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FERTILIZANTES ALTERNATIVOS NO MANEJO DA
MEXERIQUEIRA ‘RIO’ NO SISTEMA DE CULTIVO ORGÂNICO
FILLIPE SILVEIRA MARINI
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY
RIBEIRO-UENF
CAMPOS DOS GOYTACAZES RJ
Março - 2008
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FERTILIZANTES ALTERNATIVOS NO MANEJO DA
MEXERIQUEIRA ‘RIO’ NO SISTEMA DE CULTIVO ORGÂNICO
FILLIPE SILVEIRA MARINI
Tese apresentada ao Centro de Ciências
e Tecnologias Agropecuárias da
Universidade Estadual do Norte
Fluminense Darcy Ribeiro, como parte
das exigências para obtenção do título
de Doutor em Produção Vegetal.
Orientadora Prof
a
. Cláudia Sales Marinho
CAMPOS DOS GOYTACAZES RJ
Março - 2008
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FICHA CATALOGRÁFICA
Preparada pela Biblioteca do CCTA / UENF 039/2008
Marini, Fillipe Silveira
Fertilizantes alternativos no manejo da mexeriqueira ‘Rio’ no
sistema de cultivo orgânico / Fillipe Silveira Marini. 2008.
109 f. : il.
Orientador: Cláudia Sales Marinho
Tese (Doutorado em Produção Vegetal) Universidade Estadual do
Norte Fluminense Darcy Ribeiro, Centro de Ciências e Tecnologias
Agropecuárias. Campos dos Goytacazes, RJ, 2008.
Bibliografia: f. 85 98.
1. Citrus deliciosa 2. Biofertilizante Supermagro 3. Urina de vaca 4.
Manipueira 5. Nutrição mineral I. Universidade Estadual do Norte
Fluminense Darcy Ribeiro. Centro de Ciências e Tecnologias
Agropecuárias. II. Título.
CDD 634.3
EFEITO DE FERTILIZANTES ALTERNATIVOS NO MANEJO DA
MEXERIQUEIRA ‘RIO’ NO SISTEMA DE CULTIVO ORGÂNICO
FILLIPE SILVEIRA MARINI
Tese apresentada ao Centro de Ciências
e Tecnologias Agropecuárias da
Universidade Estadual do Norte
Fluminense Darcy Ribeiro, como parte
das exigências para obtenção do título
de Doutor em Produção Vegetal.
Aprovada em 24 de março de 2008.
Comissão Examinadora:
________________________________________________________________________
Prof. Gilmar Santos Costa (Doutor, Produção Vegetal) FAETEC/ISTCA
________________________________________________________________________
Prof. Almy Junior Cordeiro de Carvalho (Doutor, Fruticultura Tropical) UENF
________________________________________________________________________
Prof. Pedro Henrique Monnerat (Ph.D., Nutrição Mineral de Plantas) UENF
________________________________________________________________________
Prof
a
. Cláudia Sales Marinho (Doutora, Fruticultura Subtropical) UENF
Orientadora
ii
À minha querida esposa Karina
Aos meus pais Gilson e Maria
Ao meu irmão Henrique
Dedico.
iii
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus, pela presença e proteção constante em minha vida,
visto que, por modo especial, concedeu-me todas as coisas.
À Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF), pela
oportunidade de realizar o curso de Doutorado.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Ciência e Tecnologia, pela
concessão da bolsa de estudo.
À professora Cláudia Sales Marinho, pela orientação, apoio, companheirismo
e paciência para transmitir sua experiência e conhecimento na realização do trabalho.
Ao professor Almy Cordeiro Carvalho, pelos aconselhamentos, pelas críticas e
valiosas sugestões para a complementação deste trabalho. Agradeço, também, pelas
sugestões e críticas no Projeto de Defesa de Tese.
Ao professor Pedro Henrique Monnerat, pelos aconselhamentos, pelas críticas
e valiosas sugestões para a complementação deste trabalho. Agradeço, também,
pelas sugestões e críticas no Projeto de Defesa de Tese.
Ao professor Fábio Cunha Coelho, pelas sugestões na defesa do Projeto de
Tese e ao longo do trabalho. Agradeço, também, pelas sugestões e críticas no
Projeto de Defesa de Tese.
Ao professor Gilmar Santos Costa, pelos aconselhamentos, pelas críticas e
valiosas sugestões para a complementação deste trabalho.
Às professoras Janie Mendes Jasmim e Débora Guerra Barroso, pelos
aconselhamentos, críticas e sugestões durante o curso de Doutorado.
Aos professores das disciplinas cursadas, pela dedicação no ensino das
matérias.
Aos Técnicos de Laboratório José Acácio e Detony, pela paciência e
importante contribuição para o trabalho.
Aos estudantes de graduação, Fernando e Bruno, e para o Técnico em
Agropecuária, Leandro, pelo apoio e ajuda no manejo do pomar e acompanhamentos
nas avaliações.
Aos funcionários da Escola Agrícola (LFIT), pela ajuda fornecida no manejo do
pomar e apoio técnico no trabalho.
Aos funcionários do Centro de Análises na Universidade Federal Rural do
Rio de Janeiro, Campus Dr. Leonel Miranda, pela realização das análises
realizadas no trabalho.
Aos funcionários da UAP, pela ajuda na formação do Banco de Sementes
das leguminosas.
Em especial aos amigos: Felipe e Gabriela, Fred e Virgínia, Silvério e
Marcela, Hugo, Ana Clara, Zuleica, Alberto Feiden, Reinaldo, Juvenal e Ines, Davi
e a todos os outros grandes amigos, que acreditaram e me deram forças para o
contínuo da caminhada.
v
SUMÁRIO
RESUMO...........................................................................................................
vii
1. INTRODUÇÃO.............................................................................................. 1
2. REVISÃO DE LITERATURA.........................................................................
4
2.1. Produção orgânica de alimentos................................................................
4
2.2. Uso de produtos alternativos para a adubação orgânica...........................
6
2.3. Aspectos gerais sobre a Mexerica ‘Rio’ ....................................................
14
2.4. Informações sobre as exigências nutricionais dos citros...........................
15
2.4.1. Exigências em macronutrientes..............................................................
16
2.4.2. Exigências em micronutrientes................................................................
20
2.5. Adubação foliar em citros...........................................................................
22
3. MATERIAL E MÉTODOS..............................................................................
26
3.1. Instalação do experimento.........................................................................
26
3.2. Avaliações do experimento........................................................................
32
3.2.1. Análises foliares......................................................................................
32
3.2.2. Produção e caracterização dos frutos.....................................................
33
3.2.3. Análises do solo......................................................................................
34
3.3. Análises estatísticas...................................................................................
36
3.4. Tratos culturais...........................................................................................
37
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO.....................................................................
39
4.1. Produção e Qualidade de Frutos................................................................
39
4.1.1. Produção de Frutos.................................................................................
39
4.1.2. Resultados das características físicas e químicas dos frutos.................
44
4.2. Teores de nutrientes minerais nas folhas.................................................. 52
4.2.1. Teores de N nas folhas...........................................................................
52
4.2.2. Teores de P nas folhas........................................................................... 56
4.2.3. Teores de K nas folhas........................................................................... 58
4.2.4. Teores de Ca e Mg nas folhas................................................................
60
4.2.5. Teores de S nas folhas........................................................................... 63
4.2.6. Teores de B e Zn nas folhas...................................................................
65
4.2.7. Teores de Mn nas folhas.........................................................................
69
4.2.8. Teores de Fe nas folhas..........................................................................
71
4.2.9. Teores de Cu nas folhas.........................................................................
73
4.4. Resultados das análises de solo................................................................
73
5. CONCLUSÕES............................................................................................. 83
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................
85
APÊNDICES..................................................................................................... 99
APÊNDICE A.....................................................................................................
100
APÊNDICE B.....................................................................................................
105
vii
RESUMO
MARINI, Fillipe Silveira; D.Sc.; Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy
Ribeiro; Março, 2008; Fertilizantes alternativos no manejo da mexeriqueira ‘Rio’
no sistema de cultivo orgânico. Professora Orientadora: Cláudia Sales Marinho;
Professor Conselheiro: Fábio Cunha Coelho.
O presente trabalho foi conduzido em pomar de mexeriqueira ‘Rio’ (Citrus
deliciosa Tenore), em fase de conversão para o sistema de cultivo orgânico, com
12 anos de idade, no período de fevereiro de 2005 a julho de 2007, com os
objetivos de avaliar o efeito da fertilização com biofertilizante ‘Supermagro’, da
manipueira e da urina de vaca na produção, na qualidade de frutos, no estado
nutricional da mexeriqueira e nas características químicas do solo. O experimento
foi conduzido em delineamento de blocos casualizados, com cinco repetições e
uma árvore por parcela. Todas as plantas foram adubadas com esterco bovino e
os tratamentos aplicados foram complementares a essa adubação. Foram
constituídos dez tratamentos, com os fertilizantes a serem avaliados e seu modo
de aplicação (via solo, via pulverizações foliares ou ambos) e uma testemunha.
As adubações via solo tomaram por base as recomendações para tangerineiras,
com base no teor de K no solo e na classe de produtividade esperada de 41 a 50
Mg ha
-1
. As concentrações dos fertilizantes aplicados via foliar foram,
respectivamente, 100, 40 e 250 mL L
-1
para biofertilizante, urina de vaca e
manipueira. Os teores dos nutrientes nas folhas foram avaliados em 2005, 2006 e
2007. A colheita dos frutos foi realizada em quatro épocas, entre maio a junho em
2006 e em 2007. Em cada época foram coletados oito frutos por amostra para a
viii
análise de qualidade. Em julho de 2007 foi realizada a avaliação das
características químicas do solo e, para isso, foram retiradas amostras de solo
nas profundidades de 0 a 20 e 20 a 40 cm, em dois pontos sob a projeção da
copa das árvores. Os resultados das análises das folhas, do solo e dos frutos das
plantas que receberam os tratamentos foram comparados pelo teste de Tukey
(p=0,05). Não houve efeito dos fertilizantes avaliados na produção e nas
características químicas e físicas dos frutos da mexeriqueira. O biofertilizante
‘Supermagro’ foi o único dos produtos avaliados neste trabalho, que aumentou os
teores de B e Zn nas folhas da mexeriqueira. As plantas que receberam esse
tratamento via solo aumentaram o teor de B nas folhas, enquanto os teores de Zn
foram mais altos nas plantas que receberam o biofertilizante via foliar. A
manipueira, independentemente do modo de aplicação, e a urina de vaca
aplicada via solo, com ou sem aplicação via foliar, aumentaram o teor de S nas
folhas. Nas características químicas do solo, o tratamento com biofertilizante
aplicado via solo, com ou sem aplicação via foliar, aumentou os teores de B e Zn
e quando aplicado via solo e foliar, simultaneamente, aumentou os teores de Fe
em ambas as profundidades avaliadas. A fertilização com manipueira e a urina de
vaca não influenciaram nas características químicas do solo. Em todos os
tratamentos avaliados na profundidade de 0 a 20 cm os teores de K no solo foram
superiores a 3 mmol
c
dm
-3
.
ABSTRACT
MARINI, Fillipe Silveira; D. Sc.; Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy
Ribeiro; May, 2008; Alternative fertilizers in the management of Willowleaf
mandarin ‘Rio’ in organic system. Advisor: Cláudia Sales Marinho; Counsellor:
Fábio Cunha Coelho.
The present work has been conducted on Willowleaf mandarin 'Rio' trees (Citrus
deliciosa Tenore), in the process of conversion to organic system, with twelve
years old, in the period from February of 2005 to July of 2007. The aim to evaluate
the effect of the fertilization with 'Supermagro' biofertilizer, cassava wastewater
and cow urine in production, in quality of fruit, in the nutritional status of the
mandarin tree and in the chemical characteristics of the soil. The experiment was
conducted in the randomized blocks, with five replications and a plant per plot. All
the plants were fertilized with manure and the applied treatments were
complementary to this fertilization. The treatments were established, with fertilizers
and the way of application (soil, foliage spray or both) and a control, totalizing 10
treatments. The soil fertilization were made following the recommendations for
tangerine tree, based on the K content in soil and in class of expected productivity
from 41 to 50 Mg ha
-1
. The fertilizer concentrations to the foliage spray were,
respectively, 100, 40 and 250 mL L
-1
to biofertilizer, cow urine and cassava
wastewater. The nutrients contents in leaves were measured in 2005, 2006 and
2007. The fruits harvests were done in four seasons, from May to June in 2006
and in 2007. In each season were collected eight fruits per sample for analysis of
x
quality. In July of 2007 was evaluated the chemical characteristics of the soil and
for this, were taken samples of soil at depths of 0 to 20 and 20 to 40 cm, on two
points under the projection of the crown of plants. The results of analysis of
leaves, soil and fruits of plants that received the treatments were compared by
Tukey test (p=0.05). There was not effect of the evaluated fertilizers in the
production and chemical and physical characteristics of the Willowleaf mandarin
fruits. The 'Supermagro' biofertilizer was the only of the evaluated fertilizers in this
work, which increased the B and Zn contents in the leaves of mandarin tree. The
plants that received this treatment applied on soil increased the B content in the
leaves, while when foliage spray was used the increased happens on Zn content.
The cassava wastewater irrespective of the way of application and the cow urine
applied on soil, with or without application foliage spray, increased the S content.
The chemical characteristics of the soil, the treatment with biofertilizer applied on
soil, with or without application foliage spray, increased the B and Zn contents and
when applied both increased the Fe content in two depths evaluated. The
fertilization with cassava wastewate and cow urine did not influence the chemical
characteristics of the soil. The K content in the soil was higher than 3 mmol
c
dm
-3
in
all treatments evaluated in depth from 0 to 20 cm.
1
1. INTRODUÇÃO
O grupo das tangerinas e seus híbridos ocupam posição de destaque em
relação aos plantios comerciais de citros em todo o mundo. No Brasil, as
variedades mais disponibilizadas no comércio são as tangerinas Poncã e Cravo, o
tangor Murcote e a mexerica do Rio (Pio et al., 2005).
A produção de suco concentrado de tangerinas é pequena no Brasil,
porque os frutos apresentam baixo rendimento industrial, custos mais elevados de
colheita e de transporte e tendência para perda de aroma do suco. Isso indica que
a produção de tangerinas é quase totalmente comercializada na forma de fruta
fresca (Amaro e Caser, 2003).
O consumo de frutas frescas é cada vez mais associado a um estilo de
vida saudável e o perfil do consumidor revela maior conscientização e
preocupação, não apenas com os requisitos de qualidade desses produtos, mas
também, com o seu sistema de produção e sua relação com riscos ambientais.
No Brasil, a comercialização de produtos orgânicos cresce, anualmente, o
dobro da média mundial, em uma porcentagem estimada em 50%. Entretanto, em
2004, o Brasil foi responsável por apenas US$ 100 milhões dos US$ 26,5 bilhões
movimentados mundialmente, ocupando o 34
o
lugar no ranking dos países
exportadores de produtos orgânicos (Camargo et al., 2006).
Em 2002, o Brasil possuía, aproximadamente, 7 mil produtores e 270 mil
hectares sob cultivo orgânico, sendo que para a fruticultura orgânica o total
encontrado foi de 3,87% dos produtores e 30,36% da área sob manejo orgânico
2
(Ormond et al., 2002). Entre os principais produtos da fruticultura orgânica
destacam-se a goiaba, o mamão, a manga, o maracujá, a banana, a uva, o
morango e os citros (Reetz et al., 2007). Entretanto, ainda existem poucos dados
sobre a dimensão atual e potencialidade do mercado orgânico brasileiro,
principalmente para a fruticultura.
O manejo empregado para manter e recuperar a fertilidade do solo no
sistema de produção orgânica, após o abandono de utilização de adubos
formulados e de agrotóxicos, é realizado com diferentes fontes de materiais
vegetal e mineral. Entretanto, essas práticas devem ser aperfeiçoadas para
melhorar o preço da comercialização e aumentar a rentabilidade da produção
(Dulley et al., 2003).
A pesquisa da adubação em sistemas orgânicos é ainda incipiente na
fruticultura. Alguns produtos alternativos como biofertilizantes, manipueira e urina
de vaca têm sido usados para a complementação das exigências minerais de
culturas sob cultivo orgânico, porém, com informações ainda pouco
fundamentadas em pesquisas científicas.
O biofertilizante é um produto resultante da biodigestão microbiológica de
compostos orgânicos vegetais ou animais, produzido em sistema aberto ou
fechado (Medeiros, 2003) e pode atuar como fonte suplementar de nutrientes
para as plantas (Deleito et al., 2004).
A substituição parcial de adubos minerais por biofertilizantes tem se
mostrado viável para o cultivo de olerícolas (Rocha et al., 2006; Silva et al., 2006;
Villela Junior et al., 2003), melão (Fernandes et al., 2003), maracujá (Rocha et al.,
2001) e citros (Santos, 1991).
A manipueira (resíduo da produção de farinha de mandioca) apresenta
potencial de uso para fertilização de plantas em cultivo orgânico, por conter macro
e micronutrientes. A manipueira pode ser utilizada pura ou diluída como
fertilizante, seja em adubação via solo ou como adubação foliar (Ponte, 1992;
Ponte, 2000; Cereda, 2000).
A urina de vaca é um outro recurso alternativo para o uso agrícola, tanto
em pomares orgânicos como em pomares convencionais. Na cultura do pimentão,
a urina de vaca é indicada como uma alternativa para a suplementação nutricional
de plantas em sistema orgânico e convencional (Oliveira et al., 2004).
3
O Rio de Janeiro é o quinto Estado brasileiro produtor de tangerinas, com
uma produção média de 42,23 mil Mg (3,63 %) e com rendimentos médios acima
de 18 Mg ha
-1
(Marini et al., 2006). Por isso, o biofertilizante, a manipueira e a
urina de vaca poderiam ser utilizados no manejo complementar da adubação de
tangerineiras sob sistema de cultivo orgânico. Esses produtos apresentam baixo
custo e são de fácil obtenção nas regiões Norte e Noroeste Fluminense,
principalmente para pequenos e médios produtores.
Neste trabalho, objetivou-se avaliar o efeito do biofertilizante, da
manipueira e urina de vaca na produção, na qualidade de frutos, no solo e no
estado nutricional da mexeriqueira (Citrus deliciosa Tenore cv. Rio) em fase de
conversão para o sistema de cultivo orgânico.
4
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. Produção orgânica de alimentos
A busca de uma melhor qualidade de vida, incluindo alimentos que não
ponham em risco à saúde do homem, leva cada vez mais consumidores a
utilizarem produtos de origem orgânica. Sendo assim, está surgindo uma
crescente demanda mundial por produtos orgânicos, a qual supera a atual oferta.
Segundo Yussefi e Willer (2002), como conseqüência disso, a agricultura orgânica
tem se expandido rapidamente. Entre 1995 e 2000, a superfície da área de cultivo
orgânico na Europa e EUA triplicou e no ano de 2001, segundo dados da FAO,
aproximadamente 17 milhões de hectares se encontravam sob manejo orgânico
no mundo.
Em 2004, o Brasil foi responsável por apenas US$ 100 milhões dos US$
26,5 bilhões movimentados mundialmente, ocupando o 34
o
lugar no ranking dos
países exportadores de produtos orgânicos. O Brasil possuía aproximadamente
275 mil ha com 15 mil produtores orgânicos, o que representava 5,63% da
participação do mercado na América Latina (Camargo et al., 2006).
O processo de conversão de uma propriedade agrícola para orgânica leva
em torno de três a cinco anos. A conversão é o período necessário para se
estabelecer um sistema produtivo viável e sustentável, econômico, ecológico e
socialmente correto. Esse período deve ser suficiente para a descontaminação do
solo dos resíduos de agrotóxicos (Feiden, 2001; IBD, 2004).
5
A agricultura orgânica, por princípio, está fortemente ligada às
características de cada estabelecimento agrícola e, portanto, a condução dos
processos de produção são sempre próprios de cada produtor (Dulley et al.,
2003). Não existe um padrão de conversão de pomares orgânicos e esse
dependerá de vários fatores sociais e econômicos do produtor. A conversão
poderá ser radical ou gradual (Feiden, 2001).
A conversão de parte da unidade produtiva consiste em delimitar a área
em conversão, seguindo os seguintes princípios: proteção do solo, manejo da
fertilidade do solo e manejo da biodiversidade. Os passos para a conversão
apresentam as seguintes características: racionalização de insumos (diminuição
dos impactos ambientais das práticas agrícolas), substituição dos insumos,
diversificação do ecossistema e redesenho da paisagem (Feiden, 2001).
O uso de práticas de manutenção e recuperação do solo foi um dos
fatores relevantes e preocupantes na sustentabilidade do processo de produção
para 21 produtores em processo de conversão para o orgânico. Verificou-se que
90, 47, 43, 38, 29 e 38% dos entrevistados usavam calcário, fosfatos naturais,
compostos de resíduos vegetais, cinzas e carvões, húmus de minhoca e tortas e
farinhas, respectivamente (Dulley et al., 2003).
As principais regiões produtoras de orgânicos no Brasil são: Paraná, São
Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito
Santo. É uma produção caracterizada por pequenas produções de produtores e
associações. Em termos percentuais, acham-se assim distribuídos por Estados:
53% no Paraná, 18% em São Paulo, 18% no Rio Grande do Sul, 4% em Minas
Gerais, 3% no Espírito Santo, 2% no Rio de Janeiro, 2% em Santa Catarina
(Agrianual, 2002).
Segundo Ormond et al. (2002), a produção de frutas orgânicas no Brasil
ainda é bastante incipiente, o que afeta a regularidade de produtos durante o ano
em supermercados. As frutas representam somente 2% de produtos orgânicos
nacionais comercializados nas redes de supermercados.
Existe um total desconhecimento da dimensão atual e potencialidade do
mercado orgânico, mas a produção fluminense de frutas, legumes e verduras
orgânicos in natura está em cerca de 390 toneladas ano. Esse valor é menor do
que o previsto para os Estados do Espírito Santo, São Paulo e Paraná, sendo que
6
as frutas ocupam somente 2% dos produtos in natura comercializados no Estado
(Fonseca e Campos, 2005).
No Estado de São Paulo, em 2005, a cultura da cana-de-açúcar foi o
principal produto orgânico com 73% da área orgânica plantada. As frutas
participaram de 7,8% da área estadual, sendo a laranja e a banana as principais,
com 4,2 e 1,2% da área, respectivamente (Camargo et al., 2006).
2.2. Uso de produtos alternativos para a adubação orgânica
Alguns produtos para a adubação orgânica, como os compostos
orgânicos, os biofertilizantes, a urina de vaca e a manipueira, estão sendo
pesquisados e utilizados para a complementação das exigências minerais das
culturas sob cultivo orgânico. Porém, com poucas informações sustentadas por
pesquisas científicas, principalmente para a fruticultura.
O uso de compostos orgânicos contribui para manter a fertilidade do solo.
Entretanto, o aumento de produtividade proporcionado pelos compostos
orgânicos, embora menos imediato e marcante do que os obtidos com adubos
minerais, apresentam maior duração, provavelmente pela liberação mais lenta de
nutrientes e pelo estímulo do crescimento radicular (Santos et al., 2001).
O uso do composto orgânico de bovinos na produção de alface com
doses crescentes (de 0 a 91,2 t ha
-1
) proporcionou aumento na produção de
alface, chegando a 27 toneladas por hectare na maior dose. Outro efeito
observado, foi o efeito residual no solo do composto em dois anos de avaliação
(Santos et al., 2001).
A disponibilidade e a quantidade de nutrientes podem variar de acordo
com a matéria-prima utilizada na produção do composto orgânico. Foi observado
que o composto orgânico de bovinos apresentou menores teores de K, Mg, Mn e
B na matéria seca que os compostos de húmus, suínos e aves. Entretanto, não
foram observadas interferências dos compostos orgânicos estudados na
produção e nos teores de P, Ca, Mg, Fe, Mn, Zn, Cu e B nas folhas de cebolas
(Gonçalves e Silva, 2003).
O biofertilizante é um tipo de fertilizante orgânico à base de esterco
bovino e a substituição de adubos químicos por ele pode ser uma alternativa
7
viável para uso em cultivo orgânico (Santos, 1991; Villela Junior et al., 2003 e
Menezes Júnior et al., 2004).
O biofertilizante é obtido da atividade de microorganismos em sistema
aberto ou fechado, resultante da biodigestão de compostos orgânicos vegetais ou
animais (Medeiros, 2003), e pode atuar como fonte suplementar de nutrientes
(Deleito et al., 2004). Esse possui uma complexa comunidade microbiana, com a
presença de bactérias, fungos filamentosos, leveduriformes e actonomicetos
(Bettiol, 1997; Tratch e Bettiol, 1997).
Os microrganismos agem sobre a matéria orgânica, aumentando a
diversidade de microrganismos no meio. O efeito do aumento de microrganismos
no meio pode atuar na produção de diversas substâncias como: enzimas,
antibióticos, hormônios, vitaminas, fenóis, ésteres e ácidos (Bettiol et al., 1998).
Todavia, durante o processo de fermentação na produção de biofertilizantes foi
verificado que as populações microbianas (bactérias totais, fungos totais e
Bacillus) diminuíram até o encerramento da adição dos sais, principalmente para
os fungos totais após a adição do sulfato de cobre (Tratch e Bettiol, 1997).
Devido a essa elevada comunidade de microrganismos, a ação do
biofertilizante pode ser resultante da intensa atividade desses, e, quando aplicado
no solo, propicia a melhoria de características físicas como densidade aparente,
porosidade, aeração e fertilidade, estimulando atividades biológicas de
microrganismos no solo (Santos, 1992).
Para a adubação complementar de plantas cultivadas em sistemas
orgânicos algumas pesquisas já estão sendo direcionadas para utilização de
biofertilizantes em cultivos sem o solo, procurando a diminuição do custo de
produção e consumo de adubos químicos (Villela Junior et al., 2003; Menezes
Júnior et al., 2004).
Os biofertilizantes mais comumente usados são o Supermagro, o
Biofertilizante Vairo e o Agrobio.
O Agrobio é o resultado da fermentação por microrganismos em sistema
aberto, de esterco de curral fresco, leite ou soro, melaço, sais minerais e de
outros substratos orgânicos. Após 56 dias, transforma-se numa complexa mistura
de minerais, hormônios, antibióticos e outros componentes (Fernandes, 2000).
O uso de biofertilizante Agrobio, com pulverizações mensais a 2%,
promoveu um aumento de 19 e 14% no peso e na porcentagem da polpa dos
8
frutos de maracujazeiro amarelo (Passiflora edulis), respectivamente. O aumento
do peso do fruto pode ser decorrente, entre outros fatores, da aplicação de N e K
proveniente do biofertilizante (Rocha et al., 2001).
O biofertilizante Agrobio proporcionou maior comprimento das hastes,
maior peso da matéria seca da parte aérea, maior área foliar e menor incidência
de mancha-bacteriana em mudas de pimentão (Capsicum annuum),
principalmente quando aplicado via foliar, quando comparado à aplicação no
substrato (Deleito et al., 2005).
Entretanto, Duarte Júnior (2002) não verificou efeito positivo do Agrobio
nas concentrações entre 4 a 6% sobre a produção das cultivares de feijão Perola
e Ouro Negro.
O Supermagro não difere muito do Agrobio na composição mineral,
podendo ficar pronto em um mês. As principais recomendações para citros são
quatro aplicações via foliar, durante a primavera e verão, na concentração de 100
mL L
-1
(Penteado, 2001).
O biofertilizante Vairo consiste em uma fermentação anaeróbica, com
esterco fresco de curral, na proporção de 1:1 em volume de água. Para os citros,
o uso do Biofertilizante Vairo via foliar na concentração de 200 a 300 mL L
-1
de
água proporcionou rebrota e floração mais intensas, além de frutos maiores em
relação às plantas não pulverizadas (Santos, 1991).
Uma fonte de variabilidade nas respostas sobre a acumulação de
nutrientes em plantas é a diferença de composição química encontrada nos
biofertilizantes, devido à utilização ou não de minerais no preparo da mistura.
O biofertilizante líquido enriquecido com micronutrientes aumentou
significativamente, o número de grãos por vagem em feijão (Phaseolus vulgaris
cv. Paina) e a produção em 16%, não influenciando nas demais características
avaliadas. O aumento das doses (variando de 0 a 200 mL L
-1
) de biofertilizante
proporcionou aumento nos teores dos micronutrientes (Zn, Cu, B e Fe) nas folhas
do feijão. A concentração de 100 mL L
-1
foi a que proporcionou melhores
resultados para a produção e para a nutrição da planta. Entretanto, o aumento
das concentrações do biofertilizante líquido comum (sem micronutrientes) reduziu
significativamente a produção do feijoeiro e o número de vagens por planta, sem
alterar suas características fitotécnicas e os teores foliares de nutrientes nas
doses aplicadas (Dornelles, 2005).
9
O uso freqüente de adubação via solo de biofertilizante e as
concentrações elevadas nas pulverizações podem ocasionar efeito fitotóxico,
principalmente por micronutrientes.
Em um ensaio com adubação via solo de biofertilizante, verificou-se que
houve efeito fitotóxico do biofertilizante em mudas de pepino, milho e soja,
principalmente pelo aumento na condutividade elétrica do solo. As mudas
sofreram uma redução no crescimento com o aumento das concentrações
testadas (Devide et al., 2000).
O biofertilizante enriquecido com micronutrientes, aplicado via foliar na
concentração de 200 mL L
-1
em feijão, provocou alteração nos teores de Zn,
sendo verificado que o teor de 200 mg kg
-1
foi considerado em excesso para a
cultura do feijão (Dornelles, 2005).
O biofertilizante pode ser usado como fertilizante foliar e também como
meio de controle de algumas doenças em mudas de hortaliças folhosas,
ornamentais e frutíferas em geral (Deleito et al., 2004). Entretanto, seu modo de
ação não é conhecido, apesar de apresentar resultados práticos satisfatórios
(Bettiol et al., 1997).
O biofertilizante produzido com a adição de sais e resíduos orgânicos em
concentrações acima de 150 mL L
-1
inibiram completamente o crescimento
micelial de Alternaria solani, Stemphylium solani, Septoria lycopersici, Sclerotinia
sclerotiorum, Botrytis cinera, Rhizoctonia solani e Fusarium oxysporum f. sp.
phaseoli e a germinação de esporos de B. cinera, A. solani, Hemileia vastatrix e
Coleosporium plumierae (Tratch e Bettiol, 1997).
A pulverização de Agrobio em mudas de pimentão apresentou atividade
bacteriostática in vitro sobre Xantomonas campestris pv. Vesicatoria (Deleito et
al., 2004) e sobre X. euvesicatoria (Deleito et al., 2005; Silva et al., 2006) para
todos os isolados testados. A ação bacteriostática pode estar associada à
presença de substâncias bactericidas no mesmo, principalmente pela presença
do B. subitilis, que é reconhecidamente usado para a produção de antibióticos
(Deleito et al., 2005).
Outro efeito de biofertilizantes pode ser sua ação inseticida. Foi
observado que tomateiros tratados com o biofertilizante Supermagro
apresentaram menor incidência de brocas (Neoleucinoides elegantalis) (Nunes e
Leal, 2001). Contudo, não foi verificado o efeito do biofertilizante Supermagro no
10
ataque de ácaros-brancos na cultura de pimenta ‘Malaqueta’ (Venzon et al.,
2006).
A presença de microrganismos patogênicos (coliformes totais) ao homem
foi constatada nos frutos de pimentão tratados com o Agrobio e na testemunha.
Essa presença de coliformes pode estar associada, também, à manipulação dos
frutos durante os tratos culturais e colheita (Silva et al., 2006).
O tempo de biodigestão do biofertilizante pode influenciar no número de
microrganismos patogênicos. Nos primeiros 20 dias da etapa de produção do
biofertilizante foram isoladas as bactérias E. coli fecal e Staphylococcus aureus,
enquanto aos 35 dias não foi constatada mais a presença dessas bactérias
(Schoken-Iturrino et al., 1995).
A composição química pode diferenciar entre as amostras dos
biofertilizantes. Na Tabela 1, encontram-se alguns componentes químicos
avaliados em biofertilizantes estudados (Santos, 1991; Duarte Júnior, 2002;
Dornelles, 2005). Observa-se uma rica concentração de nutrientes minerais,
principalmente de micronutrientes.
Tabela 1. Composição química dos biofertilizantes Agrobio e Super Vairo.
N P K Ca Mg
S Fe Mn Zn Cu B
g L
-1
mg L
-1
Vairo*
- 0,13
0,50
0,95 0,31
0,5
110,0
460,0
170,0 200,0
-
Agrobio**
2,37
0,08
2,05
6,64 1,31
0,74
82,4 459,8
135,4 287,3
-
Agrobio***
0,78
0,24
0,96
3,48 1,20
1,99
192,0
351,0
2.522,0
105,0
73,0
Fonte: *Santos (1991); **Duarte Júnior (2002); ***Dornelles (2005).
Outro produto que pode ser usado na adubação em sistemas orgânicos é
a urina de vaca. A urina de vaca começou a ser pesquisada em 1992 pelo
pesquisador da PESAGRO-RJ Ricardo Gadelha. Esse é outro recurso alternativo
para o uso agrícola, tanto em pomares orgânicos como em pomares
convencionais. Pode ser usada como adubação, tanto via solo como via foliar e
para o controle de pragas e doenças. Na aplicação foliar, deve-se ter o cuidado
em não aplicar na época da floração. Deve-se considerar que o uso contínuo
pode ser tóxico à planta (Gadelha, 2001).
Segundo Gadelha (2001), a urina de vaca contém nutrientes minerais
necessários às plantas como: nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio,
11
enxofre, cobre, ferro, zinco, manganês, boro, cloro, assim como: hormônios (ácido
indol acético) e substâncias fenólicas, como o catecol, que parece estar
associado ao agente inibidor de crescimento de fungos, proporcionando
recuperação às plantas infestadas.
Segundo Pina et al. (2006), o N encontrado na urina de vaca é derivado
do metabolismo de microorganismos no rumem bovino no processo de síntese de
proteína. Esse N é detectado na urina na forma de uréia, alantoína, ácido úrico e
purinas. Dietas com diferentes fontes protéicas para a alimentação de bovinos
não interferiram nas concentrações dos compostos nitrogenados estudados.
O pirocatecol, substância fenólica encontrada na urina de vaca, inibiu o
crescimento do fungo Fusarium moniliforme var. subglutinas, demonstrando que o
pirocatecol tem ação fungicida (Fernandes et al., 1992; Kunieda de Alonso et al.,
1993 e Gadelha et al., 1994).
Para a cultura de abacaxi, recomenda-se realizar pulverizações foliares
mensais com urina de vaca, na concentração de 10 mL L
-1
, nos quatro primeiros
meses, e a 25 mL L
-1
, nos meses seguintes, até a indução floral. Para a adubação
via solo em fruteiras, recomenda-se aplicações mensalmente a 10 mL L
-1
em
plantas com até três anos e a 50 mL L
-1
em plantas com mais de três anos
(Gadelha, 2001).
O uso da urina de vaca na presença e na ausência de adubação mineral
aumentou a produtividade de pimentão com o aumento das doses de urina de
vaca (0, 10, 20, 30, 40 e 50 mL L
-1
). Foi verificada que a maior produtividade foi
obtida na dose de 50 mL L
-1
, sendo, respectivamente, de 25,5 e 10,7 t ha
-1
na
presença e na ausência da adubação mineral. Entretanto, o aumento das doses
não influenciou nos teores de N, P e K das folhas (Oliveira et al., 2004).
A composição química da urina de vaca pode ser diferente entre amostras
em virtude de vários fatores. Na Tabela 2 é apresentada a composição da urina
de vaca em relação aos teores de macro e micronutrientes. Observa-se uma rica
concentração de nutrientes minerais, principalmente em macronutrientes como o
potássio e o nitrogênio.
12
Tabela 2. Composição mineral da urina de vaca
N P K Ca Mg
S Fe Mn
Cu Zn
Mo
g L
-1
mg L
-1
Urina-vaca *
6,30 0,14
27,10
0,23
0,72
0,12
2,4 0,1
0,2 0,1
2,0
Urina-vaca**
20,23
0,01
7,19 0,33
0,95
- 0,55
0,1
0,05
0,1
-
Urina-vaca***
4,28 0,01
14,43
0,06
0,24
- 0,0 0,0
0,0 0,8
-
Fonte: *Gadelha s/ano, carta pessoal. **Oliveira et al. (2004); ***Análise efetuada na Universidade
Federal Rural do Rio de Janeiro, Campus Leonel Miranda, de uma amostra de Urina de vaca,
coletada na região.
A manipueira é um subproduto da produção da farinha de mandioca que
pode ser utilizado como complemento no manejo da adubação orgânica. A
manipueira é o líquido de aspecto leitoso e cor amarelo-clara que escorre das
raízes da mandioca (Manihot esculenta Cratz), por ocasião da prensagem das
mesmas, tendo em vista a obtenção da fécula (polvilho) e farinha de mandioca. É
um subproduto da industrialização da mandioca (Cereda, 2000).
A composição química da manipueira é complexa, dependendo da
variedade e manejo utilizados e das condições edafoclimáticas do cultivo da
mandioca. Durante o processo de fabricação da farinha, de 20 a 30% da água é
eliminada na forma de manipueira. A manipueira pode conter de 5 a 7% de fécula
(parte em suspensão), proteínas, glicose, restos de células vegetais, ácido
cianídrico, substâncias orgânicas e nutrientes minerais solúveis (Fioretto, 2000).
A manipueira contém o glucosídeo cianogênico - a linamarina, de cuja
hidrólise (por ação de linamarase) provém a acetona-cianohídrina, da qual
resultam, por ação enzimática (a-hiroxinitrila-liase) ou por quebra espontânea, o
ácido cianídrico (bastante volátil) e os cianetos, além de aldeídos (Ponte, 2000). O
teor total de cianeto (CN) pode chegar até 604 mg L
-1
com 50% e 42,5% de
cianeto livre (CN
-
), respectivamente (Tabela 4). São esses cianetos que
respondem pelas ações inseticidas, acaricidas e nematicidadas do composto
(Ponte, 2000).
Freire (2001), avaliando o uso da manipueira para o controle da mancha-
de-oídio (Oidium sp.) da cerigueleira (Spondias purpurea L.), observou que todos
os frutos pulverizados com a manipueira, pura ou diluída (1:1), não apresentaram
sintomas do patógeno.
A composição da manipueira é complexa, dependo da variedade de
mandioca utilizada. A manipueira poderá ser utilizada pura ou diluída como
13
fertilizante, seja em adubação via solo ou como adubação foliar (Aragão e Ponte,
1995; Cereda, 2000; Ponte, 1992).
Ponte (2000) recomenda que a adubação com manipueira seja feita via
foliar. O autor sugere que diluições de 1:6 e 1:8 são mais apropriadas, devendo
ser feitas no mínimo de seis e no máximo de dez pulverizações, em intervalos
semanais para diversas culturas.
A manipueira pode substituir os adubos foliares sintéticos. Aragão e Ponte
(1995), avaliando diluições de manipueira (1:4, 1:6, 1:8 e 1:10) e de adubo
comercial (Fertigran
®
) aplicados via foliar, observaram um maior rendimento na
produção de quiabo tratado com as diluições de manipueira em comparação com
o adubo comercial e a testemunha. Porém, com o aumento da diluição, o número
e o peso dos quiabos foram diminuindo.
Adubações foliares com manipueira em gergelim (Sesamum orientale L.),
em diluição aquosa de 1:6, mediante seis pulverizações a intervalos semanais,
aumentaram o número e o peso total de frutos, respectivamente em 67,3 e 52,1%,
em relação a testemunha (Ponte et al., 1997).
Na composição nutricional da manipueira observa-se a maior
concentração do potássio (K), seguido por magnésio (Mg), fósforo (P), cálcio (Ca),
enxofre (S) e ferro (Fe) (Ponte, 2000).
De acordo com Fioretto (2000), a aplicação da manipueira em um solo
influi no equilíbrio iônico do mesmo. A predominância do íon potássio entre os
nutrientes minerais na manipueira pode ter implicação direta no desequilíbrio dos
cátions como Mg e Ca. Assim sendo, deve-se fazer o monitoramento da
fertilidade do solo, antes e após a aplicação da manipueira.
Esse autor anteriormente citado, avaliando doses (0, 50, 100 e 200 m
3
ha
-1
) de manipueira via solo e a época de aplicação (40 dias antes do plantio; no
dia de plantio; 40 dias antes do plantio+no dia de plantio e 30 dias após o plantio)
sobre o algodão e milho, concluiu que em culturas anuais, a manipueira poderá
ser usada se aplicada via solo na quantidade de 50 m
3
ha
-1
, somente uma vez. A
aplicação da manipueira via solo em milho e algodão provocou aumentos
significativos no K e no P no solo.
Segundo Ponte (2000), o uso da manipueira via solo para culturas anuais
deve ser na diluição de 1:1, aplicado junto à planta ou na linha de cultivo, na
quantidade de 2 a 4 L da calda por metro de sulco.
14
Trabalhos com fertirrigação com manipueira, pura ou diluída 1:1, em duas
lagoas de decantação, correspondendo a uma lâmina de 0,79 mm por dia durante
80 dias na cultura de milho, mostraram que a fertirrigação proporcionou aumento
em todas as características químicas do solo avaliadas. Esse efeito propiciou
aumento na altura e diâmetro do colmo das plantas que receberam a manipueira
pura. Nas folhas observou-se influência nos teores de P e Zn (Saraiva et al.,
2007).
Melo et al. (2005), avaliando o efeito do deslocamento de sais minerais da
manipueira em três tipos de solo (Neossolo Quartzarêmico, Latossolo Amarelo e
Latossolo Vermelho), verificaram que o menor fator de retardamento para o
magnésio e cálcio foi para o Neossolo e o sódio e o potássio para Latossolo
Amarelo. Em virtude do maior deslocamento de íons em solos arenosos, ao se
aplicar a manipueira nesses solos deve-se ter o cuidado com contaminações das
águas subterrâneas.
A composição química da manipueira pode ser diferente entre as
amostras coletadas. Na Tabela 3 é apresentada a composição química de
amostras de manipueira em duas regiões brasileiras (Ponte, 2000). Observa-se
uma rica concentração tanto de macro e como de micronutrientes, principalmente
de potássio.
Tabela 3. Composição química da manipueira
N P K Ca Mg S Fe Zn
Cu B Mn
CN
-
*
CN**
g L
-1
mg L
-1
Manip.
1
0,43
0,26
1,85
0,23
0,41
0,20
15,3
4,2
11,5
3,7
5,0
42,5
604,0
Manip.
2
0,17
0,17
2,27
0,42
0,55
0,16
47,2
0,4
0,4 0,5
4,8
- -
Manip.
3
1,30
0,57
3,7
0,18
0,31
- 10 4,0
0,4 - 1,5
- -
*Cianeto livre e ** Cianeto total
Fonte:
1
Ponte (2000);
2
Saraiva et al. (2007);
3
Análise efetuada na Universidade Federal Rural do
Rio de Janeiro, Campus Leonel Miranda, de uma amostra de Manipueira, coletada em São
Francisco de Itabapoana-RJ.
2.3. Aspectos gerais sobre a Mexerica ‘Rio’
A Mexerica ‘Rio’ (C. deliciosa Tenore) é muito apreciada pelos
consumidores, pois apresenta ótimo sabor, boa conservação, polpa firme e
maturação tardia. Além disso, em regiões mais frias como no Estado do Rio
15
Grande do Sul, os frutos apresentam coloração intensa e suco de boa qualidade
(Panzenhagen et al., 1999).
A mexerica encontra-se em expansão no Estado do Rio Grande do Sul,
onde a cultivar mais plantada é a ‘Montenegrina’. Entre as variedades de citros
plantadas, a ‘Montenegrina’ ocupava o terceiro lugar em superfície plantada no
Estado (Rodrigues e Dornelles, 1999).
Acredita-se que a ‘Montenegrina’ surgiu de uma mutação ou
recombinação na progênie nucelar ou zigótica da variedade Caí, nome regional
da Mexerica ‘Rio’. A ‘Montenegrina’ diferencia-se da ‘Rio’ por ser dois a três
meses mais tardia, com frutos de casca mais resistente e de melhor coloração
(Rodrigues e Dornelles, 1999; Pio et al., 2005).
A Mexerica ‘Rio’ é bastante popular nas regiões Sudeste e Sul do Brasil,
principalmente pelo seu aroma acentuado. No Estado de São Paulo essa
variedade apresentou frutos com altura média de 4,7 cm e diâmetro em torno de
6,0 cm, com peso médio de 90,2 g. Esses apresentaram casca brilhante, com
baixa aderência ao endocarpo, superfície variando entre lisa e rugosa, de
coloração levemente alaranjada e espessura média de 2,2 mm por fruto. Essa
variedade apresenta, em média, 10,3 gomos e 23,8 sementes por fruto. Pela sua
popularidade, sabor agradável, baixa espessura de casca e aderência de casca e
gomos, essa variedade poderia adquirir grande valor comercial caso seus frutos
tivessem maiores dimensões e menor número de sementes, o que deve ser
visado no seu melhoramento (Domingues et al., 1999).
Ao contrário do Estado do Rio Grande do Sul, no Estado de São Paulo
tem sido verificada queda na área plantada com a Mexerica ‘Rio’, porém parece
haver um comércio mais estabilizado (Amaro e Caser, 2003).
2.4. Informações sobre as exigências nutricionais dos citros
As características de qualidade dos frutos cítricos variam de acordo com o
mercado ao qual se destinam. Para o mercado de frutas frescas as características
externas dos frutos tais como: a cor; a aparência, o tamanho e a espessura da
casca, assim como a resistência ao transporte, são especialmente importantes.
Para as indústrias de suco, as características observadas são: a porcentagem de
16
suco; os teores de sólidos solúveis (SST); a acidez; a cor e o rendimento em suco
(Mattos Junior et al., 2001).
A melhoria da qualidade dos frutos pode ser obtida pelo melhoramento
genético e pelo manejo geral da cultura, dentro do qual se destaca o fornecimento
balanceado de nutrientes (Carvalho, 1989).
Um pomar de citros pode ser considerado sadio, tanto do ponto de vista
nutricional como fitossanitário, quando as plantas apresentam folhas verdes
brilhantes; vegetam na primavera e no verão e florescem na primavera; seguram
a florada e não derrubam frutos e possuem boa produtividade e qualidade de
frutos (Malavolta et al., 1994).
A prática da adubação em fruticultura é dificultada pelo desconhecimento
de informações como a disponibilidade de nutrientes no solo, a morfologia e
distribuição do sistema radicular das plantas, disponibilidade de água,
temperatura, luz, tipo de solo, espécie, cultivar e idade da planta, porta-enxerto
utilizado, produtividade estimada, tratamentos fitossanitários e teores de
nutrientes adequados nas folhas (Hoffmann et al., 1996). Os autores citados
consideram, também, a fenologia da planta para o manejo e estabelecem três
épocas para aplicação das adubações de acordo com o ciclo anual que
corresponderiam às fases de inchamento de gemas, florescimento, pegamento e
crescimento dos frutos e após a colheita dos frutos.
De acordo com Mattos Junior et al. (2004) e Zanetti et al. (2004), existem
poucas informações disponíveis na literatura que possam orientar o manejo
nutricional em tangerineiras no Brasil, considerando-se a importância desse
manejo para a produção e qualidade dos frutos.
Uma adubação eficiente é de fundamental importância para um bom
desenvolvimento vegetativo e a frutificação das plantas, sendo que os níveis
adequados dos nutrientes influenciam a sanidade da planta (Vichiato et al., 1994).
2.4.1. Exigências em macronutrientes
A absorção de nutrientes minerais pelos citros é verificada durante todo o
ano, sendo maior, porém, no florescimento e durante a formação de folhas
(setembro a dezembro) e ramos novos (março a abril) (Castro et al., 2001a). Na
Tabela 4 são mostradas as faixas para interpretação dos teores foliares de
17
macronutrientes na cultura dos citros, citada por Malavolta et al. (1994) e Raij et
al. (1997).
Os teores mais baixos de nitrogênio (N) foram detectados nos meses de
novembro e dezembro, fase pós-florada, e de crescimento inicial dos frutos e os
níveis mais elevados ocorreram de junho a agosto, período que antecede a época
de maior surto de crescimento e de floração (Malavolta e Violante Neto, 1988;
Coelho e Alves, 1991).
Tabela 4. Faixa de interpretação dos teores dos macronutrientes (N, P, K, Ca, Mg
e S) nas folhas de citros
Nutrientes Deficiente Baixo Adequado Alto Excessivo
…………………………..g kg
-1
de material seca………………………
N < 20 20 - 23 24 - 26 27 - 30 > 30
P < 0,9 0,9 - 1,1 1,2 - 1,7 1,8 - 2,9 > 2,9
K < 5 5 - 9 10 - 14 15 - 20 > 20
Ca < 20 20 - 34 35 - 40 41 - 65 > 65
Mg < 2,0 2,0 - 2,4 2,5 3,0 3,1 - 5,0 > 5,0
S < 1,5 1,5 1,9 2,0 - 2,5 2,6 - 4,0 > 4,0
Fonte: Malavolta et al. (1994) e Raij et al. (1997)
Boaretto et al. (1999c) identificaram a eficiência de uso do N aplicado
como uréia via solo, sendo a máxima no verão (61%) e a mínima no outono e
inverno (33%). Quando o N é absorvido no outono ou início de inverno fica
acumulado até a primavera. Na primavera o nitrogênio sofre redistribuição e
passa a ser usado, em parte, no florescimento e na frutificação (Castro et al.,
2001a; Mattos Junior et al., 2001).
O aumento nas dosagens de N em laranjeiras proporcionam um aumento
da produção da porcentagem de suco, no teor de sólidos solúveis totais e na
acidez em frutos. Contudo, o aumento da adubação nitrogenada relaciona-se com
a diminuição no tamanho e no teor de ácido ascórbico do fruto (Embleton et al.,
1973).
Foi verificado que as doses aplicadas, variando de 0 até 300 kg ha
-1
de N
na forma de uréia em Latossolo Amarelo dos Tabuleiros Costeiros, diminuíram o
peso médio dos frutos de laranjeira ‘Pêra’ e não influenciaram significativamente
nos teores de sólidos solúveis totais, na acidez e na relação sólidos/acidez
(Sobral et al., 2000).
18
Para a ‘Montenegrina’ verificou-se que o aumento da produção estava
relacionado positivamente com os teores de N nas folhas e relacionado
negativamente com o peso médio dos frutos (Panzenhagen et al., 1999).
No tangor ‘Murcott’ foi observado efeito positivo da adubação nitrogenada
no crescimento da planta e na produtividade de frutos durante seis safras
avaliadas. A produção máxima foi de 20 t ha
-1
, obtida com a dose 155 kg ha
-1
de
N (Mattos Junior et al., 2004).
A redução imediata da adubação com nitrogênio pode não interferir na
produção de frutos em determinada safra. Todavia, quando as doses aplicadas
forem inferiores às recomendadas, as árvores podem sofrer uma gradativa
redução da densidade e crescimento da copa, o que, conseqüentemente,
acarretará em perdas na produção de frutos em safras posteriores (Mattos Junior
et al., 2001).
A adubação nitrogenada interfere significativamente no retorno
econômico. Em análise econômica da adubação nitrogenada, Quaggio (1996)
verificou aumentos significativos na produção até a dose de 200,8 kg ha
-1
de N,
que proporcionou o lucro máximo.
Foi observada resposta significativa da laranjeira à aplicação de N, tanto
no solo Argissolo Vermelho-amarelo eutrófico quanto no Latossolo Vermelho
eutrófico, sendo que a dose calculada para a máxima produtividade nos dois
solos foi de 220 kg ha
-1
(Quaggio, 1992).
Almeida e Baumgartner (2002) concluíram que houve aumento nos teores
foliares de N na laranjeira ‘Valência’, com aplicações crescentes de N e K, nas
fontes de nitrato de amônio e cloreto de potássio, respectivamente. Todavia as
adubações não influenciaram a produtividade durante as safras avaliadas.
Em tangerineiras, o efeito do K no tamanho dos frutos é um fator
importante, pois as plantas deficientes em K produzem frutos de tamanho
reduzido, o que deprecia seu valor de comercialização (Mattos Junior et al.,
2004). Entretanto, aumentando as doses de potássio pode haver um aumento no
tamanho e no rendimento de suco do fruto. O aumento do suco aliado ao
tamanho do fruto influenciará na porcentagem de sólidos solúveis (Embleton et
al., 1973).
Magalhães e Sobrinho (1983) não identificaram efeito da adubação
realizada com potássio sobre os citros. Contudo, Magalhães (1987) observou o
19
aumento do peso médio de frutos em laranjeira ‘Pêra’ em resposta à adubação
com potássio.
Na aplicação de 150 kg ha
-1
de K, na forma de cloreto de potássio, foi
verificada a produção máxima de frutos em pomar de laranjeira ‘Pêra’ e o peso
médio dos frutos aumentou em todas as doses de K utilizadas (Sobral et al.,
2000).
Foi observado o efeito positivo da adubação de K no tamanho dos frutos,
na cor e na espessura da casca e no teor de vitamina C. Contudo, o aumento da
dose de K reduziu a relação sólidos solúveis/acidez nos frutos (Castro et al.,
2001a; Sobral et al., 2000).
O uso de doses crescentes de K após seis safras, determinaram a
redução na produção de frutos de tangor ‘Murcott’, provavelmente associado a
desordens nutricionais com cálcio e magnésio, cujos teores nas folhas diminuíram
com o aumento das doses de K. Foi verificado que com o aumento do teor de K
nas folhas houve efeito depressivo na produtividade de frutos com doses
superiores a 412 g por planta. Entretanto, a perda da produtividade devido à
adição de K pode ser compensada pelo aumento no tamanho dos frutos (Mattos
Junior et al., 2004).
Nas cinco primeiras safras avaliadas a produção da ‘Montenegrina’ foi
considerada baixa. Os altos teores de Mn e baixos teores de K e Zn nas folhas,
aliado ao porta-enxerto Poncirus trifoliata, foram considerados como prováveis
causas da reduzida produção de frutos (Panzenhagen et al., 1999).
Para os teores de K nas folhas foram encontrados menores valores nos
meses de julho a setembro, período de início da florada, e nos meses de
novembro a dezembro, fase inicial de crescimento do fruto (Coelho e Alves,
1991), e para os teores de fósforo (P) as épocas de maiores exigências são na
floração e na maturação dos frutos (Malavolta e Violante Neto, 1988).
O P tem menor efeito do que o nitrogênio e o potássio para o
desenvolvimento vegetativo e a produtividade das plantas cítricas. Entretanto, a
resposta das plantas jovens (até cinco anos) à adubação de fósforo é maior
(Castro et al., 2001a). A adubação corretiva com P, na instalação do pomar, foi
suficiente para assegurar acréscimos na produção de frutos da ‘Montenegrina’
(Panzenhagen et al., 1999).
20
Em tangor ‘Murcott’ não foram verificados efeitos positivos da fertilização
de P sobre a produção de frutos e os teores de P nas folhas, durante as seis
safras avaliadas. Isso pode ter ocorrido, devido ao nível de P-resina, no solo,
superior ao nível crítico (Mattos Junior et al., 2004) de 20 mg dm
-3
(Mattos Junior
et al., 2001).
A adubação com fósforo tem sido negligenciada no Brasil, em função de
dados obtidos em outros países com solos ricos desse nutriente, sendo que no
Brasil os solos cultivados são pobres em fósforo. Entretanto, a adubação de
fósforo com adubos solúveis e incorporação têm mostrado respostas positivas em
pomares com mais de cinco anos (Mattos Junior et al., 2001).
Foram observados efeitos da adubação com P na produção de frutos em
laranjeira ‘Pêra’ em todos os anos avaliados em Latossolo Amarelo dos
Tabuleiros Costeiros, quando o P no solo por extração (Mehlich 1) foi de 1,1 mg
kg
-1
. As aplicações de P no solo fizeram com que esse nutriente se acumulasse
no solo e a produção máxima foi obtida com a aplicação de 41,5 kg ha
-1
de P, na
forma de superfosfato triplo. Essa aplicação aumentou o peso médio dos frutos, a
porcentagem de suco e a relação sólidos solúveis/acidez, contudo a acidez e os
sólidos solúveis diminuíram significativamente (Sobral et al., 2000).
2.4.2. Exigências em micronutrientes
Em relação aos micronutrientes, os teores foliares para zinco (Zn) e cobre
(Cu) alcançaram níveis considerados baixos e deficientes entre os meses de
junho a setembro. O teor de manganês (Mn) nas folhas apresentou pequena
variação durante o ano, sendo encontrado teores mais baixos no mês de maio.
Para o teor de ferro (Fe) encontraram altos níveis em todas as determinações,
necessitando, ainda, de maiores estudos sobre o efeito das épocas de aplicação
sobre sua eficiência de absorção (Coelho e Alves, 1992).
As plantas cítricas são exigentes em Zn, B, Mn e Fe, sendo que a
deficiência desses nutrientes é comum na citricultura mundial. Em condições
tropicais, as deficiências de Zn e B nas plantas cítricas são as mais freqüentes
(Quaggio et al., 2003).
21
Na Tabela 5 são mostradas as faixas para interpretação dos teores
foliares de micronutrientes na cultura dos citros, citada por Malavolta et al. (1994)
e Raij et al. (1997).
Tabela 5. Faixa de interpretação dos teores dos micronutrientes (B, Cu, Fe, Mn e
Zn) nas folhas de citros
Nutrientes Deficiente Baixo Adequado Alto Excessivo
………………………….mg kg
-1
de material seca………………………
B < 30 30 59 60 140 141 200 > 200
Cu < 4 4 9 10 30 31 40 > 40
Fe < 50 50 129 130 300 301 400 > 400
Mn < 18 18 24 25 49 50 200 > 200
Zn < 18 18 24 25 49 50 200 > 200
Fonte: Malavolta et al. (1994) e Raij et al. (1997)
Existe uma escassez de conhecimento sobre critérios seguros para o
diagnóstico da necessidade de adubação, doses e modos eficientes de aplicação
de micronutrientes (Quaggio et al., 2003) para melhorar a produção e a qualidade
dos frutos (Dechen e Neves, 1988).
O Zn é um micronutriente de grande importância para a produção de
citros, pois os pomares costumam apresentar sintomas de deficiência desse
nutriente. Esse nutriente participa da ativação de enzimas no processo de
formação de hormônios de crescimento. Os sintomas de sua carência são,
principalmente, a redução de tamanho das novas brotações e das folhas,
acompanhada de clorose acentuada do limbo entre as nervuras (Rodriguez,
1991).
O B é outro micronutriente que sua deficiência nas planta pode causar
desenvolvimento reduzido e às vezes secamento das extremidades. As folhas se
tornam menores, com ondulações no limbo e com nervuras salientes, há grande
queda de frutos novos e os frutos apresentam tamanhos reduzidos e com o
albedo duro. Os sintomas de deficiência de Mn são cloroses entre as nervuras,
porém mais pálidas e menos acentuadas que as de zinco (Rodriguez, 1991).
A quantidade de adubação para ser utilizada em pomares deficientes de
Zn, Mn e B é bastante variável, pois dependerá do tipo do adubo a ser utilizado,
principalmente se esses três micronutrientes aparecem em adubos com
macronutrientes (Boaretto et al., 1999a).
22
Para a laranjeira ‘Pêra’ foi observado que após o terceiro ano de
adubação via solo o aumento das doses 0, 2, 4 e 6 kg ha
-1
de Zn, na forma de
sulfato de zinco, proporcionou aumento de produção. Entretanto, o aumento das
doses de Zn provocou aumento no teor desse nutriente no solo aos seis meses
após a aplicação, porém sem resposta nos teores das folhas, que foi verificado
somente após dois anos de avaliação (Quaggio et al., 2003).
Ao contrário do Zn, a adubação via solo com o B pode ser eficiente para
aumentar a produção e pode interferir na qualidade de frutos cítricos. Aplicações
anuais de B (ácido bórico) via solo na dose de 4 kg ha
-1
de B proporcionaram
aumento na produção, no tamanho de frutos e a redução no teor de açúcares
(SST) e vitamina C. Essa adubação foi eficiente para aumentar o teor de B nas
folhas de laranjeira ‘Pêra’ (Quaggio et al., 2003).
A adubação complemetar de B via solo foi mais eficiente que a aplicação
via foliar (Quaggio et al., 2003; Santos et al., 1999). Entretanto, a aplicação de Zn
via foliar foi mais eficiente que a aplicação no solo para elevar o teor foliar das
plantas (Quaggio et al., 2003).
2.5. Adubação foliar em citros
Existem diversos fatores ligados as folhas que influenciam na absorção
foliar, dentre eles, a espessura da cutícula, a freqüência de estômatos, o número
de ectodesmatas e a espessura da parede (Dechen e Neves, 1988; Santos e
Manjarrez, 1999).
A penetração cuticular de sais ocorre por difusão em meio aquoso através
de poros localizados na cutícula. A velocidade de penetração de um sal depende
da umidade relativa do ar, quanto mais alta for a umidade relativa do ar, mais
rápida será a penetração, e do ponto de deliqüescência do sal, que é a
capacidade da umidade relativa do ar de manter a solução saturada e equilibrada
com o meio (Schönherr, 2002).
Os estômatos podem ser uma importante rota para a absorção foliar.
Entretanto, foi verificado que a absorção de um sal pelos estômatos depende da
umidade relativa do ar, da luminosidade, da concentração do sal e da deposição
da calda sobre a folha (Eichert et al., 2002).
23
Os mecanismos de absorção que envolve a entrada de um íon ou
molécula pela folha podem variar devido às substâncias aplicadas e as espécies
vegetais. A absorção foliar pode possuir duas fases de penetração: a absorção
passiva, que ocorre sem gasto de energia e pode ocorrer por difusão, e/ou
absorção ativa, que ocorre com gasto de energia (Dechen e Neves, 1988;
Marschner, 1995; Taiz e Zaiger, 1998).
Fatores como o pH da solução e o íon acompanhante, surfactantes e
aderentes, presença de substâncias ativadoras (ácidos húmicos) e a
concentração da solução são fatores que influenciam a fertilização foliar (Santos e
Manjarrez, 1999).
A adubação foliar é baseada no fato de que as plantas têm capacidade de
absorver nutrientes através de suas folhas. Nas folhas a velocidade de absorção
do elemento é influenciada pelo íon acompanhante e pela forma que o elemento
se encontra na solução (Dechen e Neves, 1988).
A aplicação foliar tem por objetivo complementar a nutrição realizada via
solo ou substrato e suprir as necessidades nutricionais das plantas (Boaretto e
Rosolem, 1989), principalmente nos períodos de maior demanda ou nos períodos
de maior dificuldade de absorção pela planta, como nos períodos secos (Stoller,
1989), além de possibilitar a correção rápida de determinadas deficiências
(Boaretto e Rosolem, 1989).
A adubação foliar com N pode ser realizada em citros. São necessárias
48 horas para que as plantas de citros absorvam 52% do N aplicado por via foliar,
porém essa rápida absorção não apresentou efeitos significativos na matéria seca
e no teor foliar de N em mudas de citros (Boaretto et al., 1999b).
A eficiência da adubação foliar pode ser avaliada por diferentes métodos,
sendo os mais comuns e práticos os métodos indiretos, nos quais a alteração da
composição química, os aumentos de produção ou de crescimento, ou os efeitos
de correção dos sintomas de deficiência nas plantas são avaliados após as
pulverizações. Esse método, porém, não permite quantificar a porcentagem dos
nutrientes aplicados, que é, efetivamente, absorvida pelas folhas, nem quantificar
a translocação do nutriente para outros órgãos (Boaretto et al., 2003).
A adubação foliar é mais interessante para micronutrientes pouco móveis,
como Zn, B e Mn. A recomendação geral de adubação foliar para os citros
consiste em preparar caldas de sais minerais com acido bórico, Zn, Mn e Cu nas
24
concentrações de 5 g L
-1
, nas faixas de 500 a 1000, 300 a 700 e 600 a 1000 mL L
-
1
, respectivamente, acrescidos de uréia a 5 g L
-1
como coadjuvante (Mattos Junior
et al., 2001).
As pulverizações foliares, entretanto, apresentam um efeito de curta
duração na correção de deficiência nutricional, sendo necessária sua repetição
entre duas a três vezes por ano entre a primavera e o verão (Boaretto et al.,
1999a; Rein e Sousa, 1999). Portanto, deve ser empregada como corretiva ou
preventiva, quando se constata ou se espera que ocorra alguma deficiência
nutricional (Boaretto et al., 1999a).
Doses menores e mais freqüentes são mais eficientes do que altas doses
com intervalo longo de aplicação e que em média 50% do volume da calda
aplicada sobre a planta cai sobre o solo, podendo dessa forma modificar as
características do mesmo (Stoller, 1989).
A aplicação foliar de Zn promoveu seu acúmulo no solo (de 1,4 mg kg
-1
,
em 1999, para 2,5 mg kg
-1
, em 2001), demonstrando que boa parte desse
nutriente aplicada nas folhas é lavada pela água de chuva ou escorre diretamente
para o solo. Esse aumento de disponibilidade no solo pode estar suprindo a
necessidade da planta para esse nutriente (Quaggio et al., 2003).
As pulverizações foliares com B, Zn, Cu e Mn aumentaram os teores
desses nutrientes no solo, ocasionados pelo corrimento da calda das
pulverizações foliares. Esses valores foram maiores no colo das plantas do que
na entre linha. Entretanto, devido à idade do pomar (cinco anos), a adubação
foliar interferiu muito pouco nos teores dos micronutrientes no solo, exceto para
Zn (Tiritan, 1996).
O uso da adubação foliar com Mn, Zn e Cu ocorre pelo fato desses
micronutrientes serem exigidos em pequenas quantidades pelas plantas, podendo
ser fornecidos totalmente pela via foliar (Stoller, 1989). A aplicação foliar de Mn
também aumentou o teor foliar de Mn nas laranjeiras (Santos et al., 1999).
Foi verificado que duas aplicações foliares anuais de adubos ricos em
micronutrientes, apresentando 770 mg dm
-3
de Zn, 625 mg dm
-3
de Mn e 170 mg
dm
-3
de B, têm sido eficientes para elevar os teores de Zn, Mn e B nas folhas,
mas é insuficiente para alterar os teores nas folhas novas das laranjeiras que
nascem após a pulverização, devido à baixa translocação dos mesmos para
outros órgãos da planta (Boaretto et al., 2003).
25
Após realizar quatro pulverizações em um pomar laranjeira ‘Pêra’ com
sintomas de deficiência de B, Zn e Mn, foi observado o aumento dos teores
desses nutrientes. Apesar de ter sido corrigido os sintomas da deficiência
nutricional das plantas, não houve aumento de produtividade de frutos (Tiritan,
1996).
A adubação foliar pode melhorar as características morfológicas e
fisiológicas nos citros, melhorando e aumentando a quantidade e qualidade de
frutos (Castro et al., 1996; Santos e Manjarrez, 1999).
A adubação foliar de boro na floração possibilitou o desenvolvimento das
florações secundárias, pois aumentou o número de tubos polínicos e o
rendimento final de frutos (Lovatt, 1999).
A pulverização foliar com formulações comerciais influenciou no aumento
significativo no peso dos frutos em tangerina ‘Poncã’, principalmente devido ao
aumento do peso da polpa e da casca (Marinho et al., 1993).
O aumento no peso dos frutos com as pulverizações foliares podem
também aumentar a relação de sólidos solúveis/acidez total dos frutos,
melhorando a qualidade interna dos frutos (Gazzola e Souza, 1994).
O efeito de aplicações do estimulante vegetal ‘Stimulate’
®
aumentou o
número de ramos e o peso médio de frutos da laranjeira ‘Pêra’ aos 69 dias após a
primeira aplicação, em relação ao controle. O Stimulate
®
é um estimulante vegetal
comercial contendo reguladores vegetais e traços de sais minerais quelatizados
(Castro et al., 1998; Castro et al., 2001b).
Boaretto et al. (1999b) sugerem que a uréia pode ser utilizada para
adubação foliar, porque contém alto teor de N, alto grau de solubilidade e baixa
corrosividade. O risco de causar injúrias nas folhas é menor para a uréia em
relação às outras fontes, se comparadas a soluções com concentrações
equivalentes de N, porém avaliaram que 40% do N aplicado como uréia via foliar
foi perdido.
A quantidade de aplicações de uréia por via foliar para suprir toda a
demanda por nitrogênio deveria ser de mais de sete pulverizações, o que
mostra-se inviável na prática (Boaretto et al., 1999c).
26
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. Instalação e condução do experimento
O experimento foi instalado em pomar de mexeriqueira ‘Rio’ (Citrus
deliciosa Tenore), enxertada sobre limoeiro ‘Cravo’, implantado em 1995, com
espaçamento de 5,0 x 3,0 m, na área experimental da Universidade Estadual do
Norte Fluminense Darcy Ribeiro, pertencente à Escola Técnica Estadual Agrícola
Antônio Sarlo, no município de Campos dos Goytacazes. A área experimental
está localizada em 21
o
43` de latitude sul, 41
o
21` de longitude oeste e 25 m de
altitude, caracterizando-se o solo como Latossolo Amarelo Distrófico.
Utilizou-se o delineamento de blocos casualizados (DBC) com cinco
repetições e uma árvore por parcela. O experimento foi conduzido por dois anos e
meio, entre fevereiro de 2005 e julho de 2007. Os dados de temperatura
temperatura média, umidade relativa e precipitação, registrados no período de
condução do experimento, encontram-se na Figura 1.
O experimento foi conduzido em processo de conversão de pomar
convencional para orgânico, seguindo as diretrizes do Instituto Biodinâmico-IBD
para obtenção do selo orgânico (IBD, 2004).
27
a
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Meses do ano
Precipitação (mm)
2005
2006
2007
b
17
19
21
23
25
27
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Meses do ano
Temperatura média (
o
C)
2005
2006
2007
c
70
75
80
85
90
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Meses do ano
Umidade Relativa média (%)
2005
2006
2007
Figura 1. Dados climáticos para (a) precipitação média; (b) temperatura média
e (c) umidade relativa média do ar dos meses nos anos de 2005,
2006 e 2007 em Campos dos Goytacazes, RJ
Todas as plantas do experimento receberam, anualmente, 16 kg de
esterco bovino, distribuído sob a projeção da copa das plantas nos meses de
maio e novembro. O esterco de gado foi, preliminarmente, submetido ao processo
de compostagem por dois meses antes de sua aplicação às plantas, conforme a
recomendação do IBD (2004). Resultados das análises das amostras do esterco
de gado aplicado nos anos de 2005 e 2006 são apresentados na Tabela 6.
28
Tabela 6. Resultado das análises químicas das amostras do esterco de gado
aplicado nos anos de 2005 e 2006 no pomar de mexeriqueira ‘Rio’ em
Campos dos Goytacazes-RJ
C N P
**
K Ca Mg S Fe Cu
Zn Mn
B
Safra
pH*
---------------------------g kg
-1
--------------------
---------------mg kg
-1
-----------
2005 5,0
211,2
22,5
8,99
5,14
14,8
11,0
0,5
19800
80
150
132
8,0
2006 7,5
122,4
14,7
2,84
4,15
7,3 4,1 2,4
7458 16
84 266
12,9
* pH extraído em água
** Extrator Melhich 1
Análise efetuada no Centro de Análises na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Campus
Dr. Leonel Miranda.
Todas as plantas foram submetidas, também, a adubação verde com
leguminosas. A adubação verde nas entrelinhas do pomar foi conduzida de uma
forma que não interferisse no manejo da adubação e na pulverização das plantas.
Por isso, as leguminosas foram plantadas em entrelinhas alternadas e espaçadas
a 1,9 m das mexeriqueiras, em toda a extensão das entrelinhas no pomar.
O preparo do solo para o plantio das leguminosas foi realizado com o uso
de trator Massey Ferguson 275, com subsolagem e com arado de três discos em
duas passagens sobre as entrelinhas a uma profundidade de 20 cm.
Em outubro de 2005 foi semeada a crotalária (Crotalaria juncea L,), sendo
colocadas 30 sementes por metro linear com espaçamento de 0,4 m entre as
linhas. Em janeiro de 2006 a crotalária foi roçada, com roçadeira acoplada ao
trator Massey Ferguson 275, e a massa verde foi depositada na superfície da
entrelinha.
Em novembro de 2006 foi semeado o feijão de porco (Canavalia
ensiformes (L.)), em espaçamento de 0,25 m entre plantas e 0,4 m entre as
linhas. Em janeiro de 2007 o feijão de porco foi roçado com roçadeira acoplada ao
microtrator tobata e a massa verde foi depositada na superfície da entrelinha.
As quantidades dos fertilizantes nas aplicações via solo foram calculadas
a cada ano, de acordo com os teores de K nos lotes de biofertilizante, urina de
vaca, manipueira e esterco bovino, preparados ou coletados. Na Tabela 7 são
apresentados os resultados das análises químicas das amostras de biofertilizante,
urina de vaca e manipueira aplicados nas safras de 2006 e 2007.
29
Tabela 7. Resultados médios das análises químicas de amostras de
biofertilizante (1), urina de vaca (2) e manipueira (3) aplicados nos
tratamentos nas safras de 2006 e 2007
N P K Ca Mg S Fe Cu Zn Mn B
Safra
pH* --------------------g L
-1
------------------- ---------------------mg L
-1
--------------
1
6,8 0,61
0,66
1,37 2,68
1,24
1,16
700,0
267,5
1435
270 276,6
2
8,8 5,19
0,03
10,85
0,08
0,43
0,32
2,0 0,60 0,87
0,84
4,59
2006
3
4,5 2,48
0,44
3,76 0,23
0,65
0,20
10,0 0,80 4,00
1,75
3,70
1
5,4 0,46
0,49
0,95 2,27
1,33
1,89
332,0
274,5
1338
207 302,6
2
8,4 5,59
0,03
11,19
0,17
0,54
0,49
3,75 0,60 0,95
1,61
5,20
2007
3
4,7 2,48
0,67
4,93 0,35
0,82
0,17
8,87 0,67 4,33
1,93
5,19
*pH extraído em água
Análise efetuada no Centro de Análises na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro,
Campus Dr. Leonel Miranda.
As amostras de biofertilizante, urina de vaca e manipueira foram
submetidas à evaporação da água em blocos de aquecimento. O material
remanescente após evaporação foi submetido a digestões ácidas e a
determinações dos teores de nutrientes foram efetuadas de acordo com
metodologias citadas por Malavolta et al. (1997).
Os teores de N das amostras de biofertilizante, urina de vaca e
manipueira foram determinados após a digestão ácida com H
2
SO
4
. Após a
digestão nítrico e perclórico, o P foi quantificado colorimetricamente pelo método
do azul de molibdato e o K por fotometria de emissão de chama. O Ca e Mg e os
micronutrientes (Zn, Mn, Cu, Fe) foram quantificados por espectrofotometria de
absorção atômica. O S foi determinado por turbidimetria e o B foi determinado,
colorimetricamente, pelo método da Azometina.
As recomendações das adubações via solo tomaram por base o teor de K
no solo e a classe de produtividade esperada, efetuada para atingir a quantidade
de K recomendada para tangerineiras por Raij (1997)
e Malavolta et al. (1994).
Nesse experimento, a classe de produtividade foi definida para a produção entre
41 a 50 Mg ha
-1
. Para as safras de 2006 e de 2007, as quantidades
recomendadas foram, respectivamente, de 140 e 100 kg ha
-1
de K, o que
correspondeu a 210 e 150 g de K por planta.
Foram aplicados dez tratamentos, constituídos pelo modo de aplicação
(via solo, via pulverizações foliares ou via solo e foliar, simultaneamente) de
30
diferentes fontes de fertilizantes (Biofertilizante, Urina de vaca e Manipueira) e
uma testemunha adubada apenas com esterco bovino. Para os tratamentos
constituídos pelo modo de aplicação via solo descontou-se a quantidade de K
fornecida pela adubação com esterco bovino.
As diluições dos fertilizantes para as aplicações foliares seguiram
proposições de Santos (1991) para o biofertilizante, de Boemeke (2002) para a
urina de vaca e de Ponte (2000) para a manipueira.
Os tratamentos foram assim constituídos:
Biofertilizante aplicado via solo na quantidade de 64,5 e 68,5 L por planta
nas safras de 2006 e 2007, respectivamente, diluído em água na proporção
de 1:1 (BS);
Biofertilizante aplicado via foliar na concentração de 100 mL L
-1
(BF);
Biofertilizante aplicado via solo e foliar, simultaneamente (BS+ BF);
Urina de vaca aplicada via solo na quantidade de 12,0 e 7,5 L por planta
nas safras de 2006 e 2007, respectivamente, diluída em água na proporção
de 1:1 (US).
Urina de vaca aplicada via foliar na concentração de 40 mL L
-1
(UF);
Urina de vaca aplicada via solo e foliar, simultaneamente (US+UF);
Manipueira aplicada via solo na quantidade de 34,0 e 17,0 L por planta nas
safras de 2006 e 2007, respectivamente, diluída em água na proporção de
1:1 (MS);
Manipueira aplicada via foliar na concentração de 250 mL L
-1
(MF);
Manipueira aplicada via solo e foliar, simultaneamente (MS+MF);
Testemunha adubada com esterco de curral, que foi a adubação básica
aplicada em todos os tratamentos (T).
Para a safra de 2006, os tratamentos foram aplicados nos meses de
setembro e novembro de 2005, antes e após a abertura das flores, e janeiro de
2006, quando as plantas apresentavam frutos três centímetros de diâmetro. Para
a safra de 2007, os tratamentos de adubação foram repetidos, em setembro,
outubro, novembro de 2006 e janeiro de 2007.
As adubações foliares foram efetuadas no período da manhã, entre 7:00
às 12:00 h. A variação da temperatura e a umidade relativa do ar durante as
31
pulverizações dos tratamentos em 2005, 2006 e 2007 foram registradas por
termohigrômetro digital portátil e são apresentadas na Tabela 8.
Tabela 8. Variação da temperatura (
o
C) e umidade relativa do ar (UR%) no pomar
de mexeriqueira ‘Rio’, durante as pulverizações dos tratamentos nos
anos de 2005, 2006 e 2007 em Campos dos Goytacazes-RJ
Ano Mês Temperatura (
o
C) U.R. (%)
2005 22 de setembro 25,8 a 32,1 55 a 77
23 de novembro
27,2 a 33,9 57 a 78
2006 27 de janeiro 25,6 a 32,4 63 a 87
14 de setembro 26,5 a 31,3 56 a 78
24 de outubro 23,2 a 27,6 55 a 80
22 de novembro
25,7 a 28,7 57 a 85
2007 25 de janeiro 24,7 a 32,6 57 a 86
As adubações foliares foram realizadas com o uso de pulverizador
acoplado a um microtrator com um reservatório acoplado de 200 L, sendo
aplicados, aproximadamente, cinco litros de calda por planta. O bico utilizado
apresentou vazão de 0,03 L s
-1
e a pressão utilizada foi entre 70 e 80 lb pol
-2
. Não
foram adicionados aditivos e/ou espalhantes adesivos. Durante as pulverizações
as plantas foram cercadas com lonas plásticas para evitar deriva para as plantas
vizinhas.
As adubações via solo foram realizadas com o auxílio de regadores,
aplicando-se as caldas diluídas sob a projeção da copa.
O Biofertilizante foi produzido pelo processo de fermentação com agitação
manual diária de pelo menos cinco minutos em tambores plásticos de 100 L na
Unidade de Apoio à Pesquisa/Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias da
UENF. O biofertilizante foi preparado de acordo com a formulação e
procedimentos indicados pela receita do biofertilizante Novo Super Magro (Silva e
Carvalho, 2000). Os ingredientes para a produção do biofertilizante foram
adquiridos no comércio local.
A formulação utilizada para a produção do biofertilizante foi: a)
Ingredientes básicos: 20 L de esterco fresco; b) Sais minerais: (mistura 1): 0,3 kg
de sulfato de cobre (24% de Cu e 11% de S), 0,3 kg de sulfato de ferro (30% de
Fe e 17% de S) e 0,3 kg sulfato de manganês (10% de Mn e 7% de S) e 2,0 kg de
sulfato de zinco (20% de Zn e 9% de S); (mistura 2): 1,0 kg de ácido bórico (17%
32
de B) e 2,0 Kg de cloreto de cálcio; (mistura 3): 0,05 kg de sulfato de cobalto (20%
de Co) e 2,0 kg de sulfato de magnésio (9% de Mg e 11% de S); (mistura 4) 0,1
kg de sulfato de sódio e c) Ingredientes complementares: 4,5 kg
de açúcar
mascavo, 1,8 kg de calcário calcítico (34% de Ca), 1,8 kg de fosfato de araxá, 1,8
kg de farinha de osso, 900 gramas de fígado bovino e 9,0 L de leite tipo C. Os
ingredientes das misturas foram divididos em partes iguais e postos na calda a
cada três dias. Terminado o processo de produção do biofertilizante (30 dias)
adicionou-se água até completar o volume de 250 L. O produto obtido
permaneceu em descanso por mais três dias, foi coado em tecido de algodão
tornando-se pronto para as aplicações.
A urina de vaca foi coletada nas fazendas da região e estocada por pelo
menos um mês de antecedência às aplicações em tambores plásticos de 60 L. A
manipueira foi coletada nas fábricas de farinha de mandioca de São Francisco do
Itabapoana - RJ um dia antes de sua aplicação e estocada em tambores plásticos
de 60 L. A urina de vaca e a manipueira não foram coadas no momento das
aplicações.
3.2. Avaliações do experimento
3.2.1 Análises foliares
Em fevereiro de 2005, 2006 e 2007, quando os frutos apresentavam de
três a quatros centímetros de diâmetro, foram retiradas amostras de folhas para
as análises dos seguintes nutrientes: N, P, K, Ca, Mg, S, Mn, Zn, Cu, B e Fe. As
análises foram efetuadas no Setor de Nutrição Mineral de Plantas do Laboratório
de Fitotecnia CCTA/UENF. Foram coletadas folhas pertencentes ao terceiro e
quarto nós de ramos com frutos gerados na primavera e que apresentavam entre
dois e quatro centímetros de diâmetro. O material vegetal foi seco em estufa a
72
o
C, triturado em moinho e armazenado em frasco fechado para análise
posterior.
O teor de N foi determinado pelo método de Nessler (Jackson, 1958),
após digestão da matéria seca com H
2
SO
4
e H
2
O
2
. Os teores de P, K, Ca, Mg, S,
B, Mn, Zn, Cu e Fe foram determinados no extrato obtido a partir da digestão com
ácido nítrico e perclórico. Para a determinação dos teores de P foi utilizado o
33
método colorimétrico do molibdato; a turbidimetria foi utilizada para determinação
dos teores de S e a espectrofotometria de absorção atômica para os teores de
Ca, Mg, Mn, Zn, Cu e Fe. O teor de K foi determinado pela fotometria de emissão
de chama e o B foi determinado colorimetricamente após digestão via seca, pelo
método de Azometina.
3.2.2. Produção e caracterização da qualidade dos frutos
Foi realizada a contagem dos frutos durante os meses de novembro e
dezembro de 2005 e 2006, estimando-se a produção total de frutos por planta e a
média por tratamento.
Após a contagem, foi efetuado o raleio manual de frutos em plantas com
mais de 500 frutos, para que a produção máxima por planta não ultrapassasse o
valor aproximado de 500 frutos. O raleio manual de frutos é uma prática de
manejo adotada para mexeriqueiras e tangerineiras e consiste na retirada de 50 a
70% dos frutos produzidos pela planta. Sua finalidade é aumentar a produção de
frutos comercializáveis, evitar a alternância de produção e o depauperamento das
plantas pela produção excessiva de frutos (Sartori et al., 2007).
Antes de ser efetuado o raleio, foi medido o diâmetro de uma amostra de
100 frutos por planta. Quando o diâmetro dos frutos atingiu, em média, 29 mm, o
raleio foi efetuado. Também foram realizadas as contagens dos frutos colhidos
semanalmente durante a colheita, avaliando-se a produção por planta.
As colheitas dos frutos foram realizadas nos meses de março a junho de
2006 e 2007. Foram retiradas amostras de oito frutos por planta no ponto de
colheita, até totalizarem 32 frutos por planta, sendo retirados dois frutos por lado
(N,W,E,S) da árvore.
Foram determinadas as características físicas e químicas dos frutos,
semanalmente, nos dois primeiros dias após a colheita. As características
avaliadas foram: o diâmetro longitudinal e transversal, a espessura da casca e a
massa dos frutos, das cascas e dos bagaços, o volume e a percentagem de suco,
o pH do suco, o teor de sólidos solúveis totais (ºBrix), a acidez total (AT), o teor de
ácido ascórbico e a relação de sólidos solúveis e acidez total (ratio). As
avaliações físicas e químicas dos frutos foram realizadas no Laboratório de
Tecnologia de Alimentos CCTA/UENF. Os frutos foram identificados e
34
armazenados em caixas de papelão na câmara fria do Laboratório de Fitotecnia
CCTA/UENF entre 24 e 48 horas.
As avaliações físicas foram realizadas em todos os frutos das amostras
para obtenção das médias por parcela. As massas dos frutos, das cascas e dos
bagaços foram avaliadas em balança de precisão e para as avaliações do
diâmetro longitudinal e transversal e a espessura da casca foi utilizado
paquímetro de 0,1 mm de precisão.
O suco dos frutos foi avaliado em uma amostra composta por oito frutos
por parcela, que foi obtido por extração em espremedor elétrico. Após a extração,
o suco foi coado em peneira de malha de dois milímetros para retirada das
sementes. Nessa amostra de suco foram realizadas as análises químicas.
O pH e o
SST foram determinados por meio de leitura direta na amostra
de suco homogeneizado. Foram utilizados pH-metro, modelo pH 330/SET, e
refratômetro manual Atago, modelo PR-201-Palette.
A acidez total (AT) foi obtida em alíquotas de 2 mL do suco misturadas a
10 mL de água destilada. Após a homogeneização da amostra foi utilizado o
indicador de fenolftaleína e a titulação com NaOH (0,1N). O “ratio” foi obtido pela
relação entre o SST e a ATT.
O teor de ácido ascórbico foi avaliado em alíquotas de 2 mL de suco
misturadas a 5 mL de ácido oxálico e 10 mL de água. Após a homogeneização da
amostra foi realizada a titulação com a solução de 2,6 dinitrofenilhidrazina (2,6 D).
Para o teor de ácido ascórbico (expresso em mg por 100 mL de suco) o volume
titulado foi calculado conforme o método 43.064, descrito na Association of Official
Analytical Chemistry (1984).
3.2.3. Análises do solo
A primeira coleta para a avaliação das características químicas do solo foi
realizada em 2005, antes do início das adubações. Essa coleta foi realizada nas
profundidades de 0 a 20 e de 20 a 40 cm. Cada amostra foi composta por três
sub-amostras. No ano seguinte foi realizada a segunda coleta de solo nas áreas
sob os tratamentos, na profundidade de 0 a 20 cm, obtendo-se a média de todos
os tratamentos. Cada amostra foi composta por dez sub-amostras. Os resultados
dessas análises são apresentados na Tabela 9.
35
Tabela 9. Características químicas de amostras de solo do pomar em 2005 na
época de instalação do experimento e em 2006 no pomar de
mexeriqueira ‘Rio’, em Campos dos Goytacazes – RJ
Ano 2005 Ano 2006
--------Linha-------- ------Entre-linha------ ----Linha---
0 a 20
cm
20 a 40
cm
0 a 20
cm
20 a 40
cm
0 a 20 cm
pH*
4,9 4,6 4,9 4,6 6,1
P**
mg dm
-3
4 2 4 2 22,8
K
+
mmol
c
dm
-3
0,87 0,39 0,87 0,39 2,1
Ca
2+
2,0 1,1 1,7 0,9 3,1
Mg
2+
1,3 0,8 1,1 0,7 1,4
Al
3+
0,0 0,3 0,0 0,3 0,0
H+Al
3+
3,5 3,6 3,1 3,5 2,9
Na
+
cmol
c
dm
-3
0,03 0,02 0,03 0,02 0,10
S
- - - - 21,9
B
- - - - 0,87
Fe
2+
16,5 13,8 15,5 13,0 11,2
Cu
2+
0,2 0,2 0,2 0,2 1,9
Zn
2+
1,2 0,9 1,1 0,4 3,63
Mn
2+
mg dm
-3
4,1 1,4 5,1 1,6 5,33
MO
% 2,11 1,56 2,08 1,50 2,39
S.B.
3,8 2,1 3,0 1,7 4,8
T
6,7 5,5 6,1 5,2 7,7
T
cmol
c
dm
-3
3,8 2,4 3,0 2,0 4,8
C
1,24 0,94 1,21 0,87 1,39
M
0 14 0 18 0
V
(%)
50 34 49 32 63
*pH extraído em água
**Extrator Melhich 1
Análise efetuada no Centro de Análises na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Campus Dr. Leonel
Miranda.
36
Para as determinações dos teores de P, K, Na, Fe, Cu, Zn e Mn no solo
foi utilizado o extrator Mehlich 1 e para o Ca e Mg trocáveis no solo foi utilizada a
solução de KCl 1mol L
-1
como extratora. A determinação de P foi feita por
espectrofotometria de absorção de luz, de K e Na por fotometria de emissão de
chama e Ca, Mg, Fe, Cu, Zn e Mn por espectrofotometria de absorção atômica. O
B no solo foi determinado colorimetricamente pelo método de Azometina-H, após
extração com CaCl
2
.2H
2
O a 1 mL L
-1
.
A determinação do carbono (C%) foi realizada por oxidação com K
2
Cr
2
O
7
e a matéria orgânica foi estimada pela fórmula MO (%) = 1,724 x %C. O alumínio
trocável (Al
3+
) foi extraído por KCl e o H+AL por acetato de cálcio em pH 7,0,
ambos com titulação em NaOH 0,25 mol L
-1
, de acordo com metodologias
descritas por Silva (1999).
De acordo com os resultados das análises químicas do solo, foi realizada
uma calagem, em 2005, sob a projeção da copa das árvores, sem incorporação,
para elevar a saturação de bases para 60%, de acordo com a fórmula proposta
por Quaggio (1992) e Malavolta et al. (1994).
Em julho de 2007, após a colheita dos frutos, foi realizada a terceira
coleta dos solos nas profundidades de 0-20 e 20-40 cm. As amostras de solo
foram retiradas em dois pontos na projeção da copa de cada parcela
experimental.
3.3. Análises estatísticas
Os dados foram submetidos às análises de variâncias e para comparação
entre as médias dos tratamentos foi utilizado o teste de Tukey a 5 % de
probabilidade.
A análise de variância para os teores de nutrientes das folhas foi realizada
em esquema fatorial, sendo avaliados os três anos de coleta das folhas e os dez
tratamentos de adubação.
As análises de variância para o número de frutos antes e após a colheita
e a produção foram realizadas em esquema fatorial para os dois anos de
avaliação e as características físicas e químicas dos frutos foram realizadas
separadamente entre as safras de 2006 e 2007.
37
A análise de variância para as características químicas dos solos foi
realizada separadamente para as profundidades avaliadas, apenas em 2007.
3.4. Tratos culturais
A conversão de parte da unidade produtiva que correspondeu à área
experimental consistiu em delimitar a área em conversão, seguindo os seguintes
princípios: proteção do solo, manejo da fertilidade do solo e manejo da
biodiversidade. Os passos para a conversão foram a racionalização de insumos
(diminuição dos impactos ambientais das práticas agrícolas), a substituição dos
insumos, a diversificação do ecossistema e o redesenho da paisagem (Feiden,
2001).
Os tratos culturais para o controle da vegetação espontânea na linha de
plantio das plantas foram realizados com coroamentos sob a projeção da copa,
sendo capina em 2005 e roçadas manuais e mecânicas (roçadeira Stihl FS 220)
em 2006 e 2007. As entrelinhas foram roçadas com o uso de trator Massey
Ferguson 275, com roçadeira acoplada em 2005 e 2006, e, em 2007, foram
utilizados a roçadeira manual mecanizada e o microtrator com roçadeira
acoplada.
A poda de limpeza com a retirada de galhos secos e quebrados foi
realizada em julho, após a colheita das safras de 2006 e 2007.
Foram realizadas pulverizações com a calda bordalesa em 2006 nos
meses de outubro, novembro e dezembro, no intervalo de 20 dias, de acordo com
recomendações de Penteado (2001), para a prevenção da mancha preta
(Guignardia citricarpa) e verrugose (Sphaceloma fawceti var. scabiosa). Para
evitar o aumento da esporulação e proliferação da mancha preta foram realizadas
limpezas semanais dos frutos e folhas secas sob a projeção da copa das plantas,
conforme recomendação de Goes (1998).
Para a prevenção da gomose (Phytophthora sp.) foi feita limpeza e
raspagem dos troncos seguida de pincelamento com pasta bordalesa a cada três
meses. O preparo e aplicação das caldas e pastas foram feitos de acordo com as
recomendações de Penteado (2001).
No experimento foram identificadas pragas como pulgões, Orthezia
(Orthezia praelonga), escama farinha (Unaspis citri), parlatória preta (Parlatoria
38
ziziphus), curculionídeos das raízes (Parapantomorus fluctuosus), lagarta
minadora (Phillocnistis citrella) e ácaro da falsa ferrugem (Phyllocoptruta oleivora).
As observações visuais dos focos das pragas e dos danos provocados nas folhas
foram realizadas semanalmente.
Não foi observado ataque severo da lagarta minadora (Phillocnistis
citrella), escama farinha, curculionídeos das raízes e parlatória preta, muito
comuns em pomares de citros e consideradas pragas importantes para a cultura.
Entretanto, para a orthezia, em 2005, foram realizadas duas aplicações mensais
de Nim (Azadiractia indica), em concentrações de 10 mL L
-1
durante os meses de
julho, agosto, setembro e outubro nos focos localizados sob a copa das plantas. A
pulverização com a calda de Nim foi realizada com pulverizadores costais.
Nos meses de maio, junho e setembro e outubro em 2005 foi necessário
realizar pulverizações para o controle de pulgões. Para isso, foram realizadas três
aplicações de calda de fumo (1 kg para 100 L de água) e óleo mineral (5 mL L
-1
),
conforme a receita de Abreu Júnior (1998) e Primavesi (1988). Em outubro o
controle de pulgões e da orthezia foram realizados ao mesmo tempo, utilizando-
se pulverizações com a calda de Nim.
Não foi necessário refazer a aplicação de Nim na safra de 2006 para o
controle de orthezia, pois não foram verificados focos de incidência na área
experimental. Porém, ao final da safra de 2007 foi necessário refazer a aplicação
de Nim semanalmente, pois foram observados alguns focos de orthezia nos
meses de junho e julho.
As plantas do experimento foram pulverizadas com calda sulfocálcica, na
concentração de 10 mL L
-1
para a prevenção do ácaro da falsa ferrugem
(Phyllocoptruta oleivora), de acordo com recomendações de Penteado (2001). Em
2005 as pulverizações foram realizadas em junho (duas vezes), julho (duas
vezes) e novembro (uma vez). Em 2006, foram realizadas em julho (duas vezes)
e em 2007 em março (uma vez) de 2007, com espaçamento de pelo menos 15
dias entre as aplicações. As pulverizações foram realizadas com o auxílio de
microtrator tobata, com reservatório de 200L, o bico utilizado nas pulverizações
apresentou vazão de 0,03 L s
-1
e a pressão trabalhada foi entre 70 e 80 lb pol
-2
.
Ao redor do pomar foram plantadas linhas de capim Napier e cana-de-
açúcar como quebra-ventos e barreiras físicas para prevenir a infestação de
pragas.
39
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. Produção e Qualidade de Frutos
4.1.1 Produção de Frutos
Não foram observadas diferenças no número de frutos acumulados por
planta das safras de 2006 e 2007 entre os tratamentos avaliados antes do raleio
manual de frutos (Tabela 10).
Tabela 10. Número médio de frutos (média acumulada entre as safras de 2006
e 2007) antes do raleio manual de frutos dos tratamentos
biofertilizante (B), urina de vaca (U) e manipueira (M) aplicados via
solo (S), via foliar (F) ou via solo e via foliar, simultaneamente,
(S+F) e da testemunha, Campos dos Goytacazes-RJ
Tratamentos Número médio de frutos acumulados por planta
BS
1120 A
BF
1368 A
BS+BF
1553 A
US
1750 A
UF
1423 A
US+UF
1843 A
MS
1455 A
MF
1299 A
MS+MF
1152 A
Testemunha
1392 A
Média
1435
CV (%)
38,32
As médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey (p=0,05).
40
A produção total de frutos por tratamento, obtida entre as duas safras, foi
superior a 1000 frutos, demonstrando a necessidade do raleio para minimizar o
efeito da alternância de produção e depauperamento das plantas.
A alternância de produção é muito comum em muitas espécies perenes.
Em citros afeta, principalmente, laranjas, tangerinas e seus híbridos (Spósito et
al., 1998). Diversos métodos de controle de alternância de produção têm sido
sugeridos, como o desbaste manual ou químico de frutos (Sartori et al., 2007;
Spósito et al., 1998), controle da floração com fitorreguladores (Ramos-Hurtado et
al., 2006), anelamento de ramos (Lima, 1989; Spósito et al., 1998) e poda (Koller,
1994).
Sartori et al. (2007) observaram que os diferentes métodos de controle de
alternância como o raleio manual de frutos, podas e aplicação de fitorreguladores
não foram efetivos para a quebra de alternância de frutos. Entretanto, as plantas
que sofreram o raleio de 66% dos frutos ou poda de galhos, promovendo raleio de
33% dos frutos, tiveram a tendência de quebrar a alternância de produção, o que
foi corroborado pelo aumento no teor de substâncias de reservas nas raízes.
O raleio dos frutos foi efetuado entre novembro e dezembro para as duas
safras e a colheita e contagem dos frutos foram realizados entre março e junho de
2006 e 2007. Na época da colheita também não foi verificada diferença no
número médio de frutos acumulados produzidos pelas plantas nos diferentes
tratamentos (Tabela 11).
Tabela 11. Número de frutos (média acumulada entre as safras de 2006 e
2007) na colheita das plantas dos tratamentos biofertilizante (B),
urina de vaca (U) e manipueira (M) aplicados via solo (S), via foliar
(F) ou via solo e via foliar (S+F), simultaneamente, e da testemunha
em Campos dos Goytacazes-RJ
Tratamentos Número de frutos (safras 2006+2007) na colheita
BS
419 A
BF
510 A
BS+BF
696 A
US
521 A
UF
816 A
US+UF
838 A
MS
664 A
MF
661 A
MS+MF
617 A
Testemunha
710 A
Média
656
CV (%)
48,70
As médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey (p=0,05).
41
O raleio manual de frutos foi efetuado como prática recomendada para
que a produção não ultrapassasse 500 frutos por planta em cada safra, como
medida para evitar o depauperamento das plantas e a alternância de produção.
Observou-se que as plantas de alguns tratamentos como o BS, BF e US
apresentaram poucos frutos, atingindo média inferior a 300 frutos por safra. Os
tratamentos com as diferentes adubações não contibuíram para a redução da
queda dos frutos. Todavia, produção acima de 400 frutos por planta, por safra, foi
verificada apenas para os tratamentos que receberam a urina de vaca por via
foliar ou aplicada, simultaneamente, via solo e via foliar.
Comparando-se o número de frutos acumulados das duas safras, antes e
após o raleio (Tabelas 10 e 11), verificou-se que outros fatores, além do raleio,
contribuíram para a queda de frutos após seu pegamento. Um desses fatores foi a
ocorrência da mancha preta dos citros, diagnosticada visualmente e por
isolamento do fungo Guignardia citricarpa Kiely na Clínica de Doenças de Plantas
LPP/CCTA/ UENF nas lesões encontradas nos frutos.
A mancha preta dos citros é uma doença de importância econômica,
principalmente para a região sul do Estado de São Paulo. O fungo G. Citricarpa,
após infectar os frutos cítricos, permanece na região subcuticular na forma de
micélio quiescente (Feichtenberger, 1996) e o sintoma da doença restringe-se à
região do flavedo. Por isso, o fungo não infecta a região do albedo e não interfe
nas características químicas dos frutos (Cardoso Filho, 2003).
O uso de fungicidas é a principal alternativa para o controle da mancha
preta dos citros, aplicado em pulverizações em frutos na fase de “chumbinho” até
o tamanho de bola de pingue-pongue. Práticas culturais que minimizem a queda
prematura de folha, assim como a retirada das folhas caídas, devem também ser
empregadas (Goes, 1998).
No presente trabalho, como o manejo do pomar encontrava-se em
conversão para o sistema orgânico, foram utilizadas no controle dessa doença a
retirada semanal de folhas caídas e pulverizações com calda bordalesa a cada 20
dias, durante a fase dos frutos de “chumbinho” até o raleio manual. Essa prática
pode não ter sido eficiente no controle dessa doença.
No somatório das duas safras, as produtividades totais de frutos (kg por
planta) das plantas em todos os tratamentos foram semelhantes entre si (Tabela
12). Contudo, as plantas que receberam as adubações de biofertilizante e de
42
urina de vaca aplicadas via solo tiveram a tendência de produção total inferior às
das plantas que receberam a urina de vaca aplicada via foliar, com ou sem
aplicação via solo.
Tabela 12. Produtividade (média acumulada entre as safras de 2006 e 2007) das
plantas que receberam os tratamentos com biofertilizante (B), urina de
vaca (U) e manipueira (M) aplicados via solo (S), via foliar (F) ou via
solo e via foliar (S+F), simultaneamente, e a testemunha em Campos
dos Goytacazes-RJ
Tratamentos Produtividade média (safras 2006+2007)
(kg por planta)
BS
57 A
BF
79 A
BS+BF
93 A
US
64 A
UF
105 A
US+UF
103 A
MS
78 A
MF
80 A
MS+MF
75 A
Testemunha
84 A
Média
C.V. (%)
72
30,5
As médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey (p=0,05).
Segundo Oliveira et al. (2004), a urina de vaca é um fertilizante rico em
macronutrientes. Por isso, seu uso como fertilizante para a adubação
complementar à adubação mineral apresentou efeito positivo para a cultura do
pimentão. A produção do pimentão variou, respectivamente, de 10,7 a 25,5 t ha
-1
entre a testemunha e a dose de 50 mL L
-1
de urina de vaca aplicada por via foliar.
Entretanto, o aumento das doses não influenciou nos teores de N, P e K das
folhas.
Existem vários fatores que interferem na produtividade das plantas em
pomares de citros. Os fatores que podem contribuir para a queda dos frutos são:
a alta temperatura, estresse hídrico (Paulino et al., 2007), ventos (Koller, 1994) e
desequilíbrios nutricionais (Malavolta et al., 1994; Mattos Junior et al., 2004;
Rodriguez, 1991).
A produção total avaliada para as plantas no experimento foi semelhante
as de outros trabalhos. Em um pomar de ‘Montenegrina’, com seis anos, foram
avaliadas as três últimas safras e verificou-se que as adubações de compostos
43
orgânicos e adubações minerais propiciaram aumentos na produção total de
frutos quando comparadas com a testemunha. A produtividade total das plantas,
em duas safras, que receberam os compostos orgânicos e as adubações
minerais, variou entre 38 e 84 kg planta
-1
, respectivamente (Panzenhagen et al.,
1999).
As plantas que receberam o tratamento com biofertilizante, aplicado via
solo, tenderam a apresentar uma produtividade média acumulada menor que
todos os tratamentos (Tabela 12) e os frutos a apresentar o maior peso médio, o
que foi observado na safra de 2007 (Tabela 13).
Tabela 13. Peso médio de frutos (g) das plantas que receberam os tratamentos
com biofertilizante (B), urina de vaca (U) e manipueira (M) aplicados
via solo (S), via foliar (F) ou via solo e via foliar, simultaneamente
(S+F), e a testemunha para as safras de 2006 e 2007, Campos dos
Goytacazes-RJ
Peso médio de frutos
----2006---- ----2007---- ---Média---
BS
127 a 141 a 134
BF
143 a 121 ab 132
BS+BF
140 a 125 ab 133
US
130 a 119 ab 125
UF
134 a 123 ab 128
US+UF
130 a 115 ab 122
MS
128 a 105 ab 117
MF
127 a 108 ab 118
MS+MF
142 a 110 ab 126
Testemunha
132 a 100 b 116
Média
133 117 125
C.V. (%)
12,08 12,75
D.M.S. (5%)
36,32 39,21
As médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey (p=0,05).
Na safra de 2007, as plantas do tratamento com biofertilizante aplicado
via solo apresentaram peso médio dos frutos semelhante ao de todos os
tratamentos, entretanto maior que os da testemunha. O maior peso dos frutos das
plantas que receberam o biofertilizante aplicado via solo foi 1,4 vezes maior que o
peso dos frutos das plantas da testemunha, somente na safra de 2007. Esse
efeito não foi suficiente para aumentar a produtividade das plantas desse
tratamento (Tabela 12). O menor número de frutos pode aumentar a produtividade
em conseqüência do aumento do peso dos frutos.
44
De acordo com Spósito et al. (1998), uma vez que é colhido nas plantas
um menor número de frutos, normalmente, os frutos colhidos apresentam maior
peso.
A qualidade de frutos é um fator determinante para a sua
comercialização in natura, principalmente no Brasil, em que a participação do
mercado de frutas frescas de tangerinas tem sido de aproximadamente 80%
(Amaro e Caser, 2003). Segundo Vilas Boas et al. (1998), os frutos maiores de
tangerina ‘Poncã’ são frutos que apresentam o maior rendimento em suco e
menor acidez.
Neste trabalho, observou-se, também, que houve redução no peso médio
dos frutos entre as safras avaliadas, para todos os tratamentos. De acordo com
Koller (1994), existem vários fatores que podem interferir no peso dos frutos de
citros, principalmente, o manejo do solo e desequilíbrios nutricionais
proporcionados por adubações insuficientes ou desequilibradas.
4.1.2. Resultados das características físicas e químicas dos frutos
As colheitas dos frutos da mexeriqueira ‘Rio’ foram realizadas,
semanalmente, entre os meses de março a junho nos anos de 2006 e 2007. As
características físicas e químicas foram avaliadas em quatro amostras por
tratamento, cada uma composta por oito frutos. As análises de variância para as
características físicas e químicas dos frutos para os tratamentos foram realizadas
separadamente em 2006 e 2007.
A característica de peso dos frutos foi apresentada anteriormente, na
Tabela 13, e as demais características serão discutidas a seguir. Não foi
constatado efeito dos tratamentos nas características físicas e químicas dos frutos
em 2006. Entretanto, em 2007 foi verificado efeito dos tratamentos na altura, no
diâmetro, na espessura de casca, no peso de bagaço, na porcentagem de suco e
no rendimento de suco dos frutos (Tabela 21).
As características físicas de altura, diâmetro, espessura da casca e peso
do bagaço dos frutos das plantas que receberam o tratamento BS foram
superiores às dos frutos da testemunha. Os demais tratamentos foram
semelhantes entre si, com exceção para as características físicas de espessura
da casca e peso de bagaço dos frutos das plantas que receberam os tratamentos
45
BS+BF que, também, foram superiores às características dos frutos da
testemunha.
Os rendimentos em suco dos frutos que receberam os tratamentos BS,
BS+BF, MS e a testemunha foram superiores ao rendimento em suco dos
tratamentos US, US+UF, MS e MS+MS. O rendimento em suco dos frutos do
tratamento MS também foi superior aos frutos do tratamento BF, sendo os demais
tratamentos semelhantes entre si.
A porcentagem de suco dos frutos das plantas da testemunha foi superior
a porcentagem de suco das plantas que receberam o tratamento US+UF. Os
demais tratamentos foram semelhantes entre si.
Tabela 21. Características físicas dos frutos das plantas que receberam os
tratamentos com biofertilizante (B), urina de vaca (U) e manipueira
(M) aplicados via solo (S), via foliar (F) e via solo e via foliar,
simultaneamente, (S+F) e a testemunha nas safras de 2006 e 2007
no pomar de mexeriqueira ‘Rio’ em Campos dos Goytacazes, RJ
Altura
(cm)
Diâmetro
(cm)
Esp. Da casca (mm)
Peso bagaço
(g)
2006 2007 2006 2007 2006 2007 2006
2007
BS
5,11a 5,51a 6,56a 6,82a 1,91
a
2,14a 39,0a
50,3a
BF
5,51a 5,22ab
6,77a 6,46ab
2,08
a
1,87ab 31,8a
40,8ab
BS+BF
5,50a 5,34ab
6,67a 6,54ab
2,02
a
2,00a 36,6a
44,8a
US
5,30a 5,06ab
6,61a 6,30ab
1,86
a
1,87ab 28,9a
35,3ab
UF
5,28a 5,17ab
6,74a 6,30ab
1,97
a
1,82ab 29,9a
40,5ab
US+UF
5,39a 5,28ab
6,68a 6,29ab
1,87
a
1,93ab 29,0a
43,8ab
MS
5,19a 5,27ab
6,60a 6,39ab
1,93
a
1,89ab 30,1a
36,7ab
MF
5,29a 5,15ab
6,48a 6,18ab
2,00
a
1,92ab 30,2a
39,6ab
MS+MF
5,54a 5,14ab
6,71a 6,13ab
2,00
a
1,91ab 35,1a
39,5ab
Testemunha
5,09a 4,90b 6,14a 5,90b 1,86
a
1,59b 30,0a
28,1b
Média
5,32 5,20 6,59 6,33 1,95 1,89 32,1 39,93
C.V. (%)
5,75 4,66 4,19 5,12 10,15 7,90 19,19
16,67
Continuação da Tabela 21 na próxima página
46
Continuação da Tabela 21
Peso Casca (g) Rendimento de
Suco por fruto
(mL)
Porcentagem de
Suco (%)
2006 2007 2006 2007 2006
2007
BS
32,8a 37,6 a
54,4a 44,2ab
53,8a
41,1ab
BF
28,3a 31,8a 66,3a 37,5bc
56,8a
44,5ab
BS+BF
31,8a 33,6a 58,1a 44,5ab
52,6a
37,7ab
US
27,1a 28,6a 64,8a 33,0c 57,7a
40,2ab
UF
29,2a 29,6a 62,6a 39,0abc 53,6a
41,2ab
US+UF
26,4a 31,4a 62,1a 31,9c
58,2a
35,2b
MS
28,3a 29,7a 61,4a 47,2a 55,7a
43,8ab
MF
28,1a 29,0a 62,1a 32,2c 54,7a
37,0ab
MS+MF
31,5a 30,1a 54,4a 31,9c 53,2a
37,1ab
Testemunha
24,3a 26,1a 53,7a 44,7ab
54,8a
47,8 a
Média
28,78 30,8 61,3 38,6 55,1 40,6
C.V. (%)
13,43 15,64 14,14 10,10 7,63 11,19
As médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey (p=0,05).
Domingues et al. (1999) observaram que a mexeriqueira ‘Rio’, no Estado
de São Paulo, produziu frutos com peso médio de 90,2 g, altura de 4,7 cm,
diâmetro de 6,0 cm e espessura de 2,2 mm por fruto. Em outro trabalho, os frutos
da ‘Montenegrina’, no Estado do Rio Grande do Sul, tiveram em média, peso de
116 g, altura de 5,7 cm e diâmetro de 6,2 cm (Rodrigues e Dornelles, 1999).
Portanto, as características físicas dos frutos produzidos no presente trabalho
foram semelhantes às obtidas pelos autores citados.
O N e o K são os principais nutrientes minerais que influenciam nas
respostas de aumento na produção e na qualidade dos frutos de citros. Contudo,
as variedades possuem comportamentos distintos em relação à resposta de
adubação e, conseqüentemente, a qualidade dos frutos (Mattos Junior et al.,
2001). O aumento das doses de N e K proporcionaram, respectivamente, efeito
no aumento da produção e no peso dos frutos de citros (Mattos Junior et al.,
2004).
Neste trabalho, o efeito positivo do tratamento BS para o teor de N das
folhas foi associado ao maior peso, altura, diâmetro, espessura da casca e peso
de bagaço dos frutos das plantas em 2007 e, também, com o aumento da
produtividade de 2006 para 2007.
Em outro trabalho, foi observado que o efeito do biofertilizante aplicado
via foliar aumentou a rebrota das plantas e os frutos apresentaram maior número,
diâmetro, peso e produção nas plantas de citros (Santos, 1991). Para o maracujá,
47
foi observado que a adubação via solo de biofertilizante, com ou sem via foliar,
propiciou maior peso e polpa dos frutos (Rocha et al., 2001).
Outro fator que influenciou nas características físicas dos frutos das
plantas que receberam o tratamento BS e, também, para as características de
espessura da casca e peso de bagaço dos frutos das plantas do tratamento
BS+BF podem ter sido ocasionados pelo aumento do teor de B nas folhas.
Quaggio et al. (2003) verificaram que o aumento de doses de B aplicadas
no solo proporcionaram ganhos de produtividades e peso de frutos nas plantas de
laranjeira ‘Pêra’, no que correspondeu ao aumento no teor de B nas folhas.
Segundo Bologna e Vitti (2006), as fontes para a adubação via solo com
B podem influenciar as características físicas dos frutos. Fertilizantes com
características mais solúveis como o ácido bórico, quando comparados aos
fertilizantes menos solúveis, como o fertilizante colemanita, influenciaram no
aumento do diâmetro dos frutos de laranjeira ‘Pêra’ com o aumento de doses
desses produtos. Entretanto, de acordo com Freitas et al. (2006), a deficiência de
B nas plantas parece não afetar as características físicas e químicas de frutos de
maracujá doce.
O efeito do B, quando aplicado por via foliar, pode proporcionar aumentos
nos teores desse nutriente nas folhas. Entretanto, não foram observados
resultados positivos no tamanho de frutos para citros (Tiritan, 1996), pereira e
pinheira (Canesin e Buzetti, 2007).
Gazzola e Souza (1994) e Marinho et al. (1993) verificaram que
pulverizações foliares com macro e micronutrientes associados com o desbaste
manual de frutos pode propiciar no aumento do tamanho de frutos de citros.
De acordo com Quaggio et al. (2003) e Bologna e Vitti (2006), o aumento
de doses de B aplicado via solo pode influenciar no tamanho e no peso do bagaço
dos frutos. Esse efeito pode ser relacionado com a redução do rendimento em
suco dos frutos.
Neste trabalho, não foi observada redução no rendimento de suco dos
frutos dos tratamentos BS e BS+BF. Entretanto, o rendimento em suco dos frutos
da testemunha pode estar associado ao menor peso de bagaço dos frutos.
Vilas Boas et al. (1998) avaliaram a influência do tamanho na qualidade
de frutos de tangerineira ‘Ponkan’ e concluíram que o maior peso e tamanho
(altura e diâmetro) dos frutos correspondeu ao maior rendimento em suco. Os
48
frutos grandes apresentaram 2,2 vezes mais rendimento em suco do que os frutos
pequenos.
Em outros trabalhos, o valor médio de rendimento em suco por fruto
encontrado, para diversas variedades copa de tangerineiras, variaram de 29,8 a
66,4 mL por fruto em ‘Ponkan’ (Vilas Boas et al., 1998); de 34,8 a 44,6 mL por
fruto em ‘Fremont’; de 39,2 a 51,4 mL por frutos em ‘Clementina Nules’ e de 29,2
a 46,1 mL por fruto em ‘Ponkan’ (Pio et al., 2006). Portanto, os rendimentos
médios em suco no presente trabalho nas safras de 2006 e 2007 foram,
respectivamente, de 61,3 e 38,6 mL. Esses rendimentos foram semelhantes aos
encontrados pelos autores citados.
Neste trabalho, as porcentagens médias de suco encontradas nas safras
de 2006 e 2007 foram, respectivamente, de 55,1 e 40,6%. Essas porcentagens
estão próximas às de outros trabalhos com Citrus deliciosa. Rodrigues e
Dornelles (1999) mostraram que a porcentagem de suco de frutos da
‘Montenegrina’ variam de 40 a 49 % no Estado do Rio Grande do Sul.
O efeito da urina de vaca e da manipueira é pouco estudado na literatura
científica em relação à qualidade de frutos, principalmente na fruticultura. Neste
trabalho, observou-se que o efeito da urina de vaca, quando aplicada via solo, e
da manipueira, quando aplicada via foliar, ambos os fertilizantes, com ou sem
aplicação via foliar e via solo, respectivamente, interferiram negativamente no
rendimento em suco da mexeriqueira ‘Rio’ e para a porcentagem de suco quando
as plantas receberam o tratamento US+UF.
Não foi observado efeito dos tratamentos nas características químicas
dos frutos da mexeriqueira ‘Rio’ (Tabela 22). Contudo, o valor encontrado para o
ácido ascórbico, nesse trabalho, foi próximo aos valores observados em outros
trabalhos. Haag et al. (1993) verificaram que o teor de ácido ascórbico variou
entre 30 a 95 mg 100mL
-1
de suco em diversas espécies de citros.
49
Tabela 22. Características químicas dos frutos das plantas que receberam os
tratamentos com biofertilizante (B), urina de vaca (U) e manipueira
(M) aplicados via solo (S), via foliar (F) e via solo e via foliar,
simultaneamente (S+F), e a testemunha nas safras de 2006 e 2007
no pomar de mexeriqueira ‘Rio’ em Campos dos Goytacazes, RJ
pH SST AT
(%)
Ratio
Ácido Ascob.
(mg 100mL
-1
)
2006
2007
2006 2007
2006
2007
2006
2007
2006
2007
BS
3,52a
3,58a
9,56a 8,22a
0,84a
0,68a
11,5a
12,2a
30,3a
32,6a
BF
3,51a
3,57a
9,69a 9,01a
0,87a
0,77a
11,3a
11,9a
29,3a
34,5a
BS+BF
3,45a
3,59a
9,19a 8,31a
0,87a
0,70a
10,6a
12,0a
30,5a
32,7a
US
3,27a
3,57a
9.91a 8,14a
0,90a
0,74a
11,1a
11,0a
28,7a
37,0a
UF
3,52a
3,61a
9,33a 8,45a
0,84a
0,70a
11,2a
12,2a
30,9a
32,5a
US+UF
3,37a
3,59a
10,01a
8,00a
0,90a
0,71a
11,2a
11,2a
29,8a
34,4a
MS
3,40a
3,52a
9,60a 8,78a
0,80a
0,77a
11,9a
11,5a
29,3a
35,2a
MF
3,38a
3,56a
10,06a
8,32a
0,88a
0,74a
11,6a
11,3a
28,4a
36,6a
MS+MF
3,53a
3,51a
9,38a 8,52a
0,86a
0,76a
11,3a
11,2a
28,3a
36,5a
Testemu.
3,34a
3,46a
9,80a 8,15a
0,90a
0,75a
10,9a
11,0a
29,1a
34,1a
Média
3,43 3,55
9,65 8,39
0,87 0,73
11,26
11,54
29,4 34,6
C.V. (%)
3,71 2,58
4,42 5,39
7,98 9,81
11,14
8,82
5,69 8,52
As médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey (p=0,05).
Os valores encontrados para o SST e o AT, neste trabalho foram menores
que o observado em outros trabalhos. Rodrigues e Dornelles (1999) verificaram
para a ‘Montenegrina’, no Estado do Rio Grande do Sul, que o SST, AT e ratio
foram de 10,7; 0,93 % e 11,5, respectivamente. Entretanto, no presente trabalho,
o ratio não foi influenciado pelos valores menores encontrados de SST e AT. O
ratio manteve-se próximo ao encontrado pelos autores citados.
Para as características físicas e químicas dos frutos não foi verificado
efeito dos fertilizantes utilizados nas adubações realizadas por via foliar.
Tiritan (1996) avaliou o efeito de duas adubações foliares em dois anos
seguidos, aplicadas na primavera/verão, com fertilizantes comerciais contendo B,
Zn e Mn em sua formulação e observou que a aplicação via foliar proporcionou
acréscimos nos teores foliares desses nutrientes colhidos um mês após as
pulverizações em citros. Entretanto, na colheita dos frutos na primavera seguinte
as pulverizações, não houve aumento na produção, porcentagem de suco, SST,
AT e ratio.
Canesin e Buzetti (2007) verificaram que a aplicação de ácido bórico e
sulfato de zinco por via foliar em pinheira e pereira não foi efetiva para o aumento
da produção,
SST
e AT dos frutos dessas plantas. Os autores associaram a falta
50
de resposta da adubação via foliar de B à adubação realizada com esterco
bovino, que manteve o teor desses nutrientes adequados no solo.
Em outro trabalho, verificou-se que a fertilização foliar associada ao
desbaste em tangerineira ‘Ponkan’ influenciaram positivamente o ratio, que
aumentou com o menor número de frutos por ramo (Gazzola e Souza, 1994).
Neste trabalho, não foi verificada a interação entre os tratamentos e as
características dos frutos nas safras avaliadas. Contudo, as médias de peso,
altura, diâmetro, AT, porcentagem de suco e volume de suco dos frutos de todos
os tratamentos na safra de 2006 foram maiores que as das safras de 2007
(p=0,05). Entretanto, o peso de bagaço e de casca e os teores de ácido ascórbico
nos frutos, na média de todos os tratamentos, tenderam a ser maiores na safra de
2007 que os observados em 2006.
O aumento do teor de ácido ascórbico dos frutos colhidos na safra de
2007 pode estar associado à maior concentração dessa substância no menor
volume de suco dos frutos dessa safra. Entretanto, para a AT o valor reduziu no
ano de 2007 em relação ao ano de 2006.
Segundo Mattos Junior et al. (2001), os efeitos de N e K nas
características químicas dos frutos de citros são distintos. O efeito do N é
geralmente pequeno para a AT e positivo para
SST
. Todavia, o aumento dos teores
de K nas folhas proporcionam aumento no teor de AT e diminuem o
SST
.
Neste trabalho, os maiores valores de tamanho (peso, altura e diâmetro) e
AT observados na safra de 2006 podem estar associados aos altos teores de K
nas folhas verificados para a mexeriqueira ‘Rio’ nesse ano (Tabela 15).
De acordo com Freitas et al. (2006), a acidez, causada pelos ácidos
orgânicos, é uma característica importante no que se refere ao sabor de muitas
frutas. A deficiência de K nas plantas de maracujá doce diminuiu a AT do suco. A
baixa acidez desse fruto é um fator atrativo aos consumidores.
Mudanças na atividade das enzimas e nos compostos orgânicos que
ocorrem durante a deficiência de K afetam a composição nutricional e a qualidade
dos produtos colhidos; em muitos casos, as desordens têm relação direta com o
teor de ácido cítrico (Marschner, 1995).
Freitas et al. (2006) observaram que plantas deficientes em N, K e S
apresentaram redução nos teores de ácido ascórbico no suco do maracujá doce.
51
A redução foi de 29,5% para o N; 19,2% para o K e 19,8% para o S, em relação à
testemunha.
Diferentes fontes e doses de N podem interferir nos teores de ácido
ascórbico. Marinho et al. (2001) verificaram que a aplicação de nitrato de amônio
promoveu maior produção de frutos com teores mais elevados de vitamina C em
relação ao sulfato de amônio.
O efeito e o modo de aplicação dos fertilizantes orgânicos deve ser
melhor testado na fruticultura, principalmente para as características químicas dos
frutos, visando obter frutos de melhor qualidade.
Damatto Junior et al. (2005) observaram que o aumento na dose de
esterco bovino (de 0 a 160 g de N) influenciou no aumento de
SST
e no peso do
fruto de maracujá até 80 g de N por planta. Entretanto, o efeito do esterco bovino
foi negativo para a AT, quando comparado ao efeito da adubação convencional.
Poucos estudos científicos relatam a interferência das características
físicas sobre as características químicas, influenciando na qualidade de frutos.
Em abacaxi, Reinhardt et al. (2004) observaram que frutos menores
apresentaram maiores
SST
e AT. No entanto, esses frutos apresentaram menor
ratio e teor ácido ascórbico.
Em tangerineira ‘Ponkan’ foi observado que o tamanho dos frutos
influenciou no pH, no
SST
e na AT. O pH, o
SST
e a AT dos frutos menores foram
superiores aos dos frutos grandes. Entretanto, quando foram avaliados os frutos
na fase final de maturação não houve correlação dessas características para os
tamanhos, exceto para a porcentagem de AT (Vilas Boas et al., 1998).
Os menores valores das características físicas e químicas observados
nos frutos da safra de 2007 podem estar associados à temperatura mensal média
maior na época de frutificação (novembro a fevereiro), quando comparados à
temperatura na safra de 2006.
Os fatores climáticos podem interferir no desenvolvimento e estágio
fisiológico das plantas e, assim, interferir na produção de frutos. Em três espécies
de citros foi observado que a taxa de assimilação de CO
2
e a carboxilação são
diferentes, principalmente, em função da condução estomática. O aumento da
temperatura foliar de 28 para 35
o
C foi o principal fator por afetar a assimilação de
CO
2
, devido ao aumento no déficit de pressão de vapor e aos efeitos negativos na
condução estomática (Machado et al., 2005).
52
Apesar da importância das frutas como fonte de vitaminas, sais minerais,
carboidratos e lipídeos e suas qualidades organolépticas, pouco se tem estudado
sobre o efeito da fertilização e as conseqüências dessa nas características
químicas dos frutos, principalmente, naquelas de grande importância para a
nutrição humana, como é o caso dos teores de ácido ascórbico. A ação dos
nutrientes minerais na qualidade dos frutos constitui um assunto complexo que
envolve diversos aspectos (Carvalho, 1989).
4.2. Teores de nutrientes minerais nas folhas
Para facilitar a interpretação dos resultados apresentados a seguir, é
importante relembrar que na avaliação dos teores de nutrientes a primeira coleta
de folhas foi realizada em 2005, antes do início das adubações. As adubações
com esterco bovino mais as dos tratamentos com biofertilizante, manipueira e
urina de vaca foram aplicadas em setembro e novembro de 2005 e em janeiro de
2006. A segunda coleta foi em fevereiro de 2006, repetindo-se as adubações em
setembro, outubro e novembro de 2006 e janeiro de 2007, com a terceira coleta
sendo realizada em fevereiro de 2007.
4.2.1. Teores de N nas folhas
Não foi constatada interação entre os tratamentos e as épocas de
amostragem em relação aos teores de N nas folhas. Na média de todos os
tratamentos, os teores de N nas folhas reduziram de 2005 para 2006 e
mantiveram-se constantes entre 2006 e 2007 (p0,05), com médias obtidas entre
todos os tratamentos de 29,1; 23,8 e 23,0 g kg
-1
para os anos de 2005, 2006 e
2007, respectivamente. A redução do teor de N nas folhas pode ter ocorrido em
função de deficiências na adubação com esse nutriente, por meio da adubação
verde e esterco bovino, indicando a necessidade de outra fonte de aporte.
As quantidades de N fornecidas, conjuntamente, pelo esterco bovino mais
tratamentos via solo, pelas adubações com biofertilizante, urina de vaca e
manipueira foram, respectivamente, de 399, 422 e 444 g por planta, antes da
segunda coleta de folhas em 2006 e de 261, 272 e 272 g por planta antes da
terceira coleta, em 2007. Assim, as adubações efetuadas antes da segunda
53
coleta de folhas não foram suficientes para evitar a redução de N observada entre
as análises foliares efetuadas em 2005 e 2006.
Além dessas adubações, efetuou-se também, o plantio de leguminosas
em novembro de 2005 e novembro de 2006, com incorporação em janeiro dos
anos seguintes. O manejo com leguminosas não foi eficiente para aumentar o teor
de N nas folhas das plantas do pomar. O efeito nutricional do manejo de
leguminosas em pomares de citros é pouco estudado na fruticultura brasileira.
Entretanto, o uso de leguminosas em pomares de laranjeira ‘Pêra’ pode aumentar
o número e o peso de frutos, quando comparado aos sistemas de cultivo sem o
uso de leguminosas. O aumento na produção de pomares de citros com o uso de
leguminosas pode estar associado a outros fatores como: proteção contra o
impacto da chuva, melhor distribuição do sistema radicular da leguminosa no
perfil, melhorando assim, as características estruturais do solo (Carvalho et al.,
2002).
A média obtida entre todas as épocas de amostragem, dos teores de N
das plantas do tratamento BS e MS, foram superiores às médias da testemunha e
das plantas dos tratamentos US, não diferindo dos demais tratamentos, com
exceção do tratamento BS, que foi superior também ao teor das plantas do
tratamento MF (Figura 2).
0
5
10
15
20
25
30
BS BF BS+BF US UF US+UF MS MF MS+MF T
Tratamentos
Teores médios de N nas folhas
(g kg
-1
)
A A
B
AB AB
AB AB AB AB
B
Figura 2. Teores médios de N nas folhas das plantas dos tratamentos
biofertilizante (B), urina de vaca (U) e manipueira (M) aplicados via
solo (S), via foliar (F) ou via solo e foliar, simultaneamente (S+F), e da
testemunha (T) no pomar de mexeriqueira ‘Rio’ entre os anos de 2005
e 2007 em Campos dos Goytacazes, RJ.
Média geral (g kg
-1
) = 25,29; C.V. (%) = 8,21; DMS (5%)= 2,42 g kg
-1
. As médias
seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey (p=0,05).
54
O teor médio de N nas folhas dos tratamentos BS e MS foram,
respectivamente, 1,12 e 1,11 vezes maiores que os teores médios da
testemunha. O aumento do peso dos frutos das plantas que receberam o
tratamento BS nas safras de 2006 para 2007 (Tabela 13) foi acompanhado de
maior teor de N nas folhas nesse tratamento. Entretanto, nas plantas que
receberam o tratamento MS não foi observado aumento no peso dos frutos entre
as safras de 2006 e 2007, apesar de ter sido observado maior teor médio de N
nessas plantas.
Os autores Panzenhagen et al. (1999) e Mattos Junior et al. (2004)
verificaram a correlação do aumento de produção com o aumento no teor de N
nas folhas das plantas de citros.
Os teores médios de N nas folhas das plantas de todos os tratamentos
foram considerados adequados (24 a 26 g kg
-1
), quando comparados à faixa para
interpretação dos teores foliares de nutrientes na cultura dos citros, citada por Raij
et al. (1997) e por Malavolta et al. (1994), com exceção para as plantas do
tratamento BS, cujo teor de N situou-se dentro da faixa de teores considerados
altos (de 27 a 30 g kg
-1
).
No Estado do Rio Grande do Sul, a adubação mineral aumentou os teores
de N nas folhas de 23 para 28 g kg
-1
na ‘Montenegrina’, o que não foi verificado
para a adubação com esterco bovino. Os teores de N nas folhas das plantas
adubadas com esterco bovino foram de 23,5 e 25,7 g kg
-1
de matéria seca nos
dois últimos anos de adubação. O aumento no teor de N nas folhas proporcionou,
ainda, aumento na produção e diminuição do peso médio de frutos (Panzenhagen
et a., 1999).
Mattos Junior et al. (2004), avaliando o tangor ‘Murcot’, cultivado durante
seis anos, verificaram que a dose de N para a máxima produção de frutos foi de
412 g de N por planta, na forma de nitrocálcio, o que correspondeu a
concentração de N foliar de aproximadamente 29 g Kg
-1
.
Neste trabalho, foi observado que na primeira adubação, em 2005, a
quantidade de N aplicada nos fertilizantes estudados foi próxima a utilizada pelos
autores citados. Entretanto, no segundo ano de adubação, essa quantidade foi
bem abaixo desse valor. As quantidades de N fornecidas às plantas pelo esterco
bovino, pelo biofertilizante, pela urina de vaca e pela manipueira foram,
55
respectivamente, 360, 39, 62 e 84 g por planta em 2005 e 230, 31, 42 e 42 g por
planta em 2006.
Para a aplicação via solo do biofertilizante e da manipueira a quantidade
de calda aplicada foi maior que a quantidade de calda da urina de vaca aplicada
nos dois anos de adubação, em decorrência da quantidade de calda aplicada ter
sido padronizada pela concentração de K nos produtos. Por isso, o volume de
calda aplicado influenciou no fornecimento de N às plantas para o biofertilizante e
para a manipueira, porque esses produtos apresentaram baixa concentração de K
(Tabela 7).
Entre os fertilizantes avaliados, a urina de vaca foi o que apresentou
maior concentração de N em sua composição química, embora as quantidades de
N aplicadas via solo tenham variado pouco entre os tratamentos. Entretanto, o
teor médio de N nas folhas das plantas que receberam o tratamento MS foi
superior ao das plantas do tratamento US (Figura 9). Esperava-se nesse trabalho
que os teores de N nas folhas das plantas que receberam a urina de vaca via solo
fossem maiores que os demais tratamentos.
Existem poucas pesquisas sobre o efeito de doses de urina de vaca,
principalmente na fruticultura. No pimentão (Capsicum annum), o aumento da
concentração de urina de vaca de 0 a 50 mL L
-1
na calda de pulverização elevou
a produção de frutos na presença e na ausência de adubação mineral
recomendada para a cultura. Entretanto, as doses de urina de vaca não
influenciaram no teor de N foliar das plantas (Oliveira et al., 2004).
Aragão e Ponte (1995), avaliando diferentes concentrações de manipueira
(250; 166; 125 e 100 mL L
-1
) e de adubo comercial (Fertigran
®
) aplicados via
foliar, observaram um aumento na produção de quiabo com as concentrações de
manipueira testadas, em comparação com o adubo comercial e a testemunha.
Porém, com o aumento da diluição o número e o peso dos frutos de quiabo foram
diminuindo.
Em outro trabalho realizado com manipueira não foi observado efeito no
teor de N nas folhas de milho cultivado em ambiente protegido com fertirrigação
com manipueira, pura ou diluída (Saraiva et al., 2006).
Para o biofertilizante, trabalhos mostram que a aplicação foliar pode
aumentar a produção das plantas, porém sem discussões sobre o efeito no
equilíbrio nutricional dessas. Observou-se que a adubação foliar de biofertilizante
56
sem sais minerais a 200 mL L
-1
pode ser uma estratégia mais indicada que o uso
de biofertilizante com sais minerais para o aumento no teor de macronutrientes
nas folhas em feijão (Dornelles, 2005).
A absorção de N pelas plantas pode ser como nitrato (NO
3
-
) ou como
amônio (NH
4
+
), entretanto o amônio é tóxico tanto para plantas como para
animais. Em pH fisiológico, a amônia (NH
3
) é protonada para formar o íon amônio
e ocorrer a assimilação (Taiz e Zeiger, 1998). A absorção de N pelas plantas pode
variar em função da forma de N fornecida. Assim, a forma do N nas diferentes
fontes de fertilizantes, aplicadas via solo, pode ter interferido nas concentrações
de N nas folhas. O teor de N nas folhas das plantas foi semelhante entre todos os
tratamentos que receberam a adubação via foliar (Figura 5).
4.2.2. Teores de P nas folhas
Foi constatada interação entre os tratamentos e as épocas de
amostragem em relação aos teores de P nas folhas. Nas folhas coletadas em
2005 e 2006 não foi verificado efeito dos tratamentos nos teores de P na matéria
seca das folhas. No entanto, em 2007, o teor de P das plantas do tratamento com
BS+BF foi inferior aos teores de P nas folhas dos tratamentos MF e UF (Tabela
14). Os teores de P nas folhas dos demais tratamentos foram semelhantes entre
si, com exceção dos teores das plantas do tratamento MF que foi, também,
superior aos teores de P das plantas dos tratamentos MS e BF.
O aumento nos teores de P nas folhas das plantas que receberam os
tratamentos MF e UF foi verificado de 2006 para 2007, sendo que entre as duas
primeiras coletas, os teores de P mantiveram-se constantes para todos os
tratamentos. Os teores de P nas plantas dos tratamentos MF e UF aumentaram,
respectivamente, em 1,87 e 1,29 vezes de 2005 para 2007.
Os teores de P nas folhas das plantas que receberam os tratamentos de
BS+BF, MS, MS+MF e a testemunha mantiveram-se constantes entre todas as
coletas entre 2005 e 2007. Os teores de P das plantas dos tratamentos com BS,
BF e US+UF, tenderam a reduzir de 2005 para 2006 e aumentaram de 2006 para
2007.
57
Tabela 14. Teores médios de P (g kg
-1
) nas folhas das plantas dos tratamentos
biofertilizante (B), urina de vaca (U) e manipueira (M) aplicados via
solo (S), via foliar (F) ou via solo e foliar, simultaneamente (S+F), no
pomar de mexeriqueira ‘Rio’ entre os anos de 2005 e 2007 em
Campos dos Goytacazes, RJ
Tratamentos 2005 2006 2007 Média
BS
1,69 ab A 1,54 b A 1,96 a ABC 1,73
BF
1,57 ab A 1,33 b A 1,70 a BC 1,53
BS+BF
1,66 a A 1,61 a A 1,63 a C 1,63
US
1,64 ab A 1,60 b A 1,96 a ABC 1,73
UF
1,65 b A 1,50 b A 2,13 a AB 1,76
US+UF
1,68 ab A 1,48 b A 1,98 a ABC 1,71
MS
1,64 a A 1,71 a A 1,76 a BC 1,70
MF
1,40 b A 1,70 b A 2,62 a A 1,79
MS+MF
1,62 a A 1,55 a A 1,88 a ABC 1,69
Testemunha
1,56 a A 1,69 a A 1,89 a ABC 1,71
Média
1,64 1,54 1,94 1,71
C.V. (%)
13,61
As médias seguidas pela mesma letra minúscula na linha e maiúscula na coluna não diferem entre
si pelo teste de Tukey (p=0,05).
Em 2007, todos os tratamentos apresentaram teores de P dentro da faixa
considerada alta (1,8 a 2,9 g kg
-1
), com exceção para os teores de P dos
tratamentos MS, BF, BS+BF, cujos teores de P situaram-se dentro da faixa de
teores considerados adequados, quando comparados à faixa para interpretação
dos teores foliares de nutrientes na cultura dos citros, citada por Malavolta et al.
(1994).
A urina de vaca foi o produto com menor concentração em P, com 19,0 e
18,3 vezes menos P que o biofertilizante e a manipueira, respectivamente.
Entretanto, o manejo de adubação via solo com o biofertilizante e a manipueira
não foi eficiente para aumentar o teor de P nas plantas. A manipueira e a urina de
vaca aplicadas via foliar tenderam a aumentar o teor de P nas folhas.
O biofertilizante enriquecido com sais minerais não influenciou nos teores
de P nas folhas de feijão Pina, quando aplicado à campo, independente da
pulverização realizada de 0 a 200 mL L
-1
(Dornelles, 2005). Resultados
semelhantes foram obtidos por Duarte Junior (2002) em feijão e por Dias et al.
(2003) em alfafa, com aplicação via foliar de biofertilizante Agrobio, concordando
com as observações do presente trabalho com a mexeriqueira ‘Rio’.
Com a manipueira verificou-se que a fertirrigação influenciou no teor de P
nas folhas e raízes de milho cultivado em ambiente protegido. Isso ocorreu,
58
devido ao aumento no crescimento e na profundidade do sistema radicular que
explorou maior volume de solo (Saraiva et al., 2006).
Apesar da importância da nutrição mineral para a produção e a qualidade
dos frutos em mexeriqueiras, existem poucas informações disponíveis na
literatura sobre o manejo da fertilização com P.
Segundo Panzenhagen et al. (1999), a fertilização corretiva com P na
instalação do pomar, até seis anos após o plantio, proporcionou acréscimos na
produtividade da ‘Montenegrina’, quando comparada à adubação com compostos
de esterco bovino ou adubos minerais sem P. Todavia, os teores de P nas folhas
tenderam a diminuir no último ano de avaliação e o teor de P nas folhas das
plantas adubadas com composto de esterco bovino foi superior aos teores de P
das plantas que receberam os adubos minerais com ou sem a aplicação de P. Os
teores de P nas plantas destes últimos tratamentos foram 1,5 vezes menores que
os dos tratamentos adubados com esterco bovino no último ano de avaliação.
Em outro trabalho, com tangor ‘Murcott’ em um pomar com quatro anos
de idade, não foi possível verificar efeito da fertilização com P sobre a produção e
sobre os teores de P nas folhas. Contudo, observou-se que a produção máxima
foi obtida na presença de 412,0; 22,7 e 66,1 g por planta de N, P e K,
respectivamente (Mattos Junior et al., 2004).
Neste trabalho as quantidades de P fornecida pelo esterco bovino,
biofertilizante, urina de vaca e manipueira foram, respectivamente, 143,8; 42,6;
0,4 e 14,9 g por planta em 2005 e 45,4; 33,6; 0,2 e 11,3 g por planta em 2006,
respectivamente.
O pH do solo interfere na disponibilidade de nutrientes minerais. O pH
acima de 6,5 pode ser prejudicial à absorção de P pelas raízes das plantas
(Marschner, 1995; Taiz e Zeiger, 1998). Neste trabalho o pH do solo aumentou de
4,9 para 6,3 entre 2005 e 2007. A calagem e o manejo de adubação adotado
contribuíram para esse aumento e, concomitantemente, foi observado aumento
nos teores de P nas folhas.
4.2.3. Teores de K nas folhas
Foi constatada interação entre os tratamentos e as épocas de
amostragem em relação aos teores de K nas folhas. Nas folhas coletadas em
59
2005 e 2006 não foi verificado efeito dos tratamentos nos teores de K na matéria
seca das folhas. No entanto, em 2007, o teor de K das plantas do tratamento
MS+MF foi superior aos teores de K das plantas dos tratamentos MS, US e BF
(Tabela 15). Entretanto, todos os tratamentos foram semelhantes à testemunha.
Tabela 15. Teores médios de K nas folhas (g kg
-1
) das plantas dos tratamentos
biofertilizante (B), urina de vaca (U) e manipueira (M) aplicados via
solo (S), via foliar (F) ou via solo e foliar, simultaneamente (S+F),
durante a avaliação do experimento entre os anos de 2005 e 2007
em Campos dos Goytacazes, RJ
Tratamentos 2005 2006 2007 Média
BS
17,03 a A 19,98 a A 17,03 a AB 18,01
BF
15,64 b A 21,32 a A 13,88 b B 16,36
BS+BF
18,05 ab A 21,45 a A 14,67 b AB 18,05
US
17,92 a A 18,00 a A 13,71 b B 16,55
UF
16,16 b A 19,87 a A 16,50 ab AB 17,51
US+UF
16,54 ab A 20,02 a A 14,46 b AB 17,01
MS
16,40 ab A 18,85 a A 13,51 b B 16,25
MF
15,72 b A 19,70 a A 15,99 b AB 17,01
MS+MF
15,60 b A 20,40 a A 18,76 a A 18,25
Testemunha
16,50 a A 16,80 a A 17,23 a AB 16,84
Média
16,55 19,93 15,36 17,18
C.V. (%)
13,55
As médias seguidas pela mesma letra minúscula na linha e maiúscula na coluna não diferem entre
si pelo teste de Tukey (p=0,05).
Verificou-se que o teor de K nas folhas das plantas do tratamento MS+MF
foi de 1,35; 1,37 e 1,39 vezes maior que os teores de K das plantas do tratamento
BF, US e MS, respectivamente.
Os teores de K nas folhas das plantas do tratamento BS e da testemunha
mantiveram-se constantes durante as três coletas avaliadas, entre 2005 e 2007.
Os teores de K nas plantas dos demais tratamentos aumentaram entre a primeira
e segunda coleta de 2005 para 2006 e diminuíram na última coleta de 2006 para
2007, com exceção dos teores verificados para os tratamentos MS+MF e UF, que
aumentaram entre 2005 e 2006 e mantiveram-se constantes entre 2006 e 2007.
Os teores médios de K das plantas de todos os tratamentos mantiveram-
se na faixa considerada alta de 2005 para 2006. Em 2007, os teores de K nas
folhas dos tratamentos BS, UF, MF, MS+MF e a testemunha permaneceram na
faixa de teores considerados altos (15 a 20 g kg
-1
), sendo que para os demais
tratamentos os teores de K foram considerados adequados, quando comparados
60
à faixa para interpretação dos teores foliares de nutrientes na cultura dos citros,
citada por Malavolta et al. (1994).
Em citros, a adubação com K tem apresentado influência no aumento do
diâmetro e peso dos frutos (Sobral et al., 2000). Segundo Mattos Junior et al.
(2004) foi verificado que com o aumento do teor de K nas folhas houve uma
redução na produtividade de frutos com doses superiores a 412 g por planta.
De acordo com Panzenhagen et al. (1999), em ‘Montenegrina’, observou-
se que a baixa produção de frutos pode ter sido influenciada pelos baixos teores
de K e Zn nas folhas. A produtividade total encontrada para a ‘Montenegrina’
variou entre 9 e 28 kg por planta, em duas safras, para as plantas que receberam
o esterco bovino com o teor de K nas folhas variando de 7 a 10 g kg
-1
.
No presente trabalho, a produtividade encontrada variou de 31 a 52 kg
por planta (valor acumulado entre as duas safras) e com o teor de K nas folhas
variando de 16 a 17 g kg
-1
, sendo observados valores maiores de produtividade e
teores de K nas folhas que as dos autores citados anteriormente.
4.2.4. Teores de Ca e Mg nas folhas
Foi constatada interação entre os tratamentos e as épocas de
amostragem em relação aos teores de Ca nas folhas. Nas folhas coletadas em
2006 não foi verificado efeito entre os tratamentos para os teores de Ca na
matéria seca das folhas. No entanto, em 2007 o teor de Ca nas folhas da
testemunha foi menor que os teores de Ca das plantas dos tratamentos MF e
US+UF (Tabela 16).
O teor médio de Ca nas folhas da testemunha foi, respectivamente, 1,53 e
1,40 vezes menor que os teores de Ca das plantas dos tratamentos MF e US+UF.
Os teores de Ca dos demais tratamentos foram semelhantes entre si e iguais aos
da testemunha.
61
Tabela 16. Teores médios de Ca nas folhas (g kg
-1
) das plantas dos tratamentos
biofertilizante (B), urina de vaca (U) e manipueira (M) aplicados via
solo (S), via foliar (F) ou via solo e foliar, simultaneamente (S+F),
durante a avaliação do experimento entre 2005 e 2007 no pomar de
mexeriqueira ‘Rio’ em Campos dos Goytacazes, RJ
Tratamentos 2006 2007 Média
BS
14,8 b A 20,8 a AB 18,0
BF
17,3 b A 21,8 a AB 20,6
BS+BF
13,6 b A 21,4 a AB 17,6
US
16,6 b A 21,6 a AB 18,2
UF
15,8 b A 21,5 a AB 18,1
US+UF
16,7 b A 25,5 a A 20,2
MS
16,3 b A 22,8 a AB 18,5
MF
15,9 b A 23,3 a A 22,8
MS+MF
15,2 b A 21,5 a AB 19,7
Testemunha
15,5 a A 16,6 a B 16,7
Média
15,8 21,7 19,0
C.V. (%)
14,55
As médias seguidas pela mesma letra minúscula na linha e maiúscula na coluna não diferem entre
si pelo teste de Tukey (p=0,05).
Na última coleta de folhas, no ano de 2007, os teores de Ca das plantas
de todos os tratamentos aumentaram, com exceção da testemunha. Os teores de
Ca nas folhas das plantas dos tratamentos passaram de deficiente (< 20 g Kg
-1
),
em 2006, para baixo (de 20 a 34 g Kg
-1
), em 2007, quando comparados à faixa
para interpretação dos teores foliares de nutrientes na cultura dos citros, citada
por Malavolta et al. (1994). Esses dados indicam que o uso da urina de vaca,
manipueira e biofertilizante, independentemente da forma de aplicação, podem
ser efetivos no aumento do teor de Ca nas folhas de mexeriqueiras ‘Rio’, ou de
outras culturas que necessitem de adubação foliar com esse nutriente.
Um método eficiente para a correção de Ca em pomares deficientes é o
uso de calcário (Quaggio, 1996). Por isso, a calagem realizada em 2005 pode ter
interferido no aumento do teor de Ca nas folhas das plantas dos tratamentos no
ano de 2007. Entretanto, em outro trabalho, esse efeito não foi verificado na
fertilização da ‘Montenegrina’ com diferentes fontes e níveis de adubação mineral,
com e sem calagem. O teor de Ca nas folhas observado variou de 30,2 a 39,5 g
kg
-1
(Panzenhagen et al., 1999).
As plantas de citros são chamadas de calcífilas, pois o Ca é o nutriente
mineral em maior concentração nas plantas. As distribuições de Ca nos frutos,
folhas, ramos, tronco e raízes da biomassa total de laranjeira ‘Hamlin’ foram de
30,3; 9,7; 26,1; 6,3 e 27,8 %, respectivamente (Mattos Junior et al., 2003).
62
Outros métodos de correção, como o uso de fertilizantes foliares contendo
cálcio têm influenciando no aumento do teor de Ca nas folhas de tomate e
pimentão (Pereira e Mello, 2002), no aumento no número e qualidade do melão
(Pereira et al., 2002) e no aumento de peso de grão em soja (Bevilaqua et al.,
2002).
A quantidade de Ca fornecidas via solo às plantas pelo esterco bovino,
pelo biofertilizante e pela urina de vaca e manipueira foram, respectivamente,
236,8; 172,9; 0,96 e 7,28 g por planta em 2005 e 116,8; 155,5; 1,28 e 5,9 g por
planta em 2006.
Outro fator que pode estar interferindo no teor baixo de Ca é o alto teor de
Mg (3,1 a 5,0 g kg
-1
) encontrado nas folhas das plantas no pomar da mexeriqueira
‘Rio’, quando comparados à faixa para interpretação dos teores foliares de
nutrientes na cultura dos citros, citada por Malavolta et al. (1994).
Marini et al. (2005) verificaram que o aumento das doses com sulfato de
magnésio, principalmente acima das doses de 750 e 1.500 g m
-3
,
diminuiu os
teores de Ca nas folhas da tangerineira ‘Sunki’ e no limoeiro ‘Cravo’,
respectivamente, o que foi associado ao aumento no teor de Mg nas folhas.
Não foi constatada interação entre os tratamentos e as épocas de
amostragem em relação aos teores de Mg nas folhas. Na média de todos os
tratamentos, os teores de Mg nas folhas das plantas reduziram entre a primeira e
a última coleta de folhas de 2005 para 2007 (p=0,05), provavelmente pelo
aumento do teor de Ca e K nestas. As médias dos teores de Mg nas folhas das
plantas, obtidas entre todos os tratamentos, foram de 5,4; 3,9 e 3,6 g kg
-1
nos
anos de 2005, 2006 e 2007, respectivamente (Tabela 17).
63
Tabela 17. Teores médios de Mg nas folhas (g kg
-1
) das plantas dos tratamentos
biofertilizante (B), urina de vaca (U) e manipueira (M) aplicados via
solo (S), via foliar (F) ou via solo e foliar, simultaneamente (S+F),
durante a avaliação do experimento entre os anos de 2005 e 2007 em
Campos dos Goytacazes, RJ
Tratamentos 2005 2006 2007 Média
BS
5,43 aA 3,98 aA 3,46 aA 4,29
BF
5,64 aA 3,76 aA 3,63 aA 4,34
BS+BF
5,39 aA 3,80 aA 3,55 aA 4,25
US
5,11 aA 3,95 aA 3,52 aA 4,19
UF
5,31 aA 3,99 aA 3,55 aA 4,28
US+UF
5,29 aA 4,13 aA 3,55 aA 4,33
MS
5,11 aA 3,90 aA 3,57 aA 4,20
MF
6,05 aA 3,76 aA 3,62 aA 4,49
MS+MF
5,24 aA 3,69 aA 3,45 aA 4,12
Testemunha
5,32 aA 3,82 aA 3,66 aA 4,27
Média
5,4 3,9 3,6 4,27
C.V. (%)
12,48
As médias seguidas pela mesma letra minúscula na linha e maiúscula na coluna não diferem entre
si pelo teste de Tukey (p=0,05).
4.2.5. Teores de S nas folhas
Foi constatada interação entre os tratamentos e as épocas de
amostragem em relação aos teores de S nas folhas. Nas folhas coletadas em
2005 e 2006 não foi verificado efeito dos tratamentos nos teores de S na matéria
seca das folhas. Entre os anos de 2006 e 2007, os teores de S das plantas dos
tratamentos aumentaram, sendo maiores também que os teores de S no ano de
2005, com exceção para as plantas dos tratamentos BS, BF e a testemunha, que
se mantiveram constantes (Tabela 18).
O aumento no teor de S nas folhas das plantas dos tratamentos US, MS,
MF, BS+BF, US+UF e MS+MF foram, respectivamente, 1,40; 1,32; 1,37; 1,27;
1,37; 1,31 e 1,51 vezes maiores no ano de 2007 que no ano de 2005.
No ano de 2007, os teores de S das plantas da testemunha e do
tratamento BS foram inferiores aos teores dos tratamentos US, US+UF, MS, MF e
MS+MF. O teor de S nas folhas das plantas que receberam o tratamento BF foi
menor que os teores dos tratamentos US, MS e MS+MF, sendo os demais
tratamentos semelhantes entre si.
64
Tabela 18. Teores médios de S nas folhas (g kg
-1
) das plantas dos tratamentos
biofertilizante (B), urina de vaca (U) e manipueira (M) aplicados via
solo (S), via foliar (F) ou via solo e foliar, simultaneamente (S+F),
durante a avaliação do experimento entre 2005 e 2007 no pomar de
mexeriqueira ‘Rio’ em Campos dos Goytacazes, RJ
Tratamentos 2005 2006 2007 Média
BS
2,48 a A 2,57 a A 2,67 a C 2,57
BF
2,44 a A 2,53 a A 2,77 a BC 2,58
BS+BF
2,30 b A 2,56 b A 3,16 a ABC 2,67
US
2,44 b A 2,68 b A 3,42 a A 2,85
UF
2,29 b A 2,70 b A 3,14 a ABC 2,71
US+UF
2,61 b A 2,73 b A 3,41 a A 2,92
MS
2,54 b A 2,65 b A 3,35 a A 2,85
MF
2,57 b A 2,69 b A 3,27 a AB 2,84
MS+MF
2,33 b A 2,66 b A 3,52 a A 2,84
Testemunha
2,45 a A 2,58 a A 2,66 a C 2,56
Média
2,44 2,63 3,13 2,74
C.V. (%)
10,12
As médias seguidas pela mesma letra minúscula na linha e maiúscula na coluna não diferem entre
si pelo teste de Tukey (p=0,05).
Em 2007, as aplicações de urina de vaca e manipueira via solo, com ou
sem aplicação via foliar, contribuíram para elevar os teores de S nas folhas,
enquanto as aplicações com biofertilizante não foram efetivas, com exceção do
uso de ambas as adubações.
O fornecimento de S no biofertilizante, na manipueira e na urina de vaca
aplicadas via solo foi de, respectivamente, 74,8; 6,80 e 3,84 g por planta em 2005
e de 129,5; 2,89 e 3,66 g por planta em 2006.
O biofertilizante foi o produto que apresentou maior concentração de S,
entretanto somente o uso combinado de adubação via solo e via foliar foi eficiente
para aumentar o teor de S das plantas de mexeriqueira ‘Rio’ entre 2005 e 2007. A
baixa eficiência do uso de biofertilizante em aumentar o teor de S nas folhas das
plantas foi observada em outros trabalhos com feijão (Duarte Júnior, 2002;
Dornelles, 2005) e alfafa (Dias et al., 2001).
Esse efeito se deve, em parte, ao fato de que o biofertilizante enriquecido
com sais minerais apresenta baixa concentração de enxofre solúvel, causado,
provavelmente, pelas perdas durante o processo de fermentação do
biofertilizante. Aproximadamente 40% do enxofre adicionado ao biofertilizante são
perdidos durante o seu preparo (Dornelles, 2005).
65
Existe uma carência de trabalhos científicos que relate o efeito da
fertilização de urina de vaca e manipueira sobre as plantas, principalmente para
os teores de S nas folhas.
4.2.6. Teores de B e Zn nas folhas
Foi constatada interação entre os tratamentos e as épocas de
amostragem em relação aos teores de B e Zn nas folhas (Tabelas 19 e 20). O
biofertilizante foi o único produto que promoveu aumento nos teores desses
nutrientes nas folhas da mexeriqueira ‘Rio’ em relação à testemunha. Entretanto,
a forma de adubação mais efetiva para o aumento desses teores foi diferente
para esses nutrientes. As adubações foliares foram mais efetivas para o aumento
dos teores de Zn nas folhas, enquanto os teores de B foram mais altos nas folhas
dos tratamentos com o biofertilizante aplicado via solo.
Para o teor de B nas folhas das plantas observou-se que o tratamento BS
foi superior à testemunha na segunda coleta. A primeira adubação com o BS foi
suficiente para elevar o teor de B nas folhas das plantas em 57,9 % de 2005 para
2006, sendo esse teor superior aos demais tratamentos em 2006. Os tratamentos
BF e BS+BF foram superiores à testemunha somente na terceira coleta (Tabela
19). Os teores de B nas folhas das plantas dos tratamentos BF, BS e BS+BF
foram, respectivamente, 1,54; 3,28 e 3,25 vezes maiores que a testemunha em
2007.
Os teores de B nas folhas das plantas nos tratamentos BS e BS+BF
foram enquadrados na faixa excessiva (maiores que 200 g kg
-1
), no tratamento UF
e na testemunha foram enquadrados na faixa adequada (60 a 141 g kg
-1
),
enquanto que nos demais tratamentos foram enquadrados na faixa alta (141 a
200 g kg
-1
), quando comparados à faixa para interpretação dos teores foliares de
nutrientes na cultura dos citros, citada por Malavolta et al. (1994).
Verificou-se que os tratamentos US, UF, MF e a testemunha mantiveram
o teor de B nas folhas das plantas constantes entre as coletas avaliadas. No
entanto, os demais tratamentos aumentaram o teor de B nas plantas entre as
coletas. Os teores de B nas folhas das plantas dos tratamentos BS, BF, BS+BF,
MS, MS+MF e US+UF foram superiores aos teores da primeira coleta.
66
Tabela 19. Teores médios de B nas folhas (mg kg
-1
) das plantas dos tratamentos
biofertilizante (B), urina de vaca (U) e manipueira (M) aplicados via
solo (S), via foliar (F) ou via solo e foliar, simultaneamente (S+F), em
pomar de mexeriqueira ‘Rio’, durante a avaliação do experimento de
2005 a 2007 em Campos dos Goytacazes, RJ
Tratamentos 2005 2006 2007 Média
BS
115 c A 182 b A 344 a A 214
BF
108 b A 131 ab B 161 a B 134
BS+BF
106 b A 131 b B 341 a A 193
US
101 a A 119 a B 114 a BC 111
UF
104 a A 100 a B 126 a BC 110
US+UF
106 b A 111 ab B 146 a BC 121
MS
98 b A 129 ab B 140 a BC 122
MF
120 a A 117 a B 145 a BC 127
MS+MF
110 b A 89 b B 150 a BC 116
Testemunha
103 a A 110 a B 105 a C 105
Média
107 122 177 132
C.V. (%)
18,12
As médias seguidas pela mesma letra minúscula na linha e maiúscula na coluna não diferem
entre si pelo teste de Tukey (p=0,05).
As quantidades de B fornecidas nas adubações via solo do biofertilizante
da urina de vaca e da manipueira foram de 17,84; 0,06 e 0,13 g por planta em
2005 e 20,73; 0,04 e 0,08 g por planta em 2006, respectivamente.
Os teores de Zn nas folhas das plantas dos tratamentos BF e BS+BF
foram superiores aos dos demais tratamentos, nos anos de 2006 e 2007 (Tabela
20). Os teores das plantas desses tratamentos passaram de deficientes (menores
que 18 g kg
-1
), na primeira coleta, para a faixa adequada, na segunda coleta,
quando comparados à faixa para interpretação dos teores foliares de nutrientes
na cultura dos citros (entre 25 a 49 g kg
-1
), citada por Malavolta et al. (1994).
Contudo, os teores de Zn nas folhas da testemunha e os dos demais tratamentos
permaneceram na faixa considerada deficiente.
Na terceira coleta das folhas, verificou-se que os teores de Zn dos
tratamentos BF e BS+BF continuaram aumentando e situaram-se na faixa
considerada adequada. Todavia, o teor das plantas do tratamento BF foi superior
ao teor de Zn das plantas do tratamento BS+BF. Os teores de Zn nas folhas das
plantas dos tratamentos BF e BS+BF foram, respectivamente, 2,6 e 2,5 vezes
maiores que a testemunha em 2006. Assim, a adubação foliar de biofertilizante,
com ou sem aplicação via solo foi efetiva para corrigir a deficiência de Zn nas
plantas.
67
Tabela 20. Teores médios de Zn nas folhas (mg kg
-1
) das plantas dos tratamentos
biofertilizante (B), urina de vaca (U) e manipueira (M) aplicados via
solo (S), via foliar (F) ou via solo e foliar, simultaneamente (S+F),
durante a avaliação do experimento entre os anos de 2005 e 2007 em
pomar de mexeriqueira ‘Rio’ em Campos dos Goytacazes, RJ
Tratamentos 2005 2006 2007 Média
BS
17,6 a A 15,3 a B 17,0 a C 16,6
BF
15,9 c A 38,8 b A 49,3 a A 34,6
BS+BF
15,9 c A 36,9 b A 42,0 a B 31,6
US
18,1 a A 15,3 a B 14,6 a C 16,0
UF
15,5 a A 12,6 a B 15,6 a C 14,6
US+UF
18,5 a A 14,1 a B 14,8 a C 15,8
MS
16,3 a A 16,4 a B 14,5 a C 15,8
MF
18,4 a A 17,6 a B 15,4 a C 17,1
MS+MF
17,8 a A 17,1 a B 14,8 a C 16,6
Testemunha
14,3 a A 14,6 a B 16,0 a C 14,9
Média
16,8 19,9 21,4 19,4
C.V. (%)
17,53
As médias seguidas pela mesma letra minúscula na linha e maiúscula na coluna não diferem entre
si pelo teste de Tukey (p=0,05).
As plantas de citros são exigentes em Zn, B, Mn e Fe, sendo que a
deficiência desses nutrientes é comum na citricultura mundial. Em condições
tropicais, as deficiências de Zn e B nas plantas de citros são as mais freqüentes.
O uso de adubações foliares com sulfato de zinco é o método mais eficiente para
o aumento no teor de Zn nas folhas, quando comparado com a aplicação via solo.
Entretanto, dois anos após a aplicação de adubação de Zn via solo (sulfato de
zinco), os teores de Zn no solo correlacionaram-se com os teores nas folhas,
sugerindo que esse nutriente, quando aplicado ao solo, requer tempo para ser
absorvido pelas plantas (Quaggio et al., 2003).
Tiritan (1996) observou que aplicações foliares, efetuadas durante três
anos, com sulfato de zinco, foram efetivas para a correção dos sintomas de
deficiência de Zn em pomar de citros. Entretanto, não houve aumento de
produtividade de frutos em decorrência dessa correção no perído avaliado.
Para o B, Quaggio et al. (2003) verificaram que a adubação no solo foi
mais eficiente que a aplicação via foliar na laranjeira ‘Pêra’. As doses de B de 0 a
14,71 g por planta proporcionaram aumentos na produção de frutos e no teor de B
no solo. Este último foi correlacionado com o aumento do teor de B nas folhas.
Entretanto, os teores de B nas folhas mantiveram-se dentro do nível considerado
adequado somente com a aplicação por via foliar. A produtividade máxima foi
68
conseguida com a dose de 9,80 g por planta aplicada via solo, elevando o teor de
B das plantas para valores entre 280 e 320 mg kg
-1
.
Em outro trabalho, as aplicações por via foliar em feijão, com
biofertilizante enriquecido com minerais, resultaram em aumentos nos teores de B
e Zn nas folhas, independentemente das doses aplicadas (0 a 200 mL L
-1
). Esse
efeito do biofertilizante enriquecido sobre os teores de B pode resultar em plantas
com altos níveis foliares de micronutrientes (Dornelles, 2005).
A adubação foliar destina-se às correções de deficiências nutricionais,
principalmente de micronutrientes, além de possibilitar a correção rápida de
determinadas deficiências (Boaretto e Rosolem, 1989). A recomendação geral de
adubação foliar para os citros consiste em preparar caldas de sais minerais com
ácido bórico a 1 g L
-1
, uréia a 5 g L
-1
e nas seguintes concentrações de
micronutrientes: 500 a 1000 mL L
-1
de Zn; 300 a 700 mL L
-1
de Mn e 600 a 1000
mL L
-1
de Cu (Mattos Junior et al., 2001 e Quaggio et al., 2005).
O efeito no aumento do teor de Zn nas folhas das plantas que receberam
o biofertilizante aplicado via foliar pode estar associado à quantidade de Zn na
forma solúvel e disponível para a absorção desse nutriente pelas folhas.
Segundo Dornelles (2005), em biofertilizante enriquecido com minerais, a
quantidade de Zn solúvel encontrada foi de 2.291,0 mg L
-1
. O Zn
2+
estaria
disponível para as plantas, o que foi confirmado pelo aumento no teor de Zn nas
folhas de feijão de 64,5 para 193,5 mg kg
-1
.
O efeito nutricional de biofertilizantes em plantas ainda é pouco estudado
no Brasil, principalmente na fruticultura. O uso de biofertilizantes pode propiciar
desequilíbrios nutricionais nas plantas, devido à alta concentração de
micronutrientes na calda preparada, o que pode ocasionar em sintomas de
fitotoxicidade.
Esse efeito foi observado por Devide et al. (2000) em mudas de pepino,
milho e soja. Segundo os autores citados, esse efeito ocorreu, provavelmente,
pela elevada salinidade do produto.
Neste trabalho, os teores de B nas folhas para os tratamentos BS e
BS+BF foram superiores a 300 mg kg
-1
, o que pode ter resultado em problemas
de fitotoxidade, sendo observado nas plantas que receberam o tratamento BS um
intenso amarelecimento, seguido pela intensa queda de folhas em algumas
plantas do tratamento BS+BF.
69
Segundo Rodriguez (1991), a toxidez de B manifesta-se nas folhas por
um amarelecimento das pontas, que se estende para as margens, apresentando
queda de folhas, com depauperamento ou morte das plantas.
Outro sintoma visual de fitotoxidade de B, identificado por clorose intensa
nas bordas das folhas, foi observado em porta-enxertos de limoeiro ‘Cravo’ e
tangerineira ‘Cleopatra’ em substratos para a produção de mudas. Verificou-se
que os substratos que apresentaram teores superiores a 5 mg dm
3
de B
propiciaram teores de B nas folhas acima de 280 mg kg
-1
(Mattos Junior et al.,
1995).
Quaggio et al. (2003) observaram em plantas de citros apenas sintomas
moderados de fitotoxidade de B nas parcelas que receberam 14,71 g de B, que
elevou o teor nas folhas para 358 mg kg
-1
.
4.2.7. Teores de Mn nas folhas
Não foi constatada interação entre os tratamentos e as épocas de
amostragem em relação aos teores de Mn nas folhas. As médias, obtidas entre
todas as épocas de amostragem, do teor de Mn nas folhas das plantas dos
tratamentos foram semelhantes à testemunha. Entretanto, os teores de Mn das
plantas dos tratamentos BF e BS+BF foram superiores aos tratamentos US, UF e
MF (Figura 3).
70
0
5
10
15
20
25
30
35
BS BF BS+BF US UF US+UF MS MF MS+MF T
Tratamentos
Teores médios de Mn nas folhas
(mg kg
-1
)
A A
AB
AB
ABABB
B
B
B
Figura 3. Teores médios de Mn nas folhas das plantas dos tratamentos
biofertilizante (B), urina de vaca (U) e manipueira (M) aplicados via
solo (S), via foliar (F) ou via solo e foliar, simultaneamente (S+F), e da
testemunha (T) em pomar de mexeriqueira ‘Rio’, entre os anos de
2005 e 2007 em Campos dos Goytacazes, RJ.
Média geral (mg kg
-1
) = 28,01; C.V. (%) = 26,79; DMS (5%) = 8,77. As médias
seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey (p=0,05).
Os teores médios de Mn nas folhas das plantas dos tratamentos
reduziram entre os anos de coleta de 2005 a 2007 (p=0,05), as médias obtidas
entre todos os tratamentos foi de 43,8; 22,9 e 17,4 mg kg
-1
para os anos de 2005,
2006 e 2007, respectivamente. A adubação realizada não foi eficiente na
adubação de Mn para manter ou aumentar seu teor nas folhas.
Os teores de Mn nas folhas das plantas reduziram da faixa considerada
adequada em 2005, para baixa (18 a 23 mg kg
-1
) em 2006 e deficiente em (<18
mg kg
-1
) em 2007, quando comparados à faixa para interpretação dos teores
foliares de nutrientes na cultura dos citros, citada por Malavolta et al. (1994).
Os sintomas de deficiência de Mn nas folhas das plantas geralmente
apresenta clorose interneval nas folhas jovens, porém mais pálida e menos
acentuada que o Zn. Neste trabalho, foi verificado que algumas plantas
apresentaram sintomas de deficiência deste nutriente.
Trabalhos de pesquisas sobre a adubação de Mn em citros mostram que
a aplicação por via foliar pode ser eficiente e aumentar seu teor na folha. A
aplicação de produto comercial nas doses de 0 a 0,24 g L
-1
aumentou o teor de
Mn nas folhas de plantas de laranjeira ‘Pêra’ com cinco anos de idade. Os teores
de Mn nas folhas foram de 33 e 50 mg kg
-1
para as doses citadas,
respectivamente (Tiritan, 1996).
71
Santos et al. (1999) avaliaram 11 tipos de produtos comerciais para a
pulverização foliar em citros e observaram que os teores de Mn nas folhas
sofreram influência dos tratamentos testados, sendo que os maiores teores de Mn
foram encontrados nas plantas dos tratamentos com combinações de adubos à
base de sais (KCl, ZnSO
4
, ZnCl
2
, MnSO
4
e ácido bórico) e produtos comerciais
quelatizados em pomar com laranjeira ‘Pêra’ com dois anos de idade.
A recomendação geral de adubação foliar de citros é de 300 a 700 mg L
-1
de Mn, sendo que a menor dose deve ser usada para a adubação de manutenção
e a maior deve ser empregada, quando há sintomas visíveis de deficiência
(Mattos Junior et al., 2001).
Neste trabalho, observou-se que os teores de Mn nas características
nutricionais dos produtos variaram de 207 a 270 mg L
-1
para o biofertilizante, de
0,84 a 1,61 mg L
-1
para a urina de vaca e 1,75 a 1,93 mg L
-1
para a manipueira
entre 2006 e 2007, respectivamente (Tabela 7). Os teores de Mn verificados nas
composições químicas dos produtos utilizados estavam abaixo do recomendado
para a adubação via foliar em citros. Por isso, os tratamentos não influenciaram
para o aumento do teor foliar desse nutriente.
Outro fator que pode ter agravado a deficiência de Mn nas plantas foi o
aumento do pH do solo, proporcionado pela calagem e pelo uso de material
orgânico. De acordo com Rodriguez (1991), em solos alcalinos ou em calagem
excessiva há insolubilização deste nutriente no solo.
4.2.8. Teores de Fe nas folhas
Não foi constatada interação entre os tratamentos e as épocas de
amostragem em relação aos teores de Fe nas folhas. A média, obtida entre todas
as épocas de amostragem, do teor médio de Fe nas folhas das plantas do
tratamento BF foi superior aos teores das plantas dos tratamentos BS, US, MS e
da testemunha, sendo os demais tratamentos semelhantes entre si (Figura 4).
O teor médio de Fe nas folhas das plantas que receberam o tratamento
BF foi 1,31; 1,27, 1,25 e 1,30 vezes maior que os teores médios dos tratamentos
BS, US, MS e da testemunha, respectivamente.
72
0
20
40
60
80
100
120
BS BF BS+BF US UF US+UF MS MF MS+MF T
Tratamentos
Teores médios de Fe nas folhas
(mg kg
-1
)
A
ABABAB
AB
AB
B B B B
Figura 4. Teores médios de Fe nas folhas das plantas dos tratamentos
biofertilizante (B), urina de vaca (U) e manipueira (M) aplicados via
solo (S), via foliar (F) ou via solo e foliar, simultaneamente (S+F), e da
testemunha (T) em pomar de mexeriqueira ‘Rio’, entre os anos de
2005 e 2007 em Campos dos Goytacazes, RJ.
Média geral (mg kg
-1
) = 87,54; C.V. (%) = 19,38; D.M.S (5%) = 19,82. As médias
seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey (p=0,05).
Os teores médios de Fe aumentaram de 2005 a 2007 (p=0,05), as médias
obtidas entre todos os tratamentos foram de 54,0; 93,5 e 115,2 mg kg
-1
para os
anos de 2005, 2006 e 2007, respectivamente. Entretanto, a adubação realizada
não foi eficiente para que os teores ficassem na faixa considerada adequada (130
a 300 mg kg
-1
), quando comparados à faixa para interpretação dos teores foliares
de nutrientes na cultura dos citros, citada por Malavolta et al. (1994).
O Fe possui um papel importante como componente de enzimas
envolvidas na transferência de elétrons (reações redox), como citocromos. Da
mesma forma que na deficiência de Mg, um sintoma de sua deficiência é a
clorose interneval nas folhas, contudo esses sintomas de deficiência aparecem
em folhas mais jovens (Taiz e Zeiger, 1998). Felizmente, sintomas de deficiência
de Fe em pomares de citros são raros e não têm constituído um problema.
Quando isso ocorre, recomenda-se o uso de pulverizações via foliares
(Rodriguez, 1991).
Existe uma carência de trabalhos científicos sobre a adubação de Fe
tanto por via solo, quanto por via foliar. Entretanto, Tiritan (1996), avaliando um
produto comercial, verificou que não houve efeito para o teor de Fe nas folhas,
sendo que os teores variaram de 186 a 211 mg kg
-1
.
73
4.2.9. Teor de Cu nas folhas
Os teores médios de Cu nas folhas das plantas dos tratamentos
aumentaram entre os anos de coleta de 2005 a 2007 (p=0,05), as médias obtidas
entre todos os tratamentos foram de 7,1; 6,92 e 128,8 mg kg
-1
para os anos de
2005, 2006 e 2007, respectivamente.
O aumento no teor foliar médio de Cu em 2007 pode ter ocorrido pela
contaminação com Cu após as pulverizações realizadas com calda bordalesa no
manejo de prevenção da Mancha Preta. O aumento dos teores de Cu nas folhas
ocasionado pelo uso de calda bordalesa foi observado, também, por Tiritan
(1996).
Os teores de Cu nas folhas passaram de deficientes (menor que 4 g kg
-1
)
a excessivos (maior que 40 g kg
-1
), quando comparados à faixa para interpretação
dos teores foliares de nutrientes na cultura dos citros, citada por Malavolta et al.
(1994).
4.3. Características químicas do solo
Em julho de 2007, após a colheita dos frutos, observou-se que, na
profundidade de 0 a 20 cm, os teores de P, K, Mg, Na, Fe, Cu, Zn, Mn, S e B no
solo foram influenciados pelos diferentes manejos da adubação (Tabelas 23 e
24).
74
Tabela 23. Características químicas (K
+
, P, S, Ca
2+
, Mg
2+
e Na
+
) de amostra de
solo dos tratamentos biofertilizante (B), urina de vaca (U) e manipueira
(M) aplicados via solo (S), via foliar (F) ou via solo e foliar,
simultaneamente (S+F), e da testemunha, na profundidade de 0 a 20
cm, no pomar de mexerica ‘Rio’ em 2007, Campos dos Goytacazes
RJ
K
+
P* S Ca
2+
Mg
2+
Na
+
Tratament.
mmol
c
dm
-3
mg dm
-3
mmol
c
dm
-3
BS
3,72 b 37,8a 15,6ab 3,7a 1,8ab 0,12ab
BF
2,58 c 13,8b 16,9ab 2,9a 1,6ab 0,10ab
BS+BF
3,16 bc 37,4a 19,4a 3,1a 1,4b 0,09b
US
4,75 a 35,6a 14,9ab 3,6a 1,9ab 0,16a
UF
3,41 bc 29,5ab 15,1ab 3,6a 2,0a 0,12ab
US+UF
4,01 ab 34,6a 15,5ab 2,9a 1,8ab 0,12ab
MS
3,88 ab 34,0a 15,5ab 3,3a 2,0a 0,13ab
MF
3,18 bc 27,7ab 15,1ab 3,1a 1,8ab 0,12ab
MS+MF
3,69 b 35,3a 11,6b 3,2a 1,8ab 0,15a
Test
3,17 bc 29,9ab 13,6ab 3,6a 1,7ab 0,11ab
Média
3,55 29,8 15,3 3,3 1,8 0,12
C.V. (%)
13,48 27,01 18,95 15,03 12,73 22,65
* Extrator Melhich 1
As médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey (p=0,05).
Análise efetuada no Centro de Análises na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Campus
Dr. Leonel Miranda
Tabela 24. Características químicas (Fe
2+
, Cu
2+
, Zn
2+
, Mn
2+
, B e pH) de amostra
de solo dos tratamentos biofertilizante (B), urina de vaca (U) e
manipueira (M) aplicados via solo (S), via foliar (F) ou via solo e foliar,
simultaneamente (S+F), e da testemunha, na profundidade de 0 a 20
cm, no pomar de mexerica ‘Rio’ em 2007, Campos dos Goytacazes
RJ
Fe
2+
Cu
2+
Zn
2+
Mn
2+
B pH*
Tratament.
mgdm
-3
BS
21,4bc 10,1b 75,4b 12,6a 3,46a 6,6a
BF
25,0ab 4,0c 5,7c 8,1cde 0,74b 6,3a
BS+BF
26,2a 17,9
a
112,2a 11,8ab 3,11a 6,2a
US
21,0bc 5,4c 4,3c 7,9cde 0,58b 6,6a
UF
20,7bc 4,8c 5,1c 9,2bcde 0,52b 6,6a
US+UF
18,3c 3,5c 3,7c 7,3 de 0,48b 6,6a
MS
19,5c 4,9c 3,5c 9,4bcd 0,52b 6,7a
MF
19,9c 4,1c 2,9c 6,2e 0,40b 6,6a
MS+MF
20,6c 3,6c 5,8c 8,3cde 0,69b 6,7a
Test
19,9c 5,0c 4,4c 10,7abc 0,56b 6,5a
Média
21,2 6,3 22,3 9,1 1,1 6,5
C.V. (%)
9,63 26,22 30,31 16,28 28,34 4,33
*pH extraído em água
As médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey (p=0,05).
Análise efetuada no Centro de Análises na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Campus
Dr. Leonel Miranda.
75
O teor de K nas amostras coletadas na projeção da copa das plantas que
receberam o tratamento US foi superior aos dos demais tratamentos, com
exceção para os tratamentos US+UF e MS. Foi verificado, também, que o teor de
K no solo do tratamento BF foi inferior aos teores do solo das plantas dos
tratamentos BS, US+UF, MS e MS+MF, sendo os demais tratamentos
semelhantes entre si. O teor de K no solo das plantas que receberam o
tratamento US foi 1,5 vez maior que o da testemunha.
A quantidade média de K fornecida pelos fertilizantes via solo, incluindo o
esterco bovino, durante os dois anos de adubação foram suficientes para deixar o
solo com mais de 3,0 mmol
c
dm
-3
de K
+
, na profundidade de 0 a 20 cm. Esse valor
requereria a menor quantidade de recomendação de adubação com K para
qualquer classe de produtividade esperada para tangerineiras, conforme a faixa
de adubação para citros descrita por Malavolta et al. (1994) e Raij et al. (1997).
A urina de vaca quando aplicada via solo foi eficiente para o fornecimento
de K ao solo. Entretanto, esse efeito não refletiu na produção, nos teores de K
nas folhas e na qualidade dos frutos. A urina de vaca foi o fertilizante que
apresentou a maior concentração de K, levando a necessidade de menor volume
de calda aplicada nos dois anos de adubação.
Segundo Mattos Junior et al. (2004), o efeito do fornecimento de K às
plantas de citros pode ser percebido em anos consecutivos. Com o aumento das
doses de 80 a 718 g por planta de K
2
O foi verificado, por esses autores, um efeito
depressivo na produção de frutos (média de seis safras) em doses superiores a
412 g por planta de K
2
O, principalmente nos últimos anos de avaliação.
Early et al. (1998) citam que uma característica da urina de vaca é a
quantidade de macronutrientes que ela fornece no sistema solo-planta-animal,
principalmente em pastejo rotativo. Na simulação de um sistema de patejo foram
aplicados diariamente dois litros de urina de vaca no solo, o que correspondeu a
55 g m
-2
de K. Após um ano de avaliação, foi observado, pelos referidos autores,
que 20 % do K aplicado ficou retido na profundidade de 0 a 5 cm.
Para o teor de P no solo foi verificado que as plantas que receberam o
tratamento BF foi inferior aos tratamentos BS, BS+BF, US, US+UF, MS e MS+MF,
sendo os demais tratamentos semelhantes entre si. O teor de P no solo sob o
tratamento BF foi 2,7 vezes menor que os teores no solo sob os tratamentos BS e
BS+BF.
76
As aplicações de P no solo fizeram com que esse nutriente se
acumulasse no solo, sendo observados efeitos na produção de frutos em
laranjeira ‘Pêra’ (Sobral et al., 2000). Entretanto, a resposta das plantas jovens
(até cinco anos) à adubação com fósforo é maior (Castro et al., 2001a). A
adubação corretiva com P, na instalação do pomar, foi suficiente para assegurar
acréscimos na produção de frutos da ‘Montenegrina’ (Panzenhagen et al., 1999).
Neste trabalho, a aplicação via solo do biofertilizante, urina de vaca e
manipueira, com ou sem aplicação foliar, tenderam a ser mais efetivas para o
fornecimento de P no solo do que as aplicações desses fertilizantes por via foliar.
Os teores de Mg no solo das plantas que receberam o tratamento BS+BF
foram inferiores aos das que receberam os tratamentos US e MS. As plantas que
receberam o tratamento BS+BF apresentaram teores de S no solo superiores aos
daquelas que receberam o tratamento MS+MF. Não foram verificadas diferenças
entre os demais tratamentos para esses dois nutrientes no solo.
O efeito dos tratamentos sobre os teores de Mg no solo não refletiu no
teor de Mg nas folhas. Os teores de Mg nas folhas, para todos os tratamentos,
foram considerados altos.
Marini et al. (2005) verificaram para o porta-enxerto tangerineira ‘Sunki’
que o aumento das doses com sulfato de magnésio de 0 a 3.200 g m
3
aumentaram os teores de Mg
2+
e K
+
no substrato. Entretanto, os teores de Ca
2+
no substrato diminuíram com o aumento das doses de sulfato de magnésio.
Em outro trabalho, avaliando a relação de K, Ca e Mg no solo em
resposta à adubação potássica no cultivo de batata, observou-se aumento do teor
de K no solo, sem alterações nos teores de Ca e Mg (Reis Junior et al., 1999).
As plantas que receberam o tratamento BS+BF tenderam a ter o maior
teor de S no solo, isso pode ter influenciado o teor de S nas folhas. O teor de S
nas folhas das plantas que receberam o tratamento BS+BF foi superior ao do
tratamento MS+MF, sendo os demais tratamentos semelhantes entre si.
Entretanto, o menor teor de S no solo observado para o tratamento MS+MF não
influenciou negativamente no teor foliar das plantas.
De acordo com Rodriguez (1991), devido à falta de sintomas de
deficiência de S em pomares de citros no Brasil, admitiu-se não ser importante
considerá-lo nas adubações, uma vez que os fertilizantes mais comumente
utilizados para a adubação de citros possuem S em sua formulação.
77
O teor de Na no solo das plantas que receberam o tratamento BS+BF foi
inferior aos teores das plantas dos tratamentos UF e MS. Uma das principais
implicações dos aumentos dos teores de Na no solo é a possibilidade da
ocorrência de salinização. Melo et al. (1997) explicam que a aplicação ao solo de
compostos ricos em Na e K pode promover um aumento dos teores desses
elementos na solução do solo, acarretando aumento da condutividade elétrica.
Na profundidade de 0 a 20 cm o biofertilizante foi o único fertilizante que
promoveu aumento nos teores de B, Cu, Fe e Zn no solo em relação à
testemunha. As aplicações via solo, com ou sem aplicação foliar, foram mais
efetivas para o aumento dos teores de B, Cu e Zn no solo, enquanto a aplicação
via foliar, com ou sem aplicação via solo, influenciou o teor de Fe. Esse efeito do
biofertilizante refletiu nos teores de B, Fe e Zn nas folhas das plantas.
Os teores de B e Cu no solo das plantas dos tratamentos BS e BS+BF
foram superiores aos de todos os tratamentos, sendo os demais tratamentos
semelhantes entre si. Esse efeito também ocorreu para o teor de Zn, entretanto o
teor do tratamento BS+BF foi maior que o tratamento BS.
O biofertilizante é um produto que contém o ácido bórico e o sulfato de
zinco como ingredientes. Também foi verificado, por Quaggio et al. (2003),
aumento do teor de B e Zn no solo, em virtude da adubação via solo com ácido
bórico e com sulfato de zinco.
O teor de Fe nas amostras de solo das plantas que receberam o
tratamento BS+BF foi superior a todos tratamentos na profundidade de 0 a 20 cm,
com exceção para o tratamento BF. O teor de Fe no solo desse último tratamento
foi maior que aos dos tratamentos US+UF, MS, MF, MS+MF e a testemunha,
sendo os demais tratamentos semelhantes entre si. O teor de Fe no solo das
plantas que receberam os tratamentos BF e BS+BF foram, respectivamente, de
1,25 e 1,30 vezes maiores que a testemunha.
O efeito da adubação por via foliar, aumentando o teor de Fe no solo,
pode ser explicado pelo escorrimento da calda de pulverização sobre o solo.
Stoller (1989) verificou que em média 50 % do volume da calda aplicada sobre a
planta cai sobre o solo, podendo, dessa forma, modificar as características do
mesmo.
Em outro trabalho, as pulverizações foliares com B, Zn, Cu e Mn
aumentaram os teores desses nutrientes no solo, ocasionados pelo escorrimento
78
da calda das pulverizações foliares. Esses valores foram maiores no colo das
plantas do que na entre linha. Entretanto, devido à idade do pomar (cinco anos), a
adubação foliar interferiu muito pouco nos teores dos micronutrientes no solo,
exceto para Zn (Tiritan, 1996).
O teor de Mn no solo das plantas que receberam o tratamento BS foi
superior aos demais tratamentos, com exceções para os tratamentos BS+BF e
testemunha. O teor de Mn das plantas que receberam o tratamento BS+BF foi
superior aos tratamentos BF, US, US+UF, MF e MS+MF e os teores de Mn da
testemunha foi superior aos tratamentos US+UF e MF, sendo os demais
tratamentos semelhantes entre si.
O efeito do Mn no solo refletiu no teor de Mn das folhas para o tratamento
BS+BF, o qual foi superior aos tratamentos US, UF e MF. Trabalhos científicos
sobre a adubação de Mn em citros mostram que a aplicação por via foliar pode
ser eficiente em aumentar seu teor na folha (Tiritan, 1996). Entretanto, existem
poucos trabalhos científicos sobre a adubação via solo com Mn.
Para a profundidade de 20 a 40 cm foi observado efeito dos fertilizantes
para os teores de K, Fe, Cu, Mn, Zn, S e B no solo (Tabelas 25 e 26).
Tabela 25. Características químicas (K
+
, P, S, Ca
2+
, Mg
2+
e Na
+
) de amostra de
solo dos tratamentos biofertilizante (B), urina de vaca (U) e manipueira
(M) aplicados via solo (S), via foliar (F) ou via solo e foliar,
simultaneamente (S+F), e da testemunha, na profundidade de 20 a 40
cm, no pomar de mexerica ‘Rio’ em 2007, Campos dos Goytacazes
RJ
K
+
P** S Ca
2+
Mg
2+
Na
+
Tratamentos
mmol
c
dm
-3
mg dm
-3
mmol
c
dm
-3
BS
1,83 b 19,4a 29,9abc 2,3a 1,4a 1,3a
BF
1,41 b 5,8a 24,0bc 1,6a 1,1a 1,1a
BS+BF
1,89 b 13,8a 43,9ab 1,6a 0,9a 1,2a
US
3,11 a 9,0a 28,0abc 1,9a 1,2a 1,2a
UF
1,82 b 11,0a 26,6abc 2,7a 1,4a 1,2a
US+UF
1,83 b 7,6a 35,9abc 1,6a 1,1a 1,1a
MS
2,32 ab 7,2a 42,2ab 2,1a 1,4a 1,1a
MF
1,88 b 11,8a 25,0bc 1,8a 1,2a 1,2a
MS+MF
1,87 b 9,0a 14,7c 2,0a 1,2a 1,1a
Test
1,63 b 15,4a 50,1a 2,2a 1,2a 1,1a
Média
1,96 11,0 32,0 1,9 1,2 1,1
C.V. (%)
26,32 63,62 35,84 29,37 20,01 14,18
* Extrator Melhich 1
As médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey (p=0,05).
Análise efetuada no Centro de Análises na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Campus
Dr. Leonel Miranda
79
Tabela 26. Características químicas (Fe
2+
, Cu
2+
, Zn
2+
, Mn
2+
, B e pH) de amostra
de solo dos tratamentos biofertilizante (B), urina de vaca (U) e
manipueira (M) aplicados via solo (S), via foliar (F) ou via solo e foliar,
simultaneamente (S+F), e da testemunha, na profundidade de 20 a 40
cm, no pomar de mexerica ‘Rio’ em 2007, Campos dos Goytacazes
RJ
Fe
2+
Cu
2+
Zn
2+
Mn
2+
B pH*
Tratamentos
mgdm
-3
BS
35,0ab 5,4a 36,4a 8,4a 3,7a 5,9a
BF
38,2ab 1,5c 3,0c 4,3c 0,8b 5,6a
BS+BF
44,6a 4,3ab 26,1a 5,9abc 3,6a 5,3a
US
35,5ab 2,8abc 1,5c 5,0bc 0,6b 5,8a
UF
33,7b 2,6bc 2,4c 5,4bc 0,6b 5,9a
US+UF
34,4b 2,4bc 1,9c 5,6bc 0,5b 5,7a
MS
29,1b 2,2bc 1,7c 5,6bc 0,6b 5,9a
MF
28,7b 1,5c 1,7c 5,4bc 0,5b 5,9a
MS+MF
30,5b 1,3c 2,1c 5,2bc 0,6b 5,9a
Test
31,0b 1,7bc 1,8c 7,6ab 0,6b 5,6a
Média
34,0 2,5 7,8 5,8 1,2 5,7
C.V. (%)
13,60 48,97 69,66 22,04 21,32 6,12
*pH extraído em água
As médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey (p=0,05).
Análise efetuada no Centro de Análises na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Campus
Dr. Leonel Miranda.
O teor de K no solo das plantas que receberam o tratamento US foi
superior ao de todos os tratamentos, com exceção para o teor do tratamento MS,
sendo os demais tratamentos semelhantes entre si. O teor de K no solo do
tratamento US foi 1,91 vezes maior que o da testemunha.
Observou-se que o K no solo teve a mesma tendência nas duas
profundidades avaliadas para as plantas do tratamento US. A quantidade de K no
solo diminuiu com o aumento da profundidade. Contudo, o teor de K na
profundidade de 20 a 40 cm tendeu a ser mais semelhante entre os tratamentos.
A lixiviação de K depende, principalmente, do teor do nutriente na solução
e da quantidade de água percolada através do perfil do solo, especialmente se o
solo apresentar-se descoberto. Foi observado que uma lâmina de água de 30 mm
foi suficiente para causar a lixiviação de K. A intensidade de lixiviação do K no
solo foi proporcional à dose aplicada (0 a 120 kg ha
-1
de K). Essa lixiviação foi
máxima até a camada de 4 a 8 cm de profundidade (Rosolem et al., 2006).
Em outro trabalho, a quantidade lixiviada de K no solo a uma
profundidade de 120 cm foi de, aproximadamente, 1,8 % do total de K aplicado
80
com urina de vaca em simulação de pastejo na Nova Zelândia. O K se concentrou
nas profundidades de 21 a 24 cm, principalmente devido a sua movimentação
pelos macroporos (Early et al., 1998).
Para o teor de S no solo a testemunha foi superior aos tratamentos BF,
MS e MS+MF, sendo os demais tratamentos semelhantes entre si. O teor de S no
solo correspondente à testemunha foi 1,14; 2,00 e 3,40 vezes maior que os teores
de S no solo dos tratamentos BF, MS e MS+MF, respectivamente. A fertilização
via foliar com biofertilizante e via solo com manipueira não foi efetiva em
aumentar o teor de S no solo.
O teor de S no solo tendeu a ser maior na profundidade de 20 a 40 cm.
Alguns fatores podem influenciar na movimentação de S no solo. Segundo Foloni
e Rosolem (2007), a associação de cátions e ânions na solução do solo, com
neutralização momentânea de cargas, pode intensificar a movimentação do
sulfato (SO
4
-
). Verificou-se que doses de sulfato de amônio aplicadas em
cobertura no algodoeiro propiciaram aumentos expressivos na lixiviação de SO
4
-
no perfil, independente da correção da acidez do solo.
Os teores de B e Zn no solo dos tratamentos BS e BS+BF foram
superiores a todos os tratamentos, sendo os demais tratamentos semelhantes
entre si. Os teores desses nutrientes no solo para os tratamentos BS e BS+BF
foram, respectivamente, 6,4 e 6,2 vezes maiores para o teor de B e 20,5 e 14,7
vezes maiores para o teor de Zn no solo, quando comparados com a testemunha.
O tratamento BS também influenciou o teor de Cu no solo na
profundidade de 20 a 40 cm. O teor no solo de Cu do tratamento BS foi maior que
todos os tratamentos, com exceção para os teores dos tratamentos BS+BF e US.
O teor de Cu do tratamento BS+BF foi superior também aos teores no solo dos
tratamentos BF, MF e MS+MF. Os demais tratamentos foram semelhantes entre
si. O teor de Cu do tratamento BS foi 3,21 vezes maior que a testemunha.
O teor de Fe no solo do tratamento BS+BF foi maior que todos os
tratamentos, com exceção dos teores no solo dos tratamentos BS, BF e US,
sendo os teores de Fe no solo dos demais tratamentos semelhantes entre si. O
teor de Fe do tratamento BS+BF foi 1,44 vezes maior que a testemunha.
O teor de Mn no solo do tratamento BS foi superior a todos os
tratamentos, com exceção dos teores na amostra de solo da testemunha e na do
tratamento BS+BF. O teor de Mn na amostra de solo da testemunha foi superior
81
também a do tratamento BF. Os teores de Mn no solo de BS e testemunha foram,
respectivamente, 1,99 e 1,77 vezes maiores quando comparados com o
tratamento BF.
Verificou-se que os micronutrientes avaliados na profundidade de 20 a 40
cm tiveram a mesma tendência de aumentar seu valor com a aplicação do
biofertilizante. Contudo, o teor médio de Fe no solo tendeu a ser maior e os teores
médios de Cu e Zn tenderam a ser menores que na profundidade de 0 a 20 cm.
No presente trabalho, o efeito da maior retenção de Zn na camada de 0 a
20 cm, sem alterar o teor foliar, foi semelhante ao observado por Quaggio et al.
(2003). Entretanto, segundo os autores citados os reflexos da adubação de Zn no
solo ocorreram em anos consecutivos.
Vários fatores podem interferir na movimentação e na redistribuição de
compostos solúveis, principalmente os resíduos vegetais que provocam
alterações nas propriedades físicas, químicas e biológicas do solo. Na avaliação
de plantio direto verificou-se que os maiores teores de matéria orgânica, Mn e Zn
ficaram restritos à camada de 0 a 10 cm e o teor de Fe foi maior na camada de 10
a 20 cm (Zanão Júnior et al., 2007).
Para as outras características de solo, observou-se que o pH aumentou
durante os anos de avaliação, o que correspondeu com aumento da saturação
por bases. O valor médio de saturação por bases foi próximo ao sugerido por Raij
et al. (1997) e Malavolta et al. (1994). Entretanto, o pH acima de 6,5 pode trazer
problemas na absorção de alguns nutrientes com P, B, Mg, Cu e Zn (Taiz e
Zeiger, 1998).
Em outro trabalho, foi avaliada a correção da acidez no solo para o cultivo
de algodão e a calagem superficial, na camada de 0 a 5 cm, causou uma
elevação do pH e de saturação por bases para níveis acima dos considerados
adequados para o cultivo do algodoeiro. A calagem aumentou, também, o pH, o
teor de Ca
2+
e a saturação por bases em camadas de solo além das camadas de
incorporação do corretivo, principalmente nas amostras de solo com maior teor de
matéria orgânica, mas esses efeitos não se estenderam à camada de 20 a 40 cm
(Pádua et al., 2006).
Para as demais características do solo verificou-se que todos os
tratamentos foram semelhantes entre si (Tabelas 27 e 28). O efeito dessas
características não influenciou nos teores foliares dos nutrientes minerais.
82
Tabela 27. Características químicas de amostra de solo dos tratamentos
biofertilizante (B), urina de vaca (U) e manipueira (M) aplicados via
solo (S), via foliar (F) ou via solo e foliar, simultaneamente (S+F), e
da testemunha, na profundidade de 0 a 20 cm, do pomar de
mexerica ‘Rio’ em 2007, Campos dos Goytacazes RJ
H+Al
3+
S.B. T t C V M.O.
Tratamentos
cmol
c
dm
-3
% g dm
-3
BS
3,1a 5,9a 8,6a 5,9a 1,6a 71a 27,1a
BF
3,2a 4,9a 7,9a 4,9a 1,4a 62a 24,3a
BS+BF
3,7a 4,9a 8,2a 4,9a 1,4a 60a 24,6a
US
2,8a 6,1a 8,9a 6,1a 1,6a 69a 27,1a
UF
3,0a 6,1a 8,9a 6,1a 1,7a 69a 28,9a
US+UF
3,0a 5,1a 8,0a 5,1a 1,5a 64a 25,9a
MS
2,9a 6,3a 8,8a 6,3a 1,5a 71a 25,7a
MF
3,0a 5,2a 8,3a 5,2a 1,4a 64a 24,0a
MS+MF
2,6a 5,7a 8,4a 5,7a 1,5a 68a 25,6a
Testemunha
2,9a 5,7a 8,5a 5,7a 1,4a 67a 24,2a
Média
3,0 5,6 8,4 5,6 1,5 66,4 25,8
C.V. (%)
15,82 20,95 8,45 14,16 9,32 9,28 9,39
As médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey (p=0,05).
Análise efetuada no Centro de Análises na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Campus
Dr. Leonel Miranda.
Tabela 28. Características químicas de amostra de solo dos tratamentos
biofertilizante (B), urina de vaca (U) e manipueira (M) aplicados via
solo (S), via foliar (F) ou via solo e foliar, simultaneamente (S+F), e
da testemunha, na profundidade de 20 a 40 cm, no pomar de
mexerica ‘Rio’ em 2007, Campos dos Goytacazes RJ
H+Al
3+
S.B. T t C V M.O.
Tratamentos
cmol
c
dm
-3
% g dm
-3
BS
3,9a 7,8a 4,0a 3,2a 1,3a 51a 22,1a
BF
4,1a 6,9a 3,0a 3,6a 1,1a 41a 19,3a
BS+BF
4,4a 7,2a 3,2a 4,4a 1,2a 39a 19,6a
US
3,8a 7,6a 3,6a 3,2a 1,2a 54a 20,4a
UF
3,9a 8,2a 4,3a 3,8a 1,2a 52a 20,2a
US+UF
3,8a 7,4a 3,2a 3,6a 1,1a 45a 19,5a
MS
3,3a 7,1a 3,8a 3,4a 1,1a 54a 18,9a
MF
4,1a 7,3a 3,3a 3,4a 1,1a 44a 20,2a
MS+MF
3,6a 7,2a 3,6a 3,4a 1,2a 49a 19,1a
Testemunha
3,7a 7,4a 3,8a 3,4a 1,1a 48a 18,2a
Média
3,8 7,41 3,6 3,5 1,1 47 19,8
C.V. (%)
16,32 12,17 17,77 14,55 21,19 17,16 14,16
As médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey (p=0,05).
Análise efetuada no Centro de Análises na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Campus
Dr. Leonel Miranda.
83
5. RESUMO E CONCLUSÕES
O trabalho descrito foi conduzido no pomar de mexeriqueira ‘Rio’ (Citrus
deliciosa Tenore), com 12 anos de idade, no período de fevereiro de 2005 a julho
de 2007, com os objetivos de avaliar o efeito da fertilização com biofertilizante
‘Supermagro’, da manipueira e da urina de vaca na produção, na qualidade de
frutos, no estado nutricional da mexeriqueira e nas características químicas do
solo em fase de conversão para o sistema de cultivo orgânico.
O experimento foi conduzido em delineamento de blocos casualizados,
com cinco repetições e uma árvore por parcela. Todas as plantas foram adubadas
com esterco bovino e os tratamentos aplicados foram complementares a essa
adubação. Foram constituídos dez tratamentos, com os fertilizantes em teste e
seu modo de aplicação (via solo, via pulverizações foliares ou ambos) e uma
testemunha.
Na mexeriqueira ‘Rio’ o manejo da adubação complementar realizado com
diferentes fertilizantes, em fase de conversão do sistema de cultivo convencional
para o orgânico, permitiu as seguintes conclusões:
O biofertilizante ‘Supermagro’, a urina de vaca e a manipueira podem ser
utilizados como fertilizantes complementares para a mexeriqueira ‘Rio’.
Entretanto, a utilização desses produtos para a complementação nutricional das
plantas deve sempre ser acompanhada por avaliações periódicas dos teores de
nutrientes nas folhas e no solo, em função das alterações promovidas nestes, de
84
efeitos residuais verificados e da variação observada entre os lotes desses
produtos.
Em relação a produção e as características físicas e químicas dos frutos da
mexeriqueira:
Não foi observado nenhum efeito dos tratamentos avaliados para essas
características.
Em relação aos teores de nutrientes minerais nas folhas da mexeriqueira
‘Rio’ verificou-se que:
O biofertilizante ‘Supermagro’ foi o único dos produtos avaliados que
promoveu aumentos nos teores de B e Zn nas folhas da mexeriqueira ‘Rio’ em
relação à testemunha. Entretanto, a forma de adubação mais efetiva para o
aumento desses teores foi diferente para esses nutrientes. As adubações foliares
foram mais efetivas para o aumento dos teores de Zn nas folhas, enquanto os
teores de B foram mais altos nas folhas do tratamento com o biofertilizante
aplicado via solo.
A manipueira, independentemente do modo de aplicação, e a urina de vaca
aplicada via solo, com ou sem aplicação via foliar, aumentaram o teor de S nas
folhas.
Em relação às características químicas do solo verificou-se que:
As adubações via solo com os fertilizantes estudados e a adubação com
esterco bovino foram suficientes para aumentar o teor de K no solo durante os
anos de avaliação, deixando o solo com mais de 3,0 mmol
c
dm
-3
de K
na
profundidade de 0 a 20 cm.
O biofertilizante ‘Supermagro’ aplicado via solo, com ou sem aplicação via
foliar, aumentou os teores de B e Zn no solo e, quando aplicado via solo e foliar,
simultaneamente, aumentou os teores de Fe em ambas as profundidades
avaliadas.
Não foi observado efeito da fertilização com urina de vaca e manipueira
nas características químicas do solo da mexeriqueira ‘Rio’.
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APÊNDICES
100
APÊNDICE A
Quadro 1A. Quadrado médio (QM) das análises de variâncias (ANOVA) dos
números de frutos, acumulados entre as safras de 2006 e 2007,
antes do raleio manual e na colheita e a produção acumulada de
frutos (kg por plan
ta), acumulados entre as safras de 2006 e 2007,
para os tratamentos, nas safras de 2006 e 2007, no pomar de
mexeriqueira ‘Rio’ em Campos dos Goytacazes-RJ
G.L
N. acumulado
de frutos na
colheita
N. acumulado de
frutos antes do
raleio
Produção
acumulada
Bloco
4 53018,3200
NS
662269,2300
NS
1161,0472
NS
Tratamentos
9 78534,2311
NS
299410,0911
NS
1171,8610
NS
Resíduo
36 46250,3533 302679,6189 619,8360
Total
49
(NS) Não significativo.
101
Quadro 2A. Quadrado médio da análise de variância (ANOVA) dos teores de N, P, K, Ca, Mg, S, Fe, Cu, Mn, Zn e B nas folhas
para os tratamentos e os anos de 2005, 2006 e 2007 no pomar de Mexeriqueira ‘Rio’ em Campos dos Goytacazes-
RJ
Quadrado Médio
G.L.
----N---- ----P---- ----K---- ----Ca---- ----Mg----
-----S----
-------Fe------
-------Cu-------
------Mn-----
-----Zn-----
-------B------
Bloco 4 11,3135* 0,0328
NS
9,9081
NS
19,0252* 0,0975
NS
0,2719* 440,7147
NS
2360,7742* 154,2716* 17,5476* 3777,7878
NS
Ano 2 556,1173* 2,1697* 243,7467* 451,0503* 47,8119* 6,4278* 48199,2452* 247191,4542* 9684,9948* 269,6601* 67445,8486*
Trat. 9 15,8839* 0,0935
NS
8,0436NS 46,7631* 0,1421
NS
0,2715* 7854,7494* 757,8830
NS
219,6418* 805,3977* 20740,1272*
AnoxTrat.
18 2,8185
NS
0,1028* 13,2817* 30,6887* 0,1846
NS
0,1690* 482,6577
NS
647,3083
NS
92,7891
NS
249,5058* 11196,9554*
Resíduo 116 4,3117 0,0540 5,4279 7,6705 0,2847 0,0768 287,8073 608,9871 56,3219 11,5797 589,1695
Total 149
(NS) Não significativo; (*) significativo a 5% de probabilidade.
Quadro 3A. Quadrado médio da análise de variância (ANOVA), na safra de 2006, das características de peso, altura, diâmetro do
fruto, espessura da casca, peso do bagaço, peso da casca, pH,
o
Brix, acidez titulável (AT), ratio, ácido ascórbico,
porcentagem de volume de suco (%) e rendimento de volume de suco (mL) das plantas que receberam os
tratamentos com biofertilizante, urina de vaca e manipueira no pomar de Mexeriqueira ‘Rio’ em Campos dos
Goytacazes-RJ
Quadrado Médio
G.L.
--Peso-- -Altura- Diâmetro
Esp.casca
P.bagaco
-P.casca- --pH-- --Brix-- --AT-- -ratio- Ac.ascórbico
Vol (%) Vol (mL)
Bloco 3
356,0992
NS
9,9139
NS
7,3054
NS
0,0422
NS
4,5572
NS
33,9341
NS
0,0270
NS
5,5159
NS
0,0396
NS
6,6739
NS
1,2474
NS
32,0158
NS
39,1639
NS
Trat. 9
154,2002
NS
10,6547
NS
13,3449
NS
0,0224
NS
50,2372
NS
27,78804
NS
0,0329
NS
17,0482
NS
0,0037
NS
0,5173
NS
3,2982
NS
14,5130
NS
81,0518
NS
Resíduo
27
259,3210 9,3732 7,6263 0,0392 37,8631 14,9422 0,0161 13,7428 0,0047 1,5737 2,8110 17,7036 75,2347
Total 39
(NS) Não significativo.
102
Quadro 4A. Quadrado médio da análise de variância (ANOVA), na safra de 2007, das características de peso, altura, diâmetro
do fruto, espessura da casca, peso do bagaço, peso da casca, pH,
o
Brix, acidez titulável (AT), ratio, ácido
ascórbico, porcentagem de volume de suco (%) e rendimento de volume de suco (mL) dos frutos das plantas
que receberam os tratamentos com biofertilizante, urina de vaca e manipueira no pomar de Mexeriqueira ‘Rio’
em Campos dos Goytacazes-RJ
Quadrado Médio
G.L.
--Peso-- -Altura- Diâmetro
Esp.casca
P.bagaço
-P.casca-
--pH-- --Brix--
--AT-- --ratio--
Ac.ascórbico-
Vol (%)
Vol (mL)
Bloco 3 269,3410
NS
9,8502
NS
17,9730
NS
0,0229
NS
55,9614
NS
5,4685
NS
0,0067
NS
0,0798
NS
0,0013
NS
0,7706
NS
17,0703
NS
4,3248
NS
2,8491
NS
Trat. 9 564,6543* 10,7677
NS
24,4975* 0,0751* 141,5598*
39,3367
NS
0,0083
NS
0,3881 0,0045
NS
0,8570
NS
11,7140
NS
62,7414*
152,0162*
Resíduo
27
222,4827 5,8877 10,4938 0,0224 44,3217 23,1732 0,0084 0,2044 0,0051 1,0369 8,6966 20,6104 15,2088
Total 39
(NS) Não significativo; (*) significativo a 5% de probabilidade.
Quadro 5A.
Quadrado médio da análise de variância (ANOVA) dos nutrientes minerais no solo, efetuada em 2007, na
profundidade de 0 a 20 cm das plantas que r
eceberam os tratamentos com biofertilizante, urina de vaca e
manipueira no pomar de Mexeriqueira ‘Rio’ em Campos dos Goytacazes-RJ
Quadrado Médio
G.L
-----P-----
-----K----- ---Ca---
---Mg--
-----S----
----B----
---Cu--- ----Fe----
---Mn---
----Zn---- ---Na---
Bloco 4 17,1171
NS
760,2568
NS
0,3117
NS
0,7750
NS
28,2108* 0,1014
NS
14,6402* 16,9469* 10,4799* 88,2631
NS
0,0020
NS
Tratamentos
9 351,6148* 2706,0152* 0,3909
NS
0,1549
NS
20,2696* 6,6866* 100,0194* 30,5412* 21,0588* 7482,5876* 0,0021
NS
Resíduo 36 65,0928 349,3381 0,2462 0,0517 8,4053 0,0989 2,7496 4,1949 2,2165 45,6768 0,0008
Total 49
(NS) Não significativo; (*) significativo a 5% de probabilidade.
103
Quadro 6A. Quadrado médio da análise de variância (ANOVA), efetuada em 2007, das características de pH, soma total
de base (S.B.), H+Al, saturação por base (V), capacidade de troca catiônica total (T) e efetiva (t), quantidade
de carbono (C) e matéria orgânica (M.O.) no solo, na profundidade de 0 a 20 cm, das plantas que receberam
os tratamentos com biofertilizante, urina de vaca e manipueira no pomar de Mexerica do ‘Rio’ em Campos
dos Goytacazes-RJ
Quadrado Médio
G.L
----pH---- ----S.B.----
---H+Al---
-----V----- -----T----- -----t----- -----C----- ----M.O.---
Bloco
4 0,1980
NS
0,3163
NS
0,1473
NS
31,5575
NS
0,5978
NS
0,5285
NS
0,0903* 26,8647*
Tratamentos
9 0,1192
NS
1,4355* 0,3697
NS
72,3679
NS
0,5990
NS
1,3227
NS
0,0415
NS
12,4707
NS
Resíduo
36 0,0803 0,5965 0,4013 38,0727 0,5110 0,6351 0,195 5,8624
Total
49
(NS) Não significativo; (*) significativo a 5% de probabilidade.
Quadro 7A.
Quadrado médio da análise de variância (ANOVA) dos nutrientes minerais no solo, efetuada em 2007, na
profundidade de 20 a 40 cm, das plantas que receberam os tratamentos com biofertilizante, urina de vaca e
manipueira no pomar de Mexeriqueira ‘Rio’ em Campos dos Goytacazes-RJ
Quadrado Médio
G.L
-----P----
----K---- ---Ca---
---Mg--
-
-----S----- ----B----
---Cu---
----Fe--- ---Mn--
-
---Zn--- --Na---
Bloco 4 39,9000
NS
421,8800
NS
0,7125
NS
0,1303
NS
279,3657
NS
0,1371
NS
2,6587
NS
110,2365* 3,0882
NS
41,6227
NS
0,1208
NS
Tratamentos
9 88,5778
NS
1641,6356* 0,6174
NS
0,1039
NS
582,9255* 8,4115* 8,8285* 114,6907* 7,5792* 791,4064* 0,0194
NS
Resíduo 36 48,9778 404,1467 0,3416 0,0573 131,8434 0,0667 1,5863 21,4577 1,6616 29,8487 0,0266
Total 49
(NS) Não significativo; (*) significativo a 5% de probabilidade.
104
Quadro 8A. Quadrado médio da análise de variância (ANOVA), efetuada em 2007, das características de pH, soma total
de base (S.B.), H+Al, saturação por base (V), capacidade de troca catiônica total (T) e efetiva (t), quantidade
de carbono (C) e matéria orgânica (M.O.) no solo, na profundidade de 20 a 40 cm, das plantas que
receberam os tratamentos com biofertilizante, urina de vaca e manipueira no pomar de Mexeriqueira ‘Rio’ em
Campos dos Goytacazes-RJ
Quadrado Médio
G.L
----pH---- ----S.B.----
---H+Al---
-----V----- -----T----- -----t----- -----C----- ---M.O.----
Bloco
4 0,1283
NS
0,6772
NS
0,1823
NS
125,7300
NS
33,9300
NS
0,9713
NS
35,6567* 1,3227*
Tratamentos
9 0,2325
NS
0,6952
NS
0,4159
NS
135,5133
NS
96,3577* 0,8515
NS
5,7089
NS
1,1925*
Resíduo
36 0,1246 0,8184 0,3964 66,9633 36,3078 0,4151 7,8909 0,5463
Total
49
(NS) Não significativo; (*) significativo a 5% de probabilidade.
105
APÊNDICE B
Foto 1B. Pomar de mexeriqueira ‘Rio’ no momento da instalação do experimento
no ano de 2005
Foto 2B. Pomar de mexeriqueira ‘Rio’ no ano de 2006
Foto 3B. Pomar de mexeriqueira ‘Rio’ no fim do experimento no ano de 2007
106
Foto 4B. Adubação via foliar dos fertilizantes alternativos: biofertilizante, urina de
vaca e manipueira no pomar de mexeriqueira ‘Rio’
Foto 5B. Adubação via solo dos fertilizantes alternativos: biofertilizante, urina de
vaca e manipueira no pomar de mexeriqueira ‘Rio’
Foto 6B. Sintoma de fitoxidade de boro na mexeriqueira ‘Rio’
107
Foto 7B. Sintoma de deficiência de zinco na mexeriqueira ‘Rio’
108
109
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