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A mudança não é algo decretado, e sim construído, vivenciado e conquistado. Assim, as
oficinas de arte, as visitas para observações de obras de arte puderam promover a busca de novos
conhecimentos pelos alunos do curso Normal Superior, resgatando os saberes e fazeres artísticos,
trazendo novas experiências através das diferentes linguagens da arte, conforme recorte do
depoimento de RMAS (2004): “sempre que começava a fazer algo diferente eu sentia a
necessidade de aprender” e a necessidade promovida pelo desejo de aprender, pontuada e
justificada pelas necessidades do seu cotidiano escolar, quando a RMAS (2004) relata “a falta de
jeito de trabalhar com artes”, possibilitando o reconhecimento e a valorização das suas habilidades
nas atividades desenvolvidas no contexto escolar. De acordo com RMAS (2004):
No início do ano esta disciplina para mim não era bem aceita, não pelas
aulas, era devido a falta de jeito de trabalhar com artes. Mas sempre que
começava a fazer algo diferente eu sentia a necessidade de aprender porque
durante o tempo que trabalho tem feito muita falta esse conhecimento da
arte para aplicar no cotidiano. Aprendi que Arte está presente em todo
lugar, e que todos somos artistas tendo alguns que se destacam. Mas, mesmo
tendo dificuldade, aprendi muito a valorizar a arte. Espero crescer ainda
mais no decorrer do curso. Você transmite seu conhecimento com amor.
Conforme Ostrower (1999), ressalto aqui as possibilidades que o sujeito encontra ao
tentar alcançar o seu desenvolvimento e a partir de um contexto, para buscar um novo sentido
de vida, oportunizando a possibilidade do seu crescimento. Exemplifico aqui, também, a
tentativa da aluna-professora (MHPS), na busca de uma formação em nível superior, trazendo
uma trajetória histórica de uma educação repressora. Interpreto que a mediação pela arte, da
forma como foi ministrada na disciplina Arte e Educação promoveu na aluna-professora um
novo sentido na busca do conhecimento, enquanto julgava-se incapaz, tímida; incentivando
seus alunos no processo de criação; buscando e explorando novas estratégias de materiais nos
seus planejamentos, mesmo pontuando a carência de tais recursos. Para MHPS (2004):
Foi muito importante. A disciplina arte e educação foi importante para
mim. Como sou de uma geração que estudou em época repressora e também
de educação repressora, a princípio tive resistência quanto à disciplina. Por
timidez, vergonha de criar, julgava-me incapaz. Hoje penso diferente. Cada
um tem uma maneira de criar, de interpretar. E é assim que passei a me
comportar como professora. Incentivar os meus alunos a criarem. Nós, do
ensino público, temos carência de material, mesmo porque tem os
professores de artes e os raros materiais vão para eles. Porém, do que
aprendi aqui, trabalhei com eles a imagem recortada quando trabalhei o
corpo e também a colagem de jornal. O trabalho com a imagem recortada
ficou ótimo, eles adoraram. O trabalho com colagem coloridas de revistas,
visto que não temos papel preto, nem vermelho, etc... Assim com folhas
coloridas coladas na folha sulfite, deu ótimo efeito. Portanto, considero que
cresci bastante, pessoalmente e profissionalmente.