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MARGARETH EGÍDIA MOREIRA
Belo Horizonte
Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação
Escola de Ciência da Informação – UFMG
2006
Análise de assunto
da literatura ficcional infantil:
categorias para ler o que você tem
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MARGARETH EGÍDIA MOREIRA
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
graduação em Ciência da Informação, da
Escola de Ciência da Informação da
Universidade Federal de Minas Gerais, como
requisito parcial para obtenção do título de
mestre em Ciência da Informação.
Linha de Pesquisa: Organização e Uso da
Informação
Orientador: Prof. Dr. Eduardo José Wense
Dias
Belo Horizonte
Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação
Escola de Ciência da Informação – UFMG
2006
Análise de assunto da literatura ficcional infantil:
categorias para ler o que você tem
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[Ontem, quando menina...]
Era uma história que tinha
coelhos ... Não! O nome não
chamava coelho. Você não
sabe? Quero ler esse livro!
[Hoje, para uma menina ...]
A história tinha princesa... Ah!
Também, adivinha!... O nome
não era... Sua alteza... Eu sei!
Com certeza, você vai ler esse
livro!
Este trabalho é dedicado a
todas as meninas e meninos de
Ontem, de Hoje e do Amanhã.
AGRADECIMENTOS
Esta pesquisa só foi possível graças aos convidados da Casa da
Invenção, os Leitores que freqüentam as Bibliotecas Escolares da Rede
Municipal de Ensino de Belo Horizonte - RMEBH, em especial, aos Alunos e à
Comunidade leitora da Regional Norte, que despertaram o interesse inicial do
pesquisador. Os entrevistados: Alunos Leitores da Regional Noroeste e os
Bibliotecários, Leitores da Literatura Infantil, que revelam sua prática
profissional no trabalho diário da análise de assunto nas bibliotecas escolares.
A colaboração dos Professores da RMEBH e dos pais dos alunos das escolas
particulares, também não pode ser esquecida. Sou grata pela disponibilidade,
informações, atenção e carinho.
A orientação segura e tranqüila, durante este caminho, do meu
orientador Professor Eduardo Wense; o incentivo das Professoras Madalena
Naves e Ana Maria Clark Peres na qualificação; o companheirismo dos colegas
do mestrado durante o curso; pela acolhida calorosa sempre, na Biblioteca,
Nádia, Edna e Vivian e na Secretaria da Pós, Viviany e Goreth; a torcida
organizada dos meus amigos Bibliotecários dentro e fora da Rede, quase meu
fã clube (em especial, a Ceiça, Carlas, Adriana, Soraia, Jourglade, Alice, Ivo,
Sabrina, Moniquinha, Jamore, Lina, Marias, Cida e Valderez); a delicadeza na
pessoa da Flávia, que apagou tudo que estava errado; o carinho sempre, dos
leitores que forneço livros, presentes constantes, meus sobrinhos e irmãos:
Fabiano, Cris, Gabi, Camila, Amanda, Rose, Mariza, Lúcio e Luiz (sempre no
coração); o meu porto seguro, que me permitiu tornar a pessoa que sou, do
qual me orgulho, meus queridos pais Mário e Lionora (que a vida tomou as
letras, não as palavras), muito obrigada! E é claro, a todos os autores que me
seduziram com sua arte; o que inclui o América Futebol Clube, time do
coração, arte não rara, no meu dia-a-dia.
Um último agradecimento, àquele que está sempre em primeiro lugar,
nosso Senhor; que me perdoe pela omissão de qualquer um dos meus amigos
(Obrigada a você que eu esqueci!).
“Há uma idade em que se
ensina o que se sabe; mas
vem em seguida outra, em
que se ensina o que não se
sabe: isso se chama
pesquisar.”
Roland Barthes
RESUMO
Considerando a necessidade de investigação, na biblioteca escolar, da
análise de assunto na literatura ficcional infantil, buscou-se identificar os
procedimentos de indexação, relativos à leitura técnica, identificação e
seleção de conceitos de três títulos literários. Utilizou-se o método de
Protocolo verbal, para obtenção de relatos de quatro indexadores
durante o processo de análise, o que possibilitou obter informações
qualitativas. Um exercício adotando a metodologia de Pejtersen para
indexação foi executado pelos indexadores. A análise de assunto dos
indexadores foi confrontada com a categorização, efetuada pelo
pesquisador, da leitura de nove crianças leitoras, que identificaram
termos e frases durante a leitura dos textos. Os resultados demonstram
que o indexador, na literatura ficcional infantil, tenta adotar
procedimentos de análise, semelhantes à literatura não ficcional. O texto
literário exige do indexador uma análise de assunto mais subjetiva,
devido às características estéticas do texto. O que irá demandar
estratégias de leitura que incluam a leitura completa do texto; habilidade
em reconhecer estilos e gêneros literários, recursos gráficos e de
linguagem etc. O método de Pejtersen, as “Dimensões da Ficção”,
poderia ajudar a identificar a palavra mágica ou atinência. A categoria
Intenção do Autor deveria ser renomeada.
Palavras-chave: Indexação. Análise de assunto. Indexador. Leitura.
Literatura infantil. Literatura ficcional.
ABSTRACT
Considering the need to investigate, in school libraries, the subject
analysis in children’s literature, this dissertation aimed at identifying the
procedures used in the indexing of such literature, concerning technical
reading, identification and the selection of concepts from three literary
works. The author employed the Verbal Protocol method in order to
obtain accounts from four indexers during the process of analysis, which
allowed also the gathering of qualitative information. Employing
Pejtersen’s methodology of indexing, the indexers completed an exercise.
The subject analysis made by indexers was compared to the
classification made by the researcher after the reading of nine children,
who identified terms and phrases during the reading of the works. The
results reveal that the indexer of children’s literature attempts to employ
analytical procedures similar to those used in the indexing of non-fiction.
The literary text requires from the indexer a more subjective kind of
subject analysis, given the aesthetic quality of the text. This demands, in
turn, reading strategies that include: reading the entire text, the ability to
identify style and literary genres, graphic and linguistic features, etc.
Pejtersen’s method, “The Dimensions of Fiction”, would help to identify
the magic word, or aboutness. The category known as Author’s Intention
ought to be renamed.
Keywords: Indexing. Subject analysis. Indexer. Reading. Children’s
literature. Fiction. Fictional literature.
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 -
Formação Acadêmica dos Indexadores
54
Quadro 2 -
Experiência profissional dos indexadores
55
Quadro 3 -
Identificação dos leitores 57
Quadro 4 -
Procedimentos dos indexadores durante análise
de assunto
72
Quadro 5 -
Procedimentos dos indexadores na análise de
assunto da literatura ficcional infantil
112
SUMÁRIO
1 Introdução ............................................................................................. 12
1.1 Era uma vez... um problema de pesquisa ........................................ 14
1.2 No meio do caminho havia dois pressupostos ................................. 14
1.3 Adivinha os ob
j
etivos ........................................................................
1.4 A estrutura não se adivinha .............................................................
16
17
2 Nossa amiga Literatura Infantil ......................................................... 19
2.1 Literatura infantil: o
g
ênero do crime ............................................ 19
2.2 Escritura: o texto literário ............................................................... 21
2.3 A Casa da Invenção, morada da nossa amiga Literatura Infantil
23
3 Análise de assunto: o feijão e o sonho ................................................. 26
3.1 Indexação – o avesso e o direito ....................................................... 26
3.2 O menino no espelho: o sujeito da análise ...................................... 28
3.3 O feijão e o sonho .............................................................................. 30
3.3.1 Olhar pela luneta mágica, uma leitura técnica ............................ 32
3.3.2 A palavra mágica: identificação e seleção de conceitos .............. 34
3.4 Atrás da porta, abordagem temática na Literatura Ficcional Infantil ..
39
3.4.1 Todos os nomes fundamentais para os textos de ficção ..............
42
4 Metodologia: volta ao mundo em oitenta dias .................................... 47
4.1 Navegando: preparativos iniciais para a pesquisa .......................... 47
4.1.1 As melhores histórias: textos literários escolhidos para análise 48
4.1.2 A terceira margem do rio: etapas da pesquisa ............................. 53
4.2 Encontro marcado com os participantes da pesquisa ..................... 54
4.2.1 O menino no espelho – Indexadores .............................................. 54
4.2.2 O convidado – Leitores ................................................................... 57
4.3 Instrumentos de pesquisa: o desatino da rapaziada ...................... 59
4.3.1 Resgate da palavra: Protocolo verbal ........................................... 61
4.4 Para gostar de pesquisar: coleta e transcrição dos dados .............. 63
4.4.1 Para gostar de pesquisar 1 (Leitores) ............................................ 63
4.4.2 Para gostar de pesquisar 2 (Pesquisador) ..................................... 66
4.4.3 Para gostar de pesquisar 3 (Indexadores) ..................................... 67
4.4.4 Para gostar de pesquisar 4 (Indexadores) .....................................
69
5 Música ao longe: os resultados ............................................................
5.1 Música ao longe 1: análise de assunto pelo leitor-indexador .........
71
71
5.2 Música ao longe 2: protocolos verbais revelam leitura do indexador ....
76
5.3 Música ao longe 3: o uso das Categorias de Pejtersen .................... 85
5.3.1 A tulipa negra, uma questão de exercício ..................................... 90
6 Se criança governasse o mundo... quase uma conclusão ..................
6.1
Estratégias de leitura: quando a literatura ficcional infantil governa ..
6.2 Instrumentos necessários: quando a literatura ficcional governa .
6.3 O texto e a análise: quando a literatura ficcional governa ............
97
99
105
108
7 Farewell ................................................................................................
120
Referências ...............................................................................................
125
Apêndices .................................................................................................. 132
Apêndice A – Formulário 1 (Leitores) ................................................... 133
Apêndice B – Roteiro de Entrevista 1 (Indexadores) ............................ 134
Apêndice C – Roteiro de Entrevista 2 (Indexadores) – Parte 1 ........... 135
Apêndice D – Roteiro de Entrevista 2 (Indexadores) – Parte 2 .......... 137
Apêndice E – Categorias de Pejtersen ................................................... 138
Apêndice F – Formulário para análise do indexador ........................... 139
Apêndice G – Análise das entrevistas com os leitores ........................... 140
Apêndice H – Livros citados pelos indexadores ................................... 142
Apêndice I – Livros citados pelos leitores ........................................... 143
Apêndice J – Exemplo de transcrição de Protocolo verbal ................ 145
Apêndice K – Exercício de análise (Categorias de Pejtersen) ............. 149
Apêndice L – Análise de assunto: procedimentos dos indexadores
em textos literários .........................................................
151
Apêndice M – Resumo da análise de assunto: Uso das Cate
g
orias de
Pejtersen ..........................................................................
154
Ficha Catalográfica
Elaborada por Margareth Egídia Moreira CRB/6 - 1739
Moreira, Margareth Egídia
Análise de assunto da literatura ficcional infantil: categorias para ler o que
você tem [manuscrito] / Margareth Egídia Moreira. – 2006.
156 f.
Orientador: Eduardo José Wense Dias
Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de
Ciência da Informação.
Referências: f. 125-131
Apêndices: f. 132-156
1. Análise de assunto – Teses 2. Literatura infanto-juvenil – Teses
3. Linguagens de indexação – Teses 4. Ciência da Informação – Teses I.
Título II. Dias, Eduardo José Wense, III. Universidade Federal de Minas
Gerais. Escola de Ciência da Informação
CDU: 025.4:087.5
CDD: 025.4
M838a
1 Introdução Margareth Egídia Moreira
12
1 Introdução
A literatura ficcional é um dos maiores ativos do conhecimento nas
bibliotecas escolares. Ela provoca a imaginação, povoando de sonhos a
vida cotidiana. Novelas, contos, romances – as principais formas literárias
do gênero ficção estão à disposição do leitor, da primeira infância à terceira
idade.
A biblioteca escolar é, muitas vezes, o primeiro lugar de encontro da
literatura com o leitor. Este, ainda em formação, começa a percorrer
páginas, letras, imagens, sons, notas de arte e magia que compõem os
ingredientes para a receita que todo incentivador da leitura gostaria de
distribuir – o Leitor
1
. E para conquistar esse Leitor existe literatura
categorizada em gêneros literários, autores, tipos de narrativas, estilo e até
cores. Se a preferência é por alguma dessas categorias citadas, não existe
problema para atendê-lo. Mas, o problema começa quando o leitor, que
desejamos que se torne o Leitor, solicita algo sobre ... “bom, pode ser
fadas”. Imediatamente, localizamos todos os títulos que contenham a
palavra fada, até este momento, tudo muito fácil e rápido. Só que este Leitor
deseja “algo bom” que ele já leu e tinha fadas, mas o título não tinha nada a
ver com fadas. O sistema de informação não consegue responder a sua
demanda. E você é obrigado a percorrer as estantes ao lado do seu Leitor
impaciente.
No outro dia, o Leitor volta e pede um novo livro sobre: “... pode ser de mar
com pirata... Ah! Se tiver mar vermelho... baleia...” De novo, o sistema de
informação não atende e você volta às estantes em companhia do Leitor,
1
Aquele leitor que procura o texto literário para efetuar uma leitura por prazer, de livre escolha, não aquela
leitura imposta com fins didáticos. O leitor que lê através do texto, desnuda o texto com seu olhar. É o usuário
que foi contaminado pelo vírus saudável da leitura no uso da biblioteca.
1 Introdução Margareth Egídia Moreira
13
que não entende porquê aquela informação não estava no sistema. Uma
manhã. Uma tarde. Outra manhã. Outra tarde, e o Leitor volta: “Quero
Soldadinho de Chumbo...” Uma questão fácil para o sistema recuperar,
mas o Leitor não terminou a frase: “... que não morre no final. Não gosto de
livro triste!” Qual a solução? Isto se você acredita que tem um problema. Se
o tratamento temático da literatura ficcional na biblioteca escolar fosse uma
realidade, problemas como este não aconteceriam com tanta freqüência.
Se você quer brincar com os seus leitores, a melhor maneira não é
percorrer as estantes porque seu sistema de informação está mudo.
Existem outras alternativas. A análise de assunto na literatura infantil vai
ensinar o seu sistema a ouvir e falar tão bem quanto a boneca Emília de
Lobato. A brincadeira vai virar uma festa que não tem hora para acabar.
Entra Menina bonita do laço de fita. Sai Raul da ferrugem azul. Entra seu
Andersen com o Patinho feio? Entra. Pode entrar, a biblioteca é sua! Sai Os
homens de cavanhaque de fogo junto com João e Maria... O menino
maluquinho saiu e não voltou... Tá na Casa sonolenta ou no Jardim de
Carlota?
E tudo começou... assim! Observando o entra e sai da biblioteca. Muitas
vezes, o que saia não era o desejado de primeira hora, mas de hora
oportuna. Uma indicação... Algo semelhante ou quase igual?! Entretanto,
volta e meia, o que era desejado não saia. Se o motivo de sua lida não
chega a um metro e meio, ou pensando melhor, pode até passar. Porque
literatura infantil não tem idade. Você pode acabar no mestrado em busca
de resultados. Foi o que aconteceu aqui, uma saída para tentar resolver os
problemas de várias faltas de saída. Seus leitores invadem seu sistema de
informação com literatura infantil? Quer uma sugestão. Vamos! Vamos
começar por aqui...
1 Introdução Margareth Egídia Moreira
14
1.1 Era uma vez... um problema de pesquisa
É a vez da Ciência da Informação, que estuda os fenômenos da
organização da informação, que incluem a investigação da representação
da informação em sistemas naturais ou artificiais e sua recuperação. Seus
antecedentes estão na documentação e na recuperação da informação,
surgindo com a responsabilidade de tentar resolver os problemas da
literatura técnica e cienfica que a Biblioteconomia não conseguia resolver
(OLIVEIRA, 2002).
Ontem, enquanto estudantes da graduação em Biblioteconomia, poucas
foram as oportunidades de aprofundamento teórico no campo do tratamento
da informação. Hoje, já no mercado de trabalho, a necessidade de organizar
a informação dos acervos que lhes cabem gerir demanda a necessidade de
investigação. Na biblioteca escolar, mais especificamente, a necessidade de
investigar o tratamento temático da literatura ficcional infantil. No fim dessa
história, será possível anunciar se o tratamento temático da literatura
ficcional infantil deve ser diferente do tratamento de itens não ficcionais, no
que se refere à análise de assunto na biblioteca escolar.
1.2 No meio do caminho havia dois pressupostos
Havia o primeiro pressuposto no meio do caminho: a análise de assunto da
literatura ficcional infantil é diferente da análise da literatura não ficcional,
devido às características específicas do processo de leitura de um texto
literário.
O retrato do texto literário, a análise de assunto, que espelha a leitura do
indexador não reflete o texto que busca o Leitor. O indexador encontra um
1 Introdução Margareth Egídia Moreira
15
texto carregado de emoção, oposto às áridas linhas que desenham a
literatura científica ou técnica. Como identificar e descrever sentimentos,
conflitos, sensações, sementes da imaginação? A leitura técnica
2
, que nem
sempre é tão exata na literatura dura, pode resultar na certeza da extração
de conceitos
3
seguros na mais leve das literaturas?
Observando a análise de assunto efetuada para a identificação de conceitos
deste tipo de literatura, durante a leitura técnica, apenas os gêneros
literários aos quais os textos ficcionais pertencem são sumarizados. A
temática do texto, provavelmente observada, não é objeto de explicitação
por parte do indexador nos sistemas de recuperação, cabendo aos usuários
destes sistemas, o Leitor, buscar respostas às questões relacionadas aos
assuntos (temática) tratados na literatura ficcional através do browsing
4
nas
estantes. Esse tipo de situação demanda o desdobramento do bibliotecário
em percorrer prateleiras reais (estantes, catálogos manuais, bases de
dados) e imaginárias (repertório mental de conhecimento do bibliotecário)
na busca da resposta para seu usuário.
É possível encontrar alguns procedimentos semelhantes ao analisar um
texto literário e um texto técnico, mas a análise de assunto da literatura
ficcional infantil demanda um grau de dificuldade maior para o indexador do
que outros tipos de publicações (LANCASTER, 1993, p.194).
2
A leitura técnica consiste na abordagem global dos itens informacionais, e tem por objetivo recolher os
dados que permitirão o estabelecimento da representação desses itens nos sistemas de informação. [...] a
leitura técnica busca, através de ferramentas específicas, a reconstituição bruta da informação veiculada no
texto original (MOURA, 2004, p.164). A construção de representações por meio das palavras-chave, dos
assuntos, que venham a identificar ‘o de que trata’ o documento, é o objetivo principal desta leitura (LUCAS,
2000).
3
Conceito é a representação de um objeto pelo pensamento, por meio de suas características; é a compilação
de enunciados verdadeiros sobre um determinado objeto, fixado por um termo lingüístico (NAVES, 2000, p.
250).
4
Browsing é ação de percorrer as prateleiras e estantes a procura dos itens não recuperados pelo sistema de
recuperação da informação.
1 Introdução Margareth Egídia Moreira
16
Havia o segundo pressuposto no meio das prateleiras: o uso das categorias
de Pejtersen na análise de assunto poderia responder à demanda de
informação por parte dos leitores de literatura ficcional infantil.
A escolha da literatura ficcional infantil como objeto de estudo deve-se ao
fato de que a mesma é responsável por angariar os primeiros leitores na
biblioteca escolar; possibilitando responder às primeiras necessidades de
informação. O que o leitor de literatura ficcional infantil quer é encontrar o
seu mundo traduzido na sua linguagem e não quer saber se o indexador
ainda está sendo alfabetizado.
Para chegar até o universo literário, Pejtersen percorreu veredas junto a
leitores que buscavam lugares nunca imaginados, para viver uma história
de amor ou ação em um pequeno volume, um livro de fácil leitura, cujo título
ou autor, mesmo de renome, não escapam do esquecimento diante da tela
que tenta armazenar todas as leituras do leitor-indexador. O olhar de
Pejtersen tentou revelar as leituras que fazem seres condenados a buscar
incansavelmente o texto literário. Lancaster (1993, p.193) admite que
Pejtersen idealizou o “método mais aprimorado para a indexação da
literatura de ficção
5
.”
1.3 Adivinha os objetivos
O caminho continua a ser percorrido. O objetivo maior é verificar se a
análise de assunto da literatura ficcional infantil é diferente da análise de
assunto de itens de não ficção. Não menores, mais específicos, os objetivos
são:
5
Lancaster refere-se à literatura ficcional (obras literárias) e não apenas ao gênero ficção. Isso resultou na
determinação da escolha dos títulos analisados pelos indexadores utilizando o método de Pejtersen
(Abordados no Cap. 4 Metodologia: volta ao mundo em oitenta dias).
1 Introdução Margareth Egídia Moreira
17
Identificar o processo de análise de assunto na biblioteca escolar;
Identificar como os bibliotecários se posicionam em relação à
indexação da literatura ficcional, nas bibliotecas escolares;
Identificar como os bibliotecários se posicionam em relação às
demandas dos usuários, quanto à literatura ficcional infantil;
Aplicar a metodologia de análise de assunto de Pejtersen, para a
literatura ficcional infantil.
1.4 A estrutura não se adivinha
Esta dissertação foi estruturada em sete (7) capítulos, já incluída a nossa
Introdução. A seguir, uma breve apresentação de cada um deles.
O capítulo 2, a literatura infantil é apresentada como Nossa amiga Literatura
Infantil. Ela é definida e um pouco de sua história é contada, revelando a
beleza do texto literário. A Biblioteca Escolar, aqui chamada de a Casa da
Invenção, é apresentada como a morada da nossa amiga Literatura Infantil.
No capítulo seguinte, Análise de assunto: o feijão e o sonho, o processo de
indexação é delineado. O profissional bibliotecário é apresentado como o
menino no espelho, o leitor-indexador responsável pela análise de assunto.
Esta análise é abordada em três etapas: a leitura técnica, que é o olhar pela
luneta mágica; a identificação e a seleção de conceitos – a palavra mágica.
A abordagem temática na literatura ficcional infantil é um dos tópicos
discutidos (Atrás da porta...), que inclui, ainda, Todos os nomes
fundamentais para os textos de ficção e uma discussão sobre os esquemas
de categorias para análise na literatura ficcional.
1 Introdução Margareth Egídia Moreira
18
Já no capítulo 4, a Metodologia: volta ao mundo em oitenta dias, os
procedimentos metodológicos são apresentados. Os preparativos iniciais
para a pesquisa, Navegando: escolha do método e determinação da
amostra. Os textos da literatura ficcional infantil escolhidos para análise são
contados em As melhores histórias ... As etapas de pesquisa são citadas
em A terceira margem do rio. O perfil do leitor-indexador (Os meninos no
espelho) e dos Leitores (O convidado) é descrito em Encontro marcado
com os participantes da pesquisa. E o capítulo segue, com a apresentação
dos Instrumentos de pesquisa: o desatino da rapaziada, com destaque para
o Regaste da palavra: Protocolo verbal, técnica empregada para registrar
os protocolos verbais emitidos pelos indexadores durante a análise de
assunto. A coleta e transcrição de dados em Para gostar de pesquisar 1, 2,
3 e 4 mostra o percurso do pesquisador durante as etapas de pesquisa.
E no capítulo 5, os resultados das concepções de análise de assunto pelo
leitor-indexador e os protocolos verbais que revelam a leitura do indexador
na literatura ficcional infantil podem ser lidos, melhor dizendo, ouvidos em
Música ao longe 1 e 2.
No capítulo de número 6, Se criança governasse o mundo ... quase uma
conclusão, os resultados são comentados ao som da teoria. E para
encerrar, definitivamente, a conclusão e considerações gerais em Farewell.
O Leitor já deve ter percebido que percorrer os capítulos e tópicos deste
trabalho será percorrer pela memória literária de seu primeiro leitor, o
pesquisador.
Apenas, um desejo, antes de virar a página: Boa leitura !
2 Nossa amiga Literatura Infantil Margareth Egídia Moreira
19
2 Nossa amiga Literatura Infantil
A história da Nossa amiga Literatura Infantil começa a ser contada no
tópico seguinte deste capítulo. O texto literário é apresentado, em seguida,
como uma Escritura. A morada da disciplina de todos os saberes, a
Literatura, reside na Casa da Invenção, localizada no tópico 2.3. Cuidado,
Leitor! O gênero do crime está só começando!
2.1 Literatura infantil: o gênero do crime
Nossa amiga Literatura Infantil nasceu moldada pelas mãos dos adultos,
para um ser frágil e pequeno: a criança. Tão pequeno que sua existência
só foi comprovada lá pelo início do século XVIII. Crianças ingênuas que
precisavam ser guiadas pela estrada a fora. Na bagagem, uma única
lembrança, não esquecer a educação.
As primeiras obras, aqui, na nossa Terra Brasil, eram caixas contendo
muito espaço para a pedagogia, embaladas com papel de adaptação de
procedência portuguesa. Verdade já sabida, esta literatura, só carregava o
selo infantil.
Com a ajuda da Regina (ZILBERMAN, 2004, p.31), recordo a vocês que
“os primeiros livros brasileiros escritos para crianças apareceram ao final do
séc. XIX, de modo que a literatura infantil nacional contabiliza [apenas] mais
de cem anos de história. A verdadeira história contada para crianças, nas
nossas terras, começou com Monteiro Lobato. Seu Lobato confiscou o selo,
mandou imprimir uma nova edição em tamanho tão superior, que as caixas
com espaço para pedagogia ficaram minúsculas. Logo, estas caixas, foram
2 Nossa amiga Literatura Infantil Margareth Egídia Moreira
20
abastecidas por conteúdos fantásticos, folclóricos, históricos. E ganharam
não apenas a embalagem, mas todo o resto foi fabricado com Pó de
Pirlimpimpim.
Homens de aço, insensíveis às artes, pregam que nossa amiga Literatura
Infantil não passa de um selo, nome seguido de um adjetivo. Nossa amiga,
que nada tem de ingênua, foi buscar socorro com o seu destino. De objeto
pedagógico para os adultos passou a ser vista como gênero do crime. Qual
o seu crime? Sedução de menores.
Se no selo está escrito Literatura Infantil, não vou fazer defesas nem
acusações. Só declaro é que são as crianças que vão elaborar a sentença
porque a:
dificuldade está em delimitar o que se considera como
especialmente do âmbito infantil. São as crianças, na
verdade, que o delimitam, com a sua preferência. Costuma-
se classificar como Literatura Infantil o que para elas se
escreve. Seria mais acertado talvez, assim classificar o que
elas lêem com utilidade e prazer. Não haveria, pois, uma
Literatura Infantil ‘a priori’, mas ‘a posteriori’. (MEIRELES,
1951, p.26).
O veredicto está dado. Nossa amiga Literatura Infantil é o que As meninas,
A avó do menino, A bailarina, O menino dos FFe RR, Os pescadores e suas
filhas e o Chico Bolacha lêem com prazer.
Homens de brisa, que buscam as artes, declaram que escrevem: “pelo
prazer de escrever e faço o melhor de mim nesse gesto. Se meu texto é
eleito pela criança, sinto-me realizado pelo que há de honesto na infância”
(QUEIRÓS, 1997, p.42). Isto é literatura infantil – conclui o Pesquisador.
2 Nossa amiga Literatura Infantil Margareth Egídia Moreira
21
2.2 Escritura: o texto literário
O texto literário escolhido pelas criaas, a Nossa amiga Literatura Infantil,
tem uma língua
6
que cria uma desordem, um desequilíbrio que rompe com a
linguagem. Este texto permite às crianças, Leitores inquietos motivadores
desta pesquisa, um espaço para compreender sentimentos e emoções;
fantasiar a realidade vivida ou sonhada; refletir e buscar saídas para abrir as
portas travadas pelo cotidiano; consentir que as palavras ganhem o sabor
desejado; porque o texto literário é livre, carregado de beleza. Não presta
serviço à educação. Quando isto acontece, deixa de ser literário para ser
texto informativo, mesmo com o selo afixado. E os Leitores não tardam a
reclamar. Os bibliotecários já o classificaram: é literatura informativa infantil.
O autor da Escritura, Bartolomeu Campos Queirós, já dizia que:
As pessoas que ‘sabem’ fazem textos informativos e as que
não ‘sabem’ fazem literatura. Elas, por não saberem, são
capazes de construir um texto contido, permitindo ao leitor
completá-lo com suas vivências, sonhos, desejos. (Ibidem,
p.43)
O saber não é matéria exclusiva de uma ciência que produz textos
informativos ou pedagógicos, seja lá qual for a sua denominação. A
literatura contém todos as ciências, portanto o texto literário assume vários
saberes. O exemplo para a questão vem de Barthes (BARTHES, 1996a,
p.18): “Num romance como Robinson Crusoé, há um saber histórico,
geográfico, social (colonial), técnico, botânico, antropológico (Robinson
passa da natureza à cultura).” E Barthes ainda faz a defesa pela salvação
da disciplina literária, se esta corresse o perigo de ser expulsa do ensino: “é
6
“A linguagem é uma legislação, a língua é seu código.” (BARTHES, 1996a, p.12)
2 Nossa amiga Literatura Infantil Margareth Egídia Moreira
22
a disciplina literária que devia ser salva, pois todas as ciências estão
presentes no momento literário.” (BARTHES, loc. cit.)
No texto literário cabem muitos outros textos, porque ele não vive numa ilha
perdida como a de Robinson Crusoé. Ele está cercado de vizinhos, que
contam histórias. Assim, o texto literio revela às claras ou entre nuvens
quem são seus vizinhos. Podemos chamar isto de intertextualidade, um
ponto e vírgula ou dois pontos, que também pode ser uma interrogação
para o leitor-indexador.
As histórias são escritas com palavras, e as palavras se dedicam tanto à
arte quanto à informação (CUNHA, 1986, p. 41-42). Alguns, habilidosos,
até conseguem lapidar a informação, transformando-a em palavra-arte.
Outros não conseguem distinguir a palavra-informação da palavra-arte
7
,
produzem textos e os elegem como literatura infantil, tentando galgar
espaço como texto literário na escola. Na verdade, trata-se de uma
literatura informativa dedicada ao público infantil, nada mais. Engodo
descoberto, sem dificuldades, pelos pequenos.
Para que não haja dúvidas, nesse espaço, o texto literário objeto de
pesquisa é aquele escolhido pelos Leitores ‘a posteriori’, onde a palavra-
arte foi vislumbrada por suas retinas. Se o autor, ou a escola, faz deste
texto uso pedagógico, não cabe ao pesquisador discutir a questão, não por
hora.
7
Palavra-informação é essencialmente denotativa. Seu significado é unívoco e preciso. Deseja-se que o maior
número possível de pessoas entenda do mesmo modo a informação. Palavra-arte é essencialmente conotativa.
Quanto mais interpretações ela criar mais será uma palavra poética. É multívoca (CUNHA, 1986, p. 41-42).
2 Nossa amiga Literatura Infantil Margareth Egídia Moreira
23
2.3 A Casa da Invenção, morada da nossa amiga Literatura Infantil
A nossa amiga Literatura Infantil, que tem público alvo registrado na
certidão de nascimento, quase sempre o encontra na Casa da Invenção, a
Biblioteca Escolar.
O MANIFESTO (2003) da Biblioteca Escolar, preparado pela Federação
Internacional de Associações de Bibliotecas e Bibliotecários, e aprovado
pela UNESCO em 1999, aponta como principal objetivo da Casa da
Invenção “apoiar os estudantes na aprendizagem e na prática de
capacidades de avaliação e utilização da informação. Portanto, a Casa da
Invenção é o lugar onde os primeiros contatos com os conteúdos
informacionais organizados acontecem. Ela proporciona o acesso a
informações e idéias, fundamentais nas sociedades atuais, pois
desenvolvem, nos leitores, imaginação e competências para a
aprendizagem contínua, permitindo que se tornem cidadãos responsáveis,
além de permitir aos membros da comunidade escolar tornarem-se
pensadores críticos e utilizadores efetivos da informação em todos os
suportes e meios de comunicação (MANIFESTO, 2003). O papel
educativo desta Casa é fundamental na formação para o uso da informação,
tanto para o futuro intelectual quanto para o futuro profissional dos leitores.
A construção de instrumentos para permitir criar cidadãos aptos a adquirir,
selecionar, filtrar, agregar informações e produzir conhecimentos, depende
da atuação profissional do bibliotecário na Casa da Invenção. A maior
preocupação do bibliotecário escolar é recuperar a informação que seu
Leitor sonha.
2 Nossa amiga Literatura Infantil Margareth Egídia Moreira
24
Recuperar informação em textos acadêmicos, científicos, informativos é
mais fácil, qualquer bibliotecário recebeu formação para isso. Não há
dúvidas. Mas tudo muda de figura, quando o assunto é a nossa amiga
Literatura Infantil. É preciso sempre lembrar que estamos falando de
informação na palavra-arte, e não, na palavra-informação. O texto literário
nem sempre desperta a busca de informação por parte do bibliotecário.
8
Na Casa da Invenção, a recuperação de textos literários tem sido uma
questão de interesse especial, nos últimos anos, para a Ciência da
Informação. Os motivos são vários: a necessidade de recuperar o texto
literário e a possibilidade de criar sistemas de recuperação para este tipo de
texto; o fato de que a informatização não abrange todos os tipos de
materiais do acervo, ficando a nossa amiga Literatura Infantil, em segundo
plano.
O sonho dos leitores tem despertado pesquisadores nos países anglo-
americanos, e principalmente, nos países Nórdicos, como a Dinamarca.
Pejtersen (1978), Saarti (2002), Solomon (1997), Koger (1984) e Beghtol
(1989) publicaram trabalhos que exemplificam esta questão.
Na Terra Brasil, a inquietação mobilizou professores e bibliotecários que
começam a discutir e estudar o problema. Martucci e Rozeti (2000) criaram
uma metodologia para classificar e indexar a nossa amiga Literatura Infantil
utilizando as pesquisas de Pejtersen (1978, 1979). Em 2005, foi publicado
por Barbosa, Mey e Silveira (2005) um Vocabulário controlado para
indexação de obras ficcionais, um trabalho conjunto entre professores do
Grupo de Pesquisa em História da Leitura, do Livro e das Bibliotecas
8
A busca de informação na palavra-arte, ou seja, na literatura será discutida no Cap. 3 Análise de Assunto: o
feijão e o sonho.
2 Nossa amiga Literatura Infantil Margareth Egídia Moreira
25
(Universidade Federal de São Carlos - UFSCar), das áreas de Letras e
Biblioteconomia, além de estudantes do curso de Biblioteconomia e Ciência
da Informação (UFSCar).
A discussão passa por muitas questões técnicas, que talvez não tenham a
leveza que tem a nossa amiga Literatura Infantil. Estas questões serão
discutidas nos próximos capítulos. Não irei cita-las por hora, para não ser
preciso conceituá-las, porque na Ciência da Informação a palavra é
essencialmente denotativa. Não pense que a linguagem usada sofrerá com
isso. Basta saber que a Análise de Assunto
9
é tão objeto de meu desejo
quanto a nossa amiga Literatura Infantil.
9
Se você desconhece o conceito tem um bom motivo para continuar a leitura. Se já conhece, tem dois.
3 Análise de Assunto: o feijão e o sonho Margareth Egídia Moreira
26
3 Análise de Assunto: o feijão e o sonho
A escolha do subtítulo, para este capítulo ocorreu de forma proposital, para
que o Leitor saiba que prosseguir poderia ser uma leitura árdua. Entretanto,
a nossa amiga Literatura Infantil não permite que isto aconteça. Porque
tratar de análise de assunto é tratar do feijão nosso de cada dia, que está
nos sonhos.
3.1 Indexação – o avesso e o direito
Na Casa da Invenção, a indexação da literatura ficcional, ou seja, de textos
literários, se faz necessária devido à demanda de indagações por parte de
seu público alvo que anseia por saber “de que trata” o leque de opções
com que os bibliotecários acenam.
É necessário que o leque de opções passe pelo processo de indexação,
que é expresso na literatura, segundo Naves (1996, p. 215), como a:
ação de identificar e descrever um documento de acordo
com seu assunto [...] Durante a indexação, os conceitos são
extraídos dos documentos através de um processo de
análise e, então, traduzidos para os termos de instrumentos
de indexação (tais como tesauros
10
, listas de cabeçalhos de
assunto
11
, esquemas de classificação
12
etc.)
10
Tesauros é um instrumento que controla a busca em serviços de recuperação da informação; representa os
conceitos levantados na análise de assunto do documento e especifica as relações entre esses conceitos.
11
Lista de cabeçalhos de assunto é um instrumento usado na indexação, que possibilita ao bibliotecário
transformar os conceitos obtidos nos documentos em palavras que representam o assunto destes documentos.
É uma linguagem controlada, que combina os termos à priori e limitam o acesso ao documento pelo
elemento citado em primeiro lugar.
12
Esquema de classificação é uma linguagem simbólica, são os números de classificação, que representam o
mundo através de categorias internas.
3 Análise de Assunto: o feijão e o sonho Margareth Egídia Moreira
27
A indexação pode ser definida, ainda, como sendo o processo que analisa o
conteúdo do documento, escolhe os melhores conceitos com base na
especificidade
13
ou exaustividade
14
, e traduz os conceitos selecionados para
uma linguagem documentária (cabeçalho de assunto, tesauros etc).
O objetivo da indexação é traduzir a informação registrada em descritores
ou palavras-chave que representem o conteúdo do suporte analisado, o seu
avesso e o direito. Toda Casa da Invenção deve ter uma política de
indexação que permita ao leitor-indexador estabelecer os elementos
necessários para atingir os objetivos da indexação. Naves (2000, p.29)
aponta os elementos que compõe uma política de indexação: níveis de
exaustividade e especificidade; capacidade de revocação
15
e precisão
16
do
sistema; estratégia de busca; tempo de resposta do sistema; forma de
saída; avaliação do sistema.
Representar o avesso e o direito através de uma boa indexação, requer
segundo Ward (1996, p. 217): conhecimento prévio
17
da área analisada; ser
capaz de avaliar o que deve ser indexado, identificando em que
profundidade; ter habilidades de leitura (dados verbais e não verbais;
13
Especificidade é o nível de detalhe com que um tópico examinado num documento é abrangido numa
representação desse documento.
14
Exaustividade corresponde ao número de termos de indexação atribuídos ou alguma outra medida do
número de pontos de acesso criados.
15
Revocação expressa um maior grau de exaustividade. É a proporção entre o total de documentos relevantes
recuperados numa busca em relação ao total de documentos existentes no acervo sobre determinado conceito
pesquisado.
16
Precisão expressa um maior grau de especificidade. É a proporção entre o total de documentos relevantes
em relação ao total de documentos recuperados numa busca sobre determinado conceito pesquisado.
17
Conhecimento prévio é o [...] conjunto formado por conhecimentos profissionais e conhecimentos que estão
relacionados a tematicidade [aboutness ou atinência] do documento e aos aspectos: lingüísticos; lógicos e
cognitivos (SILVA, FUJITA, 2004, p. 149).
3 Análise de Assunto: o feijão e o sonho Margareth Egídia Moreira
28
análise e avaliação dos dados); criar um sumário (identificar relações
intertextuais, inclusive); ter habilidades para catalogar
18
e classificar
19
.
A representação deste avesso e direito acontece em dois estágios: o
analítico (leitura, identificação e seleção de conceitos) e o da tradução
(representação de conceitos em uma linguagem de indexação). A análise
de assunto ocorreria no primeiro estágio, o analítico, que poderá ser
saboreado no tópico 3.3 O feijão e o sonho.
A indexação, a busca pela representação do avesso e o direito, é executada
pelo leitor-indexador, o menino no espelho, abordado no próximo tópico.
3.2 O menino no espelho: o sujeito da análise
A busca pelo conhecimento antecede qualquer representação da
informação. Entretanto, a representação dos registros do conhecimento
permite oferecer informação tratada que possibilita reduzir as dificuldades
de recuperação deste conhecimento. Assim, o bibliotecário escolar, que
busca na indexação extrair conteúdos informacionais da literatura ficcional
infantil, tem um papel fundamental enquanto profissional que atua no
espaço da Casa da Invenção, a nossa biblioteca escolar.
Sua atuação na Casa da Invenção, não está restrita ao papel de leitor-
indexador. É responsável por todos os moradores da casa, é quem melhor
recebe os convidados, muitas vezes, é o único profissional da casa. Pode
18
Catalogar (Catalogação) é o estudo, preparação e organização de mensagens codificadas, com base em itens
existentes ou passíveis de inclusão em um ou vários acervos, de forma a permitir interseção entre as
mensagens contidas nos itens. Representação do item (MEY, 1995, p. 5).
19
Classificar (Classificação) é um processo mental de agrupamento de elementos portadores de características
comuns e capazes de serem reconhecidos como uma entidade ou conceito.
3 Análise de Assunto: o feijão e o sonho Margareth Egídia Moreira
29
ser encontrado em ação do balcão de empréstimo à disseminação seletiva
da informação
20
. Não se abate, ao fechar os olhos para o tempo, quando é
obrigado a deixar na espera todos os textos literários em processamento
para desenvolver e/ou coordenar projetos pedagógicos. Afinal, é este
contato com todos os setores e serviços da Casa da Invenção que
proporcionam um universo de significados capazes de sustentar, com
firmeza, seu olhar no trato do avesso e direito.
O leitor-indexador, que atua na Casa da Invenção, não sai da Academia
treinado para ser bibliotecário escolar. Como leitor-indexador, ele possui
formação generalizada que permite sua atuação no tratamento da
informação como catalogador, classificador e indexador de qualquer item,
cujo assunto possa ser analisado, descrito e traduzido em uma linguagem
específica. O menino no espelho se depara com a nossa amiga Literatura
Infantil, percebendo que ser leitor-indexador, na Casa da Invenção, vai
demandar não apenas os conhecimentos técnicos de indexador. A imagem
refletida no espelho perpassa um corpo de leituras.
Este sujeito da análise observa as imagens do texto literário que se movem,
reflexos de leituras do criador mescladas com seu olhar de leitor. Um leitor
frio, guiado pela técnica, o leitor-indexador; e um leitor levado pelo prazer da
condução, que não despe a roupagem de indexador. Agrega apenas o olhar
grave, herdeiro de uma técnica que o nomeia profissional.
O menino no espelho da Casa da Invenção tem um grande privilégio de ser
o sujeito da análise das primeiras imagens que irão compor os reflexos de
toda uma vida de leituras.
20
Disseminação seletiva da informação é o serviço responsável por divulgar informações pontuais
selecionadas para um perfil de usuário específico.
3 Análise de Assunto: o feijão e o sonho Margareth Egídia Moreira
30
3.3 O feijão e o sonho
A análise de assunto é concebida como sendo um processo de “extrair
conceitos que traduzam a essência de um documento (NAVES, 1996, p.
216) para possibilitar o uso das informações que um item possa conter,
independente do sistema de classificação e indexação que irá representar
seu conteúdo. Segundo Langridge apud Naves (1996, p. 217) “é o
conhecimento dos conteúdos dos documentos e a determinação das suas
características significantes.”
Em Indexação – o avesso e o direito foi apresentado o menu. Já sabemos
que o cardápio conta com dois estágios no processo de indexação. Aqui,
nossa opção já está na mesa, o feijão e o sonho. O primeiro estágio, já
sabido, o analítico. O nosso feijão e o sonho são degustados em três
etapas: a primeira, a saber, é a compreensão do conteúdo do documento
(aqui, o texto literário). É o olhar pela luneta mágica, a leitura técnica. A
segunda e terceira etapas, a identificação e seleção dos conceitos, a
palavra mágica. É claro que para organizar esse menu, contamos com a
colaboração dos princípios de indexação do UNISIST (World Information
System for Science and Technology), sistema internacional vinculado à
UNESCO, citado por Fujita (2003, p.64) e Silva (SILVA, FUJITA, 2004,
p.154-155).
O feijão e o sonho são a metáfora do processo de análise de assunto, onde
o leitor-indexador depara-se com procedimentos duros para preparar o
prato mais leve que será oferecido aos convidados da Casa da Invenção, a
literatura ficcional infantil. Esta análise é, por natureza, rígida como o feijão.
E o assunto nada mais é que sonhos em cápsulas de conceitos do texto
analisado. É a dualidade entre o real e a fantasia, ou o feijão e o sonho.
3 Análise de Assunto: o feijão e o sonho Margareth Egídia Moreira
31
Da mesma forma que a escolha do título deste tópico é muito subjetiva, o
feijão e o sonho, ou análise de assunto, é um processo bastante subjetivo,
onde a visão do leitor-indexador é um ponto crucial, que pesa na
determinação desta análise. Tanto Fugmann apud Naves (1996, p. 221)
quanto Wilson apud Todd (1992, p. 102), concordam que este processo é
subjetivo; Wilson vai além, dizendo que é muito mais que um processo
subjetivo, é a visão do indexador de como um assunto é modelado.
Para iniciar esta abordagem, na literatura infantil concebida como arte,
fenômeno de criatividade que representa o mundo, o homem, a vida,
através da palavra” , o processo de análise de assunto implica numa leitura
interpretativa, que “funde os sonhos e a vida prática; o imaginário e o real;
os ideais e sua possível/impossível realização (COELHO, 1997, p.24). O
que é dito não tem significado definitivo; é uma variedade de significados.
Nielsen (1997, p.172, tradução nossa), tendo como referência Umberto Eco,
comenta que:
[...] cada texto implica uma variedade e multiplicidade de
significados, mas também uma multiplicidade de leituras.
Não pode ser dito que um texto tem significado definitivo.
Para continuar discutindo a multiplicidade de leituras, nada como olhar pela
luneta mágica, a leitura técnica do leitor-indexador, apresentada no tópico
seguinte.
3 Análise de Assunto: o feijão e o sonho Margareth Egídia Moreira
32
3.3.1 Olhar pela luneta mágica, uma leitura técnica
A leitura técnica ou leitura documentária é realizada pelo leitor-indexador
durante a análise de assunto, com o objetivo de identificar, selecionar e
extrair informações para responder a demanda informacional por parte de
um sistema de informação.
21
Segundo Naves (2000, p. 53), é uma leitura
racional e rápida, com o propósito de extrair conteúdo informativo do texto.
O leitor-indexador, durante a leitura técnica, volta seu olhar para partes do
texto a ser analisado: título, introdução, frases iniciais e finais de capítulos,
sumário, resumo, ilustrações, tabelas, destaques tipográficos, capa, folha de
rosto etc. Neste instante, a mente do leitor-indexador procura idéias,
detalhes, cria expectativa e reconhece conceitos. É um jogo onde a
abstração, a percepção e a interpretação somam-se no processo de
análise, que envolve o conhecimento prévio, a formação e experiência do
profissional, além da subjetividade
22
.
As técnicas de leitura utilizadas pelo leitor-indexador são desenvolvidas ao
longo de sua formação e atuação profissional. Ele aprende a buscar
informação, reconhecendo nos diversos tipos de textos os padrões de
normalização, de estruturação e apresentação da informação. O processo
de leitura inclui o reconhecimento rápido de informação visual numa
varredura, onde seu olhar percorre qualquer texto ou objeto. É capaz de
produzir um exato resumo mental, obtido apenas com uma breve leitura dos
focos que seu olhar reteve sobre parágrafos, tabelas e ilustrações.
Especialistas nomeiam esses processos (KLEIMAN, 1997, p.33):
21
Dois outros conceitos de leitura técnica já foram apresentados ao Leitor em nota de rodapé citados na
página 15 da Introdução.
22
A subjetividade é um dos fatores interferentes no processo de análise de assunto porque diferentes
indivíduos criam diferentes figuras ou idéias de uma mesma informação (NAVES, 2000, p.19).
3 Análise de Assunto: o feijão e o sonho Margareth Egídia Moreira
33
‘Scanning’ ou avistada - mecanismo para a apreensão
rápida da informação visual dando uma mera passada de
olhos. ‘Skimming’ (desnatamento) – pré-leitura seletiva [...]
para obter uma idéia geral sobre o tema e subtemas.
O olhar pela luneta parece mágico, ora revela a certeza, ora instaura a
dúvida. Neste momento, o leitor-indexador pode ser capturado por um olhar
matreiro, que revela um nome falso para um conceito, atraído por um título
ambíguo. Também pode ser seduzido pelo frágil resumo redigido por
técnicas infalíveis da arte mercantil.
A leitura técnica de textos ficcionais é um olhar sobre documentos estéticos
e o processamento de informações não irá acontecer de modo limitado a
um método exato (NIELSEN, 1997, p.173). Devido à subjetividade do texto
ficcional, o indexador não irá contar com a ajuda da análise de títulos e
subtítulos; uma leitura por alto, certamente, não irá providenciar os mesmos
elementos que o auxiliam na análise de outros tipos de textos. A
necessidade de um resumo ou uma sinopse bem-feita, como aponta
Lancaster (1993, p.195-196), também será necessária para que ocorra uma
indexação viável.
A norma 12676 da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT, 1992) recomenda que o leitor-indexador leia as partes relevantes do
documento, uma vez que a leitura completa do mesmo é impraticável.
Entretanto, o formato de apresentação do conteúdo, veiculado em número
não extensivo de páginas, na literatura ficcional infantil poderá ser um
elemento facilitador para a sua análise, uma vez que favorece a leitura
completa do texto.
3 Análise de Assunto: o feijão e o sonho Margareth Egídia Moreira
34
O conhecimento prévio do leitor-indexador é quem guia sua mão sobre a
luneta mágica. Todo indexador tem um catálogo de conhecimentos
armazenado na memória, que vai sendo construído com sua experiência no
processo de análise de assunto. Este catálogo é acionado todas as vezes
que o olhar do leitor-indexador percebe termos, conceitos e teorias sob sua
lente. Cintra apud Naves (2000, p.20) comenta que nesse:
estoque de conhecimento, incluem-se referências a
entidades lingüísticas (estoque de palavras – vocabulário –
frases, forma de organização textual, tipologias textuais) e
conceituais.
É ativado, também, um outro catálogo, o de raciocínio. Através de
esquemas
23
que conduzem a interpretação e ajudam a fazer inferências
24
,
deduções
25
e abdução
26
, o olhar pela luneta mágica, a leitura técnica, revela
o que é mais significante. Agora, o olhar segue em busca da palavra
mágica, a leitura técnica é concluída.
3.3.2 A palavra mágica: identificação e seleção de conceitos
Na identificação de conceitos, o leitor-indexador, após ter examinado o
texto, inicia o processo de seleção de conceitos observados durante a
leitura técnica. É a busca pela palavra mágica.
23
Esquemas: conjunto de conhecimentos armazenados em ordem temporal ou causal, onde são mantidos os
conjuntos de características dos objetos e seres que nos rodeiam (NEVES, 2004, p. 115).
24
Inferências: operação intelectual discursiva e ordenada para passagem do que é conhecido para o
conhecimento do desconhecido (NAVES, 2001b).
25
Deduções: operação intelectual que visa extrair de enunciados dados conclusões correta (NAVES, 2001b).
26
Abdução: operação intelectual com base em dois enunciados em que um é considerado mais importante e
verdadeiro, e o outro provável ou plausível (NAVES, 2001b).
3 Análise de Assunto: o feijão e o sonho Margareth Egídia Moreira
35
Essa palavra mágica, os estudiosos denominam de aboutness
27
, ou
atinência
28
, é traduzida de formas diferentes por diversos autores de língua
portuguesa, alguns adotam o termo tematicidade e outros atinência. Em
sentido amplo, alguns bibliotecários referem-se à determinação do assunto
ou tema do texto como temática, que abarcaria a atinência. O uso dos
termos que expressam a palavra mágica, aqui, é democrático. Será usado
como grafado por seu autor. O que importa é que ela é uma palavra mágica,
mesmo! Quando o olhar do leitor-indexador a encontra, encerra-se o
processo de análise de assunto, como num passe de mágica. No popular,
ela revela o assunto do texto, o quê o Leitor procura e não sabe. Se Fujita
(2003) chama de tematicidade e Naves (1996, 2000, 2001) de atinência, o
importante é que todos estão usando termos diferentes para expressar
significados iguais; o aboutness.
Para Pejtersen (1979, p. 251), o aboutness deveria refletir os diferentes
aspectos das necessidades gerais dos usuários. Um sistema de indexação
deveria estar relacionado com às formulações das necessidades de seus
usuários e seus critérios de escolhas de livros.
A palavra mágica pode ser identificada por duas maneiras, segundo
Faithorne (TODD, 1992, p. 102):
1. aboutness extensional – inerente ao assunto de um documento;
2. aboutness intensional – razão ou propósito para o qual o item foi
adquirido por uma agência de informação ou requisitado por um
usuário.
27
Aboutness é um termo de origem inglesa, traduzido para o português como ‘do que trata um texto’ (SILVA,
FUJITA, 2004, p.149).
28
Atinência é o termo adotado por Naves (1996, 2000, 2001) em seus trabalhos.
3 Análise de Assunto: o feijão e o sonho Margareth Egídia Moreira
36
Beghtol (1986, p.85) além do aboutness, fala do meanings. O aboutness
seria o assunto intrínseco do texto, ou seja, o conteúdo permanente,
independente do tempo que o leitor-indexador determine a palavra mágica.
E meanings são os diferentes significados para o leitor em tempos
diferentes.
Fujita, Silva (2003) e Fujita (2004) adotam o termo tematicidade,
ressaltando que a formação do leitor-indexador e a postura do sistema de
informação é que vão influenciar a concepção de análise de assunto do
profissional. Alertam para a necessidade de direcionar a formação do leitor-
indexador para a busca da palavra mágica. Os procedimentos de
identificação e seleção de conceitos são de suma importância nesse
processo.
E como buscar a palavra mágica? O indexador procura identificar primeiro
temas familiares ao seu conhecimento prévio. Ele identifica conceitos já
sabidos e reconhecidos pelo seu olhar de leitor-indexador. É a informação
“dada”, para Hutchins (1978, p.173). Já o Leitor, procura encontrar
informações novas para ampliar o seu conhecimento sobre determinado
assunto. Assim, é necessário ter uma certa equivalência entre o que é
relevante para o indexador e o que é relevante para o Leitor. A informação
“nova” que o Leitor almeja, soma-se à informação “dada” que o leitor-
indexador já identificou. Uma palavra mágica pode ser selecionada.
Ao examinar o texto, o leitor-indexador procura a estrutura temática que
representa a palavra mágica ou tema do documento. Tálamo (SILVA,
FUJITA, 2004, p. 150) propõe uma metodologia para identificar este tema.
É possível separar as informações relevantes das informações acessórias
através da representação da estrutura temática, o que irá permitir encontrar
3 Análise de Assunto: o feijão e o sonho Margareth Egídia Moreira
37
o objetivo principal do texto. O leitor-indexador deverá identificar os
seguintes elementos:
Quem ? (ser);
O quê? (tema);
Como? (modo);
Onde? (lugar);
Quando? (tempo).
Um outro método de leitura, proposto por Van Dijk (BEGHTOL, 1986, p.90-
91) identifica a estrutura temática do texto através do reconhecimento da
macroestrutura. São cinco (5) macro-regras para tentar estabelecer a
palavra mágica, o aboutness, através de ações cognitivas durante o
procedimento de identificação e seleção de conceitos:
1. Regra de eliminação fraca: informação não significativa que
pode ser suprimida (detalhe); sem comprometer o tema
principal;
2. Regra de eliminação forte: informação significativa localmente é
suprimida (associação esperada);
3. Regra de eliminação Zero: nenhuma informação é suprimida;
4. Regra de generalização: substituição de um nome de uma
classe superordenada para instâncias de outras classes;
5. Regra de construção de postulado: uma informação é integrada
ou combinada para descrever um evento complexo.
Todas as macro-regras são aplicadas continuamente em lugares
apropriados durante a leitura para identificação de conceitos; mais ou
3 Análise de Assunto: o feijão e o sonho Margareth Egídia Moreira
38
menos, sucessivamente, na memória curta do leitor-indexador, em resumos
curtos que expressam cada vez mais níveis gerais de macro proposições
29
.
A palavra mágica ou a atinência precisa ser sumarizada. A sumarização é
um processo que envolve a seleção de palavras-chave ou frases do texto,
expressões que são indicadores “significativos” de conteúdo e que juntos
resumiriam a mensagem do documento, conforme conceituada por Hutchins
(1978, p. 172-173).
Para Hutchins (1978, p. 178-179) esta sumarização não pode ser
completamente neutra, porque o leitor-indexador deve fazer algumas
suposições para determinar qual informação é relevante para os
Convidados da Casa da Invenção. Nesta sumarização, ele produz um tipo
de “texto” que deve espelhar aquele Leitor que procura uma informação
“nova”, mas que também acrescenta algo “dado” visto pelo olhar do leitor-
indexador.
Na literatura ficcional, este procedimento acarreta um grau maior de
dificuldade, é provável que as obras de ficção apresentem dificuldades
maiores para o indexador do que outros tipos de publicações
(LANCASTER, 1993, p. 194). Para a identificação de conceitos, é
recomendável o uso de um “esquema de categorias existente na área
coberta pelo documento, como por ex.: o fenômeno, o processo, as
propriedades etc.” (FUJITA, 2003, p. 64). Esse será um ponto abordado
nos tópicos seguintes.
29
Proposições são representações conceituais expressadas verbalmente em linguagem natural. Idéias que
podem ser associadas a outras idéias, estabelecendo conexões, podendo ser avaliadas se verdadeiras ou falsas
(NEVES, 2004, p.118).
3 Análise de Assunto: o feijão e o sonho Margareth Egídia Moreira
39
Assim, este tópico finaliza, lembrando que “o processo de análise de
assunto termina, então, nesse exato momento da determinação da
atinência” (NAVES, 2000, p.69).
3.4 Atrás da porta, abordagem temática na Literatura Ficcional Infantil
Na literatura ficcional, a abordagem temática permite resgatar informações
que representem, segundo Lancaster (1993):
o tema ou temas centrais;
o que a obra pode exemplificar, eventualmente;
o ambiente em que ela se situa.
Segundo Pejtersen (1979, p. 255), os estágios do processo de indexação,
na literatura ficcional, podem ser descritos a seguir:
1. identificação dos aspectos pertinentes para cada ponto de vista;
2. julgamento da predominância dos aspectos identificados;
3. seleção dos aspectos que atendam às necessidades do usuário, ao
desejar um documento com um determinado elemento;
4. caracterização do livro na linguagem natural, para cada dimensão em
relação aos pontos de vista relevantes.
Para Jarmo Saarti (SAARTI, 2004, p.7), os principais atores no processo de
informação da literatura ficcional são o texto literário, visto como um
trabalho de arte; o criador (escritor); o leitor e o ambiente sócio-histórico. Ao
escrever, o autor literário imprime suas marcas de vida, tanto quanto o
leitor-indexador de itens ficcionais; entretanto, o contexto social define de
3 Análise de Assunto: o feijão e o sonho Margareth Egídia Moreira
40
que maneira estas marcas serão plasmadas por uma experiência
vital/cultural(COELHO, 1997, p.8). Cabe ao leitor-indexador, na Casa da
Invenção, a Biblioteca escolar, mediar este processo de informação, indexar
elementos reais dos textos literários, tais como cenário, personagens, fatos
denotativos do enredo, assim como elementos imaginários, tais como o
tema e suas interpretações (Judith Ranta apud SAARTI, 1999, p.86).
Bell (1992, p. 83-84), em artigo no periódico The Indexer, questiona que tipo
de texto é indexável; o que diferenciaria o texto ficcional dos “hard texts”. O
mais leve de todos os tipos de textos, o texto literário, não apresenta seções
claramente estruturadas e definidas; vocabulário padronizado; regras e
padrões que facilmente podem ser estabelecidos para indexá-los. Ao
contrário, o texto literário contém e usa mais do que mera informação; o
vocabulário é escolhido pela sua sonoridade, leveza e simbolismo; não
existe qualquer rigor na padronização de vocabulário ou estrutura; é um tipo
de texto considerado não indexável. É um objeto artístico.
Este artigo é apenas um, na literatura pesquisada, que exemplifica as
dificuldades de indexar a literatura ficcional. Entretanto, alguns autores
revelam possibilidades que poderiam ser adaptadas para o tratamento
temático do texto literário, o que também incluiria a literatura ficcional
infantil.
Uma das possibilidades de tratamento seria ver a literatura ficcional da
mesma maneira que as biografias. Bell (Ibidem, p.84, tradução nossa)
afirma que a literatura ficcional descreve eventos de nossas vidas e que isto
é o mesmo material informacional das histórias e biografias usualmente
indexadas:
Nenhuma biografia ou história pode ser completamente
exata em todos os seus detalhes, de alguma maneira, elas
3 Análise de Assunto: o feijão e o sonho Margareth Egídia Moreira
41
devem participar de algum nível da natureza da ficção, como
as reconstruções imaginárias. Então, estes elementos
informacionais necessitam de indexação em todos os
gêneros. [...] Se nós levarmos os livros seriamente, nós
temos as mesmas necessidades de recuperação da
informação que considera personagens, lugares e eventos,
independentemente, do ‘que é verdade?’.
Podemos concluir que atrás da porta estão, a nossa espera, o enredo e os
personagens dos moradores da Casa da Invenção, aspectos informacionais
na literatura ficcional que podem e devem ser indexados apropriadamente,
como as biografias.
A abordagem temática, primeiro, irá demandar do leitor-indexador tato e
sensibilidade para indexar o conteúdo informacional do texto literário, e não
o que é meramente sugerido pela arte literária. Segundo, o vocabulário do
escritor não poderia ser padronizado. No texto literário não existe controle
de sinônimos, existem variações sutis de termos. A idéia de controle de
vocabulário reduziria a mais alta das literaturas (BELL, 1992, p. 85).
E para tentar efetuar uma abordagem que não comprometa o texto literário,
na recuperação da informação para os leitores, é necessário optar por uma
metodologia na indexação da literatura ficcional infantil.
Para guiar você, Leitor, na compreensão da escolha desta metodologia, no
tópico seguinte, serão apresentados todos os nomes fundamentais para os
textos de ficção nesta pesquisa.
3 Análise de Assunto: o feijão e o sonho Margareth Egídia Moreira
42
3.4.1 Todos os nomes fundamentais para os textos de ficção
A identificação e a seleção de conceitos na literatura ficcional requerem o
uso de um esquema de categorias mais específicas. Os nomes
fundamentais para os textos literários serão apresentados ao Leitor neste
tópico.
Os autores Brewer e Ruthrof (NIELSEN, 1997, p. 176) apontam quatro
categorias de dados fundamentais para os textos de ficção:
1. Personagens (incluindo o narrador);
2. Eventos;
3. Espaços;
4. Tempos.
Para Nielsen (1997, p. 176), as quatro categorias são relevantes, entretanto,
os elementos identificados apenas representam dados objetivos e os
aspectos relacionados, tais como: desenvolvimento psicológico do
personagem principal; aspectos sociais; aspectos políticos etc.,
representados por dados objetivos, podem conduzir ao erro. A indexação
de textos literários utiliza, geralmente, quatro facetas
30
: Quem (autor e
personagens); Qual (cenário, ação e esquemas); Onde (lugares); Quando
(tempo). A faceta Como é relegada ao segundo plano. O autor tem razão ao
defender o uso da faceta Como. Afinal, identificar na literatura ficcional,
personagens, cenário, tempo e espaço é meramente descrição e não
análise. Talvez pudéssemos dizer que esta seria a primeira etapa da análise
30
Faceta é um termo genérico usado para denotar algum componente de um assunto. As facetas são de dois
tipos: facetas básicas e facetas isoladas. Básicas agrupa assuntos básicos (áreas do conhecimento); isoladas
agrupa isolados (conceitos). (CAMPOS, 2001, p. 53)
3 Análise de Assunto: o feijão e o sonho Margareth Egídia Moreira
43
de assunto ficcional. A utilização da faceta Como poderia permitir analisar o
texto literário ficcional, determinando gênero, estilo, narração e discurso.
O American Library Association’s Subject Analysis Committee recomenda a
indexação, nos trabalhos de ficção, dos seguintes aspectos: forma; gênero;
personagens; cenário; e assunto (SAARTI, 2004, p. 5). Estes elementos têm
sido usados, com algumas inclusões de categorias, para elaborar lista de
cabeçalhos de assunto, que mais tarde formarão a base para a criação de
tesauros.
Na Finlândia, a primeira versão do tesauros Kaunokki – Finnish Thesaurus
for Fiction, publicada em 1996, foi um projeto iniciado com uma lista de
cabeçalhos, transformada em tesauros pela Helsinki University Library
juntamente com o BTJ Group Ltd. (Ibidem, p.6). As facetas usadas
descrevem: gêneros; eventos, motivos e temas; atores; cenários; tempo e
outros aspectos tipográficos.
Na Terra Brasil, um trabalho apresentado, no XXI Congresso Brasileiro de
Biblioteconomia, Documentação e Ciência da Informação, em julho de 2005,
sobre a construção de linguagem de indexação para a literatura infanto-
juvenil, por um grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul - UFRGS, revela a utilização de outras categorias. O objetivo
dos pesquisadores da UFRGS é a criação de um tesauros para literatura
infanto-juvenil. A metodologia adotada evidencia o uso de quatro categorias,
descritas abaixo (FERREIRA, 2005, p. 10):
1. gêneros literários (poesia e prosa);
2. personagens (animais, astros, etnias, fenômenos da natureza,
pessoas, família, nobres, ocupações, ser fantástico);
3 Análise de Assunto: o feijão e o sonho Margareth Egídia Moreira
44
3. temas (amizade, amor, cotidiano familiar, datas comemorativas,
drogas, ecologia, fantasia, folclore, heroísmo);
4. abordagem (abordagem de aventura, abordagem cômica, abordagem
de espionagem, abordagem de ficção científica, abordagem filosófica,
abordagem de horror, abordagem de mistério, abordagem psicológica
e abordagem realista).
Outro esquema de categorias, denominado Dimensões da Ficção,
considerado por Lancaster (1993, p. 193) o método mais aprimorado para a
indexação de literatura de ficção”, foi descrito na Dinamarca, pela
bibliotecária Annelise Mark Pejtersen. Ela realizou entrevistas de referência
com cerca de trezentos leitores de ficção. Ao analisar as entrevistas,
detectou o que ela chamou de dimensões da ficção, caracterizando as
demandas dos leitores, enumeradas abaixo (PEJTERSEN, 1978, p. 8):
1. Assunto – novelas de mistério, livros de ação, história de amor,
crônicas familiares etc.;
2. Cenário – novela histórica, livros do século XVII, viagens para outros
continentes, histórias sobre personalidades etc.;
3. Intenção do autor – humor, filosofia etc.;
4. Acessibilidade – fácil, leitura simples, tipografia, volume, tamanho,
série etc.;
5. Outras – livro bom, nome/título, autor etc.
Cada dimensão foi organizada de acordo com um conjunto próprio de
critérios, sendo subdivididas em quatro categorias independentes (Ibidem,
p. 9):
3 Análise de Assunto: o feijão e o sonho Margareth Egídia Moreira
45
Dimensão 1: Assunto (A história é sobre o quê?)
a) Ação e curso dos acontecimentos
b) Descrição e desenvolvimento psicológico
c) Relações sociais
Dimensão 2: Cenário (Qual o tempo e espaço escolhido como
cenário pelo autor?)
a) Tempo: passado, presente, futuro
b) Local: geográfico, social, profissional
Dimensão 3: Intenção do autor (Quais as idéias e emoções que o
autor quer comunicar com seus leitores?)
a) Experiência emocional
b) Cognição e informação
Dimensão 4: Acessibilidade (Qual o nível de comunicação?)
a) Capacidade de leitura (“legibilidade”)
b) Características físicas e forma literária
Vale ressaltar que não existe uma ordem lógica para o estabelecimento dos
pontos de vista. Cada dimensão não depende da outra, assim como suas
subdivisões, de forma que, qualquer assunto pode ser expresso. Elas
representam uma combinação de algumas funções e aspectos da ficção
(PEJTERSEN, 1979, p. 255).
Pejtersen desenvolveu um OPAC (Catálogo de acesso público on line),
chamado Book House, para atender às solicitões das crianças em busca
da nossa amiga Literatura Infantil. Foi utilizado o seu esquema de
categorias – Dimensões da Ficção – para permitir o desenvolvimento de
3 Análise de Assunto: o feijão e o sonho Margareth Egídia Moreira
46
uma base de dados elaborada em cima das indagações que os leitores
fazem no momento em que tentam encontrar um texto literário em uma
biblioteca (SOLOMON, 1997, p. 140).
Para Jarmo Saarti (2004, p. 4), as dimensões de Pejtersen podem ser
classificadas em duas categorias:
1. denotativas – representadas por elementos reais (assunto e cenário);
2. conotativas representadas por elementos interpretados pelo leitor-
indexador (intenção do autor).
A categoria conotativa revelaria a maior dificuldade na indexação da
literatura ficcional. A intenção do autor seria o aspecto mais problemático
no esquema de Pejtersen, porque esta dimensão é do ponto de vista do
indexador, atribuída através de sua interpretação. Já os autores Andersen
e Holst citados por Saarti (Idem) utilizam, nesta categoria, a idéia de
mensagem neutra, incluindo a experiência do leitor.
A literatura ficcional infantil poderia ser analisada através de qualquer um
dos métodos apontados neste tópico. Entretanto, vale ressaltar que na
literatura pesquisada, o método mais recomendado foi o de Pejtersen;
elaborado através de entrevistas de referência com os leitores e aplicado
na criação do Book House.
Através de procedimentos metodológicos, o processo de análise de assunto
na literatura ficcional infantil poderá ser examinado, possibilitando a
elaboração de fundamentos teóricos para discussão desta temática.
4 Metodologia: volta ao mundo em oitenta dias Margareth Egídia Moreira
47
4 Metodologia: volta ao mundo em oitenta dias
O Leitor acompanhou até agora o era uma vez... um problema de pesquisa
de um outro leitor, o leitor-indexador. Descobriu os pressupostos no meio do
caminho e adivinhou os objetivos. Tornou-se parceiro da nossa amiga
Literatura Infantil que, na escritura, seduziu os visitantes da Casa da
Invenção. Seduzido, deve continuar a percorrer estas páginas, em busca
dos olhares pela luneta mágica; descobrindo meninos no espelho que
tentam identificar a palavra mágica na literatura ficcional infantil. Neste
tópico, o pesquisador, também um menino no espelho, pretende apresentar
a volta ao mundo em oitenta dias para saborear o feijão e sonho.
4.1 Navegando: preparativos iniciais para a pesquisa
Antes do início do relato da pesquisa, cabe avisar ao Leitor que esta é uma
pesquisa exploratória
31
, que investigou uma população de bibliotecários
responsáveis pelos procedimentos de indexação nas bibliotecas escolares
de Belo Horizonte, Minas Gerais. Contou, também, com a ajuda de crianças
leitoras da região Noroeste de Belo Horizonte.
A amostra probabilística foi selecionada intencionalmente – amostra
intencional
32
. Foram escolhidos quatro (4) indexadores:
31
Pesquisa exploratória tem por “finalidade desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e idéias, com vistas
na formulação de problemas mais precisos e hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores” (GIL, 1994,
p.44).
32
Amostra intencional é aquela considerada para casos que a amostragem representem o ‘bom julgamento’ da
população/universo (SOUZA, 2005, p. 29).
4 Metodologia: volta ao mundo em oitenta dias Margareth Egídia Moreira
48
Três (3) profissionais que atuam em bibliotecas escolares públicas,
escolhidos através de sorteio aleatório, de um universo de 40
profissionais;
Um (1) profissional que atua em biblioteca escolar particular,
escolhido através de indicação de outros profissionais da área.
Quanto às crianças leitoras, foram escolhidos nove (9) Leitores da faixa
etária compreendida entre 08 a 12 anos, alunos de escolas públicas
municipais e particulares da Região Noroeste de Belo Horizonte. Segundo,
Zilberman, a literatura infantil abrange a produção literária “para pessoas de
até mais ou menos 12 anos” (ZILBERMAN, 1982, p. 35), motivo pelo qual
optou-se por esta delimitação. Crianças leitoras menores de 08 anos foram
excluídas da amostra; o pesquisador entende que a exclusão destas
crianças e a fixação de uma faixa etária são apenas recursos para delimitar
a pesquisa. Literatura infantil é um texto sem idades.
4.1.1 As melhores histórias: textos literários escolhidos para análise
Foram selecionados três (3) títulos literários, para examinar o nosso feijão e
o sonho, na literatura ficcional infantil, ou seja, o processo de análise de
assunto. Os moradores da Casa da Invenção, desta pesquisa, são:
1. ROCHA, Ruth. Nosso amigo ventinho. São Paulo: Ática, 1998. 40 p.
(Ilustrações Ivar da Coll. Coleção Sambalelê);
2. LAGO, Angela. Sua alteza a Divinha. 12. ed. Belo Horizonte: RHJ,
c1990. [35 p.];
4 Metodologia: volta ao mundo em oitenta dias Margareth Egídia Moreira
49
3. KING, Stephen Michael. O homem que amava caixas. 2. ed. São
Paulo: Brinque Book, 1997. 32 p. (Ilustrações do autor. Tradução
Gilda de Aquino).
O critério de escolha para os títulos selecionados tem fundamento no
conceito de literatura infantil já apresentado nas palavras de Cecília
Meireles
33
. É o que a criança indica como literatura para seu deleite.
No dia-a-dia de atuação na Casa da Invenção, o pesquisador selecionou,
através de observação, os títulos dos itens 1 e 3 (Nosso amigo ventinho e O
homem que amava caixas). O entra e sai constante, destes moradores com
os convidados da nossa Casa chamou a atenção do leitor-indexador.
E o título do item 2 (Sua alteza a Divinha) foi escolhido por “puro prazer” de
leitura deste pesquisador. Em contato com os Leitores ávidos pela nossa
amiga Literatura Infantil, não escondia que este era seu livro favorito.
Escandalizava a todos por preferir a literatura infantil, mas não surpreendia
os pequenos Leitores que trocavam adivinhas de leituras.
Se Leitor desconhece Nosso amigo ventinho, podemos apresentá-lo através
da leitura de um resumo publicado numa bibliografia especializada em
literatura:
O livro trata da importância da generosidade entre as
pessoas e seres. Visando apenas o Bem, Ventinho
(fenômeno da natureza), o personagem central, conduz a
narrativa ajudando pessoas que ele nem conhece, com o
único intuito de fazê-las felizes. Ficando o tempo todo no
anonimato o nosso herói cumpre o seu papel: não esperar
aplausos e reconhecimento em todas as boas ações. Passa
a mensagem de que não se deve esperar retorno pelos bons
trabalhos, e sim fazer o bem pelo bem. As ilustrações são
33
Ver novamente, Cap. 2 – Nossa amiga Literatura Infantil, p. 20.
4 Metodologia: volta ao mundo em oitenta dias Margareth Egídia Moreira
50
atraentes, ajudando a entender o texto e enriquecendo a
história. (BIBLIOGRAFIA, 2001, p.160)
O apelo pedagógico do texto, comentado por professores e especialistas, é
visível. Entretanto, as crianças o escolhem como um objeto lúdico; as
ilustrações, um convite às brincadeiras, trazem fenômenos da natureza
humanizados, que arrancam gargalhadas.
O mesmo texto, com alteração de duas ou três palavras diferentes, pode ser
escutado em compact disc (CD) na voz de Ruth Rocha. Os internautas
também podem baixar o arquivo ou apreciar a narração das aventuras de
nosso Ventinho no próprio site da autora
34
. A história veiculada em mídias
diversas, possibilita seu conhecimento por um número maior de leitores.
O Leitor não precisa adivinhar a história de Sua alteza a Divinha, se nunca
leu o texto, a própria Angela Lago citada por Santos (2005, p.3) diz que
chama “este conto de Sua alteza a Divinha porque conta à história de uma
princesa que era ótima em adivinhações e resolve só se casar com alguém
à sua altura.” No mesmo trabalho, ainda, a autora apresenta considerações
sobre as ilustrações que utilizou:
Como se tratava de um conto folclórico, decidi manter um
caráter antigo nos desenhos. Alguma coisa que lembrasse
as xilogravuras usadas, por exemplo, na literatura de cordel.
[...] Para conseguir esta lembrança do trabalho de
ilustradores antigos, parti de xilogravuras, sobretudo de um
trabalho de Ritcher do princípio do século, que coloquei no
computador através de um scaner. Seria um pouco artificial
para mim utilizar as xilos nordestinas, que não tem muito a
ver com a minha estória pessoal. Já o trabalho de Ritcher
34
CD Mil Pássaros ou pela Internet disponível em: http://www2.uol.com.br/ruthrocha/historias.htm (Acesso
em Janeiro/2006) .
4 Metodologia: volta ao mundo em oitenta dias Margareth Egídia Moreira
51
provocava evocações da minha própria infância, dos livros
que li enquanto criança.
A opção pelas xilogravuras de Ritcher, hoje, nas palavras de Angela,
poderia não acontecer mais (LAGO, 2005b):
Hoje acho que optaria pelas gravuras populares brasileiras,
cuja plasticidade agora me interessa mais. Começo a
compreender que a memória é calidoscópica, é uma
invenção sempre atual, que refaço de acordo com a ótica
escolhida. Além disso, pergunto-me se não devemos
oferecer às crianças trabalhos sem visto no passaporte,
mas, ao contrário, menos previsíveis, mesmo que a princípio
possam ser mais difíceis de apreciar.
Os enigmas da princesa, a Divinha, têm sido objeto de investigação de
alguns estudiosos. Professores de literatura infantil comentam sobre o
passado de Sua Alteza em sites da Internet. Um deles, Peter O’Sagae diz
que é “provável que ela tenha nascido no Oriente [...] nas paragens árabes,
existiu uma mulher de notável inteligência, seu nome era Tawaddoue”,
interrogada por um tribunal de sábios e doutores, saiu-se muito bem. “Essa
moça, ou outra (Ninguém sabe!), foi chamada de Douta Simpatia, pela
tradição européia” (O’SAGAE, 2005).
O’Sagae (Ibidem), continua a contar a história de Sua Alteza. Na Itália, um
escritor veneziano Carlo Gozzi traduzia e adaptava contos populares do
Extremo Oriente, era a princesa de Pequim, sua Turandot. E nas partituras
de Ferruccio Busoni e Giacomo Puccini, a princesa Turandot cantada numa
ópera, avisava aos pretendentes: ‘Três são os enigmas, uma só é a morte!’
Outro pesquisador, André Mendes (MENDES, 2002, p. 39), em sua
dissertação de mestrado em Literatura Brasileira: A complexização do
4 Metodologia: volta ao mundo em oitenta dias Margareth Egídia Moreira
52
objeto artístico: uma análise da obra de Angela Lago, analisa a Sua Alteza
dizendo que este livro trata de desafios. Personagens desafiados a decifrar
enigmas; um desafio também para o Leitor, que tenta descobrir uma
maneira diferente de ler e perceber diversas referências.
Seu olhar de Leitor revela o mito de Perseu: “O Matuto [Louva-a-deus],
assim como Perseu, não realiza a tarefa impossível por ser herói, mas é
herói por realizar essa tarefa impossível”. O Louva-a-deus tem o acaso a
seu favor e Perseu, a ajuda de Hermes e Atenas (Ibidem, p. 41).
Depois de conhecer Nosso amigo ventinho e Sua alteza a Divinha, só falta o
Leitor ser apresentado a O homem que amava caixas. O livro conta a
história:
de um homem que era apaixonado por caixas e por seu
filho. O único problema é que, como muitos pais, ele não
sabia como dizer ao filho que o amava. De maneira simples
e bonita, este livro fala sobre o relacionamento entre pai e
filho. Com ilustrações alegres e muita sensibilidade
(Catálogo 2004, Editora Brinque Book, p. 50).
O texto é apresentado em frases curtas, “legendas” para as belíssimas
ilustrações criadas pelo autor. Durante a pesquisa, foi possível observar o
interesse de outros profissionais pelo texto; psicólogos e pessoas comuns
indicavam o título como se fosse de auto-ajuda.
4 Metodologia: volta ao mundo em oitenta dias Margareth Egídia Moreira
53
4.1.2 A terceira margem do rio: etapas da pesquisa
A pesquisa foi planejada para ser realizada em quatro (4) etapas, sendo que
a primeira envolveria os Leitores; a segunda, o pesquisador e a terceira e
quarta etapas, os indexadores. As etapas são sumarizadas, abaixo:
1. Primeira etapa – Leitores (agosto 2005)
Formulário para possibilitar a elaboração de um perfil dos
Leitores (ver Apêndice A);
Leitura de um título da literatura ficcional infantil pelos Leitores.
2. Segunda etapa – Pesquisador (agosto a setembro 2005)
Elaboração do perfil dos Leitores;
Sistematização das palavras e frases determinadas pelos
Leitores utilizando as Categorias de Pejtersen.
3. Terceira etapa – Indexadores (setembro a outubro 2005)
Entrevista semi-estruturada com indexadores (ver Apêndice
B);
Análise de assuntos dos títulos selecionados (uso Protocolo
Verbal) pelos indexadores (ver Apêndice C)
4. Quarta etapa – Indexadores (setembro a outubro 2005)
Exercício de análise de assunto para os indexadores utilizando
as Categorias de Pejtersen;
Entrevista semi-estruturada com indexadores (ver Apêndice
D).
4 Metodologia: volta ao mundo em oitenta dias Margareth Egídia Moreira
54
4.2 Encontro marcado com os participantes da pesquisa
Em Navegando, o Leitor descobriu os personagens desta pesquisa. Neste
tópico, irá descobrir qual o perfil do leitor-indexador, os meninos no espelho,
reflexo do belo horizonte das bibliotecas escolares nas minas gerais de
leitura.
O Leitor ainda vai poder participar como convidado da Casa da Invenção,
através da leitura dos nossos grandes Convidados, os Leitores de nossos
amigos – Ventinho, Sua Alteza e o Homem das caixas.
4.2.1 Os meninos no espelho – Indexadores
Ao atravessar uma das margens do rio, foi possível perceber que o leitor-
indexador desta pesquisa, trabalha há mais de 8 anos na Casa da
Invenção, se apurarmos a média do tempo de vida de cada um na
Biblioteca Escolar. E o tempo de experiência ganha mais 4 anos – 12 em
média, para quem sabe matemática! – como profissional responsável pelo
processo de indexação, lembrando que são quatro (4), os nossos meninos
no espelho. Quanto à formação acadêmica, metade tem pós-graduação. O
tempo de graduado fica entre 5 e 30 anos. Como pode ser observado nos
Quadros 1 e 2, apresentados a seguir.
Quadro 1 – Formação acadêmica dos indexadores
Indexador Graduação/Ano Pós-Graduação
I01
1992 Especialização
I02
2000 -
I03
1979 Mestrado
I04
1975 -
Fonte: Entrevista com Indexadores
4 Metodologia: volta ao mundo em oitenta dias Margareth Egídia Moreira
55
Quadro 2 – Experiência profissional dos indexadores
Indexador Inst.* Tempo Exercício
na Instituição
Tempo Exercício
Biblioteca Escolar
Tempo Experiência
em Indexação
I01
Pub 4 anos e 8 meses 8 anos 8 anos
I02
Pub 11 meses 2 anos 1 ano
I03
Pub 8 anos 8 anos 8 anos
I04
Par 16 anos 16 anos 30 anos
Fonte: Entrevista com Indexadores
*Pub = Pública / Par = Particular
Nenhum deles atua exclusivamente na indexação. Além, de leitor-
indexador, os bibliotecários são responsáveis pela Aquisição e
Desenvolvimento do Acervo; Referência; Disseminação Seletiva da
Informação, Coordenação e Desenvolvimento de Projetos Pedagógicos e
Culturais, dentre as atividades citadas durante entrevista.
O mais interessante é conhecer as preferências literárias do leitor-
indexador. Todos citam a leitura literária como tipo de leitura predileta;
sendo que leitura informativa ocupa o segundo lugar na preferência; a
leitura acadêmica e científica só foi preferida por um dos indexadores.
Não é preciso percorrer o mesmo caminho que o pesquisador tomou para
descobrir a nossa amiga Literatura Infantil, apreciada pelo leitor-indexador;
a referência completa encontra-se no Apêndice H.
E os autores preferidos? Ana Maria Machado, Roseana Murray e Ruth
Rocha empatam na predileção dos indexadores. A beleza da poesia de
Elias José e José Paulo Paes; o clássico Monteiro Lobato; a delicadeza da
escrita de Rubem Alves; e Sylvia Orthof pela ótima linguagem, também são
citados como parte do universo literário destes profissionais.
4 Metodologia: volta ao mundo em oitenta dias Margareth Egídia Moreira
56
Você não lembra do título correto do último livro que leu e acha que o leitor-
indexador jamais esquecerá os títulos lidos; desculpe desapontá-lo, mas
você tem um parceiro nessa história. Ao mencionar os títulos literários lidos
recentemente, todos os indexadores ora esqueceram o título correto, ora o
nome do autor. Mas, isto não impediu que o pesquisador desvendasse o
que os meninos no espelho têm lido.
A literatura ficcional infantil não tem sido indicada para o leitor-indexador –
“Todo dia passa livro de literatura na minha mão. É difícil alguém indicar
livro infantil.”
35
Quando a leitura acontece – e acontece diariamente – não
tem recomendação; é o título sugestivo que caiu em suas mãos; é acervo
novo adquirido; e, ainda, o estava procurando e encontrei este ...
Os filhos do leitor-indexador têm encontrado Esse sono que não vêm, que
o pai leva da Casa da Invenção. O leitor-indexador, anda rindo à toa com
Uma velhinha de óculos, chinelos e vestido azul de bolinhas brancas e
fazendo rir quando conta os Contos de Grin golados. Tem saboreado Os
morangos. E o Filhote de fada tem sido bem tratado com doses de leitura do
amável leitor em questão.
Quando os meninos no espelho resolvem multiplicar seus olhares, a
seleção de reflexos encanta a todos. Os títulos literários recomendados
incluem o conjunto da obra de Rubem Alves
36
para crianças, olhar comum
de dois indexadores. Palavras, palavrinhas e palavrões da Ana somam-se a
Correspondência de Bartô. Este, último, memória passada dos tempos de
início de alfabetização. A lembrança do período de internação só ficou
35
Fala do Indexador I03, durante entrevista.
36
Segundo, Indexador I03, um acervo sem idades.
4 Metodologia: volta ao mundo em oitenta dias Margareth Egídia Moreira
57
porque o Doutor Bartô aplicou um tal de vírus da leitura, altamente
recomendado pelo leitor-indexador.
4.2.2 O convidado – Leitores
Os convidados são nove (9), meninos e meninas da segunda série à sexta
série do ensino fundamental de escolas públicas municipais
37
e particulares,
listados no Quadro 3.
Quadro 3 – Identificação dos leitores
Leitor Idade Sexo Série Instituição
L 01
09 M 3 Pública Municipal
L 02
10 F 4 Pública Municipal
L 03
10 M 4 Pública Municipal
L 04
11 F 5 Pública Municipal
L 05
11 M 5 Pública Municipal
L 06
12 F 6 Particular
L 07
11 F 5 Particular
L 08
08 M 2 Particular
L 09
08 M 2 Pública Municipal
Fonte: Formulário aplicado aos Leitores
Legenda: Sexo: Masculino (M), Feminino (F)
O perfil do leitor da escola pública municipal em relação ao leitor da escola
particular é praticamente o mesmo. O empréstimo de livros literários,
serviço mais utilizado pelos Leitores, ocorre diariamente tanto quanto
semanalmente. Um dos Leitores citou, ainda, o empréstimo de gibis e livros
de artes. A leitura no local e a pesquisa escolar são os serviços
mencionados em segundo lugar, pelo mesmo número de Leitores. Outras
atividades relatadas são o uso da Internet e a participação em concurso de
contador de histórias. É interessante observar que o Leitor da escola
37
O Sistema Público Municipal adota ciclos de formação, aqui, estes, foram adequados a séries.
4 Metodologia: volta ao mundo em oitenta dias Margareth Egídia Moreira
58
pública municipal tem uma freqüência diária à biblioteca escolar. Na escola
particular a freqüência informada é semanal, sendo que um dos Leitores
afirmou não freqüentar bibliotecas.
Se o encontro marcado é para falar da nossa amiga Literatura Infantil, a
criançada não deixa por menos. Na ponta da língua o gosto pela poesia e o
prazer de viajar na aventura, tipos de livros prediletos dos Leitores. Não
ficam faltando as fábulas, os livros de suspense e os clássicos porque “tem
terror”, também “tem violência”, mas “o bem vence o mal”. Gostam de livros
interessantes e divertidos, a comédia e os gibis não são esquecidos.
Há Leitores que entram em pânico porque não conseguem se lembrar dos
nomes dos autores dos títulos que lêem: “daquele... daquele que escreveu o
livro com duas cobras.” Ou, gosta de todos os tipos de livros e faz uma
salada com seus autores prediletos a ponto de chamar de “Rita Rocha” uma
conhecida Ruth Rocha. E outros causam admiração ao preferir um tal
William Shakespeare porque os seus “livros são bons”. Mais que
admiração, uma grande satisfação por parte do pesquisador, ao descobrir
que dos seis (6) Leitores que contam o nome de seu autor predileto, três (3)
deles apontam o nome de Cecília, Cecília Meireles. A Dona de poesias e
poemas bonitos e legais. E as drogas de Pedro Bandeira, no bom sentido,
não são esquecidas.
Nenhum dos Leitores conseguiu esquecer o título do último livro lido, sinal
que nossa amiga Literatura Infantil anda deixando seu autógrafo. Dos nove
(9) livros lidos recentemente pelos Leitores, apenas três (3) foi indicação;
dois da Escola (A droga da obediência e O espião que veio de Júpiter) e
um recebido de presente (A agenda de Carol). Os outros seis (6) passam
pelos clássicos em O caso da borboleta Atíria, Festa no céu e Sonho de
4 Metodologia: volta ao mundo em oitenta dias Margareth Egídia Moreira
59
uma noite de verão; pelo humor de A casa sonolenta; As poesias do abc (A
poesia do abc) são a próxima parada obrigatória e tudo termina com uma
aventura mitológica em Thór: o rapto de Freija.
Somente um Leitor não conseguiu indicar um morador da Casa da Invenção
para uma jornada de leitura. Se a preferência é por suspense, O caso da
borboleta Atíria recomendado por dois Leitores, “é interessante”; Ao ler a
morte tem 7 herdeiros, você vai ficar “curioso em saber quem é o assassino
para descobrir.” A casa sinistra também tem “muita aventura”. Se gostar de
poesias bonitas, Isto ou aquilo, Cecília de novo. Se ainda não riu ou se
divertiu o suficiente, algo engraçado é A casa sonolenta. E tem Leitor que
recomenda, como se adulto fosse: “O jardim de Carlota. O livro é
interessante e educativo, porque a Carlota aprendeu que não devia ser
preguiçosa e varrer o jardim. Foi um dos primeiros livros que li.” Quando a
gente tem apenas oito anos já sabemos recomendar se a “história é boa”,
leia Eu nunca vou crescer. Sábio conselho para quem gosta de literatura
infantil.
Da mesma forma que as referências de leitura do leitor-indexador estão à
sua disposição, todos os moradores altamente recomendados pelos nossos
convidados, os Leitores, estão disponíveis no Apêndice I. Este público tem
morada garantida em qualquer ótima Casa da Invenção que abrigue nossa
amiga Literatura Infantil.
4.3 Instrumentos de pesquisa: o desatino da rapaziada
Um dos desatinos da rapaziada, na hora de desenvolver uma pesquisa, é a
determinação dos instrumentos de coleta de dados. A escolha irá indicar
4 Metodologia: volta ao mundo em oitenta dias Margareth Egídia Moreira
60
que tipo de informação o pesquisador terá como resultado ao final de sua
investigação.
Os instrumentos de coleta de dados utilizados para executar este trabalho
de pesquisa foram: entrevista semi-estruturada; formulário; técnica de
Protocolo Verbal (Think Aloud – Pensar Alto); observação não-
participante
38
.
A entrevista semi-estruturada foi aplicada ao leitor-indexador (ver Apêndice
B, C e D) para permitir: elaborar um perfil do leitor-indexador; obter
informações sobre a concepção do leitor-indexador do processo de análise
de assunto; estabelecer procedimentos de análise utilizados para itens não
ficcionais; verificar possibilidades e dificuldades na análise de assunto da
literatura ficcional.
O objetivo do uso do formulário para os Leitores (ver Apêndice A) foi
coletar informações que permitissem elaborar um perfil do Leitor com suas
preferências literárias; uso da biblioteca; e determinação de palavras e/ou
frases relativas ao conteúdo dos títulos literários analisados pelos
indexadores.
A observação não-participante foi empregada, pelo pesquisador, para
garantir que informações não-verbais, relevantes para a análise, fossem
coletadas durante o uso da técnica de Protocolo verbal pelo indexador. O
Protocolo verbal será abordado no tópico seguinte.
38
Permite ao pesquisador presenciar o fato, mas sem participar do processo estudado (SOUZA, 2005, p. 30).
4 Metodologia: volta ao mundo em oitenta dias Margareth Egídia Moreira
61
4.3.1 Resgate da palavra: Protocolo verbal
A técnica de Protocolo verbal ou Pensar alto (Think aloud) é uma técnica
introspectiva de auto-revelação. Permite que os processos mentais de um
indivíduo possam ser registrados através da externalização em voz alta do
pensamento. O pesquisador efetua a gravação do ‘pensar alto’ e transcreve
literalmente o que foi expresso, o que resulta nos protocolos verbais
(FUJITA, 1999, p. 106-107).
Para permitir que o processo de leitura documentária ou leitura técnica –
nosso olhar pela luneta mágica – pudesse ser documentado, o uso do
Protocolo verbal tem sido comum entre os pesquisadores.
Fujita (Ibidem, p. 107) em artigo datado de 1999, relata ser inédita a
observação do processo de leitura utilizando o Protocolo verbal para os
processos de indexação no Brasil. A pesquisadora apresenta um estudo de
caso, que investigou no serviço de indexação da Sub-Rede Nacional de
Informação na área de Ciências da Saúde Oral, os procedimentos de leitura
dos indexadores, adotando o Protocolo verbal.
Em outro trabalho de pesquisa – uma tese de doutorado – Naves (2000)
utilizou o Protocolo verbal para analisar o processo de indexação. A
pesquisadora realizou um estudo de caso com indexadores para comparar
o processo de análise de assunto de uma disciplina da área de Ciências
Sociais e Humanas, com uma outra da área de Ciências Biológicas.
Para melhor resgatar a palavra, através da análise dos protocolos verbais é,
necessário adotar um esquema de categorias. Pressley e Afflerbach apud
Neves (2004, p. 42) identificaram procedimentos efetuados antes, durante e
após a leitura por leitores proficientes, que são descritos a seguir.
4 Metodologia: volta ao mundo em oitenta dias Margareth Egídia Moreira
62
1. Procedimentos antes da leitura:
Construção de metas para leitura;
Visão geral do texto (skimming);
Decisão de ler partes do texto;
Decisão de eliminar partes da leitura do texto;
Ativação do conhecimento prévio e relacionado;
Resumo da previsão de ganhos;
Criação de hipótese inicial, a partir da visão geral.
2. Procedimentos durante a leitura:
Visão geral do texto do início ao fim (folheio);
Reconhecimento de partes importantes;
Leitura em voz alta;
Repetição e reinício do texto;
Anotações;
Pausa para reflexão;
Paráfrase de parte do texto;
Busca por correlações (palavras, conceitos etc.);
Busca por padrões e modelos no texto;
Prognóstico e construção de hipóteses;
Reajuste do nível de compreensão da leitura.
3. Procedimentos após a leitura:
Releitura após a primeira leitura;
Recitação do texto para o aumento da memória;
Listagens de informações;
Construção de um resumo coeso;
Auto-avaliação sobre o conteúdo do texto;
4 Metodologia: volta ao mundo em oitenta dias Margareth Egídia Moreira
63
Reflexão sobre as novas informações;
Releitura das partes do texto com objetivo de novo insight;
Avaliação da possibilidade de reconstrução;
Testes de novas possibilidades de reconstrução;
Reflexão ou re-codificação mental do texto.
Ao adotar o Protocolo verbal, nesta pesquisa, o objetivo foi permitir a
compreensão das estratégias metacognitivas
39
de leitura, efetuadas pelo
leitor-indexador durante a análise de assunto dos títulos selecionados da
literatura ficcional infantil. Tal adoção significou ainda a adoção de um
método adequado, testado por especialistas da Ciência da Informação, para
resgatar a palavra presa pela luneta mágica.
4.4 Para gostar de pesquisar: coleta e transcrição dos dados
Nos tópicos seguintes, o Leitor percorrerá junto ao Pesquisador os
caminhos que conduzem à terceira margem do rio – as etapas de pesquisa
– para gostar de pesquisar.
4.4.1 Para gostar de pesquisar 1 (Leitores)
O Leitor já foi informado de que no encontro marcado compareceram os
indexadores e os Leitores. Foi escolhida, para facilitar a locomoção do
pesquisador e o envio de convites aos Leitores, uma mesma região: a
região Noroeste de Belo Horizonte. O mesmo não ocorreu para os
39
Estratégias metacognitivas são ações conscientes do leitor direcionadas para um objetivo (KATO apud
FUJITA, 1999, p. 108).
4 Metodologia: volta ao mundo em oitenta dias Margareth Egídia Moreira
64
indexadores, que foram escolhidos independentemente da região em que
atuavam.
Os primeiros convites foram enviados para os Leitores com a ajuda dos
professores da Rede Municipal de Ensino de Belo Horizonte – RME. O
pesquisador pediu para os professores, a indicação de Leitores,
determinando apenas a faixa etária. Os Leitores foram indicados por seis (6)
professores em escolas diferentes. O encontro marcado aconteceu
individualmente nas Bibliotecas, a Casa da Invenção, de todas as escolas
municipais. Os professores informaram aos alunos escolhidos apenas que
estariam participando de uma entrevista para uma pesquisa. O pesquisador,
por sua vez, só informou aos professores que se tratava de uma pesquisa
de mestrado com crianças leitoras; um título da literatura infantil seria lido
pelos Leitores indicados.
Para os Leitores, alunos de escolas particulares, o convite foi enviado pelo
próprio pesquisador, que procurou indicação com pais e familiares de
alunos de três (3) escolas diferentes. Não foi possível que o encontro
acontecesse no espaço da Biblioteca. Um dos Leitores, identificado como
L07, informou que não freqüentava bibliotecas e que a biblioteca de sua
escola era “cheia de objetos das oficinas de música e teatro”. Os outros
dois, embora estudassem em escola que tivesse uma Biblioteca, preferiram
participar da pesquisa fora do ambiente da Escola. Assim, dois encontros
ocorreram no ambiente familiar e outro, no pátio da Escola, durante horário
livre do aluno.
Durante o encontro, para todos os Leitores, o pesquisador tentou explicar o
que era uma pesquisa de mestrado, o papel do bibliotecário e a importância
das informações que seriam fornecidas durante aquele encontro.
4 Metodologia: volta ao mundo em oitenta dias Margareth Egídia Moreira
65
Foi aplicado um formulário (ver Apêndice A), pelo pesquisador, a todos os
Leitores, com questões para identificar o perfil do Leitor. Durante a coleta
de dados, foi possível observar que alguns Leitores demonstravam um certo
constrangimento no início do encontro. No momento da realização das
perguntas sobre a preferência literária de cada um, foi possível uma maior
descontração dos mais tímidos. Em seguida, foi pedido a cada Leitor que
efetuasse a leitura de um dos títulos da literatura ficcional infantil escolhidos
para a análise dos indexadores.
Cada três (3) Leitores leram um título, escolhido aleatoriamente pelo
pesquisador, de modo que cada título fosse lido por três (3) grupos de
Leitores. Após a leitura, foi pedido que cada Leitor relatasse oralmente parte
da história, apenas para observar a compreensão do texto. Um dos
Leitores ficou tão empolgado com o texto lido (Nosso amigo ventinho), que
contou com riqueza de detalhes quase toda a história. Surpreendendo o
pesquisador que, admirado com seu relato de memória, perguntou se o
texto já era de seu conhecimento; a resposta imediata: “Não, você me deu
agora pra lê... e eu gostei” (L01).
Na leitura do título 3, O homem que amava caixas, um dos Leitores (L03)
comentou que já conhecia o texto. Questionado pelo pesquisador quanto à
sua releitura, afirmou que não se importava de ler novamente porque gostou
do livro. Comentou, ainda, que já havia ouvido a história contada pela
bibliotecária.
Após o relato da leitura, foi pedido aos Leitores que falassem palavras ou
frases, na compreensão deles, que expressassem o assunto daquele título.
As palavras e/ou frases citadas foram anotadas pelo pesquisador com a
preocupação em manter a maior exatidão possível na exposição verbal,
4 Metodologia: volta ao mundo em oitenta dias Margareth Egídia Moreira
66
uma vez que não foi realizado qualquer tipo de gravação no encontro com
os Leitores. A transcrição destes dados e sua sistematização são o assunto
da Segunda Etapa da pesquisa, descrito a seguir.
4.4.2 Para gostar de pesquisar 2 (Pesquisador)
Na Segunda Etapa da pesquisa, o pesquisador elaborou o perfil dos
Leitores. Informações sobre títulos e autores citados pelos Leitores foram
levantadas através de consulta a acervos de bibliotecas escolares e pela
Internet em sites de livrarias e editoras. A nossa amiga Literatura, citada,
além da literatura ficcional infantil, inclui também a literatura juvenil
lembrada pelos Leitores.
As palavras e/ou frases determinadas pelos Leitores foram sistematizadas
pelo pesquisador utilizando as Categorias de Pejtersen (ver Apêndice G).
Essa adequação às dimensões da ficção levou em consideração a
descrição das características de cada categoria. Assim, quando o Leitor se
referia a uma palavra ou tema, que ele introduzia como expressão à história
é sobre ... ou ainda; o assunto do livro é; o livro é de; esta palavra era
incluída na categoria de Assunto.
As palavras que significavam sentimentos ou emoções eram questionadas
pelo pesquisador, que verificava com o Leitor se ele concordava que estas
eram o assunto do livro. Todas foram rejeitas para a categoria Assunto
porque os Leitores faziam afirmações, tais como: ele fala disso mas não é
isso, é o que o homem quer falar, é o que o autor quis falar. Assim, estas
foram categorizadas em Intenção do Autor.
4 Metodologia: volta ao mundo em oitenta dias Margareth Egídia Moreira
67
Palavras que indicavam personagens ou elementos do cenário foram
categorizadas em Cenário/Estrutura. Com exceção das palavras citadas
pelos Leitores L03 e L09 que afirmaram que o assunto do livro era um dos
elementos do cenário (caixas).
As frases foram mantidas como frases de indexação. Elementos nas frases
que poderiam ser categorizados, utilizando o esquema de Pejtersen, não
foram sistematizados nas categorias. Como por exemplo, a fala do Leitor
L09, que inicia sua frase com a expressão A história é muito boa, criativa,
calma, que poderia ser categorizado em Acessibilidade. Não era obrigatória
a menção das frases e/ou palavras, o que permitiu aos Leitores liberdade
para expressar, ou não, sua compreensão da nossa amiga Literatura Infantil
através deste recurso.
4.4.3 Para gostar de pesquisar 3 (Indexadores)
Na Terceira Etapa da pesquisa, o encontro marcado foi com os quatro (4)
indexadores. O leitor-indexador foi convidado pelo pesquisador a participar
do processo de análise de assunto na literatura ficcional infantil. O contato
inicial aconteceu pessoalmente com três dos indexadores, quando o
pesquisador relatou seus objetivos de pesquisa. O quarto indexador tomou
conhecimento, no momento do convite, por meio de uma ligação telefônica.
O convite foi aceito. O pesquisador garantiu ao leitor-indexador que sua
identidade seria preservada com uso de uma codificação (Ex.: I01).
Os indexadores agendaram o melhor horário, para que pudessem receber o
pesquisador. Profissionais, cuja disponibilidade de tempo é bastante
4 Metodologia: volta ao mundo em oitenta dias Margareth Egídia Moreira
68
escassa, contamos com o acaso, tal como em Sua alteza a Divinha, para
realizar as entrevistas. Três entrevistas foram feitas no ambiente da
Biblioteca Escolar; uma delas no setor de Processamento Técnico. E a
quarta entrevista, por sugestão do leitor-indexador, nos jardins da Escola,
em ambiente a céu aberto, próximo a um lago. Diga-se de passagem, uma
ótima sugestão.
A primeira parte da entrevista realizada foi o Roteiro de Entrevista 1 (ver
Apêndice B) para determinar o perfil dos indexadores (formação
acadêmica, profissional e preferências literárias) e identificar suas
concepções de análise de assunto.
Na segunda parte da entrevista, aplicou-se o Roteiro de Entrevista 2 Parte
1 (ver Apêndice C). O leitor-indexador recebeu os três (3) títulos
selecionados para sua análise, como se fossem um presente entregue pelo
pesquisador. Os livros estavam armazenados numa embalagem para
presente, sendo retirados um a um pelo pesquisador e entregues ao leitor-
indexador, a cada roteiro aplicado. Assim, a surpresa e a dúvida fizeram
parte deste processo.
Desde o início da entrevista, as informações foram todas gravadas com o
consentimento do indexador. E antes de iniciar a análise dos títulos, o
leitor-indexador recebeu instruções quanto ao uso da técnica do Protocolo
verbal, sendo orientado a expressar em voz alta o que estivesse pensando
durante todo o processo de análise.
Ao final de cada análise, era solicitado ao leitor-indexador que determinasse
termos na linguagem natural, apenas para concluir o processo de análise de
4 Metodologia: volta ao mundo em oitenta dias Margareth Egídia Moreira
69
assunto, uma vez que esta pesquisa não tinha como objetivo a última etapa
da indexação, a tradução de conceitos.
Durante a entrevista, o pesquisador procurou observar o leitor-indexador
para que qualquer informação não-verbal expressa pelo mesmo, relevante
para o processo de análise de assunto, pudesse ser registrada.
4.4.4 Para gostar de pesquisar 4 (Indexadores)
Nesta última etapa da pesquisa, aplicou-se o Roteiro de Entrevista 2 - Parte
2 (ver Apêndice D), para verificar as dificuldades encontradas na análise de
assunto dos títulos da literatura ficcional infantil examinados pelo leitor-
indexador (questões iniciais do roteiro).
Após as respostas relativas às quatro primeiras questões, foi apresentado
ao leitor-indexador um quadro com as Categorias de Pejtersen, Dimensões
da Ficção. As categorias foram explicadas pelo pesquisador através de
exemplos citados no quadro resumo (ver Apêndice E).
A seguir, o pesquisador convidou o leitor-indexador a realizar um exercício
utilizando as Categorias de Pejtersen. O convite foi aceito por todos. Os três
títulos que haviam sido objeto da análise dos indexadores foram analisados
novamente. Os indexadores receberam um formulário para registrar sua
análise (ver Apêndice F). Esta análise também foi gravada para que os
protocolos verbais pudessem ser recuperados. Todas as questões ou
dúvidas em relação ao uso das categorias foram esclarecidas durante todo
o processo pelo pesquisador, sempre que solicitado pelo leitor-indexador.
4 Metodologia: volta ao mundo em oitenta dias Margareth Egídia Moreira
70
Um quadro com a sistematização das palavras e/ou frases determinadas
pelos Leitores foi apresentado ao leitor-indexador, logo após a conclusão de
sua análise (ver Apêndice G). Foi solicitado, a seguir, que o indexador
comentasse as divergências e convergências da leitura efetuada pelas
crianças em relação à sua análise.
A entrevista terminou retomando duas questões, relativas ao Roteiro de
Entrevista 1, sobre os procedimentos, necessidades e comentários sobre a
análise de assunto na literatura ficcional infantil.
A transcrição das gravações, contendo verbalização e comentários
ocorridos durante a análise de assunto dos textos, foi registrada com o
mesmo cuidado tido com os Leitores. As anotações do pesquisador,
resultantes da observação, foram agregadas às transcrições, a fim de obter
o maior número de dados que permitissem relatar dúvidas,
questionamentos, interjeições e fatores interferentes na análise.
O próximo passo dado pelo pesquisador foi à identificação dos dados
transcritos, através do esquema de categorias apresentado em 4.3.1
Resgate da palavra: Protocolo verbal. Vale salientar que esta
identificação apenas serviu para melhor apresentar e sistematizar os
resultados que poderão ser conhecidos e comentados por você, Leitor.
Para gostar de pesquisar finaliza lembrando que o acaso esteve sempre a
nosso favor. Até os pré-testes, com os Leitores e indexadores, foram bem
sucedidos. Assim, todos os nossos convidados foram bem recebidos. E o
pesquisador pode afirmar, no momento, que uma Música ao longe: os
resultados... Só poderão ser ouvidos, se você virar a página!
5 Música ao longe: os resultados ... Margareth Egídia Moreira
71
5 Música ao longe: os resultados...
Obrigada ao Leitor, pela delicadeza de virar a página. Os resultados
apresentados, a partir de agora, uma música ao longe, são os registros de
encontros marcados entre os participantes desta pesquisa, o Leitor-
indexador e o Leitor, com os moradores da Casa da Invenção, a Nossa
amiga Literatura Infantil.
Uma música ao longe, na voz do leitor-indexador, canta o feijão e o sonho; a
leitura dos indexadores é resgatada pelos protocolos verbais e as Categorias
de Pejtersen são ouvidas... Estas são as melodias dos próximos tópicos.
5.1 Música ao longe 1: análise de assunto pelo leitor-indexador
Na volta ao mundo em oitenta dias (Capítulo 4), o Leitor conheceu o gosto
pela literatura ficcional infantil do nosso leitor-indexador. E agora é tempo de
conhecer o que este leitor-indexador pensa sobre o nosso feijão e o sonho, a
análise de assunto.
Análise de assunto pelos leitores indexadores:
“é a interpretação do tema ou temas que o livro aborda” (I01);
“construção de pontes entre o usuário e o texto, você definiria o tema
ou uma palavra... temática que pudesse fazer esta ponte” (I03);
“atividade subjetiva, entendimento de quem está analisando do
entendimento daquele assunto [...] o que chama atenção nesse
processo é o público alvo e a subjetividade” (I02);
5 Música ao longe: os resultados ... Margareth Egídia Moreira
72
“no livro de literatura infantil... ele é uma ficção, e daí? [...] deve
abordar algum tema em particular? Ele quer passar uma mensagem
em cima de um tema?” (I04).
Como o leitor-indexador identifica ou interpreta um tema? Quais as ações
realizadas para iniciar a construção de pontes? O leitor-indexador aponta os
procedimentos que executa ao efetuar a análise de assunto, apresentados
no Quadro 4.
Quadro 4 – Procedimentos dos indexadores durante análise de assunto
Procedimentos citados Indexador
Verifica sumário I01, I02, I03, I04
Verifica orelha I01, I03, I04
Manuseia do início ao fim (folheio) I01, I02
Verifica capa
Verifica folha de rosto
I02, I03
Recorre à experiência própria (conhecimento prévio)
Verifica capítulos, se necessário lê trechos
Verifica introdução
Verifica prefácio
Utiliza Cabeçalhos de Assunto
I01
Lê agradecimentos
Lê dedicatória
Lê a primeira página
Verifica ilustrações
I02
Lê partes alternadas do livro
Recorre a enciclopédias (se necessário)
Recorre a outras Bibliotecas (se necessário)
Verifica final do livro (páginas finais)
I03
Identifica quem é autor e suas publicações I04
Fonte: Entrevistas realizadas pelo pesquisador com os indexadores
Os procedimentos citados pelos indexadores durante a análise de assunto
de itens não literários, revelam que, todos estes profissionais verificam o
sumário das obras examinadas tentando identificar temas tratados no texto.
75% dos indexadores verificam a orelha do livro, no momento da análise de
5 Música ao longe: os resultados ... Margareth Egídia Moreira
73
assunto e 50% manuseiam o texto do início ao fim (folheio); verificam a
capa e a folha de rosto em busca de informações significativas para tentar
identificar o conteúdo informacional do item. E que somente 25% dos
indexadores, verificam os capítulos, a introdução, o prefácio, as ilustrações e
as páginas finais do texto; lê a primeira página do texto, os agradecimentos,
a dedicatória, partes alternadas do livro ou trechos dos capítulos. Além de
utilizar instrumentos de indexação como o uso dos Cabeçalhos de Assunto;
consultam enciclopédias e outras bibliotecas, quando necessário para
esclarecimento de dúvidas. O uso do conhecimento prévio, citado, como
utilização da experiência própria, também foi declarado pelos 25% dos
indexadores como procedimento para análise da literatura não ficcional;
além da tentativa de identificar o autor e suas publicações, com o objetivo de
estabelecer conexões entre a área de atuação do escritor com o assunto do
texto analisado.
E como seria a análise de assunto na literatura ficcional? Os procedimentos
seriam os mesmos? Quais as diferenças que o leitor-indexador acredita que
identificaria na análise da literatura ficcional?
O leitor-indexador I01 começaria pelo título: “olharia o título, mas teria que
olhar dentro do livro. Você faz várias interpretações, nunca deve ser pelo
título. Daria uma lida dentro ... percebe que aborda assuntos relacionados.”
Comenta o indexador I02, preocupado com o vocabulário adotado pelo
sistema de informação da Biblioteca; Literatura infanto-juvenil é o termo
autorizado
40
para nossa amiga Literatura Infantil, no Cabeçalho de Assunto
que utiliza: “no caso da literatura infantil, a gente já percebe rápido que é
40
Termo autorizado para uso como cabeçalho, que é a forma padronizada para um nome de pessoa, entidade,
título ou assunto. Todo banco de dados de registros bibliográficos, automatizado ou manual, deverá exercer
rígido controle sobre as formas padronizadas de uso (MEY, 2003, p. 3).
5 Música ao longe: os resultados ... Margareth Egídia Moreira
74
uma literatura infanto-juvenil”; “[...] as letras são grandes e os títulos também.
Então, a gente já consegue ter uma idéia dos assuntos.”
E os assuntos, segundo o indexador I04, “[...] que às vezes pode se resumir
num tema só. Mas, de repente, pode ser várias coisas. Por exemplo: está
trabalhando a questão de valores. Então, ele não se deteve em um valor.
Ainda, questionando os procedimentos... “eu acho que o procedimento
seria... o mesmo procedimento. Agora, o resultado é que seria mais... Como
é que eu vou falar?” Antes do leitor-indexador I03 esclarecer seu
pensamento, o indexador I04 afirma: “na ficção, a gente não olha tanto o
autor. A gente olha... realmente faz mais a análise do texto. O que o autor
quis passar?” E o indexador I03 completa seu raciocínio, “é mais social, tá?
A análise de assunto que eu faria do livro seria dentro de uma abordagem
social, não uma abordagem técnica.”
A análise de assunto na literatura ficcional infantil tem ocorrido? A resposta a
esta indagação, só é negativa por parte de um indexador:
Nunca fiz, mas acho importante esta análise. No projeto
sobre o idoso foi difícil encontrar. Não lembrava de títulos.
Procurava uma professora que lembrava um título, outro.
Deve ter a análise de literatura infantil devido às dificuldades
de encontrar. Você vai analisar um livro de literatura, você
encontra outros assuntos. (Indexador I01)
O leitor-indexador I04 afirma que realiza a análise, comentando a sua
importância:
Eu faço. Precisa. Isto é importantíssimo. Você sabe por quê?
Senão, não adianta você só saber, fica perdido. Entendeu?
Então, assim... por exemplo, se a professora quer uma
indicação – Olha, eu preciso de um livro de literatura infantil
que trabalha a questão da morte – se eu não indexar, como é
que eu vou saber. Eu vou ficar lembrando? Porque nem
sempre pelo título, você consegue identificar.
5 Música ao longe: os resultados ... Margareth Egídia Moreira
75
E continua a afirmar, que sempre analisou a literatura ficcional infantil, mas
questiona sobre a existência de linguagens de indexação para a literatura,
enquanto revela seu procedimento:
Eu sempre fiz essa análise... [Pausa] Eu fiz porque eu sentia
essa necessidade, sabe? [...] Os alunos chegam procurando
um livro: – Ah! Eu quero um livro, sim, mas é de terror. Você
tem livro de terror? E outros falam: Ah! Eu quero
de amor. A literatura juvenil, então? Eles são danados pra
procurar por tema. [...] Então, isto é importante demais. Esta
análise de assunto na literatura. Você sabe se existe
Tesauros? Cabeçalho de assunto? Eu faço assim, coloco
Literatura Infantil e depois vem o tema. (Indexador I04)
A percepção da necessidade da análise de assunto na literatura ficcional
infantil, segundo o indexador I02, tem justificado o uso do termo Literatura
Infanto-juvenil como sub cabeçalho de assunto: “a gente, hoje, está tentando
fazer uma análise um pouco mais aprofundada”. O pesquisador questiona,
especificamente da literatura infantil?:
[pausa] O único assunto que se recupera, na maioria deles, é
literatura infanto-juvenil. Só pelo gênero. A maioria não
coloca [assunto]. Mas, você coloca Meio Ambiente x
Literatura Infanto-juvenil. Estamos começando a fazer já,
porque a gente está percebendo esta necessidade. Inclusive
pelos gêneros, que os meninos procuram muito. Livro de
ação, aventura. Como temos um sistema, muitas vezes, o
título aborda o assunto, então você consegue [recuperar].
Um exemplo é dado pelo leitor-indexador, para justificar sua resposta:
Hoje, por exemplo ... [pausa] qual era o título do livro? Eles
queriam um livro de literatura infantil que falasse sobre horta.
Então, a gente conseguiu recuperar o livro. Horta ... eu acho
que é horta. É a horta de Hortência. A gente conseguiu
recuperar porque o assunto que eles queriam estava claro no
título. Mas, isto não foi uma análise, né?” (Indexador I02)
5 Música ao longe: os resultados ... Margareth Egídia Moreira
76
E a análise de assunto, pode ser realizada ou não, dependendo do conteúdo
da obra e da comunidade usuária, para o leitor-indexador I03:
é... dependendo da obra, eu faço. Tem obra que realmente é
uma literatura que não tem uma abordagem temática mais
específica. No meu jeito de ver. Você... ele poderia até ter,
mas implicaria... você teria que fazer uma análise muito mais
aprofundada e que, no caso, nem responde a minha
necessidade, porque eu não tenho nada para fazer com essa
informação. [...] O que já está claro eu já coloco com a
temática do livro. [Isto porque você sentiu a necessidade?
Questiona o pesquisador.] Eu acho muito interessante este
tipo de abordagem para você trabalhar. E não é uma
necessidade minha não, obviamente. É uma necessidade
que a Escola sentiu durante um tempo.
O indexador, comenta, ainda, sobre as dificuldades que o profissional
enfrenta na Biblioteca Escolar, nossa Casa da Invenção:
A Escola procura muito – Me arruma um livro que fale sobre
isto, sobre aquilo, sobre aquilo... – Atualmente, só sobre o
negro, nada mais é falado. Só sobre o negro. Agora, houve
muito esta pergunta e eu não sabia responder. Mesmo
porque eu cheguei, aqui, entendendo absolutamente coisa
alguma de Biblioteca Escolar. Eu acho que como todas nós.
Não tem muita diferença, não. (Indexador I03)
5.2 Música ao longe 2: protocolos verbais revelam leitura do indexador
Os protocolos verbais transcritos revelaram a leitura do indexador. Na
primeira parte da entrevista foram analisados os três títulos selecionados,
seguindo os procedimentos habituais do leitor-indexador. O resultado, após
análise do pesquisador (exemplificado no Apêndice J), poderá ser julgado e
comentado por você, Leitor, a seguir.
5 Música ao longe: os resultados ... Margareth Egídia Moreira
77
Nosso amigo ventinho é um amigo desconhecido do leitor-indexador. Ruth
Rocha, sua criadora, é uma das preferidas, conhecida por todos. O leitor-
indexador I01, logo observa: “achei a capa muito sugestiva” ; faz uma pausa
para reflexão e afirma: “o ilustrador eu não conheço, não.” O indexador I04,
também faz uma pausa, que revela a preocupação com problemas pessoais.
E o leitor-indexador I03 é rápido, começa a examinar o livro:
“Eu já comecei a dar uma olhada. E olha... E como eu
tenho... como hábito, todo livro infantil não dá uma olhada. É
dá uma lida, mas, eu não vou ler esse, não. Eu vou dá uma
olhada.”
Sua alteza a Divinha, é desconhecida apenas para um dos três
indexadores (I02), entretanto, seus enigmas só percorreram os olhares de
dois indexadores (I03 e I04). Angela Lago, também já foi descoberta por
todos os indexadores.
Dois a dois, um empate, entre a leitura de O homem que amava caixas (I01
e I03) e o desconhecimento de seu autor, Stephen Michael King (I02 e I04).
No início da análise de assunto, o leitor-indexador elaborava metas ou
procedimentos para começar a olhar pela luneta mágica: “eu não conheço
esta historinha. Então, eu vou manusear o livro, ler algumas partes para eu
poder estar interpretando esse livro (Indexador I01 – Título 1).” E, também
sobre o Título 1, o Indexador I02 interrompia sua leitura para explicar:
Como geralmente os livros são muito pequenos e como a
gente também trabalha com referência, quanto mais a gente
olhar de um livro do acervo que a gente tá entrando, mais a
gente vai poder auxiliar o usuário. Então, dependendo do
livro, a gente folheia ele todo, sim. E lê ele todo sim, na
medida do possível.
E o conhecimento prévio (leitura anterior do texto) facilitava para uns:
5 Música ao longe: os resultados ... Margareth Egídia Moreira
78
É. Esse eu conheço. Já li. Esse, aqui, nós já fizemos hora do
conto com ele. Esse, aqui... Bom, esse daqui, eu enxergo ele
... nós trabalhamos com esse livro a questão é... do folclore.
[Você vai ler o texto para analisar?] Não. [O assunto do livro
pode ser determinado utilizando seus conhecimentos
anteriores?] É o que eu já sei dele. No caso, se eu tivesse
que pôr um assunto para ele seria adivinha. Folclore. Alguma
coisa, assim. (Indexador I04 – Título 2)
E para outros: “nesse aqui, eu vou ter que ler”. E o pesquisador questionava
se a leitura anterior não facilitaria a análise, a resposta era: “Não. Mesmo
porque eu leio todos eles. Então, eu não sei mais o que é o quê, ta?”
(Indexador I03 – Título2).
A questão: há possibilidade de análise de assunto sem a leitura completa do
texto? Era respondida de forma negativa, mesmo seguida do manuseio do
livro (folheio) e da leitura de alguns trechos: “esse aqui eu vou ter que ler.
Primeiro que eu nunca li, segundo, eu comecei achando que era uma coisa e
no decorrer, aqui, tem umas coisas diferentes (Indexador I01 – Título 1).” Já,
o leitor-indexador I03, para o mesmo título, optava pela leitura dinâmica.
Explicava que estava “fazendo uma leitura dinâmica, igual faria no livro [de
outra área] porque se eu fosse ler todos os livros assim, metodicamente, eu
não vou sair disso...”
E o quê estaria sendo lido para determinar o assunto dos títulos da literatura
ficcional infantil? Os procedimentos executados pelos indexadores durante a
análise de assunto, em textos literários conhecidos e desconhecidos, seriam
os mesmos? A questão começa a ser respondida no próximo parágrafo; e
uma apresentação detalhada, poderá ser consultada nos quadros inseridos
no Apêndice L.
5 Música ao longe: os resultados ... Margareth Egídia Moreira
79
O resgate da palavra, pela transcrição dos protocolos verbais, durante a
análise de assunto de Sua alteza a Divinha – T2 (I03 e I04) e do Homem que
amava caixas – T3 (I01 e I03), textos já conhecidos pelo leitor-indexador,
identificou procedimentos semelhantes entre os indexadores. O uso do
conhecimento prévio, para efetuar a análise, já é um procedimento inerente
ao processo. Outros procedimentos comuns na análise dos dois títulos,
moradores da Casa da Invenção, foram: identificação de quem é autor e
título e o manuseio através do folheio do início ao fim do livro. A auto-
avaliação sobre o conteúdo do texto foi realizada por dois indexadores no
Título 3 (T3); e no Título 2 (T2), apenas o indexador I04 executou este
procedimento.
A busca de informações na capa, quarta capa e contra capa, foi um
procedimento adotado pela metade dos indexadores (I03 – T2; I01 – T3)
durante a análise dos dois títulos. Outros procedimentos, tais como: ler
partes do texto; verificar informações na folha de rosto e nas ilustrações;
pausa para reflexão, foram expressos apenas pelo leitor-indexador I01, na
análise do Homem que amava caixas. Vale ressaltar que, no início da
análise do título, o leitor-indexador acreditava que o conhecimento da
história, uma vez que já havia lido este livro, facilitaria a sua análise, como
pode ser observado em um trecho da transcrição: “o autor [conheço] e já li
também. [Como você já leu, acha que será mais fácil fazer a análise dele?]
Eu creio que sim.”
E a releitura do texto completo foi um procedimento adotado apenas pelo
leitor-indexador I03, após a construção de metas para leitura, no início da
análise. Ao examinar a capa e a quarta capa de Sua alteza a Divinha, o
indexador I03 comentou que: “já dei uma olhada aqui na capa. Na contra
capa, ele não tem... só que ele é premiado, tá? Eu vou ter que ler...” E no
5 Música ao longe: os resultados ... Margareth Egídia Moreira
80
Homem que amava caixas, o leitor-indexador afirmou que “este eu lembro.
Este eu lembro... [abre o livro e começa a folheá-lo] ele é frasezinhas soltas,
me agrada ver. Me agrada ver de novo. Se eu pegasse de novo, eu tornaria
a ler...”
Identificar correlações (T3), paráfrase de parte do texto (T3) e evocação
durante a leitura (T2) foram procedimentos realizados apenas pelo leitor-
indexador I03. Durante a coleta de dados, o pesquisador observou uma
expressão diferente no olhar do indexador e o questionou: Por que essa
expressão?
Porque eu estou relembrando o livro. Eu to relembrando a
minha leitura. E também, lembrei de um aluno que chegou,
aqui falando desse livro. É um aluno de 7ª série, que tinha
lido... que a irmã dele... que recebeu. A irmã dele, de séries
anteriores, recebeu no kit da Prefeitura. Aí, ele chegou
comentando sobre o livro. [Você está agregando o
comentário dele à sua leitura?] É. Com a minha lembrança.
Com tudo.
Quanto à análise dos textos não conhecidos, os procedimentos apontam que
todos os indexadores, nos três títulos analisados, procuraram identificar
quem era o autor e o título e verificaram informações na capa, quarta capa
e/ou contra capa. A elaboração de metas para leitura ocorreu durante a
análise dos Títulos 1 e 2, para todos os indexadores. A estratégia de folhear
o livro, o manuseio do início ao fim, coube a todos os indexadores do Título 1
e ao leitor-indexador I02, no Título 2.
75% dos indexadores, ou seja, três deles, observaram as ilustrações do
Título 1 – Nosso amigo ventinho; tentaram identificar o ilustrador e
precisaram realizar pausas para reflexão. O leitor-indexador I01, ao observar
as ilustrações, afirmou que “o ilustrador, eu não conheço não.” E após ter
lido partes alternadas do texto, expressou um grande sorriso, seguido de
5 Música ao longe: os resultados ... Margareth Egídia Moreira
81
uma exclamação: “bonitinho!” O pesquisador questionou: – o quê você
achou graça? “É mesmo da ilustração”, responde o indexador.
Já o leitor-indexador I02 observa, durante a busca de informações, na capa
do livro: “Ivar da Coll que é o ilustrador”. Ao realizar uma pausa e verificar as
ilustrações, revela o desejo de ler o texto:
eu to percebendo, aqui, o ventinho. Parece que com o pai, o
mar. Então, o ventinho deve ta aprendendo a fazer um monte
de coisas, assim. Para quê serve o vento. Ventinho na sala
de aula. O ventinho tava no mar. [continua a folhear o livro]
Secando a roupa. Aqui, o ventinho já tá parado, então, dá
uma certa curiosidade. Então, eu vou ler...
As ilustrações também chamaram a atenção dos dois indexadores que
analisaram Sua alteza a Divinha. O leitor-indexador I02, logo no início,
comenta que “as ilustrações tendem a ser algo, assim... mais antigo”,
quando observava uma página dedicada ao Ex-libris
41
. Após começar a ler
em voz alta o texto, faz uma pausa para reflexão e observa que “o
engraçado é que a ilustração, ela é bem no meio da escrita, então chama
muita atenção”. Continua a leitura e, novamente, realiza outra pausa ao
perceber, no texto, que uma palavra foi substituída por uma imagem: “olha
que interessante, a escrita, a ilustração faz com que você vá completando a
frase.” O indexador I01 também faz uma reflexão, após observar as
ilustrações:
Estou gostando. Gostei da ilustração. É diferente. É, assim ...
Ela não é tão colorida, mas ela é envolvente, digamos. Ela é
chamativa.
O homem que amava caixas despertou a atenção do leitor-indexador I02
pelas “ilustrações muito bonitas. [E justifica sua observação] É porque na
41
Vinheta destinada a indicar a livraria ou a pessoa a que pertence ou pertenceu o livro que a contém.
5 Música ao longe: os resultados ... Margareth Egídia Moreira
82
literatura infantil a ilustração... ela complementa tanto.” Folheou o livro, após
ter concluído sua leitura, e confessou: “voltei a folhear. Voltei a olhar as
ilustrações.” Neste título, os dois indexadores (I02 e I04) leram o texto
completo. E juntos, também, verificaram a folha de rosto em busca de
informações; identificaram a editora; leram a dedicatória no verso da folha de
rosto.
A ficha catalográfica que constava no verso da folha de rosto (ainda, do
Homem que amava caixas) foi alvo de comentários por parte do indexador
I02: “aqui tem a ficha catalográfica, tem literatura infanto-juvenil
simplesmente, o assunto que eles determinaram.”
Ao observar o título que nomeia Nosso amigo ventinho, o leitor-indexador I01
cria uma hipótese inicial: “eu posso perceber, pelo menos pelo título, eu
posso estar enganada. Mas, ele está relacionado com a natureza, penso eu.
Para confirmar, eu vou dar uma olhadinha.” E a partir da visão geral do
texto, o que os especialistas chamam de skimming, o leitor-indexador I03
também criou suas hipóteses para o nosso mesmo amigo. E Sua alteza a
Divinha também levantou algumas suspeitas nos dois indexadores (I01 e
I02).
E procedimentos comuns, tanto para o Título 1 quanto para o Título 2, foram
realizados por três dos indexadores: leitura de partes alternadas do texto
(I01); leitura de páginas iniciais (I02). O leitor-indexador I03 para o Título 1 e
o leitor-indexador I02 para o Título 2: necessidade de consultar um
instrumento de informação; verificação e leitura das páginas finais dos livros
analisados em busca de informações. Para o Título 1, o indexador I03
recorreu a leitura de partes alternadas do texto para auxiliar na sua análise.
5 Música ao longe: os resultados ... Margareth Egídia Moreira
83
E voltando ao Nosso amigo ventinho, o leitor-indexador I01 foi o único dos
indexadores a verbalizar a constatação da inexistência de introdução e
prefácio no livro de nosso amigo. Ele elaborou mentalmente listagens de
informações, enquanto lia partes do texto:
aqui, eu pensei o seguinte, este ventinho aí, que as nuvens
gostam muito dele. Ele ... ele sempre, assim, chamado para
ajudar as outras nuvens... [Mais adiante, continua] por
exemplo, ele faz ... Esse ventinho ele ajuda ... em vários tipos
de situação. Ele ajuda as lavadeiras ... ele ajuda o cata-vento
... ele ajuda o foguete.
Outros procedimentos executados, ainda, foram procurar identificar
correlações entre palavras ou conceitos (T2), leitura de agradecimentos (T2)
e necessidade do uso de vocabulário controlado (T1); todos expressos pelo
leitor-indexador I02.
Foi solicitado aos meninos no espelho, os nossos indexadores, que
encerrassem o processo de análise de assunto, determinando termos para
expressar o conteúdo do livro. Recordamos a todos de que a determinação
da palavra mágica, a atinência ou o aboutness do texto, é o fim do primeiro
estágio da indexação, a análise de assunto; o feijão e o sonho desta história.
Salienta-se ainda que os termos mencionados pelos indexadores, de forma
livre, têm como objetivo apenas finalizar este processo.
A palavra mágica identificada pelo olhar da luneta mágica, cujo foco era
Nosso amigo ventinho, resultou em vento e importância (Indexador I01);
literatura infanto-juvenil, romance, ilustrado, aventura (Indexador I02);
interdependência (Indexador I03); vento, chuva (Indexador I04). Observe
alguns momentos dessa revelação:
5 Música ao longe: os resultados ... Margareth Egídia Moreira
84
Se eu fosse dá, mas eu acho que está inserido na
interdependência
. Seria alguma coisa relacionada à
cooperação. Mas, está ainda na interdependência. Acho que
seria isso. A temática pra mim, seria essa mesma. (I03)
Bem. Literatura infanto-juvenil
, um livro... ele é um
romance
. [Pausa] Ilustrado. [Pausa. Folheando o livro]
Aventura.
[Pausa] São esses termos. (I02)
Vento
. [Pausa] Chuva ... Ah! Grosso modo, seria isso. Mas,
se eu quisesse fazer uma coisa, assim, bem técnica, o certo
seria ta pegando os catálogos e pesquisando... (I04)
Sua alteza a Divinha sob o olhar da luneta mágica, revelou os seguintes
termos: folclore, adivinhações (Indexador I01); literatura infanto-juvenil,
folclore, conto, aventura, ação, ilustrações (Indexador I02); lenda, humor
(Indexador I03); adivinha, folclore (Indexador I04). Mais alguns momentos da
revelação... “Eu daria
folclore. Adivinhações... (I01)” “Lenda e humor. Lenda
humorística fica meio esquisito. Eu não sei, pode até ser. Se, você, então,
decidir isto. (I03).”
E O homem que amava caixas recebeu palavras mágicas do leitor-
indexador: brinquedos e confecção, amor pai e filho, afetividade (Indexador
I01); literatura infanto-juvenil, relacionamento pais e filhos (Indexador I02);
inter-relação humana (Indexador I03); sentimentos (Indexador I04).
Continue a observar mais alguns momentos da determinação da palavra
mágica:
Aqui. [Pausa] É... [Pausa longa] Ele é ... construção. Como é
que fala? É ... tipo engenhocas, assim. Não, não é isto, não.
Peraí. Dos brinquedos é ... É. Não sei se poderia colocar
brinquedos. É ... [Na verdade, os termos são seus. Você
pode colocar o termo que você quiser – lembra o
pesquisador] É. Tipo brinquedo e a feitura desses
brinquedos. É confecção. Brinquedos e confecção
. Eu
posso estar colocando, aqui, também, a questão do amor.
[Pausa] Pai e filho, né ? Amor pai e filho? É amor pai e filho
.
5 Música ao longe: os resultados ... Margareth Egídia Moreira
85
É ... [Pausa. Retorna a folhear o livro] E afetividade
! É isto.
(I01)
É. Inter-relação. Humana
, no caso. Pelo menos entre
parentes é humana! A outra é interdependência [Referindo-
se ao título Nosso amigo ventinho], e é genérico. De coisas,
objetos, pessoas etc. (I03)
Ele está tratando a questão do amor... do amor. Entre pais e
filhos, a forma de... de emoções, mesmo. De amor.
Sentimentos. A dificuldade da pessoa estar demonstrando
seus sentimentos. Não seria só amor. Se ele tem essa
dificuldade com o filho, ele teria... deve ter com qualquer
outra pessoa de estar demonstrando o sentimento. O
problema da indexação é que a gente fica evitando de
construir frases. Fica querendo achar uma palavra pra
poder... é... explicitar o que você está querendo falar. Mas,
eu acho que seria só sentimentos
, mesmo. Se não, acaba
virando uma frase. (I04)
5.3 Música ao longe 3: o uso das Categorias de Pejtersen
O Apêndice D apresenta o roteiro da última etapa da coleta de dados. Os
resultados, o Leitor começa a descobrir nas próximas linhas. As primeiras
adivinhas tratavam das dificuldades encontradas na análise de assunto dos
títulos selecionados na literatura ficcional infantil.
“Eu tive que me ater mais à história. Eu não conhecia, então ... Você viu que
eu li quase todo”, foi o comentário do leitor-indexador I01, ao responder
sobre as dificuldades encontradas durante a análise de assunto do Nosso
amigo ventinho. “Eu não tive dificuldades nesse” foi a frase dita pelos demais
indexadores sobre nosso amigo.
Sua alteza a Divinha e seus enigmas tiveram como resposta um “não” , dito
por todos os indexadores. O não teve complemento para dois dos
5 Música ao longe: os resultados ... Margareth Egídia Moreira
86
indexadores; o primeiro (I01) afirmou: “não. Eu já fui mais direto no que eu
acho.” E o segundo, que é o terceiro leitor-indexador (I03) complementou:
Não. Na Sua alteza a Divinha não entra a questão da
dificuldade ou falta de dificuldade. É um livro que de cara não
gostei dele. Então, como a gente não gosta das coisas, eu
não consegui uma temática. Eu consegui uma análise de tipo
de documento. De tipo de escrita e não assunto. Eu não dei
um assunto pra isso, aí [Aponta para o livro]. Eu defini que
classe de documento estaria. Seria em mitos, fábulas e
lendas. Eu não sei se você reparou, mas eu não consegui um
assunto. A não ser que ele é... seria... um pouco humorístico,
só... Seria... Não é o meu humor. Mas, ele é humor. É... Ele é
humor.
O prazer ou não na leitura de um texto literário, pode interferir na análise de
assunto. O leitor-indexador I03, em suas palavras, revela esta questão. O
gosto pessoal do indexador dificultava a identificação do assunto do texto
analisado.
O homem que amava caixas eu não achei muito difícil, não. Mas ele aborda
vários temas. Então, eu fiquei, assim, é ... voltando para procurar mais
alguma coisa que eu tinha visto”, relatou o leitor-indexador I01. O
pesquisador questiona sobre a leitura anterior – mesmo você tendo lido? –
A resposta... “é, eu já li, mas chegou ano passado, né. Mas, eu não ... já até
tinha esquecido um pouquinho.” E a resposta negativa, permanece para
todos os outros meninos no espelho.
Ao final, das primeiras adivinhas, o leitor-indexador I02 faz uma reflexão:
É, a gente não tem dificuldade. Mas, eu acredito que à
medida que você vai estudando a literatura infantil, a
literatura infanto-juvenil, você realmente vai aprofundando no
tema e vai aparecendo mais temas que merecem ser
levantados. Isto está sendo uma análise de uma bibliotecária
5 Música ao longe: os resultados ... Margareth Egídia Moreira
87
que não domina profundamente a literatura infanto-juvenil. Eu
domino como uma apreciadora, uma pessoa que está lidando
há um ano com o tema, né, de literatura infanto-juvenil. Mas,
eu acredito que deve ter mais temas a ser levantados, sim.
Que merece, sim, estudo, né. Merece uma análise, com toda
a certeza.
A questão da análise de assunto na literatura ficcional infantil, para o leitor-
indexador, requer um aprofundamento em pesquisas. A prática permite ao
indexador refletir sobre a complexidade que o tema apresenta, na medida
em que o profissional tenta identificar e selecionar assunto para os textos
literários.
Na quarta adivinha ... os leitores são o destaque. O leitor-indexador para
determinar o assunto, pensou nos leitores dos títulos analisados? O leitor-
indexador I04 iniciou a resposta com um “não”. E continuou a responder:
Não, só no que eu estava sentindo e observando. Eu não
pensei em nenhum leitor específico. Porque têm alguns, é
isso que... Tem livros que você fala: a professora Fulano ia
gostar desse livro. Oh! Tem um aluno assim, que ia gostar
desse livro.
“Na verdade [confessa o indexador I01], eu pensei é mais nos professores.”
E a adivinha continua a ser respondida, agora pelo leitor-indexador I02 que
revela ter pensado na análise do livro:
Eu pensei na análise do livro. E, assim, de uma certa
maneira, a gente ... pensa na ... no nosso vocabulário
controlado. A gente ... Eu não consigo colocar literatura
infantil. Te falo literatura infanto-juvenil que é a maneira, né ...
Que é o vocabulário que eu uso. Então, é um pouco, é um
pouco já condicionado pelo hábito.
E tem indexador que pensa tanto no leitor, quanto no livro analisado ... Leia
o comentário do leitor-indexador I03:
5 Música ao longe: os resultados ... Margareth Egídia Moreira
88
A gente pensa nos dois. No leitor e no conteúdo do livro.
Agora, na hora que eu vou definir o assunto, eu estou
pensando no leitor e no conteúdo do livro. Porque se eu não
pensar no leitor, e eu achar que ele nunca vai usar, eu não
vou nem fazer. Porque aí é uma grande perda de tempo. Eu
tô pensando nos dois. Mas, eu estou priorizando o próprio
livro. Na hora que eu vou definir a palavra, aí eu vou estar
priorizando o leitor. Tematicamente, eu priorizo o livro.
Quando eu for colocar esse bendito tema numa palavra, aí,
eu ... Eu falo assim – O quê que é que o leitor buscaria? –
A quinta e sexta adivinhas revelam uma dupla surpresa, as Dimensões da
ficção, um exercício utilizando as Categorias de Pejtersen. Após a
apresentação das Categorias de Pejtersen, para o leitor-indexador (ver
Apêndice E), com as devidas explicações e comentários do pesquisador
para cada categoria, algumas afirmações foram feitas pelos indexadores.
Comentando de forma geral sobre as categorias, a preocupação com o uso
de uma linguagem de indexação apareceu na fala do leitor-indexador I02,
após ter aceitado realizar o exercício de análise utilizando as Categorias de
Pejtersen:
Sim. Seria possível. Eu acho que o vocabulário controlado de
uma certa maneira, ele te amarra. Ele te prende. Você tem
que achar um vocabulário para pensar na possibilidade ...
apesar ... nessa categoria, o vocabulário é uma coisa muito
difícil de ter. Eu to pensando aqui em voz alta. É isto, que eu
estou pensando. Estou analisando as possibilidades.
Vocabulário controlado não ia abranger todos esses temas,
né? [Pausa], teria, realmente, que ter um envolvimento
muito grande com o texto, com o livro. Eu acho que, no caso,
a resposta pro usuário seria muito positiva. Tem que se criar,
então, as condições, a estrutura para que ... [Pausa] A minha
catalogação vai ser muito mais, dez vezes mais, demorada
do que ela é hoje.
5 Música ao longe: os resultados ... Margareth Egídia Moreira
89
E sobre as dimensões ou categorias específicas, no esquema de Pejtersen,
os indexadores também fizeram suas considerações. O leitor-indexador I04,
por exemplo, comentou sobre a categoria Acessibilidade:
Isso, aqui, [Aponta para o quadro resumo com as Categorias
de Pejtersen] de ser poesia, lenda, fábula... Livro de
imagens, a gente faz direto. O livro de imagens, eu nunca
deixo de colocar que é um livro de imagens. Nunca. Mesmo,
porquê, não tem como você colocar outra coisa. Você não
vai ficar analisando desenho para inventar um tema pra ele.
Mesmo porquê, cada um ... a leitura vai ser diferente de
criança para criança. Então, esse tipo de acessibilidade,
aqui, a gente ... a gente já faz. Especifica se é poesia ... Letra
cursiva, grafia ... é ... isto, a gente, não faz, não. Se, tem
ilustração, se não tem, sim. Agora, se é preto e branco ou
colorido, eu nunca me detive. Nunca me preocupei, sabe?
Sobre a categoria Intenção do Autor, o comentário foi feito pelo leitor-
indexador I03: “a intenção do autor é meio complicado. Como é que você vai
saber, gente? Ai, meu Deus! A história do livro é feita na leitura, não é feita
na escrita. Cada um lê de um jeito.” A recepção de um texto literário, por um
leitor, revela olhares que, muitas vezes, são ditos como desconhecidos pelo
próprio autor do texto. O que dizer, então, da intenção do autor?
E ainda, o indexador I03 questiona a categoria Estrutura/Cenário:
agora, sei, por exemplo, que aqui ... [Observando o quadro
resumo com as Categorias de Pejtersen, indicando a
categoria estrutura/cenário] Que tem livros que a gente vai
ter um problema sério. A época! Que passa no geral ou não.
Ao final dos comentários, todos os indexadores aceitaram realizar o
exercício de análise de assunto dos três títulos, aplicando as Categorias de
Pejtersen. E, você, Leitor? Aceita ir para o próximo tópico, acompanhar o
exercício?
5 Música ao longe: os resultados ... Margareth Egídia Moreira
90
5.3.1 A tulipa negra, uma questão de exercício
O exercício de análise de assunto, utilizando as Categorias de Pejtersen, foi
realizado por todos os indexadores. Ao realizar o exercício, o leitor-indexador
quando julgava ser necessário, consultava um quadro resumo com as
categorias (Dimensões da ficção – ver Apêndice E), onde era apresentado a
descrição de cada dimensão, características e exemplos.
Cada leitor-indexador recebeu um formulário para a realização do exercício
(ver Apêndice F). Antes de iniciar o exercício, um dos indexadores (I04), ao
analisar os campos apresentados no formulário, comentou que “a gente
sempre faz uma frase. Até para a gente, mesmo.” A análise de assunto dos
indexadores foi gravada e transcrita, um exemplo desta transcrição, pode ser
consultado no Apêndice K.
Durante o exercício foi possível perceber que alguns procedimentos
adotados anteriormente, na análise de assunto, foram executados pelos
indexadores. Um dos recursos mais freqüentes, utilizado por todos os
indexadores, foi o manuseio das páginas do livro, do início ao fim (folheio);
seguido da consulta ao quadro resumo com as categorias; busca de
informações através da verificação das ilustrações, capa, quarta capa e/ou
contra capa; e leitura de partes do texto. Metade dos indexadores precisou
executar a leitura completa do texto de um dos títulos; o leitor-indexador I03
releu O homem que amava caixas e o indexador I04, leu Nosso amigo
ventinho (na análise anterior, havia verificado apenas ilustrações, capa,
quarta capa e/ou contra capa). Outros procedimentos adotados foram: leitura
de páginas iniciais (I02 e I04); verificação da folha que intercalava a folha de
guarda e o Ex-libris (I01) e folha de rosto (I02); observação do tamanho da
5 Música ao longe: os resultados ... Margareth Egídia Moreira
91
letra empregada e extensão do texto (I01, I02 e I03); diagramação do texto
(I01); e leitura da primeira página (I02).
Fatos isolados, relativos apenas a um dos indexadores, foram observados. O
leitor-indexador I04 alternou entre um título e outro, para realizar a análise de
assunto; os procedimentos foram interrompidos oito (8) vezes. Durante a
análise de Nosso amigo ventinho, o indexador, em dúvida com a categoria
Assunto, impaciente, avisa: “ah! Vou passar para outro, depois eu volto
nesse, se for o caso ...” E logo após ter iniciado a análise do outro título,
Sua alteza a Divinha, declara o motivo de sua impaciência: “ah! Eu sou meio
desorganizada para fazer as coisas. Vou aqui e vou lá ... E estou aflita com o
tempo.” A pressão do tempo é um dos fatores interferentes no processo de
análise de assunto.
O leitor-indexador I02, também alternou de um título a outro (T1 – Nosso
amigo ventinho e T3 – O homem que amava caixas), interrompendo o
exercício por duas vezes. Antes, já havia interrompido a análise de assunto
do Título 1, para tomar providências quanto a uma exposição que iria ocorrer
na Biblioteca, na manhã seguinte. As interrupções devido à necessidade de
realização de outras atividades, alheias ao processo de indexação, também
podem interferir provocando rupturas no pensamento do leitor-indexador. O
que pode prejudicar, ou não, a busca pela palavra mágica.
Já o leitor-indexador I03, sofreu interferências do meio ambiente, pausas
breves, devido a algumas formigas que andaram atacando seus pés; o que
não interferiu na análise de assunto, apenas resultou em algumas
“risadinhas” por parte do pesquisador.
5 Música ao longe: os resultados ... Margareth Egídia Moreira
92
O uso das Categorias de Pejtersen, pelos indexadores, poderá ser
observado no Apêndice M, onde é apresentado um resumo da análise de
assunto dos três títulos. Os indexadores foram informados, no início da
análise, que as categorias eram independentes, podendo ser utilizadas ou
não pelo leitor-indexador. A frase seria uma sumarização do conteúdo do
texto – frase de indexação. E os termos solicitados, em linguagem livre,
concluiriam o processo de análise de assunto. Mas, tanto a frase quanto os
termos não eram obrigatórios.
O leitor-indexador I01 não determinou frases para nenhum dos títulos que
analisou. Os demais indexadores determinaram frases para todos os títulos,
com exceção do leitor-indexador I02, que não determinou para o T1 –
Nosso amigo ventinho e utilizou textos retirados da folha de rosto (T2) e da
quarta capa (T3) nos outros títulos que analisou.
Para o Nosso amigo ventinho, os termos indicados são semelhantes à
primeira análise, apenas com a inclusão de fenômenos da natureza e
amizade. Este último termo, amizade, foi citado na segunda análise por dois
indexadores (I01 e I04). Os termos citados pelo leitor-indexador I02, na
primeira análise, foram agrupados na categoria Acessibilidade, com a
exclusão do termo romance.
E a determinação dos termos para Sua alteza a Divinha ? O leitor-indexador
I02 procedeu da mesma forma que no T1: agrupou os termos anteriores na
categoria Acessibilidade, excluindo o termo folclore; também, excluído pelo
indexador I04. Acrescentou, também, os termos: adivinhações e princesa,
após ter consultado os termos indicados pelos leitores. Já o leitor-indexador
I03 manteve o termo lenda e utilizou a expressão fazer rir (categoria
5 Música ao longe: os resultados ... Margareth Egídia Moreira
93
Intenção do Autor) no lugar da palavra humor, que foi acrescentada pelo
leitor-indexador I01.
Na determinação dos termos para O homem que amava caixas, alguns
termos foram acrescentados pelos indexadores: amor, emoções (I04) e
relação pai-filho (I03). Aviões, caixas, mar, pipa foram acrescentados pelo
leitor-indexador I02, novamente, após consulta aos termos indicados pelos
leitores. Os termos indicados pelo leitor-indexador I01 foram os mesmos da
primeira análise (brinquedos e confecção, amor pai e filho, afetividade).
Cada categoria foi determinada pelos indexadores utilizando os
procedimentos comentados anteriormente. Vale exemplificar, com a
transcrição de trechos, as passagens em que o leitor-indexador tem
dificuldades ou exprime algum comentário relevante.
No início do exercício, o leitor-indexador I01 faz uma observação, enquanto
folheia Nosso amigo ventinho, que começa a revelar a profundidade da
análise utilizando as categorias:
Eu falei no início que ... tipo assim... que eu não precisava ...
que eles são mais infantis, que eu teria mais facilidade. Mas,
eu estou vendo que para eu entrar dentro destas categorias
não é só ... Eu teria que ter analisado mais.
Em relação à categoria Intenção do autor :
[...] acho que aqui tem a informação e cognição. Eu acho que
está dentro da intenção do autor. Porque ao mesmo tempo,
através desta historinha, ele está é ... Informando a
importância do vento. Embora ele faça isso de uma maneira
muito [Pausa] É ... Com humor. Ele tem um pouquinho de
humor, também. Mas ele está através da historinha ele está
5 Música ao longe: os resultados ... Margareth Egídia Moreira
94
aumentando, como é que fala? As informações a respeito da
natureza. (I01)
É porque tem que ter uma intenção. Toda obra tem uma
intenção. Que existe ... a gente, às vezes ... existe. Trabalhar
a questão ... me fugiu a palavra. O quê que ela trabalhou,
aqui, do vento? Ela trabalhou a questão da ... da amizade, de
ser bom e educado. De cumprir com as obrigações. Só que
ta tudo muito grande. (I04)
Para o leitor-indexador I03, a intenção do autor é algo que ele não tem “a
menor condição de falar qual é [...] Pra mim já está firmado. [...] é minha
recepção. Eu não sei se alguém colocaria alguma coisa que não seja
recepção. A não ser que o autor falasse – Seria isso.”
A categoria Acessibilidade foi apontada como desnecessária para o leitor-
indexador I04, que utilizou a categoria apenas para Sua alteza a Divinha. Ele
afirmou que não estava “achando ... sentindo muita necessidade em
acessibilidade.” O mesmo não aconteceu com o leitor-indexador I01, que
utilizou a categoria para informar as características físicas da obra (tamanho
da letra, extensão do texto, tipo de papel, ilustrações e capa). O indexador
até exemplificou, justificando a sua utilidade, enquanto analisava O homem
que amava caixas:
[...] aqui, para eu indicar para um professor, que ele fala
comigo assim: a minha turma está, tipo assim, silábico, sei
lá ... Então, pelo tamanho, porque ele tem mais gravuras do
que texto. A escrita, o tipo de ... tamanho da letra.
O indexador também observou o tipo de papel e as ilustrações que
revelavam os enigmas de Sua alteza a Divinha. “Esse tipo de ilustração, que
ela é ... não é colorida, mas ela é chamativa. E engraçada!” O pesquisador
questiona: você acha que deveria ressaltar isso?
5 Música ao longe: os resultados ... Margareth Egídia Moreira
95
As características físicas da obra ... ilustração diferente na
cor, por exemplo. Tipo de papel também, é ... [Pausa] A
gente vê uma diferença, porque quase nenhum livro vem
com esta folha fina, aqui. [Aponta e manuseia uma folha
confeccionada em papel vegetal, que intercala a folha de
guarda e o Ex-libris ] (I01)
O exercício possibilitou, ainda, que o menino no espelho refletisse sobre os
procedimentos usados durante a leitura técnica. O indexador abre um
diálogo com o pesquisador: “eu falei com você, sim, que eu olhava a capa, a
orelha, olhava o sumário e tudo. Mas me esqueci que eu tenho que olhar a
contra capa [Observa a quarta capa], também traz informação. É
importante.” E após analisar o segundo título, retoma o assunto: “as
primeiras eu não olhei. Estou olhando. E aqui também tem uma coisa
importante [...], premiado pela Fundação Nacional do Livro em 1990. Isto é
importante também.” E adota o procedimento, também para o título seguinte
(T3). Enquanto observa a quarta capa afirma, que “é importante você ir
também ao final, porque pode te dar uma luz [...] aquela palavra que você
quer [...]. E, aqui, traz esta informação, olha ...” (I01)
E sobre a dificuldade de trabalhar o feijão e o sonho, na nossa amiga
Literatura Infantil, o leitor-indexador I03 relata, ao analisar O homem que
amava caixas:
Na hora que você vai escrever é ... Você tem dificuldade de
passar, principalmente, quando você passa emoção. Como é
que você faz? Aqui, não é isso. Não é isso que ele me
passou ... E outra coisinha, como é que você coloca em
palavras, a emoção, de forma técnica?
Não é fácil analisar toda essa emoção relatada. Nenhum teórico foi citado,
neste capítulo, para justificar ou contradizer o feijão e o sonho dos nossos
meninos no espelho. Com certeza, o Leitor já iniciou um diálogo com
5 Música ao longe: os resultados ... Margareth Egídia Moreira
96
aqueles que reforçam ou contradizem a fala do leitor-indexador. Esta
discussão terá início, com mais evidência, no confronto entre o leitor-
indexador (a prática) e o pesquisador (a teoria). Nesse embate não haverá
perdedores, porque os Leitores, razão desta pesquisa, são os responsáveis
pela sentença: Se criança governasse o mundo ... quase uma conclusão.
6 Se criança governasse o mundo ... quase uma conclusão Margareth Egídia Moreira
97
6 Se criança governasse o mundo ... quase uma conclusão
Quase uma conclusão ... nas três últimas adivinhas respondidas pelo
leitor-indexador nesta pesquisa (veja as adivinhas no Apêndice D). Agora, o
Leitor poderá acompanhar o confronto entre a teoria e a prática. De
antemão, o aviso já foi dado, não teremos perdedores; porque quem julga
só tem uma sentença. Nossos Leitores, os convidados da Casa da Invenção,
só colaboram para que a nossa análise de assunto um dia possa realmente
ser o feijão e o sonho.
E a sentença dos Leitores, palavras e frases determinadas na leitura dos
nossos amigos da literatura ficcional infantil foram sistematizadas na
segunda etapa desta pesquisa, com o uso das Categorias de Pejtersen (ver
Apêndice G). O confronto começa com apresentação desta sentença aos
indexadores.
“Se, por acaso, a gente tivesse como hábito a análise do livro literário, que
não é o caso, a gente chegaria a isso, aqui”; a fala do leitor-indexador I03, ao
se referir aos termos indicados na leitura dos Leitores, inicia nossa
discussão.
O tratamento temático da literatura ficcional infantil não é uma rotina nas
bibliotecas escolares. E o uso das Categorias de Pejtersen, elaboradas
pensando em atender às demandas informacionais dos usuários da literatura
ficcional, pode ser uma alternativa para iniciar esse exercício.
Quando o indexador fala da dificuldade de traduzir – olhem que aqui, não
estamos falando da etapa de tradução de conceitos, o que iria demandar
estudos sobre as linguagens de indexação – estamos falando da tradução
6 Se criança governasse o mundo ... quase uma conclusão Margareth Egídia Moreira
98
da leitura do leitor-indexador para a leitura do seu usuário, neste espaço, o
Leitor. Ele afirma: “como é que eu vou pôr isso, pro meu usuário ... o quê
não existe, ainda. Pelo menos pra mim, não existe”, neste momento, o leitor-
indexador I03 estava repensando o processo de análise de assunto ao
analisar um texto literário. Neste texto, ele conseguiu identificar seu reflexo
no espelho, a sua leitura selecionou a inter-relação, ao analisar Nosso amigo
ventinho. Entretanto, essa não é a palavra mágica para o Leitor, a sua
leitura, hoje, alcança a amizade, a família e os amigos. E não é porque o
leitor tem entre 08 a 12 anos, não. É porque a leitura do texto literário traz
uma multiplicidade de sentidos (NIELSEN, 1997). E a fala do leitor-indexador
não termina por aí, não. Ela continua ... “Essa inter-relação ele não vai
procurar! Eu sei que ele não vai procurar.” E não vai procurar porque essa
não é a leitura do Leitor comum, que revira as estantes à procura de Isto ou
aquilo. É a tradução da leitura de um dos profissionais do ler. “Por isso é que
eu falei, como é que eu vou colocar pra ele? Eu ainda não sei. Teria que
olhar. E, eu preciso de ajuda. Ele poderia ajudar. O próprio usuário deveria”
e pode ajudar, finaliza o indexador I03.
Alguns buscam ajuda iniciando uma pesquisa ... – será que este era o caso
do pesquisador? – Outros, iniciando uma leitura da pesquisa... – será que
este é o caso do meu Leitor? – E outros, ainda, ajudam colaborando com a
pesquisa... – será que este foi o caso dos indexadores? – O melhor mesmo
é ser o motivo da pesquisa ... – o caso de todos os Leitores da literatura
ficcional infantil, que provocaram os indexadores com sua leitura.
6 Se criança governasse o mundo ... quase uma conclusão Margareth Egídia Moreira
99
6.1 Estratégias de leitura: quando a literatura ficcional infantil governa
A estratégia de leitura adotada pelo leitor-indexador na literatura ficcional
infantil tenta reproduzir a análise de assunto executada na literatura técnica.
Algumas estratégias adotadas são: a leitura dinâmica de trechos do texto;
busca de informação através do manuseio da obra; capa, quarta capa e/ou
contra capa, folha de rosto, páginas iniciais e finais; observação de
ilustrações, título, dedicatória, agradecimentos etc.
O pesquisador já afirmou que o conhecimento prévio é um fator inerente ao
processo de análise de assunto. A ativação deste conhecimento prévio
ocorre, já no início da análise de assunto, quando o leitor-indexador verifica
o título e autoria do item que está examinando. Este é um dos primeiros
procedimentos adotados pelo leitor-indexador, tanto na literatura técnica,
quanto na literatura ficcional. Ao identificar temas abordados no título, faz
aproximações entre as informações que está obtendo e o seu conhecimento
prévio sobre o assunto. É a primeira leitura realizada pelo indexador. E, é
também a primeira leitura que começa a incomodar, justamente, por causa
dos títulos.
Título mesmo, o que está inscrito na capa do livro. O leitor procura um título
e não lembra. Claro, ele se esqueceu, assim como nossos indexadores e
qualquer leitor costumam se esquecer. O mais lógico para o leitor é tentar
contar um pedaço da história, quem sabe o bibliotecário lembra? Porque a
autoria, a gente pode confundir a toda hora, uma tal de Rita Rocha pode
aparecer. Nesses casos, tem sempre alguém que fala: “Não, é a Ruth, mas
ela tem tanto livro ... Você não sabe o título?” E o leitor responde,
apressado: “só o assunto.
6 Se criança governasse o mundo ... quase uma conclusão Margareth Egídia Moreira
100
E o assunto ... caixas. “E ... realmente, eu não achei importante a palavra
caixas, eles acharam [...] termo que te leva a descobrir realmente a obra. O
caixas [grifo nosso] poderia fazer falta”, observa o leitor-indexador I04, ao
verificar os termos indicados pelos leitores em O homem que amava caixas.
Sua fala prossegue, justificando que a palavra caixas estava no título, assim,
o livro poderia ser recuperado. Entretanto, “se ela não tivesse aparecido no
título, seria importante [inclui-la].” Porque o leitor poderia procurar por
“aquele livro que o homem fazia caixas e tal...”, continua o indexador.
O título na literatura técnica já não conta muita história, porque nem sempre
os títulos são representativos; na literatura ficcional, muito menos. Assim, o
indexador não pode contar com os títulos no texto literário, para auxiliar na
identificação do conteúdo de um livro. Foi possível constatar isto durante a
análise dos indexadores. Em princípio, começaram a elaborar hipóteses a
partir do título (“Vento. Ta falando de vento...”) e puderam comprovar que o
assunto tratado era outro (“na verdade, está na questão realmente da
amizade” – Indexador I04). Já dizia a literatura consultada que “os títulos
podem ser enganadores” (UNISIST, 1981, p. 87).
Muitas vezes, o indexador acredita que os leitores citam elementos do título
como assunto. Entretanto, foi possível perceber nesta pesquisa, que as
palavras do título citadas são partes da estrutura que resume o conteúdo do
texto para os leitores. E não elementos que foram extraídos do título.
É possível comprovar isso, observando no título (O homem que amava
caixas), onde o indexador I04 comenta que os leitores citaram a palavra
caixas, provavelmente, por causa do título. A seguir, exemplificamos com a
transcrição das frases dos Leitores: “O homem que fazia tudo de caixas para
o filho (Leitor L09)” ou ainda: “O vento não se importa que os outros saibam
6 Se criança governasse o mundo ... quase uma conclusão Margareth Egídia Moreira
101
que ele salvou as pessoas (Leitor L01).” As palavras caixas e vento, citadas
como assunto, para os Leitores, não foram retiradas do título e sim do
resumo que o leitor elaborou para expressar uma frase que representasse o
que conta aquela história, aquele livro.
Quanto à autoria, a identificação do autor possibilita ao indexador buscar no
seu catálogo de conhecimentos informações sobre o estilo; os temas já
conhecidos e abordados por aquele autor; obras relacionadas, tais como,
séries, coleções etc. O leitor-indexador declarava “a autora eu gosto muito” ;
e “o ilustrador, eu não conheço, não (I01).” O que comprova que o leitor-
indexador consultou seu catálogo de conhecimentos sobre os autores da
obra examinada.
O manuseio é uma outra forma de ativar o conhecimento prévio,
principalmente, quando o leitor-indexador já efetuou uma leitura anterior
daquele título; o que pode ser percebido na fala do leitor-indexador I03:
“tem uns livros que a gente guarda. Pode até não guardar o título, igual eu,
mas você guarda a história [...] se vo deixar, eu leio de novo. Este, eu
gostei muito.”
Ao manusear o item, durante o folheio, ele opta por um tipo de leitura mais
adequado à busca de informações. A pesquisa revelou que o leitor-
indexador utiliza três tipos de leitura:
1. leitura silenciosa (I01, I03, I02);
2. leitura em voz alta (I02, I03,I04);
3. leitura dinâmica silenciosa (I01,I03, I04).
6 Se criança governasse o mundo ... quase uma conclusão Margareth Egídia Moreira
102
Os três tipos de leitura podem ser empregados em partes do texto, partes
alternadas do texto e na leitura completa do texto. Em relação à leitura
completa do texto, os especialistas acreditam que é um procedimento
bastante inviável na análise de assunto (ABNT, 1992). A pesquisa revela que
tanto na indexação habitual do leitor-indexador, quanto no exercício proposto
com o uso das Categorias de Pejtersen, foi possível perceber que este
procedimento deve ser utilizado durante a análise de assunto na literatura
ficcional infantil. Constatou-se que, mesmo após a leitura completa (I02, I03
e I04), para alguns indexadores, foi necessária a releitura (I03). Embora
este procedimento demande um pouco mais de tempo por parte do
indexador durante a análise, para a literatura ficcional infantil, a norma
deveria fazer uma ressalva. Seria importante ressaltar que por se tratar de
uma literatura não técnica e apresentada, na maioria das vezes, em um
número reduzido de páginas, seria apropriada a leitura completa do texto,
sempre que o indexador julgar conveniente na análise da literatura ficcional
infantil.
Ao realizar a leitura, o leitor-indexador reconhece partes importantes do
texto, expressas geralmente por uma pausa para reflexão, seguida ou não
de comentários ou paráfrase de parte do texto. O leitor-indexador pode,
também, através de interjeições manifestadas enquanto realiza a leitura,
revelar o nível de compreensão do texto. Durante a análise de assunto, o
menino no espelho, nosso leitor-indexador, manifestou algumas interjeições
que revelaram:
Dúvida (Hum!);
Admiração, alegria ou concordância (Ah!);
Reflexão (Hã...);
Finalização (Ta!);
6 Se criança governasse o mundo ... quase uma conclusão Margareth Egídia Moreira
103
Espanto (Ih!);
Surpresa (Céus!).
O leitor-indexador é um profissional treinado para reconhecer estruturas
textuais; identificando formatos e normalizações. Durante a leitura técnica, o
indexador reconheceu, nos títulos analisados, os elementos textuais (a
inexistência de introdução); os elementos pré-textuais (capa e/ou contra
capa, folha de rosto, ficha catalográfica, Ex-libris, dedicatória,
agradecimentos e a inexistência de prefácio) e os elementos pós-textuais
(quarta capa).
Os livros examinados não continham: orelha, apresentação, capítulos e
sumário. Outros elementos não mencionados pelos indexadores, cuja
existência foi constatada pelo pesquisador: colofão (apresentado no verso da
folha de guarda que antecede a contra capa da quarta capa – T. 2) e folhas
de guarda. Este último elemento, foi manuseado pelo leitor-indexador I01, ao
analisar o Título 2 – Sua alteza a Divinha, que observou a existência de uma
“folha fina”, detalhe que não era comum, na apresentação de um livro
infantil, segundo o indexador. Entretanto, o indexador não expressou
qualquer comentário sobre as folhas de guarda, que juntamente com a “folha
fina” (folha que intercalava a folha de guarda e o Ex-libris) ao ser folheadas
pelo leitor-indexador, executava um movimento que permitia que uma
imagem, a de um grilo estampado nos dois lados da folha, ora caísse na
rede de um personagem, ora caísse na de outra, apresentada na página do
Ex-libris. O mesmo acontece na última página do texto, onde as trombetas
tocam com o “FIM” e o “Louvadeus ‘balança no trapézio’ de um lado para o
outro: é uma criação gráfica formidável” (MENDES, 2002, p. 46). A autora
brinca com o leitor numa criação onde texto e imagem são sinônimos da
6 Se criança governasse o mundo ... quase uma conclusão Margareth Egídia Moreira
104
palavra, “as figuras de uma forma diferente no espaço, [querem ...] que o
leitor pegue o livro, olhe de outro jeito, interaja” (MENDES, loc. cit.).
Quanto aos recursos gráficos, o conhecimento prévio do indexador-leitor
pode interferir muito na qualidade da indexação. A leitura de um item
começa a partir de seu projeto gráfico; formato, diagramação, encadernação
ou meio de acondicionamento, cores, tipo de fonte, papel ou outro suporte,
dentre outros. Como afirma a literatura pesquisada (UNISIST, 1981 e
WARD, 1996), a qualidade da indexação depende, também, das habilidades
de leitura ou qualificação do indexador.
A análise do indexador, durante a pesquisa, revelou que este profissional
observa com muita atenção as ilustrações, em busca de informações que
possam revelar a palavra mágica do texto literário; tendo declarado que,
como aponta a literatura consultada (CAMARGO, 1995), a ilustração
completa um texto revelando suas funções. Entretanto, os indexadores
revelam desconhecer informações que permitam realizar considerações
sobre o projeto gráfico das obras analisadas. Este conhecimento seria
relevante para o indexador, uma vez que na literatura ficcional infantil, a
leitura das informações apresentadas não inclui apenas texto; mas,
sobretudo, a leitura de imagens. As imagens descrevem cenários,
personagens; narram; simbolizam/ expressam valores e emoções; brincam
com o texto; pontuam e sinalizam trechos do texto; contam sobre outras
imagens.
6 Se criança governasse o mundo ... quase uma conclusão Margareth Egídia Moreira
105
6.2 Instrumentos necessários: quando a literatura ficcional governa
A necessidade de um resumo (LANCASTER, 1993) aparece como uma
alternativa muito presente na análise de assunto da literatura ficcional
infantil. Um dos instrumentos de informação citados, que poderiam facilitar a
análise de assunto, na opinião dos indexadores entrevistados, seria um
instrumento que “considerasse [disponibilizasse] o resumo das obras” (I03).
O resumo além de estabelecer um elo de comunicação entre o indexador e o
usuário, pode facilitar a leitura técnica do leitor-indexador. O leitor-indexador
I04 concorda com o pesquisador no que se refere ao fato de que os Leitores
elaboraram um resumo do texto lido. Ao observar a frase: a “rainha gostava
de adivinhar coisas até que ela encontrou um moço que adivinhou tudo que
ela queria. E ela se casou com ele (Leitor L08)”; o indexador afirmou “é um
resumo.” E não é preciso contar ao Leitor que a rainha é a Sua alteza a
Divinha. Um resumo ou uma sinopse é fundamental para que o Leitor
consiga identificar se o leitor-indexador está falando na mesma língua que
ele. Entretanto, vale sempre ressaltar que o resumo, pode ser inadequado,
em muitos casos, onde esta informação, não é objeto de uma fonte segura.
(UNISIST, 1981).
A resenha foi mencionada como um instrumento “muito interessante” (I01),
poderia ser “até uma publicação de resenhas literárias”, declara o leitor-
indexador I03. “E que, não tem nada a ver com o que é feito agora. Que é
para 2ª e 3ª séries [...] essas indicações, não. Mas uma geral; o quê que fala
isso, aqui. Poderia ajudar!”
Já o leitor-indexador I01, prefere os catálogos de editoras às resenhas,
afirmando que, estes, “a gente tem mais facilidade de conseguir.” Enquanto
6 Se criança governasse o mundo ... quase uma conclusão Margareth Egídia Moreira
106
o leitor-indexador I04 acredita que a consulta aos catálogos vai demandar
um tempo muito grande por parte do indexador e que, “talvez nem vale a
pena você perder tempo com isso. Toda hora, eu estou mexendo com
livros... ir lá, procurar o catálogo, procurar esse título...” Os indexadores
comentam, ainda, que o uso dos catálogos, não demandaria apenas tempo;
também, muita atenção por parte do profissional. Isto porque os comentários
sobre os títulos seriam muito tendenciosos, com o objetivo de promoção do
material.
Outro instrumento de informação citado revela, nas entrelinhas, uma outra
dificuldade do leitor-indexador: a preocupação com a linguagem de
indexação, adotada pelo sistema durante a análise de assunto. O uso do
vocabulário controlado como instrumento de informação, para analisar o
conteúdo do texto literário, foi uma necessidade expressa pelo leitor-
indexador (I02) durante a análise da literatura ficcional infantil. Lembrando,
ainda, que foi relatado como um dos procedimentos habituais adotados pelo
leitor-indexador (I01) ao realizar a análise de assunto na literatura técnica. O
que resulta na seguinte conclusão: o primeiro estágio da indexação, a
análise de assunto, poderia estar sendo influenciado pela linguagem do
sistema. E este sistema, não foi elaborado pensando na literatura ficcional
infantil. Podemos observar isto quando o leitor-indexador I02, ao determinar
os termos resultantes de sua análise, mostra, claramente, que está sendo
influenciado pela linguagem do sistema que utiliza. Ele determinou para
todos os títulos examinados, durante o exercício com as Categorias de
Pejtersen, o termo literatura infanto-juvenil. Apenas após observar que os
Leitores indicaram outros termos, ele decide, também, indicar os termos
sugeridos pelos Leitores. Chega a afirmar que não consegue utilizar o termo
literatura infantil porque seu sistema, como comentado anteriormente, adota
o termo literatura infanto-juvenil. Como se sabe o processo de análise de
6 Se criança governasse o mundo ... quase uma conclusão Margareth Egídia Moreira
107
assunto é anterior ao estágio de tradução dos conceitos em termos de uma
linguagem de indexação. Ao pensar na linguagem de indexação durante este
processo, o leitor-indexador restringe sua análise a termos pertencentes a
um vocabulário controlado de seu conhecimento. A palavra mágica ou
atinência acaba sendo resgatada de um universo padrão, quando a sua
determinação deveria ser livre; identificando e selecionando simplesmente
os conceitos do item analisado.
Embora as linguagens de indexação não façam parte desta pesquisa, – isto
é sabido tanto por você, Leitor, quanto pelo leitor-indexador – elas estão
sempre passando pelo pensamento do indexador:
por exemplo, se você pegar para cada livro de literatura
infanto-juvenil e colocar vinte, trinta descritores. Qual sistema
comporta isso? Como que vai ser? Eu acho que é árido. Mas,
não é nem o tema da pesquisa. Mas é isso que me ocorre o
tempo todo. (Indexador I02)
Isto comprova, também nas entrelinhas, que a análise de assunto na
literatura ficcional infantil terá que percorrer caminhos contrários à análise da
literatura técnica. Na literatura ficcional não tem como padronizar o
vocabulário ou a estrutura do texto literário (BELL, 1992). Realmente, se
começarmos a pensar já na linguagem de indexação, sem pensar muito bem
antes no primeiro estágio da indexação, que é a análise de assunto, a única
conclusão a que iremos chegar é que a literatura ficcional ou o texto literário
– seja qual for o termo adotado – é um texto não indexável.
6 Se criança governasse o mundo ... quase uma conclusão Margareth Egídia Moreira
108
6.3 O texto e a análise: quando a literatura ficcional governa
A nossa amiga Literatura Infantil pode respirar aliviada porque o mesmo
indexador que está preocupado com o vocabulário controlado, sabe muito
bem o quê é o texto literário; “a gente está lidando, aqui, com a emoção.
Com a subjetividade, sabe?” E sabe também que, nas outras áreas, os
termos são mais definidos; e na literatura “é mais difícil”, porque não
estamos “lidando com uma análise formal” (Indexador I02).
Outros indexadores também concordam com o leitor-indexador citado
anteriormente, e sabem que analisar o assunto na literatura ficcional não é
apenas trabalhar com termos técnicos. Porque quando ...
[...] você trabalha com termo técnico, eu falo assim, é muito
mais simples. Quando você trabalha com termo, você pode
falar que isso aqui é técnico. Mas, essa leitura ... é uma
leitura que eu considero como qualquer leitura desse tipo de
coisa [Literatura], ela é muito mais afetiva. (Indexador I03)
A relação que o leitor-indexador estabelece com a análise de assunto na
literatura ficcional infantil é carregada de sentimentos, de histórias de leitura,
de subjetividade, que vão em busca da informação no texto literário. Texto,
este, discutido por especialistas da área de Ciência da Informação, como
Saarti (2004), considerando o escritor, o leitor e o ambiente sócio-histórico. A
autoria do título pode ser individual, mas um texto não carrega um único
escritor. Sua escrita não é uma linguagem padrão, que assume um saber
único comprovado por metodologias diversas. O Leitor não é produzido em
série e nem vive numa redoma; o texto amalgama o escritor, o leitor e o
contexto social, cultural e histórico.
6 Se criança governasse o mundo ... quase uma conclusão Margareth Egídia Moreira
109
O texto literário... são saberes (BARTHES, 1996a) compartilhados com um
leitor que pode ser o nosso amigo da Literatura Infantil; pode ser você,
Leitor. E, também, o leitor-indexador, o menino no espelho. Este texto invade
qualquer que seja o leitor – escritor, Leitor, indexador – com grandes
porções de Pó de Pirlimpimpim.
E a porção de Pó de Pirlimpimpim, que é a matéria-prima da literatura, pode
ser analisada pela lente da luneta mágica do leitor-indexador com
procedimentos diversos. Estes, podem incluir a ajuda de um vocabulário
controlado que, para identificar o conteúdo do texto literário, não é o recurso
mais recomendado; a leitura de um resumo que, para a literatura técnica
ajudaria bastante. E para a literatura ficcional, segundo Lancaster (1993),
teria que ser um resumo elaborado com exatidão, brevidade e clareza;
identificando o ambiente, tanto geográfico quanto cronológico; apresentando
os aspectos fundamentais do enredo; e apontando as emoções, quando
necessário.
O pesquisador acredita que o resumo poderia facilitar a indexação de uma
forma geral; se utilizado um resumo de uma fonte confiável, tal como a
Bibliografia Brasileira de Literatura Infantil e Juvenil
42
. Entretanto, o texto
literário é arte – um documento estético (NIELSEN, 1997) – seu
entendimento é bastante subjetivo, como já comentado pelos nossos
indexadores. Durante a análise de assunto, realizada pelos indexadores, foi
possível perceber que até mesmo, após a leitura do texto completo, muitas
dúvidas permaneciam dificultando a sua análise. Portanto, o resumo, só é
mais um elemento necessário nos procedimentos para análise de assunto na
literatura ficcional infantil.
42
Foi utilizado um resumo dessa Bibliografia para apresentar o título Nosso amigo ventinho (ver. item 4.1.1
em Metodologia)
6 Se criança governasse o mundo ... quase uma conclusão Margareth Egídia Moreira
110
A leitura completa do texto é outra estratégia que parece ser bem sucedida
para a análise de textos curtos na literatura ficcional infantil. Os textos
analisados tinham em média 35 páginas cada um. O Título 2 – Sua alteza a
Divinha (não paginado, mas com aproximadamente 35 páginas) foi lido por
completo pelo leitor-indexador I03; e Título 3 – O homem que amava caixas
(32 páginas) foi lido inteiro por 3 indexadores (I02, I03 e I04), sendo que o
leitor-indexador I01 leu partes deste texto para recordar uma leitura já
realizada em outra época. O Título 3 não apresentava um texto muito
extenso, eram frases que ocupavam apenas uma linha, na maioria das
vezes. O leitor-indexador I03 mencionou esta característica da obra, “texto
curtíssimo (mensagem telegráfica)”, na categoria Acessibilidade, durante o
exercício de análise com o uso das Categorias de Pejtersen. Com certeza, a
pequena extensão do texto motivou a leitura completa por parte dos
indexadores.
O leitor-indexador, ao final da análise de assunto, reforça a necessidade de
repensar os procedimentos que excluem a recomendação da leitura
completa do texto dos procedimentos executados pelos indexadores durante
sua prática de leitura:
[...] análise do livro técnico é fácil. Essa [literatura ficcional],
aqui, é mais sutil. Você não consegue perceber muito fácil.
Você, realmente, tem que ler, voltar [...]. Ao passo que, o livro
técnico, não. Em resumo, é mais difícil fazer esta análise. O
que mudaria seria a leitura completa. A leitura completa ...
Isto, realmente, me mostra que, também, a leitura completa
na literatura infantil é mais importante. (Indexador I04)
Já no texto de Nosso amigo ventinho, com 40 páginas, a estratégia de leitura
adotada pelos indexadores não incluiu a leitura completa do texto. Apenas, a
leitura de partes alternadas do texto, das páginas iniciais e finais foi
executada durante a análise de assunto.
6 Se criança governasse o mundo ... quase uma conclusão Margareth Egídia Moreira
111
Durante a análise de assunto, foi possível constatar quais os procedimentos
essenciais para a análise da literatura ficcional infantil. A importância de se
observar quem é o autor da publicação, juntamente com a identificação do
título, aparece como um ponto observado por 100% dos indexadores, em
todos as obras analisadas. Na literatura pesquisada (WARD, 1996), um dos
requisitos para uma boa indexação é o conhecimento da área indexada. A
nossa amiga Literatura Infantil é uma área conhecida por todos os
indexadores, o que facilitou a identificação de autores e títulos; o profissional
demonstrou reconhecer o que poderia atender às necessidades de
informação dos Leitores.
Metas para leitura eram revisadas pelo leitor-indexador, durante sua análise,
adotando novas estratégias. Uma delas, já citada, foi recorrer à leitura
completa do texto. O leitor-indexador alterava o procedimento escolhido
inicialmente, sempre que percebia que sua estratégia era falha para
esclarecer o seu entendimento sobre o texto analisado. Tentava assim,
reconhecer em outro procedimento a possibilidade de clarificar o
conhecimento do conteúdo examinado, na busca da identificação do que era
significativo. O indexador buscava extrair conceitos que traduzissem a
essência do título analisado, o que vai de encontro ao conceito de análise de
assunto expresso na literatura consultada (NAVES, 1996).
É possível perceber que os procedimentos citados na análise da literatura
técnica
43
são diferentes dos procedimentos na análise da literatura ficcional
infantil, em relação a sua amplitude.
43
Apresentados no Quadro 4, Item 5.1 – Música ao longe: análise de assunto pelo leitor-indexador (página
72).
6 Se criança governasse o mundo ... quase uma conclusão Margareth Egídia Moreira
112
E você, Leitor, poderá observar, a seguir, no Quadro 5, uma síntese destes
procedimentos. Assim, poderá tirar suas conclusões quanto à análise de
assunto na literatura ficcional infantil; diferenças e semelhanças entre a
análise da literatura dura para a leveza da literatura infantil. Estes
procedimentos, também, podem ser visualizados, discriminados por
indexador, no Quadro 3 do Apêndice L.
Quadro 5 –
Procedimentos dos indexadores na análise de assunto da literatura
ficcional infantil
Procedimentos executados durante análise de assunto
Percentual dos títulos
analisados
Identificação do autor e suas publicações
Identificação do título
Uso do conhecimento prévio
100%
Verificação da capa, contra capa e/ou quarta capa 83%
Manuseio do início ao fim (folheio) 75%
Construção de metas para leitura 68%
Verificação das ilustrações 59%
Pausa para reflexão 50%
Auto-avaliação sobre o conteúdo do texto
Verificação da folha de rosto
42%
Criação de hipótese inicial a partir visão geral (skimming)
Identificação da editora
Leitura do texto completo
34%
Identificação do ilustrador
Leitura de partes alternadas do texto
25%
Evocação durante a leitura
Identificação de correlações (palavras e/ou conceitos)
Leitura da dedicatória
Leitura de páginas iniciais
Listagem de informações sobre o texto
Expressa necessidade de consultar instrumento de informação
Paráfrase de parte do texto
Verificação das páginas finais do texto (final do livro)
17%
Expressa necessidade do uso de vocabulário controlado
Leitura de páginas finais
Leitura de partes do texto
Leitura dos agradecimentos
Manuseio após a leitura completa (folheio)
Verificação da introdução (constata inexistência)
Verificação do prefácio (constata inexistência)
8%
Fonte: Protocolos verbais durante análise de assunto pelo leitor-indexador
6 Se criança governasse o mundo ... quase uma conclusão Margareth Egídia Moreira
113
O percentual em relação aos três títulos examinados e os procedimentos
adotados foi computado pelo pesquisador. Pode ser observado que o leitor-
indexador, conforme recomendações da Norma 12676 (ABNT, 1992), ao
examinar os títulos da nossa amiga Literatura Infantil, verificou: títulos,
páginas iniciais, finais, folha de rosto, leu partes do texto, observou as
ilustrações, dentre outros.
Alguns procedimentos indicados para análise de assunto na literatura técnica
podem ser equiparados aos procedimentos na literatura ficcional infantil. Por
exemplo, a verificação e a leitura das páginas iniciais são equivalentes à
leitura recomendada da introdução do texto; a leitura das páginas finais
equipara-se à leitura da conclusão que, na literatura técnica, é muito útil para
compreensão do documento por parte do indexador.
Pode-se observar que os procedimentos mais freqüentes na análise de
assunto na literatura ficcional infantil são: identificação da autoria e título;
verificação da capa, contra capa e/ou quarta capa; o folheio com o manuseio
do início ao fim; construção de metas para leitura e verificação das
ilustrações. Sobre a verificação da contra capa e quarta capa, vale ressaltar
que o indexador utilizou trechos da quarta capa no resumo para realização
do exercício com as Categorias de Pejtersen. E observou informações que
julgou ser importantes no verso da contra capa.
Com percentual menor, mas ainda mais freqüente, foram observados:
pausas para reflexão sobre o que estava sendo analisado e compreendido;
que na maioria das vezes, foi seguido de uma auto-avaliação sobre o quê o
leitor-indexador tinha apreendido sobre o texto; verificação da folha de rosto;
criação de hipóteses iniciais a partir de uma visão geral sobre o conteúdo do
texto. Estas hipóteses foram elaboradas através da observação rápida das
6 Se criança governasse o mundo ... quase uma conclusão Margareth Egídia Moreira
114
ilustrações e da leitura dinâmica de pequenos trechos do texto. O que
resultou, certamente, nos 25% relativos à identificação do ilustrador e à
leitura de partes alternadas do texto.
Outros procedimentos executados, também, merecem ser comentados. A
evocação, durante a leitura, que resultou ou não, na identificação de
correlações de palavras ou conceitos expressos no texto, traz à tona duas
questões: a questão do conhecimento prévio e da subjetividade. Quando o
indexador I03 recorre à leitura alheia do texto que estava examinando (Título
2 Sua alteza a Divinha) e afirma que lembrar desta leitura, sim, era
agradável; ele traz esta informação e a associa a sua análise. Entretanto,
neste momento, revela um fator interferente no processo. Ele afirma que sua
leitura não foi agradável e que tem dificuldades:
Sua alteza a Divinha. Esse é complicado pra mim. Pra mim,
ta? Como sempre... esse livro de cima, O homem que amava
caixas, explica pra você, que você deve olhar com mais
cuidado a ação do outro. E esse, aqui, vira e fala: pô, você
está colocando seus valores acima e seu gosto acima de
qualquer análise e sem ... Como é que chama? Sem análise
mais fria (Indexador I03).
O conhecimento da história, repassado para o indexador por um outro Leitor,
era prazeroso. Já a leitura do texto, não permitia o mesmo prazer, segundo o
indexador. Isto dificultava sua análise, porque sua interpretação pessoal
interferia no processo de indexação: “tenho dificuldades com este livro. Eu
não gosto dele, ta?” (Indexador I03).
A leitura do indexador não estaria sendo imparcial, com neutralidade, de
acordo com recomendações de normas e instrumentos que direcionam os
procedimentos do indexador durante sua leitura para realizar a análise de
assunto. Neste ponto, revelam-se duas facetas: a primeira é que a leitura do
6 Se criança governasse o mundo ... quase uma conclusão Margareth Egídia Moreira
115
leitor-indexador não estaria comprometida com o seu objetivo, extrair
identificar e selecionar conceitos que traduzam a essência do documento; e
segundo, que esta leitura estaria demandando uma satisfação pessoal no
ato de ler. Isto num texto científico, com certeza, não influenciaria muito,
porque o leitor-indexador contaria com a própria normalização do texto, que
o capacitaria para identificar informações, independente de ter gostado ou
não. Fica claro que analisar um texto literário, cuja palavra é arte –
buscando na literatura pesquisada (CUNHA, 1986 e SAARTI, 2004) – é um
ato subjetivo; a arte não é dita em uma só palavra.
Já os procedimentos que tiveram o percentual mais baixo (8%) foram: leitura
de partes do texto, preterida pela leitura de partes alternadas e leitura
completa do texto; leitura das páginas finais; leitura dos agradecimentos;
constatação da inexistência de introdução e prefácio; folheio após leitura
completa.
A busca de estruturas, tais como: a introdução, o prefácio, os
agradecimentos e as páginas finais exemplificam bem a correlação que o
leitor-indexador tenta fazer entre os procedimentos na análise de assunto na
literatura técnica para a literatura ficcional. Ao refletir sobre esta correlação,
o leitor indexador I01 afirmou que os procedimentos seriam os mesmos para
os dois tipos de textos, entretanto, em seguida, faz uma reflexão que revela
a necessidade de diferenciação: “sim [...] olharia o sumário ...” Após uma
pausa longa, continua: “... a gente pensa que o livro de literatura infantil e
infanto-juvenil não precisa disso. E agora, você me passando este exercício,
eu estou percebendo como seria importante.”
A pesquisa possibilitou, através da observação não-participante, a
percepção de diversas interferências, durante o processo de análise de
6 Se criança governasse o mundo ... quase uma conclusão Margareth Egídia Moreira
116
assunto, o nosso feijão e o sonho. O olhar do menino no espelho em busca
da palavra mágica foi desviado por alguns fatores interferentes no processo
de análise de assunto, também, relatados em outras pesquisas sobre o tema
(NAVES, 2000 e 2001). Fatores interferentes observados durante a análise
de assunto na literatura ficcional infantil:
Ansiedade;
Autocrítica;
Desvio da atenção (barulho externo, movimentação de pessoas e
animais);
Falta de afinidade do indexador com o texto;
Impaciência;
Interrupção da análise para execução de outras tarefas;
Interrupção por usuários da biblioteca;
Pressão do tempo;
Problemas pessoais.
Durante a identificação e seleção de conceitos, na busca pela palavra
mágica ou atinência, o leitor-indexador demonstrou estar atento ao
conteúdo do texto analisado e a sua demanda. Esta concepção, de
acordo com a literatura pesquisada (FUJITA, 2003), garante a
preservação do contexto do documento antes do estágio de tradução. O
leitor-indexador I03 questiona sobre esta questão:
[...] ele vai entender quando eu colocar interdependência? Eu
não posso colocar só interdependência, né? O quê ele vai
entender quando eu colocar inter-relação? [...] Inter-relações
humanas? Como é que eu colocaria aí pra ele entender isto
aqui? [Pausa] Relações sociais? Qual é o termo mais
adequado? Eu não estou definindo um tema? Uma temática.
E aí, vai... Como é que a gente processa isso pra que o
6 Se criança governasse o mundo ... quase uma conclusão Margareth Egídia Moreira
117
usuário entenda? [...] dentro da literatura, porque dentro do
outro [Análise em outra área], não.
Outro indexador, ao pensar no público da literatura infantil, descarta um
conceito identificado por um conceito mais específico:
[...] eu acredito que até remete um pouco à Psicologia.
Psicologia? Não, não sei. Não. Não colocaria. Não colocaria,
não. Veio à cabeça, Psicologia. Quando você pensa nele,
assim, fechado no seu mundo sem conseguir dizer para o
filho que o amava. Mas que dando coisas a ele, fazendo
coisas para ele, era uma maneira do filho entender. E o filho
entendia o amor do pai ... [pausa] para a literatura infanto-
juvenil é ... a questão do relacionamento pais e filhos.
(Indexador I02 – Título 3)
Segundo os indexadores e a literatura pesquisada (LANCASTER, 1993), o
esquema de categorias elaborado por Pejtersen poderia ajudar na análise da
literatura ficcional infantil. Acreditam que não é possível dizer se o método é
o mais ideal, mas afirmam que estudos em relação ao uso destas categorias
deveriam ser realizados; porque “faltam recursos para análise da literatura
infanto-juvenil
44
, sim. [E sobre os procedimentos durante a análise] Mudaria.
Mudaria pelo olhar ... analisando sempre o olhar da criança.” (Indexador I02)
Quanto às categorias, particularmente, fica claro que a análise de assunto,
em princípio e para alguns indexadores, era um procedimento comum, tal
qual na literatura técnica. Após o exercício com aplicação da metodologia de
análise de Pejtersen, o leitor-indexador constata que existe um grau de
dificuldade bem maior, principalmente, quando compara sua análise com a
dos Leitores. Uma das falas do menino no espelho espelha essa questão:
“havia dito, antes de iniciar o exercício, que difícil era fazer literatura infanto-
juvenil [...] pude perceber que tem muito mais coisas para a gente analisar
44
Recordando que, o leitor-indexador I02, sempre se refere à literatura infantil como literatura infanto-juvenil.
6 Se criança governasse o mundo ... quase uma conclusão Margareth Egídia Moreira
118
que a gente não vê” (Indexador I01). E o indexador continua, falando a
respeito da análise dos Leitores: “a gente fica só com o olhar da gente.
Então ... mais aqui [aponta a análise dos leitores], ele lembrou da arrogância,
da esperteza...”
A categoria que mereceu o maior número de comentários, a intenção do
autor, é a mesma cuja utilização é questionada pelos especialistas da área
(SAARTI, NIELSEN, BEGHTOL). Esses especialistas reclamam quanto à
subjetividade de identificá-la. O leitor-indexador I04 afirma que “por trás de
toda história tem uma intenção, mesmo. O diacho é você chegar no ponto.”
E continua mais adiante:
[...] na literatura técnica, você não encontra essa dificuldade.
Eu acho que essa indexação da literatura infantil ta ... ta
muito relacionada com a sensibilidade do indexador. Porque
ele pode ... ele pode realmente perceber tudo que está
contido naquela obra, como pode passar totalmente
despercebida a intenção do autor. [...] você trabalha com
suposições mais do que você está percebendo [...] você
nunca tem certeza se foi exatamente aquilo que o autor
percebeu, que ele sentiu, não.
O leitor-indexador I03 questiona se a tradução desta categoria estaria
correta; “eu acho que talvez a tradução, se a gente for pensar, talvez não
deva ser essa.” A intenção, talvez, seja “a intenção do livro, não sei”,
continua o indexador. “Eu acho problemático pra mim. Não sei se para todo
mundo. Eu acho não que o autor teve intenção. A não ser que seja
paradidático [...] nunca escrevi um texto com intenção de uma redação.”
A categoria acessibilidade foi bem recebida pelos indexadores que
aprovaram a sua utilização. Os elementos descritos nesta categoria parecem
ser essenciais para a leitura dos indexadores, que justificam seu uso ao
6 Se criança governasse o mundo ... quase uma conclusão Margareth Egídia Moreira
119
pensar no usuário professor. Entretanto, declaram perceber que para os
Leitores, esta categoria parece não interessar. As categorias
estrutura/cenário e a intenção do autor descreveriam melhor o que o Leitor
da Casa da Invenção gostaria de encontrar.
Foi observado, também, de acordo com a própria autora das “Dimensões da
ficção”, a pesquisadora Pejtersen, que as categorias não são exclusivas. O
leitor-indexador I02 comentou, ao justificar a análise dos Leitores:
[...] os termos ... eles se repetem. E ... eles não se
enquadram exclusivamente numa categoria. A amizade,
amigos, tudo isso é para eles a intenção do autor. É assunto.
Então ... é interessante. Para eles, seria como eles
procurariam. Essa visão é muito interessante.
E o futuro da análise de assunto da literatura ficcional infantil? Os
indexadores estão interessados no feijão e o sonho? É possível realizar esta
análise?
A resposta inicial vem do primeiro leitor-indexador (I01) com uma afirmativa:
“acho que precisaria, sim. Seria interessante fazer. Às vezes, você não dá
muita importância. Ah! É uma historinha infantil e tal ...” E o indexador I02
continua: “apesar de ser uma biblioteca escolar [...] a gente tem
especificidades.” Outro indexador reforça a idéia, “você tem que reformular
essa precisão técnica dentro da literatura.” (Indexador I03)
A esta altura, você, Leitor, já tirou suas próprias conclusões ... Assim, para o
pesquisador resta apenas prosseguir com um Farewell.
7 Farewell Margareth Egídia Moreira
120
7 Farewell
O pesquisador espera ser breve, em suas conclusões, afinal, é apenas um
Farewell.
No início da pesquisa, eram dois pressupostos no meio do caminho. O
pesquisador percorreu bibliotecas, entrevistou indexadores e ouviu os
Leitores para comprovar os pressupostos.
A análise da literatura ficcional infantil, embora tente reproduzir as mesmas
estratégias de leitura, identificação e seleção de conceitos na literatura
técnica, difere-se desta última por encontrar um texto cujas características
estéticas demandam uma análise mais subjetiva.
O processo é subjetivo, o que foi claramente observado na fala dos
indexadores. Ao analisar os títulos da nossa amiga Literatura Infantil, o leitor-
indexador representou, em frases e termos, os conceitos que tentavam
identificar não apenas a emoção da leitura de um texto literário, mas o seu
conteúdo informacional. Aquela palavra mágica ou atinência, que é a
essência do texto analisado.
O resultado ficou entre isto ou aquilo, enquanto um leitor-indexador
selecionava o conceito de interdependência, outro apontava com os
fenômenos da natureza, e um outro, ainda, problematizava tudo com a
escolha do conceito: literatura infanto-juvenil. A avaliação da escolha foi
dada somente pelos leitores, que determinaram os conceitos de vento,
amizade, família, ou livro que fala de um vento bom. Fica claro que a língua
dos leitores é mais clara, simples e os conceitos bem específicos; já o leitor-
7 Farewell Margareth Egídia Moreira
121
indexador, usa conceitos complexos, ainda não muito claros para os
pequenos devoradores da literatura infantil.
E o leitor-indexador, diante do objeto artístico que é o texto na literatura
ficcional infantil, efetua em sua análise de assunto os mesmos
procedimentos executados quando está diante da literatura não ficcional, ou
melhor dizendo, da literatura técnica. A leitura de partes do texto; exame da
folha de rosto, capa, quarta capa, contra capa; a busca de estruturas
semelhantes à introdução e conclusão, o que resulta na leitura de páginas
iniciais e finais do texto; a observação e leitura atenta das ilustrações
revelam o olhar pela luneta mágica, que o menino no espelho tentar focar
para expressar a palavra mágica do texto (atinência ou aboutness) ao final
de sua análise.
Quanto mais informações a bagagem de leitura do indexador tiver, melhor
será a análise que este irá fazer do item analisado. A dificuldade de saber
identificar os recursos de linguagem; o estilo; os gêneros literários; a
intencionalidade do autor; os recursos gráficos etc., podem prejudicar estes
procedimentos. O leitor-indexador descobre que a análise, que em princípio
parecia ser igual à de qualquer outro texto não literário, torna-se muito mais
complexa.
A leitura completa do texto que, muitas vezes, é apenas uma desculpa para
saborear mais uma vez a beleza que exala do texto literário, pode ser muito
útil. É realizada sempre que a história é desconhecida por parte do leitor-
indexador e o texto é curto, ou as estratégias de leitura não foram bem
sucedidas em busca de informações para determinar a palavra mágica. O
conhecimento do texto facilita, entretanto requer uma maior reflexão para
tentar extrair a tal palavra.
7 Farewell Margareth Egídia Moreira
122
Na literatura ficcional infantil, os elementos textuais não são apenas
introdução, texto e conclusão. Personagens e cenários são elementos
textuais bem diferentes dos encontrados na literatura técnica, “aparecem de
forma inacabada e descontínua, exigindo necessariamente a intervenção do
leitor“ (ZILBERMAN, 2001, p.51). São páginas de um texto envolto em
sentimentos, imagens, personagens, valores, cenários, informações que
desafiam a habilidade de indexação do leitor-indexador. O leitor tem que
preencher as “lacunas colocadas pelo texto, tornando-se co-participante do
ato da criação” (ZILBERMAN, loc. cit.). Como extrair conceitos que traduzam
o texto literário lido?
O segundo pressuposto pode tentar ajudar a responder esta questão? E a
resposta é afirmativa. As Categorias de Pejtersen podem ajudar o leitor-
indexador a responder a demanda de informação por parte dos Leitores da
literatura ficcional infantil. Desta forma, elementos presentes na literatura
ficcional poderiam ser descritos com o uso das categorias Acessibilidade e
Estrutura/cenário.
Já a categoria Intenção do autor, por se tratar de algo tão subjetivo, levando
em conta interpretação pessoal de cada indexador, poderia ser utilizada
para expressar o que Beghtol chama de significados do texto (meanings). O
termo seria utilizado para os significados representativos para um contexto
de análise onde o indexador identifica e seleciona o que é significativo para
seu usuário. Esta categoria deveria ser denominada Síntese do texto. O
leitor-indexador incluiria, além das idéias e emoções expressas no texto pelo
autor, a sua leitura do texto, através de uma síntese que resumiria
informações que poderiam ser úteis aos Leitores.
7 Farewell Margareth Egídia Moreira
123
A categoria Assunto, para os indexadores, realmente é a dimensão que
abriga a palavra mágica, a atinência. Foi possível observar isto durante sua
utilização.
Os objetivos desta pesquisa foram alcançados pelo pesquisador. O processo
de indexação na literatura não ficcional constantemente se apresenta na fala
dos indexadores em comparação com a análise da literatura ficcional. A
demanda de informações por parte dos usuários é freqüentemente lembrada
pelos profissionais. Foi possível descrever, neste trabalho, o processo de
análise de assunto na biblioteca escolar, quando o tema é a literatura infantil.
O uso das “Dimensões da ficção”, as Categorias de Pejtersen, revelou que é
possível aplicar esta metodologia na análise da nossa amiga Literatura
Infantil. Com certeza, um maior conhecimento por parte das categorias pelos
indexadores irá facilitar, no futuro, o emprego deste método. É certo que
estas categorias auxiliam muito o trabalho do leitor-indexador ao tentar
descrever informações num texto tão complexo como o texto literário.
O desafio inicial já foi alcançado, os indexadores que colaboraram com esta
pesquisa provaram a possibilidade positiva de aplicação das categorias. Os
próximos desafios ou adivinhas já estão por vir. O pesquisador espera ter
conquistado, você, Leitor, para refletir sobre o tema.
Se a conquista, uma parceria gerar ... melhor ainda! Nas próximas
pesquisas, com certeza, o pesquisador espera aplicar a metodologia em um
número maior de títulos da nossa amiga Literatura Infantil. Além, é claro, de
esperar que novos pesquisadores continuem a investir no segundo estágio
da indexação, a tradução de conceitos; criando e aplicando linguagem de
indexação.
7 Farewell Margareth Egídia Moreira
124
Para tranqüilizar aqueles, ainda inquietos, com o uso do método e o tempo
gasto na análise de assunto, vai a última reflexão: a análise de assunto na
literatura ficcional infantil, utilizando a metodologia de Pejtersen, pode
parecer algo trabalhoso e extenso. Entretanto, vale recordar que toda esta
análise, a categorização do maior número de elementos presentes ou não
num texto literário, é realizada pelo olhar do leitor-indexador de forma muito
rápida. O profissional tem uma capacidade tão grande de elaborar
estratégias de leitura, adotar ou alterar procedimentos na identificação e
seleção de conceitos, que surpreende os especialistas que tratam as
questões da leitura. E as Categorias de Pejtersen possuem uma vantagem,
todas são independentes umas das outras; os conceitos podem se repetir
em uma ou outra categoria, o que facilita o trabalho do indexador. A
aplicação bem sucedida destas categorias, pelo leitor-indexador, depende
apenas do conhecimento e da prática de uso desta metodologia, além da
sensibilidade do profissional em ler um texto literário. E o pesquisador
desafia aqueles que querem continuar o caminho, lançando um pressuposto:
o uso das “Dimensões da ficção” na literatura ficcional infantil pelos
indexadores, no dia-a-dia das bibliotecas escolares, pode revelar a
praticidade e utilidade do método na análise de assunto.
Vossa a Divinha está lançada! Para este Leitor, ainda, o feijão e o sonho
permanecerão por um bom tempo no meio do caminho. Obrigada pela
companhia!
Referências Margareth Egídia Moreira
125
Referências
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APÊNDICES
Apêndices Margareth Egídia Moreira
133
Apêndice A
Formulário 1 (Leitores)
Data: ____/____/____ Leitor: _________ (código)
Título lido:________________________________________________________________
Autor:____________________________________________________________________
Início:_______h. Término: _______ h. (duração: ____________)
Perfil do Leitor
Identificação Pessoal
Idade: ________ Sexo: ( F ) ( M )
Identificação Escolar
Escolaridade (Série ou Ciclo): ________________________________________
Instituição: ( ) Pública Municipal
( ) Particular
Uso Biblioteca
Freqüência: ( ) Diária ( ) Semanal ( ) Mensal ( ) Outra _________________________
Empréstimo
:
( ) Diário ( ) Semanal ( ) Mensal ( ) Outro ___________________________________
Tipo de material: ( ) Livros literários ( ) Revistas ( ) Paradidáticos
( ) Outros ______________________________________________________________________
Serviços que utiliza
:
( ) Empréstimo ( ) Pesquisa Escolar ( ) Leitura no local ( ) Uso da Internet
( ) Outros ______________________________________________________________________
Preferências Literárias
Tipo de livro que gosta: ____________________________________________________________
Por que? ________________________________________________________________________
Autor de literatura infantil que gosta: _________________________________________________
Por que? ________________________________________________________________________
Título de literatura infantil lido (recente): ______________________________________________
Foi indicação de alguém? (comentário) _______________________________________________
Título de literatura infantil que recomenda:_____________________________________________
Por que? ________________________________________________________________________
Análise do Leitor
Palavras ou frases que expressem o conteúdo do livro lido:
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
Apêndices Margareth Egídia Moreira
134
Apêndice B
Roteiro de Entrevista 1 (Indexadores)
Data: ____/____/____ Início:_______h. Término: _______ h. (duração:________)
Indexador: ______ (código)
Perfil do Indexador
Formação Acadêmica
Graduação: _____________________________________________________ Ano:_____________
Pós-Graduação (especificar área):_____________________________________________________
( ) Especialização ( ) Mestrado ( ) Doutorado
Dados Profissionais
Tipo de instituição: ( ) Pública ( ) Privada
Tempo de exercício na Instituição: ___________________________________________________
Tempo de exercício em bibliotecas escolares:___________________________________________
Tempo de experiência em indexação: _________________________________________________
Atividades que desenvolve na biblioteca: ______________________________________________
_________________________________________________________________________
Preferências Literárias
Tipo de leitura predileta: ( ) Informativa ( ) Literária ( ) Acadêmica e Científica
Outra ( ) _______________________________________________________________________
Autor de literatura infantil que gosta: _________________________________________________
Por que? ________________________________________________________________________
Título de literatura infantil lido (recente): ______________________________________________
Foi indicação de alguém? (comentário): ____________________________________________
Título de literatura infantil que recomenda:_____________________________________________
Por que? _________________________________________________________________
Concepções de Análise de Assunto
1. O que você define como análise de assunto?
2. Quais são os procedimentos seguidos para realizar a análise de assunto de um
documento?
3. Você acha que os procedimentos de análise de assunto da literatura ficcional são
diferentes da literatura não ficcional?
4. Você já fez ou pretende fazer análise de assunto da literatura ficcional? Sente
necessidade ou acha importante essa análise?
Apêndices Margareth Egídia Moreira
135
Apêndice C
Roteiro de Entrevista 2 (Indexadores) - Parte 1
Data: ____/____/____ Início:_______h. Término: _______ h. (duração:__________)
Título 1:
Nosso amigo ventinho
Autor: Ruth Rocha
Indexador: _______ (código)
Parte 1 – Durante a Análise de Assunto da Literatura Ficcional
1. Conhece o título ou o autor?
2. Acredita que precisa realizar algum procedimento diferente para realizar a análise
de assunto?
3. Acha que pode analisar o conteúdo sem a leitura completa do livro?
4. O que está sendo lido para determinar o assunto?
5. O assunto do livro pode ser determinado utilizando seus conhecimentos anteriores
sobre o tema?
6. Quais as dificuldades que está encontrando?
7. Que tipo de orientação ou instrumento de informação você acredita que facilitaria a
sua análise?
8. Que termos você utilizaria para expressar o conteúdo informacional desse livro?
Data: ____/____/____ Início:_______h. Término: _______ h. (duração:__________)
Título 2:
Sua alteza a Divinha
Autor: Ângela Lago
Indexador: _______ (código)
Parte 1 – Durante a Análise de Assunto da Literatura Ficcional
1. Conhece o título ou o autor?
2. Acredita que precisa realizar algum procedimento diferente para realizar a análise
de assunto?
3. Acha que pode analisar o conteúdo sem a leitura completa do livro?
4. O que está sendo lido para determinar o assunto?
5. O assunto do livro pode ser determinado utilizando seus conhecimentos anteriores
sobre o tema?
6. Quais as dificuldades que está encontrando?
7. Que tipo de orientação ou instrumento de informação você acredita que facilitaria a
sua análise?
8. Que termos você utilizaria para expressar o conteúdo informacional desse livro?
Apêndices Margareth Egídia Moreira
136
Data: ____/____/____ Início:_______h. Término: _______ h. (duração:__________)
Título 3:
O homem que amava caixas
Autor: Stephen Michael King
Indexador: _______ (código)
Parte 1 – Durante a Análise de Assunto da Literatura Ficcional
1. Conhece o título ou o autor?
2. Acredita que precisa realizar algum procedimento diferente para realizar a análise
de assunto?
3. Acha que pode analisar o conteúdo sem a leitura completa do livro?
4. O que está sendo lido para determinar o assunto?
5. O assunto do livro pode ser determinado utilizando seus conhecimentos anteriores
sobre o tema?
6. Quais as dificuldades que está encontrando?
7. Que tipo de orientação ou instrumento de informação você acredita que facilitaria a
sua análise?
8. Que termos você utilizaria para expressar o conteúdo informacional desse livro?
Apêndices Margareth Egídia Moreira
137
Apêndice D
Roteiro de Entrevista 2 (Indexadores) - Parte 2
Data: ____/____/____ Início:_______h. Término: _______ h. (duração:_________)
Indexador: ______ (código)
Parte 2 – Depois da Análise de Assunto da Literatura Ficcional
1. Quais as dificuldades encontradas na análise de assunto do Título 1?
2. Quais as dificuldades encontradas na análise de assunto do Título 2?
3. Quais as dificuldades encontradas na análise de assunto do Título 3?
4. Você pensou nos leitores dos livros examinados para determinar o assunto?
5. O que acha da possibilidade de utilizar as categorias de Pejtersen para realizar
determinação de assunto dos livros examinados? (Apresentar antes um quadro
resumo com as categorias de Pejtersen)
6. Estaria disposto (a) a realizar um exercício utilizando as categorias de Pejtersen?
7. O que você achou da análise dos leitores em relação a sua análise (divergências e
convergências)? (Após apresentar o quadro com categorização dos termos
escolhidos pelos leitores para representar o assunto dos livros lidos)
8. Você acha que os procedimentos de análise de assunto da literatura ficcional são
diferentes da literatura não ficcional? (Retomar a pergunta respondida anteriormente
Roteiro Parte 1)
9. Você pretende fazer análise de assunto da literatura ficcional? Sente necessidade
ou acha importante essa análise? (Retomar a pergunta respondida anteriormente
Roteiro Parte 1)
Apêndices Margareth Egídia Moreira
138
Apêndice E
CATEGORIAS DE PEJTERSEN
“Dimensões da Ficção”
Quadro resumo para análise dos indexadores
Dimensão
Descrição da
dimensão
Características específicas de
cada dimensão
Exemplos
1
Assunto
Conteúdo do assunto:
o que trata a história
Ação e curso dos acontecimentos
Desenvolvimento psicológico e
descrição
Relações sociais
Casamento de Emília, Descoberta
de petróleo, O circo, A viagem,
Um dia na escola, Invasão dos
extraterrestres
2
Estrutura/
Cenário
O que é apresentado
no tempo e espaço
pelo autor como
cenário de seu
trabalho
Época (passado, presente, futuro)
Local (geográfico, social,
profissional)
Noite, casa, Belo Horizonte,
quarto, padaria, década de oitenta,
Reino das Águas Claras
3
Intenção do
autor
Idéias e emoções que
o autor expressa para
seus leitores
Experiência emocional
Cognição e informação
Magia, vingança, saudade,
segredo, sonho, descobrimento do
Brasil, infância, divertimento,
telefone, trabalho infantil
4
Acessibilidade
Nível de comunicação:
propriedades que
podem ou não
dificultar a leitura
Capacidade de leitura
Características físicas da obra
Forma literária
Poesia, lenda, fábula, aventura,
brochura, letra cursiva, grafia
pequena, livro de imagens
ilustrações em preto e branco
Fonte: Elaborado por Margareth Egídia Moreira a partir de PEJTERSEN, Annelise Mark. Fiction
and library classification. Scandinavian Public Library Quarterly, n.1, p. 5-12, 1978.
Apêndices Margareth Egídia Moreira
139
Apêndice F
FORMULÁRIO PARA ANÁLISE DO INDEXADOR
(utilizando as Categorias de Pejtersen)
Indexador:
(código)
Nosso amigo ventinho Ruth Rocha
INDEXAÇÃO CATEGORIAS DE PEJTERSEN
Frase
Assunto
Estrutura/
Cenário
Intenção do
autor
Acessibilidade
Termos
Indexador:
(código)
Sua alteza a Divinha Ângela Lago
INDEXAÇÃO CATEGORIAS DE PEJTERSEN
Frase
Assunto
Estrutura/
Cenário
Intenção do
autor
Acessibilidade
Termos
Indexador:
(código)
O homem que amava caixas Stephen Michael King
INDEXAÇÃO CATEGORIAS DE PEJTERSEN
Frase
Assunto
Estrutura/
Cenário
Intenção do
autor
Acessibilidade
Termos
Apêndices Margareth Egídia Moreira
140
Apêndice G
ANÁLISE DAS ENTREVISTAS COM OS LEITORES
(Sistematização utilizando as Categorias de Pejtersen)
Leitores
Nosso amigo ventinho Ruth Rocha
INDEXAÇÃO CATEGORIAS DE PEJTERSEN
Frase Assunto Estrutura/
Cenário
Intenção do
autor
Acessibilidade
“O vento não se importa
que os outros saibam que
ele salvou as pessoas.”
(L01)
“Um livro que fala de um
vento bom e de um ruim.”
(L02)
Amigos
Família
Vento (2)
*
Amizade (2)
Maldade
Piedade
Termos
Amigos, Amizade (2), Família, Maldade, Piedade, Vento (2)
Perfil leitor
Estudantes escolas públicas e particulares. Usuários de Biblioteca.
Faixa etária: 9, 10 e 12 anos
Leitores
Sua alteza a Divinha Ângela Lago
INDEXAÇÃO CATEGORIAS DE PEJTERSEN
Frase Assunto Estrutura/
Cenário
Intenção do
autor
Acessibilidade
“Rainha gostava de
adivinhar coisas até que
ela encontrou um moço
que adivinhou tudo que
ela queria. E ela se casou
com ele.” (L08)
Adivinhações (2)
Cachorro
Princesa (2)
Soldado
Urubus
Vaquinha
Vizinha
Arrogância (2)
Esperteza
Inveja
Termos
Adivinhações (2), Arrogância (2), Cachorro, Esperteza, Inveja,
Princesa (2), Soldado, Urubus, Vaquinha, Vizinha
Perfil leitor
Estudantes escolas públicas e particulares. Usuários de Biblioteca.
Faixa etária: 8 e 11 anos
*
Parênteses ( ) expressam o número de vezes que o termo foi citado.
Apêndices Margareth Egídia Moreira
141
Leitores
O homem que amava caixas Stephen Michael King
INDEXAÇÃO CATEGORIAS DE PEJTERSEN
Frase Assunto Estrutura/
Cenário
Intenção do
autor
Acessibilidade
“O filho do homem amava
ele.” (L03)
“O homem que amava
caixas, com as caixas
demonstrou seu amor pelo
filho.” (L07)
“A história é muito boa,
criativa, calma. O homem
que fazia tudo de caixas
para o filho. Gostava das
coisas que ele fazia para o
filho
.” (L09)
Caixas (2)
Idéias
Aviões
Amor (3)
Amor de filho
Preconceito
Termos
Amor (3), Amor de filho, Aviões, Caixas (2), Idéias
Perfil leitor
Estudantes escolas públicas e particulares. Usuários e não usuários de
Biblioteca. Faixa etária: 8, 10 e 11 anos
Apêndices Margareth Egídia Moreira
142
Apêndice H
LIVROS CITADOS PELOS INDEXADORES
Referências
ALVES, Rubem. Os morangos. 8. ed. São Paulo: Paulus, 2003.
AZEVEDO, Ricardo. Uma velhinha de óculos, chinelos e vestido azul de bolinhas
brancas. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2000.
CUNHA, Léo. Contos de Grin golados. Belo Horizonte: Dimensão, 2005.
ESPESCHIT, Rita. Filhote de fada. Sabará: Dubolsinho, 2002.
FIDALGO, Lúcia. Esse sono que não vêm. São Paulo: Scipione, 2003. (Coleção Dó-
Ré-Mi-Fá).
MACHADO, Ana Maria. Palavras, palavrinhas e palavrões. São Paulo: FTD, [s.d].
QUEIRÓS, Bartolomeu Campos de. Correspondência. 14. ed. Belo Horizonte:
Miguilim, 2001.
Apêndices Margareth Egídia Moreira
143
Apêndice I
LIVROS CITADOS PELOS LEITORES
Referências
ALMEIDA, Lúcia Machado de. O caso da borboleta Atíria. São Paulo: Ática, 1999.
(Coleção Vaga-Lume).
BERNADINO, Adriana (Adap.). Thór: o rapto de Freija. São Paulo: FTD, 1997.
(Coleção Lendas da mitologia).
BUSS, Alcides. A poesia do ABC. 2. ed. Porto Alegre: Mercado Aberto 1991.
(Série O menino poeta).
GRANT, Eva. Eu nunca vou crescer. 8. ed. São Paulo: Ática, 1996. (Coleção
Sempreviva)
O JARDIM de Carlota. Tradução Eugênio Amado. [Belo Horizonte]: Villa Rica,
[s.d.]. (Coleção Arco-Íris II).
JOSÉ, Ganymedes, CARR, Stella. A morte tem sete herdeiros. 2.ed. São Paulo:
Moderna, 2003.(Coleção Veredas).
MEIRELES, Cecília. Isto ou aquilo. 5. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990.
MELO, Marta. O espião de Júpiter. São Paulo: Ática, 1996. (Coleção Barra-
manteiga).
PADULA, Maria. A casa sinistra. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, [200-].
STANISIERE, Inês. A agenda de Carol. 3. ed. Belo Horizonte: Leitura, 2004.
WOOD, Audrey. A casa sonolenta. São Paulo: Ática, 1996. (Coleção Abracadabra).
Apêndices Margareth Egídia Moreira
144
Referências que geram dúvidas (Autoria correta não foi determinada pelos
leitores durante a entrevista):
Festa no céu
CHINDLER, Daniela. (Paulinas)
FERNANDES, Paulo Dias, CANTARA, Sérgio de Jesus. (Edelbra)
MACHADO, Ana Maria. (FTD)
A festa no céu
BRAIDO, Eunice. (FTD)
LAGO, Angela. (Melhoramentos)
PORTO, Cristina. (Moderna)
Sonhos de uma noite de verão
SHAKESPEARE, William. Sonho de uma noite de verão. 21.ed. São Paulo:
Scipione, 2002. 93p. (Adaptação Ana Maria Machado. Coleção Reencontro)
CARRASCO, Walcyr (trad./adap.). Sonho de uma noite de verão. São Paulo:
Global, 2004. 79p. (Coleção Teatro Jovem)
RIBEIRO, Adriana Ribeiro (adap.) Sonho de uma noite de verão. Rideel, 2002.
30p. (Coleção Clássicos Universais)
Apêndices Margareth Egídia Moreira
145
Apêndice J
EXEMPLO DE TRANSCRIÇÃO DE PROTOCOLO VERBAL
Indexador: I02 (Tempo de duração da análise: : 9 min. )
Título 2: Sua alteza a Divinha
Autor: Angela Lago
[Você conhece o título? E o autor?] “Não. A autora, Angela Lago, sim.” (ativação
do conhecimento prévio – Título e autor)
[Lê informações da capa: “Com a amável colaboração de ilustradores anônimos e
antigos.”] (decisão de ler partes do texto – Capa)
“Que singelo! Que bonitinho!” (juízo de valor)
“Vou passar as páginas.” (construção de metas para leitura – Folheio)
“Ex-libris, esse livro pertence à Margareth. Eu acho que esse livro pertence a
alguém, eu não gosto, porque eu acho que um livro tem que ser lido por várias
pessoas. Eu acho interessante pelo próprio formato do livro, você vê que... as
ilustrações tendem a ser algo assim, mais antigo, e citar uma posse assim é...”
(criação de hipótese inicial e juízo de valor)
[Pausa. Começa a ler: “Sua alteza a Divinha. Um conto do nosso folclore contado
por Ângela Lago e a amável colaboração de ilustradores anônimos e antigos.
Editora RHJ.”] (reconhecimento partes importantes – Folha de rosto)
[Acredita que precisa realizar algum procedimento diferente para realizar a análise
de assunto?] “Dependendo do assunto... dependendo do assunto do livro requer
uma pesquisa sobre o assunto do livro. Igual, já está falando aqui: ‘um conto do
nosso folclore’. Mas, que conto seria esse? Então, você, às vezes, você tem que ir
à Internet pesquisar que folclore é esse, para você colocar uma nota do que se
trata esse folclore. Uma nota confiável. Então, às vezes, ele precisa sim. Cada
livro tem que ser olhado de uma maneira. E tem uma necessidade individual de
tratamento. O que eu quero deixar claro é que a literatura infanto-juvenil, ela não
merece uma... uma análise mais superficial. Merece uma análise como todo outro
livro. Às vezes, vários autores têm é... nomes diferentes que precisa ser analisado.
Então, merece sim.” (ativação do conhecimento prévio e necessidade de
busca de informação)
[Você faria uma busca para verificar que conto é esse?] “Bem, primeiro eu teria
que ler o livro, né? Eu vou analisar, aqui, o que fala, alguma coisa haver com o
folclore. Então, eu acho que fala, aqui, um conto de nosso folclore. Já suscita: que
conto?” (criação de hipótese inicial)
Apêndices Margareth Egídia Moreira
146
[Começa a ler o livro: “Era uma vez, uma ‘princesa’ conhecida como sua alteza, a
Divinha. Na época de se casar, a Divinha resolveu o seguinte: Só caso com quem
fizer ‘três’ adivinhações que eu não adivinhe e que adivinhe três que eu fizer. Não
era fácil. E quem não conseguisse, força!”] (leitura em voz alta)
“[Pausa] Aqui, está aparecendo um monte de menino enforcado. E o engraçado é
que a ilustração, ela é bem no meio da escrita, então chama muita atenção.”
(pausa para reflexão – Ilustração)
[Retorna à leitura: “Mesmo assim apareceram quatro pretendentes. Nenhum teve
sucesso. Lá se vão: rei, soldado, capitão, ladrão. Um dia, um ‘rapaz’ que
andava...”] (leitura em voz alta)
“[Pausa] Olha que interessante, a escrita, a ilustração faz com que você vá
completando a frase.” (pausa para reflexão – Observa que a palavra foi
substituída pela imagem)
[Retorna à leitura: “Um livro de orações e por isto era conhecido como Louva-a-
deus, resolveu tentar a sorte. Antes, de mais nada, foi até a vizinha. Avisou que
iria ao palácio logo que o sol raiasse e pediu para ela tomar conta da sua ‘vaca’.”]
(leitura em voz alta)
“Aqui, eu sei que é a Vizinha ou a mulher ficou super contente.” (busca por
correlações e dedução)
[Retorna à leitura: “Tinha...”] (pausa para reflexão)
“Engraçado que o cajado dela ta atrapalhando a letra de baixo.”
[Retorna à leitura: “Tinha certeza que ele ia direto para a forca e que, portanto,
daqui para frente a vaquinha era dela. Mas, lá pelas tantas, a vizinha começou a
cismar que o Louva-a-deus poderia desistir no meio do caminho, voltar para casa
e tomar a vaquinha de volta. Por via das dúvidas, preparou uma bonita rosca
envenenada. E, assim que começou a amanhecer, levou a rosca para o Louva
comer na viagem. O ‘Louva’ desconfiou e, depois da primeira montanha, jogou a
‘rosca’ para um ‘cachorro’. Foi o ‘cachorro’ comer e cair morto. Vieram sete urubus
comer o cachorro morto. E também os sete ‘urubus’ morreram.”] (leitura em voz
alta)
“Pai do céu!” (pausa para reflexão – Interjeição de espanto e/ou admiração)
[Retorna à leitura: “Eta vizinha! Disse ‘Louva’ e continuou o caminho. Depois da
segunda montanha, começou a chover. Para não se molhar muito, Louva-a-deus
se abrigou debaixo de uma árvore e, como queria chegar limpinho, cobriu o chão
com sua manta. Bateu um vento”] (leitura em voz alta)
“Isto para quem está contando história é tão importante, bateu um vento, aí
aparece a letrinha subindo, que te ajuda a dar toda a entonação que você precisa.
Eu volto a falar que eu sou do tipo, que quando eu gosto de um livro, eu leio uma
vez, aí eu volto, eu leio de novo. É igual a um álbum de fotografia, que a gente vê
a primeira vez, rapidinho, depois a gente volta olhando os detalhes. Porque a
curiosidade, às vezes, é muita!” (juízo de valor e reconhecimento de partes
importantes – Destaque tipográfico)
Apêndices Margareth Egídia Moreira
147
[Pausa. Retorna à leitura: “Bateu um vento e caiu, em cima da sua manta, um
ninho com sete ooooooovos”] (leitura em voz alta)
“Um, dois... seis, sete. Interessante!” (busca por correlações)
[Retorna à leitura: “O louva-a-deus estava faminto. Mas detestava ‘ovo’ cru e não
achou com o que fazer fogo. Os gravetos estavam todos molhados. Foi aí que se
lembrou do ‘livro’ de orações. Como não tinha outro jeito, acendeu, com o livro,
uma fogueira. Cozinhou os ovos, comeu, descansou um pouco e continuou o
caminho.”] (leitura em voz alta)
“Interessante como que as ilustrações vão formando... vai completando, né?”
(reconhecimento de partes importantes - Ilustrações)
[Pausa.] (pausa para reflexão)
[Você parou de ler? (Faltavam 11 páginas para terminar a história)]
“Paro de ler porque está demorando muito. Eu estou vendo como que todas as
ilustrações completam o sentido do livro.” (auto-avaliação sobre o conteúdo do
texto)
[Pausa. Quais as dificuldades que você está encontrando?]
“Nenhuma.” (avaliação possibilidade de reconstrução)
[Continua a folhear o livro até a última página] (visão geral do texto – Folheio)
“Eu gosto de ler o final.” (juízo de valor)
[Começa a ler a penúltima página do texto: “Foi assim que o ‘Louva-a-deus’ se
casou com a ‘Divinha’. Para o sossego da corte, ela deixou de ser arrogante e
nunca mais quis saber de adivinhações. Vivem até hoje muito felizes. A Divinha, o
moço bonito do seu coração e a vaquinha. Mas claro! O Louva foi buscar sua
‘vaquinha’. E a ‘vizinha’... caiu dura e roxa de raiva e inveja.”] (leitura em voz alta
e reconhecimento partes importantes – Páginas finais)
“Muito interessante. Mas, a análise de assunto não tem grandes dificuldades.”
(reflexão sobre novas informações)
[Que tipo de orientação ou instrumento de informação, você acredita que facilitaria
a sua análise?] “Bem, é... Como aqui não fala do conto. Eu iria usar, sim, o
recurso de uma Internet. Pesquisar pela editora RHJ, porque geralmente... ou
então, nos catálogos da editora, porque às vezes traz alguma informação do livro,
alguma sugestão. Vou procurar saber qual seria esse conto. Porque olhando,
assim, a primeira vista, superficialmente, não falou o título do conto que se refere.”
(auto-avaliação sobre conteúdo do texto e necessidade de busca de
informação)
[Pausa. Volta a folhear o livro] (testes de novas possibilidades de reconstrução
– Folheio)
[Para na última página do livro, onde está localizado às informações sobre a
edição, revisão, agradecimentos e lê: “A autora agradece a Zenon Lago e a Sérgio
Moreira. As crianças internas na Ala 6 do Hospital da Baleia durante o final de 88
Apêndices Margareth Egídia Moreira
148
e princípio de 89. E a todos os amigos que a ajudaram a contar esta estória.”]
(reconhecimento de partes importantes – Colofão e leitura em voz alta)
“Então, seria isso que eu faria.” (juízo de valor)
[Que termos você utilizaria para expressar o conteúdo informacional desse
livro?]
Literatura infanto-juvenil
.”
[Volta a folhear o livro] (testes das novas possibilidades de reconstrução –
Folheio)
Folclore, conto
.”
[Pausa] (pausa para reflexão)
Aventura, ação
. Isto eu to falando sem nenhum... livre.” (juízo de valor)
[Volta a folhear o livro] (testes das novas possibilidades de reconstrução –
Folheio)
É ilustrado... ilustrações
.”
[Pausa] (pausa para reflexão)
“E, é isso.”
Apêndices Margareth Egídia Moreira
149
Apêndice K
Indexador: I02
Título 2: Sua alteza a Divinha
Autor: Angela Lago
Termos 1ª Análise de assunto: Literatura infanto-juvenil, Folclore, Conto,
Aventura, Ação, Ilustrações
EXERCÍCIO DE ANÁLISE (CATEGORIAS PEJTERSEN)
Categoria Acessibilidade: Sua alteza a Divinha. To voltando a dá uma lida no
livro. E já acho que acessibilidade, seria uma leitura que mereceria um
envolvimento, uma interação... Um envolvimento muito maior do leitor com a
história para o preenchimento das palavras, né? [Uso de imagens para substituir a
grafia no texto] A acessibilidade... Não sei se média, seria uma palavra...” (cita o
título, folheio)
[Pausa. Uma palavra para expressar o entendimento do texto, para a leitura dele?
Você acha que isso deveria estar explícito aí, para a pessoa saber que não seria
qualquer leitor que leria este texto?]
“É. [Pausa] Acessibilidade seria o texto intercalado com desenhos que sugerem o
entendimento da mensagem. [Anota este comentário no formulário, na categoria
acessibilidade, entretanto, substitui a palavra mensagem por história] Eu não sei
se isto seria a palavra – texto intercalado com desenhos que sugerem o
entendimento da história? Acessibilidade é um conto, né? Um conto, aventura,
brochura, ilustrações em preto e branco. Não é branco, seria o quê? [Pausa]
Ilustrações não coloridas. Preto e branco, né? Porque preto e branco quer dizer
que são duas cores só? Ilustrações.” (reflexão)
Categoria Intenção do Autor: “Intenção do autor...” [Pausa] (reflexão)
Termos: [Começa a folhear o livro]
“É. Termos? Eu colocaria Literatura infanto-juvenil em todos eles.” (folheio)
[Pausa. Observa o quadro com as categorias de Pejtersen] “Voltei a olhar as
categorias.” (consulta categorias)
[Você está achando difícil usar as categorias?]
“Não. Como eu te falei, eu li uma vez, superficialmente, mas agora, como as
categorias são mais detalhistas entre aspas, né! A gente acaba tendo que fazer
uma nova leitura.” (uso categorias demanda releitura)
Apêndices Margareth Egídia Moreira
150
Categoria Intenção do Autor: “[Pausa] A intenção do autor fala de... [Pausa] Fala
de... [Pausa] É, como é que eu posso dizer? O orgulho, né! O orgulho da princesa.
Maldade! Esperteza. [Pausa]” (reflexão)
Categoria Assunto: [Volta a folhear o livro] “Assunto... a esperteza... [Pausa] do
Louva-a-deus. Quando eu falo em assunto eu coloco um novo título. Desistir! É
conteúdo do assunto [Volta ao quadro com as categorias de Pejtersen] Aventura
do adivinhador, adivinhador...“ [Anota no formulário na categoria assunto] (folheio,
consulta categorias)
Estrutura/cenário: “Estrutura/cenário, eu voltei a olhar. Parece... Vamos olhar o
que parece. Não tem um cenário, assim, muito definido. Ah! Seria? Montanhas, eu
acho que não tem um cenário definido. Só vê.” [Folheia o livro novamente] “Um
reino... Isso!” [Anota a palavra reino na categoria estrutura/cenário] (folheio)
Frase: “Frase não achei que colocaria...” [Continua a folhear o livro] (folheio)
[Lê a frase da folha de rosto do livro]. ‘Um conto de nosso folclore contado por’ O
que eu achei muito interessante: ‘a amável colaboração de ilustradores anônimos
e antigos.’ Sua alteza a Divinha, a frase: ‘um conto do nosso folclores contado por
Ângela Lago com a amável colaboração de ilustradores anônimos e antigos.’
[Anota este trecho no formulário.] (verifica folha de rosto, leitura voz alta,
extrair trechos para compor frase)
Estrutura/cenário: [Pausa] “Estrutura/cenário... reino.” (reflexão, repetição)
Termos: [Retorna ao formulário, após observar o quadro apresentado com a
análise das entrevistas com os leitores] (consulta termos indicados pelos
leitores)
[Inclui o termo: adivinhações] (adota termo indicado pelos leitores)
[Novamente, após analisar o quadro com as entrevista com os leitores. Inclui o
termo: princesa.] (consulta e adota termos indicados pelos leitores)
RESUMO ANÁLISE DE ASSUNTO – Uso Categorias de Pejtersen
:
Frase: “Um conto do nosso folclore, contado por Angela Lago com a amável
colaboração de ilustradores anônimos e antigos.” [retirado da folha de rosto]
Categoria Assunto: a aventura do adivinhador
Categoria Estrutura/cenário: reino
Categoria Intenção do autor: orgulho, maldade, esperteza
Categoria Acessibilidade: texto intercalado com desenhos que sugerem o
entendimento da história. Conto, ação, aventura, brochura, ilustrações
Termos: literatura infanto-juvenil, adivinhações, princesa [termos em negrito
inclusos após confrontação da análise dos leitores]
Apêndices Margareth Egídia Moreira
151
Apêndice L
ANÁLISE DE ASSUNTO:
PROCEDIMENTOS DOS INDEXADORES EM TEXTOS LITERÁRIOS
Quadro 1 – Procedimentos dos indexadores em textos literários conhecidos
Indexador
Procedimentos executados durante análise de assunto
T.2 T.3
Identifica quem é autor e suas publicações
Identifica título
Manuseia do início ao fim (folheio)
Recorre a experiência própria (conhecimento prévio)
I03, I04
I01, I03
Auto-avaliação sobre o conteúdo do texto I04 I01, I03
Verifica capa, quarta capa e/ou contra capa I03 I01
Construção de metas para leitura
Lê texto completo
I03 I03
Evocação durante a leitura do texto I03
Identifica correlações (palavras, conceitos expressos no texto) I03
Paráfrase por parte do texto I03
Lê partes do texto
Pausa para reflexão
Verifica folha de rosto
Verifica ilustrações
I01
Fonte: Protocolos verbais durante análise de assunto pelo leitor-indexador
Legenda: T.2 Sua alteza a Divinha
T.3 O homem que amava caixas
Apêndices Margareth Egídia Moreira
152
Quadro 2 –
Procedimentos dos indexadores em textos literários desconhecidos
Indexador
Procedimentos executados durante
análise de assunto
T.1
T.2
T.3
Identifica quem é autor e suas publicações
Identifica título
Verifica capa, quarta capa e/ou contracapa
Recorre a experiência própria (conhecimento prévio)
Todos
I01, I02
I02, I04
Construção de metas para leitura
Todos I01, I02
Manuseia do início ao fim (folheio)
Todos I02
Verifica ilustrações
I01, I02, I04 I01, I02 I02
Pausa para reflexão
I01, I02, I03 I01, I02
Identifica ilustrador
I01, I02, I04
Criação de hipótese inicial a partir visão geral (skimming)
I01, I03 I01, I02
Lê partes alternadas do livro
I01, I03 I01
Verifica folha de rosto
Identifica Editora
I02
I02
I02, I04
Lê dedicatória
Lê texto completo
I02, I04
Lê páginas iniciais
I02 I02
Expressa necessidade de consultar instrumento de informação
(Internet, catálogos de editoras, resenhas literárias, resumo)
Verifica final do livro (páginas finais)
Lê páginas finais
I03
I02
Auto-avaliação sobre o conteúdo do texto
I01 I04
Listagem de informações sobre o texto (enumera mentalmente)
I01 I01
Paráfrase de parte do texto
Verifica introdução (constata a inexistência)
Verifica prefácio (constata a inexistência)
I01
Expressa necessidade do uso de vocabulário controlado
I02
Identifica correlações (palavras, conceitos expressos no texto)
Lê agradecimentos
I02
Manuseia após leitura completa (folheio)
Verifica ficha catalográfica
I02
Fonte: Protocolos verbais durante análise de assunto pelo leitor-indexador
Legenda: T.1 Nosso amigo ventinho
T.2 Sua alteza a Divinha
T.3 O homem que amava caixas
Apêndices Margareth Egídia Moreira
153
Quadro 3 –
Procedimentos dos indexadores na análise de assunto da literatura
ficcional infantil
Fonte: Protocolos verbais durante análise de assunto pelo leitor-indexador
Legenda: T.1 Nosso amigo ventinho
T.2 Sua alteza a Divinha
T.3 O homem que amava caixas
Indexador
Procedimentos executados durante
análise de assunto
T.1
T.2
T.3
Identifica quem é autor e suas publicações
Identifica título
Recorre a experiência própria (conhecimento prévio)
Todos
Todos
Todos
Verifica capa, quarta capa e/ou contra capa
Todos I01, I02, I03 I01, I02, I04
Manuseia do início ao fim (folheio)
Todos I02, I03, I04 I01, I03
Construção de metas para leitura
Todos I01, I02, I03 I03
Verifica ilustrações
I01, I02, I04 I01, I02 I01, I02
Pausa para reflexão
I01, I02, I03 I01, I02 I01
Auto-avaliação sobre o conteúdo do texto
I01 I04 I01, I03, I04
Verifica folha de rosto
I02 I02 I01, I02, I04
Lê texto completo
I03 I02, I03, I04
Identifica ilustrador
I01, I02, I04
Identifica editora
I02 I02 I02, I04
Criação de hipótese inicial a partir visão geral (skimming)
I01, I03 I01, I02
Lê partes alternadas do livro
I01, I03 I01
Lê dedicatória
I02, I04
Evocação durante a leitura do texto
I02 I03
Expressa necessidade de consultar instrumento de
informação (Internet, catálogos de editoras, resenhas
literárias, resumo)
Verifica final do livro (páginas finais)
I03
I02
Identifica correlações (palavras, conceitos expressos no
texto)
I02 I03
Paráfrase de parte do texto
I01 I03
Listagem de informações sobre o texto (enumera
mentalmente)
I01 I01
Lê páginas iniciais
I02 I02
Lê partes do texto
I01
Verifica introdução (constata a inexistência)
Verifica prefácio (constata a inexistência)
I01
Expressa necessidade do uso de vocabulário controlado
I02
Lê agradecimentos
I02
Manuseia após leitura completa (folheio)
Verifica ficha catalográfica
I02
Lê páginas finais
I03
Apêndices Margareth Egídia Moreira
154
Apêndice M
RESUMO ANÁLISE DE ASSUNTO: Uso Categorias de Pejtersen
Título 1 – Nosso amigo ventinho
Indexador I01
Frase: -
Categoria Assunto: vento, amizade
Categoria Estrutura/cenário: natureza
Categoria Intenção do autor: informação relacionada aos fenômenos da
natureza
Categoria Acessibilidade: características físicas da obra: capa chamativa,
ilustrações bonitas, tipo de papel
Termos: vento e importância, fenômenos da natureza, amizade
Indexador I02
Frase: -
Categoria Assunto: a boa ação do vento
Categoria Estrutura/cenário: céu, dia, época indefinida
Categoria Intenção do autor: boas ações, amizade
Categoria Acessibilidade: aventura, ilustrações coloridas, letras grandes
Termos: literatura infanto-juvenil
Indexador I03
Frase: Relações entre pessoas e ambiência, humanização da
natureza,importância da cooperação/ajuda para atingir objetivos.
Categoria Assunto: interdependência
Categoria Estrutura/cenário: escola e natureza
Categoria Intenção do autor: dependência entre as pessoas e coisas (sentido
amplo)
Categoria Acessibilidade: conto, ilustração colorida, texto pequeno
Termos: interdependência
Indexador I04
Frase: Importância do vento
Categoria Assunto: literatura infantil - ficção
Categoria Estrutura/cenário: céu, sala de aula
Categoria Intenção do autor: trabalhar a questão da amizade, da ajuda, ser
bonzinho
Categoria Acessibilidade: -
Termos: vento, chuva, amizade
Apêndices Margareth Egídia Moreira
155
RESUMO ANÁLISE DE ASSUNTO – Uso Categorias de Pejtersen
Título 2 - Sua alteza a Divinha
Indexador I01
Frase: -
Categoria Assunto: folclore, adivinhações
Categoria Estrutura/cenário: palácio, nobreza
Categoria Intenção do autor: -
Categoria Acessibilidade: humor, características físicas: ilustração diferente na
cor, tipo de papel. Prêmio literário
Termos: folclore, adivinhações, humor
Indexador I02
Frase: “Um conto do nosso folclore, contado por Angela Lago com a amável
colaboração de ilustradores anônimos e antigos.” [retirado da folha de rosto]
Categoria Assunto: a aventura do adivinhador
Categoria Estrutura/cenário: reino
Categoria Intenção do autor: orgulho, maldade, esperteza
Categoria Acessibilidade: texto intercalado com desenhos que sugerem o
entendimento da história. Conto, ação, aventura, brochura, ilustrações
Termos: literatura infanto-juvenil, adivinhações, princesa [termos em negrito
inclusos após confrontação da análise dos leitores]
Indexador I03
Frase: Lenda humorística com utilização de letras e imagens na construção do
texto.
Categoria Assunto: lenda, folclore
Categoria Estrutura/cenário: reino encantado
Categoria Intenção do autor: fazer rir
Categoria Acessibilidade: texto e imagem se complementando. Texto pequeno
Termos: lenda, folclore
Indexador I04
Frase: Jogo de adivinhas
Categoria Assunto: literatura infantil - adivinhas
Categoria Estrutura/cenário: castelo
Categoria Intenção do autor: lúdica
Categoria Acessibilidade: divertimento
Termos: adivinhas
Apêndices Margareth Egídia Moreira
156
RESUMO ANÁLISE DE ASSUNTO – Uso Categorias de Pejtersen
Título 3 – O homem que amava caixas
Indexador I01
Frase: -
Categoria Assunto: relações afetivas, emoções
Categoria Estrutura/cenário: -
Categoria Intenção do autor: afetividade
Categoria Acessibilidade: características físicas da obra: tamanho da letra
(médio), extensão do texto (pouco), ilustrações interessantes
Termos: brinquedos e confecção, amor pai e filho, afetividade
Indexador I02
Frase: “Este livro, delicadamente explora a complexidade das emoções
envolvidas quando se ama alguém, e mostra que, às vezes, o amor pode ser
demonstrado através de atos e não de palavras.” [retirado da quarta capa]
Categoria Assunto: amor pai e filho
Categoria Estrutura/cenário: ambiente ao ar livre e dentro de casa
Categoria Intenção do autor: relacionamento pais e filho, cumplicidade
Categoria Acessibilidade: ilustrações grandes e bem feitas. Muitas imagens,
frases curtas, brochura
Termos: literatura infanto-juvenil, aviões, caixas, mar, pipa [termos em negrito
inclusos após confrontação da análise dos leitores]
Indexador I03
Frase: Mostrar que as pessoas demonstram seus sentimentos de formas
diferentes e a importância de seu ‘olhar’ aos outros com mais atenção e menos
crítica.
Categoria Assunto: relações humanas
Categoria Estrutura/cenário: imaginado, baseado na história
Categoria Intenção do autor: mostrar que se deve observar os/cuidar dos atos
(ações) para se perceber o outro e não só a fala
Categoria Acessibilidade: ilustração colorida, texto curtíssimo (mensagem
telegráfica)
Termos: inter-relações humanas, relação pai-filho
Indexador I04
Frase: Dificuldade de demonstrar os sentimentos
Categoria Assunto: literatura infantil - sentimentos
Categoria Estrutura/cenário: casa
Categoria Intenção do autor: mostrar que existem várias formas de demonstrar
amor
Categoria Acessibilidade: -
Termos: sentimentos, amor, emoções
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