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exemplo, os planos para as Reformas de Base, o que contrariava completamente os
interesses da classe dominante capitalista.
A democracia baseia-se, ao mesmo tempo, no consenso dos cidadãos que
aceitam a regra do jogo e o conflito de interesses e de idéias; a regra do jogo
sanciona o confronto de idéias pela eleição e não pelo recurso à violência (MORIN,
2002, p.195).
Mas, o que de fato ocorreu após o Golpe de 1964 foi que os militares se
apropriaram do governo, instituindo um regime militar e ditatorial
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se opondo a
democracia fosse, ela representativa ou participativa.
No discurso fílmico utilizado pelo IPES é possível notarmos, alguns traços que
fragilizam a democracia e que nos leva a identificar, uma possível intenção de
governo ditatorial. Um exemplo disso fica claro no filme “Que é o IPES”: quando num
momento é sugerida uma nova forma de governo, propõe-se um “novo organismo”.
Bobbio nos ajuda a esclarecer seu sentido literal e político: “O organicismo
considera o Estado como um grande corpo composto de partes que concorrem –
cada uma segundo sua própria destinação e em relação de interdependência com
todas as demais – para a vida do todo e, portanto, não atribui nenhuma autonomia
aos indivíduos uti singuli
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”. Podemos pensar a partir daí, que se o organicismo é
composto de partes com interesses próprios, que não atribuí autonomia aos
indivíduos, logo, não temos democracia, já que democracia é a participação popular.
A democracia caminha num sentido contrário, onde da reunião dos indivíduos,
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A Ditadura moderna tem uma conotação negativa e designa a classe dos regimes antidemocráticos ou não
democráticos modernos. “A “Ditadura totalitária” emprega, além dos meios coercitivos tradicionais (exército,
polícia, burocracia, magistratudura), o instrumento peculiar do partido único de massa, tendo assim condições de
controlar completamente a educação e os meios de comunicação e também as instituições econômicas. Além
disso, pode exercer uma pressão propagandística permanente e penetrar em cada formação social, e até na vida
familiar dos cidadãos, suprimindo
qualquer oposição e até as críticas mais leves, através de especiais aparelhos
políticos, de polícia e de terror, impondo assim a aceitação entusiástica do regime a toda população.” BOBBIO,
N.; MATEUCCI, N.; PASQUINO, G. Dicionário de Política. 10. ed. Brasília: Universidade de Brasília, 1997, p.
375.
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BOBBIO, N.; MATEUCCI, N.; PASQUINO, G. Dicionário de Política. 10. ed. Brasília: Universidade de Brasília,
1997, p. 375.