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HELEN PAOLA VIEIRA
ESTRESSE OCUPACIONAL, SÍNDROME DE
BURNOUT
E
HARDINESS
EM PROFESSORES DE COLÉGIO MILITAR
UNIVERSIDADE CATÓLICA DOM BOSCO (UCDB)
MESTRADO EM PSICOLOGIA
CAMPO GRANDE-MS
2007
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HELEN PAOLA VIEIRA
ESTRESSE OCUPACIONAL, SÍNDROME DE
BURNOUT
E
HARDINESS
EM PROFESSORES DE COLÉGIO MILITAR
Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado
em Psicologia da Universidade Católica Dom
Bosco, como exigência parcial para obtenção do
título de Mestre em Psicologia, área de
concentração: Psicologia da Saúde, sob a
orientação da Prof. Dra. Liliana Andolpho
Magalhães Guimarães.
UNIVERSIDADE CATÓLICA DOM BOSCO (UCDB)
MESTRADO EM PSICOLOGIA
CAMPO GRANDE-MS
2007
i
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Ficha catalográfica
Vieira, Helen Paola
V658e Estresse ocupacional, síndrome de
burnout
e
hardiness
em
professores de Colégio Militar / Helen Paola Vieira; orientação Liliana Andolpho
Magalhães Guimarães. 2007
121 f. + anexos
Dissertação (mestrado) Universidade Católica Dom Bosco, Campo Grande,
Mestrado em Psicologia, 2007.
Inclui bibliografias
1.
Burnout
(Psicologia) 2.
Hardiness
(Psicologia) 3. Professores - Estresse
Ocupacional 4. Psicologia da Saúde Dissertação. I. Guimarães,
Liliana Andolpho Magalhães. II. Título
CDD-158.7
Bibliotecária responsável: Clélia Takie Nakahata Bezerra CRB 1/757
ii
A dissertação apresentada por HELEN PAOLA VIEIRA, intitulada “ESTRESSE
OCUPACIONAL, SÍNDROME DE
BURNOUT
E
HARDINESS
EM PROFESSORES DE
COLÉGIO MILITAR”, como exigência parcial para obtenção dotulo de Mestre em
PSICOLOGIA à Banca Examinadora da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), foi
........................................... .
BANCA EXAMINADORA
____________________________________________
Profa. Dra. Liliana Andolpho Magalhães Guimarães
(orientadora/UCDB)
____________________________________________
Profa Dra Marilia Martins Vizzoto (UMESP)
____________________________________________
Profa. Dra. Heloisa Bruna Grubits Freire (UCDB)
______________________________________________
Profa. Dra. Lucy Nunes Ratier Martins (UCDB)
Campo Grande-MS, de 2007.
iii
Dedico este trabalho à minha família, pelo
amor, carinho, afeto e apoio constante
dedicados a mim.
iv
AGRADECIMENTOS
Agradeço profundamente:
À Deus, por todas as oportunidades maravilhosas que surgiram em minha vida.
À Profa. Dra. Liliana Andolpho Magalhães Guimarães, que possui uma postura
profissional impecável, e aceitou o desafio de acompanhar uma pesquisa que tinha pouco
tempo a ser realizada. Com muita paciência, carinho e atenção soube me conduzir pelos
caminhos da pesquisa e da ciência. Meu profundo agradecimento a esta mulher, mãe, esposa,
pesquisadora, escritora e inigualável professora e orientadora. Professora Liliana, “Tu te
tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”.
In memorian
, ao meu pai, Jo Vieira, que “simbolizando a aceitação natural do
transcorrer das estações da vida, nos ensinou que só pode se ausentar quem um dia se fez
realmente presente. Recordo com muito carinho, imensa saudade e grande pesar, por não
poder contar com seu abro em mais uma conquista”.
À minha mãe, Maria de Lourdes, ao meu irmão Dan Jeferson, à minha cunhada Iromar
e ao Felipe que está à caminho, obrigado por todo o carinho, atenção, compreeno e por
fazerem a minha vida ter sentido com vocês sempre ao meu lado e no meu coração.
À Profa. Dra. Sonia Grubits, coordenadora do Mestrado em Psicologia da UCDB, por
toda a dedicação e cuidado com este curso, oferecendo uma estrutura sólida e organizada para
o aprendizado.
Ao Adriano Viana Bednaski, que na realização do trabalho estatístico, demonstrou
profunda dedicação, profissionalismo e interesse pela pesquisa que ora se apresenta.
À Profa Dra. Marta Vieira Vilela por ter acompanhado os meus primeiros passos do
Mestrado na UCDB. Obrigada pela ajuda e pelo carinho.
v
À Angela Ferreira Gonçalves Costa, secretária do Mestrado em Psicologia no ano de
2005, que com competência, organização e diálogo, prestou serviços valiosos aos alunos e
professores da Instituição.
À Jovenilda Bezerra Félix, atual secretária do Mestrado em Psicologia, que sempre
com muita eficiência auxilia na parte burocrática e administrativa do curso.
Aos colegas da Seção Psicopedagógica do Colégio Militar de Campo Grande.
Ao Capitão Roosevelt, psicopedagogo exemplar e dedicado que demonstra a toda a
sua equipe a postura correta e adequada de um líder.
À Chica, assistente social, amiga carinhosa e profissional brilhante, incansável
batalhadora em prol dos Direitos Humanos.
À Edimara, psicóloga, amiga, profissional competente e carinhosa.
À Lígia Paula, pedagoga, a quem confiei muitas atividades que eram minha função e
compreendeu com amizade e sabedoria me auxiliar.
À Miriam, pedagoga, amiga, companheira e carinhosa, que possui uma postura
profissional admirável.
Ao Ricardo, psicólogo, excelente profissional e amigo a quem muitas vezes recorri
para trocar idéias e solicitar ajuda. Meu muito obrigado a vocês, meus amigos e companheiros
de trabalho diário.
Ao Coronel Marcos Antonio Soares de Melo e sua família, sou grata pela atenção a
mim dispensada; foi o Cel Marcos Antonio que me apoiou dentro do Colégio Militar nos
meus primeiros passos para me tornar Mestre.
Ao Coronel Hudson Marques Junior, atual Comandante do Colégio Militar de Campo
Grande, que gentilmente permitiu que eu continuasse minha pesquisa na instituição
fornecendo apoio em todas as fases de sua realização.
Ao Tenente Pereira, biblioteconomista, que acreditou neste trabalho, quando este
ainda era um projeto de apresentação ao Mestrado, obrigada pela ajuda.
vi
À José Osvaldo Sampaio Bueno, por estar perto, pela gentileza, pelo carinho, pela
ajuda, pelos elogios, pela companhia, pela amizade, pela motivação, enfim, por todas as
coisas boas que proporciona em minha vida.
Às minhas amigas super-poderosas, Luciana Albernaz e Naira.
Aos professores civis e militares do Colégio Militar de Campo Grande que
colaboraram com a pesquisa que ora se apresenta e a todos os integrantes dessa instituição de
ensino.
Às Profas. Dras. Lucy Nunes Ratier Martins e Heloisa Bruna Grubits Freire pelas
importantes contribuições ao aprimoramento deste estudo no exame de qualificação.
E, finalmente à Jacir Alfonso Zanatta que foi meu amigo e companheiro durante
muitos anos e a quem até hoje devo a amizade e o carinho. Foi seu incentivo que me motivou
a buscar os estudos como forma de crescimento pessoal e profissional, e lhe digo “Quem
semeia flores, já as tem floridas dentro de si”.
vii
A rápida transformão do contexto social,
ocorrida nos últimos anos, tem gerado um
aumento das responsabilidades e exigências
sobre os educadores. O papel do professor
tem se modificado na tentativa de atender às
expectativas e necessidades da sociedade
atual, que se encontra em constante processo
de mudança. As transformações ocorridas
supõem um profundo e exigente desafio
pessoal para os professores que se propõem a
responder às novas expectativas projetadas
sobre eles.
Esteve, em
O mal-estar docente: a sala de aula e a
saúde dos professores
(1999).
viii
RESUMO
Introdução
: O Estresse Ocupacional (EO) e a Síndrome de
Burnout
(SB) são reconhecidos
como um dos grandes problemas que acometem os professores, com conseqüências negativas
para a saúde física e mental.
Hardiness
(personalidade resistente) é uma característica de
personalidade que atua como moderadora dos estímulos estressores que podem levar ao EO e
à SB.
Objetivos
: Identificar a existência e os níveis de EO, SB e de
hardiness
entre
professores civis e militares do Colégio Militar de Campo Grande.
Casuística e Método
:
Trata-se de um estudo exploratório-descritivo, de corte transversal. Os dados foram coletados
no mês de dezembro de 2006. De uma população de N= 90 professores civis e militares,
participaram n=64, sendo 37 (57,8%) militares e 27 (42,2%) civis de ambos os sexos. Para
esta finalidade foram utilizados: i) a Escala de Estresse Ocupacional (EEO) traduzida e
adaptada para o português por Guimarães (2005); ii) o Inventário de
Burnout
de Maslach
(MBI) validado para uso no Brasil por Tamayo, M. R.(2003); iii) o
Personal Views Survey
(PVS) desenvolvido por Kobasa (1982) e iv) um Questionário sócio-demográfico-ocupacional
(QSDO). Para verificar a existência ou não de dependência das variáveis sócio-demográfico-
ocupacionais com a SB e o
hardiness
foi utilizado o teste
qui-quadrado
(p=0,05); a ANOVA
para estudar a relação entre a SB
e o
hardiness;
o teste Kolmogorov-Smirnov para a
distribuição dos dados do
hardiness
e uma regressão linear múltipla para saber se as
dimensões da SB poderiam determinar o
hardiness
e vice-versa.
Resultados
: A amostra
compõe-se na maioria: do sexo masculino (57,8%), casados (65,6%), com especialização
(46,9%) e carga horária em sala de aula de até 10 h/a semanais (43,9%). Constatou-se uma
presença moderada de EO na amostra como um todo. Quanto à SB e suas três dimensões,
observou-se uma alta exaustão em professores militares e baixa em civis; alta
despersonalização em militares e baixa em civis e média diminuição da realização pessoal em
civis e baixa em militares, resultando um alto nível de
burnout
em professores militares e
baixo em civis. Da amostra como um todo, 53,1% dos professores apresentou
hardiness
, e os
que mais apresentaram
hardiness
foram os que possuem escolaridade entre mestrado e
doutorado. Constatou-se que a dimensão comprometimento do
hardiness
pode determinar a
SB.
Conclusões
: Os resultados obtidos demonstram que tanto para os professores civis
quanto para os militares o EO está em curso e para os docentes militares a SB já está
instalada, apresentando-se em nível alto. Esses resultados remetem à necessidade de ações
preventivas e organizacionais que possibilitem uma intervenção e um manejo apropriado dos
fatores de risco.
Palavras-chave: Estresse Ocupacional. Síndrome de
Burnout
. Personalidade Resistente.
Hardiness
. Professores. Colégio Militar.
ix
ABSTRACT
Introduction:
Occupational Stress and Burnout Syndrome are recognized as the greatest
problems that attack teachers bringing negative consequences to the development of teachers'
activities. On the other hand, studies focused on the presence of hardiness (hardy personality)
intend to verify the way those personality characteristics may work as a resistance source
facing the stress stimuli.
Objectives:
To identify the existence and the levels of Occupational
Stress, Burnout Syndrome and hardiness among civilian and military teachers at Colégio
Militar de Campo Grande/MS, Brazil.
Casuistic and Method:
This is an exploratory-
descriptive study, with cross sectional design. Out of 90 civilian and military teachers, n=64,
37 (57.8%) military and 27 (42.2%) civilian, who accepted to participate, were evaluated. In
order to accomplish that i) a Occupational Stress Scale- EEO was used from which was
translated and adapted to Portuguese by Guimarães (2005); ii) a Brazilian validated version by
Tamayo, M. R. (2003) of Maslach Burnout Inventory (MBI); iii) the Personal Views Survey
(PVS), developed by Kobasa (1982) and iv) a socio-demographic-occupational questionnaire
(QSDO). In order to verify if there is lack of dependency between the socio-demographic
occupational variables and Burnout Syndrome and hardiness, Qui-square test (p=0.05). Test
ANOVA has been used, in order to study the relationship between Burnout Syndrome and
hardiness. Through Kolmogorov-Smirnov test, hardiness data distributions have been tested.
In order to deeply study the relationship between hardiness and Burnout Syndrome, a
regression has been used to know if the syndrome dimensions could determine hardiness and
vice-versa.
Results:
The majority of them are married (65%), male individuals (57.8%), with
an educational high level up to graduated (46.9%) and working up to 10 hours a week
(43.9%). It was found a moderate presence of Occupational Stress, from all data collected. In
relation to Burnout Syndrome and its three dimensions, it was found that there is a high level
of exhaustion in military teachers and a low level in civilians, high depersonalization in
military teachers and a low level in civilians, a medium diminishing of personal realization in
civilians and a low level in military which result in a high Burnout in military teachers and
low in civilian teachers. In relation to hardiness, 53.1% of all teachers presented resistant
personality. Individuals who most presented hardiness were those who have an educational
level higher than Master course. After analyzing data regression, it was found that there is no
influence of Burnout Syndrome on hardiness, and that hardiness dimensions may determine
Burnout Syndrome.
Conclusions:
The results show that Occupational Stress is in course,
either for military and civilian teachers. For military teachers, Burnout is already developed,
presented by a high level of the syndrome. These results show the necessity of preventive and
organizational practices which can provide intervention and management of risk factors.
Key-words: Occupational Stress. Burnout Syndrome. Hardiness. Teachers. Military School.
x
LISTA DE SIGLAS
AD
Avaliação Diagnóstica
AFA
Academia da Foa Aérea
APA
American Psychological Association
APEOESP
Associação dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São
Paulo
CA
Corpo de Alunos
CE
Canso Emocional
CEP
Centro de Estudos de Pessoal
CFP
Conselho Federal de Psicologia
CLT
Consolidação das Leis do Trabalho
CMCG
Colégio Militar de Campo Grande
CMO
Comando Militar do Oeste
CNS
Conselho Nacional de Saúde
CONEP
Comiso Nacional de Ética em Pesquisa
CE
Canso Emocional (dimensão da SB)
CP
Comprometimento (dimensão do
hardiness
)
CT
Controle (dimensão do
hardiness
)
DE
Despersonalização (dimensão da SB)
DEP
Departamento de Ensino e Pesquisa
DEPA
Diretoria de Ensino Preparatório e Assistencial
Div Adm
Divisão Administrativa
xi
DRP
Diminuição da realização pessoal (dimensão da SB)
DS
Desafio (dimensão do
hardiness
)
ECEME
Escola de Comando e Estado-Maior do Exército
EE
Estabelecimento de Ensino
EEO
Escala de Estresse Ocupacional
EO
Estresse Ocupacional
EsAO
Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais
EsEFEx
Escola de Educação Física do Exército
EsPCEx
Escola Preparatória de Cadetes do Exército
FEB
Força Expedicionária Brasileira
IME
Instituto Militar de Engenharia
ITA
Instituto Tecnológico da Aeronáutica
LDB
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
MBI
Maslach Burnout Inventory
NIAE
Normas Internas de Avaliação Educacional
NIOSH
National Institute for Occupational Safety and Health
NPCE
Normas para Planejamento e Conduta do Ensino
OTT
Oficiais Técnicos-Temporários
OIT
Organização Internacional do Trabalho
PA
Plano de Aula
PET
Plano de Execução do Trabalho
PQG-MS
Plano Qualidade da Gestão Mato Grosso do Sul
PTTC
Prestadores de Tarefa por Tempo Certo
PVS
Personal Views Survey
QCO
Quadro Complementar de Oficiais
xii
QDT
Quadro de Distribuição de Tempo
RI/CM
Regimento Interno dos Colégios Militares
RM
Região Militar
RP
Realização Pessoal
SB
Síndrome de
Burnout
SCMB
Sistema Colégio Militar do Brasil
SDirEns/Ch Div Ens
Subdiretor de Ensino/Chefe da Divisão de Ensino
Sec AA
Subseção de Avaliação e Aprendizagem
Sec Ens
Seções de Ensino
Sec OE
Subseção de Orientação Educacional
Sec PPesq
Subseção de Planejamento e Pesquisa
Sec PscTec
Subseção Psicotécnica
SINPRO-BA
Sindicato de Professores da Bahia
SPscPed
Seção Psicopedagógica
STE
Seção Técnica de Ensino
TAF
Teste de aptio física
TAT
Teste de aptio de tiro
TFM
Treinamento físico militar
TI
Trabalho Interdisciplinar
UCDB
Universidade Católica Dom Bosco
xiii
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - Distribuição das freqüências e porcentagens das variáveis sócio-
demográficas da amostra ..............................................................................69
TABELA 2 - Distribuição das freqüências e porcentagens das variáveis ocupacionais
da amostra ...................................................................................................70
TABELA 3 - Distribuição da média, desvios-padrão, freqüência e nível de EO da
amostra, segundo a classificação...................................................................71
TABELA 4 - Distribuição das médias, desvios-padrão, freqüências e nível de SB da
amostra.........................................................................................................72
TABELA 5 - Relação entre a categoria “Funçãoe o “Cansaço Emocional” ......................73
TABELA 6 - Relação entre a categoria “Funçãoe a “Despersonalização” ........................ 73
TABELA 7 - Relação entre a categoria “Funçãoe aDiminuição da Realização
Pessoal ........................................................................................................73
TABELA 8 - Relação entre a categoria “Função” e a SB ...................................................74
TABELA 9 - Relação entre a categoria “Tempo que leciona” com a SB ............................74
TABELA 10 - Relação entre a categoria “Carga horária em sala de aula” e a
Despersonalização".................................................................................................................75
TABELA 11 - Relação entre a “Carga horária em sala de aula” e a “Diminuição da
realização pessoal .......................................................................................75
TABELA 12 - Distribuição das médias, desvios-padrão, frequência e nível de
hardiness
da amostra .................................................................................................... 76
TABELA 13 - Relação entre a categoria “escolaridade” e o
hardiness
................................. 76
TABELA 14 - Relação entre SB e
hardiness
(ANOVA) ......................................................77
TABELA 15 - Análise da Regressão entre as dimensões da SB e o
hardiness
......................77
xiv
TABELA 16 - Análise dos coeficientes das variáveis da SB na Regreso........................... 78
TABELA 17 - Análise da Regressão das dimensões da SB diferindo significativamente
de 0 (zero). ...................................................................................................78
TABELA 18 - Análise dos coeficientes das variáveis do
hardiness
na Regreso.................79
xv
SUMÁRIO
1
APRESENTAÇÃO
.................................................................................................... 19
2
REFERENCIAL TEÓRICO
.................................................................................... 22
2.1 PROFISSÃO DOCENTE E O PAPEL DO PROFESSOR NA
ATUALIDADE ..........................................................................................................23
2.1.1 O professor de Colégio Militar ................................................................... 29
2.2 ESTRESSE OCUPACIONAL ............................................................................31
2.2.1 Estresse Ocupacional em professores .........................................................36
2.3 NDROME DE
BURNOUT
..............................................................................40
2.3.1 Definições.................................................................................................. 41
2.3.2 Síndrome de
Burnout
e o trabalho docente .................................................44
2.4
HARDINESS
O CONCEITO DE PERSONALIDADE RESISTENTE .............48
2.4.1
Hardiness
em professores...........................................................................51
3 A PESQUISA
.............................................................................................................53
3.1
LOCUS
DE PESQUISA...................................................................................... 54
3.1.1 Breve histórico dos Colégios Militares .......................................................54
3.1.2 Criação do Colégio Militar de Campo Grande ............................................55
3.1.2.1 Competências básicas .................................................................... 56
3.1.2.2 Finalidades .................................................................................... 56
3.1.2.3 Principais clientes..........................................................................57
3.1.2.4 Proposta pedagógica ...................................................................... 57
3.1.2.5 Organização geral e pormenorizada ............................................... 58
3.1.2.6 Estrutura física...............................................................................59
3.2 HIPÓTESES.......................................................................................................60
3.3 OBJETIVOS....................................................................................................... 60
xvi
3.3.1 Objetivo geral ............................................................................................60
3.3.2 Objetivos específicos..................................................................................60
4 CASUÍSTICA E MÉTODO
......................................................................................62
4.1 TIPO DE ESTUDO............................................................................................63
4.2 PARTICIPANTES E AMOSTRA......................................................................63
4.3 RECURSOS HUMANOS E MATERIAIS.........................................................63
4.4 INSTRUMENTOS.............................................................................................64
4.5 PROCEDIMENTOS E ASPECTOS ÉTICOS .................................................... 66
4.6 ANÁLISE E PROCESSAMENTOS DOS DADOS ...........................................67
5
RESULTADOS
..........................................................................................................68
5.1 CARACTERIZAÇÃO DOS ASPECTOS SÓCIO-DEMOGRÁFICOS E
OCUPACIONAIS DA AMOSTRA ...................................................................69
5.2 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS RELATIVOS AO ESTRESSE
OCUPACIONAL........................................................................................................ 71
5.3 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DA SÍNDROME DE
BURNOUT
......72
5.4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DO
HARDINESS
...............................75
5.5 RELAÇÃO ENTRE
HARDINESS
E SÍNDROME DE
BURNOUT
.....................77
6
DISCUSSÃO
.............................................................................................................80
7
CONCLUSÕES E
CONSIDERAÇÕES FINAIS
.....................................................89
REFERÊNCIAS
................................................................................................................. 93
APÊNDICES
.................................................................................................................... 106
ANEXOS
........................................................................................................................... 111
xvii
18
1 APRESENTAÇÃO
19
Formei-me em Psicologia pela Universidade Calica Dom Bosco (UCDB) em 2001 e
desde então, atuo como psicóloga escolar.
Atualmente sou Tenente no Colégio Militar de Campo Grande-MS e, trabalho como
psicóloga na Seção Psicopedagógica desta instituição de ensino.
A escolha por essa área de atuação dentro da Psicologia surgiu devido a minha
experiência como Professora de Educação Infantil durante seis anos. Conviver no universo
escolar durante esse tempo, como professora depois como psicóloga, possibilitou-me verificar
e conviver com diversos tipos de atitudes e comportamentos dos profissionais da área da
Educação. Enquanto alguns professores demonstram habilidades para conviver e lidar com as
pressões do dia-a-dia do ambiente escolar, outros padecem demonstrando visíveis e
freqüentes sintomas de cansaço, irritabilidade e mudanças de humor. Tenho observado nestes
profissionais a recorrência de casos de estresse, o que provavelmente implica em desgaste
pessoal, familiar, social, organizacional, entre outros.
Demo (1997), nesta direção, refere que nenhuma profissão se desgasta mais
rapidamente que a do professor, precisamente porque lida com a própria lógica da
reconstrução do conhecimento. Se mantido em nível adequado, o estresse pode ser positivo,
tornando possível ao indivíduo interessar-se mais pelas atividades que desenvolve e ter mais
interesse e prazer pelo trabalho.
o muitas as exigências em torno do profissional da área da Educação, sobretudo dos
professores, para uma atuação adequada: atualizações constantes, educação continuada,
atividades interdisciplinares, conhecer tecnologias inovadoras, pesquisar, ser autor de suas
próprias teorias, entre outras.
Assim sendo, a realização de pesquisas sobre a Saúde Mental,
e.g.,
Estresse
Ocupacional (EO), Síndrome de
Burnout
(SB) e
hardiness
(personalidade resistente) dos
professores, podeo tornar cada vez mais visíveis observações empíricas que se reflitam em
alternativas suportivas para as (sobre) cargas físicas, mentais, quantitativas e qualitativas
exigidas destes profissionais.
O construto de EO adotado no presente estudo foi o de Moraes, Swan e Cooper (1988
apud
VIEIRA; GUIMARÃES; MARTINS, 2003, p. 271), que o definem como
[...] problema de natureza perceptiva, resultante de uma incapacidade em
20
lidar com as fontes de pressão no trabalho, tendo como conseqüências,
problemas na saúde física e mental e na satisfação do trabalho, afetando não
só o indivíduo como as organizações.
A SB é aqui concebida como resultado do estresse ocupacional crônico (HARRISON,
1999) e como uma síndrome depressiva específica do universo do trabalho (GUIMARÃES;
FERREIRA JR, 2000).
O
hardiness
é entendido como um fator de personalidade que pode atuar como
moderador para uma percepção reduzida de estresse e como preditor significativo de saúde
em relação ao EO e a SB (GUIMARÃES
et al.
2006).
A realização desta investigação poderá contribuir para uma melhoria na qualidade das
relações humanas (relacionamento professor e aluno, professor e professor, direção e
comunidade) com repercussões positivas no clima organizacional. Professores que são
capazes de lidar com os agentes estressores e enfrentá-los de modo adequado podem melhor
auxiliar os alunos, contribuindo para a formação de cidadãos mais preparados, resilientes e
capazes de lidar habilmente com situações desfavoráveis. De um modo geral, é possível dizer
que toda a comunidade escolar poderá se beneficiar com os resultados a serem obtidos.
Os capítulos 1 e 2 trazem a apresentação e o referencial teórico que embasa esta
investigação. A pesquisa bibliográfica aborda os seguintes temas: a Profissão Docente e o
Papel do Professor na Atualidade, o Professor de Colégio Militar, Estresse Ocupacional,
Estresse Ocupacional em Professores, Síndrome de
Burnout
, Síndrome de
Burnout
em
Professores,
hardiness
e
hardiness
em Professores.
O capítulo 3 versa sobre o
setting
e o local de realização da pesquisa, traz um breve
histórico do Colégio Militar de Campo Grande, assim como suas competências básicas,
finalidades, principais clientes, proposta pedagógica, organização geral e pormenorizada e
estrutura física. Neste capítulo apresentam-se também os objetivos estabelecidos e as
hipóteses de trabalho.
O capítulo 4 explica a casuística e o método, descreve os participantes, os recursos
humanos e materiais utilizados e os instrumentos de pesquisa: a Escala de Estresse
Ocupacional (EEO), o Inventário de
Burnout
de Maslach (MBI), o
Personal Views Survey
(PVS), o Questionário sócio-demográfico e ocupacional (QSDO), além de apresentar os
procedimentos e aspectos éticos, a coleta, a análise e o processamento dos dados.
21
O capítulo 5 apresenta os resultados e os dados estatísticos considerados significativos.
O capítulo 6 discute os achados obtidos e busca na literatura nacional e internacional
compará-los, embasá-los e contextuali-los.
Finalmente, o capítulo 7 contempla as conclusões obtidas e as considerações finais.
22
2 REFERENCIAL TEÓRICO
23
2.1 PROFISSÃO DOCENTE E O PAPEL DO PROFESSOR NA
ATUALIDADE
Krentz (1986) revela que, por volta do século XVI, a Igreja tinha sob si a tutela das
escolas. Ocorre nesta época a necessidade de convocar colaboradores leigos para a atividade
de instrumentalizar o povo para a leitura das sagradas escrituras. Com isso, esses
colaboradores deveriam realizar uma profissão de fé e um juramento de fidelidade aos
princípios da Igreja, o que deu origem ao termo professor: pessoa que professa a fé e
fidelidade aos princípios da instituição e se doa de forma sacerdotal aos alunos.
Considerada como estratégica, a função do professor é comentada por Demo (2004, p.
11) que a entende como central na constituição e funcionamento da sociedade, ocupando
lugar decisivo e formativo. O autor acrescenta que
[...] não só a demanda por professores vai aumentar muito, como
principalmente os reclamos sobre sua qualidade vão crescer
exponencialmente. Dificilmente o professor será o que é. Em geral, hoje:
alguém que dá aula, transmite conhecimento, instrui e ensina. Mais que
outras profissões, esta precisa de reconstrução completa, dentro da máxima:
ser profissional hoje é, em primeiro lugar, saber renovar, reconstruir, refazer
a profissão.
Para Luckesi (1991) o professor é construtor de si mesmo e da história, através da
ação; é determinado pelas condições e circunstâncias que o envolvem. Sofre as influências do
meio em que vive e com elas se auto constrói. Em segundo lugar, am de ser condicionado e
condicionador da história, ele tem um papel específico na relação pedagógica, que é a relação
de docência.
Gonçalves (1994) argumenta que o professor é aquele que tem a responsabilidade de
dar direção ao ensino e deve possuir tríplice competência: i) técnica e científica em sua
especialidade; ii) prática em sua especialidade e iii) pedagógica, que engloba uma
compreensão geral da situação em que está o seu aluno e uma consciência dos objetivos
específicos e gerais dos seus alunos.
Demo (2004, p. 11) traz outra definição do papel do professor, citando que
[...] este profissional inclina-se para o desafio de cuidar da aprendizagem,
o de dar aula. Professor é quem, estando mais adiantado no processo de
aprendizagem e dispondo de conhecimentos e práticas sempre renovados
24
sobre aprendizagem, é capaz de cuidar da aprendizagem na sociedade,
garantindo o direito de aprender.
Há uma responsabilidade atribuída ao papel de professor nesta definição, quando o
autor o coloca como figura central e fundamental do processo de conhecimento da sociedade.
Nesta situação, o professor deixa de ser aquele que somente ensina, para ser também o gestor
e o responsável pela construção de conhecimento da sociedade.
Poucas profissões exigem tanto do profissional como a do educador, pois além de
desempenhar a função técnica específica exigida pelo seu trabalho que é a de transmitir
conhecimentos, deve estar atento a inúmeras características subjetivas de seus alunos, dos
familiares destes e de todo o contexto escolar. Desse profissional, portanto, é requerida
sensibilidade e habilidade para lidar com todo o processo escolar.
A OIT (1984) definiu as condições de trabalho para os professores ao reconhecer o
lugar central que estes ocupam na sociedade, uma vez que são os responsáveis pelo preparo
do cidadão para a vida.
Demo (2004) descreve as características consideradas fundamentais para se traçar
preliminarmente um perfil do professor do futuro:
a) ser necessariamente um pesquisador, ou seja, profissional da reconstrução do
conhecimento. Tem o duplo desafio de fazer o conhecimento progredir, mas
fundamentalmente de humanizá-lo. Não existe mais o profissional do ensino, e sim
o profissional da aprendizagem, que é o professor;
b) ser formulador de proposta própria, ou seja, precisa saber pensar e elaborar com
autonomia;
c) o valorizar somente o legado teórico, mas saber fazer da prática uma trajetória de
reconstrução do conhecimento, desde que saiba teorizar;
d) compor-se com a atualização permanente, sendo que o cerne da habilidade
profissional é a capacidade de reconstrução de si mesmo;
e) afeiçoar-se à instrumentação eletrônica;
f) atualizar-se, tornar-se interdisciplinar.
25
Descritas tais características, observa-se quantas habilidades e responsabilidades
projetam-se sobre os professores, determinando desse modo, o novo perfil desse profissional
numa sociedade contemporânea. Apropriar-se de todos os conceitos descritos tornou-se uma
exigência da sociedade em relação ao papel do professor. Meleiro (2002) comenta que há uma
pressão exercida especialmente pelas novas tecnologias, necessitando uma adaptação sem um
preparo prévio, isso favorece tensão, insatisfação e ansiedade, o que esgota o professor.
O professor exerce uma grande influência psicológica na sala de aula, seja ela
positiva ou negativa. Embora considerada duvidosa no meio acadêmico, Piletti (2001)
defende a posição de que essas influências atingem tanto a atitude, quanto a aprendizagem dos
alunos. Esse autor estudou os tipos de comportamento de professores e selecionou três tipos
de liderança: i) autoritária, ii) democrática e iii) permissiva, elencando as seguintes
características:
a) autoritária: tudo o que deve ser feito é determinado pelo professor. Os grupos de
trabalho também são formados pelo professor. O líder não diz aos liderados quais
o os critérios de avaliação e as notas não são discutidas. O que o professor diz é
lei, não participa ativamente das atividades da turma, apenas distribui as tarefas e
dá ordens;
b) democrática: tudo o que for feito vai ser objeto de discussão e decisão da turma.
Quando há necessidade de um conselho técnico, o professor sugere vários
procedimentos alternativos, a fim de que os membros do grupo façam a escolha.
Todos são livres para trabalhar com os colegas que quiserem, cabendo a todos a
responsabilidade pela condução das atividades. O professor deve discutir com o
grupo os critérios de avaliação e participar das atividades do grupo;
c) permissiva: o professor desempenha um papel bastante passivo, dando liberdade
completa ao grupo e aos indivíduos, a fim de que estes determinem sua própria
atividade; coloca-se à disposição para fornecer ajuda no que for solicitado; não se
preocupa com qualquer avaliação sobre a atividade do grupo, permanecendo alheio
ao que está acontecendo.
Piletti (2001) afirma que as repercussões destas atitudes são observadas no grupo de
26
alunos, concluindo a partir de pesquisa realizada que: alunos de professores autoritários
tornam-se apáticos e agressivos e quando os professores saem da sala, deixam suas atividades
e manifestam comportamentos destrutivos e extrema insatisfação. Já os alunos de professores
democráticos mostram-se mais responsáveis e espontâneos e evidenciam menos
comportamentos agressivos. Com os professores permissivos, os alunos demonstraram falta
de organização, demora para completar as tarefas e o surgimento de lideranças na própria
turma de alunos.
A citada pesquisa, portanto, reforça a idéia de que a atitude do professor em relação
aos seus alunos influencia significativamente o comportamento e aprendizado destes.
Portanto, o cuidado e a atenção com a saúde mental dos professores é um fator importante que
deve ser observado pela instituição escolar e principalmente pela direção, com vistas ao
estímulo de práticas saudáveis de trabalho e convívio.
Moretto (2003) afirma, em uma perspectiva de construção do conhecimento que há um
novo enfoque a ser dado ao papel do professor e que este deve dominar três núcleos de
conhecimento considerados básicos. O primeiro é conhecer e valorizar as características
psicossociais e cognitivas do aluno. O professor, portanto, precisa ter conhecimento teórico e
sensibilidade para identificar, analisar e compreender as características de desenvolvimento
psicológico e social de seus alunos para um ensino de qualidade. O segundo é identificar os
aspectos sociais do aluno para entender seu contexto social e sua linguagem e o terceiro é
conhecer as características cognitivas dos alunos e suas habilidades individuais. O mesmo
autor acrescenta que o professor deve ser pesquisador, conhecer as habilidades cognitivas e
intelectuais dos alunos e valori-las, conhecer a realidade social do aluno, estar atento às
tecnologias disponíveis para apoio pedagógico e aprender as melhores técnicas de intervenção
pedagógica.
A regulamentação do magistério está contemplada na Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (LDB) e na Constituição Federal de 1988. A LDB refere-se aos
professores e profissionais de Educação, especialmente quando trata de remuneração, plano
de carreira, recrutamento, seleção, formação (MENESES, 2001). Já a Constituição (art. 206,
V) regulamenta a Educação, permitindo aos profissionais maior valorização e garantias de
trabalho.
Segundo Esteve (1999) as responsabilidades e exigências que se projetam sobre os
27
educadores têm aumentado consideravelmente, coincidindo com o processo histórico pautado
por uma rápida transformação do contexto social e que tem se refletido em uma modificação
do papel do professor.
Merazzi (1983) acredita que as mudanças no papel dos professores estejam ligadas a
três fatores fundamentais:
a) a evolução e a transformação dos agentes tradicionais de socialização (família,
ambiente cotidiano e grupos sociais organizados) que nos últimos anos, vem
renunciando às responsabilidades que antigamente vinham desempenhando no
âmbito educativo, passando a exigir que as instituições assumam esta
responsabilidade;
b) o papel tradicionalmente designado às instituições escolares, com respeito à
transmissão de conhecimentos, viu-se seriamente modificado pelo aparecimento de
novos agentes de socialização (meios de comunicação e consumo cultural de
massas, entre outros), que se converteram em fontes paralelas de informação e
cultura;
c) o conflito que se instaura nas instituições quando se pretende definir qual é a função
do professor, que valores, dentre os vigentes em nossa sociedade, o professor deve
transmitir e quais deve questionar.
Transformações sociais, novos e influentes agentes de socialização que não as escolas
e conflito no papel do professor são situações na sociedade contemporânea que induz a uma
adaptação constante do professor e de todos os agentes educacionais à essas mudanças.
Lancman e Uchida (2003) colocam que no ambiente organizacional, a patologia surge
quando se rompe o equilíbrio e o sofrimento não é mais contornável; quando o trabalhador já
utilizou todos os seus recursos intelectuais e psico-afetivos para o desempenho de atividades e
demandas impostas pela organização e percebe que nada pode fazer para se adaptar e/ou
transformar o trabalho. Na tentativa de atender essa demanda, vê-se muitas vezes sem os
meios e as condições de responder adequadamente a tais exigências. Nesse contexto, Farber
(1991) afirma que, nas últimas décadas, ser professor tornou-se uma das profissões mais
severamente avaliadas e cobradas pela população.
28
2.1.1 O professor de Colégio Militar
Ser professor civil ou militar de Colégio Militar (CM) implica no convívio com
algumas especificidades. Optou-se por inserir no anexo 1 o contexto no qual estes
trabalhadores desempenham seu trabalho cotidiano: as Forças Armadas, as obrigações e os
deveres dos militares e no anexo 2o tecidas algumas considerações sobre o Exército.
O critério para a seleção dos docentes está previsto no título VII do Regulamento dos
Preceitos Comuns aos Estabelecimentos de Ensino no Exército R-126, que em seu artigo 38
dispõe:
I - para militares: mediante cuidadosa seleção, na qual são consideradas,
particularmente, a competência profissional, a conduta militar e civil e a
capacidade para o ensino, definidas no conceito obtido pelo profissional no
curso que o capacita para o exercício do cargo, e em informações cadastrais;
e
II - para civis: por meio de concurso público de âmbito nacional, na forma
prevista na legislação específica vigente (BRASIL, 2000).
As Instruções Gerais para os Professores Civis - IG 60-01 é a lei que aprova as
instruções reguladoras para o ingresso e tamm a carreira do pessoal docente civil do
Exército, incluso no plano único de classificação e redistribuição de cargos e empregos no
âmbito do Departamento de Ensino e Pesquisa (DEP) (IR 60-32). Esta lei consta da Portaria
DEP n. 006, de 07 de fevereiro de 2006, e regula o regime de trabalho, a reposição das aulas,
a avaliação do desempenho do professor, o apoio à docência, a falta às atividades de carga
pedagógica, as funções de confiança e outras prescrições diversas (BRASIL, 2006f).
Os professores militares são regidos pela IG 60-02, determinada pela Portaria n. 293,
de 09 de maio de 2005. O artigo 4º prevê que os professores militares são de natureza
permanente ou temporária. São de natureza permanente, os oficiais de carreira das Armas,
Quadros e Serviços, quando aprovados em processo seletivo para a atividade de magistério no
Exército e os pertencentes ao Quadro Complementar de Oficiais (QCO). São de natureza
temporária, desde que possuidores de habilitação legal ou equivalente os designados para o
serviço ativo, os Prestadores de Tarefa por Tempo Certo (PTTC), que são militares inativos,
os Oficiais Técnicos-Temporários (OTT) e os oficiais superiores das Armas, Quadros e
Serviços, quando nomeados.
29
Já os professores civis dos CM são regidos pelas seguintes legislações: a Consolidação
das Leis do Trabalho (CLT), o Estatuto dos Funcionários Públicos Civis da União, pelo
Contrato de Trabalho, pela Lei n. 8.027, de 12 de abril de 1990, Normas de Conduta dos
Servidores Públicos Civis da Uno e pelas Normas Internas do Colégio Militar de Campo
Grande (CMCG).
É de responsabilidade dos professores civis e militares: participação nos trabalhos
pedagógicos previstos de recuperação; integração às bancas examinadoras; participação ativa
na execução da proposta pedagógica do colégio militar; elaborar documentos e participar da
Avaliação Diagnóstica (AD), quando designado (BRASIL, 2006f).
A LDB também prevê no inciso I de seu artigo 67, que o ingresso no magistério
público se dá exclusivamente por concurso público de provas e títulos. Nos Colégios Militares
existe também a possibilidade de professor civil temporário, que se dá mediante seleção
prévia das regiões militares entre os integrantes das categorias profissionais de nível superior
e de interesse do exército. Os professores devem atender a requisitos básicos como:
comprovação de habilitação e especialização exigidas para o cargo a desempenhar e são
submetidos à prova de títulos, exame de saúde e entrevista, conforme determina o Regimento
Interno dos Colégios Militares (RI/CM) (BRASIL, 2003c).
De acordo com o artigo 113 do RI/CM, são deveres do funcionário estatutário:
assiduidade, pontualidade, discrição, urbanidade, lealdade às instituições constitucionais e
administrativas a que servir, observância das normas legais e regulamentares, obediência às
ordens superiores, exceto quando manifestadas ilegais, levar ao conhecimento da autoridade
superior irregularidade de que tiver ciência em razão de cargo, zelar pela economia e
conservação do material que lhe for confiado, providenciar para que esteja sempre em ordem
no assentamento individual a sua declaração de família e por fim, atender prontamente as
requisições para a defesa da Fazenda Pública e à expedição das certidões requeridas para a
defesa de Direito.
Assim como aos militares, os funcionários civis também estão afeitos a normas da
instituição, que têm como objetivo igualar seu exercício de função nos CM. Entre as mais
importantes, destacam-se as seguintes proibições: referir-se de modo depreciativo às
autoridades, retirar documentos da repartição sem autorização, valer-se do cargo para lograr
proveito pessoal, coagir ou aliciar subordinados com objetivos partirios, participar da
30
gerência ou administração de empresa industrial ou comercial, receber propinas, comissões,
presentes e vantagens de qualquer espécie em razão das atribuições, entre outras.
Segundo o artigo 22 do Regulamento dos Colégios Militares– R/69 e constando na
Portaria n. 361, de 30 de julho de 2002, são atribuições dos professores (BRASIL, 2002):
I executar o ensino da disciplina sob sua responsabilidade, conforme as
leis, diretrizes e normas específicas do ensino;
II participar do planejamento anual do ensino da disciplina a seu encargo;
III elaborar estudos didático-pedagógicos, quando instruído a fazê-lo ou
por iniciativa própria, visando ao aperfeiçoamento do processo ensino-
aprendizagem, submetendo-os ao Chefe da Subseção da Disciplina para
apreciação;
IV executar as atividades de administração escolar que lhe sejam afetas
determinadas pela Direção de Ensino;
V cumprir disposições regulamentares, instruções, diretrizes, normas e
ordens que regem a administração escolar;
VI manter a ordem em dia e os diários de classe, de forma a controlar a
execução da programação do ensino;
VII colaborar com a Direção de Ensino na preparação de material didático,
participando da elaboração de livros, textos escolares e projetos que visem
ao aperfeiçoamento do processo ensino-aprendizagem;
VIII sugerir medidas que julgar necessárias à maior eficiência do ensino
sob a sua responsabilidade;
IX expressar-se verbalmente com correção, observando as regras
gramaticais e evitando o uso de termos vulgares;
X planejar e orientar o estudo da disciplina que lhe cabe ministrar;
XI participar de atividades extra-classe, cerimônias e solenidades cívico-
militares, quando programado ou determinado, de acordo com o regime de
trabalho ao qual estiver sujeito;
XII comparecer às reunes de pais e mestres, do conselho de classe da sua
seção de ensino e a outras reuniões de interesse do ensino para os quais
estiver convocado;
XIII montar, fiscalizar e corrigir as provas formais;
XIV acompanhar, de forma efetiva e contínua, o rendimento escolar do
aluno, visando a detectar eventuais deficiências no processo ensino-
aprendizagem;
XV ligar-se permanentemente com a Seção Psicopedagógica para cooperar
na atuação sobre o aluno que necessite de acompanhamento especial;
XVI empenhar-se no auto-aperfeiçoamento profissional, visando à maior
eficiência no desempenho de suas tarefas;
XVII executar as avaliações diagnósticas, formativas e somativas, como
previsto nas Normas Internas de Avaliação Educacional - NIAE, para
desenvolvimento das áreas: cognitiva afetiva e psicomotora, visando a
Educação integral dos alunos; interdisciplinar (Trabalho Interdisciplinar -
31
TI), orientando os alunos e incluindo os pontos de controle, bem como
realizar sua avaliação.
Essas atribuições determinadas pelo Regulamento dos Colégios Militares - R/69 são
previstas tanto para professores civis e militares dos colégios militares. Sendo que o
Regimento Interno dos Colégios Militares - RI/CM torna atribuições do professor além
daquelas previstas no R/69 as seguintes responsabilidades, no artigo 32:
I planejar, organizar, elaborar e executar o Plano de Execução de Trabalho
- PET e o Plano de Aula - PA, sob sua responsabilidade coerente com o
Quadro de Distribuição de Tempo - QDT, repassado pela Seção Técnica de
Ensino - STE e o programa de ensino da disciplina;
II realizar efetivo e contínuo acompanhamento do desempenho escolar do
aluno, visando a detectar eventuais dificuldades no processo ensino-
aprendizagem, participando de imediato à Seção Psicopedagógica e ao Chefe
da Seção de Ensino; e
III participar da banca de exames intelectuais e da fiscalização de provas e
concursos a cargo do Estabelecimento de Ensino ou de quadro determinado
pelo Departamento de Ensino e Pesquisa - DEP, atendendo a convocação em
ordem de serviço ou ato publicado em boletim.
Pode-se concluir que professores civis e militares dos CM são guiados igualmente por
regras, normas, leis e determinações, porém, existe a nítida diferença do professor militar
guiar-se por todos esses preceitos aliado inevitavelmente à função militar. Ser militar torna-se
prioridade em detrimento à função de professor.
2.2 ESTRESSE OCUPACIONAL
As pesquisas sobre as relações entre a Saúde Mental e o Trabalho em diferentes
categorias profissionais são bastante recentes no cenário científico. A França, um dos países
precursores no tema, vem, desde o final da II Guerra Mundial, desenvolvendo projetos nesse
sentido, sobretudo a partir das contribuições da chamada “psiquiatria social” ( LIMA, 1998),
enquanto no Brasil, apenas a partir dos anos 80 tais estudos vêm tomando impulso.
Amplamente divulgado e utilizado pelos meios de comunicação, o termo estresse
atualmente, está incorporado ao senso comum. Filgueiras e Hippert (1999), em concordância,
referem que a mídia tem veiculado maciçamente este conceito, acrescentando que, na maior
32
parte das vezes, associado à idéia de desconforto físico e/ou psicológico. Achkar (2006)
acrescenta que o termo estresse, além de ser amplamente veiculado pelos orgãos de
comunicação e utilizado na linguagem cotidiana, cada vez mais tem sido tema de estudos e
pesquisas científicas e acadêmicas.
Diante das diferentes definições de estresse, Lazarus (1993) apresenta quatro
condições para a ocorrência do mesmo: a) um agente causal interno ou externo que pode ser
denominado de estressor; b) uma avaliação que diferencia tipos de estresse (dano, ameaça e
desafio), c) os processos de
coping
(estratégias ou estilos de enfrentamento) utilizados para
lidar com os estressores e d) um padrão complexo de efeitos na mente ou no corpo,
freqüentemente referido como reação de estresse.
Para Guimarães (2000, p. 42), “[...] é importante ressaltar que toda mudança, grande
ou pequena, positiva ou negativa, agradável ou não, pode causar estresse e este se caracteriza
por ser um processo e não uma doença única” com o que concordam Cruz, Scherer e Peixoto
(2004) acrescentando que neste processo, estão incluídos inúmeras variáveis, fatores
ambientais, psicossociais e pessoais.
Segundo Abreu
et al. (
2002) algum estresse é importante para a realização de qualquer
atividade e sua total ausência, assim como seu excesso, pode ser prejudicial à saúde. Por outro
lado, estar exposto a prolongadas situações de estresse pode levar à ocorrência de quadros
patológicos, originando distúrbios transitórios ou mais complexos, como o Estresse
Ocupacional (EO) e a Síndrome de
Burnout
(SB), ocorrências características do universo do
trabalho.
Se por um lado, o trabalho é fonte de prazer, satisfação e realização, contribuindo para
o processo de formação da identidade das pessoas, por outro, pode ser nocivo à saúde,
representando sofrimento e constituindo-se em elemento patogênico (SELIGMANN-SILVA,
1987; DEJOURS, 1987).
O estresse ocupacional tem sido relacionado a repercussões negativas na saúde,
absenteísmo, deterioração da performance e diminuição da produtividade (BENTON, 2000;
SHADER
et al.
2001).
33
Nas últimas décadas, em todo o mundo, o EO (traduzido dos termos em inglês
job
stress
e
work stress
) se transformou num problema altamente oneroso para os empregadores
e cada vez mais comum entre os trabalhadores.
Para Paschoal e Tamayo (2004) o conceito de EO e suas formas de medição, têm sido
usados em meio a uma multiplicidade de pesquisas científicas, de forma pouco consistente e
com certa confusão quanto ao seu significado, com o que concorda a autora do presente
trabalho. Os autores acrescentam que tal ocorrência é devida, sobretudo à não especificação e
clareza do referencial teórico-conceitual adotado. Os autores colocam ainda que, apesar das
peculiaridades de cada definição e dos modelos teórico-conceituais existentes para explicar o
EO, tem se constatado um consenso entre os estudiosos da área, de que as percepções dos
indivíduos são mediadoras do impacto do ambiente de trabalho sobre o indivíduo; para que
algo na organização seja considerado um estressor, precisa ser percebido como tal pelo
empregado.
Schnall (1998
apud
LEVI, 2002) refere que:
a) o estresse relacionado ao trabalho pode levar a doenças físicas e mentais - Os
transtornos mais constantemente relacionados ao estresse são: cardiovasculares, respiratórios,
digestivos, urinários, do sistema reprodutor feminino, do sistema sanguíneo, da pele, da
musculatura, do sistema nervoso, do sistema imunológico e do sistema endócrino (GANONG,
1992; GREESPAN, 1993; ISSELBACHER, 1994; IVANCEVICH, 1989; KEITH, 1991;
ORLANDINI, 1999; RAMOS, 2001).
b) mesmo o estresse que não está relacionado com o trabalho pode se manifestar no
ambiente de trabalho (e.g., estresse social, pessoal, familiar);
c) o custo humano e econômico do EO é muito alto para todos os envolvidos;
d) esses custos podem ser reduzidos através de sua prevenção.
Várias atividades laborais apresentam agentes estressores para o coletivo de
trabalhadores, contudo, o tipo de agente e sua manifestação se diferenciam pela situação,
contexto ocupacional e como já referido, de pessoa para pessoa (CRUZ; SCHERER;
PEIXOTO, 2004).
o se pode, portanto, afirmar que o EO seja provocado por um único fator, ambiental
34
ou individual. O estresse como um processo, como anteriormente referido, não atinge só o
trabalhador, mas também o local de trabalho, pois o desgaste físico e ou emocional do
indivíduo poderá repercutir em seu desempenho, afetando conseqüentemente o contexto
organizacional. Assim sendo, o EO resultaria de transações dinâmicas entre os fatores
ambientais e as percepções individuais.
As fontes de estresse e tensão no ambiente de trabalho são mediadas pelo próprio
indivíduo e determinados elementos estressantes não atingem de modo homogêneo todas as
pessoas, sendo que as características individuais junto com os agentes estressores explicariam
os resultados do estresse (VIEIRA; GUIMARÃES; MARTINS, 1999).
Para Vasconcelos (2005), a forma como se percebe o estresse dependerá do psiquismo,
do ego e do sistema de valores de cada pessoa, portanto a subjetividade irá reger a maneira de
se perceber uma situação como estressante ou não.
Cox (1978) refere que o EO ocorre a partir da percepção, pelo trabalhador, do
desequilíbrio entre as demandas existentes no trabalho e sua habilidade e/ou possibilidade
para respondê-las.
A seguir, alguns conceitos de Estresse Ocupacional são descritos.
Zimbardo (1988) define o EO como a condição em que algum fator ou uma
combinação de fatores no trabalho interage com o trabalhador para alterar sua homeostase
psicológica e física.
Segundo Ramos (2001), EO pode ser definido como a resposta física e emocional
nociva que ocorre quando os requerimentos do trabalho não são compatíveis com as
capacidades, os recursos e as necessidades dos trabalhadores.
O
National Institute for Occupational Safety and Health -
NIOSH (1999), que é uma
agência federal responsável por fazer investigações e recomendações para a prevenção das
enfermidades associadas ao trabalho define o EO como as respostas físicas e emocionais
nocivas que ocorrem quando as exigências do trabalhoo são compatíveis com as
capacidades, os recursos ou as necessidades do trabalhador, podendo conduzir a um estado de
saúde precário e até danos irreversíveis.
Lautert, Chaves e Moura (1999) afirmam que existem diferentes estressores
35
relacionados a cada etapa da carreira e enumeram que na fase inicial pode haver discrepâncias
entre as expectativas criadas pelo indivíduo e a realidade, e que na consolidação desta pode
haver um desequilíbrio entre carreira e família, na etapa de manutenção um descompasso
entre o êxito na carreira e o fracasso pessoal.
Couto (1979) organizou uma lista sucinta dos fatores ligados às condições de trabalho
que podem desencadear o estresse: chefia insegura, responsabilidade mal delegada, bloqueio
de carreira, conflito entre chefias, entre outros. No entanto, a elaboração mais completa foi
realizada pelo NIOSH (1999) e pela
European Comission
(2002):
a) O desenho das tarefas: pesada carga de trabalho ou ociosidade, poucas pausas para
o descanso, longas jornadas de trabalho ou turnos, tarefas rotineiras com pouco
significado, tempo insuficiente para completar o trabalho de modo satisfatório
ausência de descrição clara da tarefa, ausência de controle ou de orgulho em relação
ao produto do trabalho;
b) Estilo de gerenciamento: ausência de participação dos trabalhadores na tomada de
decisões, comunicação precária na organização, auncia de políticas amistosas, de
reconhecimento ou de recompensa quando o trabalho é bem realizado, de
oportunidades de o funcionário utilizar efetivamente seus talentos pessoais ou
habilidades e para fazer queixas; problemas ergonômicos, entre outros.
c) A importância do autoritarismo e de outras características pessoais das chefias que,
refletidas numa linha hierárquica, constitui fonte de angústia, manifestações
psiquiátricas e psicossomáticas. Assim sendo, as emoções atuam através de seus
equivalentes fisiológicos, provocando dores musculares, diarréias, hipertensão
arterial, entre outros.
d) Relações interpessoais: ambiente social pobre e ausência de cooperação e de apoio
entre colegas e supervisores, exposição a prejuízos relacionados com a idade, sexo,
gênero, raça, etnia ou religião, exposição à violência, ameaças ou intimidação;
e) Papéis no trabalho: expectativas de trabalho conflituoso ou incerto, muita
responsabilidade, porém pouca autoridade ou capacidade de tomada de decisões,
ausência de uma descrição clara dos papéis, chance de um pequeno erro ou de um
lapso momentâneo de atenção levar à conseqüências sérias ou desastrosas;
36
f) Preocupações com a carreira: insegurança no trabalho, ausência de oportunidades
de crescimento ou promoção, rápidas mudanças para as quais o trabalhador não está
preparado;
g) Condições do ambiente: características físicas desagradáveis ou perigosas do
ambiente de trabalho, como aglomeração de pessoas, barulho, poluição do ar.
Segundo Guimarães
et al.
(2006) o estresse, a depressão e o alcoolismo foram
reconhecidos como doenças que podem estar relacionadas ao trabalho pela Lei n. 3.048, de 06
de maio de 1999. Esta lei é considerada uma grande conquista por parte dos trabalhadores
brasileiros, mas ainda encontra dificuldades quanto à sua vigência e aplicação.
2.2.1 Estresse Ocupacional em professores
Os problemas de saúde dos docentes têm sido estudados a partir dos anos 1960 na
Europa e, no Brasil, a partir da década de 1970. Segundo Martínez
et al
(1997), na década de
1980, vários autores centram suas reflexões sobre a Educação, chamando a atenção para a
figura do docente e buscam decifrar os efeitos que podem estar sofrendo pela racionalização
de seus trabalhos.
Uma das categorias profissionais mais atingidas pelo desgaste profissional é a dos
professores, conforme se verifica em diversos estudos (MORENO-JIMÉNEZ; GARROSA;
GONZÁLEZ, 2000; CODO; MENEZES, 1999; FARBER, 1991; BYRNE, 1994).
O estresse já é reconhecido por organismos internacionais como "enfermidade
profissional", cujos efeitos atingem inclusive o ambiente escolar. É considerado pela
Organização Internacional do Trabalho - OIT não somente como um fenômeno isolado, mas
"um risco ocupacional significativo da profissão". Informe da OIT (1984, p.123) concluiu
que:
[...]Um número crescente de estudos realizados em países desenvolvidos mostram
que os educadores correm o risco de esgotamento físico ou mental sob o efeito de
dificuldades materiais e psicológicas associadas a seu trabalho. Essas dificuldades,
além de chegarem a afetar a saúde do pessoal, parecem constituir uma rao
essencial para os abandonos observados nessa profissão”.
37
Farber (1991) descreve que os professores sentem-se emocional e fisicamente
exaustos, estão freqüentemente irritados, ansiosos, com raiva ou tristes. Também apresentam
prejuízos em seu planejamento de aula, tornando-se menos freqüentes e cuidadosos. Há perda
de entusiasmo e criatividade, sentindo menos simpatia pelos alunos e menos otimismo quanto
à avaliação de seu futuro. Descreve ainda que os professores com estresse ocupacional podem
desenvolver grande distanciamento emocional em relação aos alunos, assim como
sentimentos de hostilidade em relação aos administradores ou familiares, estabelecendo-se
uma visão depreciativa da profissão, mostrando-se arrependidos de tê-la escolhido e
planejando ou fantasiando seriamente como abandoná-la.
Pedrabissi (1999
apud
MOURA, 2000) comenta que as dez maiores fontes de
exaustão para os docentes são:
a) desmotivação dos alunos;
b) comportamento indisciplinado dos alunos;
c) falta de oportunidades de ascensão na carreira profissional;
d) baixos salários;
e) más condições de trabalho;
f) turmas excessivamente grandes;
g) pressão de tempo e prazos;
h) baixo reconhecimento e pouco prestígio social da profissão;
i) conflitos com colegas e superiores;
j) rápidas mudanças nas exigências de adaptação dos currículos.
O Sindicato de Professores da Bahia SINPRO-BA (2007) cita a pesquisa de Ruiz
et
al
. (1995) que investigou professores de 1º e 2º graus da rede pública de Sorocaba, São Paulo,
num ambulatório especializado em Saúde Ocupacional. A demanda por atendimento foi
periódica nos semestres: no começo do ano era pequena, nos meses seguintes aumentava, no
início do 2º semestre voltava a diminuir e, novamente, aumentava no final do ano. Durante as
férias, a demanda registrada era mínima. Segundo os autores, esse comportamento da
38
demanda favorece a hipótese de que a procura do cuidado médico e, conseqüente afastamento
do trabalho, aumentava no decorrer do período letivo, revelando um desgaste crescente dos
professores.
Nesta mesma pesquisa, os problemas de saúde mais freqüentes foram: perda de
energia, impaciência, dores de cabeça, hiper-alimentação, aumento da irritabilidade e dores na
coluna. Em queso aberta do questionário aplicado, os professores estabeleceram como
principais fatores de estresse: avaliações, tempo insuficiente para as tarefas estabelecidas,
preocupações diárias (trabalho de casa, currículos, reuniões), responsabilidades
extracurriculares, problemas com os pais que não se preocupavam com a vida escolar do
aluno e falta de tempo para estar com a família. Fatores demográficos e experiência de ensino
o contribuíram para a ocorrência do estresse, que apareceu como um forte preditor de
insatisfação e esta se mostrou fortemente associada aos problemas de saúde.
Já em 1978 eram realizados estudos sobre o tema. Na Inglaterra, uma investigação
indicou que 25% dos professores não acreditavam na própria permanência na profissão pelos
próximos dez anos, e 20% a 30% deles classificaram-na como causadora de estresse
(SINDICATO DE PROFESSORES DA BAHIA, 2007). Esses dados mostram em números
alarmantes que a atividade docente concorre para o aparecimento de problemas físicos e
mentais.
Pitthers e Fogarty (1995) avaliaram o estresse e a tensão ocupacional em professores.
Os altos resultados obtidos foram associados à sobrecarga de trabalho e aos conflitos com
superiores e normas. Os autores ainda citam o estudo de Punch e Tuetteman realizado em
1990 que avaliou 574 professores na Austrália e que encontrou níveis de estresse duas vezes
maiores do que na população geral. Estudos realizados nos EUA (1976) Austrália e Nova
Zelândia (1982) e Reino Unido (1991), citados pelos mesmos autores, mostraram que um
terço dos professores avaliados consideram seu trabalho “estre ssante” ou “muito estressante”.
Com relação aos militares que exercem a função de professores, Ramundo (2003),
afirma que: o contexto militar é fortemente marcado pela assimetria, que decorre da
hierarquia e disciplina* militar expressa na subordinação entre os postos. Assim, por vezes o
papel de professor pode entrar em conflito com o de militar, quanto ao controle e ao poder
inerente a cada um desses papéis. Para a autora, conciliar os papéis de professor não-
controlador e também o de superior hierárquico em relação aos alunos, parece em certos
39
momentos, tarefa difícil. É possível que o professor militar apresente ambivalências quanto a
estabelecer um clima de colaboração e de menor controle, sem ferir os preceitos da hierarquia
e da disciplina. A autora desta investigação concorda com esta opinião.
Nesta direção, cabe acrescentar que existem especificidades com relação a ser
professor militar de Colégio Militar, ou dos sistemas de ensino do exército: o uso da farda e a
observância irrestrita à hierarquia e disciplina. As normas sobre a hierarquia contidas no
Estatuto dos Militares servem para determinar que nas unidades militares a autoridade seja
estabelecida e ordenada segundo o grau hierárquico e que os militares com maior grau
hierárquico têm autoridade sobre os demais. A estas normas e hierarquia, os professores aqui
estudados estão subordinados.
Frente ao exposto, pesquisar a Saúde Mental de professores militares e civis de um
Colégio Militar poderá permitir a visibilidade de possíveis difereas de performance, dadas
também por estas características (ser civil ou militar). Cabe ressaltar que os custos humanos,
econômicos e organizacionais das intervenções necessárias para lidar com o estresse e suas
derivações, geralmente são altos (CAMPOS
et al
., 2004). Portanto, há a necessidade de
avaliação precoce no campo da Saúde Mental do professor, com vistas à qualidade de vida de
toda a comunidade escolar.
___________________________________________________________________________
* A hierarquia e a disciplina possuem uma importância especial e são os pilares da formação militar e
a base institucional das Forças Armadas. Segundo o Estatuto dos Militares de 1980 (tít. 1, cap. 3, art.
15, parte 1ª) a hierarquia militar é a ordenação da autoridade, em níveis diferentes, dentro da Estrutura
das Forças Armadas. Neste mesmo artigo a disciplina é descrita como a rigorosa observância e o
acatamento integral das leis, regulamentos, normas e disposições que fundamentam o organismo
militar e coordenam seu funcionamento regular e harmônico, traduzindo-se no perfeito cumprimento
do dever por parte de todos e de cada um dos componentes desse organismo.
40
2.3 SOBRE A SÍNDROME DE
BURNOUT
Carlotto (2002b) coloca que o termo
burnout
foi utilizado pela primeira vez por
Freundenberger, em 1974, para descrever um estado de esgotamento. Benevides-Pereira
(2002a) acrescenta que Freundenberger não foi o primeiro a introduzir o termo
burnout
para
denominar esgotamento físico e mental, mas seus artigos foram de fundamental importância
para divulgar esse termo na comunidade científica e organizacional. Seus trabalhos foram
considerados um marco, desencadeando pesquisas em todo o mundo e seu primeiro artigo
Staff Burn-out
(1974) veio alertar a comunidade científica para os riscos a que alguns
profissionais estavam expostos em função de seu trabalho.
Arantes e Vieira (2002) afirmam que nos anos 1970, Freundenberger importou o
termo
burnout
do campo da Física para o das Ciências da saúde. Os autores dizem que
burnout
era uma expressão usual para designar colapso em jatos e foguetes e que, na
Psiquiatria representava a manifestação mais radical do estresse em sua fase mais aguda e de
esgotamento.
Em 1977, a
American Psychological Association
(APA) utilizou pela primeira vez o
termo Síndrome de
Burnout
(SB) em seu congresso anual. A definição utilizada caracterizava
a situação dos trabalhadores que acabavam “queimando -se” emocionalmente, exaustos,
saturados, irritados e doentes (ODORIZZI, 1995). O termo “to burn out”, deriva do idioma
inglês e significa queimar-se por completo, exaustão, esvaziamento.
Mesmo sem a existência de dados estatísticos, existem razões para acreditar que a
incidência no Brasil não deve se distanciar muito dos dados levantados em outros países,
tendo em vista que o quadro se repete: aumento do setor de serviços na economia, crescente
aumento da instabilidade social e econômica, coexistência de diferentes modalidades de
processos produtivos (da manufatura à automação), precarização das relações de produção,
desemprego crescente, mudanças nos hábitos e estilos de vida dos trabalhadores influenciados
pela implantação de programas de qualidade e reengenharia (JAQUECS; CODO, 2002)
A primeira referência tratando sobre o aspecto legal da SB no Brasil ocorre com a
publicação do Diário Oficial da União (DOU) datado de 18 de junho de 1999, alterando um
regulamento da Previdência Social. O anexo II do regulamento trata dos aspectos patogênicos
causadores de doenças profissionais ou do trabalho, previsto no artigo 20 da Lei n. 8.213 de
41
24 de julho de 1991, na parte específica que trata dos transtornos mentais e do comportamento
relacionados com o trabalho.
A SB está inserida no item 12 do Grupo V do Código Internacional de Doenças (CID-
10), que trata da parte específica dos transtornos mentais e dos comportamentos relacionados
com o trabalho; tem como agentes etiológicos ou fatores de risco de natureza ocupacional o
“ritmo de trabalho penoso (Z 56.3)” eoutras dificuldades físicas e mentais relacionadas com
o trabalho (Z 56.6)” (SABATOVSKI; FONTOURA, 2001).
2.3.1 Definições
A Síndrome de
Burnout
apresenta-se hoje como um dos grandes problemas
psicossociais, o que tem gerado grande interesse e preocupação não só por parte da
comunidade científica internacional, mas também de entidades governamentais, empresariais,
educacionais e sindicais, devido à severidade de suas conseqüências, tanto no nível individual
como organizacional (FERENHOF; FERENHOF, 2001).
Nesta seção, serão apresentadas algumas definições de SB, sendo que a mais utilizada
é a de Maslach e Jackson (1981) que referem que a SB compreende três dimensões: a)
cansaço emocional (caracterizado por uma falta ou carência de energia, de entusiasmo, um
sentimento de sobrecarga emocional, de esgotamento de recursos), b) despersonalizão
(processo de endurecimento, de insensibilidade, que se manifesta através de uma atitude fria e
distante para com os que recebem cuidados, clientes ou colegas, havendo impessoalidade e
muitas vezes cinismo e c) diminuição da realização pessoal (uma tendência a se auto-avaliar
de forma negativa, com diminuição dos sentimentos de competência, com frustração,
inadequação, infelicidade e descontentamento, consigo e com o seu trabalho).
Nesta breve revisão, observou-se que, alguns autores consideram o
burnout
como uma
forma de EO (CARLOTO, 2000b) e outros como um quadro que se instala com a cronificação
do estresse ocupacional (GUIMARÃES
et al
, 2004; MORENO-JIMÉNEZ
et al
, 2002).
León e Iguti (1999), Guimarães e Ferreira Jr (2000) Mallar e Capitão (2004)
consideram o
burnout
como uma síndrome depressiva relativa ao trabalho. A depressão e a
SB têm características comuns, tais como, cansaço, isolamento social e sentimentos de menos
valia.
42
Segundo Codo e Menezes (1999), a SB compreende uma reação à teno emocional
crônica, gerada a partir do contato direto e excessivo com outros seres humanos,
particularmente quando estes estão preocupados ou com problemas. Para os autores, o ato de
cuidar exige atenção e tensão emocional constante, perene. O trabalhador que se envolve
afetivamente com os seus clientes se desgasta e, num extremo, desiste, não agüenta mais,
entra em
burnout
.
Para Carlotto (2002b, p. 190) “a SB acomete profissionais que trabalham com
qualquer tipo de cuidado, havendo uma relação de atenção direta, contínua e altamente
emocional com outra pessoa”.
Harrison (1999) acrescenta que a SB é considerada como um tipo de estresse de
caráter persistente vinculado a situações de trabalho, resultante da constante e repetitiva
pressão emocional associada com intenso envolvimento com pessoas, por longos períodos de
tempo.
Pode-se dizer que a SB não é desencadeada pelas características pessoais, mas essas
o facilitadoras ou inibidoras dos agentes estressores. Além das características pessoais,
devem ser observadas também as características do trabalho, as organizacionais e as sociais
(BENEVIDES-PEREIRA, 2002b).
A autora acima citada considera como características pessoais: idade, sexo, nível
educacional, estado civil, filhos, personalidade, sentido de coerência, motivação e idealismo.
Comenta ainda que, as características do trabalho que exercem maior influência no
aparecimento da SB são: tipo de ocupação, tempo de profissão, tempo na instituição, trabalho
por turnos ou noturno, sobrecarga de tarefas, relação profissional-cliente, tipo de cliente,
relacionamento com os colegas, conflito de papel, ambigüidade de papel, suporte
organizacional, satisfão no trabalho, controle, responsabilidade, pressão, possibilidade de
progresso, percepção de iniqüidade, conflitos com valores pessoais e falta de
feedback
.
Ainda segundo Benevides-Pereira (2002a) as características organizacionais mais
comuns que contribuem para o aparecimento desta síndrome são: o ambiente físico, as
mudanças organizacionais, as normas institucionais, o clima organizacional, a burocracia, os
estilos de comunicação, autonomia, recompensas e a segurança. Entre os facilitadores ou
desencadeantes do
burnout
estão as características sociais que são: suporte social e familiar,
cultura e prestígio.
43
Maslach, Schaufeli e Leiter (2001
apud
CARLOTTO, 2002b) pontuam que existem
cinco elementos da SB que são comuns em várias pesquisas: a) a predominância de sintomas
relacionados à exaustão mental e emocional, fadiga e depressão; b) a ênfase nos sintomas
comportamentais e mentais e não nos sintomas físicos; c) os sintomas do
burnout
o
relacionados ao trabalho; d) os sintomas manifestam-se em pessoas que não sofriam
anteriormente de transtornos psicopatológicos; e) a diminuição do desempenho no trabalho
ocorre dadas as atitudes e comportamentos negativos.
Caballero e Millán (1999) relatam que a Síndrome de
Burnout
apresenta sintomas de
ordem: 1- Fisiológica: falta de apetite, cansaço, insônia, dor cervical, úlceras; 2- Psicológica:
irritabilidade ocasional ou instantânea, gritos, ansiedade, depressão, frustração, respostas
rígidas e inflexíveis; 3 - De conduta: expressões de hostilidade ou irritabilidade, incapacidade
para poder concentrar-se no trabalho, aumento das relações conflitivas com os demais
colegas, chegar tarde ao trabalho ou sair mais cedo, estar com freqüência fora da área de
trabalho e fazer longas pausas de descanso no trabalho; 4 - Outros: aumento do absenteísmo,
apatia face à organização, isolamento, empobrecimento da qualidade do trabalho, atitude
cínica e fadiga emocional, aumento do consumo de café, álcool, barbitúricos e, cigarros.
Em concordância, Mallar e Capitão (2004) afirmam que as pessoas mais afetadas por
essa síndrome são, sobretudo, os profissionais mais idealistas, os mais esperançosos, aqueles
cujas expectativas são mais altas, e, às quais a realidade vem restringir. Assim, como
conseqüência, o profissional acaba por substituir uma atitude de dedicação e compromisso, de
crença em si mesmo, por uma atitude apática e desinteressada. Corroborando os dados destes
autores, Freudenberger (1974) coloca que os profissionais mais propensos a desenvolver o
burnout
o exatamente aqueles mais dedicados e comprometidos com o trabalho.
Portanto, há concordância entre os autores, quanto à SB acometer pessoas entusiastas e
idealistas, que no contato com o mundo do trabalho vão mudando sua concepção e podem
apresentar este transtorno, o que acaba por interferir em sua vida pessoal, social e institucional
(BENEVIDES-PEREIRA, 2002a).
Carlotto (2001) apresenta quatro concepções teóricas que buscam explicar a SB:
A Concepção Clínica - Caracterizada como um conjunto de sintomas (fadiga física e
mental, falta de entusiasmo pelo trabalho e pela vida, sentimento de impotência e inutilidade,
baixa auto-estima), pode levar o profissional à depressão e até mesmo ao suicídio.
44
Freudenberger (1974) é o autor mais representativo da concepção clínica, que concebe a
síndrome como um estado e não um processo;
A Concepção Sócio-Psicológica - Maslach e Jackson evidenciaram as variáveis sócio-
ambientais como coadjuvantes do processo de desenvolvimento do
burnout
. Desta forma,
aspectos individuais associados às condições e relações do trabalho formam uma constelação
que propicia o aparecimento dos fatores multidimensionais da síndrome. Esta tem sido a
perspectiva mais adotada, principalmente pela grande disseminação do Inventário de
Burnout
de Maslach
(MBI), instrumento que avalia as dimensões do
burnout
;
A Concepção Organizacional - Baseados na Teoria das Organizações, para
Golembiewski, Hilles e Daly (1987), o
burnout
é a conseqüência de um desajuste entre as
necessidades apresentadas pelo trabalhador e os interesses da instituição;
A Concepção Sócio-Histórica - Esta vertente prioriza o papel da sociedade, cada vez
mais individualista e competitiva na formação do
burnout
, mais do que os fatores pessoais ou
institucionais.
A partir desta diferentes abordagens da SB, pode-se dizer que os autores reconhecem a
importância do papel desempenhado pelo trabalho, assim como da dimeno social e
relacional para a ocorrência da síndrome.
Mallar e Capitão (2004) comentam que conhecer a saúde geral e mental dos
trabalhadores, seu adoecer, as relações entre as doenças, os agravos psicossomáticos e certas
características do trabalho tem sido tarefa das mais importantes nos tempos atuais, tanto para
a Psicologia quanto para a Medicina.
2.3.2 Síndrome de
Burnout
e o trabalho docente
De acordo com León e Iguti (1999), a SB aparece depois de certo tempo de atividade e
tem sua maior incidência nas profissões ditas sociais, como as desenvolvidas em hospitais,
ensino, educação, serviços sociais, formação e outras. Seisdedos (1991) aponta a grande
incidência de quadros de esgotamento, entre eles a SB, em trabalhadores de instituições
assistenciais nas áreas da saúde e da educação, por estarem permanentemente expostos aos
problemas e às preocupações daqueles a quem atendem profissionalmente.
45
Carlotto (2002b) comenta que Maslach e Jackson (1981) apontam para o fato de que a
SB tem atingido várias profissões, mas ocorre especialmente vinculada àquelas ligadas ao
ensino e aos serviços de saúde, por serem atividades que envolvem intenso contato
interpessoal. Neste sentido, CODO (1999, p. 24) sugere que “... o educador faz parte dos
trabalhadores que têm sido chamado de
care givers
, doadores de cuidado, como os
enfermeiros ou assistentes sociais: desenvolve um trabalho onde a atenção particularizada ao
outro atua como diferencial entre fazer ou não sua obrigação”.
A categoria de professores vem sendo apontada como uma das mais propensas ao
estresse e ao
burnout
. Para Maslach e Jackson (1981) a severidade da síndrome entre os
profissionais de ensino é superior à dos profissionais de saúde. Iwanicki e Schwab (1981)
revelam que a severidade da SB entre os professores já é, atualmente, superior à dos
profissionais de saúde, o que coloca o magistério como uma das profissões de mais alto risco.
Como nas demais profissões assistenciais, o
burnout
nos professores não aparece de
forma brusca, mas constitui a fase final de um processo contínuo que vai se gestando e que se
caracteriza por: diminuição das metas de trabalho, menor responsabilidade pelos resultados
obtidos, perda do idealismo, descaso com o cliente, alienação do trabalho. O indivíduo se
fecha em si mesmo e tem dúvidas sobre sua competência profissional, sensação de
inadequação ao posto de trabalho, sensação de falta de recursos para enfrentar a tarefa de
professor, sentimento de não possuir a formação necessária, diminuição da capacidade para a
resolução dos problemas, carência de tempo suficiente, etc. De forma geral, o
burnout
do
docente se caracterizaria por uma exaustão dos recursos emocionais próprios, em que são
comuns atitudes negativas e de distanciamento para com os alunos e a valorização negativa de
seu papel profissional (MORENO-JIMENEZ
et. al.
, 2002). Nestes profissionais, portanto, a
SB se produz como resultado do fracasso no desenvolvimento de condutas adaptativas às
situações de estresse escolar.
Para Moreno, Garrosa e González (2000), os docentes formam uma categoria
especialmente exposta aos riscos psicossociais. Estes se defrontam com desencadeantes de
estresse próprios da organização acadêmica e escolar e com situações nas quais se
desequilibram as expectativas individuais do profissional e a realidade do trabalho diário.
Ante esta situação, é possível o recurso às estratégias de enfrentamento não adaptativas que
o esgotando seus recursos emocionais levando-os ao deterioramento pessoal e profissional.
Pode-se afirmar que o
burnout
em professores é um fenômeno complexo e
46
multidimensional, resultante da interação entre aspectos individuais e o ambiente de trabalho,
sendo que este ambiente não diz respeito somente à sala de aula ou ao contexto institucional,
mas sim a todos os fatores envolvidos nesta relação, incluindo os fatores macrossociais, como
políticas educacionais e fatores sócio-históricos (CARLOTTO, 2002a).
Estudos espanhóis com docentes de ensino primário, intermediário e secundário
afirmam que os mesmos experimentam esgotamento emocional quando sentem que não
podem dar mais de si mesmos aos seus alunos; mostram despersonalização ao desenvolver
atitudes negativas, às vezes, cínicas ou insensíveis em relação aos estudantes e têm
sentimentos de baixa realização pessoal quando se sentem ineficientes na ajuda a seus alunos
no processo de aprendizagem e no cumprimento de outras responsabilidades de seu trabalho
(BYRNE, 1994).
Diversos estudos realizados em Hong Kong têm mostrado que ensinar é altamente
estressante. Cerca de um terço dos professores pesquisados apresentavam sinais de estresse e
burnout
entre os principais problemas de saúde. Chan (2002) observou uma distribuição
heterogênea dos sintomas, na qual alguns professores apresentavam quadros mais graves do
que outros, variando de leves quadros de frustração, ansiedade e irritabilidade até um quadro
de cansaço emocional (
burnout
), com apresentação de sintomas psicossomáticos e
depressivos severos.
No Brasil, Codo e Menezes (1999) realizaram um estudo nacional sobre a saúde
mental e trabalho de 39.000 trabalhadores de educação de Escolas Públicas de 27 estados
brasileiros. Os autores verificaram que 48,4% dos trabalhadores de educação estudados (não
somente professores) apresentavam indicativos da presença de
burnout
ou de desgaste
profissional, Essa mesma pesquisa identificou 31,9% dos profissionais apresentando baixa
diminuição da realização pessoal, 25,1% com canso emocional e 10,7% com
despersonalização, valores associados a um nível moderado de sofrimento em
burnout
. A
importância desta investigação é clara, na medida em que permite a visibilidade ao sofrimento
emocional de uma categoria profissional, submetida a precárias condições de trabalho, entre
elas: (salário insuficiente, falta de recursos, falta de segurança, violência e outras).
Ferenhof e Ferenhof (2001) realizaram uma pesquisa sobre o desenvolvimento da SB e
suas conseqüências no comportamento de 720 professores de Educação Infantil, Ensino
Fundamental e Ensino Médio do município de Duque de Caxias, RJ. Os autores encontraram
47
resultados surpreendentes e preocupantes, num contexto de sanidade mental mínima para o
professor ministrar suas aulas. Os resultados foram os seguintes: 100% de despersonalização,
98,5% de cansaço emocional e 90,2% de baixa realização pessoal.
Carlotto (2002b) cita uma pesquisa realizada com professores suíços afirmando que o
isolamento social e a falta de senso de comunidade que geralmente estão presentes no
trabalho docente tornam os professores mais vulneráveis ao
burnout
. Segundo a autora, o
ensino é uma profissão solitária, uma vez que há uma tendência do professor a vincular suas
atividades ao atendimento de alunos, ficando à parte de atividades de afiliação, grupos e
engajamento social.
As conseqüências do
burnout
em professores não se manifestam somente no campo
pessoal-profissional, mas tamm se refletem sobre a organização escolar e na relação com os
alunos. Para Guglielmi e Tatrow (1998), o
burnout
afeta o ambiente educacional e interfere na
obtenção dos objetivos pedagógicos, o que acaba levando o professor a um processo de
alienação, apatia e desumanização, além de intenções de abandono da profissão.
Os autores acima citados realizaram um artigo de revisão crítica da literatura sobre a
relação entre estresse e
burnout
e suas repercussões na saúde dos professores. Encontraram
40 artigos no período entre 1974-1997. Relações entre estresse,
burnout
e efeitos adversos à
saúde são relatadas. Os autores pontuam a dificuldade para estabelecer o papel de algumas
variáveis, generalizar seu nexo causal, esclarecer qual sua direção (assumindo que ela existe),
mencionando também as já bem conhecidas limitações dos estudos de corte transversal neste
tema. No presente estudo, que tamm utiliza este tipo de desenho, as dificuldades apontadas
pelos autores citados são corroboradas, sem, no entanto, desconsiderar os achados obtidos,
entendendo-os como uma primeira e importante aproximação ao problema.
Com relação à avaliação da Síndrome de
Burnout,
embora exista um instrumento
específico para aferi-la em professores "
Educators Survey
-
Es
ou MBI-forma ED" (SCHWAB,
1986), basicamente igual ao MBI, apenas com a substituição da palavra "cliente" por "aluno"
(com o intuito de melhorar sua adaptação à população específica), optou-se por utilizar o MBI
proposto por Maslach e Jackson (1981) em versão brasileira feita por Tamayo, M.R. (2003)
que apresenta propriedades psicométricas robustas. Cabe acrescentar que os estudos com
professores (MASLACH, JACKSON, 1981/1986) têm demonstrado que a pontuação média
em cada uma das três escalas que come o MBI é mais alta que as obtidas em outras
48
profissões, como assistentes sociais, enfermeiros, policiais, entre outros.
Estudos sobre
burnout
devem ser incentivados e reconhecidos para que possam
subsidiar propostas de intervenção em Saúde mental do trabalho, no indivíduo e na
organização, buscando constituir novos aspectos que permeiem a cultura organizacional e
social (BENEVIDES-PEREIRA, 2002a).
2.4
HARDINESS
O CONCEITO DE PERSONALIDADE RESISTENTE
A primeira publicação citando o construto
hardiness
ocorreu no final da década de
1970, de autoria de Kobasa (1979) que realizou um estudo longitudinal em executivos por um
período de oito anos e encontrou dois grupos distintos que reagiram de maneiras diferentes
frente ao estresse causado pela mudança de emprego. Um grupo se apresentou mais
sintomático ante ao estresse, necessitando de assistência médica; o outro grupo não mostrou
nenhuma diferença nos sintomas durante este período, comparado com o início; pelo
contrário, apresentou-se de forma saudável e robusta. As pessoas desse último grupo foram
denominadas como portadoras de
hardy personality
, ou
hardiness
, personalidade resistente.
Este construto desenvolvido por Kobasa (1979) pode ser conceituado como um
conjunto de características de personalidade dispostas em três dimensões: a)
comprometimento, b) controle e c) desafio, que funcionam como uma fonte de resistência
diante dos acontecimentos estressantes (GUIMARÃES
et al
., 2006).
Maddi (2002) e Benevides-Pereira (2002b) assim descrevem as três dimensões do
hardiness:
a) Comprometimento - é uma tendência a se envolver com pessoas, coisas e contextos
ao invés de se manter alienado; é o envolvimento em tudo o que a pessoa faz;
b) Controle - exercer influência sobre o curso dos eventos da vida, ao invés de agir
com passividade e impotência; é possuir o controle da situação;
c) Desafio - perceber uma oportunidade de crescimento e aprendizado frente a
situações de mudança ou adversas, ao invés de se manter inseguro, evitando incertezas e
49
ameaças potenciais.
Nos últimos anos, a concepção de
hardiness
ou personalidade resistente ficou
conhecida como uma disposição de personalidade que aumenta o desempenho, a conduta
moral, força e saúde, atuando como um indicador negativo do estresse, ou seja, um indicador
positivo de saúde. Os mecanismos da personalidade resistente podem preservar a saúde,
aumentar o desempenho e promover mudanças na vida (MORENO-JIMÉNEZ; GARROSA;
GONZÁLEZ, 2000).
O conceito de
hardiness
ou personalidade resistente foi concebido tendo como
vertente teórica o existencialismo. Nesse sentido, Maddi (1988) afirma que em numerosas
ocasiões, as pessoas tendem a adotar posturas conservadoras, agarrando-se a experiências
passadas, em lugar de se permitirem mudanças. Já Benevides-Pereira (2002b, p. 54) coloca
que
hardiness
, a personalidade resistente ao estresse é “um termo que defini a capacidade de
algumas pessoas em interpretar os agentes estressores como um desafio que permite o
desenvolvimento de experiências que possibilitem o crescimento”.
O
hardiness
o pode ser entendido como um tro inerente e estático da
personalidade, mas como resultado da relação entre indivíduo e meio (MALLAR, 2002).
Advém de uma combinação de fatores, entre as predisposições do indivíduo e os componentes
ambientais.
Desde sua concepção, a personalidade resistente tem sido entendida como uma
qualidade capaz de diminuir a reação do indivíduo frente a determinados estímulos, e em
conseqüência, os transtornos associados. Esse efeito mediador entre estressor e enfermidade
ocorre através de diferentes vias (MADDI; KOBASA, 1984), relatadas a seguir:
1) O
hardiness
contribui para modificar as percepções acerca dos estímulos
estressantes, tornando-os mais amenos, com tendência de diminuição da resposta ao
estresse. As pessoas com alto
hardiness
o mais propensas a perceber os estímulos
estressantes como positivos e controláveis. Ainda é impossível determinar se a
personalidade resistente altera a percepção dos acontecimentos ou, se o estresse
produzido pelos acontecimentos torna o indivíduo com mais ou menos
hardiness
.
Existe consenso, no entanto, que indivíduos com alto
hardiness
possuem percepções
mais positivas diante de situações estressantes;
50
2) A personalidade resistente leva a um determinado tipo de
coping
(estratégia de
enfrentamento), denominado
coping
transformacional. Essa hipótese demonstra que
uma vez que o estímulo é percebido como estressante, as características da
personalidade resistente podem moderar seus efeitos facilitando estratégias de
coping
adaptativas e inibindo estratégias de
coping
pouco adaptativas. De acordo com essa
concepção, a pessoa com personalidade resistente faz uso do
coping
transformacional,
e assim percebe os estímulos potencialmente estressantes como oportunidades de
crescimento; como resultado desta percepção a pessoa os enfrenta de forma mais
otimista e ativa;
3) O
hardiness
pode repercutir nas estratégias de
coping
de forma indireta por meio de
sua influência e do apoio social. Os efeitos do
hardiness
nas estratégias de
coping
podem se estabelecer tanto diretamente quanto indiretamente, atras do apoio social.
O apoio social pode moderar os efeitos do
hardiness
e tem relação direta com as
dimensões de comprometimento e desafio, mas não com a dimensão controle;
4) A personalidade resistente favorece estilos de vida saudáveis que reduzem a
probabilidade de aparecimento de enfermidades. Beneficia a saúde por meio de estilos
de vida saudáveis. Desse ponto de vista, o
hardiness
influencia determinadas práticas
como o exercício e o descanso, que repercutem finalmente na saúde do indivíduo.
Peñacoba e Moreno (1998) revelam que numerosos autores relacionam o
hardiness
diretamente à saúde. Estudos demonstram que a personalidade resistente é um preditor
significativo de saúde e que pessoas com alto
hardiness
m uma percepção reduzida do
estresse e mencionam menos doenças relacionadas ao estresse (KOBASA, 1979).
Günther e Machado (2002) realizaram uma pesquisa sobre a ocorrência do construto
hardiness
no
PsicInfo
no período de 1974 a 2002, encontrando 1.206 artigos sobre o tema.
Constata-se que em nosso meio o
hardiness
ainda tem sido pouco pesquisado, segundoVarolli
(2005). Portanto, os estudos e pesquisas sobre o
hardiness
, principalmente no cenário
nacional e de acordo com a realidade vigente no país, devem ser ampliados, com o objetivo de
subsidiar possibilidades de intervenção e melhores condições na saúde laboral embasando
possíveis modificações necessárias e positivas no mundo do trabalho.
51
2.4.1
Hardiness
em professores
A realização de pesquisas e estudos sobre o
hardiness
no contexto escolar poderá ser
de grande valia na obtenção da melhoria na qualidade de vida dos professores e do ensino,
pois segundo Roger e Abalo (2004) este constructo é um moderador que reduz a
probabilidade de ocorrência do EO e da SB.
Para Guimarães
et al
. (2006) muitas pesquisas já comprovaram que as profissões
ligadas à Educação são altamente estressantes, ao se levar em conta as estruturas atuais das
escolas e a constante modernização do ensino. É possível que o desenvolvimento do
hardiness
em trabalhadores torne-se cada vez mais necessário, pois esta é uma característica
moderadora do estresse que auxilia na busca de suporte social, além de manter o desempenho.
o muitas as atribuições exigidas do professor para que desempenhe seu papel
profissional de modo satisfatório. Segundo Vasconcellos (1996), o professor precisa
desempenhar e possuir os seguintes domínios:
a) intelectual: ser capaz de refletir, não ser dogmático nem fechado, capaz de rever os
pontos de vista, demonstrar inteligência no trato com a realidade, apreender seu
movimento, ir além do senso comum;
b) ético: ter princípios, estabelecer parâmetros e ser coerente, revelar senso de justiça,
apresentar traços de firmeza de caráter, ter compromisso com o bem comum;
c) profissional: ser competente, ter domínio da matéria e da metodologia de trabalho,
empregar com segurança os conceitos e técnicas, ser interessado, demonstrar ânimo
no que faz, preparar muito bem suas aulas, estar atualizado;
d) humano: ser capaz de perceber e respeitar o outro como pessoa.
Cabe acrescentar que, os professores desta amostra, além de estarem afeitos às
competências acima elencadas para o exercício competente de seu papel profissional, devem
guiar-se também pelo Manual do Professor dos Colégios Militares que aponta outras, a seguir:
(BRASIL, 1997): a) constituir-se em exemplo de equilíbrio, sensatez, probidade, entusiasmo,
profissionalismo e justiça; b) aprimorar sua preparação intelectual profissional; c) possuir
nível intelectual adequado às funções que exerça; d) praticar diuturnamente o respeito à
52
pessoa humana; e) dedicar-se com zelo às atividades profissionais que lhe cabem; f) cultuar,
em todas as oportunidades, os princípios da hierarquia e disciplina e g) buscar objetividade e
maior rendimento no ensino.
Como pode se observar, são muitas as regras e recomendações que regulam a prática
diária dos professores de Colégio Militar. Parece fundamental, portanto, para o bom
desempenho da função, que os mesmos desenvolvam entre outras, as características do
hardiness
: comprometimento, controle e desafio, aumentando a possibilidade de existirem
professores saudáveis e capazes de transformar os agentes estressores em experiências
positivas, enriquecedoras e gratificantes.
Mallar (2002) considera que o desenvolvimento de estudos sobre o conceito de
hardiness
poderá acrescentar uma importante dimensão ao trabalho, na medida em que
permitirá avaliar dispositivos de enfrentamento do EO e de suas conseqüências.
53
3 A PESQUISA
54
3.1
LOCUS
DE PESQUISA
3.1.1 Breve histórico dos Colégios Militares
A idéia de criação dos Colégios Militares remonta ao ano de 1853, quando Caxias, que
a esta época já havia pacificado diversas rebeliões do país, então Senador do Império,
apresentou projeto de criação de uma escola destinada a despertar o gosto pelas armas, sob o
argumento que o Estado deveria cuidar da Educação dos filhos daqueles que morrerão ou se
inutilizarão no campo de batalha defendendo a independência e a honra nacional, as
instituições e os mais sagrados direitos (FIGUEIREDO; FONTES, 1958).
Nessa mesma época, o Exército sentia a necessidade de incluir em seu sistema de
ensino cursos preparatórios que antecedessem à entrada do aluno em escolas militares, a fim
de assegurar aos alunos matriculados na Escola Militar, preparo capaz de lhes permitir
enfrentar os estudos superiores de matemática e ciências (MOTTA, 1998).
Segundo Hayes (1991) não houve interesse do governo em criar o Colégio Militar
(CM), por conta do pouco caso com que o Imperador tratava as questões militares, porém,
incessantes pedidos vindos de chefes militares e manifestações políticas de apoio a esta
iniciativa, junto com o crescimento da importância do Exército no cenário nacional as a
Guerra do Paraguai, fizeram com que se tornasse realidade a existência do CM.
Algumas escolas preparatórias começaram a funcionar em meados 1850 a 1860,
aliando o caráter preparatório ao assistencial. Foi criado o curso da Escola Militar do Largo
do São Francisco que era antecedido por um ano de curso preparatório e tamm a Escola de
Aplicação da Praia Vermelha. Estas escolas atendiam filhos de militares, de modestos
funcionários, de pequenos comerciantes e de pequenos proprietários de terra (HAYES, 1991).
De acordo com Figueiredo e Fontes (1958), quando Tomás José Coelho de Almeida
assumiu o Ministério da Guerra atendendo a um antigo pedido dos militares, ele se tornou o
principal responsável pela resolução imperial de 09 de março de 1889, através do Decreto
Imperial n. 10.202, que criava o Colégio Militar da Corte e aprovava seu regulamento.
Inicialmente pensou-se em denominá-lo Colégio Militar de Pritaneu Militar, por conta das
influências européias e positivistas que se propagavam no Brasil no final do século XIX,
55
porém o Imperador considerou o título revolucionário, preferindo Imperial Colégio Militar.
Gil (2003) conta que em 1912, o Brasil já contava com três Colégios Militares: o do
Rio de Janeiro e o de Porto Alegre, criado pelo Decreto n. 9.397, de 28 de fevereiro de 1912,
e o de Barbacena, criado pelo Decreto n. 9.507, de 03 de abril de 1912, este último extinto em
1925. Seguiram-se o de Fortaleza (1919), o de Belo Horizonte (1955), Salvador (1957),
Curitiba (1958), Recife (1959), Manaus (1971), Brasília (1978), Campo Grande e Juiz de Fora
(1993) e Santa Maria (1994). Os Colégios Militares passaram a constituir um sistema a partir
de 07 de fevereiro de 1973, devido à criação da Diretoria de Ensino Preparatório e
Assistencial (DEPA).
3.1.2 Criação do Colégio Militar de Campo Grande
De acordo com o Plano Qualidade da Geso de Mato Grosso do Sul (PQG-MS), de
2006, o CMCG, foi criado pela Portaria Ministerial n. 324, de 29 de junho de 1993,
decorrente do convênio do estado do Mato Grosso do Sul, da Prefeitura Municipal de Campo
Grande, do Ministério da Educação e do Exército, sendo este subordinado à Diretoria de
Ensino Preparatório e Assistencial - DEPA e, vinculado administrativamente à 9ª Região
Militar 9ª RM.
As atividades iniciaram-se no dia 04 de fevereiro de 1995, quando foi realizada a aula
inaugural do CMCG, com seu funcionamento ainda na Avenida Afonso Pena, onde hoje
funciona o Museu da Força Expedicionária Brasileira (FEB). No dia 24 de janeiro de 1997
ocorreu a cerimônia de inauguração, organizada pelo Comando Militar do Oeste (CMO), das
atuais instalações do CMCG, situado no Bairro Santa Carmélia em Campo Grande, MS. No
dia 24 de janeiro de 1997, o então Ministro do Exército, General de Exército Zenildo de
Lucena, juntamente com o Ministro da Educação na época, Paulo Renato de Souza,
inauguram a atual instalação do CMCG.
De 1995 a 2005 se inscreveram nos concursos anuais para 5ª série do Ensino
Fundamental e 1ª série do Ensino Médio, cerca de 11.100 candidatos. Já concluíram o Ensino
Médio no CMCG, 968 jovens. Destes, 679 foram aprovados na Escola Preparatória de
Cadetes do Exército (EsPCEx), Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), Instituto Militar
de Engenharia (IME), Academia da Força Aérea (AFA) e inúmeras universidades públicas e
particulares pelo país (PQG-MS).
56
3.1.2.1Competências básicas
O CMCG é um Estabelecimento de Ensino (EE) subordinado à DEPA, que exerce a
função de comando da gestão escolar, incluindo o planejamento, a coordenação, o controle, a
supervisão, a condução da Educação básica e a avaliação do processo de ensino e
aprendizagem (R/69).
Segundo o Regimento Interno dos Colégios Militares - RI/CM, os Colégios Militares
identificados como participantes de um subsistema do Sistema de Ensino do Exército,
denominado Sistema Colégio Militar do Brasil (SCMB), funcionam pautando-se nos
princípios da legalidade, da impessoalidade, da moralidade e da publicidade, camaradagem,
englobados pelos valores, costumes e tradições do Exército Brasileiro (BRASIL, 2003c).
Existem 12 Colégios Militares no país que compõem o SCMB, situados em Manaus-
AM, Fortaleza-CE, Recife-PE, Salvador-BA, Rio de Janeiro-RJ, Juiz de Fora-MG, Belo
Horizonte-BH, Brasília-DF, Campo Grande-MS, Curitiba-PR, Porto Alegre-RS e Santa
Maria-RS. Esses colégios ministram o Ensino Fundamental e Médio, presencial e regular,
com caráter assistencial e preparatório (BRASIL, 2003c).
3.1.2.2 Finalidades
Segundo as Normas para Planejamento e Conduta do Ensino (NPCE), o Sistema de
Ensino nos Colégios Militares é um dos subsistemas do sistema de ensino do Exército. Tem
peculiaridades e características exclusivas que o identificam com o SCMB. O ensino nos
Colégios Militares compreende o Ensino Preparatório e Assistencial (BRASIL, 1999):
a) Ensino Preparatório: destina-se, prioritariamente, a preparar candidatos para o
ingresso na EsPCEx. Prepara também, candidatos ao IME e a outras escolas de
nível superior das Forças Armadas;
b) O Ensino Assistencial: compreende séries do Ensino Fundamental (5ª a 8ª série) e
as do Ensino Médio (1ª a 3ª). A Instrução Cívica e Militar é ministrada com os
objetivos de contribuir para o desenvolvimento dos atributos da área afetiva;
despertar vocações para a carreira militar, em especial no Exército; e permitir
enquadramento disciplinar e hierárquico, coerente com a proposta pedagógica.
57
Portanto, a finalidade do CMCG é preparar os candidatos para o ingresso nas Escolas
Militares, promover o ensino assistencial para os dependentes de militares do Exército e de
outras forças e ministrar o Ensino Fundamental e Médio a alunos de ambos os sexos,
capacitando-os para o acesso ao ensino superior. Nos aspectos relacionados ao ensino o
CMCG está subordinado a DEPA e quanto à formação militar está vinculado ao CMO e
outros de assessoramento do Exército (COLÉGIO MILITAR DE CAMPO GRANDE, 2006a).
3.1.2.3 Principais clientes
Os principais usuários do CMCG são seus alunos, que são considerados usuários
primários e os seus responsáveis, os usuários secundários. Os alunos estão distribuídos, por
origem, da seguinte maneira: Exército (643), Aeronáutica (59), Marinha (6), Civis (224),
Polícia Militar e Bombeiros (17), totalizando 949 alunos (COLÉGIO MILITAR DE CAMPO
GRANDE, 2006a).
3.1.2.4. Proposta pedagógica
O ensino nos colégios militares, segundo o R/69, é ministrado em consonância com a
legislação federal da Educação nacional e obedece às leis e aos regulamentos em vigor no
Exército, naquilo que lhes for cabível, em especial às normas e diretrizes do Departamento de
Ensino e Pesquisa - DEP, óro gestor da linha de ensino no Exército (BRASIL, 2002).
Ainda de acordo com R-69, a ação educacional desenvolvida nos Colégios Militares é
feita segundo valores, costumes e tradições do Exército Brasileiro e tem como metas gerais
em sua proposta pedagógica as seguintes missões:
a) permitir ao aluno desenvolver atitudes e incorporar valores familiares, sociais e
patrióticos que lhe assegurem um futuro de cidadão patriota, cônscio de seus
deveres, direitos e responsabilidades, qualquer que seja o campo profissional de sua
preferência;
b) propiciar ao aluno a busca e a pesquisa continuada de informações relevantes;
c) desenvolver no aluno a visão crítica dos fenômenos políticos, econômicos,
históricos, sociais e científico-tecnológicos, ensinando-os, pois, a aprender para a
58
vida e não mais, simplesmente para fazer provas;
d) preparar o aluno para refletir e compreender os fenômenos e não, meramente,
memori-los;
e) capacitar o aluno à absorção de pré-requisitos fundamentais ao prosseguimento dos
estudos acadêmicos e não de conhecimentos supérfluos que se encerram em si
mesmos;
f) estimular o aluno para a saudável prática da atividade física, buscando o seu
desenvolvimento físico e incentivando a prática habitual do esporte; e
g) despertar vocações para a carreira militar.
3.1.2.5. Organização geral e pormenorizada
O CMCG possui a seguinte organização geral, conforme o R/69: a) Direção de Ensino;
b) Subdireção de Ensino/Divisão de Ensino; c) Corpo de Alunos (CA); e d) Divisão
Administrativa (Div Adm) (BRASIL, 2002).
A Subdireção de Ensino/Divisão de Ensino, compreende a seguinte organização
pormenorizada, de acordo com o RI/CM (BRASIL, 2003b):
a) Subdiretor de Ensino/Chefe da Divio de Ensino (SDirEns/Ch Div Ens);
b) Seção Técnica de Ensino (STE): chefia; Subseção de Avaliação e Aprendizagem
(Sec AA); e Subseção de Planejamento e Pesquisa (Sec PPesq);
c) Seção Psicopedagógica (SPscPed): chefia; Subseção Psicotécnica (Sec PscTec); e
Subseção de Orientação Educacional (Sec OE);
d) Seções de Ensino (Sec Ens):
d.1) Seção de Ensino “A”: chefia; Subseção de Língua Portuguesa; Subseção de
Literatura em Língua Portuguesa; Subseção de Educação Artística;
d.2) Seção de Ensino “B: chefia; Subseção de Matemática; Subseção de Matemática
de Representação (Desenho/Descritiva); Subseção de Informática Educacional;
59
d.3) Seção de Ensino “C”: chefia; Subseção de Ciências Físicas e Biológicas;
Subseção de Biologia; Subseção de Física; Subseção de Química;
d.4) Seção de Ensino “D”: chefia; Subseção de Geografia; Subseção de História;
Subseção de Introdução à Filosofia e Sociologia e Ensino Religioso;
d.5) Seção de Ensino “E”: chefia; Subseção de Educação Física; Subseção de
Iniciação Desportiva; Subseção de capacitação Física;
d.6) Seção de Ensino “F”: chefia; Subseção de Inglês; e Subseção de Espanhol.
d.7) Seção de Cursos: chefia; Subseção do 3º ano/Pré-vestibular; Subseção de Cursos
Preparatórios;
e) Biblioteca;
f) Seção de Expediente; e
g) Seção de Meios Auxiliares.
3.1.2.6. Estrutura física
O CMCG possui uma área ocupada de 382.748,90 m² e área construída de 22.701,10
. Suas instalações constituem-se de:
a) instalações administrativas: 1 pavilhão de comando com 2 pavimentos, 1 pavilhão
de garagem, 1 pavilhão de pelotão de obras, 1 cabine de transformador de energia,
1 pavilhão do corpo da guarda, 1 pavilhão administrativo, 1 pavilhão que comporta
auditório, sala da banda de música e sala de musculação, 2 pavilhões de sala de aula
com 3 laboratórios (química, física e biologia), 30 salas de aula, 8 salas de idiomas,
1 biblioteca com acervo de 8.000 livros, 1 entre - pavilhões, corpo de alunos com
(com estrutura administrativa de 3 companhias de alunos), 1 pavilhão de enfermaria
escolar, 1 viveiro de mudas, 1 pavilhão da companhia de comando e serviços, 7
passarelas, 1 pavilhão do serviço de aprovisionamento com 1 cozinha industrial, 3
refeitórios, 1 câmara fria e depósito de víveres;
b) instalações esportivas: 1 ginásio coberto, 4 quadras poli esportivas, 1 piscina
60
infantil, 1 sala de musculação, 1 piscina semi-olímpica, 1 quadra de handebol, 1
quadra de peteca, 2 quadras de tênis nr. 1, 1 paredão de tênis, 1 campo de futebol
oficial, 1 sala de lutas, 1 pista de atletismo, 2 campos de futebol
society
;
c) outros: 1 área de chuveiros, 4 reservatórios d’água com caixas elevadas e 1 caixa
d’água subterrânea, 1 quiosque ecológico.
3.2. HIPÓTESES
A maior parte da amostra apresenta nível severo de Estresse Ocupacional.
A maior parte da amostra apresenta nível moderado de
Burnout
.
A maior parte da amostra apresenta alto
hardiness
(personalidade resistente).
Existem diferenças significativas nos níveis de Síndrome de
Burnout
e
hardiness
entre os
Professores Civis e Militares.
3.3. OBJETIVOS
3.3.1 Objetivo geral
Identificar a existência e níveis de Estresse Ocupacional, Síndrome de
Burnout
e
hardiness
entre os professores civis e militares do Colégio Militar de Campo
Grande.
3.3.2. Objetivos específicos
Caracterizar os aspectos sócio-demográfico e ocupacionais da amostra.
Identificar a possível ocorrência e os níveis de Estresse Ocupacional da amostra.
61
Identificar a possível ocorrência e os níveis da Síndrome de
Burnout
da amostra.
Verificar a presença e o nível de
hardiness
da amostra.
Relacionar os dados obtidos para Estresse Ocupacional, Síndrome de
Burnout
e
hardiness
.
62
4. CASUÍSTICA E MÉTODO
63
4.1. TIPO DE ESTUDO
Foi realizado um estudo exploratório-descritivo, de corte transversal.
4.2. PARTICIPANTES E AMOSTRA
O Colégio Militar de Campo Grande conta atualmente com 90 professores e todos
foram convidados a participar deste estudo.
Os professores civis são em número de 39 (43,3%) sendo 27 (69,2%) mulheres e 12
(30,8%) homens. Os professores militares são 51 (56,7%) sendo 16 (31,4%) mulheres e 35
(68,6%) homens.
Do total da população (N=90), 64 professores (71,1%) constituíram a amostra. Deste
total, 27 (42,2%) são professores civis sendo 16 (59,3%) mulheres e 11 (40,7%) homens. Os
professores militares são 37 (57,8%) sendo 12 (32,4%) mulheres e 25 (67,6%) homens.
4.3. RECURSOS HUMANOS E MATERIAIS
O presente estudo em sua fase de coleta de dados contou com os seguintes recursos:
a) Recursos materiais: a Instituição estudada responsabilizou-se pela impressão dos
instrumentos de pesquisa que foram utilizados;
b) Recursos humanos: a Instituição colocou à disposição da pesquisadora, toda a
equipe da Seção Psicopedagógica. Um psicólogo e uma pedagoga desta seção
foram treinados pela pesquisadora para auxiliar na aplicação dos instrumentos de
pesquisa, esclarecendo eventuais dúvidas dos respondentes. Os professores
responderam a pesquisa individualmente e recorriam à Seção Psicopedagógica para
eventuais questionamentos.
64
4.4. INSTRUMENTOS
Foram aplicados os seguintes instrumentos de pesquisa: a) a Escala de Estresse
Ocupacional (EEO), b) o
Maslach Burnout Inventory
(MBI
)
, c) o
Personal Views Survey
(PVS) e d) Questionário sócio-demográfico e ocupacional (QSDO), descritos a seguir:
a) Questionário sócio-demográfico e ocupacional (QSDO) (APÊNDICE A):
Elaborado especialmente para esse estudo, trata-se de um conjunto de perguntas
fechadas, de múltipla escolha ou de completar, que abrange diferentes esferas da vida do
professor: identificação, sexo, situação conjugal, idade, escolaridade, tempo de serviço, carga
horária e condições pessoais como sono, medicamentos que toma, entre outras.
b) Escala de Estresse Ocupacional (EEO)
A EEO foi criada pela
Marlin Company
e pelo Instituto Americano de Estresse, com o
objetivo de medir o nível de estresse no trabalho e compa-los com o resto da força de
trabalho americana. Foi traduzida e adaptada para uso no Brasil por Guimarães (2005) e
encontra-se em fase de validação, na qual será incluída a presente amostragem.
Esta escala possui 8 questões auto-aplicáveis. As respostas dos itens vão do 1 ao 5. A
resposta 1 corresponde a “nunca”, 2 corr esponde a “raramente”, 3 corresponde “às vezes”, 4
corresponde a “freqüentemente”, e a 5 corresponde “muito freqüentemente”, numa escala tipo
Likert.
Após a soma dos pontos, a EEO oferece uma interpretação dos resultados. Uma
pontuação total de 15 pontos significa que o nível de estresse não é significativo; de 16 a 20
pontos há “um baixo nível de estresse; de 21 a 25 pontos há “um nível moderado de
estresse”; de 26 a 30 pontos há “um nível severo de estresse ocupacionale de 31 a 40 pontos,
o nível de estresse épotencialmente perigoso”.
c) Inventário de
Burnout
de Maslach (MBI):
O MBI foi desenvolvido por Maslach e Jackson (1986) e utilizado para medir a
existência e os níveis da SB. No presente estudo, foi utilizado a versão validada por Tamayo,
M.R. (2003) para uso no Brasil, que contém 22 questões, auto-aplicáveis. Os resultados desta
validação foram considerados satisfatórios para uso em amostras semelhantes à desta
65
investigação. As questões são desenvolvidas em torno de três eixos: cansaço ou exauso
emocional (CE) com 9 itens, despersonalização (DE) com 5 itens e Realização pessoal (RP)
com 8 itens. As respostas dos itens vão de 0=nunca, 1=uma vez ao ano ou menos, 2= uma vez
ao mês ou menos, 3 = algumas vezes ao mês, 4= uma vez por semana, 5= algumas vezes por
semana e 6 = a todos os dias, numa escala tipo
Likert.
A pontuação total do questionário é o resultado da soma de todos os pontos das
freqüências respondidas nos três aspectos ou dimensões do construto; dimensão CE: itens 1,
2, 3, 6, 8, 13, 14, 16 e 20, com pontuação direta máxima de 54 pontos; dimensão DE: itens 5,
10, 11, 15 e 22, com pontuação direta máxima de 30 pontos e dimensão DRP: itens 4, 7, 9, 12,
17, 18, 19 e 21, cuja pontuação máxima direta pode chegar a 48 pontos.
d)
Personal Views Survey
(PVS):
Para avaliar o
hardiness
foi utilizado o PVS, desenvolvido por Kobasa, Maddi e Kahn
(1982). O PVS foi elaborado a partir de escalas já existentes e consta de 50 itens. As respostas
aos itens vão de 0 a 3 (sendo 0 = “totalmente falsoe 3 = “totalm ente verdadeiro”); os itens
avaliam ts dimensões: comprometimento, controle e desafio.
A Escala de Comprometimento (CP) está constituída por um total de 16 itens,
compreendendo as questões 1, 8, 11, 14, 17, 20, 23, 26, 29, 32, 38, 39, 41, 44, 47 e 50, sendo
que a questão 50 deve ser invertida e a pontuação máxima direta é de 48 pontos.
A Escala de Controle (CT) está constituída por 17 questões: 3, 4, 5, 7, 10, 13, 16, 19,
22, 25, 28, 31, 34, 35, 42, 45 e 48, sendo que a questão 28 deve ser invertida e a pontuação
máxima direta é de 51 pontos.
A Escala de Desafio (DS) está constituída por 17 questões: 2, 6, 9, 12, 15, 18, 21, 24,
27, 30, 33, 36, 37, 40, 43, 46 e 49, sendo que as questões 6 e 21 devem ser invertidas e a
pontuação máxima e direta é de 51 pontos.
A pontuação se obtém através de cada uma das escalas e/ou uma pontuação total para
referir-se à personalidade resistente ou
hardiness.
As pontuações altas em cada uma das
escalas e da globalidade do questionário indicam maior personalidade resistente e maior
comprometimento, controle e desafio, respectivamente.
Kobasa, Maddi e Kahn (1982) encontraram níveis de consistência interna para todas as
66
escalas de 0.90 e de 0.70 para cada uma das dimensões. A confiabilidade teste-reteste para o
questionário total foi de 0.60 no período de duas semanas. Moreno-Jiménez, Garrosa e
González (2000) informam que a validação espanhola do PVS demonstrou possuir índices
psicométricos semelhantes aos originais. Esta validação do PVS serviu de base para a
tradução e adaptação da versão para o português realizada por Mallar e Capio (2004),
utilizada neste estudo.
4.5. PROCEDIMENTOS E ASPECTOS ÉTICOS
Para a viabilidade dessa pesquisa foram seguidas todas as recomendações do Conselho
Federal de Psicologia (CFP), por meio da Resolução n. 016 de 20 de dezembro de 2000, pelo
Conselho Nacional de Saúde (CNS). Foram observadas tamm as normas estabelecidas pela
Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), com a Resolução n. 196, de 10 de
outubro de 1996. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade
Católica Dom Bosco (UCDB).
Após o consentimento do Comandante e Diretor de Ensino do CMCG e da assinatura
do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE B), a pesquisa foi realizada em
uma única etapa de aplicação, sendo definidos os seguintes passos:
a) todos os professores civis e militares foram avisados previamente em reunião da
participação voluntária;
b) todos os professores civis e militares do Colégio Militar foram convidados tamm
em reunião;
c) um psicólogo e uma pedagoga da Seção Psicopedagógica do Colégio Militar foram
treinados para auxiliar na aplicação dos instrumentos;
d) os instrumentos de pesquisa foram entregues individualmente aos participantes e
estes tomaram conhecimento e assinaram o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (APÊNDICE C), antes do início da aplicação da mesma;
e) os instrumentos aplicados foram respondidos de maneira anônima e numerados,
com o objetivo de proteger a identidade dos professores civis e militares. Somente a
pesquisadora conhecia os nomes dos respondentes, com o objetivo de proceder à
67
entrevista devolutiva de dados para os participantes que assim o desejassem. Ainda
no intuito de manter o anonimato da pesquisa, evitou-se que no Questionário sócio-
demográfico e ocupacional existissem perguntas que identificassem,
e.g.,
a seção de
ensino a que pertence determinado professor.
4.6. ANÁLISE E PROCESSAMENTO DOS DADOS
Para verificar a dependência das variáveis sócio-demográfico-ocupacionais na
ocorrência do EO e da SB foi utilizado o teste
qui-quadrado
com um nível de 5% de
significância.
Para o estudo da relação entre a SB e o
hardiness
, foi aplicado o teste ANOVA, com
objetivo de verificar se as pontuações do
hardiness
se diferenciam pelas classificações da SB.
Foi testada a distribuição dos dados do
hardiness
pelo teste de Kolmogorov-Smirnov. Para
aprofundamento do estudo da relação entre o
hardiness
e a SB, foi realizada uma Regressão
Linear Múltipla para verificar se as dimensões da SB podem determinar o
hardiness
.
68
5. RESULTADOS
69
5.1. CARACTERIZAÇÃO DOS ASPECTOS SÓCIO-DEMOGRÁFICOS E
OCUPACIONAIS DA AMOSTRA
A seguir, são apresentados os achados relativos aos aspectos sócio-demográficos e
ocupacionais da amostra de estudo. Na Tabela 1 apresentam-se as características sócio-
demográficas dos participantes: prevalece o sexo masculino (57,8%), idade entre 36 a 40 anos
(35,9%), os casados (65,6%) e aqueles que cursaram especialização (46,9%).
TABELA 1 -
Distribuição das freqüências e porcentagens das variáveis sócio-demográficas da
amostra
Categoria
n
%
Sexo
Masculino
37
57,8
Feminino
27
42,2
Total
64
100,0
Menor que 30 anos
10
15,6
Idade
De 31 a 35 anos
18
28,1
De 36 a 40 anos
23
35,9
Acima de 41 anos
13
20,3
Total
64
100,0
Escolaridade
Graduação
22
34,4
Especialização
30
46,9
Mestrado e Doutorado*
12
18,7
Total
64
100,0
Estado civil
Casado
42
65,6
Desacompanhado**
22
34,4
Total
64
100,0
*Os mestrados e doutorados citados nessa amostra referem-se à titulação acadêmica e não aos cursos
da EsAO (Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais) que equivale ao mestrado ou ECEME (Escola de
Comando e Estado Maior do Exército) que equivale ao doutorado.
** A classificação “desacompanhado” refere -se a viúvos, separados e solteiros.
70
A Tabela 2 mostra as caractesticas da amostra de estudo relacionadas ao trabalho. A
maioria é composta de professores militares (57,8%) com experiência de ensino de 6 a 10
anos (32,8%); metade da amostra leciona no Sistema Colégio Militar do Brasil - SCMB há
mais de 6 anos (50,0%) e mais especificamente, no CMCG há menos de 6 anos (54,7%).
Todos os professores da amostra (100%) possuem um regime de 40 horas/aula semanais e a
maior parte da amostra possui uma carga horária em sala de aula menor do que 10 horas/aula
(43,8%). A maioria dorme entre 6 a 8 horas/dia (79,7%).
TABELA 2 -
Distribuição das freqüências e porcentagens das variáveis ocupacionais da amostra
Descrição
n
%
Função
Professor civil
27
42,2
Professor militar
37
57,8
Total
64
100,0
Menos que 5 anos
17
26,6
Há quanto tempo
leciona
De 6 a 10 anos
21
32,8
De 11 anos a 15 anos
11
17,2
Acima de 16 anos
15
23,4
Total
64
100,0
Menos de 6 anos
32
50,0
Há quanto tempo
leciona no SCMB
Acima de 6 anos
32
50,0
Total
64
100,0
Menos de 6 anos
35
54,7
Há quanto tempo
leciona no CMCG
Acima de 6 anos
29
45,3
Total
64
100,0
Abaixo de 10 h/a
28
43,7
Carga horária em
sala de aula
De 11 a 15 h/a
25
39,1
Acima de 16 h/a
11
17,2
Total
64
100,0
De 3 a 5 h
13
20,3
Quantas horas
dorme por dia
De 6 a 8 h
51
79,7
Total
64
100,0
71
5.2. APRESENTÃO DOS RESULTADOS RELATIVOS AO ESTRESSE
OCUPACIONAL
o foi possível testar a dependência das varveis sócio-demográfico e ocupacionais
na ocorrência do EO (testes
qui-quadrado
com 5% de significância), dada a existência de
muitas classificações de EO. Portanto, quanto ao EO, somente foi possível o cálculo da
freqüência com o qual o mesmo se manifesta na amostra. De acordo com a Tabela 3, a média
das pontuações do EO foi de 23,3 (±2,9DP). A maior parte da amostra (68,8%) apresentou
nível moderado de EO.
TABELA 3 -
Distribuição da média, desvio-padrão, freqüência e nível de Estresse Ocupacional da
amostra, segundo a classificação.
Classificação
Dimensão
Média
(±DP)
Baixo
Moderado
Severo
Perigoso
Estresse
23,3 (
±2,9)
7
(10,9%)
44
(68,8%)
12
(18,7%)
1
(1,6%)
72
5.3. APRESENTÃO DOS RESULTADOS DA SÍNDROME DE
BURNOUT
A seguir será apresentada a caracterização da amostra em relação à SB. Para saber se
existe dependência das variáveis sócio-ocupacionais na ocorrência da SB foi utilizado o teste
qui-quadrado
(p=0,05).
A classificação da SB se deu de acordo com os parâmetros (média e desvio-padrão)
obtidos na amostra. Calculou-se um parâmetro que dividisse teoricamente os valores em ts
classificações: “Baixo” (33,3% dos valores mais baixos), “Moderado” (33,3% dos valores
centrais) e “Alto” (33,3% dos valores superiores).
Como se observa na Tabela 4, a amostra como um todo apresentou um baixo nível de
Cansaço Emocional (42,2%), Despersonalização (37,5%), Diminuição da realização pessoal
(35,9%), e Síndrome de
Burnout
(40,7%).
TABELA 4 -
Distribuição das médias, desvios-padrão, freqüências e nível de Síndrome de
Burnout
da amostra.
Classificação
Dimensões
Média
(±DP)
Baixo
Moderado
Severo
Cansaço Emocional
22,6
(±6,9)
27
(42,2%)
12
(18,8%)
25
(39,0%)
Despersonalização
13,7
(±7,2)
24
(37,5%)
19
(29,7%)
21
(32,8%)
Diminuição da realização pessoal
24,5
(±5,6)
23
(35,9%)
21
(32,8%)
20
(31,3%)
Síndrome de
Burnout
60,7
(±15,7)
26
(40,7%)
18
(28,1%)
20
(31,3%)
As variáveis ocupacionais que influenciaram a Síndrome de
Burnout
e suas dimensões
(através do teste
qui-quadrado
) foram: a)
Função,
no Cansaço Emocional, na
Despersonalização, na Diminuição da realização pessoal e na Síndrome de
Burnout,
b)
Tempo que leciona
, na Síndrome de
Burnout
; c)
Carga Semanal,
na Despersonalização e, d)
Carga horária em sala de aula
na Diminuição da realização pessoal.
De acordo com a Tabela 5, a existência do “Cansaço Emocional” está associada à
73
função (p=0.01). Os professores civis apresentam menor “Cansaço Emocionalque os
militares.
TABELA 5 -
Relação entre a categoria “Funçãoe o “Canso Emocional
Cansaço Emocional
Função
Baixo
Médio
Alto
p-valor
Professor civil
63,0
14,8
22,2
Professor militar
27,0
21,6
51,4
0,01
A Tabela 6 mostra que a “Função” também contribui para a “Despersonalização”, com
nível de dependência significativa (p=0.03). Os professores civis apresentam em sua maioria
Baixo nível de “Despersonalização” (55,6%), e nquanto os militares apresentam “Alto
(43,2%).
TABELA 6 -
Relação entre a categoria “Funçãoe a “Despersonalização”
Despersonalização
Função
Baixo
Médio
Alto
p-valor
Professor civil
55,6
25,9
18,5
Professor militar
24,3
32,4
43,2
0,03
A Tabela 7 mostra que a “Função” contribui para a “Diminuição da realização
pessoal” (DRP), encontrando-se dependência significativa (p=0.01). Os professores civis
apresentaram “Média” DRP (51,9%), enquanto os militares “Baixa” (48,6%).
TABELA 7 -
Relação entre a categoria “Função” e a “Diminuição da realização pessoal”
Diminuição da realização pessoal
Função
Baixo
Médio
Alto
p-valor
Professor civil
18,5
51,9
29,6
Professor militar
48,6
18,9
32,5
0,01
74
A Tabela 8 mostra que existe dependência significativa entre a “Função exe rcida” e a
SB. (p= 0,03). Os professores civis (55,6%) apresentaram um “Baixo” nível de SB, enquanto
os militares (43,3%) apresentaram “Alto”.
TABELA 8 -
Relação entre a categoria “Funçãoe androme de
Burnout
ndrome de
Burnout
Função
Baixo
Médio
Alto
p-valor
Professor civil
55,6
29,6
14,8
Professor militar
29,7
27,0
43,3
0,03
A Tabela 9 mostra que a relação entre o “Tempo que lecionae a SB
foi significativa
(p=0,02). Participantes que lecionam entre 6 e 10 anos (47,6%) apresentaram um “Alto” nível
de
burnout.
Já os participantes com tempo de trabalho entre 11 a 15 anos apresentaram
“Baixo” nível de SB (81,8%).
TABELA 9 -
Relação entre a categoria “Tempo que leciona” com a Síndrome de
Burnout
ndrome de
Burnout
Tempo que leciona
Baixo
Médio
Alto
p-valor
Menos que 5 anos
29,4
35,3
35,3
De 6 a 10 anos
28,6
23,8
47,6
De 11 a 15 anos
81,8
-
18,2
Acima de 16 anos
40,0
46,7
13,3
0,02
De acordo com a tabela 10, a seguir, que mostra que houve dependência significativa a
entre a “Carga horária semanal em sala de aula” e a “Despersonalização” (p=0,04). O
participantes que trabalham 20 horas por semana e sala de aula, apresentam uma “Baixa”
“Despersonalização” (85,7%), enquanto as que trabalham 40 horas se concentraram em
“Médio” (40%), isso mostra que as trabalh am mais apresentam maior nível de
“Despersonalização”. Pode -se observar, no entanto, que pessoas que trabalham em “outros
horários” apresentaram uma “Despersonalização” mais “Alta” (36,4%).
75
TABELA 10 -
Relação entre a “Carga horária em sala de aula” e a “Despersonalização”
Diminuição da realização pessoal
Carga horária em sala de aula
Baixo
Médio
Alto
p-valor
20 hora/aula
85,7
-
14,3
40 hora/aula
25,7
40,0
34,3
Outros horários
40,9
20,7
36,4
0,04
De acordo com a Tabela 11 existe dependência significativa entre a “Carga horária em
sala de aulae a “Diminuição da realização pessoal” (p=0,01). Entre 11 a 15 h/a foram
concentradas na classificação “Alto” (48%).
TABELA 11 -
Relação entre a “Carga horária em sala de aula” e a “Diminuição da realização
pessoal
Diminuição da realização pessoal
Carga horária em sala de aula
Baixo
Médio
Alto
p-valor
Abaixo de 10 h/a
50,0
21,4
28,6
De 11 a 15 h/a
12,0
40,0
48,0
Acima de 16 h/a
54,5
45,5
-
0,01
5.4. APRESENTÃO DOS RESULTADOS DO
HARDINESS
A seguir será apresentada a caracterização da amostra em relação ao
hardiness
e suas
dimensões. A média dos valores obtidos pela amostra foi utilizada como parâmetro para
determinar a existência ou não de
hardiness.
A Tabela 12 mostra que dos 64 participantes, 34 (53,1%) apresentaram
hardiness
.
76
TABELA 12 -
Distribuição das médias, desvios-padrão, freqüências e nível de
hardiness
da amostra.
Classificão
Dimensões
Média (± DP)
Sim
Não
Comprometimento
17,2 (±5,2)
30
(46,9%)
34
(53,1%)
Controle
22,4 (±3,5)
34
(53,1%)
30
(46,9%)
Desafio
26,5 (±6,2)
32
(50,0%)
32
(50,0%)
Hardiness
66,0 (±11,7)
34
(53,1%)
30
(46,9%)
Para verificar a relação das variáveis sócio-demográficas na ocorrência do
hardiness
foi utilizado o teste
qui-quadrado
com 5% de significância A Tabela 13 mostra que a única
variável que apresentou dependência significativa com o
hardiness
foi a “Escolaridade”
(p
<0,01)
Os participantes que mais apresentaram
hardiness
foram os que possuem um nível de
escolaridade entre Mestrado e Doutorado.
TABELA 13 -
Relação entre a categoria “escolaridade” e o
hardiness
Hardiness
Escolaridade
Sim
Não
p-valor
Graduação
50,0
50,0
Especialização
40,0
60,0
Entre Mestrado e Doutorado
91,7
8,3
< 0,01
77
5.5. RELAÇÃO ENTRE
HARDINESS
E SÍNDROME DE
BURNOUT
Para caracterizar a possível relação entre a SB e o
hardiness
, foi utilizado o teste
ANOVA. A Tabela 14 demonstra se as pontuações do
hardiness
se diferenciam, segundo as
classificações da SB. A distribuição dos dados do
hardiness
foi testada através do teste de
Kolmogorov-Smirnov, que mostrou haver normalidade dos mesmos.
TABELA 14 -
Relação entre SB e
hardiness
(ANOVA)
ndrome de
Burnout
(%)
Descrição
Baixo
Médio
Alto
p-valor
Hardiness
64,0
65,9
68,7
0,39
Para aprofundamento do estudo da relação entre o
hardiness
e a SB
,
foi realizada uma
regressão linear múltipla* para identificar se as dimensões da SB podem determinar o
hardiness
. A regressão obtida foi:
Hardiness
= 59,4+0,509 Cansaço Emocional+0,144 Despersonalização-0,281 DRP
Como pode se observar na Tabela 15, não houve diferença entre as médias de
pontuação das classificações da SB, assim sendo,
o
hardiness
não contribui para a
ocorrência da SB
.
TABELA 15 -
Análise da regressão entre as dimensões da SB e o
hardiness
Descrição
Valor
p-valor
0,06
R
2
0,07
__________________________________________________________________________________
* Modelo de Regreso Linear Múltipla -
stepwise backward
em que todos os preditores são
incluídos de uma só vez na equação, e depois são retirados, um a um, até que os melhores sejam
identificados.
78
Como se pode observar na Tabela 16, não existe significância na regressão, portanto, a
SB
o influencia o
hardiness.
TABELA 16 -
Análise dos coeficientes das variáveis da SB na regressão
Variável
Coeficiente
Há diferença significativa de zero?
(p-valor)
Cansaço Emocional
0,509
o 0,07
Despersonalização
0,144
o 0,60
Diminuição da realização pessoal
- 0,281
o 0,29
A Tabela 17 mostra também que não houve nenhuma dimensão do
Burnout
que se
diferenciou significativamente de 0 (zero).
TABELA 17 -
Análise da Regressão das dimenes da SB diferindo significativamente de 0 (zero).
Descrição
Valor
p-valor
0,02
R
2
0,10
A seguir foi realizada outra análise de regressão, para saber se as dimensões do
hardiness
podem determinar a SB. A Regressão obtida foi:
Burnout
= 41,8 + 1,19 Comprometimento + 0,152 Controle - 0,187 Desafio
79
De acordo com a Tabela 18, houve significância na Regressão, ou seja, as dimensões
do
hardiness
influenciam (determinam) o
burnout
. O coeficiente de determinação (R2), no
entanto, foi baixo (0,10). Desta forma, as dimensões do
hardiness
determinam 10% da
variação do
Burnout
.
A análise dos coeficientes de cada dimensão mostra que a dimensão
Comprometimento é a única que influencia a SB; apresenta p-valor menor que 5% e se
diferencia significativamente de zero. O Comprometimento se relaciona positivamente com a
SB, ou seja, quanto maior a sensação ou percepção de comprometimento maior o nível de
burnout
.
TABELA 18 - Análise dos coeficientes das variáveis do
hardiness
na Regressão
Variável
Coeficiente
Há diferença significativa de zero?
(p-valor)
Comprometimento
1,19
Sim < 0,01
Controle
0,15
o 0,82
Desafio
- 0,18
o 0,63
80
6. DISCUSSÃO
81
Os achados obtidos neste estudo mostram que: dos 90 (N=90) professores civis e
militares que compõem o quadro docente do CMCG, 64 (71,1%) professores participaram da
presente investigação, o que aponta para a representatividade da amostra e a possibilidade de
generalização dos achados obtidos, para a população de professores de Colégio Militar em
nosso país. Ressalte-se que esta assertiva se reporta às características relativas à estruturação
da organização militar, que são homogêneas e claramente descritas, ressaltando-se, no
entanto, que acredita-se que possam haver diferenças quanto à dinâmica de funcionamento
dos diferentes colégios militares do território nacional, por serem constitdos por diferentes
pessoas.
Muitos achados obtidos não podem ser corroborados dada a inexistência de estudos
nacionais e internacionais que contemplem a um só tempo, amostra (em parte) composta por
professores que também são militares ou professores civis que trabalhem em colégios
militares.
A amostra como um todo (civis e militares) compôs-se na maioria por pessoas do sexo
masculino (57,8%). A maioria dos professores militares são homens (67,6%) e estes achados
corroboram as assertivas de Leiter e Robichaud (1997), que referem a predominância do sexo
masculino em atividades relacionadas às Forças Armadas. Cabe ressaltar que a proporção de
professores do sexo masculino vem aumentando no ensino médio em relação ao pré-escolar,
segundo Delcor
et al
. (2004).
Por outro lado, a maior parte dos professores civis são mulheres (59,3%). Este achado
confirma a afirmação de Mallar (2002) e Mallar e Capitão (2004) que, a situação do
Magistério, parece estar historicamente mais identificada com a figura feminina. Mallar e
Capitão (2004) citam ainda uma pesquisa cuja amostra era composta de 89,3% de professores
do sexo feminino. Em concordância, Reis (2006) encontrou uma amostra de 94,1%
professores do sexo feminino em pesquisa realizada em Vitória da Conquista, BA.
A faixa etária predominante da amostra situou-se entre 36 e 40 anos (35,9%), seguido
da faixa etária de 31 a 35 anos (28,1%), e de forma concordante com a amostra pesquisada
por Mallar (2002), fica caracterizado um grupo de professores jovens.
A escolaridade mínima encontrada no presente estudo foi curso superior completo. A
maior parte dos participantes (46,9%) refere ter cursado Especialização. Mallar (2002) e Reis
(2006), em estudos semelhantes estudaram amostras que se caracterizaram respectivamente
82
por ter 8,9% e 32,5% professores com curso superior. Observa-se, portanto que os professores
que participaram desta investigação, têm uma escolaridade superior aos demais estudados, nas
citadas pesquisas.
Quanto ao estado civil predominante da amostra total a maioria (65,6%) é composta
por casados. Com relação a experiência profissional constatou-se que: metade dos
entrevistados (50,0%) possui mais de 6 anos de experiência em Colégios Militares e que
apenas (45,3%) leciona há mais de 6 anos no local da pesquisa. O CMCG possui apenas 13
anos de existência e a rotatividade de profissionais é constante por conta das transferências de
pessoal, militares e civis, sendo que estes últimos são funcionários públicos federais e têm
direito a transferências para qualquer órgão de ensino do Exército Brasileiro.
Todos os professores que participaram da pesquisa (100%) possuem um regime de 40
horas semanais, em regime de dedicação exclusiva. Do total da amostra, a maior parte
(43,8%) trabalha menos de 10 horas semanais em sala de aula, seguido de (39,1%) de
professores com carga horária de 11 a 15 horas semanais. Carlotto (2002b) estudou
professores universitários e constatou que a maioria trabalha entre 20 a 40 horas semanais em
sala de aula. Dados da Associação dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo
(APEOESP, 2003) demonstraram que no Brasil as jornadas de trabalho dos professores
situam-se em torno de 45 horas/aula semanais. Outro estudo realizado por Reis (2006) com
professores de uma rede municipal de ensino demonstra que a maioria queixa-se de possuir
carga horária igual ou superior a 35 horas/aula semanais, referindo que este é um dos motivos
pela importante prevalência de queixas de cansaço mental e nervosismo.
C
omo se pode
constatar, a carga horária semanal de trabalho em sala de aula dos professores do CMCG é
muito menor do que a encontrada em outros estudos, no entanto, cabe destacar algumas
especificidades relativas a esta amostra de estudo: no caso dos professore militares, os
mesmos cumprem em paralelo as obrigações relativas a essa categoria: serviços, escalas de
representações, chamadas fora do horário de expediente diurno de trabalho, entre outras
atividades, o que certamente implica em uma maior carga de trabalho semanal, somando-se o
tempo extra-classe utilizado para a preparação de aulas e atividades, reuniões e atendimento à
alunos. A questão da carga horária relativa às atividade extra-classe também vale para os
professores civis.
No presente estudo, a maioria dos professores entrevistados refere dormir entre 6 a 8
horas por dia (79,7%). Segundo Belloc e Breslow (1972), um dos hábitos saudáveis de vida é
83
dormir entre 7 a 8 horas-dia. Não foram encontrados dados sobre a prevalência de transtornos
do sono.
A amostra de estudo revelou ter um nível “moder ado” de EO (68,8%), não se
confirmando uma das hipóteses de estudo, que supunha um nível “severo”. Este resultado, no
entanto, não deve ser subestimado, pois um nível moderado de estresse é igualmente
preocupante. Segundo a Escala de Estresse Ocupacional - EEO, a presença de um nível
moderado de EO revela que “alguns aspectos sobre o trabalho podem ser consideravelmente
estressantes, mas provavelmente não muito mais do que o enfrentado pela maioria das
pessoas.
Quanto ao nível severo de estresse apresentado por 18,7% da amostra, o mesmo não
pode ser desconsiderado. A EEO pontua que, embora a pessoa consiga enfrentar as situações
estressantes, às vezes, sua vida no trabalho pode ser dicil.
Recomenda-se que a pessoa
verifique se o trabalho atual é o trabalho adequado para a mesma. Em caso negativo, verificar
se a intensidade e os tempos para a execução deste trabalho estão adequados. Na EEO,
recomenda-se que os trabalhadores com este nível de estresse, experimentem algum tipo de
psicoterapia de apoio.
Cabe ressaltar que, a duração com a qual se experimentam situações de
desequilibro, eleva a produção de hormônios de estresse que, por sua vez, pode desencadear
processos de adoecimento físico e mental (ARAÚJO; GRAÇA; ARAÚJO, 2003).
Para Beehr (1999) o núcleo de uma experiência de EO é a relação presumida entre as
características do trabalho ou da organização e a saúde do trabalhador. Reinhold (1996)
afirma que a suscetibilidade do professor a uma reação de estresse ou
burnout
depende da
freqüência e da intensidade dos estressores, da avaliação cognitiva e emocional frente a um
evento estressor, e da maneira que a pessoa lida com o estresse. Portanto, a subjetividade está
intrinsecamente ligada ao Estresse Ocupacional, pois o que é considerado um evento estressor
para uma pessoa, pode não ser para outra.
A maior parte dos entrevistados apresentou baixo nível de Cansaço Emocional
(42,2%), concordante com os dados nacionais para professores (27 estados) obtidos por Codo
e Menezes (2000) que encontraram 46,4%. Neste estudo obteve-se baixa Despersonalização
para a maioria dos professores estudados (37,5%) corroborando os dados de Codo e Menezes
(2000) que encontraram 71,6% para 27 estados da federação. Diferentemente de Codo e
84
Menezes (2000) que obtiveram uma alta Diminuição da realização pessoal (37,4%), neste
estudo houve a predominância de um nível baixo (35,9%).
Obteve-se um baixo nível de Síndrome de
Burnout
(40,7%) entre a maioria dos
professores do CMCG. Entretanto, (31,3%) da amostra possui nível severo de SB, apesar de
o ser o mais representativo, esse índice revela dados preocupantes de uma boa parte da
amostra. Este achado não é passível de comparações com o estudo de Codo e Menezes
(2000), pois os autores não estabelecem especificamente o nível de
burnout
para o cargo de
professor. Os resultados obtidos se diferenciam marcadamente daqueles fornecidos por
Ferenhof e Ferenhof (2001) em um estudo realizado com docentes: 98,5% de Canso
Emocional, 100,0% de Despersonalização e 90,2% de Diminuição da realização pessoal.
Codo e Menezes (2000) apresentam dados obtidos para o estado de Mato Grosso do
Sul para diferentes cargos ligados à Educação (desde diretor até profissionais de faxina,
incluindo professores), não pontuando especificamente os índices obtidos para a categoria de
professores. Esses autores apresentaram o seguinte resultado: (41,1%) dos profissionais de
educação obtiverem nível moderado de Canso Emocional. Nesta investigação, o Canso
Emocional apresenta-se em nível baixo (42,2%), não se confirmando o achado dos autores.
Portanto, os professores do CMCG apresentam menor nível de EO do que os trabalhadores da
Educação do Estado.
Neste estudo, obteve-se uma baixa Despersonalização (DE) 37,5%, contra 68,8% dos
autores acima citados e tamm uma baixa Diminuição da realização pessoal (DRP) para
ambos os estudos: neste (37,5%) e no outro (68,6%). Com exceção do nível evidenciado na
dimensão CE, os demais corroboram os achados de Codo e Menezes (2000) que, no entanto,
devem ser vistos com cautela, pelos já citados motivos. Existe, portanto concordância dos
achados quanto a uma baixa DE e uma DRP, no entanto, a freqüência encontrada é maior para
o estado de Mato Grosso do Sul. Este resultado pode ser devido à característica desta amostra,
composta por professores militares e civis, na qual os militares apresentam piores resultados,
tema que será discutido na seqüência.
Os achados desta investigação não confirmam uma das hipóteses desta investigação,
de que a maior parte da amostra possui nível moderado de
burnout,
o corroborando os
dados da literatura, que afirmam que o
burnout
tem sido encontrado em níveis mais elevados
em professores, do que em outros grupos ocupacionais, sendo o grupo mais exposto ao
desenvolvimento desta síndrome (REIS, 2006). Por outro lado, Codo e Menezes (2000, p. 33)
85
acrescentam que “ os valores associados a um nível moderado de sofrimento em
burnout,
que
compõem a escala de Maslach para cada um dos fatores, são difíceis de interpretar
recomendando que sejam interpretados principalmente, os valores que definem, sem dúvida, a
síndrome.
Os professores civis apresentaram baixo CE (63,0%), quando comparados aos
professores militares que apresentaram alto CE (51,4%). Cabe acrescentar que, no dia-a-dia
escolar do Colégio Militar há diferenças significativas nas atribuições dos professores
militares. Portanto, este resultado pode estar associado ao fato de que os professores militares
m mais atribuições funcionais do que os professores civis, pela própria natureza da vida
militar. É possível que, ainda que os participantes da amostra considerem que o desafio
constante seja um elemento positivo em seu trabalho, a ausência de reconhecimento e apoio
para assumi-lo pode contribuir para o esgotamento. O CE se diferencia do cansaço, por ser o
resultado de uma exposição constante a uma contradição aparentemente sem saída e no caso
dos militares, possivelmente, o conflito entre os papéis de professor e militar. Para Codo e
Menezes (2000) a própria identidade, está “encalacrada” entre dois pólos ig ualmente
decisivos. O CE mantém o conflito, até quando o professor agüentar e é um preditor da DE.
Obteve-se também uma dependência significativa entre ser professor civil ou militar
com a dimensão Despersonalização
,
sendo que a maioria dos professores militares apresenta a
classificação “alto” (43,2%) e os civis, “baixo” (55,6%). É possível que a Despersonalização
seja uma tentativa de resolver o impasse entre ser militar e professor, pela eliminação
psicológica de um dos lados. Deixando de considerar os alunos como alunos, o professor
militar não estará em conflito aula as aula, encontrando assim uma “saída”. A DE é a
“eliminação simbólica do aluno”. A atividade do professor é mediada pelo afeto, assim, ele
precisa ‘esfriar’ essa relação para evitar a a nsiedade. Cada aula, sob essa perspectiva, é uma
verdadeira batalha interna que o professor trava consigo mesmo. Para isso, se prepara; entra,
dá aula e sai, o mais rápido possível “para não ser pego no corredor”, para não entrar em
contato com o lado mais humanizado dessa relação.
A dimensão Diminuição da realização pessoal (DRP) da SB apresenta dependência
significativa com o fato de o professor ser civil ou militar. Os professores civis apresentam
média DRP (51,9%) e os militares, baixa (48,6%). Esta é a única dimensão da síndrome de
burnout
em que os professores militares apresentam baixo índice, neste caso, um achado
positivo que demonstra que os mesmos encontram realização com seu ofício. É possível que
86
este resultado se explique pela conjunção de “l emas” da vida militar e da de professor, sendo
este ofício encarado pelos mesmos como uma dupla missão. O baixo envolvimento ou a
sensação de DRP é a eliminação simbólica do professor. Este é o início do processo de
burnout.
Embora a pontuação média global de
burnout
nessa investigação não tenha atingido
um valor alto, alguns índices das dimensões da síndrome apontaram índices altos, sugerindo
que pode haver um processo de SB em curso, em concordância com Carlotto (2002b), até
mesmo porque (31,3%) do total da amostra apresentou nível severo de SB, sendo este um
resultado bastante significativo.
A hipótese de existência de diferenças significativas nos níveis de SB entre os
professores civis e militares foi confirmada. A maioria dos professores civis apresentou baixo
nível de Síndrome de
Burnout
(55,6%) enquanto os professores militares apresentaram alto
nível de Síndrome de
Burnout
(43,3%). Estes achados eram esperados, visto os resultados até
aqui discutidos. Cabe acrescentar que, para além da função docente, os professores militares
cumprem as seguintes funções, que certamente contribuem para uma sobrecarga qualitativa e
quantitativa: realizar sindicâncias, processos de averiguação de material permanente e
descarga de materiais da instituição, “tirar servi ço”, o que significa ficar 24 horas armado com
pistola e faca cuidando da instituição (com uma equipe de sargentos, cabos e soldados),
participar de representações em eventos em que o colégio é convidado, receber e cumprir
ordens de superiores com eventos indiretamente ligados à função pedagógica, realizar
treinamento físico militar (TFM) obrigatoriamente todos os dias, o teste físico militar (TAF),
trimestralmente e o teste de aptidão de tiro (TAT), anualmente.
Os professores (civis e militares) que lecionam entre 6 a 10 anos apresentaram alto
nível de
burnout
(47,6%), seguidos dos que lecionam há menos de 5 anos
(35,3%). Aqueles
que lecionam há mais de 11 anos apresentaram em sua maioria baixo
burnout
e nenhum
professor que leciona há mais de 16 anos apresentou alto
burnout
(0%). Estes achados estão
em concordância com os de vários autores. Reis (2006) comenta que, a experiência
acumulada na vida profissional possibilita múltiplas alternativas para lidar com situações de
risco. Tamm Chernis (1980
apud
REIS, 2006) observou que à medida que os anos
avançam, o professor ganha estabilidade e segurança, mostrando menor vulnerabilidade à
exaustão emocional. Friedman (1991) identificou que quanto maior a experiência profissional
do docente, menor nível de
burnout
. Correia (1997
apud
CARLOTTO; CÂMARA, 2004) diz
87
que quanto maior a experiência profissional, menor são os níveis de
burnout.
Ainda em
concordância, Carlotto (2002a) acrescenta que professores com menos experiência
apresentam expectativas irrealistas em relação à profissão e Yagil (1998) apresenta evidências
que os professores mais jovens experimentam níveis superiores de estresse, canso
emocional e fadiga. Não foram obtidas diferenças significativas entre civis e militares.
Obteve-se dependência significativa entre a Carga horária semanal em sala de aula e a
Diminuição da realização pessoal. Os professores (civis e militares) com carga de aula de 11 a
15 h/a semanais foram os que mais apresentaram DRP (48%). Maslach e Leiter (1999)
apontam para a relação entre carga de trabalho e desgaste físico e mental, sendo os mais
acometidos, os que têm carga horária maior. Não foram obtidas diferenças significativas entre
professores civis e militares.
Do total de participantes, (53,1%) possui
hardiness
, confirmando a hipótese que a
maior parte da amostra apresenta alto
hardiness.
Diferentemente,
Mallar (2002) encontrou
somente 8,9% dos professores apresentando personalidade resistente. É possível que os
critérios de seleção utilizados pela instituição CMCG, privilegiem professores com esta
característica, somando-se ao fato de parte da amostra ser composta por militares. Não foram
obtidas diferenças estatísticamente significativas para militares e civis. Neder e Pereira (2005)
referem-se ao
hardiness
como um estilo resistente de personalidade que, interagindo com
apoios sociais, desempenha uma função protetora diante da possibilidade de adoecimento
desses profissionais face ao estresse ao qual se expõem. Neste sentido, Pierce e Molloy (1990)
encontraram pontuações baixas de
hardiness
em professores com alto nível de
burnout
.
Gentry e Kobasa (1984) complementam dizendo que o
hardiness
provoca uma menor
ativação de respostas de estresse. Parece que esta característica favorece (modera) os
enfrentamentos necessários, por meio de uma resposta inata de avaliar e enfrentar o estressor
de forma efetiva, transformando as adversidades em experiências positivas e desafiadoras
através de mecanismos de enfrentamento de adaptação.
A maior parte de professores (53,1%) não apresentou a dimensão Comprometimento
do
hardiness
, ou seja, a maioria prefere se isolar e se manter alienado do que se envolver com
pessoas, coisas e contextos. Moreno-Jiménez, Garrosa e González (2000) entendem
comprometimento como a qualidade de crer na verdade e na importância das próprias
habilidades contribuindo para a atenuação do impacto dos estímulos estressantes.
A maior parte dos participantes (53,1%) apresentou a dimensão Controle do
hardiness
.
88
Kobasa (1979) define o controle como uma capacidade do indivíduo em perceber
acontecimentos estressantes e manipular os estímulos em seu benefício. Pode-se dizer que
parte destes professores é militar e todos (civis e militares) exercem seu ofício em uma
instituição militar, na qual existem regras e regulamentos e um
ethos
que privilegia a
expressão deste comportamento.
Metade dos professores (50%) da amostra apresentou a dimensão Desafio. Para Mallar
e Capitão (2004), o desafio faz refencia à crença de que a mudança é uma oportunidade, um
incentivo para o crescimento pessoal. É possível que parte destes professores encare seu
ofício como um desafio a ser vencido e que pode haver oportunidades de crescimento e
aprendizado em situações de mudança e a outra parte, prefere se manter seguro evitando
incertezas e ameaças (GUIMARÃES
et al
., 2006).
Na presente pesquisa a única variável que apresentou dependência significativa com o
hardiness
foi a Escolaridade, sendo que os professores que possuem escolaridade entre
Mestrado e Doutorado (91,7%) apresentaram
hardiness
. É possível que a disposição para a
educação continuada destes professores, ocorra justamente pelo diferencial individual dado,
entre outros pela existência do
hardiness.
Procurou-se identificar se existem diferenças significativas nos níveis de Síndrome de
Burnout
e
hardiness
entre os professores civis e militares, uma das hipóteses formuladas nesta
pesquisa. As análise dos coeficientes destas variáveis através de análise de Regressão
Linear Múltipla, obteve-se significância na qual as dimensões do
hardiness
influenciam a
Síndrome de
Burnout
. Porém, o coeficiente de determinação foi baixo, sendo que o
hardiness
determina apenas 10% da variação do
burnout.
O
Comprometimento
foi a
única dimensão do
hardiness
que se relacionou
positivamente com o
burnout,
ou seja, quanto maior a sensação ou percepção de
comprometimento (envolver-se com o que faz, identificando-se com o significado do próprio
trabalho) segundo Moreno-Jiménez, Garrosa e González (2000), maior será a possibilidade
desenvolver o
burnout.
89
7 CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS
90
A maior parte da amostra (68,8%) apresentou nível moderado de EO, baixo Cansaço
Emocional (42,2%), Despersonalização (37,5%) e Diminuição da realização pessoal (35,9%),
bem como baixo nível de SB (40,7%).
Os professores civis apresentam: mais baixo Cansaço Emocional e Despersonalização
quando comparados aos militares. Já os professores civis apresentaram média Diminuição da
realização pessoal enquanto os militares apresentam baixa.
Os participantes que apresentaram um alto
burnout
foram os que lecionam entre 6 e 10
anos (47,6%), e com carga de aula entre 11 a 15 h/a (48%).
Trinta e quatro participantes (53,1%) apresentaram alto
hardiness,
que esteve
relacionado significativamente com escolaridade Mestrado e Doutorado.
Nesta amostra, o
hardiness
não contribui para a ocorrência da SB e a SB
o
influenciou o
hardiness.
A dimensão Comprometimento do
hardiness
é a única que influencia
a SB, ou seja, quanto maior for a sensação ou percepção de Comprometimento maior será o
burnout
. De acordo com esse resultado pode-se concluir que a tendência a se envolver em
tudo o que a pessoa faz, aumenta a probabilidade de desenvolver
burnout
, ou seja, maior
envolvimento, maior burnout.
A pesquisa nesse grupo ocupacional é original, no campo de estudos da Psicologia da
Saúde Ocupacional e, novas pesquisas devem ser incentivadas e desenvolvidas visando
promover uma maior visibilidade entre os processos de saúde mental do trabalhador e seu
ambiente de atuação. Deve-se atentar também, para o fato de que algumas profissões são
confrontadas inevitavelmente com situações estressantes e que medidas preventivas para
aprender a lidar com essas demandas aumenta a sensação de controle das situações
vivenciadas.
Desse modo, o trabalho do professor representa uma parte histórica e significativa da
expressão das relações de trabalho, constituindo-se num dos principais modos de construção
de processos institucionais no âmbito da Educação e da aprendizagem humanas. Estar atento
ao trabalho do professor e à sua saúde psíquica torna-se primordial para promover mudanças
de atitudes e propor novas formas de organização do ambiente de trabalho desse profissional.
O trabalho do professor exige envolvimento intenso nas atividades realizadas e os
mesmos se frustram quando não conseguem perceber seu trabalho sendo recompensado por
91
seu esforço. Suporte social e da chefia parecem diminuir a percepção dos problemas com o
trabalho. Muitos estudos apontam, como referido anteriormente, evidências dos efeitos
benéficos que um bom relacionamento entre colegas e uma boa atmosfera de trabalho em
criar um efeito protetor para s agravos psíquicos.
Como demonstrado, diversas pesquisas apontam para várias conseqüências deletérias
físicas e ou psicológicas do Estresse Ocupacional e da Síndrome de
Burnout
entre os
professores.
A Síndrome de
Burnout
em professores, como em outras profissões não aparece de
forma brusca, mas constitui-se na fase final de um processo connuo de várias inadequações
no ambiente de trabalho. Tanto para os professores civis quanto para os militares existe em
curso o processo de Estresse Ocupacional, que se, cronificado pode aumentar a ocorrência do
burnout
, identificada neste estudo em parte significativa dos professores militares.
Pesquisas sobre
hardiness
- personalidade resistente - nos profissionais da Educação
poderão contribuir para uma melhora na qualidade de vida e profissional dos docentes, pois o
hardiness
se expressa por meio de mecanismos cognitivos, sociais e fisiológicos que
protegem a saúde e a performance.
O trabalho docente é complexo, abarcando inúmeras problemáticas que envolvem
desde aspectos macros, como a globalização, as transformações no mundo do trabalho, entre
outros, até questões do cotidiano. Podemos nos questionar, então, o motivo de tão
excepcionais indivíduos trabalharem num dos piores ambientes profissionais. Uma hipótese
pode ser aventada, a de que o motivo é tão somente o da satisfação. Mesmo nessas condições
adversas, não falta o fundamental: o
sentido e o significado daquilo que se faz
. Ter
reconhecimento do produto final do seu trabalho - mesmo que subjetivamente - fortalece a
identidade do trabalhador.
Com relação a este aspecto, que revela a dicotomia, o sofrimento e o prazer, é
interessante atentar para o caráter marcadamente singular das instituições educacionais
públicas. Para Brito e Athayde (2003), essa situação envolve conflito de valores, tanto aqueles
relativos ao trabalho educativo, quanto aos defendidos pelos grupos de trabalhadores em cada
escola.
Esse estudo, voltado para um melhor entendimento da saúde mental do professor
permite entender melhor aspectos relativos à saúde mental destes trabalhadores e identificar
92
suas etapas e dimensões, bem como observar as síndromes que mais acometem esses
profissionais na atualidade. Estamos cientes das limitações dos instrumentos em abarcar esse
conhecimento com a intensidade desejada.
Uma vez que os sintomas de sofrimento estão relacionados ao trabalho como um todo,
parece que melhorias em suas condições produziriam uma redução de sobrecarga, um
aumento da margem de manobra do trabalhador, o que implicaria em menos custos à saúde,
além do impacto benéfico na saúde mental e a repercussão disso na saúde de forma geral.
O conhecimento das síndromes que mais afetam os trabalhadores pode auxiliar na
melhoria e implementação de ações de prevenção e intervenção, principalmente no mundo
atual, onde existem muitas exigências por produtividade e qualidade nos resultados gerando
inúmeros problemas psicossociais. Essas ões são importantes para observar, avaliar,
prevenir e atenuar os processos psicopatológicos no ambiente educacional.
As tendências neste tipo de estudo sugerem que o
hardiness
é um caminho intrigante
para exploração connua. Todavia, a exploração com uma larga amostra de grupos é
recomendada para ajudar a superar os problemas associados à insuficiente abrangência em
dados de pesquisas e as potenciais questões de confiabilidade. Para
Kleinman (2003), o
Hardiness
pode não ser um conceito perfeito ou deixar-se ser medido com absoluta precisão.
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106
APÊNDICES
107
APÊNDICE A
QUESTIONÁRIO SÓCIODEMOGRÁFICO OCUPACIONAL QSDO
Nr. da entrevista:...............................
Data:...........................
1. Sexo:
Masculino
Feminino
2. Idade:
20 a 25
26 a 30
31 a 35
36 a 40
41 a 45
46 a 50
51 a 55
56 a 60
Mais 60
3. Escolaridade:
Graduação
Especialização
Mestrado
Doutorado
Completo
Incompleto
Completo
Incompleto
Completo
Incompleto
4. Situação Conjugal:
Casado (a)
Viúvo (a)
Separado (a)/Divorciado (a)
Solteiro (a)
5. Professor:
Civil
Militar
Posto/Graduação
6. Há quanto tempo trabalha como professor?
0 a 5 anos
6 a 10 anos
11 a 15 anos
16 a 20 anos
21 ou mais
7. Há quanto tempo trabalha como professor no Sistema Colégio Militar do Brasil?
0 a 5 anos
6 a 10 anos
11 a 15 anos
16 a 20 anos
21 ou mais
108
8. Há quanto tempo trabalha como professor no Colégio Militar de Campo
Grande?
0 a 5 anos
6 a 10 anos
11 ou mais
9. Informe sua carga horária de trabalho semanal no CMCG:
20 horas/aula
40 horas/aula
Outros (informe a carga horária)
10. Informe sua carga horária em sala de aula no CMCG:
1 a 5 h/a
6 a 10 h/a
11 a 15 h/a
16 a 20 h/a
21 a 25 h/a
26 a 30 h/a
11. Quantas horas dorme por dia normalmente?
0 a 2 horas
3 a 5 horas
6 a 8 horas
9 a 11 horas
12 ou mais
12. Necessita de algum remédio para dormir?
Sim
Não
13. Vonormalmente pratica atividades físicas ou relacionadas a lazer? Que
tipo?
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
109
APÊNDICE B
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO - Comandante
Projeto: ESTRESSE OCUPACIONAL, SÍNDROME DE
BURNOUT
E
HARDINESS
EM
PROFESSORES DE COLÉGIO MILITAR.
Pesquisadora: Helen Paola Vieira Psicóloga, CRP 14/01992-7 MT/MS
Orientadora: Prof. Dra. Liliana Andolpho Magalhães Guimarães (UCDB)
Eu, Comandante do Colégio Militar de Campo Grande, Cel HUDSON MARQUES JÚNIOR, sita
à Av. Presidente Vargas, n.2800, abaixo assinado, dou o consentimento livre e esclarecido
autorizando os professores deste Colégio a participarem do projeto de pesquisa supra citado, sob
a responsabilidade de Helen Paola Vieira, Psicóloga, aluna do curso de Pós-Graduação da
Universidade Católica Dom Bosco, Programa de Mestrado em Psicologia, na área de Psicologia
da Saúde, sob orientação da Profa. Dra. Liliana Andolpho Magalhães Guimarães.
O objetivo desta pesquisa é verificar a presença de Estresse Ocupacional, da Síndrome de
Burnout
1
, e avaliar a possível ocorrência de
hardiness
(personalidade resistente) como variável
moderadora destas síndromes por meio da aplicação de três questionários. Tal procedimento terá
no máximo a duração de 1 hora, que não acarretará para a Instituição nenhum prejuízo.
Obtive as informações necessárias para decidir conscientemente sobre a participação dos
professores na referida pesquisa, sabendo estar livre para interrom-la a qualquer momento.
Quaisquer dados pessoais seo mantidos em sigilo e os resultados gerais obtidos através da
pesquisa serão registrados em literatura especializada em produção científica. Poderei contatar o
Comitê de Ética em Pesquisa da UCDB para apresentar recursos pelo telefone (67) 3312-3605 e
poderei obter informações com a responsável pela pesquisa pelo telefone (67) 8404-9142 ou pelo
e-mail: helen_psi@hotmail.com
Este documento possui duas vias de igual teor, ficando uma delas em meu poder.
Campo Grande, MS, ............ de ................................................. de 2006.
......................................................................................
Cel. HUDSON MARQUES JÚNIOR
Comandante do Colégio Militar de Campo Grande
......................................................................................
Helen Paola Vieira
Psicóloga
CRP 14/01992-7 14ª Região MT/MS
1
ndrome de
Burnout
:
quadro clínico mental extremo derivado da cronificação do estresse ocupacional.
110
APÊNDICE C
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO - Professores
Projeto: ESTRESSE OCUPACIONAL, SÍNDROME DE
BURNOUT
E
HARDINESS
EM
PROFESSORES DE COLÉGIO MILITAR
Pesquisadora: Helen Paola Vieira Psicóloga, CRP 14/01992-7 MT/MS
Orientadora: Prof. Dra. Liliana Andolpho Magalhães Guimarães (UCDB)
Concordo em participar como voluntário (a) de um estudo que está sendo realizado pela
pesquisadora acima citada, com os professores civis e militares do Colégio Militar de Campo
Grande. Esta pesquisa tem autorização do Comandante do Colégio Militar de Campo Grande e
Diretor de Ensino, Cel Hudson Marques Junior para ser realizada e faz parte de um projeto de
dissertação de Mestrado em Psicologia da Universidade Católica Dom Bosco UCDB, Campo
Grande /MS, sob a orientação da Prof. Dra. Liliana Andolpho Magalhães Guimarães.
O objetivo desta pesquisa é verificar a presença de Estresse Ocupacional, da Síndrome de
Burnout
2
, e avaliar a possível ocorrência de
hardiness
(personalidade resistente) como variável
moderadora destas ocorrências por meio da aplicação de quatro questionários.
Ao decidir aceitar a minha participação neste estudo, fui esclarecido (a) e estou ciente de que:
a) Minha participação é inteiramente voluntária;
b) Essa atividade não é obrigatória e, caso eu não queira participar, isso em nada mudará o
trabalho que realizo neste Colégio;
c) Responderei aos quatro questionários, que contém questões relacionadas à minha vida, meu
trabalho e minhas necessidades. O tempo médio para preenchimento dos mesmos é de 30
minutos.
d) Estou ciente que as informações que fornecerei poderão mais tarde, ser utilizadas para
trabalhos científicos e que minha identificação será mantida sob sigilo, isto é, não haverá
chance de meu nome ser identificado, sendo assegurado completo anonimato;
e) Devido ao seu caráter confidencial, essas informações seo utilizadas apenas para objetivos
de estudo;
f) o há nenhum risco significativo em participar deste estudo. Contudo, alguns conteúdos
abordados eventualmente causarão algum tipo de desconforto psicológico. Em função disso,
terei a possibilidade de ser encaminhado (a) pela pesquisadora ao atendimento psicológico
com profissional de Saúde Mental, caso seja de minha vontade e necessidade;
g) Estou livre para desistir da participação em qualquer momento da aplicação dos questionários;
h) Aceito participar voluntariamente dessa atividade e não tenho sofrido nenhuma forma de
pressão para tanto;
i) Poderei contatar o Comitê de Ética em Pesquisa da UCDB para apresentar recursos pelo
telefone (67) 3312-753.
Recebi uma cópia deste termo e a possibilidade de lê-lo.
Campo Grande, MS, ............ de ................................................. de 2006.
.............................................................. ..............................................................
Participante Pesquisador
2
ndrome de
Burnout
:
quadro clínico mental extremo derivado da cronificação do estresse ocupacional.
111
ANEXOS
112
ANEXO 1
AS FORÇAS ARMADAS, AS OBRIGAÇÕES E OS DEVERES DOS
MILITARES.
Esta seção tem por objetivo contextualizar o
ethos
militar e inicia-se com um
trecho da
Carta a El-Rei de Portugal
de Moniz Barreto (1893), sobre os militares e seu
ofício:
Senhor, umas casas existem, no vosso reino onde homens vivem em
comum, comendo do mesmo alimento, dormindo em leitos iguais. De
manhã, a um toque de corneta, se levantam para obedecer. De noite, a
outro toque de corneta, se deitam obedecendo. Da vontade fizeram
renúncia como da vida.
Seu nome é sacrifício. Por ofício desprezam a morte e o sofrimento
físico. Seus pecados mesmo são generosos, oficialmente esplêndidos. A
beleza de suas ações é tão grande que os poetas não se cansam de
celebrá-la. Quando eles passam juntos, fazendo barulho, os corações
mais cansados sentem estremecer alguma coisa dentro de si. A gente
conhece-os por militares...
Eles guardam a Nação do estrangeiro e de si mesma. Pelo preço de sua
sujeição, eles compram a liberdade para todos e os defendem da invasão
estranha e do jugo das paixões. Se a força das coisas o impede agora de
fazer em rigor tudo isso, algum dia o fizeram, algum dia o farão. E,
desde hoje, é como se o fizessem.
Porque, por definição o homem da guerra é nobre. E quando se e em
marcha, à sua esquerda vai a coragem, à sua direita a disciplina.
De acordo com a Constituição Federal de 1988 as Forças Armadas são compostas
pelas seguintes armas: Marinha, Exército e Aeronáutica, que são instituições permanentes
e regulares, organizadas com base na hierarquia e disciplina, sob a autoridade suprema do
presidente da República e, destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes
constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem. As três armas são
subordinadas ao Ministro de Estado da Defesa, cada uma delas dispondo de estrutura
própria e de um Comandante, que exercerá sua direção e gestão, nomeado pelo
Presidente da República (BRASIL, 2001).
113
Dentro desta estrutura, o preparo e o emprego das Forças Armadas ficam sob a
responsabilidade do Ministério da Defesa, que tem como área de competência os
seguintes assuntos, conforme a Constituição de 1988: a) política da defesa nacional; b)
política e estratégias militares; c) doutrina e planejamento do emprego das Forças
Armadas; d) projetos especiais de interesse da defesa nacional; e) inteligência estratégica
e operacional no interesse da defesa; f) operações militares das Forças Armadas; g)
relacionamento internacional das Forças Armadas; h) orçamento da defesa; i) legislação
militar; j) política de mobilização nacional; k) política de ciência e tecnologia nas Forças
Armadas; l) política de comunicação social nas Forças Armadas; m) política de
remuneração dos militares e pensionistas; n) fomento às atividades de pesquisa e
desenvolvimento e de produção e exportação em 15 áreas de interesse da defesa; o)
atuação das Forças Armadas na preservação da ordem pública, no combate a delitos
fronteiriços ou ambientais, na defesa civil e no desenvolvimento nacional; p) logística
militar; q) serviço militar; r) assistência à saúde, social e religiosa das Forças Armadas; s)
constituição, organização, efetivos, adestramento e aprestamento das forças navais,
terrestres e aéreas; t) política marinha nacional; u) segurança da navegação aérea e do
tráfego aquaviário e salvaguarda da vida humana no mar; v) política aeronáutica nacional
e atuação na política nacional de desenvolvimento das atividades aeroespaciais; w) infra-
estrutura aeroespacial, aeronáutica e aeroportuária.
De acordo com o artigo 3 da Lei n. 6.880, de 09 de dezembro de 1980, que dise
sobre o Estatuto dos Militares, os membros das Forças Armadas, em razão de sua
destinação constitucional, formam uma categoria especial de servidores da Pátria e são
denominados militares.
E segundo o artigo 14, “[...] a hierarquia e a disciplina são a base institucional das
Forças Armadas. A autoridade e a responsabilidade crescem com o grau hierárquico
(BRASIL, 1980). Portanto, quanto maior o grau hierárquico de um militar, maior a
possibilidade de exercer cargos de liderança e de obter maiores atribuições que sejam de
sua responsabilidade.
Por hierarquia se entende, segundo o artigo 7, § 1º, da Lei n. 6.880, como a
114
ordenação da autoridade, em níveis diferentes, dentro da estrutura das Forças Armadas. A
ordenação se faz por postos ou graduações; dentro de um mesmo posto ou graduação se
faz pela antiguidade no posto ou na graduação. O respeito à hierarquia é consubstanciado
no espírito de acatamento à conseqüência de autoridades.
Ramundo (2003) acrescenta que as providências contidas no Estatuto dos
Militares acerca da hierarquia determinam que, nas instituições militares, a autoridade
seja estabelecida e ordenada em função do grau hierárquico, ou seja, os militares de
patente mais elevada (e dentro da mesma patente os de mais tempo ou posto na
graduação) são revestidos de maior autoridade perante os demais. Tamayo, A. (1997)
comenta que a hierarquia é utilizada como forma de garantir o comprometimento dos
membros da empresa com a missão da mesma.
Bueno (2005) refere que a hierarquia e a disciplina formam a base principal das
forças armadas e não é por acaso que o Estatuto dos Militares dise de um capítulo
inteiro para descrever os principais aspectos dessa base. Esse autor acrescenta ainda que,
a impessoalidade da hierarquia e da disciplina desmistifica a idéia de usar esses pilares
para se obter vantagens, uma vez que esses servem para todos os envolvidos e não só a
uma pessoa ou grupo específico.
Esse tipo de dispositivo enfatiza o respeito à hierarquia, a qual deve reger
juntamente com a disciplina, todas as atividades e também o relacionamento entre os
militares, dentro ou fora da instituição, conforme contempla o capítulo 3, artigo 12, § 3º,
do Estatuto dos Militares: “[...] a disciplina e o respeito à hierarquia devem ser mantidos
em todas as circunstâncias da vida entre militares da ativa, da reserva remunerada e
reformados”.
Sendo que o capítulo 3, artigo 7, § 2º, do Estatuto dos Militares entende por
disciplina, como a rigorosa observância e o acatamento integral das leis, regulamentos,
normas e disposições que fundamentam o organismo militar e coordenam seu
funcionamento regular e harmônico, traduzindo-se pelo perfeito cumprimento do dever
por parte de todos e de cada um dos componentes desse organismo.
115
As Forças Armadas dispõem de efetivo composto por militares e civis fixados em
lei, e dos meios ornicos necessários ao cumprimento de sua destinação constitucional e
atribuições subsidiárias. Constituem reservas das Forças Armadas o pessoal sujeito a
incorporação, mediante mobilização ou convocação, pelo Ministério da Defesa, por
intermédio da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, bem como as organizações assim
definidas em lei (MARTINS, 2005).
O capítulo 1 do Estatuto fala das Obrigações Militares e o artigo 27 dispõe sobre
as manifestações essenciais do valor militar, ressaltando:
I o patriotismo, traduzido pela vontade inabalável de cumprir o dever
militar e pelo solene juramento de fidelidade à Pátria até com o
sacrifício da própria vida;
II o civismo e o culto das tradições históricas;
III a fé na missão elevada das Forças Armadas;
IV o espírito de corpo, orgulho do militar pela organização onde
serve;
V o amor à profissão das armas e o entusiasmo com que é exercida; e
VI o aprimoramento técnico profissional.
Dentro desse contexto, pode-se verificar que o aprimoramento técnico profissional
é destacado como obrigação militar, sendo que o próprio Exército possui diversos tipos
de cursos para este aprimoramento como a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais
(EsAO), a Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME), a Escola de
Educação Física do Exército (EsEFEx) e o Centro de Estudos de Pessoal (CEP).
Sobre os deveres militares, dise o capítulo 2, artigo 31, do Estatuto dos
Militares, que os deveres militares emanam de um conjunto de vínculos racionais, bem
como morais que ligam o militar à Pátria e ao seu serviço, e compreendem,
essencialmente:
I a dedicação e a fidelidade à Pátria, cuja honra, integridade e
instituições devem ser defendidas mesmo com o sacrifício da própria
vida;
II o culto aos Símbolos Nacionais;
III - a probidade e a lealdade em todas as circunstâncias;
116
IV a disciplina e o respeito à hierarquia;
V o rigoroso cumprimento das obrigações e das ordens; e
VI a obrigação de tratar o subordinado dignamente e com urbanidade.
Para o cumprimento da destinação constitucional das Forças Armadas, cabe aos
Comandantes da Marinha, Exército e Aeronáutica o preparo de seus órgãos operativos e
de apoio, obedecidas às políticas estabelecidas pelo Ministro da Defesa. Segundo a
Constituição Federal de 1988, o preparo das Forças Armadas é orientado pela busca
permanente da eficiência operacional, nas diferentes modalidades de emprego, pela
procura da autonomia nacional crescente, atras da connua nacionalização de seus
meios, nela incluída pesquisa e desenvolvimento e o fortalecimento da indústria nacional;
e pela correta utilização do potencial nacional, mediante mobilização criteriosamente
planejada (BRASIL, 2001).
Segundo o General Octávio Costa a carreira militar não é uma atividade
inespecífica e descartável, um simples emprego, uma ocupação; mas um ofício
absorvente e exclusivista, que condiciona e auto-limita até o fim (BRASIL, 2006c). Ela
o nos exige só as horas de trabalho da lei, mas todas as horas da vida, nos impondo
também nossos destinos. A farda não é uma veste que se despe com facilidade e até com
indiferença, mas uma outra pele, que adere à própria alma, irreversivelmente para
sempre.
117
ANEXO 2
O Exército
s somos da Pátria a guarda,
Fiéis soldados,
Por ela amados.
Nas cores da nossa farda
Rebrilha a glória,
Fulge a vitória.
(Trecho da
Canção do Ercito
, 1935)
Segundo Tavares (1985), desde os primórdios da colonização portuguesa na
América, desenvolveu-se em terras brasileiras uma sociedade marcada por intensa
miscigenação. O sentimento nativista aflorou na gente brasileira, a partir do séc. XVII,
quando brancos, negros e índios, em Guararapes, expulsaram o invasor estrangeiro. O
Exército sempre integrado por elementos de todos os matizes sociais.
Nasceu o Exército Brasileiro, as a proclamação da Independência do Brasil
perante Portugal, seguindo os modelos e as normas militares tradicionais da Europa. As
lutas da emancipação e as guerras no sul do país exigiram, desde os primórdios, uma
força militar de elevado moral e adestramento (ESTADO MAIOR DO EXÉRCITO,
1972). Dom Pedro I, primeiro imperador do Brasil, procurou melhorar desde logo as
tropas de guarnição do Rio de Janeiro (VICENTINO, 1995).
As enciclopédias de História do Exército contam que as primeiras tropas foram
formadas no Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais e compreendia “gente limpa da
cidade”. Foram formados quatro batalhões de infantaria, com quatro companhias cada
um, e dois esquadrões de cavalaria de duas companhias. A Guarda Cívica também foi
criada nesta época, por decreto de 23 de setembro de 1822.
Era louvável a preocupação com a formação moral do militar, ao qual se exigia
irrepreensível conduta e espírito profissional. Para que a moldagem mental dos recrutas
118
o fosse prejudicada pelo meio civil, estes ficavam confinados durante meses, só saiam
em casos de extrema necessidade e acompanhados de praças mais antigos (ESTADO
MAIOR DO EXÉRCITO, 1972).
Segundo Tavares (1985) foi por obra do Exército como instituição nacional,
presente em toda a extensão do território, que se realizou a integração dos diversos
grupos regionais, inclusive de outras línguas, além de ter sido muito importante sua
influência no aprimoramento da cultura intelectual de grande parte dos brasileiros, em
geral de origem modesta, sobretudo no campo da ciência e tecnologia.
Mas foi somente as a 1ª Guerra Mundial que o Exército experimentou um
período de soerguimento profissional, que iria completar-se com a contratação, em 1920,
da Missão Militar Francesa e do trabalho de Marechal Cândido Mariano Rondon
interligando os sertões aos grandes centros (ESTADO MAIOR DO EXÉRCITO, 1972).
O Exército se destaca por algumas características marcantes que são essenciais
para a manutenção de sua estrutura. Dentre estas características destacam-se a sua
homogeneidade, a disciplina de suas normas, regras e condutas, o zelo com sua farda e
material e a uniformidade na orientação centralizada e controlada de todas suas
atividades.
Tavares (1985, p. 192) destaca ainda outras características:
a) o sentimento e o pensamento coletivos voltados, principalmente, para
a Pátria, para sua defesa e para o culto de seus símbolos;
b) a influência e a identificação recíprocas, que uniformizam o
comportamento e as relações individuais;
c) o cuidado material e moral com o uniforme, como símbolo
representativo da condição de soldado.
Vale ressaltar ainda, do ponto de vista da Educação moral e cívica, aspectos
especialmente peculiares que compõem o Exército Brasileiro (TAVARES, 1985):
a) a orientação uniforme, observada em todos os quartéis do país, através de
contingentes heterogêneos, de todos os graus de escala social. Ela reúne e
119
amálgama cidadãos oriundos da zona rural, das pequenas vilas e das grandes
cidades, sob a assistência direta de oficiais preparados, intelectual e
profissionalmente nas mesmas escolas centrais;
b) o regime de tempo integral e de internato, que permite observar, corrigir e
aperfeiçoar a conduta dos homens, até mesmo do ponto de vista psicológico
pelo contato permanente e obrigatório de uma organização de comando que os
fiscaliza e prepara no sentido de estimulá-los à prática de virtudes, educando-
os, ao mesmo tempo, como soldados e como cidadãos;
c) a gratuidade do serviço militar, o qual, embora encarado como tributo, pelos
mais afortunados, é procurado como prêmio, nas áreas e nos níveis sociais
menos favorecidos, deixando, em qualquer caso, na personalidade do cidadão,
a marca dos benefícios positivos, que muito o valorizam para as atividades
civis, conforme o reconhecem, de modo geral e inequívoco, todos os que já
serviram o Exército.
O contexto militar de comprometimento, disciplina e hierarquia podem também
ser percebidos por meio do juramento que todo militar do Exército deve realizar ao
incorporar-se. Segundo Tavares (1985, p.152) este juramento representa de modo claro e
objetivo, algumas características fundamentais a um militar: companheirismo, espírito de
corpo, respeito aos subordinados e sacrifício da própria vida:
Incorporando-me ao Exército Brasileiro,
Prometo cumprir rigorosamente
As ordens das autoridades
A que estiver subordinado,
Respeitar meus superiores hierárquicos,
Tratar com afeição meus irmãos de arma
E com bondade os subordinados
E dedicar-me inteiramente aos serviços da Pátria,
Cuja honra, integridade e instituições
Defenderei com o sacrifício da própria vida.
120
As principais características da profissão militar incluem risco de vida, sujeição a
preceitos rígidos de disciplina e hierarquia, dedicação exclusiva, disponibilidade
permanente, mobilidade geográfica, vigor físico, formação específica e aperfeiçoamento
constante, proibição de participar de atividades políticas, de sindicalizar-se e de participar
de greves ou de qualquer movimento reivindicatório, restrições a direitos trabalhistas,
vínculo com a profissão e conseqüências para a família do militar em virtude de todas
essas exincias (ESTADO MAIOR DO ERCITO, 1972).
No dia 25 de março de 1994, no Diário Oficial da União n. 58, foi publicado o
Decreto Presidencial que institui o dia 19 de abril como o “Dia do Exército Brasileiro”.
Tal decisão teve como origem uma carta do Ministro do Exército, General Zenildo de
Lucena ao Presidente da República explicando que em virtude dos fatos ocorridos em
Guararapes no dia 19 de abril de 1648 e 19 de abril de 1971, datas máximas para o
Exército Brasileiro e que culminam com o nascimento do Exército (JABORANDY Jr.,
1998).
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