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mais aberto e livre da sexualidade, dissociada das responsabilidades da
reprodução. A presença de mulheres no mercado de trabalho passou a ser
crescente, assim como a difusão e a utilização de práticas anticoncepcionais
e a fragilização dos laços matrimoniais, com o aumento das separações, dos
divórcios e de novos acordos sexuais.
O conceito de nuclearidade e a instituição casamento, intimamente ligados à
família, passaram por transformações, como, entre outras, o crescimento do número de
separações e divórcios, uniões de homossexuais com adoção de filhos, de uniões consensuais
sucessivas com parceiros diferentes e filhos advindos de outros relacionamentos, de casais
sem filhos por opção, de parceiros em domicílios diferenciados; entre outros. Ou seja, a marca
da família contemporânea é a diversidade.
Nascimento (2006) sublinha que a população e a família brasileiras têm passado
por muitas transformações, acompanhando os acontecimentos históricos, econômicos, sociais
e demográficos do último século. Nas recentes décadas, diferentes mudanças foram
observadas nas condições de reprodução da população, na diminuição da fecundidade e
mortalidade, no aumento da esperança de vida ao nascer, o que proporcionou melhores
condições de vida e saúde, sem mencionar os padrões de relacionamento entre os membros da
família, o papel da mulher dentro e fora do espaço doméstico e o aumento de uniões
consensuais, entre outros.
Segundo Nascimento (2006), a vida familiar no Brasil se modificou para todos os
segmentos da população, fato atestado pelos Censos Demográficos, desde o primeiro, em
1872, ao último, em 2000. Dados cada vez mais desagregados e informações amplamente
detalhadas ajudam a entender um país em franca transformação econômica, social,
demográfica e cultural, que alterou os desenhos e as dinâmicas da família brasileira. Como
expressam Carvalho e Almeida (2003, p. 112-113),
o perfil das famílias brasileiras no início dos anos 2000 expressa as
mencionadas transformações, acentuando tendências detectadas já em
décadas anteriores. Com um decréscimo continuado e persistente, a taxa de
fecundidade total passou de 2,6 filhos por mulher, em 1992, para 2,3 filhos,
em 2001; o tamanho médio das famílias, que alcançava 4,5 pessoas em 1980
e 3,8 em 1992, reduziu-se em 2001 para 3,3 membros, segundo a PNAD. Já
em 1998, o número médio de filhos por família era de 2 no Norte, 1,9 no
Nordeste, 1,5 no Sudeste, 1,4 no Sul, 1,5 no Sudoeste e 1,6 em todo o Brasil,
conforme dados do IBGE/ PNAD, elaborados pelo Dieese (2001:18). Além
disso, dados preliminares do Censo de 2000 evidenciaram um crescimento
das separações, de novas uniões e de casamento não oficiais, com as uniões
consensuais elevando-se dos 18,3% registrados em 1991 para 28,3% do total
de arranjos conjugais. O exercício mais amplo e mais livre da sexualidade
contribuiu para maior incidência da gravidez e da maternidade entre as