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Segundo Sordi & Bagnato (1998, p. 85), a ação educativa pode ser usada como
meio de dominação ou libertação dos indivíduos. No espaço da dominação
interessa formar sujeitos dependentes, não críticos, acomodados às informações
recebidas, sem criatividade e capacidade de refletirem sobre a realidade que
vivem ou onde irão atuar, o que é bastante interessante para os grupos que detém
o poder, pois estes terão menores dificuldades de governar e manipular uma
população passiva, não questionadora. No espaço que denominamos de
libertador, entendemos uma formação de indivíduos críticos, independentes,
questionadores, capazes de refletirem sobre suas realidades (educacional,social,
política, econômica, cultural, etc.) e portanto, instrumentalizados para viabilizar as
rupturas no instituído.
A educação é um processo de formação humana, o indivíduo pode ser
educado sem necessariamente freqüentar uma escola, é claro que essa educação
será restrita ao mundo em que este se relaciona. O homem é um ser histórico que
está em permanente processo evolutivo, o que nos diferencia dos demais seres
existentes. Ao dominar sua natureza animal, o homem criou o comportamento
social, “o homem se fez homem”. “tudo o que há nos homens de especificamente
humano não é natural, é histórico, foi construído pelas suas relações com os outros
homens, o que vale dizer que foi social e historicamente construído (SILVA, 1995).
Para Rodrigues (2001), a formação do sujeito ainda criança pode ocorrer na
família, meio das relações de convívio com os adultos e demais membros. Na
comunidade, ocorre pelo convívio com as pessoas mais idosas e demais membros
da vida comunitária. Na religião, acontece com seu poder formativo em relação aos
valores e crenças invocados na sociedade e nas instituições sociais representadas
pelo estado e seus aparelhos, pelos partidos políticos, pelas organizações da
sociedade civil. Estas variadas relações promoverão o desenvolvimento dos
conhecimentos e das habilidades dos indivíduos.
A formação inicial dada por estas instituições trará em seu bojo uma educação
baseada na cultura, nos valores, na crença e na visão de mundo, homem e
sociedade, baseada nas suas concepções filosóficas defendidas e apregoadas.
Segundo Silva (2003, p. 80), sobre a manifestação da postura crítica dos
alunos:
...nem todos os alunos estão dispostos a se expor e explicitar criticidade,
eles chegam à escola com uma história de vida que já imprimiu uma lógica,
embora, isso, não signifique que eles não possam regenerá-la. Não é fácil
ter postura crítica, posicionar-se, pois a crítica geralmente é entendida como
criadora de problemas e não como superação destes. Porém, o exercício do
“ensinar a pensar” é um dever de toda a Universidade Pública.