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acarretam um decréscimo líquido na taxa de transporte de elétrons através do fotossistema
II (FSII), e um forte incremento na taxa de giro de D
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, o principal polipeptídio dos centros
de reação do FSII (Malkin & Niyogi, 2000). Não obstante, em função da arquitetura da
copa do cafeeiro, a fotoinibição, quando manifestada, deve concentrar-se na folhagem mais
periférica (Chaves et al., 2008). Registre-se que, em cafezais adultos, a transmitância da
irradiância incidente, da parte superior da copa ao solo, pode atingir proporções muito
baixas, da ordem de 4% (Cannell, 1985), ou mesmo menos (DaMatta, 2004).
Apesar de a grande maioria dos trabalhos indicar que o cafeeiro exibe folhas com
características de sombra, sua fotossíntese pode ser maior a pleno sol que à sombra, desde
que a abertura estomática não seja limitante (DaMatta & Rena, 2002). Na maioria dos
trabalhos em que se observa maior taxa de fotossíntese líquida (A) à sombra que a pleno
sol, menor condutância estomática (g
s
) para folhas expostas parece explicar, pelo menos em
parte, essas observações (e.g. Kumar & Tieszen, 1980; Paiva et al., 2001; Freitas et al.,
2003). Em todo caso, sob condições não-estressantes, o cafeeiro pode exibir outras
características indicativas de aclimatação/adaptação a altas irradiâncias. Sob alta
disponibilidade lumínica, observa-se, comumente, redução da área foliar específica (AFE),
aumento da espessura da cutícula, incrementos na densidade estomática, cloroplastos com
menos grana e menos tilacóides por granum (Fahl et al., 1994) e reversão da fotoinibição
relativamente rápida (DaMatta & Maestri, 1997), todas características adaptativas à plena
irradiância. Por outro lado, em estudos recentes conduzidos em Viçosa, observou-se que,
apesar de o cafeeiro ser capaz de alterar a absorção da energia radiante, mediante a
alteração do ângulo foliar, outras adaptações comuns a baixas irradiâncias (e.g. aumento na
concentração de clorofilas por unidade de massa e na razão clorofila/N, e redução na razão
clorofila a/b) não foram verificadas, demonstrando que a espécie poderia ter baixa
capacidade de aclimatação a ambientes com reduzida disponibilidade de luz, ainda que
tenha evoluído em ambientes sombreados (Dias, 2006; Araújo et al., 2008; Chaves et al.,
2008). As diferenças relativamente pequenas na magnitude das trocas gasosas, da
concentração de pigmentos fotossintéticos, da fotoinibição e da capacidade antioxidante,
aliadas à ocorrência de danos celulares discretos e em extensão muito similar entre folhas
de plantas a pleno sol e sob sombra sugerem que o cafeeiro tenha uma plasticidade