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vítrea (T
g
), tornando-se gomosas à temperatura da câmara de secagem (DOLINSKY
et al., 2000; BHANDARI & HARTEL, 2005).
O problema pode ser evitado ou minimizado quando se adicionam adjuvantes
de secagem, que são carboidratos de alto peso molecular, como as maltodextrinas,
que têm alta T
g
, sendo capazes de reduzir a higroscopicidade dos pós e facilitar a
secagem (BHANDARI et al, 1997; BHANDARI & HARTEL, 2005).
Alguns estudos indicam que a goma arábica tem valores de T
g
maiores que
as de maltodextrinas (RIGHETTO & NETTO, 2000; COLLARES et al., 2004), o que
sugere que a goma arábica é provavelmente mais efetiva que as maltodextrinas
para reduzir a higroscopicidade de pós. Porém, o custo e a oferta limitada em
decorrência de a goma arábica ser produzida em áreas sujeitas a imprevisiveis
variações climáticas e turbulência política, podem interromper a oferta do produto e
têm restringido seu uso. Portanto tem havido incentivo considerável para encontrar
substitutos totais ou parciais para a goma arábica (McNAMEE et. al.,1998).
Nesse contexto, surge como um material interessante a goma do cajueiro
(Anacardium occidentale) que é um heteropolissacarídeo constituído de galactose
(73%), arabinose (5%), glicose (11%), ramnose (4%), manose (1%) e ácido
glucurônico (6,3%) (DE PAULA & RODRIGUES, 1995). Seus teores de proteínas e
lipídios são muito baixos, cerca de 0,5 e 0,06%, respectivamente (AZEEZ, 2005).
Sua estrutura (um possível fragmento sendo apresentado na Figura 2), bastante
similar à da goma arábica, é formada basicamente por unidades de galactose unidas
por ligações β-(1→3) e cadeias ramificadas unidas por ligações β-(1→6) (ZAKARIA
& RAHMAN, 1996; PAULA et al., 2002), podendo, por isso, a goma arábica ser
substituída pela goma do cajueiro, conforme ROSENTHAL (1951). A goma do
cajueiro é obtida por exsudação natural ou através de incisões no tronco e ramos da
árvore do cajueiro. Apresenta coloração amarelada, solúvel em água, apresenta
grande potencial de industrialização. É um produto não tóxico, sendo utilizada como
cola líquida para papel e é muito usada na encadernação de livros por apresentar
ação fungicida quando misturada à água. O uso na fabricação de tintas e vernizes
já vem sendo pesquisado. Na indústria farmacêutica, é utilizada em cosméticos e
como aglutinante de cápsulas e comprimidos, e na indústria de alimentos, como