,
arraigados no poder de comunidades imaginadas e de elementos mundialmente
configurados.
Somente para entender tal afirmativa, este espaço virtual surge como conseqüência
do avanço das tecnologias, onde tudo se torna potencialmente parte de um espaço
complexo de interações sociais, sem limites ou fronteiras, e dentro do contexto das relações
capitalistas de produção, distribuição e consumo. Constitui-se no espaço que age e interage
com os espaços de fluxos e as estruturas tradicionais da cidade tradicional que formam uma
cidade informacional.
Importante considerar que tais características, representadas pela vida pós-moderna,
apresentam-se distintas da vida moderna. A partir dessa discussão surge também o debate
sobre as terminologias que caracterizam cada uma delas. Neste sentido, é relevante
analisar que o modernismo se difere da modernidade e o pós-modernismo da pós-
modernidade. Na visão de Harvey “o modernismo é uma perturbada e fugidia resposta
estética a condições da modernidade, produzidos por um processo particular da
modernização”. Em conseqüência, uma argumentação correta sobre a ascensão do pós-
modernismo “é sua própria interação com o processo de modernização” (1993: 97). Desta
forma o pós-modernismo se dirigiu a algum tipo de sociedade diferente ou ‘pós-industrial’,
ou mesmo ‘pós-capitalista’, identificando-se algumas características importantes, como a
total aceitação do efêmero, do fragmentário, do descontínuo e do caótico.
Com toda a fluidez e complexidade que, segundo Giddens (1991) o espaço
apresenta, Massey (2004) acrescenta ainda uma importante contribuição sobre o assunto,
cujas considerações são apresentadas em três diferentes proposições.
A primeira delas considera que o espaço é um produto de inter-relações “constituído
através de interações, desde a dimensão do global até o intimamente pequeno”. Outra
define que o espaço é a esfera da possibilidade de existência da multiplicidade. Massey
argumenta que sem espaço “não há multiplicidade; sem multiplicidade não há espaço. Se o
espaço é indiscutivelmente produto de inter-relações, então isto deve implicar na existência
da pluralidade. Multiplicidade e espaço são co-constitutivos”. Por fim, o espaço é um produto
de relações-entre. Neste caso, a autora considera que as relações “precisam ser efetivadas,
ele está sempre num processo de devir, está sempre sendo feito – nunca está finalizado,
nunca se encontra fechado” (MASSEY, 2004:8).
24
De maneira resumida, Massey (2004:13) reafirma três elementos fundamentais para
a existência do espaço e tempo nos dias de hoje: “Para existir tempo deve existir interação;
para existir interação deve existir multiplicidade; para existir multiplicidade deve existir
espaço”. Além disso, “para existir tempo, deve existir espaço.” Tais observações servem,
não só para entender o tempo em que o ser humano está vivendo atualmente, mas também
tentar compreender o espaço da cidade.
Neste sentido, interação, multiplicidade, tempo e espaço são os elementos dos quais
estão presentes no espaço da cidade contemporânea e que parte do principio de múltiplas
interligações para se constituírem, e ao contrário, se constroem porque se interligam. Estas
duas manifestações estão presentes no espaço urbano de forma tão veemente que não se
pode observá-las. Tais observações são necessárias para avaliar que muitos elementos são
partes das imaterialidades que estabelece as materialidades de um espaço.
Corrêa (1993) analisa que o estudo do espaço urbano representa um desafio
permanente, pois é fragmentado, articulado, enquanto lócus não só de práticas sociais, mas
de uma dimensão simbólica que é formada por um sentimento de pertencimento e de
identidade dos indivíduos que moram neste espaço. O desafio desta complexidade implica,
portanto, na certeza da impossibilidade de esgotamento de estudos sobre seu conjunto, seja
do Urbanismo ou em qualquer outra ciência.
Corrêa (2000: 9) considera ainda que o espaço urbano apresenta-se “fragmentado e
articulado, reflexo e condicionante social, um conjunto de símbolos e campo de lutas. É
assim a própria sociedade em uma de suas dimensões, aquela mais aparente, materializada
nas formas espaciais”. Desta maneira, verifica-se que a materialização da forma da cidade é
resultante das imaterialidades vividas nas cidades.
Esta perspectiva contribui para entendermos que a cidade é o lugar onde moram os
indivíduos, manifestando-se empiricamente através de fluxos de veículos e de pessoas,
deslocamentos cotidianos entre as áreas residenciais e os diversos trabalhos e
deslocamentos menos freqüentes, como o comércio local, cinemas e mercados. Por outro
lado, a cidade também é o lugar onde se manifesta o mercado, as práticas de poder, a
cultura, as ideologias, os sentimentos e todas as subjetividades dos indivíduos.
2.1.1.3. A Moradia: Algumas Percepções
A moradia, parte constituinte das cidades, é um dos mais importantes referenciais
para o ser humano, uma vez que ela não é só um abrigo físico que possui uma composição
material. Mais do que isso, ela possui um grande valor simbólico e subjetivo. Bachelard
(1998) trata a morada como um ninho que traz o aconchego para o ser humano. Deste
25
modo, torna-se imprescindível considerarmos os valores simbólicos, ideológicos e as
subjetividades presentes na moradia.
Por outro lado, as características físicas compostas pelas fachadas, as alturas, as
aberturas e os detalhes de acabamento, assim como o tamanho, a temperatura, iluminação
e ventilação são elementos fundamentais para o conjunto de sua arquitetura. Em outro
sentido, o espaço urbano e a moradia devem ser analisados quanto à constituição das
legislações edilícias, urbanísticas e políticas urbanas, a fim de que sejam produzidos
espaços melhores.
Esta preocupação deve ser relevante tanto para o estudo das cidades como das
habitações, pois perpassa questões referentes à afetividade, pertencimento e identificação,
além de vários outros fatores que envolvem a subjetividade humana. Assim sendo, a análise
da ‘relação de morador e moradia’ é indispensável para o desenvolvimento desta pesquisa e
compreensão da relação identitária espacial.
Em vários países do mundo, a moradia, composta por um e dois andares - a casa,
especialmente devido a uma diversidade de fatores, passou a ter vários andares, evoluindo
para a constituição dos edifícios. Na cidade industrial, a falta de moradia, o desequilíbrio
entre a oferta e a procura, aliados aos interesses imobiliários e fundiários acarretaram a
divisão dos terrenos em inúmeras quadrículas, o que fez surgir as ‘vilas’ e ‘avenidas’. Na
mesma direção, ocorreu o mesmo com a divisão do espaço que, com o surgimento do
alojamento-padrão e dos falanstérios, foram criados para suprir a carência de moradia dos
trabalhadores.
Com as novas técnicas do concreto e o advento do elevador, a moradia foi se
verticalizando e passou a agrupar cada vez mais um número maior de pessoas e em menor
espaço do terreno, instituindo desta maneira o arranha-céu, que se caracterizou como um
elemento promotor da otimização do solo urbano. Os arranha-céus, além de se tornarem
centros comerciais e empresariais, foram ao longo do tempo assumindo funções
habitacionais. Com a modernidade, a grande carência de habitação foi se constituindo como
um problema a ser enfrentado pelo Estado, principalmente no período entre guerras
(LAMAS, 2000). Neste sentido, o edifício de apartamentos passou a ser uma solução para a
falta de habitação em várias cidades e assim, foi estabelecendo no decorrer de sua história
várias tipologias, como o bloco, as torres e o conjunto.
Neste aspecto, em muitos países do mundo o edifício de apartamentos formou e vem
formando paisagens diversas, tanto a partir das suas várias tipologias, como na utilização do
solo urbano, o que permitiu, juntamente com a horizontalização das periferias, a
verticalização das áreas centrais e áreas em expansão. Todavia, é importante assinalar que
a verticalização formou tipologias diversificadas, constituindo-se em alguns casos, como um
exemplo problemático de habitação, como no caso dos edifícios de apartamentos
26
modernistas dos Estados Unidos. Um modelo que enfatiza tal questão é representado pelo
Pruitt-igoe, implodido em 1972, caracterizado como típico conjunto modernista de moradia
coletiva nos Estados Unidos, do início dos anos 50. (HALL, 1998).
No caso do Brasil, as tipologias de edifícios surgiram a partir da década de 1920. Em
muitas cidades, entre elas São Paulo, os primeiros edifícios construídos tiveram
primeiramente uma função comercial, como os de escritórios, porém, na cidade do Rio de
Janeiro esta tipologia serviu basicamente para edifícios de apartamentos, cuja função
principal era residencial.
O Rio de Janeiro, por quase quatrocentos anos, permaneceu com uma paisagem
baixa, de dois ou três andares, formada por casas, casarões e palacetes. Por volta da última
década do século XIX a crise de moradia foi extremamente agravada, não só por causa da
expansão demográfica, mas também pelo déficit habitacional existente. Iniciou-se, nesta
época, a Reforma Pereira Passos, responsável pela destruição de uma enorme quantidade
de cortiços e ‘habitações coletivas’. Estas foram substituídas pelas ‘habitações
multifamiliares’, muitas vezes denominada de ‘casa (ou prédio) de apartamentos’, ‘casa de
habitação coletiva’, ‘casa (ou prédio) para renda’ e, posteriormente, ‘arranha-céus’. (VAZ,
2000). A autora considera que este padrão do edifício de apartamentos surgiu na Cinelândia
e, simultaneamente, expandiu-se junto à orla marítima, em direção à Copacabana. O
Edifício de Apartamentos e Copacabana, nos anos de 1940, sintetizariam a Modernidade e
um novo modo de morar.
O espaço de moradia, seja na área rural ou nos grandes centros urbanos, constitui o
lócus que possibilita aos seus habitantes a condição de se abrigar, de se alimentar, de
constituírem uma família e, principalmente, o local onde os moradores se estabelecem como
seres humanos. Mais que isso, a moradia, tanto em residências unifamiliares ou em
habitações multifamiliares de edifícios de apartamentos, é o local do convívio familiar, da
amizade e onde todos depositam seus anseios e objetivos - pessoal, familiar, de trabalho ou
lazer. Em relação a isso, Reino (2004) explica que:
“... a residência é por excelência um território para a realização individual
e familiar. Constitui um espaço onde se aglutinam uma grande diversidade de
dimensões sociais, desde o lazer, trabalho, convívio familiar até o
estabelecimento de relações sociais em prol de uma vida comunitária. A casa é
um campo privilegiado de representações simbólicas, constitui uma linguagem
de concepção que uma sociedade faz da sua própria organização...”.
Portanto, a principal relevância de um estudo sobre a moradia consiste no fato dela
cumprir com sua função de habitar, a partir da qual questões importantes para os moradores
podem ser trabalhadas como o lazer, o trabalho e o convívio familiar. Assim, entendemos
que a função da moradia constitui o local onde o indivíduo se estabelece como ser único e
27
individual, com seus sentimentos e experiências, até o estabelecimento de uma sociedade
dentro das cidades.
2.1.2. CATEGORIAS URBANÍSTICAS: A RUA, O BAIRRO E A FACHADA DAS
TIPOLOGIAS DE HABITAÇÃO MULTIFAMILIAR
Com o intuito de alcançar o objetivo do trabalho, a explicação de alguns tópicos
torna-se importante para ajudar a compreender que as cidades são formadas de certas
porções do espaço e podem ser diferentemente classificadas. Assim, cada parte pode ser
interpretada de diversas maneiras, com as ruas, os bairros, as edificações e as moradias,
podendo ser estudadas a partir da compreensão de sua materialidade ou imaterialidade, ou
mesmo em conjunto.
Os itens a seguir compõem uma breve explicação sobre as categorias presentes na
cidade e também estão relacionados ao objeto empírico da pesquisa em foco. Com a
finalidade de ilustrar como esta se desenvolveu e para entender as relações identitárias
produzidas entre os moradores e as habitações multifamiliares, serão demonstrados alguns
elementos que constituem as categorias do espaço urbano, caracterizados pela rua e o
pedaço do bairro em que se situa cada edifício, assim como as fachadas que podem compor
as diversas paisagens da cidade.
2.1.2.1. A Rua
Lynch (1999:52) considera que as vias “são os canais de circulação ao longo do qual
o observador se locomove de modo habitual, ocasional ou potencial. Podem ser ruas,
alamedas, linhas de trânsito, canais, ferrovias”. Esta análise evidencia a existência de uma
materialidade que compõe tais vias, apresentando aspectos como largura, comprimento,
quantidade de árvores, entre outros. Estes atributos passam, ao longo do tempo, a fazer
parte da vivência dos moradores, tornando-se importantes elementos simbólicos para eles.
As pessoas percebem e mentalizam estas imagens que, aos poucos, vão se
convertendo em importantes elementos em suas vidas. De acordo com Lynch (1999:52),
“Os habitantes de uma cidade observam-na à medida que se locomovem por ela e, ao longo
dessas vias, os outros elementos ambientais se organizam e se relacionam”. Portanto, os
elementos imateriais ou simbólicos vão fazendo parte da complexidade do ser humano ao
observar a cidade ou, mais ainda, ao vivenciá-la, percebendo e apreendendo suas
paisagens e as transformando em realidades subjetivas, consideradas de extrema
relevância nos estudos urbanos.
28
Rémy Allain (2004), em ‘Morphologie Urbaine. Géographie, aménagement et
architecture de la ville’, explica que a rua é a realidade urbana mais difícil de se definir. Ele
considera que os aspectos apresentados pela rua ao longo da história, como as
sinuosidades de uma rua antiga; as ruas retilíneas dos intermináveis tabuleiros norte-
americanos, as avenidas haussmanianas e as ruas com pórticos mediterrâneos, além de
seus aspectos físicos, constituem um intricado de subjetividades que contém sentimentos
diversos sobre cada tipo de rua.
Em sua análise o autor afirma que as ruas podem ter várias características físicas
que devem ser observadas, entre elas: a posição e o traçado, o perfil e a largura, o
alinhamento, a dupla fachada urbana que forma o construído, a relação da calçada com o
construído, o perfil da elevação, a transição público–privado, a ligação entre duas ruas, a
vegetação e o mobiliário urbano. As ruas possuem ainda um ponto comum, que são as vias
públicas ladeadas de edifícios e de muros, constituindo-se como espaços públicos.
Todas estas características físicas contribuem de alguma maneira para que haja uma
alteração da percepção e vivência dos moradores das cidades (Allain, 2004). Tal análise
corrobora, neste sentido, para os estudos que este trabalho desenvolve, servindo de base
para argumentações de como os moradores se relacionam com a sua rua e de que maneira
ela atua nos processos de identificação e pertencimento de cada um, demarcando vivências
distintas na cidade.
2.1.2.2. O Bairro
Assim como as ruas, os bairros fazem parte dos elementos que complementam o
espaço das cidades, apresentando também características físicas e imateriais que são
importantes para o estudo do espaço urbano.
As características físicas que determinam os bairros podem consistir numa infinita
variedade de componentes, entre eles: textura, espaço, forma, detalhe, símbolo, tipo de
construção, usos, atividades, habitantes, estados de conservação e topografia (Lynch,
1999).
Os bairros, segundo Lynch (1999: 52) “são as regiões médias ou grandes de uma
cidade, concebidos como dotados de extensão bidimensional. O observador neles ‘penetra’
mentalmente, e eles são reconhecíveis por possuírem características comuns que os
identificam”. Para o autor, os bairros são sempre identificáveis “a partir do lado interno e são
também usados para referência externa quando visíveis de fora”.
A importância de considerar o bairro está no fato de que os usuários e os moradores
estruturam a cidade a partir deste tipo de referência, pois, na visão do autor, os bairros
“podem ser reconhecidos internamente, às vezes usados como referências externas...” E
29
considera ainda que “os bairros têm várias fronteiras. Algumas são precisas... flexíveis ou
incertas, como o limite entre a parte comercial do bairro e os escritórios...” (Lynch 1999: 74,
77).
Desta maneira, “esses limites parecem ter uma função secundária: podem
estabelecer as regiões limítrofes de um bairro e reforçar sua identidade, mas aparentemente
tem pouco a ver com a sua constituição”. essas afirmações contribuem para a compreensão
dos processos de identificação e pertencimentos que se desenvolvem nas relações homem
e espaço urbano, pois ajudam a analisar as relações dos moradores com o lugar.
2.1.2.3. As Fachadas das Tipologias de Habitação Multifamiliar
A noção de tipologia é importante para as análises urbanas, uma vez que cada tipo
de edificação ou conjunto de edificações forma diferentes paisagens. O tipo, na visão de
Allain (2004), constitui um modelo abstrato com características próprias essenciais de uma
categoria.
No caso do Rio de Janeiro, as tipologias mais marcantes são os edifícios altos e
colados uns aos outros, observados em Copacabana e na Tijuca; os edifícios baixos
presentes no bairro Peixoto - interior de Copacabana, na Tijuca e no Jardim Oceânico -
Barra da Tijuca; e os edifícios em condomínios fechados da Barra da Tijuca, bem como as
vilas na Tijuca.
Todas estas tipologias acabaram determinando paisagens típicas na cidade, sendo
importante ressaltar que os elementos materiais presentes na formação destas fachadas se
configuram como tipos distintos e, desta maneira, se associam em categorias, tornando-se
tipologias notáveis na percepção dos moradores da cidade.
Allan (2004) considera ainda que a silhueta da cidade ou o skyline é a representação
em corte do volume. Numa escala de maior grandeza, isto é comumente chamado de perfil
urbano, que por sua vez compõe a fachada urbana. Desta maneira, tem-se a paisagem
horizontal, formada por casas em meio a jardins e praças e, as paisagens verticais,
caracterizadas pelo predomínio de edifícios altos. Geralmente, temos nas cidades
contemporâneas uma combinação destas duas, apresentando simultaneamente paisagens
de casas e edifícios.
A linha do céu ou o skyline constitui um elemento de grande importância para a
análise das tipologias de paisagens na cidade porque, ao delinear o espaço entre o último
pavimento dos edifícios e o céu, ela configura e demarca a paisagem. Estas, por sua vez,
podem ser caracterizadas por casas, constituindo uma paisagem baixa, ou por edifícios -
altos e colados, que constituem verdadeiras ruas desfiladeiro. Pode também haver uma
30
mistura de construções, com casas e edifícios altos, constituindo um skyline intercalado por
uma paisagem mista.
As tipologias podem também ser classificadas de acordo com dois elementos: o
tecido e a paisagem construídos. Para Allain (1987), o tecido construído é formado quando
temos edificações erguidas lado a lado. Ele explica que um tecido construído não resulta
simplesmente da justaposição de simples elementos, mas de combinações particulares
como: mesma altura, mesmas características de prédios e singularidades equivalentes.
Em relação à paisagem construída, Allain considera que ela é formada não só pelos
volumes edificados com um conjunto de prédios, casas e sobrados, mas também de
árvores, marquise dos edifícios, postes e outras formas que aparecem sobre a visão do
habitante. Tal pensamento vai de encontro com a proposta desta tese, onde o estudo da
paisagem considera as suas diversas tipologias, assim como outros fatores que a elas se
integram, como o pedaço da rua onde estão localizados estes edifícios, as árvores, guaritas,
largura da calçada e parte do bairro onde se localizam estas paisagens.
De certo modo, as tipologias são influenciadas pelo parcelamento do solo e as regras
do urbanismo e compõem um conjunto de paisagens distintas, com elementos
arquitetônicos completamente diferentes de um período histórico para outro. no Rio de
Janeiro, os bairros de Copacabana e Barra da Tijuca constituem exemplos que ilustram tal
observação.
2.2. CONCEITOS SOBRE O ESPAÇO
O urbanismo, conforme visto inicialmente constituiu-se, como outras disciplinas, na
tentativa de explicar os elementos que atuam nas cidades, entre os quais se destacam o
espaço. A presença de uma grande variedade de fatores atuantes na construção do espaço
urbano, especialmente os de ordem físicas e imateriais, cujo sítio físico, a forma, a
população, a cultura, os sentimentos e identidades os caracterizam, tornam a cidade tão
complexa que, ao longo da história, foi necessário a elaboração de pesquisas para ajudar na
compreensão de seu conjunto.
Ao longo do tempo foi desenvolvida uma quantidade de estudos importantes na
tentativa de elucidar a complexidade dos elementos presentes nas cidades. Assim, esta
multidisplinariedade do tema foi dando origem a diversos e diferentes conceitos, cada um
com suas características próprias e que, muitas vezes, criaram conflitos entre os seus
estudiosos e as correntes que o estudam.
31
Dentre os diversos fatores que contribuem para explicar a complexidade da cidade e
do espaço urbano como um todo, está o aspecto simbólico, aqui ressaltado a partir das
relações identitárias.
As relações identitárias criadas no espaço urbano são muitas, assim como as
relações que formam outras identidades, como as de natureza étnica, social, cultural e local.
Entretanto, cabe destacar a vinculação do homem com aqueles espaços por ele utilizados,
cuja ligação corrobora para a formação de relações identitárias.
Desta maneira, pretende-se demonstrar como os múltiplos elementos presentes no
espaço das cidades - ruas, bairros e fachadas das habitações multi-familiares – foram
assumindo conceitos importantes que ajudam a entender todos os processos criados e
desenvolvidos nele. Conceitos como – Lugar, Território e Paisagem – serão esclarecidos
aqui com o objetivo de explicar o estudo do urbano e, posteriormente, interligá-los às
questões de pertencimento e identificação, em conjunto com as relações identitárias
construídas nas várias partes da cidade, principalmente, o espaço que envolve a moradia.
A interpretação e a descrição destes conceitos serão esclarecidas, não com a
finalidade de fazer um esclarecimento completo de todas as suas obras e vertentes. Deseja-
se fazer uma breve explanação a fim de demonstrar a sua evolução e os seus respectivos
autores, cujas contribuições foram relevantes para o desenvolvimento desta tese.
2.2.1. O CONCEITO DE LUGAR
No entendimento das pessoas em geral um lugar pode ser somente uma parte ou um
sítio físico, situado numa rua, bairro ou cidade. Para as ciências sociais e humanas que
investigam a cidade, este termo significa um conceito, muito utilizado para demonstrar uma
pequena porção de um espaço e, que, por sua vez, não é formado somente de
componentes físicos que abrangem extensão e forma. Este conceito possui um significado
mais amplo, integrando os sentimentos, as emoções e percepções vividas pelas pessoas
que habitam e convivem em determinado lugar.
Os estudos aplicados para o entendimento do Lugar no espaço urbano vêm de
alguns urbanistas e, ao longo do tempo, foi assumindo cada vez mais um caráter
interdisciplinar, sendo também investigado por geógrafos, sociólogos e filósofos, cujas
contribuições serão demonstradas nesta pesquisa.
32
2.2.1.1. A Evolução do conceito
No ‘Dicionaire de La Geographie et de L’Espaces des Societées, Lévy e Lussault’
(2003) consideram que o Lugar, do latim Lócus, se define como um conceito fundamental
para o entendimento das partes que compõem o urbano. Este conceito originou-se a partir
da Geografia, através da divergência entre as vertentes de Platão e Aristóteles.
Para Aristóteles, o Lugar é definido nele mesmo e, independente de qualquer coisa,
são as coordenadas básicas de latitude e longitude, da Cartografia. Nesta vertente, o
homem não faz parte do lugar. Lugar é apenas um espaço onde ele se localiza.
Para Platão, ao contrário, uma coisa, como lugar, é um ser relativo que não pode
existir sem um lugar, ou seja, coisa e lugar são indissociáveis. É a própria lógica do Lugar,
onde a ‘coisa’ se confunde com o ‘lugar’, tornando-se parte dele. Nesta vertente, o ser
humano faz parte do próprio espaço onde está inserido.
A evolução do conceito de Lugar esteve diretamente ligada a essas vertentes. Na
visão de Lévy e Lussault’ (2003:557), de acordo com Platão, o ser humano se desenvolve
somente no lugar, integrando-se e sendo parte dele, isto é, não existe lugar sem o ser
humano, ou seja, “o Lugar apresenta-se como uma condição da experiência humana”, uma
vez que “a experiência de um lugar implica ao homem a capacidade subjetiva de participar
de seu desenvolvimento e na capacidade objetiva de poder observar o desenvolvimento do
lugar”. Em seguida, o Lugar a partir de Aristóteles constitui sítio ou local geográfico, onde o
ser humano é somente um expectador.
A possibilidade de entendimentos e interpretações suscitadas pelas visões
aristotélicas e platonianas permitiu o desenvolvimento de algumas vertentes importantes ao
longo da história, corroborando para a compreensão do conceito de lugar.
No início do século XX, os geógrafos compreendiam o Lugar como domínio exclusivo
de fatores naturais, influenciados pelo clima, o meio e o sol, dentre outros. Posteriormente,
com o desenvolvimento de uma geografia social e humana, este conceito foi influenciado
por elementos econômicos, sociais e culturais. Durante a primeira metade do século XX, o
conceito esteve ligado à geografia regional e, a partir dos anos 60, foi amplamente utilizado
para análises quantitativas, influenciado pelas tendências geográficas da época.
Foi somente a partir dos anos 70 que o conceito de Lugar, com a geografia
humanista, serviu de instrumento para analisar o significado da relação entre sujeito e
espaço, passando-se a levar em conta todos os aspectos individuais e coletivos que
ajudaram a compreender as ligações entre as experiências humanas, suas vivências e seus
significados na relação com o espaço. Desta maneira, a partir da vinculação entre sujeito e
lugar, temas como identidade, pertencimento, identificação de grupos sociais e porções
específicas do espaço começaram a ser estudados (LEVY e LUSSALT, 2003).
33
Nos anos 80, este tipo de abordagem passou a ser investigada sob um aspecto
muito mais subjetivo e, o entendimento de lugar relacionado apenas aos aspectos de ordem
objetiva, como a noção de distância, localização e local geográfico, começou a ser reduzido
pelos diversos autores que estudam o espaço urbano.
Desta maneira, enfatiza-se ainda que outras vertentes do conceito de Lugar foram
incorporadas a partir destas e começou a ser considerado como base de vida social. Ele é
tão complexo que resulta de uma combinação de princípios espaciais elementares, de
características físicas e arquitetônicas fixas e de registros imateriais e simbólicos com
intensidade de substâncias diferentes.
2.2.1.2. Alguns autores e suas definições
O conceito de lugar, considerado como base para a vida social e entendido como um
aspecto muito mais subjetivo - de vivência e de experiência - do que material ou objetivo,
obteve ao longo dos anos contribuições fundamentais de diversos autores. Desta forma, tais
contribuições, consideradas importantes para a pesquisa, serão aqui comentadas com o
intuito de entender algumas conceituações relevantes que auxiliaram as análises dos
estudos de casos propostos e objetivos deste trabalho.
As análises produzidas por Martin Heidegger (2006) introduziram questões e
reflexões que direcionaram os estudos de muitos autores, entre os quais destacamos Levi e
Lussaut, Norberg Shulz, além de outros.
Os questionamentos produzidos por Heidegger contribuíram para esclarecer o
conceito de lugar, onde algumas questões merecem destaque: O que é o habitar? As
habitações trazem a garantia de que aí acontece um habitar? Construir já é em si mesmo
habitar? Como o lugar se relaciona com o espaço? E qual a relação entre o homem e o
espaço?
Em relação à primeira pergunta: “O que é o habitar? ” Heidegger (2006) procura
analisar o sentido de Estar e de Habitar em um determinado lugar. Nesta perspectiva,
considera que “só é possível habitar o que se constrói.” O construir “tem aquele habitar
como meta” e “nem todas as construções são habitações”. Para ele, qualquer construção
em que o homem faça parte do lugar, ultrapassando o âmbito dessas construções e destes
lugares, será uma habitação, pois se tornarão um Lugar, onde a vivência e os sentimentos
dos homens estarão ali presentes. O autor exemplifica tal observação comentando que, na
estrada o motorista de caminhão está em casa, assim como na tecelagem, a tecelã também
está, mesmo estes ambientes não sendo a moradia de ambos.
Tal argumentação parte da afirmação que nestes lugares “o homem de certo modo
habita e não habita, se por habitar entende-se simplesmente a residência” (2006: 125). Ou
34
seja, Heidegger parte da noção que as construções oferecem ao homem um abrigo e
tornam-se um lugar vivido e percebido pelo ser humano, constituindo-se um local de
permanência e residência. Neste sentido, o seu conceito de Habitar não é simplesmente o
fato de residir em um determinado endereço, mas possui um significado muito mais
abrangente que expressa ‘estar no mundo’, ‘permanecer ou viver aquele local’.
Na segunda pergunta, Heidegger faz o seguinte questionamento: as habitações
trazem a garantia de que aí acontece um habitar? Sua resposta aparece quando conceitua
Habitar, que para ele “seria em todo o caso, o fim que se impõe o construir. Habitar e
construir encontra-se, assim, numa relação de meios e fins” (2006: 126). Exemplificando,
seu argumento considera que, possuir habitação com todo o desenvolvimento tecnológico
que se produziu, facilitou relativamente a possibilidade de se construir, apesar dos valores
dos imóveis e a crise de habitação existente. No entanto, ‘habitar’ ultrapassa as instâncias
materiais, visto que é necessário o homem ‘estar’, ‘vivenciar’ e ‘se sentir bem’ em um lugar.
Da mesma maneira, no espaço urbano as residências, partes de ruas e de praças,
bem como os trechos de bairros, são lugares que constituem um habitar para o homem,
desde que o construir tenha uma essência maior que a dimensão material, que os
sentimentos e as vivências daquele lugar.
Em relação ao objeto de nosso estudo, os lugares construídos pelas diversas
tipologias de moradias na cidade do Rio de Janeiro, incluindo o seu entorno, podem
produzir, em conjunto com a rua e partes do bairro, um significado específico a ponto de
alguns espaços se tornarem um Lugar. Nesta perspectiva, as entradas dos edifícios, os
acessos nas ruas internas dos condomínios, bem como as ruas internas das vilas, podem
conter um significado maior que o seu aspecto físico demonstra.
A vivência dos moradores com as mais diversas tipologias - como dos apartamentos
colados em Copacabana, edifícios altos e soltos em condomínios fechados na Barra da
Tijuca, de edifícios baixos na Tijuca ou Bairro Peixoto e de vilas na Tijuca - poderá significar
mais do que o contato com uma construção. Ao contrário, a convivência, permanência e
circulação nestes ambientes poderão produzir um sentido de vivenciar a sua rua, ou seja,
habitá-la. Deste modo, isso poderá demonstrar que tais tipologias são vivenciadas pelos
moradores de diferentes maneiras.
Numa terceira questão, Heidegger questiona se “Construir já é em si mesmo
habitar?”. Em sua concepção, construir significa cuidar do crescimento no sentido de
proteger e cultivar. Estes dois sentidos são para ele diferentes, ressaltando ainda que
“construir não é o mesmo que produzir... Construir significa edificar” (2006: 127). Heidegger
esclarece que o construir no sentido de cultivar, em latim colere, é Cultura, e construir como
edificar construções, aedificare, estão contidos no sentido próprio da palavra bauen, isto é,
no Habitar. Deste modo, o habitar consiste em ...”‘ser’ e ‘estar ‘sobre a terra”.
35
Para esta pesquisa, o espaço utilizado pelo homem em seu cotidiano no ambiente da
cidade, como as edificações, as ruas, as praças e os bairros podem construir,
diferentemente, lugares específicos e, desta maneira, tornar estes espaços habitados.
Numa outra questão, onde indaga “como o lugar se relaciona com o espaço?” “E
qual a relação entre o homem e o espaço?” Heidegger considera que “os espaços que
percorremos diariamente são arrumados pelos lugares, cuja essência se fundamenta neste
tipo de coisas construídas”. Desta forma, ele interpreta que “considerando essas relações
entre o lugar e os espaços, entre os espaços e o espaço, poderemos adquirir uma base
para pensar a relação entre homem e espaço”. Assim sendo, o autor afirma que “A
referência do homem aos lugares e, através dos lugares, aos espaços repousa o habitar”.
(2006:135, 136). Para nós, a relação entre homem e espaço nada mais é do que um habitar.
A palavra espaço (Raum, Rum), no entendimento de Heidegger, corresponde ao
lugar arrumado, onde “O espaço é fruto de uma arrumação, de um espaçamento, o que foi
deixado em seu limite. (...) Do mesmo modo, pequenas porções do espaço constituem um
Lugar. Por isso, os espaços recebem sua essência dos lugares e não “do” espaço”
(2006:133). O autor afirma ainda que “Produzir tais coisas é construir”. (...) “As coisas são
lugares que propiciam espaços. Construir é edificar espaços” (2006:138).
Na perspectiva de Heidegger, ele considera que a essência do produzir não começa
“nem a partir da arquitetura, nem da engenharia e tampouco a partir da mera combinação de
uma e de outra.” (...) “A essência do construir é deixar-habitar.” (...) “Somente em sendo
capazes de habitar é que podemos construir.” Com isto, percebe-se que a essência é
construir perante a articulação de seus espaços. De acordo com suas observações,
Heidegger analisa que a crise do habitar não consiste somente na falta de habitação, mas
revela que existe a necessidade de criar espaços onde se construam lugares, nos quais o
homem possa ‘estar’ e ‘habitar’.
Outro importante autor, cujas contribuições auxiliaram nos estudos sobre o conceito
e a estrutura do Lugar é Cristian Norberg-Schulz (1981), através de Genius Loci: Paysage,
Ambiance et Architecture.
Esta obra é baseada em outros livros de mesma autoria, entre os quais destacamos:
Système logique de l’Architecture (1971), em que desenvolveu o conceito de “significação
do lugar” e Existence Espace and architecture (1971), onde introduziu o conceito de “espaço
existencial”, baseando-se em Heidegger.
Em Genius Loci: Paysage, Ambiance et Architecture, Norberg-Schulz (1981) defende
o que ele chama o Espírito do Lugar. Este L’Esprit du Lieu ou Genius Loci é uma
“concepção romana de uma antiga crença, na qual cada Ser ‘independente’ tem seu genius,
seu espírito guardião” (1981:18). Para ele, “este espírito dá vida às pessoas e aos lugares,
ele os acompanha do nascimento à morte e determina seu caráter e sua essência”.
36
Em relação ao significado de Lugar, Norberg-Schulz propõe o estudo de dois
conceitos principais: o conceito de ‘Lugar’ e de ‘Estrutura do Lugar’.
Primeiramente, sobre o conceito de Lugar, afirma que este é formado pelo ‘caráter
do ambiente’ e a ‘essência do lugar’. Em sua proposta, Lugar “é um fenômeno ‘total’,
qualitativo, que não pode ser reduzido a nenhuma de suas características, como por
exemplo, as relações espaciais, sem perder de vista sua natureza concreta” (Norberg-
Schulz, 1981).
Sobre a ‘estrutura do lugar’, considera que esta poderia ser descrita em termo de
‘paisagem’ e de ‘implantação’ e analisadas com as categorias de ‘espaço’ e ‘caráter’”... no
lugar de estabelecer uma distinção entre ‘espaço’ e ‘caráter’, podemos utilizar naturalmente
um conceito único de ‘espaço vivido’ (Norberg-Schulz, 1981:8)”. Explicando melhor, para o
autor o Espaço é marcado pelas “preposições... como em baixo, em cima, dentro, fora...” E
o Caráter é descrito “pelos adjetivos... bonito, alto, belo...” (Norberg-Schulz, 1981:16).
Num segundo momento, Norberg-Schulz propõe o estudo do lugar pelos conceitos
de ‘habitar’, de orientação e identificação e identidade.
Para a questão do habitar, Norberg-Schulz (1981:19) avalia que nele existem duas
concepções que podem ser denominadas de “orientação e identificação” (1981:19). Sobre o
significado de ‘orientação’, o autor, baseando-se em Kevin Lynch, considera que os
conceitos definem a estrutura espacial de direção do ser humano.
Norberg-Schulz (1981:21) pressupõe que orientação tem significado semelhante ao
de ‘identificação’. Segundo ele, identificação “significa tornar-se acolhedor do meio...”.
Para o autor, a identidade do homem “pressupõe a identidade do lugar. Neste
sentido, identificação e orientação são os aspectos primeiros do ser no mundo. A
identificação é a base do sentimento humano de pertencimento a um lugar. A orientação é a
função que faz vir este homo viator, que faz parte da natureza (Norberg-Schulz, 1981:22)”.
Aldo Rossi é outro autor que estuda com muita propriedade o tema Lugar. Em seu
livro A Arquitetura da Cidade ele fala sobre a questão do lócus, definindo-o como “... aquela
relação singular, mas universal, que existe entre certa situação local e as construções que
se encontram naquele lugar” (1998: 147). Para ele, a situação sempre esteve ligada a
genius loci”, isto é, o ‘espírito do lugar’.
Segundo o autor, a existência de pontos singulares considerados por Max Sorre
deve ser observada a fim de entender o estudo do lugar. Rossi (1998) explica que estes
pontos singulares são conseqüências de acontecimentos, construções e de pequenos
espaços que afirmam o valor do ‘lócus’, da individualidade, da identificação e, assim, vão
formando o lugar especial para cada indivíduo, ou seja, um lugar experimentado e
vivenciado de forma diferente e única. Complementando tal pensamento, ele considera que
37
isso ocorre “devido aos vínculos e à particularização do ‘lócus’ como fato singular
determinado pelo espaço e pelo tempo”... (1998: 152).
Seguindo esta perspectiva, consideramos que a singularidade de cada espaço define
o lugar, o que o torna um elemento importante para esta pesquisa. Neste sentido, a
compreensão de que, não só a forma física, mas os acontecimentos, o cotidiano e os
sentimentos das experiências vividas no local, constituem subsídios imprescindíveis para os
estudos que tentam entender a formação dos espaços e lugares das cidades.
2.2.1.3. O lugar e sua relação com a rua
Esta abordagem procura demonstrar a ligação dos conceitos de lugar, levantados
anteriormente, com a categoria urbanística Rua, explicitada no início deste capítulo.
Lynch (1999), conforme citado anteriormente, afirma que as ruas compõem vias
onde o morador se locomove. No entanto, à medida que transitam por ela, os moradores
passam a observar e a perceber os elementos nela presentes.
Na mesma direção, Allain (2004) afirma que apesar de existir os tabuleiros e as
avenidas largas, é difícil defini-los. Isto ocorre não só pela complexidade das fachadas e das
vias públicas, mas porque os processos e as vivências também fazem parte do emaranhado
que configura as vias públicas da cidade.
Sendo assim, a ligação da rua com o conceito de lugar torna-se importante em nossa
discussão, pois consideramos que ela não é somente um lugar físico com dimensões e
larguras apenas. A rua torna-se um Lugar na medida em que é base de vida social,
percebida e vivenciada diferentemente pelo morador. Na cidade, mobiliários urbanos, fontes,
prédios, praças ou qualquer espaço constitui características específicas que podem ser
vivenciadas de diferentes formas e estabelecer diferentes Lugares.
Neste trabalho, consideramos que a porção do espaço vivenciado pelo morador ao
entrar em sua moradia e sair dela constitui um ambiente vivenciado e identificado, tornando-
se elementos que contribuem para se constituir num espaço específico. Independente de
sua tipologia, seja de edifícios de apartamentos colados, como no caso de Copacabana e
Tijuca; edifícios altos e soltos em condomínios fechados, como na Barra da Tijuca; os
edifícios baixos, presentes no Bairro Peixoto e; as vilas, na Tijuca, são espaços vivenciados
de diferentes maneiras pelos moradores. Estes moradores interagem, circulam, criam
sentimentos, identificações e pertencimentos com determinadas parcelas de rua, seja perto,
seja em frente às suas moradias, fazendo com que estes espaços se traduzam em lugares
específicos para cada um deles.
O conceito de Lugar aqui desenvolvido foi considerado como parte vivenciada pelo
ser humano, transformando-se na base de seu dia-a-dia e de sua relação com as
38
características mais peculiares do lugar em que vivem. Assim compreendido, a entrada do
prédio, a guarita do condomínio, ou até mesmo as árvores existentes na rua onde o morador
entra e sai de sua moradia, será considerado um Lugar porque, apesar de ser constituído
por características físicas, existem os fatores imateriais ou subjetivos que também o
compõe. Os sentimentos de identificação com as entradas, com as árvores; o pertencimento
com ruas mais calmas e a relação com a circulação de vizinhos conhecidos também
significarão partes integrantes destes Lugares.
2.2.3. O CONCEITO DE PAISAGEM
As considerações sobre este tema para o trabalho em questão se fundamentam no
fato de que, para avaliar como acontece o processo de identificação e pertencimento dos
moradores em relação às várias paisagens existentes nas diferentes tipologias de moradia,
isto é, as relações identitárias, é preciso compreender como pode ser entendida a
paisagem.
Este conceito torna-se fundamental a fim de avaliar o quanto a paisagem das
diversas tipologias – seja de edifícios altos e colados, edifícios baixos, condomínios verticais
e vilas – interferem na relação do homem, ou como elas interferem na relação identitária
espacial em relação às moradias dentro do espaço urbano.
O conceito de paisagem, tal como os outros dois conceitos aqui estudados, não será
analisado em sua plenitude. Faremos um breve histórico com algumas conceituações
principais de alguns autores que o investigam, fundamentais para o entendimento deste
estudo.
2.2.3.1. A Evolução do conceito
O termo paisagem pode ter vários significados e, foi ao longo do tempo, entendido
diferentemente por historiadores, geógrafos e urbanistas.
Nos estudos desenvolvidos por Claval (2004), o tema foi inicialmente utilizado nos
Países Baixos, como landskip, aplicado para a paisagem da maneira que é percebida nos
quadros, semelhante à uma paisagem vista de uma janela. O surgimento desta terminologia
originou-se a partir do termo alemão landschaft e do termo inglês landscape, para traduzir o
termo holandês das paisagens picturais, com a perspectiva. Posteriormente, surgiu o termo
paesaggio, vindo do radical pay e da raiz land, criando paesaggio, de onde deriva a palavra
francesa paysage, que no francês medieval significa habitante e território.
39
Em relação à sua concepção, o tema se destacou com o aparecimento da paisagem
sob a forma de perspectiva no séc. XVII, a partir dos quadros de Claude Lorrain e que, de
acordo com Claval (2004:15) incluía “uma dimensão subjetiva na base da representação
que se deseja ser fiel quanto possível”. Deste ponto de vista, a paisagem pode ser explicada
como sendo um golpe de vista ou uma porção do espaço a ser percebida, que se originou
no Renascimento, a partir do descobrimento da Geometria Descritiva e da Perspectiva.
Posteriormente, Claval (2004) destaca que, a partir de Humboldt e Göethe, além de
outros autores, começa a existir a necessidade de descrever as formas da natureza, entre
elas o terreno e a vegetação. Assim, a fisionomia e a descrição da paisagem passam a ser o
foco principal para os geógrafos e demais cientistas das ciências naturais. Deste modo, a
partir da metade do século XVIII, as paisagens passam a ser analisadas através de suas
interfaces com a natureza, em que temas como crista terrestre, atmosfera e hidrosfera
passam a fazer parte do discurso de geólogos que tentavam descrever a paisagem nas
suas diferentes formas. Nesta perspectiva, o autor considera que “a paisagem deixa de ser
um quadro sem vida; ela é feita de ambientes”.
Mais tarde, entre 1880 e 1890, Friedrich Ratzel delimita o campo da geografia
humana, produzindo estudos que discutiam a relação do homem com o seu meio, na
tentativa de demonstrar o que a atividade humana era capaz de acrescentar ao meio no
qual os homens habitam. A partir da perspectiva de Ratzel, as atividades humanas
começam a ser consideradas nos estudos sobre paisagens. Segundo Claval, a partir disso a
Geografia Humana situa-se na interface entre natureza e fatos sociais, incorporando os
aspectos humanos nas formas físicas da paisagem.
A paisagem, subseqüentemente, passa a ser integrada aos estudos de diversas
áreas, principalmente pelos geógrafos, e contribui para a percepção de uma visão vertical,
que auxilia na investigação de diversos elementos com enfoque nos aspectos físicos.
(CLAVAL, 2004).
Ao longo dos anos esta visão foi se tornando ativa e, uma multiplicidade de pontos
de vista passou a ser observadas e consideradas, auxiliando a complementação de uma
visão vertical da paisagem. Claval (2004: 46) explica que além de enfatizar os aspectos
físicos, esta vertente passa a integrar o homem à natureza e a somar elementos simbólicos
ao que o próprio homem constrói, aprendendo a olhar a paisagem com uma visão global.
Um exemplo dessa época é representado por Carl O. Sauer, com suas pesquisas de campo
e a dimensão viva da paisagem.
Nos anos 70, os estudos sobre a paisagem começaram a levar em consideração a
questão viva, juntamente com as análises funcionais e a questão do simbólico, o que fez
com que a questão da cultura começasse a ser relevante. Neste período surgiram os
estudos sobre a ‘percepção ambiental’ e os métodos de avaliação da paisagem, a partir de
40
atributos visuais e estéticos, com os estudos fenomenológicos. Outros desdobramentos
sobre o tema aparecem, entre eles a paisagem como convivência, formulada por Gilles
Sautter, cujas análises considerava que “não é mais a realidade objetiva que conhecemos
que deve reter a atenção, mas como essa realidade fala aos sentidos daquele que a
descobre, a maneira pela qual entra em harmonia com seus estados d’alma...”. Claval
(2004: 49). Outros autores desta época que também se destacaram são Tuan e D. W.
Meining.
Nos anos 80 iniciaram-se estudos interessados pelo tema cultural. Denis Cosgrove
destacou em vários trabalhos a importância da ideologia. Auguste Berque debruçou-se
sobre os tipos de paisagem: marca e matriz, dando continuidade a vertente da geografia
cultural, na tentativa de entender o social, os sentimentos e as questões vividas. Esta
corrente, também formulada por outros autores, considera que elementos como a ideologia,
a cultura, o simbólico e o imaterial estão integrados à paisagem. John B. Jackson, com a
questão da estética e Marc Augé, com os ‘Non-lieux’ são alguns exemplos importantes de
estudos que ajudaram a desenvolver este tipo de abordagem.
2.2.3.2. Alguns autores e suas definições
Paul Grouth (1977), em ‘Frameworks for Cultural Landscape Study’, mostrou a
grande discussão ocorrida nos EUA sobre paisagens culturais. Para os escritores da
geografia cultural o termo ‘landscape’ significava a integração do homem aos lugares, onde
o espaço se torna um lugar derivado de suas particularidades, identidades próprias e de
seus significados. Estes trabalhos sobre as paisagens culturais focalizaram o cotidiano das
pessoas, articulando as relações sociais e derivando significados culturais para entender as
identidades construídas nestes lugares.
De acordo com Paul Grouth (1977), em 1951 iniciaram-se alguns estudos sérios
sobre o meio. No mesmo ano, John Brinckerhoff Jackson produziu a primeira revista sobre
paisagem que atraiu a audiência de geógrafos, antropólogos, designers, históriadores,
arquitetos e escritores. Apesar da centralidade de Jackson, nenhum paradigma singular
controlava os estudos de paisagens culturais no primeiro quartel do século XX. Em sua obra
“Trabalhos que Enquadram os Estudos de Paisagens Culturais”, Paul Grouth considera a
existência de seis principais vertentes que ajudam a entender o tema.
Primeiramente, o autor ressalta como a vida cotidiana é importante para o valor dos
estudos culturais. Quando somente monumentos ou o higy-stile estão sendo levados a
sério, os ambientes construídos no cotidiano são subestimados. De acordo com esta visão,
as experiências do dia-a-dia são importantes para a formação do significado humano. Desta
41
maneira, as paisagens cotidianas representam importante arquivo para experiência social e
significado cultural, pois refletem seus testes, valores, aspirações e medos.
Outro aspecto considerado pelo autor discorre sobre a importância da indagação do
sujeito nos estudos das paisagens culturais urbanas e rurais, cujo enfoque questiona o
processo de produção e reprodução. Para Paul Grouth, alguns autores que fazem parte
desta vertente merecem destaque, entre eles David Lowenthal, Lay Aplenton e Reuben
Rainey. Tal corrente possui relevância por considerar que as atividades do ser humano
estão presentes em diversas paisagens e, desta maneira, as casas, os bares e o comércio
integram paisagens que são produzidas e ao mesmo tempo consumidas pelos usuários.
Em terceiro, tais estudos tentaram demonstrar os contrastes da diversidade e
uniformidade que enquadram os contínuos debates sobre a interpretação das paisagens
culturais. Segundo Paul Grouth, desde 1870, devido à diversidade desses estudos,
iniciaram-se nos EUA novos escritos de paisagens subjetivas focalizando os valores
singular, social e cultural do meio ambiente. Entre os autores que investigaram tal assunto,
destaca-se Dolores Hayden, cujas pesquisas defendem a idéia de que a ocupação e os
valores dos pormenores do dia-a-dia são mais importantes que o ambiente construído,
enfocando problemas como conflitos de classe, que criam paisagens únicas.
A quarta vertente enfatiza a importância de estudos populares e acadêmicos. Dentre
os escritos existentes, o autor destaca um de 1982, no qual arquitetos da universidade de
Winsconsin que estudavam a paisagem iniciaram uma publicação duplamente inovadora e
profissional - o Lanscape Journal, intimamente inspirada no formato de design da
Landscape, cujo interesse buscava-se atingir audiências públicas e profissionais. Os artigos
em torno da paisagem cultural à época compreendiam uma parte significativa do conteúdo
do jornal. As vendas ininterruptas e o forte impacto de duas coleções elegantemente
editadas também foram notáveis. A coleção de Donald Meinig, “A Interpretação das
Paisagens Ordinárias”, de 1979, era composta de nove longos ensaios de figuras
consagradas da geografia cultural, e expôs o trabalho nesta disciplina até meados dos anos
setenta.
Numa quinta vertente, Paul Grouth esclarece que os trabalhos de geografia cultural
nos estudos sobre a paisagem derivaram da natural intersubjetividade da natureza (matéria)
e não possuía um único método ou teoria aprovados, mas foi fortemente apoiado na teoria e
na prática. Ele considera a cultura como uma série mutante de relações sociais, regras e
significados construídos através da vida diária. Observa que a cultura não seja uma
entidade congelada, ao contrário, ela é recriada ou mudada através da vida dos indivíduos.
Paul Grouth destaca vários autores de diferentes correntes que ajudaram na teoria e
prática dos estudos sobre Paisagem. Entre eles, Carl Sauer, fundador da Escola de
Berkeley, e representante da Geografia Cultural, que começou promovendo trabalhos sobre
42
paisagem cultural em 1920, enfatizando o empirismo. Outros geógrafos da mesma escola,
como Yi-fu Tuan, iniciou suas investigações interessado pelo sentido do lugar, apoiando-se
nos métodos da fenomenologia.
Paul Grouth destaca exemplos importantes de alguns dos autores sobre tal
abordagem, entre os quais se destacam: Dolores Hayden, com as definições de ‘produção
de espaço’, do sociólogo francês Henri Lefebvre; Bárbara Bender, com o crescente
interesse na paisagem como um reino de interpretações; e Denis Cosgrove, na qual a
paisagem não é só espaço cultural, mas ainda uma cena ou visão. Deve-se ressaltar que,
além desses autores, arquitetos, paisagistas, desenhistas, historiadores e geógrafos
também contribuíram com métodos e teorias para os estudos culturais. Nos anos 90, o
‘Vernacular Architecture Forum’, fundado em 1980, atraiu vários escritores, pesquisadores e
arquitetos de orientação paisagística para suas reuniões anuais e publicações de obras que
retrataram o tema.
Finalmente, como sexta vertente, Paul Grouth enfatiza a importância de se observar
a primazia da informação visual e espacial da paisagem. Para arquitetos, urbanistas,
paisagistas e geógrafos, a importância da visão espacial tornou-se comum. Dois importantes
geógrafos, Donald W. Meinig e David Lowenthal começaram a abordar as imagens, que se
iniciaram com a explosão de estudos de litografias e fotografias, como veremos a seguir, a
partir do relato de cada um desses autores.
D. W. Meining se destacou nos anos 70 por trabalhar a paisagem sob um ponto de
vista diferente. Em ‘The Beholding Eye Ten Versions of the Same Scene’, ele sugere que o
observador pegue a porção do panorama de uma cidade ou do campo, descreva a
‘paisagem’ (aquela "extensão do país visto de um único ponto", como define o dicionário) e
diga algo sobre o ‘significado’ do que pode ser visto. Neste estudo, o autor queria mostrar
que, por mais que se olhe na mesma direção e no mesmo momento, cada pessoa verá uma
paisagem diferente. Seus estudos comprovaram que todos podem ver os mesmos
elementos - casa, estradas, árvores, colina – no mesmo número, forma, dimensão e cor.
Na obra denominada ‘O Olho Escrutinador: Dez Versões da mesma cena’, Meining
demonstra que os objetos observados assumem significados de acordo com certas
associações, ou seja, eles devem ser associados conforme um corpo coerente de idéias a
fim de mostrar o problema central, de que a paisagem não é composta pelo que se
apresenta diante dos olhos, mas pelo que permanece na mente do ser humano.
As associações que ocorrem na mente são muito complexas, a ponto de o autor
sugerir deixar de lado o discurso formal e trabalhar com a linguagem comum. Esta
metodologia pode descrever uma cena comum de diversas maneiras, porém com variações
do tema. Neste caso, deve-se observar que há a preocupação não com os elementos, mas
com a essência e com a organização das idéias que o homem observa.
43
Meining sugere ainda dez versões, mais precisamente dez temas, para se trabalhar
a paisagem. Estas versões não esgotam as possibilidades que uma paisagem pode
proporcionar, pois cada uma sugere infinitas interpretações. No entanto, a aplicação destas
possíveis cenas para cada paisagem facilita as interpretações e ao mesmo tempo, impõe
uma metodologia que ajuda a trabalhar o tema. Tais versões serão aqui demonstradas e
algumas delas têm o intuito de ajudar a compreender como as várias tipologias de
paisagens relativas à habitação multifamiliar, na cidade do Rio de Janeiro, podem ser
interpretadas por cada morador e representar um tipo de relação identitária diferente.
Primeiramente, em ‘Paisagem como Natureza’, a natureza é vista como principal,
dominante e permanente. As pedras, os verdes, as formas, o horizonte, a água e vários
outros elementos da natureza são primordiais em relação ao homem. Nesta concepção, de
acordo com o autor, tudo que o homem faz ou produz, como casas, edifícios e pontes,
estariam subordinado às intempéries naturais. Meining afirma que esta visão teve sua maior
força durante o romantismo do século XVIII e posteriormente, foi incorporado pelas ciências
do século XIX, ressaltando os trabalhos sobre a preservação da natureza, como a
despoluição, que constituiu um exemplo significante.
Numa abordagem seguinte, Meining trabalha a ‘Paisagem como Hábitat’. Nesta
concepção a paisagem é a casa e o receptáculo natural do homem. Desta forma, Natureza
e o homem possuem o mesmo valor. De acordo com sua visão, não existe um valor
diferente, isto é, o ser humano trabalha em conjunto com a natureza, vivendo, construindo e
articulando-se com ela. Segundo Meining (1979), a natureza reflete o dia-a-dia e o cotidiano
do homem. Ele considera que toda a diversidade da natureza - as formas dos campos, dos
pastos e dos bosques, em conjunto com os domicílios, as cidades e seus planos,
demonstram que o homem seleciona os locais para a construção de suas benfeitorias sobre
a própria natureza.
Uma terceira vertente observa a ‘Paisagem como Artefato’, cujos estudos ressaltam
o homem transformando a natureza, ou seja, deixando a sua marca. Nesta concepção,
Meining considera que o homem adapta a natureza às suas necessidades, o que de certo
modo estabelece uma visão do homem como criador, mas também como o seu
conquistador. Assim sendo, a natureza possui função de apenas prover o homem.
Numa quarta concepção, a qual analisa a ‘Paisagem como Sistema’, Meining idealiza
tudo como um grande e complexo modelo. A terra, as árvores, estradas, edifícios e o
homem não são componentes individuais, mas elementos que fazem parte de um mesmo
processo. Do mesmo modo, o homem, tal como um rio ou uma árvore, é de uma maneira ou
de outra, uma parte inexorável destes sistemas. Caracteriza-se como uma estrutura que
transforma, fabrica, modifica-se e interage dentro de um grande sistema de peças que o
compõe, através de sínteses e relações.
44
Em ‘Paisagem como Problema’, Meining manifesta que é preciso ver a natureza com
uma profunda preocupação da terra como um habitat. Isto é, não observá-la como um
problema, mas trabalhá-la com cuidado para não precisar de correção que, sob um olhar
social, pode incorporar uma maior consciência do que está acontecendo, tornando o homem
mais sensível.
Numa sexta vertente, Meining alerta para uma visão da ‘Paisagem como Riqueza’.
Neste ponto de vista, a paisagem seria considerada pelo observador como um item de valor,
o que lhe dá uma função econômica, pois serve para avaliações de propriedades e
transações atuais, que analisam o valor de tudo. Segundo o autor, tal visão é orientada para
o futuro, por valores de mercado e são modos que sempre sofrem mudanças, por estarem
continuamente em processo de especulação. Considera ainda que a paisagem como
riqueza esteja fortemente arraigada na ideologia do capitalismo e representa a aceitação
geral da idéia de que a terra é uma forma de capital. Neste sentido, tal concepção vê a
paisagem como comercial, dinâmica, pragmática e quantitativa.
Em ‘Paisagem como Ideologia’, Meining analisa que as cenas da paisagem são
como símbolos dos valores, das idéias administrativas e das filosofias subjacentes da
cultura atual, as quais predominam manifestações de liberdade, individualismo, competição,
utilidade, poder, modernidade, expansão e progresso. Isso não significa que eles não
podem ver os problemas, no entanto, a tradução e as idéias que criaram a cena são mais
importantes. Ver paisagem como ideologia é refletir de como ela foi criada para ser
observada. A importância desta concepção para esta pesquisa está fundamentada no fato
de que a questão da ideologia foi um dos fatores que representou as várias paisagens das
tipologias de habitação multifamiliar no Rio de Janeiro, como será demonstrado
posteriormente.
Meining destaca ainda, numa oitava vertente, a ‘Paisagem como História’, a qual é
retratada como um processo. Parte do princípio de que as paisagens são processos, em
que o historiador vê os efeitos acumulativos dos elementos de determinada localidade. Esta
visão de paisagem vai do particular ao geral, tendo uma convicção de que o passado possui
um significado fundamental, na qual a vida deve ser vivida. Toda paisagem é uma
acumulação, feita de passado, com uma marca e uma matriz, de caminhos e de áreas de
mudanças rápidas (MEINING, 1979). A paisagem, então, constitui uma grande
conseqüência das ações e decisões que vão se acumulando e contendo uma história.
Em ‘Paisagem como Lugar’, Meining considera que a paisagem é uma localidade,
um pedaço singular de um todo da natureza. Nesta visão, o observador inclui cada
pormenor do que vê, cultivando a sensibilidade do detalhe, da textura, da cor e de todas as
nuances das relações visuais, corroborando para que o ambiente ajuste todos os nossos
sentidos, sons e cheiros. Devemos enfatizar que esta visão cultiva a sensibilidade e assim, a
45
individualidade dos lugares. É uma visão que sugere que o lugar é construído
individualmente. Esta vertente mostra que o lugar possui uma dimensão importante do bem-
estar humano, que marca sua individualidade e suas características. Considera ainda que
nossas vidas individuais são necessariamente afetadas de maneiras diversas pela
particularidade da localidade na qual vivemos, ou seja, é simplesmente inconcebível que
qualquer um possa ser a mesma pessoa em um lugar diferente.
O estudo da ‘Paisagem como Lugar’ é essencial nesta pesquisa por demonstrar que
cada tipologia de paisagem de habitação multifamiliar constrói lugares diferentes uns dos
outros e que estas paisagens são também interpretadas e sentidas diferentemente por cada
morador.
Finalmente, numa última visão sobre o tema, Meining destaca que a ‘Paisagem como
Estética’ apresenta algumas variações das demais, mas o interesse principal desta corrente
é uma preocupação com as suas qualidades artísticas. Segundo ele, a ‘Paisagem como
Estética’ tem uma linguagem básica, cujos aspectos de cor, textura, massa, linha, posição,
simetria, equilíbrio e tensão, procuram significados que não são explícitos nas formas
comuns. Nesta visão, a paisagem fica completamente além da ciência, conservando
significados que nos unem, como as imaterialidades e subjetividades de cada paisagem. A
qualidade artística do entendimento de ‘Paisagem como Estética’ é importante para esta
tese, por considerar que os elementos estéticos influenciam nas diferentes tipologias
habitacionais e, conseqüentemente, na sua percepção.
2.2.3.3. A Paisagem nas tipologias de habitação multifamiliar
A ‘Paisagem como Lugar’, considerada essencial neste trabalho, demonstra como
cada tipologia de paisagem de habitação multifamiliar constrói lugares distintos,
interpretados e sentidos diferentemente por um de cada morador. Meining (1979) mostrou, a
partir deste estudo, que cada tipo de paisagem afeta, diversamente, cada habitante. Cada
tipologia de paisagem construída, formada não só pelos volumes edificados - conjunto de
prédios, casas e sobrados - mas também por árvores, calçadas, postes e outras formas que
aparecem sobre a visão do habitante, podem interferir e ser percebida singularmente por um
de cada morador, constituindo-se estas paisagens em lugar específico para cada um deles.
A ‘Paisagem como Estética’ é importante para explicar como as diferenças das
tipologias escolhidas nesta pesquisa podem ser interpretadas de maneiras diversas e,
assim, encontrar exemplos que expressem muitas das visões de paisagens discutidas. A
singularidade das formas, alturas, extensão e configuração poderão auxiliar no
entendimento desta visão estética da paisagem, bem como na metodologia que ajuda a
compreender as subjetividades presentes em cada uma delas. Deve-se destacar a
46
importância da linha do céu ou o skyline, isto é, o espaço entre o último pavimento dos
edifícios e o céu que delimita a paisagem, pois a forma deste skyline – baixo, formado pelas
casas das vilas; ou tipo desfiladeiro, formado por edifícios colados uns nos outros; ou a
combinação destes dois tipos - podem interferir na relação dos habitantes com suas
moradias.
A ‘Paisagem como Ideologia’ é relevante para demonstrar a questão da ideologia
que representou as várias paisagens das tipologias de habitação multifamiliar no Rio de
Janeiro. As tipologias, conforme visto, são modelos formados por certas paisagens
construídas que acabaram determinando tipologias distintas. Na cidade do Rio de Janeiro,
as ideologias terminaram por influenciar as tipologias habitacionais, como as vilas, desde o
seu surgimento no início do século XX; a modernidade no edifício de apartamento em
Copacabana, nos anos de 1940; a restrição aos gabaritos dos edifícios de apartamentos na
Tijuca e Bairro Peixoto, bem como a construção dos condomínios da Barra da Tijuca,
representaram e representam idéias que constroem paisagens distintas. Assim, para este
estudo a ’Paisagem como Ideologia’ será posteriormente analisada, a fim de entendermos
as subjetividades e, assim, os sentimentos de pertencimento e identificação entre
moradores e as paisagens que integram o seu habitat.
2.2.4. O CONCEITO DE TERRITÓRIO
O conceito de território é diferentemente tratado nas múltiplas disciplinas que o
estudam, cujo entendimento também se dá de diversas formas.
Este conceito é relevante a fim de analisar o quanto certa porção do espaço torna-se
um território definido pela utilização do homem. Desta maneira, os lugares vivenciados se
tornam espaços determinados, devido ao tipo de utilização, apropriação e costumes das
pessoas que os freqüentam.
Neste trabalho, o conceito de território não pretende ser analisado em profundidade.
Uma vez que o conceito de lugar não é abrangente o suficiente para abarcar porções
maiores utilizadas dentro de um bairro, o conceito de território torna-se chave para estudar
como os moradores utilizam e apropriam as várias tipologias - seja de edifícios altos e
colados, edifícios baixos, condomínios verticais e vilas – e como estas interferem na
formação de um determinado território, na relação identitária espacial dentro dos bairros.
Este conceito, assim como os demais, será explanado num breve histórico, com
algumas conceituações e os principais autores que contribuem com o tema.
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2.2.4.1. A Evolução do conceito
Lévi e Lussault (2003), no Dicionaire de La Geographie et de L’Espaces des
Societées, consideram que o conceito de território pode ser resumido em oito pontos de
vista diferentes, acrescida ainda de uma nona concepção, recentemente proposta por eles.
Inicialmente, eles consideram quatro mais importantes: primeiramente, uma definição
utilizada durante a renovação da geografia, proposta por alguns autores, como Harvey
(1969), que colocavam a palavra território como um espaço particular; em segundo; o
território foi utilizado em certos casos, na história, como sinônimo da palavra espaço; em
terceiro, uma visão considera que esta palavra foi confundida com o sinônimo de lugar,
principalmente em economia e ciência política, as quais a utilizam para expressar as
particularidades das cidades num sentido mais vasto, com abrangência nacional e mundial;
a quarta definição considera que alguns pesquisadores utilizam território como uma opção
epistemológica para definir espaço geográfico.
As outras definições seguintes são: num quinto significado, território é utilizado como
um espaço controlado e limitado, envolvido pela lógica de poder. Esta é a mais antiga e a
forma mais utilizada. São aplicadas principalmente por Robert Sack (1986) e Bertrand Badie
(1995), e em muitos outros trabalhos de ciências políticas e relações internacionais; o sexto
significado de território é utilizado para expressar as questões abordadas em etnologia e
biologia, a sétima definição vem desta última, para exprimir a questão do espaço apropriado,
onde os geógrafos franceses utilizavam o termo apropriação. Neste sentido, o território ”será
um espaço disputado... um atributo de possessão ou identificação. (...) tornara-se um
componente identitário, visto ideal, não importa qual espaço”. Lévi e Lussault (2003:908).
A oitava definição dos autores considera o território como uma periodização, ou seja,
ele indica um dos três períodos históricos normalmente comentados na história da
geografia. O primeiro seria a “geografia do meio”, a “geografia do espaço” o segundo e em
terceiro, “o território”, numa época em que estão presentes na história da geografia diversos
estudos sobre identidade dos indivíduos e das sociedades.
A nona concepção de Lévi e Lussault (2003) constitui uma outra opção para
trabalhar o conceito e tentar ultrapassar suas variações de significados e interpretações. Os
autores analisam que pode se tentar ligar este conceito, entendendo-o de três formas
principais. Autores como Claude Raffestin e Yves Barel trabalham neste sentido.
A primeira forma de trabalhar este conceito corretamente, segundo Lévi e Lussault
(2003), é trabalhar com a dupla natureza, material e simbólica do território, ou seja, trabalhar
as questões simbólicas associando-as sempre a um espaço físico concreto, como um bairro,
uma praça, uma região.
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Uma segunda maneira é trabalhar o território como uma forma de apropriação. Para
Lévi e Lussault (2003: 911) existe uma forma mais branda de se trabalhar este conceito de
apropriação, em que “os indivíduos e os coletivos sociais se apropriam dos territórios por
registros essencialmente cognitivos ou simbólicos, sem desenvolver o sentido mais forte dos
dispositivos de controle e defesa que definem o sentido ‘duro’ da apropriação”. Debardie
(1999) é o principal autor que trata o conceito desta maneira.
A terceira forma vê o território como uma configuração espacial, na qual os autores
avaliam que “é uma maneira de apreender a relação entre território e apropriação... e
conceber a ligação entre território e espacialidade, e de se identificar os espaços pertinentes
da territorialidade.” Este embasamento considera os territórios individuais e coletivos numa
escala que pode ir da residência, das gangues e diversos grupos étnicos até às escalas
nacional e global. Joël Bonnemaison está entre os autores que aplicam este tipo de visão
para o território.
2.2.4.2. Alguns autores e suas definições
Em “O território na transição da pós-modernidade”, Paul Claval (1999) considera que
antes os geógrafos atribuíam tudo ao espaço e, ultimamente, devido às grandes
transformações do espaço e das sociedades, o termo Território é mais observado. O autor
classifica o conceito em três vertentes, referenciados também em três épocas distintas.
A primeira, denominada “Território, controle e poder”, pode ser compreendida por
alguns geógrafos de maneiras diferentes. Nela, o território “resulta da apropriação coletiva
do espaço por um grupo”. Nesta visão os estudos se voltam para a discussão dos
problemas relacionados à política, população e Estado. Jean Gotman, um dos principais
autores desta vertente, considera que a idéia de território “está assim ligada a de controle”.
Esta concepção originou-se a partir de Hobbes, no século XVI, que torna a idéia de contrato
social tão utilizada como uma das doutrinas da política moderna pelo Estado. Foi, no
entanto, Robert Sack, em 1986, que propôs uma interpretação de territorialidade bem
próxima à de Gotman, mas aplicável em todas as escalas. O território, nesta perspectiva,
nasce “das estratégias de controle necessárias à vida social – uma outra maneira de dizer
que ela exprime soberania”. (CLAVAL, 1999: 8) considera que “a versão de Robert Sack
adquire importância por salientar que a idéia de territorialidade se aplica a todas as escalas,
desde uma peça num apartamento até a de um Estado”.
Uma segunda vertente foi denominada por Claval (1999) de ‘Território e realidade
social’. Nesta, há, em primeiro lugar, a idéia de território vindo da etnologia, como as
comparações entre os grupos de primatas e ancestrais humanos. Uma outra concepção que
integra esta vertente vem da geografia radical, do início dos anos 1970, “a uma estranha
49
retórica sobre a criação do espaço; pela recusa em naturalizar os fatos sociais, fez-se da
sociedade a realidade primeira” (CLAVAL, 1999: 9).
De acordo com Claval (1999:11), a terceira vertente traria a consideração da
dimensão territorial e traduz uma mutação profunda na abordagem geográfica: “falar em
território em vez de espaço é evidenciar que os lugares nos quais estão escritas as
existências humanas foram construídos pelos homens e, ao mesmo tempo, pela sua ação
técnica e pelo discurso que mantinham sobre ela”. Claval considera ainda que “as relações
que os grupos mantêm com o seu meio não são somente materiais, mas também de ordem
simbólica, o que os torna reflexivos. Os homens concebem seu ambiente como se houvesse
um espelho que refletindo suas imagens, os ajuda a tomar consciência daquilo que eles
partilham”.
A partir dos anos 1950, na França e 1970, no mundo anglo-saxônico, o conceito de
Classe implicou num sistema de comunicação bastante eficaz para comparar seu status aos
de outros membros do grupo. Neste sentido, o território aparece “como essencial,
oferecendo àqueles que o habitam, condições fáceis de intercomunicação e fortes
referências simbólicas. Ele constitui uma categoria fundamental de toda estrutura espacial
vivida...” (Claval apud Claval, 1999: 12).
Sobre as várias vertentes que estudam o conceito de território, Haesbaert (2004) em
seu livro o Mito da Desterritorialização, sintetiza os debates de vários autores em três
principais concepções. A primeira seria a mais tradicional, baseada em alguns estudos de
Sack (1986), que reivindica o território como um local de relações de poder, onde as formas
de territorialização como controle seriam imprescindíveis para controlar fluxos,
especialmente dos indivíduos e das coisas.
A segunda seria uma visão contrária a esta, na qual o território é entendido como um
conjunto de territórios-redes que, conforme as considerações de Chivallon e Massey (1994),
se compõe em várias escalas.
A terceira vertente proposta por Haesbaert (2004:77) “trabalha o território como um
híbrido, seja entre o mundo material e ideal, seja entre natureza e sociedade, em suas
múltiplas esferas (econômicas, políticas e culturais)”.
De qualquer forma, o território na visão de Haesbaert (2004:78) “define-se antes de
tudo com referência às relações sociais (ou culturais, em sentido amplo) e ao contexto
histórico em que está escrito”. Deste modo, ele considera o território de forma integradora, o
qual pode ser descrito “pelo conjunto de nossas experiências ou, em outras palavras,
relações de domínio e apropriação, no/com/através do espaço, os elementos-chaves
responsáveis por essas relações diferem consideravelmente ao longo do tempo”.
O autor afirma ainda que é em Deleuze e Guatarri que o conceito se torna bem
amplo, capaz de abarcar várias outras dimensões, incluindo a do espaço de vida pessoal.
50
Esta dimensão do território em Deleuze e Guatarri apud Haesbaert (2004) é tão ampla que
se inicia com o território etnológico, passando pelo território psicológico ou subjetivo, depois
ao território sociológico e ao território geográfico. Segundo esta visão, um escala iria
englobando a outra e, assim, ter-se-ia vários níveis de território, a partir da mais material até
a mais subjetiva.
Como podemos demonstrar, ao abordar as diferentes correntes e concepções sobre
território, alguns autores com tendências culturalistas afirmam que “a própria feição cultural
precede e/ou se impõe sobre a natureza política dos territórios”. Assim, a desterritorialização
numa perspectiva cultural é bem observada por Bonnemaison e Cambrèzy apud Haesbaert
(2002: 215) “(...) a existência e mesmo a imperiosa necessidade para toda a sociedade
humana de estabelecer uma forte relação espiritual, com seu espaço de vida, parecem
claramente estabelecidas. (...) O poder do laço territorial revela que o espaço é investido de
valores não somente materiais, mas também éticos, espirituais, simbólicos e afetivos. É
assim que o território cultural precede o território político e com razão, precede o espaço
econômico”.
Marc Augé (2006: 20), no prólogo de ChezNous, denominado La planéte Comme
Territoire: Um Défi por les Architectes explica que “podemos definir lugar como a fusão entre
a noção de território e identidade. Pode-se ler identidade de cada um como em função de
sua residência, dos tipos de relações que podem existir entre uns e outros dentro de certo
espaço ou, de outro modo, em função do que indivíduos partilham, por exemplo, uma
história, uma religião e eventualmente, alguns monumentos. Estes tipos de espaços podem-
se opor aos não lugares, que foi definido como espaços onde não se encontra
imediatamente nenhuma identidade, nem algumas relações, nem símbolos partilhados
(Augé 2006: 20 [1992])”.
Augé (2006:22) define território como “uma participação de uma linguagem (que não
é propriamente uma língua), em que se encontram meias palavras, na qual se pode ter uma
cumplicidade de gestos e alusões”. Os espaços onde se tem esta compreensão podem ser
produzidos mesmo em palavras cobertas, constituindo-se como se pode chamar de ‘um
território’ ou ‘um lugar’.
Em Non-Lieux: Introduction à une antropologie de la surmodernité, Marc Augé (1992)
define o que ele chama de lugar antropológico, visto como “um lugar, aquele que ocupa os
indígenas que vivem, trabalham e defendem, marcando os pontos fortes, cuidando das
fronteiras que, entretanto, marcam os traços de poder dos anciãos ou dos céus, dos
ancestrais ou dos espíritos que povoam e animam a geografia íntima, como se um pequeno
fragmento da humanidade, de seu endereço e lugar, oferendas e sacrifícios, fossem uma
essência como se não houvesse humanidade digna deste nome, que é o lugar mesmo que
o consagra”.
51
2.2.4.3. O território dentro do bairro
Para esta tese, dois aspectos devem ser elucidados. Primeiro, a possibilidade da
existência de pequenos territórios dentro do bairro e, posteriormente, a visão do bairro como
um território delimitador do espaço físico.
Esta segunda consideração se refere somente à questão da localidade física de cada
bairro. Para esta pesquisa serão utilizados empiricamente os bairros de Copacabana, Bairro
Peixoto, Tijuca e Barra da Tijuca. Importante comentar que cada bairro possui uma
característica física diferente, porém, o mais importante para este estudo é entender que
existem pequenos territórios, onde se localizam as tipologias de habitação multifamiliar
escolhidas para esta pesquisa.
Assim sendo, a vertente de territórios dentro do bairro mostrará a possibilidade da
formação de pequenos territórios constituídos pelas porções singulares do espaço, onde
estão localizadas as tipologias de habitação multifamiliares. Neste caso, cabe ressaltar que
o uso de certas partes da praia, barezinhos ou pracinhas - utilizadas pelos moradores dos
altos e colados edifícios de apartamentos em Copacabana; os prediozinhos no Bairro
Peixoto, Tijuca e no Jardim Oceânico - na Barra da Tijuca; além dos condomínios altos e
fechados na Barra da Tijuca e as vilas na Tijuca - servem para demonstrar que certos
lugares conformam um território específico pelos moradores destas localidades.
Desta maneira, a terceira forma de se trabalhar o território, considerando-o como
uma configuração espacial que concebe a ligação entre território e espacialidade, e que
considera a identificação dos lugares pertinentes da territorialidade, será muito útil. Esta é a
visão de Joël Bonnemaison apud Lévi e Lussault (2003), que também utiliza a relação das
escalas, desde as residências até a escala nacional.
Considerando a possibilidade da formação de vários territórios dentro do bairro, tanto
a visão de Haesbaert quanto a de Lévi e Lussault são muito importantes, pois poderemos
trabalhar os aspectos dentro do bairro não só pelas características físicas, mas também a
partir das questões simbólicas, ligando-as sempre a um pequeno espaço dentro do bairro.
Tais visões defendidas pelos autores poderão ser associadas à conceituação de
bairro proposta por Lynch, onde o morador pode penetrar mentalmente e reconhecer as
características singulares que os identificam, constituindo assim, pequenos territórios dentro
do Bairro. Várias características destes pequenos territórios também são contempladas por
Lynch, quando considera que o bairro pode ser observado e usado também como referência
a partir do lado interno ou como referência externa, quando vistos de fora.
Em relação aos pequenos territórios, estes serão utilizados nesta pesquisa como
lugares vividos e apreciados, os quais possuem textura, espaço, forma, detalhe, símbolo,
tipo de construção, usos, atividades, habitantes, estados de conservação e topografia,
52
conforme descritos por Lynch (1999) e também associado aos conceitos de Claval (apud
Claval, 1999) e Marc Augé (2006), já considerados anteriormente.
Este último, por exemplo, considera que podemos definir lugar como a fusão entre a
noção de território e identidade e fazer relações de identificação com certos espaços
utilizados pelos indivíduos, como suas residências. Tal abordagem vai de encontro com o
objeto de estudo deste trabalho: as várias tipologias de habitação multifamiliar em pequenos
territórios dentro do bairro. Considera-se que, a partir deste ponto de vista, podem-se ter
pequenos territórios dentro do bairro, corroborando com a visão de Félix Guatarri, o qual
entende a noção de território num sentido amplo, que pode ser relativo tanto a um espaço
vivido quanto a um sistema percebido, no seio do qual um sujeito sente-se 'em casa'.
53
CAPÍTULO 3
__________________________________________________________________________
OS DEBATES SOBRE IDENTIDADE E OS SENTIMENTOS
DE IDENTIFICAÇÃO E PERTENCIMENTO NA CIDADE CONTEMPORÂNEA
54
__________________________________________________________________________
CAPÍTULO 3 – OS DEBATES SOBRE IDENTIDADE E OS SENTIMENTOS DE
IDENTIFICAÇÃO E PERTENCIMENTO NA CIDADE
CONTEMPORÂNEA
Neste capítulo serão abordados quatro principais temas. Inicialmente, os debates
sobre identidade e os sentimentos de identificação e pertencimento na cidade
contemporânea; a cidade no período atual; algumas denominações; os debates sobre
identidades e as contra-argumentações; se existe uma crise das identidades e as contra-
argumentações: as identidades múltiplas, identificação e pertencimento.
Em seguida será estudado o conceito de identidade e algumas definições, a
evolução de seus estudos, as relações identitárias e seus elementos, os elementos
essenciais, os elementos básicos e específicos e alguns tipos de relações identitárias e
identidades.
Em terceiro será feita uma reflexão das relações identitárias espaciais, das
identidades de um espaço, os elementos da relação identitária espacial, morador (sujeito)
como elemento básico de uma relação identitária espacial, as escalas do espaço como
elemento específico (‘objeto’) na relação identitária espacial.
Em quarto analizar-se-a a relação identitária de moradia, os elementos na relação
identitária de moradia, os elementos essenciais e básicos na relação identitária de moradia,
as escalas das relações identitárias que envolvem o morar nas diferentes tipologias de
habitação multifamiliar na cidade do rio de janeiro, a identidade de moradia, um exemplo (o
caso da aldeia da luz) e um exemplo das diferentes relações identitárias no espaço da
moradia.
3.1. OS DEBATES SOBRE IDENTIDADE NA CIDADE CONTEMPORÂNEA
Esta abordagem pretende fazer uma reflexão sobre a cidade contemporânea,
abordando a temática que envolve espaço e tempo no período atual e suas principais
denominações e características. Busca demonstrar como se encontram os debates sobre o
tema identidades, com a possibilidade de uma crise e as contra-argumentações a cerca do
assunto, enfocando também o surgimento das identidades múltiplas e os conceitos chaves
de identificação e pertencimento.
55
3.1.1. A CIDADE NO PERÍODO ATUAL
Diversos autores consideram que a vida atual nas cidades contemporâneas
apresenta modificações inigualáveis. Devido aos avanços das técnicas e das informações, o
tempo e o espaço sofreram transformações, interferindo nos modos de vida, no cotidiano
das sociedades e nas relações por ela vividas e, também, na formação das relações
identitárias.
Alterações no espaço e no tempo contribuíram para que o mundo se tornasse
globalizado, de tal forma que a maioria das sociedades vive em cotidianos diferentes. O
‘espaço’, embora tenha suas bases físicas ou concretas, foi adquirindo um valor simbólico e,
devido aos fluxos globais, um valor considerado virtual. O ‘tempo’ pode ser utilizado com
tanta velocidade que possibilita maior dinamização da vida, uma vez que os avanços
tecnológicos permitem maiores conexões entre os espaços. Simultaneamente, a
homogeneização cultural também vem interferindo no tempo, tornando-o cada vez mais
simbólico e afetando o cotidiano e os modos de vida das sociedades, bem como na
formação dos tipos de identidade.
As transformações estabelecidas pela sociedade informacional, bem como as
mudanças institucionais e os avanços tecnológicos propiciaram modificações profundas,
refletindo-se na aceleração do cotidiano e na formação de espaços, principalmente nos
grandes centros urbanos. Assim sendo, refletir e examinar a cidade contemporânea é uma
necessidade de todas as disciplinas que estudam o espaço urbano, principalmente o
urbanismo.
3.1.1.1. Algumas denominações
O período atual, conforme anteriormente mencionado, é atingido por vários fatores
que recaem diretamente nas sociedades, nos cotidianos, nos modos de vida e nas cidades.
Este período, com características distintas de outras épocas, é objeto de discussões e até
da forma como é denominado.
Alguns autores denominam o período atual de Modernidade Tardia, Alta
Modernidade, Pós-Modernismo ou Pós-Modernidade. Cada um deles assume uma posição,
entre os quais Giddens, Harvey e Lyotard são os mais influentes na investigação do
assunto
1
.
Giddens (1991), por exemplo, considera que a Modernidade iniciou-se a partir do
século XVII ao estilo, costume de vida ou organização social que emergiu na Europa àquela
1
Este trabalho não pretende avaliar as posições dos autores sobre cada uma das denominações estabelecidas.
56
época e, posteriormente, foi se propagando pelo mundo. O autor avalia que, ao invés de se
estar entrando num período de pós-modernidade, que ele denomina de vida pós-moderna,
ao contrário, “estamos alcançando um período em que as conseqüências da modernidade
estão se tornando mais radicalizadas e universalizadas do que antes”.
Desta maneira, Giddens argumenta que, diferentemente da Modernidade,
percebemos uma ordem do modo de vida diferente, denominada “Pós-moderna”. Esta
ordem Pós-moderna, segundo ele “...é bem diferente do que é atualmente chamado de
‘Pós-modernidade’” (1991:13). De qualquer maneira, o que se pretende ressaltar é que
algumas características fundamentais na organização das cidades estão se transformando
de tal maneira que uma nova ordem está se configurando. Nesta nova ordem há profundas
modificações, entre elas destacam-se a ‘globalização’, as ‘alterações no tempo e no
espaço’, os ‘deslocamentos’, as mudanças nos ‘campos sociais’ e a ‘homogeneização
cultural’, que serão analisadas a seguir.
Estas alterações, lideradas pela Globalização, atingiram o espaço das cidades tanto
em sua materialidade como na imaterialidade, consideradas mais profundas do que a
maioria dos tipos de mudanças características dos períodos precedentes. Deste modo,
Giddens (1991:69) define a Globalização como “a intensificação das relações sociais em
escala mundial, que ligam localidades distantes de tal maneira, que acontecimentos locais
são modelados por eventos que ocorrem a muitas milhas de distância e vice-versa”.
Segundo o autor, “este é um processo dialético, porque tais acontecimentos locais podem
se deslocar numa reação anversa às relações muito distanciadas que os modelam...”. Neste
contexto, tal processo dialético acaba transformando as cidades, sobretudo nos processos
identitários.
3.1.1.2. O período atual
Devido aos enormes efeitos provocados pela globalização no tocante às conexões
‘espaço-tempo’, atualmente a relação ‘espaço’ e ‘tempo’ influencia todos os seguimentos da
vida, afetando-a principalmente em três pontos: a questão dos ‘espaços vazios ou
fantasmagóricos’, os ‘deslocamentos’ e a ‘homogeneização cultural’.
Giddens é um dos autores que fazem inúmeras argumentações importantes em
contribuição à compreensão sobre os efeitos da globalização no espaço. Segundo ele, o
‘lugar’, o qual pode ser conceituado “por meio da idéia de localidade, que se refere ao físico
da atividade social como situado geograficamente” (1991:26), devido ao advento da vida
Pós-moderna, tornou-se “fantasmagórico”, ou seja, espaços simbólicos que, por muitas
vezes, são inclusive espaços virtuais.
57
Confirmando o entendimento de tais mudanças na formação do tempo e do espaço,
Giddens (1991) analisa que “nas sociedades Pré-modernas, o espaço e o lugar coincidem
amplamente, na medida em que as dimensões espaciais da vida social são, para a maioria
da população, e para todos os efeitos, dominadas pela presença de atividades localizadas”.
Suas análises consideram ainda a presença de “espaços vazios”, os quais podem ser “os
espaços sem referência local privilegiada... e aqueles que tornam possível a substituição de
diferentes unidades espaciais, ou seja, a invenção ou a formação de espaços imaginários”.
Giddens avalia que o advento da velocidade do tempo e da utilização dos espaços
da vida no período atual “arranca crescentemente o espaço do tempo, fomentando relações
entre outros ‘ausentes’, localmente distantes de qualquer situação dada ou interação face a
face”.
Para ele, o lugar está se tornando “fantasmagórico” isto é, os locais são
completamente penetrados e moldados em termos de influências sociais bem distantes
deles. O que estrutura o local não é simplesmente o que está presente na cena ou a forma
visível, mas sim, relações distanciadas e ocultas que torna o espaço vazio.
Na visão de Giddens (1991:141), a globalização e a ‘fragmentação do tempo e do
espaço’ provocam ainda várias conseqüências. Uma delas é por ele denominada de
deslocamentos’. Estes são causados pelo “desencaixe” das relações sociais de contextos
locais de interação e sua estruturação através de extensões indefinidas de tempo-espaço.
Tal deslocamento “...é devido a nossa inserção em cenários culturais e de informação
globalizados, o que significa que familiaridade e lugar estão muito menos consistentemente
vinculados do que já tiveram” e que “este é menos um fenômeno de estranhamento do local
do que de integração no interior de ‘comunidades’ globalizadas de experiência partilhada”.
Outra mudança a ser apreciada é a ‘homogeneização cultural’. Os efeitos globais do
consumismo, por exemplo, aos poucos têm se alterado, interferindo nas manifestações
culturais, principalmente no que se refere às identidades desta natureza. No olhar de Hall
(2002:75), “as diferenças e as distinções culturais, que até então definiam a identidade...”
ficam “reduzidas a uma espécie de língua franca internacional ou de moeda global, em
termo das quais todas as tradições específicas e todas as diferentes identidades podem ser
traduzidas...”.
Todos estes efeitos mencionados pelos autores são motivos que estariam levando a
uma situação de crise de todas as identidades. Estes comentários, no entanto, possuem
posições contrárias que demonstram outros pontos de vista, conforme mostraremos a
seguir.
58
3.1.2. DEBATES SOBRE IDENTIDADES E AS CONTRA-ARGUMENTAÇÕES
Devido às conseqüências ocasionadas pela globalização, pela velocidade das
informações, aceleração dos modos de vida, além de diversas características mencionadas
anteriormente, vários autores que estudam o assunto questionam o conceito de identidade,
colocando até uma possível condição de crise para o tema.
Outros autores, porém, apresentam contra-argumentações sobre a questão,
argumentando que para se trabalhar com alguns conceitos complexos, tal qual o de
identidade, pode-se trabalhar conjuntamente com outros conceitos tão importantes como
este, como é o caso da identificação e o pertencimento.
3.1.2.1. Existe uma crise das identidades?
Entre os autores atuantes neste assunto, Paul Claval (1999), juntamente com
Woodward (2004), tece vários questionamentos, sobretudo no que se refere às mudanças
globais estarem afetando as identidades local e pessoal. Do mesmo modo, fazem
indagações sobre a existência de uma crise de Identidade.
Claval (1999) e Woodward (2004) elegeram seis observações que auxiliam no
entendimento de uma suposta crise das identidades. São elas: as ‘territorialidades materiais
e simbólicas’, os ‘consumidores globais’, a ‘migração’, a ‘diáspora’, as ‘comunidades
imaginadas’ e ‘história e histórias’.
Para Claval “a identidade é vivida sob a forma da necessidade, baseadas na
transitoriedade do espaço e do tempo (...), deixam de ser vividas sob a forma de
‘territorialidades materiais’ e passam a ser vividas como ‘territorialidades simbólicas’, que se
prestam perfeitamente ao jogo de hierarquização e de imbricação” (1999:19). Nesta
afirmação, o importante é avaliar que em algumas relações identitárias os elementos físicos
ou materiais são mais fracos que o lado imaterial ou simbólico, interferindo na consistência
das identidades.
Como exemplo desta argumentação, analisemos a relação de um morador com uma
rua, cujo elemento espacial é bem mais visível do que na relação de uma identidade global,
em que esses elementos podem ser virtuais, como, por exemplo, as comunidades de
internet. Em um bairro tradicional, o elemento cultural pode adquirir maior visibilidade, pois o
sentimento de pertencimento e tradição é maior, o que não inviabiliza a visualização do
elemento espacial. Este fato é importante para rebater os questionamentos da existência de
uma possível crise de identidades.
Posteriormente, em contribuição à questão levantada por Claval, Woodward (2004)
59
avalia que as mudanças na formação das identidades são conseqüências da Globalização.
Neste contexto, alguns fatores influenciam sobremaneira o cotidiano, os modos de vida e,
conseqüentemente, as Identidades, entre os quais se destacam: os ‘consumidores globais’,
a ‘migração e a diáspora’, as ‘comunidades imaginadas’, ‘história e histórias’ e o conceito de
‘diferença’. Woodward (2004) considera ainda que a globalização envolve mudanças
radicais referentes à produção e ao consumo, criando “consumidores globais” e, assim,
produzindo novas identidades, que muitas vezes estão fortemente vinculadas ao poder das
culturais globais. Rocins e Guedes apud Woodward (2004: 20) explicam que o
desenvolvimento global do capitalismo não é novo, mas vive sua fase mais recente, que é “a
convergência de culturas e estilos de vida nas sociedades que, ao redor do mundo, são
expostas ao seu impacto”.
A ‘migração’ é um outro fator também causado pela globalização. Os seus impactos
ocorrem tanto nos países de origem quanto nos de destino. Sobre este assunto, Castells e
Miller apud Woodward (2004: 21) afirmam que “a migração internacional é parte de uma
revolução transnacional que está remodelando as sociedades e a política ao redor do
globo”. Este fator produz identidades plurais, mas também identidades que podem ser
contestadas tanto pela perda de população quanto pela sua nova população.
O conceito de ‘diáspora’, de Paul Gilroy apud Woodward (2004), afeta diretamente as
identidades. Sobre este aspecto, pode-se pensar em outro sentido: as cidades são móveis e
todos transitam por vários lugares. Muitas vezes muda-se de bairros, cidades e regiões e,
assim, a ‘migração’ e a ‘diáspora’ também são um fenômeno que está presente no espaço
urbano, interferindo nas identidades.
Uma outra definição que se coloca em questão sobre a crise das identidades são as
“comunidades imaginadas”. Na perspectiva de Benedict Anderson apud Woodward (2004:
20), este termo é utilizado “para desenvolver o argumento de que a Identidade Nacional é
inteiramente dependente da idéia que fazemos dela”. Portanto, a possibilidade de uma crise
de identidades deveria existir, se porventura, as identidades não fossem lembradas.
Entretanto, como há um enorme discurso sobre o imaginário e a lembrança de lugares, de
bairros, cidades e países, esta crise pode ser pouco considerada.
Finalmente, a Identidade também pode estar sendo questionada por causa da
mudança na questão e na maneira de se interpretar a história, principalmente pelo fato de
haver ‘história e histórias’, conforme as análises de Woodward (2004). Assim sendo, podem-
se ter inúmeras interpretações formando inúmeras histórias e, conseqüentemente,
alterações nas identidades. Nas sociedades atuais não se tem um local central que produza
identidade fixas. Ao contrário, há uma pluralidade de identidades, baseadas nas mudanças
de classe social e na mobilidade do cotidiano, fazendo emergir diferentes categorias e tipos
60
de identidades baseadas em sindicatos, raça, gênero, etnia, lugares, grupos sociais, locais,
territórios, nações e, assim por diante.
3.1.2.2. As contra-argumentações: as identidades múltiplas
A experiência pós-moderna, além de proporcionar inúmeras categorias de modos de
vida, de relações sociais, de vivências e de percepções, fatores que interferem e pluralizam
as identidades, tanto na constituição do homem quanto na relação dele com objetos e
espaços, colaborou, entretanto, para a formação de novos tipos de identidade: ‘as novas
posições de identidades’ e as 'Pluri ou Multi Identidades’.
Em conjunto com Hall (2002) e Haesbaert (2004), Woodward (2004) ajuda a
compreender que o que ocorre com as identidades não é uma possível crise de identidades.
Na visão destes autores, o conjunto de mudanças da vida pós-moderna não causa o
desaparecimento das identidades, simplesmente há uma modificação na construção de
suas bases e de seus elementos.
Deve-se ressaltar que as identidades que são construídas no tempo e no espaço
atual, sendo elas altamente móveis e flexíveis, podem acompanhar tais bases, surgindo,
assim, ‘novas posições de identidades’, baseadas nas várias classes sociais, nos estilos de
vida, etnia, gênero, sexualidade, idade, lugar, território, nação, sociedade, entre outras.
Para Woodward, “a ‘homogeneização cultural’ pode levar ao distanciamento da
identidade relativamente à comunidade e à cultura local”. Entretanto, este autor argumenta
que “de forma alternativa, pode-se levar à uma resistência que poderá fortalecer e reafirmar
algumas identidades nacionais e locais ou levar ao surgimento de ‘novas posições de
identidade’.
Por outro lado, os vários tipos de relações do homem com o tempo e o espaço,
causados pela globalização, têm interferência, como já vimos, na utilização do espaço. Isto
proporciona o surgimento de deslocamentos e a utilização do homem por vários espaços,
fazendo-o deslocar suas bases para um mundo virtual, mas, ao mesmo tempo, ter um
vínculo ao espaço onde está situado, seja pelas suas características físicas ou simbólicas,
por exemplo, de uma rua ou bairro.
Haesbaert (2004), na sua obra O mito da Desterritorialização, considera que o
deslocamento e a globalização não estão trazendo uma desterritorialização do homem de
seu espaço. Ao contrário, acarreta várias apropriações do espaço ao mesmo tempo,
produzindo o que ele chama de multiterritorialização. O autor argumenta, afirmando que não
acredita que está havendo uma crise de identidades, mas sim a formação de “Pluri ou Multi
Identidades, devido à necessidade do homem de se “re-territorializar”.
61
No entendimento de Haesbaert (2004: 365-366), o que surge “não é a
desterritorialização sobre a territorialização, mas a afirmação de um terceiro elemento (que
na verdade não exclui de forma alguma os outros dois), a multiterritorialidade...”. Para ele, a
multiterritorialidade influencia nas identificações, no sentido de uma “consciência multi ou
pluriescalar, com múltiplos espaços de elementos identitários, do bairro (mais concreto) ao
país de origem (referência mítica) e à diáspora enquanto fenômeno global... construída
através da percepção do grupo...” (2004:359).
De qualquer forma, esta multiterritorialização causa uma sobreposição de espaços e
territórios vividos e percebidos ao mesmo tempo e estas ‘Multi ou Pluri Identidades’
formariam, assim, um novo tipo de Identidade.
O importante é que o homem, ao territorializar-se e desterritorializar-se, conforme o
seu cotidiano e suas necessidades da vida Pós-moderna, isto é, com a multiterritorialização
o homem estaria conformando uma pluralidade de identidades em várias escalas, que se
sobrepõem ou se ligam, mas não uma possível crise de identidades. Isto estaria
estabelecendo-se principalmente nas identidades relacionadas ao espaço e ocorre pela
impossibilidade de todo o lado físico ou material do espaço desaparecer. Nas cidades, os
bairros, as ruas, as praças e as construções são constituições que possuem um lado
material.
Ainda, sobre as várias vertentes que estudam o conceito de território, Haesbaert
(2004) sintetiza uma vertente que o considera como um híbrido, seja entre o mundo material
e ideal ou simbólico, conforme apresentado no capítulo 1. Tal explicação é relevante, pois
por mais importante que se tenha um deslocamento ou homogeneização cultural, o lado
material de uma relação deve ser preservada. Assim, nos estudos que enfocam o espaço
esta vertente é fundamental, pois trabalha o território como híbrido, formado de
materialidades e imaterialidades, o que possibilita avaliar como são constituídos os vínculos
de identificação e pertencimentos nas relações identitárias urbanas.
Seguindo a mesma linha, Stuart Hall (2002:76) afirma que a interferência da
globalização nas identidades é importante, mas de acordo com ele “a globalização não
parece estar produzindo nem o triunfo do ‘global’ nem a persistência, em sua velha forma
nacionalista, do ‘local’. O autor defende a idéia de que está surgindo uma reação das
culturas locais, ou seja, uma tensão entre a idéia do global contra o local na transformação
das identidades. No entanto, considera que “...a tensão entre o ‘global’ e o’ local’ (...)
representa vínculos a lugares, eventos, símbolos, histórias particulares (...), o que, às vezes,
é chamado de uma forma particularista, de vínculo de pertencimento”. (HALL, 2002:76).
Percebe-se assim que, tanto para Haesbaert como para Hall, apesar de haver uma
homogeneização cultural, fruto da globalização, há a formação de relações identitárias que,
62
às vezes, produzem identidades mais pluralizadas, devido à multiplicidade de identificações.
Isto ocorre devido ao pertencimento e a identificação com uma ou mais territórios, espaços,
ou coisas, que ora apresentam-se ‘vinculadas ao particularismo ‘local’ e, ora, criadas pelo
vínculo de pertencimento ao global.
Em ambas as argumentações, parece não haver uma crise de identidades. Neste
caso, estaria havendo uma mudança nas suas bases ou elementos, como conseqüência da
vida pós-moderna que possibilitaria as múltiplas relações identitárias e, conseqüentemente,
a formação de ‘multi-identidades’. O entendimento da possibilidade de haver múltiplas
relações é importante porque, em certos casos, pode ocorrer a identificação ou
pertencimento com vários tipos de espaços ao mesmo tempo. Por exemplo, um indivíduo
pode ter uma identidade cultural, ser de certa comunidade étnica, habitar em um bairro e se
identificar com uma paisagem de um edifício. Neste caso, teríamos vários tipos de relações
identitárias e, assim, uma sobreposição de identidades desde as escalas global, cultural,
étnica, territorial, local e espacial, ocorrendo simultaneamente.
Tais considerações são relevantes porque apontam para a possibilidade de se
perceber as identificações e pertencimento nas relações identitárias das diferentes
paisagens de habitações multifamiliares, em conjunto com os territórios dos bairros e com o
local da rua, onde estas habitações encontram-se localizadas, constituindo-se como um dos
objetivos a serem alcançados nesta tese.
3.1.2.3. Identificação e Pertencimento
Stuart Hall (2000) analisa que quando há conceitos que não estão dialeticamente
superados e, não existindo outros para substituí-los, é melhor trabalhá-los adequando-os à
realidade do estudo. Segundo o autor “não resta nada a fazer senão continuar com eles”
(2000:104). Tal pensamento esclarece sobre a existência de conceitos que não podem ser
aplicados na sua totalidade, tal como o conceito de identidade, precisando de outros para se
trabalhar de forma intercambiável, os quais se constituem como conceitos chave para um
determinado assunto. Assim, ao lado do conceito de Identidade, os conceitos de
‘identificação’ e ‘pertencimento’ serão, nesta pesquisa, a base para o entendimento das
relações identitárias, principalmente no que se refere à relação identitária espacial e de
moradia.
Hall (2000) considera que a identificação é um conceito difícil se de trabalhar, pois
revela questões subjetivas e simbólicas de uma sociedade. Contudo, em sua análise, a
existência da identificação que normalmente é determinada por fatores materiais e
simbólicos, nunca se anulará, pois ela opera por meio da diferença. Hall se apóia no
63
conceito de Derrida, de ‘diférrence’, para se opor a tudo o que é diferente e que causa
identificação.
Os estudos desenvolvidos por Derrida acerca do tema compreendem a Identidade
através da identificação “com o que não é igual, ou seja, identificando-se com algo
diferente”(apud Hall, 2000:108). Este autor afirma que o conceito de Identidade, no sentido
de identificação, é um “conceito estratégico”, pois estabelece a importância de se pensar
que a identidade está em constante mudança ao longo da história. Considera ainda, que
esta concepção de identificação aceita que as identidades “não são nunca unificadas, que
elas são na modernidade tardia, cada vez mais fragmentadas e fraturadas.” Estas
argumentações demonstram que os processos de identificação estão sujeitos a mudanças e
transformações, fazendo com que estejam sempre se alterando.
Para Haesbaert, a Identidade é formada pela ‘identificação’ da imagem dos espaços
ou paisagens pelos habitantes da cidade. Neste sentido, o autor considera que “Identificar-
se é sempre um processo de identificar-se com, ou seja, é um processo relacional, dialético,
inserido numa relação social” (1999:174). Desta maneira, as identidades são construídas
pelas relações entre os aspectos reais e simbólicos e podem ser representadas no espaço
físico ou no espaço imaginado pelos moradores.
No contexto das disciplinas que estudam o conceito de pertencimento, foi na
geografia, a partir dos anos 70, que o conceito de Lugar serviu de instrumento para analisar
o significado da relação entre ‘sujeito’ e ‘espaço’, passando-se a compreender as ligações
entre as experiências humanas, suas vivências e significados na relação com o espaço.
Desta maneira, a partir da conexão entre ‘sujeito’ e ‘lugar’, temas como identidade,
pertencimento, identificação de grupos sociais e porções específicas do espaço começaram
a ser pesquisados (LEVY e LUSSALT, 2003).
Esta abordagem da identidade através do pertencimento foi também estudada por
outras disciplinas. De uma maneira geral, o ‘pertencimento’ situa a Identidade em relação a
um espaço ou lugar de acolhimento e atua no sentido de ‘ser parte de um espaço’,
tornando-se um conceito fundamental para a análise das relações de pertencimento e
formação das identidades, especialmente nos estudos sobre o urbano.
Para esta tese será adotado o conceito de pertencimento no entendimento das
relações identitárias, com o intuito de estar-se referindo a um lugar, espaço ou determinado
território, no sentido de trazer um sentimento de acolhimento, proteção e enraizamento.
Diversos autores, entre eles Norberg-Schulz (1981), Stock (2006) e Rossi (1998)
trabalham a questão do pertencimento e identificação, baseando-se no conceito de habitar
de Heidegger, conforme já discutido no capítulo anterior.
64
De acordo com Heidegger (2006), o sentido de habitar não é o fato de residir, mas
sim ‘estar no mundo’, ‘permanecer ou viver aquele local’. Desta maneira, o espaço urbano,
residências, partes de ruas e de praças, bem como os trechos de bairros, são lugares que
constituem um habitar. Assim, o sentimento de pertencimento e vivência destes lugares é o
elo para as identificações e construções identitárias. Nas considerações deste autor, as
questões do habitar é onde estão presentes a vivência e os sentimentos dos homens,
tornando-se lugares de pertencimento na medida em que se tornam moradias para os
indivíduos.
Stock Mathis (2006), em Un territoire à ‘soi’ ou a ‘nous’? Pratiques des lieux
géographiques et lieux d’ancrage: Hypothèses sur le mode d’habiter des sociétés à individus
mobiles, mostra que apesar das mobilidades e da mudança dos lugares, existe uma força
contrária que é o sentimento de ancoragens identitárias. Esta argumentação explica que
cada indivíduo possui um lugar de ancoragem ou de pertencimento através das práticas dos
lugares. A análise desta questão permite desconsiderar a possibilidade de uma possível
crise de identidades.
O autor explica que as práticas de lugares são importantes para se entender que,
apesar da multiterritorialização, as relações que os indivíduos constroem com eles servem
para compreender como emergem e se organizam as relações aos lugares na sociedade
contemporânea.
Ao invés de considerar a identidade espacial como única relação entre indivíduos e
lugares, é importante compreender a sua dimensão simbólica e o tanto que o lugar é
funcional e familiar, o tanto que ele traz identificação. Isto explica, de acordo com Stock, que
as práticas dos lugares constituem o ponto decisivo trazido pelo conceito de ‘habiter’, de
Heidegger, que significa ‘ser na terra’ e que traduz ‘lugar vivido’.
Esta visão de Heidegger é adotada por Stock para argumentar as práticas dos
lugares. Os lugares de ancoragem ou pertencimento dos homens são importantes em dois
pontos. No primeiro, Stock argumenta que “Praticar os lugares não é somente freqüentar um
lugar.” No segundo, praticar os lugares “é desenvolver, em atos, um fazer que tem certas
significações... como os indivíduos fazem com os lugares” (Stock, 2006:148). É nesta
argumentação que o autor comenta que reside a diferença fundamental do termo prática no
sentido de ancoragem ou pertencimento, que tanto implica nas relações identitárias, pois as
práticas dos lugares formam identidades espaciais.
Norberg-Schulz (1981), em ‘Genius Loci: Paysage, Ambiance et Architecture’, estuda
o que ele chama de o Espírito do Lugar. Este L’Esprit du Lieu ou Genius Loci é o que dá
vida às pessoas e aos lugares, determinando a sua essência. O autor pressupõe que a
identificação significa acolher e, neste sentido, o pertencimento também é acolhimento. Para
65
ele, conforme já mencionado “a identidade do homem pressupõem a identidade do lugar. A
identificação e orientação são os aspectos primeiros do ser no mundo. A identificação é a
base do sentimento humano de pertencimento a um lugar” (Norberg-Schulz, 1981:22). Uma
das características do homem moderno ressaltadas pelo autor é sua condição de nômade,
mas ao contrário, uma verdadeira liberdade pressupõe um pertencimento e um habitar, os
quais significam pertencer a um lugar concreto (Norberg-Schulz, 1981).
Aldo Rossi estuda com muita propriedade a questão do Lugar, no qual define o
Lócus, como uma relação singular que existe naquele lugar. Rossi (1998) explica que estes
pontos singulares afirmam o valor do ‘lócus’, da individualidade, da identificação e, assim,
vão formando o lugar especial para cada indivíduo, ou seja, um lugar experimentado que
cria pertencimento.
Kevin Lynch, em ‘A Imagem da Cidade’ (1999:9), trata da percepção dos usuários da
cidade, mas não especificamente de Identidade. Para ele, esta identificação é denominada
de "identidade, não no sentido de igualdade com outra coisa, mas com o significado de
individualidade ou unicidade”. Segundo o autor, para a formação de uma imagem é
necessário, primeiramente, a identificação de um objeto e o seu reconhecimento como
identidade única.
De acordo com Haesbaert (1999:174), para haver identidade no sentido de
‘pertencimento, o espaço deve “ser percebido em suas múltiplas perspectivas, desde aquela
paisagem como espaço cotidiano, ‘vivido’”... (1999:174). Este sentido cria um acolhimento
para os habitantes, ou seja, o homem como parte de um espaço ou lugar.
O estudo da ‘Paisagem como Lugar’ desenvolvido por Meining (1979) é importante
para se entender o processo de identificação com as paisagens , pois esta visão constrói
lugares diferentes uns dos outros e assim, formam paisagens interpretadas e sentidas
diferentemente por um de cada morador, trazendo o sentimento de pertencimento e
identificação.
Marc Augé (2006), em ‘La planéte Comme Territoire: Um Défi por les Architectes’
explica que lugar pode ser definido através da mistura de território e identidade. Segundo o
autor, pode se ter identidade como resultado da definição de sua residência, bem como dos
lugares definidos como pertencentes por um determinado grupo. Em ‘Non-Lieux.
Introduction à une antropologie de la surmodernité’, Marc Augé (1992) define um Lugar
como aquele que os ocupa, que vivem, trabalham e defendem, marcando os pontos fortes,
cuidando das fronteiras, onde também fortalece os laços de enraizamento e pertencimento
ao lugar.
66
3.2. O CONCEITO DE IDENTIDADE
Este item busca demonstrar uma conceituação sobre o conceito de identidade,
caracterizando a sua evolução, bem como os elementos formadores das relações
identitárias e os vários tipos de Identidades a fim de, posteriormente, procurar entender
como se formam as relações entre morador e moradia propostas neste estudo.
3.2.1. ALGUMAS DEFINIÇÕES
Falar de Identidade requer um cuidado especial, pois ela possui significados e
sentidos distintos na visão de diversos autores, bem como dentro das próprias disciplinas
que estudam o tema, o que torna este trabalho árduo, porém desafiador, no que se refere à
tentativa de elucidação das possíveis vertentes que a identidade pode assumir dentro do
campo do urbanismo e das ciências que estudam o espaço urbano.
O conceito de identidade pode ser classificado em seis principais vertentes,
destacando-se: no âmbito das disciplinas de filosofia, psicologia e antropologia; através da
possibilidade de interação entre sujeito e objeto; a partir das diversas escalas da sociedade;
de acordo com as escalas espaciais; através de seus diversos significados e; a partir dos
sentidos de identificação e pertencimento.
O tema identidade aparece, na Enciclopédia Universalis, sob o domínio de três
perspectivas: uma derivada da Filosofia, atuando na constituição do ser humano; outra, da
Psicologia, com os estudos sobre identidade individual; e no âmbito da Antropologia,
destacando-se o debate da identidade social e coletiva (HAESBAERT, 1999).
Posteriormente, tal abordagem foi analisada a partir da possibilidade do
conhecimento entre Sujeito e Objeto, que abrange três tipos de ligações, que são: A
identidade da constituição do sujeito, do objeto e da relação entre um e outro. Haesbaert
(1999, 173) considera que “a identidade pode tanto estar referida a pessoas, como a
‘objetos’ e ‘coisas’....”. Deste modo, a identidade do ‘sujeito’ é a construção subjetiva do ser
humano; a Identidade do ‘objeto’ pode ser relacionada tanto às coisas como aos espaços.
Além disso, pode estar relacionada numa possível ligação entre o ‘sujeito’ com o ‘objeto’,
análise que será de extrema importância para esta tese e que mais adiante trataremos com
profundidade.
Outro ponto de vista considera a Identidade na escala da sociedade, referindo a uma
identidade ‘individual’ ou ‘coletiva’. Alguns autores, entre eles Augé (apud Reino, 1994:57),
avalia que o tema possui certa complexidade e, portanto, subdivide-se em identidade
67
partilhada (pelo conjunto do grupo) e identidade singular (do indivíduo ou do grupo de
indivíduos enquanto de todos os outros)”.
A identidade pode variar ainda, de acordo com as manifestações identitárias ou
escalas espaciais, possuindo três variáveis que a distingue: ‘Identidades globais’ ou a
diluição das identidades pela globalização; ‘identidades de resistência’, geralmente
saudosistas; e ‘as novas identidades pluriculturais’, fruto de um diálogo entre o
global/universal e o local/particular (Hall, 2002). Estas manifestações demonstram que as
identidades também suscitam uma complexidade na relação entre as escalas espaciais e,
por isto, a velocidade das informações conecta os espaços e torna a sua escala variável,
fazendo-os ficarem menores e interligados.
As identidades também podem ser entendidas de acordo com os seus vários
significados. Neste sentido, sua abrangência pode implicar: uma relação de ‘semelhança’ ou
de ‘igualdade’; a busca do igual e do ‘idêntico’, que pode ser trocada pela busca do
‘verdadeiro’, do ‘autêntico’ e; a busca do ‘reconhecimento’.
Finalmente, os diversos sentidos que as identidades assumem manifestam-se em
algumas das controvérsias levantadas nos debates atuais, porém, a noção de identidade em
relação ao espaço é bastante trabalhada pela ciência geográfica nos termos de
‘identificação’ e ‘pertencimento’. Levy e Lussalt (2003), por exemplo, consideram que a
noção de identidade espacial é impulsionada quando esta se encontra envolvida pela
questão de identificação e pertencimentos, permitindo que sejam trabalhadas nas relações
entre o homem e o espaço. Tais conceitos serão posteriormente aprofundados, pois
consideramos que estes sentidos simplificam a relação de um indíviduo com um
determinado espaço, o que torna esta abordagem fundamental para o desenvolvimento da
pesquisa em questão. Na perspectiva de Haesbaert (1999:174), “... identificar-se é sempre
um processo de identificar-se com, ou seja, é um processo relacional, dialético, inserido
numa relação social...” Partindo deste ponto de vista, a identidade é, assim, construída
individualmente, através da sua relação com a sociedade e/ou outros referenciais.
A questão do pertencimento é uma das possibilidades que a identidade pode
assumir. A palavra ‘pertencer’ possui vários significados: em primeiro lugar, ‘ser propriedade
de’; em segundo, ‘ser parte de’; e em terceiro, ‘ser próprio ou característico de’. Desta forma,
o pertencimento a um lugar pode ser traduzido em Identidade, no sentido de ‘ter as suas
propriedades’, de ‘ter sua própria identidade’ e de ‘ser parte de um espaço ou lugar’. A
análise e compreensão da ‘identificação’ ou ‘pertencimento’ será fundamental para o
entendimento de como se configura a relação identitária no espaço urbano.
68
3.2.2. A EVOLUÇÃO DOS ESTUDOS SOBRE IDENTIDADE
No histórico dos estudos sobre identidades percebe-se que muitos dos trabalhos
existentes sobre o tema são confusos e controversos, como o próprio conceito. Isto ocorre
pelo fato desses estudos não levarem em consideração os vários sentidos e significados
existentes acerca do assunto.
Na tentativa de buscar uma sistematização para tal conceito, Claval (1999), em
Território na Transição da Pós-Modernidade, além de classificá-lo, sugere um pequeno
histórico que abrange quatro correntes distintas: ‘identidade e personalidade’; ‘identidade e
alteridade’; ‘a natureza das identidades’ e; ‘identidade, temporalidade e territorialidade’.
Em relação à ‘identidade e personalidade’, o autor faz referência à concepção da
personalidade do indivíduo e do grupo. Os estudos sobre esta vertente iniciaram-se no
período da segunda guerra mundial, a partir da psicologia, fazendo referências às idéias de
personalidade e a crise da adolescência. Posteriormente, esses estudos assumiram uma
dimensão geográfica, com a questão das construções territoriais de grupos. Neste tipo de
abordagem, o território ou espaço fazem parte da construção das identidades.
No tocante à ‘identidade e alteridade’, Claval (1999) discute se a identidade é sempre
o resultado das maneiras que nos são concedidas de sentir, agir e reagir da construção
social do homem. Esta ênfase recai na natureza dos sentimentos e da identidade dos outros
sobre si mesmo. Segundo o autor, os historiadores e os estudos lingüísticos de Olivier
Carbonell (1987) e de Catherine Bertho (1980) contribuíram consideravelmente para fazer
triunfar esse tipo de abordagem.
A ‘natureza das identidades’ constitui uma terceira vertente, onde Claval (1999)
debate as análises da personalidade sob o ponto de vista do ‘indivíduo e da psicologia’,
abordando a etnologia e como a identidade aparece como uma construção cultural, através
dos estudos que vão além do indivíduo e o grupo, como costumes, gêneros de vida e
concepções da natureza. O autor considera que, a partir dos antropólogos, se desenha a
idéia de que a identidade deve ser analisada como um discurso que os grupos têm sobre
eles mesmos e sobre os outros, para dar um sentido à vida. Nesta perspectiva, se destaca a
importância dos estudos de Lévi-Strauss, na antropologia, dentre outros.
A discussão proposta em ‘Identidade, Temporalidade e Territorialidade’ se refere à
identidade que não pode ser definida sem elementos. Estes constroem as narrativas da
identidade e são baseados em quatro pilares fundamentais: o tempo, o espaço, a cultura e
os sistemas de crença (CLAVAL, 1999). Importante destacar a relevância desta corrente
para a pesquisa, uma vez que o tempo, o espaço e a cultura são considerados como
elementos integradores, nas relações que formam as identidades.
69
Atualmente, os trabalhos sobre identidade têm se multiplicado. Em cada disciplina,
seus autores têm desenvolvido estudos sobre o tema, interpretando-o e classificando-o das
mais diversas formas. Para esta pesquisa, o conceito de Identidade a ser considerado é o
mesmo que prevalece em alguns estudos da geografia e do urbanismo, os quais abordam
com profundidade a questão do pertencimento e da identificação do homem em sua relação
com o espaço.
3.2.3. RELAÇÕES IDENTITÁRIAS E SEUS ELEMENTOS
O termo “relações identitárias” será aqui utilizado quando se referir ao processo de
formação das identidades, ou seja, aos processos ou as maneiras de como se criam as
identidades.
2
A posição adotada nesta pesquisa, no âmbito da teoria do conhecimento, é que há
uma separação entre ‘sujeito’ e ‘objeto’. Nesta dialética, ou seja, na ligação entre o ‘sujeito’ e
o ‘objeto’ existe uma relação identitária que ajuda a formar vários tipos de identidades.
Neste sentido, Haesbaert (1999) argumenta que a identidade pode estar referida tanto a
pessoas (‘sujeito’), como a ‘objetos’ e ‘coisas’ (‘objeto’) ou numa relação entre ambos,
constituindo-se assim numa possível relação entre o ‘sujeito’ com o ‘objeto’, alguns tipos de
identidades.
Desta maneira, tal como o exemplo da formação da Identidade Local, bem como na
relação entre ‘sujeito’ e ‘objeto’ considerados por Haesbaert, outros tipos de relações
identitárias podem também ser originadas a partir dos mesmos parâmetros, como as
identidades étnica, nacional, cultural, global, entre outras.
3.2.3.1. Os elementos essenciais
Para estudar as relações identitárias, no sentido de explicar como são os processos
de construção de identidades, serão demonstrados abaixo os elementos que auxiliam no
entendimento destas construções. Estes elementos são denominados, por alguns autores,
de bases ou pilares, ou ainda de coordenadas básicas, além de vários outros termos. O
termo ‘elemento’ será aqui utilizado para explicar os componentes existentes no processo
das relações identitárias.
2
O emprego deste termo é para simplificar o entendimento dos leitores a respeito do tema. Por exemplo, na
relação entre o indivíduo com uma praça, há um processo relacional que configura uma relação identitária
local, constituindo assim uma Identidade Local.
70
Fig. 1. Esquema demonstrando como ocorre o processo de relações identitárias.
Alguns dos autores que trabalham a questão das identidades e de como é o
processo de sua formação é Stuart Hall (2002), que enumera importantes elementos que
contribuem para a formação destas identidades. Em seu livro ‘A Identidade Cultural na Pós-
Modernidade’ afirma que, para a construção das identidades, o ‘tempo’ e o ‘espaço’ são
coordenadas básicas que servem para todos os sistemas de representação. Segundo ele,
esses elementos são imprescindíveis na construção de qualquer tipo de relações
identitárias.
Outro autor que também discute o conceito de identidade é Paul Claval (1999). Para
ele, os seus elementos formadores são o ‘tempo’, o ‘espaço’, a ‘cultura’ e os sistemas de
crença
3
. No seu ponto de vista, a ‘cultura’ constitui um elemento essencial que possibilita o
entendimento de que, pela sua ação, quase todas as identidades são formadas. Tal
afirmação é considerada importante, considerando que a vida atual sofre ininterruptas
interferências de todos os tipos de manifestações e representações, tornando-se, assim,
impraticável não observar a ‘cultura’ como elemento essencial na formação dos vários tipos
de identidades.
Analisar detalhadamente o tema ‘espaço’ e ‘tempo’ é muito complexo e não consiste
o propósito deste trabalho. Porém, algumas considerações relevantes devem ser levadas
em conta. Doreen Massey (2004:13), por exemplo, considera que o ‘espaço’ e o ‘tempo’
devem ser trabalhados em conjunto, pois “para existir tempo, deve existir espaço”. Isto
mostra que a interação destes dois elementos é presente na multiplicidade e na vida atual,
contribuindo para a construção das relações identitárias.
Assim, através das afirmações de Claval, Hall e Massey, os três elementos: o
espaço’ (material ou simbólico), o ‘tempo’ (contínuo ou fragmentado por causa da
3
Os ‘sistemas de crença’ fazem parte da cultura e, por isto, será considerado como parte desta pesquisa.
71
velocidade das informações) e a ‘cultura’ (como fator influente das relações da sociedade
atual) serão aqui considerados como essenciais nos processos de relações identitárias.
3.2.3.2. Elementos básicos e específicos
Apesar de nos apoiarmos nos argumentos destes autores, que consideram a
existência do ‘tempo’, do ‘espaço’ e da ‘cultura’ como elementos essenciais para a formação
das identidades, nos sustentaremos ainda na teoria do conhecimento, pelo fato de
considerar que numa relação dialética é necessário que exista um ‘sujeito’ e um
‘objeto’
4
.Desta maneira, será considerado o ‘sujeito’ (indivíduo ou de uma sociedade) e o
‘objeto (‘algo’, ‘alguém’ ou algum ‘tipo de espaço’) nas relações identitárias e na construção
das identidades.
Assim, teremos uma identidade que, além de ser construída no ‘tempo’, no ‘espaço’
e influenciada pela ‘cultura’, estará constituída por elementos básicos (‘sujeito’) e específicos
(‘objeto’). Neste sentido, o ‘sujeito’ é um morador de uma rua ou um grupo social e o ‘objeto’
é uma casa, uma rua, um bairro, uma nação, ou culturas locais e globais, caracterizados
como elementos para a formação de cada tipo de relação identitária.
Exemplificando, poderemos interpretar que na formação de uma identidade local ou
territorial, haverá os elementos essenciais de ‘tempo’, ‘espaço’ e ‘cultura’; como elementos
básicos (o ‘sujeito’), um morador, uma sociedade; o elemento específico (o ‘objeto’) será o
lugar de uma rua ou território qualquer. Deste modo, a relação identitária entre o ‘sujeito’ e
‘objeto’ pode se constituir a partir das diversas interações que poderão ocorrer entre esses
elementos no espaço urbano: como a de uma pessoa com o edifício em que mora, tendo
assim uma identidade espacial; de um grupo com uma determinada cultura, constituindo
uma identidade cultural; dos moradores de um país com sua nação, estabelecendo uma
identidade nacional; ou até mesmo de um determinado grupo com uma cultura universal,
obtendo-se assim uma identidade global; entre outras.
Todos estes elementos - ‘sujeito’, ‘objeto’, ‘tempo’, ‘espaço’ e ‘cultura’ - podem ser
considerados elementos formadores de relações identitárias e, conseqüentemente,
construidores de identidades. Importante esclarecer que, muitas vezes, alguns destes
elementos aparecem de forma simbólica e até mesmo virtual. No entanto, dependendo da
escala em que se encontra (local, regional ou global) pode-se verificar que a intensidade do
elemento espacial se altera, modificando também o tipo de identidade, como veremos a
seguir.
4
Foi considerado o sujeito como elemento distinto do objeto porque nesta tese adotou-se que para haver uma
relação identitária, deva existir uma dialética entre elementos diferentes de si mesmos.
72
3.2.3.3. Alguns tipos de relações identitárias e identidades
Conforme demonstrado, apesar do ‘tempo’, ‘espaço’ e ‘cultura’ serem elementos
essenciais, tal como o ‘sujeito’ e o ‘objeto’, os elementos básicos e específicos, as
identidades podem ser constituídas de diversas maneiras. Neste contexto, a presença e a
variação de intensidade de certos elementos nessa construção, principalmente, do ‘objeto’,
podem se modificar.
Por exemplo, a base física da Identidade Espacial em relação a uma rua é mais
visível porque a facilidade de se ver o ‘objeto’ rua é nítido. Na constituição de uma
Identidade Cultural, a facilidade de vermos os itens de uma ‘cultura’ é mais fácil do que o
elemento ‘espaço’ que, às vezes, aparece minimizado.
Fig. 2. Esquema demonstrando como ocorre o processo de formação de identidades.
Em outros casos, o elemento espacial é deixado de lado, ou mesmo contestado
pelas diferentes disciplinas, como no caso da Identidade Social. Contudo, é impossível a
construção desta identidade sem este elemento. Tal como o elemento espacial, o tempo
também é importantíssimo, porque faz parte do cotidiano humano. Em cada período
histórico, os elementos temporais e espaciais apresentam-se diferentes. Na vida atual eles
perdem o seu valor contínuo e, devido à globalização, à velocidade das informações, além
de vários outros fatores, passa a ser fragmentado, conforme mostraremos mais adiante.
73
Para a construção de uma identidade global, considerando os elementos essenciais
de ‘tempo’, ‘espaço’ e ‘cultura’ e o elemento básico, por exemplo, de um indivíduo, a relação
então se dará com um ‘objeto’, como os grupos na internet ou sites como Google Maps e
Orkut, além de comunidades ‘globais’, constituindo as Identidades Globais. Aqui, os
elementos essenciais de ‘tempo’ e ‘espaço’ são mais imateriais que físicos. Assim, os
espaços imaginários ou simbólicos, relacionados aos acontecimentos que estão presentes
nos mais diversos países do mundo, são os elementos que mais influenciam na formação
deste tipo de identidade. Em muitos casos, o elemento espacial é quase simbólico e, muitas
vezes virtual.
Um tipo de Identidade que atualmente é muito discutida são as Identidades
Nacionais. Elas são formadas pelo sentimento de identificação ou pertencimento de um
povo pela sua nação. Neste caso, além dos elementos essenciais como o ‘tempo’ e o
‘espaço’, há também os sentimentos de identificação e pertencimento e o elemento cultural
do povo, como ‘objeto’ que atua na determinação deste tipo de Identidade. Deste modo, na
Identidade Nacional toda a cultura de uma nação, como a religião, a arte e os costumes,
constituem componentes preponderantes. No entendimento de Hall (2002: 52), as culturas
nacionais são compostas não apenas de instituições culturais, “mas também de símbolos e
representações”.
Disciplinas como Antropologia, Sociologia e Psicologia entendem que a construção
de uma identidade é de natureza étnica, ou seja, o seu objeto está na relação do sujeito com
determinados grupos étnicos, constituindo, assim, a identidade étnica. Elementos como
tempo e espaço também estão presentes, como se pode ver na contribuição de Seyferth
(1995:57). A autora afirma que “identidades sociais podem ser construídas a partir da idéia
de pertencimento a coletividades etnicamente definidas e, eventualmente, referidas a
territórios específicos”. Portanto, as construções simbólicas através das quais indivíduos e
grupos percebem seu pertencimento, são mais um elemento cultural produzido por uma
sociedade do que um elemento espacial.
Para Seyferth, a Identidade Étnica, entretanto, é também uma Identidade Social,
porque ela é construída socialmente por um grupo. Os modos de vida, o cotidiano e suas
práticas fazem parte de uma sociedade. Assim, além do tempo e da cultura, algumas
identidades vão se formar pelas características da sociedade em questão. A definição de
Berger e Lukman, citada por Seyferth como base para seu trabalho, ressalta que a
Identidade Social “... é um fenômeno que deriva da dialética entre indivíduo e sociedade; os
tipos de identidades são produtos sociais, elementos estáveis da realidade social. (apud
Seyferty, 1995: 57-58). Na Identidade social, em alguns casos, o elemento do espaço se
torna um pouco fraco, pois a relação entre um (sujeito) indivíduo e certa sociedade pode
74
minimizar a existência de um espaço. Entretanto, não se pode esquecer que os elementos
essenciais tempo, espaço e cultura podem permanecer até mesmo numa escala de menor
grandeza, mas simbólica.
Outro aspecto relevante, a Cultura, integra parte dos elementos essenciais aqui
apresentados e está presente no cotidiano e no modo de vida das sociedades. Isto
caracteriza a existência de uma Identidade Cultural, que se torna abrangente na medida em
que as relações do homem com qualquer ‘coisa’ ou ‘espaço’ está relacionada à presença de
um elemento cultural. Nas comunidades mais primitivas, a influência da cultura de um
vilarejo, como a produção de artesanato ou músicas folclóricas, faz com que a Identidade
Cultural apresente-se menos imaterial do que, por exemplo, em um espaço urbano, no qual
as Identidades estão difusas e mescladas com outras identidades que se sobrepõem.
Alguns fatores, porém, tendem a transformar a Identidade Cultural mais ampla e
universalizada, através da homogeneização cultural, dos mercados globais e a globalização.
Contudo, a Identidade Cultural, que antes era formada por um elemento cultural mais local e
singular, passa a ser formada por uma cultura universal e coletivizada mundialmente.
Tal como outros exemplos, além dos elementos essenciais de tempo, espaço e
cultura, bem como do elemento básico indivíduo (morador), a determinação do tipo de
identidade dependerá da variação do objeto, como, por exemplo, os sentimentos a uma rua,
uma praça, um espaço, os quais contribuem para a formação de identidades Local,
Territorial e Espacial.
É importante ressaltar que nestas identidades os elementos físicos e simbólicos
também estarão presentes, mas o elemento espacial será muito mais visível do que nas
identidades social, cultural ou global. Haesbaert (1999: 172) considera que “deve haver um
recorte ou uma característica espacial, geográfica.... para a construção de uma identidade
pelo/com o território.” Tal argumento aponta para a necessidade de um elemento espacial
forte nas Identidades acima mencionadas.
As identidades Local, Territorial e Espacial compreendem aquelas que possuem o
elemento específico – o objeto - como um lugar, território, bairro, praça. Nesta relação, não
se pode deixar de lembrar que há também a existência dos elementos essenciais de tempo,
espaço e cultura, porém, a visibilidade do objeto como um tipo de espaço é prioritária. O
estudo destas identidades será posteriormente aprofundado.
3.3. RELAÇÕES IDENTITÁRIAS ESPACIAIS
Este item pretende explicar como são formadas as identidades e as relações
identitárias espaciais. Pretende ainda esclarecer os elementos formadores da relação
75
identitária espacial, como o morador (sujeito) e as escalas de espaço, elementos básicos e
específicos para a Identidade espacial. Deseja também mostrar a diferença entre a
identidade de um espaço e a identidade de um morador com um lugar ou espaço.
3.3.1. IDENTIDADES ESPACIAIS
Sobre esta conceituação específica de identidade espacial, são pouquíssimos os
autores que mencionam este termo, pois muitos deles fazem referência somente às
questões da necessidade do espaço para haver identidade, ou mesmo, citam que é preciso
um referencial territorial ou físico. Levy e Lussalt (2003) e Mathis Stock (2006) estão entre
os autores que trazem um suporte teórico e empírico sobre o conceito de identidade
espacial e que serão importantes para esta tese, além de outros autores, cujas contribuições
também são aqui consideradas.
Levy e Lussalt (2003) avaliam que a Identidade Espacial pode ser definida em dois
tipos: ‘Identidade de um Espaço’ e ‘Identidade de um Indivíduo com um Espaço’. No nosso
ponto de vista, é neste sentido que ocorre uma ligação entre ‘sujeito’ – indivíduo - e objeto -
espaço, formando uma relação identitária espacial.
Tais diferenças foram consideradas por Stock Mathis (2006), porque segundo ele
“...oscila entre duas acepções, de uma parte como identidade do espaço e de outra parte
como elemento geográfico de identidade dos indivíduos.
Estas duas conceituações - Identidade do lugar e identidade com o lugar - serão
importantes para esclarecer diferenças básicas nos estudos sobre identidades, que muitas
vezes não são percebidas, causando problemas teóricos nos estudos sobre o tema.
3.3.1.1. Identidade de um espaço
A Identidade de um espaço é uma definição que entende um elemento espacial
como um item distinto, possibilitando a existência de uma identidade em si mesma, pela sua
própria existência. Esta vertente exprime uma lógica de separação, de classificação e de
elementos que imediatamente se particularizam, colocando-se estes objetos em um lugar
singular no conjunto constituído por uma combinação de todos os objetos espaciais (LEVY e
LUSSALT, 2003).
A Identidade de um espaço, de acordo com estes autores “não existe sui generis,
porém é constituída coletivamente pelos atores de uma dada sociedade, que podem ter em
seguida uma tendência a naturalizar seu uso, a fazer uma essência imóvel”... (LEVY e
76
LUSSALT, 2003:480). Isto significa que a sociedade pode ser levada à constituição de mitos
espaciais, que passa a ser um poderoso instrumento de identificação de algumas realidades
nas sociedades atuais.
Este tipo de identidade é conduzido por alguns elementos espaciais singulares,
proporcionando a sociedade a se identificar ou pertencer a certos elementos espaciais ou a
certos espaços, devido a sua atração como elemento singular. É o que Relf apud Stock
(2006) chamou de ‘identity of place’, que se constitui na identidade do lugar, no sentido de
existir por si mesmo.
Esse contexto é importante para esta pesquisa porque, dentro das cidades, como o
caso do Rio de Janeiro, existem vários elementos espaciais, desde bairros ilustres, praias
famosas, construções arquitetônicas - como as vilas e os condomínios de edifícios de
apartamentos que trazem certas singularidades - que serão marcos para a sociedade e para
determinados grupos de moradores.
Para Levy e Lussalt (2003:480) a identidade espacial “é uma representação dotada
de atributos (essencializados e naturalizados, então colocados em evidência para aqueles
que os enunciam e se servem, dissimulando, do mesmo corpo de artifício, de sua
elaboração e de sua estabilização)”. Neste contexto, para os autores existem dois tipos de
atributos: os “Atributos de configuração (organização material do objeto) e; os Atributos de
valores (organização ideal ou imaterial do objeto)”. Estes atributos são simplificadamente, as
características materiais e imateriais do objeto.
O discurso identitário analisado por estes autores apóia-se sobre o argumento de um
tipo de espaço, como uma alegoria de espaço identitário, carregado de valores, considerado
em si, um modelo perfeito. Isto é particularmente nítido no que concerne às identidades
territoriais de referência e de pertencimento (LEVY E LUSSALT, 2003).
Stock (2006) adere ao pensamento de Michel Lussault, quando afirma que a
identidade espacial exprime uma lógica de separação, classificação e de discriminação de
entidades significantes. Para ele, a identidade como característica distinta de um lugar, pela
relação com outros lugares geográficos, se relaciona à idéia de uma singularidade dos
lugares. Desta maneira, é importante ressaltar que a identidade de um objeto espacial de
um elemento, um lugar ou território, serve para distinguir no sentido de ser reconhecido.
Stock analisa que, apesar da identidade de um lugar ser constituída por atores da
sociedade, está de acordo com Lussalt (2003) nos dois atributos que este considera e, vai
além, descrevendo mais um atributo que são os atributos de posição, representados pelo
sítio, a situação e os limites de um objeto espacial como discurso identitário.
Para Eduard Relf apud Stock é da mesma forma, a partir da relação entre sociedade
e lugar que se desenvolve a identidade de um território. Esta concepção funciona como um
77
pivô integrante das relações dos homens aos lugares (...) e aspectos paisagísticos
(2006:145). Na visão de Stock (2006), um lugar tem uma identidade própria que o distingue
de outros lugares, que é a identidade as quais numerosos geógrafos reconheceram
defendendo a singularidade dos lugares.
Entretanto, ele considera que, ao mesmo tempo, “a identidade é também um
portador de certos atributos com outros lugares: assim, o mesmo fato é também que os
nomes dos lugares indicam semelhança com outros lugares” (...) “os lugares têm os
atributos que não são unicamente singulares e que são partilhadas por certo número de
pessoas, conferindo identidade dos lugares, que é diferente de construções de identidades
pessoais, sociais e culturais” (2006:145).
3.3.1.2. Identidade de um morador com um lugar ou espaço
Uma segunda acepção define a identidade espacial como um tipo de ligação entre
indivíduos ou sociedade aos lugares geográficos. Esta vertente representa o que Eduard
Relf apud Mathis Stock (2006) chama de ‘identity with place’ e corrobora com o pensamento
que esta pesquisa propõe, que é a relação identitária espacial, representada pela Identidade
de um indivíduo com um lugar.
O termo relações identitárias será usado, então, no processo de formação das
identidades espaciais, ou seja, os processos ou as maneiras de como os indivíduos se ligam
com os espaços. Por exemplo, na relação entre o indivíduo com um lugar, há um processo
relacional que configura uma relação identitária local e, assim, uma Identidade Local.
Dentro das diferentes questões colocadas na obra de Stock, duas são importantes:
qual é a dimensão espacial da identidade e se existem lugares ou elementos de ancoragem
de identidade? Tais questões são respondidas pelo autor através do reconhecimento de
dois aspectos. O primeiro, que a identidade é uma relação simbólica, ou seja, um lugar entre
lugares e indivíduos, que privilegia a familiaridade e funcionalidade de um lugar. O segundo,
que a identidade não é o resultado das práticas dos lugares, como as idas e vindas de
lugares e o tempo de permanência em um lugar.
O autor enfatiza a explicação destas questões afirmando que “o sentimento de
pertencimento ao lugar de residência e ao sentimento de segurança, engendrado pela
residência, no bem-estar do lugar de residência e do fato de sua familiaridade” Stock
(2006:146). Tal argumentação é interessante a fim de entender que, apesar da mobilidade
ou multiterritorialidade, existe um outro ponto que se opõe a isto, que são as práticas dos
lugares.
78
Stock faz ligação entre a questão da identidade aos lugares, perguntando-se como
estas significações dos lugares emergem e como os diferentes indivíduos ou grupos de
indivíduos constroem significações mutantes no mesmo lugar.
Esta resposta foi dada a partir de um trabalho empírico desenvolvido pelo autor na
cidade de Brigton e Hove, cuja questão central é o porquê das práticas de se banhar nestes
lugares são diferentes para os moradores e para os turistas. O autor considera que este
lugar possui significados diferentes: para uns é um lugar familiar, para outros identificatório,
para outros um lugar funcional, e ainda mais ou menos conhecido ou estrangeiro (STOCK,
2006). Considera ainda que “todos os lugares não tem o mesmo sentido por um indivíduo:
alguns são praticados pelos valores estéticos, uns por características identificatórias e
outros por suas funções... ”. É importante compreender que a relação com os lugares pode
evoluir e a transformação de um lugar a um elemento geográfico identitário pode ser
possível.
Exemplos disso são as transformações de um lugar estrangeiro em lugar
identificatório, como as cidades de Brighton, Hove e Garmisch-Partenkirchem. A tese sobre
ancoragem dos lugares responde esta questão e para esta pesquisa é igualmente
considerada, sendo importante colocar em evidência as diferentes modalidades de lugares
de ancoragem ou pertencimento.
3.3.2. OS ELEMENTOS DA RELAÇÃO IDENTITÁRIA ESPACIAL
A partir das contribuições de Claval e Hall, já consideradas neste trabalho, existem
cinco elementos que corroboram para a formação das relações identitárias ou identidades: o
‘sujeito’, o ‘objeto’, o ‘tempo’, o ‘espaço’ e a ‘cultura’.
Neste sentido, tais elementos são necessários para a formação de identidades no
espaço, mais precisamente da relação identitária de um indivíduo a um espaço - no caso
desta pesquisa, as várias tipologias de habitação multifamiliar - a fim de que se construa
este tipo de identidade.
A relação identitária configurada através de um lugar, território ou espaço específico
forma, respectivamente, as identidades Local, Territorial e Espacial, que podem ou não se
constituir na cidade, tornando-se uma relação identitária urbana, muito importante para esta
pesquisa. Nestas identidades, os elementos espaciais são bem definidos, ressaltando a
visibilidade do lugar específico, que pode ser compreendido tanto pelas particularidades
materiais como simbólicas.
79
Haesbaert (1999: 172) considera que para que haja a construção de uma identidade
com o território “deve haver um recorte ou uma característica espacial, geográfica...”.
A questão fundamental consiste em entender que, para a construção de uma relação
identitária local, territorial ou espacial, esta relação se configura primordialmente através de
uma ligação entre um sujeito - homem - ou objeto - espaço, através de elementos e vínculos
definidos pelos significados de identificação e pertencimento.
3.3.2.1. O Morador (sujeito) como elemento básico de uma relação identitária espacial
A fim de entendermos de como se dá a formação das características do ‘sujeito’
como indivíduo, apresentaremos um breve histórico do desenvolvimento de sua
personalidade até o período atual – pós-moderno, no intuito de auxiliar na compreensão
deste elemento básico para a construção de uma relação identitária.
Stuart Hall (2002) divide em três períodos distintos as análises em relação à
constituição do sujeito como ‘Ser’: sujeito do iluminismo, sujeito sociológico e sujeito pós-
moderno.
O Sujeito do Iluminismo foi formado por movimentos importantes que contribuíram
para esta concepção, entre os quais se destacam: a Reforma Protestante; o Humanismo
Renascentista, que colocou o homem no centro do Universo e; as Revoluções Científicas.
Estes acontecimentos colocaram o homem, no processo histórico, como indivíduo
totalmente centrado, unificado e dotado de capacidade de razão. Assim, o Ser Humano
deste período se formou com uma identidade centrada e única.
O Sujeito Sociológico refletia a complexidade do mundo moderno e possuía uma
ligação do indivíduo com os mundos culturais, constituindo uma interação que, de acordo
com Hall (2003), acarretou algumas modificações na sociedade. Ainda segundo ele, devido
a alguns fatores ocorridos no processo histórico, como o surgimento da Biologia Darwiniana,
os estudos das Ciências Sociais e a Teoria da Socialização da Psicologia, tais
acontecimentos propiciaram mudanças na consciência do sujeito, de acordo também com
as mudanças na sociedade.
O Sujeito Pós-moderno, como afirma Hall (2002), encontra-se descentrado, com
personalidades fixadas em valores e coisas até mesmo virtuais. De certa maneira, o homem
está criando uma capacidade de se identificar e ter relações múltiplas com vários objetos, ao
mesmo tempo.
Hall (2002) considera que as características do individuo atual são causadas por
cinco principais descentrações:
80
A primeira é conseqüência do pensamento marxista que, segundo Althusser apud
Hall (2002), afirma que com as relações sociais, Marx deslocou duas proposições
chaves da filosofia moderna: que há uma essência universal de homem e que esta
essência é atributo de cada indivíduo singular no universo;
O segundo vem da descoberta do inconsciente de Freud e posteriormente dos
estudos de Lacan, considerando que a identidade é formada ao longo do tempo,
através de pensamentos inconscientes e não de algo inato;
O terceiro é analisado por Saussure apud Hall (2002), argumentando que a língua
é um sistema social e não individual;
O quarto vem de Foucault apud Hall (2002), explicando que o ‘poder’ isola e
individualiza ainda mais o sujeito individual;
Por último, Hall (2002) afirma que o homem cartesiano sofreu impacto do
feminismo e dos movimentos sociais, os quais trouxeram à discussão uma nova
vida social que considera - a família, o sexo, a divisão do trabalho e o cuidado com
as crianças – e contribuiu para produzir sujeitos mais descentrados, mas com a
capacidade de identificar-se com múltiplas coisas e pessoas, simultaneamente.
Em relação a esta capacidade do indivíduo da atualidade estar descentrado, é
importante considerar que sua habilidade de criar múltiplas identificações permite que ele
possa constituir várias relações identitárias ao mesmo tempo. Este contexto possibilita
analisar que, com isto, ele poderá desenvolver essas relações identitárias: a partir de uma
identidade territorial com seu bairro; da identidade global com os valores globais e; até
identificar-se com o aspecto de sua casa, tendo um vínculo com o local. Tais
argumentações serão importantes para o desenvolvimento desta tese, principalmente no
que concerne a alcançar os objetivos propostos, como a possibilidade da existência de
múltiplas identidades.
3.3.2.2. As escalas do espaço como elemento específico (‘objeto’) na relação
identitária espacial
Devemos destacar que o ‘espaço’, em períodos anteriores, como no período Pré-
moderno e no início da Modernidade, era mais físico e concreto. Atualmente, considerando
que as cidades recebem influência da legislação, do Estado, dos agentes sociais, além da
rede informacional e a globalização, estes constituem fatores que interferem na formação
dos imaginários de seus moradores, criando assim os espaços imaginários. Isto ajuda a
alterar o elemento espacial, tornando-o cada vez mais simbólico. Logo, as Identidades
81
Espaciais estarão continuamente em transformação, mas não deixando de existir, pois o
espaço é a condição de existência do ser humano e sempre haverá Identidade em uma
escala do espaço, seja em um lugar, território, região ou mesmo nação.
Haesbaert (2002:94) argumenta que “se o espaço é, como concebemos a princípio,
fonte e condição indispensável para a constituição de determinados grupos... constituirá os
termos necessários em que serão reproduzidas as dinâmicas do ambiente metropolitano”.
Deste modo, qualquer identidade está, de certa maneira, presente nos espaços, seja ele
material (como uma rua ou bairro) ou simbólico (como as cidades globais ou espaços
virtuais). Assim, a sociedade estará sempre se relacionando com ‘escalas de espaços’ e,
conseqüentemente, formando Identidades Espaciais.
Por outro lado, Local, Territorial e Espacial compreendem aquelas categorias que
possuem uma maior visibilidade do elemento espaço, pois de certa forma elas estão
vinculadas diretamente a eles. Podem estar sendo construídas em relação a um bairro, uma
rua, praça ou uma construção arquitetônica.
Importante ressaltar que nestas identidades os elementos físicos e simbólicos
também estarão presentes, mas o elemento espacial será muito mais visível do que em
identidades social, cultural ou global. Haesbaert (1999: 172) avalia que “deve haver um
recorte ou uma característica espacial, geográfica... para a construção de uma identidade
pelo/com o território.” Isto aponta para a necessidade de um elemento espacial forte nas
Identidades acima mencionadas.
Entretanto, como já observado, a cultura constitui um elemento presente na
construção de qualquer identidade. Isto ocorre porque na vida pós-moderna, com a
alteração das escalas de ‘tempo’ e ‘espaço’, as quais passam cada vez mais de singular e
local para uma dimensão imaterial, ou seja, virtual e imaginária, o elemento cultural atua
diretamente nos modos de vida e, conseqüentemente, na formação das relações
identitárias, principalmente, nas identidades Local, Territorial e Espacial.
A Identidade Local é aquela formada por determinada porção de espaço ou sítio
físico. Um importante aspecto das relações identitárias é que o elemento físico do local e do
espaço é mais visível do que em outros casos, podendo ser em relação a uma rua, praça ou
pedaço de um bairro.
A Identidade Territorial é formada pela relação do homem com o território. No
entendimento de Haesbaert, o território é descrito como “o conjunto das múltiplas formas de
construção/apropriação (concreta ou simbólica) do espaço...”(2002:45). Neste caso, as
bases materiais ou simbólicas do espaço possibilitam maior visualização nesta relação
identitária territorial. Entretanto, este autor avalia que, por elas serem constituídas pelas
manifestações simbólicas da sociedade, torna-se também uma Identidade Social.
82
Considerando a forte ligação destas identidades, Haesbaert pressupõe que: “Toda
Identidade Territorial é uma Identidade Social, definida fundamentalmente através do
território...” Entretanto, como ele mesmo complementa “... ou seja, dentro de uma relação de
apropriação que se dá tanto no campo das idéias quanto na realidade concreta, o espaço
geográfico, constituindo assim parte fundamental dos processos de identificação social... Se
toda Identidade Territorial é, obviamente, uma Identidade Social, nem toda Identidade Social
(como a identidade do gênero, por exemplo) toma, obrigatoriamente, como um de seus
elementos mais restritos, uma fração do espaço geográfico.” (1999: 172). Nesta perspectiva,
observa-se que uma identidade territorial pode assumir uma identidade social, entretanto,
como o próprio autor afirma, ela se dá num espaço geográfico e, portanto, será uma
identidade Espacial.
3.4. RELAÇÃO IDENTITÁRIA DE MORADIA
Este tópico procura demonstrar como se dá a relação identitária na moradia,
enfocando o morador (sujeito) como elemento básico, bem como os elementos espaciais
específicos (objeto) que envolvem uma identidade de moradia. Pretende-se também,
evidenciar como são os elementos das diferentes escalas espaciais nas paisagens de
habitação multifamiliar para a cidade do Rio de Janeiro.
3.4.1.
OS ELEMENTOS DA RELAÇÃO IDENTITÁRIA DE MORADIA
3.4.1.1. Os elementos essenciais e básicos da relação identitária de moradia
Conforme explicado anteriormente, os elementos essenciais: o ‘espaço’ (material ou
simbólico), o ‘tempo’ (contínuo ou fragmentado por causa da velocidade das informações) e
a ‘cultura’ (como fator influente das relações da sociedade atual) integram-se na formação
de qualquer identidade. Do mesmo modo, os elementos básicos, o ‘sujeito’ (morador ou
sociedade) integram a relação identitária de moradia.
83
3.4.1.2. As tipologias de habitação multifamiliar como elemento específico da relação
identitária espacial de moradia
O elemento específico da relação identitária de moradia constitui o ‘objeto’, ou seja,
as diferentes paisagens de habitação multifamiliar. Em conjunto com este elemento, existem
o lugar da rua e o território dentro do bairro, onde se encontram localizadas tais tipologias.
O objeto empírico desta tese constitui a análise das diferentes tipologias de
habitação multifamiliar: os edifícios altos e colados em Copacabana; os baixos prédios do
Bairro Peixoto, em Copacabana, da Tijuca e do Jardim Oceânico, na Barra da Tijuca; além
dos condomínios fechados e com altos edifícios, na Barra da Tijuca, bem como as vilas na
Tijuca.
Para a análise dos fatores empíricos da identidade de moradia, o lugar, o território, a
paisagem e o espaço configuram-se como elementos específicos variáveis, o que os torna
elementos específicos para cada tipo de identidade.
3.4.1.3.
As escalas das relações identitárias que envolvem o morar nas diferentes
tipologias de habitação multifamiliar, na cidade do Rio de Janeiro
A escala de identidade espacial que envolve o morar, como foi visto no capítulo
anterior, abrange as escalas de ruas, bairros e edifícios, sendo representadas por alguns
conceitos correlatos aos de Lugar, Paisagem e Território.
O Elemento específico de moradia - as diferentes paisagens de habitação
multifamiliar - é aqui relacionado, na relação identitária de moradia, com outros objetos
específicos complementares. Em conjunto com os elementos essenciais de ‘tempo’,
‘espaço’ e ‘cultura’, temos o morador como elemento básico - um ‘sujeito’, como também o
elemento específico da identidade de moradia.
Assim, as diferentes paisagens de habitação multifamiliar também estarão ligadas ao
lugar da rua e ao território do bairro, onde estas habitações encontram-se situadas. Neste
sentido, teremos a configuração de uma identidade de moradia, mas também identidade
Local e Territorial e, em conjunto com certa paisagem, teremos uma Identidade na
Paisagem Urbana.
Estamos considerando neste tipo de abordagem, a possibilidade de uma
multiplicidade de relações identitárias em relação à paisagem, ao lugar da rua, ao território
dentro do bairro, independente das diferentes tipologias de habitação multifamiliar, seja de
edifícios de apartamentos colados, edifícios altos e soltos em condomínios fechados,
edifícios baixos e vilas.
84
Neste contexto, nossas análises procuram investigar e valorizar como os moradores
interagem, circulam e criam sentimentos, identificações e pertencimentos com determinadas
parcelas de rua, próximo ou em frente às suas moradias, fazendo com que estes espaços
se traduzam em lugares específicos para cada um deles.
Além disso, a pesquisa pretende averiguar como é possível identificar paisagens
distintas, formadas não só pelos volumes edificados - conjunto de prédios, casas e sobrados
- mas também árvores, calçadas, postes e outras formas que aparecem sob o ponto de vista
do habitante.
Outro fator a ser observado é de que forma os pequenos territórios, como certas
partes da praia, barzinhos ou pracinhas, são utilizados pelos diversos moradores que
habitam os ambientes dos edifícios altos e colados de Copacabana; os baixos prédios do
Bairro Peixoto, em Copacabana, da Tijuca e do Jardim Oceânico, na Barra da Tijuca; além
dos condomínios fechados e com altos edifícios, na Barra da Tijuca, bem como as vilas na
Tijuca.
3.4.2.
IDENTIDADE DE MORADIA
O espaço de moradia constitui o lugar que possibilita aos seus habitantes a condição
de abrigar-se, alimentar-se, constituírem uma família e, principalmente, o local onde se
estabelecem como seres humanos. Mais do que isso, a moradia, a partir da visão de Reino
(2004), tanto em residências unifamiliares ou em habitações multifamiliares de edifícios de
apartamentos, é o local do convívio familiar, da amizade e onde todos depositam seus
anseios e objetivos - pessoal, familiar, de trabalho ou lazer.
3.4.2.1. Um exemplo: O caso da Aldeia da Luz
João Reino (2004), em ‘Aldeia da Luz, uma aldeia em ‘mudança’ – a aldeia
imaginada’ discute o tema, destacando a transferência da localidade de Aldeia da Luz,
decorrente da construção da Barragem de Alqueva, em Portugal. Sua análise argumenta
que na Aldeia da Luz as estruturas sociais e espaciais articulavam-se em torno de um
eqüilátero: casa, comunidade e aldeia. A construção de um novo local para a transferência
da cidade, uma cidade nova e projetada, exigiu mudanças na organização espacial e uma
volubilidade na população, devido ao apego, tempo de vida e de trabalho e, pelo receio de
uma mudança.
85
Na visão de Reino (2004: 5) “As casas fazem parte da estrutura territorial da Luz, dos
modos de vida destas famílias, que ao longo dos anos e de gerações, foram consolidando a
sua relação com a habitação.” (...) “O largo e a rua é um espaço de vivência coletiva onde
em determinadas horas do dia todos se encontram... Esta territorialidade, revelada pela
vivência local, não é mais do que o corolário das práticas quotidianas, onde o espaço é
apropriado pelas formas de uso.” Podemos então, a partir deste exemplo, perceber que não
há somente um tipo de relação identitária, mas sim diversos.
O autor explica ainda que os habitantes da Aldeia Nova não gostavam de suas
casas, pois eram todas iguais, com o mesmo telhado, parede e piso. Segundo ele, “a
população residente da Luz, apreende a habitação como um lugar de residir, um lugar de
passagem, sem interior e sem mistério de uma identidade que integra e inclui uma
componente afetiva”.
A possibilidade de mudança, porém, provocou uma desestabilização e instabilidade
na população, pois o que estava em julgamento é o apego aos bens que eles foram
acumulando ao longo de uma vida de trabalho. Por outro lado, a construção de casas novas
relativamente iguais causou certa uniformização social com base na habitação. (REINO,
2004: 2) avalia que o que ocorre “não é uma simples mudança física de uma casa para uma
nova casa, de um local para outro. Existem aspectos sócios culturais, simbólicos e
identitários que estão inerentes a toda a população residente”.
Esta perspectiva de Reino (2004) demonstra que os apegos à antiga aldeia e às
casas revelam um forte laço de identificação e pertencimento. Por outro lado, torna visível
que ao falar de habitação e moradia é necessário se pensar no valor que a identificação e o
pertencimento expõem, além de significar uma identidade de moradia. Outros fatores
também se associam a estes, como as identidades sociais com os laços familiares,
mostrando que nas relações identitárias criadas pela aldeia, pelo bairro, pela rua, pelas
casas e pelos laços familiares, são construídas simultaneamente diversas outras
identidades, entre elas: espacial, territorial, local, com a moradia e social. Podemos ainda
incluir neste conjunto as identidades ligadas à cultura local e global, bem como nacional.
3.4.2.2. Um exemplo das diferentes relações identitárias no espaço da moradia
Para entender as diferentes relações identitárias no espaço da moradia é preciso
considerar os valores culturais, as normas sociais, como também as identidades sociais,
locais, culturais e pessoais dos residentes. Por outro lado, é necessário entender a
habitação dentro de um valor de uso, de apropriação e de identidade.
86
O estudo desenvolvido por Reino constatou que na Aldeia da Luz havia quatro tipos
de identidades diferentes: uma identidade relacionada com a sua aldeia; outra relacionada
com o lado da rua onde situavam as suas casas; uma que demonstra que eles se
identificavam com as singularidades de cada casa, que fora transformada ao longo do
tempo. Os habitantes daquela aldeia tinham depositado em suas casa um valor simbólico e
um valor de uso, onde as habitações eram fortemente demarcadas face ao exterior, que
refletia a estrutura de todo um modo de vida; um outro tipo demonstra uma identidade dos
moradores entre si, formando uma identidade social.
Assim sendo, este trabalho representou um importante referencial para as análises
desta tese, especialmente no que se refere à possibilidade de relações identitárias,
identificações e pertencimentos múltiplos, revelados pelos valores relacionados à cidade,
aos lugares da rua, aos territórios do bairro e à localização das diferentes paisagens.
87
CAPÍTULO 4
__________________________________________________________________________
RIO DE JANEIRO: O TEMPO, O ESPAÇO
E OS ESTUDOS DE CASO
__________________________________________________________________________
88
__________________________________________________________________________
CAPÍTULO 4. RIO DE JANEIRO: O TEMPO, O ESPAÇO E OS ESTUDOS DE
CASO
4.1. O RIO DE JANEIRO NO TEMPO E NO ESPAÇO
4.1.1. O RECORTE TEMPORAL
Em relação ao recorte temporal, o estudo pretende compreender como são criados
os sentimentos de pertencimento e identificação nas relações identitárias. Desta maneira,
esta tese não se configura como histórica, pretendendo trabalhar o tema somente no
período atual.
Para cada área de estudo, observa-se que a formação destas paisagens se
consolidou num determinado período histórico. Isto determina a necessidade de uma
compreensão da evolução histórica da cidade do Rio de Janeiro a fim de se entender as
causas que interferiram na formação das tipologias de paisagens e conseqüentemente nas
relações identitárias.
No caso da Zona Sul, Copacabana se consolidou com a Modernidade, nos anos de
1940, principalmente devido a dois fatores: a busca da classe média burguesa por novos
territórios em direção à orla marítima e a consolidação do edifício de apartamentos como um
modo moderno de se morar
1
. Estes acontecimentos, aliados à forte influência do mercado
imobiliário para promover o bairro, fizeram com que ele – o bairro - se tornasse peculiar,
com paisagens marcantes e, fundamental para a nossa investigação.
Na Zona Norte, a Tijuca além de ter sofrido influência de várias legislações, ao
contrário de Copacabana, foi se modificando ao longo de diversas décadas, constituindo
uma imagem de um bairro tradicional da Zona Norte.
Na Zona Oeste, a Barra da Tijuca
2
apresenta a apropriação do território com a
formação de uma paisagem de condomínios fechados e edifícios altos em sua maioria,
diferente das outras zonas. Tal como em Copacabana, é importante salientar que a Barra da
Tijuca também sofreu uma grande influência do marketing imobiliário e da produção de sua
imagem, interferindo sobremaneira na construção de um imaginário de moradia e,
conseqüentemente, influenciando nos processos de identificação de pertencimento.
1
Ver a esse respeito Vaz (2002)
2
Ver a este respeito Lessa (2000)
89
4.1.2. A EVOLUÇÃO DO ESPAÇO E DAS TIPOLOGIAS DE HABITAÇÃO
MULTIFAMILIAR
Apresentamos aqui uma simplificada evolução na paisagem da cidade do Rio de
Janeiro, do início do século XX até o período atual, demonstrando as transformações
ocorridas, as diferentes concepções de tipologias de habitação e como elas se instalaram na
forma da cidade.
O item faz uma análise panorâmica, a fim de auxiliar na compreensão de como se
deu a formação das paisagens de tipologias de habitação multifamiliar, tendo em vista a
avaliação dos aspectos formadores de identidade, identificação e pertencimento.
Fig. 3. A Cidade do Rio de Janeiro no início do século XIX.
Fig. 4. A cidade do Rio de Janeiro no período atual. Disponível em http://images.google.com.br
No final do século XIX e início do século XX, o Rio de Janeiro presencia a
transformação de uma cidade colonial, com economia mercantilista, para uma cidade
90
voltada a atender aos interesses da República Capitalista. Nesta época, há a formação de
uma nova classe burguesa e também, de outra classe de trabalhadores imigrantes.
Fig. 5. A Praia de Copacabana em 1900. ABREU (2006).
Este período é caracterizado por uma paisagem horizontal de tipologias habitacionais
constituídos basicamente de casas, cortiços e sobrados. Posteriormente, com a construção
de um grande número de barracos, a subdivisão das casas e a multiplicação das habitações
coletivas e dos cortiços, instauram-se uma insalubridade geral na cidade. Esta convulsão
social fez com que o Estado, preocupado com a higienização da cidade, proibisse a
construção de novos cortiços, estalagens e casas de cômodos, incentivando a melhoria da
habitação. Assim, foram construídas novas tipologias de habitação, como os quartos de
trabalhadores e, posteriormente, as vilas e as avenidas, que eram um começo da formação
de habitação multifamiliar, só que dispostas horizontalmente (VAZ, 1994).
A década entre 20 e 30, a partir das transformações urbanas e industriais, consolida
uma sociedade de trabalhadores e uma ascendente classe média burguesa carioca,
aumentando a demanda por habitações. Com a revolução das técnicas de construção e com
o concreto armado, em conjunto com a tendência de agrupar mais pessoas em menos
áreas, as habitações se elevam em altura, surgindo, assim, sobrados de dois, três e até
quatro pavimentos.
A Cidade do Rio de Janeiro, por quase quatrocentos anos, permaneceu com uma
paisagem baixa, formada por casas, casarões e palacetes, de dois ou três andares. Por
volta da última década do século XIX a crise de moradia foi extremamente agravada, não só
por causa da expansão demográfica, mas também pelo déficit habitacional existente.
Iniciou-se, nesta época, a Reforma Pereira Passos, responsável pela destruição de uma
enorme quantidade de cortiços e ‘habitações coletivas’.
91
Fig. 6. Copacabana na década de 30, a “Babilônia dos arranha–céus”. VAZ (2002).
As habitações coletivas, marcadas pela insalubridade e por denominações
pejorativas, sofrem uma intervenção do governo, que passa a denominá-las de Habitação
Multifamiliar. Com isto, os novos sobrados e as habitações com três ou mais pavimentos
começam a instaurar uma nova mudança na mentalidade destas habitações. Com os
edifícios se elevando em altura, iniciam-se novos pensamentos e os edifícios altos começam
a ser denominados de Casa de Apartamentos, Edifícios para Renda, Edifício de Hotel até,
finalmente, Edifício de Apartamentos (VAZ, 1994).
Fig. 7. Copacabana na década de 30. VAZ (2002).
Posteriormente estes ‘arranha-céus’ configuram-se como uma tipologia marcante na
Cinelândia que, ao mesmo tempo, se expande junto à orla marítima, em direção à
Copacabana. Assim sendo, o Edifício de Apartamentos e Copacabana, nos anos de 1940,
sintetizariam a Modernidade e um novo modo de morar. VAZ (2000).
92
Fig. 8. Foto de Jornal na década de 40. VAZ (2002).
Posteriormente, a passagem da paisagem de sobrados para a Habitação
Multifamiliar inicia a formação de uma paisagem vertical formada pelas habitações
multifamiliar em edifícios de apartamentos. O processo de expansão desta tipologia em
altura se dá, inicialmente, na área da Cinelândia e, aos poucos, em direção à orla marítima
da Glória, Flamengo e Copacabana. Na década entre 1930 e 1940 é visível a passagem de
uma paisagem horizontal para uma paisagem vertical, sobretudo pela quantidade do número
de edifícios construídos. Em sua fase inicial existiam 33 edifícios com cinco a seis
pavimentos, e em 1933, havia 249 edifícios com sete a nove pavimentos, e 37 edifícios com
10 ou mais pavimentos (VAZ, 1994).
Fig. 9 e 10. Edifício Quintanilha e Araguaianos anos 30. VAZ (2000).
A cidade do Rio de Janeiro presencia, na década de 40, a ampliação da malha
urbana e a expansão em direção a vários bairros, principalmente em Copacabana, ao lado
93
do Hotel Copacabana Palace. Consolida-se, nesta década, a Modernidade no País, em
virtude de uma sociedade industrial, de relações capitalistas, da abertura política e de um
novo conceito do modo de vida. Na moradia, esta consolidação foi fortemente marcada por
fatores físicos e simbólicos, os quais caracterizariam um novo estilo de moradia: o Arranha-
céu, símbolo de modernidade e status social. (Vaz, 2000).
Fig. 11. Copacabana na Década de 50. Disponível em http://images.google.com.br
O Edifício de Apartamentos, neste sentido, constituíra um contexto contrário às
habitações coletivas, incorporando uma ruptura no que se referem à insalubridade, pátios
infectos e sanitários comuns, pois daria início aos espaços funcionalmente determinados,
tornando-se um novo estilo de se morar, adequado aos novos conceitos da Modernidade.
Este estilo Moderno possibilitou a continuação da Paisagem Vertical formada pela tipologia
do Edifício de Apartamentos.
A expansão deste tipo de paisagem ocorreu, primeiramente, na Cinelândia, tendo o
seu prolongamento em direção à Copacabana, Ipanema e Leblon e, mais tarde, em direção
a Botafogo, Lagoa e Gávea e, posteriormente, em direção à zona norte, com a expansão da
Tijuca, Engenho Novo e Vila Isabel.
Politicamente, o Brasil dos anos de 1950, na era JK, vivia um momento de grandes
transformações da economia multinacional capitalista e de democracia social. Na cidade do
Rio de Janeiro, algumas áreas já estavam bastante verticalizadas, principalmente
Copacabana, que se tornava cada vez mais densa. Em relação a isto, Velho (1989: 47)
considera que “Copacabana se tornou num labirinto de edifícios, um canyon de concreto
armado...”. Vaz (1994) observa que nesta época havia mais de 900 edifícios em
Copacabana e mais de 200 na Tijuca.
A partir da década de 60, o país passa por várias transformações, principalmente
com a transferência do centro político-administrativo para Brasília, acarretando em várias
perdas para o Rio de Janeiro. Dentre as mais significativas, estão os danos materiais pela
94
queda dos benefícios da união e as de ordem simbólica, especialmente pela perda do status
de capital.
Fig. 12. Copacabana década de 60. Disponível em http://digitalizacao.fundaj.gov.br
A cidade do Rio de Janeiro desta época sofre interferência de diversos fatores,
sobretudo com as mudanças das legislações urbanísticas e edilícias, dos setores imobiliário
e fundiário e, do Estado. É nesta década que a cidade presencia um colapso da rede
urbana, marcada pelo crescimento tentacular da cidade, o adensamento populacional, as
contradições do espaço e um aumento das desigualdades sociais. Também é neste período
que se intensifica a construção de moradias ilegais e a produção crescente do Edifício de
Apartamentos, tanto nas regiões da zona sul, como da zona norte, para dar vazão à classe
média, acarretando mais desajustes na sociedade. (ABREU, 1997).
O processo de verticalização efetivamente ganhou força para se expandir a partir da
criação, em 1967, do SFH (Sistema Financeiro de Habitação), do BNH (Banco Nacional da
Habitação) e do FGTS (Fundo de Garantia por tempo de Serviço), financiando apartamentos
para dar vazão à grande expansão e crescimento da cidade. Esta tipologia habitacional
favoreceria a indústria de construção civil, com a ocupação em terrenos vazios da zona sul e
em bairros mais afastados do Grajaú, Tijuca, Ramos e Penha. (CUNHA, 1983).
A partir da década de 1970, várias leis urbanísticas auxiliaram, cada vez mais, a
expansão da Paisagem Vertical da cidade, dentre elas o Decreto Lei Estadual de
29/04/1975, que estabeleceu o limite máximo para 18 pavimentos, mas permitiu a liberação
de pavimentos para garagens e playground, assim determinado: Lagoa, de 5 a 10
pavimentos; Copacabana, de 10 a 12 pavimentos; Botafogo, de 4 a 10 pavimentos;
Flamengo, de 8 a 12; Grajaú e Tijuca, de 4 a 10 e; subúrbios, de 4 a 12 pavimentos
(CUNHA, 1983). A produção em larga escala do edifício solto passa a ocupar quase todas
as regiões, conforme observou Veríssimo e Bittar: “...quase que se constrói o mesmo
número de casas e apartamentos, um padrão de construção produzido em série.”
95
Posteriormente, o Decreto 322, de 03/03/1976, chamado Lei das Encostas, instituiu a
amarração do gabarito de acordo com a cota em que se situasse. No entanto, este foi
liberado para a construção dos Hotéis na orla marítima até 40 pavimentos, como o Hotel
Meridian e o Othon (CUNHA, 1983). A construção destes hotéis influenciou diretamente no
modo de pensar a habitação, não como forma de moradia permanente, mas como sinônimo
de status simbólico de hospedagem temporária.
No mesmo período, a cidade do Rio de Janeiro encontrava-se em situação
deficitária, principalmente em relação ao setor industrial. Sua população continuava
crescendo e as regiões central e sul já estavam totalmente saturadas, devido ao elevado
valor de seus terrenos. Dessa maneira, a fim de atender a grande demanda de moradia, foi
criado em 1969 o Decreto 324 – correspondente ao Plano Diretor da Baixada de
Jacarepaguá e Barra da Tijuca - para que a cidade pudesse se expandir em direção a São
Conrado e Barra da Tijuca (RIBEIRO, 1997).
Fig. 13. Vista dos Condomínios da Barra da Tijuca. Disponível em http://www.travel-earth.com
A partir de então são lançados condomínios verticais de 20 a 25 pavimentos, como o
‘Village Oceanic’ em 1974, o ‘Nova Ipanema’ em 1975 e o ‘Novo Leblon’ em 1976, criando
mais um espaço de divisão social no ambiente da cidade. Assim, os grandes condomínios
verticais tornam-se locais de status social. Esta parcela da sociedade é atraída pela mesma
estratégia de marketing imobiliário e da produção de uma imagem espetacular, tal como o
lançamento dos edifícios de apartamentos em Copacabana na década de 1940. (GOBBO,
2001).
Além da ocupação de inúmeras áreas livres, com a construção de altíssimos edifícios
de apartamentos contendo até mais de trinta pavimentos na Barra da Tijuca, a cidade
presencia a ocupação de terrenos vagos em todo o seu tecido urbano, adensando e
multiplicando a paisagem vertical.
96
O período da Nova República, na década de 80, é marcado por um cenário de crise,
recessão e por um amplo programa de mudanças. É caracterizado também por fracassadas
tentativas do governo em recuperar alguns planos de incentivo à indústria da construção
civil, como o SFH (Sistema Financeiro de Habitação), extinto em 1986. Uma alternativa da
indústria da construção civil foi o incremento de um novo tipo de modalidade para a
construção. Surge, com isso, a incorporação, através das cooperativas e do sistema de
condomínios fechados.
Fig. 14. Foto da Rua Barata Ribeiro. Fonte: Anônima
Tais fatos demonstram que as tipologias de habitação multifamiliar têm sido
alteradas durante seu percurso histórico. Assim, as Vilas, os Edifícios Baixos, os altos
Edifícios e os Condomínios Fechados constituíram e constituem um reflexo da sociedade e
de suas demandas materiais e até simbólicas e subjetivas. Desta maneira, a avaliação das
relações identitárias dos moradores com estas paisagens, representadas por diferentes
tipologias, constitui importante objeto de estudo para o urbanismo e para as ciências que
estudam o espaço e o morador.
4.2. O EMPÍRICO, AS ÁREAS E AS TIPOLOGIAS DE HABITAÇÃO
MULTIFAMILIAR
4.2.1. O ESTUDO EMPÍRICO: A CIDADE DO RIO DE JANEIRO
O presente capítulo consiste na apresentação das etapas que constituíram a
elaboração desta pesquisa e os caminhos percorridos para alcançar os seus resultados.
97
É destacado o espaço das cidades contemporâneas, escolhido como proposta para
o ensaio empírico. Assim sendo, estabeleceu-se a cidade do Rio de Janeiro como objeto
empírico, o qual constitui um importante elemento para as análises empíricas da teoria
adotada e, finalmente, para uma possível comprovação das indagações propostas.
4.2.2. ÁREAS SELECIONADAS PARA OS ESTUDOS DE CASO
A definição da área de estudo foi determinada em função das tipologias de habitação
multifamiliar presentes na cidade do Rio de Janeiro. Desta maneira, na zona sul foram
escolhidas as áreas onde estão localizadas as tipologias dos edifícios Altos e Colados, em
Copacabana e os edifícios baixos, no Bairro Peixoto.
Na Zona Norte, no bairro da Tijuca, foram selecionadas áreas específicas que
compreendem respectivamente as vilas de casas e os edifícios baixos.
Na Zona Oeste, os edifícios baixos do Jardim Oceânico e as áreas que
compreendem a Barra alta, representadas pelos condomínios Alfa Barra, Novo Leblon e
Mandala, todos localizados na Barra da Tijuca.
A figura abaixo mostra a localização das áreas selecionadas para os estudos de
caso.
Fig. 15. Mapa do enquadramento geográfico de abrangência da tese.
98
4.2.2.1. LOCALIZAÇÃO E CARACTERÍSTICAS DOS ESTUDOS EMPÍRICOS
Fig. 16. Mapa de localização das áreas selecionadas para os Estudos de Caso.
Fig. 17. Zona Sul: Copacabana e Bairro Peixoto. Disponível em http://images.google.com.br
Fig. 18. Zona Oeste. Barra da Tijuca
Disponível em http://www.travel-earth.com
Fig. 19. Zona Norte: Tijuca.
Disponível em http://www.static.panoramio.com
99
4.2.2.2. TIPOS DE HABITAÇÃO MULTIFAMILIAR DETERMINANTES PARA OS
ESTUDOS DE CASO
As habitações multifamiliares são definidas pelas construções onde residem mais de
uma família. No Início do século, como foi visto anteriormente, essas habitações eram
caracterizadas pelos cortiços, casebres e cômodos, onde inúmeras famílias se alojavam em
péssimas condições de vida. Apresentamos a seguir o significado de cada um dos tipos de
habitação existentes.
4.2.2.2.A. Edifícios Altos e Colados
São aqueles normalmente altos, colados uns aos outros e que apresentam aberturas
nas fachadas frontais e posteriores, onde as laterais são o limite com outros edifícios de
mesma similaridade.
4.2.2.2.B. Edifícios baixos
Constitui uma tipologia presente em diversas cidades e representam edifícios de até
quatro andares e que, na maioria das vezes, não possui elevador.
4.2.2.2.C. Edifícios Altos em condomínios fechados
Constituem-se aqueles edifícios construídos normalmente em um grande terreno
juntamente com vários outros e, em alguns casos, possuem uma infra-estrutura de lazer e
comércio nos limites de sua área de abrangência.
4.2.2.2.D. Vilas
São habitações multifamiliares onde se desenvolvem casinhas coladas umas nas
outras, localizadas em terrenos compridos e possui uma ou duas entradas, aonde o terreno
vai de uma rua à outra. Geralmente apresenta fachadas equivalentes em toda a sua
extensão, com algumas variações ornamentais ou de cores.
100
4.3. OS ESTUDOS DE CASO
Conforme já considerado inicialmente, o espaço da cidade do Rio de Janeiro foi
escolhido como base empírica para o desenvolvimento desta tese. Neste sentido, os
estudos de casos aplicados abrangeram bairros distintos situados no âmbito da divisão
regional que compõe a cidade, representados respectivamente por Copacabana e Bairro
Peixoto, na Zona Sul; Tijuca, na Zona Norte; e Barra da Tijuca, na Zona Oeste.
O quadro abaixo apresenta os estudos de caso, incluindo as zonas, os bairros e as
tipologias de habitação multifamiliar.
4.3.1. ESTUDO DE CASO 1: ZONA SUL - COPACABANA E BAIRRO PEIXOTO
4.3.1.A. Copacabana: Tipologia de Edifícios Altos e Colados
4.3.1.B. Bairro Peixoto: Tipologia de Edifícios Baixos
4.3.2. ESTUDO DE CASO 2: ZONA NORTE - TIJUCA
4.3.2.C. Tijuca: Tipologia de Edifícios Baixos
4.3.2.D. Tijuca: Tipologia de Vilas
4.3.3. ESTUDO DE CASO 3: ZONA OESTE - BARRA DA TIJUCA
4.3.3.E. Barra da Tijuca: Tipologia de Edifícios Altos em condomínio
4.3.3.F. Barra da Tijuca - Jardim Oceânico: Tipologia de Edifícios Baixos
A tabela 1 apresenta os dados que mostram em síntese as características dessas
áreas, as quais serão posteriormente detalhadas.
Tabela 1: Dados das zonas e bairros selecionados para o estudo empírico
3
.
CARACTERÍSTICAS GERAIS DAS ZONAS E BAIRROS SELECIONADOS
ZONA BAIRROS
ÁREA
TERRITORIAL
(2003)
N
O
TOTAL DE
POPULAÇÃO
(2000)
N
O
TOTAL DE
DOMICÍLIOS
(2000)
N
O
TOTAL DE
APARTAMENTOS
(2000)
N
O
TOTAL
DE CASAS
(2000)
SUL
Copacabana
(incluindo
Bairro Peixoto)
410,09 ha. 147.021 habitantes 61.807 domicílios 71.756 apartamentos 4.855 casas
OESTE Barra da Tijuca 4.815,06 há. 92.233 habitantes 30.809 domicílios 29.516 apartamentos 4.882 casas
NORTE Tijuca 1006,56 há. 163.637 habitantes 56.908 domicílios 50.308 apartamentos 4.855 casas
3
Dados coletados a partir do site: http//:portalgeo.rio.rj.gov.br, em (29/08/2007).
101
4.3.1. ESTUDO DE CASO 1 - COPACABANA E BAIRRO PEIXOTO
ZONA:
SUL
BAIRROS: COPACABANA, INCLUINDO BAIRRO PEIXOTO
ÁREA TERRITORIAL (2003): 410,09 HA
N
O
TOTAL DA POPULAÇÃO (2000): 147.021 HABITANTES
N
O
TOTAL DE DOMICÍLIO (2000): 61.807 DOMICÍLIOS
N
O
TOTAL DE APARTAMENTO (2000): 71.756 APARTAMENTOS
N
O
TOTAL DE CASAS: 4.855
Fig. 20. Mapa de localização das áreas selecionadas para os estudos de caso em Copacabana.
102
Fig. 21. Vista geral de Copacabana. Fig. 22. Aspecto dos edifícios de Copacabana.
Disponível em http://bp2.blogger.com
Disponível em http://bp2.blogger.com
CARACTERÍSTICAS DE COPACABANA E BAIRRO PEIXOTO
O bairro de Copacabana está localizado na zona sul do Rio de Janeiro e
compreende uma longa faixa de terra exprimida entre uma grande extensão de praia em
formato meia lua, além de alguns morros. Atualmente, o bairro
4
possui a maior concentração
populacional da cidade com 147.021 habitantes e uma área de 410,09 ha., divididos em 100
quarteirões, 78 ruas, cinco avenidas, seis travessas, três ladeiras e ainda 4 favelas (Pavão-
Pavãozinho, Ladeira dos Tabajaras, Cabritos e Cantagalo).
É considerado um bairro de classe média, excluindo as favelas, com 61.800
domicílios, 71.756 apartamentos e 4.855 casas
5
. Apesar de ter um intenso tráfego de
veículos, possui uma infra-estrutura de transporte com três estações de metrô e várias
linhas de ônibus municipais que interligam a cidade. O bairro de Copacabana possui
características morfológicas próprias, devido a grande concentração de edifícios altos que,
com o passar das décadas, foi se intensificando cada vez mais. Em alguns casos, como nas
ruas Santa Clara, Figueiredo Magalhães, Tonelero e Nossa Senhora de Copacabana, a
paisagem pode ser considerada como um corredor de edifícios ou ruas desfiladeiros.
Copacabana é apelidada de Princesinha do Mar, devido a sua fama de boemia,
glamour e riqueza dos anos 1940 e 1950. O bairro é repleto de bares, cafés, hotéis e
cinemas. A partir da década de 1960, sua crescente popularidade atraiu muitos moradores,
começando a se verticalizar a partir da construção de edifícios de apartamentos.
O bairro Peixoto é um bairro que fica dentro de Copacabana e apresenta diferenças
morfológicas, tendo como limite as ruas Henrique Oswald, Santa Clara, Figueiredo
Magalhães, Tonelero e a Praça Vereador Rocha Leão. Possui uma paisagem formadas por
4
Disponível em pt.wikipedia.org/ (data: 29/07/2007)
5
Dados do IBGE
103
edifÍcios, em geral com até 4 andares, outros com até 8 andares, porém caracteriza-se pela
calma e tranquilidade.
Os seus terrenos pertenciam à chácara do comerciante português Comendador
Paulo Felisberto Peixoto da Fonseca, que chegou ao Brasil em 1875 e incluia uma lagoa,
um pantanal, árvores frutíferas e um bambuzal entre os morros de São João e dos Cabritos.
O Comendador Peixoto não tinha descendentes diretos e deixou todos os terrenos de sua
chácara para cinco instituições de caridade: Associação Asilo São Luís para a Velhice
Desamparada, Sociedade Portuguesa Caixa de Socorros D. Pedro V, Sociedade
Portuguesa de Beneficência do Rio de Janeiro, Casa dos Expostos e Hospital Nossa
Senhora das Dores
6
.
4.3.1.A. COPACABANA: TIPOLOGIA EDIFÍCIOS ALTOS
__________________________________________________________________________
BAIRRO: Copacabana
TIPOLOGIA: Edifícios altos e colados
CARACTERISTICA: São aqueles normalmente altos, colados uns aos outros e que
apresentam aberturas nas fachadas frontais e posteriores, onde as laterais são o limite com
outros edifícios de mesma similaridade;
ÁREA DE ABRANGÊNCIA DO ESTUDO DE CASO A: Ruas Tonelero, Siqueira Campos,
Domingos Ferreira e Constante Ramos.
Fig. 23. Mapa de localização da área de estudo em Copacabana.
6
Site: pt.wikipedia.org/ (data: 29/07/2007)
104
CARACTERÍSTICAS DAS PAISAGENS DAS FACHADAS, DO LUGAR DA RUA E DO
TERRITÓRIO NO BAIRRO DE COPACABANA – Edifícios Altos e Colados
Fig. 24 e 25. Foto dos Edifícios Altos e Colados em Copacabana.
Fig. 26. Fotografia dos Edifícios Altos e Colados em Copacabana.
105
4.3.1.B. BAIRRO PEIXOTO: TIPOLOGIA EDIFÍCIOS BAIXOS
BAIRRO: PEIXOTO
TIPOLOGIA: Edifícios baixos
CARACTERISTICA: Constitui uma tipologia presente em diversas cidades e representam
edifícios de até quatro andares e que, na maioria das vezes, não possuem elevador;
ÁREA DE ABRANGÊNCIA DO ESTUDO DE CASO B: Ruas Décio Vilares e Praça
Edmundo Bittencourt.
Fig. 27. Mapa de localização da região do Bairro Peixoto, em Copacabana.
CARACTERÍSTICAS DAS PAISAGENS DAS FACHADAS DO LUGAR DA RUA E DO
TERRITÓRIO DO BAIRRO PEIXOTO - Edifícios baixos
Fig. 28. Aspectos do Bairro Peixoto.
106
Fig. 29. Área de lazer no Bairro Peixoto.
Fig. 30 e 31. Aspecto de Edifícios no Bairro Peixoto.
4.3.2. ESTUDO DE CASO 2 - TIJUCA
ZONA:
NORTE
BAIRRO: TIJUCA
ÁREA TERRITORIAL (2003): 1006,56 ha.
NO TOTAL DA POPULAÇÃO (2000): 163.637 habitantes
NO TOTAL DE DOMICÍLIO (2000): 56.908 domicílios
NO TOTAL DE APARTAMENTO (2000): 50.308 apartamentos
NO TOTAL DE CASAS: 4.855
107
Fig. 32. Mapa de localização das áreas selecionadas para os estudos de caso na Tijuca.
Fig. 33 e 34. Aspectos do bairro da Tijuca. Disponível em http://i204.photobucket.com/albums
108
CARACTERÍSTICAS DA TIJUCA
O bairro da Tijuca
7
está localizado na Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro e
possui uma área territorial de 1006,56 ha, com população total de 163.637 habitantes,
divididos em 58.908 domicílios, 50.308 apartamentos e 4.855 casas.
A Tijuca
8
é um bairro bastante denso, possuindo inúmeras ruas, comércio e uma boa
infra-estrutura urbana. Considerado um bairro de classe média, contudo, está situado entre
inúmeras favelas, principalmente devido à sua configuração geomorfológica, circundada por
diversos morros.
Apesar de ser visto com um bairro tradicional e dos mais antigos do Rio, atualmente
ele é considerado um bairro perigoso por estar rodeado de inúmeras favelas. De certa
maneira, o bairro sofre de uma desvalorização de seu nome em virtude do excesso de
comunidades carentes e de inúmeros assaltos que a tornaram um local inseguro.
O bairro possui ainda uma boa infra-estrutura, incluindo três estações de metrô, vias
de acesso a várias zonas da cidade e conta com um setor de comércio e serviços
significativo e bastante diversificado.
Na Tijuca estão localizados alguns ícones representativos do Rio de Janeiro, como o
Maracanã, atrativos como as escolas de samba: Salgueiro, Unidos da Tijuca e Império da
Tijuca; a Floresta da Tijuca, considerada a segunda maior floresta urbana do mundo; entre
outros.
O bairro da Tijuca apresenta uma característica morfológica diversificada e possui
diferentes tipologias de habitação, como é o caso de vilas, casas, edifícios baixos e edifícios
altos.
Duas áreas na região da Tijuca foram analisadas para este trabalho. A primeira,
localizada em frente à Universidade Estadual do Rio de Janeiro - UERJ é formada pelas
tipologias de várias vilas uma após a outra e intercaladas por um edifício alto. São vilas que
possuem casas similares e variam, de acordo com as melhorias de uma vila para outra.
A segunda área trabalhada é um local que se assemelha ao bairro Peixoto, em
Copacabana, devido às suas semelhanças morfológicas: possui uma pracinha, rodeada por
uma paisagem formada por edifícios, em geral com 4 andares, existindo outros de 6 e 8
andares. Porém, caracteriza-se pela altura baixa e, sobretudo, pela calma e tranquilidade.
7
Dados do IBGE de 2000.
8
Dados extraídos do Site: pt.wikipedia.org/ (data: 29/07/2007)
109
4.3.2.C. TIJUCA - TIPOLOGIA EDIFÍCIOS ALTOS E COLADOS
_________________________________________________________________________
BAIRRO: Tijuca
TIPOLOGIA: Edifícios Altos e Colados
CARACTERÍSTICA: Constitui uma tipologia presente em diversas cidades e representam
edifícios de até quatro andares e que, na maioria das vezes, não possuem elevador;
AREA DE ABRANGÊNCIA DO ESTUDO DE CASO 3: Abrangência: Largo Irmã Maria, Rua
Dulce, Almirante Cochrane.
_________________________________________________________________________
Fig. 35. Mapa de localização da área de estudo na Tijuca.
Fig. 36. Mapa da área de abrangência dos estudos de caso na Tijuca.
110
CARACTERÍSTICAS DAS PAISAGENS DAS FACHADAS DO LUGAR DA RUA E DO
TERRITÓRIO DO BAIRRO TIJUCA: EDIFÍCIOS BAIXOS
Fig. 37. Fotografia da região de edifícios baixos na Tijuca.
Fig. 38 e 39. Aspectos do Bairro Tijuca, na área de tipologia de edifícios baixos.
Fig. 40 e 41. Aspectos dos edifícios baixos na Tijuca.
111
4.3.2.D. TIJUCA: TIPOLOGIA VILAS
_________________________________________________________________________
BAIRRO: Tijuca
TIPOLOGIA: Vilas
CARACTERÍSTICA: ‘Vilas’ - são habitações multifamiliares onde se desenvolvem casinhas
coladas umas nas outras, localizadas em terrenos compridos e possui uma ou duas
entradas, aonde o terreno vai de uma rua à outra. Geralmente apresenta fachadas
equivalentes em toda a sua extensão, com algumas variações ornamentais ou de cores;
AREA DE ABRANGÊNCIA DO ESTUDO DE CASO D: Largo Irmã Maria, Rua Dulce,
Almirante Cochrane.
_________________________________________________________________________
Fig. 42. Mapa de localização da área de estudo na Tijuca.
Fig. 43. Mapa da área de abrangência dos estudos de caso na Tijuca.
112
CARACTERISTICAS DAS PAISAGENS DAS FACHADAS DO LUGAR DA RUA E DO
TERRITORIO DO BAIRRO TIJUCA: VILAS
Fig. 44. Vista das áreas de vilas localizadas na Tijuca. Disponível em http://www.static.panoramio.com
Fig. 45. Visão geral das vilas estudadas na Tijuca. Disponível em http://www.static.panoramio.com
113
4.3.3. ESTUDO DE CASO 3 - BARRA DA TIJUCA
ZONA:
OESTE
BAIRROS: BARRA DA TIJUCA
ÁREA TERRITORIAL (2003): 4.815,06 ha
NO TOTAL DA POPULAÇÃO (2000): 92.233 habitantes
NO TOTAL DE DOMICÍLIO (2000): 30.809 domicílios
NO TOTAL DE APARTAMENTO (2000): 50.308 apartamentos
NO TOTAL DE CASAS (2000): 4.882 casas
Fonte: Dados do IBGE 2000
Fig. 46. Mapa de localização das áreas selecionadas para os estudos de caso na Barra da Tijuca.
114
Fig.47. Visão panorâmica da Barra da Tijuca. Disponível em http://www.travel-earth.com
Características da Barra da Tijuca
O bairro da Barra da Tijuca está localizado na zona oeste do Rio de Janeiro e possui
uma extensa área territorial, com 4.815,06 mil ha. Sua população abrange 92.233 pessoas,
com um total de 30.809 domicílios, dentre eles 25.516 apartamentos e 4.882 casas
9
.
Apresenta uma morfologia diferente das outras regiões do Rio, cuja configuração
geomorfológica caracteriza-se como uma área de planície e baixada. O bairro foi projetado,
em 1969, a partir de um plano piloto elaborado por Lúcio Costa e contava com avenidas
longas, áreas de preservação e condomínios fechados. Nos anos 1980, devido à explosão
demográfica e a procura de novas áreas para expansão de moradias, o plano original foi
alterado, principalmente em função da construção e especulação imobiliária que criou outros
componentes como supermercados, shopping centers, escolas, hospitais, entre outros. Tais
elementos justificam até os dias de hoje a continuação desta expansão, incluindo, porém, a
atração de algumas favelas. É considerado um bairro nobre e até como uma outra cidade,
pelas diferenças morfológicas e sociais que apresenta. O bairro possui ainda alguns
atrativos ambientais relevantes, com uma extensa faixa de oceano, praias ao longo de 18
quilômetros; três lagoas e montanhas. Sua infra-estrutura viária com acessos típicos de
auto-estradas interliga importantes pontos da cidade.
Quanto às tipologias de habitação, a Barra da Tijuca possui características distintas
em relação às de outros bairros, pois é formada em sua maioria por condomínios de até 4
pavimentos, condomínios com mais de 20 pavimentos e casas de um ou dois pavimentos.
9
Dados do IBGE de 2000.
115
Para os estudos de caso desenvolvidos no bairro, foram selecionadas 3 áreas
diferentes: o Jardim Oceânico e os condomínios Alfa Barra, Novo Leblon e Mandala. Dentre
os locais de edifícios baixos, destaca-se o Condomínio Jardim Oceânico, localizado no início
da Barra da Tijuca. Ele não é formado por condomínios fechados, estabelecendo-se em um
traçado semelhante ao de outras regiões da cidade. O Jardim Oceânico é considerado pelos
próprios moradores como um bairro que se diferencia da chamada Barra da Tijuca alta,
devido às suas diferenças morfológicas, pois a maioria dos edifícios possuem até 4 andares,
classificando-o como de paisagem baixa.
Em relação aos condomínios de edíficios altos, foram estudados os locais: Alfa
Barra, Novo Leblon e Mandala. Estes condomínios caracterizam-se por terem uma extensa
área, com a presença de vários edifícios e uma área semi-particular, onde situam-se os
espaços de lazer. Alguns deles, como o Novo Leblon, possui inclusive área comercial. Estes
condomínios caracterizam-se por edifícios com andares distintos e apresentam uma
paisagem com tipologia de edifícios altos.
4.3.3.E. BARRA DA TIJUCA: TIPOLOGIA EDIFÍCIOS BAIXOS
__________________________________________________________________________
BAIRRO: Barra da Tijuca
TIPOLOGIA: Edifícios baixos
CARACTERÍSTICA: Constitui uma tipologia presente em diversas cidades e representam
edifícios de até quatro andares e que, na maioria das vezes, não possuem elevador;
ÁREA DE ABRANGÊNCIA ESTUDO DE CASO 3: Abrangência: Largo Irmã Maria, Rua
Dulce, Almirante Cochrane
Fig. 48. Mapa de localização das áreas de estudo na Barra da Tijuca.
116
CARACTERÍSTICAS DAS PAISAGENS DAS FACHADAS DO LUGAR DA RUA E DO
TERRITÓRIO DA BARRA DA TIJUCA – EDIFÍCIOS BAIXOS
Fig. 49. Vista geral do Jardim Oceânico. Disponível em http://www.pbase.com
Fig. 50 e 51. Aspectos do bairro Jardim Oceânico
Fig. 67.
Fig. 52. Tipologia de edifícios baixos no Jardim Oceânico, Barra da Tijuca.
117
4.3.3.F. BARRA DA TIJUCA: TIPOLOGIA EDIFÍCIOS ALTOS EM CONDOMÍNIOS
__________________________________________________________________________
BAIRRO: Barra da Tijuca
TIPOLOGIA: Edifícios Altos em Condomínios
CARACTERÍSTICA: Edifícios Altos em Condomínios - constituem-se aqueles edifícios
construídos normalmente em um grande terreno juntamente com vários outros e, em alguns
casos, possuem uma infra-estrutura de lazer e comércio nos limites de sua área de
abrangência.
AREA DE ABRANGÊNCIA ESTUDO DE CASO 3: Abrangência: Avenida Érico Veríssimo,
Praça Bom Pastor, Avenida Lúcio Costa, Avenida Ayrton Senna e Avenida das Américas.
Fig. 53. Mapa de localização dos estudos de caso na Barra da Tijuca.
Fig. 54. Mapa de localização dos estudos de caso na Barra da Tijuca.
118
CARACTERÍSTICAS DAS PAISAGENS DAS FACHADAS DO LUGAR DA RUA E DO
TERRITÓRIO DA BARRA DA TIJUCA – CONDOMÍNIOS DE EDIFÍCIOS ALTOS
CONDOMÍNIO NOVO LEBLON
Fig. 55. Visão geral do condomínio Novo Leblon. Fig. 56. Aspecto do Novo Leblon.
Disponível em: http://cgmax.com.br Disponível em http://imoveis.imovelweb.com.br
CONDOMÍNIO ALFABARRA
Fig. 57. Vista geral do condomínio Alfabarra. Fig. 58. Aspectos do condomínio Alfabarra.
Disponível em http://www.pbase.com
Disponível em http://image02.webshots.com
CONDOMÍNIO MANDALA
Fig. 59 e 60. Imagens do condomínio Mandala. Disponível em http://farm1.static.flickr.com
119
CAPÍTULO 5
__________________________________________________________________________
OS PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
__________________________________________________________________________
120
__________________________________________________________
CAPÍTULO 5. OS PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Este capítulo expõe o método de pesquisa adotado e como foi o processo de coleta
de dados e suas principais características - as áreas escolhidas e os tipos de entrevistas e
respostas.
Serão apresentados também os parâmetros utilizados no estudo. Primeiramente nas
diferentes escalas do espaço urbano, sendo a) paisagem, rua e bairro; e b) duas escalas -
rua e bairro, além da escala da paisagem, a fim de se trabalhar a primeira indagação da
tese. Em seguida, abordaremos os parâmetros de caráter urbanístico, inicialmente os
subjetivos e imateriais e os aspectos materiais e funcionais, desenvolvidos para trabalhar a
2
a
indagação da tese; e por fim, o parâmetro local e global, desenvolvido para trabalhar a 3
a
indagação desta pesquisa.
5.1. O MÉTODO DA PESQUISA
5.1.1. A PESQUISA
Este trabalho objetiva de ser um misto entre a Pesquisa Pura
1
e Aplicada
2
, uma vez
que além de possuir pontos de contato entre si, tem o interesse na aplicabilidade dos
estudos a partir de um estudo de caso.
A complexidade do tema, corroborada pelos poucos estudos similares, como as
teorias que o abordam sobre processos de identificação e pertencimentos espaciais,
refletem a importância de um aprofundamento empírico. Em função da necessidade de
compreender os processos de relações identitárias e como eles se configuram no espaço
urbano, não seguiremos uma linha única de pesquisa, mas adotaremos uma combinação
entre as Pesquisas Exploratória
3
e Descritiva
4
, a fim de atender aos objetivos propostos.
1
Gil (1989:44) considera que a Pesquisa Pura tende a ser “... bastante formalizada e objetiva à generalização, com vistas à
construção de teorias e leis...”.
2
Gil (1989:44) afirma que Pesquisa Aplicada é aquela que tem “... o interesse na aplicação, utilização e conseqüências
práticas de seu desenvolvimento”.
3
Pesquisa Exploratória, segundo Gil (1989:44) “têm como principal finalidade desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e
idéias, com vistas à formulação de problemas precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores”.
4
Pesquisa Descritiva. Gil (1989: 45) considera que este tipo tem como principal característica a exploração de certos tipos de
acontecimentos, fenômenos e associações entre as variáveis, que “vão além das variáveis, pretendendo determinar a
natureza da relação”.
121
A análise hipotética dedutiva
5
foi o método de abordagem adotado para a pesquisa,
cujas etapas integram o conhecimento prévio, a formulação das indagações, os testes
empíricos e a comprovação ou não das indagações. Desta maneira, o ponto de partida foi a
observação da relação do morador dentro da cidade, onde procurou-se estudar as teorias
necessárias para o embasamento teórico, confrontando-as com os estudos de caso
propostos e fundamentando as análises e conclusões posteriores.
Por outro lado, o tratamento empírico isolado não elimina todos os questionamentos
da tese, por isto mesmo, existe a necessidade de relacionar as identidades com todos os
componentes do espaço urbano. Sendo assim, para a conclusão será organizado um
conjunto de considerações abrangendo todos os elementos que constituem o espaço
urbano relacionados ao tema identidade.
5.1.1.1. A Coleta dos Dados e as Escalas do Espaço Urbano
A complexidade da pesquisa empírica exige uma coleta de dados que serve para
desenvolver e esclarecer sobre os aspectos subjetivos e físicos dos moradores em relação
ao espaço urbano, principalmente nas escalas que o compõe: o território do bairro, o lugar
da rua e a paisagem das fachadas das tipologias pesquisadas. Esses dados são de suma
importância, haja vista que podem corroborar para a formulação de problemas semelhantes,
inclusive servindo de base para estudos posteriores e que guardem a mesma similaridade.
5.1.1.2. Elaboração das Perguntas
O processo de entrevista aplicada foi baseado em perguntas formuladas com
questões simples a fim de facilitar o entendimento dos entrevistados, de acordo com as
indagações da pesquisa. O roteiro – a moradia, o Edifício, a rua e o bairro - foi criado para
ajudá-los a compreenderem que a entrevista, apesar de trabalhar com moradia, pretendia
investigar o relacionamento do morador com outros aspectos, especialmente todo o espaço
que envolve o seu habitar.
É importante ressaltar que nas questões aplicadas não foram mencionados o tema
específico da tese nem os termos - identidade, identificação e pertencimento, cuja finalidade
era ser o mais imparcial possível, tendo-se o cuidado para não induzir o entrevistado. Este
cuidado é, de certa maneira, revelado na forma pela qual as entrevistas se apresentam, o
que poderá ser comprovado a partir dos exemplos expostos.
5
De acordo com Lakatos e Marconi (1995:65) o único método científico é o hipotético dedutivo: toda pesquisa tem sua origem
num problema para o qual se procura uma solução, através de tentativas (conjecturas, hipóteses, teorias) e eliminação de
erros.
122
5.1.1.3. Localização Geográfica das Entrevistas
As entrevistas realizadas foram coletadas de acordo com o recorte espacial definido,
demonstrado no mapa abaixo.
Fig. 61. Mapa de localização das áreas selecionadas para os Estudos de Caso.
5.1.1.4. Caracterização das Entrevistas por Tipologia e por Bairro
Como nos itens anteriormente abordados, os aspectos urbanísticos das habitações
multifamiliares foram avaliados a partir de suas fachadas, constituindo, assim, paisagens
fundamentais para a análise do nosso estudo. O quadro abaixo apresenta uma
caracterização dos estudos de caso feito nas respectivas áreas e as tipologias estudadas.
CARACTERIZAÇÃO: COPACABANA E BAIRRO PEIXOTO
A. Estudo de Caso A: Copacabana: Tipologia Edifícios altos
B. Estudo de Caso: B. Bairro Peixoto: Tipologia Edifícios baixos
CARACTERIZAÇÃO: TIJUCA
C. Estudo de Caso C: Tijuca: Tipologia Edifícios baixos
D. Estudo de Caso D: Tijuca: Tipologia Vilas
CARACTERIZAÇÃO: BARRA DA TIJUCA
4.3.3.E. Estudo de caso E: Barra da Tijuca: Tipologia Edifícios altos em condomínios
4.3.3.F. Estudo de caso F.: Barra da Tijuca: Tipologia Edifícios Baixos
123
5.2. PARÂMETROS E MÉTODO DE ANÁLISE DAS ENTREVISTAS
Este tópico descreve o método utilizado para a análise e explicação dos resultados, o
qual foi definido a fim de cumprir os objetivos propostos, bem como contribuir na
comprovação das indagações elaboradas.
Assim, foram estabelecidos três parâmetros principais que aqui serão analisados
quantitativamente e, no capítulo seguinte, discutidos e argumentados com base na teoria
adotada.
As análises dos estudos de caso estão baseadas nas observações de Lynch (1999)
e Allain (2004), considerando as escalas da rua, bairro e fachada, como também as
diferentes tipologias de paisagem, já mencionadas. Sobre a questão do lugar e como ele se
configura na rua, conforme apresentado no capítulo 2, as análises de Martin Heidegger
(2006), Norberg-Schulz (1981), Aldo Rossi (1998) e Lévi e Lussault (2003) servirão de
referência para nossas considerações.
Os estudos sobre tipologia e paisagem estão apoiados nas contribuições de Allain
(2004) e D. W. Meining (1979). Do mesmo modo, as observações de Haesbaert (2004), Paul
Claval (1999), Lévi e Lussault (2003) e Marc Augé (2006) servirão de base para as análises
sobre o território no bairro. Todas as considerações acerca destes autores encontram-se
relacionadas no embasamento teórico (capítulos 2 e 3).
5.2.1. OS PARÂMETROS
__________________________________________________________________________________________
5.2.1.1. 1
o
PARÂMETRO: NAS DIFERENTES ESCALAS DO ESPAÇO URBANO
(DESENVOLVIDO PARA TRABALHAR A 1
a
INDAGAÇÃO)
A. NAS 3 ESCALAS - PAISAGEM, RUA E BAIRRO
B. NAS DUAS ESCALAS - RUA E BAIRRO
C. NA ESCALA DA PAISAGEM
__________________________________________________________________________________________
Este parâmetro pretende ressaltar, de acordo com a coleta de dados, quais
respostas indicam e caracterizam que o morador possui vínculo com as escalas que
correspondem às categorias urbanísticas, isto é, às diferentes paisagens das tipologias de
habitação multifamiliar, incluindo-se o lugar da rua e o território do bairro onde elas se
encontram.
Estas escalas foram selecionadas de acordo com a possibilidade dos moradores se
identificarem ou com um item, ou seja, uma escala do espaço ou mais de uma delas,
conforme será demonstrado.
124
5.2.1.1.A. Nas 3 escalas - paisagem, rua e bairro
Para este parâmetro serão selecionadas as respostas que caracterizem que os
indivíduos ou moradores entrevistados possuem vínculo, gostam ou mesmo ressaltem
algum sentimento às três escalas mencionadas. Tais aspectos podem ser mais bem
assinalados da seguinte maneira: escala da paisagem - com a fachada de um Edifício;
escala da rua - com uma determinada rua arborizada; e escala do bairro - com uma porção
do bairro considerada tranqüila.
5.2.1.1.B. Nas 2 escalas - rua e bairro
Neste parâmetro serão escolhidas as respostas em que os indivíduos ou moradores
entrevistados ressaltem algum sentimento a apenas duas escalas: o lugar da rua e o
território do bairro onde essas tipologias encontram-se localizadas.
5.2.1.1.C. Na escala da paisagem
Neste parâmetro serão indicadas as respostas em que os indivíduos ou moradores
entrevistados apresentem algum sentimento somente à escala da paisagem, representadas
pelas fachadas das diferentes tipologias estudadas.
__________________________________________________________________________________________
5.2.1.2. 2
o
PARÂMETRO: PAISAGENS DAS DIFERENTES TIPOLOGIAS
(DESENVOLVIDO PARA TRABALHAR A 2
a
INDAGAÇÃO)
__________________________________________________________________________________________
Este parâmetro será analisado a partir das tipologias das paisagens dentro dos
bairros.
5.2.1.2.A. Copacabana: Tipologia de edifícios altos
5.2.1.2.B. Bairro Peixoto: Tipologia de edifícios baixos
5.2.1.2.C. Tijuca: Tipologia de edifícios baixos
5.2.1.2.D. Tijuca: Tipologia de Vilas
5.2.1.2.E. Barra da Tijuca: Tipologia de Edifícios altos em condomínio
5.2.1.2.F. Barra da Tijuca - Jardim Oceânico: Tipologia de Edifícios baixos
125
__________________________________________________________________________________________
5.2.1.3. 3
O
PARÂMETRO: URBANÍSTICO
5.2.1.3.1. 3
O
PARÂMETRO: URBANÍSTICO - ASPECTOS SUBJETIVOS E IMATERIAIS
(DESENVOLVIDO PARA TRABALHAR A 2
a
INDAGAÇÃO)
__________________________________________________________________________________________
O terceiro parâmetro será analisado de acordo com as respostas obtidas em todas
as entrevistas, definidos a partir de parâmetros que integram os aspectos subjetivos e
materiais ou urbanísticos, os quais serão fundamentais para permitir que se saiba como e
quais os sentimentos indicativos e que revelam o resultado do 1
o
parâmetro.
Para esta análise foram selecionados 4 indicadores que compreendem os aspectos
subjetivos identificados nas entrevistas, subdivididos em 4 itens, a fim de se avaliar qual o
sentimento os moradores possui em relação a esses aspectos, nas 3 escalas de
abrangência.
5.2.3.1.A. 1
o
Indicador: Conforto e Equilíbrio: Tranqüilidade; Ligação; Sentir-se em casa;
Paz
5.2.3.1.B. 2
o
Indicador: Estético: Tudo; Visual; Beleza natural; simpático.
5.2.3.1.C. 3
o
Indicador: Familiaridade: Família; Vizinhos; Amigos; conhecidos do bairro
5.2.3.1.D. 4
o
Indicador: Sentimentos: Afetividade; Lembrança; Tempo de moradia; Bem
estar
__________________________________________________________________________________________
5.2.1.3. 3
O
PARÂMETRO: URBANÍSTICOS - ASPECTOS MATERIAIS E FUNCIONAIS
(DESENVOLVIDO PARA TRABALHAR A 2
a
HIPÓTESE)
__________________________________________________________________________________________
Para esta análise foram selecionados 4 indicadores que compreende os aspectos
materiais e urbanísticos identificados nas entrevistas, onde cada um deles possui 4
subitens, a fim de se avaliar qual o sentimento dos moradores em relação a tais aspectos,
nas 3 escalas de abrangência.
5.2.3.2.A. 1° Indicador: Transporte: Acessibilidade; Vias; Metrô; Conforto
5.2.3.2.B. 2° Indicador: Estética: Beleza física; Árvores; Praia; Quiosques
5.2.3.2.C. 3° Indicador: Serviços: Comércio; Farmácia; Shopping; Hortifruti
5.2.3.2.D. 4° Indicador: Ordem: Ordem; Segurança; Tranqüilidade; Liberdade
126
__________________________________________________________________________________________
5.2.1.4. 4
o
PARÂMETRO: GLOBAL E LOCAL
(DESENVOLVIDO PARA TRABALHAR A 3
a
INDAGAÇÃO
__________________________________________________________________________________________
O terceiro parâmetro analisará as questões discutidas sobre a interferência do global
nos aspectos de vínculos ao local, subdivididos em dois aspectos, conforme
demonstraremos a seguir.
5.2.1.4.A. Aspecto de vínculo ao Global
A análise deste aspecto se deve ao fato de existirem diversos autores, entre eles
Claval (1999) e Woodward (2004), que descrevem fatores gerais que estariam deslocando
ou desconstituindo as identidades. A ‘globalização’, as ‘territorialidades materiais e
simbólicas’, os ‘consumidores globais’, a ‘migração’, a ‘diáspora’, as ‘comunidades
imaginadas’ e ‘história e histórias’ estão entre os fatores considerados que ressaltam uma
possível crise de identidades, discutida e analisada no capítulo 3.
Desta maneira, a fim de contrastar tais considerações, o item a seguir apresentará
respostas que buscam contradizer a questão sobre a crise das identidades.
5.2.1.4.B. Aspecto vínculo ao Local
Este aspecto será elaborado através das respostas apresentadas a partir dos
resultados do 2
o
parâmetro e que mais se assemelham às argumentações daqueles autores
que contradizem uma possível crise das identidades. Será analisado de acordo com as
respostas obtidas, a partir dos 4 itens mais destacados no 2
o
parâmetro, tanto em relação
aos aspectos subjetivos quanto em relação aos aspectos materiais/urbanísticos.
Optou-se por esta análise por ela contrapor a defesa de alguns autores de que as
identidades estão se tornando fluidas, que o apego ao local e o vínculo aos seus
particularismos, incluindo as características físicas e imateriais, confirmam que as relações
identitárias seriam formadas pelos sentimentos dos mais diversos tipos e que elas
configuram pertencimento e identificação nas relações identitárias.
127
5.2.2. A AMOSTRAGEM E ENTREVISTAS
5.2.2.1. A Amostragem
Para as entrevistas foi considerada uma pequena parte da população nos locais
pesquisados, definidas pelas categorias de Universo ou População e Amostra.
O Universo ou População, na visão de Gil (1987: 91) “é um conjunto definido de
elementos que possuem determinada característica...”. Sendo assim, para este universo ou
população, foram selecionados os moradores, considerando áreas específicas dos bairros
de Copacabana, incluindo o Bairro Peixoto; da Barra da Tijuca, com o Jardim oceânico e os
condomínios Alfa Barra e Novo Leblon; e Tijuca. Em cada área específica foram
selecionados os moradores que por ali estavam transitando, indo ou vindo, próximos de
suas moradias.
A amostra foi selecionada a partir das possibilidades do pesquisador, sendo
consideradas as não-probabilísticas, as quais Gil (1987: 93) entende por aquelas “... que
não apresentam fundamentação matemática ou estatística, dependendo unicamente dos
critérios do entrevistador”. A partir disto, foi escolhido um total de 20 entrevistas para cada
uma das áreas específicas pesquisadas.
No conjunto das amostras foram subdivididas 10 entrevistas para cada tipologia que,
no entanto, por considerar inválidas, 6 respostas - duas em Copacabana, duas na Tijuca e
duas na Barra - serão estudadas apenas um total de 16 entrevistados para cada bairro,
conforme demonstra a tabela abaixo (tabela 2).
TABELA DE AMOSTRAGEM DAS RESPOSTAS VÁLIDAS
ZONAS BAIRROS
Edifícios
Altos
Colados
Edifícios
Baixos
Vilas
Edifícios em
Condomínios
Fechados
Total de
Entrevistados
Total de
Perguntas
Total de
Respostas
por Bairros
Total de
Respostas
Por Zonas
SUL
Copacabana 8 8 26 208
416
Bairro Peixoto 8 8 26 208
NORTE
Tijuca 8 8 26 208
416
Tijuca 8 8 26 208
OESTE
Barra da
Tijuca
8 8 26 208
416
Jardim
Oceânico
8 8 26 208
TOTAL DE RESPOSTAS VÁLIDAS = 1.248
Tabela 2. Amostragem das respostas adquiridas a partir da coleta de dados.
128
5.2.2.2. O Modelo das Entrevistas
ENTREVISTA
PESQUISA DE DOUTORADO EM URBANISMO - PROURB / FAU / UFRJ
DOUTORANDA - FABIANA GOBBO
ROTEIRO PARA AS PERGUNTAS
DADOS GERAIS____________________________________________________________________________
1. QUAL O SEU NOME?
2. VOCÊ É MORADOR DO BAIRRO?
3. HÁ QUANTO TEMPO MORA NO BAIRRO?
4. VOCË É MORADOR DESTA RUA?
5. VOCÊ MORA EM CASA OU EDIFÍCIO DE APARTAMENTOS?
6. POR QUE VOCÊ ESCOLHEU MORAR AQUI?
MORADIA__________________________________________________________________________________
7. COMO É A SUA MORADIA?
8. VOCË GOSTA DE SEU APARTAMENTO (OU CASA)?
9. O QUE SENTE A RESPEITO DELE?
10. QUAL O SEU SENTIMENTO EM RELAÇÃO À SUA MORADIA?
11. O QUE ENVOLVE SEU ESPAÇO DE MORAR? SÓ A MORADIA, A RUA E O BAIRRO, TAMBÉM?
EDIFÍCIO__________________________________________________________________________________
12. O QUE VOCË SENTE SOBRE TODO ESTE VISUAL DE EDIFÍCIOS?
13. O QUE VOCË MAIS APRECIA NA FACHADA DO SEU EDIFÍCIO?
14. VOCÊ SE SENTE EM CASA NELE?
15. VOCË GOSTARIA DE TER OUTRO TIPO DE MORADIA?
16. COMO VOCÊ IMAGINA O VISUAL DE SUA MORADIA?
RUA______________________________________________________________________________________
17. O QUE PENSA DA SUA RUA?
18. O QUE MAIS GOSTA NA SUA RUA?
19. VOCÊ SE SENTE LIGADO À SUA RUA? VOCÊ GOSTARIA DE MORAR EM OUTRA RUA?
BAIRRO___________________________________________________________________________________
20. O QUE VOCÊ PENSA SOBRE O SEU BAIRRO?
21. VOCÊ GOSTA DE MORAR AQUI?
22. VOCÊ TEM UMA LIGAÇÃO COM O SEU BAIRRO?
23. O QUE MAIS APRECIA EM SEU BAIRRO?
24. VOCÊ GOSTARIA DE MORAR EM OUTRO BAIRRO?
FINAL____________________________________________________________________________________
25. GOSTARIA DE ACRESCENTAR ALGO SOBRE SUA MORADIA, EM SEU DEPOIMENTO?
129
5.2.3. As Respostas
5.2.3.1. O Número de Entrevistas e Respostas
A tabela abaixo apresenta o universo da amostragem realizada.
20 entrevistas foram selecionadas para cada área de estudo escolhida
540 respostas para cada uma das áreas de estudo
1.620 respostas no total para as três áreas onde foram realizados os estudos de caso
O conjunto de entrevistas encontra-se disponibilizado em sua íntegra na parte dos
anexos, organizado da seguinte maneira:
ANEXO1: COPACABANA E BAIRRO PEIXOTO
ANEXO 2: TIJUCA
ANEXO 3: BARRA DA TIJUCA
5.2.3.2. As Respostas Válidas
A aplicação das entrevistas foi o principal instrumento para a obtenção dos
resultados. Neste sentido, através de sua apreciação juntamente com os parâmetros
relacionados, foi feita uma avaliação quantitativa dos dados que, posteriormente, serão
analisados de maneira qualitativa. Assim, no universo da amostragem foram trabalhadas 26
questões, correspondentes aos 3 bairros, dos quais 8 entrevistados de cada tipologia
especificada foram relacionados, como mostra a tabela abaixo (tabela 3).
TABELA DE AMOSTRAGEM DAS RESPOSTAS VÁLIDAS
ZONAS BAIRROS
Edifícios
Altos
Colados
Edifícios
Baixos
Vilas
Edifícios em
Condomínios
Fechados
Total de
Entrevistados
Total de
Perguntas
Total de
Respostas
Por Bairros
Total de
Respostas
Por Zonas
SUL
Copacabana 8 8 26 208
416
Bairro Peixoto 8 8 26 208
NORTE
Tijuca 8 8 26 208
416
Tijuca 8 8 26 208
OESTE
Barra da
Tijuca
8 8 26 208
416
Jardim
Oceânico
8 8 26 208
TOTAL DE RESPOSTAS VÁLIDAS = 1.248
Tabela 3. Amostragem das respostas adquiridas a partir da coleta de dados.
130
5.2.3.3. Um Exemplo de Entrevista
Entrevista 15/fita 01/lado B
Data: 08/02/2007
Local: Bairro Peixoto
Nome: Pedro Paulo
Idade: entre 30 e 40 anos
Há quanto tempo mora no bairro?
“Seis anos.”
Você gosta do bairro de Copacabana?
“Eu gosto do bairro de Copacabana, mas eu prefiro onde eu estou morando, que é o bairro
Peixoto, que é um oásis dentro de Copacabana. Copacabana em si, eu gosto de alguma
coisa, algumas partes de Copacabana, outras eu não moraria jamais! E temos também um
problema aqui endêmico, você tem em Copacabana, Ipanema... que é a questão da
violência. Copacabana têm se mostrado bem violento.”
Por que você escolheu morar aqui?
“Porque meus pais moram perto aqui de Copacabana e eu acabei encontrando esse lugar
que eu estou morando agora, que é o que eu chamo de casamento, uma mistura de casa
com apartamento.”
O que é a moradia para você?
“Meu oásis. Eu chego do trabalho, é onde eu... é um oásis mesmo, é como se eu tivesse
num deserto aí da vida, e...”
E o que você sente pela sua moradia?
“É um ninho! É um ninho, onde eu tenho as coisas que eu amo, tenho as coisas que eu
gosto, tem os detalhes da minha vida. É onde eu mais gosto de ficar, eu gosto de ficar mais
aqui do que em qualquer outro lugar do mundo.”
Qual o seu ideal de moradia?
“É uma moradia que proteja, que você se sinta livre, que você se sinta confortável, que você
se sinta um ser humano. Porque às vezes tem umas moradias que... Aqui eu me sinto ser
humano.”
O que envolve o seu espaço de morar? Só o seu apartamento, ou a rua e o bairro
também?
“Envolve algumas coisas. A cafeteria que eu vou, o cinema que eu vou, a loja de CD, mas
como eu andei viajando muito pelo mundo a fora, eu estou aqui há, relativamente, pouco
tempo, de volta ao Brasil, então alguns lugares são também um pouco de moradia, como a
Cafeína, uma cafeteria que tem ali, uma loja de discos que antigamente era Billboard, a
nova casa que tem ali, Argumento, que é pertinho... Mas aqui, não se compara com o meu
lar mesmo. Quando eu tranco aquela porta, que eu fecho a porta, coloco o meu CD, aqui se
torna o lugar que eu mais quero ficar.”
O que você sente sobre todo esse visual de edifícios?
“Nesse bairro que eu moro específico, os prédios são tombados pelo patrimônio histórico,
então eu gosto muito de ver essa arquitetura da década de 40... Em Copacabana, eu acho
muito bonito os portões, as portas de entrada dos prédios, algumas já são antigas, Art déco,
Art nouveau. Tem também construções da década de 50, década de 60, e principalmente na
131
Avenida Atlântica, que tem prédios muito bonitos. Tem um prédio ali que é o meu sonho de
consumo, que é onde mora o Niemeyer, que é um que parece uma onda.”
O que você pensa da sua rua?
“É um ninho, é um oásis, é uma coisa bacana, é um local gostoso de se morar. Não tem
muitos carros passando...”
Você se sente ligado à sua rua?
“Não. Não me sinto ligado afetivamente à rua, me sinto ligado afetivamente ao que eu fiz
aqui dentro da minha casa, meus livros, às miniaturas que eu trago do mundo todo, às
minhas fotografias, às minhas pinturas, aos meus quadros, à minha comida, aos meus
temperos, isso é meu lar! Isso eu posso levar pro Acre, posso levar prá Londres, e vai ser
sempre meu lar. Mas eu gosto de subir e descer a rua, ver as árvores, mas afetivamente eu
não tenho uma ligação ainda com essa rua.”
Você tem alguma ligação com o bairro?
“Com o bairro em si tenho, com essa questão de continuar mantendo essa questão da
tranqüilidade, de não construir prédios mais altos que deveriam ser construídos. Então eu
fico mais tranqüilo nesse bairro por causa disso. Eu sei que de repente do meu lado não vai
surgir um arranha céu de 20 andares, que vai encobrir a vista.”
Você mudaria daqui pra Copacabana propriamente dita?
“Não. Eu não gostaria.”
Gostaria de morar em outro bairro aqui no Rio de Janeiro?
“Gostaria. Mas a questão de morar em Copacabana, eu só moraria aqui, talvez alguma
coisa no Posto 6, e talvez na rua Mascarenhas de Morais, que é uma rua tranqüila também.”
132
5.2.3. AS RESPOSTAS SELECIONADAS PARA AS ANÁLISES
A análise das respostas demonstrou que existe uma relação de identidade que
desenvolve sentimentos integrados nos moradores, os quais ocorrem respectivamente nas
três escalas mencionadas e que poderão ser confirmados, conforme trechos das entrevistas
apresentados a seguir.
__________________________________________________________________________________________
5.2.3.1. ZONA:
SUL
BAIRRO: COPACABANA, INCLUINDO BAIRRO PEIXOTO
TIPOLOGIAS: A - EDIFÍCIOS ALTOS E COLADOS EM COPACABANA
B - EDIFÍCIOS BAIXOS NO BAIRRO PEXOTO
ITENS DAS ENTREVISTAS SELECIONADAS PARA ANÁLISE
Entrevista 03
Local: Copacabana
Nome: Juliana Cunha
O que você pensa do bairro e da sua moradia? “Eu sou suspeita ...
Eu vivo tanto tempo em Copacabana que eu acho que eu não me
adaptaria em outro lugar. Eu gosto porque é tudo perto, comércio, lojas,
comida, entretenimento... É tudo pertinho. É um bairro diferenciado.” E em
relação à rua, você gosta da sua rua? “Eu gosto.” E em relação à fachada
do seu prédio? “São variados, tem vários estilos. É um contraste que no
final, quando você vê de longe, quando você vê da praia, dá um contraste
bonito.”
Entrevista 05
Local: Bairro Peixoto
Nome: Marilene
Idade: entre 50 e 60 anos
O que envolve o seu espaço de morar? Só a moradia ou a rua e o
bairro também? “Envolve tudo”. Você gosta do seu apartamento (ou casa)?
“Gosto”. O que você sente sobre todo esse visual de edifícios? “É muito
bonito!” O que pensa da sua rua? “Eu gosto. A calma.” O que você pensa
sobre o seu bairro? “É um bairro confortável. Muito bonito, maravilhoso o
visual de praia...”
133
Entrevista 06
Local: Bairro Peixoto
Nome: Daniela
Idade: entre 30 e 40 anos
O que você sente sobre todo esse visual de edifícios? “São bem
antigos, eu acho um bairro antigo. Essas ruas, Barata Ribeiro e Nossa
Senhora de Copacabana eu não gosto. São bem antigas. Eu acho muito
altos, muita gente que deve morar. E o seu prédio, você gosta do seu
prédio? “Mais ou menos, tanto faz eu gosto”... O que pensa da sua rua?
“Eu gosto”. O que você pensa sobre o seu bairro? “Eu gosto... Eu gosto
porque tem tudo perto, qualquer coisa eu vou até ali, tem a Casa & Vídeo,
as Lojas Americanas, supermercado, tem tudo perto, não preciso pegar
condução para ir”.
Entrevista 07
Local: Bairro Peixoto
Nome: Américo Ferreira da Silva
Idade: entre 60 e 70 anos
O que você sente sobre todo esse visual de edifícios? “Aqui eu gosto
de tudo...” O que você mais aprecia na fachada do seu prédio? “A fachada
do meu prédio tem 58 anos e é a mesma até hoje.” Você gosta? “... É uma
construção sólida, antiga, não tem problema nenhum.” O que você pensa
sobre a rua? “A minha rua eu gosto. É uma rua tranqüila (...), eu gosto dos
moradores (...). Quem não gosta? É uma maravilha!” O que você pensa
sobre o seu bairro? “Não tenho nada a dizer nem a reclamar....
Copacabana! Copacabana é Copacabana, conhecida mundialmente!”
Entrevista 09
Local: Copacabana
Nome: Leonardo Chagas
Idade: entre 20 e 30 anos
Você tem algum vínculo com seu apartamento? “Eu gosto dele, é
legal, fora o bairro que também é maneiro. É por causa do bairro que o
apartamento se torna legal. Aqui é legal pra tudo, tem supermercado perto,
pra sair à noite também, várias opções. O que você sente sobre todo esse
visual de edifícios? “Eu gosto.” Você gosta da fachada do seu prédio?
“Gosto. Acho que não tem que mudar nada não.” O que pensa da sua rua?
134
“Eu gosto. Os bares!” O que você pensa sobre o seu bairro? “Não tenho
como dizer, eu gosto de tudo.”
Entrevista 10
Local: Copacabana
Nome: José Pimentel
Idade: entre 60 e 70 anos
O que envolve o seu espaço de morar? Só a moradia ou a rua e o
bairro também? “É o bairro de uma maneira geral.” O que você sente sobre
todo esse visual de edifícios? “Eu acho bonito, está muito bom.” O que
pensa da sua rua? “Eu gosto.” Você gostaria de morar em outra rua? “Não
tenho nenhuma preferência, desde que seja em Copacabana eu acho que
elas são todas boas para se morar.” O que você pensa sobre o seu bairro?
“Eu acho ótimo em todos os aspectos...”.
Entrevista 11
Local: Copacabana
Nome: Não quis se identificar
O que envolve o seu espaço de morar? Só a moradia ou a rua e o
bairro também? “A casa, o bairro e a rua.” O que você sente sobre todo
esse visual de edifícios? “Legal.” O que pensa da sua rua? “Eu gosto.” O
que mais gosta na sua rua? “É uma rua calma. O silêncio, passa pouco
carro, pouco barulho. Então eu acho que em Copacabana a melhor rua
que tem é a Domingos Ferreira.” Você gostaria de morar em outra rua?
“Não.” O que mais gosta no bairro? “Eu gosto do bairro porque ele é 24 h,
24 h tem alguma coisa aberta, tem uma farmácia, tem um quiosque...”
Entrevista 12
Local: Bairro Peixoto
Nome: Lourdes
Idade: entre 30 e 40 anos
Qual o seu sentimento em relação a sua moradia? Você tem algum
vínculo com seu apartamento? “Não tenho nenhum vínculo.” Você gosta
da fachada do seu prédio? “Gosto, eu acho bonita.” O que pensa da sua
rua? “A minha rua é tranqüila...” O que mais gosta na sua rua? “A
tranqüilidade”. Você gostaria de morar em outra rua? “Não.” O que você
pensa sobre o bairro? “É bom, oferece muita coisa, praia perto, tudo perto,
135
lojas, tem a pracinha que é perto, é ótimo.” O que mais gosta no bairro? “O
que eu mais gosto é da praia, dos quiosques, é ótimo, eu gosto.”
Entrevista 13
Local: Copacabana
Nome: Roberto
Idade: entre 30 e 40 anos
O que você sente sobre todo esse visual de edifícios? “O visual é o
seguinte... mas para cá o visual é bem melhor.” Você tem algum vínculo
com o bairro? “Sim.” O que mais gosta na sua rua? “O comércio.” O que
você pensa sobre o bairro? “Eu descobri que aqui é um paraíso, porque
você não precisa de carro, aqui tem metrô, eu gosto daqui porque aqui tem
tudo....” Você gostaria de morar em outro bairro? “Não.”
Entrevista 14
Local: Bairro Peixoto
Nome: Paulo Martins
Idade: entre 50 e 60 anos
O que você mais gosta na fachada do seu prédio? “Nós reformamos
o prédio há pouco, colocamos pastilhas... uma nova portaria, e ficou bem
agradável.” O que mais gosta na sua rua? “Olha, eu também gosto da rua,
porque é uma ruazinha tranqüila, é arborizada, tranqüila, eu gosto da rua.”
O que te liga ao seu bairro? “Eu não sei, mas eu acho que de um modo
geral nada me desagrada no bairro. Gosto da praia, gosto da praça da qual
eu estou agora, gosto da rua, gosto do apartamento, de maneira que
pretendo ficar aqui até o fim.”
Entrevista 15
Local: Bairro Peixoto
Nome: Pedro Paulo
Idade: entre 30 e 40 anos
O que envolve o seu espaço de morar? Só o seu apartamento, ou a
rua e o bairro também? “Envolve algumas coisas. A cafeteria que eu vou, o
cinema que eu vou, a loja de CD, então alguns lugares são também um
pouco de moradia, como o Cafeína, uma cafeteria que tem ali, uma loja de
discos que antigamente era Billboard, a nova casa que tem ali, Argumento,
que é pertinho ...” O que você sente sobre todo esse visual de edifícios?
136
“Nesse bairro que eu moro específico, os prédios são tombados pelo
patrimônio histórico, então eu gosto muito de ver essa arquitetura da
década de 40 ... Tem um prédio ali que é o meu sonho de consumo, que é
onde mora o Niemeyer, que é um que parece uma onda.” Você se sente
ligado à rua? “... eu gosto de subir e descer a rua, ver as árvores, mas
afetivamente eu não tenho uma ligação ainda com essa rua.” Você tem
alguma ligação com o bairro? “Com o bairro em si tenho, com essa
questão de continuar mantendo essa questão da tranqüilidade, de não
construir prédios mais altos que deveriam ser construídos. Então eu fico
mais tranqüilo nesse bairro por causa disso, eu sei que de repente do meu
lado não vai surgir um arranha céu de 20 andares, que vai encobrir a
vista.”
Entrevista 19
Local: Copacabana
Nome: Cristina
Idade: entre 30 e 40 anos
O que envolve o seu espaço de morar? Só o seu apartamento, ou a
rua e o bairro também? “Eu acho que é o bairro também que ajuda...” O
que você pensa sobre esse visual de edifícios de Copacabana? “Isso
agora já não tem mais como mudar, antigamente tinham muitas casas (...),
então eu já me acostumei. O que você pensa da sua rua? “Por incrível que
pareça minha rua é bem tranqüila, não tem botequim...” Você gosta da sua
rua? “Gosto.” Você gosta da fachada do seu prédio? “Gosto. Ela foi
reformada há um ano, está bem bonita a fachada.” Você moraria em outro
bairro? “Não!” O que você mais gosta no bairro? “Da praia, é meu
relaxamento. Conheço todo mundo, já vou ali há 17 anos...”
Entrevista 08
Local: Copacabana
Nome: Heloísa Helena
Idade: entre 50 e 60 anos
O que você sente sobre todo esse visual de edifícios? “Isso aí não
tem o que fazer mesmo! Casa seria o ideal, mas não dá porque a
população é muito grande, então não dá mesmo.” O que você mais aprecia
na fachada do seu prédio? “Desse que eu estou morando até que não. É
bom o condomínio e tudo, mas a fachada não é bonita.” O que pensa da
137
sua rua? “Eu gosto. É uma ruazinha tranqüila, só passa carro, não tem
ônibus.” Você gostaria de morar em outro bairro? “Eu gosto daqui. Eu já
estou acostumada esses anos todos.”
Entrevista 16
Local: Bairro Peixoto
Nome: Greice
O que envolve o seu espaço de morar? Só o seu apartamento, ou a
rua e o bairro também? “É o bairro.” O que você pensa da sua rua? “É
tranqüila, é boa. As árvores.” Você se sente ligada à sua rua? “Eu me
sinto, porque a gente está sempre zelando pela rua, mantendo, acho que
sim.” O que você pensa sobre o bairro de Copacabana? “Eu gosto. Estar
perto de tudo, do comércio, farmácia, supermercado, lojas... você não
precisa se deslocar pra nada.”
Entrevista 17
Local: Bairro Peixoto
Nome: Maria das Graças
O que envolve o seu espaço de morar? “No princípio só a moradia,
porque eu nem vinha nessa praça. Eu gosto porque aqui eu posso ir a
tantos lugares. ...a minha filha mora aqui e eu não gostaria de morar perto
dela não porque ela mora numa ladeira muito grande, a outra mora num
lugar de muito movimento...”
Entrevista 18
Local: Copacabana
Nome: Meg Morais
Idade: entre 30 e 40
O que você sente sobre todo esse visual de edifícios? “Horrível! Acho
horrível, mas não tem jeito...” Você se sente ligado (a) à sua rua? “Eu
conheço todo mundo! O cara do açougue, o dono da farmácia, o dono da
padaria (...), mas eu me amarro.” O que você mais gosta no bairro de
Copacabana? “O que eu mais gosto aqui é o calor humano, você fala com
todo mundo, todo mundo te conhece, não é uma coisa que as pessoas não
se aproximam... Adoro academia, gosto da praia...” Você se sente ligado
(a) ao bairro? “Acho!”
138
__________________________________________________________________________________________
5.2.3.2. ZONA: NORTE
BAIRRO: TIJUCA
TIPOLOGIA C - EDIFÍCIOS BAIXOS
TIPOLOGIA D - VILAS
ITENS DAS ENTREVISTAS SELECIONADAS PARA ANÁLISE
Entrevista 02
Local: Vila da São Francisco Xavier/ número 555. (vila)
Nome: Samuel Gomes
Idade: entre 40 e 50 anos
O que envolve o seu espaço de morar? Só a sua moradia, ou a rua e
o bairro também? “Eu prefiro mais a minha casa, porque eu sou aquela
pessoa caseira, e nos momentos das minhas folgas eu prefiro ficar com as
coisas que eu fiz.” O que você mais aprecia no visual das fachadas? “O
visual da casa, como é vila, até não aparece muito, é uma casa de frente
pra outra. Mas pelo meu entender o visual é ótimo, está tudo conforme eu
queria.” Você gostaria de morar em outra rua? “Não, minha preferência
sempre foi aqui.” Você tem uma ligação com o bairro? “Tenho muita
ligação, adoro o bairro. Me sinto muito ligado mesmo, adoro o Maracanã,
Vila Isabel, o ambiente é bom, boas amizades, tenho boas ligações aqui."
Entrevista 06
Local: Rua General Marcelino
Nome: Fabian Ribeiro
Idade: entre 35 e 45 anos
O que você acha sobre esse visual de edifícios? “...esses prédios
todos você pode ver que são prédios de 50, 60 anos, mais ou menos a
mesma característica” ... “Eu gosto dessa pedra, eu acho bacana essa
pedra, dá um aspecto bucólico.” O que você pensa da sua rua? “Muito boa,
muito boa essa rua, excelente!” O que você mais gosta na rua? “A
tranqüilidade, o ambiente familiar”. O que você pensa sobre o bairro? “A
Tijuca tem praticamente tudo que um bairro precisa ter, necessitar”.
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Entrevista 07
Local: Rua Dulce
Nome: Willian
Idade: entre 40 e 50 anos
O que você pensa da fachada do seu prédio? “Particularmente o meu
prédio tava um pouco abandonado (...), reformas, mas ainda preservando
a situação dele, nada a fazer, nenhuma estética diferente do original.
Então, está ficando bom”. O que você mais gosta na rua? “Eu moro aqui
há muitos anos, eu tive várias fases aqui, então eu fui criança aqui,
brinquei nessa pracinha, depois passei uma fase em que a gente brincava
muito na rua, de futebol, ali no campo de futebol... essa fase foi muito boa,
todo mundo ficava na rua, mais de 30 garotos.” Do que você mais gosta no
bairro? “...você vai andando aqui, em dez minutos você tá na Quinta da
Boa Vista. É um parque lamentavelmente cuidado ao mínimo. Mas a Tijuca
como um todo, eu gosto do futebol, Maracanã do lado e eu acho as
pessoas que moram aqui, é um retrato da sociedade de hoje em dia, todo
mundo muito igual. Mas eu acho bom, não sairia daqui, fácil não.”
Entrevista 08
Local: Rua Almirante Cochrane
Nome: Maria Ferreira
Idade: entre 70 e 80 anos
O que você acha sobre esse visual de edifícios? “Eu gosto, eu acho
bom. Eu não gosto desses muito altos, eu prefiro de quatro andares para
baixo.” Você gosta da fachada do seu prédio? “É um prédio muito simples,
não tem beleza, mas eu gosto.” O que você pensa da sua rua? “A minha
rua é uma rua de pouco movimento. Aqui é bom, é muito bom. Tem esse
espaço aqui da (praça) para crianças e idosos, para tomar um solzinho,
igual eu estou aqui tomando. Eu acho que é muito bom, não é todo lugar
que tem isso.” Você se sente ligado à sua rua? “Como eu já disse, onde eu
estou faço minhas amizades e eu gosto....” Você se sente ligado (a) ao seu
bairro? “Sim, porque eu estou aqui há mais de 30 anos, aqui eu já criei
raízes. A gente cria raízes onde mora.”
140
Entrevista 10
Local: Rua Dulce
Nome: Célio
Idade: entre 35 e 45 anos
O que você acha sobre esse visual de edifícios? “Legal! São prédios
baixos, não são prédios altos, (...), não tem aquela poluição, não tem
cartaz, não tem nada, tem árvores. Bem legal.” Você se sente ligado à sua
rua? “Muito, fui criado aqui, nasci aqui, conheço todo mundo.” (...) É uma
rua calma, tranqüila, não tem passagem praticamente de carro, você fica
tranqüilo, você conhece todo mundo...” Do que você mais gosta no bairro?
“Eu acho que tem um bom comércio, tem ônibus, tem metrô, perto da linha
do trem....”
Entrevista 11
Local: Rua Almirante Cochrane
Nome: Mila Maria Noruega Macedo
Idade: entre 70 e 80 anos
O que você acha sobre esse visual de edifícios? “Eu acho bom.”
Você gosta da fachada do seu prédio? “Gosto. É reformada e agora está
bonito, porque era um prédio velho, reformaram, agora está bonito.” Você
se sente ligado (a) à sua rua? “Eu gosto muito da minha rua, passeio
muito, chego à janela, conheço todo mundo, todo mundo que passa e que
olha para a janela me cumprimenta ao me ver todo dia.” O que você pensa
sobre o bairro? “O bairro é ótimo...Tenho vizinhos adoráveis!” Você tem
uma ligação com o bairro? “Ah, tenho!”.
Entrevista 12
Local: Rua Professor Lafayette Cortes
Nome: Camila
O que você acha sobre esse visual de edifícios? “Eu gosto, é
bonitinho, (...), fica mais calmo com essas árvores.” Você gosta da fachada
do seu prédio? “Está precisando de uma pintura, colocar umas
gradezinhas.” Mas você gosta? “Sim.” Você gosta da sua rua? “Gosto. É
tranqüila.” Você se sente ligado à sua rua? “Sim, porque eu estou aqui
desde que eu nasci.” Do que você mais gosta no bairro? “O bom para mim
é que todo mundo que eu conheço mora aqui perto. Isso é o melhor de
tudo.” Você gostaria de morar em outro bairro? “Não, estou bem aqui. Até
141
que esse lugar onde eu moro tem uma pizzaria aqui do lado, tudo muito
perto, tem um supermercado que vai abrir aqui na esquina, (...), então isso
é muito bom.”
Entrevista 13
Local: Rua Professor Lafayette Cortes
Nome: Nereida
O que você acha sobre esse visual de edifícios? “Acho bom.” Você
se sente em casa no seu bairro? “Me sinto.” O que você mais gosta na
rua? O ambiente familiar. (...) ....vim para cá e é praticamente a mesma
coisa, a gente já conhece todo mundo...” Do que você mais gosta no
bairro? “Acho que um pouco de cada coisa... Transporte é bom, é tudo
perto...” Você gostaria de morar em outro bairro? “Para mim não. Por mim,
ficaria aqui mesmo.”
Entrevista 14
Local: Conjunto Residencial Gomes. (vila)
Nome: Elizabete Ventura
Você gosta da fachada da sua casa? “Gosto.” Do que você mais
gosta na fachada? “É uma moradia antiga, mas é tudo arrumadinho, tudo
bonitinho.” Você gosta da sua rua? “... Só tem movimento durante a
semana. Então isso aqui é uma rua mais para trabalho mesmo.” O que
você pensa sobre o bairro? “O bairro é bom.”
Entrevista 17
Local: Conjunto Residencial Gomes
Nome: João
Idade: entre 60 e 70 anos
Você gosta da fachada da sua casa? “Gosto...” O que você pensa
sobre a rua? “A rua é muito boa! Tem condução para todo lado!” O que
você pensa sobre o bairro? “Penso que é muito bom.” O que você mais
gosta no bairro? “Tem condução à vontade! Tem condução para todo lado,
para Caxias, para Nova Iguaçu, Niterói...”
142
Entrevista 18
Local: Conjunto Residencial Gomes. (vila)
Nome: Bianca
Idade: entre 20 e 30 anos
O que você sente sobre esse contraste entre as vilas e os prédios da
Tijuca? “Eu não tenho nada contra. Se pudesse colocar mais casas, eu
acho que ficaria interessante, mas para mim não faz muita diferença não.”
Você se sente ligado à sua vila? “Um pouquinho.” Do que você mais gosta
na rua? “Que tem condução para vários lugares.” Você gosta da fachada
da sua casa? “Eu acho que tem que ser padrão porque é uma vila de
portugueses (...), mas o padrão eu acho interessante, se cada casa fosse
muito diferente da outra, ficaria desproporcional, você não sabe o gosto
das pessoas, aí podia virar bagunça”. O que você mais gosta no bairro?
“Eu gosto daqui, de onde eu moro, e da parte do comércio eu até gosto,
mas eu acho que se o comércio fosse muito próximo, seria muita
confusão.”
Entrevista 01
Local: Vila da Rua São Francisco Xavier / n
o
555
Nome: Roberto
Idade: entre 20 e 25 anos
O que você acha sobre esse contraste entre vila e prédio? “Eu
preferia que tivesse mais vila. Você se sente ligado à sua rua? “Da rua da
vila eu me sinto ligado por tudo o que eu já falei, em relação a tempo. A
(rua) São Francisco, pra falar a verdade eu não me sinto muito ligado não.”
Você tem uma ligação com o bairro? Há um tempo que eu moro aqui....
que a minha vida toda morando na Tijuca, Vila Isabel. Na verdade aqui é
de tudo um pouco, você atravessa uma rua é Maracanã, atravessa outra
rua é Vila Isabel, atravessa outra rua é Tijuca.
Entrevista 03
Local: Rua Dulce
Nome: Hilda Fernandes de Oliveira
Idade: entre 55 e 65 anos
O que você mais aprecia no visual das fachadas? “Muito feio! Muito
feio, mas os vizinhos são muito bons.” O que você mais gosta na rua?” “A
calma, a rua é muito calma...” Você se sente ligada à rua? “Eu me sinto...”
143
Você gosta de morar no bairro da Tijuca? “Gosto.” Gostaria de morar em
outro bairro? “Não, eu gosto daqui.” O que a praça representa pra
senhora? “Quando a gente está triste vem pra aqui. Quando está com
calor vem pra aqui. Quando está com frio vem pra aqui.”
Entrevista 15
Local: Conjunto Residencial Gomes
Nome: Eline
Idade: entre 25 e 35 anos
O que envolve o seu espaço de morar? Só o seu apartamento, ou a
rua e o bairro também? “É tudo. Eu acho que é o bairro em si.” Você
gostaria de morar em casas mais baixas, ou um lugar com muitos prédios?
Um lugar mais antigo...” Do que você mais gosta na rua? “Acho que eu os
barzinhos.” Você se sente ligada à sua rua? “Aqui e ao bairro inteiro.”
Entrevista 16
Local: Conjunto Residencial Gomes
Nome: Daniel
Idade: entre 20 e 30 anos
Você gosta da fachada da sua casa? “Mais ou menos. Eu acho que
cada um poderia fazer a fachada de acordo com... não tinha que ter
padrão. (...). Eu gostaria que cada fosse de um de um jeito (...).”O que
envolve o seu espaço de morar? Só o seu apartamento, ou a rua e o bairro
também? “A vila em si.” Do que você mais gosta na rua? “Os bares.” O que
você mais gosta no bairro? “Acesso a tudo, você está no Centro em cinco
minutos com o metrô, tem ônibus para qualquer lugar, tem bar, tem feira,
tem mercado, tudo perto, tem mecânico, (...), Maracanã aqui do lado para
ver o jogo...”
Entrevista 19
Local Conjunto Residencial Gomes
Nome: Fernando Machado
Idade: entre 20 e 30 anos
O que envolve o seu espaço de morar? Só o seu apartamento, ou a
rua e o bairro também? “A localidade.” O que você pensa sobre a rua?
“Aqui é tranqüilo.” O que você pensa sobre o bairro? “Localização bem
fácil, um bairro que pra mim está muito bem localizado (...), é estratégico
144
porque é passagem para muitos bairros...” O que você mais gosta no
bairro? “O Maracanã e a homenagem ao Noel Rosa.”
__________________________________________________________________________________________
5.2.3.3. ZONA: OESTE
BAIRRO: BARRA DA TIJUCA
TIPOLOGIA C - EDIFÍCIOS BAIXOS
TIPOLOGIA D - EDIFÍCIOS ALTOS EM CONDOMÍNIO
ITENS DAS ENTREVISTAS SELECIONADAS PARA ANÁLISE
Entrevista 01
Local: Jardim Oceânico
Nome: Maria Emília
Idade: entre 50 e 60 anos
O que você sente sobre esse visual de edifícios baixos e de grandes
condomínios? “Eu moro num pequenininho e estou super satisfeita...” E
sobre o visual deles? “O visual... para mim não me diz nada muito não”. O
que pensa da sua rua? “Tranqüila, boa, uma rua normal, que como eu
disse, não tem muito movimento, então, uma rua super tranqüila.” (...)“A
tranqüilidade.” O que você pensa sobre o seu bairro? “Adoro! Gosto
muito... Porque eu acho ainda um lugar “tranqüilo”; e porque tem uma praia
perto e eu gosto de ir à praia e gosto de caminhar, então eu junto o útil ao
agradável, eu caminho e vou à praia.” Você tem uma ligação com o seu
bairro?” Ah tenho! Principalmente nessa parte de mar. Muito ligada!” “Você
gostaria de morar em outro bairro? “Não.”
Entrevista 02
Local: Jardim Oceânico
Nome: Mariana
Idade: entre 30 e 40 anos
O que você sente sobre esse visual de edifícios baixos e de grandes
condomínios? “Eu acho ótimo (esses). Aqui são mais edifícios pequenos.”
O que você mais aprecia na fachada do seu prédio? “A varanda grande.” O
que pensa da sua rua? “Eu acho boa, tranqüila.” O que mais gosta na sua
rua? “A tranqüilidade.” Você se sente ligada com o bairro?” Com certeza!
“O que você mais aprecia no bairro? “Eu acho que os prédios não são
como na Zona Sul, um coladinho no outro, a maioria tem área de lazer,
145
todos quase tem área de lazer, a praia perto, não tem aquele tumulto no
trânsito, engarrafado, mas não se compara a Botafogo e Copacabana que
eu morava antes...” Você gostaria de morar em outro bairro? “Não, não.”
Entrevista 03
Local: Jardim Oceânico
Nome: Margarida Vasconcelos
Idade: entre 60 e 70 anos
O que você sente sobre esse visual de edifícios baixos e de grandes
condomínios? “Eu acho uma maravilha! Eu acho o Jardim Oceânico o
máximo, porque todos têm varanda, a moradia é uma casa, um por andar,
você mora numa casa, com terraço, três andares, você tem uma piscina
praticamente para você porque tem poucas pessoas.” O que pensa da sua
rua? “A minha rua é maravilhosa, e agora em frente vai ter um Spa urbano,
que é um sonho, vai ser um point, porque vai ter tudo que você sonha e
imagina, em frente à barraca do Pepê vai ter um Spa urbano. Aquilo ali vai
ser... de jardim, pra tudo, vai ser muito bom.” O que você pensa sobre o
seu bairro? “Eu acho maravilhoso! O Jardim Oceânico é o máximo!” Você
considera isso aqui separado da Barra? “É. Aqui é o Jardim Oceânico,
onde você vê realmente esses prédios baixos, todo mundo tem a sua boa
varanda, já para lá, Sernambetiba, já tem prédios mais altos, é diferente.”
Você gostaria de morar em outro bairro? “Não. Estou feliz, estou satisfeita,
apesar de gostar muito do Leblon.”
Entrevista 06
Local: Jardim Oceânico
Nome: Otto
Idade: entre 50 e 60 anos
O que você sente sobre esse visual de edifícios baixos e de grandes
condomínios? “Prefiro os baixos, são mais bonitos. Porque você não tira
muito a visão da cidade. O alto atrapalha, além de ser feio, atrapalha.”
Você se sente ligado à sua rua? “É eu freqüento diariamente a rua.” O que
mais gosta e o que menos gosta na sua rua? “O que eu mais gosto é a
praia, e o que eu não gosto é o trânsito.” O que você pensa sobre o seu
bairro? “Eu gosto, acho bom! Porque é um bairro... eu me adaptei bem, eu
gosto daqui.”
146
Entrevista 07
Local: Jardim Oceânico
Nome: Maria Rita
Idade: entre 30 e 40 anos
Há quanto tempo mora no bairro? “Há 20 anos”. Você gosta de seu
bairro? “Para mim é muito útil, é o lugar onde eu trabalho, tudo meu é aqui,
colégio da minha filha, tudo é aqui, aí para mim, eu junto o útil ao
agradável. Tudo aqui, transporte, supermercado, colégio, shopping... Tudo
fica pertinho da minha casa.” Qual o seu sentimento em relação à rua ? “O
que eu não gosto onde eu moro, são os vizinhos que não cuidam do lixo,
barzinhos...”
Entrevista 08
Local: Jardim Oceânico
Nome: Marisa
Idade: 52 anos
O que pensa da sua rua? “Eu gosto muito dessa proximidade com a
praia, onde eu posso caminhar todos os dias, me exercitar ao ar livre,
então a rua me dá isso, e o fato dela ainda ser uma rua que tem um
movimento não muito intenso.” Você tem uma ligação com o seu bairro?
“Tenho, porque é um resgate de uma memória de infância. A Barra me deu
isso.” Você gostaria de morar em outro bairro? “Hoje dificilmente,
dificilmente eu retornaria para a Zona Sul.” O que você sente sobre esse
visual de edifícios baixos e de grandes condomínios? “Esse padrão aqui,
de prédios pequenos, me agrada muito, o outro padrão não, me dá
claustrofobia, eu acho demais, mas é claro que você vai encontrar
condomínios bem estruturados, mas não é a minha opção de moradia.”
Entrevista 09
Local: Condomínio Alfabarra
Nome: Madalena
Idade: 45 anos
O que você sente sobre esse visual de grandes condomínios? “Eu já
acostumei, de noite é muito lindo. Eu acho bonito, antigamente dava para
ver o final da praia lá no finalzinho, porque não tinha aqueles prédios ali,
147
então quando o meu marido comprou aqui a vista era panorâmica, dava
para ver até a curvinha do final da praia, mas agora não.” O que pensa da
sua rua? “É lindo! Você vê esse shopping, (...), é um lugar lindo, tem
movimento, (...), então quer dizer, é bom ter natureza, é muito importante,
ter a natureza perto, vida, as pessoas, lojas, ter tudo prático”. O que você
pensa sobre o seu bairro? “É um lugar muito lindo...”
Entrevista 10
Local: Condomínio Alfabarra
Nome: Lourdes
Idade: entre 50 e 60 anos
O que envolve o seu espaço de morar? Só a moradia ou a rua e o
bairro também? “O condomínio, as dependências aqui do prédio, o bairro
também. Aliás, a bairro para mim é uma cidade, porque eu não atravesso o
túnel para nada, eu faço tudo que eu tenho para fazer aqui, não sei nem
qual foi a última vez que eu fui para o lado de lá.” O que você sente sobre
esse visual de edifícios baixos e de grandes condomínios? “Não me
incomoda! Preferiria que fossem todos desse tamanho, mas não me
incomoda.” O que pensa da sua rua? “Super tranqüila...” Você tem uma
ligação com o seu bairro? “Eu gosto muito daqui, eu não gostaria de
mudar, o meu vínculo aqui é que eu gosto muito daqui.”
Entrevista 12
Local: Novo Leblon
Nome: Alberto de Amorim Pereira
Idade: 80 anos
Você se sente ligado (a) ao bairro? “Ah sinto! Me sinto um morador
da Barra e peço à Deus que me deixe morrer aqui mesmo.” O que você
sente sobre esse visual de edifícios baixos e de grandes condomínios?
“Esses prédios, todos eles tem uma vista... nenhum atrapalha a vista um
do outro, você vê que são distantes uns dos outros e ninguém tira a visão
de ninguém. (...) Olha esse espaço que nós temos aqui com essa área
toda ... ” Você não gostaria de mudar de rua? “Não, não, de nada, é aqui
mesmo e nesse prédio mesmo, nesse lugar aqui e não quero mais nada.”
148
Entrevista 15
Local: Novo Leblon
Nome: Derli
Idade: entre 60 e 70 anos
O que você sente sobre esse visual de edifícios grandes dos
condomínios? “Eu acho o campo muito grande ainda, muito vasto, porque
os terrenos são grandes, e dá para planejar bem.” Você gosta da fachada
do seu prédio? “Gosto, é muito bonita! Foi premiada pelo Instituto de
Arquitetos Mundial, ela é toda de vidro rayban, ela é até prejudicial à
norma, mais ela é muito bonita.” Você tem uma ligação com a fachada?
“Eu acho linda!” O que pensa da sua rua do condomínio? “O condomínio é
excelente, as ruas são pequenas, o condomínio é excelente.” Você tem
uma ligação com o seu bairro? “Tenho, tenho sim, gosto muito da Barra,
pratiquei esporte aqui, (...), tenho ligações diversas.” Você gostaria de
morar em outro bairro? “Não. No Rio não! Se eu tiver que morar, será por
necessidade. Por gosto não, por mim eu ficaria aqui até morrer.”
Entrevista 16
Local: Novo Leblon
Nome: Sérgio Andrade
Idade: entre 50 e 60 anos
O que envolve o seu espaço de morar? Só a moradia ou a rua e o
bairro também? “O condomínio em geral, o bairro. Não saio da Barra para
nada, é médico, é supermercado, é cinema, é tudo na Barra.” O que você
sente sobre esse visual de edifícios baixos e de grandes condomínios?
“Aqui eu acho muito bom, porque aqui os prédios não são colados com os
outros que estão fazendo por aí, então você abre a sua janela e não dá de
cara com o prédio vizinho, aqui tem muito espaço.” O que você mais
aprecia na fachada do seu prédio? “A varanda. Tem uma varandinha para
botar uma rede, ficar curtindo aquele fresquinho, olhando para o mar, para
a lagoa.” “Você gosta de morar aqui? “Adoro morar aqui! Daqui eu só saio
direto para o crematório.” Você tem uma ligação com o seu bairro? “Tenho.
Eu me identifico bem com a Barra.”
149
Entrevista 18
Local: Novo Leblon
Nome: Ana Helena
Idade: entre 35 e 45 anos
O que você sente sobre esse visual de edifícios baixos e de grandes
condomínios? “Bonito, normal.” Você se sente em casa no seu
apartamento? “Me sinto, me sinto muito bem.” O que pensa da sua rua, do
condomínio? “Eu acho bom.” O que mais gosta e o que menos gosta na
sua rua e/ou condomínio? “Do condomínio o que eu mais gosto é a
fazendinha, é o que eu mais gosto, e o que eu menos gosto acho que é a
falta de cuidado, a falta de capricho, isso aqui podia estar mais bem
tratado.” Você tem uma ligação com o seu bairro? “Eu me sinto... eu tenho
uma grande simpatia e um carinho muito grande pela Barra. Me sinto muito
bem aqui, tanto que eu tive uma oportunidade agora de me mudar, mas eu
estou preferindo continuar na Barra...” Você gostaria de mudar da Barra?
“Não....”
Entrevista 20
Local: Novo Leblon
Nome: Marcelo
Idade: 28 anos
O que envolve o seu espaço de morar? Só a moradia ou a rua e o
bairro também? “Mais o condomínio, o bairro nem tanto, mas o condomínio
em si. Porque é onde eu nasci, fui criado e fiz as minhas amizades, onde
eu pratico os meus esportes.” O que você sente sobre esse visual de
edifícios baixos e de grandes condomínios? “É engraçado, aqui no
condomínio como tem prédios e casas não afeta tanto não, não fica um
ambiente preso, é bem arejado. Acho que o prédio facilita muito para
muitas pessoas, porque não ocupa muito espaço. Como os prédios da
Barra não são muito altos, principalmente perto da praia, não atrapalha
muito a vista, então não me afeta muito não.” Você se sente ligado (a) a
sua rua? “Me sinto ligado a minha rua mais pelo meu endereço, mas
muitos lugares que você vai, vê os moradores que ligam muito para a rua
porque eles são nascidos e criados com a brincadeira sendo na rua, e a
nossa criação ficou mais presa para o play, o prédio ou então no clube.”
Você gostaria de morar em outro bairro? “Não gostaria não, mas poderia
150
morar....” Você se sente enraizado? “Com certeza, já viajei muito por aí e
um bom filho sempre a casa retorna.”
Entrevista 05
Local: Jardim Oceânico
Nome: André Franco
Idade: 32 anos
O que você sente sobre esse visual de edifícios baixos e de grandes
condomínios? “Eu acho todos horríveis.” O que pensa da sua rua? “Legal,
acho maneira, tranqüila, paz.” Você tem alguma ligação com a rua?
“Tenho, infância, a galera, ficava lá na padaria antes de sair.” Você tem
uma ligação com o seu bairro? “Tenho um vínculo com os meus amigos,
os churros que era na praça antigamente, enfim, a galera, o Bali Bar que
fechou, tinha New York - New York ali... tinha muita coisa maneira, então
isso a gente não consegue apagar.”
Entrevista 14
Local: Novo Leblon
Nome: Rafael
Idade: 18 anos
O que você sente sobre esse visual de edifícios baixos e de grandes
condomínios? “Eu não gosto muito das fachadas dos prédios do Novo
Leblon, porque eu acho que é muito antiga, mas eu gosto das casas que
tem aqui, porque tem casas maravilhosas.” O que mais gosta na sua rua?
A minha rua é essa...” Você se sente ligado à sua rua? “Sim”. O que você
pensa sobre o seu bairro? “Eu acho bom porque tem tudo para você fazer,
tem shopping, tem praia para você ir...” Você tem uma ligação com o seu
bairro? “Tenho, a família. O Novo Leblon é a família, o bairro também, todo
mundo está aqui.” Você gostaria de morar em outro bairro? “Não”.
Entrevista 19
Local: Santa Mônica
Nome: Thiago
Idade: entre 20 e 30 anos
O que envolve o seu espaço de morar? Só a moradia ou a rua e o
bairro também? “Envolve o bairro e o condomínio, com certeza.” O que
você sente sobre esse visual de edifícios baixos e de grandes
151
condomínios? “E acho que a partir de agora, se continuar a edificação
muito intensa, eu acho que não vai ficar muito legal, eu acho que prejudica
um pouco visualmente, eu acho que não fica muito legal não.” Você gosta
da sua rua? “Não tenho nada a reclamar.” O que você pensa sobre o seu
bairro? “Eu resumiria assim, o lugar é bom, mas as pessoas nem tanto.”
152
CAPÍTULO 6
____________________________________________________________
AS ANÁLISES ENTRE MORADOR E MORADIA
____________________________________________________________
153
____________________________________________________________
CAPÍTULO 6 - AS ANÁLISES ENTRE MORADOR E MORADIA
Os resultados alcançados foram obtidos a partir das entrevistas aplicadas nas
respectivas áreas de estudo, cujas coletas proporcionaram a geração de diversas informações
que abrangem tanto aspectos subjetivos quanto aqueles de ordem material e urbanística,
através dos parâmetros definidos a partir do método adotado. Esses dados compõem um
conjunto de informações que poderá auxiliar no desdobramento de estudos acerca do tema e
na análise da dinâmica espacial dos locais e de suas relações com os moradores. Os
resultados derivados e respectivas análises interpretativas são apresentados a seguir.
A utilização das entrevistas foi o principal instrumento para a obtenção dos resultados.
Neste sentido, através de sua apreciação juntamente com os parâmetros relacionados, foi feita
uma avaliação quantitativa dos dados que, posteriormente, serão analisados de maneira
qualitativa. Assim, no universo da amostragem foram trabalhadas 26 questões,
correspondentes aos 3 bairros, dos quais 8 entrevistados de cada tipologia especificada foram
relacionados, como mostra a tabela abaixo.
TABELA DE AMOSTRAGEM DAS RESPOSTAS VÁLIDAS
ZONAS BAIRROS
Edifícios
Altos
Colados
Edifícios
Baixos
Vilas
Edifícios em
Condomínios
Fechados
Total de
Entrevistados
Total de
Perguntas
Total de
Respostas
Por
Bairros
Total de
Respostas
Por Zonas
SUL
Copacabana 8 8 26 208
416
Bairro Peixoto 8 8 26 208
NORTE
Tijuca 8 8 26 208
416
Tijuca 8 8 26 208
OESTE
Barra da Tijuca 8 8 26 208
416
Jardim Oceânico 8 8 26 208
TOTAL DE RESPOSTAS VÁLIDAS = 1.248
Tabela 4. Amostragem das respostas adquiridas a partir da coleta dos dados.
As análises serão feitas pelas zonas da cidade e dentro deste a avaliação dos quatro
parâmetros estabelecidos. Assim, teremos:
A. Zona Sul - Copacabana: Tipologia de Edifícios Altos e Colados: 208 respostas válidas
Zona Sul - Bairro Peixoto: Tipologia de Edifícios Baixos: 208 respostas válidas
B. Zona Norte - Tijuca: Tipologia Edifícios Altos e Colados: 208 respostas válidas
Zona Norte - Tijuca: Tipologia de Vilas: 208 respostas válidas
C. Zona Oeste - Barra da Tijuca: Tipologia Edifícios Baixos: 208 respostas válidas
Zona Oeste - Barra da Tijuca: Tipologia Edifícios Altos em Condomínios: 208 respostas
válidas
154
QUADRO 1. RESUMO DOS PARÂMETROS UTILIZADOS PARA ANÁLISE
QUADRO RESUMO DOS PARÂMETROS PARA ANÁLISE
PARÂMETRO: NAS DIFERENTES ESCALAS DO ESPAÇO URBANO
A. NAS 3 ESCALAS - PAISAGEM, RUA E BAIRRO
B. NAS DUAS ESCALAS - RUA E BAIRRO
C. NA ESCALA DA PAISAGEM
2° PARÂMETRO: PAISAGENS DAS DIFERENTES TIPOLOGIAS
A. COPACABANA: TIPOLOGIA DE EDIFÍCIOS ALTOS E COLADOS
B. BAIRRO PEIXOTO: TIPOLOGIA DE EDIFÍCIOS BAIXOS
C. TIJUCA: TIPOLOGIA EDIFÍCIOS ALTOS E COLADOS
D. TIJUCA: TIPOLOGIA DE VILAS
E. BARRA DA TIJUCA: TIPOLOGIA EDIFÍCIOS BAIXOS
F. BARRA DA TIJUCA: TIPOLOGIA EDIFÍCIOS ALTOS EM
CONDOMÍNIOS
PARÂMETRO: ASPECTOS URBANÍSTICOS
(DESENVOLVIDO PARA TRABALHAR A 2° INDAGAÇÃO)
3.1. ASPECTOS URBANÍSTICOS – SUBJETIVOS E IMATERIAIS
A. CONFORTO E EQUILÍBRIO: TRANQÜILIDADE, LIGAÇÃO, SENTIR-SE
EM CASA, PAZ
B. ESTÉTICO: TUDO; VISUAL, BELEZA NATURAL, SIMPÁTICO
C. FAMILIARIDADE: FAMÍLIA, VIZINHOS, AMIGOS, CONHECIDOS NO
BAIRRO
D. SENTIMENTOS: AFETIVIDADE, LEMBRANÇA, TEMPO DE MORADIA,
BEM ESTAR
3.2. ASPECTOS URBANÍSTICOS - MATERIAIS E FUNCIONAIS
A. TRANSPORTE: ACESSIBILIDADE, VIAS; METRÔ, CONFORTO
B. ESTÉTICA: BELEZA FÍSICA, ÁRVORES, PRAIA, QUIOSQUES
C. SERVIÇOS: COMÉRCIO, FARMÁCIA, SHOPPING, HORTIFRUTI
D. ORDEM: ORDEM, SEGURANÇA, TRANQÜILIDADE, LIBERDADE
PARÂMETRO - LOCAL E GLOBAL
A. ASPECTO GLOBAL
B. ASPECTO DE VÍNCULO AO LOCAL
____________________________________________________________________________
6.1. ANÁLISE DO 1
o
PARÂMETRO NAS ESCALAS DO ESPAÇO URBANO
A. NAS 3 ESCALAS - PAISAGEM, RUA E BAIRRO
B. NAS DUAS ESCALAS - RUA E BAIRRO
C. NA ESCALA DA PAISAGEM
____________________________________________________________________________
Para a análise deste parâmetro foram escolhidas aquelas respostas em que os
entrevistados continham um certo tipo de vínculo ou apresentavam algum sentimento
relacionado com os três parâmetros mencionados no método anteriormente descrito, conforme
155
será demonstrado a seguir. Algumas entrevistas serão destacadas, enfatizando-se apenas
seus trechos mais importantes. Contudo, todas elas estarão na íntegra nos anexos 1, 2 e 3.
____________________________________________________________________________
6.1.1. COPACABANA E BAIRRO PEIXOTO
Fig. 62. Imagem da área de estudo em Copacabana.
Fig. 63. Vista panorâmica de Copacabana. Disponível em http://www.static.panoramio.com
Fig. 64. Edifícios Altos em Copacabana. Fig. 65. Edifícios baixos no Bairro Peixoto
156
6.1.1.1. Análise do 1
o
parâmetro nas escalas da paisagem, da rua e do bairro
A partir desta análise, observou-se através das respostas, que existe uma relação de
identidade que desenvolve sentimentos integrados nos moradores, os quais ocorrem
respectivamente nas três escalas mencionadas e que poderão ser confirmados, conforme
trechos das entrevistas apresentados a seguir.
Entrevista 03
Local: Copacabana
Nome: Juliana Cunha
O que você pensa do bairro e da sua moradia? “Eu sou suspeita... Eu vivo tanto
tempo em Copacabana que eu acho que eu não me adaptaria em outro lugar. Eu
gosto porque é tudo perto, comércio, lojas, comida, entretenimento... É tudo
pertinho. É um bairro diferenciado.” E em relação à rua, você gosta da sua rua?
“Eu gosto.” E em relação à fachada do seu edifício? “São variados, tem vários
estilos. É um contraste que no final, quando você vê de longe, quando você vê da
praia, dá um contraste bonito.”
Entrevista 05
Local: Bairro Peixoto
Nome: Marilene
Idade: entre 50 e 60 anos
O que envolve o seu espaço de morar? Só a moradia ou a rua e o bairro também?
“Envolve tudo”. Você gosta do seu apartamento (ou casa)? Gosto. O que você
sente sobre todo esse visual de edifícios? “É muito bonito!” O que pensa da sua
rua? “Eu gosto. A calma.” O que você pensa sobre o seu bairro? “É um bairro
confortável. Muito bonito, maravilhoso o visual de praia...”
Entrevista 06
Local: Bairro Peixoto
Nome: Daniela
Idade: entre 30 e 40 anos
O que você sente sobre todo esse visual de edifícios? “São bem antigos, eu acho
um bairro antigo. Essas ruas, Barata Ribeiro e Nossa Senhora de Copacabana eu
não gosto. São bem antigas. Eu acho muito altos, muita gente que deve morar. E
o seu edifício, você gosta do seu edifício? “Mais ou menos, tanto faz eu gosto”... O
que pensa da sua rua? “Eu gosto”. O que você pensa sobre o seu bairro? “Eu
gosto... Eu gosto porque tem tudo perto, qualquer coisa eu vou até ali, tem a Casa
& Vídeo, as Lojas Americanas, supermercado, tem tudo perto, não preciso pegar
condução para ir”.
Entrevista 07
Local: Bairro Peixoto
Nome: Américo Ferreira da Silva
Idade: entre 60 e 70 anos
O que você sente sobre todo esse visual de edifícios? “Aqui eu gosto de tudo...” O
que você mais aprecia na fachada do seu edifício? “A fachada do meu edifício tem
58 anos e é a mesma até hoje.” Você gosta? “... É uma construção sólida, antiga,
não tem problema nenhum.” O que você pensa sobre a rua? “A minha rua eu
gosto. É uma rua tranqüila (...), eu gosto dos moradores (...). Quem não gosta? É
uma maravilha!” O que você pensa sobre o seu bairro? “Não tenho nada a dizer
157
nem a reclamar.... Copacabana! Copacabana é Copacabana, conhecida
mundialmente!”
Entrevista 09
Local: Copacabana
Nome: Leonardo Chagas
Idade: entre 20 e 30 anos
Você tem algum vínculo com seu apartamento? “Eu gosto dele, é legal, fora o
bairro que também é maneiro. É por causa do bairro que o apartamento se torna
legal. Aqui é legal pra tudo, tem supermercado perto, pra sair à noite também,
várias opções. O que você sente sobre todo esse visual de edifícios? “Eu gosto.”
Você gosta da fachada do seu edifício? “Gosto. Acho que não tem que mudar
nada não.” O que pensa da sua rua? “Eu gosto. Os bares!” O que você pensa
sobre o seu bairro? “Não tenho como dizer, eu gosto de tudo.”
Entrevista 10
Local: Copacabana
Nome: José Pimentel
Idade: entre 60 e 70 anos
O que envolve o seu espaço de morar? Só a moradia ou a rua e o bairro também?
“É o bairro de uma maneira geral.” O que você sente sobre todo esse visual de
edifícios? “Eu acho bonito, está muito bom.” O que pensa da sua rua? “Eu gosto.”
Você gostaria de morar em outra rua? “Não tenho nenhuma preferência, desde
que seja em Copacabana eu acho que elas são todas boas para se morar.” O que
você pensa sobre o seu bairro? “Eu acho ótimo em todos os aspectos...”.
Entrevista 11
Local: Copacabana
Nome: Não quis se identificar
O que envolve o seu espaço de morar? Só a moradia ou a rua e o bairro também?
“A casa, o bairro e a rua.” O que você sente sobre todo esse visual de edifícios?
“Legal.” O que pensa da sua rua? “Eu gosto.” O que mais gosta na sua rua? “É
uma rua calma. O silêncio, passa pouco carro, pouco barulho. Então eu acho que
em Copacabana a melhor rua que tem é a Domingos Ferreira.” Você gostaria de
morar em outra rua? “Não.” O que mais gosta no bairro? “Eu gosto do bairro
porque ele é 24 h, 24 h têm alguma coisa aberta, têm uma farmácia, têm um
quiosque...”
Entrevista 12
Local: Bairro Peixoto
Nome: Lourdes
Idade: entre 30 e 40 anos
Qual o seu sentimento em relação a sua moradia? Você tem algum vínculo com
seu apartamento? “Não tenho nenhum vínculo.” Você gosta da fachada do seu
edifício? “Gosto, eu acho bonita.” O que pensa da sua rua? “A minha rua é
tranqüila...” O que mais gosta na sua rua? “A tranqüilidade”. Você gostaria de
morar em outra rua? “Não.” O que você pensa sobre o bairro? “É bom, oferece
muita coisa, praia perto, tudo perto, lojas, tem a pracinha que é perto, é ótimo.” O
que mais gosta no bairro? “O que eu mais gosto é da praia, dos quiosques, é
ótimo, eu gosto.”
158
Entrevista 13
Local: Copacabana
Nome: Roberto
Idade: entre 30 e 40 anos
O que você sente sobre todo esse visual de edifícios? “O visual é o seguinte...
mas para cá o visual é bem melhor.” Você tem algum vínculo com o bairro? “Sim.”
O que mais gosta na sua rua? “O comércio.” O que você pensa sobre o bairro?
“Eu descobri que aqui é um paraíso, porque você não precisa de carro, aqui tem
metrô, eu gosto daqui porque aqui tem tudo....” Você gostaria de morar em outro
bairro? “Não.”
Entrevista 14
Local: Bairro Peixoto
Nome: Paulo Martins
Idade: entre 50 e 60 anos
O que você mais gosta na fachada do seu edifício? “Nós reformamos o edifício há
pouco, colocamos pastilhas... uma nova portaria, e ficou bem agradável.” O que
mais gosta na sua rua? “Olha, eu também gosto da rua, porque é uma ruazinha
tranqüila, é arborizada, tranqüila, eu gosto da rua.” O que te liga ao seu bairro?
“Eu não sei, mas eu acho que de um modo geral nada me desagrada no bairro.
Gosto da praia, gosto da praça da qual eu estou agora, gosto da rua, gosto do
apartamento, de maneira que pretendo ficar aqui até o fim.”
Entrevista 15
Local: Bairro Peixoto
Nome: Pedro Paulo
Idade: entre 30 e 40 anos
O que envolve o seu espaço de morar? Só o seu apartamento, ou a rua e o bairro
também? “Envolve algumas coisas. A cafeteria que eu vou, o cinema que eu vou,
a loja de CD, então alguns lugares são também um pouco de moradia, como o
Cafeína, uma cafeteria que tem ali, uma loja de discos que antigamente era
Billboard, a nova casa que tem ali, Argumento, que é pertinho ...” O que você
sente sobre todo esse visual de edifícios? “Nesse bairro que eu moro específico,
os edifícios são tombados pelo patrimônio histórico, então eu gosto muito de ver
essa arquitetura da década de 40 ... Tem um edifício ali que é o meu sonho de
consumo, que é onde mora o Niemeyer, que é um que parece uma onda.” Você
se sente ligado à rua? “... eu gosto de subir e descer a rua, ver as árvores, mas
afetivamente eu não tenho uma ligação ainda com essa rua.” Você tem alguma
ligação com o bairro? “Com o bairro em si tenho, com essa questão de continuar
mantendo essa questão da tranqüilidade, de não construir edifícios mais altos que
deveriam ser construídos. Então eu fico mais tranqüilo nesse bairro por causa
disso, eu sei que de repente do meu lado não vai surgir um arranha céu de 20
andares, que vai encobrir a vista.”
Entrevista 19
Local: Copacabana
Nome: Cristina
Idade: entre 30 e 40 anos
O que envolve o seu espaço de morar? Só o seu apartamento, ou a rua e o bairro
também? “Eu acho que é o bairro também que ajuda...” O que você pensa sobre
esse visual de edifícios de Copacabana? “Isso agora já não tem mais como
mudar, antigamente tinham muitas casas (...), então eu já me acostumei. O que
você pensa da sua rua? “Por incrível que pareça minha rua é bem tranqüila, não
tem botequim...” Você gosta da sua rua? “Gosto.” Você gosta da fachada do seu
edifício? “Gosto. Ela foi reformada há um ano, está bem bonita a fachada.” Você
159
moraria em outro bairro? “Não!” O que você mais gosta no bairro? “Da praia, é
meu relaxamento. Conheço todo mundo, já vou ali há 17 anos...”
6.1.1.2. Copacabana e Bairro Peixoto - Análise do 1
o
Parâmetro: Escalas da Rua e do
Bairro
As respostas abaixo confirmam que, de algum modo, as pessoas se identificam com as
escalas da rua e do bairro, a partir de vínculos e sentimentos que evidenciam aspectos
específicos das relações identitárias.
Entrevista 08
Local: Copacabana
Nome: Heloísa Helena
Idade: entre 50 e 60 anos
O que você sente sobre todo esse visual de edifícios? “Isso aí não tem o que fazer
mesmo! Casa seria o ideal, mas não dá porque a população é muito grande,
então não dá mesmo.” O que você mais aprecia na fachada do seu edifício?
“Desse que eu estou morando até que não. É bom o condomínio e tudo, mas a
fachada não é bonita.” O que pensa da sua rua? “Eu gosto. É uma ruazinha
tranqüila, só passa carro, não tem ônibus.” Você gostaria de morar em outro
bairro? “Eu gosto daqui. Eu já estou acostumada esses anos todos.”
Entrevista 16
Local: Bairro Peixoto
Nome: Greice
O que envolve o seu espaço de morar? Só o seu apartamento, ou a rua e o bairro
também? “É o bairro.” O que você pensa da sua rua? “É tranqüila, é boa. As
árvores.” Você se sente ligada à sua rua? “Eu me sinto, porque a gente está
sempre zelando pela rua, mantendo, acho que sim.” O que você pensa sobre o
bairro de Copacabana? “Eu gosto. Estar perto de tudo, do comércio, farmácia,
supermercado, lojas... você não precisa se deslocar pra nada.”
Entrevista 17
Local: Bairro Peixoto
Nome: Maria das Graças
O que envolve o seu espaço de morar? “No princípio só a moradia, porque eu
nem vinha nessa praça. Eu gosto porque aqui eu posso ir a tantos lugares. ...a
minha filha mora aqui e eu não gostaria de morar perto dela não porque ela mora
numa ladeira muito grande, a outra mora num lugar de muito movimento...”
Entrevista 18/Local: Copacabana
Nome: Meg Morais
Idade: entre 30 e 40
O que você sente sobre todo esse visual de edifícios? “Horrível! Acho horrível,
mas não tem jeito...” Você se sente ligado (a) à sua rua? “Eu conheço todo
mundo! O cara do açougue, o dono da farmácia, o dono da padaria (...), mas eu
me amarro.” O que você mais gosta no bairro de Copacabana? “O que eu mais
gosto aqui é o calor humano, você fala com todo mundo, todo mundo te conhece,
não é uma coisa que as pessoas não se aproximam... Adoro academia, gosto da
praia...” Você se sente ligado (a) ao bairro? “Acho!”
160
6.1.1.3. Copacabana e Bairro Peixoto - Análise do 1
o
Parâmetro: escala da paisagem
Não foi encontrada nenhuma resposta que confirmasse a ligação dos moradores
apenas para a escala da paisagem.
____________________________________________________________________________
6.1.2. TIJUCA
Fig. 66. Mapa de localização da área de estudo na Tijuca.
Fig. 67 e 68. Fotografias das áreas de edifícios baixos na Tijuca.
_________________________________________________________________________
6.1.2.1. Análise do 1
o
Parâmetro: Escalas da Paisagem, da Rua e do Bairro
A partir desta análise, observou-se através das respostas, que existe uma relação que
desenvolve sentimentos integrados nos moradores e ocorrem respectivamente nas três
escalas mencionadas, podendo ser confirmados a partir dos trechos das entrevistas
apresentados a seguir.
161
Entrevista 02
Local: Vila da São Francisco Xavier/ número 555. (vila)
Nome: Samuel Gomes
Idade: entre 40 e 50 anos
O que envolve o seu espaço de morar? Só a sua moradia, ou a rua e o bairro
também? “Eu prefiro mais a minha casa, porque eu sou aquela pessoa caseira, e
nos momentos das minhas folgas eu prefiro ficar com as coisas que eu fiz.” O que
você mais aprecia no visual das fachadas? “O visual da casa, como é vila, até não
aparece muito, é uma casa de frente pra outra. Mas pelo meu entender o visual é
ótimo, está tudo conforme eu queria.” Você gostaria de morar em outra rua? “Não,
minha preferência sempre foi aqui.” Você tem uma ligação com o bairro? “Tenho
muita ligação, adoro o bairro. Me sinto muito ligado mesmo, adoro o Maracanã,
Vila Isabel, o ambiente é bom, boas amizades, tenho boas ligações aqui."
Entrevista 06
Local: Rua General Marcelino
Nome: Fabian Ribeiro
Idade: entre 35 e 45 anos
O que você acha sobre esse visual de edifícios? “...esses edifícios todos você
pode ver que são edifícios de 50, 60 anos, mais ou menos a mesma
característica” ... “Eu gosto dessa pedra, eu acho bacana essa pedra, dá um
aspecto bucólico.” O que você pensa da sua rua? “Muito boa, muito boa essa rua,
excelente!” O que você mais gosta na rua? “A tranqüilidade, o ambiente familiar”.
O que você pensa sobre o bairro? “A Tijuca tem praticamente tudo que um bairro
precisa ter, necessitar”.
Entrevista 07
Local: Rua Dulce
Nome: Willian
Idade: entre 40 e 50 anos
O que você pensa da fachada do seu edifício? “Particularmente o meu edifício
tava um pouco abandonado (...), reformas, mas ainda preservando a situação
dele, nada a fazer, nenhuma estética diferente do original. Então, está ficando
bom”. O que você mais gosta na rua? “Eu moro aqui há muitos anos, eu tive
várias fases aqui, então eu fui criança aqui, brinquei nessa pracinha, depois
passei uma fase em que a gente brincava muito na rua, de futebol, ali no campo
de futebol... essa fase foi muito boa, todo mundo ficava na rua, mais de 30
garotos.” Do que você mais gosta no bairro? “...você vai andando aqui, em dez
minutos você tá na Quinta da Boa Vista. É um parque lamentavelmente cuidado
ao mínimo. Mas a Tijuca como um todo, eu gosto do futebol, Maracanã do lado e
eu acho as pessoas que moram aqui, é um retrato da sociedade de hoje em dia,
todo mundo muito igual. Mas eu acho bom, não sairia daqui, fácil não.”
Entrevista 08
Local: Rua Almirante Cochrane
Nome: Maria Ferreira
Idade: entre 70 e 80 anos
O que você acha sobre esse visual de edifícios? “Eu gosto, eu acho bom. Eu não
gosto desses muito altos, eu prefiro de quatro andares para baixo.” Você gosta da
fachada do seu edifício? “É um edifício muito simples, não tem beleza, mas eu
gosto.” O que você pensa da sua rua? “A minha rua é uma rua de pouco
movimento. Aqui é bom, é muito bom. Tem esse espaço aqui da (praça) para
crianças e idosos, para tomar um solzinho, igual eu estou aqui tomando. Eu acho
que é muito bom, não é todo lugar que tem isso.” Você se sente ligado à sua rua?
“Como eu já disse, onde eu estou faço minhas amizades e eu gosto....” Você se
162
sente ligado (a) ao seu bairro? “Sim, porque eu estou aqui há mais de 30 anos,
aqui eu já criei raízes. A gente cria raízes onde mora.”
Entrevista 10
Local: Rua Dulce
Nome: Célio
Idade: entre 35 e 45 anos
O que você acha sobre esse visual de edifícios? “Legal! São edifícios baixos, não
são edifícios altos, (...), não tem aquela poluição, não tem cartaz, não tem nada,
tem árvores. Bem legal.” Você se sente ligado à sua rua? “Muito, fui criado aqui,
nasci aqui, conheço todo mundo.” (...) É uma rua calma, tranqüila, não tem
passagem praticamente de carro, você fica tranqüilo, você conhece todo mundo...”
Do que você mais gosta no bairro? “Eu acho que tem um bom comércio, tem
ônibus, tem metrô, perto da linha do trem....”
Entrevista 11
Local: Rua Almirante Cochrane
Nome: Mila Maria Noruega Macedo
Idade: entre 70 e 80 anos
O que você acha sobre esse visual de edifícios? “Eu acho bom.” Você gosta da
fachada do seu edifício? “Gosto. É reformada e agora está bonito, porque era um
edifício velho, reformaram, agora está bonito.” Você se sente ligado (a) à sua rua?
“Eu gosto muito da minha rua, passeio muito, chego à janela, conheço todo
mundo, todo mundo que passa e que olha para a janela me cumprimenta ao me
ver todo dia.” O que você pensa sobre o bairro? “O bairro é ótimo...Tenho vizinhos
adoráveis!” Você tem uma ligação com o bairro? “Ah, tenho!”.
Entrevista 12
Local: Rua Professor Lafayette Cortes
Nome: Camila
O que você acha sobre esse visual de edifícios? “Eu gosto, é bonitinho, (...), fica
mais calmo com essas árvores.” Você gosta da fachada do seu edifício? “Está
precisando de uma pintura, colocar umas gradezinhas.” Mas você gosta? “Sim.”
Você gosta da sua rua? “Gosto. É tranqüila.” Você se sente ligado à sua rua?
“Sim, porque eu estou aqui desde que eu nasci.” Do que você mais gosta no
bairro? “O bom para mim é que todo mundo que eu conheço mora aqui perto. Isso
é o melhor de tudo.” Você gostaria de morar em outro bairro? “Não, estou bem
aqui. Até que esse lugar onde eu moro tem uma pizzaria aqui do lado, tudo muito
perto, tem um supermercado que vai abrir aqui na esquina, (...), então isso é muito
bom.”
Entrevista 13
Local: Rua Professor Lafayette Cortes
Nome: Nereida
O que você acha sobre esse visual de edifícios? “Acho bom.” Você se sente em
casa no seu bairro? “Me sinto.” O que você mais gosta na rua? O ambiente
familiar. (...) ....vim para cá e é praticamente a mesma coisa, a gente já conhece
todo mundo...” Do que você mais gosta no bairro? “Acho que um pouco de cada
coisa... Transporte é bom, é tudo perto...” Você gostaria de morar em outro bairro?
“Para mim não. Por mim, ficaria aqui mesmo.”
Entrevista 14
Local: Conjunto Residencial Gomes. (vila)
Nome: Elizabete Ventura
Você gosta da fachada da sua casa? “Gosto.” Do que você mais gosta na
fachada? “É uma moradia antiga, mas é tudo arrumadinho, tudo bonitinho.” Você
163
gosta da sua rua? “... Só tem movimento durante a semana. Então isso aqui é
uma rua mais para trabalho mesmo.” O que você pensa sobre o bairro? “O bairro
é bom.”
Entrevista 17
Local: Conjunto Residencial Gomes
Nome: João
Idade: entre 60 e 70 anos
Você gosta da fachada da sua casa? “Gosto...” O que você pensa sobre a rua? “A
rua é muito boa! Tem condução para todo lado!” O que você pensa sobre o
bairro? “Penso que é muito bom.” O que você mais gosta no bairro? “Tem
condução à vontade! Tem condução para todo lado, para Caxias, para Nova
Iguaçu, Niterói...”
Entrevista 18
Local: Conjunto Residencial Gomes. (vila)
Nome: Bianca
Idade: entre 20 e 30 anos
O que você sente sobre esse contraste entre as vilas e os edifícios da Tijuca? “Eu
não tenho nada contra. Se pudesse colocar mais casas, eu acho que ficaria
interessante, mas para mim não faz muita diferença não.” Você se sente ligado à
sua vila? “Um pouquinho.” Do que você mais gosta na rua? “Que tem condução
para vários lugares.” Você gosta da fachada da sua casa? “Eu acho que tem que
ser padrão porque é uma vila de portugueses (...), mas o padrão eu acho
interessante, se cada casa fosse muito diferente da outra, ficaria desproporcional,
você não sabe o gosto das pessoas, aí podia virar bagunça”. O que você mais
gosta no bairro? “Eu gosto daqui, de onde eu moro, e da parte do comércio eu até
gosto, mas eu acho que se o comércio fosse muito próximo, seria muita
confusão.”
6.1.2.2. Tijuca: Análise do 1
o
Parâmetro: escalas da rua e do bairro
As respostas abaixo confirmaram que as pessoas se identificam com as escalas da rua
e do bairro, a partir de vínculos e sentimentos que evidenciam aspectos específicos das
relações identitárias.
Entrevista 01
Local: Vila da Rua São Francisco Xavier / n
o
555
Nome: Roberto
Idade: entre 20 e 25 anos
O que você acha sobre esse contraste entre vila e edifício? “Eu preferia que
tivesse mais vila. Você se sente ligado à sua rua? “Da rua da vila eu me sinto
ligado por tudo o que eu já falei, em relação a tempo. A (rua) São Francisco, pra
falar a verdade eu não me sinto muito ligado não.” Você tem uma ligação com o
bairro? Há um tempo que eu moro aqui.... que a minha vida toda morando na
Tijuca, Vila Isabel. Na verdade aqui é de tudo um pouco, você atravessa uma rua
é Maracanã, atravessa outra rua é Vila Isabel, atravessa outra rua é Tijuca.
164
Entrevista 03
Local: Rua Dulce
Nome: Hilda Fernandes de Oliveira
Idade: entre 55 e 65 anos
O que você mais aprecia no visual das fachadas? “Muito feio! Muito feio, mas os
vizinhos são muito bons.” O que você mais gosta na rua?” “A calma, a rua é muito
calma...” Você se sente ligada à rua? “Eu me sinto...” Você gosta de morar no
bairro da Tijuca? “Gosto.” Gostaria de morar em outro bairro? “Não, eu gosto
daqui.” O que a praça representa pra senhora? “Quando a gente está triste vem
pra aqui. Quando está com calor vêm pra aqui. Quando está com frio vêm pra
aqui.”
Entrevista 15
Local: Conjunto Residencial Gomes
Nome: Eline
Idade: entre 25 e 35 anos
O que envolve o seu espaço de morar? Só o seu apartamento, ou a rua e o bairro
também? “É tudo. Eu acho que é o bairro em si.” Você gostaria de morar em
casas mais baixas, ou um lugar com muitos edifícios? Um lugar mais antigo...” Do
que você mais gosta na rua? “Acho que eu os barzinhos.” Você se sente ligada à
sua rua? “Aqui e ao bairro inteiro.”
Entrevista 16
Local: Conjunto Residencial Gomes
Nome: Daniel
Idade: entre 20 e 30 anos
Você gosta da fachada da sua casa? “Mais ou menos. Eu acho que cada um
poderia fazer a fachada de acordo com... não tinha que ter padrão. (...). Eu
gostaria que cada fosse de um de um jeito (...).”O que envolve o seu espaço de
morar? Só o seu apartamento, ou a rua e o bairro também? “A vila em si.” Do que
você mais gosta na rua? “Os bares.” O que você mais gosta no bairro? “Acesso a
tudo, você está no Centro em cinco minutos com o metrô, tem ônibus para
qualquer lugar, tem bar, tem feira, tem mercado, tudo perto, tem mecânico, (...),
Maracanã aqui do lado para ver o jogo...”
Entrevista 19
Local Conjunto Residencial Gomes
Nome: Fernando Machado
Idade: entre 20 e 30 anos
O que envolve o seu espaço de morar? Só o seu apartamento, ou a rua e o bairro
também? “A localidade.” O que você pensa sobre a rua? “Aqui é tranqüilo.” O que
você pensa sobre o bairro? “Localização bem fácil, um bairro que pra mim está
muito bem localizado (...), é estratégico porque é passagem para muitos bairros...”
O que você mais gosta no bairro? “O Maracanã e a homenagem ao Noel Rosa.”
6.1.2.3. Tijuca: Análise do 1
o
Parâmetro - escalas da paisagem
Não foi encontrado nenhum tipo de ligação dos moradores apenas para escala da
paisagem, uma vez que tais aspectos apresentaram-se acoplados a outros fatores.
165
6.1.2.4. Tijuca: Síntese das Análises nas escalas do espaço urbano
No bairro da Tijuca, dos 16 entrevistados, 11 moradores se identificaram conjuntamente
com as três escalas (paisagem, rua e bairro) e 5 moradores apenas com as escalas da rua e
do bairro. Em relação à fachada ou paisagem, nenhum caso foi observado. As tabelas abaixo
apresentam a totalidade dos dados, relacionados às respectivas tipologias.
ANÁLISE DO 1° PARAMETRO
TIJUCA
ENTREVISTADOS 1 2 3678101112131415 16 17 18 19T
NOME
Roberto
Samuel Gomes
Hilda Fernandes
Fabian Ribeiro
Willian
Maria Ferreira
Célio
Mila Maria Noruega
Camila
Nereida
Elizabete Ventura
Eline
Daniel
João
Bianca
Fernando Machado
16
TIPOLOGI
A
V
V
V
V
V
V
V
V
A: 3 ESCALAS: RUA,
BAIRRO E PAISAGEM
X X X X X X X X X X X
B: 2 ESCALAS: RUA E BAIRRO X
X
X
X
X
ESCALA DA PAISAGEM
Tabela 5. Síntese das análises do 1
o
parâmetro para o bairro da Tijuca.
6.1.3. BARRA DA TIJUCA
__________________________________________________________________________
Fig. 69. Mapa de localização das áreas de estudo na Barra da Tijuca.
166
Fig. 70 e 71. Fotografias das áreas de estudo na Barra da Tijuca.
____________________________________________________________________________
6.1.3.1. Análise do 1
o
parâmetro: escalas da paisagem, rua e bairro
A análise das respostas demonstrou que existe uma relação que desenvolve
sentimentos integrados nos moradores e ocorrem respectivamente nas três escalas
mencionadas, podendo ser confirmados a partir dos trechos das entrevistas apresentados a
seguir.
Entrevista 01
Local: Jardim Oceânico
Nome: Maria Emília
Idade: entre 50 e 60 anos
O que você sente sobre esse visual de edifícios baixos e de grandes
condomínios? “Eu moro num pequenininho e estou super satisfeita...” E sobre o
visual deles? “O visual... para mim não me diz nada muito não”. O que pensa da
sua rua? “Tranqüila, boa, uma rua normal, que como eu disse, não tem muito
movimento, então, uma rua super tranqüila.” (...)“A tranqüilidade.” O que você
pensa sobre o seu bairro? “Adoro! Gosto muito... Porque eu acho ainda um lugar
“tranqüilo”; e porque tem uma praia perto e eu gosto de ir à praia e gosto de
caminhar, então eu junto o útil ao agradável, eu caminho e vou à praia.” Você tem
uma ligação com o seu bairro?” Ah tenho! Principalmente nessa parte de mar.
Muito ligada!” “Você gostaria de morar em outro bairro? “Não.”
Entrevista 02
Local: Jardim Oceânico
Nome: Mariana
Idade: entre 30 e 40 anos
O que você sente sobre esse visual de edifícios baixos e de grandes
condomínios? “Eu acho ótimo (esses). Aqui são mais edifícios pequenos.” O que
você mais aprecia na fachada do seu edifício? “A varanda grande.” O que pensa
da sua rua? “Eu acho boa, tranqüila.” O que mais gosta na sua rua? “A
tranqüilidade.” Você se sente ligada com o bairro?” Com certeza! “O que você
mais aprecia no bairro? “Eu acho que os edifícios não são como na Zona Sul, um
coladinho no outro, a maioria tem área de lazer, todos quase tem área de lazer, a
praia perto, não tem aquele tumulto no trânsito, engarrafado, mas não se compara
167
a Botafogo e Copacabana que eu morava antes...” Você gostaria de morar em
outro bairro? “Não, não.”
Entrevista 03
Local: Jardim Oceânico
Nome: Margarida Vasconcelos
Idade: entre 60 e 70 anos
O que você sente sobre esse visual de edifícios baixos e de grandes
condomínios? “Eu acho uma maravilha! Eu acho o Jardim Oceânico o máximo,
porque todos têm varanda, a moradia é uma casa, um por andar, você mora numa
casa, com terraço, três andares, você tem uma piscina praticamente para você
porque tem poucas pessoas.” O que pensa da sua rua? “A minha rua é
maravilhosa, e agora em frente vai ter um Spa urbano, que é um sonho, vai ser
um point, porque vai ter tudo que você sonha e imagina, em frente à barraca do
Pepê vai ter um Spa urbano. Aquilo ali vai ser... de jardim, pra tudo, vai ser muito
bom.” O que você pensa sobre o seu bairro? “Eu acho maravilhoso! O Jardim
Oceânico é o máximo!” Você considera isso aqui separado da Barra? “É. Aqui é o
Jardim Oceânico, onde você vê realmente esses edifícios baixos, todo mundo tem
a sua boa varanda, já para lá, Sernambetiba, já tem edifícios mais altos, é
diferente.” Você gostaria de morar em outro bairro? “Não. Estou feliz, estou
satisfeita, apesar de gostar muito do Leblon.”
Entrevista 06
Local: Jardim Oceânico
Nome: Otto
Idade: entre 50 e 60 anos
O que você sente sobre esse visual de edifícios baixos e de grandes
condomínios? “Prefiro os baixos, são mais bonitos. Porque você não tira muito a
visão da cidade. O alto atrapalha, além de ser feio, atrapalha.” Você se sente
ligado à sua rua? “É eu freqüento diariamente a rua.” O que mais gosta e o que
menos gosta na sua rua? “O que eu mais gosto é a praia, e o que eu não gosto é
o trânsito.” O que você pensa sobre o seu bairro? “Eu gosto, acho bom! Porque é
um bairro... eu me adaptei bem, eu gosto daqui.”
Entrevista 07
Local: Jardim Oceânico
Nome: Maria Rita
Idade: entre 30 e 40 anos
Há quanto tempo mora no bairro? “Há 20 anos”. Você gosta de seu bairro? “Para
mim é muito útil, é o lugar onde eu trabalho, tudo meu é aqui, colégio da minha
filha, tudo é aqui, aí para mim, eu junto o útil ao agradável. Tudo aqui, transporte,
supermercado, colégio, shopping... Tudo fica pertinho da minha casa.” Qual o seu
sentimento em relação à rua ? “O que eu não gosto onde eu moro, são os
vizinhos que não cuidam do lixo, barzinhos...”
Entrevista 08
Local: Jardim Oceânico
Nome: Marisa
Idade: 52 anos
O que pensa da sua rua? “Eu gosto muito dessa proximidade com a praia, onde
eu posso caminhar todos os dias, me exercitar ao ar livre, então a rua me dá isso,
e o fato dela ainda ser uma rua que tem um movimento não muito intenso.” Você
tem uma ligação com o seu bairro? “Tenho, porque é um resgate de uma memória
de infância. A Barra me deu isso.” Você gostaria de morar em outro bairro? “Hoje
dificilmente, dificilmente eu retornaria para a Zona Sul.” O que você sente sobre
esse visual de edifícios baixos e de grandes condomínios? “Esse padrão aqui, de
168
edifícios pequenos, me agrada muito, o outro padrão não, me dá claustrofobia, eu
acho demais, mas é claro que você vai encontrar condomínios bem estruturados,
mas não é a minha opção de moradia.”
Entrevista 09
Local: Condomínio Alfabarra
Nome: Madalena
Idade: 45 anos
O que você sente sobre esse visual de grandes condomínios? “Eu já acostumei,
de noite é muito lindo. Eu acho bonito, antigamente dava para ver o final da praia
lá no finalzinho, porque não tinha aqueles edifícios ali, então quando o meu
marido comprou aqui a vista era panorâmica, dava para ver até a curvinha do final
da praia, mas agora não.” O que pensa da sua rua? “É lindo! Você vê esse
shopping, (...), é um lugar lindo, tem movimento, (...), então quer dizer, é bom ter
natureza, é muito importante, ter a natureza perto, vida, as pessoas, lojas, ter tudo
prático”. O que você pensa sobre o seu bairro? “É um lugar muito lindo...”
Entrevista 10
Local: Condomínio Alfabarra
Nome: Lourdes
Idade: entre 50 e 60 anos
O que envolve o seu espaço de morar? Só a moradia ou a rua e o bairro também?
“O condomínio, as dependências aqui do edifício, o bairro também. Aliás, a bairro
para mim é uma cidade, porque eu não atravesso o túnel para nada, eu faço tudo
que eu tenho para fazer aqui, não sei nem qual foi a última vez que eu fui para o
lado de lá.” O que você sente sobre esse visual de edifícios baixos e de grandes
condomínios? “Não me incomoda! Preferiria que fossem todos desse tamanho,
mas não me incomoda.” O que pensa da sua rua? “Super tranqüila...” Você tem
uma ligação com o seu bairro? “Eu gosto muito daqui, eu não gostaria de mudar,
o meu vínculo aqui é que eu gosto muito daqui.”
Entrevista 12 / Local: Novo Leblon
Nome: Alberto de Amorim Pereira
Idade: 80 anos
Você se sente ligado (a) ao bairro? “Ah sinto! Me sinto um morador da Barra e
peço à Deus que me deixe morrer aqui mesmo.” O que você sente sobre esse
visual de edifícios baixos e de grandes condomínios? “Esses edifícios, todos eles
tem uma vista... nenhum atrapalha a vista um do outro, você vê que são distantes
uns dos outros e ninguém tira a visão de ninguém. (...) Olha esse espaço que nós
temos aqui com essa área toda ... ” Você não gostaria de mudar de rua? “Não,
não, de nada, é aqui mesmo e nesse edifício mesmo, nesse lugar aqui e não
quero mais nada.”
Entrevista 15
Local: Novo Leblon
Nome: Derli
Idade: entre 60 e 70 anos
O que você sente sobre esse visual de edifícios grandes dos condomínios? “Eu
acho o campo muito grande ainda, muito vasto, porque os terrenos são grandes, e
dá para planejar bem.” Você gosta da fachada do seu edifício? “Gosto, é muito
bonita! Foi premiada pelo Instituto de Arquitetos Mundial, ela é toda de vidro
rayban, ela é até prejudicial à norma, mais ela é muito bonita.” Você tem uma
ligação com a fachada? “Eu acho linda!” O que pensa da sua rua do condomínio?
“O condomínio é excelente, as ruas são pequenas, o condomínio é excelente.”
Você tem uma ligação com o seu bairro? “Tenho, tenho sim, gosto muito da Barra,
pratiquei esporte aqui, (...), tenho ligações diversas.” Você gostaria de morar em
169
outro bairro? “Não. No Rio não! Se eu tiver que morar, será por necessidade. Por
gosto não, por mim eu ficaria aqui até morrer.”
Entrevista 16
Local: Novo Leblon
Nome: Sérgio Andrade
Idade: entre 50 e 60 anos
O que envolve o seu espaço de morar? Só a moradia ou a rua e o bairro também?
“O condomínio em geral, o bairro. Não saio da Barra para nada, é médico, é
supermercado, é cinema, é tudo na Barra.” O que você sente sobre esse visual de
edifícios baixos e de grandes condomínios? “Aqui eu acho muito bom, porque aqui
os edifícios não são colados com os outros que estão fazendo por aí, então você
abre a sua janela e não dá de cara com o edifício vizinho, aqui tem muito espaço.”
O que você mais aprecia na fachada do seu edifício? “A varanda. Tem uma
varandinha para botar uma rede, ficar curtindo aquele fresquinho, olhando para o
mar, para a lagoa.” “Você gosta de morar aqui? “Adoro morar aqui! Daqui eu
saio direto para o crematório.” Você tem uma ligação com o seu bairro? “Tenho.
Eu me identifico bem com a Barra.”
Entrevista 18
Local: Novo Leblon
Nome: Ana Helena
Idade: entre 35 e 45 anos
O que você sente sobre esse visual de edifícios baixos e de grandes
condomínios? “Bonito, normal.” Você se sente em casa no seu apartamento? “Me
sinto, me sinto muito bem.” O que pensa da sua rua, do condomínio? “Eu acho
bom.” O que mais gosta e o que menos gosta na sua rua e/ou condomínio? “Do
condomínio o que eu mais gosto é a fazendinha, é o que eu mais gosto, e o que
eu menos gosto acho que é a falta de cuidado, a falta de capricho, isso aqui podia
estar mais bem tratado.” Você tem uma ligação com o seu bairro? “Eu me sinto...
eu tenho uma grande simpatia e um carinho muito grande pela Barra. Me sinto
muito bem aqui, tanto que eu tive uma oportunidade agora de me mudar, mas eu
estou preferindo continuar na Barra...” Você gostaria de mudar da Barra? “Não....”
Entrevista 20
Local: Novo Leblon
Nome: Marcelo
Idade: 28 anos
O que envolve o seu espaço de morar? Só a moradia ou a rua e o bairro também?
“Mais o condomínio, o bairro nem tanto, mas o condomínio em si. Porque é onde
eu nasci, fui criado e fiz as minhas amizades, onde eu pratico os meus esportes.”
O que você sente sobre esse visual de edifícios baixos e de grandes
condomínios? “É engraçado, aqui no condomínio como tem edifícios e casas não
afeta tanto não, não fica um ambiente preso, é bem arejado. Acho que o edifício
facilita muito para muitas pessoas, porque não ocupa muito espaço. Como os
edifícios da Barra não são muito altos, principalmente perto da praia, não
atrapalha muito a vista, então não me afeta muito não.” Você se sente ligado (a) a
sua rua? “Me sinto ligado a minha rua mais pelo meu endereço, mas muitos
lugares que você vai, vê os moradores que ligam muito para a rua porque eles
são nascidos e criados com a brincadeira sendo na rua, e a nossa criação ficou
mais presa para o play, o edifício ou então no clube.” Você gostaria de morar em
outro bairro? “Não gostaria não, mas poderia morar....” Você se sente enraizado?
“Com certeza, já viajei muito por aí e um bom filho sempre a casa retorna.”
170
6.1.3.2. Barra da Tijuca - Análise do 1
o
Parâmetro: escalas da rua e bairro
As respostas abaixo confirmaram que as pessoas se identificam com as escalas da rua
e do bairro, a partir de vínculos e sentimentos que evidenciam aspectos específicos das
relações identitárias.
Entrevista 05
Local: Jardim Oceânico
Nome: André Franco
Idade: 32 anos
O que você sente sobre esse visual de edifícios baixos e de grandes
condomínios? “Eu acho todos horríveis.” O que pensa da sua rua? “Legal, acho
maneira, tranqüila, paz.” Você tem alguma ligação com a rua? “Tenho, infância, a
galera, ficava lá na padaria antes de sair.” Você tem uma ligação com o seu
bairro? “Tenho um vínculo com os meus amigos, os churros que era na praça
antigamente, enfim, a galera, o Bali Bar que fechou, tinha New York - New York
ali... tinha muita coisa maneira, então isso a gente não consegue apagar.”
Entrevista
Local: Novo Leblon
Nome: Rafael
Idade: 18 anos
O que você sente sobre esse visual de edifícios baixos e de grandes
condomínios? “Eu não gosto muito das fachadas dos edifícios do Novo Leblon,
porque eu acho que é muito antiga, mas eu gosto das casas que tem aqui, porque
tem casas maravilhosas.” O que mais gosta na sua rua? A minha rua é essa...”
Você se sente ligado à sua rua? “Sim”. O que você pensa sobre o seu bairro? “Eu
acho bom porque tem tudo para você fazer, tem shopping, tem praia para você
ir...” Você tem uma ligação com o seu bairro? “Tenho, a família. O Novo Leblon é
a família, o bairro também, todo mundo está aqui.” Você gostaria de morar em
outro bairro? “Não”.
Entrevista 19
Local: Santa Mônica
Nome: Thiago
Idade: entre 20 e 30 anos
O que envolve o seu espaço de morar? Só a moradia ou a rua e o bairro também?
“Envolve o bairro e o condomínio, com certeza.” O que você sente sobre esse
visual de edifícios baixos e de grandes condomínios? “E acho que a partir de
agora, se continuar a edificação muito intensa, eu acho que não vai ficar muito
legal, eu acho que prejudica um pouco visualmente, eu acho que não fica muito
legal não.” Você gosta da sua rua? “Não tenho nada a reclamar.” O que você
pensa sobre o seu bairro? “Eu resumiria assim, o lugar é bom, mas as pessoas
nem tanto.”
6.1.3.3. Barra da Tijuca - Análise do 1
o
Parâmetro: escalas da paisagem
Não foi encontrado nenhum tipo de ligação dos moradores apenas para escala da
paisagem, uma vez que tais aspectos apresentaram-se atrelados a outros fatores.
171
6.1.3.4. Barra da Tijuca – Síntese das Análises nas escalas do espaço urbano
Na Barra da Tijuca, dos 16 entrevistados, 11 moradores se identificaram conjuntamente
com as três escalas (paisagem, rua e bairro) e 5 moradores apenas com as escalas da rua e
do bairro. Em relação à fachada ou paisagem, nenhum caso foi observado. A tabela abaixo
apresenta a totalidade dos dados relacionados às respectivas tipologias.
ANÁLISE DO 1
o
PARÂMETRO
BARRA DA TIJUCA
ENTREVISTADOS 1 2 3 4 6 7 8 9 10 12 14 15 16 18 19 20 T
NOME
Maria
Mariana
Margarida
André
Otto
Maria
Marisa
Madalena
Lourdes
Alberto
Rafael
Derli
Sérgio
Ana
Thiago
Marcelo
16
TIPOLOGIAS JA JA JA JA JA JA JA JA
A: 3 ESCALAS: RUA,
BAIRRO E PAISAGEM
X X X X X X X X X X X X X 13
B: 2 ESCALAS:
RUA E BAIRRO
X X X 3
ESCALA DA
PISAGEM
Tabela 6. Análise do 1
o
parâmetro para o bairro da Barra da Tijuca.
6.2. 2° PARÂMETRO: NAS DIFERENTES PAISAGENS DE TIPOLOGIAS
A. COPACABANA: TIPOLOGIA DE EDIFÍCIOS ALTOS E COLADOS
B. BAIRRO PEIXOTO: TIPOLOGIA DE EDIFÍCIOS BAIXOS
C. TIJUCA: TIPOLOGIA EDIFÍCIOS ALTOS E COLADOS
D. TIJUCA: TIPOLOGIA DE VILAS
E. BARRA DA TIJUCA: TIPOLOGIA EDIFÍCIOS BAIXOS
F. BARRA DA TIJUCA: TIPOLOGIA EDIFÍCIOS ALTOS EM CONDOMÍNIOS
Para este parâmetro, a exemplo de todos os outros, as análises foram baseadas nas
respostas expostas, quando um morador representa um sentimento de identificação com as
paisagens das diferentes tipologias.
6.2.1. COPACABANA E BAIRRO PEIXOTO: SÍNTESE DAS ANÁLISES POR TIPOLOGIAS
Copacabana, de acordo com a tabela a seguir, apresentou os seguintes resultados: na
região de edifícios altos e colados, dos 8 entrevistados, 6 moradores se identificaram com a
paisagem, a rua e o bairro. Apenas 2 moradores se identificaram com a rua e o bairro. Em
relação à fachada ou paisagem, não se obteve nenhum resultado.
172
O Bairro Peixoto apresentou os seguintes resultados: na região de edifícios baixos, dos
8 entrevistados, 5 moradores se identificaram com a paisagem, a rua e o bairro. Apenas 3
moradores se identificaram com a rua e o bairro. Em relação à fachada ou paisagem, não foi
obtido nenhum resultado.
SÍNTESE DAS ANÁLISES DO 2
o
PARÂMETRO
POR TIPOLOGIAS
COPACABANA – EDIFÍCIOS ALTOS E COLADOS
ENTREVISTADOS 35891011 13 18 T
NOME
Juliana
Marilene
Heloísa Helena
Leonardo Chagas.
José Pimentel
Não se identificou
Roberto
M
eg Morais
8
3 ESCALAS: RUA BAIRRO E PAISAGEM
X
X
X
X
X
X 6
2 ESCALAS RUA E BAIRRO
X
X 2
ESCALA DA PAISAGEM 0
BAIRRO PEIXOTO - EDIFÍCIOS BAIXOS
ENTREVISTADOS 6 7 12 14 15 16 17 19 T
NOME
Daniela.
Américo
Lourdes
Paulo Martins
Pedro Paulo
Greice
Maria das Graças
*
ristina
8
3 ESCALAS: RUA BAIRRO E PAISAGEM
X
X
X
X
X 5
2 ESCALAS: RUA E BAIRRO
X
X
X 3
ESCALA DA PAISAGEM
Tabela 7. Síntese das análises dos dados para os bairros de Copacabana e Peixoto.
6.2.2. TIJUCA: SÍNTESE DAS ANÁLISES POR TIPOLOGIAS
A tabela a seguir apresenta os resultados obtidos na Tijuca. Na região de vilas, dos 8
entrevistados, 4 moradores se identificaram com a paisagem, a rua e o bairro. Apenas 4
habitantes se identificaram com a rua e o bairro. Em relação à fachada ou paisagem, não foi
obtido nenhum resultado.
Na região dos edifícios baixos, do total de 8 entrevistados, 7 moradores se identificaram
com a paisagem, a rua e o bairro. Apenas 1 morador se identificou com a rua e o bairro. Em
relação à fachada ou paisagem, nenhum resultado não foi obtido.
173
ANÁLISE DO 2
o
PARÂMETRO – POR TIPOLOGIAS
TIJUCA - VILAS
ENTREVISTADOS 1 2 14 15 16 17 18 19
NOME
Roberto
Samuel Gomes
Elizabete Ventura
Eline
Daniel
João
Bianca
e
rnando Machado
8
A: 3 ESCALAS: RUA, BAIRRO E
PAISAGEM
X X X X 4
B: 2 ESCALAS: RUA E BAIRRO X X X X 4
ESCALA DA PAISAGEM 0
TIJUCA – EDIFÍCIOS BAIXOS
ENTREVISTADOS 3 6 7 8 10 11 12 13
NOME
Hilda Fernandes
Fabian Ribeiro
Willian
Maria Ferreira
Célio
Mila Maria Noruega
Camila
Nereida
8
A: 3 ESCALAS: RUA, BAIRRO E
PAISAGEM
X X X X X X X 7
B: 2 ESCALAS: RUA E BAIRRO X 1
ESCALA DA PAISAGEM
Tabela 8. Análise do 2º parâmetro por tipologias para o bairro da Tijuca.
6.2.3. BARRA DA TIJUCA – SÍNTESE DAS ANÁLISES POR TIPOLOGIAS
A Barra da Tijuca apresentou os seguintes resultados, de acordo com a tabela a seguir.
Na região de edifícios baixos no Jardim Oceânico, dos 8 entrevistados, 7 moradores se
identificaram com a paisagem, a rua e o bairro. Apenas 1 habitante se identificou com a rua e o
bairro, não se obtendo nenhum resultado em relação à fachada ou paisagem.
Na região de edifícios altos, correspondente aos condomínios Alfa Barra, Novo Leblon e
Mandala, dos 8 entrevistados, 6 moradores se identificaram com a paisagem, a rua e o bairro.
Apenas 2 moradores se identificaram com a rua e o bairro. Não foi obtido nenhum resultado em
relação à fachada ou paisagem.
174
ANÁLISE DO 2
o
PARÂMETRO – POR TIPOLOGIAS
BARRA DA TIJUCA - JARDIM OCEÄNICO
ENTREVISTADOS 1 2 3 4 6 7 8 10 T
NOME
Maria Emília
Mariana
Margarida Vasconcelos
Andre
Otto
Maria Rita
Marisa
Lourdes
8
A: 3 ESCALAS: RUA, BAIRRO E
PAISAGEM
X X X X X X X 7
B: 2 ESCALAS RUA E BAIRRO X 1
ESCALA DA PAISAGEM 0
BARRA DA TIJUCA – CONDOMÍNIOS ALFA BARRA, NOVO LEBLON E MANDALA
ENTREVISTADOS 9 12 14 15 16 18 19 20
NOME
Madalena
Alberto de Amorim
Rafael
Derli
Sérgio Andrade
Ana Helena
Thiago
Marcelo
8
A: 3 ESCALAS: RUA, BAIRRO E
PAISAGEM
X X X X X X 6
B: 2 ESCALAS: RUA E BAIRRO X X 2
ESCALA DA PAISAGEM 0
Tabela 9. Análise por tipologia para o bairro da Barra da Tijuca.
6.3. ANÁLISE DO 3
O
PARÂMETRO
6.3.1. ASPECTOS URBANÍSTICOS – SUBJETIVOS OU IMATERIAIS
A. CONFORTO E EQUILÍBRIO: TRANQÜILIDADE, LIGAÇÃO, SENTIR-SE EM CASA,
PAZ
B. ESTÉTICO: TUDO; VISUAL, BELEZA NATURAL, SIMPÁTICO
C. FAMILIARIDADE: FAMÍLIA, VIZINHOS, AMIGOS, CONHECIDOS NO BAIRRO
D. SENTIMENTOS: AFETIVIDADE, LEMBRANÇA, TEMPO DE MORADIA, BEM ESTAR
Para as análises destes parâmetros foram aproveitadas as 16 questões consideradas
válidas pelas duas tipologias existentes em cada uma das zonas ou área pesquisada, as quais
encontram-se nos anexos.
175
6.3.1. ANÁLISE DO 3
O
PARÂMETRO: ASPECTOS SUBJETIVOS
6.3.1.1. Copacabana e Bairro Peixoto - Análise do 3
O
Parâmetro: Aspectos Subjetivos
Conforme considerado no método, para esta análise foram selecionados 4 indicadores
que compreendem os aspectos subjetivos identificados nas entrevistas, onde cada um deles
possui 4 subitens, a fim de se avaliar qual o sentimento dos moradores em relação a tais
aspectos, nas 3 escalas de abrangência consideradas.
A. 1° Indicador: Conforto e Equilíbrio
Tranqüilidade; Ligação; Sentir em casa; Paz
B. 2° Indicador: Estético
Tudo; Visual; Beleza natural; Legal
C. 3° Indicador: Familiaridade
Família; Vizinhos; Amigos; Colegas
D. 4° Indicador: Sentimentos
Afetividade; Lembrança; Tempo de moradia; Bem Estar
Tabela 10. Análise dos aspectos subjetivos, bairro de Copacabana.
Estética
Tudo X X
X X X X X X 8
Visual X X X X X X 6
Beleza natural X X X X X X X X 8
Legal X X X X X 5
Familiarida
de
Família
X X X X X X 6
Vizinho X X X X X 5
Amigos X X X X 4
Colegas X X 2
Sentimento
s
Afetividade X X X
X X X X X X X X X X X 14
Lembrança X X X X X X X X 8
Tempo moradia X X X X X X X X 8
Bem estar X X X X X X X X X X X X X X 14
ANÁLISES DO 3
o
PARÂMETRO: VÍNCULOS AO LOCAL - ASPECTOS SUBJETIVOS
COPACABANA E BAIRRO PEIXOTO
INDICADOR
ENTREVISTADO 3 5 6 7
8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 T
NOME
Juliana
Marilene
Daniela
Américo
Heloísa Helena
Leonardo Chagas
José Pimentel
Não falou o nome
Lourdes
Roberto
Paulo Martins
Pedro Paulo
Greice
Maria das Graças
Meg Morais
Cristina
16
TIPOLOGIA C C BP BP C C C C BP C BP BP BP BP C C
Equilíbrio
Tranqüilidade X X X X
X X X X X X X X X X X X 16
Ligação X X X X X X X X X X X X 12
Sentir-se em
casa
X
X X X X X X
7
Adaptação
X X
X X X X X X X X X X
12
176
6.3.1.2. Tijuca - Análise do 3
o
Parâmetro: Aspectos Subjetivos
Tabela 11. Análise dos aspectos subjetivos, bairro da Tijuca.
6.3.1.3. Barra da Tijuca - Análise do 3
o
Parâmetro: Aspectos Subjetivos
3° PARÂMETRO: A -
A
SPECTOS SUBJETIVOS
BARRA DA TIJUCA
INDICADOR
ENTREVIST
A
1* 2* 3* 5 6* 7* 8* 9 10 12 1 15 16 18 19 20 T
NOME
Maria Emília
Mariana
Margarida
André Franco
Otto
Maria Rita
Marisa
Madalena
Lourdes
Alberto
Rafael
Derli
Sérgio
Ana Helena
Thiago
Marcelo
16
TIPOLOGIA
JA JA JA
JA JA JA JA
JA
Conforto e
Equilíbrio
Tranqüilidade X X X
X X X X X X X X X X X X X 16
Ligação X X X X X X X X X X X X X 13
S. em casa X X X X X X X X X X X X X X 14
paz X X X X X X X X X X X X 12
Estética
Tudo X X X
X X X X X X X X X X 13
visual X X X X X X X X X X X X 12
Beleza X X X X X X X X X X X X 12
legal X X X X X X X X 8
Familiarida
de
Família
X X X X X X X X X 9
Vizinho X X X X X X 6
Amigos X X X X 4
colegas X X X 3
Sentimento
s
Afetividade X X X
X X X X X X X X X X X 14
Lembrança X X X X X X 6
Tempo X X X X X X X 7
Bem estar X X X X X X X X X X X X X X X X 16
Tabela 12. Análise dos aspectos subjetivos, bairro Barra da Tijuca.
3° PARÂMETRO: A - ASPECTOS SUBJETIVOS
TIJUCA
INDICADOR
ENTREVISTADO 1 2 3 6 7 8 1 11 12 13 14 15 16 17 18 19 T
NOMES
Roberto
Samuel Gomes
Hilda Fernandes
Fabian Ribeiro
William
Maria Ferreira
Célio
Mila Maria
N
Camila
Nereida
Elizabete
Eline
Daniel
João
Bianca
Fernando
Machado
16
TIPOLOGIAS V V V V V V V V
1
o
Conforto e
Equilíbrio
Tranqüilidade X X X X X X X X X X X X X X
14
Ligação X X X X X X X X X X X X X
13
Sentir-se em casa
X X X X X X X - X X X X 11
Adaptação
X X X X X X - X X X 10
2
o
Estética
Tudo
X X X X - X 5
Visual
X X X X - 4
Beleza Natural
X - X 3
Legal
X X X - X 5
3
o
Familiaridad
e
Família
X X X X X X X - 8
Vizinhos
X X X X X X X X - X X X 11
Amigos
X X X X X X X X X X - X X 12
Colegas
X X X X X - 6
4
o
Sentimentos
Afetividade
X X X X X X X X X X - X X X 13
Lembrança
X X X X X X - 6
Tempo de Moradia
X X X X X X - X 7
Bem Estar
X X X X X X X X X X - X X X X 15
177
6.3.1.4. Síntese das Análises do 3
o
Parâmetro: Subjetivos
De acordo com as análises do 3° parâmetro, as características que mais ressaltam o
vínculo ao lugar em relação aos aspectos subjetivos, estão a seguir discriminadas por bairros:
A. Copacabana:
tranqüilidade; ligação, adaptação, afetividade; bem estar;
B. Tijuca:
tranqüilidade; ligação, amigos, afetividade; bem estar;
C.Barra da Tijuca:
tranqüilidade; ligação, adaptação, afetividade; bem estar.
6.3.2. 3°
PARÂMETRO: URBANÍSTICOS - ASPECTOS MATERIAIS E FUNCIONAIS
A. TRANSPORTE: ACESSIBILIDADE, VIAS; METRÔ, CONFORTO
B. ESTÉTICA: BELEZA FÍSICA, ÁRVORES, PRAIA, QUIOSQUES
C. SERVIÇOS: COMÉRCIO, FARMÁCIA, SHOPPING, HORTIFRUTI
D. ORDEM: ORDEM, SEGURANÇA, TRANQÜILIDADE, LIBERDADE
6.3.2.1. ANÁLISE DO 3° PARÂMETRO: URBANÍSTICOS - ASPECTOS MATERIAIS OU
FUNCIONAIS
Para estas análises foram utilizadas as 16 questões consideradas válidas pelas duas
tipologias existentes em cada uma das áreas estudadas, das quais foram selecionados 4
indicadores que compreendem os aspectos materiais e urbanísticos identificados nas
entrevistas, onde cada um deles possui 4 subitens, a fim de avaliar qual o sentimento dos
moradores em relação a esses aspectos, nas 3 escalas de abrangência.
A. 1° Indicador:
Transporte; Acessibilidade; Vias; Metrô; Conforto
B. 2° indicador:
Estética; Beleza Física; Árvores; Praia; Quiosques
C. 3° Indicador:
Serviços; Comércio; Farmácia; Shopping; Hortifruti
D. 4° indicador:
Ordem; Segurança; Tranqüilidade; Liberdade
178
6.3.2.2. Copacabana e Bairro Peixoto - Análise do 3° Parâmetro: Aspectos Materiais ou
Funcionais
3° PARAMETRO: ASPECTOS MATERIAIS E URBANÍSTICOS
COPACABANA E BAIRRO PEIXOTO
INDICADOR
ENTREVIST
A
3 5* 6 7* 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 T
NOME
Juliana
Marilene
Daniela
Américo
Heloísa Helena
Leonardo Chagas
José Pimentel
Não quis falar
Lourdes
Roberto
Paulo Martins
Pedro Paulo
Greice
Maria das Graças
Meg Morais
Cristina
16
TIPOLOGIA B BP B BP BB B B
1
o
Indicador:
Transporte
Acessibilidade X X X
X X X X X X X X X X
13
Vias X X X X
4
Metrô X X X X X
5
Conforto X X X X X X X X X X X X X
13
2
o
Indicador:
Estética
Beleza Física X X
X X X X X X
8
Árvores X X X X
4
Praia X X X X X X X X
8
Quiosques X X X X X X X
7
3
o
Indicador:
Serviços
Comércio X X X X X X X X X X X
11
Farmácia X X X X X
5
Shopping X X X X X X X X X
9
Hortifruti X X X X X
5
4
o
Indicador:
Ordem
Ordem X X
X X
4
Segurança X X
2
Tranqüilidade X X X X X X X
7
Liberdade X X X X X X X X
8
Tabela 13. Análise dos aspectos materiais e urbanísticos, bairro de Copacabana.
179
6.3.2.3. Tijuca - Análise do 3
O
Parâmetro: Aspectos Materiais ou Funcionais
3
O
PARÂMETRO: ASPECTOS MATERIAIS E URBANÍSTICOS
TIJUCA
INDICADO
R
ENTREVISTADO
1 2 3 6 7 8 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 T
NOME
Roberto
Samuel Gomes
Hilda Fernandes
Fabian Ribeiro
Willian
Maria Ferreira
Célio
Mila Maria Noruega
Camila
Nereida
Elizabete Ventura
Eline
Daniel
João
Bianca
Fernando Machado
16
TIPOLOGIA V V
Indicador:
Transporte
acessibilidade
X X X X X X X X X X X X X X
14
Vias X X X X X X X X
8
Metrô X X X X X X X X
8
Conforto X X X X X X X X X X X
11
indicador:
Estética
beleza física
X X X X X X X
7
Arvores X X X X
4
Praia
0
quiosques X X X X X X X X X X
10
Indicador:
Serviços
Comércio
X X X X X X X X X X
10
Farmácia X
1
Shopping X X X X X
5
Hortifruti
0
indicador:
Ordem
Ordem
X X X X
4
segurança X X X X X
5
tranqüilidade X X X X X X
6
Liberdade X X X X X X X X X X X
11
9 10 5 4 9 7 8 8 7 6
Tabela 14. Análise dos aspectos materiais e urbanísticos, bairro da Tijuca.
180
6.3.2.4. Barra da Tijuca - Análise do 3
O
Parâmetro: Aspectos Materiais ou Funcionais
3
o
PARÂMETRO: ASPECTOS MATERIAIS E URBANÍSTICOS
BARRA DA TIJUCA
INDICA
DOR
ENTREVISTAD 1* 2 3*
5 6* 7* 8* 9 10 12 14 15 16 18 19 20 T
NOME
Maria Emília
Mariana
Margarida Vasconcelos
André Franco
Otto
Maria Rita
Marisa
Madalena
Lourdes
Alberto de Amorim
Rafael
Derli
Sérgio Andrade
Ana Helena
Thiago
Marcelo
16
TIPOLOGIA
JA J JA
J JA JA JA
JA
Indicador:
Transporte
acessibilidade X X X
X X X X X X X X X X X X
15
Vias X X X X X X X X X X X X X
14
metrô
0
conforto X X X X X X X X X X X X X X
14
indicador:
Estética
Beleza física X X
X X X X
6
arvores X X X X
4
praia X X X X X X X X X X X
11
quiosques X X X X X X X X X X X X X X
14
Indicador:
Serviços
Comércio X
X X X X X X X X X X X
12
Farmácia X X X X X X
6
Shopping X X X X X X X X X X X
11
Hortifruti X X X X X
5
indicador:
Ordem
ordem X X
X X X X X X X
9
segurança X X X X X X X X
8
tranqüilidade X X X X X X X X X X
10
liberdade X X X X X X X X X X X X X
13
11 8 7 3 7 11 11 12 12 9 13 8 14
Tabela 15. Análise dos aspectos materiais e urbanísticos, Barra da Tijuca.
6.3.2.5. Síntese das Análises do 3
O
Parâmetro: Aspectos Materiais e Funcionais
De acordo com as análises do 3° parâmetro, as características que mais ressaltam o
vínculo ao lugar, em relação aos aspectos materiais e urbanísticos, estão a seguir
discriminadas por bairros:
A. Copacabana:
acessibilidade; conforto; comércio; lojas; liberdade
B. Tijuca:
acessibilidade; conforto; vias; descanso; liberdade
C. Barra da Tijuca:
acessibilidade; vias, descanso; comércio; liberdade
181
6.4. 4° PARÂMETRO – VÍNCULOS AO GLOBAL E LOCAL
A. ASPECTO GLOBAL
B. ASPECTO DE VÍNCULO AO LOCAL
6.4.1. ANÁLISE DO GLOBAL
A análise deste item não é baseada nas respostas das entrevistas, devido principalmente
ao fato de partir do pressuposto de que todas as pessoas, de certo modo, estariam sofrendo
influência dos diversos vários fatores que estariam deslocando ou desconstituindo as
identidades: a globalização, as ‘territorialidades materiais e simbólicas’, os ‘consumidores
globais’, a ‘migração’, a ‘diáspora’, as ‘comunidades imaginadas’ e ‘história e histórias’. Os
autores que estudam esse tema consideram estar havendo uma possível crise de identidades.
Assim, o item a seguir apresenta as considerações que tentam contrapor tais argumentos.
6.4.2. ANÁLISE DE VÍNCULO AO LOCAL
Esta análise é baseada nas respostas dos resultados do 3
o
parâmetro, os quais
demonstraram uma grande quantidade de dados que confirmam o vínculo ao local,
contradizendo aqueles autores que mencionavam uma possível crise das identidades. Isso
ressaltou a defesa de alguns autores com relação ao fato de que as identidades estão se
tornando fluidas e que o apego ao local e o vínculo aos seus particularismos, incluindo as
características físicas e imateriais, confirmam que as relações identitárias seriam formadas
pelos sentimentos dos mais diversos tipos e que elas configuram pertencimento e identificação.
182
CAPÍTULO 7
__________________________________________________________________________
RESULTADOS, DISCUSSÕES E CONCLUSÕES
__________________________________________________________________________
183
__________________________________________________________________________
CAPÍTULO 7 – RESULTADOS, DISCUSSÕES E CONCLUSÕES
7.1. RESULTADOS
7.1.1. RESULTADOS DO 1
o
PARÂMETRO NAS ESCALAS DO ESPAÇO
A partir da análise dos três bairros estudados, percebe-se que, do conjunto de
pessoas entrevistadas, 11 em Copacabana, 11 na Tijuca e 13 na Barra da Tijuca se
identificaram com as três escalas do espaço urbano propostas: da paisagem de habitação
multifamiliar, da rua e o pedaço do bairro onde estão localizadas. Por outro lado, somente 5
pessoas em Copacabana, 5 na Tijuca e 3 na Barra da Tijuca identificaram-se na escala da
rua e do bairro. Não foi registrada nenhuma resposta que comprovasse alguma identificação
somente com a paisagem.
PERCENTUAL DO 1
o
PARÂMETRO – NAS ESCALAS DO ESPAÇO
NOME
Copacabana
(16 entrevistados)
Tijuca
(16 entrevistados)
Barra da Tijuca
(16 entrevistados)
Total
(48 entrevistados)
(%) Total em
Porcentagem
A: 3 ESCALAS: RUA,
BAIRRO E PAISAGEM
11 11 13 35 72,91%
B: 2 ESCALAS:
RUA E BAIRRO
5 5 3 3 28,09%
ESCALA DA PAISAGEM 0 0 0 0
Tabela 16. Percentual dos totais para o 1
o
parâmetro nas escalas do espaço.
Verificou-se que, dos 48 entrevistados
1
nas três áreas de interesse, 72,91% se
identificaram simultaneamente com as três escalas da rua, paisagem e do bairro. Apenas
uma pequena parte dos entrevistados, 28,09%, se identificou somente com as escalas da
rua e do bairro.
Em resumo, constatou-se que 72,91% do total das entrevistas demonstraram que
houve uma comprovação parcial da primeira Indagação. Nos estudos das ciências humanas
e sociais, como os dados quantitativos são de certa maneira efetuados a partir de uma
amostragem representativa, para o nosso caso, as respostas consideradas no universo da
pesquisa, conforme os exemplos abaixo, contêm dados qualitativos que indicam
sentimentos de pertencimento e identificação às três escalas.
1
Todas as 48 entrevistas encontram-se disponíveis nos anexos.
184
Em Copacabana, de acordo com a entrevista 11 – tipologia de edifícios altos e
colados, o entrevistado, ao responder as perguntas relata seus sentimentos às três escalas:
O que envolve o seu espaço de morar? Só a moradia ou a rua e o bairro também? “A casa,
o bairro e a rua.” O que você sente sobre todo esse visual de edifícios? “Legal.” O que
pensa da sua rua? “Eu gosto.” O que mais gosta na sua rua? “É uma rua calma. O silêncio,
passa pouco carro, pouco barulho. Então eu acho que em Copacabana a melhor rua que
tem é a Domingos Ferreira”. Você gostaria de morar em outra rua? “Não”. O que mais gosta
no bairro? “Eu gosto do bairro porque ele é 24 h, 24 h têm alguma coisa aberta, têm uma
farmácia, têm um quiosque...”.
No bairro Peixoto (entrevista 15 – tipologia de edifícios baixos), o Sr. Pedro Paulo
responde fazendo referência às três escalas: O que envolve o seu espaço de morar? Só o
seu apartamento, ou a rua e o bairro também? “Envolve algumas coisas. A cafeteria que eu
vou, o cinema que eu vou, a loja de CD, então alguns lugares são também um pouco de
moradia, como o Cafeína, uma cafeteria que tem ali, uma loja de discos que antigamente
era Billboard, a nova casa que tem ali, Argumento, que é pertinho ...” O que você sente
sobre todo esse visual de edifícios? “Nesse bairro que eu moro específico, os edifícios são
tombados pelo patrimônio histórico, então eu gosto muito de ver essa arquitetura da década
de 40 ... Tem um prédio ali que é o meu sonho de consumo, que é onde mora o Niemeyer,
que é um que parece uma onda.” Você se sente ligado à rua? “... eu gosto de subir e descer
a rua, ver as árvores, mas afetivamente eu não tenho uma ligação ainda com essa rua.”
Você tem alguma ligação com o bairro? “Com o bairro em si tenho, com essa questão de
continuar mantendo essa questão da tranqüilidade, de não construir edifícios mais altos que
deveriam ser construídos. Então eu fico mais tranqüilo nesse bairro por causa disso, eu sei
que de repente do meu lado não vai surgir um arranha céu de 20 andares, que vai encobrir
a vista.”
Na Tijuca, na entrevista do Sr. Célio - tipologia de edifícios baixos, o morador
ressalta aspectos importantes nas respostas que indicam sentimentos de pertencimento: O
que você acha sobre esse visual de edifícios? “Legal! São edifícios baixos, não são edifícios
altos, (...), não tem aquela poluição, não tem cartaz, não tem nada, tem árvores. Bem legal.”
Você se sente ligado à sua rua? “Muito, fui criado aqui, nasci aqui, conheço todo mundo.”
(...) É uma rua calma, tranqüila, não tem passagem praticamente de carro, você fica
tranqüilo, você conhece todo mundo...”. Do que você mais gosta no bairro? “Eu acho que
tem um bom comércio, tem ônibus, tem metrô, perto da linha do trem....”
Também na Tijuca, entrevista 17 - tipologia de vilas – o morador João destaca em
suas respostas: Você gosta da fachada da sua casa? “Gosto!...” O que você pensa sobre a
rua? “A rua é muito boa! Tem condução para todo lado!” O que você pensa sobre o bairro?
185
“Penso que é muito bom.” O que você mais gosta no bairro? “Tem condução à vontade!
Tem condução para todo lado, para Caxias, para Nova Iguaçu, Niterói...”
No Jardim Oceânico - Barra da Tijuca (tipologia de edifício baixo), a entrevista
de D. Maria Emília destaca com clareza o sentimento às três escalas mencionadas: O que
você sente sobre esse visual de edifícios baixos e de grandes condomínios? “Eu moro num
pequenininho e estou super satisfeita...” E sobre o visual deles? “O visual... para mim não
me diz nada muito não”. O que pensa da sua rua? “Tranqüila, boa, uma rua normal, que
como eu disse, não tem muito movimento, então, uma rua super tranqüila.” (...)“A
tranqüilidade.” O que você pensa sobre o seu bairro? “Adoro! Gosto muito... Porque eu acho
ainda um lugar “tranqüilo”; e porque tem uma praia perto e eu gosto de ir à praia e gosto de
caminhar, então eu junto o útil ao agradável, eu caminho e vou à praia.” Você tem uma
ligação com o seu bairro?” Ah tenho! Principalmente nessa parte de mar. Muito ligada!”
“Você gostaria de morar em outro bairro? “Não.”
No Novo Leblon - Barra da Tijuca, na entrevista 12 (tipologia de edifícios altos
em condomínios fechados), o Sr. Alberto explana como se relaciona com as três escalas
indicadas: Você se sente ligado ao bairro? “Ah sinto! Me sinto um morador da Barra e peço
à Deus que me deixe morrer aqui mesmo.” O que você sente sobre esse visual de edifícios
baixos e de grandes condomínios? “Esses edifícios, todos eles tem uma vista... nenhum
atrapalha a vista um do outro, você vê que são distantes uns dos outros e ninguém tira a
visão de ninguém. (...) Olha esse espaço que nós temos aqui com essa área toda ... ” Você
não gostaria de mudar de rua? “Não, não, de nada, é aqui mesmo e nesse prédio mesmo,
nesse lugar aqui e não quero mais nada.”
7.1.2. RESULTADOS DO 2
O
PARÂMETRO NAS DIFERENTES PAISAGENS DE
TIPOLOGIAS
A partir da análise dos três bairros percebe-se que, dos entrevistados por tipologias,
respectivamente 6 em Copacabana, 5 no bairro Peixoto, 4 nas vilas da Tijuca, 7 nos
edifícios baixos da Tijuca, 7 na região de edifícios baixos e 6 em condomínios fechados na
Barra da Tijuca se identificam com as três escalas mencionadas. Por outro lado, 2 em
Copacabana, 3 no bairro Peixoto, 4 nas vilas da Tijuca, 1 nos edifícios baixos da Tijuca, 1 na
região de edifícios baixos e 2 em condomínios fechados na Barra da Tijuca identificam-se
somente com a rua e o bairro. Não foi registrada nenhuma resposta entre os moradores que
se identificassem somente com a paisagem. Os dados da tabela abaixo confirmam tal
análise.
186
7.1.2.1. Copacabana e Bairro Peixoto: Percentual por Tipologias
PERCENTUAL DO 2
o
PARÂMETRO – POR TIPOLOGIAS
BAIRROS
Copacabana
(16 entrevistados)
Total em porcentagem (%)
TIPOLOGIAS
Edifícios baixos
(Bairro Peixoto)
Edifícios altos e
colados
Porcentagem
Edifícios baixos
(Bairro Peixoto)
Edifícios altos
e colados
ESCALAS
8
entrevistados
8
Entrevistados
100% 100%
A: 3 ESCALAS: RUA
BAIRRO E PAISAGEM
6 5 75% 62,5%
B: 2 ESCALAS:
RUA E BAIRRO
2 3 25% 37,50%
ESCALA DA PAISAGEM 0 0 0% 0
Tabela 17. Percentual dos totais para o 2
o
parâmetro por tipologias, em Copacabana.
Verificou-se que dos 8 entrevistados no bairro Peixoto, na região onde predominam
tipologias de edifícios baixos 75% se identificam com as três escalas simultaneamente. Ao
contrário, somente uma pequena parte dos entrevistados - 25%, se identificaram somente
com as escalas da rua e do bairro.
Na área onde predominam tipologias de edifícios altos e colados, em Copacabana,
verificamos que dos 8 entrevistados, 62,5% se identificaram com as três escalas
simultaneamente. Uma parte menor dos entrevistados - 37,50% se identificaram apenas
com as escalas da rua e do bairro.
Em todas as áreas pesquisadas, verificou-se que não houve identificação com a
paisagem isoladamente.
7.1.2.2. Tijuca - Percentual por Tipologias
PERCENTUAL DO 2
o
PARÂMETRO – POR TIPOLOGIAS
BAIRROS
Tijuca
(16 entrevistados)
Total em porcentagem (%)
TIPOLOGIAS
Edifícios
baixos
Vilas
(Tijuca)
Porcentagem
Edifícios baixos
Porcentagem
Vilas
(Tijuca)
ESCALAS 8 entrevistados 8 entrevistados 100% 100%
A: 3 ESCALAS: RUA, BAIRRO E
PAISAGEM
7 4 87,5% 50%
B: 2 ESCALAS:
RUA E BAIRRO
1 4 12,50% 50%
ESCALA DA PAISAGEM 0 0 0% 0%
Tabela 18. Percentual dos totais para o 2
o
parâmetro por tipologias, na Tijuca.
A Tabela acima mostra que dos 8 entrevistados na Tijuca, na região de edifícios
baixos, 87,5% se identificam com as três escalas simultaneamente. Somente 12,5% dos
entrevistados se identificam com as escalas da rua e do bairro.
187
Para as áreas onde predominam vilas, dos 8 entrevistados, 50% se identificam com
as três escalas ao mesmo tempo. Outros 50% se identificam somente com as escalas da
rua e do bairro. Neste caso, percebe-se que o aspecto da paisagem não faz muita diferença.
7.1.2.3. BARRA DA TIJUCA
PERCENTUAL DO 2
o
PARÂMETRO – POR TIPOLOGIAS
BAIRROS
Barra da Tijuca
(16 entrevistados)
Total em porcentagem (%)
TIPOLOGIAS
Edifícios baixos
(Jardim Oceânico)
Edifícios altos
(Barra da Tijuca)
Porcentagem
Edifícios baixos
(Jardim Oceânico)
Porcentagem
Edifícios altos
(Barra da Tijuca)
ESCALAS
8
Entrevistados
8
entrevistados
100% 100%
A: 3 ESCALAS: RUA
BAIRRO E PAISAGEM
7 6 87,5% 75,5%
B: 2 ESCALAS:
RUA E BAIRRO
1 2 12,50% 25%
ESCALA DA PAISAGEM 0 0 0% 0%
Tabela 19. Percentual dos totais para o 2
o
parâmetro por tipologias, na Barra da Tijuca.
A Tabela mostra que dos 8 entrevistados no Jardim Oceânico – Barra da Tijuca,
região de edifícios baixos, 87,5% se identificam com as três escalas ao mesmo tempo.
12,5%, porém, se identificam apenas com as escalas da rua e do bairro.
Nas áreas de condomínios fechados da Barra da Tijuca (Alfa Barra, Mandala e Novo
Leblon), dos oito entrevistados, 75% se identificam com as três escalas simultaneamente.
Apenas 25% se identificam somente com as escalas da rua e do bairro.
Em relação à escala da paisagem, não se identificou nenhum entrevistado que
possuísse vínculo apenas com esta categoria.
7.1.3. RESULTADOS DO 3°PARÂMETRO: URBANÍSTICO
7.1.3.1. Resultados do 3°Parâmetro: Urbanístico - Aspectos Imateriais ou Subjetivos
Dentro dos fatores imateriais ou subjetivos criados na relação morador e moradia,
afirmamos inicialmente na segunda Indagação que os vínculos afetivos, os anos de
residência, as lembranças e afetividades existem não só com as fachadas, mas ao ambiente
da rua, à tranqüilidade do bairro, entre diversos outros aspectos dessa natureza.
Os vínculos que propomos para as Indagações, relacionando-os aos aspectos de
ordem materiais e/ou urbanísticas seriam caracterizados pelo comércio local, proximidade
do lazer, do trabalho e o acesso aos meios de transporte, etc.
188
De acordo com as análises do 3
o
parâmetro, as características que mais ressaltam
os vínculos dos moradores com as moradias, considerando os aspectos imateriais ou
subjetivos, estão a seguir discriminadas por ordem de preferência, a partir dos dados
coletados e apresentados nas tabelas:
A. COPACABANA: 1
o
tranqüilidade; 2
o
afetividade, 3
o
adaptação; 4
o
ligação
B. TIJUCA: 1
o
bem estar; 2
o
tranqüilidade; 3
o
ligação e afetividade; 4
o
amigos
C. BARRA DA TIJUCA: 1
o
tranqüilidade e bem estar; 2
o
sentir-se em casa e
afetividade; 3
o
ligação e ‘tudo’; 4
o
visual, beleza natural e
paz
Desta maneira, vários destes itens podem comprovar que as ligações dos moradores
com suas moradias se dão também por outros fatores, como os que envolvem o espaço
situado no entorno da moradia. Acreditamos assim, que numa relação identitária, tais
aspectos, entre eles os vínculos afetivos, os anos de residência, as lembranças e
afetividades, não só com as fachadas, mas ao ambiente da rua, a tranqüilidade do bairro,
entre diversos outros elementos, estão de acordo com a proposição de nossa Indagação.
De acordo com a síntese das análises apresentadas nas tabelas dos bairros, revela-
se em porcentagem o que falamos anteriormente. Percebemos que os elementos que
integram moradores e moradias, especialmente os de natureza material e urbanística, se
configuram da seguinte maneira, onde os dados a seguir divulgam os percentuais para
todos os bairros, exibindo os elementos que mais se destacaram:
93,75% Bem estar
91,66% Tranqüilidade
85,41% Afetividade
79,16% Ligação
Os vínculos de ordem imateriais e subjetivos propostos para as Indagações foram
caracterizados pelos indicadores: conforto e equilíbrio (tranqüilidade, ligação; sentir-se em
casa; paz); estético (visual, beleza natural, simpático); familiaridade (família, vizinhos,
amigos, conhecidos do bairro); e sentimentos (afetividade, lembrança, tempo de moradia,
bem estar). Desta maneira, bem estar e tranqüilidade representaram aspectos que
englobam as questões elencadas em nossa Indagação, evidenciando-se como importantes
indicadores que revelam aspectos de identificação e pertencimento.
As questões de afetividade e ligação se revelaram como uma característica
importante nas relações entre moradores e moradias, demonstrando que estes aspectos se
constituem como elementos que criam vínculos.
189
7.1.3.2. Resultados do 3°Parâmetro: Urbanístico - Aspectos Materiais ou Funcionais
Dentre os fatores materiais ou funcionais criados na relação morador e moradia,
apresentaremos a seguir os resultados referentes a esses elementos.
Os vínculos de ordem materiais e ou urbanísticas propostos para as nossas
Indagações seriam caracterizados pelo comércio local, proximidade do lazer, proximidade
do trabalho e acesso aos meios de transporte, como o metrô.
De acordo com as análises do 2° parâmetro, as características que mais ressaltam
os vínculos dos moradores com as moradias em relação a esses aspectos, estão a seguir
discriminadas por ordem de preferência, a partir dos dados coletados:
A. COPACABANA: 1
o
acessibilidade e conforto; 2
o
comércio, 3
o
descanso; 4
o
lojas
B. TIJUCA: 1
o
acessibilidade; 2
o
conforto; 3
o
descanso e comércio; 4
o
liberdade
C. BARRA DA TIJUCA: 1
o
acessibilidade; 2
o
vias e conforto; 3
o
descanso; 4
o
liberdade
A análise desses dados permite comprovar que as ligações dos moradores com suas
moradias se dão também por outros aspectos, como os que envolvem o espaço situado no
entorno da moradia. Acreditamos assim, que numa relação identitária, tais itens estão de
acordo com a proposição de nossa Indagação, cujos elementos urbanísticos e materiais se
confirmaram para as escalas de análise. Neste sentido, os dados que merecem destaque
foram: o comércio local, que se confirmou; a proximidade do lazer, de certo modo ligado ao
conforto e descanso; a proximidade com o ambiente de trabalho, ressaltado pouquíssimas
vezes, e os meios de transporte, que se concretizaram com o item sobre acessibilidade.
Um dos componentes, entretanto, que não foi mencionado na nossa Indagação e
que merece destaque é o que fala da liberdade. A este respeito, em várias respostas os
entrevistados apontaram a liberdade de ir e vir, o lazer, o transporte, ou mesmo a liberdade
de sair de casa, circular pelas ruas, os quais foram revelados com bastante intensidade.
De acordo com a síntese das análises apresentadas nas tabelas dos bairros,
revelou-se percentualmente o que falamos anteriormente. Percebemos que os elementos
que integram moradores e moradias, para os aspectos de natureza material e urbanística se
configuram, cujos resultados são apresentados abaixo.
87,5% acessibilidade;
79,16% conforto
68,75% comércio
66,66% liberdade
190
Os vínculos de ordem materiais e urbanísticos propostos para as Indagações se
confirmaram a partir dos seguintes elementos: acessibilidade, demonstrando que as áreas
pesquisadas possuem facilidades de ir e vir, principalmente a partir dos meios de transporte
e as vias de circulação; conforto, evidenciando proximidades com espaços de uso, dando ao
mesmo tempo uma sensação de bem estar; comércio, responsável pela dinâmica
econômica que traz conforto para os moradores; e liberdade, o que demonstra um
sentimento de segurança, conforto e bem estar, revelados principalmente pelo anseio de ir e
vir.
7.1.4. RESULTADOS DO 4° PARÂMETRO URBANÍSTICO: NOS ASPECTOS DE
VÍNCULO AO GLOBAL X LOCAL
7.1.4.1. Análise do Global
A análise deste item não será baseada nas respostas das entrevistas, devido
principalmente ao fato de partir do pressuposto de que todas as pessoas, de certo modo,
estariam sofrendo influência de fatores diversos, entre os quais a globalização, as
‘territorialidades materiais e simbólicas’, os ‘consumidores globais’, a ‘migração’, a
‘diáspora’, as ‘comunidades imaginadas’ e ‘história e histórias’, conforme enfatizado no
capítulo 3, a partir das contribuições dos diversos autores que estudam o tema. Nesta
discussão os autores descrevem que tais fatores estariam deslocando ou desconstituindo as
identidades. Sendo assim, o item a seguir apresenta as considerações que tentam contrapor
tais argumentos.
7.1.4.1. Análise do Local
Nesta análise serão destacadas as respostas que apresentam vínculo ao local,
contradizendo os autores que mencionam uma possível crise das identidades. Esta análise
será baseada nas respostas dos resultados do 2
o
parâmetro que ressaltaram uma enorme
quantidade de dados que confirmam o vínculo ao local. Entretanto, para não torna-las
repetitivas, apresentaremos somente quadros com os aspectos subjetivos e os aspectos
materiais e urbanísticos, a fim de confirmarmos os argumentos que contrapõem tais
considerações.
As argumentações deste 4
o
parâmetro serão feitas no capitulo seguinte, de acordo
com os autores que mostram particularidades com os aspectos de vínculo ao lugar, ao
191
território e a paisagem, tais como: Heidegger (2006), Mathis Stock (2006), Norberg-Schulz
(1981), Aldo Rossi (1998), Meining (1979), Haesbaert (2004), Stuart Hall (2000) e Marc
Augé (2006).
7.2. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS COM O EMBASAMENTO TEÓRICO
7.2.1. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS DO 1
O
PARÂMETRO COM A PRIMEIRA
INDAGAÇÃO
A primeira suposição sugere que a relação identitária é construída pelos moradores
em relação à moradia, não somente pela questão da paisagem, da rua ou do bairro.
Acreditamos que esta identificação e pertencimentos sejam constituídos simultaneamente,
ou seja, formam multi-identidades em três escalas do espaço urbano, relacionando-se às
paisagens de habitações multifamiliares – à fachada; ao lugar da rua e dos edifícios onde
estão localizados; e o território formado pelo bairro em que se situa.
Na primeira Indagação proposta, colocamos que a relação identitária é construída
pelos moradores em relação à moradia não somente pela questão da paisagem, da rua ou
do bairro. Acreditamos que esta identificação e pertencimentos sejam constituídos
simultaneamente, formando multi-identidades nessas três escalas do espaço urbano.
A este respeito, Haesbaert (2004) menciona a partir do conceito de territorialização,
que está havendo um processo de territorialização e desterritorialização, o qual provoca a
ocorrência de multiterritorializações. Neste sentido, as multi-identidades, apesar da
globalização, não estão deixando de existir e cada vez mais os indivíduos estão se firmando
nos seus diversos lugares de pertencimento, se identificando com os lugares de sua
convivência, ainda que exista uma identificação com as paisagens existentes, formando
“Pluri ou Multi Identidades”.
Para o autor, existe uma “consciência multi ou pluriescalar, com múltiplos espaços
compostos por elementos identitários”. Nesta perspectiva, verificamos que dos 3 bairros
estudados - Copacabana (incluindo o bairro Peixoto), Tijuca e a Barra da Tijuca, há nas três
escalas a ocorrência de relações entre moradores e moradia, que consolida sentimentos de
identificação e pertencimento.
As pessoas como um todo possui identidades culturais, nacionais, étnicas, entre
outras, uma vez que vivem em sociedade. No entanto, a investigação de outros tipos de
identidade pode comprovar o desenvolvimento de relações identitárias relacionadas aos
192
diversos aspectos que envolvem o ser humano, como foi o caso dessa pesquisa. Nestes
termos, podemos concluir que, do total de pessoas entrevistadas nos bairros e respectivas
áreas de interesse, 72,91 % desenvolvem relações identitárias a partir de uma relação entre
morador e moradia, onde se constrói uma identidade específica de moradia, baseada em
três outras identidades: uma identidade em relação à paisagem das tipologias onde elas
habitam; em relação à rua, constituindo uma identidade local, e uma outra em relação ao
bairro, construindo uma identidade territorial de bairro. Deste modo, as entrevistas
comprovam parcialmente a primeira Indagação, cujas respostas evidenciam a existência de
sentimentos de identificação e pertencimento às escalas propostas.
7.2.2. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS DO 2
O
PARÂMETRO COM A SEGUNDA
INDAGAÇÃO
A segunda suposição é que a existência de vínculos da identidade do lugar da rua,
da identidade territorial do bairro, e da identidade espacial da paisagem das diferentes
tipologias criadas pelos moradores não é afetada pelas identidades globais, afirmando-se
que elas convivem conjuntamente, e que realmente a desterritorialização das identidades
globais não interferem nas relações identitárias locais, criando assim, identidades espaciais
de moradia.
Em relação à tipologia dos edifícios baixos, verificamos que 75% dos entrevistados
no bairro Peixoto, 87,5% na Tijuca e 87,5% na região do Jardim Oceânico - Barra da Tijuca
se identificaram com as três escalas consideradas. Nos edifícios altos e colados em
Copacabana, apenas 62% se identificaram com as três escalas. Nas vilas localizadas na
Tijuca, um total de 50%. E nos altos edifícios em condomínios da Barra da Tijuca, 75% se
identificaram com as três escalas.
Neste sentido, percebemos que esta identificação e pertencimento nas três escalas
estão presentes quando falamos de variação das tipologias, conforme demonstram os
dados a seguir:
primeiro, com os 87,5% nos edifícios baixos na Tijuca, 62,5% no bairro Peixoto –
Copacabana e 87,5% no Jardim Oceânico - na Barra da Tijuca;
segundo, com os 75% nos edifícios altos em condomínios na Barra da Tijuca e
75% em Copacabana;
terceiro, com os 62,5% na região de edifícios altos e colados em Copacabana;
e por último, os 50% nas vilas da Tijuca.
193
Devemos ressaltar que todas as entrevistas, de certo modo, comprovam
parcialmente a primeira Indagação, com as respostas evidenciando sentimentos às escalas
propostas.
De acordo com estes resultados, verificamos a partir da abordagem de Stock Mathis
(2006) que existe um sentimento semelhante ao que ele propõe, o de ancoragens
identitárias, onde cada indivíduo possui um lugar de ancoragem ou de pertencimento
através das práticas com os lugares onde estão situados.
A análise desta questão explica que as práticas dos lugares são importantes para se
entender que os indivíduos constroem uma relação entre os lugares. Neste sentido, é
importante compreender a sua dimensão simbólica e o tanto que o lugar é funcional e
familiar, o tanto que ele traz identificação. Isto assinala que a vivência em lugares que
compõe a moradia se traduz num ponto decisivo trazido, que é o conceito de ‘ancoragem’,
utilizado por Mathis para argumentar as práticas dos lugares e assim, que estes lugares
praticados e vividos constroem diversos tipos de identidade, implicando nas relações
identitárias, pois as vivências da paisagem, da rua e do bairro, destacam as identificações e
os pertencimentos de moradia.
7.2.3. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS DO 3
O
PARÂMETRO COM A TERCEIRA
INDAGAÇÃO
A terceira suposição é de que a existência de uma relação entre os moradores com
as suas moradias ajuda a estabelecer fortes vínculos urbanísticos, onde os indivíduos criam
uma relação identitária com esses ambientes, devido aos sentimentos adquiridos através
dos fatores subjetivos ou imateriais e materiais ou funcionais;
De acordo com esta Indagação, há a existência de uma intensa ligação entre os
moradores com as suas moradias, concretizada por fortes elementos, onde os indivíduos
criam uma relação devido aos sentimentos adquiridos através de fatores subjetivos ou
imateriais e materiais ou funcionais.
Neste sentido, Haesbaert (2004) sintetiza uma vertente que considera o território
como um híbrido, formado de materialidades e imaterialidades, o que possibilita a nossa
compreensão de que tantos os elementos materiais e urbanísticos quanto os elementos de
ordem imateriais ou subjetivos são importantes na formação do território de um lugar, onde
possam formar identificações e pertencimentos a diferentes contextos, especificamente
entre morador e moradia. A análise destes elementos em comparação aos resultados
confrontados comprovam que existe uma relação identitária que os compõe.
194
De acordo com o conceito de habitar, de Heidegger (2006), onde o sentido de habitar
não é o fato de residir, mas sim de ‘estar no mundo’, ‘permanecer ou viver aquele local’,
verificamos pelas respostas que o espaço urbano que envolve a moradia, as partes das ruas
e de praças, bem como os trechos dos bairros constitui-se em dados fundamentais para
discutirmos esta terceira Indagação, pela qual se afirma que existem certos vínculos que
criam o habitar. Neste sentido, as respostas que apresentam os elementos bem estar,
tranqüilidade e afetividade traduzem bem este pensamento.
Assim nas respostas onde é abordado o aspecto tranqüilidade, o Sr. Américo, de
Copacabana afirma: “A minha rua eu gosto. É uma rua tranqüila (...), eu gosto dos
moradores (...) É uma maravilha!”; O Sr Willian, da Tijuca, também revela o mesmo
sentimento: “Eu moro aqui há muitos anos, eu tive várias fases aqui, então eu fui criança
aqui, brinquei nessa pracinha, depois passei uma fase em que a gente brincava muito na
rua de futebol... Igualmente na Barra da Tijuca, a Dona Mariana, do Jardim Oceânico
ressalta que adora seu local de vivência “...você tem a possibilidade de sair na rua, tem
assim ainda uma certa tranqüilidade, a tranqüilidade fica bem assim...”
A sensação de afetividade também relatada vai de encontro aos argumentos de
Heidegger em relação a ‘estar no mundo’, uma vez que as pessoas não poderiam estar no
mundo, em um habitar, sem criar laços de afetividade. Neste contexto, a entrevista do Sr.
Pedro Paulo, no Bairro Peixoto, revela de modo significativo este vínculo com a moradia: “....
é meu oásis. Eu chego do trabalho, é onde eu... é um oásis mesmo, é como se eu tivesse
num deserto aí da vida, e... É um ninho. É um ninho onde eu tenho as coisas que eu amo,
tenho as coisas que eu gosto, tem os detalhes da minha vida, é onde eu mais gosto de ficar,
eu gosto de ficar mais aqui do que em qualquer outro lugar do mundo”; Fabian Ribeiro,
morador da Tijuca ressalta ainda “ ...pra mim é o mais importante, é um certo “seu”, apesar
de você morar perto do comércio.... próximo ao comércio, ao tumulto, ao movimento, mas
você não está no movimento, no tumulto, na confusão”. No mesmo sentido, na Barra da
Tijuca, Sérgio Andrade, morador do Novo Leblon, ressalta sobre sua ligação com o habitar:
“Aquele sentimento de ter sido o primeiro a morar no apartamento... Eu gosto do meu
recanto, dos meus cantos, tudo o que eu tenho eu gosto. Não tenho tudo que eu quero,
gosto de tudo que tenho.”
O conceito de ancoragem descreve que cada indivíduo possui um lugar de
pertencimento através das práticas dos lugares. Esta análise considera que as práticas do
cotidiano, como a acessibilidade, a ida ao comércio, no nosso entender constituem práticas
vividas no cotidiano e que são fundamentais para o entendimento dos aspectos suscitados
nesta pesquisa. E como diz o autor, praticar os lugares não é somente freqüentá-los, mas
tornar aqueles ambientes com certos significados.
195
Desta maneira, algumas respostas apresentadas revelam, a partir do item
acessibilidade e comércio, que estes lugares praticados criam relações identitárias. Na
entrevista de D. Greice, em Copacabana, ela destaca o aspecto de “Estar perto de tudo, do
comércio, farmácia, supermercado, lojas...”; Já a D. Maria ressalta que onde mora “É
próximo de todo lugar... a gente vem aqui todos os dias, têm velhinhos e crianças...”; D
Lourdes, da Barra da Tijuca enfatiza que “O condomínio, as dependências aqui do prédio, o
bairro também. Aliás, a bairro para mim é uma cidade, porque eu não atravesso o túnel para
nada, eu faço tudo que eu tenho para fazer aqui, não sei nem qual foi a última vez que eu fui
para o lado de lá.” Podemos assim, perceber que os lugares mais freqüentados se tornam,
como considera Stock Mathis, lugar de ancoragem porque são lugares vividos no cotidiano.
O comércio, elemento bastante ressaltado nas entrevistas, também se torna um
lugar de ancoragem, pois faz parte das práticas dos lugares. Estes lugares praticados, de
acordo com a nossa análise, também fazem parte do território do bairro. Na entrevista de
Daniela, em Copacabana, ela ressalta que gosta do lugar “porque tem tudo perto, qualquer
coisa eu vou até ali, tem a Casa&Vídeo, as Lojas Americanas, supermercado, tem tudo
perto, não preciso pegar condução para ir”; O Sr. Samuel Gomes, do mesmo modo, observa
“ ....moro próximo a dois comércios muito bons que é o Rio 40 Graus e o Planeta do Chopp,
música ao vivo...”; Na Barra da Tijuca, Rafael ressaltou que seus lugares de práticas são
bons porque é o seu lugar de vivência: “Eu acho bom porque tem tudo para você fazer, tem
shopping, tem praia para você ir...”
Norberg-Schulz (1981) estuda o que ele chama de o Espírito do Lugar, que significa
o que dá vida às pessoas e aos lugares, determinando a sua essência. Uma das
características é que estes lugares vividos são partes da vivência da pessoa. Deste modo,
os elementos ressaltados nas entrevistas, como ‘bem estar’ e ‘ligação’ comprovam essa
relação com o espírito do lugar, trazendo sentimento de pertencimento.
Neste perspectiva, as respostas do Sr. Pedro Paulo, no Bairro Peixoto, enfatizam
uma ligação com o bairro “... se tenho, com essa questão de continuar mantendo essa
questão da tranqüilidade, de não construir edifícios mais altos que deveriam ser
construídos”; Samuel Gomes, que mora em vila comenta que “... é um ótimo lugar prá se
morar, um ótimo ambiente, a casa é ótima, o lugar, os vizinhos, o ambiente é ótimo mesmo.
Muito bom!”; Na Barra da Tijuca, no Jardim Oceânico, Maria Emília afirma “Me sinto
maravilhosamente bem dentro dele (o apartamento)! Porque ele está todo como eu sempre
pensei em ter, como eu gostaria de ter e que eu consegui ter”.
Em relação aos aspectos de Ligação, em Copacabana, José Pimentel explica “Eu
não moraria em outro lugar, tenho um vínculo com o bairro, não gostaria nunca de mudar
daqui”; Roberto, na Tijuca salienta que “A vila é ótima, meu pai passou a infância, eu passei
196
a infância, vila boa. Aqui tem Maracanã, tem a faculdade, tem bares aqui, shopping, ponto
de ônibus pra tudo quanto é lugar. Pra mim é tudo de bom aqui”; E o Sr. André Franco, na
Barra da Tijuca comenta “ é uma paz, mais ou menos o meu porto seguro. Antigamente meu
porto seguro era meu carro e minha casa”.
Aldo Rossi (1999), que estuda a questão do Lócus como uma relação singular que
existe naquele lugar, nos sugere que a sensação de conforto revelada nas entrevistas, pode
nos dar uma base para o entendimento desta questão a partir de algumas respostas. Neste
sentido, Célio, na Tijuca, ressalta que a moradia é “Legal! São edifícios baixos, não são
edifícios altos, tem uns dois só lá onde eu moro que é alto, então é legal, não tem aquela
poluição, não tem cartaz, não tem nada, tem árvores. Bem legal”; O Sr. Roberto, de
Copacabana afirma “Eu descobri que aqui é um paraíso ... é bom demais para a minha
idade, para as pessoas com mais idade é um bom lugar; Derli relata sobre sua relação com
a moradia “...o condomínio é excelente, tudo, tem tudo, tem piscina, tem quadra de hóquei,
tem quadra de tênis, cada três edifícios têm piscina, tem sauna a vapor, é excelente!”
Para concluir esta segunda Indagação, nosso argumento indica a existência de
vários elementos de ordem subjetiva/imaterial, entre eles o bem estar, a tranqüilidade, a
afetividade, a ligação e outros de ordem material ou urbanística como acessibilidade,
conforto, comércio, liberdade, muito importantes na relação morador e moradia. Estes
elementos, discutidos a partir das considerações de cada um dos autores que os investiga,
explicam que tanto o habitar quanto as práticas dos lugares, o lócus, o lugar vivido e muitos
outros sentimentos fazem parte da relação morador e moradia e, desta maneira, a
existência de uma relação identitária de moradia envolveria informações e sentimentos que
confirmariam pertencimentos e identificações com a sua moradia, não somente na habitação
construída, mas os dados e os aspectos que envolvem o lugar da rua e todos os
componentes dos bairros no entorno das diversas tipologias aqui analisadas.
7.2.4. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS DO 4° PARÂMETRO COM 4° INDAGAÇÃO –
VÍNCULOS AO GLOBAL X LOCAL
A quarta suposição se baseia nos recentes acontecimentos assinalados pelos efeitos
da globalização, principalmente com a intensificação e velocidades das informações, pelas
quais alguns autores dizem estar criando uma desterritorialização e uma crise de
identidades. Apesar dessas influências, com a formação de identidades globais,
permanecem os vínculos às singularidades da rua, da entrada do edifício, das lembranças
ali vividas, do aspecto de sua moradia, ou seja, os vínculos ao lugar vivido significam que as
identidades locais e que as identidades de moradia, assinalados pelos vínculos de
197
pertencimento e identificação, superariam uma possível crise de identidades e o
desenraizamento ao espaço de morar.
A quarta Indagação proposta é de que, mesmo com todos os efeitos causados pela
globalização, com a velocidade das informações, espaços virtuais, etc, criando uma possível
crise das identidades, como a desterritorializações - idéias partilhadas por Claval (1999) e
Woodward (2004) - existem ainda fortes vínculos às singularidades da rua, da entrada do
edifício, aos aspectos da moradia, ou seja, os vínculos ao lugar vivido, significando que as
identidades locais convivem com as identidades globais, entre outras, não impedindo a
criação de vínculos de pertencimento e identificação na relação morador e moradia e no
espaço do morar.
Nesta linha, Hall (2002) e Haesbaert (2004) afirmam que a tensão entre o global e o
local estaria criando vínculos de pertencimento e de identificação, tornando-se assim os
elementos básicos para a contraposição do local com o global.
Desta forma, os diferentes autores que estudamos: Levy e Lussaut (2003), Norberg-
Schulz (1981), Stock (2006), Rossi (1998), Heidegger (2006), Haesbaert (2004) e Meining
(1979), com os diversos significados de ligação ao lugar vivido, ao espírito existente no
lugar, ao lócus, aos lugares de ancoragem, aos lugares praticados, aos territórios
percebidos e vividos e às paisagens vividas, demonstram que tais abordagens representam
um elo ao aspecto do local, definidos principalmente por elementos que podem ser
traduzidos em identificação e identidade espacial.
Para demonstrar estes elos ao local, vínculos, afetividades a lugares vividos,
destacamos algumas respostas bastante significativas: A Dona Mariza, do Jardim Oceânico
ressalta”... assim ainda temos uma certa tranqüilidade....”; Para Pedro Paulo, no Bairro
Peixoto revelam seu pertencimento com a moradia “.... é meu oásis. Eu chego do trabalho,
é onde eu... é um oásis mesmo, é como se eu tivesse num deserto aí da vida, e... É um
ninho. É um ninho onde eu tenho as coisas que eu amo, tenho as coisas que eu gosto, tem
os detalhes da minha vida, é onde eu mais gosto de ficar, eu gosto de ficar mais aqui do que
em qualquer outro lugar do mundo”.
Outro entrevistado da Barra da Tijuca, Sérgio Andrade, revela sua identificação com
o habitar: “Aquele sentimento de ter sido o primeiro a morar no apartamento... Eu gosto do
meu recanto, dos meus cantos, tudo o que eu tenho eu gosto. Não tenho tudo que eu quero,
gosto de tudo que tenho”.
D. Maria ressalta seu pertencimento ao lugar em frente à sua moradia “... a gente
vem aqui todos os dias, têm velhinhos e crianças...” Na entrevista de Daniela, em
Copacabana ela ressalta que gosta do lugar “porque tem tudo perto, qualquer coisa eu vou
198
até ali, tem a Casa&Vídeo, as Lojas Americanas, supermercado, tem tudo perto, não preciso
pegar condução para ir”.
Samuel Gomes, que mora em vila na Tijuca comenta que “... é um ótimo lugar pra se
morar, um ótimo ambiente, a casa é ótima, o lugar, os vizinhos, o ambiente é ótimo mesmo.
Muito bom!”, Na Barra da Tijuca, no Jardim Oceânico, Maria Emília ressalta “Me sinto
maravilhosamente bem dentro dele (o apartamento)! Porque ele está todo como eu sempre
pensei em ter, como eu gostaria de ter e que eu consegui ter.” O sentimento de Ligação
aparece na entrevista do Sr. André Franco, na Barra da Tijuca “...é uma paz, mais ou menos
o meu porto seguro. Antigamente meu porto seguro era meu carro e agora é minha casa”.
Em Copacabana, José Pimentel afirma: “Eu não moraria em outro lugar, tenho um vínculo
com o bairro, não gostaria nunca de mudar daqui.” Roberto, na Tijuca ressalta: “A vila é
ótima, meu pai passou a infância, eu passei a infância, vila boa. Aqui tem Maracanã, tem a
faculdade, tem bares aqui, shopping, ponto de ônibus pra tudo quanto é lugar. Pra mim é
tudo de bom aqui.”
O Sr. Roberto, de Copacabana comenta “Eu descobri que aqui é um paraíso... é bom
demais para a minha idade, para as pessoas com mais idade é um bom lugar; E Derli
enfatiza sobre sua relação com a moradia “... o condomínio é excelente, tudo, tem tudo, tem
piscina, tem quadra de hóquei, tem quadra de tênis, cada três edifícios têm piscina, tem
sauna a vapor, é excelente!”.
Para concluir esta Indagação, partilhando a idéia que argumentamos inicialmente,
vários elementos aparecem sobre forte ligação entre morador e moradia. Desta maneira,
ressaltamos ainda que, de certa forma, todas as investigações estão diretamente vinculadas
umas às outras e que na relação identitária de moradia, os sentimentos mais fortes, os quais
muitas vezes apresentam-se com outras denominações – ligação, afetividade, vínculo, bem
estar, acessibilidade e conforto - são constituintes dos elementos que propomos para um
estudo urbanístico entre morador e moradia. Todos estes elementos representam o
pertencimento e identificações espaciais.
7.3. CONSIDERAÇÕES DA PESQUISA
O desenvolvimento da pesquisa, com o embasamento teórico interligado ao nosso
objeto de estudo, possibilitou realizar inúmeras entrevistas, cujas respostas revelaram uma
grande quantidade de dados, superiores ao que inicialmente pretendíamos. Assim, com uma
quantidade de amostras que inclui 48 entrevistados, abrangendo as respectivas áreas de
interesse, pudemos avaliar as Indagações propostas, comprovadas em parte. Importante
199
ressaltar que tais dados poderão servir no futuro e permitir que sejam utilizados em
pesquisas posteriores que buscam averiguar e entender os aspectos relacionados à
moradia, não só do ponto de vista da ciência do urbanismo, como também revelando dados
psicológicos, sociais, antropológicos, entre outros.
Os resultados alcançados enfatizam não só parte da comprovação das Indagações,
mas inúmeros outros dados importantes e de relevante interesse acerca do tema. Para a
primeira Indagação, que ressalta a ligação entre a paisagem da moradia, os pertencimentos
à rua e ao bairro foram comprovados parcialmente nos três bairros investigados.
Do total das entrevistas, 72,91% confirmaram que os moradores fazem
consideração, ou seja, estabelecem relações não apenas com a moradia em si, mas com as
ruas por onde circulam diariamente e os locais do bairro visitados no cotidiano. Nestas
respostas, um fator interessante é que estes moradores demonstram também uma certa
importância à fachada de sua moradia, seja pelos aspectos de cor, possuir varandas, por
serem altos ou baixos. Este total representa também um importante indicador para nós
urbanistas que, na análise sobre a questão da moradia, precisamos levar em consideração
não apenas a construção das edificações (edifícios e casas) que constituem o morar. Mas,
por outro lado, também o espaço urbano onde se localiza a moradia e como ele está
configurado, sendo isso de extrema importância para analisar tal objeto, uma vez que são
neles que o indivíduo cria seus laços com a sua moradia, principalmente a partir do
ambiente que está à sua volta. Tais percepções contribuem para dar uma visão sistêmica ao
estudo relacionado ao espaço urbano.
Neste sentido, o planejamento de bairros, arruamentos, localização de condomínios
e os edifícios são fatores que devem ser considerados ao tratarmos os aspectos
arquitetônicos e urbanísticos.
As Indagações ressaltam ainda que os laços construídos pelos aspectos das
paisagens das tipologias investigadas, como também dos elementos que integram os
territórios do bairro e todas as características das ruas acessíveis cotidianamente, devem
ser considerados como laços construídos nas relações entre moradores e moradias.
Quando falamos de laços, de vínculos e de ligações, percebemos que eles são gerados
pelos sentimentos de identificação e pertencimento a estas escalas do espaço.
Dos percentuais alcançados no estudo, podemos fazer ainda considerações às
diversas tipologias estudadas. Assim, 87,5% dos casos representam os moradores da
região de edifícios baixos tanto da Barra da Tijuca quanto da Tijuca. Isto revela que as
paisagens de fachadas (além da rua e do bairro) com baixos pavimentos criam maior
ligação, talvez, como demonstraram algumas respostas, por se assemelhar mais à casa,
demonstrando por outro lado um sentimento de individualidade do espaço de moradia. Os
200
resultados obtidos em edifícios altos na Barra da Tijuca e em edifícios baixos no Bairro
Peixoto apresentou valores semelhantes. Neste caso, uma importante observação é de que
os atributos do Bairro Peixoto e também a dos condomínios eram tão fortes que a questão
da paisagem era menos percebida. Nestes locais, o que se percebe é que as características
como os valores de paz e tranqüilidade do Bairro Peixoto e as qualidades de segurança e
uma boa infra-estrutura dos condomínios fechados são elementos mais valorizados pelos
moradores, aspectos que exprimem condição para uma boa moradia.
O percentual na região de tipologias altas foi de 62,5% e na região de vilas foi de
50%. Este resultado foi para nós inesperado, porque pensávamos anteriormente que as
fachadas dos edifícios altos e colados em Copacabana eram detestados pelos moradores e
que, na região das vilas, estas eram adoradas. Estranhamente, as paisagens das fachadas
das vilas na Tijuca não criam relações de ligação, talvez devido à igualdade com a fachada
das outras casas de vila, mas ao contrário, a questão da ruazinha interna das vilas
apresentou-se como indicador de tranqüilidade e assim, de pertencimento aos moradores.
Em Copacabana, entendemos que talvez a altura dos edifícios signifique morar em bairro
composto quase que somente por edifícios e por isto eles ainda revelem alguma
identificação, no entanto, a maioria destes moradores revelou-se muito mais interessada nas
ligações com os serviços que o bairro oferece.
A segunda Indagação enfatizou a existência de fortes elementos que constroem as
relações identitárias entre os moradores e suas moradias. Os resultados alcançados
apresentaram os aspectos subjetivos ou imateriais que foram mais ressaltados: 93,75% bem
estar, 91,66% tranqüilidade, 85,41% afetividade e 79,16% ligação. Embora nos estudos de
ciências humanas e sociais a comprovação percentual sejam menos significantes que os
dados qualitativos, o mais importante é ressaltarmos que os laços criados na relação do
morador com a moradia e o seu entorno, constituem sentimentos que de certo modo criam o
vínculo de moradia, trazendo uma sensação de encontrar-se com ela, a partir do
desenvolvimento de sentimentos de paz, carinho e aconchego. Os dados são
representativos e demonstram a enorme responsabilidade dos urbanistas e especialistas no
tratamento do espaço urbano, pois muitos deles, apenas observam a forma construída,
esquecendo-se dos valores que os ambientes possuem e o que representa para os
moradores, pois muitas vezes, esquecem que a cidade existe porque nela as pessoas
habitam. Neste sentido, os quatro elementos destacados nos indicam o pertencimento e a
identificação relacionada aos sentimentos vividos nestes lugares.
Em relação aos elementos de ordem física, materiais e urbanísticas, os que tiveram
maior visibilidade foram: 87,5% acessibilidade; 79,16% conforto; 68,75% comércio e 66,66%
liberdade. Analisando os resultados, percebe-se que tais elementos se configuram como
201
essenciais na vida das pessoas. O conforto, caracterizado por uma relação de bem estar da
pessoa em seu local de moradia se mostrou tão essencial quanto a acessibilidade, que é a
possibilidade de ir e vir, de circular e, que de certa forma, está relacionada com as duas
outras características, liberdade e o comércio.
Estes elementos ressaltam uma importante contribuição aos estudos da relação do
morador com a moradia. Revelam que os aspectos de entrada e saída de sua moradia,
poder circular com liberdade e ir ao comércio, indicam que dentro do espaço urbano há uma
escala menor que é a escala da moradia, ou em outras palavras, que certas porções da
cidade são também espaços de moradia, devido à freqüência que são utilizados no
cotidiano. Se partes da cidade são partes da moradia é porque os moradores também se
identificam e pertencem a estes espaços, devido à intensidade em que eles são vividos e
vivenciados.
Para a terceira Indagação, baseada no que vários autores consideravam como uma
possível crise das identidades, chegamos à conclusão do contrário, ou seja, que fortes
vínculos às singularidades do local e as particularidades do espaço da moradia e das
relações que envolvem esta moradia criam fortes vínculos de pertencimento e identificação,
não havendo a possibilidade das pessoas, ao se deslocar, excluir suas identidades, mas
como afirma alguns autores, elas estariam se re-territorializando e deste modo, criando multi
identidades. Os resultados apresentados demonstraram que os indivíduos, mesmo
incorporando outras identidades, isso não abala os círculos criados nas relações identitárias
com as moradias. Várias características, como a afetividade, o bem estar, a tranqüilidade e
a ligação são indicadores de que estes elementos se configuram como particularidades da
moradia que fortalecem as relações identitárias e ressaltam o pertencimento e a
identificação.
7.4. A CONTRIBUIÇÃO DO TRABALHO
Na difícil tarefa de elaborar uma tese de doutorado em urbanismo, além disso,
estudando um tema interdisciplinar, o desenvolvimento destes caminhos se configurou
numa exaustiva busca de teorias e de conceitos que deram suporte ao tema – a moradia.
Devido à sua complexidade que, à primeira vista parece muito simples e com um olhar mais
intenso, percebe-se que se trata de um tipo de abordagem que requer um aprofundamento
qualitativo, uma vez que ela envolve um conjunto de elementos, entre eles o morador com
todas as aspirações e necessidades de um habitar que não deveriam ser somente uma
construção, mas um lugar de aconchego, um lar, um ninho, onde as sociedades pudessem
202
se abrigar, proteger e se desenvolver. Neste sentido, tal assunto constitui uma grande
contribuição à ciência do urbanismo e de outras disciplinas que estudam o espaço e a
moradia.
A complexidade do tema não é vista somente porque o ser humano habita o espaço
urbano, mas porque, além disso, a moradia está presente em grande parte das cidades, que
por si só constitui um emaranhado de forças, de ideologia, de imaginários, sentimentos e
são formadas por um processo histórico que ao longo de sua história e desenvolvimento
cada uma delas adquire, através de suas peculiaridades especiais, atribuindo-lhe
características próprias. Nessa direção, as cidades atualmente estão alocadas num tempo
diferente, onde a mobilidade, a velocidade de informações, a rapidez do cotidiano e várias
outras conseqüências, principalmente sob influência da globalização, constitui agentes que
influenciam nos processos espaciais e que, conseqüentemente, atingem a moradia e o
espaço ao qual lhe pertence, bem como o ser humano que neles habitam.
Tentando-se abarcar o tema moradia dentro do espaço urbano, através das teorias
do urbanismo e ao mesmo tempo dos conhecimentos de outras disciplinas, a necessidade
de caminhar centrado nos objetivos foi difícil pela quantidade de conhecimentos científicos
apresentados. Por outro lado, os objetivos se tornaram cada vez mais fortes pelos
encantamentos de se buscar entender as relações entre moradores e moradias e os
sentimentos que ali existem, no sentido de compreender porque as pessoas se sentiam bem
ao entrar e sair de suas casas, porque elas gostavam ou não das ruas e dos bairros, enfim,
qual o vínculo que possuíam com o ambiente onde moram.
O conceito de Lugar pode ser interligado com a categoria urbanística Rua, onde o
morador se locomove e transita. Do mesmo modo, as ruas são compostas de enorme uma
complexidade porque além de ter fachadas e vias públicas fazem parte das vivências da
cidade. Assim, a ligação da rua com o conceito de lugar torna-se importante na discussão
porque se considera não somente um lugar físico, mas também a base de vida social,
percebida e vivenciada diferentemente pelo morador, tornando-se Lugares.
Neste trabalho consideramos que a porção do espaço vivenciado na rua se constitua
num espaço específico, independente de sua tipologia, seja de edifícios de apartamentos
colados, como no caso de Copacabana; os edifícios baixos, presentes no Bairro Peixoto e
no Jardim Oceano - na Barra da Tijuca, os edifícios altos nos condomínios fechados na
Barra da Tijuca; e as vilas, na Tijuca.
Estes lugares são espaços vivenciados de diferentes maneiras pelos moradores,
criando sentimentos, identificações e pertencimentos com determinadas parcelas de rua.
Dessa maneira, o conceito de Lugar aqui desenvolvido foi considerado como parte
vivenciada pelo ser humano, transformando-se na base de seu dia-a-dia e de sua relação
203
com as características mais peculiares do lugar da rua em que vivem, criados pelos
sentimentos de identificação e pertencimento.
A paisagem como Lugar demonstra como cada tipologia de paisagem de habitação
multifamiliar constrói lugares distintos, afetando, diversamente, cada habitante. Cada
paisagem de tipologia de paisagem construída com as aqui estudadas aparecem sob a
visão do habitante, podendo interferir e ser percebida singularmente por um de cada
morador, constituindo-se estas paisagens em lugar específico para cada um deles.
Do mesmo modo, a paisagem como estética é importante para explicar como as
diferenças das tipologias escolhidas nesta pesquisa podem ser interpretadas de maneiras
diversas e, assim, a singularidade das formas, alturas, extensão e a linha do céu ou o
skyline, delimitando a paisagem, pois a forma deste skyline – baixo, formado pelas casas
das vilas; ou tipo desfiladeiro, formado por edifícios colados uns aos outros; ou a
combinação destes dois tipos - podem interferir na relação dos habitantes com suas
moradias, sobretudo nos sentimentos de identificação.
A possibilidade da existência de pequenos territórios dentro do bairro e,
posteriormente, a visão do bairro como um território delimitador do espaço físico se referiu a
pequenos territórios, onde se localizam as tipologias de habitação multifamiliar escolhidas
para a pesquisa. Deste modo, a vertente de territórios dentro do bairro mostrou as porções
singulares do espaço, onde encontram-se localizadas as tipologias de habitação
multifamiliares, como em certas partes da praia, barezinhos ou pracinhas - utilizadas pelos
moradores das área estudadas - servindo como elementos de ligação e criando sentimento
de pertencimento à estas localidades próximas de suas moradias.
Por outro lado, a ligação entre território e espacialidade que também utiliza a relação
das escalas, desde as residências até a escala nacional, demonstra que é possível trabalhar
com as escalas do espaço na qual o morador pode penetrar mentalmente e reconhecer as
características singulares que os identificam, constituindo assim, pequenos territórios, como
o Lugar da Rua, o território do bairro dentro de um espaço maior que é o da cidade do Rio
de Janeiro.
O uso das diferentes escalas do espaço urbano considera a possibilidade de
relacionar lugar, território e paisagem com as identidades das diversas escalas do espaço
através das relações de identificação com certos espaços utilizados pelos indivíduos, como
suas moradias.
E assim, nesta perspectiva, os objetivos foram se concretizando a partir dos
caminhos escolhidos, com o levantamento de estudos sobre as escalas e categorias que
envolvem a casa, os conceitos que podem assumir estes espaços e, principalmente porque
no entendimento do morador, em sua relação com a moradia, os objetivos se
204
materializaram, nos embasando de como são formadas as relações identitárias no espaço,
sobretudo da moradia, ajudando a entender os vínculos que criam os sentimentos nos
moradores, especialmente de identificação e pertencimento.
Finalmente, podemos concluir a existência de fortes relações entre o morador e suas
moradias, seja ela de que natureza, tipologia ou localização. Sobre este aspecto,
concluímos que existem relações identitárias de moradia, caracterizadas pela Identidade de
Moradia. E o mais importante que os estudos revelaram: que nas relações identitárias de
moradia se desenvolvem sentimentos de identificação e pertencimento.
De tal modo, tomando estes sentimentos não somente como puras emoções,
podemos concluir que Identificação e Pertencimento podem ser elementos invariáveis na
questão da vivência de um lugar, na aspiração de uma vida e de se ter um lar, bem como do
anseio de viver e permanecer no mundo.
Que estes sentimentos de Identificação e Pertencimento observados na relação
identitária de moradia possam ser vistos não só pelos olhos dos arquitetos e construtores,
mas sirvam para um olhar mais humano no sentido de ser objeto de estudo na academia e
na sociedade pelas diferentes disciplinas, incluindo os urbanistas, sociólogos, geógrafos,
antropólogos, economistas e administradores do Estado, pois somente com o anseio de
viver e permanecer no mundo de um lar é que a humanidade poderá se desenvolver de
maneira mais sensível, fraterna e justa.
7.5. DESDOBRAMENTOS FUTUROS
A presente pesquisa abordou um tema extremamente importante que pode ser
desenvolvidos em subtemas e áreas afins, abrangendo ciências como psicologia social,
sociologia, antropologia e geografia, entre todas as outras que discutem e investigam o
espaço urbano e a moradia.
A metodologia adotada serve de base para outros estudos desenvolvidos em
contextos onde sejam encontradas características que guardem as mesmas similaridades,
através da avaliação e análise dos sentimentos de pertencimento e identificações nas
relações identitárias em parques, praças, áreas comerciais, áreas culturais e vários outros
tipos de regiões que abrangem o espaço urbano e indiquem relações entre o morador e a
moradia.
A pesquisa consolidou um banco de dados importante e que pode ser utilizado para
outras interpretações, não esgotando neste trabalho os estudos sobre o tema e sobre a
relação morador e moradia. Uma das possibilidades que se propõe é a de que estes dados
205
possam ser trabalhados com outras metodologias ou para a avaliação de outros elementos
que consideram a moradia. Estas informações podem ainda ser interpretadas somente para
aspectos do bairro, elencando itens dos bairros que se apresentarem diferentemente nas
diversas tipologias. Um outro estudo pode ser em relação à rua e as diferentes
características que fazem com que o morador se identifique com ela.
Por fim, consideramos que esta tese apresenta diversos pontos que possui um
imenso valor teórico e empírico, especialmente por sua busca e o tema adotado que, por
sua complexidade, merece ainda diversas contribuições para o seu maior aprofundamento.
Assim, muitas das indagações e inquietações que incorporam o assunto comprovam que
este estudo não se esgota aqui e, por isso, não se encontra acabado, principalmente por ser
tão amplo e possuir uma interdisciplinaridade que ultrapassa as fronteiras do urbanismo.
Que este trabalho seja um começo para novos desafios e aprofundamentos que caminhem
nessa direção.
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____________________________________________________________
ANEXO DAS ENTREVISTAS DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO
____________________________________________________________
220
ANEXO 1
____________________________________________________________
COPACABANA E BAIRRO PEIXOTO
____________________________________________________________
221
____________________________________________________________________________
ANEXO 1 ENTREVISTAS EM COPACABANA E BAIRRO PEIXOTO
Entrevista 03/fita 01/lado A
Data: 05/02/2007
Local: Copacabana.
Nome: Juliana Cunha.
Idade: entre 30 e 40 anos.
Você mora há quanto tempo aqui no bairro?
33 anos.
O que você pensa do bairro e da sua moradia?
Eu sou suspeita... Eu vivo tanto tempo em Copacabana que eu acho que eu não me adaptaria
em outro lugar. Eu gosto porque é tudo perto, comércio, lojas, comida, entretenimento... É tudo
pertinho. É um bairro diferenciado.
E em relação à rua, você gosta da sua rua?
Eu gosto.
E em relação à fachada do seu prédio? Como você vê esse visual de prédios?
São variados, tem vários estilos. É um contraste que no final, quando você vê de longe, quando
você vê da praia, dá um contraste bonito.
E andando por esses prédios, o que você pensa? Gostaria de morar num local onde tem
casas?
Eu gosto do lugar que eu moro, eu não gostaria de morar em casa.
Você tem um vínculo com a sua moradia, a rua, o bairro?
Com o bairro sim, com a rua não necessariamente. A gente já se mudou três vezes aqui perto
(...).
Quando você escolheu um edifício, você escolheu pela fachada, pelo local da rua?
Pelo prédio, pelo edifício em si, quantos quartos, cômodos... Pela fachada, claro que ela pode
ser bonita, mas é mais o que está dentro.
Entrevista 05/ sem gravação
Data: 06/02/2007
Local: Bairro Peixoto.
Nome: Marilene.
Idade: entre 50 e 60 anos.
Há quanto tempo mora no bairro?
Três anos.
Você é morador dessa rua?
Não.
Você mora em casa ou edifício de apartamentos?
Em apartamento.
Por que você escolheu morar aqui?
222
Porque meu filho mora aqui. Eu tenho uma casa no Irajá, só que eu a aluguei.
Como é a sua moradia?
É boa.
Você gosta do seu apartamento (ou casa)?
Gosto.
Qual o seu sentimento em relação à sua moradia?
Não me apego as coisas, gosto porque é do meu filho.
Qual o seu ideal de moradia?
Eu prefiro morar em apartamento, só que na minha idade eu não tenho mais um ideal de
moradia.
O que envolve o seu espaço de morar? Só a moradia ou a rua e o bairro também?
Envolve tudo.
O que você sente sobre todo esse visual de edifícios?
É muito bonito.
Você se sente em casa nele?
Sim.
O que pensa da sua rua?
Eu gosto.
O que mais gosta na sua rua?
A calma.
Você se sente ligado à sua rua?
Não.
Você gostaria de morar em outra rua?
Não.
O que você pensa sobre o seu bairro?
É um bairro confortável. Muito bonito, maravilhoso o visual de praia, no entanto é muito
violento.
Você gosta de morar aqui?
Não.
Você tem uma ligação com o seu bairro?
Não.
O que mais aprecia no seu bairro?
A praia.
Você gostaria de morar em outro bairro?
No que eu morava anteriormente.
Gostaria de acrescentar algo sobre sua moradia em seu depoimento?
A entrevistada fala muito da violência, do seu medo de sair de casa por causa da insegurança
e do isolamento em que vive em conseqüência do seu medo.
223
Entrevista 06/fita 01/lado A
Data: 06/02/2007
Local: Bairro Peixoto.
Nome: Daniela.
Idade: entre 20 e 30 anos.
Há quanto tempo mora no bairro?
Seis meses.
Você é moradora dessa rua?
Eu moro aqui perto, na Rua Figueiredo Magalhães.
Você mora em casa ou edifício de apartamentos?
Em apartamento.
Por que você escolheu morar aqui?
Pelo aluguel. Eu morava no Leblon, aí eu vim pra cá para diminuir um pouco.
Como é a sua moradia? Você gosta do seu apartamento (ou casa)?
Eu estou gostando. Eu pensava até que eu não ia gostar, mas a pracinha aqui eu gostei bem, a
praia...
Qual o seu sentimento em relação a sua moradia?
Eu gosto, mas vínculo assim eu não tenho.
O que envolve o seu espaço de morar? Só a moradia ou a rua e o bairro também?
A praça, a praia, o mercado, as ruas de Copacabana, a Barata Ribeiro...
O que você sente sobre todo esse visual de edifícios?
São bem antigos, eu acho um bairro antigo. Essas ruas, Barata Ribeiro e Nossa Senhora de
Copacabana eu não gosto. São bem antigos. Eu acho muito altos, muito gente que deve
morar...
E o seu prédio, você gosta da fachada do seu prédio?
Mais ou menos, tanto faz eu gosto.
Você gostaria de ter outro tipo de moradia?
Sim.
O que pensa da sua rua?
Eu gosto.
O que mais gosta na sua rua?
Ah tem mercado, ela é bem espaçosa, eu gosto.
O que você pensa sobre o seu bairro?
Eu gosto, mas tem muitos problemas, muitos moradores de rua, muita gente, essas coisas
assim.
O que mais aprecia no seu bairro?
Eu gosto porque tem tudo perto, qualquer coisa eu vou até ali, tem a Casa&Vídeo, as Lojas
Americanas, supermercado, tem tudo perto, não preciso pegar condução para ir.
Você gostaria de morar em outro bairro?
Sim, no Leblon.
224
Entrevista 07/fita 01/lado A
Data: 06/02/2007
Local: Bairro Peixoto.
Nome: Américo Ferreira da Silva.
Idade: entre 60 e 70 anos.
Há quanto tempo mora no bairro?
25 para 26 anos.
Você é morador dessa rua?
Eu moro nessa rua da praça.
Você mora em casa ou edifício de apartamentos?
É um prédio de três andares, ou quatro andares. Um é garagem e os outros apartamentos.
Por que você escolheu morar aqui?
O motivo especial é que eu estava procurando apartamento pra moradia e comprei aqui um
apartamento e estou aqui até hoje. O que me chamou atenção foi a calma, aqui não passa
ônibus, só caminhão de entrega, é um circuito meio fechado.
Você gosta do seu apartamento (ou casa)?
Adoro! É calmo.
Qual o seu sentimento em relação à sua moradia? Você tem algum vínculo com seu
apartamento?
Acontece que na altura que eu comprei, nós éramos oito pessoas, e o apartamento é grande,
(...), então por isso influiu na minha compra e até hoje eu moro aqui.
O que você sente sobre todo esse visual de edifícios?
Aqui eu gosto de tudo, só não gosto do ambiente em que estamos atravessando, muita
ladroeira, e é isso que está me fazendo pensar em sair daqui. Se eu sair daqui eu vou pra
minha terra, pra Portugal, porque assim não dá mais pra se viver (...).
O que você mais aprecia na fachada do seu prédio?
A fachada do meu prédio tem 58 anos e é o mesmo até hoje.
Você gosta?
Goste ou não, eu tenho que morar lá. É uma construção sólida, antiga, não tem problema
nenhum.
O que pensa da sua rua?
A minha rua eu gosto. É uma rua tranqüila (...), eu gosto dos moradores (...). Quem não gosta?
É uma maravilha!
O que você pensa sobre o seu bairro?
Não tenho nada a dizer nem a reclamar. Eu tenho a reclamar do ponto de vista que nós
atravessamos hoje, mais nada. Copacabana. Copacabana é Copacabana, conhecida
mundialmente.
O que mais aprecia no seu bairro?
Sossego.
Você gostaria de morar em outro bairro?
Não conheço mais bairro nenhum, só conheço esse aqui, eu moro aqui.
225
Entrevista 08/fita 01/lado A
Data: 07/02/2007
Local: Copacabana.
Nome: Heloísa Helena.
Idade: entre 50 e 60 anos.
Há quanto tempo mora no bairro?
Mais de 30 anos.
Você mora em casa ou edifício de apartamentos?
Apartamento.
Por que você escolheu morar aqui?
Olha, quando eu vim para cá, foi Copacabana o tempo todo...
Você ouvia falar do bairro, gostava do bairro, ou a senhora se mudou mais pelo apartamento?
Pelo apartamento não, porque eu não tenho apartamento próprio... Eu acho que o bairro é bom
pra se morar.
Como é a sua moradia?
Quarto, sala, cozinha, banheiro...
Você gosta do seu apartamento (ou casa)?
Eu gosto, é tranqüilo.
Qual o seu sentimento em relação à sua moradia? Você tem algum vínculo com seu
apartamento?
Eu gosto.
Você mora aqui há 30 anos no mesmo apartamento?
Não. Já me mudei, mas no mesmo bairro. Mas eu não tenho um vínculo, se fosse meu eu teria
(...).
Mas seria casa ou apartamento?
Apartamento mesmo. Casa não.
E aqui mesmo no bairro?
De preferência sim.
O que envolve o seu espaço de morar? Só a moradia ou a rua e o bairro também?
O bairro.
O que você sente sobre todo esse visual de edifícios?
Isso aí não tem o que fazer mesmo! Casa seria o ideal, mas não dá porque a população é
muito grande, então não dá mesmo.
O que você mais aprecia na fachada do seu prédio? A senhora gosta da fachada do seu
prédio?
Desse que eu estou morando até que não. É bom o condomínio e tudo, mas a fachada não é
bonita.
O que pensa da sua rua?
Eu gosto. É uma ruazinha tranqüila, só passa carro, não tem ônibus.
O que mais gosta na sua rua? A tranqüilidade.
226
O que você pensa sobre o seu bairro?
Poderia ser melhor na segurança, tirar os moradores de rua (...), mas do resto eu gosto.
Você gostaria de morar em outro bairro?
Eu gosto daqui. Eu já estou acostumada esses anos todos.
Entrevista 09/fita 01/lado A
Data: 07/02/2007
Local: Copacabana.
Nome: Leonardo Chagas.
Idade: entre 20 e 30 anos.
Há quanto tempo mora no bairro?
Três anos.
Você mora em casa ou edifício de apartamentos?
Apartamento.
Porque você escolheu morar aqui?
Por causa do meu trabalho.
Como é a sua moradia?
É legal.
Você gosta do seu apartamento (ou casa)?
Gosto.
Qual o seu sentimento em relação à sua moradia? Você tem algum vínculo com seu
apartamento?
Eu gosto dele, é legal, fora o bairro que também é maneiro. É por causa do bairro que o
apartamento se torna legal. Aqui é legal pra tudo, tem supermercado perto, pra sair à noite
também, várias opções.
O que você sente sobre todo esse visual de edifícios?
Eu gosto.
Você gosta da fachada do seu prédio?
Gosto. Acho que não tem que mudar nada não.
Qual o seu ideal de moradia?
Futuramente um que seria meu mesmo. Poderia ser em Copacabana mesmo. Poderia ser um
apartamento pequeno numa rua mais pra cima e menos barulhenta, porque seria mais barato
também.
O que pensa da sua rua?
Eu gosto. Tirando os mendigos de rua.
O que mais gosta na sua rua?
Os bares.
O que envolve o seu espaço de morar? Só a moradia ou a rua e o bairro também?
Mais a rua.
O que você pensa sobre o seu bairro?
227
É um bairro legal, bom de você morar porque tem várias opções. A única coisa que é ruim é a
falta de segurança, porque na noite para quem não conhece muito a praia, pra quem vai visitar,
é um perigo. (...).
Você gostaria de morar em outro bairro?
Se eu encontrasse um outro apartamento legal em outro bairro eu moraria.
O que mais gosta no bairro?
Não tenho como dizer, eu gosto de tudo.
Entrevista 10/fita 01/lado A
Data: 07/02/2007
Local: Copacabana.
Nome: José Pimentel.
Idade: entre 60 e 70 anos.
Há quanto tempo mora no bairro?
Há 60 anos.
Você mora em casa ou edifício de apartamentos?
Apartamento.
Por que você escolheu morar aqui?
Eu não escolhi, foi meu pai quem escolheu porque eu era muito pequeno.
Como é a sua moradia?
Lá é bom, é no Posto 6, moro na Av. Nossa Senhora de Copacabana, num apartamento com 3
quartos, (...). Estou satisfeito, acho o bairro maravilhoso, o que falta é só a segurança (...).
Você gosta do seu apartamento (ou casa)?
Estou bem, estou satisfeito.
Qual o seu sentimento em relação à sua moradia? Você tem algum vínculo com seu
apartamento?
Eu não moraria em outro lugar, tenho um vínculo com o bairro, não gostaria nunca de mudar
daqui.
O que envolve o seu espaço de morar? Só a moradia ou a rua e o bairro também?
É o bairro de uma maneira geral.
O que você sente sobre todo esse visual de edifícios?
Eu acho bonito, está muito bom.
O que pensa da sua rua?
Eu gosto.
O que mais gosta na sua rua?
Eu gosto propriamente da rua, geralmente daqui a gente gosta muito da praia.
Você gostaria de morar em outra rua?
Não tenho nenhuma preferência, desde que seja em Copacabana eu acho que elas são todas
boas para se morar.
O que você pensa sobre o seu bairro?
Eu acho ótimo em todos os aspectos, menos na questão da insegurança.
228
Você gostaria de morar em outro bairro?
Não.
O que mais gosta no bairro?
Final de semana quando tem sol, a praia.
Entrevista 11/fita 01/lado A
Data: 07/02/2007
Local: Copacabana.
Nome: Não quis se identificar.
Há quanto tempo mora no bairro?
Desde 1995.
Você mora em casa ou edifício de apartamentos?
Apartamento.
Por que você escolheu morar aqui?
Primeiro eu comecei a morar com um amigo, depois casei e continuei morando, gostei e
continuei morando. Quando eu cheguei aqui meu amigo já morava.
Como é a sua moradia?
Meu edifício é de 12 andares. Meu apartamento é grande, dois quartos.
Você gosta do seu apartamento (ou casa)?
Sim.
Qual o seu sentimento em relação à sua moradia? Você tem algum vínculo com seu
apartamento?
Eu não tenho um vínculo com ele, tenho sim pela rua, eu gosto da rua.
Você tem um ideal de moradia?
Não. Eu moro de aluguel e no dia que eu puder comprar eu vou comprar aqui.
O que envolve o seu espaço de morar? Só a moradia ou a rua e o bairro também?
A casa, o bairro e a rua.
O que você sente sobre todo esse visual de edifícios?
Legal.
O que pensa da sua rua?
Eu gosto.
O que mais gosta na sua rua?
É uma rua calma. O silêncio, passa pouco carro, pouco barulho. Então eu acho que em
Copacabana a melhor rua que tem é a Domingos Ferreira.
Você gostaria de morar em outra rua?
Não.
O que mais gosta no bairro?
Eu gosto do bairro porque é 24 h, 24 h tem alguma coisa aberta, tem uma farmácia, tem um
quiosque..
Você tem uma ligação com o seu bairro?
Eu tenho com rua.
229
Você gostaria de morar em outro bairro?
Urca.
Entrevista 12/fita 01/lado A
Data: 07/02/2007
Local: Bairro Peixoto.
Nome: Lourdes.
Idade: entre 30 e 40 anos.
Há quanto tempo mora no bairro?
Há 10 anos.
Você mora em casa ou edifício de apartamentos?
Apartamento.
Por que você escolheu morar aqui?
Na verdade eu não escolhi, o emprego do meu marido é que exigiu...
Você gosta do seu apartamento (ou casa)?
Não. Eu gosto do bairro onde eu moro.
Qual o seu sentimento em relação à sua moradia? Você tem algum vínculo com seu
apartamento?
Não tenho nenhum vínculo.
O que envolve o seu espaço de morar? Só a moradia ou a rua e o bairro também?
Só a casa mesmo.
O que você sente sobre todo esse visual de edifícios?
Eu não gosto. Eu gostaria de morar num lugar com mais árvores, menos prédios.
Você gosta da fachada do seu prédio?
Gosto, eu acho bonita.
O que pensa da sua rua?
A minha rua é tranqüila...
O que mais gosta na sua rua?
A tranqüilidade.
Você gostaria de morar em outra rua?
Não.
O que você pensa sobre o bairro?
É bom, oferece muita coisa, praia perto, tudo perto, lojas, tem a pracinha que é perto, é ótimo.
O que mais gosta no bairro?
O que eu mais gosto é da praia, dos quiosques, é ótimo, eu gosto.
Você tem uma ligação com o seu bairro?
Não.
Você gostaria de morar em outro bairro?
Rio das Pedras ou Leblon.
230
Entrevista 13/fita 01/lado B
Data: 07/02/2007
Local: Copacabana.
Nome: Roberto.
Idade: entre 50 e 60 anos.
Há quanto tempo mora no bairro?
Cinco anos.
Você é morador de qual rua?
Barata Ribeiro.
Você mora em casa ou edifício de apartamentos?
Apartamento.
Por que você escolheu morar aqui?
Na verdade eu não escolhi, eu morava na Barra da Tijuca, (...), E quando a minha esposa
faleceu, eu descobri que estava em estado de choque e minha filha disse que eu não podia
ficar sozinho e me trouxe aqui pra Copacabana. (...). Eu descobri que aqui é um paraíso,
porque você não precisa de carro, eu morava num lugar que pra comprar um pão eu tinha que
pegar um carro e sair na auto-estrada, (...). Depois que eu vim pra cá eu vi que isso aqui é uma
maravilha, não preciso do carro, (...), uma outra coisa boa, aqui tem o metrô, (...). Então eu
gosto daqui porque aqui tem tudo e eu não dependo do carro, (...).
Você gosta do seu apartamento (ou casa)? Como é a sua moradia?
Eu gosto do prédio onde eu moro, mas o apartamento é muito pequeno, embora ele tenha três
quartos, são três quartos muito mal projetados, são pequenos, a distribuição não é boa, é uma
arquitetura antiga, (...). A arquitetura de Copacabana é de apartamentos antigos, com poucas
vagas de garagem.
Qual o seu ideal de moradia?
Um apartamento maior.
O que você sente sobre todo esse visual de edifícios?
O visual é o seguinte, você tem dois aspectos aqui: primeiro os que estão na Avenida Atlântica,
o visual é muito bom, saiu da Avenida Atlântica, o negócio começa a não ficar bom, a não ser
lá pelo Posto 6, mas para cá o visual poderia ser bem melhor.
Você tem algum vínculo com o bairro?
Sim.
O que mais gosta na sua rua?
O comércio.
Você gostaria de morar em outra rua?
Numa rua que faz esquina com a minha rua, porque é bem mais tranqüila.
O que você pensa sobre o bairro?
Eu descobri que aqui é um paraíso, porque você não precisa de carro, aqui tem metrô, eu
gosto daqui porque aqui tem tudo. Aqui é bom demais para a minha idade, para as pessoas
com mais idade é um bom lugar.
O que mais gosta no bairro?
O que eu mais gosto é da praia, dos quiosques, é ótimo, eu gosto.
Você gostaria de morar em outro bairro? Não.
231
Gostaria de acrescentar algo?
O que eu tenho a acrescentar é que eu gosto dessa igreja, ela tem muitas atividades, tem
curso de tudo o que você quiser, é incrível!
Entrevista 14/fita 01/lado B
Data: 08/02/2007
Local: Bairro Peixoto.
Nome: Paulo Martins.
Idade: entre 50 e 60 anos.
Há quanto tempo mora no bairro?
Seis anos.
Você é morador de qual rua?
Raimundo Correa.
Você mora em casa ou edifício de apartamentos?
Apartamento.
Por que você escolheu morar aqui?
Não é propriamente uma escolha, as pessoas vão vivendo e as coisas vão acontecendo, e a
minha mulher comprou um apartamento aqui e nós viemos morar aqui. Mas eu gosto do bairro
de Copacabana, tem muita coisa, ao contrário, eu gosto da praia. Aqui tem o problema do
roubo e tudo mais, mais isso hoje em dia é em todo lugar.
Você gosta do seu apartamento (ou casa)? Como é a sua moradia?
Gosto. É um apartamento bem agradável.
E você tem algum sentimento em relação a ele? Se sente em casa? Se sente bem? Gostaria
de morar em outro lugar?
Não tenho nenhuma pretensão. Me sinto em casa.
O que envolve o seu espaço de morar? Só a moradia ou a rua e o bairro também?
De um modo geral o prédio. Eu gosto dos porteiros, da vizinhança, do prédio e tudo mais,
então eu estou bem envolvido ali no local.
O que você sente sobre todo esse visual de edifícios?
Isso é muito bom! Aliás, Copacabana é um bairro muito bom, tem a praia, tem montanhas, etc
e tal, de maneira que é agradável de um modo geral.
O que você mais gosta na fachada do seu prédio?
Nós reformamos o prédio há pouco, colocamos pastilhas, etc e tal, uma nova portaria, e ficou
bem agradável.
Você tem alguma ligação com a sua moradia?
Completamente.
O que mais gosta na sua rua?
Olha, eu também gosto da rua, porque é uma ruazinha tranqüila, é arborizada, tranqüila, eu
gosto da rua.
Do que mais você gosta na rua?
232
Olha, eu não sou muito de estar na rua, eu saio assim como estou aqui agora, pra uma praça
como essa aqui, e na rua quando eu saio não tem nenhuma... mas gosto de um modo geral,
gosto da rua.
O que mais gosta no bairro?
Da praia.
O que te liga ao seu bairro?
Eu não sei, mas eu acho que de um modo geral nada me desagrada no bairro. Gosto da praia,
gosto da praça da qual eu estou agora, gosto da rua, gosto do apartamento, de maneira que
pretendo ficar aqui até o fim.
Entrevista 15/fita 01/lado B
Data: 08/02/2007
Local: Bairro Peixoto.
Nome: Pedro Paulo.
Idade: entre 30 e 40 anos.
Há quanto tempo mora no bairro?
Seis anos.
Você gosta do bairro de Copacabana?
Eu gosto do bairro de Copacabana, mas eu prefiro onde eu estou morando, que é o bairro
Peixoto, que é um oásis dentro de Copacabana. Copacabana em si, eu gosto de alguma coisa,
algumas partes de Copacabana, outras eu não moraria jamais! E temos também um problema
aqui endêmico, você tem em Copacabana, Ipanema... que é a questão da violência.
Copacabana tem se mostrado bem violento.
Por que você escolheu morar aqui?
Porque meus pais moram perto aqui de Copacabana e eu acabei encontrando esse lugar que
eu estou morando agora, que é o que eu chamo de casamento, uma mistura de casa com
apartamento.
O que é a moradia para você?
Meu oásis. Eu chego do trabalho, é onde eu... é um oásis mesmo, é como se eu tivesse num
deserto aí da vida, e...
E o que você sente pela sua moradia?
É um ninho. É um ninho onde eu tenho as coisas que eu amo, tenho as coisas que eu gosto,
tem os detalhes da minha vida, é onde eu mais gosto de ficar, eu gosto de ficar mais aqui do
que em qualquer outro lugar do mundo.
O que envolve o seu espaço de morar? Só o seu apartamento, ou a rua e o bairro também?
Envolve algumas coisas. A cafeteria que eu vou, o cinema que eu vou, a loja de CD, mas como
eu andei viajando muito pelo mundo a fora, eu estou aqui relativamente há pouco tempo, de
volta ao Brasil, então alguns lugares são também um pouco de moradia, como o Cafeína, uma
cafeteria que tem ali, uma loja de discos que antigamente era Billboard, a nova casa que tem
ali, Argumento, que é pertinho... Mas aqui não se compara com o meu lar mesmo. Quando eu
tranco aquela porta, que eu fecho a porta, coloco o meu CD, aqui se torna o lugar que eu mais
quero ficar.
O que você sente sobre todo esse visual de edifícios?
Nesse bairro que eu moro específico, os prédios são tombados pelo patrimônio histórico, então
eu gosto muito de ver essa arquitetura da década de 40... Em Copacabana, eu acho muito
233
bonito os portões, as portas de entrada dos prédios, algumas já são antigas, Art déco, Art
nouveau, tem também construções da década de 50, década de 60, e principalmente na
Avenida Atlântica, que tem prédios muito bonitos. Tem um prédio ali que é o meu sonho de
consumo, que é onde mora o Niemeyer, que é um que parece uma onda.
O que você pensa da sua rua?
É um ninho, é um oásis, é uma coisa bacana, é um local gostoso de se morar. Não tem muitos
carros passando...
Você se sente ligado à rua?
Não. Não me sinto ligado afetivamente à rua, me sinto ligado afetivamente ao que eu fiz aqui
dentro da minha casa, meus livros, às miniaturas que eu trago do mundo todo, às minhas
fotografias, às minhas pinturas, aos meus quadros, à minha comida, aos meus temperos, isso
é meu lar! Isso eu posso levar pro Acre, posso levar pra Londres, e vai ser sempre meu lar.
Mas eu gosto de subir e descer a rua, ver as árvores, mas afetivamente eu não tenho uma
ligação ainda com essa rua.
Você tem alguma ligação com o bairro?
Com o bairro em si tenho, com essa questão de continuar mantendo essa questão da
tranqüilidade, de não construir prédios mais altos que deveriam ser construídos. Então eu fico
mais tranqüilo nesse bairro por causa disso, eu sei que de repente do meu lado não vai surgir
um arranha céu de 20 andares, que vai encobrir a vista.
Você mudaria daqui pra Copacabana propriamente dita?
Não. Eu não gostaria.
Gostaria de morar em outro bairro aqui no Rio de Janeiro?
Gostaria. Mas a questão de morar em Copacabana, eu só moraria aqui, talvez alguma coisa no
Posto 6, e talvez a rua Mascarenhas de Morais, que é uma rua tranqüila também.
Entrevista 16/fita 01/lado B
Data: 08/02/2007
Local: Bairro Peixoto.
Nome: Greice.
Idade: entre 30 e 40 anos.
Há quanto tempo mora no bairro?
Estou aqui há um ano e dois meses.
Você é moradora de casa ou edifício de apartamentos?
Apartamento.
Porque você escolheu morar aqui?
Por causa da pracinha, o bairro é tranqüilo, é bom de se morar, nem parece que você não está
dentro de Copacabana.
Como é a sua moradia? Como é a fachada do seu prédio?
É boa, normal, nada de especial, normal. Não tem nada de luxo não.
Você gosta da sua moradia?
Não, da minha casa não, porque ele é de fundos e é escuro, e tem muitos cachorros no prédio.
Qual o seu sentimento em relação à sua moradia?
Assim que tiver uma oportunidade, me mudar, do apartamento, não do bairro.
234
O que envolve o seu espaço de morar? Só o seu apartamento, ou a rua e o bairro também?
É o bairro.
O que você sente sobre todo esse visual de edifícios?
Gosto, não vejo nada de péssimo nesses prédios não, normal, como se fosse um outro lugar
cheio da casas, ao invés de casa, apartamentos.
O que você mais aprecia na fachada do seu prédio?
Eu não gosto.
O que você pensa da sua rua?
É tranqüila, é boa.
O que você mais gosta da sua rua?
As árvores.
Você se sente ligada à sua rua?
Eu me sinto, porque a gente está sempre zelando pela rua, mantendo, acho que sim.
O que você pensa sobre o bairro de Copacabana?
Eu gosto.
Você gostaria de morar em outro bairro?
Eu gosto daqui, mas eu gosto de Ipanema, gosto do Leblon, gosto do Leme...
O que você mais gosta no bairro de Copacabana?
Estar perto de tudo, do comércio, farmácia, supermercado, lojas... Você não precisa se
deslocar pra nada.
Entrevista 17/fita 01/lado B
Data: 08/02/2007
Local: Bairro Peixoto.
Nome: Maria das Graças.
Idade: entre 75 e 85 anos.
Há quanto tempo mora no bairro?
Não tenho mais noção não, muitos anos.
Você é moradora de qual rua?
Figueiredo Magalhães.
Você é moradora de casa ou edifício de apartamentos?
Apartamento.
Por que você escolheu morar aqui?
Meu marido era militar, foi transferido para cá e a gente escolheu esse apartamento, depois ele
faleceu e eu fiquei aqui.
Como é a sua moradia?
Três quartos, sala de jantar, cozinha...
Você gosta da sua moradia?
Gosto, é de frente para a rua.
Qual o seu sentimento em relação à sua moradia? A senhora tem alguma ligação com ela?
235
Não com ela não, mas fico satisfeita de estar morando ali, tudo bem.
O que envolve o seu espaço de morar? Só o seu apartamento, ou a rua e o bairro também?
No princípio só a moradia, porque eu nem vinha nessa praça.
Você gosta da sua rua?
Gosto. Tem muita gente que acha barulhento, porque eu moro num apartamento de frente...
Você tem alguma ligação com a sua rua?
Não tenho essas coisas não, eu acho que a minha raiz é Recife.
Você gosta do bairro?
Eu gosto porque aqui eu posso ir a tantos lugares.
Você tem alguma ligação com o bairro?
Não, a minha filha mora aqui e eu não gostaria de morar perto dela não porque ela mora numa
ladeira muito grande, a outra mora num lugar de muito movimento...
Você gostaria de acrescentar alguma coisa à sua entrevista?
Eu gosto, eu não acho muito barulhento não, (...), mas eu me sinto bem, eu me sinto segura,
acho o acesso bom...
Entrevista 18/fita 01/lado B
Data: 08/02/2007
Local: Copacabana.
Nome: Meg Morais.
Idade: c
Há quanto tempo mora no bairro?
14 anos.
Você é moradora de casa ou edifício de apartamentos?
Apartamento.
Por que você escolheu morar aqui?
Eu antes morava na Barra, eu tenho uma filha de 19 anos e um filho de 14 anos, daí a gravidez
do meu filho foi muito complicada, e o médico dele era aqui, minha sogra morava aqui, então
eu tinha que estar muito aqui. Aí a gente veio pro neném nascer, e aí foi ficando, ficando e deu
certo, porque imagina o que era a Barra há 19 anos atrás. Cheguei em Copacabana, era tudo
perto, farmácia, supermercado, você ligava entregavam, então, tinha essa facilidade.
Como é a sua moradia?
Excelente! Graças à Deus! Eu me considero uma pessoa privilegiada em questão de moradia.
Eu moro na Tonelero, numa cobertura, então eu não tenho problema de ter morro, de ter
problema de bala perdida, porque todo mundo hoje que mora em Copacabana, perto desses
lugares tem. Apesar de ser Tonelero, esquina com Siqueira Campos, que é onde começa a
Tabajara, atrás do meu apartamento tem outros prédios, então eu fico super segura, não tem
mesmo nenhum problema.
Você se sente em casa na sua moradia?
Olha, no meu apartamento não só eu me sinto em casa como a maioria das pessoas que vão
lá falam “Nossa, parece uma casa de fazenda”, porque é muito grande, são 480 m², é um
negócio assim exageradamente grande! E eu adoro.
Você tem alguma ligação com a sua moradia?
Tenho. Eu gosto que a minha casa seja bonita, quer tenha um astral legal...
236
O que envolve o seu espaço de morar? Só o seu apartamento, ou a rua e o bairro também?
Eu tenho essa coisa assim de morar na rua... tem gente que você vai, por exemplo, comprar
um imóvel ou alugar, aí o cara vem e fala “Olha a vista, olha isso, olha aquilo”, eu não moro na
vista, eu não moro na rua, eu moro dentro do meu apartamento! Então eu acho que o legal é
você estar em paz ali dentro. Uma decoração legal, ambientes leves, eu acho que isso é que
faz a minha cabeça.
O que você sente sobre todo esse visual de edifícios?
Horrível! Acho horrível, mas não tem jeito, porque é um bairro muito antigo, tanto é que você vê
muito idoso. O meu apartamento é muito bom, mas a portaria é horrorosa! Porque é um prédio
muito antigo (...), mas eu não troco aquilo ali por nenhum prédio na Barra, não troco mesmo.
Primeiro porque eu não vou conseguir ter um apartamento do tamanho do que eu tenho, vai
ser muito mais caro.
O que você mais aprecia na fachada do seu prédio?
Eu acho que quem fez, que quem construiu escolheu o melhor, (...), não tem nada a ver
comigo, mas eu admiro,porque na época foi o melhor.
O que você pensa da sua rua?
A minha rua é maravilhosa! Primeiro porque tem farmácia, todos os supermercados são na
esquina, o metrô é do lado, não é uma rua barulhenta, não é uma rua tipo a Nossa Senhora ou
a Barata Ribeiro. Copacabana tem algumas ruas legais para morar, Tonelero é uma delas, a
Domingos Ferreira, ruas assim bem residenciais mesmo.
Você se sente ligada à sua rua?
Eu conheço todo mundo! O cara do açougue, o dono da farmácia, o dono da padaria (...), mas
eu me amarro.
O que você mais gosta no bairro de Copacabana?
O que eu mais gosto aqui é o calor humano, você fala com todo mundo, todo mundo te
conhece, não é uma coisa que as pessoas não se aproximam... Adoro academia, gosto da
praia...
Você se sente ligada ao bairro?
Acho!
Você gostaria de morar em outro bairro?
Não! Pode todo mundo falar o que quiser de Copacabana, que eu prefiro Copacabana. Eu
acho que Copacabana é surreal! Você tem de tudo aqui, todo tipo de gente, todo mundo que
vem do Norte, Nordeste, ou do interior, está em Copacabana, tem uns moradores antigos que
viram Copacabana ser construída, eu ainda encontro essas pessoas.
A senhora gostaria de acrescentar alguma coisa à sua entrevista?
Só acho que Copacabana está uma coisa meio suja. Tem tudo para ser melhor!!! Todo turista
que vem para o Brasil quer vir pra onde? Copacabana! E uma coisa que me incomoda,
domingo, por exemplo, a feira na pracinha, você vai para a praia e vê famílias e famílias que
vem de outros bairros pra ficar pedindo, isso me incomoda.
Entrevista 19/fita 01/lado B
Data: 08/02/2007
Local: Copacabana.
Nome: Cristina.
Idade: entre 30 e 40 anos.
Há quanto tempo mora no bairro?
237
17 anos.
Você é moradora de casa ou edifício de apartamentos?
Apartamento.
Por que você escolheu morar aqui?
Primeiro porque tem tudo perto, e eu morava em Ipanema e achei melhor vir pra cá. Gosto
mais de Copacabana do que de Ipanema.
Como é a sua moradia?
É um apartamento pequeno, quarto e sala.
Como é o seu prédio?
É pequeno, não tem muitos moradores, tranqüilo.
Qual o seu sentimento em relação à sua moradia? A senhora tem alguma ligação com ela?
Pra mim no momento está sendo ótimo, não tenho nada a reclamar, se tivesse um pouquinho
mais de espaço seria bom...
Qual o seu ideal de moradia?
Olha eu gostaria de morar num apartamento que tivesse pelo menos mais um quarto, porque
eu tenho dois filhos... Seria aqui em Copacabana.
O que envolve o seu espaço de morar? Só o seu apartamento, ou a rua e o bairro também?
Eu acho que é o bairro também que ajuda...
O que você pensa sobre esse visual de edifícios de Copacabana?
Isso agora já não tem mais como mudar, antigamente tinham muitas casas (...), então eu já me
acostumei.
O que você pensa da sua rua?
Por incrível que pareça minha rua é bem tranqüila, não tem botequim... O que tem muito são
moradores de rua.
Você gosta da sua rua?
Gosto.
Você gosta da fachada do seu prédio?
Gosto. Ela foi reformada há um ano, está bem bonita a fachada.
O que você gosta mais na sua rua?
A tranqüilidade pra você dormir.
Você gostaria de morar em outra rua?
Só se fosse uma rua bem tranqüila.
O que você pensa do seu bairro?
O bairro está muito largado, pelo policiamento, pelas meninas que trabalham à noite. Então é
assim um bairro tachado de prostituição (...).
Você gosta do bairro?
Eu gosto, mesmo assim eu gosto.
Você moraria em outro bairro?
Não!
O que você mais gosta no bairro?
238
Da praia, é meu relaxamento. Conheço todo mundo, já vou ali há 17 anos...
A senhora gostaria de acrescentar alguma coisa à sua entrevista?
É um bairro que tem muitos bares, restaurantes que eu gosto, tirando esse pessoal de rua, e
essa prostituição eu acho que o bairro ia ficar bem melhor.
239
ANEXO 2
____________________________________________________________
ENTREVISTAS NA TIJUCA
____________________________________________________________
240
____________________________________________________________________________
ANEXO 2 - ENTREVISTAS NA TIJUCA
Entrevista 01/fita 02/lado A
Data: 13/02/2007.
Local: Vila da Rua São Francisco Xavier/ número 555.
Nome: Roberto.
Idade: entre 20 e 25 anos.
Há quanto tempo mora no bairro?
Há 10 anos.
Você é morador de casa ou edifício de apartamentos?
Casa (vila).
Por que você escolheu morar aqui?
Na verdade essa casa aqui é da minha família desde que o meu pai tinha 13 anos, meu pai
tem 52, ele ainda mora aqui. Aí minha avó faleceu há 10 anos atrás, ele veio morar aqui. Eu
estou morando com ele há cinco anos, nessa casa nossa há 10 anos.
Como é a sua moradia?
Pra mim é ótima, pra criança é mais segurança, ela pode brincar aqui à vontade, com esse
portão protegendo... aqui tem muito carro, muito assalto. Morar em vila é uma ótima.
Você gosta de morar aqui?
Muito!
Qual o seu sentimento em relação à sua moradia?
Eu particularmente sinto tudo de bom porque é uma casa da minha família há muito tempo,
então, eu penso que se infelizmente meu pai vier a falecer, pretendo continuar com essa casa
também, por toda história que ela tem.
O que envolve o seu espaço de morar? Só o seu apartamento, ou a rua e o bairro também?
Eu junto o útil ao agradável! A vila é ótima, meu pai passou a infância, eu passei a infância, vila
boa. Aqui tem Maracanã, tem a faculdade, tem bares aqui, shopping, ponto de ônibus pra tudo
quanto é lugar. Pra mim é tudo de bom aqui.
O que você sente sobre todo esse visual de edifícios?
Confesso que eu nunca parei pra reparar e analisar, pra falar a verdade.
O que você acha sobre esse contraste entre vila e prédio?
Eu preferia que tivesse mais vilas. Prédio, sei lá, vila cada um tem sua casa, faz seu estilo, faz
uma coisa mais antiga, parece que foi da época dos nossos pais... a gente entra aqui e parece
que é um mundo totalmente fora do Rio.
Você se sente ligado à sua rua?
Da rua da vila eu me sinto ligado por tudo o que eu já falei, em relação a tempo. A (rua) São
Francisco, pra falar a verdade eu não me sinto muito ligado não.
Você gostaria de mora em outra vila, ou outra rua?
Não, não. Não gostaria não.
O que você pensa sobre o bairro?
241
Há um tempo atrás era um bairro muito bom, hoje em dia está muito violento. Hoje em dia tá
brabo pra morar aqui.
Você tem uma ligação com o bairro?
Há um tempo que eu moro aqui. Só morei três anos na Ilha, tirando isso, passei, eu acho, que
a minha vida toda morando na Tijuca, Vila Isabel. Na verdade aqui é de tudo um pouco, você
atravessa uma rua é Maracanã, atravessa outra rua é Vila Isabel, atravessa outra rua é Tijuca.
Você gostaria de morar em outro bairro?
Um bairro que eu morei e que eu gostei, foi o que eu falei, na Ilha, Jardim Guanabara, o bairro
também é muito bom.
Você se sente um Tijucano?
Todo mundo que mora nesse bairro se sente. Hoje em dia é mais Vila Isabel, porque agora
com a escola de samba, aí o orgulho subiu um pouco. Na maioria todo mundo diz que é
Tijucano.
E como é ser Tijucano?
Normalmente a pessoa é mais apelidada de carioca da gema. Quem mora na Tijuca é carioca,
carioca, carioca mesmo! Quem mora na Tijuca tem mais orgulho, porque carioca tem orgulho
de ser carioca. Chega até a ser chato fora do Rio de Janeiro, tem até gente que olha mal a
gente. Carioca... Todo carioca tem orgulho de ser carioca.
Você gostaria de acrescentar alguma coisa à sua entrevista?
Aqui, se tivesse menos violência, ficaria perfeito. Perfeito! Nunca pensaria em me mudar daqui!
O que atrapalha aqui é em relação à violência. Muita gente aqui é assaltada aqui na porta. Sai
e é assaltada.
Entrevista 02/fita 02/lado A
Data: 13/02/2007.
Local: Vila da Rua São Francisco Xavier/ número 555.
Nome: Samuel Gomes.
Idade: entre 40 e 50 anos.
Há quanto tempo mora no bairro?
15 anos.
Você é morador de casa ou edifício de apartamentos?
Casa (vila).
Por que você escolheu morar aqui?
Olha, porque eu trabalho na UERJ, em frente ao meu trabalho. Então a preferência foi aqui. Eu
sempre tive vontade de morar próximo ao trabalho.
Como é a sua moradia?
Muito boa!
Você gosta da sua casa?
Gosto.
Qual o seu sentimento em relação à sua moradia?
Um ótimo lugar pra se morar, um ótimo ambiente, a casa é ótima, o lugar, os vizinhos, o
ambiente é ótimo mesmo. Muito bom!
242
Você tem alguma ligação com a sua moradia?
Tenho uma ligação, um sentimento muito bom!
O que envolve o seu espaço de morar? Só o seu apartamento, ou a rua e o bairro também?
Eu prefiro mais a minha casa, porque eu sou aquela pessoa caseira, e nos momentos das
minhas folgas eu prefiro ficar com as coisas que eu fiz.
O que você acha sobre esse contraste entre vila e prédio?
O visual é muito bom, não resta a menor dúvida, mas cada um tem a sua preferência. Eu
sempre gostei de morar em casa baixa, portanto eu escolhi morar na vila que é um lugar
tranqüilo, um ambiente ótimo, eu aconselharia qualquer um a morar numa vila porque é muito
bom.
O que você mais aprecia no visual das fachadas?
O visual da casa, como é vila, o visual até não aparece muito, é uma casa de frente pra outra.
Mas pelo meu entender o visual é ótimo, está tudo conforme eu queria.
Você se sente em casa?
Muito em casa! Em relação a morar a 200 metros do trabalho... Para mim só em evitar em
pegar condução para ir pro trabalho é uma maravilha!
Você gostaria de ter outro tipo de moradia?
Até tenho, porque eu tenho mais de uma casa, tanto é que a outra está alugada e eu prefiro
ficar nesta aqui.
O que você pensa da sua rua?
Muito movimentada como todos conhecem, uma rua muito conhecida... A única coisa que eu
lamento aqui neste lugar é em relação à chuva, aqui basta dar 10 minutos de chuva que alaga
tudo.
O que você mais gosta na rua?
O comércio, muito bom. Moro próximo a dois comércios muito bons que é o Rio 40 Graus e o
Planeta do Chopp, música ao vivo... Então eu gosto muito de ficar próximo à praça...
Você gostaria de morar em outra rua?
Não, minha preferência sempre foi aqui.
O que você pensa sobre o bairro?
Apesar de o bairro ser considerado um pouco violento, pra mim não tem nada a ver, porque eu
sou aquela pessoa que fica sempre próxima, no Chopp, na praça e tal, quando não estou
próximo, estou fora daqui, num outro lugar, num sítio, ou casa de praia...
Você tem uma ligação com o bairro?
Tenho muita ligação, adoro o bairro. Me sinto muito ligado mesmo, adoro o Maracanã, a Vila
Isabel, o ambiente é bom, boas amizades, tenho boas ligações aqui.
O que você mais aprecia no bairro?
Primeiro o que eu adoro, eu sou flamenguista, é estar próximo ao Maracanã, e quando o meu
time joga estou sempre lá!
Você gostaria de morar em outro bairro?
Não, não. Eu me acostumei tanto aqui que eu não tenho preferência em morar em outro bairro.
A gente se acostuma com o local em que vive muito tempo. Eu não almejo morar em outro
bairro não, por exemplo, Copacabana, Barra, nada disso me enche os olhos.
Você se sente um Tijucano?
Muito Tijucano!
243
E como é ser Tijucano?
É você residir na localidade, gostar do ambiente, gostar do trabalho, gostar da população e
gostar de todo o seu comércio e amizades. É adorar a Tijuca, amar igual eu amo de coração!
Entrevista 03/fita 02/lado A
Data: 13/02/2007.
Local: Rua Dulce.
Nome: Hilda Fernandes de Oliveira.
Idade: entre 55 e 65 anos.
Você é moradora de casa ou edifício de apartamentos?
Apartamento.
De quantos andares?
De sete.
Por que você escolheu morar aqui?
Porque eu morava em Jacarepaguá e tive que mudar, e porque aqui mora a minha filha, mora
a minha irmã, pra ficar todos juntos.
Você é proprietária?
Proprietária.
Como é a sua moradia?
É térreo e é de fundos.
Você gosta da sua moradia?
Gosto, gosto muito daqui, adorei, isso aqui é muito bom! Os vizinhos são muito bons, muito
bom...
O que a senhora pensa da sua moradia?
Nada. Vou ficar lá até morrer. Se eu não quiser ficar mais vou pra outro canto.
Você tem alguma ligação com a sua moradia?
Não. Tanto faz. São dois velhos dentro de uma casa, só eu e meu marido.
O que envolve o seu espaço de morar? Só o seu apartamento, ou a rua e o bairro também?
Só o apartamento. Aquilo ali é igual a uma prisão. Apartamento é igual ficar preso. Eu venho
pra aqui porque me levanto cedo, daí venho pra praça, porque eu ando meio adoentada, aí eu
abri a maca e deixei a maca lá e fui pra rua. Não trabalho fora não nem pra ninguém, trabalhei
fora, sou aposentada, meu marido também é aposentado...
O que você acha sobre esse visual de edifícios?
Pra mim tanto faz, eu gosto baixo, não gosto de morar em canto alto não, só tendo elevador,
escada não.
O que você mais aprecia no visual das fachadas?
Muito feio! Muito feio, mas os vizinhos são muito bons.
Você se sente em casa?
Me sinto em casa. Às vezes meu marido sai, eu fico sozinha, só tem nós dois, aí eu fico
sozinha, fico lá no meu quarto, ligo a televisão, fico vendo a televisão...
Você gostaria de ter outro tipo de moradia?
244
Não, por aqui só se fosse casa, e casa eu tenho medo, eu acho que apartamento é mais
guardado. Pelo menos o que eu moro é todinho de grade, tem grade nele todinho, você pode
ficar, não precisa fechar as portas de chave nem nada, só a porta da frente, a porta da frente
não, tem duas chaves...
O que você pensa da sua rua?
Eu gosto.
O que você mais gosta na rua?
A calma, é muito calma...
Você se sente ligada à rua?
Me sinto. Não sou muito de andar na rua não, eu passeio aqui, e aí minha irmã mora aí na
Lafayette Cortes 55, quando eu estou com vontade eu vou lá, minha filha também mora lá,
quando eu estou com vontade eu vou lá, quando eu não estou, fico na praça. (...).
Você gostaria de morar em outra rua?
Não.
O que você pensa sobre o bairro?
Eu já morei no Largo da Segunda Feira, já morei perto da Rua Uruguai, mas não tinha casa
própria, casa própria só aqui.
Você gosta de morar no bairro da Tijuca?
Gosto.
Você tem uma ligação com o bairro? Gostaria de morar em outro bairro?
Não, eu gosto daqui.
O que você mais aprecia no bairro?
Aqui pra mim tudo é bom. Eu tô muito velha pra estar...
Você se sente uma Tijucana?
Eu não, não nasci aqui!
O que a praça representa pra senhora?
Quando a gente está triste vem pra aqui. Quando está com calor vêm pra aqui. Quando esta
com frio vêm pra aqui.
Você se sente em casa na praça?
É, aqui eu não tenho medo de nada. Eu tenho muito medo de andar sozinha.
Entrevista 06/fita 02/lado A
Data: 13/02/2007.
Local: Rua General Marcelino.
Nome: Fabian Ribeiro.
Idade: entre 35 e 45 anos.
Há quanto tempo mora no bairro?
Sete anos.
Você é morador de casa ou edifício de apartamentos?
Apartamento.
245
Por que você escolheu morar aqui?
A comodidade do bairro, condução, acesso, comércio, escola, hospital, é um bairro central,
bem localizado.
Você é proprietário?
Proprietário.
Como é a sua moradia?
Sala, dois quartos, com dependência...
Você gosta da sua moradia?
Gosto.
Você se sente em casa nela?
Me sinto.
O que você sente a respeito da sua moradia?
Sentimento de satisfação, de realização, até porque, de repente é o primeiro imóvel adquirido,
primeira casa própria.
O que envolve o seu espaço de morar? Só o seu apartamento, ou a rua e o bairro também?
O ambiente familiar, pra mim é o mais importante, e um certo “seu”, apesar de você morar
perto de comércio, perto do movimento, você estar numa localização que é um certo ponto
privilegiado, porque você está próximo ao comércio, ao tumulto, ao movimento, mas você não
está no movimento, no tumulto, na confusão.
O que você acha sobre esse visual de edifícios?
Acho que essa rua se eu não me engano é tombada, esses prédios todos você pode ver que
são prédios de 50, 60 anos, mais ou menos a mesma característica, são apartamentos que não
tem elevador, não tem garagem. Uma rua... Aqui moram três, quatro gerações aqui nesse
pedaço. As pessoas moram aqui há bastante tempo, já tem neto, bisneto.
O que você pensa da fachada do seu prédio?
Eu gosto dessa pedra, eu acho bacana essa pedra, dá um aspecto bucólico.
Você gostaria de ter outro tipo de moradia?
Gostaria de morar numa cobertura, com piscina.
O que você pensa da sua rua?
Muito boa, muito boa essa rua, excelente!
O que você mais gosta na rua?
A tranqüilidade, o ambiente familiar.
Você se sente ligado à rua?
Conheço a maioria dos moradores...
Você gostaria de morar em outra rua?
Aqui na Tijuca eu acho esse ponto privilegiado, perto do metrô, perto do Extra que é um grande
mercado, tão fazendo um outro mercado aqui do lado agora.
O que você pensa sobre o bairro?
A Tijuca tem praticamente tudo que um bairro precisa ter, necessita, o problema é como na
maioria dos bairros do Rio de Janeiro, é um bairro cercado pelas comunidades mais carentes.
Essa diferença muito próxima entre a classe média alta e a classe média baixa é que gera esse
clima de violência na Tijuca.
246
Você tem uma ligação com o bairro?
A ligação que eu tenho com o bairro da Tijuca é porque eu estudei aqui, fiz segundo grau aqui,
há 20 anos atrás.
Você gostaria de morar em outro bairro?
Gostaria de voltar pra onde eu nasci, em Copacabana.
Você se sente um Tijucano?
Eu me sinto um Tijucano geograficamente, agora acho que mentalmente eu não me sinto.
Tijucano ele é Tijucano! Eu acho que é o único bairro no Rio de Janeiro que você tem um
adjetivo para o morador, você não tem um copacabanense, um ipanemense, um leblonense...
E você se sentia um Copacabanense?
Eu me sentia porque, a cada geração que vem, a diferença tende a diminuir, só que eu gosto
daquele burburinho da Copacabana, apesar de eu gostar da tranqüilidade, é um pouco
contraditório o que eu estou falando, mas, eu morava em ruas tranqüilas em Copacabana, tipo
o Bairro Peixoto, tipo o Leme, então eu estava perto de tudo e se eu quisesse sair de noite
para passear eu saia, era movimentado. Aqui na Tijuca no final de semana e à noite não tem
movimento nenhum, dia de semana à noite e final de semana praticamente de dia e de noite
você não encontra movimento, as pessoas estão muito medrosas em relação à violência, à
fraude.
Como seria morar bem pra você?
Morar bem são vários fatores, você tem que ter escola próxima, comercio próximo, ter
condução, você tem que ter acesso, tem que ter qualidade de vida, que resume isso tudo. Não
adianta você morar num ótimo condomínio, por exemplo, em São Conrado, e você não poder
desfrutar da praia, São Conrado que é uma praia poluída, você tem a Rocinha do lado, risco de
bala perdida. Então qualidade de vida no Rio de Janeiro hoje é você juntar todos esses fatores,
está ficando cada vez mais difícil.
O que seria a melhor moradia pra você?
A melhor moradia é você se sentir bem, se sentir com conforto, com segurança, com paz,
tranqüilidade, saber que você pode chegar em casa de noite, entrar e sair da sua casa 24 h por
dia, sem sofrer assalto, sem correr esse risco, isso que é moradia ideal. As pessoas cada vez
mais estão se trancando dentro de condomínios, a cidade está ficando... tá criando nichos. Foi
até tema de uma reportagem do Globo, Morar Bem, falando justamente sobre a ausência,
sobre o sentimento de vizinhança, as pessoas estão se trancafiando nos seus condomínios,
nas suas vilas e estão perdendo... a Barra da Tijuca, por exemplo, lembra um pouco Brasília,
uma coisa meio fria, você não tem contato, bate papo, aqui eu converso com o rapaz que limpa
a rua, eu converso com o segurança, eu converso com todo mundo, na Barra já não rola isso,
na Barra você vive trancafiado, é um relacionamento muito frio entre as pessoas, a Tijuca ainda
mantêm isso, e a Zona Sul apesar de tudo. Em geral Tijucano não gosta da Zona Sul, Tijucano,
quando se desloca da Tijuca, ele vai morar na Barra, por isso que é Barra da Tijuca, mas eu
gosto de Copacabana, eu acho que Copacabana, apesar de tudo, dos bares, dos botecos, das
esquinas ainda se mantém isso.
Você gostaria de acrescentar alguma coisa à sua entrevista?
Se eu tiver que acrescentar eu vou falar do ponto de vista legal, porque eu acho que cada
prefeito faz o seu plano diretor pra cidade e esse plano diretor tem que visar o bem estar de
todo mundo, não adianta você criar uma rua com o gabarito de três pavimentos e construir um
prédio de três pavimentos, e um outro prefeito vem e muda o gabarito pra dez pavimentos, ai
você tem um prédio de três pavimentos com um de dez pavimentos na sua frente, sendo que
quando você comprou aquele de três, você queria a vista, e esse gabarito que foi alterado, o de
dez pavimentos vai acabar com a vista de quem comprou acreditando que aquele gabarito se
mantivesse. Então eu digo assim do ponto de vista legal, da organização da cidade como um
todo. Você integrar transporte de massa, que hoje em dia você vê a maioria das pessoas que
vão trabalhar, uma pessoa sozinha num carro, você não desenvolve trem, você não
247
desenvolve metrô (...). Então quando a gente fala de moradia, a gente tem que analisar um
todo e o planejamento da cidade tem que ser em função do progresso e do crescimento, não
em função de determinados grupos, como você vê acontecendo hoje no Rio de Janeiro e no
Brasil em geral.
Entrevista 07/fita 02/lado A
Data: 14/02/2007.
Local: Rua Dulce.
Nome: Willian.
Idade: entre 40 e 50 anos.
Há quanto tempo mora no bairro?
Desde que nasci.
Você é morador de casa ou edifício de apartamentos?
Apartamento.
Como é a sua moradia?
Apartamento, prédio antigo, o prédio é de 58...
Você gosta da sua moradia?
Gosto, ela é ampla, antigamente se construía com mais espaço, tem mais de 100 m².
O que você sente a respeito da sua moradia? Você se sente ligado à sua moradia?
Sim, teve época que eu sai daqui, eu casei, e acabei voltando por causa da profissão que está
por perto, bem do lado, na zona urbana. A pessoa tem que morar na cidade que seja perto do
metrô, coisas que facilitem a vida.
O que envolve o seu espaço de morar? Só o seu apartamento, ou a rua e o bairro também?
Esses aspectos todos eu considero, porque como eu falei, a parte mais forte, de você ficar
muitas horas no carro... Mas então a situação do apartamento ele é bem posicionado, tem
distância de outros apartamentos, bem arejado, eu não sei o que vai acontecer aqui com esse
big supermercado que vai ter, se vai atrapalhar o sossego da rua que eu conheço há 40 anos.
O que você acha sobre esse visual de edifícios?
Aparentemente fica um negócio um pouco menos urbano, moderno. Então essa arquitetura
antiga, de certa forma antiga, de 40 anos é bem comum nessa rua aqui, os prédios são
baixos... Eu prefiro, é menos gente, menos barulho dos vizinhos, vizinho incomoda muito.
O que você pensa da fachada do seu prédio?
Particularmente o meu prédio tava um pouco abandonado, são poucos apartamentos, tinha
muita gente de aluguel, mas agora a maioria é proprietário e a questão da posição do sindico é
muito importante, outras administrações anteriores, acho que por três períodos, que na
verdade foram quase sete anos, o prédio ficou abandonado, mas agora ele está fazendo uma
serie de investimentos, reformas, mas ainda preservando a situação dele (do prédio), nada de
fazer nenhuma estética diferente do original. Então, está ficando bom.
Você se sente em casa no seu apartamento?
Com certeza! Minha esposa até reclama, eu me sinto muito bem, e ela na realidade é
moradora nova...
O que você pensa da sua rua?
Essa rua, quer dizer, o que transformou a cidade hoje em dia é que cada um cria uma iniciativa
de segurança, colocando seguranças particulares, essas coisas. Recentemente, não deve ter
um ano ainda, que se conseguiu botar vigias aqui, porque a situação aqui estava ruim em
termos de segurança. Então esse aspecto também, vamos ver se melhorou realmente. (...).
248
Esse aspecto eu acho que é o pior, a parte de segurança. A parte da pracinha, que eu acho
que é o diferencial dessa mediação da Tijuca, ela não mudou muito, ela é meio que preservada
aos poucos, não tem muita sofisticação. Tá bom.
O que você mais gosta na rua?
Eu moro aqui há muitos anos, eu tive várias fases aqui, então eu fui criança aqui, brinquei
nessa pracinha, depois passei uma fase em que a gente brincava muito na rua de futebol, ali
no campo de futebol, lá na rua ao invés de um edifício era um outro campo de futebol, então,
hoje o que funciona dentro dos prédios e dos condomínios era na rua, então essa fase foi muito
boa, todo mundo ficava na rua, mais de 30 garotos. Hoje em dia você não vê isso, meus filhos
ou ficam em casa, no computador ou vão para a praia. Então aqui parece que as pessoas meio
que se distanciaram, não existe mais aquela rapaziada junta, brincando na rua, todo mundo
tem muito medo, meus filhos tem muito medo de freqüentar a rua.
Você gostaria de morar em outra rua?
Não, eu acredito que não, se eu tivesse uma condição financeira melhor, talvez morasse em
algum lugar mais... Eu conheço bem a região de Niterói, eu também tenho casa em Itaipu, meu
pai tinha propriedade lá, eu acabei conhecendo aquele lado lá de Niterói, eu gosto muito de
Itaipu, eu acho que lá tem uma região assim, perto da Serra da Tiririca, melhor para se viver,
casas... Eu gosto muito daqui pela proximidade do trabalho, daqui a 20 minutos eu estou no
trabalho, então isso é fundamental.
O que você pensa sobre o bairro?
A Tijuca está cercada de favelas, então isso... o seguro do meu carro, por exemplo, eu pago
diferente porque eu moro na Tijuca, então o problema de morar na Tijuca, eu acredito que seja
só esse, da situação do policiamento, mas o resto eu acho ela muito bem localizada, morar na
Zona Sul não me atrai não, eu prefiro final de semana sair daqui do que viver todos os dias
saindo pra trabalhar pra apanhar na frente.
Do que você mais gosta no bairro?
Eu acho que uma coisa que poderia ser feita, eu acho que o parque da Quinta da Boa Vista
poderia ser um lugar de usuários Tijucanos, ele é abandonado. Eu acho que o governo deveria
pegar a Quinta da Boa Vista, um lugar até pra parte da população que não tem condições
financeiras. Ela é abandonada, eu freqüento muito lá, de vez em quando eu vou correr lá,
andar de bicicleta e é uma tristeza ver aquele museu largado, é um lugar que deveria ser,
chamar mais ainda condições melhores pro Tijucano. Porque você vai andando aqui, em dez
minutos você tá na Quinta, e o próprio pessoal que mora ali naquela região. É um parque
lamentavelmente cuidado ao mínimo. Mas a Tijuca como um todo, eu gosto do futebol,
Maracanã do lado, e eu acho as pessoas que moram aqui é um retrato da sociedade hoje em
dia, todo mundo muito igual. Mas eu acho bom, não sairia daqui fácil não.
Entrevista 08/fita 02/lado B
Data: 14/02/2007.
Local: Rua Almirante Cochrane.
Nome: Maria Ferreira.
Idade: entre 70 e 80 anos.
Há quanto tempo mora no bairro?
Uns 10 anos.
Você é moradora de casa ou edifício de apartamentos?
Apartamento.
Por que você escolheu morar aqui?
Porque eu gosto do lugar... Achei um apartamento ao meu alcance.
249
Você gosta da sua moradia?
Gosto, de acordo com as minhas posses, com o meu jeito de ser, eu gosto.
O que você sente a respeito da sua moradia?
Eu sempre gosto muito de onde eu moro.
Você se sente em casa?
É. Sempre onde eu moro, eu gosto. Das minhas amizades... e gosto do lugar. Eu mudei de lá
da vila... da rua Dona Maria, de lá eu vim para cá, eu gostava muito de lá, eu queria ficar lá,
mas é porque a dona da casa não vendeu.
A sua propriedade é alugada?
É direito e ação.
O que envolve o seu espaço de morar? Só o seu apartamento, ou a rua e o bairro também?
Envolve que eu tenho amigas por aqui por perto e a igreja que eu freqüento também, já estou
nela há mais de 30 anos, é uma família também, porque na igreja a gente forma uma família.
(...).
O que você acha sobre esse visual de edifícios?
Eu gosto, eu acho bom. Eu não gosto desses muito altos, eu prefiro de quatro andares para
baixo.
Você gosta da fachada do seu prédio?
É um prédio muito simples, não tem beleza, mas eu gosto.
Você se sente em casa no seu prédio?
Me sinto, me sinto bem. O pessoal é calmo, é gente boa, não tenho nada do que reclamar.
O que você pensa da sua rua?
A minha rua é uma rua de pouco movimento. Aqui é bom, é muito bom. Tem esse espaço aqui
para crianças e idosos, para tomar um solzinho igual eu estou aqui tomando. Eu acho que é
muito bom, não é todo lugar que tem isso.
O que você mais gosta na rua?
Não tem assim uma coisa específica que eu goste mais, mas eu gosto do lugar porque tem
condução farta, bem localizado, daqui para qualquer lugar não é longe, é bem centralizado.
Como um lugar de subúrbio, aqui é muito bom.
Você se sente ligada à sua rua?
Como eu já disse, onde eu estou faço minhas amizades e eu gosto. No outro lugar que eu
morei eu gostei e vivi bem.
Você gostaria de morar em outra rua?
Não tenho preferência nenhuma. Eu já tive oportunidade de morar na Barra, de ganhar um
apartamento lá na Barra para morar lá e eu não me interessei porque eu já estou ambientada
aqui, familiarizada.
O que você pensa sobre o bairro?
Eu acho bom, sabe, eu acho bom. Tem muita violência por aí, mas isso agora é generalizado.
Todo lugar tem violência mesmo, a violência está onde os homens estão.
Do que você mais gosta no bairro?
É próximo de todo lugar, e descontando os acidentes e incidentes, é um lugar calmo. Não tem
aqui, por exemplo, a gente vem aqui todos os dias, tem velhinhos e crianças, graças a Deus eu
ainda não vi violência aqui, ouço falar que já houve e de repente pode haver (...).
250
Você se sente ligada ao seu bairro?
Sim, porque eu estou aqui há mais de 30 anos, aqui eu já criei raízes. A gente cria raízes onde
mora.
Entrevista 10/fita 02/lado B
Data: 14/02/2007.
Local: Rua Dulce.
Nome: Célio.
Idade: entre 35 e 45 anos.
Há quanto tempo mora no bairro?
Nasci aqui.
Você é morador de casa ou edifício de apartamentos?
Apartamento.
Como é a sua moradia? Você gosta da sua moradia?
O edifício é antigo. Gosto de morar lá, moro lá desde que nasci e me sinto muito bem aqui,
apesar da Tijuca ainda ser meio violenta, mas eu me sinto bem aqui.
Você tem um ideal de moradia?
Tenho como todo ser humano. Uma casa.
Seria aqui no bairro?
Seria lá para o Recreio dos Bandeirantes. Bem distante.
Você se sente ligado à sua moradia?
Sinto. Muito.
O que envolve o seu espaço de morar? Só o seu apartamento, ou a rua e o bairro também?
Tudo. Eu acho que tudo fica incluído. Para você ter uma moradia legal você tem que ter um
apartamento que você goste, uma rua que você se sinta bem, amigos... Isso tudo é importante.
O que você acha sobre esse visual de edifícios?
Legal! São prédios baixos, não são prédios altos, tem uns dois só lá onde eu moro que é alto,
então é legal, não tem aquela poluição, não tem cartaz, não tem nada, tem árvores. Bem legal.
Você se sente ligado à sua rua?
Muito, fui criado aqui, nasci aqui, conheço todo mundo.
O que você mais gosta na rua?
É uma rua calma, tranqüila, não tem passagem praticamente de carro, você fica tranqüilo, você
conhece todo mundo. (...).
O que você pensa sobre o bairro?
Já foi melhor. Eu ainda gosto da Tijuca, mas a Tijuca hoje em dia está muito violenta. É
cercada por morros, e isso aí complica um pouco, mas é um bairro tradicional ainda. Um pouco
de gente metida, mas... A Tijuca se acha um pouco meio Zona Sul e não é... mas é um bairro
tradicional e gostoso de se viver.
Do que você mais gosta no bairro?
251
Eu acho que tem um bom comércio, tem ônibus, tem metrô, perto da linha do trem. Isso tudo
influencia você a ficar satisfeito onde você mora. Você tem um transporte, tem um bom
comércio, isso tudo é importante.
Você se sente ligado ao seu bairro?
Tijucano é Tijucano! Alguém que mora em Copacabana é Copacabanense? Não! Tijucano é
Tijucano.
Entrevista 11/fita 02/lado B
Data: 14/02/2007.
Local: Rua Almirante Cochrane.
Nome: Mila Maria Noruega Macedo.
Idade: entre 70 e 80 anos.
Há quanto tempo mora no bairro?
Mais de 20 anos.
Você é moradora de casa ou edifício de apartamentos?
Moro em apartamento.
Por que você escolheu morar aqui?
Eu sempre gostei muito da Tijuca, mas muito mesmo, mas morava em São Cristóvão, porque
meu marido tinha família lá, nasceu lá, e eu então fazia a vontade dele. Mas quando a minha
filha veio morar na Tijuca, (...), eu então disse assim pra ele “vamos também mudar para lá”, e
ele como era muito agarrado com a filha (...) disse, “vamos sim”, aí ele veio para cá. Foi bom.
Como é a sua moradia?
Minha moradia é boa, tem três quartos, duas salas, cozinha, dependência de empregada...
para eu e meu filho sozinhos.
Você gosta do seu apartamento?
Gosto! Eu amo! Eu me sinto muito bem em casa.
O que você sente a respeito da sua moradia?
É muito boa. Os vizinhos são ótimos.
O que envolve o seu espaço de morar? Só o seu apartamento, ou a rua e o bairro também?
Gosto de tudo! Eu sempre sonhei morar na Tijuca.
O que você acha sobre esse visual de edifícios?
Eu acho bom.
Você gosta da fachada do seu prédio?
Gosto. É reformada e agora está bonita, porque era um prédio velho, reformaram, agora está
bonito.
O que você pensa da sua rua?
Vizinhos adoráveis!
O que você mais gosta na rua?
Na rua eu gosto de tudo. Falou em rua, está comigo!
Você gostaria de morar em outra rua?
Não, estou satisfeita.
Você se sente ligada à sua rua?
252
Eu gosto muito da minha rua, passeio muito, chego na janela, conheço todo mundo, todo
mundo que passa e que olha para a janela me cumprimenta de me ver todo dia.
O que você pensa sobre o bairro?
O bairro é ótimo. O pessoal é muito educado!
Do que você mais gosta no bairro?
Eu gosto dessa pracinha! Gosto muito da rua onde moro, Almirante Cochrane, gosto muito,
mas muito mesmo! Tenho vizinhos adoráveis!
Você tem uma ligação com o bairro?
Ah, tenho!
Você gostaria de morar em outro bairro?
Gostaria de morar nesse bairro mesmo! Na Tijuca! Eu sempre sonhei morar na Tijuca!
Entrevista 12/fita 02/lado B
Data: 14/02/2007.
Local: Rua Professor Lafayette Cortes.
Nome: Camila.
Idade: 16 anos.
Há quanto tempo mora no bairro?
16 anos. Desde que eu nasci.
Você é moradora de casa ou edifício de apartamentos?
Edifício de apartamentos.
Como é a sua moradia? Você gosta?
É bom, eu gosto.
Você tem um vínculo com ela? Gostaria de mora em outro lugar?
Não, estou satisfeita aqui, não tem tanto assalto...
O que você sente a respeito da sua moradia? Você se sente em casa?
Sim.
Você tem um ideal de moradia?
Eu queria morar bem em frente à praia, mas aqui está bom.
O que envolve o seu espaço de morar? Só o seu apartamento, ou a rua e o bairro também?
Mais a minha casa.
O que você acha sobre esse visual de edifícios?
Eu gosto, é bonitinho, (...), fica mais calmo com essas árvores.
Você gosta da fachada do seu prédio?
Está precisando de uma pintura, colocar umas gradezinhas.
Mas você gosta?
Sim.
Você gosta da sua rua?
Gosto.
O que você mais gosta na rua?
É tranqüila.
253
Você se sente ligada à sua rua?
Sim, porque eu estou aqui desde que eu nasci.
O que você pensa sobre o bairro?
As ruas estão bem perigosas, deveria ter mais segurança...
Do que você mais gosta no bairro?
O bom para mim é que todo mundo que eu conheço mora aqui perto. Isso é o melhor de tudo.
Você gostaria de morar em outro bairro?
Não, estou bem aqui. Até que esse lugar onde eu moro tem uma pizzaria aqui do lado, tudo
muito perto, tem um supermercado que vai abrir aqui na esquina, (...), então isso é muito bom.
Entrevista 13/fita 02/lado B
Data: 14/02/2007.
Local: Rua Professor Lafayette Cortes.
Nome: Nereida.
Idade: entre 40 e 50 anos.
Há quanto tempo mora no bairro?
Quatro anos.
Você é moradora de casa ou edifício de apartamentos?
É apartamento, de dois quartos.
Por que você escolheu morar aqui?
Porque eu morava na rua Dulce e queria um apartamento de dois quartos, eu morava num de
um quarto só, aí achei um aqui, gostei e fiquei.
O que você pensa da sua moradia?
Eu gosto. Apesar de ser de aluguel, eu gosto muito dela.
O que você sente a respeito da sua moradia? A senhora tem algum vínculo?
Infelizmente sim, porque eu vou ter que sair qualquer dia desses porque não é meu.
Você se sente em casa em sua moradia?
Me sinto.
O que envolve o seu espaço de morar? Só o seu apartamento, ou a rua e o bairro também?
A rua é tudo em si. Aqui é gostoso de morar, mas é que às vezes tem assalto, tem um monte
de coisa, mas é muito gostoso. Agora tem segurança (...).
O que você acha sobre esse visual de edifícios?
Acho bom.
Você se sente em casa no seu bairro?
Me sinto.
O que você pensa da sua rua?
Eu gosto da rua. Eu acho aconchegante.
O que você mais gosta na rua?
O ambiente familiar. (...) Antes eu morava naquela rua sem saída, então eu já conhecia todo
mundo, vim para cá e é praticamente a mesma coisa, a gente já conhece todo mundo (...).
254
Você gostaria de morar em outra rua?
Se eu não achar por aqui é o jeito.
O que você pensa sobre o bairro?
Eu gosto.
Do que você mais gosta no bairro?
Acho que um pouco de cada coisa. (...). Transporte é bom, é tudo perto...
Você gostaria de morar em outro bairro?
Para mim não. Por mim ficaria aqui mesmo.
Entrevista 14/fita 02/lado B
Data: 14/02/2007.
Local: Conjunto Residencial Gomes.
Nome: Elizabete Ventura.
Idade: entre 30 e 40 anos.
Profissão: protética.
Há quanto tempo mora no bairro?
Há cinco anos.
Por que você escolheu morar aqui?
Porque foi onde eu achei um lugar melhor para eu poder morar e trabalhar.
Como é a sua moradia? Você gosta?
Gosto. Eu tive que associar o trabalho e a casa no mesmo lugar.
O que você sente a respeito da sua moradia?
Me sinto bem.
Você se sente em casa em sua moradia?
Me sinto.
O que envolve o seu espaço de morar? Só o seu apartamento, ou a rua e o bairro também?
Olha, é o bairro. Porque aí deu para conciliar o trabalho e a moradia. E o trabalho é importante,
para mim, nesse ponto é muito importante.
O que você sente sobre esse contraste entre as vilas e os prédios da Tijuca?
Olha, eu não gosto muito de coisas antigas, eu gosto mais de tudo moderno. Eu estou aqui
porque, é o que eu falei, eu estou juntando o trabalho com a moradia, e o local do meu trabalho
é importante.
Você é proprietária?
Sou proprietária.
Você gosta da fachada da sua casa?
Gosto.
Do que você mais gosta na fachada?
É uma moradia antiga, mas, é tudo arrumadinho, tudo bonitinho.
Você se sente em casa na vila?
Não, não é meu habitat não.
255
Como você imagina o seu visual de moradia?
Na beira da praia, num belo de um condomínio, num apartamento com varanda bem de frente
para o mar. Esses condomínios no Recreio que são lindos (...).
Você gosta da sua rua?
Eu não gosto muito não (...). Só tem movimento durante a semana. Então isso aqui é uma rua
mais para trabalho mesmo.
Você se sente ligada à sua rua?
Não. Não tenho nada a ver com ela.
O que você pensa sobre o bairro?
O bairro é bom.
Do que você mais gosta no bairro?
Aqui no bairro não tem nada que eu goste tanto.
Entrevista 15/fita 03/lado A
Data: 14/02/2007.
Local: Conjunto Residencial Gomes.
Nome: Eline.
Idade: entre 25 e 35 anos.
Há quanto tempo mora no bairro?
Eu moro aqui há dez anos.
Por que você escolheu morar aqui?
Porque eu morava em outro bairro e aqui foi a opção que eu tive, porque eu moro de aluguel.
Como é a sua moradia? Você gosta?
Gosto. Me sinto bem.
Você se sente em casa em sua moradia?
Me sinto.
Você tem um ideal de moradia?
Olha, sinceramente não. Se eu pudesse eu compraria essa casa por aqui, porque aqui é legal,
a estrutura, a geografia que é muito... tem ônibus para todo lugar, barzinhos, é um lugar que...
apesar de eu morar perto do Maracanã, já vi muitas brigas, mas aqui é calmo, tranqüilo.
O que envolve o seu espaço de morar? Só o seu apartamento, ou a rua e o bairro também?
É tudo. Eu acho que é o bairro em si.
O que você sente sobre esse contraste entre as vilas e os prédios da Tijuca?
É a expansão...
Mas você gosta?
É normal, eu acho normal, todo lugar é assim.
Você gostaria mais de um lugar antigo, com casas mais baixas, ou um lugar com muitos
prédios?
Um lugar mais antigo.
Você se sente em casa na vila?
Me sinto. Aqui as crianças brincam à vontade, não tem carro, então não atrapalha.
256
O que você pensa sobre a rua?
Eu acho que se não fosse você sentar num barzinho e todo moleque que passasse ficasse
pedindo trocado, seria ótimo.
Do que você mais gosta na rua?
Acho que os barzinhos.
Você se sente ligada à sua rua?
Aqui e ao bairro inteiro.
Você se sente ligada à sua casa?
Me sinto, muito.
O que você pensa sobre o bairro?
Eu acho legal, é um bairro de tradições, é um bairro boêmio, é um bairro que tem raízes, eu
acho que as pessoas deviam valorizar mais esse lado, como teve a Lapa, eu morava ali (...),
então, onde eu morava lá e hoje, está completamente diferente, melhorou muito, então eu acho
que aqui deveria ter essa coisa também, essa revitalização. Ia ser muito legal, porque tem a
UERJ, tem o Hospital Universitário, que tem pessoas que gostam de um sambinha, de um
chorinho... Então por ser a Vila Isabel, que é a terra de Noel, Martinho, tem a quadra da Vila,
então deveria ter uma coisa mais voltada para essa parte mais cultural.
Você moraria em outro bairro do Rio de janeiro?
Morar moraria, agora... eu teria que me adaptar primeiro.
Você se sente uma Tijucana?
Ah sinto!
Entrevista 16/fita 03/lado A
Data: 14/02/2007.
Local: Conjunto Residencial Gomes.
Nome: Daniel.
Idade: entre 20 e 30 anos.
Há quanto tempo mora no bairro?
Eu devo morar aqui desde os dois anos. Eu vim de Santos para cá porque minha avó morava
aqui já.
Como é a sua moradia? Você gosta?
Gosto.
Você se sente em casa em sua moradia?
Me sinto, tirando alguns vizinhos...
Qual o seu sentimento em relação à sua moradia? Você se sente ligado à sua casa?
Me sinto.
O que envolve o seu espaço de morar? Só o seu apartamento, ou a rua e o bairro também?
A vila em si.
O que você sente sobre esse contraste entre as vilas e os prédios da Tijuca?
Sobre aquele prédio eu não tenho nada contra, porque desde que eu sou gente esse prédio já
existe aí, estou acostumado a ver esse prédio ai desde que era pequeno, agora esses dois
aqui deve ter uns 20 anos (...), mas eu estou acostumado.
257
Mas você preferiria que eles não estivessem ali?
Eu não sei, porque eu já estou acostumado... Tem a UERJ em frente, na minha varanda eu
vejo alguns prédios (...), o importante é você ver o céu (...).
Você gosta da fachada da sua casa?
Mais ou menos. Eu acho que cada um poderia fazer a fachada de acordo com... não tinha que
ter padrão. (...). Eu gostaria que cada uma fosse de um de um jeito (...).
O que você pensa sobre a rua?
Eu gosto da minha rua.
Do que você mais gosta na rua?
Os bares.
Você gostaria de morar em outra rua?
Tirando a minha rua, em Ipanema.
O que você pensa sobre o bairro?
Eu gosto do bairro.
O que você mais gosta no bairro?
Acesso a tudo, você está no Centro em cinco minutos com o metrô, tem ônibus para qualquer
lugar, tem bar, tem feira, tem mercado, tudo perto, tem mecânico, (...), Maracanã aqui do lado
para ver o jogo...
Você tem alguma ligação com o bairro?
Se eu tivesse que sair daqui eu ia para a minha casa em Ipanema... Eu me sinto ligado ao
bairro pelas pessoas que eu conheço aqui, donos de restaurante, (...), pelas pessoas (...).
Você se sente um Tijucano?
Eu sou mais Zona Sul, eu sou mais de Ipanema do que Tijuca, por incrível que pareça... Mas
eu gosto da Tijuca, muita gente que eu conheço mora aqui...
Entrevista 17/fita 03/lado A
Data: 14/02/2007.
Local: Conjunto Residencial Gomes.
Nome: João.
Idade: entre 60 e 70 anos.
Há quanto tempo mora no bairro?
30 anos.
Por que você escolheu morar aqui?
Porque é bom.
Mas por que você acha que é bom aqui?
Aqui não tem bagunça, não tem assalto... eu estou só naquela casa há 15 anos e fui assaltado
só uma vez.
Como é a sua moradia? Você gosta?
Gosto.
Você se sente ligado à sua moradia?
Muito.
258
Você tem um ideal de moradia?
Não, por enquanto não.
O que envolve o seu espaço de morar? Só o seu apartamento, ou a rua e o bairro também?
Aqui é calmo, tem segurança... O bairro, tudo é bom.
O que você sente sobre esse contraste entre as vilas e os prédios da Tijuca?
Não, isso aí não tem nada a ver! Não faz diferença. Eu aqui não tenho nada a reclamar.
Você gosta da fachada da sua casa?
Gosto, aqui tem quatro quartos, dois banheiros, uma área...
O que você pensa sobre a rua?
A rua é muito boa! Tem condução para todo lado!
Do que você mais gosta na rua?
Essa rua não tem muito assalto, tem segurança na frente da UERJ...
Você gostaria de morar em outra rua?
Não. Eu morei aqui na 28 de setembro, mas aqui perto.
O que você pensa sobre o bairro?
Penso que é muito bom.
O que você mais gosta no bairro?
Tem condução à vontade! Tem condução para todo lado, para Caxias, para Nova Iguaçu,
Niterói...
Você se sente um Tijucano?
Não, porque aqui é Vila Isabel.
Você moraria em outro bairro?
Não, já morei no Centro da cidade, mas, aqui não faz muita diferença não.
Você gostaria de acrescentar alguma coisa à sua entrevista?
O que eu penso aqui é que não tem defeito.
Entrevista 18/fita 03/lado A
Data: 14/02/2007.
Local: Conjunto Residencial Gomes.
Nome: Bianca.
Idade: entre 20 e 30 anos.
Há quanto tempo mora no bairro?
Quatro anos.
Por que você escolheu morar aqui?
Eu não escolhi, foi onde eu e a minha tia conseguimos, mais próximo...
Você gosta da sua moradia?
Eu amo.
O que você sente à respeito da sua moradia? Você se sente ligado? Ou você tem um ideal de
moradia?
259
Não. Se eu pudesse, essa casa não é da gente mesmo, mas se eu pudesse compraria (...).
O que envolve o seu espaço de morar? Só o seu apartamento, ou a rua e o bairro também?
Eu acho que mais a minha casa, eu não fico muito lá fora. (...) O bairro... quando eu preciso
fazer alguma coisa e só (...).
O que você sente sobre esse contraste entre as vilas e os prédios da Tijuca?
Eu não tenho nada contra. Se pudessem colocar mais casas, eu acho que ficaria interessante,
mas para mim não faz muita diferença não.
Você se sente ligada à sua vila?
Um pouquinho.
O que você pensa sobre a rua?
Eu gosto. Só uma coisa que eu não gosto muito é que tem um monte de pivetes.
Do que você mais gosta na rua?
Que tem condução para vários lugares.
Você gosta da fachada da sua casa?
Eu acho que tem que ser padrão porque é uma vila de portugueses (...), mas o padrão eu não
acho tão interessante, mas se fosse tão diferente cada construção, cada casa fosse muito
diferente uma da outra, ficaria desproporcional, você não sabe o gosto das pessoas, aí podia
virar bagunça.
Você gostaria de morar em outra rua?
Eu não penso muito em mudar, mas se fosse mudar, pensaria em ir para uma outra casa, mas
que fosse num lugar calmo. Tem umas casinhas até por aqui...
O que você pensa sobre o bairro?
O que eu mais faço no meu tempo é dentro de casa, eu quase não saio, quando eu vou para
algum lugar geralmente eu não ando muito por aqui não, eu vou quando eu tenho que comprar
alguma coisa, que não é sempre.
O que você mais gosta no bairro?
Eu gosto daqui, de onde eu moro, e da parte do comércio eu até gosto, mas eu acho que se o
comércio fosse muito próximo, seria muita confusão.
Você gostaria de morar em outro bairro?
Se eu tivesse dinheiro, eu gostaria de morar na Lagoa.
Você se sente uma Tijucana?
Não, na verdade aqui é Maracanã, (...), mas eu não me sinto.
Entrevista 19/fita 03/lado A
Data: 14/02/2007.
Local Conjunto Residencial Gomes.
Nome: Fernando Machado.
Idade: entre 20 e 30 anos.
Há quanto tempo mora no bairro?
A gente morava aqui no prédio, aqui na frente, viemos para cá em novembro de 2005.
Por que você escolheu morar aqui?
260
A gente veio para cá porque a gente preferiu colocar mais gente para morar. A gente morava
num apartamento que eram seis, agora aqui são oito. (...) É alugado, são todos pessoas que
fazem faculdade. (...).
Você gosta da sua moradia?
Gosto. A gente tem mais liberdade aqui do que no apartamento.
O que envolve o seu espaço de morar? Só o seu apartamento, ou a rua e o bairro também?
A localidade.
Você se sente em casa aqui?
Mais ou menos, porque tenho pouco tempo aqui. Mas pelo o que eu conheço, aqui é tranqüilo,
em vista dos outros bairros que acontece essas coisas aí, aqui é mais tranqüilo. Mas também
tem o comércio na 28 de Setembro, o transporte aqui é fácil.
Qual o seu sentimento em relação à sua moradia?
Nem sei explicar isso, porque eu tenho pouco tempo aqui. Mas o pessoal gostou daqui, é bom
porque é vila, não tem muita atividade de pessoas, aqui não tem bagunça, não tem nada.
Você gosta da fachada da sua casa?
Mais ou menos. Mas também essa estrutura dessas casas é antiga, aqui na frente é mais
ventilado, atrás é mais quente (...).
O que você pensa sobre a rua?
Aqui é tranqüilo.
Do que você mais gosta na rua?
Aqui do comércio. Do que tem aqui, o comércio, porque não tem outras coisas, no final de
semana é deserto pra caramba, aqui é mais movimentado por causa da UERJ. (...), A rua em
aspecto físico, quando chove muito é um pouco problemático (...).
O que você pensa sobre o bairro?
Localização bem fácil, um bairro que pra mim está muito bem localizado (...), é estratégico
porque é passagem para muitos bairros, (...).
O que você mais gosta no bairro?
O Maracanã e a homenagem ao Noel Rosa.
Você gostaria de morar em outro bairro?
Bom, o que eu conheço é só o Maracanã, não conheço muito dos outros bairros mesmo, só se
for pela mídia, mas eu acho que não, pelo o que eu já te falei, a localização é boa.
Você se sente um Tijucano?
Não, eu moro aqui há muito tempo. (...).
261
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ANEXO 3
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262
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ANEXO 3 - ENTREVISTAS NA BARRA DA TIJUCA
Entrevista 01/fita 04/lado A
Data: 26/02/2007
Local: Jardim Oceânico.
Nome: Maria Emília.
Idade: entre 50 e 60 anos.
Há quanto tempo mora no bairro?
2 anos.
Você é moradora de qual rua?
Rua Aldo Bonadei.
Você mora em casa ou edifício de apartamentos?
Apartamento.
Por que você escolheu morar aqui?
É porque eu sempre gostei muito de praia, antes eu morava na Tijuca, e a minha idéia era
sempre essa, o dia que pudesse vir morar na Barra, perto da praia.
Você é proprietária do imóvel?
Proprietária.
Como é a sua moradia?
São três quartos, uma dependência de empregada, uma varanda maravilhosa! Normal.
Você gosta do seu apartamento (ou casa)?
Muito! Amo.
Qual o seu sentimento em relação à sua moradia?
Me sinto maravilhosamente bem dentro dele! Porque ele está todo como eu sempre pensei em
ter, como eu gostaria de ter e que eu consegui ter.
E você tem um sentimento em relação à sua moradia?
Tenho. Eu gosto. Gosto muito dela.
Você tem um vínculo com ela?
Vínculo de moradia mesmo, e de uma coisa que me dá prazer e que eu gosto.
Você tem um ideal de moradia?
Não, estou feliz nessa que eu estou.
O que envolve o seu espaço de morar? Só a moradia ou a rua e o bairro também?
Primeiro a moradia, que é onde eu fico a maior parte do meu tempo e onde eu me sinto bem. E
o bairro eu gosto muito porque eu acho tranqüilo, gosto de praia, então tem tudo a ver comigo.
O que você sente sobre esse visual de edifícios baixos e de grandes condomínios?
Eu moro num pequenininho e estou super satisfeita porque, eu não tenho mais criança, e eu
acho os condomínios excelentes para quem tem filho pequeno, porque se você desce do seu
edifício, você tem uma piscina, você tem um parquinho, então você não precisa ir até a praia,
não precisa fazer outros deslocamentos, você já está num lugar que te dá... a criançada brinca
263
tranquilamente e você fica tranqüila também por eles estarem dentro do condomínio, é mais
seguro.
E sobre o visual deles? Você gosta mais de um ou de outro?
O visual... para mim não me diz nada muito não.
Você gostaria de ter outro tipo de moradia?
Não.
Como você imagina que poderia ser o visual da sua moradia?
Não, eu estou satisfeita, porque da minha varanda eu vejo a Pedra da Gávea, a minha rua é
muito tranqüila também... Eu estou super satisfeita.
O que pensa da sua rua?
Tranqüila, boa, uma rua normal, que como eu disse, não tem muito movimento, então, uma rua
super tranqüila.
O que mais gosta na sua rua?
A tranqüilidade.
Do que você não gosta?
O que eu talvez não gostasse, que eu poderia dizer que não gosto, seria um pouco de
insegurança, mas isso no Rio de Janeiro inteiro é assim. A insegurança de que? Você chegar à
noite, abrir a garagem e ficar preocupado se tem alguém por perto, isso aí incomoda um pouco,
mas infelizmente o Rio de Janeiro está todo assim, quer dizer, não depende de onde você está
morando.
Você se sente ligada à sua rua?
À rua em si eu acho que não. Eu me sinto ligada ao meu edifício, à minha moradia, a rua é só
de passagem mesmo.
O que você pensa sobre o seu bairro?
Adoro! Gosto muito.
Por que você gosta de morar aqui?
Porque eu acho ainda um lugar “tranqüilo”, e porque tem uma praia perto, e eu gosto de ir à
praia e gosto de caminhar, então eu junto o útil ao agradável, eu caminho e vou à praia.
Você tem uma ligação com o seu bairro?
Ah tenho! Principalmente nessa parte de mar.
Você se sente ligada ao seu bairro?
Muito! Muito ligada.
Você gostaria de morar em outro bairro?
Não. Morei na Tijuca muito tempo, fiquei super satisfeita também, mas na hora que eu tive
oportunidade de vir para a Barra eu vim e não pretendo sair daqui não.
Gostaria de acrescentar algo sobre sua moradia em seu depoimento?
Eu acho que a Barra é um lugar muito bom, eu acho que ainda é um lugar privilegiado, mas eu
acho que a gente tem que ficar atenta porque a gente está começando a ver muitas pessoas
na rua, tipo mendigos, pedintes, crianças pedindo no sinal... Eu acho que você tem que ficar
um pouquinho atenta para isso não evoluir muito. Isso é um problema social, as pessoas não
têm onde morar,..., mas é uma questão de segurança nossa também, impedir que isso cresça
muito.
264
Assim como existem os Tijucanos, você se sentiria uma moradora da Barra?
Sim, eu me sentiria com certeza!
Entrevista 02/fita 04/lado A
Data: 26/02/2007
Local: Jardim Oceânico.
Nome: Mariana.
Idade: entre 30 e 40 anos.
Há quanto tempo mora no bairro?
Vai fazer 10 anos.
Você é moradora de qual rua?
Avenida Monsenhor Ascâneo.
Você mora em casa ou edifício de apartamentos?
Apartamento.
Por que você escolheu morar aqui?
Porque são prédios pequenos, apartamentos grandes, prédios pequenos com poucos
moradores... Aqui nesse apartamento eu moro há dois anos. É basicamente por isso,
apartamentos maiores, prédios pequenos, as ruas mais tranqüilas, área de lazer perto para
crianças, é bom.
Você gosta do seu apartamento (ou casa)?
Gosto!
Qual o seu sentimento em relação a sua moradia?
Ah, é minha casa.
E você tem um sentimento em relação à sua moradia?
Tenho, lógico! É onde meus filhos moram, onde as crianças nasceram.
Você tem um ideal de moradia?
Ele está muito próximo do meu ideal. Eu acho que se os vizinhos todos, de todos os
apartamentos fossem pessoas que a gente gosta, porque tem uns adolescentes que moram
embaixo que a gente não se dá muito, mas assim, tem a vizinha que é a Luiza, se fossem
todos os casais com crianças seria o ideal. Mas o prédio agora, que a gente fez piscina, que
está com um apartamento grande, para mim, tirando os moradores do primeiro andar é o ideal.
Só tem três famílias morando.
O que você sente sobre esse visual de edifícios baixos e de grandes condomínios?
Eu acho ótimo! Aqui são mais edifícios pequenos, aqui praticamente não tem alto.
E os grandes condomínios? O que você prefere?
Eu prefiro aqui. Lá parece muito pombal, esses novos grandes, parecem uns pombais.
O que você mais aprecia na fachada do seu prédio?
A varanda grande.
Você se sente em casa na sua moradia?
Sinto.
O que pensa da sua rua?
Eu acho boa, tranqüila.
265
O que mais gosta na sua rua?
A tranqüilidade.
Você se sente ligada à sua rua?
Sim.
O que você pensa sobre o seu bairro?
Não troco a Barra por nada! Mesmo não trabalhando perto, não troco por nada. Quando você
vem para cá não sai mais, trabalho longe, meu marido trabalha longe, mas eu não troco por
nada.
Você se sente ligada com o bairro?
Com certeza!
O que você mais aprecia no bairro?
Eu acho que os prédios não são como na Zona Sul, um coladinho no outro, a maioria tem área
de lazer, todos quase tem área de lazer, a praia perto, não tem aquele tumulto no trânsito, é
engarrafado, mas não se compara a Botafogo, Copacabana, eu morava em Copacabana
antes, mas não tem comparação.
Você gostaria de morar em outro bairro?
Não, não.
Assim como existem os Tijucanos, você se sentiria uma moradora da Barra?
Agora eu me sinto. Eu não nasci aqui, eu não sou daqui, mas eu me sinto moradora da Barra.
Eu era bairrista no Flamengo, mudei do Flamengo para Copacabana, odiava Copacabana,
odiei todos os anos que eu morei lá, quando eu pude me sustentar eu mudei para cá, eu
trabalhava aqui perto, aí casei, tive filhos e daqui a gente não sai mais.
Gostaria de acrescentar algo sobre sua moradia em seu depoimento?
Eu acho que a vantagem aqui são os prédios baixinhos, os apartamentos grandes, que lá os
outros do estilo pombal são todos do mesmo tipo, uma salinha com “L”, uma cozinha
retangular, uns quartinhos pequenininhos, com uma área de lazer, muitos apartamentos,
muitos andares, já morei em prédios assim, mas aqui não se compara, parece uma vila, uma
casa, como se a gente morasse numa casa. No máximo dois andares, a gente desce está na
piscina, quase nenhum prédio tem piscina, que eles são prédios mais antigos, mas o nosso
tem, que era um prédio novo e a gente conseguiu fazer, porque a garagem é subterrânea, e a
gente está super satisfeito, é um investimento.
Entrevista 03/fita 04/lado A
Data: 26/02/2007
Local: Jardim Oceânico.
Nome: Margarida Vasconcelos.
Idade: entre 60 e 70 anos.
Há quanto tempo mora no bairro?
12 anos.
Você é moradora de qual rua?
Rua Henrique de Moura Costa.
Você mora em casa ou edifício de apartamentos?
Apartamento.
266
Por que você escolheu morar aqui?
Acho que foi a violência. Meu filho foi seqüestrado lá no Leblon, e eu fiquei muito preocupada e
vim para a Barra e até agora tive muita tranqüilidade, mas adorava o Leblon.
Como é a sua moradia?
Uma varanda, três quartos, o prédio tem piscina... Vivo bem.
Você gosta do seu apartamento (ou casa)?
Gosto.
Qual o seu sentimento em relação à sua moradia?
Estou muito satisfeita.
E você tem um sentimento em relação à sua moradia?
Não, eu tenho um sentimento em relação a tudo, tudo eu agradeço a Deus, está tudo bem.
Você tem um ideal de moradia?
Assim, tudo é lucro, não tenho esse ideal! Já morei no Atlântico Sul, que é um condomínio,
mas eu não gosto muito de condomínio não, eu gosto mais de rua. Morei dez anos no Atlântico
Sul, mas eu fico meio presa, eu gosto de sair e ver logo gente, a rua, condomínio você fica
muito dependente de tudo.
O que envolve o seu espaço de morar? Só a moradia ou a rua e o bairro também?
A rua, o bairro, tudo é gostoso.
O que você sente sobre esse visual de edifícios baixos e de grandes condomínios?
Eu acho uma maravilha! Eu acho o Jardim Oceânico o máximo, porque todos têm varanda, a
moradia é uma casa, um por andar você mora numa casa, com terraço, três andares, você tem
uma piscina praticamente para você porque tem poucas pessoas.
E os condomínios verticais?
São quinhentos em tantos moradores, mas é muito bom. Eu pessoalmente é que não gosto,
não é do Atlântico Sul, é de condomínio, (...), fica muito presa, e aqui não, você tem mais
opções, tirou o carro, vai à Zona Sul, vai às Sendas, é melhor, vai ao Extra, é uma maneira de
sair.
O que pensa da sua rua?
A minha rua é maravilhosa, e agora em frente vai ter um Spa urbano, que é um sonho, vai ser
um point, porque vai ter tudo que você sonha e imagina, em frente à barraca do Pepê vai ter
um Spa urbano. Aquilo ali vai ser... de jardim, pra tudo, vai ser muito bom.
Você se sente ligada à sua rua?
Eu não me ligo muito a nada não, às coisas materiais, eu gosto do meu bem-estar, tudo para
mim é bom. Tanto faz eu estar hoje em Nova York como estar no interior da Paraíba, para mim,
dependendo do momento é tudo muito bom.
Você gostaria de morar em outra rua?
Não, estou muito feliz, satisfeita. Peço a Deus nunca precisar sair.
O que você pensa sobre o seu bairro?
Eu acho maravilhoso. O Jardim Oceânico é o máximo!
Você considera isso aqui separado da Barra?
É. Aqui é o Jardim Oceânico, onde você vê realmente esses prédios baixos, todo mundo tem a
sua boa varanda, já para lá, Sernambetiba, já tem prédios mais altos, é diferente.
Você tem uma ligação com o seu bairro?
267
Não. Até porque eu moro aqui, moro em João Pessoa e moro em São Paulo. Meu marido
trabalha em São Paulo, eu tenho negócios em João Pessoa e minha filha mora aqui, então eu
moro aqui, meu filho estuda aqui, então eu vivo viajando.
Você gostaria de morar em outro bairro?
Não. Estou feliz, estou satisfeita, apesar de gostar muito do Leblon.
Entrevista 05/fita 04/lado A
Data: 26/02/2007
Local: Jardim Oceânico.
Nome: André Franco.
Idade: 32 anos.
Há quanto tempo mora no bairro?
Eu freqüento a Barra, vou fazer 33, desde os seis anos de idade.
Você é morador de qual rua?
É o condomínio, o Barramares, não tem rua.
Por que você escolheu morar aqui?
A minha família já era daqui, aí eu fiquei aqui.
Como é a sua moradia? No geral o que você acha?
Eu acho maneira, acho legal.
Você gosta do seu apartamento (ou casa)?
Gosto.
Qual o seu sentimento em relação à sua moradia?
Tranqüilidade, paz, o lugar que eu gosto de passar umas horas da minha vida quando eu não
estou fazendo nada, eu prefiro ficar mesmo é na praia.
E você tem um sentimento em relação à sua moradia?
É como eu te falei anteriormente, é uma paz, mais ou menos o meu porto seguro. Antigamente
meu porto seguro era meu carro e minha casa, depois que entraram no meu carro no final do
natal, a minha primeira opção caiu, sério, aí eu fiquei meio grilado. Até agora ainda me sinto
seguro dentro de casa, na violência do Rio de Janeiro.
O que envolve o seu espaço de morar? Só a moradia ou a rua e o bairro também?
O prédio como todo, todo mundo que mora no meu prédio, vizinhos e tudo mais. A minha avó
morava lá, enfim, então eu conheço todo mundo desde pequeno. Como eu te falei, eu já morei,
aí a minha avó morreu, fiquei morando muito tempo, aí voltei para a casa da minha mãe, agora
estou com uma menina que mora aqui na Barra, estou ficando mais na casa dela do que lá. E é
isso, tranqüilidade, eu conheço todo mundo, todo mundo me viu crescer, conheço todos os
porteiros, enfim, aquela coisa bem família, parece até que está no interior da cidade.
Você tem um ideal de moradia?
Uma casa do Zanine, ali na Niemeyer.
O que você sente sobre esse visual de edifícios baixos e de grandes condomínios?
Eu acho todos horríveis. Eu gosto daquela do Zanine... O que eu gosto mesmo é do Betão, é o
que tem mais a minha cara, eu moraria hoje amarradão.Um lance mais tranqüilo, mais clean,
mais branquinho.
268
O que pensa da sua rua?
Legal, acho maneira, tranqüila, paz.
Você tem alguma ligação com a rua?
Tenho, infância, a galera, ficava lá na padaria antes de sair.
Você gostaria de morar em outro lugar?
É como eu te falei, no Betão, eu gosto muito do Itaiangá, eu acho bem legal, acho bem
tranqüilo. Mas o lugar que eu tenho vontade de morar mesmo, dois lugares que eu não vou
morar nunca porque está muito violento, que é o Grajaú, que eu acho irado pela arquitetura do
bairro, e Vargem Grande, mas é muito longe de tudo, mas tem muito verde, é bem maneiro.
O que você pensa sobre o seu bairro?
Antigamente era bem legal, porque todo mundo se conhecia e todo mundo era bem educado,
agora tem vários malucos que moram para cá, que impregnaram o bairro e se acham donos do
bairro e são hiper mal-educados, não são cortês, a galera é meio estranha, meio esquisita. (...).
A Barra foi invadida, não que eu tenha nada contra essa galera lá de baixo, é que o negócio é
meio complicado mesmo, eles chegaram meio esquisitos, deu um certo disparate, (...), o êxodo
para cá foi muito grande, não sei o que aconteceu, (...).
Você gosta de morar aqui?
Ultimamente não. Pelo o que eu te falei, está meio esquisito, todo mundo vem roubar aqui
agora, quase todo dia tem assalto aqui nessa rua, (...), virou um ícone de riqueza, um ícone de
beleza, e não é bem por aí. (...).
Você tem uma ligação com o seu bairro?
Tenho um vínculo com os meus amigos, os churros que era na praça antigamente, enfim, a
galera, o Bali Bar que fechou, tinha New York - New York ali... tinha muita coisa maneira, então
isso a gente não consegue apagar.
Você gostaria de morar em outro bairro?
Como eu te falei, Vargem Grande eu acho legal pra caramba e ainda está tranqüilo, sem
violência, E o Grajaú, só que o Grajaú é muito violento, mas eu acho aquele bairro assim hiper
legal e Urca também eu acho maneiro, mas a Urca é muito abandonada, muito isolado, um
negócio meio esquisito, mas é irado. Ipanema eu também acho maneiro, mas está muito
violento também. Ipanema tem mais o meu estilo de vida, eu acho.
Você tem algum sentimento de ligação em relação à moradia?
Me identifico, me identifico sim, e muito, com a minha casa, como eu te falei, (...), sempre tem
um lound rolando, a galera, sempre movimentado, eu conheço a maior galera, então, a casa
está sempre bem movimentada. Meu sentimento é esse. Eu adoro receber a galera em casa,
comer uma pizza, (...), a galera gosta de curtir minha casa, (...).
E essa sua galera é da Barra?
A maioria é da Barra, tem uma rapaziada que é da Zona Sul, outra que é de Jacarepaguá, mas
a maioria foi criada junto, alguns saíram daqui e foram morar lá...
E a galera gosta daqui?
Acho que sim, foi todo mundo criado junto, tomavam banho na banheira juntos, (...), a gente
brincava nas dunas onde hoje em dia é o Downtown, o boliche do Barra Shopping, enfim,
sempre que a galera se encontra rola aquela nostalgia. A gente lembra como é que era, como
é que não era, quem foi morar fora, quem morreu, quem não morreu, enfim, aquela história
toda, aquela fofoca. (...).
269
Entrevista 06/fita 04/lado A
Data: 26/02/2007
Local: Jardim Oceânico.
Nome: Otto.
Idade: entre 50 e 60 anos.
Há quanto tempo mora no bairro?
Há sete anos.
Você mora em casa ou edifício de apartamentos?
Apartamento. Na Sernambetiba.
Por que você escolheu morar aqui?
Por que o meu trabalho aqui, porque é mais prático.
Como é a sua moradia?
Um apartamento de sala e quatro quartos.
Você gosta do seu apartamento (ou casa)?
Gosto!
E você tem um sentimento em relação à sua moradia?
Não, sentimento não.
Você se sente ligado à ela?
Não.
O que envolve o seu espaço de morar? Só a moradia ou a rua e o bairro também?
O bairro todo.
O que você sente sobre esse visual de edifícios baixos e de grandes condomínios?
Prefiro os baixos, são mais bonitos. Porque você não tira muito a visão da cidade. O alto
atrapalha, além de ser feio, atrapalha.
Você se sente ligado à sua rua?
É eu freqüento diariamente a rua.
Você tem uma ligação com a rua?
Basicamente não.
Você gosta da sua rua?
Gosto.
O que mais gosta e o que menos gosta na sua rua?
O que eu mais gosto é a praia, e o que eu não gosto é o trânsito.
Você gostaria de morar em outra rua?
Poderia morar, mas eu gosto dessa.
O que você pensa sobre o seu bairro?
Eu gosto, acho bom. Porque é um bairro... Eu me adaptei bem, eu gosto daqui.
Você tem uma ligação afetiva com o seu bairro?
Não, afetivo não, eu apenas gosto daqui. Afetivo nenhum.
Você gostaria de morar em outro bairro? Eu moraria no Leblon.
270
Entrevista 07/fita 04/lado A
Data: 26/02/2007
Local: Jardim Oceânico.
Nome: Maria Rita.
Idade: entre 30 e 40 anos.
Há quanto tempo mora no bairro?
Há 20 anos.
Você é moradora de qual rua?
Rua São João, número 1, casa seis.
Você mora em casa ou edifício de apartamentos?
Casa.
Por que você escolheu morar aqui?
Para mim é muito útil, é o lugar onde eu trabalho, tudo meu é aqui, colégio da minha filha, tudo
é aqui, aí para mim, eu junto o útil ao agradável. Tudo aqui, transporte, supermercado, colégio,
shopping... Tudo fica pertinho da minha casa.
Você é proprietária do imóvel?
Proprietária.
Como é a sua moradia?
A minha casa é pequena, são três pessoas, moramos eu, minha filha e meu marido, para mim
é suficiente. Tenho outra em outro lugar, não aqui, mas está alugada, mas para mim essa
daqui está sendo muito útil, porque é perto do meu trabalho, eu trabalho aqui, e a casa é perto
daqui e eu deixo a janela aberta, é seguro, é tranqüilo, posso dizer que é dez.
Qual o seu sentimento em relação à sua moradia?
O que eu não gosto onde eu moro, são os vizinhos que não cuidam do lixo, barzinhos... Onde
eu moro é tipo uma vila, uma comunidade, e as pessoas não se unem para organizar lixo,
limpeza em geral, os barzinhos que não podem funcionar e estão funcionando, a obra não
pode continuar, mas eles fazem também, e isso eu acho incômodo, porque eu acho que eles
têm que respeitar uns aos outros e também a lei, e isso aí está faltando, principalmente no
carnaval, você chega lá tem obra, minha casa fica atrás de um barzinho, e esse barzinho faz a
maior zona à noite e incomoda muito, mas de resto é tranqüilo.
O que você sente sobre esse visual de edifícios baixos e de grandes condomínios?
Não me incomoda em nada.
O que você mais gosta?
Eu acho o baixo, eu acho mais bonito e fica com mais visão para a gente que mora atrás, a
outra pessoa que mora em casa. Eu acho que é o baixo. E também aqui na frente, eu prefiro o
baixo, para ver o mar e tal.
Você gostaria de ter outro tipo de moradia?
Não. Prefiro casa, sempre casa. Eu comprei outra casa em outro lugar.
Você vai se mudar então?
No futuro. Eu gosto de onde eu moro, é porque é pequeno e aí a minha filha se sente
incomodada, porque ela quer um lugar maior para levar os amigos, aí eu comprei uma casa
grande, de três quartos, mas é no Itaiangá, já é mais longe do meu trabalho e lá tem mais
dificuldade do que aqui, porque aqui eu moro perto de tudo e lá já tem mais dificuldade, tem
que pegar dois ônibus para ir para a cidade ou para cá e aí fica mais difícil para mim, então eu
271
a aluguei e continuo na minha casa normal. Eu adoro a Barra, eu acho que eu não saio daqui
para nenhum lugar, só se for para minha terra que é no Norte.
Você tem uma ligação com o seu bairro?
Tenho.
Qual o sentimento que você tem em relação à Barra?
O sentimento que eu tenho é que a autoridade deveria olhar mais em termos de segurança,
tranqüilidade para as pessoas poderem andar mais, famílias saírem dos seus apartamentos
para virem tomar uma água de coco, banheiros nos lugares públicos, eles estão querendo
fazer quiosques novos, mas eu acho que não é bem isso, não adianta quiosques novos sem
segurança. Primeiramente a segurança, aqui precisa muito, essas crianças de rua que ficam
andando aqui incomoda muito, isso me incomoda, não o fato deles estarem na rua, mas o fato
de as pessoas não olharem isso, incomodam todo mundo pedindo dinheiro, não tem um lugar
para eles, eu acho que deveria ter, essas meninas de rua que ficam ai à noite fazendo
programa, isso incomoda muito, suja a Barra, a imagem da Barra, de qualquer outro lugar, não
só da Barra, mas principalmente da Barra, para gente que mora aqui e trabalha, é um lugar
tranqüilo, com a família, suja muito, isso eu acho muito chato. (...). Limpeza e acho que eles
limpam bem, é ótimo, limpam tudo aqui, tudo está sempre limpinho, a gente também ajuda,
mas está sempre bem cuidado, mas a segurança e precária.
O que pensa da sua rua?
A rua também é tranqüila, é como eu te falei, os moradores às vezes também fazem uma
bagunça no lixo, mas a gente tem uma associação em que a gente está sempre reclamando,
fazendo reclamações na prefeitura, (...). Particularmente, tanto é que eu moro há 20 anos, eu
gosto do lugar que eu moro, da rua que eu moro e da Barra em si.
Você tem uma ligação com a sua rua?
Tenho.
Você tem uma ligação com o seu bairro?
Tenho, tenho. Muito forte até, muito forte e como eu te falei, eu não saio daqui por nada, para
outro lugar só se fosse o dobro daqui e eu acho que não tem lugar em dobro daqui.
Você tem uma ligação com a sua moradia?
Minha casa, eu amo a minha casa. Eu adoro a minha casa. Eu chego na minha casa, a minha
janela está aberta, eu fico à vontade, eu curto as minhas coisas, eu curto a minha cama, meu
sofá, adoro!
Como você denominaria esse sentimento em relação à sua casa?
Uma realização, um sonho, digamos assim. Um sonho que eu tive e consegui. Eu acho que
isso é muito bom!
Gostaria de acrescentar algo sobre sua moradia em seu depoimento?
A rua antes era de barro, agora asfaltaram, tem uns dois anos, ficou ótima, agora as crianças
brincam, não tem essas coisa de drogas, é muito tranqüilo, eu chego lá uma hora da manhã,
duas horas da manhã, eu ando a pé, não esquento, nunca fui assaltada nesses 20 anos, todo
mundo me conhece, então eu acho que é muito tranqüilo. Eu escolhi morar aqui por causa do
trabalho, hoje eu escolheria morar aqui por tudo, não só por causa do trabalho, mas por tudo.
Minha filha estuda aqui, eu tive meus filhos aqui, criei-os aqui, as duas estudam aqui, faço tudo
aqui, curso, supermercado, elas ficam sozinhas, só paguei gente para ficar até os sete anos,
depois elas mesmas ficaram sozinhas, elas se viram e eu tenho a maior confiança, então isso é
muito bom.
Você gostaria de morar em outro bairro?
Não.
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Entrevista 08/fita 04/lado A
Data: 26/02/2007
Local: Jardim Oceânico.
Nome: Marisa.
Idade: 52 anos.
Há quanto tempo mora no bairro?
16 anos.
Você mora em casa ou edifício de apartamentos?
Apartamento.
Por que você escolheu morar aqui?
Quando eu vim para cá eu tinha os filhos pequenos, e eu tinha uma vontade de resgatar um
pouco do que eu tinha na minha memória de infância da Gávea, então aqui ainda era um bairro
que estava crescendo, então ainda tinha essa possibilidade de brincadeira de rua, então foi por
isso que eu vim para a Barra, vim experimentar e estou há 16 anos aqui.
Como é a sua moradia?
É uma cobertura, em termos têm uma área boa, aberta e uma parte fechada, com quartos, uma
sala boa, cozinha, umas duas suítes e uns dois quartos.
Você gosta do seu apartamento (ou casa)?
Gosto. Apesar de ser muito quente, cobertura é sempre muito quente.
Qual o seu sentimento em relação à sua moradia?
Essa região aqui me agrada porque a sensação que eu tenho é de estar fora do Rio de
Janeiro, lembra um pouco a Região dos Lagos, Búzios, Cabo Frio, tipo de vento, tipo de
iluminação, diferente hoje do que você encontra na Zona Sul. A sensação que eu tenho da
Zona Sul é que eu hoje me sinto mais claustrofóbica, me incomoda, aqui ainda tem essa
sensação de amplidão.
Você tem uma ligação com a sua moradia?
Tenho porque eu gosto muito da convivência com a natureza e lá eu posso ter meus animais e
minhas plantas, então isso me dá muito prazer de estar em casa.
O seu espaço de morar envolve só a moradia ou a rua e o bairro também?
Sim. Aqui é uma área que você já tem um comércio próximo, você tem a possibilidade de sair
na rua, tem assim ainda uma certa tranqüilidade, a tranqüilidade fica bem assim... porque o Rio
hoje assusta em qualquer lugar, a qualquer hora.
Você gostaria de ter outro tipo de moradia?
No momento não. A minha experiência está valendo a pena.
O que pensa da sua rua?
Eu gosto muito dessa proximidade com a praia, onde eu posso caminhar todos os dias, me
exercitar ao ar livre, então a rua me dá isso, e o fato dela ainda ser uma rua que tem um
movimento não muito intenso.
Você gostaria de morar em outra rua aqui no bairro?
Não. É nesse pedaço.
O que você pensa sobre o seu bairro?
Eu penso que ela cresceu muito rápido, me assusta isso, porque todos os problemas de um
crescimento de um bairro ela hoje já tem, coisas que há 16 anos eu não via, hoje eu já sei,
então hoje eu prefiro estar aqui num prédio pequeno, não gosto de condomínio, não é a minha
273
opção de moradia não. A segurança é a única questão que ainda preocupa, mas não é uma
questão da Barra, é do Rio de Janeiro, cidade grande.
Você gosta de mora aqui?
Bastante.
Você tem uma ligação com o seu bairro?
Tenho, porque é um resgate de uma memória de infância. A Barra me deu isso.
Você gostaria de morar em outro bairro?
Hoje dificilmente, dificilmente eu retornaria para a Zona Sul.
O que você sente sobre esse visual de edifícios baixos e de grandes condomínios?
Esse padrão aqui me agrada muito, de prédios pequenos, o outro padrão não, me dá
claustrofobia, eu acho demais, mas é claro que você vai encontrar condomínios bem
estruturados, mas não é a minha opção de moradia.
Gostaria de acrescentar algo sobre sua moradia em seu depoimento?
Eu acho que eu estou bem resolvida nessa fase que eu estou, filhos crescidos e podendo ter
essa sensação de estar fora do Rio apesar de estar aqui.
Entrevista 09/fita 04/lados A e B
Data: 26/02/2007
Local: Condomínio Alfabarra.
Nome: Madalena.
Idade: 45 anos.
Há quanto tempo mora no bairro?
Dois anos.
Você é moradora de qual rua?
Condomínio Alfabarra.
Você mora em casa ou edifício de apartamentos?
Apartamento.
Por que você escolheu morar aqui?
Eu morava em casa há vinte e tantos anos antes de viajar para o Canadá, voltei do Canadá, a
violência, o pessoal pela internet falou “olha, não vai morar em casa, está perigoso”, e a área lá
estava assim, os bandidos estavam aprontando, aí eu vim morar em apartamento. Só tem dois
anos que eu estou em apartamento, e estou me adaptando em apartamento.
Você é proprietária do imóvel?
Proprietária.
Você gosta do seu apartamento (ou casa)?
Meu marido, quando comprou, ainda nem existia o outro lado, isso daqui ele comprou já tem
uns 20 anos, então quando ele comprou, pensou em comprar para alugar, aí ele comprou de
um quarto só, e aí eu estou acostumada com casa grande, três quartos, três banheiros, e aí,
tudo é adaptação.
Qual o seu sentimento em relação à sua moradia?
É gostoso porque é um lugar mais tranqüilo, a gente acaba acostumando mais pela paz, pela
tranqüilidade, dá menos trabalho, casa dá mais trabalho, essas coisas.
274
O que você sente a respeito do seu apartamento?
Paz, tranqüilidade, para criar os filhos é melhor.
Aqui no Rio mesmo?
É. Depois que eu viajei eu falei “Meu Deus, o Rio de Janeiro é maravilhoso!”.
O que envolve o seu espaço de morar? Só a moradia ou a rua e o bairro também?
Tudo. Tudo. Tudo é vida, planta, só o fato de você ver essas árvores e a praia, o sol, tudo, tudo
é vida, não é só dentro do apartamento.
O que você sente sobre esse visual de edifícios baixos e de grandes condomínios?
Eu já acostumei, de noite é muito lindo. Eu acho bonito, antigamente dava para ver o final da
praia lá no finalzinho, porque não tinha aqueles prédios ali, então quando o meu marido
comprou aqui a vista era panorâmica, dava para ver até a curvinha do final da praia, mas agora
não.
E entre edifícios altos, prédios baixos e casas, o que você prefere?
Eu acho lindos os prédios baixinhos, mas não dá tanta segurança, dizem que não é tão seguro.
Você se sente em casa em sua moradia?
Tem que sentir. Tem que sentir. A gente adora voltar para casa, quando sai e chega cansada...
Ai que bom!
Você gostaria de ter outro tipo de moradia?
Morar em casa, mas não para ter trabalho de lavar quintal, nada disso. A minha casa que eu
morei vinte e tantos anos, era muito quintal para lavar, os cachorros para dar segurança, que
eu adoro cachorro, mais aí dá mais trabalho.
O que pensa da sua rua?
É lindo. Você vê esse shopping, (...), é um lugar lindo, tem movimento, (...), então quer dizer, é
bom ter natureza, é muito importante, ter a natureza perto, vida, as pessoas, lojas, ter tudo
prático.
Você gostaria de morar em outra rua ou outro condomínio?
Às vezes a gente fica olhando ruazinhas mais tranqüilas, mas aqui é tão bom, perto da praia,
vai a pé, então eu falo “Reclamar de quê?”, a gente tem que parar e pensar na vida, vai
reclamar de que? Não pode.
O que você pensa sobre o seu bairro?
É um lugar muito lindo, mas tem que ter grana, tem que ter carro. Eu não tenho carro, então é
bom ter carro para poder se deslocar, mas se bem que tem ônibus do condomínio, tem ônibus
do Barra Shopping, aqui tem ponto de ônibus pertinho (...).
Você gosta de morar na Barra?
É o que eu te falei, tem dois anos que eu estou morando aqui. Quando meu marido faleceu, há
dez anos atrás, eu vim morar aqui com os meus filhos pequenos. Até me disseram “Vai, porque
casa é mais perigoso, tal, tal, tal, e eles não tem onde brincar.”, porque quando a gente cria
filhos em casa não tem onde brincar, eles brincam sozinhos. Aí eu vim para cá, fiquei meio ano
e não gostei. Levei-os na natação e tal, mas eles estavam aprendendo, (...), começaram a
aprender a fazer muita... tiram lâmpadas do natal (...), eu falo que eles viram vândalos, (...), aí
botei no clube para fazer natação, ocupei o tempo deles, (...).
Gostaria de acrescentar algo sobre sua moradia em seu depoimento?
Dizem que o pessoal que mora na Barra da Tijuca não é muito assim... ninguém conhece
ninguém, eu acho isso uma delícia (...).
275
Entrevista 10/fita 04/lado B
Data: 26/02/2007
Local: Condomínio Alfabarra.
Nome: Lourdes.
Idade: entre 50 e 60 anos.
Há quanto tempo mora no bairro?
Na Barra há nove anos, e no condomínio há sete anos.
Por que você escolheu morar aqui?
Eu morava em Niterói e estava procurando um lugar melhor, achei, gostava daqui, meu sogro
já morava aqui, aí escolhemos aqui.
Você gosta do seu apartamento (ou casa)?
Gosto muito.
Como é a sua moradia?
É um apartamento bom, de três quartos, uma sala boa, um apartamento bom.
Qual o seu sentimento em relação à sua moradia?
Eu me sinto muito bem, tanto que eu quase não saio de casa.
E você tem um sentimento em relação à sua moradia?
É uma coisa que eu conquistei com muito sacrifício, então para mim é super importante.
Você tem um ideal de moradia?
Não, atualmente não. Já tive muita vontade de ter uma casa, mas atualmente não, acho mais
seguro apartamento.
O que envolve o seu espaço de morar? Só a moradia ou a rua e o bairro também?
O condomínio, as dependências aqui do prédio, o bairro também. Aliás, a bairro para mim é
uma cidade, porque eu não atravesso o túnel para nada, eu faço tudo que eu tenho para fazer
aqui, não sei nem qual foi a última vez que eu fui para o lado de lá.
O que você sente sobre esse visual de edifícios baixos e de grandes condomínios?
Não me incomoda. Preferiria que fossem todos desse tamanho, mas não me incomoda.
O que você mais gosta?
Se fosse um lugar muito seguro eu preferiria casa.
Você se sente em casa no seu apartamento?
Sinto.
Você gostaria de ter outro tipo de moradia?
Eu tenho uma casa na praia, em Saquarema, só que a gente mora aqui do lado da praia, eu
estou meio que abandonando a minha casa de lá.
O que pensa da sua rua?
Super tranqüila! Tenho três netos que brincam aqui de bicicleta, que moram comigo, eles
descem sozinhos, brincam aqui no prédio sozinhos, descem aqui de bicicleta, eu só fico
monitorando lá da varanda.
Você gostaria de morar em outra rua ou em outro condomínio?
Não, estou feliz aqui, estou contente.
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O que você pensa sobre o seu bairro?
Eu gosto muito! Me adaptei super bem, tudo que eu quero tem aqui, não preciso ir para outro
lado, eu gosto muito daqui.
Do que mais gosta no seu bairro?
Esse visual do mar que deixa a gente tranqüila, da minha janela eu abro e vejo o mar.
Você tem uma ligação com o seu bairro?
Eu gosto muito daqui, eu não gostaria de mudar, o meu vínculo aqui é que eu gosto muito
daqui.
Gostaria de acrescentar algo sobre sua moradia em seu depoimento?
Eu sou uma pessoa muito suspeita, porque eu sou extremamente caseira, eu gosto de estar
em casa, eu faço muito trabalho manual, então depois que meus netos vão para a escola eu
estou sempre fazendo alguma coisa. A casa para mim é meu porto seguro, é isso, minha casa
é meu porto seguro.
Entrevista 14/fita 04/lado B
Data: 27/02/2007
Local: Novo Leblon.
Nome: Rafael.
Idade: 18 anos.
Há quanto tempo mora no bairro?
18 anos, desde que nasci.
Você mora em casa ou edifício de apartamentos?
Apartamento.
Você é proprietário do imóvel?
Proprietário.
Como é a sua moradia?
É boa, até porque a minha família inteira mora no Novo Leblon, então tem gente que mora em
apartamento, tem gente que mora em casa, então eu estou parado, eu sempre estou em
lugares diferentes, então eu gosto do condomínio, tem tudo para eu fazer aqui.
Você gosta do seu apartamento (ou casa)?
Gosto.
Você se sente em casa na sua moradia?
Me sinto.
Você tem alguma ligação específica com a sua moradia?
Ah tenho, nunca me mudei, só morei lá a minha vida inteira.
O que envolve o seu espaço de morar? Só a moradia ou a rua e o bairro também?
O conjunto, a Barra da Tijuca, o condomínio, tudo.
O que você sente sobre esse visual de edifícios baixos e de grandes condomínios?
Eu não gosto muito das fachadas dos prédios do Novo Leblon, porque eu acho que é muito
antiga, mas eu gosto das casas que tem aqui, porque tem casas maravilhosas.
Você prefere edifício ou casa?
277
Para eu morar eu prefiro prédio porque eu acho que dá menos trabalho. Agora, é bem mais
bonita casa, bem mais confortável.
O que pensa da sua rua?
A única coisa chata das ruas do Novo Leblon é porque tem um colégio com a Igreja, então tem
horas que fica impossível se você for andar de carro aqui dentro, por exemplo, fica
engarrafamento, ai é buzina toda hora, mas de resto é bom, tem bastante rua, dá para circular
tranquilamente.
O que mais gosta na sua rua?
A minha rua é essa, eu não gosto muito dela não, prefiro as ruas lá de trás.
Você se sente ligado à sua rua?
Não.
O que você pensa sobre o seu bairro?
Eu acho bom porque tem tudo para você fazer, tem shopping, tem não sei o quê, tem praia
para você ir, a única coisa que me incomoda, a única coisa que eu prefiro da Zona Sul e que
não tem aqui na Barra é a falta da calçada, tudo que você tem que fazer na Barra você tem que
ou ir de carro, ou ir de ônibus, você não tem possibilidade de ir a pé, muito complicado você ir a
pé para os lugares.
Você tem uma ligação com o seu bairro?
Tenho, a família. O Novo Leblon é a família, o bairro também, todo mundo está aqui.
Você gostaria de morar em outro bairro?
Não.
Você se sente um morador da Barra da Tijuca?
Só posso me sentir, só morei na Barra da Tijuca.
Entrevista 15/fita 04/lado B
Data: 27/02/2007
Local: Novo Leblon.
Nome: Derli.
Idade: entre 60 e 70 anos.
Você é morador de qual condomínio?
Mandala.
Há quanto tempo mora no bairro?
21 anos.
Por que você escolheu morar aqui?
Porque é a maneira correta de viver. É espetacular, não tem igual, no Rio não tem igual.
Como é a sua moradia?
É boa. São dois blocos, são dois apartamentos por andar só, tem quatro quartos.
Você gosta do seu apartamento (ou casa)?
Gosto.
Você se sente em casa?
Me sinto.
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Qual o seu sentimento em relação à sua moradia?
Eu não me prendo muito às coisas materiais, mas eu gosto dele, eu vivo bem.
E você tem um sentimento em relação à sua moradia?
Não, eu vendo ou alugo a hora que eu quiser.
O que envolve o seu espaço de morar? Só a moradia ou a rua e o bairro também?
Não, o condomínio é excelente, tudo, tem tudo, tem piscina, tem quadra de hóquei, tem quadra
de tênis, cada três prédios têm piscina, tem sauna a vapor, é excelente!
O que você sente sobre esse visual de edifícios baixos e de grandes condomínios?
Eu acho o campo muito grande ainda, muito vasto, porque os terrenos são grandes, e dá para
planejar bem.
Você gosta da fachada do seu prédio?
Gosto, é muito bonita! Foi premiada pelo Instituto de Arquitetos Mundial, ela é toda de vidro
rayban, ela é até prejudicial à norma, mais ela é muito bonita.
Você tem uma ligação com a fachada?
Eu acho linda! (...)
Você tem um ideal de moradia?
Não, meu ideal era morar na Barra da Tijuca.
O que pensa da sua rua do condomínio?
O condomínio é excelente, as ruas são pequenas, o condomínio é excelente.
Você gosta da sua rua?
Gosto.
O que você não gosta na rua?
Nada, tudo é bom.
Você gostaria de morar em outro condomínio aqui na Barra?
Não. Na Barra talvez, mas fora da Barra não.
O que você pensa sobre o seu bairro?
Um grande bairro. (...) agora, eu vou sair da Barra, eu vou morar em outro lugar, porque os
apartamentos ficaram muito caros, (...), então chega um ponto que não dá mais para você viver
aqui, tem que ter dinheiro para morar na Barra, (...).
Você tem uma ligação com o seu bairro?
Tenho, tenho, gosto muito da Barra, pratiquei esporte aqui, (...), tenho ligações diversas.
Você se sente um morador da Barra?
Ah, me sinto, 21 anos... tem ônibus, tem tudo...
Você gostaria de morar em outro bairro?
Não. No Rio não. Se eu tiver que morar, será por necessidade. Por gosto não, por mim eu
ficaria aqui até morrer.
Gostaria de acrescentar algo sobre sua moradia em seu depoimento?
Para quem tem dinheiro a Barra é uma maravilha, para quem não tem não se aventura não
porque vai “dar com os burros n’água”.
279
Entrevista 16/fita 04/lado B
Data: 27/02/2007
Local: Novo Leblon.
Nome: Sérgio Andrade.
Idade: entre 50 e 60 anos.
Há quanto tempo mora no bairro?
28 anos.
Você mora em casa ou edifício de apartamentos?
Apartamento.
Por que você escolheu morar aqui?
Eu morava em Botafogo e a Barra estava crescendo, e eu acreditei na Barra, (...), e vim aqui
na época da construção e comprei, fui um dos primeiros moradores daqui.
Como é a sua moradia?
Eu moro em apartamento, estou satisfeito, são três quartos, nós temos muito lazer aqui, é
muito bom morar aqui.
Você gosta do seu apartamento (ou casa)?
Gosto.
E você tem um sentimento em relação à sua moradia?
Aquele sentimento de ter sido o primeiro a morar no apartamento, ter decorado ao meu gosto,
as coisas em casa que eu gosto. Eu gosto do meu recanto, dos meus cantos, tudo o que eu
tenho eu gosto. Não tenho tudo que eu quero, gosto de tudo que tenho.
Você se sente em casa na sua moradia?
Me sinto. Aliás, em todo o condomínio eu me sinto em casa.
Você tem um ideal de moradia?
Eu acho que aqui é ideal, talvez o acabamento pudesse ter sido melhor, fachada, mas de resto
eu estou satisfeito, têm em casa as coisas que a gente quer, fora de casa a gente tem o lazer,
tem quadra, tem piscina, tem sauna, tem hidro, tem tudo aqui, tem muito verde, muito
passarinho, isso é o contato com a natureza.
O que envolve o seu espaço de morar? Só a moradia ou a rua e o bairro também?
O condomínio em geral, o bairro. Não saio da Barra para nada, é médico, é supermercado, é
cinema, é tudo na Barra.
O que você sente sobre esse visual de edifícios baixos e de grandes condomínios?
Aqui eu acho muito bom, porque aqui os prédios não são colados como os outros que estão
fazendo por aí, então você abre a sua janela e não dá de cara com o prédio vizinho, aqui tem
muito espaço. Isso no Nova Ipanema e no Novo Leblon, depois do Novo Leblon já começou a
perder a qualidade.
O que você mais aprecia na fachada do seu prédio?
A varanda. Tem uma varandinha para botar uma rede, ficar curtindo aquele fresquinho,
olhando para o mar, para a lagoa.
O que pensa da sua rua?
É uma rua interna boa.
O que mais gosta ou o que não gosta na sua rua?
Eu gosto de tudo.
280
Você gostaria de morar em outra rua?
Não, estou satisfeito onde eu estou.
Você gostaria de morar em outro condomínio?
Também não.
O que você pensa sobre o seu bairro?
Um ótimo lugar para morar. Ainda é! Ainda tem menos violência do que em outros lugares.
Você gosta de morar aqui?
Adoro morar aqui. Daqui eu só saio direto para o crematório.
Você tem uma ligação com o seu bairro?
Tenho. Eu me identifico bem com a Barra. Eu morava em Botafogo, gostava de lá, mas quando
mudei para cá fiquei gostando mais ainda, quando eu vim para cá não tinha nada, só tinha o
Carrefour, nós dependíamos do Carrefour para tudo, e a Barra foi crescendo, eu fui
acompanhando o desenvolvimento da Barra, depois veio o Barra Shopping, depois do Barra
Shopping veio o Terminal Rodoviário, então a Barra foi crescendo e eu vim acompanhando
esse crescimento.
Você algum sentimento pela Barra da Tijuca?
Tenho uma afinidade muito grande.
Você gostaria de morar em outro bairro?
Não. Eu não gostaria nem de morrer só para ficar aqui toda a vida. É uma pena ter que morrer
e ter que largar isso aqui. Eu tenho um amigo que diz que vão construir aqui dentro um
cemitério. Aqui dentro! Aí o pessoal fica logo revoltado, e ele diz “que é para quando você
morrer nem assim você sair daqui.”
Entrevista 18/fita 04/lado B
Data: 27/02/2007
Local: Novo Leblon.
Nome: Ana Helena.
Idade: entre 35 e 45 anos.
Há quanto tempo mora no bairro?
Desde 2001.
Por que você escolheu morar aqui?
No caso, pela qualidade de vida, que é muito boa. Tem espaço, todo prédio tem piscina, tem
mais natureza, para criar filho é bem melhor, tem a fazendinha também.
Você mora em casa ou edifício de apartamentos?
Apartamento.
Você gosta do seu apartamento (ou casa)?
Gosto.
Qual o seu sentimento em relação à sua moradia?
Eu já morei no Leblon muitos anos, mas eu prefiro aqui pela falta de segurança que tem na
Zona Sul hoje em dia, eu prefiro aqui. Em termos de segurança e de qualidade de vida eu acho
a Barra melhor.
O que você sente sobre esse visual de edifícios baixos e de grandes condomínios?
Bonito, normal.
281
Você tem um ideal de moradia?
Eu gosto muito de varanda, em termos de apartamento, que tenha varanda eu acho muito bom,
mas nada assim, o que ele é ele me atende muito bem, e não tenho maiores aspirações não.
Você se sente em casa no seu apartamento?
Me sinto, me sinto muito bem.
Você gostaria de outro tipo de moradia?
Eu gostaria por um lado de morar em casa, mas por outro, pela falta de segurança não.
Gostaria de ter uma churrasqueira, se eu morasse em casa eu teria uma churrasqueira, mas
hoje em dia eu não ia me sentir tão confortável, então, apartamento eu acho melhor.
O que pensa da sua rua, do condomínio?
Eu acho bom. O parquinho já foi mais bem tratado, (...), há dois anos atrás tinha uma moça que
tomava conta só do parquinho, era mais cuidado, (...).
O que mais gosta e o que menos gosta na sua rua e/ou condomínio?
Do condomínio o que eu mais gosto é a fazendinha, é o que eu mais gosto, e o que eu menos
gosto acho que é a falta de cuidado, a falta de capricho, isso aqui podia estar mais bem
tratado.
O que você pensa sobre o seu bairro?
Eu acho ainda um bairro muito bom, mas tem que ter uma via de escoamento, porque do jeito
que estão construindo prédios novos, a tendência é ficar cada vez mais um tráfego constante,
ai é um problema.
Você tem uma ligação com o seu bairro?
Eu me sinto... eu tenho uma grande simpatia e um carinho muito grande pela Barra. Me sinto
muito bem aqui, tanto que eu tive uma oportunidade agora de me mudar, mas eu estou
preferindo continuar na Barra, justamente por eu me sentir bem aqui, gosto muito desse
condomínio.
Gostaria de acrescentar algo sobre sua moradia em seu depoimento?
Aqui ainda tem um pouco de cidade de interior, que as pessoas se conhecem, ainda tem um
pouco dessa... todo mundo que vem ao parquinho... as crianças se conhecem, os brinquedos
elas emprestam umas para as outras, é mais difícil, na Zona Sul é tudo muito mais
individualista, pela falta de segurança, ou enfim, porque as pessoas são mais desconfiadas,
não tem esse tipo de coisa. Aqui tem mangueira, tem acerola na fazendinha, as meninas
pegam do pé, quer dizer, ainda tem essa coisa de cidade menor, é até moradora de casa sem
ser, morando em apartamento, tem oportunidade de subir em árvore, aprender a subir em
árvore e ter contato com os bichinhos na fazendinha, coelhinho...
Você gostaria de mudar da Barra?
Não. A não ser se eu fosse transferida, porque eu trabalho em Ipanema, então dá para morar
aqui e trabalhar em Ipanema, mas sei lá, se amanhã ou depois eu for trabalhar no centro da
cidade, ai fica inviável morar aqui. Legal seria o metrô de superfície, uma coisa que pudesse ter
esse tipo de... morar aqui e ter facilidade de trabalhar em locais mais distantes sem pegar
trânsito, sem ter muito problema para voltar para casa.
Entrevista 19/fita 05/lado A
Data: 27/02/2007
Local: Novo Leblon.
Nome: Thiago.
Idade: entre 20 e 30 anos.
282
Você é morador de qual condomínio?
Santa Mônica.
Há quanto tempo mora no bairro?
Seis anos.
Por que você escolheu morar aqui?
Eu vim para cá porque na época estava crescendo mais aqui e pela proximidade da Zona Sul
também, eu morava em Campo Grande, aí vim para cá pela proximidade da Zona Sul, mais
opções em relação a lazer, cultura... pra cá foi mais fácil.
Você mora em apartamento?
Apartamento.
Você gosta do seu apartamento (ou casa)?
Gosto, prefiro casa, mas estou satisfeito.
E você tem um sentimento em relação à sua moradia?
Não. Se eu tivesse que me mudar me mudaria, não tenho nenhum apego a mais, nada
sentimental.
Você se sente em casa na sua moradia?
Me sinto, me sinto à vontade.
O que envolve o seu espaço de morar? Só a moradia ou a rua e o bairro também?
Envolve o bairro e o condomínio, com certeza.
O que você sente sobre esse visual de edifícios baixos e de grandes condomínios?
E acho que a partir de agora, se continuar a edificação muito intensa, eu acho que não vai ficar
muito legal, eu acho que prejudica um pouco visualmente, eu acho que não fica muito legal
não.
O que você mais aprecia no seu prédio?
Eu não tenho queixa nenhuma não, até porque eu nem fico muito em casa, é da faculdade
para o trabalho, do trabalho para a faculdade, o tempo que eu tenho em casa eu estou na
varanda.
Você gostaria de ter outro tipo de moradia?
Eu prefiro casa.
Você tem algum sentimento em relação à sua rua? Você gosta da sua rua?
Não tenho nada a reclamar.
Você tem alguma ligação com o condomínio?
Não, também não. Eu, com relação a isso, eu prefiro muito mais quando eu morava em Campo
Grande, eu tinha uma relação muito maior com a vizinhança, com o lugar, era bem melhor
mesmo.
E hoje, como fica isso?
É, porque meus avós moram lá, então de vez em quando eu tenho possibilidade de ir para lá,
ficar lá, quando eu quero ir para lá eu fico lá, não tem problema nenhum. Mas eu passo mais
tempo aqui por causa da faculdade, final de semana para sair e tal, mas às vezes eu fico lá.
O que você pensa sobre o seu bairro?
Eu resumiria assim, o lugar é bom, mas as pessoas nem tanto.
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O que você mais gosta e o que você mais odeia no seu bairro?
O que eu mais gosto aqui é a diversidade que você tem para sair, a praia, shopping, shows,
você tem bastante.
Você tem uma ligação com o seu bairro?
Diretamente não faço muita questão.
Você se sente um morador da Barra?
Não, não me sinto aquele morador da Barra. Se a minha mãe chegar e falar “olha, a gente vai
ter que se mudar para Campo grande de novo”, tranqüilo, não tem problema algum, o único
problema mesmo é em relação à distância mesmo dos lugares, para faculdade é um pouco
mais distante, opções para cá e Zona Sul é muito maior.
Gostaria de acrescentar algo sobre sua moradia em seu depoimento?
Eu acho só que em relação a Campo grande é que podiam dar uma melhoria lá em relação ao
lazer porque não tem muita coisa.
Entrevista 20/fita 05/lado A
Data: 27/02/2007
Local: Novo Leblon.
Nome: Marcelo.
Idade: 28 anos.
Há quanto tempo mora no bairro?
28 anos. Nascido e criado aqui.
Porque seus pais escolheram morar aqui?
Sinceramente eu não sei porque não. A Barra estava crescendo na época, não tinha nada na
verdade, só tinham dois condomínios, e eles pensaram em tentar a sorte aqui mesmo, e deu
certo.
Você mora em casa ou edifício de apartamentos?
Apartamento.
Você gosta do seu apartamento (ou casa)?
Adoro.
Você se sente em casa na sua moradia?
Com certeza.
Qual o seu sentimento em relação à sua moradia?
Com certeza é família. O sentimento que eu tenho por ele é família.
Você tem um ideal de moradia?
Eu pretendo continuar sempre morando por aqui, eu sei que vai ser difícil, mas minhas
pretensões são essas.
O que envolve o seu espaço de morar? Só a moradia ou a rua e o bairro também?
Mais o condomínio, o bairro nem tanto, mais o condomínio em si. Porque é onde eu nasci, fui
criado e fiz as minhas amizades, onde eu pratico os meus esportes.
O que você sente sobre esse visual de edifícios baixos e de grandes condomínios?
É engraçado, aqui no condomínio como tem prédios e casas não afeta tanto não, não fica um
ambiente preso, é bem arejado. Acho que o prédio facilita muito para muitas pessoas, porque
não ocupa muito espaço, acho que aqui é uma área preservada, então não ocupa tanto
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espaço. Como os prédios da Barra não são muito altos, principalmente perto da praia, não
atrapalha muito a vista, então não me afeta muito não.
O que pensa da sua rua e do seu condomínio?
Os condomínios em si têm um pensamento mais de segurança, de fazer uma coisa mais
fechada, então o pessoal dentro do condomínio respeita mais o limite de velocidade, tem muita
criança, então isso é importante, mas na avenida em si eu já não posso falar a mesma coisa, é
terror e pânico.
Você se sente ligado à sua rua?
Me sinto ligado à minha rua mais pelo meu endereço, mas muitos lugares que você vai, vê os
moradores que ligam muito para a rua porque eles são nascidos e criados com a brincadeira
sendo na rua, e a nossa criação ficou mais presa para o play, o prédio ou então no clube.
O que você pensa sobre o seu bairro?
Muito boa, ele é praticamente uma bolha no Rio de Janeiro, porque você não precisa ir muito
longe para adquirir o que você necessita, até aqui mesmo nesse condomínio, você vai ali, até
cinema tem ali no shopping, você nem precisa ir ao Barra Shopping, loja tem aqui, hortfruit tem
ali do lado, então é uma coisa que te dá, hoje em dia o que a gente mais precisa, é segurança,
então eu gosto por isso, por a Barra ser uma cidade por si própria, você não necessita dos
outros bairros.
O que você mais gosta na Barra e o que você não gosta?
O que eu mais gosto é estar perto da praia, e o que eu não gosto são os farofeiros.
Você gostaria de morar em outro bairro?
Não gostaria não, mas poderia morar. De repente em Ipanema.
Gostaria de acrescentar algo sobre sua moradia em seu depoimento?
Acho que isso é muito pessoal, acho que cada um se adapta a um lugar diferente, tem gente
que gosta de condomínio, tem gente que acha errado, tem gente que acha que fica muito
preso.
Você se sente enraizado?
Com certeza, já viajei muito por aí e um bom filho sempre a casa retorna.
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