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FICHAMENTO
(…) quem suporta sem nenhuma vergonha a
contradição? Ora este contra-herói existe: é o
leitor de texto; no momento em que se entrega
a seu prazer. Então o velho mito bíblico se
inverte, a confusão das linguas não é mais uma
punição, o sujeito chega à fruição pela
coabitação das linguagens, que trabalham lado
a lado: o texto de prazer é Babel feliz
(BARTHES, 1973/2004, p. 8)
Dissemos que o texto postula a cooperação do
leitor como condição própria de atualização.
Podemos dizer que o texto é um produto cujo
destino interpretativo deve fazer parte do
próprio mecanismo gerativo. Gerar um texto
significa executar uma estratégia de que fazem
parte as previsões dos movimentos de outros –
como, aliás, em qualquer estratégia. (ECO,
1979/2004, p.39)
O aparecimento dos gêneros não é obra do
acaso. (...) Na pré-história dos gêneros
literários André Jolles descobriu igualmente
um momento arquetípico nas disposições
mentais ou pontos de vista básicos por que
nossos antepassados remotos foram
classificando e organizando, via linguagem, a
caótica multiplicidade de suas experiências.
(PAES, 1990, p. 29)
Outrossim, não podemos esquecer que os
gêneros são demandados pela história. Não
que sejam condicionados mecanicamente por
ela, mas porque ela exige a criação de
superestruturas que, afinal, representam-na.
(TOLEDO, 1978, p. 278)
Assim, quanto à ordem dos discursos, o
mundo eletrônico provoca uma tríplice
ruptura: uma nova técnica de difusão da
escrita, incita uma nova relação com os textos,
impõem-lhes uma nova forma de inscrição.
(CHARTIER, 2002, p. 23-24)
A obra de arte no momento em que passa a ser
produzida e reproduzida tecnicamente perde
algo, mas ganha, como conseqüência, os
infinitos lugares e contextos da sua
reprodução. (SANTIAGO, 2004, 114-115)
Escrever em rede não teria a ver com a
literatura no sentido clássico do termo, mas
com a medição de novos territórios no espaço
temático, com o estabelecimento de paisagens
textuais e com a concepção da escrita e da
leitura como um ato nômade de deambulação.
O leitor seria um dândi ou um detetive
informático para navegar na leitura da
Internet, ou seja, leitura orientada
hipertextualmente. (VILLAÇA, 2002, p. 108)
Por mais que os leitores se apropriem de um
livro, no final, livro e leitor tornam-se uma só
coisa. (MANGUEL, 2004, p. 201)
The form i would like to add is one that
combines the high interactivity and immersion
of many computers games with the strong
story and characters of traditional linear
stories. Viewers can enter a simulated world
with rich interactive characters, be
substantially free to continuously do whatever
they want, and yet still experience the
powerful dramatic story that the author
intended. (Loyall, 2004, p. 2)
E na realidade, a poiesis é uma função lúdica.
Ela se exerce no interior da região lúdica do
espírito, num mundo próprio para ela criada
pelo espírito, no qual as coisas posuem uma
fisionomia inteiramente diferente da que
apresentam na “vida comum”, e estão ligadas
por relações diferentes das da lógica e da
causalidade. (HUIZINGA, 1971/2004, p. 133)
Another variable in the literary usage is the
nature of the relation between “game” and
“text”. A text can be called a game literally,
metonymically, metaphorically, and the latter
in a narrow or a broad way (RYAN, 2001, p.
178-179)
Cybertext is a perspective on all forms of
textuality, a way to expand the scope of
literary studies to include phenomena that
today are perceived as out side of, or
marginalized by, the field of literature – or
even in opposition to it, for (as I make clear
later) purely extraneous reasons. (AARSETH,
1997, p. 18)