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argumentação; um cardápio de restaurante é um gênero textual e seu tipo textual é
a descrição.
Em todos os gêneros podemos tipificar os textos e é comum aparecer
em um mesmo gênero vários tipos de texto, é o caso da carta pessoal que é um
gênero que, porém, apresenta uma seqüência narrativa, uma argumentação e uma
descrição.
Concluído a definição de gêneros e tipos textuais, buscamos
caracterizar a literatura infantil como um gênero, pois esta é a proposta deste
capítulo, identificar o gênero e a tipificação textual da literatura infantil.
Então, podemos caracterizar a literatura infantil como um gênero
textual, sendo seu tipo textual a narração. Para Marcuschi (2005) os textos
narrativos apresentam a seqüência temporal, ou seja, narram a situação inicial,
ações e desfechos.
Bronckart (1999, p.61) relata que a narração propõe:
Um mundo ficcional em que agentes, motivos, etc, são colocados em
cena, de modo que formem uma estrutura harmônica (esquemas
narrativos: situação inicial, complicação, ação, resolução, etc); os
acontecimentos e incidentes individuais pouco inteligíveis se organizam
em uma estrutura configuracional significante ou história e é em relação a
essa história mesma que os acontecimentos e sua sucessão temporal
ganham sentido. disponíveis na intertextualidade, as narrações assim
constituídas têm, definitivamente, o estatuto de obras abertas, com base
nas quais os sujeitos constroem sua compreensão das ações humanas,
ao mesmo tempo que constroem uma compreensão de seu estatuto de
agente.
Com fundamento nessa citação observamos que nas obras analisadas
(Bisa Bia, Bisa Bel, História meio ao contrário, Os três porquinhos, Marcelo,
marmelo, martelo, O reizinho mandão e Romeu e Julieta) de Ana Maria Machado e
Ruth Rocha encontramos, os esquemas narrativos, como a situação inicial, a
complicação, a ação e a resolução do problema.
Encontramos também a intertextualidade em duas obras, a primeira é
no livro “Os três porquinhos” de Ana Maria Machado, no qual a autora reconta esse
clássico da literatura infantil baseando-se em outros livros que contam essa história.
O outro caso é na obra “Romeu e Julieta” de Ruth Rocha, que a autora tem como
base a história do casal apaixonado (Romeu e Julieta) de William Shakespeare,
fazendo um paralelo entre as borboletinhas (Romeu e Julieta) em sua obra que se
passa em um reino muito distante.