documentos forenses. Há também um documento datado de 1288, existente no Cartório da
Fazenda da Universidade de Coimbra, mencionando o pergaminho de papel (Spina:1994).
Segundo Beck (1998:7) , a partir do século XIV, o papel era fabricado em larga escala
e usado comumente em documentos, desenhos, pinturas, gravuras e, mais tarde, na impressão
de livros. No Brasil, o despertar da manufatura do papel está ligado às mudanças políticas
ocorridas após a chegada de Dom João VI. Entre 1809 e 1810, Henrique Nunes Cardoso e
Joaquim José da Silva instalaram no Andaraí Pequeno a primeira fábrica de papel; em 1837
surgiu a de André Gaillard e quatro anos mais tarde, a de Zeferino Ferrez, no Engenho Velho.
Em 1852 criou-se a Fábrica de Oreanda, na Raiz da Serra, falida em 1874 pela falta de
matéria-prima, o trapo, que chegou a ser importado de Portugal. A escassez cada vez maior do
trapo levaria o botânico frei José da Conceição Veloso a pesquisar, em 1809, outros tipos de
fibra presentes na flora brasileira. Em 1880, em Salto, São Paulo, inaugurou-se a primeira
fábrica de papel bem-sucedida no Brasil.
Explica Beck (1998:9) que até o século XVIII a técnica de fabricação do papel baseava-
se num sistema de pilão, em que martelos, movidos pela força de água, maceravam os trapos
molhados até que estes se desfiassem, formando uma pasta. Em seguida, desenvolveu-se a
'holandesa', composta de um cilindro cuja rotação movimentava constantemente a substância
líquida (água e trapos) até a formação da pasta. Antes desse maceramento os trapos eram
batidos, a fim de eliminar a poeira, separados pelo tipo de fibra e pela cor, rasgados em
pedaços e lavados. As fibras longas davam ao papel maior resistência e suas extremidades
deviam ser pontudas e esgarçadas para que se entrelaçassem melhor; por isso os trapos não
eram cortados.
A folha do papel (Beck:1998; Maia :1997) era conseguida manualmente: usava-se
uma tela especial, na qual os fios de cobre, chamados vergaduras, corriam paralelos e muito
próximos; no sentido oposto, corriam fios mais distanciados, apenas para dar firmeza à tela,
denominados pontusais. Depois de colocar uma moldura de madeira solta sobre a tela,
recolhia-se a pasta das tinas; com rápidos movimentos circulares, esta era distribuída de
maneira uniforme, deixando a água escorrer pela tela. Em seguida, retirava-se a moldura que
limitava os bordos do papel; este era empilhado entre feltros, um a um, e prensado a fim de se
extrair a água restante. Quando as folhas estavam enxutas, eram encoladas com um pincel ou
por imersão, secas em varais e novamente prensadas. Apenas na Europa se utilizavam telas
de arame de cobre, no Oriente eram de bambu. Podem-se perceber nitidamente as marcas das
vergaduras e dos pontusais, pois sobre os fios de arame formava-se um depósito menos
espesso de fibras, o que acarretava maior translucidez.