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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: EDUCAÇÃO, CULTURA E SOCIEDADE
LINHA DE PESQUISA: EDUCAÇÃO E MEIO AMBIENTE
Ivelise Cardoso Pereira
Paisagem Florestal Urbana e Educação Ambiental:
Um estudo de caso com estudantes em um Parque Florestal
(SINOP-MT)
Cuiabá, MT
2007
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2
Paisagem Florestal Urbana e Educação Ambiental:
Um estudo de caso com estudantes em um Parque Florestal
(SINOP-MT)
Dissertação apresentada à linha de Pesquisa em
Educação e Meio Ambiente, da Área de
Concentração em Educação Cultura e
Sociedade, do Programa de Pós-Graduação em
Educação do Instituto de Educação da
Universidade Federal de Mato Grosso, como
parte dos requisitos para obtenção do tulo de
Mestre em Educação.
Ivelise Cardoso Pereira
Orientador: Prof. Dr. Germano Guarim Neto
Cuiabá-MT
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3
2007
FICHA CATALOGRÁFICA
Cuiabá – MT
2006
Orientador:
Prof. Dr. Germano Guarim Neto
Professor Titular
IB – Departamento de Botânica e Ecologia / UFMT
P436p Pereira, Ivelise Cardoso
Paisagem florestal urbana e educação ambiental: um estudo de caso com
estudantes em um parque florestal (Sinop-MT) / Ivelise Cardoso Pereira. - -
Cuiabá : UFMT/IE, 2007.
96p. : il. color
Dissertação apresentada à linha de pesquisa: Educação e Meio Ambiente,
da Área de Concentração:Educação, Cultura e Sociedade do Programa de Pós-
Graduação em Educação do Instituto de Educação da Universidade Federal de
Mato Grosso, como parte dos requisitos para a obtenção do título de mestre em
Educação.
Orientador : Prof. Dr. Germano Guarim Neto
Bibliografia : 91-95
CDU-37:504
4
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________
Prof. Dr. Germano Guarim Neto
(Orientador – UFMT)
___________________________________________
Profª Drª. Nágila Caporlíngua Giesta
(Examinadora Externa – FURG)
__________________________________________
Profª. Drª. Miramy Macedo
(Examinadora Interna – UFMT)
__________________________________________
Prof. Dr. Cleomar Ferreira Gomes
(Examinador Suplente – UFMT)
5
Tanto a flora como a fauna das regiões biogeográficas do Estado de Mato Grosso – cerrado, pantanal
e floresta – dependem da continuidade de seus ambientes naturais para que dessa forma continuem a
existir e coabitar com o elemento humano, capaz das mais profundas mudanças no ambiente, que a
seu critério podem ser benéficas ou maléficas, inclusive para sua própria qualidade de vida
(GUARIM NETO; SERRANO,1996).
6
DEDICATÓRIA
À minha mãe que na sua simplicidade é uma
educadora persistente.
A todos os Educadores Ambientais que
motivados pela sensibilidade continuam a
jornada do fazer para viver melhor.
7
AGRADECIMENTOS
À Universidade Federal de Mato Grosso e ao Programa de Pós-Graduação em Educação,
aos seus coordenadores, professores, funcionários e estagiários, pela oportunidade de
maior aprendizado.
A todos os professores do Programa de Pós-Graduação em Educação que ministraram as
disciplinas e Seminários, em especial àqueles da linha Educação e Meio Ambiente.
À Profª Drª. Nágila Corpolingua Giesta, Profª Drª. Miramy Macedo e Prof. Dr.Cleomar
Ferreira Gomes, que aceitaram compor a Banca Examinadora de minha Dissertação.
À Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente do Município de Sinop, na
pessoa do Sr. Roberto Knol, pelas informações e pela seção de material bibliográfico e
imagens do Parque Florestal de Sinop.
Ao Sr. Hélio Ferreira, técnico do Instituto de Biociências/Botânica/UFMT que nos
acompanhou em trabalho de campo no Parque Florestal de Sinop.
À Profª Drª. Vera Lúcia M. S. Guarim, pela solicitude e compreensão durante esta
jornada.
Aos colegas de Mestrado, em especial àqueles da linha de pesquisa Educação e Meio
Ambiente: Artema, Ilsa, Isana, Jonia, Márcio, Michele Jaber, Neusa, Rejane e Sônia, pelo
companheirismo e amizade.
À colega Ana Maria Ribeiro Moreira da Costa, que me incentivou a empreender esta
jornada.
À amiga Adelina Neres de Souza Campos, pelas críticas e sugestões para o
aprimoramento deste estudo.
Aos meus amigos que, às vezes sem compreender o distanciamento, hipotecaram sempre
amizade e solidariedade.
MUITO OBRIGADA
!
8
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
Ao Prof. Dr. Germano Guarim Neto, meu orientador e amigo, apaixonado pela vida,
incentivador permanente do trabalho pelo Meio Ambiente, que com paciência,
compreensão e determinação me conduziu nesta jornada.
À Campanha Nacional de Escolas da Comunidade CNEC, através da Superintendência
Estadual de Mato Grosso, que me oportunizou realizar este estudo.
À Escola Cenecista Santa Elisabete, sua diretora, professores e em especial à Profª.
Beatriz Dalagnol e aos alunos da 6ª série, sujeitos desta construção
Às colegas Áurea Cavalcante Santana, incentivadora constante, cujas leituras, críticas,
correções e sugestões nas diversas fases de meu trabalho muito contribuiu com o meu
aprendizado.
À colega e amiga Waldinéia Antunes de Alcântara Ferreira, que com sua presença e apoio
ajudou-me a superar angústias e, de forma determinada, impulsionou-me a avançar neste
caminho.
Ao amigo Ronaldo Abreu Gonzalez, que me apresentou o Parque Florestal de Sinop e
cujo “olhar” contribuiu com a construção deste trabalho, como também à sua família, pelo
renovado apoio durante minhas visitas a Sinop.
Aos meus sobrinhos Marina Pereira Mercante, tradutora do resumo deste trabalho para o
inglês, Rafaella Pereira França de Paula e Wesley Silva Pereira, pelo apoio na digitação,
formatação e revisão deste trabalho.
Aos meus familiares, mãe, irmão, irmã, cunhado, cunhada, sobrinhos e sobrinhas, que de
uma forma ou de outra me apoiaram neste empreendimento.
MUITO OBRIGADA!
9
RESUMO
O Estado de Mato Grosso é dotado de expressiva diversidade biológica e conta efetivamente com
três formações biogeográficas distintas: o Pantanal, o Cerrado e a Floresta, além de áreas de
transição entre elas. O presente trabalho registra os resultados da pesquisa em Educação
Ambiental realizada em Sinop-MT. O objetivo da pesquisa realizada é sensibilizar os estudantes
participantes da pesquisa para a função educativa do Parque Florestal de Sinop. Busca despertar a
responsabilidade crítica para a necessidade da conservação dos recursos naturais, através da
Educação Ambiental, e compreender a importância que as áreas verdes urbanas representam na
interação do ser humano com o ambiente. O recorte da investigação delimita-se no Parque
Florestal. A pesquisa caminhou por meio de uma abordagem qualitativa em Estudos
Educacionais. Trabalha com a perspectiva do estudo de caso, por conter em sua dimensão a
delimitação como característica deste método. O objeto de estudo é a área verde, e os sujeitos da
pesquisa são os idealizadores desse fragmento florestal em área urbana, juntamente com os 47
alunos da 6ª. série do Ensino Fundamental da Escola Cenecista Santa Elisabete. Com a
observação direta na pesquisa de campo, os estudantes responderam ao questionário que forneceu
informações para a abordagem da pesquisa. O resultado da pesquisa, no recorte com estudantes,
apresenta alguns indicadores ambientais localizados no percurso das interpretações feitas durante
o processo investigativo. De acordo com os estudantes, a maioria dos indicadores ambientais
estão conectados aos fatores bióticos e abióticos, mas também se conectam à maneira como se
estruturam as relações ecológicas e sociais no ambiente do Parque Florestal de Sinop. Registra
também o processo de estruturação do Parque Florestal, cuja criação teve a finalidade de atender
ao lazer da população e prover meios de preservação de uma área que estava começando a ser
degradada. O Parque Florestal de Sinop oferece diversificada perspectiva de estudo para a
Educação Ambiental, podendo ser caracterizado como exemplo de preservação e de degradação.
É um espaço onde as Escolas têm a oportunidade de desenvolver ações educacionais, despertando
a sensibilidade para a valorização do Meio Ambiente com responsabilidade.
Palavras-Chave: Educação Ambiental. Àrea verde urbana. Parque Florestal.
10
ABSTRACT
Mato Grosso State is endowed with expressive biological diversity and, effectively, it has three
different biogeographical formations: Pantanal, Cerrado Vegetation and Forest, besides transition
areas between them.This assignment registers the results of research into Environmental
Education carried out in Sinop (MT). The objective of the research is to touch participating
students to the educative role of Sinop Forest Park. In this manner, intend to arouse critical
responsibility for necessity of natural riches conservation, through Environmental Education, and
to comprehend what urban green areas mean to interaction of human being with environment.
The investigation delimits at Forest Park.. The study went through a qualitative approach in
Educational Studies. Work with the perspective of the case study by containing delimitation as
this method’s characteristic. The object to study is the green area, and the characters of the
research are people who idealized this forest fragment in urban area together with 47 students of
6
th
grade of Elementary of Santa Elisabete Cenecista School. With direct observation in practical
research students completed a questionnaire to give information for research’s approach. The
result in case of students, present some environmental indicators that are in the route of the
interpretation done during the investigative process. According to the students most of
environmental indicators are connected to the biótics e abiótics, but also connect themselves to
the manner how ecological and social relations are structured in Sinop Forest Park. Register the
structuring process of the Park, whose creation had the purpose to serve people’s leisure and to
provide preservation means of an area that started to be degraded. Sinop Forest Park offers
different study perspective to the Environmental Education, being considered an example of
preservation and degradation. It’s a place where schools have the opportunitie to develop
educational actions erousing sensitivity to valorization of environment with responsibility.
Key words: Environmental Education. Urban green area. Forest Park
.
11
LISTA DAS FIGURAS E QUADROS
Figuras
Figura 1 - Vista aérea do Parque Florestal da cidade de Sinop....................................22
Figura 2 - Vista áerea do centro da cidade de Sinop.....................................................22
Figura 3 - Mapa com a localização do município de Sinop..........................................31
Figura 4 - Vista frontal do Parque Florestal de Sinop...................................................45
Figura 5 - Aspecto parcial de edificação na área da reserva 10....................................49
Figura 6 - Vista da Bica na Reserva 12 para abastecimento de caminhões pipa..........51
Figura 7 - Planta baixa dos bairros Jardim das Primaveras e Jardim das Palmeiras ...53
Figura 8 - Planta baixa de parte do sítio urbano do município de Sinop com as
principais áreas de Reservas.........................................................................................54
Figura 9 - Vista parcial da frente da Escola Cenecista Santa Elisabete........................60
Figura 10 - Aspecto da entrada da Escola Cenecista Santa Elisabete...........................61
Figura 11 - Registro dos alunos saindo da escola para a aula de campo......................64
Figura 12 - Demonstração da atividade de EA realizada pela Escola Cenecista no
Parque Florestal ...........................................................................................................68
Figura 13 - Observação de vegetação aquática durante aula de campo........................69
Figura 14 - Atividade de lazer no parque Florestal de Sinop........................................71
Figura 15 - Ponte sobre a represa..................................................................................75
Figura 16 - Vista parcial do campo de futebol na face norte do Parque.......................76
Figura 17 - Aspecto parcial de trilhas em área reflorestada..........................................76
Figura 18 - Representação de trilha na floresta nativa..................................................77
Figura 19 - Estudantes Cenecistas observando sagüis no Parque.................................84
Figura 20 - Estudantes identificando espécies vegetais no Parque...............................84
Figura 21 - Imagem da Rua das Avencas. À direita, o Parque Florestal......................87
12
Quadros
Quadro 1 - Questionário utilizado para coleta de dados na Escola Cenecista Santa
Elisabete - Sinop-MT................................................................................................... 26
Quadro 2 - Depoimento dos estudantes sobre o que mais gostam e o que menos
gostam no Parque......................................................................................................... 74
Quadro 3 - Indicadores para a Educação Ambiental.................................................... 82
13
SUMÁRIO
RESUMO 9
ABSTRACT 10
LISTA DE FIGURAS E QUADROS 11
1 DIÁLOGO INTRODUTÓRIO: REFLETINDO POSSIBILIDADES 15
1.1 Considerações iniciais 16
1.2 Objetivos da Pesquisa 19
2 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO 20
2.1 O interesse pela pesquisa 21
2.2 Os caminhos percorridos pela pesquisa 23
3 CAMINHOS HUMANOS NA FLORESTA AMAZÔNICA 27
3.1 A cidade de Sinop: Caracterização histórica e geográfica 28
3.2 O caminhar transforma o espaço da floresta 32
4.RESSIGNIFICANDO O ESPAÇO FLORESTAL URBANO EM SINOP 34
4.1 Conservação e Educação Ambiental 35
4.2 A Educação Ambiental na formação da cidadania 38
4.3 Educação Ambiental e ambiente urbano 48
4.4 Paisagem florestal urbana – Uma perspectiva conservacionista 43
4.5 O Parque Florestal de Sinop: locus da pesquisa 44
14
5.O FAZER PEDAGÓGICO: INTERPRETAÇÃO DA NATUREZA E USO
EDUCATIVO DA PAISAGEM 55
5.1 Contribuições da Educação Ambiental na perspectiva pedagógica 56
5.2 A Campanha Nacional de Escolas da Comunidade (CNEC) no Contexto Educacional
de Sinop 58
5.3 Um pouco da história e do fazer pedagógico da Escola Cenecista Santa Elisabete. 61
6. PANORAMA INTERPRETATIVO: OS PARADIGMAS EMERGENTES 66
6.1 Leituras: O Parque Florestal na concepção de estudantes da Escola Cenecista Santa
Elizabete. 67
6.2 Indicadores para a Educação Ambiental em paisagem urbana 81
REFLEXÕES FINAIS 86
REFERÊNCIAS 90
SOBRE A AUTORA 96
15
1 DIÁLOGO INTRODUTÓRIO: REFLETINDO POSSIBILIDADES
Não há uma forma única nem um único
modelo de educação; a escola não é o
único lugar onde ela acontece e talvez
nem seja o melhor; o ensino escolar não é a
sua única prática, e o professor
profissional não é o seu único praticante.
(
BRANDÃO, 2003).
16
1.1 Considerações Iniciais
Na vivência do cotidiano o ser humano é compelido a modificar o seu
comportamento valorizando os espaços naturais quando as conseqüências negativas de
suas ações o atingem diretamente, alterando suas atitudes.
Assim buscamos em Perón (2003, p. 28) a seguinte afirmação: “Nossas percepções
sobre o ambiente externo são sempre modificadas pelos nossos ambientes internos, isto é,
fazemos a leitura da natureza de acordo com as nossas necessidades, memórias e
experiências”.
A educação contemporânea precisa ser pensada de forma a considerar as
transformações sociais, culturais e subjetivas de nossa era, buscando alternativas para a
práxis educativo-social em relação ao meio ambiente, visando à construção de uma
consciência ambiental.
Segundo Brandão (2003, p. 11), “[...] a educação participa do processo de
produção de crenças e idéias de qualificações e especialidades que envolvem as trocas de
símbolos, bens e poderes que, em conjunto, constroem tipos de sociedades. E esta é sua
força”. Assim a educação acontece nos diversos espaços sociais, em ambientes não-
escolarizados e escolarizados. No primeiro, constroem-se as relações culturais, os saberes
populares, as trocas que são formalizadas, mas que não estão ligados a nenhuma estrutura
institucional. A outra forma de educação especifica-se em educar através de mecanismos
metodológicos, didático-pedagógicos e é fortemente marcada pela relação de ensinar e
aprender. Acreditamos que as duas formas de educação são complementares e necessárias
ao ser humano.
Ancorada nessa proposição e considerando que o processo educacional deve ser
abrangente, esta pesquisa se propõe a contribuir com a Educação Ambiental, através de
um estudo de caso com estudantes do ensino fundamental da Escola Cenecista Santa
Elisabete, tendo como objeto o Parque Florestal de Sinop, em Mato Grosso.
No Brasil a discussão sobre Educação Ambiental ficou por muito tempo refém de
normas esparsas.
17
Nas últimas décadas diversos eventos foram realizados, tais com o Congresso
Internacional de Educação de Moscou, os Seminários de EA na Costa Rica e Argentina e
as Conferências de Estocolmo, Tbilisi e Rio de Janeiro, delineando os perfis de atuação
dos países com relação à Educação Ambiental. Hoje a EA es contemplada pela
Legislação Brasileira, sendo objeto da Lei . 9.795, de 27 de abril de 1999, que assim
define o seu papel no processo educacional:
Art. 1º. Entende-se por educação ambiental os processos por meio dos
quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais,
conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a
conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à
sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.
Art. 2º. A educação ambiental é um componente essencial e permanente
da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em
todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e
não-formal (BRASIL, 1999).
Ao propor realizar um estudo de caso tendo como objeto o Parque Florestal de
Sinop, pretendemos ressaltar a importância da Educação no processo de valorização de
um fragmento florestal remanescente em área urbana.
Assim a interação da vida e do meio físico resulta numa estrutura organizada
favorecendo a compreensão do funcionamento do planeta, cujo desenvolvimento
sustentável
1
, promovido pelo ser humano, deveria proporcionar a redução das
desigualdades e favorecer o equilíbrio dessa relação. Nesse caso, o Parque Florestal pode
ser entendido como um espaço que favorece a manutenção da biodiversidade local e o
aprendizado, com projeções educativo-ambientais.
Persistir no manejo irresponsável do meio ambiente é possibilitar que cedo ou tarde
a natureza desencadeie reações cobradoras contra os desequilíbrios ambientais
intensificados pela intervenção humana, pois eles são fatores de redução da diversidade
biológica e da qualidade de vida no planeta, ameaçando a própria sobrevivência.
1
O termo também é muito utilizado pela retórica daqueles que buscam abrir espaço para o desenvolvimento
econômico a qualquer custo.
18
Por outro lado, Sariego (1994) lembra que o planeta já passou por inúmeras e
profundas transformações, independentemente da ação humana, superando-as, e mesmo a
vida tem resistido a essas drásticas mudanças. A gama de conhecimentos que o ser
humano amealhou ao longo de sua história esseguramente calcada na sua intervenção,
como agente autoconsciente do seu ambiente, interferindo na rotina de vida dos demais
seres vivos e de si próprio, numa inter-relação que pode favorecer ou desfavorecer as
condições bióticas e abióticas do seu entorno.
Nestes termos, o conhecimento humano tem tomado rumos divergentes, ora em
prol da vida, ora fazendo com que as transformações se configurem como ameaças
socioambientais, interferindo sobremaneira nos ecossistemas planetários.
Esse quadro de transformações e mudanças levou-nos a refletir e identificar uma
paisagem florestal urbana que conhecemos em 1995, através dos “olhos” de um de seus
idealizadores, o engenheiro civil Ronaldo Abreu Gonzalez.
Partimos então para o processo de aprofundar nosso contato com o objeto,
associando-lhe o caráter de veículo propulsor da Educação Ambiental escolar, tendo
como parâmetro a Escola Cenecista Santa Elisabete.
O presente trabalho está estruturado em seis partes; na primeira, tecemos as
considerações iniciais e alinhavamos os objetivos da pesquisa.
Na segunda parte, abordamos o procedimento metodológico, o interesse pela
pesquisa e os caminhos percorridos por ela.
Caminhamos brevemente pela história do Município de Sinop na terceira parte.
Alinhavamos uma breve caracterização histórica e geográfica da cidade de Sinop,
caminhando pelas transformações iniciais do espaço florestal em sítio urbano.
Na quarta parte, visualizamos a conservação do espaço florestal urbano,
identificando o objeto da pesquisa, o Parque Florestal, e registrando nossa percepção
sobre Educação Ambiental na relação cidadã do ser humano.
O fazer pedagógico, a interpretação da natureza e o uso educativo da paisagem
foram descritos na quinta parte, onde enfatizamos as contribuições da Educação
Ambiental numa perspectiva pedagógica e registramos a história da Campanha Nacional
19
de Escolas da Comunidade (CNEC) e o fazer pedagógico da Escola Cenecista Santa
Elisabete.
A sexta parte tem como palco o panorama interpretativo, com a concepção dos
sujeitos da pesquisa sobre o Parque Florestal e a apresentação dos indicadores para a
Educação Ambiental naquela unidade de conservação.
Tecemos algumas considerações na finalização do trabalho, onde a preocupação
com tão importante espaço verde é manifestada.
Para o diálogo pretendido, buscamos apoio teórico-metodológico nos conceitos e
reflexões de autores como Tuan (1980), Demo (1993, 1998), Troppmair (1995), Diegues
(2001), Segura (2001), Reigota (2002), Carvalho (2004), Galiazzi e Freitas (2005), Leff
(2005), Merleau-Ponty (2006), que, entre outros, consubstanciaram os caminhos
percorridos e as análises realizadas no contexto da Educação, Meio Ambiente e Educação
Ambiental.
1.2 Objetivos da Pesquisa
- Identificar a relação dos alunos da Escola Cenecista Santa Elisabete com o
Parque Florestal de Sinop;
- Despertar a responsabilidade crítica para a necessidade de conservação dos
recursos naturais, através da Educação Ambiental;
- Oferecer subsídios que favoreçam um maior aproveitamento do Parque Florestal
de Sinop nas aulas da Escola Cenecista Santa Elisabete e outras;
Compreender a importância que as áreas verdes urbanas representam na interação
do ser humano (alunos) com o ambiente.
2 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO
Em investigação qualitativa, uma das
estratégias baseia-se no pressuposto que
muito pouco se sabe acerca das pessoas e
ambientes que irão constituir o objeto de
estudo. Os investigadores esforçam-se
intelectualmente para eliminar os seus
preconceitos
(BOGDAN; BIKLEN, 1994).
21
2.1 O interesse pela pesquisa
A pesquisa ora realizada, que originou esta Dissertação, é mais uma contribuição
ao Projeto Educação e Meio Ambiente: a conexão multidisciplinar para a prática
pedagógica emanada dos saberes escolarizados e não-escolarizados” (Nº.
012/CAP/UFMT/2004) do Grupo de Pesquisas em Meio Ambiente e Educação
(MAmBe/UFMT), coordenado pelo Prof. Dr. Germano Guarim Neto.
Portanto, ao propormos esse projeto de pesquisa, nosso entendimento era que o
objeto de investigação seria o ambiente biofísico, ou seja, o Parque Florestal de Sinop
(Fig. 1, 2).
Ao enveredar pelo estudo teórico buscando consubstanciar a Metodologia de
Pesquisa, observamos que o objeto de nosso estudo envolve a relação dos alunos com o
Parque Florestal, e como as práticas educativas junto à natureza contribuem para a
compreensão e valorização das relações socioambientais.
Conhecer a escola e sua metodologia de trabalho foi um subsídio importante para
contextualizarmos as atividades docentes e discentes no seu relacionamento com o
Parque.
Assim nosso interesse está voltado para um estudo em que o Parque é o
instrumento que desencadeia processos educativos. Ele é motivo de investigação porque
integramos o grupo de pessoas associadas à Campanha Nacional de Escolas da
Comunidade (CNEC) e, considerando a ação de educadores no Parque, optamos por
investigar que relações existem entre a prática didática da escola Cenecista realizada com
os alunos e o Parque Florestal.
22
Figura 1 – Vista aérea do Parque Florestal da cidade de Sinop.
Fonte: Prefeitura Municipal de Sinop.
Figura 2 – Vista aérea do centro da cidade de Sinop.
Fonte: Prefeitura Municipal de Sinop.
23
2.2 Os caminhos percorridos pela pesquisa
A pesquisa caminhou dentro de uma abordagem qualitativa com base em Estudos
Educacionais. A pesquisa qualitativa se preocupa em investigar uma situação natural de
forma aberta e flexível numa realidade que é contextualizada. A significação da pesquisa
insere-se no processo dinâmico da investigação e o do produto. O significado que os
sujeitos fornecem acerca do objeto que está sendo pesquisado é foco de atenção do
pesquisador, nesse sentido, os dados coletados assumem a perspectiva da descrição
(LUDKE; ANDRÉ, 1986).
Dentro dos pressupostos teóricos, apoiamo-nos também na abordagem proposta
por Bogdan e Biklen (1994), destacando o estudo qualitativo como uma maneira de
compreender e sistematizar a visão do sujeito numa perspectiva participante. “A pesquisa
qualitativa tem no ambiente natural sua fonte direta de dados e o pesquisador como seu
principal instrumento” (BOGDAN; BIKLEN, 1994, p. 47).
No âmbito desta pesquisa trabalhamos com a perspectiva do estudo de caso por
conter, em sua dimensão, a delimitação como característica deste método. As
características fundamentais do estudo de caso trabalham numa abordagem que envolve
os sujeitos da pesquisa. Deste modo são características deste tipo de investigação a busca
da descoberta, a interpretação em contexto, o esforço em retratar a realidade de forma
completa e profunda, o uso de fontes de informações variadas, possibilidades de revelar
experiências e permitir generalizações naturalísticas, representar os conflitos presentes
numa situação social, além de permitir e utilizar uma linguagem acessível à pesquisa.
Portanto, esta investigação consiste em um estudo de caso [...] por se constituir
numa unidade dentro de um sistema mais amplo” (LUDKE; ANDRÉ, 1986, p.17).
Associamos o estudo de caso com a coleta de informações referentes ao processo
de criação do Parque com o propósito de conhecer as razões que motivaram a sua
estruturação, e subsidiar o estudo proposto.
24
Com isso buscamos informações com sujeitos que vivenciaram a história num
dado momento social, no caso desta pesquisa, as relações estabelecidas para a criação do
Parque Florestal em Sinop. Nestes termos, a coleta de dados com idealizadores do Parque
aconteceu através de conversas e aplicação de questionário aberto, que serviram de base
ao estabelecimento do contato.
Com o grupo de estudantes, primamos por realizar a pesquisa de campo, aliada à
produção de textos induzidos por questionários abertos tendo como tema central o Parque
Florestal de Sinop e aula de campo, considerando as características biofísicas e aspectos
sociais.
Assim obtivemos as informações que possibilitaram a construção da história do
Parque Florestal de Sinop e, através da observação direta na pesquisa de campo com os
estudantes e da análise das produções textuais, coletamos os dados para o
desenvolvimento da pesquisa.
Em outubro de 2005, estivemos na Secretaria de Meio Ambiente do Município de
Sinop e informamos o propósito do nosso projeto. Naquela oportunidade visitamos o
Parque Florestal, momento em que fizemos as primeiras observações do espaço público
que recebe expressiva visitação, principalmente nos finais de semana.
Com o objetivo de conhecer os agentes a serem envolvidos na pesquisa,
procuramos a direção da Escola Cenecista Santa Elisabete. A diretora, Srª. Liliana Inês
Weber, nos apresentou à professora Beatriz Dallagnol, coordenadora de Projetos do
Ensino Fundamental rea de Ciências da Natureza e suas Tecnologias). A coordenadora
informou que a Escola desenvolve projetos que incluem aulas de campo com a visita ao
Parque Florestal para as turmas da 6ª. série do Ensino Fundamental.
Assim a primeira etapa da pesquisa foi realizada com trabalhos de observação de
campo, reconhecimento das instalações físicas da Escola, reconhecimento do espaço
ambiental do Parque Florestal de Sinop e início das relações com os sujeitos da pesquisa.
A segunda etapa configurou-se como o momento de coleta de dados.
Acompanhamos a turma da 6ª. série em uma aula de campo e os alunos responderam a
25
um questionário aberto (Quadro1), com o objetivo de recolher as impressões iniciais
sobre o Parque Florestal de Sinop.
Os questionários foram respondidos de forma simples, direta e concisamente, como
o exemplo a seguir, para a descrição do Parque:
Na entrada se araras e papagaios coloridos. Ao lado tem um barracão,
mais na frente tem a ponte e no meio da ponte tem um chafariz
2
onde se
pode dar comida para os peixes e tartarugas e mais na frente tem duas
trilhas que se pode escolher.
O trabalho desenvolvido considerou a percepção de 47 alunos da 6ª. série do
Ensino Fundamental da Escola Cenecista Santa Elisabete, que ofereceram uma
diversidade de opiniões. Espera-se que a análise dessa abordagem contribua para
estimular a prática pedagógica, despertando no cidadão do futuro a sensibilidade e a
responsabilidade para com as questões relacionadas ao meio ambiente.
Como resultado dessa sensibilização, espera-se que haja intervenções que possam
ser traduzidas nas diferentes formas de linguagem e na manifestação cultural, valorizando
os bens naturais que envolvem os grupos sociais que formam a sociedade mato-grossense.
2
O aluno se refere a um quiosque circular construído no meio da ponte sobre a represa.
26
Quadro 1 - Questionário utilizado para coleta de dados na Escola Cenecista Santa
Elisabete Sinop-MT
Nome do Aluno: _____________________________________________________
Série ........................... Idade ..........................
1. Você conhece o Parque Florestal de Sinop?
Sim ( ) Não ( )
2. Se você respondeu sim, você vai ao Parque com que finalidade?
3. Você acha o Parque Florestal importante para Sinop ? Por quê?
4. Do que você mais gosta e do que você menos gosta no Parque?
5. Descreva o Parque Florestal.
3. CAMINHOS HUMANOS NA FLORESTA AMAZÔNICA
A sociedade tem a responsabilidade de
proteger a Terra. Se degradarmos os recursos
naturais da Terra e fizermos com que as
espécies se tornem extintas, as gerações
futuras terão que pagar o preço de um padrão
inferior de qualidade de vida.
(PRIMACK; RODRIGUES, 2001)
28
3.1 A cidade de Sinop: Caracterização histórica e geográfica
A sobrevivência das diferentes espécies que abundam o ambiente de floresta é
inteiramente dependente do papel que cada uma desempenha naquele ecossistema. O ser
humano, enquanto integrante desse sistema, dotado de inteligência e livre arbítrio, é quem
contribui expressivamente no processo de transformação ou preservação do ambiente.
Mato Grosso é dotado de expressiva diversidade biológica e conta, efetivamente,
com três formações biogeográficas distintas: o Pantanal, o Cerrado e a Floresta, além de
áreas de transição entre elas.
Conforme Guarim Neto e Serrano (1996), a região se caracteriza por vegetação
densa com árvores de grande porte, de diâmetros avantajados, raízes muito desenvolvidas
para a sua sustentação e copa muito fechada, definindo um ambiente permanentemente
sombreado, devido à pouca luminosidade. O acúmulo, no solo, de matéria orgânica
originada da vegetação semidecídua favorece a subsistência das espécies macroscópicas e
microscópicas que compõem os diferentes estratos da floresta.
Os caminhos humanos na Floresta Amazônica foram aos poucos adentrando o
espaço da paisagem natural e modificando a fisionomia ambiental. Nesse contexto, o
município de Sinop, como muitos outros do norte de Mato Grosso, tem sua origem no
processo de colonização desencadeado na década de 70 pelo Programa de Integração do
País através da frente expansionista, herdando seus nomes das colonizadoras que os
fundaram.
Em 1971, o Núcleo de Colonização Celeste foi vendido à Sociedade Imobiliária do
Noroeste do Paraná SINOP que, conforme relatam Ferreira e Silva (1998), tinha o
objetivo de estabelecer uma estrutura mista de colonização envolvendo atividades
agropecuárias e indústria de transformação. A cidade foi fundada a 14 de setembro de
1974, adotando a sigla da Firma: SINOP - SOCIEDADE IMOBILIÁRIA DO
NOROESTE DO PARANÁ.
29
O Município de Sinop se estabeleceu com base na extração e industrialização de
madeira e, embora ainda se constitua em importante pólo da indústria madeireira em Mato
Grosso, cuja comercialização vem sistematicamente gerando conseqüências prejudiciais
ao meio ambiente, esta atividade vem se reduzindo nos últimos anos.
Essa caracterização extrativista de madeira é um marco presente em nosso país,
pois o Brasil tem a sua história colonial marcada por grande extração de pau-brasil.
Atualmente essa atividade é representada pela retirada de outras espécies reivindicadas
pelo mercado, como mogno, cedro, peroba, angelim. Essas ações contribuem com a
descaracterização ambiental, gerando riquezas momentâneas com grandes prejuízos
futuros
3
.
No início da década de 1970, o colonizador Enio Pepino lançou seus olhos para a
região norte de Mato Grosso. Ferreira (2001) registra que, na implantação do elaborado
Projeto de Colonização, o investidor criou, a 500km de Cuiabá, a gleba Celeste,
abrangendo uma extensa área de 645 mil hectares de terra no município de Chapada dos
Guimarães. Inaugurado oficialmente em 14 de setembro de 1974, o projeto previa a
instalação de lotes rurais de 50 hectares ou mais e núcleos urbanos subdivididos em lotes
residenciais, comerciais e industriais, circundados por chácaras de 5 a 10 hectares,
destinados à produção de hortifrutigranjeiros, constituindo um cinturão verde dos cleos
urbanos.
Contudo o desenvolvimento da região esbarrou na crise do petróleo, desafiando os
colonos a buscar novas perspectivas. Uma delas foi a produção de álcool combustível,
com a primeira usina concluída no início da década de 1980. Posteriormente, adveio a
crise do álcool, atrapalhando assim os planos da Destilaria SINOP Agroquímica, cuja
pretensão era produzir 50 milhões de litros de álcool por ano. Surge então a extração da
madeira. Uma atividade próspera para quem a praticava e danosa para a natureza, a
extração de madeira quase sempre foi executada sem o devido critério.
3
A exposição abrupta do solo da floresta tropical, provocada pela remoção da cobertura vegetal
indiscriminada, provoca a aridez e o conseqüente abandono pelo ser humano.
30
Porém a degradação ambiental oriunda do desmatamento, bem como a queima das
sobras do pré-beneficiamento, associadas à agricultura e pecuária extensivas, trouxeram
para o município de Sinop muitos problemas
4
.
O município de Sinop, criado em 17 de dezembro de 1979, originou-se do
desmembramento do município de Chapada dos Guimarães, do qual era distrito desde
1976. O município de Sinop tem atualmente uma população aproximada de 84.000
habitantes. Está localizado entre as coordenadas geográficas 11º52’21” latitude sul e
55º32’07” longitude oeste GW. Limita-se com os municípios de Santa Carmem, Vera,
Sorriso, Tapurah, Itaúba e Cláudia (Fig. 3). Com uma extensão territorial de 3.142,06 km,
encontra-se na Grande Bacia Hidrográfica do Amazonas, com temperatura média de
24/28ºC.
É uma região comprometida ambientalmente, embora no passado apresentasse uma
mata exuberante, com uma vegetação composta de árvores de grande porte, que se
enfileiravam entremeadas de cipós e gramíneas, local de abrigo de inúmeras espécies.
Fez e faz parte da Amazônia legal, é um espaço ambicionado por várias nações por
representar patrimônio de vida. No imaginário que se constrói, tendo como exemplo o
fragmento urbano do Parque Florestal de Sinop, percebe-se ainda a presença de matas,
com árvores imensas e sinuosos riachos, e tem-se a sensação de estar no coração de
Sinop, antes do caminhar humano.
4
Ao empobrecimento do solo aliam-se a contaminação por agrotóxico e a poluição do ar devido
às queimadas da floresta e da sobra da madeira beneficiada nas inúmeras madeireiras nos
arredores da cidade.
31
Figura 3 - Mapa com a localização do município de Sinop.
Fonte: Wikipédia arquivos: http://www.citybrazil.com.br/mt
Organização. Wesley Silva Pereira.
32
3.2 O caminhar transforma o espaço da floresta
Com o processo de ocupação ocorrido no início da década de 70, o espaço
geográfico que hoje compreende o município de Sinop foi transformado, novos passos
foram introduzidos e modificado o contexto florestal. Antes, a clareira para a construção
do sítio urbano, hoje, o sítio urbano expandido, e o que se tornou sítio foi a floresta, uma
vez que as ações de desmatamento foram sendo cada vez mais aceleradas.
É importante destacar que, conforme Arruda (1997), a cidade de Sinop surgiu da
contingência gerada pela mudança do traçado da BR-163, obrigando a colonizadora que
lhe deu o nome a estabelecer um núcleo de apoio de suas atividades junto ao novo traçado
da Rodovia.
Vale ressaltar ainda que, na implantação do núcleo urbano de Sinop, as árvores
eram ceifadas para dar lugar e ao mesmo tempo constituir as moradias dos pioneiros que
chegavam principalmente do Sul do País na esteira da propaganda da colonizadora. E a
madeira continuou a ser a mola propulsora do “desenvolvimento” da cidade.
A história desse processo de construção tem uma vertente registrada e outra que,
subjugada pelo silêncio necessário, perde pouco a pouco sua “memória”. Isso porque a
história oficial apresenta uma versão que é diferente daquela dos moradores. Estes
expressam suas mágoas e conflitos sentimentais, perdem-se em sua memória as muitas
injustiças sociais e ambientais presentes na época. Entre elas podemos mencionar
situações de doenças, miséria e perda ambiental, além da própria condição de vida dos
trabalhadores madeireiros. Assim muito da história se encontra adormecido, silenciado.
O caminhar, o tempo, a extração da madeira, a forma como Sinop se constitui,
transforma o espaço da floresta, e as grandes árvores tombam como tombam sonhos,
histórias, vidas. A floresta ganha um novo pulsar, uma forma diferente de viver e
progredir. Homens e mulheres redirecionam o caminhar da floresta.
Guarim (1996) lembra que ao apropriar-se dos recursos naturais, utilizando-os e
transformando-os, o ser humano não raro olvida que ele também é um organismo
33
dependente do ambiente que destrói, e conseqüentemente provoca os resultados nefastos
que vivenciamos, considerando que muitas vezes não se pode recriar aquilo que foi
destruído.
Mesmo assim a Floresta em Sinop ainda apresenta fragmentos na área urbana,
em um testemunho pujante da vegetação natural ali existente.
São espaços verdes de vital importância no contexto da sociedade, onde a relação
com a natureza se expressa e é ressignificada.
4. RESSIGNIFICANDO O ESPAÇO FLORESTAL URBANO EM SINOP
As áreas selecionadas para estudo ambiental
não necessitam ser usadas unicamente para
este fim, mas são apenas tomadas como
referências para os programas nelas
desenvolvidos. Isso confere especial
importância às áreas de estudo ambiental que
são também áreas preservadas, pois nestas o
aspecto educativo e o da conservação
coexistem harmonicamente, completando-se
um ao outro
(SCHEINER, 1984).
35
4.1 Conservação e Educação Ambiental
Embora se alardeie a necessidade de priorizar e valorizar o meio ambiente,
sobressai a preocupação em garantir o bem-estar” dos privilegiados, o importando a
que condições são submetidas as populações periféricas e muito menos a herança que fica
para as gerações futuras. Este é um grave problema cultural que não está circunscrito ao
nosso país, porque é global.
Com o propósito de orientar os interessados na perspectiva da Educação
Ambiental, Reigota (2004, p. 14) define meio ambiente como:
[...] lugar determinado ou percebido, onde os elementos naturais e
sensoriais estão em relação dinâmica e em interação. Essas relações
implicam processos de criação cultural e tecnológica e processos históricos
e sociais de transformação do meio natural e construído.
Nos países centrais está concentrada grande parte do pensamento vanguardista em
busca de soluções para os problemas provenientes da ação humana, mas é também neles
que se encontram as forças políticas que em nome do progresso determinam o “status
quo”, conforme relata Lima (1999, p. 88-89).
Verifica-se assim uma seqüência de explicações dicotômicas que tendem
a separar a explicação técnica da explicação política; a visão ecológica
da visão social; a abordagem individualista de uma abordagem
coletivista; a percepção dos efeitos da percepção das causas e a esfera de
consumo da esfera da produção, expressões reducionistas que não
respondem à complexidade do problema.
Assim como proceder à mudança, senão através da educação? Dentro desse
pensamento de ter a educação como mola propulsora no processo de sensibilização,
localizamos a existência de ações sociais e ambientais possíveis de ao menos minimizar a
36
questão ambiental. Dentre essas ações, a criação de Unidades de Conservação confere a
alocação de espaços controlados e/ou preservados mediante legislação.
É nessa perspectiva que se enquadra o Parque Florestal de Sinop, onde são
desenvolvidos instrumentos para sensibilizações e ressignificações de espaços ambientais,
com monitoramento e manejo ambiental adequado.
Essa ressignificação espacial está ligada também à forma de uso das Unidades de
Conservação. É um processo educativo que necessita de várias e sucessivas etapas, com
diferentes sujeitos, inclusive com a classe educadora. É preciso que ela esteja
sensibilizada para contribuir com a formação de agentes que poderão agir politicamente
em benefício da sociedade global, possibilitando ao educando construções ambientais
libertadoras.
Lima (2004, p. 92) considera que:
[...] para entendermos o processo educativo como um processo
libertador, precisamos fornecer subsídios para que os aprendizes
resgatem e exerçam sua autonomia, pensando por si próprios e
realizando livremente as escolhas que julguem mais adequadas às suas
necessidades individuais e sociais.
Jickling (1992 apud Lima 2004) rejeita todas as propostas educativas orientadas
para uma finalidade específica como é o caso da educação para a cidadania, para a
sustentabilidade ou outra finalidade qualquer. Para ele, essas propostas sugerem um
instrumentalismo que contraria o espírito da educação enquanto prática de liberdade. Há
uma diferença substancial entre discutir o sentido da cidadania ou sustentabilidade, que se
julga necessário e educativo, e propor uma educação “para a sustentabilidade”, que sugere
mais um tipo de normatização e adestramento contrário à liberdade. Essa condição se
torna ainda mais grave quando toma por objeto conceitos ambíguos, contraditórios e
ideológicos como é o caso dos conceitos de sustentabilidade e cidadania.
Conforme registra Lima (2004), as concepções de Educação Ambiental no Brasil
vêm gradativamente recebendo efetiva contribuição de reflexões de autores provenientes
37
das Ciências Humanas, cuja superação de problemas ocorridos com mais freqüência está
predominantemente albergada nas Ciências Biológicas.
Na perspectiva de uma educação ambiental crítica, a formação incide
sobre as relações indivíduo-sociedade, e nesse sentido, indivíduos e
coletividade fazem sentido se pensados em relação. As pessoas se
constituem em relação ao mundo em que vivem com os outros e pelo
qual são responsáveis juntamente com os outros. Na educação ambiental
crítica esta tomada de posição de responsabilidade pelo mundo supõe a
responsabilidade consigo próprio, com os outros e com o ambiente, sem
dicotomizar e/ou hierarquizar estas dimensões da ação humana
(CARVALHO, 2004, p. 20).
Enfim cruzar os elementos da educação ambiental com o uso efetivo das unidades
de conservação pode fazer com que as relações indivíduo-sociedade sejam
ressignificadas, e a consciência ambiental possa ser construída junto aos alunos nas
escolas.
Ao valorizar as percepções estudantis, estamos proporcionando-lhes oportunidades
de se tornarem cidadãos cônscios de seus direitos e deveres em benefício da sociedade
presente, bem como das futuras gerações.
É oportuno lembrar que estudos e pesquisas em áreas verdes urbanas no Brasil vêm
sendo ampliados, no sentido de alertar a sociedade e os tomadores de decisão sobre a
importância da manutenção desses espaços para a conservação e educação. Assim
contribuições de Bordest (1995), em Chapada dos Guimarães/MT; Cavalheiro (1991;
1993), em São Carlos/SP; Scheiner (1984), no Rio de Janeiro/RJ; Dias-Moreno (1999),
em Blumenau; Dalazen (2002), em Sinop/MT; Santos (2002), em Alta Floresta/MT;
Perón (2003), em Sinop; Pedrotti (2005), em Cuiabá; Pereira e Guarim Neto (2005), em
Cuiabá/MT: Pereira e Guarim Neto (2006), em Sinop/MT; Maranhão (2006), em
Brasília/DF, mostram diferentes abordagens nas concepções das pesquisas em áreas
verdes urbanas e rurais.
38
4.2 A Educação Ambiental na formação da cidadania
O conceito de Educação Ambiental está calcado na concepção totalizadora de
Educação em preparar as pessoas para a vida com qualidade, enquanto membro do
planeta. É disponibilizar conhecimentos que favoreçam o gerenciamento das relações
entre a sociedade humana e o ambiente de forma integrada e sustentável.
O papel da Educação Ambiental deve ser antes de tudo de orientação e alerta para
as formas com que o ser humano abre seus caminhos. A Educação Ambiental não pode
ser vista como um promotor do ecologismo
5
por si só, como afirmam algumas pessoas
imediatistas e ou radicais, mas ela deve ser um farol que oriente nossos passos em busca
de condições de vida que propugnam por um desenvolvimento sustentável que atenda
com equilíbrio às necessidades das diferentes sociedades do planeta, as sociedades
sustentáveis.
A infra-estrutura que move a sociedade moderna
6
é necessária para atender a seu
salto evolutivo, mas certamente ela pode ser executada respeitando a natureza em sua
fragilidade, como nascentes, matas ciliares, solos frágeis etc., pois dela depende também a
própria sobrevivência da humanidade.
Os adeptos do desenvolvimento a qualquer custo pensam no hoje e no seu próprio
bem-estar (o que é legítimo), mas devemos nos lembrar de que seis bilhões de pessoas são
uma população expressiva na geração de necessidades individuais e coletivas. Por isso
mesmo, cabe a nós sermos coerentes e precavidos para que os bilhões de seres humanos
do futuro próximo tenham qualidade de vida.
A Educação Ambiental hoje deve direcionar a valorização da natureza para que o
ser humano de amanhã ainda possa respirar, beber água, se alimentar, enfim prover a sua
sobrevivência na terra. Scheffer et al. (2005) registram que é responsabilidade do setor
5
Designação atribuída à prática dos defensores da natureza, excluindo dela os seres humanos.
6
Construção de rodovias, aeroportos, fontes de energia, indústrias e outras ações humanas
imprescindíveis à sociedade moderna.
39
público promover condições de preservação de ambientes favoráveis à vida, assinalando
que:
Os rios, as nascentes de água, o solo, o ar, as florestas, os ecossistemas,
os mares etc., dependem de uma atuação que transcende as capacidades
individuais. casos em que a atuação é de mais de uma nação e em
alguns casos de todas as nações (SCHEFFER, 2005, p. 38)
7
.
Também são atribuições do Estado o controle e a prevenção de epidemias e
endemias, bem como o controle de produtos destinados ao uso e consumo humano,
considerando também que seus resíduos chegam ao ambiente propiciando contaminações
que mais cedo ou mais tarde virão afetar novamente o ser humano. Situações semelhantes
são objetos de discussão pela Educação Ambiental.
É evidente que a Educação tem seu espaço em todas as idades, mas é primordial
que nos preocupemos com os jovens levando-lhes mensagens coerentes e responsáveis,
pois se por um lado os recursos naturais nãoo inesgotáveis, por outro o planeta também
tem seu limite de exaustão.
A Educação Ambiental surge e se consolida num momento histórico de grandes
mudanças no mundo, voltada a questionar as opções políticas atuais e o próprio conceito
de Educação, exigindo, por princípio, um repensar de nossa prática educativa. Assim a
Educação Ambiental deve ser entendida como educação política no sentido de que ela
reivindica e prepara os cidadãos para exigir justiça social, cidadania e ética nas relações
sociais com a natureza.
Contudo não podemos atribuir à Educação Ambiental, por si só, a responsabilidade
de resolver os complexos problemas ambientais, mas ela pode influenciar para que isso
ocorra, na medida em que forma cidadãos conscientes e sensibilizados, atuantes na
sociedade, produzindo soluções para os problemas criados pelo próprio ser humano.
7
Como é o caso do controle das armas de destruição em massa
.
40
A Educação Ambiental tem o importante papel de estimular o indivíduo e a
coletividade a participarem de forma ativa, criativa e responsável na solução dos
problemas atuais e futuros do meio ambiente.
A implementação da Educação Ambiental para as novas gerações, assim
como para a população em geral, é uma necessidade premente, pelo atual
quadro do nosso planeta. O processo educativo realizado de forma
participativa resulta em uma prática de educação voltada à resolução dos
problemas comunitários, possibilitando a aquisição de novos
conhecimentos, adoção de comportamentos e atitudes, e o pleno
exercício da cidadania (SANTOS, 1998, p. 23).
A trajetória histórica da transformação do meio ambiente e da conseqüente
degradação da natureza no Brasil teve seu início no período colonial, e sua relação com o
presente está caracterizada na cultura predatória impulsionada pelas questões econômicas
que se cristalizaram ao longo do processo de formação do povo brasileiro.
Conforme Morin e Kern (2002), nossa história continua determinada pelo mito do
desenvolvimento econômico, calcado na dominação e na servidão que são raízes
bioantropológicas da exploração humana.
4.3 Educação Ambiental e ambiente urbano
A educação ambiental é desenvolvida através de um processo formal (às vezes
atendendo aos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs, busca na transversalidade e na
interdisciplinaridade o desenvolvimento de projetos que contemplam diferentes
disciplinas do conjunto curricular, mas também ocorre como disciplina específica) ou
informal (os movimentos ecológicos, noticiários, textos publicados na mídia) que
procuram orientar as pessoas a tomarem atitudes que não sejam agressoras ao meio e, um
41
pouco mais adiante, que façam com que elas percebam a necessidade de uma postura
ativa no processo de recuperação do que já foi degradado.
Parafraseando Moisés (2000), o principal gestor desse espaço de vivência da
população, onde são prontamente percebidos e sentidos os resultados das alterações do
ambiente e da qualidade de vida, é o poder blico municipal. É o poder constituído que
detém competência para a elaboração, implementação e fiscalização dos códigos e planos
locais de organização territorial, de uso dos espaços públicos e de proteção ambiental.
A Educação Ambiental pode ser exercida em diversos locais, de forma
institucionalizada ou não, em ambiente rural ou urbano. Nesta proposta, optamos por
realizar um estudo de caso tendo como objeto o Parque Florestal de Sinop. Pretendemos
ressaltar a importância da Educação no processo de preservação de uma “paisagem
florestal urbana”.
Sato (2003, p. 15) traz a seguinte afirmação: “Consideramos que a Educação
Ambiental deve gerar, com urgência, mudanças na qualidade de vida e maior consciência
de conduta pessoal, assim como harmonia entre os seres humanos e destes com outras
formas de vida”. Desta forma a Educação Ambiental é uma ão necessária no meio
urbano, já que as transformações acontecem num ritmo bastante acelerado.
Contemporaneamente discute-se o papel da Educação Ambiental no
desenvolvimento das nações e dos seres humanos. Porém a Educação por si apenas não
pode transformar a sociedade e/ou a humanidade, pois as transformações mais radicais
dependem de diferentes fatores.
Hoje a Educação Ambiental caracteriza-se como instrumento que se propõe a
contribuir na formação de cidadãos críticos, preocupados com a realidade e inseridos num
processo contínuo de aprendizagem dentro da filosofia de trabalho participativo. Suas
ações não devem ficar restritas à transmissão de conhecimentos, mas também permear a
cultura, inserindo-se no seu contexto social a partir da discussão e avaliação dos
problemas das comunidades e oferecendo subsídios para solucioná-los. Dito de outra
forma, a realização de trabalhos de Educação Ambiental nos ambientes urbanos contribui
42
com a formação de consciências ecológicas capazes de significar o espaço em que vivem
fazendo-se presente no sentido da participação cidadã.
Paulo Freire em sua Pedagogia do Oprimido (1987, p. 14) afirma que: “A
consciência é essa misteriosa e contraditória capacidade que tem o Ser humano de
distanciar-se das coisas para fazê-las presentes, imediatamente presentes”.
A Educação Ambiental constitui-se então em uma ferramenta para a formação de
consciências, além de ser elemento norteador para construções de atitudes e valores de
ambiente limpo, saudável e sustentável. Ela pode orientar o ser humano a tomar
consciência de que é preciso educar para preservar, caracterizando o elo que objetiva
despertar a criticidade e a criatividade do ser humano em seu papel de interventor da
natureza. Nesse sentido, a Constituição Brasileira preconiza em seu artigo 225 que:
Todos têm direitos ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem
de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se
ao poder público e à coletividade o poder de defendê-lo e preservá-lo
para a presente e futuras gerações (BRASIL , 1988).
Também Encalada nos traz a seguinte afirmação:
A Educação Ambiental deve dirigir a criação da consciência sobre as
relações estabelecidas entre o homem e a natureza e os problemas
derivados destas relações, os quais ameaçam a sobrevivência da vida
biológica em geral e da vida social. E finalmente deve promover a busca
da solução a estes problemas em todos os âmbitos (ENCALADA apud
CERVANTES et al.,1992, p.1158).
No entanto devemos considerar as dificuldades para efetivar tais processos se
levarmos em conta a interferência de grupos que não valorizam o meio em que estamos
inseridos. O ser humano é um ser gregário, e seus valores devem perpassar pelas relações
que estabelece com os demais seres vivos.
Para Leff (2005), o saber ambiental permeia ações de sensibilização e valoriza
aspectos do cotidiano vivencial das pessoas, em qualquer espaço, em qualquer ambiente.
43
A Educação Ambiental se utiliza dos saberes ambientais para empreender ações de
cidadania em respeito à qualidade de vida dos diferentes grupos sociais.
4.4 Paisagem florestal urbana – Uma perspectiva conservacionista
As relações do ser humano com seu ambiente natural se tornaram bem mais
complexas depois da criação dos aglomerados urbanos promovidos pelo homo sapiens
nas últimas duzentas gerações, quando este descobriu-se como um ser gregário,
desencadeando um vertiginoso crescimento desse ecossistema, a ponto de sujeitar-se à
redução drástica de sua mobilidade para viver em “gaiolas” cada vez menores nas
metrópoles e megalópoles.
É uma saída das sociedades atuais buscar alocar em seus centros urbanos uma
paisagem florestal. Essa ação tem várias finalidades, sendo a maior delas a perspectiva da
conservação, já que a maioria dos espaços naturais está sendo destruída. Então a
conservação de determinadas áreas verdes configura-se como resultado de causa-efeito,
ou seja, como uma grande perda de áreas dessa natureza, o elemento empreendedor é
fazer com que exista por todo o território unidades de conservação.
Nesse caso, a paisagem florestal é uma área protegida em diversos aspectos:
ambientais, no sentido da natureza; social, considerando o usufruto das populações; e
legal, como medida de segurança de patrimônios ambientais.
Essas medidas de criação de áreas protegidas, que se espalham pelo país, estão
calcadas numa concepção conservacionista, assumindo duas vertentes, uma, que é o
entendimento do efeito das atividades humanas nas espécies, comunidades e
ecossistemas, e outra, que é o desenvolvimento de atividades práticas para prevenir a
extinção de espécies, bem como reintegrar espécies em seu ecossistema natural, isso na
44
perspectiva da Biologia da conservação trazida por Primack e Rodrigues (2001). É de se
considerar que conservação e preservação são vocábulos usados aleatoriamente para
reforçar discursos que pregam a valorização dos recursos naturais. Conforme afirma
Guarim (1996, p. 157):
A conservação dos recursos naturais deve ser entendida como o uso
adequado ou o manejo adequado ou mesmo o uso racional dos Recursos
Naturais, com o propósito da manutenção destes, garantindo a qualidade
ambiental. A preservação deve efetivar atitudes em que os recursos
naturais não devam ser, de modo algum, utilizados, funcionando como
bancos genéticos naturais. Os solos, as matas, as águas, a fauna e os
minerais constituem importantes fontes de riqueza quando
convenientemente utilizados pelo homem.
Assim faz-se necessário que o ser humano esteja sensibilizado para a importância
dos Recursos Naturais, a fim de viabilizar a sua própria existência na Terra, e proceda a
um efetivo equilíbrio entre a utilização racional e a preservação dos bens naturais, para
que as futuras gerações recebam seu legado e tenham a oportunidade de contribuir para a
preservação da vida no planeta.
4.5 O Parque Florestal de Sinop: locus da pesquisa
O objeto deste projeto de pesquisa é o Parque Florestal de Sinop (Fig. 4),
identificado por Perón (2003) com uma área de 43,5 hectares, dotado de trilhas ecológicas
localizadas ao lado do córrego Iva, entre as formações florestais e áreas de lazer
contemplativo, sendo formado por dois ecossistemas, um aquático e outro terrestre,
destinados a favorecer o bem-estar da população. A área de estudo está localizada no
Bairro Jardim Primavera e, conforme Dalazen (2002), em uma região de transição entre
os biomas de Cerrado e Floresta Amazônica.
45
Vale registrar que o Parque Florestal de Sinop representa um vínculo da cidade
com a floresta, que ocupava todo aquele espaço até o início da década de 1970, quando
começou a ser modificado pela necessidade humana de estabelecer seus núcleos
habitacionais, ratificando sua característica social gregária.
Figura 4 - Vista frontal do Parque Florestal de Sinop.
Fonte: Prefeitura Municipal de Sinop.
Devido à sua localização privilegiada e ainda por ser um repositório de espécies
remanescentes da flora regional, o Parque Florestal é um espaço propício ao
desenvolvimento de projetos e ações de Educação Ambiental, pois essas práticas poderão
contribuir para a preservação daquela área verde, bem como estimular a sua utilização
equilibrada na realização de atividades culturais e de lazer.
46
A utilização do Parque Florestal como espaço de valor educativo é um avanço para
o processo de Educação Ambiental, considerando suas características peculiares de
vegetação e hidrografia, somadas à condição de estar inserido no cleo urbano, o que
possibilita o fácil acesso, viabilizando a participação efetiva, inclusive de atividades
oriundas de projetos escolares.
Devemos ressaltar que a estrutura física dos Parques deve oferecer oportunidades
de recreação pública, sem perder de vista seu objetivo principal que é prover meios de
proteger os recursos naturais. Para isso faz-se necessário que a visitação seja ordenada,
através de programas que atendam às necessidades de lazer da população, aliados aos
objetivos de preservação ambiental. Nesse contexto, Perón (2003, p. 69) registra que:
O Parque Florestal de Sinop corre rio risco de continuidade e
manutenção, considerando o acelerado crescimento de Sinop e
principalmente porque o mesmo é um ‘problema’ para os órgãos
responsáveis no que se refere à organização e funcionamento.
urgência de programas educacionais, com o apoio do poder público, que
enfoquem a importância dessa unidade de conservação para o município,
combinando lazer com conhecimento e despertando atitudes de
conservação, pois a conservação dos recursos naturais depende
diretamente do envolvimento das comunidades locais e de entorno.
Enquanto paisagem florestal urbana, o Parque Florestal de Sinop se apresenta
como uma área semipreservada que se destina a diferentes fins. Está contemplado na Lei
Orgânica do Município, no título Recursos Naturais, do Capítulo I Do meio Ambiente.
O Art. 226 afirma:
Sem prejuízo de outras áreas, são consideradas terras públicas
indisponíveis do Município de Sinop e, portanto, de preservação
permanente as reservas, no projeto de loteamento urbano da cidade de
Sinop, denominados R1, R2, R3, R7, R10, R11 e R12, que deverão
permanecer intocados respeitando-se totalmente sua fauna e flora
incumbindo ao Poder Público Municipal sua guarda e proteção (SINOP,
1990).
47
Posteriormente, Emendas à Lei Orgânica do Município acrescentam-lhe o
parágrafo 1º. que determina:
Excetua-se da intocabilidade a que se refere o presente artigo, a área
denominada R-11, que servirá para ocupação racional como Parque
Municipal, preservando-se tanto quanto possível as áreas nativas e
arborizando-a na mesma forma
8
.
O Sr. Ronaldo de Abreu Gonzalez
9
relata de maneira minuciosa a estruturação do
Parque apontando sua historicidade e também os seus elementos geográficos. Segundo o
depoente, a principal motivação para a criação do Parque Florestal de Sinop foi a
estruturação de uma área de lazer para o povo sinopense que na época não dispunha de
outras opções de lazer no perímetro urbano.
Escolheu-se a criação do Parque na região do Córrego Iva, tendo em vista que este
estava em melhor estado de preservação. Relata que a finalidade primeira da criação era
atender ao lazer da população e prover meios de preservação de uma área que estava
começando a ser degradada, como também para atender à necessidade de captação de
água por caminhões-pipa para irrigação das ruas não pavimentadas, amenizando a poeira
no período da seca.
Com a criação do Parque, atende-se a um apelo planetário de estar preservando
áreas ambientais que, segundo Primack e Rodrigues (2002), constituem espaço que
auxilia no equilíbrio da natureza. Para eles (p. 238), um Parque deve ser manejado em
sua totalidade para assegurar que os tipos de habitat originais sejam mantidos.
Ainda conforme o depoente, no projeto inicial foi prevista a escavação de uma vala
ao redor da área com a finalidade de evitar a penetração de águas pluviais contaminadas
na área da reserva, principalmente visando preservar a área da nascente do córrego Iva.
8
O § 1º. foi acrescentado pela Emenda à LOM . 2, de 11/6/90, renumerado pela Emenda à
LOM nº. 7, de 7/12/98.
9
Entrevista realizada com Ronaldo de Abreu Gonzalez, engenheiro civil que participou da
execução do projeto de estruturação do Parque Florestal de Sinop.
48
Convém destacar que a área está efetivamente dividida por ruas e avenidas em três
unidades distintas, R.10, R.11 e R.12, e que a nascente do córrego Iva, localizada na R.10,
não tem recebido a devida proteção e atenção dos órgãos públicos e da própria
comunidade ao longo desse período, estando assim sujeita ao rápido processo de
degradação, como demonstra o avanço imobiliário que vem solapando a vegetação do
entorno da referida nascente, embora sua preservação esteja contemplada na Lei Orgânica
do Município (Fig. 5).
Ao mesmo tempo em que foi feito o canal, a céu aberto, circundando o Parque nas
áreas mais crônicas onde estavam ocorrendo incêndios provocados inadvertidamente pela
população, também foram construídas cercas. Como a intenção não era apenas a criação
de uma área intocável, o projeto previa a manutenção da área de reserva florestal
preservando as espécies nativas, mas também que fossem criadas condições para que a
população pudesse visitá-la, desfrutando da convivência dentro dessa área.
Conta-nos ainda que, para a formação do lago
10
, foi feito levantamento técnico
para prever a área de alagamento. Lembra também que a vegetação da área de alagamento
foi removida para evitar que, no processo de apodrecimento quando submersa, se
formassem gases que poderiam ser prejudiciais para a sociedade, refletindo assim a
preocupação em minimizar os impactos socioambientais na estruturação do Parque.
Quanto às margens do lago, foram preparadas para que a população o utilizasse para
banho
11
, conforme previsto no projeto inicial. Foram criadas ainda passarelas, quadras de
vôlei, de areia para futebol e outras áreas de lazer, sempre se preocupando com a
preservação da mata nativa.
Como o senhor González foi participante do processo de estruturação do Parque,
ele com bastante familiaridade comunica que naquela época (1989) havia algumas
áreas degradadas devido à ocorrência de fogo na área de proteção ambiental. Então
naqueles locais onde não havia mais a vegetação nativa foram colocadas espécies exóticas
de um porte menor com a intenção de evitar que o vento colhesse as árvores de grande
10
Referência à represa construída no leito do córrego Iva.
11
Hoje a represa encontra-se bastante eutrofizada, e o banho está proibido.
49
porte, causando um efeito dominó, derrubando todas elas, pois a vegetação da Floresta
Amazônica é de porte muito grande, mas a estruturação das suas raízes permite que umas
árvores se apóiem nas outras. Então, na verdade, as árvores de menor porte, das espécies
introduzidas, recebem diretamente o vento, que sobe, protegendo assim as grandes
árvores nativas.
Figura 5 - Aspecto parcial de edificação na área da reserva 10.
Fonte: Arquivo da pesquisadora, 2006.
Vale ressaltar que, no Brasil, a cultura pela adesão das plantas exóticas, bem como
de animais, é uma herança do colonizador europeu que por inúmeras razões trazia consigo
espécimes de seu local de origem.
Primack e Rodrigues (2001) lembram que também são variadas as formas de
introdução de espécies exóticas num país ou numa região. Elas podem ser usadas
deliberadamente ou de forma acidental. Em geral, quando adaptadas, essas espécies
tornam-se bastante resistentes às adversidades, tanto biótica como abiótica.
50
O entrevistado enaltece a visão dos idealizadores do Projeto urbanístico de Sinop e
a sensibilidade do projetista que, ao planejar um núcleo urbano no seio da selva
amazônica, preocupou-se em projetar uma cidade prevendo áreas de preservação
ambiental. Naquela época parecia uma utopia, pois mato era o que mais a população via.
Três dessas áreas são dotadas de mananciais hídricos
12
. Ressalva-se que essa
preocupação inicial não foi confirmada ao longo do desenvolvimento da cidade, se
considerarmos a degradação que se sucedeu nessas áreas.
Assim a preocupação de quem estava chegando era derrubar o mato
13
. Hoje
tem-se uma cidade em que as poucas áreas de floresta dentro do perímetro urbano são
aquelas de preservação, sendo a mais preservada a do Parque Florestal, justamente porque
a preocupação com a sua preservação foi iniciada mais tempo. As demais sofreram
séria degradação, e agora é necessário um trabalho muito grande para revitalizar essas
áreas, enquanto o Parque Florestal requer um investimento menor para sua preservação.
Para Ronaldo Gonzalez, a finalidade principal da criação do Parque Florestal, hoje,
quando já transcorreram 16 anos de sua criação, está plenamente satisfeita no que diz
respeito ao uso, pela população, das suas instalações. Informou ainda que a visitação que
ocorre nos dias atuais atende a todos os níveis socioeconômicos. E concluiu afirmando
que é gratificante verificar que aos domingos os pais reúnem seus filhos ou as visitas que
estão na cidade para um passeio ao Parque, onde não a necessidade de nenhuma
despesa, e a pessoa pode ter um contato com a Floresta Amazônica.
Através da história oral, registramos o processo de estruturação do Parque Florestal
de Sinop, cuja criação teve a finalidade de atender ao lazer da população, prover meios de
preservação de uma área que já estava começando a ser degradada e atender à necessidade
de captação de água para amenizar a poeira no período da seca (Fig. 6).
12
Nas reservas 3, 7 e 10 respectivamente se encontram as nascentes dos córregos Nilza, Marlene
e Iva. As duas primeiras já sofrem adiantado processo de degradação ambiental, e na terceira a
urbanização já avança para a nascente do córrego Iva.
13
O desmatamento tem, ao lado das queimadas, relevante destaque entre os problemas
ambientais que grassam a região norte de Mato Grosso.
51
Figura 6 - Vista da Bica na Reserva 12, para abastecimento dos caminhões-pipa.
Fonte: Arquivo da pesquisadora, 2005.
Por informação do engenheiro agrônomo Roberto Knol, da Secretaria de
Desenvolvimento Urbano de Sinop, um projeto de Lei que estabelece como Reservas
Biológicas as áreas delimitadas pelas Ruas das Avencas e das Orquídeas compreendidas
entre as Avenidas das Palmeiras e dos Jequitibás e entre a Avenida dos Pinheiros e
Perimetral Norte. Tais áreas são designadas como Reservas 10 e 12 no Projeto de Criação
da Cidade. O projeto prevê ainda que a área da Reserva 11, entre as Avenidas dos
Jequitibás e dos Pinheiros, seja um Parque Florestal para uso da população (Fig. 7).
Informou também que estão sendo envidados esforços para coibir o uso indevido do
Parque. Para isso deverá ser feita a remoção das churrasqueiras que já estão desativadas e
a suspensão das atividades do campo de futebol e da pista de “bicicross”.
Na Lei de criação da cidade foram previstas unidades de conservação, projetadas
como Reservas Florestais. Ao ser delimitado o espaço a ser urbanizado, foram
identificadas, na área destinada ao perímetro urbano, três nascentes que originavam os
córregos denominados Nilza, Marlene e Iva (Fig. 8) e foram objeto da criação, entre
52
outras, das reservas R1, R2, R3, R7, R10, R11 e R12. Contudo o avanço imobiliário,
aliado ao desinteresse pela preservação dos recursos naturais, acarretou a degradação de
parte dessas reservas e a conseqüente poluição de seus recursos hídricos. A situação nesse
sentido é mais crítica na R7 (córrego Marlene) que recebe efluentes domésticos dos
bairros vizinhos. Outras reservas como a 6, a 8 e a 9 foram loteadas, recebendo
edificações.
O Parque Florestal de Sinop, uma área verde remanescente da Floresta Amazônica
também é um espaço para o desenvolvimento da ciência local, onde estudos e pesquisas
são conduzidos no sentido de reforçar a necessidade de sua manutenção. Entre outros,
podemos citar aqueles desenvolvidos por Dalazen (2002), abordando aspectos
fitossociológicos daquele fragmento florestal, e por Perón (2003), que trata da
importância do Parque Florestal para a Educação Ambiental.
53
Figura 7 - Planta baixa do tio urbano do município de Sinop, com as principais áreas de
Reservas e os córregos Nilza, Marlene e Iva.
Fonte: Acervo particular do engº. civil Ronaldo Abreu Gonzalez.
54
Figura 8 - Planta baixa de parte do sítio urbano de Sinop com os bairros Jardim das
Primaveras e Jardim das Palmeiras.Em destaque as áreas das Reservas 10, 11 e 12.
Fonte: Acervo particular do engº. civil Ronaldo Abreu Gonzalez
5 O FAZER PEDAGÓGICO: INTERPRETAÇÃO DA NATUREZA
E USO EDUCATIVO DA PAISAGEM
[...] No coração das relações materiais do
homem com a natureza aparece uma parte
ideal, não material, onde se exercem e se
entrelaçam as três funções do conhecimento:
representar, organizar e legitimar as relações
dos homens entre si e deles com a natureza
(DIEGUES,2001).
56
5.1 Contribuições da Educação Ambiental na perspectiva pedagógica
O conceito de Educação Ambiental está calcado na concepção totalizadora de
Educação em preparar as pessoas para a vida com qualidade, enquanto membro do
planeta. Disponibiliza conhecimentos que favorecem o gerenciamento das relações entre a
sociedade humana e o ambiente de forma integrada e sustentável.
A Legislação Educacional Brasileira preconiza a implantação da Educação
Ambiental de forma interdisciplinar, multidisciplinar e transdisciplinar, atendendo assim
de forma ampla à sua inserção na formação do cidadão sem constituir uma disciplina
específica.
Conforme registra Guarim (1995), ainda na década de 70 as experiências de
Educação Ambiental no Brasil aconteceram inicialmente nos 1º. e 2º. graus e mais
tarde foram abordadas no 3º. grau, em nível de graduação e pós-graduação. Foi um
período em que se procurou equacionar a prática pedagógica, buscando atualizar o
conhecimento através da produção textual e sugestões metodológicas e direcionando as
atividades docentes e discentes para temas ambientais no âmbito da comunidade.
Na Educação institucionalizada, os planos político-pedagógicos escolares
geralmente registram a abordagem multidisciplinar para a Educação Ambiental. A prática
pedagógica em geral restringe sua ação às disciplinas que habitualmente “favorecem” a
discussão dos temas ambientais, inseridos nas Ciências Naturais e na Biologia.
Atendendo à proposta de estudo de caso, perseguimos o objetivo de examinar os
caminhos para a construção da consciência ambiental desenvolvida pela escola, de
maneira a interferir na realidade local e buscar a qualidade de vida. Pensar e propor novas
alternativas pedagógicas para a Educação escolar atualizada significa estar atento para as
transformações sociais, culturais e subjetivas que têm caracterizado a nossa era.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais PCNs (BRASIL, 1998) ressaltam, dentre
outras, a necessidade de compreendermos a intrincada rede de relações presentes na
natureza, formando um processo dinâmico no qual o ser humano é parte integrante dela,
57
com ela interagindo, dela dependendo e nela interferindo. Assim sendo o ser humano
apresenta-se como agente e paciente das transformações intencionais por ele produzidas.
Torres (2001, p. 14) lembra que a normatização do processo educacional não
consegue motivar o trabalho, quando afirma que é complexo atingir a
interdisciplinaridade através de conferências, decretos e portarias e, por conseguinte,
atingir a Educação Ambiental. As relações interdisciplinares são múltiplas e
interdependentes, principalmente no campo conceitual e prático no qual o professorado
continua carente no processo de construção curricular.
Os PCNs consideram que a função básica da Educação Ambiental é contribuir para
que os jovens recebam uma formação que os torne cidadãos conscientes e capazes de
atuar na realidade socioambiental, de forma responsável e comprometida com a vida, com
o bem-estar individual e social, tanto em nível local como global. No contexto do trabalho
desenvolvido pela escola, vale ressaltar que:
É importante não perder de vista o compromisso com a formação dos
princípios da cidadania, priorizando atividades que propiciem a
construção dos mesmos, num trabalho individual e coletivo, cuidando
para que o conteúdo seja objetivo e facilmente avaliado pelos alunos.
Infelizmente hoje se tem preocupado mais com a quantidade de
informações do que com a qualidade na construção do conhecimento
científico que determinará também a qualidade na formação dos alunos.
Mas a tarefa primordial dos professores é com a construção de uma
consciência ambiental, do sentido de brasilidade e de preservação de
nossos bens, especialmente da cultura e da natureza, construção, enfim,
de uma cidadania responsável e consciente (CAMPOS, 2002, p. 8).
Nessa perspectiva devemos observar que a Educação Ambiental representa, no
contexto educacional, muito mais do que cumprir calendários de datas comemorativas e
oferecer informações inócuas sobre poluição, produção e reciclagem de lixo e degradação
ambiental. A valorização da vida deve ser o compromisso da práxis educativa.
Assim, desenvolvendo um trabalho eficiente com seus alunos, a escola estará
alcançando diretamente a comunidade e sendo elo de transformações que serão possíveis,
à medida que constrói a consciência ambiental coletiva:
58
A conscientização da população sobre as diferentes questões compete ao
Estado, e a Escola é o agente mais próximo dessa clientela que pode e
deve ser informada com eficiência e responsabilidade. Para isso, o
trabalho docente nas escolas requer professores reflexivos e críticos, com
conhecimento satisfatório e autonomia para desenvolverem o trabalho
interdisciplinar. Contudo estarão os professores instrumentalizados para
desenvolver esse trabalho? Como estão sendo preparados os professores
para atuar no ensino fundamental? Como a Escola, enquanto instituição,
está se aparelhando para isso? (GUARIM NETO et al., 1999, p. 28).
É importante que, além de informações e conceitos, a escola se proponha também a
trabalhar atitudes e formar valores direcionados à aprendizagem dos procedimentos, que
modificará as relações das futuras gerações com o ambiente.
5.2 A Campanha Nacional de Escolas da Comunidade (CNEC) no contexto
educacional de Sinop
Em 1943 nasce em Recife/PE um movimento de jovens estudantes liderado por
Felipe Tiago Gomes, os quais, cientes das carências educacionais no país pela classe
pobre e tendo que lutar com dificuldades para estudarem, imbuídos do propósito de
contribuir com a educação da classe popular, criaram em 29 de julho daquele ano a
Campanha do Ginasiano Pobre com o objetivo de ensinar gratuitamente os jovens
desprovidos de recursos e sem acesso aos estudos.
Ao longo do tempo a Campanha foi se adequando e aprimorando suas atividades e,
em 1945, passa a se chamar Campanha para Ginasianos Populares (CGP); mais tarde, por
questões políticas vigentes à época, chegaram ao nome Campanha de Educandários
Gratuitos. Assim cresceu a Campanha, recebendo a adesão inclusive de políticos.
59
Em 1971, se estendia por todo o País e recebeu o reconhecimento de utilidade
pública. Amadurecida a participação da comunidade na criação e manutenção das escolas,
seus dirigentes, reunidos em congresso, decidiram atualizar o nome da entidade para
Campanha Nacional de Escolas da Comunidade - CNEC.
A CNEC é uma sociedade civil sem fins lucrativos, um movimento de
Educação Comunitária de maior expressão na América Latina. No Brasil, ela atua em 317
municípios com 341 escolas de nível básico e 22 faculdades com 90 cursos aprovados
pelo MEC.
Em Mato Grosso, a CNEC estabeleceu-se há mais de quatro décadas e
hoje está presente em nove municípios: Alta Floresta, Brasnorte, Diamantino,Juara,
Juruena,Nova Mutum, Rondonópolis, Sinop e Vila Rica, .com escolas de formação
básica; busca ampliar o seu campo de atuação investindo no ensino superior, tendo
implantado três cursos de graduação aprovados pelo MEC: Serviço Social e Jornalismo
em Rondonópolis e Jornalismo em Sinop.
De acordo com o seu Estatuto Social, é objetivo da CNEC educar para a
aquisição de conhecimentos científicos, tecnológicos e humanísticos visando ao exercício
da cidadania, da ética e da preparação para o trabalho através de valores comunitários e
criativos. Enquanto instituição comunitária, tem como base filosófica o humanismo que
contempla o desenvolvimento do ser humano em seus aspectos físicos, emocionais,
intelectuais e afetivos. Assim sendo a entidade organiza-se em duas frentes fundamentais,
o conhecimento, objetivo da escola enquanto sede do saber, e a cidadania, objetivo da
escola enquanto formadora de cidadãos.
A CNEC-Sinop é uma das unidades da Rede Cenecista de Educação,
referência no município cerca de 20 anos (Fig. 9 e 10). Liderado pelo Bispo Dom
Henrique Fröelich, foi criado em janeiro de 1986 o Centro Educativo e Recreativo Santa
Elisabete, com o objetivo de atender a crianças de 4 a 12 anos. A comunidade foi
60
mobilizada, e, com a promoção de eventos e doações, foram edificadas, em madeira, duas
salas de aulas que inicialmente atenderiam à Educação Infantil.
Figura 9 - Vista parcial da frente da Escola Cenecista Santa Elisabete.
Fonte: Arquivo da pesquisadora, 2005.
61
Figura 10 - Aspecto da entrada da Escola Cenecista Santa Elisabete.
Fonte: Arquivo da pesquisadora, 2005.
Um pouco da História e do fazer pedagógico da Escola Cenecista Santa Elisabete
Em outubro de 1986, foi fundada a Escola Cenecista de Pré e 1º. Grau Santa
Elisabete e eleita a primeira diretoria local. A comunidade doou os recursos necessários
para a implantação da 1ª. série do Ensino Fundamental e foi adquirido o mobiliário. Com
o apoio da Secretaria Municipal de Educação e da Delegacia Regional de Ensino, foi
aprovado o Convênio de Recursos Humanos com o Governo Estadual, porém manteve-se
o trabalho comunitário e a cobrança da taxa escolar.
De acordo com o Projeto Político-Pedagógico da escola, a instituição vem visando
à melhoria da qualidade de ensino, adotando políticas de incentivo aos docentes para
62
aperfeiçoamento profissional em cursos de Licenciatura ou de Pós-Graduação, em sua
área de formação.
A visão didática e pedagógica da instituição, aliada ao seu vínculo comunitário,
tem dado origem a diversos projetos de extensão que, além da interação com a sociedade,
buscam oferecer aos educandos a possibilidade de aprender a aprender. Dentre estes pode
ser citado o Projeto “Verde, sinal de vida”, que tem por objetivo desenvolver a
consciência da necessidade de mudança no relacionamento homem-natureza. O projeto é
desenvolvido em parceria com o Centro de Estudos Ambientais de Poconé (MT) e com a
Secretaria Estadual de Agricultura e Meio Ambiente, prevendo estudos no Pantanal Mato-
Grossense e projetos de recuperação da mata ciliar desenvolvidos em reservas e rios da
região.
Outro projeto que vem sendo desenvolvido é o de valorização da diversidade da
cultura popular através da dança, que culmina com o Festival de Danças Folclóricas e
Regionais – FOLCNEC.
quase uma década a instituição mantém “O Grito”, veículo de comunicação
muito popular, onde os professores, os alunos e a comunidade têm acesso à divulgação de
artigos, produções e eventos.
A instituição desenvolve também o Projeto “Elas por elas”, dedicado ao estudo das
conquistas femininas no decorrer da história da humanidade. A educação, o trabalho, a
violência, os direitos, entre outros temas, são explorados nas salas de aula e socializados
na forma de seminários, artigos e cartazes.
Quando se pretende desenvolver uma proposta de trabalho que vise propiciar a
consciência ambiental é preciso ter bem-definida a questão dos conhecimentos como
referencial necessário e passível de enriquecimentos contínuos que favoreçam a
sensibilização como um processo que ocorre dentro do indivíduo mediante a oferta de
referenciais teóricos e práticos, seja no âmbito educacional, seja no próprio contexto
social, que são comprovados através de mudanças comportamentais em relação ao meio
ambiente.
63
As finalidades do Ensino Fundamental para a Escola Cenecista Santa Elisabete
estão preconizadas em seu Projeto Político-Pedagógico que, apoiando-se na Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional LDB (BRASIL, 1999) e PCNs (BRASIL,
1998), define os objetivos para o Ensino Fundamental da 5ª. à 8ª. séries, na perspectiva
da formação integral do cidadão. Para isso a Escola deve preparar o discente para:
Compreender a cidadania como participação social e política, assim
como exercícios de direitos e deveres civis e sociais, adotando no dia-a
dia atitudes de solidariedade, cooperação e repúdio às injustiças,
respeitando o outro e exigindo para si o mesmo respeito.
Posicionar-se de maneira crítica, responsável e construtiva nas diferentes
situações sociais, utilizando o diálogo como forma de medir conflitos e
de tomar decisões coletivas.
Conhecer características fundamentais do Brasil nas dimensões sociais,
materiais e culturais como meio para construir progressivamente a noção
de identidade nacional e pessoal e o sentimento de pertinência ao país.
Conhecer e valorizar a pluralidade do patrimônio sócio-cultural
brasileiro, bem como aspectos sócio-culturais de outros povos e nações,
posicionando-se contra qualquer discriminação baseada em diferenças
culturais, de classe social, de crenças, de sexo, de etnia, ou outras
características individuais e sociais.
Perceber-se integrante, dependente e agente transformador do ambiente,
identificando seus elementos e as interações entre eles, contribuindo
ativamente para a melhoria do meio ambiente.
Desenvolver o conhecimento ajustado de si mesmo e o sentimento de
confiança em suas capacidades afetiva, física, cognitiva, ética, estética,
de inter-relação pessoal e de inserção social, para agir com perseverança
na busca de conhecimento e no exercício da cidadania.
Conhecer o próprio corpo e dele cuidar, valorizando e adotando hábitos
saudáveis como um dos aspectos básicos da qualidade de vida e agindo
com responsabilidade em relação à sua saúde e à saúde coletiva.
Utilizar as diferentes linguagens verbal, musical, matemática, gráfica,
plástica e corporal como meio para produzir, expressar e comunicar
suas idéias, interpretar e usufruir das produções culturais em contextos
públicos e privados, atendendo a diferentes intenções e situações de
comunicação.
64
Saber utilizar diferentes fontes de informação e recursos tecnológicos
para adquirir e construir conhecimentos. Questionar a realidade
formulando-se problemas e tratando de resolvê-los, utilizando para isso o
pensamento lógico, a criatividade, a intuição, a capacidade de análise
crítica, selecionando procedimentos e verificando a sua adequação.
Ainda conforme o Projeto Político-Pedagógico da Escola Cenecista Santa Elisabete
(CNEC, 2004):
[...] é imprescindível, para fazer educação nos dias atuais, pensar e
desejar que o aluno seja participativo e atuante no processo pedagógico.
Portanto, a escola deve estar preparada para tal realidade e, também, para
poder desenvolver habilidades e competências de seus alunos, de modo
que os mesmos saibam operar no meio social de maneira crítica, ética e
responsável
.
Corroborando essa afirmação, buscamos nos PCNs (BRASIL, 1998, p. 192) a
proposição de que:
Um ponto importante a ser considerado é a relação da escola com o
ambiente em que está inserida. Por ser uma instituição social que exerce
intervenção na realidade, ela deve estar conectada com as questões mais
amplas da sociedade e com os movimentos amplos de defesa da
qualidade do ambiente, incorporando-os às suas práticas, relacionando-os
aos seus objetivos. É também desejável a saída dos alunos para passeios
e visitas a locais de interesse dos trabalhos da Educação Ambiental.
Nessa perspectiva, a Escola Cenecista Santa Elisabete desenvolve programa de
atividades extraclasses que visam proporcionar ao educando um contato direto com o
ambiente natural (Fig. 11). No caso da 6ª. Série, parte dessas atividades é desenvolvida no
Parque Florestal da cidade, pela proximidade e pelas condições ambientais que oferece.
As aulas no Parque estão contempladas no calendário da Escola.
65
Figura 11 - Registro dos alunos saindo da escola para a aula de campo.
Fonte: Escola Cenecista Santa Elisabete, 2006.
A aula de campo desenvolvida com a 6ª. série no Parque Florestal foi coordenada
pelas professoras Beatriz e Neuzely que acompanharam os alunos. As atividades tiveram
inicio às 7h45min com a orientação de dois guardas florestais sobre os cuidados no
percurso das trilhas, tanto para evitar acidentes como propiciar a preservação do
ambiente.
A observação teve início ainda no quiosque da ponte sobre a represa, de onde os
alunos puderam observar os animais aquáticos seguindo pela trilha lateral ao lago, e
depois por uma segunda trilha para observar a vegetação e os animais, retornando ao
barracão às 10h15min para o lanche e lazer. Após o lanche, os alunos e as alunas fizeram
anotações da identificação das árvores. A excursão encerrou-se às 11h30min. Nas aulas
seguintes os alunos apresentaram painéis e maquetes sobre a aula de campo.
6 PANORAMA INTERPRETATIVO: OS PARADIGMAS EMERGENTES
Pensar em Educação Ambiental é acima de
tudo entender os significados que os seres
humanos têm de uma região, respeitar seus
conhecimentos tradicionais ou não e as
formas que encontraram ao longo dos tempos
para uma adaptação condizente com este
ambiente. É manter elos com esses
conhecimentos e através deles entender que,
em termos educativo-ambientais, as
populações humanas têm muito a contribuir
(GUARIM NETO, 2006).
67
6.1 Leituras: O Parque Florestal na concepção dos estudantes da Escola Cenecista
Santa Elisabete
Na relação com os sujeitos da pesquisa, adaptamo-nos ao programa da Escola
Cenecista Santa Elisabete com referência às suas atividades didático-pedagógicas,
buscando interferir o mínimo possível em sua rotina.
A Escola em estudo desenvolve aula de campo no Parque Florestal de Sinop com
os alunos da 6ª rie do Ensino Fundamental, como parte de um projeto da disciplina de
Ciências denominado Clube da Árvore, verde sinal de vida.
Dessa forma a aplicação de um questionário com cinco questões abertas deu-se
após a aula de campo que aconteceu em cumprimento ao calendário escolar e se
constituiu de atividades didático-pedagógicas e momentos de lazer. Assim o questionário
foi direcionado ao relato pelos alunos das impressões que a visita lhes proporcionou.
Dessa forma o panorama interpretativo aqui exposto obedece à seqüência das
perguntas contidas no questionário, expressando a percepção dos estudantes.
Primeira questão:Você conhece o Parque Florestal de Sinop?
Todas as respostas foram afirmativas. Observamos que a Unidade de Conservação
é parte integrante da vida dos estudantes, independentemente de qualquer ação que seja
desenvolvida pela escola. Os alunos a conhecem ou por terem visitado ou pelo menos
por ouvirem falar sobre ela.
Nesse sentido, a área é um espaço aberto a visitantes e possível de implementações
de diferentes aspectos, entre eles a realização de ações de Educação Ambiental (Fig 12).
Parafraseando Loureiro (2002), a Educação Ambiental, por definição, é elemento
estratégico na formação ampla da consciência e se situa na relação entre ser humano e
natureza. As crianças deixam evidente que se trata de um local de fácil acesso e que faz
parte das relações sociais delas.
68
No percurso da investigação foi possível perceber que o conhecimento que as
crianças têm a respeito do Parque tem grande contribuição da escola pelas ações
empreendidas por ela, como por exemplo o desenvolvimento de projetos e aula de campo
que envolvem o Parque Florestal de Sinop. Assim as Unidades de Conservação são o
resultado da preocupação com o meio ambiente que nós seres humanos temos a obrigação
de manter.
Figura 12. Demonstração da atividade de EA realizada pela Escola Cenecista no
Parque Florestal.
Fonte: Escola Cenecista Santa Elisabete, 2005.
De acordo com Primack e Rodrigues (2001), ultrapassamos o momento em que
nos preocupávamos com a preservação de espécies. A partir da década de 80 passamos a
acreditar que era preciso conservar processos ecológicos e não apenas espécies. Assim
necessidade de que as unidades de conservação representem espaços possíveis dos
acontecimentos das relações ecológicas, que essas áreas sejam de valor existencial.
69
A segunda questão teve o propósito de saber com que finalidade os sujeitos
vão ao Parque Florestal.
Nos depoimentos dos alunos e alunas, o Parque tem a finalidade de ser espaço de
pesquisa, lazer, encontros amorosos e também é tido como local de preservação ambiental
e turismo ecológico (Fig.13).
Figura 13 - Observação de vegetação aquática durante aula de campo.
Fonte: Escola Cenecista Santa Elisabete, 2005.
Os textos dos estudantes evidenciam que no âmbito socioambiental a finalidade do
Parque é a diversão e a contemplação dos seres vivos e recursos naturais que lá estão (Fig.
14). No âmbito pedagógico o Parque é elemento e objeto de pesquisas. Destacamos
algumas respostas que confirmam a conclusão acima:
Fazer pesquisa e brincar com os animais.
Trabalho da Escola e porque é um lugar gostoso e calmo.
70
Com a escola. Estudar algumas plantas e conhecer a mata.
Com a Escola, fazer pesquisa.
Visitar, divertir, distraindo-se com os animais e plantas. E conhecimento
através de pesquisa e análise.
Apreciar a natureza. Ver os tipos de arvores e animais. Apreciar e
aprender.
Observar tipos e árvores, animais, estudar os insetos.
Para relaxar, passear e cuidar da natureza.
Para ajudar a proteger.
Para ver o tipo de vegetação, tipos de animais e tipos de solo.
Para ficar em harmonia com o meio ambiente, respirar ar puro e relaxar.
De acordo com as respostas dos estudantes, ficou clara que a importância do
Parque está principalmente em ser instrumento para o desenvolvimento da Educação
Ambiental. O conhecimento dos seres e trilhas do Parque nos leva a crer que ele é
utilizado de várias formas, mas que a Educação Ambiental está sendo alicerçada quando
as crianças comentam sobre a sua importância para a pesquisa. Entendemos que a
investigação é um dos caminhos para conhecermos cada vez mais o ambiente e
programarmos formas de preservação. Demo (1998) trata o tema educar pela pesquisa e
aponta caminho para a efetivação da Educação Ambiental.
Com as pesquisas podemos pensar na esfera da sustentabilidade, de sociedades
sustentáveis. Desse modo queremos dizer que os Parques, mesmo que por um lado nos
levem à interpretação da urgência que o planeta tem de “guardar” espaços naturais,
também são vistos como local de estudo de relevância científica, que é nesses espaços
que se inicia o processo científico das crianças. Para se ter sociedades sustentáveis é
preciso participar, e o Parque oferece uma teia de fatores, como elementos naturais,
sociais e de participação que podem suscitar a sensibilidade ecológica.
71
Figura 14 - Atividade de lazer no Parque Florestal de Sinop.
Fonte: Escola Cenecista Santa Elisabete, 2005.
Terceira pergunta: Você acha o Parque Florestal importante para Sinop? Por
quê?
Quarenta e quatro estudantes responderam que “sim”. Os alunos em geral
enalteceram o papel que o Parque Florestal desempenha enquanto área de lazer, de
preservação ambiental, destacando ainda o seu atributo ecológico e como objeto de
pesquisa.
Porém três alunos responderam não a essa questão. Dois demonstraram o seu
receio com o perigo que a represa representa. Foram estas as suas declarações: Pois
muitas pessoas morreram lá, afogadas no rio” e Porque muitas pessoas se matam lá no
rio”. Um aluno declarou: “Porque o Parque é um pedaço de mata”.
Outros ainda
falaram sobre a importância do Parque para a saúde. Enfim as respostas atribuídas a essa
questão englobam a sua importância para o lazer, saúde, embora sintam a necessidade de
72
cuidados com os recursos hídricos, por eles apresentarem perigo à preservação da vida
humana.
Fazendo um contraposto com a pergunta anterior, ficamos surpresas ao constatar
que os estudantes não mencionam a importância do Parque para a educação escolarizada
como, por exemplo, o seu uso pela escola. Aparece assim uma contradição, pois, embora
os estudantes, na questão anterior, falem sobre a finalidade do Parque para a pesquisa,
quando relatam sobre a importância da área sequer mencionam as ações pedagógicas de
cunho investigativo e de educação ambiental, antes tão contempladas em suas falas. Será
que a pesquisa não é importante para os estudantes? Ou será que é importante apenas
porque é uma atividade dirigida pelo estabelecimento de ensino? Ou porque ainda não
têm a suficiente compreensão de um trabalho científico? Parece-nos que mesmo que as
crianças mencionem o Parque como instrumento de pesquisa, em seu imaginário ele é
espaço de gozo ambiental, de lazer, de prazer. As respostas dadas a esta questão
confirmam a surpresa que nos acometeu:
Sim.Porque lá é um meio ambiente para ir no fim de semana.
Sim, porque ajuda a respiração do povo sinopense.
Sim, pois ajuda a cidade de Sinop, para conhecermos mais os animais.
Sim, pois é sinal que nem todos só pensam em desmatar.
Sim. Porque no Parque Florestal está uma imensa mata e um riozinho
que passa nele.
Sim, pois lá está sendo preservada a floresta de Sinop, animais e etc.
Sim, pois ele nos ensina a preservar as coisas e é a maior reserva
ecológica de Sinop.
Sim, por ser um lugar bom, refrescante e gostoso para ir nos finais de
semana.
Sim. Para que as pessoas possam conhecer um lugar ecológico em nosso
meio.
Sim. Um verde para a cidade nunca é demais, e é um local bom de se
conhecer.
73
Sim, porque assim podemos saber o tipo de vegetação, de animais
terrestres e aquáticos e insetos de nossa cidade.
Sim. Porque é o que vida a Sinop. É o que atrai as pessoas até aqui
para ver como Sinop é bom.
Sim pois que é um reconhecimento a mais para Sinop, alem de vários
eventos que existem.
Eu acho que sim. podemos fazer pesquisa ou ir a lazer. cultivam
plantas, árvores e outros.
Sim. Pois lá ao menos eles não desmatam e sim preservam as arvores que
tem lá
Sim. Pois é uma reserva florestal onde os animais se abrigam e traz ar
puro para Sinop. É um lugar onde famílias vão para se divertir.
Sim. Porque as pessoas que vão lá relaxam, sabem mais sobre os
animais, a origem da vegetação do Parque.
Sim. Pois muitas pessoas vão com freqüência para fazer pesquisas e se
divertir.
Sim. Pois preserva a floresta, animais e também é um local agradável
(lazer).
Na quarta questão solicitamos que os alunos falassem sobre o que eles mais
gostavam no Parque Florestal e também do que eles menos gostavam.
Os estudantes destacaram fatores atribuídos às relações socioambientais e aos
componentes bióticos e abióticos como pontos favoráveis, mas também os mencionaram
como pontos desfavoráveis, ao lado dos impactos ambientais e das restrições
preconizadas pela administração do Parque.
Estiveram presentes em suas respostas os aspectos ambientais e sociais. Os
ambientais estavam direcionados para a leitura da natureza abordando os animais e fatores
físicos presentes no ambiente. As questões sociais estão assinaladas nas formas de uso do
espaço pela população (Quadro 2).
74
Quadro 2 - Depoimentos dos estudantes sobre o que mais gostam e o que menos gostam
no Parque
Do que mais gosta Do que menos gosta.
O rio e a pista de bicicross A água suja do rio.
Das trilhas, animais, árvores com nomes.
É que não tem nada para fazer depois de
conhecer o parque.
Das árvores, das araras, da mata, de tudo.
A higiene do banheiro, o rio às vezes está sujo
e mudou a ponte (agora está chata),
Andar nas trilhas, ver papagaios (araras).
Não poder andar de barco.
De tudo. As árvores, o rio. Dos mosquitos.
Do vento das árvores.
Do rio, porque é poluído, pois o esgoto é
jogado nele.
Os animais aquáticos. As cobras.
Dos animais, das árvores. Da sujeira das folhas, do barracão.
De observar a natureza, a diversidade. Não tem água tratada para beber.
Do ar puro, dos animais. Dos locais para lanchar, podia ser melhor.
Ainda é um lugar preservado na cidade. Da segurança.
Ver as tartarugas e os peixes e fazer pesquisas.
Do galpão. Gostaria que fosse mais limpo.
De tudo. Lá é incrível. É um lugar bom. Dos peixes.
Entrar em contato com a natureza.
A represa esta poluída, e as pessoas tomam
banho nela.
Dos animais, das árvores. Ficar caminhando no mato, porque é muito
cansativo.
Das trilhas, quiosque, o rio com pequenas
tartarugas.
A sujeira da folhas.
Das tartarugas marinhas e terrestres. Das trilhas que são muito fechadas.
Da paisagem. Porque é longe.
Dos animais, da vegetação, da ponte. Não tem onde tomar banho no rio.
Ir na trilha e passar na ponte.
A mata abriga marginais e casais que vão
fazer amor.
Dos animais, da preocupação das pessoas com
o meio ambiente.
Da sujeira que as pessoas fazem no parque
Das trilhas e do campo de futebol. As pessoas jogam lixo nas trilhas.
Da mata, o ar fresco e os animais. Dos maloqueiros que ficam lá durante o dia.
75
Na quinta questão propusemos aos alunos que descrevessem o Parque
Florestal.
Os jovens expressaram sua opinião de forma simples e concisa. Alguns enaltecem
mais os componentes naturais (rio, plantas, animais, ar puro), outros deram maior ênfase
às estruturas físicas, resultantes da intervenção humana: ponte (Fig.15), barracão, campo
de futebol (Fig. 16), trilhas (Fig. 17, 18). De forma geral destacam o papel social que o
Parque desempenha na vida cotidiana da cidade.
Figura 15 - Ponte sobre a represa.
Fonte: Prefeitura Municipal de Sinop.
76
Figura 16 - Vista parcial de campo de futebol na face norte do Parque.
Fonte: Acervo da pesquisadora, 2005.
Figura 17 - Aspecto parcial de trilhas em área reflorestada.
Fonte: Prefeitura Municipal de Sinop.
77
Figura 18 - Representação de trilha na floresta nativa.
Fonte: Arquivo da pesquisadora, 2006.
Registramos o relato das percepções dos alunos que evidenciam uma concepção
naturalista voltada para os componentes bióticos e abióticos, enaltecendo características
“favoráveis” e “desfavoráveis” do Parque em função desses componentes, como abaixo:
O Parque Florestal é gostoso de ir para fazer pesquisa, ver as aves,
araras, macacos, tem trilhas e a selva preservada.
Há um rio, com vários peixes e tartarugas, árvores, com o nome, animais,
local para descansar. É muito lindo.
78
Cheio de árvores, folhas, animais, é limpo, tem rio, no rio tem
tartarugas e jacarés.
.
Limpo, arejado, cheio de animais e plantas. E tem rio sujo.
É uma área grande, cheia de animais por toda parte e tem muitas árvores
que eu não conhecia e agora conheço.
É um lugar cheio de árvores, passarinhos e macacos. Tem um rio com
peixes e tartarugas. No mato tem uma trilha que dá a volta no Parque.
Ele tem uma grande variedade de árvores, animais, um rio enorme,
muitas folhas no chão, um barracão, parquinho.
Logo na entrada vemos as araras quietas em um galho, um pouco mais na
frente uma ponte, onde embaixo se encontram peixes e tartarugas,
depois da ponte uma área para se sentar nos bancos e indo pela ponte
a gente encontra as trilhas diversas.
Um lugar bonito com muitas aves e arvores, contém peixes, tartarugas e
cobras. Suas arvores contém mais de 5,00 m de altura. É um lugar
relaxante para estudos.
Um lugar que tem várias trilhas, muitas espécies de animais, um campo
de futebol, uma represa com uma ponte atravessando-a.
O Parque Florestal é um local com matas, animais, trilhas e tudo mais
para você se divertir.
Local com muitos animais, muitos pássaros, alegre e feliz. Trilhas legais.
Tem tudo um pouco.
Grande, cheio de árvores com identificação, um lago e bem no centro um
chalé, muitas trilhas e animais.
É um lugar puro, lindo, cheio de animais, cheio de mosquitos, mata
enorme, um lugar inesquecível.
é um lugar legal, tem araras, tartarugas, macacos, tem rio, tem
parquinho, tem trilhas, eu gosto de brincar lá.
É um lugar preservado, com muitas espécies de animais, pássaros,
peixes, trilhas, uma represa.
É muito grande, tem um rio com peixes, tartaruga, jacaré. Existem três
trilhas. Tem papagaios, muitas árvores de tipos diferentes, tem um
parquinho. Tem um lugar para jogar futebol e vôlei.
79
Têm rias espécies de plantas, várias espécies de tartarugas e descansa
bastante e no final fazemos bastante brincadeiras.
Você entra e tem as araras, daí tem um barracão onde nós lanchamos,
tem bastante arvores e também tem o rio. Lá é muito bonito.
é muito legal. Tem várias trilhas emocionantes, fora o rio grande
existe alguns laguinhos no meio daquelas trilhas muito legais, existem
bichos muito legais e interessantes. Além de bichos também existem
várias espécies de árvores.
Lá é grande, tem um riozinho com tartarugas, peixes e jacarés, tem
campo de futebol, de bicicleta, e para caminhar.
tem um pátio enorme, um parquinho macacos, animais. Tem trilha
fechada. Lá é muito legal.
Quando nós chegamos fomos recebidos por esplêndidas araras e
papagaios. Também é muito bem cuidado, sem lixo, muita folhagem no
chão, também há tartarugas, peixes, jacarés, um monte de pássaros,
árvores, barracões.
Ele tem um rio com tartarugas e peixes e a trilha tem várias árvores com
bichos e eu peguei até uma aranha.
Tem um parquinho, quiosque, um barracão, um campo, uma pista de
bicicleta.
Tem muitos peixes, tem muita variedade de arvores, muita variedade de
répteis e mamíferos, e tem uma pista de bicicleta e dois campos de
futebol.
O Parque Florestal é cheio de animais, tem uma vegetação boa, os
animais são tudo saudável, o meio ambiente é muito preserva
do.
É um lugar grande revestido por uma grande floresta vegetal e muitos
animais ceis, na mata uma trilha e na beira da mata uma represa
com tartarugas e jacarés. É tranqüilo e divertido.
O parque é cheio de animais e tem um enorme campo e é cheio de
árvores, tem um rio com tartarugas, vários peixes bonitos, jacarés, pato e
garça e arara e papagaio.
O Parque Florestal tem muitas árvores
grandes, bastante animais como:
tartarugas, macacos, peixes etc. Lá as pessoas vão para se divertir e
relaxar No parque tem uma ponte que passa no meio do Rio onde dá para
ver os peixes, tartarugas e os patos.
80
Tem muitas árvores, pássaros, répteis, m peixes, tartarugas, macacos e
muitos outros animais, tem rampas de bicicleta, tem um lugar cheio de
araras e o rio é muito grande e com muitos animais aquáticos. Mas o
melhor é as trilhas.
No parque tem pássaros, animais que são adestrados, os macacos não
machucam ninguém, tem répteis como crocodilos, e um local de lazer.
O Parque Florestal é um lugar muito gostoso, tem muitos animais e
árvores, lá tem um rio super grande.
No parque tem bastante arvores, trilha, campo, animais, rio, uma pista de
bicicleta. é um lugar de descanso e tranqüilidade, alegria e felicidade.
Tem madeira no rio.
O Parque Florestal é agradável, fresco, um lugar tranqüilo, calmo,
arejado e divertido, Lá pode correr, jogar futebol, entre outros.
é um lugar bonito pois uma mata exuberante e belos animais e um
belo rio. Lá existem belas trilhas e bosques.
Observamos que os alunos apresentam percepções distintas tanto com relação aos
componentes naturais quanto aos componentes socioambientais do Parque. Enquanto uns
declinam opiniões românticas e detalhadas do ambiente e se sentem estimulados por
vivenciar esses momentos de contato direto com a natureza, outros destacam as
transformações do ambiente, relatando mais o que resulta da presença ou necessidades
humanas; ainda os que são mais críticos, expondo claramente que a aula de campo é
cumprida por uma questão de obrigação escolar.
Portanto, refletindo sobre o panorama vislumbrado, pensamos na proposta dos
temas transversais que se referem ao meio ambiente, quando nos PCNs (BRASIL, 1998,
p. 187) vem enfatizado que:
[...] A grande tarefa da Escola é proporcionar um ambiente escolar
saudável e coerente com aquilo que ela pretende que seus alunos
aprendam, para que possa, de fato, contribuir para a formação da
identidade como cidadãos conscientes de sua responsabilidade com o
meio ambiente, e capazes de atitudes de proteção e melhoria em relação
a ele.
81
Assim vale ressaltar que os sujeitos da pesquisa são jovens na faixa etária de 11
anos, e, considerando a ampla parcela que reconhece a importância do Parque Florestal no
contexto do município, temos a convicção de que este é um fator favorável à formação de
cidadãos sensibilizados e participativos.
Nessa perspectiva, buscamos em Guimarães (1995) a afirmação de que para
trabalharmos a sensibilização temos que ter em vista não apenas a transmissão de valores
“verdes” unidirecionais professor-aluno numa lógica “tradicional”, mas sobretudo
possibilitar que o educando desenvolva sua criticidade na percepção dos valores postos
pela sociedade, bem como dos valores do educador que esteja trabalhando com ele. Dessa
forma o educando podeconstruir o conhecimento e valores a partir do confronto crítico
de diferentes valores de sua realidade, porém podendo contar com a referência de valores
propiciada pelo educador.
6.2 Indicadores para a Educação Ambiental em paisagem urbana
O nosso olhar plural, neste momento, volta-se para as instituições educativas, por
compreender que as escolas m a função de sensibilizar e também educar para as
questões ambientais. Nesse sentido destacamos a relevância em apresentar alguns
indicadores ambientais localizados no percurso das interpretações feitas pela pesquisa em
evidência.
À luz das respostas dos estudantes ao questionário formulado na pesquisa,
apresentamos uma lista de indicadores ambientais (Quadro 3) que torna possível o
desenvolvimento de trabalhos e ações de Educação Ambiental no Parque. Mencionamos
nele as percepções dos estudantes acerca do uso, importância, aspectos positivos e
negativos e ações desenvolvidas na área em estudo.
Quadro 3 - Indicadores para a Educação Ambiental
82
INDICADORES AMBIENTAIS
Fatores
bióticos
Os animais silvestres: mamíferos, aves, répteis, peixes, insetos etc.
Os animais domesticados: araras, papagaios.
A diversidade de plantas.
A diversidade dos animais.
A vegetação natural.
A vegetação introduzida.
Fatores
abióticos.
O rio (Córrego Iva), a represa.
Ar puro, ar fresco.
Relações
ecológicas
A importância da vegetação para os animais.
A importância dos animais para a vegetação.
A preservação da mata.
A sobrevivência dos animais.
A preservação do meio ambiente.
Relações
Socioambientais
As trilhas na reserva florestal.
As árvores identificadas.
Fragmento florestal e meio urbano.
Estar em contato com a natureza.
A vegetação exótica.
Importante para pesquisa e lazer da população.
O campo de futebol, a ponte, a pista de “bicicross”, o quiosque.
Impactos
Ambientais
Falta de água potável.
O rio poluído (represa).
A presença de lixo nas trilhas.
83
De acordo com os estudantes, a maioria dos indicadores ambientais está conectada
aos fatores bióticos e abióticos, mas também se conecta à maneira como se estruturam as
relações ecológicas e sociais no ambiente do Parque Florestal de Sinop.
Pedrotti (2005, p. 69) destaca que:
As áreas verdes no contexto atual vêm ao encontro das necessidades dos
seres humanos de relacionar-se com a natureza e extrair deste contato a
harmonia que outrora existia nas cidades e no campo.
O que se refere aos fatores bióticos envolvem a ação dos seres vivos, através das
relações ecológicas, criando ou suprimindo condições favoráveis à sua existência. Os
fatores abióticos compreendem os elementos físicos, químicos e edáficos, cujos efeitos
sobre os seres vivos são fator limitante, mas também podem ser influenciados pelos
fatores bióticos. Assim o clima pode ser influenciado pela vegetação.
Com referência às relações ecológicas e sociais no ambiente do Parque Florestal de
Sinop, uma preocupação com a natureza. Contudo as relações humanas com o
ambiente são mais evidenciadas, sugerindo que o ser humano preocupa-se com as
condições que favoreçam o seu bem-estar.
Ressaltamos a alusão dos alunos às precárias condições de higiene dos sanitários,
falta de água potável e à insegurança no Parque, situações que individualmente depõem
contra a valorização do ambiente pela população e de forma conjunta representa um
déficit para com a saúde pública, à sua valorização pelos visitantes, privados de suprir as
suas necessidades sicas, bem como ao respeito pelo direito de ir e vir da população que
utiliza aquele espaço público.
As figuras 19 e 20 mostram os aspectos da interação dos estudantes com o Parque,
ora observando o comportamento dos animais, ora registrando informações sobre a flora.
84
Figura 19 - Estudantes Cenecistas observando sagüis no Parque.
Fonte: Escola Cenecista Santa Elisabete, 2006.
Figura 20 - Estudantes identificando espécies vegetais no Parque.
Fonte: Escola Cenecista Santa Elisabete, 2006.
85
Nesse sentido, tais indicadores ambientais podem conduzir a práticas pedagógicas
nos estabelecimentos de ensino, ou como aponta Brandão (1995, p. 228): A experiência
da educação ambiental deve somar-se a este lento, a este difícil trabalho de reinventar a
Educação”.
Contudo queremos evidenciar que as áreas verdes o além de proporcionar o
contato ser humano-natureza, mas também podem e devem ser elementos condutores de
práticas pedagógicas no caminho da educação ambiental.
E assim, para complementar as nossas análises, lançamos um olhar minucioso em
Tuan (1980), quando indica, com referência aos valores ambientais, um caso de relação
que se harmoniza, que se transforma, que mostra caminhos e situações peculiares à
Educação Ambiental:
Os seres humanos persistentemente têm procurado um meio ambiente
ideal. Como ele se apresenta, varia de uma cultura para outra, mas em
essência parece acarretar duas imagens antípodas: o jardim da inocência
e o cosmo. Os frutos da terra fornecem segurança, como também a
harmonia das estrelas, que, além do mais, fornecem grandiosidade.
Deste modo nos movemos de um para outro: de sob a sombra do baobá
para o círculo mágico sob o céu; do lar para a praça pública; do subúrbio
para a cidade; dos feriados praianos para o deleite das artes sofisticadas;
procurando um ponto de equilíbrio que não é deste mundo.(TUAN,1980,
p.288)
Dessa forma Tuan nos convida a uma reflexão que permita perceber a natureza
através dos valores simbólicos de suas representações, respeitando as diferenças de tempo
e espaço, bem como as emoções e conflitos que permeiam a cultura dos diferentes grupos
humanos na sua relação com o Ambiente.
Como afirma Guarim Neto (2006), “[...] a Educação Ambiental é, acima de tudo, estar em
comunhão com aquilo que o ambiente oferece, em suas diferentes nuances.
REFLEXÕES FINAIS
A libertação dos indivíduos só ganha
profunda significação quando se alcança a
transformação da sociedade
(PAULO FREIRE, 1997).
87
O acesso ao Parque Florestal de Sinop é feito de duas formas distintas: os visitantes
que adentram o Parque pelo portão principal, percorrem as trilhas em atividades de lazer e
conhecimento. Outros adentram o Parque a partir da Rua das Avencas (Fig. 21)
geralmente de forma clandestina em atividades ilícitas, vencendo uma valeta de
aproximadamente dois metros que percorre a extensão do Parque naquela Rua. Essa
última condição configura o estado de insegurança registrado pelos estudantes.
Figura 21 - Imagem da Rua das Avencas. À direita, o Parque Florestal.
Fonte: Arquivo da pesquisadora, 2005.
É necessário que seja feita a adequada manutenção dos equipamentos de uso
público, como sanitários e água potável, para que a população se aproprie daquele espaço
de forma responsável e cidadã, contribuindo para a sua preservação.
As trilhas do Parque Florestal de Sinop não apresentam sinalização de orientação
ao visitante que se dispõe a percorrê-las, tais como mapas com o trajeto, distância a
percorrer, dificuldades a serem vencidas. Na área reflorestada algumas placas de
identificação das espécies remanescentes estão equivocadas, apresentando gêneros e, em
alguns casos, famílias diferentes das que pertencem.
88
A adoção de medidas como a identificação das trilhas com placas de orientação do
percurso e os cuidados ao percorrê-las, estimularia o seu uso regular e seria mais eficiente
para as atividades pedagógicas desenvolvidas no Parque.
Vale ressaltar que o Parque Florestal de Sinop oferece diversificada perspectiva de
estudo para a Educação Ambiental, podendo ser caracterizado como agente de
preservação por um lado e de degradação por outro. É um veículo que pode proporcionar
às Escolas oportunidades no desenvolvimento de atividades educacionais visando
despertar nos jovens a sensibilidade para a valorização do Meio Ambiente com
responsabilidade.
O estudo do ambiente pode sugerir que os professores esclareçam aos jovens que a
estrutura da floresta é frágil, e sua agressão resulta em conseqüências imprevisíveis, pois
se trata de um ambiente delicado onde as relações ecológicas são as responsáveis pela
manutenção das árvores de grande porte.
É preciso enfatizar que, nas excursões escolares realizadas no Parque Florestal,
deve-se considerar necessária a informação sobre a nascente ali existente, reforçando a
importância de sua preservação.
A proposta para o Parque Florestal de Sinop é de conservação, garantindo à
população sinopense o uso racional do espaço e promovendo atividades que alicercem, no
conhecimento, as atitudes humanas no ambiente natural. No entanto essas ações ainda
são pontuais e cabe às escolas provavelmente se apropriarem do espaço, propiciando aos
estudantes as oportunidades de conhecer o ambiente para que possam contribuir com a
solução dos problemas ambientais, minimizando as ameaças à sua biodiversidade, bem
como com a sua conservação.
A percepção auferida nas respostas dos estudantes reforça a visão naturalista que,
conforme registra Sauvé (2005), está centrada nos agentes da natureza, reconhecendo o
seu valor essencial, independentemente dos recursos e saberes que deles advêm.
A Educação que se preocupa em formar cidadãos críticos e sensíveis ao ambiente
não pode ser imposta ao educando como pacotes preestabelecidos. Assim o educador
pode contribuir com o crescimento de seus alunos, quando lhes proporciona condições de
89
analisar os problemas que são apresentados, buscando caminhos, preferencialmente de
forma coletiva, construindo soluções, conforme propõe Freire (2002, p. 71): Na medida
em que os homens, simultaneamente refletindo sobre si e sobre o mundo, vão aumentando
o campo de sua percepção, vão também dirigindo sua ‘mirada’ a ‘percebidos’ que até
então não se destacavam, ‘não estavam postos por si’”.
Entendemos que o Parque Florestal pode e deve ser utilizado pela Escola Cenecista
Santa Elisabete e outras, para suas atividades didático-pedagógicas, e como veículo de
estímulo à cidadania e à valorização do ambiente, bem como ser-lhe dado o merecido
reconhecimento como testemunho da pujança que representou todo o território do
município de Sinop para os pioneiros da frente de colonização que escolheram a região
para o lar de seus descendentes.
A adoção da aula de campo em espaço próximo à escola favorece o trabalho dos
professores no propósito de sensibilizar seus alunos para as questões ambientais que os
afetam. O contato direto com a natureza é sem dúvida a forma mais eficiente de promover
esse conhecimento.
Assim um fragmento florestal representa uma oportunidade singular e pouco
onerosa para a promoção de atividades que geralmente despertam vivo interesse dos
estudantes.
Embora a proposta da Escola esteja imbuída da intenção de proporcionar aos
estudantes uma vivência socioambiental, depreende-se que didaticamente esse empenho
está mais afeto à disciplina de Ciências Naturais.
Através deste estudo, ressaltamos a importância das práticas pedagógicas por meio
da Educação Ambiental na educação formal, associando nossas reflexões àquelas
apresentadas por Perón (2003), por entendermos que o Parque Florestal de Sinop, como
unidade de conservação, deve ser palco das ações da Educação Ambiental, escolarizada
ou não, proporcionando a toda a comunidade sinopense a oportunidade de novas
percepções que despertem o respeito pela natureza e, através dela, o respeito pelo ser
humano e seus descendentes.
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[...] o conhecimento por mais prestigioso que
seja não basta para tornar sábio quem o possui.
Para que assim seja, é preciso que ele seja
acompanhado da prática correspondente
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SOBRE A AUTORA
Ivelise Cardoso Pereira nasceu em 30 de outubro de 1953 no município de
Poxoréu-MT. Filha de Sinval Alves Pereira e Petrina Cardoso Pereira. Iniciou seus
estudos em Dom Aquino/MT e concluiu-os em Cuiabá-MT, onde reside desde 1970. É
graduada em História Natural pela UFMT, onde também fez os Cursos de Pós-Graduação
em Biologia do Cerrado e Animais Peçonhentos e Venenosos, pelo Instituto de Biologia,
sendo este último em convênio com a Secretaria de Estado da Saúde de Mato Grosso.
Trabalhou na Fundação Nacional do Índio FUNAI por 27 anos, onde iniciou como
auxiliar administrativo, em 1972, até se aposentar, em 1998, como pesquisadora.
Colaborou na organização dos Acervos Etnográficos no Centro de Documentação da
FUNAI/Cuiabá e no Museu de História Natural do Estado de Mato Grosso. Como docente
da rede Estadual de Educação, exerceu suas atividades na Escola José Machado Neves
como professora de Ciências por 2 anos e depois na Escola Antônio Cesário de
Figueiredo Neto, como professora de Biologia por 24 anos, aposentado-se em 2004. Entre
os trabalhos desenvolvidos estão: A Cozinha Indígena, em parceria com Ana Maria
Ribeiro Moreira da Costa (1995), publicado pela Fundação Nacional do Índio.; Os Pareci
e as Serpentes (1996) publicado pelo Museu de Paulínia Em 2005 e 2006 apresentou
trabalhos em congressos e seminários em parceria com Germano Guarim Neto voltados
para a temática Educação e Meio Ambiente É membro do Conselho Fiscal da Campanha
Nacional de Escolas da Comunidade - CNEC e Conselheira da Ordem Rosacruz
AMORC para Mato Grosso.
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