A imagem acima, da comemoração de um ano da Proclamação da República, foi
analisada por Joaquim Marçal Ferreira de Andrade (REVISTA DE HISTÓRIA..., 2005, p.2):
Na imagem da capa – estampada originalmente na quarta página daquele número-,
vemos o marechal Deodoro, chefe do governo provisório da República, num ambiente de
solene comemoração: à frente de membros de seu governo e sob chuva de flores e
pétalas, exibe, junto a uma balaustrada, jovem figura feminina (vestida para seu
batismo?), representando nossa República que acabava de completar o seu primeiro
aniversário. Essa figura avantajada e de feições um tanto maduras para um bebê tem os
braços abertos, olhar sereno em direção à sua frente, leve sorriso nos lábios e porta um
pequeno gorro – o barrete frígio, que, assim como a figura sempre dominaram a
simbologia cívica francesa e que também passaram a servir à simbologia da nossa jovem
República.
A análise continua:
Deodoro é portador de um olhar contraído, na mesma direção que o do bebê, mas deixa
transparecer os problemas que enfrentava no dia-a-dia de seu governo. Observe-se que
nem todos à sua volta estão fitando a mesma direção. Tendo os braços lançados por cima
da balaustrada decorada com guirlandas de flores, num ambiente que inclui lanternas
japonesas e bandeirolas com formas geométricas que lembram a nossa bandeira.
Deodoro sustenta o bebê que representa a República num espaço aberto, numa atitude
ousada e de certo risco. Apresenta-a ao povo de uma forma que nos possibilita supor ser
essa imagem uma antevisão da renúncia de Deodoro, um ano depois.
Segue a descrição das ilustrações.
Outras publicações também divulgaram charges, caricaturas e desenhos de Deodoro.
Figura 1. Abaixo da caricatura ao lado
está escrito: “Glória á Pátria! Honra aos
heroes do dia 15 de novembro de 1889
– Homenagem da Revista Illustrada”.
Nesta alegoria, Deodoro aparece ao
fundo a cavalo, vês-e no primeiro plano
o Visconde de Ouro Preto,
prosternando, entregando à República
vitoriosa a coroa de D. Pedro II. In:
MAGALHÃES JUNIOR, 1957b, p.16.
Fig.3. A alegoria mostra Deodoro, num
gesto decidido, cortando os liames entre
a Igreja e o Estado, - representado pelo
índio, imagem do Brasil. O projeto de
Ruy Barbosa, que se satisfez aos
positivistas, foi transformado em decreto
depois de ouvidas as opiniões de D.
Antônio de Macedo Costa, que fora preso
como bispo do Pará e morreu, pouco
tempo depois da proclamação da
Repúb lica, como arcebispo da Bahia. In:
MAGALHÃES JUNIOR, 1957b, p.112.
Fig. 4. “O governo da República tranqüilo,
vai apagando o fogo traiçoeiro das
explorações dos inimigos da Pátria”.
O chefe do Governo Provisório, em 1890,
apagando os estopins com que as
‘pulhices’, os ‘mexericos’, as ‘intrigas’ e
‘despeitos’ queriam fazer explodir a
República e mandá-la pelos ares. A Revista
Illustrada tinha a maior simpatia por
Deodoro e seu redator-chefe, Luis de
Andrade (Julio Verim), foi eleito deputado
à Constituinte por Pernambuco. In:
MAGALHÃES JUNIOR, 1957b, p.113.
Fig.5. “Vindo passar os novos e
flamantes generaes, a ‘Revista’ não pode
deixar de fazer-lhes a devida
continência”.
Todos Generais! Pilhericamente, a
ilustração mostra os ministros do
Governo Provisório, em suas fardas de
generais de brigada. Para os opositores
eram os ‘generais de bobagem’... São, da
direita para a esquerda: Ruy Barbosa,
Quintino Bocayúva, Francisco Glicério,
Campos Sales e Cesário Alvim. In:
regime juntamente com Ruy Barbosa,
1º vice-chefe do Governo Provisório,
entregando o projeto da Constituição
à República, que coroa de louros o
generalíssimo. In: MAGALHÃES
JUNIOR, 1957b, p.208.
Fig. 7. “Generalíssimo Deodoro da
Fonseca (cópia de uma de suas últimas
photografias). Homenagem da Revista
Illustrada - 5 de agosto de 1890”.
Deodoro, em foto de Gutierrez,
reproduzida litográficamente na
Revista, depois de ‘generalíssimo por
aclamação popular’. A homenagem é
pelo aniversário de Deodoro. In:
MAGALHÃES JUNIOR, 1957b,
p.209.
Fig. 8. “Um anno! 15 de Novembro de
1890”.
Neste dia, a República dos Estados
Unidos do Brasil completa um ano. Era
o dia da instalação do congresso, que
logo depois de abertos os trabalhos
enviariam uma delegação para
cumprimentá-lo. A imprensa o
festejava, mostrando a Revista
Illustrada nesta caricatura,
apresentando o povo a jovem filha... In:
MAGALHÃES JUNIOR, 1957b,
p.225.
Fig.9. “O 2º ministério do Governo
Provisório”.
O Ministério dos áulicos – Assim foi
apelidado o segundo ministério do
Governo Provisório (e que acompanhou
Deodoro no período constitucional e na
ditadura de 20 dias de novembro de 1891),
no qual havia apenas um republicano
‘histórico’, Justo Leite Chermont (o
primeiro do alto à esquerda), ministro do
Exército. Os demais são (da esquerda pra
direita): Uchôa Cavalcanti, Falcão da
Frota, Alencar Araripe, Foster Vidal e
Barão de Lucena. In: MAGALHÃES
JUNIOR, 1957b, p.288.
Fig. 10. “O Brazil glorie
e promulgado uma constituição adiantada, com
o concurso dos seus filhos mais dilectos,
terminando essa grande obra pela eleição de
dos dois principais factores do dia 15 de
Novembro para as supremas magistraturas da
pátria livre. Viva a República!”. Página dupla,
de autoria de Pereira Neto (substituto de
Ângelo Agostini então na Europa), mostrando
o resultado da eleição do presidente e dos
constituintes perfeitamente identificáveis,
desde Saldanha Marinho a Lopes Trovão. In:
MAGALHÃES JUNIOR, 1957b, p.304.
Fig. 11. Deodoro e Floriano, como
presidente e vice-presidente eleitos,
prestam juramento perante o Congresso
Constituinte, presidido por Prudente de
Morais. Algumas figuras são facilmente
identificáveis: Cesário Alvim, Francisco
Glicério, Sampaio Ferraz, Lauro Sodré,
Saldanha Marinho, Campos Sales, etc. Na
tribuna de honra, por trás das senhoras,
aparece a figura do barão de Lucena. In:
MAGALHÃES JUNIOR, 1957b, p.320.
Fig. 12. “Brincos infantis. Enquanto
papai lê várias noticias, descuida-se da
meninada que dilacera um precioso livro
na biblioteca nacional. A infância é tão
tranqüila”. Pouco depois da eleição de
Deodoro para a suprema magistratura da
nação, a Revista Illustrada publica esta
charge, em que vemos cochilar enquanto
os membros do seu ministério devastam a
Constituição. In: MAGALHÃES
JUNIOR, 1957b, p.368.
“Generalíssimo! A Cidade do Rio confia á
vossa honra e a immortalidade do vosso
nome os direitos da Imprensa Brazileira”.
Quando circulava a notícia de que ia sair
uma lei de imprensa, aumentando o
arrocho, - e realmente saiu o decreto
elaborado por Campos Sales, a 29 de
março de 1890, - o jornal de Patrocínio,
numa caricatura de meia página, dirigiu
Fluminense:
Reconstituição do episódio da
manhã de 15 de novembro, no
campo do Santana, próximo ao
Ministério da Guerra: O barão de
Ladário, resistindo á prisão, é