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OESP, em 25 de agosto de 1946, foram signatários de uma matéria publicitária, em que
decidiram, além de aumentar o preço do espaço publicitário, iniciar a cobrança dos
anúncios por centímetros de coluna, com distintos preços nas diferentes páginas e nos
diferentes dias da semana,
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ou seja, o jornal passava a ser entendido como um produto
comercial e, assim, deveria procurar soluções alheias a favores e humores do governo
ou, até mesmo, de grupos políticos.
É importante concluir que a partir da década de 1940, a imprensa brasileira,
pouco a pouco, pôde contar com estrutura específica, parque gráfico, plano de produção,
e circulação e as relações dos jornais com os leitores passaram a se alterar à medida que
o econômico ganhou uma dimensão principal na imprensa brasileira. Dessa forma, os
jornais começaram a adquirir algumas feições industriais e empresariais. Entendemos
que a introdução de novas técnicas jornalísticas, a divisão interna do trabalho e a
profissionalização da atividade jornalística estavam inseridas num amplo processo de
transformações que não podem ser entendidas de forma desconexa do âmbito político,
econômico e social, e muito menos como uma transformação ocorrida de forma abrupta
ou implementada individualmente ou por empresas isoladas, mas, sim, devem ser
relacionadas a um conjunto de relações entre empresas jornalísticas, jornalistas e demais
agentes do meio jornalístico e político, situados em um universo permeado de relações
objetivas entre os integrantes do campo que lutam entre si pela busca de fatias de
mercado, pela conquista da credibilidade e, conseqüentemente, pela elevação de suas
posições dentro do campo jornalístico.
As transformações vivenciadas pela imprensa na década de 1940 não se
processaram isoladamente, mas ocorreram de forma coletiva, uma vez que a produção
jornalística começou a ser realizada em grupo, e, muitas vezes, só a ordem das notícias
se alterava. Além dessa reprodução do ponto de vista técnico e econômico, a imprensa
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O Estado de S. Paulo 25/08/46. De acordo com matéria publicada em Agosto de 1946 os preços
publicitários eram os seguintes: 1º e última página nos dias úteis custava Cr$ 120,00 em dias úteis e Cr$
150,00 aos domingos. A 2º pagina Cr$ 40,00 nos dias úteis e Cr$ 48,00 aos domingos. A 3º página Cr$
72,00 e Cr$ 87,00 aos domingos. A 5º página custava Cr$ 42,00 nos dias úteis e Cr$ 50,00 aos domingos,
a 7º página Cr$ 37,00 e Cr$ 44,00. Alám disso, havia preços exclusivos para a Seção feminina às sextas-
feiras custava Cr$ 36,00, 4º página, noticias diversas e esportes Cr$ 36,00 dias semanais e Cr$ 43,00,
anúncios fúnebres Cr$ 26,00 dias úteis e Cr$ 34,00 aos domingos. As partes comerciais, editais, seção
livre e declarações Cr$ 24,00 dias úteis e Cr$ 31,00 aos domingos. Cinemas, teatros, leiloem e vapores
Cr$ 13,00 dias úteis e Cr$ 17,00 aos domingos, e por fim, anúncios de classificados Cr$ 17,00 dias úteis e
Cr$ 20,00 aos domingos. Vale destacar que, neste mesmo dia na 8º página o Diário de S. Paulo, Folha da
Manhã e Correio Paulistano publicaram este mesmo reajuste de preços em suas páginas.