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ERNANE CORRÊA RABELO
COMPORTAMENTO INFORMACIONAL
E EVOCAÇÃO DE NOTÍCIAS:
ESTUDO DE CASO COM ESTUDANTES DE COMUNICAÇÃO SOC IAL
BELO HORIZONTE
ESCOLA DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO DA UFMG
SETEMBRO DE 2008
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Ernane Corrêa Rabelo
COMPORTAMENTO INFORMACIONAL
E EVOCAÇÃO DE NOTÍCIAS :
ESTUDO DE CASO COM E STUDANTES DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
Tese apresentada ao Progra ma de Pós-Graduação em
Ciência da Informação da Escola de Ciência da
Informação da Universidade Federal de Minas Gerais,
como requisito parcial à obtenção do título de Doutor em
Ciência da Informação.
Área de concentração: Produção, Organização e
Utilização da Informação
Orientadora: profª Dra.Maria Eugênia A lbino Andrade
Universidade Federal de Minas Gerais
Coorientador: prof. Dr. Valdir de Castro Oliveira
Universidade Federal de Minas Gerais
Belo Horizonte
Programa de Pós-Graduação em Ciências da Informação
Escola de Ciência da Informação da UFMG
2008
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Dedico este trabalho a João Antônio Coury, um grande
homem e de quem sinto saudades.
Agradecimentos
Devo agradecer primeiramente à sociedade brasileira que me possibilitou cursar
gratuitamente este programa de pós -graduação e à Universidade Federal de Minas Gerais,
instrumento dessa concessão.
Sou grato à Escola da Ciência da Informação, uma escola aber ta e democrática, que
dignifica a UFMG e seu campo científico. Aqui sempre me senti acolhido, desde o primeiro
contato no gabinete das professoras Maria Aparecida Moura e Alcenir Soares, a quem rendo
aqui meus sinceros agradecimentos. Posteriormente, Helen a Crivelari e Ana Cabral muito
contribuíram para minha formação, além dos demais professores do programa. Lembro-me
também com carinho dos alunos de graduação da disciplina Fundamentos Científicos da
Comunicação, que me proporcionaram grande satisfação com a atividade docente e que foram
responsáveis pelo meu interesse no campo da Ciência da Informação. Homenageio ainda os
servidores desta unidade. Aos colegas do doutorado, a gratidão pelo compartilhar de bons
momentos e pela descoberta de tantas coisas no vas. Aos professores Carlos Alberto Ávila
Araújo e Beatriz Cendón, pelas valiosas contribuições na banca de qualificação. Agradeço à
orientadora, profa. Maria Eugênia Albino Andrade, pela disponibilidade, pelas correções, pela
oportunidade e pelo que me ensinou. Ao prof. Valdir de Castro Oliveira, coorientador de
grande valia para esta tese, um exemplo de cidadão, sempre solícito, professor comprometido
com os mais altos valores cívicos e acadêmicos. E aos professores membros da banca pela
contribuição ao aceitar o convite para participar desta defesa de tese.
À Universidade Federal de Viçosa pelos momentos em que facilitou a trajetória deste
meu percurso. Aos servidores e colegas professores da Administração Superior, da
representação em Belo Horizonte, do Centro de Ciências Humanas, do Departamento de Artes
e Humanidades e do curso de Comunicação Social. Um agradecimento especial aos
estudantes do curso que participaram desta pesquisa e principalmente à turma de 2007 .
Neste último degrau de formação ac adêmica, agradeço a Deus pelos lugares onde
estive e aos colegas do Banco Real, Instituto Imaculada, Procolar, EUA, UFJF, Consórcio
Intermunicipal do Rio Piracicaba, Prefeitura Municipal de Americana, Folha de S. Paulo,
Hoje em Dia, Sindicato dos Jornalist as, Jornal do Metrô, Univale, Umesp, Uni -BH, UFMG,
PucMinas, Unipac e UFV.
Aos amigos, que me incentivaram, dando força, cobrando prazos, auxiliando com a
informática, olhando nossas filhas, emprestando o ombro, e cedendo a própria casa para meus
diversos retiros e imersões para que esta tese avançasse sobre os escombros que
ultrapassamos ao longo destes anos. Foram muitos os apoiadores e não devo citá-los, sob o
receio de ser injusto ao esquecer alguém.
Ao M. Gabriel, que ensin a que sabe o valor do bem quem o recebe e com quem eu
devo aprender melhor que a paciência é o primeiro degrau para a evolução. Aos irmãos da
UDV, pela amizade.
Às famílias Corrêa Rabelo e Njaim Coury pelo carinho, pela torcida, pelo prático e
imediato auxílio em inúmeros momen tos e de diversas maneiras .
Aos meus amados pais, irmãos, cunhados (as) e sobrinhos (as).
Queridas Clara e Ana, agradeçamos juntos a Deus por ter nos iluminado para que esta
tese não sacrificasse nos sa deliciosa convivência. A gradeço a vocês também pela
compreensão pelos momentos em que is so não foi possível.
Mudança. Essa palavra me acompanhou durantes estes longos últimos anos. No meio
do caminho, foi necessário mudar radicalmente o objeto da pesquisa, mudei de emprego,
mudamos de cidade, de residência (algumas vezes), perdemos familiares, ganhamos outra
filha e iniciamos empreendimentos. Mas não mudou o sentimento por você, Patrícia, que
suportou comigo as vicissitudes destes tempos , acolhendo meus “ais” , entendendo meus
sentidos, mudando nosso amor de degrau.
A Deus.
RESUMO
O objetivo geral que norteou este estudo foi a investigação do comportamento
informacional do estudante de Comunicação Social da Universidade Federal de Viçosa a fim
de conhecer as características do consumo e utilizaç ão de informações a partir de referenciais
teóricos do campo da Ciência da Informação e da Comunicação Social. Especificamente,
buscou mapear o ambiente informacional a partir da situação e lacuna de informações,
observar o comportamento de consumo de notí cias e caracterizar padrões de evocação. A base
teórica deste estudo é a do Sense-Making, abordagem centrada no usuário que busca
caracterizar lacunas, necessidades e utilização de informação, e em teorias sociocognitivas de
compreensão e formação de repr esentação na memória a partir de consumo midiático. A tese
discute o papel do usuário nos modelos tradicional e alternativo , localizando-se no campo dos
estudos de usuários por meio de abordagem quanti -qualitativa, tendo como cnicas de coleta
de dados questionários aberto e semi -abertos, entrevistas semi -estruturadas, Grupo Focal,
observação e a técnica Message Questioning Interview no acompanhamento de leitura de
notícias. O trabalho de campo foi realizado entre abril e dezembro de 2007 e em dois
momentos, sendo o primeiro um estudo piloto com 40 moradores de Viçosa (MG) e 40
estudantes da Universidade Federal de Viçosa, quando se corrigiu o roteiro do trabalho, aferiu
os questionários e confirmou a validade das técnicas. Na investigação posterior entrev istou-se
71% dos estudantes de Comunicação Social da mesma universidade. Utiliza nos dois
universos como estratégia de verificação o estudo de caso para o mapeamento do ambiente
informacional e, em uma segunda fase, promove um experimento de evocação de n otícias.
Em relação ao mapeamento do ambiente informacional, confirma a existência de
características e constrangimentos de busca e uso de informação, revelando que a Internet é o
principal e, muitas vezes, o único meio de informação jornalística; a mudanç a no perfil de
engajamento social do estudante ao longo do curso, o padrão de qualidade dos produtos
jornalísticos consumidos e a baixa quantidade e que 80% assistem a telejornais, 11% ouvem
radiojornais, 93% consomem produtos webjornalísticos enquanto ape nas 4% lêem jornais
diariamente. O cruzamento do mapeamento informacional com o experimento de evocação
permite confirmar ser melhor a qualidade de evocação do estudante com maior carga de
leitura; que tem mais e diversificadas fontes de informação, com ma ior decodificação crítica e
envolvimento social. Confirma ainda o discutido na revisão de literatura de que as
informações contidas no lide são melhor evocadas. O estudo conclui com recomendações
visando a melhoria da qualidade de oferta e de formação do futuro profissional da informação.
Palavras-chave: Comportamento Informacional; Evocação de notícias, Sense-Making
ABSTRACT
The Universidade Federal de Viçosa´s mass media student´s informational behavior
was the main reason that guided this research and monographic production, as well as
pursuing knowledge identifying characteristics and use of the informational consumption
from the theorical reference within the information science and the social communication
field of work. It produced the informational map from the location and absence of
information, observed the behavior in the news consumption and characterizi ng its
remembering mechanisms. The theorical base of this study is the Sense-Making approach,
placed in the users that search, location and useful of information and social-cognitive fields,
of understanding and record remembering from media informational consumption. Discusses
the user´s role in traditional and alternative models , is placed in the field of use rs studies with
an approach either quantitative and qualitative using as gathering information data techniques
open and semi-open quizzes, semi-structured interviews, focal groups, observation and
Message Questioning Interview techniques and the study of the news reading techniques . The
field work was made from April until December of 2007 in two parts. The first part was done
with a pilot study covering 40 habitants from Viçosa´s city (Minas Gerais) and 40 students
from the Universidad Federal de Viçosa . At the same time the structure of the study was
overview, the data was attached and was verified the success of the techniques used. In the
second part 71% of the student body in the same university was studied. In both cases was
used as validation strat egy the case study and the creation of an informational ambiance map,
them is done a news remembering experiment. With the informational ambiance map is
confirmed the existence of characteristics and limitations in the students search and use of
information, revealing that the Internet is the main, and in many cases the only way of
journalism information search; the changes within the profile of the student social
involvement during the course, the quality control defaults of the informational journalistic
products and its low quantity, and that 80% of the studied individuals see news television
programs, 11% hears informational programs thru the radio and 93% use electronic
journalistic products and only 4% reads imprinted journals on a daily basis. The informational
ambiance map cross-examination together with the r emembering experiment confirms that the
remembering quality is improved in the individuals with more reading habits; that these
students have more and better diversified information sources with better critical decoding
and social involvement. It is also confirmed the hypothetical affirmation presented in the
study that the remembering of the news is improved within the information presented in the
lead. The monograph finally shows some aspects to improve the quality of the developing and
formation of the future information professional.
Key-words: Informational behavior; News remembering , Sense-Making
LISTA DE TABELAS
1 -
Relação candidato por vaga em ves tibular do curso de Comunicação Social da UFV
107
2 -
Amostragem do universo pesquisado por período
136
3 -
Local de moradia
137
4 -
Jornal preferido
138
5 -
Número de edições de jornal que lê segundo o período
139
6 -
Hábito de leitura (freqüência) s egundo avaliação da credibilidade dos grandes jornais
139
7 -
Hábito de leitura (freqüência) segundo avaliação quanto à qualidade dos jornais
140
8 -
Hábito de leitura (freqüência) segundo assuntos de preferência
141
9 -
Hábito de leitura (freqüência) segundo autodefinição socioeconômica
142
10
Motivo pelo qual não lê jornais e revistas segundo o período
143
11
Motivo pelo qual não lê jornais segundo assuntos de interesse
144
12
Motivo de não assistir Televisão segundo o período
145
13
Justificativa para não ouvir Rádio segundo o período
146
14
Justificativa para não acessar Internet segundo o período
146
15
Credibilidade dos grandes jornais impressos segundo o período
147
16
Credibilidade do webjornalismo segundo o período
148
17
Credibilidade do jornal Estado de Minas segundo o período
148
18
Autodefinição socioeconômica segundo o período
149
19
Assuntos de preferência segundo auto -avaliação socioeconômica
150
20
Participação em entidades segundo o grupamento (%)
151
21
Credibilidade dos impressos segundo a qualidade do noticiário
154
22
Credibilidade do webjornalismo segundo avaliaç ão da qualidade do noticiário
154
23
Credibilidade dos impressos segundo autodefiniç ão socioecônomica
155
24
Credibilidade do webjornalismo segundo autodefini ção socioecônomica
155
25
Qualidade dos jornais segundo os assuntos de preferência
159
26
Qualidade do jornal Estado de Minas segundo assuntos preferidos
160
27
Credibilidade dos jornais impressos segundo assuntos de preferência
161
28
Credibilidade do webjornalismo segundo assuntos de preferência
161
29
Consumo de telejornal e participação em temas "áridos"
164
30
Jornal impresso segundo assuntos de prefer ência
169
31
Jornal preferido segundo autodefinição socioeconômica
170
32
Jornal preferido segundo avaliação de qualidade (impressos em geral)
171
33
Jornal impresso preferido segundo motivo para não assistir Televisão
172
34
Jornal impresso preferido segundo motivo pelo qual não ouve Rádio
173
35
Jornal preferido segundo motivo pelo qual não us a Internet
173
36
Número de revistas citadas por período
173
37
Jornal preferido segundo o período
174
38
Programas de Televisão preferidos segundo o período
175
39
Programas de radiojornalismo preferidos segundo período
176
40
Sítios de webjornalismo preferidos segundo o período
177
41
Consumo de Televisão (lazer) segundo o período
178
42
Consumo de telejornal segundo o período
179
43
Consumo de Rádio (lazer) segundo o período
179
44
Consumo de radiojornal segundo o período
180
45
Consumo semanal de Internet segundo o período
180
46
Consumo semanal de webjornalismo segundo o período
181
47
Evocações da N1 por período
183
48
Utilidade da informação da N1
184
49
Relação entre evocações e marcações por MQI
186
50
Escala crítica da N1
188
51
Evocação segundo escala de importância
188
52
Maiores expectativas antes da leitura
189
53
Quantidade de evocação da N1 por hábito de leitura
190
54
Evocação da N1 segundo total em minutos do consumo de TV e Rádio
191
55
Evocação da N1 segundo média por aluno de consumo de TV e Rádio
191
56
Evocação da N1 segundo a variedade de fontes
192
57
Evocação da N1 segundo credibilidade em impressos e webjornalismo
193
58
Evocação da N1 segundo a qualidade dos jornais em geral e do jornal Estado de Minas
194
59
Evocação da N1 segundo autodefinição socioeconômica
194
60
Evocação da N1 segundo escala de participação em entidades
195
61
Evocação da N1 segundo assuntos preferidos
195
62
Evocação da N2 por período
197
63
Evocação da N2 segundo escala de importân cia
200
64
Evocação da N2 segundo expectativa antes da leitura
200
65
Evocação da N2 por hábito de leitura impresso
202
66
Evocação da N2 segundo consumo de midia eletrônica
203
67
Evocação da N2 segundo consumo de Internet
203
68
Evocação da N2 segundo variedade de fontes
204
69
Evocação da N2 segundo credibilidade em jornais impressos e no webjornalismo
204
70
Evocação da N2 segundo a qualidade dos jornais brasileiros em geral e do jornal EM
205
71
Evocação da N2 segundo autodefinição socioeconôm ica
205
72
Evocação da N2 por nível de participação em entidades
206
73
Evocações da N3 por período
207
74
Evocação N3 por hábito de leitura
209
75
Evocação N3 segundo média de consumo de mídias eletrônicas
209
76
Evocação N3 segundo consumo de Internet
210
77
Evocação N3 segundo variedade de fontes
210
78
Evocação N3 segundo credibilidade em jornais impressos e no webjornalismo
210
79
Evocação N3 segundo a qualidade dos jornais brasileiros em geral e do jornal EM
211
80
Evocação N3 segundo autodef inição socioeconômica
211
81
Evocação N3 por nível de participação em entidades
211
82
Evocações da N4 por período
212
83
Evocação N4 por hábito de leitura
213
84
Evocação N4 segundo média de consumo de mídias eletrônicas
214
85
Evocação N4 segundo variedade de fontes
214
86
Evocação N4 segundo credibilidade em jornais impressos e no webjornalismo
214
87
Evocação N4 segundo a qualidade dos jornais brasileiros em geral e do jornal EM
215
88
Evocação N4 segundo autodefinição socioeconômica
215
89
Evocação N4 por nível de participação em entidades
216
90
Hábito de leitura (freqüência) segundo participação em entidades
242
91
Participação em entidades segundo o período - em números relativos e absolutos
242
92
Credibilidade do jornal Estado de Minas segundo participação em entidades
242
93
Credibilidade do webjornalismo segundo participação em entidades
242
94
Credibilidade em jornalismo impresso segundo participação em entidades
242
95
Qualidade dos jornais segundo a participação em entidades
242
96
Qualidade do jornal Estado de Minas segundo a participação em entidades
242
97
Consumo de Rádio para lazer segundo participação em entidades
242
98
Consumo de radiojornalismo segundo participação em entidades
242
99
Consumo de Televisão (lazer) segundo participação em entidades
242
100
Consumo de telejornalismo segundo participação em entidades
242
101
Consumo de Internet segundo participação em entidades
242
102
Revista preferida segundo o período
242
103
Consumo de webjornalismo segundo parti cipação em entidades
242
104
Jornais preferidos segundo participação em entidades
242
105
Auto-avaliação socioeconômica segundo participação em entidades
242
106
Participação entidades segundo assuntos de preferência
242
107
Consumo de radiojornal seg undo o motivo pelo qual não lê jornais ou revistas
242
108
Evocação da N1 segundo assuntos preferidos
242
109
Evocação da N2 segundo assuntos preferidos
242
110
Evocação da N3 segundo assuntos preferidos
242
111 -
Evocação da N4 segundo assuntos prefer idos
242
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Elementos do gênero noticioso 42
Figura 2 - Esquema de interpretação de etapas do tratamento
da informação durante a leitura 50
Figura 3 - Triângulo do Sense-Making 79
Quadro 1 - Hábito de leitura de jornalistas 54
Quadro 2 - Relação entre professores, estudantes e servidores
de universidades públicas brasileiras em 2004 104
Quadro 3 - Qualificação do docente por áreas da UFV e
relação aluno/professor em 2007 106
Quadro 4 - Item de maior marcação da N1 187
Quadro 5 - Item maior marcação N2 199
Quadro 6 - Maiores expectativas antes da leitura da N2 201
Quadro 7 - Dúvidas após ler a N2 201
Quadro 8 - Erros evocativos da N3 208
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CCH - Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes
CMI - Centro de Mídia Independente
DAH - Departamento de Artes e Humanidades
EM - Estado de Minas
ESAV - Escola Superior de Agricultura e Veterinária
EUA - Estados Unidos da América
FM - Folha da Mata
FSP - Folha de São Paulo
FUNARBE - Fundação Arthur Bernardes
IQ - Índice de Qualidade
IVC - Instituto Verificador de Circulação
MCP - Memória de Curto Prazo
ME - Memória episódica
MEC - Ministério da Educação
MLP - Memória de Longo Prazo
MQI - Message Questioning Interview
MS - Modelos situacionais
OAB - Ordem dos Advogados do Brasil
ONG - Organização não governamental
OP - O Popular
REUNI -Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das
Universidades Federais
RT - Representação do Texto
TL - Tribuna Livre
UFV - Universidade Federal de Viçosa
UREM - Universidade Rural do Estado de Minas Gerais
USAID -Agência para o Desenvolvimento Int ernacional do Governo Norte -
Americano
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.....................................................................................................
18
Escolha e justificativa do tema ...................................... ...................................... ....
23
Métodos e procedimentos ....................................................................................... .
26
NOTÍCIA E INFORMAÇÃO ........................................................ .......................
28
O contexto do jornalismo ........................................................................................
28
A mídia jornalística................................................................................... ..............
32
Conceito de notícia..................................................................................................
34
Acontecimento e notícia .................................................................................. ........
36
Estrutura do texto....................................................................................................
40
Epistemologia do lide na mídia impressa ............................................................... .
44
Consumo e uso da informação jornalística ............................................................ .
49
Necessidade de informação .................................................................................... .
53
Hábito de leitura.....................................................................................................
55
Decodificação de mensagens ................................................................................. .
57
Uso e evocação de informação............................................................................... .
59
Perfil do (novo) jornalista .......................................................................................
61
O LEITOR É ATIVO.............................................................................. .............
72
Modelos tradicional e alternativo ............................................................................
72
Abordagem Sense-Making.............................................................................. ........
74
Conceitos e variáveis.............................................................................. .................
79
Algumas técnicas............................................... ......................................................
81
Micro-moment Time-Line Interview......................................................................
82
Message Questioning Interview ............................................. .................................
82
Pesquisas de recepção (problemas e soluções) ......................................................
84
Pesquisas sobre uso da informação ....................................................................... ..
88
Evocação de notícias através da leitura ................................................................. .
89
Notícias, envolvimento social e Sense -Making .....................................................
89
Compreensão e evoca ção de notícia....................................................................... .
91
METODOLOGIA.............................................................................. ....................
94
Abordagem qualitativa .............................................................................. ..............
97
CONTEXTO DA PESQUISA ..............................................................................
100
A Zona da Mata e Viçosa .............................................................................. ..........
100
A Universidade Federal de Viçosa ........................................................................ ..
102
O curso de Comunicação Social .............................................. ...............................
105
Jornal Estado de Minas .............................................................................. ..............
108
MORADORES E ESTUDANTES EM GERAL ................................................ .
112
Metodologia.............................................................................. ...............................
113
Perfil dos jornais.............................................................................. ........................
117
Ambiente informacional .............................................................................. ............
118
Comportamento informacional e evocação de notícias ...........................................
119
Resultados .............................................................................. .................................
120
ESTUDANTES DE COMUNICAÇÃO SOCIAL .............................................. .
126
Variáveis.............................................................................. ................................. ..
126
Primeira etapa.............................................................................. ............................
128
Segunda etapa.............................................................................. ............................
130
Terceira etapa.............................................................................. ............................
132
Instrumentos de análise .............................................................................. .............
134
Ambiente informacional dos estudantes de Comunicação Social ...........................
135
Local de moradia .................................................... ................................................
136
Jornal impresso preferido .............................................................................. .........
137
Hábito de leitura segundo período, credibilidade, qualidade, participaç ão
em entidades, assuntos de preferência e auto -avaliação socioeconômica ...............
138
Motivo pelo qual não lê jornais segundo o período e assuntos de interesse. ..........
142
Motivo pelo qual não consome Televisão, Rádio e Internet segundo o período.....
144
Credibilidade nos impressos, no webjornalismo e no EM segundo o período. .......
147
Autodefinição socioeconômica segundo o período e assuntos de preferência ........
149
Grau de participação em entidades segundo o período ..........................................
150
Qualidade segundo a credibilidade dos impressos e do webjornalismo .................
153
Autodefinição socioeconômica e credibilidade nos impressos e no
webjornalismo.............................................................................. ............................
154
Credibilidade no jornal EM, no webjornalismo e nos impressos segundo
participação em entidades. ........................................................... ...........................
156
Qualidade dos impressos e do EM segundo participação em entidades ..................
157
Qualidade dos jornais impressos e do EM segundo assuntos de preferência ..........
158
Credibilidade dos impresso s e do webjornalismo segundo assuntos de
preferência.............................................................................. .................................
160
Consumo de Rádio, Televisão e Internet segundo participação em entidades .......
161
Jornais impressos preferidos segundo participação em entidades ..........................
166
Autodefinição socioeconômica e assuntos de preferência segundo
participação em entidades.................................................... ....................................
167
Jornal impresso preferido segundo assuntos de preferência, autodefinição
socioeconômica e qualidade dos jornais ................................................................ ..
168
Jornal preferido e motivo de não consumir Televisão, Rádio e Internet .................
171
Revistas, jornais, programas de Televisão, de Rádio e sítios de Internet
preferidos segundo o período ........................................................................ ..........
173
Tempo de consumo de TV, Rádio e Internet segundo o período ............................
177
Comportamento informacional e evocação de notícias ...........................................
181
Primeira notícia .............................................................................. ........................
181
Segunda notícia.............................................................................. ..........................
196
Terceira notícia.............................................................................. ..........................
206
Quarta notícia .............................................................................. ............................
212
CONCLUSÃO.............................................................................. ..........................
217
Fundamentos de Pesquisa. .............................................................................. ........
218
Ambiente informacional .............................................................................. ............
219
Evocação de informações .............................................................................. ..........
223
Recomendações.............................................................................. .........................
225
REFERÊNCIAS .............................................................................. ......................
228
APÊNDICES .............................................................................. ...........................
237
APÊNDICE A Questionário Pesquisa Piloto ...................................................... .
238
APÊNDICE B Questionário estudantes Comunicação Social ..............................
239
APÊNDICE C Notícias do experimento com estudantes de
Comunicação Social.............................................................................. ..................
240
APÊNDICE D Questionário evocação estudantes Co municação Social.............
241
APÊNDICE E - Tabelas estudantes de Comunicação Social .................................
242
APÊNDICE F - Tabelas moradores e estudantes em geral ...................................
243
ANEXO A Notícias do experimento piloto..........................................................
244
18
1 INTRODUÇÃO
Vivemos em um mundo que parece transformar -se velozmente, em que grandes
acontecimentos se sucedem quotidianamente, com processo de internaci onalização de cultura
e comércio que levam fatos longínquos a repercutirem em cadeia global. Impulsionada por
permanentes avanços tecnológicos, a mídia consegue apenas reproduzir freneticamente tais
sucessões de acontecimentos, contribuindo para a explosão informacional.
Nesse contexto, torna-se de especial relevância o papel do cientista da informação que
trabalha com produção, acesso, tratamento e uso de informação. Na área da Comunicação
Social, cujo objeto de trabalho também é a informação, os jornalistas não o convocados
apenas para contar as coisas deste mundo” mas para “explicar este mundo”. Um mundo fácil
de ser observado em função das novas tecnologias, mas de complexo entendimento e de
difícil explicação.
Mas qual seria o efeito da mensagem sobre os leitores? Antes de se chegar à
formulação dessa pergunta, a trajetória de estudos a respeito da transmissão de mensagens
iniciou-se com o modelo da teoria da informação que tentava esquematizar as estruturas
envolvidas na comunicação como o emiss or, canal, mensagem e o receptor. O segundo
paradigma se refere ao conteúdo da mensagem e o terceiro se fixou em como a informação
atuou junto ao receptor. Perguntando -se o quê os usuários fazem com a informação recebida,
consolidam-se os estudos centrados nos usuários, que passam a ser questionados sobre o que
fazem da mídia e quais são suas necessidades.
Da mídia, especialmente da imprensa
1
, se esperam informações úteis que sirvam para
seus leitores tomarem decisões consistentes e racionais, embora se sa iba que os cidadãos nem
sempre seguem a racionalidade mas intuições, reflexos e suposições condicionadas e
acionadas por seu acervo social e sua memória. E o que dizer quando os usuários são também
produtores de informação? rios autores ( MAGALHÃES, 2005; CHAVES, 2005)
apontaram que a principal característica de bom jornalista é “ser” ou “estar” bem informado e
a tradição jornalística escrita, não verbal, ainda é o principal instrumento para que o estudante
venha a adquirir tal “status”.
1
Algumas pesquisas ressaltam a importância da mídia impressa à eletrônica. Rennó (2003) descobriu, por exemplo, que
pessoas com bito de leitura de jornais impressos estariam mais propensas à participação em ass ociações do que aqueles
que apenas assistem a telejornais.
19
O Jornalismo estabeleceu suas bases conceituais sobre a palavra impressa no suporte
papel e mesmo com o surgimento de outras mídias permanece como o principal formato de
propagação de notícias no que diz respeito à contextualização, à interpretação, à análise e ao
aprofundamento na cobertura de grandes questões que afetam a humanidade. Se o surgimento
dos meios orais e visuais de Jornalismo, Rádio e Televisão, os lev ou a ganhar dos impressos a
primazia da agilidade e repercussão das notícias, os jornais e suas versões eletrô nicas ainda
reservam para si o papel de investigação, análise e debate de idéias.
Ao se referir à palavra escrita, não oral, Lima avalia que a imprensa “possui um poder
de permanência e com isso de convicção mais profundo do que as palavras que as ondas
levam, no mesmo instante de pronunciadas ou as imagens transmitidas sem demora, aos
recantos mais remotos do mundo inteiro” (1969, p.9). Mas a tradicional forma das palavras
impressas migra rapidamente para a leitura em telas digitalizadas
2
e a Internet parece
significar mais uma etapa do longo processo trilhado pelo Jornalismo, que começou antes
mesmo da tipografia, em manuscritos, pergaminho, papiros, placas e papel, e agora se
consolida também no ambiente digital, possibilitando agilidade na propagação e
interatividade, sons e imagens em movimento assim como em determinado momento no
início do século XX incorporou fotografia e cores.
Ao lado do estudo das teorias da Comunicação, do aprendizado de técnicas e da
deontologia do Jornalismo, a metodologia da notícia é objeto central para o estudante durante
seus quatro anos de graduação. Além disso, ele deve debater os conceitos de notícia,
investigar suas dimensões, recuperar e reescrever sua história, estudar e revolver a estrutura
textual, aprender técnicas de apuração, redação e edição, aproximar -se e conhecer com
intimidade seus formatos derivantes, enfim, cercar -se de todas as nuances do fenômeno. A
investigação teórica, a produção técnica e a leitura de jornais formam um triângulo basilar
para a formação e é dentro dessa área que ele deve penetrar, perscrutando as entranhas de seu
principal objeto de trabalho: a notícia.
Assim, é imprescindível ao estudante de Jornalismo
3
cuja área legitima, com sua
autoridade, o produto informativo - tomar contato desde o início da graduação com alta carga
2
O impacto da Internet como novo suporte de informação ainda não foi suficientemente estudado , mas pode ser
dimensionado pela queda da circulão de impressos , tendo como contrapartida o aumento v ertiginoso do número de acessos
à versão on line desses jornais, que buscam novas possibilidades para permanecer no negócio. Arthur Sulzberger, presidente
do grupo empresarial que edita o New York Times, um dos jornais mais influentes do mundo, presume que até 2012 o jornal
não seja mais impresso e acrescenta que o fundamental é se concentrar no melhor modo de operar a transão da folha
impressa à Internet (O Estado de S. Paulo, 8 de fevereiro de 2007).
3
O Jornalismo é uma das habilitações do campo da C omunicação Social, que oferece ainda a Publicidade e Propaganda,
Rádio e Televio, Cinema, Teatro, Editorão e Relações blicas. Em nosso estudo, muitas vezes trataremos como
sinônimos estudante de Jornalismo e de Comunicão Social.
20
diária de consumo midiático. Dois objetivos se esperam de tal prática: aquisição de
conhecimentos gerais e aprendizado das práticas jornalísticas com sua inserção no universo d a
produção.
No entanto, pouco se sabe a respeito de seu ambiente e de seu comportamento
informacional, da acessibilidade às mídias , do nível de decodificação e da utilização de tais
mensagens jornalísticas. Do mesmo modo, desconhece -se como o fenômeno ocorre em um
universo de estudantes de Comu nicação Social abrigados em uma universidade pública
situada no interior do país e cuja clientela é formada por egressos de cidades de pequeno e
médio porte da Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e, majoritariamente, de Minas
Gerais.
A análise do comportamento informacional dos estudantes de Comunicação Social
tem dupla relevância por ser es se usuário também um produtor de informação, podendo
significar grande avanço para a ampliação do conhecimento a respeito do perfil dos futuros
jornalistas, de seu ambiente informacional e de seus comportamentos comunicacionais,
aperfeiçoando a graduação e inaugurando áreas de pesquisa voltadas para a própria prática de
ensino. Partindo do pressuposto de que es se tipo de público possa ser considerado um usrio
especializado (deste universo é exigida uma leitura diferenciada , especialmente no que se
refere às características de decodificação e ao uso das mensagens), investigamos em que
medida o comportamento informacional interfere na evocação de notícias.
Nesse contexto, surgiram indagações iniciais a respeito de qu e situações e lacunas
levariam o aluno de Jornalismo a buscar informações, qual é seu comportamento e hábito de
consumo de notícias, quais são as características de evocação de notícias des se usuário
especializado e de que maneira a decodificação de notícias influencia em sua posterior
evocação. Outras questões se apresentavam a todo momento: como os estudantes se informam
sobre as “coisas do mundo”? Quais são as características de busca de informaç ão? Com que
freqüência e intensidade se expõem aos meios de comunicação? O aluno com maior carga de
consumo também tem maior nível de decodificação crítica? Como caracterizar “envolvimento
social” a fim de observar se tal variável influencia na decodificação crítica? Qual é o efeito da
credibilidade do jornal para a decodificação de sua mensagem? Os assuntos preferidos pelos
leitores seriam melhor evocados? É possível estabelecer padrões de barreiras e lacunas
enfrentadas pelos usuários durante o ato de lei tura? Quais os elementos do lide são melhor
evocados? Em que circunstâncias o usuário se recorda de mensagens jornalísticas?
A teoria sociocognitiva considera que o processamento de notícias passa por sua
representação através de atualização do conhecime nto por parte dos leitores (VAN DIJK,
21
1990). Assim, é através da constante alimentação e reformulação da superestrutura textual
(esquema cognitivo que contempla os elementos principais para processamento da linguagem
e organização da memória) que o estudan te de Jornalismo, enquanto também produtor de
informação, torna-se capaz de observar os fatos do cotidiano, selecionar aqueles que a seu
juízo teriam interesse público, organizar, tratar e disseminar tais informações. Em outras
palavras, é fundamental para o jornalista não apenas o consumo mas o uso da informação
adquirida e uma das dimensões que mais intrigam os pesquisadores das áreas da Ciência da
Informação e da Comunicação Social é exatamente a questão da forma de registro desta
informação na memória p ara posterior evocação.
Algumas pesquisas (VAN DIJK , 1990), que discutimos na revisão de literatura,
indicam que o lide (do inglês lead)
4
e os títulos são melhores evocados que o restante das
informações dispostas ao longo do texto e que a evocação estaria , em alguma medida,
relacionada aos processos de decodificação e compreensão da mensagem. Os mesmos estudos
demonstram que tal lógica te nha duplo sentido, pois facilitaria tanto o esquema de
entendimento macroestrutural do usuário quanto ao fazer jornalíst ico. Outras investigações
(DWORKIN et al., 1999) comprovaram que o envolvimento do usuário com organizações
sociais e comunitárias também favoreceria maior nível de decodificação crítica e, portanto, da
evocação.
O comportamento informacional, aqui definid o como a atitude do estudante de
Comunicação Social em face do ambiente midiático, é o problema central desta pesquisa.
Ancorados em premissas teóricas do campo da Ciência da Informação e da Comunicação
Social, e nesse contexto geral de substituição da bus ca de informação da mídia impressa pela
eletrônica, afirmamos provisoriamente que o comportamento informacional seja motivado por
situação (contexto) e lacuna (necessidade de informação) sentida pelo estudante de
Comunicação Social em seu ambiente informac ional, sendo nessa perspectiva que
trabalhamos tais conceitos
5
. A produção de sentido é constituída durante o movimento
(quotidianamente fragmentado e descontínuo) do ser humano, em busca de informação para
romper barreiras e suprir lacunas. É também uma c onstrução individual, mas padrões
comuns de leitura e de evocação de fragmentos dos fatos noticiados, especialmente por
4
Fórmula de construção da abertura do texto jornalístico, em que se resume o acontecimento, contendo resposta
às seguintes questões: quem? quando? onde? como? porquê? e o quê?
5
Baseados em trabalhos de Dervin (1983), trabalharemos com a seguinte conceituação: “Situação” é o contexto,
espaço e tempo em que surge a necessidade de informação e onde o sentido é construído; “lacunas” é a
necessidade de construir pontes, a necessidade de informação, as questões colocadas ou pontos que o indivíduo
não compreende e “uso” é o empr ego dado ao conhecimento recém -construído.
22
leitores especializados e circunscritos em dado ambiente informacional, como é o caso do
graduando em Jornalismo. Assim, estabelecemos as seguintes hipóteses:
H1 - O comportamento informacional e o uso das informações são motivados por
situação (ambiente informacional) e lacuna (necessidade de informação) para a formação
profissional dos estudantes de Comunicação Social.
H2 O comportamento informacional é uma construção individual, mas padrões
comuns de consumo e de evocação de notícias no universo de usuários especializados em
informação, como o dos estudantes de Comunicação Social.
H3 - O lide é melhor evocado que o restante das informações contidas ao longo do
texto.
H4 - As variáveis envolvimento social (participação em entidades e interesse em
assuntos), autodefinição socioeconômica, hábito de leitura e decodificação das mensagens
(credibilidade e qualidade) interferem no co mportamento informacional e na qualidade de
evocação.
Nos respaldamos teoricamente na Metodologia Sense-Making
6
, um dos paradigmas de
estudos do usuário na perspectiva do modelo alternativo e em ambientes informacionais
especializados, e em teorias socioco gnitivas (VAN DIJK, 1990 ; 2002). A abordagem Sense-
Making foi desenvolvida pela pesquisadora estadunidense Brenda Dervin (1983) tendo tido
desde então vasta aplicabilidade no campo da Comunicação Social e da Ciência da
Informação (DERVIN, 1983, 1996; DERVI N & NILAN, 1986; DERVIN & HUESCA, 2003;
DWORKIN et al., 1999) enquanto Van Dijk é um dos principais estudiosos sob a perspectiva
sociocognitiva da notícia.
A dimensão “uso de informação” abran ge um amplo escopo de possibilidades, mas
utilizamos a questão da evocação como uma de suas principais características , com base na
premissa de que sem a memória da mensagem jornalística, ainda que esparsa, a notícia
perderia seu potencial de utilização. Três questões nos chamam a atenção nes sa evocação:
a)situação específica do usuário; b)ambiente informacional; c) qualidade evocativa.
O termo “evocação” de informação nos pareceu mais adequado para este trabalho de
pesquisa no sentido em que se trata de uma ação deliberada, um esforço do usuário em
subtrair do acervo de memória extratos de notícias lidas em um passado recente. E não uma
lembrança fortuita e ocasional de uma mensagem. É preciso aqui diferenciá -lo de
“recuperação da informação”, information retrieval, um dos termos mais importantes no
6
Podemos entender porprodução de sentido”, mas optamos por utilizar o termo em inglês por não haver correspondente em
português.
23
campo da Ciência da Informação. Saracevic (1996, p. 44) credita ao estadunidense Calvin
Mooers a autoria do termo , que “engloba os aspectos intelectuais da descrição de informações
e suas especificidades para a busca, além de quaisquer sistemas, técnicas ou máquinas
empregados para o desempenho da operação”.
Partindo do mapeamento do ambiente informacional, do bito de leitura, da
credibilidade conferida aos jornais e d o envolvimento social dos estudantes, que
conformariam a decodificação crítica do usuário, seguid a de interpretação dessas variáveis,
foi desenvolvida pesquisa de campo utilizando como objeto de experimentação jornais de
Viçosa e o jornal Estado de Minas.
1.1 Escolha e justificativa do tema
Os meios de comunicação exercem forte influência sobre a formação cultural de uma
sociedade e os jornais são fundamentais como fontes de informação para especialistas da área ;
por isso aceitamos o desafio de tentar decifrar o ambiente e o comportamento informacional
de futuros profissionais da comunicação.
A preocupação com a temática da produção de sentido por intermédio da leitura de
jornais se estende desde os anos em que trabalhei em jornais diários e percebi a incerta e
enviesada compreensão por parte dos consumidores das notícias que publicávamos. No ápice
de disputas eleitorais chamava a atenção a maneira pela qual os leitores resgatavam (ou
simplesmente esqueciam) reportagens que seriam necessárias para fornecer melhor sentido do
contexto, orientando o voto do eleitor. Posteriormente, atuando na atividade docente , tais
preocupações se ampliaram com o impacto do consumo de notícias para a formação dos
futuros produtores de informação e tornou -se clara a necessidade de estudar o comportamento
de busca e uso da informação dos estudantes de Comunicação Social. Compart ilhamos estas
preocupações com colegas em diversos momentos e ambientes acadêmicos e passamos a
procurar bibliografia que respondesse a es sas questões.
No Brasil, é escassa a literatura de pesquisas que estabeleçam relação entre
decodificação crítica e evo cação de notícias e raros foram os estudos que tangenciassem
nossas preocupações mesmo porque vivenciamos um fenômeno inteiramente novo com a
inserção das novas tecnologias na área midiática e, por extensão, no ensino do Jornalismo. Os
estudos de recepção têm concentrado seus esforços na tentativa de descortinar a influência das
mensagens e negligenciam certas características que condicionam o posterior uso da
informação veiculada. As pesquisas da área avançaram a partir de estudos sobre recepção de
24
produtos midiáticos e atualmente têm privilegiado as práticas televisivas mas principalmente
de grandes grupos midiáticos de radiodifusão , havendo carência de reflexões a respeito da
mídia impressa e, especialmente, de usuários de jornais em ambiente regional.
Algumas das investigações mais consistentes na área da recepção midiática foram
desenvolvidas com maior vigor e criatividade metodológica por cientistas sociais (FAUSTO
NETO, 2002) e questões emergentes, como a aqui proposta, que demandam abordagem
interdisciplinar pois “o foco unilateral em Informação ou Comunicação é muito estreito,
enfraquecendo a pesquisa em ambos” (SARACEVIC, 1996)
7
.
Nas conclusões finais de extenso levantamento e reflexão teórica a respeito da
compreensão, da estrutura e da produção de notícia, Van Dijk afirma que, apesar de todos os
esforços, “seguimos sem saber quase nada sobre o que os usuários dos meios de comunicação
realmente fazem com a informação que obtêm das notícias” (1990, p. 248) e supõe qual seria
a utilidade de se ente nder como funciona a prática de leitura de jornais:
Se sabemos o tipo de informações que as pessoas percebem e representam melhor e
mais efetivamente, e aquela que inclusive é capaz de recuperar depois de muito
tempo, também saberemos qual informação se utiliza para construir o
conhecimento mais geral e os modelos de atitudes (p. 258)
É nesse sentido que Chaves sugere a investigação de como a universidade colabora
“na formação crítica e consciente dos estudantes para que estes lidem com a informação como
um bem público ao ingressarem no mercado de trabalho, sejam como produtores, fontes ou
disseminadores da informação” (2005, p. 261-262).
Cabe também justificar o porquê de se investigar em as características do
comportamento informacional em um ambiente c onstituído por estudantes de Comunicação
Social em uma cidade do interior. Como o município dispõe de precário sistema de
radiodifusão e nenhum jornal com veiculação diária, podemos parcialmente isolar de maneira
mais controlada a influência do Jornalismo televisivo e radiofônico na interpretação e na
recuperação de notícias de âmbito estadual. Colocar à prova a mesma hipótese em uma cidade
como Belo Horizonte, por exemplo, significaria maior possibilidade de, durante o
experimento de leitura e posterior e vocação de notícias, o usuário ser “contaminado” por
centenas de mensagens jornalísticas veiculadas nos vários programas locais de telejornal,
7
O autor relaciona quatro dimensões do desenvolvimento da relação entre a Ciênci a da Informão e a Comunicação Social:
interesse compartilhado na comunicão humana, juntamente com a crescente compreeno de que a informação como
femeno e a comunicação como processo dev am ser estudadas em conjunto; a conflncia de certas correntes de pesquisa;
permutas entre professores; o potencial de cooperação na área da prática profissional e dos interesses comerciais/empíricos.
25
radiojornal, webjornal
8
e nos sete diários da capital.
Para o estudo piloto, trabalhamos com uma amostra não prob abilística de 40
moradores e 40 estudantes de diversos cursos de graduação (exceto Comunicação Social) com
o objetivo de verificar a eficiência das técnicas e coleta de dados em face dos dois universos
distintos. Do mesmo modo, escolhemos três jornais loca is e o jornal Estado de Minas no
sentido de comparar divergências de leitura de acordo com o objeto de análise, além de
averiguar se o EM seria o mais adequado para o experimento de leitura e evocação de noticias
de estudantes de Comunicação Social , na fase posterior.
Além das motivações expostas anteriormente, o grupo de estudantes de Comunicação
Social foi selecionado por outros motivos: (a) nosso conhecimento do perfil de alunos de
Comunicação Social adquirido pela experiência a lecionar em escolas de Minas Gerais; (b) a
disponibilidade dos alunos da Universidade Federal de Viçosa para o estudo de caso e o para
o grupo experimental; (c) a possibilidade de aplicação de testes piloto e de averiguação da
questão do uso da informação algumas semanas após a le itura dos jornais.
Em comparação com outras mídias, optamos por trabalhar com mídia impressa por
conter, presumivelmente, maior aprofundamento e análise editorial, por estimular o raciocínio
e a memória, ser mais factível a instrumentalização para a coleta de dados e por haver maior
volume de estudos. A escolha sobre o jornal Estado de Minas deu -se pelas seguintes razões:
(a) é o periódico mais antigo, de maior influência política e de melhor estrutura empresarial
em Minas Gerais; (b) foi apontado em sala de aula como o jornal mineiro mais conhecido
entre os estudantes, o que foi comprovado posteriormente em pesquisa de campo; (c) veicula
informações sobre fatos ocorridos no Estado , que poderão servir de objeto para análise de
leitura e (d) é o órgão inform ativo mineiro com maior volume de estudos realizados pela
academia.
Nesse contexto, esta pesquisa pretende u contribuir com reflexões e análises do
comportamento desses estudantes frente à informação jornalística , investigando como o
ambiente informacional interfere no comportamento e na evocação de notícias. Definimos
como objeto de pesquisa o comportamento informacional e o uso de informações pelos
estudantes de Comunicação Social da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Como
buscamos compreender es sa realidade, o grupo estudado e suas relações com a mídia, as
pretensões deste estudo foram teóricas e, portanto, não pretendemos deduzir soluções práticas,
embora esse escopo pudesse também ser alcançado no final desta investigação.
8
Trabalhamos nesta tese com o termo “webjornalismo como sinimo de jornalismo on line ou digital, embora alguns
autores façam distinção entre os termos.
26
Desse modo, explicitamos q ue o objetivo geral desta pesquisa foi investigar
características do comportamento de consumo de notícias por estudantes de Comunicação
Social da UFV e apresentamos como objetivos específicos (a) identificar situação e lacuna de
informações dos estudantes, (b) mapear o ambiente informacional, (c) observar leitura de
notícias e (d) caracterizar padrões de evocação de notícias.
1.2 Métodos e procedimentos
Realizamos a revisão de literatura com o objetivo de compreender características de
consumo e evocação de informações por usuários especializados e nos deparamos com
escassa bibliografia, re metendo-nos com freqüência a estudos que envolvessem outros perfis
de usuários e veículos de comunicação , mas que subsidiassem nossos objetos de investigação.
Dessa forma, desenvolvemos o estudo de comportamento de usuários de modo a
evidenciar as relações entre as variáveis estabelecidas e evocação de notícias. Para o estudo de
caso, selecionamos nossa amostragem entre os estudantes do curso de Comunicação Social da
UFV e como objeto empírico do experimento de evocação foi selecionado o jornal Estado de
Minas, observando o comportamento e buscando descortinar padrões de comportamento.
Investigar a relação entre características de evocação e as variáveis hábito de leit ura,
decodificação, autodefinição socioeconômica e envolvimento social configurou -se como o
tema central desta tese. Com o objetivo de responder a es sa questão, buscamos na literatura
subsídios para estruturar o estudo do comportamento de consumo e uso de informação da
comunidade estudantil. Optamos por um recorte de caráter qualitativo e quantitativo
compreendendo o fenômeno individualmente , mas observando características gerais na
tentativa de estabelecer padrões gerais de comportamento.
Metodologicamente, a escolha da abordagem Sense -Making se configurou pelas
seguintes razões: (a) nascida no campo da Comunicação Social, rapidamente se expandiu para
outras áreas e encontrou na Ciência da Informação o maior volume de pesquisas; (b) oferece
um método abrangente e eficaz para o mapeamento de comportamentos de uso de informação
dentro da abordagem centrada no usuário; (c) apresenta vasta aplicabilidade em estudos com
usuários de serviços de informação e (d) a existência de estudos utilizando tal metodologia
comprovam a influência entre hábito de leitura, envolvimento social e credibilidade no nível
de decodificação crítica da assimilação de mensage ns jornalísticas.
A presente pesquisa se insere na linha “Informação, Cultura e Sociedade”,
compreendendo que a i nvestigação sobre as inter -relações entre o comportamento de usuários
27
e o ambiente informacional contribui para o fortalecimento teórico dos campos da Ciência da
Informação e da Comunicação Social, para o intercâmbio de conhecimentos entre a
comunidade, para o fazer jornalístico e para a melhoria da utilização da mídia por parte des se
novo sujeito, profissional em produção de informação.
O trabalho foi estruturado em oito capítulos, sendo o primeiro a Introdução, em que
apresentamos o tema e o problema de pesquisa, apontando hipóteses e objetivos, e
justificando nossas escolhas. No segundo capítulo resgatamos a trajetória da atividade
jornalística; discutimos a fundamentação teórica especificamente em relação a aspectos do
Jornalismo que interess em a esta pesquisa, a epistemologia da notícia e da narrativa
jornalística, colocando especial ênfase nas dimensões do lide, que é o principal elemento
evocado, segundo pesquisas que apresentamos na revisão de literatura. Contextualizamos
consumo e uso da informação a partir das variáveis necessidade de informação, bito de
leitura, decodificação de mensagens e evocação de informação . No final do segundo capítulo
discorremos a respeito do papel histórico-político do profissional da informação .
No terceiro capítulo discutimos teorias da Ciência da Informação e da Comunicação
Social sobre recepção de notícias e compreensão de leitura. Do mesmo modo, debatemos
estudos de usuários em seus modelos tradicional e alternativo e promovemos uma exposição
pormenorizada da abord agem Sense-Making, que nos fornece o embasamento teórico que
utilizamos na concepção deste estudo.
O capítulo quatro foi dedicado à metodologia ; revelamos os passos e as técnicas de
coleta de dados que adotamos para atingir aos objetivos desta pesquisa . A contextualização do
objeto da pesquisa foi realizado no capítulo cinco, em que apresentamos a região da Zona da
Mata e a cidade de Viçosa, a história da UFV e do curso de Comunicação Social, e o jornal
Estado de Minas. Os capítulos seis e sete foram dedicados à descrição e à interpretação de
dados obtidos no estudo de caso e no experimento com os estudantes e moradores de Viçosa.
Ainda nesses capítulos discutimos as variáveis originalmente apresentadas, como estado de
envolvimento social (participação em e ntidades e interesse em assuntos), hábito de leitura,
autodefinição socioeconômica, e decodificação das mensagens (credibilidade e qualidade),
retomando a teoria e o problema de pesquisa. No oitavo capítulo fizemos as conclusões em
relação ao problema prop osto, lacunas detectadas e recomendações para futuros trabalhos.
28
2 NOTÍCIA E INFORMAÇÃO
Neste capítulo discutimos a fundamentão teórica especificamente em relação a aspectos do
Jornalismo que interessem a esta pesquisa e a conceitos e atribut os das notícias. Conceituamos
informação e algumas de suas características, especialmente a informão midtica. Apresentamos
uma breve trajeria do início do Jornalismo como atividade revolucionária, política e pedagógica ao
atual modelo capitalista de imprensa comercial, com o conseqüente caráter mercantil das notícias.
Mostramos como a informação e a notícia em meios eletrônicos e impressos perderam o valor de
registro e se transformaram em instrumentos para o esquecimento, levando a uma nova relação e ntre o
leitor e o jornal e, portanto, moldando o comportamento do usuário. Det ivemo-nos com especial
ênfase no debate sobre a epistemologia da notícia, presente em todas as formas de difusão coletiva
dria e comercial no dio, Televisão, Internet e nos v culos impressos, que configura o ambiente
informacional do estudante de Comunicação Social. Iniciamos aproximação de uma “teoria do lide ,
pois sua função ultrapassa a simples instrumentalização por produtores e usuários de informão: está
presente em todas as mídias noticiosas, mesmo no relato oral de notícias, e seu efeito propagador
favorece não apenas a evocação mas, paradoxalmente, o esquecimento, segundo pesquisas que
apresentamos no capítulo 3. No final, discutimos a trajeria do profissional d a informação, que
assume novo papel na sociedade mediatizada .
2.1 O contexto do Jornalismo
A informação, aqui entendida como o sêmen da notícia, pode ser considerada como o
cimento que auxilia na edificação de sentido social da realidade e que permeia sua própria
identidade subjetiva e de instituições por ele criadas. Sendo objeto do olhar do homem, esta
construção é sempre subjetiva, volúvel, sujeita às contingências do tempo e do espaço, da
experiência e do interesse pessoal, do contexto socioeconômico, d a cultura dos povos, do
passado e do presente, das teias por onde se conduzem as informações, enfim, de tudo o que
seja humano ou não. Em quaisquer perspectivas teóricas, da Ciência da Informação ou da
Comunicação Social, a informação sempre carregará em si o germe do conhecimento e
potencial de transformação, individual e coletiva. Ou seja, a informação sozinha, como dado,
29
não age, mas permite a mudança através de sua relação com o sujeito.
A simplicidade da definição etimológica traduzindo “informe” + ação” nos remete à
expressão verbal do termo informação, com seu significado instrumental “meio de”,
“instrumento para”. Assim, toda informação traria consigo o potencial do verbo, capaz de
produzir sentido, de alterar estruturas e pessoas ainda que incons cientemente, de transformar
não apenas o sujeito acionado, o receptor, mas também o emissor, na medida que este se
movimenta em determinado contexto histórico por intermédio de uma “ação” anterior ao
“informe”. E não uma informação estéril, sem potencial, apenas um dado, como uma
seqüência de símbolos, puramente sintático, ininteligível.
Araújo (2001) salienta que a informação sempre comporta um “elemento de sentido”,
seja como “processo de atribuição de sentido” ou como processo de representação para a
comunicação” e que “a informação é uma prática social que envolve ações de atribuição e
comunicação de sentido que, por sua vez, pode provocar transformações nas estruturas pois
gera novos estados de conhecimentos”(2001, p.1 -2). Uma pessoa emite uma informação,
através de códigos conhecidos, a um receptor , que a interpreta e assim produz sentido,
utilizando tal informação para resolver determinado problema ou produzindo conhecimento.
Desse modo, existiria sempre uma relação entre informação e conhecimento . Cabral (2002,
p.8) resgata a conceituação de pesquisa Sense -Making e a entende como “aquilo que informa,
algo que o indivíduo pode compreender, construir a realidade de forma criativa, e, por fim,
usá-la com inteligência e ganho social”. O dado ausente, a falta no percurso humano para a
compreensão, o fazer sentido, são exatamente para o Sense-Making a informação. Segundo
Dervin (1992, p.3) “a partir da premissa da descontinuidade, informação é conceitualizada
como o sentido criado em um específico moment o em algum lugar e tempo por uma ou mais
pessoas”(tradução nossa)
9
. Wersig (1992) amplia o conceito de informação para
conhecimento para ação pois o conhecimento ancora ações específicas em contextos também
específicos. Assim, a informação é capacitação para ação. Utilizaremos nesta investigação
essas orientações conceituais para informação, como gerador de conhecimento, uma abstração
subjetiva interior que requer vivência do objeto, a ser interpretado para favorecer a
diminuição de incertezas, que supre lacunas, informes capazes de levar à ação.
A atividade jornalística se caracteriza pela disseminação de informações recentes,
socialmente relevantes e tecnicamente agrupadas em modelos esquemáticos dos quais o
9
Information is conceptualized as that sense created at a specific moment in time -space by one or more humans.
30
principal formato é a notícia. Assim, a impre nsa
10
, como veículo reprodutor de símbolos e
valores, torna-se então um dos principais objetos de fenômeno de tipificação social, de reforço
na construção de personalidade. Como estrutura de poder, a mídia reitera e conforma o
sentido geral da compreensão s ocial de mundo, trabalhando no sentido de evitar mudanças
sociais.
O Jornalismo pode também criar necessidade de informação, fazendo o leitor
interessar-se por mensagens distantes de sua realidade e sem perspectiva do valor de uso para
seu cotidiano daquela determinada informação. Por outro lado, também deforma ao selecionar
apenas alguns aspectos mais relevantes (segundo seus critérios de noticiabilidade) entre
facetas do mundo real que lhe chega por intermédio dos filtros ( gatekeepers
11
) do comércio
capitalista de informação.
A cultura das mídias cria e alimenta símbolos e mitos, formando uma visão
fragmentada e reforçando estereótipos do que se entende por “nós” e por eles”: o mundo
publicado pelos jornalistas (além da ação do repórter) e estampado nas folhas diárias, os
artistas, os políticos, os desportistas, a realidade do “mundo das mídias” e a vida aqui e agora,
real e “mundana”. Tais imagens estereotipadas e generalizações “ocultam e mascaram as
subjetividades” reforçadas com insistência pelas mídi as (REIS, 2004, p.1). Neste sentido, a
mídia exerce papel importante no processamento des sas informações auxiliando o s contínuos
processos de resistência e negociação entre as culturas. Em outras palavras, “as matérias
jornalísticas precisam caber em conc epções culturais prévias relacionadas com a notícia”
(DARNTON, 1990, p.96).
No mundo contemporâneo, a explosão informacional e o crescente poder das mídias
vêm causando profundas alterações nas outras áreas de conhecimento humano. Isso ocorre
porque ocupa uma posição central na sociedade, é a instância em que os demais campos
sociais ganham visibilidade e se legitimam. A globalização, o surgimento de novas mídias e o
avanço tecnológico, que reduzem os custos de produção e de veiculação de bens jornalístic os,
tornam mais céleres e acessíveis produtos m idiáticos, barateando os custos de produção e
veiculação, ao mesmo tempo em que passa a existir maior competitividade pela venda (e até
distribuição gratuita) de notícias. Ressaltamos que tal conceituação se situa dentro da
10
É importante realçar os termos que utilizaremos neste trabalho: Imprensa é qualquer meio de Jornalismo impresso;
vculos ou meios de comunicação o empresas fornecedoras públicas de informação; mídia é o amplo sistema de
comunicação, seja para difusão blica ou privada, para grandes ou pequenos grupos (RABAÇA et BARBOSA, 1995).
11
Gatekeeping, conceito desenvolvido por Kurt Lewin, é o processo pelos quais as informações têm de ultrapassar até se
tornarem notícia; gatekeeper (selecionador) refere-se à pessoa (jornalista ou não) que interrompe ou deixa a informão
prosseguir (WOLF, 2005, p.186); segundo Tr aquina (2001, p. 69) o processo de produção da informação é concebido como
uma série de escolhas onde o fluxo de notícias tem de passar por diversos gates”, áreas sobre as quais o jornalista decidirá
para aquela notícia chegar ao destinario.
31
comunicação de massa, e não one-by-one, ponto a ponto, e neste aspecto não difusão de
notícia em caráter privado, reservado. É um produto público, para grandes e previstas , mas
não determináveis, audiências.
Ainda que se ressalte a rápida transformação da imprensa, de espaço público de debate
de idéias em direção à empresa de venda de conteúdo informativo, os veículos de
comunicação de massa exercem forte influência na formação da opinião pública, moldando,
orientando a discussão, alertand o para aspectos ocultos, interpretando os fatos, elegendo as
informações e oferecendo aos receptores o cardápio noticioso de acordo com a seleção feita
pelo próprio veículo. Mas a informação recebida através de notícias não atende apenas ao
desejo de atualização de conhecimento a respeito do mundo , mas conforme mostra Van Dijk,
também porque esse conhecimento pode ser relevante na interação social posterior ou “apenas
para as conversas cotidianas acerca dos temas da atualidade” (1990, p.201), como foi
discutido na teoria de usos e gratificações
12
.
Marcondes Filho (1989) enumera as fases que a atividade jornalística atravessou ao
longo dos séculos até transformar -se numa grande empresa capitalista. A primeira fase do
Jornalismo é chamada imprensa artesanal ou meramente informativa: eram os vendedores de
notícia, as produções tipográficas dos avisos. Os jornais funcionavam como grandes anúncios
para circularem informações sobre transações comerciais de uma burguesia emergente. Havia
poucas notícias tais como sã o entendidas hoje e referiam -se a desastres, mortes, nascimentos,
entre outros acontecimentos factuais.
Nos séculos XVIII e XIX tem -se a emergência de um novo tipo de imprensa, que
Habermas (1984) classifica de imprensa político -literária. Nessa época, prevalecia uma
disputa entre a burguesia e a aristocracia, que lutava para manter o poder. Os cidadãos
passaram a se reunir em espaços de debate, como os cafés, e a utilizar a imprensa como
instrumento de ação política. Os fins econômicos das empresas vão par a o segundo plano e os
jornais adotam fins pedagógicos e ideológicos para difundir as idéias da classe emergente.
No final do século XIX e início do século XX, o capitalismo entra em nova fase e o
jornal se transforma em um negócio, deixando de lado eventu ais objetivos pedagógicos e
políticos, uma vez que agora a burguesia está no poder, e passam a prevalecer os fins
lucrativos. Há a supressão da liberdade individual do redator, do jornalista, uma vez que quem
dita as regras é o proprietário. Emerge, em cer to sentido, a ditadura do capital. O jornal nesta
12
O efeito da comunicação de massa é compreendido como conseqüência das gratificações às necessidades experimentadas
pelo receptor: os meios de comunicão de massao eficazes se o receptor lhes atribui essa eficácia e em que medida, com
base justamente na gratificação das necessidades (WOLF, 2005 p.60)
32
terceira fase assume característica de produto, de mercadoria a ser vendida. A busca da
notícia, do “furo” jornalístico, a aparência de neutralidade e de imparcialidade são estratégias
mercadológicas import antes para a venda des se novo produto. As cnicas de aprimoramento
também são essenciais, já que o jornal vai mudando de acordo com as exigências do mercado.
De maneira gradativa, as grandes diretrizes do “negócio da mídia” e sua lógica da ampliação
horizontal da audiência obedecem aos padrões de “gosto dio”, segundo os ditames da
“indústria cultural”, que não cabe aqui discutir, com o consumo ditando assim a produção.
Nos países de economia livre , onde a atividade jornalística não seja controlada pelo
Estado, a liberdade editorial dos órgãos de comunicação dependem da audiência, principal
condição para o crescimento dos veículos. A base de sustentação, como se sabe, é a financeira
que, por sua vez, é mantida pela publicidade. E o investimento privado em publicidade
obedece à lógica de quanto maior o número de pessoas consumindo determinado programa
midiático maior será o retorno em vendas para o empresário -anunciante. Assim, o jornal é
vendido para o leitor e para o anunciante. Primeiro para o leitor, que forma uma audiência
daquele jornal. Herscovici ironiza: “o papel dos meios de comunicação é vender audiências
aos anunciantes” (2000, p. 90).
2.2 A mídia jornalística
Com o surgimento do Rádio e da Televisão, a imprensa perdeu o monopólio da
atividade jornalística e passou a concorrer com a mídia eletrônica (os usuários pagam com seu
tempo e atenção a gratuidade” financiada pelos anunciantes) e com velocidade quase
instantânea, tendo durado pouco tempo a tentativa inicial de se cobrar pelo sinal radi ofônico.
Nessas primeiras batalhas concorrenciais, naturalmente a imprensa descobriu que sua vocação
seria investir em aprofundamento, análise, investigação e contextualização dos
acontecimentos. Essa mesma estratégia pareceu repetir -se quando da massifica ção da
Televisão por assinatura e posteriormente com o advento da Internet. Ainda que a imprensa
tenha perdido a primazia da veiculação do fato bruto e vivencie uma crise de identidade (ou
de reposicionamento no mercado de informação)
13
, a palavra escrita a inda é o instrumento
mais valorizado para a análise, a veiculação de novas idéias, a contextualização, o debate
público e a preservação da memória cotidiana.
13
Atualmente duas tendências mercadogicas da tradicional dia impressa se cruzam: por um lado a disseminação de
jornais menos analíticos e mais superficiais, com pouco texto e muitas fotos, imitando o pado vis ual das tevês; por outro, a
migração do texto impresso nas folhas para teles digitalizadas.
33
Em comparação com a mídia eletrônica, o impresso requer a acentuação de
habilidades cognitivas, co mo a leitura e o raciocínio. E capital, ou seja, recursos financeiros
para adquirir o exemplar ou a manutenção de terminal de computador e assinatura de
provedor. Assim, seu público é reduzido, principalmente em países pobres com altas taxas de
analfabetismo, levando os usuários a se constituírem como um grupo de elite. Es se segmento
constitui 6% da população brasileira, tem outras fontes de informação, e é mais exigente que o
usuário que tenha acesso a informações apenas por intermédio da Televisão e do dio
14
. É
nesta faixa socioeconômica que se encontra a maior parcela dos formadores de opinião e
origem da maioria dos aprovados nos concorridos vestibulares das universidades públicas que
oferecem o curso de Jornalismo.
A forma e a velocidade como são disp ostas as notícias na Televisão e no Rádio
também favorecem a fragmentação de idéias e da história. É o que ressalta Martin -Barbero
(2001, p.1) ao discutir o papel do telejornalismo para a memória e o esquecimento. Ele afirma
que este final de século tem co ntribuído para a “debilidade do passado, da consciência
histórica” pois o tratamento do pretérito é sempre descontextualizado, “reduzindo o passado a
uma data, não sendo mais que um adorno para colorir o presente”. Como o negócio dos
veículos de massa é fabricar o presente”, os eventos são apresentados sucessivamente sem
nenhuma relação entre eles ou com o passado e o futuro, modelo que Martin -Barbero
classifica de “autista”, no sentido de bastar -se a si mesmo.
O tempo é acelerado, o novo fato ocorrido h á dois dias ainda não foi digerido e se
tornou história:
Pense na exaustão de notícias midiáticas. Fica -se tentado a dizer que sua função
principal é relegar experiências históricas tão rápidas quanto possível para o
passado. A função informativa da dia seria ajudar-nos a esquecer, servir como
agente mecanismo principal para nossa história amnésia (JAMESON, 2006, p. 20).
Assim, o telejornal dedica o mesmo tempo para o flagrante de um acidente de
automóvel como para um projeto de lei que altera a estr utura curricular do ensino superior. O
ritmo frenético da propagação de notícias, que devem ser cada vez mais espetaculares para
“segurar” a audiência eletrônica, rompe com a hierarquia de sua importância para a
coletividade, enquanto os impressos ao menos possibilitam ao usuário montar seu próprio
roteiro de leitura.-se a narrativa impressa como se fazia há 200 anos enquanto a linguagem
14
Associação Nacional de Jornais. Disponível em: <http://jornalanj.digitalpages.com.br>. Acesso em: 15 mai 2006.
34
do telejornal modifica -se com maior constância e velocidade. A imagem passa a se sobrepor à
importância dos fatos para a sociedade, ao interesse público, algo basilar para o Jornalismo. E
telejornais se colocam efetivamente mais como protagonistas que testemunhas,
principalmente em contextos em que a empresa midiática apresenta interesses comerciais. No
entanto, o modelo de telejornal tem influenciado tradicionais veículos impressos.
Enquanto a imprensa, alguns veículos, tentam enlaçar os fatos, ligá -los, colocá-los
em contexto, o Rádio e principalmente a Televisão trabalham sobre a
simultaneidade de tempos e a instantan eidade da informação que, possibilitadas
pelas tecnologias audivisuais e telemáticas, se converteram em perspectiva no
modo de ver e de narrar (MARTIN -BARBERO, 2001)
Segundo Martin-Barbero, o apagar (borramiento) da memória leva à desinformação. E
os meios de comunicação parecem ter se convertido em “máquinas produtoras de espectros”.
Mesmo nas raras vezes em que os telejornais rememorizam alguns fatos, nos revivem cenas
de arquivos, estas imagens nos parecem tão distantes quanto inverossímeis e não obede cem ao
nosso desejo ou necessidade de evocá -las mas segundo seus editores julgam ser nosso
interesse. Também pessimista, Kurz (2002) lamenta que a mídia auxilie a sociedade da
informação a não se conhecer e nada tem a produzir senão sua própria ruína: “sua notória
fraqueza de memória é ao mesmo tempo seu único consolo”.
Na mesma linha, discut indo a relação da memória com a informação, Fernandes
lembra que no Ocidente a noção do tempo sempre esteve entrelaçada com a da realidade e que
o ser humano tem no te mpo um constitutivo de seu modo de ser: “não como esquecer
totalmente o passado que atua no presente nem deixar de ter expectativas acerca do futuro ”.
No mundo contemporâneo, as mídias e o aparato informacional contribuem para o fim das
distâncias e o esmaecimento do tempo. A autora conclui “aquilo que determina o tempo
também determinaria ou é a própria realidade, enquanto as ilusões sobre o tempo derivariam
ou seriam baseadas em algo o real ou que não origem a nenhuma realidade” (2004,
p.46-162).
2.3 Conceito de notícia
O acontecimento é matéria -prima da notícia (OLIVEIRA, 1996), por sua vez força
motriz do Jornalismo. Mas se alguns (poucos) acontecimentos vão parar nas páginas dos
jornais porque outros fatos presumivelmente de grande interesse não foram noticiados? A
explicação de que a notícia não seja mera retratação da realidade mas “uma forma de
35
construção dessa realidade” (OLIVEIRA, 1996) é um bom ponto de partida para a discussão
sobre a constituição des se fenômeno. Mas o que é exatamente uma notícia?
A notícia é uma forma de discurso que carrega em si o germe da informação que
interessaria a um público mais heterogêneo, para as massas, e se configura
contemporaneamente dentro da lógica capitalista do Jornalismo como negócio, que se
desenvolveu com maior vigor no seio de sociedades liberais. Como produto, traz a narração
de fatos ou acontecimentos que devem ter alguns atributos que tornariam a notícia mais
“competitiva”, como interesse público, nível de desvio das normas sociais, atualidade ,
novidade, relevância, grau de desvio das normas sociais, repercussão, proximidade
(geográfica, afetiva, social), oportunidade, descobertas e invenções, originalidade, entre
outros que formam o que se conhece como valores ou “critérios de noticiabilidade
15
”.
A história do Jornalismo registra inúmeras definições do que vem a ser notícia, das
rudimentares às mais convenientes a determinados órgãos ou veículos de comunicação
16
. Para
além dessas definições, traremos aqui duas mais abrangentes que interessam ao nosso trabalho
por ser composta de termos e afirmações extremamente condicionantes.
[as notícias são] como artefatos lingüísticos que procuram representar determinados
aspectos da realidade e que resultam de um processo de construção e fabrico onde
interagem, entre outros, diversos fatores de natureza pessoal, social, ideológica, cultural,
histórica e do meio sico/tecnológico, que o difundidos pelos meios jornalísticos e
aportam novidades com sentido compreensível num determinado momento histórico e
num determinado meio sociocultural (ou seja, num determinado contexto), embora a
atribuição última de sentido dependa do consumidor da nocia (SOUSA, 2002, p. 13).
A nocia é um fato verdadeiro, inédito ou atual, de interesse geral que se comunica a um
público e que é captado pelo sistema informativo, interpretado e valorado pelos seus
profissionais. É notícia aquilo que os jornalistas acreditam interessar ao público.
(OLIVEIRA, 1996, p. 4)
15
Erbolato (1984, p.55) tentou decifrar os critér ios que levariam as nocias a despertar maior interesse dos leitores:
proximidade, marco geográfico, impacto, celebridade, aventura e conflito, conseqüências, humor, raridade, progresso, sexo e
idade, interesse pessoal e humano, importância, rivalidade, utilidade, política editorial do jornal, oportunidade, dinheiro,
expectativa ou suspense, originalidade, culto de heis, descobertas e invenções, repercussão e confincias. Devido à
multiplicidade de foas conformativas es ses critérios são extremamente fleveis e particulares.
16
Mário Erbolato (1984): A notícia deve ser recente, inédita, verdadeira, objetiva e de interesse blico; Leão Serva
(2001): O procedimento jornalístico é o de destacar e noticiar o raro, o paradoxo, o imprevisto o caos, aparente ou
verdadeiro. É isto o que caracteriza a nocia, sua maria -prima”; Muniz Sod, Maria Helena Ferrari (1986): Notícia será
todo fato social destacado em função de sua atualidade, interesse e comunicabilidade”.
36
2.3.1 Acontecimento e notícia
Um dos elementos mais marcan tes para o acontecimento
17
se tornar notícia é o desvio,
a negatividade, problemas, conflitos, desastres e crimes. Embora comumente se critique a
predileção dos jornais por más notícias, es se é um dos valores notícia
18
em que parece haver
uma das mais perfeitas simbioses entre consumidores e produtores de notícia. Wolf (2005)
enumera-os em critérios relativos ao conteúdo (intrínseco às notícias), ao produto
(disponibilidade e característica da informação), à própria mídia, ao público e aos critérios
relativos à concorrência.
teorias sociológicas, psicológicas e cognitivas a explicarem o fenômeno de atração
pelo grotesco e pelo mórbido , que remontam à Idade Média, quando membros da nobreza, do
clero, e mesmo cidadãos de boa formação e gosto apurado pagavam ingressos para assistir ao
“circo dos horrores”. Segundo Sousa , para a psicanálise
a atenção ao crime, aos acidentes, à violência, etc, funcionaria como um sistema
emocional de autodefesa: ao contemplarem -se expressões dos nossos próprios
temores, o fato de serem outros a sofrer com as situações proporcionar -nos-ia tanto
alívio como tensão(2002, p. 97).
É dinâmico, fluído, maleável, contraditório e pouco compreensível ao grande público
o uso de tais atributos. Uma razoável descoberta científica, por exe mplo, teria menos espaço
em um jornal popular do que em um quality paper
19
, que, por sua vez, dará destaque àquele
assunto embora saiba, por pesquisas internas, que o material será menos lido do que outra
matéria de apelo mais popular. Neste caso, entraria outro elemento, agora já no limiar entre as
demandas da Redação e do Marketing: jornal o vende apenas notícias, mas também
credibilidade e prestígio.
Oliveira explica que “o acontecimento que irrompe na superfície lisa do sistema social
é diferente do acontecimento jornalístico (a produção da notícia), porque é da natureza deste
promover a seleção e classificação do primeiro, a partir de uma ordem infinita de ocorrências
no mundo” (1996, p. 35).
Invariavelmente, o modelo de consumo rápido requer abordag em mais conservadora,
reforço de clichês e estereótipos, limita -se o número de enquadramentos e sua repetição vai ao
17
Sousa (2002, p. 23) classifica os acontecimentos que podem transformar-se em notícia em pseudo-acontecimentos,
acontecimentos midiáticos, o categorizados, o acontecimentos e imprevistos - o “verdadeiro” acontecimento pois os
demais ou seriam impostos aos media ou impostos pelos media.
18
Erbolato (1984) enumera os seguintes valores: atualidade, ineditismo, verdade, objetiva e de interesse público
19
Jornais tradicionais, de informão geral ou especializada, com especial ênfase em política e economia, que primam por
rigor, exatidão, sobriedade, alise, inflncia junto à elite, independência, enfim, reconhecidamente de prestígio junto a
formadores de opinião.
37
encontro das expectativas dos usuários da s classes médias da população. A sucessão de “fatos
novos” é encaixada em clichês permanentemente atualizados que dão à maioria dos usuários a
impressão de que estejam consumindo informações inteiramente novas , quando, muitas vezes,
assiste-se a capítulos de um grande e interminável folhetim “baseado em fatos reais” , mas
vendidos como retratação fiel d a realidade. Invariavelmente a mídia , por exemplo, reforça o
enquadramento de que os políticos somente se preocup em com eleições e poder, que os
deputados não trabalh em, os governos sejam ineficientes e burocráticos e o judi ciário lento,
confuso e inacessível.
De acordo com Fausto Neto (2002, p. 205), trata-se de uma das leis segundo as quais
são estruturados o contrato de recepção: “tem por componente a recorrência, em nível da
produção discursiva propriamente dita, ao conjunto de elementos e referências do próprio
estoque simbólico e cultural do receptor”. O discurso a respeito do acontecimento é moldado
ao modelo de referência do usuário que, por sua vez, terá uma reação convencional.
Pressionados pelo fator tempo e limitados pela pequena capacidade de processamento de
informações a cada momento, os jornalistas “farão uso adaptado de rotinas cognitivas que
lhes sejam familiares para organizar as informações e produzir sentido” assim como tenderão
a buscar e tratar informações que lhe sejam familiares e confirmem suas convicções.
Além disso, ao destacar os desvios das normas sociais, as notícias contribuem ainda
para manutenção do status quo, dos valores da sociedade. Sousa afirma (2002) que “as
mensagens recebidas são raramente vistas ou recebidas como originais” mas “categorizadas
em função de estruturas mentais pré -existentes” (p. 43) e ressalta que a construção de
categorias ultrapassa o jornalista particularmente, sucedendo -se geralmente no coletivo da
categoria profissional. Da mesma forma, o produ tor de informação também seleciona
mensagens que se encaixem em categorias pré -existentes de como tratar a informação.
Como testemunhou Darnton após alguns anos como repórter do New York Times e do
The Times: “a nova informação que ele (repórter) adquire p recisa se adequar a categorias
herdadas de seus predecessores” ; daí o lugar comum, o clichê, esperado de familiares de
vítimas de tragédias pois “sabíamos” o que a mãe consternada” diria a respeito da morte do
filho (1990, p.91).
No entanto, não se pode n egar a existência de alguma similaridade entre as aspirações
cognitivas dos acontecimentos sociais cotidianos que acometem o grupo dio da
coletividade e os modelos de produção da notícia, o que explicaria efetivamente o inegável
sucesso da notícia e de s eus critérios de noticiabilidade para a expansão comercial do
Jornalismo. Esse contrato informal firmado entre o potencial usuário e os editores se re força a
38
cada consumo de notícia.
uma espécie de conhecimento tácito de editores e repórteres que os lev a a uma
quase automática seleção de notícias por intermédio de uma categorização de ranqueamento
entre esses valores-notícia. A produção e a disseminação de notícias em veículos de
comunicação de massa es tão limitadas por interesses empresariais, por condi ções industriais e
ideológicas de produção, pelos critérios de seleção e exclusão de fatos a serem apurados, pela
percepção do repórter e pela definição do público -alvo a ser atingido. Mas,
predominantemente, o discurso das mídias está circunscrito às dinâ micas sociais que se
constroem quotidianamente , conformando a cultura e o gosto médio de seu público, d os quais
não se pode distanciar aquele determinado periódico sob pena de se inviabilizar
empresarialmente. Ao priorizar determinados fatos, idéias e enfo ques, os jornais dotam suas
mensagens de significação, embora a produção de sentido dependa do usuário, e contribuem
para a criação de hábitos e rituais de consumo de informação.
Em determinada circunstância histórica, por exemplo, pequenos acidentes com
aeronaves podem ser ignorados pela mídia enquanto em outros momentos ocupam espaços
desproporcionais ao fato em si. É o que ocorreu nas semanas que se seguiram ao choque
ocorrido em setembro de 2006 entre o boeing da GOL Linhas Aéreas e um jato da empresa
Legacy: quaisquer incidentes aéreos passaram a ser destaque nos jornais. Nes se caso, é o que
chamamos de “efeito onda”, em que a repercussão de um fato de grande proporção acaba por
“puxar” para a pauta outros menores, secundários. É pelo mesmo motivo que a grande mídia
praticamente tenha ignorado pequenos acidentes de automóveis que mataram cerca de três mil
brasileiros ao longo daquele mesmo ano. Como assinala Oliveira (1996, p. 44), “um grande
affaire puxa os pequenos, que o pinçados dos relatórios de rotina das agências de notícias.
Dessa maneira, o assunto passa a ser tematizado e focalizado, intensivamente, pelo sistema
informativo”.
uma profunda crítica entre os pesquisadores do tema a respeito do substituição do
valor da notícia como um bem soci al ou público para o perfil d a notícia como mercadoria. De
alguma forma tais críticas são compartilhadas entre profissionais da informação e leitores. E o
campo da Comunicação tem se debruçado na tentativa de apreender teoricamente e refletir
sobre esses valores que perpassam a pauta, a produção e a narrativa jornalística. Para Van
Dijk, tais valores “proporcionam a base cognitiva para as decisões sobre a seleção, atenção,
compreensão, representação, evocação e os usos da informação jornalí stica em geral” (1990,
p.174).
Em dissertação em que tenta responder porque as notícias são como são”, Sousa
39
(2002, p. 37-38) distingue: a) a ação pessoal: as notícias são um produto de pessoas e de suas
intenções; b) ação social: o papel das organizações e de seus limit es na conformação da
notícia; c) ação cultural: notícia como produto de uma cultura situada em determinado tempo
e lugar; d) ação do meio físico e tecnológico: influência da convergência das
telecomunicações e da informática e grandes oligopólios que revol ucionaram o acesso,
tratamento e disseminação de informações e e) ação do meio não organizacional: influência
de fatores externos às organizações, como as fontes e o mercado em que a empresa se insere,
no conteúdo das notícias.
Desde o surgimento da impre nsa no Brasil, recebemos maior influência da tradicional
escola européia, de gênero mais opinativo, jornais elitistas, linguagem culta e os editores
brasileiros praticavam um texto “rebuscado, impreciso, incorreto, incoerente, desarticulado,
sem substância, parcial” (LINS E SILVA, 1991, p. 117). É a partir dos anos 1950 que as
empresas passam a sofrer influência do modelo estadunidense, cuja redação , sempre
coloquial, era destinado às camadas populares. E uma das primeiras concessões dos editores
foi quanto ao estilo e à linguagem. No primeiro caso, a linha editorial passou a privilegiar
notícias locais, de apelo popular e quanto à estrutura dos textos noticiosos. No segundo
momento, o discurso passa a ser o mais coloquial possível reproduzindo, em alguma m edida,
o que acontece nas práticas comunicacionais cotidianas da comunidade. A mudança brasileira
coincide com a urbanização das cidades, a diminuição do analfabetismo, a industrialização do
país, o aumento da classe média e o início do processo de transfo rmação do negócio da mídia
em indústria da mídia.
Segundo Patterson (2003), a extrema competitividade entre as mídias as levou a
apostar na presença crescente de notícias leves e no Jornalismo crítico (matérias negativas).
O autor define notícias “sérias , (acontecimentos envolvendo líderes políticos, questões
públicas substantivas ou perturbações significativas na rotina da vida diária), de alto grau de
interesse público e leves , as de baixo interesse ou de interesse do público, no sentido de
atender pontualmente aos reclames da audiência média. As notícias leves são tipicamente
mais sensacionalistas, mais centradas numa personalidade, menos localizadas no tempo, mais
práticas e baseadas em incidentes, privilegiam incidentes e assuntos que têm pouco a ver com
questões públicas e são selecionadas pela sua capacidade de chocar ou de entreter. A opção
pelo Jornalismo crítico deve ser seguid a de forte conteúdo investigativo a fim de não se apoiar
apenas no denuncismo ou no “fontismo”, em que comodamente se reg istram as denúncias das
fontes (carreadas com seus interesses) .
A segunda aposta foi o investimento no componente de entretenimento das notícias e a
40
terceira em matérias que atendam exatamente ao que demanda o mercado de leitores -
consumidores, ignorando -se o conceito clássico de Jornalismo que preconiza fornecer à
audiência não apenas o que lhe interessa, mas o que ela necessita saber. Mas tais apostas não
estancaram o declínio da audiência, atraídas pela Televisão a cabo e pela Internet. A longo
prazo, o investimento em notícias leves e na cobertura predominantemente negativa, crítica,
“aborrece” a audiência, afastando -a do meio, tornando-a cética em relação à credibilidade e à
utilidade daquelas informações. Chaves (2005, p. 231) revelou, por exemplo, que 56,2% dos
jornalistas somente acreditavam “às vezes” no que liam. Patterson (2003) destaca algumas
pesquisas de opinião que apontam para grande insatisfação do público consumidor de notícias
e afirma que a opção é amparada no departamento de marketing das grandes corporações que
estariam adotando uma estratégia míope, de curto prazo.
Nos anos de 1980 e 1990, a ampliação do conteúdo de notícias leves” em jornais,
revistas e telejornais estaria causando alterações também no vocabulário noticioso, tendo-se o
discurso se tornado mais pessoal e menos institucional, mais auto -referente e menos coletivo.
A estratégia de conferir maior espaço a questões superficiais e banais vai ao encontro do que
Bourdieu (1997) denuncia como um exagero na prática midiática de e ntretenimento,
principalmente da Televisão, fugindo dos grandes temas que realmente importam para a
sociedade, e o autor reivindica à mídia o estímulo ao diálogo e à conscientização popular.
Chaparro (1994) chama a atenção para outro componente das mensage ns jornalísticas, o que
classifica de “publijornalismo”, uma prática que contaminaria o Jornalismo “sério” com
característica de superficialidade, entretenimento, sensacionalismo e denuncismo, sempre
amparado por técnicas publicitárias e objetivando o mark eting. Pejorativamente, Marshall
(2003) denomina “jornalismo cor de rosa” o noticiário alegre, efêmero, feito para agradar aos
anunciantes e ao gosto médio dos consumidores.
2.3.2 Estrutura do texto
A forma contemporânea de estruturação do texto noticios o selou o predomínio da
visão do Jornalismo como atividade de retratação da realidade em contraponto ao viés da
profissão como arena de disputa ideológica, que remonta aos primeiros jornais do culo 17.
Um dos instrumentos responsáveis por consolidar es se novo paradigma foi a implantação dos
mitos da objetividade, imparcialidade e neutralidade como os mais altos valores do
Jornalismo moderno. A imparcialidade e a neutralidade se configuram com maior vigor no
campo das volições do repórter e do editor enqua nto a objetividade se expressaria no texto
jornalístico.
41
Objetividade é ir direto ao ponto, à questão central do fato, sem interferência da
opinião e da subjetividade, evitando adjetivos ou advérbio. O discurso é feito em terceira
pessoa, como um observad or distante, que não se envolve pois relata com frieza e
neutralidade, remete o real para fora, distante, mas ao alcance das mãos e das vistas do
vigilante repórter, e seu ponto de vista sobre aquele fato é indecifrável para a maioria dos
leitores apressados.
Um dos principais instrumentos descritivos para atingir tal objetividade foi a criação
das técnicas do lide e da “pirâmide invertida”: a organização de discurso do Jornalismo que se
caracteriza por uma introdução reunindo as informações mais important es. A seguir os temas
se distribuem em blocos de texto, geralmente em parágrafos, em ordem de relevância. Tal
estrutura convencionou-se chamar “pirâmide invertida” (em alusão ao triângulo eqüilátero
cuja base seria invertida pois conteriam os elementos mai s importantes) e pressupõe a
localização do lide no primeiro e/ou segundo parágrafo (neste caso, sublide) com o resumo do
fato. A partir daí viriam o relato propriamente dito, dividindo -se o esquema na discrição da
situação e dos comentários. A situação en globaria o episódio em si, a conseqüência , os
antecedentes e o contexto. Os comentários se desdobra riam em reações verbais, conclusões,
expectativas e avaliações.
Como o texto é distribuído verticalmente em colunas na página impressa, a leitura se
de cima para baixo, do geral para o particular, facultando ao leitor interromper o exercício
a qualquer momento sem perder as informações principais. O jornal Folha de São Paulo
justifica economicamente a consolidação do modelo da Pirâmide:
Técnica de redação jornalística através da qual as informações mais importantes
são dadas no início do texto e as menos importantes, em hierarquização
decrescente, em seguida, de modo que as mais dispensáveis fiquem no pé do texto.
Essa técnica foi formulada para servir às exigências das notícias. Assim, as notícias
podiam ser transmitidas a diversos jornais diferentes, que as utilizavam segundo
suas necessidades, cortando pelo na altura que desejassem, sem que as
informações essenciais deixassem de ser publicadas. Acabo u por servir ao leitor,
que também pode realizar a mesma operação de corte. Lido o primeiro parágrafo, o
leitor está informado do que de mais importante e pode dispensar o resto, se
desejar. É a técnica de redação jornalística mais disseminada no mun do ocidental
(LEITE, 1987, p. 157).
O estudo de Van Dijk (1990 , p.69) sobre a produção da notícia em seu aspecto
cognitivo desmembra o gênero noticioso em nove elementos, embora nem todos estejam, em
conjunto, presentes em toda notícia: manchete, lide, fa to principal, contexto, eventos
anteriores, história, conseqüências, expectativa e avaliação (FIG. 1).
42
Manchete
Lide
fato principal
contexto
eventos anteriores, história, conseqüências, expect ativa e avaliação
FIGURA 1 - Elementos do gênero noticioso
Nota: adaptação de esquema proposta por VAN DIJK, T., 1990, p.69.
Juarez Bahia (1990) acrescenta a opção de estruturação do texto por cronologia do fato
a partir de uma introdução (primeiro p arágrafo) em forma de Pirâmide Invertida e outra mista,
uma combinação entre a narração a partir de importância decrescente e de importância
cronológica, privilegiando o aspecto de maior impacto e mais atual. A técnica da Pirâmide
Invertida agiliza as rotinas de produção, pois possibilita ao editor localizar facilmente o fato
principal e elaborar a manchete da reportagem. Durante os aflitivos minutos finais do que no
jargão jornalístico chama -se dead line (horário de fechamento da edição), essa técnica lhe
permite recortar rapidamente o “pé do texto” (últimas informações ou parágrafos) sem se
afligir com perdas que poderiam ser importantes para a compreensão do fato narrado.
Assim, a economia interna da narrativa, de fácil assimilação, a objetividade e a
repetição de esquemas informativos não reduzem apenas o esforço de processamento
autônomo e compreensão do usuário mas também do próprio jornalista e das rotinas
produtivas. Darnton (1990) atesta que narrativas do Jornalismo popular se assemelh am a
características da tradição oral e da literatura infantil, “daí o caráter sentimental, moralista,
com ares de superioridade, do Jornalismo popular” (1990, p.94).
Em uma pesquisa incluindo os editores do jornais O Tempo, de Belo Horizonte,
destinado a classes A, B e C, e Extra, do Rio de Janeiro, dedicado a classes populares, Lemos
(2001) confirma a reiterada preocupação dos jornais em não “chatear” o leitor, entendido
como “sinônimo de tudo que exige algum trabalho, que apresenta dificuldade ou problema, ao
invés de prestar serviços ou entreter” (p. 32 -33). Outra pesquisa, realizada com leitores dos
três principais periódicos de Minas Gerais, detectou que 95,8% dos entrevista dos consideram
fácil a leitura dos jornais ( CHAVES, 2005, p.226).
Os jornais populares, de grandes tiragens, não priorizam a conscientização ou educar o
público, mas deseja ser útil, entreter e reproduzir a ideologia do veículo. O editor do Extra,
43
que em 2000 chegou a ser o mais vendido no Rio de Janeiro, afirmou que “[o jornal] o
briga com o leitor, não tem ideologia. A gente também não briga com o sucesso, vai na linha
do que o leitor (LEMOS, 2001, p.52)”. A preocupação é expressa também no manual de
redação de outro jornal de prestígio:
A Folha deve poupar o trabalho do leitor. Deve re latar todas as hipóteses em torno do
fato em vez de esperar que o leitor as imagine. Deve explicar cada aspecto da notícia
em vez de julgar o leitor esfamiliarizado com ele. Deve organizar os temas de
modo que o leitor não se surpreenda com assuntos cor relatos em lugares distintos do
jornal (...) Cada texto do jornal deve ser redigido a partir do pressuposto de que o
leitoro esfamiliarizado com o assunto ( LEITE, 1987, p.31)
O lide aliou a objetividade ao estatuto da veracidade -de certa forma arranhada pelas
acusações de fabricação de notícias e manipulação da imprensa durante e após a Primeira
Guerra Mundial. Lage ( 1979) produz um panorama histórico no qual justifica as técnicas do
lide e da Pirâmide Invertida como necessidade a partir do s paradigmas de objetividade,
imparcialidade e verdade (defendidos com a trajetória do Jornalismo em busca da ampliação
necessária do número de consumidores para a sobrevivência do meio). Embora seu uso seja
amplamente disseminado, o esquema da pirâmide é critica do por “pasteurizar” as notícias,
“desideologizando” as mensagens, cerceando a criatividade do redator, descontextualizando o
fato, colocando como secundárias as causas e conseqüências dos acontecimentos.
Todos esses fatores que colocam em dúvida a notíci a como representação do real
contribuem para o que chamamos de Jornalismo “fast food”: muita massa, pouca substância
protéica, tornando obesos o corpo e o intelecto do usuário. Des se modo, sua transação
massiva requer empacotamento e venda de uma mercadori a reluzente, mas sem tempero nem
cheiro, de forma que atenda ao gosto médio do segmento de público que pretende atingir e
que o sustente apenas momentaneamente, a fim de levar o usuário a consumir mais adiante.
Os textos são curtos, os parágrafos telegrá ficos
20
.
Além das redes de comida rápida, a práxis comunicativa lembra os shopping
centers, intensamente iluminados na tentativa de fazer paralisar o tempo, levando o
consumidor a esquecer o passado ou o futuro. Trata-se de consumidor moderno, consome
tudo, rápido, esquece tudo, quer mais. Consome -se mesmo em pé, dirigindo automóvel,
ouvindo música, sendo maior o consumo, quando solto no espaço, se possível apenas quando
trata do aqui e agora. É um produto descartável que requer reposição imediata. O model o
20
O Manual de Redão da Folha de o Paulo recomenda: “Convém que os parágrafos e frase sejam curtos e que cada frase
contenha uma idéia(p. 47);tente evitar pagrafos muito longos, com mais de cinco linhas de terminal de computador”
(p. 99).
44
atenderia também aos desejos mais prementes d o irrequieto usuário moderno: por um lado
permanentemente excitado por centenas de mensagens disparadas das mais diversas mídias e
por outro premido pela escassez do tempo nos dias atuais. Ao s editores, a máxima deste novo
contrato de leitura é não aborrecer o apressado leitor.
Segundo Pacheco (1995), es sa “velocidade desenfreada faz com que as pessoas
tenham cada vez menos tempo e possibilidade de pensar, julgar e interpretar a informação que
recebeu” (p.22). Para a autora, algumas conseqüências seriam o usuário estar mais dependente
da informação do outro para agir e daí a fragilização das construções individuais,
particularidades regionais e de determinados grupos sociais e, finalmente, o enfraquecimento
da memória: “o que importa não é mais conhecer, mas sim ter meios e instrumentos rápidos
para acessar o conhecimento” (1995, p.22).
Bauman (1999) afirma ser uma das principais conseqüências da globalização a
ampliação do consumo, cujo aumento requer redução d o tempo. Consegue-se isso se o usuário
não prestar atenção nem se concentrar prolongadamente em qualquer objeto: “a cultura da
sociedade de consumo envolve sobretudo o esquecimento, não o aprendizado” (p.90). Como
produto de massa, altamente perecível e po r isto periodicamente renovável, as notícias são
reflexos e acentuam os efeitos culturais da globalização. Os sistemas de radiodifusão all news
(Jornalismo 24 horas), com suas breves e espetaculares notícias, caleidoscópicas, que
invariavelmente se repete m, são a expressão mais bem acabada des se modelo. Tal fato
corrobora a afirmação de Bauman, (1999, p.91), segundo o qual “para aumentar sua
capacidade de consumo, os consumidores não devem nunca ter descanso. Precisam ser
mantidos acordados e em alerta sem pre, continuamente expostos a novas tentações, num
estado de excitação incessante”.
2.3.3 Epistemologia do lide na mídia impressa
Os últimos 50 anos do século passado comprovaram a eficácia do lide e consolidaram
sua prática na organização e na transmissão de notícias para o jornalismo ocidental. Como
uma espécie de gênero discursivo, o lide organiza a distribuição das informações , ressaltando
as macroproposições e preserva a coerência textual , agilizando o processo de redação e de
processamento da leitura.
Uma das principais influências estadunidenses foi a disseminação do lide, cuja
propagação sepultou na grande imprensa brasileira o velho “nariz de cera”, prática de se
iniciar um relato com elementos secundários, frases de efeito, postulados morais e
comentários que introduziriam o leitor levemente ao fato em si, sem chocá -lo. O lide pode
45
compor-se nos dois primeiros parágrafos de uma notícia e os demais trazem os antecedentes
do fato, repercussões, comentários, circunstâncias, etc.
Na prática profissional o lide é largamente utilizado , sendo basilar para um bom texto
jornalístico, segundo manuais de redação de grandes jornais brasileiros.
Quando se tratar de um texto noticioso, a Folha recomenda com relação ao lide que:
a)contenha as informações essenciais do fato noticioso, de preferência as respostas às
perguntas sicas (quem, o que, quando, onde, como e por que); b) seja o completo
que o leitor possa se sentir informado sobre o assunto apenas com a sua leitura; c)
tenha, de preferência, até cinco linhas e jamais ultrapasse oito linhas de setenta toques
datilográficos; d) seja rígido na ordem direta (sujeito, predicado, objetos e
complementos); e) não comece com verbo ou advérbio; f) o utilize, sem explicar,
nomes, palavras ou expressões pouco familiares para a dia dos leitores (LEITE,
1987, p.85-86).
O lead é a abertura da maria. Nos textos noticiosos, deve incluir, em duas ou três
frases, as informações essenciais que transmitam ao leitor um resumo completo do
fato. Precisa sempre responder às questões fundamentais do Jornalismo: O quê, quem,
quando, onde, como e porquê. Uma ou outra dessas perguntas pode ser esclarecida no
sublead, se as demais exigirem praticamente todo o espaço da abertura. Graficamente,
recomenda-se que o lead tenha de quatro a sete linhas da lauda padrão do Estado. Nada
impede, porém, que ocupe uma ou duas linhas, apenas, em casos excepcionais ou
quando se tratar de informações de impacto. Mais que nas demais partes do texto, o
lead deve ser objetivo, completo e simpl es e, de preferência, redigido na ordem direta.
Todas as demais recomendações feitas a respeito do texto jornalístico valem
especificamente para o lead (as palavras estranhas ou desconhecidas deverão ser
sempre explicadas; rebuscamentos não m vez na aber tura; o fato de que constitui o
lead deve ser novo; use frases curtas; procure dar um ritmo adequado à frase e,
principalmente, jamais construa leads de um único peodo) ( MARTINS, 1990, p. 42).
Em relação ao estilo, os lides, ainda em um modelo clássico, podem apresentar
variadas formas de estruturas. Em uma tentativa de classificação com fins didático -
pedagógicos, Erbolato (1984) os enumera em 12 tipos: clássico, integral (dá noção completa
do fato, contém todos os 6 itens); simples (refere -se apenas a um fato principal); composto
(anuncia vários fatos importantes logo na abertura); suspense ou dramático (provoca mais
emoção em quem o lê); flash (nota breve ou informação relâmpago sobre um fato); resumo (é
quase o mesmo que o clássico, resume os princip ais fatos no lide); citação (transcreve um
pronunciamento); contraste (revela fatos antagônicos); chavão (cita um slogan ou chavão);
documentário (narra utilizando elementos que podem servir de documento histórico); pessoal
(fala diretamente ao leitor, na segunda pessoa); não noticioso (não é uma notícia, a narração
de um fato mas precisa levar ao leitor o ponto central da história; mais utilizado em
reportagem)
Após a exposição do lide clássico, o manual de O Globo apregoa (GARCIA, 1994,
46
p.230): O bom lead é aquele que faz o leitor ler o texto”. Assim, saber abrir” uma matéria
chega a ser determinante na carreira de um bom redator. Lage (1979) assegura que as
mudanças objetivas, objeto de notícias, correspondem a três campos semânticos, pois a notícia
é o relato de deslocamentos, transformações ou enunciações observáveis no mundo e
consideradas de interesse para o público. O autor (1979, p. 78) exemplifica o que seria um
lide clássico: “O taifeiro Joaquim da Rocha matou, ontem à tarde, com dois tiros, num barraco
da favela da Rocinha, sua mulher, Marlene, ao encontrá -la em casa com outro homem”.
Fragmentando este exemplo de lide, teríamos os seguintes enunciados:
O quê: taifeiro assassina esposa
Quem: taifeiro Joaquim da Rocha
Quando: ontem à tarde
Como: com dois tiros
Porquê: ela estava com outro homem
Onde: em casa, na favela da Rocinha
outra vertente que fundamenta a origem e a consolidação do lide como estra tégia
narrativa racional baseada na retórica clássica. Embora creditado aos estadunidense s, a
estratégia de retórica do lide e da pirâmide remonta à Antigüidade, sendo coerente mesmo
com nossa tradição oral e cotidiana de transmissão de fatos. Karam (2000) e Sousa (2002),
por exemplo, afirmam -la não mais que derivações e atualização da ret órica desenvolvida na
Grécia antiga, que utilizava estruturas semelhantes a atuais modelos da imprensa mundial
como a Pirâmide Invertida e a normal, o relato cronológico e a introdução de um início e um
final de impacto: “com freqüência, contamos histórias de maneira semelhante à forma como
os nossos antepassados as contavam”. Sousa afirma que a tese do primeiro doutor em
Comunicação (Tobias Peucer, Leipzig, Alemanha, 1690), intitulada De Relationibus Novellis ,
propunha que o relato noticioso observasse a indicação do sujeito, objeto, causa, maneira,
lugar e tempo: “estes elementa narrationis acabam por corresponder às seis questões a que
tradicionalmente se resposta na notícia: quem?, o quê? quando? onde? como? e por quê?”
(1994, p.91).
Van Dijk (1990, p.99) afirma que no discurso cotidiano, ao contrário do relato
noticioso, as pessoas geralmente narram os acontecimentos em ordem cronológica. Embora
tal forma realmente ocorra para assuntos triviais, banais, o mesmo não po de ser dito em
relação àqueles fatos impactantes que suced am aos homens comuns e que carreg uem em si
genes também característicos dos critérios de noticiabilidade, tais como surpresa, impacto,
proximidade das pessoas, soma envolvida, etc. Nestes casos, o relato geralmente se
47
hierarquiza e se inicia a partir do que o emissor avaliar como mais importante ou mais
recente. Em outras palavras, ao narrar a um colega de repartição que tenha acabado de
abalroar seu automóvel no estacionamento da empresa, o funcionário não começará seu relato
pelo momento em que se despertou naquela manhã mas pelo ápice do acontecimento. Algo do
tipo: poxa, acabei de bater no carro do chefe!”, e na seqüência fornecerá outras informações
como horário, gravidade do acidente, testemunhas, culpabilidade, etc. O costum e e o bom
senso mostraram a este motorista que iniciar a narrativa em ordem cronológica ou do menos
importante para o mais importante tornaria o discurso extremamente maçante e dispersaria a
atenção do interlocutor.
A utilização do lide como produto semi-acabado de uma indústria de notícias favorece
o consumo e persuade o leitor, estigmatizando -o como mero depositário de informações
ordeiramente empacotadas e levemente digeríveis. O instrumento do lide sobrevive à crítica
do leitor como receptor passivo de informações das teorias de efeitos ilimitados, passando
pela abordagem funcionalista, Teoria Crítica e estudos culturais ( Cultural Studies). A
construção da notícia, especificamente do lide, sucumbiu ao figurino de se fornecer contexto,
antecedentes e perspectivas de um fato somente para reportagens e para os últimos parágrafos
de um relato noticioso. E muitas vezes es ses dados são omitidos em substituição a outros de
maior impacto, sensacionais, de apelo mais consumista. Com todas as reflexões críticas, a
principal razão para o sucesso e a sobrevivência do lide é sua extrema praticidade para
usuários e produtores de notícia nos atuais tempos de consumo rápido e massivo.
A discussão (rara) a respeito da pragmática do lide quase o compara a um projétil de
arma de fogo. Significativamente, a fórmula clássica do lide (em que todos os elementos
aparecem no primeiro parágrafo) subsiste a todas as discussões teóricas ao longo doculo 20
e assemelha-se à concepção teórica da Bala Mágica ou Agulha Hipodérmica, na crença da
possibilidade de se atingir certeiramente o leitor. Nes sa ótica dos efeitos ilimitados, o usuário
seria um sujeito passivo e presumivelmente assimilaria as intenções do emissor, depositário
final das intenções do emissor. Os estudos dos efeitos acompanham os diversos paradigmas
inseridos no âmbito das teorias da comunicação , mas pouca atenção tem sido dada à
característica de principal evocação e fundamental para a estrutura das notícias. Sua práxis
seria sempre certeira, funciona, e perpassa tod os os estudos de recepção, mesmo que seus
efeitos tenham transitado entre limitados e ilimitados. Estando o comportamento do usuário
reduzido à relação estímulo -resposta, o estímulo e a eficácia são colocados em cheque ,
quando não há resposta, ou seja, se não ocorreu o problema teria sido na formulação do lide.
A mesma abordagem t êm os estudos da teoria crítica, que discute a indústria cultural, e
48
constituída basicamente pelos meios de comunicação de massa, a partir da renúncia da
autonomia da razão, sendo tal indústria um dos principais instrumentos para a funcionalidade
de uma sociedade que tudo pode. Tal postulado afirma que os usuários cons omem sem
resistência, contestação ou crítica.
A simplificação da fórmula do lide ao reportar um acontecimento de d estaque, e a
repetição do modelo de relato em todas as mídias e em eventuais repercussões nos dias
seguintes geradas por este fato inicial reforçam e ampliam os efeitos da agenda setting e da
espiral do silêncio. A agenda setting trabalha sob a égide da im posição dos meios de
comunicação de massa sobre os indivíduos, pautando os assuntos a serem debatidos
cotidianamente a partir da tematização definida e hierarquizada pelos próprios meios. Não
define exatamente como , mas sobre o quê pensar. Os temas ignorados ou com pouco
destaque nos jornais teriam igual equivalência pública. Ainda na perspectiva dos efeitos
ilimitados dos meios de comunicação de massa, na abordagem da espiral do silêncio
determinados temas atingem os indivíduos , levando os portadores de opiniões diferentes a se
silenciarem. O princípio é que os usuários não querem o isolamento, buscam associar -se a
opiniões dominantes, evitando o choque com opiniõ es de grupos sociais influentes (WOLF,
2005).
A discussão sobre a estrutura do lide escapa também aos paradigmas da comunicação
que refutam a onipotência dos meios de comunicação de massa. Aqui a certeza dos efeitos da
mensagem é limitada a certas condições, introduzindo -se o conceito social, a influência de
líderes e de grupos sociais sobre o leitor. Três tipos de efeitos seriam previstos: criação,
transformação ou conservação de idéias já preestabelecidas. Outros estudos apontaram para o
binômio uso e gratificação ( uses and gratifications ) em que se procurava privilegiar o que os
usuários esperavam daquilo que consumiam, ou seja, ao invés de se perguntar a influência dos
meios, questiona-se o que os usuários fazem com os meios. Em um ambiente concor rencial,
os media necessitam submeter-se aos ditames do “mercado”. Nos anos 1960, os estudos
culturais (cultural studies) discutem a problemática da codificação/decodificação assentada
sobre a dominação simbólica, em obediência a critérios sociais e culturais como sinalizadores
da interpretação de uma mensagem por parte do usuário.
Ferreira (2003) ressalta terem surgido outras abordagens pelo viés da hermenêutica, da
fenomenologia e da semiótica , mas os exclui da discussão de estudos de recepção , pois
demonstraram interesse pela recepção , mas não “no” receptor, em trabalhos próximos a
estudos de produtos midiáticos, “como estes da semiologia, que numa démarche de
conhecimento, entre outros, de mitologias contemporâneas fazem alusão a um receptor, como
49
pretexto para uma análise interna ou imanentista do texto” (p. 7). O autor aponta vertentes
recentes em estudos de recepção midiática: construção social da realidade, a contribuição dos
meios de comunicação na formação e na mudança das identidades individuais e coletivas e a
contribuição dos meios de comunicação no elo social.
Ao longo de toda esta trajetó ria houve raros e breves hiatos da visão certeira do poder
da mensagem, limitado ou ilimitada, como a proposta teórica de Freire (1978) que aborda a
comunicação como instrumento de conscientização, dialógica, e que consolidou-se
principalmente no campo de pesquisas midiáticas do Terceiro Mundo a visão da recepção
como de efeito limitado, como lócus de produção de sentido. Tal modelo se aplica
fundamentalmente em propostas de comunicação alternativa, não massivas, e ressurgiram nos
anos 1990 com as novas míd ias, principalmente o webjornalismo, ambiente em que o modelo
discursivo de notícias, ainda em construção, propõe como adequado ao meio eletrônico a
publicação de textos curt os, aprofundando o uso do lide.
Freire propõe o compromisso da teoria com a trans formação social e nessa perspectiva
ele insere a questão da prática jornalística. Os estudos de Freire estimularam novas
indagações sobre o discurso, a prática e a teoria do jornalismo como forma de conhecimento,
estimulando investigações profissionais e a cadêmicas na área, no que Meditsch chamou de
“método Paulo Freire de jornalismo”:
“O desenvolvimento de tal método certamente se apoiaria na filosofia de Freire
sobre a educação, em sua teoria do conhecimento e em sua experiência
pedagógica, confrontando os conceitos e as técnicas às neces sidades da prática
jornalística e as suas particularidades. Requer, portanto, não apenas
conhecimento da obra de Freire, mas também domínio da atividade profissional.
Tal método se aplicaria tanto à produção do jornalismo , enquanto prática
cognitiva dos jornalistas, quanto a sua recepção pelo blico, onde a atividade
cognitiva se refaz. E, certamente, teria conseqüências importantes também no
ensino do jornalismo” (MEDITSCH, 2003, p.14).
A teoria freiriana foi ainda uma das fontes para o desenvolvimento da abordagem
Sense-Making, que veremos no Capítulo 3 desta tese.
2.4 Consumo e uso da informação jornalística
A mente humana é a sede de nossa consciência mental, física e da personalidade, é a
interface entre os mund os espiritual e físico. Evoca memórias do passado e planeja o futuro.
Objeto de estudos sistemáticos desde a Grécia antiga, muitos dos modelos explicativos sobre
50
o funcionamento cerebral baseavam -se em observações universais da natureza e na volição
divina. Mas ainda não há maior mistério no universo conhecido (DE DUVE, 2004, p.321).
Nas últimas décadas o crescente interesse pelos estudos relacionados com as ciências
do sistema nervoso levou a um “enorme progresso no desenvolvimento de técnicas que
permitem conhecer melhor a função normal deste que parece ser o mais complexo sistema do
organismo humano” (CASTRO CALDAS, 1992, p. 75).
Ressalvando não ser objetivo desta tese investigar as teorias cognitivas,
psicolingüísticas e sociocognitivas, é nelas que se baseiam os principais estudos que
envolvem a leitura e o uso da informação no campo do Jornalismo e por isso vale a pena rever
alguns aspectos relevantes sobre a temática.
Castro Caldas (1992) defendeu a estrutura biológica como determinante fundament al
para a atividade cognitiva. Após uma extensa revisão da literatura sobre a neurofisiologia
humana, as correlações entre o cérebro e o comportamento, mais precisamente a linguagem
oral, o processo fisiológico da leitura e da escrita (FIG. 2), bem como os quadros de afasia e
alexia, o autor apontou limitações e etapas do processamento cognitivo humano .
FIGURA 2 - Esquema de interpretação de etapas do tratamento da informação durante a leitura
Fonte: Castro Caldas,1992, p.89
O autor relaciona mecanismos biológicos com o conceito de memória: “memória
sensorial” (retenção de informação por breve fração de tempo); “memória imediata” ou “de
curto prazo” (retém a informação por um período um pouco mais longo do que o sensorial, o
suficiente para ouvir e entender uma questão) e a “memória de longo prazo” (armazena por
51
mais tempo a informação, responsável pelo diálogo com novas experiências).
Além de uma boa função do córtex sensorial de associação, a memória de longo prazo
pressupõe ainda a atenç ão ou capacidade de concentração, indispensáveis para a organização
da atividade cognitiva. Caldas afirma que o sistema límbico, “muito provavelmente por
mecanismos de repetição”, permite fixar a memória de curto prazo em memória de longo
termo e que as memórias são armazenadas e evocadas por categorias (1992, p. 96).
Van Dijk (1990) trabalha com modelo de processamento do discurso que extrapola o
texto, incluindo o contexto e a cognição social, ampliando algumas etapas do processamento
cognitivo do discurso descritas por Castro Caldas. A construção e a compreensão da notícia
foram desenvolvidas a partir da teoria que Van Dijk denomina “sociocognitiva”. Ele
considera que os processos da memória s ejam essenciais não apenas para o estudo sobre a
produção e a representação de notícias como também para o conhecimento e a atualização
desse conhecimento por parte dos leitores. Seus estudos sobre gênero textual e cognição são
fundamentais para pesquisas da área e o conceito de superestrutura foi a principal
contribuição da abordagem cognitivista , enquanto seu conceito de macroestrutura relaciona o
lide à lógica das interações comunicacionais cotidianas. O autor sintetizou as principais
teorias psicológicas e cognitivas a respeito de compreensão de discurso e as aplicou ao texto
jornalístico (1990, p.150 -154) da seguinte forma:
Decodificação: todas as informações são objeto de decodificação inicial em nossa
memória através de categorização de formas e estruturas mentais, como a percepção de um
idioma e o reconhecimen to de uma página de jornal.
Interpretação: Simultaneamente, o processo de interpretação começa a operar e
continua a decodificação, assinalando os significados das palavras, construindo a estrutura de
significados em relação a “fenômenos estruturais de superfície, como a ordem das palavras e
as categorias sintáticas”. É o início da interpretação do texto.
Estruturação: Ainda na Memória de Curto Prazo (MCP), a estruturação é o momento
em que as interpretações anteriores são estruturadas, contextualizando, estabelecendo
conexões entre as palavras, seus significados e referências que lhe darão sentido.
Processamento cíclico : Nem todas as palavras e orações podem ser armazenadas pois
a memória de curto prazo tem capacidade limitada; é feita uma espécie de se leção das
informações que serão descartadas e aquelas que, interpretadas, farão parte da Memória de
Longo Prazo (MLP)
21
.
21
Outro estudo identificou o que se chamou de “lei da memorizão seletiva: as pessoas não só se expunham aos conteúdos
dos meios de maneira seletiva, como também os percebia de maneira seletiva e aqui estava a novidade- tendiam a
52
Formação da macroestrutura : até aqui tais passos abarcam apenas a metade do
processamento que se produz na MCP. Os textos são entendid os a partir das seqüências de
proposições e as macrooperações estratégicas se dão entre o texto e o contexto.
Formação da superestrutura : as estruturas globais determinam na MCP os textos ou
as partes. O conceito de superestrutura textual seria o esquema cognitivo que contempla os
elementos principais para processamento da linguagem e organização da memória, aplicando -
se tanto ao emissor em seu ato de fala e representação quanto ao usuário em dado contexto
cultural
22
. Segundo Van Dijk, “a superestrutura é u ma espécie de esquema ao qual o texto se
adapta. Como esquema de produção, isto significa que o falante sabe: ‘agora contarei um
conto’, enquanto que, como esquema de interpretação, o leitor não sabe do que trata o
texto, mas, sobretudo, que o texto é u ma narração” (1990, p.143).
Representação na memória episódica : as diferentes operações anteriores se constituem
hierarquicamente na memória episódica. A Representação do Texto (RT) permite a relação
entre a informação nova com a antiga. Em geral, os grand es temas “se recordam melhor e
formam basicamente a informação utilizada para resumir um texto”. Em circunstâncias
especiais, a microinformação detalhada também pode evocar -se, “por exemplo em funções
específicas com outras representações cognitivas ou afe tivas”.
Modelos situacionais : os acontecimentos (reais ou imaginários) se representam
cognitivamente formando os MS, que agrupam nossas experiências acumuladas de fatos
anteriores. Para interpretação de uma notícia, por exemplo, leitores usam e atualizam u m
Modelo Situacional determinado sobre um fato anterior semelhante. Estruturalmente, são
organizados mediante esquema de categorias fixas, como exposição, circunstâncias,
participantes da ação e “cada um deles com possível modificador”.
Aprendizagem: formação do conhecimento e da crença. A partir de representações de
texto (ou imagens) e de modelos da ME, as informações podem ser absorvidas das estruturas,
dos argumentos ou de algum tipo de conhecimento convencional da MLP.
Subjetividade: os processos de interpretação também têm dimensão subjetiva, podendo
ser aplicadas diversas estratégias, a depender das características dos usuários. A compreensão
do discurso se assenta, por um lado, em modelos e objetivos pessoais e, por outro, a
“objetivos, estruturas, a rgumentos, atitudes ou ideologias socialmente compartilhadas”.
memorizar essencialmente a informação que mais se adequava às suas idéias. Pesquisas sobre persuasão demonstraram que
em muitos casos a maioria dos entrevis tados desconhecia grandes queses da política nacional ou “tinha adulterado a
informação recebida para esta se ajustar ao seu modelo de crenças e às suas atitudes anteriores”(Sousa 2002, p.135 -136).
22
Bonini demonstrou que o gênero escolhido para a represe ntação de determinados fatos estaria ligado a esquemas cognitivos
pvios. Assim, por exemplo, o repórter já teria um esquema cognitivo para uma reportagem sobre volta às aulas e a escolha
do gênero textual, a apurão e redão seriam “depositárias deste conteúdo (2002, p. 144).
53
Estas teorias cognitivas reforçam o caráter subjetivo e abrangente da compreensão de
notícias. Van Dijk as aplicou ao campo específico da produção de sentido de noticiário e
descreveu as principais etapas, que considera “constituir apenas uma parte da teoria”:
1)percepção e atenção; 2)leitura; 3)decodificação e interpretação; 4)representação na memória
episódica; 5)formação, uso e atualização de modelos situacionais e 6)usos e mudanças do
conhecimento social geral e das crenças (estruturas, argumentos, atitudes, ideologias) (1990,
p.201-202).
Nossa investigação trabalha o conceito de “compreensão” como a produção coerente
de sentido de determinada informação que, mesmo não tendo aplicação prát ica imediata, já foi
“usada”, incorporada à memória de longo prazo, perseguindo a conceituação de Van Dijk:
A compreensão é, pois, um processo integrado complexo de seleção estratégica,
recuperação e aplicação de diferentes fontes de informação na constru ção de
modelos. Uma vez que tenhamos construído um modelo da situação que resulte
aceitável, ou seja, relativamente completo e coerente, decidimos que o item foi
compreendido. Este modelo pode ser utilizado para posterior generalização,
abstração e descontextualização... ...e para planificação cognitiva e execução da
ação e conversação futuras (1990, p.211 -212)
2.4.1 Necessidade de informação
As principais características e atributos que influenciam a necessidade de informação
são a profissão, principalme nte, e experiência, idade, nível educacional, estilos cognitivos,
orientação individual, comportamento e preferências pessoais como hobbies e atividades de
lazer (FERREIRA, 1995). Dentro de “estilos cognitivos” talvez esteja o campo de variáveis
mais complexas a se investigar, como o papel do gênero em pesquisas de uso da informação.
A Ciência da Informação questiona se haveria aspectos cognitivos diferenciados de sexo e de
gênero no trabalho de indexação de textos e recuperação de informação (BORGES, 2003 )
mas, ao colocar a questão, admite -se a possibilidade de sua existência. Bretas (2000), por sua
vez, diagnostica diferentes formas de apropriação e aponta padrões de direcionamento na rede
virtual (a autora cita a falta de interesse de meninas por configurações de hardware ou
estruturas de programas). Assim como os demais leitores de um jornal, os estudantes de
Comunicação Social buscam no noticiário informação sobre assuntos públicos que lhes
interessariam de maneira direta ou mais próxima. Embora façam p arte de um segmento com
perfil sociocultural m enos heterogêneo do que o amplo público de um veículo de
comunicação de massa, por exemplo, persistem variadas camadas de interesse de leitura no
seio desse grupo de usuários especializados.
54
Pesquisas com jovens leitores de jornais e com estudantes de Jornalismo apontam
serem preferidas as mídias eletrônicas às impressas e que s ejam baixos os índices de leitura
(ERBOLATO, 1986; PINHO, 1983; POLESEL, 2003). Mesmo a Televisão perdeu espaço
para as salas de bate-papo e para o ambiente Internet entre os estudantes de ensino médio e
fundamental (BRETAS, 2000). Outras pesquisas indicam que o jornal impresso seja a
principal fonte de informação para os próprios jornalistas (QUADRO 1) e que as editorias
mais lidas pelos leitores
23
são, nesta ordem: “política”, “locais”, “esportes”, “cultura”,
“economia”, editoriais” e “opinião”, “veículos”, “fim de semana”, “anúncios”, “cartas” e
“ciência” (CHAVES 2000, p.126).
QUADRO 1
HÁBITO DE LEITURA DE JORNALISTAS
Tipo de leitura
% citado
jornais e periódicos nacionais
97%
jornais locais
88%
literatura de ficção
80%
biografias
44%
Livros sobre Jornalismo
29%
literatura científica
23%
literatura especializada
17%
outros
8%
Base: 75 jornalistas dos jornais O Te mpo, Hoje em Dia e Estado de Minas
Fonte: CHAVES, 2000.
Ao refletir sobre os estudos de recepção, Martin -Barbero (1994) desmistifica o bordão
publicitário de que o usuário “é quem tem a palavra”, pois haveria limites a es se suposto
poder do consumidor , não sendo possível de um lixo” fazer uma leitura “profunda e
proveitosa” (p. 54) e aponta duas linhas de ação: estudar o que as pessoas fazem com a leitura
dos meios de comunicação (e não o inverso) e vincular estudos da recepção ao da economia
da produção. Martin-Barbero utiliza os argumentos de Wolf, segundo o qual seria “impossível
entender o funcionamento do gênero na recepção, sem compreender como são interpretados
os gêneros pelos produtores, tanto em termos de economia como de narrativa: o diretor , o
ator, o jornalista, o roteirista, etc” ( 1994, p. 56). Desse modo, é necessário ampliar a
investigação sobre o próprio campo do consumo, pesquisando aspectos da ponte que vincula
as duas pontas, emissor e receptor de notícias, o que propomos neste estu do, que se dispôs a
23
Base: 169 leitores regulares dos jornais Estado de Minas, Hoje em Dia e O Tempo.
55
compreender como se comportam e o que fazem com a hipotética pouca leitura de jornais.
O ambiente informacional do estudante de Comunicação Social sugere que tenham um
olhar diferenciado sobre estrutura da mensagem noticiosa e qualidad e do discurso jornalístico
e sua atenção deva ser voltada tanto para um diálogo mais efetivo com a mensagem mas
também com sua forma, perpassando es sas duas dimensões da leitura especializada. O mesmo
ambiente o conclama a consumir notícias e a invocação a qui é atender aos objetivos de
aquisição de carga de conhecimentos gerais e das técnicas de relato, ampliando uma
necessidade de informação já anteriormente detectada pela própria opção profissional. A
necessidade levaria à percepção e à atenção do jornal e estaria condicionada à intenção, ao
desejo de saber algo.
esquemas predominantes de foco de atenção, como visualização inicial dos títulos,
leitura de cima para baixo, da esquerda para a direita, leitura prévia do lide, e tais estudos
precisam ser ampliados, como se propõe a abordagem Sense -Making, na qual o contexto, o
espaço e o tempo em que surge a necessidade de informação seriam determinantes para a
construção de sentido.
Van Dijk acrescenta que outras fontes de informação interferem no process amento do
texto. O micro-momento da leitura é o instante em que a lacuna e a necessidade de
informação podem ser abalizadas por instrumentos de coletas de dados que detectem ao
menos parte da intensa movimentação cognitiva que se no confronto entre o intelecto e o
código lingüístico. Ou ainda na relação dialógica entre o usuário e a mensagem, “entre o
mundo do texto e o mundo do leitor”, que deve possuir competência técnica para a leitura e
“capacidade de saber integrar esses dois universos” (BORGES, 20 03, p.12). A freqüência do
hábito de leitura é que propicia diálogo mais produtivo entre estas duas dimenções do ato
discursivo.
2.4.2 Hábito de leitura
Van Dijk (2002) define leitura como ato voluntário e específico de decodificar e
interpretar um texto, de folhear as páginas, ler as manchetes, continuar ou interromper a
leitura da reportagem. A familiaridade com o texto jornalístico reduz as dificuldades de
interpretação e o ritmo de leitura, contribuindo assim para receber maior carga de
informações. O hábito de leitura seria uma extensão da necessidade de informação e estaria
vinculada à expectativa de uso da informação a ser obtida. É uma variável importante que
interfere no comportamento e no uso que o usuário faz da mídia. Além de significar uma
compreensão mais abalizada dos acontecimentos retratados, com origens, contextualizações e
56
prognósticos, o gosto pela leitura de jornais, marcada pela relação de freqüência, regularidade
e hábito, traz consigo a predisposição para melhor interpretação e de codificação da
mensagem.
Ao abordar a questão da leitura e da comunicação de massa, Marques de Melo acentua
que o conceito de leitura ultrapass e a simples decodificação da mensagem alfabética , mas
pressupõe a “compreensão do mundo” por intermédio de todos os suportes de difusão
cultural. O autor ressalta a importância da educação e da leitura da palavra impressa como
base para tal “leitura contextual”. O autor reforça a importância do hábito de leitura ao
afirmar “não bastar a prontidão para decifrar o que está escrito. É indispensável o exercício
permanente dessa habilidade lingüística” (1993, p.4).
Após uma pesquisa com 75 jornalistas mineiros, Chaves (2000) revelou que, segundo
os profissionais, os três principais pré -requisitos para ser um bom jornalist a” seriam “ser
atualizado”, “ter agilidade para escrever” e “possuir capacidade analítica e sistêmica”,
características que remetem obrigatoriamente à necessidade de hábito regular de leitura de
jornais
24
. Em outra questão, quais seriam os facilitadores p ara a produção da notícia, -se
novamente a importância de conhecimento prévio, do acervo e do arquivo, e do investimento
no profissional, quando os três elementos mais citados foram (1)“suporte para pesquisa com
profissional qualificado”, (2) “planejame nto” e (3) melhorar qualificação do profissional.
Quando perguntados quais seriam os hábitos de leitura, a resposta confirmou que os jornais
são a principal fonte de leitura.
Uma pesquisa com repórteres da mídia impressa levada a cabo por Bonini (2002, p.
139-140) comprovou que as técnicas de redação da Pirâmide Invertida e do lide, além de
serem majoritariamente adotadas pelos profissionais, estejam associadas a outras tarefas: a de
organização das informações após a apuração e mesmo como técnica para pla nejamento da
apuração. Além disso, a familiaridade com os códigos escritos jornalísticos pode melhorar o
nível e a qualidade da evocação exatamente pelo domínio das ferramentas, reforço e
ampliação do acervo de conhecimentos gerais. Conforme demonstrou Bon ini (2002, p. 95),
“as características microestruturais do texto são tão importantes quanto o esquema textual no
reconhecimento do gênero e, portanto, com uma grande possibilidade de que o mesmo ocorra
na organização cognitiva do gênero (superestrutura)”. No mesmo sentido, Fausto Neto
acrescenta que “a recepção é constituída no interior do próprio processo discursivo por
24
As outras características citadas foram, nesta ordem: saber ouvir, ser objetivo, possuir fluência verbal e escrita, relaciona r-
se bem com as fontes para conseguir informações tempestivas, ter iniciativa, ser resistente a frustrões, saber lidar com
novas tecnologias de informão e demonstrar habilidade emocional (Chaves, 2000).
57
meio das múltiplas operações articuladas pelos processos da própria linguagem” (2002, p.
195).
Quanto à criação do hábito de leitura, alguns estudos que deram sustentação à teoria
do uso e da gratificação indicam que se daria, entre outras razões, pela expectativa de
satisfação das funções da mídia: informar e interpretar os acontecimentos, constituir -se
instrumento essencial da vida co ntemporânea, fonte de relaxamento e entretenimento,
prestígio, meio de contato social, parte importante dos rituais sociais, expressão dos valores
culturais e identitários e da preservação cultural (WOLF, 2005, p.62). A manutenção do
hábito de leitura entre estudantes especializados seria da mesma forma determinada pelas
formas de consumo, expectativas, preferências e necessidades.
um decréscimo importante do interesse em notícias sérias, encontradas
majoritariamente na mídia paga, e principalmente em jornais e revistas. Para Patterson (2003),
como os leitores jáo se interessam pela política, também não acompanham as notícias, e as
duas variáveis estariam intimamente relacionadas. E porque os jovens não se interessam pela
política? A conclusão de Patterson para o perfil dos jovens estadunidenses pode ser válida
também para a classe média brasileira, extrato de onde sai a grande maioria dos estudantes de
Comunicação Social: “cresceram numa era em que as questões políticas eram de pouca
relevância e a Televisão por cabo e a sua programação de entretenimento dominavam a vida
doméstica” (p.23).
2.4.3 Decodificação de mensagens
A decodificação é a transformação do código jornalístico em informação e pode -se
dar, por parte do leitor, em vários níveis de interpretação, variando desde o aceitamento total
da visão do autor do texto até sua completa discordância. Mas qualquer que seja o grau de
assimilação, a literatura da área revela ser ativo o comportamento do usuário , pois, ainda que
haja concordância com a versão pretendida pelo autor, sua aceitação será uma opção do
usuário. Outro ponto a destacar é que o processo de decodificação se limita não apenas às
informações que constam do texto mas também ao contexto (necessidade de informação,
cultura, conhecimento de mundo, experiências pessoais), que inclui a ativação da memória,
especialmente a enciclopédica ou superestrutura, segundo Van Dijk (1990).
A interpretação constitui um complexo processo de reconstrução que envolve ainda as
lacunas informacionais, as motivações e objetivos do usuário, a credibilidade do noticiário e
em relação ao emissor, expectativas de uso daquela informação e, obviamente, nível de
reconhecimento do código lingüístico e do contrato de leitura. Es se complexo sistema
58
cognitivo, adormecido e algumas vezes inconsciente, é acionado para interpretar um texto,
resgatar a memória, estabelecer vínculos entre acontecimentos e idéias, realizar conexões e
presumir cenários, incorporando ou descartando novas e antigas informações e opiniões,
inferir sobre falas ocultas, enfim, decodificar uma mensagem. Uma de nossas questões neste
trabalho foi verificar a relação entre o nível de decodificação, composto por variáveis que a
definem, e o uso da informação, aqui representada pela evocação.
A teoria dos esquemas ou das associações cognitivas foi desenvolvida originalmente
por Bartlett (1995), ao afirmar que para entender o mundo o indivídulo precisa ter dentro de si
uma representação do mundo. O esquema seria uma estrutura cognitiva que interage co m o
mundo, alterando-o e sendo alterada segundo as experiências do sujeito. Segundo o autor, as
respostas são prioritariamente articuladas em função de atitudes, orientação, tendências e
interesses em um ordenamento individual e em experiências subjetivas.
Leffa (1996) acrescentou, também na perspectiva psicolinguística, que “sem o
acionamento de um esquema, a compreensão não é possível” pois “ao iniciar a leitura de um
texto, a primeira coisa que o leitor normalmente faz é vasculhar a memória em busca de um
esquema onde ele possa fixar as informações do texto” (1996, p. 38). O esquema funcionaria
na recepção e na produção, consequentemente, também na evocação da informação. Segundo
a teoria de esquemas, “a informação proveniente do meio não é acrescida à memória. O dado
novo não é acrescentado num espaço vazio da mente mas incorporado ao que existe”
(LEFFA, 1996, p.43).
Uma das etapas da teoria da produção de sentido de noticiário desenvolvida por Van
Dijk (1990) considera que a primeira decodificação e interpretação é sempre dos títulos. O
movimento ativa conceitos relevantes e estruturas de conhecimento, como a avaliação a
respeito do jornal, ao contexto, a decisão de ler totalmente ou apenas o início. Após a leitura
do lide, a estratégia de leitura transcorre sentença por sentença “através da formação de
estruturas propositivas, conectadas por relações condicionais e funcionais que definem a
coerência”. Exemplificando, o título “Lula é reeleito com 61% dos votos” permite ao usuário
inferir que:
1 Lula é o atual presidente
2 - Houve uma disputa eleitoral com outros candidatos
3 Lula foi reeleito com ampla margem de votos
4 Demais inferências.
Além disso, nesse exemplo hipotético de um esquema, insinuar-se-ão avaliações sobre
o desempenho administrativo do presidente e de seu partido, a expectativa em relação ao novo
59
governo, avaliação política sobre o opositor, identificação ideológica do leitor, crenças e
opiniões diversas, entre várias outras. Além das características internas do texto, outra
situação que interfere é o ambiente informacional: ou seja, es sa notícia lida na Internet logo
quando da apuração dos votos confirmando a vitória acionará esquemas que talvez não o
sejam se a leitura for realizada em uma revista de circula ção semanal, quando o resultado
tiver sido assimilado por todo o Brasil. Es ses fatores determinarão o nível de decodificação do
texto.
Posteriormente à etapa da decodificação, mas ainda pertinente à interpretação e à
formação de sentido, é representad o na memória episódica o conteúdo que resulta relevante
para o processamento, alterando e incorporando informações do Modelo Situacional (MS).
Segundo Van Dijk, a formação, o uso e a atualização de modelos situacionais acontecem
através da representação do texto e assemelham -se a categorias esquemáticas gerais, como
tempo, situação, circunstâncias, participantes, ações e os sucessos, cada um des ses elementos
com seus possíveis modificadores.
A compreensão de um relato noticioso é a principal contribuição para a formação de
modelos situacionais e, segundo Van Dijk, proporcionam a informação concreta perdida que
o usuário deve recuperar durante a interpretação de acontecimentos, fatos ou discurso.
Representam o que imaginamos quando lemos ou escrevemos um texto” (1990, p.153). Ao
discutir a memória do radioouvinte, Meditsch (2003) acrescenta que a memória retém muito
pouco do discurso, mas conserva melhor as suposições factuais, algo similar aos modelos
situacionais, construídas a partir des se discurso.
Uma informação nova pod e provocar certas reavaliações. Em primeiro lugar, de
opiniões particulares, depois , de idéias mais gerais (se houver coerência de opiniões).
Mudanças do conhecimento social geral, de atitudes, ideologias e de crenças seria algo mais
difícil de ocorrer, se gundo Van Dijk (2002), pois estão filiadas a classes sociais ou culturas,
que constituem marco cognitivo fundamental que organiza nossos e squemas, argumentos e
atitudes.
2.4.4 Uso e evocação de informação
“Uso” é a possibilidade de emprego da informação adquirida, traduzido na maioria dos
estudos da Ciência da Informação como informação facilitadora ou bloqueadora. Neste
estudo, exploramos a evocação como uma das dimensões possíveis da utilização da
informação. Como vimos no item anterior , são reduzidas as chances de mudanças de
conhecimento geral ou atitudes imediatas através da leitura de jornal , mas, após sua
60
interpretação, alguns elementos das notícias considerados relevantes permanecem registrados
na memória episódica, alterando e incorporando informa ções no Modelo Situacional .
Van Dijk comprovou que, juntamente com o título de cada reportagem, o lide carrega
os maiores graus de evocação exatamente por concentrar as informações consideradas
principais daquele fato e por estar localizado em posição priv ilegiada. Dentre os seis
elementos do lide, recorda-se melhor os lugares (onde) e as pessoas envolvidas (quem) em
acontecimentos jornalísticos do que aquilo (o quê) realmente ocorrido (VAN DIJK, 1990,
p.219).
Além disso, seus estudos mostraram que outras variáveis favorecem a evocação:
imagens, formação cultural do leitor, fatos locais, negatividade, surpresa e importância (1990,
p.219). Morley também detectou que o panorama local, com suas notícias de interesse
próximo, deve receber maior atenção dos pesq uisadores por ser o local onde ocorre o maior
consumo midiático (1992).
Meditsch (2003) estudou a compreensão da mensagem no radiojornalismo e afirma ser
“unânime a constatação de que o público geralmente recorda melhor os temas das notícias (as
macroestruturas) do que os seus detalhes”. Ele avalia que ao identificar as primeiras palavras
da transmissão, “tudo o que a mente vai compreender depois, acompanhando ou não o locutor
até o seu ponto final, é condicionado pelas imagens mentais disparadas neste pr imeiro
instante” (2003, p. 14).
A recepção estaria circunscrita pelo gênero e formatos utilizados, com o
conhecimento geral do ouvinte sobre as notícias no dio, emissora, programa, jornalista e o
entrevistado. Do mesmo modo, o encabeçamiento (título e resumo), segundo Van Dijk,
também seria condicionador do restante da leitura dos jornais, embora cada leitor absorva
singularmente esta introdução da mesma forma como que dialoga com o restante do texto.
Thorndyke (apud Van Dijk,1990, p.216) promoveu u m experimento de leitura de
notícia com um jornal convencional e posteriormente forneceu outra versão ao mesmo grupo
pesquisado, porém mais condensada que a notícia original. O resultado foi que as versões
condensadas produziram evocação mais perfeita que o relato completo, levando vários
estudiosos a refletirem sobre a importância de longas reportagens para a ampliação do
conhecimento. Esses estudos sustentam as técnicas de discurso jornalístico desenvolvidas e
aprimoradas pelos veículos de comunicação de massa. De acordo com tais estudos,
reafirmamos nossa hipótese de que a estrutura do relato noticioso e o comportamento
informacional estejam diretamente vinculados à estratégia de consumo e às características de
evocação de notícias.
61
2.5 Perfil do (novo) jornalista
Nunca a humanidade teve tanta informação disponível e, ao mesmo tempo, o estatuto
da qualidade dessa informação tenha sido tão questionada. Antigas máximas, como
“informação é poder” e “informação é tudo”, continuam a ter validade e agora s e atualizaram
com “estar bem informado”, conferindo ao sujeito um status, uma posição de valor no mundo.
Aos produtores de notícias e seus aprendizes, tal qualidade torna a antiga (e inalcançável)
meta uma cobrança não apenas de seu ambiente informacional mas também da própria
sociedade. Além da antiga cultura geral requerida aos estudantes de Comunicação Social,
exige-se agora (o mercado profissional e a comunidade de consumidores) que ele s estejam (ou
sejam) bem informados e permanentemente “conectado sa noticiários midiáticos. A estes e
aos que “sabem buscar informação” são depositadas as melhores expectativas e oferecidas as
melhores oportunidades. Ao mesmo tempo, deve ainda construir conhecimentos por si
próprio, refletir e produzir a partir de novos paradigmas.
No primeiro caso, no campo da leitura des se mesmo profissional, o problema torna -se
mais complexo com a explosão informacional, que lhe confere o desafio de escolher uma
entre variadas interpretações de algo (o que pode deixá -lo confuso, inseguro) e o desafio de
recolher a informação relevante entre o lixo informacional. Serra (1999, p.7) percebe que o
“mar de informação” pode levar ao abstencionismo , pois torna-se cada vez mais difícil para o
usuário distinguir aquilo entre o essencial (o re levante) e o acessório (o irrelevante)” e o
“absenteísmo político e vico seria, assim, uma resposta (ou, pelo menos, uma das
respostas possíveis) a este excesso de informação, a esta iluminação que ofusca”.
E no segundo momento, especificamente ao a lcance do futuro repórter,
desconsiderando limitações do meio e da infra -estrutura operacional, a captura requer: (1)
conhecimento do que seja notícia; (2) discernimento entre a “boa notícia” e a “má notícia”;
(3) seleção da “boa notícia”; (4) competência (agilidade, precisão, etc) na apuração.
O ambiente informacional se diversificou bastante nas últimas décadas, não apenas
com o surgimento da Internet mas também pela difusão de novas tecnologias, como a
Televisão por assinatura, a telefonia móvel, a ampl iação da radiodifusão e a expansão do
mercado editorial com o lançamento de inúmeras publicações especializadas. A revolução
tecnológica ocorrida nas últimas décadas possibilita uma reprodução que parece sem limites
do número de órgãos de divulgação, ao me smo tempo em que minimiza os custos e multiplica
a circulação de informações. Por outro lado, o consumo de mídia impressa diária vem
diminuindo gradativamente e os motivos podem ser creditados não apenas à concorrência da
62
mídia eletrônica, mas também à própria qualidade do meio
25
.
Esse é o ambiente midiático no qual se insere atualmente o profissional de informação,
o que nos chama a atenção para a participação do produtor e do ambiente na configuração da
notícia. Os estudos sobre a produção de informação (newsmaking
26
) levaram Sousa a afirmar
que a ação pessoal tem sido o “fator crítico” na configuração da notícia e conseqüentemente
para “a dissonância não pretendida entre as representações da realidade que as notícias são e a
realidade em si”. Em outras p alavras, para a distorção da realidade. Sousa acrescenta ser a
culpa não tanto dos jornalistas quanto de fatores que compõem o ambiente informacional, ou
seja, “as organizações, o meio social e comunitário e as culturas e ideologias em que os
jornalistas trabalham”. Esse é um dos motivos que levam o autor a reivindicar que a
comunidade acadêmica se debruce mais sobre “o que vai na mente dos jornalistas” pois a
forma como a mente auxilia na construção da notícia seria tão importante “como o campo das
intenções, crenças, valores e expectativas individuais de cada jornalista” (2002, p. 40).
Chaves (2000) pesquisou , junto a um grupo de jornalistas mineiros , quais seriam os
principais fatores intervenientes na noticiabilidade e na produção e os resultados foram (nesta
ordem): preparo e experiência do jornalista, acontecimento, infra -estrutura, tempo,
concorrência, interação com o público, linha editorial, tecnologia, subjetividade do editor,
relações internas de poder no órgão de imprensa, subjetividade do repór ter, gestão, fontes,
agências de notícia, layout e anunciantes (p. 216).
Tanto na perspectiva da Comunicação Social quanto na da Ciência da Informação, o
ambiente informacional contempla duas faces quanto à questão da produção e do uso da
informação. Darnton avalia que o ambiente e a forma de trabalho dos jornalistas t enham sido
sido subdimencionados pelas pesquisas que se dedicam à epistemologia da notícia, ao mesmo
tempo em que as relações profissionais se torn em cada vez mais complexas. Para ele, o
contexto do trabalho modela o conteúdo da notícia e a formação profissional: “à medida que
passa por essa fase de formação, ele se familiariza com a notícia, tanto como uma mercadoria
que é produzida na sala de redação quanto como uma maneira de ver o mundo que chegou
(pela imprensa)” (1990, p.96 -97).
Por outro lado, o consumidor de notícias também é influenciado pela ambiência. Ao
discorrer sobre valor agregado da informação, Taylor (1986) confirma ser o ambiente
25
Entre 1996 e 2000 a tiragem decresceu em 9 dos 15 pses europeus, 1,8% nos Estados Unidos, e 0,4% no Jao
(Tendências da Imprensa Mundial, edição 2001, Associação Mundial de Jornais).
26
A abordagem newsmaking analisa os critérios de noticiabilidade e “se articula principalmente em dois birios: a cultura
profissional dos jornalistas; a organização do trabalho e dos processos de prodão. As conexões e as relações entre os dois
aspectos constituem o ponto central desse tipo de pesquisa(WOLF, 2005, p. 193 -194)
63
informacional importante para a determinação da s condições de transferência e valoração das
mensagens consumidas. Wilson (1999) discute sistemas de informação orientados aos
usuários e sustenta a existência de uma espécie de engrenagem entre as diversas partes des se
sistema que, no conjunto, constitue m o ambiente informacional. Os aspectos fisiológico,
emocional e cognitivo se relacionariam, da mesma forma, com o s comportamentos de busca e
uso da informação dentro dos ambientes de trabalho, sociocultural, o político econômico, a
ambiência física e a fu nção do usuário nesse ambiente (WILSON, 2000).
Webster (1995, p 101 -134) critica o aumento dos meios de persuasão no s campos da
política e do consumo e a contaminação da esfera pública. O autor chama a atenção para
três questões: os novos sistemas de co municação com ênfase em princípios comerciais,
promovendo fugaz entretenimento; a propagação da informação interessada (patrocínio,
publicidade e relações públicas); e o aumento do uso do gerenciamento da informação por
grupos políticos, corporações de ne gócios e outros grupos de interesse que inflam a função da
propaganda política no ambiente informacional contemporâneo.
Chomsky e Herman (1976) investigaram a manipulação da mídia por governos norte -
americanos em ambientes de guerra e enumeram algumas ca racterísticas que, segundo eles,
fizeram o Jornalismo estadunidense se converter em um modelo de propaganda: formação de
oligopólios e orientação lucrativa das empresas; publicidade como primeira fonte de
rendimento, oficialismo e dependência de fontes ins titucionais, subserviência à audiência e a
críticas do público e postura ideológica sempre vinculada à do Estado, o que ocorreria
igualmente em muitos países ocidentais e do Terceiro Mundo.
Ao problematizar a euforia do discurso da sociedade da informação , Kurz (2002)
denomina como “ignorância da sociedade do conhecimento” o grande volume de informações
que nada acrescentariam ao verdadeiro conhecimento , pois não levam à crítica, à reflexão ou
à produção de sentido. Embora sua preocupação seja a filosofia das mídias, ele tange o
Jornalismo ao colocar no mesmo rol de conhecimento muito “trivial” mensagens sobre
horário de trens no metrô, notícias sobre a Bolsa de Valores, previsão do tempo e o noticiário
da Televisão. “É o tipo de conhecimento com o qual cre scem os adolescentes de hoje”. Kurz
chama a atenção para a dificuldade de se interpretar e refletir sobre a crescente “montanha de
dados”: “quanto mais informações, mais equivocados os prognósticos”.
Nesse cenário, é quase unânime entre os pesquisadores d a área a opinião que o futuro
(e em alguns casos já o presente) acen e ao aspirante a jornalista a mudança do antigo
paradigma de gestor do fluxo das notícias para exercer a função de analista, intérprete,
mediador e seletor de informação. O “novo jornalist a” será o responsável pela triagem da
64
infindável massa de informações disponíveis e daí torna -se ainda mais importante refletir
sobre seu papel também como consumidor de informação e de notícias.
Porto (1998, p.22) classifica o jornalista como “cidadão co nstrutor de significados”,
em que o cidadão extrapola a esfera da informação mas incorpora a capacidade de interpretar
e construir sentido, desempenhando assim um papel importante e legítimo no diálogo
normativo”. O autor alerta para a necessidade de esse jornalista estar conectado com “as
instituições de debate político de onde as interpretações se originam” (1998, p. 23). No campo
da Ciência da Informação, os estudiosos propõem o mesmo desafio. Fernandes (2004, p.270 -
273) discute a “transferência da cons trução de critérios (de busca e relevante e “verdadeira”
informação) dos campos específicos para o campo informacional” a partir da constatação de
que o “excesso” informacional tornará cada vez mais importante a figura de mediadores,
pessoas ou mecanismos, que “encontrem a informação por nós, no nosso lugar”.
Ser profissional da informação, dentro desta demanda, deixa de ser uma profissão
para ser uma missão, ‘missão impossível. Dito de outro modo, se o conhecimento
colocava filósofos e cientistas como aq ueles responsáveis e capazes de fornecer
critérios de validação de método e de acesso ao conhecimento verdadeiro, a
informação coloca os profissionais da informação como aqueles responsáveis e
capazes de fornecer os critérios de validação de método e de ac esso à informação
relevante” (2004, p. 273).
No mesmo sentido, Sousa aposta na boa formação no campo da ética e da deontologia
da profissão para a seleção e a hierarquização de informações comprometidas com a realidade
e algum conceito de verdade como a ntídoto de mergulho numa overdose informacional que
depressa nos afogaria” (2002, p.20). Fernandes recomenda que, dado o cenário argumentativo
exposto, deve-se garantir a esses profissionais “competência técnica e princípios éticos, e que
a soma destes dois fatores garanta informação relevante para todos” (2004, p.274).
diferença importante no campo da prática entre o especialista em Comunicação
Social e o profissional da Ciência da informação. Enquanto se incentiva a incredulidade ao
estudante de Comunicação Social e ele faz da descrença sua fé, duvidando da existência de
verdades, estimulado a checar as fontes e contrapondo informações, o cientista da informação
tradicionalmente trabalha o conceito de informação como um dado que, presumivelmente
verdadeiro, diminuirá a incerteza do usuário. Ou seja, que o dado buscado, transmitido,
recuperado e utilizado por um usuário pode ser o retrato de uma realidade. É nesse sentido
que Fernandes (2004) discute a informação como sucedâneo da verdade. Is so aconteceria
através da Sociedade da Informação, a suposta realização da transparência, liberdade e
veracidade.
65
Por outro lado, o jornalista se propõe a estabelecer sua verdade no espaço público e
embora se cerque de vários elementos textuais que dêem aparência de credibilidade ao que
diz, como a estrutura narrativa e a citação de fontes, ele parte para a apuração ciente da
impossibilidade de se alcançar a verdade plena. Oliveira (1996) explica que os mitos da
neutralidade e imparcialidade ou objetividade e referen cialidade “funcionam como uma
espécie de metadiscurso onde a verdade jornalística é retoricamente produzida”. Por
intermédio de uma extensa rede de técnicas e práticas deontológicas, o jornalista deve tratar a
informação com os rigores da relação ética ent re o padre e o discípulo no confessionário , mas,
ao contrário daquele, o receptor desconfia do confessor, checa suas informações com terceiros
e as divulga após um pacto que pode envolver o anonimato completo da (s) fonte (s).
Torna-se assim complexa a situação do futuro produtor de informações , pois ele é
consciente de sua visão parcial do real a partir da janela de onde recebe e seleciona
informações de primeira mão (direto da fonte ou testemunhas) e segunda mão (leituras de
outros meios), mas, ao mesmo tempo, organiza, trata e divulga informações que tenham sido
“embaladas” com aparência de produto de “verdade” pois este é o valor que seu público se
dispõe a pagar.
Segundo Fernandes (2004), caberia à Ciência da Informação propor uma espécie de
peneira, filtro que processe a informação verdadeira” ou relevante, tornando -a sucedâneo da
verdade, diante da profusão dos artefatos. Pensando no Jornalismo e na mídia, Bougnoux
afirma que a comunicação não supõe a veiculação de “verdades” pois “não se pede aos
vínculos, em geral, que sejam verdadeiros, mas autênticos, calorosos ou fortes, valores
bastante diferentes” (1999, p. 127). Mas, no senso comum, auxiliado por cnicas de
persuasão midiática, o leitor ordinário é incentivado a crer no consumo de verdades
27
.
A Internet diminuiu o privilégio do jornalista como gestor e intérprete público de
informação. Um exemplo refere-se ao ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, outrora uma
das maiores presenças na cobertura política, passou a não depender mais exclusivame nte de
boas relações com jornalistas e veículos de comunicação para tornar públicas suas idéias, pois
tem seu próprio blog no qual divulga informações e comentários sobre a cena política
contemporânea após ter deixado o governo em 2005.
O advento da Intern et trouxe ainda para o ambiente midiático um ingrediente de
análise mais complexa do que quando a imprensa perdeu a primazia da divulgação do fato
bruto para a Televisão e o dio a partir dos anos 1930 e 1940. Trata -se agora de as fontes e
27
Os slogans publicitários e os próprios nomes estimulam ta l crea: “O Imparcial” (Belém-PA), Hoje em Dia “Um jornal
de verdade” (Belo Horizonte-MG); Folha de o Paulo De rabo preso com o leitor” (São Paulo -DP).
66
os analistas sociais terem seus próprios sistemas de disseminação de notícias, sem o filtro do
repórter ou de uma simples (ou complexa) estrutura midiática.
Uma enorme gama de informações é disponibilizada gratuita e instantaneamente on
line permitindo a qualquer cidadã o conectado o acesso a informações em primeira mão para
daí tirar suas próprias conclusões. Ao longo das últimas eleições presidenciais, por exemplo,
tem crescido exponencialmente o acesso aos tios dos tribunais eleitorais para
acompanhamento não apenas da apuração dos votos, mas também de análises e textos de
sociólogos, cientistas políticos e dos próprios políticos , enquanto que, no passado, os
interessados deveriam aguardar a publicação nas páginas dos jornais. O público se precipita
sobre a fonte primária sem esperar pela a mediação do repórter e a versão da imprensa. O
mesmo ocorre com empresas não jornalísticas que começam a oferecer conteúdo jornalístico,
como os tios de busca (Google, Yahoo), enciclopédias (Wikipedia), serviços de notícias de
conglomerados financeiros, etc. Ou para ficar no terreno das “notícias leves”, a notícia mais
comentada no sítio da Folha de São Paulo durante a segunda semana de setembro de 2006,
por exemplo, não foram os momentos finais da campanha presidencial brasileira que se
desenrolava, mas o vídeo erótico que circulou pelo Youtube em que a apresentadora de
Televisão Daniela Cicarelli aparece com o namorado em uma praia no litoral da Espanha
28
.
Note-se que o flagrante não tenha sido exibido em nenhuma emissora brasileir a de Televisão
aberta ou por assinatura.
Assim, exacerbou-se a “missão” do jornalista, convocado para auxiliar a decifrar o
mundo. Abandonada a utopia do exercício profissional neutro, imparcial e objetivo, e da
antiga imagem de jornalista como “cão de gu arda”, “justiceiro” e “boêmio” (TRAVANCAS,
1993), o “novo jornalista” deve ser agora um intérprete da realidade.
Para Hallin, o jornalista não é apenas um provedor de informação como o foi no
surgimento da impressa de massa nos Estados Unidos, quando desempenhou papel
fundamental na democratização, mas agora se instado a novos desafios (HALLIN, 1994).
O jornalista agora “contribui para dar significado político ao mundo” , sendo de pouco sentido
para a audiência fatos sem interpretação ; precisa apresentar avaliações e o regime
democrático o requisita a ter papel mais ativo (PORTO, 1998, p.23).
Durante os quatro anos de graduação em Jornalismo, momento importante , mas não o
único de formação profissional, espera -se um olhar mais atento dos estudantes par a as mídias
noticiosa e especialmente a escrita pois é a fonte mais completa de informações do ponto de
28
De acordo com o colunista Nelson de Sá, do jornal Folha de São Paulo. Disponível em:
<http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc2509200629.htm >. Acesso em 12/10/2006
67
vista de aprofundamento da análise sobre o que circunscreve m os fatos e debate sobre “as
coisas do mundo”
29
. A mídia em geral não é apenas objeto de estu do para o estudante de
Comunicação Social mas também espaço de se iniciar na profissão, por intermédio de
estágios, e futuro mercado de trabalho.
O mercado regional de comunicação é bastante reduzido e geralmente não faz parte
das aspirações do estudante em função dos baixos salários, da (pequena) quantidade de postos
e da precária profissionalização, embora o curso tenha sido concebido para atender também a
demandas locais e regionais de profissionais.
Em Viçosa, há dois jornais semanais, três emissoras d e Rádio (pouca cobertura de
assuntos locais) e uma emissora de Televisão cujo sinal não atinge toda a cidade. Assim, as
poucas fontes de informações locais, aliad as ao fato de a maioria dos estudantes de
Comunicação Social não serem da região de Viçosa, os levam a se interessar majoritariamente
por veículos da capital e da mídia nacional, notadamente a Folha de São Paulo, O Globo, o
Estado de Minas e revistas semanais de informação.
Em relação ao conjunto dos estudantes da UFV, os alunos de Comunicação Soc ial se
destacam pela freqüência diária de leitura de jornais ou revistas (42,5% contra 17% em
média)
30
. Embora o número seja bem expressivo, pode -se fazer outra leitura des ses dados:
pouco mais da metade dos futuros jornalistas optaram por es sa profissão sem que tivessem o
hábito de ler jornais. Durante a graduação, há uma cobrança permanente pela leitura de
jornais ou, ao menos, o acesso à versão on line dos principais órgãos do país.
Embora a maioria dos estudantes adquira competência apenas no exercício
profissional, tal qual nas demais profissões, o aluno de Comunicação Social é instado a
aprender a coletar, tratar e redigir as notícias durante a graduação. A universidade procura
simular durante a graduação as rotinas estabelecidas que o futuro jornalist a encontrará no
mercado de trabalho, como a exigência de prazos, discussão de pautas, edição, distribuição
por editorias, acompanhamento gráfico e mesmo a distribuição, operando no sentido de iniciar
o processo de aculturação do estudante ao mundo dos jorn alistas. Sousa, por exemplo, se
convenceu serem os processos de aculturação, socialização e ideologização “de um neófito”
que geram grande parte das influências da ação social, da ão ideológica e da ação cultural
sobre o conteúdo e a forma das notícias” (2002, p.100). O próprio Ministério da Educação
29
A prevalência acadêmica da dia impressa sobre a eletrônica pode ser observada também pelo mero de
disciplinas das especialidades técnicas. Há seis cadeiras de Jornalismo impresso (Redação I, II, III e IV, Edição e
Atividades Práticas de Jornalismo Impresso), duas para Telejornalismo (Telejornalismo e Atividades Práticas de
Jornalismo Televisivo), duas para Radio jornalismo (RadioJornalismo e Atividades Práticas de Jornalismo
Radiofônico) e outras duas em Webjornalismo (Multimídia I e Multimídia II).
30
<http://www.ufv.br/proplan/ufvnumeros/numeros200 6.pdf>. Acesso em: 30 ago 2007.
68
recomenda a confecção anual de , no mínimo, oito edições de jornal laboratório
31
.
Ao destacar a importância da rotina para a conformação da notícia, Sousa (2002, p.
50) afirma que a maior parte do trabalho j ornalístico não depende de “intuição” ou “faro”
jornalístico mas de “procedimentos rotineiros, convencionais e mais ou menos
estandardizados de fabrico da informação de atualidade”
32
. É nesse aspecto que se deve
atentar para o fato de que a ação do repórter possa ter maior influência que o acontecimento
em si, ao contrário do que preconiza Wolf (2005), para quem “a qualidade da notícia vem do
próprio acontecimento”.
Em relação à formação, Sousa concorda que os países em que h aja uma “concepção
rígida do ensino do Jornalismo, centralizada nas técnicas de expressão e no estudo dos
media”, ascenderia à profissão quase tão somente quem te ve o título universitário,
contribuindo para maior profissionalização
33
. O problema, ainda segundo o autor, é que es se
modelo e a profissionalização acarretariam menor diversidade discursiva e de pontos de vista,
submetendo-se os jornalistas mais à lógica do mercado e menos a concepções cívicas
experimentadas em países em que os jornalistas est ejam mais abertos “à sociedade e men os
aos ditames da indústria dos media” (2002, p. 102).
No Brasil, o primeiro curso de Jornalismo (Cásper Líbero, 1947) herdou a tradição de
ensino do pragmatismo estadunidense enquanto que o segundo (Universidade do Brasil, atual
UFRJ, 1948) reproduziu o modelo europeu e tais tendências desembocar ão a partir dos anos
1960 no que Marques de Melo afirma na “constituição de matrizes ‘brasileiras’ mestiças,
originais, criativas” (2006, p. 9). Segundo o autor, as instituições de ensino que se seguiram
reproduziram uma ou outra forma, ou ainda combinaram as duas formas. Aquela d icotomia
inicial aparentemente estendeu seus registros ao s dias atuais, em escolas públicas e privadas.
Alguns autores (RAMOS, 2000; LIMA, 2001) consideram ser atualmente majoritário
no Brasil o modelo de ensino estadunidense. Nessa perspectiva, o ensino mais tecnicista
estaria formando jornalistas com perfil mais “profissional” e menos “engajados socialmente”,
31
As escolas que consolidaram projetos de jornal laboratório com clara proposta editorial que incla rigorosa observância à
periodicidade, vínculos com o blico alvo, qualidade editorial e o ximo de identificação com ro tinas profissionais têm
recebido premiões em congressos da Sociedade Brasileira de Estudos da Comunicação - Intercom e são tidos como
modelos para outras faculdades. Podemos citar o jornal Rudge Ramos, da Metodista de São Bernardo do Campo, Marco, da
PucMinas (Belo Horizonte) e Circulando, da Univale (Governador Valadares).
32
A rotina possibilita o planejamento da edição, geso criteriosa de materiais, otimização de recursos humanos, sinergia
interna entre diversos componentes da empresa jornastica, a gilidade da apuração, entre outras vantagens que possibilitam
diminuir custos e aumentar o lucro. Por outro lado, a rotina seria responvel ainda pelo cater oficial das nocias,
burocratização da atividade jornalística, constrangimento dos jornalistas, previsibilidade dos enfoques, distorção ou
simplificação dos acontecimentos, dependência dos canais (fontes) de rotina e padronizão das notícias, reduzindo a
polifonia e aumentando a semelhaa entre o conteúdo dos jornais.
33
No Brasil, o decreto lei 972, de 1969 exige o diploma universirio de jornalista para todas as atividades ligadas ao meio,
como rerter, redator, editor, repórter fotográfico, entre outras.
69
desencadeando as conseqüências que vimos nos capítulos anteriores. O endereço oficial de
divulgação das atividades do curso na página da UFV reforça o profissionalismo desejado
para o graduando em Comunicação Social da instituição:
deverá ser um profissional com qualificação técnica e embasamento humanístico à
produção, tratamento e gerenciamento dos fluxos de informação e comunicação de
natureza jornalística nos meios de comunicação convencionais ( Rádio, Televisão,
cinema, revista e jornal); nas novas mídias, como os canais de TV a cabo,
multimídia e Internet; nos departamentos de comunicação de instituições
governamentais, de autarquias e de empresas comerciais, industriais e de serviços;
e nas assessorias de imprensa e de comunicação
34
.
Mesmo as diretrizes curriculares do Ministério da Educação dão ênfase ao caráter
tecnicista para o perfil específico do egresso em Jornalismo, além da inclusão dos
componentes comuns do campo da Comunicação
35
:
pela produção de conhecimento e cultura voltada para seleções factuais sobre a
atualidade e para a estruturação e disponibilização de infor mações que atendam a
necessidades e interesses sociais no que se refere ao conhecimento dos fatos, das
circunstâncias e dos contextos do momento presente;
pelo exercício da objetividade jornalística na apuração, interpretação, registro e
divulgação dos fatos sociais;
pelo exercício da tradução e disseminação de conhecimento sobre a atualidade em
termos de percepção geral e de modo a qualificar o senso comum;
pelo trabalho em veículos de comunicação e instituições que incluam atividades
caracterizadas como de imprensa e de informação jornalística de interesse geral ou
setorializado, e de divulgação de informações de atualidade;
pelo exercício de relações entre as funções típicas de jornalismo e as demais
funções profissionais ou empresariais existentes na ár ea da Comunicação, e ainda
com outras áreas sociais, culturais e econômicas com as quais o jornalismo faz
interface;
pelo exercício de todas as demais atividades que, no estado então vigente da
profissão, sejam reconhecidas pelo bom senso, pelas entidades representativas ou
pela legislação pertinente, como características do Jornalista.
Além do perfil intelectual, expresso em recomendações de produzir, traduzir e
disseminar conhecimento e cultura, sempre voltadas para a necessidade e interesses sociais, e
qualificar o senso comum, as resoluções para a área recomendam as competências e
habilidades desejadas para o estudante de Jornalismo
36
:
-registrar fatos jornalísticos, apurando, interpretando, editando e transformando -os
em notícias e reportagens;
-interpretar, explicar e contextualizar informações;
34
<www.ufv.br/ccom>. Acesso em: 12 jul 2008
35
<www.mec.gov.br/sesu/resoluções/1602comsocial >. Acesso em: 25 mai 2006
36
ibidem
70
-investigar informações, produzir textos e mensagens jornalísticas com clareza e
correção e editá-los em espaço e período de tempo limitados;
-formular pautas e planejar coberturas jornalísticas;
-formular questões e conduzir entrevistas;
-relacionar-se com fontes de informação de qualquer natureza;
-trabalhar em equipe com profissionais da área;
-lidar com situações novas, desconhecidas e inesperadas;
-compreender e saber sistematizar e organizar os processo s de produção
jornalística;
-desempenhar funções de gestão e administração jornalística;
-desenvolver, planejar, propor, executar e avaliar projetos na área de comunicação
jornalística;
-avaliar criticamente produtos, práticas e empreendimentos jornalístic os;
-compreender os processos envolvidos na recepção de mensagens jornalísticas e
seus impactos sobre os diversos setores da sociedade;
-identificar o que é informação de interesse público e pautar -se eticamente no
tratamento dessas informações;
-identificar e equacionar questões éticas de jornalismo;
-buscar a verdade jornalística, com postura ética e compromisso com a cidadania;
-manter-se crítico e independente, no que diz respeito às relações de poder e às
mudanças que ocorrem na sociedade;
-dominar a língua nacional e as estruturas narrativas e expositivas aplicáveis às
mensagens jornalísticas, abrangendo -se leitura, compreensão, interpretação e
redação;
-dominar a linguagem jornalística apropriada aos diferentes meios e modalidades
tecnológicas de comunicação;
-assimilar criticamente conceitos que permitam a compreensão das práticas e
teorias jornalísticas, repercutindo -os sobre sua prática profissional;
-ter as demais competências e habilidades que caracterizam o trabalho nas
circunstâncias em que o jo rnalista é normalmente inserido.
A facilidade de manuseio e o acesso também estimulam para que o impresso seja
preferencial nas atividades de pesquisa e mesmo como fonte de pauta para exercícios práticos
nas outras mídias. Embora as resoluções da área col oquem pouca ênfase à habilidade em ler,
compreender e interpretar notícias, é alta a presença da mídia impressa no ambiente de estudo
na escola de Comunicação Social, o que reveste de especial importância o estudo das
características de leitura e uso das n otícias consumidas. Investigamos que variáveis interferem
na qualidade da evocação e por is so propomos como hipóteses o estado de envolvimento
social, autodefinição socioeconômica, hábito de leitura e nível de decodificação.
Como demonstramos em capítulo anterior, a crítica sobre o caráter mercadológico da
notícia, as rotinas, os critérios de noticiabilidade, os ditames do mercado, e as práticas
profissionais levariam as notícias a oferecerem aos usuários uma imagem desfocada e
adulterada da realidade na q ual, segundo Sousa (2002, p.147), “desaparecem a história, a
perspectiva do processo social e o desvelamento das formas de dominação e poder” além de
“desresponsabilizar as instituições” uma vez que a maior parte das notícias foca em pessoas.
71
A formação de oligopólios e a constante ameaça à liberdade de imprensa, a “sinergia” entre as
empresas e o desemprego e a ambivalência profissional desencadeiam crescentes desafios
para o profissional da comunicação. Nes se sentido, Sousa (2002) chama a atenção para a os
desafios da formação jornalística:
lutando constantemente contra deadlines cada vez mais apertadas; vendo fugir,
devido à Internet, o seu papel de gatekeeper privilegiado da informação
publicamente difundida; narrando histórias complexas em situações de incerteza,
sem todos os dados disponíveis nem todas as fontes acessíveis; pressionado pela
competição; constrangido pela gestão dos recursos humanos, financeiros e
materiais da sua organização noticiosa; obrigado a partir da simples reportação
para a análise dos dados que disponibiliza e dos acontecimentos que notícia, sem
muito tempo para ponderar devidamente sobre a pertinência e significado da
informação que vai disponibilizar ao publico, o jornalista de hoje necessita não
somente de possuir um notáv el know how, quer sobre Jornalismo e técnicas de
expressão jornalística, quer sobre a área em que especializou, mas também de ter
uma agenda de contatos rica e diversificada e de possuir a capacidade de bem se
relacionar com as fontes (p.200).
Tendo em vista esse reclame teórico e a importância do estudo das notícias para a
formação profissional, pretendemos decifrar de que maneira os estudantes de Comunicação
Social da UFV utilizam os elementos da estrutura noticiosa do principal diário de Minas
Gerais, seguindo pistas metodológicas de estudos desenvolvidos por Van Dijk (1990) e
Dworkin et al. (1999).
72
3 O LEITOR É ATIVO
Ao longo da trajetória da Ciência da Informação e da Comunicação o receptor da
informação recebeu diferentes nomes a fim de caracterizá-lo de natureza diferente do emissor:
receptor, espectador, ouvinte, público -alvo, consumidor, leitor e destinatário, entre outros. Em
nosso trabalho, utilizamos predominantemente os termos “leitor” e “usuário”, em que se
expressa o papel ativo do sujeito em busca de algum dado ou informação e também em
coerência com os princípios teóricos e metodológicos que adotamos nesta pesquisa. Sendo
leitor especializado, ele está interessado não apenas no conteúdo da informação recebida em
seu ambiente informacional, mas também em entender a estrutura da mensagem. A
apresentação sobre o papel ativo do usuário é o objeto central deste capítulo a partir de
pressupostos teóricos e conceitos da abordagem. Posteriormente, apresentamos alguns estudos
de usuários.
3.1 Modelos tradicional e alternativo
A centralidade da figura do usuário iniciou -se por volta de 1940 com as Ciências
Exatas, cujas pesquisas visavam ao aperfeiçoamento dos serviços prestados pelas bibliotecas.
Na década de 1950 os estudos ati ngem as Ciências Aplicadas com investigação sobre uso da
informação entre grupos de usuários e nos anos 1960 é enfatizado o comportamento dos
usuários com análise de fluxos informacionais. Nos anos 1970 amplia -se para outras áreas do
conhecimento e a parti r da década de 1980, volta -se à avaliação de satisfação do desempenho
de sistemas de informação (FERREIRA, 1997a).
Dentro dos estudos de comportamento, destacam -se os paradigmas tradicional e
alternativo, tendo este maior destaque quando se propõe a estuda r o usuário e aplicar o que foi
pesquisado. Na abordagem tradicional, a informação é dado, objeto, e objetivo do processo,
sendo os usuários processadores e observados em termos de sistemas, com ótica voltada para
o conteúdo ou para a tecnologia, tendo ass im visão mecanicista. Nesse caso, segundo Dervin
(1986), o estudo geralmente foca questõe s de sistema de informação, relacionando questões
ligadas ao “o quê”, que pessoas e serviços são realmente utilizados. O conceito tradicional de
73
necessidade de informa ção é distribuído em seis abordagens: abordagem da demanda a
sistemas e recursos, da percepção, da satisfação, de prioridades, do perfil da comunidade e a
abordagem de interesses, atividades e associações das quais fazem parte os usuários. Des ses
modelos, Dervin (1986) conclui que es sas necessidades acabariam por se tornar do sistema e
não do usuário, o que indicaria que a informação fosse cumulativa, existindo fora da
experiência humana e, portanto, produzindo os mesmos resultados em diferentes pessoas.
Necessidade de informação seria aquilo existente no sistema e que pode ser útil ao
usuário, logo existe a partir do usuário. Uma crítica ao paradigma tradicional, que privilegia
características grupais e demográficas dos usuários, é não conseguir acompanhar o processo
dinâmico de produção da informação . Algumas pesquisas (DERVIN & NILAN, 1986)
mostraram que atributos demográficos , por exemplo, não são indicadores do comportamento
de busca e uso da informação.
O modelo alternativo define informação como algo subjetivo, construído, e concentra
os estudos na investigação majoritariamente de enfoque qualitativo a respeito de como as
pessoas buscam informação, constroem sentido e a utilizam em contextos específicos, em
uma visão holística, levando em conta a integ ração dos resultados na vida do usuário e em sua
avaliação a respeito de sua utilidade. Privilegia questões relativas ao “como” ao invés de ao
“o quê” utilizada na abordagem tradicional: como as pessoas buscam informação, como
definem e apresentam suas nec essidades para o sistema, como as utilizam etc.
Costa (2000, p. 29) reúne algumas definições de necessidade de informação: uma
incompatibilidade conceitual na qual a estrutura cognitiva pessoal não é adequada a uma
experiência (Ford); quando uma pessoa reconhece algo errado no seu estado de conhecimento
e deseja resolver a anomalia(Belkin); quando o estado corrente de conhecimento é menor do
que o necessário(Krikelas); quando o senso interno se esgota (Dervin); e quando existe
conhecimento insuficiente p ara enfrentar as lacunas, as incertezas ou os conflitos em uma área
de conhecimento (Horne). Os estudos de necessidade de informação dos usuários, na
perspectiva alternativa, consideram o indivíduo objeto central, avaliando seu comportamento
informacional, observando a contextualização da necessidade e o uso dado à informação e não
ao provedor, ao meio ou ao sistema de informação. Tal modelo tem sido conceituado segundo
as seguintes vertentes que enfocam nas características e na resolução de problemas do
usuário:
74
Abordagem de Valor Agregado, de Robert Taylor, que enfoca as percepções de
utilidade e valor dos sistemas de informação;
Abordagem do Estado de Conhecimento Anômalo, de Belkin e Oddy, quando as
pessoas buscam informação quando seus conhecimentos estão incompletos;
Abordagem do Processo Construtivista, de Carol Kuhlthau
Abordagem Sense-Making, de Brenda Dervin (FERREIRA, 1997a, p. 12).
Enquanto as demais “têm contribuído com argumentos conceituais e teóricos
profundos”, Ferreira destaca que a abordagem Sense-Making “vai além apresentando um
método elucidativo para mapear necessidades de informação sob a ótica do usuário” (1997a,
12). A autora afirma que a abordagem tradicional não examina os fatores que levam o usuário
ao encontro dos sistemas e suas conseqüências, limitando -se à identificação das fontes e da
informação utilizadas. Ela destaca ainda que a era da informação requer serviços que se
centrem no significado da busca mais do que meramente na localização da fonte e estima que
grande parte das pesquisas atuais ve nham procurando auxílio e respaldo metodológico nas
abordagens alternativas.
3.2 Abordagem Sense-Making
Os estudos a respeito da abordagem Sense -Making se desenvolveram no final dos anos
1970 nos Estados Unidos a partir de pesq uisas e reflexões da professora Brenda Dervin, do
Departamento de Comunicações da Ohio State University (Columbus -EUA) e que resultaram
no texto “An overview of Sense -Making research: concepts, methods and results to date”
(1983), que contém sua base teórica, conceitual e metodológica . A discussão aqui apresentada
se ampara majoritariamente nes se artigo e nos estudos que se seguiram, e que ampliaram o
escopo da abordagem a partir de revisões teóricas e pesquisas de seus seguidores.
A base conceitual Sense-Making foi desenvolvida a partir de estudos da cognição que
focaram abordagens qualitativas em como as pessoas produzem conhecimento, dos quais
destaca Bruner & Piaget; filósofos preocupados com os limites da ciência tradicional, como
Bronowski, Kuhn & Hab ermas; estudiosos do Terceiro Mundo que criticam a lógica
positivista da comunicação como desenvolvimento, dentre eles Ascroft, Beltran, Rolings, e
Paulo Freire. Dervin (1983) destaca ainda os trabalhos que relacionam comunicação a
comportamento, a concepç ão de que o homem crie idéias para cobrir lacunas da realidade, e
as abordagens situacional e construtivista de Jackins e Roberts, utilizadas para entender
porque os seres humanos às vezes se comportam como se não os fossem.
Fortemente identificada com a T eoria Crítica, de enfoque multiperspectivo, cujos
75
pressupostos incentivam a utilizar informações no contexto do grupo, a abordagem Sense -
Making considera que a comunicação te nha potencial além do tradicionalmente apresentado
pelos estudos da própria área. As técnicas baseadas na abordagem Sense -Making o
utilizadas em inúmeras pesquisas nas áreas de saúde, telecomunicações, políticas públicas e
em uma enorme variedade de contextos (bibliotecas, sistemas de informação, salas de aula,
leitura de jornais, serviços de consultoria, etc), em diversos veis (intrapessoal, interpessoal,
pequenos grupos, organizações, nacional, global) e em perspectivas (construtivista, crítica,
cultural, feminista, pós-moderna, comunitária). No campo da Ciência da Informação, tem tido
crescente aplicabilidade (CHEUK, 1999; COSTA, 2000; FERREIRA, 1997 a,b; GIOPATO,
2004), levando Ferreira a considerá -la “dentre as atuais metodologias de estudos de usuários a
mais completa e abrangente” (1997b, p.1).
Dervin (2001) se coloca mais for temente no campo da Ciência da Informação . Nos
Estados Unidos, seus estudos sobre busca e uso da informação têm crescentemente sido
citados nas áreas de prática e estrutura da Comunicação Social e do Jornalismo (DERVIN,
2003). Um levantamento de citações r ealizado por McKechnie, Pettigrew & Joyce ( DERVIN,
2001) apontou Dervin e Kuhlthau como os dois teóricos mais citados em pesquisas sobre
comportamento informacional humano.
A abordagem Sense -Making pretende situar -se nas confluências da pesquisa
qualitativa e quantitativa “e também pode ser descrita com todos os atributos usualmente
reservados apenas em pesquisas qualitativas” (1983, p.3). Em artigo posterior, Dervin (2001)
relata que o Sense-Making poderia ser inserido na escola qualitativa e interpretativ a embora
ela mesma utilize mais freqüentemente métodos quantitativos enquanto seus orientandos de
pesquisas privilegiem viés qualitativo. Em relação à investigação de lacunas de informação, a
autora afirma que o usuário, ao enfrentar específica situação de lacuna, constrói uma
estratégia particular de encarar aquele momento e implementa determinada estratégica com
uma tática particular.
As premissas teóricas sicas se assentam em idéias a respeito da natureza da
realidade; da relação humana com es sa realidade; a natureza da informação e da comunicação;
a busca e o uso e os caminhos mais percorridos nes sa busca.
Parte-se do princípio de que o homem crie idéias para transpor as lacunas que sur jam
em decorrência da descontinuidade sempre presente na realidade , ou ainda de que sinta uma
necessidade de informação quando percebe uma lacuna (vazio, uma interrogação) entre a
situação vivida e o estado desejado. Salgado (2002, p. 41) diz que cotidianamente o indivíduo
enfrenta situações que lhes demandam informações e que toda tarefa é constituída por uma
76
área de saber conhecido e outra ainda ignorante que sereconhecida depois que novas
informações forem incorporadas”.
Para Dervin (1983), o termo “Sense -Making” designa um conjunto de conceitos e
métodos que estudem como as pessoas adquirem o conhecimento de seu mundo e, em
particular, como constroem a realidade e utilizam informação. A busca e o uso da informação
são nucleares para o Sense -Making, que se filia à comunicação comportamental, interna e
externa, pois estuda o movimento espaço -temporal do usuário em sua busca de informação a
partir de necessidades sociológicas e intelectuais. É também responsiva e variável de acordo
com as mudanças das condições sociais.
Entendemos que diversos conceitos de informa ção atendam à análise sobre o
fenômeno da construção de significados, da produção de sentido. Nes se aspecto, a abordagem
Sense-Making é de especial relevância por seu amplo escopo de possibilidades e pela
centralidade que confere ao s papéis da busca e do uso da informação no centro do movimento
pela construção do olhar social. Dervin ressalta a importância do contexto cultural específico
e da compreensão do mundo na configuração da construção de sentido mas alerta para a
individualidade desse percurso devido à relatividade observada com “versões particulares
rotuladas às vezes de cognitiva, às vezes construtiva, às vezes simbólica, e assim por diante”
(1995). Assim, o Sense -Making não repousaria sobre uma teoria individualista da ação
humana mas:
supõe que a estrutura, cultura, comunidade, organização são criados, mantidos,
reificados, desafiados, modificados, resistidos e destruídos na comunicação e
podem ser compreendidos focando o indivíduo no contexto, incluindo o contexto
social. Note-se, no entanto, que isso não é o mesmo que dizer que a única maneira
de ver um indivíduo é através da lente do contexto social, pois esse tipo de
teorização implica que o indivíduo seja inteiramente restrito ou definido por aquele
contexto social e, assim, não admite q ualquer espaço para a resistência, mudança,
invenção ou mistura (DERVIN, 1995, p.7) (tradução nossa).
37
Se o contexto social não o define completamente, o homem também é um ser
indefinível. Morin (1975, p.109) ao descrever o homo demens, diz que o homem é um “ser
subjetivo cujas relações com o mundo objetivo são sempre incertas, um ser sujeito ao erro e à
37
It assumes that structure, culture, community, organization are created, maintained, reified, challenged,
changed, resisted, and destroyed in communication and can only be understood by focusing on the individual -in-
context, including social context. Note, however, that this is not the same as saying the only way to look at the
individual is through the lens of social c ontext because this kind of theorizing implies the individual is entirely
constrained or defined by that social context and, thus, admits no room for resisting, changing, inventing, or
muddling.
77
vagabundagem, um ser único que produz desordem”. Dervin (1983) corrobora a hipótese de
que a realidade não seja constante ou uniforme mas preenchida com fundamentais e difusas
descontinuidades ou buracos”. Sendo criação de sentido individual, caberia explicitar
mecanismos pelos quais pass em a interpretação, a codificação da mente humana na direção à
produção de sentido, construção de realidade, formação de identidade.
Assume-se que o ser humano pass e por diversas etapas em suas experiências, que
nunca se repetem, e são discontinuadamente reelaboradas. O Sense -Making busca
compreender como o indivíduo interpreta e transpõe este momento, qu e estratégias utiliza
para solucionar tal situação, como interpreta es se problema e as possibilidades de resolvê -lo;
como se move taticamente para isso e como reinicia sua jornada (FERREIRA, 1997a).
O Sense-Making possibilita ainda compreender holisticamente o usuário reco locando-
o, em seu contexto, com suas lacunas e interpretações singulares da realidade. Sendo assim, a
informação é produto da observação humana, inexistindo independente mente do homem, que
observa, seleciona, interpreta e utiliza.
A investigação tradicion al da comunicação situa -se principalmente na transmissão,
dita objetiva, externa, de especialistas para não -especialistas em informação e por is so tem
focado no emissor, no canal, na mensagem e nos efeitos . Em ambientes especializados, como
no caso do comportamento informacional especializado dos estudantes de Comunicação
Social, revela-se de dupla importância realçar o aspecto ativo do usuário e por is so alguns
estudos têm falhado ao desconsiderar tal característica. Dervin (1992
a
) critica o fato de a
maioria das pesquisas sociais afirmarem a importância do processo do comportamento
humano enquanto que na realidade poucas investigações são implementadas nes sa direção. E
afirma que tal enfoque tem grande conseqüência para os estudos de uso da informação:
tem sido freqüentemente desafiado, por exemplo, que o comportamento
informacional do individuo face a face é tão caótico para esperar muito de estudos
sistemáticos. Prova isto a pouca variação por tentativas de prever alguma coisa
mais complicada do que padr ões habituais de uso de canal (de tevê)(1992ª , p.4)
(tradução nossa)
38
.
É possível estabelecer padrões no comportamento quando o usuário é concebido como
um ser pertencente a lugar e tempo específico s. As idéias criadas nestes momentos são
estratégias e repetições de outras idéias usadas no passado ou, às vezes, novos olhares em
38
It has been frequently challenged, for example, that indiv idual behavior vis-a-vis information is too chaotic to
expect much from systematic study. Proof here is the frequently low variances accounted for in attempts to
predict anything more complicated than habitual patterns of channel use.
78
termos de como o usuário enfrenta a nova situação(Dervin 1992
a
).
Segundo Dervin (1983), os indivíduos se comportam em resposta a algo e
condicionados a situações. O Positivismo te m procurado localizar padrões de constância na
comunicação humana e assim tem-se detido em comportamentos rígidos e habituais em
condições impostas por estruturas sociais, econômicas e políticas e, da mesma forma, as
pesquisas têm procurado por modelos co mportamentais inflexíveis e responsíveis para
condições mutáveis. Tal abordagem tem sido capaz de observar a variedade e a criatividade
com que as pessoas enfrentam suas batalhas comunicacionais diárias mas ignora a condição
humana: produzir sentido em um descontínuo e constante mente mutável universo, quando o
sentido completo não é disponível como uma “informação completa”. O Sense-Making, por
outro lado, afirma que os comportamentos sejam freqüentemente colocados pela condição
humana de superar obstáculos . Ao discutir os contratos de leitura entre emissor e usuário,
Fausto Neto (2002, p.221) reforça que a “noção de descontinuidade parece ser uma estratégia
para enfrentarmos metodologicamente as (novas) relações entre esses campos (da recepção e
da produção, parênteses nosso)”.
O comportamento humano pode ser previsto com maior sucesso dentro de um modelo que
focalize situações de mudança do que em atributos de constância de caractesticas pessoais ou
demográficas. A pergunta passa a ser: qual condição se relacionará com quais comportamentos de
produção de sentido? A previsibilidade permanece uma preocupação relevante , mas move-se a partir
de tentativas de isolar padrões de comportamento individual que se repetem ao longo do tempo e do
espo para a busca por padrões de construção de sentido em face de situões de mudança. Focando
na lacuna, as pesquisas podem ser conduzidas a um novo modelo de generalização na maior parte
mais abstrata, fundamental, e a importantes aplicações “mas ao mesmo tempo mais pertin ente e mais
relevante para específicos momentos em tempos e lugares (1992
a
). A seguir, outras premissas da
abordagem (DERVIN, 1983, p. 4-8):
- Toda observação humana é coagida por limitações fisiológicas que circundam este olhar:
limitações do presente, do passado e do lugar que ocupamos e que afetam em alguma medida nossas
observações atuais;
- A chave para identificar compreenes universais se fundamenta em focar no tempo e
espo, nos caminhos nos quais o movimento pode ter interrompido, nos tipos de necessidade para
atravessar lacunas e os diferentes caminhos pelos quais as pessoas avaliam o sucesso nesta lacuna-
ponte;
- Requere-se ao pesquisador envolvimento ativo na invenção da comunicão, sendo
necessário fundamentar como os atuais sistemas limitam a comunicão, como os indivíduos
79
constroem sentido, criando alternativas de comuni cação e avaliando sua utilidade;
- É necessário trabalhar inicialmente com a individualidade e a partir d encontrar caminhos
de se descobrir como estas observações podem ser compartilhadas para outras situões .
Finalmente, ao estudar Sense -Making o pesquisador deve apoiar -se consistentemente no
ponto de vista do ator, como na perspectiva de vários atores se movendo em dada condição estrutural,
um retrato da produção de s entido naquele contexto. É importante o estabelecer os limites da
situão em qualquer definição particular. O entrevistado, na medida do posvel, é convidado a se
encaixar livremente em características sociais ou demográficas, assumindo -se, por exemplo,
favorecidoou prejudicadopela estrutura socioeconômica do ps, como adotamos na presente
pesquisa.
3.2.1 Conceitos e variáveis
O modelo de Sense-Making está centrado no tri ângulo situação-lacuna-uso, conforme
se observa na FIG. 3.
Situação
Ciclo da
experiência
Lacuna Uso
FIGURA 3 Triângulo do Sense-Making
Fonte: Dervin (1983)
Cada uma dessas três dimensões remete a uma variedade de categorias. A idéia ,
sempre segundo a autora, é que “desde qu e pessoas diferentes criam sentidos diferentemente,
quando uma delas se atenta para entender o sentido construído pelo outro, é adequado avaliar
estes três pontos como a base mínima para a co -orientação” (DERVIN, 1983, p.9)
39
(tradução
nossa). O emprego da metodologia do Sense-Making pressupõe, segundo Ferreira (1997a,
p.19), a aceitação dos seguintes atributos:
Individualidade: usuários devem ser tratados como indivíduos e não como conjunto
de atributos demográficos;
39
The idea here is that since different people create sense differently, when one attempts to understand the sense
made by another, it is useful to assess three points as a minimal basis for co -orienting.
80
Situacionalidade: cada usuário se movim enta através de uma única realidade de
tempo e espaço;
Utilidade de informação: diferentes pessoas utilizam informações de maneiras
próprias;
Padrões: analisando as características de cada usuário, intenta -se chegar aos
processos cognitivos comuns à maiori a.
A partir do triângulo situação-lacuna-uso, Dervin (1983) procurou identificar as
principais variáveis de cada uma des sas dimensões. Outros códigos po dem ser criados pelos
usuários ou pesquisadores com o objetivo de definir seus estados. Dentre as citad as, a medida
mais central é o “estado de movimento da situação” , que, em alguma medida, interfere nas
diferentes maneiras qualitativas em que o usuário seu movimento bloqueado. O Sense -
Making considera ser es se bloqueio a origem da questão (busca de inf ormação). Para cada
medida, há vários estados, como os “tipos de estados de movimento”. Dervin criou a categoria
de questões neutras”, universais, que teriam o caráter de induzir ao nimo a resposta dos
entrevistados. Para a variável situação”, exemplos de questões neutras seriam o que
aconteceu”, “o que te levou a este lugar” e “o que te incomoda ou dificulta” (DERVIN, 1983,
p. 25).
A dimensão lacuna se caracteriza por questões e dúvidas dos entrevistados perante um
problema, quando se necessita de um a informação para continuar o movimento. Basicamente,
têm sido desenvolvidas análises de conteúdo para investigar a natureza das perguntas dos
usuários e, por outro, um conjunto de medidas auxiliares focadas nas lacunas respondidas.
Questões neutras seriam “qual era a questão em sua mente”, “o que te confunde”, “o que você
deseja saber para fazer sentido” e “quais os buracos existem na sua compreensão”.
Quanto à maneira de avaliar a natureza da lacuna e da informação , o Sense-Making propõe
um conjunto de medidas que permitam ao pesquisador examinar tais questões à luz da semelhaa nas
respostas, barreiras existentes para conseguir respostas e a base para as pessoas julgarem a validade
das respostas em diferentes situações. Tais queses podem estar focadas no tempo; na valência (em
termos de caminhos bons, maus ou neutros ); na entidade (avalia onde a lacuna tem maior foco , em
relação a si mesmo, ao outro, ao objeto ou na situação) ; no movimento (em termos de envolvimento
no passado do usuário, como se moveu a o presente, onde está atualmente, como chegar a
determinado ponto e onde estará futuramente ) e na descrição (avalia em termos de tipos específicos
para determinado contexto) (DERVIN, 1983, p.62-63).
Para o campo do estudo de compreensão de textos jorn alísticos, é de especial interesse
a investigação de lacunas a partir do esquema dos 5W , que se assemelha ao modelo do lide:
quem, o quê (natureza dos objetos, eventos e situação), quando, onde, porque (razões, causas
81
e motivação dos atores nos eventos) e como (procedimento ou ferramentas para mover um
lugar-tempo para outro), (DERVIN, 1983, p.62 -63). Variáveis adicionais utilizadas para
examinar a natureza da busca de informação para diferentes tipos de questões:
Nível de facilidade de resposta, razões da facilidade, questões conectadas e sua
natureza, quantificação do autor da pergunta, importância da resposta, razões da
importância, intensidade do questionamento interior (alto ou silenciosamente),
razões por não questionar em alto volume, eficácia da res posta (se foi respondida
no momento, posteriormente ou nunca), razões para ausência de resposta,
completeza da resposta, razões para completeza ou parcialidade da resposta, fontes
de resposta (mídia, outros, etc) e estratégias para superar lacunas (pensame ntos,
leituras, comparação, etc) (DERVIN, ano 1983, p.64) (Tradução nossa)
40
.
A dimensão “uso” se observa a partir da expectativa do usuário em relação à utilidade
da informação. Na dimensão uso, as perguntas neutras poderiam ser exemplificadas com as
perguntas “qual ajuda você precisa”, o que você gostaria de ver acontecer” e “qual o seu
objetivo”. Alguns trabalhos utilizam uma escala de intensidade para cada facilitador ou
bloqueador. No presente estudo sobre ambiente informacional e evocação de notícias ,
utilizamos a questão da possibilidade de integração à memória e suas representações para a
dimensão uso. Dervin (1983, p.65) relaciona as seguintes categorias: obter imagens, idéias,
entendimentos; capacidade de planejar; obter habilidades; ponto de part ida, motivação;
continuar caminhando; obter controle; acalmar, ficar mais cil; sair de uma situação;
alcançar um objetivo, realizar coisas; partir para outras coisas; evitar situação; pensar em
outras coisas; relaxar; obter prazer e relacionar -se com outras pessoas.
3.2.2 Algumas técnicas
Boa parte dos esforços de pesquisas do Sense-Making têm sido dirigidos para a
criação de alternativas de entrevistas e de observação, constituindo os métodos , através dos
quais foram criadas uma variedade de técn icas de coleta de dados. Dervin (1983) desenvolveu
quatro técnicas de entrevistas: Micro -moment Time-Line Interview, Helps/Hunts Interview,
Close-Ended, Sense-Making e Message Questioning Interview (MQI), inspirada no método
conhecido por "signaled stoppin g” (CARTER, 1974). Todas estas técnicas priorizam a
observação do ator exatamente durante seu comportamento informacional e do movimento de
produção de sentido, uma limitação do campo de pesquisas tradicionais com usuários, em que
40
Ease of answering, reasons for ease of answering difficulty, question connectedness, nature of question
connectedness, who would ask, importance of answering, reasons for importance, asking out loud or silently,
reasons for not asking out loud, answering success, reasons for lack of answering success, answer completeness,
reasons for completeness/particialness, answer sources, gap -bridging strategies.
82
boa parte de suas conclus ões seja obtida a partir de suas declarações e não do comportamento
efetivamente observado. Costa (2000, p. 49) acrescenta que a coleta de dados e a conceituação
sejam focados em verbos e processos, não em nomes (substantivos) ou substâncias.
3.2.2.1 Micro-moment Time-Line Interview
O micro-momento é a técnica principal do Sense -Making e a seqüência da entrevista é
o ponto central da técnica da abordagem, destacando a necessidade de práticas comunicativas
para a coleta de dados. Em resumo,
envolve questionar ao entrevistado, detalhadamente, o que aconteceu passo a passo
em uma situação em termos do que aconteceu primeiro, segundo, depois e assim
por diante. Na seqüência, em cada etapa, o entrevistado é perguntado sobre quais
questões ele ou ela teve, qu ais as coisas que esperava ou necessitava encontrar, o
que aprendeu, o que entendeu, se ficou confuso ou mais claro” (DERVIN, 1983, p.
10)
41
(tradução nossa).
A metodologia do Sense-Making recomenda que para entrevistas em grupo e
individuais sejam formuladas questões simples e universais tais como: o que aconteceu? O
que você pensou, sentiu, concluiu sobre o que aconteceu? O que o te confundiu? Como es ses
pensamentos, sentimentos, conclusões se relacionam com sua vida até aqui? O que espera
para adiante? O que empurra ou limita seu mundo? (DWORKIN ET AL., 1999, p. 4).
Apesar da variedade de técnicas, todos os métodos de coleta de dados têm algumas
características comuns, dentre as quais: uso de estruturas livres de roteiro de entrevistas,
estrutura de audiência baseada na compreensão d o outro e a construção (ou não) de sentido
(DERVIN, 1983, p.13-14).
A entrevista Sense-Making estimula os entrevistados a investigar seu mundo, a fazer
conexões entre experiências passadas e presentes ( DERVIN, 2001). O processo de
interpretação de leitura e posterior tentativa de recuperação de mensagens, a evocação, por
intermédio da investigação de como e das circunstâncias de evocação contemplam es sa
dimensão.
3.2.2.2 Message Questioning Interview
O Message Questioning Interview (MQI), que utilizamos no presente estudo, objetiva
o controle da construção de sentido pelo leitor durante o acesso ao texto, observando -se o
41
It involves asking a respondent to detail what happened in a situation step -by-step in terms of what happened
first, second, and so on. Then, for each step (called a Time -Line step), the respondent is asked what questions he
or she had, what things he -she needed to find out, learn, come to understand, unconfused, or make sense of.
83
efetivo comportamento do usuário, identificando chaves de leitura para posterior investigação
em profundidade. Uma das vantagens des sa técnica, que pode ser combinada com outras, é
observar a situação e o deslocamento em busca de informação (questão central para o Sense-
Making) exatamente no momento em que ocorre .
Giopato (2004) explica que os entrevistado s lêem uma mensagem, parando e inserindo
uma marca (“/”) onde “surge um questionamento ou um desejo de aprender, encontrar,
esclarecer ou fazer sentido. Para cada questão levantada é realizada uma análise em
profundidade” (2004, p. 28).
Dervin (1983) descreveu uma pesquisa sobre hábito de leitura do caderno de
entretenimento do jornal Seattle Times, utilizando a MQI. Aplicada a estudantes
universitários, eles deveriam:
(a) marcar com a barra “/” nos trechos em que tinham dúvidas ou questões;
(b) pontuar em escala de 1 a 7 o grau de importância daquela determinada questão;
(c) indicar como esperava que a resposta os auxiliaria e
(d) responder se conseguiram resposta parcial, incompleta ou completa às questões.
Ao final da leitura, formou -se um banco de dados cuja análise serviu para interpretar o
comportamento. A técnica MQI pode ser adaptada a pesquisas que envolvam todos os tipos de
mídia e deve ser ajustada a cada tipo de situação, como propomos para a presente pesquisa.
Um importante estudo sobre a inf luência da mídia foi feito a respeito dos debates que
antecederam as eleições estadunidenses de 1992. Utilizando a metodologia Sense-Making, um
grupo de estudantes de Comunicação assistiu ao programa televisivo tentando descobrir qual
dos três candidatos t eve melhor performance. Os usuários registravam pontualmente cada
momento do debate, fornecendo para cada tópico uma palavra, que era depois distribuída
entre categorias de análise. Descobri ram-se, entre outras variáveis, as diferenças do grau de
afetividade e racionalidade que os candidatos despertavam nos telespectadores, influindo
assim na avaliação de sua performance , televisiva e eleitoral (Dervin, 2001).
Dervin (2001) relata um experimento de utilização de MQI em investigação sobre
motivação em um grupo de 146 estudantes de Comunicação Social. Divididos em grupos
menores, os estudantes assistiram a um trecho de 20 minutos de um documentário que fazia
graves alertas sobre o perigo de radiação ambiental pela usina nuclear de Rocky Flat, em
Denver (EUA).
Antes de assistir ao vídeo, eles receberam instruções sobre a técnica adaptada para
computadores na qual se mede on line a compreensão das mensagens. Des se modo, foram
orientados a acionar um botão através do mouse toda vez que parassem de assistir ao deo
84
para pensar sobre algo. O computador registraria o tempo e o número de paradas. Mais
interrupções indicariam processamento mais profundo. Imediatamente após a exposição, os
usuários responderam a um pós -teste averiguando seu estímulo emocional, estraté gias
preferidas de codificação e envolvimento com o tema (Rocky Flats public membership).
Utilizando escalas de cinco pontos referentes a várias opções oferecidas, os pesquisadores
investigaram as variáveis “resistência”, “ações preliminares não esperadas” , “ação cometida”,
“processo cognitivo” e “estímulo emocional”. Igualmente através de pontuação em escala, o
envolvimento foi medido com a resposta à pergunta "até que ponto uma conexão entre
você mesmo e Rocky Flat?”.
O modelo sugere que pessoas já at ivamente envolvidas com tópicos relacionados
respondem mais emocionalmente a informações sobre um novo tópico. Surpreendentemente,
porém, estão menos motivad as para pensar sobre as informações do que aqueles que eram
previamente desavisados e não envolvido s. Em relatos pós-sessão, alguns usuários declararam
ter apertado o botão simplesmente por terem “ficado tristes”. Os autores sugerem que aos
entrevistados seja diferenciada a parada por razões sentimentais e racionais a fim de mensurar
melhor os motivos da interrupção, pois uma mensagem com alta carga de medo, de impacto
foi efetiva com um público de baixo envolvimento por gerar altos estímulos afetivos na
audiência. Em outras palavras, os usuários o envolvidos com determinados temas serão
mais estimulados por mensagens que gerem maior impacto emocional. O que nos leva a
concluir ser adequada para nossa pesquisa a escolha de textos jornalísticos sem escopo
sensacionalista.
3.3 Pesquisas de recepção (problemas e soluções)
Como vimos no capitulo anterio r, o volume de pesquisas das últimas décadas reuniu
elementos suficientes para se poder afirmar que o usuário seja ativo e não consuma ou
selecione passivamente as mensagens. O avanço dos estudos teóricos nos permite também
afirmar que o efeito das mensage ns jornalísticas sejam dependentes de uma vasta classe de
influências originadas do emissor, do meio, do receptor e do contexto em que se produzem.
Em um contexto histórico caracterizado por grandes debates em torno do papel da
informação como instrumento de dominação de países ricos, surge na América Latina a
reflexão teórica de Paulo Freire, que propõe comunicação como diálogo e a prática como
afloramento da consciência e a conscientização. uma crítica profunda nos anos 1960 e
1970 aos modelos lineare s de transmissão de informação, que privilegiavam as funções da
85
mídia, o conteúdo dos meios e a intenção do emissor. “Descobre -se” que o receptor interpreta,
dialoga com o texto, e o conjunto de leitores produz sentido não linearmente. E que o receptor
não apenas interpreta mas ultrapassa o que diz o autor em seu texto. No entanto, em geral, o
leitor somente tem acesso ao texto final de uma reportagem e desconhece fatores que
intervêm na apuração e no discurso jornalístico: (a) o modus operandi da atividade, (b)
critérios de seleção e hierarquização dos elementos que compõem o texto, (c) opinião prévia
do repórter sobre o tema, (d) interesses empresariais e políticos mais obscuros, (e)
informações descartadas que, muitas vezes, foram decisivas para o desenla ce do
acontecimento e para a estratégia narrativa.
Segundo Marteleto (1987, p.171), o receptor sempre dialoga com a informação:
rejeitando-a, acrescentando-a a seu acervo, preenchendo lacuna e sua estrutura cognitiva ou
alterando sua compreensão. Vários ou tros estudos comprovam tal afirmação mas o desafio
que se coloca para o campo da recepção é tentar responder porque, como e que informações
são descartadas nas fases da percepção e atenção à mensagem e nas etapas posteriores
(leitura; decodificação e inte rpretação; representação na memória episódica; formação, uso e
atualização da superestrutura e usos e mudanças do conhecimento social geral e das crenças).
Ou ainda: quais são as características das informações contidas nas mensagens jornalísticas
que passam pelos filtros da atenção e da cognição , tornando-se registros na memória?
Araújo (2001) considera que a prática de recepção se d ê em dois momentos: como
acesso à informação (consumo), quantificado, mas sem revelar uso e utilidade das
informações e o momento da seleção de informação, quando se analisam os critérios de
seleção. A partir de tais práticas, se observam variáveis como necessidade e uso de
informação. A quantificação do consumo é o instrumento mais disseminado para os
proprietários de jornais assim como para outras empresas “ouvirem” seus consumidores.
Como instrumento de marketing e apelo junto ao mercado de anunciantes, as grandes
corporações midiáticas tornam disponíveis seus índices de audiência, quantificando os
extratos sociodemográficos. Ao mesmo tempo, embora mais raras, contratam levantamentos
para uso interno que apontam, entre outras questões, quais seriam os critérios de seleção dos
usuários para seus produtos , se concordaram com o enfoque de determinadas reportagens, se a
capa foi atrativa, etc. Esses dados são compilados e enviados para o diretor de Redação a fim
de subsidiar o planejamento da edição seguinte. Tais resultados e análises geralmente
permanecem reservados para uso interno, pois a estratégia limita -se a interesses
mercadológicos imediatos, fixando -se a atenção na ampliação do público alvo a partir de
alterações no meio, no produto.
86
A complexidade da pesquisa de comportamento informacional, d evido à quantidade de
variáveis e ao próprio processo comunicacional, desafia a academia para análises mais
profundas e teóricas sobre comportamentos de leitura e do uso des sas mídias. No campo da
Ciência da Informação, Gonzáles de Gómez (1990, p. 121) acentua que nenhum mecanismo
de recuperação de informação pode alterar a estrutura do horizonte político e interpretativo
que estipula que informação possui valor, para quem, de quem, como, ou simplesmente:
‘quando é o caso em que a informação é o caso”. Ao estudar a relação entre a demanda dos
receptores e a produção dos telejornais, M artín-Barbero (1987, p. 49) afirma ser a recepção
um processo permeado por mediações dentro de um universo cultural , do qual fazem parte
também os meios que dev am atender legítimas “demandas que v êm dos grupos receptores,
que por sua vez o pode m legitimar tais demandas sem resignific á-las ‘em função’ do
discurso social hegemônico”. Orlandi conclui que não se pode afirmar a existência de um
sujeito “absolutamente dono de si nem um sujeito totalmente determinado pelo que lhe vem
de fora. O espaço da subje tividade na linguagem é tenso” (1996, p. 189).
Nesse sentido, Fausto Neto evoca a questão do contrato de leitura estabelecido entre o
usuário e os campos sociais com seu “conjunto de regras e de instruções construídas pelo
campo da emissão para serem seg uidas pelo campo da recepção” e que pressupõem a
existência de dispositivos técnico -simbólicos de cujas leis próprias resultam as modalidades
dos contratos de leitura” (2002, p.199). O leitor regular de um jornal sabe qu e tipos de notícia
e texto encontrará, a abordagem, sendo reticente a grandes surpresas. Ele não espera, por
exemplo, ver detalhamento de assuntos pouco freqüentes naquele jornal ou narrativas cultas
em seu jornal popular. Além disso, tais demandas/respostas dos usuários podem ser
extremamente díspares e volúveis por dois motivos: o lugar histórico sociocultural de quem
recebe a notícia e seus inconscientes mecanismos cognitivos durante a leitura. Es se é
exatamente um dos principais desafios para o campo das ciências sociais, e em particular dos
estudos da recepção. Assim em nosso experimento não utilizamos as variáveis renda familiar,
gênero ou presença de equipamentos domésticos , mas como o usuário se e interage com o
mundo.
Dervin & Huesca (2003) discutem a prática do Jornalismo como com unicação e
alegam que, ao se focar o objeto de estudo exclusivamente em “quem” ou em “o quê”, a teoria
da comunicação deixa de considerar as “diferenças em diálogo”. Ao analisar o “como” na
prática jornalística, os autores a redefinem como uma “subset” par a todas as possibilidades
estratégicas de observar a realidade (2003, p. 316). Os autores sustentam que a “maioria das
práticas baseadas em comunicação (como o Jornalismo, Assistência Social, Pedagogia ou
87
Biblioteconomia)” vêem as diferenças como um probl ema e apontam três abordagens para
observar as diferenças, sublinhando teses a respeito da natureza da realidade e do ser humano ,
mas reforçando que nenhuma delas prop onha efetivamente o diálogo como contraponto ao
autoritarismo do Jornalismo ancorado nos princípios da objetividade ou desatento à
problemática da comunicação (DERVIN; HUESCA, 2003, p. 311 -316):
a) colocar a diferença distinguindo os indivíduos por serem mal educados,
preguiçosos, recalcitrantes que se recusam a entender de maneira correta a
realidade e daí o discurso sobre a necessidade de reduzir a complexidade das
formulações jornalísticas a fim de que os leitores possam entender a mensagem.
b) a diferença ainda é um problema mas é aceitável política e economicamente
como um obstáculo para a prática.
c) a diferença permanece como problema para a condução de práticas formais mas
o conhecimento existe de acordo com a experiência pessoal originada de diferentes
lugares e tal abordagem é geralmente classificada como “alternativa”.
Para os autores, ao focar no “quem”, sugere -se que bastaria incorporar diferenças
externamente observáveis como idade, origem étnica, etc. Ao propor a “communication
theory of communication” (“teoria comunicativa da comunicação), presumem que o “quem”
não observa diferentemente porque est eja em diferentes lugares mas fundamentalmente
porque tanto a observação quanto a realidade são incompletas ao longo do tempo e do espaço.
A premissa inicial dessa teoria é que “o que pode ser classificado a respeito de processamento
de informações do ser humano não são as observações mas os caminhos através dos quais o
ser humano preenche as lacunas” (2003, p.318).
A observação humana é limitada pelo mundo interior, e sempre entendida através de
uma estrutura de diálogo que leva em co nta as observações pessoais e as formas pelas quais a
história e a cultura, em conjunto, limitando e facilitando o diálogo. A prática do Jornalismo
não deve atentar apenas para pessoas de vários mundos mas para os indivíduos do mesmo
mundo mas que têm visõ es diferentes desse mundo (DERVIN; HUESCA, 2003, p. 312).
O leitor, o usuário, é trazido para o centro do debate. A ênfase agora é na idéia da
comunicação como um intercâmbio de experiências e alguns estudos sobre produção e
compreensão de notícia passam a privilegiar tal enfoque: “o significado de um artigo
jornalístico não se encontra no texto, mas na reconstrução efetuada pelo leitor, que será feita
explicitamente em termos de processos da memória e representações (VAN DIJK, 1990,
p.144).
Em uma revisão sobre os estudos Sense-Making, Dervin & Huesca (2003) defendem
que se deve objetivar a situação real, vivida pelo usuário, quase sempre focando -se na
88
interseção entre o sistema de informação e as conseqüências. Os autores discutem a natureza
da prática e da produção de sentido por intermédio da compreensão de fatos jornalísticos e
afirmam que para produzir sentido de fatos o usuário precisa ancorá-los em um entendimento
do passado, presente, futuro e em compreender os motivos e condições históricas e
situacionais daqueles que produziram os fatos (DERVIN;HUESCA2003, p.318).
Nesses termos, os autores se debruçaram sobre processos de leitura de jornais , tendo
Van Dijk privilegiado os aspectos da compreensão e da evocação de notícia, enquanto Dervin
introduziu algumas variáveis como estado de envolvimento (vitimização social) para avaliar
decodificação crítica e a produção de sentido. No próximo capítulo discutiremos alguns
desses experimentos, os quais serviram de referencial metodológico para atender aos
objetivos de nosso estudo.
3.4 Pesquisas sobre uso da informação
A imprensa é o ramo pioneiro na área de Comunicação Social , mas poucos estudos
em ambientes informacionais especializados e ainda mais limitadas são as pesquisas que
investiguem o uso da i nformação através da evocação de mensagens jornalísticas. Tal
escassez deve-se parcialmente às infinitas variáveis que se desdobram da relação entre
usuário, a mídia e o contexto informacional, dentre outros que desafiam o complexo campo da
Comunicação.
Ao contrário, a Ciência da Informação inicia uma tradição de investigações sobre o
ambiente informacional de grupos particulares de usuários de como obtêm informação
necessária para seu trabalho ( PINTO 2004, COSTA 2000, GIOPATO, 2004). Esses estudos não
estão limitados a uma instituição , mas ao comportamento de uma comunidade, como a de
cientistas, médicos, engenheiros, psicólogos e outros profissionais (FIGUEIREDO, 1994).
Os estudos de evocação de notícias utilizando o Sense-Making são ainda reduzidos,
mas comprovam a eficácia da abordagem. Embora não haja estudos definitivos sobre a busca
de informação em jornais, através de algumas experiências de Sense-Making, descobriu-se,
por exemplo, haver importantes diferenças entre as questões formuladas durante lei tura
realizada em momentos de lazer e aquelas ocorridas em ambientes cotidianos. Por outro lado,
foram poucas as divergências entre as perguntas formuladas por estudantes universitários e
por componentes de uma amostra da população em geral (DERVIN, 2001).
Em outro experimento, resumos de dez artigos de jornal foram selecionados para dois
grupos. Para o segundo grupo, além dos textos, foram entregues respostas dos autores
89
baseadas em questões do Sense-Making, como “o que te levou a escrever”, “como pensa q ue
este artigo irá ajudar as pessoas”, etc. Aos estudantes foi pedido que os pontuassem em termos
de seu potencial de utilização para a redação final daquele semestre letivo. Três meses depois,
foi-lhes pedido para graduar a utilidade daqueles artigos e de scobriu-se haver maior
proximidade entre potencial e execução real posterior no grupo de estudantes que recebeu
informações Sense-Making do que os demais que leram apenas os tradicionais resumos
(DERVIN, 1995).
3.5 Evocação de notícias at ravés da leitura
A revisão de literatura da área indica poder -se inferir que estudantes de Comunicação
Social com maior hábito de leitura, socialmente envolvidos e que se classificam como vítimas
sociais tenham potencial para maior nível de decodificação crítica e, em con seqüência,
apresentam melhor qualidade de evocação do que aqueles sem tais características. Nossa
preocupação central é avaliar a influência do comportamento informacional nas características
de evocação de notícias e o pressuposto principal que apresentam os neste estudo foi que o
nível de decodificação relaciona -se à qualidade da evocação. É o que revelam pesquisas que
utilizaram a teoria sociocognitiva (VAN DIJK, 1990) e Sense -Making (DERVIN ET AL ,
1999), como passaremos a discutir.
3.5.1 Notícias, envolvimento social e Sense-Making
Nos anos 1980, Stuart Hall desenvolveu um modelo de três hipotéticas interações de
receptores, quando submetidos a uma mensagem divulgada em sistema de radiodifuo. Na
primeira, a mensagem é interpretada de acordo com a pers pectiva ideogica da elite dominante
(preferred); na segunda, haveria uma posição intermediária, em que ainda predomina a visão
dominante, mas com a negociação em situações específicas ( negotiated) e talvez a maioria da
audiência; no terceiro caso, os re ceptores se opõem ao discurso dominante dentro de uma
estrutura alternativa de resistência ( opposition). Hall (1980) tentou demonstrar que a classe social
seja um dos principais condicionantes para receão crítica da dia.
David Morley utilizou as premi ssas teóricas de Hall em pesquisa de audiência com
telespectadores da rede de Televisão inglesa BBC e o encontrou relação considerável entre
classe social e decodificação das nocias. Morley admitiu desvios de operacionalização , mas o
a estrutura metodológica do experimento (DERVIN, 1999, p.3). Esses estudos, que também
admitiam a abertura interpretativa do texto, se tornaram clássicos e ajudaram a consolidar a Teoria
90
dos Estudos Culturais.
Posteriormente, Dworkin et al. (1999, p.3) promoveram um expe rimento de recepção
semelhante à de Morley, mas ancorado no Sense-Making. Partiu-se de duas premissas iniciais: a
de que a classe social seja definidora de cognição de abordagem crítica, tal qual mostravam os
estudos anteriores, e a equipe criou a variável “social involvement state” para os entrevistados que
manifestassem consciência político -social e se autodescrevessem como “vítima social”. Definiu -
se ainda que seriam utilizados apenas os critérios “accept societye “negotiate societypara a
variável “decodificação ctica”. Foram estabelecidas três hiteses iniciais: para notícias de
interesse próximo da própria classe social (política, economia, crimes, disputas trabalhistas) a
variável classe social seria significativamente relacionada com decodifica ção crítica das
mensagens; haveria alta decodificação crítica quando introduzida a variável “vítima social”;
“vitimização social” teria maior peso na decodificação crítica do que “classe social”.
Dervin et al (1999) estabeleceram as variáveis “Intensidade cognitiva”, “Credibilidade da
cobertura jornalística”, “Freqüência de recepção de notícias” e “Educaçãoa fim de observar se,
ao serem introduzidas, promoveriam alteração na decodificação crítica da mídia. Foram então
propostas duas hipóteses finais:
H1 A relação entre estado de “vitimização social” e decodificação crítica seria mantida
independente das quatro variáveis reunidas ou separadamente.
H2 Seria superior a relação de “vitimização social” sobre classe social para
decodificação crítica indepe ndentemente das quatro variáveis.
todo No início, os entrevistados foram convidados a recordar do mais recente
noticiário televisivo, a identificarem uma notícia e listar quaisquer pensamentos e queses que
lhes viessem à mente relativos àquela notíc ia. Esses pensamentos formaram um banco de dados
em que os pesquisadores os classificaram entre “aceitação(societal acceptance) e “discussão”
(societal negotiation) segundo a existência ou não de críticas e desafios a regras e relações sociais.
Nessa etapa foi estabelecido o critério de “decodificação crítica”.
Utilizando a mesma notícia, relacionando com o s contextos passado e presente
vivenciados pelo entrevistado foram discutidas situações de vida dos entrevistados e assim
chegou-se à varvel “vitimizão social. Os entrevistados foram classificados segundo suas
respostas os indicassem ou a seus familiares - como vítimas sociais ou não (societal victims).
Posteriormente, foi-lhes perguntado o pensamento mais significativo que tiveram ao
assistir àquela nocia e graduá-la em escala de 1 a 5 e assim estabeleceu -se a “intensidade de
cognição”. “Classe social” foi determinada pela ocupação atual e de seus provedores , quando
criança. “Credibilidade de cobertura”, “freqüência de recepção de nocias” e “educação” foram
91
pontuados em escala de 1 a 5 pelos próprios entrevistados.
Instrumento de coleta Respeitando as características censitárias de gênero, renda,
educação e idade, as entrevistas com moradores de Seattle (EUA) foram conduzidas por telefone
e escolhidos aleatoriamente do catálogo telefônico. Dos 227 participantes, 158 recordaram de
coberturas de temas sociais e poticos, e destes 58,9% julgaram tais noticiários como “muito” ou
“extremamente” confiáveis. A base de dados para classificação seg undo as categorias foram
construídas inteiramente a partir do conteúdo de pensamentos e questões colocadas pelos
entrevistados, que teriam ocorrido enquanto assistiam ao telejornal.
Resultados Emntese, as descobertas que interessam a nosso estudo for am:
a) a variável “classe socialnão produziu efeito na decodificação crítica das mensagens,
mesmo tratando-se de noticiário de interesse próximo dos entrevistados (potica, economia,
crimes, disputas trabalhistas);
b) a maioria dos que se autodeclararam “vítimasnão foram os operios mas gerentes,
profissionais, etc, o que demonstra a imporncia des sa variável ser autodeclarativa;
c) as quatro variáveis, reunidas, não apresentaram significantes predisposições para
decodificar criticamente as mensagens ;
d) confirmou-se a hitese central de que os cidadãos com consciência de “vítima social”
m maior interpretação e decodificação crítica independente da inseão de variáveis controladas
e) os "decodificadores críticos" se identificaram com as situações detimas sociais
apresentadas pelos telejornais.
3.5.2 Compreensão e evocação de notícia
A fim de verificar pressupostos teóricos e empíricos a respeito de compreensão de leitura
de nocias de jornais e evocação, Van Dijk (1990, p. 228-248 passim) realizou um experimento
de campo, utilizando dois diários de Amsterdan (Holanda). O objetivo consistia em obter dados a
partir de compreeno natural e evocação de notícia, estabelecendo semelhaas e diferenças
entre leitura e recuperação, quando realizadas e m laboratório e quando cotidiana, casual. Foram
selecionados quatro artigos sobre editorias distintas e presumivelmente de interesse dos leitores ,
mas assuntos igualmente publicados em De Telegraaf e De Volkskrant de 12 de março de 1984.
Os temas foram “Televisão”, “Potica”,Namíbia” e “Futebol”.
1
o
experimento: evocação imediata - Os entrevistados foram recrutados aleatoriamente,
formando um grupo heterogêneo de leitores médios de várias regiões da cidade (grupo 1) e outro
composto por servidores da Un iversidade de Amsterdan (grupo 2). Classificaram -se os
entrevistados segundo os critérios de “idade”, “educação”, “ocupação”, “local de entrevista”,
92
“acesso a noticiário em geral”, “temas de interesse específico de seu jornal de preferência” e
“gênero”. Em relação à leitura daquela edição objeto de estudo, foram observados os seguintes
aspectos: “tempo de leitura”, “local de leitura”, “estilo de leitura”, “categorias e ordem de
assuntos”.
Perguntava-se de qual jornal eram leitores, alguns dados para iden tificação pessoal e
outros a respeito do exercício de leitura (as entrevistas foram realizadas durante o horário de
almoço). A seguir, questionava -se exatamente o que se recordava relativo aos quatro artigos
publicados naquele dia. Além das dúvidas e erro s, prestava-se atenção especial nas estratégias de
recuperação expressadas.
2
o
experimento: evocação imediata - Um s após o primeiro experimento, os
pesquisadores voltaram a campo e localizaram leitores dos dois jornais que tivessem lido os
mesmos artigos utilizados anteriormente. Ao invés de recuperação livre, foram feitas perguntas
específicas a respeito daquelas matérias, ainda que as respostas pudessem ser parciais e
recorrendo-se a conhecimentos gerais.
Resultados da pesquisa de campo - Depois de algumas semanas, os leitores tendem a se
lembrar apenas dos veis mais altos da macro -estrutura, especialmente se podem resgatar ou
reconstruir as notícias a partir de um conhecimento geral. Manchetes e lides o evocadas de
forma melhor tanto no teste feito no dia da publicação do jornal , quanto no realizado
posteriormente.
Leitores de maior nível de escolaridade e melhor formação política por intermédio de
outros vculos de comunicação evocam com maior precisão e quantidade. O que assinala como
mais importante no discurso da nocia produzido pelos jornalistas é também objeto de melhor
recuperação por parte dos leitores. Descobriu -se ainda que apenas entre um terço e uma quarta
parte dos entrevistados puderam responder a perguntas concretas, as quais, a p rincípio, poderiam
também ser respondidas tendo apenas conhecimento político atualizado. “Em termos gerais, pode -
se concluir que a evocação natural do discurso jornalístico é muito pobre( VAN DIJK, 1990,
p.238).
Experimento de laboratório - A fim de comparar os resultados obtidos na pesquisa de
campo com os resultados de recuperação em um contexto controlado, 42 estudantes de Psicologia
foram divididos em dois grupos de leitores, cada qual com um conjunto de artigos do De
Telegraaf ou do De Volkskrant. Realizada dois meses após os experimentos de campo, o tempo
de leitura foi de 20 minutos em média, com um período de intervalo de 15 minutos para evitar
evocão literal imediata.
O resultado da evocação em laboratório foi quase duas vezes superior àquela d a pesquisa
93
de campo. Houve coincidência de proposições evocadas. Na experiência de laboratório, houve
maior recuperação de orões finais dos textos, algo que geralmente se esquece durante a leitura
natural dos jornais.
Resultados gerais - O dado mais surpreendente é que os estudos menosprezam a
importância da leitura casual de jornais. No experimento realizado, as causas, conseqüências, o
contexto e a história de muitos temas, assim como a maioria dos detalhes sobre lugares e cifras
“tendem a cair no esquecimento”. Os pesquisadores dizem que apenas as informações repetidas e
recorrentes sobre certos temas podem conduzir a “um modesto câmbio ou à construção de
modelos situacionais correntes”. Segundo Van Dijk,
Do ponto de vista de aquisição de conhecimento se pode afirmar que a atualização dos
modelos situacionais baseadas no noticiário da imprensa o é absolutamente
destacável. Em geral, os indivíduos parecem apenas integrar algumas macro -
proposições de cada item jornalístico, e apenas o que se refere a t emas diretamente
relevantes para sua compreensão cotidiana da vida política e social em seu próprio
contexto regional ou nacional (1990, p. 247) .
Os dois experimentos, de campo e em laboratório, apontam para a conclusão de que a
memória informativa é bem baixa e o fato de as melhores informações evocadas nos dois
ambientes serem as mesmas sugere haver fatores independentes do contexto na representação e na
evocão das nocias. Além de recordar -se melhor daquilo que já se conhece, descobriu -se ainda
que melhor educação e leitura de revistas semanais podem influir positivamente nos itens
poticos mas o diferença substancial entre leitores de jornal popular e outro de maior
qualidade. Outras conclusões:
a) O vel de evocação esmais ligado à qual idade e ao conteúdo do lide e do título do
que à editoria;
b) os fatores mais usuais que determinam a atenção do leitor também se vinculam à
representação e à evocação;
c) os temas principais segundo a avaliação dos jornalistas são também aqueles melhor
evocados nos dois tipos de experimento;
d) o indícios de que informações prévias provenientes de outras dias tenham
melhorado a recuperação e
e) observa-se mais a construção de novos modelos e sua atualização que a recordação de
informações.
94
4 METODOLOGIA
A metodologia define o caminho a ser percorrido entre os problemas e hipóteses
colocados e a elaboração de uma tese . É um dos aspectos mais importantes da pesquisa social,
posto que baliza, organiza, concede uma estrutura lógica de exame, a lém de mecanismo que
orienta o pesquisador na condução de seu trabalho. É o conjunto dos métodos e técnicas a
serem utilizados para a avaliação do comportamento informacional que molda a estratégia
dentro de uma perspectiva de produção de novo conhecimento .
No entanto, a própria escolha do tema e as perguntas que se fazem revelam um
posicionamento do pesquisador, do estar no mundo inclusive com suas inquietações
filosóficas e epistemológicas. Exibir tais escolhas, trazê -las à superfície é uma maneira de o
pesquisador explicitar a trajetória e colocar o resultado de suas escolhas à avaliação do leitor e
de seus pares.
A aplicação de metodologia específica para investigação de problemas na área da
Ciência da Informação implica discussão sobre a interdiscip linaridade desse campo científico
com as Ciências Sociais, e mais precisamente com a Comunicação Social. Na investigação
sobre ambiente informacional e evocação de notícias foi necessário ainda circunscrever a
informação dentro e fora dos sistemas midiátic os, pois “praticamente nenhum ato social se
baseia sobre a informação derivada exclusivamente dos meios de comunicação” (VAN DIJK,
1990, p.200). A grande variedade de paradigmas nos estudos dos dois campos leva -os à
aproximação ou ao distanciamento. Não no s detemos nessa discussão, mas utilizamos práticas
dessas áreas de conhecimento , tentando problematizar o fenômeno social por intermédio da
investigação científica, trilhando os percursos e metodologias necessários à compreensão da
relação entre comportame nto informacional e sua utilização.
No campo epistemológico, debate -se entre a neutralidade axiológica e o afastamento
de considerações subjetivas na busca da cientificidade das Ciências Sociais. Em oposição,
algumas correntes sugerem um modo específico pa ra a investigação dos fenômenos sociais
que compreenda as especificidades do objeto. Na etapa da coleta de dados deve -se estar
sempre atento para o fato de que tanto a entrevista quanto o questionário, como instrumentos
de pesquisa, são construídos a parti r do arcabouço teórico e das escolhas do pesquisador. Em
ambos estão envolvidos interesses objetivos e subjetivos.
95
A abordagem Sense-Making é a fundamentação teórica que norteia o levantamento de
campo com a investigação do comportamento informacional e do objetivo de se atingirem
níveis gerais de padronização de uso (evocação) das notícias. A discussão metodológica exige
que algumas etapas sejam esclarecidas a fim de que todo o processo de pesquisa seja melhor
compreendido. O método da pesquisa está compo sto por uma combinação de técnicas
analíticas, descritivas, observacionais e introspectivas mas nos apoiamos na abordagem
Sense-Making por ter fornecido embasamento teórico e metodológico para a realização da
presente investigação, que pretende u estudar o indivíduo dentro de sua realidade, dotado de
características pessoais, culturais, experiências e práticas sociais que influenciam processos
informacionais. Daí, o descarte de se focar em dados substantivos como constituição e
medição de redes sociais, con stituição das organizações, história dos meios, análise de
conteúdo dos jornais ou perfis de receptores, entre outras possibilidades. Nes se sentido,
questionamos fundamentalmente como se configura va o ambiente informacional e de que
forma a mensagem consum ida permanecia no acervo da memória.
A coleta e análise de dados buscaram identificar ambiente informacional e uso de
informação - aqui na categoria “evocação” e a metodologia foi adaptada às condições
peculiares da pesquisa proposta, conforme se recomen da a fundamentação teórica. Categorias
de análise foram criadas por intermédio das respostas livres dos usuários (questões abertas),
devidamente compiladas e tabuladas após transcrição das gravações de todas as fases de
coleta, tendo permitido novos cruzam entos e análises. Ao final definimos padrões de uso de
informação após o exame das pontes, lacunas e caminhos percorridos pelos usuários.
Pesquisas (DERVIN, 1983 ; DWORKIN ET AL., 1999) têm demonstrado que o
“envolvimento” (interesse) com determinado assu nto esteja relacionado com maior busca de
informação, grau de decodificação de mensagens, mudança mais duradoura de atitude e
melhor retenção de informações. Três características individuais (identificar o problema, o
envolvimento e reconhecer limites) in fluenciariam as variáveis dependentes: busca de
informações, processamento e retenção de mensagem, formação de atitud e e comportamento
de respostas.
Além da filiação direta a organismos sociais, entidades representativas de categorias
profissionais e organ izações religiosas, entre outras, o envolvimento também pode ser
definido como a percepção individual de estar conectado a determinado assunto ou problema.
Um leitor assíduo do caderno de Política pode compreender a dinâmica e os meandros da
política nacional embora não tenha militância partidária, ou estar profundamente conectado
com as causas do movimento negro apenas por inclinação filosófica ou sentimental. Esta foi
96
uma das razões pelas quais em nosso estudo não utilizamos como variável a militância ou
pertencimento a entidades mas “participação” e “interesse” do mesmo modo como
privilegiamos a autoclassificação socioeconômica como prejudicado ou favorecido, uma
tomada de consciência a partir de seu posicionamento no mundo. A seguir algumas
especificações das categorias utilizadas em nosso estudo para a participação em entidades:
“Igreja” - as mais variadas organizações de cunho religioso e iniciático;
“Política” - não apenas os tradicionais partidos políticos mas quaisquer grupos ou
agremiações com objetivos políticos;
“Agremiação esportiva” clubes esportivos, de competição e de lazer;
“Sindicato de Trabalhadores” diferente do sindicato patronal ou de entidades de
classe, o objetivo aqui era perceber se o usuário est ava vinculado a movimento de
trabalhadores;
“Associações de classe” - Entidades que congregam classes profissionais com
interesse comum, como OAB e CRM.
“Associações e ONG’s” Movimentos e entidades de defesa de interesses sociais,
culturais e econômicos de seus integrantes, como ONG’s, associações ambientais, etc.
“Movimento estudantil” Grêmios escolares, diretórios acadêmicos e demais
entidades compostas diretamente por estudantes.
É importante retomar sinteticamente algumas questões que utilizamos em nosso
estudo. Dervin (1983) faz uma correlação entre o comportamento de busca e o uso da
informação com o próprio movimento descontínuo do ser humano no tempo e no espaço.
Metaforicamente, o usuário percorre uma estrada em que se vê constantemente frente a
problemas ou lacunas as quais lhe exigem informações para fazer sentido sobre aquela
realidade subjetiva e também em constante mudança. Destacamos algumas especificidades
dos conceitos de situação, lacuna e uso que utilizamos para coleta de dados.
“Situação” é o micromomento vivido pel o usuário, quando deparado com a fonte de
informações, com a leitura dos jornais; é o momento da formação do estudante de
Comunicação Social em que a notícia e o cabedal de conhecimentos gerais adquire
centralidade.
“Lacunas” são “vazios” preenchidos por dúvidas ou questões que as pessoas têm em
determinada situação; é a necessidade de informação prevista para um aspirante a profissional
da informação, uma lacuna para produção de sentido, criação de conhecimento, a partir da
situação experimentada pelo leitor; uma questão ou dúvida.
“Uso” é a possibilidade de emprego da informação adquirida, a evocação de notícias.
97
“Pontes” são instrumentos e estratégias utilizados para sanar as dúvidas/questões
(lacunas). Qualquer atividade ou instrumento (social ou indiv idual) que informe e auxilie na
produção de sentido.
4.1 Abordagem qualitativa
Alguns críticos consideram a análise a partir de metodologia quantitativa insuficiente
para recuperar aspectos subjetivos do processo informacional ou que o método limite a
realidade ao rigor do cálculo. Outros pesquisadores defendem a utilização desse método
exatamente pelas suas características objetivas, certo distanciamento necessário do
pesquisador e de seus valores em face do objeto, como alerta Durkheim (1999). Além dis so, a
quantificação pode ser útil ao subsidiar o pesquisador com dados e estatísticas. Mesmo a
quantificação sofre influências d a complexa e às vezes inexplicável multifacetada realidade e ,
caso venha a obscurecer aspectos menos evidentes que permeiam as re lações sociais, é
reservada certa subjetividade na análise dos números revelados.
A pesquisa qualitativa não se preocupa em estabelecer princípios e generalizar seus
dados pois o foco é centrado no particular, no indivíduo, em suas motivações, atitudes,
sentimentos, privilegiando a compreensão dos fenômenos estudados. A abordagem autoriza
ainda ao pesquisador uma ampliação de técnicas interpretativas no sentido de decodificar,
traduzir, interpretar e analisar o significado dos fenômenos observados a partir dos dados
coletados, conforme assegura La Ville e Dionne (1999) para a análise de dados em pesquisa
qualitativa: o pesquisador decide prender -se às nuanças de sentido que existem entre as
unidades, aos elos lógicos entre essas unidades ou entre as catego rias que as reúnem”. Não
regras formalmente definidas ; a análise é menos codificada que na abordagem quantitativa,
embora as inferências subjetivas, no entanto, não desobrig uem o esforço de um relato
objetivado, explicada e justificada cada etapa perco rrida (1999, p. 227).
Dentre as três estratégias de análise e de interpretação qualitativas enumeradas por La
Ville e Dionne (1999, p. 227) consideramos que nosso trabalho tenha se encaixado entre a
primeira e a terceira abordagem:
Emparelhamento: associa ção de dados recolhidos (registrados em um quadro
operacional) a um modelo teórico anteriormente discutido com a finalidade de
compará-los.
Análise histórica: apoiado em um quadro teórico, elabora -se um roteiro sobre a
evolução do fenômeno ou da situação
Construção iterativa de uma explicação: o pesquisador elabora pouco a pouco uma
98
explicação lógica do fenômeno ou da situação estudados pois não supõe a p -
existência de um ponto de vista teórico. Neste caso, a hipótese “é simultaneamente
desenvolvida e verificada, ainda que em parte, em um vai -e-vem entre reflexão,
observação e interpretação, à medida que a análise progride”.
Para tentar responder aos questionamentos propostos nesta tese, adotamos como
estratégias de verificação o estudo de caso , procurando explicações que circunscrev essem
exatamente o comportamento e o ambiente informacional da comunidade dos estudantes de
Comunicação Social da UFV. O estudo de caso é apropriado para investigar em profundidade
situações internas de um grupo ou comunidade em que não haja necessidade ou possibilidade
de comparações com outros grupos. Em nossa proposta inicial de investigação consideramos
reduzida a possibilidade de realização de experimentos simultâneos comparativos com
estudantes de outras universidades , pois nossa hipótese principal foi que o comportamento
informacional fosse definido pela situação e pelo contexto específico dos usuários. Logo,
eventuais comparações entre evocação de notícias de universos distintos não traria
conclusões, além de nossa pret ensão em conhecer em profundidade o universo dos estudantes
viçosenses.
Yin (2005) prefere a estratégia de estudo de caso para pesquisas focadas em questões
do tipo como” e “porque” e também quando pouco controle sobre os eventos
contemporâneos. Para ele, o estudo de caso é “uma investigação empírica que investiga um
fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real, especialmente quando os
limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos”.
Embora as conclusões de um estud o de caso sejam, a priori, apenas para a pesquisa
considerada, Laville & Dionne afirmam que o resultado também pode ser generalizável se
aquele caso puder se considerado “como típico de um conjunto mais amplo do qual se torna o
representante”, ou que possa ajudar a melhor compreender uma situação ou um fenômeno
complexo, a mesmo um meio, uma época” (1999, p. 156). Em complexas situações
socioculturais, acrescenta Chizzotti (2006), o estudo de caso pode ser tomado como
significativo do todo, como referênc ia. Uma das vantagens do estudo de caso, segundo Laville
& Dionne (1999), é a possibilidade de adaptações dos instrumento de coleta ao longo do
levantamento dos dados, o que realmente auxiliou nesta investigação.
Utilizamos métodos qualitativos e quantita tivos para o mapeamento informacional e
para o experimento de evocação, como aplicação de questionários, técnicas de
acompanhamento de leitura e aprofundamento por intermédio de grupos focais. A análise
quantitativa predominou na primeira fase do estudo d e caso, em que demarcamos o ambiente
informacional e similaridades e diferenças de consumo de informação dos usuários.
99
Para a segunda fase, no experimento, escolhemos e adaptamos a técnica Message
Questioning Interview (DERVIN, 1983) por ter permitido um acompanhamento rigoroso,
eficaz e pari passu no exato momento da leitura, possibilitando a observação de lacunas de
informação. Metódico, o procedimento autoriza o usuário a pontuar livremente sua
experiência de leitura, sem nenhuma interferência do pes quisador. Na terceira fase,
promovemos o experimento de evocação por intermédio de formulários com questões abertas.
As entrevistas foram registradas e classificadas, servindo de base norteadora para as
etapas seguintes: análise estatística e de conteúdo d os dados, codificação, verificação,
interpretação, avaliações qualitativas e quantitativas, conclusão da pesquisa e redação do
relatório. Em todas as etapas da s atividades, as observações foram anotadas em um caderno
de campo. Durante o procedimento de lei tura dos jornais, igualmente registramos observações
que foram julgadas pertinentes, como tempo e ordem de le itura, entre outras.
100
5 CONTEXTO DA PESQUISA
Nas três próximas subseções, com o objetivo de caracterizar nosso contexto de
pesquisa, descrevemos a ambiência de estudos do estudante de Comunicação Social,
contemplando o histórico da fundação da Universidade Federal de Viçosa, o perfil da cidade
de Viçosa e do Curso de Comunicação Social , desde sua criação e características atu ais. A
última subseção é dedicada à apresentação do jornal Estado de Minas, objeto empírico do
experimento de leitura.
5.1 A Zona da Mata e Viçosa
A Zona da Mata equivale a 6,1% da área do estado de Minas Gerais, localiza -se no Sudeste
do Estado, sendo formada por sete microrregiões: Cataguases, Juiz de Fora (a maior cidade da
rego e também sede de uma universidade federal), Manhuaçú, Muri, Ponte Nova, U e Viçosa
(esta, sede da microrregião da qual fazem parte 20 pequenos municípios). A região foi uma das
primeiras a serem povoadas entre as demais do Estado. A proximidade com o Rio de Janeiro, antiga
Capital Federal, que lhe demandava produtos agrícolas, caracterizou a economia da Zona da Mata
até o início do século 20.
Os cerca de 2 miles de hab itantes da rego sofrem influência ecomica e cultural das
três principais metpoles brasileiras: São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Viçosa es
localizada a 225 km de Belo Horizonte (MG), 130 km de Juiz de Fora (MG), 360 km do Rio de
Janeiro (RJ) e 650 km de São Paulo (SP). Prevalece no munipio o relevo acidentado com 85%
montanhoso, 12% ondulado e 3% plano, 98% da populão dispõe de água tratada e 88% de
esgotamento sanitário. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 2000 foi 0,809, a re nda per
capita média é R$ 329,70 e o índice de Coeficiente Gini (que mede renda, pobreza e desigualdade,
em que 0 é total igualdade e 1 é o inverso) é de 0,61
42
.
O nome do munipio transformou-se quando em 1871 a freguesia de Santa Rita do Turvo
foi elevada à categoria de Vila e, em 1876, torna -se cidade denominando-se Viçosa de Santa Rita,
reduzindo apenas para Viçosa em 1911. O primeiro ciclo de desenvolvimento se principia em 1884,
42
http://www.vicosa.mg.gov.br/conteudo/vicosaemnumeros.htm .Acesso em: 15 de jun. 2008
101
quando a estrada de ferro Leopoldina Railway passa pelo município.
Em 1930, a cidade tinha apenas 800 edificões, concentradas na área central. A chegada da
ESAV (destinada a estudos superiores e cienficos da agricultura) e do Patronato Agcola Arthur
Bernardes (de nível elementar, visando à formação ptica dos filhos de pequenos agricultores) na
década de 1920, causou um impacto urbastico, econômico e social. De 1930 a 1960, a expano
ocorreu apenas com o adensamento das áreas anteriormente ocupadas. A partir dos anos de 1970, a
cidade experimenta o terceiro ciclo de crescimento: com o desenvolvimento da pós -graduão e
com a federalizão de sua universidade, ocorreu um grande incremento nas atividades de ensino e
de pesquisa na UFV, o que resultou em grande afluxo de recursos financeiros e humanos
43
.
A infra-estrutura urbana não estava preparada para absorver toda a preso resultante dessa
expansão explosiva e a cidade cresceu desordenada e verticalmente, devido à pequena área plana
disponível na região e próximo à entrada do campus. É exatamente nes sa região central, a poucos
minutos de caminhada até a UFV, que reside a maioria dos estudantes, levando à es sa região da
cidade uma colorão estudantil.
A população do município, que até o ano de 1960 era de 20.846, sendo a maioria do meio
rural, se tornou essencialmente urbana e aumentou para 64.854 pessoas segundo censo de 2000 do
IBGE. A população flutuante de estudantes o é considerada, o que leva a prefeitura municipal a
estimar em cerca de 80 mil o mero total de habitantes, dos quais a metade é composta por
estudantes. Cerca de 25% dos residentes o estudantes de outras cidades, estados e pses
44
. Além
da UFV, existem outras três instituições de ensino superior, todas privadas: a Faculdade de Vosa,
a Escola de Estudos Superiores de Viçosa e a Uno de Ensi no Superior de Viçosa. Por essa razão,
Vosa é conhecida pelo lema de “cidade educadora”.
Embora localizada no interior do estado, tais fatores, aliados a características urbanísticas,
composição étnica, diversidade cultural, existência de shopping cen ters, teatro, cinema, galerias de
arte, museus, escolas e grupos artísticos, e espetáculos musicais conferem à cidade uma aparência
cosmopolita. A economia da cidade gira em torno do setor de serviços, responsável por 68,3% de
participação no Produto Inter no Bruto. A instria contribui com 28,2% e a agropecuária 3,3%. Do
ponto de vista de arrecadação de tributos, Viçosa é uma cidade pobre, admite a prefeitura: “Como a
atividade educacional não gera tributos diretamente, o munipio tem enormes dificuldades em
cumprir o seu papel de prover uma boa infra -estrutura de servos no vel das exigências desta
população”
45
.
43
ibidem
44
ibidem
45
Ibidem.
102
5.2 A Universidade Federal de Viçosa
A cidade de Viçosa era apenas o centro de escoamento de uma microrregião produtora
de alimentos e de uma região que via crescer seu setor agropecuário. O Estado de Minas
Gerais, por sua vez, assistia ao incremento do setor como alternativa às atividades
extrativistas, aentão a riqueza do estado. E foi por es se motivo e por dispor de um terreno
adequado, que o então presidente do Estado de Minas Gerais, Arthur da Silva Bernardes,
assinou um decreto em 1922 criando a Escola Superior de Agricultura e Veterinária (ESAV).
Em 1926, o presidente da República, Arthur Bernardes, inaugurou o prédio principal
da Escola Superior de Agricultura e Veterinária (ESAV), cujas atividades didáticas de ensino
fundamental, médio e superior de engenharia agrícola começaram no ano seguinte. Desde
1921, estava no Brasil o professor da Escola de Agricultura da Universidade da Flórida, Peter
Henry Rolfs, que veio convidado por Bernardes para criar em Minas uma instituição baseada
em escolas similares dos Estados Unidos , que tivesse atuação baseada no ensino, pesquisa e
extensão. Rolfs trouxe a filosofia dos "Land Grant Colleges" , que se baseava nos princípios
do ‘Aprender fazendo e ciência e ptica’. A ESAV preferiu o sistema de organização
acadêmico estadunidense ao europeu: o calendário escolar semestral, a extinção das cátedras
e criação do sistema de departamentos e a trilo gia Ensino, Pesquisa e Extensão.
A atuação na pesquisa e na extensão se caracterizou desde o início, pela criação da
Semana do Fazendeiro (existente desde 1929) e da estação experimental em 1938. Em 1942, a
antiga ESAV foi o núcleo original para a Univers idade Rural do Estado de Minas Gerais,
composta pela Escola Superior de Agricultura, Escola Superior de Veterinária, Escola
Superior de Ciências Domésticas, Escola de Especialização (Pós -Graduação) e pelo Serviço
de Experimentação e Pesquisa e do Serviço d e Extensão.
Durante essas quase três décadas, a universidade adquiriu prestígio e em 15 de julho
de 1969 a União a federalizou com o nome de Universidade Federal de Viçosa. A partir dos
anos 1970, iniciou rápida expansão , incluindo a criação de cursos nas áreas exatas, biológicas
e da saúde, humanas, letras e artes.
Mantém, além dos cursos de graduação e pós -graduação, o Colégio Universitário
Coluni (ensino dio geral), o Laboratório de Desenvolvimento Humano (4 a 6 anos) e uma
creche, que atende a crianç as de 3 meses a 6 anos, quase todas filhas de servidores e
estudantes da própria UFV. O campus de Paranaíba oferece cursos de graduação e o de
Florestal oferece ainda ensino médio. Com o início dos processos de avaliação do ensino
médio, o Coluni tem obtid o grande destaque nacional, tendo sido a primeira colocada no
103
Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) dentre as escolas públicas em 2007
46
.
Apesar de situada no interior, a tradição d e intercâmbio caracteriza a UFV . No final da
década de 1950, a Universidade Rural do Estado de Minas Gerais (UREMG), por intermédio
da Agência para o Desenvolvimento Internacional do Governo Norte -Americano(USAID)
assinou um convênio com a Purdue University (Indiana, USA) , que possibilitou a vinda de
grande contingente de especia listas para instalação e funcionamento dos pioneiros cursos de
pós-graduação na área de ciências agrárias no Brasil.
Herdada a tradição de acolher jovens de todo o país, oferecendo assistência alimentar e
de saúde, a UFV mantém ainda hoje bolsas moradia (a lojamento interno) para 1.390 alunos,
oferece através do Restaurante Universitário três refeições diárias, cerca de mil bolsas de
apoio à pesquisa, extensão e bolsas a alunos carentes. A Divisão de Saúde promove a
servidores e estudantes atendimento dietoterápico, enfermagem, exames laboratoriais,
fisioterápico, médico, odontológico, psicológico, psicossocial e radiológico
47
.
O Sistema de Rádio e Televisão foi criado em 1992 por intermédio de uma fundação
diretamente ligada à Reitoria, a Fundação Rádio e Tel evisão de Viçosa (Fratevi). Possui cerca
de 50 servidores, sendo responsável por uma emissora de Rádio e uma de Televisão abertas,
com alcance regional, tornando -se a única dentre as universidades públicas federais com
emissora de tal porte. A TV Viçosa re transmite programação das TV’s públicas Cultura,
Brasil e Minas, com inserção de produtos locais de entretenimento e de jornalismo, assim
como a Rádio Universitária. Em ambas as emissoras a presença de estudantes do Curso de
Comunicação Social.
A UFV tem como política tentar atrair alunos de excelente perfil curricular e adota
como uma de suas estratégias realizar o concurso vestibular entre os dias 26 e 31 de dezembro
a fim de não coincidir com a data de seleção de universidades públicas concorre ntes. Outro
instrumento é realizar vestibular em várias cidades mineiras, além de alguns municípios da
Bahia, Espírito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal , mas a capital, Belo
Horizonte, é a origem do maior número absoluto de candidatos ao vestibular, segundo
informa a Comissão Permanente de Vestibular e Exames COPEVE. (UNIVERSIDADE,
2008).
Esses fatores, aliados à tranqüilidade de uma cidade com menos de 80 mil habitantes e
distante de grandes centros, ampliaram a busca de candidatos de t odas as regiões do país, mas
46
<http://www.ufv.br/coluni>. Acesso em: 30 mai. 2008.
47
<http://www.ufv.br/proplan/ufvnumeros/n umeros2007.pdf>. Acesso em: 30 mai. 2008.
104
principalmente de Minas Gerais e de cidades de dio e de pequeno porte. A maioria dos
estudantes (87,5%) veio de cidades acima de 100 km de distância de Viçosa, com 67,5%
provenientes do próprio estado, seguido por São Paulo ( 15%), Espírito Santo e Rio de Janeiro
(15%) e Bahia (2,5%)
48
.
Além do currículo do ingressante, as condições de ensino e o rigor nos sistemas de
avaliação forjam o perfil do egresso. A taxa de sucesso
49
na UFV é 0,69, a mesma da média
brasileira e bem abaixo dos 0,84, média das universidades federais mineiras (GUERRA,
2006).
Em 2007, estavam matriculados 9.916 alunos em cursos de graduação, 1083 de
Mestrado, 850 de Doutorado e 1072 no ensino médio e técnico, totalizando 12.921 estudantes.
Para atender a esse público, a UFV dispõe de 2382 servidores e 815 professores no ensino
superior e 78 no ensino médio
50
. A estrutura departamental e sua localização geográfica,
concentrada em um único campus na cidade de Viçosa, aliada à forma de gestão, conferem
racionalidade a recursos humanos da UFV. O alto número de servidores é justificad o pela
existência de 519 laboratórios de pesquisa (QUADRO 2):
QUADRO 2
RELAÇÃO ENTRE PROFESSORES, ESTUDANTES E SERVIDORES DE
UNIVERSIDADES PÚBLICAS BRASILEIRAS EM 2004
UFV
dia MG
Média Brasil
Aluno por professor
13,75
12,66
11,67
Aluno por servidor
3,69
6,37
6,82
Servidor por professor
3,75
2,66
2,14
Fonte: GUERRA, H. As universidades federais de Minas Gerais, 2006.
Como a maioria das universidades federais bra sileiras, a UFV aderiu em 2008 ao
Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais
(Reuni) e nos próximos anos ofertará novos cursos de graduação, dentre eles o de Medicina,
Enfermagem e Ciências Sociais, licenciaturas em Ciências Biológicas, Física, Matemática,
Química e Espanhol. Para tanto, a estimativa é que sejam admitidos até 2012 quase mil
funcionários, entre professores e servidores técnicos administrativos. Entre 1998 e 2007,
houve crescimento de 72% na oferta de vagas em cursos de graduação e, com o Reuni, estão
previstas 3395 novas vagas de graduação e 191 de pós -graduação até 2012.
Em relação à titulação dos professores, a UFV tem um dos índices mais elevados de
48
<http://www.ufv.br/universidade/historia>. Acesso em: 30 de mai. 2008.
49
Número de diplomados dividido pelo número de ingressantes, prevalecendo o ano de suposta entrada destes.
50
http://www.ufv.br/proplan/ufvnumeros/numeros2007.pdf . acesso em 30/5/2008
105
corpo docente em nível de pós -graduação. Em 2004, a média da UFV foi de 4,25 (o segundo
melhor de Minas Gerais), enquanto que a média mineira é de 3,85 e a nacional é 3,49
(GUERRA, 2006). Todos os professores, inclusive alguns dos 60 substitutos, têm gabin ete
individual.
Desde os primeiros anos de sua fu ndação, a universidade sempre garantiu lugar
proeminente no campo de ensino e pesquisa no setor das Ciências da Terra com grande
participação de professores e pesquisadores estrangeiros. Dados da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) apontaram a UFV como a
universidade cuja produção científica mais cresceu entre 2002 e 2007 (UNIVERSIDADE,
2008).
A UFV oferece 39 cursos de graduação na modalidade bacharelado, 11 na modalidade
licenciatura; 30 programas de pós -graduação em nível de mestrado, 20 de doutorado e 12 de
pós-graduação “lato sensu”; um curso de graduação à distância, dois superiores de tecnologia
e oito na área tecnológica. Em 2004, havia 290 linhas de pesquisa na Pró -Reitoria de Pesquisa
desenvolvidos por 30 departament os e 550 laboratórios. A qualidade da pós -graduação
ofertada pela UFV também pode ser medida por intermédio do conceito CAPES/MEC em
comparação com outras universidades: 5,12 (a maior de Minas) enquanto a média mineira é
de 4,25 e a brasileira 3,86 (GUERRA , 2006).
5.3 O Curso de Comunicação Social
O curso de Comunicação Social é um dos quatro lotados no Departamento de Artes e
Humanidades (DAH), por sua vez inserido no Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes
(CCH). O CCH é o mais novo da UFV, composto ainda pelo Centro de Ciências Agrárias,
Centro de Ciências Biológicas e da Saúde e Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas.
O CCH oferece o maior número de vagas no vestibular, de alunos matriculados e de
cursos, a maior quantidade de alunos por professo res e o pior índice de titulação em
comparação com as outras áreas (QUADRO 3). Tal relação apresenta conseqüências no
volume de pesquisas, atividades de extensão, parcerias e convênios com organismos nacionais
e internacionais. Uma delas é a menor quantida de de recursos extra-orçamentários, de
representação em órgãos colegiados, de bolsas de fomento à pesquisa e de aprovação de
projetos para as ciências humanas e para os departamentos com menor nível de titulação
docente.
106
QUADRO 3
QUALIFICAÇÃO DO DOCENTE POR ÁREAS DA UFV E RELAÇÃO ALUNO/PROFESSOR EM 2007
Área
N. de
cursos
Titulação docente - em números absolutos
Total de
professores
Relação
aluno/
professor
Custo
em
relação
à
UFV**
Graduado
Especialista
Mestre
Doutor
Pós-doutor*
Agrárias
7
1
0
14
204
33
219
11,03
1,08%
Biológica
5
4
2
27
145
9
178
7,73
1,40%
Exatas
14
14
4
51
146
15
215
12,56
0,99%
Humanas
15
19
7
76
83
2
185
17,06
0,86%
Total
38
13
176
588
59
874
Fonte: UFV em números, 2008 e Pró -Reitoria de Planejamento e Orçamento
* Já incluídos na coluna "doutor"
** Ano base 2006. Não estão incluídas despesas gerais, como água, segurança, energia, telefone, etc.
Internamente, o CCH reproduz as disparidades em relação aos outros centros de
ciências, nas condições de oferta dos cursos de História, Geografia, Dança e Comunicação
Social/Jornalismo, lotados no Departamento de Artes e Humanidades. Os quatro cursos
compartilham o mesmo departamento em função de terem sido criados na mesma ocasião e
não haver, à época, condições administrativas e número de professores efetivos suficientes,
entre outros motivos, para cada área adquirir autonomia administrativa departamenta l, como
acontece em toda a UFV.
O curso de bacharelado em Comunicação Social foi criado em 2001 através da
resolução do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão, tendo as aulas começado em março
daquele ano e a primeira turma se formado em janeiro de 2005. O primeiro docente efetivo foi
contratado no final daquele ano e quando da forma tura da primeira turma havia três
professores efetivos (mestres) e seis substitutos (apenas um deles com mestrado). Assim,
devido ao perfil e ao acúmulo de funções dos professores efetivos, houve pouco investimento
em pesquisas e extensão ao mesmo tempo em que a ausência de laboratórios tenha levado à
quase inexistência de produção prática.
A desigualdade na distribuição de recursos internos na UFV e as condições
inadequadas de oferta do curso de Comunicação Social criaram um ambiente de permanente
tensão entre os corpos docente e discente , e a administração superior da instituição. Os
estudantes tornaram-se mais reivindicativos e promoveram várias manifestações públicas - até
então raras na quase centenária escola. Nes se contexto, como um dos resultados, foram
forjadas lideranças entre as turmas de alunos do Jornalismo que, em pouco tempo, em
comparação com outros cursos mais antigos, se elegeram para ocupar cadeiras eletivas em
órgãos colegiados superiores e na direção do movimento estudantil, inclusive na coordenação-
107
geral (equivalente a presidente) do Diretório Central dos Estudantes (gestão 2006/2008). No
terceiro ano de existência do curso , Viçosa sediou um encontro regional do Enecos (Executiva
Nacional dos Estudantes de Comunicação Social), recebendo c entenas de alunos de vários
estados.
São oferecidas 40 vagas e regime de matrícula semestral em créditos, com tempo
mínimo de 42 meses e máximo de 72, sendo a média 48 meses. A carga horária é de 2490
horas de disciplinas obrigatórias e 375 de optativas, totalizando 2865 horas. Desde sua
primeira edição, o curso de Comunicação Social foi um dos mais concorridos entre os
vestibulandos para a UFV , mas percebeu-se queda na procura desde 2001, quando houve o
primeiro vestibular. Conforme mostra a TAB. 1, o índ ice caiu de uma relação de 37 por vaga
para 15 por vaga em 2008 mas desconhecemos análises oficiais que justifiquem tal queda.
TABELA 1
RELAÇÃO CANDIDATO POR VAGA EM VESTIBULAR DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA UFV
Ano vestibular
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
Nº candidatos por vaga
37,6
21,30
26,40
24,73
21,93
19,98
17,10
15,85
Fonte:http://www.copeve.ufv.br
Em relação ao conjunto dos demais estudantes da UFV matriculados em 2006, o
estudante de Comunicação So cial freqüentou mais a escola particular (67,5% contra 58,27%),
os familiares têm renda familiar acima de R$ 2.001,00 (55% contra 35,2%) e é formado
predominantemente por mulheres (70% contra 48,59%)
51
. Em 2008, a maioria (55%) dos
estudantes matriculados f oi do sexo feminino, enquanto a média geral da UFV foi 49,72%
(UNIVERSIDADE, 2008).
Às vésperas da formatura da primeira turma de Jornalismo, em dezembro de 2004, a
comissão de avaliadores do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) do
Ministério da Educação (MEC) esteve em Viçosa para averiguar as condições de oferta do
curso, basicamente em relação ao projeto político pedagógico, instalações e equipamentos,
produção acadêmica e corpo docente.
O relatório dos avaliadores afirma que, em relação à administração acadêmica, a
“atenção aos discentes é o indicador que demanda maior investimento por parte da IES”
(FERREIRA & GOMES, 2004, p. 5) , pois a UFV dispõe de boa s e efetivas políticas de
atenção aos discentes, mas não atingem aos estudan tes de Jornalismo. O relatório ressalta a
51
ibidem
108
“pressão” dos estudantes para que o curso recebesse novos equipamentos e instalações para os
professores.
Também mereceram críticas o projeto pedagógico do curso, a sobrecarga de trabalho
e a atuação docente, o ac ervo bibliográfico específico para a área, as instalações,
equipamentos e falta de funcionários para os laboratórios. À época, havia no curso três
professores mestres (sendo um recém -admitido e que não constava na planilha enviada pela
UFV ao MEC em meados daquele ano) e cinco substitutos, dos quais um mestre. Os
avaliadores ressaltaram a “incipiência” de atividades de prática profissional com pouca ou
nenhuma produtividade laboratorial (FERREIRA & GOMES, 2004).
Apesar da baixa titulação e experiência docen te, e das críticas aos demais itens, o
curso recebeu o conceito “bom” para organização didático -pedagógica, “muito bom” para a
qualificação do corpo docente e “bom” para as instalações. O resultado foi devido
principalmente à infra -estrutura geral da UFV e da titulação dos professores de outros
departamentos que ministram para a Comunicação Social disciplinas introdutórias e não da
área, como Economia, Filosofia e Psicologia, entre outras.
5.4 Jornal Estado de Minas
Fundado em 7 de março de 1928, pelos jornalistas mineiros Juscelino Barbosa, Álvaro
Mendes Pimentel e Pedro Aleixo, após adquirirem o patrimônio do Diário da Manhã. U m ano
depois o jornal Estado de Minas (EM) foi comprado por Assis Chateaubriand e incorporado
aos Diários Associados. Nes sa época, formato tablóide, 12 páginas e tiragem de cinco mil
exemplares. O EM ainda pertence ao Condomínio Diários Associados. Ao morrer,
Chateaubriand legou a seus funcionários a herança dos jornais, emissoras de Rádio e
Televisão espalhados por todo o país. Em uma fórmula pouco usual para os padrões
brasileiros, em que as empresas de mídia são controladas pelas famílias, nos Diários
Associados a presidência é exercida em forma de rodízio e por eleição entre seus condôminos.
Os controladores são sócios -cotistas, com participação na gestão e nos lucros, segundo
Magalhães (2005).
Mais antigo entre os principais jornais do Estado, o EM se autodenomina “o grande
jornal dos mineiros” e se caracteriza por uma linha editorial conservadora, de defesa dos
interesses do Estado e de seus governadores. Por ter permanecido desde os anos de 1940
como líder inconteste entre os demais jornais mineiros (entre 1970 e 1988 foi praticamente o
único diário de circulação estadual), o EM acabou se consolidando como a principal
109
referência de leitura sobre notícias de Minas Gerais.
França afirma que a trajetória do EM seja marcada pelo enraizamento territorial e pela
busca do vínculo com o “sentimento mineiro”. Para França, desde sua fundação houve a
preocupação de marcar a identidade como jornal comprometido com os interesses do
Estado” (FRANÇA, 1998, p.108). A autora acrescenta que o EM sempre mirou em princípios
morais e em valores conservadores e tradicionais, talvez um espelho da sociedade mineira,
permeando a política editorial e a linguagem. No entanto, vários autores relatam históricas
relações de troca de favores do Estado de Minas com grupos do poder econômico e político
que se revezaram ao longo das últimas décadas no Palácio da Liberdade, sede do Governo
estadual (FRANÇA, 1998; CARRATO, 1997; OLIVEIRA, 1996).
Em 2006, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais protestou
formalmente contra o que denominou controle da informação por parte do Palácio da
Liberdade e denunciou o EM, entre outros veículos, como cúmp lice do cerceamento à
liberdade de imprensa patrocinado por setores empresariais do Estado e pelo governo estadual
e que negou as acusações
52
.
Nas últimas décadas, o úni co momento duradouro de rompimento com o chefe do
Executivo estadual foi na década de 1980 com o então governador Newton Cardoso em
função de receitas publicitárias. Pela primeira vez, o EM partiu para forte oposição à
administração e, em revide, Newton Cardoso criou o jornal Hoje em Dia para se defender dos
ataques do EM, naquela época o único diário com circulação estadual (CARRATO, 1997).
O Hoje em Dia iniciou sua circulação em 11 de novembro de 1988 com um projeto
gráfico e editorial moderno e inspirado no estadunidense USA Today. Três anos depois, fora
do Palácio da Liberdade, Newto n Cardoso vendeu seu jornal para a Igreja Universal do Reino
de Deus, a quem ainda pertence.
O EM desencadeou a criação de outro concorrente também após atritos políticos,
quando publicou uma série de reportagens acusando o empresário e deputado federal V itório
Medioli de negócios irregulares e insinuando ligações criminosas (CARRATO, 1997). Em
dezembro de 1996 nascia O Tempo. Com um moderno parque gráfico, Medioli edita ainda o
Pampulha, semanário de distribuição gratuita, e o Super Notícias, tablóide p opular líder nesse
segmento em Minas Gerais.
Entre os quality papers, o EM é o periódico de maior tiragem no Estado. É também o
de melhor estrutura, com 174 jornalistas trabalhando em 2006. Em 2007, os três principais
52
Palácio contra a Liberdade’, Jornal Pauta, 8 de julho de 2004.
110
jornais mineiros não disponibilizavam tiragens auditadas pelo Instituto Verificador de
Circulação (IVC). A tiragem média diária do EM é de 75 mil exemplares durante os dias de
semana e 120 mil aos domingos, dos quais 65% circulam na Grande BH, 33% em 702 cidades
do interior do Estado
53
e 2% para outras localidades. São Paulo tem média diária de assinatura
de 39 exemplares e 124 exemplares de venda avulsa; Rio de Janeiro tem média diária de
assinatura de 36 exemplares e 34 de venda avulsa; e Distrito Federal tem dia diária 71
exemplares de assinatura e 98 avulsos. A tiragem dia mensal do Hoje em Dia é de 71 mil
exemplares (ESPÍRITO SANTO, 2006).
Com formato standard (32 cm de largura por 56 cm de altura), o EM se apresenta
graficamente com as editorias Política, Nacional, Internacional, Ger ais (assuntos locais e do
interior), Opinião, Cultura, Economia, Agropecuário, Esportes, Classificados e os cadernos
semanais Veículos, Feminino & Masculino, Informática, Lugares/Turismo, Televisão,
Divirta-se, Pensar, Gurilândia, Bem Viver e, eventualmen te, com cadernos especiais. Segundo
França (1998), o Estado de Minas é um jornal de informações gerais que
abre espaço para as informações de cunho mais sensacionalista, para crônicas,
comentários. Jornal eclético, ele aborda também a especialização e se aproxima
assim, em alguns aspectos, da imprensa semanal, o que, ali ás, é compatível com
seu leitorado e com o tipo de leitura feita com predominância da leitura aos
domingos (FRANÇA, 1998, p.129).
De acordo com Espírito -Santo (2006), este é o perfil dos leitores do Estado de Minas:
Sexo: 48% dos leitores são homens, 52% mulheres;
Classe social: 28% pertencem à classe social A, 40% à classe B, 26% à classe C e
7% às classes D e E;
Faixa etária: 11% têm entre 15/19 anos, 30% entre 20/29 anos, 20% entre 30/ 39
anos, 18% entre 40/49 anos e 22% acima de 50 anos;
Grau de instrução: 7% têm primário incompleto /completo, 11% ginasial
incompleto/completo, 43% colegial incompleto/completo e 39% superior
incompleto/completo.
Renda familiar mensal: 30% até cinco salári os mínimos, 22% de cinco a dez SM,
14% de dez a 20 SM, 6% de 20 a 30 SM e 6% acima de 30 SM; 27% não
declararam a renda.
Como se pelo perfil dos leitores, o EM é um jornal que atende às camadas sociais
mais elitistas do Estado. Nes se segmento, continua a ocupar o primeiro lugar em tiragem em
53
Minas Gerais tem 853 municípios.
111
Minas Gerais, perdendo apenas para o SuperNotícia, do grupo Sempre Editora
54
. O grupo que
edita o EM é uma empresa financeiramente sólida, com cerca de 1.500 funcionários no
Estado, e da qual fazem parte os jornais Estado de Minas, Diário da Tarde e Aqui , a Rádio
Guarani e as TV’s Alterosa (retransmissora do Sistema Brasileiro de Televisão), Minas Sul,
Tiradentes, Divinópolis, a Alterosa Cine Vídeo e o provedor de acesso à internet UAI. Em
todo o Brasil, o grupo Di ários Associados é composto, segundo Espírito -Santo (2006), “por
doze jornais, sete emissoras de Televisão, treze de Rádio, três provedores de acesso à Internet,
uma produtora de cine e vídeo, uma empresa de informática, uma agência de notícias, uma
fundação, um teatro, que empregam quase sete mil profissionais”. Tendo contextualizado o
cenário de nosso estudo, discutiremos no próximo capítulo o papel ativo do leitor.
54
A circulação diária dia do EM (que não divulga sua tiragem) em 2004 foi 75 mil exemplares, segundo Magalhães
(2005) enquanto que o Supernotícia circulou em junho de 2008 com 298 mil cópias drias emdia (Folha de São Paulo,
10 agosto de 2008; disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/dinheiro/fi1008200824.htm >
112
6 MORADORES E ESTUDANTES EM GERAL
Nos capítulos seis e sete apres entamos os passos metodológicos que adotamos para o
estudo de caso de comportamento informacional e o experimento de evocação de notícias
junto aos moradores, estudantes de diversos cursos de graduação e estudantes de
Comunicação Social da Universidade Fed eral de Viçosa. Explicitamos as técnicas e
instrumentos de coleta de dados, discutimos brevemente os instrumentos e métodos de análise
e descrevemos e analisamos os dados obtidos.
Alguns autores sugerem a realização de pré -teste ou piloto a fim de verific ar as
entrevistas, roteiros e confirmar perguntas com o objetivo de verificar a eficiência das
técnicas. Partindo dos pressupostos discutidos nos capítulos anteriores e a fim de testar as
hipóteses formuladas em nossa pesquisa de doutoramento, realizamos a checagem dos
instrumentos para o mapeamento informacional com a coleta de dados e o experimento de
leitura com moradores e estudantes de Viçosa durante o primeiro semestre de 2007 .
A unidade da amostra acidental
55
foi dividida entre “moradores” e “estudan tes”, sendo
os primeiros formados por não estudantes residentes na cidade e sem vínculos com a UFV e
os demais por estudantes de graduação de vários cursos da UFV. Excetuamos os alunos de
Comunicação Social a fim de diminuir a possibilidade dos riscos deco rrentes da coleta de
dados entre amigos, mas, principalmente, por entendermos tratar-se de leitor especializado,
diferenciando-se dos demais. Os dois grupos se submeteram ao mesmo processo. Observamos
o comportamento informacional de 40 estudantes e 40 mor adores, totalizando 80 pessoas. Na
segunda fase, não foram localizados dois moradores dentre aqueles que leram as notícias do
jornal Tribuna Livre.
Utilizamos instrumentos para coleta de dados de acordo com as etapas da pesquisa,
que compreendeu os momento s de produção, veiculação e recepção de notícias. No entanto,
como o objetivo central era observar o comportamento informacional e evocação de notícias,
centralizamos nossa pesquisa nos postulados teóricos e estudos sociocognitivos de Dervin
(1983), Dervin et al (1999) e de Van Dijk (1990; 2002), realizando adaptações necessárias ao
universo de pesquisa estudado.
55
“Amostra não-probabilística composta de elementos da população retidos unicamente em virtude de sua
presença no momento em que se tinha necessidade” (Laville & Dionne, 1999, p.331).
113
Com o objetivo de conhecer os veículos a serem objeto de experimento e dada a
inexistência de estudos sobre os jornais locais, mapeamos duas ed ições de cada publicação,
identificando categorias comunicacionais mais presentes nos jornais objeto da pesquisa. A
primeira etapa constou da caracterização do ambiente informacional dos leitores do
município.
três jornais impressos na cidade. A Folha d a Mata (FM) é o mais tradicional, tendo
sido fundado em 20 de outubro de 1963, com tiragem semanal de cerca de 4 mil exemplares,
segundo seu editor, e circula normalmente com 20 páginas em formato tablóide. O Popular
(OP) tem três anos de existência, é de distribuição gratuita, possui o formato duplo ofício e
apresenta tiragem quinzenal de 6000 exemplares, segundo seu editor. Com uma tiragem
média de 3.800 cópias, também segundo o editor, a Tribuna Livre ( TL) foi criado em 1985, e
circula com 20 páginas sem analmente. O diário Estado de Minas (EM) também foi objeto de
pesquisa por ser o jornal mais lido entre os “estrangeiros” que circulam na cidade e por trazer
eventualmente notícias de interesse regional. Partimos do pressuposto, apontado por pesquisas
realizadas por Van Dijk (1990), da inexistência de alterações no experimento em função de
se utilizar como objeto um jornal popular ou de maior qualidade.
Através da primeira incursão em campo, confirmamos a validade da técnica MQI para
a leitura, checamos a coerência e a seqüência dos itens estruturados, compreensão das
questões propostas, detectamos problemas na coleta de dados, aferimos os instrumentos de
análise quantitativa, validamos sua neutralidade e estabelecemos um banco de dados para
posterior comparação com o experimento realizado com o universo dos estudantes de
Comunicação Social. Observamos ainda o tempo utilizado para a realização do levantamento,
dificuldades e barreiras para a experiência da evocação de notícias, categorização das
respostas e comentários críticos e sugestões para o aprimoramento da pesquisa.
6.1 Metodologia
Antes de partir para os trabalhos empíricos, organizamos uma equipe de pesquisadores
composta por estudantes da disciplina Introdução ao Jornalismo. Promovemos em sala d e aula
leituras a respeito do Sense-Making e da MQI, enfatizando o caráter qualitativo do
experimento que iríamos desenvolver. Além de liderar, supervisionar e conferir o andamento
de todas as etapas do trabalho, participamos ativamente do experimento. Com o a quase
totalidade do grupo era composta por estudantes recém -chegados a Viçosa, houve necessidade
114
de conhecerem o mais rapidamente possível o objeto de estudo e o universo informacional da
cidade. Desse modo, o trabalho de campo foi organizado em quatro etapas:
(1) estudo morfológico;
(2) investigação da rotina de produção de uma notícia por intermédio da cnica de
observação
56
;
(3) identificação da linha editorial dos veículos por intermédio da análise dos textos
noticiosos e da linguagem jornalística e
(4) caracterização do comportamento informacional com aplicação de questionários
visando observar a influência do ambiente na evocação de notícias.
Para atender aos objetivos, dividimos os 40 alunos -pesquisadores em oito equipes
tendo cada uma delas n omeado um líder. Embora cada grupo tivesse sua área de trabalho,
incentivamos a participação em mais de um grupo, o que efetivamente ocorreu. Cada equipe
ficou responsável por redigir um relatório técnico de pesquisa e cinco alunos ficaram
responsáveis por acompanhar o andamento das fases anteriores, recolher e analisar
criticamente os relatórios de cada equipe, comparar dados, preencher uma tabela geral e
redigir o texto final.
Primeira fase Para classificar categorias comunicacionais, gêneros e formato s
jornalísticos utilizamos o referencial adotado pela Cátedra Unesco de Jornalismo e
Universidade Metodista de São Paulo (Seminário de Ciência da Comunicação Identidade da
Imprensa Brasileira no limiar do século XXI)(UNIVERSIDADE,__). Foram medidos em
centímetros quadrados todos os espaços destinados às categorias “Jornalismo”, “Publicidade”,
“Lazer” e Educação”. O Jornalismo foi dividido nos gêneros Informativo” e Opinativo”,
tendo cada gênero sido subdividido respectivamente nos formatos “Notícia”, “Nota”,
“Reportagem”, Entrevista”, “Serviço”, e “Artigo”, “Editorial”, “Coluna”, “Carta”, “Charge”,
“Comentário” e Crônica”. Nesta fase foram escolhidas as edições de 25 e 31 de maio de
2007 (EM), 25 de maio e de junho de 2007 ( TL), 10 e 24 de maio de 2007 (OP) e 25 de
maio e 1º de junho de 2007 (FM).
Segunda fase - A investigação da linha editorial foi realizada segundo método
comparativo entre os veículos e seguindo um roteiro de perguntas e questões previamente
preparadas. Selecionamos duas ediçõ es de cada jornal local (TL: 25 de maio e de junho de
2007; OP: 24 e 10 de maio de 2007 e FM: 25 de maio de junho de 2007) e de cada edição
56
Técnica de pesquisa pela qual o pesquisador examina sistematicamente, guiado por uma pergunta ou uma
hipótese, um acontecimento, um fenômeno ou uma situação” (Laville & Dione, 1999, p.335).
115
foram extraídas três notícias preferencialmente cujo assunto tivesse sido comum aos três
veículos, totalizando 18 matérias.
Analisamos cada uma das matérias , observando os seguintes tópicos: imparcialidade,
neutralidade, objetividade, estrutura textual, correção gramatical e respeito ao código
deontológico da profissão. Ainda dentro desta etapa, realizamos outro estudo com relação às
matérias de destaque, se as pautas contemplavam o interesse público, observamos a prática do
fotojornalismo, o discurso jornalístico, a precisão das informações, a fidelidade ao fato, a
qualidade na apuração da notícia, a profundidade do tema exposto, além da tentativa de
identificar o posicionamento político do jornal.
Terceira fase Em uma adaptação da técnica de observação, a terceira equipe
acompanhou o processo de produção noticiosa, observando neutramente a captação das
informações, o desenvolvimento e a finalização das notícias. Este mergulho” na rotina de
produção demonstrou -se de grande importância , quando foi realizado um seminário em que os
grupos se reuniram para compartilhamento de saberes antes de partirmos para a próxi ma e
principal fase, em que investigaríamos o comportamento informacional.
Quarta fase - A maior parte do grupo de alunos (equipes “4”, “5”, “6” e “7”) se
responsabilizou por pesquisar a recepção das notícias entre a população de Viçosa através da
aplicação de questionários semi -abertos. Esta última fase foi dividida em três momentos:
a) aplicação do formulário em que se buscava delinear o perfil do leitor e seu ambiente
informacional (APÊNDICE A);
b) leitura de notícias veiculadas na última edição de u m dos jornais selecionados
(ANEXO A);
c) quatro semanas depois, entrevista para investigação de evocação das citadas
notícias.
De cada jornal selecionamos quatro notícias com o seguinte escopo: temas não
coincidentes entre si, mas com variedade de editorias (Esporte, Política, Local e Educação/Ciência) ,
matérias com tamanho máximo de 2100 caracteres, assuntos locais e nacionais, notícias
recentes e preferencialmente estruturadas com lide e Pirâmide Invertida e, quando possível, que
tivesse sido publicada em mais de um jornal. Assim, foram selecionadas as seguintes notícias
(ANEXO A):
Folha da Mata
N1: Jornalista apresenta projeto de Educação Ambiental à CMV ;
N2: Lavrador assassina enteado com um tiro no peito ;
N3: Servidores das Federais param dia 28 e
N4: Drogas em Viçosa chegam a cavalo ;
116
Tribuna Livre
N1: Contador denuncia Raimundo por Caixa 2 ;
N2: Alzheimer pode ser evitado com proteína ;
N3: Patrimônio histórico de Viçosa é tema de mostra e
N4: Conquista dupla no atletismo ;
O Popular
N1: População é contra o nepotismo ;
N2: Extinta a unidade da Receita Previdenciária de Viçosa ;
N3: Empresários estão preocupados com a insegurança pública e
N4: Novo presidente da CNBB ;
Estado de Minas
N1: Deputada processa Clodovil ;
N2: Choradeira espanhola ;
N3: Aquecimento Global deve criar um bilhão de refugiados e
N4: Gêmea sofre hemorragia .
Para cada jornal aplicamos vinte entrevistas, sendo dez estudan tes e dez moradores da
cidade. Entrevistamos os moradores nos dias 17 e 18 de maio de 2007 na rua Arthur
Bernardes, entre as praças do Rosário e Silviano Brandão, no trecho conhecido como
“Calçadão”. Com os estudantes foram realizadas no campus da UFV (nas dependências ou
próximo à Biblioteca Central e ao Restaurante Universitário, locais onde presumivelmente
haveria maior disponibilidade de tempo dos entrevistados) ou ainda em suas residências. A
amostragem foi acidental, explicando aos possíveis entrevistados o objetivo da pesquisa, o
tempo provável a ser despendido e a preservação de seu anonimato. Nes se momento era
verificado ainda se o entrevistado atendia aos pré -requisitos de seleção: que não tivessem lido
as notícias daquela edição (o que contaminaria o resultado), disponibilidade de cerca de 25
minutos e concordância em serem novamente entrevistados no s seguinte (mas o
revelamos que seria para evocação).
Metodologicamente, foram adotados os seguintes procedimentos (e nesta seqüência):
1) Preenchimento do Questionário 1 (APÊNDICE A) contendo as seguintes variáveis:
perfil do leitor, envolvimento social, autodefinição socioeconômica, bito de leitura,
credibilidade dos jornais, decodificação crítica e identificar situação” e “lacuna/necessidade
de informação”.
2) Cada entrevistado leu as matérias N1 e N2 de determinado jornal , tentando
aproximar-se ao ritmo de leitura que faria em situações rotineiras, sem marcá -las ou fazer
anotações. Imediatamente tais notícias foram recolhidas.
3) Fornecemos então as matérias N3 e N4 mas agora pedindo -se que marcassem com o
traço (/) a pis ou caneta imediatamente ap ós a leitura de uma expressão ou frase que
117
despertasse questionamento, desejo de esclarecimento, dúvidas ou quaisquer outras questões
que julgassem, a seu critério, de alguma relevância. Obedecendo à técnica Message
Questioning Interview, cada uma das marc ações deveria ser pontuada em escala de 0 (sem
importância) a 5 (muito importante), em critério de importância para o usuário (e segundo
seus próprios critérios).
4) Solicitamos que comentassem as motivações para o registro “/” de maior
pontuação. Os entrevistadores puderam optar por gravar o comentário para posterior
transcrição.
5) Após 30 dias, os entrevistados foram abordados pessoalmente ou por telefone e
indagados sobre as quatro matérias lidas no mês anterior.
Ao final de cada etapa os dados foram r eunidos e agrupados em tabelas que
compuseram um panorama , possibilitando o cruzamento dos blocos de dados que remetiam a
“ambiente informacional”, “credibilidade”, “decodificação crítica”, “envolvimento social”,
“lacuna” e “evocação” (APÊNDICE F).
6.2 Perfil dos jornais
O objetivo principal deste trabalho era mapear o ambiente informacional e a evocação
de notícias, mas antes descreveremos brevemente o perfil dos jornais. Como esperado, em
todos os jornais predomina a categoria comunicacional Jornalismo em detrimento de
“Publicidade”, “Educação” e “Lazer”, sendo que O Popular (certamente por ser gratuito e ter
entre os anúncios sua única fonte de recursos) apresentou o maior volume, com 30% da
margem impressa vindo em segundo a Folha da Mata com 14%.
O gênero Informativo prevalece sobre o Opinativo nos quatro jornais analisados, e a
Tribuna Livre apresenta a maior proporção (82,26%). Confirmamos também a hipótese de
que dentre os formatos nos quais se subdividem o gênero Informativo, o principal é a Notíc ia,
representando 43,5% do jornal Estado de Minas.
Ao mesmo tempo em que existem certas semelhanças, diferenças significativas
quanto à abordagem de assuntos públicos. Em relação aos outros dois jornais locais, na TL
percebe-se maior postura crítica na cobertura política e linguagem mais popular, enquanto que
o jornal FM tem linha editorial mais comedida, buscando um pouco mais de profundidade e
contextualização. Em OP, inteiramente produzido por um jornalista apenas, pouca
presença de material própr io, que se estruture em torno de releases e artigos opinativos.
118
Os proprietários são também os editores e exercem controle direto sobre a pauta e
sobre o fluxo de notícias publicadas. Os três jornais utilizam uma estrutura semelhante no
âmbito do tratamento e disposição de notícias, sendo essas curtas e restritas, não havendo uma
ampliação do assunto com pesquisa e reportagem, por exemplo.
6.3 Ambiente informacional
Em relação à leitura de mídia impressa preferida pelos entrevistados não houve
grandes preferências mas pôde-se observar uma leve predominância para os jornais locais por
parte dos moradores e, pelos estudantes, a citação dos jornais Folha de São Paulo e Estado de
Minas e entre as revistas nenhuma se destacou, tendo sido citadas a Veja, Supe r Interessante e
Isto É, entre outras.
Os estudantes assistem um pouco mais a telenoticiários que os moradores e a
Televisão e o Rádio são mais utilizados para entretenimento do que Jornalismo. Não houve
entre os entrevistados quem citasse espontaneamente e com acerto algum programa
jornalístico em rádio viçosense, o que atenta para a precariedade des sa importante ferramenta
de comunicação jornalística na cidade.
Comprovou-se que os estudantes têm maior acesso e tempo de uso da mídia Internet
enquanto que a relação se inverte quando perguntados sobre audiência a emissoras de Rádio e
Televisão. No webjornalismo predo minaram os sítios UOL e Globo.com e no entretenimento
na Internet foram citados Orkut, MSN e Youtube. Entre os estudantes a principal justificativa
para não assistirem a programas de Rádio ou lerem jornais foi “falta de tempo” , enquanto que
os moradores debitaram à falta de recursos financeiros e de acesso à Internet.
O questionário revelou ser alta a credibilidade que os usuários depositam nos jornais.
Na escala de “1” (“totalmente desacreditado”) ao máximo de 5”(“confio plenamente”),
predominaram 3 (“confio às vezes”) e 4 (“confio quase sempre”). Quando perguntados sobre
a qualidade dos jornais impressos e on line que efetivamente lêem, predom inou a avaliação
entre “razoável” e “excelente” tanto da qualidade quanto da quantidade nos dois veículos e
nos dois grupos de leitores. Es se resultado, que se repetirá no estudo com estudantes de
Comunicação Social, demonstrou, de maneira geral, ser baixa a decodificação crítica do
material jornalístico consumido pelos dois grupos.
Considerando a estrutura socioeconômica do país, a quase totalidade dos entrevistados
julga-se prejudicada” pelo sistema econômico (cerca de 80% entre os leitores dos quatro
jornais). Pode-se notar, entretanto, que entre os poucos que se vêem como “favorecidos” pelo
119
sistema econômico, a maior parcela está situada entre os estudantes, provavelmente por
cursarem ensino público superior. Os pesquisadores detectaram dificuldade dos entrevistados
em assumir uma das opções sendo que vários reclamaram da inexistência de uma opção
intermediária. A maior dificuldade encontrou -se entre os moradores de menor recurso
econômico, o que nos permitiu manter a pergunta tal como foi elaborada para a pesquisa de
campo posterior.
Entre os dois grupos houve grande destaque para envolvimento em igrejas e
movimentos religiosos , enquanto que os menos citados foram agremiação política”,
“sindicato” e associações de classe”. Prevaleceu ainda o interess e declarado por artes e
cultura sendo que entre os moradores pôde-se ainda destacar a preferência por assuntos locais.
Embora tenha sido explicada, alguns usuários não entenderam exatamente es sa questão, o que
nos levou a excluir a segunda parte deste bloc o (“enumere, em ordem crescente, os assuntos
que você efetivamente lê”) para a investigação seguinte.
6.4 Comportamento informacional e evocação de notícias
Estávamos cientes de que o estudo piloto e de natureza qualitativa teria como principal
objetivo a aferição do método de coleta de dados, inteligibilidade das perguntas contidas no
questionário, a confirmação das variáveis , visando à pesquisa doutoral, mas também atenderia
a eventuais comparações com o próximo universo a ser submetido a semelhante e xperimento.
Dada a pouca existência de pesquisas com semelhante escopo, preparamo -nos para o
surgimento de dados que à primeira vista pareceriam pouco consistentes ou mesmo
surpreendentes. Entendíamos que as entrevistas e a leitura dos textos , visando à análise de
comportamento informacional trariam, mais que resultados, indícios e pistas a serem
perseguidas em experimentos futuros.
No entanto, pudemos confirmar alguns dos pressupostos resultantes de pesquisas
realizadas por Dervin e Van Dijk. De uma maneira geral, pode-se afirmar a partir dos
resultados obtidos, haver uma leve predominância na qualidade de evocação entre os leitores
que têm maior variedade de fontes (como o webjornalismo) e amplo volume de informações
de conteúdo jornalístico. Por outro lado, é baixa a qualidade da evocação das notícias. A
quase totalidade dos entrevistados lembrou -se vagamente do assunto tratado nas notícias lidas
no mês anterior e dentre es ses a maioria recordou-se apenas de alguns elementos do lide,
principalmente do fato em si, de “o quê”, ao contrário dos experimentos realizados por Van
Dijk (1990), que apontaram “quem” e “onde” como elementos melhor evocados. Quando
120
insistíamos na pergunta, os usuários se esforçavam para lembrar ao menos o assunto da
notícia e, muitas vezes, incorreram em erros.
Comprovamos ainda a existência de estreita relação entre qualidade de evocação e
leitura com marcação de texto. Em todos os quatro jornais analisados e entre os dois grupos
de leitores prevaleceu melhor recordação dentre aqu elas notícias marcadas com o traço “/”
mesmo entre leitores que sequer comentaram aquela marcação de maior pontuação. O
comentário posterior a respeito de algum aspecto intrínseco da notícia reforça a formação de
opinião e atualização de superestrutura, fa vorecendo a evocação no mês seguinte. Nes se caso,
o comentário interfere na pesquisa sobre os elementos do lide evocados e o consideramos
necessário para objetivar lacunas, pontes e necessidade e informação.
A variável hábito de leitura” foi central para esta pesquisa (remete à importância da
leitura para a formação do futuro profissional de comunicação) , mas não houve resposta
conclusiva, pois ocorreu grande variedade nas respostas entre os leitores dos quatro jornais
assim como entre os dois universos p esquisados (moradores e estudantes). Entendemos que a
falha possa estar localizada na autenticidade da resposta, ou seja, as pessoas têm
constrangimento de declararem pouco hábito de leitura, como incultas ou desinformadas
que a prática da leitura est eja socialmente associada à sofisticação cultural. Alguns
entrevistados afirmaram ler duas vezes por semana um jornal que, na realidade, é semanal,
como o estudante HJS. É razoável supor que, se estudantes de cursos diversos e moradores de
Viçosa constrangeram-se a admitir pouco hábito de leitura, também haveria no experimento
com estudantes de Comunicação Social.
Chegamos a um impasse. Se a identificação do usuário constrange a resposta, por
outro lado é necessária para o posterior cruzamento entre a qualida de evocativa de
determinado leitor e seu perfil de decodificação, hábito de leitura, envolvimento social e
credibilidade. Desse modo, nos restaria a aposta de que seriam sensibilizados pela
importância da sinceridade nas respostas para o avanço nos estudos da área, para o curso na
UFV, além de reforçar a garantia do anonimato. Decidimos então utilizar apenas o número da
matrícula para as fases seguintes da pesquisa.
6.5 Resultados
De uma maneira geral, registramos leve predominância dos estudantes qua nto à
quantidade de evocação , pois, segundo a teoria sociocognitiva, melhor educação e variedade
de fontes influem positivamente. Outra explicação é o hábito de leitura de textos
121
metalingüísticos e o ambiente de leitura em que o estudante est eja inserido, favorecendo a
assimilação e acúmulo de informações a respeito de determinados assuntos objeto de
reportagem, como “Jornalista apresenta projeto de Educação Ambiental à CMV”, “Alzheimer
pode ser evitado com proteína”, “Patrimônio histórico de Viçosa é tema de mostra”,
“Aquecimento Global deve criar um bilhão de refugiados” e “Gêmea sofre hemorragia”
(ANEXO A).
“Webjornalismo” - O experimento demonstrou haver uma ligeira vantagem para
evocação de notícias entre aqueles usuários que têm hábito de ler jornais n a Internet. No
entanto, esse resultado deve ser melhor explorado a fim de detectarmos se a qualidade da
evocação o estaria mais (ou também) relacionada a outros fatores como poder aquisitivo e
padrão cultural.
“Rádio” - Assim como nos itens anteriores, n ão podemos afirmar definitivamente
haver influência entre audiência a programas de Rádio e evocação de notícias.
“Televisão” Dentre o grupo que leu as notícias do jornal TL: quanto mais tempo o
receptor despende com audiência televisiva, menor foi a evo cação de notícias lidas . Entre os
que usuários que foram submetidos à leitura do jornal OP, tiveram pior desempenho
evocativo aqueles que despendem mais tempo assistindo a programas de entretenimento . No
entanto, para os demais usuá rios e mídias não houve alterações com a introdução des sa
variável.
“Assuntos preferidos” - Entre os moradores, os que mais se lembraram corretamente
das notícias lidas no mês anterior foram aqueles que haviam declarado preferir assuntos como
artes e cultura e esportes, enquanto os estudantes que tiveram melhor desempenho foram os
que preferem assuntos locais. A matéria marcada através de MQI melhor evocada pelos
estudantes foi a que se referia à greve dos servidores da UFV enquanto a que tratava de
projeto ambiental se destacou e ntre as apenas lidas aleatoriamente. Nes se caso, o resultado
demonstra que quanto maior o nível de interesse direto do leitor , maiores as chances de
evocação, pois, exemplificando, a paralisação dos servidores (F M, N3) significa
funcionamento parcial da b iblioteca, restaurantes, laboratórios, etc. No segundo caso, alguns
conheciam pessoalmente o autor do projeto ambiental, o jornalista viçosense Geraldo
Andrade.
“Autodefinição socioeconômica” A pesquisa piloto não detectou significativas
mudanças na qualidade de evocação entre os dois grupos pesquisados quando introduzida a
variável.
122
“Credibilidade e qualidade” Apenas entre os entrevistados que leram as matérias
publicadas na TL houve alteração no resultado quando do cruzamento das lembranças com as
variáveis credibilidade e qualidade do noticiário. Nes ses casos, os usuários que declararam ter
maiores restrições à credibilidade dos jornais e os mais insatisfeitos com a qualidade do
Jornalismo foram exatamente os que melhor evocaram as notícias lidas no mês anterior. Entre
os usuários que leram notícias dos outros três jornais a pesquisa não apontou diferença
significativa.
“Erros de informação” Quando estimulados a se lembrarem livremente das notícias,
foram verificados erros de informação e outras fo ram acrescentadas ao material original. Em
ambas as situações, o maior número e maior gravidade de equívocos fo ram cometidos por
moradores e entre os usuários que apenas leram as notícias, sem marcá -las. O “quem” foi o
elemento do lide mais sujeito a erros , com freqüente troca do sujeito da ação.
“Elementos do lide” - Entre os seis elementos do lide (quem, quando, onde, o quê,
porquê e como), o o quê” foi o mais lembrado pelos leitores dos quatro jornais, tanto entre
aqueles que leram espontaneamente as n otícias quanto os que marcaram o texto através da
técnica MQI. O “onde” também teve destaque provavelmente devido ao fato de 62% das
notícias se remeterem a Viçosa.
Os leitores da Folha da Mata que marcaram o jornal conseguiram recordar além de “o
quê” do lide a narração do acontecimento (como), as motivações des se (por que) e o espaço
temporal estabelecido (quando) . Os leitores da Tribuna Livre que marcaram os textos, além de
“o que” e “onde”, ampliaram a recordação com o elemento “por quê” enquanto os le itores
que marcaram O Popular recordaram -se onde”, “quem” e “como”. as duas formas de
leitura de o Estado de Minas não apontaram diferenças. Assim como os estudos de Van Dijk,
não houve divergências significativas entre os três jornais e o EM em funçã o das propostas
editoriais. Como resultado geral, parece haver indícios de que algumas diferenças de
recordação entre os elementos do lide possam estar ligadas mais ao conteúdo das notícias que
ao título.
O reduzido índice de evocação de notícias, mesmo e ntre aquelas lidas e marcadas
através da MQI, nos leva a considerar se a singularidade de ser abordado na rua por uma
pessoa estranha (o aluno -pesquisador) amplia ou reduz a possibilidade de registro na
memória. Por outro lado, não dimensionamos se o acomp anhamento influencia o ato de
leitura, constrangendo ou dificultando a compreensão do texto. No entanto, como esta
pesquisa objetivou estabelecer padrões de evocação na comparação entre pares, es se ponto (a
presença do pesquisador ao lado do entrevistado) torna-se, a nosso ver, pouco relevante e
123
estão suficientemente presumíveis em pesquisas que tenta ram reproduzir situações e coleta de
dados em laboratório.
A análise preliminar dos textos publicados pelos jornais de Viçosa revela que a
abertura das notícias dos jornais locais não obedece a esquemas rígidos, sem a presença de
todos os elementos do lide no primeiro e/ou segundo parágrafo ou a estrutura da Pirâmide
Invertida, levando à evocação de informações importantes , mas na parte final do texto.
Alguns leitores reclamaram que a qualidade do texto jornalístico os levariam à dispersão,
como a estudante E.K.O.: “a (notícia) do esporte foi a mais chata!”.
A reportagem sobre a abertura de uma mostra na Casa de Arthur Bernardes, por
exemplo, foi pouco lembra da pela maioria dos leitores, mesmo que tivessem declarado
apreciar matérias relacionadas à arte e à cultura. A matéria anuncia a abertura da “Mostra do
Patrimônio Público Edificado de Viçosa” , mas não informa em que consiste exatamente, se
painéis, maquetes, textos ou fotos, prejudicando a evocação(ANEXO A). Neste sentido,
uma diferença entre as investigações realizadas em jornais europeus (VAN DIJK, 1990) e
estadunidenses (DERVIN, 2001), mostrando que o uso do lide favorece a evocação, o que nos
obriga a maior rigor quanto à presença de todos os elementos do lide para futuros
experimentos, utilizando a mesma técnica. Des sa forma, são admissíveis pequenas mudanças
no resultado caso moradores e estudantes estivessem familiarizados com a estrutura rígida de
lide, segundo os vários experimentos anteriormente realizados.
A pesquisa piloto comprovou outros postulados de Van Dijk e Dervin, como relação
entre leitura desinteressada e leitura com marcação MQI , que o leitor com melhor formação
evoca com maior quantidade e precisão. Des se modo, podemos inferir com algum grau de
certeza a existência de relação entre a capacidade de rememoração das notícias e o ambiente
informacional tanto dos estudantes quanto dos moradores.
O tempo despendido na aplicação d os questionários (cerca de 35 minutos, quando se
previa 20) levou alguns entrevistados (basicamente moradores) a demonstrarem visível
cansaço, quando do momento de leitura das quatro notícias, mesmo porque alguns estavam na
rua ou em seu local de trabalho.
Quanto à escolha das matérias a serem lidas, além da presença do lide clássico, sugere -
se uniformidade de assunto, grau de polêmica e de características entre as notícias,
diminuindo-se assim a possibilidade de que interferências de questões intrínsecas nas matérias
(como o “o quê” do fato em si) predominem sobre as variáveis pesquisadas (envolvimento
social, credibilidade dos jornais e hábito de leitura). Em algumas situações, percebemos que a
opinião do entrevistado sobre determinada notícia lida no mês anter ior pode ter sobrepujado
124
os próprios elementos intrínsecos do fato. O conhecimento prévio a respeito do assunto
também interferiu nas respostas, levando o usuário a acrescentar informações não constantes
na leitura original.
Observamos que para o experimento real, seria necessário aprimorar as técnicas de
abordagem dos entrevistados , levando-os a uma postura cooperativa, retirar algumas
perguntas que se mostraram ineficazes e refazer outras para que se configurassem mais
“neutras”, rever alguns procediment os e reformular questões dos formulários, dentre as quais
destacamos:
1) Moradores e estudantes tiveram dificuldade em mensurar o tempo total gasto com
audiência midiática, o que nos remete à necessidade de reformular a questão, retirando o item
“freqüência” e substituindo “minutos” por “__horas e _ minutos” logo adiante ao nome dos
programas citados.
2) Avaliar a permanência de “igrejas, entidades religiosas” dentre as opções de grau de
interesse e participação social posto que es se item demonstrou ser o de maior pontuação e,
portanto, deixa de representar um diferencial entre o grupo; acrescentar a opção “agremiações
esportivas”.
3) O item “local de moradia” não produziu alterações quanto à evocação.
4) A qualidade de impressão e valor jornalístico das fotos publicadas ao lado das
notícias podem ter interferido em algumas evocações.
5) Como ocorre em pesquisas de investigação comportamental, torna-se necessária a
atenção para as respostas a fim de se questionar em algumas contradições, como o ocorrido
com “AR”, estudante de Engenharia Ambiental. Ele declarou não ler absolutamente jornais ou
revistas impressas, mas avaliou como “excelente” a quantidade e “ra zoável” a qualidade das
mesmas.
6) Reunir em um item, facilitando a resposta, a questão relativa à cred ibilidade e
decodificação crítica (blocos 3 e 4); questionar apenas a avaliação do Jornalismo em geral (1)
e do jornal específico objeto de análise (2).
Avaliamos que maior homogeneidade intragrupal, como o universo composto apenas
por estudantes de Comuni cação Social, favorece ria a comparação de resultados decorrentes da
introdução das variáveis definidas.
Consideramos que afalta de tempo” como justificativa para a baixa leitura de jornais
é indicativa para futuras pesquisas qualitativas a fim de desven dar o real motivo do
desinteresse. Nos parece que a resposta estaria localizada entre a qualidade do Jornalismo
praticado nessas mídias, principalmente o jornalismo local, e a motivação do usuário para
125
notícias “sérias” pois vários entre aqueles que justif icaram por “falta de tempo” registraram
que despendem algumas horas por dia em audiência a programas de entretenimento na mídia
eletrônica.
No próximo capítulo, descreveremos e analisaremos os dados específicos referentes
aos estudantes de Comunicação Soci al.
126
7 ESTUDANTES DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
A pesquisa de campo foi desenvolvida nos meses de outubro a dezembro de 2007,
intercaladas em três fases, com todas as entrevistas sendo transcritas e compondo um banco
de dados cujo conteúdo foi analisado no final de cada etapa. Identificamos os pontos
substantivos e os colocamos em exaustivas categorias ou temas criados, cobrindo todo o
conteúdo, classificando e interpretando os enunciados. Nos questionários abertos e n as
sessões de Grupo Focal utilizamos o Sense-Making e a proposta de Van Dijk (2002, p. 131),
que conclui existirem quatro regras básicas sobre os tópicos: não apenas um tópico ou
sumário possível de um texto, mas vários”, os tópicos que atribuímos a um texto ou resumo
que deles fazemos podem ser subjetivos”, “parte dos tópicos que inferimos desse texto (ou
atribuímos a ele) estão formulados no próprio texto” e “os tópicos são tipicamente obtidos
‘deixando de lado’ os detalhes do texto”.
O resultado do teste pilo to apresentado no Capítulo 6 e outras pesquisas comprovam
premissas teóricas de que a interpretação seja aberta, subjetiva e nos indicam que os temas e
supertemas possam variar entre a audiência , mesmo a ela tendo sido exibidas as mesmas
notícias de cada um dos grupos. Após cumprir todas as etapas de coleta de dados
promovemos a análise quantitativa e qualitativa das entrevistas.
7.1 Variáveis
Orientados pelo Sense-Making, pretendíamos compreender o comportamento
informacional dos estudantes de Comunicação Social da UFV, identificando as características
do consumo em seu ambiente informacional e posteriormente os padrões de evocação des sas
notícias. A operacionalização e a análise destas variáveis foram pautadas pela identificação
dos seguintes aspectos re ferentes ao usuário:
1. Caracterização de perfil de envolvimento social
2. Autoclassificação do usuário/família quanto à estrutura sócio -econômica
3. Quantificação de consumo de noticiário
4. Preferências de leitura, segundo diversas mídias
5. Avaliação quanto à credi bilidade dos jornais
127
6. Objetivos do consumo de notícias
7. Situação/contexto específico de consumo (geral da graduação)
8. Lacuna/Necessidade de informação (específico durante a leitura)
9. Barreiras e dificuldades (compreensão de leitura)
10. Espectro das dificuldades g erais dos usuários
11. Estratégias empregadas durante o consumo
12. Características e padrões de evocação de notícias
13. Principais elementos evocados
A fim de submeter nossas hipóteses à verificação a ser procedida pela coleta de dados,
utilizamos três variáveis i ndependentes para investigar se, quando introduzidas, promove m
alterações nas características de evocação de notícias. Baseadas em metodologia s já testadas e
em resultados de pesquisas de campo ( DWORKIN ET AL., 1999; VAN DIJK, 1990 ),
utilizamos as seguintes variáveis:
1 Hábito de leitura. A carga de exposição tem sido usada largamente por pesquisas
de recepção. Usuários regulares decodificam de maneira diferente de irregulares e espera -se
dos estudantes de Comunicação Social, como leitores qualificados pe lo olhar especialista,
uma prática perscrutória analítica inerente a seu ambiente informacional.
2 Credibilidade dos jornais. H á uma relação entre a credibilidade que os usuários
depositam em determinado segmento de mídia e a expectativa de aproveitamen to das
mensagens. Aumentando a exposição à mídia, tornar -se-iam mais suscetíveis a efeitos como
agenda setting. Além de consumir e debater a fenomenologia da notícia, o estudante de
períodos iniciais já tem contato com a produção de notícias e desfaz certo s mitos como
imparcialidade e neutralidade jornalística, contribuindo assim para um olhar diferenciado
sobre o componente de veracidade das informações veiculadas.
3 Auto-avaliação socioeconômica (Vitimização social). É definid a como a
consciência do pró prio usuário de sua orientação social e política na sociedade e,
particularmente, autodescreve -se (e/ou a seus dependentes) como vítima (ou não) da estrutura
social e econômica. Es sa medida é ao mesmo tempo fenomenológica (foca na ação) e
estrutural (foca nos limites), além de permitir ao entrevistado posicionar -se como agente em
relação à estrutura, como recomendam os postulados do Sense-Making. Uma das hipóteses
deste trabalho é que o estudante de Comunicação Social socialmente envolvido promove
decodificação e evocação de notícias diferenciada s. Há certo grau de homogeneidade do
universo a ser estudado, composto por estudantes da mesma faixa etária, bitos culturais,
escolaridade, local atual de moradia e aspiração profissional, e certo equilíbrio no toc ante à
128
renda familiar, conforme descrito anteriormente. No entanto, relatos de pesquisas com
estudantes de Comunicação Social discutidos no Capítulo 3 apontaram que o principal fator
para a decodificação crítica é como o leitor se percebe no mundo e não a filiação a critérios
sociodemográficos. Es sa seria a explicação para o fato de usuários com perfis idênticos
utilizarem de maneira diversa a mesma mensagem jornalística, influindo em sua formação
profissional. Não é por outro motivo que a variável vítima s ocial se torne uma classificação
absolutamente subjetiva e dev a ser entregue ao próprio usuário, segundo Dworkin et al.
(1999).
4 Decodificação crítica. Elevados indícios materiais quantitativos (número de
automóveis, casa própria, etc) e característica s objetivas socioculturais (renda familiar, nível
de escolaridade dos pais, etc) não asseguram que determinado estudante se perceba como
membro da elite econômica. Do mesmo modo, ainda que se veja como membro des sa elite,
esse usuário pode atuar na socieda de e refletir criticamente sobre as notícias que l eia. Nas
pesquisas desenvolvidas por Van Dijk (1990), que pretendemos testar no presente universo de
estudo, descobriu-se que estudantes com nível de decodificação mais crítica obtiveram
maiores índices de evocação de notícias.
As variáveis de hábito de leitura, credibilidade dos jornais e autodefinição
socioeconômica foram isoladas na primeira fase de levantamento de dados, quando aplicamos
questionário semi-aberto. A variável decodificação crítica foi des cortinada nas duas fases,
tendo sido na primeira a avaliação objetiva das mídias segundo critérios de qualidade e
credibilidade e na segunda fase, quando pedimos que marcassem e comentassem as notícias
lidas.
7.2 Primeira etapa
Em outubro de 2007 realiz amos a primeira etapa com a participação voluntária de 114
dos 160 alunos regularmente matriculados no curso de Comunicação Social /Jornalismo por
intermédio de uma adaptação da amostra probabilística, em que todos os elementos daquela
população têm chance real e conhecida de serem selecionados, o que permite algum grau de
generalização dos resultados (Laville & Dionne, 1999). O formulário mapeou o ambiente
informacional e o perfil do aluno , contendo itens em que o entrevistado se autodefiniu como
envolvido socialmente ou não, hábito de leitura e credibilidade em jornais (APÊNDICE B).
Com aplicação de questionário semi -aberto, esta primeira abordagem (outubro de
2007) identificou hábito de leitura, credibilidade dos jornais, situação e lacuna/necessidade de
129
informação. Optamos por não recorrer a um auxiliar de pesquisa porque pretendíamos
observar todos os momentos do experimento, as indagações e dúvidas, comentários, etc,
podendo assim registrar observações que julg ássemos pertinentes. Posteriormente realizamos
o experimento de leitura de quatro notícias. Na terceira fase a investigação da ca racterística de
uso e evocação.
Dervin (1983) sugere q ue o sucesso da prática consista ainda em que o entrevistado
sinta que algo de útil lhe será proporcionado e que as questões a serem formuladas
reproduzam um real interesse em ouvir o usuário. A fim de diminuir eventuais predisposições
e direcionamentos em relação ao resultado do levantamento, os estudantes foram informados
tratar-se de investigação sobre leitura e uso de informação, dentro do programa de
doutoramento do autor e que as respostas às hipóteses iniciais ser iam reveladas após a coleta
de dados, garantindo -se ainda o anonimato. Antes de cada fase informamos o objetivo
principal e tempo estimado para aquele e xperimento.
O instrumento utilizado para a coleta de dados nesta primeira fase foi o questionário
com questões abertas e fechadas. Os itens que abordam critérios de dimensão avaliativa
vinculadas às variáveis hábito de leitura, credibilidade de notícias e envolvimento social são
fechados e alguns foram ordenados em escalas de graduação de 0 (nenhuma) a 5 (total). A
seguir, a descrição dos blocos de perguntas.
Bloco 1 Visa identificar o universo de pesquisa para posterior seleção e recrutamento que
formarão os grupos Testemunha e Experimental. Por intermédio do número de matrícula,
tem-se acesso a outros dados do usuário, como cidade de origem, renda familiar, que tipo de
escola de segundo grau freqüentou, etc. São três itens abertos e um fechado.
Bloco 2 Objetiva mapear e caracterizar o ambiente informacional, apontando a exposição do
usuário à mídia em geral, e o consumo de noticiário, em particular. Atende à identificação do
estudante segundo a variável “hábito de leitura” para posterior recrutamento. É composto por
nove itens abertos e três fechados
Bloco 3 Solicita-se ao estudante que avalie a credibilidade dos jornais e revistas que
efetivamente lê, seja na versão impressa ou na Internet. Objetiva-se ainda identificar
estudante para posterior rec rutamento segundo variável “decodificação crítica”. São duas
questões abertas.
Bloco 4 Pede-se ao usuário para avaliar o noticiário que lê em relação à qualidade e
quantidade do noticiário. Objetivamos que haja uma clara diferenciação entre o bloco
anterior, “credibilidade” (vinculada à verossimilhança dos fatos narrados pelo jornal), e
“qualidade” do jornal (que extrapola, podendo estar associada ao primor lingüístico, ao
volume de informações, à extensão das temáticas tratadas, entre outras característ icas). Duas
questões fechadas.
130
Bloco 5 Permite ao usuário sua livre autoclassificação perante a estrutura sócio -econômica
brasileira pois, como já discutimos na revisão de literatura, é a maneira como o ponto de vista
a partir do qual o usuário se no mundo tem maior influência no consumo de noticiário do
que critérios objetivos como renda familiar, escolaridade, etc. Objetiva -se ainda posterior
recrutamento do usuário. São dois itens fechados.
Bloco 6 Pretende-se identificar lacuna/necessidade de i nformação do usuário para delinear
seu perfil e posterior seleção dos artigos a serem utilizados na próxima etapa da coleta de
dados e segundo suas preferências de leitura. É formado por um item fechado.
Bloco 7 Proporciona espaço para outras consideraç ões do usuário e avaliação do
instrumento de pesquisa. Uma questão aberta.
7.3 Segunda etapa
Para a segunda etapa descortinamos “Decodificação crítica” e confirmamos perfis de
autodefinição social. As sessões foram realizadas em uma segunda -feira. com o intuito de
diminuir interferências de assistência a noticiário da noite anterior (os telejornais não são
veiculados aos domingos). Ao optar por acontecimentos ocorridos em Minas Gerais
reduzimos ainda mais a interferência na interpretação de notícias dos telejornais de maior
audiência, como o Jornal Nacional da TV Globo, além de delimitar geograficamente a
proximidade dos assuntos reportados com o estado de origem da maioria dos estudantes da
UFV, exatamente um dos critérios de noticiabilidade.
O procedimento foi a técnica de “Entrevista com Marcadores (MQI)” e Grupo Focal.
Selecionamos dentre as reportagens publicadas naquela edição do jornal Estado de Minas
quatro notícias de cunho regional que se encaixassem em:
(1)assuntos de interesse dos estudantes;
(2)estrutura narrativa clássica com lide e Pirâmide Invertida;
(3)textos informativos, objetivos e que despertem interesse pela leitura;
(4)textos que contenham valores -notícia claramente identificáveis;
(5)extensão de uma lauda jornalística (1500 car acteres aproximadamente).
Os experimentos de Van Dijk, nos quais apoiamos nossas hipóteses, foram realizados
majoritariamente a partir de fatos políticos, e por isto ao menos uma notícia de nosso
experimento teve tal escopo, enquanto que as demais atenderam a interesses de leitura aos
leitores registradas na primeira fase da coleta de dados.
As quatro matérias foram separadas em dois blocos a fim de identificar, na fase
seguinte, se haveria alterações na evocação de informações em reportagens que foram ob jeto
131
de marcação com a técnica do Message Questioning Interview (N1 e N2) em relação àquelas
outras duas em que foi feita uma simples leitura (N3 e N4).
Entre as características preconizadas por Sousa (2002), quando investiga a construção
da notícia, prevaleceu a ação pessoal” na N1, a ação social” na N2 e a “ação cultural” nas
N3 e N4. Procuramos ainda contemplar a classificação de Patterson (2003) que classifica as
notícias entre “sérias” (questões públicas substantivas) e “leves” (privilegiam questões de
pouca relevância política), segundo também discutimos na revisão bibliográfica. As quatro
notícias trazem questões ou fazem referências a personagens de Minas Gerais , mas o núcleo
do fato narrado pela N1 e pela N2 têm es se componente mais acentuado.
Desse modo, a N1 tem componente mais leve, centrada na personalidade de um artista,
auto-referente e com mais capacidade de entreter e emocionar. As demais apresentam
características mais sérias, que estimulam o diálogo e a conscientização popular, de inter esse
mais coletivo e institucional, que trazem informações com potencial de debate significativo
para a vida em comunidade (A PÊNDICE C):
N1: 40 anos do lançamento da música Travessia, de Milton Nascimento
N2: Justiça acata denúncia contra funcionários do TCE
N3: Brasil perde com violência nas estradas
N4: Mais recurso não é sinônimo de mais qualidade para escolas públicas
Intentamos colocar à prova o resultado de levantamento realizado por Van Dijk, que
apontou que a qualidade de evocação estaria menos l igada à editoria do que às características
do lide e do título. Assim, elegemos como primeira notícia a ser lida uma que tivesse menos
clara a identificação dos elementos do lide. Publicada na editoria de Cultura, a N1 não procura
ser imparcial, objetiva o u neutra. A N1 é editorializada e também apresenta um
direcionamento. As notícias 3 e 4 têm estrutura narrativa objetiva, seca. Embora tenham
atributos de notícias, fatos novos, paradoxalmente as quatro notícias não trazem em sua
maioria fatos novos ou su rpreendentes, pois, como vimos, se encaixam em esquemas mentais
pré-existentes.
A partir dos experimentos de Dervin e Van Dijk relatados no Capítulo 3, procuramos
privilegiar notícias que tratassem de temas que despertassem menos estímulos afetivos nos
leitores, pois, segundo os autores, tais leitores sem envolvimento com os tópicos referenciados
tendem a pensar mais sobre o assunto, reagindo menos emocionalmente.
Quanto ao conteúdo de novidade das notícias, variável que interfere no processamento
na memória episódica e em posterior evocação, o na N1 alguma novidade mas um
registro histórico do aniversário de um acontecimento. A N2 informa novos desdobramentos
132
do incêndio supostamente criminoso ocorrido no Tribunal de Contas do Estado: o fato deu
origem à investigação também era desconhecido pelos estudantes. A N3 divulga o resultado
de uma pesquisa que traz uma abordagem econômica sobre a violência nas estradas,
escapando das repetidas estatísticas dos acidentes ocorridos “no último feriado”. A N4
apresenta outra pesquisa que relaciona o desempenho dos estudantes ao perfil socioeconômico
e às condições estruturais das escolas.
Após fotocopiar o material para todos os participantes, distribuímos as notícias N1 e
N2 sugerindo que as lessem tentando reprodu zir o ritmo de leitura que normalmente o fariam
no dia a dia, sem marcá -las ou fazer anotações, e as recolhemos tão logo fossem terminadas.
Imediatamente, pedimos que, utilizando marcador de texto (MQI), lessem as outras duas
notícias (N3 e N4), assinalando a lápis com o caractere /1”, “/2”, “/3” sucessivamente após
as frases e palavras que, exatamente durante a leitura , não tenham compreendido ( barreiras);
discordem (satisfação com a informação e expectativa de uso da informação); levem a outros
questionamentos (necessidades não atendidas) e outras questões relevantes para o usuário .
Didaticamente, pedimos que seguissem o seguinte roteiro:
a) marcar com “/” o ponto em que tenha alguma dúvida ou questão a considerar.
b) pontuar cada uma das marcações em esc ala de 0 (sem importância) a 5 (muito
importante), em critério de importância em relação às demais marcações.
c) indicar como espera que a resposta àquela questão possa ser útil.
d) responder se durante a leitura do restante da reportagem obteve resposta
“incompleta”, “parcial” ou “completa” para a dúvida ou questão apontada na letra “a”.
e) fazer um comentário mais analítico (no máximo cinco linhas) sobre o item que
tenha marcado a maior pontuação.
É importante observar que os itens anteriores serviram ape nas para reforçar o caráter
de livre marcação e considerações a serem feitas pelo próprio usuário e segundo sua
perspectiva, definindo quando interromper a leitura e quais questões, confusões, dúvidas e
expectativas surgiram. Tais critérios foram investiga dos a partir da natureza das lacunas
(esquema 5W, quem, o quê, quando, onde, porque e como) e procedimentos testados
(DERVIN, 1983).
7.4 Terceira etapa
A terceira fase foi realizada no mês seguinte com o objetivo de analisar a variável
“evocação”, aqui compreendida com uma das dimensões de “Uso da Informação”, quando
133
tentamos evidenciar padrões de recuperação das mensagens jornalísticas. Além de seguir um
período de tempo adotado em pesquisas de igual escopo ( VAN DIJK, 1990), o prazo de 30
dias é, em princípio, suficiente para que determinado acontecimento coberto pelos jornais saia
da pauta dos jornais ou seja “esquecido” pela própria mídia, diminuindo assim o risco de às
vésperas do experimento de evocação ainda haver “ecos” e “resquícios” da notícia li da
durante o exercício do MQI (a primeira leitura).
Assim aplicamos questionário aberto com perguntas a respeito das notícias lidas no
mês anterior (APÊNDICE D). Antes de iniciar, perguntamos se o usuário tinha conversado
com algum colega que já participar a daquele experimento que se iniciaria. E se, caso positivo,
houvesse sido relembrado o conteúdo das notícias lidas no mês seguinte. O objetivo foi evitar
“colas”, o que comprometeria o resultado. Formulamos as seguintes questões:
a) O que se lembra da No tícia 1? (quem, o quê, quando, onde, como, porquê e outras
informações possíveis)
b) Descreva as circunstâncias em que se lembrou da Notícia 1 nas últimas semanas
(em uma conversação, para algum trabalho, facilitando a leitura de outra notícia, etc).
Após recolher as respostas, entrevistamos aleatória e individualmente quatro ou cinco
estudantes de cada período com os quais conversamos a respeito do experimento,
questionando a validade das respostas e os instrumentos utilizados durante a tentativa de
evocação daquelas notícias. Utilizamos técnicas introspectivas que, originadas da Psicologia,
tenham tido crescente aplicação a partir do desenvolvimento das teorias de processamento da
informação. De acordo com Bonini, (2002, p. 74) as técnicas podem ser classificadas em três
grupos, que devem ser escolhidas de acordo com a etapa de processamento mental que se
pretende atingir a memória (curto ou longo prazo):
- Auto-observação: o analista-observador relata seus próprios eventos mentais
- Auto-relato ou autopercepção (retrospecção): os sujeitos contam sua experiência
ao pesquisador/analista.
- Pensar alto (protocolos verbais ou análise de protocolo): os sujeitos pensam em
voz alta enquanto realizam uma tarefa.
Para nosso estudo, neste momento de evocação das no tícias, a retrospecção se mostrou
mais adequada por tratar -se da investigação de memória de longo prazo.
134
7.5 Instrumentos de análise
Os dados produzidos a partir das três etapas da pesquisa de campo detalhadas
anteriormente possibilita ram a criação de padrões e posterior generalização de características
de evocação de notícias por estudantes de Comunicação Social da UFV. No primeiro estágio,
os dados foram esquematizados a partir das variáveis propostas por este estudo: bito de
leitura, credibilidade do noticiário, envolvimento social, autodefinição socioeconômica e
decodificação crítica. No segundo momento, foi conferido tratamento estatístico aos dados,
organizados de acordo com as freqüências relacionadas às variáveis, tendo sido elaboradas
várias tabelas com a descrição dos resul tados.
Metodologicamente, as respostas às questões abertas formuladas pelos usuários foram
registradas, transcritas, e classificadas segundo as categorias de análise, e construídas
inteiramente a partir do conteúdo de pen samentos e questões colocad os livremente pelos
entrevistados e de acordo com as seguintes etapas:
passo Determinação de unidade de registro referente a tópicos específicos
extraídos das respostas abertas e fechadas dos questionários (palavras, tópicos ou frases).
passo Desenvolvimento das categorias a serem utilizadas para a classificação do
material do banco de dados derivado das respostas e segundo as variáveis do estudo.
passo Verificação das categorias a serem utilizadas, buscando maior segurança
para os esquemas de análise.
passo Classificação, codificação e tabulação dos dados coletados, analisando -os e
interpretando-os.
As informações foram analisadas e reduzidas a termos descritivos, sendo
posteriormente quantificadas por meio de distribuição de freqüência. A fim de padronizar e
comparar os dados, adotamos o método da porcentagem e, de acordo com a necessidade,
também inserimos os números absolutos. Construímos extensos quadros de análises na s quais
fizemos uma leitura ampla e com parativa nos sentidos horizontal e vertical do ambiente
informacional, os quais nos possibilitaram um olhar global, reunindo todas as variáveis e seus
cruzamentos.
O grande volume de dados obtidos nesta investigação de caráter quali -quantitativo nos
obrigou à utilização de abreviaturas para melhor visuali zação principalmente após o
cruzamento das diversas variáveis. Nes sa perspectiva, as tabelas mais extensas foram
inseridas no APÊNDICE enquanto as de menor quantidade de dados foram apresentadas ao
longo do texto para melhor entendimento das análises.
135
7.6 Ambiente informacional dos estudantes de Comunicação Social
O comportamento informacional é motivado pela situação (contexto) e pela lacuna
(necessidade de informação) sentida s pelo usuário em dado ambien te informacional, como
discutimos em nosso referencial teórico. O mapeamento do ambiente informacional do
universo a ser submetido ao experimento de leitura e evocação de notícias foi uma etapa
determinante para conhecer o consumo midiático de estudantes d e Comunicação Social da
UFV, aqui defendido como um usuário especializado em informação e, mais precisamente,
em notícias. O mapeamento foi também importante devido a singularidade de a UFV estar
situada longe dos grandes centros(1), de quase a totalidade dos alunos serem de outras cidades
e regiões (2), da ausência de veículos de comunicação com grande inserção local (3) e da
inexistência de estudos referenciais de semelhante escopo (4).
Nesta primeira fase da pesquisa, mapeamento do ambiente informaciona l, foram
entrevistados 114 estudantes, representando uma amostra de 71,2% dos 160 alunos
regularmente matriculados no curso de Comunicação Social da UFV em setembro de 2007.
Metodologicamente, os períodos estão suficientemente representados nes sa amostragem, pois
participaram 33 estudantes do segundo período (82,5%), 31 do quarto (77,5%), 23 do sexto
período (57,5%) e 27 do oitavo período (67,5%), conforme mostra a TAB. 2.
Alguns alunos são irregulares (entraram por transferência de curso ou o
conseguiram acompanhar os colegas do início do curso) e estão “espalhados” pelos períodos.
Nesses casos, verificamos: a) de qual período era a maioria das disciplinas que cursava e, caso
não houvesse predominância, colocava -o acima ou abaixo a depender de sua idade .
Os estudantes foram de postura bastante colaborativa e demonstraram interesse na
pesquisa e em seus resultados, o que foi comprovado pelo índice de participação. Não
insistimos com os refratários , pois eventuais indisposições significariam riscos para a
integridade das respostas, além de corromper o caráter voluntário que deve norterar as
pesquisas científicas. A entrada na UFV é anual ; isso significa que no segundo semestre de
2007, quando coletamos os dados, não havia alunos cursando primeiro, terceiro, quinto ou
sétimo períodos.
O relatório de pesquisa desta fase de mapeamento de ambiente informacional foi
descrito segundo os cruzamentos das categorias que compõem as variáveis “hábito de leitura”,
“decodificação", “envolvimento social” e “autodefinição socioeconômica”.
136
TABELA 2
AMOSTRAGEM DO UNIVERSO PESQUISADO POR PERÍODO
Período
Absoluta
Relativa àquele
período (%)
Relativa a todos os
alunos do curso (%)
33
82,5
28.9
31
77,5
27.2
23
57,5
20.2
27
67,5
23.7
Total
114
71,2 (média)
100
7.6.1 Local de moradia
O primeiro item do questionário remete u-se à situação de moradia, variável que
interfere no hábito, comportamento e lacuna de informação. Perguntamos aos estudantes o
local de residência com o objetivo de caracterizar o ambie nte em que vivem em Viçosa, o que
nos indicava ser um pouco diferente dos estudantes de capitais e de grandes certos urbanos,
onde é maior o número de vestibulandos oriundos da própria cidade. Conforme demonstra a
TAB. 3, dos 114 alunos, 77 (68%) moram em república, 14 com a família (12%) , nove (8%)
disseram morar sozinhos e quatro não responderam.
Esse dado torna-se relevante também quando se observa o envolvimento em entidades
e movimentos sociais, e o hábito de leitura de impressos. A mudança da casa dos pais pode
significar, por exemplo, um afastamento gradativo de freqüência a ambientes religiosos. E,
segundo o Sense-Making, o filtro do contexto social é fundamental para a compreensão da
comunicação, perpassada p or cultura, comunidade e estrutura social . O fato de 78% dos
estudantes não residirem com a família é significativo para esta pesquisa: o ambiente
informacional é por ele próprio definido, sendo reduzida a influência de familiares no
processo de escolha de fontes informacionais face à escolha mid iática e direta junto a
entidades e organismos sociais.
O resultado confirmou ainda os dados gerais sobre a origem dos estudantes dos demais
cursos da UFV e subsidi ou a alegação de 17,5% dos estudantes , que afirmaram somente ler
jornais impressos quando es tão na casa de seus pais, pois o custo é o principal motivo alegado
para a não leitura de jornais .
137
TABELA 3
LOCAL DE MORADIA
Onde mora
Absoluta
Relativa (%)
República
77
68
Família
14
12
Sozinho
9
8
Alojamento
7
6
Não informou
4
4
Pensão
3
3
Total
114
100
7.6.2 Jornal impresso preferido
A Folha de São Paulo é o jornal impresso preferido por quase a metade (43%) dos
estudantes de Comunicação Social, seguido pelo jornal Estado de Minas (21,9%). Apenas um
leitor apontou outro jornal min eiro como de sua preferência, enquanto que 14% dos
estudantes não elegeram algum periódico , como mostra a TAB.4
Quinze alunos responderam não ler jornal e apenas dois disseram ter o hábito de
consumir periódicos locais. Um dado que contraria o resultado do estudo piloto, em que
prevaleceu a referência a jornais de Viçosa, mesmo entre os estudantes de outros cursos. Um
único jornal da cidade foi lembrado pelos alunos (O Regional, de circulação mensal), que
obteve duas citações. Alguns de seus estagiários são alunos do curso, o que permite indagar se
eles realmente não o lêem ou não o consideram , por seu perfil, um jornal.
O levantamento demonstr ou ainda a influência do “modelo Folha de jornalismo” e
suas conseqüências para a formação profissional dos estudan tes. Entre os grandes jornais
brasileiros, a Folha de São Paulo é uma das maiores defensoras da rigidez do esquema do
lide e da pirâmide invertida e seu consumo por quase metade dos estudantes de Comunicação
Social aponta para familiaridade com tal model o.
Os jornais paulistas e fluminenses foram responsáveis por 61% da preferência, embora
os estados do Rio de Janeiro e de São Paulo, somados, sejam origem de apenas 30% dos
estudantes viçosenses. Em resumo, o usuário está “solto”: reside fora da influência da família,
pouco participa de entidades e agremiações de atuação local, tem pouco interesse pelas
notícias viçosenses ou de sua cidade de origem. Es sa é a singularidade de nosso universo de
pesquisa.
138
TABELA 4
JORNAL PREFERIDO
Jornal
Absoluta
Relativa (%)
Folha de SP
49
43
Estado de Minas
25
22
Não tem
15
14
O Globo
7
6
Brasil de Fato
4
4
Estado de SP
3
3
A Gazeta
2
2
A Tarde
2
2
Lance
2
2
O Regional
2
2
A Notícia
1
1
Jornal do Brasil
1
1
O Tempo
1
1
Total
114
100
7.6.3 Hábito de leitura segundo período, credibilidade, qualidade, participação
em entidades, assuntos de preferência e auto -avaliação socioeconômica
Quando se inscreveram para o vestibular na UFV, 42,5% dos então candidatos
afirmaram ler diariamente jornais ou revistas . Mesmo que se ressalte que o período pré -
vestibular era de maior intensidade de leitura, a pesquisa indicou queda após a entrada no
curso, pois apenas 4% dos agora estudantes de Comunicação Social declarou ler diariamente
um jornal, confirmando nossas hip óteses de pouco hábito de leitura. Perguntados qual a
periodicidade, as maiores freqüências de resposta foram em “irregular” (55%) e em
“regularmente quando estou em casa de meus pais”, com 18% (TAB. 5).
Ainda que somadas as respostas “seis vezes por sema na” (1%) e “regularmente
quando em casa de meus pais” (18%), a pesquisa demonstr ou ser baixo o índice alcançado
pelos estudantes da UFV. Es se resultado, aliado a outras variáveis que veremos adiante, como
consumo de telejornalismo, radiojornalismo e webjor nalismo, além da questão da qualidade
das notícias consumidas, caracteriz ou o que na revisão de leitura definimos como lacuna de
informações.
Ao se introduzir a variável período”, percebe ram-se algumas variações. O estudante
reconheceu a lacuna e a necessidade de informações à medida que se prolonga na graduação e
passa a ler mais. Se no segundo período, nove usuários (27%) disseram não ter o hábito de ler
jornais, o percentual cai para 7% (apenas dois) entre aqueles do oitavo, indicando uma
situação de mudança de hábito de leitura ao longo do curso devido à percepção de
necessidade de informação (lacuna). Dos únicos cinco alunos que afirmaram ler impressos
diariamente, quatro (80%) estão no oitavo período e um no quarto período.
139
TABELA 5
NÚMERO DE EDIÇÕES DE JORNAL QUE LÊ SEGUNDO O PERÍODO
Período
Freqüência
Não lê
Diaria-
amente
2 vezes
semana
3 vezes
semana
6 vezes
semana
Irregular-
mente
Regular*
Total
%
%
%
%
%
%
%
%
9
27
-
-
1
3
-
-
1
3
15
45
7
21
33
100
-
-
1
3
2
6
4
13
-
-
19
61
5
16
31
100
2
9
-
-
3
13
2
9
-
-
13
57
3
13
23
100
2
7
4
15
-
-
-
-
-
-
16
59
5
19
27
100
Total
13
11
5
4
6
5
6
5
1
1
63
55
20
18
114
100
Nota: "N°" é número absoluto de alunos e % é relativo; * quando em casa dos familiares
Segundo a credibilidade nos impressos - As a análise do bito de leitura por período,
procedemos o cruzamento dessa variável com a credibilidade. Entre os usrios que lêem
irregularmente, o maior grupo, 13% desconfia quase sempre do que lê, 80% confia às vezes ou confia
quase sempre. Vinte usuários consomem apenas quando estão na casa dos pais e, novamente, 80%
confiam às vezes ou quase sempre. A TAB.6 mostra que, entre os que lêem diariamente , 60%
desconfia quase sempre, indicando que maior freência e carga de consumo levaria a uma
decodificação mais crítica ou à aprendizagem, a formação do conhecimento e da crença ( VAN DIJK,
1990). Entre os estudantes de Comunicação Social que nada em, a maioria (85%) confia às vezes ou
quase sempre, sugerindo que o ceticismo não seja o principal motivo para não se ler. O resultado
coloca o perfil dos estudantes próximos ao dos profissionais da área: enquanto que 56% desses
somente acreditam às vezes no que lêem (CHAVES, 2005), 44% dos estudantes disseram o mesmo.
TABELA 6
HÁBITO DE LEITURA ( FREQÜÊNCIA) SEGUNDO CREDIBILIDADE DOS GRANDES JORNAIS
Freqüência
Como avalia a credibilidade
Não tenho
opinião
Desconfio
quase sempre
Desconfio
quase sempre
Confio às
vezes
Confio quase
sempre
Confio
plenamente
Total
%
%
%
%
%
%
%
Não lê
-
-
-
-
2
15
5
39
6
46
-
-
13
100
Diária
-
-
-
-
3
60
1
20
1
20
-
-
5
100
2 vezes
1
17
-
-
2
33
2
33
1
17
-
-
6
100
3 vezes
-
-
-
-
1
17
4
67
1
17
-
-
6
100
6 vezes
-
-
-
-
-
-
1
100
-
-
-
-
1
100
Irregularmente
1
2
3
5
8
13
25
40
25
40
1
2
63
100
Regularmente*
-
-
-
-
4
20
12
60
4
20
-
-
20
100
Total
2
2
3
3
20
17
50
44
38
33
1
1
114
100
Nota: * quando em casa dos pais
140
Segundo a avaliação quanto à qualidade - A avaliação do estudante quanto à
qualidade dos grandes jornais impressos brasileiros é outra variável que adotamos para
mensurar sua decodificação crítica. Nenhum usuário classificou como excelente a qualidade
da mídia noticiosa e entre os que julgam como razoável e bom os jornais atingiram 86% entre
os que lêem irregularmente e 80% dos que lêem regularmente. Entre os que lêem diariamente,
80% acha os jornais de pouca e razoável qualidade e entre os que não lêem a principal
avaliação é razoável (62%) e boa (23%) , como mostra a TAB.7 . Em linhas gerais, es se
resultado segue a linhas gerais de análise do cruzamento de não a leitura e a avaliação quanto
à credibilidade.
TABELA 7
HÁBITO DE LEITURA ( FREQÜÊNCIA) E AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DOS JORNAIS
Freqüência
Como avalia a qualidade do noticiário
Sem opinião
Baixíssima
Pouca
Razoável
Boa
Total
%
%
%
%
%
%
Não lê
-
-
1
8
1
8
8
62
3
23
13
100
Diária
-
-
-
-
2
40
2
40
1
20
5
100
2 vezes
1
17
-
-
-
-
2
33
3
50
6
100
3 vezes
-
-
-
-
1
17
3
50
2
33
6
100
6 vezes
-
-
-
-
1
100
-
-
-
-
1
100
Irregularmente
-
-
3
5
6
10
25
40
29
46
63
100
Regularmente*
-
-
-
-
4
20
8
40
8
40
20
100
Total
1
1
4
4
15
13
48
42
46
40
114
100
Nota: * quando em casa dos pais
Segundo a participação em entidades - Entre os estudantes que não lêem jornais,
destacam-se aqueles com média participação (MP) em política e associações de classe (39%),
que acompanham de perto (AC) agremiação esportiva e ONG’s (39%) e sem participação
(SP) em sindicatos de trabalhadores (46%). Entre os que consomem diariamente, de stacam-se
os que têm pouca participação (PP) em agremiação esportiva e sem participação em entidades
religiosas e igrejas. Dos usuários que consomem notícias irregularmente, podemos destacar
aqueles com média participação em política (40%) e sem participaç ão em sindicatos.
“Regularmente quando estou em casa de meus pais” foi o segundo maior percentual de
respostas e desse grupo a maioria está situada entre os que têm média participação em política
e movimento estudantil, tendo pouca participação em igreja e sem engajamento em sindicatos
(40% em cada categoria). Um dado intrigante é que entre os que lêem jornais diariamente,
destacam-se os usuários com pouca ou nenhuma participação (100% somados) em
141
movimentos ligados à igreja e sindicato de trabalhadores, co mo mostra a TAB. 90
(APÊNDICE E). Entre as sete categorias, o que se esperava menor participação era sindicato
porque o estudante, principalmente os de períodos iniciais, ainda está distante do mundo
profissional. E, pelo mesmo motivo , entidades representat ivas de classes ou categorias.
Segundo assuntos de preferência - Tentamos descobrir se o motivo pelo qual não
ler jornais sofreria alguma influência em virtude de assuntos preferidos pelos estudantes. O
grupo que não jornais absolutamente prefere as suntos ligados à política (23%), T elevisão
(31%), artes (15% cada). Isto significa que tais usuários não acreditam ou não esperam
encontrar gratificações suficientes des ses assuntos, e que, a seu ver, valha a pena adquirir ou
ler jornais.
Entre os usuários que lêem apenas quando estão na casa dos pais, a maioria gosta de
assuntos locais (e talvez este seja mais um dos motivos pelos quais não consome jornais em
Viçosa), política e artes, nesta ordem. Para os que lêem irregularmente, os assuntos preferidos
são política (30%), artes (18%), locais (16%) e Televisão (16%), como comprova a TAB. 8.
Em geral, a preferência por política coincide com a de profissionais que atuam na redação de
jornais (CHAVES, 2000). Um dado relevante seria a construção de pontes para o
preenchimento de lacunas e necessidades informacionais do estudante de Comunicação Social
de assuntos de que, a princípio, ele não goste, acentuando habilidades cognitivas e ampliando
o conhecimento desse usuário especializado.
TABELA 8
HÁBITO DE LEITURA (FREQÜÊNCIA) SEGUNDO ASSUNTOS DE PREFERÊNCIA
Freqüência
Assuntos de preferência
Artes
Locais
Economia
Esportes
Política
TV
Outros
Total
%
%
%
%
%
%
%
%
Não lê
2
15
2
15
1
8
1
8
3
23
4
31
-
-
13
100
Diária
-
-
1
20
-
-
-
-
1
20
2
40
1
20
5
100
2 vezes
2
33
1
17
-
-
1
17
1
17
1
17
-
-
6
100
3 Vezes
1
17
2
33
1
17
1
17
-
-
1
17
-
-
6
100
6 Vezes
-
-
-
-
-
-
1
100
-
-
-
-
-
-
1
100
Irregularmente
11
18
10
16
8
13
5
8
19
30
10
16
-
-
63
100
Regularmente*
4
20
5
25
-
-
1
5
5
25
3
15
2
10
21
100
Total
20
18
21
18
10
9
10
9
29
25
21
18
3
3
114
100
Nota: "N°" é número absoluto de alunos e % é o relativo
142
Segundo autodefinição socioeconômica - Com o objetivo de averiguar se a forma
como o usuário se socioecon omicamente influencia no hábito de leitura, promovemos o
cruzamento entre as duas variáveis. A TAB. 9 revela que 56% dos estudantes que se
autodefinem prejudicados consomem jornais com freqüência irregular e 77% dos que não
lêem jornais e 60% entre os de leitura regular se autodefinem como favorecidos, indicando
não ser preço o motivo principal para a não leitura de jornais. Da mesma forma, 80% do s que
lêem diariamente sentem-se favorecidos. Os dados revelam que outros fa tores, como hábito e
falta de tempo, podem ser os mais representativos da ausência de leitura de jornais entre os
estudantes de Comunicação Social, como mostrarão as próximas análises.
TABELA 9
HÁBITO DE LEITURA (FREQÜÊNCIA) SEGUNDO
AUTODEFINIÇÃO SOCIOECONÔMICA
Freqüência de consumo
Auto-avaliação socioeconômica
Favorecidos
Prejudicados
Total
%
%
%
Não lê
10
77
3
23
13
100
Diária
4
80
1
20
5
100
2 vezes
3
50
3
50
6
100
3 Vezes
2
33
4
67
6
100
6 Vezes
1
100
0
-
1
100
Irregularmente
28
44
35
56
63
100
Regularmente*
12
60
8
40
20
100
Total
60
53
54
47
114
100
Nota: * quando em casa dos pais
7.6.4. Motivo pelo qual não lê j ornais segundo o período e assuntos de interesse
Segundo o período - A principal alegação dos estudantes de Comunicação Social para
não se ler jornais impressos é preço” (3 8%), seguida de “falta de tempo” (18%), hábito” e
“prefiro outros meios” (1 3% cada). Ao analisar por período, percebe -se que os alunos do
segundo, quarto e sexto períodos justificam mais pela questão do preço (39%, 4 8% e 38%
respectivamente) enquanto que os estudantes do último período acentuam a falta de tempo e
preço como motivo para não lerem.
O resultado difere um pouco do experimento piloto, em que o motivo mais
apresentado pelos estudantes em geral foi “tempo” para leitura. O Sense-Making preconiza
centralizar a compreensão do universo pesquisado no significado da busca mais que n a
quantificação ou na localização da fonte e a análise dos dados obtidos com a introdução des sa
143
variável sugere respostas além das expressas pelos estudantes. Duas questões sobressaem
quanto à justificativa do preço dos jornais: o poder aquisitivo (superio r) das famílias dos
estudantes de Comunicação Social em comparação aos dos demais cursos e a freqüência
(“razoável”) diária de leitura também em comparação com os demais graduandos. Assim, os
dados socioeconômicos enfraquecem as justificativas de preço pa ra não lerem os jornais.
Em relação à falta de tempo, a matriz curricular prevê para o oitavo período matrícula
apenas na disciplina “Projetos Experimentais” (trabalho monográfico ou experimental para
conclusão de curso com carga horária de 490 horas). Me smo assim, nota-se que a alegação de
falta de tempo sobe de 13% dos alunos do segundo período até atingir 24% no oitavo
(maiores responsáveis pelo volume de queixa de tempo).
A TAB.10 comprova ainda que a preferência pelo consumo de notícias em outras
mídias o é justificativa para não se ler em jornais impressos, pois apenas 13% de todos os
alunos alegaram falta de bito. Apenas dois alunos do oitavo período assumem não ler por
absolutamente não gostar e pela crítica direta quanto à sua qualidade.
A falta de hábito de leitura é a principal alegação dos alunos iniciantes (22%). Nes se
caso, segundo discutimos na teoria do uso e gratificação, não se criou hábito pela incerteza de
satisfação das funções da mídia, tais como instrumento essencial da vida contem porânea e
parte importante dos rituais sociais, entre outros. Como vimos no início deste capítulo , ao
longo do curso, o estudante reavalia sua percepção sobre as funções da mídia.
TABELA 10
MOTIVO PELO QUAL NÃO LÊ JORNAIS E REVISTAS SEGUNDO O PERÍODO
Período
Motivo alegado
Preço
Hábito
Não
gosto
Falta de
tempo
Prefiro
outros
meios
Jornais
ruins
Preço/ pref.
outros
meios
Preço e
falta
tempo
Total
%
%
%
%
%
%
%
%
%
2
9
39
5
22
-
-
3
13
3
13
-
-
3
13
-
-
23
100
4
14
48
2
7
-
-
5
17
3
10
-
-
1
3
4
14
29
100
6
6
38
2
13
-
-
3
19
3
19
-
-
1
6
1
6
16
100
8
5
24
3
14
1
5
5
24
3
14
1
5
2
10
1
5
21
100
Total
34
38
12
13
1
1
16
18
12
13
1
1
7
8
6
7
89
100
Nota: "N°" é número absoluto de alunos e % é o relativo
Segundo assuntos de interesse - O cruzamento das variáveis “motivo pelo qual não lê
jornais” e “assuntos de interesse” demonstrou que a maioria dos estudantes que gostam de
notícias relacionadas a Artes não adquirem jornais em função de preço (33%), por falta de
144
tempo (18%) e por hábito (16%), principalmente , como mostra a TAB.11. O preço é também
a maior barreira para os simpatizantes de política (62%), assuntos locais (6 7%) e Economia
(100%). entre os que apreciam esportes, a questão do hábito (29%) é o principal motivo.
Entre os 13 usuários que não consomem jornais pela conjugação de preço e porque prefere
outros meios ou por falta de tempo, 69% responde ram gostar de assuntos ligados a Artes. Os
resultados reforçam nossa análise de que o alegado (alto) custo do jornal e a
qualidade/credibilidade não são realmente os principais motivos para a abstinência a veículos
impressos mas outros motivos, tais como (a falta de) bito e o juízo de que o jornal não
retornará o investimento (inclusive de tempo) a ser feito, o que é explicado pela teoria de usos
e gratificações. Por outro lado, a freqüência de leitura facilita maior compreensão dos fatos
narrados por intermédio da for mação de modelos situacionais, diminuindo lacunas e barreiras
no momento do consumo.
TABELA 11
MOTIVO PELO QUAL NÃO LÊ JORNAIS SEGUNDO ASSUNTOS DE INTERESSE
Assuntos de
interesse
Justificativa
Preço
Hábito
Não
gosto
Falta
tempo
Prefirooutros
meios
Jornais
ruins
Preço/prefiro
outros meios
Preço/falta
tempo
Total
%
%
%
%
%
%
%
%
%
Artes
15
33
7
16
-
-
8
18
6
13
-
-
4
9
5
11
45
100
Locais
4
67
-
-
-
-
1
17
-
-
-
-
1
17
-
-
6
100
Economia
2
100
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
2
100
Esportes
2
14
4
29
1
7
2
14
2
14
-
-
2
14
1
8
14
100
Política
8
62
-
-
-
-
2
15
2
15
1
8
-
-
-
-
13
100
TV
3
50
-
-
-
-
2
33
1
17
-
-
-
-
-
-
6
100
Outros
-
-
1
33
-
-
1
33
1
33
-
-
-
-
-
-
3
100
Total
34
38
12
14
1
1
16
18
12
14
1
1
7
8
6
7
89
100
Nota: "N°" é número absoluto de alunos e % é o relativo
7.6.5 Motivo pelo qual não consome Televisão, Rádio e Internet segundo o
período
Televisão segundo o período - Embora existam imperativos profissionais para que o
estudante de Comunicação Social consuma um bom volume de noticiário, principalmente em
veículos impressos, assiste -se mais à programação geral de Televisão, assim como outros
universos estudados, conforme mostramos na revisão de literatura. A Televisão e a Internet
são as principais fontes de informação dos estudantes.
145
Quando questionados sobre suas razões, encontramos mais justi ficativas para não se
ler jornais e revistas (89 citações) do que para deixar de assistir a Televisão (44 citações).
Dentre aqueles que não assistem Televisão, as principais alegações são falta de tempo (61%) e
falta de hábito (11%), enquanto 9% aponta os dois motivos em conjunto ( TAB. 12).
Especificamente em relação à falta de tempo, há maior concentração de respostas entre
os alunos dos períodos iniciais e finais do curso (100% e 67%, respectivamente). Percebemos
ainda entre os formandos uma tendência de crítica à qualidade do conteúdo televisivo com
uma afirmação no sexto período e duas no oitavo enquanto que nenhum telespectador do
segundo ou quarto se queixou da qualidade da programação televisiva.
TABELA 12
MOTIVO DE NÃO ASSISTIR TELEVISÃO SEGUNDO O PERÍODO
Período
Motivo alegado
Falta
tempo
Não tem
hábito
Tempo e
qualidade
Prefiro
outros
meios
Tempo e
hábito
Faltam
bons
programas
Não
tenho
TV
Não
gosto
Total
%
%
%
%
%
%
%
%
%
9
100
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
9
100
5
42
3
25
2
17
-
-
1
8
-
-
-
-
1
8
12
100
3
38
1
13
-
-
1
13
2
25
1
13
-
-
-
-
8
100
10
67
1
7
-
-
-
-
1
7
2
13
1
7
-
-
15
100
Total
27
61
5
11
2
5
1
2
4
9
3
7
1
2
1
2
44
100
Nota: "N°" é número absoluto de alunos e % é o relativo
Rádio segundo o período - Os estudantes de Comunicação Social alegam o gostar
(12%), não ter hábito (34%) ou tempo (22%) para ouvirem programas de Rádio ( TAB. 13)
enquanto que os demais estudantes (estudo piloto) alegaram principalmente falta de tempo. A
faculdade de apontar mais de uma resposta levou a 93 justificativas, dentre as quais algumas,
que a nosso ver, são frágeis, como “falta de aparelho” ou “sinal ruim ”. motivos para
interpretar que o “não gostar” pode estar ligado à ausência de expectativa de utilidade do
meio, falta de hábito ou ainda desconhecimento do Rádio como mídia noticiosa pois dentre os
11 estudantes que afirmaram não gostar, seis estão no segundo período, havendo tendência de
queda ao longo do curso. As duas disciplinas que abordam o Radiojornalismo são oferecidas
no quinto e no sexto período, o que explica o aumento de interesse pela mídia, pois a
justificativa de falta de hábito cai de 35% (segundo período) para 26% (oitavo período).
146
TABELA 13
JUSTIFICATIVA PARA NÃO OUVIR RÁDIO SEGUNDO O PERÍODO
Período
Justificativa
Não tenho
hábito
Prefiro
outros
meios
Não tem
aparelho
Falta
tempo
Não
gosto
Não gosta
rádios
locais
Falta
tempo e
hábito
Sinal
ruim
Total
%
%
%
%
%
%
%
%
%
9
35
1
4
2
8
6
23
6
23
2
8
-
-
-
-
26
100
9
36
4
16
2
8
6
24
2
3
-
-
1
4
1
4
25
100
8
42
2
11
2
11
3
16
1
5
3
16
-
-
-
-
19
100
6
26
2
9
3
13
5
22
2
9
3
13
2
9
-
-
23
100
Total
32
34
9
10
9
10
20
22
11
12
8
9
3
3
1
1
93
100
Nota: "N°" é número absoluto de alunos e % é o relativo
Internet segundo o período - A pesquisa aponta que a Internet seja um meio
primário de informação para os estudantes, servindo ainda como meio de comunicação,
substituindo em alguma medida o telefone, a Televisão, o Rádio e impressos, sendo utilizada
para interação com familiares, lazer e trabalhos escolares. No geral, 93% dos alu nos utilizam
Internet enquanto que 4% não o fazem por falta de tempo, e os demais em função de custo,
falta de computador e de local (1% cada).
Entre os estudantes do oitavo período, por exemplo, todos (100%) a acessam e a
principal razão pode ser a exigên cia de pesquisas para os trabalhos de conclusão de curso
desenvolvidos durante a disc iplina “Projetos Experimentais” COM 490. Nos períodos iniciais
diminui a quantidade de acesso (TAB.14).
TABELA 14
JUSTIFICATIVA PARA NÃO ACESSAR INTERNET SEGUNDO O PERÍ ODO
Período
Justificativa
Acessa
Falta
tempo
Falta
computador
Custo
Falta local
Total
%
%
%
%
%
%
2
31
94
1
3
-
-
-
-
1
3
33
100
4
28
90
1
3
1
3
1
3
-
-
31
100
6
20
87
3
13
-
-
-
-
-
-
23
100
8
27
100
-
-
-
-
-
-
-
-
27
100
Total
106
93
5
4
1
1
1
1
1
1
114
100
Nota: "N°" é número absoluto de alunos e % é o relativo
147
7.6.6 Credibilidade nos impressos, no webjornalismo e no EM segundo o per íodo
Observa-se que, de uma maneira geral, estudantes de Comunicação Social têm
confiança nos grandes jornais impressos brasileiros, assim como ocorrera com a amostra do
estudo piloto. Ainda que se exclua a coluna ‘confio às vezes’, evidencia -se predominância da
credibilidade depositada nos jornais.
Enquanto que 39 alunos (34%) disseram confiar quase sempre ou plenamente
(somados), apenas 23 (21%) responderam ser totalmente ou quase sempre céticos (somados).
Se considerarmos ‘confio às vezes’ como categoria positiva para o item credibilidade,
veremos que a avaliação positiva para os jornais impressos amplia -se para 78% (TAB.15). O
resultado surpreende devido o desejável criticismo do futuro egresso em Jornalismo,
conforme vimos na revisão de literatura. Os e studantes do oitavo período são os mais críticos,
tendo sido deste grupo os únicos três alunos a declarar ser tal mídia ‘totalmente
desacreditada’, o que pode indicar um efeito da formação. Do mesmo modo, entre todos
aqueles que declararam ‘confiar quase s empre’ no conteúdo noticioso, o grupo dos formandos
representa apenas 26% enquanto que o segundo foi 30%, o quarto 32% e o sexto período
48%. Apenas um aluno (sexto período) afirmou confiar plenamente nos jornais.
TABELA 15
CREDIBILIDADE DOS GRANDES JORN AIS IMPRESSOS SEGUNDO O PERÍODO
Período
Grau de confiança nos jornais
Não tenho
opinião
Total
descrédito
Desconfio
quase
sempre
Confio às
vezes
Confio
quase
sempre
Confio
plenamente
Total
%
%
%
%
%
%
%
1
3
-
-
5
15
17
52
10
30
-
-
33
100
1
3
-
-
8
26
12
39
10
32
-
-
31
100
-
-
-
-
3
13
8
35
11
48
1
4
23
100
-
-
3
11
4
15
13
48
7
26
-
-
27
100
Total
2
2
3
3
20
18
50
44
38
33
1
1
114
100
Nota: "N°" é número absoluto de alunos e % é o relativo
Credibilidade no webjornalismo - A credibilidade que os estudantes depositam no
webjornalismo assemelha -se à no jornalismo impresso, inclusive com as características por
período. Enquanto 25 alunos (22%) avaliaram negativamente (total descrédito mais desconfio
quase sempre) a mídia digital, 78 (68% de todos os alunos) afirmaram confiar às vezes ou
quase sempre (somados) neste modelo de Jornalismo ( TAB. 16). Nenhum estudante disse
“confiar plenamente” no webjornalismo enquanto que apenas um havia respondido o mesmo
148
em relação ao jornalismo impresso. O maior conjunto, 47 estudantes, confia às vezes no que
lê e destes os alunos do oitavo período são os mais céticos, com apenas 30% de seu segmento.
Dez leitores (9%) não opinaram e um não marcou nenhuma opção.
TABELA 16
CREDIBILIDADE DO WEBJORNALISMO SEGUNDO O PERÍODO
Período
Grau de confiança no webjornalismo
não
marcou
sem
opinião
Total
descrédito
Desconfio
quase sempre
Confio às
vezes
Confio quase
sempre
Total
%
%
%
%
%
%
%
1
3
4
12
-
-
6
18
12
36
10
30
33
100
-
-
3
10
-
-
9
29
15
48
4
13
31
100
-
-
2
9
-
-
2
9
12
52
7
30
23
100
-
-
1
4
2
7
6
22
8
30
10
37
27
100
Total
1
1
10
9
2
2
23
20
47
41
31
27
114
100
Nota: "N°" é número absoluto de alunos e % é o relativo
Credibilidade no jornal Estado de Minas
Embora o jornal Estado de Minas seja o segundo mais lido entre todos os estudantes,
com 25 citações, 22% dos estudantes disseram não saber avaliá -lo (TAB. 17). O número de
alunos que afirmaram ser o EM “totalmente desacreditado” (8%) foi bem superior à mesma
categoria quando avaliaram os jornais impressos brasileiros em geral (3%) e o webjornalismo
(2%). Do mesmo modo, um quarto (29 alunos) respondeu ‘confiar quase sempre’. A soma de
‘confio às vezes’ e ‘confio quase sempre’ cai de 77% nos jornais impressos em geral para
50% em relação ao Estado de Minas, o que compro va ser o EM menos crível para os
estudantes em comparação aos demais jornais e à mídia eletrônica.
TABELA 17
CREDIBILIDADE DO JORNAL ESTADO DE MINAS SEGUNDO O PERÍODO
Período
Grau de confiança no jornal EM
sem
opinião
Total
descrédito
Desconfio
quase sempre
Confio
às vezes
Confio quase
sempre
Confio
plenamente
Total
%
%
%
%
%
%
%
9
27
1
3
11
33
9
27
3
9
-
-
33
100
7
23
4
13
5
16
7
23
8
26
-
-
31
100
1
4
-
-
3
13
5
22
13
57
1
4
23
100
8
30
4
15
1
4
8
30
5
19
1
4
27
100
Total
25
22
9
8
20
18
29
25
29
25
2
2
114
100
Nota: "N°" é número absoluto de alunos e % é o relativo
149
7.6.7 Autodefinição socioeconômica segundo o período e assuntos de preferência
Como discutido, pedimos aos e studantes que se autodeclarassem socialmente
“prejudicados” ou “favorecidos”. Não havia opção neutra e apenas dois entre os 114 alunos
não responderam à questão proposta. Ao contrário do que prevíramos, não houve impasses ou
reivindicação para a oferta de uma posição intermediária, como ocorrera no estudo piloto.
No experimento com estudantes de outros cursos e moradores de Viçosa, a maioria
desses se autodeclarou “prejudicado” enquanto que a maioria dos estudantes (80%) afirmou
ser “favorecido”. Vemos a qui que, embora os indicadores socioeconômicos do estudante de
Comunicação Social (renda familiar, grau de instrução dos pais, etc) sejam superiores ao dos
colegas dos demais cursos, apenas 51% se declara m favorecidos socioeconomicamente e 47%
prejudicados.
Prevaleceu entre os estudantes do segundo e sexto período uma auto -avaliação mais
favorável às dos demais quanto à estrutura socioeconômica do Brasil, tendo a resposta “somos
favorecidos” alcançado 6 1% e 57% respectivamente. Ocorre o oposto entre os est udantes do
quarto período, sendo que destes 61% se declararam prejudicados ( TAB. 18). No oitavo
período houve equivalência entre “favorecidos” e “prejudicados”.
TABELA 18
AUTODEFINIÇÃO SOCIOECONÔMICA SEGUNDO O PERÍODO
Período
Auto-avaliação socioeconômica
Não marcou
Favorecido
Prejudicado
Total
%
%
%
%
-
-
20
61
13
39
33
100
1
3
11
36
19
61
31
100
1
4
13
57
9
39
23
100
-
-
14
52
13
48
27
100
Total
2
2
58
51
54
47
114
100
Nota: "N°" é número absoluto de alunos e % é o relativo
Assuntos de preferência Ao promovermos o cruzamento de autodefinição com
assuntos preferidos, houve poucas alterações: entre os estudantes que preferem ler sobre
assuntos “locais” a maioria ( 9%) se prejudicada e o contrário ocorre entre aqueles que
apreciam Televisão”, quando a maioria ( 9%) se percebe socialmente favorecida, como
mostra a TAB.19.
150
TABELA 19
ASSUNTOS DE PREFERÊNCIA SEGUNDO AUTO -AVALIAÇÃO SOCIOECONÔMICA
Auto-avaliação
socioeconômica
Assuntos de preferência
Artes
Locais
Economia
Esportes
Política
TV
Outros
Total
%
%
%
%
%
%
%
%
sem marcar
-
-
1
50
-
-
-
-
1
50
-
-
-
-
2
100
Favorecidos
30
52
1
2
2
3
11
19
8
14
5
9
1
2
58
100
Prejudicados
26
48
5
9
2
4
8
15
9
17
1
2
3
6
54
100
Total
56
49
7
6
4
4
19
17
18
16
6
5
4
4
114
100
Nota: "N°" é número absoluto de alunos e % é o relativo
7.6.8. Grau de participação em entidades segundo o período
Com o objetivo de avaliar o envolvimento dos estudantes com a sociedade,
relacionamos segmentos de entidades por agrupamento representativo e solicitamos que
registrassem a intensidade do interesse e/ou envolvimento em escala de 0 a 5, suger indo que
pontuassem em todas as opções, o que levou a mais de uma marcação por entidade.
A tabulação dos dados revelou que agremi ação esportiva (AE) e ONG’s o as
entidades com maior índice de participação (com 15% e 10% respectivamente, de
participação ativa”). Somando-se “acompanho de perto” a participação ativaconfirmamos
a mesma tendência com 31% (AE) e 42% (ONG), seguido d e 26% para Agremiação Política
(AP), 23% em Religião (REL), 20% para movimento estudantil, 12% Associações de Classe
(AC) e 8% para Sindicato (SIN). No sentido oposto, a soma de marcações ‘sem interesse’ e
‘pouco interesse’ recebeu em associações de classe 62%, enquanto REL obteve 57% e AE
(53%), AP (42%) e ONG (29%). Ainda nes sa classificação, SIN é a categoria que desperta
menos interesse, com 68% de “pouco” e “nenhum” interesse , conforme mostra a TAB.20. A
relação e o conhecimento des ses microorganismos sociais são importantes, pois o profissional
da informação será o gatekeeper das mediações informacionais e as entidades são as
principais fontes produtoras de notícia que interessa ao jornalismo.
151
TABELA 20
PARTICIPAÇÃO EM ENTIDADES SEGUNDO O GR UPAMENTO (%)
Grupamento
Grau de interesse nas entidades
sem
participação
pouca
participação
média
participação
acompanho
de perto
participo
ativamente
Total
Associações ou ONG`s
8
21
30
32
10
101
Agremiação Esportiva
27
26
16
16
15
100
Agr. política (partidos, entidades)
12
30
31
19
7
99
Igrejas e entidades religiosas
25
32
19
17
6
99
Movimento Estudantil
19
32
29
11
9
100
Assoc. classe (conselhos, OAB, etc)
30
32
27
9
3
101
Sindicato de trabalhadores
39
29
23
5
3
99
Retornamos à revisão de literatura, quando discutimos os riscos de uma formação
profissional mais tecnicista, profissional, e menos “engajados socialmente”, o que afastaria os
jornalistas de conhecer as reais necessidades de informação dos usuários. O engajamento com
entidade ou assunto se relaciona com busca de informação, decodificação e qualidade
evocativa. Ao promover o cruzamento do interesse por entidades com o período em que o
aluno estava cursando, chegamos aos seguintes resultados, de acordo com a TAB. 91
(APÊNDICE E).
Esportes Acompanhar de perto” ou participar ativamente de agremiações
esportivas faz parte da realidade de 39% dos alunos do segundo período e de apenas 30% dos
estudantes de oitavo. Conferindo esta tendência pela soma de ‘sem’ e “pouc a participação, a
distância entre as volições é ainda maior: somente 36% dos novatos não têm interesse
enquanto que o percentual atinge 7 0% entre os concluintes. O resultado comprova que
graduação no curso de Jornalismo provoca modificações nos interesses dos es tudantes,
levando-o, nesse caso, a participar mais de temas mais “áridos”, como ONG’s, política e
economia.
Associações e ONG’s – Corroborando a análise acima, em relação às ONG’s, segundo
maior interesse geral entre os alunos, a situação se inverte e os al unos do oitavo período são
os mais interessados em ONG’s com 6 6% de “acompanho de perto” e “ participação ativa” em
comparação com os 3 3% dos estudantes do início do curso. Enquanto que inexiste no segundo
período aluno com participação ativa”, no oitavo há ocorrência de quatro registros. Cerca de
56% dos alunos do oitavo período “acompanham de perto” ou têm participação ativana
temática enquanto para 33% no segundo, 38% no quarto período e 39% no sexto. O inverso
ocorre quando somamos “sem participação” e “pouca participação”: 39% no segundo período,
36% no quarto, 13% no sexto período e 22% no oitavo.
152
Associações de classe De uma maneira geral, os estudantes seguem a tendência
observada nas categorias anteriores de demonstrar maior interesse por asso ciações de classe e
entidades congêneres (OAB, etc) à medida que avançam em d ireção à formatura. A soma de
“sem participação e “pouca participaçãocai de 69% entre os alunos do segundo período
para 55% no quarto, 61% no sexto período e 59% no oitavo período. Na outra ponta, entre os
que acompanham de perto ou têm participação ativa, percebemos também ampliação de
interesse a partir do segundo período.
Agremiação política Ao analisarmos os registros de “acompanho de perto” na
categoria agremiação política, percebemos haver predominância de estudantes de segundo e
quarto período. A soma de estudantes seme “pouca participação não apresenta grandes
variações entre os períodos enquanto que na categoria participação ativa sobressaem
estudantes mais próxi mos da formatura: dos oito estudantes que afirmaram participar
ativamente de agremiações políticas, três estão no sexto período e cinco no oitavo.
Igrejas e entidades religiosas O levantamento demonstrou que ao mesmo tempo
em que aumenta o interesse po r participação em política e organizações não governamentais,
diminui por igrejas e entidades religiosas. Embora seja baixo o interesse e/ou participação
nesta temática, há uma tendência de desinteresse ao longo do curso. Somando -se “acompanho
de perto” com participação ativa”, revela-se serem 11% do oitavo período, 30% do segundo
período, 22% do quarto e 26% do sexto.
Movimento estudantil O conjunto de dados levantados com a aplicação dos
questionários indica haver certo equilíbrio entre os períodos qu ando se analisa a categoria
“sem participação”. A pequena variação parece estar mais relacionada à circunstância do
envolvimento majoritário de turmas em centros acadêmicos e organizações estudantis do que
a influência da trajetória dentro do curso. Podemo s afirmar predominar o desinteresse pela
questão: 41% tem pouc a ou nenhuma participação, 29% média participação e a soma de
‘acompanho de perto’ e participação ativaatinge 20% do total de alunos. Os estudantes do
oitavo período se destacam na categoria participação ativa”: entre os dez desta coluna, quatro
estão no último período, o que pode significar a influência das demandas internas em relação
ao curso muitas vezes capitaneada pelo Centro Acadêmico de Comunicação Social.
Sindicatos Questões ligadas a sindicatos de trabalhadores são as que menos
envolvem os estudantes. Entre os 114 alunos, apenas três (do oitavo período) afirmaram
acompanhar de perto questões da classe trabalhadora. Dentre os 68% que declararam ter
nenhuma ou pouca participação pelo tema, a maioria está nos primeiros períodos do curso. Ao
153
longo da graduação, o interesse vai crescendo e dos nove alunos que diss eram acompanhar de
perto ou participação ativa , seis estão no sexto ou no oitavo período.
7.6.9 Qualidade segundo a credibilidade dos impressos e do webjornalismo
Credibilidade nos impressos - Em geral, o leitor crê naquilo que considera de boa
qualidade. Mas antes foi preciso esclarecer aos leitores que a variável “confiançase remete
aos critérios de verdade, realidade e imp arcialidade enquanto que qualidade” envolve o texto
noticioso, assuntos abordados, diagramação, entre outras.
O cruzamento das respostas entre (a) as avaliações quanto à qualidade dos grandes
jornais impressos brasileiros e (b) a opinião dos estudantes a respeito da credibilidade do
mesmo universo demonstrou haver certa coerência na relação entre as duas variáveis de
pesquisa, comprovando acuidade nas respostas. Em geral, quando se avaliou como “razoável”
ou “boa” a qualidade, a tendência foi se repetir a crença nos periódicos como “confio às
vezes” ou “quase sempre”.
No grupo de 20 alunos (18%) que disseram “desconfiar quase sempre” dos jornais, dez
disseram ser “razoável” a qualidade dos jornais. Entre o grupo majoritário de 50 alunos (44%)
que declarou “confiar às vezes”, 22 disseram ser “razoável” e 20 classificaram como “bons”
os jornais. Dos 38 alunos (33,3%) que “confiam quase sempre”, 14 acham razoáveis” os
jornais e 22 os julgam como “bons”. Os leitores desconfiam ou confiam “quase sempre” no
noticiário e julgam como boa” a qualidade dos jornais, conforme mostra a TAB. 21. Não
houve aluno que declarasse ser “excelente” o nível dos jornais impressos e um o quis
opinar.
Assim como poucos estudantes julgam “baixíssima” a qualidade do noticiário, é
também reduzido o número daqueles totalmente descrentes. Isto demonstra haver baixa
expectativa de se encontrar “verdades” nos jornais. Entre estudantes de outras graduações e
moradores de Viçosa, predominou a avaliação entre “razoável” e “excelente”, como vimos no
capítulo anterior. Assim, o conhecimento mais aprofundado sobre as práticas de apuração e
redação conduziriam o futuro produtor de informação a um menor rigor em relação ao
julgamento da qualidade dos jornais brasileiros.
154
TABELA 21
CREDIBILIDADE DOS IMPRESSOS SEGUNDO A QUALIDADE DO NOTICIÁRIO
Grau de confiança nos
jornais
Avaliação quanto à qualidade
Sem opinião
Baixíssima
Pouca
Razoável
Boa
Total
%
%
%
%
%
%
Não tenho opinião
1
50
-
-
-
-
1
50
-
-
2
100
Totalmente desacreditado
-
-
1
33
-
-
1
33
1
33
3
100
Desconfio quase sempre
-
-
2
10
6
30
10
50
2
10
20
100
Confio às vezes
-
-
1
2
7
14
22
44
20
40
50
100
Confio quase sempre
-
-
-
-
2
5
14
37
22
58
38
100
Confio plenamente
-
-
-
-
-
-
-
-
1
100
1
100
Total
1
100
4
4
15
13
48
42
46
40
114
100
Nota: "N°" é número absoluto de alunos e % é o relativo; não houve avaliação "excelente".
Webjornalismo e qualidade Ao substituirmos a variável “jornalismo impresso” por
webjornalismo” no cruzamento com a qualidade destas mídias, seguiu -se a mesma tendência
apontada no item anterior. Os usuários tendem a julgar de menor confiança o que avaliam
como de menor qualidade. A maiori a dos alunos confia quase sempre ou sempre e julga com
razoável ou boa a qualidade do webjornalismo. Um usuário não optou por nenhuma resposta e
dez afirmaram não ter opinião sobre o assunto, como mostra a TAB. 2 2.
TABELA 22
CREDIBILIDADE NO WEBJORNALIS MO SEGUNDO AVALIA ÇÃO DA QUALIDADE DO NOTICIÁRIO
Grau de confiança no
webjornalismo
Avaliação quanto à qualidade
Sem opinião
Baixíssima
Pouca
Razoável
Boa
TOTAL
%
%
%
%
%
%
Não marcou
-
-
-
-
-
-
1
100
-
-
1
100
Sem opinião
1
10
-
-
-
-
7
70
2
20
10
100
Total descrédito
-
-
-
-
-
-
1
50
1
50
2
100
Desconfio quase sempre
-
-
2
9
7
30
11
48
3
13
23
100
Confio às vezes
-
-
1
2
6
13
16
34
24
51
47
100
Confio quase sempre
-
-
1
3
2
7
12
39
16
52
31
100
Total
1
1
4
4
15
13
48
42
46
40
114
100
Nota: "N°" é número absoluto de alunos e % é o relativo
7.6.10 Autodefinição socioeconômica e credibilidade nos impressos e no
webjornalismo
Credibilidade nos impressos - Entre os 20 estudantes que “desconfiam quase
sempre”, a maioria (60%) declara -se vítima da estrutura socioeconômica. Dos 38 alunos que
“confiam quase sempre” e “plenamente” (somados), 23 se auto -avaliam socialmente
155
“favorecidos” (61%) e 14 (37%) estudantes se disseram prejudicados, como mostra a TAB.23.
Apenas um usuário “prejudicado” assumiu “confiar plenamente” e outro “favorecido” não
opinou. O leitor que se sente mais prejudicado confia menos no que lê, confirmando
parcialmente os estudos realizados à luz da abordagem Sense-Making (DWORKIN ET AL,
1999) de que vitimização social” tem maior peso na decodificação crítica do que “classe
social”. Como no estudo piloto com moradores e estudantes de Viçosa tal variável não
promovera alterações, continuamos sem saber se o fato de ser usuário especializado foi
determinante para este resultado.
TABELA 23
CREDIBILIDADE DOS IMPRESSOS SEGUNDO AUTODEFINIÇ ÃO SOCIOECONÔMICA
Grau de confiança nos jornais
Auto-avaliação socioeconômica
Somos favorecidos
Somos prejudicados
Total
%
%
%
Não tenho opinião
1
100
-
-
1
100
Totalmente desacreditado
2
67
1
33
3
100
Desconfio quase sempre
8
40
12
60
20
100
Confio às vezes
24
48
26
52
50
100
Confio quase sempre
23
61
14
37
37
100
Confio plenamente
-
-
1
100
1
100
Nota: "N°" é número absoluto de alunos e % é o relativo
Webjornalismo A substituição da variável “jornal impresso” por webjornalismo”
não promoveu alterações em relação ao cruzamento anterior, confirmando que o estudante
que se favorecido tende a acreditar mais no jornalismo impresso. Não houve resposta
“confio plenamente”, conforme se vê na TAB. 24.
TABELA 24
CREDIBILIDADE DO WEBJORNALISMO SEGUNDO AUTODEFINIÇ ÃO SOCIOECÔNOMICA
Grau de confiança no
webjornalismo
Auto-avaliação socioeconômica
Favorecidos
Prejudicados
Total
%
%
%
Não marcou
1
100
-
-
1
100
Não tenho opinião
6
60
3
30
10
100
Totalmente desacreditado
2
100
-
-
2
100
Desconfio quase sempre
9
39
14
61
23
100
Confio às vezes
23
49
24
51
47
100
Confio quase sempre
17
55
13
42
31
100
Total
58
51
54
47
114
100
Nota: "N°" é número absoluto de alunos e % é o relativo
156
7.6.11 Credibilidade no jornal EM, no webjornalismo e nos impressos segundo
participação em entidades
Credibilidade no Estado de Minas - Os estudantes mais engajados em agremiações
políticas, organizações não governamentais e movimento estudantil, nes sa ordem, tendem a
avaliar mais criticamente o jornal Estado de Minas. A TAB.92 (APÊNDICE E) mostra que os
16 leitores (64%) que “acompanham de perto” e/ou “participam ativamente” de política são os
mais críticos dos leitores do EM (soma de totalmente desacreditado” e desconfiam “quase
sempre”; 14 (53%) em ONG`s, e 13 (44%) em movimento estudantil. Não souberam opinar
22% dos entrevistados. Entre os oito alunos que “acompanham de perto” e “participam
ativamente” de esportes, por exemplo, o percentual de desconfiança no EM é mais baixo:
32%.
Ao analisar o grupo mais crédulo (29 leitores) em relação ao noticiário publicado
nesse jornal, observamos serem os dez (34%) que participam de ONG’s e associações, os
nove (31%) que gostam de esportes e os cinco (17%) ligados a entidades religiosas.
Separadamente, por entidades, dos alunos que afirmaram ser totalmente descrentes em relação
ao jornal, três participam ativamente de sindicatos (100% deste segmento), três de movimento
estudantil (30%), dois de política (22%) e dois de ONG’s (18%).
O resultado demonstra a associação entre o modelo de engajamento social e a
avaliação que os leitores fazem do periódico e ainda que o comportamento informacional se
relacione com o engajamento social.
Credibilidade no webjornalismo - Assim como em relação ao cr uzamento entre a
credibilidade conferida ao jornal Estado de Minas segundo a participação em entidades,
discutido no capitulo anterior, os estudantes mais engajados em ONG’s, política e movimento
estudantil são mais críticos em relação à credibilidade do webjornalismo. Os mais confiantes
são aqueles estudantes mais engajados em agremiações esportivas e igrejas. Nenhum
estudante afirmou “confiar plenamente” no webjornalismo brasileiro.
A TAB.93 (APÊNDICE E) mostra que dentre 37 envolvidos com ONG’s
(acompanham de perto ou participam ativamente), 1 7 (35%) confiam às vezes no noticiário, o
mesmo ocorrendo com 1 4 estudantes (29%) dos 30 com militância política e nove (20%) dos
22 envolvidos com o movimento estudantil.
Quando observamos qual era o perfil do estudante mais crédulo em relação ao
webjornalismo, descobrimos serem os 26 estudantes dos 79 com nenhuma ou pouca
participação (somados) em sindicatos de trabalhadores e os 22 dos 70 com nenhuma ou pouca
157
participação (somados) em associações de classe (como c onselhos profissionais, OAB, etc).
Fazem ainda parte do grupo dos mais crédulos 2 1 dos 61 alunos que acompanham de perto ou
participam integralmente de atividades esportivas e 9 dos 33 envolvidos com ONG’s. Um
dado que se destaca é que 43 dos 66 estudantes que participam ativamente de igrejas e
movimentos religiosos confiam quase sempre ou às vezes no webjornalismo. Os resultados
confirmam a relação entre engajamento em entidades de atuação que visa à transformação
sociopolítica e a decodificação crítica, n esse item a credibilidade midiática.
Credibilidade nos jornais impressos - A alteração da variável credibilidade em
“webjornalismo”, no “jornal Estado de Minas” e no “jornalismo impresso em geral” apresenta
pequenas modificações no resultado quando se pro move o cruzamento com a variável
“envolvimento social” (participação em entidades). Assim como nos capítulos anteriores, os
alunos mais engajados socialmente com política e ONG’s são os mais desconfiados do que
lêem, confirmando a relação entre decodificaç ão crítica e engajamento social.
Fazem parte do grupo dos 23 que afirmaram desacreditar totalmente ou desconfiar
quase sempre (somados) do jornalismo impresso , 14 estudantes com pouca ou sem
participação (somados) em esportes, 16 em ONG’s e 14 estudantes que participam ou
acompanham de perto a política . Dois alunos afirmaram não ter opinião, conforme se na
TAB. 94 (APÊNDICE E).
Entre os que confiam plenamente no que lêem, encontramos um leitor com médi a
participação em esportes, um em política, sindicat os e ONG’s; um estudante que acompanha
de perto associações de classe e outro de igrejas, e um estudante que pouco se interessa por
movimento estudantil.
7.6.12 Qualidade dos impressos e do jornal EM segundo participação em
entidades
Qualidade dos jornais impressos - Com o objetivo de investigar se a intensidade de
participação social e o perfil da entidade interferem na maneira pela qual o estudante avalia a
qualidade do jornalismo impresso brasileiro, promovemos o cruzamento entre estas duas
variáveis. Observamos que o estudante que particip e de entidades diretamente vinculadas a
objetivos de transformação social (política, sindicatos, movimento estudantil), é mais crítico
em relação à qualidade da mídia noticiosa, assim como em relação à variável credibi lidade.
Entre os estudantes que apreciam a qualidade do jornalismo brasileiro estão os que mais
158
participam de associações de classe, igrejas e esportes, nesta ordem. Nenhum estudante
avaliou como “excelente” o nível do jornalismo.
Consideramos como “estuda ntes mais engajados”, aqueles que acompanham de perto
ou participam ativamente das entidades listadas. Des se segmento, dos 35 que acompanham
esportes, 13 (37%) julgam como bons os jornais; dos 30 da política foram apenas dez (30%);
dos 13 de associações d e classe 6 (46%) avaliam o noticiário como bom; 15 estudantes (31%)
dos 47 engajados em ONG’s acham “bom” o jornalismo; entre os 26 engajados em igrejas,
11 (42%) consideram “bom”; dos 22 do movimento estudantil neste segmento, seis (27%)
fazem a mesma avaliação e dos nove engajados em sindicato, três (33%) acham bons os
jornais brasileiros, como se vê na TAB. 95 (APÊNDICE E).
Qualidade do jornal Estado de Minas - Ao promovermos o cruzamento entre a
avaliação do jornal Estado de Minas com a participação e /ou interesse em entidades,
confirmamos que quanto mais o usuário seja engajado socialmente maior é o rigor em relação
à qualidade do noticiário e, nes se caso, do jornal EM.
Entre os 35 estudantes que acompanham de perto ou participam ativamente de
agremiação esportiva, dez avaliam o EM como “razoável” (34%) e outros dez como “bom”
(34%). Dos 30 no mesmo segmento de política, 12 disseram ser o EM “razoável” (40%) e
apenas seis como “bom” (20%) . Dos 13 que acompanham de perto e participam ativamente
de associações de classe, destacam -se sete estudantes que consideram o EM “razoável”
(53%), a mesma avaliação fazem 18 dos 47 (38%) que acompanham de perto ou participam
ativamente de ONG’s, e sete dentre os 22 de movimento estudantil , como se na TAB. 96
(APÊNDICE E).
Na categoria religião, dez estudantes avaliam o EM como “bom(38%) entre os 26 da
soma de “acompanho de perto” e “participo ativamente” . Dos nove que acompanham de perto
ou participam ativamente de sindicatos, destacam-se quatro que julgam o EM como sendo de
pouca qualidade (44%). Nenhum estudante que participa ativamente de política, sindicato,
religião e movimento estudantil avalia como excelente a qualidade do EM.
7.6.13 Qualidade dos jornais impressos e do EM segundo assuntos de preferência
Qualidade dos jornais - Apenas 19 dos 144 estudantes considera m pouca ou
baixíssima a qualidade dos jornais impressos brasileiros e , desses, dez apreciam temáticas
ligadas a artes e cultura. Entre os seis que gostam de Televisão, cinco julgam ser boa a
qualidade dos jornais. É o maior índice relativo. No geral, a maioria dos estudantes julga
159
como razoável ou bom os jornais . Entre os 56 que apreciam artes, 18 acham os jornais bons e
28 razoáveis. A tendência se inverte em relação a esportes e política, tendo maior avaliação de
“bons” do que “razoáveis”, conforme mostra a TAB. 25.
TABELA 25
QUALIDADE DOS JORNAIS SEGUNDO OS ASSUNTOS DE PREFERÊNCIA
Qualidade dos
jornais
Assuntos de preferência
Artes
Locais
Economia
Esportes
Política
TV
Outros
Total
%
%
%
%
%
%
%
%
Sem opinião
-
-
-
-
-
-
-
-
1
100
-
-
-
-
1
100
Baixíssima
2
50
-
-
-
-
1
25
1
25
-
-
-
-
4
100
Pouca
8
53
-
-
-
-
3
20
2
13
-
-
2
13
15
100
Razoável
28
58
4
8
2
4
6
13
6
13
1
2
1
2
48
100
Boa
18
39
3
7
2
4
9
20
8
17
5
11
1
2
46
100
Total
56
49
7
6
4
4
19
17
18
16
6
5
4
4
114
100
Nota: "N°" é número absoluto de alunos e % é o relativo
Qualidade do jornal EM - “Artes e cultura” é o assunto de maior interesse para 56
estudantes (49%) dos 114 pesquisados, repetindo o resultado do estudo piloto. Dentro deste
grupo de 56 leitores, 16 (29%) consideram razoável” o jornal Estado de Minas, 20 (36%)
como de “boa” qualidade e 15 (27 %) não o avaliaram. Aqueles que melhor avaliam como
“boa” a qualidade do jornal são os que m preferência por notícias ligadas à Televisão e ,
representando 50% do total em seus respectivos segmentos, conforme mostra a TAB.26. Dos
19 alunos que gostam d e esportes, 17% o consideram “razoável” e 14% bom. Os interessados
por política são os mais críticos quanto à qualidade do jornal: somando -se “pouca” e
“baixíssima” atingem 22% dos 18 integrantes do grupo. Do mesmo modo, entre os que
julgam de “baixíssima” qualidade o noticiário do EM, 60% o os que têm maior preferência
por esportes e entre os que julgam de “pouca” qualidade predominam os que preferem
assuntos ligados à política. Vinte e quatro estudantes (21%) não opinaram.
160
TABELA 26
QUALIDADE DO JORNAL ESTADO DE MINAS SEGUNDO ASSUNTOS PREFERIDOS
Avaliação quanto
à qualidade
Assuntos de preferência
Artes
Locais
Economia
Esportes
Política
TV
Outros
Total
%
%
%
%
%
%
%
%
Sem opinião
15
63
2
8
-
-
3
13
4
17
-
-
-
-
24
100
Baixíssima
1
20
-
-
-
-
3
60
1
20
-
-
-
-
5
100
Pouca
2
25
1
13
-
-
1
13
3
38
-
-
1
13
8
100
Razoável
16
44
1
3
1
3
6
17
6
17
3
8
3
8
36
100
Boa
20
54
3
8
2
5
5
14
4
11
3
8
-
-
37
100
Excelente
2
50
-
-
1
25
1
25
-
-
-
-
-
-
4
100
Total
56
49
7
6
4
4
19
17
18
16
6
5
4
4
114
100
Nota: "N°" é número absoluto de alunos e % é o relativo
7.6.14 Credibilidade dos impressos e do webjornal ismo segundo assuntos de
preferência
Jornais impressos - Entre o grupo majoritário de 56 alunos que têm interesse por
artes e cultura, a maioria “confia às vezes” (4 8%) seguido de “confio quase sempre” ( 53%) no
noticiário dos jornais impressos em geral. Pr oporcionalmente, a mesma tendência ocorre entre
os 19 apreciadores de esportes : 11 confiam às vezes (22%) e cinco confiam quase sempre
(13%). Dos 18 que apreciam política, sete (14%) confiam às vezes e cinco (13%) confiam
quase sempre (TAB.27).
Assim como no capítulo anterior, ao somarmos os resultados de totalmente
desacreditado” (5,6%) e desconfiam quase sempre” (22,2%) encontraremos o maior número
entre os leitores que preferem assuntos ligados à política. No sentido inverso, é entre os
apreciadores da temática Televisãoque se localiza o maior percentual (66,7%) entre os que
“confiam quase sempre” no que lêem. Entre outras leituras, podemos avaliar que, ao
acompanhar mais de perto a cobertura política, o leitor percebe os interesses ideológicos do
veículo e passa a ter mais desconfiança no que lê.
161
TABELA 27
CREDIBILIDADE DOS JORNAIS IMPRESSOS SEGUNDO ASSUNTOS DE PREFERÊNCIA
Grau de confiança
nos jornais
Assuntos de preferência
Artes
Locais
Economia
Esportes
Política
TV
Outros
Total
%
%
%
%
%
%
%
%
Sem opinião
-
-
1
50
-
-
-
-
1
50
-
-
-
-
2
100
Total descrédito
2
67
-
-
-
-
-
-
1
33
-
-
-
-
3
100
Desconfio quase sempre
10
50
-
-
1
5
3
15
4
20
-
-
2
10
20
100
Confio às vezes
24
48
4
8
1
2
11
22
7
14
2
4
1
2
50
100
Confio quase sempre
20
53
2
5
1
3
5
13
5
13
4
11
1
3
38
100
Confio plenamente
-
-
-
-
1
100
-
-
-
-
-
-
-
-
1
100
Total
56
49
7
6
4
4
19
17
18
16
6
5
4
4
114
100
Nota: "N°" é número absoluto de alunos e % é o relativo
Webjornalismo - Assim como no mapeamento em relação ao jornalismo impresso,
dentro do maior grupo por assunto de interesse (artes e cultura), a maioria do s estudantes
desconfia quase sempre (13 citações), confia às vezes (21) ou confia quase sempre (14
alunos). De uma maneira geral, este é perfil de credibilidade dos estudantes, conforme se
observa na TAB. 28.
TABELA 28
AVALIAÇÃO DA CREDIBILIDADE WEBJORNA LISMO SEGUNDO ASSUNTOS DE PREFERÊNCIA
Grau de confiança no webjornalismo
Assuntos de preferência
Artes
Locais
Economia
Esportes
Política
TV
Outros
Total
%
%
%
%
%
%
%
%
não marcou
1
100
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
1
100
Não tenho opinião
6
60
1
10
1
10
-
-
1
10
1
10
-
-
10
100
Total descrédito
1
50
-
-
-
-
-
-
1
50
-
-
-
-
2
100
Desconfio quase sempre
13
57
1
4
1
4
4
17
2
9
-
-
2
9
23
100
Confio às vezes
21
45
2
4
1
2
12
26
7
15
2
4
2
4
47
100
Confio quase sempre
14
45
3
10
1
3
3
10
7
23
3
10
-
-
31
100
Total
56
49
7
6
4
4
19
17
18
16
6
5
4
4
114
100
Nota: "N°" é número absoluto de alunos e % é o relativo
7.6.15 Consumo de Rádio, Televisão e Internet segundo participação em
entidades
Conforme relatamos no item “motivo pelo qual não ouve Rádio segundo o período , é
bastante reduzida a audiência de programas de entretenimento e de noticiário em Rádio p or
parte dos estudantes de Comunicação Social da UFV. No entanto, algumas observações
162
podem ser feitas a partir da análise do consumo de programas de entretenimento e de
noticiário em rádios.
Consumo de Rádio para lazer/entretenimento - Os estudantes com pouca e
nenhuma participação em sindicatos ( 70% somados) são aqueles que menos ouvem (“0”
minuto por semana) programas de lazer em Rádio, seguidos por igrejas e entidades (6 4%) e
entidades esportivas (5 7%), conforme mostra a TAB.97 (APÊNDICE E). Do mesmo modo,
aqueles que acompanham de perto e participam ativamente ( 41%, somados) de associações ou
organizações não governamentais são também os que menos consomem o dio como lazer.
O reduzido número de alunos que assistem acima de três horas semanais de Rádio para lazer
não permite apontar tendências ou estabelecer padrões de interesse segundo o tempo
despendido.
Consumo de Radiojornalismo - A TAB.98 (APÊNDICE E) revela tendência de
diminuição do consumo de programas de radiojornalismo na medida que aumenta o interesse
por política, associações, sindicatos e ONG’s. Em outras palavras, es ses alunos não procuram
informar-se por essa mídia provavelmente porque não satisfa ça suas necessidades
informacionais. Um indício é que o inverso ocorr a com os estudantes q ue acompanham de
perto ou participam ativamente de agremiações esportivas: somando es sas duas categorias
(AP e PA) temos 83% dos alunos que consomem de 3 horas a 14 horas semanais de
radiojornalismo. Como observamos, ressalte -se que a maioria dos noticiári os citados trata
prioritariamente de esportes.
Como no capítulo anterior, quem mais acompanha de perto ou participa ativamente de
ONG’s são os que menos assistem a radiojornais (4 3% somados), bem como os estudantes
sem e com pouca participação (69% somadas as duas categorias) em sindicatos. Apenas seis
estudantes consomem acima de três horas semanais de radiojornalismo e tal universo não foi
suficiente para estabelecer comparações entre participantes de entidades.
Consumo de Televisão para Lazer - Com o objetivo de detectar inflncias de
participação em entidades ao consumo de mídia televisiva, promovemos o cruzamento dos
agrupamentos “agremiação esportiva”, “organizações não governamentais”, “associações de
classe”, movimento estudantil”, “entidades rel igiosas” e “sindicato de trabalhadores” com as
variáveis “Televisão geral” e “telejornalismo”.
163
Agremiação esportiva - De uma maneira geral, podemos afirmar que quanto maior a
participação em agremiações esportivas, maior o consumo semanal de programas de
entretenimento televisivo: entre o grupo de 18 alunos que assiste de dez a 31 horas semanais,
o percentual dos que acompanham de perto e/ou participam ativamente atinge 45% dos
estudantes deste segmento (TAB.99; APÊNDICE E). É como se o usuário pratica sse e/ou
tivesse interesse no assunto e acaba por acompanhar competições e informações correlatos na
programação televisiva.
Ao contrário, menor participação significa menor audiência. Entre os estudantes que a
nada assistem, o índice diminui de 31% (sem participação) até 15% (participo ativamente);
entre os que vêem de 1 minuto até 2 horas semanais, o percentual é de 33% ( sem
participação) e de 11% (participo ativamente); para os alunos que assistem de duas a quatro
horas semanais, o percentual de sem participação sobe de 32% para 42% em pouc a
participação 42% e cai para 5% em participo ativamente. Por outro lado, percebe -se um certo
equilíbrio entre os agrupamentos de alunos que assistem a mais de quatro horas semanais. É
importante ressaltar que transmissões e sportivas das emissoras de sinal aberto, em que
predomina a modalidade futebol, foram classificadas como “lazer” e os programas
especializados como “jornalismo” (exemplo: Globo Esporte). A mesma tendência de
aumentar a participação em entidades em razão inversa à audiência de Televisão - ocorre
entre os estudantes que apreciam entidades religiosas.
Política A TAB.99 (APÊNDICE E) mostra haver uma tendência de os estudantes
com maior participação em agremiações políticas (partidos, entidades, etc) consum irem
menos a programação de lazer das emissoras de Televisão. Na soma das categorias “participo
ativamente” e “acompanho de perto”, em que se incluem 30 alunos, o percentual cai de uma
média de 34% (para quem nada assiste) para 17% (para quem assiste de 1 0 a 31 horas
semanais). No sentido oposto, a maior concentração dos “sem participação” em política está
naqueles que apreciam Televisão para lazer. Quem menos participa assiste mais à Televisão:
46% dos estudantes sem e com pouca participação em política a nada assiste enquanto 61 %
passa de 10 a 31 horas semanais em frente à Televisão. A mesma tendência (maior
participação = menor audiência) pôde ser verificada entre os estudantes que responderam ter
interesse em associações de classe e movimento estudantil . Nos demais agrupamentos de
entidades (sindicatos e ONG’s), os dados não revelaram tendências de comportamento de
consumo de Televisão para Lazer.
164
Consumo de Telejornalismo - Dos 22 estudantes que , por algum motivo, nada
consomem de telejornal, 54,5% participa de sindicatos e de igrejas; 40,9% de associações de
classe; 31,8% de movimento estudantil e agremiações esportivas ; 22,7% de agremiações
políticas e 9,1% em ONG’s (TAB. 29), indicando que maior interesse em assuntos “áridos”
leva à disposição em ass istir a mais telejornais. O resultado pode envolver outras variáveis,
como credibilidade e qualidade. É possível deduzir, com base também em cruzamentos
anteriores deste estudo, que o aluno mais desconfiado ou crítico em relação à qualidade do
noticiário e engajado em movimentos estudantis, política e ONG’s, se interess e menos por
telejornais.
TABELA 29
CONSUMO DE TELEJORNAL E
PARTICIPAÇÃO EM TEMAS "ÁRIDOS"
Entre os 22 alunos que não gostam de telejornais,
relativo a %
Freqüenta
54,5%
Igrejas
54,5%
Sindicato
40,9%
associações de classe
31,8%
agremiações esportivas
31,8%
movimento estudantil
22,7%
Política
9,1%
ONG’s
Participação maior em movimentos estudantis e política corresponde a menor
audiência a telejornais: dos dez alunos que pa rticipam ativamente de movimento estudantil,
70% consomem menos de duas horas semanais; o mesmo ocorrendo com 50% dos oito
interessados em política , segundo comprova a TAB. 100 (APÊNDICE E) .
Esportes Verificamos haver abstinência de audiência a programa s telejornalísticos
entre os estudantes com nenhum a ou pouca participação nesse agrupamento: 32% e 23%
respectivamente. Ou seja, dos 22 alunos que a nada assistem, 54,5% têm pouca ou nenhuma
participação em agremiações esportivas. Quando observamos o lado inverso, os 26 estudantes
que assistem a de 6 a 27 horas semanais, 46% estão entre os que acompanham de perto ou
participam ativamente de agremiações esportivas.
Política Os dados revelados mostram haver uma leve concentração de zero audiência
de telejornal entre os estudantes com nenhum a ou pouca participação (23% e 27%
respectivamente) em agremiações políticas. Aumenta um pouco a audiência (até duas horas
165
semanais) junto com o interesse por política: 40% di a participação e 40% acompanho de
perto.
Consumo de Internet - O grande volume despendido com consumo de Internet leva
o usuário a não se envolver com as entidades listadas na TAB.101 (APÊNDICE E). É
razoável supor que o usuário com histórico de 8 horas diárias de acesso à Internet e outras
cinco de aulas tenha tempo reduzido para se envolver em atividades e entidades extra -
curriculares.
Dentre os que passam de 30 a 60 horas semanais no computador, os interessados em
ONG’s são os que mais participam, com 61% tendo dia participação ou acompanha de
perto a temática. Neste caso específico, caberiam novas investigações no sentido de se
caracterizar o tipo de envolvimento dentro do ambiente digital. É plausível admitir algum
grau de participação em comunidades virtuais e associações de defesa de determ inadas
temáticas como, por exemplo, fóruns virtuais de defesa ambiental.
Dos 13 estudantes que passam até 3 horas na Internet, destacam -se os com pouca
participação em esportes, os que acompanham de perto a política, os que participam
ativamente de ONG’s e têm dia participação em movimento estudantil. Quem nada
consome de Internet são os usuários que acompanham de perto esportes e política (um cada),
os que pouco participam de sindicatos, ONG’s e movimento estudantil (um cada), o estudante
com média participação em associações de classe e outro sem participação em agremiações
religiosas.
Consumo de Webjornalismo - Assim como em relação ao cruzamento anterior, a
comparação entre o tempo de consumo de webjornalismo e a participação em entidades
demonstrou que quanto mais tempo passa diante do computador, menores são as chances de
se envolver socialmente.
Entre os sete usuários que consomem mais de doze horas semanais, destacam -se os
que não participam de agremiações esportivas, igrejas e sindicatos, têm pouca participação em
associações de classe e media participação em ONG’s, conforme mostra a TAB.102
APÊNDICE E).
No segmento dos 60 estudantes que consomem até três horas semanais (e lembrando
que todos pontuaram todas as opções de entidades) estão mais presentes os sem participação
em esportes (17), em associações de classe (21), sindicatos (26), os com pouc a participação
166
em política (19) e igrejas (20), os 19 que acompanham de perto ONG’s, os 18 com médi a
participação em movimento estudantil.
O mapeamento do ambiente informacional revela que a maioria dos estudantes de
Comunicação Social não consegue estar envolvida socialmente em entidades e consumir uma
quantidade adequada de notícias, pré -requisitos para uma boa formação profissional, como
vimos na revisão de literatura.
7.6.16 Jornais impressos preferidos segundo participação em entidades
Com o objetivo de descobrir se a participação em determinado agrupamento de
entidade promove alterações segundo o jornal impresso preferido, fizemos o cruzamento
exibido pela TAB.103 (APÊNDICE E). Como vimos no item “jornal impresso preferido , os
jornais Folha de São Paulo (43% dos 114 alunos) e Estado de Minas (21%) foram os mais
citados. O resultado des se cruzamento comprova a relação entre a situação, a lacuna e o
comportamento informacional.
O jornal Folha de SP tem seus principais leitores entre os estudantes com médi a
participação em política, que a acompanham de perto ou participam ativamente de
agremiações políticas e entre os que acompanham de perto e par ticipam ativamente de
ONG’s. Por outro lado, a pior performance da Folha (em comparação com o EM) está entre
os leitores que participam ativamente de agremiações esportivas e sindicatos.
O EM tem destaque entre os estudantes com pouca ou nenhuma participaç ão em
esportes e política. Da mesma forma, a Folha é majoritariamente preferida entre leitores com
pouca ou nenhuma participação em esportes, associações de classe, igreja e sindicatos. Os
usuários que acompanham de perto ou ativamente de política e associ ações de classe também
gostar de ler a Folha.
O jornal Brasil de Fato iguala em preferência com a Folha de S . Paulo entre os
estudantes com participação ativa em agremiações políticas, e supera os demais jornais
citados entre os estudantes com participação ativa em movimento estudantil e sindicato de
trabalhadores. As melhores referências ao jornal O Lance (periódico esportivo), como se
esperava, está entre os leitores que participam ativamente de esportes. Entre os que não têm
preferência por nenhum jornal destacam-se os que acompanham de perto ou participam de
agremiação esportiva e os usuários sem nenhum interesse ou participação em sindicatos.
167
7.6.17 Estrutura socioeconômica e assuntos de preferência segundo participação
em entidades
Estrutura socioeconômica - Haverá alguma relação entre a participação em
determinado tipo de entidade e a maneira como o estudante se percebe perante a estrutura
socioeconômica? O aluno que se declara mais prejudicado é mais politicamente engajado? A
fim de responder a es sas questões, promovemos o cruzamento entre a autodefinição
socioeconômica e a participação em entidades.
Ao analisar a participação em política, descobre -se haver pequena variação na soma de
acompanho de perto e participo ativamente entre os que se decla ram “favorecidos” (30%) e
prejudicados (25%). Os dados mostram que os “favorecidos” participam mais do que os
“prejudicados”, o que também pode ser entendido como que maior consciência política
conduza os estudantes a uma avaliação mais benevolente da cond ição socioeconômica de sua
própria família. Dito de outra maneira, o estudante participa de agremiações políticas e se
interessa pelo tema e, exatamente pela sua consciência da realidade brasileira, se declara
favorecido até mesmo por cursar uma universida de pública. Neste mesmo sentido, a TAB.104
(APÊNDICE E) revela que 65% dos 17 estudantes que participam ativamente de agremiações
esportivas se autodeclararam vítimas da estrutura socioeconômica.
Quem se sente favorecido tende a participar menos de associ ações de classe: dos 70
alunos que não participam ou pouco participam (somados), 39 (55,7%) sentem-se
favorecidos, 30 (42,8%) prejudicados e um não opinou. Dos oito estudantes que não
participam de ONG’s, seis declararam ser “favorecidos” e dois “prejudica dos” enquanto que
dos 46 que acompanh am de perto e participam ativamente (somados) 21 são “favorecidos” e
25 prejudicados”. Entre os onze que participam ativamente de ONG’, oito estudantes
(72,7%) se declararam prejudicados.
Na categoria religião foi onde encontramos maior variação. Os prejudicados
acompanham de perto (63,2%) ou participam ativamente (57,1%) de entidades religiosas.
Para avançar nessa discussão, seria interessante em outras pesquisas mapear a filiação
religiosa destes estudantes a fim de o bservar se a autodeclaração apresenta vínculos com a
doutrina religiosa.
A TAB.104 mostra ainda que os estudantes favorecidos pela estrutura socioeconômica
participam menos de movimento estudantil do que aqueles que se declaram prejudicados: dos
57 com nenhuma e pouca participação, 35 são favorecidos (61,4%) e 22 prejudicados
(38,5%). O mesmo ocorre em relação a sindicato de trabalhadores. Dos 77 que nada ou pouco
participam, 41 (53,2%) o favorecidos e 36 (46,7%) se declaram prejudicados. O resultado
168
comprova o Sense-Making que embasa maior relevância à situação subjetiva de auto-
avaliação do usuário durante determinada lacuna informacional do que objetivas condições
socioeconômicas.
Segundo assuntos de preferência - Promovemos o cruzamento entre a parti cipação
em entidades e assuntos de preferência, a fim de confirmar pressupostos de que, por exemplo,
o estudante com maior participação em agremiação política demonstraria igual interesse em
leitura da editoria de política. Além desta, confirmou -se ainda que o aluno com maior
participação em agremiação esportiva consome mais noticiário esportivo, comprovando a
veracidade dos dados informados pelos usuários, conforme se observa na TAB.105
(APÊNDICE E).
Artes e Cultura - Como vimos no capítulo “assuntos de p referência’, “artes e cultura” é
o principal interesse para 56 (49%) dos 114 estudantes, seguido de esportes (17%) e política
(16%). Quem mais se interessa pelo assunto “artes” são aqueles com pouca participação em
esportes e associações de classe (67% cad a) e que acompanham de perto sindicato de
trabalhadores (67%).
Esportes Além dos alunos que declararam particip ar ativamente (65%) de
agremiações esportivas, destacam -se aqueles sem participação alguma em ONG’s (67%) e
com participação total em moviment o estudantil (30%) e entidades religiosas (43%).
Política Assim como no item anterior, os estudantes com maior participação em
agremiações políticas são os que responderam ter mais interesse no noticiário político (50%
de participação total e 36% de acom panho de perto). Também se destacam na preferência pela
cobertura política os estudantes com participação ativa em associações de classe (67%) e
quem acompanha de perto ou participa ativamente de sindicato de trabalhadores (33% cada).
7.6.18 Jornal impresso preferido segundo assuntos de preferência, autodefinição
socioeconômica e qualidade dos jornais
Segundo assuntos de preferência - A TAB. 30 revela que entre os 49 estudantes que
declararam preferir o jornal Folha de São Paulo, 51% procura o noticiário s obre artes e
cultura, 20% política e 14% esportes. Quem gosta de política não procura o Estado de Minas,
e seus 25 leitores lêem preferencialmente artes e cultura (56%), assuntos locais, esportes e
Televisão (12% cada), confirmando o que foi discutido n o Capítulo 6, quando se discutiu o
periódico.
169
O terceiro jornal mais citado, O Globo, é procurado por seu noticiário de artes e
cultura (42%), política (28%), economia e outros (14% cada). Entre os 15 leitores que
declararam não ter jornal preferido, a maiori a se distribui entre os que gostam de assuntos
ligados a arte e cultura (60%), esportes (20%) e política (13%). O Brasil de Fato, que pratica
jornalismo de opinião e de postura política clara, é preferido por quem gosta de artes e cultura
(50%) e de política (50%). Da mesma forma, os leitores de O Lance, especi alizado em
esportes, gostam mais deste assunto.
TABELA 30
JORNAL IMPRESSO SEGUNDO ASSUNTOS DE PREFERÊNCIA
Jornal preferido
Assuntos
Artes
Locais
Economia
Esportes
Política
TV
Outros
Total
%
%
%
%
%
%
%
%
A Gazeta
2
100
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
2
100
A Notícia
-
-
-
-
-
-
1
100
-
-
-
-
-
-
1
100
A Tarde
-
-
-
-
1
50
-
-
-
-
-
-
1
50
2
100
Brasil de Fato
2
50
-
-
-
-
-
-
2
50
-
-
-
-
4
100
Estado de Minas
14
56
3
12
1
4
3
12
-
-
3
12
1
4
25
100
Estado de SP
-
-
-
-
-
-
1
25
2
75
-
-
3
100
Folha de SP
25
51
3
6
1
2
7
14
10
20
2
4
1
2
49
100
Jornal do Brasil
1
100
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
1
100
Lance
-
-
-
-
-
-
2
100
-
-
-
-
-
-
2
100
Não tem
9
60
1
7
-
-
3
20
2
13
-
-
-
-
15
100
O Globo
3
43
-
-
1
14
-
-
2
29
-
-
-
14
7
100
O Regional
-
-
-
-
-
-
2
100
-
-
-
-
-
-
2
100
O Tempo
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
1
100
-
-
1
100
Total
56
49
7
6
4
4
19
17
18
16
6
5
4
4
114
100
Nota: "N°" é número absoluto de alunos e % é o relativo
Segundo autodefinição socioeconômica - No cruzamento de jornal imp resso
preferido segundo autodefinição socioeconômica não foi possível detectar evidências de
comportamento de escolha entre os estudantes. Os leitores dos dois jornais mais citados,
Folha de São Paulo e Estado de Minas, dividem -se entre prejudicados e favo recidos.
Apenas no jornal Brasil de Fato, citado em preferência de jornais e participação em
entidades, observa-se que das quatro citações, três se referem a estudantes que se
autodeclararam “favorecidos” pela estrutura socioeconômica. Entre os que o t êm
preferência por nenhum jornal, destacam -se os dez que se declararam “favorecidos” contra os
cinco que afirmaram ser “prejudicados” ( TAB.31).
170
TABELA 31
JORNAL PREFERIDO SEGUNDO
AUTODEFINIÇÃO SOCIOECONÔMICA
Jornal preferido
Autodefinição (em números absolutos)
Não opinou
Favorecido
Prejudicado
Total
A Gazeta
-
-
2
2
A Notícia
-
1
-
1
A Tarde
-
-
2
2
Brasil de Fato
-
3
1
4
Estado de Minas
-
13
12
25
Estado de SP
1
-
2
3
Folha de SP
1
23
25
49
Jornal do Brasil
-
1
-
1
Lance
-
2
-
2
Não tem
-
10
5
15
O Globo
-
4
3
7
O Regional
-
-
2
2
O Tempo
-
1
-
1
Total
2
58
54
114
Segundo qualidade dos jornais - Perguntamos ao estudante sua opinião sobre a
qualidade dos jornais impressos brasileiros e depois promovemos o cruzamento dessa variável
com os jornais preferidos. O objetivo era detectar se uma boa avaliação do jornalismo em
geral estaria vinculada a determinados periódicos.
A TAB. 32 comprova não ter havido variação significativa na avaliação entre os três
órgãos preferidos, Folha de São Paulo, Estado de Minas e O Globo, e entre aqueles que não
têm jornal preferido. Entre os que consideram de pouca qualidade os jornais brasileiros, 16%
são leitores do EM e 12% da Folha de São Paulo, demonstrando que os leitores do jornal
mineiro estão mais insatisfeitos com a qualidade de seu períodico. Entre os 40% de usuários
que consideram boa a qualidade, se destacam os leitores de O Tempo, O Estado de SP, Lance
e O Globo.
Apenas quatro usuários apontaram como “baixíssima” a qualidade: um é leitor do
Brasil de Fato, outro da Folha e dois disseram o gostar de nenhum jornal. Não houve
indicação de “excelente” para a qualidade dos jornais brasileiros.
171
TABELA 32
JORNAL PREFERIDO SEGUNDO AVALIAÇÃO DE QUALIDADE (IMPRESSOS E M GERAL)
Jornal preferido
Como avalia a qualidade dos jornais impressos brasileiros
Sem
opinião
Baixíssima
Pouca
Razoável
Boa
Total
%
%
%
%
%
%
A Gazeta
-
-
-
-
-
-
1
50
1
50
2
100
A Notícia
-
-
-
-
-
-
1
100
-
-
1
100
A Tarde
-
-
-
-
1
50
1
50
-
-
2
100
Brasil de Fato
-
-
1
25
-
-
2
50
1
25
4
100
Estado de Minas
-
-
-
-
4
16
11
44
10
40
25
100
Estado de SP
-
-
-
-
1
33
-
-
2
67
3
100
Folha de SP
1
2
1
2
6
12
21
43
20
41
49
100
Jornal do Brasil
-
-
-
-
-
-
1
100
-
-
1
100
Lance
-
-
-
-
-
-
-
-
2
100
2
100
O Globo
-
-
-
-
-
-
1
14
6
86
7
100
O Regional
-
-
-
-
1
50
-
-
1
50
2
100
O Tempo
-
-
-
-
-
-
-
-
1
100
1
100
Não tem
-
-
2
13
2
13
9
60
2
13
15
100
Total
1
1
4
4
15
13
48
42
46
40
114
100
Nota: "N°" é número absoluto de alunos e % é o relativo
7.6.19 Jornal preferido e motivo de não consumir Televisão , Rádio e Internet
Televisão - A TAB.33 mostra que os 27 estudantes que não assistem a Televisão em
função de falta de tempo se informam preferencialmente por intermédio do jornal Folha de
São Paulo (12), Estado de Minas (6) e O Globo (3). Dos leitores da Folha, 60% alegam o
ter tempo para assistir a Televisão e do EM representa 67% . Os cinco alunos que alegam não
assistir Televisão por questão de hábito se distribuem entre leitores do jornal Brasil de Fato
(2), Folha de SP (2) e O Globo (1). Entre os que justificam por não ter aparelho de Televisão
em casa ou por não gostar, lêem a Folha de SP.
172
TABELA 33
JORNAL IMPRESSO PREFERIDO SEGUNDO MOTIVO PARA NÃO ASSISTIR TELEVISÃO
Jornal preferido
Justificativa
Falta
tempo
Não tem
hábito
Falta
tempo e
qualidade
Prefiro
outros
meios
Faltam
tempo e
hábito
Faltam
bons
programas
Não
tenho
TV
Não
gosto
Total
%
%
%
%
%
%
%
%
%
A Gazeta
1
100
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
1
100
A Notícia
1
100
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
1
100
A Tarde
1
100
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
1
100
Brasil de Fato
2
50
2
50
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
4
100
Estado de Minas
6
67
-
-
1
11
1
11
1
11
-
-
-
-
-
-
9
100
Folha de SP
12
60
2
10
1
5
-
-
2
10
1
5
1
5
1
5
20
100
O Globo
3
75
1
25
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
4
100
O Regional
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
1
100
-
-
-
-
1
100
Não tem
1
33
-
-
-
-
-
-
1
33
1
33
-
-
-
-
3
100
Total
27
61
5
11
2
5
1
2
4
9
3
7
1
2
1
2
44
100
Nota: "N°" é número absoluto de alunos e % é o relativo
Rádio Assim como no item anterior, a TAB.34 aponta que 32 estudantes que o ouvem
Rádio por falta de hábito se distribuem majoritariamente entre leitores do jornal Folha de SP ( 13), EM
(6) e os entrevistados que declararam não ter jornal preferid o (6). Entre os que alegam simplesmente
não gostar ou por falta de tempo, destacam -se novamente os leitores dos dois jornais mais citados.
TABELA 34
JORNAL IMPRESSO PREFERIDO SEGUNDO MOTIVO PELO QUAL NÃO OUVE RÁDIO
Jornal preferido
Justificativa
Não tem
hábito
Prefiro
outros
meios
Não tem
aparelho
Falta de
tempo
Não gosta
Não gosta
rádios
locais
Falta de
tempo e
hábito
Sinal
Total
%
%
%
%
%
%
%
%
%
A Gazeta
1
50
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
1
50
-
-
2
100
A Notícia
1
100
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
1
100
A Tarde
-
-
-
-
-
-
1
100
-
-
-
-
-
-
-
-
1
100
Brasil de Fato
1
25
-
-
2
50
1
25
-
-
-
-
-
-
-
-
4
100
Estado de Minas
6
29
2
10
2
10
6
29
2
10
2
10
-
-
1
5
21
100
Estado de SP
1
33
-
-
-
-
-
-
1
33
1
33
-
-
-
-
3
100
Folha de SP
13
33
6
15
5
13
8
20
5
13
2
5
1
3
-
-
40
100
Jornal do Brasil
1
100
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
1
100
O Globo
1
20
1
20
-
-
1
20
-
-
2
40
-
-
-
-
5
100
O Regional
-
-
-
-
-
-
-
-
1
100
-
-
-
-
-
-
1
100
O Tempo
1
100
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
1
100
Não tem
6
46
1
8
-
-
2
15
2
15
1
8
1
8
-
-
13
100
Total
32
34
9
11
9
10
19
20
11
12
8
9
3
3
1
1
93
100
Nota: "N°" é número absoluto de alunos e % é o relativo
173
Internet - Entre os cinco estudantes que alegam falta de tempo para não acessar a
Internet, quatro lêem a Folha de São Paulo e um o jornal Estado de Minas ( TAB.35). Os
demais, que reclamam de preço, local ou falta do equipamento, também são leitores da Folha,
o que demonstra a vinculação direta entre o aumento do tempo de consumo de umadia e m
detrimento do consumo de outra.
TABELA 35
JORNAL PREFERIDO SEGUNDO MOTIVO PELO QUAL NÃO USA INTERNET
Jornais mais
citados
Justificativa
Falta tempo
Falta computador
Custo
Falta
local
Total
Estado de Minas
1
-
-
-
1
Folha deS.Paulo
4
1
1
1
7
Total
5
1
1
1
8
7.6.20 Revistas, jornais, programas de Televisão, de Rádio e sítios de Internet
preferidos segundo o período
Revistas preferidas - Os periódicos mais lidos pelos estudantes de Comunicação
Social da UFV o a revista Veja, com 49 citações (20%); Super Interessante 35 citações
(14%); Época 23 (9%), Caros Amigos 19 (8%), Isto É 15 (6%), Piauí 13 (5%) e Carta Capital,
que recebeu 12 referências (5 %) (TAB.106) (APENDICE F).
Ao promover o cruzamento do período cursado com a revista preferida, observamos
haver uma queda da preferência da s revistas Veja, Isto É e Super Interessante. O segundo
período representa 34,6% dos leitores da Veja, o quarto e o sexto 22,4% e o oitavo 20,4%.
Esses leitores migram para revistas como a Carta Capita l e Época, que amplia sua preferência
entre os estudantes mais graduados. Es ses números são ainda mais evidentes quando se
percebe que o segundo período forneceu maior número de citações (75), depois o segundo
(69), terceiro período (54) e último (50 citaç ões), segundo mostra a TAB. 3 6. Essas alterações
são resultado do que Sousa (2002) classifica como processos de aculturação, socialização e
ideogilização dos neófitos, conforme discutimos na revisão de literatura.
TABELA 36
NÚMERO DE REVISTAS CITADAS POR PERÍODO
Período
Total
Quantidade
75
69
54
50
248
Nota: Número absoluto de citações
174
Jornais preferidos - O cruzamento de jornal preferido com o período cursado
demonstra alteração no hábito de consumo ao longo do curso. O jorn al Brasil de Fato torna-se
mais lido entre os alunos do s sexto e oitavo período s, enquanto que o EM e a Folha de São
Paulo m distribuição mais equilibrada entre estudantes de todos os períodos (TAB. 37). Dos
15 estudantes que disseram não ter jornal prefe rido, 60% (nove) estão no segundo período, o
que pode ser entendido como desconhecimento ou falta de hábito de consumo des sa mídia
impressa.
TABELA 37
JORNAL PREFERIDO SEGUNDO O PERÍODO
Jornal preferido
Período
Total
A Gazeta
1
-
-
1
2
A Notícia
-
-
-
1
1
A Tarde
1
-
1
-
2
Brasil de Fato
-
-
2
2
4
Estado de Minas
7
7
6
5
25
Estado de SP
1
1
1
3
Folha de SP
12
20
7
10
49
Jornal do Brasil
-
1
-
-
1
Lance
1
-
1
-
2
Não tem
9
-
2
4
15
O Globo
2
2
2
1
7
O Regional
-
-
-
2
2
O Tempo
-
-
1
-
1
Total
33
31
23
27
114
Nota: Número absoluto de citações
Programas de Televisão preferidos - A programação da TV Globo é, de longe, a
mais assistida pelos estudantes de Comunicação Social da UFV. O Jornal Nacional é o
programa de Televisão preferido (58 citações), seguido por novelas (33), Soares (25),
Jornal Hoje (23), Jornal da Globo (16), Fantástico (15), Globo Esporte (14), e Bom Dia Brasil
(12). Pânico na TV” é o principal pro grama citado pelos usuários (7) não veiculado pela TV
Globo. Ao analisar por períodos, percebemos diminuição da audiência do JN e de novelas à
medida que o estudante avança do segundo em direção ao oitavo período da graduação.
Enquanto 19 iniciantes assi stem ao JN e três gostam de Soares, nove estudantes do oitavo
período assistem ao Jô Soares e oito ao JN. Dos 14 telespectadores que citaram Globo
Esporte, apenas um é do oitavo período ( TAB.38).
175
Esses dados comprovam a hipótese de que ao longo da grad uação os estudantes
tendem a se interessar por programação de Televisão mais informativa, por notícias mais
“áridas” ou “sérias”, assim como participar de entidades que tenham por objetivo mudanças
na estrutura social (política, ONG’s, e movimento estudant il, principalmente). O resultado
confirma ainda a especifidade do estudante de Comunicação Social, que consome mais
produtos jornalísticos na Televisão e no Rádio enquanto que os demais estudantes e
moradores de Viçosa utilizam tais mídias para o entreteni mento, conforme vimos no capítulo
anterior.
Ao analisarmos o consumo das mídias Televisão, dio, Internet e jornais e revistas
impressas, observa-se a existência de concentração de audiência de produtos midiáticos
veiculados pelos grupos Folha da Manhã S/ A (jornal Folha de São Paulo e UOL) e Globo (TV
Globo, Globo.com, G1, Jornal O Globo). Os dois jornais impressos dos grupos respondem por
49% da preferência dos usuários; das 254 citações a programas de Televisão, 219 (86%) o
veiculados pela Rede Globo ( incluindo canais por assinatura e programa indefinidos, como
“novelas” e “filmes”, entre outros); e 120 das 210 menções (57%) das fontes de
webjornalismo também pertencem aos dois grupos midiáticos (se excluirmos “outros”, “não
lê” e “notícias”, o percent ual seria ainda maior).
TABELA 38
PROGRAMAS DE TELEVISÃO PREFERIDOS SEGUNDO O PERÍODO
Programa
Período
Programa
Período
Total
Total
Jornal Nacional
19
17
14
8
58
Grande Família
1
3
1
1
6
Novela
14
11
3
5
33
Sem Censura
2
-
3
1
6
Jô Soares
3
9
4
9
25
Recorte Cultural
1
1
1
2
5
Jornal Hoje
7
8
6
2
23
Altas Horas
1
3
-
-
4
Jornal da Globo
5
2
3
6
16
MGTV
1
-
3
-
4
Fantástico
4
3
4
4
15
Caldeirão do Huck
-
2
-
1
3
Globo Esporte
4
5
4
1
14
Esporte Espetacular
1
1
-
1
3
Bom Dia Brasil
5
2
2
3
12
Jornais
-
2
1
-
3
Futebol
3
2
2
3
10
Malhação
1
2
-
-
3
Filmes
3
3
-
2
8
Roda Viva
-
2
-
1
3
Pânico na TV
-
5
2
-
7
Seriados
2
-
1
-
3
Nota: Número absoluto de citações
176
Radiojornais preferidos - É insignificante o consumo de radionoticiários por
estudantes de Comunicação Social, resultado que se assemelha ao do estudo piloto, em que
não houve entre os entrevistados quem citasse espontân ea e acertadamente o nome de algum
programa jornalístico em rádio viçosense. O resultado é ainda mais preocupante quando se
observa existir em pleno funcionamento a Rádio Universitária FM em sinal aberto, com
programação de lazer e jornalística, inclusiv e com a participação de estagiários do curso de
Comunicação Social/Jornalismo . O programa mais citado não é de conteúdo jornalístico
(“Open Bar”); “Turma do Bate Bola” e “Quintal Esportivo” (três citações cada) giram em
torno do futebol como entretenimento e Líder FM” não é o nome de um programa, mas da
emissora (TAB. 39).
TABELA 39
PROGRAMAS DE RADIOJORNALISMO PREFERIDOS SEGUNDO PERÍODO
Lista de programas
Período
Lista de programas
Período
Total
Total
10 Minutos de Informação
-
-
1
-
1
Pânico
-
1
-
-
1
A Voz do Brasil
-
-
-
1
1
Panorama Esportivo
1
-
-
-
1
Bastidores
-
1
-
-
1
Plantão Esportivo
-
1
-
-
1
Bate Bola
-
1
-
-
1
Qualquer Um
-
1
-
-
1
Cheiro de Relva
-
-
1
-
1
Quintal Esportivo
-
3
-
-
3
Diversos
-
-
1
-
1
Rádio Uol
-
1
-
-
1
Forroteria
-
-
1
-
1
Radio Vivo
-
1
-
-
1
Futebol
1
-
1
-
2
Sete Melhores
-
1
-
-
1
Globo Esportivo
1
-
-
-
1
Toda
-
1
-
-
1
Jornada Esportiva
-
-
-
1
1
Turma Bate Bola
-
2
1
-
3
Jornal da Itatiaia
-
1
-
-
1
Universitária
-
-
-
1
1
Jornal da Pan
1
-
-
-
1
Vitamina
-
-
1
-
1
Líder FM
-
2
-
1
3
Voz do Brasil
-
1
-
-
1
Música e Notícia
1
-
-
-
1
Não Ouve
-
55
4
44
Noticias 10
-
-
1
-
1
Open Bar
3
3
1
2
9
Nota: Número absoluto de citações
Sítios de webjornalismo preferidos - O G1 é o sítio com maior acesso entre os
estudantes de Comunicação Social da UFV com 34 citações, seguido pela Folha SP (33),
UOL (32) e Globo (18). A Folha e o UOL fazem parte do mesmo grupo midiático, havendo
convergência entre os endereços, inclusive com a publicação das mesmas notícias. O mesmo
ocorre entre o G1 e o Globo.
177
Observa-se a tendência de diminuição da audiência ao G1 (caindo de 14 alunos do
segundo período para 4 do oitavo) e, no sentido inverso, o aumento da leitura de Brasil de
Fato (de nenhum para dois alunos do oitavo período). A TAB. 40 mostra redução entre os que
não lêem noticiários on line, caindo de 7 do segundo e do quarto para 1 e 4 do sexto e oitavo
períodos, respectivamente.
Entre os vários endereços na Internet que discutem a prática e a teoria do Jornalismo,
apenas o Observatório da Imprensa foi citado ( três vezes) e o Centro de Mídia Independente
(CMI), por quatro estudantes, demonstrando pouca especifidade de consumo em comparação
com os moradores de Viçosa e estudantes de outros cursos de graduação da UFV. No mesmo
sentido, o resultado coincide com o l evantamento da pesquisa piloto, em que prevaleceu
audiência aos sítios UOL e Globo.com, enquanto na Internet em geral se destacaram, naquele
ambiente, Orkut, MSN e Youtube .
TABELA 40
SÍTIOS DE WEBJORNALISMO PREFERIDOS SEGUNDO O PERÍODO
Webjornais
Período que cursa
Webjornais
Período que cursa
Total
Total
Brasil de Fato
-
-
1
2
3
Yahoo
1
1
1
5
8
Observatório da Imprensa
1
-
2
-
3
Terra
2
3
2
2
9
UAI
-
2
-
1
3
Globo
2
3
10
3
18
BBC
2
-
-
2
4
Não Lê
7
7
1
4
19
CMI
-
1
3
-
4
UOL
12
3
8
9
32
MSN
-
2
1
1
4
Folha de SP
5
16
6
6
33
Estadão
2
-
4
-
6
G1
14
10
6
4
34
Total geral
27
Nota: em número absoluto de citações
7.6.21 Tempo de consumo de Televisão, Rádio e Internet segundo o período
Televisão em geral - Os estudantes dos sexto e do oitavo período s consomem menos
tempo semanal de Televisão do que aqueles dos períodos iniciais. Dos 27 alunos do oitavo
período, 70% (19, somados) assiste a menos de qua tro horas semanais e 30% nada assiste. Na
mesma faixa de tempo, estão apenas 16 alunos do segundo período (48%), 11 do quarto
(35%) e 17 do sexto período (74%) ( TAB.41).
178
TABELA 41
CONSUMO DE TELEVISÃO (LAZER) SEGUNDO O PERÍODO CURSADO
Tempo semanal de
consumo
Período em curso
Total
%
%
%
%
%
0 min
8
31
4
15
6
23
8
31
26
100
0'1 min a 2h
4
22
3
17
8
44
3
17
18
100
2'1 a 4
4
21
4
21
3
16
8
42
19
100
4'1 a 6
6
35
8
47
1
6
2
12
17
100
6'1 a 10
7
44
5
31
2
13
2
13
16
100
10' 1 a 31
4
22
7
39
3
17
4
22
18
100
Total
33
29
31
27
23
20
27
24
114
100
Nota: "N°" é número absoluto de alunos e % é o relativo
Telejornal A TAB. 42 mostra que entre os 12 usuári os que mais consomem, acima
de 10 horas semanais, destacam -se seis alunos do quarto período, responsáveis por 50% do
consumo. Ressalte-se que no momento da coleta de dados es ses alunos ainda não tinham
cursado disciplinas de telejornalismo, prevista segund o a matriz curricular apenas para os
quinto e sexto período s.
Por outro lado, dos 22 estudantes que nada consomem de telejornalismo ao longo da
semana, 46% estão no oitavo período e, do mesmo modo, entre os 27 estudantes do oitavo,
dez (37%) consomem “0” minuto semanal. Esse mesmo grupo está entre os que menos
assistem a telejornais nos blocos acima de 4 horas semanais de consumo, repetindo -se o
ocorrido com a variável Televisão lazer.
O dado é indagador, pois esperava-se (ou se desejava) que o consumo de mídia
noticiosa aumentasse ao longo do curso e não o inverso. No entanto, ao observamos que o
concluinte tenha maiores restrições à qualidade e à credibilidade das mídias, inclusive a
noticiosa, justifica-se a queda de consumo.
179
TABELA 42
CONSUMO DE TELEJORNAL SEGUNDO O PERÍODO
Tempo
semanal de
consumo
Período em curso
Total
%
%
%
%
%
0 min
7
32
3
14
2
9
10
46
22
100
0'1 min a 2h
5
50
-
-
2
20
3
30
10
100
2'1 a 4
10
32
11
36
4
13
6
19
31
100
4'1 a 6
5
20
7
28
9
36
4
16
25
100
6'1 a 10
4
29
4
29
4
29
2
14
14
100
10' 1 a 27
2
17
6
50
2
17
2
17
12
100
Total
33
29
31
27
23
20
27
24
114
100
Nota: "N°" é número absoluto de alunos e % é o relativo
Consumo de Rádio em geral - A reduzida audiência a programas de Rádio, aliada à
ampla distribuição de preferência entre os poucos estudantes que citaram os programas
preferidos, impossibilita a observação de tendências ou padrões de comportamento de
consumo desta mídia, conforme podemos observar na TAB.43.
TABELA 43
CONSUMO DE RADIO (LAZER) SEGUNDO O PERÍODO CURSADO
Tempo semanal de
consumo
Período cursado
Total
%
%
%
%
%
0' min
22
28
20
25
19
24
19
24
80
100
0' 1 a 3
10
29
8
31
3
12
5
19
26
100
3' 1 a 22
1
13
3
38
1
13
3
38
8
100
Total
33
29
31
27
23
20
27
24
114
100
Nota: "N°" é número absoluto de alunos e % é o relativo
Radiojornalismo - Um dado que se destaca é que parece haver aumento de consumo
de radiojornalismo do segundo ao sexto período, a partir de quando volta a cair a audiência. É
como se o aluno descobr isse aquela dia quando a cursa e logo depois a abandona. Um
resultado preocupante para os profissionais e professores da área é que 96% dos estudantes do
oitavo período e 91% do segundo período nada consomem de radiojornalismo (TAB. 44). Em
outras palavras, os quatro anos de ensino não lhe alteraram os hábitos em relação ao consumo
de radiojornalismo. Um dos pontos surpreendentes é o aumento do gosto pela programação de
Rádio em geral, o que nos sugere discutir o conteúdo programático das disciplinas da área.
180
TABELA 44
CONSUMO DE RADIOJORNAL SEGUNDO O PERÍODO CURSADO
Tempo
semanal de
consumo
Período cursado
Total
%
%
%
%
%
0' min
30
30
25
25
20
20
26
26
101
100
0' 1 a 3
2
29
2
29
3
43
-
-
7
100
3' 1 a 14
1
17
4
67
-
-
1
17
6
100
Total
33
29
31
27
23
20
27
24
114
100
Nota: "N°" é número absoluto de alunos e % é o relativo
Radiojornal e motivo pelo qual não - Assim como no capítulo anterior, a grande
quantidade de estudantes que não ouvem radiojornal impossibilitou estabelecer caracter ísticas
de comportamento de audiência segundo os motivos pelos quais não jornais ou revistas
impressas, conforme se observa na TAB. 107 (APÊNDICE E).
Consumo de Internet em geral - A maioria dos estudantes estão na faixa de consumo
de webjornal entre 1 minuto semanal até 6 horas semanais. A TAB.45 mostra que dos 28
alunos que consomem menos de seis horas semanais de programação geral de Internet, quinze
(54%) estão no segundo período. Da mesma forma, dos 13 usuários que consomem menos de
horas semanais, oito são do segundo período, o que demonstra que a Internet seja mais
utilizada à medida que o estudante avança na graduação.
TABELA 45
CONSUMO SEMANAL DE INTERNET SEGUNDO O PERÍODO
Tempo
semanal de
consumo
Período que o aluno cursa
Total
%
%
%
%
%
0' min
1
100
-
-
-
-
-
-
1
100
0'1 a 3
7
58
3
25
1
8
1
8
12
100
3'1 a 6
7
47
4
27
2
13
2
13
15
100
6'1 a 12
7
26
4
15
7
26
9
33
27
100
12'1 a 20
5
23
7
32
5
23
5
23
22
100
20'1 a 30
5
21
8
33
5
21
6
25
24
100
30'1 a 60
1
8
5
39
3
23
4
31
13
100
Total
33
29
31
27
23
20
27
24
114
100
Nota: "N°" é número absoluto de alunos e % é o relativo
181
Consumo de webjornal No grupo dos 53 alunos que consomem de 1 minuto a 3
horas semanais, 21 (40%) estão no segundo período, repetindo -se o mesmo padrão de
consumo verificado em relação à audiência de Internet em geral. E os sete alunos que nada
consomem estão no sexto período. É interessante observar que no momento da coleta de
dados estes estudantes estão justamente matriculados na primeira disciplina ligada à Internet
(Multimídia). Entre os 20 alunos que consomem de seis a doze horas semanais, destacam -se
aqueles do sexto (25% dos alunos do período) e do oitavo (35%), conforme m ostra a TAB.46.
TABELA 46
CONSUMO SEMANAL DE WEBJORNALISMO SEGUNDO O PERÍODO
Tempo
semanal de
consumo
Período que o aluno cursa
Total
%
%
%
%
%
0' min
2
29
3
43
-
-
2
29
7
100
0'1 a 3
21
40
14
26
8
15
10
19
53
100
3'1 a 6
6
23
7
27
7
27
6
24
26
100
6'1 a 12
3
15
5
25
5
25
7
35
20
100
3,30
-
-
-
-
-
-
1
100
1
100
12'1 a 18
1
14
2
29
3
43
1
14
7
100
Total
33
29
31
27
23
20
27
24
114
100
Nota: "N°" é número absol uto de alunos e % é o relativo
7.7 Comportamento informacional e evocação de notícias
Após o mapeamento do ambiente informacional, iniciamos o experimento de
evocação. Desta etapa, participaram 86 dos 114 estudantes, alcançando um índice de 75, 4%
de representação deste universo e de 61% do total de alunos do curso. O procedimento
Message Questioning Interview foi aplicado para a primeira ( N1) e segunda notícias (N2)
enquanto que para as terceira (N3) e quarta (N4) pedimos aos estudantes que apen as lessem o
material sem fazer qualquer tipo de marcação. A única pergunta era se havia lido aquela
notícia anteriormente e o objetivo era tentar excluir esta interferência.
7.7.1 Primeira notícia
A primeira notícia (N1) objeto do experimento de leitur a e evocação foi a respeito do
aniversário de 40 anos do lançamento da música Travessia, de Milton Nascimento, durante o
182
Festival Internacional da Canção, ocorrido em outubro de 1967 no Maracanãzinho, no Rio de
Janeiro (APÊNDICE C).
Com objetivo de melhor interpretar os dados apurados, agrupamos os alunos segundo
o número de evocações e a partir des ses grupos realizamos a interpretação de acordo com as
variáveis propostas. Na Notícia 1, foram criados os blocos B0 (zero elemento evocado), B1
(um elemento evocado), B2 (duas evocações, sucessivamente), B3, B4, B5 e B6. Os blocos 5
e 6 são compostos por apenas cinco alunos e foram retirados da análise geral do levantamento
quando sua pouca representatividade significasse distorções na comparação entre os blocos .
Em outros momentos, quando se pretendia avaliar apenas dentro do conjunto de estudantes
que evocaram mais de um elemento do lide, excluímos o B0 exatamente por não ter elemento
evocado.
Quantidade de evocações - A Notícia 1 (Milton Nascimento) foi a qu e obteve maior
número de evocações, superando em grande medida as Notícias 2, 3 e 4, com o índice de
apenas 15% dos estudantes que não se lembraram de nenhum dado da notícia. D a N1, a
maioria se lembrou de 2, 3 ou 4 elementos do lide, com 2 3%, 23% e 21% respectivamente.
Três estudantes se lembraram de 5 elementos e dois de 6 elementos.
Período - Ao relacionar a evocação com o período em que o aluno est ava cursando,
estabelecemos um ranqueamento que apontou para uma significativa perda de qualidade de
evocação dos alunos iniciantes. A TAB.47 mostra que dos 23 estudantes que se lembraram de
quatro ou mais elementos, seis (33%) estão no período, cinco (28%) no período, oito no
4º (40%) e apenas quatro no segundo período (13%). Ao analisar por período, v emos que 60%
dos estudantes do segundo período lembr aram-se de dois ou menos elementos enquanto que o
mesmo ocorre apenas com 40% do quarto período, 55% dos estudantes do sexto e 38% do
oitavo período. O resultado demonstra que a carga de leitura adqui rida ao longo do curso,
ainda que o seja a desejável segundo os padrões de ensino, fez com que o usuário
representasse na memória episódica parte das informações adquiridas (relação entre a
informação nova com a antiga).
183
TABELA 47
EVOCAÇÕES DA N1 POR PERÍODO
Bloco
evocativo
Período em curso
Total
% do
bloco
% do
bloco
% do
bloco
% do
bloco
% do bloco
BO
5
17
1
5
5
28
2
11
13
15
B1
3
10
4
20
2
11
1
6
10
12
B2
10
33
3
15
3
17
4
22
20
23
B3
8
27
4
20
3
17
5
28
20
23
B4
4
13
5
25
4
22
5
28
18
21
B5
-
-
2
10
1
6
-
-
3
3
B6
-
-
1
5
-
-
1
6
2
2
Total
30
100
20
100
18
100
18
100
86
100
Nota: "N°" é número absoluto de alunos e % é o relativo
Elementos evocados - O sujeito da oração “quem” foi o principal elemento evocado
pelos estudantes, com 66 citações (85%) no universo de 78 alunos, confirmando estudos
anteriores realizados por Van Dijk (1990), que afirma recordar -se melhor dos lugares (onde) e
as pessoas envolvidas (que m), conforme apresentamos na revisão de literatura. Em nosso
experimento, apareceu em segundo lugar o fato em si, o “o quê” com 47 vezes (60%) e em
terceiro “como” isto aconteceu, com 26 citações (33%).
A predominância expressiva do sujeito da oração (77% do total) nas evocações deve
ser relacionada com a centralidade da figura do artista Milton Nascimento dada a quantidade
de vezes em que foi mencionada pelos alunos a frase em latim que deu origem a seu nome.
Em outras palavras, como foi bastante questiona da a expressão ângelus domini nuntiavit
Maria, esperava-se maior evocação do nome “Milton Nascimento”. A pontuação da notícia na
pessoa do sujeito e não em sua carreira profissional - também foi acentuada com suas
origens familiares, a questão da adoção , que levou inclusive a sete estudantes evocarem
informações relacionadas à e e outros a criticarem o caráter “sensacional istada notícia
que, segundo eles, deveria ter sido focada mais na carreira do artista.
Circunstância da lembrança Percebemos uma clara vinculação entre a qualidade
de evocação, o fato de ter sido utilizada entre o dia da leitura (segunda fase) e o experimento
de evocação (terceira fase). A principal recorrência foi “conversa com amigos” (16 menções),
“leu outra mídia” (8) e ao ou vir música (3 vezes), estabelecendo assim vínculos entre
comportamento informacional e uso da informação.
184
Embora não seja considerada uma “notícia quente”, outros fatores contribuíram para a
evocação, como a referência ao aniversário da carreira de Milton em outras mídias, a
exibição da telenovela “Coração de Estudante” e um comercial exibido na Televisão na
ocasião do experimento, confirmado por dois alunos. A isto explicará também “assuntos
preferidos”, em que artes” tegrande destaque, vinculando a ssim, claramente, a relação
entre assuntos preferidos e evocação, conforme endossou o aluno 588 após a leitura da N1:
“foi a única que gostei de ler”.
Utilidade da informação Para mensurar a variável “utilidade da informação”
estabelecemos como critério a soma do número de vezes em que cada usuário evocou aquela
notícia nas quatro semanas subseqüentes ao experimento de leitura do jornal EM (entre a
segunda e a terceira fase). O total foi dividido pelo número de usuários e chegamos a um
índice para cada um dos sete blocos (BO, B1, B2, B3, B4, B5 e B6). (TAB.48)
Em relação à utilidade da informação (quantificando a questão da circunstância da
lembrança), observamos que a média de utilização entre os alunos que evocaram apenas uma
vez passa de “0” (BO) pa ra 0,11 (B1); 0,38 (B2); 0,45 (B3); 0,44 (B4); 0,66 (B5) e,
finalmente, 0,5 aos dois alunos que evocaram seis elementos do lide (B6). O resultado aponta
para a relação entre uso e evocação: quanto maior a utilidade, maiores as chances de o leitor
se lembrar da notícia lida.
TABELA 48
UTILIDADE DA INFORMAÇÃO
Quantidade de
evocações
Índice de
utilização
B0
0
B1
0,11
B2
0,38
B3
0,45
B4
0,44
B5
0,66
B6
0,5
Erros de informação - Obviamente, somente houve erros entre aqueles que
expressaram evocações mas nos interessa neste momento qualificar, circunstanciar os erros.
Assim como o “quem” foi o elemento mais evocado, também neste segmento o “quem”
apareceu o maior número de erros, tendo os usuários feito referências a Djavan, Gilberto Gil,
Caetano, Tim Maia, “Milton Santos” ou Tom Jobim.
185
Outra gama de erros esteve bem próxima da narrativa proposta pelo autor da matéria,
com menções à infância de Milton (segunda maior causa de erros) quando no texto original
apenas citou-se o horário de seu nascim ento e o fato de ter sido criado por mãe adotiva.
Durante o experimento de evocação, houve algumas referências ao “Clube da Esquina”, do
qual Milton Nascimento e Fernando Brant foram fundadores, mas o texto em si não fazia
referência ao Clube, o que podem os classificar como erro de “grau leve”. Não houve
diferenças significativas entre o tipo de erro e o número de evocações ou em função do
período cursado.
Observamos que os cantores citados fazem parte da geração de Milton Nascimento e
quase todos participaram de festivais, temática central da N1, o que justificaria parte dos
equívocos cometidos e confirma a Teoria dos Esquemas, segundo a qual o dado novo sempre
interage com o já existente. Isto significa que as notícias (da forma como a lemos e a
entendemos mas não exatamente como foram narradas) se representam cognitivamente em
nossa memória formando o Modelo Situacional (V AN DIJK, 1990). Ao interpretar a Notícia
1, o usuário a agrupou a outras experiências acumuladas anteriores, imagens de festivais na
Televisão, músicas preferidas, antigas fotografias estampadas nos jornais, idéias a respeito da
repressão militar aos artistas, etc, atualizando um Modelo Situacional sobre fato anterior
semelhante. Ao ser abordado na terceira fase deste experimento, o usuá rio trouxe fragmentos
destas representações, daí os “erros” de informação.
Volume de marcações - Um dos dados que se sobressaem neste levantamento é que o
volume de marcações através do Message Questioning Interview influencia na quantidade de
elementos evocados posteriormente, confirmando a eficácia da técnica, realizada em outros
experimentos (DERVIN, 2001).
A TAB. 49 revela a tendência de os usuários que mais marcaram seus textos se
recordarem melhor das notícias àqueles que nada marcaram (B0), exceto aqueles do B4, cuja
média foi 2,72 marcações por notícia. Um número menor de estudantes compôs o B5 e o B6
os de maior evocação - mas foi nesse segmento também em que tinha havido anteriormente
(Fase 2) o maior número de marcações, com média de 5 e 7 mar cações por aluno.
186
TABELA 49
RELAÇÃO ENTRE EVOCAÇÕES E
MARCAÇÕES POR MQI DA N1
Quantidade
de evocações
Média de marcações
no texto por usuário
B0
2,87
B1
3
B2
3,28
B3
3,4
B4
2,72
B5
5
B6
7
Descrição do item de maior marcação - Embora o tema fosse de grande interesse,
alguns a consideraram “confusa e entediante” (estudantes 633 e 632). A qualidade do texto foi
objeto do maior número de críticas dos leitores. Entre os itens marcados com “/” foi solicitado
ao leitor que, no critério de imp ortância, pontuasse as questões em escala de 1 a 3. Nes sa
variável os principais comentários foram referentes às menções do jornalista à qualidade da
composição de Milton Nascimento (a), aos festivais durante a ditadura militar (b), a expressão
latina já anteriormente citada (c) e ao nascimento do artista (d).
A expressão latina foi considerada desnecessária e confusa, a questão do nome em
relação ao horário de nascimento não ficou suficientemente justificada e mesmo a qualidade
foi questionada. O texto é repleto de elogios à carreira do artista e de oposição à indústria
cultural, mas alguns alunos contestaram , pois, segundo eles, Milton é “vendido como artista
de massa”, vinculado a grandes gravadoras e reclamaram de bajulação, “puxa -saquismo” (o
aluno 488 utiliza uma expressão vulgar), como m ostra o QUADRO 4.
Outras reclamações foram não ter ficado claro o porquê de o apelido “bituca” ou se
tratava de outro personagem, quais eram os outros parceiros a quem se refere o texto (aluno
659), a ausência de referente a Três Pontas, onde Milton foi criado (318), ao desconhecimento
de quem é Fernando Brant, ao local de nascimento de Milton e à ausência do nome da mãe
biológica. Esses comentários dos usuários são extremamente importantes, segundo a teoria do
Sense-Making, para se observar como se situa o usuário no exato instante em que atravessa a
ponte (metafórica) de um estado de conhecimento a outro, e as conseqüências que incorrerão,
da mesma forma, para a formação e atualização dos modelos situacionais.
187
QUADRO 4
ITEM DE MAIOR MARCAÇÃO PELO MQI
Descrição do usuário
Milton também é artista de massa
o que era FIC?
frase deslocada no texto
quais outros parceiros?
trecho sobre nascimento é dispensável, frase deslocada
trecho nascimento e ultimo parágr afo confuso e entediante
Deveria explicar quem é F. Brant
apesar de talentoso, Milton é vendido como cultura de massa
juízos de valor são grotescos
Marcações que foram mais lembradas - Verificamos haver relação entre as
marcações e os elementos poster iormente evocados, tal como ocorrera durante o estudo
piloto. Além de interferir na pesquisa sobre os elementos do lide evocados, o comentário foi
necessário para objetivar lacunas, pontes e necessidade e informação. A maioria não evocou
exatamente aquele trecho ou expressão que havia considerado importante. Isto se justifica
porque as marcações podem realizar -se a partir de volições do próprio leitor e não do texto em
si e a interpretação envolve um complexo sistema de reconstrução que envolve lacunas
informacionais, motivações e objetivos do usuário, credibilidade do noticiário e expectativas
de uso daquela informação, como vimos na revisão de literatura. Por exemplo, o aluno 641
registrou 11 marcações (o de maior número dentre os colegas) mas nenhuma dela s estava
entre os 6 elementos evocados na fase posterior. Assim, o efeito da marcação por MQI atende
à alimentação da representação da memória episódica em seus aspectos mais gerais.
Escala crítica - Com base nos comentários a respeito das marcações, esta belecemos
uma escala crítica que varia de 0 a 3, sendo “0” o aluno que demonstrou nenhuma
interpretação crítica da notícia lida e “3” o estudante que mais questionou a notícia 1.
Somamos as avaliações atribuídas a cada aluno e dividimos o total pelo número de alunos
daquele bloco, chegando então a uma média geral daquele bloco.
Neste segmento, o B0 teve dia de 0,69, o B1 0,44; B2 de 0,57; B3 de 0,7; B5 de
0,25 e o B6, bloco de maior evocação, obteve escala crítica 2 (TAB. 50). Excluídos aqueles
que nada evocaram, percebemos alguma relação entre a crítica, o diálogo com o texto, e a
qualidade evocativa. Tal análise será consubstanciada ao promovermos o cruzamento de
credibilidade com evocação.
188
TABELA 50
ESCALA CRÍTICA DA N1
Quantidade de
evocações
Índice médio da
crítica
B0
0,69
B1
0,44
B2
0,57
B3
0,7
B4
1
B5
0,33
B6
2
Soma de escala de importância Como vimos na discussão da técnica de coleta de
dados, após cada marcação “/”, os usuários deveriam registrar uma pontuação de 0 a 5
segundo o grau de importância que ele confere àquele trecho marcado. O procedimento
reafirma os postulados Sense-Making da autonomia ao ponto de vista do ator, do usuário, no
instante em que se frente a uma questão, ou problema, e não necessariamente aos critéri os
de importância pré-estabelecidos pelo emissor da mensagem e que , no caso da notícia, se
caracterizam pelos elementos do lide.
Nessa variável, somamos as escalas realizadas após cada marcação por MQI e
dividimos o total pelo número de alunos de cada bloc o evocativo, criando um índice de escala
de importância conferida àquela notícia lida. Posteriormente, a análise nos mostrou haver
uma ligeira tendência a evocar mais elementos aqueles leitores que pontuaram com maior
numeração seus comentários ( TAB.51).
TABELA 51
EVOCAÇÃO SEGUNDO ESCALA DE IMPORTÂNCIA
Quantidade de evocações
Média da escala de importância
B0
5,61
B1
5,55
B2
6,42
B3
6,5
B4
5,5
B5
8,33
B6
11,5
Expectativa de uso - Foi sugerido que anotassem os primeiros sentimentos ou idéi as
que viessem à mente durante a leitura das palavras e frases iniciais. Estes registros tornaram -
se a variável “expectativa de uso”, cuja maior incidência pode ser acompanhada na TAB.52 -
e que condicionam a recepção da mensagem pois “tudo o que a mente v ai compreender
189
depois, acompanhando ou não o locutor até o seu ponto final, é condicionado pelas imagens
mentais disparadas neste primeiro instante” (M EDITSCH, 2003). Conforme vimos na revisão
de literatura, o contrato de leitura pressupõe ao leitor saber quais tipos de notícia encontrará,
sendo refratário a grandes surpresas, daí serem reduzidas as ocorrências de mudanças de
opinião mas de reforço daquelas já existentes.
É neste sentido que verifica -se que os estudantes que imaginaram a cena do palco ou
expressaram sentimentos estimulados por músicas de Milton Nascimento tiveram
posteriormente maior número de evocações, confirmando os pressupostos de Van Dijk (1990)
apontados na revisão de literatura. rios alunos associaram o festival nos anos 1960 (citado
pela notícia) ao regime militar - assim retomando a cena muitas vezes exibida pela Televisão -
da importância dos festivais durante a ditadura. A abertura da N1, situando o fato no palco do
Maracanãzinho, favoreceu a formação de uma imagem inicial de q ue o texto trataria de
competição esportiva. Não foi possível detectar variações de evocação quanto à quantidade
das expectativas pois apenas três dentre os 86 alunos não registraram expectativas de uso.
TABELA 52
MAIORES EXPECTATIVAS ANTES DA LEITURA
N° de citações
comentário do leitor
15
que se tratava de biografia
9
imaginou o show
8
competição esportiva
8
festivais e ditadura
5
lembrança de musicas
2
leitura cansativa
2
imagens estádio cheio
2
lide interessante
Dúvida após ler Imediatamente logo após a leitura, perguntamos aos entrevistados
se tiveram críticas ou dúvidas em relação àquela notícia com o objetivo de caracterizar
lacunas de informação. De uma maneira geral, o fato narrado pela N1 suscitou poucas dúvidas
mas a qualidade do texto foi censurada. As principais questões registradas foram as realizados
junto às seguintes marcações: “latim”, parceiros” e qual seria o gancho” , o que motivou
aquela matéria. Não foi percebida relação entre esta variável e a quantidade de elemen tos
evocados ou ainda segundo o período cursado pelo estudante.
Leu antes? Perguntamos ao usuário se havia lido antes aquela reportagem com o
objetivo de tentar caracterizar, na fase sequinte, se a introdução desta variável promoveria
alterações no experimento de evocação. Somente um dos 86 estudantes havia lido a matéria
190
antes daquele experimento e outros três disseram ter sabido do fato sem, no entanto, ter lido a
N1. O resultado não oferece análises quanto à evocação.
Grau de interesse - O experimento não revelou nenhuma relação entre o grau de
interesse pela N1 e o número de evocações. Em uma escala de interesse que variava de 0 a 4,
a média geral dos 86 estudantes foi de 1,94. Podemos fazer uma distinção entre o interesse do
leitor por aquela notícia que acabou de ler (e que foi muito criticada, segundo vimos) e o
interesse por assuntos ligados a artes em geral ( que demonstrou ser uma variável que
influencia na quantidade de elementos evocados).
Impresso/hábito de leitura A partir do mapeamento informacional, promovemos o
cruzamento da freqüência semanal de leitura (inclusive se lê “irregularmente”, “regularmente”
ou somente quando est á em casa dos pais”) com a quantidade de evocação, caraterizando
assim o comportamento informacional dos estuda ntes de Comunicação Social.
A média de consumo dos alunos que nada recordaram sobe de 1,07 e atinge 1,27 no
B4. No grupo dos cinco alunos que fazem parte do B5 e B6 a dia foi 0,6 e 1,
respectivamente, motivada por dois estudantes que afirmaram não ler d iários, pontuando “0”
e, portanto, puxando significativamente a média para baixo. Enquanto a média geral dos
estudantes foi de 1,16, a média dos que nada evocaram foi de 1,07 ( TAB.53). O resultado
confirma teorias sociocognitivas a respeito do consumo de notícias, que relacionam nível de
decodificação e de evocação a hábito de consumo de jornais impress os.
TABELA 53
QUANTIDADE DE EVOCAÇÃO DA
N1 POR HÁBITO DE LEITURA
Quantidade de
evocações
Média do índice
de leitura
B0
1,07
B1
1,11
B2
1,23
B3
1,25
B4
1,27
B5
0,66
B6
1
Telejornal, Televisão para Lazer, Radiojornal, Rádio para Lazer - O hábito de
consumo de telejornalismo, radiojornalismo e programas de entretenimento na Televisão e no
Rádio parecem influir na quantidade de evocação dos estudantes que participaram do
191
experimento. Embora menos evidente do que no experimento com jornais impressos, percebe -
se que a partir do maior consumo de informações por intermédio das mídias eletrônicas,
uma correspondência na quantidade de evocações . Na TAB.54, a coluna à esquerda (blocos
de evocação) representa a quantidade de evocações e a s colunas à direita a média entre a soma
do consumo das quatro mídias eletrônicas citadas anteriormente.
TABELA 54
EVOCAÇÃO SEGUNDO TOTAL EM MINUTOS DO CONSUMO DE TV E RÁDIO
Consumo semanal em minutos
Evocação
Telejornal
TV lazer
Radiojornal
Rádio lazer
Média
geral
BO
240
165
7
7
104
B1
159
546
31
72
202
B2
328
276
32
28
166
B3
282
399
25
122
207
B4
253
330
27
27
159
B5
240
559
6
60
216
B6
840
240
-
-
270
Separadamente, a análise demonstra haver pequena variação na relação entre o número
de evocações (representando por B0 a B6) e a média de consumo das mídias eletrônicas,
conforme se na TAB. 55. Nesta perspectiva, a medição do consumo da mídia Rádio é
prejudicada pela escassez de audiência, pois o resultado não reflete a média de uma totalidade
mas a preferência de um número bem reduzido de alunos mas que não representa a média de
todos. O mesmo ocorrera no experimento piloto também devido ao baixo consumo de
Rádio.
TABELA 55
EVOCAÇÃO SEGUNDO MÉDIA POR ALUNO DE CONSUMO DE TV E RÁDIO
Evocação
Telejornal
TV lazer
Radiojornal
Rádio lazer
Média geral
BO
4
2,76
0.13
0.13
1,75
B1
2,66
9,11
0'53
1'20
3,37
B2
5,47
4,61
0'54
0'48
2,77
B3
4,7
6,65
0'42
2'04
3,45
B4
4,22
5,5
0,45
0'46
2,65
B5
4
9,33
0'10
1
3,6
B6
14
4
-
-
4,5
Internet para lazer, Webjornalismo Quanto à audiência de Internet, seja como
lazer (Orkut, e-mails, YouTube, etc) ou como consumo de notícias ( webjornalismo), não foi
possível detectar diferenças de evocação segundo a quantidade de horas despendida.
192
Variedade de fontes - As indicações dos jornais e revistas preferidos foram
contabilizadas e formaram o item “variedade de fontes”. Esta variável fo i desdobrada em dois
procedimentos de averiguação. No primeiro, partimos do pressuposto da existência de relação
entre a diversificação de fontes de consumo de informação e a evocação sendo o usuário
portador de maior acervo informacional - assim como ocorrera no estudo piloto com
estudantes e moradores de Viçosa.
Promovemos então uma leitura horizontal, individualizada, tentando responder a esta
hipótese e o resultado foi positivo para 52 alunos e negativos para 34. Em outras palavras, a
maioria dos estudantes que têm maior diversificação de leitura evocou melhor na terceira
fase deste experimento , reafirmando o que já ocorrera com os estudantes de outros cursos e
moradores de Viçosa no estudo piloto. Em um segundo momento, apenas somamos os totais
de cada aluno e dividimos pela quantidade de evocações, estabelecendo uma média em cada
bloco. Nesta abordagem não foi possível observar alterações, conforme vemos na TAB.56.
TABELA 56
EVOCAÇÃO SEGUNDO A VARIEDADE DE FONTES
Evocação
Mais de 3 fontes
dia de fontes
B0
47%
3,2
B1
56%
3,5
B2
48%
3,2
B3
70%
4
B4
73%
4
B5
67%
3,3
B6
-
1,5
Credibilidade impresso, Webjornalismo, Estado de Minas, Índice de
Credibilidade - De acordo com as respostas às opções de credibilidade oferecidas ao
jornalismo impresso e webjornalismo em geral e ao jornal Estado de Minas, em particular,
compusemos uma tabela em cruzamento com o número de elementos evocados e que
formaram o B0, B1, B2, B3, B4, B5 e B6. Da soma da média geral das três opções de mídia,
criamos uma quarta variável, o Índice de Credibilidade (IC), que é uma tentativa de se atingir
uma análise ainda mais global da variável “credibilidade”.
Percebemos aumentar o índice de evocação à medida que diminui a crença que o leitor
deposita naquela mídia, confor me mostra a TAB.57. Em outras palavras, nesta terceira fase
deste experimento, quanto maior a desconfiança maior o número de lembranças, repetindo o
que ocorrera com leitores do jornal Tribuna Livre durante a pesquisa piloto. Não sabemos
explicar se este mecanismo opera em cruzamento com outras variáveis não detectáveis nesta
193
pesquisa, como nível de escolaridade, renda familiar, entre outras, ou se justifica por si só, o
que demandaria novas investigações.
TABELA 57
EVOCAÇÃO DA N1 SEGUNDO
CREDIBILIDADE EM IMPRESSOS E AO WEBJORNALISMO
Evocação
Credibilidade
Impresso em geral
Webjornal
Índice de
Credibilidade
BO
3,3
3,5
3,4
B1
3,2
2,3
2,8
B2
3
3'25
3,12
B3
3
2,55
2,77
B4
2,7
2,6
2,7
B5
3,6
2,7
3,2
B6
3
3
3
Qualidade/Brasil, Estado de M inas, Índice de Qualidade - Na primeira fase deste
levantamento, perguntamos aos estudantes como avaliam a qualidade dos jornais impressos
em geral e do jornal Estado de Minas em particular - de onde foram retiradas as quatro
notícias lidas na fase poster ior. Com o resultado, tal como fizemos no item anterior,
compusemos o Índice de Qualidade (IQ), uma média da avaliação dos jornais em geral e do
EM.
Nesta variável, podemos observar que, excluídos os alunos que evocaram 5 ou 6
elementos (e que constituem uma exceção, conforme alertamos n o início deste capítulo),
uma tendência de maior evocação entre os leitores que avaliam mais criticamente as opções
apresentadas tal qual aconteceu quando foi introduzida a variável credibilidade.
Obviamente, a amostra gem possibilita algumas variações entre os blocos mas a tendência é
claramente identificada pela TAB.58.
Com o objetivo de conferir es se resultado, fizemos a mesma avaliação mas a partir de
uma leitura horizontal e com o mesmo universo de estudantes. Dado o elevado número de
estudantes que desconhecem o jornal Estado de Minas, conforme apontamos no capítulo
anterior, avaliamos apenas a categoria “jornais impressos” em geral. Nesta coluna havia cinco
opções, de “não tenho opinião” (0) até “excelente” (5), e 85 estudantes marcaram entre as
opções 1 e 4, que serviram de parâmetro para esta avaliação. O resultado confirmou a
investigação anterior, com 46 estudantes confirmando a tese de que o maior grau de ressalvas
quanto à qualidade dos jornais impressos em g eral pode representar tendência para a
quantidade de evocação.
194
TABELA 58
EVOCAÇÃO SEGUNDO A QUALIDADE DOS JORNAIS EM GERAL
E DO JORNAL ESTADO DE MINAS
Evocação
Qualidade
jornais brasileiros
jornal Estado de
Minas
Índice de qualidade
B0
3,38
2,69
3,03
B1
3,22
3,11
3,16
B2
3,09
2,52
2,8
B3
3
3
3
B4
3,16
1,77
2,45
B5
3,33
3,33
3,33
B6
3,5
-
1,75
Autodefinição socioeconômica - De acordo com pesquisas desenvolvidas por Van
Dijk, o leitor que se percebe como socialmente prejudicado teria um perfil mais crítico
perante o mundo e apresentaria tendência para evocar com maior qualidade as notícias que
consumiu. Assim como no estudo piloto, não percebemos alterações significativas ao
introduzirmos esta variável em nosso levantamento, embora pos samos apontar uma leve
tendência contrária a esta tese, principalmente, entre os estudantes membros do B4 e B5. A
TAB. 59 revela que quanto mais o aluno se favorecido socialmente maior foi o número de
elementos evocados. Caberia investigar em futuros le vantamentos se outras variáveis
decorrentes de um efetivo benefício socioeconômico promovem maior evocação.
TABELA 59
EVOCAÇÃO DA N1 SEGUNDO AUTODEFINIÇÃO SOCIOECONÔMICA
Bloco
Nº usuários*
Prejudicados**
Favorecidos**
B0
13
6,9
8,1
B1
10
4,6
5,8
B2
20
12,7
11,6
B3
20
9,3
13,9
B4
18
8,1
12,7
B5
3
2,3
1,1
B6
2
100
-
Nota: * em números absolutos; ** relativo a %
Entidades (nível de participação ou interesse) - Entre as opções apresentadas, a
maioria dos alunos que participaram do experimento de evocação registrou maior
envolvimento com organizações não governamentais (152 citações), política (132) e esportes
(120), conforme vimos no capítulo anterior. Quando promovemos o cruzamento dos blocos de
195
evocação, percebemos melhor evocação de elementos do lide (B3, B4 e B5) entre aqueles de
maior participação ou interesse por política.
Entre os estudantes que nada evocaram foi onde a opção “interesse por esporte” e
“ONG” teve maior representação (20 citações cada). Entre os usuários que ev ocaram 5
elementos (B5) política e esportes empataram com 3 citações cada. Somente no B6, esportes
obteve a primeira colocação, com 7 citações. A introdução desta variável demonstrou ainda
haver maior engajamento social e/ou interesse entre os estudantes com maior número de
evocações. Tal tendência foi confirmada quando somamos todas as escalas de participações,
por bloco, e depois tiramos uma média geral. ( TAB. 60). Se o leitor mais socialmente
engajado dialoga e evoca melhor as informações, ele também recebemenor influência da
mídia pois as mensagens concorrerão com conceitos sociais, influência de líderes e de grupos
ou entidades.
TABELA 60
EVOCAÇÃO SEGUNDO ESCALA DE PARTICIPAÇÃO EM ENTIDADES
Evocação
Ordem de engajamento
Média de
engajamento
Escala de
participação
B0
ONG 20 ; ESP 20 ; REL 15; POL 14 ; EST 12 ; CLA 7 ; SIN 5
7,15
0,389
B1
ONG 18 ; POL 17 ; REL 13; EST 13 ; ESP 12 ; CLA 8 ; SIN 2
9,22
0,369
B2
ONG 46 ; ESP 26 ; POL 26; REL 25 ; EST 25 ; CLA 12 ; SIN 11
8,14
0,368
B3
POL 37 ; ESP 33 ; ONG 30; EST 25 ; CLA 24 ; REL 22 ; SIN 12
9,15
0,376
B4
ONG 33 ; POL 33 ; EST 25; ESP 21 ; SIN 23; REL 19 ; CLA 17
9,5
0,379
B5
POL 3 ; ESP 3 ; CLA 2 ; SIN 2; EST 6 ; ONG 5 ; REL 5
8,66
0,37
B6
ESP 7 ; ONG 3 ; POL 2; REL 2 ; EST 2 ; CLA 2 ; SIN 2
10
0,356
Assuntos preferidos - No cômputo geral, em número de vezes que aparece
independente da ordem de opção, artes aparece com 81%, política (7 1%), local (69%),
Televisão (59), esporte (50%) e economia (4 1%), conforme mostra a TAB.61.
TABELA 61
EVOCAÇÃO DA N1 SEGUNDO ASSUNTOS PREFERIDOS
Assuntos
citações como 1ª
opção
Percentual
Assuntos
nº geral de
citações
percentual em
que é citado
ART
36
42
ART
70
81
ESP
16
19
POL
61
71
POL
12
14
LOC
59
69
TV
51
59
ESP
43
50
ECO
35
41
196
Com o objetivo de aprofundar a investigação da interferência da preferência de
assuntos na qualidade da evocação, promovemos o cruzamento e a preferência interna dentro
de cada bloco evocativo e como primeira opção . Artes continua sendo citada como primeira
opção em todos os blocos, exceto no B6, quando empata com esportes. No critério de citações
gerais, mas ainda interna, por blocos, artes é mais citada no B0 (12 vezes), B2 (18), B3 (14),
B4 (15), B5 (3) e B6 (2). Locais se destaca no B1 (7 citações), B4 (15) e B3 (3). TAB.108
(APÊNDICE E).
7.7.2 Segunda notícia
A segunda notícia utilizada como objeto do experimento de leitura e evocação refere -
se ao indiciamento de quatro servidores públicos do Tribunal de Contas do Estado de Minas
Gerais acusados de promover uma megaqueima de arquivo” ( APÊNDICE C). Assim como
no capítulo anterior, analisamos o resultado do experimento de evocação com a N2 agrupando
os alunos em blocos segundo o número de evocações e a partir destes grupos realizamos a
interpretação de acordo com as variáveis propostas.
Devido ao menor número de evocações, em comparação com a N1, foram criados
apenas três blocos: B0 (zero elemento evocado), B1 (um elemento evocado), B2 (duas
evocações) e B3 (três evoc ações). Como se na TAB.62, o B0 tem 49 membros, sendo
responsável por mais da metade de todos os estudantes. Entendemos que tal disparidade pode,
em alguns momentos, influir no resultado da análise comparativa com os demais grupos. O
B0, também por não ter elemento evocado, foi retirado da análise quando se pretendia
comparar blocos de evocações.
Quantidade de evocações A Notícia 2 obteve menos evocações que a N1, com o
índice de 57% (49) dos 86 estudantes que não se lembraram de nenhum elemento da no tícia.
Dentre os 37 que evocaram, o B1 tem 15 membros, o B2 13 e o B3 é composto por 9 leitores,
com índices de 17%, 15% e 10% respectivamente. Por ordem de interesse, revelamos no
mapeamento informacional que os estudantes preferem artes, o que explica pa rcialmente a
redução da quantidade de evocação a partir da primeira notícia.
Período - Ao relacionar a evocação com o período em que o aluno está cursando,
estabelecemos um ranqueamento que confirmou o oitavo período como o de maior qualidade
197
evocativa. O B3 está composto por 67% de membros do oitavo período, 22% d o segundo e 11
do quarto período (TAB 62)
.
TABELA 62
EVOCAÇÃO POR PERÍODO
Evocação
Período
2º período
4º período
6º período
8º período
Total
alunos
% do
bloco
alunos
% do
bloco
alunos
% do
bloco
alunos
% do
bloco
N.
alunos
% do
bloco
BO
18
37
12
24
10
20
9
18
49
100
B1
5
33
3
20
5
33
2
13
15
100
B2
5
38
3
23
4
31
1
8
13
100
B3
2
22
1
11
-
-
6
67
9
100
Total
30
33
19
20
19
84
18
27
86
100
Elementos evocados Para análise da N2, recolhemos as palavras ou expressões
evocadas que compuseram um banco de elementos e que foram posteriormente descritas e
interpretadas. A maioria das lembranças esteve relacionada a alguma idéia de incêndio
criminoso cometido por servidores sob encomenda de políticos e a variações decorrentes
desta idéia, basicamente o “o quê” aconteceu, tal como ocorrera com o experimento piloto
com estudantes de outros cursos e moradores de Viçosa. Os principais elementos evocados
foram (14 vezes), “incêndio” (13), corrupção” (12) e “local do fato” (9 vezes). Também
foram citados “funcionalismo”, “servidores”, “justiça” e “nomes de acusados”, entre outros.
Entre os 15 leitores do B1 a palavra “política” apareceu dez vezes e “corrupção ”
quinze. No B2, predominaram “incêndio” (6 vezes), “corrupção” (5) e (3 citações) e no B3
foram (1), corrupção” (3) e “incêndio” (7 vezes). Após este resultado, retornamos ao texto -
resposta sobre o que se recordavam e confirmamos que a alta menção à pa lavra “política” no
B1 deve-se a leitores que simplesmente se lembravam de a N2 tratar -se de “um político
corrupto” sem, no entanto , se estender no tema provavelmente por o terem a que se referir.
Os demais leitores que se recordaram foram paulatinamente sendo mais precisos na evocação
e política” deu vez a “incêndio”.
Circunstância da lembrança No experimento da N2 o houve
lembrança/utilização entre o dia da leitura (segunda fase) e o experimento de evocação
(terceira fase) um mês depois. A N2 trat ava de desdobramentos de um fato ocorrido um ano
antes e nestes 30 dias não houve novas referências ao episódio no próprio EM (que
acompanhamos) ou em outras mídias (em que tivemos conhecimento).
198
Utilidade da informação Como vinculamos a utilidade da in formação à
quantificação da circunstância da lembrança, o houve, neste critério adotado, uso da
informação, embora saibamos que , possivelmente, ao ler notícias de igual teor , algum
estudante que particip ara do experimento lembrar -se-ia naquele momento do incêndio
criminoso ocorrido no Tribunal de Contas do Estado.
Erros de informação A cobertura jornalística do fato narrado na N2 está situada
entre a abordagem política (motivação política) e policial (um incêndio criminoso) e tal
característica levou a vários erros de informação. O desconhecimento das funções de um
tribunal de contas (órgão de apoio a parlamentos na fiscalização de atos do executivo) e do
Ministério Público levou alguns leitores a entenderem ser um órgão do Poder Judiciário ou
mesmo do aparato de segurança pública estadual. A tentativa de vasculhar a memória para a
resposta pode ser outra explicação para os erros de informação detectados. Os principais
equívocos foram: corrupção policial”, “corrupção no Senado”, “juízes presos”, votaç ão de
projeto”, “governo PSDB”, “incêndio em Fórum” e “arquivos Polícia Militar”.
Volume de marcações - A literatura discutida no Capítulo 7 pressupõe que o volume
de marcações através do MQI influenciará na quantidade de elementos evocados
posteriormente. Assim como durante o experimento com a N1, os alunos que mais marcaram
seus textos se recordaram melhor das notícias àqueles que nada marcaram (B0). Chegamos a
esta conclusão após somar o número de marcações de cada bloco e deste total retirar uma
média. No B0 a média foi de 2,63; no B1 subiu para 2,66; no B2 alcançou o máximo de 4,15 e
no B3 a média foi de 2,66.
Descrição do item de maior marcação Ao contrário da N1, notícia “leve”, a N2
pode ser classificada como uma notícia complexa, de compreensão mais difícil e foi escolhida
justamente para (a) compararmos com a N1 e (b) avaliarmos se o fato de ter mais dados, mais
elementos, traria maior ou menor evocação. Como prevíamos, o texto foi considerado
“pesado” por boa parte dos leitores. De fato, o cas o em si é de difícil explicação pois envolve
suspeitas, indícios, provas e contra -provas, Judiciário, governo, legislativo e segurança
pública mas foi tratado dentro dos meandros da política, o que levou o repórter a dar um
tratamento cauteloso à narrativa . Neste sentido, surgiram várias dúvidas por parte dos leitores ,
conforme mostra o QUADRO 5:
199
QUADRO 5
ITEM DE MAIOR MARCAÇÃO DA N2
Descrição do usuário
Não entendo porque continuam a receber salários se não estão trabalhando...
Porque foi provocado o incêndio?
Gostaria de saber o significado da palavra nepotismo
Não citou as novas provas apresentadas
Frase não esclarece quem são os ‘superiores’
Quais são as provas?
Texto não especifica o termo ‘graduado’
Não foi especificado o porque da queim a de arquivo
Não entendi porque testemunhas seriam intimidadas
Teve provas? Foi julgado? Condenado?
Contradição (do texto): 3 ou 4 acusados?
Notícia incompleta
Quais são os indícios significativos?
O que foi queimado?
O MP não faz parte da Justiça?
Foram feitos 28 comentários com críticas ao texto (“lide incompleto”, “texto não é
claro”, “trecho confuso”), 12 críticas ou julgamento ao fato em si (“é absurda a quantidade de
crimes que os três são acusados”) ou a pessoas citadas e seis elogios ao tex to (“jornal mostrou
também o ponto de vista dos acusados”), entre outras referências , comprovando o caráter
ativo do usuário, que dialoga com o texto a partir do instante que o percebe.
Marcações que foram mais lembradas Confirmamos haver relação entre as
marcações e os elementos posteriormente evocados, mas, como ocorreu na N1, a maioria dos
leitores o evocou exatamente o que havia considerado importante. Como afirmamos na
análise da N1, as marcações podem se realizar a partir de opiniões do leitor a respeito do fato
e não do texto em si. As marcações mais lembradas foram: comentário sobre os acusados (5
vezes), corrupção (5) e incêndio (4 vezes).
Escala crítica Assim como no experimento com a N1, estabelecemos uma escala
crítica (0 a 3) baseada nas marcações, sendo 0 a interpretação acrítica da notícia lida. Neste
segmento, o experimento com a N2 comprovou que quanto maior o diálogo com o texto,
maior a possibilidade de evocação.
Soma de escala de importância - Nesta variável somamos as notas at ribuídas a cada
“/” e dividimos pelo número de alunos, estabelecendo uma média por bloco. Neste
cruzamento, o B2 e o B3 apresentaram média superior aos demais ( TAB. 63).
200
TABELA 63
EVOCAÇÃO SEGUNDO ESCALA DE IMPORTÂNCIA
Evocação
Média
B0
5,85
B1
4,73
B2
8,76
B3
6,33
Expectativa de uso Tão logo lessem as expressões iniciais, o leitor deveria registrar
seus primeiros sentimentos e idéias que, como vimos, condicionam a interpretação do
restante da leitura. Estes registros formaram um banco que tornou-se a variável “expectativa
de uso” por intermédio da qual observamos que os leitores demonstraram falta de interesse ou
mesmo aborrecimento pela temática política e corrupção” ( TAB.64). Confirma-se assim que
a cobertura predominantemente negativa, sensacionalista, “aborrece” aos leitores, tornando -os
incrédulos quanto à credibilidade e utilidade daquelas informações. É neste primeiro
momento que atualizam -se as primeiras idéias e “pré -conceitos” a respeito daquele fato e que
põem abaixo os mitos da neutralidade, imparcialidade e neutralidade.
TABELA 64
EVOCAÇÃO SEGUNDO EXPECTATIVA ANTES DA LEITURA
N° de citações
comentário do leitor
19
Corrupção
17
aborrecimento com a temática corrupção
10
crítica ao texto
10
referência a suspeitos ou a pessoas
3
imagem do incêndio
O fato de apenas 11 entre 86 estudantes não terem registrado expectativa de uso
demonstra alta adesão ao experimento e confirma que a pré -leitura é responsável pelo
ambiente em que a mensagem irá se integrar . O usuário considera sua participação na
pesquisa, percebe os colegas ao lado, se diante de pontes e lacunas informacionais. Ao
dizer “lá vem mais uma notícia chata sobre corrupção”, o usuário inicia a formação da
superestrutura para o esqu ema cognitivo de interpretaçã o tendo em vista sua resposta ser
condicionada a a determinadas situações. No entanto, não foi possível estabelecer vínculos
entre a qualidade da expectativa de uso e posterior evocação mas confirmar os pressupostos
Sense-Making de que a observação humana é coagida por limitações que circundam este
olhar. Ao contrário da N1, que despertou interesse na leitura e formação de imagens
visualizando o show de Milton Nascimento no Maracanãzinho ou de festivais durante a
ditadura militar, a maior parte das avaliaç ões iniciais a respeito da N2 foi bastante
201
desfavorável, como vemos no QUADRO 6, o que talvez ajude a explicar o baixo interesse na
leitura e conseqüente nível reduzido de evocação.
QUADRO 6
MAIORES EXPECTATIVAS ANTES DA LEITURA DA N2
Descrição
Mais uma safadeza no Brasil
Mais uma matéria de corrupção
Mais corrupção!
Tipo de notícia que pouco me interessa
Ih! Lá vem mais uma notícia chata sobre corrupção!
Mais uma notícia de corrupção que vai sumir daqui a uma semana
Notícia importante mas ch ata de ler
Que preguiça de ler isto!
Início de texto chato
Não gostaria de ler tal assunto
Início cansativo por nomes e siglas
Dúvida após ler Após a leitura, os estudantes foram estimulados a registrar
eventuais dúvidas que foram analisadas e clas sificadas em categorias. Na N1 houve poucas
dúvidas mas na N2 surgiram 17 questões ligadas à investigação do incêndio: estas foram as
principais motivações de dúvidas após a leitura. Em seguida apareceram 17 críticas ao texto e
dois comentários em relação à temática. Não foi percebido vínculo entre esta variável e a
quantidade de elementos evocados ou segundo o período que cursa. Algumas d úvidas
apontadas pelos leitores (QUADRO 7).
QUADRO 7
DÚVIDAS APÓS LER A N2
Descrição
Trecho confuso sobre sigil o bancário...
Não consegui entender o contexto
Quais eram os reais motivos do incêndio?
Qual a defesa dos acusados?
O que foi revelado com a quebra do sigilo?
Qual Oliveira? Tem dois...
O MP não faz parte da Justiça?
Porque continuam a receber salár ios?
Leu antes? Dos 86 estudantes, três haviam lido a matéria e outros 12 souberam do
fato sem, no entanto, ter lido a N2. A introdução desta variável não significou alteração no
resultado deste experimento de evocação mas observamos ter a N2 um maior volume de
conhecimento do que a N1 sem que isto tenha correspondido a maior volume de evocação ou
mesmo de compreensão da notícia , como vimos anteriormente.
202
Grau de interesse - O experimento não revelou nenhuma relação entre o grau de
interesse pela N2 e o número de evocações segundo os blocos. Em uma escala de 0 (nenhum
interesse) a 4 (máximo de interesse), a média geral dos 86 estudantes foi de 1,87 enquanto na
N1 a média de interesse tinha sido de 1,94. Ressalte-se que a questão foi proposta após a
leitura da notícia, cuja qualidade e tema foi muito criticada pelos leitores e, como vimos na
revisão de literatura, a memória de curto prazo tem capacidade limitada ( VAN DIJK, 1990) e
o usuário seleciona aquelas que se ajustam a seu modelo de crenças ( SOUZA, 2002).
Impresso/hábito de leitura - O resultado confirma pesquisas a respeito do consumo
de leitura de notícias, que conferem maior nível de evocação entre os leitores de jornais
impressos. De acordo com a freqüência semanal de leitura (quantas vezes por semana, se
“irregularmente”, “regularmente” ou “somente quando está em casa dos pais”), foram
pontuados os níveis de leitura. Conforme vemos na TAB.65, os estudantes que tiveram maior
pontuação, ou seja, que lêem mais, foram os membros do B3 (1’666), co m maior volume de
evocação. Em seguida aparecem os estudantes do B2 (1’307) , depois B0 (1’306) e B1 (1’2).
TABELA 65
EVOCAÇÃO POR HÁBITO DE LEITURA IMPRESSO
Bloco
Média
B0
1,306
B1
1,2
B2
1,307
B3
1,666
Telejornal, Televisão para Lazer, Radiojornal, Rádio para Lazer Como
afirmamos no capítulo sobre ambiente informacional, poucos estudantes consomem a mídia
Rádio e dentre estes, dois ou três a utilizam intensamente. Sendo assim, onde estes
radioouvintes estiverem, eles “puxam” demasiadamente para o alto a média de consumo
daquele bloco, “contaminando” a média geral daquele grupo. É o caso dos estudantes 55637 e
55639 que consomem, sozinhos, 26 horas semanais de radiojornalismo, mais do que a soma
de todos os outros 47 colegas reunidos (22h 30 min). O mesmo ocorre quando se analisa o
consumo de programas de entretenimento no Rádio.
A TAB.66 mostra que os estudantes do B1 e B2 consomem mais produtos jornalísticos
de Televisão do que do B0 e B3. Como foi dito na análise da N1, quanto mais informa ção é
consumida por diversas mídias, inclusive entre o momento de leitura e posterior experimento
de evocação, maiores serão as chances de o estudante se recordar do que foi lido.
203
TABELA 66
EVOCAÇÃO SEGUNDO CONSUMO DE MIDIA ELETRÔNICA
Bloco
Telejornal
TV Lazer
Radiojornal
Rádio Lazer
B0
274
362
88
92
B1
474
400
20
17
B2
394
282
16
50,7
B3
146
165
-
116,6
Nota: em minutos semanais
Internet para Lazer, Webjornalismo/Hábito de consumo - Assim como em relação
ao consumo de impressos, Televisão e Rádio, promovemos o cruzamento entre o consumo de
Internet (geral e webjornalismo) e o nível de evocação. De acordo com a TAB.67, percebe-se
maior média de consumo de Internet entre os blocos 1 e 3 (geral) e 0, 2 e 3 (webjornalismo).
Como na análise do Rádio, há uma disparidade provocada pelos alunos 55639 e 55645
que consomem, sozinhos, 110 horas semanais de Internet (geral) e os alunos 47861 e 52950
que consomem 28 horas (soma dos dois) de Webjornalismo. Estes quatro leitores respondem
por 15% do consumo de Internet em geral e de Webjornalismo, elevando substancialmente a
média dos 49 membros do B0. Isto significa que, retirados da lista apenas para efeito
ilustrativo, comprovaríamos a afirmação do capitulo anterior de que o consumo de notíci as
favorece a evocação. Observe -se que na análise da N1 estes estudantes ficaram “espalhados”
entre os blocos 0 e 3, ao contrário da N2, em que se concentraram.
TABELA 67
EVOCAÇÃO SEGUNDO CONSUMO DE INTERNET
Bloco
Geral
Webjornalismo
B0
877
242
B1
1082
217
B2
845
298
B3
1080
240
Variedade de fontes - As indicações dos jornais e das revistas preferidas foram
contabilizadas e formaram o item “variedade de fontes”. Esta variável foi desdobrada em dois
procedimentos de averiguação. No primeiro, partimos do pressuposto de que quanto mais
diversificado o hábito de leitura maior seria a chance de evocação e promovemos uma leitura
horizontal, individualizada, tentando responder a esta hipótese. De 0 a 3 fontes foram
consideradas como pouca variedade e acima de 3 como boa variedade. Nesta perspectiva,
conforme mostra a TAB.68, o resultado não é conclusivo. No segundo momento, apenas
somamos os totais de cada aluno e dividimos pela quantidade de evocações, estabelecendo
204
uma média em cada bloco. Nesta ab ordagem percebemos que, retirado o B0 (sem evocação),
houve um aumento gradual da média de fontes, repetindo o experimento da N1: maior
variedade de fontes amplia a possibilidade de evocação.
TABELA 68
EVOCAÇÃO SEGUNDO VARIEDADE DE FONTES
Bloco
nº alunos
média fontes
B0
49
3,38
B1
15
3,13
B2
13
3,15
B3
9
3,66
Credibilidade/Impresso, Webjornalismo, Estado de Minas, Índice de
Credibilidade - Uma das hipóteses deste estudo e discutido na revisão de literatura, é que a
variável “credibilidade” provoca interferência na qualidade da evocação, conforme analisado
na N1, em que se demonstrou naquele experimento haver aumento do índice de evocação à
medida que diminui a crença que o leitor deposita naquela mídia. Os dados recolhidos com o
experimento da N2 não permitem igual afirmação, conforme se vê na TAB.69.
TABELA 69
EVOCAÇÃO DA N2 SEGUNDO CREDIBILIDADE
EM JORNAIS IMPRESSOS E AO WEBJORNALISMO
Evocação
Credibilidade
Impresso em geral
Webjornal
Índice de Credibilidade
B0
3,1
2,71
2,9
B1
2,93
2,73
2,83
B2
3
2,69
2,84
B3
2,88
2,88
2,88
Qualidade Brasil, Estado de Minas, Índice de Qualidade - Como vimos na
discussão da N1, os estudantes avaliaram a qualidade dos jornais brasileiros em geral e do
Estado de Minas em particular, a pa rtir do qual criamos o Índice de Qualidade. Quanto menor
a nota avaliativa, mais insatisfeito é o usuário. Neste segundo experimento comprovamos
haver uma tendência de melhor evocação entre os leitores mais insatisfeitos com a qualidade
do noticiário dos jornais em geral, como mostra a TAB.70.
205
TABELA 70
EVOCAÇÃO SEGUNDO A QUALIDADE DOS JORNAIS EM GERAL E DO ESTADO DE MINAS
Bloco
jornais em geral
jornal EM
Índice de qualidade
B0
3,16
2,71
2,89
B1
3,33
2,06
2,7
B2
3,32
2,46
2,84
B3
2,77
2,55
2,66
Autodefinição socioeconômica - o percebemos alterações significativas ao
introduzirmos em nosso levantamento a variável “estrutura socioeconômica”. A única
alteração ocorre entre os membros do B3, em que 66% dos estudantes se percebem
favorecidos socialmente mas não podemos afirmar ser uma tendência pois, como se observa
na TAB.71, os estudantes membros do B2 e B1 se distribuem eqüitativamente entre as duas
opções. Resultado semelhante havíamos detectado quando da análise da N1, contrariando
os estudos desenvolvidos por Van Dijk (1990) e apresentados na revisão de literatura.
TABELA 71
EVOCAÇÃO DA N2 SEGUNDO AUTODEFINIÇÃO SOCIOECONÔMICA
Bloco
Nº usuários
Prejudicados**
Favorecidos**
B0
49
29
27,9
B1
15
8,1
9,3
B2
13
15,1
6,9
B3
9
3,4
6,9
Nota: * em números absolutos; ** relativo a %
Entidades (nível de participação ou interesse) - Como vimos no item anterior, a
maioria dos alunos registrou maior envolvimento com ONG’s (152 citações), política (132) e
esportes (120), seguido po r movimento estudantil (107), religião (103), entidades de classe
(76) e sindicato de trabalhadores (58).
Ao promovermos o cruzamento dos blocos de evocação com o engajamento, não
observamos alterações quanto à dia da intensidade de participação nas ent idades mas na
qualidade deste engajamento. Ou seja, a evocação recebe influência do tipo de engajamento,
principalmente do envolvimento em entidades que tratam de temas mais “áridos”, como
ONG’s e política.
A TAB.72 mostra que esportes, por exemplo, que recebeu 94 citações no B0 , é a
terceira colocada no B1, quinta no B2 e última no B3, comprovando que a atividade o está
na primazia dos leitores que mais evocaram, ao contrário da participação de política e ONG’s
na preferência dos estudantes que mais se lembraram das notícias lidas. Estas alterações
206
também haviam sido percebidas no experimento com a N1. Ao somarmos todas as escalas de
participação, por bloco, e depois tirarmos uma média por entidade (são 7), não confirmamos
que maior média significa mai or evocação, conforme observado em relação à N1.
TABELA 72
EVOCAÇÃO POR NÍVEL DE PARTICIPAÇÃO EM ENTIDADES
Bloco
Entidade e quantidade (soma dos alunos)
Nº citações
Media engajamento
B0
ESP 94, POL 90, ONG 83, EST 68, REL 65, CLA 47, SIN 31
478
1,39
B1
ONG 32, REL 16, ESP 13, POL 10, EST 10, CLA 8, SIN 6
95
0,9
B2
ONG 25, POL 21, REL 18, EST 17, ESP 14, SIN 13, CLA 11
117
1,28
B3
POL 16, ONG 12, EST 12, CLA 10, SIN 8, REL 3, ESP 3
62
0,98
Nota:
O número posterior à entidade significa o número de citações recebido por aquela mesma entidade .
As abreviaturas referem-se a esportes, política, organizações não governamentais, movimento estudantil, religião,
associações de classe e sindicato de trabalhadores .
O resultado engajamento foi obtido a partir da soma de todas as citações dividas pelo número de entidades. A escala
foi pontuada de 0 a 5.
Assuntos preferidos - No geral, em número de citações , artes aparece como primeira
opção em todos os blocos evocativos. O resultado é esp erado por ter tal assunto sido o de
principal gosto entre os leitores, conforme apontado no mapeamento informacional. A
TAB.109 (APÊNDICE E) aprofunda a investigação, separando os interesses por ordem e em
número de vezes que é citado dentro de cada bloco. Quando investigamos as citações gerais,
independente de ordem de preferência, vemos que os assuntos política e locais se revesam
como segunda e terceira opção dentre os blocos.
7.7.3 Terceira notícia
A terceira notícia objeto do experimento refere -se a uma pesquisa desenvolvida pelo
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) que calcula o impacto econômico causado
por acidentes nas estradas brasileiras ( APÊNDICE C). Assim como o procedimento adotado
para as demais análises (N1 e N2), foram criados os blocos B0 (zero elemento evocado), B1
(um elemento evocado), B2 (duas evocações) e B3 (três evocações). A qualidade (baixa) e o
pequeno número de evocações da N3 e N4 nos levaram a categorizar as expressões evocadas
sem caracterizá-las enquanto elementos do lide.
Quantidade de evocações Como mostra a TAB.73, o B0 tem 69 membros, sendo
responsável por 80% de todos os estudantes. Dos 17 restantes, que foram em alguns
207
momentos os únicos objetos de nossa análise, o B1 teve seis membros, o B2 teve nove e o B3
apenas dois membros, com índices de 6,9%, 10,4% e 2,3% respectivamente.
Período O B0 é composto por 20 estudantes ( 67%) do segundo período, 18 do
quarto (95%), 14 do sexto (74%) e 17 do oitavo período ( 94%). Ressalte-se que a maioria dos
86 participantes (34,8%) do experimento é do segundo período e que 80,2% de todos os
participantes se localizam no B0, como se vê na TAB. 73. A disparidade prejudica a avaliação
do cruzamento dos blocos de evocação por período (o mesmo ocorrerá em relação à N4).
TABELA 73
EVOCAÇÕES DA N3 POR PERÍODO
Blocos
Período e número de membros
2º P
4º P
6º P
8º P
Total
%
%
%
%
%
BO
20
67
18
95
14
74
17
94
69
80,2
B1
2
7
-
-
4
21
-
-
6
6,9
B2
7
23
1
5
-
-
1
6
9
10,4
B3
1
3
-
-
1
5
-
-
2
2,3
Total
30
100
19
100
19
100
18
100
86
99,8
Nota: "N°" é número absoluto de alunos e % é o relativo
Elementos evocados A maioria das evocações remeteu a “acidentes”, “mortes nas
estradas” e “gastos com acid entes”. Um dado novo neste experimento foram as referências ao
jornal Estado de Minas como sendo o veículo responsável pela publicação, o que não havia
ocorrido quando da tentativa de evocação da N1 e N2 (que também trouxeram no da
página a assinatura da fonte de onde foi extraída a notícia).
Circunstância da lembrança Apenas dois alunos fizeram referências a terem se
lembrado da reportagem após a leitura da notícia. O aluno 58673 disse ter conversado com os
amigos e o 58636 disse que “notícias assim sempre passam na TV” , daí ocorrer o “encaixe”
deste fato em outros modelos situacionais prévios, permanentemente atualizados que, se por
um lado favorece o entendimento do fato, por outro reforça o enquadramento já existente.
Utilidade da informação Como vinculamos a utilidade da informação à
quantificação da circunstância da lembrança, o houve, neste critério adotado, uso da
informação.
208
Erros de informação Como o usuário interpreta a mensagem e transpõe o momento
da dúvida, segundo o Sense-Making, é fundamental para compreender os erros quando do
experimento evocativo: o esforço (e o desejo) de alguns usuários em se lembrar das notícias
levou-os a mencionar circunstâncias ou detalhes inexistentes. As novas mensagens recebidas
encaixam-se na superestrutura, reorganizando antigas categorias, delas retirando informações
quando em evocações naturais. Por outro lado, também a distorce, pois as novas notícias
tendem a buscar na memória o modelo anterior, e suas variações que se assemelham à nova
mensagem. É o se repetiu com a Notícia 3: embora divulgasse uma pesquisa sobre custo
econômico da violência nas estradas, boa parte dos leitores respondeu, quando do
experimento de evocação, tratar -se de comparativo entre acidentes nas estradas em
determinados feriados uma temática recorrente no noticiário televisivo, principalmen te,
após longos feriados (QUADRO 8).
QUADRO 8
ERROS EVOCATIVOS DA N3
Descrição
condições das estradas e investimentos necessários para melhorias
Minas Gerais está entre os estados com maior número de acidentes
Aumentou o número de mortes em comparação com período anterior
Dados da Polícia Rodoviária Federal sobre má conservação
Escala crítica O experimento com a N3 não é conclusivo dada a disparidade de
composição numérica ent re os blocos. O B0 teve média de escala crítica em 2, B1 em 1,8, B2
em 2 e B3 em 1,5.
Leu antes? Dos 86 estudantes, um afirmou que leu a N3 e três que souberam do fato
narrado pela notícia antes do experimento de leitura da N3, o que também o nos permit e
análises conclusivas.
Impresso/hábito de leitura Repetiu-se neste experimento o ocorrido com a N1 e
N2, confirmando pesquisas que conferem tendência de maior nível de evocação entre os
leitores de jornais impressos, com B3 atingindo média de 1,5 ( TAB.74).
209
TABELA 74
EVOCAÇÃO POR HÁBITO DE LEITURA
Bloco
Média
B0
1,1
B1
1,3
B2
1,1
B3
1,5
Telejornal, Televisão para Lazer, Radiojornal, Rádio para Lazer/Hábito de
consumo - Como exibiu o ambiente informacional, poucos estudantes consomem a mídia
Rádio e, dentre estes, apenas dois ou três utilizam várias horas semanais. Sendo assim, onde
estes alunos estiverem “puxam” demasiadamente para o alto a média de consumo daquele
bloco, “contaminando” a média geral daquele grupo , como ocorreu quando da análise desta
categoria na N2.
A TAB.75 mostra que os estudantes do B1 e B2 consomem mais produtos jornalísticos
de Televisão do que do B0 e B3. Como foi dito na análise da N1, quanto mais informação é
consumida por diversas mídias, inclusive entre o m omento de leitura e posterior experimento
de evocação, maiores serão as chances de o estudante se recordar do que foi lido.
TABELA 75
EVOCAÇÃO SEGUNDO MÉDIA DE CONSUMO DE MÍDIAS ELETRÔNICAS
Bloco
Telejornal
TV lazer
Radiojornal
Rádio lazer
B0
276
369
46
73
B1
335
230
-
20
B2
168
218
26
26
B3
750
90
-
60
Nota: em minutos semanais
Internet para lazer, Webjornalismo/Hábito de consumo - A TAB.76 aponta para
maior média de consumo de Internet (geral) dos estudantes pertencentes aos blocos 0 e 3 e,
em relação ao consumo de webjornalismo, para os blocos 0, 1 e 2. Não razão para o bloco
2 apresentar nível de consumo (569 geral e 115 webjornalismo) exceto o fato de estarem
localizados neste agrupamento alunos que consomem pouco a mídia Intern et, puxando “para
baixo” a média geral semanal.
210
TABELA 76
EVOCAÇÃO DA N3 SEGUNDO CONSUMO DE INTERNET
Bloco
Geral
Webjornalismo
B0
984
257,7
B1
780
250
B2
568
115
B3
940
245,3
Nota: em minutos semanais
Variedade de fontes - Partimos da premissa, confirmada nos experimentos anteriores, que
maior variedade de fontes indicaria melhor qualidade de evocação. No experimento com a N3,
observamos que o B0 tevedia de 3,55 fontes, o B1 4 fontes e o Bloco 2 teve 3,77 (TAB.77).
TABELA 77
EVOCAÇÃO SEGUNDO VARIEDADE DE FONTES
Bloco
média fontes
B0
3,55
B1
4
B2
3,77
Credibilidade/Impresso, Webjornalismo, Estado de Minas, Índice de
Credibilidade - Uma das hipóteses deste estudo e discutido na revisão de literatura, é que a
variável “credibilidade” provoca interferência na qualidade da evocação, conforme analisado
na N1, em que se demonstrou, naquele experimento, haver aumento do índice de evocação à
medida que diminui a crença que o leitor deposita em determinada mídia. Os dados recolhidos
com o experimento da N 3 não permitem igual afirmação, conforme se vê na TAB.78.
TABELA 78
EVOCAÇÃO DA N3 SEGUNDO CREDIBILIDADE
EM JORNAIS IMPRESSOS E NO WEBJORNALISMO
Bloco
Credibilidade
Impresso em geral
Webjornal
Índice de Credibilidade
B0
2,98
2,72
2,85
B1
2,83
1,77
2,3
B2
3,44
3,11
3,27
B2
3,5
3
3,25
Qualidade Brasil, Estado de Minas, Índice de Qualidade - Como vimos na
discussão da N1 e N2, foi avaliada a qualidade dos jornais brasileiros em geral e do jornal
Estado de Minas em p articular, a partir da qual criamos o Índice de Qualidade. O I Q
211
conferido pelos membros do B0 é 2,8 1, do B1 é 2,6, do B2 é 3 e do B3 é 4 (TAB.79). Neste
terceiro experimento, não foi possível identificar interferências na evocação.
TABELA 79
EVOCAÇÃO DA N3 SEGUNDO A QUALIDADE DOS
JORNAIS BRASILEIROS EM GE RAL E DO JORNAL EM
Blocos
Qualidade
jornais brasileiros
jornal EM
índice de qualidade
B0
3,11
2,5
2,81
B1
3,16
2,16
2,66
B2
3,33
2,66
3
B3
4
4
4
Autodefinição socioeconômica - o percebemos alterações significativas ao
introduzirmos esta variável em nosso levantamento. Conforme se observa na TAB.80, a única
alteração significativa ocorre entre os membros do B1 e B2, em que se inverte o percentual de
evocação entre os dois blocos.
TABELA 80
EVOCAÇÃO DA N3 SEGUNDO AUTODEFINIÇÃO SOCIOECONÔMICA
Bloco
Nº usuários
Prejudicados**
Favorecidos**
B0
69
39,5
40,6
B1
6
4,6
2,3
B2
9
3,4
6,9
B3
2
1,1
1,1
Nota: * em números absolutos; ** relativo a %
Entidades (nível de participaçã o ou interesse) - Ao promovermos o cruzamento dos
blocos de evocação com o engajamento, observamos que a média de participação nas
entidades dos blocos 1 e 2 é superior às de B0 e B3 (que tem apenas dois membros), o que
demonstra novamente uma relação entr e participação e evocação ( TAB.81).
TABELA 81
EVOCAÇÃO POR NÍVEL DE PARTICIPAÇÃO EM ENTIDADES
Bloco
Entidade e quantidade (soma dos alunos)
Nºcitações
média engajamento
B0
ONG 123, POL 103, ESP 97, REL 83, EST 75, CLA 48, SIN 40
569
8,24
B1
ONG 15, EST 12, POL 11, CLA 9, SIN 7, REL 6, ESP 3
69
11,5
B2
POL 13, ESP 12, CLA 10, REL 13, ONG 14, SIN 6
83
9,22
B3
ONG 4, POL 2, EST 2, SIN 2, CLA 2
12
6
Nota: o número posterior à entidade significa o número de citações
As abreviaturas referem-se a esportes, política, organizações não governamentais, movimento estudantil, religião,
associações de classe e sindicato de trabalhadores
212
Assuntos preferidos - O cruzamento do índice de evocação da N3 segundo a ordem
de assuntos preferidos r epete no Bloco 0 a ordem geral de preferência, tendo artes em
primeiro lugar com 78,2% e política e local em segundo (68,1% cada), conforme mostra a
TAB. 110 (APÊNDICE E).
7.7.4 Quarta notícia
A quarta nocia objeto do experimento refere -se a uma outra pesquisa, agora desenvolvida
em escolas blicas de Minas Gerais. De acordo com a Nocia 4, o professor da Universidade
Federal de Minas Gerais Jo Francisco Soares afirma que mais recursos financeiros o garantem
maior qualidade de ensino e que a s varveis renda, ocupação e escolaridade das falias o o
preponderantes para se determinar o sucesso escolar ( APÊNDICE C).
Quantidade de evocações A N4 foi a recebeu o menor número de evocações. Como
conseqüência do número de elementos evocados, f oram criados os blocos B0 (zero elemento
evocado), B1 (um elemento evocado) e B2 (duas evocões). O B0 tem 78 membros (90,6% de
todos os estudantes), o B1 possui cinco membros (5,8%) e o B2 tem três estudantes (3,4%). Como
dissemos anteriormente, em relaç ão ao experimento com a N3, a disparidade de membros entre os
blocos prejudicou a análise de algumas variáveis. Além do assunto em si (os alunos se interessam
mais por artes), outros fatores para a diminuão da qualidade de evocão podem ter sido a ordem
de leitura do “apressado” leitor dos dias atuais e o canso com o experimento (a N4 foi a última).
Período O B0 é composto por 25 estudantes do segundo peodo ( 83%), 19 do quarto
(100%), 18 do sexto (95%) e 16 do oitavo (89%). Conforme mostra a TAB.82, 100% dos alunos do
quarto período nada recordaram, o mesmo ocorren do com 95% do sexto período.
TABELA 82
EVOCAÇÕES DA N4 POR PERÍODO
Bloco
2º período
4º período
6º período
8º período
Total
alunos
%
bloco
alunos
%
bloco
alunos
%
bloco
alunos
%
bloco
alunos
%
bloco
BO
25
83
19
100
18
95
16
89
78
91
B1
2
7
-
-
1
5
2
11
5
6
B2
3
10
-
-
-
-
-
-
3
3
Total
30
100
19
100
19
100
18
100
86
100
Nota: "N°" é número absoluto de alunos e % é o relat ivo
213
Elementos evocados Dos oito estudantes que se recordaram da N4, as principais
evocações foram expressões equivalentes a “educação em Minas Gerais” e a “dados sobre
educação”. Note-se que, apesar do fato ser de extrema gravidade pois envolve o ó rgão
fiscalizador dos órgãos executivos estaduais, confirma -se que as notícias utilizadas neste
experimento se configuram dentro de um espectro que leva à debilidade do passado .
Circunstância da lembrança Apenas dois alunos fizeram referências a terem se
lembrado da reportagem após a leitura da notícia. O aluno 58637 disse ter conversado com os
amigos e o 58642 afirmou ter se lembrado da N4 quando leu textos para “aula de Sociologia”.
Utilidade da informação Neste experimento, foi limitada a possibi lidade de análise
desta variável dada a pouca evocação.
Erros de informação Assim como na N3, os principais erros cometidos pelos
estudantes durante a tentativa de evocação foram informações de reportagens de igual teor
repetidamente veiculadas pelos j ornais. Neste caso, comparação entre rendimento de alunos
oriundos de escolas públicas e privadas.
Escala crítica Os dados extraídos através do experimento da N4 também não
permitem a afirmação de conclusões. A média crítica do B0 foi 2, do B1 1,6 e d o B2 foi 2,3.
Leu antes? Dos 86 estudantes, apenas três afirmaram que já tinham conhecimento do
fato narrado pela N4.
Impresso/hábito de leitura A baixa quantidade de elementos evocados não
permitem análise (TAB.83).
TABELA 83
EVOCAÇÃO POR HÁBITO DE LEITURA
bloco
média
B0
1,17
B1
1,4
B2
0,66
Televisão, Rádio e Internet / Hábito de consumo - A TAB. 84 mostra não ser
possível estipular tendências de evocação por cruzamento com consumo de mídia eletrônica
214
em função da disparidade do número de membros em cada bloco. Enquanto a média de
consumo de radiojornalismo do B0 foi de 41,5 minutos semanais, por exemplo, nenhum dos
três estudantes do B2 consume a mídia Rádio como veículo informativo .
TABELA 84
EVOCAÇÃO DA N4 SEGUNDO MÉDIA DE C ONSUMO DEDIAS ELETRÔNICAS
Bloco
Nº alunos
Consumo em minutos
Telejornal
TV lazer
Radiojornal
Rádio lazer
Internet geral
Webjornalismo
B0
78
280
324
41,5
68,9
959,9
250,7
B1
5
294
231
48
12
1032
228
B2
3
158
750
-
40
300
150
Variedade de fontes - A TAB.85 mostra que os estudantes do B0 têm média de 3,14
de fontes de informação, o B1 tem 3,8 e o B2 tem 3,66, confirmando a validade desta
variável em experimentos de evocação.
TABELA 85
EVOCAÇÃO SEGUNDO VARIEDADE DE FONTES
Bloco
nº alunos
média fontes
B0
78
3,14
B1
5
3,8
B2
3
3,66
Credibilidade/Impresso, Webjornalismo, Estado de Minas, Índice de
Credibilidade - Conforme se na TAB. 86, a média do Índice de Credibilidade do Bloco 0
é de 2,85 enquanto é de 3,6 no B1 e 2 no B2. Os dados recolhidos com o cruzamento entre
evocação da Notícia 4 o permitem considerar se a variável “credibilidade” provoc ou
interferência na qualidade d esta evocação.
TABELA 86
EVOCAÇÃO DA N4 SEGUNDO CREDIBILIDADE
DE JORNAIS IMPRESSOS E DO WEBJORNALISMO
Bloco
Credibilidade
Impresso em geral
Webjornal
Índice de Credibilidade
BO
3
2,7
2,85
B1
3,6
3,6
3,6
B2
1
3
2
215
Qualidade Brasil, Estado de Minas, Índice de Qualidade - Além do número de
membros de cada bloco, houve também uma grande diferença entre as variáveis “Brasil” e
“Estado de Minas”, o que tornou inadequado estabelecer padrões de comportamento entre
índice de qualidade e evocação dos leitores da Notícia 4. A TAB.87 mostra que o IQ do B0
foi 2,87, do B1 2,5 e do B2 fo i 2,66.
TABELA 87
EVOCAÇÃO SEGUNDO A QUALIDADE
DOS JORNAIS BRASILEIROS EM GERAL E DO JORNAL EM
Bloco
Qualidade
Jornais brasileiros
jornal EM
Índice de qualidade
B0
3,15
2,6
2,87
B1
3,6
1,4
2,5
B2
2,66
2,66
2,66
Autodefinição socioeconôm ica Conforme se observa na TAB. 88, os três leitores
que mais evocaram (B2) se autodeclararam favorecidos pela estrutura socioeconômica
brasileira. No entanto, o bservando os experimentos com as notícias anteriores, não podemos
afirmar a existência de pa drão de evocação a partir da introdução da variável “autodefinição
quanto ao padrão social” na Notícia 4.
TABELA 88
EVOCAÇÃO DA N4 SEGUNDO AUTODEFINIÇÃO SOCIOECONÔMICA
Bloco
Nº usuários*
Prejudicados**
Favorecidos**
B0
78
46,5
44,1
B1
5
2,3
3,4
B2
3
-
3,4
Nota: * em números absolutos; ** relativo a %
Entidades (nível de participação ou interesse) - A quantidade de membros
pertencentes ao primeiro bloco (78) ocasionou a repetição da ordem de engajamento nas
entidades, como se na TAB. 89, de maneira que o cruzamento dos blocos de evocação não
permitiu análise da Notícia 4.
216
TABELA 89
EVOCAÇÃO POR NÍVEL DE PARTICIPAÇÃO EM ENTIDADES
Bloco
entidade e quantidade (soma dos alunos)
Nº citações
Média engajamento
B0
ONG 144, POL 125, ESP 114, EST 101, REL 89, CLA 70, SIN 56
699
1,29
B1
ONG 11, REL 11, ESP 3, POL 5, EST 5, CLA 2, SIN 2
39
1,28
B2
POL 5, ESP 5, CLA 5, REL 3
17
0,8
Nota:
O número posterior à entidade significa o número de citações recebido por aquela mesm a entidade.
As abreviaturas referem-se a esportes, política, organizações não governamentais, movimento estudantil, religião,
associações de classe e sindicato de trabalhadores.
O resultado engajamento foi obtido a partir da soma de todas as citaçõe s dividas pelo número de entidades. A escala
foi pontuada de 0 a 5.
Assuntos preferidos - No geral, em número de vezes que aparece como assunto de
preferência, independente da ordem de opção, artes surge em maior número de vezes,
atingindo 81% no B0, 80% no B1 e 100% no B2. Em segunda opção, estão política no B0
(72%), locais no B1 (80%) e televisão no B2 (100%), conforme demonstra a TAB.111
(APÊNDICE).
217
8. CONCLUSÃO
Iniciamos o caminho mirando o horizonte incerto despertado pel as indagações iniciais
a respeito de que situações e lacunas levariam à busca de informações, o comportamento e
hábito de leitura de notícias do estudante de Comunicação Social da Universidade Federal de
Viçosa, características de evocação de notícias e ma neira pela qual a decodificação de notícias
influencia em uma posterior evocação. E chegamos ao final des se percurso com poucas
respostas, algumas pistas e sugestões de novas pesquisas, conscientes de que o resultado desta
tese, embora modesto porque sempre inacabado, contribua para o acúmulo de conhecimentos
que fazem o homem e a ciência avançarem.
Como os postulados teóricos indicam haver importantes difereas de acordo com a
situação (consumo de notícias em momento de lazer ou cotidiana) e ambiente (em
laboratório ou casual) em que ocorre do experimento, além dos distintos privilégios de
abordagem (qualitativo e quantitativo) tornou -se um grande desafio a comparação entre o
resultado dos estudantes e moradores (pesquisa piloto) com o dos estudantes de
Comunicação Social. Assim, promovemos incessante diálogo entre os dois experimentos ,
mas a análise comparativa somente ocorreu quando tal estratégia nos ofereceu alguma
segurança metodológica.
Os resultados mais significativos, à luz de teorias e discussões, como o Sense-Making
e a teoria sociocognitiva de Van Dijk, são agora agrupados nos subcapítulos Fundamentos de
Pesquisa (8.1), Ambiente Informacional ( 8.2), Evocação de informações ( 8.3) e
Recomendações (8.4).
Antes, devemos afirmar que buscamos a verdade ainda que no início do caminho
soubesse que jamais a encontraria como valor absoluto , mas que deveríamos entregar-nos
humildemente a esta busca. Assim, parafraseio Euclides da Cunha ( 1998) e Tucídides (1986),
ao descrever a guerra de Peloponeso: procurei ater-me aos dados revelados, buscando a
essência através de cada verdade aparente, sem procurar nome s ou rostos por detrás do
número de matrícula que me revelasse, influenciasse ou trouxesse à mente a imagem do aluno
contestador, deselegante ou conformado e polido.
218
8.1 Fundamentos de Pesquisa
Os estudos sobre consumo de notícias se beneficiaram de progressos registrados em
outros campos do conhecimento , mas ainda pouco sabemos como funciona o complexo
sistema de compreensão e registro de informação em nosso rebro. Esta tese pretendeu
acrescentar uma contribuição da Ciência da Informação e da Comunicação Social para o
avanço neste escopo de pesquisa - por isto ressaltamos a aprovação da abordagem
interdisciplinar entre as duas áreas . Pois é um imperativo teórico dos dois campos
descortinarem tais segredos para saber qual informação o leitor se utiliza para construir o
conhecimento mais geral e os modelos de atitudes” (V AN DIJK, 1990, p. 258).
Algumas respostas às perguntas que efetuamos no início d esta investigação nos
certificam da validade dos preceitos teóricos, d o Sense-Making e dos postulados
sociocognitivos. A análise dos dados obtidos por intermédio do estudo de caso com o
mapeamento informacional e do experimento de evocação com os dois univ ersos de pesquisa,
moradores de Viçosa e estudantes da Universidade Federal de Viçosa, nos permitem
confirmar os pressupostos da primeira hipótese desta tese: o comportamento informacional e
o uso de informações são motivados pela situação e pela lacuna de informações.
A lacuna de informações do estudante de Comunicação Social é suprida quando busca
romper barreiras para sua formação profissional durante o movimento para a produção de
sentido e esse (comportamento) movimento deixa marcas que podem ser melho r percebidas e
previstas do que a tentativa de se padronizar em atributos de constância. Deixando para trás a
referência da casa (e da influência) dos pais, morando em repúblicas, ele deixa também outras
referências, como a de antigas entidades sociais, e a dquire outras, como do combativo
movimento estudantil; passa a se interessar mais por alguns assuntos, como estimulantes
inserções em ONG’s em detrimento de outros, como assuntos religiosos; ao longo da
graduação muda hábitos de consumo midiático; muda a freqüência e o tempo de acesso a
determinadas mídias; avalia com maior rigor a qualidade e a credibilidade do que percebe no
ambiente midiático; percebe a necessidade de leitura de notícias para sua formação; revê,
inclusive, a si e à sua família como membros da elite ou da margem social brasileira. E todas
essas percepções lhe possibilitam conformar nova visão de si e do mundo. Torna -se mais
crítico.
Lastreados na descrição e nas interpretações dos dados, podemo s confirmar a segunda
hipótese, segundo a qual o comportamento informacional é uma constrão individual, mas há
padrões comuns de consumo e de evocação de notícias no universo de usuários especializados em
219
informação. Neste sentido, atributos demográficos e pessoais não são melhores instrumentos do que
situões de lacuna e de necessidade de informação para medir evocação de notícias. Estruturas
sociocognitivas podem condicionar o comportamento e a evocão de leitura e as mensagens
jornasticas não movem as pessoas , mas apenas auxiliam na construç ão de sentido, confirmando os
pressupostos tricos de que o leitor é ativo e dialoga com a mensagem consumida, acatando ou
rejeitando o direcionamento de leitura proposto pelo veículo, descartando elementos da notícia ou a
incorporando ao acervo da memóri a. O resultado confirma ainda a contribuição dos meios de
comunicação para a construção e a mudança das identidades individuais e coletivas e sua
função no organismo social, conforme discutido na revisão teórica desta tese.
Este estudo reforça que pesquisa s de comportamento de usuários não devem
negligenciar o ambiente e a situação de consumo, determinante para as atitudes
informacionais e são condição para o arquivo, a transmissão e a recuperação das próprias
informações. Além de caracterizar objetivamente o usuário e seu comportamento
informacional, revela facetas do que o usuário de informações fa ça com o que consume e
durante esse consumo.
Como a revisão bibliográfica já sugeria, a complexidade do tema comportamento
informacional aponta para a urgência de novos estudos, tentando compreender o descarte de
informações, aperfeiçoando o Sense-Making e a técnica de coleta de dados, inclusive
diversificando perfis de usuários, ordem de leitura e de temática de notícias, reiterando a
dimensão criativa e o envol vimento do pesquisador para pesquisas sobre comportamento
informacional.
8.2 Ambiente informacional
A carga horária média de assistência a disciplinas obrigatórias de um estudante do
quarto período de Comunicação Social da UFV em 2007 foi de 15 horas s emanais
57
. A
pesquisa apontou que os alunos passam, em média, 10 h e 43 min assistindo a Televisão (em
geral) e 20 horas consumindo Internet (em geral), o que, somad as Televisão e Internet,
atingem um pouco mais de 30 horas semanais de consumo de mídia ele trônica (excetuando
Rádio). É o dobro da audiência a aulas expositivas do próprio curso.
No inicio da graduação, o calouro não tem hábito de leitura, no final o tem tempo;
entre o quarto e o sexto períodos pode ainda faltar dinheiro para adquirir. Ou ai nda: como
57
Códigos das disciplinas: COM 231 (4 h/a, ECO 286 h/a, COM 250 h/ a, COM 230 h/a e COM 240 h/a)
220
nunca teve hábito, prefere outros meios. O principal argumento para o não consumo de
algumas mídias noticiosas é a falta de tempo, razão que provavelmente se repetiria caso
houvessem sido incluídas no questionário perguntas sobre o motivo de não participarem de
entidades e/ou organizações sociais. Chama a atenção observar tais justificativas e comparar
a soma do tempo de consumo de Televisão e de Internet com a carga horária semanal de
aulas. O resultado desta pesquisa aponta a vinculação direta entre o consumo de mídias: um
aluno que assiste a longas horas de programação televisiva e/ou à Internet, tende a não ler
jornais e vice-versa. Outros questionamentos surgem quando se observa que alunos inici em
o curso alegando falta de hábito (21,7%) ou preço (39,1%) como justificativa para não ler
jornais. Como escolheram a profissão se não tinham hábito de consumir jornais? Resulta que
tomaram contato com a profissão, e a escolheram, por intermédio dos telejornais ou do
webjornal, suposição comprovada pelo comportamento informacional ao longo do curso.
Ao fim de um extenso trabalho com estudantes de escolas do ensino médio e
fundamental de Belo Horizonte, Bretas (2000, p.205) conclui que estar conectado à Internet
significa a possibilidade de “projeta r o próprio eu” e ampliar relacionamentos , ao contrário
dos objetivos do jornalista, cuja função principal é projetar o outro” e suas idéias . Os
adolescentes daquele universo de pesquisa estão hoje colando grau e não temos indicações
que tenham alterado significativamente seus padrões interativos : esta pesquisa mostra que
durante a graduação a falta de tempo irá gradativamente impedir ou justificar a ausência do
jornalismo em seu comportamento informacional , ocorrendo a substituição d o consumo
noticioso em favor de entretenimento, troca de mensagens e/ou de bate -papo virtual. Como
vimos na revisão de literatura, es ses futuros profissionais deverão, no seu cotidiano, explicar o
mundo “complexo” e “de difícil explicação” e, para tal, o “novo jornalista” passa a ser cada
vez mais intérprete de informações.
A pesquisa mostrou que, além de reduzido volume e alta credibilidade no noticiário,
fragmentação e predomínio do consumo de mídias informativas de conteúdo pouco
aprofundado, o que nos permite sugerir n ova problemática: em que medida a predisposição a
acreditar no que lêem e a satisfação com a qualidade do noticiário atende como perfil
adequado ao egresso em Comunicação Social. Se 60% dos estudantes de Comunicação Social
da UFV circulam mais de doze horas semanais no mundo web, talvez apenas socializando -se
em sítios de conversação , como se instrumentalizar para explicar esse mundo complexo? o
questões que merecem ser investigadas em novas abordagens sobre o universo deste usuário
especializado.
221
Esta tese descortinou características e limitações de busca de informação por questões
de acesso e local de conexão, por custo dos produtos (principalmente da mídia impressa),
além dos fatores tempo, constrangimentos, influências do curso, de leituras de interess e
pessoal e propostas pelos professores, de organizações, movimentos e entidades sociais, dos
colegas, enfim, do próprio ambiente informacional, que é formado e também forma o
estudante, confirmando assim a segunda hipótese.
Os crescentes avanços tecnológ icos levaram a uma explosão informacional que
incentiva a segmentação de produtos e serviços midiáticos, colocando em risco o
estabelecimento de debates públicos de temas comuns à sociedade e dos quais o jornalista
deve ser o principal mediador . Os estudantes se encontram em ambientes virtuais de bate -
papo, enviam notícias lidas em webjornais, encaminham links de textos, mas há poucos
indícios de que o fazem como pertencentes a uma comunidade (virtual ou o) de leitores de
determinados veículos, como membr os de uma opinião pública, que discute temas de
relevância, interferindo na condução das coisas públicas. Como vimos, a quase totalidade do
ambiente informacional circunscreve -se a veículos de produção noticiosa massiva, pouco
analítica e com viés ideológi co que dispensa o debate de idéias , mas incentiva sua
propaganda, restringindo o acesso de informações úteis que sirvam para a alimentação da
superestrutura textual, para os leitores “tomarem decisões consistentes e racionais”, como
discutimos na introduçã o desta tese.
O mapeamento do ambiente informacional confirma ainda a reconfiguração do
consumo midiático, com a substituição da versão impressa pela versão on line de alguns
jornais, e não sabemos como dialogam com o conteúdo des sas mídias. Revelamos que os
grupos Folha de São Paulo e O Globo são responsáveis pela quase totalidade do noticiário
consumido (soma dos ambientes eletrônico e impresso), enquanto que são reduzidas as
explorações de outras possibilidades especializadas no mundo digital, perpetuand o-se o
predomínio do monopólio da mídia tradicional (e oligárquica , no caso brasileiro) em
detrimento da possibilidade conferida pela Internet de aprofundamento, democratização e
diversificação de consumo midiático, como jornais estrangeiros, blogs especializados e
veículos de conteúdo mais aprofundado cuja existência somente é possível no ambiente
web, exatamente por seu baixo custo de tratamento e distribuição.
A segunda hipótese de nossa tese ressaltou o caráter de usuário especializado do
estudante de Comunicação Social, atribuindo-lhe comportamento informacional diferenciado.
Tal hipótese se confirmou na revisão de literatura , quanto à necessidade, à lacuna e ao
volume de informações consumidas no estudo comparativo com estudantes de outros cursos,
222
mas não conseguimos perceber variações quanto à qualidade ou ao conteúdo informativo. Em
relação ao envolvimento social também detectamos distinta participação , tendo os moradores
e estudantes de outros cursos de graduação preferência por igrejas e movime ntos religiosos
enquanto que os estudantes de Comunicação Social, principalmente após os períodos iniciais,
se engajam prioritariamente em associações e organizações não governamentais. A
perspectiva favorável de inserção socioeconômica do estudante de Co municação Social é
também superior à dos demais estudantes e, principalmente, em relação aos moradores de
Viçosa e um dos motivos pode estar na avaliação política mais crítica da realidade econômica
e política nacional por parte dos futuros jornalistas, de monstrado no perfil do engajamento em
entidades. Quanto a assuntos de interesse, os três universos pesquisados preferem “artes e
cultura” e têm avaliações positivas da qualidade e da credibilidade dos produtos noticiosos.
Tais resultados, que remetem ao p erfil de usuário especializado, confirmam ainda a
quarta hipótese de nossa tese na qual afirmamos que as variáveis envolvimento social,
autodefinição socioeconômica, bito de leitura e decodificação das mensagens interferem no
comportamento informacional. No entanto, embora os estudantes de Comunicação Social
constituam um grupo com algum grau de homogeneidade, diversidade na situação
(contexto), lacuna, necessidade de informação e comportamento informacional que precisam
ser observados e estudados par a melhor compreensão dos padrões de leitura e evocação de
notícias. Um melhor conhecimento a respeito des se grupo possibilitaria ainda ampliar o hábito
de leitura, pois mesmo aqueles que necessitam profissionalmente d o consumo de informações ,
como o universo pesquisado, não estão sendo atendidos em sua expectativa de satisfação das
funções e qualidade do noticiário midiático, responsável pela criação e pela manutenção do
hábito de leitura, segundo explica a Teoria do Uso e Gratificação.
Como discutimos, a teoria sociocognitiva considera que o processamento de notícias
passa por sua representação através de atualização do conhecimento, alimentando e
reformulando a superestrutura textual. Mostramos ainda na revisão de literatura que a palavra
escrita possua poder de convicção mais profundo, é o principal formato de propagação de
informações no que diz respeito à interpretação, à análise e ao aprofundamento de grandes
questões e que permite uma compreensão mais abalizada dos conhecimentos relatados, com
suas origens, contextualizações e conseqüências. Na revisão de literatura, vimos que o
consumo de notícias forma uma dos vértices do tri ângulo que configuram a formação
profissional, auxiliando na formação do conhecimento sobre “as coisas do mundo”.
Considerando verdadeira a assertiva segundo a qual a “principal característica de um bom
jornalista é ‘ser’ ou ‘estar’ bem informado, e à luz da discussão dos resultados desta
223
investigação, o que es se pré-requisito significa nos dias atuais? Se estivermos corretos nes sa
análise, podemos afirmar, lastreados no resultado desta tese, estar havendo uma baixa
formação dos estudantes de Comunicação Social da UFV, ainda que se ressalte não ser
descartável a atualização dos modelos situacionais a partir de consumo casual de notícias.
Identificados padrões de situação e lacuna de informação, atentamos para a necessidade de
leituras para assuntos mais “áridos” para melhor compreensão de fatos e situações
complexas. Do mesmo modo, como complemento da formação do profissional de in formação,
devem ser estimulados sua participação e seu interesse em entidades e organismos sociais a
fim de tomar contato com as fontes originais de informação, debate e opinião pública, com as
verdadeiras demandas sociais, ampliando a abertura ao engajame nto para além do movimento
estudantil.
8.3 Evocação de informações
Confirmamos pesquisas explicitadas no Capítulo 3, que apontou serem pobres” a
evocação natural do discurso jornalístico. Embora não possamos estabelecer comparação
efetiva do nível de evoc ação dos universos investigados, pois utilizamos metodologias
ligeiramente diferentes, admitimos o baixo desempenho qualitativo dos grupos. No interior do
grupo dos estudantes de Comunicação Social, o mapeamento informacional e o experimento
de evocação de notícias nos permitem afirmar que, de uma maneira geral, evoca mais e
melhor o estudante que jornais, tem diversificadas fontes de informação e apresenta
decodificação mais crítica, dialoga com o texto enquanto o e com maior engajamento
social. Esse resultado confirma os pressupostos da quarta hipótese, segundo a qual
interferência na evocação das variáveis participação em entidades e interesse em assuntos,
hábito de leitura e decodificação das mensagens , mas não confirmamos a validade da variável
auto-avaliação socioeconômica po r não promover alterações nem no experimento de leitura
nem no cruzamento de outras categorias investigadas no presente estudo de caso.
Conforme sustenta a teoria sociocognitiva, os detalhes se evaporam facilmente mas o
leitor com maior nível de decodificação crítica amplia a qualidade de evocação,
principalmente no experimento com a N1. O diálogo, a crítica com o texto, o que nesta tese
classificamos como decodificação crítica, aumenta a chance de evocação posterior. Os d ados
nos mostram que o aluno veterano tem menos confiança no que consome, tem maior
envolvimento social, e tais variáveis, reunidas ou isoladamente, são determinantes na
qualidade da evocação, confirmando parcialmente a influência das variáveis apresentada s na
224
quarta hipótese desta tese (envolvimento social, autodefinição socioeconômica, hábito de
leitura e decodificação das mensagens). Podemos então afirmar que a formação atend a em
alguma medida às recomendações do MEC para o perfil do egresso em Comunicaç ão Social,
conforme apontamos no capítulo Revisão de Literatura.
Confirmamos ainda a terceira hipótese , segundo a qual as informações contidas no lide
são melhor evocadas que as demais narradas no restante da notícia, principalmente o sujeito
protagonista da notícia (“quem”). Conforme os experimentos realizados por Van Dijk (1990),
o segundo elemento mais evocado seria o lugar onde ocorreu a ação (“onde”), mas em nossa
investigação predominou o fato em si, o ocorrido (“o quê”). O experimento com os estudan tes
de Comunicação Social demonstrou haver predisposição para evocação do sentido geral da
notícia anteriormente lida, e que se recorda melhor da idéia, de palavras -chave que sintetizam
o acontecimento narrado do que, precisa e nomeadamente, os elementos d o lide. Neste
experimento evocativo, as informações evocadas são acompanhadas de juízo, idéias,
avaliações, críticas e compreensões que circundam o fato em si , pois, como discutimos na
revisão de literatura, as pessoas não produzem sentido de fatos objeti vamente, mas os
ancoram em entendimentos e ao contexto (necessidade de informação, cultura, conhecimento
do mundo e experiências pessoais). Por es se motivo, é freqüente o acometimento de erros de
informação acompanhados de referências próximas àquelas orig inais, ou como se observou,
substituiu-se “Milton Nascimento” por “Milton Santos” ou “Djavan” (Notícia 1).
O ambiente midiático interfere no comportamento informacional e na formação dos
modelos situacionais. Vimos que a imagem do que seja um festival à é poca da ditadura militar
ou da trajetória de um artista abandonado pela mãe (Notícia 1), dos enredos policiais que
muitas vezes envolvem a cena política brasileira (Notícia 2), de estimativas, pesquisas e
diversos ângulos de abordagens sobre acidentes nas estradas (Notícia 3) e das muitas e
variadas facetas que envolvem a qualidade do ensino público brasileiro (Notícia 4) são
representações cognitivas midiáticas que se formam ao se encontrar com modelos
situacionais pré-existentes.
O experimento corroborou os estudos que afirmam ser de mais difícil evocação as
informações mais novas e conflitantes com as representações existentes na memória
episódica. Das quatro notícias que utilizamos no experimento, apenas a N1 (40 anos do
lançamento de “Travessia”), n ão trazia informação absolutamente nova e foi a que recebeu
melhor qualidade de evocação. Conforme vimos na revisão de literatura, notícias locais
favorecem a evocação, o que parcialmente justifica que o fato narrado pela N1 e pela N2 (que
225
tratam de assuntos mais claramente identificados com Minas Gerais) tenham sido as notícias
melhor evocadas, embora as outras duas também trouxessem questões referentes a o Estado.
O mapeamento informacional mostrou que a maioria dos 114 estudantes afirmou
preferir assuntos ligados às artes e cultura (49,1% ), esportes (16,7%) e política (15,8%) e, no
experimento, a notícia melhor evocada foi a que abordava a carreira do cantor Milton
Nascimento, uma notícia de caráter “leve”, segundo a conceituação de Patterson (2003)
discutida na revisão de literatura. As demais notícias, “sérias” (N2, N3 e N4), receberam
menor evocação. Nos pertu rbam, e estimulam, questionar em que medida a ordem de leitura
das quatro notícias ou dos atributos das próprias narrativas interferiram no resu ltado.
Embora tenham revelado inegável influência ao serem introduzidas, não podemos
assegurar que as variáveis informação nova’, “notícias locais”, “assuntos preferidos” ou
“notícias sérias” tenham sido preponderantes para os resultados acima descritos. Como se
observa, iniciamos esta tese com um problema originado de várias indagações e, ao final,
descobre-se o despertar de outras mais, gerando a necessidade do prosseguimento de reflexão
teórica e experimentos evocativos. O mesmo perfil de estudantes, co m suas lacunas e
necessidades, apresentaram padrão distinto de evocação, indicando a urgência de ampliar os
estudos cognitivos na graduação e nas áreas da Ciência da Informaçã o e da Comunicação
Social.
8.4 Recomendações
Ao iniciar a problemática desta t ese, convocamos para o debate o papel do cientista da
informação e do comunicador social a respeito da complexidade de entender, tratar e
disseminar as informações que circulam e que dão sentido ao mundo -cada vez mais
inexplicável. Os resultados nos indi caram a relevância de discutir maior proximidade entre
estas duas áreas, principalmente em abordagens teóricas e metodológicas que privilegiem
comportamento informacional, consumo e uso de informações , bem como novos estudos
incorporando outras áreas do co nhecimento, como a psicologia cognitiva, a ciência cognitiva,
a neurolinguística e a neuropsicologia.
Discorremos que a metodologia da notícia dev a ser objeto central para o futuro
jornalista durante seus quatro anos de graduação e concluímos que, segun do a análise dos
resultados apontados pelo estudo de caso, torna-se necessário rever o projeto pedagógico do
curso de Comunicação Social da UFV e discutir as diretrizes curriculares apontadas para a
área pelo Ministério da Educação e Cultura. Mais especifica mente, invoca-se a redesenhar a
226
matriz curricular, repensar a distribuição do número de disciplinas e construir novos
paradigmas para a metodologia de ensino segundo as característ icas de consumo e situações
de lacuna e uso da informação, nível de decodifi cação e padrões de evocação de notícias
revelados neste estudo. Deve ser discutida a tradicional repartição entre disciplinas técnicas de
mídia impressa, telejornalismo, radiojornalismo e webjornalismo, tendo como perspectiva a
ambiência digital que perpas sa todas estas mídias.
Este estudo sinalizou para alguns aspectos para a criação , ou a ampliação, do hábito de
leitura nas formas de consumo, expectativas, preferências e necessidades apontadas, podendo -
se sugerir a oferta de oficinas de audiência a progr amas de Rádio, Televisão, webjornalismo e
mídia impressa para que o aluno comece a consumir com regularidade tais mídias no início
da graduação, bem como o conteúdo de crítica midiática perpassando , todo o curso a fim de
problematizar os critérios de qu alidade e decodificação das mensagens.
Como a principal justificativa para os estudantes de Comunicação Social não
consumirem jornais ou revistas impressas tenha sido “preço”, levantamos a necessidade de
serem disponibilizados em locais públicos e de fáci l acesso aos estudantes, bem como criar
programas de estímulo à leitura de publicações disponíveis eletronicamente de forma gratuita.
Poderíamos ainda estudar a possibilidade de convênios entre a UFV e publicações de
prestígio a fim de que seu conteúdo po ssa ser acessado nos laboratórios do curso.
Os postulados Sense-Making ainda são pouco explorados nas academias brasileiras ,
embora os estudos de Dervin e de seus seguidores constituam um dos mais inovadores do
campo da CI na qual tenha o maior número de publicações. A Ciência da Informação
participa de incursões nas áreas da Ciência Cognitiva, como o g rupo de pesquisa “Estudos
Cognitivos em Ciência da Informação” da ECI da Universidade Federal de Minas Gerais, que
podem gerar contribuições substantivas pa ra a compreensão da formação do conhecimento
por intermédio do consumo midiático. Mas o tamanho do desafio leva à necessidade de
estimular a ampliação de criação de grupos de estudo, simpósios e seminários sobre o tema.
Da mesma forma, seus instrumentos de coleta de dados, como a eficácia da ferramenta MQI,
nos estimulam a propor a disseminação de seu uso em laboratórios e em sala de aula, bem
como em outros ambientes, durante exercícios e experimentos gerais de lacuna, n ecessidade e
uso de informação.
Mais que os resultados, as pontes levantadas a cada situação de lacuna durante esta
investigação nos remetem à necessidade de o campo da Ciência da Informação ampliar seus
horizontes nessa perspectiva sociocognitiva da informação e do espaço midiático. São r aros os
estudos nessa área que permeiem o uso e a evocação da informação e a Ciência da Informação
227
dispõe de referenciais teóricos e metodológicos para assumir tais desafios. A Ciência da
Informação, a nosso ver, acertadamente se constitu i como campo teórico sem se separar da
realidade concreta, evitando tornar -se promotora do que Freire classificou de um mero jogo
ou de um “balé de conceitos”. (FREIRE & SHOR, 1987, p. 131). Nes se sentido, na CI estão
depositadas esperanças de aprofundar o presente estud o da área midiática, como se sabe, na
qual todos os outros campos buscam se legitimar.
Esta tese é um trabalho da Ciência da Informação que escolheu como objeto de estudo
estudantes de uma área próxima, da Comunicação Social, no que esperamos serem os
resultados apresentados como estímulo para reflexões que as enriqueçam , pois embora
trabalhem com o mesmo objeto, a informação, um conceito polissêmico, é central para as
duas áreas. Ousamos compreender o universo informacional des se determinado grupo, como
poderia sê-lo de outro, a partir dos referenciais teóricos e metodológicos da Ciência da
Informação. Ambicionamos que a presente investigação contribua para o conhecimento de
como a informação se registra na memória para posterior evocação, uma das dimensões mais
desconhecidas por pesquisadores das áreas da Ciência da Informação e da Comunicação
Social. E que as lacunas existentes neste estudo estimulem outras pesquisas no sentido da
persistência à indagação científica , objetivando desvendar “os segredos” ain da não revelados
do comportamento informacional e especificamente da evocação de notícias.
228
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YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. Porto Alegre: Bookman, 2005.
237
APÊNDICES
238
APÊNDICE A
Questionário pesquisa piloto
239
APÊNDICE B
Questionário estudantes de Comunicação Social
240
APÊNDICE C
Notícias do experimento com estudantes de Comunicação Social
241
APÊNDICE D
Questionário de evocação - estudantes de Comunicação Social
EXPERIMENTO DE EVOCAÇÃO
Prezado estudante,
Esta é a terceira fase de nossa pesquisa de doutoramento a respeito de leitura de jornais. Responda às
perguntas abaixo com o máximo de precisão, o que muito contribuirá no aprimoramento das práticas e da teoria
do Jornalismo, inclusive para nosso curso de Comunicação Social. Atenção: em hipótese alguma é
aconselhável buscar auxílio com o colega. Use o verso, se necessário. Somos a gradecidos.
Matrícula nº: [ ][ ][ ][ ]
QUAL O MÁXIMO DE INFORMAÇÕES VOCÊ É CAPAZ DE EVOCAR DE NOTÍCIAS LIDAS EM 6 DE NOVEMBRO?
1) O que se lembra da Notícia A? (como, quando, onde, porquê, quem, o quê, e outras informações poss íveis)
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________ _______________________
__________________________________________________________________________________________
_____________________________ _____________________________________________________________
________________________________________ _______________________________________________
2) Descreva as circunstâncias em que se lembrou da Notícia A nas últimas semanas (em uma conversação,
para algum trabalho, facilitando a leitura de outra notícia, etc).
___________________________________________________ _______________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
_____________________________ _____________________________________________________________
________________________________________ __________________________________________________
___________________________________________________ ____________________________________
* * *
3) O que se lembra da Notícia B? (como, quando, onde, porquê, quem, o quê, e outras informações possíveis)
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________ ________________
__________________________________________________________________________________________
_____________________________ _____________________________________________________________
___________________________________________________ ____________________________________
__________________________________________________________________________________________
4) Descreva as circunstâncias em que se lembrou da Notícia B nas últimas semanas (em uma conversação,
para algum trabalho, facilitando a leitura de outra notícia, etc).
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
_____________________________ _____________________________________________________________
________________________________________ __________________________________________________
______________________________ _________________________________________________________
5) O que se lembra da Notícia C? (como, quando, onde, porquê, quem, o quê, e outras informações possíveis)
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
_____________________________ _____________________________________________________________
________________________________________ _____________________________________ _____________
_________________________________________________________________________ _________________
____________________________________________________________________________________ ____
6) Descreva as circunstâncias em que se lembrou da Notícia C nas últimas semanas (em uma conversação,
para algum trabalho, facilitando a leitura de outra notícia, etc).
__________________________________________________________________________________________
____________________________________________________________ ______________________________
__________________________________________________________________________________________
_____________________________ _____________________________________________________________
________________________________________ __________________________________________________
___________________________________________________ _______________________________________
_______________________________________________________ ________________________________
* * *
7) O que se lembra da Notícia D? (como, quando, onde, porquê, quem, o quê, e outras informações possíveis)
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________ ________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
_____________________________ _____________________________________________________________
_________________________________ _______________________________________________________
8) Descreva as circunstâncias em que se lembrou da Notícia D nas últimas semanas (em uma conversação,
para algum trabalho, facilitando a leitura de outra notícia, etc).
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
___________________________________________________ _______________________________________
_____________________________ _____________________________________________________________
___________________________________________________ ____________________________________
_______________________________________ ___________________________________________________
Uma última questão: estime, por favor, o tempo total semanal de consumo com internet.
A - Acesso a sites, e-mails, MSN, youtube, blogs, etc, na internet (incluindo noticiário): ___h oras e ___ min
B - Apenas com leitura de notícias na internet: _____h oras e ____ min
242
APÊNDICE E
Tabela estudantes de Comunicação Social
TABELA 90
HÁBITO DE LEITURA (FREQÜÊNCIA) SEGUNDO PARTICIPAÇÃO EM ENTIDADES
Freqüência
Relativo a %
Total
Política
Agrem. esportiva
Assoc. de classe
ONG's
Igrejas
Mov. estudantil
Sind. Trabalhador
sp
pp
mp
ac
pt
sp
Pp
mp
ac
pt
sp
pp
mp
ac
Pt
sp
pp
mp
Ac
pt
sp
pp
mp
ac
pt
sp
pp
mp
ac
pt
sp
pp
mp
ac
pt
Não lê
8
31
39
23
-
8
31
15
39
8
31
31
39
-
-
8
23
31
39
-
8
31
31
23
8
23
31
31
8
8
46
23
31
-
-
100
Diária
20
20
20
20
20
20
80
-
-
-
20
40
40
-
-
-
40
20
40
-
60
40
-
-
-
20
20
20
40
-
40
40
20
-
-
100
2 vezes
-
17
17
50
17
17
-
17
50
17
17
50
17
17
-
17
17
17
50
-
17
33
17
17
17
17
67
17
-
-
33
17
50
-
-
100
3 Vezes
17
33
50
-
-
33
33
17
-
17
-
50
33
-
17
-
-
50
17
33
50
-
17
33
-
33
-
50
17
-
33
33
17
17
-
100
6 Vezes
-
-
-
100
-
-
-
100
-
-
-
100
-
-
-
-
-
-
100
-
-
100
-
-
-
-
-
-
100
-
-
-
100
-
-
100
Irregularmente
19
32
27
14
8
32
25
18
14
11
33
32
22
10
3
6
21
32
29
13
24
32
19
19
6
19
35
25
8
13
41
30
18
6
5
100
Regularmente*
-
30
40
25
5
30
20
10
5
35
35
15
35
15
-
15
25
25
30
5
30
40
20
5
5
15
30
40
10
5
40
30
25
5
-
100
Total
13
30
31
19
7
27
26
16
16
15
30
32
27
9
3
8
21
30
32
10
25
33
19
17
6
19
33
29
11
9
40
29
23
5
3
100
Em números absolutos
Não lê
1
4
5
3
-
1
4
2
5
1
4
4
5
-
-
1
3
4
5
-
1
4
4
3
1
3
4
4
1
1
6
3
4
-
-
13
Diária
1
1
1
1
1
1
4
-
-
-
1
2
2
-
-
-
2
1
2
-
3
2
-
-
-
1
1
1
2
-
2
2
1
-
-
5
2 vezes
-
1
1
3
1
1
-
1
3
1
1
3
1
1
-
1
1
1
3
-
1
2
1
1
1
1
4
1
-
-
2
1
3
-
-
6
3 vezes
1
2
3
-
-
2
2
1
-
1
-
3
2
-
1
-
-
3
1
2
3
-
1
2
-
2
-
3
1
-
2
2
1
1
-
6
6 vezes
-
-
-
1
-
-
-
1
-
-
-
1
-
-
-
-
-
-
1
-
-
1
-
-
-
-
-
-
1
-
-
-
1
-
-
1
Irregularmente
12
20
17
9
5
20
16
11
9
7
21
20
14
6
2
4
13
20
18
8
15
20
12
12
4
12
22
16
5
8
26
19
11
4
3
63
Regularmente*
-
6
8
5
1
6
4
2
1
7
7
3
7
3
-
3
5
5
6
1
6
8
4
1
1
3
6
8
2
1
8
6
5
1
-
20
Total
15
34
35
22
8
31
30
18
18
17
34
36
31
10
3
9
24
34
36
11
29
37
22
19
7
22
37
33
12
10
46
33
26
6
3
114
Nota:
sp: sem participação
pp: pouca participação
mp: média participação
ac: acompanho de perto
pt: participação total / ativa
TABELA 91
PARTICIPAÇÃO EM ENTIDADES SEGUNDO O PERÍODO - EM NÚMEROS RELATIVOS E ABSOLUTOS
Período
Relativo a %
Ag. esportiva
Política
Assoc. Classe
Assoc/ONG`s
Igrejas
Sind. trabalhadores
Mov. estudantil
sp
pp
mp
ac
pt
sp
pp
mp
ac
pt
sp
pp
mp
ac
pt
sp
pp
mp
ac
pt
sp
pp
mp
ac
pt
sp
pp
mp
ac
pt
sp
pp
mp
ac
pt
24
12
24
30
9
15
21
42
21
-
39
30
24
6
-
9
30
27
33
-
21
27
21
24
6
45
24
24
3
-
18
33
24
15
9
29
29
13
10
19
16
32
26
26
-
26
29
29
13
3
10
26
26
19
19
29
23
26
16
6
35
39
19
6
-
23
26
39
10
3
26
26
26
9
13
4
39
26
17
13
26
35
30
9
-
4
9
48
35
4
17
48
9
17
9
39
26
30
4
-
13
48
26
4
9
30
40
-
11
19
15
30
26
11
19
26
33
26
7
7
7
15
22
41
15
33
37
19
7
4
37
26
19
7
11
22
26
26
11
15
Média
27
26
16
16
15
12
30
31
19
7
30
32
27
9
3
8
21
30
32
10
25
32
19
17
6
39
29
23
5
3
19
32
29
11
9
Número absoluto de alunos
8
4
8
10
3
5
7
14
7
-
13
10
8
2
-
3
10
9
11
-
7
9
7
8
2
15
8
8
1
-
6
11
8
5
3
9
9
4
3
6
5
10
8
8
-
8
9
9
4
1
3
8
8
6
6
9
7
8
5
2
11
12
6
2
-
7
8
12
3
1
6
6
6
2
3
1
9
6
4
3
6
8
7
2
-
1
2
11
8
1
4
11
2
4
2
9
6
7
1
-
3
11
6
1
2
8
11
-
3
5
4
8
7
3
5
7
9
7
2
2
2
4
6
11
4
9
10
5
2
1
10
7
5
2
3
6
7
7
3
4
Total
31
30
18
18
17
14
34
35
22
8
34
36
31
10
3
9
24
34
36
11
29
37
22
19
7
45
33
26
6
3
22
37
33
12
10
Nota:
sp: sem participação
pp: pouca participação
mp: média participação
ac: acompanho de perto
pt: participação total / ativa
TABELA 92
CREDIBILIDADE DO JORNAL ESTADO DE MINAS SEGUNDO PARTICIPAÇÃO EM ENTIDADES
Credibilidade
conferida ao EM
Relativo a %
Ag. esportiva
Política
Assoc. classe
Associações/ONG`s
Igrejas
Sind. Trabalhador
Mov. estudantil
total
sp
pp
mp
ac
pt
sp
pp
mp
ac
pt
sp
pp
mp
ac
pt
sp
pp
mp
ac
pt
sp
pp
mp
ac
pt
sp
pp
mp
ac
pt
sp
pp
mp
ac
pt
Não tenho opinião
40
16
12
16
16
12
36
32
16
4
60
16
20
4
0
36
32
24
8
0
8
16
28
36
12
36
28
24
12
0
16
32
28
16
8
100
Total descrédito
22
22
11
33
11
0
11
-
67
22
11
33
22
-
33
11
22
33
22
11
11
11
11
44
22
11
22
22
11
33
44
22
22
11
100
Desconfio quase sempre
30
25
25
5
15
5
15
40
30
10
35
15
35
15
0
20
30
40
10
0
10
25
25
30
10
10
25
20
20
25
40
25
10
15
10
100
Confio às vezes
17
31
17
24
10
14
34
34
10
7
31
48
21
-
-
34
34
24
7
0
3
17
41
34
3
14
31
48
3
3
14
41
14
24
7
100
Confio quase sempre
28
34
10
10
17
24
34
28
10
3
45
31
17
7
0
31
34
24
3
7
7
31
28
24
10
17
45
24
10
3
31
34
24
7
3
100
Confio plenamente
-
-
50
-
50
0
50
50
-
-
50
-
50
-
-
50
-
-
50
0
50
-
50
-
-
50
50
-
-
-
-
-
-
##
100
Média
27
26
16
16
15
13
30
31
19
7
40
29
23
5
3
30
32
27
9
3
8
21
30
32
10
19
32
29
11
9
25
32
19
17
6
100
Número absoluto de alunos
Não tenho opinião
10
4
3
4
4
3
9
8
4
1
15
4
5
1
0
9
8
6
2
0
2
4
7
9
3
9
7
6
3
0
4
8
7
4
2
25
Total descrédito
2
2
1
3
1
0
1
-
6
2
1
3
2
-
3
1
2
3
2
1
1
1
1
4
2
1
2
2
1
3
4
2
2
1
-
9
Desconfio quase sempre
6
5
5
1
3
1
3
8
6
2
7
3
7
3
0
4
6
8
2
0
2
5
5
6
2
2
5
4
4
5
8
5
2
3
2
20
Confio às vezes
5
9
5
7
3
4
10
10
3
2
9
14
6
-
-
10
10
7
2
0
1
5
12
10
1
4
9
14
1
1
4
12
4
7
2
29
Confio quase sempre
8
10
3
3
5
7
10
8
3
1
13
9
5
2
0
9
10
7
1
2
2
9
8
7
3
5
13
7
3
1
9
10
7
2
1
29
Confio plenamente
-
-
1
-
1
-
1
1
-
-
1
-
1
-
-
1
-
-
1
0
1
-
1
-
-
1
1
-
-
0
-
-
-
2
-
2
Total
31
30
18
18
17
15
34
35
22
8
46
33
26
6
3
34
36
31
10
3
9
24
34
36
11
22
37
33
12
10
29
37
22
19
7
114
Nota:
sp: sem participação
pp: pouca participação
mp: média participação
ac: acompanho de perto
pt: participação total / ativa
TABELA 93
CREDIBILIDADE NO WEBJORNALISMO SEGUNDO PARTICIPAÇÃO EM ENTIDADES
Grau de confiança no
webjornalismo
Relativo a %
Ag. esportiva
Política
Sind. Trabalhador
Assoc. classe
Associações/ONG`s
Mov. estudantil
Religião
total
sp
pp
mp
ac
pt
sp
pp
mp
ac
pt
sp
pp
mp
ac
pt
sp
pp
mp
ac
pt
sp
pp
mp
ac
pt
sp
pp
mp
ac
pt
sp
pp
mp
ac
pt
Não tenho opinião
36
27
27
9
-
-
55
27
18
-
55
18
27
-
-
45
45
9
-
-
9
9
45
36
-
36
18
36
9
-
27
36
18
18
-
100
Total descrédito
50
50
-
-
-
-
-
-
-
100
-
-
-
50
50
-
-
50
-
50
-
-
-
50
50
-
-
-
-
100
50
-
50
-
-
100
Desconfio quase sempre
35
26
13
17
9
17
13
26
35
9
9
43
30
13
4
22
26
35
13
4
4
22
17
48
9
35
30
17
17
35
30
22
9
4
100
Confio às vezes
21
15
17
19
28
13
28
30
23
6
43
28
26
2
2
26
32
32
11
-
9
26
30
19
17
15
32
34
11
9
28
32
15
21
4
100
Confio quase sempre
26
42
13
13
6
16
39
39
3
3
58
26
13
3
-
39
32
19
6
3
10
19
35
35
-
35
39
19
6
-
13
35
23
16
13
100
Total
27
26
16
16
15
13
30
31
19
7
40
29
23
5
3
30
32
27
9
3
8
21
30
32
10
19
32
29
11
9
25
32
19
17
6
100
Número absoluto de alunos
Não tenho opinião
4
3
3
1
-
-
6
3
2
-
6
2
3
-
-
5
5
1
-
-
1
1
5
4
-
4
2
4
1
-
3
4
2
2
-
11
Total descrédito
1
1
-
-
-
-
-
-
-
2
-
-
-
1
1
-
-
1
-
1
-
-
-
1
1
-
-
-
-
2
1
-
1
-
-
2
Desconfio quase sempre
8
6
3
4
2
4
3
6
8
2
2
10
7
3
1
5
6
8
3
1
1
5
4
11
2
-
8
7
4
4
8
7
5
2
1
23
Confio às vezes
10
7
8
9
13
6
13
14
11
3
20
13
12
1
1
12
15
15
5
-
4
12
14
9
8
7
15
16
5
4
13
15
7
10
2
47
Confio quase sempre
8
13
4
4
2
5
12
12
1
1
18
8
4
1
-
12
10
6
2
1
3
6
11
11
-
11
12
6
2
-
4
11
7
5
4
31
Total
31
30
18
18
17
15
34
35
22
8
46
33
26
6
3
34
36
31
10
3
9
24
34
36
11
22
37
33
12
10
29
37
22
19
7
114
Nota:
sp: sem participação
pp: pouca participação
mp: média participação
ac: acompanho de perto
pt: participação total / ativa
TABELA 94
CREDIBILIDADE EM JORNALISMO IMPRESSO EM GERAL SEGUNDO PARTICIPAÇÃO EM ENTIDADES
Grau de confiança
Relativo a %
Ag. esportiva
Política
Sind. Trabalhador
Assoc. classe
Associações/ONG`s
Mov. estudantil
Religião
total
sp
pp
mp
Ac
pt
sp
pp
mp
Ac
pt
sp
pp
mp
ac
pt
sp
pp
mp
ac
pt
sp
pp
mp
ac
pt
sp
pp
mp
ac
pt
sp
pp
mp
ac
pt
Sem opinião
50
-
-
50
-
-
50
-
50
-
50
50
-
-
-
50
-
-
50
-
50
-
50
-
-
50
50
-
-
-
50
-
50
-
-
100
Total descrédito
33
33
-
33
-
-
-
-
33
67
-
33
33
-
33
-
-
-
67
33
67
-
33
-
-
-
-
-
-
1
-
-
-
33
67
100
Desconfio quase sempre
35
25
10
-
10
10
-
-
-
10
-
1
-
-
-
10
25
-
-
-
-
-
10
-
-
25
-
-
-
-
-
-
-
-
100
Confio às vezes
20
20
22
16
22
16
32
30
17
4
30
38
24
8
-
8
28
28
28
8
26
36
18
18
2
18
36
32
10
4
44
34
20
-
2
100
Confio quase sempre
32
37
11
11
11
13
42
34
8
3
42
32
18
5
3
8
21
37
29
5
18
29
21
18
13
32
32
26
8
3
58
26
13
3
-
100
Confio plenamente
-
-
-
-
-
-
-
100
-
-
-
-
-
100
-
-
-
100
-
-
-
-
-
100
-
-
100
-
-
-
-
-
1
-
-
100
Total
27
26
16
16
15
12
30
31
19
7
30
32
27
9
3
8
21
30
32
10
25
32
19
17
6
19
32
29
11
9
39
29
23
-
-
100
Número absoluto de alunos
Sem opinião
1
-
-
1
-
-
1
-
1
-
1
1
-
-
-
1
-
-
1
-
1
-
1
-
-
1
1
-
-
1
-
1
-
-
2
Total descrédito
1
1
-
1
-
-
-
-
1
2
-
1
1
-
1
-
-
-
2
1
2
-
1
-
-
-
-
-
-
3
-
-
-
1
2
3
Desconfio quase sempre
7
5
2
4
2
2
1
6
8
3
2
3
11
3
1
1
2
5
8
4
6
8
3
2
1
-
5
7
4
4
1
6
9
4
-
20
Confio às vezes
10
10
11
8
11
8
16
15
9
2
15
19
12
4
-
4
14
14
14
4
13
18
9
9
1
9
18
16
5
2
22
17
10
-
1
50
Confio quase sempre
12
14
4
4
4
5
16
13
3
1
16
12
7
2
1
3
8
14
11
2
7
11
8
7
5
12
12
10
3
1
22
10
5
1
-
38
Confio plenamente
-
-
1
-
-
-
-
1
-
-
-
-
-
1
-
-
-
1
-
-
-
-
-
1
-
-
1
-
-
-
-
-
1
-
-
1
Total
31
30
18
18
17
15
34
35
22
8
34
36
31
10
3
9
24
34
36
11
29
37
22
19
7
22
37
33
12
10
46
33
26
6
3
114
Nota:
sp: sem participação
pp: pouca participação
mp: média participação
ac: acompanho de perto
pt: participação total / ativa
TABELA 95
QUALIDADE DOS JORNAIS IMPRESSOS SEGUNDO À PARTICIPAÇÃO EM ENTIDADES
Avaliação
quanto à
qualidade
Relativo a %
Ag. esportiva
Política
Assoc. classe
Associações/ONG`s
Religião
Mov. estudantil
Sind. Trabalhador
total
sp
pp
mp
ac
pt
sp
pp
mp
ac
pt
sp
pp
mp
ac
pt
sp
pp
Mp
ac
pt
sp
pp
mp
ac
pt
sp
pp
mp
ac
pt
sp
pp
mp
ac
pt
Sem opinião
-
-
-
100
-
-
-
-
100
-
-
100
-
-
-
-
-
-
100
-
-
-
100
-
-
-
100
-
-
-
-
-
100
-
-
100
Baixíssima
25
-
25
50
-
25
-
-
50
25
25
25
50
-
-
-
50
25
25
-
100
-
-
-
-
25
25
-
-
50
25
25
25
-
25
100
Pouca
20
40
7
7
27
20
13
47
20
-
13
33
33
13
7
-
20
20
40
20
40
40
13
-
7
7
20
40
20
13
13
40
33
13
-
100
Razoável
35
19
17
15
15
15
29
29
21
6
31
33
27
8
-
10
13
33
35
8
21
33
17
21
8
21
29
31
13
6
42
25
27
6
-
100
Boa
22
33
17
15
13
9
39
30
13
9
35
28
24
9
4
9
28
30
24
9
20
33
24
20
4
22
39
26
7
7
50
30
13
2
4
100
Total
27
26
16
16
15
13
30
31
19
7
30
32
27
9
3
8
21
30
32
10
25
32
19
17
6
19
32
29
11
9
40
29
23
5
3
100
Número absoluto de alunos
Sem opinião
-
-
-
1
-
-
-
-
1
-
-
1
-
-
-
-
-
-
1
-
-
-
1
-
-
-
1
-
-
-
-
-
1
-
-
1
Baixíssima
1
-
1
2
-
1
-
-
2
1
1
1
2
-
-
-
2
1
1
-
4
-
-
-
-
1
1
-
-
2
1
1
1
-
1
4
Pouca
3
6
1
1
4
3
2
7
3
-
2
5
5
2
1
-
3
3
6
3
6
6
2
-
1
1
3
6
3
2
2
6
5
2
-
15
Razoável
17
9
8
7
7
7
14
14
10
3
15
16
13
4
-
5
6
16
17
4
10
16
8
10
4
10
14
15
6
3
20
12
13
3
-
48
Boa
10
15
8
7
6
4
18
14
6
4
16
13
11
4
2
4
13
14
11
4
9
15
11
9
2
10
18
12
3
3
23
14
6
1
2
46
Total
31
30
18
18
17
15
34
35
22
8
34
36
31
10
3
9
24
34
36
11
29
37
22
19
7
22
37
33
12
10
46
33
26
6
3
114
Nota:
sp: sem participação
pp: pouca participação
mp: média participação
ac: acompanho de perto
pt: participação total / ativa
TABELA 96
QUALIDADE DO JORNAL ESTADO DE MINAS SEGUNDO PARTICIPAÇÃO EM ENTIDADES
Avaliação
quanto à
qualidade
Relativo a %
Agrem. esportiva
Política
Assoc. de Classe
ONG's
Religião
Mov. Estudantil
Sind. Trabalhador
Total
sp
pp
mp
ac
pt
sp
pp
mp
ac
pt
sp
pp
mp
ac
pt
sp
pp
mp
ac
pt
sp
pp
mp
ac
pt
sp
pp
mp
ac
pt
sp
pp
mp
ac
pt
Sem opinião
42
17
13
17
13
13
42
25
17
4
33
33
25
8
-
4
17
29
38
13
21
38
29
13
-
29
33
25
13
-
58
17
21
4
-
100
Baixíssima
-
20
20
20
40
20
-
40
20
20
20
20
60
-
-
20
60
20
-
-
60
20
-
-
20
-
60
-
20
20
20
40
40
-
-
100
Pouca
25
25
13
25
13
-
13
25
50
13
13
25
38
25
-
13
-
13
63
13
38
25
13
13
13
25
-
-
13
63
25
-
25
25
25
100
Razoável
28
22
22
17
11
8
17
42
25
8
19
36
25
14
6
6
14
31
39
11
19
36
22
17
6
3
31
47
14
6
19
50
25
3
3
100
Boa
24
41
8
14
14
19
41
24
11
5
43
30
27
-
-
8
32
35
19
5
27
30
16
19
8
30
35
27
3
5
54
24
19
3
-
100
Excelente
-
-
50
-
50
25
50
25
-
-
25
25
-
25
25
25
-
25
25
25
25
25
-
50
-
25
50
-
25
-
50
-
25
25
-
100
Total
27
26
16
16
15
13
30
31
19
7
30
32
27
9
3
8
21
30
32
10
25
32
19
17
6
19
32
29
11
9
40
29
23
5
3
100
Número absoluto de alunos
Sem opinião
10
4
3
4
3
3
10
6
4
1
8
8
6
2
-
1
4
7
9
3
5
9
7
3
-
7
8
6
3
-
14
4
5
1
-
24
Baixíssima
-
1
1
1
2
1
-
2
1
1
1
1
3
-
-
1
3
1
-
-
3
1
-
-
1
-
3
-
1
1
1
2
2
-
-
5
Pouca
2
2
1
2
1
-
1
2
4
1
1
2
3
2
-
1
-
1
5
1
3
2
1
1
1
2
-
-
1
5
2
-
2
2
2
8
Razoável
10
8
8
6
4
3
6
15
9
3
7
13
9
5
2
2
5
11
14
4
7
13
8
6
2
1
11
17
5
2
7
18
9
1
1
36
Boa
9
15
3
5
5
7
15
9
4
2
16
11
10
-
-
3
12
13
7
2
10
11
6
7
3
11
13
10
1
2
20
9
7
1
-
37
Excelente
-
-
2
-
2
1
2
1
-
-
1
1
-
1
1
1
-
1
1
1
1
1
-
2
-
1
2
-
1
-
2
-
1
1
-
4
Total
31
30
18
18
17
15
34
35
22
8
34
36
31
10
3
9
24
34
36
11
29
37
22
19
7
22
37
33
12
10
46
33
26
6
3
114
Nota:
sp: sem participação
pp: pouça participação
mp: média participação
ac: acompanho de perto
pt: participação total / ativa
TABELA 97
CONSUMO SEMANAL DE RADIO LAZER SEGUNDO PARTICIPAÇÃO EM ENTIDADES
Tempo
consumo
semanal
Relativo a %
Agrem. esportiva
Agrem. política
Assoc. de classe
Associações/ONG's
Igrejas
Mov. estudantil
Sind. Trabalhador
Total
sp
pp
mp
ac
pt
sp
pp
mp
ac
pt
sp
pp
mp
ac
pt
sp
Pp
mp
ac
pt
sp
pp
mp
ac
pt
sp
pp
mp
ac
pt
sp
pp
mp
ac
pt
0' min
29
28
18
14
13
14
29
33
19
6
28
31
33
6
3
8
19
33
31
10
29
35
14
15
8
19
34
28
11
9
40
30
24
4
3
100
0' 1 a 3
19
27
12
27
15
15
35
23
19
8
38
35
12
15
-
8
27
23
31
12
15
35
31
15
4
23
35
27
4
12
42
23
23
8
4
100
3' 1 a 22
38
13
13
-
38
-
25
38
25
13
25
25
25
13
13
13
25
25
38
-
25
-
38
38
-
13
13
50
25
-
38
38
13
13
-
100
Total
27
26
16
16
15
13
30
31
19
7
30
32
27
9
3
8
21
30
32
10
25
32
19
17
6
19
32
29
11
9
44
29
23
5
3
100
Número absoluto de alunos
0' min
23
22
14
11
10
11
23
26
15
5
22
25
26
5
2
6
15
26
25
8
23
28
11
12
6
15
27
22
9
7
32
24
19
3
2
80
0' 1 a 3
5
7
3
7
4
4
9
6
5
2
10
9
3
4
-
2
7
6
8
3
4
9
8
4
1
6
9
7
1
3
11
6
6
2
1
26
3' 1 a 22
-
1
1
-
3
-
2
3
2
1
2
2
2
1
1
1
2
2
3
-
2
-
3
3
-
1
1
4
2
-
3
3
1
1
-
8
Total
31
30
18
18
17
15
34
35
22
8
34
36
31
10
3
9
24
34
36
11
29
37
22
19
7
22
37
33
12
10
46
33
26
6
3
114
Nota:
sp: sem participação
pp: pouca participação
mp: média participação
ac: acompanho de perto
pt: participação total / ativa
TABELA 98
CONSUMO DE RADIOJORNALISMO SEGUNDO PARTICIPAÇÃO EM ENTIDADES
Tempo
consumo
semanal
Relativo a %
Agrem. esportiva
Política
Assoc. de classe
ONG's
Igrejas
Mov. estudantil
Sind. Trabalhador
Total
Sp
pp
mp
ac
pt
sp
pp
mp
ac
pt
sp
pp
mp
ac
pt
Sp
pp
mp
Ac
pt
sp
pp
mp
ac
pt
sp
pp
mp
ac
pt
sp
pp
mp
ac
pt
0' min
28
29
18
13
13
15
30
32
18
7
29
31
29
9
3
6
19
33
33
10
24
36
20
16
5
20
33
26
12
10
41
28
23
6
3
100
0' 1 a 3
29
14
-
43
14
14
43
-
29
14
43
29
14
14
-
14
29
14
43
-
29
14
14
43
-
14
43
43
-
-
57
29
14
-
-
100
3' 1 a 14
17
-
-
33
50
-
17
50
33
-
33
50
17
-
-
33
50
-
-
17
50
-
17
-
33
17
17
67
-
-
17
50
33
-
-
100
Total
27
26
16
16
15
14
30
31
19
7
30
32
27
9
3
8
21
30
32
10
25
32
19
17
6
19
32
29
11
9
39
29
23
5
3
100
Número absoluto de alunos
0' min
28
29
18
13
13
15
30
32
18
7
29
31
29
9
3
6
19
33
33
10
24
36
20
16
5
20
33
26
12
10
41
28
23
6
3
101
0' 1 a 3
2
1
-
3
1
1
3
-
2
1
3
2
1
1
-
1
2
1
3
-
2
1
1
3
-
1
3
3
-
-
4
2
1
-
-
7
3' 1 a 14
1
-
-
2
3
-
1
3
2
-
2
3
1
-
-
2
3
-
-
1
3
-
1
-
2
1
1
4
-
-
1
3
2
-
-
6
Total
31
30
18
18
17
16
34
35
22
8
34
36
31
10
3
9
24
34
36
11
29
37
22
19
7
22
37
33
12
10
45
33
26
6
3
114
Nota:
sp: sem participação
pp: pouca participação
mp: média participação
ac: acompanho de perto
pt: participação total / ativa
TABELA 99
CONSUMO DE TELEVISÃO (LAZER) SEGUNDO A PARTICIPAÇÃO EM ENTIDADES
Tempo
consumo
semanal
Relativo a %
Agrem. esportiva
Assoc. de classe
Igrejas
Agrem. política
Sind. Trabalhador
Associações(ONG's)
Mov. Estudantil
Total
sp
pp
mp
ac
pt
sp
pp
mp
ac
pt
sp
pp
mp
ac
pt
sp
pp
mp
ac
pt
sp
pp
mp
ac
pt
sp
pp
Mp
ac
pt
sp
pp
mp
ac
Pt
0 min
31
23
23
8
15
19
31
35
15
-
31
38
8
23
-
8
38
19
19
15
35
31
27
8
-
4
12
31
46
8
15
19
38
15
12
100
0'1 min a 2h
33
22
17
17
11
28
44
28
-
-
22
28
28
-
22
11
17
56
11
6
61
17
22
-
-
11
22
22
39
6
28
39
22
11
-
100
2'1 a 4
32
42
16
5
5
11
53
26
5
5
26
32
21
21
-
11
32
26
21
11
32
26
32
-
11
26
37
26
11
5
32
37
16
11
100
4'1 a 6
24
29
-
24
24
47
18
24
6
6
24
29
18
24
6
6
35
29
24
6
47
35
12
6
-
18
24
24
24
12
24
41
18
12
6
100
6'1 a 10
19
25
19
19
19
38
25
25
13
-
19
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25
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19
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25
25
38
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6
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-
13
100
10' 1 a 31
22
17
17
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22
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44
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11
22
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17
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22
22
6
11
100
Total
27
26
16
16
15
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32
27
9
3
25
32
19
17
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30
31
19
7
40
29
23
5
3
8
21
30
32
10
19
32
29
11
9
100
Número absoluto de alunos
0 min
8
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2
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18
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2
16
10' 1 a 31
4
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24
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22
37
33
12
10
114
Nota:
sp: sem participação
pp: pouca participação
mp: média participação
ac: acompanho de perto
Pt: participação total / ativa
TABELA 100
CONSUMO DE TELEJORNALISMO SEGUNDO PARTICIPAÇÃO EM ENTIDADES
Tempo
consumo
semanal
Relativo a %
Agrem. esportiva
Assoc. de classe
Igrejas
Agrem. política
Sind. Trabalhador
Associações(ONG's)
Mov. estudantil
Total
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27
18
14
18
55
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27
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100
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20
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10
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30
100
2'1 a 4
23
35
26
6
10
32
39
19
10
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23
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26
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13
39
32
16
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45
35
19
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-
10
26
39
23
3
19
32
29
16
3
100
4'1 a 6
48
28
4
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8
36
24
24
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4
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20
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48
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100
10' 1 a 27
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8
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Total
27
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15
30
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3
25
32
19
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6
13
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40
29
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30
32
10
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9
100
Número absoluto de alunos
0 min
7
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3
10
2'1 a 4
7
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8
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6
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7
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4
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14
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-
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9
5
1
31
4'1 a 6
12
7
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2
9
6
6
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4
2
1
1
3
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6
3
1
25
6'1 a 10
2
2
4
2
4
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2
1
3
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2
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-
14
10' 1 a 27
2
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1
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1
12
Total
31
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18
18
17
34
36
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29
37
22
19
7
15
34
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8
46
33
26
6
3
9
24
34
36
11
22
37
33
12
10
114
Nota:
sp: sem participação
pp: pouca participação
mp: média participação
ac: acompanho de perto
pt: participação total / ativa
TABELA 101
CONSUMO DE INTERNET SEGUNDO PARTICIPAÇÃO EM ENTIDADES
Nota:
sp: sem participação
pp: pouca participação
mp: média participação
ac: acompanho de perto
pt: participação total / ativa
sp pp mp ac pt sp pp mp ac pt sp pp mp ac pt sp pp mp ac pt sp pp mp ac pt sp pp mp ac pt sp pp mp ac pt
0' min
- - -
100
- - - -
100
- -
100
- - - - -
100
- - -
100
- - -
100
- - - - -
100
- - - 100
0'1 a 3
33 8 25 17 17 17 25 25 33 - 33 33 25 8 - 33 33 17 17 - 8 25 33 33 - 33 17 17 25 8 8 25 42 - 25 100
3'1 a 6
20 27 13 33 7 13 40 20 13 13 40 40 13 7 - 40 40 7 13 - - 40 7 47 7 20 33 27 20 - 27 47 13 13 - 100
6'1 a 12
22 37 11 15 15 19 22 33 22 4 48 15 33 - 4 19 33 41 7 - 4 26 26 33 11 19 41 19 15 7 22 30 26 15 7 100
12'1 a 20
18 18 23 18 23 9 27 41 18 5 36 23 27 9 5 32 9 41 14 5 18 5 36 27 14 18 27 9 27 18 18 41 14 14 14 100
20'1 a 30
33 33 13 4 17 8 33 33 17 8 42 33 17 4 4 25 50 17 4 4 8 8 38 29 17 38 25 25 13 - 8 25 54 4 8 100
30'1 a 60
46 23 15 8 8 15 38 23 8 15 38 38 15 8 - 46 23 23 - 8 8 31 38 23 - 23 54 23 - - 38 23 23 15 - 100
Total
27 26 16 16 15 13 30 31 19 7 40 29 23 5 3 30 32 27 9 3 8 21 30 32 10 25 32 19 17 6 19 32 29 11 9 100
0' min
- - - 1 - - - - 1 - - 1 - - - - - 1 - - - 1 - - - 1 - - - - - 1 - - - 1
0'1 a 3
4 1 3 2 2 2 3 3 4 - 4 4 3 1 - 4 4 2 2 - 1 3 4 4 - 4 2 2 3 1 1 3 5 - 3 12
3'1 a 6
3 4 2 5 1 2 6 3 2 2 6 6 2 1 - 6 6 1 2 - - 6 1 7 1 3 5 4 3 - 4 7 2 2 - 15
6'1 a 12
6 10 3 4 4 5 6 9 6 1 13 4 9 - 1 5 9 11 2 - 1 7 7 9 3 5 11 5 4 2 6 8 7 4 2 27
12'1 a 20
4 4 5 4 5 2 6 9 4 1 8 5 6 2 1 7 2 9 3 1 4 1 8 6 3 4 6 2 6 4 4 9 3 3 3 22
20'1 a 30
8 8 3 1 4 2 8 8 4 2 10 8 4 1 1 6 12 4 1 1 2 2 9 7 4 9 6 6 3 - 2 6 13 1 2 24
30'1 a 60
6 3 2 1 1 2 5 3 1 2 5 5 2 1 - 6 3 3 - 1 1 4 5 3 - 3 7 3 - - 5 3 3 2 - 13
Total
31 30 18 18 17 15 34 35 22 8 46 33 26 6 3 34 36 31 10 3 9 24 34 36 11 29 37 22 19 7 22 37 33 12 10 114
Total
Relativo a %
Agrem. esportiva
Sind. Trabalhador
Política
Tempo
consumo
semanal
Número absoluto de alunos
Igrejas
Assoc. de classe
ONG's
Mov. estudantil
TABELA 102
CONSUMO DE WEBJORNALISMO SEGUNDO PARTICIPAÇÃO EM ENTIDADES
Nota:
sp: sem participação
pp: pouca participação
mp: média participação
ac: acompanho de perto
pt: participação total / ativa
sp pp mp ac pt sp pp mp ac pt sp pp mp ac pt sp pp mp ac pt sp pp mp ac pt sp pp mp ac pt sp pp mp ac pt
0' min
43 14 29 - 14 14 29 29 29 - 43 29 14 14 - 14 14 14 43 14 29 14 29 29 - 29 29 43 - - 43 29 29 - - 100
0'1 a 3
26 26 17 21 9 17 32 26 23 2 34 30 26 9 - 6 28 30 30 6 17 36 21 19 8 21 30 28 13 8 43 25 28 4 - 100
3'1 a 6
27 31 4 19 19 12 31 38 19 - 27 27 38 8 - 15 19 19 38 8 27 31 19 12 12 15 42 31 4 8 38 38 15 4 4 100
6'1 a 12
20 20 20 10 30 5 25 35 10 25 25 35 15 10 15 5 15 35 25 20 35 25 20 20 - 15 30 30 10 15 30 30 15 15 10 100
12'1 a 18
43 29 29 - - - 29 29 14 29 - 57 43 - - - - 57 29 14 57 43 - - - 14 29 14 29 14 43 29 29 - - 100
Total
27 26 16 16 15 13 30 31 19 7 30 32 27 9 3 8 21 30 32 10 25 32 19 17 6 19 32 29 11 9 40 29 23 5 3 100
0' min
3 1 2 - 1 1 2 2 2 - 3 2 1 1 - 1 1 1 3 1 2 1 2 2 - 2 2 3 - - 3 2 2 - - 7
0'1 a 3
14 14 9 11 5 9 17 14 12 1 18 16 14 5 - 3 15 16 16 3 9 19 11 10 4 11 16 15 7 4 23 13 15 2 - 53
3'1 a 6
7 8 1 5 5 3 8 10 5 - 7 7 10 2 - 4 5 5 10 2 7 8 5 3 3 4 11 8 1 2 10 10 4 1 1 26
6'1 a 12
4 4 4 2 6 1 5 7 2 5 5 7 3 2 3 1 3 7 5 4 7 5 4 4 - 3 6 6 2 3 6 6 3 3 2 20
12'1 a 18
3 2 2 - - - 2 2 1 2 - 4 3 - - - - 4 2 1 4 3 - - - 1 2 1 2 1 3 2 2 - - 7
Total
31 30 18 18 17 15 34 35 22 8 34 36 31 10 3 9 24 34 36 11 29 37 22 19 7 22 37 33 12 10 46 33 26 6 3 114
Igrejas
Mov. estudantil
Sind. Trabalhador
Número absoluto de alunos
Agrem. esportiva
Tota
l
Política
Assoc. de classe
ONG's
Tempo
consumo
semanal
Relativo a %
TABELA 103
JORNAIS PREFERIDOS SEGUNDO A PARTICIPAÇÃO EM ENTIDADES
sp pp mp ac pt sp pp mp ac pt sp pp mp ac pt sp pp mp ac pt sp pp mp ac pt sp pp mp ac pt sp pp mp ac pt
BF
1 1 2 - - - 1 - - 3 - - 3 - 1 - - 1 2 1 2 - 1 1 - - - 1 - 3 - - 2 1 1
4
EM
6 6 6 3 4 7 8 7 3 - 9 8 5 2 1 - 10 8 6 1 6 9 7 1 2 2 11 9 2 1 11 7 6 1 -
25
OESP
- 2 - - 1 1 - 1 1 - 1 - 2 - - - 1 1 1 - - 2 - - 1 2 1 - - - 2 1 - - -
3
FSP
17 15 4 8 5 6 12 17 11 3 13 20 11 4 1 4 10 13 17 5 16 16 6 9 2 10 18 12 7 2 19 18 9 3 -
49
JB
1 - - - - - - - 1 - - - 1 - - - - - - 1 - - 1 - - - - 1 - - - - 1 - -
1
LC
- - - 1 1 - 1 1 - - 2 - - - - 2 - - - - 1 - - - 1 1 1 - - - 2 - - - -
2
N/T
2 4 2 6 1 1 4 6 4 - 5 4 6 - - 1 3 5 6 - 3 4 4 3 1 4 3 5 1 2 7 2 5 - 1
15
OG
3 1 2 - 1 - 2 3 1 1 2 1 1 3 - 1 - 3 3 - - 2 2 3 - 2 2 1 2 - 3 1 2 1 -
7
Total
30 29 16 18 13 15 28 35 21 7 32 33 29 9 3 8 24 31 35 8 28 33 21 17 7 21 36 29 12 8
44 29 25 6 2
106
Nota: abreviaturas utilizadas BF: BRASIL DE FATO EM: ESTADO DE MINAS OESP: ESTADO DE SP FSP: FOLHA DE SP
JB: JORNAL DO BRASIL
LC: LANCE
OG: O GLOBO N/T: NÃO TEM
Sind. trabalhador
Mov. Estudantil
Igreja
Esportes
Ass.e ONG's
Ass. Classe
Política
Jornal
Total
Em número absoluto de citações
TABELA 104
AUTO-AVALIAÇÃO SOCIOECONÔMICA SEGUNDO PARTICIPAÇÃO EM ENTIDADES
Autodefinição
socioeco-
nômica
Relativo a %
Esportes
Política
Ass. de classe
Associações/ONG's
Religião
Sind. Trabalhador
Mov. Estudantil
Total
sp
pp
mp
ac
pt
Sp
pp
mp
ac
pt
sp
pp
Mp
ac
pt
sp
pp
mp
ac
pt
sp
pp
mp
ac
pt
sp
pp
mp
ac
pt
sp
pp
mp
ac
pt
Não opinou
50
50
-
-
-
-
50
50
-
-
50
-
50
-
-
50
-
-
50
-
50
-
-
-
50
1
-
-
-
-
1
-
-
-
-
1
Favorecido
26
28
19
17
10
14
31
26
21
9
31
36
22
9
2
10
21
33
31
5
24
40
21
12
3
47
24
0
3
2
22
38
21
10
9
100
Prejudicado
28
24
13
15
20
13
28
35
19
6
28
28
31
9
4
4
22
28
31
15
26
26
19
22
7
31
35
22
7
4
13
28
39
11
9
100
Total
27
26
16
16
15
13
30
31
19
7
30
32
27
9
3
8
21
30
32
10
25
32
19
17
6
40
29
23
5
3
19
32
29
11
9
100
Em número absoluto de alunos
Não opinou
1
1
-
-
-
-
1
1
-
-
1
-
1
-
-
1
-
-
1
-
1
-
-
-
1
2
-
-
-
-
2
-
-
-
-
2
Favorecido
15
16
11
10
6
8
18
15
12
5
18
21
13
5
1
6
12
19
18
3
14
23
12
7
2
27
14
14
2
1
13
22
12
6
5
58
Prejudicado
15
13
7
8
11
7
15
19
10
3
15
15
17
5
2
2
12
15
17
8
14
14
10
12
4
17
19
12
4
2
7
15
21
6
5
54
Total
31
30
18
18
17
15
34
35
22
8
34
36
31
10
3
9
24
34
36
11
29
37
22
19
7
46
33
26
6
3
22
37
33
12
10
114
Nota:
Sp: sem participação; pp: pouca participação; mp: média participação; ac: acompanho de perto; pt: participação total / ativa
TABELA 105
PARTICIPAÇÃO EM ENTIDADES SEGUNDO ASSUNTOS DE PREFERÊNCIA
Art Loc Eco Esp Pol TV Out
Tot
al
Art Loc Eco Esp Pol TV Out
Tot
al
Art Loc Eco Esp Pol TV Out
Tot
al
Art Loc Eco Esp Pol TV Out
Tot
al
SP
61 6 - - 13 13 6 100 38 12 3 24 15 9 - 100 50 21 - 21 7 - - 100 - 11 - 67 22 - - 100
PP
67 10 3 3 10 3 3 100 67 3 3 11 11 6 - 100 59 12 3 12 6 9 - 100 38 4 4 25 13 13 4 100
MP
56 11 11 - 11 6 6 100 45 6 3 16 16 3 10 100 51 - 6 17 9 9 9 100 53 9 6 6 9 9 9 100
AC
22 - - 39 39 - - 100 40 - 10 20 20 - 10 100 36 - - 23 36 - 5 100 64 3 3 6 25 - - 100
PT
18 - 6 65 12 - - 100 33 - - - 67 - - 100 25 - 13 13 50 - - 100 55 9 - 27 9 - - 100
SP
- - - - 100 - - 100 52 3 - 28 14 3 - 100 32 14 - 18 27 9 - 100 49 9 - 16 13 11 2 100
PP
- 100 - - - - - 100 57 3 5 14 11 8 2 100 51 8 3 24 5 5 3 100 42 6 9 24 12 3 3 100
MP
- - - - 100 - - 100 45 14 5 - 18 9 9 100 61 - 6 9 15 6 3 100 54 4 4 12 19 - 8 100
AC
67 - 33 - - - - 100 47 5 5 16 21 - 5 100 58 8 8 - 17 - 8 100 67 - - - 33 - - 100
PT
62 8 - 8 15 8 - 100 14 14 - 43 29 - - 100 30 - - 30 30 - 10 100 33 - - 33 33 - - 100
Tota
l
49 6 4 17 16 5 4 100 49 6 4 17 16 5 4 100 49 6 4 17 16 5 4 100 49 6 4 17 16 5 4 100
Art Loc Eco Esp Pol TV Out
Tot
al
Art Loc Eco Esp Pol TV Out
Tot
al
Art Loc Eco Esp Pol TV Out
Tot
al
Art Loc Eco Esp Pol TV Out
Tot
al
SP
19 2 - - 4 4 2 31 13 4 1 8 5 3 - 34 8 3 - 3 1 - - 15 - 1 - 6 2 - - 9
PP
20 3 1 1 3 1 1 30 24 1 1 4 4 2 - 36 20 4 1 4 2 3 - 34 9 1 1 6 3 3 1 24
MP
10 2 2 - 2 1 1 18 14 2 1 5 5 1 3 31 18 - 2 6 3 3 3 35 18 3 2 2 3 3 3 34
AC
4 - - 7 7 - - 18 4 - 1 2 2 - 1 10 8 - - 5 8 - 1 22 23 1 1 2 9 - - 36
PT
3 - 1 11 2 - - 17 1 - - - 2 - - 3 2 - 1 1 4 - - 8 6 1 - 3 1 - - 11
SP
- - - - 2 - - 2 15 1 - 8 4 1 - 29 7 3 - 4 6 2 - 22 23 4 - 7 6 5 1 46
PP
- 1 - - - - - 1 21 1 2 5 4 3 1 37 19 3 1 9 2 2 1 37 14 2 3 8 4 1 1 33
MP
- - - - 1 - - 1 10 3 1 - 4 2 2 22 20 - 2 3 5 2 1 33 14 1 1 3 5 - 2 26
AC
2 - 1 - - - - 3 9 1 1 3 4 - 1 19 7 1 1 - 2 - 1 12 4 - - - 2 - - 6
PT
8 1 - 1 2 1 - 13 1 1 - 3 2 - - 7 3 - - 3 3 - 1 10 1 - - 1 1 - - 3
Tota
l
56 7 4 19 18 6 4 114 56 7 4 19 18 6 4 114 56 7 4 19 18 6 4 114 56 7 4 19 18 6 4 114
Nota: Sp: sem participação; pp: participação total; mp: média participação; ac: acompanho de perto; pt: participação total / ativa
Art: artes e cultura; Loc: assuntos locais; Eco: economia; Esp: esportes; Pol: Política; TV: Televisão; Out: outros; Tot: total
Outros assuntos
Política
ONG's
Esportes
Ass. Classe (OAB, etc)
Entidades religiosas
Mov. Estudantil
Sind. Trabalhadores
Outros assuntos
Entidades religiosas
Mov. Estudantil
Sind. Trabalhadores
Partici-
pação
Partici-
pação
Política
ONG's
Ass. Classe (OAB, etc)
Esportes
Assuntos de preferência - Relativo a %
Em número absoluto de alunos
TABELA 106
REVISTA PREFERIDA SEGUNDO O PERÍODO
Revista
período
Revista
Período
Total
Total
Ana Maria
-
1
-
-
1
Mundo Estranho
-
1
1
-
2
Aventuras História
2
-
1
-
3
National Geographic
-
3
-
-
3
Brasileiros
2
-
-
1
3
News Health
-
-
-
1
1
Bravo
1
2
-
1
4
Nova
-
-
2
-
2
Capricho
1
1
-
-
2
O Globo
-
1
-
-
1
Caras
2
1
-
-
3
Piauí
5
6
-
2
13
Caros Amigos
8
4
2
5
19
Pixel Magazine
-
-
-
1
1
Carta Capital
1
5
4
2
12
Placar
1
1
2
1
5
Claúdia
-
1
-
-
1
Playboy
-
-
1
1
2
Contigo
1
1
-
-
2
Raiz
-
-
-
1
1
Cover Guitar
-
1
-
-
1
Recreio
1
-
-
-
1
Cult
-
-
2
1
3
Revista da Semana
1
1
-
-
2
Der Siegel
-
1
-
-
1
Rolling Stone
-
1
-
3
4
Entre Lvros
-
-
2
-
2
Science
-
-
1
-
1
Época
5
5
6
7
23
Seleções
1
-
1
-
2
Exame
-
-
1
-
1
Set
-
-
-
1
1
Fórum
-
-
1
1
2
Sociologia
-
1
-
-
1
Galileu
-
2
2
1
5
Superinteressante
12
9
7
7
35
Guitar Player
-
1
-
-
1
Trópicos
-
1
-
-
1
História Viva
1
-
-
-
1
Ultimato
-
-
-
1
1
Imprensa
1
2
-
-
3
Veja
17
11
11
10
49
Info
-
-
1
-
1
Vida Simples
-
-
-
1
1
Isto é
10
2
3
-
15
Vip
1
-
1
-
2
Lingua Portuguesa
1
-
2
-
3
Viva Mais
-
2
-
-
2
MTV
-
-
-
1
1
Você S.A
-
1
-
-
1
Total
248
Nota: Número absoluto de citações
TABELA 107
CONSUMO DE RADIOJORNAL SEGUNDO MOTIVO PELO QUAL NÃO LÊ JORNAIS OU REVISTAS
Tempo
consumo
semanal
Justificativa para não ler
Preço
Hábito
Não gosto
Falta tempo
Prefiro outros
meios
Jornais ruins
Preço e prefiro
outros meios
Preço e falta de
tempo
Total
%
%
%
%
%
%
%
%
%
0,00
28
36
11
14
1
1
15
19
10
13
1
1
6
8
6
8
78
100
0,30
1
100
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
1
100
1,00
1
100
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
1
100
2,00
1
50
-
-
-
-
-
-
1
50
-
-
-
-
-
-
2
100
3,00
-
-
-
-
-
-
1
50
1
50
-
-
-
-
-
-
2
100
4,00
1
50
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
1
50
-
-
2
100
7,00
1
100
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
1
100
12,00
1
100
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
1
100
14,00
-
-
1
100
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
1
100
Total
34
38
12
14
1
1
16
18
12
14
1
1
7
8
6
7
90
100
Nota: "N°" é número absoluto de alunos e % é o relativo
TABELA 108
EVOCAÇÃO DA N1 SEGUNDO ASSUNTOS PREFERIDOS
Evocação
Citação como primeira opção
Citações gerais (independe da ordem)
Assunto
No. Absoluto
Relativo a %
Assunto
No. Absoluto
Relativo a %
B0
Artes
5
38
Artes
12
92
Esportes
3
23
Política
9
69
Política
3
23
Locais
9
69
Televisão
1
8
Televisão
7
54
Esportes
6
46
B1
Artes
3
33
Política
7
70
Esportes
3
33
Locais
7
70
Política
1
11
Artes
6
60
Esportes
5
50
Televisão
5
50
B2
Artes
11
52
Artes
18
90
Esportes
3
14
Política
16
80
Política
2
10
Locais
13
65
Locais
2
10
Televisão
12
60
Esportes
10
50
B3
Artes
6
30
Artes
14
70
Esportes
5
25
Política
13
65
Política
3
15
Televisão
13
65
Esportes
13
65
Locais
11
55
B4
Artes
8
44
Locais
15
83
Política
3
17
Artes
15
83
Televisão
3
17
Política
13
72
Televisão
11
61
Economia
7
39
Esportes
7
39
B5
Artes
2
67
Locais
3
100
Artes
3
100
Política
2
67
Televisão
2
67
Economia
1
33
Esportes
1
33
B6
Esportes
1
50
Esportes
2
100
Artes
1
50
Artes
2
100
Política
1
50
Locais
1
50
Televisão
1
50
TABELA 109
EVOCAÇÃO DA N2 SEGUNDO ASSUNTOS PREFERIDOS
Evocação
Citação como primeira opção
Citações gerais (independe d a ordem)
Assunto
No. Absoluto
Relativo a %
Assunto
No. Absoluto
Relativo a %
B0
Artes
18
37
Artes
37
76
Esportes
13
27
Política
37
76
Política
9
18
Locais
33
67
Televisão
30
61
Esportes
29
59
B1
Artes
8
53
Artes
12
80
Locais
3
20
Locais
10
67
Esportes
2
13
Televisão
10
67
Política
9
60
Esportes
7
47
Economia
7
47
B2
Artes
6
46
Artes
13
100
Televisão
3
15
Política
10
77
Política
2
15
Locais
10
77
Televisão
9
69
Esportes
5
38
B3
Artes
5
56
Artes
9
100
Televisão
2
22
Política
6
67
Locais
7
78
Economia
4
44
Televisão
4
44
Esportes
2
22
TABELA 110
EVOCAÇÃO DA N3 SEGUNDO ASSUNTOS PREFERIDOS
Evocação
Citação como primeira opção
Citações gerais (independente da ordem)
Assunto
No. Absoluto
Relativo a %
Assunto
No. Absoluto
Relativo a %
B0
Artes
27
39
Artes
54
78
Esportes
12
17
Política
47
68
Política
11
16
Locais
47
68
Televisão
6
9
Esportes
35
51
B1
Artes
4
67
Artes
6
100
Esportes
2
33
Locais
5
83
Política
4
67
B2
Artes
3
33
Artes
8
89
Esportes
3
33
Política
8
89
Locais
6
67
Esportes
4
44
B3
Artes
2
100
Artes
2
100
Política
2
100
Economia
2
100
Esportes
1
50
TABELA 111
EVOCAÇÃO DA N4 SEGUNDO ASSUNTOS PREFERIDOS
Bloco
Citação como primeira opção
Citações gerais (independente da ordem)
Assunto
No. Absoluto
Relativo a %
Assunto
No. Absoluto
Relativo a %
B0
Artes
32
41
Artes
63
81
Esportes
15
19
Política
56
72
Política
11
14
Locais
53
68
Esportes
40
51
B1
Artes
3
60
Artes
4
80
Esportes
1
20
Locais
4
80
Política
1
20
Política
3
60
Economia
3
60
B2
Artes
1
33
Artes
3
100
Esportes
1
33
Televisao
3
100
Televisao
1
33
Política
2
67
Esportes
2
67
243
APÊNDICE F
Tabela moradores e estudantes em geral
244
ANEXO A
Notícias do experimento piloto
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
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Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
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Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo