[...] Os objetos materiais só dispõem de propriedades imanentes de natureza
física química: matéria-prima, peso, densidade, textura, sabor, opacidade,
forma geométrica, etc.etc.etc. Todos os demais atributos são aplicados às
coisas. Em outras palavras: sentidos, valores (cognitivos, afetivos, estéticos e
pragmáticos) não são sentidos e valores das coisas, mas da sociedade que os
produz, armazena, faz circular e consumir, recicla e descarta, mobilizando tal
ou qual atributo físico (naturalmente, segundo padrões históricos, sujeitos a
permanente transformação).
Tendo o objeto sua imanência material o que se atribui, passa a possuir
propriedade de signo. Esta questão ganha especial atenção de Horta (1990, p.76),
quando afirma que:
Se os objetos dos museus são suportes da Memória da nossa civilização não
podemos utilizá-los como simples instrumentos de evocação de um passado.
Cada objeto é a memória de uma ação, de um processo, de uma crença, de uma
idéia criadora; como atores no palco de um teatro essas coisas são ações
cristalizadas na matéria, que representam todo um contexto de evolução e de
criação.
A instituição museu abriga objetos (tratados como acervo/signo),
independentemente de sua forma. O objeto no museu é um documento, pois a partir dele
se produz conhecimento, nesta perspectiva o museu é compreendido como unidade de
informação
1
.
Sob tal perspectiva, a atuação do profissional que atua em museus estaria
centrada na intermediação entre as fontes e os usuários. Além disso, o papel desse
profissional deveria ser repensado, pois sua atuação não deve ser restrita ao cuidado do
objeto, mas ao seu tratamento enquanto suporte informacional.
Normalmente, o museólogo é aquele que zela pelo acervo, pelo seu
acondicionamento, catalogação e exposição. Chagas (1996) afirma ser essa a visão
tradicional do profissional que atua em museus. Além dessas atribuições, este
profissional deve estar preocupado com a coleta de informação e sua disseminação.
Na tentativa de discutir esse tema, nos propomos a analisar o perfil do
profissional que atua nos Museus de Santa Catarina. Esta pesquisa está pautada na
nossa prática profissional, como trabalhador do Museu Universitário da Universidade
Federal de Santa Catarina-UFSC.
1
Unidades de informação aqui são compreendidas, segundo Guinchat & Menou (1994, p.333), como
sendo “[...]organismos especializados nas atividades de informação que privilegiam outras funções da
cadeia documental, como a descrição de conteúdo dos documentos, a extração e o tratamento de dados e a
difusão da informação. Estes organismos destinam-se a grupos particulares de usuários e têm
denominações variadas como centros de documentação, centros de informação e bancos de dados.”