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Diante do esgotamento de um modelo que, em vez de gerar crescimento, produziu
estagnação, desemprego e fome; diante do fracasso de uma cultura do individualismo, do
egoísmo, da indiferença perante o próximo, da desintegração das famílias e das
comunidades; diante das ameaças à soberania nacional, da precariedade avassaladora da
segurança pública, do desrespeito aos mais velhos e do desalento dos mais jovens; diante
do impasse econômico, social e moral do País, a sociedade brasileira escolheu mudar e
começou, ela mesma, a promover a mudança necessária.
Foi para isso que o povo brasileiro me elegeu Presidente da República: para mudar
(PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, p.4-5).
Nesse trecho, observamos que a mudança de que trata o presidente se refere ao
governo anterior, a saber: a administração do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que teve
como traço principal a meta de tornar o Brasil uma nação semelhante aos países desenvolvidos.
Contudo, a fala de Lula também dialoga com as representações negativas que foram construídas
sobre o Brasil e o brasileiro ao longo dos anos noventa, principalmente. Enunciados como “o
Brasil não tem mais jeito”, ou “no Brasil, tudo acaba em pizza”, que circularam amplamente na
década de 90 -e se estendem até a atualidade, formaram uma representação desesperançada do
nacional. Essa imagem de Brasil como nação pela qual não há motivo de se orgulhar acaba
gerando uma ruptura de identidade entre a população e a política do Estado. A mudança que
propõe o governo Lula justamente propõe que a população torne a identificar-se com a nação.
Em seguida, o presidente expõe o perfil de nação que seu governo pretende criar:
Chegou a hora de transformar o Brasil naquela nação com a qual a gente sempre sonhou:
uma nação soberana, digna, consciente da própria importância no cenário internacional e,
ao mesmo tempo, capaz de abrigar, acolher e tratar com justiça todos os seus filhos.
(PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, p. 5).
Os homens, as mulheres, os mais velhos, os mais jovens estão irmanados em um mesmo
propósito de contribuir para que o País cumpra o seu destino histórico de prosperidade e
justiça (PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, p. 13).
Trabalharemos em equipe, sem personalismo, pelo bem do Brasil e vamos adotar um
novo estilo de Governo, com absoluta transparência e permanente estímulo à participação
popular.
O combate à corrupção e a defesa da ética no trato da coisa pública serão objetivos
centrais e permanentes do meu Governo (PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
FEDERATIVA DO BRASIL, p. 13).
Em meu Governo, o Brasil vai estar no centro de todas as atenções. O Brasil precisa
fazer, em todos os domínios, um mergulho para dentro de si mesmo, a fim de criar forças
que lhe permitam ampliar o seu horizonte. Fazer esse mergulho não significa fechar as
portas e janelas ao mundo –o Brasil pode e deve ter um projeto de desenvolvimento que