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VALIDAÇÃO E REPRODUTIBILIDADE DE
QUESTIONÁRIOS DE QUALIDADE DE VIDA
ESPECÍFICOS PARA CÂNCER DE MAMA
FERNANDA ALESSANDRA SILVA
Dissertação apresentada à Fundação Antônio
Prudente para obtenção do título de Mestre
em Ciências
Área de concentração: Oncologia
Orientadora: Prof. Dra. Maria do Rosário Dias
de Oliveira Latorre
Co-orientadora: Dra. Maria do Socorro Maciel
São Paulo
2008
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FICHA CATALOGRÁFICA
Preparada pela Biblioteca da Fundação Antônio Prudente
Silva, Fernanda Alessandra
Validação e reprodutibilidade de questionários de qualidade de
vida específicos para câncer de mama/ Fernanda Alessandra Silva –
São Paulo, 2008.
126p.
Dissertação (Mestrado)-Fundação Antônio Prudente.
Curso de Pós-Graduação em Ciências - Área de concentração:
Oncologia.
Orientadora: Maria do Rosário Dias de Oliveira Latorre
Descritores: 1. CÂNCER DE MAMA. 2. QUALIDADE DE VIDA. 3.
QUESTIONÁRIOS/métodos. 4. REPRODUTIBILIDADE DOS
RESULTADOS.
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Financiamento de Bolsa de Mestrado
Fundação de Amparo à Pesquisa do estado de São Paulo
Processo n°: 2006/57843-6
“Se eu tivesse mais alma pra dar, eu daria. Isso pra mim é viver...
Djavan
Gustavo te dedico este
trabalho e a minha vida....
AGRADECIMENTOS
À minha querida orientadora Prof. Dra. Maria do Rosário Dias de Oliveira
Latorre, que durante este período foi muito mais do que orientadora, foi amiga, mãe e
conselheira. Obrigada por confiar na minha capacidade até quando eu não acreditei,
por compreender meus medos e ansiedades, obrigada por tantos ensinamentos! Te
admiro muito!
Aos meus pais, Luci e Olucires, pelo o amor, apoio e compreensão em todos
os momentos da minha vida. Sei o quanto foi doloroso a minha saída de casa, mas
vocês nunca deixaram de me incentivar e me lembrar que este era o meu caminho e
que independente da onde eu estivesse vocês estariam ao meu lado. Amo vocês!
Às minhas amadas irmãs, ia e Cris, pelo incansável suporte emocional, por
entender a distância e a ausência, pelo incentivo e por sempre me esperarem de
braços abertos! Sem vocês eu não teria conseguido! Meus cunhados e amigos, Sandro
e Fábio, pela torcida e pelo carinho! Amo vocês! Meu pequeno príncipe Gui, cada
palavra de carinho sua é uma felicidade sem tamanho, me sinto tão ausente enquanto
queria aproveitar cada passo seu, nunca vou desistir de me fazer presente.
À minha família de São Paulo.... meus amados Mano e Vanessa, nunca vou
ser capaz de agradecer por tudo que vocês fizeram por mim, sem a mão de vocês
definitivamente eu não estaria aqui. Obrigada pelas conversas, pelos conselhos, pelo
carinho, pela compreensão, pelo amor, pela amizade, pelos cuidados, pelas
gargalhadas e pelo meu cantinho na casa de vocês! Serei eternamente grata! Gutinha,
minha sobrinha linda, por sempre me tratar com tanto carinho como sua irmã mais
velha e por me receber na sua casa como se eu fosse realmente parte dela.
Ao amor da minha vida, Gustavo, companheiro em todos os sentidos. Obrigada
por nunca ter me deixado baixar a cabeça, por me segurar nos momentos que achei
que não fosse conseguir, por me tratar como uma princesa, por estar presente em
todos os momentos, por entender meus choros, meus nervosismos, minhas longas
horas de estudos... obrigada pela proteção e infinita compreensão... te amo pra sempre!
Essa vitória também é sua!
Meus sogros, Luiza e Augustino, por me tratarem como filha, por me
receberem na casa de vocês com tanto amor e carinho, pela ajuda, pelo incentivo, por
tantos cuidados e agrados! À Raquel e Ciro, obrigada pela torcida, pelo carinho e pela
minha sobrinha amada Olívia que está chegando!
À minha grande amiga Aline por estar ao meu lado em cada passo desta
jornada, me ajudando a retirar cada pedrinha! À Stela pelos sábios ensinamentos e
pela verdadeira amizade de todas as horas. À querida Vivi pelas longas conversas, ao
Alexandre pela amizade, a Lu por me ensinar vários pontos deste trabalho e por estar
sempre disposta a ajudar! Aos meus amigos da salinha: Carmen, Marcinha, Susana,
Tati, Neuber, Shamyr, Fê e Maria por me fazerem sentir em casa.
À querida Karina Ribeiro que com sua inteligência me ensina muito e com seu
jeito alegre de ser, deixa tudo em volta mais feliz! Obrigada por tudo!
Às minhas eternas amigas Barbereta, Fran e Mi, por estarem sempre
presentes e por me fazerem sentir amada mesmo longe! Às minhas amigas de infância
Cris e Marina, sei que posso contar com vocês independente da onde eu estiver!
Aos amigos do Gu, por me adotaram como amiga, nunca esquecerei tanto
carinho: Luiz, Xupeta e Renato. E especialmente Gnomo e Babou pelos conselhos,
pelo apoio e pela amizade!
Ao meu amigo Luís, por tantas caronas, pela amizade, pelos momentos de
estudo! Aos meus colegas de mestrado do AC Camargo por tornar tudo mais leve.
Ao grupo do Registro de Câncer, principalmente a Aryane, Lucinda e Rita, por
me darem um voto de confiança e acreditarem na minha capacidade! À querida Bete
por resolver todos os problemas imagináveis!
Ao Ambulatório de Mastologia, em especial ao Dr. Mourão, Dr. Juan, Dr.
Hirofumi, Dra. Fabiana, Dra. Solange, Pâmela, Érica, Néia, Fê, Adriana e Kelly e a
minha querida co-orientadora Dra. Socorro.
À Suely, Rose, Francyne, Èrica e Priscila da biblioteca por me ajudar em
tantos momentos. À Ana e Luciana pelo suporte em todo o período.
Obrigada aos meus professores por tantos ensinamentos e desafios. Obrigada
a FAPESP pelo apoio e ao hospital AC Camargo pela oportunidade. Às pacientes
queridas que aceitaram participar deste estudo com tanta boa vontade.
E finalmente, obrigada Deus por mais uma etapa finalizada!
RESUMO
Silva FA. Validação e reprodutibilidade de questionários de qualidade
de vida específicos para câncer de mama. São Paulo; 2008. [Dissertação
de Mestrado-Fundação Antônio Prudente].
OBJETIVOS: Validar e analisar a reprodutibilidade de 3 questionários
existentes na literatura, a saber: EORTC-C30/EORTC-BR23, FACT-B+4 e
IBCSG e avaliar a compreensão, preferência e aceitação dos mesmos.
METODOLOGIA: O estudo foi realizado no Ambulatório de Mastologia do
Hospital do Câncer AC Camargo São Paulo. Foram analisadas 100
mulheres com diagnóstico de câncer de mama, em qualquer estádio da
doença. Para cada questionário foi analisada a consistência interna (alpha
de Cronbach), feita a análise fatorial confirmatória, a validade convergente
(coeficiente de correlação de Pearson com os domínios do questionário SF-
36), a validade de constructo (comparação das médias dos escores segundo
presença ou ausência de linfedema) e analisado o grau de compreensão dos
mesmos. A reprodutibilidade foi verificada após 2 semanas e foi analisada
através da comparação de dias (Wilcoxon), do coeficiente de correlação
intra-classe e de gráficos de Bland-Altman. RESULTADOS: As escalas bem-
estar físico e de sintomas dos questionários FACT-B+4 e EORTC-BR23,
respectivamente, apresentaram valor de alpha de Cronbach 0,83. Nenhuma
das escalas apresentou confirmação de 100% das questões, mas a que
explicou a maior porcentagem de variância foi a escala sobre preocupações
adicionais com o câncer, do questionário FACT-B+4. A maioria das escalas
apresentou correlação significativa com os domínios do SF-36 e foi capaz de
discriminar entre os grupos com e sem linfedema (com exceção da escala
de sintomas do EORTC-C30 e do EORTC-BR23). Quase 100% da amostra
deu nota máxima de compreensão para o EORTC-BR23 e FACT-B+4.
Quanto ao tempo de preenchimento o questionário IBCSG apresentou
menor média (1,75 min.). Todos os questionários apresentaram bons índices
de reprodutibilidade, com exceção da escala funcional do EORTC-C30 e da
escala de sintomas do EORTC-BR23. CONCLUSÕES: O questionário
FACT-B+4 apresentou melhores parâmetros de validade, reprodutibilidade e
compreensão. Este questionário avalia os domínios bem-estar físico,
familiar, emocional, funcional, preocupações adicionais (câncer de mama e
braço) e, por isso, leva mais tempo para seu preenchimento (5,6 minutos).
Para a escolha do melhor questionário a ser aplicado, o investigador deve
considerar quais aspectos pretender avaliar.
SUMMARY
Silva, FA. [Validation and reproducibility of quality of life questionnaires
specific for breast cancer]. São Paulo; 2008. [Master Degree Dissertation-
Fundação Antônio Prudente].
Objectives: To validate and to analyze the reproducibility of 3 questionnaires
which evaluate quality of life on patients with breast cancer (IBCSG, EORTC-
C30/EORTC-BR23 and FACT-B+4). Also to evaluate the understanding,
preference and acceptance of these instruments. Methods: The
questionnaires were answered by 100 female breast cancer patients (any
clinical stage), who were attending the Mastology Clinic of the Hospital AC
Camargo (São Paulo Brazil), aged between 18 and 70 years. The
analysis was done using Cronbach’s alpha, confirmatory factorial analysis,
Pearson correlation coefficient with dimensions of SF-36 questionnaire
(convergent validity) and Mann-Whitney test (comparison of the means of the
scores in patients with or without lymphedema). The evaluation of
understanding was done for all the 3 questionnaires. The reliability was
verified after 2 weeks and the analysis was done using Wilcoxon test,
intraclass correlation coefficient and the Bland-Altman graphics. Results: All
scales showed a good internal consistency. The physical well-being and
symptoms subscales of the FACT-B+4 and EORTC-BR23, respectively,
demonstrated a Cronbach’s alpha coefficient of 0.83. None of the
questionnaires had 100% confirmation. One of the subscales of the FACT-
B+4 explained the highest percentage of the variance. Most of the subscales
had significant correlation with SF-36, and also showed differences between
the means for patients with and without lymphedema (except for the
symptoms subscale of EORTC-C30 and EORTC-BR23) . The EORTC-C30
and FACT-B+4 were well understood by the patients. The IBCSG took less
time to be fulfilled (1.75 minutes). All subscales had good reliability, except
for the functional subscale of EORTC-C30 and the symptoms subscale of
EORTC-BR23. Conclusions: The FACT-B+4 questionnaire demonstrated
the best values for validity, reliability and understanding. This questionnaire
assesses 5 subscales (Physical Well-Being, Functional Well-Being,
Social/Family Well-Being, Emotional Well-Being, and Additional Concerns)
and, consequently, it has presented the highest mean time for answering (5.6
minutes). The choice of the most adequate questionnaire relies on the
particular aspects the researcher intends to evaluate.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1
Comparação dos casos mais comuns de câncer em países
desenvolvidos e em desenvolvimento em 2000.......................
2
Figura 2
Cálculo da escala do questionário IBCSG............................... 23
Figura 3
Escala verbal-numérica para analisar grau de entendimento.. 35
Figura 4
Médias e respectivos intervalos de 95% de confiança do
grau de entendimentos dos questionários IBCSG, EORTC-
C30, EORTC-BR23 e FACT-B+4............................................. 78
Figura 5
Médias e respectivos intervalos de 95% de confiança do
tempo (em minutos) de preenchimento dos questionários
IBCSG EORTC-C30, EORTC-BR23 e FACT-B+4...................
80
Figura 6
Médias e respectivos intervalos de 95% de confiança dos
questionários IBCSG, EORTC-C30, EORTC-BR23 e FACT-
B+4 nos momentos 1 e 2......................................................... 83
Figura 7
Diagrama de dispersão dos questionários, nos dois
momentos (teste-reteste).........................................................
84
Figura 8
Gráficos Bland-Altman para os questionários IBCSG,
EORTC-C30, EORTC-BR23, FACT-B+4 e seus domínios
escalas, nos momentos 1 e 2...................................................
85
LISTA DE TABELAS
Tabela 1
Número e porcentagem de mulheres segundo as
características sócio-demográficas........................................ 44
Tabela 2
Número e porcentagem de mulheres segundo as
características clínicas............................................................ 46
Tabela 3
Estatísticas descritivas das perguntas do questionário de
qualidade de vida IBCSG....................................................... 48
Tabela 4
Número e porcentagem de pacientes, segundo as questões
que compõem a escala Saúde Global, do questionário
EORTC-C30........................................................................... 49
Tabela 5
Número e porcentagem de pacientes, segundo as questões
que compõem a escala Funcional, do questionário EORTC-
C30.......................................................................................... 50
Tabela 6
Número e porcentagem de pacientes, segundo as questões
que compõem a escala Sintomas, do questionário EORTC-
C30
51
Tabela 7
Análise descritiva e consistência interna das escalas do
questionário de qualidade de vida EORTC-C30 52
Tabela 8
Resultados da análise fatorial confirmatória dos domínios do
questionário de qualidade de vida EORTC-C30..................... 53
Tabela 9
Número e porcentagem de pacientes, segundo as questões
que compõem a escala funcional o questionário EORTC
BR23........................................................................................ 55
Tabela 10
Número e porcentagem de pacientes, segundo as questões
que compõem a escala se sintomas do questionário EORTC
– BR23..................................................................................... 56
Tabela 11
Análise descritiva e consistência interna das escalas do
questionário de qualidade de vida EORTC-BR23................... 57
Tabela 12
Resultados da análise fatorial confirmatória dos domínios do
questionário de qualidade de vida EORTC-BR23................... 58
Tabela 13
Número e porcentagem de pacientes, segundo as questões
que compõem o Domínio Bem-estar Físico, do questionário
FACT-B+4...............................................................................
59
Tabela 14
Número e porcentagem de pacientes, segundo as questões
que compõem o Domínio Bem-estar Familiar, do
questionário FACT-B+4........................................................... 60
Tabela 15
Número e porcentagem de pacientes, segundo as questões
que compõem o Domínio Bem-estar Emocional, do
questionário FACT-B+4...........................................................
61
Tabela 16
Número e porcentagem de pacientes, segundo as questões
que compõem o Domínio Bem-estar Funcional, do
questionário FACT-B+4........................................................... 62
Tabela 17
Número e porcentagem de pacientes, segundo as questões
que compõem o Domínio de Preocupações Adicionais
Câncer de Mama, do questionário FACT-B+4........................ 63
Tabela 18
Número e porcentagem de pacientes, segundo as questões
que compõem o Domínio de Preocupações Adicionais
Braço, do questionário FACT-B+4..........................................
64
Tabela 19
Análise descritiva e consistência interna do questionário
FACT-B+4............................................................................... 65
Tabela 20
Resultados da análise fatorial confirmatória dos domínios do
questionário de qualidade de vida FACT-B+4......................... 67
Tabela 21
Comparação de médias dos questionários/escalas no
momento 1 em relação à categoria presença ou ausência de
linfedema..................................................................................
70
Tabela 22 Coeficiente de correlação de Spearman (r) entre os
questionários e o SF-36...........................................................
72
Tabela 23
Número de pacientes, segundo o grau de entendimento de
cada questão do questionário IBCSG......................................
74
Tabela 24
Número de pacientes, segundo o grau de entendimento de
cada questão do questionário EORTC-C30............................
75
Tabela 25
Número de pacientes, segundo o grau de entendimento de
cada questão do questionário EORTC-BR23..........................
76
Tabela 26
Número de pacientes, segundo o grau de entendimento de
cada questão do questionário FACT-B+4................................
77
Tabela 27
Estatística descritiva do grau de entendimento dos
questionários IBCSG, EORTC C-30, EORTC BR-23 e FACT-
B+4...........................................................................................
78
Tabela 28
Estatística descritiva do tempo de preenchimento (em
minutos) dos questionários IBCSG, EORTC C-30, EORTC
BR-23 e FACT-B+4.................................................................. 79
Tabela 29
Comparação das médias nos momentos 1 e 2 das
escalas/domínios dos questionário IBCSG, EORTC-C30,
EORTC-BR23 e FACT-B+4 e os coeficientes de correlação
intra-classe (r
icc
) ...................................................................... 82
LISTA DE QUADROS
Quadro 1
Fórmulas para o cálculo dos escores do questionário
EORTC- C30......................................................................... 26
Quadro 2
Escalas do questionário EORTC-BR23................................ 27
Quadro 3
Fórmulas para o cálculo dos escores do questionário
EORTC- BR23....................................................................... 29
Quadro 4
Fórmulas para o cálculo dos escores do questionário FACT-
B+4.............................................................................. 32
Quadro 5
Fórmulas para o cálculo dos escores do questionário SF-
36............................................................................................ 34
Quadro 6
Características sócio-demográficas e clínicas das
pacientes.................................................................................
36
Quadro 7
Variáveis dos questionários de qualidade de vida e da
escala análogo-visual............................................................. 37
Quadro 8
Resumo da análise fatorial, consistência interna, validade
de constructo, validade convergente, média de
entendimento dos questionários e das questões, tempo
médio e reprodutibilidade dos questionários. ........................ 88
ÍNDICE
1 INTRODUÇÃO 1
1.1 Epidemiologia do câncer de mama 3
1.1.1 Sobrevida 9
1.2 Qualidade de vida e questionários de qualidade de vida
específicos para câncer de mama
10
2 OBJETIVOS 18
3 MATERIAL E MÉTODOS 19
3.1 Casuística 19
3.2 Metodologia 20
3.2.1 Instrumentos Utilizados no Trabalho de Coleta de Dados 22
3.3 Tempo de preenchimento 35
3.4 Variáveis de estudo 36
3.5 Análise de dados 37
3.5.1 Caracterização da amostra 37
3.5.2 Equivalência de mensuração 37
3.6 Programas de computador (softwares) 41
3.7 Aspectos éticos 42
4 RESULTADOS 43
4.1 Caracterização da amostra 43
4.2 Questionário de qualidade de vida - IBCSG-QL International
Breast Cancer Study Group 47
4.2.1 Descrição das questões 47
4.3 Questionário de qualidade de vida - EORTC-C30 European
Organization for Research and Treatment of Cancer
49
4.3.1 Descrição das questões 49
4.3.2 Análise fatorial confirmatória 52
4.4 Questionário de qualidade de vida - EORTC-BR23 European
Organization for Research and Treatment of Cancer 54
4.4.1 Descrição do questionário e análise da consistência interna 54
4.4.2 Análise fatorial confirmatória 57
4.5 Questionário de qualidade de vida - FACT-B+4 Functional
Assessment of Cancer Therapy – Breast Plus Arm Morbity 59
4.5.1 Descrição do questionário e análise da consistência interna 59
4.5.2 Análise fatorial confirmatória 65
4.6 Validade de construct 69
4.7 Validade convergente 70
4.8 Avaliação do grau de entendimento das questões e dos
questionários 73
4.8.1 Grau de entendimento das questões 73
4.8.2 Grau de entendimento dos questionários 78
4.9 Tempo de preenchimento dos questionários 79
4.10 Reprodutibilidade 80
4.11 Escolha do melhor questionário 86
5 DISCUSSÃO 89
5.1 IBCSG International Breast Cancer Study Group - Quality of
Life Questionnaire
93
5.2 EORTC-C30/EORTC-BR23 European Organization for
Reseach and Treatment of Cancer
95
5.3 FACT-B+4 - Functional Assessment of Cancer Therapy Breast
Plus Arm Morbity 102
5.4 Comparação dos Questionários 105
6 CONCLUSÕES 112
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 114
ANEXOS
Anexo 1 –Termo de consentimento livre esclarecido
Anexo 2 – Entrevista - Dados demográficos e estilo de vida
Anexo 3 – Questionário IBCSG
Anexo 4 – Questionários EORTC-C30 e EORTC-BR23
Anexo 5 – Questionário FACT-B+4
Anexo 6 – Questionário SF– 36
Anexo 7 – Cálculo dos escores do questionário EORTC-C30
Anexo 8 – Cálculo dos escores do questionário EORTC-BR23
Anexo 9 – Cálculo dos escores do questionário FACT-B+4
Anexo 10 – Análise do grau de entendimento
Anexo 11 – Carta de autorização do Comitê de Ética em Pesquisa.
1
1 INTRODUÇÃO
O câncer é uma doença caracterizada pelo desenvolvimento de
células que perdem sua capacidade de crescimento normal e, assim, sofrem
multiplicação e proliferam desordenadamente, no local e/ou à distância. O
número de casos de neoplasias malignas vem aumentando e isto pode ser
atribuído à urbanização, ao incremento na expectativa de vida e à melhoria
nas técnicas diagnósticas ((PARKIN et al. 2003).
A carcinogênese é um processo complexo que se desenvolve em
múltiplas etapas, compreendendo, basicamente, indução, promoção,
transformação e progressão tumoral. A indução envolve ação direta de
carcinógenos sobre o DNA ocasionando mutações e alterações da
expressão de genes. Nas fases de promoção e transformação, os clones
celulares sofrem múltiplas alterações genéticas e epigenéticas. Uma
significativa parte da história natural da doença, que pode durar cerca de 30
anos, ocorre de maneira subclínica (KOWALSKI et al. 2006).
Segundo LIU e ROBINS (2006), as neoplasias são mais freqüentes
nos muito jovens ou nos mais idosos, mas, em geral, a incidência de câncer
aumenta com a idade. Além disso, a incidência de determinados cânceres
também aumenta com a exposição a agentes carcinogênicos como fumaça
de cigarro, compostos químicos e radiação. Outros fatores ambientais
também têm seu papel, visto que a prevalência de certos tipos de câncer
varia de país para país.
2
De acordo com os dados de STEWART e KLEIHUES (2003). no ano
de 2000, 5,3 milhões de homens e 4,7 milhões de mulheres desenvolveram
tumores malignos e 6,2 milhões de pessoas morreram por câncer. Isto
representa um aumento de, aproximadamente, 19% na incidência e 18% na
mortalidade desde 1990. Ainda, os mesmos autores demonstram que, em
termos de incidência, os tipos de câncer mais comuns no mundo (excluindo
câncer de pele não melanoma) são os de pulmão (12,3% de todos os
cânceres), mama (10,4%) e colorretal (9,4%).
Nos países desenvolvidos os cânceres que mais atingem os homens
são os cânceres de pulmão, próstata e colorretal e, nos países em
desenvolvimento, pulmão, estômago e fígado. Já para as mulheres, nos
países desenvolvidos, os cânceres de mama, colorretal e pulmão são os
mais freqüentes e, nos países em desenvolvimento, o câncer de mama
seguindo do câncer de colo de útero e câncer de estômago (Figura 1).
Fonte: STEWART e KLEIHUES (2003).
Figura 1 - Comparação dos casos mais comuns de câncer em países
desenvolvidos e em desenvolvimento em 2000.
3
De acordo com os dados do Registro de Câncer de Base
Populacional de São Paulo, em 2004 foram diagnosticados 40.178 novos
casos de câncer, sendo, 19.131 para o sexo masculino e 21.047 para o
feminino (MIRRA et al. 2007).
Segundo os dados do Banco de Dados do Sistema Único de Saúde-
DATASUS, em 2005, ocorreram 147.418 óbitos por câncer no Brasil, sendo
74.557 na região sudeste e 40.986 no estado de São Paulo (Ministério da
Saúde 2008)
No Brasil, desde 1930, o câncer se destaca como causa básica de
morte e sua participação relativa subiu de 2,7% dos óbitos em 1930 (MIRRA
et al. 2003) para 14,7% em 2005 (DATASUS), sendo superado, apenas,
pelas doenças cardiovasculares (28,2%).
1.1 EPIDEMIOLOGIA DO CÂNCER DE MAMA
De acordo com os dados do World Cancer Report (STEWART E
KLEIHUES 2003), anualmente são estimados mais de 1.050.000 novos
casos de câncer de mama, sendo que destes, 580.000 ocorrerão em países
desenvolvidos. Segundo PERRY et al. (2007), a cada ano, mais de 1,1
milhões de mulheres no mundo são diagnosticadas com ncer de mama e
410.000 mulheres morrem devido a esta doença.
Segundo KANTARJIAN (2006), as maiores incidências de ncer de
mama encontram-se no norte da Europa e na América do Norte e as
menores na Ásia e África. Estes dados sugerem que esta variabilidade não
4
seja devido somente aos fatores ambientais, mas, também, devido ao estilo
de vida.
A incidência cumulativa, no mundo, para câncer de mama varia de
0,76% para mulheres em Kangwha (Coréia) para 11,9% para mulheres
brancas não hispânicas em São Francisco (EUA) (STEWART e KLEIHUES
2003).
De acordo com os dados do Registro de Câncer de São Paulo
(MIRRA et al. 2007), a incidência no município (1997-2003) foi de
85,1/100.000 hab., uma das mais altas do mundo, sendo comparada à
incidência nos Estados Unidos (92,1/100.000 hab.).
Em Campinas (1991-1995) a incidência de câncer de mama foi de
43,9/100.000 hab. e em Goiânia (1995-1998) foi de 49,1/100.00 hab
(PARKIN et al. 2003).
De acordo com os dados do International Agency for Research on
Cancer (IARC), em 1980, a incidência no mundo para o câncer de mama foi
de 572.000 novos casos (STEWART e KLEIHUES 2003). em 2000 este
número passou para 1.050.000. Segundo TABÁR et al. (1985),
FRACHEBOUD et al. (2004) e SANT et al. (2006) as taxas de incidência
sofreram este aumento devido a disseminação de cnicas para diagnóstico
precoce, principalmente nos estádios iniciais, in situ e microinvasivos.
PAULINELLI et al. (2003) referem que esse aumento na incidência
pode ser decorrente de maior aprimoramento do diagnóstico do câncer, das
mudanças no estilo de vida e na história reprodutiva das mulheres em todo o
mundo, em especial em países em desenvolvimento.
5
O câncer de mama possui fatores etiológicos múltiplos que interagem
de formas variadas e que ainda não são totalmente conhecidos. Na maioria
dos casos, fatores genéticos e ambientais trabalham juntos para criar
condições que levam ao aparecimento do câncer (SASCO 2003; MENKE et
al. 2007).
De acordo com SILVA e ZURRIDA (2000) com o avanço da idade, há
um aumento de 6 vezes no risco para o desenvolvimento do câncer de
mama. Segundo SILVA e SIMÕES (2008) aos 30 anos o risco de
desenvolvimento do câncer de mama é de 1:2.200 e aos 80 anos 1:8. Nos
Estados Unidos mais de 50% das mulheres com câncer de mama têm mais
de 60 anos, número que aumenta de forma substancial a medida que a
população envelhece (MUSS 2001).
Apesar do conhecimento que a história familiar é um importante fator
de risco para o câncer de mama, KANTARJIAN (2006) afirmam que apenas
10% dos casos novos de câncer de mama são em pacientes com este fator
de risco. SILVA e ZURRIDA (2000) concordam ao afirmar que 85% dos
casos de câncer de mama não apresentam história familiar desta doença.
MENKE et al. (2007) mostram que a presença de um parente em primeiro
grau afetado (mãe, irmã ou filha) aumenta em 1,5 a 2,0 o risco relativo de
desenvolver câncer de mama. O risco aumenta com o grau de parentesco,
número de parentes afetados, precocidade do aparecimento do tumor e/ou
se este for bilateral no parente afetado.
Os fatores de risco relacionados à vida reprodutiva da mulher são a
menarca precoce, nuliparidade, idade da primeira gestação a termo acima
dos 30 anos, uso de anticoncepcionais orais, menopausa tardia e terapia de
6
reposição hormonal.
Uma idade tardia na menarca é considerado um fator protetor. Um
estudo realizado em 1990 por HSIEH et al. reportou que para cada 2 anos
de atraso na menarca existe uma redução de 10% no risco para o
desenvolvimento de câncer de mama. De acordo com SILVA e SIMÕES
(2008), um risco relativo de 1,3 para pacientes com menarca em idade
inferior a 12 anos.
Demonstra-se que existe uma redução favorável do risco de
desenvolvimento de câncer de mama associada a uma idade mais precoce
na gravidez. LORHISCH e PICCARTI (2006) afirmam que a prolactina e a
gonadotrofina coriônica humana, além de ocasionar o crescimento de
estruturas ductais, lobulares e alveolares na última metade da gravidez,
proporcionam um efeito protetor no desenvolvimento do câncer de mama.
Mulheres nulíparas têm risco 2 vezes maior de desenvolver esta neoplasia.
KANTARJIAN (2006) afirmam que mulheres com primeiro parto aos 35 anos
apresentam um risco de 1,6 de desenvolver câncer de mama quando
comparadas à mulheres que tiveram seu primeiro parto aos 26.
O uso de contraceptivos orais continua a ser alvo de controvérsias no
que diz respeito a sua associação com câncer de mama. Em 2007, o IARC
classificou os contraceptivos orais de estrógeno-progesterona como
carcinógeno do grupo 1; esta categoria indica que existem evidências
suficientes indicando que estes agentes são carcinogênicos aos humanos.
De acordo com CASEY et al. (2008), apesar de diversos estudos mostrarem
que existe associação entre o uso de contraceptivos orais e presença de
câncer de mama, atualmente os dados mostram que o risco relativo é
7
pequeno e o risco absoluto é ainda menor. Estes autores consideram que
esta diferença deve ser causada pelo fato que estudos mais antigos
analisavam contraceptivos orais com altas taxas hormonais.
De acordo com SILVA e ZURRIDA (2000), após 10 anos de
interrupção no uso de anticoncepcionais orais, o risco de antigas usuárias
torna-se igual ao risco daquelas que nunca usaram. KANTARJIAN (2006)
afirmam que os estudos ainda não demonstraram um aumento no risco de
câncer de mama com o uso de contraceptivos orais.
Menopausa tardia está associada a um aumento no risco de
desenvolver câncer de mama (HENDERSON e BERNSTEIN 1996).
Um estudo realizado nos Estados Unidos pelo grupo Womens Health
Initiative analisou o efeito da combinação estrógeno e progesterona em
16.608 mulheres pós-menopausa com idade entre 50-79 anos, com útero
intacto. Este foi o primeiro estudo randomizado controlado que demonstrou o
aumento do risco de desenvolver câncer de mama e quantificou o grau de
risco. No grupo placebo a incidência do câncer de mama foi consistente com
as expectativas, mas no grupo que fez ingestão de estrógeno associado à
progesterona houve um aumento de 26% da incidência (ROSSOUW et al.
2002).
Um estudo realizado em 1997 pelo Collaboarative Group on Hormonal
Factors in Breast Cancer observou que a utilização de reposição hormonal
por menos de 5 anos não apresentou associação com risco de desenvolver
câncer de mama (Anonymous 1997).
De acordo com SILVA e SIMÕES (2008), o aumento da incidência de
câncer de mama após 5, 10 e 15 anos de uso de terapia de reposição
8
hormonal é, respectivamente, de 2, 6 e 12 casos para cada 1.000 mulheres.
Após 5 anos de terapia estrogênica isolada há um aumento no risco de 3,3%
ao ano. com a terapia estroprogestativa (contínua) o aumento no risco é
de 9,9% ao ano.
Considerando agora os antecedentes de câncer, o estudo de SILVA e
ZURRIDA (2000) demonstrou que a ocorrência de ncer de mama prévio
apresenta um aumento de risco de até 5 vezes. BURSTEIN et al. (2008)
descrevem que a presença de hiperplasia também aumenta o risco para a
ocorrência do câncer de mama.
Tem sido estimado que 5 a 10% de todos os cânceres de mama
acontecem em indivíduos com mutação genética (ROBSON et al. 1998). Os
primeiros estudos com famílias com múltiplos casos de câncer de mama e
câncer de ovário sugerem que mulheres que apresentam mutação de
BRCA-1 apresentam um risco de 84% de desenvolver câncer de mama em
algum período da sua vida e de 44% de desenvolver câncer de ovário
(FORD et al. 1994).
Na cada de 60 dois estudos já levantavam a hipótese de uma
possível relação entre o estado nutricional e o risco de desenvolver câncer
de mama (DE WAARD et al. 1960, 1964). Atualmente, uma associação entre
dieta e a etiologia do câncer tem sido sugerida em parte pela ampla variação
internacional nas taxas de incidência de câncer. Em 2007, MICHELS et al.
publicaram uma revisão dos estudos prospectivos observacionais que
analisaram a associação entre dieta e câncer, demonstrando que a aparente
falta de associação entre dieta e câncer de mama, pode refletir tanto uma
real ausência de associação quanto uma forma errada de mensuração ou
9
pouco tempo de seguimento. Sendo assim, a conclusão deste estudo foi que
o risco de desenvolver ncer de mama pode ser reduzido ao se evitar o
ganho de peso na idade adulta e ao se limitar o consumo de álcool.
Segundo BREWSTER e HELZLSOUER (2001) a associação entre o
aumento do risco de desenvolver câncer de mama e o consumo de álcool
pode ser explicada pela alteração que o álcool geraria nos níveis hormonais.
1.1.1 Sobrevida
Com os avanços alcançados na terapêutica, o número de
sobreviventes após o câncer de mama tem aumentado substancialmente
nas últimas décadas. De acordo com LESTER (2007), o declínio gradual do
número de óbitos é atribuído à melhoria nas técnicas de detecção precoce e
nas terapias mais efetivas. A detecção precoce de cânceres com melhores
prognósticos e o aumento na detecção de nceres não invasivos são os
principais contribuintes para esta nova tendência. Além disso, terapias
adjuvantes efetivas que utilizam agentes sistemáticos e hormonais reduzem
a recorrência local ou a invasão nodular/sanguínea (CASEY et al. 2008).
Segundo os dados do American Cancer Society (ACS), de 1975 a
1977, a taxa de sobrevida em 5 anos, para o câncer de mama, era de 75%
(JEMAL et al. 2007). no período de 1996 a 2002, esta passou para 89%.
O câncer de mama quando diagnosticado em fases iniciais, tem grandes
chances de cura, com uma sobrevida de 97% em 5 anos (MORAES et al.
2006).
De acordo com os dados de SILVA e SIMÕES (2008), a sobrevida no
estádio I é de 80% após 5 anos, passando para 10% no estádio IV.
10
1.2 QUALIDADE DE VIDA E QUESTIONÁRIOS DE QUALIDADE
DE VIDA ESPECÍFICOS PARANCER DE MAMA
O aumento das taxas de sobrevida vem associado à preocupação
com a qualidade de vida das pacientes sobreviventes. Qualidade de vida é
um termo subjetivo e multifatorial, dificultando sua quantificação apesar da
habilidade que as pessoas têm em se comunicar, descrever emoções e
sintomas (ANDRITSCH et al. 2007). Em 1993, o Grupo de Qualidade de
Vida da Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu qualidade de vida
como a percepção individual da posição do indivíduo na vida, no contexto de
sua cultura e sistema de valores nos quais ele está inserido, e em relação
aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações. É um conceito de
alcance abrangente afetado de forma complexa pela saúde física, estado
psicológico, nível de independência, relações sociais e relações com as
características do meio ambiente do indivíduo (WHO 1994).
CALIRI et al. (1998) afirmam que na fase do tratamento do câncer de
mama, as mulheres, além de conviverem com os efeitos colaterais
desgastantes, ainda têm que enfrentar as dificuldades impostas pelo sistema
local de saúde, que nem sempre têm disponíveis os recursos terapêuticos
necessários. Isso leva a que muitas dessas pacientes tenham que se
deslocar para outros municípios, muitas vezes em condições físicas
adversas, o que aumenta seu sofrimento e potencializa os efeitos colaterais
do tratamento.
MAMEDE et al. (2000) ressaltam que o tratamento para o câncer de
mama, em especial a cirurgia, acarreta para a mulher uma série de
11
conseqüências de ordem física e emocional, dentre as quais destacam-se
aquelas relacionadas ao desempenho de suas atividades na vida diária e de
seus papéis sociais.
SALES et al. (2001) verificaram que os principais motivos pelos quais
as mulheres reduziram ou deixaram de realizar suas atividades de lazer
foram dor, a rotina de exames freqüentes, preocupações com a doença e o
tratamento, não se sentir bem e a idade avançada.
RODRIGUES et al. (1998) colocam que a recuperação e reabilitação
após mastectomia é, freqüentemente, um processo desgastante, podendo
ser acompanhado de limitações, que impossibilitam a prática de atividades
cotidianas.
A avaliação da qualidade de vida é feita, basicamente, pela
administração de questionários que, em sua grande maioria, foram
formulados na língua inglesa, direcionados para a população que fala este
idioma. Portanto, para que possa ser utilizado em outro idioma e/ou outro
local, devem seguir-se normas preestabelecidas na literatura para sua
tradução. Posteriormente, suas propriedades de medida devem ser
verificadas num contexto cultural específico (CICCONELLI et al. 1999).
Com o aumento de estudos nessa área, cresceu também o número
de instrumentos disponíveis para avaliação da qualidade de vida. No ano de
1991, mais de 160 diferentes instrumentos aplicados para avaliar a
qualidade de vida de pacientes em diversas doenças foram publicados.
Atualmente, entre instrumentos genéricos e específicos, o número
ultrapassa 300 questionários para variadas doenças (DUARTE et al. 2003).
12
Após busca na literatura, verificou-se que existem 7 questionários
específicos para câncer de mama, a saber:
BCQ (Breast Cancer Chemotherapy Questionnaire);
IBCSG (International Breast Cancer Study Group - Quality of
Life Questionnaire);
EORTC-BR23 (European Organization for Research and
Treatment of Cancer – Breast);
QOL (Quality of Life Instruments – Breast Cancer Version);
FACT-B (Functional Assessment of Cancer Therapy – Breast);
FACT-B+4 (Functional Assessment of Cancer Therapy
Breast plus Arm Morbidity);
GIVIO (Interdisciplinary Group for Cancer Care Evaluation
Questionnaire);
O BCQ foi desenvolvido em 1988 com o objetivo de avaliar os
problemas e as experiências sentidas pelas pacientes tratadas com
quimioterapia adjuvante (LEVINE et al. 1988). O questionário consiste de 30
questões que avaliam a fadiga, sintomas físicos, inconveniências, estresse
emocional, sentimento de esperança e suporte/apoio das pessoas. Segundo
o ProQolid (Patient-Reported Outcome and Quality of Life Instruments Data
Base, 2006) este questionário ainda não possui tradução/validação para a
língua portuguesa, mas não será utilizado em nosso estudo, pois é
específico para pacientes que estão realizando quimioterapia adjuvante.
O questionário IBCSG foi desenvolvido por BUTOW et al. em 1991,
com o objetivo de avaliar a qualidade de vida em pacientes com câncer de
mama tratado ou em tratamento. Este questionário já possui tradução para a
13
língua portuguesa, mas ainda não foi validado no Brasil e por isso, se
utilizado neste trabalho.
Em 1980, um grupo de estudos de Qualidade de Vida foi criado na
Organização Européia de Pesquisa e Tratamento do Câncer European
Organization for Research and Treatment of Cancer (EORTC). Seu objetivo
era desenvolver um instrumento curto para avaliar a qualidade de vida de
forma padronizada, para ser usado em experimentos internacionais de
câncer de pulmão, esôfago e mama (BOWLING 1995). O questionário de
qualidade de vida geral é conhecido como EORTC C30. Ele é
multidimensional, auto-administrável e consiste de 30 questões que avaliam
o paciente nas duas últimas semanas. O questionário aborda questões
gerais sobre câncer, como sintomas, efeitos colaterais do tratamento,
sofrimento psicológico, funcionamento físico, interação social, sexualidade,
imagem corporal, saúde global, qualidade de vida e satisfação com os
cuidados médicos, independente do tipo de ncer (KLEE et al. 1997). O
módulo específico para pacientes com câncer de mama foi desenvolvido por
SPRANGERS et al. (1996) e é chamado de EORTC BR 23. Deve ser
utilizado juntamente com o EORTC C30. A escala EORTC–BR 23 possui
23 questões, incorporadas em duas escalas funcionais (imagem corporal e
função sexual) e três escalas de sintomas (sintomas no braço, na mama e
os efeitos do tratamento). As respostas são apresentadas em uma escala
Likert de quatro pontos (não, um pouco, bastante, muito).
O EORTC–BR 23 foi testado e validado em 3 populações de
mulheres com câncer de mama: 170 holandesas, 168 espanholas e 158
norte-americanas. Para as holandesas e espanholas o questionário foi
14
aplicado antes e durante o tratamento por radioterapia ou quimioterapia.
para as norte-americanas o questionário foi administrado na admissão no
departamento de Mastologia e 3 meses após.
O EORTC-BR23 também possui versão em português, mas ainda
não foi validado no Brasil e, por isso, será utilizado neste estudo.
O questionário Quality of Life Instruments - Breast Cancer Instrument
(QOL) foi desenvolvido em 1996 por FERREL et al. Os domínios abordados
são: bem-estar físico, psicológico, social e espiritual. Não existe tradução
para o português e ainda não foi feita sua validação para o Brasil. No
entanto, em contato por e-mail com Mirella Dias, do Comitê de Ética do
Hospital CEPON em Florianópolis foi informado que, atualmente, está sendo
realizada a tradução e validação do questionário QOL por grupo de
pesquisadores deste hospital. Por isso este questionário não será analisado
neste trabalho.
O Functional Assessment of Chronic Illness Therapy- Group (FACIT
Group) foi criado em 1987 e desenvolveu um questionário genérico chamado
Functional Assessment of Cancer Therapy General (FACT G). O
questionário FACT G (que está na versão 4) possui 27 questões gerais
divididas em 4 domínios de qualidade de vida: bem-estar físico, bem-estar
familiar/social, bem-estar emocional e bem-estar funcional. Este questionário
é apropriado para ser utilizado com pacientes com qualquer tipo de câncer e
também tem sido validado e usado em outras doenças crônicas como a
AIDS e a esclerose múltipla (WEBSTER et al. 2003). Ele também pode ser
utilizado na população em geral através de uma versão parcial (CELLA et al.
1993). O FACIT possui, ainda, os questionários específicos para cada tipo
15
de câncer, que, diferente do EORTC, não precisam ser utilizados juntamente
com o questionário de qualidade de vida geral, pois cada instrumento
específico possui todas as questões do FACT G. Segundo PANDEY et al.
(2002), os questionários específicos nada mais são do que o questionário
geral de qualidade de vida (FACT–G) em combinação com questões
específicas de cada tipo de câncer (mama, cérebro e outros).
O questionário específico para câncer de mama, chamado Functional
Assessment of Cancer Therapy – Breast (FACT–B) foi desenvolvido em
1997 por BRADY et al. e é composto por 36 questões, sendo 27 referentes à
qualidade de vida geral (FACT G) e 9 à problemas específicos das
pacientes com câncer de mama. O sistema do FACT apresenta as respostas
usando uma escala de 5 pontos e quanto maior for a pontuação, melhor é a
qualidade de vida do paciente. O sistema do FACT apresenta as respostas
usando uma escala Likert de 5 pontos e quanto maior for a pontuação, maior
é a qualidade de vida do paciente.
Em 2001, COSTER et al. realizaram um estudo com o objetivo de
avaliar o impacto da morbidade do braço em pacientes que passaram por
cirurgia para tratamento de câncer de mama. A partir deste estudo foi
desenvolvida uma sub-escala de 4 questões que, posteriormente, foi
adicionada ao questionário FACT–B. O novo questionário - Functional
Assessment of Cancer Therapy Breast plus Arm Morbidity (FACT B+4) - é
composto por 6 domínios e foi validado na língua inglesa, na cidade de
Bringhton (Reino Unido). Foram analisadas 279 mulheres que passaram por
cirurgia de linfonodo sentinela e 29 mulheres atendidas em uma clínica de
tratamento para linfedema.
16
Este questionário possui tradução para a língua portuguesa, mas
ainda não foi validado no Brasil.
O GIVIO (Interdisciplinary Group for Cancer Care Evaluation)
desenvolveu um questionário baseado em 4 outros, a saber: FLIC, SIP, PMS
(Profile of Mood States) e Cancer Inventory of Problem Situation. Estes 4
questionários foram utilizados em 4 momentos diferentes e possuem 68, 74,
104 e 75 questões, respectivamente. Através de vários procedimentos de
validação, foi identificado um núcleo comum de 25 questões relacionadas às
7 escalas presentes nos 4 questionários: percepção de qualidade de vida,
percepção de saúde, imagem corporal, bem-estar emocional, funcionalidade
social, sintomas e satisfação com os cuidados recebidos. Este é um
questionário para avaliar a qualidade de vida no início da doença e o é
considerado na evolução da paciente. Por isso não será utilizado neste
trabalho (MOSCONI et al. 1998).
Segundo CONROY et al. (2004), CHEUNG et al. (2005), KAPTEIN et
al. (2005), os questionários mais utilizados atualmente são o EORTC e o
FACT.
Apesar do grande número de questionários que avaliam a qualidade
de vida entre as pacientes com câncer de mama, existem poucos estudos na
literatura que os comparam e avaliam a preferência e aceitação destes.
Alguns estudos de comparação existentes (HOLLEN e GRALLA 1996;
KEMMLER et al. 1999; RODARY et al. 2004) não abordam especificamente
o câncer de mama e, ainda, o estudo de HOLLEN e GRALLA (1996) foi uma
revisão de literatura.
17
Neste trabalho se realizada a validação para o Brasil dos
questionários IBCSG, EORTC – BR23 e FACT – B + 4 e, ainda, a análise da
reprodutibilidade e avaliação da preferência e aceitação dos mesmos entre
pacientes com câncer de mama.
18
2 OBJETIVOS
1 Validar o questionário IBCSG para a língua portuguesa (Brasil) e
analisar a reprodutibilidade do mesmo;
2 Validar o questionário EORTC-C30 / EORTC BR23 para a língua
portuguesa (Brasil) e analisar a reprodutibilidade do mesmo;
3 Validar o questionário FACT-B+4 para a língua portuguesa (Brasil) e
analisar a reprodutibilidade do mesmo;
4 Determinar a preferência e a aceitação entre pacientes com câncer de
mama entre os questionários de qualidade de vida, específicos para
este tipo de câncer (IBCSG, EORTC-C30 / EORTC BR 23 e FACT
– B + 4).
5 Avaliar a facilidade de compreensão dos questionários de qualidade
de vida específicos para ncer de mama (IBCSG, EORTC-C30 /
EORTC – BR 23 e FACT – B + 4).
19
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 CASUÍSTICA
O estudo foi realizado no Hospital do Câncer AC Camargo
Fundação Antônio Prudente, no período de 09 de agosto a 02 de outubro de
2007. A casuística foi composta por 100 mulheres, que passavam por
consulta de rotina no Ambulatório de Mastologia deste hospital, na faixa de
27 a 90 anos, com diagnóstico de câncer de mama tratado ou em
tratamento, em qualquer estádio da doença.
Para o cálculo do tamanho da amostra, tomou-se como base os
estudos de SPRANGERS et al. (1996) e MOSCONI et al. (1998). Nestes
estudos, o menor coeficiente alpha de Cronbach foi de 0,40. Assumindo erro
tipo I = 5% e poder = 90%, estimou-se que seriam necessárias, pelo menos,
62 pacientes para realizar este estudo.
Durante o período de coleta 111 mulheres foram convidadas a
participar do estudo. Destas, 11 não aceitaram, alegando “estou sem tempo”
(5 pacientes – 4,5%), “tenho que voltar para o trabalho” (2 pacientes
1,8%), “não estarei em São Paulo para a segunda parte do estudo” (1
paciente – 0,9%), “não quero falar sobre minha doença” (1 paciente – 0,9%),
“minha casa fica longe dos correios” (1 paciente - 0,9%), “sei ler, mas o
gosto muito, prefiro não participar” (1 paciente 0,9%). Com isso, a taxa de
recusa foi de 9,9%.
20
Sendo assim, 100 mulheres foram entrevistadas a fim de garantir uma
taxa de retorno de, no mínimo, 62 pacientes (cálculo prévio do tamanho da
amostra), no momento da reprodutibilidade.
3.2 METODOLOGIA
Em outubro de 2006 foi feito um pedido ao Ambulatório de Mastologia
do Hospital do Câncer AC Camargo para a realização da coleta em suas
dependências. A coleta de dados foi iniciada no dia 09 de agosto de 2007.
Todos os dias havia atendimento no Ambulatório; no entanto devido ao fluxo
de médicos/pacientes em determinados dias da semana, foi estabelecido
que a coleta seria realizada nas terças e quintas-feiras.
No dia da consulta de rotina, as mulheres eram convidadas pela
pesquisadora para participarem do estudo. As pacientes eram
encaminhadas para uma sala reservada (do próprio ambulatório) onde a
pesquisadora apresentava a pesquisa, informando os objetivos, o caráter
voluntário da participação, o sigilo das informações e a forma de responder
os questionários em dois momentos. Caso a paciente aceitasse participar,
era assinado o termo de consentimento, livre e esclarecido (Anexo 1).
Após esta conversa, era realizado o preenchimento do questionário
de características sócio-demográficas e clínicas (Anexo 2). A seguir eram
apresentados os questionários de qualidade de vida (Anexos 3, 4, 5 e 6) e
perguntado se as pacientes queriam responder os questionários por conta
própria, uma vez que estes podem ser auto-respondidos. Se a resposta
fosse positiva, a pesquisadora entregava os questionários e realizava a
21
busca de dados clínicos no prontuário da paciente a fim de deixá-la à
vontade. O tempo era cronometrado para cada questionário. Se por ventura
surgissem dúvidas, estas eram esclarecidas no ato. Algumas pacientes
optaram por responder o questionário na forma de entrevista; sendo assim, a
pesquisadora lia as perguntas e assinalava as respostas. Das 100 pacientes,
em 92 (92%) o questionário foi auto-respondido e 8 (8%) foi em forma de
entrevista. Após o término, as pacientes foram informadas que depois de 14
dias chegaria a sua casa (via correio) um envelope com os questionários
(exceto o SF-36) para a análise de reprodutibilidade e um envelope resposta
(já selado). A pesquisadora ligava para a casa da paciente após 14 dias da
primeira entrevista, para lembrá-la que os questionários deveriam ser
respondidos em sua própria casa e que o envelope resposta deveria ser
colocado no correio pois já estava selado.
Os dados dos questionários de qualidade de vida, características
sócio-demográficas e clínicas foram digitados de forma duplicada e
independente, a fim de se fazer um controle da qualidade e da consistência
dos mesmos.
Foi realizado um pré-teste deste estudo com 15 mulheres (número
recomendado pelas 3 organizações que autorizaram a validação de seus
questionários). Este pré-teste foi importante o para verificar se o
tamanho da amostra era adequado, mas, também, para verificar a taxa de
retorno dessas pacientes no momento da reprodutibilidade. Nesta fase
percebeu-se que se fosse solicitado que a paciente retornasse ao hospital
para responder novamente aos questionários a taxa de retorno seria baixa e,
por isso, optou-se pelo envio dos mesmos via correio.
22
3.2.1 Instrumentos Utilizados no Trabalho de Coleta de Dados
3.2.1.1 Questionário de Características Sócio-Demográficas e Clínicas
O questionário de características cio-demográficas era composto
por questões sobre o estado civil, escolaridade, profissão e religião e as
características clínicas eram coletadas dos prontuários (Anexo 2).
3.2.1.2 Questionário de Qualidade de Vida - IBCSG International Breast Cancer
Study Group
O questionário IBSCG foi desenvolvido em 1991 por BUTOW et al. e
tem como objetivo avaliar a qualidade de vida em pacientes com câncer de
mama tratado ou em tratamento. O grupo IBCSG forneceu o questionário
traduzido para o português e autorizou a realização de sua validação (Anexo
3).
É composto por 10 questões em forma de escala LASA (linear
analogue self-assessment) que são de auto-preenchimento. Em cada
questão a paciente deve traçar uma marca vertical em uma linha (de 100
mm) que indica dois extremos (bom-ruim).
As escalas LASA podem sofrer modificações em seu comprimento,
devido a impressão, envio por e-mail ou fotocópia do questionário. O grupo
IBCSG aceita uma variação no comprimento de, até, 10mm para mais ou
para menos, ou seja, esta linha deve ter 90 mm no mínimo e 110 mm no
máximo. Se alguma escala for modificada além desses limites, a resposta
será considerada inválida.
Neste estudo a linha mediu 96mm. De acordo com o grupo IBCSG, se
a escala possui menos que 100 mm, o ideal é acrescentar aos dois extremos
23
os valores necessários para que a escala alcance 100 mm. Se a escala
LASA possui 96 mm, deveriam ser adicionados 2 mm em cada extremo. No
entanto, neste estudo resolveu-se fazer uma regra de 3 para que a medida
fosse proporcional ao assinalado.
A pontuação desta escala é feita através da medida da distância (mm)
entre o extremo esquerdo da escala até a marca da paciente. Conforme
demonstrado na Figura 2.
Figura 2 - Cálculo da escala do questionário IBCSG.
A pontuação de cada questão vai de 0 a 100 mm e o escore final é a
média dos pontos. Quanto maior a pontuação, pior é a qualidade de vida da
paciente.
10
10
1
=
=
i
i
Q
IBCSGEscore
3.2.1.3 Questionário de Qualidade de Vida EORTC-C30 European
Organization for Research and Treatment of Cancer
O questionário de qualidade de vida geral da EORTC C30 é
multidimensional e auto-administrável (Anexo 4). Tem como objetivo avaliar
24
a qualidade de vida em pacientes com câncer. Na primeira parte aborda
questões gerais sobre o câncer, como sintomas, efeitos colaterais do
tratamento, sofrimento psicológico, funcionamento físico, interação social,
sexualidade, imagem corporal, saúde global, qualidade de vida e satisfação
com os cuidados médicos, independente do tipo de câncer. A EORTC possui
diversos questionários específicos para determinados tipos de câncer, como
o EORTC-BR23 para pacientes com câncer de mama, EORTC-LC13 para
câncer de pulmão, EORTC-HeN35 para câncer de cabeça e pescoço, entre
outros. Qualquer questionário específico utilizado deve ser aplicado
juntamente com o a escala geral (EORTC-C30).
O questionário EORTC-C30 consiste de 30 questões e avalia os
sintomas nas últimas semanas (KLEE et al. 1997). As respostas são
apresentadas em forma de escala Likert. Neste questionário a escala segue
a seguinte pontuação: 1 – não, 2 pouco, 3 – moderadamente, e 4 – muito.
Com exceção da escala saúde global. Esta é composta por 2 perguntas que
pedem ao paciente que classifique sua saúde geral e qualidade de vida na
última semana, através de uma nota de 1 a 7, sendo 1 péssima e 7 ótima.
Para o lculo do escore, primeiramente é preciso seguir a divisão
que é feita do questionário em 3 escalas, a saber:
1 Escala de saúde global (ESG): enfoca aspectos da saúde e da
qualidade de vida gerais. É calculada utilizando-se as questões 29 e
30;
2 Escala funcional (EF): enfoca os aspectos físico, emocional, cognitivo,
funcional e social. É calculada utilizando-se as questões 1 a 7 e 20 a
27;
25
3 Escala de sintoma (ES): aborda questões sobre fadiga, dor, insônia,
enjôo e outros sintomas. É calculada utilizando-se as questões 8 a 19
e 28.
Os escores são calculados separadamente para cada escala, todos
variando de 0 100. Nas escalas saúde global e funcional quanto maior a
pontuação, melhor a qualidade de vida; para escala de sintomas, quanto
maior a pontuação, maior a quantidade de sintomas, pior a qualidade de
vida.
Todas as fórmulas para o cálculo das escalas estão no Quadro 1 e
foram enviadas pela organização que detêm os direitos do questionário
EORTC-C30 (Anexo 7).
Para o cálculo de cada escala, primeiramente é feita a média de
pontuação para cada uma delas. A partir desta média tira-se 1 ponto e
divide-se pela amplitude máxima da pontuação. No caso da escala funcional,
para ter a direção positiva, antes de multiplicar por 100, a escala é revertida
(1-escala). Assim, após os cálculos, quanto maior a escala funcional melhor
é a qualidade de vida.
26
Quadro 1 - Fórmulas para o cálculo dos escores do questionário EORTC-30
Valores da soma dos escores Escala Questões Fórmulas
Mínimo Máximo Amplitude
1 – Saúde
Global
29 e 30 {{[(Q
29
+Q
30
) / 2] – 1}/ 6} * 100 1 7 6
2 – Funcional 1 a 7;
20 a 27
{1 – {{[( Q
1
+Q
2
+Q
3
+...+Q
7
+Q
20
+Q
21
+Q
22
+...+Q
27
) / 15] – 1} / 3}} * 100 1 4 3
3 – Sintomas 8 a 19
e 28
{{[(Q
8
+Q
9
+Q
10
+…+Q
16
+Q
17
+Q
18
+Q
19
+Q
28
)/13]-1} / 3} * 100 1 4 3
27
3.2.1.4 Questionário de Qualidade de Vida EORTC-BR23 European
Organization for Research and Treatment of Cancer
O questionário EORTC-BR23 é o módulo específico para avaliar
pacientes com câncer de mama tratado ou em tratamento (Anexo 4). Deve
ser utilizado juntamente com o questionário geral (EORTC C30). O
questionário EORTC – BR 23 possui 23 questões (questões 31 à 53), dando
continuidade ao questionário geral. As respostas também são apresentadas
em forma de escala Likert de pontos com variação para 4 níveis de resposta:
1 – não, 2 – pouco, 3 – moderadamente e 4 – muito.
Este questionário fornece 2 escalas, a saber:
1 Escala funcional: aborda aspectos sobre sexualidade e imagem
corporal;
2 Escala se sintomas: enfoca os sintomas na mama, no braço e os
efeitos do tratamento.
Antes do cálculo da escala funcional, algumas questões devem ter o
valor de suas respostas recodificadas no sentido reverso, a saber as
questões 44, 45 e 46: (1=4), (2=3), (3=2), (4=1). (Quadro 2)
Quadro 2 - Escalas do questionário EORTC-BR23.
Escalas Questões SEM pontuação
reversa
Questões COM pontuação reversa
Funcional 39, 40, 41, 42, 43 44, 45, 46
Sintomas 31, 32, 33, 34, 35, 36, 37, 38,
47, 48, 49, 50, 51, 52, 53
Nenhuma questão.
28
As questões 35 e 46 só devem ser respondidas se as questões
anteriores (34 e 45, respectivamente) não tiverem 1 como resposta (ou seja,
a paciente deve referir que teve queda de cabelo e/ou é sexualmente ativa).
Caso estas questões tenham não como resposta, as questões 35 e 46 não
devem ser respondidas, pois não se aplicam. Neste caso, não entram no
cálculo do escore da sua escala, diminuindo então o número de questões
que entram no cálculo da média.
Os escores são calculados separadamente para cada escala, todos
variando de 0 100. Na escala funcional quanto maior a pontuação, melhor
a qualidade de vida. Para escala de sintomas, quanto maior a pontuação,
maior a quantidade de sintomas, pior a qualidade de vida.
As fórmulas para o cálculo dos escores estão no Quadro 3 e foram
enviadas pela organização que detêm os direitos do questionário EORTC-
BR23 (Anexo 8).
Para o cálculo de cada escala, primeiramente é feita a média de
pontuação para cada uma delas. A partir desta média tira-se 1 ponto e
divide-se pela amplitude máxima da pontuação. No caso da escala funcional,
para ter a direção positiva, antes de multiplicar por 100, a escala é revertida
(1-escala). Assim, após os cálculos, quanto maior a escala funcional melhor
é a qualidade de vida.
29
Quadro 3 – Fórmulas para o cálculo dos escores do questionário EORTC- BR23.
Valores da soma dos escores Escala Questões Fórmulas
Mínimo Máximo Amplitude
1 – Funcional 39 a 46
{1 – {{[( Q
39
+Q
40
+Q
41
+Q
42
+Q
43
+Q
44
+Q
45
+Q
46
) / 8
] – 1} / 3}} * 100
1 4 3
2 – Sintomas 31 a 38 e
47 a 53
{{[(Q
31
+Q
32
+Q
33
+Q
34
+Q
35
+…+Q
38
+Q
47
+Q
48
+...Q
53
)/15
]-1} / 3} * 100
1 4 3
* As questões 44, 45 e 46 devem ser recodificadas no sentido reverso, [(1=4), (2=3), (3=2), (4=1)], antes da aplicação da fórmula.
Considerar, neste denominador, o número de questões que foram utilizadas na fórmula.
30
3.2.1.5 Questionário de Qualidade de Vida – FACT-B+4 Functional Assessment
of Cancer Therapy – Breast plus Arm Morbidity
O questionário espefico para câncer de mama, chamado FACT B
(Functional Assessment of Cancer Therapy Breast), foi desenvolvido em
1997 por BRADY et al. e é composto por 36 questões, sendo 27 referentes à
qualidade de vida geral (FACT G) e 9 à problemas específicos das
pacientes com câncer de mama. Em 2001, COSTER et al. desenvolveram
uma sub-escala de 4 questões que avalia a morbidade do braço em
pacientes que passaram por cirurgia para tratamento de câncer de mama
que foi adicionada ao questionário FACT-B, sendo este chamado de FACT-
B+4 (Anexo 5).
O questionário é composto por 6 domínios: bem-estar físico, bem-
estar social/familiar, bem-estar emocional, bem-estar funcional e
preocupações adicionais (câncer de mama e braço). As respostas o
apresentadas em uma escala Likert de 5 pontos e quanto maior for a
pontuação, maior é a qualidade de vida do paciente.
O cálculo do escore deve ser feito separadamente para cada domínio.
As fórmulas estão apresentadas no Quadro 4 e foram enviadas pela
organização que detêm os direitos do questionário FACT-B+4 (Anexo 9).
Após o cálculo da fórmula de cada domínio, os resultados devem ser
somados, obtendo-se assim, o escore final, que varia de 0 164. Quanto
maior for o escore melhor será a qualidade de vida da paciente.
O escore é calculado através da soma das questões de cada domínio.
Para manter o sentido do escore, algumas questões devem ser revertidas, a
31
saber, GP1 a GP7, GE1, GE3 a GE6, B1 a B3, B5 a B8, B10 a B13. Com
isso na fórmula, o cálculo deve ser feito (4 – valor da questão).
No caso de alguma questão não ser respondida, o valor assumido
para ela será a média das respostas daquele domínio. Por isso,
primeiramente é feita a média das questões respondidas e depois multiplica-
se este resultado pelo número de questões do domínio.
srespondidaquestõesden
questões
o
32
Quadro 4 - Fórmulas para o cálculo dos escores do questionário FACT-B+4.
Domínio Questões Fórmulas
1 – Bem-estar físico GP1 a GP7
4 Q
GP1
(
)
+ 4 Q
GP 2
(
)
+ 4 Q
GP 3
(
)
+ 4 Q
GP 4
(
)
+ 4 Q
GP 5
(
)
+ 4 Q
GP 6
(
)
+ 4 Q
GP 7
(
)
n
1
* 7
2 – Bem-estar
familiar
GS1 a GS7
(
)
7*
1
7654321
n
QQQQQQQ
GSGSGSGSGSGSGS
+
+
+
+
+
+
3 – Bem-estar
emocional
GE1 a GE6
(
)
(
)
(
)
(
)
(
)
6*
44444
1
654321
n
QQQQQQ
GEGEGEGEGEGE
+
+
+
+
+
4 – Bem-estar
funcional
GF1 a GF7
(
)
7*
1
7654321
n
QQQQQQQ
GFGFGFGFGFGFGF
+
+
+
+
+
+
5 – Preocupações
adicionais – câncer
de mama
B1 a B9
(
)
(
)
(
)
(
)
(
)
(
)
(
)
9*
4444444
1
987654321
n
QQQQQQQQQ
BBBBBBBBB
+
+
+
+
+
+
+
+
6 – Preocupações
adicionais - braço
B3*
B10 a B13
(
)
(
)
(
)
(
)
(
)
5*
44444
1
131211103
n
QQQQQ
BBBBB
+
+
+
+
n1: número de questões respondidas
*A pergunta B3 é incluída nos dois domínios: Câncer de Mama e Braço
.
33
3.2.1.6 Questionário de Qualidade de Vida SF-36 – Short-Form Health Survey
O questionário SF-36 (Medical Outcomes Study 36 Item Short-Form
Health Survey), é um instrumento genérico de avaliação de qualidade de
vida, de fácil administração e compreensão (Anexo 6). É um questionário
multidimensional composto por 36 itens, englobados em 8 escalas:
capacidade funcional, aspectos físicos, dor, estado geral de saúde,
vitalidade, aspectos sociais, aspectos emocionais e saúde mental. Apresenta
um final de 0 a 100, no qual 0 corresponde a pior estado geral e 100 a
melhor estado geral de saúde (CICCONELLI et al. 1999; CASTRO et al.
2003).
Este questionário foi traduzido e validado para a língua portuguesa
por CICCONELLI et al. em 1999. Devido à ausência de um questionário
específico de câncer de mama para ser utilizado como “padrão ouro” para
avaliar a validade convergente, o SF-36 foi escolhido para este fim. O
cálculo do escore (WARE et al. 1994) deve ser feito separadamente para
cada domínio e as fórmulas estão apresentadas no Quadro 5. Para o cálculo
de cada escala, primeiramente é somado o valor obtido nas questões
correspondentes. Desta soma subtrai-se o valor de limite inferior, divide-se
pela amplitude máxima da pontuação e multiplica-se este resultado por 100.
O valor obtido para cada domínio varia de 0 a 100, sendo 0 o pior
estado e 100 o melhor.
34
Quadro 5 - Fórmulas para o cálculo dos escores do questionário SF-36.
Valores da soma dos
escores
Escala Questões Fórmulas
Mínimo Amplitude
1 - Capacidade
funcional
03
(
)
100
20
103333333333
×
+
+
+
+
+
+
+
+
+
jQiQhQgQfQeQdQcQbQaQ
10 20
2 – Limitação por
aspectos físicos
04
(
)
100
4
44444
×
+
+
+
dQcQbQaQ
4 4
3 – Dor 07, 08
(
)
100
10
287
×
+
QQ
2 10
4 – Estado geral de
saúde
01, 11
(
)
100
20
5111111111
×
+
+
+
+
dQcQbQaQQ
5 20
5 – Vitalidade 09 (somente itens a,
e, g, i)
(
)
100
20
49999
×
+
+
+
iQgQeQaQ
4 20
6 – Aspectos Sociais 06, 10
(
)
100
8
2106
×
+
QQ
2 8
7 - Limitação por
aspectos emocionais
05
(
)
100
3
3555
×
+
+
cQbQaQ
3 3
8 – Saúde Mental 09 (somente itens b,
c, d, f, h)
(
)
100
25
599999
×
+
+
+
+
hQfQdQcQbQ
5 25
* A questão número 2 não faz parte do cálculo de nenhuma domínio, sendo utilizada somente para avaliar o quanto o indivíduo está melhor ou pior
comparado a um ano atrás.
35
3.2.1.7 Avaliação do grau de entendimento das questões e dos questionários
A avaliação do entendimento das questões e dos questionários foi
realizada de duas maneiras. Para avaliação individual das questões, foi
aplicado um instrumento específico (Anexo 10) onde se avaliou se a
pergunta era difícil, confusa, se continha palavras difíceis e/ou se era
constrangedora. Este tipo de avaliação foi exigida pela organização FACIT.
Para verificar o grau de compreensão das pacientes com relação aos
questionários, foi aplicada uma escala verbal-numérica adaptada de
GRASSI-OLIVEIRA et al. (2006), que foi colocada ao final de cada
questionário (Figura 3). A paciente era informada que ao terminar de
responder as perguntas, deveria dar uma nota de 1 a 5 para o seu grau de
entendimento.
Figura 3 - Escala verbal-numérica para analisar grau de entendimento.
3.3 TEMPO DE PREENCHIMENTO
Para a escolha do melhor questionário também foi utilizado o tempo
de preenchimento como uma avaliação. No momento que a paciente iniciava
o preenchimento dos questionários o cronômetro era ativado, e ao finalizar,
era desligado. Este procedimento foi adotado para cada questionário.
36
3.4 VARIÁVEIS DE ESTUDO
A descrição das variáveis de estudo encontra-se nos Quadros 6 e 7.
Foi feito o teste de aderência à curva Normal pelo teste de Kolmogorov-
Smirnov. Verificou-se que nem todos os escores tinham distribuição Normal
e, por isso, neste trabalho todos os testes foram não-paramétricos.
Quadro 6 - Características sócio-demográficas e clínicas das pacientes.
Variável Tipo de Variável Categorias
- Idade (anos) Qualitativa ordinal 20-29, 30-39, 40-49, 50-59, 60-69, 70-79, 80-
89, 90 a 99.
- Convênio Qualitativa nominal SUS, convênio.
- Estado civil Qualitativa nominal Solteira, casada, divorciada, viúva, outros.
- Escolaridade Qualitativa ordinal Analfabeta, ensino fundamental incompleto,
ensino fundamental completo, ensino médio
incompleto, ensino médio completo, superior
incompleto, superior completo
- Trabalho Qualitativa nominal Sim, não, aposentada, desempregada.
- Religião Qualitativa nominal Não tenho, católica, evangélica, espírita,
outros.
- Idade no diagnóstico
(anos)
Qualitativa ordinal 20-29, 30-39, 40-49, 50-59, 60-69, 70-79, 80-
89, 90 a 99.
- Tempo de diagnóstico
(anos)
Qualitativa ordinal 0-1, 2-3, 4-5, 5-6, 7-8, 9-10, 10 ou mais.
- Estadiamento clínico Qualitativa ordinal EC I, EC II, EC III, EC IV.
-Tratamento prévio
realizado
Qualitativa nominal Cirurgia, radioterapia, quimioterapia, cirurgia +
radioterapia, cirurgia + quimioterapia,
radioterapia + quimioterapia, cirurgia +
radioterapia + quimioterapia.
-Presença de linfedema Qualitativa nominal Sim, não.
- Grau de
entendimento:
• Difícil
• Confusa
• Palavras difíceis
• Constrangedora
Qualitativa nominal
Qualitativa nominal
Qualitativa nominal
Qualitativa nominal
Sim, não.
Sim, não.
Sim, não.
Sim, não.
37
Quadro 7 - Variáveis dos questionários de qualidade de vida e da escala
análogo-visual.
Variável Tipo de variável Escore variando de:
- Questionário IBCSG Quantitativa contínua 0 - 100
- Questionário EORTC-C30 Quantitativa contínua 0 – 100
- Questionário EORTC-BR23 Quantitativa contínua 0 – 100
- Questionário FACT-B+4 Quantitativa contínua 0 – 164
- Escala Análogo-Visual Quantitativa discreta 0 – 5
3.5 ALISE DE DADOS
3.5.1 Caracterização da Amostra
Para cada escala foi realizada a análise descritiva e calculados
média, desvio-padrão, mediana, valores mínimos e máximos. Visto que a
amostra desta pesquisa é composta por 100 pacientes, não será descrito os
percentuais, afim de evitar um texto repetitivo.
3.5.2 Equivalência de Mensuração
3.5.2.1 Consistência Interna
Para a análise da consistência interna foi utilizado o coeficiente α de
Cronbach, afim de estimar a correlação existente entre cada item do
questionário e o restante dos itens ou o total (escore total do questionário).
Sendo assim, considerado um questionário com boa consistência interna,
aquele que apresentar o coeficiente α de Cronbach acima de 0,70.
(STREINER e NORMAN 2003).
38
3.5.2.2 Análise Fatorial
Realizou-se uma análise fatorial confirmatória. Esta análise assume
que a estrutura fatorial de um questionário é conhecida ou hipoteticamente
conhecida a priori. O objetivo desta análise é verificar empiricamente ou
confirmar a estrutura fatorial (SHARMA 1996; COSTA 2007).
A análise fatorial foi realizada utilizando o método de JÖRESKOG e
MOUSTAKI (2006) para estimar modelos fatoriais quando as variáveis são
qualitativas ordinais. Este método se baseia em informações univariadas e
bivariadas para as estimativas de parâmetros. Nesta pesquisa foi utilizado o
programa LISREL que utiliza a cnica de estimativa de verossimilhança.
Esta assume que o dado vem de uma distribuição multivariada normal.
3.5.2.3 Validação
De acordo com STREINER e NORMAN (2003), validação tem como
objetivo determinar se o questionário esta realmente medindo o que se
propôs a medir. Demonstrar validade requer mais do que algum julgamento
e são necessárias diversas evidências para mostrar que o instrumento em
questão mede o que deveria. PEREIRA (2006) complementa que a validade
de um instrumento informa se os resultados daquilo que foi medido
representam a “verdade” ou quanto se afastam dela. Neste estudo a
validade foi verificada através da validade de constructo e da validade
convergente.
A validade de constructo tem como princípio básico avaliar se a
característica a ser medida correlaciona-se com uma outra, ou com o
conhecimento disponível (PEREIRA 2006). Neste estudo, a fim de verificar
39
se o questionário é capaz de discriminar diferentes situações (SILPAKIT et
al. 2006), foram comparadas as médias dos escores das mulheres com
presença ou ausência de linfedema, utilizando o teste de Mann-Whitney.
Espera-se que as mulheres com linfedema tenham uma pior qualidade de
vida quando comparadas com aquelas sem linfedema.
Para verificar a validade convergente, foram calculados os
coeficientes de correlação de Spearman entre os escores de cada um dos
questionários e os escores dos domínios do SF-36, a fim de verificar a
capacidade dos instrumentos de se correlacionar em magnitude e direção
com uma hipótese pré-definida (DE BOER et al. 1995).
3.5.2.4 Análise do entendimento das questões e do questionário
Para verificar o entendimento das questões e dos questionários foi
realizada análise descritiva das notas dadas para cada um deles (média,
mediana, desvio-padrão, valores mínimos e máximos). Foi apresentado um
gráfico que demonstra os intervalos de 95% de confiança das médias, a fim
de comparar os resultados.
3.5.2.5 Comparação dos tempos
O mesmo procedimento foi adotado para a comparação dos tempos
de preenchimento dos questionários. Foi realizada análise descritiva dos
tempos cronometrados (média, mediana, desvio-padrão, valores mínimos e
máximos) e foi apresentado um gráfico que demonstra as dias e seus
respectivos intervalos de 95% de confiança na comparação dos
questionários.
40
3.5.2.6 Reprodutibilidade (teste-reteste)
Reprodutibilidade (confiabilidade, fidedignidade, repetibilidade ou
precisão) é a consistência de resultados quando a medão se repete
(PEREIRA 2006). De acordo com STREINER e NORMAN (2003),
reprodutibilidade é o meio de demonstrar se as medidas dos indivíduos em
diferentes ocasiões, ou feita por diferentes entrevistadores produzem
resultados similares ou, até mesmo, os mesmos resultados.
Do total de 100 pacientes inicialmente entrevistadas, 95 enviaram a
resposta do questionário (95%). Das 5 pacientes que não responderam: 2
não atenderam mais os telefonemas da pesquisadora, 2 afirmaram que logo
colocariam no correio e 1 paciente não recebeu o pacote com os
questionários, pois este voltou duas vezes por erro no endereço (mesmo
com a confirmação dos dados com a paciente e familiares as duas vezes),
ultrapassando o intervalo correto (14 dias) para a resposta dos
questionários.
Neste estudo na análise da reprodutibilidade dos questionários,
comparou-se as médias dos escores nas duas entrevistas (teste-reteste)
utilizando o teste de Wilcoxon. Calculou-se, também, o coeficiente de
correlação intraclasse entre as 2 medidas e verificou-se a concordância
entre os escores (teste-reteste) pelo método Bland-Altman.
O método de Bland-Altman baseia-se em uma técnica gráfica onde as
diferenças pontuais entre os escores de duas medidas (no caso, teste-
reteste) são comparadas com a médias das diferenças. Como não se tem,
ou o se sabe os valores verdadeiros das diferenças, a diferença média,
segundo BLAND-ALTMAN (1986), é a melhor estimativa para a diferença.
41
Se não existem viéses, espera-se que não exista relação entre as
estimativas das diferenças e a sua média e uma distribuição aleatória das
diferenças em torno da média (COSTA 2007).
3.5.2.7 Escolha do melhor questionário
Na comparação entre os questionários foram considerados os
seguintes resultados:
Confirmação através da análise fatorial;
Melhor consistência interna (maior α de Cronbach);
Validade de constructo: diferença entre as médias segundo a
presença de linfedema;
Validade convergente: coeficiente de correlação significativo com os
domínios do SF-36;
Reprodutibilidade: médias iguais nos dois momentos, maior
coeficiente de correlação intraclasse e gráfico de Bland-Altman sem
viés;
Menor média de tempo de preenchimento e
Maior média do grau de entendimento.
3.6 PROGRAMAS DE COMPUTADOR (SOFTWARES)
Epi-Info versão 6.04 para DOS: digitação, consistência dos dados
(validate) e análise descritiva dos dados.
SPSS versão 12.0: lculo do α de Cronbach, análise fatorial,
coeficientes de correlação, testes de diferenças de médias e gráficos.
42
MedCalc versão 7.2.0.2: gráficos de Bland-Altman.
Lisrel versão 8.80: análise fatorial.
3.7 ASPECTOS ÉTICOS
A participação neste estudo foi de caráter voluntário. Após a
explicação de toda a pesquisa a paciente deveria ler e assinar o termo de
consentimento livre e esclarecido, que relata todos os detalhes do que
acontece com a paciente durante sua participação no estudo (Anexo 1).
Este projeto foi submetido à apreciação do Comitê de Ética em
Pesquisa do Hospital AC Camargo, sob o mero de protocolo 835/06,
sendo aprovado em 26 de setembro de 2006 (Anexo 11).
43
4 RESULTADOS
4.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA
A idade das mulheres variou de 27 a 90 anos (média de 56,5 anos;
desvio padrão de 12,4 anos; mediana 54,4 anos) e a faixa etária mais
freqüente foi entre 50 a 59 anos (33%), seguida pela faixa de 40 a 49 anos
(24%).
Cerca de 76% da pacientes realizaram suas consultas no hospital por
meio de convênio ou particular. Quanto aos demais aspectos demográficos,
64% das pacientes eram casadas, 51% das mulheres possuíam grau
superior completo, 53% estavam trabalhando no momento da pesquisa e
69% das mulheres eram católicas (Tabela 1).
44
Tabela 1 - Número e porcentagem de mulheres segundo as características
sócio-demográficas. Hospital AC Camargo, agosto a outubro de 2007.
Variável Categoria
Idade 20 a 29 anos 2
30 a 39 anos 5
40 a 49 anos 24
50 a 59 anos 33
60 a 69 anos 21
70 a 79 anos 12
80 anos 3
Convênio SUS 24
Convênio - particular 76
Estado civil Solteira 14
Casada 64
Divorciada 12
Viúva 10
Escolaridade Fundamental Incompleto 5
Fundamental Completo 10
Médio Incompleto 2
Médio Completo 27
Superior Incompleto 5
Superior Completo 51
Trabalha Não 16
Sim 53
Aposentada 28
Desempregada 3
Religião Não possui 3
Católica 69
Evangélica 8
Espírita 12
Outros 8
Total 100
45
A idade no momento do diagnóstico variou de 26 a 89 anos (média de
51,6 anos; desvio padrão de 11,8; mediana de 50,1 anos), sendo que
apenas 12% das pacientes receberam o diagnóstico com menos de 40 anos.
No momento da entrevista, 48% das pacientes haviam recebido o
diagnóstico menos de 2 anos. A média do tempo de diagnóstico para
essa amostra foi de 4,8 anos (desvio padrão de 6,4 anos), variando de 0 a
34 anos e mediana de 2,3 anos. Quanto ao estádio clínico das pacientes,
38% das mulheres apresentaram estádio clínico I, seguido pelo estádio
clínico II com 37%. Apenas 1 paciente não fez nenhum tratamento para o
câncer e 17% das mulheres apresentava linfedema do membro superior
homolateral a cirurgia (Tabela 2).
46
Tabela 2 - Número e porcentagem de mulheres segundo as características
clínicas. Hospital AC Camargo, agosto a outubro de 2007.
Variável Categoria
Idade no diagnóstico 20 a 29 anos 3
30 a 39 anos 9
40 a 49 anos 38
50 a 59 anos 27
60 a 69 anos 15
70 a 79 anos 6
80 a 89 anos 2
Tempo de Diagnóstico 0 a 1 ano 48
2 a 3 anos 14
4 a 5 anos 11
6 a 7 anos 8
8 a 9 anos 3
10 ou mais 16
Estádio clínico Estádio I 38
Estádio II 37
Estádio III 7
Estádio IV 18
Tratamento realizado Nenhum 1
Somente cirurgia 15
Quimioterapia 2
Cirurgia + Radiot. 21
Cirurgia + Quimiot. 14
Cirurgia + Radiot. + Quimiot. 47
Presença de linfedema Sim 17
Não 83
Total 100
47
4.2 QUESTIONÁRIO DE QUALIDADE DE VIDA - IBCSG
INTERNATIONAL BREAST CANCER STUDY GROUP
4.2.1 Descrição das questões
O escore variou de 0 a 59,48mm, com média de 20,32mm (dp =
13,65mm) e mediana de 17,23. O α de Cronbach apresentou um valor de
0,72. A Tabela 3 mostra a estatística descritiva de cada questão do
questionário. As maiores médias foram obtidas para as perguntas sobre
cansaço (33,37mm) e calores (33,19mm) e as menores para o apoio das
pessoas que a rodeiam (4,82mm), sensação de enjôo (10,48mm) e apetite
(12,11mm). Vale lembrar que, quanto maior a pontuação, pior a qualidade de
vida.
48
Tabela 3 - Estatísticas descritivas das perguntas do questionário de
qualidade de vida IBCSG. Hospital AC Camargo, agosto a outubro de 2007.
Parâmetro
Perguntas Média (dp)
(mm)
Mediana (mm) Min-max (mm)
1 – Bem estar Físico 23,05 (22,73) 16,66 0,00 – 87,50
2 – Humor 23,32 (23,90) 16,14 00,00 – 100,00
3 – Cansaço 33,37 (27,26) 28,12 0,00 – 97,92
4 – Apetite 12,11 (19,93) 3,64 0,00 – 96,88
5 – Calores 33,19 (35,75) 20,31 0,00 – 100,00
6 Sensação de enjôo (náuseas /
vômitos)
10,48 (23,14) 0,00 0,00 – 98,96
7 – Que esforço você tem de fazer
para lidar com sua doença?
16,82 (25,84) 1,04 0,00 – 97,92
8 Você sente-se apoiada por
pessoas que a rodeiam?
4,82 (11,44) 0,00 0,00 – 48,96
9 – A operação limita o uso do seu
braço?
26,50 (33,00) 9,89 0,00 – 100,00
10 Imagine que você tivesse que
viver o resto da sua vida em seu
estado atual, indique na linha a seguir
como classificaria a vida em seu
estado atual entre ótima saúde e
péssima saúde.
19,58 (22,64) 11,46 0,00 – 98,96
49
4.3 QUESTIONÁRIO DE QUALIDADE DE VIDA - EORTC-C30
EUROPEAN ORGANIZATION FOR RESEARCH AND TREATMENT
OF CANCER
4.3.1 Descrição das questões
Das 2 questões que compõem a escala saúde global, mais da metade
das pacientes classificaram-nas com nota acima de 5 (Tabela 4).
Tabela 4 Número e porcentagem de pacientes, segundo as questões que
compõem a escala Saúde Global, do questionário EORTC-C30. Hospital AC
Camargo, agosto a outubro de 2007.
Respostas
1 2 3 4 5 6 7
Saúde Global
Total
29-Como você classificaria sua
saúde em geral, durante a última
semana?
1 - 3 18
24
24
30
100
30-Como você classificaria a sua
qualidade de vida geral, durante a
ultima semana?
- 4 7 13
23
28
25
100
Os aspectos físicos que apresentam melhores condições referem-se
às questões 4 (Você tem que ficar numa cama ou na cadeira durante o dia?)
e 5 (Você precisa de ajuda para se alimentar,se vestir, se lavar ou usar o
banheiro?), pois 89% e 96% das mulheres, respectivamente, relataram não
ter dificuldades (Tabela 5).
50
Tabela 5 Número e porcentagem de pacientes, segundo as questões que
compõem a escala Funcional, do questionário EORTC-C30. Hospital AC
Camargo, agosto a outubro de 2007.
Respostas
Não Pouco Moderado Muito
Total
Funcional
1-Você tem qualquer dificuldade quando faz
grandes esforços, por ex. carregar uma
bolsa de compras pesada ou uma mala?
29 27 28 16 100
2-Você tem qualquer dificuldade quando faz
uma grande caminhada?
50 19 17 14 100
3-Você tem qualquer dificuldade quando faz
uma curta caminhada fora de casa?
76 14 10 - 100
4-Você tem que ficar numa cama ou na
cadeira durante o dia?
89 6 5 - 100
5- Você precisa de ajuda para se alimentar,
se vestir, se lavar ou usar o banheiro?
96 3 1 - 100
6-Tem sido difícil fazer suas atividades
diárias?
62 25 8 5 100
7-Tem sido difícil ter atividades de
divertimento ou lazer?
68 12 12 8 100
20-Você tem tido dificuldade para se
concentrar em coisas, como ler jornal ou ver
televisão?
59 19 14 8 100
21-Você se sentiu nervoso/a? 34 40 15 11 100
22-Você esteve preocupado/a? 20 46 15 19 100
23-Você se sentiu irritado/a facilmente? 38 40 11 11 100
24-Você se sentiu deprimido/a? 52 28 11 9 100
25-Você tem tido dificuldade de se lembrar
das coisas?
38 34 8 20 100
26-A sua condição física ou tratamento
médico tem interferido em sua vida familiar?
70 13 12 5 100
27-A sua condição física ou tratamento
médico tem interferido em suas atividades
sociais?
70 11 10 9 100
51
Quanto a escala de sintomas (Tabela 6), os sintomas menos
relatados foram as questões 15 (Você tem vomitado?) e 17 (Você tem tido
diarréia?), com respectivamente 98% e 93% das mulheres informando “não”
como resposta.
Tabela 6 Número e porcentagem de pacientes, segundo as questões que
compõem a escala Sintomas, do questionário EORTC-C30. Hospital AC
Camargo, agosto a outubro de 2007.
Respostas
Não Pouco Moderado Muito
Total
Sintomas
8-Você teve falta de ar? 82 14 3 1 100
9-Você tem tido dor? 41 30 19 10 100
10-Você precisou repousar? 57 24 15 4 100
11-Você tem tido problemas para dormir? 42 31 13 14 100
12-Você tem se sentido fraco/a? 62 28 6 4 100
13-Você tem tido falta de apetite? 87 11 1 1 100
14-Você tem se sentindo enjoado/a? 79 12 5 4 100
15-Você tem vomitado? 98 1 1 - 100
16-Você tem tido prisão de ventre? 58 24 10 8 100
17-Você tem tudo diarréia? 93 6 - 1 100
18-Você esteve cansado/a? 35 42 17 6 100
19-A dor interferiu em suas atividades
diárias?
63 16 13 8 100
28- A sua condição física ou tratamento
médico tem lhe trazido dificuldades
financeiras?
68 17 7 8 100
A análise descritiva e a consistência interna das escalas do
questionário EORTC-C30 estão descritas na Tabela 7. A escala que
apresentou a melhor consistência interna foi a funcional (0,86), seguida pela
escala de sintomas (0,81). Todas demonstraram boa média de qualidade de
vida, pois nas escalas saúde geral e funcional quanto maior a pontuação,
melhor a qualidade de vida. Já na escala de sintomas, quanto maior a
52
pontuação, maior a quantidade de sintomas e, conseqüentemente, pior a
qualidade de vida.
Tabela 7 Análise descritiva e consistência interna das escalas do
questionário de qualidade de vida EORTC-C30. São Paulo. 2007.
Parâmetro
Escalas Média (dp) Mediana Mín-max α Cronbach
Saúde Global
74,58 (19,55) 75,00 8,33-100,00 0,72
Funcional
75,64 (17,68) 80,00 22,22-100,00 0,86
Sintomas
17,51 (14,76) 12,82 0,00-76,92 0,81
4.3.2 Análise Fatorial Confirmatória
Na Tabela 8 estão os resultados da análise fatorial confirmatória
deste questionário. Na escala funcional, das 15 perguntas, foram
confirmadas 12. Embora expliquem 38,58% da variância total, todos tiveram
coeficiente de correlação superior a 0,50.
A escala sintomas é composta por 13 questões e nove foram
selecionadas para o fator. Destaca-se que todas contribuíram fortemente
para o mesmo, pois tiveram cargas fatoriais acima de 0,50.
Na escala saúde global as duas questões que o compõem foram
selecionadas e ambas apresentaram fortes cargas fatoriais (acima de 0,90),
embora expliquem apenas 16,05% da variância total.
Mesmo as escalas não tendo sido confirmadas na totalidade de
questões, optou-se por continuar as análises com as escalas originais, pois
a consistência interna foi sempre acima de 0,70.
53
Tabela 8 - Resultados da análise fatorial confirmatória dos domínios do questionário de qualidade de vida EORTC-C30. Hospital
AC Camargo, agosto a outubro de 2007.
Questões Fator 1 Variância Uniqueness
Domínio Funcional
1-Você tem qualquer dificuldade quando faz grandes esforços, por ex. carregar uma bolsa de compras pesada ou uma mala? 0,586 0,657 0,343
2-Você tem qualquer dificuldade quando faz uma grande caminhada? 0,531 0,718 0,282
6-Tem sido difícil fazer suas atividades diárias? 0,641 0,589 0,411
7-Tem sido difícil ter atividades de divertimento ou lazer? 0,704 0,505 0,495
20-Você tem tido dificuldade para se concentrar em coisas, como ler jornal ou ver televisão? 0,849 0,28 0,72
21-Você se sentiu nervoso/a? 0,919 0,155 0,845
22-Você esteve preocupado/a? 0,924 0,146 0,854
23-Você se sentiu irritado/a facilmente? 0,911 0,17 0,83
24-Você se sentiu deprimido/a? 0,926 0,143 0,857
25-Você tem tido dificuldade de se lembrar das coisas? 0,828 0,315 0,685
26-A sua condição física ou tratamento médico tem interferido em sua vida familiar? 0,789 0,378 0,622
27-A sua condição física ou tratamento médico tem interferido em suas atividades sociais? 0,652 0,574 0,426
4,63 7,37
Variância Total 12,00
% Variância explicada 38,58%
Domínio Sintomas
9-Você tem tido dor? 0,963 0,073 0,927
10-Você precisou repousar? 0,856 0,268 0,732
11-Você tem tido problemas para dormir? 0,670 0,552 0,448
12-Você tem se sentido fraco/a? 0,816 0,335 0,665
14-Você tem se sentindo enjoado/a? 0,786 0,382 0,618
16-Você tem tido prisão de ventre? 0,682 0,535 0,465
18-Você esteve cansado/a? 0,808 0,346 0,654
19-A dor interferiu em suas atividades diárias? 0,960 0,079 0,921
28- A sua condição física ou tratamento médico tem lhe trazido dificuldades financeiras? 0,591 0,65 0,35
3,22 5,78
Variância Total 9,00
% Variância explicada 35,78%
Domínio Saúde Global
29-Como você classificaria sua saúde em geral, durante a última semana? 0,901 0,187 0,813
30-Como você classificaria a sua qualidade de vida geral, durante a ultima semana? 0,931 0,134 0,866
0,321 1,679
Variância Total 2,00
% Variância explicada 16,05%
54
4.4 QUESTIONÁRIO DE QUALIDADE DE VIDA - EORTC-BR23
EUROPEAN ORGANIZATION FOR RESEARCH AND TREATMENT
OF CANCER
4.4.1 Descrição do questionário e análise da consistência interna
O questionário EORTC-BR23 é composto por 2 escalas: funcional e
de sintomas, que variam de 0-100. Na escala funcional quanto maior a
pontuação, melhor a qualidade de vida e na de sintomas quanto maior a
pontuação, maior a quantidade de sintomas, pior a qualidade de vida.
Na escala funcional, das questões 39 a 43, a pergunta que
apresentou maior porcentagem para a opção “não” (não senti, não fiquei
preocupada) foi a mero 40 (Vose sentiu menos mulher como resultado
de sua doença ou tratamento?) com 81% das mulheres. Na pergunta 43
(Sentiu-se preocupada com sua saúde futura?) 24% das mulheres
responderam a opção “muito”.
Das 100 mulheres, 44 referiram não ter vida sexual ativa e das 56 que
possuíam vida sexual ativa, 44% classificaram sua vida sexual entre
moderadamente e muito satisfatória (Tabela 9).
55
Tabela 9 Número e porcentagem de pacientes, segundo as questões que
compõem a escala funcional o questionário EORTC BR23. Hospital AC
Camargo, agosto a outubro de 2007.
Respostas
Não Pouco Moderado Muito
Não se
aplica ou
não resp.
Total
Funcional
39-Você se sentiu menos bonita
devido à sua saúde ou tratamento?
67 17 7 9 - 100
40-Você se sentiu menos mulher
como resultado de sua doença ou
tratamento?
81 6 9 4 - 100
41-Achou difícil observar-se nua? 69 13 8 10 - 100
42-Sentiu-se insatisfeito(a) com seu
corpo?
55 23 11 11 - 100
43-Sentiu-se preocupado(a) com
sua saúde futura?
19 38 19 24 - 100
44-Até que ponto sentiu desejo
sexual?
38 27 32 3 - 100
45-Com que freqüência foi
sexualmente ativa (teve relações
sexuais)/(com ou sem relação
sexual)?
44 19 33 4 - 100
46-Responda a esta pergunta
apenas se tiver sido sexualmente
ativa: Até que ponto o sexo foi
satisfatório para você?
3 8 22 22 45 100
Na escala funcional as questões 32 (O que comeu e bebeu teve um
sabor diferente do normal?), 51 (Sentiu a área do seu seio doente inchada?)
e 53 (Sentiu problemas de pele no ou na área do seio doente?)
apresentaram as melhores condições, pois 83%, 77% e 73% das pacientes,
respectivamente, assinalaram “não” como resposta (Tabela 10).
56
Tabela 10 – Número e porcentagem de pacientes, segundo as questões que
compõem a escala se sintomas do questionário EORTC BR23. Hospital
AC Camargo, agosto a outubro de 2007.
Respostas Total
Não Pouco Moderado Muito
Não se
aplica ou
não resp.
Sintomas
31-Sentiu a boca seca? 45 30 14 11 - 100
32-O que comeu e bebeu teve
um sabor diferente do normal?
83 10 6 1 - 100
33-Sentiu os olhos doridos,
irritados ou lacrimejantes?
48 32 16 4 - 100
34-Teve queda de cabelo? 61 17 8 14 - 100
35-Responda a esta pergunta
apenas se teve queda de
cabelo: A queda de cabelo
perturbou você?
17 7 6 9 61 100
36-Sentiu-se doente ou
indisposta?
55 29 12 4 - 100
37-Sentiu arrepios de calor? 62 19 8 11 - 100
38-Sentiu dor de cabeça? 57 26 10 7 - 100
47-Sentiu dores no braço ou
ombro?
44 26 16 14 - 100
48-Sentiu seu braço ou sua
mão inchados?
70 15 10 5 - 100
49-Sentiu dificuldade em
levantar ou abrir o braço?
58 23 9 10 - 100
50-Sentiu dores na área de seu
seio doente?
49 32 12 7 - 100
51-Sentiu a área do seu seio
doente inchada?
77 14 4 5 - 100
52-Sentiu a área de seu seio
doente demasiado sensível?
49 30 9 12 - 100
53-Sentiu problemas de pele
no ou na área do seio doente
(i.e., comichão, pele seca ou
escamosa)?
73 13 7 7 - 100
A média do escore da escala funcional foi 63,05 (dp = 8,06) e da
escala de sintomas foi de 22,54 (dp = 16,46). Em ambas as escalas o α de
Cronbach foi superior a 0,70. A análise descritiva e a consistência interna
das escalas do questionário EORTC-BR23 estão descritas na Tabela 11.
57
Tabela 11 - Análise descritiva e consistência interna das escalas do
questionário de qualidade de vida EORTC-BR23. Hospital AC Camargo,
agosto a outubro de 2007.
Parâmetro
Escalas
Média (dp) Mediana Mín-max α Cronbach
Funcional
63,05 (18,06) 66,67 19,05-91,67 0,78
Sintomas
22,54 (16,46) 19,04 0,00-71,11 0,83
4.4.2 Análise Fatorial Confirmatória
Na Tabela 12 estão os resultados da análise fatorial confirmatória do
questionário. Na escala funcional foi definido um único fator que explicou
32,56% da variância total. Foram confirmadas neste fator, cinco das oito
questões que fazem parte desta escala, sendo que apenas uma questão
(“Até que ponto o sexo foi satisfatório para você”) apresentou uma carga
fatorial baixa (0,030).
Para a escala de sintomas, a solução fatorial de um único fator
explicou 39,49% da variância total. Foram confirmadas neste fator oito das
quinze questões que originalmente compõem esta escala. As questões que
apresentaram maiores cargas fatoriais foram “sentiu dores no braço ou no
ombro?”, “sentiu seu braço ou sua mão inchados?”, “sentiu dificuldade em
levantar ou abrir o braço?” e “sentiu a área do seu seio doente demasiado
sensível?”.
Mesmo as escalas não tendo sido confirmadas na totalidade de
questões, optou-se por continuar as análises com as escalas originais, pois
a consistência interna foi sempre acima de 0,70.
58
Tabela 12 - Resultados da análise fatorial confirmatória dos domínios do questionário de qualidade de vida EORTC-BR23.
Hospital AC Camargo, agosto a outubro de 2007.
Questões
Fator 1 Variância
Uniqueness
Domínio Funcional
39-Você se sentiu menos bonita devido à sua saúde ou tratamento? 0,966 0,067 0,933
40-Você se sentiu menos mulher como resultado de sua doença ou tratamento? 0,975 0,049 0,951
41-Achou difícil observar-se nua? 0,929 0,136 0,864
43-Sentiu-se preocupado(a) com sua saúde futura? 0,790 0,377 0,623
46-Responda a esta pergunta apenas se tiver sido sexualmente ativa: Até que ponto o sexo foi satisfatório para
você? 0,030 0,999 0,001
1,628 3,372
Variância Total 5,00
% Variância explicada 32,56%
Domínio Sintomas
31-Sentiu a boca seca? 0,460 0,789 0,211
35-Responda a esta pergunta apenas se teve queda de cabelo: A queda de cabelo perturbou você? 0,473 0,777 0,223
36-Sentiu-se doente ou indisposta? 0,874 0,236 0,764
37-Sentiu arrepios de calor? 0,435 0,811 0,189
47-Sentiu dores no braço ou ombro? 0,924 0,145 0,855
48-Sentiu seu braço ou sua mão inchados? 0,960 0,078 0,922
49-Sentiu dificuldade em levantar ou abrir o braço? 0,906 0,18 0,820
52-Sentiu a área de seu seio doente demasiado sensível? 0,926 0,143 0,857
3,159 4,841
Variância Total 8,00
% Variância explicada 39,49%
59
4.5 QUESTIONÁRIO DE QUALIDADE DE VIDA - FACT-B+4
FUNCTIONAL ASSESSMENT OF CANCER THERAPY – BREAST
PLUS ARM MORBIDITY
4.5.1 Descrição do questionário e análise da consistência interna
O questionário FACT-B+4 é composto por 6 domínios: bem-estar
físico, bem-estar social/familiar, bem-estar emocional, bem-estar funcional e
preocupações adicionais sobre o braço e sobre o câncer de mama.
No domínio bem-estar físico, 2 perguntas demonstraram melhores
condições físicas das pacientes. Na questão GP2 (fico enjoada) e GP6
(sinto-me doente) 76% e 79%, respectivamente, optaram pela resposta “nem
um pouco” (Tabela 13).
Tabela 13 – Número e porcentagem de pacientes, segundo as questões que
compõem o Domínio Bem-estar Físico, do questionário FACT-B+4. Hospital
AC Camargo, agosto a outubro de 2007.
Respostas
Nem um
pouco
Um
pouco
Mais ou
menos
Muito Muitís-
simo
Não se
aplica
ou não
resp.
Total
Bem-estar Físico
GP1-Estou sem energia. 31 41 18 8 2 - 100
GP2-Fico enjoada. 76 11 6 7 - - 100
GP3-Por causa do meu estado
físico, tenho dificuldade em
atender às necessidades da
minha família.
69 12 13 5 1 - 100
GP4-Tenho dores. 39 28 11 12 10 - 100
GP5-Sinto-me incomodada
pelos efeitos secundários do
tratamento.
56 19 9 12 4 - 100
GP6-Sinto-me doente. 79 9 10 2 - - 100
GP7-Tenho que me deitar
durante o dia.
62 27 6 5 - - 100
60
No domínio bem-estar familiar, 63% das mulheres relataram receber
“muitíssimo” apoio emocional de suas famílias (GS2) e 57% sentem-se
“muitíssimo” próximas de seus parceiros (GS6). Na pergunta GS7 29% das
pacientes não responderam, pois preferiram não comentar sobre sua vida
sexual (Tabela 14).
Tabela 14 – Número e porcentagem de pacientes, segundo as questões que
compõem o Domínio Bem-estar Familiar, do questionário FACT-B+4.
Hospital AC Camargo, agosto a outubro de 2007.
Respostas
Nem um
pouco
Um
pouco
Mais ou
menos
Muito Muitís
-simo
Não se
aplica
ou não
resp.
Total
Bem-estar Familiar
GS1-Sinto que tenho uma boa
relação com os meus amigos.
- 3 5 43 49 -
100
GS2-Recebo apoio emocional da
minha família.
- 4 8 25 63 -
100
GS3-Recebo apoio dos meus
amigos.
1 1 8 35 55 -
100
GS4-A minha família aceita a
minha doença.
3 2 10 33 51 1
100
GS5-Estou satisfeita com a
maneira como a minha família fala
sobre a minha doença.
1 5 8 32 53 1
100
GS6-Sinto-me próxima do meu
parceiro (ou da pessoa que me
maior apoio)
5 2 9 26 57 1
100
GS7-Estou satisfeita com a minha
vida sexual
15 7 16 15 18 29
100
O domínio bem-estar emocional apresentou 2 questões com boa
avaliação quanto aos aspectos emocionais. Das 100 mulheres, 95 relataram
que não estão perdendo a esperança na luta contra a doença e 69% delas
não estão preocupadas com a idéia de morrer (Tabela 15).
61
Tabela 15 – Número e porcentagem de pacientes, segundo as questões que
compõem o Domínio Bem-estar Emocional, do questionário FACT-B+4.
Hospital AC Camargo, agosto a outubro de 2007.
Respostas
Nem um
pouco
Um
pouco
Mais ou
menos
Muito Muitís
- simo
Não se
aplica ou
não resp.
Total
Bem-estar Emocional
GE1-Sinto-me triste.
46 35 9 5 5 -
100
GE2-Estou satisfeita com a maneira
como enfrento a minha doença.
11 10 14 28 36 1
100
GE3-Estou perdendo a esperança
na luta contra a minha doença.
95 3 1 1 - -
100
GE4-Sinto-me nervosa.
42 40 8 6 4 -
100
GE5-Estou preocupado com a idéia
de morrer.
69 15 12 3 1 -
100
GE6-Estou preocupado que o meu
estado venha a piorar.
57 24 9 7 3 -
100
Quanto ao domínio funcional, 55% das pacientes relataram
capacidade em sentir prazer em viver; no entanto, apenas 22% das
pacientes referiram que dormem bem (Tabela 16).
62
Tabela 16 – Número e porcentagem de pacientes, segundo as questões que
compõem o Domínio Bem-estar Funcional, do questionário FACT-B+4.
Hospital AC Camargo, agosto a outubro de 2007.
Respostas
Nem um
pouco
Um
pouco
Mais ou
menos
Muito Muitís-
simo
Não se
aplica
ou não
resp.
Total
Bem-estar Funcional
GF1-Sou capaz de trabalhar
(inclusive em casa).
3 9 13 38 37 -
100
GF2-Sinto-me realizado com
o meu trabalho (inclusive em
casa).
4 8 18 38 32 -
100
GF3-Sou capaz de sentir
prazer em viver.
- - 7 38 55 -
100
GF4-Aceito a minha doença.
4 6 22 30 38 -
100
GF5-Durmo bem.
7 9 35 27 22 -
100
GF6-Gosto das coisas que
normalmente faço para me
divertir.
- 2 14 51 33 -
100
GF7-Estou satisfeito com a
qualidade da minha vida
neste momento.
1 3 25 34 37 -
100
No domínio sobre preocupações adicionais sobre o câncer de mama,
tanto na pergunta B1 (sinto falta de ar) quanto na B2 (sinto-me insegura com
a forma como eu me visto), respectivamente, 79% e 70% das pacientes
optaram pela resposta “nem um pouco” (Tabela 17).
63
Tabela 17 – Número e porcentagem de pacientes, segundo as questões que
compõem o Domínio de Preocupações Adicionais Câncer de Mama, do
questionário FACT-B+4. Hospital AC Camargo, agosto a outubro de 2007.
Respostas
Nem
um
pouco
Um
pouco
Mais
ou
menos
Muito Muitís-
simo
Não se
aplica
ou não
resp.
Total
Preocupações Adicionais -
Câncer de Mama
n°
B1-Sinto falta de ar. 79 16 4 1 - - 100
B2-Sinto-me insegura com a
forma como me visto
70 16 7 3 4 - 100
*B3-Tenho inchaço ou dor no(s)
braço(s).
59 21 10 5 5 - 100
B4-Sinto-me sexualmente
atraente.
26 13 34 18 5 4 100
B5-Sinto-me incomodada com a
queda de cabelo
68 9 7 8 8 - 100
B6-Fico preocupada com a
possibilidade de que outros
membros da minha família um
dia tenham a mesma doença
que eu.
14 11 14 24 37 - 100
B7-Fico preocupada com o efeito
do estresse sobre a minha
doença.
32 21 16 17 13 1 100
B8-Sinto-me incomodada com a
alteração de peso.
34 14 11 19 22 - 100
B9-Consigo sentir-me mulher. 8 7 18 42 25 - 100
P2-Sinto dores em algumas
regiões do meu corpo.
35 28 11 16 10 - 100
* A pergunta B3 participa dos dois domínios de Preocupações Adicionais: Câncer de Mama
e Braço
A questão B3 pertence ao domínio preocupações adicionais com o
braço. Verificou-se que 59% das pacientes não possuem edema nos
membros superiores. Além disso, na questão B13, 68% das pacientes
afirmam não sentir qualquer tipo de rigidez no braço homolateral à cirurgia
(Tabela 18).
64
Tabela 18 – Número e porcentagem de pacientes, segundo as questões que
compõem o Domínio de Preocupações Adicionais Braço, do questionário
FACT-B+4. Hospital AC Camargo, agosto a outubro de 2007.
Respostas
Nem
um
pouco
Um
pouco
Mais
ou
menos
Muito Muitís-
simo
Não se
aplica
ou não
resp.
Total
Preocupações
Adicionais
- Braço
n°
*B3-Tenho inchaço ou dor
no(s) braço(s).
59 (59) 21 (21) 10 (10) 5 (5) 5 (5) - 100
B10-Sinto dor ao mover o
meu braço deste lado
52 (52) 25 (25) 10 (10) 7 (7) 3 (3) 3 (3) 100
B11-A extensão de
movimentos do meu braço
deste lado é limitada.
44 (44) 29 (29) 9 (9) 12 (12) 3 (3) 3 (3) 100
B12-Sinto dormência no meu
braço deste lado.
56 (56) 20 (20) 13 (13) 4 (4) 4 (4) 3 (3) 100
B13-Sinto rigidez no meu
braço deste lado.
68 (68) 14 (14) 11 (11) 1 (1) 3 (3) 3 (3) 100
* A pergunta B3 participa dos dois domínios de Preocupações Adicionais: Câncer de Mama e Braço
A análise descritiva e a consistência interna dos domínios do
questionário FACT-B+4 estão descritos na Tabela 19. O domínio
preocupações adicionais com o braço apresentou a menor média, 16,22 (dp
= 4,16). Os domínios bem-estar emocional e preocupações adicionais com o
câncer de mama apresentaram α de Cronbach menor que 0,60.
65
Tabela 19 Análise descritiva e consistência interna do questionário FACT-
B+4. Hospital AC Camargo, agosto a outubro de 2007.
Parâmetro
Domínios Média
(dp)
Mediana Min-
max
α Cronbach
Bem-estar físico 22,86 (5,03) 25,00 5,00-28,00 0,83
Bem-estar familiar 22,00 (4,18) 23,00 11,00-28,00 0,68
Bem-estar emocional 19,56 (3,39) 20,00 10,00-24,00 0,38
Bem-estar funcional 20,89 (4,40) 21,00 9,00-28,00 0,77
P. A.- câncer de mama 23,87 (5,41) 25,00 11,00-34,00 0,54
P. A. - braço 16,22 (4,16) 17,00 1,00-20,00 0,82
4.5.2 Análise Fatorial Confirmatória
Na Tabela 20 estão os resultados da análise fatorial confirmatória. No
domínio bem-estar físico foi obtido um único fator que explicou 25,81% da
variância total. Todas as sete questões que compõem este domínio foram
confirmadas neste fator e todas contribuíram fortemente para o mesmo, pois
tiveram cargas fatoriais altas (acima de 0,80).
Para o domínio bem-estar familiar, a solução fatorial de um único fator
explicou 34,77% da variância total. Foram confirmadas todas as sete
questões que compõem, sendo que apenas uma questão “estou satisfeita
com a minha vida sexual” não apresentou carga fatorial alta.
O domínio emocional é composto por seis questões e todas foram
confirmadas para compor um único fator que explica 46,03% da variância
total, apresentando carga fatorial acima de 0,48.
66
Com relação ao domínio funcional, todas as sete questões do domínio
funcional foram confirmadas pelo fator. Apenas a questão “Aceito a minha
doença” não apresentou um coeficiente de correlação superior a 0,50.
Para o domínio preocupações adicionais câncer de mama, também
todas as suas questões foram selecionadas para o único fator. Das nove
questões, oito tiveram cargas fatoriais acima de 0,50 e contribuíram para
explicar 56,80% da variância total.
O domínio preocupações adicionais braço é composto por cinco
questões e todas foram selecionadas para compor um único fator que
explicou 20,04% da variância total. Todas as questões apresentaram cargas
fatoriais acima de 0,70.
Pelo exposto, verifica-se que a escala foi confirmada em todos os
seus domínios.
67
Tabela 20 - Resultados da análise fatorial confirmatória dos domínios do questionário de qualidade de vida FACT-B+4. Hospital
AC Camargo, agosto a outubro de 2007.
Questões Fator 1 Variância Uniquenes
s
Domínio bem-estar físico
GP1-Estou sem energia. 0,818 0,331 0,669
GP2-Fico enjoada. 0,843 0,289 0,711
GP3-Por causa do meu estado físico, tenho dificuldade em atender às necessidades da minha família. 0,941 0,114 0,886
GP4-Tenho dores. 0,911 0,169 0,831
GP5-Sinto-me incomodada pelos efeitos secundários do tratamento. 0,838 0,298 0,702
GP6-Sinto-me doente. 0,853 0,273 0,727
GP7-Tenho que me deitar durante o dia. 0,817 0,333 0,667
1,807 5,193
Variância Total 7,00
% Variância explicada 25,81%
Domínio bem-estar familiar
GS1-Sinto que tenho uma boa relação com os meus amigos. -0,997 0,007 0,993
GS2-Recebo apoio emocional da minha família. -0,997 0,007 0,993
GS3-Recebo apoio dos meus amigos. 0,841 0,293 0,707
GS4-A minha família aceita a minha doença. 0,617 0,62 0,38
GS5-Estou satisfeita com a maneira como a minha família fala sobre a minha doença. 0,927 0,14 0,86
GS6-Sinto-me próxima do meu parceiro (ou da pessoa que me dá maior apoio) 0,772 0,403 0,597
GS7-Estou satisfeita com a minha vida sexual -0,190 0,964 0,036
2,434 4,566
Variância Total 7,00
% Variância explicada 34,77%
Domínio emocional
GE1-Sinto-me triste. 0.647 0,582 0,418
GE2-Estou satisfeita com a maneira como enfrento a minha doença. -0.487 0,763 0,237
GE3-Estou perdendo a esperança na luta contra a minha doença. 0.726 0,473 0,527
GE4-Sinto-me nervosa. 0.501 0,749 0,251
GE5-Estou preocupado com a idéia de morrer. 0.921 0,151 0,849
GE6-Estou preocupado que o meu estado venha a piorar. 0.978 0,044 0,956
2,762 3,238
Variância Total 6,00
% Variância explicada 46,03%
68
Cont/ Tabela 20
Domínio funcional
GF1-Sou capaz de trabalhar (inclusive em casa). 0,862 0,256 0,744
GF2-Sinto-me realizado com o meu trabalho (inclusive em casa). 0,840 0,295 0,705
GF3-Sou capaz de sentir prazer em viver. -0,997 0,007 0,993
GF4-Aceito a minha doença. 0,418 0,825 0,175
GF5-Durmo bem. 0,377 0,858 0,142
GF6-Gosto das coisas que normalmente faço para me divertir. -0,997 0,007 0,993
GF7-Estou satisfeito com a qualidade da minha vida neste momento. 0,657 0,569 0,431
2,817 4,183
Variância Total 7
% Variância explicada 40,24%
Preocupações adicionais – câncer de mama
B1-Sinto falta de ar. 0,692 0,52 0,48
B2-Sinto-me insegura com a forma como me visto 0,851 0,275 0,725
B3-Tenho inchaço ou dor no(s) braço(s). 0,817 0,333 0,667
B4-Sinto-me sexualmente atraente. -0,611 0,626 0,374
B5-Sinto-me incomodada com a queda de cabelo 0,432 0,813 0,187
B6-Fico preocupada com a possibilidade de que outros membros da minha família um dia tenham a mesma doença que eu. 0,561 0,685 0,315
B7-Fico preocupada com o efeito do estresse sobre a minha doença. 0,547 0,701 0,299
B8-Sinto-me incomodada com a alteração de peso. 0,675 0,544 0,456
B9-Consigo sentir-me mulher. -0,620 0,615 0,385
5,112 3,888
Variância Total 9
% Variância explicada 56,8%
Preocupações adicionais – braço
B3-Tenho inchaço ou dor no(s) braço(s). 0,726 0,473 0,527
B10-Sinto dor ao mover o meu braço deste lado 0,906 0,179 0,821
B11-A extensão de movimentos do meu braço deste lado é limitada. 0,925 0,145 0,855
B12-Sinto dormência no meu braço deste lado. 0,910 0,172 0,828
B13-Sinto rigidez no meu braço deste lado. 0,984 0,033 0,967
1,002 3,998
Variância Total 5
% Variância explicada 20,04%
69
4.6 VALIDADE DE CONSTRUCTO
A Tabela 21 mostra a comparação das médias dos escores dos
questionários IBCSG, EORTC-C30, EORTC-BR23, FACT-B+4 e IBCSG
segundo presença ou ausência de linfedema.
Observa-se que houve diferença estatisticamente significativa nas
médias dos escores de todos os questionários, com exceção apenas da
escala de sintomas dos questionários EORTC-C30 e EORTC-BR23.
No questionário IBCSG quanto maior a pontuação pior a qualidade de
vida (18,85 X 27,56, p=0,019). O questionário EORTC-C30 na escala saúde
global quanto maior a pontuação, melhor a qualidade de vida (77,11 X 62,25,
p=0,003), assim como na escala funcional (78,21 X 63,14, p=0,006). Na
escala funcional do questionário EORTC-BR23 quanto maior a pontuação,
maior a qualidade de vida (64,94 X 53,85 p=0,034). No questionário FACT-
B+4 quanto maior a pontuação melhor a qualidade de vida (127,83 X 113,53,
p= 0,006).
70
Tabela 21 - Comparação de médias dos questionários/escalas no momento
1 em relação à categoria presença ou ausência de linfedema. Hospital AC
Camargo, agosto a outubro de 2007.
Questionários /
Escalas
Ausência Linfedema
n = 83
Média (dp)
Presença Linfedema
n = 17
Média (dp)
p
IBCSG 18,85 (13,01) 27,56 (14,77) 0,019
EORTC-C-30
Saúde Global
77,11 (19,16) 62,25 (16,96) 0,003
EORTC-C-30
Escala Funcional
78,21 (15,91) 63,14 (20,88) 0,006
EORTC-C-30
Escala de Sintomas
16,62 (14,76) 21,87 (14,39) 0,131
EORTC-BR23 Escala
Funcional
64,94 (16,76) 53,85 (21,70) 0,034
EORTC-BR23 Escala
de Sintomas
21,16 (14,82) 29,28 (22,23) 0,202
FACT-B+4 127,83 (16,77) 113,53 (20,66) 0,006
4.7 VALIDADE CONVERGENTE
Os questionários foram correlacionados com o questionário SF-36
(Tabela 22) afim de verificar a capacidade dos questionários de se
correlacionar em magnitude e direção com escalas que avaliam qualidade
de vida em relação à saúde de maneira geral. Espera-se encontrar
correlação entre os questionários e o SF-36.
Nenhum dos domínios/escalas teve correlação significativa com os
domínios vitalidade e aspectos sociais do questionário SF-36. As mais fortes
correlações, sejam elas positivas ou negativas, com o domínio capacidade
funcional do SF-36 foram obtidas com o questionário IBCSG (r=-0,38;
p<0,001), com a escala funcional do EORTC-C30 (r=0,47; p<0,001), com a
71
escala de sintomas também do EORTC-C30 (r=-0,50; p<0,001), com a
escala funcional do questionário EORTC-BR23 (r=0,42; p<0,001) e com o
questionário FACT-B+4 (r=0,36; p<0,001). O mesmo aconteceu com os
domínios dor e limitação por aspectos físicos e emocionais.
Com o domínio limitação por aspectos físicos, as maiores correlações
foram obtidas com o questionário IBCSG (r=-0,45; p<0,001), com a escala
funcional do EORTC-C30 (r=0,41; p<0,001), com a escala de sintomas
também do EORTC-C30 (r=-0,37; p<0,001) e com o questionário FACT-B+4
(r=0,35; p<0,001).
O domínio estado geral da saúde esteve correlacionado
significativamente com todas as escalas com exceção das escalas de
sintomas do EORTC (C30 e BR23).
Com o domínio saúde mental todas as correlações obtidas pelos
questionários foram fracas.
Em resumo, os questionário demonstraram fortes correlações com os
domínios capacidade funcional, limitação por aspectos físicos e limitação por
aspectos emocionais.
72
Tabela 22 - Coeficiente de correlação de Spearman (r) entre os
questionários e o SF-36. Hospital AC Camargo, agosto a outubro de 2007.
IBCSG EORTC-
C30
Saúde
Global
EORTC-
C30
Escala
Funcional
EORTC-
C30
Escala de
Sintomas
EORTC-
BR23
Escala
Funcional
EORTC-
BR23
Escala de
Sintomas
FACT-
B+4
Escalas
SF-36
r (p) r (p) r (p) r (p) r (p) r (p) r (p)
Capacidade
Funcional
-0,38
(<0,001)
0,28
(0,005)
0,47
(<0,001)
- 0,50
(<0,001)
0,42
(<0,001)
-0,29
(0,003)
0,36
(<0,001)
Limitação
por
aspectos
físicos
-0,45
(<0,001)
0,27
(0,006)
0,41
(<0,001)
-0,37
(<0,001)
0,26
(0,008)
-0,32
(0,001)
0,35
(<0,001)
Dor 0,55
(<0,001)
-0,49
(<0,001)
-0,48
(<0,001)
0,56
(<0,001)
-0,29
(0,004)
0,57
(<0,001)
-0,62
(<0,001)
Estado
geral da
saúde
0,32
(0,001)
-0,37
(<0,001)
-0,24
(0,019)
0,19
(0,054)
-0,23
(0,023)
0,18
(0,070)
-0,29
(0,003)
Vitalidade 0,05
(0,650)
0,01
(0,962)
-0,01
(0,970)
-0,02
(0,882)
-019
(0,064)
0,04
(0,633)
-0,10
(0,327)
Aspectos
sociais
0,07
(0,522)
-0,13
(0,199)
0,03
(0,806)
0,11
(0,206)
0,05
(0,615)
0,09
(0,361)
0,01
(0,995)
Limitação
por
aspectos
emocionais
-0,50
(<0,001)
0,35
(<0,001)
0,53
(<0,001)
-0,36
(<0,001)
0,39
(<0,001)
-0,23
(0,021)
0,53
(<0,001)
Saúde
mental
-0,29
(0,004)
0,18
(0,081)
0,34
(0,001)
-0,29
(0,004)
0,18
(0,072)
-0,23
(0,023)
0,27
(0,008)
73
4.8 AVALIAÇÃO DO GRAU DE ENTENDIMENTO DAS
QUESTÕES E DOS QUESTIONÁRIOS
4.8.1 Grau de entendimento das questões
Nas Tabelas 23, 24, 25 e 26 estão apresentados os resultados do
grau de entendimento das questões de cada questionário.
No questionário IBCSG todas as questões foram consideradas
confusas por 6 mulheres, todas as questões foram consideradas difíceis por
pelo menos 1 mulher e nenhuma questão foi considerada com palavras
difíceis e/ou constrangedoras.
No questionário EORTC-C30 nenhuma questão foi considerada como
tendo palavras difíceis e/ou constrangedoras. Apenas uma paciente
considerou a pergunta 26 (a sua condição física ou tratamento médico tem
interferido em sua vida familiar?) difícil de compreender. A pergunta 4 (você
tem que ficar numa cama ou na cadeira durante o dia?) foi considerada
confusa por 11 mulheres.
No questionário EORTC BR-23, nenhuma mulher considerou alguma
pergunta constrangedora. A questão 33 (sentiu os olhos doridos, irritados ou
lacrimejantes?) foi considerada com palavras difíceis por apenas uma
mulher. A pergunta 53 (sentiu problemas de pele no ou na área do seio
doente (i.e., comichão, pele seca ou escamosa)?) foi considerada difícil e
confusa por 2 mulheres e com palavras difíceis por 1.
No questionário FACT-B+4 nenhuma pergunta foi considerada com
palavras difíceis e/ou constrangedoras. Apenas 3 mulheres consideraram
74
confusa a questão GP7 (Tenho que me deitar durante o dia) e apenas a
questão GS5 (Estou satisfeita com a maneira como a minha família fala
sobre a minha doença) foi considerada difícil por 1 mulher.
Tabela 23 - Número de pacientes, segundo o grau de entendimento de cada
questão do questionário IBCSG. Hospital AC Camargo, agosto a outubro de
2007.
Questões Respostas
Difícil Confusa Palavras
difíceis
Constran
gedora
Como você tem estado
nas duas últimas semanas?
1-Bem-estar físico 1 6 - -
2-Humor 1 6 - -
3-Cansaço 1 6 - -
4-Apetite 1 6 - -
5-Calores 2 6 - -
6-Sensação de enjôo (náuseas / vômitos) 1 6 - -
7-Que esforço você tem de fazer para lidar com
sua doença?
1 6 - -
8-Você sente-se apoiada por pessoas que te
rodeiam?
1 6 - -
9-A operação limita o uso do seu braço? 1 6 - -
10-Imagine que você tivesse que viver o resto da
sua vida em seu estado atual. Indique na linha a
seguir como você classificaria a vida em seu
estado atual entre ótima e péssima saúde.
1 6 - -
75
Tabela 24 - Número de pacientes, segundo o grau de entendimento de cada
questão do questionário EORTC-C30. Hospital AC Camargo, agosto a
outubro de 2007.
Respostas
Difícil Confusa Palavra
s
difíceis
Constra
ngedora
Questões
1-Você tem qualquer dificuldade quando faz
grandes esforços, por ex. carregar uma bolsa de
compras pesada ou uma mala?
- - - -
2-Você tem qualquer dificuldade quando faz uma
grande caminhada?
- 2 - -
3-Você tem qualquer dificuldade quando faz uma
curta caminhada fora de casa?
- - - -
4-Você tem que ficar numa cama ou na cadeira
durante o dia?
- 11 - -
5- Você precisa de ajuda para se alimentar, se
vestir, se lavar ou usar o banheiro?
- 1 - -
6-Tem sido difícil fazer suas atividades diárias? - - - -
7-Tem sido difícil ter atividades de divertimento ou
lazer?
- - - -
8-Você teve falta de ar? - - - -
9-Você tem tido dor? - - - -
10-Você precisou repousar? - - - -
11-Você tem tido problemas para dormir? - - - -
12-Você tem se sentido fraco/a? - 1 - -
13-Você tem tido falta de apetite? - - - -
14-Você tem se sentindo enjoado/a? - - - -
15-Você tem vomitado? - - - -
16-Você tem tido prisão de ventre? - - - -
17-Você tem tudo diarréia? - - - -
18-Você esteve cansado/a? - - - -
19-A dor interferiu em suas atividades diárias? - 3 - -
20-Você tem tido dificuldade para se concentrar em
coisas, como ler jornal ou ver televisão?
- - - -
21-Você se sentiu nervoso/a? - - - -
22-Você esteve preocupado/a? - - - -
23-Você se sentiu irritado/a facilmente? - - - -
24-Você se sentiu deprimido/a? - - - -
25-Você tem tido dificuldade de se lembrar das
coisas?
- - - -
26-A sua condição física ou tratamento médico tem
interferido em sua vida familiar?
1 1 - -
27-A sua condição física ou tratamento médico tem
interferido em suas atividades sociais?
- - - -
28- A sua condição física ou tratamento médico tem
lhe trazido dificuldades financeiras?
- - - -
29-Como você classificaria sua saúde em geral,
durante a última semana?
- 2 - -
30-Como você classificaria a sua qualidade de vida
geral, durante a ultima semana?
- - - -
76
Tabela 25 - Número de pacientes, segundo o grau de entendimento de cada
questão do questionário EORTC-BR23. Hospital AC Camargo, agosto a
outubro de 2007.
Respostas
Difícil Confusa Palavras
difíceis
Constrange
dora
Questões
31-Sentiu a boca seca?
- - - -
32-O que comeu e bebeu teve um sabor diferente
do normal?
- - - -
33-Sentiu os olhos doridos, irritados ou
lacrimejantes?
- - 1 -
34-Teve queda de cabelo?
- - - -
35-Responda a esta pergunta apenas se teve
queda de cabelo: A queda de cabelo perturbou
você?
- - - -
36-Sentiu-se doente ou indisposta?
- 1 - -
37-Sentiu arrepios de calor?
- 4 1 -
38-Sentiu dor de cabeça?
- - - -
39-Você se sentiu menos bonita devido à sua
saúde ou tratamento?
- - - -
40-Você se sentiu menos mulher como resultado
de sua doença ou tratamento?
- - - -
41-Achou difícil observar-se nua?
- 1 - -
42-Sentiu-se insatisfeito(a) com seu corpo?
- - - -
43-Sentiu-se preocupado(a) com sua saúde futura?
- - - -
44-Até que ponto sentiu desejo sexual?
- 1 - -
45-Com que freqüência foi sexualmente ativa (teve
relações sexuais)/(com ou sem relação sexual)?
- 1 - -
46-Responda a esta pergunta apenas se tiver sido
sexualmente ativa: Até que ponto o sexo foi
satisfatório para você?
- - - -
47-Sentiu dores no braço ou ombro?
- - - -
48-Sentiu seu braço ou sua mão inchados?
- - - -
49-Sentiu dificuldade em levantar ou abrir o braço?
- - - -
50-Sentiu dores na área de seu seio doente?
- - - -
51-Sentiu a área do seu seio doente inchada?
- - - -
52-Sentiu a área de seu seio doente demasiado
sensível?
- - - -
53-Sentiu problemas de pele no ou na área do seio
doente (i.e., comichão, pele seca ou escamosa)?
2 2 1 -
77
Tabela 26 - Número de pacientes, segundo o grau de entendimento de cada
questão do questionário FACT-B+4. Hospital AC Camargo, agosto a outubro
de 2007.
Respostas
Difícil Confusa
Palavras
difíceis
Constra
ngedora
Questões
GP1-Estou sem energia.
- - - -
GP2-Fico enjoada.
- - - -
GP3-Por causa do meu estado físico, tenho dificuldade em
atender às necessidades da família.
- - - -
GP4-Tenho dores.
- - - -
GP5-Sinto-me incomodada pelos efeitos secundários do
tratamento.
- - - -
GP6-Sinto-me doente.
- - - -
GP7-Tenho que me deitar durante o dia.
- 3 - -
GS1-Sinto que tenho uma boa relação com os meus amigos.
- - - -
GS2-Recebo apoio emocional da minha família.
- - - -
GS3-Recebo apoio dos meus amigos.
- - - -
GS4-A minha família aceita a minha doença.
- 2 - -
GS5-Estou satisfeita com a maneira como a minha família fala
sobre a minha doença.
1 - - -
GS6-Sinto-me próxima do meu parceiro (ou da pessoa que me
dá maior apoio)
- - - -
Q1-Independente do seu nível atual de atividade sexual, favor
responder à pergunta a seguir. Se preferir não responder,
assinale o quadrículo e passe para a próxima seção.
- - - -
GS7-Estou satisfeita com a minha vida sexual
- - - -
GE1-Sinto-me triste.
- 1 - -
GE2-Estou satisfeita com maneira como enfrento minha
doença.
- - - -
GE3-Estou perdendo a esperança na luta contra a minha
doença.
- - - -
GE4-Sinto-me nervosa.
- - - -
GE5-Estou preocupado com a idéia de morrer.
- - - -
GE6-Estou preocupado que o meu estado venha a piorar.
- - - -
GF1-Sou capaz de trabalhar (inclusive em casa).
- 1 - -
GF2-Sinto-me realizado com o meu trabalho (inclusive em
casa).
- - - -
GF3-Sou capaz de sentir prazer em viver.
- - - -
GF4-Aceito a minha doença.
- 1 - -
GF5-Durmo bem.
- - - -
GF6-Gosto das coisas que normalmente faço para me divertir.
- - - -
GF7-Estou satisfeito com a qualidade da minha vida neste
momento.
- - - -
B1-Sinto falta de ar.
- - - -
B2-Sinto-me insegura com a forma como me visto
- - - -
B3-Tenho inchaço ou dor no(s) braço(s).
- 1 - -
B4-Sinto-me sexualmente atraente.
- - - -
B5-Sinto-me incomodada com a queda de cabelo
- - - -
B6-Fico preocupada com a possibilidade de que outros
membros da minha família um dia tenham a mesma doença
que eu.
- - - -
B7-Fico preocupada com o efeito estresse sobre minha doença.
- 2 - -
B8-Sinto-me incomodada com a alteração de peso.
- 2 - -
B9-Consigo sentir-me mulher.
- - - -
P2-Sinto dores em algumas regiões do meu corpo.
- - - -
Em que seio foi a cirurgia?
- - - -
B10-Sinto dor ao mover o meu braço deste lado
- - - -
B11-A extensão de movimentos do braço deste lado é limitada.
- - - -
B12-Sinto dormência no meu braço deste lado.
- - - -
B13-Sinto rigidez no meu braço deste lado.
- - - -
78
4.8.2 Grau de entendimento dos questionários
A estatística descritiva da nota dada ao grau de entendimento para
cada um dos questionários encontra-se na Tabela 27. Houve um bom
entendimento de todos os questionários e as dias foram semelhantes
(Figura 4).
Tabela 27 - Estatística descritiva do grau de entendimento dos questionários
IBCSG, EORTC C-30, EORTC BR-23 e FACT-B+4. Hospital AC Camargo,
agosto a outubro de 2007.
Parâmetro
Questionários
Média (dp) Mediana Mín-max
IBCSG 4,89 (0,373) 5,00 3-5
EORTC C-30 4,91 (0,288) 5,00 4-5
EORTC BR-23 4,89 (0,345) 5,00 3-5
FACT-B+4 4,87 (0,393) 5,00 3-5
IBCSG EORTC C-30 EORTC BR-23 FACT-B+4
0
1
2
3
4
5
Média e respectivo intervalo de 95% de confiança
Figura 4 Médias e respectivos intervalos de 95% de confiança do grau de
entendimentos dos questionários IBCSG, EORTC-C30, EORTC-BR23 e
FACT-B+4. Hospital AC Camargo, agosto a outubro de 2007.
79
4.9 TEMPO DE PREENCHIMENTO DOS QUESTIONÁRIOS
A estatística descritiva do tempo de preenchimento de cada um dos
questionários encontra-se na Tabela 28. Nota-se um menor tempo de
preenchimento no questionário IBCSG (média 1,75 min.), provavelmente por
ser o menor, com apenas 10 perguntas (Figura 5). Se for considerado o
EORTC como um todo, o tempo médio foi de 8,29 minutos (4,67 + 3,62
minutos).
Tabela 28 - Estatística descritiva do tempo de preenchimento (em minutos)
dos questionários IBCSG, EORTC C-30, EORTC BR-23 e FACT-B+4.
Hospital AC Camargo, agosto a outubro de 2007.
Parâmetro
Questionários
Média em minutos
(dp)
Mediana em
minutos
Mín-max em
minutos
IBCSG 1,75 (1,70) 1,70 0,75-6,07
EORTC C-30 4,67 (1,89) 4,02 2,02-10,03
EORTC BR-23 3,62 (1,52) 3,20 1,30-8,77
FACT-B+4 5,80 (2,34) 5,20 2,62-13,80
80
IBCSG EORTC-C30 EORTC-BR23 FACT-B+4
0
2
4
6
8
Média e respectivos intervalos de 95% de confiança
Figura 5 Médias e respectivos intervalos de 95% de confiança do tempo
(em minutos) de preenchimento dos questionários IBCSG EORTC-C30,
EORTC-BR23 e FACT-B+4. Hospital AC Camargo, agosto a outubro de
2007.
4.10 REPRODUTIBILIDADE
A Tabela 29 mostra a comparação dos escores dos domínios/escalas
dos questionários de qualidade de vida no teste e no reteste. Nenhum
questionário apresentou diferença estatisticamente significativa nas médias
dos escores, quando se considera o primeiro e o segundo momento (teste-
reteste), com exceção da escala funcional do EORTC-C30 (p=0,040) e da
escala de sintomas do EORTC-BR23 (p=0,006). Destaca-se que a diferença
das médias da escala de saúde global do EORTC-C30 esteve no limite da
significância estatística (p=0,064).
81
A Figura 6 ilustra as médias dos escores dos questionários de
qualidade de vida nos dois momentos. Observa-se que as médias
apresentam-se muito próximas no teste-reteste.
Todos os questionários obtiveram correlação significativa entre os
dois momentos, com r
icc
variando de 0,70 a 0,86, com exceção da escala
saúde global do questionário EORTC-C30 que apresentou um valor inferior
(r
icc
= 0,45).
Na Figura 7 pode-se observar que nos diagramas de dispersão entre
os dois momentos, todos apresentaram forte correlação linear, com exceção
da escala saúde global do questionário EORTC-C30.
Na Figura 8 estão dispostos os gráficos de Bland-Altman dos
questionários. Percebe-se que todos os questionários apresentam uma boa
distribuição aleatória ao redor do zero, com poucos pontos fora do limite.
82
Tabela 29 Comparação das dias nos momentos 1 e 2 das
escalas/domínios dos questionário IBCSG, EORTC-C30, EORTC-BR23 e
FACT-B+4 e os coeficientes de correlação intra-classe (r
icc
). Hospital AC
Camargo, agosto a outubro de 2007.
Questionários
Domínios/escalas
Momento 1
média (dp)
Momento 2
média (dp)
p * r
icc
(p)
IBCSG 20,59 (13,91) 22,99 (17,38) 0,168 0,73
(<0,001)
EORTC-C-30 – Saúde Global 74,91 (18,93) 71,49 (20,03) 0,064 0,45
(<0,001)
EORTC-C-30 – Escala
Funcional
75,77 (17,91) 77,87 (17,74)
0,040
0,76
(<0,001)
EORTC-C-30 – Escala de
Sintomas
17,98 (14,88) 17,19 (16,04) 0,275 0,75
(<0,001)
EORTC-BR23 - Escala
Funcional
63,30 (18,39) 63,43 (17,93) 0,784 0,70
(<0,001)
EORTC-BR23 - Escala de
Sintomas
23,09 (16,59) 19,80 (15,42)
0,006
0,77
(<0,001)
FACT-B+4 125,42 (18,46) 123,78 (21,32) 0,253 0,86
(<0,001)
p*: teste de Wilcoxon.
83
Figura 6 Médias e respectivos intervalos de 95% de confiança dos
questionários IBCSG, EORTC-C30, EORTC-BR23 e FACT-B+4 nos
momentos 1 e 2. Hospital AC Camargo, agosto a outubro de 2007.
84
Figura 7 - Diagrama de dispersão dos questionários, nos dois momentos
(teste-reteste). Hosp. AC Camargo, agosto a outubro de 2007.
85
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
dia IBCSG - momentos 1 e 2
30
20
10
0
-10
-20
-30
-40
Momento 1 - Momento 2
Mean
-2,4
-1.96 SD
-25,9
+1.96 SD
21,1
20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
Média da escala saúde global - EORTC-C30 - momentos 1 e 2
80
60
40
20
0
-20
-40
-60
-80
Momento 1 - Momento 2
Mean
3,4
-1.96 SD
-36,8
+1.96 SD
43,7
20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
Média Escala Funcional - EORTC- C30 - momentos 1 e 2
60
50
40
30
20
10
0
-10
-20
-30
-40
Momento 1 - Momento 2
Mean
-2,1
-1.96 SD
-26,6
+1.96 SD
22,4
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Média escala de sintomas - EORTC - C30 - momentos 1 e 2
30
20
10
0
-10
-20
-30
-40
Momento 1 - Momento 2
Mean
0,8
-1.96 SD
-20,7
+1.96 SD
22,3
10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
dia escala funcional - EORTC- BR23 - momentos 1 e 2
60
50
40
30
20
10
0
-10
-20
-30
-40
Momento 1 - Momento 2
Mean
-0,1
-1.96 SD
-27,6
+1.96 SD
27,3
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Média escala de sintomas - EORTC - BR23 - momentos 1 e 2
50
40
30
20
10
0
-10
-20
-30
Momento 1 - Momento 2
Mean
3,3
-1.96 SD
-18,2
+1.96 SD
24,8
70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170
Média FACT-B+4 - momentos 1 e 2
50
40
30
20
10
0
-10
-20
-30
Momento 1 - Momento 2
Mean
1,6
-1.96 SD
-19,4
+1.96 SD
22,7
Figura 8 - Gráficos Bland-Altman para os questionários IBCSG, EORTC-
C30, EORTC-BR23, FACT-B+4 e seus domínios escalas, nos momentos 1 e
2. Hospital AC Camargo, agosto a outubro de 2007.
86
4.11 ESCOLHA DO MELHOR QUESTIONÁRIO
No Quadro 8 encontra-se o resumo da análise fatorial, consistência
interna, validade de constructo, validade convergente, dia de
entendimento dos questionários e das questões, tempo médio e
reprodutibilidade dos questionários IBSCG, EORTC-C30, EORTC-BR23 e
FACT-B+4.
Verifica-se que na análise fatorial que apenas o FACT-B+4, teve
confirmação em todos os seus domínios.
Na consistência interna (α de Cronbach), todos os questionários
apresentaram α > 0,70, sendo a escala funcional do questionário EORTC-
C30 com maior α (0,86).
Na validade de constructo observa-se que houve diferença
estatisticamente significativa nas médias dos escores dos questionários,
com exceção da escala de sintomas dos questionários EORTC-C30 e
EORTC-BR23.
Na validade convergente, considerando os domínios capacidade
funcional, limitação por aspectos físicos e emocionais do SF-36, a escala
funcional do questionário EORTC-C30 apresentou maiores coeficientes de
correlação (r>0,41).
Quanto ao entendimento das questões e do questionário, o
questionário EORTC-C30 apresentou melhor média de entendimento (4,91)
e o questionário FACT-B+4 apresentou menor número de reclamações de
87
suas questões (apenas 14). O questionário IBCSG apresentou uma média
de 1,75 minutos, talvez por ser o questionário mais curto (10 questões).
Na reprodutibilidade, nenhum questionário apresentou diferença
estaticamente significativa nas médias dos escores no primeiro e no
segundo momento, com exceção da escala funcional do questionário
EORTC-C30 (p=0,040) e da escala de sintomas do questionário EORTC-
BR23 (p=0,006).
No coeficiente de correlação intraclasse o questionário FACT-B+4
apresentou maior correlação entre os dois momentos (r
icc
=0,86).
Nos gráficos de Bland-Altman todos questionários apresentaram boa
distribuição aleatória em torno do zero.
Com isso, verifica-se que os parâmetros foram mais favoráveis ao
sistema FACT. No entanto, os resultados apresentados pelos instrumentos
propostos pelo EORTC também foram muito bons.
88
Quadro 8 - Resumo da análise fatorial, consistência interna, validade de constructo, validade convergente, média de
entendimento dos questionários e das questões, tempo médio e reprodutibilidade dos questionários. Hospital AC Camargo,
agosto a outubro de 2007.
Variáveis IBCSG EORTC-C-
30
Saúde Global
EORTC-C-
30
Escala Funcional
EORTC-C-
30
Escala de
Sintomas
EORTC-BR23
Escala Funcional
EORTC-BR23
Escala de
Sintomas
FACT-B+4
Análise Fatorial - Carga fatorial
acima de 90%,
explicam 16% da
variância total
Carga fatorial
acima de 53%,
explicam 38% da
variância total
Carga fatorial
acima de 59%,
explicam 35% da
variância total
Carga fatorial
acima de 3%,
explicam 32% da
variância total
Carga fatorial
acima de 43%,
explicam 39% da
variância total
Confirmada em
todos os
domínios
Consistência interna (α) α = 0,72 α = 0,72
α = 0,86
α = 0,81 α = 0,78 α = 0,83 α = variando entre
0,38 a 0,83
Validade de Constructo p= 0,019
p = 0,003
p= 0,006 p = 0,131 p = 0,034 p = 0,202 p = 0,006
Validade Convergente* r > 0,38 r > 0,27
r > 0,41
r > 0,36 r > 0,26 r > 0,23 r > 0,35
Média da nota sobre o
entendimento do questionário
4,81
4,91
4,89
4,87
de reclamações 71 22 15
14
Tempo (minutos)
1,75
4,67 3,62 5,80
Reprodutibilidade
- de médias
- r
icc
- Bland-Altman
p = 0,168
r
icc
= 0,73
OK
p = 0,064
r
icc
= 0,45
OK
p = 0,040
r
icc
= 0,76
OK
p = 0,275
r
icc
= 0,75
OK
p = 0,784
r
icc
= 0,70
OK
p = 0,006
r
icc
= 0,77
OK
p = 0,253
r
icc
= 0,86
OK
* Considerando os domínios capacidade funcional, limitação por aspectos físicos e limitação por aspectos emocionais do SF-36.
89
5 DISCUSSÃO
Atualmente, o câncer de mama não é mais uma doença com alta
letalidade. Como conseqüência, a qualidade de vida se tornou um assunto
de grande interesse tanto para pacientes como para médicos.
De acordo com diversos autores (AARONSON et al. 1993; KEMMLER
et al. 1999; KYRIAKI et al. 2001; PERRY et al. 2007), principalmente nas
duas últimas décadas, a qualidade de vida do paciente se tornou um ponto
de real importância no tratamento do câncer. Avaliações sistemáticas da
qualidade de vida capacitam profissionais da saúde a identificar pacientes
que apresentam maior risco de desenvolver problemas psicológicos,
possibilitando intervenções o mais rápido possível.
Para realizar tal avaliação, normalmente, utilizam-se questionários
que analisam os pacientes em diversas dimensões de suas vidas diárias.
Estes questionários precisam ser validados para assegurar que medem
realmente o que se propuseram a medir; além disso, espera-se que possam
detectar as mudanças que ocorrem com o passar do tempo e diferenciar
certas situações (FREDHEIM et al. 2007).
O objetivo deste trabalho foi validar, para o Brasil, analisar a
reprodutibilidade e determinar a preferência, aceitação e a facilidade de
compreensão dos questionários IBCSG, EORTC-C30 / EORTC-BR23,
FACT-B+4.
90
Este estudo foi realizado na cidade de São Paulo, no Hospital do
Câncer AC Camargo – Fundação Antônio Prudente. Este é um hospital
referência em toda a América Latina para diagnóstico, tratamento,
prevenção, ensino e pesquisa sobre câncer. Esta instituição atende, além de
diversos convênios e seguradoras, uma parcela de SUS (Sistema Único de
Saúde).
As mulheres foram convidadas para compor esta amostra
aleatoriamente, a medida que compareciam em consulta no Departamento
de Mastologia e a taxa de recusa foi de 9,9%.
Por este ser um hospital de referência, das 100 mulheres
entrevistadas, 76% delas possuíam convênio e 51% apresentavam ensino
superior completo. Este dado levanta a hipótese de que os resultados
poderiam ser diferentes se a população estudada apresentasse uma menor
escolaridade. Talvez, o entendimento das questões fosse diferente do
encontrado nesta pesquisa. No entanto destaca-se que os questionários
podem ser aplicados pelo próprio pesquisador, o que facilitaria o
entendimento.
Durante a entrevista, após a explicação de todo o procedimento, as
pacientes poderiam escolher responder o questionário por conta própria
(92% delas) ou em forma de entrevista (8%). De acordo com COSTA (2007),
um consenso na literatura sobre a questão do questionário de qualidade
de vida ser auto-respondido, pois assim pode-se levar em conta a percepção
individual. No estudo de AARONSON et al. (1993) foram comparadas as
91
respostas dependendo da maneira que o questionário era administrado e
nenhuma diferença estatisticamente significativa foi encontrada.
As propriedades psicométricas dos instrumentos foram verificadas
pela consistência interna, validade de constructo (discriminante) e
convergente (concorrente), análise fatorial, reprodutibilidade, tempo de
preenchimento, compreensão das questões e do questionário como um
todo.
A validade de constructo possui como objetivo verificar se
determinado instrumento é capaz de discriminar diferentes situações
(PEREIRA 2006). Nesta pesquisa, optou-se por comparar as médias dos
escores de pacientes com presença ou ausência de linfedema, onde,
esperava-se que as mulheres com presença de linfedema apresentassem
uma pior qualidade de vida. Esta patologia foi escolhida, porque, além de ser
uma complicação específica do tratamento do câncer de mama, é uma
situação desconfortável e incapacitante que afeta consideravelmente a
qualidade de vida de seus portadores. No estudo de COSTER et al. (2001)
estes grupos também foram utilizados para a análise da validade de
constructo.
O questionário FACT-B+4 é o único questionário que possui uma
parte especifica que avalia as conseqüências deste problema. Percebendo a
importância desta complicação, considera-se que todos os questionários
deveriam ser capazes de discriminar grupos com ou sem linfedema.
92
Outra forma poderia ter sido comparar pacientes com diferentes
estádios clínicos (AARONSON et al. 1993; SPRANGERS et al. 1996;
KYRIAKI et al. 2001; YUN et al. 2004; LUO et al. 2005).
O estudo realizado por LU et al. (2008) analisou 2.232 mulheres com
câncer de mama e demonstrou que a severidade da doença não apresentou
impacto na qualidade de vida. Outro estudo semelhante, realizado por JANZ
et al. (2005) não encontrou diferença significativa entre estádio clinico
(independente do tipo de tratamento) e qualidade de vida em 1.357 mulheres
nos Estados Unidos. O estudo de RAKOVITCH et al. 2003 analisou 495
mulheres com carcinoma in situ e com carcinoma invasivo, e demonstrou
que ambos os grupos apresentaram as mesma preocupações e os mesmos
medos.
Na análise da validade convergente, busca-se evidências da
capacidade do instrumento em se correlacionar em magnitude e direção com
uma hipótese pré-definida (DE BOER et al. 1995). Para tal, existe a
necessidade de um instrumento “padrão-ouro” como referência. Na ausência
deste foi selecionado o questionário SF-36 por ser o mais utilizado em
estudos semelhantes .
A seguir, será apresentada a discussão de cada questionário,
separadamente.
93
5.1 IBCSG INTERNATIONAL BREAST CANCER STUDY
GROUP - QUALITY OF LIFE QUESTIONNAIRE
Em 1991 BUTOW et al. desenvolveram um questionário com o
objetivo de avaliar a qualidade de vida em mulheres tratadas ou em
tratamento de câncer de mama.
Para o seu desenvolvimento foram levados em consideração dois
aspectos. Primeiro, ser aplicável na rotina clínica, isso significa ser simples e
bem focado. Para tal, foi utilizada uma escala LASA (linear analogue self-
assessment), onde a paciente deve traçar uma marca vertical em uma linha
horizontal (de 100 mm) que indica dois extremos (bom-ruim). Segundo, o
instrumento precisa possuir critérios padrões de reprodutibilidade e validade
e ainda discriminar as mudanças que as mulheres venham apresentar
durante o curso da doença.
Neste estudo, algumas pacientes consideraram a escala confusa, e,
definitivamente, este foi o questionário que levou mais tempo para ser
explicado, devido a forma peculiar que deve ser preenchido. De acordo com
McCORMACK et al. (1988) a escala LASA realmente é uma técnica simples,
mas a sua baixa sensibilidade é uma importante limitação.
Outra questão que foi levantada pelas pacientes, era a dificuldade
que estas tinham de quantificar suas respostas, onde exatamente significava
mais ou menos, quase sempre, etc.
A consistência interna obtida no questionário IBCSG foi de 0,72.
Segundo STREINER e NORMAN (2003) um questionário pode ser
94
considerado com boa consistência interna quando apresenta α de Cronbach
acima de 0,70. No estudo de COATES et al. (1990) realizado com 166
pacientes na Austrália, esta escala apresentou um coeficiente de 0,80. No
estudo realizado por SARENMALM et al. (2007) não foi apresentado este
parâmetro.
Na validação de constructo, o IBCSG foi capaz de discriminar entre o
grupo com presença e ausência de linfedema (p=0,0019). Este resultado era
esperado, visto que pacientes com linfedema, supostamente, apresentam
piores resultados na avaliação de sua qualidade de vida. No estudo de
validação, realizado por BERNHARD et al. (1997), ficou demonstrado que o
questionário foi capaz de perceber a melhora no movimento do braço entre o
primeiro e o terceiro mês de tratamento (p=0,002).
Das 8 escalas do questionário SF-36, apenas 2 (vitalidade, aspectos
sociais) não apresentaram correlação significativa com o IBCSG. Nos
estudos realizados por HURNY et al. (1993), BERNHARD et al. (1997),
SARENMALM et al. (2007) está análise não foi realizada.
O questionário IBCSG apresentou bons resultados na análise da
reprodutibilidade. As médias dos escores no teste e no reteste foram
estatisticamente iguais. Na análise do coeficiente de correlação intraclasse
(r
icc
) entre o momento 1 e 2 verificou-se que este foi significativo (p<0,001) e
acima de 0,70. Através dos gráficos Bland-Altman percebeu-se boa
concordância entre o teste e o reteste para os escores do questionário
IBCSG, concluindo-se que este questionário manteve-se estável entre os
dois momentos, ou seja, possui boa reprodutibilidade. Nos estudos
95
internacionais, dados de reprodutibilidade não são descritos,
impossibilitando a comparação com o presente estudo.
O tempo de preenchimento deste questionário obteve a menor média
(1,75 min.), isto se explica por este ser o questionário com menor número de
questões (10) e com as perguntas mais objetivas. No estudo de BERNHARD
et al. (1997) o tempo de preenchimento também foi pequeno, não
ultrapassando 5 minutos.
5.2 EORTC-C30 / EORTC-BR23 EUROPEAN ORGANIZATION
FOR RESEACH AND TREATMENT OF CANCER
A Organização Européia de Pesquisa e Tratamento do Câncer
(EORTC) possui como principal objetivo desenvolver um sistema de
instrumentos que avaliem a qualidade de vida de pacientes com câncer.
Este grupo de estudos reconheceu a necessidade de reconciliar dois níveis
de aplicação dos instrumentos: resultados generalizados e sensibilidade
para específicas questões de pesquisa. Isto levou a adoção de um
questionário geral (EORTC-C30) que foi desenvolvido para avaliar aspectos
genéricos da qualidade de vida de pacientes com câncer. O EORTC-C30 foi
feito para ser suplementado por módulos adicionais que avaliam aspectos da
qualidade de vida específicos para determinados grupos de pacientes
(SPRANGERS et al. 1996). No caso de câncer de mama este suplemento é
o questionário EORTC-BR23.
96
Este questionário foi validado em diversos países como Grécia
(KYRIAKI et al. 2001), Turquia (GUZELANT et al. 2003), Singapura (LUO et
al. 2005), Tailândia (SILPAKIT et al. 2006), Suécia (NICKLASSON e
BERGMAN 2007), Noruega (FREDHEIM et al. 2007) entre outros. De acordo
com o Organização Européia de Pesquisa e Tratamento do Câncer este
questionário apenas possui tradução para o português realizada pela própria
Organização.
As consistências interna encontradas para as escalas saúde global,
funcional e de sintomas foram de 0,72; 0,86 e 0,81, respectivamente. Outros
estudos apresentaram valores semelhantes, variando de 0,62 a 0,94
(KEMMLER et al. 1999; GUZELANT et al. 2003; LUO et al. 2005; SILPAKIT
et al. 2006; NICKLASSON e BERGMAN 2007).
Na análise fatorial confirmatória do EORTC-C30 apenas algumas
questões foram selecionadas para o fator nas escalas funcional e de
sintomas, explicando 38,58% e 35,78%, respectivamente, da variância total.
No entanto, todas as questões selecionadas contribuíram fortemente para o
fator, pois tiveram cargas fatoriais acima de 0,50. Na escala saúde global as
duas questões que o compõem foram selecionadas e ambas apresentaram
cargas fatoriais (acima de 0,90), embora expliquem apenas 16,05% da
variância total.
Segundo COSTA (2007), a proposta de um instrumento reduzido,
considerando-se relevantes as questões selecionadas na análise fatorial
deve ser estudada e debatida tendo em vista a melhora das propriedades
psicométricas do instrumento e também, a facilidade para aplicação do
97
mesmo. No entanto, neste estudo considerou-se que mesmo não
confirmando todas as questões, a escala pode ser mantida.
Na validação de constructo do EORTC-C30 as escalas saúde global e
funcional foram capazes de discriminar os grupos com presença e ausência
de linfedema, demonstrando que pacientes com esta complicação
apresentam pior qualidade de vida.
na escala sintomas o mesmo não ocorreu (p=0,131). Talvez isto
tenha acontecido, porque esta escala não é especifica para pacientes com
câncer de mama e das 13 questões que a compõem, apenas 2 podem estar
relacionadas com o linfedema, a saber: você tem tido dor?/A dor interferiu
em suas atividades diárias?
NAGEL et al. (2001) consideram que uma análise de grupos
conhecidos com câncer de mama para o C30 apenas identificaria os grupos
com maior e menor funcionalidade.
Nos estudos específicos com o EORTC-C30, o linfedema não foi
objeto de estudo, visto que trata-se de uma complicação especifica do
tratamento do câncer de mama. No estudo realizado por AARONSON et al.
(1993) o EORTC-C30 mostrou-se capaz de discriminar claramente entre
diferentes grupos em termos de performance status, perda de peso e
toxicidade do tratamento. No entanto, este mesmo questionário teve menor
sucesso ao tentar discriminar entre pacientes em diferentes estádios
clínicos.
No estudo de GUZELANT et al. (2003) apenas a escala funcional foi
capaz de discriminar os diferentes estádios dos pacientes com câncer de
98
pulmão (doença local, locorregional, metástase). Quando os grupos foram
analisados de acordo com o tipo de tratamento, nenhuma escala do
EORTC-C30 conseguiu discriminar os grupos.
Na validação convergente os escores do EORTC-C30 foram
correlacionados com quase todos os domínios do SF-36, com exceção dos
domínios vitalidade e aspectos sociais.
No estudo de FREDHEIM et al. (2007) o questionário EORTC-C30 e o
SF-36 apresentaram correlações significativas para 5 domínios (capacidade
funcional, dor, vitalidade, aspectos sociais e saúde mental).
No estudo de APOLONE et al. (1998) o questionário EORTC-C30
apresentou correlação significativa com os domínios capacidade funcional,
limitação por aspectos físicos e dor do SF-36. Ainda neste estudo, os
autores relatam que esta confirmação da validade convergente entre o
EORTC-C30 e o SF-36 confirma a hipótese que apesar do C30 ter sido
desenvolvido para pacientes com câncer que recentemente passaram pelo
tratamento, ele também é capaz de medir a percepção de saúde dos
pacientes anos após o tratamento. No estudo de LUO et al. (2005) foram
encontradas fortes correlações entre os domínios do SF-36 e o EORTC-
C30.
Na análise da reprodutibilidade, verificou-se que apenas a escala
funcional não apresentou medias semelhantes nos 2 momentos.
Nos estudos realizados por KUENSTNER et al. (2002) e por
HJERMSTAD et al. (1995) todas as médias das escalas do EORTC-C30
foram semelhantes nos 2 momentos.
99
Neste estudo, todas as escalas deste questionário tiveram
coeficientes correlação entre 0,45 e 0,76. No estudo de WAN et al. (2007a)
realizado na China, os valores ficaram entre 0,65 e 0,89 e no estudo de
SILPAKIT et al. (2006) os coeficientes ficaram entre 0,66 e 0,90.
Os gráficos Bland-Altman mostraram que todas as escalas deste
questionário apresentaram boa distribuição aleatória ao redor do zero, com
poucos pontos fora do limite. Concluindo, o EORTC-C30 apresentou
reprodutibilidade apenas razoável, pois não manteve o mesmo valor das
médias.
O tempo médio de aplicação do EORTC-C30 foi de 4,67 minutos,
sendo o segundo maior tempo, talvez por ser o segundo maior questionário.
No estudo de KYRIAKI et al. (2001) o tempo médio de preenchimento do
EORTC-C30 foi de 9 minutos em média para o grupo antes do tratamento e
de 7 minutos em média para o grupo em tratamento.
Agora será discutido o módulo específico para mensurar a qualidade
de vida em pacientes com câncer de mama (EORTC-BR23). Este
questionário é composto por duas escalas: uma funcional e outra de
sintomas. Este questionário foi desenvolvido em 1996 por SPRANGERS et
al. e foi testado e validado em 3 populações de mulheres com câncer de
mama (holandesas, espanholas e norte-americanas).
Este módulo também foi validado no Irã por MONTAZERI et al.
(2000), em Taiwan por CHIE et al. (2003), na Coréia por YUN et al. (2004),
na Índia por PARMAR et al. (2005), na China por WAN et al. (2007a) e na Sri
Lanka por JAYASEKARA et al. (2008).
100
As consistências interna para as escalas funcional e de sintomas
foram de 0,78 e 0,83, respectivamente. No estudo de SPRANGERS et al.
(1996) seus valores foram menores na amostra espanhola (variando de 0,46
a 0,94) e maiores na amostra americana (variando de 0,70 a 0,91). Os
valores obtidos para as brasileiras estão dentro destes padrões.
No estudo de MONTAZERI et al. (2000) o α de Cronbach variou de
0,83 a 0,95 para a escala funcional e de 0,63 a 0,85 para a de sintomas,
dependendo de qual grupo de pacientes que havia respondido o
questionário (no momento do diagnóstico ou no seguimento). No estudo de
PARMAR et al. (2005) a consistência interna variou de 0,81 a 0,91 para a
escala funcional e de 0,59 a 0,80 para a escala de sintomas, dependendo do
momento da aplicação do questionário.
Nos estudos de WAN et al. (2007a) e de YUN et al. (2004) o α de
Cronbach mostrou-se maior que 0,70 para ambas escalas, confirmando os
dados encontrados neste estudo.
A análise fatorial confirmatória para este questionário foi feita
utilizando o método de JÖRESKOG e MOUSTAKI (2006), através da “função
resposta logística” para estimativa de parâmetros. As duas escalas
apresentaram solução fatorial, preservando assim a sua estrutura original.
Na escala funcional foi definido um único fator que explicou 38,25% da
variância total, as questões selecionadas para compor o fator apresentaram
cargas fatoriais altas com exceção da de uma questão que apresentou carga
baixa (0,030).
101
Na escala de sintomas, foram confirmadas oito das quinze questões
que originalmente compõem esta escala, que contribuíram com cargas
fatoriais acima de 0,43. A solução fatorial de um único fator explicou 39,49%
da variância total.
Na validação de constructo do EORTC-BR23 apenas a escala
funcional foi capaz de discriminar os grupos com presença ou ausência de
linfedema (p=0,034). Este fato pode ter ocorrido porque esta escala que
contém 15 questões apenas aborda a morbidade do braço em 3. na
escala funcional a diferença fica evidente, pois aborda questões que
mostram as limitações que o linfedema acarreta no dia-a-dia das mulheres.
No estudo de MONTAZERI et al. (2000) foram utilizados dois tipos de
grupos conhecidos: pré-diagnóstico/seguimento e estádio da doença. Em
ambas as análises o questionário foi capaz de discriminar os diferentes
grupos. No trabalho de YUN et al. (2004) para analisar a validade foi
utilizado um grupo de pacientes com câncer de mama e outro de mulheres
sem a doença. Houve diferenças estatisticamente significativas entre os
grupos com exceção dos itens sobre vida sexual. Quando foram analisados
grupos de acordo com modalidades de tratamento, não houve diferença
entre os grupos.
Na análise da validação convergente a escala funcional não
apresentou correlação significativa com os domínios vitalidade, aspectos
sociais e saúde mental do SF-36. A escala de sintomas não apresentou
correlação significativa com os domínios estado geral de saúde, vitalidade e
aspectos sociais. No estudo de WAN et al. (2007a), pela falta de um
102
“padrão-ouro” para analisar a validação convergente do BR23, o
questionário FACT-B foi utilizado para verificar a correlação entre os
instrumentos. Dos 5 domínios que compõem o questionário FACT-B apenas
o domínio sobre bem-estar familiar/social não apresentou correlação
estatisticamente significativa com as escalas do BR23. Neste estudo optou-
se por não fazer esta análise, pois o FACT-B+4 está sendo, também,
validado.
Na reprodutibilidade, a escala funcional apresentou diferença
estatisticamente significativa entre as duas médias nos dois momentos
(p=0,006). Tanto a escala funcional como a de sintomas apresentaram
valores estatisticamente significativos (p<0,001) para os coeficientes de
correlação intraclasse com valores de 0,70 e 0,77, respectivamente. Estes
foram similares aos encontrados por CHIE et al. (2003).
Os gráficos Bland-Altman para as duas escalas do questionário
EORTC-Br23 demonstraram uma boa concordância entre o teste e o reteste.
O tempo médio de aplicação do BR23 foi o segundo menor, com uma
média de 3,62 minutos.
5.3 FACT-B+4 - FUNCTIONAL ASSESSMENT OF CANCER
THERAPY – BREAST PLUS ARM MORBIDITY
O questionário FACT-B+4 foi desenvolvido em 2001 por COSTER et
al. com objetivo de ampliar o questionário existente FACT-B (específico
para avaliar a qualidade de vida em pacientes com câncer de mama) com 4
103
questões relativas a morbidade do braço decorrente do tratamento do câncer
de mama. Este questionário é composto por 6 domínios que, após o cálculo
do escore, se tornam um único valor. De acordo com o COSTER et al.
(2001) estes domínios podem ser utilizados separadamente quando se tem
como objetivo avaliar uma determinada função do paciente.
Este questionário não possui validação em nenhum outro país, além
de sua validação original realizado no Reino Unido por COSTER et al.
(2001). No entanto o questionário FACT-B possui validação em diversos
países (BRADY et al. 1997; PANDEY et al. 2002; YOO et al. 2005; WAN et
al. 2007b)
As consistências interna variaram de 0,68 a 0,83, com exceção dos
domínios bem estar emocional (0,38) e de preocupações adicionais câncer
de mama (0,54). No estudo original estes valores não foram muito diferentes
e variaram de 0,62 a 0,83 (COSTER et al. 2001).
A análise fatorial confirmatória para este questionário foi feita
utilizando o método de JÖRESKOG e MOUSTAKI (2006), através da “função
resposta logística” para estimativa de parâmetros. No domínio bem–estar
familiar todas as 7 questões que compõem este domínio foram confirmadas,
explicando 34,77% da variância total. No domínios emocional, funcional e
preocupações adicionais (câncer de mama) todas as suas questões foram
confirmadas para um único fator e explicaram, respectivamente, 46,03%,
40,24% e 56,80% da variância total. O domínio preocupações adicionais
(braço) todas as suas questões também foram confirmadas (com cargas
fatoriais acima de 0,72) e explicaram 20,04% da variância total.
104
No estudo de YOO et al. (2005) foi realizada a análise fatorial do
domínio preocupações adicionais câncer de mama, os autores dividiram
este em 3 itens: estresse psicológico (5 questões, que explicou 27,5% da
variância total), satisfação feminina (2 questões, que explicou 17,1% da
variância total) e reclamações físicas (2 questões, que explicou 14,2% da
variância total).
Em todos os domínios foram confirmadas todas as questões que os
compõem e a análise apresentou solução fatorial para os 6 domínios do
questionário, preservando assim a sua estrutura original.
Na validação de constructo o questionário FACT-B+4 foi capaz de
discriminar entre os grupos com e sem linfedema (p=0,006), confirmando o
que foi encontrado no estudo de COSTER et al. (2001).
Quanto a validação convergente apenas os domínios vitalidade e
aspectos sociais do questionário SF-36 não apresentaram correlação
estatisticamente significativa com o FACT-B+4.
No estudo de COSTER et al. (2001), esta análise não foi realizada.
No estudo de YOO et al. (2005) apesar de não utilizar exatamente o
questionário em questão, foi analisada a validade convergente entre o
FACT-B e o questionário FLIC (Functional Living Index-Cancer), um
instrumento que avalia a qualidade de vida em pacientes com câncer em
geral. Como resultado foi encontrado uma forte correlação entre os dois
questionários, que segundo os autores, se deve ao fato de ambos medirem
essencialmente o mesmo fenômeno.
105
O questionário FACT-B+4 apresentou bons resultados na análise da
reprodutibilidade. Na comparação das médias no teste e reteste não
encontrou-se diferença estatisticamente significativa entre os dois
momentos. No estudo realizado por COSTER et al. (2001) para análise da
reprodutibilidade o intervalo do teste-reteste foi de 5 dias e obteve bons
resultados, indicando boa estabilidade do instrumento.
Na análise do coeficiente de correlação intraclasse (r
icc
) entre o teste
e o reteste, verificou-se que este foi significativo e acima de 0,80,
representando o maior coeficiente entre os instrumentos analisados neste
estudo. No trabalho de COSTER et al. (2001), o coeficiente de correlação
intraclasse também foi avaliado, obtendo um valor significativo de 0,97.
Nos gráficos Bland-Altman percebeu-se uma boa concordância entre
o momento 1 e 2 do instrumento FACT-B+4. Sendo assim, pode-se concluir
que este questionário se manteve-se estável entre o teste e o reteste
mostrando com isso uma boa reprodutibilidade.
5.4 COMPARAÇÃO DOS QUESTIONÁRIOS
Além de validar e analisar a reprodutibilidades dos questionário
descritos acima, este estudo também analisou a preferência, a aceitação e a
facilidade de compreensão entre as pacientes sobre os questionários aqui
analisados, procurando definir qual o questionário é mais adequado para
avaliar a qualidade de vida de pacientes com câncer de mama.
106
O questionário IBCSG foi o que apresentou maior dificuldade de
preenchimento por apresentar a escala LASA. Muitas pacientes levantaram
dúvidas e criticas, afirmando que tinham dificuldade de se expressar através
do traço. Tanto, que este foi o único instrumento que 6 pacientes
consideraram todas as questões confusas e 1 paciente considerou todas as
perguntas difíceis.
Cerca de 10% das pacientes referiram que a pergunta “você tem que
ficar numa cama ou cadeira durante o dia?” do questionário EORTC-C30 era
uma pergunta confusa e, consideraram que poderia estar mais clara. O
questionário EORTC-BR23 apresentou poucas reclamações e apenas uma
questão foi mais citada, “sentiu problemas de pele no ou na área do seio
doente comichão, pele seca ou escamosa?” que foi considerada difícil e
confusa por 2 mulheres e com palavras difíceis por 1.
O questionário FACT-B+4 apenas apresentou dificuldade no
preenchimento da questão “tenho que me deitar durante o dia”, que foi
considerada confusa por apenas 3 mulheres.
Em que pese o fato de que a aceitabilidade para todos os
questionários foi muito boa e poucas mulheres relataram dificuldade no
entendimento das questões, os questionários FACT-B+4 e EORTC-BR 23
foram os questionários que receberam o menor número de críticas. No
estudo de COSTER et al. (2001) o questionário FACT-B+4 foi considerado
pelas pacientes de sua amostra como um instrumento rápido e fácil de ser
preenchido. No estudo de SPRANGERS et al. (1996) o questionário
EORTC-BR23 foi bem aceito pela sua amostra e as questões foram
107
consideradas claras pela maioria das pacientes, as únicas questões que
levantaram alguns comentários, foram aquelas relacionadas a sexualidade.
A segunda maneira de verificar a preferência/aceitação/facilidade dos
instrumentos, foi através de uma escala verbal-numérica que foi aplicada ao
final de cada questionário. Nela a paciente deveria dar uma nota de 1 a 5
quanto ao seu grau de entendimento do instrumento como um todo, onde 1
significava “não entendi nada” e 5 “entendi perfeitamente, não tenho
dúvidas”. Todos os questionários apresentaram notas médias acima de 4,87
e não foram encontradas diferenças significativas entre os valores médios.
O tempo levado para responder cada questionário também foi
analisado. Como esperado, o questionário com menor número de questões,
o IBCSG, apresentou a menor média de tempo (1,75 min.) e o maior
questionário FACT-B+4 a maior média (5,80 min.). Vale lembrar, que os
questionários EORTC-C30 e o EORTC-BR23 tiveram seus tempos
analisados em separado (4,67 min. e 3,62 min., respectivamente). No
entanto, eles precisam ser aplicados juntos, o que tornaria este o maior
instrumento (53 questões) com maior tempo despendido. Nos estudos de
SPRANGERS et al. (1996) e NAGEL et al. (2001) o tempo médio de
preenchimento destes dois questionários foi de 9 min.
Durante a análise dos dados foi possível verificar quais dos
questionários possuíam as fórmulas mais fáceis para lculo de seus
escores. O questionário IBCSG apresenta uma grande desvantagem. Isso
porque o pesquisador precisa medir cada uma das 10 respostas com uma
régua e verificar que tamanho, em milímetros, a paciente anotou. Além de
108
detalhista é uma parte muito demorada da análise. Neste estudo, o tempo
médio para codificar cada questionário foi de 1 minuto e 20 segundos,
totalizando, em média, em 2 horas 20 minutos para a codificação dos 100
questionários.
Os questionários EORTC-C30 e EORTC-BR23 podem ser
considerados os questionários mais simples de obter seus escores, pois seu
cálculo é simples e rápido.
O questionário FACT-B+4 apresenta como resultado do seu escore
um único valor, o que facilita a interpretação do resultado. Por outro lado,
seu cálculo é relativamente difícil por dois motivos. Um deles é que a média
do cálculo é feita em função do número de questões respondidas e não é
possível utilizar uma única fórmula para todas as pacientes. É necessário
que o pesquisador tenha boa experiência em programas de computador
para efetuar o seu cálculo, levando em conta o denominador variável. O
segundo motivo é que o número “0” (“nem um pouco”), é uma opção de
resposta, dificultando a contagem do escore das questões não respondidas.
As perguntas que foram deixadas em aberto pelas pacientes, não devem
possuir valor na soma do escore, mas não podem ser consideradas “0”, pois
precisam ser diferenciadas para o cálculo do denominador.
Para a escolha do melhor questionário considerou-se as seguintes
avaliações: confirmação da análise fatorial, melhor consistência interna
(maior α de Cronbach), validade de constructo, validade convergente,
reprodutibilidade, menor média de tempo de preenchimento e maior média
do grau de entendimento.
109
Sendo assim, quanto a análise fatorial, o questionário FACT-B+4 foi o
único instrumento onde todos os seus domínios foram confirmados através
de todas as questões que os compõem, ou seja, sua estrutura foi mantida.
Os demais demonstraram que poderiam ter uma diminuição no número de
suas questões. No entanto, não será sugerido esta alteração, visto que seria
perdida a comparabilidade internacional com outros estudos.
Na análise da consistência interna, as escalas funcional do EORTC-
C30, a de sintomas do EORTC-BR23 e o domínio bem-estar físico do FACT-
B+4 apresentaram os maiores α de Cronbach (0,86; 0,83; 0,83
respectivamente).
Na validade de constructo, praticamente todos os questionários
conseguiram discriminar entre os grupos com e sem linfedema e apenas as
escalas de sintomas do EORTC-C30 e do BR23 não apresentaram diferença
estatisticamente significativa entre os grupos (p=0,131 e p=0,202,
respectivamente).
A escala de sintomas do questionário EORTC-C30, por ser um
instrumento geral para pacientes com câncer, apresenta questões mais
genéricas de saúde, com itens relacionados a falta de ar, dor, enjôo, entre
outros, justificando a sua incapacidade em discriminar os grupos com
presença/ausência de linfedema. Portanto, esta escala seria mais indicada
para ser aplicada em pesquisas com o objetivo, por exemplo, de avaliar a
evolução clínica das pacientes, como em ensaios clínicos ou em estudos de
adesão a determinado tratamento.
110
A escala de sintomas do EORTC-BR23 apresenta questões bem
relacionadas com sintomas advindos do tratamento de quimioterapia, por
exemplo, “Você sentiu a boca seca?”, “Teve queda de cabelo?”, entre
outras. Das 15 questões que compõem esta escala, apenas 2 delas
questionam diretamente a morbidade do braço. Talvez, por isso, esta escala
não foi capaz de discriminar os dois grupos. Sendo assim, este instrumento
poderia ser bem utilizado em pesquisas cujo o objetivo seja, por exemplo,
verificar a toxicidade de drogas ou efeitos colaterais de determinado
tratamento.
Quanto a análise da validade convergente, nenhum questionário
deste estudo apresentou correlação significativa com os domínios vitalidade
e aspectos sociais do SF-36. Isto era esperado, visto que estes dois
domínios avaliam aspectos não analisados pelos questionários aqui
validados.
Na análise da reprodutibilidade apenas a escala funcional do
questionário EORTC-C30 e a de sintomas do EORTC-BR23 apresentaram
diferença estatisticamente significativa entre as dias nos dois momentos
(p= 0,040 e p=0,006, respectivamente). No cálculo do coeficiente de
correlação intraclasse, todos os questionários apresentaram valores
significativos (p<0,001) e o FACT-B+4 apresentou o maior valor, r
icc
(0,86).
Nos gráficos Bland-Altman percebeu-se que todos os questionários
apresentaram uma boa distribuição aleatória ao redor do zero, com poucos
pontos fora do limite.
111
Pelo exposto, o questionário FACT-B+4 foi o instrumento que
apresentou os melhores resultados, sendo, assim, recomendado para a
avaliação da qualidade de vida em pacientes com câncer de mama. No
entanto, deve-se lembrar que o pesquisador precisa de experiência em
análise pois o seu cálculo não é trivial,
Vale ressaltar que a escolha do melhor questionário deve ir de
encontro aos objetivos do pesquisador. Se o objetivo for o menor tempo de
preenchimento, por exemplo, o questionário IBCSG seria o escolhido. No
entanto, deve-se considerar que apesar de curto, este é um questionário que
não pode ser utilizado em pesquisas via telefone ou via correio (num
primeiro momento). Além disso, após o preenchimento leva-se tempo para a
sua codificação.
Os questionários EORTC-C30 e BR-23 apesar de apresentarem
escalas que não foram capazes de discriminar os grupos com e sem
linfedema, o instrumentos confiáveis e que podem ser utilizados quando
objetivo não for especificamente acompanhar a evolução de pacientes com
linfedema. Por exemplo, eles podem ser utilizados para ensaios clínicos,
para verificar a toxicidade de drogas e/ou efeitos colaterais de determinados
tratamentos para câncer.
Todos os questionários aqui validados apresentaram alta
confiabilidade e bons índices de reprodutibilidade, e poderiam ser indicados
para aplicação em pesquisas futuras, desde que contemple os objetivos
almejados pelo pesquisador.
112
6 CONCLUSÕES
1. O questionário de qualidade de vida IBCSG apresentou uma boa
consistência interna, mostrou capacidade discriminante, boa validade
convergente e boa reprodutibilidade;
2. Os questionários EORTC-C30 / EORTC BR23 apresentaram boa
consistência interna, mostraram capacidade discriminante em todas
as escalas com exceção da escala de sintomas de ambos os
instrumentos. Mostraram boa validade convergente em alguns
domínios e boa reprodutibilidade, com exceção da escala funcional do
C30 e da escala de sintomas do BR23. A análise fatorial confirmatória
demonstrou que o número de questões pode ser reduzido.
3. O questionário de qualidade de vida FACT-B+4 apresentou uma boa
consistência interna, com exceção dos domínios bem-estar emocional
e preocupações adicionais câncer de mama. Mostrou capacidade
discriminante e boa validade convergente e boa reprodutibilidade. Na
análise fatorial confirmatória todas as questões contribuíram
fortemente para compor um único fator.
113
4. O questionário que apresentou menor número de
reclamações/questionamentos foi o FACT-B+4, demonstrando maior
preferência e aceitação.
5. As notas da facilidade de compreensão dos questionários como um
todo, foram altas, sem diferença significativa entre os questionários.
Os tempos médios foram proporcionais ao número de questões,
sendo o mais rápido o IBCSG (1,75 min.) e o mais demorado o FACT-
B+4 (5,80 min.).
6. Recomenda-se a utilização do questionário FACT-B+4, lembrando a
necessidade do pesquisador possuir habilidade com programas
estatísticos.
114
7
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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ANEXOS
Anexo 1 - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Anexo 2 - – Entrevista - Dados demográficos e estilo de vida
Dados demográficos e estilo de vida – Entrevista
1-Iniciais: (________) 2-RGH: (_________) 3-Data de nascimento: ___/___/___
Convênio: SUS (1) Convênio (2) _____________________
4- Estado civil:
Solteira (0) Casada/ mora junto (1) Divorciada (2) viúva (3) outros(4).
5- Escolaridade:
Analfabeta (0) Ensino fundamental completo (1) Ensino fundamental
incompleto (2) Ensino média completo (3) Ensino médio incompleto (4)
Superior incompleto (5) Superior completo (6).
6. Você trabalha? Não (0) Sim (1) Aposentada (2) Desempregada
(3)
6.1 Se sim, onde?_______________________
6.2 Função______________________________
7. Você tem alguma religião? Não (0) Católica (1) Evangélica (2) Espírita
(3) Outros (4)
Dados clínicos (informações coletadas no prontuário)
1. Tipo de câncer_______________
2. Data do diagnóstico: ___/___/___
3. Estadiamento: T___N___M___
EC: __________
4. Tratamento previamente realizados:
(1) Cirurgia
(2) Radioterapia
(3) Quimioterapia
(4) Cirurgia + Radioterapia
(5) Cirurgia + Quimioterapia
(6) Cirurgia + Radioterapia + Quimio
(0) Nenhum tratamento
5. Presença de linfedema?
Não (0)
Sim (1)
5.1 quanto tempo possui
linfedema?
(1) No 1° mês de pós-operatório
(2) Entre o e o mês de pós-
operatório
(3) Entre o e o ano de pós-
operatório
(4) Após o 1° ano de pós-operatório
5.2 Realiza tratamento para o
linfedema?
Não (0)
Sim (1) Qual?_______________
Anexo 3 – Questionário IBCSG
Anexo 4 – Questionários EORTC-C30 e EORTC-BR23
Anexo 5
Questionário FACT-B+4
Anexo 6 – Questionário SF– 36
SF – 36 - Short Form Health Survey
1 - Em geral você diria que sua saúde é: (Circule uma)
Excelente ............................................................................................................ 1
Muito Boa ............................................................................................................. 2
Boa ......................................................................................................................... 3
Ruim ....................................................................................................................... 4
Muito Ruim ........................................................................................................... 5
2 - Comparada 1 ano atrás, como você classificaria sua saúde em geral,
agora? (Circule uma)
Muito melhor agora do que há um ano atrás ............................................... 1
Um pouco melhor agora do que há um ano atrás ........................................ 2
Quase a mesma de um ano atrás .................................................................... 3
Um pouco pior agora do que há um ano atrás .............................................. 4
Muito pior agora do que há um ano atrás ..................................................... 5
3 - Os seguintes itens são sobre atividades que você poderia fazer atualmente
durante um dia comum. Devido a sua saúde, você tem dificuldade para fazer
essas atividades? Neste caso, quanto? (circule um número em cada linha)
Atividades Sim
dificulta
muito
Sim
dificulta
um pouco
Não. Não
dificulta de
modo
algum
a - Atividades vigorosas, que exigem muito
esforço, tais como: correr, levantar objetos
pesados, participar em esportes árduos.
1
2
3
b – Atividades moderadas, tais como: mover
uma mesa, passar aspirador de pó, jogar bola,
varrer a casa.
1
2
3
c - Levantar ou carregar mantimentos
1 2 3
d - Subir vários lances de escada
1 2 3
e – Subir um lance de escada
1 2 3
f – Curvar-se, ajoelhar-se ou dobrar-se
1 2 3
g – Andar mais de 1 quilômetro
1 2 3
h – Andar vários quarteirões
1 2 3
i – Andar um quarteirão
1 2 3
j – Tomar banho ou vestir-se 1 2 3
4 Durante as últimas 4 semanas,você teve algum dos seguintes problemas com
o seu trabalho ou com alguma atividade diária regular, como conseqüência de sua
saúde física? (circule um número em cada linha)
Sim Não
a Você diminuiu a quantidade de tempo que se dedicava ao seu
trabalho ou a outras atividades?
1 2
b – Realizou menos tarefas do que você gostaria?
1 2
c – Esteve limitado no seu trabalho ou em outras atividades?
1 2
d Teve dificuldade de fazer seu trabalho ou outras atividades?
(necessitou de um esforço extra?)
1 2
5 Durante as últimas 4 semanas, você teve algum dos seguintes problemas com
o seu trabalho ou outra atividade regular diária,como conseqüência de algum
problema emocional (como sentir-se deprimido ou ansioso)? (circule um número
em cada linha)
Sim Não
a Você diminuiu a quantidade de tempo que se dedicava ao seu
trabalho ou a outras atividades?
1 2
b – Realizou menos tarefas do que você gostaria?
1 2
c – Não trabalhou ou não fez qualquer das atividades com tanto
cuidado como geralmente faz?
1 2
6 – Durante as últimas 4 semanas, de que maneira sua saúde física ou problemas
emocionais interferiram nas suas atividades sociais normais, em relação a família,
vizinhos, amigos ou em grupo? (Circule uma)
De forma nenhuma ................................................................................. 1
Ligeiramente ........................................................................................... 2
Moderadamente ..................................................................................... 3
Bastante ................................................................................................... 4
Extremamente ........................................................................................ 5
7 – Quanta dor no corpo você teve durante as últimas 4 semanas? (Circule uma)
Nenhuma ................................................................................................. 1
Muito Leve ............................................................................................... 2
Leve ........................................................................................................... 3
Moderada ................................................................................................. 4
Grave ......................................................................................................... 5
Muito Grave ............................................................................................. 6
8 Durante as últimas 4 semanas, quanto a dor interferiu com o seu trabalho
normal (incluindo tanto o trabalho, fora de casa e dentro de casa)? (Circule uma)
De maneira alguma ................................................................................. 1
Um pouco ................................................................................................. 2
Moderadamente ..................................................................................... 3
Bastante .................................................................................................. 4
Extremamente ....................................................................................... 5
9 – Estas questões são sobre como você se sente e como tudo tem acontecido com
você durante as últimas 4 semanas. Para cada questão, por favor uma resposta
que mais se aproxime da maneira como você se sente. Em relação as últimas 4
semanas. (Circule um número para cada linha)
Todo
tempo
A maior
parte
do
tempo
Uma
boa
parte
do
tempo
Alguma
parte do
tempo
Uma
pequena
parte do
tempo
Nunca
a - Quanto tempo você tem
se sentido cheio de vigor,
cheio de vontade, cheio de
força?
1
2
3
4
5
6
b Quanto tempo você tem
se sentido uma pessoa muito
nervosa?
1
2
3
4
5
6
c - Quanto tempo você tem
se sentido tão deprimido que
nada pode animá-lo?
1
2
3
4
5
6
d - Quanto tempo você tem
se sentido calmo ou
tranqüilo?
1
2
3
4
5
6
e - Quanto tempo você tem
se sentido com muita
energia?
1
2
3
4
5
6
f - Quanto tempo você tem se
sentido desanimado e
abatido?
1
2
3
4
5
6
g- Quanto tempo você tem se
sentido esgotado?
1
2
3
4
5
6
h - Quanto tempo você tem
se sentido uma pessoa feliz?
1
2
3
4
5
6
I - Quanto tempo você tem se
sentido cansado?
1
2
3
4
5
6
10 Durante as últimas 4 semanas, quanto do seu tempo a sua saúde física ou
problemas emocionais interferiram com as suas atividades sociais (como visitar
amigos, parentes, etc.)? (Circule uma)
Todo o tempo ...................................................................................................... 1
A maior parte do tempo ................................................................................... 2
Alguma parte do tempo .................................................................................... 3
Uma pequena parte do tempo ......................................................................... 4
Nenhuma parte do tempo ................................................................................ 5
11 O quanto verdadeiro ou falso é cada uma das afirmações (Circule um
número me cada linha)
Definitiva
mente
verdadeiro
A maioria
das vezes
verdadeira
Não sei A maioria
das vezes
falsa
Definitiva
mente
falsa
a Eu costumo adoecer um
pouco mais facilmente que
as outras pessoas
1
2 3 4 5
b Eu sou tão saudável
quanto qualquer pessoa que
eu conheço.
1 2 3 4 5
c Eu acho que a minha
saúde vai piorar
1 2 3 4 5
d – Minha saúde é excelente 1 2 3 4 5
Anexo 7 – Cálculo dos escores do questionário EORTC-C30
Scoring the EORTC QLQ-C30 version 3.0
Table 1: Scoring the QLQ-C30 version 3.0
Scale Number
of items
Item
range*
Version 3.0
Item numbers
Function
scales
Global health status /
QoL
Global health status/QoL
(revised)
QL2 2 6
29, 30
Functional scales
Physical functioning
(revised)
PF2 5 3
1 to 5 F
Role functioning (revised)
RF2 2 3 6, 7 F
Emotional functioning
EF 4 3 21 to 24 F
Cognitive functioning CF 2
3
20, 25 F
Social functioning SF 2 3 26, 27 F
Symptom scales / items
Fatigue
FA 3 3
10, 12, 18
Nausea and vomiting NV 2 3 14, 15
Pain PA 2 3 9, 19
Dyspnoea DY 1 3 8
Insomnia SL 1 3 11
Appetite loss AP 1 3 13
Constipation CO 1 3 16
Diarrhoea
DI 1 3 17
Financial difficulties FI 1 3 28
* Item range is the difference between the possible maximum and the
minimum response to individual items; most items take values from 1 to
4, giving range = 3.
(revised) scales are those that have been changed since version
1.0, and their short names are indicated in this manual by a suffix
“2” – for example, PF2.
For all scales, the RawScore, RS, is the mean of the component items:
(
)
nIIIRSRawScore
n
+++== ...
21
Then for Functional scales:
(
)
100
1
1 ×
=
range
RS
Score
and for Symptom scales / items and Global health status / QoL:
(
)
{
}
1001 ×= rangeRSScore
Anexo 8 – Cálculo dos escores do questionário EORTC–BR23
Breast cancer module: QLQ-BR23
Scoring of the breast cancer module
The breast cancer module incorporates five multi-item scales to assess systemic therapy side effects, arm
symptoms, breast symptoms, body image and sexual functioning. In addition, single items assess
sexual enjoyment, hair loss and future perspective.
The scoring approach for the QLQ-BR23 is identical in principle to that for the
function and symptom scales / single items of the QLQ-C30.
Scale
Number
of items
Item
range
*
QLQ-BR23
Item
numbers
Functional scales
Body image BRBI 4 3 9 – 12 F
Sexual functioning † BRSEF 2 3 14,15
Sexual enjoyment † BRSEE 1 3 16
Future perspective BRFU 1 3 13 F
Symptom scales /
items
Systemic therapy side
effects
BRST 7 3 1 – 4,6,7,8
Breast symptoms BRBS 4 3
20 – 23
Arm symptoms BRAS 3 3 17,18,19
Upset by hair loss BRHL 1 3 5
* “Item range” is the difference between the possible maximum and the minimum response to
individual items.
Items for the scales marked † are scored positively
(i.e. “very much” is best) and therefore use the same
algebraic equation as for symptom scales; however, the
Body Image scale uses the algebraic equation for
functioning scales.
BRSEE, sexual enjoyment, is not applicable if item 15 is “not at all.”
BRHL, upset by hair loss, is not applicable if item 4 is “not at all.”
Anexo 9 – Cálculo dos escores do questionário FACT-B+4
FACT
-
B
+4
Scoring Guidelines
(Version 4)
Page 1
Instructions:* 1. Record answers in "item response" column. If missing, mark with an X
2. Perform reversals as indicated, and sum individual items to obtain a score.
3. Multiply the sum of the item scores by the number of items in the subscale, then divide by the
number of items answered. This produces the subscale score.
4. Add subscale scores to derive total scores (TOI, FACT-G & FACT-B).
5. The higher the score, the better the QOL.
Subscale Item Code Reverse item? Item response Item Score
PHYSICAL GP1 4 - ________ =________
WELL-BEING GP2 4 - ________ =________
(PWB) GP3 4 - ________ =________
GP4 4 - ________ =________
GP5 4 - ________ =________
GP6 4 - ________ =________
GP7 4 - ________ =________
Sum individual item scores: ________
Multiply by 7: ________
Divide by number of items answered: ________=
PWB subscale
score
SOCIAL/FAMILY GS1 0 + ________ =________
WELL-BEING GS2 0 + ________ =________
(SWB) GS3 0 + ________ =________
GS4 0 + ________ =________
GS5 0 + ________ =________
GS6 0 + ________ =________
GS7 0 + ________ =________
Sum individual item scores: ________
Multiply by 7: ________
Divide by number of items answered: ________=
SWB subscale
score
EMOTIONAL GE1 4 - ________ =________
WELL-BEING GE2 0 + ________ =________
(EWB) GE3 4 - ________ =________
GE4 4 - ________ =________
GE5 4 - ________ =________
GE6 4 - ________ =________
Sum individual item scores: ________
Multiply by 6: ________
Divide by number of items answered: ________=
EWB subscale
score
FUNCTIONAL GF1 0 + ________ =________
WELL-BEING GF2 0 + ________ =________
(FWB) GF3 0 + ________ =________
GF4 0 + ________ =________
GF5 0 + ________ =________
GF6 0 + ________ =________
GF7 0 + ________ =________
Sum individual item scores: ________
Multiply by 7: ________
Divide by number of items answered: ________=
FWB subscale
sco
re
Score range: 0-28
Score range: 0-28
Score range: 0-24
Score range: 0-28
FACT
-
B
+4
Scoring Guidelines
(Version 4)
Page 2
Subscale Item Code Reverse item? Item response Item Score
BREAST B1 4 - ________ =________
CANCER B2 4 - ________ =________
SUBSCALE B3 4 - ________ =________
(BCS) B4 0 + ________ =________
B5 4 - ________ =________
B6 4 - ________ =________
B7 4 - ________ =________
B8 4 - ________ =________
B9 0 + ________ =________
P2 NOT CURRENTLY SCORED
Sum individual item scores:________
Multiply by 9: ________
Divide by number of items answered: ________=BC Subscale score
ARM B3 4 - ________ =________
SUBSCALE B10 4 - ________ =________
(ARM) B11 4 - ________ =________
B12 4 - ________ =________
B13 4 - ________ =________
Sum individual item scores:________
Multiply by 5: ________
Divide by number of items answered: ________=
ARM Subscale score
Notes: Item B3 is included in both the BCS and ARM subscales
The ARM subscale is not used in the calculation of any total scores
To derive a FACT-B Trial Outcome Index (TOI):
__________ + __________ + __________ =________=FACT-B TOI
(PWB score) (FWB score) (BCS score)
To Derive a FACT-G total score:
__________ + __________ + __________ + __________=________=FACT-
G Total score
(PWB score) (SWB score) (EWB score) (FWB score)
To Derive a FACT-B total score:
_________ + __________ + __________ + __________ + __________ =________=FACT-
B Total score
(PWB score) (SWB score) (EWB score) (FWB score) (BCS score)
*For guidelines on handling missing data and scoring options, please refer to the Administration and Scoring Guidelines
in the manual or on-line at www.facit.org.
Score range: 0-36
Score range: 0-92
Score range: 0-108
Score range: 0-144
Score range: 0-20
Anexo 10 – Análise do grau de entendimento.
Anexo 11 – Carta de autorização do Comitê de Ética em Pesquisa.
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