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ALEXANDRA DE OLIVEIRA ABDALA COUSIN
A Sociedade Paranaense de Matemática
A Sociedade Paranaense de Matemática A Sociedade Paranaense de Matemática
A Sociedade Paranaense de Matemática
sob um olhar da Educação Matemática
sob um olhar da Educação Matemáticasob um olhar da Educação Matemática
sob um olhar da Educação Matemática
Tese apresentada como requisito parcial à
obtenção do grau de Doutor, pelo Programa de
Pós-Graduação em Educação Linha de Pesquisa
em Educação Matemática, Setor de Educação da
Universidade Federal do Paraná.
Orientador: Prof. Dr. Carlos Roberto Vianna
CURITIBA
2007
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ii
Para Alfredo, Felipe, Flávia e Fabrícia,
por me possibilitarem a realização de um sonho.
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iii
AGRADECIMENTOS
AGRADECIMENTOSAGRADECIMENTOS
AGRADECIMENTOS
Agradeço imensamente a todas as pessoas que de forma direta ou indireta
contribuíram para que este trabalho fosse realizado;
Em especial, meus sinceros agradecimentos:
Ao professor Carlos Roberto Vianna, pela valiosa orientação, que em um momento
difícil dessa caminhada “me aceitou” como sua orientanda;
Aos professores Nelson Martins Garcia, Newton Carneiro Affonso da Costa, Adonai
Sant’Anna, Décio Krause, Clóvis Pereira da Silva e Leo Barsotti, por seus depoimentos, que
enriqueceram e foram fundamentais para a conclusão deste trabalho;
Aos professores membros da banca de qualificação: Maria Ângela Miorim, José
Carlos Cifuentes, Marcos Taborda e Antonio Miguel, pelas sugestões valiosas que
fundamentaram a estruturação desta investigação;
Aos professores membros da banca de defesa da tese: Antonio Vicente Marafioti
Garnica, Maria Ângela Miorim, Rivail Carvalho Rolim e Emerson Rolkouski, pelas
relevantes contribuições e sugestões no momento da defesa;
Aos professores Alexandre Trovon, Maria Tereza Carneiro Soares, Maria Lúcia Moro
Tânia Baibich Faria, Maria Amélia Zainko, José Carlos Cifuentes e Carlos Roberto Vianna,
responsáveis pelas disciplinas que cursei, nas quais pude complementar e aprofundar meus
conhecimentos em Educação e Educação Matemática;
Às amigas Marlene, Leônia e Helenice, as quais presenciaram e compartilharam
comigo as angústias e alegrias durante essa jornada;
Aos colegas Adilson e José Maria, que estiveram próximos em vários momentos;
Aos meus pais, Abdo e Alcina, sempre presentes em minha vida;
Aos meus filhos Felipe, Flávia e Fabrícia, que souberam compreender minha ausência
em vários momentos;
Ao meu marido Alfredo, presença constante em minha vida, pela paciência,
compreensão, incentivo e força durante todo esse percurso. Obrigada tesouro!
À minha cunhada Lia, pela paciência com a Biça” quando a “mamãe estava na
Curitiba”;
Aos amigos e colegas do Departamento de Matemática da Universidade Estadual de
Maringá, que acreditaram e me incentivaram para a realização desse curso. Em particular,
Carla, Valdeni, Rui, João César, Emerson Arnaut, Doherty, Júlio, Bernadete e Luiz Vieira;
Às colegas Rosali e Sara, pelas traduções realizadas;
iv
À Universidade Estadual de Maringá, por proporcionar meu afastamento em período
integral para a realização deste Doutorado;
À CAPES, pelo apoio financeiro;
Aos professores e funcionários do Programa de Pós-Graduação em Educação da
UFPR, pela atenção e cordialidade com que sempre me atenderam;
Finalmente, agradeço à amiga Clélia, que um dia, antes do meu afastamento, me
escreveu um “bilhetinho”, o qual ficou exposto em minha mesa durante todo esse tempo... e
cujas palavras têm direcionado meus caminhos nessa luta para conseguir estar aqui
escrevendo essas palavras...
"NUNCA DEIXE DE FAZER UMA COISA PORQUE VAI DEMORAR
MUITO; O TEMPO PASSA DA MESMA MANEIRA!" (Mário Quintana).
A todos muito obrigada!
Alexandra.
SUMÁRIO
RESUMO ................................................................................................................... x
ABSTRACT ............................................................................................................... xi
RESUMEN ................................................................................................................ xii
PREFÁCIO ............................................................................................................... xiv
APRESENTANDO A PESQUISA............................................................................... 3
Primeiras inquietações................................................................................... 10
Objetivos da investigação............................................................................... 13
.
DO DESPEJO À NOVA CASA................................................................................ 17
Sociedade Paranaense de Matemática........................................................ 24
ORIGENS................................................................................................................. 33
Traços da sociedade curitibana..................................................................... 45
Instituições paranaenses no contexto........................................................... 52
TRANSIÇÃO............................................................................................................ 59
Um pouco de História da Sociedade Paranaense de Matemática................ 75
Um matemático catalisador........................................................................... 86
Uma periodização.......................................................................................... 91
Fontes orais................................................................................................. 118
LEMBRANÇAS...................................................................................................... 127
“Anuários”................................................................................................... 132
PUBLICAÇÕES..................................................................................................... 151
“Boletins”...................................................................................................... 161
“Monografias” e outras ... ........................................................................... 237
SOB O MEU OLHAR.............................................................................................. 243
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 249
ANEXOS................................................................................................................. 255
vi
LISTA DE ANEXOS
ANEXO 1 – Estatuto atual da SPM
ANEXO 2 – Ficha de filiação
Documento de transferência de acervo
ANEXO 3 – Relação de todas as diretorias eleitas
ANEXO 4 – Documentos da fundação:
Estatuto da SPM (1953)
Certidão de registro
Certidão de inscrição
Relação dos sócios fundadores
Relação da 1ª Diretoria eleita
Diário oficial (extrato de inscrição)
Relação dos sócios da SPM residentes em Curitiba
ANEXO 5 – Edital de concurso
Parecer da comissão julgadora de concurso
Carta de resultado de concurso
ANEXO 6 – Carta de divulgação do 1° Ciclo de Confer ências
Questionário sobre a SPM
Capa de Anuário da SPM
Capa do livro “Introdução à Teoria das Funções”
ANEXO 7 – Histórico de 1947 (Portugal): Arquivo Mário Soares
Cópia do Diário do governo (Portugal)
ANEXO 8 – Reportagem: jornal “O Estado do Paraná” de 19/01/1977
ANEXO 9 – Carta de solicitação de subvenção ao Conselho Nacional de Pesquisas
ANEXO 10 – Carta de agradecimento ao Diretor do IMPA
Carta de agradecimento ao Professor Elon Lages Lima
ANEXO 11 – Carta de divulgação à Faculdade de Filosofia de Ponta Grossa
ANEXO 12 – Carta convite de curso (Prof. Jhon Kudar)
Carta convite de curso (Prof.ª Maria Laura Mousinho)
Carta de divulgação de cursos aos sócios
Edital de curso de verão e aperfeiçoamento em Matemática
ANEXO 13 – Documento resumo para os depoentes
Carta de cessão de direitos e cópias assinadas pelos depoentes
Palavras utilizadas nas entrevistas
vii
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Arquivo da SPM
Quadro 2 – Arquivo dos BSPM
Quadro 3 – Sumário do Anuário, Vol.1, 1ªSérie
Quadro 4 – Sumário do Anuário, Vol.2, 1ªSérie
Quadro 5 – Sumário do Anuário, Vol.3, 1ªSérie
Quadro 6 – Sumário do Anuário, Vol.4, 1ªSérie
Quadro 7 – Sumário do Anuário, Vol.1, 2ªSérie
Quadro 8 – Sumário do Anuário, Vol.2, 2ªSérie
Quadro 9 – Sumário do Anuário, Vol.3, 2ªSérie
Quadro 10 – Sumário do BSPM, Vol.1, N°1
Quadro 11 – Sumário do BSPM, Vol.1, N°2/3
Quadro 12 – Sumário do BSPM, Vol.2, N°1
Quadro 13 – Sumário do BSPM, Vol.2, N°2
Quadro 14 – Sumário do BSPM, Vol.2, N°3
Quadro 15 – Sumário do BSPM, Vol.3, N°1
Quadro 16 – Sumário do BSPM, Vol.3, N°2
Quadro 17 – Sumário do BSPM, Vol.3, N°3
Quadro 18 – Sumário do BSPM, Vol.4, N°1
Quadro 19 – Sumário do BSPM, Vol.4, N°2
Quadro 20 – Sumário do BSPM, Vol.4, N°3
Quadro 21 – Sumário do BSPM, Vol.5, N°1
Quadro 22 – Sumário do BSPM, Vol.5, N°2
Quadro 23 – Sumário do BSPM, Vol.5, N°3
Quadro 24 – Sumário do BSPM, Vol.6, N°1
Quadro 25 – Sumário do BSPM, Vol.6, N°2/3
Quadro 26 – Sumário do BSPM, Vol.7, N°1
Quadro 27 – Sumário do BSPM, Vol.7, N°2
Quadro 28 – Sumário do BSPM, Vol.7, N°3
Quadro 29 – Sumário do BSPM, Vol.8, N°1
Quadro 30 – Sumário do BSPM, Vol.8, N°2/3
Quadro 31 – Sumário do BSPM, Vol.9
Quadro 32 – Sumário do BSPM, Vol.10
viii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Síntese das categorias analisadas nos Anuários
Tabela 2 – Sumário do BSPM, 2ª Série, Vol.1, N°1
Tabela 3 – Sumário do BSPM, 2ª Série, Vol.2, N°1
Tabela 4 – Sumário do BSPM, 2ª Série, Vol.3, N°2
Tabela 5 – Sumário do BSPM, 2ª Série, Vol.4, N°1
Tabela 6 – Sumário do BSPM, 2ª Série, Vol.4, N°2
Tabela 7 – Sumário do BSPM, 2ª Série, Vol.5, N°1
Tabela 8 – Sumário do BSPM, 2ª Série, Vol.5, N°2
Tabela 9 – Sumário do BSPM, 2ª Série, Vol.6, N°1
Tabela 10 – Sumário do BSPM, 2ª Série, Vol.6, N°2
Tabela 11 – Sumário do BSPM, 2ª Série, Vol.7, N°1
Tabela 12 – Sumário do BSPM, 2ª Série, Vol.7, N°2
Tabela 13 – Sumário do BSPM, 2ª Série, Vol.8, N°1
Tabela 14 – Sumário do BSPM, 2ª Série, Vol.8, N°2
Tabela 15 – Sumário do BSPM, 2ª Série, Vol.9, N°1
Tabela 16 – Sumário do BSPM, 2ª Série, Vol.9, N°2
Tabela 17 – Sumário do BSPM, 2ª Série, Vol.10, N°1/ 2
Tabela 18 – Sumário do BSPM, 2ª Série, Vol.11, N°1
Tabela 19 – Sumário do BSPM, 2ª Série, Vol.11, N°2
Tabela 20 – Sumário do BSPM, 2ª Série, Vol.12/13, N°1/2
Tabela 21 – Sumário do BSPM, 2ª Série, Vol.14, N°1/ 2
Tabela 22 – Sumário do BSPM, 2ª Série, Vol.15, N°1/ 2
Tabela 23 – Sumário do BSPM, 2ª Série, Vol.16, N°1/ 2
Tabela 24 – Sumário do BSPM, 2ª Série, Vol.17, N°1/ 2
Tabela 25 – Sumário do BSPM, 2ª Série, Vol.18, N°1/ 2
Tabela 26 – Sumário do BSPM, 2ª Série, Vol.19, N°1/ 2
Tabela 27 – Sumário do BSPM, 3ª Série, Vol.20, N°1/ 2
Tabela 28 – Sumário do BSPM, 3ª Série, Vol.21, N°1/ 2
Tabela 29 – Sumário do BSPM, 3ª Série, Vol.22, N°1
Tabela 30 – Sumário do BSPM, 3ª Série, Vol.22, N°2
Tabela 31 – Distribuição e permuta do BSPM
ix
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Ilustração 1 – Capa do BSPM, Vol.1, N°1
Ilustração 2 – Capa do BSPM, Vol.1, N°2/3
Ilustração 3 – Capa do BSPM, Vol.2, N°1
Ilustração 4 – Capa do BSPM, Vol.2, N°3
Ilustração 5 – Capa do BSPM, Vol.3, N°1
Ilustração 6 – Capa do BSPM, Vol.3, N°2
Ilustração 7 – Capa do BSPM, Vol.3 N°3
Ilustração 8 – Capa do BSPM, Vol.4, N°1
Ilustração 9 – Capa do BSPM, Vol.4, N°2
Ilustração 10 – Capa do BSPM, Vol.4, N°3
Ilustração 11 – Capa do BSPM, Vol.5, N°2
Ilustração 12 – Capa do BSPM, Vol.5, N°3
Ilustração 13 – Capa do BSPM, Vol.6, N°1
Ilustração 14 – Capa do BSPM, Vol.6, N°2/3
Ilustração 15 – Capa do BSPM, Vol.7, N°1
Ilustração 16 – Capa do BSPM, Vol.7, N°2
Ilustração 17 – Capa do BSPM, Vol.7, N°3
Ilustração 18 – Capa do BSPM, Vol.8, N°1
Ilustração 19 – Capa do BSPM, Vol.8, N°2/3
Ilustração 20 – Capa do BSPM, Vol.9
Ilustração 21 – Capa do BSPM, Vol.10
Ilustração 22 – Capa do BSPM, 2ª Série,Vol.1, N°1
Ilustração 23 – Capa do BSPM, 2ª Série,Vol.2, N°1
Ilustração 24 – Capa do BSPM, 2ª Série,Vol.3, N°2
Ilustração 25 – Capa do BSPM, 2ª Série,Vol.4, N°1
Ilustração 26 – Capa do BSPM, 2ª Série,Vol.4, N°2
Ilustração 27 – Capa do BSPM, 2ª Série,Vol.5, N°1
Ilustração 28 – Capa do BSPM, 2ª Série,Vol.5, N°2
Ilustração 29 – Capa do BSPM, 2ª Série,Vol.6, N°1
Ilustração 30 – Capa do BSPM, 2ª Série,Vol.6, N°2
Ilustração 31 – Capa do BSPM, 2ª Série,Vol.7, N°1
Ilustração 32 – Capa do BSPM, 2ª Série,Vol.7, N°2
Ilustração 33 – Capa do BSPM, 2ª Série,Vol.8, N°1
Ilustração 34 – Capa do BSPM, 2ª Série,Vol.8, N°2
Ilustração 35 – Capa do BSPM, 2ª Série,Vol.9, N°1
Ilustração 36 – Capa do BSPM, 2ª Série,Vol.9, N°2
Ilustração 37 – Capa do BSPM, 2ª Série,Vol.10, N°1/ 2
Ilustração 38 – Capa do BSPM, 2ª Série,Vol.11, N°1
Ilustração 39 – Capa do BSPM, 2ª Série,Vol.11, N°2
Ilustração 40 – Capa do BSPM, 2ª Série,Vol.12/13, N°1/2
Ilustração 41 – Capa do BSPM, 2ª Série,Vol.14, N°1/ 2
Ilustração 42 – Capa do BSPM, 2ª Série,Vol.15, N°1/ 2
Ilustração 43 – Capa do BSPM, 2ª Série,Vol.16, N°1/ 2
Ilustração 44 – Capa do BSPM, 2ª Série,Vol.17, N°1/ 2
Ilustração 45 – Capa do BSPM, 2ª Série,Vol.18, N°1/ 2
Ilustração 46 – Capa do BSPM, 2ª Série,Vol.19, N°1/ 2
Ilustração 47 – Capa do BSPM, 3ª Série,Vol.20, N°1/ 2
Ilustração 48 – Capa do BSPM, 3ª Série,Vol.21, N°1/ 2
Ilustração 49 – Capa do BSPM, 3ª Série,Vol.22, N°1
Ilustração 50 – Capa do BSPM, 3ª Série,Vol.22, N°2
Resumo
Nesta investigação, busca-se descrever a Sociedade Paranaense de Matemática (SPM)
no contexto de sua fundação e institucionalização, um período que corresponde a
aproximadamente uma década. Neste sentido, empreende-se um estudo sobre a SPM entre
1953 e meados dos anos 1960, buscando suas contribuições para o desenvolvimento da
Matemática no Paraná: a identificação, por meio de análises documentais e entrevistas; as
iniciativas propostas pelos fundadores, iniciadores ou idealizadores, e colaboradores da SPM
com relação à difusão matemática. Também se pesquisa a influência do pensamento dos
idealizadores da SPM na primeira década de sua fundação, nas primeiras gerações de
matemáticos paranaenses, objetivando determinar as possíveis contribuições dessa associação
para o Ensino de Matemática no Estado do Paraná. Para tanto, realizou-se entrevistas,
utilizando a metodologia da História Oral, com alguns professores que fizeram parte da SPM.
Disparado pelas informações presentes nos depoimentos buscou-se outras fontes documentais,
com o objetivo de ampliar a compreensão acerca dos entornos da Sociedade Paranaense de
matemática, quais sejam, aspectos sobre sua fundação, suas publicações e sua relação com a
Educação Matemática. Este trabalho, na tentativa de oferecer uma descrição mais profunda e
detalhada da Sociedade Paranaense de Matemática, também incorpora elementos que fogem
ao período da fundação da SPM.
Palavras-chave: Educação Matemática; História da Educação Matemática; História
Oral; Matemática no Brasil; História das Instituições; Sociedades Científicas.
xi
Abstract
In this investigation, we look for a description of the Paranense Mathematical Society
(SPM) in the context of its foundation and institutionalization, a period that takes
approximately one decade. In this sense, we made a study about the SPM, in the period of
1953 to 1963, looking for its contributions to the development of Mathematics in Paraná: the
identification, through documental analysis and interviews, the initiative proposed by its
founders or initiators, and collaborators of SPM, with relation to the spread of Mathematics.
We also did research on the influence of the thought of the persons that had the idea to found
the SPM, in the first decade of its foundation, in the first generations of mathematicians of
Paraná; we tried to determine the possible contributions of this society for the Mathematical
Teaching in the Paraná State. For that, we made interviews, using the methodology of Oral
History, with some professors that were SPM members. Motivated by the information present
in the interviews, we look for other documental sourses, with the goal to amplify the
comprehension about the Paranaense Mathematical Society, namely, aspects of this
foundation, its publications and its relation with the Mathematical Education. This work,
trying to offer a deeper and detailed description of Paranaense Mathematical Society, also
incorporates elements that are not about the period of its foundation.
Keywords: Mathematical Teaching; History of Mathematical Education; Oral
History; Mathematics in Brazil; History of Institutions; Scientific Societies.
xii
Resumen
En esta investigación, se busca describir la Sociedad Paranaense de Matemática
(SPM) en el contexto de su fundación y institucionalización, un periodo que comprende
aproximadamente una década. En este sentido, se emprende um estúdio sobre la SPM entre
1953 y a mediados de los años 1960, buscando sus contribuciones para el desarrollo de la
Matemática en el Paraná: la identificación, por medio de análisis documentales y entrevistas;
las iniciativas propuestas por los fundadores, iniciadores o idealizadores, y colaboradores de
la SPM con relación a la difusión matemática. También se investiga la influencia del
pensamiento de los idealizadores de la SPM en la primera década de su fundación, en las
primeras generaciones de matemáticos paranaenses, objetivando determinar las posibles
contribuciones de esa asociación para la Enseñanza de Matemática en el Estado de Paraná.
Por tanto, se realizó entrevistas, utilizando la metodología de la Historia Oral, con algunos
profesores que formarón parte de la SPM. Frente a lãs informaciones presentes em los
testimonios se busco otras fuentes documentales, com el objetivo de ampliar la comprensión
acerca de la historia de la Sociedad Paranaense de Matemática, tales como, aspectos sobre su
fundación, sus publicaciones y su relación conla Educación Matemática. Este trabajo, en la
tentativa de ofrecer una descripción más profunda y detallada de la Sociedad Paranaense de
Matemática, también incorpora algunos elementos que escapam al periodo de la fundación de
la SPM.
Palabras-clave: Educación Matemática; Historia de la Educación Matemática;
Historia Oral; Matemática em el Brasil; Historia de las Instituciones; Sociedades Científicas
.
xiii
“Sou apenas um de vossos mais humildes monges,
fitando de minha cela a vida lá fora,
das pessoas mais distante que das coisas
...
Não me julgueis presunçoso se digo:
Ninguém realmente vive sua vida.
As pessoas são acidentes, vozes, fragmentos,
Medos, banalidades, muita alegria miúda,
já crianças, envoltas em dissimulação,
quando adultas, máscaras; como rostos – mudas.
Penso muita vez: deve haver tesouros
onde se armazenam todas essas muitas vidas,
como armaduras ou liteiras, berços
que nunca portaram alguém francamente real,
vidas qual roupas vazias que não se sustentam
de pé e, despencando, agarram-se
às sólidas paredes de pedra abobadada.
E quando à noite vagueio
fora de meu jardim, imerso em tédio,
sei que os caminhos todos que se estendem
levam ao arsenal de coisas não vividas.
Não há árvore ali, como se a terra se guardasse
e como ao redor da prisão ergue-se o muro,
sem janela alguma, em seu sétuplo anel.
E seus portões, de trancas de ferro,
que repelem os que querem passar,
têm suas grades todas feitas por mãos humanas.”
R. M. Rilke, citado por Norbert Elias
xiv
Prefácio
É possível, viável, sequer imaginável uma sociedade sem proibições e repressões?
Essa pergunta faz Octavio Paz, refletindo sobre uma diversidade de aspectos da
cultura, e enfrentando a resposta de que “não civilização sem repressão”; embora sublinhe
que é aí que se dá o espaço da transgressão.
Na Academia, a tese é, enquanto texto final, resultado de um processo submetido a
diversas regras; a tese é, também, um trabalho sob avaliação, e um prefácio pode ser visto
como uma forma de intervenção sobre o julgamento da banca. E se não for assim, qual a
finalidade de um prefácio em um texto acadêmico?
Não tenho dúvidas de que inscrevo sobre os leitores uma intervenção: quer sejam
leitores da “banca de defesa”, quer sejam os leitores das versões posteriores e corrigidas do
trabalho avaliado. Qual a necessidade de tal intervenção? Ela diz de mim, que me imponho
como prefaciador, e de minhas circunstâncias.
Defendi meu doutorado em agosto do ano 2000. A defesa estava marcada para março,
mas foi adiada em decorrência de uma greve. Logo após a defesa, apresentei um Seminário
referente a meu trabalho; um seminário importante para mim, pois aconteceu frente a alunos e
professores do Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática (PPGEM) da Unesp de
Rio Claro. Nos debates, após minha apresentação, fui surpreendido com uma questão: seria o
meu trabalho de “educação matemática”? Ora, nunca me ocorreu ter que justificar o que eu
havia feito dessa maneira! Agora, sete anos depois, convivo com professores e alunos em Rio
Claro, SP, cumprindo parte do meu estágio de pós-doutoramento, e não mais me surpreendo
com essa pergunta, embora ainda ache estranho que novos alunos e candidatos a alunos do
mesmo PPGEM tenham a preocupação de estar preparados para responder a essa questão!
Minha intervenção cumpre, então, o papel de pontuar esse aspecto do trabalho de Alexandra:
desde o início ele foi conduzido a partir de uma perspectiva do interior da Educação
Matemática, ainda que não tenha como foco o “ensino”, questões de sala de aula ou conteúdos
matemáticos. De outro lado, é óbvio que não se trata de um trabalho feito por um biólogo, um
artesão ou um historiador situado no espaço disciplinar que lhe é reservado na academia.
Este trabalho é uma tese de doutorado que, desde o seu título, especifica uma
condição: olha-se para um determinado objeto desde uma perspectiva, ou desde um certo
lugar. Situa-se esse lugar como sendo a “educação matemática”, mas não se diz o que se
entende por “educação matemática”. Um exercício para o leitor consiste em traçar as linhas
do movimento: autora e orientador imersos em um programa de pós-graduação em educação;
uma tese produzida dentro desse programa. Na tese, trata-se de situar a Sociedade Paranaense
de Matemática, um período como referência (em torno a sua criação) e um grupo de pessoas
envolvidas nesse processo. Além disso, cuida-se de averiguar algumas das marcas e registros
produzidos desde o interior dessa Sociedade.
Deu-se com um herói das Mil e Uma Noites o seguinte: andando a esmo pelo deserto,
entra por puro acaso em uma caverna onde três sábios despertam de seu sono eterno e o
saúdam: ‘Ah! estás! mais de trezentos anos que te esperamos!’ De modo semelhante,
eu-orientador e Alexandra-orientanda, acabamos envolvidos na aventura da construção deste
trabalho: ao abrir uma porta – sem mesmo entrar na sala – encontro uma discussão em
andamento, e em meio a essa discussão me foi indagado se não acharia interessante um
trabalho de doutorado sobre a Sociedade Paranaense de Matemática. Assim, pela
determinação do acaso, ganhamos um tema de pesquisa e buscamos formalizar dois
procedimentos necessários: a mudança do orientador inicial e a formulação adequada do
projeto de pesquisa para este novo objeto.
xv
Este trabalho poderia ter sido infinitos outros, mas concordamos na escolha do
caminho e, ao longo do tempo, fomos nos empolgando e nos envolvendo com o que estava
por fazer. Sem dúvida cabe agradecer aos professores que compuseram a banca de
qualificação, porque nos ajudaram a escolher uma configuração que permitiu chegar ao
material tal como apresentado hoje para a avaliação.
Com o trabalho pronto, a tese realiza uma das configurações possíveis, e acredito
abre perspectivas para infindáveis outras: convida à leitura, à crítica, a sugestões e à abertura
de novos territórios.
O prefácio está concluído e espero que sem dizer nada sobre o que para ler. Um
investigador e um poeta não sabem qual será o resultado de sua obra enquanto a estão
produzindo; um prefaciador e um tradutor m a obra diante dos olhos, e talvez pudessem
se atribuir uma tentativa de reproduzi-la. Contrariando essa perspectiva, espero que minha
intervenção mal seja percebida para além do convite à leitura e novas observações.
Carlos Roberto Vianna.
Curitiba, setembro de 2007.
“A história é sempre história de uma sociedade, mas, sem a
menor dúvida, de uma sociedade de indivíduos.”
Norbert Elias
APRESENTANDO A PESQUIS
APRESENTANDO A PESQUISAPRESENTANDO A PESQUIS
APRESENTANDO A PESQUISA
AA
A
Passadas cinco décadas da fundação da Sociedade Paranaense de Matemática (SPM),
percebe-se que ela se construiu praticamente sem nenhuma penetração no Estado como um
todo, e se restringiu basicamente à Universidade Federal do Paraná. O que a história nos
mostra é que havia uma vertente matemática na Escola Politécnica da UFPR: matemáticos
com origem em cursos de Matemática ou apreciadores oriundos das engenharias que
mantinham contatos com matemáticos internacionais. Assim, pelo espírito de alguns líderes
da época, acabaram criando a Sociedade Paranaense de Matemática em 1953.
A criação da Sociedade foi uma grande contribuição; sou a favor da existência de
sociedades regionais em lugar de se ter apenas uma sociedade nacional, como é a Sociedade
Brasileira de Matemática (SBM), que foi fundada bem depois que a SPM. Pelo que estou me
lembrando, nessa época fazia um ano que o IMPA
1
tinha sido criado, ou seja, o centro que iria
se tornar referência da Matemática no Brasil foi criado apenas um ano depois da Sociedade
Paranaense de Matemática. Foi um grande passo que eles, os idealizadores da SPM, deram.
Depois disso surgiu -, ou existia, não me lembro bem -, a Sociedade Paulista de
Matemática, que foi desativada há algumas décadas e da qual não se tem mais notícia
2
.
uma questão que parece natural: por que o Paraná foi um precursor em termos de
“Sociedade de Matemática”? E, na seqüência: como essa Sociedade ajudou o
desenvolvimento da Matemática no Estado?
Na minha perspectiva, as Ciências Exatas e Tecnológicas, em geral, tiveram grande
impulso na década de 1970, com o projeto de desenvolvimento nacional” dos militares; e
tem muita coisa escrita sobre isso. Havia certa percepção sobre o desenvolvimento
tecnológico do país em diversas áreas, contemplando - de início - as áreas básicas, como a
Matemática e Física; e, obviamente, quando esses programas foram implantados eles se
concentraram no Rio de Janeiro e São Paulo. Isso mostra como havia o incentivo para que as
pessoas fossem para essas capitais para estudar e acabavam ficando por lá, trabalhando.
No Paraná, grande parte dos professores de matemática das universidades fez pós-
graduação em São Paulo ou no Rio de Janeiro. A pós-graduação da Universidade Federal do
Paraná levou muito tempo para ser criada. Então, creio que um dos problemas surgidos foi
que existia uma efervescência em torno da Matemática, mas o havia vontade política de se
1
Instituto de Matemática Pura e Aplicada, fundado em 1952.
2
Segundo Lucieli Trivizoli, em comunicação oral, A Sociedade Paulista de Matemática, na verdade Sociedade
Matemática de São Paulo, foi criada em 1939.
consolidar uma Sociedade de Matemática no Paraná, de caráter regional: ou não tinham
capacidade, ou não eram incentivados pelos governos.
Na década de 1970, quando foram implantadas as Universidades Estaduais de Maringá
(UEM), Londrina (UEL) e Ponta Grossa (UEPG), quase não houve relação com a
Universidade Federal do Paraná. Para se ter uma idéia, na década de 1980, quando eu fui Pró-
Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da UEM, havia um ou dois professores /alunos
considerando todas as áreas de conhecimento –, fazendo pós-graduação na Universidade
Federal do Paraná. Todos os demais professores da UEM em capacitação estavam no exterior,
no Estado de São Paulo ou no Estado do Rio de Janeiro. Portanto, podemos dizer que existia
uma barreira entre a capital e o interior do Paraná. Não acho que fosse uma questão de
rivalidade, mas sim uma falta de interação entre a Capital e o Interior, decorrente de questões
culturais.
pouco tempo, conversando com um político, lembrávamos que até a década de 70,
para ir de Curitiba a Londrina (ou Maringá), era necessário sair do Estado, passar pelo Estado
de São Paulo e voltar para o Paraná: não havia estrada ligando essas cidades do interior com a
capital. Isso pode explicar as razões para que não houvesse uma expansão da Matemática no
Paraná. As razões são muitas e variadas, embora me pareça que a razão mais forte, porque
tem papel indutor decisivo, é a questão da política governamental brasileira. Qual seja: o
desenvolvimento tecnológico estava mais concentrado no Estado de São Paulo e ali se
investiam mais recursos. Aliás, se investe até hoje! Mais de 80% dos financiamentos de
pesquisa estão concentrados nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro.
Somente na metade da década de 1980, embora sendo paranaense e professor da
UEM, é que tomei conhecimento da existência da SPM. Isso se deu quando as primeiras
pessoas de Maringá que se filiaram vieram a publicar um artigo no Boletim da SPM
3
. Até
então, não havia contato, ou seja, é muito recente, menos de 20 anos, a aproximação entre
Maringá e a Sociedade Paranaense de Matemática.
Voltando um pouco na questão do passado, acho importante destacar que
independentemente da penetração da SPM no Paraná, a Universidade Federal do Paraná deu
uma grande contribuição para a Matemática no Estado. Isso se constata nas publicações e nas
interações com os matemáticos internacionais. Na década de 1990 tínhamos alguns
matemáticos de Maringá que publicavam na revista, mas não havia ninguém, nem de Maringá
3
Sigla BSPM.
nem de Londrina, que tivesse participado de alguma diretoria ou comitê da Sociedade
Paranaense.
Desde a criação, o endereço da Sociedade, regimental e estatutariamente, era na
Universidade Federal Paraná. Não tinha, nem chegou a ter, nenhuma secretaria regional, A
SPM não tinha relação alguma com as universidades estaduais. Portanto, a capilaridade da
SPM no Estado era praticamente nula. De qualquer modo, com o empenho de alguns
matemáticos da capital, um fato muito importante, embora com irregularidade na
periodização, foi o Boletim da SPM, que hoje é conhecido no mundo inteiro.
Mesmo assim, após o ano 2000, começa um enfraquecimento da Sociedade enquanto
entidade. Uma das razões foi a falta de pessoas: após a aposentadoria de alguns, percebia-se
que a Sociedade iria morrer se continuasse na Universidade Federal do Paraná. Segundo
alguns relatos, ocorreram discussões em reuniões do Departamento de Matemática da UFPR,
decidindo a isolar a Sociedade em um porão do prédio. Dem diante ninguém se envolveu
mais com ela. O último Boletim publicado por eles foi em 1999. Isso quase no fim da energia
das pessoas que estavam “carregando” a Sociedade.
Depois do ano 2000, começamos a fazer alguns contatos e o professor Adonai, da
UFPR, em uma visita a Maringá, disse que se nós o assumíssemos a SPM ela seria extinta.
E foi que decidimos sobre a importância de manter vivo esse patrimônio cultural que é a
Sociedade Paranaense de Matemática, que havia sido criada e mantida pela Universidade
Federal do Paraná durante quase 50 anos.
Eu, que atualmente (outubro de 2005) estou na Presidência da SPM, não tive muito
contato com as pessoas que conduziam a Sociedade. Esse contato só ocorreu após o ano 2000,
quando fui procurado na época eu exercia a Chefia do Departamento de Matemática da
UEM –, para ver se conseguiríamos reativar a Sociedade, trazendo-a para Maringá e
envolvendo mais pessoas do Estado do Paraná. E nessa direção que começamos a trabalhar...
Uma avaliação, começando pelo lado negativo, pois temos que fazer uma autocrítica, é
que o Estado do Paraná não tem massa crítica de pesquisadores de Matemática o suficiente
para manter, sozinho, uma Sociedade. Ou mesmo um Boletim da envergadura deste que vem
sendo publicado. Isso nos incitou a trabalhar mais de um ano para reformular o Corpo
Editorial com nível internacional. Ainda ontem, um dos nossos maiores colaboradores, o
professor Marcelo Cavalcanti, da UEM, estava me mostrando que dos 26 membros do atual
Conselho Editorial, reformulado a partir de 2002, 5 constam entre os mais citados no mundo.
Ele me mostrou que não existe nenhuma revista no mundo com esse potencial: 5 membros
estão entre os maiores matemáticos do mundo em termos de publicação e citação. Para que se
tenha uma idéia do que significa esse “ranking”, do Brasil não há nenhum Matemático citado.
Indo além, no Brasil, em toda a sua história, o há matemático nesse “ranking”, nesse
indexador. E lá estão indicados 5 dos nossos editores.
Com isso, assinalamos que boa receptividade internacional para o BSPM. Agora
surge “a questão” que permeia a vida dessa Sociedade desde a sua fundação: embora o Estado
do Paraná tenha sempre incentivado a Sociedade Paranaense de Matemática (ao longo da
história, teve mais de dez projetos de publicação financiados pelo Estado), nosso Boletim
nunca obteve fomento algum do CNPq
4
. O CNPq destina atualmente seu fomento apenas ao
IMPA!
Em termos de revistas científicas na área de Matemática, atualmente o BSPM é a
única, porque a Revista da Sociedade Brasileira de Matemática (SBM) teve transferida sua
edição e distribuição para a Editora Spring Verlag. Mesmo assim, o CNPq continua
colocando recursos no IMPA e na SBM, enquanto o BSPM, que é uma Revista Brasileira e
com circulação internacional, com 50 anos de existência, nunca mereceu o fomento do CNPq.
poucos dias tivemos uma reunião com um dos membros do comitê do CNPq
nacional que tomou conhecimento da SPM. Visitando a Secretaria da nossa Revista, recebeu
muitas informações por ele ignoradas, mesmo sabendo da existência da nossa Revista. A
Revista atualmente é bem divulgada, pois mantém uma página na Internet e qualquer pessoa
pode acessar e ver o que a Revista publicou ao longo de sua história (www.spm.uem.br).
Bem, esse trabalho foi iniciado em 2002 concretizando a transferência para Maringá, com o
restabelecimento e reestruturação do Conselho Editorial e buscando fomento para manter a
regularidade da Revista. De 2003 até agora, estamos editando um ou dois números por ano,
mas ainda não sustentamos essa regularidade de um ou dois números por ano. A revista tem
recebido muitas submissões de artigos para publicação. Temos recebido artigos para todos os
números e muitos ainda estão sob análise para os próximos números. É interessante notar que
matemáticos de renome internacional sempre têm submetido seus trabalhos no BSPM –
Boletim da Sociedade Paranaense de Matemática. Esse certamente é o mais importante
trabalho realizado com a vinda da SPM para Maringá.
Em seguida, vem o trabalho de reestruturar o “formato” da Sociedade, de modo que
ela tenha representação em todo o Estado do Paraná. Atualmente um membro da Diretoria é
da Universidade Federal do Paraná; um está na Universidade Estadual de Londrina e outro na
Universidade do Oeste do Paraná (Unioeste) em Cascavel. Esse modelo é o que estamos
construindo: com sede fixa em Maringá, mas com gerenciamento ou participação na Diretoria
4
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, fundado em 15 de janeiro de 1951.
de membros da SPM distribuídos pelo Estado. Só assim vamos conseguir que todos os
paranaenses participem da manutenção e engrandecimento da nossa SPM.
A documentação da Sociedade, o seu histórico, é um ponto fraco da organização que
dispomos: sem buscar culpados, mas não sabemos o paradeiro da documentação e muito do
acervo foi perdido ao longo desse tempo. Temos notícia de que na Universidade de São Paulo
(USP) e em outros lugares, como no Instituto Poincaré, existem artigos e publicações da SPM
de nossa Secretaria, dos quais não possuímos cópia ou registro. Estamos tentando essa busca,
que é uma garimpagem de longo prazo, que consiste em refazer a documentação da
Sociedade.
Citando outra dificuldade da SPM, acredito que ela fez pouco em termos de
participação de estudantes, incluindo seminários, encontros e cursos para professores. Isso são
ações que projetamos para o futuro, mas pelos registros que temos, quase nada foi feito nessa
área. Outro ponto fraco é a relação com a Educação Matemática, enquanto área de
conhecimento. A Sociedade tem pouco se envolvido, embora nos primórdios muito tenha
contribuído com o Ensino da Matemática. Porém isso é um problema não só restrito ao
Paraná; essa desvinculação entre Matemática e Educação Matemática está presente em quase
todos os centros do Brasil.
O fato é que temos um Boletim que só publica artigos de pesquisa, embora haja outras
publicações que estão paradas e que poderiam contemplar essa relação com outras áreas e, em
particular, com a Educação Matemática. A Sociedade já publicou monografias de matemática,
trabalhos e os anuários. Acredito que essa é uma área a ser desbravada, no sentido da
Sociedade desenvolver projetos conjuntos com a Educação Matemática. Acredito inclusive
que essas iniciativas teriam muito apoio da sociedade em geral.
Com outras entidades científicas temos pouco contato. Estamos trabalhando nessa
direção, mas para divulgar a existência da Sociedade é um trabalho difícil, principalmente
pela falta de recursos. A nossa Sociedade é muito conhecida na Internet. Basta fazer uma
busca que se encontra no mundo inteiro a citação da SPM. Mesmo assim no Paraná a
comunidade ou sociedade não tem muito conhecimento da existência da SPM
.
Eu não creio que a SPM tenha influído na criação dos cursos de matemática no Estado
do Paraná. Por exemplo: o curso de Matemática de UEL tinha Licenciatura e Bacharelado. A
UEM, com bacharelado recente, mantinha apenas o Curso de Licenciatura, embora próximo
programaticamente de um Bacharelado. Na UEPG e Unioeste não lembro se o Bacharelado é
antigo. Todos esses cursos de Maringá, Londrina e Ponta Grossa –, foram criados antes de
1970 e a SPM não teve influência nenhuma em sua criação e consolidação. Eu desconheço se
os matemáticos de Curitiba que participavam da SPM tiveram alguma influência ou algum
contato com Ponta Grossa, por ser mais próxima de Curitiba. Mas pouco se divulgava das
ações da SPM. Por circunstâncias desconhecidas para mim, acho que as atividades da
Sociedade ficavam restritas à comunidade de Matemática da Universidade Federal do Paraná.
Assim, Maringá e Londrina se consolidaram como “centros de Matemática”, sendo que a
UEM veio a criar o Curso de Mestrado em Matemática antes da Universidade Federal, sendo
que as linhas de pesquisa estavam definidas bem antes também. Talvez por isso o professor
Adonai tenha nos procurado para trazer a SPM para cá. Para ele, nosso Departamento e a
Matemática de Maringá estavam se mostrando com mais potencial do que a própria
Universidade Federal do Paraná.
A participação de estudantes na SPM põe em destaque um velho problema enfrentado
pelos cursos de Licenciatura em Matemática. Antes, quando o professor do Ensino
Fundamental e dio era mais valorizado, contávamos com poucos alunos cursando
Matemática. Agora, então, só conseguimos segurar o pessoal que está querendo seguir para a
pesquisa ou ser professor do Ensino Superior. Embora se continuar com essa política de
salários, também no Ensino Superior deve haver desestímulo da carreira científica. Assim, a
participação de estudantes na Sociedade Paranaense de Matemática é um fato interessante, e
eu não diria que nunca houve envolvimento. Andei pesquisando nos documentos da
Sociedade e encontrei um fato muito interessante. É possível que o primeiro bolsista no Brasil
tenha ocorrido na Sociedade Paranaense de Matemática: o Professor Nathan Moreira dos
Santos foi fazer um curso no IMPA, no Rio de Janeiro, com bolsa da SPM. Isso consta nos
registros dos Anais da Sociedade. De que forma foi isso? O Nathan fazia o curso de
Licenciatura em Matemática na Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Curitiba, e de
foi para o IMPA. Posteriormente ele foi fazer o Doutorado, na década de 1960, no MIT-USA.
Então, o envolvimento dos alunos está presente, embora se releve, porque aluno de
Matemática sempre foi de quantidade pequena. Se pegarmos as três grandes universidades
Estaduais do Paraná que têm Curso de Matemática, veremos que não devem formar cinqüenta
alunos por ano.
Hoje a SPM está sediada no Departamento de Matemática da UEM. Basicamente se
restringe à edição do BSPM, por ainda possuir capacidade de buscar algum recurso de
fomento. Temos projetos, mas o problema é novamente a falta de recursos humanos. Um
projeto nosso é de se criar ou se relançar algumas revistas que a Sociedade já teve. Eu, em
particular, até o ano que vem, estou trabalhando na possibilidade de reeditar alguns livros
clássicos que a SPM editou. o traduções de alguns livros importantes, que ainda são de
interesse nacional, escritos por matemáticos de renome internacional. Pretendo reeditar esses
livros, pois a SPM mantém os direitos da edição. O projeto é reeditar esses livros, formando
uma seleção de livros clássicos. E depois também algumas outras revistas que contemplassem
também a área de Educação Matemática. Está bom?
* * *
NELSON MARTINS GARCIA
Depoimento em 20 de outubro de 2005, na sede da Aduem (Associação dos
Docentes da Universidade Estadual de Maringá), Maringá, PR.
10
Primeiras inquietações
“Atrevo-me a declarar sem receio de contestação, que, se
nada sobreviesse, não haveria tempo futuro e, se agora
nada existisse, não teríamos tempo presente”.
Santo Agostinho
Ao pensar meu envolvimento com a Educação Matemática, posso situar um “começo”
quando da escolha do curso para ingressar na universidade. Sempre esteve presente em minha
vida acadêmica a vontade de exercer a profissão docente e buscar soluções para auxiliar os
colegas que tinham dificuldades com a disciplina de Matemática. Minha atuação começa de
forma ‘elementar’, ajudando os professores do Curso como monitora e participando de
projetos de ensino e extensão... Por outro lado, eu também poderia situar o “início” do meu
interesse em épocas mais remotas, talvez nos primeiros anos de minha vida escolar, na época
em que sentada nos bancos de madeira do “grupo escolar” tinha aulas com a professora
Dirce para aprender as primeiras letras e números pela cartilha Caminho Suave. Dona
Dircinha, como a chamávamos, era o exemplo de uma professora que hoje diríamos
‘tradicional’, embora eu não concorde muitas vezes com o emprego desse termo para
justificar o fracasso escolar. “Naquele tempo”, aproximadamente com sete anos de idade,
sugeri um caminho, não muito suave, para a decomposição do numeral cinco, expressando
várias propriedades de uma determinada estrutura algébrica, que mais tarde vim a
compreender que se tratava de um grupo aditivo. Em uma determinada tarde, com dez, talvez
onze anos, coloquei meu vizinho para ‘aprender’ Matemática: Tudo estava planejado, a
matéria a ser explicada, os exemplos, os exercícios que ele deveria fazer, as tarefas, caderno,
lápis, borracha, mesa, giz, pano molhado e ‘quadro-negro’, que por sinal era a parede do muro
de minha casa. Ia ‘aprender’ de qualquer jeito! Nem que eu tivesse que ficar ali até parte da
noite e nos dias que se seguiriam... Por que estou relatando isso? Ora! Meu vizinho não havia
solicitado auxílio algum! E também não me recordo de que ele tivesse grandes dificuldades
com a Matemática. Então por que aquele meu interesse em ‘dar aulas de Matemática?’ Penso
que desde aquela época manifestava meu prazer em ensinar! Admiro “as matemáticas”, e, por
conseqüência, ser Professora de Matemática é minha realização pessoal!
Desse modo, chegado o momento da escolha do curso para ingressar na universidade,
optei pela Licenciatura em Matemática, mesmo contrariando pessoas que achavam que eu
11
deveria tentar um curso mais ‘elitista’: “já que você gosta tanto de Matemática, por que não
faz Engenharia ou Computação?”
No Ensino Superior, como adiantei, passei a ajudar professores e colegas de curso e
a participar de projetos institucionais. Enquanto aluna do Curso de Licenciatura em
Matemática na Universidade Estadual de Maringá, no período de 1984 a 1987, participei de
alguns congressos e eventos da área. Deste modo, deixo registrada a minha contínua
preocupação e tentativa de colaboração para com a melhoria do ensino e aprendizagem da
Matemática, ainda que somente nessa pequena comunidade da qual fui participante.
No final do ano de 2004, aluna do programa de Doutorado em Educação na UFPR,
conversávamos, durante o Seminário Avançado de Pesquisa, sobre a importante contribuição
do livro Conceitos Fundamentais da Matemática, do professor português Bento de Jesus
Caraça, para o desenvolvimento do Ensino da Matemática em Portugal e, de certa forma, no
Brasil. Nessa ocasião, foi lembrado que um outro professor português, João Rémy Teixeira
Freire, que havia sido ‘discípulo’ de Caraça, residiu em Curitiba na década de 1950 e tinha
sido um dos idealizadores da Sociedade Paranaense de Matemática (SPM), cuja sede, desde
aquela época, já estava situada na Universidade Estadual de Maringá. Naquele momento
fiquei surpresa, visto que eu tinha pouco conhecimento da existência da Sociedade. Vários
questionamentos começaram a me intrigar...
‘Por que teria vindo Rémy Freire a Curitiba?’
‘Quem o trouxe?’
‘Qual a influência de Bento de Jesus Caraça sobre Rémy Freire?’
‘O que levou Rémy Freire a propor a criação da SPM?
‘Será que houve alguma influência da Sociedade Portuguesa de Matemática na criação
da SPM?
‘No que contribuiu a Sociedade Paranaense de Matemática para o desenvolvimento da
Matemática no Paraná e no Brasil?
‘Houve influência da SPM na implantação dos primeiros cursos de Matemática no
Paraná?’
‘Como os idealizadores da SPM “pensavam” a Matemática?’
‘Quais eram as preocupações dos fundadores da SPM em relação ao Ensino de
Matemática?
‘Existe algum trabalho que descreve essa Sociedade?’
‘Um trabalho que respondesse algumas dessas inquietações seria relevante para a
Educação Matemática no Brasil?’
...
12
Acreditando em uma resposta afirmativa para a última questão, iniciei um trabalho de
investigação sobre alguns temas apontados acima. Principiei fazendo algumas leituras
preliminares em História, visto que este trabalho, não exclusivamente, tratará de fatos
passados, e para isso deveria entender o que significa estudar o passado e o presente em
História. As palavras de Carr traduzem, em parte, essa compreensão:
O passado é inteligível para nós somente à luz do presente;
podemos compreender completamente o presente à luz do passado. Capacitar
o homem a entender a sociedade do presente é a dupla função da história
(CARR, 1982, p. 90).
13
Objetivos da investigação
“Cada pessoa parte de uma posição única em sua rede de
relações e atravessa uma história singular até chegar à
morte”.
Norbert Elias
Motivada pelas questões arroladas anteriormente, as quais têm relação direta com
minha atuação profissional, passei a realizar leituras em História, buscando adentrar no
conhecimento da área, distante da minha formação inicial, nos referenciais bibliográficos
pertinentes. Com o tempo, impregnei-me com a leitura de Carr (1982), Thompson (1981), Le
Goff (2003), Chartier (2002), Bourdé & Martin (1983), Burke (1991; 2002; 2005), Certeau
(2006), Hunt (1982) e outros. Todas essas leituras estamparam-se em trabalhos dirigidos,
propostas de artigos e apresentações de Seminários e em Congressos, chegando a constituir
parte relevante do material entregue a julgamento em meu exame de qualificação. Entretanto,
por sugestão da banca examinadora e concordância nossa, decidimos que esse material o
deveria ser incorporado à versão final da tese, cabendo aqui tratar especificamente do nosso
objeto de pesquisa. Mas qual é esse objeto? De que trata nossa investigação?
Especifico, na seqüência, uma síntese do trabalho que propusemo-nos a realizar.
Esta investigação buscará descrever a Sociedade Paranaense de Matemática (SPM) no
contexto de sua fundação e institucionalização, um período que compreende
aproximadamente uma década. Para tanto, decidimos estabelecer alguns objetivos
preliminares:
Fazer um estudo sobre a SPM, no período de 1953 a 1963, buscando suas
contribuições para o desenvolvimento da Matemática no Paraná;
Identificar, por meio de análise documental e entrevistas, as iniciativas propostas
pelos fundadores, iniciadores ou idealizadores, e colaboradores da SPM com relação à difusão
da Matemática;
Pesquisar a influência do pensamento dos idealizadores da SPM na primeira década
de sua fundação, nas primeiras gerações de matemáticos paranaenses;
14
Determinar as possíveis contribuições da SPM para o Ensino de Matemática no
Estado do Paraná;
Realizar entrevistas, utilizando a metodologia da História Oral, com alguns
professores que fizeram parte da SPM;
Buscar relações entre os indícios presentes nas informações documentais e
naquelas obtidas por meio das entrevistas.
Pelo esboço, através do trabalho proposto pretendemos atingir o objetivo geral
norteador, qual seja:
Descrever a Sociedade Paranaense de Matemática (SPM) no contexto de sua
fundação.
Importante deixarmos claro que esse objetivo não é “estrito”, que este trabalho
avançou para além dele, que incorpora elementos que fogem ao período da fundação da SPM
na tentativa de oferecer uma descrição mais profunda e detalhada da SPM.
15
“A SOCIEDADE PARANAENSE DE MATEMÁTICA – SPM
é uma Associação Civil de caráter educacional, científico e cultural, de
direito privado, com duração indeterminada, de fins não lucrativos, de
âmbito estadual, fundada em 31 de outubro de 1953 com sede e foro na
Cidade de Curitiba, tendo deslocado sua sede e foro para a Cidade de
Maringá, Estado do Paraná.”
Art. 1°, Capítulo I, ESTATUTO DA SPM de 23 de maio de 2002
16
17
D
DD
DO DESPEJO
O DESPEJO O DESPEJO
O DESPEJO À
À À
À NOVA CASA
NOVA CASANOVA CASA
NOVA CASA
O professor Décio Krause assumiu o Boletim da SPM, como Editor, quando o
professor Clóvis Pereira da Silva abandonou a Sociedade Paranaense de Matemática;
‘abandonou’ no seguinte sentido: ele era presidente da SPM, aposentou-se do Departamento e
abandonou o cargo sem convocar eleições para a nova Diretoria. Eu colaborava com o Décio,
mas quem fazia o trabalho árduo era ele; contando também com a colaboração, além da
minha, do professor Alexandre Luis Trovon de Carvalho, que foi quem criou o formato da
SPM.TeX. Pois é, o professor Trovon colaborou muito na formatação eletrônica e na
diagramação do Boletim.
O Décio tinha uma espécie de acordo informal com a Editora da Universidade. Você
deve saber que, normalmente, o pedido de dinheiro para manter o Boletim era pedido de
balcão”. Dessa forma, o Décio chegava ao Diretor do Setor e dizia: “o Boletim está
precisando de dinheiro”. Assim, parte do dinheiro vinha do Setor, e parte vinha da Editora.
Esta não tinha obrigação de publicar o Boletim porque este era de uma Sociedade que o
estava nem ativa, que era independente da universidade, mas, mesmo assim, por uma questão
de boa vontade da Editora e do Setor de Ciências Exatas, o Boletim ia sendo editado.
Depois, pode parecer a engraçado, mas o Décio se aposentou e acabou pedindo
demissão para ele mesmo, pois não havia a quem recorrer, não havia Presidente da SPM! Seu
pedido de demissão ocorreu, pois, estando aposentado da UFPR, e sendo professor do
Departamento de Filosofia da Universidade Federal de Santa Catarina, porque ele havia feito
concurso lá, estava muito difícil, praticamente impossível, continuar com o Boletim e
assumindo as atividades do Departamento de Filosofia, que era um Departamento novo para
ele, porque o Décio estava acostumado a trabalhar com Matemática. Se continuasse, não ia ser
muito cil para ele! E o Boletim ficou lacrado; ninguém..., e, particularmente eu, não me
senti em condições de assumi-lo sozinho.
Então, em uma reunião de Departamento, expus o problema do Boletim da Sociedade
Paranaense de Matemática e da participação de matemáticos afirmando que era importante
que o Departamento de Matemática assumisse pelo menos o Boletim, pois não contávamos
mais com a colaboração do professor Décio. Nessa reunião, uma das pessoas que se
manifestou foi o professor lio Hipólito Simiema, que era, na época, Diretor do Setor. Ele
disse que o Boletim era de importância estratégica para o Departamento; o que é verdade!
Porque o Boletim fazia permuta com quase 100 periódicos de Matemática do mundo inteiro,
então o dinheiro investido para publicar o Boletim era muito inferior ao dinheiro que seria
18
necessário para assinar essas revistas, se não houvesse a permuta. E, além do mais, havia, na
época, o projeto de se criar o Mestrado em Matemática Aplicada, que hoje existe aqui.
Assim, para manter o Mestrado é importante ter uma biblioteca forte e o Boletim contribuiria
para isso.
Foi formada então, na reunião do Departamento, uma comissão para reestruturar a
Sociedade Paranaense de Matemática. Fazia parte dessa comissão o professor Yuan, o
professor Hélio, a professora Soraya e eu. Talvez houvesse mais outra pessoa, não me lembro,
mas isso você consegue facilmente obter se você falar com a secretária ou secretário do
Departamento e pedir o livro de atas daquela época. A época é mais ou menos o ano de 2000;
está no site da SPM.
Nesse meio tempo, a Chefe do Departamento era a professora Adriana Luiza do Prado
e, sem mais nem menos, um dia eu vejo os documentos da Sociedade Paranaense de
Matemática, documentos históricos da SPM, da época da fundação da SPM, no meu
escaninho. Não sei de onde vieram os documentos, não sei quem colocou aqueles documentos
ali. Parece-me que quando o cio se aposentou, isso seria bom ser confirmado com a
professora Adriana, o acervo que havia na SPM foi transferido para a Biblioteca, e junto com
o acervo, que eram livros, revistas, havia documentos da SPM, e esses foram entregues então
para o Departamento de Matemática. Eu desconfio que foi a chefia do Departamento quem os
colocou no meu escaninho. O que eu achei uma falta de responsabilidade! Como quem diz:
“O Departamento se isenta dessa história de SPM. Que fique por conta do professor Adonai.
O professor que se vire com aquilo!” Aí, então, foi criada essa comissão, para reestruturar a
SPM. Na primeira reunião da comissão, metade dos membros faltou. Eu estava presente na
reunião, inclusive fui designado Presidente da comissão. Mas outros membros faltaram. Eu
lembro de um membro que faltou, que foi o professor Yuan, os outros eu não me lembro. E, já
que havia comissão, cada membro deveria se ocupar de uma tarefa para estruturar a SPM.
que ninguém podia. A professora Soraya não podia, por tais e tais motivos, o professor Yuan
não podia, por tais e tais motivos, o professor Hélio não podia, por tais e tais motivos... Mas
eu não estava disposto a fazer o trabalho sozinho. Eu queria fazer o trabalho, mas não
sozinho. Eu queria dividir as tarefas, porque eu via o quanto o Décio havia sofrido para
conduzir esse trabalho.
Daí, marcamos uma segunda reunião... e foi o mesmo resultado: ninguém podia
assumir por esse ou aquele motivo. Isso me causou um desânimo muito grande. Eu percebi
que a comissão foi autuada verbalmente pelo Departamento, o Departamento votou a favor da
constituição da comissão para nós trabalharmos, e ninguém queria assumir tarefas. Aí, eu
fiquei sabendo que o professor Celso Carnieri, em uma conversa com o professor Jorge
19
Ferreira, de Maringá, comentou alguma coisa sobre a situação da SPM. O Celso não fazia
parte da comissão, mas mesmo assim falou da situação da SPM. E o professor Jorge Ferreira
telefonou para minha casa querendo saber os detalhes. Eu disse: Olha, a SPM e o Boletim
estão largados às traças, e o Departamento - não verbalmente - diz que vai fazer as coisas, mas
na prática não está fazendo nada”. O Jorge Ferreira disse: “Então nós vamos fazer isso”.
Assim, o Jorge Ferreira falou com o Nelson e com os demais professores do Departamento de
Matemática da UEM.
Nessa época, ia haver um encontro de Matemática que seria realizado por conta do
Departamento de Matemática na UEM, e eles me convidaram para ser um dos conferencistas.
A idéia era ‘matar dois coelhos com uma cacetada’. Eu ia para lá fazer a conferência,
explicaria a situação da SPM e assim ver o que a UEM poderia fazer. Mas ao mesmo tempo
eu levaria os documentos da SPM para começar o processo de transferência de sede e foro da
SPM de Curitiba para Maringá. Porém, antes de ir para Maringá, eu mandei um e-mail
coletivo para o Departamento dizendo: “A comissão se reuniu duas vezes, o conseguimos
pessoas dispostas a trabalhar nesse processo de resgate da SPM e a Universidade Estadual de
Maringá, o Departamento de Matemática de está demonstrando esse interesse. Eles querem
a SPM. Alguém vai se manifestar? Se ninguém se manifestar, eu vou levar tudo que tiver aqui
no Departamento sobre a SPM para Maringá”. Eu avisei, mandei e-mail coletivo para o
Departamento. Ninguém se manifestou. Ninguém! O que é que eu fiz? Estava com a data
marcada, de viagem, juntei o que eu tinha e levei para Maringá. E chegando lá, depois desse
encontro de Matemática, nos reunimos naquele auditório que no Departamento de
Matemática que vocês construíram. Estavam presentes os professores Nelson Martins Garcia,
Ma To Fu, Luiz Vieira, Carlos Braga e eu. Enfim, estavam uns quatro, cinco, talvez seis
professores conversando sobre o que poderia ser feito pela SPM. E esses professores do
Departamento de Matemática da UEM, diante de todo o quadro exposto, aceitaram receber
aqueles documentos. Eu pedi para eles me darem um recibo daqueles documentos, com tais
características, e sob tais e tais circunstâncias. E eles me deram o recibo assinado pelo
professor Nelson, que era o Chefe do Departamento na época. Eu fiz uma cópia desse recibo e
coloquei em edital interno do Departamento da UFPR, para que todos vissem, e também
avisei por e-mail: “Olha, eu estou colocando em edital o recibo da transferência dos
documentos da SPM para Maringá”. Pouquíssimo tempo depois, o professor Yuan veio aqui
na minha sala me fazer uma ameaça! Ele me ameaçou de abrir um processo contra mim
porque o Departamento estava perdendo as permutas. É simples e lógico, isso prejudicaria o
Mestrado, todo mundo sabia, eu também sabia disso, e quando o professor Yuan saiu da
minha sala, eu enviei outro e-mail coletivo para o Departamento afirmando: “Olha, eu avisei
20
vocês, eu avisei que o Departamento só tinha a perder com isso, e que Maringá estava
interessada. E que a questão é a continuidade da SPM”. A questão era: ou deixar a Sociedade
Paranaense de Matemática morrer de uma vez por todas nas mãos de Curitiba, ou deixar na
Universidade Estadual de Maringá. Prejudica Curitiba se ficar em Maringá, mas se ficar por
aqui também prejudica Curitiba. E, pelo menos, ficando em Maringá, beneficia o Paraná.
Claro que eu sabia que Maringá ia manter a Sociedade Paranaense de Matemática, que é a
Sociedade mais antiga de Matemática do Brasil. E quando eu enviei esse e-mail disse também
que o professor Yuan estava me ameaçando de processo: “O professor Yuan está me
ameaçando de processo porque eu estava prejudicando o Departamento”. Um professor me
escutou: o Carlos Vianna. E o Vianna disse: “Não motivo para abrir processo nenhum
porque foram dadas todas as chances e o Departamento não assumiu”. No fim, o professor
Yuan o abriu processo algum, e o assunto foi esquecido. Então, tudo se passa aqui como se
nada disso tivesse acontecido, ninguém toca no assunto. É uma coisa constrangedora! O
Departamento de Matemática daqui, que estava querendo consolidar e está consolidando o
Programa de Mestrado...
Isso só mostra o seguinte: que Maringá tem um compromisso com a Matemática
especialmente maior. Eu não sei se você pretende colocar isto na sua tese, mas estou te dando
uma informação que não é tornada pública, não aparece isso na passagem da SPM, mas isso
aconteceu. Isso aconteceu!
Agora é o seguinte, eu conversei com a secretária do Departamento que toda
correspondência que chegar para mim relativa à SPM, que envie direto para Maringá.
Por outro lado, quando você chega lá em Maringá, encontra um edital em que consta a
produção do corpo docente. Aqui, nós temos gente produzindo, mas não esse negócio de
tornar público o que está acontecendo. o “site”, mas eu tenho a impressão que em
Maringá tem mais doutores em Matemática que aqui, e tem uma produção maior também. É
como você falou, estão investindo há muito tempo na qualificação dos docentes.
Outra coisa, voltando à SPM, que aconteceu também, agora que eu estou me
lembrando, é o seguinte: havia o interesse do matemático búlgaro Drumi Bainov, o pessoal de
Maringá o conhece, de assumir os livros. O Boletim da Sociedade Paranaense de Matemática
seria transferido para a Bulgária. Ele tinha interesse! Isso antes de eu saber do interesse de
Maringá, antes de Maringá ter qualquer coisa, o Bainov tinha o interesse no Boletim. E o
Bainov queria que eu fosse para a Bulgária conversar com ele sobre essa questão. Só que isso
envolvia dinheiro, um gasto muito alto. Eu não tenho dinheiro. Precisava de apoio financeiro.
Então solicitei apoio financeiro à Capes para viajar até a Bulgária e poder contatar
pesquisadores e, ao mesmo tempo, ver a questão do Boletim. A Capes me deu uma resposta,
21
alguma coisa mais ou menos assim: “O Boletim da Sociedade Paranaense de Matemática é
uma publicação sem relevância Matemática”. Não havia porque incentivar a transferência
para outro lugar. Veja só? Ainda tem mais isso! Essa carta da Capes eu tenho!
Acontecem essas coisas... Ou seja, isso mostra o preconceito e a ignorância, por parte
da Capes, em relação ao Boletim. Porque se fosse transferido para a Bulgária, a questão da
qualidade do Boletim ficaria por conta da Bulgária. E o Bainov, você sabe, tem uma produção
matemática de primeira.
Outra coisa que eu também lembrei agora é sobre o acervo da SPM. Tinha uma edição
portuguesa do século XIX dos Elementos de Euclides. Queria saber onde esesse livro. Isso
pertencia à Biblioteca da SPM, foi doação do professor Jayme Machado Cardoso e eu não sei
onde foi parar esse livro. Outra coisa que sumiu da SPM e ninguém tem noticia é a lista dos
400 sócios. Essa lista devia estar ou com o professor Clóvis ou com o professor Edson
Andretta, que era uma espécie de braço direito do professor Clóvis quando este era presidente
da SPM. O Edson era professor de Desenho daqui, e também já se aposentou.
Ao usar essa metodologia de dispor palavras para que a gente as veja e falando
sobre aquelas que nos chamam a atenção você pode incorrer em algumas falhas. Por exemplo,
acho que falta alguma coisa que destaque esse desinteresse de Curitiba em relação à SPM,
esse marasmo daqui. Tinha um professor aqui que se cansava de se queixar desse
desinteresse, dessa falta de estímulo para levar a SPM adiante.
Você sabia que na época em que o Clóvis era presidente da SPM ele conseguia
dinheiro com a IBM do Brasil para publicar? Estranho ele não ter comentado isso, um dos
principais doadores da SPM era a IBM do Brasil.
O Clóvis... Vou te contar uma coisa “in off”, seria ótimo se a fita acabasse agora! É o
seguinte: nós tínhamos um professor aqui na UFPR, chamado Sérgio Schneider, ele queria ser
presidente da SPM. Era um cara que gostava de cargos: foi Diretor do Setor aqui. E o Clóvis
sempre convocava as eleições da SPM sem o Schneider saber, para o Schneider não se
candidatar. Eu era estudante, eu fiz parte da Diretoria da SPM. Isso o Clóvis falou para mim.
Eu era aluno aqui do curso de Matemática, isso foi no final da década de 1980, e o Clóvis não
queria que o Schneider assumisse a SPM. Então ele convocava eleições, mas não era uma
convocação pública. Ele chegava para alguns alunos, e eu fui um deles, e dizia: “Você quer
fazer parte da Diretoria da SPM?Eu disse: “Quero!”. Então eu fui, por exemplo, Diretor
Cultural em uma gestão e fui também Tesoureiro em outra. Isso quando eu era aluno! Nessa
época, quem convocava as reuniões era o Clóvis, que era o Presidente. Como a gente era
aluno, quem decidia mesmo as coisas era ele. Nós estávamos mais para tapar buracos”,
porque o Estatuto exigia aqueles membros; e eu como Diretor Cultural, na época, o máximo
22
que fiz foi ser mestre de cerimônias de algum evento. Havia Encontros de Matemática,
Olimpíadas de Matemática, esse tipo de coisas... quem organizava tudo era o Clóvis, quem
fazia tudo era ele, o Clóvis fez muito pela SPM! Eu tenho a impressão que foi por causa do
Clóvis que o Boletim passou a ser indexado pelo Mathematical Reviews. Foi ele quem fez
isso. O Clóvis fez muita coisa pela SPM! Depois ele abandonou, eu não sei bem dizer por
quê. Antes disso, na primeira série, muito antes do Clóvis, quem cuidava do Boletim era o
Jayme Machado Cardoso. E o Jayme chegava a ponto dele mesmo datilografar os artigos, era
um trabalho artesanal mesmo. Agora, quando o Editor foi o cio, a coisa era mais
profissional. O Décio recebia os artigos submetidos, o que eu o ajudava encaminhando os
artigos para os críticos, sendo que alguns deles ficavam encantados com o Boletim. Eu me
lembro que um professor da Universidade da Virginia; não lembro do nome dele; o nome dele
está no corpo editorial, mas é um cara que eu convidei para ser crítico de um artigo. Ele leu o
artigo, e depois, como sinal de agradecimento, pagou um exemplar do Boletim. Esse professor
viu o Boletim e achou sensacional. Elogiou! Quando o pessoal de Maringá assumiu o
Boletim, eu perguntei para ele se estava interessado em participar do corpo editorial
novamente, e ele aceitou.
algumas coisas interessantes e que poderiam render algum resultado se
investigadas. A funcionária Maria Kloch da Biblioteca Central era a responsável pela permuta
dos Boletins da Sociedade Paranaense de Matemática com os quase 100 periódicos; quem
fazia os contatos com ela? Quais os periódicos permutados? Desde que época? Além disso,
seria bom também conversar com o Editor da Editora da UFPR para saber por que a Editora
publicava os Boletins da SPM; que o Boletim não era da Universidade, por que a Editora
assumiu isso? Investigar essa política de boa vontade da Editora em manter o Boletim.
Interessante também é perguntar para o Décio quais eram as fontes de financiamento, porque
eu me lembro que uma era o Setor de Ciências Exatas e outra era a Editora, não sei se havia
outras.
O acervo da SPM chegava a conter material escrito em russo e eu acho que o único
que lia era o Jayme, mas não tenho notícia de que ele fizesse traduções desse material.
O que eu queria contar mesmo para você é justamente aquele negócio de Curitiba, do
marasmo, da falta de apoio para a SPM, isso para mim era essencial! Uma outra coisa que
possa interessar para seu trabalho é que o Jayme uma vez escreveu um documento em que ele
conta a História da SPM em uma página. Esse documento até foi colocado na Internet. O
Jayme diz alguma coisa mais ou menos assim: que a posição do matemático, na época da
fundação da SPM, não era promissora.
23
Se você for escrever artigos ou livros, transformar esse trabalho em um livro seria um
troço fantástico. O que depender de mim, pode contar com o empenho pra transformar isso
em um livro de boa distribuição, porque eu o recomendo que você publique, se você for
fazer um livro, que você não faça isso pela Editora da Universidade Federal do Paraná
5
,
porque eles têm uma péssima distribuição. Eles fazem livros de excelente qualidade, mas sem
distribuição. É... espero que você dê uma cópia de sua tese para mim.
* * *
ADONAI SCHLUP SANT’ANNA
Depoimento em 10 de junho de 2005, no Centro Politécnico da UFPR Bloco B,
Curitiba, PR.
5
Sigla: UFPR
24
Sociedade Paranaense de Matemática
“A Ciência pode ser encarada sob dois aspectos diferentes. Ou se olha para
ela tal como vem exposta nos livros de ensino, como coisa criada, e o aspecto é o de
um todo harmonioso, onde os capítulos se encadeiam em ordem, sem contradições.
Ou se procura acompanhá-la no seu desenvolvimento progressivo, assistir à maneira
como foi sendo elaborada, e o aspecto é totalmente diferente – descobrem-se
hesitações, dúvidas, contradições, que só um longo trabalho de reflexão e apuramento
consegue eliminar, para que logo surjam outras hesitações, outras dúvidas, outras
contradições”.
Bento de Jesus Caraça
O trabalho de investigação realizado em uma pesquisa não é algo que se possa
comparar com uma caminhada em linha reta”. Freqüentemente o percurso se torna
acidentado e acontecem “desvios” na nossa trajetória de investigação. De fato, em
determinado momento, o trabalho requer escolhas de metodologia para seu prosseguimento, e
algumas vezes a própria metodologia acaba por se tornar um foco da investigação. Ou seja: à
medida que vamos avançando, lendo textos, envolvendo-nos com os documentos, também
vamos modificando nossa visão sobre o objeto de estudo, vamos adequando nossas
“ferramentas” e alterando algumas das opções metodológicas.
Ficamos a pensar se é possível prosseguir uma pesquisa ignorando o que estamos
procurando. A resposta afirmativa veio de Carr, o qual busca em Kant a resposta a essas
reflexões.
“Enquanto não tivermos reunido durante muito tempo, de forma não
sistemática, observações para servir como materiais de construção, seguindo
a orientação de uma idéia oculta em nossas mentes, e realmente depois de
termos gasto muito tempo na disposição técnica destes materiais, pela
primeira vez nos tornamos capazes de visualizar a idéia de uma forma mais
clara, e de esboçá-la arquitetonicamente como um todo” (KANT, Crítica da
razão pura, p.835- citado por CARR, 2002).
Portanto, para encontrar respostas aos questionamentos apresentados, ou apresentar
uma descrição de determinado objeto, a seleção de materiais, dentre aqueles a serem
pesquisados, é uma das primeiras tarefas. Isso também está de acordo com D’Ambrosio
quando o mesmo trata da questão da historiografia na Educação Matemática:
25
“Uma vez identificados os objetos de estudo, a relação dos fatos, datas
e nomes depende de registros, que podem ser de natureza muito diversa:
memórias, práticas, monumentos e artefatos, escritos e documentos. Essas são
as chamadas fontes históricas.
A interpretação das chamadas fontes históricas depende muito de uma
ideologia e de uma metodologia de análise das fontes. O conjunto dessas
metodologias, não na análise mas também na identificação das fontes é o
que se chama historiografia”(D’AMBROSIO, 2000).
Assim, inicialmente buscamos observar como está estruturada a SPM atualmente,
bem como o que ela tem disponível, em termos de acervo material, e também pesquisamos
sobre os indivíduos que fizeram e/ou fazem parte dessa associação.
Coletamos as primeiras informações na página da Sociedade, a qual pode ser visitada
pelo sítio www.uem.br. Após essa busca, fizemos um levantamento bibliográfico do acervo
disponível atualmente em sua sede e, por fim, contatamos o primeiro Presidente da Sociedade,
após mudança de foro, que prontamente colaborou com uma entrevista, a qual foi apresentada
e transcrita no início deste trabalho.
Após a transferência de foro, em 2002, da Universidade Federal do Paraná, em
Curitiba, para a Universidade Estadual de Maringá, na cidade de Maringá, a SPM passou por
uma série de reformulações, desde a posse de uma nova Diretoria até uma reforma estatutária.
Os trâmites desse processo estão disponíveis na Internet. Dessa forma, entendemos que seria
desnecessário dispô-los novamente aqui; e uma outra forma de visualizá-los seria mediante
entrevistas realizadas com colaboradores que fizeram e/ou fazem parte da Diretoria da SPM, e
essa foi nossa opção.
Entretanto, apresentaremos alguns fatos relevantes para entendermos como está
estruturada atualmente a SPM, a iniciar pelas duas primeiras Diretorias eleitas após a
transferência do foro, as quais foram compostas (Anexo 3), pela primeira vez, com sócios de
todas as universidades estaduais, abrindo, assim, uma oportunidade de expansão para essa
entidade em todo o Estado do Paraná. A segunda Diretoria, preocupada com a manutenção e
consolidação da SPM, apresenta uma proposta de trabalho em que estão listadas as seguintes
metas:
1. Realizar buscas de documentos históricos para completar a organização da
Secretaria da Entidade;
2. Elaborar projetos para agências de fomento, objetivando a consolidação da Série
do Boletim da Sociedade Paranaense de Matemática - BSPM;
26
3. Estruturar os Comitês: Editores Assistentes e Editores do Boletim da Sociedade,
visando a dinamizar o Boletim;
4. Definir as linhas editoriais das publicações - Informes e Monografias - para que
sejam relançadas;
5. Estudar a possibilidade de lançamento do BSPM na versão eletrônica;
6. Organizar a estrutura e o funcionamento da Entidade, em uma perspectiva
institucional, para não sofrer solução de continuidade no futuro, a exemplo do que
aconteceu até agora. A Sociedade o pode ficar na dependência apenas de algumas
pessoas abnegadas. Ela deve ser de toda a Comunidade Matemática do Estado do
Paraná;
7. Incorporar os sócios históricos da Sociedade, buscando intensamente as
aproximações, assim como buscar divulgar e filiar novos sócios como forma de
fortalecer a SPM;
8. Dar contribuição efetiva na busca de crescimento e consolidação da Cultura
Matemática no Estado do Paraná e no Brasil;
9. Viabilizar ampla divulgação do BSPM – Boletim da Sociedade Paranaense de
Matemática – e de todas as publicações da SPM;
10. Promover eventos de natureza científica por meio da SPM;
11. Regularizar as indexações das publicações da SPM;
12. Estudar um plano de publicações ou reedições de livros de grande interesse;
13. Manter os sócios da SPM informados acerca dos acontecimentos científicos sobre
a Matemática no Paraná.
27
O item 1 nos alerta sobre o acervo da SPM, o qual - como constatamos no decorrer
desta investigação - sofreu grande perda, desde edições de anuários até obras raras doadas por
sócios da entidade.
As propostas referentes aos itens 2 e 12 foram nomeadas como Projeto Boletim e
Projeto Livro e tinham como objetivos específicos, respectivamente:
a) Editar, com a ajuda da Fundação Araucária
6
, o periódico matemático Boletim da
Sociedade Paranaense de Matemática; e
b) Reeditar, com a ajuda da Fundação Araucária, o livro Introdução à Teoria das
Funções de Richard Courant.
A preocupação com a distribuição dessas edições também estava presente:
“A distribuição será gratuita às bibliotecas de universidades,
programas de pós-graduação em matemática, grupos de iniciação científica e
permutas com outras obras. Convém lembrar que a maioria das bibliotecas
que recebe o BSPM mantém cooperação de permuta com a Universidade sede
da Sociedade Paranaense de Matemática. A UEM dará uma grande contra-
partida de forma direta e indireta, hospedando a SPM bem como todo o
trabalho de mobilidade, infraestrutura e chancela para o Boletim, por meio de
cooperação geral mantido por um convênio.”
Sobre o item 7, a Sociedade atualmente possui cinco categorias de sócios, em número
ilimitado, a saber: honorários, efetivos, correspondentes, beneméritos e institucionais. Os
interessados em filiar-se à SPM devem ser indicados por dois sócios efetivos, conforme
consta na ficha de inscrição (Anexo 2).
Os outros itens listados traduzem perspectivas a serem implementadas e/ou projetadas
para futuras Diretorias, bem como explicitam ações a serem viabilizadas de acordo com
vontade políticas institucionais, como são os casos dos itens 8, 10 e 11.
Em seguida, relacionamos os documentos e materiais disponíveis na sede da
Sociedade. Esses materiais estão, atualmente, separados em dois arquivos de documentos e
são apresentados nos quadros nas próximas páginas.
6
Fundação de amparo à pesquisa do Estado do Paraná.
28
I. Arquivos da Sociedade Paranaense de Matemática
Os Arquivos da SPM constam de oito caixas, nas quais estão guardados documentos,
correspondências e outros materiais desde sua fundação (Quadro 1).
Quadro 1 - Arquivos da SPM
Caixa I.1:
Documentos de Fundação
Prestação de contas com Tribunal de Contas/PR
Imposto de renda e RAIS
Caixa I.2:
Informes
Monografias
Anuários da SPM, série 2, vol.2, 1959
Livros editados pela SPM
Caixa I.3:
Correspondências antigas
Caixa I.4:
Artigos antigos
Caixa I.5:
Atas antigas (Fundação)
Ata da Fundação da SPM
Relação dos Sócios Fundadores
Diário Oficial
Estatuto
Caixa I.6:
Correspondências recebidas ( de 1953 a 1978)
Acervo da biblioteca (janeiro/1962)
Contas da diretoria: anos: 1965/1966/1967/1969
Relatórios da diretoria: 1958/1968/1970/1974/1975
Relatório do diretor cultural: 1958
Caixa I.7:
Correspondências expedidas ( de 1953 a 1979)
Correspondências recebidas (1965/1966/1970 /1977 /1979)
Caixa I.8:
Envelopes da SPM
29
II. Arquivos dos Boletins da Sociedade Paranaense de Matemática
Os Arquivos dos boletins da SPM constam de vinte e quadro caixas, nas quais, além
de todas as edições, estão também artigos originais recebidos (Quadro 2).
Quadro 2 - Boletins da SPM
Caixa II.1:
1ª série: de 1958 a 1967
2ª série: de 1980 a 1998
Caixa II.2:
Correspondências recebidas antes de 2001
Artigos a serem analisados (antes de 2001)
Caixa II.3:
Artigos recebidos de 1996 a 1997
Caixa II.4 até Caixa II.24:
Boletins da SPM
Selecionamos os documentos pertinentes aos objetivos desta investigação e as análises
que fizemos estão retratadas nas seções que se seguem.
Atualmente, a Sociedade tem sua sede instalada em uma sala, anexa à secretaria do
Departamento de Matemática, no Bloco F67 da Universidade Estadual de Maringá. Todo seu
acervo, material e bibliográfico, está disposto nesse local.
Apresentamos, retirado de sua gina na Internet, no Anexo 1, o Estatuto da SPM em
vigor atualmente. Entendemos que tal documento aclara a atual estrutura da Sociedade, bem
como norteou alguns pontos de nossa primeira entrevista, apresentada no início deste. É
importante destacar que a referência à fonte do documento como disponível publicamente na
Internet favorece as consultas e consolida o caráter “público”, pois qualquer pessoa com
acesso a um computador poderá consultá-lo e obter cópia.
30
31
“A “SOCIEDADE PARANAENSE DE MATEMÁTICA”
(SPM), com sede nesta cidade onde foi fundada tem por finalidade
prescípua estimular e manter um interesse ativo pela matemática e suas
aplicações, bem como incentivar a pesquisa e contribuir para o
aperfeiçoamento neste ramo da Ciência”.
Diário Oficial do Estado do Paraná, N° 218, Ano XLI, de 03 de
dezembro de 1953
32
33
ORIGENS
ORIGENS ORIGENS
ORIGENS
Falar sobre a Sociedade Paranaense de Matemática (SPM) para mim é um prazer e ao
mesmo tempo é muito, muito difícil... Na simplicidade da Ciência no Paraná nos anos 50 do
século passado, essa Sociedade teve um papel enorme, inclusive contribuindo para mudar a
própria mentalidade que imperava na cultura matemática e na cultura paranaense em geral.
Naquela época, talvez por influência de Augusto Conte, achava-se que, em
Matemática, só se poderiam desenvolver técnicas de ensino e contribuir para o ensino da
Matemática, jamais, ou muito dificilmente, no tocante à pesquisa, de modo a criar novas
idéias, demonstrar novos teoremas.
Quando o professor Rémy Freire veio para Curitiba, por volta de 1950, a sua vinda
injetou sangue novo para a própria Universidade Federal do Paraná e para a cultura
paranaense. Ele, criando a Sociedade Paranaense de Matemática (SPM), incentivando o
estudo em Matemática, a publicação e a indagação no âmbito matemático, realmente deu um
impulso enorme para o desenvolvimento da Ciência no Brasil e, em particular, em Curitiba.
Vários jovens participaram da fundação da Sociedade e nos desenvolvimentos posteriores. Eu
me lembro de velhos professores, pessoas como, por exemplo, o professor Valdemiro Teixeira
de Freitas, Olavo Del Claro, Jose Bittencourt de Paula e outros; e dos jovens que, naquela
época, estavam muito interessados em Matemática, em pesquisa na área de Matemática.
Lembro-me de Jayme Cardoso, Leo Barsotti e Zélia Milléo Pavão. Eu mesmo fui muito
influenciado pelo Rémy Freire, e a Sociedade Paranaense de Matemática trouxe para mim um
novo alento. Acho que a minha carreira matemática deve-se em boa parte as minhas
atividades durante vários anos junto com Rémy Freire e o grupo da Sociedade Paranaense de
Matemática. Uma das coisas mais importantes que a Sociedade Paranaense de Matemática
trouxe foi a contribuição para a renovação do ensino da Matemática em Curitiba e de modo
geral no Paraná. São numerosos os jovens de várias localidades, a cerca ou afastados de
Curitiba, que desenvolveram seus estudos matemáticos e que tiveram sua carreira matemática
afetada pelas publicações da Sociedade Paranaense de Matemática.
Por outro lado, e isso é uma coisa importantíssima, por iniciativa de Rémy Freire, que
foi a alma, a marca da Sociedade Paranaense de Matemática, rios professores foram
convidados para ir ao Para e contribuir no desenvolvimento da Matemática. Foram
convidados, por exemplo, Maria Laura Mousinho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro,
Elon Lages Lima, também do Rio, para iniciarem o desenvolvimento da Matemática lá. E
muitos professores estrangeiros, especialmente o professor
Marcel Guillaume, que no começo
dos anos 1960 esteve em Curitiba e que iniciou, com o grupo de Curitiba, um trabalho que
34
durou 40 anos. Até hoje tenho excelente relações com esse professor, com quem
sistematicamente me encontrava na França e no Brasil; e ele foi uma das pessoas que mais me
influenciou.
Então, a criação da Sociedade Paranaense de Matemática, em particular com relação à
pasmaceira e à estagnação da Matemática no Paraque havia na época, e da ciência no
Paraná, foi uma coisa extraordinária.
Acredito que fazer um estudo sociológico e cultural da situação do Paraná naquela
época, no tocante à ciência e à cultura, e o papel extraordinário da Sociedade Paranaense de
Matemática, daria uma tese muito interessante, inclusive poderia originar teses em Sociologia
e em outras áreas do saber, porque o ambiente curitibano e as reações contra e a favor da
Sociedade constituem matéria-prima, inclusive para um sociológico. Então você deveria fazer
um estudo detalhado de vários aspectos culturais do Paraná, aspectos que podem ser
generalizados para grupos sociais e culturais.
Olhando de modo mais restrito, uma das coisas que me chamou muito a atenção foi a
atração que a Sociedade exerceu sobre jovens estudantes daquela época, ou logo depois. Eu
era professor do Curso de Matemática da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras da
Universidade Federal do Paraná e vários estudantes se aproximaram dos nossos seminários,
participaram das reuniões, foram influenciados por pessoas, o só do Brasil, que foram
convidados, como do exterior, e isso contribuiu, dentro de certos limites, para um pequeno
desenvolvimento da Matemática, não só no Paraná, mas no Brasil em geral.
A Sociedade Paranaense de Matemática é algo de grande importância, especialmente
por ser uma Sociedade Científica. O nosso país sempre foi meio literário, com uma verve
literária muito grande. Gostam-se de escritores, de poetas, de historiadores, digamos, mas
Ciências Exatas, especialmente pesquisa em ciências exatas, é uma coisa que afasta, ou que
naquela época afastava os brasileiros em geral, e especialmente em Curitiba, onde o atraso era
patente.
Então a Sociedade Paranaense de Matemática, como uma sociedade científica,
influenciou vários grupos, inclusive grupos de Física, pessoas que posteriormente fundaram
Sociedades. E houve também um intercâmbio muito grande entre pessoas que se dedicavam
às áreas mais variadas.
Por seu turno, as duas publicações principais da Sociedade Paranaense de Matemática,
que eram o Anuário da Sociedade Paranaense de Matemática e o Boletim, tiveram uma
influência muito grande no Brasil quase que inteiro. Eu me lembro que uma vez, viajando no
Nordeste e no Norte do Brasil, encontrei volumes do Anuário e do Boletim, por exemplo, no
Amazonas e no Ceará, e isso me surpreendeu enormemente. Quer dizer, naquela época havia
35
necessidade de um tipo de publicação como o Boletim, porque era principalmente voltado à
divulgação da Matemática, no mais alto nível que a gente pudesse. Isso então é um trabalho,
uma contribuição sumamente valiosa da Sociedade Paranaense de Matemática (SPM).
Outro aspecto que nós podíamos conversar consiste no seguinte: várias conferências
que sistematicamente se assistiam nos cursos de extensão que eram patrocinados pela SPM.
Por exemplo, o professor Rémy Freire, nos anos 1950, ministrou um curso de Teoria das
Matrizes. Em Curitiba, isso era uma verdadeira novidade naquela época! O professor Elon
Lages Lima também ministrou dois cursos, um sobre Espaços Métricos e o outro sobre
Espaços Vetoriais. Então, era enorme a quantidade de jovens assistindo esses cursos. Eu me
lembro também dos cursos da professora Maria Laura Mousinho, um sobre Teoria dos Grupos
e outro sobre Anéis e Corpos, que também atraíram muitíssima gente, inclusive professores
do ensino secundário e universitário. Foi um desenvolvimento enorme!
Vários outros professores..., de outras áreas, o professor húngaro John Kudar, que
ministrou um curso sobre Mecânica Quântica, o primeiro curso desse assunto ministrado na
Universidade Federal do Paraná. Um curso que teve uma assistência assombrosa, cerca de 50
pessoas foram assistir esse curso, ministrado em inglês. Foi o primeiro, ou um dos primeiros
cursos ministrados em Curitiba em uma língua estrangeira. Então, foi algo interessantíssimo!
Muitos professores de Física, influenciados pela Sociedade Paranaense de Matemática,
contribuíram para o desenvolvimento da Física. Eu me lembro do professor Hugo Kremer,
falecido; nos anos 1960 ele trouxe para Curitiba uma das grandes físicas francesas, a qual
ministrou vários cursos na Universidade Federal do Paraná. E esse intercâmbio fez com que
diversos professores curitibanos acabassem obtendo bolsas de estudos para ir à França e
continuou trazendo alguns professores franceses para Curitiba. Então essa experiência foi
extremamente rica. Quer dizer, a experiência nossa, que era um ambiente completamente
isolado e de repente começam a aparecer franceses, húngaros, búlgaros e isso foi uma
situação, uma experiência muito gratificante.
Outro aspecto importante do professor Rémy Freire, como eu disse, ele era uma marca
da Sociedade na época, foi a insistência dele não só em Matemática Pura, inclusive ele
gostava até de Lógica, mas principalmente em Matemática Aplicada. Ele acreditava que não
era interessante desenvolver Matemática Pura e, quando ele deu um curso de Teoria das
Matrizes, insistiu extraordinariamente sobre as aplicações. Então, esse foi um outro aspecto
muito positivo na atividade dele com o grupo, que nos unia, ter o mesmo nível, considerar do
mesmo nível a pesquisa em Matemática Pura com a pesquisa em Matemática Aplicada.
que evidentemente naquela época a pesquisa era muito pequena, quase não se fazia nada, mas
foi o ponto de partida!
36
A Matemática Pura e a Matemática Aplicada, as aplicações da matemática, estão no
mesmo nível, nunca ele distinguiu, por exemplo, que a Matemática Aplicada, a Estatística,
digamos, fosse mais importante ou menos importante do que a Matemática Pura. Isso é algo
extraordinariamente importante.
Outra coisa, sempre fez parte de sua influência um grupo de oito ou nove pessoas,
vários jovens, como os professores Jayme Cardoso, Leo Barsotti e outros com mais idade, que
se interessavam por Fundamentos da Matemática, a Axiomatização da Geometria, Lógica
Matemática, Teoria dos Números. O que, na época, se fazia no exterior foi trazido para o
nosso grupo através de conferências, livros que a Sociedade recebia; e isso é uma coisa
importante sobre a qual eu vou insistir; através de intercâmbio que a SPM tinha com seu
Anuário e seu Boletim. Na realidade, houve época em que a gente fazia intercâmbio com mais
de cem revistas estrangeiras, inclusive algumas revistas extremamente caras, como a
Zentralblat Für Mathematik, uma revista de crítica matemática absolutamente essencial para
um grupo que está querendo partir para a pesquisa em Matemática.
Esse é outro aspecto. A pessoa vai dizer: “mas para que publicar a revista de
matemática?” Não vamos falar especificamente sobre isso, mas o aspecto prático é o seguinte:
um intercâmbio enorme foi efetivado a partir do Boletim e do Anuário da Sociedade
Paranaense de Matemática. Além do mais, o Mathematical Reviews reviu nossos jornais,
nossas revistas, foram dados números para eles e sistematicamente tudo que se publicava no
Boletim e no Anuário era revisado no Mathematical Reviews e isso começou a nos deixar
extremamente contentes porque nós víamos as coisas que o grupo estava fazendo, por menor
que fossem, eram recebidas com certo apoio e interesse no exterior. Então a publicação dessas
revistas, contrariamente ao que muita gente achava, que era supérflua e desnecessária, foi
absolutamente essencial!
E mais do que isso, um professor do Rio de Janeiro, por exemplo, que naquela época
era o maior matemático brasileiro, Leopoldo Nachbin, sistematicamente nos enviava, pedia
para os seus colegas nos Estados Unidos e de fora, artigos de divulgação que eram por nós
traduzidos e publicados no Boletim. Eu me lembro de um artigo, o primeiro sobre Bourbaki,
que apareceu no Brasil, foi exatamente a tradução de um artigo desse grupo matemático feita
pelo professor Ulisses Carneiro, que uma descrição muito bonita da obra bourbaquista.
Bourbaki foi conhecido no nosso grupo, no Paraná, e talvez em outros Estados, com exceção
de São Paulo e do Rio, através das traduções que fazíamos dos trabalhos de André Weil, de
Dieudonné e do próprio Bourbaki. Então eu acho que essa divulgação, especialmente com
relação ao Boletim, foi sumamente importante, e como eu disse, mesmo que muita gente de
fora achasse que isso não tinha sentido, eu acho que era falta de visão, porque não é possível a
37
pessoa imaginar uma coisa mais fecunda do que o Boletim; pelas conseqüências direta e
indireta que exerciam nos contornos.
É claro que também a Sociedade contribuiu enormemente para melhorar a Educação
Matemática no Paraná. É óbvio que a publicação foi pequena, a influência foi se fazendo aos
poucos, e hoje faz muito tempo, eu não estou mais lembrado, não tenho certeza de como isso
continua.
Acho também uma coisa excelente, absolutamente fundamental o que aconteceu com
a Sociedade Paranaense de Matemática deixando Curitiba; está tendo seu Boletim e
praticamente todas suas atividades desenvolvidas na Universidade Estadual de Maringá. Eu
acho que essa foi uma grande vitória, inclusive para mostrar que no Paraná existem outros
centros sensatos além de Curitiba. Talvez até com maior desenvolvimento em Matemática do
que acontece em Curitiba.
A Sociedade Paranaense de Matemática também publicou vários livros, as
Monografias de Matemática, e todas essas publicações são sensacionais. Publicou, por
exemplo, a tradução da Teoria dos Conjuntos do Spanier, que é uma tetéia de livro, uma
beleza! A tal ponto de eu ter encontrado gente de norte a sul, leste, oeste do Brasil que
estudou a Teoria dos Conjuntos e Espaços Métricos pelo livro do Spanier. Outro livro muito
bom, traduzido pelo professor Leo Barsotti, foi o livro do Courant sobre funções analíticas,
um excelente livro, um minicurso genial feito por esse grande matemático na época, o
Courant. O Livro do Lafon sobre Álgebra Homológica e vários outros livros; e as
Monografias de Matemática, as várias monografias interessantíssimas, por exemplo, eu me
lembro da monografia do professor Haroldo Costa, meu irmão, sobre os fundamentos da
geometria, axiomatização da geometria, e que ele defende que, do ponto de vista didático, a
melhor fundamentação que há, que é uma coisa com a qual eu concordo, é a fundamentação a
Birkhoff, quer dizer, você logo de saída introduz distância, torna ângulo, medida de ângulo,
torna tudo muito mais fácil! Axiomáticas como Hilbert e outros tipos de axiomáticas são
praticamente impossíveis de serem dadas na escola secundária, especialmente hoje. A única
exeqüível é a de Gödel, com alguma modificação, nas suas origens, da axiomática de Hilbert.
Então a influência foi incrível, inclusive, novamente eu insisto, em vários lugares do
Brasil. Hoje em dia uma revista como o Boletim, que tenha havido divulgação, que continha
crítica de livros, análise de livros publicados no exterior... hoje isto está um pouco em desuso,
é quase que desnecessário, tendo em vista a Internet. Hoje qualquer coisa que você queira,
praticamente você pode obter via Internet, mas naquela época não havia isso. Então eu acho
que aquilo foi um milagre sob certos aspectos, uma das grandes realizações feitas no Brasil e
que é pouco conhecida, surpreendentemente pouco conhecida, e é quase um milagre ter o
38
Boletim da Sociedade Paranaense de Matemática em um país como o nosso! E a cultura
científica é meio deixada de lado, e ainda pior, a rivalidade entre vários grupos é incrível, é
pior que canibalismo; e esse Boletim continua até hoje! O último volume acaba de ser
publicado pela Universidade Estadual de Maringá. Uma coisa que tem mais de 50 anos!
Então é uma história heróica, é como a história dos desbravadores, dos bandeirantes
desbravando o Brasil, ou dos americanos desbravando o “faroeste” americano. Então qualquer
elogio que se faça à SPM e aos principais propugnadores da Sociedade é pequeno.
Naturalmente a gente podia pensar em diversos outros aspectos das realizações da Sociedade,
mas na verdade o que é surpreendente é que essa Sociedade, depois de todas as vantagens e
por tudo que ela trouxe, chegou a certo momento em que o individualismo e o desinteresse...
que é uma coisa comum no Brasil, não se voltassem para a Sociedade.
Durante certo tempo, praticamente a única pessoa que levava a Sociedade, que
mantinha a Sociedade viva, era o professor Clóvis. Ele, qual novo Jesus, conseguiu salvar a
Sociedade. Uma obra inacreditável! Continuava, com todas as dificuldades, publicando os
Boletins, o intercâmbio internacional, apesar de, praticamente, levar isso sozinho.
Então surge novamente um aspecto interessante da cultura e da psicologia do
curitibano e do brasileiro em geral, o extremo individualismo! O brasileiro parece que não
sabe colaborar em sociedade. Cada um chuta a bola para um lado, quando na verdade o poder,
o progresso etc., depende de uma estrutura social sensata. Então, isto estando à margem da
SPM, é mais difícil. Tem outro aspecto, por exemplo, exatamente esse individualismo nefasto
que é característica do brasileiro. Isso é muito ruim. Não é uma coisa sensata!
Eu sugiro até o seguinte: pegue a Sociedade Paranaense de Matemática como uma
entidade sociológica, estude o que aconteceu. Você terá um órgão social do qual se pode fazer
um estudo social e cultural, e tirar conseqüências interessantíssimas, inclusive para o próprio
Brasil. Eu acho que os traços novos da cultura brasileira se refletem inclusive localmente em
várias atividades da SPM. A falta de apoio, alguns centros maiores, por exemplo, em vez de
quererem ajudar a SPM, queriam destruí-la. Destruir sua obra, suas publicações. Eu sempre
pus a questão: mas por que isso? Quando, se tivesse uma sociedade matemática em cada
capital do Brasil, isso seria excelente! Nos Estados Unidos, em qualquer canto tem alguma
sociedade de algum tipo. Uma sociedade cultural, uma sociedade sobre amantes da física, da
astronomia e tal... Aqui no Brasil se faz uma Sociedade dessa e todo mundo joga pedra.
Pergunto: por quê? Qual é a característica da estrutura social brasileira que cada um joga
pedra no outro?
39
Eu sempre costumo dizer o seguinte: se um brasileiro ganhar um Prêmio Nobel, os
colegas da universidade, em vez de parabenizá-lo vão dizer: ‘mas como baixou o nível do
Prêmio Nobel!’
Outra característica que na estrutura da Sociedade imediatamente salta à vista, é essa
coisa... uma espécie de um complexo de inferioridade do brasileiro, ao mesmo tempo, junto
com uma espécie, uma coisa que parece contraditória, um aspecto de superioridade, ele é o
tal, não precisa se incomodar com o que se faz na Alemanha, na China, nada disso; mas, por
outro lado ele tem um medo enorme! Chega na China, chega, meu pai me dizia, o “fecho
éclair” da espinha curvando perante tudo, perante todos. Isso dá um novo aspecto, porque se a
gente estudar a Sociedade Paranaense de Matemática, isto está claramente patente! O
individualismo desenfreado, o complexo de inferioridade terrível que o brasileiro tem, a falta
de organização social, as universidades, as outras sociedades culturais jamais auxiliaram, ou
melhor, nunca auxiliaram muito a Sociedade Paranaense de Matemática.
E aí, quando a gente publica, eu não posso esquecer que uma vez levei um dos
volumes do Boletim, no qual havia um ou dois artigos escritos em francês, e uma das
autoridades da universidade perguntou: ‘Mas para que publicar artigo em francês? Ou o que
foi escrito é bom e pode deixar em português que cedo ou tarde os franceses vão ler, ou não
tem valor. Então para que publicar em Francês?’ Então, raciocínios desse tipo é que refletem
aspectos interessantíssimos da nossa sociedade.
E no Brasil, geralmente dizem assim: ‘O Brasil, para ser um país de primeiro mundo,
precisa desenvolver a educação’. Concordo e acho que a SPM contribuiu muito para isso. Mas
eu digo o seguinte: só a educação não basta! Vocês pegam, por exemplo, um filósofo genial,
como Heidegger. Heidegger era nazista! Vocês pegam dois prêmios Nobel, como Philipp
Lenard e Johannes Stark, os dois eram nazistas extremos! Especialmente o Stark e Lenard
pegavam seus discípulos e em toda conferência de Einstein apareciam para fazer perguntas,
chateavam o Einstein e distribuíam panfletos anti-semitas, especialmente contra Einstein. Ele
publicou um livro “Cem Autoridades Contra Einstein”. A resposta do Einstein foi
interessante: “se eu estiver errado, não precisava cem, porque bastaria um só, que gostaria de
trabalhar!”. Então só educação não resolve nada!
Eu tenho pensado muito nesse ponto. Quer dizer, educação. Todos os políticos nossos
nos chamam e dizem: “Precisa resolver a educação”. A educação é absolutamente necessária,
mas não é suficiente! Eu não devia falar nisso agora, está meio fora do tema, mas eu queria
fazer uma observação. Quando a gente fala em educação, todo mundo pensa, os políticos
pensam que educação significa fazer escola, quando, na minha opinião, muito mais
importante do que qualquer escola é a educação do lar. Eu tenho uma afirmação, que precisa
40
ser contextualizada, eu costumo dizer o seguinte: a única maneira de resolver esse problema
no país é educando as mães. Sem educação no lar, sem exemplos bons do pai e da mãe, se a
mãe ama a ciência, vibra com a ciência, ou o pai, normalmente o filho vai ter uma visão
diferente do que, por exemplo, em uma família em que ninguém lê, não tenha livro, não tenha
nada. Então a Sociedade Paranaense de Matemática contribuiu para a educação em geral e
depois a gente conversa... Eu aprendi que educação com E” maiúsculo começa em casa. E
começa especialmente com a mãe. É a minha tese: ‘eduque as mães que o Brasil será um país
de primeiro mundo’. Não adianta escola, universidade de primeira categoria se isso o
ocorrer. Portanto, quando se fala em educação a gente não deve se referir somente às
universidades, escolas técnicas, às faculdades, mas também às Sociedades Científicas e às
Sociedades Culturais. Às vezes uma Sociedade Cultural é mais importante do que uma boa
universidade. É sabido que na Inglaterra as conferências titulares da Royal Society é que
fizeram com que, por exemplo, Faraday se dedicasse à ciência, e rios outros cientistas.
Então, para desenvolver a ciência é preciso embutir certos tipos de valores, certos tipos de
ideais, que podem ser embutidos quando a criança começa a caminhar, a falar. Vai dizer:
“não, mas assim todo mundo vai ser um Einstein!”. Não, não é isso! Mas é preciso que todo
mundo, ninguém pode ser Einstein, mas pode contribuir, perceber a importância da ciência
para a sociedade. Napoleão, por exemplo, já no começo do século XIX, costumava dizer que a
gente mede o desenvolvimento de uma sociedade pelo desenvolvimento da Matemática nessa
sociedade. Veja a visão desse político! Não obstante de alguma coisa de errado que ele possa
ter feito, ele foi um político genial. Ele percebeu que precisava criar a Escola Politécnica,
precisava fazer uma rie de coisas, que através do ensino, da pesquisa, da Matemática, da
Física, da Engenharia é que se poderia ter uma França de primeiro mundo, a França
dominando o resto da Europa! Como era mais ou menos a idéia de Napoleão.
Hoje, se vocês quiserem isso no Brasil, nós precisaríamos proliferar as Sociedades,
tipo Sociedade Paranaense de Matemática, proliferar acesso à Internet, às publicações
especialmente; surpreendentemente fazer com que as mães se interessem por essas questões,
que vejam essas questões como importantes. Em um lar, onde os valores o pequenos,
pode condenar, pode criar anões. Se vocês quiserem criar gigantes, desenvolvam a ciência.
Desenvolvam uma filosofia de gigante!
Falando um pouco mais sobre a época da origem da SPM, o professor Remy Freire
queria fazer em Curitiba, no Brasil, uma espécie de cópia, no bom sentido da palavra, da
Sociedade Portuguesa de Matemática, até a sigla “SPM” pode ser lida como Sociedade
Portuguesa de Matemática. Ele dava aula de Estatística nas Ciências Sociais. Quando o Remy
Freire chegou ao Brasil, ele foi convidado pela USP para lecionar. o sei quem da USP o
41
convidou. Provavelmente aquele grupo que estava organizando a Faculdade de Filosofia
Ciências e Letras de lá, que aliás era uma beleza! Ele então estava em São Paulo, e o
professor José Loureiro Fernandes, que era diretor da Faculdade de Filosofia Ciências e
Letras da Universidade Federal do Paraná, o convidou sob condições muito boas. Naquela
época o salário era excelente, na década de 1950, muito bom, e convidou o dando mundos e
fundos para ele vir ao Paraná. Quando ele chegou em Curitiba, a universidade era pequena,
todo mundo se conhecia; logo, nós, como eu e rios outros, tomamos conhecimento do
Remy, da existência dele. Ele era uma pessoa muito sociável, várias vezes o encontrei em
festa, eu tenho fotografia, eu minha esposa e ele em um baile. Era uma pessoa muito dada,
muito aberta, muito simpática. E aí começamos a conversar, ele conversou com várias pessoas
e disse: “Por que nós não fazemos aqui uma Sociedade Paranaense de Matemática,
semelhante à Sociedade Portuguesa de Matemática?”... E aí eu passei para ele, para Jayme
Cardoso também, vários nomes dos figurões daquela época, dos catedráticos das cadeiras de
Matemática, que eram várias na universidade, e eles foram convidados. Falou-se da
Sociedade, de fazer uma Sociedade e tudo... É claro que algum desses catedráticos disse: “Ah
por que isso?... Para quê? Mas muitos deles acabaram participando! O Del Claro, o
Valdemiro Teixeira de Freitas e outros acabaram participando. Então foi assim que nasceu!
Ele veio, apresentou a idéia, e muitos jovens imediatamente, nosso círculo universitário era
pequeno, então logo se soube da fala dele, era um sujeito muito dado, polido, muito
simpático, e ele atraiu um grupo de cultores. Então vamos fundar uma Sociedade!” “Vamos
fundar uma Sociedade Paranaense de Matemática, com publicação”... ele mesmo disse
“Vamos fazer intercâmbio com outras Sociedades.. lá em Portugal a gente permuta com Deus
e todo mundo as publicações da Sociedade!”
Ele logo começou a vender volumes em Portugal, para a Portugaliae Mathematica
etc.
Foi assim, ele chegou e eu acho que em cinco ou seis meses depois já estava fundando
a Sociedade. Ele foi um verdadeiro pioneiro, no sentido americano do termo, como no
“faroeste”. Então a atividade dele foi extremamente gratificante e importantíssima. Ele
merecia um busto, na minha opinião, na Universidade Federal do Paraná. Pena que a
influência dele não foi tão grande como deveria ter sido. Se ele pudesse ter influenciado mais,
se a universidade fosse mais receptiva à pessoas, assim, abertas como ele, a Universidade
Federal do Paraná teria, logo em seguida, uma outra feição. Por que a universidade sempre foi
como a sociedade paranaense em geral, e esse aspecto você pode estudar, a própria análise da
história da SPM foi sempre uma sociedade fechada. Ao vir um certo sujeito de fora, para
querer mostrar uma coisa que ninguém conhece, quase um século, não era uma coisa
42
comum. As características da sociedade, talvez naquela época, uma sociedade mais elitista,
era absolutamente fechada. Essa é outra coisa que você pode estudar, inclusive os traços da
sociedade paranaense, especialmente curitibana, nos livros do professor David Carneiro. É
uma característica de todos serem refratários a mudanças. Todo mundo adorava o “status
quo”. É quase uma Idade Média! É muito difícil de mudar; e, não sei, eu me afastei da
Universidade Federal do Paraná, não sei se ele de fato deixou algum laço, não sei...
É lastimável, mas se ele... por exemplo, fizesse isso no Chile ou na Argentina, seria
outra coisa! Eu conheço muito bem a Argentina, a sociedade argentina, há anos atrás, antes da
derrocada militar, era uma beleza. O nível dos professores e dos alunos, infinitamente
superior! O nível do professor médio argentino ou do argentino médio é infinitamente
superior ao do brasileiro. O brasileiro é tonto perto do argentino, em certo nível. A mesma
coisa no Chile! A Argentina tem quatro prêmios Nobel, o Chile tem dois. O Brasil não tem
nada!
Aliás, eu queria dizer para você o seguinte, outra característica: nós o damos valor
para as conquistas científicas. Para grandes realizações na parte de Ciências Exatas e nas
aplicações da Ciência. Eu, um dia em uma reunião da Sociedade Brasileira de Matemática
Aplicada
7
, estava em uma mesa-redonda. Havia umas 500 pessoas e eu fiz umas críticas
mais ou menos sérias sobre a sociedade brasileira, e me lembro que um dos presentes, se não
me engano, o presidente do Seminário, me fez esse comentário: “Acho, professor, que o
senhor está exagerando! Essa má vontade contra a ciência, contra os grandes valores culturais,
isso o funciona. A gente admira a Física, admira tanta gente que está aqui”. A minha
resposta foi a seguinte: “aqui nesta sala cerca de 500 pessoas. Eu faço uma pergunta para
vocês todos, professores universitários, estudantes... o diabo! O Brasil tem um prêmio Nobel?
Algum de vocês sabe me dizer se isso é verdade?”. Ninguém sabia que o Brasil tinha um
prêmio Nobel! Como é possível uma coisa assim? Como é possível o maior prêmio científico,
o Brasil ter... e quinhentas pessoas o terem consciência disso! Mais do que isso, cassaram a
cidadania desse professor! O professor Peter Medawar que revolucionou as técnicas de
transplante em biologia fez coisas incríveis. Esse ‘cara’ nasceu em Petrópolis, foi fazer um
curso na Inglaterra e não serviu, ou desertou do exército e o Gaspar Dutra cassou, segundo
dizem, eu não tenho certeza, estou falando o que contam, cassou a cidadania dele. E ele se
transformou em um dos maiores cientistas da Inglaterra. Se você pegar a Enciclopédia
Britânica, tem muito artigo sobre ele e está escrito assim: “cientista inglês, nascido em
Petrópolis, no Brasil”. Então o brasileiro não leva em conta isso! (Na sua análise, podemos
7
Sigla: SBMAC
43
até dizer, veja esse fato, por que o Brasil é assim?) Por que os brasileiros não lutam pelos
valores? Brasileiro luta por futebol, por terra, por coisas concretas, mas não luta por valores!
Uma sociedade sem valor é uma sociedade morta! Como é possível isso?! Você tem um
Medawar! Devia em toda universidade ter uma fotografia do Medawar. plantar batata! O
cara é prêmio Nobel brasileiro, diabo! Como é possível que você tenha a sociedade assim? De
debilóides, idiotas! Nos Estados Unidos, o povão é que nem o brasileiro, ou pior, hein! Mas as
elites, as grandes universidades, eles sabem nas pontas dos dedos os prêmios Nobel. Se você
entrar no Laboratório, por exemplo, de Química da Universidade da Califórnia em Berkeley,
você olha e está dizendo: “olha, os nossos nove Prêmios Nobel”. Aqui, você arranca o
nome, se amanhã puserem o nome de uma sala: “fulano de tal, prêmio Nobel”, eles tiram a
plaqueta da porta! Esse é outro aspecto interessante... por que o Brasil é assim?
Não sei se você sabe, outro caso estranho. O Carlos Chagas foi o único caso da
história da medicina em que o sujeito, observando a doença, detectou o parasita, e detectou o
micróbio que causa a doença de Chagas. Estudou tudo de uma só vez! Devia receber o Prêmio
Nobel. Pois tentaram fazer com que ele recebesse o Prêmio Nobel, e a Academia de Medicina
do Rio de Janeiro, o diretor era aquele sujeito muito conhecido, cujo nome agora me falta,
mandaram cartas e mais cartas à Comissão Nobel, dizendo que o Carlos Chagas era um
impostor, que ele inventou a doença, que não tinha nenhuma doença, nem nada. Afrânio
Peixoto era o cara! Se fosse nos Estados Unidos ou na Polônia, qualquer polaco que achasse
idiota o cara que iria ganhar o Prêmio Nobel na pior das hipóteses não diria nada, mas
apoiava.
E Lógica Paraconsistente, por exemplo, uma coisa que eu tenho a honra de ter feito.
Na Polônia e na Rússia começaram a aparecer várias pessoas que aparentemente, antes de
mim, tiveram a idéia. Aqui no Brasil há várias pessoas dizendo que a idéia não é minha. Então
você veja! Não estou dizendo que você procure tapear ou procure enganar, mudar a história!
Mas, puxa! Não é possível que o país não conheça Medawar, não é possível que o País jogue
pedras nos seus próprios colegas! Uma pessoa do Rio de Janeiro não fica alegre, quer jogar
pedra em mim! Eu vou fazer todo o possível para nunca falar mal dos outros. Se eu tiver que
falar mal, eu não falo. Se um francês perdeu o prêmio Nobel para outro, toda França protesta.
Aqui, se um brasileiro perder o prêmio Nobel, todo mundo aplaude!
Então, veja bem, esse seu estudo, eu acho que você deve, não digo para fazer no seu
doutorado agora, mas futuramente, se você der uma visão mais ampla, você vai descrever
através dessa Sociedade, generalizando, mais ou menos o que é o Brasil e o que é preciso
fazer para mudar isso. Por que o brasileiro é assim? Por que o brasileiro não pode ver um
44
colega se destacar no exterior? Você mencionou a inveja, mas inveja... se ele pudesse fazer
aquilo. Às vezes o cara não pensa e chega lá em cima e diz: ‘isso aqui é Matemática!’
* * *
NEWTON CARNEIRO AFFONSO DA COSTA
Depoimento em 12 de setembro 2006, na residência do depoente Florianópolis,
SC.
45
TRAÇOS DA SOCIEDADE CURITIBANA
“quanto mais sociológica a história se torna, e quanto mais
histórica a sociologia se torna, tanto melhor para ambas”.
Carr
A epígrafe acima nos instigou durante algum tempo... e se tornou evidente em
nossa investigação quando percebemos a necessidade de inserir nosso objeto de estudo em um
referencial sociocultural.
O estudo da história de uma instituição acadêmica, em nosso caso particular, a
Sociedade Paranaense de Matemática (SPM), pode ser fundamentado tanto na História das
Instituições quanto na História Cultural, e para esta última os trabalhos de Roger Chartier e
Norbert Elias nos nortearão e serão objetos deste parágrafo. Quanto à história das instituições
trataremos na próxima seção.
Assim, as palavras de Carr nos inspiram a pensar que quanto mais culturais se
tornarem os estudos históricos, e quanto mais históricos se tornarem os estudos culturais,
tanto melhor para ambos.
As explicações do comportamento de uma dada sociedade são formuladas por meio de
um todo, sustentado pela pesquisa científica, a qual permite que os instrumentos analíticos
avancem na direção de um modelo interpretativo. Assim, ao longo deste capítulo procuramos
mostrar que as construções culturais são instrumentos da história cultural, e em particular, da
história social. Dessa forma, nesta seção esboçaremos um perfil da sociedade paranaense,
especificamente da sociedade curitibana, nos finais da década de 1940, privilegiando o
percurso das instituições culturais e das atividades cotidianas nos espaços urbanos.
Os estudos de Trindade e Andreazza (2001), também norteados por Chartier, nos
orientam no sentido de identificar as práticas culturais exercidas por determinado grupo
social, atentando para a maneira com que este se apropria dos bens culturais de um certo
momento histórico. Segundo as autoras, o é, todavia, somente o nível de instrução da
população que denota a existência de uma cultura urbana, mas sim a existência de atividades
inerentes ao exercício das sociabilidades.
No caso das Sociedades Científicas, podemos destacar algumas atividades tais como a
programação de eventos científicos e/ou culturais, como cursos de extensão, concurso de
trabalhos científicos originais, programação de palestras e conferências, feiras de livros,
dentre outras.
46
Roger Chartier (1990), desde os finais dos anos 1980, também questionou a
compartimentalização das investigações históricas em estudos sociais, econômicos, políticos e
culturais, derivada da noção de que a história está sedimentada em níveis distintos. Para este
autor, as experiências culturais e intelectuais de uma sociedade não denotam um nível
separado da experiência social, porém são partes integrantes da realidade histórica. O autor
propõe uma mudança na abordagem dos estudos históricos: de uma história social da cultura
para uma história cultural da sociedade”. Ele apresenta essa fórmula como descrição de certos
“deslocamentos” de interesse por parte de historiadores na década de 1980, especialmente o
distanciamento com relação à história social no sentido duro”, do estudo de estruturas como
as classes sociais. A idéia da “história cultural da sociedade” revela a influência, sobre a Nova
História Cultural, do movimento do “construtivismo” na filosofia e em outras disciplinas, da
Sociologia à História da Ciência
8
.
“Aquilo que os historiadores aceitam como estruturas sociais objetivas
devem ser vistas como socialmente construídas, já que a sociedade em si
mesma é uma representação coletiva” (TRINDADE E ANDREAZZA, 2001).
Desse ponto de vista, “as relações econômicas e sociais não seriam anteriores às
culturais, nem as determinam; elas próprias são campos da prática cultural e produção cultural
– o que não pode ser dedutivamente explicado por referência a uma dimensão extracultural da
experiência” (HUNT, L., 1992, p.9).
No entanto, observemos que tratamos acima de sociedade, ou grupo social, de maneira
muito natural, acreditando que seu significado é inerente a seu uso. E dessa forma a usamos
corriqueiramente, todavia, questionamos se realmente entendemos seu significado.
A sociedade, como sabemos, somos todos nós; é uma porção de pessoas juntas.
Contudo, reportando-nos a Elias, uma porção de pessoas juntas na Índia e na China formam
um tipo de sociedade diferente da encontrada na América ou na Grã-Bretanha, por exemplo.
Segundo Elias (1994), temos uma certa idéia tradicional do que nós mesmos somos
como indivíduos, e temos uma certa noção do que queremos dizer quando dizemos
“sociedade”. Procuramos o bem estar de ambas, ou seja, nosso bem estar enquanto indivíduo
e o do grupo no qual estamos inseridos. Entretanto, para este autor, pode haver uma vida
comunitária mais livre de perturbações e tensões se todos os indivíduos dentro dela gozarem
de satisfação suficiente; e pode haver uma existência individual mais satisfatória se a
estrutura social pertinente for mais livre de tensão, perturbação e conflito. Em nosso estudo,
8
Peter Burke, em O Que é História Cultural?, p.99.
47
os indivíduos que comporão certo grupo social, no caso a SPM, também estão inseridos em
uma sociedade, no caso, a população curitibana. Dessa forma, elencar algumas características
de ambas se fazem necessárias para interpretarmos ações desses indivíduos ou grupo.
“Considerados num nível mais profundo, tanto os indivíduos quanto a
sociedade conjuntamente formada por eles são igualmente desprovidos de
objetivo. Nenhum dos dois existe sem o outro. ... “A sociedade é o objetivo
final e o indivíduo é apenas um meio”, “o indivíduo é o objetivo final e a
união dos indivíduos numa sociedade é apenas um meio para seu bem-estar”-
eis os gritos de guerra que os grupos em confronto brandam um ao outro, no
contexto de sua situação atual, com as pressões e interesses que lhe são
transitórios” (ELIAS, N., 1994, p.18-19).
Buscando encontrar traços para descrever a sociedade curitibana nos finais dos anos
1940 deparamo-nos com movimentos que tiveram suas origens em décadas anteriores e
alguns elementos de grande importância nas décadas de 1920 e 1930 e que vieram a
consolidar um movimento para a emancipação do Estado do Paraná, conhecido como
Paranismo:
“Conduzido, dentre a intelectualidade paranaense, por um grupo que
cultuava e divulgava a história e as tradições da terra, o Paranismo
incentivou a construção de uma idéia de identidade regional, impregnada pela
crença no progresso e no desenvolvimento social que foram característicos da
Primeira República” (TRINDADE, E.M.C., 1997).
O nome do historiador e literato Romário Martins aparece como o grande construtor
desse movimento. Dentre seus escritos ressaltamos:
“Paranista é aquele que em terras do Paraná lavrou um campo,
vadeou uma floresta, lançou uma ponte, construiu uma máquina, dirigiu uma
fábrica, compôs uma estrofe, pintou um quadro, esculpiu uma estátua, redigiu
uma lei liberal, praticou a bondade, iluminou um cérebro, evitou uma
injustiça, educou um sentimento, reformou um perverso, escreveu um livro,
plantou uma árvore” (MARTINS, R. Mensagem do Centro Paranista ao
Presidente do Estado Dr. Affonso Camargo, 1927).
Esse movimento marcou o Estado nos anos 1920, avançando a1940 com menos
impulso em função do regime autoritário e centralizador de Getúlio Vargas, que não via com
bom olhos um movimento regionalista, este, em particular, marcado pela oralidade.
Importante é salientar que esse movimento contribuiu para a formação das sociedades
subseqüentes, e dessa forma permite entendermos comportamentos e posições adotados por
indivíduos que comporão nosso estudo. E assim inquirimos: “Como é possível que a
48
existência simultânea de muitas pessoas, sua vida em comum, seus atos recíprocos, a
totalidade de suas relações mútuas dêem origem a algo que nenhum dos indivíduos,
considerado isoladamente, tencionou ou promoveu, algo de que faz parte, querendo ou não,
uma estrutura de indivíduos interdependentes, uma sociedade?” (ELIAS, N., 1994, p.19).
Este próprio autor nos afirma que, como no caso da natureza, seria bom se
pudéssemos esclarecer nossos atos, nossas metas e nossas idéias do que deve ser se
compreendêssemos melhor o que existe, as leis básicas desse substrato de nossos objetivos, a
estrutura das unidades maiores que formamos juntos. Para o autor, assim estaríamos em
condições de fundamentar a terapia dos males de nossa vida em comum em um diagnóstico
seguro.
Nos atentemos então à cidade de Curitiba, a qual atraiu, na década de 1930, e nas
décadas subseqüentes muitos estudantes, que chegavam de todos os pontos do Estado e do
país, congregando-se em torno de sua universidade, a qual retrataremos mais abaixo, e de
vários centros artísticos e culturais.
“Os personagens que desfilam nestas páginas, são os novos moços,
que chegam em sua maioria de outros Estados, de São Paulo, Rio Grande do
Sul, Santa Catarina, Minas Gerais, bem como Mato Grosso, Paraíba, enfim do
Brasil inteiro e alguns procedentes do exterior, isto porque não vagas nas
Universidades mais próximas e mesmo porque a fama de Curitiba como
cidade universitária alcançou todas as fronteiras do país. (...) Em Curitiba
notamos todos os elementos característicos de uma cidade de estudantes.
Participam ativamente em todos os setores de sua vida – animam as diversões,
o comércio dependem deles em grande parte, as reuniões sociais que eles
promovem, enfim, se os estudantes deixassem Curitiba, a cidade perderia seu
colorido, sua vivacidade e sua fama de uma das capitais mais cultas do país,
ou melhor, de ser a única cidade universitária do Brasil” (Revista Guaira,
n.15, Curitiba, Junho de 1950, p.45).
Outro fator marcante na cidade de Curitiba foi a presença da Igreja Católica. Esta se
fazia sentir presente na moral conservadora que permeava a sociedade paranaense. Além
disso, a Igreja Católica obteve autorização do governo para introduzir nas escolas públicas o
ensino religioso facultativo.
Com relação ao Ensino Superior, a presença da Igreja também aparece, por meio dos
Irmãos Maristas que atuavam na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras do Paraná, e
particularmente nessa instituição foi constituído o primeiro curso, no Paraná, de formação de
professores de Matemática.
Essa instituição foi fundada em 26 de fevereiro de 1938, e em sua fase inicial teve um
curso anexado, o Instituto de Educação. O curso de Matemática da Faculdade de Filosofia,
49
Ciências e Letras do Paraná, conforme Clóvis Pereira da Silva, recebeu autorização para
funcionar em 1940, pelo Decreto 6411 de 30/10/1940; entretanto, na Ata da Reunião do
Conselho Técnico Administrativo da Instituição de 22/12/1939 encontramos a aprovação da
abertura de exame vestibular para o curso de Ciências Matemáticas. Muitos dos primeiros
professores que atuaram nesse curso também fizeram parte da fundação da Sociedade
Paranaense de Matemática. Por exemplo, o Professor Valdemiro Teixeira de Freitas, primeiro
Presidente da SPM, que era da faculdade de Engenharia, foi contratado para reger a cadeira de
Estatística Geral e Aplicada. Outros professores que se filiaram a SPM à época de sua criação,
como Flávio Suplicy de Lacerda, Algacyr Munhoz Maeder, José Bittencourt de Paula,
também aparecem como docentes do curso de Matemática dessa instituição.
Na próxima seção enfocaremos as instituições de ensino superiores, especialmente a
criação da Universidade do Paraná, e trataremos um pouco mais dessa Faculdade.
Entre 1950 e 1960, a capital paranaense objetivava projetar-se no plano nacional. Para
isso, algumas ões em nível estadual se fizeram necessárias para que a capital paranaense
tivesse projeção nacional.
Em 1953, o então governador Bento Munhoz da Rocha Neto definiu que Curitiba
deveria ser o pólo cultural do Estado. Várias foram as iniciativas para tal intento, porém,
apesar do empenho do Governo em modernizar os espaços urbanos a exemplo de Curitiba, as
outras cidades paranaenses viviam às voltas de comportamentos não condizentes” com os
que deveriam ser praticados na capital, segundo o modelo implementado para a capital
expresso no Código de Posturas e Obras do Município de 1953. Destacamos, do trabalho de
Trindade e Andreazza, o Artigo 879:
“Da Moralidade e Sossego Públicos”- proibia a emissão de ruídos de motores, buzinas
e fogos de artifício com o objetivo de preservar os padrões morais, manter o bem estar e
resguardar o sossego e segurança da coletividade. Assim como ficava proibida a exposição
para venda de gravuras, livros ou escritos obscenos e de anúncios que contivessem
expressões ou ditos injuriosos a autoridades, ou a moralidade pública.
Notamos uma preocupação do Estado com relação ao comportamento dos indivíduos
que compõem sua sociedade. Não obstante entendemos que esse comportamento também diz
respeito às práticas desenvolvidas por esses sujeitos, as práticas culturais.
“Todas as práticas, sejam econômicas ou culturais, dependem das
representações utilizadas pelos indivíduos para darem sentido a seu mundo”
(HUNT L., 1992, p.25).
50
Essas representações são niveladas pela individualidade de cada pessoa que compõe
“sua” sociedade. Aqui entendendo “individualidade” no sentido de Elias, qual seja, uma
peculiaridade de suas funções psíquicas, uma qualidade estrutural de sua auto-regulação em
relação a outras pessoas e coisas. “Individualidade” é uma expressão que se refere à maneira e
à medida especiais em que a qualidade estrutural do controle psíquico de uma pessoa difere da
outra.
“A sociedade não apenas produz o semelhante e o típico, mas também
o individual. O grau variável de individuação entre os membros de grupos e
camadas diferentes mostra isso com bastante clareza. Quanto mais
diferenciada a estrutura funcional de uma sociedade ou de uma classe dentro
dela, mais nitidamente divergem as configurações psíquicas da cada uma das
pessoas que nela crescem. No entanto, por diferente que seja o grau dessa
individuação, certamente não existe nenhum ponto zero de individuação entre
as pessoas que crescem e vivem numa sociedade. Em maior ou menor grau, as
pessoas de todas as sociedades que nos são conhecidas são individuais e
diferentes umas das outras até o último detalhe de sua configuração e
comportamento, e são específicas de cada sociedade, ou seja, são formadas e
ligadas, na natureza de sua auto-regulação psíquica, por uma rede particular
de funções, uma forma particular de vida comunitária, que também forma e
liga todos os seus outros membros. Aquilo que muitas vezes é conceitualmente
separado como duas substâncias diferentes, ou duas camadas diferentes
dentro do ser humano – sua “individualidade”e seu “condicionamento social”
-, não passa, na verdade, de duas funções diferentes das pessoas em relações
recíprocas, nenhuma das quais pode existir sem a outra. Trata-se de termos
referentes à atividade específica do indivíduo em relação a seus semelhantes e
a sua capacidade de ser influenciado e moldado pela atividade destes;
referem-se à dependência que os outros m dele e a sua dependência dos
outros; são expressões de sua função de matriz e moeda” (ELIAS, N., 1994,
p.56).
Elias nos enseja a refletir também sobre o crescimento da especialização das
sociedades, asseverando que a trajetória do indivíduo a caminho de se tornar uma pessoa
autoconfiante e autônoma torna-se cada vez mais longa e complicada quando a sociedade se
especializa, pois aumentam as exigências feitas a seu autocontrole consciente e inconsciente.
Em outras palavras, o desenvolvimento da sociedade rumo a um nível mais elevado de
individualização de seus membros abre caminho para formas específicas de realização e
formas específicas de insatisfação, chances específicas de felicidade e contentamento para os
indivíduos e formas específicas de infelicidade e incômodo que não são menos próprias de
cada sociedade.
Para sentir um pouco mais dessas práticas sociais e culturais em nosso Estado,
buscamos no passado uma combinação de fatores que culminaram nesse pólo cultural que
51
Curitiba almejava se transformar. Assim, voltamos aos primórdios do século XX e
procuramos esmiuçar como se deu o desenvolvimento do ensino superior em Curitiba, ou
melhor, buscamos caracterizar as razões da criação da primeira universidade do Paraná e
também de algumas instituições de ensino superior isoladas.
52
INSTITUIÇÕES PARANAENSES NO CONTEXTO
“Passou-se a sentir cada vez mais a necessidade da
implantação de cursos acadêmicos profissionais de nível
mais avançado, havendo apenas em funcionamento a
Escola de Indústria e Artes, fundada em 1886, de recursos
limitados e mal amparada. A carência de escolas
superiores entravava o progresso do Estado e a melhoria
do meio cultural. Esse, na sua parte mais selecionada, era
bastante restrito, cingindo-se quase que exclusivamente a
um minguado número de profissionais liberais formados
principalmente no Rio de Janeiro e em São Paulo, para
onde os genitores das famílias mais abastadas enviavam
seus filhos de maiores aspirações para estudar e se formar,
e aos poucos membros do clero secular e regular.
...
Aos 19 de dezembro de 1912, em duas assembléias, a
primeira de caráter ordinário, às 13 horas, reunindo a
comissão organizadora e a quase totalidade dos professores
arrolados para os diversos cursos, e a outra pública e
solene, às 19horas, ambas no recinto do Congresso
Legislativo do Estado, era fundada a Universidade do
Paraná.”
Ildefonso C. Puppi
Conforme Wachowicz (1983), para que os paranaenses tivessem confiança e no
futuro, era preciso que sua sociedade dispusesse de mais massa crítica. Eram poucas as
pessoas formadas nascidas no Paraná.
O primeiro reitor da Universidade do Paraná, Vitor Ferreira do Amaral, fez esse
levantamento em 1915, constatando que havia no Estado apenas nove médicos nascidos na
região: cinco na Lapa, dois em Curitiba, um em Paranaguá e um em Palmeira. Na engenharia
havia apenas quatro profissionais paranaenses: um da Lapa, um de Curitiba, um de Paranaguá
e um de Rio Negro. Quanto aos bacharéis de Direito, seu número era mais significativo.
Concluía Amaral que o ambiente paranaense era obscuro e por esse motivo impunha-se a
necessidade da criação do ensino superior em nosso Estado.
Neste sentido, em 1922, a criação e sustentação da Universidade do Paraná objetivava
pela federalização, a qual o era vista com simpatia pelas autoridades educacionais federais,
porque estas o desejavam que capitais como Curitiba e Manaus, por exemplo, se
antecipassem aos próprios grandes centros brasileiros como o Rio de Janeiro. Dessa forma, a
Universidade do Rio de Janeiro recebeu todo o beneplácito do governo federal. Wachowicz
relata que a criação dessa primeira universidade federal foi um acontecimento artificial,
realizado de cima para baixo, sem nenhuma participação espontânea da comunidade docente
ou discente.
53
na Universidade do Paraná o ambiente foi bem diverso. Professores com tempo
quase integral, sacrifícios de carreiras profissionais, vibração intensa do corpo docente e
sobretudo do discente, apoio integral do Governo do Estado e municipalidade e mais do que
tudo, participação efetiva de toda a comunidade. Entretanto, a visão estreita de uma
centralização administrativa quase pôs tudo a perder no Paraná. Esse fato, juntamente com a
vontade do Governo Federal para com a Universidade do Paraná, haveria de ser um
posicionamento contínuo.
Esse retrato inicial da sustentabilidade federativa da Universidade do Paraindica as
dificuldades políticas pelas quais passariam seus idealizadores.
Somente com a queda do regime do Estado Novo é que se modificaram
substancialmente as relações entre o Paraná e o Governo Federal. As relações entre as
autoridades educacionais regionais e federais deixaram de ser meramente protocolares.
O Decreto Federal 9.323, de 6 de junho de 1946, reconhecia oficialmente a
existência da Universidade do Paraná. Com a restauração, Vitor Ferreira do Amaral foi
mantido simbolicamente no cargo de Reitor, para significar a continuidade da mesma
universidade, desde 1912.
Todavia a federalização ocorreu somente anos mais tarde, em 1950, cujo reitor, na
época Flávio Suplicy de Lacerda, transformou-se no arauto da campanha pró-federalização.
Inicia-se, assim, corroborando Wachowicz, um novo e significativo período da história
da Universidade do Paraná.
54
A FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS DA
UNIVERSIDADE DO PARANÁ
“A Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras do Paraná,
fundada em 26 de fevereiro de 1938, é uma Faculdade
livre, mantida pela União Brasileira de Educação e Ensino,
organizada de conformidade com as leis federais que
regem o ensino superior, e constituída pelos
Departamentos de Filosofia, de Ciências, de Letras e de
Pedagogia, tendo por finalidades as expressas nos arts. 4 e
5 dos seus Estatutos.”
9
A Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras do Paraná foi fundada em 26 de fevereiro
de 1938, como informa a epígrafe, sendo federalizada como unidade integrante da
Universidade do Paraná pela Lei n° 1.254, de 4 de dezembro de 1950.
Essa Instituição, inicialmente, foi constituída como uma faculdade livre, mantida pela
União Brasileira de Educação e Ensino e reconhecida pelo Governo Federal (Decretos n°
5.756 de 4-6-1940 e 6.411 de 30-10-1940). Teve como modelo a Faculdade Nacional da
Universidade do Brasil, compreendendo quatro secções fundamentais e uma especial:
1ª) Secção de Filosofia, constituída de um curso ordinário: Filosofia;
2ª) Secção de Ciências, constituída dos cursos de Matemática, Química, Geografia e
História, e Ciências Sociais;
3ª) Secção de Letras, constituída pelos cursos de Letras Clássicas, Letras Neo-Latinas
e Letras Anglo-Germânicas;
4ª) Secção de Pedagogia, constituída pelo curso de Pedagogia, e
Secção Especial, constituída pelo curso de Didática.
O curso de Matemática, de acordo com o Anuário de 1940-1941 dessa Faculdade, foi
reconhecido pelo Governo Federal por meio do Decreto 6.411, de 30 de outubro de 1940.
Entretanto encontramos, na Ata da Reunião do Conselho Técnico Administrativo da
Instituição de 22/11/1939, a decisão de aprovar a abertura de exame vestibular para o Curso
de Ciências Matemáticas para o ano letivo de 1940. Isso mostra que era dada como certa, pela
Instituição, a aprovação para o funcionamento do referido curso.
Esse curso teve como proposta inicial a duração de três anos sendo constituído com a
seguinte seriação de disciplinas:
9
Artigo 1° do Regimento Interno de 1940. Suas finalidades primaciais são:
1ª) Formar professores para o curso secundário e superior;
2ª) Dar aos estudantes ensejo de se especializarem, conforme suas aptidões individuais;
3ª) Colaborar com institutos oficiais congêneres para a difusão da educação nacional e generalização da alta
cultura intelectual do Brasil.
55
série: Análise Matemática; Geometria Analítica e Projetiva; Física Geral e
Experimental.
série: Análise Matemática; Geometria Descritiva e Complementos de Geometria;
Mecânica Racional; Física Geral e Experimental.
3ª série: Análise Superior; Geometria Superior; Física Matemática; Mecânica Celeste.
Segundo o Regimento Interno dessa Instituição, ao aluno que concluir seriadamente o
curso ordinário será conferido o diploma de Bacharel; e ao bacharel que concluir
regularmente o Curso de Didática será conferido o diploma de Licenciado.
O Curso de Didática foi planejado com duração de um ano e constituiu-se das
seguintes disciplinas: Didática Geral; Didática Especial; Psicologia Educacional;
Administração Escolar; Fundamentos Biológicos da Educação e Fundamentos Sociológicos
da Educação.
Nos Anuários de 1940-1941 e 1942 dessa Faculdade, encontramos na lista do corpo
docente, como professores catedráticos, alguns professores que fizeram parte da constituição
inicial da Sociedade Paranaense de Matemática:
Prof. Dr. Valdemiro Teixeira de Freitas Estatística Geral e Aplicada Natural de
Alagoinhas, Bahia, 13-5-1894, diploma de engenheiro civil pela Faculdade de Engenharia do
Paraná. Catedrático, por concurso, de Mecânica Racional na Faculdade de Engenharia.
Catedrático, por concurso, de Matemática no Colégio Estadual do Paraná. Principais obras
puplicadas: “Movimento dos Cometas” (tese), “Da Comparação das figuras Geométricas”
(tese).
Prof. Dr. José Bittencourt de Paula Complementos de Matemática Natural de
Curitiba, 27-1-1911, diploma de engenheiro civil pela Faculdade de Engenharia do Paraná.
Prof. Dr. Flávio Suplicy de Lacerda – Análise Matemática e Análise Superior –
Natural da Lapa, Paraná, 4-10-1903, diploma de engenheiro civil pela Escola Politécnica de
São Paulo. Doutor em Ciências Físicas e Matemáticas. Principais obras publicadas:
“Flambage”, “Grafistática e Resistência dos Materiais”.
Prof. Dr. Algacyr Munhoz Maeder Geometria Natural de Curitiba, 22-4-1903,
diploma de engenheiro civil pela Faculdade de Engenharia do Paraná. Catedrático da
Faculdade de Engenharia do Parae do Colégio Estadual do Paraná. Doutor em Ciências
Físicas e Matemáticas. Principais obras publicadas: Álgebra Elementar”, O Conceito de
Número”, “Lições de Matemática (5 séries), “Intuição e Lógica”, “Espaço e Tempo”,
“Fundamentos da Teoria da Relatividade”.
E ainda no Anuário de 1942 registramos três turmas constituídas no curso de
Matemática, conferindo que o referido curso teve início em 1940. Na turma do 3° ano
56
(ingressantes em 1940) havia 7 alunos matriculados; na turma do ano (ingressantes em
1941) havia 6 alunos matriculados e na turma do 1° ano (ingressantes em 1942) havia 23
alunos matriculados, sendo que 4 desses estavam optando pela cadeira de Física.
Com relação ao acervo bibliográfico em Matemática constatamos, por meio do
Anuário de 1943, através das obras consultadas, que o mesmo era incipiente. Para Clóvis
Pereira da Silva, a primeira biblioteca especializada em livros sobre Matemática e Estatística
fora iniciada em 1958 pelos membros do Centro de Ensino e Pesquisas de Matemática e
Estatística do então Instituto de Pesquisas da Universidade do Paraná.
57
"Nada há mais prejudicial para a ciência de um povo do que o seu
isolamento no meio da ciência dos outros povos."
Gomes Teixeira, no Elogio Histórico de Daniel Augusto da Silva, lido
na Academia das Ciências de Lisboa em 2 de junho de 1918
58
59
TRANSIÇÃO
TRANSIÇÃOTRANSIÇÃO
TRANSIÇÃO
Eu trabalho nisto há mais de 25 anos e tenho percebido, nas novas gerações, também o
gosto e o interesse pela História da Matemática no Brasil. Como você sabe, por meio dos
meus escritos, minha preocupação é com a História da Matemática Superior no Brasil. Mas
espero que colegas também façam algo sobre a História da Matemática Elementar no Brasil, o
que é necessário... Então eu acho que devemos começar pelo geral, pelo Brasil. Estou vendo
aqui, no material que você trouxe, a palavra ‘BRASIL’; vamos começar por ela.
Sobre o Brasil, necessidade de se recuperar e divulgar a História da Matemática,
que é recente, porém nós sabemos que as coisas foram sendo construídas a partir do século
XIX. Eu já retratei isto em um dos meus livros.
A história iniciou-se em 1808, com a chegada da família real portuguesa aqui. Porém,
mais recente, final do século XIX, início do século XX, a meu ver é o que deve ser mais
trabalhado. Principalmente a primeira metade do século, que foi uma fase de construção, de
preocupação dos homens de ciência da época, para se construir aqui uma base sólida para o
desenvolvimento e consolidação da pesquisa matemática no Brasil. Portanto, as coisas que
acontecem atualmente não surgiram como “geração espontânea”. Nós teríamos que voltar um
pouco ao século XIX, com Joaquim Gomes de Souza, depois com Otto de Alencar e Silva,
Manuel Amoroso Costa e alguns de seus discípulos, que eu destacaria dois, o Lélio Gama no
Rio de Janeiro e o Theodoro Ramos em São Paulo. Sendo que desses dois o mais brilhante, a
meu ver, foi Theodoro Ramos. Então há todo um preparo; claro que naquela época não havia
preocupação nem estímulo para a pesquisa científica continuada. Percebemos claramente que
não havia ainda a preocupação em formar discípulos. Em Matemática, isso veio acontecer
depois da década de 1930.
Retornando um pouco, na primeira década do século XX, com a criação da Academia
Brasileira de Ciências, congregando as pessoas mais qualificadas da época, do eixo Rio - o
Paulo, e depois alguém já mais afastado, como Luis Freire em Pernambuco, as coisas surgem
a partir daí, com a criação de boas publicações cientificas. A Academia Brasileira de Ciências
tinha essa preocupação em fazer, para que seus associados pudessem divulgar as suas
pesquisas, que não eram pesquisas continuadas, mas eram pesquisas sérias também.
No que se refere à Matemática, nós teríamos que destacar, após a década de 1930,
especificamente a partir de 1934. Destacaria como marco dessa época, a criação da Faculdade
de Filosofia Ciências e Letras da USP e nesse contexto é que incluímos o Theodoro Ramos,
60
porque ele foi convidado pelo Júlio de Mesquita Filho para assessorá-lo. Não sei qual era a
ligação entre o Theodoro Ramos e Júlio de Mesquita Filho, mas eles eram amigos; ele foi
inclusive convidado para ser professor da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras e não
aceitou. Ele disse que “não se sentia preparado para ser professor de uma Universidade”. Veja
se isso aconteceria nos tempos atuais. Jamais! Ele dizia que precisava se preparar para ser um
professor de uma universidade. Ele era professor da Escola Politécnica de São Paulo, não de
uma universidade. Então ele foi, em função dessa recusa, designado, e aceitou ser o primeiro
diretor da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras da USP, que, aliás, ficou poucos anos,
pois ele tinha muitas atividades. Foi também designado pelo governo paulista para ir à Europa
contratar docentes qualificados. Então aí percebemos a filosofia desse grupo, de trazer para o
Brasil pessoas qualificadas para serem professores das várias áreas da Faculdade de Filosofia,
inclusive da Matemática.
Dessa forma, que eu não vou entrar em detalhes, coube a parte da Matemática à Itália.
Havia um núcleo muito forte de descendentes de italianos na USP, eles queriam outras áreas,
mas foi decidido pela comissão que seria a Matemática. Então ele (Theodoro Ramos) foi à
Itália e contratou o professor Fantappié, indicado como um excelente matemático. Ele era
algo que nós dois poderíamos classificar como algo de vanguarda para a época, ele trabalhava
em Análise e tinha feito coisas muito boas; tinha sido aluno do Volterra; e aceitou de imediato
o contrato de trabalho trazido da USP. Ele chegou em meados de 1934. Ao chegar à USP, o
professor Fantappié se deu conta do estado de coisas aqui no Brasil, o atraso... Ele se
preocupou muito também com o ensino da Geometria, e não havia aqui nenhuma pessoa
qualificada para essa atividade. Então ele sugeriu a contratação do Giácomo Albanese, que
chegou em 1936. O professor Albanese, na época, já fazia parte da escola italiana de
Geometria, escola muito boa em geometria projetiva, principalmente. Assim, essas duas
pessoas iniciaram o que eu chamo de um movimento da Matemática de vanguarda no Brasil,
estimulando jovens valores, jovens docentes para estudar de modo sério a Matemática.
Quando o professor Fantappié chegou à USP, o próprio Theodoro Ramos indicou,
para ser um de seus assistentes, um aluno brilhante que tinha sido seu aluno na Escola
Politécnica, havia feito curso de Engenharia, o Omar Catunda. Ele foi designado, e aceitou,
para trabalhar com o professor Fantappié. Começou a trabalhar e passou a se interessar por
Análise Matemática. Ele assistia às aulas do professor Fantappié, fazia as anotações. Ficou
encarregado também de dar alguns cursos, fazer exercícios e, principalmente, de escrever as
anotações de aulas, porque não havia livros! E o professor Fantappié também estava muito
preocupado, pois não havia uma biblioteca de Matemática. Veja que barbaridade, havia uma
Escola Politécnica, mas o havia biblioteca... Então Fantappié dedicou-se à tarefa de
61
construir uma biblioteca. E o Omar Catunda foi um elemento essencial no trabalho para a
construção da biblioteca de Matemática da USP. Foi aí o início! O professor Fantappié obteve
dinheiro do Governo Paulista, e, principalmente do Governo Italiano, conseguiu muitas
publicações, assinaturas de revistas da Itália, dos Estados Unidos, que são as origens da
biblioteca do IME
10
da USP.
Dessa forma, o Omar Catunda passou a se interessar por Análise, porque era a
especialidade do professor Fantappié, principalmente Análise Funcional. E o professor
Fantappié, talvez preocupado com seu assistente, foi o primeiro matemático trabalhando no
Brasil a se interessar por bolsa de estudos. Sendo assim, fez contato com o Governo Italiano,
conseguindo uma bolsa para Omar Catunda na Itália. Dessa forma, ele foi o primeiro
brasileiro a sair para fazer curso de pós-graduação na Itália com bolsa do Governo Italiano.
Devemos também falar dendido Lima da Silva Dias, que foi outro brilhante
matemático dessa época, e também aluno da Escola Politécnica de São Paulo. Ele desistiu do
curso de Engenharia – logo que foi aberto o curso de Matemática da Filosofia e passou para
o curso de Matemática. Naquela época, tinha que fazer um exame, não transferia
simplesmente. Deveria fazer um exame para ver se entrava, mesmo sendo aluno da Escola de
Engenharia. Ele foi também contratado como assistente do professor Fantappié. Foi designado
como assistente de segunda categoria. Não que fosse inferior a Omar Catunda, mas porque foi
o segundo. E começou a trabalhar também em Análise, por influência do professor Fantappié,
durante muitos anos. Depois de algum tempo ele mudou de área e passou a trabalhar em
Equações Diferenciais. Fez sua tese de doutorado na USP nessa área. O professor Catunda
também fez seu doutorado na USP, apesar do Governo Federal não ter ainda
institucionalizado a pós-graduação stricto sensu. Mas a USP, na vanguarda das coisas - não é
porque eu sou um “ex-uspiano” (risos...) - de fato é a maior universidade do país. E em 1942
havia!, o Governo Paulista havia instituído o grau de doutor através de concurso, quer
dizer, havia doutor, via provimento de cátedra, quando se fazia concurso para tedra, pois
a lei de 1911 permitia isto. Porém em 1942 foi instituída na USP a concessão do grau de
doutor, em várias áreas, e para Matemática ficou Doutor em Ciências. Bem, esse pessoal fez
esse doutorado na época. Deveria fazer um trabalho durante dois anos, ficando trabalhando
sob a orientação de um determinado professor, e depois havia um concurso de fato: marcava-
se a data e a pessoa ia defender sua tese.
Assim formou-se uma base de Matemática na USP e a comunidade matemática” da
época foi liderada por Cândido Lima da Silva Dias, o qual tinha uma preocupação muito
10
Instituto de Matemática e Estatística.
62
grande para a criação de um Instituto de Pesquisa em Matemática no Brasil, que não existia.
No entanto, esse fato também tem a ver com uma outra briga, que houve na Universidade do
Brasil; foi um concurso que não saiu para a cátedra, para o qual Leopoldo Nachbin era um dos
candidatos e José Abdelhay era outro candidato.
O professor Cândido, preocupado com a criação de um Instituto de Pesquisa em
Matemática e o problema do concurso, fez um relatório muito importante, que aliás não tive
acesso, em que ele descreve a situação da Matemática no Brasil. Isso foi no início da cada
de 1950. Para ele, havia a necessidade de se construir algo mais forte, algo que balizasse a
formação do matemático no Brasil, e principalmente de um Instituto de Pesquisa, ligado ao
CNPq, que existia. A influência do professor Candido foi muito forte na base da
consolidação da pesquisa matemática no Brasil.
Depois a história você conhece, não é? Do IMPA. Vamos passar para um outro
assunto, o que você quer agora? Podemos passar para o Paraná.
Vamos passar para o Paraná especificamente.
No Paraná, a coisa é dramática, porque quando foi criada aqui a primeira universidade,
em 1912, os proprietários (era uma instituição particular) não tinham a preocupação e nem
conhecimento adequado para se preocuparem com a pesquisa científica. Eles se preocuparam
com a criação de cursos que fornecessem apenas o diploma. Eram cursos profissionalizantes,
que forneciam o diploma para que o cidadão pudesse trabalhar e exercer aquela profissão.
Não havia a preocupação com a pesquisa básica ligada ao ensino. A meu ver, aí está o erro!
Jamais pensaram na contratação de bons professores! Jamais se preocuparam na formação de
uma boa biblioteca para a instituição! Apenas criaram cursos tipo Engenharia. Hoje, o que nós
chamamos de Direito na época recebia outro nome. Não havia ainda o curso de Medicina, que
é de uma época posterior. Então eles criaram esses cursos. O curso que tinha um pouco de
Matemática elementar era o de Engenharia Civil. Cálculo e Geometria Analítica podemos
considerar que eram ainda muito mal planejados. O que eu chamo um Cálculo arcaico,
aquelas coisas antigas, usando infinitésimo, etc. Isso foi em 1912, então esse pessoal não tinha
conhecimento das orientações.
Observe que tinha, em 1908, ocorrido uma reforma na Universidade de Berlim, a
qual havia dito as normas para se fazer a pesquisa pela pesquisa; e transmitia esse
conhecimento para a sociedade. É lamentável que em Curitiba não tivesse ocorrido isso.
Então ficamos com essa parte, da Engenharia Civil, durante muitos anos.
Depois, em 1915, a universidade foi extinta, por determinação do Governo Federal.
Foram criadas faculdades isoladas. em de abril de 1946 é que foi criada uma outra
universidade, e que colocaram o mesmo nome. Poderia ser um outro nome, mas colocaram o
63
mesmo para dar idéia de continuidade. Esse é o problema: houve mais de 20 anos de
intervalo de uma universidade para outra.
Antes disso, havia a Faculdade de Filosofia Ciências e Letras do Paraná, que era
uma instituição particular dos Irmãos Maristas; e em 1939 eles resolveram abrir um curso de
Matemática; que, na época, recebia outro nome, parece que era Ciência e Matemática. O
primeiro vestibular foi feito em 1940. Foram aprovados 9 alunos, e é fácil encontrar toda essa
documentação, atas etc. Eu tenho todas dessa época aí. Mas era um curso, veja, com
disciplinas criadas de modo aleatório, com o modelo da escola italiana, cujos professores
responsáveis eram da escola de engenharia. Assim, a cátedra foi dada para esse pessoal!
Professores da Engenharia davam aulas, de Física, por exemplo; mas Matemática o
sabiam... Mesmo assim, ficaram com o ensino da Matemática. Eu diria assim: O Ensino
Superior da Matemática Elementar”. Os livros dessa época, eu não encontrei indicação
alguma, eu desconfio que eram livros daquelas coleções do tipo da FTD
11
. Desconfio! E não
muito o que buscar nisto, porque não indicação dessas coisas nas atas, não há,
infelizmente!
Aí surgiu algo interessante ainda nessa faculdade, em função da Segunda Guerra
Mundial. Saiu da Polônia, fugindo em um navio, um matemático muito bom, o professor
Lepecki. Ele veio para Curitiba. Eu procurei a origem, o porquê, quem o convidou, mas nunca
encontrei isso. Eu desconfio que fosse em função da colônia polonesa aqui no Paraná, que é
muito grande.
Então ele veio para cá, e como ele era doutor em Matemática foi convidado para dar
aula nessa Faculdade. Assim, ele foi dar aula de Análise e de Geometria Analítica. Nessa
época, quem ministrava aula de Análise era o José Bittencourt de Paula, que era engenheiro e
não sabia nada de Análise. E o Lepecki ficou aqui, infelizmente, poucos anos, de 1940 a 1943,
aproximadamente. Eles não se interessaram em manter essa pessoa qualificada aqui, e ele se
transferiu para Belo Horizonte. Então o Paraná perdeu!
Aliás, a primeira publicação de um artigo de pesquisa aqui é exatamente desse
professor, no anuário dessa faculdade; no qual ele fez um resumo de sua tese de doutorado e
publicou; eu tenho esse trabalho.
Posteriormente com a mobilização para se criar uma nova universidade; as leis do país
exigiam que a nova universidade tivesse que ter uma escola de ciências, que depois foi
chamada de Faculdade de Filosofia Ciências e Letras; que seria uma instituição articuladora
de toda a universidade, o que jamais aconteceu no Brasil! Ela iria dar a parte básica para toda
11
Editora FTD S. A.
64
a universidade e cada faculdade ficaria com as suas especializações. Isso jamais aconteceu! A
partir daí, na década de 1940, em 1946, mais especificamente, foi criada a nova universidade,
que hoje se chama Universidade Federal do Paraná, e foi criado o curso de Matemática, que
era um curso inicialmente de Bacharelado, depois fizeram Licenciatura. Mas era um curso
com uma grade curricular bem antiga, algo primitiva, imitando coisas de engenharia, e
imitando muito a escola italiana.
Na década de 1950, veio para Curitiba, por problemas políticos, o matemático
português João Rémy Teixeira Freire. Conversando recentemente com o professor Jayme
Machado Cardoso, este me informou que quem o trouxe foi o professor José Loureiro, que era
professor da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras. Eu o me lembro de qual curso ele
era, não sei se de História, Geografia, algum desses cursos. O professor Rémy era conhecido
dele, tanto é que o trouxe para cá. O Rémy Teixeira Freire, que era doutor, trabalhava mais
na parte de Estatística; chegou aqui e dinamizou muito o ambiente acadêmico em Curitiba,
principalmente na parte de Matemática. Ele veio contratado para dar aula de Estatística no
curso de Ciências Sociais, mas no ano seguinte ele foi designado para dar aula de Análise no
curso de Matemática. Aí é que ele passou a ter contato com os alunos da Matemática. Em
especial, com o Newton Carneiro Affonso da Costa e com o Jayme Machado Cardoso, que
eram alunos do curso de Matemática, sendo formados em Engenharia, mas faziam o curso de
Matemática.
Assim, o Rémy Freire passou a criar algo novo aqui, que foram os Seminários de
Formação, ou seja, escolhiam-se determinados tópicos para que os alunos mais talentosos
passassem a estudar com ele. Não havia bolsa, não havia nada! Havia apenas o interesse
daqueles melhores alunos. Passou também a fazer algo novo, que foram chamados de Cursos
de Extensão, na época, de Cursos de Verão. Nada disso existia aqui. Ele dinamizou o
ambiente acadêmico de Curitiba. Isso foi na década de 1950. E também teve a idéia de criar a
Sociedade Paranaense de Matemática, mais especificamente em 31 de outubro de 1953. Isso
porque o Rémy Freire havia sido um dos fundadores da Sociedade Portuguesa de Matemática.
Aqui ele criou a Sociedade e sua diretoria era composta de professores da Universidade do
Paraná. O professor Jayme Cardoso foi um dos participantes da primeira diretoria, o Newton
Costa, o Kremer, a Zélia, e outros, inclusive o Rémy Freire. E essa Sociedade passou então a
atuar também na formação de professores do Ensino dio, a dar cursos de extensão, cursos
de verão. Era novidade tudo isso! Passou a organizar palestras, a se interessar pela formação
de uma biblioteca de Matemática que não havia. Foi criado aqui então o Instituto de
Matemática, por influência da Sociedade. E nesse Instituto uma das preocupações foi a
criação de uma boa biblioteca de Matemática.
65
Nessa época, existia também a Sociedade Brasileira de Ciências, e uma das primeiras
reuniões anuais dessa Sociedade ocorreu aqui em Curitiba. Não lembro o ano, acho que por
volta de 1954.
Os matemáticos brasileiros do eixo Rio - São Paulo faziam parte das reuniões anuais
da Sociedade Brasileira de Ciências. Então nesta, eles vieram para Curitiba fazer palestras e
apresentar trabalhos. Vários matemáticos de São Paulo, da USP, como o ndido, Castrucci,
e parece que o Jacy Monteiro vieram, enfim, a Diretoria da Sociedade aproveitou a presença
desse pessoal qualificado e os convidou para dar cursos na Sociedade. Eram cursos para a
comunidade interessada: alunos, professores universitários e professores da rede estadual e
das escolas particulares, do Ensino Médio. Havia certa preocupação pela qualificação do
pessoal na época. Dessa forma, a Sociedade exercia uma grande influência neste sentido. E foi
o próprio Curso de Licenciatura da Universidade do Paraná que também sofreu influências
fortes da Sociedade. Na minha época de aluno, o Jayme Machado Cardoso, que era professor
da Engenharia, era também professor do Curso de Matemática. O Newton Costa dava cursos
bons para nós, cursos atuais! Por exemplo, o curso de Cálculo era um curso de Análise. O
Jayme dava aula para s de Geometria e principalmente cursos de Álgebra, o que se chama
atualmente Álgebra Abstrata ou Álgebra Moderna, e eram utilizados livros atuais. Como o
havia literatura em língua portuguesa, usávamos livros em língua inglesa ou francesa, e outros
que existiam aqui na Biblioteca do Instituto de Matemática. Assim, percebemos que a
Sociedade exerceu certa influência para a melhoria da qualidade da grade curricular do Curso
de Matemática.
Havia também livros em outras línguas, por exemplo, em russo, e quem os traduzia
para nós era o Jayme Machado Cardoso, ele tinha esse interesse. E era bom porque a Rússia
praticamente mandava de graça; aliás, na época era União Soviética; e mandava esses livros
de graça, faziam permutas com as publicações da Sociedade. Então a Sociedade serviu
também para esse propósito. As permutas de revistas e também livros que eles mandavam
gratuitamente. Eu me lembro desses livros...
Eu não conseguia ler, eu olhava para o Jayme e ele ia traduzindo as coisas pra mim. É
claro que a parte de Matemática a gente percebe, porém as explicações ele traduzia. E, de
fato, era uma biblioteca à altura. Essas traduções eram feitas oralmente, não houve publicação
disso. Uma tradução mais de professor-aluno. Eu anotava alguma coisa, porque nós tínhamos
também o Centro de Estudos de Matemática, do qual eu fui presidente, e cheguei a publicar
algo, mas essas coisas foram destruídas. Depois se perderam, não sei... Porque depois essas
coisas foram para o Centro Politécnico, e os alunos lá, apesar da minha insistência, não
preservaram as coisas. Nós fizemos apostilas, pois o pessoal tinha dificuldade de ler em
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língua estrangeira; o Jayme e o Newton escreviam e a gente publicava na forma de apostilas.
Eu não sei se o atual Diretório Acadêmico do Curso de Matemática mantém esse material. Eu
criei inclusive uma biblioteca lá, no antigo Centro de Estudos de Matemática, pois nós
tínhamos uma sala na Faculdade de Filosofia, aqui na Rua General Carneiro e depois, quando
fomos transferidos para o Centro Politécnico, todo o material foi levado para lá, em uma sala
própria, que depois passou a se denominar Centro Acadêmico de Matemática. Bem, onde é
que nós estávamos?
Ah sim! Nos livros! E principalmente nas revistas, aí é que era interessante, porque
nós, os alunos dessa época, os alunos interessados porque havia alunos que não possuíam
interesse algum passamos a ler as revistas, a ler os artigos publicados nas revistas. Uma
novidade! E tudo isso a Sociedade conseguia com a permuta dos Boletins e com o próprio
Anuário da Sociedade.
Dessa forma, isso passou a fazer parte da formação dos alunos, dos mais interessados
ou dos mais talentosos, digamos assim. E esses alunos eram convidados, principalmente pelo
Jayme e pelo Newton, para fazer parte dos grupos de pesquisa desses professores, e eu fiz
parte. No grupo, eu me identifiquei mais com a parte de Álgebra, e me associei ao Jayme. O
Newton me convidou para estudar Lógica, que ele trabalhava, mas eu não gostava muito
dessa parte, não apreciava. E passei a estudar com o Jayme.
Nós trabalhávamos em Quase Grupos, que é uma das Estruturas Algébricas.
Publicamos muita coisa, inclusive minha dissertação de mestrado é nessa área. Eu resolvi um
problema que estava em aberto, proposto pelo José Morgado, um matemático português, cuja
história você deve conhecer. Ele estava em Recife, e trabalhava nisso também, e então
desenvolvi meu trabalho exatamente por indicação do Jayme: “faça nessa área aqui” e eu
propus para o Wanderley, meu orientador, que aceitou, e desenvolvi minha dissertação, que
foi um trabalho original. (em geral uma dissertação não é um trabalho original, principalmente
em Matemática como você sabe). E o meu foi, porque eu resolvi o problema que estava em
aberto. E depois é claro, por sugestão também do Jayme, eu passei a me dedicar à História da
Matemática e tenho me dividido entre essas duas partes: Quase Grupos e a História da
Matemática no Brasil.
Então voltando à SPM, ela dinamizou, de fato, as atividades acadêmicas, em particular
a própria grade do Curso de Matemática, isso a partir de 1950.
Ainda na década de 1950, o grande problema foi depois que o Remy Freire foi
embora, em 1959. Ele conseguiu uma posição em um órgão da ONU no Chile e se transferiu
para lá. Os discípulos dele, o Jayme, o Newton, o Kremer, ficaram aqui dando continuidade,
até certo ponto.
67
O Remy Freire viu que aqui (isso são deduções minhas, o Jayme não disse nada disso)
não havia, digamos assim, grande futuro para ele, como estrangeiro. Principalmente na parte
de Estatística que ele trabalhava; e esse era um Órgão da Cepal, da ONU no Chile, que
lidava com parte de estatística e probabilidade; ele viu essa grande oportunidade e foi para lá.
Posteriormente ele voltou para Portugal.
Estando lá, fiz contato com ele. Nos arquivos da SPM deve ter uma carta dele que
recebi. Ele dizia estar gostando muito desse contato que eu fiz, e sabendo que aquela
iniciativa dele continuava em Curitiba, que eu estava, digamos, tocando aquela iniciativa e até
se prontificou, em uma eventual possibilidade poderia vir aqui fazer uma palestra. Mas nunca
houve essa possibilidade e infelizmente ele já faleceu, em Portugal.
Então o papel, voltando à SPM, foi importante aqui, principalmente nessa fase, na
década de 1950 a 1960. Estranhamente, eu sempre cobrava muito do Jayme (era sempre
amigo dele, tinha boa afetividade com ele) o porquê do ambiente matemático não ter
florescido como havia se planejado para florescer. Por que o Newton foi para São Paulo,
depois o próprio Jayme saiu, foi para São Paulo, esteve na Unicamp, no ITA. Por quê? O que
houve? Aí, a conclusão que nós chegamos é a falta de interesse das administrações. Da
universidade e, particularmente do Departamento de Matemática, que quando houve a
reforma universitária, na década de 1960, início da década de 1970, eu era Auxiliar de
Ensino da Faculdade de Filosofia. o havia Departamento, era o Curso de Matemática, e
fomos transferidos para o Centro Politécnico, e foi criado um outro Instituto de
Matemática, e nós fomos agregados àquele Instituto. Todos aqueles que davam aula de
Matemática, qualquer coisa de Matemática na universidade, em vários cursos, foram reunidos
no Instituto de Matemática, no Centro Politécnico. Então em sua maioria eram engenheiros,
pessoas que não tinham interesse em estudar Matemática, estudar Análise, Álgebra etc., fazer
pesquisa em Matemática. Não havia esse interesse, era dar aulas, ir embora. Era isso! Foi
de fato a falta de interesse das pessoas mais antigas em manter um bom ambiente aqui.
Não havia grandes adversários, digamos, grandes polêmicas nesse instituto. Foram
criados dois departamentos, que eram o de Geometria e o de Análise. O Jayme passou a ser,
digamos, o chefe do Departamento de um, e como não havia funcionários na época, ele disse:
“olha Clóvis, fica aí como Secretário do Departamento algum tempo”. Então eu fazia as atas,
ajudava ele nas coisas etc. Até que foram conseguidos funcionários.
Depois houve uma outra reforma e passou a ser um único órgão: Departamento de
Matemática. Foi extinto o Instituto de Matemática, cujo diretor era um engenheiro, por que há
essa coisa do “status” e a Matemática nunca teve “status” dentro da universidade. A
Engenharia tinha; então quem foi nomeado para ser o Diretor do Instituto de Matemática do
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Centro Politécnico foi um engenheiro: Olavo Del Claro. Foi o primeiro Diretor do Instituto de
Matemática.
Basicamente, nessa época, havia dois grupos: um grupo que era liderado, digamos
assim, pelo Jayme, um grupo mais atuante, mais interessado em Matemática, mais interessado
em qualificar os docentes etc., e o outro grupo, liderado por uma outra pessoa, que não vou
citar o nome, porque essa pessoa ainda trabalha lá na PUC, e que eram pessoas mais
interessadas na mediocridade. Havia a coisa da eleição, passou a ter eleição, e esse outro
grupo queria sempre ser chefe de alguma coisa, precisava de votos, e levava seus
apadrinhados para o Departamento, pois na época não havia concurso. Se precisava de
alguém, pegava esse alguém na rua XV, “olha, um amigo assim, na rua XV, que tal ele vir
aqui dar aula?”
Esse segundo grupo não tinha contato com a SPM, se você quer saber. A SPM sempre
esteve com o Rémy Freire, depois com o Jayme e depois comigo.
Se você pensou que o Barsotti e o Jayme fossem adversários, se enganou. O Barsotti é
uma pessoa muito preparada também, uma pessoa com um bom potencial. Ele cooperava com
a gente, ficava na dele, calado, mas o colocava obstáculos nas coisas boas do
Departamento.
O pessoal que eu mencionei não participava das atividades de matemática do
Departamento e nem da SPM, e talvez seja por isso que eles tivessem esse ciúme, porque é
um pessoal que nunca foi convidado para participar, em função de sua mediocridade. Mas
essas pessoas souberam se articular e tomaram conta do Departamento, do Instituto de
Matemática e depois do Setor de Ciências Exatas. Daí o ambiente medíocre que foi criado, e
nunca houve uma programação dos Chefes de Departamento para, em longo prazo, formar
docentes, trazer docentes qualificados, nunca houve! A preocupação que havia era individual,
de cada professor em função de seu interesse em permanecer ou o na Instituição. Porque
esse pessoal que eu conheço, tinha seus empregos fora, não tinha muito interesse pela
qualidade das coisas; em geral, eram engenheiros. Então vem daí, digamos assim, a
mediocridade do ambiente matemático, que depois eu passei a reclamar muito para o Jayme,
dizendo que ele iria passar à História como um dos responsáveis por isso. Ele dizia: “mas
Clóvis, eu não posso fazer nada!” Ele fazia o que era possível fazer. Claro! Depois o Newton
Costa, que tinha um bom grupo de pesquisa, tinha a Ayda trabalhando com ele, o Dicésar e
outros; o Newton se transferiu para a USP, porque não tinha ambiente aqui. Exatamente isso!
Isso que eu relembrei do Newton, falei há pouco para você e vou falar agora, é que o Newton,
preocupado em publicar os seus resultados de pesquisa e não havia uma revista para
publicação; ele ia, falava com o reitor, o reitor daquela época era o Flávio Suplicy de Lacerda,
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“então, olha Newton, por que você não publica seu trabalho no jornal ‘A Gazeta do Povo’?”
ele me contou isso, “olha, Clóvis, depois dessa eu não posso mais ficar aqui”. E ele trazia
pessoas de fora; o Newton, na época, trouxe um professor da França, de Clamond Ferran, que
veio desenvolver, como Professor Visitante, um projeto com ele. Fazia palestras para nós;
quer dizer, era um bom ambiente. Depois o Jayme também se desinteressou, foi na época de
criação e desenvolvimento da Unicamp, e ele foi convidado para ir para lá, passou uma
temporada, chegando a ser chefe do Departamento de Matemática.
As coisas foram se deteriorando aqui. Aí esse outro grupo passou a tomar o poder, era
um grupo não interessado em Matemática, e daí a coisa morreu. Basicamente nunca houve,
por parte do Chefe do Departamento de Matemática, um planejamento para a melhoria de
qualidade do corpo docente.
A Sociedade, nessa época, eu era o Presidente, fazia o seu papel; porque eu fiquei
15 anos como Presidente da SPM, e eu sempre desenvolvia as atividades. Eu criava cursos de
extensão, na época eram chamados de cursos de verão; passei a promover o Encontro de
Matemática do Paraná todo ano. Também criei as Olimpíadas de Matemática no Estado. Tudo
isso em cooperação com o Departamento de Matemática. Não havia essa separação. Eu tinha
o apoio do Departamento, tinha o apoio do Diretor do Setor, mas não houve a continuidade
dessas coisas!
Mais uma iniciativa minha como Presidente da Diretoria da Sociedade foi que eu
consegui um apoio financeiro do CNPq, na verdade era um projeto, e trouxe aqui, durante um
ano, professores de fora para fazer palestras no Departamento para professores e alunos;
palestras de divulgação matemática. E no ano seguinte, eu também, através de outro projeto
do CNPq, consegui verba para a compra de livros e assinatura de revistas para a Biblioteca, já
do Setor de Ciências Exatas da Universidade Federal do Paraná. Se tivesse havido nessa
época uma conscientização por parte dos vários chefes do Departamento de Matemática,
como se faz, ou como se fez por aí, como fizeram outras universidades para a qualificação do
corpo docente, o ambiente matemático aqui em Curitiba seria outro, seria bem melhor!
Você tem interesse em saber também como eram as reuniões da Diretoria da SPM.
Bem, havia uma pauta que nós determinávamos e discutíamos.
Uma preocupação da Diretoria era estimular os professores do Departamento de
Matemática para as atividades necessárias daqui. Por exemplo, uma atividade que sempre
reclamei, conversava sempre com os meus alunos, é a seguinte: depois que o aluno se
formava, ele sumia, não tinha mais contato com o Departamento, e eu reclamava muito disso;
por que não organizar cursos de verão? De atualização? Para esse pessoal que trabalha na
rede estadual de ensino, ou em colégios particulares? Nunca houve esse interesse por parte do
70
Departamento. E era também interesse da Sociedade! Outra preocupação era: por que o
haver cursos de verão? E fazer disso atividade periódica do Departamento, em conjunto com
a Sociedade? Não havia interesse. me diziam: “Clóvis, no verão nós queremos é ir para a
praia!”. Então, os melhores alunos, o que a gente fazia? Mandava fazer curso de verão fora. O
Leopoldo Nachbin falava: “se você quiser, Clóvis, os melhores alunos, você manda aqui para
mim”. Mandava para a Unicamp e para a USP aqueles alunos mais interessados, porque eram
alunos que já tinham interesse em fazer o Mestrado. E como a graduação aqui não era boa, e
ainda não é, em termos assim, de formação básica do aluno, ele tinha que fazer alguns cursos
extras, de verão, para poder entrar no Mestrado. Por exemplo, fazer um bom curso de Análise,
ou um curso mais avançado de Álgebra Linear, ou um curso mais avançado de Álgebra. Mas
era uma preocupação, digamos assim, minha como alguém da Sociedade e também como
membro do Departamento. Mas não era preocupação do Departamento em si.
Eu organizei, então, alguns cursos de extensão em conjunto SPM com o
Departamento. Nós fazíamos e a universidade expedia o certificado para os alunos que
participavam. Eram essas as atividades. Depois eu fiz o Encontro Paranaense de Matemática,
que era o grande evento da Sociedade, anual, e sempre em convênio com o Departamento de
Matemática, com o Setor de Ciências Exatas e com a Reitoria. Sempre tive o apoio deles,
apoio financeiro, logístico etc. E nessas atividades da SPM eu sempre nomeava uma comissão
para ficar responsável pelo evento a qual tinha a preocupação de inserir tópicos relacionados
com o Ensino da Matemática Elementar, dirigida a professores do Ensino Médio, a
professores do Ensino Fundamental. Em uma dessas atividades, eu trouxe a professora Elza
Gomide, da USP, que nessa época estava muito interessada nisso, ela deu palestras e
minicurso para os alunos. É lamentável que não tiveram continuidade essas atividades. É
lamentável!
Bem,falamos de seminários e encontros, ciências, a parte da história, a participação
de estudantes, da diretoria, dos adversários (risos), o Curso de Matemática, as contribuições,
dos estrangeiros. Rivalidades, da Biblioteca, do acervo. Volto a falar sobre o acervo da SPM,
que era um acervo muito bom. Fiz um convênio, na década de 1990 , com o reitor da UFPR, e
passei todo esse acervo para a Biblioteca do Setor de Ciências Exatas do Centro Politécnico.
E algumas dessas publicações estão nas estantes e outras ficaram nos porões.
Algo importante que eu deveria citar são as disciplinas. As disciplinas, que você quer
saber, penso eu, são as do Curso de Matemática. Então, inicialmente o curso tinha aquela
grade curricular arcaica, que era uma cópia das coisas de engenharia e da Escola Italiana,
cujos livros eram livros ainda antigos. Basicamente não existiam livros. O professor escrevia
alguma coisa e publicava em forma de apostilas. Após a chegada do Rémy Freire as coisas
71
foram sendo mais atualizadas, ele começou a dar cursos sobre Matrizes; você vê, Matrizes,
que era um assunto atual para a época; Álgebra de Boole, tratar sobre Estruturas Algébricas;
ninguém aqui jamais tinha ouvido falar dessas coisas, e os livros foram sendo adquiridos.
Então, essas coisas foram sendo incorporadas às disciplinas do Curso de Matemática. Com o
passar dos anos, o próprio Jayme foi mudando, o Newton, e outros, atualizando as ementas
dos programas das disciplinas. Eu me lembro que na minha época tinha, por exemplo,
Fundamentos da Matemática; não era Fundamentos da Matemática Elementar, como hoje se
põe aí. Fundamentos da Matemática, que foi iniciativa do Newton Costa, ele e a Ayda Inês
Arruda davam essa disciplina para nós, durante dois anos; havia Fundamentos I e
Fundamentos II. Quem o passasse no I não podia fazer o II. E os cursos de Cálculo, que
faziam parte da Análise; um bom curso de Cálculo é melhor que, ou equivale a um curso de
Análise. Então era isso que se fazia, um bom curso de Cálculo. Hoje nem se fala mais no
Teorema de Stone-Weierstrass, e essas coisas a gente estudava com o Newton. E a partir daí a
grade foi sendo melhorada. O Jayme introduzindo a Álgebra: Álgebra I e Álgebra II, que eram
as Estruturas Algébricas. Muitos alunos não conseguiam aprovação na Álgebra, e era uma
confusão tremenda. Queriam brigar com o Jayme e eu costumava mediar essas coisas.
Aqueles alunos piores se transferiam para Paranaguá - “ah, Clóvis, vou me transferir para
Paranaguá, porque eu passo!”-. E iam para lá. Não faziam aqui os cursos, os cursos de
Álgebra, curso de Geometria Analítica; havia o de Geometria Projetiva, dentro da Escola
Italiana, que depois foram sendo substituídas. Posteriormente foram incluídas Álgebra Linear
e a História da Matemática. Esta última era o Jayme quem ministrava, depois ele passou para
mim, daí o meu interesse pela História. Eu tive que me preparar para dar aula de História da
Matemática, pois não havia nada, nem livros, e eu ficava estudando com o Jayme, preparando
as coisas; e depois ele me disse: olha aqui, Clovis, não existe nada sobre o Brasil, isso
precisa ser feito.” E daí meu interesse passou a ser mais direcionado para a História da
Matemática no Brasil. Claro que com o passar dos anos a disciplina História da Matemática
foi transformada. Fizeram um “Frankenstein” com ela, transformaram-na em um misto de
Fundamentos da Matemática Elementar e História da Matemática. É claro que votei contra,
mas a maioria venceu. Isso foi no Departamento de Matemática. E foi mantido isso, um
misto de Fundamentos da Matemática Elementar, que ninguém sabia o que era, com alguns
tópicos de História da Matemática. Aí houve a destruição das coisas!
Agora eu estou lendo aqui ‘PUBLICAÇÕES’. Sim, a Sociedade exerceu também um
papel muito importante com as publicações. Na primeira fase, nas décadas de 1950 a 1960, o
Jayme e o Barsotti fizeram traduções de bons livros estrangeiros que foram publicadas pela
Sociedade, a qual vendia esses livros.
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Enfim, isso foi iniciativa da Sociedade Paranaense de Matemática, e as suas próprias
publicações, que posteriormente, quando assumi a direção da Sociedade, nos idos de 1980, as
coisas estavam paradas, porque o Jayme estava cansado, o Newton já não estava mais aqui,
e não havia mais interesse algum de pessoas do Departamento de Matemática pela Sociedade.
Havia só um professor, que era o Joseph, já falecido, que tinha certo interesse, mas parava por
aí. Então a Sociedade foi passada para mim, e eu passei a republicar o Boletim, que havia sido
interrompido. Dei um outro formato, criei o Noticiário da SPM, que não existia, só para dar
informações para a comunidade acadêmica; criei também uma outra publicação, que era uma
espécie de apêndice do Boletim: as Monografias; dedicadas a um tema. É que chegavam
certos trabalhos longos, para serem publicados no Boletim e nós não podíamos publicar em
função do número de páginas, a parte financeira era escassa, e resolvemos criar essa outra
publicação.
Com essas publicações, dei continuidade ao que o Jayme havia instituído, que era a
permuta com outras publicações em vários países. Então eu passei a continuar essas permutas
e a ampliar esse projeto de permutas. Houve uma época que recebíamos cerca de duzentas
publicações, só de permuta com essas publicações, em especial com o Boletim da SPM. Então
a gente recebia publicações do Canadá; dos Estados Unidos o, porque lá eles querem
vender. Da França, da Espanha, de Portugal, da União Soviética, do Japão, da Malásia, da
Austrália, da Inglaterra, da Holanda, da Dinamarca, da Argentina, do Peru, da Colômbia.... E
permutava aqui no Brasil com a Academia Brasileira de Ciências, com os Anais da Academia
Brasileira de Ciências. Permutava com alguma coisa da USP, da SBM também, via IMPA, da
Universidade Federal de Pernambuco, que tinha umas publicações boas também. Enfim,
recebíamos em torno de duzentas publicações. Duzentos periódicos em função dessas
permutas. Essa parte de publicações da Sociedade foi muito importante; e todo esse material,
esse acervo, mesmo pertencente à Sociedade, ficou à disposição do Departamento. Eu sempre
fazia isso, divulgava para os colegas, estava à disposição, e mensalmente divulgava uma
relação das publicações recentes, recebidas; só que a grande maioria não tinha interesse algum
pelas coisas. Os freqüentadores eram os de sempre na Biblioteca da Sociedade, que ficava em
uma salinha ao lado da minha sala. Nós tínhamos duas salas. Tudo isso foi conseguido no
Centro Politécnico em função do prestígio do Chaim junto à Reitoria, junto à Engenharia,
porque a Engenharia era dona de tudo aquilo lá, não queria ceder para ninguém, e tanto é que
depois que o Jayme se aposentou queriam tomar tudo. Mas como? A Sociedade aqui! Isso
não é da Universidade!” Aquela coisa toda, da mediocridade. Eu disse: “vocês podem tomar
isso aqui, joguem tudo no corredor e eu chamo a televisão e filmo tudo isso aí, e direi o que
está acontecendo”. Então a coisa acalmou. Então..., o que mais?
73
A Matemática Pura, aqui nós trabalhamos sempre com a Matemática Pura, a
Matemática Aplicada não havia, nessa época não havia espaço para ela aqui. O pessoal da
Engenharia não tinha grande interesse, depois é que essa coisa foi sendo desenvolvida, em
função do IMPA e do IME da USP. E também uma novidade foi a Educação Matemática!
Algo que não existia e que o Grupo de Rio Claro, que foi pioneiro nisso, principalmente
liderado pelo Ubiratan D’Ambrosio, foi criada a Sociedade, a SBEM
12
. Eu participei inclusive
de algumas reuniões, aquela de Maringá em 1982.
Mas por aqui ninguém tinha interesse pela Educação Matemática; era vista aqui como
coisa de segunda categoria, e o pessoal torcia o nariz para isso. “Ah, isso é coisa de quem não
serve para estudar matemática e que agora está mexendo com isso aí”. Quer dizer, ninguém
tinha pensado, em termos assim, da necessidade para o ensino etc. Portanto, não houve
interesse do Departamento de Matemática. Eu me lembro, pois isso é recente, que quem
despertou certo interesse foi o Carlos Vianna, no Departamento. Teve interesse nessa parte,
inclusive falou comigo uma vez, e eu o apoiei: “Há espaço para tudo, deve ser feito!” Agora
deve ser feito de um modo correto, e não permitir, como se diz vulgarmente, certo oba-oba”
nessas coisas, porque está iniciando e se o fizer algo correto, decente, sério, as coisas vão
sair tortas e jamais poderão ser consertadas. Foi a única pessoa que se interessou por isso; me
parece que depois trabalhou com alguém, não sei com quem lá, formou um grupo, mas ficou
aquilo lá, restrito.
O Departamento, como você quer saber, não se envolveu. E como Sociedade eu não
podia fazer grande coisa, porque esta não tinha, digamos assim, cacife para mexer com essas
coisas. O que eu podia fazer eu fazia, que era incluir isso nas reuniões anuais da Sociedade.
Mas não entendo o Departamento, que isso deveria ser do Departamento de Matemática, o
é? Trazer pessoas interessadas, pessoas bem formadas. Formar um bom grupo de estudos e
pesquisa e iniciar um bom ambiente de Educação Matemática, o que não houve por lá. Havia
também uma briga muito grande, porque no Curso de Matemática havia necessidade das aulas
de uma disciplina, relacionada mais ou menos com isso, que era a Prática de Ensino,
ministrada pelo pessoal da Educação, mas que também não fazia Educação Matemática, e
esse pessoal quando ia discutir essas coisas, havia briga. Eu lembro desses fatos. Nunca
participei dessas reuniões, mas lembro que havia isso, o pessoal se xingava e ninguém
chegava a um consenso.
Mas em termos de Sociedade não foi possível mexer com essas coisas. Houve uma
época em que a SPM se interessou por isso e indicou a Elza Gomide para trabalhar nisso. O
12
Sociedade Brasileira de Educação Matemática.
74
que eu podia fazer eu fiz. Eu trouxe a Elza Gomide aqui, ela fez palestra para o pessoal
interessado, mas ficou nisso. E também aa própria SPM não se interessou muito por isso.
Ainda bem que o Grupo de Rio Claro se interessou muito, preparou bem o pessoal,
desenvolveu, e está fazendo um bom trabalho.
Bem, agora, o que mais?
Eu estou vendo aqui ‘MATEMÁTICAS’, não! Por que alguém pode perguntar:
mais de uma?”, seria bom colocar no singular, ‘a Matemática’.
Eu vejo como uma Matemática e abrangendo várias, o que eu chamo de, aliás eu
não, o próprio CNPq chama de subáreas e depois especialidades. Uma grande área, que é a
Matemática com as suas subáreas e suas especialidades. É assim que eu vejo.
Obrigado, espero que, de fato, essa entrevista contribua para o seu trabalho e que faça
uma bela tese!
* * *
CLÓVIS PEREIRA DA SILVA
Depoimento em 10 de Junho de 2005, no Salão de conferências do Hotel Elo de
Curitiba, Curitiba, PR.
75
Um pouco de história da Sociedade Paranaense de Matemática
“A Sociedade Portuguesa de Matemática contribui para
acabar com todas as modalidades de isolamento; promove
a ida de matemáticos portugueses ao estrangeiro...”
José Morgado, em ‘Para a História da Sociedade
Portuguesa de Matemática’.
De acordo com Carr (2002), a história é um processo em movimento constante, dentro
do qual o historiador se move. O título acima sugere outra perspectiva, visto que “um pouco
de história” traz algumas marcas, dentre elas marca da temporalidade restrita. Entretanto,
vamos relatar a história da SPM tanto por recortes cronológicos e categorias; quanto por
referências documentais, como é o caso da carta que apresentamos mais adiante, de autoria do
professor Jayme Machado Cardoso, cuja importância faz que adotemos o seu título para essa
sessão.
Ao buscarmos trabalhos sobre a História da Matemática no Brasil, percebemos a
escassez de estudos dessa natureza. Encontramos contribuições de Clóvis Pereira da Silva
(1992, 1999, 2001, 2002), que exercem papel importante para nossa literatura. Destacamos
sua tese de doutoramento, publicada (1992) em livro: “A Matemática no Brasil: uma história
do seu desenvolvimento”. Há, também, trabalhos relevantes que serviram como referência
em nossos estudos, dentre os quais Azevedo (2002), Dias (2000, 2002), Hönig e Gomide
(1979), Medeiros (1984), Silva da Silva (1999) e Gaertner (2004).
Segundo Dias (2002), a existente historiografia sobre a Matemática no Brasil admite
normalmente que a matemática esteve ligada principalmente à Engenharia durante o período
da história brasileira, delimitado pela implantação dos primeiros cursos militares e pela
fundação das primeiras universidades, isto é, que os matemáticos, os professores de
matemática, as pessoas que dominavam um certo tipo de conhecimento matemático escolar,
acadêmico ou superior geralmente eram engenheiros militares ou civis que se bacharelavam
ou se doutoravam nessa ciência ao mesmo tempo em que se formavam engenheiros, pois as
escolas politécnicas e as academias militares, se o foram de fato os únicos, m sendo
considerados como os principais espaços institucionais nos quais se praticou matemática
nesse período.
76
Algumas das contribuições supracitadas, por estarem relacionadas com a história de
instituições acadêmicas, nos indicam alguns estados brasileiros em que a Matemática exerceu
papel relevante.
Dias (2002), por exemplo, apresenta o resultado de sua pesquisa sobre as atividades
matemáticas na Bahia no período demarcado pela fundação da Escola Politécnica da Bahia
(EP) em 1896; pela fundação da Faculdade de Filosofia da Bahia (FF), em 1941; pela
fundação do Instituto de Matemática e Física da Universidade da Bahia (IMF) em 1960; e
pelo desmembramento deste último nos dois atuais Instituto de Matemática (IM) e Instituto de
Física (IF) da Universidade Federal da Bahia (UFBA) em 1968, por ocasião da implantação
da Reforma Universitária.
Sua pesquisa vem juntar-se a outras também dedicadas aos problemas da difusão,
recepção, apropriação e institucionalização da ciência moderna européia nos contextos
socioculturais específicos dos diversos países, das diversas nações ou regiões geográficas do
mundo. Mais especificamente, para este autor interessava contribuir para a análise histórica
dos diferentes padrões de institucionalização das atividades matemáticas no Brasil,
especialmente daqueles implantados após a fundação das primeiras universidades e das
respectivas faculdades de Filosofia a partir dos anos 1930.
Como as narrativas, interpretações e explicações desses processos que já existem
foram feitas normalmente conforme os pontos de vista próprios de centros como São Paulo ou
Rio de Janeiro, Dias tinha pretensão de enriquecer a historiografia com uma análise
desenvolvida segundo um ponto de vista diferente, adotando a perspectiva própria de uma
outra região, de um outro local. Por esse motivo, justifica ele, focalizou as atividades
matemáticas desenvolvidas nas instituições baianas listadas acima durante o período
referido.
Os trabalhos de Medeiros (1984) enfatizam alguns aspectos da Matemática no Rio de
Janeiro, como a formação da Faculdade Nacional de Filosofia, integrante da Universidade do
Brasil, e a contribuição de alguns matemáticos nessa instituição.
O trabalho de Hönig e Gomide (1979) é um capítulo do livro História das Ciências
no Brasil”, organizado por Mário G. Ferri e Shozo Motoyama. Neste trabalho os autores
apresentam os diferentes ramos das Ciências Matemáticas, como também descrevem a
Matemática brasileira antes de 1934, a criação das Faculdades de Filosofia e a organização da
Matemática brasileira a partir de 1950. Notamos que neste trabalho o menção sobre o
desenvolvimento da matemática no Estado do Paraná. apenas no final agradecimento a
vários professores, incluindo o professor Newton Carneiro Affonso da Costa.
77
o trabalho de Silva da Silva (1999) apresenta alguns resultados, especificamente da
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP, oriundos de uma pesquisa mais ampla, de
acordo com a autora, sobre a evolução da Matemática brasileira no período de 1930 a 1960.
Entretanto, o trabalho desta autora, além dos fatos históricos retratados, também discute a
formação do professor de matemática, descrevendo o currículo proposto em 1934 na FFCL da
Universidade de São Paulo e os primeiros alunos do Curso de Matemática dessa instituição.
O trabalho Gaertner (2004) procura resgatar aspectos históricos da educação e da
matemática escolar da região de Blumenau (SC), de colonização alemã, no período de 1889 a
1968. Nesse trabalho, assim como no nosso, como descreveremos no próximo capítulo, a
autora utiliza a História Oral como metodologia de investigação acompanhada de pesquisa a
registros escritos.
Em relação a essa temática, a História Oral dentro da Educação Matemática, com
respeito a instituições acadêmicas ou grupos que atuaram em instituições e/ou órgãos
educacionais, ressaltamos os trabalhos de Souza (2005) e Silva (2006), os quais serão
indicados nas próximas seções do presente trabalho.
Como constatamos, as contribuições de Dias (2002) realçam a Bahia; a de Medeiros
(1984) o Rio de Janeiro; a de Silva da Silva, São Paulo; e de Gaertner (2004), Santa Catarina.
A contribuição de Hönig e Gomide (1979), e os estudos de Azevedo e de Silva têm
características mais abrangentes, não se restringem especificamente a um Estado, a um
matemático, ou, ainda, a uma instituição específica.
Dessa forma, não encontramos registros de trabalhos que enfocam especificamente a
história da Matemática no Estado do Paraná. Essa também é uma das razões da escolha de
nosso objeto de investigação.
Corroborando com o que afirmamos anteriormente, Dias (2000), ao abordar pontos da
historiografia da Revista Brasileira de Matemática, acaba fazendo um alerta sobre a cultura de
valorização de determinados centros de nosso país quando pontua:
“De fato, a historiografia das ciências no Brasil contemporâneo ainda
está, por várias razões, centrada nas coisas, acontecimentos, narrativas e
interpretações que emanam dessas metrópoles. Muito pouco é dito sobre as
coisas e acontecimentos de outros locais, segundo a perspectiva que lhes é
própria. Todavia, direi o óbvio, vida havia em outras cidades, e havendo vida
também haviam pessoas pensantes, intelectuais que, além de viver, também
produziam cultura, inclusive cultura científica!” (DIAS, 2000, p.51).
78
Sabemos também que Trivizoli está estudando, em sua dissertação de mestrado, a
primeira associação de Matemática constituída no Brasil. Esta foi fundada no Estado de São
Paulo em 1945
13
, dentro da USP, e congregava matemáticos e professores de Matemática.
Essa sociedade foi extinta no ano de 1968 em razão de alguns matemáticos desejarem a
criação de uma sociedade que fosse de âmbito nacional. Conjeturamos que a fundação dessa
sociedade se deu sob forte influência de matemáticos estrangeiros contratados na época.
Da mesma forma, no Estado do Paraná, e no que tange ao foco de nossa investigação,
conjeturamos que a criação da Sociedade Paranaense de Matemática, fundada em 31 de
outubro de 1953, tenha sido idealizada sob a influência da Sociedade Portuguesa de
Matemática por meio de João Rémy Teixeira Freire, radicado em Curitiba naquela época.
Como referência inicial escreve Clóvis Pereira da Silva:
“O Professor João Rémy iniciou em Curitiba um ambiente de estudos
matemáticos sérios, inclusive com a prática de seminários de formação e de
cursos de férias. Não se entenda que após a chegada da Dr. J. Rémy, o
ambiente matemático em Curitiba tenha alcançado o nível dos ambientes das
instituições localizadas no eixo Rio de Janeiro-São Paulo. Este fato jamais
acontecera. Porém, é inquestionável que o ambiente matemático em Curitiba
fora impulsionado para frente após a chegada daquele matemático português.
. . . No final da década de 1950 o Dr. João Rémy partira para a cidade de
Santiago, Chile, para assumir um cargo em um dos órgãos das Nações
Unidas. Lamentavelmente, a formação de um bom ambiente matemático em
Curitiba não tivera continuidade. Algo inexplicável acontecera com os
responsáveis pela manutenção daquele ambiente” (SILVA, 1992).
Registramos, novamente, que o professor Rémy Freire havia sido assistente do
renomado matemático professor Bento de Jesus Caraça na Universidade de Lisboa, sendo
também um dos fundadores da Sociedade Portuguesa de Matemática.
Dessa forma, voltemos novamente às seções anteriores deste trabalho e perguntemos:
“Como é possível que a existência simultânea de muitas pessoas, sua vida comum, seus atos
recíprocos, a totalidade de suas relações mútuas em origem a algo que nenhum dos
indivíduos, considerado isoladamente, tencionou ou promoveu, algo de que ele faz parte,
querendo ou não, uma estrutura de indivíduos interdependentes, uma sociedade?” (ver p. 43
do presente trabalho).
Elias (1994) postula que cada pessoa singular esrealmente presa; está presa por
viver em permanente dependência funcional de outras; ela é um elo nas cadeias que ligam
outras pessoas, assim como todas as demais, direta ou indiretamente, são elos nas cadeias que
13
A Sociedade Paulista de Matemática, na verdade Sociedade Matemática de São Paulo, foi criada em 1939,
segundo informações orais de Lucieli Trivizoli. Entretanto, só se efetivou em 1945.
79
a prendem. Essas cadeias não o visíveis nem tangíveis, como grilhões de ferro. São mais
elásticas, mais variáveis, mais mutáveis, porém não menos reais, e decerto não menos fortes.
E é a essa rede de funções que as pessoas desempenham umas em relação a outras, a ela e
nada mais, o que Elias chama de “sociedade”. Para o autor, ela representa um tipo especial de
esfera. Suas estruturas são denominadas “estruturas sociais”.
Para compreendermos a forma das partes individuais de nossa “sociedade”, conforme
Elias, devemos começar pensando na estrutura do todo. A relação entre os indivíduos e a
sociedade é uma coisa singular. E para entendermos, é necessário desistir de pensar em
termos de substâncias isoladas únicas e começarmos a pensar em termos de relações e
funções. Assim, afirma Elias, o pensamento fica plenamente instrumentado para
compreender nossa experiência social depois de fazermos essa troca.
“Só se pode chegar a uma compreensão clara da relação entre
indivíduo e sociedade quando nela se inclui o perpétuo crescimento dos
indivíduos dentro da sociedade, quando se inclui o processo de
individualização na teoria da sociedade. A historicidade de cada indivíduo, o
fenômeno do crescimento até a idade adulta, é a chave para a compreensão do
que é “sociedade” ”(ELIAS, 1994, p. 30).
Nesse contexto, a Sociedade Paranaense de Matemática (SPM) pode ser encarada
isoladamente, como se fosse um indivíduo no mundo das sociedades em geral; e essa é uma
das maneiras possíveis de observá-la para compreendermos seus processos de socialização,
enquanto que outra perspectiva seria a de pensá-la como um todo, considerando os indivíduos
que a compõem como sendo suas partes.
Para Elias, não é possível tomar indivíduos isolados como ponto de partida para
entender a estrutura de seus relacionamentos mútuos, a estrutura da sociedade. Ao contrário,
devemos partir da estrutura das relações entre os indivíduos para compreender a psique” da
pessoa singular.
Os seres humanos são parte de uma ordem natural e de uma ordem social. As
considerações precedentes mostram como é possível, em analogia, observar esse duplo caráter
em relação ao nosso objeto de estudo, a SPM.
“A história é sempre história de uma sociedade, mas, sem a
menor dúvida, de uma sociedade de indivíduos(ELIAS, 1994, p.45).
A seguir, reproduzimos um documento que é um testemunho importante da relação
entre um indivíduo e seu grupo. O texto foi escrito pelo professor Jayme Cardoso, uma das
pessoas que talvez mais tivesse a dizer sobre as origens e o processo de fundação da SPM.
80
Entretanto, infelizmente o professor o pôde nos conceder uma entrevista devido a seu
estado debilitado de saúde. A leitura do texto remete diretamente para o que poderiam ter sido
os esclarecimentos que ele prestaria...
81
Um pouco de História da Sociedade Paranaense de Matemática
Jayme M. Cardoso - 1984
Meu propósito aqui é dar uma idéia de como se procedeu a fundação da Sociedade
Paranaense de Matemática SPM, a pedido de sua atual diretoria. Sua fundação deu-se no
dia 31 de outubro de 1953.
Antes da fundação da SPM tivemos duas tentativas para reunir em uma associação
os interessados nas ciências exatas em Curitiba. A primeira deu-se em 1950, com a criação
do Instituto de Matemática do Paraná, idealizado pelo prof. Lydio Scardini, que nem chegou
a ter existência legal e que teve seu pequeno patrimônio doado para a SPM em 1953. Em
1951, sob a responsabilidade dos professores Nelson de Luca e Leonel Moro, fundou-se o
Centro Paranaense de Pesquisas Físicas, cuja existência se limitou à reunião de fundação.
O ambiente matemático em Curitiba nos anos 1950 era muito ruim. No que diz
respeito à Matemática, não havia atividades extracurriculares e as bibliotecas possuíam
apenas livros utilizados pelos estudantes de Engenharia. Antes de 1953, apenas o prof. Leo
Barsotti, então assistente da cadeira de “Cálculo” da Faculdade de Engenharia, havia
publicado artigos originais sobre Matemática. A Universidade do Paraná tinha sido
instalada em 1946 com quatro faculdades, das quais apenas as faculdades de Engenharia
(fundada em 1913) e a de Filosofia (em 1938, mas com o curso de Matemática iniciando em
1940) tinham cadeiras de Matemática. O mais antigo professor de Matemática de Curitiba
era Valdemiro Augusto Teixeira de Freitas, catedrático de “Mecânica Racional na
Faculdade de Engenharia e professor de diversas instituições de ensino de Curitiba. O prof.
Teixeira de Freitas tinha sido professor de quase todos os professores de Matemática de
Curitiba, e por esse motivo foi escolhido como presidente da primeira diretoria da Sociedade,
tendo sido reeleito por seis vezes consecutivas. Mas a figura mais significativa da
Matemática em Curitiba nos anos 1950 era Olavo del Claro, que tinha sido aprovado em
concurso na Faculdade de Engenharia (1936) e na Escola de Agronomia (1942). Quando da
fundação da Faculdade de Filosofia, o prof. del Claro foi preterido na escolha do corpo
docente, e isto foi, sem dúvida, a causa do péssimo relacionamento entre os professores de
Matemática das duas faculdades. Havia necessidade de um catalisador.
O catalisador apareceu em 1952 na pessoa do prof. João Remy Teixeira Freire,
natural de Lisboa e posteriormente naturalizado brasileiro, que veio para Curitiba assumir a
cadeira de “Estatística Geral e Aplicada” do recém-criado curso de Ciências Sociais da
82
Faculdade de Filosofia. Remy Freire era Bacharel em Ciências Econômicas e Doutor em
Economia pela Universidade de Lisboa, e depois de estar instalado em Curitiba, obteve o
Doutorado de Estado em Estatística pela Universidade de Paris. Remy Freire tinha sido
assistente do renomado matemático Bento de Jesus Caraça na Universidade de Lisboa e um
dos fundadores da Sociedade Portuguesa de Matemática. Em “Análise Matemática e
Superior”, aproximou-se de Newton Carneiro Affonso da Costa, então aluno do curso de
Matemática, que inclusive pela influência de Remy Freire, veio a ser o único curitibano que,
até hoje, se projetou internacionalmente como matemático.
Graças ao carisma de que era portador, Remy Freire granjeou largo rculo de
amizade em Curitiba, principalmente no meio universitário, o que facilitou a sua disposição
de fundar a Sociedade Paranaense de Matemática.
A primeira diretoria da Sociedade era assim constituída: Presidente Teixeira de
Freitas, Vice-Presidente Ulysses Carneiro, Secretário Geral Remy Freire, Sub-Secretário
Jayme Cardoso, Tesoureiro Dyonil Ruben Carneiro Bond, Diretor de Publicações Leo
Barsotti e Diretor de Cursos e Conferências Newton Carneiro Afonso da Costa.
Dias após a fundação da Sociedade, houve uma reunião da Sociedade Brasileira em
Curitiba intitulada ‘Para o Progresso da Ciência’. Entre os participantes estavam Benedito
Castrucci, Cândido Dias, Luiz Henrique Jacy Monteiro e José de Barros Neto, todos
professores do Departamento de Matemática da Faculdade de Filosofia da USP. Além das
comunicações feitas na SBPC, esses professores proferiram conferências na Sociedade, e se
tornaram os primeiros sócios correspondentes da Sociedade. Era o início promissor de
atividades da Sociedade, que nesses 31 anos de existência tem patrocinado a realização de
cursos, seminários, reuniões, conferências, além de publicação de livros e periódicos.
83
O texto do professor Jayme nos proporciona uma perspectiva de como um
representante importante e influente de um grupo de pessoas no Departamento de Matemática
da UFPR olhava para o passado e exercia forte impressão sobre seus pares. Afirmar isso é
relevante para destacar que embora tenha vivido aquela época, o podemos tomar o
testemunho dele, nem de qualquer outro, como sendo a verdade”. O caminho para a
construção de uma perspectiva histórica passa, também, pela imersão na massa de
documentos deixados por aqueles que trabalharam pela SPM, e é essa outra dimensão que
passamos a explorar em seguida.
Quando começamos a verificar os documentos da SPM percebemos, pelos livros-ata
da Diretoria e das Assembléias, que a Sociedade, nitidamente, passou por algumas “fases”.
Os primeiros documentos sobre a Fundação da SPM a que tivemos acesso foram as
atas de Fundação e de constituição da primeira Diretoria. No Anexo 4 apresentamos cópias do
Estatuto, do Diário Oficial do Estado do Paraná reconhecendo a Entidade, assim como a
Relação dos sócios-fundadores e o documento que apresenta a constituição da 1ª Diretoria.
No livro ata das Assembléias da Sociedade percebemos que os associados não tinham
envolvimento com os ‘destinos’ da SPM. As assembléias, geralmente, eram realizadas no
final do ano ou no início de cada ano, tendo sempre como item de pauta a eleição da nova
Diretoria, quando se completava dois anos, e a apreciação do Relatório Anual da Diretoria,
bem como a prestação de contas anuais. Notamos que o número de associados nas
Assembléias era pequeno (em vista do fato da Sociedade chegar a atingir quase oitocentos
sócios): com exceção da primeira, o maior número de associados presentes em uma
Assembléia foi quinze. Talvez isso tenha ocorrido devido à pouca divulgação, mas foi um dos
motivos que nos levaram a analisar e a descrever mais detalhadamente o livro ata das reuniões
da Diretoria.
Foram precisamente cento e cinqüenta e seis reuniões até a transferência de foro para
Maringá. No material que apresentamos em seguida, destacamos o objetivo principal de cada
uma das reuniões, assim como buscamos indícios, nesses documentos, de fatos que nos
remetessem a reflexões e indicações de respostas aos questionamentos arrolados no início
deste trabalho.
Nas primeiras reuniões da Diretoria da SPM, particularmente nas duas primeiras,
percebemos o entusiasmo de seus membros para com essa Sociedade que estava se iniciando.
Podemos assinalar que foram traçadas as metas, nas quais a preocupação maior que
observamos é quanto ao ‘bom desenvolvimento’ da Matemática no Estado, bem como para
84
com a formação matemática no ‘Ensino Superior e Secundários’. Entretanto, não detectamos
envolvimento algum de pessoas fora de Curitiba.
O professor Rémy Freire, na primeira reunião, propõe a realização de um concurso
sobre ‘trabalhos originais de Matemática’, no qual concorreriam todos os estudantes do
Estado do Paraná. Ao analisar as atas, verificamos que apenas um estudante participou do
referido concurso. O Edital do concurso e seu resultado são documentos que encontram-se no
Anexo 5. Desse Edital destacamos:
“Com o fim de despertar e desenvolver o interesse pela Matemática e
suas aplicações entre os estudantes paranaenses, a Diretoria da SPM resolveu,
na sua última sessão, organizar um concurso nas seguintes condições:
1. A Secretaria da SPM receberá, até o dia 30 de Setembro de
1954, quaisquer trabalhos originais sobre Matemática Pura ou Aplicada, da
autoria de alunos matriculados em qualquer estabelecimento de ensino
paranaense, desde que já não sejam diplomados por estabelecimento de ensino
superior na presente data. ...”
(Sociedade Paranaense de Matemática Edital de Concurso. Curitiba,
23 de Novembro de 1953).
Sabemos, pelas atas e documentos expedidos pela SPM, que o referido concurso foi
divulgado nos jornais “O Dia”, “Estado do Paraná” e “Gazeta do Povo”; portanto,
constatamos, embora sem acesso a esses jornais, que houve divulgação do mesmo.
Além disso, no mesmo período foi realizado, pela SPM, o Ciclo de Palestras, o qual
foi publicado nos principais jornais de Curitiba nos dias 13 e 14 de novembro de 1953,
conforme documentos apresentados no Anexo 6.
O programa das conferências desse evento constou do seguinte:
“Dia 13, às 20h, ‘Introdução à Teoria da fatorização’, pelo prof. Dr. L.
Jacy Monteiro.
Sumário: Partindo-se da decomposição de um número em fatores
primos, procura-se generalizar este conceito introduzindo-se, para tal fim,
diversas noções fundamentais da Álgebra Moderna.
Dia 14, às 15h, ‘Introdução à Teoria da Medida’, pelo prof. Dr. José de
Barros Neto.
Sumário: Partindo-se dos intervalos abertos, obtém-se uma construção
da classe dos conjuntos de Borel da reta, utilizando o principio da indução
transfinita. Em seguida generaliza-se essa noção.
Dia 16, às 18h, ‘Sobre os conjuntos finitos’, pelo prof. Dr. Candido da
Silva Dias.
Sumário: Introdução à Teoria Axiomática dos conjuntos, focalizando-
se em particular diferentes definições de conjuntos finitos.
85
Dia 17, às 20h30min, ‘Postulados fundamentais da Geometria
Projetiva’, pelo prof. Dr. Benedito Castrucci.
Sumário: Trata-se da axiomática da geometria projetiva abstrata sobre
um corpo comutativo qualquer, em particular um corpo finito. ...”
(Sociedade Paranaense de Matemática. 1° Ciclo de Conferências).
É possível percebermos, pelos sumários supracitados, que as conferências
programadas dirigiam-se a um público com interesse pela matemática pura.
Também é possível verificarmos nos documentos disponíveis (Anexo 7) uma grande
oferta de cursos de extensão, promovidos pela Sociedade. Tais cursos, a julgar pelos seus
títulos, eram direcionados a professores e alunos do Ensino Superior. Nesse período não
encontramos registros de curso destinado, especificamente, a alunos e/ou professores do que
nomeamos hoje Ensino Fundamental e Médio. Além disso, detectamos também que nesse
período as publicações, por meio das Revistas e/ou Traduções, eram destinadas ao Ensino
Superior.
Para não incorrermos em erro com relação ao que apontamos acima, convém registrar
que o professor Rémy Freire, em uma reunião da Diretoria no ano de 1954, propôs que a
Sociedade ofertasse um curso de preparação para os ‘vestibulares das Escolas Superiores’.
Todavia, apesar de ter sido aprovado, não encontramos registros de que o mesmo tenha
ocorrido.
Em 1955, o professor Rémy Freire passa para a categoria de cio correspondente da
SPM “por motivo de mudança de residência de Curitiba para Santiago (Chile)”. Percebemos
que as propostas de atividades ‘criativas’ fora do ambiente acadêmico, começam a se esgotar.
Reiteramos que a saída desse membro da Sociedade foi uma perda irreparável. Embora
muitos reconheçam o valor ímpar do professor Rémy Freire para o crescimento do ambiente
matemático paranaense, não há registros de agradecimento ou menções nas atas e documentos
da época para com ele. Acreditamos, pelo pequeno histórico apresentado, que a vivência
acadêmica do professor Rémy Freire difere da dos demais membros da Sociedade. Com isso,
abrimos um parêntese para refletirmos um pouco mais a respeito desse professor, e adotamos
a referência feita a ele pelo professor Jayme Machado Cardoso.
86
Um matemático catalisador
“... cada pessoa só é capaz de dizer “eu” se e porque pode,
ao mesmo tempo, dizer “nós”
Norbert Elias
Segundo informações obtidas por meio do professor Clóvis Pereira da Silva, o
professor João Rémy Teixeira Freire nasceu em Lisboa, Portugal, em 1919. Graduou-se em
Ciências Econômicas e Financeiras pela Universidade de Lisboa, onde também obteve seu
Doutorado em Ciências Econômicas. Além disso, era Doutor em Estatística pela Universidade
de Paris.
A escassez de documentos com relação a esse professor fez com que nos limitássemos
aos depoimentos dos idealizadores dessa Sociedade e a sítios da Internet que contivessem
conteúdos relacionados a esse assunto. Digno de destaque é:
www.mat.uc.pt/~jaimecs/indexhspm.html
Antes de estabelecer residência em Curitiba, precisamente em 1952, o professor Rémy
Freire atuou como docente em universidades portuguesas, sendo discípulo de Bento de Jesus
Caraça, o qual, juntamente com outros matemáticos, como Mira Fernandes, Zaluar Nunes,
Antonio Aniceto Monteiro e Pilar Ribeiro idealizaram e fundaram a Sociedade Portuguesa de
Matemática.
“Há 50 anos, precisamente em 12 de Dezembro de 1940, pelas 22
horas, na sala de Cálculo da Faculdade de Ciências de Lisboa, reuniu-se a
Assembléia Geral da Sociedade Portuguesa de Matemática, para discussão e
aprovação dos Estatutos e eleição dos corpos gerentes...
... assim nasceu oficialmente a Sociedade Portuguesa de Matemática.
Nos seus primeiros 50 anos de existência, houve períodos de atividade
muito intensa e um longo período houve em que mal se dava conta de que
ainda vivia, tão reduzida foi a sua atividade pelos detentores do poder!..”
(JOSÉ MORGADO - "Para a História da Sociedade Portuguesa de
Matemática”).
Entretanto, essa data é tardia quando comparada às das sociedades matemáticas de
alguns países europeus, como França, Alemanha, Itália e Inglaterra, por exemplo.
87
De fato, conforme José Morgado, na Histoire nérale des Sciences, dirigida por
René Taton, aponta-se como fator decisivo para explicar o "magnífico desenvolvimento dos
diferentes ramos das matemáticas no século XIX" o surto rápido das atividades de
investigação nos países mais evoluídos, "sob o efeito da democratização crescente do ensino
superior e da profissionalização da atividade de matemático”. O texto acrescenta:
"Esta evolução é ela própria comandada por certos fatores
políticos, sociais e econômicos. A reforma do ensino superior
científico e técnico realizada em França pela Revolução
concede, com efeito, às matemáticas um lugar muito mais
importante do que o que tinham anteriormente nos programas e
confia as principais cadeiras aos sábios mais eminentes,
dotando estes de uma importante função social e libertando-os
das preocupações materiais mais imediatas. Além disso, pondo
o ensino em contato direto com a investigação e abrindo-o a
classes mais amplas da Sociedade, favorece-se o aparecimento
de um número muito maior de vocações."
O aumento do número de trabalhos de investigação é facilitado pela criação de um
número crescente de revistas especializadas, pelo aparecimento dos primeiros boletins
bibliográficos e pela fundação de sociedades matemáticas regionais ou nacionais: Sociedade
Matemática de Londres (1865), Sociedade Matemática de França (1872), Sociedade
Matemática de Edimburgo (1883), Círculo Matemático de Palermo (1884), Sociedade
Matemática Americana (1888), Associação Matemática Alemã (1890) etc.
Todas essas Sociedades fundam as suas próprias revistas especializadas, boletins
informativos, promovem reuniões, colóquios e congressos, servem-se dos meios mais
variados para promover o convívio entre os matemáticos dos seus próprios países ou regiões e
o convívio entre estes e os de outros países ou regiões. Fazem o que lhes é possível para não
deixar cair os respectivos membros no isolamento científico.
O nascimento da Sociedade Portuguesa de Matemática foi possível em 1940. Essa
diferença de mais de meio século, em um período de atividade tão intensa, dá-nos uma idéia
do que foi o isolamento português, principal causa de seu atraso, conforme conta Antonio
Monteiro em www.mat.uc.pt/~jaimecs/indexhspm.html
A efervescência da atividade matemática, na década de 1940 em Portugal, é
reconhecida por muitos testemunhos, mas evidentemente não foi suficiente para vencer o
atraso já mencionado.
Além disso, nos anos de 1946 e 1947, de acordo com o mesmo sítio supramencionado,
o regime salazarista desencadeou uma ofensiva contra a Universidade Portuguesa.
88
Por diversos processos, foram afastados do ensino universitário (do Porto, de Lisboa e
de Coimbra) ou impedidos de nele entrarem, entre outros: Bento Caraça, Mário de Azevedo
Gomes, Ruy Luís Gomes, Pulido Valente, Fernando Fonseca, Ferreira de Macedo, Peres de
Carvalho, Dias Amado, Celestino da Costa, Cândido de Oliveira, Adelino da Costa, Cascão
de Anciães, Mário Silva, Torre de Assunção, Flávio Resende, Zaluar Nunes, Remy Freire,
Crabée Rocha, Manuel Valadares, Armando Gibert, Lopes Raimundo, Laureano Barros, José
Morgado, Morbey Rodrigues, Alfredo Pereira Gomes, Augusto Sá da Costa, Virgílio Barroso,
Jorge Delgado, Hugo Ribeiro, António Monteiro, Fernando Soares David, Marques da Silva e
António Santos Soares (Anexo7).
Em outros graus de ensino, houve também professores que foram afastados e muitos
licenciados que foram impedidos de se profissionalizarem como professores.
Segundo CARVALHO (2001), o Diário de Notícias de Portugal, em 15 de junho de
1947, inseriu uma nota com extenso título: “O Governo deliberou afastar da atividade do
serviço os militares que traíram as suas obrigações para com os poderes públicos e para com
os chefes e afastar do exercício de funções blicas os indivíduos que tem salientado pela
prática de atos sediciosos”. E acrescenta quem são esses últimos, indicando as agitações
ocorridas nos meios estudantis.
“É sabido que houve professores e assistentes que ostensiva ou
veladamente animaram a agitação e os agitadores”. A esses seriam
aplicadas as devidas penas, avisando-se que “O Governo não hesitará
em impor a saída do país ou a residência em algumas partes do
território nacional aos agitadores reincidentes”[...]. Assim, além dos
militares, foram demitidos onze professores catedráticos, dois
professores extraordinários, e rescindidos os contratos a oito
professores assistentes”( CARVALHO, 2001, p. 783-784).
Os Centros de Matemática foram praticamente extintos. As atividades da Sociedade
Portuguesa de Matemática foram proibidas em qualquer dependência do Ministério da
chamada Educação Nacional.
“Quando o matemático espanhol Germán Ancochea esteve em Lisboa,
para fazer uma conferência sobre Geometria Algébrica, a única maneira que
tivemos de arranjar local para que a conferência pudesse ser feita foi
convidarmos o colega espanhol para almoçar no English Bar e, depois do
almoço, juntaram-se as mesas e ele fez a conferência no English Bar, visto que
não podíamos usar nenhuma dependência do chamado Ministério da
Educação” (MORGADO, J., para a “História da Sociedade Portuguesa de
Matemática” - http://www.mat.uc.pt/~jaimecs/hspm).
89
O Seminário de Matemática para matemáticos e físicos, que era realizado no
Laboratório de Física da Faculdade de Ciências de Lisboa e dirigido por Hugo Ribeiro,
passou a ser feito em uma dependência de sua casa no Murtal, São Pedro do Estoril. A casa de
Hugo Ribeiro, no Murtal, foi promovida a Universidade do Murtal!...
No Porto, o Seminário de Matemática foi transferido para a casa de Neves Real, na
Rua Almada. A casa de Neves Real passou a ser conhecida como a Universidade da Rua do
Almada!...
Não foi possível à Sociedade Portuguesa de Matemática reunir a Assembléia Geral
para eleger nova Direção e, da última Direção eleita, apenas o Vice-Presidente pôde conservar
o seu lugar de professor.
Não apenas isso, alguns tiveram de sair de Portugal para poderem continuar a trabalhar
em Matemática; outros tiveram que passar períodos, mais ou menos longos, nas prisões e
ainda outros tiveram de mudar de profissão.
“Mas as revistas foram salvas”! Zaluar Nunes, enquanto viveu, conseguiu que a
Portugaliae Mathematica fosse publicada. Gaspar Teixeira conseguiu que a Gazeta de
Matemática se mantivesse até depois do 25 de Abril
14
e, depois do falecimento de Zaluar
Nunes conseguiu que a Portugaliae Mathematica continuasse a ser publicada após 25 de
Abril.
A Sociedade Portuguesa de Matemática, mesmo sendo impedida de realizar as suas
reuniões e de eleger nova direção, ainda durante algum tempo, depois de 1947, conseguiu
apoiar financeiramente um ou outro número da Gazeta e da Portugaliae e fazer-se representar
em uma ou outra reunião matemática internacional.
Apesar de tudo, a Resistência Matemática funcionou!
O exposto acima apresenta um panorama do esforço e contribuição de alguns
matemáticos portugueses durante a ditadura salazarista, particularmente na década de 1940. E
dentre esses indivíduos salientamos o professor João Rémy Teixeira Freire, que expulso de
seu país - conforme sítio da Fundação Mario Soares e cópia do Diário Oficial Português
(Anexo 7), veio a oficializar residência em Curitiba por influência do professor José Loureiro
Fernandes (segundo fontes orais, neste trabalho, dos depoentes Newton Affonso Carneiro da
Costa e Clóvis Pereira da Silva).
14
25 de Abril de 1974, data da transição democrática portuguesa. Também denominada por
Revolução dos Cravos, a revolução do 25 de Abril decretou o fim da ditadura do Estado
Novo.
90
Inicia-se aí uma nova fase ao desenvolvimento matemático paranaense.
De acordo com Elias (1994, p. 117), as diferenças de comportamento, dons e
experiências entre as pessoas isoladamente consideradas existiam, sem dúvida, nas mais
simples comunidades humanas. Não obstante, quanto mais os atos das pessoas são regidos por
forças naturais (indomadas dentro delas mesmas), menos elas diferem entre si em seu
comportamento. E quanto mais variada e difundidamente essas forças instintivas são contidas,
desviadas e transformadas primeiro pelo amor e medo dos outros, depois também pelo
autocontrole –, mais numerosas e pronunciadas se tornam as diferenças em seu
comportamento, seus sentimentos, seus pensamentos, suas metas e, inclusive, suas
fisionomias maleáveis: mais “individualizados” tornam-se os indivíduos.
Tentamos identificar esse processo de individuação em Rémy Freire, quando o mesmo
idealiza a Sociedade Paranaense de Matemática (SPM) nos moldes da Sociedade Portuguesa
de Matemática.
“Estritamente falando, apenas num nível puramente lingüístico é
possível opor “indivíduo” e “sociedade”, como bonecos num espetáculo de
marionetes. E não é pequena a contribuição dos conflitos entre grupos de
nações com sistemas diferentes de valores, que enfatizam uma coisa em
detrimento da outra, para a maneira como esses problemas são
freqüentemente exibidos sob a bandeira do “ou-ou” na vida cotidiana, na luta
entre os partidos políticos e até na filosofia, na sociologia, na história e em
muitas outras disciplinas. Por estarem os indivíduos vinculados, quase que
rotineiramente, ao sistema de valores de um campo ou do outro, verificamos
com freqüência que, na tentativa de descobrir o que realmente é a relação
entre indivíduo e sociedade, é comum adotarem-se os gritos de guerra dos
campos opostos, que estão predominantemente interessados no que essa
relação deve ser” (ELIAS, 1994, p.122).
Entendendo dessa forma, não se opõe indivíduo e sociedade, mas podemos considerar
que o processo de “construção” da sociedade permeia a individuação de todos os indivíduos
que irão compô-lo. Particularmente, SPM e Rémy Freire em alguns momentos podem ser
tomados como sinônimos.
Rémy Freire, apesar de sua atuação na área de Matemática, era formado Bacharel em
Ciências Econômicas e Doutor em Economia pela Universidade de Lisboa, e segundo Jayme
Cardoso, depois de estar instalado em Curitiba, obteve o Doutorado de Estado em
Estatística pela Universidade de Paris.
Esse português foi, conforme Aramis Millarch (Anexo 8), praticamente o introdutor
dos estudos estatísticos no Paraná.
91
Como percebemos, as fontes sobre Rémy Freire são esparsas, e resta o desafio de obter
mais detalhes e informações acerca da atuação desse matemático antes e depois de sua saída
do Brasil.
Uma periodização
A Sociedade Paranaense de Matemática marcou o início dos estudos matemáticos no
Paraná, especificamente no Ensino Superior, visto que procurou congregar os cultores da
Matemática em um período em que não haviam ainda se constituídos os Departamentos de
Matemática nas universidades paranaenses. Os professores que ministravam aulas de
Matemática nos cursos superiores eram, em sua maioria, engenheiros, e estavam contratados
em faculdades isoladas. Dessa forma, o vínculo que tinham ficava, muitas vezes, restrito ao
curso que atuavam e não aos destinos que o desenvolvimento matemático científico poderia
atingir.
As referências bibliográficas, particularmente as de Clóvis Pereira da Silva, são as
únicas que trazem conteúdos relativos à SPM, tratando brevemente de sua fundação e das
atividades desenvolvidas, sem, contudo, especificar documentos e fontes orais. Consultando
então os materiais e pessoas envolvidas com essa Sociedade, entendemos que descrever,
inicialmente, as origens desta se fazia necessário. Entretanto, estabelecer um panorama desse
objeto até os dias atuais também seria relevante, porém sem tempo hábil para tal
empreendimento. Dessa forma, deveríamos estabelecer categorias de prioridades e assim o
fizemos para retratar nosso objeto.
Por meio das fontes documentais disponíveis observamos algumas mudanças, como
números de sócios, atividades desenvolvidas (Anexo 6), acervo bibliográfico, permutas de
revistas científicas, publicações e até a transferência de seu foro. Isso posto, optamos por
enfatizar seu “início”, porém relataremos também fatos que julgamos relevantes ao
desenvolvimento da Matemática no Estado do Paraná, dos quais a Sociedade atuou e/ou
presenciou. Esse início” nesta investigação abrangerá prioritariamente os quinze primeiros
anos de sua fundação, ou seja, de 1953 a 1968, período que marca a concentração da
matemática paranaense na capital (Anexo 4), haja vista que as únicas universidades da época
se concentravam em Curitiba.
92
Esse período foi escolhido também com base nas atas das reuniões da Diretoria da
SPM, que expressam uma mudança de atitude em relação às atividades desenvolvidas, como
descreveremos adiante.
Como sabemos, a fundação da SPM ocorreu em 31 de outubro de 1953 na
Universidade do Paraná, em Curitiba. A primeira reunião da Diretoria aconteceu nove dias
após sua fundação, em 9 de novembro de 1953. Nessa reunião, foram estabelecidas as metas
da Sociedade, e como nas demais que ocorreram no período “inicial”, o que observamos
explicitamente é a preocupação da Diretoria com a divulgação da Sociedade para seu
reconhecimento. Todavia, notamos que sua atuação ocorreu basicamente no ambiente da
Universidade do Paraná, ou seja, a saída de um isolamento científico, que era objetivo da
mesma, parece não acontecer. Com o passar dos anos isso se consolida, até o final dessa fase,
por volta de 1968. As publicações e as permutas, porém, são ampliadas, assim como o
número de associados. Lembramos, mais uma vez, que não registros de matemáticos
paranaenses fora de Curitiba, ou seja, até a década de 1970, com a criação das universidades
estaduais, a Matemática do Paraná foi exclusivamente ‘curitibana’.
Quanto ao acervo bibliográfico da Sociedade, constatamos que este era bastante
extenso. Em quase todas as reuniões de Diretoria dessa época dava-se ciência quanto a esse
acervo. Infelizmente muita coisa, para não dizer a maior parte dele, se perdeu, principalmente,
como veremos, durante a transferência de foro da cidade de Curitiba para a cidade de
Maringá.
Por outro lado, quanto à parte ‘administrativa’; verificamos a posse de vinte e quatro
diretorias eleitas desde sua fundação. A composição de todas as Diretorias com seus
respectivos períodos e membros eleitos encontra-se no Anexo 3.
Apresentamos, a seguir, uma síntese dos principais assuntos tratados nas reuniões
desde sua fundação até a transferência de foro. Essa descrição, apesar de um pouco longa, da
página 88 até a página 111, apresenta fatos que foram fundamentais para a escolha da
periodização desse trabalho, como, por exemplo, as mudanças na composição da diretoria na
nos finais da década de 1960. Também optamos por transcrever todas as reuniões, pois
entendemos que esse trabalho possa servir como fonte de pesquisa a outros estudos sobre a
SPM que tenham como referência uma outra periodização.
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1ª reunião: 09/11/1953
Estabelecimento das metas para a SPM
Professor my Freire propõe a abertura de um concurso de trabalhos originais em
matemática para alunos que não tinham formação superior completa (Anexo 5)
Comentário: Percebemos a preocupação da Sociedade com o bom desenvolvimento da
Matemática no Estado, bem como para com o ensino superior e secundário.
2ª reunião: 23/11/1953
As atividades da SPM estavam sendo divulgadas pelos seguintes jornais da época:
“O Dia”, “Estado do Paraná” e “Gazeta do Povo” (Anexo 6)
Proposta a divulgação do concurso sugerido pelo professor Rémy Freire, visto que
esse era aberto a todos os estudantes do Estado
3ª reunião: 30/11/1953
Sugerido um curso de assuntos matemáticos para fevereiro de 1954 por um
professor da Universidade de São Paulo
Comentário: Notamos que a Sociedade tinha a preocupação com sua divulgação enquanto
entidade, ou ainda a necessidade de abertura, de manter contato com matemáticos de fora do
Estado.
4ª reunião: 02/01/1954
Aprovada a divulgação da Sociedade para os seguintes órgãos: Conselho Nacional
de Pesquisas, Sociedade Matemática de São Paulo e Centro de Cooperação
Científica da Unesco para a América Latina
5ª reunião: 13/03/1954
Aprovada a divulgação de congressos e palestras de matemática (Anexo 6)
Aprovados os “Seminários de Matemática” a serem iniciados em 03/04/1954 na
Universidade do Paraná
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6ª reunião: 20/03/1954
Aprovada a divulgação das atividades da Sociedade para o corrente ano, a saber:
a) curso de “Teoria das Matrizes”- prof. Rémy Freire – maio/54
b) curso de “Teoria da Medida”- prof. Ulysses Carneiro – setembro/54
Aprovado o distintivo da SPM, de autoria do prof. Leo Barsotti
7ª reunião: 27/05/1954
Ciência quanto ao sucesso do curso “Teoria das Matrizes”
Solicitação de viagem de dois membros da Diretoria para o Simpósio de
Matemática em Mendonza
Solicitação de bolsas de estudos para alunos e professores da Universidade do
Paraná ao Conselho Nacional de Pesquisas (Anexo 9)
8ª reunião: 05/08/1954
Ciência quanto ao sucesso dos cursos proferidos pelo professor Elon Lages Lima na
Universidade do Paraná (Anexo 10)
Ciência quanto ao interesse de um professor da Faculdade de Filosofia de Ponta
Grossa em fundar uma seção da Sociedade (Anexo 11)
Comentário: Somente nessa reunião menção sobre um professor do interior do Paraná, ou
seja, fora da cidade de Curitiba, interessado em atividades conjuntas com a SPM.
9ª reunião: 30/10/1954
Divulgação de obras enviadas pelo professor Leopoldo Nachbin
Os professores Leo Barsotti e Ulysses Carneiro são contemplados com bolsas de
estudos para manter contatos com o IMPA
Sugestão de publicação de Anuário contendo parte administrativa e parte científica
Ciência quanto ao número de participantes do concurso (mencionado acima): um
candidato
Publicações da SPM:
a) “Álgebra Abstrata” de Leopoldo Nachbin
b) Tradução do livro “Theory of Functions”de Richard Courant por Leo Barsotti
O professor Adriano Gustavo Robine ofertou à SPM um exemplar dos “Elementos
de Euclides”, impresso em 1720
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São efetivados como sócios-correspondentes: Elon Lages Lima, Leopoldo Nachbin e
Luiz Gonzaga Lapa
Comentário: Inicialmente observamos que o acervo da SPM escrescendo, principalmente
com obras raras e importantes para estudos matemáticos. Infelizmente essas obras não fazem
mais parte do acervo da Sociedade.
Por outro lado, percebemos também que o interesse pela matemática, por parte dos alunos
paranaenses, é restrito, visto que o concurso foi divulgado pelos principais jornais da época e
apenas um candidato participou.
E também verificamos interesse da SPM em estar em contato permanente com matemáticos
do IMPA, o que, sem dúvida, traria contribuições à Matemática em nosso Estado.
10ª reunião: 18/12/1954
Professor Rémy Freire propõe que a SPM oferte um curso de preparação para os
vestibulares das Escolas Superiores
Comentário: Observamos uma proposta inovadora em nosso Estado. Entretanto, não
encontramos registros que o referido curso tenha ocorrido.
11ª reunião: 12/01/1955
Informes
12ª reunião: 14/02/1955
Informes de manter intercâmbio com o IMPA
13ª reunião: 09/04/1955
Renúncia do prof. Dyonil Ruben Carneiro Bond do cargo de tesoureiro da SPM, e
indicação para o cargo o prof. Jayme Machado Cardoso
Ciência de que a bolsa de estudos solicitada pelo sr. Knesebeck, único candidato do
concurso, foi concedida
96
14ª reunião: 12/11/1955
Proposta dos cursos de extensão:
a) “Topologia Geral”; e
b) Teoria dos Grupos”. A serem ministrados pela prof.ª Maria Laura Mousinho
(Anexo 12)
“Por motivo de mudança de residência de Curitiba para Santiago (Chile) e
Philadelphia (U.S.A.) foram transferidos para a categoria de sócio correspondente
os senhores Rémy Freire e Jhon Kudar”
Comentário: Destacamos que não há registros algum, nem nessa e nem em outras reuniões,
sobre a saída do professor Rémy Freire da Universidade Federal do Paraná. Consideramos
lamentável que a SPM não tenha feito documento algum de agradecimento quanto às
contribuições desse importante membro e idealizador da SPM.
15ª reunião: 07/02/1956
Informes
16ª reunião: 03/03/1956
Programação cultural do presente ano:
a) “Cálculo Homográfico”
b) Teoria Geral dos Campos e Aplicações
“A Sociedade poderá realizar, ainda neste ano, atividades culturais de outro
gênero”
17ª reunião: 28/06/1956
Registro dos novos estatutos da Sociedade
18ª reunião: 31/07/1956
Aprovação da criação de Estudos Dirigidos sobre “Álgebra Moderna” e “Topologia”
a cargo dos professores Jayme Cardoso e Newton da Costa
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19ª reunião: 18/08/1956
O Deputado Federal Luiz Carlos Pereira Tourinho conseguiu averbar no orçamento
da União um auxílio financeiro à Sociedade Paranaense de Matemática
Publicação das notas Elementos da Cálculo Homográfico” organizadas pelo
professor Nelson de Luca com base no curso de extensão universitária realizado pelo
professor Valdemiro Augusto Teixeira de Freitas
20ª reunião: 25/08/1956
Discussão a respeito da publicação do livro “Elementos de Cálculo Homográfico”:
preço, quantidade, distribuição etc.
21ª reunião: 13/10/1956
Aprovar a designação de um procurador da Sociedade, no Rio de Janeiro, professor
Firmino Bonato, para tratar do registro da SPM no Serviço Social do Ministério de
Educação e Cultura, para efeito de recebimento de subvenções da União
22ª reunião: 24/12/1956
Aprovação do prólogo” do tradutor da obra “Introdução à Teoria das Funções”, a
ser publicada pela SPM
Aprovação de voto de agradecimento ao Deputado Estadual João Xavier Viana
23ª reunião: 20/01/1957
Aprovação de carta de agradecimento ao Governador pela sanção da Lei n° 3020, de
07 de janeiro de 1957, que concede à SPM um auxílio de duzentos mil cruzeiros
24ª reunião: 29/03/1957
Aprovação para o corrente ano de um “Curso sobre Equações Diferenciais no
Campo Real”, sugerido pelo professor Leo Barsotti.
Aceitação do pedido de demissão do professor Jayme Cardoso do cargo de Diretor
Cultural da SPM, por motivo de seu afastamento de Curitiba
Indicação do professor Newton da Costa para exercer o cargo de Diretor Cultural
98
25ª reunião: 05/06/1957
Várias deliberações:
- verba concedida à SPM
- empossar Diretor
- enviar exemplar de livro para a Universidade de Buenos Ayres, publicado pela
SPM
- compra de vários materiais
- organizar e registrar (entrada e saída) dos livros da Sociedade
- organizar as correspondências enviadas e recebidas em livro próprio,
- organizar livro de entidades culturais que a SPM mantém permuta de publicações
26ª reunião: 07/08/1957
Aprovação de remessa de materiais
“Solicitar a Egrégia Câmara Municipal de Curitiba o reconhecimento desta
Sociedade como utilidade pública, e a doação de um terreno para a mesma
Sociedade, destinado a construção de sua sede própria
Doação da obraDictionnaire ...” publicada em 1836 por A. J. Dénaix
27ª reunião: 12/11/1957
Solicitação de instalações, no novo edifício da Reitoria, para a SPM
Considerar sem efeito a deliberação da reunião anterior sobre a solicitação à Câmara
Municipal de Curitiba
Indicação e aprovação de sócios
28ª reunião: 26/12/1957
Ciência de que a SPM foi registrada, por intermédio do professor Jayme Machado
Cardoso, no Serviço de Permuta Internacional da Biblioteca Nacional
29ª reunião: 31/12/1957
Apreciação das contas da Diretoria
99
30ª reunião: 06/03/1958
Ciência do recebimento de várias obras de Matemática pela SPM
Tomar conhecimento do convite ao professor Newton Costa para organizar o Centro
de Ensino e Pesquisas de Matemática, filiado ao Instituto de Pesquisas da
Universidade do Paraná, devendo funcionar a partir do corrente ano
31ª reunião: 02/04/1958
Ciência de correspondências e doações de professores e entidades à SPM
Proposta dos cursos de extensão: Introdução à Teoria da Medida e à Integral de
Lebesgue” e Geometria Diferencial Clássica” pelos profesores Leo Barsotti e
Jayme Cardoso, respectivamente
Fixação de preços de livros
Publicação do Anuário n°4, referente ao ano de 1957
Indicação para o futuro de um “Boletim da Sociedade Paranaense de Matemática”
32ª reunião: 10/05/1958
Ciência de correspondências e doações de professores e entidades à SPM
33ª reunião: 28/06/1958
Ciência de correspondências e doações de professores e entidades à SPM
Proposta do curso “Teoria dos Conjuntos” pelo Professor Newton da Costa
Comentário: Observamos algo estranho nessa reunião, pois o professor Jayme Cardoso votou
contrariamente à comunicação aos sócios da SPM sobre os cursos que o Centro de Ensino e
Pesquisas de Matemática e Estatística do Instituto de Pesquisas estava a ofertar.
34ª reunião: 28/08/1958
O Diretor da Faculdade de Filosofia da Universidade Federal do Paraná cede uma
sala para servir de sede da SPM
Ciência de correspondências e doações de livros e revistas à SPM
100
35ª reunião: 06/12/1958
Aprovação da constituição de um comitê de redação para o “Anuário” da SPM
Aprovação de um Editor, professor Nelson Trevisan, para o “Boletim da Sociedade
Paranaense de Matemática”
36ª reunião: 24/12/1958
Aprovação de balancete
37ª reunião: 07/03/1959
Apresentação da lista de doações bibliográficas feitas para a Sociedade durante o
ano de 1958
38ª reunião: 20/04/1959
Apresentação da lista de doações bibliográficas de 07/03/59 até a presente data
Ciência do veto do Prefeito de Curitiba ao projeto do vereador Máximo Pinheiro
Lima
A Diretoria autoriza o professor Newton da Costa a traduzir a apostila de H. Spanier,
que foi temporariamente cedida à SPM pelo professor Leopoldo Nachbin.
39ª reunião: 20/06/1959
Apresentação da lista dos livros e revistas recebidas por meio de doações
O professor Leo Barsotti faz doação à SPM de 51 exemplares de sua obra
“Exercícios da Cálculo Infinitesimal”
Dois Professores da Diretoria da SPM são autorizados a representar a Sociedade no
2° Colóquio Brasileiro de Matemática
40ª reunião: 24/09/1959
Apresentação da lista de doações de livros e revistas
Professor Jayme Cardoso ficou encarregado da tradução do livro “Modern Higher
Álgebra Galois Theory” para futura publicação da Sociedade
41ª reunião: 14/12/1959
Apresentação da lista de doações de livros e revistas à SPM
101
42ª reunião: 14/01/1960
O Diretor do Instituto de Matemática da Universidade do Paraná solicita a indicação
de um representante da Sociedade no Conselho Deliberativo do Instituto
Participação da Sociedade no concurso “seu talão vale um milhão”
Indicação da professora Ayda Ignez Arruda para editora do “Boletim da Sociedade
Paranaense de Matemática”
43ª reunião: 24/05/1960
Apresentação da lista de doações bibliográficas feitas durante o ano de 1960
44ª reunião: 16/08/1960
Apresentação da lista de doações
Sub-secretário da Sociedade apresentou sugestão no sentido de que a SPM deveria
programar uma atividade que resultasse em um maior interesse da mocidade
paranaense pela Matemática (A Diretoria ficou de estudar o assunto)
45ª reunião: 22/12/1960
CNPq indefere o pedido de auxílio à SPM, e a Diretoria decidiu dirigir-se
diretamente ao Presidente daquele órgão para saber os motivos
46ª reunião: 30/06/1961
Apresentação da lista de doações
O Instituto de Matemática da Universidade Federal do Paraná resolveu financiar o
“Boletim da SPM” no ano de 1961 e colaborar com a Sociedade na publicação de
uma revista destinada a publicar artigos de divulgação
47ª reunião: 11/12/1961
Apresentação da lista de doações bibliográficas
48ª reunião: 28/02/1962
Aprovação de contas
102
49ª reunião: 24/12/1962
Professor Jayme Cardoso propõe a suspensão temporária das publicações da
Sociedade Paranaense de Matemática: o Anuário e o Boletim. Foi aprovada a
suspensão do Anuário
50ª reunião: 05/12/1963
Aquisição dos fascículos n°1 a 4 do vol. n°1 da revista Lietures Fizikos Rinkings (de
1961)
51ª reunião: 30/12/1963
Aprovação de Relatório e contas referentes ao ano de 1963
52ª reunião: 04/01/1964
Foi escolhido o professor Newton da Costa para representante da SPM no Conselho
Deliberativo do Instituto de Matemática da Universidade do Paraná
53ª reunião: 18/03/1964
Ciência do recebimento de verbas da União
54ª reunião: 25/06/1964
Apresentação da relação das doações bibliográficas
55ª reunião: 30/11/1964
Aprovação de trocas de livros da SPM com outras entidades
56ª reunião: 18/02/1965
Ciência sobre a aquisição da coleção da revista Fundamenta Mathematical.
Aprovação de assinatura de revista científica
57ª reunião: 04/05/1965
Ciência sobre a aquisição de livros e revistas estrangeiras
Aprovação de solicitação de empréstimo em banco para a SPM
58ª reunião: 22/06/1965
Apresentação da lista de doações
103
59ª reunião: 29/07/1965
Aprovação de novos sócios
60ª reunião: 05/10/1965
Aprovação de novos sócios
61ª reunião: 12/02/1966
Fixação de calendário de eleição da Diretoria
Aprovação de novos sócios
62ª reunião: 04/03/1966
Aprovação de Relatório e contas da Diretoria referentes ao ano de 1965
63ª reunião: 14/10/1966
Todos os membros da Diretoria, exceto o professor Leo Barsotti, pedem demissão
(por motivos particulares)
É marcada uma data para eleição de nova Diretoria
64ª reunião: 28/02/1967
Ciência sobre doação de pequena verba do CNPq para a Sociedade
Professor Jayme Cardoso assume a Presidência da Sociedade
Professor Leo Barsotti não assume cargo algum na Diretoria
Aprovação da possibilidade da SPM programar atividades culturais
65ª reunião: 29/06/1967
Aprovação de novos sócios
66ª reunião: 12/12/1967
Fixação de data para Assembléia da SPM
67ª reunião: 14/12/1968
Aprovação da contas da Sociedade referentes ao ano de 1968
104
68ª reunião: 16/12/1971
Fixação de data para Assembléia da SPM
Comentário: Observamos um intervalo de três anos sem reuniões da Diretoria.
69ª reunião: 13/07/1972
Aprovação de sócio
70ª reunião: 13/12/1972
Fixação de data para Assembléia da SPM
71ª reunião: 19/12/1973
Fixação da data para Assembléia da SPM
72ª reunião: 02/01/1974
Aprovação das contas da Diretoria referentes ao ano de 1973
73ª reunião: 23/12/1974
Aprovação do Relatório da Diretoria referente ao ano de 1974
74ª reunião: 12/12/1975
Fixação de data para Assembléia da Sociedade
75ª reunião: 27/12/1976
Aprovação do relatório da Diretoria referente ao ano de 1975
76ª reunião: 14/12/1977
Aprovação de sócio (n°186): professor Clóvis Pereira da Silva
Fixação de data para Assembléia da SPM
77ª reunião: 22/06/1979
Aprovação de sócios
105
78ª reunião: 16/ 11/1979
Proposta e aprovação da realização de um concurso de nível estadual, em julho de
1980, para alunos de nível médio, para futuramente concorrerem em âmbito
nacional, em copatriocínio com a Sociedade Brasileira de Matemática e a Secretaria
de Educação do Estado do Paraná
Proposta de publicação periódica, com problemas e questões, para alunos dos cursos
de grau, bem como com artigos de divulgação matemática para professores de
nível médio
79ª reunião: 12/12/1979
Aprovação de novos sócios
Indicação de comissão de sócios para organizar a Olimpíada de Matemática do
Paraná
Aprovação da 2ª série do periódico da Sociedade: “Boletim da SPM”
Fixação de data para Assembléia da SPM
80ª reunião: 20/06/1980
Aprovação de novos sócios (Até esta data são 198)
Alteração da constituição da Comissão Organizadora da Olimpíada Estadual de
Matemática (professor Celso Carnieri se retirou da Comissão)
Professor Aurélio Sartorelli pede substituição no Comitê de Redação do Boletim da
Sociedade Paranaense de Matemática
Aprovação do curso de extensão sobre “Cônicas” a ser ministrado pelo professor
Jayme Cardoso
Aprovação de um ciclo de conferências de Matemática por professores residentes
em Curitiba
O Banco do Estado do Paraná doou uma verba para destinar a um dos prêmios da
Olimpíada Estadual de Matemática
Aprovação de sócio
Comentário: Observamos que a partir de 1978 (13ª Diretoria eleita, Anexo3), onde o professor
Clóvis Pereira da Silva assume, pela primeira vez, um cargo na Diretoria como Vice-
Presidente, começam a surgir novas propostas de atividades para a SPM, conforme podemos
constatar na decisões das reuniões da Diretoria. Especificamente a partir da 78ª reunião inicia-
se uma nova fase da Sociedade.
106
81ª reunião: 29/09/1980
Apresentação da relação dos sócios efetivos que se tornaram remidos
Aprovação de novos sócios (Até a presente data são 209)
Professor Jayme Machado Cardoso solicita demissão do Comitê de Redação do
Boletim da SPM
82ª reunião: 05/12/1980
Aprovação de sócios (Até a presente data são 212)
Aprovação da realização da Olimpíada Estadual de Matemática e Olimpíada
Regional da Matemática para alunos do 2°grau dos Estados do Paraná e Santa
Catarina
83ª reunião: 06/03/1981
Aprovação de novos sócios (Total de 218 até a presente data)
Aprovação da realização do I Encontro de Matemática no Paraná de 06 a 09 de Julho
de 1980
Aprovação do curso de extensão “Estruturas Ordenadas” a ser ministrado pelo
professor Jayme Cardoso
Ciência das verbas concedidas à SPM:
Fundepar – para impressão do n°1 do volume 2 do Boletim da SPM
CNPq para realização da Olimpíada Regional de Matemática Paraná e Santa
Catarina; e 2ª Olimpíada Estadual de Matemática para alunos do 2° grau
84ª reunião: 15/05/1981
Aprovação de novos sócios (Total de 229 até o momento)
85ª reunião: 03/08/1981
Aprovação de novos sócios (Total: 251)
Criação de uma Comissão de Ensino para elaborar um programa de Matemática para
o ensino do grau e que, oportunamente, será sugerido aos órgãos competentes do
Estado do Para
Aprovação de um curso de verão, promovido pela SPM, para atualização de
professores do ensino de 1° e 2° graus
107
86ª reunião: 15/09/1981
Aprovação de novos sócios (Total: 253)
87ª reunião: 23/03/1982
Aprovação do relatório e das contas da Diretoria referentes ao ano de 1981
Ciência do auxílio recebido do CNPq para a realização da Olimpíada Estadual de
Matemática para alunos do 2° grau
88ª reunião: 27/03/1982
Aprovação de sócios beneméritos
Constituição de comissão da Olimpíada da Matemática
89ª reunião: 01/05/1982
Solicitação de demissão do cargo de Tesoureiro da SPM, pelo professor Jayme
Cardoso
Aprovação de novos sócios (Total: 333)
Ciência de doação de verba por deputado à SPM
Proposta de realização de conferências mensais
90ª reunião: 02/10/1982
Aprovação de novos sócios (Total: 342)
Ciência: “O Presidente da SPM está, juntamente com as autoridades competentes,
buscando o reconhecimento da Sociedade Paranaense de Matemática como órgão de
utilidade pública federal”
91ª reunião: 13/11/1982
Aprovação de novos sócios (Total: 344)
92ª reunião: 26/03/1983
Aprovação de novos sócios (Total: 348)
Proposta, do professor Jayme Cardoso, da SPM promover conferências
108
93ª reunião: 07/05/1983
Aprovação de novos sócios (Total: 407)
Proposta de a Sociedade promover o Seminário de Introdução à Lógica; seminário
este solicitado por alguns alunos e sócios da SPM
94ª reunião: 13/08/1983
Aprovação de novos sócios (Total: 409)
Proposta de reformulação do Comitê de Redação do Boletim da SPM a iniciar seu
funcionamento a partir de 1984:
Álgebra e Educação Matemática (Responsável: professor Aurélio Sartorelli)
Geometria e Fundamentos de Geometria (Responsável: professor Haroldo C. A. da
Costa)
História da Matemática e Teoria dos Números e problemas (Responsável:
professor Jayme Machado Cardoso)
Análise (Responsável: professor Josef K. H. Dortman)
Pesquisa Operacional (Responsável: professor Celso Carnieri)
Física-Matemática (Responsável: professor Edson A. Stedile)
Ficou aprovado ainda, que a escolha do consultor fica a cargo do Presidente da
SPM, e que caberá ao Editor a responsabilidade pelo Noticiário e pelas publicações
recentes distribuindo às pessoas capazes os livros que chegarem à SPM
95ª reunião: 17/08/1983
Renúncia do Vice-Presidente da Sociedade
O professor Jayme Cardoso é indicado para Secretário Geral
96ª reunião: 03/12/1983
Aprovação de novos sócios (Totalizando, pela Ata, 409 sócios)
Proposta de criação de nova capa para o Boletim da SPM, bem como uma nova
publicação da Sociedade com o título de “Informes da SPM”, que será publicado nos
meses de março e setembro de cada ano
Professor Jayme Cardoso propõe a oferta de um curso de extensão, a ser ministrado
por ele, para o 1° semestre de 1984 com o título “Cônicas”
109
97ª reunião: 22/03/1984
Aprovação do Relatório e contas da Diretoria referentes ao ano de 1984
Aprovação de sócios (Total: 413)
O Provopar deu uma subvenção social à Sociedade Paranaense de Matemática
98ª reunião: 31/03/1984
Aprovação da Comissão da V Olimpíada Estadual de Matemática de 1984
Aprovação de novos sócios (Total: 417)
Não foi aprovada pela Diretoria a realização de um curso de extensão a ser
ministrado pelos professores Ana Maria N. de Oliveira, Alvino Moser e Décio
Krause, com o título: “Tópicos para o Ensino da Matemática”
99ª reunião: 05/05/1984
Aprovação de novos sócios (Total: 422)
Aprovação da publicação de monografias uma vez por ano, juntando dois ou mais
trabalhos
Aprovação de realização de atividades para a comemoração dos 31 anos da SPM em
outubro de 1984
Não foi aprovado dar como prêmio uma bolsa de estudos de grau para os e 2°
colocados na Olimpíada Estadual de Matemática
100ª reunião: 17/08/1984
Aprovação de novos sócios (Total: 428)
Aprovação da Programação do II Encontro Paranaense de Matemática que se
realizará em 29/10/1984 em comemoração aos 31 anos de fundação da SPM
Ciência da doação de verba por deputado estadual
101ª reunião: 10/10/1984
Aprovação de novos sócios (Total: 438)
102ª reunião: 16/11/1984
Aprovação de novos sócios (Total: 451)
110
103ª reunião: 19/12/1984
Aprovação de novos sócios (Total: 459)
Aprovação do Relatório e contas da Diretoria referentes ao ano de 1984
104ª reunião: 15/03/1985
Aprovação de novos sócios (Total: 462)
Aprovada a proposta de reimpressão dos Estatutos da SPM
105ª reunião: 17/05/1985
Aceitação de um acordo de reciprocidade com a American Mathematical Society
fixando a anuidade em oito dólares
Diretor cultural renuncia ao cargo
Decidiu-se solicitar doações aos sócios devido às dificuldades financeiras da SPM
Aprovação de novos sócios (Total: 466)
106ª reunião: 14/06/1985
Tesoureiro renuncia ao cargo e o professor Jayme Cardoso assume o cargo
Aprovação de novos sócios (Total: 482)
107ª reunião: 14/08/1985
Aprovação de novos sócios (Total: 499)
Aprovação da realização de palestras e debates sobre o Ensino e o Livro Didático de
Matemática de e 2° graus para comemoração dos 32 anos de fundação da SPM
em Outubro
Aprovação de sócio como o 1° colocado na Olimpíada de Matemática
108ª reunião: 02 /10/1985
Aprovação de novos sócios (Total: 504)
109ª reunião: 13/11/1985
Aprovação de novos sócios (Total: 519)
111
110ª reunião: 17/12/1985
Aprovação de novos sócios (Total: 521)
Aprovação do Relatório e contas da Diretoria referentes ao ano de 1985
111ª reunião: 11/03/1986
Aprovação de novos sócios (Total: 523)
Fixada a data da 7ª Olimpíada Estadual de Matemática
112ª reunião: 15/04/1986
Aprovação de novos sócios (Total: 542)
113ª reunião: 12/06/1986
Aprovação de novos sócios (Total: 553)
114ª reunião: 08/07/1986
Aprovação de novos sócios (Total: 556)
115ª reunião: 12/08/1986
Aprovação de novos sócios (Total: 570)
116ª reunião: 25/09/1986
Aprovação de novos sócios (Total: 577)
Discussão acerca da organização do IV Encontro de Matemática do Paraná
117ª reunião: 13/11/1986
Aprovação de novos sócios (Total: 605)
Substituição do cargo de Secretária Geral da Diretoria da SPM
Avaliação do IV Encontro de Matemática do Paraná
Aprovada a remuneração para a comissão editorial do Boletim da SPM e para os
membros da comissão que irá organizar o 5° Encontro de Matemática no Paraná
112
118ª reunião: 04/02/1987
Aprovação de novos sócios (Total: 612)
O professor Adonai S. Sant’Anna solicita demissão do cargo de Diretor Cultural
A SPM, em acordo com a UFPR, propõe a realização de um Curso de
Especialização em Matemática com carga horária de 360 horas
119ª reunião: 24/02/1987
Aprovação de novos sócios (Total: 615)
120ª reunião: 15/04/1987
Aprovação de novos sócios (Total: 622)
Diretor Cultural da Sociedade solicita demissão
121ª reunião: 28/05/1987
Aprovação de novos sócios (Total: 628)
122ª reunião: 14/07/1987
Aprovação de novos sócios (Total: 646)
Aprovação de mais um sócio institucional: Associação Comercial do Paraná
123ª reunião: 26/08/1987
Aprovação de novos sócios (Total: 660)
Aprovado acordo de reciprocidade com a Sociedade Brasileira de Matemática
Aplicada e Computacional (SBMAC)
Decisão: “Caso a Sociedade Brasileira de História da Ciência (SBHC) concorde, o
Simpósio Nacional de História da Ciência serealizado em conjunto com o 6°
Encontro de Matemática do Paraná”
124ª reunião: 16/10/1987
Aprovação de novos sócios (Total: 677)
Aprovado o protocolo de cooperação entre a SBMAC e a SPM
125ª reunião: 13/11/1987
Aprovação de novos sócios (Total: 699)
113
126ª reunião: 15/12/1987
Aprovação do Relatório da Diretoria e o balancete da Tesouraria referentes ao ano
de 1987
A SBHC decidiu realizar em Curitiba, em Outubro de 1988, em conjunto com a
SPM , o 2° Seminário Nacional sobre História da Ciência e Tecnologia
127ª reunião: 29/02/1988
Aprovação de novos sócios (Total: 703)
128ª reunião: 12/05/1988
Aprovação de novos sócios (Total: 711)
129ª reunião: 20/07/1988
Aprovação de novos sócios (Total: 712)
130ª reunião: 29/07/1988
Aprovação o protocolo de cooperação entre a SPM e a SBEM
131ª reunião: 01/09/1988
Aprovação de novos sócios (Total: 713)
Aprovado que cada participante do 6° Encontro de Matemática do Paraná e 2°
Seminário Nacional sobre História da Ciência e Tecnologia receberá um exemplar
de Algébre Homologique de Jean P. Lafon
132ª reunião: 08/11/1988
Aprovação de novos sócios (Total: 720)
Aprovado que o Encontro de Matemática do Paraná seja realizado a cada dois anos
Substituição do Tesoureiro da SPM
Exoneração do secretário da SPM
133ª reunião: 24/02/1989
Aprovação de novos sócios (Total: 738)
114
134ª reunião: 28/04/1989
Aprovação de novos sócios (Total: 740)
135ª reunião: 19/05/1989
Aprovação de novos sócios (Total: 743)
136ª reunião: 29/09/1989
Aprovação de novos sócios (Total: 749)
Nomeação de Tesoureiro em virtude do pedido de demissão do cargo pelo professor
Adonai S. Sant’Anna
137ª reunião: 23/11/1989
Aprovação de novo sócio (Total: 750)
138ª reunião: 29/03/1990
Aprovação de novo sócio (Total: 751)
Aprovação do Relatório e balancete da Diretoria referente ao ano de 1989.
139ª reunião: 25/04/1990
Aprovação de novo sócio (Total: 752)
Aprovação de datas para a realização da Olimpíada Paranaense de Matemática e
também do 7° Encontro de Matemática no Paraná
140ª reunião: 09/05/1990
Aprovação de novo sócio (Total: 753)
141ª reunião: 04/07/1990
Aprovação de novos sócios (Total: 757)
Decisão: “Foi aprovada a venda de livros do antigo Instituto de Matemática:
“Algébre Homologique” e “Fundamentals of Banach Álgebras” com o objetivo de
desocupar espaço”
142ª reunião: 12/09/1990
Aprovação de novos sócios (Total: 761)
115
143ª reunião: 06/12/1990
Ciência da não realização do Encontro de Matemática por falta de apoio
financeiro
144ª reunião: 14/05/1991
Aprovação de novos sócios (Total: 790)
Ciência: “Durante a Reunião Regional Sul da SBM, realizada de 02 a 04 de maio,
o professor Elon Lages Lima sugeriu que no futuro sejam realizadas reuniões
conjuntas entre as duas Sociedades”
145ª reunião: 19/08/1991
Aprovação de novos sócios (Total: 795)
146ª reunião: 15/04/1992
Aprovação de novos sócios (Total: 797)
Aprovado o balancete da Diretoria referente ao ano de 1991
Aprovado o convênio com a UFPR relativo à colocação da disposição da Biblioteca
do Setor de Ciências Exatas, coleções de periódicos especificadas em convênio
próprio
Aprovado o Curso de Especialização em História da Ciência, sendo nomeada uma
comissão para o planejamento (Esse curso posteriormente será oficializado em
convênio com a UFPR).
Aprovada a indicação do professor Décio Krause para vice-coordenador do Curso de
Especialização de Matemática Aplicada
147ª reunião: 18/05/1992
Aprovação de novos sócios (Total: 802)
Ciência do lançamento do v.11, n° 2 de 1990
148ª reunião: 10/06/1992
Aprovação de novos sócios (Total: 808)
Aprovou-se que não serão enviadas publicações para sócios remidos em função do
custo das mesmas
116
Discussão de novas normas para autores de trabalhos a serem submetidos ao
Boletim
149ª reunião: 30/10/1992
Tratou-se do convênio entre a SPM e o Departamento de matemática da UFPR a fim
de que o Departamento forneça o papel para impressão dos volumes dos Boletins da
SPM. A Diretoria aprovou o convênio, ficando, contudo, sob responsabilidade
exclusiva da SPM a escolha dos professores para a constituição da Comissão
Editorial, bem como do corpo de “referees” para o Boletim
150ª reunião: 05/03/1993
Aprovação de novo sócio (Total: 809)
Aprovado o apoio da SPM ao grupo de pesquisa em História da Matemática da
UFPR
151ª reunião: 06/07/1993
Aprovação de novos sócios (Total: 812)
152ª reunião: 01/10/1993
Aprovação de novos sócios (Total: 814)
153ª reunião: 18/02/1994
Fixação de anuidades
154ª reunião: 18/04/1994
Aprovação de novos sócios (Total: 818)
155ª reunião: 02/08/1994
Aprovação de novos sócios (Total: 823)
156ª reunião: 18/10/1994
Aprovação de novo sócio (Total: 824)
117
Essas foram as principais deliberações da Diretoria da SPM, desde sua fundação até a
transferência do seu foro da cidade de Curitiba para a cidade de Maringá ocorrida em 23 de
maio de 2002.
Como não era nosso objetivo neste trabalho fazer uma análise da SPM desde sua
fundação, e sim tentar identificar elementos que nos permitissem estabelecer uma
periodização, relatamos brevemente suas atividades. De posse dessas informações, optamos
por descrever a SPM desde o seu período inicial até o final da década de 1960, onde
constatamos algumas mudanças, principalmente com relação ao grupo de sócios que sempre
estavam presentes na Diretoria da Sociedade. Foi a leitura dessas atas que fundamentou nossa
escolha para a periodização deste trabalho. Por outro lado, optamos por descrever todas as
reuniões registradas, entendendo que essas informações possam servir de auxílio a trabalhos
futuros.
Em tempo: observamos que o número de sócios desde a fundação da SPM até sua
transferência de foro totalizou 824 filiados. Isso não significa que na época de sua mudança
de foro todos esses sócios estavam com sua filiação regularizada. Em razão disso, foi feita
uma consulta na época da transferência do foro e uma nova relação de sócios passou a ser
vigorada. As informações que obtivemos, por meio da secretária atual da SPM, é que no
momento a entidade conta com 46 sócios efetivos regularizados, ou seja, com as anuidades
em dia.
118
Fontes orais
“A Vida não é a que uma pessoa viveu, mas sim a que ela
recorda e como a recorda para contá-la.”
Gabriel Garcia Marques
“A História oral permite o registro de
testemunhos e o acesso a ‘histórias dentro da História’ e,
desta forma, amplia as possibilidades de interpretação do
passado.”
Verena Alberti
Nossa experiência com os primeiros depoimentos, a leitura dos documentos, a reflexão
sobre as abordagens teóricas provocavam ressonância sobre nossas inquietações iniciais
fazendo com que algumas fossem acentuadas, outras esmaecidas... e esse processo pode ser
descrito como uma participação ativa dos nossos colaboradores na construção do objeto de
nossa investigação.
Segundo Maria Manuela Cruzeiro
15
, a História é feita por homens. De um lado está
quem a faz e quem a estuda, que são homens e mulheres com sentimentos, emoções,
vivências. Assim, para esta autora, o maior fascínio da História (que a torna única) é que o seu
objetivo é a própria vida total do homem.
Por outro lado, a História é o complexa e rica que são diversas as estratégias e os
caminhos que a revelam ou escondem. Entre esses caminhos está a HISTÓRIA ORAL (HO),
crescentemente utilizada na história contemporânea. Para Cruzeiro (1996), ela pode
apresentar certas dificuldades, como:
elevado grau de subjetividade do testemunho na primeira pessoa;
confronto permanente do investigador com a dificuldade em discernir o verdadeiro
do falso, o essencial do acessório.
Entretanto, há outro aspecto que lhe pode ampliar o valor: a lembrança do pormenor, a
impressão subjetiva como dados caracteristicamente humanos encontram-se aqui em doses
muito maiores do que em qualquer outra fonte, suscitando uma impressão de vida e de
totalidade que é muito sedutora e útil.
15
Em História Oral: os riscos conscientes - ou vale a pena arriscar
(http://www.uc.pt/cd25a/wikka.php?wakka=artigohistoriaoral)
119
Daí a ampliação de nossa perspectiva com a inclusão da história oral. Por outro lado,
verificamos que essa opção, dentro da história, ainda gera conflitos mesmo entre os
historiadores com relação ao que deveria ser considerado relevante.
Embora utilizada desde a Antigüidade, segundo Cruzeiro (1996), a Oralidade
enquanto método de investigação histórica só é recuperada na década de 1920 com os
historiadores dos Annales, embora se afirme que desde que a História se constitui como
disciplina acadêmica, no Séc. XVIII, a oralidade foi relegada para segundo plano em relação à
escrita. Juntamente com a escola, a escrita é a instituição de dominação por excelência da
burguesia.
Ainda citando Cruzeiro (1996), a Historiografia Positivista reivindica a história como
ciência, com base justamente no documento escrito, levantado como prova de objetividade.
De acordo com Jacques Le Goff (apud Cruzeiro, 1996), o termo documento vem do
latim documentum, derivado de docere, que significa ensinar. Para os positivistas, o que o
documento ensina é o fundamento ou a prova do fato histórico.
O conceito de documento opõe-se ao de monumentum, que provém do verbo monere,
que significa fazer recordar, avisar, iluminar, instruir e é utilizado pelo poder o como
documento objetivo, mas como intencionalidade. Daí que quando se utiliza “o documento” se
pretenda uma inocência que ele não tem. Como explicam (apud Cruzeiro, 1996) Le Goff e M.
Foucault, todo o documento é monumento enquanto se não apresenta a si mesmo, antes
contém uma intencionalidade que é, pelo menos nacionalista, quando não imperialista.
O Documento é monumento. É o resultado do esforço feito pelas
sociedades históricas, para impor ao futuro querendo-o ou não aquela
imagem de si mesma. Em definitivo não existe um documento-verdade. Todo
ele é mentira. Cabe ao historiador não fazer o papel de ingênuo” (LE GOFF,
apud CRUZEIRO, 1996).
A revolução historiográfica desencadeada pelos teóricos da Escola dos Annales
impulsionou o desenvolvimento da HO como via privilegiada para a humanização da História,
apesar dos contextos inibidores, quer de natureza política, quer acadêmica.
A Moderna História Oral surgirá na década de 1940, após a Segunda Guerra Mundial,
com os sociólogos da Escola de Chicago, e a partir de então várias tendências se delinearam.
A primeira constituída por entrevistas com elites políticas (a História de cima) , e
depois, com Paul Thompson, a história dos excluídos (A História de Baixo), A Voz do
Passado.
120
Embora a segunda tenha surgido para contrabalançar a influência da primeira, ambas
podem e devem estabelecer relações e interações na valorização dos diferentes e heterogêneos
depoimentos, assim como na sistematização de novas áreas temáticas.
A história oral tratada por Alberti (apud Pinsky, 2005) foi escolhida como uma
referência adicional aos trabalhos desenvolvidos dentro da Educação Matemática,
notadamente os do GHOEM
16
, liderado por Garnica, e em conjunto formariam a base para
direcionar a metodologia de nossa investigação.
“Opondo-se à História positivista do culo XIX, a História oral
tornou-se a contra-História, a História do local e do comunitário (em
oposição à chamada História da nação). Por trás desse movimento, estava a
crença de que era possível reconciliar o saber com o povo e se voltar a
história dos humildes, dos primitivos, dos “sem História” (em oposição à
história da civilização e do progresso que, na verdade, acabava sendo a
História das elites e dos vencedores)” (ALBERTI, apud PINSKY, 2005,
pp.157,158).
A História Oral, como uma ramificação dentro da História, tem-se constituído
fortemente como linha de pesquisa em Educação Matemática, cuja intenção é a de esboçar
histórias a partir de depoimentos orais. Um dos líderes desses estudos no Brasil é Antonio
Vicente Marafioti Garnica, o qual, no trabalho “(Re) Traçando Trajetórias, (Re) Coletando
Influências e Perspectivas: Uma Proposta em História Oral e Educação Matemática” (2004),
discute essa metodologia e propõe
“Como História Oral estamos entendendo a perspectiva de, face à
impossibilidade de constituir ‘a’ história, (re)constituir algumas de suas
várias versões, aos olhos de atores sociais que vivenciaram certos contextos e
situações, considerando como elementos essenciais nesse processo as
memórias desses atores – via de regra negligenciados pelas abordagens sejam
oficiais ou mais clássicas sem desprestigiar, no entanto, os dados ‘oficiais’,
sem negar a importância das fontes primárias, dos arquivos, dos monumentos,
dos tantos registros possíveis, os quais consideramos uma outra versão, outra
face dos ‘fatos’” (GARNICA, 2004; p.155).
Entendemos assim que as entrevistas serão fontes históricas tão importantes quanto as
fontes documentais. Dessa forma, destacamos seu mérito e sua necessidade para esta
investigação.
Para termos uma noção da importância das entrevistas realizadas nos trabalhos de
História Oral dentro da Educação Matemática, com relação à história das instituições,
16
GHOEM: Grupo de História Oral em Educação Matemática.
121
elegemos três, o de Luzia Aparecida de Souza, o de Gilda Delgado de Souza (2005) e o de
Heloisa da Silva (2006), que apresentam importantes contribuições, especialmente como
referência à presente investigação.
O trabalho de Luzia de Souza apresenta-se como um estudo dos interesses e crenças
que influenciaram na opção pela história oral na Educação Matemática. A autora evidenciou,
por meio de uma busca na Plataforma Lattes do CNPq, que o único grupo que se dedicava a
essa temática (História Oral na Educação Matemática) era o GHOEM, mencionado
anteriormente. Nesse sentido, entrevistou dez pesquisadores desse grupo que tiveram
publicações ligadas a essa temática e evidenciou que:
“A história oral, de forma geral, tem sido utilizada nesses trabalhos
enquanto uma metodologia de pesquisa qualitativa que reserva especial
atenção para a constituição e disponibilidade integral de documentos a partir
da oralidade. Os pesquisadores, membros do GHOEM, e entrevistados neste
estudo, desenvolvem trabalhos com professores e pessoas ligadas a
instituições e grupos em Educação Matemática, contribuindo para com a
produção de conhecimentos nas áreas da Educação Matemática e da História
da Educação Matemática” (SOUZA, disponível em
http://www.ime.usp.br/~sphem/documentos/sphem-tematicos-2.pdf).
A pesquisa de Souza (2005) investiga as circunstâncias que teriam levado à
constituição da instituição estatal paulista denominada Coordenadoria de Ensino e Normas
Pedagógicas (CENP); instituição esta que, segundo a autora em outra investigação, constatou
que, por intermédio da CENP, um grupo de professores alterou de forma expressiva
conteúdos disciplinares, procedimentos e práticas sociais relativas à Educação Matemática
Escolar no Estado de São Paulo e no Brasil.
Para realizar esse trabalho, Souza (2005) constituiu e analisou registros textuais de
fontes orais na forma de depoimentos de professores que formaram a equipe de Matemática,
como também dos coordenadores da instituição, além de outros tipos de fontes orais ou
escritas.
o trabalho de Heloisa da Silva (2006) teve como objetivo analisar o processo de
constituição da identidade do Centro de Educação Matemática (CEM), um grupo que atuou,
sobretudo, nos anos de 1984 a 1997 na grande São Paulo e que se apresentava como “equipe
prestadora de serviços de assessoria e consultoria especializada em Educação Matemática a
escolas, Diretorias de Ensino, Secretarias de Educação e instituições especializadas como a
Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas CENP e a Fundação para o
Desenvolvimento da Educação FDE da Secretaria de Educação do estado de São Paulo”. A
autora, para desenvolver esse trabalho, constituiu e analisou quinze depoimentos, os quais
122
serviram como registros textuais de fontes orais; e a partir desses foram constituídos alguns
“fragmentos”. Observamos, ao estudar esses fragmentos, que a autora apresenta diferentes
processos de produção de significados para o CEM, isto é, diferentes identidades desse grupo.
Os trabalhos supracitados nos mostraram a importância da entrevista em uma
investigação em História Oral, e dessa forma nos inspiraram e motivaram para a realização
das entrevistas na presente investigação.
Ademais, podemos acrescentar que enxergamos a entrevista em História como um
“documento-monumento”, conforme definido pelo historiador francês Jacques Le Goff, e
retratado no início desta seção, que nas palavras de Alberti caracteriza o documento da
seguinte forma:
“É antes de mais nada o resultado de uma montagem, consciente ou
inconsciente, da história, da época, da sociedade que o produziram, mas
também das épocas sucessivas durante as quais continuou a viver, talvez
esquecido, ainda que pelo silêncio. O documento é uma coisa que fica, que
dura, e o testemunho, o ensinamento que ele traz devem ser em primeiro lugar
analisados desmistificando-lhe o seu significado aparente. O documento é um
monumento. Resulta do esforço das sociedades históricas para impor ao
futuro voluntária ou involuntariamente determinada imagem de si
próprias. No limite, não existe um documento-verdade. Todo documento é
mentira. Cabe ao historiador não fazer o papel de ingênuo. (...) um
monumento é em primeiro lugar uma roupagem, uma aparência enganadora,
uma montagem. É preciso começar por desmontar, demolir esta montagem,
desestruturar esta construção e analisar as condições de produção dos
documentos-monumentos”(ALBERTI, apud PINSKY, 2005, pp. 183-184).
Nas entrevistas realizadas neste trabalho, optamos por utilizar uma metodologia,
desenvolvida por Vianna (2000), que favorecesse a situação de deixar o depoente o mais à
vontade possível e minimizasse o número de interferências do pesquisador. Dessa forma, o
elaboramos nem utilizamos questionários pré–determinados. Segue-se uma breve explanação
de como isso ocorreu.
Inicialmente elaboramos um resumo destacando os principais objetivos de nossa
investigação; no final apresentava-se a questão norteadora. Nossa intenção era fazer com que
o depoente se interasse de nossa pesquisa e pudesse contribuir no sentido de clarear pontos
que buscávamos esclarecer. Tal resumo encontra-se no Anexo 13 (Documento 1) deste
trabalho.
Após a leitura do resumo por parte do depoente, esclarecíamos algumas dúvidas se
houvesse algum questionamento. Caso contrário, prosseguíamos para o seu depoimento.
Nessa etapa, colocávamos sobre a mesa, defronte ao depoente, algumas fichas com
palavras previamente escolhidas por nós. Essas palavras foram selecionadas e discutidas em
123
nossa orientação de modo que as mesmas norteassem nosso entrevistado em seu depoimento
para depois identificarmos a contribuição deste no esclarecimento dos objetivos de nossa
investigação. A relação das palavras escolhidas (Documento 3) bem como a Carta de Cessão
de Diretos (Documento 2) que nosso colaborador assinava ao final da entrevista encontram-se
no Anexo 13 deste.
Esse procedimento desenvolvido por Vianna
17
também foi utilizado nos trabalhos de
Seara
18
(2005) e Fedalto
19
(2006).
Nosso colaborador iniciava então sua fala, discursando acerca de temas que julgasse
relevantes, com base no resumo prévio e nas palavras apresentadas por nós e por ele
escolhidas.
Antes de finalizarmos, é conveniente esclarecer que estamos utilizando os termos
entrevistado, depoente e colaborador como sinônimos. Entendemos que o depoente colabora
conosco na pesquisa, que ele é entrevistado e presta um depoimento. O depoimento pode ficar
registrado em forma de uma entrevista, com perguntas e respostas, dependendo da fluência
das informações, daquilo que é acrescentado ou esclarecido. Mesmo que tenhamos claro que o
momento da entrevista pode ser pensado como um “embate”, é preciso registrar que ainda
assim se trata de um trabalho em colaboração, que a entrevista é concedida para uma pessoa
(e não outra) em um dado momento; e que essa pessoa procura provocar a entrevista a partir
de uma certa necessidade e intenção de pesquisa.
17
VIANNA, Carlos Roberto, tese de doutorado: “Vidas e circunstâncias na Educação Matemática”, USP, São
Paulo, 2000.
18
SEARA, Helenice Fernandes, dissertação de mestrado: NEDEM- o é dificil ensinar matemática- História
Oral Temática”, UFPR, Curitiba, 2005.
19
FEDALTO, Dirceu, dissertação de mestrado: “O imprevisto futuro das calculadoras nas aulas de matemática
no ensino médio”, UFPR, Curitiba, 2006.
124
125
"Em contraste com a representação do texto ideal e abstrato – que é
estável por ser desvinculado de toda materialidade, uma representação
elaborada pela própria literatura – é fundamental lembrar que nenhum
texto existe fora do suporte que lhe confere legibilidade; qualquer
compreensão de um texto, não importa de que tipo, depende das formas
com as quais ele chega até seu leitor."
Roger Chartier
126
127
LEMBRANÇAS
LEMBRANÇASLEMBRANÇAS
LEMBRANÇAS
Sobre as reuniões da Diretoria da SPM... Fazíamos reuniões, mas não havia nada de
extraordinário nelas. Era mais pró-forma. O pessoal todo se entendia muito bem, todos
estavam sempre de acordo e funcionava calmamente, tranqüilamente.
A questão de publicações... Tratavam-se das publicações nas reuniões; de vez em
quando aparecia algum para criticar, principalmente o Boletim da Sociedade de Matemática.
Esse era o nosso ponto básico, nosso ponto-chave.
Fazíamos também alguns cursos de matemática. E matemáticos vinham
principalmente de São Paulo. Lembro do Professor Benedito Castrucci, dentre outros, tem
mais aí...
Você lembrou da Maria Laura Mousinho. Ela veio, mas vieram outros do Rio, o Elon
Lages Lima, o Candido Lima da Silva Dias.
Professor, não existia o Departamento de Matemática na Universidade Federal na
época da fundação da Sociedade, não é?
Eram faculdades isoladas. Cada uma tinha o seu Departamento. Não existia o
Departamento de Matemática.
O Senhor era da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras?
Não, eu era da parte de Engenharia.
Eu queria entender a formação dessa Sociedade.
Aconteceu principalmente depois do incentivo do professor Remy Freire, português
que estava lecionando na Faculdade de Filosofia a parte de Estatística, e ele foi um grande
incentivador, e por causa dele acabou sendo criada a Sociedade Paranaense de Matemática. O
mérito principal dessa existência deve-se a ele. que ele ficou pouco tempo, foi embora e
não tivemos mais notícias. Os estudantes praticamente não participavam.
Não tinha um Curso de Matemática?
128
Existia, mas não na Sociedade. A Sociedade não tinha nada a ver com o curso.
Então não havia participação da Sociedade no Curso de Matemática.
Não. Nosso grande trabalho era o intercâmbio das publicações com sociedades
científicas. Não sei se foi para Maringá esse acervo: publicações, coleção de revistas,
periódicos. Quantidade enorme! Nós fizemos um intercâmbio muito grande. Embora nossa
publicação fosse muito modesta, recebíamos publicações muito importantes.
Quanto à Matemática Aplicada, ainda não estava se cogitando isso.
Nem Educação Matemática?
A educação era tratada com relação mais às dificuldades aí. O que deveria ser
ensinado, mas pouca influência. Nós tínhamos, principalmente, parte de Matemática Pura.
Matemática mais aplicada quase não existia. Matemáticos eram alguns professores de São
Paulo e Rio que vinham aqui. Os daqui eram na maioria engenheiros. Estava incipiente a parte
de matemática aqui, em Curitiba, no Paraná. Seminários e encontros, às vezes a gente
conseguia promover um, mas eram raros. Publicações, de vez em quando conseguíamos fazer
algumas publicações, aliás, como a professora falou, tem pouca coisa guardada, pelo menos
lá em Maringá.
Houve grandes contribuições do senhor com relação às traduções.
Pois é. Não tinha ninguém que fizesse; então a gente tinha que se encarregar disso.
Depois era uma área que a gente estava lidando. Essa parte do Courant, Funções de Variável
Complexa, a gente lidava. Eu era professor desse assunto, então tinha condição de fazer uma
tradução.
Dentre as Sociedades Científicas, a SPM foi a primeira?
Que eu saiba aqui no Brasil acho que foi, não tenho conhecimento.
Havia alguma rivalidade na Sociedade?
129
Não, todo mundo colaborava, não havia nenhuma rivalidade aí, todo mundo era
amigo.
Então foi importante a Sociedade, naquela época...
Infelizmente ela foi minguando.
Como que o senhor a via? Eu não sei se é de Curitiba, mas eu queria entender se a
SPM era conhecida fora daquele ambiente, ou ficava mesmo no ambiente da Universidade
Federal?
A bem dizer, também da Católica. Eu também era professor da Católica. Era professor
das duas, aimplantarem o regime de dedicação exclusiva com a reforma universitária, e eu
tive que largar a Católica.
Então havia a participação da Católica, que depois veio a ser a PUC.
Isso. Eram isoladas antigamente, a FFCL e a Católica.
E como a Diretoria via o envolvimento da Sociedade com relação ao
desenvolvimento de cursos para os alunos e/ou outras atividades? Existia a participação
dos associados?
Naquela época, para alunos não; havia a questão de fazer alguns seminários ou trazer
algum professor de fora para ministrar algum curso. Mas fora isso não havia nada. Era mesmo
mais para incentivar os professores locais de matemática a se comunicarem entre si e com o
resto do Brasil.
E a Matemática da época era vista mais em nível científico, não em termos de
ensino?
Não era para promover o ensino, era para ensinar mesmo.
130
O que eu tenho procurado também em alguns jornais da cidade de Curitiba, parece
que eram divulgadas algumas coisas na Gazeta do Povo. Os cursos que a Sociedade
promovia, a procura era grande, ou ficava mesmo restrito ao ambiente da universidade?
Ficava restrito ao ambiente da universidade, tinha muita gente interessada. Algumas
vezes alguns seminários, apresentação de trabalhos. Às vezes tinha muita gente, eles enchiam
a sala, mas o assim de gente estranha. Os alunos eram mais interessados naquela época, me
parece, não sei.
O senhor se recorda de algum fato que queira comentar?
Não houve nada assim de extraordinário, problemas comuns, em pontos comuns, os
professores se davam bem, não havia inimizade entre eles, então era tudo meio tranqüilo.
Mas foi importante para o Departamento; tanto é que ela está viva até hoje, e como
é que o senhor a contribuição maior dessa sociedade? O senhor acha que foram as
trocas que se fizeram com os boletins, as permutas?
Acho que mais as permutas e as publicações. Para nós eram importantes porque o
tínhamos condições de comprá-los, então fazendo as trocas, mantendo o nosso Boletim, que
era bastante modesto, em troca de publicações estrangeiras era um grande negócio para nós.
Existiam alguns critérios para se publicar no Boletim?
Ah, sim! Alguém tinha que examinar o trabalho, a menos que fosse algum professor
da Diretoria, conhecido, de competência conhecida, aí não havia problema. Mas quando vinha
de fora tinha que passar por alguém para dar sua opinião, criticar.
E podia ser trabalho de todos os níveis?
Nível elementar não, era nível de universidade. E não tinha restrição quanto ao
assunto, desde que fosse em nível razoável. Mais alguma pergunta?
se o senhor quiser comentar alguma coisa sobre a Sociedade, que o senhor se
recorde.
131
O que havia para falar da Sociedade seria falar sobre os livros de atas, mas já que você
já tem lá, não tem problema.
Então eu agradeço bastante pela entrevista. Obrigada!
* * *
LEO BARSOTTI
Entrevista em 30 de outubro de 2006, em sua residência – Curitiba, PR.
132
“ANUÁRIOS”
“Foi assim interpretando o momento cultural do PARANÁ
e sua madureza intelectual, que abnegados e corajosos
afeiçoados locais das ciências exatas se abalançaram à
criação de uma Sociedade que viesse conjugar os esforços
dos portadores do ideal comum, tendente à difusão em
terra dos pinheirais e ao progresso, em colaboração com
congêneres nacionais e estrangeiras, da ciência
matemática.”
Valdemiro Augusto Teixeira de Freitas na
APRESENTAÇÃO do vol.1, ano 1954, Anuário da
Sociedade Paranaense de Matemática
Os Anuários foram as primeiras publicações da SPM. Esses se iniciaram logo após a
fundação da Sociedade.
Inicialmente a Diretoria decidiu publicar o Anuário composto de duas partes: uma de
natureza científica, formada de comunicações e outros trabalhos originais sobre Matemática e
Ciências afins, e outra de natureza administrativa, constituída pela transcrição do Relatório e
Contas da Diretoria, bem como de outros organismos dirigentes que eventualmente possuam
assuntos merecedores de divulgação.
O primeiro volume data do ano de 1954. Observamos que essa publicação objetivava
também a divulgação da criação dessa associação bem como oportunizar os cultores da
ciência matemática a publicarem suas pesquisas, motivando assim um intercâmbio entre
matemáticos paranaenses e os de outras regiões.
Para fazermos algumas descrições dos textos expostos nas duas séries de anuários
publicadas, estabelecemos algumas categorias, as quais foram escolhidas no sentido de
identificar características comuns que norteavam a divulgação. Elegemos as seguintes:
(1) Assunto dos artigos:
Matemática (Incluindo as áreas: Análise, Geometria e Álgebra)
Filosofia (Incluindo Lógica)
Biografia
História
Educação Matemática (Incluindo Ensino)
Informes da SPM
133
(2) Artigos:
Inéditos
Traduções
(3) Autores:
Nacionais (incluindo seu Estado e Instituição)
Estrangeiros
(4) Idioma:
Português
Outros (Incluindo Espanhol, Inglês, Francês)
Vejamos então os Sumários desses Anuários. Especificamente, temos:
QUADRO 3 – SUMÁRIO DO ANUÁRIO, VOL.1, 1ª SÉRIE
1ª SÉRIE:
VOLUME 1, ANO 1954
SUMÁRIO:
Valdemiro Augusto Teixeira de Freitas
APRESENTAÇÃO
Benedito Castrucci
POSTULADOS FUNDAMENTAIS DA GEOMETRIA PROJETIVA
José de Barros Neto
SOBRE A CONSTRUÇÃO DE UMA CLASSE COMPLETAMENTE
ADITIVA
Leo Barsotti
EQUAÇÃO DOS POLÍGONOS REGULARES, ESTRELADOS E ESTRELAS
Leo Barsotti
ALGUNS TEOREMAS SOBRE A DIVIBILIDADE NUMÉRICA
Diretoria da Sociedade Paranaense de Matemática
RELATÓRIO
134
Nesse primeiro volume, destacamos o Relatório da Diretoria da SPM, o qual contém
detalhadamente os seguintes itens:
1. Fundação
2. Registro Legal
3. Sede
4. Conferências
5. Cursos
6. Seminários
7. Concursos
8. Biblioteca
9. Intercâmbio
10. Bolsas de Estudo
11. Publicações
12. Donativos
13. Sócios
14. Diretoria
15. Tesouraria
Pelos itens arrolados, deduzimos uma grande promoção de atividades da cultura
matemática nesse breve período inicial de um ano de existência dessa associação. Faz-se
necessário mencionarmos também a enorme preocupação da Diretoria, observada tanto nos
registros das atas de reuniões e assembléias quanto nesse relatório apresentado nesse primeiro
volume, em projetar essa Sociedade tanto em nível estadual quanto nacional e
internacionalmente, oferecendo e direcionando atividades com esse intuito; por exemplo, os
cursos que foram os primeiros de extensão universitária realizados no Paraná, sendo
ministrados por professores da UFPR e do IMPA.
* * * * * * * * *
135
QUADRO 4 – SUMÁRIO DO ANUÁRIO, VOL.2, 1ª SÉRIE
1ª SÉRIE:
VOLUME 2, ANO 1955
SUMÁRIO:
Leo Barsotti
DESENVOLVIMENTO EM SÉRIE DA FUNÇÃO ARCO SENO
Hugo F. Kremer
SOBRE AS COMPONENTES DOS VETORES
Newton Carneiro Affonso da Costa
NOTA SOBRE O TEOREMA DE WILSON
Leo Barsotti
COORDENADAS BARICÊNTRICAS NAS FORMAS DE
PRIMEIRA
ESPÉCIE
Gunter Lumer
CONJUNTOS A SECCIONES ESFÉRICAS CONEXAS
Bruno Basseches
ACHEGAS PARA UMA BIO-
BIBLIOGRAFIA DE JOAQUIM GOMES
DE SOUZA (1829-1863)
Diretoria da Sociedade Paranaense de Matemática
RELATÓRIO
136
Nesse segundo volume, destacamos o artigo de Bruno Basseches, o qual descreve
minuciosamente a vida desse matemático brasileiro que foi o maranhense Joaquim Gomes de
Souza. Basseches, além de relatar a biografia desse indivíduo, apresenta suas obras, bem
como traz os principais resultados obtidos por ele.
Notamos, assim, uma primeira publicação da Sociedade, o exclusivamente de
Matemática Pura, no sentido de resultados científicos originais de cunho específico dos
apresentados anteriormente.
* * * * * * * * *
QUADRO 5 – SUMÁRIO DO ANUÁRIO, VOL.3, 1ª SÉRIE
1ª SÉRIE:
VOLUME 3, ANO 1956
SUMÁRIO:
Saunders Maclane
SOBRE CURSOS E CURRÍCULOS
Newton Costa
UNE GÉNÉRALISATION DU THÉOREME DE BOUNIAKOWSKI
Newton Costa
O ESTADO ATUAL DA FILOSOFIA DA MATEMÁTICA
Leopoldo Nachbin
ASPECTOS DO DESENVOLVIMENTO DA MATEMÁTICA NO BRASIL
Newton Costa e Jayme Cardoso
AS ESTRUTURAS DA MATEMÁTICA
Leo Barsotti
NOUVELLE DÉMONSTRATION DE LA FORMULE D’EULER
Rémy Freire
UM MÉTODO MATRICIAL
PARA RESOLUÇÃO DE CERTOS SISTEMAS DE
EQUAÇÕES LINEARES
Newton Costa
ALGUNS TEOREMAS ELEMENTARES SOBRE DIVISIBILIDADE
Diretoria da Sociedade Paranaense de Matemática
RELATÓRIO
137
Nesse volume, observamos uma mudança de enfoque em relação aos volumes
publicados anteriormente. o estamos postulando que tal modificação tenha ocorrido
intencionalmente. No entanto, conjeturamos, pelos perfis dos artigos publicados, que isso
tenha ocorrido face às discussões freqüentes sobre matemática e ensino que estavam surgindo
em diversos países da América e Europa nesse período.
O artigo de Maclane é uma tradução do “American Mathematical Monthlyfeita por
Newton Carneiro Affonso da Costa, da despedida presidencial perante a Mathematical
Association of América, em 31 de dezembro de 1953.
Nesse trabalho, o autor afirma que o ensino da Matemática necessita de uma reforma
construtiva e vigorosa, pois segundo ele o mesmo se acha embaraçado por diversas falhas e
deficiências.
“(...) Estas são as falhas internas: muitos de nossos cursos apegam-se
decididamente a uma fraca e obsoleta tradição. O cálculo possui clara e bela
estrutura intelectual, mas sua apresentação comum é distorcida pelo infeliz
fato de que todo novo texto padrão de cálculo copia a debilidade de uma longa
tradição de predecessores que também se limitaram a copiar. (...)
(...) Há, ainda, várias falhas externas. Assim, os cultores das ciências
sociais descobriram que a Matemática tem utilidade. Eles queixam-se, com
razão, que o cálculo e a álgebra linear são correntemente ensinados tendo-se
em vista apenas a engenharia ou as aplicações físicas. (...)
A Matemática, como o resto da comunidade acadêmica, é também
atormentada pelas tendências correntes da educação. Nas suas pretensões
básicas, essas tendências foram necessárias. (...)
Em vista dessas tendências e dificuldades, devemos fixar nosso
pensamento nos objetivos reais do ensino da matemática. Torna-se preciso
projetar de novo o que vamos expor a nossos estudantes sejam ou não
estudantes especializados -, no referente à beleza, estímulo e relevância das
idéias matemáticas. (...)” ( SAUNDERS MACLANE, 1953).
Outro trabalho nesse volume que merece nossa menção é o escrito por Newton
Carneiro Affonso da Costa, intitulado por “O estado atual da filosofia da matemática”. Nele o
autor inicia esclarecendo sua compreensão sobre filosofia da matemática, estabelecendo que a
mesma possui dois objetivos fundamentais:
1. Caracterizar e justificar o estado presente da evolução da matemática;
2. Clarificar os conceitos e os princípios dessa ciência.
O autor faz ainda uma descrição detalhada das três principais escolas contemporâneas
no campo da filosofia da matemática: o logicismo, o formalismo e o intuicionismo.
Nosso propósito é comentar alguns pontos dos trabalhos destacados a fim de obtermos
subsídios necessários para clarear algumas posturas adotadas por indivíduos que se fizeram
presentes nessa Sociedade.
138
No final do trabalho do professor Costa são observados alguns encargos que se
atribuem à filosofia da matemática, ou seja, de esclarecer o problema das relações entre a
matemática e a realidade. Ele nota:
“(...) Esta questão quase foi esquecida pelos formalistas e pelos
intuicionistas. O logicismo, entretanto, ventilou o assunto, ventilou-o até
demais, pecando por lhe conferir atenção exagerada, porque este problema
situa-se além do terreno da filosofia da matemática. Com efeito, a importância
da matemática, dentro do campo das ciências naturais, advém dela se adaptar,
com proveito, à função de instrumento sistematizador dos fatos empíricos. O
problema do contacto entre as disciplinas matemáticas e a realidade depende
da experiência e, deste modo, o faz parte, propriamente, da filosofia da
matemática, incluindo-se melhor no rol dos temas da filosofia das ciências
naturais. (...)” (NEWTON COSTA, 1956).
Vejamos agora outro artigo publicado nesse mesmo volume. Trata-se da conferência
da abertura da Sétima Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência,
realizada em julho de 1955 na Universidade do Recife. O professor Leopoldo Nachbin esboça
o início da formação de uma escola matemática no Brasil através do trabalho intitulado
“Aspectos do desenvolvimento recente da Matemática no Brasil”.
Interessante observarmos que o autor agrupa em duas fases bastante distintas os
principais fatos ligados ao nosso desenvolvimento matemático, a saber: a primeira seria a que
abrange os anos anteriores a 1930, a qual se caracteriza pela existência de cultores isolados
das ciências matemáticas, todos eles engenheiros. Segundo Nachbin, pertencem a essa fase as
figuras de Joaquim Gomes de Souza, Otto de Alencar, Manoel Amoroso Costa e Theodoro
Augusto Ramos.
Nachbin não faz menções detalhadas dessa fase, visto que seu objetivo é narrar a
formação de uma escola matemática que se inicia no Brasil, conforme o autor,
aproximadamente em 1930. E dessa forma inicia-se uma segunda fase que se caracteriza
inicialmente pela preocupação mais intensa pela pesquisa matemática no seio das nossas
universidades, em um nível que tendia a se aproximar dos centros europeus, asiáticos e norte-
americanos. Porém o autor destaca que o Brasil ainda não possuía uma Sociedade Matemática
de âmbito nacional e nem se notava, a exemplo do que se passava em outros países, a
promoção sistemática de reuniões que congregassem matemáticos geograficamente afastados.
De acordo com o autor, o período a partir de 1930 é marcado pelo aparecimento das
faculdades de Ciências, permitindo que a matemática penetrasse, pela primeira vez, no ensino
universitário brasileiro, independentemente de seu caráter subsidiário à Engenharia.
139
Surge, em 1934, a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São
Paulo; em 1935, a Escola de Ciências da Universidade do Distrito Federal; e em 1939, a
Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil.
“A Universidade de São Paulo contou, de início, com o valioso
concurso do matemático italiano Luigi Fantappié, cuja grande influência, em
São Paulo e no Rio de Janeiro, é uma das razões do nosso desenvolvimento
matemático a partir dessa época” (LEOPOLDO NACHBIN, 1955).
Nachbin (1955) descreve que a Universidade de São Paulo contou, igualmente, com o
concurso do matemático italiano Giacomo Albanese, e que na Universidade do Distrito
Federal sobressaiu-se, desde o seu início, o matemático brasileiro Lélio Gama. E na
Universidade do Brasil, colaboraram os matemáticos italianos Gabrielle Mammana e Achille
Bassi.
Para este autor o ano de 1945 marca o início da penetração franca face ao período de
estagnação que verificamos durante a Segunda Guerra Mundial. Nesse ano, a Universidade de
São Paulo recebeu o matemático francês André Weil, hoje reconhecido internacionalmente
como um dos maiores nomes de sua geração. Também acolheu o matemático norte-americano
Oscar Zariski. a Universidade do Brasil tratou da contratação do matemático português
Antônio Monteiro.
Nachbin (1955) aponta ainda que esses cientistas, bem como o matemático francês
Jean Dieudonné contratado pela Universidade de São Paulo em 1946, exerceram grande
influência no ensino universitário da matemática, que até então se moldava pela escola
italiana.
Em 1945, ainda citando Nachbin, também nascem os centros e institutos brasileiros de
Matemática, dedicados à pesquisa nesse ramo da ciência e, subsidiariamente, ao seu ensino.
Nesse ano dá-se a criação da Sociedade de Matemática de São Paulo.
no ano de 1948 nasceu o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, dedicado à
promoção de estudos e pesquisas nas áreas de Física e Matemática. E finalmente em 1952 é
criado no Rio de Janeiro o Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA). Notamos, dessa
forma, que as décadas de 1930 e 1940 foram marcantes e decisivas para a promoção e
consolidação da pesquisa matemática no Brasil; e como relatamos acima, fundamentadas
principalmente pela contratação de matemáticos estrangeiros.
140
“A matemática brasileira acha-se essencialmente concentrada nas
cidades de São Paulo e Rio de Janeiro mas, começou a aparecer outros
centros no país, o que é importante do ponto de vista da captura de vocações
matemáticas, além de abrir novas oportunidades profissionais para nossos
matemáticos” (LEOPOLDO NACHBIN, 1955).
Finalmente, devemos salientar, nesse volume, a divulgação desse anuário. Conforme o
Relatório da Diretoria constante no final desse volume, esse anuário foi distribuído
gratuitamente a todos os sócios da SPM e foi remetido também a 65 instituições estrangeiras e
32 nacionais.
* * * * * * * * *
QUADRO 6 – SUMÁRIO DO ANUÁRIO, VOL.4, 1ª SÉRIE
Observamos nesse volume do anuário algumas alterações interessantes. A iniciar pela
apresentação; agora o anuário conta com um editor e um comitê de redação. Além disso,
1ª SÉRIE:
VOLUME 4, ANO 1957
SUMÁRIO:
N. Bourbaki
A ARQUITETURA DAS MATEMÁTICAS
Paul Halmos
“NICOLAS BOURBAKI”
Leônidas Hegenberg
TABELA DAS PROPRIEDADES DO SÍMBOLO ├─ (“ACARRETA”)
André Weil
O ENSINO DA MATEMÁTICA NAS UNIVERSIDADES
Francis Murnaghan
O ENSINO DE MATEMÁTICA NAS ESCOLAS DE ENGENHARIA
Newton Costa
CONSIDERAÇÕES SOBRE O CÁLCULO DE HEYTING
Jayme Cardoso
NOTA SOBRE A AFINIDADE NA ROTAÇÃO
Leo Barsotti
CÁLCULO DIRETO DE ALGUNS LIMITES
Newton Costa e Leo Barsotti
KURT GÖDEL E OS PROBLEMAS DA MATEMÁTICA ATUAL
141
uma nota da redação no final desse volume na qual é esclarecido que o Relatório da Diretoria
não será mais publicado no Anuário, mas sim no “Boletim da Sociedade Paranaense de
Matemática”, periódico que passará a ser publicado objetivando divulgar as atividades da
Sociedade. Faremos uma análise a respeito do mesmo no próximo capítulo.
Nossos destaques dessa edição são para os trabalhos de Nicolas Bourbaki, Paul
Halmos, André Weil e Francis Murnaghan.
O primeiro A Arquitetura das Matemáticas” de Bourbaki é uma tradução feita pelo
professor Ulysses Carneiro
20
do livro Les grands courants de la Pensée Mathématique. O
trabalho inicia com o título A Matemática, ou as Matemáticas?”, questão discutida desde os
primórdios da ciência matemática, como menciona o próprio “autor”, aos dias atuais; com
as mais diversas concepções dessa ciência, bem como nos diversos campos pelos quais ela
perpassa.
O interessante, nesse texto, é uma afirmação de que não podemos explicar a aparente
complexidade das diversas teorias matemáticas em uma única ciência, “como não se poderia,
tão pouco, reunir, por exemplo, numa única ciência a sica e a biologia, sob o pretexto de
que ambas aplicam o método experimental.
O trabalho de Paul Halmos, “Nicolas Bourbaki”, também é uma tradução do Scientific
American, vol. 196, n° 5 (maio de 1957), feita por Serge P. Monóide
21
. Esse é um dos
trabalhos em que é esclarecido que Nicolas Bourbaki não existe como um único matemático,
e o propósito do artigo é descrever as realizações científicas de Bourbaki e relatar alguns
exemplos de histórias a respeito dele (deles).
“(...) Este francês que não existe e que tem nome grego é Nicolas
Bourbaki. Na realidade Nicolas Bourbaki é um “pseudônimo coletivo” usado
por uma corporação de matemáticos, à qual se aplica muito bem a elegante
expressão francesa “sociedade anônima”. (...) O motivo dos autores terem
escolhido Bourbaki é um mistério” (PAUL HALMOS, 1957).
Segundo o autor, o aparecimento de Bourbaki deu-se em meados de 1930, quando se
iniciou a publicação de notas, críticas e artigos no Comptes Rendus da Academia da Ciências
de Paris e em outros periódicos. O número de membros do grupo parecia ser de 10 a 20. Com
uma única exceção, todos eram franceses. Ademais, a ênfase de Bourbaki era a mocidade,
20
Professor da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras do Paraná, contratado em 1945 para a cadeira de
Análise Matemática e Análise Superior. Foi eleito Vice-Presidente na 1ª Diretoria da SPM, biênio 1954-1955.
21
Segundo Carlos Roberto Vianna um comentário feito pela Professora Florinda K. Miyaoka revela que este era
um pseudônimo utilizado pelo professor Jayme Machado Cardoso.
142
visto que quando Dieudonné e Weil completaram 50 anos de idade retiraram-se do grupo,
apesar de terem sido fundadores “(...) a Matemática é atividade de jovens.”
Mais uma tradução que se apresenta nesse volume é o trabalho de André Weil, “O
Ensino da Matemática nas Universidades”, o qual foi traduzido pelo professor Hugo Frederico
Kremer
22
do The American Mathematical Monthly, vol. LXI, 1 (janeiro de 1954).
Importante verificar os princípios descritos por Weil, nos quais são estabelecidos como
deveria ser, e quais mudanças significativas deveriam ocorrer, segundo o autor, para que
tenhamos uma melhoria no ensino universitário com relação à matemática. Reiteramos ainda
que o mesmo faz uma relação com o Ensino Médio, pontuando que seriam necessárias
mudanças em ambos os ensinos para que ocorressem resultados condizentes.
“Nenhum resultado satisfatório pode ser obtido, a menos que sejam
feitas reformas tanto no ensino secundário como no ensino universitário.
Relativamente ao ensino secundário, o esforço dos matemáticos do país deve
ser dirigido sobretudo às reformas necessárias dos currículos e ao
treinamento de melhores professores” (ANDRÉ WEIL, 1954).
Finalmente, o último trabalho que destacamos nessa edição é o artigo de Francis D.
Murnaghan, “O Ensino de Matemática nas Escolas de Engenharia”, em que são apresentadas
algumas características dos cursos de Engenharia norte-americanos, as quais são semelhantes
e tiveram grandes influências nos cursos nacionais. Devemos lembrar que, nessa década,
estávamos no início dos cursos de matemática propriamente ditos, como observamos
anteriormente. Dessa forma, os primeiros matemáticos brasileiros pesquisadores são frutos
das escolas de engenharia; ou são engenheiros ou tiveram basicamente, em sua formação de
nível superior, professores engenheiros. E o que isso poderia representar? Pela afirmação
abaixo, podemos buscar tantas respostas às nossas dúvidas acerca de posicionamentos e
concepções de alguns matemáticos sobre o papel do professor de matemática no ensino da
mesma.
“Estou convencido da verdade real das duas afirmações seguintes
(que, quando formalmente expressas, parecem tão óbvias quanto imediatas):
1) O raciocínio básico matemático deve ser ensinado pelo professor de
matemática; o professor de engenharia perde seu tempo e o dos estudantes se
ele tentar ensinar matemática. 2) A ciência, ou arte, de aplicar matemática
aos problemas de engenharia deve ser ensinada pelo professor de engenharia;
o professor de matemática perde seu tempo, e o dos estudantes, se ele tentar
ensinar-lhes esta ciência, ou arte” (FRANCIS MURNAGHAN, 1957).
22
Professor da cadeira de Física. Foi Diretor Cultural da SPM na 3ªDiretoria – Biênio:1958-1959.
143
Assim, completa-se a primeira série dessa publicação. Analisemos agora as três únicas
e últimas edições da segunda série do Anuário da Sociedade Paranaense de Matemática.
Como ilustração apresentamos (Anexo 6) uma capa do Anuário da SPM, série, de
1959.
* * * * * * * * *
Especificamente, temos:
QUADRO 7 – SUMÁRIO DO ANUÁRIO, VOL.1, 2ª SÉRIE
2ª SÉRIE:
VOLUME 1, ANO 1958
SUMÁRIO:
EDITOR (Hugo Frederico Kremer)
Editorial
CARDOSO, J. M.
Notas sobre os espaços vectoriais finitos
SAMUEL, P.
Um exemple de variété affine normale
COSTA, N. C. A.
Nota sobre o conceito de contradição
COSTA, N. C. A.
Nota sobre a lógica de Brower-Heyting
PICCININI, R.
Sobre um produto nas variedades n-dimensionais
COSTA, N. C. A.
Uma questão de filosofia da matemática
BARSOTTI, L.
Considerações sobre a simetria de curvas definidas por equações polares
PICCININI, R.
Considerações sobre aneis locais
BARSOTTI, L.
Condição para que as raízes de uma equação do quarto grau constituam grupo
harmônico
KREMER, H. F.
Análise tensorial nos espaços com torção
144
As modificações ocorridas da primeira para a segunda série do Anuário são descritas
no Editorial desse volume. Particularmente, nessa série os resumos passam a ser apresentados
em língua estrangeira dos artigos em português e em português para aqueles enviados em
língua estrangeira.
Outrossim, o Anuário passa a ser impresso por outro sistema diferente do “Multilith”,
pelo qual foram publicados os quatro volumes da primeira série.
Dando seqüência à prática adotada no volume 4 da primeira série, não há a transcrição
do Relatório e das Contas da Diretoria da Sociedade, pois a partir do ano de 1957 estes
começaram a ser publicados no “Boletim da Sociedade Paranaense de Matemática” (BSPM).
Dentre os trabalhos apresentados nesse volume, destacamos os artigos do professor
Newton Costa, que apresentam questões filosóficas da matemática que merecem nossa
atenção quando o autor postula que é possível compreender a natureza da matemática pura
constatando-se, preliminarmente, que ela se desenvolve, por assim dizer, em três planos
diversos: o sintático, o semântico e o pragmático.
* * * * * * * * *
QUADRO 8 – SUMÁRIO DO ANUÁRIO, VOL.2, 2ª SÉRIE
2ª SÉRIE:
VOLUME 2, ANO 1959
SUMÁRIO:
CARDOSO, J. M.
Sobre os grupos topológicos finitos
D’AMBROSIO, U.
Número de soluções de congruências aditivas
COSTA, N. C. A.
Observações sobre o conceito de existência em matemática
LINTZ, R. G.
Estudo das superfícies regradas por meio de funções de variável complexa
CECCONI, J.
Um exemplo na teoria da probabilidade
BARROS, C. M.
Une propriété caractéristique du dual d’um espace vectoriel
LINTZ, R. G.
Sur les transformations conformes
145
Como no volume anterior, salientamos nessa edição o trabalho do professor Newton
da Costa, “Observações sobre o conceito de existência em matemática”, no qual enfoca uma
das questões centrais da filosofia da matemática, qual seja, a conceituação de existência em
Matemática.
O autor propõe um Princípio de Tolerância em Matemática, análogo ao formulado
por Carnap em Sintática, e que assim se anuncia: Do prisma sintático-semântico, toda teoria
matemática é admissível, desde que não seja trivial. Em sentido lato, existe, em matemática, o
que não for trivial.
Brevemente, o que ressaltamos, em função dos objetivos deste trabalho, foi
explicitado nos parágrafos acima.
Finalizando essa última série dos Anuários, antecipamos nossas observações. Os
trabalhos publicados nesse volume, como podemos verificar a seguir, dizem respeito a
questões internas de determinadas áreas da matemática, particularmente, a maioria deles de
matemática pura. Isso pode caracterizar algum movimento dentro da própria Sociedade
Paranaense de Matemática em estimular pesquisas dessa natureza. Entretanto, acreditamos
que tal ponderação pode ser precipitada, em virtude de não termos ainda analisado todos os
documentos e publicações disponíveis. Face ao exposto, trata-se apenas de uma conjetura
preliminar.
Outra observação em relação a esse último volume, é que a maioria das publicações
estão em língua estrangeira, diferentemente dos volumes anteriores. Conjeturamos, mais uma
vez, que o alcance das publicações da SPM ultrapassou as fronteiras do território nacional,
como se objetivava desde a criação dessa Sociedade.
* * * * * * * * *
146
Especificamente, esse último volume contém:
QUADRO 9 – SUMÁRIO DO ANUÁRIO, VOL.3, 2ª SÉRIE
Para finalizar essa seção, apresentamos a seguir uma tabela na qual sintetizamos todas
as edições dos Anuários publicadas, enumerando as categorias estabelecidas.
2ª SÉRIE:
VOLUME 3, ANO 1960
SUMÁRIO:
LINTZ, R. G.
Some results and problems on a certain class of topological spaces
MAKOWSKI, A.
On a conjecture of Murphy
GOMIDE, F. M.
On the “clock paradox” and relativistic ageing
CASTRUCCI, B.
A note on the axioms of incidence
LOIBEL, G. F.
Algumas observações sobre l- sistemas
COSTA, N. C. A.
Correções ao artigo “Considerações sobre o cálculo de Heyting”
PEREIRA TORRES, A.
Généralisation d’um théoréme de Du Boys Reymond
BARSOTTI, L.
Nota sobre extremos condicionados de função implícita
147
TABELA 1 – SÍNTESE DAS CATEGORIAS ANALISADAS NOS ANUÁRIOS
ANO
1954
1955
1956
1957
1958
1959
1960
SÉRIE
VOLUME
1
2
3
4
1
2
3
N° DE
ARTIGOS
4
6
8
8
10
7
8
ASSUNTO
Matemática:4
Informes
:
editorial e
relatório
Matemática:5
Biografia:1
Informe:
relatório
Matemática:5
Educação
Matemática:1
Filosofia:1
História:1
Informe:
relatório
Matemática:4
Educação
Matemática:2
Biografia:1
Filosofia:1
Matemática:7
Filos./Lógica:3
Informe:
editorial
Matemática:6
Filos/Lógica:1
Matemática:6
Filos./Lógica:
2
AUTORES
Nacionais:4
Estrangeiros:0
Nacionais:5
Estrangeiros:1
Nacionais:4
Estrangeiros:2
Nacionais:3
Estrangeiros:4
Nacionais:4
Estrangeiros:2
Nacionais:5
Estrangeiros:1
Nacionais:5
Estrangeiros:
3
IDIOMA
Português:4
Português:5
Espanhol:1
Português:6
Francês:2
Português:8
Português:9
Francês:1
Português:5
Francês:2
Português:4
Inglês:2
Francês:2
148
149
"Sustentei, no decorrer destas conferências, a concepção da história
como um processo em movimento constante, dentro do qual o
historiador se move."
Edward Hallet Carr
150
151
PUBLICAÇÕES
PUBLICAÇÕESPUBLICAÇÕES
PUBLICAÇÕES
Alexandra, o seu trabalho é sobre uma Sociedade Científica, que eu reputo de grande
relevância para a cultura em geral, em especial para a cultura paranaense. E que teve um papel
extremamente relevante na divulgação da Matemática e no próprio desenvolvimento da
Matemática no Estado do Paraná. Eu recordo que eu tive possibilidade de viajar para algumas
universidades do interior do Paraná, em Maringá, em Londrina e outros locais há algum tempo
atrás, e encontrei vários professores que sabiam que eu estava relacionado com a Sociedade de
alguma forma, e vários professores que queriam informações sobre o Boletim: se iria
continuar, em que estilo; porque ele cumpria um papel extremamente relevante de divulgação
de assuntos de Matemática que interessavam aos professores de uma maneira geral, o
para seu aspecto cultural, desenvolvimento cultural, mas também para que contribuísse para o
seu preparo de aula e sua própria formação.
Então, você veja, o Boletim na época, você vai relatar isso certamente, ele continha
muitos assuntos de divulgação em Matemática. Artigos traduzidos de notórios matemáticos,
como de André Weil; e outros escritos pelas próprias pessoas que iniciaram esse Boletim,
como o professor Newton Costa, e que tinha uma importância enorme, porque naquela época
não havia, como há hoje, muitos textos de divulgação Matemática, a gente não encontrava nas
livrarias livros como atualmente. Hoje é muito comum que você entre em uma livraria e tenha
textos traduzidos para o português, de cientistas sobre os mais variados assuntos, há livros, por
exemplo, do Dedekind, dentre outros que tratam de Matemática, e isso contribui muito para a
formação dos professores. Então o Boletim tinha esse papel fundamental, além de,
evidentemente, conter artigos técnicos, artigos com resultados, artigos nos quais as pessoas
tinham a oportunidade de apresentar seu próprio desenvolvimento, sua própria pesquisa em
Matemática.
Posteriormente, nessa fase final, de 1995 em diante, tornou-se muito comum, a
partir da década de 1980 principalmente, esse nível de divulgação, e nós conversamos
certamente com várias pessoas e resolvemos mudar um pouco o enfoque do Boletim. Deixar
de ser um texto que se destinava ao Professor de Matemática, que era o que se dizia na
apresentação do Boletim, na contracapa, para ser uma revista que pudesse veicular artigos
originais de pesquisa em Matemática também, tendo em vista justamente essa possibilidade de
você encontrar divulgação de Matemática em outras fontes, o que não era possível no início.
Então ele mudou um pouco. E continuou contribuindo!
152
Agora com a colaboração do pessoal de Maringá nós vemos que o Boletim está
bastante técnico, está uma revista profissional, digamos assim, de atividades em Matemática.
E isso é muito importante, então não é mais uma, é uma revista boa, me parece, é uma
revista que pode ter um espaço significativo para ela própria, como veículo de divulgação das
pesquisas em geral de várias pessoas, não só locais como de fora.
Então, como Sociedade Científica ela teve esse papel, no meu entender, o de congregar
pessoas interessadas no ensino, na atividade de pesquisa em Matemática, e através da
Sociedade também se propiciava a possibilidade de que houvessem vários seminários,
encontros e inclusive as Olimpíadas de Matemática, que se faziam antigamente, e com a
participação de estudantes. Os estudantes participavam muito na formação do Boletim, eu
mesmo ajudava em parte, como podia, e outras pessoas que, como os estudantes, contribuíam.
E também isso motivava muito a formação dos próprios estudantes, porque como no Curso de
Matemática havia interesse, era até charmoso, digamos assim, a pessoa participar da
Sociedade, ou participar do Boletim, era uma coisa assim distintiva, os melhores alunos
participavam! Então era uma coisa boa!
Eu tive a felicidade de poder ter acesso às pessoas que contribuíam com o Boletim no
final dos anos 1970, principalmente com o professor Jayme Cardoso, que era professor da
Universidade Federal do Paraná, o professor Clóvis Pereira da Silva, o professor Aurélio
Sartorelli, o professor Haroldo Costa, o as pessoas que estavam mais envolvidas com o
Boletim. E eu sempre me interessei por isso. Sempre ajudava como podia, até carregando
caixa, varrendo sala, que era o que eu fazia na época. E depois eu vi o trabalho artesanal do
professor Jayme Cardoso, por exemplo, em fazer o Boletim. Eu me lembro dele sentado em
frente à quina de escrever digitando os Boletins, senão não ia sair a Revista. Era uma coisa
que ele mesmo fazia. Ele fazia aquilo com uma habilidade incrível, era um excelente
datilógrafo! Não errava, eu ficava admirado de vê-lo digitando, ele digitava e conversava com
a gente. E ele fez a escola dele através do professor Clóvis. Quando o professor Jayme
começou a se retirar um pouco das atividades, o Clóvis assumiu o Boletim e eu o ajudei muito
e aprendi bastante com ele também. A Sociedade tinha uma salinha no Departamento de
Física e o Clóvis fazia a sede dele lá. E eu ia muito lá com ele, porque havia livros que me
interessavam, a gente conversava bastante, na época eu estava fazendo Doutorado na USP,
nos anos 1980. Então eu contribuía dessa forma, a gente conversava muito e pedia recursos; os
recursos eram negados e vinham os artigos e nós tínhamos que escolher pareceristas e a
gente fazia como podia, sugeria, mandava para alguém, consultava em geral o professor
Newton Costa, que nos dava uma bela sugestão de pessoas para quem submeter. Então foi um
aprendizado muito interessante.
153
Quando o Clóvis aposentou-se, eu acho que em 1994, o Boletim ficou, ele não pôde
continuar com a publicação do Boletim. E o Departamento de Matemática da Federal do
Paraná não se interessou diretamente pela continuação do Boletim e eu achei um desperdício,
digamos, de potencialidade, pelo principal motivo de que o Boletim oferecia, na época, e eu
insisti bastante, eu mesmo, o Clóvis fazia isso, e eu continuei depois, fazia muita permuta com
revistas de fora. Nós chegamos a ter mais de cem títulos permutáveis com o Boletim. E eu
achava isso uma coisa extremamente relevante para a universidade e para a própria Sociedade.
Então esse era o meu argumento junto ao Departamento. O Boletim, independentemente da
opinião que você possa ter sobre ele, bom ou mal, ruim ou excelente, não vem ao caso, ele nos
em permuta um número de revistas muito grande; e revistas excepcionalmente boas, como
Fundamenta Mathematica, acho que até o Nagoia Journal of Mathematics foi permutado uma
época. por isso justificava a tentativa de mantermos o Boletim, além de seu mérito
especifico. Mas o Departamento, na época, estava em uma transição muito grande e as pessoas
mais jovens não se interessavam muito, não entendiam muito a problemática do Boletim,
achavam que Boletim é outra coisa, eles vinham de locais como São Paulo, digamos, onde a
realidade era um pouco diferente, achavam que já havia a Sociedade Brasileira de Matemática
(SBM) e que uma coisa puramente local não mereceria o esforço que deles seria exigido. Isso
dava muito trabalho! Eu conversei com algumas pessoas, na época, com o professor Leo
Barsotti, com o professor Aurélio Sartorelli e resolvi fazer o que eu podia pelo Boletim. Então
daí fui o Editor, por cinco ou seis anos, e contava basicamente com a ajuda do professor
Adonai S’antanna. Graças a esse professor eu conseguia manter tudo certinho, controladinho.
E quando eu me aposentei do Departamento de Matemática também ficou difícil para mim,
porque eu fui trabalhar na Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da Federal. E aquelas
atividades mais administrativas tomam um tempo enorme, não tinha condição de levar
adiante. Levei de novo o Boletim ao Departamento de Matemática e só o professor Adonai é
que se dispunha a levá-lo adiante, mas sozinho também o ia conseguir. E através dele
houve esse contato com o pessoal de Maringá, que foi muito bem recebido, porque havia um
grupo bacana de pessoas muito competentes e com boa intenção. Eu lamentava que nós
iríamos perder as permutas, não pela Revista, porque eu queria que a Revista crescesse,
mesmo que o fosse conosco, mas ela tinha que progredir crescendo. Eu não sei se
continuam as permutas, essa parte eu não acompanhei mais.
Então a minha contribuição ao Boletim foi tentar mantê-lo vivo e mudar um pouco o
enfoque para receber também artigos um pouco mais técnicos, artigos de Matemática mesmo,
tendo em vista que aquele aspecto de divulgação, que eles se prestaram no início, que era uma
revista que se dizia: “dedicada ao professor de matemática”, nos Boletins mais antigos tem
154
essa terminologia, isso, no meu entender, não cabia mais. Achei que havia outros veículos de
divulgação de conhecimento da Matemática, até acesso à Internet, que você não tinha na
época, e bastante coisa de divulgação. O Boletim poderia se prestar a outras finalidades,
digamos, ser um Boletim de Matemática. Então foi uma discussão para ver que área ele
abrangeria. Havia pessoas que pretendiam que ele fosse um boletim sobre Matemática
Aplicada, outros de Matemática só de certas áreas. Isso eu sempre objetei! Eu achei que por
ser uma revista só, nós não tínhamos possibilidade de publicar duas ou três revistas, uma
dedicada a cada área, como em geral ocorre em algumas áreas, uma específica em um certo
assunto. Achei então que ela deveria ser bastante abrangente, aceitar artigos também
históricos, uma seção de artigos de divulgação, uma seção de artigos de pesquisa, uma seção
de resenhas. Então dividi o Boletim em seções, e cada uma delas com certa especificidade.
Acredito que uma revista dessa tenha um papel relevante para o desenvolvimento, não da
Matemática, mas do pensamento científico como um todo, em um Estado como o Paraná.
Como você sabe, o paranaense é bastante pico. Tem uma maneira de proceder e de
pensar bastante característica e em especial o curitibano, e a Sociedade é um micromundo do
pensamento do curitibano, então essas peculiaridades se mostravam dentro, essa crítica
permanente que o curitibano sempre faz das coisas. As pessoas eram muito críticas consigo
mesmas. Para que estamos fazendo isso? Será que isso é realmente relevante? Eu lembro do
Jayme... “vamos deixar isso porque não mais, já cansei”, e alguém tinha que pegar e não
ia funcionar direito (o jeito típico que ele tinha de falar as coisas).
Mas, de certa maneira, contribuiu e continua contribuindo cada vez mais para o
desenvolvimento, não só da Matemática, mas das Ciências Exatas como um todo e também da
Educação Matemática à medida que os professores de Matemática tenham acesso a trabalhos
técnicos; eles vão melhorando, e a pessoa melhorando vai transmitir isso aos seus alunos, isso
é uma coisa que segue mais ou menos em cascata...
Então... Eu falei do acervo da biblioteca que contribuiu enormemente para a formação
dos professores e alunos. O Boletim contribuía com as permutas e nós ganhávamos também
muitos livros em doação. Vinham para a Sociedade Paranaense de Matemática. Havia um
intercâmbio bastante acentuado com diversas Sociedades do mundo, tanto é que a Sociedade
ainda esna American Mathematical Society como uma das Sociedades de reciprocidade,
mas eu acho que está muito desatualizado lá. Como presidente ainda está o Clóvis. Tem que
ver isso! Na AMS como é que está o status da nossa Sociedade lá? Porque periodicamente tem
que dizer o que está acontecendo, se continua ativo, mandar os volumes para eles. Eles são
uma Sociedade Internacional, e nós tínhamos reciprocidade com eles.
155
E também a SPM sempre foi uma coisa bem documentada, pelo que eu me lembre. E
essa documentação toda, o que havia, foi repassada para o pessoal de Maringá.
Se sumiu alguma coisa, eu não sabia! Porque tudo o que nós tínhamos foi passado.
Essa documentação ficou na Biblioteca do Centro Politécnico da UFPR por algum
tempo. Então eu fui uma das pessoas que foi lá. Eu peguei um exemplar de cada Boletim. E os
que não tinham, que faltavam, nós pegamos de outros locais e fizemos fotocópia.
Você está dizendo que edições do boletim que a SPM não tem. É verdade, porque
eu fiz algumas cópias, se não me engano na USP. Você deve ver que tem alguns volumes em
xerox. Tinha um porão na Universidade Federal do Paraná, tinha um acervo lá, eu fui
consultar a bibliotecária, que era minha conhecida, nós fomos e eu tirei uma seleção de
todos os Boletins. A bibliotecária era a Maria Cloque, ela que fazia as permutas para nós. É
excelente falar com ela, porque ela é que sabia de toda a documentação.
A bibliotecária da Universidade Federal do Paraná, a Eliane, ela também sabe bastante.
E também uma curiosidade, paralela; foi gozado que, quando eu deixei aquele volume naquele
porão, eu vi todos os volumes do Bourbaki, estavam embaixo porque ninguém usava. Mas
não pode! Isso é uma coisa histórica.
Então isso é uma coisa interessante! Isso é a falta, quer dizer, eu acredito, da dimensão
histórica mais ampla das pessoas. As pessoas não entendem o significado de um ato dessa
importância. Por exemplo, nós temos aqui vários livros na nossa sala, são as pessoas que
trazem, nossos alunos mesmo trazem. Vai se formando isso. Isso não vai ser perdido, não se
pode perder uma coisa dessas! Porque na sala que o Clóvis tinha, no Departamento de Física,
havia duas salas na verdade. Uma sala era o escritoriozinho da Sociedade, onde ele
despachava, e outra sala era a biblioteca. Havia estantes magníficas, enormes estantes. Eram
os livros da Sociedade! A gente ia lá e pegava, levava para casa, lia, trazia de volta etc. Agora,
não estava catalogada. Ninguém conseguiu catalogar de maneira sensata. Então, pelo que eu
sei, esse acervo depois passou para a Biblioteca do Setor de Ciências Exatas. O Clóvis sabe
disso, porque se passou na época dele. Eu acho que ele deve ter essa informação.
Você o entrevistou, e ele não falou? Do acervo, ele falou do acervo? Bom, eu acho que
está lá. Porque quando ele estava ainda, a sala da Sociedade eram duas salas do
Departamento de Física. E o Departamento de Física requisitou essas salas ao Centro de
Ciências Exatas, porque eles precisavam do espaço deles. O problema de espaço físico é
enorme na universidade. Então a Física queria ocupar o espaço e a Sociedade tinha que sair de
lá. E não tinha para onde ir. Então tentamos fazer um acordo com o Departamento de
Matemática.o tinha lugar também. E aí, o que fazer com o acervo? Eu me lembro, mais ou
menos, não posso lhe garantir, mas com toda a certeza garanto que o acervo então foi
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colocado em uma sala da Biblioteca do Setor de Ciência Exatas e talvez depois tenha sido
incorporado ao acervo da Biblioteca do Centro de Tecnologia e Ciências Exatas.
Os primeiros volumes do Journal of Simbolic Logic, foram doados pelo professor
Newton. As monografias, elas demandavam um pouco de recursos adicionais, que a
Sociedade o tinha. Então elas foram publicadas em uma época que havia um pouco de
recurso, e basicamente eram conquistas pessoais do professor Jayme Cardoso e do professor
Clovis Pereira da Silva. Eles conseguiam através de uma pessoa em Brasília, que era um
paranaense, agora não me lembro do nome, indicações sobre como buscar alguma espécie de
financiamento. Eu me lembro que em uma época houve um pouco de ajuda da IBM. A IBM
contribuiu, ela dava dinheiro para nós publicarmos. Então com isso conseguimos publicar, eu
falo eu também, mas eram eles que faziam isso, algumas monografias. E eram muito boas,
monografias excelentes, por exemplo, o texto que eu lembro agora do professor Haroldo
Costa, sobre a geometria no sentido de Birkoff. Aquilo, como texto didático para professores
de Matemática, é uma maravilha! Deveria ser republicado aquele livro!
Depois, quando eu era editor, quis fazer um livro com extrato de alguns artigos, não só
dos Boletins, como dos Anuários. Artigos mais antigos, traduções antigas, como do André
Weil, mas eu não conseguia dinheiro. Então acho que é uma sugestão interessante para que a
Sociedade possa fazer. Pegar alguns, com várias finalidades, por exemplo, artigos de
Fundamentos da Matemática, ou de Lógica e Teoria das Ciências. E fazer um livro com os
artigos que foram publicados no Boletim ou nos Anuários sobre esses assuntos. E depois havia
as monografias, do Gilherme de la Pena, monografias muito boas. Realmente trabalhos muito
bons. Então é uma pena, mas é o problema financeiro. o se continuou aquilo porque não
havia recurso.
Como você quer saber, as monografias sem dúvida tinham um caráter diferente dos
boletins, porque no Boletim atualmente, pelo menos até onde eu me lembro, eu cheguei a ser
membro do corpo editorial, são artigos de pesquisa e as monografias poderiam ser expositivas.
Não precisavam ser resultados originais, ainda que algumas delas contivessem trabalhos de
certa originalidade. Por exemplo, uma monografia do Guilherme de la Pena, sobre
silogismos no sentido de Euler, muito interessante, então é uma contribuição muito boa para
divulgação. E também, para a Sociedade, ela contribuía através desse intercâmbio e com a
publicação de trabalhos, com a possibilidade das pessoas, na época, que não havia muita
divulgação, ter de entrar em contato com as pessoas do exterior. Não era muito comum para
nós lá, eu era professor da universidade e nós não tínhamos contato com o pessoal de fora.
Na minha época lá, eu vi acho que uma pessoa ou duas pessoas de fora, que vieram ao
Departamento. Não tínhamos contato, simplesmente dávamos aula. Então não havia pesquisa
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original em matemática, na época, inclusive pós-graduação o havia. Isso dificultava
bastante. Algumas pessoas que tinham feito pós-graduação, em geral fizeram mestrado, na
época era mais mestrado que se fazia, no IMPA, por exemplo. Então vinham com uma
maneira de proceder em matemática típica do IMPA, dando ênfase a certas áreas em
detrimento de outras; por exemplo, ninguém fazia Fundamentos da Matemática. Achavam
que deviam pesquisar outras coisas, mais Análise, uma questão de preferência. De escola,
digamos assim. A escola do IMPA era muito forte. Então era mais ou menos direcionado esse
tipo de postura.
Mas o bom é que através da Sociedade ela permitia que víssemos matemáticos mesmo,
matemáticos profissionais. Eu tive chance de conhecer, por exemplo, o através da
Sociedade diretamente, mas também com a Sociedade, eu conheci Hassler Whitney, eu tive a
oportunidade de conversar com ele. Quando eu cheguei ao Departamento e contei que
conheci Hassler Whitney, o papa das Variedades Diferenciáveis, as pessoas me disseram:
“puxa, então você conheceu um matemático”. E ele era muito simpático, ele estava
preocupado com o ensino na época, no início dos anos 1980, e ele fazia um esforço para falar
português, dependia de dicionário. Uma simpatia de pessoa! Um grande matemático e uma
simpatia de pessoa. Então, através da Sociedade, nós nhamos essas pequenas chances. Outro
que eu conheci foi aquele geômetra argentino, Santaló. E, claro, havia também os matemáticos
brasileiros, que através da Sociedade, de uma forma ou de outra, que faziam os Encontros de
Matemática do Paraná, sempre vinham pessoas do IMPA, de São Paulo, ou de outros lugares.
O Elon Lima esteve lá. O professor Alexandre Rodrigues uma vez esteve também, e outras
pessoas que nós tínhamos através da Sociedade. Era a maneira de, digamos, arejar um pouco a
mentalidade de Curitiba na época, de Matemática. Uma coisa que nós não tínhamos era
contato com o exterior, as pessoas praticamente não saíam para pós-graduação no exterior, e
não havia, como há hoje, mais facilidades. E não sei se é facilidade, posso estar enganado, eu
acho que não havia o hábito de você se corresponder com pessoas de fora. Eu tive a felicidade
de entrar em contato muito cedo com o professor Haroldo Costa. Adorava o Haroldo. Então
tinha contato com ele, sempre que podia eu estava junto com ele, aprendia tudo com ele. Ele
foi o meu contato com o professor Newton Costa. Então para mim isso, realmente, mudou
minha maneira de encarar o mundo. Meu paradigma de vida mudou!
Houve também alguma dificuldade de Curitiba com o interior do Estado. Agora, é pura
especulação. Eu posso dar a minha opinião, o sei se isso não é questão de uma análise
sociológica para ser feita. Mas é como eu lhe falei anteriormente, acho que o professor
Newton também falou coisas parecidas. O curitibano tem uma peculiaridade. O paranaense
é um povo um pouco diferente do restante, mais fechado. O curitibano é muito mais! O
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curitibano não conversa nem com o seu vizinho. Em Curitiba você não conhece seus vizinhos.
Se o seu vizinho bater na sua porta, você não vai atender. O curitibano é assim, ele é avesso a
contatos e avesso a contatos com outras localidades também... com Maringá, com Londrina,
com Ponta Grossa, com Cascavel, então isso é uma coisa cultural, eu creio. É uma questão
cultural! São fechados, são pessoas fechadas, nós somos assim. É aquela coisa de privilegiar
as coisas da casa, as pratas da casa, em detrimento, digamos, de uma pessoa que viesse de
fora, com muito mais competência, e é dada preferência ao local. Isso é assim, Curitiba era
assim! Depois mudou. O Departamento hoje já é outro, quase cem por cento são de fora.
Agora você disse que a formação dos Departamentos de Matemática de Marine
Londrina não tiveram influência direta de Curitiba. tem duas razões, a primeira é que
Curitiba não tinha a pós-graduação que seria necessária, digamos, para contribuir na formação
desse pessoal, que se formaram em geral em Campinas, ou na USP ou no Rio de Janeiro. E
depois o contato via Norte com São Paulo era muito mais fácil de ser feito do que com
Curitiba. É mais fácil, de certo modo, você ir de Londrina para São Carlos do que ir para
Curitiba. Tem estrada melhor, mais facilidade, além de ser um grande centro, então isso
puxou. Eu me lembro, no começo dos anos 1980, na criação da Universidade de Maringá,
quando se desenvolveu o Departamento de Matemática, a influência do pessoal da Unicamp,
foi enorme.
Contrariamente ao que você disse, tinha estrada ligando a capital ao interior, mas não
era muito boa de viajar. Era mais fácil ir para São Paulo. Então o paranaense é assim, e o
curitibano é mais ainda. Ele cultuou esse isolamento. Isso é uma personalidade do curitibano;
ele não olha para o seu vizinho, ele não conversa com o vizinho e a universidade é assim, ela
não conversava com suas irmãs ao lado. E não era que não quisesse fazer, isso é hábito. Fica
fechado no seu próprio mundo. Fica fazendo nossas coisas do nosso jeito. E isso não é bom!
Em uma universidade, a coisa tem que ser universal, a universidade tem que ser uma coisa
aberta, pela própria definição de universidade, de u-ni-ver-sa-li-da-de. Não pode ser uma coisa
fechada! E depois em Curitiba era diferente; quando chegava alguma coisa de fora, você não
encontrava ninguém que quisesse conversar. Principalmente se a pessoa não falasse português.
A turma zoava de quem quisesse aprender alguma coisa, ter alguma curiosidade.
Então a Universidade Federal do Paraná, digo isso em relação à Matemática, não falo
de outras áreas, que eu o conheço, ela foi formada, ou melhor, o Departamento de
Matemática foi formado quando houve a reforma do ensino no final dos anos 1960 e começo
dos anos 1970, 1972 me parece, o Departamento foi formado juntando as pessoas que davam
aula de Matemática para a universidade. Então não eram, em geral, a maior parte das pessoas
não tinha formação específica em Matemática. Eram engenheiros, economistas, trabalhavam
159
fora, não tinham dedicação exclusiva, porque eram profissionais. Eles tinham 20 horas na
universidade. Assim o se podia esperar muito dessa gente, porque não era o objetivo deles,
pelo menos na época, se dedicar integralmente à Matemática. Tem tudo envolvido, e raras
pessoas, por exemplo, que tinham feito doutorado. Nos anos 1950, 1960, quase não se fazia
doutorado como se faz hoje. As pessoas faziam livre-docência, então é uma conjuminação de
fatores aliados a esse aspecto tipicamente cultural do curitibano, que tem suas vantagens e
suas desvantagens. Em termos de universidade, eu acho que é muito desvantajoso porque
fecha demais.
E a Sociedade (SPM) contribuía para essa abertura. Ela contribuía mesmo, através dos
artigos que divulgava, da inserção das pessoas, da participação, das permutas, então ela tinha
um pequeno papel em furar essa bolha. E ela fazia isso na medida do possível. Então eu
entendo a contribuição da Sociedade, acho que era “importantérrima” nesse ambiente,
justamente para que mudasse essa característica cultural da nossa sociedade.
Você agora me perguntou se havia divergência na SPM. Não! Não, eu nunca
presenciei isso. Aliás, uma das coisas boas da Sociedade é que havia harmonia. As pessoas
que trabalhavam se ajudavam. E não havia assim, alguém querer ser presidente, alguém querer
ser não sei o quê... Isso nunca aconteceu que eu tenha notícia. Nunca houve disputa interna na
Sociedade, que eu saiba. Nunca houve, as pessoas se harmonizavam, o objetivo era fazer a
Sociedade crescer, com um ou com outro, da melhor maneira possível, então cada um podia
dar uma contribuição de maneira que houvesse crescimento da Sociedade e não crescimento
pessoal. As diretorias se alternavam em função das necessidades e das disponibilidades das
pessoas. Não que alguém quisesse necessariamente fazer parte. Se eu fizesse parte, ou se
alguma pessoa que não fizesse parte ou se fizesse parte isso para ela tanto fazia, deixa a
Sociedade crescer. Se eu não vou, eu não posso ir, vai outra pessoa, vai fazer um trabalho
melhor, é preferível. Então, não havia rivalidade, não havia adversidade e as diretorias se
intercalavam à medida do possível. Sempre tinha diretor cultural que realizava alguns eventos,
então sempre se fazia isso, quando tinha um pouco de recurso, depois quando os recursos
começaram a ficar cada vez mais escassos a coisa se extinguiu, até que houve agora a
Sociedade sobrevivendo em Maringá, o que é uma coisa muito boa.
E também, na época, era muito comum a distinção entre a Matemática e a Matemática
Aplicada. algumas pessoas achavam que a SPM deveria ser importante para a Matemática
Aplicada. Eu particularmente acho essa distinção um tanto arbitrária. Acho que não é muito
precisa. Não entendo como aplicada alguma coisa que não se conheça. Então, você aplica a
matemática pressupondo a pesquisa em matemática pura. As coisas são indissociáveis! Ainda
160
que se possa, eventualmente, dar ênfase a uma das coisas como, digamos, de linha do
Departamento. Mas não sei lhe falar, acho que não caberia na Sociedade.
De maneira geral, eu gostaria de concluir, se eu posso lhe ajudar, que a Sociedade é
importante, ela tem ainda um papel relevante e é uma coisa que deve ser incentivada. Ela é a
Sociedade, você veja, é a Sociedade de Matemática mais antiga do Brasil! Isso é uma coisa
que tem que constar. É mais antiga que a Sociedade de Matemática de São Paulo. E está em
atividade, isso é uma coisa incrível, isso não pode fenecer assim, sem mais nem menos, é uma
coisa que tem que ser mantida, e existe no Brasil. É função nossa, de todo o Estado, de todas
as pessoas envolvidas direta ou indiretamente, tentar mostrar aos órgãos competentes, aos
governos, sejam eles quais forem, a importância de uma Sociedade desse tipo.
Então o seu trabalho, eu acredito, vai ser muito relevante para que a Sociedade se
mostre, venha à tona. Espero que as pessoas se sensibilizem com a importância de uma
Sociedade dessas, com a importância desse tipo de atividade, de divulgação da Matemática, da
divulgação das pesquisas em Matemática, e também o espírito do Boletim, que eu acho muito
bom e que eu procurei manter e que está sendo mantido agora: que nós, por sermos as pessoas
que fazíamos o Boletim, não publicássemos no Boletim. Era quase uma norma! Eu acho que
publiquei um artigo ou dois sobre divulgação porque não faz nenhum sentido você editar
uma revista para você mesmo. Então a revista tem que ser alguma coisa bem universal, e o
Boletim sempre cumpriu isso, acredito, desde o primeiro exemplar, e tem esse papel que você
está destacando no seu trabalho; com muita satisfação eu vejo isso que você está fazendo.
Espero que eu tenha ajudado.
* * *
DÉCIO KRAUSE
Depoimento em 13 de setembro de 2006, na Universidade Federal de Santa
Catarina – Florianópolis, SC.
161
“BOLETINS”
O INÍCIO... AS SÉRIES... AS PERMUTAS
Os Boletins foram as segundas publicações da SPM. Esses se iniciaram no ano de
1958, após algumas publicações dos Anuários, já descritos anteriormente.
Esse periódico foi publicado, inicialmente, três vezes por ano e, segundo consta em
seu primeiro volume, é o órgão informativo da ‘Sociedade Paranaense de Matemática’.
Destina-se especialmente a divulgar as atividades da Sociedade e o movimento matemático
no Paraná.
Por meio de nossa investigação, constatamos que desde a criação desse periódico
houve a publicação de três séries dos Boletins, divididas da seguinte forma:
1ª série: de 1958 a 1970
2ª série: de 1980 a 1999
3ª série: de 2002 em diante
Em função dos objetivos desta investigação, analisaremos, inicialmente, a primeira
série dessa publicação.
Analogamente, como fizemos com os Anuários, faremos uma descrição dos principais
textos publicados nos Boletins.
162
QUADRO 10: Sumário do BSPM, Vol. 1, N° 1
ILUSTRAÇÃO 1 : Capa do BSPM, Vol. 1, N° 1
1ª SÉRIE:
VOL. 1, N° 1: JUNHO DE 1958
Editado por Jayme Machado Cardoso
Nesse volume são apresentados tópicos de divulgação da Sociedade, a saber:
ALGUMAS PALAVRAS SOBRE A S.P.M.
NOTICIÁRIO DA SOCIEDADE:
1. Publicações
2. Cursos
PUBLICAÇÕES RECENTES
BALANCETE RELATIVO AO PRIMEIRO SEMESTRE DE 1958
CENTRO DE ENSINO E PESQUISAS DE MATEMÁTICA E ESTATÍSTICA
RELATÓRIO DA DIRETORIA – 1957:
1. Assembléia Geral
2. Cursos
3. Publicações
4. Donativos
5. Intercâmbio
6. Diretoria
7. Tesouraria
163
O primeiro item desse volume descreve algumas palavras” sobre a SPM, as quais
confirmam nossa tese de que essa Sociedade foi idealizada pelo professor português Rémy
Freire, ou seja:
ALGUMAS PALAVRAS SOBRE A S.P.M.
Em outubro de 1953 um grupo de professores e alunos da Universidade
do Paraná, sob a inspiração do Prof. Rémy Freire, fundou a “Sociedade
Paranaense de Matemática” com a finalidade de reunir esforços no sentido de
incentivar o estudo da Matemática no Paraná. Ao Prof. Rémy Freire,
possuidor do verdadeiro espírito universitário, deve-se não somente a
organização da S.P.M. , mas também a realização do primeiro curso
extracurricular sobre matemática realizado no Paraná.
em 1951 por iniciativa dos professores Leonel Moro, Newton
Carneiro Affonso da Costa e Nelson de Luca, realizou-se a primeira tentativa
de congregar interessados em matemática e física com instalação do efêmero
“Centro de Pesquisas sicas do Paraná”. A idéia de criação de um
organismo desse tipo foi motivada pelo Prof. Cesare Lattes quando de sua
visita a Curitiba; a idéia, porém, não encontrou a receptividade que merecia.
Logo depois, no mesmo ano, por iniciativa do Prof. Lídio Scardini,
instalou-se o “Instituto da Matemática do Paraná”, de vida também efêmera,
cujo patrimônio bibliográfico foi, posteriormente, transferido para a S.P.M..
Poder-se-ia dizer que em 1951 não havia ainda um ambiente propício
ao trabalho de equipe e, em conseqüência, estes organismos não puderam
ocupar as posições que deviam, apesar dos esforços de seus organizadores.
Desde sua fundação a S.P.M. tem contado com a colaboração, não
somente dos interessados em Matemática, mas com instituições como a
Universidade do Paraná e Conselho Nacional de Pesquisas que possibilitaram
grande parte da atividade da Sociedade” (BSPM, v.1, n.1, p.1).
Dessa forma, além da inspiração do prof. Rémy Freire, observamos também que o
trabalho em equipe de alguns professores da Universidade do Paraná foi fundamental para que
se concretizasse a instalação dessa Sociedade.
Além desse fato, nesse volume detectamos também como se deu a fundação do Centro
de Ensino e Pesquisas de Matemática e Estatística. Esse veio ao encontro da SPM, no sentido
de institucionalizar, junto à universidade, algumas atividades, como cursos de extensão, por
exemplo.
* * * * * * * * *
164
QUADRO 11: Sumário do BSPM, Vol. 1, N° 2/3
1ª SÉRIE:
VOL. 1, N° 2/3: OUTUBRO DE 1958
Editado por Jayme Machado Cardoso
Nesse volume os tópicos de divulgação são:
CINCO ANOS DE ATIVIDADES
CENTRO DE ENSINO E PESQUISAS DE MATEMÁTICA E ESTATÍSTICA
PUBLICAÇÕES RECENTES
BIBLIOTECA
RELAÇÃO DOS SÓCIOS DA S.P.M.
ILUSTRAÇÃO 2 : Capa do BSPM, Vol. 1, N° 2/3
165
Devemos destacar os cinco anos de existência da Sociedade. Foram 5 conferências por
professores da Universidade do Brasil e de São Paulo, além de 11 cursos de extensão
universitária, dos quais 5 foram ministrados por professores não residentes no Paraná.
As publicações nos 5 primeiros anos alcançaram níveis internacionais, havendo
permuta com revistas do México, Argentina, Portugal, Tchecoslováquia, Polônia, França,
Iugoslávia, Alemanha, Suécia, Dinamarca e Japão. E os trabalhos publicados receberam
críticas favoráveis do Mathematical Reviews (Estados Unidos) e Zentralblatt fuer Mathematik
und ihre Grenzgebiete (Alemanha).
Observando ainda a relação dos sócios da SPM, notamos que apenas dois sócios
paranaenses não eram de Curitiba. Desta forma, a matemática que se praticou, nesses cinco
primeiros anos no Estado, estava concentrada na capital paranaense.
Com relação ao Centro, este concedeu uma ajuda de custo mensal ao sr. Nathan
Moreira dos Santos, aluno, na época, do curso de Matemática da Faculdade Católica de
Filosofia de Curitiba. Tal bolsa, primeira no gênero oferecida no Paraná, teve duração de 5
meses e destinava-se a propiciar ao referido aluno as condições necessárias ao seu preparo
para um próximo estágio no Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA) no Rio de
Janeiro, com bolsa que lhe foi oferecida pelo Conselho Nacional de Pesquisas.
* * * * * * * * *
QUADRO 12: Sumário do BSPM, Vol. 2, N° 1
1ª SÉRIE:
VOL. 2, N° 1: FEVEREIRO DE 1959
Editado por Nelson Trevisan
Nesse volume os tópicos de divulgação são:
PROF. TEIXEIRA DE FREITAS
NOTICIÁRIO DA SOCIEDADE
BALANCETE RELATIVO AO SEGUNDO SEMESTRE DE 1958
PUBLICAÇÕES RECENTES
PRIMEIRO “COLLOQUIUM” BRASILEIRO
DE MATEMÁTICA (Relatório da
comissão de organização)
166
ILUSTRAÇÃO 3 : Capa do BSPM, Vol. 2, N° 1
Merecedor de análise, mesmo que breve, é o relatório do primeiro “Colloquium”.
“A realização do Primeiro “Colloquium” Brasileiro de
Matemática é bem expressiva da atual fase do desenvolvimento da
matemática no Brasil. É, em particular, fruto de um quarto de século
de estudos sistemáticos na Universidade de São Paulo e na
Universidade do Brasil, bem como da eficiente contribuição do
Conselho Nacional de Pesquisas, por intermédio do seu Setor de
Matemática e pela fundação do Instituto de Matemática Pura e
Aplicada. Mais recentemente, o surto de atividades sistemáticas em
outros centros do Brasil como nas Universidades do Recife (Instituto
de Física e Matemática), Porto Alegre (Centro de Pesquisas Físicas),
Instituto Tecnológico da Aeronáutica de São José dos Campos e a
Escola de Engenharia de São Carlos contribuiu também para o
progresso da matemática no Brasil. Estas condições tornaram
possível a realização deste “Colloquium” (BSPM, v.2,n.1, p. 4).
167
O “1° Colloquium” foi realizado na cidade de Poços de Caldas, no ano de 1957, no
período de 1 a 20 de julho. Contou com a presença de 49 participantes, além de
conferencistas. O que observamos, nesse relatório, é que não menção da Universidade do
Paraná como um possível pólo de desenvolvimento da cultura matemática. Além disso, no
final do relatório sugestões, de ordem geral, da Comissão de Organização, dentre as quais
destacamos:
... 2) A necessidade de intercâmbio de professores entre os diversos centros
regionais.
... 5) A importância e necessidade da presença nos centros do país de matemáticos
estrangeiros por períodos longos ou curtos.
... 6) A necessidade de incentivar e ampliar os atuais periódicos matemáticos do
Brasil: “Summa Brasiliensis Mathematicae” e “Boletim da Sociedade de Matemática de São
Paulo”.”
Observamos que a Universidade do Paraná não se fez presente e, apesar dos enormes
esforços, não constatamos a menção do Anuário da SPM entre os periódicos matemáticos do
Brasil.
* * * * * * * * *
QUADRO 13: Sumário do BSPM, Vol. 2, N° 2
1ª SÉRIE:
VOL. 2, N° 2: JUNHO DE 1959
Editado por Nelson Trevisan
Nesse volume constam os seguintes tópicos:
INCÓGNITAS E VARIÁVEIS (por Leônidas Hegenberg)
NOTICIÁRIO:
SEGUNDO COLÓQUIO BRASILEIRO DE MATEMÁTICA
“NOTICIÁRIO BRASILEIRO DE MATEMÁTICA”
INSTITUTO DE FÍSICA TEÓRICA DE SÃO PAULO
INSTITUTO DE MATEMÁTICA DA UNIVERSIDADE DO PARANÁ
ANUÁRIO DA SOCIEDADE PARANAENSE DE MATEMÁTICA
PUBLICAÇÕES RECENTES
RELATÓRIO DA DIRETORIA - 1958
* * * * * * * * *
168
QUADRO 14: Sumário do BSPM, Vol. 2, N° 3
1ª SÉRIE:
VOL. 2, N° 3: OUTUBRO DE 1959
Editado por Nelson Trevisan
Nesse volume constam os seguintes tópicos:
SEGUNDO COLÓQUIO BRASILEIRO DE MATEMÁTICA (por Leo Barsotti)
CENTRO DE MATEMÁTICAS DA AMSTERDAM
NOTICIÁRIO:
CONGRESSO INTERNACIONAL DE MATEMÁTICA DE 1962
2° COLÓQUIO BRASILEIRO DE MATEMÁTICA
III SIMPÓSIO DE GEOMETRIA DESCRITIVA
IV CONGRESSO DE ENSINO DA MATEMÁTICA
BOLSAS DE ESTUDOS
3° SIMPÓSIO LATINO AMERICANO DE MATEMÁTICA
INSTITUTO DE MATEMÁTICA DA UNIVERSIDADE DO PARANÁ
CENTRO DE ENSINO E PESQUISAS DE MATEMÁTICA E ESTATÍSTICA
TEXTOS DE MATEMÁTICA
PUBLICAÇÕES RECENTES
BIBLIOTECA
ILUSTRAÇÃO 4 : Capa do BSPM, Vol. 2, N° 3
169
Comentário:
IV CONGRESSO DE ENSINO DA MATEMÁTICA:
“Realizou-se, em julho do corrente ano, no Rio de Janeiro, o IV Congresso Brasileiro
do Ensino da Matemática. Uma das conclusões interessantes do Congresso foi a de que o
folclore deve ser considerado como auxiliar eficaz no ensino da matemática secundária e
deve ser tratado com especial relevo juntamente com outras disciplinas.”
Interessante nota do Professor Leo Barsotti sobre o 2° Colóquio Brasileiro de
Matemática, que se realizou de 5 a 18 de julho de 1959, em Poços de Caldas. Segundo ele, a
discussão sobre o Currículo de Matemática se fez presente nas conferências apresentadas,
especificamente:
“Tema atual e muito controvertido é o do Currículo de
Matemática das faculdades de Filosofia. É ponto pacífico o
insuficiente preparo dos licenciados de tais Escolas Superiores, quer
para o magistério secundário, quer para a pesquisa. Mereceu tal
assunto, pois, ser incluído nas sessões de conferências, nas quais,
depois de se debater amplamente, ficou assentada a conveniência de
separar as carreiras de Professor Secundário da de Pesquisador,
dando aos primeiros, especialmente, um preparo mais consentâneo
com a realidade brasileira.”
Nesse evento, diferentemente do Colóquio, a Universidade do Para se fez
representar pelos professores Leo Barsotti e Newton Carneiro Affonso da Costa.
* * * * * * * * *
170
QUADRO 15: Sumário do BSPM, Vol. 3, N° 1
1ª SÉRIE:
VOL. 3, N° 1: FEVEREIRO DE 1960
Editado por Ayda Ignez Arruda
Nesse volume constam os seguintes tópicos:
O QUE É O IMPA? (por Leopoldo Nachbin)
NOTICIÁRIO:
CENTRO DE ENSINO E PESQUISAS DE MATEMÁTICA E ESTATÍSTICA
INSTITUTO DE MATEMÁTICA DA UNIVERSIDADE DO PARANÁ
MODIFICAÇÕES NO CORPO DOCENTE
BIBLIOGRAFIA DE MATEMÁTICA
PRÓXIMAS PUBLICAÇÕES DA SOCIEDADE
NOVA DIRETORIA DA SOCIEDADE
PUBLICAÇÕES RECENTES
O PAGAMENTO DO CIENTISTA
ILUSTRAÇÃO 5 : Capa do BSPM, Vol. 3, N° 1
171
O professor Leopoldo Nachbin expõe brevemente, no artigo “O que é o IMPA?”,
como se processou a criação desse órgão, e quais são seus objetivos. Descreve ainda as
atividades realizadas desde sua criação em 1952
23
até a sua publicação. Uma passagem desse
trabalho expressa o sentimento do referido professor à criação e emancipação de Instituições
de Ensino Superior no País. No entanto, julgamos que fosse necessária uma explicitação
maior, por parte do autor, desses comentários. É conhecido, por outras fontes científicas, os
problemas ocorridos em concursos na Universidade do Brasil envolvendo professores de
Matemática, dos quais um dos envolvidos é o autor desse artigo, o qual assim se expressa:
“... Cabe aqui um comentário. Várias instituições brasileiras
têm sido criadas com certa vista grossa e tolerância na escolha do
pessoal científico. O resultado é que, não raro, os elementos menos
qualificados, que não empregam seu tempo estudando, pesquisando,
redigindo, ensinando ou ajudando, mas que vivem quase em regime de
dedicação exclusiva à chamada “política universitária”, terminam
anulando a influência benéfica, dentro da instituição, das pessoas
competentes. Por incrível que isso possa parecer àqueles afeitos aos
aspectos negativos de certas instituições brasileiras, o IMPA nasceu
bem e tem vivido como um instituto cientificamente sério, embora
pequeno, com dificuldades orçamentárias que limitam muito sua
expansão natural e sem alardes de suas realizações, o que talvez, seja
um erro que convenha eliminar.”
Com relação à publicação do artigo “O PAGAMENTO DO CIENTISTA”, optamos
por transcrevê-lo na íntegra, uma vez que acreditamos ser papel da Sociedade contribuir para
que notas dessa natureza sejam divulgadas, sendo fundamentais para clarear e, talvez, fazer
refletir sobre como pensam alguns matemáticos acerca da valorização do professor. Ei-lo:
23
O IMPA (Instituto de Matemática Pura e Aplicada) foi criado por meio do Decreto 39.687 de 7 de agosto
de 1956; nos termos da Lei N° 1.319 de 15 de janeiro de 1951. Publicado no Diário Oficial da União de 9/8/56.
172
O PAGAMENTO DO CIENTISTA
O prof. Dr. E. Bodewig, matemático alemão atualmente domiciliado na Holanda, fez
durante vários anos revisão crítica de artigos para a conceituada revista “Mathematical
Reviews”. Em 1950 solicitou demissão desse cargo. O editor da revista, prof. R. Boas Jr.,
dirigiu-se ao prof. Bodewig para manifestar seu desapontamento pelo sucedido e em resposta
recebeu a carta que passamos a transcrever.
A carta foi escrita em alemão e traduzida para o inglês pelo prof. Boas, que a fez
publicar na revista “Science” (v. 112, p. 538-539), com autorização do prof. Bodewig, que
sugeriu que a divulgação deveria ser precedida pela seguinte citação do Siegfried, de
Wagner: “Por vãs distantes coisas tu anelas, mas o que está à mão e necessitas, isso não
entra nas tuas idéias”.
A tradução em português foi feita pelo prof. Dr. J. A. Serra, da Universidade de
Lisboa, que gentilmente se prontificou a colaborar com a Sociedade Paranaense de
Matemática.
* * * *
Executive Editor, Mathematical Reviews
Brown University, Providence, Rhode Island.
Caro Professor Boas:
Após longa consideração e muitos anos de observação, resolvi retirar-me da atividade
científica. Cortei um fio após outro e, como Gulliver, estou abandonando a ilha dos
matemáticos. Conseqüentemente, devo renunciar à minha colaboração na “Mathematical
Reviews”. Quando se devotaram tantos anos à matemática, não é fácil abandoná-la. Permita-
me que explique brevemente as minhas razões.
Em parte nenhuma o acadêmico e o cientista percebem como conseguir a posição e a
paga que merecem. Isto surpreendeu-me durante muitos anos, tanto mais que, em virtude da
minha independência financeira, eu podia, até certo ponto, observar a situação de fora e
também porque sou um dos poucos matemáticos que realizaram e publicaram trabalho
teórico em psicologia e finanças, e tenho a necessária experiência prática da Bolsa. Devo
dizer que estou admirado de a baixa paga do sábio nunca até agora ter sido objecto de um
inquérito. Deveria ser tarefa própria das Nações Unidas considerá-la uma vez, como fizeram,
com infindas discussões, aos problemas do trabalho e dos povos coloniais.
Que advogado ficaria satisfeito com a paga do escolar? Por uma simples carta de
rotina, sem requerer conhecimento técnico, ele pede 25-50 gulden (Cada gulden vale
173
aproximadamente Cr$30,00) na Holanda (na Alemanha os mesmos tantos marcos, e nos
Estados Unidos tantos dollars, suponho). Por uma petição de rotina às autoridades ele pede
120-250 gulden (marcos, dollars) e isto leva de trabalho um quarto de hora. Para pequenas
questões pede 200 gulden antecipadamente, antes de começar qualquer trabalho. Mais tarde
ele facilmente obtém 500 gulden. Se um advogado tivesse tanto trabalho e tanto estudo
preliminar como eu (ou qualquer outra pessoa) tenho para rever artigos de von Neumann ou
Reicheneder, ele pediria 1.000 gulden e obtê-los-ia, sendo apoiado por qualquer tribunal.
Que é que eu ou qualquer outro, obtivemos por isto? Nada.
Se eu recebesse por cada revista os honorários que um advogado teria obtido pelo
mesmo tempo e esforço mental, deveria receber 100-1.000 gulden por cada, e ao todo cerca
de 30.000 gulden. Que obtive? Nada.
Consideremos outra profissão, a química, por exemplo. Um conhecido meu recebe
1.500 gulden por uma análise química extensa e ninguém considerou nunca que isto fosse
excessivo. Se “eu” recebesse só 500 gulden por cada uma das minhas 150 revistas, daria uma
conta de 75.000 gulden. Que obtive? Nada.
Vejamos o caso de um dico-chefe num hospital. De manhã passa através a sua
clínica, onde 100 doentes. Fala algumas palavras a alguns deles, mas à maioria nada
chega a dizer. A coisa leva ao todo um quarto de hora. Porém, cada doente paga-lhe 1-10
gulden, o que vem a dar, ao todo, pelo menos 150 gulden, provavelmente mais. Se “eu”
tivesse recebido 150 gulden por cada quarto de hora de trabalho nas minhas 150 revistas...
(Não quero fazer a conta).
Tomemos o caso de um dico vulgar. Por cada consulta recebe 3-10 gulden. Um
médico de fama obtém muitas vezes mais. Isto dá uma receita de alguns 500 gulden por dia.
Ouvi falar de um campo de prisioneiros de guerra alemães na Austrália. Era
permitido aos prisioneiros trabalharem e eram todos pagos. Bem pagos! Mas também
havia professores secundários e universitários, que ministravam valiosa instrução aos outros
prisioneiros. Estes professores eram os únicos que não eram pagos pelo seu trabalho. De
fato, ao fim das aulas tinham que varrer eles próprios a sala, pois que os estudantes não o
faziam.
Terei que lembrar que um livreiro obtém 30% de comissão, muitas vezes 40%, por
cada livro que vende, quando muitas vezes não é capaz de ler uma simples linha do livro?
Entretanto, o homem de ciências ou letras que o escreveu recebe 10%. claro que estou
cônscio que um livreiro tem certas despesas). Terei que lhe lembrar o desgraçado caso de o
compositor muitas vezes receber mais por compor o livro do que o autor por o escrever?
174
Terei que lhe lembrar que o compositor recebe logo, enquanto que o autor tem que esperar
por uma conta às anuidades?
Eu escrevi um livro sobre “Métodos numéricos” em ano e meio, trabalhando 5-10
horas por dia. Foi traduzido nos Estados Unidos. Quando o contrato foi estabelecido, vim a
verificar que eu receberia cerca de 350 dollars (e o tradutor outro tanto). E isto num campo
onde se poderia dizer que ainda não havia nenhum livro antes. Depois os editores
pretenderam subrepticiamente tornar estas condições piores. Então acabei com todo o
contrato baseando-me na violação dos seus termos. Que advogado, médico, ou químico
trabalharia ano e meio ou dois anos por 350 dollars? Existimos, nós, os escolares, para
fins filantrópicos?
A “Mathematical Reviews” pode pagar ao compositor, impressor, fabricante de
papel, vendedor de papel, etc. os escolares que escrevem as revista não obtém nada.
Ninguém no mundo pensaria em pedir ao compositor, impressor, etc., para trabalhar por
nada. Só entre os escolares se toma isso por garantido. Mas afinal, por que?
mencionei as profissões mais próximas à nossa; medicina, química, advocacia, etc.
Não disse nada sobre negociantes, que freqüentemente fazem 6 milhões de gulden numa
manhã graças a duas ou três telefonadelas (tenho um caso perfeitamente definido na idéia).
Mas pela sua pobre paga os escolares têm que agradecer não ao “mundo”e não
à sua própria inépcia, como também aos seus colegas. Por exemplo, o Professor X convidou-
me para um lugar no Centro de Matemática de Amsterdam – por 300 gulden por mês.
Escrevi-lhe dizendo que por este salário poderia contratar um picheleiro. Foi pena que na
altura não tivesse visto num jornal um anúncio para enfermeiras num asilo de doidos por
3.300 gulden por ano com meio quarto e comida. De outro modo, eu teria recomendado ao
meu “colega”uma enfermeira do asilo de doidos (embora ela viesse a receber bastante menos
no Centro de Matemática). É também pena que eu não tivesse então visto um problema de
aritmética do meu filho de 12 anos, onde 10 pedreiros ganhavam 10 gulden por homem por
dia. De outra maneira, teria recomendado um pedreiro ao meu “colega” para o Centro de
Matemática. Um outro professor queria que eu desse lições (livres, naturalmente). Respondi-
lhe do mesmo modo.
Um outro professor alemão convidou-me para dar uma lição na sua Universidade. Eu
fui e descobri depois que, para minha grande surpresa, com infantil inocência ele nunca
pensara num honorário. Tive que pagar todas as despesas da longa viagem do meu bolso.
Nenhum picheleiro do mundo esperaria tanto de mim com este meu “colega”.
Um escolar dos Estados Unidos pediu-me, em nome do seu Instituto, para responder a
3 ou 4 perguntas sobre um problema com o qual o seu Instituto esperava vir a ter seriamente
175
que tratar nos próximos anos. Em vez de responder às quetões eu pedi-lhe uma garantia de
2.000 dollars (um advogado teria pedido muito mais). Depois disto pareceu que ele não
precisava das respostas.
Um professor alemão pediu-me para me encarregar de um curso de lições num
assunto dos mais difíceis, por um semestre. Informava-me ao mesmo tempo que não tinha a
menos idéia de quanto eu receberia visto ele não estar “completamente informado”. (Neste
caso, ele deveria informar-se primeiro e voltar a tratar da questão). Que operário no mundo
tomaria um ajudante sem lhe dizer qual o salário?
Devo declinar de entrar nas razões psicológicas porque o “mundo” paga tão
pobremente aos escolares, e porque os escolares, eles próprios, estão satisfeitos com esta
pobre paga, e porque, finalmente, os escolares tratam uns aos outros tão mal. Brevemente,
resume-se a que cada inteligência é parcial; que a forma mais alta de personalidadeisto
é, o mais alto desenvolvimento intelectual é possível só num domínio limitado, e que tudo o
que fica fora deste domínio é julgado com diminuída competência. Se eu não fosse educado
doutro modo, por anos de estudo da Bolsa, ficaria tão calado como os outros.
“Naturalmente” não usamos a nossa ciência para fazer dinheiro. (Seria terrível se um
escolar fizesse o que qualquer outra pessoa tem por evidente). Mas a exploração do escolar é
uma das piores do mundo. É o problema social moderno! Ninguém se rala a seu respeito, nem
mesmo os próprios escolares. Seria uma tarefa para as Nações Unidas, mas elas não fazem
nada do resto.
Seria difícil persuadir os escolares a olhar pelos seus próprios interesses materiais.
Nas atuais circunstâncias eu posso atuar individualmente. Não gosto das regras do jogo e
portanto não jogo mais. Desejo que o meu trabalho seja bem pago, como o de um médico, um
químico, ou um advogado. Se o mundo o fizer assim, não trabalharei mais para a “Sociedade
da Humanidade”. Ponho-me em greve. (Mas alguma vez as Nações Unidas deveriam pegar
no problema da paga do resto dos escolares que ainda ficam a trabalhar. Os escolares então
estariam de acordo comigo).
Sinceramente seu
E. Bodewig.”
Essa publicação escrita no ano de 1950 –, a única que encontramos nos Boletins
dessa natureza, talvez aponte para questões não colocadas aqui, como a preocupação dessa
Sociedade com relação à questão salarial docente. Não encontramos registros de discussões
desse gênero por parte da Diretoria da Sociedade. Conjeturamos que a Sociedade entendia que
176
esses assuntos não deveriam ser foco de suas atenções, mesmo tendo sido publicado esse
artigo em seu Boletim.
* * * * * * * * *
QUADRO 16: Sumário do BSPM, Vol. 3, N° 2
ILUSTRAÇÃO 6 : Capa do BSPM, Vol. 3, N° 2
* * * * * * * * *
1ª SÉRIE:
VOL. 3, N° 2: JUNHO DE 1960
Editado por Ayda Ignez Arruda
Nesse volume constam os seguintes tópicos:
CÉREBROS ELETRÔNICOS (por José Goldemberg)
OBSERVAÇÃO SOBRE REBATIMENTO (por Jayme Machado Cardoso)
O ENSINO DA MATEMÁTICA NO TREINAMENTO DE ENGENHEIROS (por
Leopoldo Nachbin)
RELATÓRIO DA DIRETORIA – 1959
177
QUADRO 17: Sumário do BSPM, Vol. 3, N° 3
1ª SÉRIE:
VOL. 3, N° 3: OUTUBRO DE 1960
Editado por Ayda Ignez Arruda
HOMENAGEM À THE ROYAL SOCIETY OF LONDON (1660 – 1960)
Nesse volume constam os seguintes tópicos:
A HISTÓRIA DA REAL SOCIEDADE DE LONDRES* (por
H. G. Thornton, F. R.
S.)
* Tradução gentilmente cedida pelo British Council
O PROPÓSITO DO CENTENÁRIO DE VOLTERRA (por Jayme Machado Cardoso)
SEGUNDO COLÓQUO BRASILEIRO DE MATEMÁTICA (Relatório da comissão
organizadora)
ILUSTRAÇÃO 7 : Capa do BSPM, Vol. 3, N° 3
178
Com relação aos números 2 e 3 do terceiro volume dessa série temos a relatar que
questões importantes debatidas atualmente em Educação Matemática haviam sido
aventadas em artigos e congressos, como, por exemplo, no v.3, n.2, o professor José
Goldenberg analisa os avanços tecnológicos da época, discussão essa debatida atualmente por
Tikomirov, Pierre Levy e outros autores da linha de informática na Educação Matemática.
Outro artigo do mesmo volume e número é o trabalho do professor Leopoldo Nachbin
sobre o ensino da matemática nas escolas de engenharia. Nessa conferência, o autor explicita
sua opinião com relação à Matemática presente nos currículos dos cursos de Engenharia bem
como sobre a formação do profissional que deva ministrar esses conteúdos. Como sabemos, a
Formação de Professores de Matemática, Questões Curriculares, o Ensino da Matemática em
Cursos Super
iores são temas amplamente estudados atualmente em Educação Matemática.
* * * * * * * * *
QUADRO 18: Sumário do BSPM, Vol. 4, N° 1
1ª SÉRIE:
VOL. 4, N° 1: FEVEREIRO DE 1961
(Financiado pelo Instituto de Matemática da Universidade do Paraná)
Editado por Camil Gemael
Nesse volume constam os seguintes tópicos:
A ESTRUTURA DA MATEMÁTICA* (por S. Lefschetz.)
* Traduzido de “American Scientist” v. 38, n. 1 (1950) por SERGE P. MONOIDE.
O ENSINO DA MATEMÁTICA NAS FACULDADES DE CIÊNCIAS E NAS
ESCOLAS DE ENGENHARIA DO BRASIL* (por Elon Lages Lima e Leopoldo Nachbin)
PUBLICAÇÕES RECENTES
179
ILUSTRAÇÃO 8 : Capa do BSPM, Vol. 4, N° 1
Nesse volume, volta a aparecer um trabalho sobre o ensino da matemática. O artigo
dos professores Lages Lima e Nachbin apresenta, na primeira parte do texto, a visão dos
autores em relação ao ensino da matemática nas faculdades de ciências, da organização dos
departamentos de matemática nas faculdades de ciências e indicam uma proposta curricular do
que deve ser ensinado no curso de Matemática de uma faculdade de ciências. Na segunda
parte, os autores discutem o ensino da matemática nas escolas de engenharia, a organização
dos departamentos de matemática nas escolas de engenharia e apresentam uma proposta de
currículo para o curso de matemática nas escolas de engenharia.
* * * * * * * * *
180
QUADRO 19: Sumário do BSPM, Vol. 4, N° 2
1ª SÉRIE:
VOL. 4, N° 2: JUNHO DE 1961
(Financiado pelo Instituto de Matemática da Universidade do Paraná)
Editado por Camil Gemael
Nesse volume constam os seguintes tópicos:
SOBRE A PSEUDO-HÉLICE TÓRICA (por Jayme Machado Cardoso.)
* Traduzido de “American Scientist” v. 38, n. 1 (1950) por SERGE P. MONOIDE.
ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO DA MATEMÁTICA NO BRASIL (por
Leopoldo Nachbin)
OSWALD VEBLEN (por Benedito Castrucci)
PUBLICAÇÕES RECENTES
SOCIEADADE PARANAENSE DE MATEMÁTICA REL
ATÓRIO DA
DIRETORIA RELATIVO A 1960
ILUSTRAÇÃO 9 : Capa do BSPM, Vol. 4, N° 2
181
O trabalho do professor Nachbin merece destaque, visto que ele discorre sobre temas
levantados por nós nesta investigação. O professor inicia seu trabalho afirmando que a
atual escola matemática brasileira tem a sua evolução dividida, de forma marcada, em três
etapas fundamentais:
1) o aparecimento, em 1934, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da
Universidade da São Paulo (FFCLUSP), dando início auspicioso à possibilidade da formação
de matemático propriamente ditos;
2) uma mudança radical, constatada a partir de 1945, na orientação e na mentalidade
dominantes em nosso ensino universitário da Matemática;
3) a criação, em 1952, do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), no Rio de
Janeiro, que veio dar um grande impulso à pesquisa e ao treinamento em Matemática no
Brasil”.
É claro que essas etapas têm um fundo em comum, já tratado por nós, ou seja,
acreditamos ter sido fundamental a contratação de matemáticos estrangeiros no período
citado. O próprio autor afirma mais adiante, nesse mesmo trabalho, a importância da vinda do
matemático francês André Weil em 1945 para a USP.
* * * * * * * * *
QUADRO 20: Sumário do BSPM, Vol. 4, N°3
1ª SÉRIE:
VOL. 4, N° 3: OUTUBRO DE 1961
(Financiado pelo Instituto de Matemática da Universidade do Paraná)
Editado por Camil Gemael
Nesse volume constam os seguintes tópicos:
O QUE É GEOMETRIA? (por G. H. Hardy, F.R.S.*)
* Traduzido de “The Ma
thematical Gazette”, v. 12 (1925), por HAROLDO CARNEIRO
AFFONSO DA COSTA.
NOVA VISÃO DA GEOMETRIA (por W. V. D. Hodge*)
* Traduzido de “The Mathematical Gazette”, v. 39 (1955), por HAROLDO CARNEIRO
AFFONSO DA COSTA.
MATEMÁTICA SUPERIOR NO ENSINO MÉDIO* (por C. Stanley Ogilvy)
* Traduzido de “The Key Reporter”, órgão de Phi Beta Kappa, vol. XXV, n° 2 (1960), por
EDUARDO GARCEZ DUARTE.
PUBLICAÇÕES RECENTES
182
ILUSTRAÇÃO 10 : Capa do BSPM, Vol. 4, N° 3
QUADRO 21: Sumário do BSPM, Vol. 5, N°1
1ª SÉRIE:
VOL.5, N° 1: FEVEREIRO DE 1962
(Financiado pelo Instituto de Matemática da Universidade do Paraná)
Editado por Haroldo C. A. da Costa
Nesse volume constam os seguintes tópicos:
PROBLEMAS GERAIS COM QUE SE DEBATEM OS CENTROS DE CÔMPUTO
(por Richard Courant*)
* Traduzido de “Bulletin of Provisional International Computation Centre”, n. 12 (1961)
por DAVID ANTONIO DA SILVA CARNEIRO JUNIOR.
CONE CIRCUNSCRITO À ESFERA (por Jayme Machado Cardoso)
O QUE A CULTURA CONTEMPORÂNEA DEVE AOS MATEMÁTICOS SUIÇOS
(por Andréas Speiser)
MAURICE D’OCAGNE (por Serge P. Monoide)
NOTICIÁRIO
PUBLICAÇÕES RECENTES
183
QUADRO 22: Sumário do BSPM, Vol. 5, N°2
1ª SÉRIE:
VOL.5, N° 2: JUNHO DE 1962
(Financiado pelo Instituto de Matemática da Universidade do Paraná)
Editado por Haroldo C. A. da Costa
Nesse volume constam os seguintes tópicos:
SOBRE A REFORMA DO ENSINO DE MATEMÁTICA NO BRASIL –
EXTRATO
DE UMA CARTA DIRIGIDA AO PROF. PEREIRA GOMES (por Marshall Stone)
SOBRE QUÁDRICAS DE REVOLUÇÃO (por Jayme Machado Cardoso)
A MATEMÁTICA APLICADA NA SUIÇA* (por Charles Blanc)
* Gentileza da Embaixada da Suíça no Brasil. Tradução de Ayda Ignez Arruda.
OBSERVAÇÕES SOBRE O SEGUNDO PLANO BISSE
CTOR NA
REPRESENTAÇÃO MONGEANA (por Serge P. Monoide)
MESMO SEM A CONTRIBUIÇÃO DOS “GÊNIOS”, A CIÊNCIA CONTINUARIA
SEU PROGRESSO * (por J. Reis)
* Reprodução autorizada de artigo publicado em “Folha de S. Paulo”de 14 de janeiro de
1962
RECOMENDAÇÕES DA PRI
MEIRA CONFERÊNCIA INTERAMERICANA
SOBRE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA – BOGOTÁ, DEZEMBRO DE 1961.
TERCEIRO COLÓQUIO BRASILEIRO DE MATEMÁTICA
RELATÓRIO DO
COORDENADOR DA COMISSSÃO ORGANIZADORA
SOCIEDADE PARANAENSE DE MATEMÁTICA
RELATÓRIO DA
DIRETORIA RELATIVO A 1961
ILUSTRAÇÃO 11 : Capa do BSPM, Vol. 5, N°2
184
Observamos que nesse volume dois trabalhos indicam as preocupações com o Ensino
da Matemática. O primeiro, do professor Marshall Stone, no qual o autor sugere uma
reformulação no currículo do ensino secundário. o segundo trabalho, primeiro artigo nesse
Boletim em que aparece explicitamente o termo Educação Matemática, faz recomendações
aos governos e às autoridades competentes:
I- Sobre a formação de professores;
II- Sobre professores em exercício;
III- Sobre o aperfeiçoamento do ensino.
* * * * * * * * *
QUADRO 23: Sumário do BSPM, Vol. 5, N°3
1ª SÉRIE:
VOL.5, N° 3: OUTUBRO DE 1962
(Financiado pelo Instituto de Matemática da Universidade do Paraná)
Editado por Haroldo C. A. da Costa
Nesse volume constam os seguintes tópicos:
UM CURRÍCULO PARA A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE MATEMÁTICA
DO ENSINO SECUNDÁRIO * (por Leo Barsotti e Newton C. A. da Costa)
* Trabalho apresentado à XIV Reunião
da S.B.P.C., realizada em Curitiba, em julho de
1962
O ENSINO DA MATEMÁTICA NA FRANÇA * (por Artibano Micali)
* Trabalho apresentado ao Colóquio Brasileiro de Matemática, realizado em Fortaleza,
Ceará, de 2 a 15 de julho de 1961
CARACTERÍSTICAS PROFISS
IONAIS DOS MATEMÁTICOS NOS ESTADOS
UNIDOS *
* Traduzido do Boletim “Mathematical Sciences Section, National Register of Scientific
and Technical Personnel”, abril de 1962, por David A. S. Carneiro Jr.
PRIMEIRA SEMANA DE GEOMETRIA
UNION MATEMATICA LATINOAMERICANA
PUBLICAÇÕES RECENTES
185
ILUSTRAÇÃO 12 : Capa do BSPM, Vol. 5, N°3
Notamos que esse volume é totalmente dedicado a questões de Educação Matemática.
Artigos dessa natureza têm ocupado grande espaço nos últimos números, como podemos
constatar, principalmente os que dizem respeito à formação do professor de matemática.
Entendemos que a Sociedade e seus representantes, nesse período, dedicaram especial atenção
às discussões com respeito ao Ensino e Formação do Professor de Matemática.
* * * * * * * * *
186
QUADRO 24: Sumário do BSPM, Vol. 6, N°1
1ª SÉRIE:
VOL.6, N° 1: FEVEREIRO DE 1963
Editado por Leo Barsotti
Nesse volume constam os seguintes tópicos:
A ANÁLISE E BOURBAKI * (por Gustave Choquet)
* Conferência proferida no Seminário organizado pela Comissão Internacional de
Educação Matemática em Lausanne a 26 de junho de 1961. Traduzido de “Enseignement
Mathématique”, v. 8 (1962), p. 109-135, por Serge P. Monoide
REFORMA EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA * (por Marshall H. Stone)
* Traduzido de “Boletin da la Universidad de Chile” n. 29 (1962), por Serge P. Monoide
CURRÍCULO MÍNIMO DE MATEMÁTICA
SOCIEDADE PARANAENSE DE MATEMÁTICA
RELATÓRIO DA
DIRETORIA RELATIVO A 1962
ILUSTRAÇÃO 13 : Capa do BSPM, Vol. 6, N°1
187
Novamente nesse volume a Educação Matemática merece lugar de destaque. É
apresentado o currículo mínimo para a licenciatura em matemática (Parecer 295 do
Conselho Federal de Educação, aprovado em 14- 11- 1962), o qual estabelece, pela primeira
vez no país, que o curso destinado à formação de professores de Matemática terá a duração de
quatro anos letivos.
No relatório relativo ao ano de 1962, a Diretoria da SPM resolveu suspender
temporariamente a publicação do “Anuário da Sociedade Paranaense de Matemática”.
* * * * * * * * *
QUADRO 25: Sumário do BSPM, Vol. 6, N°2/3
1ª SÉRIE:
VOL.6, N° 2/3: AGOSTO DE 1963
Editado por Leo Barsotti
Nesse volume constam os seguintes tópicos:
SOBRE A INTRODUÇÃO DOS NÚMEROS COMPLEXOS * (por Pierre Samuel)
* Traduzida por Artibano Micali de notas mimeografadas de circulação restrita.
A MATEMÁTICA NA FRANÇA DURANTE E APÓS A GUERRA * (por
L.
SCHWARTZ)
* Tradução, por Maria da Graça Nachbin, de parte do artigo Les Mathémátiques em
France pendant et aprés la guerre”, publicado nos Proceedings of the Second Mathematical
Congress, Vancouver, Canadá, 1949.
PREMIO MOINHO SANTISTA DE MATEMÁTICA
A SITUAÇÃO ATUAL DA TEORIA DOS CONJUNTOS * (por
Newton C. A. da
Costa)
* Resumo de uma conferência pronunciada na Faculdade Nacional de Filosofia, Rio de
Janeiro, em novembro de 1962
SEMINÁRIO SOBRE O CONHECIMENTO MATEMÁTICO NECESSÁRIO PARA
O FÍSICO E O ENGENHEIRO *
* Realizado em Château de la Muette (Paris) em fevereiro de 1961, pela Organização para
o Desenvolvimento e a Cooperação Econômica
PUBLICAÇÕES RECENTES
188
ILUSTRAÇÃO 14 : Capa do BSPM, Vol. 6, N°2/3
As discussões sobre o Ensino da Matemática continuam a ocorrer, quer em trabalhos
específicos sobre currículos de Licenciatura e Bacharelado, ou seja, da formação do professor
de Matemática; como no caso do trabalho de Schwartz; quer como recomendações para o
ensino da matemática na formação de outros profissionais.
* * * * * * * * *
QUADRO 26: Sumário do BSPM, Vol. 7, N°1
1ª SÉRIE:
VOL.7, N° 1: FEVEREIRO DE 1964
Editado por Haroldo Costa
Nesse volume constam os seguintes tópicos:
ESCOLA MATEMÁTICA POLONESA * (por Waclaw Sierpinski)
* Transcrito do “Boletim Informativo da CAPES”, n. 132 (1963).
JACQUES HADAMARD (por Algacyr Munhoz Maeder)
DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÃO CIENTÍFICA
PUBLICAÇÕES RECENTES
SOCIEDADE PARANAENSE DE MATEMÁTICA –
RELATÓRIO DA DIRETORIA
RELATIVO A 1963
189
ILUSTRAÇÃO 15 : Capa do BSPM, Vol. 7, N°1
Os dois primeiros trabalhos desse volume, apesar de não serem escritos por
historiadores em matemática, dão contribuições importantes para essa área.
* * * * * * * * *
QUADRO 27: Sumário do BSPM, Vol. 7, N°2
1ª SÉRIE:
VOL.7, N° 2: AGOSTO DE 1964
Editado por Haroldo Costa
Nesse volume constam os seguintes tópicos:
A ESTRUTURA DA CIÊNCIA SOVIÉTICA * (por E. FIODOROV)
* Traduzido de “Nauka v SSSP” por Serge P. Monoide
PREPARAÇÃO DE CIENTISTAS NA UNIÃO SOVIÉTICA * (Acadêmico I.
NESTOROVICH VEKUA, Reitor da Universidade de Novosibirsk)
* Traduzido do “Pravda” de 30 de janeiro de 1963 por Serge P. Monoide
A PROFISSÃO DE MATEMÁTICO * (A. N. KOLMOGOROV, Professor da
Universidade de Moscou)
* Traduzido da 3ª edição (1959) por Serge P. Monoide
NOTICIÁRIO
190
ILUSTRAÇÃO 16 : Capa do BSPM, Vol. 7, N°2
Observamos, especialmente nesse volume, traduções de trabalhos escritos em russo.
Como informamos, Serge P. Monóide era um pseudônimo utilizado pelo professor Jayme
Machado Cardoso.
* * * * * * * * *
QUADRO 28: Sumário do BSPM, Vol. 7, N°3
1ª SÉRIE:
VOL.7, N° 3: OUTUBRO DE 1964
Editado por Haroldo Costa
Nesse volume constam os seguintes tópicos:
O QUE É GEOMETRIA ALGÉBRICA? * (FEDERICO GAETA, Professor do
Instituto de Pesquisas Matemática da Universidade de São Paulo)
* Conferência proferida no Inst. de Mat. da Universidade do Paraná, no dia 11/11/1963
A LÓGICA E A MATEMÁTICA O IDÊNTICAS? * (LEON A. HENKIN,
Professor da Universidade da Califórnia, Berkeley)
* Este artigo foi adaptado de uma comunicação feita em 5 de setembro de 1961 ao
Congresso Canadense de Matemática, em Montreal. Traduzido de Science, v. 138 (1962), p. 788-
794 por Ayda I. Arruda
MATEMÁTICA MODERNA NO ENSINO
FELIZ ENCONTRO ENTRE A
LÓGICA, A PSICOLOGIA E A PEDAGOGIA * (OSVALDO SANGIORGI, Professor da
Universidade Mackenzie, São Paulo)
* Extrato do Seminário realizado pelo Prof. Sangiorgi, em 27/4/1964, a convite do
Departamento de Educação, da Faculdade de Filosofia da Universidade de São Paulo
191
ILUSTRAÇÃO 17 : Capa do BSPM, Vol. 7, N°3
* * * * * * * * *
QUADRO 29: Sumário do BSPM, Vol. 8, N°1
1ª SÉRIE:
VOL.8, N° 1: FEVEREIRO DE 1965
Editado por Serge P. Monoide
Nesse volume constam os seguintes tópicos:
O ENSINO DA ASTRONOMIA NA FRANÇA * (J. KOVALE
VSKY, Astrônomo do
Bureau dês Longitudes, Paris)
* Traduzido por NEIDE M. SCHNEIDER.
MATEMÁTICA MODERNA NO ENSINO
FELIZ ENCONTRO ENTRE A
LÓGICA, A PSICOLOGIA E A PEDAGOGIA * (OSVALDO SANGIORGI, Professor da
Universidade Mackenzie, São Paulo)
* Extrato do
Seminário realizado pelo Prof. Sangiorgi, no Departamento de Educação,
da Faculdade de Filosofia da Universidade de São Paulo
INSTITUTO DE MATEMÁTICA DA UNIVERSIDADE DO PARANÁ
RELATÓRIO DAS ATIVIDADES DURANTE O ANO DE 1964
SOCIEDADE PARANAENSE DE MATEMÁTICA
RELATÓRIO DA DIRETORIA
RELATIVO A 1964
192
ILUSTRAÇÃO 18 : Capa do BSPM, Vol. 8, N°1
O relatório do Instituto de Matemática da Universidade do Paraná traz diversas
informações, algumas já declaradas por nossos depoentes, de atividades desenvolvidas pelos
docentes daquele órgão como também divulgação de publicações de caráter científico.
Verificamos que a SPM e o Instituto desenvolviam atividades em conjunto, o que facilitou a
contratação de professores visitantes e o desenvolvimento de pesquisas, seminários e cursos.
* * * * * * * * *
193
QUADRO 30: Sumário do BSPM, Vol. 8, N°2/3
1ª SÉRIE:
VOL.8, N° 2/3: AGOSTO DE 1965
Editado por Serge P. Monoide
Nesse volume constam os seguintes tópicos:
SOLUÇÃO DE UM PROBLEMA DE GEOMETRIA DESCRITIVA (ONALDO
PINTO DE OLIVEIRA)
O ENSINO DA FÍSICA NA ARGENTINA (CARLOS ALBERTO GARCIA
CANAL, da Universidade Nacional de Brasília)
QUADRADOS LATINOS (SERGE P. MONOIDE, Editor BSPM)
NOTICIÁRIO
ILUSTRAÇÃO 19 : Capa do BSPM, Vol. 8, N°2/3
* * * * * * * * *
194
QUADRO 31: Sumário do BSPM, Vol. 9
1ª SÉRIE:
VOL.9: 1966
Editado por Serge P. Monoide
Nesse volume constam os seguintes tópicos:
OPERADOR DERIVADO (JAYME MACHADO CARDOSO)
O CENTRO DE PROCESSAMENTOS DE DADOS EM UMA UNIVERSIDADE
(SERGE P. MONOIDE, Editor BSPM)
OLIMPÍADAS MATEMÁTICAS NA UNIÃO SOVIÉTICA
SOCIEDADE PARANAENSE DE MATEMÁTICA
RELATÓRIO DA
DIRETORIA RELATIVO A 1965
RELATÓRIO DA DIRETORIA RELATIVA AO PERÍODO de 15 de março a 26 de
outubro de 1966
ILUSTRAÇÃO 20 : Capa do BSPM, Vol. 9
195
Constatamos que nesse volume não há numeração, ou seja, foi editado um único
volume para o ano de 1967.
* * * * * * * * *
QUADRO 32: Sumário do BSPM, Vol. 10
1ª SÉRIE:
VOL.10: 1967
Editado por Serge P. Monoide
Nesse volume constam os seguintes tópicos:
A MATEMÁTICA ESTÁ EM MARCHA * (I. G. PETROVSKII, Reitor da
Universidade de Moscou **)
* Traduzido por Serge P. Monoide, do Pravda de 10 de setembro de 1966
** O Prof. Petrovskii, membro da Academia de Ciências da URSS, foi o Presidente do
Congresso Internacional de Matemáticos realizado em Moscou em 1966
SOBRE OS OPERADORES TOPOLÓGICOS USUAIS (JAYME M. CARDOSO)
A MATEMÁTICA APLICADA
NA SUIÇA (CHARLES BLANC, Professor da
Universidade de Lausane)
SEÇÃO PLANA DA ESFERA (JAYME MACHADO CARDOSO)
OLIMPÍADAS MATEMÁTICAS
RELATÓRIO DO PROF. NEWTON C. A. DA COSTA –
APRESENTADO AO
CONSELHO NACIONAL DE PESQUISAS
PUBLICAÇÕES RECENTES
NOTICIÁRIO
ILUSTRAÇÃO 21 : Capa do BSPM, Vol. 10
Esse foi o último volume editado nessa série.
196
A segunda série data de 1980 a 1999, e a terceira série teve início em 2002, com a
transferência do foro da cidade de Curitiba para Maringá. Como complementação dessa seção,
apresentamos a seguir os sumários, bem como ilustramos as capas das edições das segunda e
terceira séries
24
.
TABELA 2: SUMÁRIO DO BSPM, 2ª SÉRIE, VOL.1, N°1
Boletim da Sociedade Paranaense de Matemática. Série. Vol.1, n.º 1, p.1-42.
Curitiba. Abril de 1980
Sumário
DORTMANN – O processo da passar ao limite ----------------------------------
p.01
KLEIS – Combinação com elementos duplos ------------------------------------ p.15
BARSOTTI – Influência dos problemas sobre matemática ---------------------
p.18
TAVARES – Um método de ensino da Matemática -----------------------------
p.34
Seção de Problemas ---------------------------------------------------------------- p.38
Noticiário ------------------------------------------------------------------------- p.40
ILUSTRAÇÃO 22: CAPA DO BSPM, 2ª SÉRIE, VOL.1, N°1
24
Os sumários dessas séries também estão disponíveis por meio do sítio: www.spm.uem.br /bspm/index.htm
197
TABELA 3: SUMÁRIO DO BSPM, 2ª SÉRIE, VOL.2, N°1
Boletim da Sociedade Paranaense de Matemática. Série. Vol. 2, 1, p.1-38.
Curitiba. Abril de 1981
Sumário
PEREIRA DA SILVA – Olimpíadas da Matemática ---------------------------- p.01
KLEIS – Números amigos ---------------------------------------------------------- p.09
NACHBIN – A evolução da física matemática e da análise funcional a ela
relacionada, o seu papel num país em desenvolvimento ------------------------
p.17
MORMUL – Demonstração de que só podem existir 5 poliedros convexos
regulares -
p.27
Publicações Recentes --------------------------------------------------------------- p.31
Seção de Problemas ---------------------------------------------------------------- p.34
Noticiário -------------------------------------------------------------------------- p.36
ILUSTRAÇÃO 23: CAPA DO BSPM, 2ª SÉRIE, VOL.2, N°1
198
TABELA 4: SUMÁRIO DO BSPM, 2ª SÉRIE, VOL.3, N°2
Boletim da Sociedade Paranaense de Matemática.2º Série. Vol.3, n.º 2, p.43-77.
Curitiba. Outubro de 1982
Sumário
KURATOWSK – Ao Serviço da Ciência e da Nação --------------------------- p.43
STARKE – Números Perfeitos ------------------------------------------------------
p.53
MIYAÓKA – Sobre um limite notável -------------------------------------------- p.63
COIFMAN & CARDOSO – As Cissóides como Casos Particulares das
Ciclóides -------------------------------------------------------------------------------
p.67
Publicações Recentes -----------------------------------------------------------------
p.69
Seção de Problemas ----------------------------------------------------------------- p.71
Noticiário ---------------------------------------------------------------------------- p.75
ILUSTRAÇÃO 24: CAPA DO BSPM, 2ª SÉRIE, VOL.3, N°2
199
TABELA 5: SUMÁRIO DO BSPM, 2ª SÉRIE, VOL.4, N°1
Boletim da Sociedade Paranaense de Matemática. Série. Vol.4, n.º 1, p.1-30. Curitiba.
Abril de 1983
Sumário
CARDOSO – Constantino Menezes de Barros ----------------------------------- p.01
KOLATA – Hua dá forma à matemática chinesa -------------------------------- p.03
CARNIERI – Introdução à pesquisa operacional ---------------------------------
p.11
Publicações Recentes --------------------------------------------------------------- p.22
Seção de Problemas ---------------------------------------------------------------- p.25
Noticiário --------------------------------------------------------------------------- p.27
ILUSTRAÇÃO 25: CAPA DO BSPM, 2ª SÉRIE, VOL.4, N°1
200
TABELA 6: SUMÁRIO DO BSPM, 2ª SÉRIE, VOL.4, N°2
Boletim da Sociedade Paranaense de Matemática.2º Série .Vol.4, n.º 2, p.31-74. Curitiba.
Outubro de 1983
Sumário
CARDOSO – Braquistócrona. Isócrona. Tautócrona. --------------------------- p.31
KLEIS – Equações cúbicas --------------------------------------------------------- p.33
COIFMAN & CARDOSO – Nova construção para as besáceas ---------------
p.41
MOCHON COSTA – Esferas tangents a 4 esferas -------------------------------
p.44
POMBO JR & CARDIA – Uma aplicação do teorema de Ascoli ------------- p.49
PEREIRA DA SILVA – Presente de grego? --------------------------------------
p.56
UNESCO ------------------------------------------------------------------------- p.65
Relatório da IV Olimpíada Estadual de Matemática -----------------------------
p.67
Publicações Recentes ------------------------------------------------------------- p.68
Seção de Problemas -------------------------------------------------------------- p.71
Noticiário -------------------------------------------------------------------------- p.72
ILUSTRAÇÃO 26: CAPA DO BSPM, 2ª SÉRIE, VOL.4, N°2
201
TABELA 7: SUMÁRIO DO BSPM, 2ª SÉRIE, VOL.5, N°1
Boletim da Sociedade Paranaense de Matemática. Série. Vol.5, n.º 1, p.1-38.
Curitiba. Abril de 1984
Sumário
PEREIRA DA SILVA – Sobre Diofante de Alexandria -------------------------
p.01
CARDOSO – Sobre as ordenações nos anéis de Boole ------------------------- p.11
RIBENBOIM – A história do último teorema de Fermat ----------------------- p.14
BARSOTTI – Nota sobre conóide e limite (1ª parte) ----------------------------
p.33
ILUSTRAÇÃO 27: CAPA DO BSPM, 2ª SÉRIE, VOL.5, N°1
202
TABELA 8: SUMÁRIO DO BSPM, 2ª SÉRIE, VOL.5, N°2
Boletim da Sociedade Paranaense de Matemática.2º Série.Vol.5, n.º 2,p.39-104.
Curitiba. Outubro de 1984
Sumário
CARDOSO – A Segunda seção áurea -------------------------------------------- p.39
ARTIN – Teoria das tranças ------------------------------------------------------ p.42
RAGGIO – Algumas observações sobre la filosofia de la lógica de Newton
C. A. da Costa ------------------------------------------------------------------------
p.55
PEREIRA DA SILVA – Évariste Galais: A vida efêmera de um gênio ------ p.63
PINTO et alii – Uma extensão de um teorema de J. Van Teil ------------------
p.93
NACHBIN – Algumas observações pessoais de Mário Schenberg ----------- p.97
Índice do volume 5 --------------------------------------------------------------- p.104
ILUSTRAÇÃO 28: CAPA DO BSPM, 2ª SÉRIE, VOL.5, N°2.
203
TABELA 9: SUMÁRIO DO BSPM, 2ª SÉRIE, VOL.6, N°1
Boletim da Sociedade Paranaense de Matemática. Série. Vol.6, n.º 1, p.1-74. Curitiba.
Abril de 1985
Sumário
CHUAQUI – Alfred Tarski, matemática de verdade ----------------------------- p.01
LINHARES – Algoritmos simples para construção de base ---------------------
p.11
COIFMAN – A curva ALJOR e suas projeções ----------------------------- p.19
NACHBIN – Ensino e Pesquisa, Serventia e Criatividade ---------------------- p.27
MIRÓ QUESADA – La Filosofia de la Lógica de N. Costa ---------------------
p.35
TORRIANI – Sofia Kovalevskaya, o Pião Assimétrico e a Álgebra de Lie ---
p.59
ILUSTRAÇÃO 29: CAPA DO BSPM, 2ª SÉRIE, VOL.6, N°1
204
TABELA 10: SUMÁRIO DO BSPM, 2ª SÉRIE, VOL.6, N°2
Boletim da Sociedade Paranaense de Matemática.2º Série.Vol.6,nº 2, p.75-116. Curitiba.
Outubro de 1985
Sumário
ZORN – Demonstrada a conjectura de Bieberbach ------------------------------
p.75
DA COSTA – Ciência e Verdade ----------------------------------------------- p.79
COIFMAN & CARDOSO – Jazida de Lemniscadas ----------------------------
p.95
Errata ---------------------------------------------------------------------------- p.115
Índice do volume 6 --------------------------------------------------------------- p.116
ILUSTRAÇÃO 30: CAPA DO BSPM, 2ª SÉRIE, VOL.6, N°2
205
TABELA 11: SUMÁRIO DO BSPM, 2ª SÉRIE, VOL.7, N°1
Boletim da Sociedade Paranaense de Matemática. Série. Vol.7, n.º 1, p.1-66. Curitiba.
Abril de 1986
Sumário
PEREIRA DA SILVA – Uma Breve História do Número π ---------------------
p.01
DIAS DOS SANTOS & CARVALHO DA SILVA – Sobre Condições de
convergência do método das Aproximações sucessivas --------------------------
p.09
COFMAN – Jazida de Elipse ----------------------------------------------------- p.19
GARDING & HORMANDER – Por quê existe Prêmio Nobel de
Matemática? -------------------------------------------------------------------------
p.21
SEGAL – Mathematics and German Politics: The National Socialist
Experience ----------------------------------------------------------------------------
p.25
CASTRUCCI & FERREIRA RAMOS – Um modelo de Plano Não-
Desarguesiano de Ordem 81 ----------------------------------------------------------
p.61
ILUSTRAÇÃO 31: CAPA DO BSPM, 2ª SÉRIE, VOL.7, N°1
206
TABELA 12: SUMÁRIO DO BSPM, 2ª SÉRIE, VOL.7, N°2
Boletim da Sociedade Paranaense de Matemática.2º Série.Vol.7, n.º 2, p.67-160. Curitiba.
Outubro de 1986
Sumário
CASTRUCCI & FERREIRA RAMOS – Um modelo de Plano Finito Não-
Desarguesiano de Ordem 27 -------------------------------------------------
p.67
KOBLITZ – Sofia Kovalevskaia e a Comunidade Matemática ----------------
p.73
COIFMAN & CARDOSO – Sobre a Lemniscada de Gérono ----------------- p.105
RAIMI – What is Mathematics? -------------------------------------------------- p.109
DORIA – Chaos and Nonalgorithmic Functions ---------------------------------
p.119
BARSOTTI – Nota sobre Conóides e Limites (2ª parte) ----------------------- p.127
DA COSTA – Tarski, Sebastião e Silva e o Conceito de Estrutura ----------- p.137
MIÑOZ RIVERA – Controle Ótimo e Equação de Propagação de Calor:
Sistema de Otimaldade – Lagragiano – Aproximação Numérica --------------
p.147
Errata do volume 7, nº 1 (Erratum) ----------------------------------------------- p.159
Índice do volume 7 (1986) -------------------------------------------------------- p.160
ILUSTRAÇÃO 32: CAPA DO BSPM, 2ª SÉRIE, VOL.7, N°2
207
TABELA 13: SUMÁRIO DO BSPM, 2ª SÉRIE, VOL.8, 1
Boletim da Sociedade Paranaense de Matemática. 2º Série. Vol.8, n.º 1, p.1-139.
Curitiba. Abril de 1987
Sumário
COSTA, Newton da – O Conceito de Estrutura em Ciência -------------------
p.01
CARDOSO – Operadores Associados ao Derivado -----------------------------
p.23
DOTTO – Dilatação -------------------------------------------------------------- p.25
SILBERGER – On Graphs and the Product of Transpositions ----------------
p.37
PEREIRA DA SILVA – Sobre Arquimendes de Siracusa ---------------------
p.51
CARVALHO MOTTOLA – Cálculo da Área de uma Região Plana ---------
p.69
KEIS – Um Algoritmo para a Extração da Raiz Quadrada ---------------------
p.73
KRAUSE – O Conceito Bourbakista de Estrutura ------------------------------ p.77
SOUZA ESCHENAZI – Não-Integrabilidade do Problema Restrito de Três
Vértices Pontuais em Domínios Circulares --------------------------------------
p.103
ILUSTRAÇÃO 33: CAPA DO BSPM, 2ª SÉRIE, VOL.8, N°1
208
TABELA 14: SUMÁRIO DO BSPM, 2ª SÉRIE, VOL.8, N°2
Boletim da Sociedade Paranaense de Matemática. Série. Vol. 8, n.º 2, p.141-350.
Curitiba. Outubro de 1987
Sumário
Z. PULGA & DA COSTA – Lógica Deôntica e Direito ----------------------- p.141
PORTO DA SILVEIRA – Vem Aí uma Nova Revolução na Prática e
Ensino de Matemática? -------------------------------------------------------------
p.155
ENGEL – Modelos Matemáticos en Biologia un Ensayo sobre Descripcion
y Lenguaje ----------------------------------------------------------------------------
p.169
DORIA, BARROS & RIBEIRO DA SILVA – Noncomputable Functions,
Generic Functions and Randon Sequences ---------------------------------------
p.197
STÉDILE & FERRAZ – Métrica Hermidiana em Gravitação -----------------
p.217
RUIZ ZÚÑIGA – Fundamentos para uma Nueva Actitud en la Enseñanza
Moderna de las Matemáticas Elementares ---------------------------------------
p.233
DA COSTA & CHUAQUI – Interpretação e Modelos em Ciência -----------
p.257
EUFRÁSIO FILHO – Algoritmos Simpliciais e Topologia ------------------- p.277
PORTO DA SILVEIRA – É Via a série de Taylor que sua Minicalculadora
Avalia as Funções Transcendentes? -----------------------------------------------
p.311
CHAVES NETO – Bootstrap e Regressão. Uma opção aos Mínimos
Quadrados Generalizados -----------------------------------------------------------
p.325
ILUSTRAÇÃO 34: CAPA DO BSPM, 2ª SÉRIE, VOL.8, N°2
209
TABELA 15: SUMÁRIO DO BSPM, 2ª SÉRIE, VOL.9, N°1
Boletim da Sociedade Paranaense de Matemática. 2º Série. Vol. 9, n.º 1, p.1-138. Curitiba.
Abril de 1988
Sumário
RIBENBOIM – O Famoso Polinômio de Euler, Gerador de Primos e o
Número de Classes de Corpos Quadráticas Imaginários ------------------------
p.01
CARVALHO PEREIRA – Problemas Mistos para uma Equação de
Vibrações Não Lineares -------------------------------------------------------------
p.31
ANDRADE – O Teorema de Carleson-Hunt -------------------------------------
p.43
RUIZ CLAEYSSEN – Introdução às Funções Matriciais ---------------------- p.59
CORCORAN – Estrutura Conceptual na Lógica Clássica --------------------- p.77
ANDRADE – A Fórmula de Pick ----------------------------------------------- p.119
NOTAS MATEMÁTICAS
CARDOSO – Sobre Homologia Plana --------- p.129
COIFMAN – Folium de Descartes Oblíquo -------------------------------------- p.131
CARDOSO – Equação de Algumas Cissóides ----------------------------------- p.13
ILUSTRAÇÃO 35: CAPA DO BSPM, 2ª SÉRIE, VOL.9, N°1
210
TABELA 16: SUMÁRIO DO BSPM, 2ª SÉRIE, VOL.9, N°2.
Boletim da Sociedade Paranaense de Matemática. Série. Vol. 9, n.º 2, p.139-186.
Curitiba. Outubro de 1988
Sumário
ANDRADE & MARINO – Versão Intervelar de Mëtodos Interativos para
Solução Numérica de Sistemas de Equações Lineares e Algébricas ----------
p.139
HRISTOV & BAINOV – Application of Lyapunov’s Functions to Finding
Periodic Solution of Systems of Differential Equations with Impulses -------
p.151
HSIANG – Remarks on Generalized Minkowiski Functionalis and
Barrelled Space ----------------------------------------------------------------------
p.165
KIM – Variants of the Well Ordering Theorem and the Axioms of Choice
And Multiple Choice -----------------------------------------------------------------
p.177
CRIPPA – Uma Condição para Um Grupo Finito Ser Cíclico -----------------
p.183
ILUSTRAÇÃO 36: CAPA DO BSPM, 2ª SÉRIE, VOL.9, N°2
211
TABELA 17: SUMÁRIO DO BSPM, 2ª SÉRIE, VOL.10, N°1/2
Boletim da Sociedade Paranaense de Matemática. Série. Vol. 10, n.º 1/2, p.1-54.
Curitiba. Abril/Outubro de 1989
Sumário
DOTTO – Linha da Fundamentação dos Infitésimo ------------------------------ p.01
KIM – Two Generalized Well Ordering O
w
n -------------------------------------------------------
p.15
BAINOV, KOSTADINOV & ZABREIKO – Existence of Lp – Solutions of
Linear Equations with Effect ---------------------------------------------------------
p.19
RESENHAS
CORCORAN & SHAPIRO ----------------------------------------------------- p.31
GOMES ------------------------------------------------------------------------- p.49
ANDRADE ---------------------------------------------------------------------- p.51
ILUSTRAÇÃO 37: CAPA DO BSPM, 2ª SÉRIE, VOL.10, N°1/2
212
TABELA 18: SUMÁRIO DO BSPM, 2ª SÉRIE, VOL.11, N°1
Boletim da Sociedade Paranaense de Matemática. 2º Série. Vol. 11, n.º 1, p.1-56. Curitiba.
Abril de 1990
Sumário
GRANA – On a Minimal Nom-alethic Predicate Logic --------------------------
p.01
DA COSTA – Novos Fundamentos para a Lógica Deôntica -------------------- p.05
MANARA – Comparação de Vários Algoritmos de Quadratura Automática
(Adaptativa ou não Adaptativa) Assemelhados aos de Romberg ---------------
p.11
DISHLIEV & BAINOV – Uniform Stability with Respect to the
Disturbances of the Solutions of Differential Equation with Impulses ---------
p.41
RESENHAS
PUGA ---------------------------------------------------------------------------- p.51
D’AMBRÓSIO ----------------------------------------------------------------- p.54
D’AMBRÓSIO ------------------------------------------------------------------ p.55
ILUSTRAÇÃO 38: CAPA DO BSPM, 2ª SÉRIE, VOL.11, N°1
213
TABELA 19: SUMÁRIO DO BSPM, 2ª SÉRIE, VOL.11, N°2
Boletim da Sociedade Paranaense de Matemática. Série. Vol. 11, n.º 2, p.57-176.
Curitiba. Outubro de 1990
Sumário
BOAVENTURA & CUMINATO – Regras de Quadratura Redutíveis para
Equações Integrais de Volterra de Segunda Espécie ---------------------------
p.57
LEITE – Na Interative Method for the Solution of Linear Algebraic
Systems ------------------------------------------------------------------------------
p.73
FERREIRA & CARVALHO PEREIRA – Existence of Global Weak
Solutions for Equation of Nonlinear Vibration ---------------------------------
p.79
DA COSTA – A Importância Filosófica da lógica Paraconsistente --------- p.91
FIGUEROA – Function Algebras under the Twisted Product ----------------
p.115
MIRANDA – Traços para o Dual dos Espaços do Sobolev -------------------
p.131
KRAUSE – A "dialetização" da Teoria Tradicional da Identidade ---------- p.159
ILUSTRAÇÃO 39: CAPA DO BSPM, 2ª SÉRIE, VOL.11, N°2
214
TABELA 20: SUMÁRIO DO BSPM, 2ª SÉRIE, VOL.12/13, N°1/2
Boletim da Sociedade Paranaense de Matemática. 2º Série. Vol. 12/13, n.º 1/2,
p.1-156. Curitiba. 1991/1992
Sumário
GROUNDS & SILBERGER – An Elementary Calculus View Towards
Fermat’s LastTheorem --------------------------------------------------------------
p.09
LOUREURO – Paraconcistent International Logic -----------------------------
p.17
OLIVEIRA – Breve Ensaio sobre a Extensão aos Quaterniões da
Exponencial, Logaritmo e Potência -----------------------------------------------
p.21
FUSCO – Construção com Régua e Compasso ----------------------------------
p.27
QING-YU – Paraconsistent Modal Logics C
n
G’, n ω -----------------------
p.33
GRANA – Remarks on the ANF System -----------------------------------------
p.43
SILVA – Comte: Suas Influências sobre a Matemática Brasileira ------------
p.47
FARAH – Produtos Lexicográfico e Antilexicográfico ------------------------ p.67
COSTA & ALCANTARA – On Paraconsistent Set Theories -----------------
p.77
ENGEL – Some Questions in Theoretical Chemical Kinetics I – Part I --- p.83
SAMPAIO – On the Difference of two Maximal Monotone Operators ------
p.95
KRAUSE – Algumas observações a propósito da reedição de Sistemas
Formais Inconsistentes --------------------------------------------------------------
p.101
CUEVA – Two New Classes of Locally K – Convex Spaces ----------------- p.115
COSTA & DORIA – Continuous & Discrete: A Research Program --------- p.123
Notas Matemáticas
I – Bernardes Jr. – A New Proof of Result Due to Weil ------------------------
--
p.131
II – Grupo de Pesquisa em História da Matemática -----------------------------
--
p.133
RESENHAS
I – GRANA – Sulla teoria delle valutazioni di N.C.A. da Costa --------------
p.137
II – CORSI et al. – Bridging the gap: philosophy, mathematics and physics:
lectueres on the foundations of science -------------------------------------------
p.141
III – F. OLIVEIRA – Lógica e Aritmética -------------------------------- p.145
IV – T. OLIVEIRA – Probabilidade e Estatística ------------------------------- p.149
V – RESTIVO – The Sociological worldview by sal -------------------------- p.151
215
ILUSTRAÇÃO 40: CAPA DO BSPM, 2ª SÉRIE, VOL.12/13, N°1/2
216
TABELA 21: SUMÁRIO DO BSPM, 2ª SÉRIE, VOL.14, N°1/2
Boletim da Sociedade Paranaense de Matemática Série. Vol. 14, n.º 1/2, p.1-110.
Curitiba. 1993/1994
Sumário
FARAH – Le Théorème de Tychonoff pour les Produits Finis d’Espaces
Compacts -----------------------------------------------------------------------------
p.1
DA COSTA & QING-YO – The Weak Paraconsistent Conditional Logic
CnW ------------------------------------------------------------------------------------
p.11
CELANI – Álgebras de Heyting – Trivalentes Involutivas ---------------------
p.21
ANDRADE – Equações Não-Lineares em Espaços de Banach ----------------
p.33
BÉZIAU – De la Logique Formelle a la logique Abstraite ---------------------
p.41
DA SILVA – O Desenvolvimento da Geometria Analítica e a Influência de
Descartes e Euler na Obra de Auguste Comte ------------------------------------
p.51
FERREL & DE LA CRUZ – Observações sobre Sentinelas para Sistemas
Distribuídos com Dados Incompletos ---------------------------------------------
p.79
CÁCERES – Sentinela Discriminate com um Observatório Dependendo do
Tempo
p.93
VÁSQUEZ – Uma Semântica Compacta Mínima para a Lógica de Segunda
Ordem
p.101
ILUSTRAÇÃO 41: CAPA DO BSPM, 2ª SÉRIE, VOL.14, N°1/2
217
TABELA 22: SUMÁRIO DO BSPM, 2ª SÉRIE, VOL.15, N°1/2
Boletim da Sociedade Paranaense de Matemática. Série. Vol. 15, n.º 1/2, p.1-98.
Curitiba. 1995
Sumário
PEÑA – Algunos aspectos del desarrollo de la lógica en el Brasil --------------
p.09
UYEMOV – The language of ternary description as a logic, I ------------------ p.25
BÉZIAU – Negation: what it is & what it is not -----------------------------------
p.37
MACIEL & FERREIRA – Decay of solutions of some nonlinear hyperbolic-
parabolic Equations --------------------------------------------------------------------
p.45
TO FU MA – Remarks on nontrivial solutions of a resonant elliptic problem
p.51
COUSIN – On a nonlinear model for vibrations of beams in unbounded
domanis
p.55
CLARK – Einstein – Podolski – Rosen paradox: a mathematically Complete
exposition ----------------------------------------------------------------------------
p.67
PEÑA – On some classes of operators derived from iterated Riemann –
Liouville Fractional integrals ---------------------------------------------------------
p.83
ILUSTRAÇÃO 42: CAPA DO BSPM, 2ª SÉRIE, VOL.15, N°1/2
218
TABELA 23: SUMÁRIO DO BSPM, 2ª SÉRIE, VOL.16, N°1/2.
Boletim da Sociedade Paranaense de Matemática. Série. Vol. 16, n.º 1/2 , p.1-120
Curitiba.1996
Sumário
BAINOV & DIMITROVA – Oscillation of impulsive defferencial
equations with deviating argument -------------------------------------------------
p.09
CARVALHO & RODRIGUES JR. – Uma topologia mais fina para o
espaço de Minkowski ----------------------------------------------------------------
p.23
CIFUENTES – Compactificação de espaços topológicos zero –
dimensionais e de lógicas abstratas ------------------------------------------------
p.39
SANT’ANNA – The Atiyah – Singer Fixed Point Theorem and the Gauge
Field Copy Problem ------------------------------------------------------------------
p.59
YUAN – Numerical comparisons of numerical methods for generalized
least squares problems ---------------------------------------------------------------
p.63
SAMPAIO, SUN & YUAN – Unified superlinear convergence of some
algorithms for LC1 optimization ---------------------------------------------------
p.79
KOUNEIHER & BALAN – Algébres et Horloges: gravitation quantique ---
p.87
VARELA – Free n – valued post algebras over a poset -------------------------
p.109
ILUSTRAÇÃO 43: CAPA DO BSPM, 2ª SÉRIE, VOL.16, N°1/2
219
TABELA 24: SUMÁRIO DO BSPM, 2ª SÉRIE, VOL.17, N°1/2
Boletim da Sociedade Paranaense de Matemática. Série. Vol. 17, n.º 1/2, p.1-112
Curitiba. 1997
Sumário
BAINOV, MINCHEV & MYSHKIS – Monotone iterative method for
semilinear parabolic systems of operator-differential equations ---------------
p.09
VAZ JR. & RODRIGUEZ JR. – On the equation x a = ra LOPES &
ZAGO – A method to solve matricial equations of the type Σ
p
i= 1
A
i
XB
i=
C -
p.25
TÉLLEZ – A generalization of Pizetti’s formula ---------------------------------
p.41
DA COSTA, KOUNEIHER & BALAN – Continu et infinis: introduction à
l’analyse Pré-et antéréelle ------------------------------------------------------------
p.51
CELANI – Una nota sobre homomorfismo de álgebras modales
tetravalentes ---------------------------------------------------------------------------
p.65
UYEMOV – Language of ternary description as deviant logic, II -------------
p.71
ATANASSOV – Intuitionistic fuzzy logics and three logical axiomatic
systems ---------------------------------------------------------------------------------
p.83
KRAUSE, BÉZIAU & BUENO – Estruturas em Ciência ---------------------- p.91
ILUSTRAÇÃO 44: CAPA DO BSPM, 2ª SÉRIE, VOL.17, N°1/2
20
TABELA 25: SUMÁRIO DO BSPM, 2ª SÉRIE, VOL.18, N°1/2
Boletim da Sociedade Paranaense de Matemática. Série. Vol.18, 1 /2, p.1-210.
Curitiba. 1998
Sumário
BAINOV & DIMITROVA – Oscillatory properties of the solutions of
impulsive differential equations with a deviant argument and nonconstant --
p.09
BAINOV, DISHLIEV & STAMOVA – Continuous dependence of solution
of impulsive systems of differential-difference equations on initial data and
on a parameter ------------------------------------------------------------------------
p.21
ZAYED- Short-time asymptotics of the spectral distribution of the wave
equation in R
3
for a multiply connected domain with Robin Boundary
conditions ------------------------------------------------------------------------------
p.35
GÓMEZ&MENDOZA- O funcional Dirichlet-Neumann unidimensional----
p.47
VASANTHA&MEIYAPPAN- Bigroup and fuzzy bigrou ------------------- p.59
TABOV&KOLEV-A geometrical approach to waves and blow-up in non
homogeneous media ----------------------------------------------------------------
p. 67
SCHMEELK- Quasiasymptotic behavior of a generalized Stieltjes
transform in a generalized dual fock space----------------------------------------
p.77
BERSELLI- Remarks on the electrohydrodynamics equations in a domain
with moving boundary -------------------------------------------------------------
p.87
SOUZA – Remarks on paraclassical logic ----------------------------------------
p.107
GASPARIM- On the topology of holomorphic bundles -------------------- p.113
MAGALHÃES- Axiomatização e estrutura da teoria sintética da evolução -
p.121
BASTOS, BORTOLOZZI, SABOURIN&KAESTNER- Mathematical
modelation of handwritten signatures by conics----------------------------------
p.135
RODRÍGUEZ&GONZÁLES- Musical scales and modes ----------------------
p.147
TALA&MARCHI- Pontos de equilíbrio de jogos com estratégia circulares p.163
BÉZIAU- De Morganlattices, paraconsistency and the excluded middle ---- p.169
UYEMOV- The language of ternary description as deviant logic, III -------- p.173
DURÁN&ESTRADA- The analytic continuation of moment functions and
zeta functions ---------------------------------------------------------------------
p.191
221
ILUSTRAÇÃO 45: CAPA DO BSPM, 2ª SÉRIE, VOL.18, N°1/2
TABELA 26: SUMÁRIO DO BSPM, 2ª SÉRIE, VOL.19, N°1/2
Boletim da Sociedade Paranaense de Matemática. Série. Vol.19, 1 /2, p.1-80.
Curitiba. 1999 (Impresso em setembro de 2002-UFPR)
Sumário
GARCIA, N. M - Index of k-fields finite singularities on an almost-
parallelizable manifold ----------------------------------------------------------
p.09
NOVAK, J; Silberger, Silberger S. - Border come as short as they come
long ---------------------------------------------------------------------------------
p.23
COELHO, F. U e Savioli A. M. P. D. - A note on non-suportive elements
in monomial algebras --------------------------------------------------------------
p.27
DRAGOMIR, S. S. - On an inequality for logarithmic mapping and
aplications for the Shanno Entropy ----------------------------------------------
p.33
DA COSTA, N.C.A. e CAIERO, R.C. - Remarks on type theory ---------- p.43
BRANDÃO, A. J. B; ROJAS-MEDAR, M.A. e SILVA, G. N. - Uma
introdução às funções invexas diferenciáveis com aplicações em
otimização --------------------------------------------------------------------------
p.51
CIFUENTES, J. C. - Grupos abelianos localmente livres --------------------
p.67
222
ILUSTRAÇÃO 46: CAPA DO BSPM, 2ª SÉRIE, VOL.19, N°1/2
TABELA 27: SUMÁRIO DO BSPM, 3ª SÉRIE, VOL.20, N°1/2
Boletim da Sociedade Paranaense de Matemática. 3º Série. Vol.20, n°
1/2,Maringá. 2002
Hausdorff Nonstandard Extensions
V. Benci, M. Forti, M. D. Nasso 9
Some Problems Concerning Definitions in
Mathematics and Physics
S. Sant'Anna 21
On viscous Burgers-like equations with linearly
growing initial data
Y. Giga and K. Yamada ]
29
Long time existence of a class of contact
discontinuities for second order hyperbolic balance
laws
P. Godin 53
A comparative study of the control of two beam
models
V. Komornik, P. Loreti and G. V. Caffarelli 61
Why quasi-sets?
D. Krause 73
General Wentzell boundary conditions,differential
operators and analytic semigroups in C[0,1]
A. Favini,G. R. Goldstein, J. A. Goldstein and S.
Romanelli 93
223
ILUSTRAÇÃO 47: CAPA DO BSPM, 3ª SÉRIE, VOL.20, N°1/2
TABELA 28: SUMÁRIO DO BSPM, 3ª SÉRIE, VOL.21, N°1/2
Boletim da Sociedade Paranaense de Matemática. 3º Série.
Vol.21, nº 1 /2, Maringá. 2003
Research Articles
Multiple Positive Solutions for a Fourth-order
Boundary ValueProblem.
Yaoliang Zhu and Peixuan Weng
Oscillation Criteria for Delay Neutral Di erence
Equations with Positive and Negative Coefficients
Chuan-Jun Tian and Sui Sun Cheng
Simultaneous observability of networks of beams
and strings
Eszter Sikolya
Splitting 3-plane sub-bundles over the product of
two real projective
spaces.
Maria Hermínia de Paula Leite Mello and Mário
Olivero Marques da Silva
224
Análise Complexa e Geometria Diferencial de
certas Superfícies do Espaço hiperbólico
Ricardo Sa Earp
On Nonlinear Coupled System with Nonlocal
Boundary Conditions
M. L. Santos , C. A. Raposo and U. R. Soares
Characterizations of low separation axioms via -
open sets and
aplha-closure operator
M. Caldas, D. N. Georgiou and S. Jafari
Maximal chain transitive sets for local groups.
C. J. Braga Barros and L. A. B. San Martin
Global solutions for a system of Klein-Gordon
equations with memory
D. Andrade and A. Mognon
Essays
Planos e hiperplanos reais e complexos.
Ludmila Bourchtein
Aspectos da Matemática na Exploração
Sustentável de Recursos Pesqueiros
Edson Alves
ILUSTRAÇÃO 48: CAPA DO BSPM, 3ª SÉRIE, VOL.21, N°1/2
225
TABELA 29: SUMÁRIO DO BSPM, 3ª SÉRIE, VOL.22, N°1
Boletim da Sociedade Paranaense de Matemática. 3º Série.
Vol.22, nº 1, Maringá. 2004
Research Articles
On breakdown of solutions of a constrained
gradient system of total variation
Yoshikazu Giga and Hirotoshi Kuroda
Mathematical Problems for a Dusty Gas Flow
Gleb G. Doronin and Nikolai A. Larkin
Koteweg-de Vries Equation in Bounded Domains
Nikolai A. Larkin
Attractors and their struture for semilinear wave
equations with nonlinear boundary dissipation
Igor Chueshov, Matthias Eller, Irena Lasieka
Some results about positive solutions of a
nonlinear equations with a weighted Laplacian
M. Garcia-Huidobro, R. Manasevich and C. Yarur
The stabilization theorems for parabolic systems
with analytic nonlinear and Ljapunov functional
Mikhail Vishnevskii
A class of global weak solutions to the
axisymmetric isentropic Euler equations of perfect
gases in two space dimensions
Paul Godin
On a transmission problem for dissipative Klein-
Gordon-Shrödinger equations
J. A. Soriano and A. Lobeiro
Interior and Boundary Stabilization of Navier-
Stokes equations
Roberto Triggiani
The Nonlinear Transmission Problem with Memory
D. Andrade and Luci H. Fatori
226
ILUSTRAÇÃO 49: CAPA DO BSPM, 3ª SÉRIE, VOL.22, N°1
227
TABELA 30: SUMÁRIO DO BSPM, 3ª SÉRIE, VOL.22, N°2
Boletim da Sociedade Paranaense de Matemática. 3º Série.
Vol.22, nº 2, Maringá. 2004
Research Articles
Nonexistence of global solutions to an elliptic
equation with a dynamical boundary condition
Mokhtar Kirane, Eric Nabana and Stanislav I.
Pohozaev
09
Indirect linear locally distributed damping of coupled
systems
Annick Beyrath
17
Multi-parameter compact matrix quantum group
with generators of norm one
Jiang Lining
35
Independence number, neighborhood intersection
and Hamiltonian properties
Fan Yunzheng
43
The homotopy Type of Seiberg-Witten configuration
space
Celso M. Doria
49
Slightly \gamma-continuous functions
Erdal Ekici and Miguel Caldas 63
The Navier-Stokes flow with linearly growing initial
velocity in the whole space
Okihiro Sawada
75
Exponential decay for the semilinear Cauchy-
Ventcel problem with localized damping
Ammar Khemmoudj and Mohamed Medjden
97
Periodic solutions of a neutral difference system
Gen-Qiang Wang and Sui Sun Cheng
117
Essays
O Teorema de Banach-Tarski
Luciano Panek 127
Algumas propriedades de funções pluriharmônicas
Ludmila Bourchtein and Andrei Bourchtein
145
228
ILUSTRAÇÃO 50: CAPA DO BSPM, 3ª SÉRIE, VOL.22, N°2
229
Apresentamos, nas páginas a seguir (Tabela 31), uma listagem de instituições,
nacionais e estrangeiras, e programas de pós-graduações nacionais que fazem permuta com o
Boletim da SPM. Esta, mesmo que resumidamente, mostra a importância que essa revista tem
conseguido atingir, tanto em nível nacional quanto internacional, contribuindo assim para o
desenvolvimento científico da Matemática no Brasil, e particularmente no Estado do Paraná.
Essa tabela, assim como os sumários dos Boletins, estão disponíveis no sítio da SPM:
www.spm.uem.br.
TABELA 31: DISTRIBUIÇÃO E PERMUTA DO BSPM
INSTITUIÇÕES E REVISTAS CIENTÍFICAS
ACADEMIA DE CIENCIAS DE LATINOAMERICA
FACULTE DES SCIENCES NATURELLES ET
MATHEMATIQUE
BIBLIOTECA CENTRALA UNIVERSITARA
SCHIMB INTERNATIONAL
UNIVERSIDAD DE CONCEPCION .
UNIVERSIDAD DEL VALLE
UNIVERSIDAD NACIONAL DE SAN JUAN
UNIVERSIDAD NACIONAL DE SAN LUIS
UNIVERSIDAD NACIONAL DEL SUR
UNIVERSIDADE DO PORTO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE
JANEIRO
UNIVERSITA ETSBIBLIOTHEK BIELEFELD
ZEITSCHRIFTENSTELLE
UNIVERSITAT ROSTOCK
UNIVERSITY
OF MALAYA
UNIVERSITY
OF MADRAS
UNIVERSITY
OF MICHIGAN SCIENCE
LIBRARY
UNIVERSITY
OF NIS FACULTY OF
ELECTRONIC ENGINEERIN
ZENTRALBLATT FUR DIDAKTIK DER
MATHEMATIK
CONSIGLIO NAZIONALE DELLE RICERCHE
CORNELL
UNIVERSITY LIBRARY-1BABO560
230
FUNDAMENTAL LIBRARY OF THE UZZBEK
KYOTO
UNIVERSITY FACULTY OF SCIENCE
MATHEMATICAL REVIEWS
MATHEMATICS
RESEARCH CENTER
OSAKA
ELECTRO-COMM. UNIVERSITY
PONTIFICIA UNIVERSIDAD JAVERIANA
PUVILL LIBROS , S.A.
SCIENTIA SINICA
SCIENCES AND TECHNOLOGY INFORMATION
INSTITUTE
A. RAZMADZE MATHEMATICAL INSTITUTE
OF THE GEORGIAN ACADEMY OF SCIENCES
SOCIEDAD MATEMATICA MEXICANA
BIBLIOTECA
ACADEMIA DE CIENCIAS FISICAS,
MATEMATICAS Y NATURALES
ACADEMIA COLOMBIANA DE CIENCIAS
EXACTAS, FISICAS Y NATURALES
BIBLIOTECA
ACADEMIA R.S. ROMANIA
ACADEMIA NACIONAL DE CIENCIAS EXACTAS
FISICAS Y NATURALES-ARGENTINA
ACADEMIE ROUMAINE
ACADEMIE BULGARE DES SCIENCES
BANCO REGIONAL DE DESENVOLVIMENTO
DO EXTREMO SUL – BRDE BIBLIOTECA
AMERICAN MATHEMATICAL SOCIETY
BIBLIOTECA PUBLICA DO PARANA
BIBLIOTECA NACIONAL
CENTRO DE INVESTIGACION Y DE
ESTUDIOS AVANZADOS DEL I.P.N.
CANADA INSTITUTE FOR SCIENTIFIC AND
TECHNICAL INFORMATION
EGYPTIAN MATHEMATICAL SOCIETY
CHARLES
UNIVERSITY MATHEMATICAL
INSTITUTE
UNINTER
ELEKTROTEHNICKI FAKULTET KATEDRA ZA
PRIMENJENU MATEMATIKU
St. CYRIL AND METHODIUS UNIVERSITY
GRADUATE
SCHOOL OF MATHEMATICS
NAGOYA UNIVERSITY
INSTITUTO ADVENTISTA DE ENSINO
INSTITUTE
OF MATHEMATICS
JAPANESE ASSOCIATION OF
MATHEMATICAL SCIENCES
IRISH MATHEMATICAL SOCIETY BULLETIN
KOBE
UNIVERSITY – FACULTY OF SCIENCE
JORNAL DE MATHEMATICA ELEMENTAR –
PORTUGAL
KYUNGOPOOK NATIONAL UNIVERSITY-
KOREA
KOREAN MATHEMATICAL SOCIETY
MASARYK
UNIVERSITY - FACULTY OF
SCIENCES DEPARTMENT OF MATHEMATICS-
231
LIBRARY OF CONGRESS OFFICE
NAGOYA
UNIVERSITY SCHOOL OF
SCIENCE
MASARYK
UNIVERSITY - FACULTY OF
SCIENCE
OCHANOMIZU
UNIVERSITY EDITORIAL
OFFICE OF NATURAL SCIENCE REPORT-
GENERAL LIBRARY
MATEMATICKI INSTITUT BIBLIOTEKA KNEZA
REVISTA "THEORIA"
NIHON
UNIVERSITY - INSTITUTE OF NATURAL
SCIENCES
SOCIEDAD COLOMBIANA DE MATEMÁTICAS
PONTIFICIA UNIVERSIDAD CATOLICA DEL
PERU
SOCIEDADE BRASILEIRA DE MATEMATICA
REVISTA "EPSILON" - CENTRO DE
DOCUMENTACION "THALES"
SOCIETE DES MATHEMATICIENS DE SERBIE
SCIENCE
UNIVERSITY OF TOKYO
TOYAMA
UNIVERSITY
SOCIEDADE BRASILEIRA DE MATEMATICA
UNION MATEMATICA ARGENTINA
SOCIEDADE PORTUGUESA DE MATEMATICA
UNISINOS BIBLIOTECA – AQUISICAO
TECHNISCHE UNIVERSITAT WIEN
UNIVERSIDAD DE EXTREMADURA
UNICAMP CENTRO DE LOGICA E
EPISTEMOLOGIA-SETOR DE PUBLICACOES
UNIVERSIDAD DEL ZULIA - FACULTAD
EXPERIMENTAL DE CIENCIAS
UNIONE MATEMATICA ITALIANA -
"BOLLETTINO"
UNIVERSIDAD NACIONAL DE COLOMBIA
UNIVERSIDAD DE BUENOS AIRES
UNIVERSIDAD NACIONAL DE ROSARIO
UNIVERSIDAD DE LA HABANA
UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE
COMPOSTELA
UNIVERSIDAD NACIONAL AUTONOMA DE
MEXICO
UNIVERSITA DE MILANODEPARTIMENTO DI
MATEMATICA – BIBLIOTECA
UNIVERSIDADE DE COIMBRA
UNIVERSITA DI FERRARA
UNIVERSIDADE TUIUTI
UNIVERSITA DI UDINE
UNIVERSITA DI CATANIA
UNIVERSITAT DE BARCELONA
232
UNIVERSITAT AUTONOMA DE BARCELONA
UNIVERSITY
OF MICHIGAN LIBRARY
SERVEI DE BIBLIOTEQUES - INTERCANVI
UNIVERSITY
OF NIS FACULTY OF
PHILOSOPHY - DEPARTMENT OF
MATHEMATICS -"FILOMAT"
UNIVERSITE DU QUEBEC A MONTREAL
UNIVERSITY
OF TEXAS AT AUSTIN ENERAL
LIBRARY / BENSON LATIN AMERICAN
COLLECTION
UNIVERSITY
OF KRAGUJEVAC / TECHNICAL
FACULTY OF CACAK
VICTORIA
UNIVERSITY OF TECNOLOGY
UNIVERSITY
OF MONTENEGRO
YOKOHAMA
CITY UNIVERSITY
UNIVERSITY
OF NOVI SAD
FUKUOKA
UNIVERSITY OF EDUCATION
USTREDNI KNIHOVNA MATEMATICKO-
FYZIKALNI FAKULTY UNIVERZITY KARLOVY
PORTUGALIAE MATHEMATICA
WISKUNDIG GENOOTSCHAP LIBRARY
COLLECTANEA MATHEMATICA
INSTITUIÇÕES BRASILEIRAS
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO
GROSSO
UNIVERSIDADE DE CUIABÁ
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
UNIVERSIDADE DO AMAZONAS
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE
RONDÔNIA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA
UNIVERSIDADE FEDERAL .DE ALAGOAS
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SALVADOR
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA
UNIVERSIDADE DE FEIRA DE SANTANA
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
UNIVERSIDADE DE SALVADOR
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARA
UNIVERSIDADE DE FORTALEZA
233
UNIVERSIDADE POTIGUAR
UNIVERSIDADE DO RIO GRANDE DO NORTE
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE
PERNAMBUCO
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ
UNIVERSIDADE FEDERAL PIAUÍ
UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
UNIVERSIDADE DE ENSINO SUPERIOR DO
IPE
UNIVERSIDADE FEDERAL DO SERGIPE
UNIVERSIDADE TIRADENTES
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO
SANTO
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PETRÓPOLIS
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO DE
JANEIRO
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE
JANEIRO
UNIVERSIDADE. FED. RURAL DO RIO DE
JANEIRO
UNIVERSIDADE GAMA FILHO
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SA
UNIVERSIDADE DO GRANDE RIO
UNIVERSIDADE IGUAÇU
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DO RIO DE
JANEIRO
UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA.
UNIVERSIDADE SANTA URSULA
UNIVERSIDADE SEVERINO SOMBRA
UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA
UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE
CAMPINAS CAMPUS II DA PUC-CAMPINAS:
PONTIFÍCIAS CATÓLICA SÃO PAULO
UNIVERSIDADE BRAZ CUBAS
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES
UNIVERSIDADE MACKENZIE
UNIVERSIDADE DE RIBEIRÃO PRETO
234
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JULIO
DE MESQUITA FILHO
UNIVERSIDADE DO IBIRAPUERA
UNIVERSIDADE DO GRANDE ABC
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
UNIVERSIDADE BANDEIRANTES DE SÃO
PAULO
UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE
SANTOS
UNIVERSIDADE DE SANTA CECÍLIA
UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL
UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO
UNIVERSIDADE DE FRANCA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO
UNIVERSIDADE SÃO MARCOS
UNIVERSIDADE DE MARÍLIA
UNIVERSIDADE PAULISTA
UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SANTOS
UNIVERSIDADE DE SANTO AMARO
UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ
UNIVERSIDADE DE SOROCABA
UNIVERSIDADE DO OESTE PAULISTA
UNIVERSIDADE DO VALE DA PARAÍBA
UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO
UNIVERSIDADE DO SAGRADO CORAÇÃO
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO
PARANÁ
UFPR - UNIVERSIDADE FEDERAL DO
PARANÁ
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA
GROSSA
UNIVERSIDADE NORTE DO PARANÁ
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO
PARANÁ
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO
RIO GRANDE DO SUL
UNIVERSIDADE PARANAENSE
UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PELOTAS
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE
DO SUL
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE
DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
235
UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO
UNIVERSIDADE DE SANTA CRUZ DO SUL
UNIVERSIDADE DE CRUZ ALTA
UNIVERSIDADE DA REGIÃO DE CAMPANHA
UNISINOS - UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO
DOS SINOS
UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO
ALTO URUGUAI E DAS MISSÕES
UNIVERSIDADE DO RIO GRANDE
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA
CATARINA
UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU
UNIVERSIDADE DO CONTESTADO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA
CATARINA
UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA
CATARINA
UNIVERSIDADE DA REGIÃO DE JOINVILLE
UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA
CATARINA
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
UNIVERSIDADE DE ITAÚNA
UNIVERSIDADE CATÓLICA DO GOIÁS
UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
UFOP - UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO
PRETO
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE
MINAS GERAIS
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES
CLAROS
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MATO
GROSSO DO SUL
UNIVERSIDADE JOSÉ DO ROSÁRIO VELLANO
UNIVERSIDADE PARA O DESENVOLVIMENTO
DO ESTADO E DA REGIÃO DO PANTANAL
UNIVERSIDADE CATÓLICA DOM BOSCO
CENTRO UNIVERSITÁRIO SANT’ANNA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
DO SUL
PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÕES BRASILEIRAS
UNIVERSIDADES BRASILEIRAS
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JULIO
MESQUITA FILHO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE
JANEIRO
236
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
INSTITUTO DE MATEMÁTICA PURA E
APLICADA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE
DO SUL
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
UNIVERSIDADE SÃO PAULO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - ICMC-USP
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA
CATARINA
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO
RIO DE JANEIRO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
237
“MONOGRAFIAS” E OUTRAS...
Além dos Anuários e dos Boletins retratados nas seções anteriores, a Sociedade
Paranaense de Matemática também contribuiu com outras publicações em Matemática.
No período enfocado nesta investigação, ou seja, de 1953 a 1967, a SPM editou os
seguintes livros:
ELEMENTOS DE CÁCULO HOMOGRÁFICO por VALDEMIRO AUGUSTO
TEIXEIRA DE FREITAS (Notas de aulas redigidas por Nelson de Luca)
INTRODUÇÃO À TEORIA DAS FUNÇÕES por RICHARD COURANT
(Tradução de Leo Barsotti) (Anexo 6)
TEORIA DOS CONJUNTOS E ESPAÇOS MÉTRICOS por E. H. SPANIER
(Tradução de Newton da Costa)
Essas contribuições foram importantes tanto para a Sociedade, que pôde divulgar seus
pesquisadores, quanto para os professores e alunos dos cursos de graduação, que na época
tinham pouco acesso a livros e revistas especializadas em Matemática, principalmente em
língua portuguesa.
Atualmente a SPM tem em seu acervo bibliográfico apenas um volume do livro do
Courant e um volume do Spanier. Por outro lado, sabemos, por meio de nosso depoente prof.
Nelson Martins Garcia, que um dos projetos da Sociedade, em dio prazo, é reeditar esses
livros, pois a mesma detém os direitos autorais dessas obras.
Os outros periódicos que doravante vamos relatar datam de um período posterior ao
enfocado neste trabalho, mas, entendemos que descrevê-los sucintamente possam contribuir
como referências para trabalhos futuros.
Os “INFORMES DA SOCIEDADE PARANAENSE DE MATEMÁTICA” foram
lançados em março de 1984 e seu objetivo, como consta na apresentação do n°1, era informar
a comunidade matemática paranaense e brasileira a respeito de seminários, reuniões,
conferências, realização de concursos para contratação de docentes, bem como sobre
publicações recentes quer na área de Matemática Pura, quer na área de Matemática Aplicada.
Dessa forma, o Boletim da SPM, que na época também divulgava essas atividades, passou a
conter exclusivamente artigos de natureza científica.
238
Os “Informes”, além das atividades acima, também passaram a apresentar o Relatório
da Diretoria da SPM e as notícias referentes à divulgação matemática.
Esse periódico foi lançado semestralmente, e seu último volume foi editado em abril
de 1987.
Outra publicação lançada no ano de 1984 foi “MONOGRAFIAS DA SOCIEDADE
PARANAENSE DE MATEMÁTICA”, a qual teve como objetivo absorver trabalhos com
mais de trinta páginas datilografadas em espaço duplo.
Segundo consta na Apresentação do volume 1, essa publicação comportou trabalhos
expositivos e/ou de pesquisas escritos em português, espanhol ou inglês, nas áreas de
Matemática Pura e/ou Aplicada, Educação Matemática, História da Matemática e Física
Matemática.
As Monografias inicialmente foi um periódico editado anualmente, começando em
julho de 1984 e com sua última edição em abril de 1990. Foram as seguintes edições:
NÚMERO 1 – JULHO 1984:
NAS CARTAS A UMA PRINCESA DA ALEMANHA A LÓGICA DEDUTIVA
COMO PRÓLOGO A FILOSOFIA DE EULER”, por G. M. de La Penha (LCC/CNPq e
IM/UFRJ)
NÚMERO 2 – JULHO 1985: (ISSN 0102-3292)
O ENSINO DA GEOMETRIA E A SOLUÇÃO DE BIRKHOFF”, por Haroldo C.
A. da Costa
NÚMERO 3 – JULHO 1986: (ISSN 0102-3292)
INTERPRETAÇÃO GEOMÉTRICA DOS NÚMEROS REAIS”, por A. Pereira
Torres (Livre-Docente da UFRJ e da UFF)
NÚMERO 4 – JULHO 1987: (ISSN 0102-3292)
A FUNÇÃO DELTA”, por Oclide José Dotto (Ph D pela University of Rochester,
USA, Doutor e Docente Livre pela UFRGS, Professor Titular na UFRGS)
NÚMERO 5 – JULHO 1987: (ISSN 0102-3292)
AN OVER VIEW OF PARACONSISTENT LOGIC IN THE 80s”, Newton C. A.
da Costa (University of São Paulo, Department of Philosophy, São Paulo, SP-Brazil) and
Diego Marconi (University of Turin, Department of Philosophy, Turin, Italy)
239
NÚMERO 6 – SETEMBRO 1987: (ISSN 0102-3292)
ALGUMAS IDÉIAS BÁSICAS DA ANÁLISE FUNCIONAL LINEAR”, por Klaus
Floret (Fachbereich Mathematik der Universitat, D-2900 OLDENBURG, Rep. Fed. Da
Alemanha)
NÚMERO 7 – ABRIL 1989: (ISSN 0102-3292)
MATEMÁTICA E PARACONSISTÊNCIA”, por Newton C. A. da Costa
(Universidade de São Paulo, Departamento de Filosofia, São Paulo-SP, Brasil)
NÚMERO 8 – ABRIL 1990: (ISSN 0102-3292)
O ADVENTO DA MATEMÁTICA NÃO-STANDARD”, por A. J. Franco de
Oliveira (Departamento de Matemática, Faculdade de Ciências, Lisboa, Portugal)
Observamos que na contracapa desses periódicos, imediatamente após o Conselho
Editorial, havia uma nota indicando a qual público se dirigia tal publicação:
Esta publicação destina-se aos cursos de grau e de graduação em matemática, como suplemento
do Boletim da Sociedade Paranaense de Matemática.
Dessa forma, a SPM mostrava que seus objetivos, bem como suas atividades,
estiveram voltados também a outros níveis de ensino em matemática.
240
241
“É comum ouvirmos debater-se, atualmente, se a história é feita por grandes homens
isolados ou se todas as pessoas são intercambiáveis, não tendo a individualidade
pessoal a menor importância na marcha da história. Mas a discussão entre esses dois
pólos ocorre num vazio. Falta-lhe o elemento que fornece a base para qualquer
discussão dos seres humanos e de seus modos de ser: o contato contínuo com a
experiência. Diante de uma alternativa desse tipo, não existe um simples “sim”ou
“não”. Até no caso daquelas pessoas que estamos acostumados a encarar como
maiores personalidades da história,outras pessoas e seus produtos, seus atos, suas
idéias e sua língua constituíram o meio em que e sobre o qual elas agiram. A natureza
específica de sua coexistência com outras pessoas facultou a sua atividade, como à
de todos os demais, certa margem e certos limites. A influência de uma pessoa sobre
outras, sua importância para elas, pode ser especialmente grande, mas a autonomia
da rede em que ela atua é incomparavelmente mais forte. A crença no poder ilimitado
de indivíduos isolados sobre o curso da história constitui um raciocínio veleitário.”
Norbert Elias
242
243
SOB O MEU OLHAR
SOB O MEU OLHARSOB O MEU OLHAR
SOB O MEU OLHAR
Agora está quase pronto... falta “apenas” expressar aqui alguns percalços dessa
trajetória.
Minha intenção, desde o início, era produzir um trabalho que contribuísse para o
crescimento da Educação Matemática enquanto área de pesquisa. Mesmo tendo claro que este
trabalho, e os semelhantes a ele, nunca se dão por concluídos, entrego aos leitores o
julgamento do que pude realizar. O que tenho como certo é que a minha investigação abre-se
às possibilidades de novas empreitadas e a coisas que sequer foram vistas ou se colocam
como impossíveis para mim.
Quando me foi proposto esse tema, acho que em razão da sede da Sociedade
Paranaense de Matemática (SPM) estar situada atualmente na instituição em que atuo como
docente, pensei que o enfrentaria grandes dificuldades. Achava, ingenuamente, que seria
tranqüilo fazer um trabalho histórico, pois acreditava que teria todos os elementos suficientes
em mãos.
Pois bem, como descrevi, grande parte do acervo bibliográfico da SPM se perdeu;
além disso, não passava pela minha cabeça trabalhar com História Oral, o tinha muita
clareza quanto a sua contribuição, muito menos sua importância para um trabalho como o
meu. No início, achei que faria somente análises documentais e que isso seria suficiente para
realizar um trabalho descritivo sobre a SPM. Entretanto, ao começar a analisar os registros da
Sociedade, percebi que várias respostas a perguntas que surgiam dentro de mim não estavam
sendo contempladas com aqueles documentos. Por exemplo: não havia registro algum sobre a
vinda do Professor my Freire a Curitiba; a mudança do foro para a cidade de Maringá
também não estava esclarecida; entender o relacionamento dos membros da SPM também não
era possível a partir do que estava expresso nos documentos que possuía; entender o
pensamento sobre a Matemática dos idealizadores da SPM, como atuavam e o que pensavam
sobre o Ensino da Matemática, como atuaram na formação dos professores de Matemática do
Paraná, entender se a SPM contribuiu para os primeiros cursos de Matemática no Paraná.
Enfim, poderia elencar outras questões para as quais, por meio somente dos documentos
disponíveis, não poderia obter respostas significativas. Dessa forma, entendi que a realização
de entrevistas com pessoas que participaram de forma efetiva junto à SPM seria fundamental.
E para minha satisfação, descobri que alguns membros que atuaram de forma significativa na
Sociedade se dispunham a conceder entrevistas; obter seus depoimentos traria contribuições
relevantes para minha investigação.
244
Ao mesmo tempo, enquanto fazia os primeiros contatos para as entrevistas, fui
conhecendo os trabalhos, participando das atividades e conversando com pessoas que fazem
parte do GHOEM e percebi a importância e a originalidade de meu trabalho dentro da
Educação Matemática.
Minha investigação apontou elementos novos, percorremos uma variedade de linhas
de pesquisa, utilizamos a história das instituições acadêmicas, historiadores, matemáticos e
educadores matemáticos; a história social e cultural; além da história oral, que permitiu
conhecer elementos que não estavam explícitos nos documentos. Finalmente, posso dizer que
utilizei meus conhecimentos de Matemática quando tive a oportunidade de analisar os
trabalhos científicos dos Anuários e Boletins da SPM.
Hoje vendo este trabalho, acredito que o mesmo abre novas perspectivas de
investigação, como o estudo da Educação Matemática em Portugal e a influência de
matemáticos portugueses no Ensino da Matemática no Brasil; ou mesmo a continuidade deste
com relação ao período não enfocado, ou aprofundando as análises dos documentos.
Atualmente sou membro da Diretoria da SPM, e em vista disso gostaria de tecer dois
comentários. O primeiro diz respeito à falta de incentivos, por parte tanto dos Governos
Federal e Estadual para com nossa Entidade, esta que foi, como constatamos, umas das
primeiras do Brasil e que sobrevive até os dias de hoje. Não recursos para projetos e com
grande esforço temos conseguido lançar as edições do Boletim da SPM, revista esta quase que
pioneira no Brasil e que, nos seus moldes, não sofre nenhum tipo de “concorrência”, visto que
não há em nosso país revista de pesquisa especializada em Matemática.
O segundo comentário é que acredito que uma descrição da SPM, das iniciativas dos
seus pioneiros e da própria Sociedade constitui um conhecimento importante e necessário
também para aqueles que praticam a Matemática em nosso país.
Desse modo, concluo com a determinação de prosseguir nesse campo de investigação,
trabalhando – na medida do possível – na formação de novos pesquisadores e com a discussão
junto à comunidade dos matemáticos e educadores matemáticos sobre a necessidade de
ampliação de trabalhos que tomem como foco as instituições científicas brasileiras, de
matemática, de educação matemática e das relações entre elas e os indivíduos que as
constituíram a seu tempo.
Em tempo:
Durante a defesa deste trabalho, em sessão pública de avaliação, foram feitas
sugestões para complementar a investigação, seja no sentido de enfatizar o diálogo com
autores que se aproximam do meu objeto de investigação (tarefa que fica indicada na redação
oportuna de artigos para os periódicos da área); seja na direção de se empreender um trabalho
245
de análise dos artigos dos Boletins que dizem respeito à Matemática Moderna no Brasil. Esses
artigos aparecem nos boletins a partir do ano de 1954, como traduções de textos de autores
representantes do movimento internacional como também artigos de autores nacionais, como
Osvaldo Sangiorgi. Penso tomar como tarefa de nova investigação averiguar a relação entre
matemática científica e matemática escolar, tal como ela aparece delineada nas publicações da
SPM. Deste modo, ao invés de contemplar aqui neste trabalho uma revisão deste capítulo, a
tarefa sugerida pelos avaliadores foi considerada “aceita” e transformada em projeto de
pesquisa.
246
247
Quando se olha para trás, é fácil deixar-se tomar pela dúvida. Eu não deveria ter
escolhido um rumo diferente? Não terei desprezado todas as oportunidades que tive naquela
ocasião? Agora que consegui isto, que produzi isto ou aquilo, que me tornei um especialista
nisto ou naquilo, não terei deixado que se perdessem muitos outros dons? E não terei deixado
de lado muitas coisas que poderia ter feito? É próprio das sociedades que exigem de seus
membros um grau muito elevado de especialização que grande número de alternativas não
utilizadas – vidas que o indivíduo não viveu, papéis que não desempenhou, experiências que
não teve, oportunidades que perdeu – sejam deixadas `a beira do caminho.”
Norbert Elias
248
249
REFER
REFERREFER
REFERÊ
ÊÊ
ÊNCIA
NCIANCIA
NCIAS
SS
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254
ANEXOS
ANEXOSANEXOS
ANEXOS
ANEXO 1:
- ESTATUTO ATUAL
E S T A T U T O
Capítulo I – Da Natureza, Sede e Fins
Art. 1º - A SOCIEDADE PARANAENSE DE MATEMÁTICA – SPM é uma
Associação Civil de caráter educacional, científico e cultural, de direito privado, com
duração indeterminada, de fins não lucrativos, de âmbito estadual, fundada em 31
de outubro de 1953 com sede e foro na Cidade de Curitiba, tendo deslocado sua
sede e foro para a Cidade de Maringá, Estado do Paraná.
Art. 2º - A SPM tem por fim congregar todos os cultores da Matemática e
ciências afins, do Paraná, estimular e manter um interesse ativo pela Matemática e
suas aplicações, incentivar a pesquisa e contribuir para o aperfeiçoamento neste
ramo das ciências.
Parágrafo Único – Para melhor consecução de seus fins, a SPM poderá:
a) Promover congressos, cursos, seminários, reuniões científicas e outras
atividades análogas destinadas a difundir e desenvolver a cultura matemática;
b) Publicar revistas ou boletins ou contendo colaboração de matemáticos nacionais
e estrangeiros, afim de divulgar suas atividades e os trabalhos de real valor dos
cultores das chamadas ciências exatas;
c) Publicar obras sobre matemática ou suas aplicações, escritas por autores de
reconhecida competência;
d) Fomentar e manter intercâmbio com suas congêneres nacionais e estrangeiras;
e) Organizar concursos e distribuir prêmios para trabalhos de matemática;
f) Organizar e manter uma biblioteca especializada;
g) Procurar auxiliar, de todas as formas, os interesses em aperfeiçoar seus
conhecimentos matemáticos, inclusive por meio de bolsas ou subsídios.
Capítulo II – Dos Sócios
Art. 3º - A SPM será integrada por cinco categorias de sócios, em número
ilimitado:
I. Honorários;
II. Efetivos;
III. Correspondentes;
IV. Beneméritos;
V. Institucionais;
Art. 4º - A categoria de sócio honorário será constituída exclusivamente por
matemáticos de indiscutível merecimento nacionais ou estrangeiros.
Parágrafo Único – O título de sócio honorário será outorgado mediante
proposta da Diretoria, aprovada por dois terços dos sócios presentes à Assembléia
Geral convocada para o efeito.
Art. 5º - Poderão ser sócios efetivos todos os interessados em qualquer ramo da
matemática ou suas aplicações e ciências afins.
§ 1º - Serão considerados sócios efetivos todos os indivíduos que:
a) Tiverem assinado, como fundadores, a ata de fundação;
b) Forem propostos, por escrito, por dois sócios efetivos e admitidos em sessão da
Diretoria com voto favorável de três de seus membros.
§ 2º Os sócios efetivos pagarão à SPM uma anuidade a ser fixada pela
Assembléia e que será cobrada durante o primeiro semestre do ano. O atraso no
pagamento implica na automática suspensão dos direitos do sócio faltoso.
§ 3º - Todo sócio efetivo que completar 65 anos de idade, ou tiver pago 25
anuidades consecutivas, será considerado remido e dispensado de pagar anuidade
para a Sociedade.
Art. 6º - Poderão ser sócios correspondentes as pessoas de renome
matemático e não residentes no Paraná, admitidos como tais por voto favorável de
três membros da Diretoria.
Parágrafo Único – Os sócios correspondentes, quando em visita ao Paraná,
gozarão de todos os direitos dos sócios efetivos.
Art. 7º - A categoria de sócio benemérito será constituída pelas pessoas
físicas ou jurídicas, credoras da gratidão da SPM em virtude de auxílio ou doação de
real valor que lhe fizerem.
Parágrafo Único – O título de sócio benemérito será outorgado nos termos
do § único do Art. 4º.
Art. 8º - Os sócios de qualquer das categorias poderão ser excluídos da SPM
desde que motivo forte assim o justifique, mas somente por voto positivo de dois
terços dos sócios presentes à Assembléia geral exclusivamente convocada para o
caso, excetuando se incluso no § 2º do Art. 5º.
Parágrafo Único – O sócio em causa deverá ser convocado por carta
registrada para eventual apresentação de sua defesa.
Capítulo III – Da Assembléia Geral
Art. 9º - A Assembléia Geral é constituída de todos os sócios efetivos no pleno gozo
de seus direitos e é o órgão supremo da SPM.
Parágrafo Único – São atribuições exclusivas da Assembléia geral:
a) Deliberar e votar sobre a reforma dos Estatutos;
b) Admitir sócios honorários e beneméritos;
c) Dissolver a SPM ou determinar sua fusão com outra congênere, quando assim o
decidir por maioria de 4/5 dos sócios presentes em reunião especialmente
convocada para tal fim, revertendo seu patrimônio a favor de entidade cultural
paranaense indicada por esta mesma Assembléia;
d) Discutir e aprovar os relatórios e contas da Diretoria;
e) Excluir sócios;
f) Deliberar sobre a criação de Seções Municipais;
Art. 10 - Durante seu funcionamento, a Assembléia Geral será dirigida pelo
presidente da SPM, auxiliado pelo Secretário geral.
Art. 11 - A Assembléia geral reunir-se-á ordinariamente e em única
convocação:
a) No primeiro trimestre de cada ano, para discussão e votação do relatório e contas
da Diretoria correspondentes ao ano anterior;
b) No último trimestre dos anos em que houver eleição para a Diretoria.
Art. 12 - A Assembléia Geral reunir-se-á extraordinariamente sempre que
houver matéria, tanto de natureza administrativa como científica.
§ 1º - A Assembléia só poderá ser convocada extraordinariamente pelo
Presidente, o qual estará obrigado a fazê-lo, quando solicitado, mediante pedido
subscrito no mínimo pela metade dos sócios efetivos.
§ 2º - As reuniões de caráter científico serão convocadas quando a Diretoria
as julgar oportunas.
Capítulo IV – Da Diretoria
Art. 13 - A Diretoria é composta de seis sócios efetivos, no pleno gozo de seus
direitos, e constituem o órgão diretivo e executivo da SPM.
Parágrafo único – São atribuições exclusivas da Diretoria:
Planejar, organizar e promover as atividades necessárias à consecução dos fins da
SPM, consignados no Art. 2º;
a) Dar parecer sobre os assuntos de natureza científica ou didática que lhe forem
propostos, ou renomear uma Comissão a isto destinada, composta quer por
membros da SPM, quer por pessoas de notória competência na especialidade. Tal
comissão será dissolvida tão logo se desincumbir da tarefa, ou por mudança da
Diretoria.
b) Resolver todos os casos administrativos que não forem da atribuição da
Assembléia Geral;
c) Nomear e demitir funcionários ou auxiliares;
d) Admitir novos sócios efetivos, institucionais ou correspondentes e propor à
Assembléia e admissão dos sócios nas outras categorias;
e) Gerir os bens e patrimônio da SPM;
f) Propor a criação de Seções Municipais;
g) Criar comitês científicos para as publicações da SPM.
h) Dar posse à Diretoria devidamente eleita que lhe suceder.
Art. 14 - A Diretoria será composta dos seguintes membros:
Presidente
Vice Presidente
Secretário Geral
Sub Secretário
Tesoureiro
Diretor Cultural
Parágrafo Único – Os membros da Diretoria serão eleitos para um mandato
de dois anos. As normas para a eleição da Diretoria e forma da votação constarão
de regulamento próprio e aprovado em Assembléia.
Art. 15 - A Diretoria da SPM considerar-se-á legalmente reunida quando
presentes três de seus membros, entre eles os quais o Presidente, ou o Vice
Presidente, ou seu substituto legal.
§ 1º - Será considerado impossibilitado o membro da Diretoria que faltar a três
sessões consecutivas (mesmo justificadas) ou a dois terços das realizadas no
decorrer do primeiro ano do mandato, o qual será substituído por outro escolhido
pela Diretoria.
§ 2º - No caso de se encontrarem impossibilitados de desempenhar suas
funções mais de dois membros da Diretoria, será convocada uma Assembléia Geral
para eleição de seus substitutos, na forma do § único do artigo anterior. Se tal se der
com apenas um ou dois membros, a escolha caberá a Diretoria. Os mandatos assim
outorgados caducarão simultaneamente com os dos demais membros
ordinariamente eleitos.
Art. 16 - Compete ao Presidente:
a) Convocar e presidir os trabalhos da Assembléia Geral;
b) Zelar pelo cumprimento do presente Estatuto;
c) Representar a SPM em juízo ou fora dele, podendo delegar poderes a outros
membros da Diretoria;
d) Convocar e presidir as reuniões da Diretoria e das Assembléias Gerais;
e) Convocar as eleições para a nova Diretoria, de acordo com as normas
estatutárias;
f) Assinar, em conjunto com o Secretário Geral, toda correspondência oficial da SPM
e que estabeleça quaisquer obrigações para a SPM;
g) Em conjunto com o Tesoureiro, movimentar as contas bancárias da SPM, assinar
autorizações de débitos, assinar cheques e dar quitações;
h) Representar a SPM em atos solenes;
Art. 17 - Compete ao Vice Presidente:
a) Auxiliar no cumprimento das atribuições da Diretoria;
b) Substituir o presidente em todos os seus impedimentos e auxiliá-lo no
cumprimento de suas funções;
Art. 18 - Compete ao Secretário Geral:
a) Substituir o Vice Presidente na falta do mesmo;
b) Dar execução a todas as deliberações da Assembléia geral ou da Diretoria,
supervisionando seu cumprimento;
c) Atender e dar conhecimento, nas sessões da Diretoria, do expediente e do serviço
de permutas da SPM;
d) Redigir, e pedir a aprovação na subseqüente, da ata de cada sessão;
e) Organizar e manter o arquivo da Diretoria;
f) Organizar os relatórios anuais das reuniões culturais e da Diretoria, a fim de serem
divulgados por publicação oficial da SPM;
g) Delegar ao Sub Secretário parte de suas funções;
h) Assinar, em conjunto com o Presidente, toda correspondência oficial da SPM e
toda correspondência que estabeleça qualquer obrigação não financeira para a
SPM;
Art. 19 - Compete ao Sub Secretário auxiliar o Secretário Geral no
cumprimento de suas funções e substituí-lo nos seus impedimentos.
Art. 20 - Compete ao Tesoureiro:
a) Arrecadar a receita da SPM;
b) Efetuar as despesas da SPM devidamente autorizadas;
c) Guardar e assumir responsabilidade por todos os bens da SPM;
d) Elaborar os balancetes semestrais e contas anuais da Diretoria e responsabilizar-
se em conjunto com o contador;
Art. 21 - Compete ao Diretor Cultural:
a) Organizar e fazer funcionar cursos, conferências, seminários e quaisquer
outras reuniões do mesmo gênero, após prévia consulta e aprovação da Diretoria;
b) Dirigir administrativamente todas as publicações da SPM;
c) Consultar a Diretoria sobre o conteúdo e lhe apresentar os projetos dessas
publicações, solicitando-lhe sua aprovação para redação definitiva;
d) Organizar e manter a biblioteca da SPM.
Capítulo V – Disposições Gerais
Art. 22 - Quando o desenvolvimento do nível matemático em qualquer município do
Estado assim o justificar, poderão ser criadas Seções Municipais, cujo regulamento
próprio será redigido e aprovado em Assembléia Secional e subseqüentemente
confirmado pela Assembléia Geral.
Art. 23 - A Diretoria poderá entrar em acordos com outras sociedades
congêneres a fim de oferecer vantagens especiais aos respectivos sócios, mas em
regime de completa reciprocidade.
Art. 24 - Poderão ser sócios institucionais: Universidades, Faculdades
isoladas, Institutos, Secretarias de Estado, Agências do Governo Estadual e/ou
Federal e entidades industriais.
Art. 25 - Os sócios institucionais terão o direito a submeter à apreciação da
Diretoria, pedidos de admissão para sócios efetivos, em número correspondente a 7
(sete).
§ 1º – A contribuição anual do sócio institucional será fixada pela Diretoria da
SPM.
§ 2º – A contribuição anual do sócio institucional isentará os sócios efetivos
por ele indicados do pagamento da taxa de anuidade pelo prazo de 2 (dois) anos.
Art. 26 - Todos os sócios receberão gratuitamente as publicações periódicas
editadas pela SPM.
Art. 27 - Poderão votar e ser votados para os cargos eletivos da SPM os
sócios efetivos quites com a tesouraria da SPM.
Art. 28 - os sócios da SPM não respondem, nem mesmo subsidiariamente,
por quaisquer obrigações assumidas pela sociedade.
Art. 29 - Aplicam-se à SPM os dispositivos legais que regulam o
funcionamento das sociedades civis no Brasil. Os casos omissos no presente
Estatuto serão resolvidos em Assembléia Geral, de acordo com as disposições que
regulam casos análogos e, não os havendo, pelos princípios gerais de Direito.
Art. 30 - É vedado qualquer remuneração aos membros da Diretoria, bem
como participação dos sócios em eventuais lucros da Sociedade.
Art. 31 - O presente Estatuto altera o anteriormente aprovado pela Sociedade
Paranaense de Matemática, em Assembléia realizada em 31 de Outubro de 1953, e
registrado no dia 09 de Novembro 1953 no Cartório de Títulos e Documentos 1º
Ofício da Comarca de Curitiba/Pr, sob número 28184, do protocolo nº A-2, registrado
hoje sob o nº 634 do Livro A de Pessoas Jurídicas, com alterações posteriores
devidamente registradas.
§ 1º - As alterações incorporadas no presente Estatuto foram aprovadas pela
Assembléia Geral, realizada no dia 23 de Maio de 2002, no Departamento de
Matemática da Universidade Estadual de Maringá, na cidade de Maringá/Pr.
§ 2º - O presente Estatuto, com as devidas alterações, deverão ser
registrados no Cartório de Registro de Títulos e Documentos 1º Ofício da Comarca
de Curitiba/Pr, para posterior registro e transferência de sede e foro da SPM para a
Comarca de Maringá/Pr.
Maringá, 23 de maio de 2002.
ANEXO 2:
- FICHA DE FILIAÇÃO
- DOCUMENTO DE TRANSFERÊNCIA DE ACERVO
S
OCIEDADE
P
ARANAENSE DE
M
ATEMÁTICA
Ficha de Recadastramento e Admissão
Quadro de Sócios
1. Categoria de Sócio
Honorário
Efetivo
Correspondente
Benemérito
Institucional
Nome:
___________________________________________________________________________
________
Local de Nascimento: Data de Nascimento:
Caso já tenha sido sócio informar a época ____/_____/_______
2. Endereço Residencial
Rua/Av.
Complemento Bairro
CEP Cidade Estado
Telefone Fax
Endereço Eletrônico(E-mail)
3. Endereço Profissional
Departamento
Instituição
Rua/Av.
Complemento Bairro
CEP Cidade Estado
Telefone Fax
Endereço Eletrônico(E-Mail)
4. Categoria Profissional
Professor de Ensino Fundamental Professor
Universitário
Outros:
5. Endereço para Correspondência:
Residencial Institucional
6. Formação Acadêmica
Graduação
Área
Local
Data do grau a obter/obtido
Mestrado
Área
Local
Data do grau a obter/obtido
Doutorado
Área
Local
Data do grau a obter/obtido
7. Sócios Efetivos proponentes:
Ass:________________________________
_____
Nome:
Ass:________________________________
____
Nome:
Local e Data:
Assinatura:
Instruções para envio
1 – Preencher a ficha de inscrição e salvar em seu computador
2 – Após enviar pelo correio juntamente com o comprovante de depósito da
anuidade. Conta Corrente da SPM: UNIBANCO – Agência nº 0094 Conta
Poupança nº 212637-6.
ANEXO 3:
- RELAÇÃO DE TODAS AS DIRETORIAS ELEITAS
1ª DIRETORIA:
(Biênio 1954 – 1955)
Presidente: Prof. Dr. Valdemiro Teixeira de Freitas
Vice-Presidente: Prof. Irmão Ulysses Carneiro
Secretário Geral: Prof. Dr. João Rémy Teixeira Freire
Sub-Secretário: Prof. Jayme Machado Cardoso
Tesoureiro: Prof. Dyonil Ruben Carneiro Bond
Diretor de Publicações: Prof. Dr. Léo Barsotti
Diretor de Cursos e Conferências: Prof. Dr. Newton Carneiro Affonso
da Costa
2ª DIRETORIA:
(Biênio 1956 – 1957)
Presidente: Prof. Dr. Valdemiro Teixeira de Freitas
Vice-Presidente: Prof. Dr. Léo Barsotti
Secretário Geral: Prof. Leonel Moro
Sub-Secretário: Prof. Nelson de Luca
Tesoureiro: Prof. Odavino Tomio
Diretor Cultural: Prof. Jayme Machado Cardoso
3ª DIRETORIA:
(Biênio 1958 – 1959)
Presidente: Prof. Dr. Valdemiro Teixeira de Freitas
Vice-Presidente: Prof. Dr. Léo Barsotti
Secretário Geral: Prof. Dr. Jayme Machado Cardoso
Sub-Secretário: Prof. Nelson de Luca
Tesoureiro: Prof. Nelson Trevisan
Diretor Cultural: Prof. Hugo Frederico Kremer
4ª DIRETORIA:
(Biênio 1960 – 1961)
Presidente: Prof. Dr. Valdemiro Teixeira de Freitas
Vice-Presidente: Prof. Dr. Léo Barsotti
Secretário Geral: Prof. Dr. Jayme Machado Cardoso
Sub-Secretário: Prof. Camil Gemael
Tesoureiro: Prof. Nelson Trevisan
Diretor Cultural: Prof. Walfrido Strobel
5ª DIRETORIA:
(Biênio 1962 – 1963)
Presidente: Prof. Dr. Valdemiro Teixeira de Freitas
Vice-Presidente: Prof. Dr. Léo Barsotti
Secretário Geral: Prof. Haroldo Carneiro Affonso da Costa
Sub-Secretário: Profa. Ayda Ignez Arruda
Tesoureiro: Prof. Dr. Jayme Machado Cardoso
Diretor Cultural: Prof. Dr. Newton Carneiro Affonso da Costa
6ª DIRETORIA:
(Biênio 1964 – 1965)
Presidente: Profa. Ayda Ignez Arruda
Vice-Presidente: Prof. Dr. Newton Carneiro Affonso da Costa
Secretário Geral: Prof. Dr. Jayme Machado Cardoso
Sub-Secretário: Prof. Dicesar Lass Fernandes
Tesoureiro: Prof. Walter Cordeiro Skroch
Diretor Cultural: Prof. Dr. Léo Barsotti
7ª DIRETORIA :
(Biênio 1966 – 1967)
Presidente: Prof. Dr. Newton Carneiro Affonso da Costa
Vice-Presidente: Profa. Ayda Ignez Arruda
Secretário Geral: Prof. Prof. José Medina
Sub-Secretário: Prof. Dicesar Lass Fernandez
Tesoureiro: Prof. Walter Cordeiro Skroch
Diretor Cultural: Prof. Dr. Léo Barsotti
8ª DIRETORIA:
(Biênio 1968 – 1969)
Presidente: Prof. Dr. Léo Barsotti
Vice-Presidente: Prof. Dr. Jayme Machado Cardoso
Secretário Geral: Prof. Aurélio Sartorelli
Sub-Secretário: Prof. Demetrius Lambros
Tesoureiro: Prof. Antonio de Santa Rosa
Diretor Cultural: Prof. José Alves
9ª DIRETORIA:
(Biênio 1970 – 1971)
Presidente: Prof. Dr. Léo Barsotti
Vice-Presidente: Prof. Haroldo Carneiro Affonso da Costa
Secretário Geral: Prof. Dr. Jayme Machado Cardoso
Sub-Secretário: Prof. Aurélio Sartorelli
Tesoureiro: Prof. Joseph Dortmann
Diretor Cultural: Prof. Antonio de Santa Rosa
10ª DIRETORIA:
(Biênio 1972 – 1973)
Presidente: Prof. Dr. Léo Barsotti
Vice-Presidente: Prof. Haroldo Carneiro Affonso da Costa
Secretário Geral: Prof. Dr. Jayme Machado Cardoso
Sub-Secretário: Prof. Aurélio Sartorelli
Tesoureiro: Prof. Joseph Dortmann
Diretor Cultural: Prof. Antonio de Santa Rosa
11ª DIRETORIA:
(Biênio 1974 – 1975)
Presidente: Prof. Joseph Dortmann
Vice-Presidente: Profa. Florinda Katsume Miyaoka
Secretário Geral: Prof. Haroldo Carneiro Affonso da Costa
Sub-Secretário: Prof. Dr. Jayme Machado Cardoso
Tesoureiro: Prof. Aurélio Sartorelli
Diretor Cultural: Prof. Dr. Léo Barsotti
12ª DIRETORIA:
(Biênio 1976 – 1977)
Presidente: Prof. Joseph Dortmann
Vice-Presidente: Profa. Florinda Katsume Miyaoka
Secretário Geral: Prof. Haroldo Carneiro Affonso da Costa
Sub-Secretário: Prof. Dr. Jayme Machado Cardoso
Tesoureiro: Prof. Aurélio Sartorelli
Diretor Cultural: Prof. Dr. Léo Barsotti
13ª DIRETORIA:
(Biênio 1978 – 1979)
Presidente: Prof. Joseph Dortmann
Vice-Presidente: Prof. Clóvis Pereira da Silva
Secretário Geral: Prof. Haroldo Carneiro Affonso da Costa
Sub-Secretário: Prof. Dr. Jayme Machado Cardoso
Tesoureiro: Prof. Aurélio Sartorelli
Diretor Cultural: Prof. Dr. Léo Barsotti
14ª DIRETORIA:
(Biênio 1980 – 1981)
Presidente: Prof. Clóvis Pereira da Silva
Vice-Presidente: Prof. Joseph Dortmann
Secretário Geral: Profa. Florinda Katsume Miyaoka
Sub-Secretário: Prof. Celso Carnieri
Tesoureiro: Prof. Aurélio Sartorelli
Diretor Cultural: Prof. Antonio Mochon Costa
15ª DIRETORIA:
(Biênio 1982 – 1983)
Presidente: Prof. Clóvis Pereira da Silva
Vice-Presidente: Prof. Joseph Dortmann
Secretário Geral: Profa. Maria Lúcia Arzua Trautwein
Sub-Secretário: Prof. Alexandre Machado Kleis
Tesoureiro: Prof. Dr. Jayme Machado Cardoso
Diretor Cultural: Prof. Diomar da Siva Rita
16ª DIRETORIA:
(Biênio 1984 – 1985)
Presidente: Prof. Clóvis Pereira da Silva
Vice-Presidente: Hélio H. Simierma
Secretário Geral: Profa. Soraya Rosana Torres Kudri
Sub-Secretário: Wahib Did Júnior
Tesoureiro: Antonio José de Nardi
Diretor Cultural: Marli Cardia
17ª DIRETORIA:
(Biênio 1986 – 1987)
Presidente: Prof. Clóvis Pereira da Silva
Vice-Presidente: Romana Petronzelli
Secretário Geral: Júlia Aparecida Novelli
Sub-Secretário: Maxwell Granatto Borges
Tesoureiro: Edson Andretta
Diretor Cultural: Adonai Schlup Sant’anna
18ª DIRETORIA:
(Biênio 1988 – 1989)
Presidente: Prof. Clóvis Pereira da Silva
Vice-Presidente: Romana Petronzelli
Secretário Geral: Maxwell Granatto Borges
Sub-Secretário: (em aberto)
Tesoureiro: Edson Andretta
Diretor Cultural: Fernando Ayres Correia
19ª DIRETORIA:
(Biênio 1990 – 1991)
Presidente: Prof. Clóvis Pereira da Silva
Vice-Presidente: Germano Bruno Affonso
Secretário Geral: Ednéia de Fátima Dambarowiski
Sub-Secretário: Romana Petronzelli
Tesoureiro: Ângela Cristina Cararo
Diretor Cultural: Rubens Robles Ortega Júnior
20ª DIRETORIA:
(Biênio 1992 – 1993)
Presidente: Prof. Clóvis Pereira da Silva
Vice-Presidente: Raimundo J. B. de Sampaio
Secretário Geral: Alvino Moser
Sub-Secretário: (em aberto)
Tesoureiro: Edson Andretta
Diretor Cultural: Décio Krause
21ª DIRETORIA:
(Biênio 1994 – 1995)
Presidente: Prof. Clóvis Pereira da Silva
Vice-Presidente: Raimundo J. B. de Sampaio
Secretário Geral: Alvino Moser
Sub-Secretário: (em aberto)
Tesoureiro: Edson Andretta
Diretor Cultural: Décio Krause
DIRETORIAS ELEITAS APÓS TRANSFERÊNCIA DO FORO
PARA A CIDADE DE MARINGÁ:
1ª DIRETORIA:
(Biênio 2002 – 2004)
Presidente: Prof. Dr. Nelson Martins Garcia
Vice-Presidente: Prof. Dr. Nelson Fernando Inforzato
Secretário Geral: Prof. Dr. Adonai Schlup Sant’anna
Sub-Secretário: Prof. Dr. Amarildo de Vicente
Tesoureira: Profa. Ms. Carla Montorfano
Diretor Cultural: Prof. Dr. Carlos José Braga Barros
2ª DIRETORIA:
(Biênio 2004 – 2006)
Presidente: Prof. Dr. Nelson Martins Garcia
Vice-Presidente: Prof. Dr. Nelson Fernando Inforzato
Secretário Geral: Prof. Dr. Marcelo Escudeiro Hernandes
Sub-Secretário: Prof. Dr. Amarildo de Vicente
Tesoureira: Profa. Ms. Carla Montorfano
Diretor Cultural: Prof. Dr. Carlos José Braga Barros
Diretoria Atual
: (Biênio 2006 – 2008)
Presidente: Prof. Dr. Alfredo Tadeu Cousin
Vice-Presidente: Prof. Dr. Nelson Fernando Inforzato
Secretário Geral: Prof. Dr. Carlos José Braga Barros
Sub-Secretária: Profa. Ms. Alexandra de Oliveira Abdala Cousin
Tesoureiro:
Prof. Dr. Nelson Martins Garcia
Diretor Cultural: Prof. Dr. Marcelo Moreira Cavalcanti
ANEXO 4:
- 1° ESTATUTO (1953)
- CERTIDÃO DE REGISTRO
- CERTIDÃO DE INSCRIÇÃO
- RELAÇÃO DOS SÓCIOS FUNDADORES
- RELAÇÃO DA 1ª DIRETORIA ELEITA
- DIÁRIO OFICIAL (EXTRATO DE INSCRIÇÃO)
- RELAÇÃO DOS SÓCIOS DA SPM RESIDENTES EM CURITIBA
ANEXO 5:
- EDITAL DE CONCURSO
- PARECER DA COMISSÃO JULGADORA DE CONCURSO
- CARTA DO RESULTADO DE CONCURSO
ANEXO 6:
- EDITAL DO 1° CICLO DE CONFERÊNCIAS
- CARTA DE DIVULGAÇÃO DO 1° CICLO DE CONFERÊNCIAS AOS
SÓCIOS
- QUESTIONÁRIO SOBRE ASPM
- CAPA DE ANUÁRIO DA SPM
- CAPA DO LIVRO “INRODUÇÃO À TEORIA DAS FUNÇÕES”
ANEXO 7:
- HISTÓRICO DE 1947 (PORTUGAL)
Arquivo Mario Soares:
www.fmsoares.pt/ilustra_iniciativas/2000/000109/MUD_Documentos/cronologia
- CÓPIA DIÁRIO DO GOVERNO (PORTUGAL)
MUDJ
- Movimento de Unidade Democrática Juvenil
1947
12 de Janeiro - Realização de
jornada a Almada, organizada pela Comissão Distrital de Lisboa do MUD Juvenil,
interrompida pela PIDE e pela GNR. A 'Jornada' de Lopes Graça, adoptada como hino do
movimento, é cantada a caminho de Cacilhas.
4 de Fevereiro - Remodelação governamental.
Ministro do Interior: Cancela de Abreu
Negócios Estrangeiros: Caeiro da Mata
Obras Públicas: José Frederico Ulrich
Comunicações: Gomes de Araújo
Colónias: Teófilo Duarte
Educação: Pires de Lima
Economia: Daniel Barbosa
São também nomeados novos subsecretários de Estado: Veiga da Cunha (Obras Públicas) e
Correia de Barros (Comércio e Indústria).
27 de Fevereiro - São julgados membros das Comissões de Trabalhadores e Distrital do
MUD do Porto.
1 de Março - O MUD divulga o comunicado "Tarrafal, reclama-se um inquérito", que
reproduz duas cartas dirigidas ao Ministro da Justiça, em 19 de Fevereiro, tendo como
signatários Norton de Matos, Mário de Azevedo Gomes, Bento de Jesus Caraça e António
Sérgio.
11 de Março - Divulgado o relatório da Comissão de Inquérito da Assembleia Nacional,
constituída em Fevereiro de 1945, para verificar o funcionamento da organização corporativa,
na sequência do requerimento de Mário de Figueiredo.
21 de Março - Início da Semana da Juventude, cuja realização havia sido proibida pelo
Governo. Iniciativa integrada na realização da Semana Mundial da Juventude Democrática,
evento que o MUD Juvenil pretende acompanhar.
22 de Março - Realiza-se uma jornada em Oeiras, cuja iniciativa se integra na Semana da
Juventude.
23 de Março - Uma concentração de jovens em Bela Mandil (Olhão), integrada na
comemoração da Semana da Juventude, é interrompida pela repressão policial.
26 de Março - Início do julgamento dos elementos envolvidos na tentativa de golpe de
Estado de Outubro de 1946, no Tribunal Plenário de Lisboa.
28 de Março - Realiza-se uma sessão pública na Voz do Operário, organizada pelo MUD
Juvenil, destinada a apreciar a situação da juventude portuguesa. São detidos vários membros
do movimento.
31 de Março - A Comissão Central do MUD Juvenil põe a circular o documento "Manifesto
à Juventude", sobre ataques de situacionistas publicados no Diário da Manhã, e subsequentes
prisões de membros do MUD e do MUD Juvenil. É também abordada a demissão de Mário de
Azevedo Gomes e Bento de Jesus Caraça, bem como a organização da Semana da Juventude.
Abril - Prisão de membros da Comissão Académica de Lisboa do MUD Juvenil (Mário
Ruivo, Castro Rodrigues, Fernando Pulido Valente e outros) e da Comissão Central do
MUD Juvenil, gerando um movimento de solidariedade por parte dos membros das várias
comissões do MUD e do MUD Juvenill.
4 de Abril - Na região de Lisboa inicia-se um movimento grevista no sector da construção
naval, como protesto contra as horas suplementares, ao qual se seguirá uma vaga de
paralisações noutras actividades.
7 de Abril - O Governo decide mandar encerrar as oficinas em que se verificaram ausências
ao trabalho, diminuição intencional da produtividade e recusa à prestação de horas
suplementares, e adopta as medidas para assegurar o trabalho das docas.
10 de Abril - Nova tentativa de Golpe de Estado, na qual estiveram envolvidos o almirante
Mendes Cabeçadas, os brigadeiros Corregedor Martins, António Maia e Vasco de Carvalho,
os coronéis Celso de Magalhães, Tadeu e Carlos Selvagem, o major Sarsfield Rodrigues, e
também João Soares, Castanheira Lobo, Correia Santos e Celestino Soares.
15 de Abril - O Diário de Notícias revela que alguns responsáveis pelas agitações operárias
foram transferidos para a Colónia Penal do Tarrafal por terem actuado "em obediência a
ordens vindas do estrangeiro".
19 de Abril - É retomada a laboração em várias empresas onde haviam ocorrido paralisações
de trabalho. Os empresários decidem reabrir as fábricas, embora fazendo uma selecção dos
trabalhadores.
26 de Abril - Embora não a transmitindo ao MUD, o Governo emite uma nota oficiosa,
considerando-o um movimento "ilegal, por colaborar com o chamado Partido Comunista,
subordinado a um poder político estrangeiro, e associação secreta proibida pelo Código Penal
de 1886".
29 de Abril - O Governo divulga uma nota oficiosa sobre "agitação provocadora em alguns
estabelecimentos de ensino". As instalações da Faculdade de Medicina de Lisboa são
invadidas pela polícia, o que suscitará uma vaga de protestos de solidariedade académica.
30 de Abril - A Assembleia de Delegados do MUD e do MUD Juvenil divulga um
comunicado de protesto contra a prisão dos seus membros e contra as deportações para o
campo de concentração do Tarrafal.
Maio - Realiza-se a 2.ª Exposição Geral de Artes Plásticas, na qual participam artistas do
MUD Juvenil. Algumas das obras expostas foram apreendidas por terem sido consideradas
subversivas.
9 de Maio - Divulgação do comunicado "Ao País", em que se chama a atenção para a
repressão infligida aos membros do MUD e MUD Juvenil.
31 de Maio - Agitação na Faculdade de Medicina de Lisboa, com intervenção da Polícia,
tendo o director da Faculdade, António Flores, apresentado a sua demissão.
14 de Junho - O Conselho de Ministros, "certo da razão e seguro da sua força", demitiu e
aposentou compulsivamente, "independentemente das penas aplicáveis pelos tribunais
competentes, ou a impor em processo disciplinar":
numerosos oficiais das forças armadas: José Garcia Marques Godinho, Vasco de
Carvalho, Eduardo Corregedor Martins, António de Sousa Maia, Celso Mendes de
Magalhães, Luís Gonzaga Tadeu, Carlos Tavares Afonso dos Santos, Francisco
Marques Repas, José Joaquim Gaita, José Mendes Cabeçadas Jr., Manuel Lourenço
das Neves Pires de Matos;
numerosos professores e assistentes universitários: Mário Augusto da Silva,
Augusto Pires Celestino da Costa, Francisco Pulido Valente, Fernando da Conceição
Fonseca, João Cândido da Silva Oliveira, Adelino José da Costa, José Cascão de
Anciães, Carlos Fernando Torre da Assunção, Flávio Ferreira Pinto Resende, António
Augusto Ferreira de Macedo, Arnaldo Peres de Carvalho, Manuel Augusto Zaluar
Nunes, João Remy Teixeira Freire, Andrée Crabé Rocha, Luís Dias Amado, Manuel
José Nogueira Valadares, Aurélio Marques da Silva, Armando Carlos Gibert, João
Lopes Raimundo, José Cardoso Morgado Jr., Orlando Morbey Maria Rodrigues.
18 de Junho - O Diário do Governo publica a lista dos funcionários civis e militares
envolvidos na revolta de 10 de Abril de 1947, e dos professores universitários que se
manifestaram contra a carga policial da Faculdade de Medicina de Lisboa.
21 de Junho - Regista-se uma crise académica em Lisboa, em consequência da prisão dos
membros da Comissão Académica de Lisboa, seguida da prisão dos elementos da Comissão
Central do MUD Juvenil, entre os quais Mário Soares, Salgado Zenha e Rui Grácio.
1 de Julho - Vários membros da Comissão Central do MUD escrevem e divulgam a carta "Ao
Mário Soares", que lhe é dirigida quando este se encontra preso.
17 de Julho - Os trabalhadores rurais alentejanos fazem greve pelo aumento dos salários.
Agosto - Rui Grácio, Júlio Pomar, Francisco Salgado Zenha e Mário Soares são os últimos
dos membros dos órgãos directivos do MUD Juvenil a serem libertados.
Marcelo Caetano pede a demissão do cargo de presidente da Comissão Executiva da União
Nacional, invocando o modo como fora conduzido o problema dos professores da Faculdade
de Medicina e o nulo papel desempenhado pela UN. No entanto, no final de Outubro, e após
várias diligências, acaba por aceitar continuar na presidência da UN.
12 de Outubro - Bento de Jesus Caraça profere a conferência "A posição do MUD no
momento político presente", no âmbito da comemoração do segundo aniversário do MUD.
Dezembro - Movimentações dos estudantes de Coimbra, na sequência das prisões de que são
alvo os membros do MUD Juvenil.
5 de Dezembro - A Comissão Directiva Provisória do MUD Juvenil, formada no início de
Maio para assegurar a coordenação dos elementos que escaparam à repressão, entrega uma
Representação ao Presidente da República, na qual faz esclarecimentos sobre as
actividades desenvolvidas pelo movimento e protesta contra a repressão exercida contra os
seus membros.
24 de Dezembro - Morre, no Hospital Militar da Estrela, o general Marques Godinho,
participante na conjura de Abril.
S. d. - O Governo proíbe a actividade do CNMP e encerra as suas instalações, após
uma exposição organizada por Maria Lamas intitulada "Mulheres escritoras de todo o
mundo", que termina com uma conferência proferida por esta.
ANEXO 8 :
- REPORTAGEM DO JORNAL “O ESTADO DO PARANÁ” DE 19/01/1977
19/01/1977
Os nossos matemáticos
Alguns professores curitibanos foram mencionados pelo jornalista Leônidas
Hegenberg, num profundo estudo sobre os pesquisadores no campo da lógica e da
filosofia da ciência, no Brasil, nos últimos 10 anos, que ocupa várias páginas do
"Suplemento Cultural" d' "O Estado de São Paulo" publicado há algumas semanas.
Depois de lembrar que no Brasil faltam contatos com os estudiosos de filosofia
contemporânea de outros países ou com as publicações recentes (que, geralmente,
chegam com atraso considerável), Hegenberg salienta também a falta de maior
diálogo direto com os muitos centros de filosofia do País, o que, evidentemente,
limitou a sua pesquisa.
xxx
Entre os iniciadores dos estudos de lógica matemática no Brasil, Hegenberg lembra
"um importante grupo de estudiosos de matemática que foi organizado por Newton
Costa e ainda hoje produz intensamente - com atuação que já atinge níveis
internacionais". Newton Costa, curitibano, 48 anos, doutourou-se em Matemática
pela Universidade do Paraná em 1961. Depois de lecionar por um curto período na
Universidade de Campinas, passou a integrar o Instituto de Matemática e Estatística
da Universidade da Califórnia (1972-73) e da Universidade de San Martin, no Peru
(1975). Embora iniciasse seus estudos de lógica no Paraná, com Milton Carneiro e
Remy Freire e, depois, em São Paulo, com Edison Farah; tais projetos se
processaram, de maneira mais regular, com Marcel Guillaume (professor de
Clermont Ferrand), enquanto este permaneceu em Curitiba.
xxx
Remy Freire, português anti-salazarista, foi praticamente o introdutor dos estudos-
estatísticos no Paraná. Hoje, contratado da FAO-ONU, está no exterior. Em
cooperação estreita com Remy e alguns outros colaboradores, Newton Costa
publicou cerca de 70 trabalhos. A sua tese (1963) trata de "Sistemas Formais
Inconscientes". Em sua obra, destaca-se o esforço no sentido de caracterizar a
matemática em termos globais, em linhas pragmáticas - na acepção que esse termo
adquire nos modernos estudos da semiótica.
xxx
Outro nome importante dos estudos da matemática no Brasil é da catarinense Ayda
Ignez Arruda, 41 anos, que doutorou-se em matemática na Universidade do Paraná
em 1966 e aqui substituiu o professor Newton Costa quando, em 1960, este se
transferiu para São Paulo. Ayda radicou-se, a partir de 1968, na Universidade de
Campinas, onde tem-se dedicado à lógica e à teoria dos conjuntos. Sua tese,
"Considerações sobre os sistemas formais NF (n)" (1964), apresentada na UFP, é o
único livro que publicou.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Veículo:
Estado do Paraná
Caderno ou Suplemento:
Nenhum
Coluna ou Seção:
Tablóide
Página:
4
Data:
19/01/1977
http://www.millarch.org/ler.php?id=10316
ANEXO 9:
- CARTA DE SOLICITAÇÃO DE SUBVENÇÃO AO CONSELHO NACIONAL
DE PESQUISAS
ANEXO 10:
- CARTA DE AGRADECIMENTO AO DIRETOR DO IMPA
- CARTA DE AGRADECIMENTO AO PROFESSOR ELON LAGES LIMA
ANEXO 11:
- CARTA DE DIVULGAÇÃO À FACULDADE DE FILOSOFIA DE PONTA
GROSSA
ANEXO 12:
- CARTA CONVITE DE CURSO (PROF. JOHN KUDAR)
- CARTA CONVITE DE CURSO (PROFª. MARIA LAURA MOUSINHO)
- CARTAS DE DIVULGAÇÃO DE CURSOS AOS SÓCIOS
- EDITAL DE CURSO DE VERÃO E APERFEIÇOAMENTO DE
MATEMÁTICA
ANEXO 13 :
- DOCUMENTO RESUMO PARA OS DEPOENTES
- CARTA DE CESSÃO DE DIREITOS
- PALAVRAS UTILIZADAS NAS ENTREVISTAS
- CÓPIAS DAS CARTAS DE CESSÃO DE DIREITOS ASSINADAS PELOS
DEPOENTES
DOCUMENTO 1:
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
SETOR DE EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO/DOUTORADO EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA
PROFESSOR ORIENTADOR: DR. CARLOS ROBERTO VIANNA
ALUNA: ALEXANDRA DE OLIVEIRA ABDALA COUSIN
TÍTULO (PROVISÓRIO) DA TESE:
SOCIEDADE PARANAENSE DE MATEMÁTICA
SOCIEDADE PARANAENSE DE MATEMÁTICASOCIEDADE PARANAENSE DE MATEMÁTICA
SOCIEDADE PARANAENSE DE MATEMÁTICA
(SPM):
CONTRIBUIÇÕES PARA O DESENVOLVIMENTO DA MATEMÁTICA NO
ESTADO DO PARANÁ.”
INTRODUÇÃO:
Nossa investigação buscará descrever o desenvolvimento da Matemática no Estado do
Paraná, tendo como referência a Sociedade Paranaense de Matemática (SPM). Para tanto,
alguns objetivos preliminares devem ser perseguidos:
1) Fazer um estudo sobre a SPM, no período de 1953 a 1963, buscando suas
contribuições para o desenvolvimento da Matemática no PR.
2) Identificar, por meio de análise documental e entrevistas, as iniciativas propostas
pelos “fundadores, iniciadores ou idealizadores” e colaboradores da SPM com relação à
difusão da Matemática.
3) Pesquisar a influência do pensamento dos idealizadores da SPM na criação dos
primeiros cursos de formação de professores de Matemática no Estado do Paraná.
4) Determinar as possíveis contribuições da SPM para o Ensino de Matemática no PR.
5) Realizar entrevistas, utilizando a metodologia da História Oral, com alguns
professores que fizeram parte da SPM.
6) Buscar relações entre os indícios presentes nas informações documentais e nas
colhidas por meio das entrevistas.
Acreditamos, pelo esboço acima, que através do trabalho proposto responderemos à
nossa questão norteadora, qual seja:
Como foi a contribuição da Sociedade Paranaense de
Como foi a contribuição da Sociedade Paranaense de Como foi a contribuição da Sociedade Paranaense de
Como foi a contribuição da Sociedade Paranaense de
Matemática (SPM) no desenvolvimento da Matemática (no Estado do
Matemática (SPM) no desenvolvimento da Matemática (no Estado do Matemática (SPM) no desenvolvimento da Matemática (no Estado do
Matemática (SPM) no desenvolvimento da Matemática (no Estado do
Paraná) no período de 1953
Paraná) no período de 1953Paraná) no período de 1953
Paraná) no período de 1953-
--
- 1963?
1963? 1963?
1963?
DOCUMENTO 2:
Cessão de Direitos
Eu, , _______ ,____________ ,
(nome completo) (estado civil) (doc. de ident.)
declaro para os devidos fins que cedo os direitos de minha
entrevista, concedida no dia _________ a Alexandra de Oliveira
Abdala Cousin para a realização de sua tese de doutorado, para a
mesma Alexandra de Oliveira Abdala Cousin, pessoas ou instituições
acadêmicas por ela indicadas, para ser usada integralmente ou em
partes, sempre referindo-se à fonte e condições originais da obtenção
da entrevista, sem restrição de prazos, desde a presente data. Este
documento de cessão se refere ao material gravado, às transcrições e
textualizações obtidas a partir dele, e ao texto presente na tese de
doutorado
“Sociedade Paranaense de Matemática: Contribuições para o
Desenvolvimento da Matemática no Estado do Paraná”
.
Abdicando de direitos meus e de meus descendentes, subscrevo
a presente, que terá minha firma reconhecida em cartório.
Curitiba, 10 de junho de 2005.
***********************.
DOCUMENTO 3:
TRABALHO DE ENTREVISTAS
PALAVRAS UTILIZADAS:
DIRETORIAS
PARTICIPAÇÃO DE ESTUDANTES
PUBLICAÇÕES
BIBLIOTECA – ACERVO
DOCUMENTAÇÃO DA SOCIEDADE
CURSOS DE MATEMÁTICA
SEMINÁRIOS E ENCONTROS
ESTRANGEIROS
MATEMÁTICOS
RIVALIDADES
ADVERSÁRIOS
IMPA
SOCIEDADES CIENTÍFICAS
MATEMÁTICA PURA
MATEMÁTICA APLICADA
EDUCAÇÃO MATEMÁTICA
CIÊNCIAS EXATAS
HISTÓRIA
DESENVOLVIMENTO
CIÊNCIA
DISCIPLINA
MATEMÁTICAS
CONTRIBUIÇÕES
PARANÁ
BRASIL
“E é dessa maneira que a sociedade humana avança como um todo; é dessa maneira
que toda a história da humanidade perfaz seu trajeto:
De planos emergindo, mas não planejada,
Movida por propósitos, mas sem finalidade.”
Norbert Elias
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