Martinez LRC. Avaliação da aterosclerose subclínica coronária, carotídea e
rigidez aórtica em portadores de hipercolesterolemia familiar. São Paulo,
2008. Tese (Doutorado) – Faculdade de Medicina, Universidade de São
Paulo.
A Hipercolesterolemia Familiar (HF) é uma doença caracterizada por
aterosclerose precoce. Contudo, o curso clínico da doença coronária na HF
é variável. A detecção da aterosclerose subclínica, pela espessura íntima
média (IMT) carotídea, calcificação da artéria coronariana (CAC) e da rigidez
arterial pela velocidade de onda de pulso (VOP) em portadores de HF pode
ser útil na estratificação do risco cardiovascular. O objetivo primário deste
estudo foi avaliar se existe correlação da CAC, IMT e VOP em portadores de
HF. Como objetivos secundários, comparar estes marcadores de
aterosclerose subclínica nos HF em relação a controles pareados por idade
e sexo (CTRL) e avaliar quais são os principais fatores que influenciam a
VOP carotídeo-femoral a IMT carotídea e a CAC, em pacientes com HF.
Material e Métodos: Analisamos 89 HF (39±14 anos, 38% homens, LDL-c
médio de 279 mg/dL) e 31 controles pareados para sexo e idade (CTRL)
(LDL-c médio de 102mg/dL). Determinamos o IMT pela ultra-sonografia de
alta definição tipo "echotracking" (Wall-Track System2), a VOP pelo método
Complior®, CAC pela tomografia de múltiplos detectores, perfil lipídico e
variáveis bioquímicas como Lp(a), PCR as, apoA1 e apoB. Foram calculados
respectivamente o risco de DAC em 10 anos e a carga de exposição ao
colesterol pelos escore de Framingham (ERF) e pelo índice LDL-c x idade
(LYS). Resultados: Os HF apresentaram maior ERF (%) (7 ± 3 vs. 3 ± 3,
p=0,002), maior prevalência de CAC (34% vs. 12%, p=0,024), maior IMT
(μm) (653 ± 160 vs 593 ±111, p=0,027), maior VOP (m/s) (9,2 ±1,5 vs. 8,5 ±
0,9, p=0.007) e glóbulos brancos mais elevados (x10
9
células/L) (7,2 ± 2,0 vs
6,4 ± 1,5, p=0,046) do que CTRL. Não foram observadas diferenças de PCR
as respectivamente 1,7 (0,2-3,4 mg/L) e 1,3 (0,2-8,0 mg/L), p=n.s. para HF e
CTRL. Na análise multivariada os determinantes da IMT foram: pressão
arterial sistólica. (r
2
=0,36, p=0,045), ERF (r
2
=0,26, p=0,0001) e Apo B
(r
2
=0,32, p=0,02). A idade foi o único determinante da VOP (r
2
=0,37,
p=0,0001). Os determinantes independentes da CAC como variável contínua
foram: sexo masculino (r2=0,36, p=0,0027) e LYS (r2=0,29, p=0,0001). Os
determinantes da presença ou ausência de CAC foram: estimativa de risco
de DAC em 10 anos do ERF (P=0,0027) e o produto LDL-c X Idade
(p=0,0228). Conclusão: Não foram encontradas correlações entre CAC,
como variável continua ou categórica, IMT, VOP, na população com HF.
Pacientes com HF têm maior prevalência de aterosclerose subclínica que os
CTRL.
Descritores:
1.Aterosclerose 2.Dislipidemias 3.Hiperlipoproteinemia tipo II
4.Tomografia 5.Doenças das artérias carótidas/ultra-sonografia
6.Artérias/fisiopatologia.
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