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e é acusado por adversários de ter pressionado o governo petista para obter um cargo em Brasília depois que o PT do
sul perdeu a eleição. Ele não conseguiu e sobrevive com os ganhos de uma microempresa do setor de alimentação.
Sonora de José Vicente Brizola: "Não foi eu quem precipitou os fatos, os fatos foram precipitados em Brasília. E eu
achei que perfeitamente poderia contribuir com uma gotinha a mais dentro de um episódio que tem tudo a ver e vem
acontecendo. E não duvido que amanhã, tenhamos alguma outra denúncia de algum outro setor".
Off – A ex-ministra Emília Fernandes divulgou nota dizendo que ela, familiares e companheiros de partido ameaças
de José Vicente Brizola. E que nas ameaças, transparece total descontrole emocional e ético numa cobrança
constante de emprego no governo federal.
Sonora com senador Paulo Paim (PT-RS): "A minha campanha foi uma campanha miserável. Se o filho da Emília ou
a Emília tiver alguma contato nessa área de dinheiro ilícito eu não sabia de nada e calculo que nem o ministro e o
governador na época, Tarso Genro".
Sonora com ministro Tarso Genro: "Eu tinha minha coordenação da campanha da mais alta qualidade, com total
responsabilidade, sem nenhum tipo de relação fora da lei".
FB – Assim que as novas denúncias se tornaram públicas hoje na imprensa, o presidente Lula convocou uma reunião
extraordinária com os ministros da Casa Civil, da Fazenda e do Planejamento. Enquanto isso, no Congresso, o
presidente da Câmara, deputado João Paulo, falava em acelerar a Reforma Política.
Off (repórter Heraldo Pereira) – Foi depois de uma noite de muita chuva e trovoada em Brasília, que Lula convocou
a reunião. Vieram ao Palácio do Alvorada os ministros José Dirceu, da Casa Civil, Antônio Palocci da Fazenda, e
Guido Mantega, do Planejamento. Eles saíram convencidos de que, com uma ação concreta, o governo poderá
estancar a crise provocada pelo escândalo Waldomiro Diniz. Na reunião, surgiu a proposta de proibir os bingos e
jogos eletrônicos no país. Os ministros ficaram com a tarefa de viabilizar a idéia e tranqüilizar os partidos que
apóiam o governo.
Sonora com deputado José Múcio, do PTB: "Eu tenho a sensação que a gente está no carnaval parecendo mais São
João porque é bomba todo dia".
Off – Preocupado, o presidente da Câmara decidiu apressar as discussões da Reforma Política e enviou aos líderes
um proposta que prevê fidelidade partidária, financiamento das campanhas políticas com dinheiro público e adoção
das listas fechadas de candidatos, num sistema em que o eleitor vota no partido e não no candidato.
Sonora com João Paulo Cunha (PT): "A forma de financiamento de campanha hoje invariavelmente leva a casos de
corrupção. Precisamos fazer uma revolução no nosso sistema eleitoral e as propostas que estão aqui na casa
significam uma revolução no sistema político brasileiro".
Passagem – A pauta de votações no Senado esvaziou o Congresso e adiou o desfecho da crise política para depois do
Carnaval. Mas a oposição não desistiu de uma CPI. Na avaliação de assessores próximos ao presidente Lula, será
preciso provar, por meio das investigações em curso, que as acusações contra Waldomiro Diniz não envolvem outros
integrantes do governo.
Off – Para o líder do PSDB no Senado, o governo deveria aceitar que o Congresso investigasse o caso. Ele defendeu
o afastamento do ministro José Dirceu.
Sonora com Arthur Virgílio, líder do PSDB: "A essa altura, eu que tenho, pessoalmente, poupado o ministro José
Dirceu, que não quero prejulgá-lo, que sempre tive como pessoa do bem, não vejo saída, a não ser o afastamento
dele, pelo menos até o fim das investigações".
Sonora com Aldo Rebelo, ministro da Coordenação Política: "O ministro José Dirceu é da extrema confiança do
presidente da República, do governo, e ele, naturalmente, tem no governo um papel importante e nunca foi colocado
em questão a presença do ministro José Dirceu no governo do presidente Lula"
WB – O presidente Lula falou hoje pela primeira vez sobre a crise política. Num discurso em Caxias do Sul, no Rio
Grande do Sul, o presidente anunciou a proibição temporária dos bingos e dos caça-níqueis e respondeu aos críticos.
Sonora do discurso de Lula:
"Muitas vezes a imprensa cobra que o presidente não se pronuncia como se o presidente fosse delegado de polícia,
representante do Ministério Público. Mas eu queria anunciar uma informação importante para vocês. Primeiro, não
haverá nenhum indício, eu não estou dizendo nem caso de denúncia. Eu estou dizendo que não haverá nenhum
indício que envolva práticas ilícitas ou corrupção nesse governo que não seja investigada até o fim. Obviamente que
o Presidente da República tem sérias limitações. O que o presidente pode fazer, às vezes, é abertura de inquérito
junto com a Polícia Federal e exonerar as pessoas que estejam envolvidas. Mas eu acho que cada um pode fazer a sua
parte. Eu acho que a imprensa joga um papel muito importante quando levanta as dúvidas e cada vez mais agindo
com seriedade. Acho que o Congresso Nacional tem serenidade para decidir se deve ou não fazer CPI, quantas CPIs
deve fazer. O que eu posso dizer para vocês é que eu sou filho de uma mulher que morreu aos 64 anos de idade
analfabeta. E ela dizia pra mim: 'Meu filho, a única coisa que você não pode perder nunca é o direito de andar de
cabeça erguida e olhar o seu semelhante no olho'. E isso, pode ter certeza, que é o grande patrimônio que eu tenho na