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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO – PPA
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ – UEM
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA – UEL
Centros de Ciências Sociais Aplicadas - Departamentos de Administração
Av. Colombo, 5.790 – Zona 07 – 87020-900 – Maringá – Pr.
Fone/fax: (44) 3261-4976 ou 3261-4941
CÉSAR RENATO FERREIRA DA COSTA
A PRODUÇÃO ACADÊMICA DE MARKETING NO BRASIL UMA
ANÁLISE HISTORIOGRÁFICA DOS ÚLTIMOS 50 ANOS
MARINGÁ
2008
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1
CÉSAR RENATO FERREIRA DA COSTA
A PRODUÇÃO ACADÊMICA DE MARKETING NO BRASIL UMA
ANÁLISE HISTORIOGRÁFICA DOS ÚLTIMOS 50 ANOS
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
graduação em Administração Mestrado em
Gestão de Negócios da Universidade
Estadual de Maringá em consórcio com a
Universidade Estadual de Londrina, como
requisito para obtenção do título de Mestre
em Administração.
Orientador:
Prof. Dr. Francisco Giovanni David Vieira.
MARINGÁ
2008
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2
CÉSAR RENATO FERREIRA DA COSTA
A PRODUÇÃO ACADÊMICA DE MARKETING NO BRASIL – UMA
ANÁLISE HISTORIOGRÁFICA DOS ÚLTIMOS 50 ANOS
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
graduação em Administração – Mestrado em
Gestão de Negócios da Universidade
Estadual de Maringá em consórcio com a
Universidade Estadual de Londrina, como
requisito parcial para obtenção do título de
Mestre em Administração, sob apreciação da
seguinte banca examinadora:
Aprovado em:
_________________________________________
Prof. Dr. Francisco Giovanni David Vieira (UEM)
_________________________________________
Prof. Dr. Ariston Azevêdo Mendes (UEPG)
_________________________________________
Prof. Dr. Mario Nei Pacagnan (UEL)
3
À luz de Eliza.
4
“Uma palavra que não representa uma idéia é
uma coisa morta, da mesma forma que uma
idéia não incorporada em palavras não passa de
uma sombra” (Lev Semenovich Vygotsky)
5
AGRADECIMENTOS
A DEUS, que me abençoou com a graça da vida.
A meus pais, Nilda e Cláudio (in memoriam). Agentes de DEUS para minha vinda a este
mundo.
A meus filhos Priscila, Vinicius e Beatriz, que com sua existência, justificaram o motivo para
a mais linda trajeria de uma vida.
A minha companheira Márcia, que com sua sabedoria e extrema simplicidade soube me
remover dos labirintos aos quais me impus. “A palavra certa, na hora certa”.
A meus colegas de turma no mestrado, Algildo, Cristiane, João, Juanita, Kerla, Marcio e
Tayso, que repartiram comigo suas esperanças e alegrias.
Aos professores e colaboradores do Departamento de Administração da UEM, com os quais
convivi ao longo destes quase doze anos. Em especial ao Professor Ednei, que com serenidade
mostrou-me que estradas diferentes podem conduzir ao mesmo lugar.
Aos professores do Mestrado da UEM/UEL, especialmente a Professora Hilka, que me tratou
com tal carinho, a ponto de me sentir um dos seus.
Aos secretários do mestrado, Francisco, e especialmente, Bruhmer, que com trabalho,
dedicação e seriedade faz as coisas funcionarem. O mestrado tem o dedo desse moço!
Ao meu amigo e orientador, Professor Giovanni, que com sua sabedoria e seriedade conduziu
minha formação e traduziu-me por completo uma frase que carrego há anos. “Hay que
endurecerce, pero sin perder la ternura jamás”
Agradecimentos a todos e tantos. MUITO OBRIGADO.
E novamente, e sempre, a DEUS. Que em nome de Jesus Cristo, nos conduz à felicidade.
AMÉM.
6
COSTA, César Renato Ferreira da. A produção acadêmica de marketing no Brasil
Uma análise historiográfica dos últimos 50 anos. 2008. 151 f. Dissertação (Mestrado
em Administração)–Universidade Estadual de Marin e Universidade Estadual de
Londrina, 2008.
RESUMO
O marketing, como fenômeno das ciências sociais e aplicadas, é o produto de uma
construção social, teórica científica, ao longo de mais de um século no estudo do
pensamento administrativo, sendo integrado no interesse de outras áreas da ciência na
medida em que aumenta seu volume de influência social. Consideradas as
circunsncias de mercado, troca e relacionamento, o fenômeno pode ser identificado
pelo estudo da civilização, desde sua existência. Com uma perspectiva acadêmica e
cienfica emerge a partir das revoluções sociais transformadoras do século XVIII e tem
evoluído seu arcabouço teórico até a atualidade, tendo passado por diversas fases
interpretativas. O marketing global, como se entende na atualidade é produto de uma
construção originária de diversas escolas de pensamento, especialmente de origem
anglo-americana, e notadamente intensiva a partir dos Estados Unidos. Este trabalho,
considerando essas circunstâncias originais e suas influências, estuda o fenômeno,
desde seu surgimento nas academias de ensino superior no Brasil, até sua atualidade. A
partir de fontes que revelam a produção acadêmica de marketing no Brasil, este estudo
busca então identificar se um marketing que possa ser tratado por brasileiro, ou se o
que temos no país apenas reflete uma construção importada de outras culturas. Um
método baseado na análise historiográfica, de eventos e publicações, editadas nos
últimos 54 anos e uma pesquisa exploratória com docentes da área, consti a base de
informações para considerações conclusivas do questionamento proposto. A resposta
final de tal questionamento é apontada a partir do cruzamento das informões tomadas,
com o conceito de paradigmas prevalecentes para o marketing atual e se define
conclusivamente nesse trabalho indicando que a maioria da produção brasileira de
marketing na academia de ensino superior representa uma reprodução dos conceitos
estabelecidos pelo paradigma transacional, com abordagem quantitativa, especialmente
importados do exterior, onde se destacam principalmente os Estados Unidos e também a
Europa.
Palavras-chave: Marketing. Marketing brasileiro. Produção acadêmica. Paradigmas.
7
ABSTRACT
The marketing, as a phenomenon of social and applied sciences, is the product of a
scientific-theoretical social construction for over a century in the administrative thought,
being integrated in the interest of other areas of science insofar as it increases its volume
of social influence. Considered the circumstances of the market such as exchange and
relationship the phenomenon can be identified by the study of civilization since its
existence. With an academic and scientific perspective, it emerges from the
transformative social revolutions of the eighteenth century and has evolved its
theoretical framework to the present, having passed through several interpretative
phases. The global marketing as understood at present is the product of an original
construction from several theoretical schools, especially of Anglo-American origin,
notably intensive in the United States. This work, considering these original
circumstances and their influences, studies the phenomenon since its emergence in the
academies of higher education in Brazil until its present. From sources that reveal the
academic production of marketing in Brazil, this paper researches if there is a marketing
that can be identified as Brazilian or whether what we have in the country only reflects a
construction imported from other cultures. One method based on historical analysis of
events and publications, published in the last 54 years and an exploratory research with
teachers in the area, build an information base for conclusive considerations of the
proposed questioning. The final answer to this question is pointed from the information
taken, crossed with the concept of prevailing paradigms for the current marketing and is
defined in this work like a reproduction of american and european paradigms to studies
of marketing.
Key words: Marketing. Brazilian marketing. Academic production. Paradigms.
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Esquema geral do procedimento metodológico ................................. 30
Figura 2 - Origem das Instituições-chave da produção acadêmica de
Marketing no Brasil ...........................................................................
68
9
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Comparação entre hisria tradicional e nova história ........................ 23
Quadro 2 - Comparativo de historiografia com outros métodos ........................... 25
Quadro 3 - Fontes e características do conhecimento ........................................... 33
Quadro 4 - Cronologia editorial da origem do marketing ..................................... 48
Quadro 5 - Evolução das Pesquisas da Escola de Administração de marketing ... 57
Quadro 6 - Produção científica em marketing nas revistas nacionais ................... 82
Quadro 7 - Temas de marketing abordados nas revistas nacionais ....................... 84
Quadro 8 - Produção científica em marketing nos eventos nacionais ................... 90
Quadro 9 - Temas de marketing abordados nos eventos nacionais ....................... 93
Quadro 10 - Produção científica em marketing nas teses e dissertações .................
100
Quadro 11 - Temas de marketing abordados nas teses e dissertações .....................
102
Quadro 12 - Livros de marketing em uso, editados no Brasil ................................. 110
10
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Idade dos respondentes ........................................................................
116
Tabela 2 - Gênero dos respondentes .....................................................................
116
Tabela 3 - Área de graduação dos respondentes .................................................. 117
Tabela 4 - Ano de graduação dos respondentes ................................................... 118
Tabela 5 - Área de doutoramento dos respondentes .............................................
119
Tabela 6 - Ano de doutoramento dos respondentes ..............................................
119
Tabela 7 - Local de atividade dos respondentes ................................................... 120
Tabela 8 - Atividade exercida pelos respondentes ............................................... 121
Tabela 9 - Temas que os respondentes mais pesquisam .......................................
123
Tabela 10 - Temas mundiais apontados pelos respondentes .................................. 124
Tabela 11 - Temas de maior prática nas empresas, apontados pelos respondentes
125
Tabela 12 - Fontes para o trabalho de pesquisa em marketing dos pesquisadores
brasileiros ............................................................................................
129
Tabela 13 - Natureza metodológica dos trabalhos de pesquisadores nacionais ..... 130
Tabela 14 - Proporção de uso entre publicações nacionais e estrangeiras par
pesquisa ...............................................................................................
131
Tabela 15 - Há pensamento, teoria ou paradigmas de marketing no Brasil
atualmente? ..........................................................................................
131
Tabela 16 - Ranking de uso das revistas científicas especializadas nacionais ....... 133
Tabela 17 - Instituições de Ensino Superior com Programas de Pós-Graduação
no Brasil ..............................................................................................
139
11
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO .................................................................................................
12
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TRABALHO ..................................................... 12
1.2 OBJETIVOS PROPOSTOS ................................................................................ 14
1.3 CENÁRIO DO OBJETO DE PESQUISA .......................................................... 15
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO.........................................................................
20
2
METODOLOGIA .............................................................................................
22
2.1 PESQUISA HISTORIOGRÁFICA .................................................................... 22
2.2 LIMITES CIRCUNSCRITOS EM CONCEITOS DE PESQUISA ....................
31
2.3 LIMITES ESTRUTURAIS DA PESQUISA ...................................................... 34
3
REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................
36
3.1 ORIGEM, CONCEITOS E ABORDAGENS RECORRENTES DO
MARKETING .....................................................................................................
36
3.2 O DOMÍNIO DO MARKETING ....................................................................... 42
3.3 O PENSAMENTO GLOBAL DE MARKETING ..............................................
44
3.3.1
A evolução teórica do pensamento em marketing ..........................................
48
3.3.2
As escolas formadoras do pensamento em marketing ...................................
50
3.3.2.1 Escola funcional do marketing ............................................................................ 50
3.3.2.2 Escola da mercadoria em marketing ................................................................... 51
3.3.2.3 Escola institucional do marketing ....................................................................... 53
3.3.2.4 Escola inter-regional de marketing ..................................................................... 54
3.3.2.5 Escola de administração de marketing ................................................................ 56
3.3.2.6 Escola de sistemas de marketing ......................................................................... 58
3.3.2.7 Escola do comportamento do consumidor .......................................................... 58
3.3.2.8 Escola do macro marketing ................................................................................. 59
3.3.2.9 Escola de trocas ................................................................................................... 60
3.3.2.10
Escola do marketing histórico ............................................................................. 61
3.3.3
Abordagens contemporâneas do pensamento em marketing ........................
62
3.4 PENSAMENTO BRASILEIRO DE MARKETING .......................................... 66
3.4.1
Origem da produção acadêmica brasileira de marketing .............................
66
3.4.2
Políticas governamentais e o marketing ..........................................................
69
3.4.3
O comportamento do consumidor brasileiro e o marketing .........................
72
3.4.4
Influência da produção acadêmica em marketing .........................................
74
4
A PRODUÇÃO ACADÊMICA BRASILEIRA EM MARKETING ............
76
4.1 REVISTAS ESPECIALIZADAS EM ADMINISTRAÇÃO .............................. 76
4.2 EVENTOS NACIONAIS NA ÁREA DE ADMINISTRAÇÃO ........................ 88
4.3 TESES E DISSERTAÇÕES ............................................................................... 94
4.4 LIVROS EDITADOS NO BRASIL ................................................................... 103
5
PERFIL E PENSAMENTO DOS ACADÊMICOS .......................................
112
6
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................
141
REFERÊNCIAS ................................................................................................
145
ANEXOS ............................................................................................................
151
12
1 INTRODUÇÃO
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TRABALHO
Marketing, Mercadologia, Administração de Marketing, e ainda outras nomenclaturas
que podem ser encontradas, procuram descrever uma atividade de gestão, uma disciplina, uma
teoria administrativa, uma fonte de pesquisa ou uma forma de pensamento acadêmico e/ou
organizacional que tem se desenvolvido em diferentes países. E como não poderia deixar de
ser, também no Brasil.
Este movimento de ensino, pesquisa e prática acompanha a própria história do
Pensamento Administrativo, o campo maior que o tem abrigado, e se forma com a evolução
da sociedade, especialmente considerados aqui o âmbito acadêmico e organizacional.
O presente trabalho tem o propósito de proceder a uma pesquisa, a partir de uma
perspectiva historiográfica, considerando especialmente a Produção Acadêmica Brasileira de
Marketing, tomada a partir da seguinte problematização: existe uma Produção Acadêmica
Brasileira de Marketing capaz de ser definida pelo volume de conhecimento produzido, pelas
abordagens e influências que a refletem e pelos resultados promovidos ao longo de uma
história cursada nos último 54 anos no Brasil?
Considerar este período de pouco mais de 50 anos de pesquisa é estabelecer como
marco as discussões e iniciativas originais deste estudo no Brasil, quando da fundação das
primeiras instituições de ensino superior, especificamente voltadas para o ensino de
administração. A partir da definição dessa cronologia, o trabalho segue pela análise da
produção acadêmica original, passando pela produção que ficou registrada em publicações na
academia e institutos ligados a ela, culminando com o momento atual, analisado a partir da
produção acadêmica nacional de professores e pesquisadores dos programas de pós-graduação
em Administração, envolvidos com a área de marketing de nosso país.
13
Essa escolha de abordagem da pesquisa é importante, considerando que seu resultado
estabelece pelo menos três condições que podem contribuir para o desenvolvimento do campo
de estudo de marketing e para a formação prática e acadêmica nesse campo.
A primeira condição se refere ao caráter de ineditismo do trabalho, na medida em que
a academia brasileira não apresenta, até esse momento, uma pesquisa que tenha se preocupado
em definir o atual estágio da produção de marketing no Brasil, desde suas origens até o
momento atual.
Tal caráter pode ser observado em função de que a literatura apresenta algumas obras
que descrevem aspectos da formação histórica (SIMÕES, 1980; GRACIOSO; 1981;
RICHERS, 1994, 2000; COBRA, 2003; OLIVEIRA, 2004) ou que tratam das influências
sofridas por acadêmicos, praticantes e consumidores no período de sua formação (RICHERS,
2000; PENTEADO, 1982; LOPES, 1977), ou ainda outras que caracterizam como se a
produção acadêmica no campo de estudo (VIEIRA, 1998, 1999, 2000; FROEMMING, 2000
PERIN et al. 2006; VIEIRA e GAVA, 2006; FARIA, 2007). Estas últimas se dedicando
apenas a frações mais contemporâneas do tempo proposto nesse trabalho.
Como segunda condição, é determinante que a revisão bibliográfica desenvolvida
busca agrupar aspectos conceituais, históricos e estruturais da produção acadêmica do
marketing brasileiro no presente no trabalho. Tal conjunto de material pode ser de especial
utilidade tanto para a ordenação de pesquisas futuras sobre o tema, quanto para a promoção de
discussões que priorizem um maior entendimento e generalizações da realidade atual.
A terceira condição que se estabelece com este trabalho é a possibilidade de
contribuição para a qualificação acadêmica de seus leitores, tendo em vista o aprimoramento
do ensino na área, em cursos de graduação e pós-graduação, especialmente os de stricto
sensu. Tal agregação ao conhecimento pode favorecer o acesso a pesquisadores e praticantes,
oferecendo bases para futuras ações de pesquisa e gestão organizacional.
Para que tais condições possam ser estabelecidas satisfatoriamente, este trabalho está
organizado a partir da apresentação e aplicação da pesquisa historiogfica como
metodologia, referencial teórico organizado e triangulação com institutos e pesquisadores
diretamente ligados à produção acadêmica de marketing no Brasil.
14
Finalmente, vale ressaltar que o trabalho não pretende consolidar uma única posição
conceitual na definição do tema proposto, por entender que tal tema, como se apresenta na
atualidade, ainda compõe diversidade de posicionamentos e abordagens de pesquisas, que
conduzem a posições distintas sobre o fenômeno estudado, invalidando quaisquer conclusões
definitivas ou aceitas integralmente pela comunidade acadêmica da área. As reflexões e
posteriores considerações finais deste trabalho pretendem, então, apresentar uma posição, e a
partir dela, estabelecer a análise de um comportamento de pesquisa e produção acadêmica que
se relacione com o objeto da pesquisa.
1.2 OBJETIVOS PROPOSTOS
Considerando a discussão acima apresentada, a ação de pesquisa que se segue busca
efetivamente consolidar um trabalho que caracterize a narrativa histórica da produção
acadêmica para formação do que se apresenta como marketing brasileiro e, desta forma,
alcançar objetivos que justifiquem a sua pesquisa, conforme seguem:
Objetivo Geral:
o Pesquisar, identificar e caracterizar a produção de marketing no Brasil, com
base no último meio século (a partir de 1954).
Objetivos específicos:
o Investigar os ambientes (acadêmicos) onde ocorreu e ocorre a produção de
marketing brasileira.
o Descrever o perfil dos pesquisadores que desenvolvem a produção de
marketing brasileira na atualidade.
15
o Identificar como os paradigmas recorrentes (transacional, relacional e pós-
moderno), relacionados ao pensamento global de marketing, influenciam a
produção brasileira.
o Assinalar aspectos de qualidade e quantidade da produção acadêmica em
marketing.
o Apontar os reflexos da produção brasileira de marketing, entre os acadêmicos e
praticantes, nas instituições de ensino e organizações do país.
Destaca-se que a introdução apresentada até esse ponto indica reflexões a respeito da
produção acadêmica de marketing no Brasil, relacionadas, especialmente, a aspectos como
origens, produção brasileira, volume de conhecimento, direção conceitual, mensagens e
caminhos que a produção é capaz de transmitir ao longo da história, tudo isso marcado,
aproximadamente, no último meio século. Por outro lado, a questão problema selecionada no
início desse trabalho procura abordar esses aspectos e ainda estabelecer dimenes e limites
para este estudo.
Para consecução desses objetivos, o trabalho aplica uma orientação da pesquisa
historiográfica, e está centrado na verificação de uma hipótese central. Tal verificação
concentra sua pesquisa na origem da construção da produção acadêmica brasileira de
marketing, partindo da afirmação que a produção de marketing nacional, a partir da academia,
se utiliza integralmente de um composto teórico importado, especialmente da construção dos
conceitos de marketing da cultura organizacional americana, mas ainda com alguma
influência de outros centros europeus.
1.3 CENÁRIO DO OBJETO DE PESQUISA
A seguir, descreve-se resumidamente o fenômeno do marketing, desde sua origem até
um momento atual, que é objeto central desse trabalho. O objetivo da descrição desse cenário
é especialmente situar o leitor quanto ao fenômeno e justificar os motivos que estimularam a
realização dessa pesquisa. Esta descrição não se preocupa, então, em referenciar a fonte de
16
autoria das informações. Essas referências serão explicitadas, nas seções posteriores, onde
poderão preencher o rigor que um trabalho desta natureza exige.
O marketing da atualidade é uma área do conhecimento contida nas ciências sociais e
aplicadas, bastante difundida e pesquisada no mundo todo. Contudo, adquiriu essa dimensão
ao longo do tempo e tem evoluído a partir de uma hisria que acompanha a formação do
pensamento administrativo moderno. No campo do estudo da administração, desenvolvido
nos meios acadêmicos e nas organizações, o estudo do marketing vem sendo elaborado
considerando as necessidades que se criam para explicar o funcionamento e os conceitos das
organizações e dos atores envolvidos.
Na era da industrialização, tomada a partir da revolução industrial e francesa, as
organizações cresceram significativamente e, com elas, várias áreas de conhecimento como
recursos humanos, produção, finanças e marketing.
Na sua origem, devido a uma demanda muito maior que a oferta, o marketing era
lembrado apenas como uma função administrativa. Chamada, aliás, como função comercial,
que atendia apenas ações voltadas para venda e distribuição das mercadorias e serviços
produzidos, assumindo um caráter fundamentalmente funcional.
Com a evolução dos processos produtivos e a expansão de produtos oferecidos, coube
aos pesquisadores ligados ao marketing a caracterização das mercadorias oferecidas,
especialmente na classificação das mesmas quanto ao seu uso. Nesse momento da história
moderna das organizações, emergem as primeiras escolas de ensino superior, formadoras de
praticantes e pesquisadores com especialização mais dirigida.
As instituições organizacionais experimentam um crescimento vertiginoso com a
proliferação e crescimento das organizações, e com elas todas as funções. Esse crescimento
deu ao marketing da época um redimensionamento na mesma direção, e o que era uma função
empresarial passava a ser uma divisão organizacional. Essa divisão compôs, então, uma
cadeia de outras instituições associadas, com a formação clara de um canal de distribuição,
elaborado a partir do centro produtivo, passando por postos de distribuição atacadista e
varejista e chegando, finalmente, no consumidor final.
Essa nova estrutura divisional veio atender especialmente o crescimento dos mercados
e a ampliação das áreas de atuação das organizações, superando as fronteiras regionais do
17
ambiente de produção. Com a expansão dos negócios das organizações, o marketing assume
um papel de elaborar uma geografia de mercados, consolidando assim uma primeira fase de
sua estruturação. Essa primeira fase então tratou de definir o marketing como área de estudo e
prática, responsável por descrever a função de venda e distribuição, classificação de produtos
e relacionamento inter-regional entre produção e consumo.
Muito embora essa fase original tenha se desenvolvido nos continente europeu e
americano, foi nos Estados Unidos da América que ela teve seus elementos de crescimento
mais consolidados. Instituições privadas, de ensino e pesquisa de nível superior,
influenciaram de tal maneira a consolidação de conceitos e definições de marketing que
acabaram sendo reconhecidas como dominantes no ensino e na formação deste campo de
estudo.
Notadamente voltadas para o reforço de seu poderio econômico, em crescimento, as
instituições americanas de ensino e de negócios, procuraram proliferar seus conceitos de
organizações por todo o mundo, onde pretendiam assumir um papel de liderança e domínio. A
chamada Administração de Marketing se amplia a partir do modelo americano, definindo
novos parâmetros de gestão e relações de consumo em todo mundo.
A relação das organizações com as instituições de ensino e pesquisa de nível superior
se intensifica significativamente e instituições americanas de ensino, pesquisa e negócios
passam a influenciar toda a ação de gestão global, especialmente utilizando os novos
postulados de marketing que se formavam. A relevância desta relação
organizações/instituições de ensino supera, nesse momento, um possível rigor científico
socioeconômico que poderia ser considerado à época, exatamente em função da pressa que
tais organizações tinham em crescer e desenvolverem-se.
Esse crescimento das organizações e da própria sociedade denota, contudo, um
sistema muito maior do que o contido pelo universo organizacional e estes aspectos macro
ambientais começam a pressionar os pesquisadores de marketing das instituições no mundo
todo, especialmente fora dos Estados Unidos, que ainda se mantinham focadas nos elementos
de gestão surgidos com a Administração de Marketing. Essa cobrança de um maior rigor na
formulação de teorias científicas ligadas ao marketing abrange pesquisadores, especialmente
considerando demandas surgidas do lado do consumo.
18
O comportamento do consumidor, até então exclusivamente relacionado com as
pesquisas de marketing, chama a atenção de pesquisadores de outras áreas, devido à
preocupação desses com as reações sociais que as relações de consumo podem causar. O
marketing apenas como elemento de gestão sofre, então, com a crítica e o combate de
sociólogos, psicólogos, antropólogos e uma infinidade de outros setores da pesquisa
cienfica. Dentre os próprios pesquisadores de marketing, começam a surgir os defensores de
um estudo mais amplo, que considere, agora, organizações e sociedade.
A relação de troca de bens e serviços entre produção e consumo tem então uma
tendência de invero sentida. Os aspectos relacionados a essa troca, antes destes movimentos
descritos somente transacionais, passam a impor um caráter mais relacional. Esta relação mais
acentuada entre parceiros da cadeia produtiva e consumidores finais cria uma abordagem de
marketing mais adequada e, apesar da forte influência do resultado econômico como objetivo
final, parece cada vez mais tomar um espaço significativo no campo de estudo.
Estes movimentos transformadores da teoria de marketing no mundo são tão
evidentes, que a discussão sobre ela se acirra significativamente no que diz respeito à relação
de rigor e relevância. A essa discussão então se associam pesquisadores com pensamentos e
abordagens das mais diversas, destacando-se nas ultimas décadas movimentos bastante
vanguardistas, se considerados os pesquisadores originais do estudo, diretamente ligados ao
funcionalismo e gerenciamento das organizações. Dentre esses movimentos, os que mais se
destacam na formulação de novas teorias de marketing são os ligados à Nova História e ao
s-modernismo.
Desde o inicio da década de 1950, especialmente pelo interesse do estado brasileiro
em desenvolvimento e pela criação de instituições de ensino superior na área de
administração, esse movimento de evolução do fenômeno do marketing vem influenciando
nossas organizações, tanto públicas quanto privadas. A produção acadêmica brasileira de
marketing vem sendo elaborada, consideradas influências especialmente americanas. Essas
influências se dão, fundamentalmente, a partir das decies de associação que tomaram
governantes e praticantes organizacionais no país.
Tendo em vista a estratégia do estado, especialmente preocupado com o
desenvolvimento tecnológico brasileiro e o aperfeiçoamento de seus burocratas, a partir da
década de 1940, ões de associação com instituições de ensino e pesquisa de nível superior
19
foram engendradas sob o enfoque de um desenvolvimento dito “autônomo”. Essas
associações, tendo surtido os efeitos desejados, foram intensificadas nas décadas de 1950 e
1960. Com a mudança da cúpula de governo, tal desenvolvimento proposto passa a ter caráter
“associado.
Nesse movimento de desenvolvimento nacional, a iniciativa privada também se aliou a
instituições, organizações e profissionais estrangeiros, especialmente de países
desenvolvidos, como principalmente os Estados Unidos. Essa importação de capital,
tecnologia e expertises trouxe no seu bojo mais influência de conceitos e ações
organizacionais de fora do país, reforçando o caráter cultural de seus importadores.
O ensino superior, especificamente falando de escolas de administração pública e de
empresas, também experimentou um crescimento importante no chamado plano de
desenvolvimento “associado”. Com o aumento de corporações, especialmente ligadas a
produtos manufaturados, ocorre um significativo aumento na demanda por profissionais de
ensino superior e gestores organizacionais.
A deficiência governamental no sistema educacional de ensino superior foi suprida
pela abertura de várias instituições, tratadas na época como faculdades isoladas, e que tiveram
seu corpo docente preenchido por professores oriundos de fora, ou outros preparados por
professores estrangeiros.
Paralelamente a todos esses acontecimentos, o país foi tomado, ao longo dos últimos
54 anos, por crises, bolhas de crescimento e instabilidades, provocadas por variações
políticas, econômicas e sociais, muito características da época em países com o perfil “em
desenvolvimento” como se configurava o Brasil. Todo esse movimento, associado à própria
evolução do fenômeno do marketing, trouxe ao país características desta área que foram se
transformando semelhantemente as transformações do fenômeno no âmbito global.
Considerando esse cenário, o trabalho agora procura, através de uma pesquisa de
caráter historiográfico, analisar, entender e explicar como se deu a produção acadêmica
brasileira de marketing. Através da pesquisa cumpre responder se essa produção assumiu ao
longo do tempo um caráter original e nacional, ou se segue desde sua origem, sendo uma
replicação dos postulados importados do exterior.
20
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO
O trabalho, para alcançar seus objetivos, pesquisa o fenômeno do marketing, como ele
ocorre globalmente e também no contexto brasileiro, considerando as influências dos
paradigmas recorrentes em ambos os âmbitos. Partindo dessa configuração, a iia original
foi estruturar o trabalho em seis seções, a fim de possibilitar uma reflexão e entendimento
claro, mas buscando tornar a leitura agradável e inteligível.
A primeira seção introduz o tema, contextualizando o fenômeno a ser estudado e
situando-o como problema de pesquisa, buscando também definir aspectos que justifiquem a
importância de um trabalho com essa abordagem. Finalmente esta primeira seção busca
esclarecer os objetivos gerais e específicos a serem alcançados.
Na segunda seção, uma explanação da metodologia utilizada no trabalho, a pesquisa
historiográfica, é apresentada. Juntamente com tais definições, ainda uma discussão
conceitual, que envolva autores que discutam e critiquem essa ferramenta de pesquisa. Após
isso, a definição da forma, a partir de uma composição dentre os diversos autores que se
utilizam da pesquisa historiográfica, para compor uma estrutura única de trabalho que busque
atingir os objetivos. Seguindo nessa seção, considerações sobre outro recurso metodológico, a
pesquisa exploratória, usado de forma complementar no trabalho.
No final da segunda seção, algumas limitações que envolvem o trabalho. Primeiro
apresentando uma breve reflexão sobre os termos que envolvem uma produção acadêmica tais
como teoria, pensamento, evolução e paradigma, e como serão consideradas suas definições.
Essa reflexão não procura explicitar e discutir cada um destes termos, dado a complexidade
que envolve a todos, mas orientar o leitor na direção de entender que os objetivos buscam
apresentar a produção científica estudada, sem considerá-la como definitiva em qualquer um
destes termos.
A terceira seção contém um embasamento inicial, com enfoque historiográfico, e uma
revisão de literatura, que situa o fenômeno desde sua origem até a atualidade. Uma descrição
de formas e abordagens, considerando tais origens, procura situar seu estado atual a partir do
paradigma hipoteticamente dominante e das tendências emergentes que influenciam possíveis
mudanças contextuais.
21
Na busca do objetivo central de entender o que é tratado por Produção Brasileira de
Marketing, a terceira seção ainda reconstrói, também com embasamento historiográfico e
revisão de literatura, as características nacionais da produção acadêmica de marketing.
As seções quatro e cinco descrevem parte dos resultados da pesquisa historiográfica
proposta, e refletem a produção cientifica brasileira, assim como o perfil e posicionamento
dos pesquisadores responsáveis por esta produção. Na quarta seção há um levantamento geral
da produção brasileira em marketing, considerando as principais instituições envolvidas. a
quinta seção, a partir de análise e discussão de dados obtidos pela consulta via questionário,
aos professores de cursos de pós-graduação relacionados a marketing no Brasil, procura
assinalar como os pesquisadores nacionais encaram, refletem e desenvolvem tal produção.
A sexta seção, a partir também da organização e análise de resultados dos dados, mas
também da pesquisa historiográfica, busca refletir sobre cada objetivo apresentado, baseando-
se na hipótese central, para responder de maneira conclusiva o problema sugerido: uma
Produção Acadêmica Brasileira de Marketing?
22
2 METODOLOGIA
2.1 PESQUISA HISTORIOGRÁFICA
A pesquisa historiográfica, escolhida para o desenvolvimento desse trabalho, muito
embora não seja a principal escolha dos pesquisadores da atualidade (FROEMMING, 2000;
MELLO, 2006; PERIN, 2006; VIEIRA; TIBOLA, 2005), indica uma importante corrente de
pesquisas na área de administração e marketing (GOLDER, 2000; SAUERBRON; FARIA,
2004; CURADO, 2001).
No trabalho, uma abordagem historiográfica se destaca como importante na medida
em que aponta um comportamento da produção ao longo do tempo. Esta linha temporal é
indispensável, dado o espaço de tempo escolhido para análise, ou seja, os últimos 54 anos.
Este período não é uma medida escolhida aleatoriamente, mas corresponde ao inicio
da produção acadêmica do marketing brasileiro, a partir do marco referencial indicado pela
origem das instituições de ensino superior em Administração, especialmente relacionadas com
o tema de marketing.
Com o objetivo de estabelecer uma compreensão justificativa desta escolha, é
apresentada a seguir uma descrição conceitual de pesquisa historiográfica, a visão de alguns
autores a respeito, tanto na crítica como na defesa, bem com a descrição de sua
operacionalidade quanto aos aspectos de aplicação e análise. Consecutivamente a descrição
do método, uma análise e organizão da metodologia para esse trabalho é indicada,
considerando especialmente as necessidades que o mesmo apresenta para a construção de um
resultado que atinja os objetivos antes determinados.
A pesquisa historiográfica (GOODMAN; KRUGER, 1988; SAUERBRON; FARIA,
2004), ou pesquisa histórica (GOLDER, 2000; RICHARDSON, 1999), tem origem na década
de 1920, com a fundação da Annales School of History, e especialmente com o advento da
Annales d’Histoire Economique et Social em 1929 (SAVITT, 2000), em uma perspectiva
qualitativa interpretativista (GOLDER, 2000), para contrapor os procedimentos da historia
23
tradicional, determinista e indutiva, fundada a partir da visão de Leopold Van Ranke em
(1795-1886) (BROWN et al., 2001; CURADO, 2001).
A necessidade dessa nova abordagem era eminente, especialmente em função da
crença de que a história tradicional não cumpria requisitos necessários para uma abordagem
de pesquisa, levando em consideração a interação com as ciências sociais e humanas,
presentes no que se denominou de Nova História, como pode ser visto no Quadro 1, logo
abaixo:
História Tradicional Nova História
O Estudo da história diz respeito
essencialmente à política, e outros tipos
de história são marginalizados.
História Humana diz respeito a toda
atividade humana. Propõe uma história
total, baseada numa realidade social ou
culturalmente constituída (relativismo
cultural)
A História é uma narrativa dos
acontecimentos.
A História é uma análise das estruturas.
É concentrada nos grandes feitos dos
grandes homens, apresentando “uma
visão de cima”.
Está preocupada com as opiniões das
pessoas comuns e com suas
experncias de mudança social, a
“história vista de baixo”.
Baseada em documentos oficiais,
escritos.
Apresenta diversas evidências históricas
e diversas abordagens metodológicas.
Preocupação com ações individuais. Preocupação com movimentos
coletivos, ações individuais, tendências
e acontecimentos.
Cabe ao historiador apresentar os fatos,
a narrativa deve ser objetiva e
imparcial.
Relativismo cultural aplica-se tanto à
escrita da história, quanto a seus
objetos.
Quadro 1: Comparação entre história tradicional e nova história
Fonte: Curado (2001) - Adaptado de BURKE, 1992.
Alguns pesquisadores defendem prioritariamente o uso da pesquisa historiográfica
para aplicação no estudo de assuntos estratégicos, como no caso de Chandler (2000), bastante
considerado posteriormente nesse trabalho (GOLDER, 2000; GOODMAN; KRUGER, 1988).
Este campo é ampliado por diversas outras aplicações, indicando também estudos
organizacionais e sociologia das organizações (SAUERBRON; FARIA, 2004), novas
perspectivas (BROWN, 2001), atividades humanas (CURADO, 2001) e processos evolutivos
(SAVITT, 2000; SMITH; LUX, 1993).
24
Nesse sentido múltiplo de abordagem, alguns autores até defendem o uso da história
em processos de análise institucional e evolução social das organizações, indicando Max
Weber, por exemplo, como o pesquisador que introduziu o conceito da burocracia, não sem
antes analisar dados históricos consolidados temporalmente (SAUERBRON; FARIA, 2004;
SMITH; LUX, 1993).
Muito embora haja uma matriz ampla de definições sobre o conceito de pesquisa
historiográfica (RICHARDSON, 1999; SMITH; LUX, 1993; SAVITT, 2000; BROWN et al.,
2001; GOLDER, 2000), o trabalho, para ser desenvolvido, adota uma síntese de revisão
bibliográfica. O método então se traduz como: um procedimento de pesquisa analítico,
interpretativista e dedutivo, que parte de uma seleção de dados, análise crítica e conclusão,
dentro de uma abordagem das ciências sociais e humanas, para cumprir o objetivo de entender
eventos ao longo do tempo, possibilitando generalizações que expliquem e resolvam
problemas no presente (GOLDER, 2000).
Existem algumas posições no meio acadêmico que negam a historiografia
especialmente por considerá-lao científica, inapropriada em generalizações e adequada
somente a praticantes, excluindo pesquisadores. Golder (2000), discutindo tais objeções,
indica a utilização do todo, contrapondo-as com afirmações que definem o método como
apropriado para análises históricas e institucionais, o que implica diretamente na possibilidade
de generalização.
Golder (2000), ainda, mas também Goodman e Kruger (1988), Smith e Lux (1993) e
Sauerbron e Faria (2004), argumentam que os resultados de estudos historiográficos, não
auxiliam elaborações estratégicas, como também o apliveis em pesquisas de
reconhecimento e entendimento dessas ações, por possibilitarem a reconstrução do
comportamento humano e organizacional, identificando mudanças provocadas através do
tempo.
Os pesquisadores que defendem o método sugerem que, para consolidação dos
resultados, seja elaborada uma hipótese, a ser confirmada ou refutada, o que acaba exigindo
um controle experimental sobre a criação dos fatos, dando assim um caráter científico como
em qualquer outro método, considerado adequado nos meios acadêmicos (GOLDER, 2000).
A elaboração do projeto para uma pesquisa historiográfica ainda indica a formulação
de queses adequadas para resposta de contexto social (SMITH; LUX, 1993), em função de
25
elementos ligados à cultura, política, sociedade e ideologia, o que é defendido como
fundamental no domínio do conhecimento científico produzido sob uma perspectiva
qualitativa (CURADO, 2001; GOODMAN; KRUGER, 1988; SAVITT, 2000;).
O trabalho que busca abordagens históricas, de caráter qualitativo, mas que também
seleciona elementos de pesquisa quantitativa, poderia ser desenvolvido a partir da escolha de
outros métodos. Também por essa consideração, a pesquisa historiográfica reúne elementos
de análise que o destacam como sendo mais adequado, mais uma vez justificando sua escolha
para uma análise temporal longitudinal, como se identificará pela seqüência de informações
ainda não descritas.
Na defesa do método, em casos específicos, de abordagem interpretativista e
qualitativa, Goodman e Kruger (1988) indicam algumas comparações com dois outros
métodos, ou seja, testes de inferência e estudo de caso, também utilizados para pesquisas da
mesma abordagem, conforme apresentado no Quadro 2, abaixo:
Historiografia Testes de Inferência Estudo de Casos
Procura e analisa
fontes, suportando e
confirmando
evidências.
Estabelece uma verdade pela
hipótese, baseado na lógica.
Considera o tempo
passado.
Registra fatos, mas
julga e estabelece
relações causais
indicando novos
elementos.
Aceita ou refuta fatos
indutivamente por
probabilidade.
Objetivo da pesquisa
pré-estabelecido.
Retrata a história. Discute novas idéias e suas
aplicações.
Definido e julgado
pelo pesquisador o
caso pode retratar
história ou não.
Limites amplos no
campo de estudo.
Tem proposições desafiadas e
desacreditadas nas ciências
sociais.
Limitada a
apresentação do caso,
tem utilidade reduzida
na discussão
científica.
Aberta ao ceticismo
permite elaborar
discussões e
pedagogia de casos de
gestão.
Limitados a casos recentes,
classicamente indutivas, reduz
ceticismo.
Estreitamento
temporal se assemelha
com história sendo,
contudo ilustrativa.
Quadro 2: Comparativo de historiografia com outros métodos
Fonte: Adaptado de Goodman e Kruger, 1988.
26
Ainda há, considerando uma tendência recorrente entre pesquisadores europeus, uma
abordagem de pesquisa com elementos ligados a movimentos s-modernistas, que
encaminham seus trabalhos sob formatos pouco tradicionais, tais como romances, tragédias,
comédias e sátiras, utilizando elementos como ironia, humor, paródia e escatologia (BROWN
et. al., 2001). Por outro lado, no que diz respeito à aplicação do método vários autores
estudados que sugerem passos distintos para aplicação da pesquisa historiográfica
(CURADO, 2001; GOLDER, 2000; RICHARDSON, 1999; SAUERBRON; FARIA, 2004;
SAVITT, 2000; SMITH; LUX; 1993).
Uma análise comparativa, entre as mais diversas proposições, sinaliza uma forte
indicação de similaridade e complementaridade entre elas, especialmente porque todos
apontam, a partir das fontes diversas, à montagem da pesquisa para reconhecer eventos no
tempo e interpretá-los em um tempo a seguir, ou na generalização para o presente.
Considerando tais características, o trabalho assume a indicação de Golder (2000),
utilizando um detalhamento apresentado pelo autor, quando posiciona cada uma das etapas
propostas, descrito e resumido no seu significado a seguir:
1. Seleção de tópicos e coleta de evidências: tendo em vista a apresentação do
problema, selecionar e coletar evidências a partir de questionamentos e/ou
hipóteses pré-estabelecidas apresentadas. Para tanto fontes diversas devem ser
consideradas, como livros, revistas, arquivos, entrevistas, artefatos,
testemunhos, meios eletnicos (internet), entre outros, de caráter público ou
privado.
2. Avaliação crítica das fontes e evidências: conhecido como estágio “crítico
externo”, busca confirmar autenticidade das fontes, excluindo as que não se
apresentarem autênticas, ou outras que o pesquisador achar conveniente. Essa
autenticidade se confirma na análise do evento objeto da geração da fonte
proposta, qualidade e natureza do registro. A distância temporal entre o evento
e o registro também é considerada, quanto mais curto o tempo entre eles mais a
probabilidade de autenticidade. Nessa etapa ainda se estabelece uma crítica
textual, na investigação de originalidade, investigão de autoria, analisando
“quem”, quandoe “onde”, e ainda uma classificação de fontes conforme o
projeto de pesquisa.
27
3. Avaliação crítica da evidência: conhecido como “estágio externo”, por uma
crítica interpretativa, julga questões de significado real x significado literal,
erros deliberados e intencionais, e significados de identificação do autor como
cultura, época de vida, léxico usado, crenças, interesse, estilo literário,
egocentrismo, severidade e afinidade com o evento. Ainda do autor se procura
identificar competência, orientada por suas especialidades, objetividade,
considerando sua forma de avaliação e expressão, confiança, indicada por sua
reputação no meio e corroboração, indicadas por referências usadas e outras
obras confirmatórias. Vale salientar que as evidências primárias, tendem a ser
mais autênticas se confirmadas por secundárias.
4. Análise e interpretação da evidência: depois de cumpridas as etapas 2 e 3,
uma organização cronológica das evidências é recomendada. A seguir é
necessário verificar análise de contexto, objetividade dos termos e enredos,
inferências presentes às questões e/ou hipóteses formuladas, entendimento de
significado, registro de eventos, associação teórica, generalizações com
eventos de outro tempo, teste de modelos (econometria), redução de pré-
conceitos, consideração dos limites, derivação de conceitos e aplicão de
técnicas de análise. Nessa análise é recomendado cuidado para reconhecer a
possibilidade de múltiplas causas e evitar desvios de interpretação.
5. Apresentar evidências e conclusões: A seleção das evidências no tempo
presente é recomendável para atingir os objetivos de entendimento, crítica e
generalizações. As conclusões devem ser remetidas e confrontadas com os
objetivos da pesquisa. O trabalho pode conter padrões cronológicos tabelados,
estatística descritiva e modelos parametrizados, desde que complementares dos
conceitos elaborados. Normalmente são apresentados de forma narrativa (o que
será retomado adiante).
As fontes apresentadas podem ter, quanto à relação com o evento, características
primárias ou secundárias. As fontes primárias são testemunhos em primeira mão sobre um
evento histórico; fontes secundárias descrevem eventos, derivados e baseados em fontes
primárias. A fonte primária representa a “visão do olho” da testemunha e a secundária
representa a visão do jornalista ou acadêmico posteriormente na busca da reconstrução
histórica. (GOODMAN; KRUGER, 1988).
28
Embora o testemunho das fontes secundárias não seja como o autêntico, ele pode
prover importantes corroborações ou adicionar detalhes esquecidos que são consistentes com
o testemunho das fontes primárias (GOLDER, 2000).
Adicionalmente ao método acima indicado, este trabalho também usou de pesquisa
exploratória com a finalidade, segundo propõe Vergara (1998), de coletar dados pertinentes
ao pensamento e à prática de pesquisadores brasileiros de marketing. Para tanto, foi aplicado
um questionário (Anexo 1), conforme sugere Richardson (1999), objetivando não
identificar a existência, como também proceder a uma descrição da produção acadêmica
brasileira de marketing, das suas origens até os dias atuais.
As perguntas relacionadas nesse questionário tiveram a intenção de definir o perfil dos
pesquisadores brasileiros, bem como quais os temas selecionados para suas investigações, as
fontes de pesquisas mais freqüentes e ainda outras fontes de pesquisas adotadas em
investigações recorrentes.
Para estabelecimento desse propósito, o questionário foi prévia e pessoalmente testado
junto a cinco pesquisadores brasileiros atuantes e possuidores de produção acadêmica na área
de marketing.
A escolha desses pesquisadores não teve base probabilística, mas sim por
acessibilidade (VERGARA, 1998), e levou em consideração os professores dos programas de
pós-graduação em administração do país que ministram disciplinas relacionadas a marketing,
especialmente aqueles considerados mais produtivos (VIEIRA, 2000; VIEIRA; GAVA,
2006).
Após o pré-teste, realizou-se uma pesquisa nos portais disponíveis na rede mundial de
computadores (Internet), onde foram selecionados 114 (cento e catorze) professores,
envolvidos com disciplinas relacionadas à área de marketing em programas de pós-graduação
com cursos stricto sensu. Entre eles observou-se a presença de professores considerados como
produtivos e representativos da produção acadêmica brasileira de marketing, conforme
observado em trabalhos mais recentes de Froemming (2000), Vieira (2000), Vieira e Tibola
(2005), Vieira e Gava (2006), Perin e Sampaio (2006).
Dessa forma, é possível considerar os elementos metodológicos como apresentados a
seguir:
29
Coleta de Dados: fontes primárias e secundárias, como discutidas
anteriormente, extraídas de websites institucionais, questionários, livros,
artigos e revistas cienficas, todos relacionados com o fenômeno a ser
estudado.
Tratamento dos dados: Alguns dados necessitaram de ordenação e tratamento
estatístico, o que foi feito com o auxilio do Software Le Sphinx Plus®, versão
1.32, conforme trabalho anterior de Vieira (1998), por auxiliar no agrupamento
das informações e possibilitar melhores condições ao provimento do trabalho.
Recorte: Longitudinal, por conta do caráter historiográfico, pesquisando cerca
de meio século de história da produção.
Confiabilidade e Validade: Baseada na conformação da obtenção de dados e
informações junto aos pesquisadores envolvidos e em uma triangulação
abrangendo percepção de professores respondentes, produção cienfica e
conhecimento dominante, estabelecido por obras disponíveis e atuais
(TRIVIÑOS, 1987).
Resumidamente a Figura 1, a seguir, propõe o desenho esquemático da metodologia,
desde o seu momento inicial, até a utilização da pesquisa historiográfica, prioritária no
desenvolvimento do trabalho.
Com a pesquisa historiográfica percebe-se a agregação ainda, de outra busca
exploratória, relacionada à produção acadêmica em marketing. Essa nova lista compõe teses e
dissertações de mestrado e doutorado, anais de eventos nacionais ligados à área e revistas
especializadas, em seus artigos afetos também a marketing. Paralelamente a isso, uma
pesquisa bibliográfica procura reunir o maior número possível de livros editados e que
abrangeram temas relativos a marketing.
Todo esse material situou-se dentro da faixa longitudinal descrita por esse trabalho, a
qual abrange os últimos 54 anos da produção acadêmica nacional.
30
Programas de Pós-graduação em Administração no Brasil
Coordenadores do Programas de Pós-graduação
Disciplinas dos programas, relacionadas a marketing
Professores que ministram disciplinas de Marketing
Figura 1: Esquema geral do procedimento metodológico
A análise historiográfica se deu, portanto, considerando todas essas fontes recolhidas,
analisadas e organizadas. O produto de tal análise e organização é confrontado por meio de
uma triangulação, conforme Triviños (1987), com dados obtidos dos resultados dos
questionários respondidos pelos professores de pós-graduação ligados a disciplinas e
produção acadêmica em marketing no Brasil. Esse confronto com as fontes apresentadas pelos
professores buscou confirmar e legitimar as fontes utilizadas, como descreve a pesquisa
historiográfica, de acordo com a formulação selecionada (GOLDER, 2000).
Finalmente, partindo de uma hipótese central, que a produção acadêmica brasileira de
marketing segue tendências orientadas pelos paradigmas transacional, relacional e pós-
moderno, importadas de produção estrangeira, especialmente americana, mas também
européia, o trabalho orienta as fontes recolhidas com o sentido de oferecer uma resposta à
problematização colocada na sua introdução.
PESQUISA
EXPLORATÓRIA
Teses e dissertações
Livros especializados
Eventos Nacionais
Revistas especializadas
Entrevistas Estruturadas e’mail
Follow up: correio, telefone e visita até
número adequado
MARKETING BRASILEIRO
ORIGEM
CONSTRUÇÃO HISTÓRICA EM 54 ANOS
CONFIGURÃO ATUAL
Revistas
Eventos
Livros
PESQUISA
HISTÓRICA
31
2.2 LIMITES CIRCUNSCRITOS EM CONCEITOS DE PESQUISA
Este trabalho trata fundamentalmente do tema Produção Acadêmica Brasileira de
Marketing. O tratamento científico empreendido na construção dessa pesquisa pode sugerir ao
leitor considerações sobre conceitos científicos tais como, evolução do conhecimento e
paradigmas.
Tais conceitos são utilizados marginalmente para possibilitar a dissertação sobre as
idéias que envolvem o tema central, contudo o trabalho não tem a pretensão, posto que foge a
seus propósitos, de apresentar e discutir em profundidade esses conceitos. Na última seção, tal
possibilidade é apresentada como sugestão para seência de trabalhos suplementares.
Nesse momento, apresentam-se as linhas gerais de entendimento de cada um dos
conceitos utilizados na pesquisa. Estas linhas gerais são colocadas sem prejuízo do
entendimento de cada conceito. Acredita-se que tal procedimento é suficiente para
compreensão e acompanhamento das reflexões aqui produzidas.
Primeiramente, a consideração do termo “produção acadêmica” remete ao termo
conhecimento, especialmente pelo entendimento de suas formas de evolução, tanto científica
quanto formal ou popular. O trabalho desenvolve na sua pesquisa historiográfica a
organização de conhecimento científico, na medida em que estabelece como fonte de sua
geração os cursos de pós-graduação de caráter stricto sensu em administração no Brasil.
O conhecimento científico, como sugere Bunge (1976), se estabelece por treinamento,
de forma racional e procedimental, considerando o problema com abordagens investigativas
que buscam responder “por quê?”, “como?”, “onde?”, “quando?” e “quanto?” ocorrem os
fenômenos. Tais abordagens, ainda indicadas pelo mesmo autor, são sujeitas a correlação de
fatos, expressos pelos resultados, medidos desta forma científica.
Nesse ponto é preciso reconhecer, utilizando também as considerações de Bunge
(1976), que apesar de haver formas de observações distintas às do conhecimento cienfico, tal
conhecimento não se adquire somente com ciência. O conhecimento vulgar, ou popular,
seguindo a imitação e experiência popular, constrói um “senso comum”, que tem caráter
empírico e desprovimento de base experimental, mas pode ser aplicado na construção dos
32
fenômenos sociais, como por exemplo, na construção de práticas de marketing utilizadas
posteriormente nas ações organizacionais.
Mesmo as instituições de formação educacional em nível superior, buscam essas
formas de conhecimento científico e popular. momentos que a academia se baseia em
teorias construídas por sistematizações críticas e coerentes, concentradas no núcleo da ciência,
estreitando o caráter stricto sensu de sua abordagem.
Em outros momentos, a objetividade é construída com imagens impessoais e
cotidianas da realidade, com caráter vulgar, popular e de senso comum, baseado em uma
percepção e ação de caráter lato sensu.
Babini (1957, p.21 apud MARCONI; LAKATOS, 2003) indica o conhecimento vulgar
como sendo isento de busca de leis universais, extraído da vida cotidiana e que engloba, sem
método ou refleo, uma harmonização com a ciência. Por essa abordagem ele seleciona a
geração de conhecimento a partir de cinco características. Há superficialidade, porque provém
de algo que todos dizem, sensitividade, por ser gerado de vivências e emoções, subjetividade,
já que a organização o obedece a todos objetivos. Ainda, segundo o autor, tal
conhecimento é assimétrico, pela desorganização de sua geração e acrítico, pelo
desprendimento de seu compromisso com a verdade científica.
Um entendimento mais genérico de conhecimento e de suas fontes de geração pode ser
visualizado esquematicamente no Quadro 3, onde são acrescentados ao conhecimento
cienfico e popular, e que tem relação com esses dois primeiros, sendo respectivamente o
filosófico e o religioso.
Ainda o misticismo, como ainda aponta Bunge (1976), outra forma de
conhecimento vulgar, apesar de diferir dos conhecimentos científico e popular, já que esses
buscam na sua formação objetividade e adaptabilidades aos fatos relacionados. Por conta
dessa maior abstração e de sua natureza notadamente intrigante ao senso comum, o
misticismo sofre uma maior objeção em sua aplicão nos mais diversos ambientes,
especialmente o ambiente da ciência, de onde são extraídas as teorias.
33
Popular Científico Filosófico Religioso
Valorativo Factual (real) Valorativo Valorativo
Reflexivo Contingencial Racional Inspiracional
Assistemático Sistemático Sistemático Sistemático
Verificável Verificável Não verificável Não verificável
Falível Falível Infalível Infalível
Inexato Aproximadamente
exato
Exato Exato
Não metodológico e
sem reflexão
Sistema de idéias
(teorias)
Novas proposições
e desenvolvimento
de técnicas
reformulam o
conhecimento
Teoria presente.
Realidade abstrata
Experiência e não
experimenta
Certo ou errado
Leis universais que
englobam e
harmonizam a
cncia
Sagrado
Sobrenatural
Adesão pela fé
Quadro 3: Fontes e características do conhecimento
Fonte: Adaptado de Bunge (1976), Babini (1957) e Ferrari (1974).
O trabalho está composto a partir da verificação, análise e comparação da ciência a
partir de uma metodologia considerada, o que o limita ao conhecimento científico,
considerando a ciência da forma apresentada por Ferrari (1974, p. 8) como “todo um conjunto
de atitudes racionais, dirigindo ao sistemático conhecimento com objetivo limitado, capaz de
ser submetido à verificação”.
Esta composição é baseada na orientação de Marconi e Lakatos (2003), que identifica
a ciência priorizando (a) sua função de aperfeiçoamento, (b) objetos material e formal e (c) a
distinção de características e leis que regem eventos.
O conhecimento científico desta forma desenvolve a formulação de teorias, que
conforme Maximiano (1997), são construídas a partir da verificação e comprovão das
práticas. Este modo sistematizado de apresentação do conhecimento possibilita então a
consolidação e emprego das teorias com base científica.
Nossas possibilidades de conhecimento são muito e até, tragicamente
pequenas. Sabemos pouquíssimo e aquilo que sabemos, sabemo-lo muitas
vezes superficialmente, sem grande certeza. A maior parte do nosso
conhecimento somente é provel. Existem certezas absolutas,
incondicionais, mas estas são raras (BOCHENSKI, 1971, p.42).
34
A definição pelo conhecimento científico se dá exclusivamente para acompanhar os
objetivos e a hipótese central desse trabalho. As escolhas do ambiente de verificação como
sendo as instituições de ensino e pesquisa de nível superior no Brasil e a proposição de
adequar sua produção com os paradigmas aqui selecionados limitam, mas justificam tal
definição.
Finalmente, ainda resta apresentar o conceito de paradigma. Esta condição é precípua
dada a orientação de considerar os paradigmas recorrentes para a interpretação do fenômeno
de marketing, selecionados nessa pesquisa, conforme Baker (2005).
A ciência moderna parece adotar uma orientação de cunho positivista, na medida em
que ratifica a existência de teorias consolidadas, desde que suas hipóteses originais sejam
experimentadas e validadas, como indica Pereira (1994). As teorias consolidadas são adotadas
por grupos dominantes de pesquisadores e a partir dessa certeza os mesmos encaminham seus
trabalhos sem crítica ou discussão complementar.
Esta ação positivista, como descreve Chauí (1980), encaminha ideologicamente as
abordagens de pesquisa (a) definindo a teoria como redutora na organização e hierarquização
de idéias, (b) estabelecendo uma relação de mando e obediência entre teoria e prática e (c)
utiliza a pratica como mero instrumento de aplicão de regras, normas e princípios
comandados pela teoria.
No caso do trabalho, três paradigmas, e não somente um, são apresentados para análise
e verificação. Na ordem do que define Khun (2003), esse confrontamento dos três paradigmas
recorrentes, para analise da produção científica de marketing, busca identificar a relevância de
um em função de anomalias apresentadas pelos outros dois, mais originários. “A ciência
normal pode avançar sem regras somente enquanto a comunidade cienfica relevante aceitar
sem questões as soluções de problemas específicos já obtidos” (KHUN, 2003, p. 7).
2.3 LIMITES ESTRUTURAIS DA PESQUISA
Outra condição limitante da pesquisa é de natureza estrutural. Quando a proposta do
trabalho busca analisar a produção acadêmica brasileira de marketing, as fontes de análise
35
dessa produção o selecionadas a partir da produção realizada em institutos ligados a
academia nacional e os pesquisadores incluídos nesse ambiente.
Desta forma as fontes de pesquisa se baseiam em levantamentos de periódicos nacionais
de publicação acadêmica, anais de eventos realizados para apresentação de resultados
acadêmicos, dissertações e teses apresentadas a programas de s-graduação de cursos
“stricto sensuem administração do país e publicações editadas em livros ao longo do tempo
considerado na abordagem longitudinal desse trabalho, ou seja, os últimos 54 anos.
Na medida do possível, considerando as disponibilizações apresentadas por cada um
dos institutos selecionados, todos os trabalhos foram pesquisados e listados, contudo alguns
deles podem ter sido suprimidos, dado o grande número de trabalhos e a não apresentação dos
mesmos.
Quanto aos livros editados, foram listados somente os considerados mais seminais na
estrutura do estudo do fenômeno. Centenas de livros foram editados ao longo do tempo,
contudo uma grande parte deles não tinham objetivos acadêmicos, sendo veiculados apenas
em ambientes organizacionais. Restaram para alise os mais importantes, quando da
pesquisa historiográfica e outros, indicados posteriormente em pesquisa de campo junto aos
pesquisadores que atuam na área em todo país.
Considerando também a pesquisa historiográfica, e o tempo em que ela foi realizada,
alguns artigos científicos de revistas, anais de eventos e teses e dissertações também foram
suprimidos, dado o fato de que uma nova busca, após a primeira pesquisa, inviabilizaria a
conclusão do trabalho em tempo hábil. Este limite é expresso no trabalho e uma pesquisa com
essa nova amplitude é sugerida para a continuidade de outros trabalhos que percorram pelos
mesmos objetivos deste apresentado agora.
Finalmente, considerando esse limite, as alises e interpretação desse trabalho se dão
a partir de considerações sugeridas por trabalhos anteriores dessa natureza, tais como Vieira e
Tibola (2005), Mello (2006), Sampaio e Perin (2006), Vieira e Gava (2006), Vieira e Slongo
(2005) e Vieira (1998, 1999 e 2000). Outras formas de organização para a análise o também
efetivas e recomendáveis, contudo seriam impossíveis de serem produzidas, dado o número
muito significativo de análises necessárias.
36
3 REFERÊNCIAL TEÓRICO
3.1 ORIGEM, CONCEITOS E ABORDAGENS RECORRENTES DO MARKETING
O trabalho parte da hipótese central que a configuração de uma produção brasileira de
marketing se origina de abordagens globais, reconhecidamente originárias de centros de
pesquisas americanos e europeus (BAKER, 2005; FARIA, 2006; 2007) descritas a seguir,
através dos conceitos e perspectivas epistemológicas que se estabeleceram ao longo da
formação do pensamento administrativo do campo, ordenadas cronologicamente para permitir
um entendimento básico e evolutivo do fenômeno aqui estudado.
Esta ordenação está organizada em uma seqüência que apresente primeiramente as
origens históricas de significado e do pensamento global, seguida pela exposição de conceitos
recorrentes que definam o marketing de nossos dias, a partir de seus principais pesquisadores,
e apresentando finalmente quais os paradigmas que estabeleceram tais conceitos.
Sob uma definição morfológica então, o que está mais consolidado para compreensão
do vocábulo “marketing é a analise dos termos em latim “merx”, descrito em Laruccia
(2005) e “mercare” apresentado por Cobra (2003), que originaram a expressão anglo-saxônica
“marketing(GRACIOSO, 1973).
As expressões, de raiz latina, constituíram no passado a formação da palavra
Mercúrio, nome dado ao deus mitológico grego, assumido pela cultura romana, que
representava o protetor dos comerciantes e das atividades comerciais à época. Como a maioria
de tais atividades era marítima e ocorria em regiões de conflito, tal cultura indicava a
necessidade de encorajamento de seus praticantes, devido aos riscos que ela poderia envolver.
Na modernidade, a palavra se consolida na Europa, com a ascensão do mercantilismo
e é adotada também pela cultura americana, com o advento da fase industrial, desde o inicio
do século XIX, significando em ambos os casos “o ato ou processo de vender ou comprar no
mercado” (MERRIAN-WEBSTER, 2007).
37
Na história da sociedade, o mercantilismo do século XV e o inicio da fase industrial do
culo XIX, destacam as tendências econômica, social e política, formadoras do marketing,
como reconhecido na atualidade. Para uma análise mais detalhada deste contexto histórico, a
leitura de obras como A riqueza das Nações, de Adam Smith (1776), O Capital, de Karl Marx
(1888) e A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, de Max Weber (1910), entre outras,
podem ser suficientemente esclarecedoras (GRACIOSO, 1973; LARUCCIA, 2005).
Este trabalho não aplica tal revisão bibliográfica, considerando que ela o é
indispensável para uma exposição esclarecedora das origens do fenômeno e também pelo fato
de que tal discussão, muito embora profícua, demandaria esforço de pesquisa e análise,
interativa com disciplinas de sociologia, economia e antropologia, que estenderia o volume
dessa produção, colocando em risco a simplicidade de sua compreensão.
Como o marketing atual advém de uma corrente, que na origem de sua formação,
sustentou o pensamento administrativo moderno, tal qual apresentada por Lodi (1993), e que
esta baseada em contribuições como as de Carl Von Clausewitz (1780-1831), Charles
Babbage (1972-1871), Henry Varnum Poor (1812-1905), Frederick W. Taylor (1856-1915),
Henry Fayol (1841-1925), a revisão bibliográfica desse trabalho filtra tais pensamentos
originais para definir as primeiras inserções sobre o fenômeno.
Além dessa corrente pioneira do pensamento administrativo, este trabalho ainda faz
uso das contribuições inseridas por Alfred D. Chandler Jr., na obra Strategy and Structure,
escrita em 1962. Editada pelo Massachusetts Institute of Technology MIT, onde Chandler
foi pesquisador. Essa obra é consideravelmente importante, primeiro por definir as fases do
aparecimento de marketing, mas também por ser reconhecida como a primeira obra de revisão
historiográfica da pesquisa em administração, coincidindo com a metodologia aqui utilizada,
mais detalhada adiante (CURADO, 2001; GOODMANN; KRUGER, 1988).
A origem morfológica do vocábulo e os elementos históricos originais, expostos
acima, certamente contribuíram para a formação dos conceitos do termo marketing e de suas
implicações teóricas. Tais conceitos são apresentados a seguir, considerando as correntes
formadoras de pensamento, as principais instituições de pesquisa envolvidas e os autores mais
influentes na defesa destes conceitos. Após sua apresentação, ainda uma breve exposição
sobre os paradigmas que os suportam, para facilitar o entendimento geral, importante na
contextualização do trabalho.
38
O marketing é uma função organizacional e um conjunto de processos que
envolvem a criação, a comunicação e a entrega de valor para os clientes,
bem como a administração do relacionamento com eles, de modo que
beneficie a organização e seu público interessado (AMA, on-line, 2007).
Este conceito da American Marketing Association - AMA tem sua configuração
estabelecida ao longo do tempo, e conforme Guerreiro (1982), vem se moldando de acordo
com características impostas pelas mudanças ambientais e de pensamento desde 1937, quando
foi fundada nos Estados Unidos, impulsionada pela publicação, em 1936, da revista cientifica,
Journal of Marketing (JM), por acadêmicos e praticantes atuantes no campo. Nessa época o
conceito fora descrito apenas como sendo “estudo sistemático das atividades que encaminham
o fluxo de produtos, bens e serviços aos consumidores finais industriais e comerciais”
(GUERREIRO et al., 1982, p.15).
Na época original o conceito produzido em escolas de negócios se mostrava
extremamente relevante aos praticantes, especialmente ligados às corporações capitalistas que
se fundavam na América e Europa. A aproximação entre praticantes e acadêmicos era muito
significativa por conta disso, como narra Faria (2007). A própria AMA se funda a partir da
união dessas duas correntes, envolvidos nos Estados Unidos (AMA, 2007).
Do conceito atual para o originário, ficam então evidenciadas mudanças relacionadas
com os aspectos funcionais, diferindo especialmente pela inclusão de elementos como
relacionamento, consumidores e comunidade, antes ausentes. Tais inserções, muito embora
agregando rigor científico ao estudo do fenômeno, provocaram uma desconexão entre ensino
e técnica, bastante debatida nas últimas décadas, conforme ainda aponta a narrativa de Faria
(2007).
Contudo, tal tendência é recorrente em todas as evoluções conceituais do fenômeno do
marketing, como é possível observar no conceito de Philip Kotler, expresso em uma mesma
obra, Administração de Marketing, desde sua edição pioneira auma das últimas edões
brasileiras.
“Marketing é o conjunto das atividades humanas que tem por objetivo a facilidade e a
realização das trocas(KOTLER, 1967, apud SIMÕES, 1980, p. 20).
39
“Marketing é um processo social por meio do qual as pessoas e grupos de pessoas
obtêm aquilo de que necessitam e o que desejam com a criação, oferta e livre negociação de
produtos e serviços de valor com outros.” (KOTLER; KELLER, 2006, p. 30).
Como este trabalho destaca a mudança do pensamento de marketing, prioritariamente
considerando o caso brasileiro, é importante notar essa transição também no nosso meio
acadêmico, sendo pertinente apontar a transformação conceitual sentida na obra do Professor
Raimar Richers, um dos pioneiros do estudo e talvez o mais conhecido docente e autor do
tema no Brasil.
“Marketing são as atividades sistemáticas de uma organização humana, voltadas à
busca e realização de trocas para com o seu meio ambiente, visando benefícios específicos.”
(RICHERS, 1986, p. 05).
Marketing é o grupo de funções que visa “identificar e satisfazer os desejos do
consumidor (...) adaptando sempre os recursos controláveis da organização às forças
incontroláveis do mercado.” (RICHERS, 2000, p. 6).
Richers (2000) aliás, reconhece essa mudança e a atribui à necessidade de uma
interpretação que considere funções administrativas, definidas pelos conceitos mais originais,
mas que também estabeleça conexões com uma abordagem sistêmica, que inclua aspectos de
integração macro ambiental.
Os conceitos expostos até aqui, são articulados a partir de uma análise funcional do
marketing, e consideram o atendimento das necessidades pelo fenômeno da troca, como uma
ação de gestão organizacional, que caracteriza o pensamento de marketing a partir da sua
construção no ambiente americano de pesquisa. Porém, apesar da visão americana ser
preponderante, existe algumas correntes de pesquisadores europeus, que definem o marketing
a partir de um caráter mais associado às ciências sociais, enfatizando o relacionamento entre
os envolvidos, pela troca de produtos, mas também de serviços, privilegiando relações e
perspectivas evolucionárias, como apresentados na seqüência.
“Marketing (...) refere-se a relacionamentos comerciais entre parceiros econômicos,
provedores de serviço e clientes em rios níveis do canal de marketing e do ambiente mais
amplo dos negócios.” (O’MALLEY; TINAN, 2005, p. 24).
40
“[...] Marketing sendo definido agora, como uma ação ltipla e que valoriza sinais
de diferença, diversidade, singularidade, entre outros, na elaboração das relações de troca,
dotadas de elementos que o caracterizam [...]” (BROWN, 2005, p. 13).
A evolução e transformação significativa do conceito de marketing são especialmente
explicadas pelo nível de interação dos elementos internos, prescritos ou tácitos da
organização, e uma infinidade de elementos externos, que cada vez mais intervêm na
formação do pensamento, e de tempos em tempos formam novos paradigmas.
Estes paradigmas que recebem nomes definidos dentro de uma mesma linha
morfológica estão expressos no trabalho por três nomenclaturas mais recorrentes, elaboradas a
partir dos elementos básicos de sua formação, descritos pela transação, pelo relacionamento e
pela visão pós-modernista, e como apontados no na obra de Baker (2005), serão descritos por
Paradigma Transacional, Paradigma Relacional e Paradigma Pós-modernista.
O Paradigma Transacional é o mais conhecido, e sob sua concepção teórica
movimenta pesquisas e ações de marketing a mais de meio século, tendo origem
especialmente a partir da década de 1950, quando as correntes de pesquisa de marketing
tinham elaborado sua estrutura funcional e mecanismos de gestão começavam a ser
implantados nas organizações, conforme descrevem Sheth et al.(1988) e SHAW; JONES
(2005).
A ascensão e consolidação de pesquisas, que conduziam a chamada postura
gerencialista (tautologia para o mesmo paradigma) das ações de marketing, foram
extremamente efetivas e possibilitaram uma série de evoluções na estrutura conceitual do
tema. Marcada especialmente por três obras seminais da época, como descrevem Sheth et al.
(1988), Wright (2002), SHAW E JONES (2005) e Cunningan (2003), e foram
respectivamente intitulados Basic Marketing, por Jerome McCarthy em 1960, Marketing
Myopia, por Theodore Levitt, em 1960, e especialmente Marketing Management, por Philip
Kotler, em 1967.
Alguns artigos, publicados em revistas especializadas, também foram marcantes no
estabelecimento do paradigma, especialmente o escrito por Levy e Kotler, em 1969,
denominado Broadening the concept of marketing”, que, como descrevem Holbrook e
Hulbert (2002) e Levy (2002), foi publicado com ampla repercussão no JM, em 1969, e
considerado o artigo do ano, em 1970, pela conferência anual da AMA.
41
Kotler, aliás, tem sido apontado como o idealizador teórico dessa perspectiva
(CUNNINGAN, 2003; HOLBROOK; HULBERT, 2002), tanto pela capacidade de
revitalização de sua obra principal, que já reproduziu milhões de cópias em dezenas de novas
edições, como por uma reestruturação no tema na medida em que o ambiente vai se
transformando. Tal ão Kotler desenvolveu com mais de duas dezenas de co-autores,
ampliando significativamente a sua horda de seguidores e criando uma tendência, satirizada
por autores de posição contrária, como Brown (2005), denominada de “kotlerismo”.
O Paradigma Relacional, com origens conceituais que datam do inicio da década de
1980, como apontam Vargo e Lush (2004) e O’Malley e Tinan (2005), não é uma
contraposição do transacional, contudo vem estabelecer uma nova discussão, relacionada com
a necessidade de consideração dos encontros de serviço, que até então não tinham acento
consolidado pelas pesquisas e praticas gerencialistas.
Ainda com uma visão conceitual ampla (O’MALLEY; TINAN, 2005) o “marketing de
relacionamento”, como apontado na maioria das obras que o tratam, se estabelece para
consolidar a importância do relacionamento e dos caminhos percorridos no canal de
marketing entre compradores e vendedores, especialmente no âmbito das relações
organizacionais. As transações entre produtor e consumidor final também são discutidas
freqüentemente dentro desta visão, especialmente após a inserção das práticas de CRM
(Costumer Relationship Management), como um software de gerenciamento da relação de
troca entre esses agentes, como descreve Holbrook e Hulbert (2002).
A abordagem relacional se movimenta no sentido de substituir a transacional, sem
perturbação do chamado mainstream, devido ao desgaste desta última, provocado pela critica
sistemática de pesquisadores europeus e até americanos, como aponta Faria (2006). Um
marco dessa substituição vem sendo propagado pela publicação de um artigo de Vargo e Lush
(2004), identificando uma mudança de paradigma, baseada em elementos como prestação de
serviços relacionados aos produtos e co-criação de valor, como papéis de produtor e
consumidor.
Mais contemporaneamente, considerando o movimento intelectual chamado de s-
modernismo, que transcende o modernismo em oposição a ele (LAROUSSE, 1995) e que o
contesta de forma multidisciplinar (BROWN, 2001, 2005). O Pós-modernismo, nesse
42
contexto, destaca uma nova abordagem conceitual para todas as áreas da ciência social e, por
conseguinte, redefine o domínio e o conceito de marketing, até então propagado.
Autores como Firat (1987), Stephen Brown (1997, 2005), Piercy (2002) e Cova e
Cova (2002) defendem, ou pelo menos manifestam (MELLO; LEÃO, 2003), a presença da
visão pós-modernista na formulação de um conceito de marketing, buscando expor a
discussão de um novo ambiente que considere elementos como hiper-realidade, fragmentação,
revero entre produção e consumo, sujeitos descentrados e justaposição de opostos. Esta
nova abordagem está sendo tratada de Paradigma s-modernista (BROWN, 2005; FARIA,
2006; PIERCY, 2002).
Os conceitos formulados, suas mais diferentes abordagens e um ambiente cosmopolita
em crescente evolução, têm inferido ao marketing interpretações com diferentes
possibilidades, podendo ser variante desde sua definição como uma função, uma estratégia,
uma área de conhecimento, um campo de estudo ou conhecimento, uma concepção ou a
mesmo uma filosofia organizacional e social.
3.2 O DOMÍNIO DO MARKETING
Considerando a exposição de Vargo e Lusch (2004) sobre uma nova gica dominante
e as possibilidades de ampliação da compreensão do fenômeno, expressas por Kotler (1999),
o domínio do marketing ganha dimensões que extrapolam a gestão funcional, estabelecendo
fronteiras mais amplas às possibilidades de aplicação, não como disciplina e prática, mas
sob a ênfase de uma ampla ciência social.
Bolton (2004), a partir dos impactos do trabalho de Vargo e Lush (2004), promoveu
uma discussão entre pesquisadores contemporâneos de marketing, como Day, Deighton,
Narayandas, Gummesson, Hunt, Prahalad, Rust e Shugan. Dessa interação emergem a
discussão de aspectos como, possibilidade de agregar vantagem relacional, contextualização
histórica, centralização nas parcerias de provisão de serviços, co-criação de valor, distinção
entre a lógica de serviço e a funcional e operacionalizão dos conflitos.
43
Agregando estes aspectos à possibilidade de adaptação da ação de marketing a
situações como experiências, eventos, pessoas, lugares, propriedades, organizações,
informações e idéias, apresentadas por Kotler (1999), o fenômeno toma lugar em fragmentos
de conhecimento tratados por marketing de serviços, industrial, tecnogico, rural, esportivo,
cultural, turístico, entre outros, como descrevem vários autores, tais como Kotler (1999),
Adkins (2005), Tavares et al. (1999), Bolton (2004), Vargo e Lush (2004).
Estas possibilidades de pesquisa e ação no campo de estudo, tomam proporções
ampliadas, e a academia detona um processo amplo de pesquisa, em diversas áreas, como
podemos identificar nas sugestões orientadas pela maioria dos organismos internacionais
fundados para esse fim. Um exemplo de organismo, tomado nesse trabalho é o Marketing
Science Institute MSI, que anualmente renova uma agenda de possibilidades a serem
discutidas e publicadas tanto em seus periódicos, como em outros, relacionados ao marketing
global, procurando manter a hegemonia criada por uma corrente anglo-americana, conforme
descrita por Faria (2007).
Ainda, em uma primeira consideração da academia brasileira, é possível identificar
dois movimentos de pesquisa que refletem essa difração no estudo do marketing. O primeiro
apresentado nos trabalhos de Vieira (1998, 1999, 2000), que radiografam a produção
cientifica brasileira, procurando identificar quais são as fontes utilizadas, as demandas
atendidas e os temas de maior interesse no estudo. No segundo, declarado no último Encontro
Nacional da Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Administração
(EnANPAD, 2007), quando da reunião dos representantes das áreas temáticas da divisão de
marketing com seus pesquisadores, onde discutiram e propuseram preliminarmente uma
agenda nacional de pesquisa.
Os estudos sobre marketing, de caráter acadêmico, mas também produzidos por
consultores oriundos das organizações, repercutem na sociedade e especialmente nas ões
organizacionais, provocando a transformação do cenário brasileiro, constantemente exposta
em “primeira páginanos mais diversos veículos de comunicação de difusão em massa, como
programas de rádio e TV, revistas especializadas e jornais de circulação periódica.
Tais estudos, seguindo uma tendência global, como indica Faria (2007), sofrem uma
disfunção provocada pelo distanciamento entre as academias nacionais, que abrigam mestres
e pesquisadores, as escolas de negócios, voltadas para atender uma lógica econômica e os
44
consultores, que geram conhecimento especialmente através de transcrição de técnicas,
adquiridas por experiência prática.
3.3 O PENSAMENTO GLOBAL DE MARKETING
Em uma análise do conteúdo de excertos, como descreve Richardson (1999), na busca
de termos, objetivos e atributos de um tema, os conceitos de marketing apresentados na
introdução deste trabalho devem indicar algumas mensagens. Certamente, dentre elas, está à
forte relação das palavras “troca”, necessidade”, “relacionamento”, “fluxos”, negócios” e
“lucro” com o entendimento do fenômeno.
Na consideração de relacionamentos voltados para troca, buscando o atendimento das
necessidades humanas, a afirmação de que isso aconteça em um tempo quase equivalente a
história do homem é pertinente (GRACIOSO, 1973; VENDRAMINI; LIMA, 1977; SIMÕES,
1980). Já elaborando essa relação do marketing com fluxo, negócio e lucro, episódios como o
escambo da história antiga, o comércio marítimo entre civilizações da antiguidade, o
mercantilismo da idade média e a Revolução Francesa e Industrial da modernidade (SHAW;
JONES, 2005), parecem claros para a formação de um cenário diferente.
Este trabalho o busca entender a origem do marketing a partir da análise de tempos
muito remotos, estabelecendo então como marco, tal qual a posição de alguns autores como
Simões (1980) e Gracioso (1973), a obra de Adam Smith (1776), A Riqueza das Nações, mas
ainda apenas para entender a expansão de demanda a partir da divisão do trabalho e da
especialização.
Estes fenômenos, que apresentavam a “tendência inata do homem para a troca”
(ARAÚJO, 1988, p. 29), da obra de Smith (1776), fortalecem os elementos da chamada
sociedade de consumo. Este ponto define o início do processo de origem das organizações,
como instituições que passam a liderar as atividades produtivas e o fluxo de bens,
especialmente por conta da mudança na lógica de comércio da sociedade e o aumento da
distância geográfica entre produtor e consumidor.
45
A origem do marketing moderno está aqui ilustrada então, a partir das funções
administrativas expressas por Fayol (1978), especialmente quando se refere à função
comercial, uma das mais importantes, onde a ênfase principal é aplicada a ação de venda, que
segundo sua análise, determina a sobrevivência da empresa.
A prosperidade de uma empresa industrial depende tanto da função
comercial quanto da função técnica; se o produto não vende, temos a ruína.
A habilidade comercial, unida à sagacidade e à decisão, implica em
profundo conhecimento do mercado e da força dos concorrentes, em grande
previsão e, nas empresas importantes, na aplicação cada vez mais freqüente
de combinações (FAYOL, 1978, p.15).
Essas implicações gerenciais eram, contudo tãosicas quanto o próprio entendimento
da importância do marketing para as organizações. Na origem do pensamento administrativo,
a função não passava de uma mera etapa intermediária do processo de produção e entrega. O
consumo em massa dessa época não dava espaço para elaborações mais sofisticadas de
qualquer função, dada a pressão da demanda frente uma oferta ainda muito incipiente
(MAXIMIANO, 1997).
Embora, sob uma abordagem mais estruturada, uma pesquisa de Chandler (2000),
quando estuda as principais corporações americanas ao longo de 100 anos de sua existência,
também indica uma primeira fase da administração de marketing, apenas como um setor ou
departamento de suporte às vendas da organização, sem nenhuma elaboração que organizasse
qualquer outra ação, senão a de vender o produzido.
Nesta pesquisa, Chandler (2000) se refere a empresas nos Estados Unidos, e é lá que o
marketing tem seus primeiros elementos de evolução, após sua origem. Apesar de ter alguns
movimentos também na Europa e especialmente na Inglaterra, foi impulsionado pela ascensão
econômica da América, com seus principais movimentos associados a grandes corporações
que se fundaram, especialmente no setor de transporte ferroviário, bancos, e usinas de aço,
por conta especialmente dos negócios ligados a este crescimento.
Chandler (2000) narra quatro fases distintas na formação destas grandes corporações.
Uma fase inicial, de intensa produção, uma segunda fase de estruturação, onde surgem os
departamentos de marketing, uma terceira fase de mais produção intensiva e finalmente a
quarta fase, com a reestruturação que, segundo sua narrativa, resultou do divisionamento das
46
empresas, surgindo então, entre outras, a divisão de marketing, agora bem mais evoluída na
técnica e na estrutura.
Outra forma de entendimento dessa evolução é descrita por Shaw e Jones (2005),
assim como Gracioso (1973), na qual se pode entender de maneira clara o crescimento do
marketing, considerando quatro fases distintas conforme abaixo:
1. Fase pré-acadêmica – até 1900.
Pensamento grego (Platão e Aristóteles) integrando marketing à sociedade
e suas relações.
Correntes de pensamento medievais, em Santo Agostinho e São Tomás de
Aquino, relacionando problemas de marketing com a ética.
Marketing aplicado com a eficiência administrativa e economia, descrito na
escola alemã de pensamento e na escola institucional americana e
culminando com o pensamento clássico de administração.
2. Fase tradicional 1900 a 1955.
Crescimento dos negócios nos EUA.
Crescimento das cidades, marcas nacionais, rede de lojas, estruturas de
entrega, jornais e revistas.
Melhorias no transporte com o advento das ferrovias, automóveis em
profusão, caminhões e uma infinidade de especialidades.
Primeira escola de Marketing em 1910.
Estudo científico do fenômeno marketing, como função, classificação de
mercadorias e categorização de instituições.
47
3. Fase Mudança de paradigma – 1955 a 1975.
Modelo moderno toma o lugar do tradicional.
Avanços nos modelos matemáticos (Militar).
II Grande Guerra aumenta a produção e consumo.
Surgimento de fundações tais qual Ford e Dale Carnegie.
Produção de conteúdo e de impactos modernistas que afetam o pensamento
de marketing.
4. Fase Ampliação do paradigma – 1975 a 2000.
Forças transformadoras vindas do comportamento do consumidor.
Estudos de outras áreas do conhecimento (Psicologia).
Força do Kotlerismo e criação de atitudes gerencialistas, trocas e
comportamento do consumidor, passam a ser representativas nas ações de
marketing.
Mudança de foco, saindo marketing como atividade comercial e entrando
como atividade humana e trocas sociais.
Paralelamente a essa construção teórica, é possível apresentar o crescimento do
marketing como disciplina acadêmica, com sua evolução especialmente sentida nos Estados
Unidos que, conforme Guerreiro (1982) e Simões (1980), têm origem a partir de 1904,
quando uma instituição de ensino acadêmico, a Ohio States University, fornece pela primeira
vez um curso de “distribuição das safras”. Logo a seguir, em 1910 e 1912, em algumas
universidades americanas, ocorre a fundação dos primeiros cursos tratando especificamente
sobre o campo de estudo do marketing.
48
A primeira obra, tratando exclusivamente aspectos de gestão de marketing é publicada
por P. D. Converse em 1921, intitulada Marketing, Methods and Policies (SHAW; JONES,
2005). Ainda com relação a esta produção editorial, Simões (1980) nos apresenta uma
cronologia que caracteriza o marketing desde suas primeiras obras editadas especialmente na
Europa, e apresentada no Quadro 4, abaixo:
Autor Ano Obra
Harry A. Sampsom 1874 Introduction to Advertising
Harry A. Sampson 1875 A history of Advertising from Earliest Times
P. Dotz 1894 Histoire de la Publici
W. D. Scott 1908 The Psycology of Advertising
H. L. Hollingworth 1913 Advertising and Selling
P. D. Converse 1921 Marketing, Methods and Policies
Paul Ivy 1921 Principles of Marketing
Melvin Copeland 1924 Principles of Merchandising
Quadro 4: Cronologia editorial da origem do marketing
Fonte: Adaptado de Simões (1980), Shaw e Jones (2005)
Estes importantes estudos, que buscam a formação de uma teoria geral de marketing,
estão colocados, porém, sem uma definição clara até nossos dias, como defende Sheth et al.
(1988), especialmente ao considerarmos sua obra Marketing Theory: Evolution and
Evaluation, quando elabora um cenário do pensamento, a partir da seleção de escolas
acadêmicas.
Ainda outros trabalhos individuais, não representando qualquer escola de pensamento,
como os selecionados por Sheth et al. (1988), buscam apresentar definições da formulação de
conceitos e descrição de paradigmas influentes na elaboração de definições de marketing,
onde destacamos Vargo e Lusch (2004), Brown (2005) e O’Malley e Tinan (2005), e no
Brasil, Faria (2006, 2007), distinguindo-se por remeterem à reflexão as abordagens
contemporâneas da construção deste pensamento.
3.3.1 A evolução teórica do pensamento em marketing
Procurando a organização e o melhor entendimento do que segue, inicialmente se
apresenta o marketing a partir destas escolas formadoras, na visão de Sheth et al. (1988),
considerando também a contribuição de outros autores, como Shaw e Jones (2005), Wright
49
(2002) e outros, e em seguida com uma reflexão sobre as abordagens contemporâneas, que
completam o arcabouço teórico sugerido.
As escolas de pensamento podem ser localizadas na origem dos esforços de pesquisa,
e procuram adaptar as organizações a nova condição estabelecida pela alteração dos meios de
produção e distribuição de produtos e serviços originados nessas organizações (CHANDLER,
2000; FAYOL, 1978; GRACIOSO, 1973; SHETH et al., 1988; SIMÕES, 1980).
ESCOLA indica um conjunto de autores que usaram o mesmo enfoque,
escolheram o mesmo aspecto específico para analisar, ou adotaram a mesma
linha de raciocínio teórico. Escola é a palavra que também pode indicar
autores com diversos enfoques, que nunca se encontraram ou viveram em
épocas e locais diferentes, mas que compartilham um interesse ou ponto de
vista, ou que é possível associar em função de algum critério
(MAXIMIANO, 1997, p. 22).
Reiterando que Sheth et al., (1988) foram os primeiros, em marketing, a escolherem a
categorização em escolas, justificando a escolha em razão de características especiais: (1) a
escola forma substancial campo de conhecimento; (2) o conhecimento em uma determinada
escola é desenvolvido sempre por importante número de membros; (3) a escola baseia sua
abordagem na investigação de quê, como, quem, por que, quando e onde; e (4) a escola
representa uma perspectiva específica no seu todo.
Dentro desse contexto de escolas, cada abordagem apresentada é descrita abaixo,
tomando como base, conforme apontado anteriormente, os trabalhos de Sheth et al., (1998),
Wright (2002) e Shaw e Jones (2005). Adicionalmente alguns autores que discutem o tema
por esse enfoque o referenciados particularmente, quando suas definições agregam
informação importante à discussão.
As escolas estão apresentadas em ordem relativamente cronológica, muito embora
várias delas possam ter ocorrido em períodos coincidentes na hisria, conforme segue:
1. Escola funcional do marketing
2. Escola da mercadoria em marketing
3. Escola institucional do marketing
4. Escola inter-regional de marketing
5. Escola de administração de marketing
50
6. Escola de sistemas de marketing
7. Escola do comportamento do consumidor
8. Escola do macro marketing
9. Escola de trocas
10. Escola do marketing histórico
3.3.2 As escolas formadoras do pensamento em marketing
3.3.2.1 Escola funcional do marketing
Uma, dentre as primeiras três descritas a partir de agora, a escola funcional foi
desenvolvida conceitualmente na fase tradicional da construção do pensamento de marketing
e respeita esta prioridade em função exatamente do tratamento inicial necessário às
mercadorias demandadas pelas indústrias emergentes do final do século XIX.
Uma organização que envolvia o caminho produção-consumo foi estabelecida, e a
escola funcional responde ao esclarecimento de qual o trabalho, que a nova função marketing
deveria promover para possibilitar a boa trajeria desse caminho.
Simões (1980) relata que o primeiro esforço acadêmico de pesquisa nesse sentido
gerou a oferta do curso “A distribuição das Safras”, pela Ohio States University em 1904,
seguido por noções acadêmicas sobre propaganda, e estocagem, também nos Estados Unidos.
A Abordagem funcional tem visibilidade, segundo Shaw e Jones (2005), até o inicio
da década de 1960, quando tem origem o seu ocaso, e uma denominação de Weld (1960,
apud SHETH et al., 1988) foi estabelecida para classificar as etapas de produção de ofertas,
armazenamento, suporte ao risco, formatação, venda e transporte ao consumidor final.
Estas funções originárias de Weld (1960, apud Sheth et al., 1988) foram consolidadas
pelo estudo de McGarry (1950, apud SHAW; JONES, 2005), que recomendou um sistema de
classificação baseado em seis grupos, conforme segue:
1. Função contratual definida pelos contatos e contratos entre fornecimento e
consumo.
51
2. Função da mercadoria – que adapta a oferta ao pedido do usuário.
3. Função de precificação onde os custos de produção e entrega eram adaptados ao
contrato estabelecido.
4. Função propaganda gerando a comunicação, entre possibilidade de ofertas, aos
demandantes.
5. Função de distribuição – tratando de estocagem, transporte e entrega final.
6. Função de finalização – culminava o processo, consolidando a troca de propriedade.
Sheth et al., (1988) consideraram que os desafios da escola funcional estavam
localizados na interação entre aspectos físicos e elementos econômicos agregados,
especialmente no entendimento dos serviços relacionados.
3.3.2.2 Escola da Mercadoria em Marketing
Os desafios de serviço e outros aspectos econômicos, agregados ao produto, podem
ser resolvidos preliminarmente se os bens distribuídos apresentarem uma adequada
classificação, quanto à natureza de consumo. (SHETH et al., 1988). Na ordem cronológica,
surgem então os propagadores da escola de mercadorias ou bens, também na fase tradicional
do pensamento de marketing.
A demanda industrial, quanto aos aspectos agregados, deve então ser resolvida a partir
da classificação proposta por Copeland (1924, apud SHETH et al., 1988 e SHAW; JONES,
2005). Distinguindo os bens de consumo e industriais a partir de um estudo dos fluxos dos
bens, relacionados com sua categorização, como apresentada por Copeland (1924, apud
SHETH et al., 1988 e SHAW; JONES, 2005), em três grupos e denominados como: (a) bens
de conveniência, que exigem baixo esforço funcional de estocagem e praticamente risco
algum, (b) bens de uso freqüente, dirigidos ao consumo específico e caracterizados pela
comparação na aquisição, e (c) bens de uso especial, com características de orçamento na
compra, envolvendo risco e comunicação especial.
Associado a esta classificação específica, algo genérico definia bens como sendo de
consumo, posicionados para o uso final, bens industriais, utilizados na produção de outros
52
bens, providos de caráter técnico pertinente à natureza do uso, e bens de serviço, sem entrega
física ao cliente, dificultando a classificação sistemática, por conta de aspectos intangíveis
relacionados à sua representação (SHETH et al., 1988; SIMÕES, 1980; VENDRAMINI;
LIMA, 1977).
Shaw e Jones (2005) apresentaram os bens industriais categorizando-os como:
instalações, equipamentos, bens de capital, matéria prima, componentes, produtos fabricados,
peças de manutenção, de suporte para serviços e os bens de consumo, em categorias de
conveniência, compra programada e emergência.
A classificação original de Copeland foi consolidada, segundo Sheth et al., (1988) e
Simões (1980) em 1948 pela AMA American Marketing Association, não sem antes ter
sido objeto de discussão e tentativas de arranjo por rios pesquisadores, como
principalmente Parlin, Aspinwall, Holton e o próprio Copeland, conforme exem Simões
(1980), Sheth et al., (1988), Wright (2002) e Shaw e Jones (2005).
Outros aspectos foram bastante discutidos pelos integrantes da escola de mercadorias,
destacando-se os relacionados ao grau de envolvimento e intensidade de uso, benefícios
agregados, capacidade de substituição, tipificação de serviços e esforços funcionais
associados (SHAW; JONES, 2005; SHETH et al., 1988; SIMÕES, 1980; VENDRAMINI e
LIMA, 1977; WRIGTH, 2002).
Esta “batalha intelectual”, como definiu Sheth et al., (1988), foi proeminente ao
estudo do pensamento de marketing, mas desafia seus acadêmicos e praticantes ao
entendimento definitivo da classificação de bens, dado a variedade de conceitos que se
formularam durante as discuses.
A escola de mercadorias, segundo Sheth et al., (ibidem), guarda a hoje elementos
que auxiliam a pesquisa e aplicação de ações de marketing, mantendo aspectos positivos de
sua fundamentação, especialmente ligados à simplicidade de comunicação e implementação
dos termos, a facilidade de abrangência em todas as áreas do marketing e suporte empírico,
que favorece seu entendimento e valida ações relacionadas.
Contudo, Sheth et al., (ibid) tamm ressaltam alguns aspectos negativos, não
esclarecidos, especialmente ligados à estrutura de classificação genérica, à especificação
falha de bens fora das contingências usuais e alguma confusão em testar definições
operacionais, relacionadas a agregação e responsabilidade de valor, mais incidentes na
53
relação serviço/bem, bastante observada nos últimos vinte anos, como narram Vargo e Lush
(2004), Kotler (1999) e Churchill (2003).
3.3.2.3 Escola institucional do marketing
Integrando o grupo de escolas, desenvolvidas dentro da fase tradicional da construção
do pensamento, a escola institucional nasce com o objetivo de completar a base elaborada
pelas escolas funcional e de mercadorias, como esclarece Shaw e Jones (2005) e Vendramini
e Lima (1977).
Essas escolas dominam o pensamento até o inicio da década de 1960, por tratarem do
desenvolvimento funcional do marketing, da operação dos bens e com quais atores
institucionais o farão, sendo que na publicação citada de Vendramini e Lima (1977), somente
essas escolas foram consideradas operantes em marketing.
A questão que a escola institucional procura responder, é relacionada à identificação
dos intermediários envolvidos no processo de troca, presentes no que Clark (1922, apud
SHAW; JONES, 2005) denominou de canal de distribuãoe que hoje é didaticamente
apresentado como canal de marketing (KOTLER, 1999).
Os canais de marketing são formulados a partir da composição, interação e
complementação de ações pelos atores envolvidos e podem ser construídos conceitualmente,
considerando um conjunto de teorias, tais quais como selecionadas por Shaw e Jones (2005) e
formuladas para a definição de separação de mercado, fluxo de mercado, sistemas paralelos,
depósitos, postagem, transações e de tipos de interação.
Shaw e Jones (2005) ainda contribuem com a definição dos fluxos no canal,
apresentando ao pensamento o fluxo de transação e o Fluxo “transvetor”.
O Fluxo de transação indica os movimentos dos bens e serviços considerando os
atores envolvidos, tal como segue:
Vendedores - compradores: definindo processos de posse, embarque e promoção.
Compradores – vendedores: definindo pedido e pagamentos.
Reciprocidade entre as partes: definindo negociação, financiamento e risco.
54
O domínio do fluxo de transação favorece o conhecimento do consumo, adaptando a
necessidade do cliente, reduzindo prejuízos e riscos e garantindo economia de escala num
efeito de customização (SHAW; JONES, 2005).
O Fluxo “transvetor” é uma espécie de desenho do ciclo, estabelecendo a
continuidade da relação no canal, ordenando o consumo até o final, e garantindo a sua
reprodução em todas as transações.
A escola institucional, segundo Sheth et al., (1988) e Shaw e Jones (2005), vem
organizar os atores envolvidos com o processo de aproximação entre a produção e consumo,
distanciados pela especialização dos meios de produção e seus agentes, configurando como
intermediários de mercado, chamados de atacadistas e varejistas, e intermediários funcionais,
chamados de corretores, vendedores, financiadores e transportadores.
3.3.2.4 Escola inter-regional de marketing
As distâncias criadas entre produção e consumo, devido aos fenômenos de divisão de
trabalho e especialização, destacados por Smith (1776), aumentaram de tal forma, que
pesquisadores de marketing se viram compelidos a produzir elementos que favorecessem
uma relação inter-regional.
Um modelo, descrito contemporaneamente por Shaw e Jones (2005) e por Sheth et al.
(1988), referindo-se a década de 1940, e denominado “Lei da Gravitação do Varejo” por
Willian Relly, propõe a possibilidade de indicar a atratividade que uma região exerce sobre
outra, em detrimento de outras regiões existentes, o que em última análise, confirma a
capacidade de atratividade da primeira.
Este modelo propõe, através da analogia com a “Lei Universal da Gravidade”,
enunciada por Isaac Newton em 1687, que
em uma dada pequena cidade, entre duas maiores, as cidades atrairiam
clientes em uma proporção direta das populações (fator massa) das duas
cidades e inversamente proporcional ao quadrado das distâncias
separando as duas cidades, da cidade intermediária (SHAW; JONES,
2005, p. 14).
55
Um “centro comercialentão se cria considerando todas as cidades que recebem a
influência de atratividade, possibilitando assim aos envolvidos, mapear cada região, criando
oportunidades de negócios entre os atores regionais e um planejamento de desenvolvimento
de transações consistente.
Sheth et al. (1988) indicam, porém, que para consolidação de um centro comercial,
quatro fatores são indispensáveis, como descritos abaixo:
1. Escassez de recursos capacita o comércio na direção do lo com recursos para o
desprovido deles.
2. Influência regional definida pelo lo, através de instituições reconhecidamente
marcadas pelo reconhecimento regional.
3. Demanda recíproca entre regiões possibilita um equilíbrio no balanço comercial
entre produção e consumo.
4. Relativa competição entre regiões estímulo de uma região em atender sua região de
atratividade em detrimento de outros, por cessão de lucros e vantagens.
A região configurada, por conta da consolidação dos fatores acima, segundo Shaw e
Jones (2005), será caracterizada pela multiplicidade de centros econômicos, viabilizando
interação com os centros, por uma homogeneidade regional forte e por produtos típicos de
exportação e importação, circulantes entre os municípios envolvidos.
O Tamanho de cada região será então configurado por fatores como áreas de atacado,
taxas de transporte e canais de distribuições disponíveis (SHAW; JONES, 2005), dentro das
possibilidades de atração do centro comercial estabelecido pela presença das condições
destacadas acima.
Um modelo para a ação de marketing estava basicamente consolidado no final da
década de 1950, com a afluência das quatro escolas apresentadas até aqui, e cada uma delas
se apresentava capaz de atender um questionamento chave do processo de troca. A escola
funcional definia “o quê”, a de mercadorias “como”, a institucional “quem” e a inter-regional
“onde” (ibidem).
56
3.3.2.5 Escola de Administração de Marketing
Essa escola surge no início dos anos de 1960, e reúne, desde então, conteúdo para se
transformar na escola mais profusa do pensamento de marketing, especialmente a partir da
obra de Levitt (1960) Miopia de Marketing. Nesse caso o autor demonstrando como
organizações da época suprimiam o foco no cliente em suas operações, destacou a
importância do atendimento das necessidades deste cliente, a partir de suas impressões e
manifestações (SHETH et al., 1988).
O embrião da escola, porém é lançado na década de 1950, com preocupações
diretamente relacionadas com a área de “economia gerencial”, desenvolvida por Baumol e
Dean (1951), na obra Economia Gerencial”, seguido por Howard (1957), que pela primeira
vez produz uma obra com o nome de Administração de Marketinge culminando com a
edição do livroMarketing Gerencial” por Kelley (1958 apud SHETH et al, 1988).
Sheth et al. (1998), Cobra (2003) e Shaw e Jones (2005) relatam que, ainda em 1960,
Jerome McCarthy define os 4P’s do marketing, que estabelecem bases sólidas para o início
da consolidação da escola, através dos elementos “produto”, pro”, promoçãoe “praça”.
Nessa cronologia contudo, a obra considerada como mais importante, foi publicada por Philip
Kotler (1967), com o nome de Administração de Marketing”, a qual é até hoje o livro da
área de administração mais vendido no mundo.
A preocupação prioritária dos pesquisadores da escola de administração de marketing
é o entendimento das formas que as organizações comercializam seus produtos, a partir da
perspectiva dos vendedores, conforme indica Sheth et al., (1988), amplamente corroborada na
obra de Kotler (1967).
Nessa indicação, a escola também elabora uma série de conceitos que determinam o
núcleo de suas ações, com atitudes estritamente gerenciais, como por exemplo, “marketing
mix” e “segmentação de marketing”.
Lançados os fundamentos gerais da administração de marketing, a discussão em torno
dela, e as propostas de elaboração de elementos utiliveis, a pesquisa e a prática de
marketing se multiplicam a cada ano, até praticamente os dias atuais, como se pode visualizar
no Quadro 5, que se refere a evolução das pesquisas, proposta a seguir:
57
Autor Ano Assunto da Pesquisa
Alexander 1940 Conceitos de marketing mix, canais de distribuão,
planejamento de produto, venda e propaganda.
Merrian-Webster 1954 Reestrutura o vocábulo vendas com os termos
persuadir e influenciar”.
Wendell Smith 1956 Diferenciação e segmentação como estratégias de
mercado.
Alderson 1957 Introduz a cncia, teoria e sistemas na tomada de
decisão de marketing.
Howard 1957 Define produto, canal de marketing, preço,
promoção, propaganda, pessoal de venda e locação
das decisões como áreas de decisão em marketing.
Kelley e Lazer 1950 Define estratégias integradas à comunicação.
Jerome McCarthy 1960 Propõem check list do mix de marketing e define os
4P’s de marketing: produto, preço, promoção e
praça.
Chester Wanson 1960 Apresenta a idéia de ciclo de vida do produto.
1960 Marketing orientado pela pesquisa do consumidor. Keith
1961 Discute aspectos da gestão de vendas.
Neil Borden 1964 Executivo de marketing como tomador da decisão.
Carnegie 1964 Fazer amigos, clientes e negócios influenciando
pessoas”.
Kotler 1967 Empresas como gestoras do marketing mix,
promoção, crescimento da venda e investigação de
mercado.
Kotler e Levitt 1969 Tratam do impacto social do marketing
Kotler 1972 Expano da disciplina pela estruturação do
profissional.
Bartels 1986 Identifica o impacto social do marketing
Sheth e Garret 1988 Discute os limites do marketing
Webster 1992 Relacionamentos e parcerias como elementos de
marketing.
Quadro 5: Evolução das Pesquisas da Escola de Administração de Marketing
Fonte: Sheth et al. (1988) e Shaw e Jones (2005)
A influência de Philip Kotler nessa escola, e a rápida adequação de sua produção
literária, com co-edições produzidas com dezenas de seus discípulos ao longo dos últimos 40
anos, fez dele, na visão de muitos críticos, o “Guru” da escola de administração de marketing,
como relata Cunningham (2003). A influência “kotleriana”, como estabelecem Brown (1997)
e Melo e Leão (2003), sugeriu a base das ementas dos cursos de graduação ao redor do
mundo (FOX et al., 2005, apud SHAW; JONES, 2005), consolidando a tendência
“gerencialistade formação de acadêmicos e praticantes do marketing.
58
3.3.2.6 Escola de Sistemas de Marketing
A partir dos conceitos estabelecidos por Bertalanffy (1951) e pesquisas baseadas em
um trabalho de Boulding (1956), o pesquisador de marketing Wroe Alderson (1957)
apresenta a teoria de sistemas de marketing, como descrevem Sheth et al. (1988) e Shaw e
Jones (2005). Segundo essa abordagem, sistemas micro e macro, que envolvem as
organizações produtivas, somente funcionam se integrados à sociedade e ao ambiente que
elas produzem. Na visão de Shaw e Jones (2005), essa escola se associa a outra da época, a
Escola Funcionalista, apresentada por Sheth et al. (1988), que distingue alguns elementos
ambientais na análise das relações de troca, como sistemas de comportamento organizado,
heterogeneidade de mercado e as transações de retro-alimentação, tratadas pelo autor como
transvetoras.
A retomada da discussão que apresenta as escolas, produzida por Wright (2002) e
Shaw e Jones (2005), condensa os conceitos da escola funcionalista nas escolas institucional,
de sistemas e macro-marketing, apresentada mais adiante.
3.3.2.7 Escola do Comportamento do Consumidor
Também denominada por Sheth et al., (1988) como escola do comportamento do
comprador, o termo mais amplo é pertinente devido ao fato da escola lidar com transações e
comportamentos humanos, na visão reorientada de Shaw e Jones (2005).
O comportamento gerencialista nos momentos em que formulava ações de promoção,
baseado em mensagens definidas por Freud como “subliminares”, trazia a tona a preocupação
com efeitos manipuladores que o marketing poderia causar, relacionados com produtos
comprados por algum intermediário e produzido por outros, na ponta final do canal de
marketing (COVA; COVA, 2002; HOLBROOK e HULBERT, 2002; SHAW; JONES, 2005).
Sobre esse aspecto, Shaw e Jones (2005) revisam as pesquisas lançadas com ênfase em
estudos psicológicos e sociais, que interferem diretamente no comportamento das pessoas, e
como o marketing atua sobre tais aspectos.
Nessa revisão, Shaw e Jones (2005) identificam a interdisciplinaridade para definição
das conclusões, considerando as interferências da psicologia cognitiva, que influencia
diretamente no processo de tomada de decisão, da sociologia, no estudo dos efeitos de
59
submersão nas culturas e nas classes sociais, e da antropologia, associada às analises de
comportamento dos elementos ligados a folclore, ritos, mitos e símbolos.
Em contraposição aos efeitos da escola gerencialista, a escola do comportamento do
consumidor ganha adesão de pesquisadores dessas outras áreas e cresce de forma importante
a partir de 1960, gerando estudos deste modelo comportamental em temas relacionados a
entradas e estímulos de marketing no ambiente, processos mentais afetivos e cognitivos,
hierarquia de comportamento e aprendizado de consumo (SHAW; JONES, 2005).
A consolidação da escola, e a garantia de continuidade das pesquisas, se dá
especialmente a partir de 1969 com a fundação da Association Consumer Research ACR e
em seguida a publicação do primeiro exemplar do Journal Consumer Research –JCR, como
descrevem Sheth et al., (1988).
Diversos autores já dissociam a pesquisa de comportamento do consumidor das
pesquisas de marketing, definindo-o como o último campo das ciências sociais, pelo estudo
da motivação, personalidade, influência, atenção seletiva, percepção e retenção, hierarquia,
aprendizado, informações, emoções, liderança, inovação, sub-culturas, família, ciclo de vida,
influências sociais, cognições, sinais, semiótica e simbolismos, entre muitos outros (SHAW;
JONES, 2005).
Em função dessa fluência e aceitação de outras áreas, Shaw e Jones (2005), Sheth et
al., (1988) e Wright (2002) concordam que a escola de comportamento do consumidor é a
mais “popular” depois da escola gerencialista, e contrapõe diversos conceitos com a mesma.
3.3.2.8 Escola do Macro Marketing
A escola gerencialista supre as necessidades de pesquisa e práticas do marketing nas
organizações, em ambiente micro, segundo a visão dos seus autores, e as variações não
consideradas de comportamento são estudadas pela escola de comportamento do consumidor.
Contudo, os aspectos relacionados ao ambiente externo ou macro ambiente, ainda não tinham
sido suficientemente explicados. A esse propósito, Shaw e Jones (2005) indicam que a escola
de macro marketing surge para atender demandas geradas pelo impacto social do marketing,
tratando o sistema de marketing em seu ambiente externo e investigando qual a verdadeira
“produtividade” desse sistema, quando agregado às contingências da sociedade.
60
O macro marketing surge, então, para atender a demanda do interesse público, em
contraposição ao atendimento de demandas exclusivas de indivíduos e organizações,
coordenados por forças econômicas contrapostas a forças sociais. Esse embate torna a
pesquisa bastante interessante e em 1981 cria-se um fórum específico de publicações no
Journal of Macro Marketing JMM, que fomenta o estudo extensivo de temas como
responsabilidade social, marketing social e marketing de causas sociais, conforme descrevem
Hunt (1977), Kotler (1986), Adkins (2005) e MacFadyen et. al., (2005).
Sheth et al., (1988) aliás, utilizam para definição da escola de macro marketing, o que
estabeleceu Shelby Hunt (1977), por ser um dos pioneiros das pesquisas e ainda por
considerá-la a mais relevante.
Macro marketing é um construto multidimensional e uma especificação
completa que inclui (ou pode incluir) o estudo de (1) sistemas de
marketing, (2) impactos e conseqüências dos sistemas de marketing na
sociedade, e (3) o impacto e conseqüências da sociedade nos sistemas de
marketing (HUNT, 1977, p. 17).
Shaw e Jones (2005) selecionaram os tópicos que tornam a pesquisa de macro
marketing relevante e de interesse no campo de estudo, definindo-os por (a) relação entre
competidores no mercado, (b) políticas globais e ambientais, (c) desenvolvimento e
marketing, (d) hisria do marketing, e (e) qualidade de vida. Todavia, apesar disso tais
pesquisas ainda são negadas por muitos acadêmicos.
3.3.2.9 Escola de Trocas
No entendimento de muitos autores, como Kotler (1999), Churchill (2003), Shaw e
Jones (2005) e Sheth et al. (1988), a troca é considerada o centro focal do estudo do
marketing, por considerar aspectos como as partes de uma troca, a motivação para as partes
chegarem a um acordo e o contexto da troca. Tal fenômeno, como extensivamente exposto no
referido estudo, intensificado a partir da divisão do trabalho, exposta por Smith (1776),
atualmente tem sugerido a discussão sobre fatores divergentes, abordados na escola: os
61
fundamentos da escola tradicional do marketing e o crescimento das trocas genéricas ou
sociais.
A noção de transação baseada na compra e venda, como uma prática exclusivamente
comercial dentro da lei, contrapõe com uma definição de marketing estabelecida por
pesquisadores da escola, que identificam a ação não apenas como a troca de uma coisa por
outra e sim um processo que envolve grande valor social (SHAW; JONES, 2005). A
consideração de Kotler (1999) identificando os valores da troca baseados em mercadorias,
serviços, dinheiro, mas também tempo, energia e sentimentos é indicada por seus críticos,
como o reconhecimento deste elemento social.
A teoria da troca, descrita por Sheth et al. (1988), Shaw e Jones (2005) e também por
Kotler (1999), indica que ela acontece se, no mínimo duas partes estiverem envolvidas, ambas
forneçam algum valor ao outro - dentro de um canal disponível de comunicação - e com
liberdade para aceitar ou rejeitar tal troca.
A crítica sobre o fato de que a teoria das trocas tem promovido o aprendizado
acadêmico no entendimento da troca como dogma, provocou em um primeiro momento,
queda da auto-estima de pesquisadores que a descreviam, mas com a evolução do pensamento
de marketing, terminou por elevar o status da pesquisa de marketing (SHAW; JONES, 2005).
Por envolver comunicação persuasiva, entre empresas ou não, com valor econômico
ou não, as trocas compõem o comportamento de comprador, vendedor, instituições e
sociedade e o processadas a partir de bens e serviços, idéias, pessoas, organizações, mídia,
lugares, experiências e conseqüências (KOTLER, 1999).
3.3.2.10 Escola do Marketing Hisrico
A escola do marketing histórico, a mais recente das abordagens na formação do
pensamento de marketing, propõe uma pesquisa histórica que identifique quando as práticas
de marketing foram introduzidas. Muito embora, tenha seus registros originais a partir de
1960, tornou-se influente nos últimos 20 anos (BROWN et al., 2001; GOLDER, 2000;
SAVITT, 2000; SMITH e LUX, 1993).
Poucos acadêmicos ainda enfatizam essa abordagem, que ganhou evidência a partir de
eventos como a CHARM (Conference Historical Analisys and Research in Marketing) em
62
1999 e a fundação do CHORD (Center of History of Retailing and Distribuition) que procura
estabelecer um diálogo com a história da economia, sociologia e escola de negócios (SHAW;
JONES, 2005; SHETH et al., 1988).
Os estudos da escola do marketing histórico contribuem decisivamente para a
formulação do pensamento em marketing, especialmente pelas discussões de ampliação do
paradigma e reconstrução de conceitos (BRONW et al., 2001; SAVITT, 2000).
3.3.3 Abordagens Contemporâneas do Pensamento em Marketing
Muito embora não possam ser classificados como integrantes de uma escola de
pensamento, por não comporem as características de definição já expressas no trabalho,
algumas pesquisas e publicações acadêmicas, onde destacamos Vargo e Lusch (2004), Brown
(2005) e O’Malley e Tynnan (2005), e um movimento tratado de rethinking marketing,
descrito por Faria (2006, 2007), remetem à reflexão sobre abordagens mais contemporâneas
da construção deste pensamento.
A evolução de uma nova lógica dominante para o marketing, baseada especialmente
no enfoque sobre serviços, é defendida por Vargo e Lusch (2004). Para os autores, o
marketing herdou uma gica baseada em “bens” definidos apenas como produtos
manufaturados, de característica tangível, dotados de valor. A perspectiva emergente,
apontada pelos autores, estabelece a propriedade de intangibilidade a tais bens, expressa por
serviços e na co-criação de valores e relacionamentos. Eles acreditam que esta provisão de
serviços, no lugar de bens, é fundamental para a troca econômica.
Seus argumentos estão baseados em oito premissas fundamentais, que orientam para
uma nova atitude com relação ao marketing, conforme abaixo:
1. A Aplicação de habilidades e conhecimentos especializados é a unidade
fundamental da troca;
2. Trocas indiretas mascaram a unidade fundamental da troca;
3. Bens são mecanismos de distribuição para provio de serviços;
4. Conhecimento é a fonte fundamental de vantagem competitiva;
63
5. Todas as economias são economias de serviço;
6. Clientes são sempre co-produtores;
7. A empresa pode somente fazer proposições de valor; e
8. Uma visão centrada em serviços é orientada no cliente e relacional.
Stephen Brown, um acadêmico e pesquisador irlandês, preocupado com as disfunções
da abordagem gerencialista, tem representado uma corrente de visão pós-modernista, que
iniciou discussões no campo do marketing, desde o início da década de 1990, especialmente
pela crítica aos autores desta escola. (BROWN, 1997). Por outro lado, entretanto, Brown
(2005) reflete que o chamado pós-modernismo é tão “etéreo e volátil”, como seus estudos
desde sua primeira definição. Em marketing poucos adeptos dessa corrente, muito embora
existam trabalhos que usem indiretamente tal base ao abordarem questões como diversidade,
diferença e singularidade, entre outros elementos. De modo particular as principais
contribuições relacionadas ao s-modernismo vêm de outras áreas, notadamente sociologia,
psicologia e antropologia.
Como mencionado no início dessa seção, Brown (2005) destaca uma posição de Firat
e Venkatesh, onde identifica as principais características do pensamento pós-modernista no
marketing:
Hiper-realidade o real é recriado com requintes para uso e consumo; virtualidade
pura; estereótipo;
Fragmentação – proliferação de marcas; considera estilos de consumidores;
Reversão entre produção e consumoconsumidores abandonam a posição de reféns e
definem suas próprias necessidades; a infidelidade se dá em função da afeição a
símbolos e imagens individuais;
Sujeitos descentrados a subjetividade descentrada é um comportamento
descentralizado, multiplicidade na compra, surgimento de “entendidos de marketing”
na frente de consumo e desconstrução; e
Justaposição de opostos interação com o contraditório e permissão de sua
participação.
64
Brown (2005) dá importante destaque ao retro-marketing, elemento de composição
certamente de herança pós-modernista, que pode identificar um abandono de características
do marketing moderno. É como se o “pós” substituísse o atual, infectado pela lógica funcional
e econômica, com elementos do passado, ainda sem tais influências.
Faria (2006, 2007), ainda contempla uma agregação desta visão pós-moderna, quando
se refere ao movimento rethinking marketing, na medida em que relata uma tentativa ocorrida
no início dos anos de 1990, por diversos autores de marketing, de várias tendências
epistemogicas, no sentido de fortalecer a posição do marketing, enfraquecida por eventos
críticos ao funcionalismo e positivismo do campo à época.
Faria (2006, 2007) não descreve com otimismo os resultados do movimento. Tal
posição se especialmente por conta de alguns aspectos como: (1) falta de interesse dos
“controladores” do marketing em mudanças estruturais no pensamento; (2) influência
determinante do mainstream acadêmico, especialmente no circuito EUA-Europa; (3) pouca
influência de novos estudos originários fora desse eixo anglo-americano; e (4) diferenças
culturais, econômicas e sociais que diferem a discussão entre clientes e consumidores
industriais e regiões desenvolvidas e em desenvolvimento.
Para completar a revisão dessas novas abordagens, vale destacar a que mais tem se
efetivado no campo de estudo de marketing, que trata sobre marketing de relacionamento. De
certa forma é uma corrente de pensamento que pode congregar em suas definições as
abordagens logo acima discutidas.
Esta abordagem também é produto da necessidade de discutir e resolver disfunções
observadas pelo domínio gerencialista, especialmente quando se identificam problemas
emergentes como, crescimento da importância de canais de comunicação em marketing, a
visão de troca com serviços e o com produtos e a influência de compradores
organizacionais (O’MALLEY; TYNNAN, 2005).
Segundo as autoras O’Malley e Tynnan (2005), o processo e prática de estabelecer,
manter, aprimorar e desfazer relacionamentos, por esforços gerenciais, visando lucro,
mutualidade e cumprimento de promessas, entre componentes do canal de marketing,
caracterizado especialmente por elementos como parceria, benefícios, lucro e confiança
definem essa nova visão do marketing. As pesquisas sobre esse tema iniciam no final da
década de 1970, e o originárias de várias fontes, geograficamente distintas e sem
65
comunicação entre si (interação). Na Europa discussões no âmbito do IMP Industrial
Marketing and Purchasing Group, especialmente na análise do B2B (Business to Business),
enfatizando as díades.
Nos Estados Unidos, que procuram resolver os problemas surgidos nas ações
transacionais, especialmente provocadas pelas interações emergentes, encontros de serviços e
o surgimento das redes, as organizações não estabelecem ações espontaneamente. A reação
americana se dá principalmente por conta de dois eventos: (1) Os resultados efetivos de
processos just in time ocorridos no Japão, e a turbulência causada por um artigo que tratou de
interações, considerando a nova SET – Social Exchange Theory (Teoria da troca social).
Avanços tecnológicos têm consolidado as práticas relacionais, especialmente após a
estruturação do CRM Costumer Relantionship Management, um software de gestão dotado
de banco de dados de clientes e produtos, que baseia sua ação na máxima “fazer bem o
marketing de relacionamento é fazer melhor o marketing tradicional” (O’MALLEY;
TYNNAN, 2005, p. 24).
Considerando o trabalho nesse ponto, a identificação dos paradigmas na formação das
correntes principais de discussão e pesquisa, elaborados pelo movimento das circunsncias
sociais, poticas e econômicas apresentadas, define então elementos teóricos que compõe o
arcabouço de formação do pensamento global de marketing. A partir desses elementos,
conforme se observa especialmente na definição dos termos e identificão de épocas
hegemônicas de cada escola de pensamento, assim como na evolução de conceitos e novas
abordagens apresentadas, podem ser reconhecidas as tendências para pesquisas e
comportamento organizacional, relacionados com o pensamento de marketing.
Essas tendências definem um ponto de partida para a aplicação metodológica
historiográfica proposta nesse trabalho, inicialmente com a apresentação de referencial teórico
particular ao caso brasileiro, seguido de análises do resultado desta pesquisa. Uma conclusão
final apresenta então, a consecução de seu objetivo pela identificação de um Pensamento
Brasileiro de Marketing. Este ponto de partida procura descrever os movimentos originários
do estudo e prática de marketing no Brasil, pela apresentação dos embates teóricos iniciais,
das primeiras implicações políticas e econômicas, no estado e nas organizações e da corrente
de pensamento seguida pela produção acadêmica nacional.
66
3.4 PENSAMENTO BRASILEIRO DE MARKETING
3.4.1 Origem da produção acadêmica brasileira de marketing
Academicamente, o ensino e a pesquisa em administração no país, e nesse conjunto,
também o de marketing, iniciam-se com a fundação de duas instituições de ensino superior,
que segundo Martins (1989), Richers (2000) e Cobra (2003), foram a Universidade de o
Paulo - USP, fundada em 1934, que inicialmente incorporou o Departamento de
Administração do Serviço Público – DASP, em 1938, e a Fundação Getulio Vargas FGV.
No ensino de administração, contudo é importante registrar que a primeira instituição
de ensino com um curso especificamente de administração foi a Escola Superior de
Administração de Negócios – ESAN, conforme descrito no site institucional do Centro
Universitário da Faculdade de Engenharia Industrial FEI (FEI, 2007). Esta informação é
controversa com registros de Martins (1989) e Richers (1994), que indicam como instituição
pioneira a EBAPE/FGV, referenciada a seguir.
Com a FGV consolidada, surgiram no Rio de Janeiro, a Escola Brasileira de
Administração Pública EBAPE/FGV, em 1952, e a Escola de Administração de Empresas
de São Paulo EAESP/FGV, em 1954, com o objetivo formar técnicos de nível superior em
administração.
Ainda, considerando exclusivamente o estudo de marketing, como relata Cobra
(2003), deve-se ressaltar a Escola Superior de Propaganda, posteriormente chamada de Escola
Superior de Propaganda e Marketing ESPM, fundada em 1951, por um grupo de
profissionais ligados a propaganda, na cidade de São Paulo, como sendo de importância no
contexto originário do marketing brasileiro, por oferecer os primeiros cursos, especificamente
na área.
A USP introduz discretamente sua importância no ensino e pesquisa de marketing a
partir da fundação, em 1946, da Faculdade de Economia e Administração FEA, como
relatou Martins (1989), que apesar de iniciar com cursos de Economia e Ciências Contábeis,
67
envolvia na sua produção acadêmica, temas relacionados à administração, entre eles o
marketing.
Nessa produção, o primeiro destaque foi o livro do Professor Álvaro Porto Moitinho,
que pioneiramente introduziu o termo “mercadologia no Brasil, em 1947, em sua obra
“Ciência da Administração” (SIMÕES, 1980).
Contudo, a EAESP foi considerada introdutória do pensamento de marketing no
Brasil, especialmente por sua associação com a MSU - Michigan States University, devido a
um projeto governamental de formação dos cursos de administração de empresas no país
(MARTINS, 1989).
A MSU enviou ao Brasil, para atuarem na EAESP, professores liderados por Karl
Boedecker e entre as disciplinas oferecidas pelos visitantes, destaca-se uma de nome
“Marketing”, a primeira ministrada no Brasil, pelo professor Ole Johnson. Além destes dois
docentes, ainda estavam na missão, os professores Tom Staudt, Donald Taylor, Leo Erickson
e Dole Anderson. Tais professores permanecem no Brasil até a consolidação do pensamento
de marketing original, no início da década de 1960 (COBRA, 2003; OLIVEIRA, 2004;
RICHERS, 2000).
Além das disciplinas na EAESP, professores brasileiros foram aos Estados Unidos, e
também à MSU, onde desenvolverem conhecimentos específicos em marketing. Entre eles
estava Raimar Richers, considerado até hoje o mais eminente pioneiro na formação do
pensamento brasileiro em marketing (COBRA, 2003; GUERREIRO, 1982; RICHERS, 2000).
Essa descrição define em parte a influência do modelo americano e do paradigma
transacional no pensamento brasileiro em marketing, não pela interferência da MSU na
formação da EAESP, como também pela adoção institucional dos conceitos relacionados a
marketing, definidos pela American Marketing Association AMA, conforme descreve
Guerreiro (1982).
Outro aspecto que caracteriza a influência americana, diz respeito à adesão do governo
brasileiro, de Getúlio Vargas, a um plano de desenvolvimento dos países periféricos,
financiado diretamente pelo governo americano, conforme indicou Covre (1981) e Martins
(1989), chamado Ponto IV. Destacam-se nesse contexto, os primeiros acadêmicos brasileiros
que atuaram no ensino e pesquisa do marketing brasileiro, como os ligados a EAESP, Polia
68
Lerner Hamburger, Orlando Figueiredo, Raimar Richers, Haroldo Bariani, Affonso
Cavalcanti de Albuquerque Arantes, Alberto de Oliveira Lima, Gustavo de Sá e Silva e Bruno
Guerreiro (COBRA, 2003).
Além deles, ainda os da USP, Dílson Gabriel dos Santos, Marcos Campomar,
Alexander Berndt e Geraldo Luciano Toledo, bem como da ESPM, Roberto Duailibi, Otto
Scherb, José Roberto Witaker Penteado, Aylza Munhoz e Francisco Gracioso (COBRA,
2003). Esses profissionais, além da academia, integraram a gestão de empresas particulares de
consultoria e de rias empresas multinacionais, especialmente de origem americana, vindas
ao Brasil a partir da abertura de um plano “desenvolvimentista associado”, do governo de
Juscelino Kubitschek (COVRE, 1981).
Além dos interesses blicos, a associação com as empresas se dava por um efeito
característico da época, que aproximava sobremaneira a academia, as escolas de negócios e os
institutos de conhecimento às corporações, como narra Faria (2007). A geração de
conhecimento destas instituições se caracterizava pela relevância dos temas pesquisados,
freqüentemente adotados por uma imensa maioria das corporações industriais da época, que
buscavam o aprimoramento da técnica, necessária ao geométrico crescimento de suas
estruturas (CHANDLER, 2000).
Somente a partir dessa adesão das empresas americanas, em crescente evolução, ao
setor produtivo é que a indústria nacional começa a estabelecer ações de marketing
propriamente ditas. Destacam-se as do setor alimentício, energia, calçados e maquinários,
conforme descreve Guerreiro (1982). Antes disso as empresas brasileiras tinham um modelo
herdado do império e baseados fundamentalmente na sustentação da economia agroindustrial,
à época regida pela cultura do café, como descrevem Martins (1989) e Mendes e Filipe
(2004).
Figura 2: Origem das Instituições-chave da Produção acadêmica de marketing no Brasil
Fonte: Adaptado de Martins (1989), Richers (2000) e Simões (1980)
193
4
USP
FGV
1936
FEA
1946
Ciência da
Administração”
1947
ESPM
1951
EBAP
1952
EAESP
1954
69
Uma discussão do início do marketing brasileiro dizia respeito ao termo que se
atribuiria nos âmbitos acadêmico e organizacional ao marketing (COBRA, 2003;
GRACIOSO, 1973; GUERREIRO, 1972; RICHERS, 1994; SIMÕES, 1980). Como a simples
transcrição do vocábulo de língua inglesa “marketing”, poderia representar dificuldades de
adesão ao conjunto brasileiro de interessados, buscaram-se outros nomes como
“Mercadologia”, não representativo pela limitação ao âmbito acadêmico, ou “Mercadização
e “Mercadizar”, pouco aceitos devido à estranheza da sonoridade dessa tradução.
Alguns anos se passaram nessa discussão, mas as influências incidentes de culturas
estrangeiras a nossa, e o próprio fluxo da palavra Marketing” sendo bem aceito, acabaram
por definir a adoção do termo original ao fenômeno.
3.4.2 Políticas governamentais e o marketing
Uma revisão dos trabalhos de Richers (1994, 2000), Vendramini e Lima (1977), Lopes
(1977) e Oliveira (2004), torna possível identificar alguns eventos que destacam as políticas
públicas brasileiras como: “Substituição das Importações”, “Plano de Metas”, “Milagre
Econômico”, “Década Perdida”, “Abertura de Mercado” e “Plano Real”. Cada um destes
momentos representa de certa forma, na visão dos autores citados, circunstâncias
intervenientes na formação do pensamento brasileiro em marketing.
Esses eventos nacionais também são capazes de sinalizar a possibilidade de existência
de um pensamento de marketing que possa se caracterizar como brasileiro. Isso pode ser
considerado se refletirmos a partir da concepção de autores internacionais que se engajaram
ao movimento rethinking marketing, citado, que segundo Faria (2006) indica a
possibilidade de geração de conhecimento e conceitos a partir de uma influência cultural,
econômica e social sentida em cada país.
A Substituição das Importações foi uma ação do governo Vargas, particularmente na
segunda fase, entre 1950 e 1954, que visava especialmente à industrialização do país e a
possibilidade de planejamento das organizações, tanto públicas, quanto privadas, dentro de
um contexto econômico capitalista, de caráter dito “autônomo”, segundo seus idealizadores
(COVRE, 1981).
70
Sob essa consideração, tal movimento é apontado como embrionário na formação da
construção acadêmica brasileira em marketing, coincidindo com a evidência das primeiras
instituições de ensino superior, assim como as primeiras iniciativas de gestão visando
melhorias na distribuição, comunicação e comercialização de produtos nacionais
(GUERREIRO, 1982), configurando na época também a melhor “integração da palavra
marketing no vocabulário nacional”, conforme descreveu Richers (2000, p. 4).
O Plano de Metas, descrito por Covre (1981) e Martins (1989), foi uma medida
governamental do governo JK, que visava promover o crescimento nacional, a partir do
crescimento industrial. Sua implantação estimulava a instalação de grandes corporações no
país, admitindo agora um modelo de desenvolvimento dito “associado” (COVRE, 1981), com
instituições públicas governamentais e privadas internacionais, novamente e especialmente
dos Estados Unidos.
O Plano de Metas estabelecia como uma de suas metas a “formação de pessoal
técnico”, o que resultou na liberação governamental para abertura das faculdades isoladas,
considerando a incapacidade pública de instalação de instituições à época (COVRE, 1981;
MARTINS, 1989), e com elas a proliferação dos cursos de administração e, por conseguinte,
o aumento da oferta de disciplinas de marketing.
O resultado disso foi uma acentuada relevância dos temas de marketing (FARIA,
2007). Ampliou-se o espaço para executivos com tal formação acadêmica e ocorreu uma
disseminação das ações e do pensamento, na perspectiva de práticas administrativas, também
em evidência nas empresas americanas da época, especialmente pelo surgimento de obras
seminais do campo de estudo naquele país, descritas anteriormente, que sinalizavam uma
tendência gerencialista.
Com o Plano de Metas, as empresas aqui instaladas entregavam uma infinidade de
novos produtos ao mercado brasileiro, e as ações de marketing eram voltadas para a
divulgação, distribuição e consolidação de marcas importadas, em função da inexistência de
marcas nacionais. Foi a época de destaque da ação voltada para as “vendas” (RICHERS,
2000).
A proliferação abundante e indiscriminada de produtos “enlatados”, especialmente
americanos, provocou outra ação política governamental, baseada em ações de burocratização
e racionalização, que identificava a tentativa do governo brasileiro, a partir da metade da
71
década de 1960, em proteger as indústrias nacionais emergentes na época, ou pelo menos as
de qualquer origem, que estavam efetivamente instaladas no país.
Segundo aponta Covre (1981), essa ação de política pública, apesar de atingir seu
objetivo, provoca um efeito mercadológico indesejado, e as práticas governamentais resultam
em um danoso fechamento do mercado nacional. Muito embora essa fase coincida com o
momento de maior crescimento do país, chamado de “milagre econômico”.
Os desafios impostos aos acadêmicos e praticantes de marketing apontam em duas
direções. A primeira que torna vital, a ação de convencimento dos consumidores brasileiros
em adquirir seus produtos, em detrimento dos importados, antes fortemente presentes nos seus
hábitos de compra. A outra direção apontava para gestão de uma forte retração de consumo,
ocorrida em 1973, com a explosão de uma “crise de energia” inesperada, provocada pela
redução do fornecimento de petróleo no mundo. Esses desafios estimularam a ênfase na
“propaganda” (RICHERS, 1994, 2000).
A década de setenta foi marcada pelo crescimento econômico sustentado por políticas
governamentais baseadas no investimento maciço, especialmente de recursos oriundos de
órgãos internacionais de financiamento. Desde o início dos anos de 1980 esses empréstimos
começam a exercer pressão na economia nacional, provocando recessão e crises constantes e
configurando a chamada “década perdida”, propagada extensivamente em vários artigos,
dentre os quais, um texto importante da história do pensamento nacional de marketing, escrito
por Richers (1994), e uma revisão dessa fase, escrita por Oliveira (2004).
O período turbulento provoca perda do poder de compra, uma “inflação galopante” e
diversos planos econômicos frustrados. A prática de marketing tende a dificuldades, expressas
pelo desgaste do modelo gerencialista, pouco resistente à retração de consumo característica.
Richers (2000) e Oliveira (2004) enfatizam uma fase de abordagem mercadológica no
“produto”.
A situação econômica começa a ser revertida no início dos anos de 1990, primeiro
com a ascensão de governo Collor que, apesar de ter imposto um confisco na poupança do
cidadão brasileiro, reduziu a inflação e promoveu uma abertura de mercado. Essa abertura das
fronteiras nacionais repercute com as oportunidades ao acesso de novas tecnologias e
especialmente de produtos com preços mais acessíveis ao consumidor brasileiro, que
72
readquire com isso capacidade de compra (RICHERS, 2000), mas impõe à gestão de
marketing mais um desafio de consolidação das empresas aqui instaladas.
O enfoque de marketing se volta para ações que abordem o “mercado e uma
reestruturação natural do pensamento começa a emergir no cenário mundial, influenciando o
Brasil, com noções mais claras sobre marketing de serviços e marketing de relacionamento,
conforme descrevem Richers (2000), internamente, e Baker (2005) e Vargo e Lusch (2004),
no contexto global.
Finalmente, dentro dessa retrospectiva analítica das políticas governamentais, o
mercado brasileiro se reestrutura com o Plano Real”. Esse plano estabelece um novo
ambiente em que o consumidor brasileiro, inclusive os das faixas C, D e E, detêm um
razoável poder de compra, e vive a possibilidade de múltiplas escolhas, distribuídas entre
muitos fornecedores, reforçando uma conotação especial da abordagem mercadológica
voltada para o “cliente” (RICHERS, 2000; OLIVEIRA, 2004).
3.4.3 O comportamento do consumidor brasileiro e o marketing
As políticas governamentais, refletidas em medidas econômicas e sociais, acabam por
determinar variáveis intervenientes em todo o mercado. Destaca-se também, uma forte
alteração de comportamento dos consumidores brasileiros no último meio século, influenciada
por mudanças de ordem universal na economia e evidentemente pelas alterações da sociedade
brasileira.
Trabalhos de Richers (1994, 2000), especialmente, mas também de Gracioso (1973) e
Oliveira (2004), entre outros, demonstram que a forma de comportamento dos consumidores
foi alterando seu perfil e isso provocou vieses nas definições adquiridas, que agem
produzindo mudanças na construção de marketing, descritas nas pesquisas e sentidas na
prática organizacional.
Richers (1994) estabeleceu uma classificação do comportamento dos consumidores
levando em conta uma linha do tempo em que foram consideradas as alterações ambientais do
país. Nessa classificação, Richers (1994, 2000) relaciona o comportamento do consumidor em
73
seis perfis distintos: Consumidor “Despretensioso”, “Ávido”, “Judicioso”, “Aflito”,
“Revoltado” e “Ponderado”.
O Consumidor despretensioso é aquele que viveu na década de 1960, quando segundo
Guerreiro (1982), Gracioso (1973) e Simões (1980), o consumo era provido de satisfação das
necessidades a partir da oferta de produtos importados. O nível de exigência deste consumidor
era praticamente inexistente, na medida em que havia pouquíssimas alternativas e por isso não
se observavam aspectos essenciais tais como preço, qualidade, concorrência. O único aspecto
importante na decisão de compra é que o produto substituísse as alternativas arcaicas
apresentadas por produtores nacionais (RICHERS, 1994).
O consumidor ávido, em função das novas condições econômicas do país e dos
trabalhadores, caracterizou-se pelo aumento do poder de compra e o desejo de melhora da
qualidade de vida. Um tempo conhecido como anos dourados” incutia na população uma
vontade excessiva de adquirir produtos que proporcionassem status, como automóveis,
aparelhos de televisor preto e branco e vestuário, entre outros (idem, ibidem).
O consumidor Judicioso surge no fim dos “anos dourados” e com o impacto da crise
energética. uma mudança radical de perfil, o que o torna mais crítico na hora da escolha e
da compra dos produtos de maneira geral. Esse perfil judicioso também se estabelece por
conta das características sociais do país e, segundo Richers (1994) e Oliveira (2004), ele está
posicionado entre as classes A, B e C. Sua faixa etária é um pouco mais elevada que os jovens
consumidores da década dos “anos dourados” em função de uma redução na taxa de
natalidade, típica de momentos de crise e estimulada por políticas governamentais da época.
No caso do consumidor aflito, que surge no início da década de oitenta, ainda com
resquícios do “milagre econômico”, mas abalados por uma nova crise que provoca restrições
de consumo, imposta por poticas governamentais que procuram reduzir o risco de
“explooda economia. Com o aumento crescente da classe média urbana o consumo é
propício, mas o consumidor é mais influente nos mercados porque pesquisa e busca vantagens
o tempo todo.
O consumidor revoltado vive um tempo de crises constantes, apesar do fim da crise
institucional poder ser vislumbrado no inicio da década de 1990. O consumidor, porém, neste
momento é cético com as inúmeras tentativas governamentais de sair da crise, que parece não
ter fim. Compra com muita restrição e desconfiança, pois se sente traído pelo estado, por
74
conta de eventos como a recessão, a inflação e o descontrole dos políticos, os quais julgam
culpados por todos seus problemas (OLIVEIRA, 2004; RICHERS, 2000).
Finalmente o consumidor ponderado, segundo Richers (2000) e Oliveira (2004), é
identificado como o consumidor de nossos dias. Observa melhorias na qualidade de vida, e
retoma um espírito nacionalista, apesar de compras cautelosas de bens duráveis. Por uma
contingência do mercado como um todo, espera receber algo agregado aos produtos,
especialmente serviço e informação (LIMA, 2003; VARGO; LUSH, 2004).
3.4.4 Influência da produção acadêmica em marketing
O pensamento brasileiro em marketing e suas conseqüências nas organizações,
realmente não consolidaram uma característica de identidade própria, devido a forte
influência da literatura internacional sobre nossos acadêmicos durante todo esse meio século
de história. Essa influência foi especialmente americana, muito embora nas duas últimas
décadas a escola européia tenha sido notada, ainda que de forma marginal (FARIA, 2006;
VIEIRA, 1998; VIEIRA; GAVA,2004).
Os professores americanos da MSU, Donald Taylor, Leo Erickson e Dole Anderson e
alguns professores brasileiros envolvidos com os primeiros momentos do pensamento de
marketing no Brasil iniciaram as publicações nacionais com a primeira edição da Revista de
Administração de Empresas da Fundação Getulio Vargas a RAE, em agosto de 1961. No
mesmo esforço editorial de formação de conhecimento, ocorre em seguida a edição da
publicão do Glossário de Marketing, em 1962, como descreve Guerreiro (1982). Poucos
anos mais tarde, o livro específico do estudo do marketing no Brasil, intitulado Administração
Mercadológica – Princípios & Métodos, conhecido na academia de administração como
“tijolão” no ano de 1972 (GUERREIRO, 1982; RICHERS, 1994).
A partir desta origem, como destaca Severino (2000), as revistas de pesquisas
nacionais se fundam nas principais instituições de ensino de administração do país, como a
USP, a UFRGS e a UFRJ, entre outras, compondo um significativo conjunto de ambientes de
divulgação de pesquisas, ainda hoje dominante, conforme Vieira (1998) e Vieira e Slongo
(2003), mas que tem um público muito concentrado em pesquisadores, docentes e acadêmicos
75
cursando administração e cursos afins em instituições superiores de graduação e s-
graduação do Brasil.
Três pesquisas recentes, contudo, destacam a influência do conhecimento importado
no pensamento de marketing brasileiro. Vieira (1998, 1999 e 2000), em trabalhos
apresentados no Encontro Nacional da Associação Nacional de s-graduação e Pesquisa em
Administração - EnANPAD, ressalta três aspectos elucidativos da pesquisa nacional, (1) a
produção acadêmica nacional não serve de referência bibliográfica para autores da área, sendo
as refencias basicamente americanas e européias, (2) as ações empresariais e pesquisa
acadêmica nacional, apesar de reunirem algumas caractesticas nacionais ainda são
consoantes com temas abordados por instituições americanas, como por exemplo, o MSI
(Marketing Science Institute) e (3) o livro de marketing mais importante para o acadêmico
brasileiro é de autoria do autor americano Philip Kotler (1987), que conduz a linha de frente
do atual modelo americano de Marketing.
Um recente inventário da produção científica nacional e uma análise das metodologias
utilizadas, ambos elaborados por Froemming et al., (2000a) e Froemming et al., (2000b) e
publicados na Revista de Administração Contemporânea da Associação Nacional de Pós-
graduação e Pesquisa em Administração, revelou que a quase totalidade das pesquisas
nacionais tem natureza descritiva e expressa resultados que pecam com o rigor metodológico,
o que é notadamente uma disfunção apresentada por modelos importados sem
“nacionalizaçãoadequada.
Finalmente, Cobra (2003) em sua publicão intitulada “Administração de Marketing
no Brasil”, pesquisa os principais livros utilizados na academia nacional, identificando que os
autores estrangeiros (com 7 obras) superam os nacionais (com 4 obras) dentre a lista dos
livros mais indicados, e ainda, que dentre os livros da área efetivamente adotados nas
faculdades, os estrangeiros (com 19 obras) também superam os nacionais (com 13 obras).
Outros trabalhos, ainda, poderiam ser agrupados nessa análise, o que qualificaria mais
a discussão desta abordagem (MELLO, 2006; SAMPAIO; PERIN, 2006; VIEIRA; TIBOLA,
2005; VIEIRA; GAVA, 2004; VIEIRA; SLONGO, 2003). Este agrupamento vai, contudo, ser
identificado em seções posteriores desse trabalho, apresentado na forma de seleção da
publicão nacional de marketing.
76
4 A PRODUÇÃO ACADÊMICA BRASILEIRA EM MARKETING
Para trabalhar no tema selecionado, limites estruturais de pesquisa foram determinados
anteriormente com relação às fontes de geração de conhecimento e desenvolvimento
cienfico e às formas de levantamento, tabulação e análise dessas fontes. Considerando tais
limites, a partir desta seção o trabalho busca descrever elementos da produção acadêmica a
partir da produção cienfica de agentes ligados ao ensino superior brasileiro e as suas
instituições constituídas.
Ordenadamente, como fontes de pesquisa, estão posicionadas as revistas científicas, de
veiculação prioritariamente acadêmica, anais de eventos científicos especialmente ligados a
área de administração e teses e dissertações de cursos de s-graduação em nível “stricto
sensu”, todos com abrangência nos limites brasileiros. Ainda, no final desta seção, algumas
considerações sobre livros editados ao longo do período que abrange a pesquisa são
apresentadas.
Todas essas fontes de consulta estão selecionadas e apresentadas aqui, após a
consideração do grau de importância de cada uma nos meios acadêmicos nacionais. Essa
priorização foi definida pelas indicações de cada um na própria contextualizão histórica
apresentada e também considerando a experiência de alguns professores consultados, tanto
para a orientação do trabalho, quanto em pesquisa de campo posterior.
4.1 REVISTAS ESPECIALIZADAS EM ADMINISTRAÇÃO
As revistas científicas selecionadas são apresentadas baseando-se em uma lista
produzida a partir de uma inferência inicial e após isso, de um pré-teste entre os usuários,
professores de cursos de pós-graduação no país, em cursos de administração e com ligação
direta a disciplinas relacionadas com marketing. Deste trabalho de seleção surgiu a lista
conforme apresentada abaixo:
77
Revista de Administração Mackenzie RAM. É editada desde 2000, pela
Universidade Presbiteriana Mackenzie, com origem em São Paulo. Trata de temas
diretamente relacionados ao campo de administração e está diretamente associada
aos cursos de graduação e pó-graduação (mestrado, doutorado e especializações
“lato sensu”) da instituição. Atualmente tem sua publicação em caráter interativo,
muito embora tenha sido publicada de forma impressa desde sua fundação até o ano
de 2005. A Universidade Presbiteriana Mackenzie está ligada a um instituto
presbiteriano na cidade de São Paulo e desde 1870, desenvolve atividades no setor
de educação, adquirindo ao longo desses anos, tradição e solidez na sociedade
paulistana e brasileira. Tal perfil confere aos alunos egressos da instituição, a
caracterização como executivos com formação adequada para o mundo dos negócios
sem, contudo transpor valores da sociedade. Esse perfil termina por consolidar esta
instituição privada dentro de um grupo característico, que segue a lógica política e
econômica da sociedade, e transfere essa lógica para os trabalhos que publica em sua
revista.
Brazilian Administration Review A BAR. Revista nacional, ligada a um instituto
que congrega a comunidade de cursos de s-graduação no Brasil, a ANPAD, que
será detalhada mais a seguir. Trata-se de uma revista editada e disponibilizada
eletronicamente em língua inglesa, que agrupa artigos ligados à administração e tem
por objetivo ampliar o espaço editorial das fronteiras nacionais para o exterior.
Cumpre o papel de desenvolver as teorias ligadas a área e fortalecer a consolidação
do pensamento, especialmente dentro dos quadros da pesquisa científica nacional.
Com edição originária semestral, disponibiliza atualmente quatro volumes anuais
desde 2008. Tem seu primeiro volume consolidado a partir de Julho de 2004 e
compõe um grupo de outras edições nacionais do mesmo instituto. A revista não
segue uma única tendência epistemológica, por agregar toda a comunidade de
pesquisadores em administração dos cursos de s-graduação do Brasil. Não
obstante, acompanha a lógica de pensamento que é dominante na área, e será
discutida mais intensamente ao longo do trabalho.
Cadernos EBAPE.BR É uma revista eletrônica disponibilizada pela Escola
Brasileira de Administração Pública e de Empresas, a EBAPE, ligada a Fundação
Getulio Vargas, a FGV, com sede na cidade do Rio de Janeiro. Voltada
78
especialmente para atender o composto da escola de ensino de graduação, mestrado
e doutorado, publica artigos ligados à área de administração, especialmente no
âmbito da teoria e pensamento administrativos, de pesquisadores tanto nacionais
como estrangeiros. A revista traz na sua origem de fundação o acolhimento de outras
publicações da instituição superior, fundada em 1952. O resultado atual, é
conseqüência da história editorial da instituição que se inicia com a fundação de sua
primeira revista impressa no ano de 1954, o Caderno de Administração Pública, que
circula até o ano de 1971, quando foi publicada a sua 82ª edição. Essa trajetória
editorial é retomada em 1980 com a publicação de uma nova série que recebe o
nome de Cadernos Ebap, e que segue existindo até 2002, após a publicação de outros
127 volumes. O Cadernos EBAPE.BR, atualmente cumpre o papel de veiculação de
pesquisas científicas e informações a comunidade acadêmica e das organizações
afins, juntamente com outras duas publicações associadas a esse fim na FGV-RJ, a
Revista de Administração Pública RAP e a Revista Portuguesa e Brasileira de
Gestão - RPBG.
Revista Gestão.org Revista eletnica vinculada ao Programa de Pós-graduação
em mestrado e doutorado da Universidade Federal de Pernambuco, a UFPE, editada
desde Janeiro de 2003, que procura atingir o público de graduação, pós-graduação,
pesquisa, extensão e práticas organizacionais. Disponibilizada a dez áreas temáticas
do campo da administração, procura disponibilizar a disseminação do conhecimento
e o debate das idéias, tanto no campo, quanto interagindo com outras disciplinas e
setores afins. Dada as suas origens e uma tendência epistemológica voltada para
reflexões qualitativas, contribui de maneira importante na discussão dos atuais
paradigmas dominantes em teorias de administração e também de marketing. É
dentre as principais revistas do país, a que mais foge das tendências tradicionais da
produção acadêmica nacional. Entre os diferenciais apresentados, ainda destaca-se a
publicação anual os resumos de teses e dissertações do seu Programa de Pós-
graduação em Administração, o PROPAD.
Revista GV-Executivo Revista ligada à Escola de Administração de Empresas de
São Paulo, a EAESP. Essa escola é o braço acadêmico da Fundação Getulio Vargas,
em São Paulo, que compõem instituto importantíssimo na origem do ensino superior
em administração no Brasil. A revista recebe o nome GV-Executivo porque é uma
79
extensão editorial de outra revista desse gênero da EAESP, adequada a padrões de
leitura dirigida aos profissionais nas organizações. A outra revista, apresentada mais
a seguir, a Revista de Administração de Empresas – RAE, sofria uma crise de
identidade por volta de 2000, devido a discussão de sua profundidade cienfica e a
adequação de leitura por outros públicos. A GV-Executivo, então, patrocinada por
parceiros colaboradores veio atender uma linha editorial menos “hermética”. Sua
primeira edição data de outubro de 2002 e assume desde lá um tro editorial
voltado para a leitura sintética e utilitária de seu público principal. A fundação
Getulio Vargas, tem uma marca consolidada de status no ensino nacional voltado
aos negócios. Por conta disso, seus instrumentos, entre eles os editoriais, atendem
especialmente uma tendência das escolas de negócio, voltada para praticantes e
pesquisadores a partir de uma abordagem epistemológica mais funcional e
utilitarista.
Revista Organizações & Sociedade O & S. Ligada a Universidade Federal da
Bahia e seus programas de graduação e pós-graduação em administração. Editada a
partir de uma abordagem epistemológica qualitativa, desde 2000, disponibiliza de
forma impressa e eletrônica suas pesquisas e era até 2006 mais um foco de discussão
crítica das tendências dominantes no campo de estudo.
Revista de Administração Contemporânea RAC. Editada de forma impressa e
também é disponibilizada eletronicamente pela ANPAD, desde 1997. Tem na sua
origem a possibilidade de criar um espaço de pesquisa, discussão e aplicação de
teorias e ainda ações administrativas e organizacionais. Tem se apresentado ao seu
público alvo em edições trimestrais, e algumas outras edições especiais específicas
de alguma linha de pesquisa e é distribuída a todos os associados nas mais diversas
áreas de estudo na ANPAD.
Revista de Administração Contemporânea RAC Eletrônica. Como o próprio nome
destaca, a RAC eletnica é uma revista de veiculação exclusivamente via Internet e
é editada desde o início de 2007 para oportunizar um maior espaço de publicação,
pesquisa e discussão no campo da administração, especialmente por estudantes,
docentes e pesquisadores. Tem características muito próximas da sua revista
originária, a RAC impressa, e acompanha a tendência epistemológica da mesma,
sendo essa, de característica tanto quantitativa quanto qualitativa.
80
Revista de Administração de Empresas RAE. Considerada, no meio acadêmico,
como a mais importante das revistas científicas nacionais no campo da
administração, é editada pela EAESP-FGV, contudo foge significativamente do
centro de negócios que suas peças editoriais compõem. Essa importância e
amplitude se dão especialmente pelo contexto histórico no qual está investida. A
RAE é editada desde 1961 e sua origem editorial faz parte de um projeto de
disseminação dos conhecimentos importados de instituições de ensino e pesquisa a
nível superior dos Estados Unidos. Este projeto governamental e da iniciativa
privada se consolidou, aliás, com o sucesso que a revista teve, especialmente nos
meios acadêmicos e organizacionais, que começavam a surgir na época no país. Os
principais autores da academia de administração do país, e em conseqüência,
também no campo do marketing, tiveram na revista o primeiro espaço de divulgação
de suas pesquisas. Vários docentes, pesquisadores e profissionais de gerência de
empresas nacionais e internacionais aqui sediadas formaram-se lendo artigos
publicados na revista. Raimar Richers, considerado como o principal docente e
pesquisador de marketing no país, desde aquela época, foi um dos pioneiros nessa
publicação de artigos. A revista começa a dividir o espaço de publicação somente
nos anos de 1970, com o aparecimento de outras revistas do gênero, onde se destaca
a RAUSP, citada a seguir. Sua publicação foi organizada para edições trimestrais,
sendo, porém nas décadas de 1970 e 1990 apresentada, por alguns anos, com a
edição de seis volumes anuais.
Revista de Administração de Empresas RAE Eletrônica. A ampla faixa de uso e
consulta da RAE, e a intensa demanda por espaço para publicações de pesquisas
científicas nacionais, possibilitou a ampliação de algumas revistas científicas já
existentes, especialmente por via eletrônica. Uma que se destaca nesse contexto é a
ampliação da revista da EAESP, sendo agora chamada de RAE Eletrônica, editada a
partir do primeiro semestre de 2002. A revista segue a mesma linha da revista
originária e atua em várias áreas de interesse do campo.
Revista de Administração da Universidade de São Paulo RAUSP. Esta revista,
como a maioria das demais apresentadas, também está associada a uma instituição
de ensino superior no país, a Faculdade de Economia e Administração, que
compõem os cursos de graduação, especialização e pós-graduação, dentro da área de
81
ciências sociais e aplicadas da Universidade de São Paulo USP. Este vínculo
transforma essa revista em outra de grande importância e visibilidade da produção
científica nacional. Fundada em 1977, a revista serve para a disseminação e
discussão de temas relacionados à academia de administração e as organizações
públicas e privadas desse campo em todo ps. A RAUSP também é considerada
como pioneira na produção científica nacional, dado o fato de que é substituta de
outras publicações ligadas a USP, desde 1947. Até esse ano existia no país, ligado ao
estado de o Paulo e mantido por seu Departamento de Documentação, no
Departamento de Serviço Público, a revista “Administração Pública”. Com a
transferência por decreto estadual da responsabilidade da publicação para a USP, a
revista passou a chamar-se Revista de Administração e foram então editados 33
números da mesma. Com reformas administrativas ligadas a mudanças
institucionais, a revista teve sua edição interrompida em 1967. As publicações pelo
formato de revista acadêmica foram retomadas pela universidade somente em 1977,
e neste período aberta a outras universidades brasileiras, tornando-se então uma
revista consagrada, até os dias atuais.
Revista Eletrônica de Administração REAd. Compondo o grupo das mais
consideradas revistas no campo de administração do país, esligada ao programa de
administração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a UFRGS. Essa
Revista, que tem o status de primeira revista eletrônica da América Latina, foi
fundada em 1995, com uma edição anual e a partir daí começou seu crescimento,
tornando-se ano seguinte trimestral e a partir de 2007, consolidando publicações
quadrimestrais. Além desse volume editorial, esporadicamente publica edições
especiais, editadas em idioma inglês com veiculação a todos os interessados, dentro
de seu publico recorrente e entre outras instituições internacionais com quem realiza
intercâmbios. A revista é sempre editada também em versão impressa,
posteriormente distribuída pelos editores a bibliotecas nacionais e internacionais,
assim como para pesquisadores importantes ao redor do mundo, especialmente
americanos, para possibilitar a consulta física de seus exemplares.
Das revistas listadas acima, foi produzida uma busca pelos artigos publicados que
tinham relação com a produção acadêmica brasileira em marketing. Selecionados 507 artigos,
a eles foram aplicados os critérios de análise, conforme as referências expostas na
82
metodologia. Tal análise possibilita a apresentação de características dessa produção
acadêmica científica, conforme apresentado nos Quadros 6 e 7. Tais características buscam
identificar da melhor maneira possível o que expressam os artigos, exatamente para atender os
objetivos do trabalho, especialmente no que diz respeito à hipótese central sugerida.
O extenso volume de publicações e o tempo disponível para realização deste trabalho
certamente limitam a análise. Não obstante essa procura ser fiel com os conceitos da
fundamentação teórica até aqui apresentada.
Art. Período Qual. Quant. Ambos Trans Relac PoMo
RAM 33 2000-2008 8 18 7 18 13 2
BAR 5 2005-2007 1 3 1 1 4 -
Cadernos EBAPE.BR
15 2005-2008 9 2 4 4 6 5
GESTÃO.ORG 17 2003-2008 4 3 10 11 3 3
GV-EXECUTIVO
21 2002-2008 5 6 10 14 6 1
O & S 5 2000-2006 1 - 4 2 3 -
RAC 56 1997-2008 5 37 14 35 18 3
RAC-Eletrônica 9 2007-2008 - 6 3 5 4 -
RAE 196 1961-2008 29 88 79 161 23 12
RAE-Eletrônica 11 2002-2008 - 5 5 9 2 -
RAUSP 87 1977-2008 15 38 34 76 11 -
REAd 52 1977-2007 15 16 21 40 7 5
TOTAL 507 1961-2008 92 222 192 376 100 31
Quadro 6: Produção científica em marketing nas revistas nacionais
Fonte: Revistas especializadas conforme lista (website), 2008
No quadro correspondente aparece o número de artigos analisados, o período de
análise, as alternativas de viés metodológico, como sendo qualitativa (Qual.), quantitativa
(Quant.) e ambas as escolhas. Ainda destaca nas colunas seguintes a tendência de pesquisa
aos paradigmas transacional (Trans.), relacional (Relac.) e Pós-modernista (PoMo),
exatamente igual as outras análises de eventos e teses e dissertações, apresentadas mais
adiante.
uma predominância de produção na linha quantitativa/transacional. Se considerado
o fato de artigos produzidos com análise quantitativa e qualitativa, a escolha por
demonstrações quantitativas cresce ainda mais, chegando a conter uma relação pouco superior
a oito artigos, para cada dois escritos por métodos qualitativos.
83
Esta relação não parece desfazer-se no tempo, sendo possível excetuar apenas os casos
das revistas Cadernos EBAPE.BR, que tende mais para escolhas qualitativas, ou O & S e
REAd, que estabelecem equilíbrio entre os métodos.
No caso dos paradigmas, fica bastante claro a intensa abordagem transacional sobre as
outras, sendo que a abordagem relacional predomina nas revistas BAR, EBAPE e O & S e
a pós-moderna aparece de maneira apenas superficial em praticamente todas, excetuando-se
apenas os Cadernos EBAPE.BR, onde a escolha é estabelecida por um equilíbrio entre as três
abordagens. Ainda no caso do paradigma pós-moderno ainda, é importante lembrar que textos
que somente expressavam uma idéia diferente do contexto dos outros paradigmas, foram
selecionados nesse paradigma, não sendo, portanto totalmente caracterizado no referencial
próprio.
uma produção em marketing, por meio das revistas de cerca de dez artigos por ano,
o que representa menos de um por revista. Esse número não é representativo da escolha dos
editores, pois é apenas uma consideração de disponibilidades a cada ano no período
examinado e o número de revistas disponíveis nos primeiros anos era inferior. Para o
entendimento desta opção editorial, analisando cada revista pode-se expressar mais a
realidade. Revistas como RAM, RAC e RAC Eletnica, e ainda a RAE são as que têm mais
freqüência nos temas relacionados a marketing, sendo que a O & S, tem a mais baixa seleção
nesse contexto.
Muito embora o número seja bastante pequeno, considerando as dimensões nacionais
e o alto número de instituições superiores relacionados a temas organizacionais, a
disponibilidade dessas revistas pode ser considerada razoável, especialmente a partir da
década de 2000. Contudo, tal apreciação tem de ser atrelada ao fato de que os autores dos
artigos são componentes, na sua grande maioria, de cursos de pós-graduação nacionais, aos
quais todas as revistas estão associadas.
Na seqüência da investigação e análise de produção acadêmica em marketing, o
Quadro 7 apresenta as principais tendências temáticas dos artigos de marketing,
considerando um grupo de vinte e uma linhas de pesquisa, avaliadas como as mais
recorrentes. Os outros temas são selecionados na tabela dentro de um grupo denominado
“outros”, para possibilitar a sua melhor expressão visual, conforme abaixo.
84
Na próxima seção essas temáticas estão apresentadas novamente, considerando o
perfil e produção dos acadêmicos que atuam na área de marketing. Essas características foram
levantadas através de pesquisa de campo e o questionário com a denominação na íntegra de
cada linha está anexo no final do trabalho, podendo lá ser consultado para esclarecimentos.
R1 R2 R3 R4 R5 R6 R7 R8 R9 R10 R11 R12
Total
Canais
1
-
-
-
-
-
1
2
6
-
6
3
19
Comportamento
6
1
5
-
1
-
11
1
12
3
18
7
65
Comunicação
2
1
-
2
1
1
2
1
23
-
2
3
38
Competências
-
-
-
-
1
1
-
-
-
-
5
1
8
Decisão
1
-
-
-
-
-
-
-
2
-
-
-
3
Preços
1
-
-
-
-
-
-
-
1
1
2
1
6
Estratégias
2
-
2
2
1
1
6
1
25
-
8
3
51
Valor
1
-
1
4
-
-
1
2
2
-
1
2
14
Inovação
-
-
-
-
2
-
4
-
4
1
4
1
16
Marcas
3
-
1
1
3
-
-
-
6
1
3
2
20
Internacional
-
-
1
-
-
-
-
-
10
-
5
1
17
Segmentação
-
-
-
-
5
-
2
-
9
-
2
3
21
Serviços
4
-
-
3
-
1
4
1
10
-
2
-
25
Lealdade
1
1
-
-
-
-
4
-
2
-
-
1
9
Educação
1
-
1
-
1
-
3
1
8
-
3
-
18
TI
-
-
-
-
-
-
1
-
6
-
4
2
13
Conceitos
5
-
3
2
3
-
4
-
15
2
6
8
48
História
-
-
-
-
-
-
1
-
1
-
-
-
2
Relacionamento
2
1
-
-
-
-
6
-
7
-
2
4
22
e-Marketing
2
1
-
1
1
-
3
-
4
1
1
5
19
MSC
-
-
1
2
-
-
-
-
-
1
5
1
10
Outros
1
-
-
-
2
1
3
-
43
1
8
4
63
TOTAL
33
5
15
17
21
5
56
9
196
11
87
52
507
Quadro 7: Temas de marketing abordados nas revistas nacionais
Fonte: Revistas especializadas conforme lista (website), 2008.
Apenas para uma melhor ordenação e visualização do conteúdo das revistas, que
deveriam ter seus nomes descritos na primeira linha do quadro, cada revista está legendada
conforme a ordem abaixo:
R1 - RAM
R2 - BAR
R3 - Cadernos EBAPE.BR
R4 - GESTÃO.ORG
R5 - GV-Executivo
R6 - ORGANIZAÇÕES e SOCIEDADE
85
R7 - RAC
R8 - RAC Eletrônica
R9 - RAE
R10 - RAE Eletrônica
R11 - RAUSP
R12 - REAd
Como apontado, os temas abordados foram relacionados a partir de uma seleção dos
mais recorrentes. Todavia é importante reiterar que sua seleção coincide com os temas
indicados nas principais agendas de institutos de pesquisa de marketing de todo o mundo.
Ainda, destaca-se que os temas mais freqüentes corroboram o resultado de outras pesquisas
nacionais, que servem de referência a esse trabalho e, como se identifica na pxima seção,
também o os mais selecionados pelos pesquisadores nacionais, quando da elaboração de
suas pesquisas em marketing.
A seguir, os resultados de ocorrência de cada tema serão comentados, especialmente
considerando os mais incidentes. Os temas podem ser observados em sua escolha levando em
consideração alguns aspectos específicos como época que foi produzida a pesquisa, relevância
para academia e organizações, circunstância sintomática revelando crise de um paradigma ou
aparecimento de outro e características próprias de cada revista.
O comportamento do consumidor é a linha mais recorrente na produção, refletida nas
revistas, e tem sido ao longo da história fonte ampla de pesquisas, como indicam trabalhos
anteriores de inventário de temas e os pesquisadores nacionais. uma intensificação com o
passar dos anos ainda por conta do avanço do paradigma relacional, dada a interação dos
trabalhos com essa abordagem, com outras disciplinas como sociologia, psicologia e
antropologia, preocupadas especialmente com o comportamento humano e da sociedade. Os
paradigmas mais contemporâneos, aliás, favorecem a escolha desse tema, dada a importância
que o consumidor e o consumo ganham nessas circunstâncias.
As estratégias de marketing, como tema imediatamente mais freqüente, têm incidência
elevada inicialmente na história da produção, por conta da relevância que as pesquisas
carregavam no primeiro momento de aperfeiçoamento da academia e das organizações
nacionais. Nas pesquisas de abordagem transacional, de bastante presença na gestão de ões
86
baseadas no marketing, estratégias representam a configuração da realização da prática.
Mesmo quando avançam os outros paradigmas, mais próximos da atualidade do pensamento
em marketing, as estratégias continuam importantes, agora para articular a viabilização de
novos modelos de relacionamento entre as organizações e o fenômeno do marketing.
As pesquisas que tratam de conceito de marketing também têm uma seleção
importante nas revistas. Tal ocorrência se deve a evolução da área, até em caráter global, pois
na medida em que surgem novas tipologias de marketing, para tratamento específico de ações
com essa abordagem, aumenta a necessidade de apresentação dos novos conceitos.
Outras pesquisas relacionadas com comunicação de marketing, dentro de uma
estrutura de processo e forma, são também bastante observadas, pela vinculação direta que
têm com o conceito de marketing, para uma interação necessária do produtor com o
consumidor. Dentre as revistas apresentadas a RAE é a que mais apresenta trabalhos na linha
de comunicação de marketing. Neste caso o fator relevância é preponderante, que a revista
é a mais antiga dentre as revistas que tratam do tema, e nas suas primeiras edições o tema era
significativamente presente. O marketing, nas suas origens nacionais, tinha até uma relação de
proximidade conceitual com a propaganda, provocando o aparecimento de instituições de
ensino voltadas para esse fim, como destacado na revisão de literatura.
O tema serviços, no âmbito dos processos, satisfação e qualidade, e marketing de
relacionamento, têm também incidência importante. Ambos são atualmente comuns e isso
ocorre devido à amplitude de suas condicionantes, especialmente a partir da evolução dos
outros paradigmas. Quanto às pesquisas sobre serviços, elas evoluem especialmente a partir
da necessidade de agregar valor a bens oferecidos e compartilhar tal valor com a decisão do
cliente. O marketing de relacionamento revela a ppria caracterização teórica definida pelo
paradigma relacional que, a partir dos anos de 1980, ganham projeção na discussão de
marketing e suas interações.
É importante apresentar os motivos da alta incidência dos itens “outros” nos resultados
expressos no Quadro 7. Deve-se considerar, que apesar dos critérios utilizados para a
confecção dessa lista de temas de marketing, não seria possível apresentar todos os temas
discutíveis sobre o fenômeno, e uma boa quantidade de temas teve então de apresentar sua
incidência de forma agrupada. Outro aspecto que motivou esse agrupamento foi a discussão
de vários temas de marketing em um mesmo artigo, sem priorização de algum deles como
87
destaque. Nesse caso foram selecionados também na forma coletiva. Sobre essa priorização,
aliás, cabe ressaltar que o critério de discriminação de tema principal foi estabelecido pelo
entendimento dos termos que eram o principal objeto de estudo em cada pesquisa, pois vários
artigos discutem um tema de marketing, mas consideram marginalmente vários outros na
contextualização do caso e nos resultados.
Finalmente, acerca da análise dos temas de marketing, relacionado com a sua seleção
nas revistas cienficas nacionais, destaca-se que há um efeito de evolução de muitos temas na
medida em que evolui a matriz de paradigmas que fundamentam o pensamento de marketing.
Essa afirmação é possível, pela análise das listas de artigos editados em cada revista,
apresentados de maneira cronológica. Essas listas o estão disponibilizadas no trabalho, nem
na forma de anexo, pois isso inviabilizaria o volume de ginas possíveis a um trabalho de
dissertação.
Se considerarmos os objetivos específicos desse trabalho e a hipótese central
apresentada, algumas considerações a cerca do identificado nas publicações de revista
merecem ser organizadas, agora para fechamento da subseção e posteriormente para auxiliar a
dissertação das considerações finais.
Contados os resultados, identifica-se primeiramente a tendência de viés metodológico
a partir da escolha por análises quantitativas. Tais escolhas revelam uma postura tradicional
dos pesquisadores que realizam a produção acadêmica dirigida às revistas. Desta forma,
considerando o caráter também tradicional de importação de conhecimentos dos
pesquisadores, detectado no referencial teórico e em trabalhos anteriores, se entende a
incidência maior de pesquisa quantitativa.
No caso do paradigma transacional, a tradição também deve ser considerada, contudo,
o rigor científico, acompanhando o mainstream que domina a academia brasileira de pesquisa
na atualidade, também parece influenciar os resultados da escolha transacional. Esse domínio
da tendência ao rigor se observa na escolha metodológica e nos temas que mais aparecem nos
artigos publicados em revistas, por caracterizarem as análises dessa natureza.
88
4.2 EVENTOS NACIONAIS NA ÁREA DE ADMINISTRAÇÃO
Como as revistas nacionais, os eventos dessa abrangência em administração também
o importantes na análise de produção acadêmica do marketing brasileiro. Muito embora,
muitos artigos apresentados em eventos transformam-se posteriormente em artigos de
revistas, essa realidade não contempla a totalidade de seus artigos.
O número de eventos nacionais é atualmente bastante considerável. Todavia, os
principais são os ligados à ANPAD Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em
Administração, que também são os mais antigos na área, especialmente tratando-se do
principal deles, o EnANPAD, que é o encontro nacional de todos os associados e outros
pesquisadores na área de administração no país.
Considerando esse domínio dos eventos apontados, os mesmos são analisados conforme
a lista que segue:
EnANPAD Encontro Nacional da Associação Nacional de Pós-graduação e
pesquisa em Administração. A ANPAD é atualmente a maior associação entre os
pesquisadores de administração do país. Criada em 1976, pelos dez programas de
pós-graduação existentes na época, congrega atualmente 67 programas associados
em todo país, além de outros 8 programas em observação para associação, nas áreas
de administração, turismo e contabilidade. Conta também com cerca de 920 registros
de associados individuais em onze divies acadêmicas. As divisões atuais são nas
áreas temáticas de administração da informação, administração pública e gestão
social, estratégia em organizações, estudos organizacionais, finanças, gestão de
ciência tecnologia e inovação, gestão de pessoas e relações de trabalho, gestão de
operações e logística, marketing, estudo e pesquisa em administração e contabilidade
e finalmente a mais nova divisão de contabilidade. na divisão de marketing conta
com 130 associados, sendo a terceira da associação em número de membros. A
ANPAD representa seus membros e a academia de pós-graduação de marketing em
atividades junto aos órgãos de fomento e ciência do país, integra programas
nacionais, estimula padrão de excelência na pesquisa, incentiva integração de teoria
e prática e estimula capacitação de seus associados, docentes, no sentido de
89
aprimorar capacidades, competências e qualificações na área de administração. No
seu contexto institucional promove a interação global e integra a Business
Association of Latin American Studies BALAS, assim como o Consejo
Latinoamericano de Escuelas de Administración CLADEA. Além dessas
prerrogativas, promove o Teste ANPAD, como a principal ferramenta de seleção de
alunos para os cursos de pós-graduação de todos os estudantes nacionais das áreas
que congrega. A associação também publica, como já referido anteriormente,
revistas científicas para difusão de pesquisas em administração como a RAC, RAC-
eletrônica e BAR. O EnANPAD é o principal evento dentro dos vários que promove
a associação. Ocorrendo anualmente, sempre no mês de setembro, reúne trabalhos
das onze divisões acadêmicas, além de consórcio doutoral, com apresentação de
teses em curso e palestras com convidados nacionais e internacionais ligados ao
ensino e a pesquisa de administração em todo mundo. Em 2007 realizou seu
trigésimo primeiro encontro tendo selecionado para apresentação e discussão um
número superior a 800 trabalhos, sendo que destes, aproximadamente 110 estavam
voltados para temas ligados ao marketing. Os trabalhos de marketing no encontro
ainda são divididos em quatro linhas de pesquisa, organizadas entre os temas
relacionados com tais linhas disponíveis. Atualmente essas linhas da divisão de
marketing são: (1) métodos de pesquisa e teoria em marketing; (2) comportamento
do consumidor; (3) gestão e estratégia de marketing; e (4) marketing em contextos
específicos.
O Encontro de Estudos em Estratégia - 3ES, é realizado pela ANPAD bienalmente,
desde 2003, com organizão e responsabilidade da Divisão acadêmica de Estratégia
em Organizações (ESO). O objetivo principal do evento é auxiliar o crescimento e
consolidação de estudos sobre estratégia no país. Além disso, promover a discussão
entre os pesquisadores das mais diversas correntes de pensamento sobre o tema,
fomentar a produção de temas associados à ação estratégica como gestão
internacional e empreendedorismo e contribuir com as organizações nacionais. As
discussões do evento buscam então apontar posturas estratégicas na direção de
problemas ligados à competitividade, gestão ambiental, ações internas e conteúdo de
gestão, necessárias aos praticantes, se considerados o intenso ambiente de mudanças
e inovações. O evento originalmente foi concebido em conjunto com os programas
de pós-graduação paranaenses da Universidade federal do Paraná UFPR, o
90
CEPPAD e da Pontifícia Universidade Católica do Paraná PUC/PR o PPAD, cujos
tem linhas de pesquisa fortemente centrada em assuntos estratégicos.
O Encontro de Marketing – EMA. Realizado pela ANPAD bienalmente, desde
2004, com organização e responsabilidade da Divisão acadêmica de Marketing
(MKT) da associão, vem corroborar o crescimento e avanço de estudos na área
pelos pesquisadores nacionais. Promove a discussão sistematizada e específica dos
temas em marketing e possibilita a ampliação desse espaço, dado a necessidade de
suprir a lacuna que o EnANPAD, como único evento nacional não conseguia
preencher nos últimos anos. Tem as mesmas características de consulta e acervo dos
outros eventos da ANPAD.
Ainda outros eventos de importância no país, ligados a ANPAD, assim como aos
principais programas em nível de s-graduação em todo país, contudo esse trabalho
seleciona somente o acervo disponível para os três eventos apresentados acima.
As características de produção acadêmica em marketing dos artigos selecionados serão
apresentadas seguindo a metodologia sugerida, acompanhando a estrutura de apresentação das
revistas cientificas, como apresentadas na subseção imediatamente anterior a essa. Para tal
apresentação o trabalho disponibiliza os Quadros 8 e 9, organizados a seguir.
Artigos Período Qual. Quant. Ambos Trans. Relac. PoMo
EnANPAD 472
1997-2007 170
129
173
300
127
45
ES 15
2003-2007 4
7
4
12
2
1
EMA 179
2004-2008 66
37
76
98
64
17
TOTAL 666
1997-2008 240
173
253
410
193
63
Quadro 8: Produção científica em marketing nos eventos nacionais
Fonte: Eventos especializados nacionais conforme lista (website), 2008.
Em uma seleção de seiscentos e sessenta e seis artigos (666), apresentados nos anais
dos eventos, as observações também foram produzidas a partir do viés metodológico e
paradigmas recorrentes no estudo global do fenômeno de marketing. Deste número, cabe
salientar que a seleção acentuada no EnANPAD se deve ao fato deste evento ser o mais antigo
do país e também por apresentar em todas suas edições, praticamente um congresso de
discussão de temas relacionados a marketing, dentro das atividades do congresso maior.
91
A partir de uma análise de eventos nacionais, observa-se que o viés metodológico
utilizado para a construção dos trabalhos ainda tem uma forte característica quantitativa, mas
se apresenta em menor número que artigos qualitativos e de forma mista. Essa inversão, com
relação ao observado em geral nas revistas, pode ser reconhecida por dois fatores distintos.
Primeiramente, os eventos nacionais começam a serem apresentados bem depois das edões
das primeiras revistas, o que determina a seleção de pesquisas formuladas a partir de
diversidade de métodos. Uma segunda observação que indica a redução de números de artigos
exclusivamente quantitativos diz respeito a considerações na relação de rigor e relevância. Em
um período mais anterior no traço longitudinal apresentado no trabalho, a relevância de
resultados puramente positivistas contemplava o interesse dos acadêmicos e praticantes que os
utilizavam. A partir da cada de 1980, observações de rigor exigiam que tais pesquisas
fossem determinadas a partir de bases mais fundamentadas, associando aos elementos de
análise aspectos conceituais e interação com outras ciências.
O crescimento das pesquisas de base qualitativa e mista está relacionado com o uso de
elementos do conhecimento científico, extraídos de estudos do comportamento humano,
sociedade, meio ambiente, relações sociais e geração de valor sustentável. Algumas formas de
abordagem passam a aproveitar mais intensamente elementos teóricos de disciplinas como
sociologia, psicologia, antropologia e outras. Esta tendência apresentada nos eventos não é
uma característica deles por si , dado que esse movimento se reconhece nas pesquisas em
uma dimensão global no mundo, sempre considerando as referências expostas no referencial
teórico.
Ainda é forte, entretanto, a presença de pesquisa quantitativa devido também ao
aumento de análises a partir de considerações decorrentes do uso de procedimentos
estatísticos mais sofisticados, como, por exemplo, formulações com equões estruturais.
Outras pesquisas são realizadas procurando o uso de outras abordagens, mas acabam
sucumbindo a uma dosagem intensiva de elementos quantitativos de análise, especialmente
associadas a modelos matemáticos e operativos importados de outros centros mais influentes,
especialmente americanos e europeus. Nota-se bastante acentuada a presença de modelos do
tipo SERVQUAL, VALUE SHOP, E-S-QUAL, Matriz Trade-off, Quantitative Survey, Brand
Equity, entre outros.
Esta tendência de importação de abordagens, aliás, explica a manutenção de incidência
nas pesquisas apresentadas em eventos, com base no paradigma transacional, que é orientado
92
para a prática gerencialista, historicamente usuária de modelos e matrizes aplicáveis de forma
generalizada a problemas organizacionais diversos. Neste particular o EnANPAD apresenta
uma proporção maior de uso do paradigma transacional, dado do seu tempo de existência e as
questões de relevância para as organizações, conforme já observado.
O tempo de existência dos eventos também serve para explicar o crescimento de
pesquisas com abordagens focadas nos outros paradigmas. No caso do paradigma relacional,
suas origens coincidem com o final da década de 1980 e ao longo da década de 1990 e suas
definições começam a influenciar pesquisadores nacionais a partir de alguns anos após sua
origem, o que coincide com as primeiras edições da maioria dos eventos, exceto o
EnANPAD, que é produzido originalmente dez anos antes.
O paradigma s-moderno se revela a partir dos anos 1990. Em trabalhos nacionais é
percebido principalmente na virada do século. A proporção de um para dez, entre artigos
alicerçados no paradigma pós-moderno e alicerçados em outros paradigmas é notada nos
eventos EnANPAD e EMA, mas é incrementada por artigos que contemplam outros aspectos
além dos de contexto s-moderno, mas que não conferem cronologicamente e
contextualmente com os termos dos outros dois paradigmas. Artigos associados a outras
disciplinas das áreas de ciências humanas e sociais aplicadas, como mencionado
anteriormente, assim como temas que abstraem das outras lógicas dominantes, como
dramaturgia e sensações, são selecionados aqui como sendo de abordagem pós-moderna,
seguindo a similaridade aos contextos apresentados no referencial teórico.
Os eventos refletem pesquisas que se encontram em um tempo, que esse trabalho pode
reconhecer como de “meia-idade” da produção. tulos de trabalhos apresentados nos eventos
coincidem ou assemelham-se com artigos de revistas editadas posteriormente ou ainda com
teses e dissertações desenvolvidas anteriormente.
Essa solução de continuidade explica a intensa publicação em eventos como os
citados, dado que esse espaço de divulgação é a oportunidade preliminar de apresentação de
linhas de pesquisa para discussões preliminares, que se transformam em publicações
definitivas no futuro. As publicações definitivas são consideradas pelas instituições de
fomento nacional como sendo as revistas científicas da área e ainda, livros texto e de temas
específicos.
93
EnANPAD
EMA 3ES Total
Canais 29 5 - 34
Comportamento
63 35 2 98
Comunicação 28 31 - 59
Compencias 4 1 - 5
Decisão 2 1 - 3
Preços 10 3 - 13
Estratégias 33 14 6 50
Valor 9 4 1 14
Inovação 7 6 - 13
Marcas 25 19 1 44
Internacional 5 1 2 6
Segmentação 25 5 - 30
Serviços 47 15 - 62
Lealdade 10 4 - 14
Educação 28 8 - 36
TI 6 2 1 9
Conceitos 14 3 - 17
História 1 1 - 1
Relacionamento
23 4 1 28
e Marketing 31 8 - 39
MSC 10 5 - 15
Outros 62 5 1 67
TOTAL 472 179 15 666
Quadro 9: Temas de marketing abordados nos eventos nacionais
Fonte: Eventos especializados nacionais conforme lista (website), 2008
De uma forma geral, o Quadro 9 tem dimensões de predomincia de temas muito
semelhantes a todos os apresentados aqui e coincide com as referências para esse trabalho,
confirmando a tendência da pesquisa nacional. Especificamente algumas observações podem
corrigir pequenos detalhes observáveis, que podem revelar características editoriais nos
eventos, circunstanciadas no seu tempo e formato.
Comportamento do consumidor permanece sendo o tema mais abordado seguindo a
tendência da pesquisa global. Tal tema ainda poderia ser mais incidente se aspectos como
lealdade, valor percebido, marcas e segmentos fossem analisados a partir dos comportamentos
que os promovem e se ainda, o houvesse no quadro células específicas para tratamento
desses outros temas.
Percebe-se a predominância de outros temas como serviços, estratégias, comunicações
e e-marketing. Estes temas ainda evoluem na seleção se considerado o aspecto temporal, dado
que na medida em que os paradigmas avançam, suas circunstâncias favorecem tais temas.
94
Um aspecto observado é a baixa incidência de escolhas nos temas ligados à história do
marketing, dado a aspectos apresentados nesse trabalho. O tema relacionado a perspectiva
histórica não tem correspondência natural com a relevância buscada por pesquisas de
abordagem transacional e a abordagem relacional contempla temas de serviço, relacionamento
e educação, sem contudo situá-los no contexto histórico.
A história tem mais espaço no paradigma s-moderno, também conforme a
referência. Tal seleção, todavia, não é muito destacada de maneira geral nas pesquisas. As
pesquisas pós-modernas desenvolvidas refletem mudanças do presente para o futuro,
desconsiderando ou suprimindo, no caso das observações feitas, elementos do passado.
Os eventos também revelam uma tendência de viés quantitativo, apesar de que
combinado com trabalhos de viés qualitativo. Tal tendência pode expressar a natureza dos
trabalhos, especificamente no formato em que são apresentados a eventos.
O paradigma transacional porém se mantém forte quanto aos conteúdos apresentados
em trabalhos de eventos, mantendo o caráter de fortalecimento de importação de
conhecimento, ao qual sinaliza a hipótese central do trabalho.
4.3 TESES E DISSERTAÇÕES
Outra fonte de consulta para a análise da produção acadêmica brasileira em marketing,
tomada no trabalho, foram as teses e dissertações desenvolvidas para conclusão de mestrado e
doutorado nos programas de pós-graduação existentes no país. Essa decisão de escolha
procura contemplar a pesquisa na sua primeira origem de produção, posto que a natureza de
tais trabalhos os caracterize como sendo a primeira intenção de alise e discussão em um
esforço de pesquisa e produção acadêmica.
Estes trabalhos, por serem pré-requisitos de obtenção de tulo de formação, são
desenvolvidos obrigatoriamente, mas não tem necessariamente solução de continuidade na
direção de uma publicação definitiva ou apresentação à comunidade acadêmica em geral.
95
Durante a busca desse material, essa descontinuidade se revela quando se percebe a
pouca disponibilidade de registros completos desses trabalhos. Os programas de s-
graduação onde eles são desenvolvidos, muito embora devessem mantê-los no acervo de suas
bibliotecas, negligenciam invariavelmente com freqüência tal ação.
Essa deficiência nos registros completos, aliás, acaba estabelecendo um limite ao
trabalho de análise aqui proposto. Algumas teses e dissertações foram analisadas através de
uma leitura detalhada, enquanto outras pelo resumo que apresentam nas páginas iniciais do
trabalho. Uma quantidade significativa delas, porém, pôde ser selecionada e analisada a
partir de seutulo e no conteúdo das palavras-chave que as compõem.
A seleção dos programas foi resultado então da percepção do pesquisador, as
orientações transmitidas e de refencias tomadas em outros trabalhos desenvolvidos na
mesma linha deste.
Os programas selecionados estão entre os mais importantes do país e representam essa
importância tanto pela produção que oferecem à academia nacional, quanto pela sua história,
contada pela maior antiguidade no cenário da pesquisa e ainda pela presença em seus quadros
docentes de pesquisadores com maior visibilidade acadêmica no país. Tais programas são
apresentados brevemente em suas características, conforme segue.
Programa de Pós-Graduação da Escola Brasileira de Administração Pública e de
Empresas da Fundação Getulio Vargas do Estado do Rio de Janeiro
EBAPE/FGV-RJ. No contexto histórico a que se propõe este trabalho a EBAPE
tem papel especial. O Curso de administração pública da EBAPE foi instalado no
Brasil, por iniciativa do governo Federal em 1952 e se caracteriza como o primeiro
curso superior em administração do país e também da América Latina. Nos anos
de 1960 já instala o curso de mestrado em administração pública e em 1990 amplia
o nível de s-graduação com a instalação do doutorado em administração.
Atualmente ainda conta com mais um curso de administração em gestão
empresarial e mantém a posição acadêmica de importância na área de s-
graduação no campo da administração pública e privada. Conta com alunos em
todo país e estabelece integração com instituições de ensino superior em todo
mundo, especialmente na América, onde é membro do Consejo Latinoamericano
de Escuelas de Administração CLADEA, do Centro Latinoamericano de
96
Administración para el Desarrollo – CLAD e da International Association of
Management Development Associations INTERMAN. É um dos membros
fundadores da ANPAD e nesse contexto compõe uma das instituições mais
importantes. Nas pesquisas e ensino de marketing oferece possibilidade de
formação a seus s-graduandos e dispõe das disciplinas de gestão de negócios e
negócios digitais. Dentre seus docentes, alguns têm dedicação a pesquisa, ensino e
extensão em marketing como os professores Alexandre Faria, Eduardo André
Teixeira Ayrosa e Delane Botelho
Centro de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração da Universidade Federal
de Minas Gerais CEPEAD/UFMG. Vinculado a Faculdade de Ciências
Econômicas da UFMG, conta com um programa de mestrado em administração
desde 1972 e com doutorado em administração desde 1994. Ainda possui mestrado
em administração com abrangência interinstitucional a partir de 1997, com as
instituições de Montes Claros em MG, em Vila Velha, no ES em 1999 e no estado
do Amazonas desde 2000. Ainda na linha interinstitucional, visando o
desenvolvimento empresarial, compõe juntamente com empresas como Cemig,
Banco do Brasil e Usiminas, grupos de formação de profissionais para a gestão das
organizações em várias áreas. titulou em seus cursos número superior a 500
mestres e doutores em administração. Dentre as áreas de concentração que atua,
estabelece uma especifica em Marketing, onde desenvolve pesquisas na linha de
comunicação mercadológica e comportamento do consumidor. Nessa perspectiva
oferece atualmente no mestrado e doutorado em administração as disciplinas de
gerência de comunicação, pesquisa mercadológica, gerência de produtos,
psicologia social do comportamento do consumidor, marketing de serviços,
marketing de relacionamento, teoria de marketing, comportamento do consumidor
e estratégia de marketing, marketing global, logística e gerenciamento de cadeias
de suprimentos, modelagem de sistemas logísticos, tópicos avançados em
mercadologia e administração estratégica e seminário em mercadologia e
administração estratégica. Dentre os professores do programa conta com Carlos
Alberto Gonçalves, Jo Edson Lara, Marlusa Gosling e Ricardo Teixeira Veiga
dedicando-se a pesquisa, ensino e extensão em marketing.
97
Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal de
Pernambuco PROPAD/UFPE. Instalado em 1995, já compôs sua primeira turma
de mestrado neste mesmo ano, consolidando o doutorado a partir do início da
década de 2000. Atua na pesquisa, ensino e extensão de temas ligados a
administração e especificamente na linha de marketing oferece ensino e pesquisa
através das disciplinas de comportamento do consumidor e teorias de marketing.
Seus professores voltados para o tema específico de marketing são Salomão
Alencar de Farias, Sérgio Carvalho Benício de Mello e Fernando Gomes de Paiva
Junior.
Programa de Pós-Graduação em Administração da Faculdade de Economia e
Administração da Universidade de São Paulo PPGA/FEA-USP. No contexto
histórico nacional e do ensino e pesquisa em administração a USP é certamente
uma das principais instituições de ensino superior do Brasil. Conjuntamente com
outras instituições funda em 1975 a ANPAD. Neste contexto da s-graduação,
em nível de mestrado, doutorado e s-doutorado, transforma-se na maior
instituição nacional da área de administração superior. Com área de concentração
em marketing e várias linhas de pesquisa, o curso se desenvolve dentro da
instituição com a instalação do Programa de Marketing - PROMARK em 1985.
Atualmente, dentro da área de marketing o programa fornece oportunidade de
pesquisa e ensino nas disciplinas de tópicos de marketing; comportamento do
consumidor; marketing social; marketing estratégico; estratégia de comunicação e
venda; estratégia de produtos e novos produtos; marketing de varejo e de serviços;
marketing global; sistema de informação de marketing e pesquisa de marketing;
marketing empresarial; análise, planejamento, controle e gestão simulada de
marketing e teoria avançada de marketing. Tem no quadro de docentes um
considerável número de professores de marketing, com projeção nacional e
internacional, como Geraldo Luciano Toledo, José Augusto Mazzon, José Augusto
Guagliardi, Flávio Torres Urdan, Edson Crescitelli, Fauze Najib Mattar, Nelson
Barrizzelli, Celso Cláudio de Hildebrand e Grisi, Lino Nogueira Rodrigues Filho,
Marcos Fava Neves, Ana Akemi Ikeda, Dílson Gabriel dos Santos e Marcos
Cortez Campomar.
98
Instituto de s-Graduação de Pesquisa em Administração da Universidade
Federal do Rio de Janeiro COPPEAD/UFRJ. Tendo suas bases lançadas em
1971 por um grupo de engenharia da produção da Coordenação de Programas de
s-Graduação em Engenharia, o COPPEAD nasce com o espírito projetado no
modelo americano das Graduate Business Scholl e procura implantar o conceito de
escolas de negócio no Brasil. Em 1973 passa a funcionar seu curso de mestrado em
administração de empresas, evoluindo com o curso de doutorado em 1989.
Participante da fundação da ANPAD estabelece seu perfil de escola internacional,
refletido nas áreas de concentração de marketing e negócios internacionais,
agregadas ao mestrado e doutorado de administração. É considerado, pelas
circunsncias apresentadas uma das mais importantes escolas nacionais
oferecendo nas linhas de ensino e pesquisa de marketing as disciplinas de
marketing, pesquisa de marketing, comportamento do consumidor, antropologia
social, teoria de internacionalização e plano de negócios. Seu grupo de docentes e
pesquisadores em marketing, é composto pelos professores Ângela da Rocha,
Everardo Rocha, Letícia Moreira Casotti, Sergio Henrique Hudson de Abranches e
Victor Almeida.
Programa de s-Graduação em Administração da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul PPGA/UFRGS. Instalado desde 1972 na estrutura da Escola de
Administração da UFRGS, o programa evolui a partir da instalação do mestrado
em administração pública e de empresas, neste mesmo ano. Consecutivamente
instalou cursos de especialização em administração em 1985, o curso de doutorado
em administração em 1994, e os cursos de mestrado interinstitucional, com outras
instituições de ensino superior, em 1996, mestrado executivo em 1998, e
finalmente em 2005 o curso de doutorado interinstitucional, sendo esse o primeiro
com esse grau de interação no país. O PPGA, também associado ao CLADEA,
ainda faz parte do Business Association of Latin American Studies BALAS e
outras instituições nacionais e internacionais de fomento, cooperação e pesquisa
em administração. É um dos membros fundadores da ANPAD. Na sua estrutura
curricular estabelece no marketing uma de suas áreas de conhecimento, oferecendo
disciplinas de evolução do pensamento em marketing, administração de marketing
e teoria em marketing, contando para isso com os professores Carlos Alberto
99
Vargas Rossi, Cristiane Pizzutti dos Santos, Fernando Bins Luce, Luiz Antonio
Slongo e Walter Meucci Nique.
Outros programas deveriam incluir essa lista, especialmente o programa de pós-
graduação da Escola de Administração de Empresas do Estado de São Paulo da Fundação
Getulio Vargas – EAESP/FGV e o Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração da
Universidade Federal do Paraná CEPPAD/UFPR. A ausência de tais programas na lista se
deve ao fato de que tais programas não disponibilizam em seu portal eletrônico o acervo de
teses e dissertações dos cursos de mestrado e doutorado, que é o elemento principal de análise
desse trabalho.
A EAESP/FGV, também no contexto histórico é juntamente com o PPGA/USP e a
EBAPE/FGV-RJ uma das escolas pioneiras no estudo de administração do Brasil e tem a
importância de ter introduzido de maneira oficial os primeiros esforços de ensino e pesquisa
da produção brasileira de marketing.
Quanto a CEPPAD/UFPR, além de se constituir em um dos principais programas de
pós-graduação do país, ainda merece destaque desse trabalho por ser a mais importante
instituição de formação superior em administração do estado do Paraná, onde está a origem
desse trabalho. Um contexto regionalizado não é o foco principal de abordagem do trabalho,
porém seria interessante para um cruzamento de análises e sugeriria trabalhos futuros nesse
sentido.
Esforços estruturais de pesquisa foram desenvolvidos para inclusão das instituições,
com visitas diretamente em cada uma delas e com contatos com sua administração, contudo
tais esforços não obtiveram retorno até esse momento da organização do trabalho. Na
EAESP/FGV a principal limitação foi à impossibilidade de visitas à biblioteca da instituição e
a indisponibilidade dos trabalhos por meio eletrônico. Da CEPPAD/UFPR, se teve a
informação de que o acervo de teses e dissertações ainda não está disponíveis para consulta de
maneira apropriada no website do programa.
Os Quadros 10 e 11, a seguir apresentam a análise das teses e dissertações dos
programas de pós-graduação listados e seguem a mesma característica de análise
desenvolvida anteriormente nas revistas nacionais e nos anais de eventos nacionais. Para a
análise foram listados quinhentos e quarenta e oito (548) trabalhos concluídos, contudo esse
100
número não representa a totalidade produzida nos programas devido à indisponibilidade de
todo o material, especialmente os mais antigos, pelos programas.
T & D Período Qual. Quant. Ambos Trans. Relac. PoMo
EBAPE 55
1997-2006 11 25 19 42 10 3
UFMG 32
2000-2008 - 17 15 28 4 1
UFPE 27
1998-2006 4 6 17 17 10 1
USP 60
2000-2008 6 24 30 53 6 1
UFRJ 209
1981-2007 52 61 96 166 25 18
UFRGS 165
1977-2002 59 58 48 126 33 6
TOTAL 548
1977-2008 132 191 225 432 88 28
Quadro 10: Produção científica em marketing nas teses e dissertações
Fonte: Programas de Pós-graduação da IES conforme lista (website), 2008.
Novamente, como ocorre nas publicações em revistas científicas, se observa uma
predominância na escolha de um viés metodológico quantitativo nas teses e dissertações
apresentadas em praticamente todos os programas. Essa maior escolha não se revela nos
trabalhos do PPGA/URGS, onde os três métodos estabelecem um aparente equilíbrio. A
predominância do trabalho quantitativo aqui pode ser explicada tanto pelo fator cronológico,
quanto pela natureza desse tipo de trabalho em si mesmo. Cronologicamente é possível inferir
que muitos trabalhos foram produzidos em um tempo na história em que a escolha
quantitativa era evidente. Por outro lado, a própria natureza de pesquisa nessa fase, de tese e
dissertação, tem uma característica de análises e resultados a partir de trabalho empírico e
com pesquisa de campo, posteriormente analisados estatisticamente ou por modelos que usam
uma abordagem mais positivista, utilitarista e, portanto quantitativa.
A natureza positivista dos trabalhos também pode justificar a ampla escolha do
paradigma transacional, esta consideração é atribuída a dois fatores observados durante a
análise das teses e dissertações. Primeiro deve-se considerar a ppria natureza de produção
acadêmica brasileira em marketing, predominantemente voltada a ações organizacionais,
utilizando para isso conceitos, contextos e modelos importados de uma cultura voltada para
organizações, especialmente de origem americana.
Uma segunda circunstância que encaminha o paradigma transacional se reflete nos
cursos pós-graduação de administração, com muitos títulos vinculados diretamente a
pesquisas em organizações em todo país. É bastante comum que os trabalhos sejam feitos no
101
sentido de atender demandas originárias dessas organizações que buscam resolver e discutir
problemas de gestão das mesmas. São comumente encontrados pesquisas de campo e estudos
de casos de organizações específicas, de onde provavelmente se originam os pesquisadores.
Os trabalhos de abordagem relacional e pós-modernos listados no Quadro 10, com
relação de ocorrência bem inferior aos transacionais, parecem ser explicados exclusivamente
pelas tendências sintomáticas de crise no paradigma transacional, especialmente observadas a
partir da década de 1990.
Outra contingência observável é a característica embrionária da pesquisa científica,
presente nas teses e dissertações, na medida em que denotam os primeiros movimentos de
pesquisa de vários temas. Um cruzamento entre os títulos de teses e dissertações com anais de
eventos e posteriormente com publicações em revistas demonstra que o embrião de pesquisa
nem sempre implica em continuidade da mesma.
A continuidade da pesquisa, que se transforma em fator influente na totalidade da
produção acadêmica nacional, parece ser contemplada efetivamente quando está
diretamente relacionada com a área de concentração e as linhas de pesquisa dos programas de
pesquisa e pós-graduação que as acolhem. Os trabalhos que visam a exclusiva atenção a
problemas de gestão das organizações de origem dos pós-graduandos parecem ter fim em si
mesmos, não contribuindo na evolução da construção acadêmica futura.
Especificamente, sobre o Quadro 11, as observações e análise indicam que a escolha
dos temas para desenvolvimento de teses e dissertações de mestrado e doutorado pelos
pesquisadores envolvidos atendem a uma tendência geral, já observada tanto em outras fontes
de pesquisa, quanto nas agendas dos institutos nacionais e especialmente internacionais de
ensino, pesquisa e extensão. Essa seleção de temas indica também a escolha por temas que
atendem problemas e ações identificáveis no ambiente organizacional.
102
EBAPE UFMG UFPE USP UFRJ UFRGS TOTAL
Canais 2 - 1 2 7 12 24
Comportamento
6 3 8 10 42 33 102
Comunicação 5 6 1 3 14 7 36
Competências - - - - 2 5 7
Decisão 1 - - - - - 1
Preços - - - 1 3 - 4
Estratégias 5 1 - 9 22 26 63
Valor 1 3 1 3 - 2 10
Inovação - 2 - - 2 6 10
Marcas 3 2 1 5 4 1 16
Internacional 1 - - - 11 5 17
Segmentão 3 1 - 2 9 5 20
Serviços 2 2 2 4 25 18 53
Lealdade 2 1 - 1 2 1 7
Educação 1 - - - 1 7 9
TI - - 1 2 1 2 6
Conceitos 3 1 - 1 12 5 22
História - - - - - - -
Relacionamento
8 3 7 5 8 12 43
E Marketing 4 3 3 4 9 6 29
MSC 2 1 - - 6 - 9
Outros 6 3 2 8 29 12 60
TOTAL 55 32 27 60 209 165 548
Quadro 11: Temas de marketing abordados nas teses e dissertações
Fonte: Programas de Pós-graduação da IES conforme lista (website), 2008.
Na ordem de prioridade para a escolha observa-se a predominância de temas como
comportamento do consumidor, estratégias de marketing, marketing de serviços, marketing de
relacionamento e e-marketing. Essa escolha se reflete tanto pela relação de tempo de
existência dos programas, quanto pelas tendências de pesquisa que o se consagrando com a
discussão dos sintomas de crise do paradigma transacional. Essa relação entre temas e
sintomas de crise, porém, não foi observada isoladamente no trabalho, considerando a
limitação de tempo para sua execução.
Novamente, pode-se observar a baixa intensidade de temas relacionados com
marketing hisrico. No caso de teses e dissertações essa seleção é nula. Isso é um indicativo
forte da predominância transacional. Em abordagens Pós-modernistas, quase imperceptíveis
nas teses e dissertações, temas como hisria, educação e conceitos seriam mais freqüentes,
que podem tratar de fundamentar a explicão de fenômenos a partir da formação da
sociedade, entendimento das relações e formação dos agentes envolvidos.
103
Alguns trabalhos, quando analisados individualmente, são descritos como pesquisa
qualitativa ou mista, contudo refletem as considerações finais, a partir de resultados
quantitativos obtidos em pesquisa de campo. Apesar do registro de conceitos e definições no
referencial teórico, esses elementos não são utilizados para fundamentar as ocorrências e
tampouco têm influência na construção das considerações, servindo apenas para tornar
assertivas as conclusões tomadas a partir de uma análise estatística descritiva ou correlação
matemáticas das distribuições de ocorrências.
Como as outras fontes, aspectos tradicionais e tendências associadas à relevância, as
teses e dissertações encaminham a confirmação da hipótese central, que afirma a importação
de conhecimentos, para sua produção.
4.4 LIVROS EDITADOS NO BRASIL
Uma das fontes mais efetivas na produção acadêmica em qualquer área de
conhecimento são os livros editados no país e no exterior, disponíveis nas bibliotecas das
instituições, ou ainda, no acervo pessoal dos pesquisadores. Tal instrumento se revela bastante
importante nos três ambientes de formação acadêmica, quais sejam ensino pesquisa e
extensão.
Ao longo do período longitudinal da pesquisa, livros editados têm sido fonte de
referência para a produção científica brasileira de marketing, sendo superados em seu uso
somente por artigos editados em revistas científicas internacionais disponíveis aos
pesquisadores nacionais, conforme consulta efetivada para esse trabalho. Contudo a utilização
desses livros para pesquisa não representa a única importância de analisá-los no trabalho. O
surgimento de algumas obras com edição definitiva, e a influência que os mesmos exercem
nesse momento, também são de extrema importância para o entendimento da produção
acadêmica. A seguir o trabalho expõe alguns livros e seu surgimento no meio editorial
brasileiro, para assim discutir o entendimento de sua influência.
Entende-se que a publicão definitiva de um livro e seu lançamento no mercado
editorial tem por objetivo principal a pesquisa e o ensino. No caso brasileiro, como
demonstrado no referencial teórico e nas apresentações e análise do próximo capitulo, os
104
livros editados parecem marcar mais sua importância nas ações de ensino, especialmente
ligadas aos cursos de graduação das instituições de ensino superior. O contexto histórico da
produção e edição de livros no Brasil determina o porquê dessa importância concentrada.
Nesse trabalho, a análise que se produz é concentrada em livros que tenham
vinculação com os temas de marketing. Deve-se salientar, ainda, que essa pesquisa histórica
da bibliografia nacional toma uma amostra muito pequena dos livros editados devido ao
número incontável de livros ligados a marketing que foram disponibilizados ao longo do
período longitudinal escolhido. Essa amostragem pequena serve muito mais para discutir uma
linha objetiva da construção histórica da produção acadêmica brasileira de marketing, do que
para apresentar um inventário da editoria de livros propriamente dito.
Como anotado anteriormente, o primeiro livro editado no país, que fazia referencia ao
tema de marketing foi a obra intitulada “Ciência da Administração" escrita pelo Professor
Álvaro Porto Moitinho em 1947. De uma forma visionária, o autor buscou referências
internacionais, especialmente americanas, do conceito de marketing e tratou o fenômeno pela
primeira vez pelo nome de “mercadologia”. O autor além de apresentar o nome, que mais
tarde seria motivo de discussão entre os acadêmicos pioneiros na pesquisa de marketing,
conceituou e definiu a atividade no campo da administração, assim como apresentou as
definições de suas funções básicas nas organizações.
Com o passar dos anos, quando a academia brasileira de administração concentrava
ensino e pesquisa na área de marketing, surge a necessidade de edição de livros que
agrupassem mais efetivamente os conceitos e definições da área. As publicações disponíveis
para pesquisa ainda eram de origem internacional, o que dificultava o acesso e a
compreensão, devido à publicação em idioma estrangeiro.
O Centro de Pesquisa e Publicações da EAESP/FGV, agrupando os professores
estrangeiros, consultores da produção acadêmica em ensino e pesquisa, com outros
professores nacionais, pioneiros no envolvimento com os temas de marketing, tomou então
para si a responsabilidade de publicação de livros e artigos voltados para o ensino e pesquisa
em marketing, com características editoriais eminentemente nacionais. Dessa iniciativa se
explica a importância histórica da instituição, como referido.
A estratégia inicial do grupo editorial foi o desenvolvimento de três fontes de
pesquisa. A Revista de Administração de Empresas, RAE, com artigos nacionais e
105
estrangeiros dirigidos a pesquisa de marketing. A publicação de um Glossário de Marketing,
editado em 1962, dando noção aos termos utilizados na produção em marketing, com origem
especialmente do idioma inglês e com traduções antes contradirias. A publicação do
primeiro livro nacional, primeiramente em artigos extraído de artigos da RAE, que tratava
prioritariamente dos temas de marketing, se inicia na década de 1960, intitulado
“Administração Mercadológica – Princípios & Métodos” com publicação definitiva em 1972.
Neste contexto originário da produção acadêmica brasileira de marketing, apresentam-
se originalmente os artigos pioneiros da RAE. Considerando que a maioria dos autores desses
artigos é de docentes que militavam na EAESP/FGV, fica definida a importância desta
instituição. Destaca-se ai a importância da edão do Glossário de Marketing e do primeiro
livro editado, conforme apresentado acima, também produzidos pelo grupo de docentes da
mesma instituição.
Os artigos da revista, contudo, têm uma influência destacada, por comporem o
material da publicação do primeiro livro. O livro, na época tratado entre os acadêmicos que o
usavam pelo apelido de “tijolão”, dado o seu volume conter mais de mil páginas, foi
produzido integralmente através de excertos da revista. Os autores dos artigos eram todos
integrantes do grupo pioneiro da fundação da instituição. Eram eles, portanto os precursores
dos conteúdos de marketing em todo país.
Os objetivos e conteúdos nele apresentados refletiam exatamente o pensamento
americano sobre os conceitos de marketing através de cinco pontos principais baseados em:
(1) conceitos de marketing; (2) apresentação de mercado, em relão às forças externas; (3)
instrumentos da função de marketing e seu controle; (4) problemas específicos do mercado
brasileiro; e (5) cenários futuros do marketing.
Exemplificando essa tendência, abaixo são apresentados outros livros editados no país,
com autores estrangeiros, e suas caractesticas temáticas. Tal lista compõe a realidade do
pensamento de marketing que se desenvolvia nas pesquisas e na docência voltada aos cursos
de graduação e as organizações nacionais.
1. HEIDINGSFIELD, Myron S. & BLANKENSHIP, Albert B. Marketing -
comercialização. Rio de Janeiro: Fundo de Cultura, 1963. Professores de
universidades americanas em Temple e Columbia, desenvolvem à época trabalhos
de ensino acadêmico e gestão de empresas americanas. A curiosidade a respeito da
106
obra é exatamente o subtítulo. Os autores reproduzem uma obra americana de
titulo marketing, mas a edição em português precisa carregar o termo
“comercialização” em função da confusa polêmica que o termo marketing ainda
trazia na academia nacional de marketing.
2. HOWARD, John A. Mercadologia (Marketing). Rio de Janeiro: Zahar Editores,
1969. Apresenta uma teoria de marketing tratada por ele como “teoria da
organização e mercadoria” e indicava tal teoria como fundamental para as práticas
de decisão do comprador e do administrador. Mais uma vez, traz o entendimento
de que o marketing ainda carecia de uma discussão mais aprofundada. Com a
mesma intenção esclarecedora, traz em sua capa dois termos conceituais, desta vez
utilizando o próprio termo “(Marketing)” no segundo plano.
3. MARTING, Elizabeth. A função de marketing: modernas técnicas de
administração empresarial. Salvador: EDEB, 1973. Desta vez, a própria
American Marketing Association AMA dos Estados Unidos, associada com um
de seus membros no Brasil, a Management Center do Brasil, edita em dois
volumes, uma organização com quarenta e sete (47) artigos de professores,
pesquisadores e executivos americanos contendo programas e técnicas para a
formação de gestores organizacionais. A partir do significado de marketing, como
sendo uma das bases de ação da AMA, desenvolve intensamente o modelo
americano.
A partir da publicação do “tijolão” e de sua penetração no mercado editorial brasileiro,
pelo intenso uso nas instituições de ensino superior no Brasil, outros livros de autoria de
acadêmicos nacionais começam a estabelecer certo destaque. E o modelo gerencialista e
funcional, determinado pelo paradigma transacional se destaca em todos eles. O trabalho
apresenta alguns destes livros pesquisados em bibliotecas nacionais, considerado o destaque
que tenha exercido em sua época.
1. CHALMERS, Ruy B. Marketing a experiência universal de marketing na
conquista sistemática dos mercados. São Paulo: Atlas, 1969. Membro fundador
da Escola Superior de Propaganda, o então professor Chalmers reflete a atuação
dos executivos de marketing e das escolas de negócios, conceito importado
diretamente dos Estados Unidos, para estimular a classe executiva nacional. A
107
importância do livro estava ligada a importância da Escola Superior de Propaganda
e Marketing ESPM, no contexto originário do marketing brasileiro, posto que
esta escola, junto com a EAESP/FGV e a USP tem a marca de serem as pioneiras
do ensino e pesquisa de marketing nas academias nacionais.
2. GRACIOSO, Francisco. Marketing: uma experiência brasileira. São Paulo:
Cultrix, 1973. Também componente e membro fundador da ESPM, o professor
Gracioso procura estabelecer uma referência nacional de marketing na sua obra.
Entretanto, inicia estabelecendo como conceito de marketing o que orienta a AMA
e, além disso, fortalece os conceitos a partir do ponto de vista de uma corporação
americana, a Unilever. Outra demonstração da tendência americana são
recomendações de autores no final dessa edição. Recomenda vinte cinco obras
para refletir sobre o tema, das quais dezenove de edição e autores estrangeiros,
dentre eles dezessete americanos. Os outros seis livros, de edição não estrangeira,
são para fundamentação do tema e não se referem diretamente a marketing.
3. SIMÕES, Roberto. Marketing básico. São Paulo: Saraiva, 1973. Professor
universitário, mas também executivo de empresas nacionais o professor Simões
introduz sua obra com uma contextualização histórica e a conclui com algumas
considerações que fogem do espectro funcional de marketing, como macro
marketing e meta marketing. A obra na sua essência não foge de
instrumentalizão de processos e técnicas operacionais e suas refencias são
carregadas de autores internacionais, revelando que apesar de algumas tentativas
de estabelecer circunstâncias relacionais, até por sua formação em psicologia,
apreende conceitos fundamentalmente transacionais.
4. VENDRAMINI, L.C. e LIMA, M.M. Mercadologia marketing: aplicação ao
mercado brasileiro. São Paulo: McGraw Hill do Brasil, 1977. Os autores,
professores da Escola Superior de Administração de Negócios, Vendramini e Lima
editam um livro com dados do mercado e da sociedade brasileira. Na sua linha
editorial mantém a abordagem transacional reforçando os conceitos americanos e
dando continuidade as obras pioneiras de marketing no Brasil. No livro há uma
tendência instrumental de marketing voltado para as organizações, justificável pela
sua atuação na iniciativa privada.
108
5. SIMÕES, Roberto. Iniciação ao marketing. São Paulo: Atlas, 1980. O autor edita
outra obra de marketing que segue a linha da sua obra dos anos de 1970. Mantém
uma tendência funcionalista. Nessa obra, por ter um formato mais compacto,
algumas discussões do marketing a partir de abordagens críticas da prática
gerencialista são abandonadas e o contexto se aproxima então de uma
configuração de manual de gestão de marketing. Essa decisão de conteúdo segue
uma tendência utilitarista que vai se consolidar fortemente no início da década.
6. GRACIOSO, Francisco. Gerência de marketing. São Paulo: Referência. 1981. O
professor Gracioso edita sua primeira publicação nos anos de 1980. Nos dois
primeiros seções o autor promove uma primeira discussão a partir dos elementos
contextuais do marketing da época, contudo procurando estabelecer uma
abordagem filosófica. Essa discussão encaminha o final desses seções para uma
reflexão que indica estar se aproximando uma nova teoria de marketing, baseada
na gestão do atendimento da necessidade dos consumidores. As seções restantes
apresentam conceitos e definições que estão voltados basicamente para práticas de
gestão.
7. HOLTJE, Herbert F; GUAGLIARDI, JoA. e MAZZON, Jo A. Marketing:
exercícios e casos. o Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1982. Os professores da
USP, Guagliardi e Mazzon, revelam com a obra a preocupação de evitar simples
cópias da tendência de seguir as práticas americanas de marketing e publicam um
manual de marketing, com uma considerável quantidade de casos e exemplos de
empresas nacionais. O curioso da proposta editorial é que para a produção da obra
os dois autores buscam a associão com um autor americano e a base dos
elementos de gestão constante no livro é de uma obra anterior desse co-autor,
traduzidas “com o cuidado de se utilizar termos realmente aceitos dentro das mais
recentes contribuições em marketing principalmente aquelas feitas nos EUA”.
8. PENTEADO F. José Roberto Whitaker. Marketing no Brasil não é cil. São
Paulo: Referência, 1982. Nesta obra o professor da ESPM, Whitaker Penteado
expressa a preocupação com as disfunções do marketing brasileiro em função da
aderência com os modelos importados. Busca estabelecer para os praticantes das
organizações uma nova forma de encarar as práticas de gestão de marketing a
partir da garantia da produtividade e buscando elementos a partir de uma visão de
109
autores que identificam outros ambientes de gestão, baseados na França, Grã-
Bretanha e Japão.
9. COBRA, Marcos. Marketing sico. São Paulo: Atlas, 1982. Esta obra do
professor Cobra, da EAESP/FGV, vem para o mercado editorial brasileiro
determinado a mimetizar as práticas de gestão apresentadas na América,
especialmente no livro Administração de marketing de Philip Kotler, tão
dominante no espaço global da época. Esta referência garantiu ao autor uma
penetração na academia, especialmente em nível de graduação, e nas organizações
por um bom tempo entre os anos de 1980 e 1990.
10. GRACIOSO, Francisco. Contato imediato com marketing. São Paulo: Global,
1986. O autor inicia a obra com duras críticas aos que adotam o modelo
americano, estabelece que tal adoção é demonstração de uma posição de
conformidade com a condição de subdesenvolvido. Discute alguns aspectos da
filosofia do marketing a partir de uma revisão histórica. Estranhamente a seguir
pede desculpas ao leitor e começa a descrever o marketing como função
administrativa, posicionada, aliás, em terceiro lugar em importância, depois de
produção e finanças.
11. COBRA, Marcos. Casos contemporâneos de marketing. o Paulo: Atlas, 1986.
Na obra o autor dá seqüência a sua obra, Marketing básico, acrescentando a
discussão casos e exercícios que a complementariam. Essa obra e muitas outras do
autor m seguir a mesma decisão editorial da primeira e procura aproveitar o
mesmo uso dado ao livro anterior.
Muitos livros de marketing no Brasil foram editados, e ainda o são, a partir da
abordagem transacional, tanto de autores estrangeiros como de autores nacionais, como
mostra o Quadro 12 e essa tendência se consolida fortemente como elemento principal na
produção acadêmica nacional de marketing. Esta consolidação se dá menos pelo uso da
bibliografia na pesquisa, que as mesmas usam mais artigos em revistas nacionais, e muito
mais por ser o reflexo das características desta produção acadêmica.
110
Titulo da Obra Autor Origem
Administração de marketing e o comportamento no meio
ambiente
BLISS, Perry
Estrangeira
Administração de Marketing COBRA, Marcos Nacional
Administração de Marketing KOTLER, Philip Estrangeira
Marketing LAS CASAS,
Alexandre
Nacional
Marketing Essencial McCARTHY,
Jerome
Estrangeira
Princípios de Marketing KOTLER, Philip
ARMSTRONG, Gary
Estrangeira
Marketing de serviços LAS CASAS,
Alexandre
Nacional
Pesquisa de mercado MATTAR, Fauze N. Nacional
Marketing: Criando valor para o cliente CHURCHILL,
Gilbert e PETER, J.
Paul
Estrangeira
Marketing de Guerra RIES Al e TROUT,
Jack
Estrangeira
Quadro 12 – Livros de marketing em uso, editados no Brasil
Fonte: Adaptado de Cobra, 2003.
Dentre os livros nacionais pesquisados, os que mais chamaram atenção, foram os
escritos e editados pelo professor Raimar Richers. Um dos fundadores da EAESP/FGV, ele
também pode ser reconhecido como um dos precursores da produção acadêmica brasileira de
marketing.
Professor universitário com mestrado em administração pela Michigan State
University, nos Estados Unidos, e com doutorado em ciências econômicas na Universidade de
Berna, na suíça, país onde nasceu. Chegou ao país como alto executivo da General Motors do
Brasil, onde exercia funções na direção econômica. Em 1954, quando da inteão
governamental para importação de conhecimento acadêmico ao Brasil, foi contratado pelo
governo federal para atuar na FGV.
O Professor Richers teve sua formação acadêmica baseada no conhecimento
desenvolvido pelo modelo americano e acompanhou toda a trajetória dos docentes
estrangeiros enquanto permaneceram no Brasil. Foi fundador do Centro de Publicações da
EAESP/FGV, da própria EAESP/FGV antes disso, fundador e diretor da Revista de
Administração de Empresas - RAE. Toda essa influência deveria impor a ele a condição mais
especial de ser disseminador de idéias importadas no país, mas do contrário, suas obras
111
principais e muitos de seus artigos, apesar de não ser uma oposição declarada, sempre
procuravam discutir de uma maneira mais fundamentada as aplicações do conhecimento
importado.
Suas principais obras foram O que é marketing (1986), Surfando nas ondas do
mercado (1996) e Marketing: Uma visão brasileira (2000). Tais obras determinam um
caminho ao marketing que sugere uma visão nova, sistêmica, estruturada e funcional, mas
também adequada a situações ambientais, econômicas e sociais adaptáveis ao momento e
cultura nacionais.
Um trabalho no marketing nacional, que houvesse dado mais atenção as obras do
professor Richers, talvez pudesse originar a criação de uma nova teoria de marketing a ser
aproveitada globalmente e definir uma identidade própria para o marketing nacional. Este
trabalho não se propõe a discutir a construção desta ou daquela teoria, motivo pelo qual a
impressão acima fica apenas como um aspecto para reflexão sobre a produção acadêmica
brasileira de marketing e talvez, motive uma discussão mais aprofundada em futuros trabalhos
dentro desse tema.
112
5 PERFIL E PENSAMENTO DOS ACADÊMICOS BRASILEIROS
Para fechamento dos elementos de análise e discuso final da hipótese apresentada
nesse trabalho, a seguir são apresentadas características de perfil, temas mais estudados e
aspectos editoriais da academia brasileira. Esses elementos são selecionados a partir das
impressões tomadas dos pesquisadores brasileiros que atuam no campo de pós-graduação em
administração no Brasil, especificamente com pesquisa e ensino em linhas ou áreas de
concentração relacionadas de alguma forma a marketing.
Os respondentes foram selecionados a partir de uma relação tomada pelo autor deste
trabalho. A partir dessa relão inicial, uma lista final foi elaborada após consulta nos portais
de cada um dos programas de s-graduação em administração, membros da ANPAD,
existentes no Brasil. O resultado final do levantamento está descrito abaixo:
CEPPAD - UFPR www.ceppad.ufpr.br Paulo Henrique Muller Prado
Pedro Jose Steiner Neto
Zaki Akel Sobrinho
Ana Maria Toaldo
CEPEAD - UFMG www.cepead.face.ufmg.br Carlos Alberto Gonçalves
José Edson Lara
Marlusa Gosling
Ricardo Teixeira Veiga
MEST. UNIHORIZONTES www.unihorizontes.br Ester Eliane Jeunon
Roberto Minadeo
CMAAd - UECE www.uece.br Ana Augusta Ferreira Freitas
ESAG - UDESC www.udesc.br Jane Lara Pereira da Costa
CMA - UFES www.ppgadm.ufes.br Sergio Robert de Sant'Anna
CMA - UNIFOR www.unifor.br Danielle M. de Oliveira Arruda
MESTRADO - PUC Minas www.pucminas.br Dalton Jorge Teixeira
Humberto Elias Garcia Lopes
Sérgio F. Loureiro Rezende
FEAD - Minas www.fead.br Rivavia D. de Alvarenga Neto
José M. Carvalho de Mesquita
Cid Gonçalves Filho
Gustavo Quiroga Souki
113
MESTRADO - FBV www.fbv.br André L.Maranhão de Souza Leão
Ana Paula Celso de Miranda
FEA - USP www.usp.br Geraldo Luciano Toledo
José Afonso Mazzon
José Augusto Guagliardi
Flavio Torres Urdan
Edson Crescitelli
Fauze Najib Mattar
Nelson Barrizzelli
Celso C. de Hildebrand e Grisi
Lino Nogueira Rodrigues Filho
Marcos Fava Neves
Ana Akemi Ikeda
Dilson Gabriel dos Santos
Marcos Cortez Campomar
COPPEAD - UFRJ www.coppead.ufrj.br Ângela da Rocha
Everardo Rocha
Letícia Moreira Casotti
Sergio H. Hudson de Abranches
Victor Almeida
EAESP - FGV www.fgvsp.br André Torres Urdan
Juracy Gomes Parente
IAG - PUC Rio www.puc-rio.br/iag André Lacombe
Hélène Bertrand
Luiz Fernando Hor-Meyll
Marie Agnes Chauvel
Paulo César Motta
MESTRADO - UCS www.ucs.br Gabriel Sperandio Milan
MADE - UNESA www.estacio.br Harvey José S. Ribeiro Cosenza
José Geraldo Pereira Barbosa
José Luiz Trinta
José Roberto Ribas
PPGA - UNIFACS www.unifacs.br Jader Cristino de Souza Silva
Rodrigo Ladeira
EBAPE - FGV www.ebape.fgv.br Alexandre Faria
Eduardo André Teixeira Ayrosa
Delane Botelho
MESTRADO - IBEMEC www.ibemecrj.br Eric David Cohen
Luis Alberto N. Campos Filho
MPA - FPL www.unipel.edu.br Mauro Calixta Tavares
Tarcisio Afonso
MPA - UFC www.acep.org.br/mpc.ufc Cláudia Buhamra Abreu Romero
114
Hugo Osvaldo Acosta Reinaldo
José de Paula Barros Neto
Luiz Carlos Murakami
MPA - UNINOVE www.uninove.br Osvaldo Elias Farah
Nádia Kassouf Pizzinatto
Claudia Rosa Acevedo
Sérgio Luiz do Amaral Moretti
José Mauro da Costa Hernandez
MPA - UNIMEP www.unimep.br Antonio Carlos Giuliani
Eduardo Eugênio Spers
PEPGA - PUC - SP www.pucsp.br Maria Clotilde Perez
Alexandre Luzzi Las Casas
Francisco Antonio Serralvo
PMA - UNISINOS www.unisinos.br Ivan Lapuente Garrido
MAN - FACE - PUC RS www.pucrs.br/face/adm Marcelo Gatterman Perin
Cláudio Hoffmann Sampaio
Alziro César de Morais Rodrigues
Lélis Balestrin Espartel
Luiz Antônio Slongo
Márcia Dutra de Barcellos
Vinícius Andrade Brei
Vinícius Sittoni Brasil
PMA - UFU www.ufu.br Stella Naomi Moriguchi
PPAD - PUCPR www.pucpr.br Heitor Takashi Kato
Paulo de Paula Baptista
Renato Zancan Marchetti
PPCAd - FURB www.furb.br/ppgad Mohamed Amal
PPGAD - UFV www.ufv.br Telma Regina da C. G. Barbosa
Afonso A. T. de F. de C. Lima
PPGAOrg - FEA-RP/USP www.fearp.usp.br Marcos Fava Neves
Edgard Monforte Merlo
Dirceu Tornavoi de Carvalho
PPGA - UFRGS www.ppga.ufrgs.br Carlos Alberto Vargas Rossi
Cristiane Pizzutti dos Santos
Fernando Bins Luce
Luiz Antonio Slongo
Walter Meucci Nique
PPGA - UFLA www.prpg.ufla.br Ricardo de Souza Sette
PPGA - UFPB www.ccsa.ufpb.br/~ppga Carlo Gabriel Porto Bellini
Rita de Cássia de Faria Pereira
Sonia Trigueiro de Almeida
115
PROPAD - UFPE www.dca.ufpe.br/propad Salomão Alencar de Farias
Sérgio Carvalho Benício de Mello
Fernando Gomes de Paiva Junior
PPGGN - UNISANTOS www.unisantos.br Francisco Antonio Serralvo
José A. Carvalho dos Santos Claro
PPA - UEM/UEL www.ppa.uem.br Mario Nei Pacagnan
Francisco Giovanni David Vieira
Luiz Antonio Felix
CMPA - UnP www.unp.br Tereza de Souza
Alípio Ramos Veiga Neto
Cabe observar que para refinamento da lista, foram excluídos alguns programas nos
quais não foram encontradas disciplinas relacionadas a marketing. Alguns outros professores,
que depois de consultados, responderam informando que não mantinham relação com a
disciplina de marketing, conforme informação tomada ou no site do programa ou no Currículo
Lattes do docente, também foram excluídos da lista.
A pesquisa compreendeu o envio de questionários a cento e catorze (114) professores.
No momento da tabulação foram considerados cinqüenta e três (53) questionários com
validade de conteúdo, considerados assim, seguindo a orientação de Richardson (1999). Com
base nos questionários que retornaram foram, então, estabelecidas as condições para
apresentação dos resultados expostos a seguir.
Na Tabela 1, uma análise estatística descritiva, relacionada com a idade dos
respondentes. Observa-se que a idade mais freqüente entre os professores é a que se enquadra
acima dos 44 anos. Tal indicador demonstra uma condição normal de formação doutoral,
especialmente considerando o período tomado da pesquisa. A formação de doutores,
notadamente se dá após certa temporada de atuão dos professores na academia. Podemos
considerar até 30 anos para graduação e especializações, entre 30 e 40 anos para título de
mestre e após isso para alcance dos títulos superiores como doutorado e pós-doutorado.
Essa alusão da idade de trajetória formacional se confirma a seguir, quando analisadas
as Tabelas 4 e 6, onde se determina a época de graduação e doutoramento dos professores
respondentes. Essas faixas estabelecidas consolidam uma recorrência no tempo de formação
de um docente de administração, nos diversos níveis formacionais que se propõe cumprir.
116
Tabela 1: Idade dos respondentes
Idade n
%
Inferior a 34 anos
De 34 a 36 anos
De 36 a 38 anos
De 38 a 40 anos
De 40 a 42 anos
De 42 a 44 anos
44 anos e mais
o responderam
1
4
2
1
2
4
24
15
1,9
7,5
3,8
1,9
3,8
7,5
45,3
28,3
Total 53 100
Fonte: Pesquisa de campo 2008.
Na Tabela 2, mais uma resposta que confere com a apresentação normal da academia
nacional. No que se refere a gênero se constata a presença mais acentuada de homens entre os
professores que ministram e pesquisam a partir de disciplinas de marketing. Um cruzamento
entre resultados vai indicar que à medida que o tempo vem passando, a mulher tem ocupado
um espo maior na acadêmica de marketing, contudo a sua presença ainda é da ordem de
quatro homens para cada mulher.
Tabela 2: Gênero dos respondentes
Gênero n
%
Masculino 43 81,0
Feminino 10 19,0
Total 53 100
Fonte: Pesquisa de campo 2008
A Tabela 3 vem identificar o início da trajetória formacional dos professores, no que
tange a escolha da área de formação. Um número significativo de professores parte na origem
de sua formação de campos ligados a área de ciências sociais aplicadas. Considerando para
isso os cursos de administração e economia, onde juntos perfazem um número muito próximo
de sessenta por cento (60%) dos respondentes. Acredita-se que tal formação se dá em função
de uma circunstância natural de posicionamento, especialmente se considerarmos que o local
117
de seleção dos professores para a resposta dos questionários foram os cursos de pós-
graduação em administração, contabilidade e turismo.
Somente para reforço de caracterização de ambiente, esses professores todos
ministram aulas e produzem pesquisa acadêmica em instituições membros da ANPAD, que é
a instituição que congrega os pesquisadores em administração e, por conseguinte, em
marketing.
Tabela 3: Área de graduação dos respondentes
Área de graduação n
%
Administração
Agronomia
Ciências da Computação
Ciências Sociais
Comunicação Social
Economia
Engenharia
Engenharia Civil
Engenharia Elétrica
Engenharia Mecânica
Veterinária
Não responderam
22
3
2
1
2
9
5
3
2
2
1
1
41,5
5,6
3,8
1,9
3,8
17,0
9,4
5,6
3,8
3,8
1,9
1,9
Total 53 100
Fonte: Pesquisa de campo 2008
Como o resultado da pesquisa já expôs anteriormente, os professores têm formação em
graduação entre os anos de 1970 e 1999, sendo a mesma mais incidente de 1980 a 1999, onde
se graduaram quase sessenta por cento (60%) dos profissionais que atuam na área de
administração e marketing, tal qual revela os resultados da Tabela 4. o indícios de
formação a partir dos anos 2000 até a atualidade e tal circunstância deve ser considerada
normal, haja vista que os entrevistados o professores de pós-graduação em mestrado e
doutorado, e necessitam para isso no mínimo titulação correspondente a doutorado, o que
temporalmente seria difícil para graduados anteriores aos anos 2000.
Após o doutorado, para admissão nos programas de pós-graduação, normalmente os
professores têm um período que dura mais ou menos dois anos. Essa condição de normalidade
na carreira parece se cumprir entre os doutores do grupo de estudos e pesquisas em marketing
da acadêmica nacional.
118
Na Tabela 5, a escolha na área vem reiterar uma tendência de formação vertical dos
professores envolvidos na academia de administração, notadamente os da academia que estão
envolvidos no ensino, pesquisa e extensão de linhas de estudo relacionadas com a produção
em marketing. Essa verticalização no campo reforça uma tendência ao paradigma
transacional, na medida em que denota uma formação de especialistas, desconsiderando a
possibilidade de interação com outras áreas, mais associadas a aspectos fundamentais, que
podem contribuir para as pesquisas, contudo com uma abordagem relacional e s-
modernista.
Tabela 4: Ano de graduação dos respondentes
Ano n
%
1970 – 1974
1975 – 1979
1980 – 1984
1985 – 1989
1990 – 1994
1995 – 1999
2000 – 2004
2005 – 2008
Não responderam
8
5
11
10
10
4
-
-
5
15,1
9,4
20,8
18,9
18,9
7,5
-
-
9,4
Total
53 100
Fonte: Pesquisa de campo 2008
Somadas as áreas de doutoramento, encontramos quarenta e quatro (44) professores
doutores formados em administração ou áreas diretamente ligadas a essa formação. Esse
número corresponde a um percentual superior a oitenta por cento (80%) de todos os
respondentes, doutorados em Business Administration, Administração de Marketing,
Administração de Empresas, Marketing ou simplesmente em Administração.
Outras áreas como Engenharia de Produção, Agronegócios e Finanças ainda seriam
possivelmente áreas consideradas dentro de uma tendência vertical. No contexto das respostas
apenas Ciências Sociais e Comunicação Social fugiriam deste agrupamento, onde poderia
revelar uma abordagem multidisciplinar. O percentual dessas outras áreas não supera cinco
por cento (5%) de toda a formação dos professores doutores respondentes.
119
Tabela 5: Área de doutoramento dos respondentes
Área de doutoramento n
%
Business Administration
Engenharia da Produção
Administração
Administração em Marketing
Administração de Empresas
Ciências Sociais
Comunicação Social
Marketing
Agronegócios
Finanças
1
4
21
11
4
2
1
7
1
1
1,9
7,5
39,6
20,8
7,5
3,8
1,9
13,2
1,9
1,9
Total
53 100
Fonte: Pesquisa de campo 2008
Ainda quanto ao ano de doutoramento do grupo de professores entrevistados pode-se
salientar, analisando a Tabela 6, uma concentração entre os anos de 1995 e 2004. Tal
concentração determina uma renovação próxima de sessenta por cento (60%) do grupo
responsável pela origem da produção acadêmica brasileira de marketing. Tal renovação de
sujeitos não expressa diretamente a mudança de abordagem teórica dos pesquisadores, como
se reforça nos resultados da pesquisa, expressos de maneira mais assertiva em resultados
apresentados mais a frente desse trabalho.
Tabela 6: Ano de doutoramento dos respondentes
Ano de doutoramento n
%
1970 – 1974
1975 – 1979
1980 – 1984
1985 – 1989
1990 – 1994
1995 – 1999
2000 – 2004
2005 – 2008
Não responderam
1
-
2
2
5
14
17
8
4
1,9
-
3,8
3,8
9,4
26,4
32,1
15,1
7,5
Total
53 100
Fonte: Pesquisa de campo 2008
Considerando ainda o perfil dos pesquisadores em marketing, as Tabelas 7 e 8, ainda
ilustram o ambiente de trabalho e as atividades que tais docentes exercem. A quase totalidade
120
dos pesquisadores está ligada, quase que exclusivamente, às instituições de ensino superior no
país, quer seja de natureza pública, quer seja de natureza privada. Os números que revelam
essa vinculação ultrapassam noventa por cento (90%) de todas as respostas, o que indica um
forte vínculo de suas atividades com ensino e pesquisa, revelados através do resultado quase
que maciço das atividades em ensino, onde atuam cinqüenta e dois (52) respondentes e
pesquisa, onde aparecem cinqüenta (50) respondentes.
Exercendo atividade, mesmo que paralelamente, em empresas, um número muito
reduzido de profissionais em empresas privadas (somente seis por cento (6%)) e nenhum
deles com vinculo direto a outras empresas públicas que não sejam as próprias instituões
públicas de ensino superior. Em contrapartida o trabalho desses profissionais, quando se dá no
âmbito de empresas privadas, não revela a mesma ausência de seus vínculos empregatícios
com elas. Dentre os respondentes, mais da metade deles tem algum tipo de ligão com ões
de extensão e consultoria profissional.
A extensão e a consultoria, por natureza, têm relação direta com ações
organizacionais, especialmente considerando o fato de que são relevantes no uso e
intervenção de tecnologia e práticas organizacionais. Esta associação de teoria com prática, de
relevância da pesquisa acadêmica com o ambiente organizacional, tem uma trajetória que
toma muitos anos no país. Na origem da produção acadêmica de marketing, o próprio governo
federal e estadual buscava o apoio desta produção para dotar de técnicas a gestão das
organizações públicas e privadas. Esses movimentos de parceria receberam o nome no país de
“planos de desenvolvimento autônomo e associado”, como salientado anteriormente na
fundamentação teórica do trabalho.
Tabela 7: Local de atividade dos respondentes
Local de atividades n
%
IES Pública
IES Privada
Empresa Pública
Empresa Privada
28
28
-
6
45,2
45,2
-
9,7
Total
100
Fonte: Pesquisa de campo 2008
121
Ainda sobre essa relação entre local de atividade e atividade propriamente dita, há uma
tendência de descolamento da atividade acadêmica com as organizações que se intensifica nos
últimos anos. Esse descolamento, que repercute em maior distância da academia de ensino,
pesquisa e extensão com as organizações pode ser atribuído às intensas discussões de rigor e
relevância de que devem ser dotadas as pesquisas acadêmicas. Parece que quanto mais os
pesquisadores salientam que o rigor deve ser fortalecido, mais os praticantes se afastam de
seus resultados. Este afastamento e não utilização parecem se dever a complexidade dos
resultados.
Tabela 8: Atividade exercida pelos respondentes
Atividades exercidas n
%
Ensino
Pesquisa
Extensão
Consultoria
52
50
30
37
30,8
29,6
17,8
21,9
Total
100
Fonte: Pesquisa de campo 2008
Na seqüência do trabalho, a pesquisa com os professores evolui para o entendimento
dos temas de estudo em marketing e suas convergências ou divergências com as práticas de
marketing dentro das organizações. Para uma apreciação do temas estudados, seguindo a
agenda listada para análise das fontes de pesquisa e de produção, apresentadas na seção
anterior, foi submetida à análise dos professores uma lista de vinte e dois temas mais
recorrentes no país e no mundo, conforme segue:
01. Canais de marketing, distribuição e logística (fluxos e intermediários do canal)
02. Comportamento do consumidor
03. Comunicação de marketing (processos e formas)
04. Compencias e aprendizado em marketing
05. Tomada de decisão em marketing
06. Política de preços e precificação
07. Estratégias de marketing
08. Impactos do marketing no valor das empresas
09. Inovação de produtos e serviços
10. Marcas (valor, imagem, processos)
11. Marketing internacional e integração de mercados
12. Segmentação de mercados
13. Serviços (processos, satisfação, qualidade)
14. Lealdade de clientes
122
15. Marketing na academia (educação e pesquisa em marketing)
16. Tecnologia da informação e marketing
17. Conceitos e aplicações especificas de marketing
18. História de marketing
19. Marketing de relacionamento e CRM
20. Marketing na Internet (e-commerce, e-tailing)
21. Marketing Social (corporativo, de causas sociais, responsabilidade social)
22. Outros temas
Diante desses temas, os professores entrevistados assinalaram preferências de pesquisa
em nível pessoal, global e qual, dentre os temas, são mais interessantes na atualidade, para
prática no meio empresarial. Os resultados dessa pesquisa entre os professores produziram as
Tabelas 9, 10 e 11. A apresentação dessas tabelas, feitas a seguir, possibilitam uma
visualização que foi identificada na seção 4 desse trabalho e são de especial validade para
as considerações que servem para consolidar ou não a hipótese central desse trabalho.
Nesta seção, cada tema é discutido individualmente, considerando os três espectros de
interesse, quais sejam pesquisa pessoal, pesquisa global e interesse nas organizações e,
complementarmente, na seção adiante serão cruzados com outros resultados. São eles:
Canais de marketing, distribuição e logística (fluxos e intermediários do canal) A
pesquisa pessoal desse tema não é prioridade, contudo são de bastante importância
para a pesquisa global e para a prática no meio empresarial.
Comportamento do consumidor De amplo estudo em nível pessoal e global, mas de
menor interesse para as práticas empresariais. Isso pode revelar uma tendência de uso
de práticas empresariais baseadas no paradigma transacional e uma possível transição
no ambiente de pesquisa para o paradigma relacional e pós-moderno. Os dois
paradigmas concorrentes com o transacional parecem com isso ter uma importância
crescente no ambiente acadêmico, mas essa importância ainda não ecoa nos ambientes
organizacionais.
123
Tabela 9: Temas que respondentes mais pesquisam
Temas de pesquisa pessoal n
%
Canais de marketing, distribuição e logística (fluxos e intermediários do canal)
Comportamento do consumidor
Comunicação de marketing (processos e formas)
Compencias e aprendizado em marketing
Tomada de decisão em marketing
Política de preços e precificação
Estratégias de marketing
Impactos do marketing no valor das empresas
Inovação de produtos e serviços
Marcas (valor, imagem, processos)
Marketing internacional e integração de mercados
Segmentação de mercados
Serviços (processos, satisfação, qualidade)
Lealdade de clientes
Marketing na academia (educação e pesquisa em marketing)
Tecnologia da informação e marketing
Conceitos e aplicações específicas de marketing
História de marketing
Marketing de relacionamento e CRM
Marketing na internet (e-commerce, e-tailing)
Marketing social (corporativo, de causas sociais, responsabilidade social)
Outros temas: especifique:
8
37
9
6
14
7
26
11
11
17
12
16
21
20
10
5
8
5
21
6
11
4
2,8
13,0
3,2
2,1
4,9
2,5
9,1
3,9
3,9
6,0
4,2
5,6
7,4
7,0
3,5
1,8
2,8
1,8
7,4
2,1
3,9
1,4
Total acumulado
285 100
Fonte: Pesquisa de campo 2008
Comunicação de Marketing (processos e formas) uma tendência de utilização
desse tema em nível global e na prática do meio empresarial, sendo, contudo menos
ocorrente nas pesquisas pessoais dos pesquisadores nacionais. Quanto ao interesse
desse tema às práticas empresariais é compreenvel o entendimento de sua
importância, mas a divergência desse interesse em nível de pesquisa nacional e global,
precisa de maiores considerações para a definição.
Competências e aprendizado em marketing Esse tema não prepondera em nenhum
dos níveis de importância e no interesse de práticas empresariais. A relação de
relevância e rigor pode explicar esse baixo interesse, na medida em que uma prática
baseada no paradigma transacional se concentra mais em ações concretas, do que em
outras, de consolidação de fundamentos, existente quando se pensa em qualificação de
pessoas com aumento de conhecimentos das mesmas.
124
Tomada de decisão em marketing Maior incidência de atenção em nível de pesquisa
pessoal e interesse de uso nas práticas empresariais. No âmbito da pesquisa mundial a
freqüência de interesse parece ser pequena, contudo isso pode ser explicado pela
aplicação direta que o resultado dessa ação pode ter em vel direto da pesquisa, em
nível nacional, com a prática, em organizações lotadas dentro desse ambiente regional.
Tabela 10: Temas mundiais apontados pelos respondentes
Temas de pesquisa no mundo n
%
Canais de marketing, distribuição e logística (fluxos e intermediários do canal)
Comportamento do consumidor
Comunicação de marketing (processos e formas)
Compencias e aprendizado em marketing
Tomada de decisão em marketing
Política de preços e precificação
Estratégias de marketing
Impactos do marketing no valor das empresas
Inovação de produtos e serviços
Marcas (valor, imagem, processos)
Marketing internacional e integração de mercados
Segmentação de mercados
Serviços (processos, satisfação, qualidade)
Lealdade de clientes
Marketing na academia (educação e pesquisa em marketing)
Tecnologia da informação e marketing
Conceitos e aplicações específicas de marketing
História de marketing
Marketing de relacionamento e CRM
Marketing na internet (e-commerce, e-tailing)
Marketing social (corporativo, de causas sociais, responsabilidade social)
Outros temas: especifique:
17
35
20
14
12
13
28
21
23
38
24
12
29
29
13
13
17
8
28
27
16
1
3,9
8,0
4,6
3,2
2,7
3,0
6,4
4,8
5,3
8,7
5,5
2,7
6,6
6,6
3,0
3,0
3,9
1,8
6,4
6,2
3,7
0,2
Total acumulado
438 100
Fonte: Pesquisa de campo 2008
Política de preços e precificação Apesar de um interesse apenas razoável em nível
de pesquisa pessoal e global, o tema tem bastante interesse para as práticas no meio
empresarial. As dinâmicas de marketing no meio das organizações parecem vital para
ações de gestão, isso justifica o resultado da percepção dos respondentes.
Estratégias de marketing Aqui está a primeira unanimidade nos níveis de pesquisa,
pessoal e global, e no interesse das práticas empresariais. A estratégia tanto é um tema
de estudo em evidência, independente da teoria que se aplica para pesquisá-la, quanto
é de fundamental importância nas práticas empresariais. O tema estratégia, aliás, não é
125
de interesse exclusivo de pesquisadores em marketing, cada vez mais tem estado
presente na agenda de várias áreas de concentração de pesquisadores acadêmicos e
outros interessados em ações organizacionais. Mais adiante no trabalho, pode-se
observar que o tema estratégia, consolida as práticas e pesquisas, especialmente pela
força que o paradigma transacional ainda exerce, nos mais diferentes meios.
Impactos do marketing no valor das empresas de incidência razoável nas pesquisas
em nível pessoal e global e um pouco menos de expressão nas práticas do meio
empresarial. As ações de gestão sofrem a influência da racionalidade limitada, e se
isso não tem visibilidade nas práticas, ainda mantém o interesse de pesquisa, que
procura explicar tal influência.
Tabela 11: Temas de maior prática nas empresas apontados pelos respondentes
Temas de prática empresarial n
%
Canais de marketing, distribuição e logística (fluxos e intermediários do canal)
Comportamento do consumidor
Comunicação de marketing (processos e formas)
Compencias e aprendizado em marketing
Tomada de decisão em marketing
Política de preços e precificação
Estratégias de marketing
Impactos do marketing no valor das empresas
Inovação de produtos e serviços
Marcas (valor, imagem, processos)
Marketing internacional e integração de mercados
Segmentação de mercados
Serviços (processos, satisfação, qualidade)
Lealdade de clientes
Marketing na academia (educação e pesquisa em marketing)
Tecnologia da informação e marketing
Conceitos e aplicações específicas de marketing
História de marketing
Marketing de relacionamento e CRM
Marketing na internet (e-commerce, e-tailing)
Marketing social (corporativo, de causas sociais, responsabilidade social)
Outros temas: especifique:
30
21
29
3
17
33
36
13
30
29
16
29
23
20
2
19
7
3
33
25
11
-
7,0
4,9
6,8
0,7
4,0
7,7
8,4
3,0
7,0
6,8
3,7
6,8
5,4
4,7
0,5
4,4
1,6
0,7
7,7
5,8
2,6
-
Total acumulado
429 100
Fonte: Pesquisa de campo 2008
Inovação de produtos e serviços Tema bastante recorrente na pesquisa em nível
global e nas práticas empresariais, sendo um pouco menos utilizado na pesquisa em
nível pessoal, contudo ainda sendo interessante para esse fim.
126
Marcas (valor, imagem, processos) De bastante incidência em ambos os níveis de
pesquisa e grande interesse para as práticas empresariais. Marcas na dimensão de valor
agregado, imagem das organizações e processos de construção, são recorrentes desde
que o marketing assume importância nas organizações. Seu estudo, dada essa
importância, se consolida como atual independente do tempo em que se discute a
produção de marketing.
Marketing internacional e integração de mercados De recorrência crescente em
ambos os níveis de pesquisa, devido até a integração econômica, política e social
provocada pelo o efeito globalizante. O interesse entre as práticas empresariais foi
menor nesse item, mas ainda significativo.
Segmentação de mercados - Outra unanimidade no estudo pessoal dos respondentes,
na sua percepção quanto ao estudo global e no interesse quanto às práticas
empresariais. Esta alta incidência se devido às alterações de mercado, cada vez
mais freqüentes e turbulentas, tanto no âmbito organizacional, quanto no ambiente da
pesquisa acadêmica, que percebe os segmentos e busca fundamen-los.
Serviços (processos, satisfação e qualidade) Se considerarem-se os serviços mesmo
em abordagens transacionais, as pesquisas e análises sobre serviços têm sido
freqüentes há muito tempo. Em nível pessoal e global de pesquisa e práticas
empresariais esse interesse também é bastante incidente, por isso a explicação do seu
alto índice nas respostas.
Lealdade de clientes Bastante presente nas pesquisas em nível pessoal e global e
pouco menos como objeto de interesse da prática no meio empresarial, isso pode se
explicar, contudo, na medida em que as organizações ainda não tem maturidade nas
circunsncias relacionais. Essa maturidade parece crescer na medida em que as
pesquisas acadêmicas vão ganhando força na capacidade de alertar as organizações da
sua importância, fato que ainda não é incidente.
Marketing na academia (educação e pesquisa em marketing) Um interesse dio
nas pesquisas pessoal e global, dado que somente pesquisas e sua construção interessa
aos pesquisadores. A formação de novos conceitos ainda é incipiente dada a força do
paradigma transacional, ao qual se acompanha sem muita discussão acadêmica. Pouca
127
identificação de interesses nas práticas empresariais, devido a relação direta com a
academia.
Tecnologia da informação e marketing Baixo interesse na pesquisa pessoal, que
desconhece o tema e sua profundidade, razoável empenho na pesquisa global, que
embora desconheça ainda busca mais por respostas. Significativo no interesse de
práticas empresariais, dado o valor utilitarista de suas informações. A baixa incidência
na pesquisa acadêmica ainda pode ser explicada pelo fato de que outras áreas do
conhecimento exploram o tema, como produção, tecnologia e sistemas de
informação.
Conceitos e aplicações específicas de marketing Outro tema mais relacionado com
academia diretamente, por isso a média significativa no ambiente pessoal e global de
pesquisa. Com relação a sua importância nas práticas empresariais, quase não aparece,
pelas razões expostas na relação com outros temas inerentes ao ambiente
acadêmico, portanto sem valor funcional e utilitário.
História de marketing Explicar a baixa ocorrência desse tema nas pesquisas
acadêmicas em qualquer nível e o baixo interesse nas práticas empresariais, talvez seja
responder e reforçar a tese de predominância do paradigma transacional. A história e a
elaboração de contextos pela abordagem histórica têm sido infimamente utilizadas por
acadêmicos e praticantes, dada a performance funcional, transacional e utilitarista da
produção e da construção do fenômeno de marketing na sociedade. Esse trabalho faz
uma escolha pelo marketing histórico e na sua explicação pelo método coloca alguns
dos motivos que também justificam as baixas incidências observadas nas Tabelas 9,
10 e 11.
Marketing de relacionamento e CRM Tema em voga, pela pressão que o novo
paradigma relacional tem imprimido ao transacional. Profusa nas pesquisas
acadêmicas de interesse pessoal e global, dado o aumento da discussão sobre esse
novo paradigma em nível teórico. Quanto a sua incidência alta, percebida pelos
respondentes, no interesse da prática empresarial, fica por conta das soluções que as
organizações precisam e precisarão encontrar para problemas futuros, vislumbrados
no presente.
128
Marketing na Internet (e-commerce, e-tailing) Outro tema de maior interesse para a
academia e as organizações, especialmente por conta das transformações que provoca
nas estruturas e no comportamento das pessoas. Alta escolha como pesquisa global e
no interesse das organizações. O baixo interesse nas pesquisas pessoais pode ser
creditado ao pouco domínio do pesquisador nacional ou ao fato de que outras áreas de
concentração na administração estão estudando intensamente o fenômeno,
associando o mesmo a tecnologia da informação e sistemas e não ao marketing.
Marketing Social (corporativo, de causas sociais, responsabilidade social) O tema
tem média ocorrência em todos os três veis percebidos pelos pesquisados, contudo
parece desenvolver uma tendência de aumento nesses níveis na medida em que os
paradigmas concorrentes ao transacional ganham espaço. A própria associação desse
tema com a sociedade e organizações pelo fenômeno do marketing, tem provocado
um crescente interesse de estudos e pesquisas na área, pelos acadêmicos envolvidos.
Quanto ao interesse pela maior prática empresarial, parece estar associado à agregação
de valor e lealdade dos clientes, e concomitantemente, consolidação de imagem e
lucratividade.
Outros temas ainda foram apontados entre os de pesquisa pessoal e global, mas todos
relacionados a linhas de pesquisa contempladas nos temas listados, entre os quais se pode
destacar marketing verde, macro marketing e cultura e consumo.
Com relação aos temas de pesquisa desenvolvidos pelos entrevistados, o trabalho
procura demonstrar quais são as fontes de prospecção desse temas e de pesquisa de cada um
deles posteriormente. Essa resposta pode ser decisiva na resposta de tendência de adoção de
qualquer um dos paradigmas de marketing, apresentados e discutidos, quanto ao seu uso, ao
longo dessa pesquisa.
A Tabela 12 considera fontes apontadas, sejam: (A) livros nacionais editados, (B)
livros estrangeiros disponíveis, (C) artigos científicos em revistas especializadas nacionais,
(D) artigos científicos em revistas especializadas estrangeiras, (E) anais de eventos nacionais,
(F) dissertações e teses de programas de pós-graduação em administração, (G) mídia de
difusão (jornais e revistas) e (H) WEB Internet, e procura definir a prioridade de uso em
relação à fonte de pesquisa (P/F).
129
Tabela 12: Fontes para o trabalho de pesquisa em marketing dos pesquisadores brasileiros
Prioridade
1
o
2
o
3
o
4
o
5
o
6
o
7
o
8
o
Total/p*
%
Fontes % % % % % % % % n
A 15,4 3,9 11,8 10,2 14,6 27,1 8,5 6,4 48 (4,48) 12,2
B 9,6 25,5 13,7 22,4 14,6 - 12,8 2,1 50 (3,62) 12,7
C 11,5 35,3 27,5 6,1 12,5 - - 6,4 50 (3,00) 12,7
D 55,8 17,6 5,9 14,3 4,2 2,1 - 2,1 52 (2,08) 13,2
E 3,8 11,8 25,5 20,4 20,8 6,3 6,4 6,4 50 (4,12) 12,7
F - 2,0 9,8 22,4 14,6 29,2 8,5 12,8 48 (5,33) 12,2
G 1,9 2,0 - 2,0 4,2 14,6 31,9 42,6 47 (6,89) 12,0
H 1,9 2,0 5,9 2,0 14,6 20,8 31,9 21,3 48 (6,17) 12,2
TOTAL
100 100 100 100 100 100 100 100 393 100
Fonte: Pesquisa de campo 2008
*p = profundidade média
O resultado desse questionamento junto aos pesquisadores nacionais vem referendar
uma série de pontos já apresentados nesse trabalho, e considerados a seguir na confirmação da
hipótese central. A análise especifica da Tabela 12 apresenta algumas considerações
importantes quanto às fontes de pesquisa.
A principal fonte de pesquisa para a produção acadêmica brasileira de marketing,
segundo seus próprios agentes, são artigos científicos de publicação e autoria estrangeira. Em
uma ordem de escolha considerando oito alternativas tal fonte é considerada em primeiro
lugar por número superior a metade dos entrevistados. A ordem de preferência com relação às
outras fontes sugeridas vai decrescendo para a segunda opção, terceira opção, e assim
consecutivamente, determinando uma profundidade de 2,08 (quanto mais esse número se
aproxima de 1,00, mais ele será o prioritário na escolha dos acadêmicos).
A partir desse elemento de análise a Tabela 12 identifica que as outras escolha são na
ordem de preferência artigos científicos em revistas especializadas nacionais, livros
estrangeiros disponíveis, anais publicados em eventos nacionais, livros nacionais editados,
dissertações e teses de conclusão de mestrado e doutorado, rede mundial de computadores
(Internet) e por último, revistas e jornais, produtos da mídia de difusão.
Destaca-se uma tendência de importação de conhecimento para a produção acadêmica
brasileira de marketing. Se considerados o material diretamente vindo do exterior, livros e
revistas especializadas, o uso dessas fontes ultrapassa sessenta e cinco por cento (65%) de
consultas. Ainda pode-se inferir que as outras fontes têm forte influência estrangeira na sua
construção, o que aumenta a tendência de imitação da cultura importada.
130
A Tabela 13 indica o viés metodológico sobre o qual estão produzidas as pesquisas
acadêmicas nacionais, na própria percepção dos acadêmicos. Esse é mais um indicador de
produção importada, dado o fato de que o trabalho quantitativo, como já está ilustrado no
trabalho, parece carregar consigo maiores características desta importação.
Tabela 13: Natureza metodológica dos trabalhos de pesquisadores nacionais
Metodologia n
%
Quantitativo 20 37,8
Qualitativo 14 26,4
Ambos
19 35,8
TOTAL
53 100
Fonte: Pesquisa de campo 2008
Fica constatada em si a predominância da opção quantitativa, dado o maior número de
respondentes nessa alternativa, juntamente com os que declaram usar ambas as metodologias
(quantitativa e qualitativa). Contudo a soma de ambos com quantitativo fazem pesar mais a
tendência. Reforçam tal tendência ainda, as constatações da pesquisa apresentadas na seção
quatro, onde o viés quantitativo prevalece em quase todos os trabalhos, quais sejam, artigos
em revistas especializadas e anais de eventos nacionais da área.
Outro reforço das constatações das tabelas anteriores é o que se vislumbra na Tabela
14, quando se questiona da proporção de uso entre material estrangeiro e material nacional.
Esta segunda forma de perguntar qual a natureza das fontes se faz necessária na medida em
que a Tabela 12, apesar de constatar um maior uso de fontes estrangeiras, não declara
totalidade nessas fontes. Outro aspecto importante é uma declaração de uso no sentido da
proporção de pesquisa considerando material nacional versus material importado.
131
Tabela 14: Proporção de uso entre publicações nacionais e estrangeiras para pesquisa
Proporção nas publicações n
%
Exclusivamente internacionais - -
10 % nacional / 90 % internacional 16 31,4
30 % nacional / 70 % internacional 16 31,4
50 % cada 5 9,8
70 % nacional / 30 % internacional 7 13,7
90 % nacional / 10 % internacional 5 9,8
Exclusivamente nacionais 2 3,9
Outra relação
- -
TOTAL CIT.
51 100
Fonte: Pesquisa de campo 2008
uma relação de uso de publicações estrangeiras em uma ordem superior a oito
artigos estrangeiros a cada dois nacionais, considerando as somas da segunda opção (10 %
nacional / 90 % internacional) e da terceira opção (30 % nacional / 70 % internacional) e
ainda as outras opções dispostas para escolha.
Tabela 15: Há pensamento, teoria ou paradigma de marketing no Brasil atualmente?
Paradigma de marketing n
%
Não 33 62,2
Transacional 9 17,0
Relacional 8 15,1
Pós-moderno 1 1,9
Outro
2 3,8
TOTAL CIT.
53 100
Fonte: Pesquisa de campo 2008
Finalmente, para a avaliação do paradigma dominante, a Tabela 15 expressa a
inexistência de um paradigma preponderante na produção acadêmica brasileira em marketing.
Esta inexistência, por contradizer os resultados constatados anteriormente revela uma
diferença entre a produção na visão dos pesquisadores e a produção propriamente dita. Esse
ponto é tido como uma divergência se considerados dois aspectos. O primeiro diz respeito ao
momento atual da produção acadêmica brasileira em marketing, tendente a um paradigma em
especial, comparado com a existência de outros dois paradigmas, examinado no referencial
teórico apresentado. O segundo diz respeito a própria contagem dos artigos e livros
publicados no país e investigados nas fontes diversas, quais sejam, livros editados, revistas
132
nacionais especializadas em temas de administração, artigos publicados em anais de eventos
nacionais e teses e dissertações apresentadas aos programas de s-graduação existentes no
país.
Ainda paralelamente às fontes utilizadas de pesquisa, apresentam-se na Tabela 16,
que indica, entre as fontes nacionais, as mais utilizadas quando consideradas as revistas
cientificas nacionais editadas no país. A partir da identificação das revistas disponíveis, por
pesquisa exploratória, e também de uma seleção de outras após a pré-testagem do
questionário inicial, o questionário sugeriu treze opções de revistas e os resultados indicam
um ranking das mais utilizadas, conforme listagem abaixo:
1. RAE – Revista de Administração de Empresas
2. RAE – Eletrônica – Revista de Administração de Empresas Eletrônica
3. RAUSP – Revista de Administração da USP
4. RAC – Revista de Administração Contemporânea
5. RAC – Eletrônica - Revista de Administração Contemporânea Eletrônica
6. BAR – Business Administration Review
7. Gestão.Org
8. REAd – Revista Eletrônica de Administração
9. RAM - Revista de Administração do Mackenzie
10. Cadernos EBAPE.BR
11. O & S Organizações e Sociedade
12. Revista de Administração da UFLA - Organizações Rurais e Agroindustriais
13. RAP – Revista de Administração Pública
14. Outras revistas
133
Tabela 16: Ranking de uso das revistas cientificas especializadas nacionais
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 Total/*p
% % % % % % % % % % % % % % %
1 47,9 13,6 11,9 5,9 6,7 8,0 4,2 11,8 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 43 (2,40) 13,5
2 6,3 20,5 0,0 17,6 10,0 20,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 26 (3,46) 8,2
3 22,9 20,5 16,7 2,9 10,0 0,0 20,8
0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 36 (2,89) 11,3
4 8,3 20,5 35,7 5,9 10,0 8,0 8,3 0,0 7,7 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 38 (3,29) 11,9
5 2,1 13,6 0,0 11,8 20,0 12,0 4,2 5,9 15,4 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 24 (4,58) 7,5
6 0,0 0,0 2,4 11,8 13,3 12,0 16,7
17,6 0,0 16,7 0,0 0,0 0,0 0,0 21 (6,14) 6,6
7 0,0 0,0 9,5 5,9 10,0 12,0 8,3 11,8 15,4 16,7 0,0 0,0 0,0 0,0 20 (6,05) 6,3
8 6,3 0,0 2,4 23,5 3,3 16,0 4,2 11,8 15,4 8,3 0,0 11,1 0,0 0,0 24 (5,42) 7,5
9 0,0 0,0 7,1 2,9 10,0 4,0 25,0
11,8 23,1 8,3 18,2 0,0 0,0 0,0 22 (6,86) 6,9
10 4,2 2,3 9,5 0,0 3,3 0,0 4,2 11,8 7,7 25,0 18,2 11,1 0,0 0,0 18 (6,50) 5,6
11 0,0 4,5 0,0 0,0 3,3 8,0 0,0 0,0 0,0 16,7 36,4 22,2 14,3 0,0 14 (8,71) 4,4
12 0,0 2,3 0,0 5,9 0,0 0,0 0,0 11,8 0,0 0,0 18,2 44,4 28,6 0,0 13 (9,38) 4,1
13 0,0 0,0 4,8 5,9 0,0 0,0 4,2 0,0 15,4 8,3 9,1 11,1 57,1 0,0 14 (8,86) 4,4
14 2,1 2,3 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 5,9 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 100 6 (8,83) 1,9
T 319 100
Fonte: Pesquisa de campo 2008
*p = profundidade média
Dentro do grupo de revistas nacionais, fica destacada a importância especialmente de
três revistas, quais sejam a RAE (na versão impressa e eletrônica), a RAUSP e a RAC. No
caso das duas primeiras pode-se inferir a importância hisrica. As revistas selecionadas estão
ligadas aos programas de s-graduação pioneiros do país.
Quanto à indicação de prioridade, classificada na terceira posição está a RAC. Tal
classificação se deve à importância da RAC, na medida em que é editada pela ANPAD, a
Associação que congrega pesquisas e pesquisadores em administração todo o país.
A terceira parte do questionário, procurou identificar a característica editorial do
mercado brasileiro em marketing. Primeiramente essa identificação buscou averiguar os
autores e pesquisadores mais usados e reconhecidos, tanto no âmbito nacional, quanto
internacional. Após isso se fez uma identificação dos livros e artigos científicos de
importância para a academia brasileira de marketing, também considerando publicações
internacionais e nacionais nessa seleção.
Finalmente, de forma adicional, o questionário investigou a importância para os
cursos de pós-graduação em todo o país para os entrevistados. As respostas encaminharam
para a seleção prioritária dos cursos citados a partir de sua ordem de importância na academia
brasileira de marketing.
Quanto aos autores em nível global, a lista a seguir indica todos os autores citados,
independente de seu grau de importância para os entrevistados. Uma tabela de sua
134
importância também é produzida e devido às suas dimensões consta em Anexo (02) ao final
deste trabalho.
1
David Aaker
48
Jonh Hauser
2
Aijen S.
49
Kevin Keller
3
Alan Andreasen
50
Klaus Grunert
4
Gary Armstrong
51
Massaki Kotabe
5
Berend Wierenga
52
Philip Kotler
6
Berry Berman
53
David L. Kurtz
7
Bert Rosembloom
54
Lars Perner
8
James Bettman
55
Christopher Lovelock
9
Alfred A. Bolton
56
Naresh Malhotra
10
Tonya Boone
57
Mark C. Green
11
Stephen Brown
58
Mary Jô Bitner
12
Philip R. Cateora
59
Grant McCracken
13
Chris Janizkewski
60
Michael J. Baker
14
Christian Gronroos
61
Michael Porter
15
Christine Moorman
62
Michael Saren
16
Gilbert Churchill
63
Nikhilesh Dholakia
17
Claes Fornell
64
Richard Oliver
18
Bernard Cova
65
A. Parasuraman
19
Craig Thompson
66
Paul Peter
20
Mary Cronin
67
Pradeep Chintagunta
21
Dan Reibstein
68
Richard P. Bagozzi
22
Daniel Miller
69
Robert Kosinets
23
Debby Macinnis
70
Robert Morgan
24
Wayne DeSarbo
71
Robin Weitz
25
Dhruv Grewal
72
Robin Wensley
26
Diamantopoulos
73
Russel Belk
27
Donald Lehmann
74
Roland Rust
28
Elizabeth Hirschman
75
Andrea Semprini
29
Richard Elliot
76
Shelby Hunt
30
James Engel
77
Steven M. Shugan
31
Eric Arnould
78
Steenkamp
32
Timothy Fitzmom
79
Louis W. Stern
33
Frederick E. Webster
80
Valerie Folkies
34
Fuat Firat
81
Wagner Kamakura
35
George Day
82
Willian L. Wilkie
36
Gerald Zaltman
83
Wim Verbeke
37
Gerry Tellis
84
Jochen Wirtz
38
A. C. Giuliani
85
Yagdish Sheth
39
Evert Gummesson
86
Valarie Zeithaml
40
Sharma Gupta
87
Michael R. Solomon
41
Morris Holbrook
88
Nigel Pierce
135
42
Jacques Lanbim
89
Sidney Levy
43
James Bettman
90
Ajay K. Kholi
44
Jan-Benedict Steenkamp
91
Bernard J. Javorski
45
Joan Meyrs-Levy
92
Jagdip Singh
46
Joel Kapferer
93
Elizabeth Fournier
47
Johan Arndt
Considerando a lista acima na ordem em que foram citados, destacam-se entre os
cinco mais importantes, na percepção dos professores entrevistados: (1) Shelby Hunt, com 13
citações; (2) Philip Kotler, com 11 citações; (3) David Aaker; (4) Christian Gronroos; e (5)
Richard Oliver, sendo os três últimos com 8 citações cada. A presença do Professor Shelby
Hunt na posição de mais indicado, deve-se ao fato do impacto que suas obras, especialmente
Marketing Theorytêm causado, mas a indicação de Kotler imediatamente após, reforça a
tendência transacional, especialmente se relacionada com a importância de sua obra
Administração de Marketing” para os respondentes, indicada a seguir nesse trabalho.
Quanto aos autores/pesquisadores em nível nacional, a lista a seguir indica todos os
autores/pesquisadores citados, ordenados sem consideração de grau de importância para os
entrevistados. Uma tabela de sua importância também é produzida e devido às suas dimensões
consta como Anexo (03) no final desse trabalho.
1
(20) Alexandre Faria
2
(14) Ana Ikeda
3
(26) André Leão
4
( 3 ) André Urdan
5
(14) Ângela da Rocha
6
(26) Carlos Alberto Gonçalves
7
( 1 ) Carlos Rossi
8
(20) Cid Gonçalves
9
(26) Claudia Acevedo
10
(26)
Cláudio Hoffman Sampaio
11
(26) Clóvis Machado
12
(26) Cristiane Pizzutti
13
(26) Décio Zylberstajn
14
(20) Eduardo Ayrosa
15
(26) Eduardo Spers
16
(26) Everardo Rocha
17
(12) Fauze Najib Mattar
18
(26) Fernando da Rosa
19
( 6 ) Fernando Luce
20
(20) Flávio Urdan
136
21
(26) Francisco Aranha
22
(26)
Francisco Madia de Souza
23
(26) Francisco Vieira
24
( 8 ) Geraldo Luciano Toledo
25
(26) Giuliani A. C.
26
(26) Gouvêa de Souza
27
( 2 ) José Afonso Mazzon
28
(14) José Mauro Hernandez
29
(10) Juracy Parente
30
(26) Letícia Casotti
31
(10) Luiz Antonio Slongo
32
(14) Marcelo Perin
33
( 9 ) Marcos Cobra
34
( 5 )
Marcos Cortez Campomar
35
(12) Marcos Fava Neves
36
(26) Mauro Calixta Tavares
37
(20) Nadia Pizzinato
38
(26) Osvaldo Farah
39
( 4 ) Paulo Prado
40
(14) Renato Marchetti
41
(14) Rubens da Costa Santos
42
(26) Salomão Farias
43
( 6 ) Sérgio Becio de Mello
44
(26) Tarcisio Afonso
45
(26) Wagner Kamamura
46
(20) Walter Meucci Nique
Considerando a lista acima, as indicações feitas a cada um dos professores estão
apontadas entre parentes, considerando a prioridade de classificação em ranking de cada um
dos apontados. Tal classificação se fez pelo fato de serem os próprios respondentes constantes
desta lista, e considerou-se importante apontar todas as citações que ocorreram.
Quanto aos principais livros editados no Brasil, de autoria nacional ou estrangeira, a
lista a seguir indica todas as obras citadas, sem ordenação segundo seu grau de importância
para os entrevistados. Uma tabela de grau de importância de cada obra também é produzida e
devido às suas dimensões consta como Anexo (04) no final desse trabalho.
1
AAker. Marcas: Brand equity gerenciando o valor da marca
2
Aaker. Pesquisa de Marketing
3
AlRies & Jack Trout, Marketing de Guerra
137
4
Baker. Administração de marketing
5
Berkowitz et. Al. Marketing
6
Boyd, Harper W.; Westfall, Ralph. Pesquisa Mercadológica
7
Bruce Newman, Jagdish Sheth, Banwari Mital. Comportamento do cliente
8
C. K. Prahalad. A Riqueza na base da pirâmide
9
Churchil e Peter. Marketing – criando valor para os clientes
10
COBRA, M. Administração de marketing no Brasil
11
Cobra. Marketing Básico
12
Coughlan. Canais de Marketing
13
Engel, Blackwell, Miniard. Comportamento do Consumidor
14
Evert Gummesson. Marketing de relacionamento total
15
Fauze Mattar. Pesquisa de Marketing
16
FERRE, O. C. e HARTLINE, M. Estratégia de marketing
17
Grahan H., Saunders, J. e Piercy N. Marketing estratégico e posicionamento competitivo
18
Gronroos, Jan Carlzon Engel
19
Gronroos. Marketing de serviços
20
Henry Mintzberg. Safári da Estratégia
21
Jean-Jacques Lambin. Marketing estrategico
22
Joseph F. Hair et al.Análise Multivariada de Dados
23
Kotabe. Marketing Global
24
Kotler e Armstrong. Princípios de Marketing
25
Kotler, P.; Keller, Kevin. Administração de Marketing
26
Lars Perner. Consumer Behavior: The psychology of marketing
27
Levitt, T. A Imaginão de Marketing
28
Lovelock e Wirtz. Marketing de serviços
29
Malhorta. Pesquisa de marketing
30
Marcos Fava Neves. Planejamento e Gestão Estratégica de Marketing
31
Mauro Calixta Tavares. A Força da marca
32
MCarthy, E Jerome. Marketing Básico
33
Naresh Malhotra. Pesquisa de Marketing
34
Peter Drucker. A Prática da Administração
35
Polia Lerner Hambúrguer. Mercadologia
36
PORTER, M. Estratégia competitiva
37
Porter. Vantagem Competitiva
38
Professores da FGV. Administração mercadogica
39
Raimar Richers. Surfando nas ondas do mercado
40
Raimar. Gestão de Marketing
41
Richard Oliver. A Behavioral Perspective on The Satisfaction
42
Richers, Raimar. O que é Marketing
43
Richers. Marketing: Uma visão brasileira
44
Schewe & Smith.Administração de Marketing
45
Schippman, Kanuk. Comportamento do consumidor
46
Solomon. Comportamento do consumidor
47
Stanton. Administração de Marketing
48
Tom Peters. Em busca do Uau
49
Urdan e Urdan. Gestão do composto de marketing
138
50
Zeithaml et al. Marketing de servos
51
Day. A empresa voltada para o mercado
52
Rust, Zeithaml e Lemon. O valor do cliente
Considerando a lista acima, destacam-se entre os cinco livros mais importantes, pelo
critério de citações, na percepção dos professores entrevistados: (1) Administração de
Marketing, de Kotler, com 33 citações; (2) Comportamento do Consumidor, de Engel,
Blackwell e Miniard, com 8 citações; (3) Marketing: Uma visão brasileira, de Richers, com 6
citações; (4) Marketing de Serviços; e (5) Marketing: Criando valor para os clientes, de Peter
e Churchill, ambos com 5 citações cada.
Quanto aos principais artigos científicos, publicados ou disponíveis no Brasil, de
autoria nacional ou estrangeira, uma lista apresentada como Anexo (05) do trabalho, devido
suas dimensões, indica todos os artigos científicos citados, sem ordenação segundo seu grau
de importância para os entrevistados. Uma tabela de grau de importância de cada artigo
cienfico também é produzida e devido às suas dimensões consta como Anexo (06) no final
desse trabalho.
Finalmente, a Tabela 17 a seguir, apresenta em ordem de citação as instituições de
ensino superior com programas de pós-graduação em todo o Brasil. Por queses
dimensionais a tabela está numerada na identificação dos programas, seguindo a lista indicada
abaixo:
1. COPPEAD – Universidade Federal do Rio de Janeiro
2. ESPM – Escola Superior de Propaganda e Marketing
3. UNISTÁCIO Universidade Estácio de Sá
4. FBV Faculdade Boa Viagem
5. EAESP/FGV – Escola de Administração de Empresas de São Paulo
6. EBAPE/FGV – Escola de Administração Pública e de Empresas
7. Fundação Pedro Leopoldo
8. IBMEC – RJ
9. UPM – Universidade Presbiteriana Mackenzie
10. PUC/PR Pontifícia Universidade Católica – Paraná
11. PUC/RJ – Pontifícia Universidade Católica – Rio de Janeiro
139
12. PUC/RS Pontifícia Universidade Católica – Rio Grande do Sul
13. UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais
14. UFPE – Universidade Federal de Pernambuco
15. UFPR – Universidade Federal do Paraná
16. UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul
17. UNIMEP – Universidade Metodista de Piracicaba
18. UNINOVE – Universidade Nove de Julho
19. USP – Universidade de o Paulo
20. USP/RP – Universidade de São Paulo/Ribeirão Preto
Tabela 17: Instituições de Ensino Superior com Programas de Pós-Graduação no Brasil
IES 1 % 2 % 3 % 4 % 5 % 6 % Total %
1 1 2,0 7 15,2 4 9,3 3 12,0 - - - - 15 (2,60) 8,3
2 2 4,1 2 4,3 2 4,7 1 4,0 - - - - 7 (2,29) 3,9
3 - - - - 1 2,3 - - - - - - 1 (3,00) 0,6
4 - - - - - - 1 4,0 1 7,1 - - 2 (4,50) 1,1
5 13 26,5 8 17,4 6 14,0 3 12,0 1 7,1 - - 31 (2,06) 17,2
6 1 2,0 2 4,3 1 2,3 1 4,0 - - - - 5 (2,40) 2,8
7 - - - - - - 1 4,0 - - - - 1 (4,00) 0,6
8 - - - - - - 1 4,0 - - - - 1 (4,00) 0,6
9 1 2,0 - - 1 2,3 2 8,0 - - - - 4 (3,00) 2,2
10 - - - - - - - - 2 14,3 - - 2 (5,00) 1,1
11 - - 1 2,2 1 2,3 - - - - - - 2 (2,50) 1,1
12 - - - - - - - - 1 7,1 2 66,7 3 (5,67) 1,7
13 - - - - 3 7,0 4 16,0 1 7,1 1 33,3 9 (4,00) 5,0
14 1 2,0 3 6,5 3 7,0 1 4,0 3 21,4 - - 11 (3,18) 6,1
15 1 2,0 1 2,2 3 7,0 - - - - - - 5 (2,40) 2,8
16 16 32,7 9 19,6 8 18,6 5 20,0 - 7,1 - - 39 (2,13) 21,7
17 - - - - - - - - - 7,1 - - 1 (5,00) 0,6
18 - - - - - - 1 4,0 - 7,1 - - 2 (4,50) 1,1
19 13 26,5 12 26,1 10 23,3 1 4,0 - 14,3 - - 38 (2,13) 21,1
20 - - 1 2,2 - - - - - - - - 1 (2,00) 0,6
TOTAL CIT.
49 46 43 25 14 3 180 100
Fonte: Pesquisa de campo 2008
Das instituões citadas, as mais importantes de acordo com os entrevistados, pelo
critério de citações, são a UFRGS, a USP, a EAESP/FGV, a COPPEAD da UFRJ e a UFPE.
Esta escolha vem corroborar a seleção de teses e dissertações estabelecida e analisada no
conteúdo desse trabalho, e demonstrada na seção 4.
Essas instituições de ensino superior são as mais lembradas, por conta de história de
produção acadêmica, presença de docentes e projeção nacional. A UFPE se destaca entre elas
por adotar uma posição de vanguarda das discussões que propõe e especialmente por seus
pesquisadores. O professor Benicio de Mello, mesmo estando em uma instituição fora do eixo
140
mais evidente dado a sua produção distinta com relação ao mainstream da produção nacional.
Na USP, estão os pesquisadores que mais produzem e seu programa é especialmente
procurado por acadêmicos de todo pais. Juntamente com UFRGS e EAESP/SP compõem
parte importante na formação hisrica da produção acadêmica brasileira do marketing.
141
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A produção acadêmica brasileira de marketing, desde alguns anos, tem sido tema de
pesquisa e investigação, a partir de diversos trabalhos produzidos pela academia,
especialmente se considerados pesquisadores que atuam nos programas de pós-graduação em
nível stricto sensu no país. Esta preocupação se dá, fundamentalmente, com o objetivo de dar
um entendimento mais adequado ao fenômeno de marketing no Brasil, no que diz respeito a
identidade, originalidade e efetividade.
Este trabalho, a partir da proposta de um maior entendimento do próprio fenômeno de
marketing, buscou replicar os trabalhos citados, e considerando um corte longitudinal bem
maior, estudou a produção acadêmica brasileira de marketing, através da utilização de uma
pesquisa historiográfica. O método escolhido possibilitou a construção da hipótese central de
que a produção acadêmica brasileira de marketing segue tendências orientadas pelos
paradigmas transacional, relacional e pós- moderno, assumindo tal modelo como importado
de produção estrangeira, especialmente americana, mas também européia.
O trabalho atingiu os objetivos a que se propôs, primeiramente por ter identificado a
produção acadêmica brasileira de marketing, a partir de um olhar ao longo da historia, e
respondido, pelos resultados alcançados, os questionamentos sobre identidade, originalidade e
efetividade da produção nacional ao longo dos últimos 54 anos. Além disso, ainda expõe
resultados que identificam ambiente, perfil de pesquisadores, aspectos qualitativos e
quantitativos e a influência dos paradigmas recorrentes na produção acadêmica brasileira de
marketing.
Abaixo o trabalho apresenta e discute os seus principais resultados procurando com
isso relacioná-los com a solução de problema proposto e permitir a reflexão baseados nas
considerações da hipótese central estabelecida.
de fato uma produção acadêmica de marketing que possa ser considerada
brasileira. Contudo essa propriedade nacional se reflete muito mais pelo volume de
conhecimento que foi manipulado, sistematizado e usado para análise dos mais diversos temas
propostos, do que pela originalidade de sua construção teórica. Consideradas origens e
contextos, o marketing brasileiro é uma replicação pouco adaptada do que se estudou
142
globalmente, a partir do paradigma transacional, especialmente, mas ainda, dos paradigmas
relacional e pós-moderno.
A forte influência do paradigma transacional no marketing brasileiro tem uma origem
histórica, acadêmica e estrutural, dados os acontecimentos que formataram a entrada dos
primeiros componentes formadores do fenômeno.
Historicamente, o desenvolvimento do ensino e da pratica do marketing foi em
decorrência da iniciativa americana em propagar sua influência política e econômica ao redor
do mundo no período de s-guerra, pelo desenvolvimento de um plano de expansão
chamado Ponto IV. No Brasil, a proposta americana teve guarida do próprio governo federal,
que por sua vez, esperava especializar seus técnicos e burocratas, em busca de contemplar um
plano de desenvolvimento econômico nacional de caráter “autônomo”.
Outro elemento histórico que atuou na formação original do marketing nacional foi a
fundação das primeiras que instituições de ensino superior no país. A USP, a ESPM e
especialmente a EAESP/FGV. Para possibilitar a obtenção de um volume inicial de
conhecimento, admitiu em seus quadros de docência, diversos professores de instituições de
ensino e negócios dos Estados Unidos, dentre elas a Michigan States University MSU e o
Massachusetts Institute of Technology – MIT.
Com o crescimento das organizações no país, e uma nova proposta estabelecida pelo
governo federal como de desenvolvimento “associado”, a produção acadêmica brasileira de
marketing foi sendo construída e a associação com a importação de conhecimento se
consolidando. Os primeiros livros editados e as primeiras pesquisas acadêmicas sobre o tema
de marketing, publicadas nas revistas acadêmicas especializadas da época, ou tiveram a co-
autoria de pesquisadores americanos ou replicavam quase que integralmente os postulados
teóricos importados daquele país.
Considerando, aliás, a trajetória editorial do país, observa-se que a grande maioria das
obras, especialmente as utilizadas como fonte de pesquisa e ensino superior, tem a marca do
paradigma transacional, dito também como “gerencialista”. O principal ícone do paradigma
transacional é o livro “Administração de Marketing” editado pela primeira vez em 1967 nos
Estados Unidos. No Brasil, a obra e o autor ainda são os mais influentes, como foi destacado
no referencial teórico e corroborado pelo resultado de pesquisa de campo junto aos
professores que atuam na área n o Brasil.
143
Além dos livros editados, outras fontes de ensino e pesquisa são bastante importantes
para confirmar as características da produção acadêmica brasileira de marketing. Um número
superior a mil e setecentos (1700) trabalhos, completos ou em forma de artigos científicos, foi
analisado quanto ao viés metodológico, o paradigma regente de sua construção e os temas
selecionados em seu conteúdo. A maioria significativa dessa produção são trabalhos
quantitativos, baseados em postulados teóricos transacionais e cumprindo uma agenda
temática orientada por interesses de pesquisas globais, especialmente recorrentes em agendas
de pesquisa americanas.
Quando o trabalho procurou identificar o perfil do pesquisador brasileiro em linhas de
marketing, identificou docentes, professores doutores em marketing ou áreas afins, de
formação efetivada, há no máximo vinte anos atrás. Contudo, ao identificar as fontes de
pesquisa utilizadas por tais professores, concluiu que as fontes ainda são de origem
estrangeira, em níveis superiores a oitenta por cento (80%) e que seus trabalhos seguem uma
perspectiva de abordagem transacional, concentrados em temas adequados ao mainstream da
agenda de pesquisa já destacada logo acima.
a identificação de pesquisas nacionais a partir de outros paradigmas, mas elas
também são produto de influências autorais importadas. A forte lembrança na academia
nacional, de nomes como o do Professor Shelby Hunt e Stephen Brown, mais reduzidamente,
além de identificar a inflncia estrangeira, indica passos iniciais de pesquisas e iniciativas
organizacionais em outra direção teórica, que não a adotada no último meio século.
No que diz respeito a uma conclusão direta e objetiva, vale apontar que existe uma
produção acadêmica brasileira de marketing, mas tal produção caminha na direção de
confirmar a hipótese levantada por esse trabalho. Sobre nosso volume de conhecimento,
uma influência importada dominante, especialmente do paradigma transacional, muito embora
com marcas sentidas do paradigma relacional e também pós-moderno.
As principais implicações dessa conclusão indicam que nossa produção acadêmica em
marketing precisa estabelecer elementos que a fortaleçam e a qualifiquem. Caso não se
estabeleça esse salto de identidade e qualificação, a produção corre o risco de se manter
volumosa, contudo inerte a geração de novos conhecimentos e sem uso dela como fonte para
pesquisas futuras.
144
Outra implicação importante é a influência persistente de uma mesma abordagem de
pesquisa. A alteração desse quadro, no sentido de pesquisar, entender e aplicar novas
abordagens, não é necessária para modernizar nossa produção, como para adequar nossa
academia e organizações a uma tendência mundial, cada vez mais crescente.
Este estudo que se conclui, procurou em primeiro lugar apresentar a pesquisa
historiográfica como um bom instrumento de análise e reconhecimento de fenômenos. Uma
pesquisa histórica de tamanho adequado, em seu volume de pesquisa, e com contextualização
válida, possibilita cruzamentos de análises capazes de confirmar tendências e
comportamentos, que podem ser generalizados e aplicados em pesquisas futuras, capacitando-
os com qualidade e fundamentação.
O trabalho também abre uma perspectiva de pesquisa dentro do amplo espaço de
produção acadêmica brasileira de marketing. Nesse sentido, sugere novas pesquisas e
abordagens relacionadas a interação da produção com outras disciplinas, aos fatores de
envolvimento dos pesquisadores com fontes nacionais e importadas, aos reflexos que uma
produção como a brasileira pode transmitir as organizações e as possibilidades de qualificação
da produção nacional a partir de generalização de recortes históricos anteriores.
Este trabalho atendeu as expectativas de seu autor, atingindo os objetivos aos quais se
propôs, mas reconhece como limites o curto tempo de pesquisa e análise de todo material
recolhido, a dificuldade de disponibilidade desse material, especialmente em seus teores
completos e a limitação de análises no que diz respeito a ferramentas utilizadas e resultados
apresentados.
Um futuro envolvimento em pesquisas dessa natureza pode colaborar com os meios
cienficos de formação de conhecimento, possibilitando na seqüência a construção de um
arcabouço teórico brasileiro de marketing, mais consistente na propriedade e mais adequado a
cultura e organização nacional.
145
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151
ANEXOS
ANEXO 1 – Questionário de Perfil de Pesquisadores e Temas de Pesquisa em Marketing
no Brasil
ANEXO 2 – Principais pesquisadores de marketing no mundo na atualidade
ANEXO 3 - Principais pesquisadores de marketing no Brasil na atualidade
ANEXO 4 - Principais livros editados no Brasil
ANEXO 5 – Principais artigos no Brasil
152
Anexo 01
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO – PPA
Universidade Estadual de Maringá – UEM & Universidade Estadual de Londrina – UEL
Centros de Ciências Sociais Aplicadas - Departamentos de Administração
Av. Colombo, 5.790 – Zona 07 – 87020-900 – Maringá – PR
Fone: (44) 3261-4976
Perfil de Pesquisadores e Temas de Pesquisa em Marketing no Brasil
Prezado professor/pesquisador de marketing, este questionário faz parte de um projeto de pesquisa de dissertação de
mestrado do Programa de s-Graduação em Administração, consórcio UEM/UEL, o qual busca identificar a existência e
descrever a formação de um pensamento brasileiro de marketing, de suas origens até os dias atuais. As perguntas abaixo
relacionadas compõem esse esforço de pesquisa e têm como objetivo a definição do perfil dos pesquisadores brasileiros, bem
como quais os temas e fontes de suas pesquisas são mais freqüentes. Nas questões que oferecerem mais de uma alternativa
de respostas, por gentileza responda quantas forem cabíveis.
I – PERFIL FORMACIONAL:
1 – Qual a sua área de graduação e ano de conclusão:
2 – Qual a sua área de doutoramento e ano de conclusão:
3 – Quais os locais em que você exerce sua atividade?
1. ( ) Instituição pública de ensino superior
2. ( ) Instituição privada de ensino superior
3. ( ) Empresa pública
4. ( ) Empresa privada
4 - Quais as atividades que você exerce?
1. ( ) Ensino
2. ( ) Pesquisa
3. ( ) Extensão universitária
4. ( ) Consultoria empresarial
II – TEMAS DE ESTUDOS E ASPECTOS DE PTICAS DE MARKETING
5 Aponte, dentre os temas propostos abaixo, os que você mais pesquisa pessoalmente (1), os que
você considera serem mais estudados mundialmente (2) e os que você considera serem objeto de maior
prática no meio empresarial (3).
Temas de marketing 1 2 3
01. Canais de marketing, distribuição e logística (fluxos e intermediários do canal)
02. Comportamento do consumidor
03. Comunicação de marketing (processos e formas)
04. Competências e aprendizado em marketing
05. Tomada de decisão em marketing
06. Política de preços e precificação
07. Estratégias de marketing
08. Impactos do marketing no valor das empresas
09. Inovação de produtos e serviços
10. Marcas (valor, imagem, processos)
11. Marketing internacional e integração de mercados
12. Segmentação de mercados
13. Serviços (processos, satisfação, qualidade)
14. Lealdade de clientes
15. Marketing na academia (educação e pesquisa em marketing)
16. Tecnologia da informação e marketing
17. Conceitos e aplicações especificas de marketing
153
18. História de marketing
19. Marketing de relacionamento e CRM
20. Marketing na Internet (e-commerce, e-tailing)
21. Marketing Social (corporativo, de causas sociais, responsabilidade social)
22. Outros temas especifique:
6 – Ordene, em ordem de preferência, de 1 a 8, as principais fontes de referência para seus trabalhos?
A ( ) Livros
B ( ) Livros estrangeiros
C ( ) Artigos científicos em revistas especializadas
D ( ) Artigos científicos em revistas especializadas estrangeiras
C ( ) Anais de eventos nacionais
D ( ) Dissertações e teses
E ( ) Mídia de difusão (jornais e revistas)
F ( ) WEB Internet
7 – Relacione, segundo sua visão, até cinco principais pesquisadores de marketing do mundo na
atualidade:
R.: ___________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________
8 – Relacione, segundo sua visão, até cinco principais pesquisadores de marketing do Brasil na
atualidade.
R.: ___________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________
9 – Qual a natureza (viés metodológico) dos trabalhos que produz atualmente?
1. ( ) Quantitativo 2. ( ) Qualitativo 3. ( ) Ambos
10 – Qual a relação percentual estimada de uso entre publicações nacionais x internacionais nos
trabalhos que desenvolve?
2. ( ) Exclusivamente internacionais
3. ( ) até 10% nacionais e 90% internacionais
4. ( ) até 30% nacionais e 70% internacionais
5. ( ) 50% de cada
6. ( ) até 70% nacionais e 30% internacionais
7. ( ) até 90% nacionais e 10% internacionais
8. ( ) Exclusivamente nacionais
9. ( ) outra relação – especifique: _____________________________________
11 – Quais as revistas nacionais da área que utiliza atualmente para suas pesquisas (responda por meio
de um ranking da 1ª. até a “n” mais usada) ?
1. ( ) RAE
2. ( ) RAE - Eletrônica
3. ( ) RAUSP
4. ( ) RAC
5. ( ) RAC – Eletrônica
6. ( ) BAR
7. ( ) Gestão.org
8. ( ) REAd
154
9. ( ) Revista Mackenzie
10. ( ) Cadernos EBAPE.BR
11. ( ) O & S
12. ( ) Revista de Adm. da UFLA - Organizações Rurais e Agroindustriais
13. ( ) RAP
14. ( ) Outras – especifique: ____________________________________
12 – Segundo seu ponto de vista, há um pensamento, teoria, ou paradigma de marketing predominante
no Brasil atualmente?
1. ( ) Não
2. ( ) Sim, Transacional.
3. ( ) Sim, Relacional
4. ( ) Sim, Pós-moderno
5. ( ) Sim, outro – especifique:
III – Aspectos Editoriais de Marketing no Mercado Brasileiro
13 - Cite até cinco principais livros editados no Brasil, de autores estrangeiros ou nacionais, que
influenciaram na forma de se pensar e/ou praticar marketing no Brasil:
R.: ___________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________
14 - Cite até cinco principais artigos científicos, publicados em periódicos ou anais de congressos no
Brasil, de autores estrangeiros ou nacionais, que influenciaram na forma de se pensar e/ou praticar
marketing no Brasil:
R.: ___________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________
15 Quais as principais escolas, com programas de pós-graduação em administração no Brasil, para a
discussão de marketing no Brasil?
R.: ___________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________
155
Tabela Anexa 02: Principais pesquisadores de marketing no
mundo na atualidade
PiM 1 n 2 n 3 n 4 n 5 n 6 n 7 n 8 n T N
1 1
2,3
2
4,8
2
4,9
0
0
3
11,1
0
0
0
0
0
0
8 (3,25) 4
2 0
0
0
0
1
2,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (3,00) 0,5
3 0
0
0
0
1
2,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (3,00) 0,5
4 0
0
2
4,8
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
2 (2,00) 1
5 0
0
0
0
0
0
1
2,9
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (4,00) 0,5
6 0
0
1
2,4
0
0
1
2,9
0
0
0
0
0
0
0
0
2 (3,00) 1
7 0
0
0
0
1
2,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (3,00) 0,5
8 0
0
1
2,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (2,00) 0,5
9 0
0
0
0
0
0
0
0
1
3,7
0
0
0
0
0
0
1 (5,00) 0,5
10 0
0
0
0
1
2,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (3,00) 0,5
11 1
2,3
1
2,4
0
0
1
2,9
1
3,7
0
0
0
0
0
0
4 (3,00) 2
12 0
0
0
0
0
0
0
0
1
3,7
0
0
0
0
0
0
1 (5,00) 0,5
13 0
0
0
0
1
2,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (3,00) 0,5
14 5
11,4
0
0
0
0
1
2,9
2
7,4
0
0
0
0
0
0
8 (2,38) 4
15 0
0
1
2,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (2,00) 0,5
16 1
2,3
0
0
0
0
0
0
0
0
2
28,6
0
0
0
0
3 (4,33) 1,5
17 1
2,3
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (1,00) 0,5
18 0
0
1
2,4
1
2,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
2 (2,50) 1
19 0
0
1
2,4
1
2,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
2 (2,50) 1
20 0
0
0
0
1
2,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (3,00) 0,5
21 0
0
1
2,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (2,00) 0,5
22 0
0
0
0
1
2,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (3,00) 0,5
23 0
0
1
2,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (2,00) 0,5
24 0
0
0
0
0
0
1
2,9
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (4,00) 0,5
25 0
0
0
0
0
0
1
2,9
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (4,00) 0,5
26 0
0
1
2,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (2,00) 0,5
27 0
0
0
0
1
2,4
0
0
1
3,7
0
0
0
0
0
0
2 (4,00) 1
28 0
0
0
0
0
0
2
5,7
0
0
0
0
0
0
0
0
2 (4,00) 1
29 0
0
0
0
0
0
1
2,9
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (4,00) 0,5
30 0
0
0
0
0
0
0
0
1
3,7
0
0
0
0
0
0
1 (5,00) 0,5
31 0
0
1
2,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (2,00) 0,5
32 0
0
0
0
0
0
1
2,9
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (4,00) 0,5
33 0
0
0
0
1
2,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (3,00) 0,5
34 0
0
0
0
0
0
0
0
1
3,7
0
0
0
0
0
0
1 (5,00) 0,5
35 1
2,3
2
4,8
1
2,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
4 (2,00) 2
36 0
0
1
2,4
0
0
1
2,9
0
0
0
0
0
0
0
0
2 (3,00) 1
37 1
2,3
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (1,00) 0,5
38 0
0
0
0
0
0
1
2,9
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (4,00) 0,5
39 0
0
1
2,4
1
2,4
0
0
0
0
1
14,3
1
50
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0
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0
0
0
1
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0
0
0
0
0
0
0
0
0
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0
1
2,4
3
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1
2,9
1
3,7
0
0
0
0
0
0
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42 0
0
1
2,4
0
0
2
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0
0
0
0
0
0
0
0
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0
0
0
0
0
1
2,9
0
0
0
0
0
0
0
0
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0
0
0
0
0
0
0
1
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0
0
0
0
0
0
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0
1
2,4
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0
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0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (2,00) 0,5
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0
1
2,4
1
2,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
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0
0
0
0
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0
1
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0
0
0
0
0
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0
0
0
0
0
0
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0
0
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0
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4,8
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2,4
0
0
1
3,7
0
0
0
0
0
0
4 (3,00) 2
156
PiM 1 n 2 n 3 n 4 n 5 n 6 n 7 n 8 n T N
50 0
0
1
2,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (2,00) 0,5
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0
0
0
0
0
1
2,9
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (4,00) 0,5
52 9
20,5
0
0
1
2,4
0
0
1
3,7
0
0
0
0
0
0
11 1,55) 5,6
53 0
0
0
0
0
0
1
2,9
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0
0
0
0
0
0
0
1 (4,00) 0,5
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0
0
0
1
2,4
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0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (3,00) 0,5
55 0
0
1
2,4
1
2,4
1
2,9
0
0
0
0
0
0
0
0
3 (3,00) 1,5
56 0
0
0
0
0
0
2
5,7
1
3,7
0
0
0
0
0
0
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0
0
0
0
0
1
2,9
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (4,00) 0,5
58 0
0
1
2,4
1
2,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
2 (2,50) 1
59 1
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0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
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0
0
0
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0
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0
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0
0
0
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0
0
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0
0
0
0
0
0
0
0
0
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0
1
2,4
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0
0
0
0
0
0
0
0
0
2 (2,00) 1
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0
0
0
0
0
0
0
0
1
14,3
0
0
0
0
1 (6,00) 0,5
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9,1
1
2,4
1
2,4
0
0
2
7,4
0
0
0
0
0
0
8 (2,38) 4
65 0
0
3
7,1
2
4,9
0
0
0
0
1
14,3
0
0
0
0
6 (3,00) 3
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0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1
50
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0
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0
0
0
0
0
1
2,9
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0
0
0
0
0
0
0
1 (4,00) 0,5
68 1
2,3
0
0
0
0
1
2,9
1
3,7
0
0
0
0
0
0
3 (3,33) 1,5
69 0
0
0
0
0
0
2
5,7
0
0
0
0
0
0
0
0
2 (4,00) 1
70 0
0
1
2,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (2,00) 0,5
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0
0
0
0
0
0
1
3,7
0
0
0
0
0
0
1 (5,00) 0,5
72 0
0
1
2,4
0
0
0
0
1
3,7
0
0
0
0
0
0
2 (3,50) 1
73 2
4,5
0
0
1
2,4
1
2,9
0
0
0
0
0
0
0
0
4 (2,25) 2
74 2
4,5
1
2,4
1
2,4
1
2,9
0
0
0
0
0
0
0
0
5 (2,20) 2,5
75 0
0
1
2,4
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0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (2,00) 0,5
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11,4
2
4,8
3
7,3
3
8,6
0
0
0
0
0
0
0
0
13 (2,31) 6,6
77 0
0
0
0
0
0
1
2,9
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (4,00) 0,5
78 0
0
0
0
1
2,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (3,00) 0,5
79 0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0 (-) 0
80 0
0
0
0
1
2,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (3,00) 0,5
81 1
2,3
0
0
0
0
0
0
1
3,7
0
0
0
0
0
0
2 (3,00) 1
82 0
0
0
0
0
0
1
2,9
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (4,00) 0,5
83 1
2,3
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (1,00) 0,5
84 0
0
0
0
0
0
0
0
1
3,7
0
0
0
0
0
0
1 (5,00) 0,5
85 2
4,5
1
2,4
1
2,4
2
5,7
0
0
0
0
0
0
0
0
6 (2,50) 3
86 3
6,8
3
7,1
1
2,4
0
0
0
0
1
14,3
0
0
0
0
8 (2,25) 4
87 0
0
0
0
0
0
0
0
1
3,7
0
0
0
0
0
0
1 (5,00) 0,5
88 0
0
1
2,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (2,00) 0,5
89 0
0
0
0
1
2,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (3,00) 0,5
90 0
0
0
0
0
0
0
0
1
3,7
0
0
0
0
0
0
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0
0
0
0
0
0
0
0
0
1
14,3
0
0
0
0
1 (6,00) 0,5
92 0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0 (-) 0
93 0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0 (-) 0
T.CIT. 44
42
41
35
27
7
2
0
198
100
157
Tabela Anexa 03: Principais pesquisadores de marketing no
Brasil na atualidade
P i B 1 n 2 n 3 n 4 n 5 n 6 n 7 n 8 n T n
1
1
2,4
1
2,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
2 (1,50) 1,1
2
0
0
0
0
0
0
2
6,7
1
4,3
0
0
0
0
0
0
3 (4,33) 1,7
3
1
2,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (1,00) 0,6
4
7
17,1
2
4,9
2
5,3
1
3,3
2
8,7
0
0
0
0
0
0
14 (2,21) 7,9
5
0
0
1
2,4
0
0
0
0
1
4,3
0
0
1
50
0
0
3 (4,67) 1,7
6
0
0
1
2,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (2,00) 0,6
7
5
12,2
5
12,2
8
21,1
4
13,3
1
4,3
0
0
0
0
0
0
23 (2,61) 12,9
8
0
0
0
0
1
2,6
1
3,3
0
0
0
0
0
0
0
0
2 (3,50) 1,1
9
0
0
1
2,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (2,00) 0,6
10
0
0
0
0
0
0
0
0
1
4,3
0
0
0
0
0
0
1 (5,00) 0,6
11
0
0
0
0
0
0
0
0
1
4,3
0
0
0
0
0
0
1 (5,00) 0,6
12
1
2,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (1,00) 0,6
13
0
0
0
0
1
2,6
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (3,00) 0,6
14
0
0
0
0
1
2,6
0
0
1
4,3
0
0
0
0
0
0
2 (4,00) 1,1
15
0
0
0
0
1
2,6
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (3,00) 0,6
16
0
0
0
0
1
2,6
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (3,00) 0,6
17
1
2,4
1
2,4
1
2,6
0
0
0
0
0
0
1
50
0
0
4 (3,25) 2,2
18
0
0
1
2,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (2,00) 0,6
19
1
2,4
2
4,9
2
5,3
3
10
0
0
0
0
0
0
0
0
8 (2,88) 4,5
20
0
0
0
0
0
0
1
3,3
0
0
1
33,3
0
0
0
0
2 (5,00) 1,1
21
0
0
0
0
1
2,6
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (3,00) 0,6
22
0
0
1
2,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (2,00) 0,6
23
0
0
1
2,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (2,00) 0,6
24
2
4,9
2
4,9
1
2,6
1
3,3
1
4,3
0
0
0
0
0
0
7 (2,57) 3,9
25
1
2,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (1,00) 0,6
26
0
0
0
0
0
0
1
3,3
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (4,00) 0,6
27
7
17,1
5
12,2
4
10,5
3
10
2
8,7
1
33,3
0
0
0
0
22 (2,59) 12,4
28
0
0
0
0
0
0
2
6,7
1
4,3
0
0
0
0
0
0
3 (4,33) 1,7
29
0
0
2
4,9
3
7,9
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
5 (2,60) 2,8
30
0
0
1
2,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (2,00) 0,6
31
1
2,4
1
2,4
0
0
2
6,7
1
4,3
0
0
0
0
0
0
5 (3,20) 2,8
32
0
0
0
0
1
2,6
1
3,3
1
4,3
0
0
0
0
0
0
3 (4,00) 1,7
33
3
7,3
2
4,9
1
2,6
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
6 (1,67) 3,4
34
4
9,8
1
2,4
2
5,3
1
3,3
1
4,3
1
33,3
0
0
0
0
10 (2,70) 5,6
35
0
0
2
4,9
1
2,6
1
3,3
0
0
0
0
0
0
0
0
4 (2,75) 2,2
36
1
2,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (1,00) 0,6
37
0
0
1
2,4
1
2,6
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
2 (2,50) 1,1
38
0
0
0
0
0
0
1
3,3
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (4,00) 0,6
39
0
0
4
9,8
3
7,9
0
0
4
17,4
0
0
0
0
0
0
11 (3,36) 6,2
40
0
0
2
4,9
0
0
1
3,3
0
0
0
0
0
0
0
0
3 (2,67) 1,7
41
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0
0
0
1
2,6
1
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1
4,3
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0
0
0
0
0
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0
0
0
0
0
0
0
1
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0
0
0
0
0
0
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3
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0
0
1
2,6
3
10
1
4,3
0
0
0
0
0
0
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44
0
0
0
0
0
0
0
0
1
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0
0
0
0
0
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1
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0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
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46
1
2,4
1
2,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
2 (1,50) 1,1
T.CIT.
41
41
38
30
23
3
2
0
178
100
158
Tabela Anexa 04: Principais livros editados no Brasil
L/Brasil 1 n 2 n 3 n 4 n 5 n 6 n 7 n 8 n T n
1
0
0
0
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1
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0
0
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0
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0
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0
0
0
0
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0
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0
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0
0
0
0
0
0
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13
1
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2
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2
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2
10
1
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0
0
0
0
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0
0
0
0
0
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25
27
61,4
2
5,7
2
7,7
2
10
0
0
0
0
0
0
0
0
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0
0
0
0
0
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0
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0
0
0
0
0
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0
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3
8,6
1
3,8
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0
0
0
0
0
0
0
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0
0
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0
0
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0
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2,9
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1
11,1
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0
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0
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0
0
0
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0
0
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0
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1
11,1
0
0
0
0
0
0
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2,3
1
2,9
0
0
1
5
0
0
0
0
0
0
0
0
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2,3
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0
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0
0
0
0
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0
1
3,8
0
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11,1
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0
0
0
0
0
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39
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2,3
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1
5
1
11,1
0
0
0
0
0
0
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1
2,3
1
2,9
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0
0
0
0
0
1
100
0
0
0
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1
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0
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0
0
0
0
0
0
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0
0
1
3,8
1
5
1
11,1
0
0
0
0
0
0
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43
1
2,3
3
8,6
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10
0
0
0
0
0
0
0
0
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0
0
0
0
0
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0
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5,7
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1
5
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0
0
0
0
0
0
0
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0
0
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0
0
0
0
1
100
0
0
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48
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0
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0
0
0
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0
0
0
0
0
0
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0
0
0
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5
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0
0
0
0
0
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50
2
4,5
1
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0
0
1
5
0
0
0
0
0
0
0
0
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0
1
2,9
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0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
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52
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0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0 (-) 0
T.CIT. 44
35
26
20
9
1
1
1
137
100
159
Tabela Anexa 05: Principais artigos no Brasil
A/Brasil 1
n 2
n 3
n 4
n 5
n 6
n 7
n 8
n T n
1
0
0
1
6,3
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
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0
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0
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0
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5
0
0
0
0
0
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0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0 (-) 0
6
1
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0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
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0
0
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0
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0
0
0
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0
0
0
0
0
0
0
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0
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0
1
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0
0
0
0
0
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0
1
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0
0
0
0
0
0
0
0
0
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0
0
0
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0
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1
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0
0
0
0
0
0
0
0
2 (3,50) 3,2
15
0
0
3
18,8
1
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0
0
1
25
0
0
0
0
0
0
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0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
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1
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0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
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0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
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19
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0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
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0
0
0
2
15,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
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0
0
0
1
7,7
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0
0
0
0
0
0
0
0
0
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0
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1
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0
0
0
0
0
0
0
0
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0
0
0
1
7,7
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0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (3,00) 1,6
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0
0
0
0
0
0
0
0
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1
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7,7
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
2 (2,50) 3,2
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0
0
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0
0
0
0
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1
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0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (2,00) 1,6
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1
6,3
0
0
0
0
1
25
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0
0
0
0
0
3 (2,67) 4,8
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0
0
0
1
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0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (3,00) 1,6
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1
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0
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0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (1,00) 1,6
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0
1
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0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (2,00) 1,6
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0
0
0
0
0
1
14,3
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0
0
0
0
0
0
0
1 (4,00) 1,6
33
0
0
1
6,3
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (2,00) 1,6
34
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1
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0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (2,00) 1,6
35
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0
0
0
0
0
1
14,3
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (4,00) 1,6
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1 (3,00) 1,6
39
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6,3
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3 (1,33) 4,8
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1 (4,00) 1,6
42
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1
25
0
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0
0
0
0
1 (5,00) 1,6
T. CIT. 23
16
13
7
4
0
0
0
63
100
160
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO – PPA
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ – UEM
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA – UEL
Centros de Ciências Sociais Aplicadas - Departamentos de Administração
Av. Colombo, 5.790 – Zona 07 – 87020-900 – Maringá – Pr.
Fone/fax: (44) 3261-4976 ou 3261-4941
CÉSAR RENATO FERREIRA DA COSTA
A PRODUÇÃO ACADÊMICA DE MARKETING NO BRASIL UMA
ANÁLISE HISTORIOGRÁFICA DOS ÚLTIMOS 50 ANOS
MARINGÁ
2008
1
CÉSAR RENATO FERREIRA DA COSTA
A PRODUÇÃO ACADÊMICA DE MARKETING NO BRASIL UMA
ANÁLISE HISTORIOGRÁFICA DOS ÚLTIMOS 50 ANOS
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
graduação em Administração Mestrado em
Gestão de Negócios da Universidade
Estadual de Maringá em consórcio com a
Universidade Estadual de Londrina, como
requisito para obtenção do título de Mestre
em Administração.
Orientador:
Prof. Dr. Francisco Giovanni David Vieira.
MARINGÁ
2008
2
CÉSAR RENATO FERREIRA DA COSTA
A PRODUÇÃO ACADÊMICA DE MARKETING NO BRASIL – UMA
ANÁLISE HISTORIOGRÁFICA DOS ÚLTIMOS 50 ANOS
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
graduação em Administração – Mestrado em
Gestão de Negócios da Universidade
Estadual de Maringá em consórcio com a
Universidade Estadual de Londrina, como
requisito parcial para obtenção do título de
Mestre em Administração, sob apreciação da
seguinte banca examinadora:
Aprovado em:
_________________________________________
Prof. Dr. Francisco Giovanni David Vieira (UEM)
_________________________________________
Prof. Dr. Ariston Azevêdo Mendes (UEPG)
_________________________________________
Prof. Dr. Mario Nei Pacagnan (UEL)
3
À luz de Eliza.
4
“Uma palavra que não representa uma idéia é
uma coisa morta, da mesma forma que uma
idéia não incorporada em palavras não passa de
uma sombra” (Lev Semenovich Vygotsky)
5
AGRADECIMENTOS
A DEUS, que me abençoou com a graça da vida.
A meus pais, Nilda e Cláudio (in memoriam). Agentes de DEUS para minha vinda a este
mundo.
A meus filhos Priscila, Vinicius e Beatriz, que com sua existência, justificaram o motivo para
a mais linda trajeria de uma vida.
A minha companheira Márcia, que com sua sabedoria e extrema simplicidade soube me
remover dos labirintos aos quais me impus. “A palavra certa, na hora certa”.
A meus colegas de turma no mestrado, Algildo, Cristiane, João, Juanita, Kerla, Marcio e
Tayso, que repartiram comigo suas esperanças e alegrias.
Aos professores e colaboradores do Departamento de Administração da UEM, com os quais
convivi ao longo destes quase doze anos. Em especial ao Professor Ednei, que com serenidade
mostrou-me que estradas diferentes podem conduzir ao mesmo lugar.
Aos professores do Mestrado da UEM/UEL, especialmente a Professora Hilka, que me tratou
com tal carinho, a ponto de me sentir um dos seus.
Aos secretários do mestrado, Francisco, e especialmente, Bruhmer, que com trabalho,
dedicação e seriedade faz as coisas funcionarem. O mestrado tem o dedo desse moço!
Ao meu amigo e orientador, Professor Giovanni, que com sua sabedoria e seriedade conduziu
minha formação e traduziu-me por completo uma frase que carrego há anos. “Hay que
endurecerce, pero sin perder la ternura jamás”
Agradecimentos a todos e tantos. MUITO OBRIGADO.
E novamente, e sempre, a DEUS. Que em nome de Jesus Cristo, nos conduz à felicidade.
AMÉM.
6
COSTA, César Renato Ferreira da. A produção acadêmica de marketing no Brasil
Uma análise historiográfica dos últimos 50 anos. 2008. 151 f. Dissertação (Mestrado
em Administração)–Universidade Estadual de Maringá e Universidade Estadual de
Londrina, 2008.
RESUMO
O marketing, como fenômeno das ciências sociais e aplicadas, é o produto de uma
construção social, teórica científica, ao longo de mais de um século no estudo do
pensamento administrativo, sendo integrado no interesse de outras áreas da ciência na
medida em que aumenta seu volume de influência social. Consideradas as
circunsncias de mercado, troca e relacionamento, o fenômeno pode ser identificado
pelo estudo da civilização, desde sua existência. Com uma perspectiva acadêmica e
cienfica emerge a partir das revoluções sociais transformadoras do século XVIII e tem
evoluído seu arcabouço teórico até a atualidade, tendo passado por diversas fases
interpretativas. O marketing global, como se entende na atualidade é produto de uma
construção originária de diversas escolas de pensamento, especialmente de origem
anglo-americana, e notadamente intensiva a partir dos Estados Unidos. Este trabalho,
considerando essas circunstâncias originais e suas influências, estuda o fenômeno,
desde seu surgimento nas academias de ensino superior no Brasil, até sua atualidade. A
partir de fontes que revelam a produção acadêmica de marketing no Brasil, este estudo
busca então identificar se um marketing que possa ser tratado por brasileiro, ou se o
que temos no país apenas reflete uma construção importada de outras culturas. Um
método baseado na análise historiográfica, de eventos e publicações, editadas nos
últimos 54 anos e uma pesquisa exploratória com docentes da área, consti a base de
informações para considerações conclusivas do questionamento proposto. A resposta
final de tal questionamento é apontada a partir do cruzamento das informões tomadas,
com o conceito de paradigmas prevalecentes para o marketing atual e se define
conclusivamente nesse trabalho indicando que a maioria da produção brasileira de
marketing na academia de ensino superior representa uma reprodução dos conceitos
estabelecidos pelo paradigma transacional, com abordagem quantitativa, especialmente
importados do exterior, onde se destacam principalmente os Estados Unidos e também a
Europa.
Palavras-chave: Marketing. Marketing brasileiro. Produção acadêmica. Paradigmas.
7
ABSTRACT
The marketing, as a phenomenon of social and applied sciences, is the product of a
scientific-theoretical social construction for over a century in the administrative thought,
being integrated in the interest of other areas of science insofar as it increases its volume
of social influence. Considered the circumstances of the market such as exchange and
relationship the phenomenon can be identified by the study of civilization since its
existence. With an academic and scientific perspective, it emerges from the
transformative social revolutions of the eighteenth century and has evolved its
theoretical framework to the present, having passed through several interpretative
phases. The global marketing as understood at present is the product of an original
construction from several theoretical schools, especially of Anglo-American origin,
notably intensive in the United States. This work, considering these original
circumstances and their influences, studies the phenomenon since its emergence in the
academies of higher education in Brazil until its present. From sources that reveal the
academic production of marketing in Brazil, this paper researches if there is a marketing
that can be identified as Brazilian or whether what we have in the country only reflects a
construction imported from other cultures. One method based on historical analysis of
events and publications, published in the last 54 years and an exploratory research with
teachers in the area, build an information base for conclusive considerations of the
proposed questioning. The final answer to this question is pointed from the information
taken, crossed with the concept of prevailing paradigms for the current marketing and is
defined in this work like a reproduction of american and european paradigms to studies
of marketing.
Key words: Marketing. Brazilian marketing. Academic production. Paradigms.
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Esquema geral do procedimento metodológico ................................. 30
Figura 2 - Origem das Instituições-chave da produção acadêmica de
Marketing no Brasil ...........................................................................
68
9
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Comparação entre hisria tradicional e nova história ........................ 23
Quadro 2 - Comparativo de historiografia com outros métodos ........................... 25
Quadro 3 - Fontes e características do conhecimento ........................................... 33
Quadro 4 - Cronologia editorial da origem do marketing ..................................... 48
Quadro 5 - Evolução das Pesquisas da Escola de Administração de marketing ... 57
Quadro 6 - Produção científica em marketing nas revistas nacionais ................... 82
Quadro 7 - Temas de marketing abordados nas revistas nacionais ....................... 84
Quadro 8 - Produção científica em marketing nos eventos nacionais ................... 90
Quadro 9 - Temas de marketing abordados nos eventos nacionais ....................... 93
Quadro 10 - Produção científica em marketing nas teses e dissertações .................
100
Quadro 11 - Temas de marketing abordados nas teses e dissertações .....................
102
Quadro 12 - Livros de marketing em uso, editados no Brasil ................................. 110
10
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Idade dos respondentes ........................................................................
116
Tabela 2 - Gênero dos respondentes .....................................................................
116
Tabela 3 - Área de graduação dos respondentes .................................................. 117
Tabela 4 - Ano de graduação dos respondentes ................................................... 118
Tabela 5 - Área de doutoramento dos respondentes .............................................
119
Tabela 6 - Ano de doutoramento dos respondentes ..............................................
119
Tabela 7 - Local de atividade dos respondentes ................................................... 120
Tabela 8 - Atividade exercida pelos respondentes ............................................... 121
Tabela 9 - Temas que os respondentes mais pesquisam .......................................
123
Tabela 10 - Temas mundiais apontados pelos respondentes .................................. 124
Tabela 11 - Temas de maior prática nas empresas, apontados pelos respondentes
125
Tabela 12 - Fontes para o trabalho de pesquisa em marketing dos pesquisadores
brasileiros ............................................................................................
129
Tabela 13 - Natureza metodológica dos trabalhos de pesquisadores nacionais ..... 130
Tabela 14 - Proporção de uso entre publicações nacionais e estrangeiras par
pesquisa ...............................................................................................
131
Tabela 15 - pensamento, teoria ou paradigmas de marketing no Brasil
atualmente? ..........................................................................................
131
Tabela 16 - Ranking de uso das revistas cienficas especializadas nacionais ....... 133
Tabela 17 - Instituições de Ensino Superior com Programas de Pós-Graduação
no Brasil ..............................................................................................
139
11
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO .................................................................................................
12
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TRABALHO ..................................................... 12
1.2 OBJETIVOS PROPOSTOS ................................................................................ 14
1.3 CENÁRIO DO OBJETO DE PESQUISA .......................................................... 15
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO.........................................................................
20
2
METODOLOGIA .............................................................................................
22
2.1 PESQUISA HISTORIOGRÁFICA .................................................................... 22
2.2 LIMITES CIRCUNSCRITOS EM CONCEITOS DE PESQUISA ....................
31
2.3 LIMITES ESTRUTURAIS DA PESQUISA ...................................................... 34
3
REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................
36
3.1 ORIGEM, CONCEITOS E ABORDAGENS RECORRENTES DO
MARKETING .....................................................................................................
36
3.2 O DOMÍNIO DO MARKETING ....................................................................... 42
3.3 O PENSAMENTO GLOBAL DE MARKETING ..............................................
44
3.3.1
A evolução teórica do pensamento em marketing ..........................................
48
3.3.2
As escolas formadoras do pensamento em marketing ...................................
50
3.3.2.1 Escola funcional do marketing ............................................................................ 50
3.3.2.2 Escola da mercadoria em marketing ................................................................... 51
3.3.2.3 Escola institucional do marketing ....................................................................... 53
3.3.2.4 Escola inter-regional de marketing ..................................................................... 54
3.3.2.5 Escola de administração de marketing ................................................................ 56
3.3.2.6 Escola de sistemas de marketing ......................................................................... 58
3.3.2.7 Escola do comportamento do consumidor .......................................................... 58
3.3.2.8 Escola do macro marketing ................................................................................. 59
3.3.2.9 Escola de trocas ................................................................................................... 60
3.3.2.10
Escola do marketing histórico ............................................................................. 61
3.3.3
Abordagens contemporâneas do pensamento em marketing ........................
62
3.4 PENSAMENTO BRASILEIRO DE MARKETING .......................................... 66
3.4.1
Origem da produção acadêmica brasileira de marketing .............................
66
3.4.2
Políticas governamentais e o marketing ..........................................................
69
3.4.3
O comportamento do consumidor brasileiro e o marketing .........................
72
3.4.4
Influência da produção acadêmica em marketing .........................................
74
4
A PRODUÇÃO ACADÊMICA BRASILEIRA EM MARKETING ............
76
4.1 REVISTAS ESPECIALIZADAS EM ADMINISTRAÇÃO .............................. 76
4.2 EVENTOS NACIONAIS NA ÁREA DE ADMINISTRAÇÃO ........................ 88
4.3 TESES E DISSERTAÇÕES ............................................................................... 94
4.4 LIVROS EDITADOS NO BRASIL ................................................................... 103
5
PERFIL E PENSAMENTO DOS ACADÊMICOS .......................................
112
6
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................
141
REFERÊNCIAS ................................................................................................
145
ANEXOS ............................................................................................................
151
12
1 INTRODUÇÃO
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TRABALHO
Marketing, Mercadologia, Administração de Marketing, e ainda outras nomenclaturas
que podem ser encontradas, procuram descrever uma atividade de gestão, uma disciplina, uma
teoria administrativa, uma fonte de pesquisa ou uma forma de pensamento acadêmico e/ou
organizacional que tem se desenvolvido em diferentes países. E como não poderia deixar de
ser, também no Brasil.
Este movimento de ensino, pesquisa e prática acompanha a própria história do
Pensamento Administrativo, o campo maior que o tem abrigado, e se forma com a evolução
da sociedade, especialmente considerados aqui o âmbito acadêmico e organizacional.
O presente trabalho tem o propósito de proceder a uma pesquisa, a partir de uma
perspectiva historiográfica, considerando especialmente a Produção Acadêmica Brasileira de
Marketing, tomada a partir da seguinte problematização: existe uma Produção Acadêmica
Brasileira de Marketing capaz de ser definida pelo volume de conhecimento produzido, pelas
abordagens e influências que a refletem e pelos resultados promovidos ao longo de uma
história cursada nos último 54 anos no Brasil?
Considerar este período de pouco mais de 50 anos de pesquisa é estabelecer como
marco as discussões e iniciativas originais deste estudo no Brasil, quando da fundação das
primeiras instituições de ensino superior, especificamente voltadas para o ensino de
administração. A partir da definição dessa cronologia, o trabalho segue pela análise da
produção acadêmica original, passando pela produção que ficou registrada em publicações na
academia e institutos ligados a ela, culminando com o momento atual, analisado a partir da
produção acadêmica nacional de professores e pesquisadores dos programas de pós-graduação
em Administração, envolvidos com a área de marketing de nosso país.
13
Essa escolha de abordagem da pesquisa é importante, considerando que seu resultado
estabelece pelo menos três condições que podem contribuir para o desenvolvimento do campo
de estudo de marketing e para a formação prática e acadêmica nesse campo.
A primeira condição se refere ao caráter de ineditismo do trabalho, na medida em que
a academia brasileira não apresenta, até esse momento, uma pesquisa que tenha se preocupado
em definir o atual estágio da produção de marketing no Brasil, desde suas origens até o
momento atual.
Tal caráter pode ser observado em função de que a literatura apresenta algumas obras
que descrevem aspectos da formação histórica (SIMÕES, 1980; GRACIOSO; 1981;
RICHERS, 1994, 2000; COBRA, 2003; OLIVEIRA, 2004) ou que tratam das influências
sofridas por acadêmicos, praticantes e consumidores no período de sua formação (RICHERS,
2000; PENTEADO, 1982; LOPES, 1977), ou ainda outras que caracterizam como se a
produção acadêmica no campo de estudo (VIEIRA, 1998, 1999, 2000; FROEMMING, 2000
PERIN et al. 2006; VIEIRA e GAVA, 2006; FARIA, 2007). Estas últimas se dedicando
apenas a frações mais contemporâneas do tempo proposto nesse trabalho.
Como segunda condição, é determinante que a revisão bibliográfica desenvolvida
busca agrupar aspectos conceituais, históricos e estruturais da produção acadêmica do
marketing brasileiro no presente no trabalho. Tal conjunto de material pode ser de especial
utilidade tanto para a ordenação de pesquisas futuras sobre o tema, quanto para a promoção de
discussões que priorizem um maior entendimento e generalizações da realidade atual.
A terceira condição que se estabelece com este trabalho é a possibilidade de
contribuição para a qualificação acadêmica de seus leitores, tendo em vista o aprimoramento
do ensino na área, em cursos de graduação e pós-graduação, especialmente os de stricto
sensu. Tal agregação ao conhecimento pode favorecer o acesso a pesquisadores e praticantes,
oferecendo bases para futuras ações de pesquisa e gestão organizacional.
Para que tais condições possam ser estabelecidas satisfatoriamente, este trabalho está
organizado a partir da apresentação e aplicação da pesquisa historiogfica como
metodologia, referencial teórico organizado e triangulação com institutos e pesquisadores
diretamente ligados à produção acadêmica de marketing no Brasil.
14
Finalmente, vale ressaltar que o trabalho não pretende consolidar uma única posição
conceitual na definição do tema proposto, por entender que tal tema, como se apresenta na
atualidade, ainda compõe diversidade de posicionamentos e abordagens de pesquisas, que
conduzem a posições distintas sobre o fenômeno estudado, invalidando quaisquer conclusões
definitivas ou aceitas integralmente pela comunidade acadêmica da área. As reflexões e
posteriores considerações finais deste trabalho pretendem, então, apresentar uma posição, e a
partir dela, estabelecer a análise de um comportamento de pesquisa e produção acadêmica que
se relacione com o objeto da pesquisa.
1.2 OBJETIVOS PROPOSTOS
Considerando a discussão acima apresentada, a ação de pesquisa que se segue busca
efetivamente consolidar um trabalho que caracterize a narrativa histórica da produção
acadêmica para formação do que se apresenta como marketing brasileiro e, desta forma,
alcançar objetivos que justifiquem a sua pesquisa, conforme seguem:
Objetivo Geral:
o Pesquisar, identificar e caracterizar a produção de marketing no Brasil, com
base no último meio século (a partir de 1954).
Objetivos específicos:
o Investigar os ambientes (acadêmicos) onde ocorreu e ocorre a produção de
marketing brasileira.
o Descrever o perfil dos pesquisadores que desenvolvem a produção de
marketing brasileira na atualidade.
15
o Identificar como os paradigmas recorrentes (transacional, relacional e pós-
moderno), relacionados ao pensamento global de marketing, influenciam a
produção brasileira.
o Assinalar aspectos de qualidade e quantidade da produção acadêmica em
marketing.
o Apontar os reflexos da produção brasileira de marketing, entre os acadêmicos e
praticantes, nas instituições de ensino e organizações do país.
Destaca-se que a introdução apresentada até esse ponto indica reflexões a respeito da
produção acadêmica de marketing no Brasil, relacionadas, especialmente, a aspectos como
origens, produção brasileira, volume de conhecimento, direção conceitual, mensagens e
caminhos que a produção é capaz de transmitir ao longo da história, tudo isso marcado,
aproximadamente, no último meio século. Por outro lado, a questão problema selecionada no
início desse trabalho procura abordar esses aspectos e ainda estabelecer dimenes e limites
para este estudo.
Para consecução desses objetivos, o trabalho aplica uma orientação da pesquisa
historiográfica, e está centrado na verificação de uma hipótese central. Tal verificação
concentra sua pesquisa na origem da construção da produção acadêmica brasileira de
marketing, partindo da afirmação que a produção de marketing nacional, a partir da academia,
se utiliza integralmente de um composto teórico importado, especialmente da construção dos
conceitos de marketing da cultura organizacional americana, mas ainda com alguma
influência de outros centros europeus.
1.3 CENÁRIO DO OBJETO DE PESQUISA
A seguir, descreve-se resumidamente o fenômeno do marketing, desde sua origem até
um momento atual, que é objeto central desse trabalho. O objetivo da descrição desse cenário
é especialmente situar o leitor quanto ao fenômeno e justificar os motivos que estimularam a
realização dessa pesquisa. Esta descrição não se preocupa, então, em referenciar a fonte de
16
autoria das informações. Essas referências serão explicitadas, nas seções posteriores, onde
poderão preencher o rigor que um trabalho desta natureza exige.
O marketing da atualidade é uma área do conhecimento contida nas ciências sociais e
aplicadas, bastante difundida e pesquisada no mundo todo. Contudo, adquiriu essa dimensão
ao longo do tempo e tem evoluído a partir de uma hisria que acompanha a formação do
pensamento administrativo moderno. No campo do estudo da administração, desenvolvido
nos meios acadêmicos e nas organizações, o estudo do marketing vem sendo elaborado
considerando as necessidades que se criam para explicar o funcionamento e os conceitos das
organizações e dos atores envolvidos.
Na era da industrialização, tomada a partir da revolução industrial e francesa, as
organizações cresceram significativamente e, com elas, várias áreas de conhecimento como
recursos humanos, produção, finanças e marketing.
Na sua origem, devido a uma demanda muito maior que a oferta, o marketing era
lembrado apenas como uma função administrativa. Chamada, aliás, como função comercial,
que atendia apenas ações voltadas para venda e distribuição das mercadorias e serviços
produzidos, assumindo um caráter fundamentalmente funcional.
Com a evolução dos processos produtivos e a expansão de produtos oferecidos, coube
aos pesquisadores ligados ao marketing a caracterização das mercadorias oferecidas,
especialmente na classificação das mesmas quanto ao seu uso. Nesse momento da história
moderna das organizações, emergem as primeiras escolas de ensino superior, formadoras de
praticantes e pesquisadores com especialização mais dirigida.
As instituições organizacionais experimentam um crescimento vertiginoso com a
proliferação e crescimento das organizações, e com elas todas as funções. Esse crescimento
deu ao marketing da época um redimensionamento na mesma direção, e o que era uma função
empresarial passava a ser uma divisão organizacional. Essa divisão compôs, então, uma
cadeia de outras instituições associadas, com a formação clara de um canal de distribuição,
elaborado a partir do centro produtivo, passando por postos de distribuição atacadista e
varejista e chegando, finalmente, no consumidor final.
Essa nova estrutura divisional veio atender especialmente o crescimento dos mercados
e a ampliação das áreas de atuação das organizações, superando as fronteiras regionais do
17
ambiente de produção. Com a expansão dos negócios das organizações, o marketing assume
um papel de elaborar uma geografia de mercados, consolidando assim uma primeira fase de
sua estruturação. Essa primeira fase então tratou de definir o marketing como área de estudo e
prática, responsável por descrever a função de venda e distribuição, classificação de produtos
e relacionamento inter-regional entre produção e consumo.
Muito embora essa fase original tenha se desenvolvido nos continente europeu e
americano, foi nos Estados Unidos da América que ela teve seus elementos de crescimento
mais consolidados. Instituições privadas, de ensino e pesquisa de nível superior,
influenciaram de tal maneira a consolidação de conceitos e definições de marketing que
acabaram sendo reconhecidas como dominantes no ensino e na formação deste campo de
estudo.
Notadamente voltadas para o reforço de seu poderio econômico, em crescimento, as
instituições americanas de ensino e de negócios, procuraram proliferar seus conceitos de
organizações por todo o mundo, onde pretendiam assumir um papel de liderança e domínio. A
chamada Administração de Marketing se amplia a partir do modelo americano, definindo
novos parâmetros de gestão e relações de consumo em todo mundo.
A relação das organizações com as instituições de ensino e pesquisa de nível superior
se intensifica significativamente e instituições americanas de ensino, pesquisa e negócios
passam a influenciar toda a ação de gestão global, especialmente utilizando os novos
postulados de marketing que se formavam. A relevância desta relação
organizações/instituições de ensino supera, nesse momento, um possível rigor científico
socioeconômico que poderia ser considerado à época, exatamente em função da pressa que
tais organizações tinham em crescer e desenvolverem-se.
Esse crescimento das organizações e da própria sociedade denota, contudo, um
sistema muito maior do que o contido pelo universo organizacional e estes aspectos macro
ambientais começam a pressionar os pesquisadores de marketing das instituições no mundo
todo, especialmente fora dos Estados Unidos, que ainda se mantinham focadas nos elementos
de gestão surgidos com a Administração de Marketing. Essa cobrança de um maior rigor na
formulação de teorias científicas ligadas ao marketing abrange pesquisadores, especialmente
considerando demandas surgidas do lado do consumo.
18
O comportamento do consumidor, até então exclusivamente relacionado com as
pesquisas de marketing, chama a atenção de pesquisadores de outras áreas, devido à
preocupação desses com as reações sociais que as relações de consumo podem causar. O
marketing apenas como elemento de gestão sofre, então, com a crítica e o combate de
sociólogos, psicólogos, antropólogos e uma infinidade de outros setores da pesquisa
cienfica. Dentre os próprios pesquisadores de marketing, começam a surgir os defensores de
um estudo mais amplo, que considere, agora, organizações e sociedade.
A relação de troca de bens e serviços entre produção e consumo tem então uma
tendência de invero sentida. Os aspectos relacionados a essa troca, antes destes movimentos
descritos somente transacionais, passam a impor um caráter mais relacional. Esta relação mais
acentuada entre parceiros da cadeia produtiva e consumidores finais cria uma abordagem de
marketing mais adequada e, apesar da forte influência do resultado econômico como objetivo
final, parece cada vez mais tomar um espaço significativo no campo de estudo.
Estes movimentos transformadores da teoria de marketing no mundo são tão
evidentes, que a discussão sobre ela se acirra significativamente no que diz respeito à relação
de rigor e relevância. A essa discussão então se associam pesquisadores com pensamentos e
abordagens das mais diversas, destacando-se nas ultimas décadas movimentos bastante
vanguardistas, se considerados os pesquisadores originais do estudo, diretamente ligados ao
funcionalismo e gerenciamento das organizações. Dentre esses movimentos, os que mais se
destacam na formulação de novas teorias de marketing são os ligados à Nova História e ao
s-modernismo.
Desde o inicio da década de 1950, especialmente pelo interesse do estado brasileiro
em desenvolvimento e pela criação de instituições de ensino superior na área de
administração, esse movimento de evolução do fenômeno do marketing vem influenciando
nossas organizações, tanto públicas quanto privadas. A produção acadêmica brasileira de
marketing vem sendo elaborada, consideradas influências especialmente americanas. Essas
influências se dão, fundamentalmente, a partir das decies de associação que tomaram
governantes e praticantes organizacionais no país.
Tendo em vista a estratégia do estado, especialmente preocupado com o
desenvolvimento tecnológico brasileiro e o aperfeiçoamento de seus burocratas, a partir da
década de 1940, ões de associação com instituições de ensino e pesquisa de nível superior
19
foram engendradas sob o enfoque de um desenvolvimento dito “autônomo”. Essas
associações, tendo surtido os efeitos desejados, foram intensificadas nas décadas de 1950 e
1960. Com a mudança da cúpula de governo, tal desenvolvimento proposto passa a ter caráter
“associado.
Nesse movimento de desenvolvimento nacional, a iniciativa privada também se aliou a
instituições, organizações e profissionais estrangeiros, especialmente de países
desenvolvidos, como principalmente os Estados Unidos. Essa importação de capital,
tecnologia e expertises trouxe no seu bojo mais influência de conceitos e ações
organizacionais de fora do país, reforçando o caráter cultural de seus importadores.
O ensino superior, especificamente falando de escolas de administração pública e de
empresas, também experimentou um crescimento importante no chamado plano de
desenvolvimento “associado”. Com o aumento de corporações, especialmente ligadas a
produtos manufaturados, ocorre um significativo aumento na demanda por profissionais de
ensino superior e gestores organizacionais.
A deficiência governamental no sistema educacional de ensino superior foi suprida
pela abertura de várias instituições, tratadas na época como faculdades isoladas, e que tiveram
seu corpo docente preenchido por professores oriundos de fora, ou outros preparados por
professores estrangeiros.
Paralelamente a todos esses acontecimentos, o país foi tomado, ao longo dos últimos
54 anos, por crises, bolhas de crescimento e instabilidades, provocadas por variações
políticas, econômicas e sociais, muito características da época em países com o perfil “em
desenvolvimento” como se configurava o Brasil. Todo esse movimento, associado à própria
evolução do fenômeno do marketing, trouxe ao país características desta área que foram se
transformando semelhantemente as transformações do fenômeno no âmbito global.
Considerando esse cenário, o trabalho agora procura, através de uma pesquisa de
caráter historiográfico, analisar, entender e explicar como se deu a produção acadêmica
brasileira de marketing. Através da pesquisa cumpre responder se essa produção assumiu ao
longo do tempo um caráter original e nacional, ou se segue desde sua origem, sendo uma
replicação dos postulados importados do exterior.
20
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO
O trabalho, para alcançar seus objetivos, pesquisa o fenômeno do marketing, como ele
ocorre globalmente e também no contexto brasileiro, considerando as influências dos
paradigmas recorrentes em ambos os âmbitos. Partindo dessa configuração, a iia original
foi estruturar o trabalho em seis seções, a fim de possibilitar uma reflexão e entendimento
claro, mas buscando tornar a leitura agradável e inteligível.
A primeira seção introduz o tema, contextualizando o fenômeno a ser estudado e
situando-o como problema de pesquisa, buscando também definir aspectos que justifiquem a
importância de um trabalho com essa abordagem. Finalmente esta primeira seção busca
esclarecer os objetivos gerais e específicos a serem alcançados.
Na segunda seção, uma explanação da metodologia utilizada no trabalho, a pesquisa
historiográfica, é apresentada. Juntamente com tais definições, ainda uma discussão
conceitual, que envolva autores que discutam e critiquem essa ferramenta de pesquisa. Após
isso, a definição da forma, a partir de uma composição dentre os diversos autores que se
utilizam da pesquisa historiográfica, para compor uma estrutura única de trabalho que busque
atingir os objetivos. Seguindo nessa seção, considerações sobre outro recurso metodológico, a
pesquisa exploratória, usado de forma complementar no trabalho.
No final da segunda seção, algumas limitações que envolvem o trabalho. Primeiro
apresentando uma breve reflexão sobre os termos que envolvem uma produção acadêmica tais
como teoria, pensamento, evolução e paradigma, e como serão consideradas suas definições.
Essa reflexão não procura explicitar e discutir cada um destes termos, dado a complexidade
que envolve a todos, mas orientar o leitor na direção de entender que os objetivos buscam
apresentar a produção científica estudada, sem considerá-la como definitiva em qualquer um
destes termos.
A terceira seção contém um embasamento inicial, com enfoque historiográfico, e uma
revisão de literatura, que situa o fenômeno desde sua origem até a atualidade. Uma descrição
de formas e abordagens, considerando tais origens, procura situar seu estado atual a partir do
paradigma hipoteticamente dominante e das tendências emergentes que influenciam possíveis
mudanças contextuais.
21
Na busca do objetivo central de entender o que é tratado por Produção Brasileira de
Marketing, a terceira seção ainda reconstrói, também com embasamento historiográfico e
revisão de literatura, as características nacionais da produção acadêmica de marketing.
As seções quatro e cinco descrevem parte dos resultados da pesquisa historiográfica
proposta, e refletem a produção cientifica brasileira, assim como o perfil e posicionamento
dos pesquisadores responsáveis por esta produção. Na quarta seção há um levantamento geral
da produção brasileira em marketing, considerando as principais instituições envolvidas. a
quinta seção, a partir de análise e discussão de dados obtidos pela consulta via questionário,
aos professores de cursos de pós-graduação relacionados a marketing no Brasil, procura
assinalar como os pesquisadores nacionais encaram, refletem e desenvolvem tal produção.
A sexta seção, a partir também da organização e análise de resultados dos dados, mas
também da pesquisa historiográfica, busca refletir sobre cada objetivo apresentado, baseando-
se na hipótese central, para responder de maneira conclusiva o problema sugerido: uma
Produção Acadêmica Brasileira de Marketing?
22
2 METODOLOGIA
2.1 PESQUISA HISTORIOGRÁFICA
A pesquisa historiográfica, escolhida para o desenvolvimento desse trabalho, muito
embora não seja a principal escolha dos pesquisadores da atualidade (FROEMMING, 2000;
MELLO, 2006; PERIN, 2006; VIEIRA; TIBOLA, 2005), indica uma importante corrente de
pesquisas na área de administração e marketing (GOLDER, 2000; SAUERBRON; FARIA,
2004; CURADO, 2001).
No trabalho, uma abordagem historiográfica se destaca como importante na medida
em que aponta um comportamento da produção ao longo do tempo. Esta linha temporal é
indispensável, dado o espaço de tempo escolhido para análise, ou seja, os últimos 54 anos.
Este período não é uma medida escolhida aleatoriamente, mas corresponde ao inicio
da produção acadêmica do marketing brasileiro, a partir do marco referencial indicado pela
origem das instituições de ensino superior em Administração, especialmente relacionadas com
o tema de marketing.
Com o objetivo de estabelecer uma compreensão justificativa desta escolha, é
apresentada a seguir uma descrição conceitual de pesquisa historiográfica, a visão de alguns
autores a respeito, tanto na crítica como na defesa, bem com a descrição de sua
operacionalidade quanto aos aspectos de aplicação e análise. Consecutivamente a descrição
do método, uma análise e organizão da metodologia para esse trabalho é indicada,
considerando especialmente as necessidades que o mesmo apresenta para a construção de um
resultado que atinja os objetivos antes determinados.
A pesquisa historiográfica (GOODMAN; KRUGER, 1988; SAUERBRON; FARIA,
2004), ou pesquisa histórica (GOLDER, 2000; RICHARDSON, 1999), tem origem na década
de 1920, com a fundação da Annales School of History, e especialmente com o advento da
Annales d’Histoire Economique et Social em 1929 (SAVITT, 2000), em uma perspectiva
qualitativa interpretativista (GOLDER, 2000), para contrapor os procedimentos da historia
23
tradicional, determinista e indutiva, fundada a partir da visão de Leopold Van Ranke em
(1795-1886) (BROWN et al., 2001; CURADO, 2001).
A necessidade dessa nova abordagem era eminente, especialmente em função da
crença de que a história tradicional não cumpria requisitos necessários para uma abordagem
de pesquisa, levando em consideração a interação com as ciências sociais e humanas,
presentes no que se denominou de Nova História, como pode ser visto no Quadro 1, logo
abaixo:
História Tradicional Nova História
O Estudo da história diz respeito
essencialmente à política, e outros tipos
de história são marginalizados.
História Humana diz respeito a toda
atividade humana. Propõe uma história
total, baseada numa realidade social ou
culturalmente constituída (relativismo
cultural)
A História é uma narrativa dos
acontecimentos.
A História é uma análise das estruturas.
É concentrada nos grandes feitos dos
grandes homens, apresentando “uma
visão de cima”.
Está preocupada com as opiniões das
pessoas comuns e com suas
experncias de mudança social, a
“história vista de baixo”.
Baseada em documentos oficiais,
escritos.
Apresenta diversas evidências históricas
e diversas abordagens metodológicas.
Preocupação com ações individuais. Preocupação com movimentos
coletivos, ações individuais, tendências
e acontecimentos.
Cabe ao historiador apresentar os fatos,
a narrativa deve ser objetiva e
imparcial.
Relativismo cultural aplica-se tanto à
escrita da história, quanto a seus
objetos.
Quadro 1: Comparação entre história tradicional e nova história
Fonte: Curado (2001) - Adaptado de BURKE, 1992.
Alguns pesquisadores defendem prioritariamente o uso da pesquisa historiográfica
para aplicação no estudo de assuntos estratégicos, como no caso de Chandler (2000), bastante
considerado posteriormente nesse trabalho (GOLDER, 2000; GOODMAN; KRUGER, 1988).
Este campo é ampliado por diversas outras aplicações, indicando também estudos
organizacionais e sociologia das organizações (SAUERBRON; FARIA, 2004), novas
perspectivas (BROWN, 2001), atividades humanas (CURADO, 2001) e processos evolutivos
(SAVITT, 2000; SMITH; LUX, 1993).
24
Nesse sentido múltiplo de abordagem, alguns autores até defendem o uso da história
em processos de análise institucional e evolução social das organizações, indicando Max
Weber, por exemplo, como o pesquisador que introduziu o conceito da burocracia, não sem
antes analisar dados históricos consolidados temporalmente (SAUERBRON; FARIA, 2004;
SMITH; LUX, 1993).
Muito embora haja uma matriz ampla de definições sobre o conceito de pesquisa
historiográfica (RICHARDSON, 1999; SMITH; LUX, 1993; SAVITT, 2000; BROWN et al.,
2001; GOLDER, 2000), o trabalho, para ser desenvolvido, adota uma síntese de revisão
bibliográfica. O método então se traduz como: um procedimento de pesquisa analítico,
interpretativista e dedutivo, que parte de uma seleção de dados, análise crítica e conclusão,
dentro de uma abordagem das ciências sociais e humanas, para cumprir o objetivo de entender
eventos ao longo do tempo, possibilitando generalizações que expliquem e resolvam
problemas no presente (GOLDER, 2000).
Existem algumas posições no meio acadêmico que negam a historiografia
especialmente por considerá-lao científica, inapropriada em generalizações e adequada
somente a praticantes, excluindo pesquisadores. Golder (2000), discutindo tais objeções,
indica a utilização do todo, contrapondo-as com afirmações que definem o método como
apropriado para análises históricas e institucionais, o que implica diretamente na possibilidade
de generalização.
Golder (2000), ainda, mas também Goodman e Kruger (1988), Smith e Lux (1993) e
Sauerbron e Faria (2004), argumentam que os resultados de estudos historiográficos, não
auxiliam elaborações estratégicas, como também o apliveis em pesquisas de
reconhecimento e entendimento dessas ações, por possibilitarem a reconstrução do
comportamento humano e organizacional, identificando mudanças provocadas através do
tempo.
Os pesquisadores que defendem o método sugerem que, para consolidação dos
resultados, seja elaborada uma hipótese, a ser confirmada ou refutada, o que acaba exigindo
um controle experimental sobre a criação dos fatos, dando assim um caráter científico como
em qualquer outro método, considerado adequado nos meios acadêmicos (GOLDER, 2000).
A elaboração do projeto para uma pesquisa historiográfica ainda indica a formulação
de queses adequadas para resposta de contexto social (SMITH; LUX, 1993), em função de
25
elementos ligados à cultura, política, sociedade e ideologia, o que é defendido como
fundamental no domínio do conhecimento científico produzido sob uma perspectiva
qualitativa (CURADO, 2001; GOODMAN; KRUGER, 1988; SAVITT, 2000;).
O trabalho que busca abordagens históricas, de caráter qualitativo, mas que também
seleciona elementos de pesquisa quantitativa, poderia ser desenvolvido a partir da escolha de
outros métodos. Também por essa consideração, a pesquisa historiográfica reúne elementos
de análise que o destacam como sendo mais adequado, mais uma vez justificando sua escolha
para uma análise temporal longitudinal, como se identificará pela seqüência de informações
ainda não descritas.
Na defesa do método, em casos específicos, de abordagem interpretativista e
qualitativa, Goodman e Kruger (1988) indicam algumas comparações com dois outros
métodos, ou seja, testes de inferência e estudo de caso, também utilizados para pesquisas da
mesma abordagem, conforme apresentado no Quadro 2, abaixo:
Historiografia Testes de Inferência Estudo de Casos
Procura e analisa
fontes, suportando e
confirmando
evidências.
Estabelece uma verdade pela
hipótese, baseado na lógica.
Considera o tempo
passado.
Registra fatos, mas
julga e estabelece
relações causais
indicando novos
elementos.
Aceita ou refuta fatos
indutivamente por
probabilidade.
Objetivo da pesquisa
pré-estabelecido.
Retrata a história. Discute novas idéias e suas
aplicações.
Definido e julgado
pelo pesquisador o
caso pode retratar
história ou não.
Limites amplos no
campo de estudo.
Tem proposições desafiadas e
desacreditadas nas ciências
sociais.
Limitada a
apresentação do caso,
tem utilidade reduzida
na discussão
científica.
Aberta ao ceticismo
permite elaborar
discussões e
pedagogia de casos de
gestão.
Limitados a casos recentes,
classicamente indutivas, reduz
ceticismo.
Estreitamento
temporal se assemelha
com história sendo,
contudo ilustrativa.
Quadro 2: Comparativo de historiografia com outros métodos
Fonte: Adaptado de Goodman e Kruger, 1988.
26
Ainda há, considerando uma tendência recorrente entre pesquisadores europeus, uma
abordagem de pesquisa com elementos ligados a movimentos s-modernistas, que
encaminham seus trabalhos sob formatos pouco tradicionais, tais como romances, tragédias,
comédias e sátiras, utilizando elementos como ironia, humor, paródia e escatologia (BROWN
et. al., 2001). Por outro lado, no que diz respeito à aplicação do método vários autores
estudados que sugerem passos distintos para aplicação da pesquisa historiográfica
(CURADO, 2001; GOLDER, 2000; RICHARDSON, 1999; SAUERBRON; FARIA, 2004;
SAVITT, 2000; SMITH; LUX; 1993).
Uma análise comparativa, entre as mais diversas proposições, sinaliza uma forte
indicação de similaridade e complementaridade entre elas, especialmente porque todos
apontam, a partir das fontes diversas, à montagem da pesquisa para reconhecer eventos no
tempo e interpretá-los em um tempo a seguir, ou na generalização para o presente.
Considerando tais características, o trabalho assume a indicação de Golder (2000),
utilizando um detalhamento apresentado pelo autor, quando posiciona cada uma das etapas
propostas, descrito e resumido no seu significado a seguir:
1. Seleção de tópicos e coleta de evidências: tendo em vista a apresentação do
problema, selecionar e coletar evidências a partir de questionamentos e/ou
hipóteses pré-estabelecidas apresentadas. Para tanto fontes diversas devem ser
consideradas, como livros, revistas, arquivos, entrevistas, artefatos,
testemunhos, meios eletnicos (internet), entre outros, de caráter público ou
privado.
2. Avaliação crítica das fontes e evidências: conhecido como estágio “crítico
externo”, busca confirmar autenticidade das fontes, excluindo as que não se
apresentarem autênticas, ou outras que o pesquisador achar conveniente. Essa
autenticidade se confirma na análise do evento objeto da geração da fonte
proposta, qualidade e natureza do registro. A distância temporal entre o evento
e o registro também é considerada, quanto mais curto o tempo entre eles mais a
probabilidade de autenticidade. Nessa etapa ainda se estabelece uma crítica
textual, na investigação de originalidade, investigão de autoria, analisando
“quem”, quandoe “onde”, e ainda uma classificação de fontes conforme o
projeto de pesquisa.
27
3. Avaliação crítica da evidência: conhecido como “estágio externo”, por uma
crítica interpretativa, julga questões de significado real x significado literal,
erros deliberados e intencionais, e significados de identificação do autor como
cultura, época de vida, léxico usado, crenças, interesse, estilo literário,
egocentrismo, severidade e afinidade com o evento. Ainda do autor se procura
identificar competência, orientada por suas especialidades, objetividade,
considerando sua forma de avaliação e expressão, confiança, indicada por sua
reputação no meio e corroboração, indicadas por referências usadas e outras
obras confirmatórias. Vale salientar que as evidências primárias, tendem a ser
mais autênticas se confirmadas por secundárias.
4. Análise e interpretação da evidência: depois de cumpridas as etapas 2 e 3,
uma organização cronológica das evidências é recomendada. A seguir é
necessário verificar análise de contexto, objetividade dos termos e enredos,
inferências presentes às questões e/ou hipóteses formuladas, entendimento de
significado, registro de eventos, associação teórica, generalizações com
eventos de outro tempo, teste de modelos (econometria), redução de pré-
conceitos, consideração dos limites, derivação de conceitos e aplicão de
técnicas de análise. Nessa análise é recomendado cuidado para reconhecer a
possibilidade de múltiplas causas e evitar desvios de interpretação.
5. Apresentar evidências e conclusões: A seleção das evidências no tempo
presente é recomendável para atingir os objetivos de entendimento, crítica e
generalizações. As conclusões devem ser remetidas e confrontadas com os
objetivos da pesquisa. O trabalho pode conter padrões cronológicos tabelados,
estatística descritiva e modelos parametrizados, desde que complementares dos
conceitos elaborados. Normalmente são apresentados de forma narrativa (o que
será retomado adiante).
As fontes apresentadas podem ter, quanto à relação com o evento, características
primárias ou secundárias. As fontes primárias são testemunhos em primeira mão sobre um
evento histórico; fontes secundárias descrevem eventos, derivados e baseados em fontes
primárias. A fonte primária representa a “visão do olho” da testemunha e a secundária
representa a visão do jornalista ou acadêmico posteriormente na busca da reconstrução
histórica. (GOODMAN; KRUGER, 1988).
28
Embora o testemunho das fontes secundárias não seja como o autêntico, ele pode
prover importantes corroborações ou adicionar detalhes esquecidos que são consistentes com
o testemunho das fontes primárias (GOLDER, 2000).
Adicionalmente ao método acima indicado, este trabalho também usou de pesquisa
exploratória com a finalidade, segundo propõe Vergara (1998), de coletar dados pertinentes
ao pensamento e à prática de pesquisadores brasileiros de marketing. Para tanto, foi aplicado
um questionário (Anexo 1), conforme sugere Richardson (1999), objetivando não
identificar a existência, como também proceder a uma descrição da produção acadêmica
brasileira de marketing, das suas origens até os dias atuais.
As perguntas relacionadas nesse questionário tiveram a intenção de definir o perfil dos
pesquisadores brasileiros, bem como quais os temas selecionados para suas investigações, as
fontes de pesquisas mais freqüentes e ainda outras fontes de pesquisas adotadas em
investigações recorrentes.
Para estabelecimento desse propósito, o questionário foi prévia e pessoalmente testado
junto a cinco pesquisadores brasileiros atuantes e possuidores de produção acadêmica na área
de marketing.
A escolha desses pesquisadores não teve base probabilística, mas sim por
acessibilidade (VERGARA, 1998), e levou em consideração os professores dos programas de
pós-graduação em administração do país que ministram disciplinas relacionadas a marketing,
especialmente aqueles considerados mais produtivos (VIEIRA, 2000; VIEIRA; GAVA,
2006).
Após o pré-teste, realizou-se uma pesquisa nos portais disponíveis na rede mundial de
computadores (Internet), onde foram selecionados 114 (cento e catorze) professores,
envolvidos com disciplinas relacionadas à área de marketing em programas de pós-graduação
com cursos stricto sensu. Entre eles observou-se a presença de professores considerados como
produtivos e representativos da produção acadêmica brasileira de marketing, conforme
observado em trabalhos mais recentes de Froemming (2000), Vieira (2000), Vieira e Tibola
(2005), Vieira e Gava (2006), Perin e Sampaio (2006).
Dessa forma, é possível considerar os elementos metodológicos como apresentados a
seguir:
29
Coleta de Dados: fontes primárias e secundárias, como discutidas
anteriormente, extraídas de websites institucionais, questionários, livros,
artigos e revistas cienficas, todos relacionados com o fenômeno a ser
estudado.
Tratamento dos dados: Alguns dados necessitaram de ordenação e tratamento
estatístico, o que foi feito com o auxilio do Software Le Sphinx Plus®, versão
1.32, conforme trabalho anterior de Vieira (1998), por auxiliar no agrupamento
das informações e possibilitar melhores condições ao provimento do trabalho.
Recorte: Longitudinal, por conta do caráter historiográfico, pesquisando cerca
de meio século de história da produção.
Confiabilidade e Validade: Baseada na conformação da obtenção de dados e
informações junto aos pesquisadores envolvidos e em uma triangulação
abrangendo percepção de professores respondentes, produção cienfica e
conhecimento dominante, estabelecido por obras disponíveis e atuais
(TRIVIÑOS, 1987).
Resumidamente a Figura 1, a seguir, propõe o desenho esquemático da metodologia,
desde o seu momento inicial, até a utilização da pesquisa historiográfica, prioritária no
desenvolvimento do trabalho.
Com a pesquisa historiográfica percebe-se a agregação ainda, de outra busca
exploratória, relacionada à produção acadêmica em marketing. Essa nova lista compõe teses e
dissertações de mestrado e doutorado, anais de eventos nacionais ligados à área e revistas
especializadas, em seus artigos afetos também a marketing. Paralelamente a isso, uma
pesquisa bibliográfica procura reunir o maior número possível de livros editados e que
abrangeram temas relativos a marketing.
Todo esse material situou-se dentro da faixa longitudinal descrita por esse trabalho, a
qual abrange os últimos 54 anos da produção acadêmica nacional.
30
Programas de Pós-graduação em Administração no Brasil
Coordenadores do Programas de Pós-graduação
Disciplinas dos programas, relacionadas a marketing
Professores que ministram disciplinas de Marketing
Figura 1: Esquema geral do procedimento metodológico
A análise historiográfica se deu, portanto, considerando todas essas fontes recolhidas,
analisadas e organizadas. O produto de tal análise e organização é confrontado por meio de
uma triangulação, conforme Triviños (1987), com dados obtidos dos resultados dos
questionários respondidos pelos professores de pós-graduação ligados a disciplinas e
produção acadêmica em marketing no Brasil. Esse confronto com as fontes apresentadas pelos
professores buscou confirmar e legitimar as fontes utilizadas, como descreve a pesquisa
historiográfica, de acordo com a formulação selecionada (GOLDER, 2000).
Finalmente, partindo de uma hipótese central, que a produção acadêmica brasileira de
marketing segue tendências orientadas pelos paradigmas transacional, relacional e pós-
moderno, importadas de produção estrangeira, especialmente americana, mas também
européia, o trabalho orienta as fontes recolhidas com o sentido de oferecer uma resposta à
problematização colocada na sua introdução.
PESQUISA
EXPLORATÓRIA
Teses e dissertações
Livros especializados
Eventos Nacionais
Revistas especializadas
Entrevistas Estruturadas e’mail
Follow up: correio, telefone e visita até
número adequado
MARKETING BRASILEIRO
ORIGEM
CONSTRUÇÃO HISTÓRICA EM 54 ANOS
CONFIGURÃO ATUAL
Revistas
Eventos
Livros
PESQUISA
HISTÓRICA
31
2.2 LIMITES CIRCUNSCRITOS EM CONCEITOS DE PESQUISA
Este trabalho trata fundamentalmente do tema Produção Acadêmica Brasileira de
Marketing. O tratamento científico empreendido na construção dessa pesquisa pode sugerir ao
leitor considerações sobre conceitos científicos tais como, evolução do conhecimento e
paradigmas.
Tais conceitos são utilizados marginalmente para possibilitar a dissertação sobre as
idéias que envolvem o tema central, contudo o trabalho não tem a pretensão, posto que foge a
seus propósitos, de apresentar e discutir em profundidade esses conceitos. Na última seção, tal
possibilidade é apresentada como sugestão para seência de trabalhos suplementares.
Nesse momento, apresentam-se as linhas gerais de entendimento de cada um dos
conceitos utilizados na pesquisa. Estas linhas gerais são colocadas sem prejuízo do
entendimento de cada conceito. Acredita-se que tal procedimento é suficiente para
compreensão e acompanhamento das reflexões aqui produzidas.
Primeiramente, a consideração do termo “produção acadêmica” remete ao termo
conhecimento, especialmente pelo entendimento de suas formas de evolução, tanto científica
quanto formal ou popular. O trabalho desenvolve na sua pesquisa historiográfica a
organização de conhecimento científico, na medida em que estabelece como fonte de sua
geração os cursos de pós-graduação de caráter stricto sensu em administração no Brasil.
O conhecimento científico, como sugere Bunge (1976), se estabelece por treinamento,
de forma racional e procedimental, considerando o problema com abordagens investigativas
que buscam responder “por quê?”, “como?”, “onde?”, “quando?” e “quanto?” ocorrem os
fenômenos. Tais abordagens, ainda indicadas pelo mesmo autor, são sujeitas a correlação de
fatos, expressos pelos resultados, medidos desta forma científica.
Nesse ponto é preciso reconhecer, utilizando também as considerações de Bunge
(1976), que apesar de haver formas de observações distintas às do conhecimento cienfico, tal
conhecimento não se adquire somente com ciência. O conhecimento vulgar, ou popular,
seguindo a imitação e experiência popular, constrói um “senso comum”, que tem caráter
empírico e desprovimento de base experimental, mas pode ser aplicado na construção dos
32
fenômenos sociais, como por exemplo, na construção de práticas de marketing utilizadas
posteriormente nas ações organizacionais.
Mesmo as instituições de formação educacional em nível superior, buscam essas
formas de conhecimento científico e popular. momentos que a academia se baseia em
teorias construídas por sistematizações críticas e coerentes, concentradas no núcleo da ciência,
estreitando o caráter stricto sensu de sua abordagem.
Em outros momentos, a objetividade é construída com imagens impessoais e
cotidianas da realidade, com caráter vulgar, popular e de senso comum, baseado em uma
percepção e ação de caráter lato sensu.
Babini (1957, p.21 apud MARCONI; LAKATOS, 2003) indica o conhecimento vulgar
como sendo isento de busca de leis universais, extraído da vida cotidiana e que engloba, sem
método ou refleo, uma harmonização com a ciência. Por essa abordagem ele seleciona a
geração de conhecimento a partir de cinco características. Há superficialidade, porque provém
de algo que todos dizem, sensitividade, por ser gerado de vivências e emoções, subjetividade,
já que a organização o obedece a todos objetivos. Ainda, segundo o autor, tal
conhecimento é assimétrico, pela desorganização de sua geração e acrítico, pelo
desprendimento de seu compromisso com a verdade científica.
Um entendimento mais genérico de conhecimento e de suas fontes de geração pode ser
visualizado esquematicamente no Quadro 3, onde são acrescentados ao conhecimento
cienfico e popular, e que tem relação com esses dois primeiros, sendo respectivamente o
filosófico e o religioso.
Ainda o misticismo, como ainda aponta Bunge (1976), outra forma de
conhecimento vulgar, apesar de diferir dos conhecimentos científico e popular, já que esses
buscam na sua formação objetividade e adaptabilidades aos fatos relacionados. Por conta
dessa maior abstração e de sua natureza notadamente intrigante ao senso comum, o
misticismo sofre uma maior objeção em sua aplicão nos mais diversos ambientes,
especialmente o ambiente da ciência, de onde são extraídas as teorias.
33
Popular Científico Filosófico Religioso
Valorativo Factual (real) Valorativo Valorativo
Reflexivo Contingencial Racional Inspiracional
Assistemático Sistemático Sistemático Sistemático
Verificável Verificável Não verificável Não verificável
Falível Falível Infalível Infalível
Inexato Aproximadamente
exato
Exato Exato
Não metodológico e
sem reflexão
Sistema de idéias
(teorias)
Novas proposições
e desenvolvimento
de técnicas
reformulam o
conhecimento
Teoria presente.
Realidade abstrata
Experiência e não
experimenta
Certo ou errado
Leis universais que
englobam e
harmonizam a
cncia
Sagrado
Sobrenatural
Adesão pela fé
Quadro 3: Fontes e características do conhecimento
Fonte: Adaptado de Bunge (1976), Babini (1957) e Ferrari (1974).
O trabalho está composto a partir da verificação, análise e comparação da ciência a
partir de uma metodologia considerada, o que o limita ao conhecimento científico,
considerando a ciência da forma apresentada por Ferrari (1974, p. 8) como “todo um conjunto
de atitudes racionais, dirigindo ao sistemático conhecimento com objetivo limitado, capaz de
ser submetido à verificação”.
Esta composição é baseada na orientação de Marconi e Lakatos (2003), que identifica
a ciência priorizando (a) sua função de aperfeiçoamento, (b) objetos material e formal e (c) a
distinção de características e leis que regem eventos.
O conhecimento científico desta forma desenvolve a formulação de teorias, que
conforme Maximiano (1997), são construídas a partir da verificação e comprovão das
práticas. Este modo sistematizado de apresentação do conhecimento possibilita então a
consolidação e emprego das teorias com base científica.
Nossas possibilidades de conhecimento são muito e até, tragicamente
pequenas. Sabemos pouquíssimo e aquilo que sabemos, sabemo-lo muitas
vezes superficialmente, sem grande certeza. A maior parte do nosso
conhecimento somente é provel. Existem certezas absolutas,
incondicionais, mas estas são raras (BOCHENSKI, 1971, p.42).
34
A definição pelo conhecimento científico se dá exclusivamente para acompanhar os
objetivos e a hipótese central desse trabalho. As escolhas do ambiente de verificação como
sendo as instituições de ensino e pesquisa de nível superior no Brasil e a proposição de
adequar sua produção com os paradigmas aqui selecionados limitam, mas justificam tal
definição.
Finalmente, ainda resta apresentar o conceito de paradigma. Esta condição é precípua
dada a orientação de considerar os paradigmas recorrentes para a interpretação do fenômeno
de marketing, selecionados nessa pesquisa, conforme Baker (2005).
A ciência moderna parece adotar uma orientação de cunho positivista, na medida em
que ratifica a existência de teorias consolidadas, desde que suas hipóteses originais sejam
experimentadas e validadas, como indica Pereira (1994). As teorias consolidadas são adotadas
por grupos dominantes de pesquisadores e a partir dessa certeza os mesmos encaminham seus
trabalhos sem crítica ou discussão complementar.
Esta ação positivista, como descreve Chauí (1980), encaminha ideologicamente as
abordagens de pesquisa (a) definindo a teoria como redutora na organização e hierarquização
de idéias, (b) estabelecendo uma relação de mando e obediência entre teoria e prática e (c)
utiliza a pratica como mero instrumento de aplicão de regras, normas e princípios
comandados pela teoria.
No caso do trabalho, três paradigmas, e não somente um, são apresentados para análise
e verificação. Na ordem do que define Khun (2003), esse confrontamento dos três paradigmas
recorrentes, para analise da produção científica de marketing, busca identificar a relevância de
um em função de anomalias apresentadas pelos outros dois, mais originários. “A ciência
normal pode avançar sem regras somente enquanto a comunidade cienfica relevante aceitar
sem questões as soluções de problemas específicos já obtidos” (KHUN, 2003, p. 7).
2.3 LIMITES ESTRUTURAIS DA PESQUISA
Outra condição limitante da pesquisa é de natureza estrutural. Quando a proposta do
trabalho busca analisar a produção acadêmica brasileira de marketing, as fontes de análise
35
dessa produção o selecionadas a partir da produção realizada em institutos ligados a
academia nacional e os pesquisadores incluídos nesse ambiente.
Desta forma as fontes de pesquisa se baseiam em levantamentos de periódicos nacionais
de publicação acadêmica, anais de eventos realizados para apresentação de resultados
acadêmicos, dissertações e teses apresentadas a programas de s-graduação de cursos
“stricto sensuem administração do país e publicações editadas em livros ao longo do tempo
considerado na abordagem longitudinal desse trabalho, ou seja, os últimos 54 anos.
Na medida do possível, considerando as disponibilizações apresentadas por cada um
dos institutos selecionados, todos os trabalhos foram pesquisados e listados, contudo alguns
deles podem ter sido suprimidos, dado o grande número de trabalhos e a não apresentação dos
mesmos.
Quanto aos livros editados, foram listados somente os considerados mais seminais na
estrutura do estudo do fenômeno. Centenas de livros foram editados ao longo do tempo,
contudo uma grande parte deles não tinham objetivos acadêmicos, sendo veiculados apenas
em ambientes organizacionais. Restaram para alise os mais importantes, quando da
pesquisa historiográfica e outros, indicados posteriormente em pesquisa de campo junto aos
pesquisadores que atuam na área em todo país.
Considerando também a pesquisa historiográfica, e o tempo em que ela foi realizada,
alguns artigos científicos de revistas, anais de eventos e teses e dissertações também foram
suprimidos, dado o fato de que uma nova busca, após a primeira pesquisa, inviabilizaria a
conclusão do trabalho em tempo hábil. Este limite é expresso no trabalho e uma pesquisa com
essa nova amplitude é sugerida para a continuidade de outros trabalhos que percorram pelos
mesmos objetivos deste apresentado agora.
Finalmente, considerando esse limite, as alises e interpretação desse trabalho se dão
a partir de considerações sugeridas por trabalhos anteriores dessa natureza, tais como Vieira e
Tibola (2005), Mello (2006), Sampaio e Perin (2006), Vieira e Gava (2006), Vieira e Slongo
(2005) e Vieira (1998, 1999 e 2000). Outras formas de organização para a análise o também
efetivas e recomendáveis, contudo seriam impossíveis de serem produzidas, dado o número
muito significativo de análises necessárias.
36
3 REFERÊNCIAL TEÓRICO
3.1 ORIGEM, CONCEITOS E ABORDAGENS RECORRENTES DO MARKETING
O trabalho parte da hipótese central que a configuração de uma produção brasileira de
marketing se origina de abordagens globais, reconhecidamente originárias de centros de
pesquisas americanos e europeus (BAKER, 2005; FARIA, 2006; 2007) descritas a seguir,
através dos conceitos e perspectivas epistemológicas que se estabeleceram ao longo da
formação do pensamento administrativo do campo, ordenadas cronologicamente para permitir
um entendimento básico e evolutivo do fenômeno aqui estudado.
Esta ordenação está organizada em uma seqüência que apresente primeiramente as
origens históricas de significado e do pensamento global, seguida pela exposição de conceitos
recorrentes que definam o marketing de nossos dias, a partir de seus principais pesquisadores,
e apresentando finalmente quais os paradigmas que estabeleceram tais conceitos.
Sob uma definição morfológica então, o que está mais consolidado para compreensão
do vocábulo “marketing é a analise dos termos em latim “merx”, descrito em Laruccia
(2005) e “mercare” apresentado por Cobra (2003), que originaram a expressão anglo-saxônica
“marketing(GRACIOSO, 1973).
As expressões, de raiz latina, constituíram no passado a formação da palavra
Mercúrio, nome dado ao deus mitológico grego, assumido pela cultura romana, que
representava o protetor dos comerciantes e das atividades comerciais à época. Como a maioria
de tais atividades era marítima e ocorria em regiões de conflito, tal cultura indicava a
necessidade de encorajamento de seus praticantes, devido aos riscos que ela poderia envolver.
Na modernidade, a palavra se consolida na Europa, com a ascensão do mercantilismo
e é adotada também pela cultura americana, com o advento da fase industrial, desde o inicio
do século XIX, significando em ambos os casos “o ato ou processo de vender ou comprar no
mercado” (MERRIAN-WEBSTER, 2007).
37
Na história da sociedade, o mercantilismo do século XV e o inicio da fase industrial do
culo XIX, destacam as tendências econômica, social e política, formadoras do marketing,
como reconhecido na atualidade. Para uma análise mais detalhada deste contexto histórico, a
leitura de obras como A riqueza das Nações, de Adam Smith (1776), O Capital, de Karl Marx
(1888) e A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, de Max Weber (1910), entre outras,
podem ser suficientemente esclarecedoras (GRACIOSO, 1973; LARUCCIA, 2005).
Este trabalho não aplica tal revisão bibliográfica, considerando que ela o é
indispensável para uma exposição esclarecedora das origens do fenômeno e também pelo fato
de que tal discussão, muito embora profícua, demandaria esforço de pesquisa e análise,
interativa com disciplinas de sociologia, economia e antropologia, que estenderia o volume
dessa produção, colocando em risco a simplicidade de sua compreensão.
Como o marketing atual advém de uma corrente, que na origem de sua formação,
sustentou o pensamento administrativo moderno, tal qual apresentada por Lodi (1993), e que
esta baseada em contribuições como as de Carl Von Clausewitz (1780-1831), Charles
Babbage (1972-1871), Henry Varnum Poor (1812-1905), Frederick W. Taylor (1856-1915),
Henry Fayol (1841-1925), a revisão bibliográfica desse trabalho filtra tais pensamentos
originais para definir as primeiras inserções sobre o fenômeno.
Além dessa corrente pioneira do pensamento administrativo, este trabalho ainda faz
uso das contribuições inseridas por Alfred D. Chandler Jr., na obra Strategy and Structure,
escrita em 1962. Editada pelo Massachusetts Institute of Technology MIT, onde Chandler
foi pesquisador. Essa obra é consideravelmente importante, primeiro por definir as fases do
aparecimento de marketing, mas também por ser reconhecida como a primeira obra de revisão
historiográfica da pesquisa em administração, coincidindo com a metodologia aqui utilizada,
mais detalhada adiante (CURADO, 2001; GOODMANN; KRUGER, 1988).
A origem morfológica do vocábulo e os elementos históricos originais, expostos
acima, certamente contribuíram para a formação dos conceitos do termo marketing e de suas
implicações teóricas. Tais conceitos são apresentados a seguir, considerando as correntes
formadoras de pensamento, as principais instituições de pesquisa envolvidas e os autores mais
influentes na defesa destes conceitos. Após sua apresentação, ainda uma breve exposição
sobre os paradigmas que os suportam, para facilitar o entendimento geral, importante na
contextualização do trabalho.
38
O marketing é uma função organizacional e um conjunto de processos que
envolvem a criação, a comunicação e a entrega de valor para os clientes,
bem como a administração do relacionamento com eles, de modo que
beneficie a organização e seu público interessado (AMA, on-line, 2007).
Este conceito da American Marketing Association - AMA tem sua configuração
estabelecida ao longo do tempo, e conforme Guerreiro (1982), vem se moldando de acordo
com características impostas pelas mudanças ambientais e de pensamento desde 1937, quando
foi fundada nos Estados Unidos, impulsionada pela publicação, em 1936, da revista cientifica,
Journal of Marketing (JM), por acadêmicos e praticantes atuantes no campo. Nessa época o
conceito fora descrito apenas como sendo “estudo sistemático das atividades que encaminham
o fluxo de produtos, bens e serviços aos consumidores finais industriais e comerciais”
(GUERREIRO et al., 1982, p.15).
Na época original o conceito produzido em escolas de negócios se mostrava
extremamente relevante aos praticantes, especialmente ligados às corporações capitalistas que
se fundavam na América e Europa. A aproximação entre praticantes e acadêmicos era muito
significativa por conta disso, como narra Faria (2007). A própria AMA se funda a partir da
união dessas duas correntes, envolvidos nos Estados Unidos (AMA, 2007).
Do conceito atual para o originário, ficam então evidenciadas mudanças relacionadas
com os aspectos funcionais, diferindo especialmente pela inclusão de elementos como
relacionamento, consumidores e comunidade, antes ausentes. Tais inserções, muito embora
agregando rigor científico ao estudo do fenômeno, provocaram uma desconexão entre ensino
e técnica, bastante debatida nas últimas décadas, conforme ainda aponta a narrativa de Faria
(2007).
Contudo, tal tendência é recorrente em todas as evoluções conceituais do fenômeno do
marketing, como é possível observar no conceito de Philip Kotler, expresso em uma mesma
obra, Administração de Marketing, desde sua edição pioneira auma das últimas edões
brasileiras.
“Marketing é o conjunto das atividades humanas que tem por objetivo a facilidade e a
realização das trocas(KOTLER, 1967, apud SIMÕES, 1980, p. 20).
39
“Marketing é um processo social por meio do qual as pessoas e grupos de pessoas
obtêm aquilo de que necessitam e o que desejam com a criação, oferta e livre negociação de
produtos e serviços de valor com outros.” (KOTLER; KELLER, 2006, p. 30).
Como este trabalho destaca a mudança do pensamento de marketing, prioritariamente
considerando o caso brasileiro, é importante notar essa transição também no nosso meio
acadêmico, sendo pertinente apontar a transformação conceitual sentida na obra do Professor
Raimar Richers, um dos pioneiros do estudo e talvez o mais conhecido docente e autor do
tema no Brasil.
“Marketing são as atividades sistemáticas de uma organização humana, voltadas à
busca e realização de trocas para com o seu meio ambiente, visando benefícios específicos.”
(RICHERS, 1986, p. 05).
Marketing é o grupo de funções que visa “identificar e satisfazer os desejos do
consumidor (...) adaptando sempre os recursos controláveis da organização às forças
incontroláveis do mercado.” (RICHERS, 2000, p. 6).
Richers (2000) aliás, reconhece essa mudança e a atribui à necessidade de uma
interpretação que considere funções administrativas, definidas pelos conceitos mais originais,
mas que também estabeleça conexões com uma abordagem sistêmica, que inclua aspectos de
integração macro ambiental.
Os conceitos expostos até aqui, são articulados a partir de uma análise funcional do
marketing, e consideram o atendimento das necessidades pelo fenômeno da troca, como uma
ação de gestão organizacional, que caracteriza o pensamento de marketing a partir da sua
construção no ambiente americano de pesquisa. Porém, apesar da visão americana ser
preponderante, existe algumas correntes de pesquisadores europeus, que definem o marketing
a partir de um caráter mais associado às ciências sociais, enfatizando o relacionamento entre
os envolvidos, pela troca de produtos, mas também de serviços, privilegiando relações e
perspectivas evolucionárias, como apresentados na seqüência.
“Marketing (...) refere-se a relacionamentos comerciais entre parceiros econômicos,
provedores de serviço e clientes em rios níveis do canal de marketing e do ambiente mais
amplo dos negócios.” (O’MALLEY; TINAN, 2005, p. 24).
40
“[...] Marketing sendo definido agora, como uma ação ltipla e que valoriza sinais
de diferença, diversidade, singularidade, entre outros, na elaboração das relações de troca,
dotadas de elementos que o caracterizam [...]” (BROWN, 2005, p. 13).
A evolução e transformação significativa do conceito de marketing são especialmente
explicadas pelo nível de interação dos elementos internos, prescritos ou tácitos da
organização, e uma infinidade de elementos externos, que cada vez mais intervêm na
formação do pensamento, e de tempos em tempos formam novos paradigmas.
Estes paradigmas que recebem nomes definidos dentro de uma mesma linha
morfológica estão expressos no trabalho por três nomenclaturas mais recorrentes, elaboradas a
partir dos elementos básicos de sua formação, descritos pela transação, pelo relacionamento e
pela visão pós-modernista, e como apontados no na obra de Baker (2005), serão descritos por
Paradigma Transacional, Paradigma Relacional e Paradigma Pós-modernista.
O Paradigma Transacional é o mais conhecido, e sob sua concepção teórica
movimenta pesquisas e ações de marketing a mais de meio século, tendo origem
especialmente a partir da década de 1950, quando as correntes de pesquisa de marketing
tinham elaborado sua estrutura funcional e mecanismos de gestão começavam a ser
implantados nas organizações, conforme descrevem Sheth et al.(1988) e SHAW; JONES
(2005).
A ascensão e consolidação de pesquisas, que conduziam a chamada postura
gerencialista (tautologia para o mesmo paradigma) das ações de marketing, foram
extremamente efetivas e possibilitaram uma série de evoluções na estrutura conceitual do
tema. Marcada especialmente por três obras seminais da época, como descrevem Sheth et al.
(1988), Wright (2002), SHAW E JONES (2005) e Cunningan (2003), e foram
respectivamente intitulados Basic Marketing, por Jerome McCarthy em 1960, Marketing
Myopia, por Theodore Levitt, em 1960, e especialmente Marketing Management, por Philip
Kotler, em 1967.
Alguns artigos, publicados em revistas especializadas, também foram marcantes no
estabelecimento do paradigma, especialmente o escrito por Levy e Kotler, em 1969,
denominado Broadening the concept of marketing”, que, como descrevem Holbrook e
Hulbert (2002) e Levy (2002), foi publicado com ampla repercussão no JM, em 1969, e
considerado o artigo do ano, em 1970, pela conferência anual da AMA.
41
Kotler, aliás, tem sido apontado como o idealizador teórico dessa perspectiva
(CUNNINGAN, 2003; HOLBROOK; HULBERT, 2002), tanto pela capacidade de
revitalização de sua obra principal, que já reproduziu milhões de cópias em dezenas de novas
edições, como por uma reestruturação no tema na medida em que o ambiente vai se
transformando. Tal ão Kotler desenvolveu com mais de duas dezenas de co-autores,
ampliando significativamente a sua horda de seguidores e criando uma tendência, satirizada
por autores de posição contrária, como Brown (2005), denominada de “kotlerismo”.
O Paradigma Relacional, com origens conceituais que datam do inicio da década de
1980, como apontam Vargo e Lush (2004) e O’Malley e Tinan (2005), não é uma
contraposição do transacional, contudo vem estabelecer uma nova discussão, relacionada com
a necessidade de consideração dos encontros de serviço, que até então não tinham acento
consolidado pelas pesquisas e praticas gerencialistas.
Ainda com uma visão conceitual ampla (O’MALLEY; TINAN, 2005) o “marketing de
relacionamento”, como apontado na maioria das obras que o tratam, se estabelece para
consolidar a importância do relacionamento e dos caminhos percorridos no canal de
marketing entre compradores e vendedores, especialmente no âmbito das relações
organizacionais. As transações entre produtor e consumidor final também são discutidas
freqüentemente dentro desta visão, especialmente após a inserção das práticas de CRM
(Costumer Relationship Management), como um software de gerenciamento da relação de
troca entre esses agentes, como descreve Holbrook e Hulbert (2002).
A abordagem relacional se movimenta no sentido de substituir a transacional, sem
perturbação do chamado mainstream, devido ao desgaste desta última, provocado pela critica
sistemática de pesquisadores europeus e até americanos, como aponta Faria (2006). Um
marco dessa substituição vem sendo propagado pela publicação de um artigo de Vargo e Lush
(2004), identificando uma mudança de paradigma, baseada em elementos como prestação de
serviços relacionados aos produtos e co-criação de valor, como papéis de produtor e
consumidor.
Mais contemporaneamente, considerando o movimento intelectual chamado de s-
modernismo, que transcende o modernismo em oposição a ele (LAROUSSE, 1995) e que o
contesta de forma multidisciplinar (BROWN, 2001, 2005). O Pós-modernismo, nesse
42
contexto, destaca uma nova abordagem conceitual para todas as áreas da ciência social e, por
conseguinte, redefine o domínio e o conceito de marketing, até então propagado.
Autores como Firat (1987), Stephen Brown (1997, 2005), Piercy (2002) e Cova e
Cova (2002) defendem, ou pelo menos manifestam (MELLO; LEÃO, 2003), a presença da
visão pós-modernista na formulação de um conceito de marketing, buscando expor a
discussão de um novo ambiente que considere elementos como hiper-realidade, fragmentação,
revero entre produção e consumo, sujeitos descentrados e justaposição de opostos. Esta
nova abordagem está sendo tratada de Paradigma s-modernista (BROWN, 2005; FARIA,
2006; PIERCY, 2002).
Os conceitos formulados, suas mais diferentes abordagens e um ambiente cosmopolita
em crescente evolução, têm inferido ao marketing interpretações com diferentes
possibilidades, podendo ser variante desde sua definição como uma função, uma estratégia,
uma área de conhecimento, um campo de estudo ou conhecimento, uma concepção ou a
mesmo uma filosofia organizacional e social.
3.2 O DOMÍNIO DO MARKETING
Considerando a exposição de Vargo e Lusch (2004) sobre uma nova gica dominante
e as possibilidades de ampliação da compreensão do fenômeno, expressas por Kotler (1999),
o domínio do marketing ganha dimensões que extrapolam a gestão funcional, estabelecendo
fronteiras mais amplas às possibilidades de aplicação, não como disciplina e prática, mas
sob a ênfase de uma ampla ciência social.
Bolton (2004), a partir dos impactos do trabalho de Vargo e Lush (2004), promoveu
uma discussão entre pesquisadores contemporâneos de marketing, como Day, Deighton,
Narayandas, Gummesson, Hunt, Prahalad, Rust e Shugan. Dessa interação emergem a
discussão de aspectos como, possibilidade de agregar vantagem relacional, contextualização
histórica, centralização nas parcerias de provisão de serviços, co-criação de valor, distinção
entre a lógica de serviço e a funcional e operacionalizão dos conflitos.
43
Agregando estes aspectos à possibilidade de adaptação da ação de marketing a
situações como experiências, eventos, pessoas, lugares, propriedades, organizações,
informações e idéias, apresentadas por Kotler (1999), o fenômeno toma lugar em fragmentos
de conhecimento tratados por marketing de serviços, industrial, tecnogico, rural, esportivo,
cultural, turístico, entre outros, como descrevem vários autores, tais como Kotler (1999),
Adkins (2005), Tavares et al. (1999), Bolton (2004), Vargo e Lush (2004).
Estas possibilidades de pesquisa e ação no campo de estudo, tomam proporções
ampliadas, e a academia detona um processo amplo de pesquisa, em diversas áreas, como
podemos identificar nas sugestões orientadas pela maioria dos organismos internacionais
fundados para esse fim. Um exemplo de organismo, tomado nesse trabalho é o Marketing
Science Institute MSI, que anualmente renova uma agenda de possibilidades a serem
discutidas e publicadas tanto em seus periódicos, como em outros, relacionados ao marketing
global, procurando manter a hegemonia criada por uma corrente anglo-americana, conforme
descrita por Faria (2007).
Ainda, em uma primeira consideração da academia brasileira, é possível identificar
dois movimentos de pesquisa que refletem essa difração no estudo do marketing. O primeiro
apresentado nos trabalhos de Vieira (1998, 1999, 2000), que radiografam a produção
cientifica brasileira, procurando identificar quais são as fontes utilizadas, as demandas
atendidas e os temas de maior interesse no estudo. No segundo, declarado no último Encontro
Nacional da Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Administração
(EnANPAD, 2007), quando da reunião dos representantes das áreas temáticas da divisão de
marketing com seus pesquisadores, onde discutiram e propuseram preliminarmente uma
agenda nacional de pesquisa.
Os estudos sobre marketing, de caráter acadêmico, mas também produzidos por
consultores oriundos das organizações, repercutem na sociedade e especialmente nas ões
organizacionais, provocando a transformação do cenário brasileiro, constantemente exposta
em “primeira páginanos mais diversos veículos de comunicação de difusão em massa, como
programas de rádio e TV, revistas especializadas e jornais de circulação periódica.
Tais estudos, seguindo uma tendência global, como indica Faria (2007), sofrem uma
disfunção provocada pelo distanciamento entre as academias nacionais, que abrigam mestres
e pesquisadores, as escolas de negócios, voltadas para atender uma lógica econômica e os
44
consultores, que geram conhecimento especialmente através de transcrição de técnicas,
adquiridas por experiência prática.
3.3 O PENSAMENTO GLOBAL DE MARKETING
Em uma análise do conteúdo de excertos, como descreve Richardson (1999), na busca
de termos, objetivos e atributos de um tema, os conceitos de marketing apresentados na
introdução deste trabalho devem indicar algumas mensagens. Certamente, dentre elas, está à
forte relação das palavras “troca”, necessidade”, “relacionamento”, “fluxos”, negócios” e
“lucro” com o entendimento do fenômeno.
Na consideração de relacionamentos voltados para troca, buscando o atendimento das
necessidades humanas, a afirmação de que isso aconteça em um tempo quase equivalente a
história do homem é pertinente (GRACIOSO, 1973; VENDRAMINI; LIMA, 1977; SIMÕES,
1980). Já elaborando essa relação do marketing com fluxo, negócio e lucro, episódios como o
escambo da história antiga, o comércio marítimo entre civilizações da antiguidade, o
mercantilismo da idade média e a Revolução Francesa e Industrial da modernidade (SHAW;
JONES, 2005), parecem claros para a formação de um cenário diferente.
Este trabalho o busca entender a origem do marketing a partir da análise de tempos
muito remotos, estabelecendo então como marco, tal qual a posição de alguns autores como
Simões (1980) e Gracioso (1973), a obra de Adam Smith (1776), A Riqueza das Nações, mas
ainda apenas para entender a expansão de demanda a partir da divisão do trabalho e da
especialização.
Estes fenômenos, que apresentavam a “tendência inata do homem para a troca”
(ARAÚJO, 1988, p. 29), da obra de Smith (1776), fortalecem os elementos da chamada
sociedade de consumo. Este ponto define o início do processo de origem das organizações,
como instituições que passam a liderar as atividades produtivas e o fluxo de bens,
especialmente por conta da mudança na lógica de comércio da sociedade e o aumento da
distância geográfica entre produtor e consumidor.
45
A origem do marketing moderno está aqui ilustrada então, a partir das funções
administrativas expressas por Fayol (1978), especialmente quando se refere à função
comercial, uma das mais importantes, onde a ênfase principal é aplicada a ação de venda, que
segundo sua análise, determina a sobrevivência da empresa.
A prosperidade de uma empresa industrial depende tanto da função
comercial quanto da função técnica; se o produto não vende, temos a ruína.
A habilidade comercial, unida à sagacidade e à decisão, implica em
profundo conhecimento do mercado e da força dos concorrentes, em grande
previsão e, nas empresas importantes, na aplicação cada vez mais freqüente
de combinações (FAYOL, 1978, p.15).
Essas implicações gerenciais eram, contudo tãosicas quanto o próprio entendimento
da importância do marketing para as organizações. Na origem do pensamento administrativo,
a função não passava de uma mera etapa intermediária do processo de produção e entrega. O
consumo em massa dessa época não dava espaço para elaborações mais sofisticadas de
qualquer função, dada a pressão da demanda frente uma oferta ainda muito incipiente
(MAXIMIANO, 1997).
Embora, sob uma abordagem mais estruturada, uma pesquisa de Chandler (2000),
quando estuda as principais corporações americanas ao longo de 100 anos de sua existência,
também indica uma primeira fase da administração de marketing, apenas como um setor ou
departamento de suporte às vendas da organização, sem nenhuma elaboração que organizasse
qualquer outra ação, senão a de vender o produzido.
Nesta pesquisa, Chandler (2000) se refere a empresas nos Estados Unidos, e é lá que o
marketing tem seus primeiros elementos de evolução, após sua origem. Apesar de ter alguns
movimentos também na Europa e especialmente na Inglaterra, foi impulsionado pela ascensão
econômica da América, com seus principais movimentos associados a grandes corporações
que se fundaram, especialmente no setor de transporte ferroviário, bancos, e usinas de aço,
por conta especialmente dos negócios ligados a este crescimento.
Chandler (2000) narra quatro fases distintas na formação destas grandes corporações.
Uma fase inicial, de intensa produção, uma segunda fase de estruturação, onde surgem os
departamentos de marketing, uma terceira fase de mais produção intensiva e finalmente a
quarta fase, com a reestruturação que, segundo sua narrativa, resultou do divisionamento das
46
empresas, surgindo então, entre outras, a divisão de marketing, agora bem mais evoluída na
técnica e na estrutura.
Outra forma de entendimento dessa evolução é descrita por Shaw e Jones (2005),
assim como Gracioso (1973), na qual se pode entender de maneira clara o crescimento do
marketing, considerando quatro fases distintas conforme abaixo:
1. Fase pré-acadêmica – até 1900.
Pensamento grego (Platão e Aristóteles) integrando marketing à sociedade
e suas relações.
Correntes de pensamento medievais, em Santo Agostinho e São Tomás de
Aquino, relacionando problemas de marketing com a ética.
Marketing aplicado com a eficiência administrativa e economia, descrito na
escola alemã de pensamento e na escola institucional americana e
culminando com o pensamento clássico de administração.
2. Fase tradicional 1900 a 1955.
Crescimento dos negócios nos EUA.
Crescimento das cidades, marcas nacionais, rede de lojas, estruturas de
entrega, jornais e revistas.
Melhorias no transporte com o advento das ferrovias, automóveis em
profusão, caminhões e uma infinidade de especialidades.
Primeira escola de Marketing em 1910.
Estudo científico do fenômeno marketing, como função, classificação de
mercadorias e categorização de instituições.
47
3. Fase Mudança de paradigma – 1955 a 1975.
Modelo moderno toma o lugar do tradicional.
Avanços nos modelos matemáticos (Militar).
II Grande Guerra aumenta a produção e consumo.
Surgimento de fundações tais qual Ford e Dale Carnegie.
Produção de conteúdo e de impactos modernistas que afetam o pensamento
de marketing.
4. Fase Ampliação do paradigma – 1975 a 2000.
Forças transformadoras vindas do comportamento do consumidor.
Estudos de outras áreas do conhecimento (Psicologia).
Força do Kotlerismo e criação de atitudes gerencialistas, trocas e
comportamento do consumidor, passam a ser representativas nas ações de
marketing.
Mudança de foco, saindo marketing como atividade comercial e entrando
como atividade humana e trocas sociais.
Paralelamente a essa construção teórica, é possível apresentar o crescimento do
marketing como disciplina acadêmica, com sua evolução especialmente sentida nos Estados
Unidos que, conforme Guerreiro (1982) e Simões (1980), têm origem a partir de 1904,
quando uma instituição de ensino acadêmico, a Ohio States University, fornece pela primeira
vez um curso de “distribuição das safras”. Logo a seguir, em 1910 e 1912, em algumas
universidades americanas, ocorre a fundação dos primeiros cursos tratando especificamente
sobre o campo de estudo do marketing.
48
A primeira obra, tratando exclusivamente aspectos de gestão de marketing é publicada
por P. D. Converse em 1921, intitulada Marketing, Methods and Policies (SHAW; JONES,
2005). Ainda com relação a esta produção editorial, Simões (1980) nos apresenta uma
cronologia que caracteriza o marketing desde suas primeiras obras editadas especialmente na
Europa, e apresentada no Quadro 4, abaixo:
Autor Ano Obra
Harry A. Sampsom 1874 Introduction to Advertising
Harry A. Sampson 1875 A history of Advertising from Earliest Times
P. Dotz 1894 Histoire de la Publici
W. D. Scott 1908 The Psycology of Advertising
H. L. Hollingworth 1913 Advertising and Selling
P. D. Converse 1921 Marketing, Methods and Policies
Paul Ivy 1921 Principles of Marketing
Melvin Copeland 1924 Principles of Merchandising
Quadro 4: Cronologia editorial da origem do marketing
Fonte: Adaptado de Simões (1980), Shaw e Jones (2005)
Estes importantes estudos, que buscam a formação de uma teoria geral de marketing,
estão colocados, porém, sem uma definição clara até nossos dias, como defende Sheth et al.
(1988), especialmente ao considerarmos sua obra Marketing Theory: Evolution and
Evaluation, quando elabora um cenário do pensamento, a partir da seleção de escolas
acadêmicas.
Ainda outros trabalhos individuais, não representando qualquer escola de pensamento,
como os selecionados por Sheth et al. (1988), buscam apresentar definições da formulação de
conceitos e descrição de paradigmas influentes na elaboração de definições de marketing,
onde destacamos Vargo e Lusch (2004), Brown (2005) e O’Malley e Tinan (2005), e no
Brasil, Faria (2006, 2007), distinguindo-se por remeterem à reflexão as abordagens
contemporâneas da construção deste pensamento.
3.3.1 A evolução teórica do pensamento em marketing
Procurando a organização e o melhor entendimento do que segue, inicialmente se
apresenta o marketing a partir destas escolas formadoras, na visão de Sheth et al. (1988),
considerando também a contribuição de outros autores, como Shaw e Jones (2005), Wright
49
(2002) e outros, e em seguida com uma reflexão sobre as abordagens contemporâneas, que
completam o arcabouço teórico sugerido.
As escolas de pensamento podem ser localizadas na origem dos esforços de pesquisa,
e procuram adaptar as organizações a nova condição estabelecida pela alteração dos meios de
produção e distribuição de produtos e serviços originados nessas organizações (CHANDLER,
2000; FAYOL, 1978; GRACIOSO, 1973; SHETH et al., 1988; SIMÕES, 1980).
ESCOLA indica um conjunto de autores que usaram o mesmo enfoque,
escolheram o mesmo aspecto específico para analisar, ou adotaram a mesma
linha de raciocínio teórico. Escola é a palavra que também pode indicar
autores com diversos enfoques, que nunca se encontraram ou viveram em
épocas e locais diferentes, mas que compartilham um interesse ou ponto de
vista, ou que é possível associar em função de algum critério
(MAXIMIANO, 1997, p. 22).
Reiterando que Sheth et al., (1988) foram os primeiros, em marketing, a escolherem a
categorização em escolas, justificando a escolha em razão de características especiais: (1) a
escola forma substancial campo de conhecimento; (2) o conhecimento em uma determinada
escola é desenvolvido sempre por importante número de membros; (3) a escola baseia sua
abordagem na investigação de quê, como, quem, por que, quando e onde; e (4) a escola
representa uma perspectiva específica no seu todo.
Dentro desse contexto de escolas, cada abordagem apresentada é descrita abaixo,
tomando como base, conforme apontado anteriormente, os trabalhos de Sheth et al., (1998),
Wright (2002) e Shaw e Jones (2005). Adicionalmente alguns autores que discutem o tema
por esse enfoque o referenciados particularmente, quando suas definições agregam
informação importante à discussão.
As escolas estão apresentadas em ordem relativamente cronológica, muito embora
várias delas possam ter ocorrido em períodos coincidentes na hisria, conforme segue:
1. Escola funcional do marketing
2. Escola da mercadoria em marketing
3. Escola institucional do marketing
4. Escola inter-regional de marketing
5. Escola de administração de marketing
50
6. Escola de sistemas de marketing
7. Escola do comportamento do consumidor
8. Escola do macro marketing
9. Escola de trocas
10. Escola do marketing histórico
3.3.2 As escolas formadoras do pensamento em marketing
3.3.2.1 Escola funcional do marketing
Uma, dentre as primeiras três descritas a partir de agora, a escola funcional foi
desenvolvida conceitualmente na fase tradicional da construção do pensamento de marketing
e respeita esta prioridade em função exatamente do tratamento inicial necessário às
mercadorias demandadas pelas indústrias emergentes do final do século XIX.
Uma organização que envolvia o caminho produção-consumo foi estabelecida, e a
escola funcional responde ao esclarecimento de qual o trabalho, que a nova função marketing
deveria promover para possibilitar a boa trajeria desse caminho.
Simões (1980) relata que o primeiro esforço acadêmico de pesquisa nesse sentido
gerou a oferta do curso “A distribuição das Safras”, pela Ohio States University em 1904,
seguido por noções acadêmicas sobre propaganda, e estocagem, também nos Estados Unidos.
A Abordagem funcional tem visibilidade, segundo Shaw e Jones (2005), até o inicio
da década de 1960, quando tem origem o seu ocaso, e uma denominação de Weld (1960,
apud SHETH et al., 1988) foi estabelecida para classificar as etapas de produção de ofertas,
armazenamento, suporte ao risco, formatação, venda e transporte ao consumidor final.
Estas funções originárias de Weld (1960, apud Sheth et al., 1988) foram consolidadas
pelo estudo de McGarry (1950, apud SHAW; JONES, 2005), que recomendou um sistema de
classificação baseado em seis grupos, conforme segue:
1. Função contratual definida pelos contatos e contratos entre fornecimento e
consumo.
51
2. Função da mercadoria – que adapta a oferta ao pedido do usuário.
3. Função de precificação onde os custos de produção e entrega eram adaptados ao
contrato estabelecido.
4. Função propaganda gerando a comunicação, entre possibilidade de ofertas, aos
demandantes.
5. Função de distribuição – tratando de estocagem, transporte e entrega final.
6. Função de finalização – culminava o processo, consolidando a troca de propriedade.
Sheth et al., (1988) consideraram que os desafios da escola funcional estavam
localizados na interação entre aspectos físicos e elementos econômicos agregados,
especialmente no entendimento dos serviços relacionados.
3.3.2.2 Escola da Mercadoria em Marketing
Os desafios de serviço e outros aspectos econômicos, agregados ao produto, podem
ser resolvidos preliminarmente se os bens distribuídos apresentarem uma adequada
classificação, quanto à natureza de consumo. (SHETH et al., 1988). Na ordem cronológica,
surgem então os propagadores da escola de mercadorias ou bens, também na fase tradicional
do pensamento de marketing.
A demanda industrial, quanto aos aspectos agregados, deve então ser resolvida a partir
da classificação proposta por Copeland (1924, apud SHETH et al., 1988 e SHAW; JONES,
2005). Distinguindo os bens de consumo e industriais a partir de um estudo dos fluxos dos
bens, relacionados com sua categorização, como apresentada por Copeland (1924, apud
SHETH et al., 1988 e SHAW; JONES, 2005), em três grupos e denominados como: (a) bens
de conveniência, que exigem baixo esforço funcional de estocagem e praticamente risco
algum, (b) bens de uso freqüente, dirigidos ao consumo específico e caracterizados pela
comparação na aquisição, e (c) bens de uso especial, com características de orçamento na
compra, envolvendo risco e comunicação especial.
Associado a esta classificação específica, algo genérico definia bens como sendo de
consumo, posicionados para o uso final, bens industriais, utilizados na produção de outros
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bens, providos de caráter técnico pertinente à natureza do uso, e bens de serviço, sem entrega
física ao cliente, dificultando a classificação sistemática, por conta de aspectos intangíveis
relacionados à sua representação (SHETH et al., 1988; SIMÕES, 1980; VENDRAMINI;
LIMA, 1977).
Shaw e Jones (2005) apresentaram os bens industriais categorizando-os como:
instalações, equipamentos, bens de capital, matéria prima, componentes, produtos fabricados,
peças de manutenção, de suporte para serviços e os bens de consumo, em categorias de
conveniência, compra programada e emergência.
A classificação original de Copeland foi consolidada, segundo Sheth et al., (1988) e
Simões (1980) em 1948 pela AMA American Marketing Association, não sem antes ter
sido objeto de discussão e tentativas de arranjo por rios pesquisadores, como
principalmente Parlin, Aspinwall, Holton e o próprio Copeland, conforme exem Simões
(1980), Sheth et al., (1988), Wright (2002) e Shaw e Jones (2005).
Outros aspectos foram bastante discutidos pelos integrantes da escola de mercadorias,
destacando-se os relacionados ao grau de envolvimento e intensidade de uso, benefícios
agregados, capacidade de substituição, tipificação de serviços e esforços funcionais
associados (SHAW; JONES, 2005; SHETH et al., 1988; SIMÕES, 1980; VENDRAMINI e
LIMA, 1977; WRIGTH, 2002).
Esta “batalha intelectual”, como definiu Sheth et al., (1988), foi proeminente ao
estudo do pensamento de marketing, mas desafia seus acadêmicos e praticantes ao
entendimento definitivo da classificação de bens, dado a variedade de conceitos que se
formularam durante as discuses.
A escola de mercadorias, segundo Sheth et al., (ibidem), guarda a hoje elementos
que auxiliam a pesquisa e aplicação de ações de marketing, mantendo aspectos positivos de
sua fundamentação, especialmente ligados à simplicidade de comunicação e implementação
dos termos, a facilidade de abrangência em todas as áreas do marketing e suporte empírico,
que favorece seu entendimento e valida ações relacionadas.
Contudo, Sheth et al., (ibid) tamm ressaltam alguns aspectos negativos, não
esclarecidos, especialmente ligados à estrutura de classificação genérica, à especificação
falha de bens fora das contingências usuais e alguma confusão em testar definições
operacionais, relacionadas a agregação e responsabilidade de valor, mais incidentes na
53
relação serviço/bem, bastante observada nos últimos vinte anos, como narram Vargo e Lush
(2004), Kotler (1999) e Churchill (2003).
3.3.2.3 Escola institucional do marketing
Integrando o grupo de escolas, desenvolvidas dentro da fase tradicional da construção
do pensamento, a escola institucional nasce com o objetivo de completar a base elaborada
pelas escolas funcional e de mercadorias, como esclarece Shaw e Jones (2005) e Vendramini
e Lima (1977).
Essas escolas dominam o pensamento até o inicio da década de 1960, por tratarem do
desenvolvimento funcional do marketing, da operação dos bens e com quais atores
institucionais o farão, sendo que na publicação citada de Vendramini e Lima (1977), somente
essas escolas foram consideradas operantes em marketing.
A questão que a escola institucional procura responder, é relacionada à identificação
dos intermediários envolvidos no processo de troca, presentes no que Clark (1922, apud
SHAW; JONES, 2005) denominou de canal de distribuãoe que hoje é didaticamente
apresentado como canal de marketing (KOTLER, 1999).
Os canais de marketing são formulados a partir da composição, interação e
complementação de ações pelos atores envolvidos e podem ser construídos conceitualmente,
considerando um conjunto de teorias, tais quais como selecionadas por Shaw e Jones (2005) e
formuladas para a definição de separação de mercado, fluxo de mercado, sistemas paralelos,
depósitos, postagem, transações e de tipos de interação.
Shaw e Jones (2005) ainda contribuem com a definição dos fluxos no canal,
apresentando ao pensamento o fluxo de transação e o Fluxo “transvetor”.
O Fluxo de transação indica os movimentos dos bens e serviços considerando os
atores envolvidos, tal como segue:
Vendedores - compradores: definindo processos de posse, embarque e promoção.
Compradores – vendedores: definindo pedido e pagamentos.
Reciprocidade entre as partes: definindo negociação, financiamento e risco.
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O domínio do fluxo de transação favorece o conhecimento do consumo, adaptando a
necessidade do cliente, reduzindo prejuízos e riscos e garantindo economia de escala num
efeito de customização (SHAW; JONES, 2005).
O Fluxo “transvetor” é uma espécie de desenho do ciclo, estabelecendo a
continuidade da relação no canal, ordenando o consumo até o final, e garantindo a sua
reprodução em todas as transações.
A escola institucional, segundo Sheth et al., (1988) e Shaw e Jones (2005), vem
organizar os atores envolvidos com o processo de aproximação entre a produção e consumo,
distanciados pela especialização dos meios de produção e seus agentes, configurando como
intermediários de mercado, chamados de atacadistas e varejistas, e intermediários funcionais,
chamados de corretores, vendedores, financiadores e transportadores.
3.3.2.4 Escola inter-regional de marketing
As distâncias criadas entre produção e consumo, devido aos fenômenos de divisão de
trabalho e especialização, destacados por Smith (1776), aumentaram de tal forma, que
pesquisadores de marketing se viram compelidos a produzir elementos que favorecessem
uma relação inter-regional.
Um modelo, descrito contemporaneamente por Shaw e Jones (2005) e por Sheth et al.
(1988), referindo-se a década de 1940, e denominado “Lei da Gravitação do Varejo” por
Willian Relly, propõe a possibilidade de indicar a atratividade que uma região exerce sobre
outra, em detrimento de outras regiões existentes, o que em última análise, confirma a
capacidade de atratividade da primeira.
Este modelo propõe, através da analogia com a “Lei Universal da Gravidade”,
enunciada por Isaac Newton em 1687, que
em uma dada pequena cidade, entre duas maiores, as cidades atrairiam
clientes em uma proporção direta das populações (fator massa) das duas
cidades e inversamente proporcional ao quadrado das distâncias
separando as duas cidades, da cidade intermediária (SHAW; JONES,
2005, p. 14).
55
Um “centro comercialentão se cria considerando todas as cidades que recebem a
influência de atratividade, possibilitando assim aos envolvidos, mapear cada região, criando
oportunidades de negócios entre os atores regionais e um planejamento de desenvolvimento
de transações consistente.
Sheth et al. (1988) indicam, porém, que para consolidação de um centro comercial,
quatro fatores são indispensáveis, como descritos abaixo:
1. Escassez de recursos capacita o comércio na direção do lo com recursos para o
desprovido deles.
2. Influência regional definida pelo lo, através de instituições reconhecidamente
marcadas pelo reconhecimento regional.
3. Demanda recíproca entre regiões possibilita um equilíbrio no balanço comercial
entre produção e consumo.
4. Relativa competição entre regiões estímulo de uma região em atender sua região de
atratividade em detrimento de outros, por cessão de lucros e vantagens.
A região configurada, por conta da consolidação dos fatores acima, segundo Shaw e
Jones (2005), será caracterizada pela multiplicidade de centros econômicos, viabilizando
interação com os centros, por uma homogeneidade regional forte e por produtos típicos de
exportação e importação, circulantes entre os municípios envolvidos.
O Tamanho de cada região será então configurado por fatores como áreas de atacado,
taxas de transporte e canais de distribuições disponíveis (SHAW; JONES, 2005), dentro das
possibilidades de atração do centro comercial estabelecido pela presença das condições
destacadas acima.
Um modelo para a ação de marketing estava basicamente consolidado no final da
década de 1950, com a afluência das quatro escolas apresentadas até aqui, e cada uma delas
se apresentava capaz de atender um questionamento chave do processo de troca. A escola
funcional definia “o quê”, a de mercadorias “como”, a institucional “quem” e a inter-regional
“onde” (ibidem).
56
3.3.2.5 Escola de Administração de Marketing
Essa escola surge no início dos anos de 1960, e reúne, desde então, conteúdo para se
transformar na escola mais profusa do pensamento de marketing, especialmente a partir da
obra de Levitt (1960) Miopia de Marketing. Nesse caso o autor demonstrando como
organizações da época suprimiam o foco no cliente em suas operações, destacou a
importância do atendimento das necessidades deste cliente, a partir de suas impressões e
manifestações (SHETH et al., 1988).
O embrião da escola, porém é lançado na década de 1950, com preocupações
diretamente relacionadas com a área de “economia gerencial”, desenvolvida por Baumol e
Dean (1951), na obra Economia Gerencial”, seguido por Howard (1957), que pela primeira
vez produz uma obra com o nome de Administração de Marketinge culminando com a
edição do livroMarketing Gerencial” por Kelley (1958 apud SHETH et al, 1988).
Sheth et al. (1998), Cobra (2003) e Shaw e Jones (2005) relatam que, ainda em 1960,
Jerome McCarthy define os 4P’s do marketing, que estabelecem bases sólidas para o início
da consolidação da escola, através dos elementos “produto”, pro”, promoçãoe “praça”.
Nessa cronologia contudo, a obra considerada como mais importante, foi publicada por Philip
Kotler (1967), com o nome de Administração de Marketing”, a qual é até hoje o livro da
área de administração mais vendido no mundo.
A preocupação prioritária dos pesquisadores da escola de administração de marketing
é o entendimento das formas que as organizações comercializam seus produtos, a partir da
perspectiva dos vendedores, conforme indica Sheth et al., (1988), amplamente corroborada na
obra de Kotler (1967).
Nessa indicação, a escola também elabora uma série de conceitos que determinam o
núcleo de suas ações, com atitudes estritamente gerenciais, como por exemplo, “marketing
mix” e “segmentação de marketing”.
Lançados os fundamentos gerais da administração de marketing, a discussão em torno
dela, e as propostas de elaboração de elementos utiliveis, a pesquisa e a prática de
marketing se multiplicam a cada ano, até praticamente os dias atuais, como se pode visualizar
no Quadro 5, que se refere a evolução das pesquisas, proposta a seguir:
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Autor Ano Assunto da Pesquisa
Alexander 1940 Conceitos de marketing mix, canais de distribuão,
planejamento de produto, venda e propaganda.
Merrian-Webster 1954 Reestrutura o vocábulo vendas com os termos
persuadir e influenciar”.
Wendell Smith 1956 Diferenciação e segmentação como estratégias de
mercado.
Alderson 1957 Introduz a cncia, teoria e sistemas na tomada de
decisão de marketing.
Howard 1957 Define produto, canal de marketing, preço,
promoção, propaganda, pessoal de venda e locação
das decisões como áreas de decisão em marketing.
Kelley e Lazer 1950 Define estratégias integradas à comunicação.
Jerome McCarthy 1960 Propõem check list do mix de marketing e define os
4P’s de marketing: produto, preço, promoção e
praça.
Chester Wanson 1960 Apresenta a idéia de ciclo de vida do produto.
1960 Marketing orientado pela pesquisa do consumidor. Keith
1961 Discute aspectos da gestão de vendas.
Neil Borden 1964 Executivo de marketing como tomador da decisão.
Carnegie 1964 Fazer amigos, clientes e negócios influenciando
pessoas”.
Kotler 1967 Empresas como gestoras do marketing mix,
promoção, crescimento da venda e investigação de
mercado.
Kotler e Levitt 1969 Tratam do impacto social do marketing
Kotler 1972 Expano da disciplina pela estruturação do
profissional.
Bartels 1986 Identifica o impacto social do marketing
Sheth e Garret 1988 Discute os limites do marketing
Webster 1992 Relacionamentos e parcerias como elementos de
marketing.
Quadro 5: Evolução das Pesquisas da Escola de Administração de Marketing
Fonte: Sheth et al. (1988) e Shaw e Jones (2005)
A influência de Philip Kotler nessa escola, e a rápida adequação de sua produção
literária, com co-edições produzidas com dezenas de seus discípulos ao longo dos últimos 40
anos, fez dele, na visão de muitos críticos, o “Guru” da escola de administração de marketing,
como relata Cunningham (2003). A influência “kotleriana”, como estabelecem Brown (1997)
e Melo e Leão (2003), sugeriu a base das ementas dos cursos de graduação ao redor do
mundo (FOX et al., 2005, apud SHAW; JONES, 2005), consolidando a tendência
“gerencialistade formação de acadêmicos e praticantes do marketing.
58
3.3.2.6 Escola de Sistemas de Marketing
A partir dos conceitos estabelecidos por Bertalanffy (1951) e pesquisas baseadas em
um trabalho de Boulding (1956), o pesquisador de marketing Wroe Alderson (1957)
apresenta a teoria de sistemas de marketing, como descrevem Sheth et al. (1988) e Shaw e
Jones (2005). Segundo essa abordagem, sistemas micro e macro, que envolvem as
organizações produtivas, somente funcionam se integrados à sociedade e ao ambiente que
elas produzem. Na visão de Shaw e Jones (2005), essa escola se associa a outra da época, a
Escola Funcionalista, apresentada por Sheth et al. (1988), que distingue alguns elementos
ambientais na análise das relações de troca, como sistemas de comportamento organizado,
heterogeneidade de mercado e as transações de retro-alimentação, tratadas pelo autor como
transvetoras.
A retomada da discussão que apresenta as escolas, produzida por Wright (2002) e
Shaw e Jones (2005), condensa os conceitos da escola funcionalista nas escolas institucional,
de sistemas e macro-marketing, apresentada mais adiante.
3.3.2.7 Escola do Comportamento do Consumidor
Também denominada por Sheth et al., (1988) como escola do comportamento do
comprador, o termo mais amplo é pertinente devido ao fato da escola lidar com transações e
comportamentos humanos, na visão reorientada de Shaw e Jones (2005).
O comportamento gerencialista nos momentos em que formulava ações de promoção,
baseado em mensagens definidas por Freud como “subliminares”, trazia a tona a preocupação
com efeitos manipuladores que o marketing poderia causar, relacionados com produtos
comprados por algum intermediário e produzido por outros, na ponta final do canal de
marketing (COVA; COVA, 2002; HOLBROOK e HULBERT, 2002; SHAW; JONES, 2005).
Sobre esse aspecto, Shaw e Jones (2005) revisam as pesquisas lançadas com ênfase em
estudos psicológicos e sociais, que interferem diretamente no comportamento das pessoas, e
como o marketing atua sobre tais aspectos.
Nessa revisão, Shaw e Jones (2005) identificam a interdisciplinaridade para definição
das conclusões, considerando as interferências da psicologia cognitiva, que influencia
diretamente no processo de tomada de decisão, da sociologia, no estudo dos efeitos de
59
submersão nas culturas e nas classes sociais, e da antropologia, associada às analises de
comportamento dos elementos ligados a folclore, ritos, mitos e símbolos.
Em contraposição aos efeitos da escola gerencialista, a escola do comportamento do
consumidor ganha adesão de pesquisadores dessas outras áreas e cresce de forma importante
a partir de 1960, gerando estudos deste modelo comportamental em temas relacionados a
entradas e estímulos de marketing no ambiente, processos mentais afetivos e cognitivos,
hierarquia de comportamento e aprendizado de consumo (SHAW; JONES, 2005).
A consolidação da escola, e a garantia de continuidade das pesquisas, se dá
especialmente a partir de 1969 com a fundação da Association Consumer Research ACR e
em seguida a publicação do primeiro exemplar do Journal Consumer Research –JCR, como
descrevem Sheth et al., (1988).
Diversos autores já dissociam a pesquisa de comportamento do consumidor das
pesquisas de marketing, definindo-o como o último campo das ciências sociais, pelo estudo
da motivação, personalidade, influência, atenção seletiva, percepção e retenção, hierarquia,
aprendizado, informações, emoções, liderança, inovação, sub-culturas, família, ciclo de vida,
influências sociais, cognições, sinais, semiótica e simbolismos, entre muitos outros (SHAW;
JONES, 2005).
Em função dessa fluência e aceitação de outras áreas, Shaw e Jones (2005), Sheth et
al., (1988) e Wright (2002) concordam que a escola de comportamento do consumidor é a
mais “popular” depois da escola gerencialista, e contrapõe diversos conceitos com a mesma.
3.3.2.8 Escola do Macro Marketing
A escola gerencialista supre as necessidades de pesquisa e práticas do marketing nas
organizações, em ambiente micro, segundo a visão dos seus autores, e as variações não
consideradas de comportamento são estudadas pela escola de comportamento do consumidor.
Contudo, os aspectos relacionados ao ambiente externo ou macro ambiente, ainda não tinham
sido suficientemente explicados. A esse propósito, Shaw e Jones (2005) indicam que a escola
de macro marketing surge para atender demandas geradas pelo impacto social do marketing,
tratando o sistema de marketing em seu ambiente externo e investigando qual a verdadeira
“produtividade” desse sistema, quando agregado às contingências da sociedade.
60
O macro marketing surge, então, para atender a demanda do interesse público, em
contraposição ao atendimento de demandas exclusivas de indivíduos e organizações,
coordenados por forças econômicas contrapostas a forças sociais. Esse embate torna a
pesquisa bastante interessante e em 1981 cria-se um fórum específico de publicações no
Journal of Macro Marketing JMM, que fomenta o estudo extensivo de temas como
responsabilidade social, marketing social e marketing de causas sociais, conforme descrevem
Hunt (1977), Kotler (1986), Adkins (2005) e MacFadyen et. al., (2005).
Sheth et al., (1988) aliás, utilizam para definição da escola de macro marketing, o que
estabeleceu Shelby Hunt (1977), por ser um dos pioneiros das pesquisas e ainda por
considerá-la a mais relevante.
Macro marketing é um construto multidimensional e uma especificação
completa que inclui (ou pode incluir) o estudo de (1) sistemas de
marketing, (2) impactos e conseqüências dos sistemas de marketing na
sociedade, e (3) o impacto e conseqüências da sociedade nos sistemas de
marketing (HUNT, 1977, p. 17).
Shaw e Jones (2005) selecionaram os tópicos que tornam a pesquisa de macro
marketing relevante e de interesse no campo de estudo, definindo-os por (a) relação entre
competidores no mercado, (b) políticas globais e ambientais, (c) desenvolvimento e
marketing, (d) hisria do marketing, e (e) qualidade de vida. Todavia, apesar disso tais
pesquisas ainda são negadas por muitos acadêmicos.
3.3.2.9 Escola de Trocas
No entendimento de muitos autores, como Kotler (1999), Churchill (2003), Shaw e
Jones (2005) e Sheth et al. (1988), a troca é considerada o centro focal do estudo do
marketing, por considerar aspectos como as partes de uma troca, a motivação para as partes
chegarem a um acordo e o contexto da troca. Tal fenômeno, como extensivamente exposto no
referido estudo, intensificado a partir da divisão do trabalho, exposta por Smith (1776),
atualmente tem sugerido a discussão sobre fatores divergentes, abordados na escola: os
61
fundamentos da escola tradicional do marketing e o crescimento das trocas genéricas ou
sociais.
A noção de transação baseada na compra e venda, como uma prática exclusivamente
comercial dentro da lei, contrapõe com uma definição de marketing estabelecida por
pesquisadores da escola, que identificam a ação não apenas como a troca de uma coisa por
outra e sim um processo que envolve grande valor social (SHAW; JONES, 2005). A
consideração de Kotler (1999) identificando os valores da troca baseados em mercadorias,
serviços, dinheiro, mas também tempo, energia e sentimentos é indicada por seus críticos,
como o reconhecimento deste elemento social.
A teoria da troca, descrita por Sheth et al. (1988), Shaw e Jones (2005) e também por
Kotler (1999), indica que ela acontece se, no mínimo duas partes estiverem envolvidas, ambas
forneçam algum valor ao outro - dentro de um canal disponível de comunicação - e com
liberdade para aceitar ou rejeitar tal troca.
A crítica sobre o fato de que a teoria das trocas tem promovido o aprendizado
acadêmico no entendimento da troca como dogma, provocou em um primeiro momento,
queda da auto-estima de pesquisadores que a descreviam, mas com a evolução do pensamento
de marketing, terminou por elevar o status da pesquisa de marketing (SHAW; JONES, 2005).
Por envolver comunicação persuasiva, entre empresas ou não, com valor econômico
ou não, as trocas compõem o comportamento de comprador, vendedor, instituições e
sociedade e o processadas a partir de bens e serviços, idéias, pessoas, organizações, mídia,
lugares, experiências e conseqüências (KOTLER, 1999).
3.3.2.10 Escola do Marketing Hisrico
A escola do marketing histórico, a mais recente das abordagens na formação do
pensamento de marketing, propõe uma pesquisa histórica que identifique quando as práticas
de marketing foram introduzidas. Muito embora, tenha seus registros originais a partir de
1960, tornou-se influente nos últimos 20 anos (BROWN et al., 2001; GOLDER, 2000;
SAVITT, 2000; SMITH e LUX, 1993).
Poucos acadêmicos ainda enfatizam essa abordagem, que ganhou evidência a partir de
eventos como a CHARM (Conference Historical Analisys and Research in Marketing) em
62
1999 e a fundação do CHORD (Center of History of Retailing and Distribuition) que procura
estabelecer um diálogo com a história da economia, sociologia e escola de negócios (SHAW;
JONES, 2005; SHETH et al., 1988).
Os estudos da escola do marketing histórico contribuem decisivamente para a
formulação do pensamento em marketing, especialmente pelas discussões de ampliação do
paradigma e reconstrução de conceitos (BRONW et al., 2001; SAVITT, 2000).
3.3.3 Abordagens Contemporâneas do Pensamento em Marketing
Muito embora não possam ser classificados como integrantes de uma escola de
pensamento, por não comporem as características de definição já expressas no trabalho,
algumas pesquisas e publicações acadêmicas, onde destacamos Vargo e Lusch (2004), Brown
(2005) e O’Malley e Tynnan (2005), e um movimento tratado de rethinking marketing,
descrito por Faria (2006, 2007), remetem à reflexão sobre abordagens mais contemporâneas
da construção deste pensamento.
A evolução de uma nova lógica dominante para o marketing, baseada especialmente
no enfoque sobre serviços, é defendida por Vargo e Lusch (2004). Para os autores, o
marketing herdou uma gica baseada em “bens” definidos apenas como produtos
manufaturados, de característica tangível, dotados de valor. A perspectiva emergente,
apontada pelos autores, estabelece a propriedade de intangibilidade a tais bens, expressa por
serviços e na co-criação de valores e relacionamentos. Eles acreditam que esta provisão de
serviços, no lugar de bens, é fundamental para a troca econômica.
Seus argumentos estão baseados em oito premissas fundamentais, que orientam para
uma nova atitude com relação ao marketing, conforme abaixo:
1. A Aplicação de habilidades e conhecimentos especializados é a unidade
fundamental da troca;
2. Trocas indiretas mascaram a unidade fundamental da troca;
3. Bens são mecanismos de distribuição para provio de serviços;
4. Conhecimento é a fonte fundamental de vantagem competitiva;
63
5. Todas as economias são economias de serviço;
6. Clientes são sempre co-produtores;
7. A empresa pode somente fazer proposições de valor; e
8. Uma visão centrada em serviços é orientada no cliente e relacional.
Stephen Brown, um acadêmico e pesquisador irlandês, preocupado com as disfunções
da abordagem gerencialista, tem representado uma corrente de visão pós-modernista, que
iniciou discussões no campo do marketing, desde o início da década de 1990, especialmente
pela crítica aos autores desta escola. (BROWN, 1997). Por outro lado, entretanto, Brown
(2005) reflete que o chamado pós-modernismo é tão “etéreo e volátil”, como seus estudos
desde sua primeira definição. Em marketing poucos adeptos dessa corrente, muito embora
existam trabalhos que usem indiretamente tal base ao abordarem questões como diversidade,
diferença e singularidade, entre outros elementos. De modo particular as principais
contribuições relacionadas ao s-modernismo vêm de outras áreas, notadamente sociologia,
psicologia e antropologia.
Como mencionado no início dessa seção, Brown (2005) destaca uma posição de Firat
e Venkatesh, onde identifica as principais características do pensamento pós-modernista no
marketing:
Hiper-realidade o real é recriado com requintes para uso e consumo; virtualidade
pura; estereótipo;
Fragmentação – proliferação de marcas; considera estilos de consumidores;
Reversão entre produção e consumoconsumidores abandonam a posição de reféns e
definem suas próprias necessidades; a infidelidade se dá em função da afeição a
símbolos e imagens individuais;
Sujeitos descentrados a subjetividade descentrada é um comportamento
descentralizado, multiplicidade na compra, surgimento de “entendidos de marketing”
na frente de consumo e desconstrução; e
Justaposição de opostos interação com o contraditório e permissão de sua
participação.
64
Brown (2005) dá importante destaque ao retro-marketing, elemento de composição
certamente de herança pós-modernista, que pode identificar um abandono de características
do marketing moderno. É como se o “pós” substituísse o atual, infectado pela lógica funcional
e econômica, com elementos do passado, ainda sem tais influências.
Faria (2006, 2007), ainda contempla uma agregação desta visão pós-moderna, quando
se refere ao movimento rethinking marketing, na medida em que relata uma tentativa ocorrida
no início dos anos de 1990, por diversos autores de marketing, de várias tendências
epistemogicas, no sentido de fortalecer a posição do marketing, enfraquecida por eventos
críticos ao funcionalismo e positivismo do campo à época.
Faria (2006, 2007) não descreve com otimismo os resultados do movimento. Tal
posição se especialmente por conta de alguns aspectos como: (1) falta de interesse dos
“controladores” do marketing em mudanças estruturais no pensamento; (2) influência
determinante do mainstream acadêmico, especialmente no circuito EUA-Europa; (3) pouca
influência de novos estudos originários fora desse eixo anglo-americano; e (4) diferenças
culturais, econômicas e sociais que diferem a discussão entre clientes e consumidores
industriais e regiões desenvolvidas e em desenvolvimento.
Para completar a revisão dessas novas abordagens, vale destacar a que mais tem se
efetivado no campo de estudo de marketing, que trata sobre marketing de relacionamento. De
certa forma é uma corrente de pensamento que pode congregar em suas definições as
abordagens logo acima discutidas.
Esta abordagem também é produto da necessidade de discutir e resolver disfunções
observadas pelo domínio gerencialista, especialmente quando se identificam problemas
emergentes como, crescimento da importância de canais de comunicação em marketing, a
visão de troca com serviços e o com produtos e a influência de compradores
organizacionais (O’MALLEY; TYNNAN, 2005).
Segundo as autoras O’Malley e Tynnan (2005), o processo e prática de estabelecer,
manter, aprimorar e desfazer relacionamentos, por esforços gerenciais, visando lucro,
mutualidade e cumprimento de promessas, entre componentes do canal de marketing,
caracterizado especialmente por elementos como parceria, benefícios, lucro e confiança
definem essa nova visão do marketing. As pesquisas sobre esse tema iniciam no final da
década de 1970, e o originárias de várias fontes, geograficamente distintas e sem
65
comunicação entre si (interação). Na Europa discussões no âmbito do IMP Industrial
Marketing and Purchasing Group, especialmente na análise do B2B (Business to Business),
enfatizando as díades.
Nos Estados Unidos, que procuram resolver os problemas surgidos nas ações
transacionais, especialmente provocadas pelas interações emergentes, encontros de serviços e
o surgimento das redes, as organizações não estabelecem ações espontaneamente. A reação
americana se dá principalmente por conta de dois eventos: (1) Os resultados efetivos de
processos just in time ocorridos no Japão, e a turbulência causada por um artigo que tratou de
interações, considerando a nova SET – Social Exchange Theory (Teoria da troca social).
Avanços tecnológicos têm consolidado as práticas relacionais, especialmente após a
estruturação do CRM Costumer Relantionship Management, um software de gestão dotado
de banco de dados de clientes e produtos, que baseia sua ação na máxima “fazer bem o
marketing de relacionamento é fazer melhor o marketing tradicional” (O’MALLEY;
TYNNAN, 2005, p. 24).
Considerando o trabalho nesse ponto, a identificação dos paradigmas na formação das
correntes principais de discussão e pesquisa, elaborados pelo movimento das circunsncias
sociais, poticas e econômicas apresentadas, define então elementos teóricos que compõe o
arcabouço de formação do pensamento global de marketing. A partir desses elementos,
conforme se observa especialmente na definição dos termos e identificão de épocas
hegemônicas de cada escola de pensamento, assim como na evolução de conceitos e novas
abordagens apresentadas, podem ser reconhecidas as tendências para pesquisas e
comportamento organizacional, relacionados com o pensamento de marketing.
Essas tendências definem um ponto de partida para a aplicação metodológica
historiográfica proposta nesse trabalho, inicialmente com a apresentação de referencial teórico
particular ao caso brasileiro, seguido de análises do resultado desta pesquisa. Uma conclusão
final apresenta então, a consecução de seu objetivo pela identificação de um Pensamento
Brasileiro de Marketing. Este ponto de partida procura descrever os movimentos originários
do estudo e prática de marketing no Brasil, pela apresentação dos embates teóricos iniciais,
das primeiras implicações políticas e econômicas, no estado e nas organizações e da corrente
de pensamento seguida pela produção acadêmica nacional.
66
3.4 PENSAMENTO BRASILEIRO DE MARKETING
3.4.1 Origem da produção acadêmica brasileira de marketing
Academicamente, o ensino e a pesquisa em administração no país, e nesse conjunto,
também o de marketing, iniciam-se com a fundação de duas instituições de ensino superior,
que segundo Martins (1989), Richers (2000) e Cobra (2003), foram a Universidade de o
Paulo - USP, fundada em 1934, que inicialmente incorporou o Departamento de
Administração do Serviço Público – DASP, em 1938, e a Fundação Getulio Vargas FGV.
No ensino de administração, contudo é importante registrar que a primeira instituição
de ensino com um curso especificamente de administração foi a Escola Superior de
Administração de Negócios – ESAN, conforme descrito no site institucional do Centro
Universitário da Faculdade de Engenharia Industrial FEI (FEI, 2007). Esta informação é
controversa com registros de Martins (1989) e Richers (1994), que indicam como instituição
pioneira a EBAPE/FGV, referenciada a seguir.
Com a FGV consolidada, surgiram no Rio de Janeiro, a Escola Brasileira de
Administração Pública EBAPE/FGV, em 1952, e a Escola de Administração de Empresas
de São Paulo EAESP/FGV, em 1954, com o objetivo formar técnicos de nível superior em
administração.
Ainda, considerando exclusivamente o estudo de marketing, como relata Cobra
(2003), deve-se ressaltar a Escola Superior de Propaganda, posteriormente chamada de Escola
Superior de Propaganda e Marketing ESPM, fundada em 1951, por um grupo de
profissionais ligados a propaganda, na cidade de São Paulo, como sendo de importância no
contexto originário do marketing brasileiro, por oferecer os primeiros cursos, especificamente
na área.
A USP introduz discretamente sua importância no ensino e pesquisa de marketing a
partir da fundação, em 1946, da Faculdade de Economia e Administração FEA, como
relatou Martins (1989), que apesar de iniciar com cursos de Economia e Ciências Contábeis,
67
envolvia na sua produção acadêmica, temas relacionados à administração, entre eles o
marketing.
Nessa produção, o primeiro destaque foi o livro do Professor Álvaro Porto Moitinho,
que pioneiramente introduziu o termo “mercadologia no Brasil, em 1947, em sua obra
“Ciência da Administração” (SIMÕES, 1980).
Contudo, a EAESP foi considerada introdutória do pensamento de marketing no
Brasil, especialmente por sua associação com a MSU - Michigan States University, devido a
um projeto governamental de formação dos cursos de administração de empresas no país
(MARTINS, 1989).
A MSU enviou ao Brasil, para atuarem na EAESP, professores liderados por Karl
Boedecker e entre as disciplinas oferecidas pelos visitantes, destaca-se uma de nome
“Marketing”, a primeira ministrada no Brasil, pelo professor Ole Johnson. Além destes dois
docentes, ainda estavam na missão, os professores Tom Staudt, Donald Taylor, Leo Erickson
e Dole Anderson. Tais professores permanecem no Brasil até a consolidação do pensamento
de marketing original, no início da década de 1960 (COBRA, 2003; OLIVEIRA, 2004;
RICHERS, 2000).
Além das disciplinas na EAESP, professores brasileiros foram aos Estados Unidos, e
também à MSU, onde desenvolverem conhecimentos específicos em marketing. Entre eles
estava Raimar Richers, considerado até hoje o mais eminente pioneiro na formação do
pensamento brasileiro em marketing (COBRA, 2003; GUERREIRO, 1982; RICHERS, 2000).
Essa descrição define em parte a influência do modelo americano e do paradigma
transacional no pensamento brasileiro em marketing, não pela interferência da MSU na
formação da EAESP, como também pela adoção institucional dos conceitos relacionados a
marketing, definidos pela American Marketing Association AMA, conforme descreve
Guerreiro (1982).
Outro aspecto que caracteriza a influência americana, diz respeito à adesão do governo
brasileiro, de Getúlio Vargas, a um plano de desenvolvimento dos países periféricos,
financiado diretamente pelo governo americano, conforme indicou Covre (1981) e Martins
(1989), chamado Ponto IV. Destacam-se nesse contexto, os primeiros acadêmicos brasileiros
que atuaram no ensino e pesquisa do marketing brasileiro, como os ligados a EAESP, Polia
68
Lerner Hamburger, Orlando Figueiredo, Raimar Richers, Haroldo Bariani, Affonso
Cavalcanti de Albuquerque Arantes, Alberto de Oliveira Lima, Gustavo de Sá e Silva e Bruno
Guerreiro (COBRA, 2003).
Além deles, ainda os da USP, Dílson Gabriel dos Santos, Marcos Campomar,
Alexander Berndt e Geraldo Luciano Toledo, bem como da ESPM, Roberto Duailibi, Otto
Scherb, José Roberto Witaker Penteado, Aylza Munhoz e Francisco Gracioso (COBRA,
2003). Esses profissionais, além da academia, integraram a gestão de empresas particulares de
consultoria e de rias empresas multinacionais, especialmente de origem americana, vindas
ao Brasil a partir da abertura de um plano “desenvolvimentista associado”, do governo de
Juscelino Kubitschek (COVRE, 1981).
Além dos interesses blicos, a associação com as empresas se dava por um efeito
característico da época, que aproximava sobremaneira a academia, as escolas de negócios e os
institutos de conhecimento às corporações, como narra Faria (2007). A geração de
conhecimento destas instituições se caracterizava pela relevância dos temas pesquisados,
freqüentemente adotados por uma imensa maioria das corporações industriais da época, que
buscavam o aprimoramento da técnica, necessária ao geométrico crescimento de suas
estruturas (CHANDLER, 2000).
Somente a partir dessa adesão das empresas americanas, em crescente evolução, ao
setor produtivo é que a indústria nacional começa a estabelecer ações de marketing
propriamente ditas. Destacam-se as do setor alimentício, energia, calçados e maquinários,
conforme descreve Guerreiro (1982). Antes disso as empresas brasileiras tinham um modelo
herdado do império e baseados fundamentalmente na sustentação da economia agroindustrial,
à época regida pela cultura do café, como descrevem Martins (1989) e Mendes e Filipe
(2004).
Figura 2: Origem das Instituições-chave da Produção acadêmica de marketing no Brasil
Fonte: Adaptado de Martins (1989), Richers (2000) e Simões (1980)
193
4
USP
FGV
1936
FEA
1946
Ciência da
Administração”
1947
ESPM
1951
EBAP
1952
EAESP
1954
69
Uma discussão do início do marketing brasileiro dizia respeito ao termo que se
atribuiria nos âmbitos acadêmico e organizacional ao marketing (COBRA, 2003;
GRACIOSO, 1973; GUERREIRO, 1972; RICHERS, 1994; SIMÕES, 1980). Como a simples
transcrição do vocábulo de língua inglesa “marketing”, poderia representar dificuldades de
adesão ao conjunto brasileiro de interessados, buscaram-se outros nomes como
“Mercadologia”, não representativo pela limitação ao âmbito acadêmico, ou “Mercadização
e “Mercadizar”, pouco aceitos devido à estranheza da sonoridade dessa tradução.
Alguns anos se passaram nessa discussão, mas as influências incidentes de culturas
estrangeiras a nossa, e o próprio fluxo da palavra Marketing” sendo bem aceito, acabaram
por definir a adoção do termo original ao fenômeno.
3.4.2 Políticas governamentais e o marketing
Uma revisão dos trabalhos de Richers (1994, 2000), Vendramini e Lima (1977), Lopes
(1977) e Oliveira (2004), torna possível identificar alguns eventos que destacam as políticas
públicas brasileiras como: “Substituição das Importações”, “Plano de Metas”, “Milagre
Econômico”, “Década Perdida”, “Abertura de Mercado” e “Plano Real”. Cada um destes
momentos representa de certa forma, na visão dos autores citados, circunstâncias
intervenientes na formação do pensamento brasileiro em marketing.
Esses eventos nacionais também são capazes de sinalizar a possibilidade de existência
de um pensamento de marketing que possa se caracterizar como brasileiro. Isso pode ser
considerado se refletirmos a partir da concepção de autores internacionais que se engajaram
ao movimento rethinking marketing, citado, que segundo Faria (2006) indica a
possibilidade de geração de conhecimento e conceitos a partir de uma influência cultural,
econômica e social sentida em cada país.
A Substituição das Importações foi uma ação do governo Vargas, particularmente na
segunda fase, entre 1950 e 1954, que visava especialmente à industrialização do país e a
possibilidade de planejamento das organizações, tanto públicas, quanto privadas, dentro de
um contexto econômico capitalista, de caráter dito “autônomo”, segundo seus idealizadores
(COVRE, 1981).
70
Sob essa consideração, tal movimento é apontado como embrionário na formação da
construção acadêmica brasileira em marketing, coincidindo com a evidência das primeiras
instituições de ensino superior, assim como as primeiras iniciativas de gestão visando
melhorias na distribuição, comunicação e comercialização de produtos nacionais
(GUERREIRO, 1982), configurando na época também a melhor “integração da palavra
marketing no vocabulário nacional”, conforme descreveu Richers (2000, p. 4).
O Plano de Metas, descrito por Covre (1981) e Martins (1989), foi uma medida
governamental do governo JK, que visava promover o crescimento nacional, a partir do
crescimento industrial. Sua implantação estimulava a instalação de grandes corporações no
país, admitindo agora um modelo de desenvolvimento dito “associado” (COVRE, 1981), com
instituições públicas governamentais e privadas internacionais, novamente e especialmente
dos Estados Unidos.
O Plano de Metas estabelecia como uma de suas metas a “formação de pessoal
técnico”, o que resultou na liberação governamental para abertura das faculdades isoladas,
considerando a incapacidade pública de instalação de instituições à época (COVRE, 1981;
MARTINS, 1989), e com elas a proliferação dos cursos de administração e, por conseguinte,
o aumento da oferta de disciplinas de marketing.
O resultado disso foi uma acentuada relevância dos temas de marketing (FARIA,
2007). Ampliou-se o espaço para executivos com tal formação acadêmica e ocorreu uma
disseminação das ações e do pensamento, na perspectiva de práticas administrativas, também
em evidência nas empresas americanas da época, especialmente pelo surgimento de obras
seminais do campo de estudo naquele país, descritas anteriormente, que sinalizavam uma
tendência gerencialista.
Com o Plano de Metas, as empresas aqui instaladas entregavam uma infinidade de
novos produtos ao mercado brasileiro, e as ações de marketing eram voltadas para a
divulgação, distribuição e consolidação de marcas importadas, em função da inexistência de
marcas nacionais. Foi a época de destaque da ação voltada para as “vendas” (RICHERS,
2000).
A proliferação abundante e indiscriminada de produtos “enlatados”, especialmente
americanos, provocou outra ação política governamental, baseada em ações de burocratização
e racionalização, que identificava a tentativa do governo brasileiro, a partir da metade da
71
década de 1960, em proteger as indústrias nacionais emergentes na época, ou pelo menos as
de qualquer origem, que estavam efetivamente instaladas no país.
Segundo aponta Covre (1981), essa ação de política pública, apesar de atingir seu
objetivo, provoca um efeito mercadológico indesejado, e as práticas governamentais resultam
em um danoso fechamento do mercado nacional. Muito embora essa fase coincida com o
momento de maior crescimento do país, chamado de “milagre econômico”.
Os desafios impostos aos acadêmicos e praticantes de marketing apontam em duas
direções. A primeira que torna vital, a ação de convencimento dos consumidores brasileiros
em adquirir seus produtos, em detrimento dos importados, antes fortemente presentes nos seus
hábitos de compra. A outra direção apontava para gestão de uma forte retração de consumo,
ocorrida em 1973, com a explosão de uma “crise de energia” inesperada, provocada pela
redução do fornecimento de petróleo no mundo. Esses desafios estimularam a ênfase na
“propaganda” (RICHERS, 1994, 2000).
A década de setenta foi marcada pelo crescimento econômico sustentado por políticas
governamentais baseadas no investimento maciço, especialmente de recursos oriundos de
órgãos internacionais de financiamento. Desde o início dos anos de 1980 esses empréstimos
começam a exercer pressão na economia nacional, provocando recessão e crises constantes e
configurando a chamada “década perdida”, propagada extensivamente em vários artigos,
dentre os quais, um texto importante da história do pensamento nacional de marketing, escrito
por Richers (1994), e uma revisão dessa fase, escrita por Oliveira (2004).
O período turbulento provoca perda do poder de compra, uma “inflação galopante” e
diversos planos econômicos frustrados. A prática de marketing tende a dificuldades, expressas
pelo desgaste do modelo gerencialista, pouco resistente à retração de consumo característica.
Richers (2000) e Oliveira (2004) enfatizam uma fase de abordagem mercadológica no
“produto”.
A situação econômica começa a ser revertida no início dos anos de 1990, primeiro
com a ascensão de governo Collor que, apesar de ter imposto um confisco na poupança do
cidadão brasileiro, reduziu a inflação e promoveu uma abertura de mercado. Essa abertura das
fronteiras nacionais repercute com as oportunidades ao acesso de novas tecnologias e
especialmente de produtos com preços mais acessíveis ao consumidor brasileiro, que
72
readquire com isso capacidade de compra (RICHERS, 2000), mas impõe à gestão de
marketing mais um desafio de consolidação das empresas aqui instaladas.
O enfoque de marketing se volta para ações que abordem o “mercado e uma
reestruturação natural do pensamento começa a emergir no cenário mundial, influenciando o
Brasil, com noções mais claras sobre marketing de serviços e marketing de relacionamento,
conforme descrevem Richers (2000), internamente, e Baker (2005) e Vargo e Lusch (2004),
no contexto global.
Finalmente, dentro dessa retrospectiva analítica das políticas governamentais, o
mercado brasileiro se reestrutura com o Plano Real”. Esse plano estabelece um novo
ambiente em que o consumidor brasileiro, inclusive os das faixas C, D e E, detêm um
razoável poder de compra, e vive a possibilidade de múltiplas escolhas, distribuídas entre
muitos fornecedores, reforçando uma conotação especial da abordagem mercadológica
voltada para o “cliente” (RICHERS, 2000; OLIVEIRA, 2004).
3.4.3 O comportamento do consumidor brasileiro e o marketing
As políticas governamentais, refletidas em medidas econômicas e sociais, acabam por
determinar variáveis intervenientes em todo o mercado. Destaca-se também, uma forte
alteração de comportamento dos consumidores brasileiros no último meio século, influenciada
por mudanças de ordem universal na economia e evidentemente pelas alterações da sociedade
brasileira.
Trabalhos de Richers (1994, 2000), especialmente, mas também de Gracioso (1973) e
Oliveira (2004), entre outros, demonstram que a forma de comportamento dos consumidores
foi alterando seu perfil e isso provocou vieses nas definições adquiridas, que agem
produzindo mudanças na construção de marketing, descritas nas pesquisas e sentidas na
prática organizacional.
Richers (1994) estabeleceu uma classificação do comportamento dos consumidores
levando em conta uma linha do tempo em que foram consideradas as alterações ambientais do
país. Nessa classificação, Richers (1994, 2000) relaciona o comportamento do consumidor em
73
seis perfis distintos: Consumidor “Despretensioso”, “Ávido”, “Judicioso”, “Aflito”,
“Revoltado” e “Ponderado”.
O Consumidor despretensioso é aquele que viveu na década de 1960, quando segundo
Guerreiro (1982), Gracioso (1973) e Simões (1980), o consumo era provido de satisfação das
necessidades a partir da oferta de produtos importados. O nível de exigência deste consumidor
era praticamente inexistente, na medida em que havia pouquíssimas alternativas e por isso não
se observavam aspectos essenciais tais como preço, qualidade, concorrência. O único aspecto
importante na decisão de compra é que o produto substituísse as alternativas arcaicas
apresentadas por produtores nacionais (RICHERS, 1994).
O consumidor ávido, em função das novas condições econômicas do país e dos
trabalhadores, caracterizou-se pelo aumento do poder de compra e o desejo de melhora da
qualidade de vida. Um tempo conhecido como anos dourados” incutia na população uma
vontade excessiva de adquirir produtos que proporcionassem status, como automóveis,
aparelhos de televisor preto e branco e vestuário, entre outros (idem, ibidem).
O consumidor Judicioso surge no fim dos “anos dourados” e com o impacto da crise
energética. uma mudança radical de perfil, o que o torna mais crítico na hora da escolha e
da compra dos produtos de maneira geral. Esse perfil judicioso também se estabelece por
conta das características sociais do país e, segundo Richers (1994) e Oliveira (2004), ele está
posicionado entre as classes A, B e C. Sua faixa etária é um pouco mais elevada que os jovens
consumidores da década dos “anos dourados” em função de uma redução na taxa de
natalidade, típica de momentos de crise e estimulada por políticas governamentais da época.
No caso do consumidor aflito, que surge no início da década de oitenta, ainda com
resquícios do “milagre econômico”, mas abalados por uma nova crise que provoca restrições
de consumo, imposta por poticas governamentais que procuram reduzir o risco de
“explooda economia. Com o aumento crescente da classe média urbana o consumo é
propício, mas o consumidor é mais influente nos mercados porque pesquisa e busca vantagens
o tempo todo.
O consumidor revoltado vive um tempo de crises constantes, apesar do fim da crise
institucional poder ser vislumbrado no inicio da década de 1990. O consumidor, porém, neste
momento é cético com as inúmeras tentativas governamentais de sair da crise, que parece não
ter fim. Compra com muita restrição e desconfiança, pois se sente traído pelo estado, por
74
conta de eventos como a recessão, a inflação e o descontrole dos políticos, os quais julgam
culpados por todos seus problemas (OLIVEIRA, 2004; RICHERS, 2000).
Finalmente o consumidor ponderado, segundo Richers (2000) e Oliveira (2004), é
identificado como o consumidor de nossos dias. Observa melhorias na qualidade de vida, e
retoma um espírito nacionalista, apesar de compras cautelosas de bens duráveis. Por uma
contingência do mercado como um todo, espera receber algo agregado aos produtos,
especialmente serviço e informação (LIMA, 2003; VARGO; LUSH, 2004).
3.4.4 Influência da produção acadêmica em marketing
O pensamento brasileiro em marketing e suas conseqüências nas organizações,
realmente não consolidaram uma característica de identidade própria, devido a forte
influência da literatura internacional sobre nossos acadêmicos durante todo esse meio século
de história. Essa influência foi especialmente americana, muito embora nas duas últimas
décadas a escola européia tenha sido notada, ainda que de forma marginal (FARIA, 2006;
VIEIRA, 1998; VIEIRA; GAVA,2004).
Os professores americanos da MSU, Donald Taylor, Leo Erickson e Dole Anderson e
alguns professores brasileiros envolvidos com os primeiros momentos do pensamento de
marketing no Brasil iniciaram as publicações nacionais com a primeira edição da Revista de
Administração de Empresas da Fundação Getulio Vargas a RAE, em agosto de 1961. No
mesmo esforço editorial de formação de conhecimento, ocorre em seguida a edição da
publicão do Glossário de Marketing, em 1962, como descreve Guerreiro (1982). Poucos
anos mais tarde, o livro específico do estudo do marketing no Brasil, intitulado Administração
Mercadológica – Princípios & Métodos, conhecido na academia de administração como
“tijolão” no ano de 1972 (GUERREIRO, 1982; RICHERS, 1994).
A partir desta origem, como destaca Severino (2000), as revistas de pesquisas
nacionais se fundam nas principais instituições de ensino de administração do país, como a
USP, a UFRGS e a UFRJ, entre outras, compondo um significativo conjunto de ambientes de
divulgação de pesquisas, ainda hoje dominante, conforme Vieira (1998) e Vieira e Slongo
(2003), mas que tem um público muito concentrado em pesquisadores, docentes e acadêmicos
75
cursando administração e cursos afins em instituições superiores de graduação e s-
graduação do Brasil.
Três pesquisas recentes, contudo, destacam a influência do conhecimento importado
no pensamento de marketing brasileiro. Vieira (1998, 1999 e 2000), em trabalhos
apresentados no Encontro Nacional da Associação Nacional de s-graduação e Pesquisa em
Administração - EnANPAD, ressalta três aspectos elucidativos da pesquisa nacional, (1) a
produção acadêmica nacional não serve de referência bibliográfica para autores da área, sendo
as refencias basicamente americanas e européias, (2) as ações empresariais e pesquisa
acadêmica nacional, apesar de reunirem algumas caractesticas nacionais ainda são
consoantes com temas abordados por instituições americanas, como por exemplo, o MSI
(Marketing Science Institute) e (3) o livro de marketing mais importante para o acadêmico
brasileiro é de autoria do autor americano Philip Kotler (1987), que conduz a linha de frente
do atual modelo americano de Marketing.
Um recente inventário da produção científica nacional e uma análise das metodologias
utilizadas, ambos elaborados por Froemming et al., (2000a) e Froemming et al., (2000b) e
publicados na Revista de Administração Contemporânea da Associação Nacional de Pós-
graduação e Pesquisa em Administração, revelou que a quase totalidade das pesquisas
nacionais tem natureza descritiva e expressa resultados que pecam com o rigor metodológico,
o que é notadamente uma disfunção apresentada por modelos importados sem
“nacionalizaçãoadequada.
Finalmente, Cobra (2003) em sua publicão intitulada “Administração de Marketing
no Brasil”, pesquisa os principais livros utilizados na academia nacional, identificando que os
autores estrangeiros (com 7 obras) superam os nacionais (com 4 obras) dentre a lista dos
livros mais indicados, e ainda, que dentre os livros da área efetivamente adotados nas
faculdades, os estrangeiros (com 19 obras) também superam os nacionais (com 13 obras).
Outros trabalhos, ainda, poderiam ser agrupados nessa análise, o que qualificaria mais
a discussão desta abordagem (MELLO, 2006; SAMPAIO; PERIN, 2006; VIEIRA; TIBOLA,
2005; VIEIRA; GAVA, 2004; VIEIRA; SLONGO, 2003). Este agrupamento vai, contudo, ser
identificado em seções posteriores desse trabalho, apresentado na forma de seleção da
publicão nacional de marketing.
76
4 A PRODUÇÃO ACADÊMICA BRASILEIRA EM MARKETING
Para trabalhar no tema selecionado, limites estruturais de pesquisa foram determinados
anteriormente com relação às fontes de geração de conhecimento e desenvolvimento
cienfico e às formas de levantamento, tabulação e análise dessas fontes. Considerando tais
limites, a partir desta seção o trabalho busca descrever elementos da produção acadêmica a
partir da produção cienfica de agentes ligados ao ensino superior brasileiro e as suas
instituições constituídas.
Ordenadamente, como fontes de pesquisa, estão posicionadas as revistas científicas, de
veiculação prioritariamente acadêmica, anais de eventos científicos especialmente ligados a
área de administração e teses e dissertações de cursos de s-graduação em nível “stricto
sensu”, todos com abrangência nos limites brasileiros. Ainda, no final desta seção, algumas
considerações sobre livros editados ao longo do período que abrange a pesquisa são
apresentadas.
Todas essas fontes de consulta estão selecionadas e apresentadas aqui, após a
consideração do grau de importância de cada uma nos meios acadêmicos nacionais. Essa
priorização foi definida pelas indicações de cada um na própria contextualizão histórica
apresentada e também considerando a experiência de alguns professores consultados, tanto
para a orientação do trabalho, quanto em pesquisa de campo posterior.
4.1 REVISTAS ESPECIALIZADAS EM ADMINISTRAÇÃO
As revistas científicas selecionadas são apresentadas baseando-se em uma lista
produzida a partir de uma inferência inicial e após isso, de um pré-teste entre os usuários,
professores de cursos de pós-graduação no país, em cursos de administração e com ligação
direta a disciplinas relacionadas com marketing. Deste trabalho de seleção surgiu a lista
conforme apresentada abaixo:
77
Revista de Administração Mackenzie RAM. É editada desde 2000, pela
Universidade Presbiteriana Mackenzie, com origem em São Paulo. Trata de temas
diretamente relacionados ao campo de administração e está diretamente associada
aos cursos de graduação e pó-graduação (mestrado, doutorado e especializações
“lato sensu”) da instituição. Atualmente tem sua publicação em caráter interativo,
muito embora tenha sido publicada de forma impressa desde sua fundação até o ano
de 2005. A Universidade Presbiteriana Mackenzie está ligada a um instituto
presbiteriano na cidade de São Paulo e desde 1870, desenvolve atividades no setor
de educação, adquirindo ao longo desses anos, tradição e solidez na sociedade
paulistana e brasileira. Tal perfil confere aos alunos egressos da instituição, a
caracterização como executivos com formação adequada para o mundo dos negócios
sem, contudo transpor valores da sociedade. Esse perfil termina por consolidar esta
instituição privada dentro de um grupo característico, que segue a lógica política e
econômica da sociedade, e transfere essa lógica para os trabalhos que publica em sua
revista.
Brazilian Administration Review A BAR. Revista nacional, ligada a um instituto
que congrega a comunidade de cursos de s-graduação no Brasil, a ANPAD, que
será detalhada mais a seguir. Trata-se de uma revista editada e disponibilizada
eletronicamente em língua inglesa, que agrupa artigos ligados à administração e tem
por objetivo ampliar o espaço editorial das fronteiras nacionais para o exterior.
Cumpre o papel de desenvolver as teorias ligadas a área e fortalecer a consolidação
do pensamento, especialmente dentro dos quadros da pesquisa científica nacional.
Com edição originária semestral, disponibiliza atualmente quatro volumes anuais
desde 2008. Tem seu primeiro volume consolidado a partir de Julho de 2004 e
compõe um grupo de outras edições nacionais do mesmo instituto. A revista não
segue uma única tendência epistemológica, por agregar toda a comunidade de
pesquisadores em administração dos cursos de s-graduação do Brasil. Não
obstante, acompanha a lógica de pensamento que é dominante na área, e será
discutida mais intensamente ao longo do trabalho.
Cadernos EBAPE.BR É uma revista eletrônica disponibilizada pela Escola
Brasileira de Administração Pública e de Empresas, a EBAPE, ligada a Fundação
Getulio Vargas, a FGV, com sede na cidade do Rio de Janeiro. Voltada
78
especialmente para atender o composto da escola de ensino de graduação, mestrado
e doutorado, publica artigos ligados à área de administração, especialmente no
âmbito da teoria e pensamento administrativos, de pesquisadores tanto nacionais
como estrangeiros. A revista traz na sua origem de fundação o acolhimento de outras
publicações da instituição superior, fundada em 1952. O resultado atual, é
conseqüência da história editorial da instituição que se inicia com a fundação de sua
primeira revista impressa no ano de 1954, o Caderno de Administração Pública, que
circula até o ano de 1971, quando foi publicada a sua 82ª edição. Essa trajetória
editorial é retomada em 1980 com a publicação de uma nova série que recebe o
nome de Cadernos Ebap, e que segue existindo até 2002, após a publicação de outros
127 volumes. O Cadernos EBAPE.BR, atualmente cumpre o papel de veiculação de
pesquisas científicas e informações a comunidade acadêmica e das organizações
afins, juntamente com outras duas publicações associadas a esse fim na FGV-RJ, a
Revista de Administração Pública RAP e a Revista Portuguesa e Brasileira de
Gestão - RPBG.
Revista Gestão.org Revista eletnica vinculada ao Programa de Pós-graduação
em mestrado e doutorado da Universidade Federal de Pernambuco, a UFPE, editada
desde Janeiro de 2003, que procura atingir o público de graduação, pós-graduação,
pesquisa, extensão e práticas organizacionais. Disponibilizada a dez áreas temáticas
do campo da administração, procura disponibilizar a disseminação do conhecimento
e o debate das idéias, tanto no campo, quanto interagindo com outras disciplinas e
setores afins. Dada as suas origens e uma tendência epistemológica voltada para
reflexões qualitativas, contribui de maneira importante na discussão dos atuais
paradigmas dominantes em teorias de administração e também de marketing. É
dentre as principais revistas do país, a que mais foge das tendências tradicionais da
produção acadêmica nacional. Entre os diferenciais apresentados, ainda destaca-se a
publicação anual os resumos de teses e dissertações do seu Programa de Pós-
graduação em Administração, o PROPAD.
Revista GV-Executivo Revista ligada à Escola de Administração de Empresas de
São Paulo, a EAESP. Essa escola é o braço acadêmico da Fundação Getulio Vargas,
em São Paulo, que compõem instituto importantíssimo na origem do ensino superior
em administração no Brasil. A revista recebe o nome GV-Executivo porque é uma
79
extensão editorial de outra revista desse gênero da EAESP, adequada a padrões de
leitura dirigida aos profissionais nas organizações. A outra revista, apresentada mais
a seguir, a Revista de Administração de Empresas – RAE, sofria uma crise de
identidade por volta de 2000, devido a discussão de sua profundidade cienfica e a
adequação de leitura por outros públicos. A GV-Executivo, então, patrocinada por
parceiros colaboradores veio atender uma linha editorial menos “hermética”. Sua
primeira edição data de outubro de 2002 e assume desde lá um tro editorial
voltado para a leitura sintética e utilitária de seu público principal. A fundação
Getulio Vargas, tem uma marca consolidada de status no ensino nacional voltado
aos negócios. Por conta disso, seus instrumentos, entre eles os editoriais, atendem
especialmente uma tendência das escolas de negócio, voltada para praticantes e
pesquisadores a partir de uma abordagem epistemológica mais funcional e
utilitarista.
Revista Organizações & Sociedade O & S. Ligada a Universidade Federal da
Bahia e seus programas de graduação e pós-graduação em administração. Editada a
partir de uma abordagem epistemológica qualitativa, desde 2000, disponibiliza de
forma impressa e eletrônica suas pesquisas e era até 2006 mais um foco de discussão
crítica das tendências dominantes no campo de estudo.
Revista de Administração Contemporânea RAC. Editada de forma impressa e
também é disponibilizada eletronicamente pela ANPAD, desde 1997. Tem na sua
origem a possibilidade de criar um espaço de pesquisa, discussão e aplicação de
teorias e ainda ações administrativas e organizacionais. Tem se apresentado ao seu
público alvo em edições trimestrais, e algumas outras edições especiais específicas
de alguma linha de pesquisa e é distribuída a todos os associados nas mais diversas
áreas de estudo na ANPAD.
Revista de Administração Contemporânea RAC Eletrônica. Como o próprio nome
destaca, a RAC eletnica é uma revista de veiculação exclusivamente via Internet e
é editada desde o início de 2007 para oportunizar um maior espaço de publicação,
pesquisa e discussão no campo da administração, especialmente por estudantes,
docentes e pesquisadores. Tem características muito próximas da sua revista
originária, a RAC impressa, e acompanha a tendência epistemológica da mesma,
sendo essa, de característica tanto quantitativa quanto qualitativa.
80
Revista de Administração de Empresas RAE. Considerada, no meio acadêmico,
como a mais importante das revistas científicas nacionais no campo da
administração, é editada pela EAESP-FGV, contudo foge significativamente do
centro de negócios que suas peças editoriais compõem. Essa importância e
amplitude se dão especialmente pelo contexto histórico no qual está investida. A
RAE é editada desde 1961 e sua origem editorial faz parte de um projeto de
disseminação dos conhecimentos importados de instituições de ensino e pesquisa a
nível superior dos Estados Unidos. Este projeto governamental e da iniciativa
privada se consolidou, aliás, com o sucesso que a revista teve, especialmente nos
meios acadêmicos e organizacionais, que começavam a surgir na época no país. Os
principais autores da academia de administração do país, e em conseqüência,
também no campo do marketing, tiveram na revista o primeiro espaço de divulgação
de suas pesquisas. Vários docentes, pesquisadores e profissionais de gerência de
empresas nacionais e internacionais aqui sediadas formaram-se lendo artigos
publicados na revista. Raimar Richers, considerado como o principal docente e
pesquisador de marketing no país, desde aquela época, foi um dos pioneiros nessa
publicação de artigos. A revista começa a dividir o espaço de publicação somente
nos anos de 1970, com o aparecimento de outras revistas do gênero, onde se destaca
a RAUSP, citada a seguir. Sua publicação foi organizada para edições trimestrais,
sendo, porém nas décadas de 1970 e 1990 apresentada, por alguns anos, com a
edição de seis volumes anuais.
Revista de Administração de Empresas RAE Eletrônica. A ampla faixa de uso e
consulta da RAE, e a intensa demanda por espaço para publicações de pesquisas
científicas nacionais, possibilitou a ampliação de algumas revistas científicas já
existentes, especialmente por via eletrônica. Uma que se destaca nesse contexto é a
ampliação da revista da EAESP, sendo agora chamada de RAE Eletrônica, editada a
partir do primeiro semestre de 2002. A revista segue a mesma linha da revista
originária e atua em várias áreas de interesse do campo.
Revista de Administração da Universidade de São Paulo RAUSP. Esta revista,
como a maioria das demais apresentadas, também está associada a uma instituição
de ensino superior no país, a Faculdade de Economia e Administração, que
compõem os cursos de graduação, especialização e pós-graduação, dentro da área de
81
ciências sociais e aplicadas da Universidade de São Paulo USP. Este vínculo
transforma essa revista em outra de grande importância e visibilidade da produção
científica nacional. Fundada em 1977, a revista serve para a disseminação e
discussão de temas relacionados à academia de administração e as organizações
públicas e privadas desse campo em todo ps. A RAUSP também é considerada
como pioneira na produção científica nacional, dado o fato de que é substituta de
outras publicações ligadas a USP, desde 1947. Até esse ano existia no país, ligado ao
estado de o Paulo e mantido por seu Departamento de Documentação, no
Departamento de Serviço Público, a revista “Administração Pública”. Com a
transferência por decreto estadual da responsabilidade da publicação para a USP, a
revista passou a chamar-se Revista de Administração e foram então editados 33
números da mesma. Com reformas administrativas ligadas a mudanças
institucionais, a revista teve sua edição interrompida em 1967. As publicações pelo
formato de revista acadêmica foram retomadas pela universidade somente em 1977,
e neste período aberta a outras universidades brasileiras, tornando-se então uma
revista consagrada, até os dias atuais.
Revista Eletrônica de Administração REAd. Compondo o grupo das mais
consideradas revistas no campo de administração do país, esligada ao programa de
administração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a UFRGS. Essa
Revista, que tem o status de primeira revista eletrônica da América Latina, foi
fundada em 1995, com uma edição anual e a partir daí começou seu crescimento,
tornando-se ano seguinte trimestral e a partir de 2007, consolidando publicações
quadrimestrais. Além desse volume editorial, esporadicamente publica edições
especiais, editadas em idioma inglês com veiculação a todos os interessados, dentro
de seu publico recorrente e entre outras instituições internacionais com quem realiza
intercâmbios. A revista é sempre editada também em versão impressa,
posteriormente distribuída pelos editores a bibliotecas nacionais e internacionais,
assim como para pesquisadores importantes ao redor do mundo, especialmente
americanos, para possibilitar a consulta física de seus exemplares.
Das revistas listadas acima, foi produzida uma busca pelos artigos publicados que
tinham relação com a produção acadêmica brasileira em marketing. Selecionados 507 artigos,
a eles foram aplicados os critérios de análise, conforme as referências expostas na
82
metodologia. Tal análise possibilita a apresentação de características dessa produção
acadêmica científica, conforme apresentado nos Quadros 6 e 7. Tais características buscam
identificar da melhor maneira possível o que expressam os artigos, exatamente para atender os
objetivos do trabalho, especialmente no que diz respeito à hipótese central sugerida.
O extenso volume de publicações e o tempo disponível para realização deste trabalho
certamente limitam a análise. Não obstante essa procura ser fiel com os conceitos da
fundamentação teórica até aqui apresentada.
Art. Período Qual. Quant. Ambos Trans Relac PoMo
RAM 33 2000-2008 8 18 7 18 13 2
BAR 5 2005-2007 1 3 1 1 4 -
Cadernos EBAPE.BR
15 2005-2008 9 2 4 4 6 5
GESTÃO.ORG 17 2003-2008 4 3 10 11 3 3
GV-EXECUTIVO
21 2002-2008 5 6 10 14 6 1
O & S 5 2000-2006 1 - 4 2 3 -
RAC 56 1997-2008 5 37 14 35 18 3
RAC-Eletrônica 9 2007-2008 - 6 3 5 4 -
RAE 196 1961-2008 29 88 79 161 23 12
RAE-Eletrônica 11 2002-2008 - 5 5 9 2 -
RAUSP 87 1977-2008 15 38 34 76 11 -
REAd 52 1977-2007 15 16 21 40 7 5
TOTAL 507 1961-2008 92 222 192 376 100 31
Quadro 6: Produção científica em marketing nas revistas nacionais
Fonte: Revistas especializadas conforme lista (website), 2008
No quadro correspondente aparece o número de artigos analisados, o período de
análise, as alternativas de viés metodológico, como sendo qualitativa (Qual.), quantitativa
(Quant.) e ambas as escolhas. Ainda destaca nas colunas seguintes a tendência de pesquisa
aos paradigmas transacional (Trans.), relacional (Relac.) e Pós-modernista (PoMo),
exatamente igual as outras análises de eventos e teses e dissertações, apresentadas mais
adiante.
uma predominância de produção na linha quantitativa/transacional. Se considerado
o fato de artigos produzidos com análise quantitativa e qualitativa, a escolha por
demonstrações quantitativas cresce ainda mais, chegando a conter uma relação pouco superior
a oito artigos, para cada dois escritos por métodos qualitativos.
83
Esta relação não parece desfazer-se no tempo, sendo possível excetuar apenas os casos
das revistas Cadernos EBAPE.BR, que tende mais para escolhas qualitativas, ou O & S e
REAd, que estabelecem equilíbrio entre os métodos.
No caso dos paradigmas, fica bastante claro a intensa abordagem transacional sobre as
outras, sendo que a abordagem relacional predomina nas revistas BAR, EBAPE e O & S e
a pós-moderna aparece de maneira apenas superficial em praticamente todas, excetuando-se
apenas os Cadernos EBAPE.BR, onde a escolha é estabelecida por um equilíbrio entre as três
abordagens. Ainda no caso do paradigma pós-moderno ainda, é importante lembrar que textos
que somente expressavam uma idéia diferente do contexto dos outros paradigmas, foram
selecionados nesse paradigma, não sendo, portanto totalmente caracterizado no referencial
próprio.
uma produção em marketing, por meio das revistas de cerca de dez artigos por ano,
o que representa menos de um por revista. Esse número não é representativo da escolha dos
editores, pois é apenas uma consideração de disponibilidades a cada ano no período
examinado e o número de revistas disponíveis nos primeiros anos era inferior. Para o
entendimento desta opção editorial, analisando cada revista pode-se expressar mais a
realidade. Revistas como RAM, RAC e RAC Eletnica, e ainda a RAE são as que têm mais
freqüência nos temas relacionados a marketing, sendo que a O & S, tem a mais baixa seleção
nesse contexto.
Muito embora o número seja bastante pequeno, considerando as dimensões nacionais
e o alto número de instituições superiores relacionados a temas organizacionais, a
disponibilidade dessas revistas pode ser considerada razoável, especialmente a partir da
década de 2000. Contudo, tal apreciação tem de ser atrelada ao fato de que os autores dos
artigos são componentes, na sua grande maioria, de cursos de pós-graduação nacionais, aos
quais todas as revistas estão associadas.
Na seqüência da investigação e análise de produção acadêmica em marketing, o
Quadro 7 apresenta as principais tendências temáticas dos artigos de marketing,
considerando um grupo de vinte e uma linhas de pesquisa, avaliadas como as mais
recorrentes. Os outros temas são selecionados na tabela dentro de um grupo denominado
“outros”, para possibilitar a sua melhor expressão visual, conforme abaixo.
84
Na próxima seção essas temáticas estão apresentadas novamente, considerando o
perfil e produção dos acadêmicos que atuam na área de marketing. Essas características foram
levantadas através de pesquisa de campo e o questionário com a denominação na íntegra de
cada linha está anexo no final do trabalho, podendo lá ser consultado para esclarecimentos.
R1 R2 R3 R4 R5 R6 R7 R8 R9 R10 R11 R12
Total
Canais
1
-
-
-
-
-
1
2
6
-
6
3
19
Comportamento
6
1
5
-
1
-
11
1
12
3
18
7
65
Comunicação
2
1
-
2
1
1
2
1
23
-
2
3
38
Competências
-
-
-
-
1
1
-
-
-
-
5
1
8
Decisão
1
-
-
-
-
-
-
-
2
-
-
-
3
Preços
1
-
-
-
-
-
-
-
1
1
2
1
6
Estratégias
2
-
2
2
1
1
6
1
25
-
8
3
51
Valor
1
-
1
4
-
-
1
2
2
-
1
2
14
Inovação
-
-
-
-
2
-
4
-
4
1
4
1
16
Marcas
3
-
1
1
3
-
-
-
6
1
3
2
20
Internacional
-
-
1
-
-
-
-
-
10
-
5
1
17
Segmentação
-
-
-
-
5
-
2
-
9
-
2
3
21
Serviços
4
-
-
3
-
1
4
1
10
-
2
-
25
Lealdade
1
1
-
-
-
-
4
-
2
-
-
1
9
Educação
1
-
1
-
1
-
3
1
8
-
3
-
18
TI
-
-
-
-
-
-
1
-
6
-
4
2
13
Conceitos
5
-
3
2
3
-
4
-
15
2
6
8
48
História
-
-
-
-
-
-
1
-
1
-
-
-
2
Relacionamento
2
1
-
-
-
-
6
-
7
-
2
4
22
e-Marketing
2
1
-
1
1
-
3
-
4
1
1
5
19
MSC
-
-
1
2
-
-
-
-
-
1
5
1
10
Outros
1
-
-
-
2
1
3
-
43
1
8
4
63
TOTAL
33
5
15
17
21
5
56
9
196
11
87
52
507
Quadro 7: Temas de marketing abordados nas revistas nacionais
Fonte: Revistas especializadas conforme lista (website), 2008.
Apenas para uma melhor ordenação e visualização do conteúdo das revistas, que
deveriam ter seus nomes descritos na primeira linha do quadro, cada revista está legendada
conforme a ordem abaixo:
R1 - RAM
R2 - BAR
R3 - Cadernos EBAPE.BR
R4 - GESTÃO.ORG
R5 - GV-Executivo
R6 - ORGANIZAÇÕES e SOCIEDADE
85
R7 - RAC
R8 - RAC Eletrônica
R9 - RAE
R10 - RAE Eletrônica
R11 - RAUSP
R12 - REAd
Como apontado, os temas abordados foram relacionados a partir de uma seleção dos
mais recorrentes. Todavia é importante reiterar que sua seleção coincide com os temas
indicados nas principais agendas de institutos de pesquisa de marketing de todo o mundo.
Ainda, destaca-se que os temas mais freqüentes corroboram o resultado de outras pesquisas
nacionais, que servem de referência a esse trabalho e, como se identifica na pxima seção,
também o os mais selecionados pelos pesquisadores nacionais, quando da elaboração de
suas pesquisas em marketing.
A seguir, os resultados de ocorrência de cada tema serão comentados, especialmente
considerando os mais incidentes. Os temas podem ser observados em sua escolha levando em
consideração alguns aspectos específicos como época que foi produzida a pesquisa, relevância
para academia e organizações, circunstância sintomática revelando crise de um paradigma ou
aparecimento de outro e características próprias de cada revista.
O comportamento do consumidor é a linha mais recorrente na produção, refletida nas
revistas, e tem sido ao longo da história fonte ampla de pesquisas, como indicam trabalhos
anteriores de inventário de temas e os pesquisadores nacionais. uma intensificação com o
passar dos anos ainda por conta do avanço do paradigma relacional, dada a interação dos
trabalhos com essa abordagem, com outras disciplinas como sociologia, psicologia e
antropologia, preocupadas especialmente com o comportamento humano e da sociedade. Os
paradigmas mais contemporâneos, aliás, favorecem a escolha desse tema, dada a importância
que o consumidor e o consumo ganham nessas circunstâncias.
As estratégias de marketing, como tema imediatamente mais freqüente, têm incidência
elevada inicialmente na história da produção, por conta da relevância que as pesquisas
carregavam no primeiro momento de aperfeiçoamento da academia e das organizações
nacionais. Nas pesquisas de abordagem transacional, de bastante presença na gestão de ões
86
baseadas no marketing, estratégias representam a configuração da realização da prática.
Mesmo quando avançam os outros paradigmas, mais próximos da atualidade do pensamento
em marketing, as estratégias continuam importantes, agora para articular a viabilização de
novos modelos de relacionamento entre as organizações e o fenômeno do marketing.
As pesquisas que tratam de conceito de marketing também têm uma seleção
importante nas revistas. Tal ocorrência se deve a evolução da área, até em caráter global, pois
na medida em que surgem novas tipologias de marketing, para tratamento específico de ações
com essa abordagem, aumenta a necessidade de apresentação dos novos conceitos.
Outras pesquisas relacionadas com comunicação de marketing, dentro de uma
estrutura de processo e forma, são também bastante observadas, pela vinculação direta que
têm com o conceito de marketing, para uma interação necessária do produtor com o
consumidor. Dentre as revistas apresentadas a RAE é a que mais apresenta trabalhos na linha
de comunicação de marketing. Neste caso o fator relevância é preponderante, que a revista
é a mais antiga dentre as revistas que tratam do tema, e nas suas primeiras edições o tema era
significativamente presente. O marketing, nas suas origens nacionais, tinha até uma relação de
proximidade conceitual com a propaganda, provocando o aparecimento de instituições de
ensino voltadas para esse fim, como destacado na revisão de literatura.
O tema serviços, no âmbito dos processos, satisfação e qualidade, e marketing de
relacionamento, têm também incidência importante. Ambos são atualmente comuns e isso
ocorre devido à amplitude de suas condicionantes, especialmente a partir da evolução dos
outros paradigmas. Quanto às pesquisas sobre serviços, elas evoluem especialmente a partir
da necessidade de agregar valor a bens oferecidos e compartilhar tal valor com a decisão do
cliente. O marketing de relacionamento revela a ppria caracterização teórica definida pelo
paradigma relacional que, a partir dos anos de 1980, ganham projeção na discussão de
marketing e suas interações.
É importante apresentar os motivos da alta incidência dos itens “outros” nos resultados
expressos no Quadro 7. Deve-se considerar, que apesar dos critérios utilizados para a
confecção dessa lista de temas de marketing, não seria possível apresentar todos os temas
discutíveis sobre o fenômeno, e uma boa quantidade de temas teve então de apresentar sua
incidência de forma agrupada. Outro aspecto que motivou esse agrupamento foi a discussão
de vários temas de marketing em um mesmo artigo, sem priorização de algum deles como
87
destaque. Nesse caso foram selecionados também na forma coletiva. Sobre essa priorização,
aliás, cabe ressaltar que o critério de discriminação de tema principal foi estabelecido pelo
entendimento dos termos que eram o principal objeto de estudo em cada pesquisa, pois vários
artigos discutem um tema de marketing, mas consideram marginalmente vários outros na
contextualização do caso e nos resultados.
Finalmente, acerca da análise dos temas de marketing, relacionado com a sua seleção
nas revistas cienficas nacionais, destaca-se que há um efeito de evolução de muitos temas na
medida em que evolui a matriz de paradigmas que fundamentam o pensamento de marketing.
Essa afirmação é possível, pela análise das listas de artigos editados em cada revista,
apresentados de maneira cronológica. Essas listas o estão disponibilizadas no trabalho, nem
na forma de anexo, pois isso inviabilizaria o volume de ginas possíveis a um trabalho de
dissertação.
Se considerarmos os objetivos específicos desse trabalho e a hipótese central
apresentada, algumas considerações a cerca do identificado nas publicações de revista
merecem ser organizadas, agora para fechamento da subseção e posteriormente para auxiliar a
dissertação das considerações finais.
Contados os resultados, identifica-se primeiramente a tendência de viés metodológico
a partir da escolha por análises quantitativas. Tais escolhas revelam uma postura tradicional
dos pesquisadores que realizam a produção acadêmica dirigida às revistas. Desta forma,
considerando o caráter também tradicional de importação de conhecimentos dos
pesquisadores, detectado no referencial teórico e em trabalhos anteriores, se entende a
incidência maior de pesquisa quantitativa.
No caso do paradigma transacional, a tradição também deve ser considerada, contudo,
o rigor científico, acompanhando o mainstream que domina a academia brasileira de pesquisa
na atualidade, também parece influenciar os resultados da escolha transacional. Esse domínio
da tendência ao rigor se observa na escolha metodológica e nos temas que mais aparecem nos
artigos publicados em revistas, por caracterizarem as análises dessa natureza.
88
4.2 EVENTOS NACIONAIS NA ÁREA DE ADMINISTRAÇÃO
Como as revistas nacionais, os eventos dessa abrangência em administração também
o importantes na análise de produção acadêmica do marketing brasileiro. Muito embora,
muitos artigos apresentados em eventos transformam-se posteriormente em artigos de
revistas, essa realidade não contempla a totalidade de seus artigos.
O número de eventos nacionais é atualmente bastante considerável. Todavia, os
principais são os ligados à ANPAD Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em
Administração, que também são os mais antigos na área, especialmente tratando-se do
principal deles, o EnANPAD, que é o encontro nacional de todos os associados e outros
pesquisadores na área de administração no país.
Considerando esse domínio dos eventos apontados, os mesmos são analisados conforme
a lista que segue:
EnANPAD Encontro Nacional da Associação Nacional de Pós-graduação e
pesquisa em Administração. A ANPAD é atualmente a maior associação entre os
pesquisadores de administração do país. Criada em 1976, pelos dez programas de
pós-graduação existentes na época, congrega atualmente 67 programas associados
em todo país, além de outros 8 programas em observação para associação, nas áreas
de administração, turismo e contabilidade. Conta também com cerca de 920 registros
de associados individuais em onze divies acadêmicas. As divisões atuais são nas
áreas temáticas de administração da informação, administração pública e gestão
social, estratégia em organizações, estudos organizacionais, finanças, gestão de
ciência tecnologia e inovação, gestão de pessoas e relações de trabalho, gestão de
operações e logística, marketing, estudo e pesquisa em administração e contabilidade
e finalmente a mais nova divisão de contabilidade. na divisão de marketing conta
com 130 associados, sendo a terceira da associação em número de membros. A
ANPAD representa seus membros e a academia de pós-graduação de marketing em
atividades junto aos órgãos de fomento e ciência do país, integra programas
nacionais, estimula padrão de excelência na pesquisa, incentiva integração de teoria
e prática e estimula capacitação de seus associados, docentes, no sentido de
89
aprimorar capacidades, competências e qualificações na área de administração. No
seu contexto institucional promove a interação global e integra a Business
Association of Latin American Studies BALAS, assim como o Consejo
Latinoamericano de Escuelas de Administración CLADEA. Além dessas
prerrogativas, promove o Teste ANPAD, como a principal ferramenta de seleção de
alunos para os cursos de pós-graduação de todos os estudantes nacionais das áreas
que congrega. A associação também publica, como já referido anteriormente,
revistas científicas para difusão de pesquisas em administração como a RAC, RAC-
eletrônica e BAR. O EnANPAD é o principal evento dentro dos vários que promove
a associação. Ocorrendo anualmente, sempre no mês de setembro, reúne trabalhos
das onze divisões acadêmicas, além de consórcio doutoral, com apresentação de
teses em curso e palestras com convidados nacionais e internacionais ligados ao
ensino e a pesquisa de administração em todo mundo. Em 2007 realizou seu
trigésimo primeiro encontro tendo selecionado para apresentação e discussão um
número superior a 800 trabalhos, sendo que destes, aproximadamente 110 estavam
voltados para temas ligados ao marketing. Os trabalhos de marketing no encontro
ainda são divididos em quatro linhas de pesquisa, organizadas entre os temas
relacionados com tais linhas disponíveis. Atualmente essas linhas da divisão de
marketing são: (1) métodos de pesquisa e teoria em marketing; (2) comportamento
do consumidor; (3) gestão e estratégia de marketing; e (4) marketing em contextos
específicos.
O Encontro de Estudos em Estratégia - 3ES, é realizado pela ANPAD bienalmente,
desde 2003, com organizão e responsabilidade da Divisão acadêmica de Estratégia
em Organizações (ESO). O objetivo principal do evento é auxiliar o crescimento e
consolidação de estudos sobre estratégia no país. Além disso, promover a discussão
entre os pesquisadores das mais diversas correntes de pensamento sobre o tema,
fomentar a produção de temas associados à ação estratégica como gestão
internacional e empreendedorismo e contribuir com as organizações nacionais. As
discussões do evento buscam então apontar posturas estratégicas na direção de
problemas ligados à competitividade, gestão ambiental, ações internas e conteúdo de
gestão, necessárias aos praticantes, se considerados o intenso ambiente de mudanças
e inovações. O evento originalmente foi concebido em conjunto com os programas
de pós-graduação paranaenses da Universidade federal do Paraná UFPR, o
90
CEPPAD e da Pontifícia Universidade Católica do Paraná PUC/PR o PPAD, cujos
tem linhas de pesquisa fortemente centrada em assuntos estratégicos.
O Encontro de Marketing – EMA. Realizado pela ANPAD bienalmente, desde
2004, com organização e responsabilidade da Divisão acadêmica de Marketing
(MKT) da associão, vem corroborar o crescimento e avanço de estudos na área
pelos pesquisadores nacionais. Promove a discussão sistematizada e específica dos
temas em marketing e possibilita a ampliação desse espaço, dado a necessidade de
suprir a lacuna que o EnANPAD, como único evento nacional não conseguia
preencher nos últimos anos. Tem as mesmas características de consulta e acervo dos
outros eventos da ANPAD.
Ainda outros eventos de importância no país, ligados a ANPAD, assim como aos
principais programas em nível de s-graduação em todo país, contudo esse trabalho
seleciona somente o acervo disponível para os três eventos apresentados acima.
As características de produção acadêmica em marketing dos artigos selecionados serão
apresentadas seguindo a metodologia sugerida, acompanhando a estrutura de apresentação das
revistas cientificas, como apresentadas na subseção imediatamente anterior a essa. Para tal
apresentação o trabalho disponibiliza os Quadros 8 e 9, organizados a seguir.
Artigos Período Qual. Quant. Ambos Trans. Relac. PoMo
EnANPAD 472
1997-2007 170
129
173
300
127
45
ES 15
2003-2007 4
7
4
12
2
1
EMA 179
2004-2008 66
37
76
98
64
17
TOTAL 666
1997-2008 240
173
253
410
193
63
Quadro 8: Produção científica em marketing nos eventos nacionais
Fonte: Eventos especializados nacionais conforme lista (website), 2008.
Em uma seleção de seiscentos e sessenta e seis artigos (666), apresentados nos anais
dos eventos, as observações também foram produzidas a partir do viés metodológico e
paradigmas recorrentes no estudo global do fenômeno de marketing. Deste número, cabe
salientar que a seleção acentuada no EnANPAD se deve ao fato deste evento ser o mais antigo
do país e também por apresentar em todas suas edições, praticamente um congresso de
discussão de temas relacionados a marketing, dentro das atividades do congresso maior.
91
A partir de uma análise de eventos nacionais, observa-se que o viés metodológico
utilizado para a construção dos trabalhos ainda tem uma forte característica quantitativa, mas
se apresenta em menor número que artigos qualitativos e de forma mista. Essa inversão, com
relação ao observado em geral nas revistas, pode ser reconhecida por dois fatores distintos.
Primeiramente, os eventos nacionais começam a serem apresentados bem depois das edões
das primeiras revistas, o que determina a seleção de pesquisas formuladas a partir de
diversidade de métodos. Uma segunda observação que indica a redução de números de artigos
exclusivamente quantitativos diz respeito a considerações na relação de rigor e relevância. Em
um período mais anterior no traço longitudinal apresentado no trabalho, a relevância de
resultados puramente positivistas contemplava o interesse dos acadêmicos e praticantes que os
utilizavam. A partir da cada de 1980, observações de rigor exigiam que tais pesquisas
fossem determinadas a partir de bases mais fundamentadas, associando aos elementos de
análise aspectos conceituais e interação com outras ciências.
O crescimento das pesquisas de base qualitativa e mista está relacionado com o uso de
elementos do conhecimento científico, extraídos de estudos do comportamento humano,
sociedade, meio ambiente, relações sociais e geração de valor sustentável. Algumas formas de
abordagem passam a aproveitar mais intensamente elementos teóricos de disciplinas como
sociologia, psicologia, antropologia e outras. Esta tendência apresentada nos eventos não é
uma característica deles por si , dado que esse movimento se reconhece nas pesquisas em
uma dimensão global no mundo, sempre considerando as referências expostas no referencial
teórico.
Ainda é forte, entretanto, a presença de pesquisa quantitativa devido também ao
aumento de análises a partir de considerações decorrentes do uso de procedimentos
estatísticos mais sofisticados, como, por exemplo, formulações com equões estruturais.
Outras pesquisas são realizadas procurando o uso de outras abordagens, mas acabam
sucumbindo a uma dosagem intensiva de elementos quantitativos de análise, especialmente
associadas a modelos matemáticos e operativos importados de outros centros mais influentes,
especialmente americanos e europeus. Nota-se bastante acentuada a presença de modelos do
tipo SERVQUAL, VALUE SHOP, E-S-QUAL, Matriz Trade-off, Quantitative Survey, Brand
Equity, entre outros.
Esta tendência de importação de abordagens, aliás, explica a manutenção de incidência
nas pesquisas apresentadas em eventos, com base no paradigma transacional, que é orientado
92
para a prática gerencialista, historicamente usuária de modelos e matrizes aplicáveis de forma
generalizada a problemas organizacionais diversos. Neste particular o EnANPAD apresenta
uma proporção maior de uso do paradigma transacional, dado do seu tempo de existência e as
questões de relevância para as organizações, conforme já observado.
O tempo de existência dos eventos também serve para explicar o crescimento de
pesquisas com abordagens focadas nos outros paradigmas. No caso do paradigma relacional,
suas origens coincidem com o final da década de 1980 e ao longo da década de 1990 e suas
definições começam a influenciar pesquisadores nacionais a partir de alguns anos após sua
origem, o que coincide com as primeiras edições da maioria dos eventos, exceto o
EnANPAD, que é produzido originalmente dez anos antes.
O paradigma s-moderno se revela a partir dos anos 1990. Em trabalhos nacionais é
percebido principalmente na virada do século. A proporção de um para dez, entre artigos
alicerçados no paradigma pós-moderno e alicerçados em outros paradigmas é notada nos
eventos EnANPAD e EMA, mas é incrementada por artigos que contemplam outros aspectos
além dos de contexto s-moderno, mas que não conferem cronologicamente e
contextualmente com os termos dos outros dois paradigmas. Artigos associados a outras
disciplinas das áreas de ciências humanas e sociais aplicadas, como mencionado
anteriormente, assim como temas que abstraem das outras lógicas dominantes, como
dramaturgia e sensações, são selecionados aqui como sendo de abordagem pós-moderna,
seguindo a similaridade aos contextos apresentados no referencial teórico.
Os eventos refletem pesquisas que se encontram em um tempo, que esse trabalho pode
reconhecer como de “meia-idade” da produção. tulos de trabalhos apresentados nos eventos
coincidem ou assemelham-se com artigos de revistas editadas posteriormente ou ainda com
teses e dissertações desenvolvidas anteriormente.
Essa solução de continuidade explica a intensa publicação em eventos como os
citados, dado que esse espaço de divulgação é a oportunidade preliminar de apresentação de
linhas de pesquisa para discussões preliminares, que se transformam em publicações
definitivas no futuro. As publicações definitivas são consideradas pelas instituições de
fomento nacional como sendo as revistas científicas da área e ainda, livros texto e de temas
específicos.
93
EnANPAD
EMA 3ES Total
Canais 29 5 - 34
Comportamento
63 35 2 98
Comunicação 28 31 - 59
Compencias 4 1 - 5
Decisão 2 1 - 3
Preços 10 3 - 13
Estratégias 33 14 6 50
Valor 9 4 1 14
Inovação 7 6 - 13
Marcas 25 19 1 44
Internacional 5 1 2 6
Segmentação 25 5 - 30
Serviços 47 15 - 62
Lealdade 10 4 - 14
Educação 28 8 - 36
TI 6 2 1 9
Conceitos 14 3 - 17
História 1 1 - 1
Relacionamento
23 4 1 28
e Marketing 31 8 - 39
MSC 10 5 - 15
Outros 62 5 1 67
TOTAL 472 179 15 666
Quadro 9: Temas de marketing abordados nos eventos nacionais
Fonte: Eventos especializados nacionais conforme lista (website), 2008
De uma forma geral, o Quadro 9 tem dimensões de predomincia de temas muito
semelhantes a todos os apresentados aqui e coincide com as referências para esse trabalho,
confirmando a tendência da pesquisa nacional. Especificamente algumas observações podem
corrigir pequenos detalhes observáveis, que podem revelar características editoriais nos
eventos, circunstanciadas no seu tempo e formato.
Comportamento do consumidor permanece sendo o tema mais abordado seguindo a
tendência da pesquisa global. Tal tema ainda poderia ser mais incidente se aspectos como
lealdade, valor percebido, marcas e segmentos fossem analisados a partir dos comportamentos
que os promovem e se ainda, o houvesse no quadro células específicas para tratamento
desses outros temas.
Percebe-se a predominância de outros temas como serviços, estratégias, comunicações
e e-marketing. Estes temas ainda evoluem na seleção se considerado o aspecto temporal, dado
que na medida em que os paradigmas avançam, suas circunstâncias favorecem tais temas.
94
Um aspecto observado é a baixa incidência de escolhas nos temas ligados à história do
marketing, dado a aspectos apresentados nesse trabalho. O tema relacionado a perspectiva
histórica não tem correspondência natural com a relevância buscada por pesquisas de
abordagem transacional e a abordagem relacional contempla temas de serviço, relacionamento
e educação, sem contudo situá-los no contexto histórico.
A história tem mais espaço no paradigma s-moderno, também conforme a
referência. Tal seleção, todavia, não é muito destacada de maneira geral nas pesquisas. As
pesquisas pós-modernas desenvolvidas refletem mudanças do presente para o futuro,
desconsiderando ou suprimindo, no caso das observações feitas, elementos do passado.
Os eventos também revelam uma tendência de viés quantitativo, apesar de que
combinado com trabalhos de viés qualitativo. Tal tendência pode expressar a natureza dos
trabalhos, especificamente no formato em que são apresentados a eventos.
O paradigma transacional porém se mantém forte quanto aos conteúdos apresentados
em trabalhos de eventos, mantendo o caráter de fortalecimento de importação de
conhecimento, ao qual sinaliza a hipótese central do trabalho.
4.3 TESES E DISSERTAÇÕES
Outra fonte de consulta para a análise da produção acadêmica brasileira em marketing,
tomada no trabalho, foram as teses e dissertações desenvolvidas para conclusão de mestrado e
doutorado nos programas de pós-graduação existentes no país. Essa decisão de escolha
procura contemplar a pesquisa na sua primeira origem de produção, posto que a natureza de
tais trabalhos os caracterize como sendo a primeira intenção de alise e discussão em um
esforço de pesquisa e produção acadêmica.
Estes trabalhos, por serem pré-requisitos de obtenção de tulo de formação, são
desenvolvidos obrigatoriamente, mas não tem necessariamente solução de continuidade na
direção de uma publicação definitiva ou apresentação à comunidade acadêmica em geral.
95
Durante a busca desse material, essa descontinuidade se revela quando se percebe a
pouca disponibilidade de registros completos desses trabalhos. Os programas de s-
graduação onde eles são desenvolvidos, muito embora devessem mantê-los no acervo de suas
bibliotecas, negligenciam invariavelmente com freqüência tal ação.
Essa deficiência nos registros completos, aliás, acaba estabelecendo um limite ao
trabalho de análise aqui proposto. Algumas teses e dissertações foram analisadas através de
uma leitura detalhada, enquanto outras pelo resumo que apresentam nas páginas iniciais do
trabalho. Uma quantidade significativa delas, porém, pôde ser selecionada e analisada a
partir de seutulo e no conteúdo das palavras-chave que as compõem.
A seleção dos programas foi resultado então da percepção do pesquisador, as
orientações transmitidas e de refencias tomadas em outros trabalhos desenvolvidos na
mesma linha deste.
Os programas selecionados estão entre os mais importantes do país e representam essa
importância tanto pela produção que oferecem à academia nacional, quanto pela sua história,
contada pela maior antiguidade no cenário da pesquisa e ainda pela presença em seus quadros
docentes de pesquisadores com maior visibilidade acadêmica no país. Tais programas são
apresentados brevemente em suas características, conforme segue.
Programa de Pós-Graduação da Escola Brasileira de Administração Pública e de
Empresas da Fundação Getulio Vargas do Estado do Rio de Janeiro
EBAPE/FGV-RJ. No contexto histórico a que se propõe este trabalho a EBAPE
tem papel especial. O Curso de administração pública da EBAPE foi instalado no
Brasil, por iniciativa do governo Federal em 1952 e se caracteriza como o primeiro
curso superior em administração do país e também da América Latina. Nos anos
de 1960 já instala o curso de mestrado em administração pública e em 1990 amplia
o nível de s-graduação com a instalação do doutorado em administração.
Atualmente ainda conta com mais um curso de administração em gestão
empresarial e mantém a posição acadêmica de importância na área de s-
graduação no campo da administração pública e privada. Conta com alunos em
todo país e estabelece integração com instituições de ensino superior em todo
mundo, especialmente na América, onde é membro do Consejo Latinoamericano
de Escuelas de Administração CLADEA, do Centro Latinoamericano de
96
Administración para el Desarrollo – CLAD e da International Association of
Management Development Associations INTERMAN. É um dos membros
fundadores da ANPAD e nesse contexto compõe uma das instituições mais
importantes. Nas pesquisas e ensino de marketing oferece possibilidade de
formação a seus s-graduandos e dispõe das disciplinas de gestão de negócios e
negócios digitais. Dentre seus docentes, alguns têm dedicação a pesquisa, ensino e
extensão em marketing como os professores Alexandre Faria, Eduardo André
Teixeira Ayrosa e Delane Botelho
Centro de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração da Universidade Federal
de Minas Gerais CEPEAD/UFMG. Vinculado a Faculdade de Ciências
Econômicas da UFMG, conta com um programa de mestrado em administração
desde 1972 e com doutorado em administração desde 1994. Ainda possui mestrado
em administração com abrangência interinstitucional a partir de 1997, com as
instituições de Montes Claros em MG, em Vila Velha, no ES em 1999 e no estado
do Amazonas desde 2000. Ainda na linha interinstitucional, visando o
desenvolvimento empresarial, compõe juntamente com empresas como Cemig,
Banco do Brasil e Usiminas, grupos de formação de profissionais para a gestão das
organizações em várias áreas. titulou em seus cursos número superior a 500
mestres e doutores em administração. Dentre as áreas de concentração que atua,
estabelece uma especifica em Marketing, onde desenvolve pesquisas na linha de
comunicação mercadológica e comportamento do consumidor. Nessa perspectiva
oferece atualmente no mestrado e doutorado em administração as disciplinas de
gerência de comunicação, pesquisa mercadológica, gerência de produtos,
psicologia social do comportamento do consumidor, marketing de serviços,
marketing de relacionamento, teoria de marketing, comportamento do consumidor
e estratégia de marketing, marketing global, logística e gerenciamento de cadeias
de suprimentos, modelagem de sistemas logísticos, tópicos avançados em
mercadologia e administração estratégica e seminário em mercadologia e
administração estratégica. Dentre os professores do programa conta com Carlos
Alberto Gonçalves, Jo Edson Lara, Marlusa Gosling e Ricardo Teixeira Veiga
dedicando-se a pesquisa, ensino e extensão em marketing.
97
Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal de
Pernambuco PROPAD/UFPE. Instalado em 1995, já compôs sua primeira turma
de mestrado neste mesmo ano, consolidando o doutorado a partir do início da
década de 2000. Atua na pesquisa, ensino e extensão de temas ligados a
administração e especificamente na linha de marketing oferece ensino e pesquisa
através das disciplinas de comportamento do consumidor e teorias de marketing.
Seus professores voltados para o tema específico de marketing são Salomão
Alencar de Farias, Sérgio Carvalho Benício de Mello e Fernando Gomes de Paiva
Junior.
Programa de Pós-Graduação em Administração da Faculdade de Economia e
Administração da Universidade de São Paulo PPGA/FEA-USP. No contexto
histórico nacional e do ensino e pesquisa em administração a USP é certamente
uma das principais instituições de ensino superior do Brasil. Conjuntamente com
outras instituições funda em 1975 a ANPAD. Neste contexto da s-graduação,
em nível de mestrado, doutorado e s-doutorado, transforma-se na maior
instituição nacional da área de administração superior. Com área de concentração
em marketing e várias linhas de pesquisa, o curso se desenvolve dentro da
instituição com a instalação do Programa de Marketing - PROMARK em 1985.
Atualmente, dentro da área de marketing o programa fornece oportunidade de
pesquisa e ensino nas disciplinas de tópicos de marketing; comportamento do
consumidor; marketing social; marketing estratégico; estratégia de comunicação e
venda; estratégia de produtos e novos produtos; marketing de varejo e de serviços;
marketing global; sistema de informação de marketing e pesquisa de marketing;
marketing empresarial; análise, planejamento, controle e gestão simulada de
marketing e teoria avançada de marketing. Tem no quadro de docentes um
considerável número de professores de marketing, com projeção nacional e
internacional, como Geraldo Luciano Toledo, José Augusto Mazzon, José Augusto
Guagliardi, Flávio Torres Urdan, Edson Crescitelli, Fauze Najib Mattar, Nelson
Barrizzelli, Celso Cláudio de Hildebrand e Grisi, Lino Nogueira Rodrigues Filho,
Marcos Fava Neves, Ana Akemi Ikeda, Dílson Gabriel dos Santos e Marcos
Cortez Campomar.
98
Instituto de s-Graduação de Pesquisa em Administração da Universidade
Federal do Rio de Janeiro COPPEAD/UFRJ. Tendo suas bases lançadas em
1971 por um grupo de engenharia da produção da Coordenação de Programas de
s-Graduação em Engenharia, o COPPEAD nasce com o espírito projetado no
modelo americano das Graduate Business Scholl e procura implantar o conceito de
escolas de negócio no Brasil. Em 1973 passa a funcionar seu curso de mestrado em
administração de empresas, evoluindo com o curso de doutorado em 1989.
Participante da fundação da ANPAD estabelece seu perfil de escola internacional,
refletido nas áreas de concentração de marketing e negócios internacionais,
agregadas ao mestrado e doutorado de administração. É considerado, pelas
circunsncias apresentadas uma das mais importantes escolas nacionais
oferecendo nas linhas de ensino e pesquisa de marketing as disciplinas de
marketing, pesquisa de marketing, comportamento do consumidor, antropologia
social, teoria de internacionalização e plano de negócios. Seu grupo de docentes e
pesquisadores em marketing, é composto pelos professores Ângela da Rocha,
Everardo Rocha, Letícia Moreira Casotti, Sergio Henrique Hudson de Abranches e
Victor Almeida.
Programa de s-Graduação em Administração da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul PPGA/UFRGS. Instalado desde 1972 na estrutura da Escola de
Administração da UFRGS, o programa evolui a partir da instalação do mestrado
em administração pública e de empresas, neste mesmo ano. Consecutivamente
instalou cursos de especialização em administração em 1985, o curso de doutorado
em administração em 1994, e os cursos de mestrado interinstitucional, com outras
instituições de ensino superior, em 1996, mestrado executivo em 1998, e
finalmente em 2005 o curso de doutorado interinstitucional, sendo esse o primeiro
com esse grau de interação no país. O PPGA, também associado ao CLADEA,
ainda faz parte do Business Association of Latin American Studies BALAS e
outras instituições nacionais e internacionais de fomento, cooperação e pesquisa
em administração. É um dos membros fundadores da ANPAD. Na sua estrutura
curricular estabelece no marketing uma de suas áreas de conhecimento, oferecendo
disciplinas de evolução do pensamento em marketing, administração de marketing
e teoria em marketing, contando para isso com os professores Carlos Alberto
99
Vargas Rossi, Cristiane Pizzutti dos Santos, Fernando Bins Luce, Luiz Antonio
Slongo e Walter Meucci Nique.
Outros programas deveriam incluir essa lista, especialmente o programa de pós-
graduação da Escola de Administração de Empresas do Estado de São Paulo da Fundação
Getulio Vargas – EAESP/FGV e o Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração da
Universidade Federal do Paraná CEPPAD/UFPR. A ausência de tais programas na lista se
deve ao fato de que tais programas não disponibilizam em seu portal eletrônico o acervo de
teses e dissertações dos cursos de mestrado e doutorado, que é o elemento principal de análise
desse trabalho.
A EAESP/FGV, também no contexto histórico é juntamente com o PPGA/USP e a
EBAPE/FGV-RJ uma das escolas pioneiras no estudo de administração do Brasil e tem a
importância de ter introduzido de maneira oficial os primeiros esforços de ensino e pesquisa
da produção brasileira de marketing.
Quanto a CEPPAD/UFPR, além de se constituir em um dos principais programas de
pós-graduação do país, ainda merece destaque desse trabalho por ser a mais importante
instituição de formação superior em administração do estado do Paraná, onde está a origem
desse trabalho. Um contexto regionalizado não é o foco principal de abordagem do trabalho,
porém seria interessante para um cruzamento de análises e sugeriria trabalhos futuros nesse
sentido.
Esforços estruturais de pesquisa foram desenvolvidos para inclusão das instituições,
com visitas diretamente em cada uma delas e com contatos com sua administração, contudo
tais esforços não obtiveram retorno até esse momento da organização do trabalho. Na
EAESP/FGV a principal limitação foi à impossibilidade de visitas à biblioteca da instituição e
a indisponibilidade dos trabalhos por meio eletrônico. Da CEPPAD/UFPR, se teve a
informação de que o acervo de teses e dissertações ainda não está disponíveis para consulta de
maneira apropriada no website do programa.
Os Quadros 10 e 11, a seguir apresentam a análise das teses e dissertações dos
programas de pós-graduação listados e seguem a mesma característica de análise
desenvolvida anteriormente nas revistas nacionais e nos anais de eventos nacionais. Para a
análise foram listados quinhentos e quarenta e oito (548) trabalhos concluídos, contudo esse
100
número não representa a totalidade produzida nos programas devido à indisponibilidade de
todo o material, especialmente os mais antigos, pelos programas.
T & D Período Qual. Quant. Ambos Trans. Relac. PoMo
EBAPE 55
1997-2006 11 25 19 42 10 3
UFMG 32
2000-2008 - 17 15 28 4 1
UFPE 27
1998-2006 4 6 17 17 10 1
USP 60
2000-2008 6 24 30 53 6 1
UFRJ 209
1981-2007 52 61 96 166 25 18
UFRGS 165
1977-2002 59 58 48 126 33 6
TOTAL 548
1977-2008 132 191 225 432 88 28
Quadro 10: Produção científica em marketing nas teses e dissertações
Fonte: Programas de Pós-graduação da IES conforme lista (website), 2008.
Novamente, como ocorre nas publicações em revistas científicas, se observa uma
predominância na escolha de um viés metodológico quantitativo nas teses e dissertações
apresentadas em praticamente todos os programas. Essa maior escolha não se revela nos
trabalhos do PPGA/URGS, onde os três métodos estabelecem um aparente equilíbrio. A
predominância do trabalho quantitativo aqui pode ser explicada tanto pelo fator cronológico,
quanto pela natureza desse tipo de trabalho em si mesmo. Cronologicamente é possível inferir
que muitos trabalhos foram produzidos em um tempo na história em que a escolha
quantitativa era evidente. Por outro lado, a própria natureza de pesquisa nessa fase, de tese e
dissertação, tem uma característica de análises e resultados a partir de trabalho empírico e
com pesquisa de campo, posteriormente analisados estatisticamente ou por modelos que usam
uma abordagem mais positivista, utilitarista e, portanto quantitativa.
A natureza positivista dos trabalhos também pode justificar a ampla escolha do
paradigma transacional, esta consideração é atribuída a dois fatores observados durante a
análise das teses e dissertações. Primeiro deve-se considerar a ppria natureza de produção
acadêmica brasileira em marketing, predominantemente voltada a ações organizacionais,
utilizando para isso conceitos, contextos e modelos importados de uma cultura voltada para
organizações, especialmente de origem americana.
Uma segunda circunstância que encaminha o paradigma transacional se reflete nos
cursos pós-graduação de administração, com muitos títulos vinculados diretamente a
pesquisas em organizações em todo país. É bastante comum que os trabalhos sejam feitos no
101
sentido de atender demandas originárias dessas organizações que buscam resolver e discutir
problemas de gestão das mesmas. São comumente encontrados pesquisas de campo e estudos
de casos de organizações específicas, de onde provavelmente se originam os pesquisadores.
Os trabalhos de abordagem relacional e pós-modernos listados no Quadro 10, com
relação de ocorrência bem inferior aos transacionais, parecem ser explicados exclusivamente
pelas tendências sintomáticas de crise no paradigma transacional, especialmente observadas a
partir da década de 1990.
Outra contingência observável é a característica embrionária da pesquisa científica,
presente nas teses e dissertações, na medida em que denotam os primeiros movimentos de
pesquisa de vários temas. Um cruzamento entre os títulos de teses e dissertações com anais de
eventos e posteriormente com publicações em revistas demonstra que o embrião de pesquisa
nem sempre implica em continuidade da mesma.
A continuidade da pesquisa, que se transforma em fator influente na totalidade da
produção acadêmica nacional, parece ser contemplada efetivamente quando está
diretamente relacionada com a área de concentração e as linhas de pesquisa dos programas de
pesquisa e pós-graduação que as acolhem. Os trabalhos que visam a exclusiva atenção a
problemas de gestão das organizações de origem dos pós-graduandos parecem ter fim em si
mesmos, não contribuindo na evolução da construção acadêmica futura.
Especificamente, sobre o Quadro 11, as observações e análise indicam que a escolha
dos temas para desenvolvimento de teses e dissertações de mestrado e doutorado pelos
pesquisadores envolvidos atendem a uma tendência geral, já observada tanto em outras fontes
de pesquisa, quanto nas agendas dos institutos nacionais e especialmente internacionais de
ensino, pesquisa e extensão. Essa seleção de temas indica também a escolha por temas que
atendem problemas e ações identificáveis no ambiente organizacional.
102
EBAPE UFMG UFPE USP UFRJ UFRGS TOTAL
Canais 2 - 1 2 7 12 24
Comportamento
6 3 8 10 42 33 102
Comunicação 5 6 1 3 14 7 36
Competências - - - - 2 5 7
Decisão 1 - - - - - 1
Preços - - - 1 3 - 4
Estratégias 5 1 - 9 22 26 63
Valor 1 3 1 3 - 2 10
Inovação - 2 - - 2 6 10
Marcas 3 2 1 5 4 1 16
Internacional 1 - - - 11 5 17
Segmentão 3 1 - 2 9 5 20
Serviços 2 2 2 4 25 18 53
Lealdade 2 1 - 1 2 1 7
Educação 1 - - - 1 7 9
TI - - 1 2 1 2 6
Conceitos 3 1 - 1 12 5 22
História - - - - - - -
Relacionamento
8 3 7 5 8 12 43
E Marketing 4 3 3 4 9 6 29
MSC 2 1 - - 6 - 9
Outros 6 3 2 8 29 12 60
TOTAL 55 32 27 60 209 165 548
Quadro 11: Temas de marketing abordados nas teses e dissertações
Fonte: Programas de Pós-graduação da IES conforme lista (website), 2008.
Na ordem de prioridade para a escolha observa-se a predominância de temas como
comportamento do consumidor, estratégias de marketing, marketing de serviços, marketing de
relacionamento e e-marketing. Essa escolha se reflete tanto pela relação de tempo de
existência dos programas, quanto pelas tendências de pesquisa que o se consagrando com a
discussão dos sintomas de crise do paradigma transacional. Essa relação entre temas e
sintomas de crise, porém, não foi observada isoladamente no trabalho, considerando a
limitação de tempo para sua execução.
Novamente, pode-se observar a baixa intensidade de temas relacionados com
marketing hisrico. No caso de teses e dissertações essa seleção é nula. Isso é um indicativo
forte da predominância transacional. Em abordagens Pós-modernistas, quase imperceptíveis
nas teses e dissertações, temas como hisria, educação e conceitos seriam mais freqüentes,
que podem tratar de fundamentar a explicão de fenômenos a partir da formação da
sociedade, entendimento das relações e formação dos agentes envolvidos.
103
Alguns trabalhos, quando analisados individualmente, são descritos como pesquisa
qualitativa ou mista, contudo refletem as considerações finais, a partir de resultados
quantitativos obtidos em pesquisa de campo. Apesar do registro de conceitos e definições no
referencial teórico, esses elementos não são utilizados para fundamentar as ocorrências e
tampouco têm influência na construção das considerações, servindo apenas para tornar
assertivas as conclusões tomadas a partir de uma análise estatística descritiva ou correlação
matemáticas das distribuições de ocorrências.
Como as outras fontes, aspectos tradicionais e tendências associadas à relevância, as
teses e dissertações encaminham a confirmação da hipótese central, que afirma a importação
de conhecimentos, para sua produção.
4.4 LIVROS EDITADOS NO BRASIL
Uma das fontes mais efetivas na produção acadêmica em qualquer área de
conhecimento são os livros editados no país e no exterior, disponíveis nas bibliotecas das
instituições, ou ainda, no acervo pessoal dos pesquisadores. Tal instrumento se revela bastante
importante nos três ambientes de formação acadêmica, quais sejam ensino pesquisa e
extensão.
Ao longo do período longitudinal da pesquisa, livros editados têm sido fonte de
referência para a produção científica brasileira de marketing, sendo superados em seu uso
somente por artigos editados em revistas científicas internacionais disponíveis aos
pesquisadores nacionais, conforme consulta efetivada para esse trabalho. Contudo a utilização
desses livros para pesquisa não representa a única importância de analisá-los no trabalho. O
surgimento de algumas obras com edição definitiva, e a influência que os mesmos exercem
nesse momento, também são de extrema importância para o entendimento da produção
acadêmica. A seguir o trabalho expõe alguns livros e seu surgimento no meio editorial
brasileiro, para assim discutir o entendimento de sua influência.
Entende-se que a publicão definitiva de um livro e seu lançamento no mercado
editorial tem por objetivo principal a pesquisa e o ensino. No caso brasileiro, como
demonstrado no referencial teórico e nas apresentações e análise do próximo capitulo, os
104
livros editados parecem marcar mais sua importância nas ações de ensino, especialmente
ligadas aos cursos de graduação das instituições de ensino superior. O contexto histórico da
produção e edição de livros no Brasil determina o porquê dessa importância concentrada.
Nesse trabalho, a análise que se produz é concentrada em livros que tenham
vinculação com os temas de marketing. Deve-se salientar, ainda, que essa pesquisa histórica
da bibliografia nacional toma uma amostra muito pequena dos livros editados devido ao
número incontável de livros ligados a marketing que foram disponibilizados ao longo do
período longitudinal escolhido. Essa amostragem pequena serve muito mais para discutir uma
linha objetiva da construção histórica da produção acadêmica brasileira de marketing, do que
para apresentar um inventário da editoria de livros propriamente dito.
Como anotado anteriormente, o primeiro livro editado no país, que fazia referencia ao
tema de marketing foi a obra intitulada “Ciência da Administração" escrita pelo Professor
Álvaro Porto Moitinho em 1947. De uma forma visionária, o autor buscou referências
internacionais, especialmente americanas, do conceito de marketing e tratou o fenômeno pela
primeira vez pelo nome de “mercadologia”. O autor além de apresentar o nome, que mais
tarde seria motivo de discussão entre os acadêmicos pioneiros na pesquisa de marketing,
conceituou e definiu a atividade no campo da administração, assim como apresentou as
definições de suas funções básicas nas organizações.
Com o passar dos anos, quando a academia brasileira de administração concentrava
ensino e pesquisa na área de marketing, surge a necessidade de edição de livros que
agrupassem mais efetivamente os conceitos e definições da área. As publicações disponíveis
para pesquisa ainda eram de origem internacional, o que dificultava o acesso e a
compreensão, devido à publicação em idioma estrangeiro.
O Centro de Pesquisa e Publicações da EAESP/FGV, agrupando os professores
estrangeiros, consultores da produção acadêmica em ensino e pesquisa, com outros
professores nacionais, pioneiros no envolvimento com os temas de marketing, tomou então
para si a responsabilidade de publicação de livros e artigos voltados para o ensino e pesquisa
em marketing, com características editoriais eminentemente nacionais. Dessa iniciativa se
explica a importância histórica da instituição, como referido.
A estratégia inicial do grupo editorial foi o desenvolvimento de três fontes de
pesquisa. A Revista de Administração de Empresas, RAE, com artigos nacionais e
105
estrangeiros dirigidos a pesquisa de marketing. A publicação de um Glossário de Marketing,
editado em 1962, dando noção aos termos utilizados na produção em marketing, com origem
especialmente do idioma inglês e com traduções antes contradirias. A publicação do
primeiro livro nacional, primeiramente em artigos extraído de artigos da RAE, que tratava
prioritariamente dos temas de marketing, se inicia na década de 1960, intitulado
“Administração Mercadológica – Princípios & Métodos” com publicação definitiva em 1972.
Neste contexto originário da produção acadêmica brasileira de marketing, apresentam-
se originalmente os artigos pioneiros da RAE. Considerando que a maioria dos autores desses
artigos é de docentes que militavam na EAESP/FGV, fica definida a importância desta
instituição. Destaca-se ai a importância da edão do Glossário de Marketing e do primeiro
livro editado, conforme apresentado acima, também produzidos pelo grupo de docentes da
mesma instituição.
Os artigos da revista, contudo, têm uma influência destacada, por comporem o
material da publicação do primeiro livro. O livro, na época tratado entre os acadêmicos que o
usavam pelo apelido de “tijolão”, dado o seu volume conter mais de mil páginas, foi
produzido integralmente através de excertos da revista. Os autores dos artigos eram todos
integrantes do grupo pioneiro da fundação da instituição. Eram eles, portanto os precursores
dos conteúdos de marketing em todo país.
Os objetivos e conteúdos nele apresentados refletiam exatamente o pensamento
americano sobre os conceitos de marketing através de cinco pontos principais baseados em:
(1) conceitos de marketing; (2) apresentação de mercado, em relão às forças externas; (3)
instrumentos da função de marketing e seu controle; (4) problemas específicos do mercado
brasileiro; e (5) cenários futuros do marketing.
Exemplificando essa tendência, abaixo são apresentados outros livros editados no país,
com autores estrangeiros, e suas caractesticas temáticas. Tal lista compõe a realidade do
pensamento de marketing que se desenvolvia nas pesquisas e na docência voltada aos cursos
de graduação e as organizações nacionais.
1. HEIDINGSFIELD, Myron S. & BLANKENSHIP, Albert B. Marketing -
comercialização. Rio de Janeiro: Fundo de Cultura, 1963. Professores de
universidades americanas em Temple e Columbia, desenvolvem à época trabalhos
de ensino acadêmico e gestão de empresas americanas. A curiosidade a respeito da
106
obra é exatamente o subtítulo. Os autores reproduzem uma obra americana de
titulo marketing, mas a edição em português precisa carregar o termo
“comercialização” em função da confusa polêmica que o termo marketing ainda
trazia na academia nacional de marketing.
2. HOWARD, John A. Mercadologia (Marketing). Rio de Janeiro: Zahar Editores,
1969. Apresenta uma teoria de marketing tratada por ele como “teoria da
organização e mercadoria” e indicava tal teoria como fundamental para as práticas
de decisão do comprador e do administrador. Mais uma vez, traz o entendimento
de que o marketing ainda carecia de uma discussão mais aprofundada. Com a
mesma intenção esclarecedora, traz em sua capa dois termos conceituais, desta vez
utilizando o próprio termo “(Marketing)” no segundo plano.
3. MARTING, Elizabeth. A função de marketing: modernas técnicas de
administração empresarial. Salvador: EDEB, 1973. Desta vez, a própria
American Marketing Association AMA dos Estados Unidos, associada com um
de seus membros no Brasil, a Management Center do Brasil, edita em dois
volumes, uma organização com quarenta e sete (47) artigos de professores,
pesquisadores e executivos americanos contendo programas e técnicas para a
formação de gestores organizacionais. A partir do significado de marketing, como
sendo uma das bases de ação da AMA, desenvolve intensamente o modelo
americano.
A partir da publicação do “tijolão” e de sua penetração no mercado editorial brasileiro,
pelo intenso uso nas instituições de ensino superior no Brasil, outros livros de autoria de
acadêmicos nacionais começam a estabelecer certo destaque. E o modelo gerencialista e
funcional, determinado pelo paradigma transacional se destaca em todos eles. O trabalho
apresenta alguns destes livros pesquisados em bibliotecas nacionais, considerado o destaque
que tenha exercido em sua época.
1. CHALMERS, Ruy B. Marketing a experiência universal de marketing na
conquista sistemática dos mercados. São Paulo: Atlas, 1969. Membro fundador
da Escola Superior de Propaganda, o então professor Chalmers reflete a atuação
dos executivos de marketing e das escolas de negócios, conceito importado
diretamente dos Estados Unidos, para estimular a classe executiva nacional. A
107
importância do livro estava ligada a importância da Escola Superior de Propaganda
e Marketing ESPM, no contexto originário do marketing brasileiro, posto que
esta escola, junto com a EAESP/FGV e a USP tem a marca de serem as pioneiras
do ensino e pesquisa de marketing nas academias nacionais.
2. GRACIOSO, Francisco. Marketing: uma experiência brasileira. São Paulo:
Cultrix, 1973. Também componente e membro fundador da ESPM, o professor
Gracioso procura estabelecer uma referência nacional de marketing na sua obra.
Entretanto, inicia estabelecendo como conceito de marketing o que orienta a AMA
e, além disso, fortalece os conceitos a partir do ponto de vista de uma corporação
americana, a Unilever. Outra demonstração da tendência americana são
recomendações de autores no final dessa edição. Recomenda vinte cinco obras
para refletir sobre o tema, das quais dezenove de edição e autores estrangeiros,
dentre eles dezessete americanos. Os outros seis livros, de edição não estrangeira,
são para fundamentação do tema e não se referem diretamente a marketing.
3. SIMÕES, Roberto. Marketing básico. São Paulo: Saraiva, 1973. Professor
universitário, mas também executivo de empresas nacionais o professor Simões
introduz sua obra com uma contextualização histórica e a conclui com algumas
considerações que fogem do espectro funcional de marketing, como macro
marketing e meta marketing. A obra na sua essência não foge de
instrumentalizão de processos e técnicas operacionais e suas refencias são
carregadas de autores internacionais, revelando que apesar de algumas tentativas
de estabelecer circunstâncias relacionais, até por sua formação em psicologia,
apreende conceitos fundamentalmente transacionais.
4. VENDRAMINI, L.C. e LIMA, M.M. Mercadologia marketing: aplicação ao
mercado brasileiro. São Paulo: McGraw Hill do Brasil, 1977. Os autores,
professores da Escola Superior de Administração de Negócios, Vendramini e Lima
editam um livro com dados do mercado e da sociedade brasileira. Na sua linha
editorial mantém a abordagem transacional reforçando os conceitos americanos e
dando continuidade as obras pioneiras de marketing no Brasil. No livro há uma
tendência instrumental de marketing voltado para as organizações, justificável pela
sua atuação na iniciativa privada.
108
5. SIMÕES, Roberto. Iniciação ao marketing. São Paulo: Atlas, 1980. O autor edita
outra obra de marketing que segue a linha da sua obra dos anos de 1970. Mantém
uma tendência funcionalista. Nessa obra, por ter um formato mais compacto,
algumas discussões do marketing a partir de abordagens críticas da prática
gerencialista são abandonadas e o contexto se aproxima então de uma
configuração de manual de gestão de marketing. Essa decisão de conteúdo segue
uma tendência utilitarista que vai se consolidar fortemente no início da década.
6. GRACIOSO, Francisco. Gerência de marketing. São Paulo: Referência. 1981. O
professor Gracioso edita sua primeira publicação nos anos de 1980. Nos dois
primeiros seções o autor promove uma primeira discussão a partir dos elementos
contextuais do marketing da época, contudo procurando estabelecer uma
abordagem filosófica. Essa discussão encaminha o final desses seções para uma
reflexão que indica estar se aproximando uma nova teoria de marketing, baseada
na gestão do atendimento da necessidade dos consumidores. As seções restantes
apresentam conceitos e definições que estão voltados basicamente para práticas de
gestão.
7. HOLTJE, Herbert F; GUAGLIARDI, JoA. e MAZZON, Jo A. Marketing:
exercícios e casos. o Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1982. Os professores da
USP, Guagliardi e Mazzon, revelam com a obra a preocupação de evitar simples
cópias da tendência de seguir as práticas americanas de marketing e publicam um
manual de marketing, com uma considerável quantidade de casos e exemplos de
empresas nacionais. O curioso da proposta editorial é que para a produção da obra
os dois autores buscam a associão com um autor americano e a base dos
elementos de gestão constante no livro é de uma obra anterior desse co-autor,
traduzidas “com o cuidado de se utilizar termos realmente aceitos dentro das mais
recentes contribuições em marketing principalmente aquelas feitas nos EUA”.
8. PENTEADO F. José Roberto Whitaker. Marketing no Brasil não é cil. São
Paulo: Referência, 1982. Nesta obra o professor da ESPM, Whitaker Penteado
expressa a preocupação com as disfunções do marketing brasileiro em função da
aderência com os modelos importados. Busca estabelecer para os praticantes das
organizações uma nova forma de encarar as práticas de gestão de marketing a
partir da garantia da produtividade e buscando elementos a partir de uma visão de
109
autores que identificam outros ambientes de gestão, baseados na França, Grã-
Bretanha e Japão.
9. COBRA, Marcos. Marketing sico. São Paulo: Atlas, 1982. Esta obra do
professor Cobra, da EAESP/FGV, vem para o mercado editorial brasileiro
determinado a mimetizar as práticas de gestão apresentadas na América,
especialmente no livro Administração de marketing de Philip Kotler, tão
dominante no espaço global da época. Esta referência garantiu ao autor uma
penetração na academia, especialmente em nível de graduação, e nas organizações
por um bom tempo entre os anos de 1980 e 1990.
10. GRACIOSO, Francisco. Contato imediato com marketing. São Paulo: Global,
1986. O autor inicia a obra com duras críticas aos que adotam o modelo
americano, estabelece que tal adoção é demonstração de uma posição de
conformidade com a condição de subdesenvolvido. Discute alguns aspectos da
filosofia do marketing a partir de uma revisão histórica. Estranhamente a seguir
pede desculpas ao leitor e começa a descrever o marketing como função
administrativa, posicionada, aliás, em terceiro lugar em importância, depois de
produção e finanças.
11. COBRA, Marcos. Casos contemporâneos de marketing. o Paulo: Atlas, 1986.
Na obra o autor dá seqüência a sua obra, Marketing básico, acrescentando a
discussão casos e exercícios que a complementariam. Essa obra e muitas outras do
autor m seguir a mesma decisão editorial da primeira e procura aproveitar o
mesmo uso dado ao livro anterior.
Muitos livros de marketing no Brasil foram editados, e ainda o são, a partir da
abordagem transacional, tanto de autores estrangeiros como de autores nacionais, como
mostra o Quadro 12 e essa tendência se consolida fortemente como elemento principal na
produção acadêmica nacional de marketing. Esta consolidação se dá menos pelo uso da
bibliografia na pesquisa, que as mesmas usam mais artigos em revistas nacionais, e muito
mais por ser o reflexo das características desta produção acadêmica.
110
Titulo da Obra Autor Origem
Administração de marketing e o comportamento no meio
ambiente
BLISS, Perry
Estrangeira
Administração de Marketing COBRA, Marcos Nacional
Administração de Marketing KOTLER, Philip Estrangeira
Marketing LAS CASAS,
Alexandre
Nacional
Marketing Essencial McCARTHY,
Jerome
Estrangeira
Princípios de Marketing KOTLER, Philip
ARMSTRONG, Gary
Estrangeira
Marketing de serviços LAS CASAS,
Alexandre
Nacional
Pesquisa de mercado MATTAR, Fauze N. Nacional
Marketing: Criando valor para o cliente CHURCHILL,
Gilbert e PETER, J.
Paul
Estrangeira
Marketing de Guerra RIES Al e TROUT,
Jack
Estrangeira
Quadro 12 – Livros de marketing em uso, editados no Brasil
Fonte: Adaptado de Cobra, 2003.
Dentre os livros nacionais pesquisados, os que mais chamaram atenção, foram os
escritos e editados pelo professor Raimar Richers. Um dos fundadores da EAESP/FGV, ele
também pode ser reconhecido como um dos precursores da produção acadêmica brasileira de
marketing.
Professor universitário com mestrado em administração pela Michigan State
University, nos Estados Unidos, e com doutorado em ciências econômicas na Universidade de
Berna, na suíça, país onde nasceu. Chegou ao país como alto executivo da General Motors do
Brasil, onde exercia funções na direção econômica. Em 1954, quando da inteão
governamental para importação de conhecimento acadêmico ao Brasil, foi contratado pelo
governo federal para atuar na FGV.
O Professor Richers teve sua formação acadêmica baseada no conhecimento
desenvolvido pelo modelo americano e acompanhou toda a trajetória dos docentes
estrangeiros enquanto permaneceram no Brasil. Foi fundador do Centro de Publicações da
EAESP/FGV, da própria EAESP/FGV antes disso, fundador e diretor da Revista de
Administração de Empresas - RAE. Toda essa influência deveria impor a ele a condição mais
especial de ser disseminador de idéias importadas no país, mas do contrário, suas obras
111
principais e muitos de seus artigos, apesar de não ser uma oposição declarada, sempre
procuravam discutir de uma maneira mais fundamentada as aplicações do conhecimento
importado.
Suas principais obras foram O que é marketing (1986), Surfando nas ondas do
mercado (1996) e Marketing: Uma visão brasileira (2000). Tais obras determinam um
caminho ao marketing que sugere uma visão nova, sistêmica, estruturada e funcional, mas
também adequada a situações ambientais, econômicas e sociais adaptáveis ao momento e
cultura nacionais.
Um trabalho no marketing nacional, que houvesse dado mais atenção as obras do
professor Richers, talvez pudesse originar a criação de uma nova teoria de marketing a ser
aproveitada globalmente e definir uma identidade própria para o marketing nacional. Este
trabalho não se propõe a discutir a construção desta ou daquela teoria, motivo pelo qual a
impressão acima fica apenas como um aspecto para reflexão sobre a produção acadêmica
brasileira de marketing e talvez, motive uma discussão mais aprofundada em futuros trabalhos
dentro desse tema.
112
5 PERFIL E PENSAMENTO DOS ACADÊMICOS BRASILEIROS
Para fechamento dos elementos de análise e discuso final da hipótese apresentada
nesse trabalho, a seguir são apresentadas características de perfil, temas mais estudados e
aspectos editoriais da academia brasileira. Esses elementos são selecionados a partir das
impressões tomadas dos pesquisadores brasileiros que atuam no campo de pós-graduação em
administração no Brasil, especificamente com pesquisa e ensino em linhas ou áreas de
concentração relacionadas de alguma forma a marketing.
Os respondentes foram selecionados a partir de uma relação tomada pelo autor deste
trabalho. A partir dessa relão inicial, uma lista final foi elaborada após consulta nos portais
de cada um dos programas de s-graduação em administração, membros da ANPAD,
existentes no Brasil. O resultado final do levantamento está descrito abaixo:
CEPPAD - UFPR www.ceppad.ufpr.br Paulo Henrique Muller Prado
Pedro Jose Steiner Neto
Zaki Akel Sobrinho
Ana Maria Toaldo
CEPEAD - UFMG www.cepead.face.ufmg.br Carlos Alberto Gonçalves
José Edson Lara
Marlusa Gosling
Ricardo Teixeira Veiga
MEST. UNIHORIZONTES www.unihorizontes.br Ester Eliane Jeunon
Roberto Minadeo
CMAAd - UECE www.uece.br Ana Augusta Ferreira Freitas
ESAG - UDESC www.udesc.br Jane Lara Pereira da Costa
CMA - UFES www.ppgadm.ufes.br Sergio Robert de Sant'Anna
CMA - UNIFOR www.unifor.br Danielle M. de Oliveira Arruda
MESTRADO - PUC Minas www.pucminas.br Dalton Jorge Teixeira
Humberto Elias Garcia Lopes
Sérgio F. Loureiro Rezende
FEAD - Minas www.fead.br Rivavia D. de Alvarenga Neto
José M. Carvalho de Mesquita
Cid Gonçalves Filho
Gustavo Quiroga Souki
113
MESTRADO - FBV www.fbv.br André L.Maranhão de Souza Leão
Ana Paula Celso de Miranda
FEA - USP www.usp.br Geraldo Luciano Toledo
José Afonso Mazzon
José Augusto Guagliardi
Flavio Torres Urdan
Edson Crescitelli
Fauze Najib Mattar
Nelson Barrizzelli
Celso C. de Hildebrand e Grisi
Lino Nogueira Rodrigues Filho
Marcos Fava Neves
Ana Akemi Ikeda
Dilson Gabriel dos Santos
Marcos Cortez Campomar
COPPEAD - UFRJ www.coppead.ufrj.br Ângela da Rocha
Everardo Rocha
Letícia Moreira Casotti
Sergio H. Hudson de Abranches
Victor Almeida
EAESP - FGV www.fgvsp.br André Torres Urdan
Juracy Gomes Parente
IAG - PUC Rio www.puc-rio.br/iag André Lacombe
Hélène Bertrand
Luiz Fernando Hor-Meyll
Marie Agnes Chauvel
Paulo César Motta
MESTRADO - UCS www.ucs.br Gabriel Sperandio Milan
MADE - UNESA www.estacio.br Harvey José S. Ribeiro Cosenza
José Geraldo Pereira Barbosa
José Luiz Trinta
José Roberto Ribas
PPGA - UNIFACS www.unifacs.br Jader Cristino de Souza Silva
Rodrigo Ladeira
EBAPE - FGV www.ebape.fgv.br Alexandre Faria
Eduardo André Teixeira Ayrosa
Delane Botelho
MESTRADO - IBEMEC www.ibemecrj.br Eric David Cohen
Luis Alberto N. Campos Filho
MPA - FPL www.unipel.edu.br Mauro Calixta Tavares
Tarcisio Afonso
MPA - UFC www.acep.org.br/mpc.ufc Cláudia Buhamra Abreu Romero
114
Hugo Osvaldo Acosta Reinaldo
José de Paula Barros Neto
Luiz Carlos Murakami
MPA - UNINOVE www.uninove.br Osvaldo Elias Farah
Nádia Kassouf Pizzinatto
Claudia Rosa Acevedo
Sérgio Luiz do Amaral Moretti
José Mauro da Costa Hernandez
MPA - UNIMEP www.unimep.br Antonio Carlos Giuliani
Eduardo Eugênio Spers
PEPGA - PUC - SP www.pucsp.br Maria Clotilde Perez
Alexandre Luzzi Las Casas
Francisco Antonio Serralvo
PMA - UNISINOS www.unisinos.br Ivan Lapuente Garrido
MAN - FACE - PUC RS www.pucrs.br/face/adm Marcelo Gatterman Perin
Cláudio Hoffmann Sampaio
Alziro César de Morais Rodrigues
Lélis Balestrin Espartel
Luiz Antônio Slongo
Márcia Dutra de Barcellos
Vinícius Andrade Brei
Vinícius Sittoni Brasil
PMA - UFU www.ufu.br Stella Naomi Moriguchi
PPAD - PUCPR www.pucpr.br Heitor Takashi Kato
Paulo de Paula Baptista
Renato Zancan Marchetti
PPCAd - FURB www.furb.br/ppgad Mohamed Amal
PPGAD - UFV www.ufv.br Telma Regina da C. G. Barbosa
Afonso A. T. de F. de C. Lima
PPGAOrg - FEA-RP/USP www.fearp.usp.br Marcos Fava Neves
Edgard Monforte Merlo
Dirceu Tornavoi de Carvalho
PPGA - UFRGS www.ppga.ufrgs.br Carlos Alberto Vargas Rossi
Cristiane Pizzutti dos Santos
Fernando Bins Luce
Luiz Antonio Slongo
Walter Meucci Nique
PPGA - UFLA www.prpg.ufla.br Ricardo de Souza Sette
PPGA - UFPB www.ccsa.ufpb.br/~ppga Carlo Gabriel Porto Bellini
Rita de Cássia de Faria Pereira
Sonia Trigueiro de Almeida
115
PROPAD - UFPE www.dca.ufpe.br/propad Salomão Alencar de Farias
Sérgio Carvalho Benício de Mello
Fernando Gomes de Paiva Junior
PPGGN - UNISANTOS www.unisantos.br Francisco Antonio Serralvo
José A. Carvalho dos Santos Claro
PPA - UEM/UEL www.ppa.uem.br Mario Nei Pacagnan
Francisco Giovanni David Vieira
Luiz Antonio Felix
CMPA - UnP www.unp.br Tereza de Souza
Alípio Ramos Veiga Neto
Cabe observar que para refinamento da lista, foram excluídos alguns programas nos
quais não foram encontradas disciplinas relacionadas a marketing. Alguns outros professores,
que depois de consultados, responderam informando que não mantinham relação com a
disciplina de marketing, conforme informação tomada ou no site do programa ou no Currículo
Lattes do docente, também foram excluídos da lista.
A pesquisa compreendeu o envio de questionários a cento e catorze (114) professores.
No momento da tabulação foram considerados cinqüenta e três (53) questionários com
validade de conteúdo, considerados assim, seguindo a orientação de Richardson (1999). Com
base nos questionários que retornaram foram, então, estabelecidas as condições para
apresentação dos resultados expostos a seguir.
Na Tabela 1, uma análise estatística descritiva, relacionada com a idade dos
respondentes. Observa-se que a idade mais freqüente entre os professores é a que se enquadra
acima dos 44 anos. Tal indicador demonstra uma condição normal de formação doutoral,
especialmente considerando o período tomado da pesquisa. A formação de doutores,
notadamente se dá após certa temporada de atuão dos professores na academia. Podemos
considerar até 30 anos para graduação e especializações, entre 30 e 40 anos para título de
mestre e após isso para alcance dos títulos superiores como doutorado e pós-doutorado.
Essa alusão da idade de trajetória formacional se confirma a seguir, quando analisadas
as Tabelas 4 e 6, onde se determina a época de graduação e doutoramento dos professores
respondentes. Essas faixas estabelecidas consolidam uma recorrência no tempo de formação
de um docente de administração, nos diversos níveis formacionais que se propõe cumprir.
116
Tabela 1: Idade dos respondentes
Idade n
%
Inferior a 34 anos
De 34 a 36 anos
De 36 a 38 anos
De 38 a 40 anos
De 40 a 42 anos
De 42 a 44 anos
44 anos e mais
o responderam
1
4
2
1
2
4
24
15
1,9
7,5
3,8
1,9
3,8
7,5
45,3
28,3
Total 53 100
Fonte: Pesquisa de campo 2008.
Na Tabela 2, mais uma resposta que confere com a apresentação normal da academia
nacional. No que se refere a gênero se constata a presença mais acentuada de homens entre os
professores que ministram e pesquisam a partir de disciplinas de marketing. Um cruzamento
entre resultados vai indicar que à medida que o tempo vem passando, a mulher tem ocupado
um espo maior na acadêmica de marketing, contudo a sua presença ainda é da ordem de
quatro homens para cada mulher.
Tabela 2: Gênero dos respondentes
Gênero n
%
Masculino 43 81,0
Feminino 10 19,0
Total 53 100
Fonte: Pesquisa de campo 2008
A Tabela 3 vem identificar o início da trajetória formacional dos professores, no que
tange a escolha da área de formação. Um número significativo de professores parte na origem
de sua formação de campos ligados a área de ciências sociais aplicadas. Considerando para
isso os cursos de administração e economia, onde juntos perfazem um número muito próximo
de sessenta por cento (60%) dos respondentes. Acredita-se que tal formação se dá em função
de uma circunstância natural de posicionamento, especialmente se considerarmos que o local
117
de seleção dos professores para a resposta dos questionários foram os cursos de pós-
graduação em administração, contabilidade e turismo.
Somente para reforço de caracterização de ambiente, esses professores todos
ministram aulas e produzem pesquisa acadêmica em instituições membros da ANPAD, que é
a instituição que congrega os pesquisadores em administração e, por conseguinte, em
marketing.
Tabela 3: Área de graduação dos respondentes
Área de graduação n
%
Administração
Agronomia
Ciências da Computação
Ciências Sociais
Comunicação Social
Economia
Engenharia
Engenharia Civil
Engenharia Elétrica
Engenharia Mecânica
Veterinária
Não responderam
22
3
2
1
2
9
5
3
2
2
1
1
41,5
5,6
3,8
1,9
3,8
17,0
9,4
5,6
3,8
3,8
1,9
1,9
Total 53 100
Fonte: Pesquisa de campo 2008
Como o resultado da pesquisa já expôs anteriormente, os professores têm formação em
graduação entre os anos de 1970 e 1999, sendo a mesma mais incidente de 1980 a 1999, onde
se graduaram quase sessenta por cento (60%) dos profissionais que atuam na área de
administração e marketing, tal qual revela os resultados da Tabela 4. o indícios de
formação a partir dos anos 2000 até a atualidade e tal circunstância deve ser considerada
normal, haja vista que os entrevistados o professores de pós-graduação em mestrado e
doutorado, e necessitam para isso no mínimo titulação correspondente a doutorado, o que
temporalmente seria difícil para graduados anteriores aos anos 2000.
Após o doutorado, para admissão nos programas de pós-graduação, normalmente os
professores têm um período que dura mais ou menos dois anos. Essa condição de normalidade
na carreira parece se cumprir entre os doutores do grupo de estudos e pesquisas em marketing
da acadêmica nacional.
118
Na Tabela 5, a escolha na área vem reiterar uma tendência de formação vertical dos
professores envolvidos na academia de administração, notadamente os da academia que estão
envolvidos no ensino, pesquisa e extensão de linhas de estudo relacionadas com a produção
em marketing. Essa verticalização no campo reforça uma tendência ao paradigma
transacional, na medida em que denota uma formação de especialistas, desconsiderando a
possibilidade de interação com outras áreas, mais associadas a aspectos fundamentais, que
podem contribuir para as pesquisas, contudo com uma abordagem relacional e s-
modernista.
Tabela 4: Ano de graduação dos respondentes
Ano n
%
1970 – 1974
1975 – 1979
1980 – 1984
1985 – 1989
1990 – 1994
1995 – 1999
2000 – 2004
2005 – 2008
Não responderam
8
5
11
10
10
4
-
-
5
15,1
9,4
20,8
18,9
18,9
7,5
-
-
9,4
Total
53 100
Fonte: Pesquisa de campo 2008
Somadas as áreas de doutoramento, encontramos quarenta e quatro (44) professores
doutores formados em administração ou áreas diretamente ligadas a essa formação. Esse
número corresponde a um percentual superior a oitenta por cento (80%) de todos os
respondentes, doutorados em Business Administration, Administração de Marketing,
Administração de Empresas, Marketing ou simplesmente em Administração.
Outras áreas como Engenharia de Produção, Agronegócios e Finanças ainda seriam
possivelmente áreas consideradas dentro de uma tendência vertical. No contexto das respostas
apenas Ciências Sociais e Comunicação Social fugiriam deste agrupamento, onde poderia
revelar uma abordagem multidisciplinar. O percentual dessas outras áreas não supera cinco
por cento (5%) de toda a formação dos professores doutores respondentes.
119
Tabela 5: Área de doutoramento dos respondentes
Área de doutoramento n
%
Business Administration
Engenharia da Produção
Administração
Administração em Marketing
Administração de Empresas
Ciências Sociais
Comunicação Social
Marketing
Agronegócios
Finanças
1
4
21
11
4
2
1
7
1
1
1,9
7,5
39,6
20,8
7,5
3,8
1,9
13,2
1,9
1,9
Total
53 100
Fonte: Pesquisa de campo 2008
Ainda quanto ao ano de doutoramento do grupo de professores entrevistados pode-se
salientar, analisando a Tabela 6, uma concentração entre os anos de 1995 e 2004. Tal
concentração determina uma renovação próxima de sessenta por cento (60%) do grupo
responsável pela origem da produção acadêmica brasileira de marketing. Tal renovação de
sujeitos não expressa diretamente a mudança de abordagem teórica dos pesquisadores, como
se reforça nos resultados da pesquisa, expressos de maneira mais assertiva em resultados
apresentados mais a frente desse trabalho.
Tabela 6: Ano de doutoramento dos respondentes
Ano de doutoramento n
%
1970 – 1974
1975 – 1979
1980 – 1984
1985 – 1989
1990 – 1994
1995 – 1999
2000 – 2004
2005 – 2008
Não responderam
1
-
2
2
5
14
17
8
4
1,9
-
3,8
3,8
9,4
26,4
32,1
15,1
7,5
Total
53 100
Fonte: Pesquisa de campo 2008
Considerando ainda o perfil dos pesquisadores em marketing, as Tabelas 7 e 8, ainda
ilustram o ambiente de trabalho e as atividades que tais docentes exercem. A quase totalidade
120
dos pesquisadores está ligada, quase que exclusivamente, às instituições de ensino superior no
país, quer seja de natureza pública, quer seja de natureza privada. Os números que revelam
essa vinculação ultrapassam noventa por cento (90%) de todas as respostas, o que indica um
forte vínculo de suas atividades com ensino e pesquisa, revelados através do resultado quase
que maciço das atividades em ensino, onde atuam cinqüenta e dois (52) respondentes e
pesquisa, onde aparecem cinqüenta (50) respondentes.
Exercendo atividade, mesmo que paralelamente, em empresas, um número muito
reduzido de profissionais em empresas privadas (somente seis por cento (6%)) e nenhum
deles com vinculo direto a outras empresas públicas que não sejam as próprias instituões
públicas de ensino superior. Em contrapartida o trabalho desses profissionais, quando se dá no
âmbito de empresas privadas, não revela a mesma ausência de seus vínculos empregatícios
com elas. Dentre os respondentes, mais da metade deles tem algum tipo de ligão com ões
de extensão e consultoria profissional.
A extensão e a consultoria, por natureza, têm relação direta com ações
organizacionais, especialmente considerando o fato de que são relevantes no uso e
intervenção de tecnologia e práticas organizacionais. Esta associação de teoria com prática, de
relevância da pesquisa acadêmica com o ambiente organizacional, tem uma trajetória que
toma muitos anos no país. Na origem da produção acadêmica de marketing, o próprio governo
federal e estadual buscava o apoio desta produção para dotar de técnicas a gestão das
organizações públicas e privadas. Esses movimentos de parceria receberam o nome no país de
“planos de desenvolvimento autônomo e associado”, como salientado anteriormente na
fundamentação teórica do trabalho.
Tabela 7: Local de atividade dos respondentes
Local de atividades n
%
IES Pública
IES Privada
Empresa Pública
Empresa Privada
28
28
-
6
45,2
45,2
-
9,7
Total
100
Fonte: Pesquisa de campo 2008
121
Ainda sobre essa relação entre local de atividade e atividade propriamente dita, há uma
tendência de descolamento da atividade acadêmica com as organizações que se intensifica nos
últimos anos. Esse descolamento, que repercute em maior distância da academia de ensino,
pesquisa e extensão com as organizações pode ser atribuído às intensas discussões de rigor e
relevância de que devem ser dotadas as pesquisas acadêmicas. Parece que quanto mais os
pesquisadores salientam que o rigor deve ser fortalecido, mais os praticantes se afastam de
seus resultados. Este afastamento e não utilização parecem se dever a complexidade dos
resultados.
Tabela 8: Atividade exercida pelos respondentes
Atividades exercidas n
%
Ensino
Pesquisa
Extensão
Consultoria
52
50
30
37
30,8
29,6
17,8
21,9
Total
100
Fonte: Pesquisa de campo 2008
Na seqüência do trabalho, a pesquisa com os professores evolui para o entendimento
dos temas de estudo em marketing e suas convergências ou divergências com as práticas de
marketing dentro das organizações. Para uma apreciação do temas estudados, seguindo a
agenda listada para análise das fontes de pesquisa e de produção, apresentadas na seção
anterior, foi submetida à análise dos professores uma lista de vinte e dois temas mais
recorrentes no país e no mundo, conforme segue:
01. Canais de marketing, distribuição e logística (fluxos e intermediários do canal)
02. Comportamento do consumidor
03. Comunicação de marketing (processos e formas)
04. Compencias e aprendizado em marketing
05. Tomada de decisão em marketing
06. Política de preços e precificação
07. Estratégias de marketing
08. Impactos do marketing no valor das empresas
09. Inovação de produtos e serviços
10. Marcas (valor, imagem, processos)
11. Marketing internacional e integração de mercados
12. Segmentação de mercados
13. Serviços (processos, satisfação, qualidade)
14. Lealdade de clientes
122
15. Marketing na academia (educação e pesquisa em marketing)
16. Tecnologia da informação e marketing
17. Conceitos e aplicações especificas de marketing
18. História de marketing
19. Marketing de relacionamento e CRM
20. Marketing na Internet (e-commerce, e-tailing)
21. Marketing Social (corporativo, de causas sociais, responsabilidade social)
22. Outros temas
Diante desses temas, os professores entrevistados assinalaram preferências de pesquisa
em nível pessoal, global e qual, dentre os temas, são mais interessantes na atualidade, para
prática no meio empresarial. Os resultados dessa pesquisa entre os professores produziram as
Tabelas 9, 10 e 11. A apresentação dessas tabelas, feitas a seguir, possibilitam uma
visualização que foi identificada na seção 4 desse trabalho e são de especial validade para
as considerações que servem para consolidar ou não a hipótese central desse trabalho.
Nesta seção, cada tema é discutido individualmente, considerando os três espectros de
interesse, quais sejam pesquisa pessoal, pesquisa global e interesse nas organizações e,
complementarmente, na seção adiante serão cruzados com outros resultados. São eles:
Canais de marketing, distribuição e logística (fluxos e intermediários do canal) A
pesquisa pessoal desse tema não é prioridade, contudo são de bastante importância
para a pesquisa global e para a prática no meio empresarial.
Comportamento do consumidor De amplo estudo em nível pessoal e global, mas de
menor interesse para as práticas empresariais. Isso pode revelar uma tendência de uso
de práticas empresariais baseadas no paradigma transacional e uma possível transição
no ambiente de pesquisa para o paradigma relacional e pós-moderno. Os dois
paradigmas concorrentes com o transacional parecem com isso ter uma importância
crescente no ambiente acadêmico, mas essa importância ainda não ecoa nos ambientes
organizacionais.
123
Tabela 9: Temas que respondentes mais pesquisam
Temas de pesquisa pessoal n
%
Canais de marketing, distribuição e logística (fluxos e intermediários do canal)
Comportamento do consumidor
Comunicação de marketing (processos e formas)
Compencias e aprendizado em marketing
Tomada de decisão em marketing
Política de preços e precificação
Estratégias de marketing
Impactos do marketing no valor das empresas
Inovação de produtos e serviços
Marcas (valor, imagem, processos)
Marketing internacional e integração de mercados
Segmentação de mercados
Serviços (processos, satisfação, qualidade)
Lealdade de clientes
Marketing na academia (educação e pesquisa em marketing)
Tecnologia da informação e marketing
Conceitos e aplicações específicas de marketing
História de marketing
Marketing de relacionamento e CRM
Marketing na internet (e-commerce, e-tailing)
Marketing social (corporativo, de causas sociais, responsabilidade social)
Outros temas: especifique:
8
37
9
6
14
7
26
11
11
17
12
16
21
20
10
5
8
5
21
6
11
4
2,8
13,0
3,2
2,1
4,9
2,5
9,1
3,9
3,9
6,0
4,2
5,6
7,4
7,0
3,5
1,8
2,8
1,8
7,4
2,1
3,9
1,4
Total acumulado
285 100
Fonte: Pesquisa de campo 2008
Comunicação de Marketing (processos e formas) uma tendência de utilização
desse tema em nível global e na prática do meio empresarial, sendo, contudo menos
ocorrente nas pesquisas pessoais dos pesquisadores nacionais. Quanto ao interesse
desse tema às práticas empresariais é compreenvel o entendimento de sua
importância, mas a divergência desse interesse em nível de pesquisa nacional e global,
precisa de maiores considerações para a definição.
Competências e aprendizado em marketing Esse tema não prepondera em nenhum
dos níveis de importância e no interesse de práticas empresariais. A relação de
relevância e rigor pode explicar esse baixo interesse, na medida em que uma prática
baseada no paradigma transacional se concentra mais em ações concretas, do que em
outras, de consolidação de fundamentos, existente quando se pensa em qualificação de
pessoas com aumento de conhecimentos das mesmas.
124
Tomada de decisão em marketing Maior incidência de atenção em nível de pesquisa
pessoal e interesse de uso nas práticas empresariais. No âmbito da pesquisa mundial a
freqüência de interesse parece ser pequena, contudo isso pode ser explicado pela
aplicação direta que o resultado dessa ação pode ter em vel direto da pesquisa, em
nível nacional, com a prática, em organizações lotadas dentro desse ambiente regional.
Tabela 10: Temas mundiais apontados pelos respondentes
Temas de pesquisa no mundo n
%
Canais de marketing, distribuição e logística (fluxos e intermediários do canal)
Comportamento do consumidor
Comunicação de marketing (processos e formas)
Compencias e aprendizado em marketing
Tomada de decisão em marketing
Política de preços e precificação
Estratégias de marketing
Impactos do marketing no valor das empresas
Inovação de produtos e serviços
Marcas (valor, imagem, processos)
Marketing internacional e integração de mercados
Segmentação de mercados
Serviços (processos, satisfação, qualidade)
Lealdade de clientes
Marketing na academia (educação e pesquisa em marketing)
Tecnologia da informação e marketing
Conceitos e aplicações específicas de marketing
História de marketing
Marketing de relacionamento e CRM
Marketing na internet (e-commerce, e-tailing)
Marketing social (corporativo, de causas sociais, responsabilidade social)
Outros temas: especifique:
17
35
20
14
12
13
28
21
23
38
24
12
29
29
13
13
17
8
28
27
16
1
3,9
8,0
4,6
3,2
2,7
3,0
6,4
4,8
5,3
8,7
5,5
2,7
6,6
6,6
3,0
3,0
3,9
1,8
6,4
6,2
3,7
0,2
Total acumulado
438 100
Fonte: Pesquisa de campo 2008
Política de preços e precificação Apesar de um interesse apenas razoável em nível
de pesquisa pessoal e global, o tema tem bastante interesse para as práticas no meio
empresarial. As dinâmicas de marketing no meio das organizações parecem vital para
ações de gestão, isso justifica o resultado da percepção dos respondentes.
Estratégias de marketing Aqui está a primeira unanimidade nos níveis de pesquisa,
pessoal e global, e no interesse das práticas empresariais. A estratégia tanto é um tema
de estudo em evidência, independente da teoria que se aplica para pesquisá-la, quanto
é de fundamental importância nas práticas empresariais. O tema estratégia, aliás, não é
125
de interesse exclusivo de pesquisadores em marketing, cada vez mais tem estado
presente na agenda de várias áreas de concentração de pesquisadores acadêmicos e
outros interessados em ações organizacionais. Mais adiante no trabalho, pode-se
observar que o tema estratégia, consolida as práticas e pesquisas, especialmente pela
força que o paradigma transacional ainda exerce, nos mais diferentes meios.
Impactos do marketing no valor das empresas de incidência razoável nas pesquisas
em nível pessoal e global e um pouco menos de expressão nas práticas do meio
empresarial. As ações de gestão sofrem a influência da racionalidade limitada, e se
isso não tem visibilidade nas práticas, ainda mantém o interesse de pesquisa, que
procura explicar tal influência.
Tabela 11: Temas de maior prática nas empresas apontados pelos respondentes
Temas de prática empresarial n
%
Canais de marketing, distribuição e logística (fluxos e intermediários do canal)
Comportamento do consumidor
Comunicação de marketing (processos e formas)
Compencias e aprendizado em marketing
Tomada de decisão em marketing
Política de preços e precificação
Estratégias de marketing
Impactos do marketing no valor das empresas
Inovação de produtos e serviços
Marcas (valor, imagem, processos)
Marketing internacional e integração de mercados
Segmentação de mercados
Serviços (processos, satisfação, qualidade)
Lealdade de clientes
Marketing na academia (educação e pesquisa em marketing)
Tecnologia da informação e marketing
Conceitos e aplicações específicas de marketing
História de marketing
Marketing de relacionamento e CRM
Marketing na internet (e-commerce, e-tailing)
Marketing social (corporativo, de causas sociais, responsabilidade social)
Outros temas: especifique:
30
21
29
3
17
33
36
13
30
29
16
29
23
20
2
19
7
3
33
25
11
-
7,0
4,9
6,8
0,7
4,0
7,7
8,4
3,0
7,0
6,8
3,7
6,8
5,4
4,7
0,5
4,4
1,6
0,7
7,7
5,8
2,6
-
Total acumulado
429 100
Fonte: Pesquisa de campo 2008
Inovação de produtos e serviços Tema bastante recorrente na pesquisa em nível
global e nas práticas empresariais, sendo um pouco menos utilizado na pesquisa em
nível pessoal, contudo ainda sendo interessante para esse fim.
126
Marcas (valor, imagem, processos) De bastante incidência em ambos os níveis de
pesquisa e grande interesse para as práticas empresariais. Marcas na dimensão de valor
agregado, imagem das organizações e processos de construção, são recorrentes desde
que o marketing assume importância nas organizações. Seu estudo, dada essa
importância, se consolida como atual independente do tempo em que se discute a
produção de marketing.
Marketing internacional e integração de mercados De recorrência crescente em
ambos os níveis de pesquisa, devido até a integração econômica, política e social
provocada pelo o efeito globalizante. O interesse entre as práticas empresariais foi
menor nesse item, mas ainda significativo.
Segmentação de mercados - Outra unanimidade no estudo pessoal dos respondentes,
na sua percepção quanto ao estudo global e no interesse quanto às práticas
empresariais. Esta alta incidência se devido às alterações de mercado, cada vez
mais freqüentes e turbulentas, tanto no âmbito organizacional, quanto no ambiente da
pesquisa acadêmica, que percebe os segmentos e busca fundamen-los.
Serviços (processos, satisfação e qualidade) Se considerarem-se os serviços mesmo
em abordagens transacionais, as pesquisas e análises sobre serviços têm sido
freqüentes há muito tempo. Em nível pessoal e global de pesquisa e práticas
empresariais esse interesse também é bastante incidente, por isso a explicação do seu
alto índice nas respostas.
Lealdade de clientes Bastante presente nas pesquisas em nível pessoal e global e
pouco menos como objeto de interesse da prática no meio empresarial, isso pode se
explicar, contudo, na medida em que as organizações ainda não tem maturidade nas
circunsncias relacionais. Essa maturidade parece crescer na medida em que as
pesquisas acadêmicas vão ganhando força na capacidade de alertar as organizações da
sua importância, fato que ainda não é incidente.
Marketing na academia (educação e pesquisa em marketing) Um interesse dio
nas pesquisas pessoal e global, dado que somente pesquisas e sua construção interessa
aos pesquisadores. A formação de novos conceitos ainda é incipiente dada a força do
paradigma transacional, ao qual se acompanha sem muita discussão acadêmica. Pouca
127
identificação de interesses nas práticas empresariais, devido a relação direta com a
academia.
Tecnologia da informação e marketing Baixo interesse na pesquisa pessoal, que
desconhece o tema e sua profundidade, razoável empenho na pesquisa global, que
embora desconheça ainda busca mais por respostas. Significativo no interesse de
práticas empresariais, dado o valor utilitarista de suas informações. A baixa incidência
na pesquisa acadêmica ainda pode ser explicada pelo fato de que outras áreas do
conhecimento exploram o tema, como produção, tecnologia e sistemas de
informação.
Conceitos e aplicações específicas de marketing Outro tema mais relacionado com
academia diretamente, por isso a média significativa no ambiente pessoal e global de
pesquisa. Com relação a sua importância nas práticas empresariais, quase não aparece,
pelas razões expostas na relação com outros temas inerentes ao ambiente
acadêmico, portanto sem valor funcional e utilitário.
História de marketing Explicar a baixa ocorrência desse tema nas pesquisas
acadêmicas em qualquer nível e o baixo interesse nas práticas empresariais, talvez seja
responder e reforçar a tese de predominância do paradigma transacional. A história e a
elaboração de contextos pela abordagem histórica têm sido infimamente utilizadas por
acadêmicos e praticantes, dada a performance funcional, transacional e utilitarista da
produção e da construção do fenômeno de marketing na sociedade. Esse trabalho faz
uma escolha pelo marketing histórico e na sua explicação pelo método coloca alguns
dos motivos que também justificam as baixas incidências observadas nas Tabelas 9,
10 e 11.
Marketing de relacionamento e CRM Tema em voga, pela pressão que o novo
paradigma relacional tem imprimido ao transacional. Profusa nas pesquisas
acadêmicas de interesse pessoal e global, dado o aumento da discussão sobre esse
novo paradigma em nível teórico. Quanto a sua incidência alta, percebida pelos
respondentes, no interesse da prática empresarial, fica por conta das soluções que as
organizações precisam e precisarão encontrar para problemas futuros, vislumbrados
no presente.
128
Marketing na Internet (e-commerce, e-tailing) Outro tema de maior interesse para a
academia e as organizações, especialmente por conta das transformações que provoca
nas estruturas e no comportamento das pessoas. Alta escolha como pesquisa global e
no interesse das organizações. O baixo interesse nas pesquisas pessoais pode ser
creditado ao pouco domínio do pesquisador nacional ou ao fato de que outras áreas de
concentração na administração estão estudando intensamente o fenômeno,
associando o mesmo a tecnologia da informação e sistemas e não ao marketing.
Marketing Social (corporativo, de causas sociais, responsabilidade social) O tema
tem média ocorrência em todos os três veis percebidos pelos pesquisados, contudo
parece desenvolver uma tendência de aumento nesses níveis na medida em que os
paradigmas concorrentes ao transacional ganham espaço. A própria associação desse
tema com a sociedade e organizações pelo fenômeno do marketing, tem provocado
um crescente interesse de estudos e pesquisas na área, pelos acadêmicos envolvidos.
Quanto ao interesse pela maior prática empresarial, parece estar associado à agregação
de valor e lealdade dos clientes, e concomitantemente, consolidação de imagem e
lucratividade.
Outros temas ainda foram apontados entre os de pesquisa pessoal e global, mas todos
relacionados a linhas de pesquisa contempladas nos temas listados, entre os quais se pode
destacar marketing verde, macro marketing e cultura e consumo.
Com relação aos temas de pesquisa desenvolvidos pelos entrevistados, o trabalho
procura demonstrar quais são as fontes de prospecção desse temas e de pesquisa de cada um
deles posteriormente. Essa resposta pode ser decisiva na resposta de tendência de adoção de
qualquer um dos paradigmas de marketing, apresentados e discutidos, quanto ao seu uso, ao
longo dessa pesquisa.
A Tabela 12 considera fontes apontadas, sejam: (A) livros nacionais editados, (B)
livros estrangeiros disponíveis, (C) artigos científicos em revistas especializadas nacionais,
(D) artigos científicos em revistas especializadas estrangeiras, (E) anais de eventos nacionais,
(F) dissertações e teses de programas de pós-graduação em administração, (G) mídia de
difusão (jornais e revistas) e (H) WEB Internet, e procura definir a prioridade de uso em
relação à fonte de pesquisa (P/F).
129
Tabela 12: Fontes para o trabalho de pesquisa em marketing dos pesquisadores brasileiros
Prioridade
1
o
2
o
3
o
4
o
5
o
6
o
7
o
8
o
Total/p*
%
Fontes % % % % % % % % n
A 15,4 3,9 11,8 10,2 14,6 27,1 8,5 6,4 48 (4,48) 12,2
B 9,6 25,5 13,7 22,4 14,6 - 12,8 2,1 50 (3,62) 12,7
C 11,5 35,3 27,5 6,1 12,5 - - 6,4 50 (3,00) 12,7
D 55,8 17,6 5,9 14,3 4,2 2,1 - 2,1 52 (2,08) 13,2
E 3,8 11,8 25,5 20,4 20,8 6,3 6,4 6,4 50 (4,12) 12,7
F - 2,0 9,8 22,4 14,6 29,2 8,5 12,8 48 (5,33) 12,2
G 1,9 2,0 - 2,0 4,2 14,6 31,9 42,6 47 (6,89) 12,0
H 1,9 2,0 5,9 2,0 14,6 20,8 31,9 21,3 48 (6,17) 12,2
TOTAL
100 100 100 100 100 100 100 100 393 100
Fonte: Pesquisa de campo 2008
*p = profundidade média
O resultado desse questionamento junto aos pesquisadores nacionais vem referendar
uma série de pontos já apresentados nesse trabalho, e considerados a seguir na confirmação da
hipótese central. A análise especifica da Tabela 12 apresenta algumas considerações
importantes quanto às fontes de pesquisa.
A principal fonte de pesquisa para a produção acadêmica brasileira de marketing,
segundo seus próprios agentes, são artigos científicos de publicação e autoria estrangeira. Em
uma ordem de escolha considerando oito alternativas tal fonte é considerada em primeiro
lugar por número superior a metade dos entrevistados. A ordem de preferência com relação às
outras fontes sugeridas vai decrescendo para a segunda opção, terceira opção, e assim
consecutivamente, determinando uma profundidade de 2,08 (quanto mais esse número se
aproxima de 1,00, mais ele será o prioritário na escolha dos acadêmicos).
A partir desse elemento de análise a Tabela 12 identifica que as outras escolha são na
ordem de preferência artigos científicos em revistas especializadas nacionais, livros
estrangeiros disponíveis, anais publicados em eventos nacionais, livros nacionais editados,
dissertações e teses de conclusão de mestrado e doutorado, rede mundial de computadores
(Internet) e por último, revistas e jornais, produtos da mídia de difusão.
Destaca-se uma tendência de importação de conhecimento para a produção acadêmica
brasileira de marketing. Se considerados o material diretamente vindo do exterior, livros e
revistas especializadas, o uso dessas fontes ultrapassa sessenta e cinco por cento (65%) de
consultas. Ainda pode-se inferir que as outras fontes têm forte influência estrangeira na sua
construção, o que aumenta a tendência de imitação da cultura importada.
130
A Tabela 13 indica o viés metodológico sobre o qual estão produzidas as pesquisas
acadêmicas nacionais, na própria percepção dos acadêmicos. Esse é mais um indicador de
produção importada, dado o fato de que o trabalho quantitativo, como já está ilustrado no
trabalho, parece carregar consigo maiores características desta importação.
Tabela 13: Natureza metodológica dos trabalhos de pesquisadores nacionais
Metodologia n
%
Quantitativo 20 37,8
Qualitativo 14 26,4
Ambos
19 35,8
TOTAL
53 100
Fonte: Pesquisa de campo 2008
Fica constatada em si a predominância da opção quantitativa, dado o maior número de
respondentes nessa alternativa, juntamente com os que declaram usar ambas as metodologias
(quantitativa e qualitativa). Contudo a soma de ambos com quantitativo fazem pesar mais a
tendência. Reforçam tal tendência ainda, as constatações da pesquisa apresentadas na seção
quatro, onde o viés quantitativo prevalece em quase todos os trabalhos, quais sejam, artigos
em revistas especializadas e anais de eventos nacionais da área.
Outro reforço das constatações das tabelas anteriores é o que se vislumbra na Tabela
14, quando se questiona da proporção de uso entre material estrangeiro e material nacional.
Esta segunda forma de perguntar qual a natureza das fontes se faz necessária na medida em
que a Tabela 12, apesar de constatar um maior uso de fontes estrangeiras, não declara
totalidade nessas fontes. Outro aspecto importante é uma declaração de uso no sentido da
proporção de pesquisa considerando material nacional versus material importado.
131
Tabela 14: Proporção de uso entre publicações nacionais e estrangeiras para pesquisa
Proporção nas publicações n
%
Exclusivamente internacionais - -
10 % nacional / 90 % internacional 16 31,4
30 % nacional / 70 % internacional 16 31,4
50 % cada 5 9,8
70 % nacional / 30 % internacional 7 13,7
90 % nacional / 10 % internacional 5 9,8
Exclusivamente nacionais 2 3,9
Outra relação
- -
TOTAL CIT.
51 100
Fonte: Pesquisa de campo 2008
uma relação de uso de publicações estrangeiras em uma ordem superior a oito
artigos estrangeiros a cada dois nacionais, considerando as somas da segunda opção (10 %
nacional / 90 % internacional) e da terceira opção (30 % nacional / 70 % internacional) e
ainda as outras opções dispostas para escolha.
Tabela 15: Há pensamento, teoria ou paradigma de marketing no Brasil atualmente?
Paradigma de marketing n
%
Não 33 62,2
Transacional 9 17,0
Relacional 8 15,1
Pós-moderno 1 1,9
Outro
2 3,8
TOTAL CIT.
53 100
Fonte: Pesquisa de campo 2008
Finalmente, para a avaliação do paradigma dominante, a Tabela 15 expressa a
inexistência de um paradigma preponderante na produção acadêmica brasileira em marketing.
Esta inexistência, por contradizer os resultados constatados anteriormente revela uma
diferença entre a produção na visão dos pesquisadores e a produção propriamente dita. Esse
ponto é tido como uma divergência se considerados dois aspectos. O primeiro diz respeito ao
momento atual da produção acadêmica brasileira em marketing, tendente a um paradigma em
especial, comparado com a existência de outros dois paradigmas, examinado no referencial
teórico apresentado. O segundo diz respeito a própria contagem dos artigos e livros
publicados no país e investigados nas fontes diversas, quais sejam, livros editados, revistas
132
nacionais especializadas em temas de administração, artigos publicados em anais de eventos
nacionais e teses e dissertações apresentadas aos programas de s-graduação existentes no
país.
Ainda paralelamente às fontes utilizadas de pesquisa, apresentam-se na Tabela 16,
que indica, entre as fontes nacionais, as mais utilizadas quando consideradas as revistas
cientificas nacionais editadas no país. A partir da identificação das revistas disponíveis, por
pesquisa exploratória, e também de uma seleção de outras após a pré-testagem do
questionário inicial, o questionário sugeriu treze opções de revistas e os resultados indicam
um ranking das mais utilizadas, conforme listagem abaixo:
1. RAE – Revista de Administração de Empresas
2. RAE – Eletrônica – Revista de Administração de Empresas Eletrônica
3. RAUSP – Revista de Administração da USP
4. RAC – Revista de Administração Contemporânea
5. RAC – Eletrônica - Revista de Administração Contemporânea Eletrônica
6. BAR – Business Administration Review
7. Gestão.Org
8. REAd – Revista Eletrônica de Administração
9. RAM - Revista de Administração do Mackenzie
10. Cadernos EBAPE.BR
11. O & S Organizações e Sociedade
12. Revista de Administração da UFLA - Organizações Rurais e Agroindustriais
13. RAP – Revista de Administração Pública
14. Outras revistas
133
Tabela 16: Ranking de uso das revistas cientificas especializadas nacionais
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 Total/*p
% % % % % % % % % % % % % % %
1 47,9 13,6 11,9 5,9 6,7 8,0 4,2 11,8 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 43 (2,40) 13,5
2 6,3 20,5 0,0 17,6 10,0 20,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 26 (3,46) 8,2
3 22,9 20,5 16,7 2,9 10,0 0,0 20,8
0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 36 (2,89) 11,3
4 8,3 20,5 35,7 5,9 10,0 8,0 8,3 0,0 7,7 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 38 (3,29) 11,9
5 2,1 13,6 0,0 11,8 20,0 12,0 4,2 5,9 15,4 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 24 (4,58) 7,5
6 0,0 0,0 2,4 11,8 13,3 12,0 16,7
17,6 0,0 16,7 0,0 0,0 0,0 0,0 21 (6,14) 6,6
7 0,0 0,0 9,5 5,9 10,0 12,0 8,3 11,8 15,4 16,7 0,0 0,0 0,0 0,0 20 (6,05) 6,3
8 6,3 0,0 2,4 23,5 3,3 16,0 4,2 11,8 15,4 8,3 0,0 11,1 0,0 0,0 24 (5,42) 7,5
9 0,0 0,0 7,1 2,9 10,0 4,0 25,0
11,8 23,1 8,3 18,2 0,0 0,0 0,0 22 (6,86) 6,9
10 4,2 2,3 9,5 0,0 3,3 0,0 4,2 11,8 7,7 25,0 18,2 11,1 0,0 0,0 18 (6,50) 5,6
11 0,0 4,5 0,0 0,0 3,3 8,0 0,0 0,0 0,0 16,7 36,4 22,2 14,3 0,0 14 (8,71) 4,4
12 0,0 2,3 0,0 5,9 0,0 0,0 0,0 11,8 0,0 0,0 18,2 44,4 28,6 0,0 13 (9,38) 4,1
13 0,0 0,0 4,8 5,9 0,0 0,0 4,2 0,0 15,4 8,3 9,1 11,1 57,1 0,0 14 (8,86) 4,4
14 2,1 2,3 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 5,9 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 100 6 (8,83) 1,9
T 319 100
Fonte: Pesquisa de campo 2008
*p = profundidade média
Dentro do grupo de revistas nacionais, fica destacada a importância especialmente de
três revistas, quais sejam a RAE (na versão impressa e eletrônica), a RAUSP e a RAC. No
caso das duas primeiras pode-se inferir a importância hisrica. As revistas selecionadas estão
ligadas aos programas de s-graduação pioneiros do país.
Quanto à indicação de prioridade, classificada na terceira posição está a RAC. Tal
classificação se deve à importância da RAC, na medida em que é editada pela ANPAD, a
Associação que congrega pesquisas e pesquisadores em administração todo o país.
A terceira parte do questionário, procurou identificar a característica editorial do
mercado brasileiro em marketing. Primeiramente essa identificação buscou averiguar os
autores e pesquisadores mais usados e reconhecidos, tanto no âmbito nacional, quanto
internacional. Após isso se fez uma identificação dos livros e artigos científicos de
importância para a academia brasileira de marketing, também considerando publicações
internacionais e nacionais nessa seleção.
Finalmente, de forma adicional, o questionário investigou a importância para os
cursos de pós-graduação em todo o país para os entrevistados. As respostas encaminharam
para a seleção prioritária dos cursos citados a partir de sua ordem de importância na academia
brasileira de marketing.
Quanto aos autores em nível global, a lista a seguir indica todos os autores citados,
independente de seu grau de importância para os entrevistados. Uma tabela de sua
134
importância também é produzida e devido às suas dimensões consta em Anexo (02) ao final
deste trabalho.
1
David Aaker
48
Jonh Hauser
2
Aijen S.
49
Kevin Keller
3
Alan Andreasen
50
Klaus Grunert
4
Gary Armstrong
51
Massaki Kotabe
5
Berend Wierenga
52
Philip Kotler
6
Berry Berman
53
David L. Kurtz
7
Bert Rosembloom
54
Lars Perner
8
James Bettman
55
Christopher Lovelock
9
Alfred A. Bolton
56
Naresh Malhotra
10
Tonya Boone
57
Mark C. Green
11
Stephen Brown
58
Mary Jô Bitner
12
Philip R. Cateora
59
Grant McCracken
13
Chris Janizkewski
60
Michael J. Baker
14
Christian Gronroos
61
Michael Porter
15
Christine Moorman
62
Michael Saren
16
Gilbert Churchill
63
Nikhilesh Dholakia
17
Claes Fornell
64
Richard Oliver
18
Bernard Cova
65
A. Parasuraman
19
Craig Thompson
66
Paul Peter
20
Mary Cronin
67
Pradeep Chintagunta
21
Dan Reibstein
68
Richard P. Bagozzi
22
Daniel Miller
69
Robert Kosinets
23
Debby Macinnis
70
Robert Morgan
24
Wayne DeSarbo
71
Robin Weitz
25
Dhruv Grewal
72
Robin Wensley
26
Diamantopoulos
73
Russel Belk
27
Donald Lehmann
74
Roland Rust
28
Elizabeth Hirschman
75
Andrea Semprini
29
Richard Elliot
76
Shelby Hunt
30
James Engel
77
Steven M. Shugan
31
Eric Arnould
78
Steenkamp
32
Timothy Fitzmom
79
Louis W. Stern
33
Frederick E. Webster
80
Valerie Folkies
34
Fuat Firat
81
Wagner Kamakura
35
George Day
82
Willian L. Wilkie
36
Gerald Zaltman
83
Wim Verbeke
37
Gerry Tellis
84
Jochen Wirtz
38
A. C. Giuliani
85
Yagdish Sheth
39
Evert Gummesson
86
Valarie Zeithaml
40
Sharma Gupta
87
Michael R. Solomon
41
Morris Holbrook
88
Nigel Pierce
135
42
Jacques Lanbim
89
Sidney Levy
43
James Bettman
90
Ajay K. Kholi
44
Jan-Benedict Steenkamp
91
Bernard J. Javorski
45
Joan Meyrs-Levy
92
Jagdip Singh
46
Joel Kapferer
93
Elizabeth Fournier
47
Johan Arndt
Considerando a lista acima na ordem em que foram citados, destacam-se entre os
cinco mais importantes, na percepção dos professores entrevistados: (1) Shelby Hunt, com 13
citações; (2) Philip Kotler, com 11 citações; (3) David Aaker; (4) Christian Gronroos; e (5)
Richard Oliver, sendo os três últimos com 8 citações cada. A presença do Professor Shelby
Hunt na posição de mais indicado, deve-se ao fato do impacto que suas obras, especialmente
Marketing Theorytêm causado, mas a indicação de Kotler imediatamente após, reforça a
tendência transacional, especialmente se relacionada com a importância de sua obra
Administração de Marketing” para os respondentes, indicada a seguir nesse trabalho.
Quanto aos autores/pesquisadores em nível nacional, a lista a seguir indica todos os
autores/pesquisadores citados, ordenados sem consideração de grau de importância para os
entrevistados. Uma tabela de sua importância também é produzida e devido às suas dimensões
consta como Anexo (03) no final desse trabalho.
1
(20) Alexandre Faria
2
(14) Ana Ikeda
3
(26) André Leão
4
( 3 ) André Urdan
5
(14) Ângela da Rocha
6
(26) Carlos Alberto Gonçalves
7
( 1 ) Carlos Rossi
8
(20) Cid Gonçalves
9
(26) Claudia Acevedo
10
(26)
Cláudio Hoffman Sampaio
11
(26) Clóvis Machado
12
(26) Cristiane Pizzutti
13
(26) Décio Zylberstajn
14
(20) Eduardo Ayrosa
15
(26) Eduardo Spers
16
(26) Everardo Rocha
17
(12) Fauze Najib Mattar
18
(26) Fernando da Rosa
19
( 6 ) Fernando Luce
20
(20) Flávio Urdan
136
21
(26) Francisco Aranha
22
(26)
Francisco Madia de Souza
23
(26) Francisco Vieira
24
( 8 ) Geraldo Luciano Toledo
25
(26) Giuliani A. C.
26
(26) Gouvêa de Souza
27
( 2 ) José Afonso Mazzon
28
(14) José Mauro Hernandez
29
(10) Juracy Parente
30
(26) Letícia Casotti
31
(10) Luiz Antonio Slongo
32
(14) Marcelo Perin
33
( 9 ) Marcos Cobra
34
( 5 )
Marcos Cortez Campomar
35
(12) Marcos Fava Neves
36
(26) Mauro Calixta Tavares
37
(20) Nadia Pizzinato
38
(26) Osvaldo Farah
39
( 4 ) Paulo Prado
40
(14) Renato Marchetti
41
(14) Rubens da Costa Santos
42
(26) Salomão Farias
43
( 6 ) Sérgio Becio de Mello
44
(26) Tarcisio Afonso
45
(26) Wagner Kamamura
46
(20) Walter Meucci Nique
Considerando a lista acima, as indicações feitas a cada um dos professores estão
apontadas entre parentes, considerando a prioridade de classificação em ranking de cada um
dos apontados. Tal classificação se fez pelo fato de serem os próprios respondentes constantes
desta lista, e considerou-se importante apontar todas as citações que ocorreram.
Quanto aos principais livros editados no Brasil, de autoria nacional ou estrangeira, a
lista a seguir indica todas as obras citadas, sem ordenação segundo seu grau de importância
para os entrevistados. Uma tabela de grau de importância de cada obra também é produzida e
devido às suas dimensões consta como Anexo (04) no final desse trabalho.
1
AAker. Marcas: Brand equity gerenciando o valor da marca
2
Aaker. Pesquisa de Marketing
3
AlRies & Jack Trout, Marketing de Guerra
137
4
Baker. Administração de marketing
5
Berkowitz et. Al. Marketing
6
Boyd, Harper W.; Westfall, Ralph. Pesquisa Mercadológica
7
Bruce Newman, Jagdish Sheth, Banwari Mital. Comportamento do cliente
8
C. K. Prahalad. A Riqueza na base da pirâmide
9
Churchil e Peter. Marketing – criando valor para os clientes
10
COBRA, M. Administração de marketing no Brasil
11
Cobra. Marketing Básico
12
Coughlan. Canais de Marketing
13
Engel, Blackwell, Miniard. Comportamento do Consumidor
14
Evert Gummesson. Marketing de relacionamento total
15
Fauze Mattar. Pesquisa de Marketing
16
FERRE, O. C. e HARTLINE, M. Estratégia de marketing
17
Grahan H., Saunders, J. e Piercy N. Marketing estratégico e posicionamento competitivo
18
Gronroos, Jan Carlzon Engel
19
Gronroos. Marketing de serviços
20
Henry Mintzberg. Safári da Estratégia
21
Jean-Jacques Lambin. Marketing estrategico
22
Joseph F. Hair et al.Análise Multivariada de Dados
23
Kotabe. Marketing Global
24
Kotler e Armstrong. Princípios de Marketing
25
Kotler, P.; Keller, Kevin. Administração de Marketing
26
Lars Perner. Consumer Behavior: The psychology of marketing
27
Levitt, T. A Imaginão de Marketing
28
Lovelock e Wirtz. Marketing de serviços
29
Malhorta. Pesquisa de marketing
30
Marcos Fava Neves. Planejamento e Gestão Estratégica de Marketing
31
Mauro Calixta Tavares. A Força da marca
32
MCarthy, E Jerome. Marketing Básico
33
Naresh Malhotra. Pesquisa de Marketing
34
Peter Drucker. A Prática da Administração
35
Polia Lerner Hambúrguer. Mercadologia
36
PORTER, M. Estratégia competitiva
37
Porter. Vantagem Competitiva
38
Professores da FGV. Administração mercadogica
39
Raimar Richers. Surfando nas ondas do mercado
40
Raimar. Gestão de Marketing
41
Richard Oliver. A Behavioral Perspective on The Satisfaction
42
Richers, Raimar. O que é Marketing
43
Richers. Marketing: Uma visão brasileira
44
Schewe & Smith.Administração de Marketing
45
Schippman, Kanuk. Comportamento do consumidor
46
Solomon. Comportamento do consumidor
47
Stanton. Administração de Marketing
48
Tom Peters. Em busca do Uau
49
Urdan e Urdan. Gestão do composto de marketing
138
50
Zeithaml et al. Marketing de servos
51
Day. A empresa voltada para o mercado
52
Rust, Zeithaml e Lemon. O valor do cliente
Considerando a lista acima, destacam-se entre os cinco livros mais importantes, pelo
critério de citações, na percepção dos professores entrevistados: (1) Administração de
Marketing, de Kotler, com 33 citações; (2) Comportamento do Consumidor, de Engel,
Blackwell e Miniard, com 8 citações; (3) Marketing: Uma visão brasileira, de Richers, com 6
citações; (4) Marketing de Serviços; e (5) Marketing: Criando valor para os clientes, de Peter
e Churchill, ambos com 5 citações cada.
Quanto aos principais artigos científicos, publicados ou disponíveis no Brasil, de
autoria nacional ou estrangeira, uma lista apresentada como Anexo (05) do trabalho, devido
suas dimensões, indica todos os artigos científicos citados, sem ordenação segundo seu grau
de importância para os entrevistados. Uma tabela de grau de importância de cada artigo
cienfico também é produzida e devido às suas dimensões consta como Anexo (06) no final
desse trabalho.
Finalmente, a Tabela 17 a seguir, apresenta em ordem de citação as instituições de
ensino superior com programas de pós-graduação em todo o Brasil. Por queses
dimensionais a tabela está numerada na identificação dos programas, seguindo a lista indicada
abaixo:
1. COPPEAD – Universidade Federal do Rio de Janeiro
2. ESPM – Escola Superior de Propaganda e Marketing
3. UNISTÁCIO Universidade Estácio de Sá
4. FBV Faculdade Boa Viagem
5. EAESP/FGV – Escola de Administração de Empresas de São Paulo
6. EBAPE/FGV – Escola de Administração Pública e de Empresas
7. Fundação Pedro Leopoldo
8. IBMEC – RJ
9. UPM – Universidade Presbiteriana Mackenzie
10. PUC/PR Pontifícia Universidade Católica – Paraná
11. PUC/RJ – Pontifícia Universidade Católica – Rio de Janeiro
139
12. PUC/RS Pontifícia Universidade Católica – Rio Grande do Sul
13. UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais
14. UFPE – Universidade Federal de Pernambuco
15. UFPR – Universidade Federal do Paraná
16. UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul
17. UNIMEP – Universidade Metodista de Piracicaba
18. UNINOVE – Universidade Nove de Julho
19. USP – Universidade de o Paulo
20. USP/RP – Universidade de São Paulo/Ribeirão Preto
Tabela 17: Instituições de Ensino Superior com Programas de Pós-Graduação no Brasil
IES 1 % 2 % 3 % 4 % 5 % 6 % Total %
1 1 2,0 7 15,2 4 9,3 3 12,0 - - - - 15 (2,60) 8,3
2 2 4,1 2 4,3 2 4,7 1 4,0 - - - - 7 (2,29) 3,9
3 - - - - 1 2,3 - - - - - - 1 (3,00) 0,6
4 - - - - - - 1 4,0 1 7,1 - - 2 (4,50) 1,1
5 13 26,5 8 17,4 6 14,0 3 12,0 1 7,1 - - 31 (2,06) 17,2
6 1 2,0 2 4,3 1 2,3 1 4,0 - - - - 5 (2,40) 2,8
7 - - - - - - 1 4,0 - - - - 1 (4,00) 0,6
8 - - - - - - 1 4,0 - - - - 1 (4,00) 0,6
9 1 2,0 - - 1 2,3 2 8,0 - - - - 4 (3,00) 2,2
10 - - - - - - - - 2 14,3 - - 2 (5,00) 1,1
11 - - 1 2,2 1 2,3 - - - - - - 2 (2,50) 1,1
12 - - - - - - - - 1 7,1 2 66,7 3 (5,67) 1,7
13 - - - - 3 7,0 4 16,0 1 7,1 1 33,3 9 (4,00) 5,0
14 1 2,0 3 6,5 3 7,0 1 4,0 3 21,4 - - 11 (3,18) 6,1
15 1 2,0 1 2,2 3 7,0 - - - - - - 5 (2,40) 2,8
16 16 32,7 9 19,6 8 18,6 5 20,0 - 7,1 - - 39 (2,13) 21,7
17 - - - - - - - - - 7,1 - - 1 (5,00) 0,6
18 - - - - - - 1 4,0 - 7,1 - - 2 (4,50) 1,1
19 13 26,5 12 26,1 10 23,3 1 4,0 - 14,3 - - 38 (2,13) 21,1
20 - - 1 2,2 - - - - - - - - 1 (2,00) 0,6
TOTAL CIT.
49 46 43 25 14 3 180 100
Fonte: Pesquisa de campo 2008
Das instituões citadas, as mais importantes de acordo com os entrevistados, pelo
critério de citações, são a UFRGS, a USP, a EAESP/FGV, a COPPEAD da UFRJ e a UFPE.
Esta escolha vem corroborar a seleção de teses e dissertações estabelecida e analisada no
conteúdo desse trabalho, e demonstrada na seção 4.
Essas instituições de ensino superior são as mais lembradas, por conta de história de
produção acadêmica, presença de docentes e projeção nacional. A UFPE se destaca entre elas
por adotar uma posição de vanguarda das discussões que propõe e especialmente por seus
pesquisadores. O professor Benicio de Mello, mesmo estando em uma instituição fora do eixo
140
mais evidente dado a sua produção distinta com relação ao mainstream da produção nacional.
Na USP, estão os pesquisadores que mais produzem e seu programa é especialmente
procurado por acadêmicos de todo pais. Juntamente com UFRGS e EAESP/SP compõem
parte importante na formação hisrica da produção acadêmica brasileira do marketing.
141
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A produção acadêmica brasileira de marketing, desde alguns anos, tem sido tema de
pesquisa e investigação, a partir de diversos trabalhos produzidos pela academia,
especialmente se considerados pesquisadores que atuam nos programas de pós-graduação em
nível stricto sensu no país. Esta preocupação se dá, fundamentalmente, com o objetivo de dar
um entendimento mais adequado ao fenômeno de marketing no Brasil, no que diz respeito a
identidade, originalidade e efetividade.
Este trabalho, a partir da proposta de um maior entendimento do próprio fenômeno de
marketing, buscou replicar os trabalhos citados, e considerando um corte longitudinal bem
maior, estudou a produção acadêmica brasileira de marketing, através da utilização de uma
pesquisa historiográfica. O método escolhido possibilitou a construção da hipótese central de
que a produção acadêmica brasileira de marketing segue tendências orientadas pelos
paradigmas transacional, relacional e pós- moderno, assumindo tal modelo como importado
de produção estrangeira, especialmente americana, mas também européia.
O trabalho atingiu os objetivos a que se propôs, primeiramente por ter identificado a
produção acadêmica brasileira de marketing, a partir de um olhar ao longo da historia, e
respondido, pelos resultados alcançados, os questionamentos sobre identidade, originalidade e
efetividade da produção nacional ao longo dos últimos 54 anos. Além disso, ainda expõe
resultados que identificam ambiente, perfil de pesquisadores, aspectos qualitativos e
quantitativos e a influência dos paradigmas recorrentes na produção acadêmica brasileira de
marketing.
Abaixo o trabalho apresenta e discute os seus principais resultados procurando com
isso relacioná-los com a solução de problema proposto e permitir a reflexão baseados nas
considerações da hipótese central estabelecida.
de fato uma produção acadêmica de marketing que possa ser considerada
brasileira. Contudo essa propriedade nacional se reflete muito mais pelo volume de
conhecimento que foi manipulado, sistematizado e usado para análise dos mais diversos temas
propostos, do que pela originalidade de sua construção teórica. Consideradas origens e
contextos, o marketing brasileiro é uma replicação pouco adaptada do que se estudou
142
globalmente, a partir do paradigma transacional, especialmente, mas ainda, dos paradigmas
relacional e pós-moderno.
A forte influência do paradigma transacional no marketing brasileiro tem uma origem
histórica, acadêmica e estrutural, dados os acontecimentos que formataram a entrada dos
primeiros componentes formadores do fenômeno.
Historicamente, o desenvolvimento do ensino e da pratica do marketing foi em
decorrência da iniciativa americana em propagar sua influência política e econômica ao redor
do mundo no período de s-guerra, pelo desenvolvimento de um plano de expansão
chamado Ponto IV. No Brasil, a proposta americana teve guarida do próprio governo federal,
que por sua vez, esperava especializar seus técnicos e burocratas, em busca de contemplar um
plano de desenvolvimento econômico nacional de caráter “autônomo”.
Outro elemento histórico que atuou na formação original do marketing nacional foi a
fundação das primeiras que instituições de ensino superior no país. A USP, a ESPM e
especialmente a EAESP/FGV. Para possibilitar a obtenção de um volume inicial de
conhecimento, admitiu em seus quadros de docência, diversos professores de instituições de
ensino e negócios dos Estados Unidos, dentre elas a Michigan States University MSU e o
Massachusetts Institute of Technology – MIT.
Com o crescimento das organizações no país, e uma nova proposta estabelecida pelo
governo federal como de desenvolvimento “associado”, a produção acadêmica brasileira de
marketing foi sendo construída e a associação com a importação de conhecimento se
consolidando. Os primeiros livros editados e as primeiras pesquisas acadêmicas sobre o tema
de marketing, publicadas nas revistas acadêmicas especializadas da época, ou tiveram a co-
autoria de pesquisadores americanos ou replicavam quase que integralmente os postulados
teóricos importados daquele país.
Considerando, aliás, a trajetória editorial do país, observa-se que a grande maioria das
obras, especialmente as utilizadas como fonte de pesquisa e ensino superior, tem a marca do
paradigma transacional, dito também como “gerencialista”. O principal ícone do paradigma
transacional é o livro “Administração de Marketing” editado pela primeira vez em 1967 nos
Estados Unidos. No Brasil, a obra e o autor ainda são os mais influentes, como foi destacado
no referencial teórico e corroborado pelo resultado de pesquisa de campo junto aos
professores que atuam na área n o Brasil.
143
Além dos livros editados, outras fontes de ensino e pesquisa são bastante importantes
para confirmar as características da produção acadêmica brasileira de marketing. Um número
superior a mil e setecentos (1700) trabalhos, completos ou em forma de artigos científicos, foi
analisado quanto ao viés metodológico, o paradigma regente de sua construção e os temas
selecionados em seu conteúdo. A maioria significativa dessa produção são trabalhos
quantitativos, baseados em postulados teóricos transacionais e cumprindo uma agenda
temática orientada por interesses de pesquisas globais, especialmente recorrentes em agendas
de pesquisa americanas.
Quando o trabalho procurou identificar o perfil do pesquisador brasileiro em linhas de
marketing, identificou docentes, professores doutores em marketing ou áreas afins, de
formação efetivada, há no máximo vinte anos atrás. Contudo, ao identificar as fontes de
pesquisa utilizadas por tais professores, concluiu que as fontes ainda são de origem
estrangeira, em níveis superiores a oitenta por cento (80%) e que seus trabalhos seguem uma
perspectiva de abordagem transacional, concentrados em temas adequados ao mainstream da
agenda de pesquisa já destacada logo acima.
a identificação de pesquisas nacionais a partir de outros paradigmas, mas elas
também são produto de influências autorais importadas. A forte lembrança na academia
nacional, de nomes como o do Professor Shelby Hunt e Stephen Brown, mais reduzidamente,
além de identificar a inflncia estrangeira, indica passos iniciais de pesquisas e iniciativas
organizacionais em outra direção teórica, que não a adotada no último meio século.
No que diz respeito a uma conclusão direta e objetiva, vale apontar que existe uma
produção acadêmica brasileira de marketing, mas tal produção caminha na direção de
confirmar a hipótese levantada por esse trabalho. Sobre nosso volume de conhecimento,
uma influência importada dominante, especialmente do paradigma transacional, muito embora
com marcas sentidas do paradigma relacional e também pós-moderno.
As principais implicações dessa conclusão indicam que nossa produção acadêmica em
marketing precisa estabelecer elementos que a fortaleçam e a qualifiquem. Caso não se
estabeleça esse salto de identidade e qualificação, a produção corre o risco de se manter
volumosa, contudo inerte a geração de novos conhecimentos e sem uso dela como fonte para
pesquisas futuras.
144
Outra implicação importante é a influência persistente de uma mesma abordagem de
pesquisa. A alteração desse quadro, no sentido de pesquisar, entender e aplicar novas
abordagens, não é necessária para modernizar nossa produção, como para adequar nossa
academia e organizações a uma tendência mundial, cada vez mais crescente.
Este estudo que se conclui, procurou em primeiro lugar apresentar a pesquisa
historiográfica como um bom instrumento de análise e reconhecimento de fenômenos. Uma
pesquisa histórica de tamanho adequado, em seu volume de pesquisa, e com contextualização
válida, possibilita cruzamentos de análises capazes de confirmar tendências e
comportamentos, que podem ser generalizados e aplicados em pesquisas futuras, capacitando-
os com qualidade e fundamentação.
O trabalho também abre uma perspectiva de pesquisa dentro do amplo espaço de
produção acadêmica brasileira de marketing. Nesse sentido, sugere novas pesquisas e
abordagens relacionadas a interação da produção com outras disciplinas, aos fatores de
envolvimento dos pesquisadores com fontes nacionais e importadas, aos reflexos que uma
produção como a brasileira pode transmitir as organizações e as possibilidades de qualificação
da produção nacional a partir de generalização de recortes históricos anteriores.
Este trabalho atendeu as expectativas de seu autor, atingindo os objetivos aos quais se
propôs, mas reconhece como limites o curto tempo de pesquisa e análise de todo material
recolhido, a dificuldade de disponibilidade desse material, especialmente em seus teores
completos e a limitação de análises no que diz respeito a ferramentas utilizadas e resultados
apresentados.
Um futuro envolvimento em pesquisas dessa natureza pode colaborar com os meios
cienficos de formação de conhecimento, possibilitando na seqüência a construção de um
arcabouço teórico brasileiro de marketing, mais consistente na propriedade e mais adequado a
cultura e organização nacional.
145
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151
ANEXOS
ANEXO 1 – Questionário de Perfil de Pesquisadores e Temas de Pesquisa em Marketing
no Brasil
ANEXO 2 – Principais pesquisadores de marketing no mundo na atualidade
ANEXO 3 - Principais pesquisadores de marketing no Brasil na atualidade
ANEXO 4 - Principais livros editados no Brasil
ANEXO 5 – Principais artigos no Brasil
152
Anexo 01
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO – PPA
Universidade Estadual de Maringá – UEM & Universidade Estadual de Londrina – UEL
Centros de Ciências Sociais Aplicadas - Departamentos de Administração
Av. Colombo, 5.790 – Zona 07 – 87020-900 – Maringá – PR
Fone: (44) 3261-4976
Perfil de Pesquisadores e Temas de Pesquisa em Marketing no Brasil
Prezado professor/pesquisador de marketing, este questionário faz parte de um projeto de pesquisa de dissertação de
mestrado do Programa de s-Graduação em Administração, consórcio UEM/UEL, o qual busca identificar a existência e
descrever a formação de um pensamento brasileiro de marketing, de suas origens até os dias atuais. As perguntas abaixo
relacionadas compõem esse esforço de pesquisa e têm como objetivo a definição do perfil dos pesquisadores brasileiros, bem
como quais os temas e fontes de suas pesquisas são mais freqüentes. Nas questões que oferecerem mais de uma alternativa
de respostas, por gentileza responda quantas forem cabíveis.
I – PERFIL FORMACIONAL:
1 – Qual a sua área de graduação e ano de conclusão:
2 – Qual a sua área de doutoramento e ano de conclusão:
3 – Quais os locais em que você exerce sua atividade?
1. ( ) Instituição pública de ensino superior
2. ( ) Instituição privada de ensino superior
3. ( ) Empresa pública
4. ( ) Empresa privada
4 - Quais as atividades que você exerce?
1. ( ) Ensino
2. ( ) Pesquisa
3. ( ) Extensão universitária
4. ( ) Consultoria empresarial
II – TEMAS DE ESTUDOS E ASPECTOS DE PTICAS DE MARKETING
5 Aponte, dentre os temas propostos abaixo, os que você mais pesquisa pessoalmente (1), os que
você considera serem mais estudados mundialmente (2) e os que você considera serem objeto de maior
prática no meio empresarial (3).
Temas de marketing 1 2 3
01. Canais de marketing, distribuição e logística (fluxos e intermediários do canal)
02. Comportamento do consumidor
03. Comunicação de marketing (processos e formas)
04. Competências e aprendizado em marketing
05. Tomada de decisão em marketing
06. Política de preços e precificação
07. Estratégias de marketing
08. Impactos do marketing no valor das empresas
09. Inovação de produtos e serviços
10. Marcas (valor, imagem, processos)
11. Marketing internacional e integração de mercados
12. Segmentação de mercados
13. Serviços (processos, satisfação, qualidade)
14. Lealdade de clientes
15. Marketing na academia (educação e pesquisa em marketing)
16. Tecnologia da informação e marketing
17. Conceitos e aplicações especificas de marketing
153
18. História de marketing
19. Marketing de relacionamento e CRM
20. Marketing na Internet (e-commerce, e-tailing)
21. Marketing Social (corporativo, de causas sociais, responsabilidade social)
22. Outros temas especifique:
6 – Ordene, em ordem de preferência, de 1 a 8, as principais fontes de referência para seus trabalhos?
A ( ) Livros
B ( ) Livros estrangeiros
C ( ) Artigos científicos em revistas especializadas
D ( ) Artigos científicos em revistas especializadas estrangeiras
C ( ) Anais de eventos nacionais
D ( ) Dissertações e teses
E ( ) Mídia de difusão (jornais e revistas)
F ( ) WEB Internet
7 – Relacione, segundo sua visão, até cinco principais pesquisadores de marketing do mundo na
atualidade:
R.: ___________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________
8 – Relacione, segundo sua visão, até cinco principais pesquisadores de marketing do Brasil na
atualidade.
R.: ___________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________
9 – Qual a natureza (viés metodológico) dos trabalhos que produz atualmente?
1. ( ) Quantitativo 2. ( ) Qualitativo 3. ( ) Ambos
10 – Qual a relação percentual estimada de uso entre publicações nacionais x internacionais nos
trabalhos que desenvolve?
2. ( ) Exclusivamente internacionais
3. ( ) até 10% nacionais e 90% internacionais
4. ( ) até 30% nacionais e 70% internacionais
5. ( ) 50% de cada
6. ( ) até 70% nacionais e 30% internacionais
7. ( ) até 90% nacionais e 10% internacionais
8. ( ) Exclusivamente nacionais
9. ( ) outra relação – especifique: _____________________________________
11 – Quais as revistas nacionais da área que utiliza atualmente para suas pesquisas (responda por meio
de um ranking da 1ª. até a “n” mais usada) ?
1. ( ) RAE
2. ( ) RAE - Eletrônica
3. ( ) RAUSP
4. ( ) RAC
5. ( ) RAC – Eletrônica
6. ( ) BAR
7. ( ) Gestão.org
8. ( ) REAd
154
9. ( ) Revista Mackenzie
10. ( ) Cadernos EBAPE.BR
11. ( ) O & S
12. ( ) Revista de Adm. da UFLA - Organizações Rurais e Agroindustriais
13. ( ) RAP
14. ( ) Outras – especifique: ____________________________________
12 – Segundo seu ponto de vista, há um pensamento, teoria, ou paradigma de marketing predominante
no Brasil atualmente?
1. ( ) Não
2. ( ) Sim, Transacional.
3. ( ) Sim, Relacional
4. ( ) Sim, Pós-moderno
5. ( ) Sim, outro – especifique:
III – Aspectos Editoriais de Marketing no Mercado Brasileiro
13 - Cite até cinco principais livros editados no Brasil, de autores estrangeiros ou nacionais, que
influenciaram na forma de se pensar e/ou praticar marketing no Brasil:
R.: ___________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________
14 - Cite até cinco principais artigos científicos, publicados em periódicos ou anais de congressos no
Brasil, de autores estrangeiros ou nacionais, que influenciaram na forma de se pensar e/ou praticar
marketing no Brasil:
R.: ___________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________
15 Quais as principais escolas, com programas de pós-graduação em administração no Brasil, para a
discussão de marketing no Brasil?
R.: ___________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________
155
Tabela Anexa 02: Principais pesquisadores de marketing no
mundo na atualidade
PiM 1 n 2 n 3 n 4 n 5 n 6 n 7 n 8 n T N
1 1
2,3
2
4,8
2
4,9
0
0
3
11,1
0
0
0
0
0
0
8 (3,25) 4
2 0
0
0
0
1
2,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (3,00) 0,5
3 0
0
0
0
1
2,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (3,00) 0,5
4 0
0
2
4,8
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
2 (2,00) 1
5 0
0
0
0
0
0
1
2,9
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (4,00) 0,5
6 0
0
1
2,4
0
0
1
2,9
0
0
0
0
0
0
0
0
2 (3,00) 1
7 0
0
0
0
1
2,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (3,00) 0,5
8 0
0
1
2,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (2,00) 0,5
9 0
0
0
0
0
0
0
0
1
3,7
0
0
0
0
0
0
1 (5,00) 0,5
10 0
0
0
0
1
2,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (3,00) 0,5
11 1
2,3
1
2,4
0
0
1
2,9
1
3,7
0
0
0
0
0
0
4 (3,00) 2
12 0
0
0
0
0
0
0
0
1
3,7
0
0
0
0
0
0
1 (5,00) 0,5
13 0
0
0
0
1
2,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (3,00) 0,5
14 5
11,4
0
0
0
0
1
2,9
2
7,4
0
0
0
0
0
0
8 (2,38) 4
15 0
0
1
2,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (2,00) 0,5
16 1
2,3
0
0
0
0
0
0
0
0
2
28,6
0
0
0
0
3 (4,33) 1,5
17 1
2,3
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (1,00) 0,5
18 0
0
1
2,4
1
2,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
2 (2,50) 1
19 0
0
1
2,4
1
2,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
2 (2,50) 1
20 0
0
0
0
1
2,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (3,00) 0,5
21 0
0
1
2,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (2,00) 0,5
22 0
0
0
0
1
2,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (3,00) 0,5
23 0
0
1
2,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (2,00) 0,5
24 0
0
0
0
0
0
1
2,9
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (4,00) 0,5
25 0
0
0
0
0
0
1
2,9
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (4,00) 0,5
26 0
0
1
2,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (2,00) 0,5
27 0
0
0
0
1
2,4
0
0
1
3,7
0
0
0
0
0
0
2 (4,00) 1
28 0
0
0
0
0
0
2
5,7
0
0
0
0
0
0
0
0
2 (4,00) 1
29 0
0
0
0
0
0
1
2,9
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (4,00) 0,5
30 0
0
0
0
0
0
0
0
1
3,7
0
0
0
0
0
0
1 (5,00) 0,5
31 0
0
1
2,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (2,00) 0,5
32 0
0
0
0
0
0
1
2,9
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (4,00) 0,5
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0
0
0
1
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0
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0
0
0
0
0
0
0
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0
0
0
0
0
0
1
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0
0
0
0
0
0
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2
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1
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0
0
0
0
0
0
0
0
0
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0
1
2,4
0
0
1
2,9
0
0
0
0
0
0
0
0
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0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
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0
0
0
0
0
1
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0
0
0
0
0
0
0
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0
1
2,4
1
2,4
0
0
0
0
1
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1
50
0
0
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40 0
0
0
0
1
2,4
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0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (3,00) 0,5
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0
1
2,4
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7,3
1
2,9
1
3,7
0
0
0
0
0
0
6 (3,33) 3
42 0
0
1
2,4
0
0
2
5,7
0
0
0
0
0
0
0
0
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0
0
0
0
0
1
2,9
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0
0
0
0
0
0
0
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0
0
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0
0
1
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0
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0
0
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0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (2,00) 0,5
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1
2,4
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2,4
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0
0
0
0
0
0
0
0
0
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0
0
0
0
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1
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0
0
0
0
0
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0
0
0
0
0
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0
0
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0
2
4,8
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2,4
0
0
1
3,7
0
0
0
0
0
0
4 (3,00) 2
156
PiM 1 n 2 n 3 n 4 n 5 n 6 n 7 n 8 n T N
50 0
0
1
2,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (2,00) 0,5
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0
0
0
0
0
1
2,9
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (4,00) 0,5
52 9
20,5
0
0
1
2,4
0
0
1
3,7
0
0
0
0
0
0
11 1,55) 5,6
53 0
0
0
0
0
0
1
2,9
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0
0
0
0
0
0
0
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0
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0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (3,00) 0,5
55 0
0
1
2,4
1
2,4
1
2,9
0
0
0
0
0
0
0
0
3 (3,00) 1,5
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0
0
0
0
0
2
5,7
1
3,7
0
0
0
0
0
0
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0
0
0
0
0
1
2,9
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0
0
0
0
0
0
0
1 (4,00) 0,5
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0
1
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2,4
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0
0
0
0
0
0
0
0
0
2 (2,50) 1
59 1
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0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
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0
0
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0
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0
0
0
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0
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0
0
0
0
0
0
0
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0
1
2,4
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0
0
0
0
0
0
0
0
0
2 (2,00) 1
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0
0
0
0
0
0
0
0
1
14,3
0
0
0
0
1 (6,00) 0,5
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9,1
1
2,4
1
2,4
0
0
2
7,4
0
0
0
0
0
0
8 (2,38) 4
65 0
0
3
7,1
2
4,9
0
0
0
0
1
14,3
0
0
0
0
6 (3,00) 3
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0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
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0
0
0
0
0
1
2,9
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0
0
0
0
0
0
0
1 (4,00) 0,5
68 1
2,3
0
0
0
0
1
2,9
1
3,7
0
0
0
0
0
0
3 (3,33) 1,5
69 0
0
0
0
0
0
2
5,7
0
0
0
0
0
0
0
0
2 (4,00) 1
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0
1
2,4
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0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (2,00) 0,5
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0
0
0
0
0
0
1
3,7
0
0
0
0
0
0
1 (5,00) 0,5
72 0
0
1
2,4
0
0
0
0
1
3,7
0
0
0
0
0
0
2 (3,50) 1
73 2
4,5
0
0
1
2,4
1
2,9
0
0
0
0
0
0
0
0
4 (2,25) 2
74 2
4,5
1
2,4
1
2,4
1
2,9
0
0
0
0
0
0
0
0
5 (2,20) 2,5
75 0
0
1
2,4
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0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (2,00) 0,5
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11,4
2
4,8
3
7,3
3
8,6
0
0
0
0
0
0
0
0
13 (2,31) 6,6
77 0
0
0
0
0
0
1
2,9
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (4,00) 0,5
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0
0
0
1
2,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (3,00) 0,5
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0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0 (-) 0
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0
0
0
1
2,4
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0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (3,00) 0,5
81 1
2,3
0
0
0
0
0
0
1
3,7
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0
0
0
0
0
2 (3,00) 1
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0
0
0
0
0
1
2,9
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0
0
0
0
0
0
0
1 (4,00) 0,5
83 1
2,3
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (1,00) 0,5
84 0
0
0
0
0
0
0
0
1
3,7
0
0
0
0
0
0
1 (5,00) 0,5
85 2
4,5
1
2,4
1
2,4
2
5,7
0
0
0
0
0
0
0
0
6 (2,50) 3
86 3
6,8
3
7,1
1
2,4
0
0
0
0
1
14,3
0
0
0
0
8 (2,25) 4
87 0
0
0
0
0
0
0
0
1
3,7
0
0
0
0
0
0
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88 0
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1
2,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (2,00) 0,5
89 0
0
0
0
1
2,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (3,00) 0,5
90 0
0
0
0
0
0
0
0
1
3,7
0
0
0
0
0
0
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0
0
0
0
0
0
0
0
0
1
14,3
0
0
0
0
1 (6,00) 0,5
92 0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0 (-) 0
93 0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0 (-) 0
T.CIT. 44
42
41
35
27
7
2
0
198
100
157
Tabela Anexa 03: Principais pesquisadores de marketing no
Brasil na atualidade
P i B 1 n 2 n 3 n 4 n 5 n 6 n 7 n 8 n T n
1
1
2,4
1
2,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
2 (1,50) 1,1
2
0
0
0
0
0
0
2
6,7
1
4,3
0
0
0
0
0
0
3 (4,33) 1,7
3
1
2,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (1,00) 0,6
4
7
17,1
2
4,9
2
5,3
1
3,3
2
8,7
0
0
0
0
0
0
14 (2,21) 7,9
5
0
0
1
2,4
0
0
0
0
1
4,3
0
0
1
50
0
0
3 (4,67) 1,7
6
0
0
1
2,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (2,00) 0,6
7
5
12,2
5
12,2
8
21,1
4
13,3
1
4,3
0
0
0
0
0
0
23 (2,61) 12,9
8
0
0
0
0
1
2,6
1
3,3
0
0
0
0
0
0
0
0
2 (3,50) 1,1
9
0
0
1
2,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (2,00) 0,6
10
0
0
0
0
0
0
0
0
1
4,3
0
0
0
0
0
0
1 (5,00) 0,6
11
0
0
0
0
0
0
0
0
1
4,3
0
0
0
0
0
0
1 (5,00) 0,6
12
1
2,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (1,00) 0,6
13
0
0
0
0
1
2,6
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (3,00) 0,6
14
0
0
0
0
1
2,6
0
0
1
4,3
0
0
0
0
0
0
2 (4,00) 1,1
15
0
0
0
0
1
2,6
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (3,00) 0,6
16
0
0
0
0
1
2,6
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (3,00) 0,6
17
1
2,4
1
2,4
1
2,6
0
0
0
0
0
0
1
50
0
0
4 (3,25) 2,2
18
0
0
1
2,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (2,00) 0,6
19
1
2,4
2
4,9
2
5,3
3
10
0
0
0
0
0
0
0
0
8 (2,88) 4,5
20
0
0
0
0
0
0
1
3,3
0
0
1
33,3
0
0
0
0
2 (5,00) 1,1
21
0
0
0
0
1
2,6
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (3,00) 0,6
22
0
0
1
2,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (2,00) 0,6
23
0
0
1
2,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (2,00) 0,6
24
2
4,9
2
4,9
1
2,6
1
3,3
1
4,3
0
0
0
0
0
0
7 (2,57) 3,9
25
1
2,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (1,00) 0,6
26
0
0
0
0
0
0
1
3,3
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (4,00) 0,6
27
7
17,1
5
12,2
4
10,5
3
10
2
8,7
1
33,3
0
0
0
0
22 (2,59) 12,4
28
0
0
0
0
0
0
2
6,7
1
4,3
0
0
0
0
0
0
3 (4,33) 1,7
29
0
0
2
4,9
3
7,9
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
5 (2,60) 2,8
30
0
0
1
2,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (2,00) 0,6
31
1
2,4
1
2,4
0
0
2
6,7
1
4,3
0
0
0
0
0
0
5 (3,20) 2,8
32
0
0
0
0
1
2,6
1
3,3
1
4,3
0
0
0
0
0
0
3 (4,00) 1,7
33
3
7,3
2
4,9
1
2,6
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
6 (1,67) 3,4
34
4
9,8
1
2,4
2
5,3
1
3,3
1
4,3
1
33,3
0
0
0
0
10 (2,70) 5,6
35
0
0
2
4,9
1
2,6
1
3,3
0
0
0
0
0
0
0
0
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36
1
2,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (1,00) 0,6
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0
0
1
2,4
1
2,6
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
2 (2,50) 1,1
38
0
0
0
0
0
0
1
3,3
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (4,00) 0,6
39
0
0
4
9,8
3
7,9
0
0
4
17,4
0
0
0
0
0
0
11 (3,36) 6,2
40
0
0
2
4,9
0
0
1
3,3
0
0
0
0
0
0
0
0
3 (2,67) 1,7
41
0
0
0
0
1
2,6
1
3,3
1
4,3
0
0
0
0
0
0
3 (4,00) 1,7
42
0
0
0
0
0
0
0
0
1
4,3
0
0
0
0
0
0
1 (5,00) 0,6
43
3
7,3
0
0
1
2,6
3
10
1
4,3
0
0
0
0
0
0
8 (2,88) 4,5
44
0
0
0
0
0
0
0
0
1
4,3
0
0
0
0
0
0
1 (5,00) 0,6
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1
2,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (1,00) 0,6
46
1
2,4
1
2,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
2 (1,50) 1,1
T.CIT.
41
41
38
30
23
3
2
0
178
100
158
Tabela Anexa 04: Principais livros editados no Brasil
L/Brasil 1 n 2 n 3 n 4 n 5 n 6 n 7 n 8 n T n
1
0
0
0
0
1
3,8
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
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2
1
2,3
0
0
1
3,8
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0
0
0
0
0
0
0
0
0
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3
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0
0
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0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (2,00) 0,7
4
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0
1
2,9
1
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0
0
0
0
0
0
0
0
0
2 (2,50) 1,5
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0
1
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0
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5
0
0
0
0
0
0
0
0
2 (3,00) 1,5
6
0
0
0
0
1
3,8
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (3,00) 0,7
7
1
2,3
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0
1
3,8
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0
0
0
0
0
0
0
0
0
2 (2,00) 1,5
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0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0 (-) 0
9
1
2,3
3
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1
3,8
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0
0
0
0
0
0
0
0
0
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0
0
1
2,9
2
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0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
3 (2,67) 2,2
11
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0
2
5,7
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0
1
5
0
0
0
0
0
0
0
0
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0
0
0
1
3,8
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (3,00) 0,7
13
1
2,3
2
5,7
2
7,7
2
10
1
11,1
0
0
0
0
0
0
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14
1
2,3
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
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0
0
1
2,9
2
7,7
0
0
1
11,1
0
0
0
0
0
0
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0
0
0
1
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0
0
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0
0
0
0
0
0
0
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0
0
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1
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0
0
0
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0
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5
0
0
0
0
0
0
0
0
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2
4,5
2
5,7
1
3,8
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
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1
2,9
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0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (2,00) 0,7
21
1
2,3
1
2,9
0
0
1
5
1
11,1
0
0
0
0
0
0
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0
0
0
0
0
2
10
0
0
0
0
0
0
0
0
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23
0
0
0
0
1
3,8
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (3,00) 0,7
24
0
0
0
0
1
3,8
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (3,00) 0,7
25
27
61,4
2
5,7
2
7,7
2
10
0
0
0
0
0
0
0
0
33 (1,36) 24,1
26
0
0
0
0
1
3,8
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (3,00) 0,7
27
0
0
1
2,9
1
3,8
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
2 (2,50) 1,5
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0
0
0
0
1
3,8
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (3,00) 0,7
29
0
0
3
8,6
1
3,8
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
4 (2,25) 2,9
30
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0
1
2,9
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (2,00) 0,7
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0
0
0
0
0
1
5
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0
0
0
0
0
0
0
1 (4,00) 0,7
32
0
0
1
2,9
1
3,8
0
0
1
11,1
0
0
0
0
0
0
3 (3,33) 2,2
33
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0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0 (-) 0
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0
0
1
2,9
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (2,00) 0,7
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0
0
0
0
0
0
0
1
11,1
0
0
0
0
0
0
1 (5,00) 0,7
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1
2,3
1
2,9
0
0
1
5
0
0
0
0
0
0
0
0
3 (2,33) 2,2
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1
2,3
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (1,00) 0,7
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0
0
0
0
1
3,8
0
0
1
11,1
0
0
0
0
0
0
2 (4,00) 1,5
39
1
2,3
0
0
0
0
1
5
1
11,1
0
0
0
0
0
0
3 (3,33) 2,2
40
1
2,3
1
2,9
0
0
0
0
0
0
1
100
0
0
0
0
3 (3,00) 2,2
41
1
2,3
1
2,9
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
2 (1,50) 1,5
42
0
0
0
0
1
3,8
1
5
1
11,1
0
0
0
0
0
0
3 (4,00) 2,2
43
1
2,3
3
8,6
0
0
2
10
0
0
0
0
0
0
0
0
6 (2,50) 4,4
44
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1
100
1 (8,00) 0,7
45
0
0
0
0
0
0
1
5
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (4,00) 0,7
46
0
0
2
5,7
0
0
1
5
0
0
0
0
0
0
0
0
3 (2,67) 2,2
47
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1
100
0
0
1 (7,00) 0,7
48
1
2,3
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (1,00) 0,7
49
0
0
0
0
0
0
1
5
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (4,00) 0,7
50
2
4,5
1
2,9
0
0
1
5
0
0
0
0
0
0
0
0
4 (2,00) 2,9
51
0
0
1
2,9
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (2,00) 0,7
52
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0 (-) 0
T.CIT. 44
35
26
20
9
1
1
1
137
100
159
Tabela Anexa 05: Principais artigos no Brasil
A/Brasil 1
n 2
n 3
n 4
n 5
n 6
n 7
n 8
n T n
1
0
0
1
6,3
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (2,00) 1,6
2
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0
0
0
0
0
1
14,3
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0
0
0
0
0
0
0
1 (4,00) 1,6
3
1
4,3
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (1,00) 1,6
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0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0 (-) 0
5
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0 (-) 0
6
1
4,3
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (1,00) 1,6
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1
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0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (1,00) 1,6
8
1
4,3
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (1,00) 1,6
9
1
4,3
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (1,00) 1,6
10
0
0
1
6,3
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (2,00) 1,6
11
0
0
0
0
0
0
0
0
1
25
0
0
0
0
0
0
1 (5,00) 1,6
12
1
4,3
0
0
1
7,7
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
2 (2,00) 3,2
13
1
4,3
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (1,00) 1,6
14
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0
0
0
1
7,7
1
14,3
0
0
0
0
0
0
0
0
2 (3,50) 3,2
15
0
0
3
18,8
1
7,7
0
0
1
25
0
0
0
0
0
0
5 (2,80) 7,9
16
8
34,8
1
6,3
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
9 (1,11) 14,3
17
0
0
1
6,3
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (2,00) 1,6
18
0
0
0
0
1
7,7
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (3,00) 1,6
19
2
8,7
1
6,3
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
3 (1,33) 4,8
20
0
0
0
0
2
15,4
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
2 (3,00) 3,2
21
0
0
0
0
1
7,7
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (3,00) 1,6
22
1
4,3
0
0
0
0
1
14,3
0
0
0
0
0
0
0
0
2 (2,50) 3,2
23
0
0
0
0
1
7,7
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (3,00) 1,6
24
0
0
1
6,3
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (2,00) 1,6
25
0
0
1
6,3
1
7,7
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
2 (2,50) 3,2
26
1
4,3
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (1,00) 1,6
27
0
0
1
6,3
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1 (2,00) 1,6
28
1
4,3
1
6,3
0
0
0
0
1
25
0
0
0
0
0
0
3 (2,67) 4,8
29
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